˜ HONG KONG
JOÃO MARQUES DA CRUZ
EVITAR OS EXCESSOS
Pressões de Carrie PÁGINA 7
MOP$10
QUARTA-FEIRA 5 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4459
OPINIÃO
HOJE MACAU
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
Massagens nos genitais
ENTREVISTA
TÂNIA DOS SANTOS
RÓMULO SANTOS
hojemacau
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Fora de jogo Numa medida sem precedentes, o Governo determinou o encerramento dos casinos por duas semanas. Bares, cinemas, salas de jogos e discotecas alinham pelo mesmo diapasão. A decisão desencadeou uma corrida aos supermercados com os produtos a desaparecerem em pouco tempo, apesar dos repetidos avisos da existência de reservas alimentares suficientes. O número de infectados subiu, entretanto, para dez, depois da confirmação de mais dois casos a envolverem residentes.
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PÁGINAS 2 a 6
CULTIVO DE SI PRÓPRIO XUNZI
TEMPO PARADO NUNO MIGUEL GUEDES
UMWELT
ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO
2 coronavírus
APOSTAS FECHADAS GOVERNO DETERMINA ENCERRAMENTO POR DUAS SEMANAS
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S casinos de Macau vão fechar portas, pelo menos, durante as próximas duas semanas. A medida, sem precedentes em Macau, foi antecipada ontem pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, durante uma conferência de imprensa que teve lugar ao início da tarde na Sede do Governo. Os detalhes do encerramento foram comunicados horas depois, a meio da tarde, pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong que confirmou que os casinos cessaram actividade desde as 00:00 de hoje. “A partir da meia-noite, 41 casinos, incluindo cinemas, espaços de entretenimento, salas de jogos, teatros, bares, discotecas e clubes nocturnos ficam suspensos por 15 dias”, esclareceu Lei Wai Nong. A medida foi antecipada por Ho Iat Seng antes mesmo da reunião que decorreu ontem entre o Governo e as operadoras de jogo para acertar os detalhes jurídicos e processuais da decisão. O anúncio surgiu depois de
GCS
O Chefe do Executivo classificou os próximos 10 dias como sendo um período de “alto risco”. Depois de confirmados ontem dois novos casos, um deles o de uma trabalhadora do Galaxy, Ho Iat Seng anunciou que o Governo vai suspender a actividade dos casinos, pelo menos, até meio de Fevereiro. A medida entrou em vigor à meia-noite de ontem
Ho Iat Seng, Chefe do Executivo “Sabemos que com o fecho dos casinos a receita é zero durante esses dias”
terem sido confirmados dois novos casos da pneumonia de Wuhan em Macau. Um dos dois casos, o nono, diz respeito a uma mulher que trabalha na cantina do casino e no serviço de “shuttle bus” do Galaxy. Este é o primeiro caso de transmissão directa em Macau, já que a mulher, de 29 anos de idade, esteve no apartamento, e em contacto, com a residente de 64 anos, que veio a ser identificada como sendo o oitavo caso da doença na região. Durante a manhã de ontem, Hong Kong anunciou também a primeira morte relacionada com o novo coronavírus. Trata-se de um residente da antiga colónia britânica de 39 anos. “Nos próximos 7 a 10 dias vamos atravessar um período de ‘alto risco’ e, por isso’ temos de tomar medidas adequadas. Vamos pedir aos casinos para suspender os serviços durante duas semanas. Passado meio mês, se a situação estiver estável [os casinos] poderão voltar ao seu normal funcionamento. É esta a nossa medida”, referiu Ho Iat Seng. Assumindo que esta foi uma decisão “muito difícil” e que “vai causar muitos danos económicos a Macau”, Ho Iat Seng defendeu, contudo, que foi uma medida necessária para “assegurar a saúde dos residentes”. Apesar das perdas que se avizinham a nível económico, o Chefe do Executivo mostrou confiança na capacidade que Macau tem para “assumir esse risco”, apelando uma vez mais aos residentes para permanecerem em casa sempre que possível. “Estamos a enfrentar um grande desafio e nós somos capazes de assumir essa dificuldade. Apelo mais uma vez a todos os cidadãos para não saírem das suas casas. Permaneçam em casa, porque se forem visitar outras pessoas podem existir riscos. Obviamente que se querem ir ao supermercado, isso é necessário. Mas se não for urgente podem ficar em casa», apontou Ho Iat Seng. O Chefe do Executivo sublinhou ainda que o agravamento das medidas tomadas pelo Governo tem como principal objectivo, reduzir o “fluxo de pessoas” e convencer os cidadãos a permanecer em casa e que, por isso, decisões como a redução do número de autocarros em circulação, a redução horária do posto fronteiriço das Portas do
RÓMULO SANTOS
CASINOS
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Cerco e o próprio encerramento dos casinos, podem não ser bem recebidas pela população. “Alguns cidadãos podem pensar que estas medidas são inconvenientes para eles mas, neste momento, estamos num período difícil e por isso temos de mudar o nosso (…) ponto de vista. Queremos que os cidadãos permaneçam em casa e não saiam, por isso (...) não vamos tomar medidas para facilitar a vida aos cidadãos, porque agora já surgiu o décimo caso e existem três casos que envolvem residentes locais”, vincou Ho Iat Seng.
“TEMOS RESERVAS FINANCEIRAS”
“Damos muita importância ao caso da epidemia mas também damos importância à economia. Como é que nós podemos recuperar a economia de Macau? Quais são as medidas e incentivos? Como é que podemos assegurar os empregos dos cidadãos de Macau?”, questionou Ho Iat Seng. Este é o ponto de foco
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“Nos próximos 7 a 10 dias vamos atravessar um período de ‘alto risco’ e, por isso, temos de tomar medidas adequadas” “Temos reservas financeiras e estamos num momento difícil, por isso é que vamos utilizar o erário público para ultrapassar esta situação.”
do trabalho, pois estamos a enfrentar uma grave crise financeira”, acrescentou. Ho Iat Seng garantiu, no entanto, que estão a ser traçadas medidas para responder à situação e que Macau dispõe de “reservas financeiras” para fazer face ao contexto adverso que a região atravessa. O líder do Governo assumiu que o território vai ter um défice no orçamento, mas reiterou que a medida de encerrar os casinos tinha de ser tomada, recordando que a Lei Básica de Macau estabelece que as autoridades do território podem decretar a suspensão da operação dos casinos. “Sabemos que com o fecho dos casinos a receita é zero durante esses dias. Francamente não fiz ainda o cálculo [do impacto do encerramento], mas certamente que se vai traduzir num défice no orçamento. Em Janeiro ainda tivemos receitas de jogo, mas com a suspensão das próximas duas semanas, a receita vai ser zero”, explicou, reiterando que este é o momento de
recorrer ao erário público para ultrapassar a situação. “Mencionei várias vezes que precisamos de tomar medidas com prudência para poupar o nosso orçamento. Temos reservas financeiras e estamos num momento difícil, por isso é que vamos utilizar o erário público para ultrapassar esta situação”, acrescentou. Recorde-se que os casinos de Macau fecharam
2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas, menos 3,4 por cento que no ano anterior. Se tivermos em conta que em Fevereiro de 2019 as receitas brutas foram de 25.370 milhões de patacas, pode ser expectável, pelo menos, uma quebra na ordem dos 50 por cento, que pode ainda vir a ser agravada, dada a tendência negativa dos últimos meses.
Sobre os moldes em que se espera que os 40 mil trabalhadores dos casinos atravessem o período de suspensão da actividade dos casinos, o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong garantiu na tarde de ontem que as concessionárias de jogo se comprometeram a não forçar os funcionários a tirar férias sem vencimento,
mantendo as respectivas remunerações. “As concessionárias comprometeram-se a não obrigar os funcionários a tirar licenças sem vencimento (…) e a cumprir as suas responsabilidades”, transmitiu o secretário.
FRONTEIRAS PODEM FECHAR
Questionado pelos jornalistas, Ho Iat Seng não
ADMINISTRAÇÃO SERVIÇOS BÁSICOS SUSPENSOS
“HONG KONG NÃO FALOU COM MACAU”
Chefe do Executivo anunciou, ainda, por ocasião da conferência de imprensa realizada ontem na Sede do Governo que os serviços básicos da função pública estão suspensos e que só se vão “manter os serviços urgentes”. Ho Iat Seng apelou ainda para que sejam “reduzidas ao máximo as actividades comerciais”. “Não posso mandar encerrá-los”, afirmou Ho Iat Seng. “Se não tiverem clientes, os próprios comerciantes vão decidir encerrar os negócios”, rematou. “Vamos por isso suspender os serviços básicos e só manter os serviços
epois de o Governo de Hong Kong liderado por Carrie Lam ter anunciado ontem a suspensão das ligações marítimas com Macau, Ho Iat Seng confirmou que o Executivo que lidera não foi sido consultado acerca do encerramento. “Digo francamente que Hong Kong não falou com a parte de Macau sobre o fecho do terminal marítimo. Mas também acho que isto não é necessário porque agora, se é para fechar os casinos também não vou contactar an-
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urgentes. Apelo também, mais uma vez, aos colegas da função publica que têm de cumprir as leis e regras. Apesar de estarem dispensados de trabalhar, devem usar esse tempo para ficar em casa. Não se trata de feriados nem férias. Os que podem trabalhar em casa devem fazê-lo”, explicou o Chefe do Executivo. Ho Iat Seng solicitou ainda ao sector empresarial local para reduzir, adequadamente, as suas actividades, esperando que estas medidas e apelos reduzam a concentração de pessoas, a fim de evitar a infecção cruzada.
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tecipadamente o Governo de Hong Kong”, explicou o Chefe do Executivo. Recorde-se que desde as 00:00 de ontem, Hong Kong fechou quase todas as fronteiras terrestres e marítimas para o Interior da China de modo a impedir a propagação do novo coronavírus, deixando Macau sem ligações marítimas com a antiga colónia britânica. Apenas dois postos de controlo de fronteira, a Baía de Shenzhen e a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, vão continuar abertos.
descartou a hipótese de vir a encerrar as fronteiras com a China, apesar de admitir ser uma decisão que pode implicar consequências graves. Segundo o Chefe do Executivo, depois de dado o primeiro passo de suspender a actividades dos casinos, é preciso analisar agora a situação, com o objectivo de reduzir a circulação de pessoas. A partir daí podem vir a ser tomadas novas medidas no sentido de fechar, total ou parcialmente, as fronteiras com o Interior da China.”Fechar as fronteiras, ou fechar parcialmente as fronteiras não é uma hipótese que colocamos de lado. Esta é uma das ponderações, mas precisamos de estudar as consequências, não estou a negar essa hipótese”, admitiu Ho Iat Seng. No entanto o líder do Governo alertou para as consequências que uma medida desta natureza possa vir a ter, ao nível do impacto no fornecimento de alimentos ao território e na rotina diária de muitos residentes de Macau e de muitos trabalhadores de que vivem na China. “Se fecharmos as fronteiras o que é que vamos comer? Macau está dependente do fornecimento da China. Para além disso temos trabalhadores dos sectores da limpeza, da segurança (...) que vivem na China, em Zhuhai. Se fecharmos as fronteiras quem é que fica responsável pela segurança, pela comida ou pelo fornecimento de comida? Estes também são pontos de consideração”, argumentou o Chefe do Executivo. Pedro Arede com Lusa info@hojemacau.com.mo
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A caminho EPIDEMIA do pico REGISTADOS MAIS DOIS CASOS E NÚMERO INFECTADOS SOBE PARA DEZ
Uma trabalhadora da Galaxy e um condutor de shuttle bus da SJM foram confirmados como os novos casos de infectados com o coronavírus em Macau. A mulher de 29 anos é sobrinha de uma outra residente, que tinha sido confirmada como o oitavo caso
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número de pessoas infectadas com a P neumon ia d e Wuhan em Macau subiu para 10, com o anúncio de mais dois casos que envolvem locais. Tratam-se de duas pessoas que trabalharam para os casinos, nomeadamente Galaxy e SJM. O nono caso confirmado envolve uma residente de 29 anos que vive no edifício Kong Fok On e trabalha como jardineira no Galaxy. É sobrinha de uma outra mulher infectada que foi considerada como o oitavo caso. Devido ao contacto entre as duas mulheres, este poderia ser o primeiro caso de contaminação local, mas os Serviços de Saúde ainda não confirmam
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o cenário: “Como a mulher esteve no Interior mais do que uma vez ainda não podemos dizer que é um caso local, pode ter sido importado”, afirmou Leong Iek Hou, coordenador do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. O contacto entre a mulher de 29 anos e a tia, que é a oitava infectada em Macau, terá acontecido em duas ocasiões, a 23 e 24 de Janeiro. No primeiro dia a sobrinha esteve em casa da tia a fazer reparações e utilizou sempre máscara, ao contrário da familiar. A segunda ocasião tratou-se de um jantar de família, mas as duas não terão comido na mesma mesa nem estado à conversa mais do que cinco minutos
M homem insatisfeito com a qualidade das máscaras que comprou nos postos de distribuição do Governo foi ao Posto de Saúde de Seac Pai Van e cuspiu em cima de 30 sacos de máscaras. O caso foi revelado, ontem, pelo director dos Serviços de Saúde de Macau (SSM), Lei Chin Ion, que apontou que como consequência deste acto 300 máscaras que seriam para ser vendidas à população ficaram inutilizáveis. Segundo a versão apresentada na conferência de imprensa de ontem, o homem foi ao ponto de
O contacto entre a mulher de 29 anos e a tia, que é a oitava infectada em Macau, terá acontecido em duas ocasiões, a 23 e 24 de Janeiro
Antes dos encontros, a mulher de 29 anos esteve em Zhuhai, a 19 de Janeiro, onde assistiu a um concerto. Esta é uma das ocasiões em que o vírus também poderá ter sido contraído. Apenas no dia 25, após mais um encontro familiar com 12 membros, é que a mulher começou a apresentar sintomas como febre, dores de costas e tosse. Porém, após dois dias em casa, foi trabalhar entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro. Finalmente, no domingo, como a tia tinha sido confirmada com o oitavo caso, a mulher foi ao hospital e fez o teste, que acabou por dar positivo. O caso levou ainda ao isolamento de três colegas de trabalho, e 14 familiares.
Além disso, 34 colegas de trabalhão estão a ser observados, caso apresentem sintomas.
JANTAR EM ZHUHAI
O 10.º caso é um homem, de 59 anos, que conduz shutles bus para a SJM, nos percursos entre as Portas do Cerco e o casino Grande Lisboa, e entre o terminal Marítimo do
Cospe e deixa 300 máscaras inutilizáveis
“Se eu morrer, morremos todos”, disse o homem antes de cuspir nas máscaras no Posto de Saúde de Seac Pai Van
distribuição de uma associação local, na segunda-feira, e comprou 10 máscaras por 8 patacas, o preço definido pelo Executivo. Contudo, o individuo não ficou satisfeito com a qualidade do produto e foi ao Posto de Saúde de Seac Pai Van para trocar as máscaras. Quando chegou ao espaço foi-lhe dito que teria de esperar numa fila para a troca. Foi nesta altura que o
homem perdeu a paciência, começou a protestar e terá dito: “Se eu morrer, morremos todos”. Depois, cuspiu na direcção das máscaras e acabou por atingir um monte com 30, o que faz com que 300 unidades tenham de ser destruídas, por não haver garantias que não estão contaminadas. “Não vamos tolerar este tipo de comportamentos e o homem vai
ter de responder pelos seus actos. O caso já foi reencaminhado para as autoridades que vão fazer a investigação e entregar o processo ao Ministério Público”, relatou Lei Chin Ion.
CRIME E CASTIGO
Devido a este caso o homem pode ter de vir a responder em tribunal pela prática do crime de “dano”,
que é punido com pena de prisão até 3 anos ou pena de multa. No entanto, se for considerado que as máscaras são “coisa destinada ao uso e utilidade públicos” o crime em causa é “dano qualificado” o que faz com que a pena de prisão chegue aos 5 anos ou 600 dias de multa. Esta não é o primeiro crime suspeito relacionado com
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Pac On e o Grande Lisboa. Vive no edifício Pat tat Sun Chuen, na Avenida Venceslau Morais, e esteve no Interior 25 de Janeiro, onde pagou um jantar de família à mãe. No entanto, quando regressou já apresentava sintomas como febre e tosse. Entre 28 de Janeiro e 1 de Fevereiro o homem foi por duas vezes a clínicas
privadas, mas como não se curava decidiu ir ao Hospital Kiang Wu. Também a esta instituição fez duas visitas, anteontem e ontem, até que foi confirmado como o 10.º caso, já depois de ser transferido para o Centro Hospitalar Conde São Januário. O facto de ter estado em Zhuhai a jantar faz com que o caso seja considerado importado.
o programa de distribuição de máscaras do Governo. Na semana passada um agente de uma seguradora recorreu aos dados de identificação de vários clientes para comprar mais do que as 10 máscaras destinadas a casa residente ou trabalhador não-residente. O homem incorre na prática do crime de “uso de documento de identificação alheio”, que é punido com pena de prisão até 3 anos ou multa.
O homem esteve em contacto próximo com a mulher e os dois filhos e ainda com nove pessoas com quem terá tido uma refeição mais longa. Além disso, 57 pessoas, que estavam na altura no hospital Kiang Wu vão ficar em observação e ser testadas. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
Economia e Finanças Lei Wai Nong responde a alhos com bugalhos
Na conferência de ontem, o secretário para a Economia e Finanças foi questionado três vezes sobre alegadas queixas de trabalhadores não-residentes porque estavam a ser forçados a tirar licenças sem vencimento e sobre os mecanismos para garantir que os empregadores cumprem as suas responsabilidades. À primeira pergunta, Lei Wai Nong ainda respondeu que não recebeu qualquer queixa e pediu à população para não acreditar em rumores. Mas nas seguintes, e na parte em que foi questionado sobre os mecanismos do Executivo para proteger os TNR, o secretário respondeu sempre para apelar aos cidadãos que não fossem a correr aos supermercados. Como parte da resposta, o secretário para a Economia e Finanças garantiu ainda que o fornecimento de alimentos vai chegar para todos os residentes.
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HOJE MACAU
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Ho Iat Seng, Chefe do Executivo Temos um stock suficiente para garantir o abastecimento da população. Os cidadãos não se devem preocupar com o stock de alimentos. Nós garantimos o abastecimento.”
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SUPERMERCADOS FECHO DOS CASINOS LEVOU A CORRIDA ÀS LOJAS
PESAR do Chefe do Executivo ter garantido que existem alimentos em reserva suficiente para garantir o abastecimento da RAEM durante os próximos dias, a mensagem não evitou uma corrida aos supermercados. Ainda a conferência de imprensa de Ho Iat Seng, que começou às 13h00, não tinha terminado e já várias pessoas corriam para os estabelecimentos comerciais da zona de Nam Van, com malas e carrinhos, onde colocar as compras para os próximos dias. No entanto, o cenário foi comum a várias zonas da cidade e em todos os supermercados verificaram-se longas filas para pagar as compras. Ainda antes das 16h00 já vários produtos em diferentes supermercados estavam completamente esgotados. Entre as principais escolhas dos residentes
A febre da comida
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Oferta em baixa
chefe do Governo de Macau disse ontem que Portugal já não tem mais máscaras para vender, mas garantiu que o território tem máscaras suficientes para enfrentar o surto do novo coronavírus. “Macau tem dinheiro”, mas tem sido difícil arranjar máscaras no mercado, disse Ho Iat Seng, em conferência de imprensa, durante a qual anunciou todos os casinos do território vão fechar durante duas semanas (ver Grande Plano). Por entre vários apelos aos residentes para que permaneçam em
O Chefe do Executivo sublinhou várias vezes que o abastecimento de comida chega para todos e pediu à população para não se preocupar. Mas ainda não tinha acabado de falar e as prateleiras dos supermercados já tinham começado a ser limpas mais apressados destacaram-se as massas, fitas, arroz, enlatados e os vegetais. Também a água engarrafada esteve entre as escolhas dos comerciantes. Em declarações ao jornal Exmoo, houve cidadãos que explica-
ram ter corrido aos supermercados por estarem a planear não sair de casa nos próximos dias, pelo que precisam de encher-se com reservas. Mas também houve quem admitisse que a sua “corrida” se ficou a dever ao medo face “ao
Governo diz que Portugal já não tem máscaras para vender
casa, o líder do Governo de Macau indicou que o território adquiriu máscaras em países como Estados Unidos e Portugal, mas, por causa do surto do coronavírus e da grande quantidade deste equipamento médico utilizada na China, está a encontrar “dificuldade em arranjar mais máscaras no mercado externo”. “Neste momento, Portugal já não tem mais máscaras”, afirmou
o responsável do território, que conta dez casos confirmados de infecção pelo coronavírus. As autoridades informaram que mais de 2,9 milhões de máscaras foram vendidas, desde o anúncio do primeiro caso de infecção em Macau, há duas semanas. O Governo de Macau adquiriu ao todo 20 milhões de máscaras, que estão a chegar em vários car-
pânico” geral de não se poder comprar alimentos nos próximos dias.
STOCK SUFICIENTE
Apesar da agitação nas ruas, Ho Iat Seng garante que o abastecimento vai chegar a todos. “Temos um stock
regamentos, e a serem distribuídas por farmácias convencionadas, associações e outros espaços definidos pelas autoridades. Cada residente, mediante apresentação da identificação, recebe dez máscaras para igual número de dias. “Se forem necessárias mais máscaras, o Estado [chinês] vai ajudar”, afirmou o líder do executivo de Macau.
PRIORIDADES DEFINIDAS
Quantos aos desinfectantes, esgotados em Macau, Ho Iat Seng disse que não vai utilizar o mesmo
suficiente para garantir o abastecimento da população. Os cidadãos não se devem preocupar com o stock de alimentos. Nós garantimos o abastecimento”, afirmou durante a conferência de imprensa. O Chefe do Executivo reconheceu ainda que houve ruptura dos produtos na semana passada, mas defendeu que por motivos que agora não estão a afectar o território: “Posso garantir que o abastecimento de comida é suficiente. Antes houve falta de comida, porque muita gente ainda estava de férias devido às festividades do Ano Novo Chinês”, explicou. Mais à tarde, já na conferência de imprensa diária, os números do abastecimento a Macau foram anunciadores pelo presidente do Instituto para os Assuntos Municipais (IAM), José Tavares. De acordo com o responsável, Macau vai receber 180 toneladas de vegetais, 240 porcos e 340 toneladas de carne congelada, 60 toneladas de fruta, 43 toneladas de peixe e 400 mil ovos. “Além destes descarregamentos previstos, temos ainda nos armazéns 1600 toneladas de carne congelada, que são suficientes para um período entre 10 a 20 dias”, sublinhou José Tavares. “Não precisamos de entrar em pânico”, indicou.
APELOS À CALMA
Também o secretário para a Economia e Finanças apontou a necessidade de se evitar os supermercados. “O corte das linhas marítimas entre Macau e Hong Kong não afecta o abastecimento de alimentos. As pessoas também não precisam de correr atrás dos produtos porque isso só vai fazer com que o stock dure menos tempo e gere confusão”, sustentou Lei Wai Nong. O governante indicou ainda que as grandes corridas aos estabelecimentos são contraproducentes, porque aumentam os riscos de infecção. “Se houver grandes concentrações nos supermercados, as pessoas estão ainda expostas a riscos maiores de contágios”, declarou. João Santos Filipe com Pedro Arede info@hojemacau.com.mo
método de racionamento para a população. “Não vamos garantir esse tipo” de produto para a população, afirmou. “Importante é nos hospitais e lares (…) esses têm de ser garantidos”, frisou, acrescentando ter sido adquiridas quatro toneladas de produtos desinfectantes. “A prioridade é para os trabalhadores médicos (…) não queremos que médicos e enfermeiros sejam infectados”, reforçou Ho Iat Seng.
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HK CARRIE LAM “FOI PRESSIONADA PELA OPINIÃO PÚBLICA”, DIZ LARRY SO
Barcos em terra
O analista político Larry So acredita que a Chefe do Executivo de Hong Kong não teve alternativa senão suspender as ligações marítimas entre o território e Macau dado o sentimento de insegurança que a população vive. Já Eric Sautedé assegura que se poupam recursos e que a suspensão das viagens de barco não deve dissociar-se da crise laboral vivida na Shun Tak RÓMULO SANTOS
decisão de suspender temporariamente as ligações marítimas entre Hong Kong e Macau, por parte da Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, ocorreu devido à pressão da opinião pública, defendeu ao HM o analista político Larry So. “Não acho que Carrie Lam quisesse verdadeiramente suspender as ligações de ferry entre Macau e Hong Kong. Mas ela tem sido pressionada pela opinião pública e pela comunidade médica. Psicologicamente as pessoas de Hong Kong não se sentem seguras, uma vez que não há máscaras suficientes e defendem que o Governo não tem feito o suficiente para fechar as fronteiras.” Além disso, Larry So nota que há cada vez menos pessoas a viajar entre os dois territórios de barco, apesar de a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau continuar aberta ao trânsito. “De facto não há muitas pessoas a usar os ferries, falamos de 500 pessoas que usaram o ferry este domingo. Muitos dos casos que ocorreram em Hong Kong surgem em pessoas que estiveram em Hubei ou Wuhan e as pessoas estão a pressionar para o fecho das fronteiras”. Médicos e enfermeiros de Hong Kong ameaçaram fazer uma greve de cinco dias em prol do fecho total das fronteiras, mas Carrie Lam negou que esse factor tenha estado na origem da suspensão das viagens de barco. “Não tem absolutamente nada a ver com a greve”, garantiu a Chefe do Executivo, explicando tratar-se apenas de uma medida para conter a propagação do vírus.
O deputado Sulu Sou reagiu ontem na sua página de Facebook à decisão do Governo de encerrar todos os casinos do território durante duas semanas. Para o tribuno, esta é uma decisão “acertada”, embora o Governo “devesse ter em conta opções para controlar o fluxo de pessoas, sem encerrar por completo as fronteiras”. Neste sentido, o deputado defende a proibição de entrada de não residentes que estiveram na China durante algum tempo, sem esquecer uma “observação separada dos residentes da China e dos expatriados”. Além disso, Sulu Sou também deseja ver assegurado um “racionamento especial” de bens essenciais, vacinas e outro material de higiene, produtos que têm vindo a esgotar em supermercados e farmácias.
Crise Wong Kit Cheng apela a compras “racionais”
A deputada Wong Kit Cheng emitiu ontem um comunicado em que apela à racionalidade da população na hora de fazer compras. “Devemos comprar de forma racional produtos alimentares para evitar reacções em cadeia e o pânico generalizado.” No que diz respeito ao encerramento temporário dos casinos, a deputada defende que, com a consequente redução do fluxo de pessoas nos transportes públicos e o menor congestionamento nas ruas, o risco de contágio será reduzido.
Economia Au Kam San elogia Ho Iat Seng mas alerta para perda financeira
A SITUAÇÃO DA SHUN TAK
A suspensão temporária das viagens de ferry apanhou todos de surpresa, incluindo o próprio Governo de Macau. Desde a meia noite desta terça-feira que não há viagens de barco, tendo sido feita a promessa de reembolso de todos os bilhetes já adquiridos. Para o analista político Eric Sautedé, actualmente a residir em Hong Kong, esta suspensão não pode estar dissociada da actual crise laboral que se vive na TurboJet, do grupo Shun Tak, a principal concessionária que assegura as viagens de ferry entre Hong Kong e Macau. Recorde-se que a Shun Tak avançou com uma proposta de cortes salariais, que ainda está a ser negociada com os trabalhadores. “Pansy Ho [presidente do grupo Shun Tak] fez um bom trabalho a defender o Governo de Hong Kong, então há uma razão para ‘punir’ Macau. Sejamos práticos: o número de viagens de ferry tem vindo a diminuir desde a abertura da ponte e isso dá à TurboJet uma boa desculpa para saquear alguns trabalhadores ou colocá-los em outras funções.”
Epidemia Sulu Sou defende mais medidas de prevenção
Larry So, analista político “Não acho que Carrie Lam quisesse verdadeiramente suspender as ligações de ferry entre Macau e Hong Kong. Mas ela tem sido pressionada pela opinião pública e pela comunidade médica. Psicologicamente as pessoas de Hong Kong não se sentem seguras.”
Além disso, para Eric Sautedé a suspensão das ligações marítimas permite uma poupança nos recursos humanos. “Estão a pensar primeiro em Hong Kong. Porquê manter tantas ligações com Macau? As pessoas de Hong Kong não irão para lá e a população de Macau pode sempre usar a ponte. Porquê mobilizar recursos, incluindo pessoal médico, polícias e funcionários da alfândega para fazer mais um trabalho de inspecção de pessoas que entram em Hong Kong?”, questionou.
As autoridades de Hong Kong decidiram fechar, desde as 00:00 horas desta terça-feira, quase todas as fronteiras terrestres e marítimas para o Continente para impedir a propagação do novo coronavírus. Apenas dois postos de controlo de fronteira, a Baía de Shenzhen e a ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, vão continuar abertos. Para Larry So, o fecho total das fronteiras está fora de questão, por razões políticas. “Fechar todas as fronteiras dará a imagem internacional de que a situação em
Hong Kong está fora de controlo, daí manterem-se também algumas ligações aéreas. [Além disso], pode dar a ideia de que Hong Kong é um território independente, que não é, pois está dependente do Governo Central no que diz respeito ao poder administrativo. Desta forma, as fronteiras mantêm-se abertas, mas não na totalidade. Carrie Lam tem de observar estas regras e regulamentos decretados pelo Governo Central”, concluiu. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
O deputado Au Kam San escreveu ontem na sua página do Facebook que a decisão de Ho Iat Seng de fechar os casinos por um período de duas semanas foi acertada, mas alerta para potenciais perdas económicas. “Ho Iat Seng cumpriu a sua promessa de forma rápida e decisiva, o que realmente é digno de elogios. Por causa da epidemia oriunda do continente, o número de turistas em Macau também diminuiu significativamente. Os casinos estão vazios e é inevitável que haja perdas económicas, quer as fronteiras estejam abertas ou não”, escreveu. Defendendo que o Governo “corre o risco de ter um défice fiscal”, Au Kam San salienta que é mais importante travar o risco de mais contágios. “Se a epidemia durar vários meses e os casinos estiverem fechados por um longo período de tempo, o Governo terá um défice fiscal. Mas uma possível perda económica está dentro das nossas possibilidades, pois a saúde e a segurança da população de Macau são obviamente uma prioridade.”
8 entrevista
HOJE MACAU
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JOÃO MARQUES DA CRUZ
PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA LUSO-CHINESA
A crise gerada pelo coronavírus apanhou todos de surpresa. Quais são as directrizes que estão a ser seguidas para empresários de Portugal e China? É evidente que este coronavírus apanhou toda a gente de surpresa. Neste momento importa dar duas notas: a primeira é que as autoridades chinesas estão a fazer um trabalho notável de contenção que todo o mundo elogia, começando pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Aquele esforço logístico impressionante, com a construção de um hospital em 10 dias, de abastecimento de cidades que estão de quarentena e que têm 60 milhões de habitantes. Tudo isso é muito relevante e acho que devemos assinalar. Também as declarações da OMS têm sido muito equilibradas, evitando os excessos. Tem de haver um equilíbrio. Sem
“As autoridades chinesas estão a fazer um trabalho notável”
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) olha para o desenrolar dos acontecimentos relacionados com o coronavírus com tranquilidade e deposita total confiança no trabalho feito pelas autoridades da China e de Macau. No que diz respeito ao território, João Marques da Cruz defende que não deve existir uma reacção excessiva e aponta para a necessidade de medidas de apoio às Pequenas e Médias Empresas. O responsável diz não compreender a decisão de Carrie Lam de suspender as ligações marítimas entre as duas regiões administrativas especiais
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fazer tudo o que é possível para debelar a crise. Tudo o que seja de criticar fica para outra altura. Não deve ser feito agora.
dúvida que têm de se tomar medidas, mas as medidas não podem ser propiciadoras de isolacionismo, que é sempre mau conselheiro. Temos de ter sempre os pés assentes na terra. Concorda então que a OMS tenha demorado a definir o coronavírus como uma epidemia global. Sim, penso que foram muito ponderados. Acho que, aliás, no actual contexto, a OMS representa uma mistura de serenidade e conhecimento técnico. Mas no que diz respeito às relações Portugal-China, do ponto de vista comercial, as exportações portuguesas para a China são à volta de 600 e 700 milhões de euros. Grosso modo, considerando que as exportações portuguesas para o mundo são 60 mil milhões de euros, nós estamos a falar de 1 por cento. Todas as exportações portuguesas
para a China são 1 por cento das exportações portuguesas. Este número relativiza a questão. 600 milhões são 600 milhões, mas é só 1 por cento. O que espero que aconteça é business as usual. Aconteceu o que aconteceu, há casos na província de Hubei, mas importa continuar a funcionar normalmente. A fim de manter essa normalidade, a Câmara de Comércio tem reunido com empresários, têm chegado alguns pedidos de informação? O maior pedido que tem chegado da parte de empresas nossas associadas e que têm negócios na China tem a ver com a necessidade de ajuda no fornecimento de máscaras e outros materiais, e é algo que estamos a fazer. Já identificámos identidades portuguesas que podem prestar essa ajuda aos associados e a empresas
portuguesas e chinesas que têm uma relação com Portugal. Mas muita gente coloca dúvidas sobre o que irá acontecer em eventos que são daqui a três meses, e a minha resposta é que seguramente vai acontecer tudo normalmente, porque esta crise vai ser controlada a muito curto prazo, espero. Tudo o que acontece no mês de Fevereiro foi desmarcado. Eu deveria ir na próxima semana a Hong Kong, Macau e Pequim, e obviamente que não vou. Mas a CCILC tem uma delegação em Macau e está muito activa em todos os momentos na promoção das relações comerciais e de investimento entre a China e Portugal. Normalmente falamos de questões económicas apenas, mas neste momento queremos estar activos e solidários nesta questão. Tenho confiança nas autoridades da China e de Macau de que estão a
Enfrentamos tempos difíceis no comércio mundial, tendo em conta que este novo coronavírus surge depois de uma guerra comercial. Há que separar os dois assuntos. Foi importante as autoridades chinesas darem toda a informação. A China hoje é diferente da China de 2002/2003. Foi em Novembro de 2002 que começou a SARS, que durou nove meses, com aproximadamente oito mil infectados e uma mortalidade muito significativa. Mas independentemente destas distinções, na altura a China demorou algum tempo, demasiado, a reagir. E neste momento foi muito rápida, houve transparência, actualizações contínuas. Diria que temos de estar todos do lado das autoridades chinesas para lidar com esta crise. Vejo os dados actualizados, vejo um evidenciar de que há um problema. É verdade que há casos em todas as províncias, mas o número de mortes noutras províncias chinesas que não Hubei é muito residual. Há várias províncias que têm zero mortes. Há pouco tempo houve o primeiro morto em Pequim, o que mostra que é algo que está muito concentrado e isso resulta do esforço de contenção. Mas falou do problema das trocas comerciais. Espero e desejo que neste momento não haja a menor mistura dos dois assuntos. No caso de Macau, por ser um território mais pequeno, com uma economia mais dependente do jogo, pode vir a sofrer maiores consequências com esta epidemia? É evidente que sendo uma economia baseada no turismo, onde o jogo é o grande atractivo, uma epidemia é a pior coisa que pode acontecer. Obviamente que a economia de Macau vai sofrer e para Macau o que é importante é que esta fase de contenção do vírus tenha sucesso e passe o mais rápido possível. O que será muito mau para a economia de Macau, e espero que não aconteça, até porque não há nenhum sinal nesse sentido, era se houvesse um desen-
“Houve voos cancelados entre as Filipinas e Macau, está a acontecer algum excesso. Isto porque, quer em Macau quer em Hong Kong, a população que não está afectada pelo vírus é um número de 99,999 por cento. Há que ter um ponto de equilíbrio.” volvimento não contido do vírus. Houve voos cancelados entre as Filipinas e Macau, está a acontecer algum excesso. Isto porque, quer em Macau quer em Hong Kong, a população que não está afectada pelo vírus é um número de 99,999 por cento. Há que ter um ponto de equilíbrio. Mas é um território densamente povoado e de pequena dimensão, e já existem dez casos confirmados. Vivi em Macau e tive H1N1, fui tratado lá. Macau tem boa capacidade de resposta a estas situações e falo com experiência própria. Acho que não é do interesse de Macau uma reacção excessiva, é mau para todos e para Macau é péssimo. Mas quando fala de reacção excessiva, refere-se a que tipo de medidas?
“É importante criar medidas a curto prazo que aliviem essas empresas [de Macau], nomeadamente no alívio de tesouraria das PME, que sofreram imenso com a ausência de clientes. Sei que o Governo está a tomar medidas concretas nesse sentido.”
Tenho dificuldade de entender que haja cancelamento de voos entre regiões que não têm casos ou têm casos marginais, para Macau. E a decisão da Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, de suspender as ligações de ferry, também foi exagerada? Com a indicação que eu tenho neste momento, não consigo entender. Não sei se a motivação é para evitar que os 20 e poucos casos que há em Hong Kong, numa população de sete milhões, que se espalhe para Macau, ou da dezena de casos de Macau de ir para Hong Kong. Mas qualquer que seja o movimento acho que há um exagero. Todas essas medidas criam o factor medo, e quando isso entra na cabeça das pessoas, até de forma irracional, apesar de o vírus poder estar totalmente controlado, o factor medo persiste. E tirar da cabeça das pessoas esse medo demora muito mais. Não tenho os dados que estão por detrás dessa decisão do Governo de Hong Kong, mas com a informação que eu tenho, não a entendo. Como tem sido o contacto com as autoridades de Macau no que diz respeito às PME locais e portuguesas? Há também esse sentimento de medo? É importante criar medidas a curto prazo que aliviem essas empresas, nomeadamente no alívio de tesouraria das PME, que sofreram imenso com a ausência de clientes. Sei que o Governo está a tomar medidas concretas nesse sentido. Acredita que depois desta epidemia a China pode mudar a sua postura relativamente ao comércio de animais vivos? Sim, acredito que depois de resolvida esta questão que as autoridades chinesas vão rever [as regras], sobretudo quando estamos a falar de animais vivos selvagens. Mas isto não é a primeira vez que acontece e penso que é justo dizer que o conhecimento científico leva-nos a achar que a razão destes surtos tem que ver com esta promiscuidade que existe entre animais vivos e pessoas. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
10 coronavírus
5.2.2020 quarta-feira
23214
20704
Casos suspeitos
Infectados
2019novel co
FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia
INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 20485 20 19 18 17 15 12 12 11 10 10 10 8 6
Interior da China Japão Tailândia Singapura Hong Kong Coreia do Sul Austrália Alemanha EUA Macau Malásia Taiwan Vietname França
5
Emirados Árabes Unidos
4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1
Canadá Índia Itália Rússia Filipinas Reino Unido Espanha Nepal Finlândia Suécia Cambodja Sri Lanka
países com casos de nCov países sem casos de nCov
10 MACAU
Infectados
17
HONG KONG
Macau
Infectados
1
HONG KONG
Hong Kong
Morto
coronavírus 11
quarta-feira 5.2.2020
-nCoV oronavirus
727
427
HOJE NA CHÁVENA
Curados
Mortos
1-9 10-99 100-499 500-1000 +1000 Ocorrências nas áreas afectadas
Dados actualizados até à hora do fecho da edição
nCoV vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
20,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0
20
dias
40
dias
60
dias
Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
80
dias
100
dias
120
dias
REGIÃO Hubei Zhejiang Guangdong Henan Hunan Anhui Jiangxi Chongqing Jiangsu Sichuan Shandong Pequim Xangai Fujian Heilongjiang Shaanxi Guangxi
INFECTADOS 13522 829 813 675 593 480 476 344 308 282 275 228 219 194 155 142 139
MORTOS 414 0 0 2 0 0 0 2 0 1 0 1 1 0 1 0 0
REGIÃO Hebei Yunnan Hainan Liaoning Shanxi Tianjin Guizhou Gansu Jilin Mongólia Interior Ningxia Xinjiang Hong Kong Qinghai Taiwan Macau Tibete
INFECTADOS 113 119 80 77 74 66 58 55 42 35 34 29 17 15 10 10 1
MORTOS 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
12 china
D
UAS grandes cidades no leste da China, a várias centenas de quilómetros do epicentro do novo coronavírus, anunciaram ontem restrições ao movimento dos residentes, para tentar travar a epidemia. Em Taizhou e em três distritos da cidade de Hangzhou, na província de Zhejiang, apenas uma pessoa por família está permitida sair de casa, a cada dois dias, para fazer compras. "Estão a fechar bairros e a cortar alguns transportes públicos. As entradas em cada bairro estão a ser controladas, e é proibido sair dos bairros sem usar máscara", descreveu ontem um local à agência Lusa. As medidas afectam, no total, cerca de 9 milhões de pessoas. Em Taizhou foram ainda suspensas 95 ligações ferroviárias a partir e para a cidade. Os proprietários estão ainda proibidos de alugar os seus imóveis a pessoas oriundas de "áreas seriamente afectadas pela epidemia, nomeadamente da província de Hubei", o epicentro da epidemia, informaram as autoridades, em comunicado. Todos os bairros podem manter aberta apenas uma via de acesso para pedestres e cada pessoa deve apresentar um documento de identidade à entrada e à saída, segundo a mesma fonte. Estas restrições seguem medidas semelhantes, adoptadas no domingo, na cidade de Wenzhou, com 9 milhões de pessoas, e localizada no sul da província de Zhejiang. Zhejiang confirmou, até à data, 829 casos de pessoas infectadas com o coronavírus, o número mais alto fora da província de Hubei.
Hong Kong Primeira morte registada
Um residente de Hong Kong de 39 anos morreu ontem vítima de pneumonia viral causada pelo novo coronavírus, a primeira morte registada na região e a segunda fora da China continental. De acordo com as autoridades do território, o homem viajou para Wuhan, centro do surto do novo coronavírus (2019-nCoV), de comboio no dia 21 de Janeiro e voltou para Hong Kong em 23 de Janeiro. A emissora pública de Hong Kong RTHK indicou que, na semana passada, o homem teve dores musculares na semana passada e febre. Mais tarde, "foi transferido para uma ala de isolamento após a confirmação do coronavírus”. Esta é a primeira morte ligada ao coronavírus registada em Hong Kong e a segunda ocorrida fora da República Popular da China.
O
vice-director da Cruz Vermelha da China na província de Hubei, o epicentro do surto do novo coronavírus, foi demitido ontem por não distribuir material médico, como máscaras, que tinha sido doado para hospitais e instituições. Zhang Qin foi demitido por não cumprir as suas obrigações, tendo sido expulso da liderança da célula do Partido Comunista Chinês (PCC) na Cruz Vermelha de Hubei, repreendido pelo Partido e punido com uma “grande sanção administrativa”, informou a agência oficial Xinhua. Pelo menos outros dois altos funcionários da divisão provincial da organização humanitária também receberam punições semelhantes. Segundo a investigação oficial, os condenados “não cumpriram as suas responsabilidades de receber e distribuir os fundos e produtos de socorro doados” para ajudar a combater o coronavírus, que surgiu em Wuhan - a capital de Hubei -, e que já provocou mais de 425 mortos e infetou mais de 20.000 pessoas. Para as autoridades, estes responsáveis violaram vários regulamentos e impediram a publicação de informações. Nos últimos dias, a Cruz Vermelha de Hubei tem sido alvo de críticas furiosas de cibernautas chineses pelo facto de que continuar a haver equipas médicas naquela província a trabalhar sem a protecção necessária por falta de material, apesar das inúmeras doações para combater a doença. De acordo com dados divulgados neste fim de
CRUZ VERMELHA VICE-DIRECTOR DE HUBEI DEMITIDO POR DESVIO DE DOAÇÕES
Perversões humanitárias
Zhang Qin e outros dois altos funcionários da Cruz Vermelha de Hubei são acusados de não distribuir produtos médicos e de desviar fundos doados aos hospitais para combater o coronavírus
semana pela televisão estatal CGTN, as organizações humanitárias em Wuhan receberam mais de 3.100 milhões de yuans em doações monetárias, além de mais de 9.000 caixas de máscaras, 70.000 fardas de proteção e 80.000 óculos de segurança. No entanto, a Cruz Vermelha de Hubei alegou ter recebido apenas 36.000 máscaras do tipo N95 - usadas para prevenir infecções - e, segundo a CGTN, metade delas acabou num hospital particular especializado em tratamentos de fertilidade e cirurgia estética, enquanto 3.000 unidades foram parar a um centro médico de Wuhan.
DÉJÀ VU
DONALD G. MCNEIL JR.
EPIDEMIA MAIS DUAS CIDADES COM RESTRIÇÃO DE MOVIMENTOS DOS RESIDENTES
5.2.2020 quarta-feira
A Cruz Vermelha de Hubei tem sido alvo de críticas furiosas de cibernautas chineses pelo facto de que continuar a haver equipas médicas naquela província a trabalhar sem a protecção necessária por falta de material, apesar das inúmeras doações para combater a doença
A estação pública de televisão adiantou ainda que a organização recebeu 350 toneladas de legumes frescos doados por uma cidade da província de Shandong (leste da China) dirigidas aos moradores de Wuhan, mas decidiu vendê-los em vez de os entregar, situação que a Cruz Vermelha de Hubei nega. Em declarações à imprensa local, o vice-presidente da Cruz Vermelha em Wuhan reconheceu que a organização não estava preparada para o surto, mas defendeu que os seus voluntários trabalharam incansavelmente para tentar distribuir as doações. Esta não é a primeira vez que a Cruz Vermelha da China enfrenta acusações semelhantes. Depois do grave terramoto de Sichuan (centro), em 2008 - um dos piores da história, com um balanço de cerca de 90.000 mortos e desaparecidos – a organização foi criticada por ter alegadamente desviado doações.
HUBEI JOVEM COM DEFICIÊNCIA MORRE APÓS O PAI FICAR EM QUARENTENA
U
M adolescente com paralisia cerebral morreu na China por ter sido deixado sozinho após o pai ser colocado em quarentena devido a contaminação com o novo coronavírus, informaram ontem as autoridades. Yan Cheng tinha 17 anos e estava confinado a uma cadeira de rodas devido a paralisia cerebral. A mãe morreu há alguns anos,
segundo o jornal Beijing Youth Daily.Yan não conseguia falar, andar ou comer sozinho. O pai, Yan Xiaowen, foi colocado em quarentena depois de ter revelado sintomas de infecção, em 22 de Janeiro, em Hong'na, na província de Hubei, epicentro da epidemia. Depois de lhe ter sido diagnosticado o vírus, Yan apelou, através
das redes sociais, para que alguém cuidasse do filho. O adolescente, no entanto, morreu em 29 de Janeiro, na comuna de Huajiahe, onde residia, segundo o comunicado de imprensa, publicado pelas autoridades de Hong'an. "Após ter sido colocado em quarentena, Yan Xiaowen pediu a familiares, funcionários locais e aos médicos que cuidassem do
filho", revelaram as autoridades. O cuidado dispensado ao jovem, no entanto, não foi suficiente. O chefe local do Partido Comunista Chinês (PCC) e o presidente da câmara foram afastados após a morte do jovem, por terem "falhado com as suas responsabilidades", disseram as autoridades locais. A causa da morte de Yan não foi ainda apurada.
região 13
quarta-feira 5.2.2020
O ministro da Saúde, Katsunobu Kato, disse ao parlamento que os testes de coronavírus seriam aplicados a três grupos de pessoas a bordo: pessoas com sintomas, pessoas que desembarcaram em Hong Kong e pessoas que tiveram contacto próximo com o passageiro infectado
M
AIS de 3.700 pessoas estão em quarentena a bordo de um navio de cruzeiro perto de Tóquio, após um caso comprovado do novo coronavírus num dos passageiros que desembarcou em Hong Kong, disseram ontem as autoridades japonesas. Oito pessoas a bordo do navio 'Diamond Princess', que chegou à baía de Yokohama na noite de segunda-feira, estão a apresentar sintomas como febre, disse ontem o porta-voz do Governo, Yoshihide Suga. Os especialistas em quarentenas subiram a bordo do navio ontem para realizar testes em 2.666 passageiros e 1.045 tripulantes. Os testes foram realizados em pessoas com sintomas do novo coronavírus, mas também de outras doenças infecciosas, como malária ou dengue, disse à AFP uma autoridade do Ministério da Saúde do Japão. Estas medidas foram tomadas após o teste positivo para o coro-
JAPÃO MAIS DE 3.700 PESSOAS EM QUARENTENA NUM NAVIO DE CRUZEIRO
Sitiados a bordo
Pela segunda vez no espaço de poucos dias foi decretada quarentena no 'Diamond Princess'. O último episódio prende-se com a confirmação de infecção pelo coronavírus num passageiro de 80 anos que desembarcou em Hong Kong no mês passado navírus num passageiro de 80 anos que desembarcou em Hong Kong, a 25 de Janeiro. “[O homem] não foi ao centro médico do navio enquanto viajava connosco", disse a operadora de cruzeiros Carnival Japan (grupo norte-americano Carnival Corp). "De acordo com o hospital em
que está internado, a sua condição é estável e nenhuma infecção foi detectada entre os membros da sua família, que viajavam com ele", acrescentou a empresa, segundo a qual a partida do barco deve ser adiada pelo menos 24 horas. O Diamond Princess já havia estado em quarentena no sábado
passado em Naha, na ilha de Okinawa, no sul do Japão. Mas uma segunda quarentena foi realizada após a descoberta do coronavírus no octogenário que desembarcou em Hong Kong. O ministro da Saúde, Katsunobu Kato, disse ao parlamento que os testes de coronavírus seriam aplicados
CAMBOJA PRIMEIRO-MINISTRO HUN SEN VAI VISITAR WUHAN
O
primeiro-ministro do Camboja anunciou ontem que vai visitar a cidade chinesa Wuhan, o epicentro do novo coronavírus, que já matou 427 pessoas, e que foi colocada sob quarentena. Hun Sen anunciou na sua página oficial no Facebook que voará esta quarta-feira para Wuhan a partir de Seul, na Coreia do Sul. O líder do Camboja disse já ter recebido autorização das autoridades chinesas, mas não detalhou como voará para a cidade. Todas as ligações aéreas ou terrestres para Wuhan estão
suspensas. Hun Sen disse que visitará a cidade para dar apoio moral aos estudantes do Camboja em Wuhan e pedir que não temam o vírus. Vários países já efectuaram o repatriamento dos seus cidadãos de Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes, que foi colocada sob quarentena em 23 de Janeiro, com saídas e entradas interditadas pelas autoridades durante período indefinido. Portugal retirou no domingo vinte cidadãos nacionais de Wuhan, incluindo dois diplo-
matas e duas mulheres, com dupla nacionalidade brasileira e portuguesa. A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na semana passada uma
situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla inglesa) por causa do surto do novo coronavírus na China. Hun Sen disse aos cambojanos, na semana passada, numa transmissão televisiva, que o vírus não constitui uma ameaça e que não suspenderia as ligações aéreas com a China. No total, 24 países foram afectados pela doença originária no centro da China, incluindo o Camboja, que reportou um caso.
a três grupos de pessoas a bordo: pessoas com sintomas, pessoas que desembarcaram em Hong Kong e pessoas que tiveram contacto próximo com o passageiro infectado. Até que os resultados sejam obtidos, "todos a bordo (…) lá permanecerão", disse Kato.
LINHAS SUSPENSAS
O Japão apresentou 20 casos de pessoas infectadas no seu território, incluindo quatro sem sintomas, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde divulgados na segunda-feira. Desde sábado, o país recusou a entrada no território a estrangeiros que recentemente estiveram na província chinesa de Hubei, o epicentro da epidemia, no centro da China. Onze estrangeiros foram impedidos de entrar até ao momento. Até agora, o Japão fretou três aviões para repatriar 565 dos seus compatriotas de Wuhan, capital de Hubei. A companhia aérea japonesa All Nippon Airways (ANA) anunciou ontem que estenderá a suspensão da sua linha Tóquio-Wuhan por mais um mês, até 28 de Março. Ao mesmo tempo, também reduziu o número de voos para Pequim a partir de dois aeroportos internacionais em Tóquio.
LCA Jogos com equipas chinesas adiados Os jogos da Liga dos Campeões asiática de futebol que incluem equipas chinesas, como o Shanghai SIPG, do técnico português Vitor Pereira, foram adiados devido à epidemia do novo coronavírus, anunciou ontem a confederação asiática (AFC). Os encontros da primeira volta da fase de grupos de Beijing Guoan, Guangzhou Evergrande, Shanghai SIPG e Shanghai Shenhua, inicialmente agendados para Fevereiro e Março, foram quase todos adiados para Abril e Maio. Por essa razão, a fase dos oitavos de final da
maior competição asiática de clubes também terá de passar de Maio para Junho. A única excepção acontece no Grupo E, com a deslocação do Beijing Guoan à Tailândia para defrontar o Chiangrai United, a 18 de Fevereiro, já que a formação chinesa formou um campo de treino na Coreia do Sul e poderá não necessitar de medidas de quarentena. No apuramento para a fase de grupos da ‘Champions’ asiática, o Shanghai SIPG, de Vítor Pereira, já tinha recebido os tailandeses do Buriram United à porta fechada.
14
h
5.2.2020 quarta-feira
A ausência é um estar em mim
Elementos de ética, visões do Caminho
Xunzi
O Cultivo de Si Próprio
PARTE III
S
E a tua postura for reverente e respeitosa e o teu coração leal e fiável, se o teu método for ritual e justo e a tua atitude for de preocupação com os outros, então poderás vaguear pelo mundo inteiro e, mesmo, se te encontrares detido entre bárbaros, ninguém deixará de te dar valor. Se fores ávido por liderar em questões laboriosas, se fores capaz de oferecer o teu lugar em questões agradáveis, e se fores escrupuloso, honesto, íntegro, fiável, controlado e meticuloso, então poderás vaguear pelo mundo inteiro e, mesmo que te encontres detido entre bárbaros, ninguém deixará de te dar valor. Se a tua postura for arrogante e obtusa e o teu coração for teimoso e enganoso, se o teu método for seguir Mozi e a tua essência mais vera estiver corrompida e poluída, poderás vaguear pelo mundo inteiro e, mesmo que chegues a todos os cantos, ninguém deixará de te considerar baixo.1 Se tentares adiar ou evitar questões laboriosas, se te apegares e não cederes o teu lugar em questões agradáveis, se fores perverso e desonesto, se não fores meticuloso no trabalho, poderás vaguear pelo mundo inteiro e, mesmo que chegues a todos os cantos, ninguém deixará de te rejeitar. Ele caminha mão sobre mão junto ao corpo, mas não porque tema sujar as suas mangas de lama. Ele caminha de cabeça baixa, mas não porque tema tropeçar em algo. Quando cruza o olhar com o de outrem, faz primeiro uma vénia, mas não porque tenha medo. Ao invés, o homem bem-criado age assim para cultivar a sua pessoa, não para rebaixar as pessoas comuns.
O cavalo Qi Ji podia percorrer mil léguas num dia, mas dados dez dias uma velha mula consegue o mesmo. Se pretenderes exaurir o inexaurível, ou buscar o [limite do] ilimitado, poderás partir os ossos e rasgar os tendões tentando fazê-lo, mas não terás sucesso nem que lhe dediques a vida toda. Se tiveres um ponto de paragem definido, mesmo que mil léguas seja longe, devagar ou depressa, em primeiro ou em último, como poderias não alcançá-lo? Será que aqueles que não sabem como percorrer o Caminho tentam exaurir o inexaurível e buscar o [limite do] ilimitado. Ou considerarão definir um ponto de paragem? Quanto às investigações sobre dureza e brancura, diferença e mesmidade, coisas com espessura e coisas sem espessura, não é que tais questões não sejam matéria de funda investigação. Contudo, a pessoa exemplar não discute sobre tais coisas, pois pára nesse ponto. Quanto a feitos incomuns e grandiosos, não é que sejam difíceis de realizar. Contudo, a pessoa exemplar não os realiza, pois pára nesse ponto. Assim, quem estuda diz com propriedade: “Por lento que seja, o objecto pára e me aguarda e assim me aproximo dele. Por isso, devagar ou depressa, em primeiro ou em último, como poderia não chegar lá?” E assim, passo a passo, sem se deter, até uma tartaruga coxa percorre mil léguas. Se empilhares terra sem cessar, majestosos montes e montanhas se erguerão. Se lhes bloqueares as fontes e abrires os canais, até os grandes rios podem ser drenados. Se um cavalo avançar e outro recuar, se um for para a direita e outro para a esquerda,
nem uma equipe de seis puro-sangue chegará a nenhum lado. Quanto à disparidade entre os diferentes dons e naturezas, como poderia ser equivalente àquele entre as patas coxas da tartaruga e as dos seis puro-sangue? Se a tartaruga coxa consegue chegar ao fim e os puro-sangue não, tal se deve apenas ao facto de aquela se dedicar ao seu objectivo e aqueles não. Por isso, ainda que o caminho seja curto, se não avançares nele, chegarás a lado nenhum. E, ainda que uma questão seja menor, se não trabalhares nela esta não se resolverá. Se a tua disposição for tirar folgas frequentes, então os teus gestos não te levarão longe. Aquele que aprecia o modelo correcto e o aplica é um homem bem-criado. Aquele que nele foca sua intenção, e o encarna, é uma pessoa exemplar. Aquele que o compreende totalmente e o pratica infatigavelmente é um sábio. A quem faltar o modelo correcto, suas acções serão temerárias. A quem tiver o modelo correcto mas faltar enfoque de intenção no seu verdadeiro sentido, suas acções serão demasiado rígidas. Confiando no modelo apropriado e compreendendo profundamente as suas categorias se agirá então com uma confortável mestria dele.
1 - “Mozi (ou Mo Di) foi um pensador que efectuou um duro ataque ao confucionismo, argumentando contra o valor dos rituais e da música. Xunzi critica-o frequentemente. Aqui a referência é muito provavelmente à rejeição do ritual.
Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quarta-feira 5.2.2020
Divina Comédia Nuno Miguel Guedes
O tempo parado
Para H.
P
OBRES leitores: tanto a acontecer no mundo, tanto que gritar, que gozar, que lamentar, que viver… - e aqui estais neste canto a observar o que um pobre cronista tem a dizer. Pior: um cronista que vos quer falar sobre o tempo. O tempo, palavra polissémica que apesar de tudo ainda escapa ao redil do “climático” (ultrapassando mesmo o galicismo do climatérico) e pode ser utilizada como essa força tão primordial como relativa. O tempo dos dias, o tempo que nos marca e que nos cria. Enfim, amigos: o cronista está grato e pede indulgência e que o sigam. Este tempo de que vos quero falar é o que pára. Assim, de repente, sem controlo nem previsão: pára, um freeze frame da
vida em que não acreditávamos, uma suspensão de tudo e de todos que pode chegar de várias formas. Sabemos, já o vivemos certamente: aquele filme de que saímos perturbados e mal preparados para a vida lá fora; aquele concerto; aquela perda ou a sua notícia, que tudo paralisa; aquela conquista, aquele gesto, aquele “mover de olhos brando e piedoso” que tanto esperávamos e que faz com que os outros se transformem em imagens aprisionadas, figuras de cera imóveis e estúpidas face ao que estamos a sentir e que é tudo. Aqui chegados, amigos, penso que nos entendemos. Com maior ou menor esforço todos conseguimos identificar esses precisos instantes que são eternos. Ainda agora, pouco antes de escrever estas linhas, alguém
Talvez o melhor de nós exista nessa paragem surpreendente. Talvez seja essa a nossa fraca percepção da imortalidade que nunca iremos obter. A boa notícia é que, ao contrário do que implorava o personagem de Shakespeare no seu leito de morte, o tempo não só não tem de parar como de facto pára
me falava da emoção do primeiro filho, de como todo o mundo parecia estar contido numa espécie de bola de vidro em que mais nada teria existência fora dela. E assim com a extrema alegria, e assim, receio, com a extrema dor. Faz mal? Não. Talvez o melhor de nós exista nessa paragem surpreendente. Talvez seja essa a nossa fraca percepção da imortalidade que nunca iremos obter. A boa notícia é que, ao contrário do que implorava o personagem de Shakespeare no seu leito de morte, o tempo não só não tem de parar como de facto pára. A questão é identificar e aproveitar esse espanto efémero, mesmo quando dói. Olhá-lo de frente com a candura possível da criança que se entusiasma com o truque barato do ilusionista de serviço. Haverá pouco mais do que isso. Em 1952 um dos meus cronistas preferidos, o brasileiro Rubem Braga, escreveu um texto em que apenas parece descrever o voo de uma borboleta que por acaso se cruzou com o seu olhar. Chama-se a crónica, sem surpresas, Borboleta. Leiam. Está à disposição online, no Portal da Crônica Brasileira. Vejam como o tempo parou e como o cronista deixa em aberto a viagem da borboleta. Porque amigos, só nessa paragem e nessa pergunta me parece que pode caber o mundo inteiro.
16
h
tonalidades António de Castro Caeiro
5.2.2020 quarta-feira
Umwelt
6
É
do fundo dos tempos que vêm memórias da “rua” como o centro do “milieu” da infância e da primeira juventude. Mas a mesma “rua” sofre metamorfoses. Ruas diferentes desempenham a mesma função nas vidas de diferentes pessoas, tenham essas pessoas sido crianças que tivessem brincado na rua ou não. Martha Muchow no seu estudo sobre o Espaço Vital da Criança na Grande Cidade (Der Lebensraum des Großstadtkindes) analisa “a rua” como objecto multidimensional, estruturado pelo mundo pessoal partilhado pelas diferentes faixas etárias que lá passam o seu tempo de vida. O conceito “Umwelt”, o mundo ambiente, o mundo em redor, o mundo envolvente, o meio em que cada um de nós vive, estrutura o sentido, dá e retira importância, faz ver, acentua e apaga ou não permite ver o que encontramos na rua, tal como é encontrada por um grupo de pessoas de uma dada faixa etária. No limite, cada pessoa é portadora dessa mesma estrutura que dimensiona a importância afectiva de um local para si, que lhe permite ter a percepção, por exemplo, do bem estar e acolhimento ou do mal estar de um lugar que sente como inóspito. “Ir para a rua” não é “ir para fora de casa”. É ir para onde uma criança se sente em casa. A hora de ir para a rua pode ser da parte da manhã, a qualquer dia da semana, mas é mais durante os dias de escola e da parte da tarde ou sábado à tarde que as crianças se encontram com os seus pares na rua. É raro um miúdo estar só na rua. A rua parece que está fechada para ele, embora, como dizem os pais, ele saiba “entreter-se sozinho”, coisa que acontece, maioritariamente, quando está a brincar no seu quarto e não na rua. A rua “abre” ao funcionamento quando chegam “os outros”. Os outros são aqueles com quem se brinca, pelo menos tem de haver um com quem se estabelece uma comunidade para brincar. A rua, tal como um adulto a vê, não existe. A rua que serve para atravessar de um passeio a outro, que serve para ir de um lado para outro, que serve para percorrer ou conduzir, onde estão sitos os lugares dos prédios, para onde se vai e de onde se chega ou de onde se vai sair e parte, onde há lojas de comércio ou nenhum comércio, é agradável e tem árvores ou é despida de árvores e “sem graça nenhuma”, — a rua das crianças existe num outro mundo, numa outra dimensão. Para entrarmos nela é necessário uma modificação do olhar.
A rua transforma-se em cada jogo. Um carro, um prédio, uma esquina dobrada, uma loja passam a ser “esconderijos” no jogo das escondidas. Para quem se esconde, são sítios onde fica invisível, indetectável ao radar perscrutante de quem anda à procura, é o único sítio que não irá ser objecto de busca, por outro lado, tem de permitir a observação das operações de quem anda à procura, a fazer as buscas. A rua, pelo contrário, para quem está à procura dos esconderijos de quem se escondeu é a superfície possível de interiores inescrutáveis que tem de ser examinados, onde os outros se foram esconder. Não podem ser todos os prédios da rua, mas aqueles onde o próprio se esconderia, nem todas as lojas, mas aquelas cujos donos permitiriam um miúdo esconder-se, nem todos os carros, mas aqueles que ofereceriam
“Ir para a rua” não é “ir para fora de casa”. É ir para onde uma criança se sente em casa
um melhor esconderijo. A rua passa a ficar toda ela envolvida num cenário de guerra, em que quem se esconde sai de si para pensar como o seu perseguidor pensa e quem persegue procura pensar como o seu fugitivo pensa. A rua passa a ser um lugar de atalaia, onde se controlam situações, onde se pode mudar de esconderijos sem se ser apanhado, é o lugar transformado em forma e fundo, superfície e interior, lugar de esconderijo, deixa de haver carros, prédios, lojas, esquinas, outras ruas. O mesmo se passa no jogo da apanhada. Ninguém atravessa a rua de um passeio ao outro em linha recta no mesmo passo a andar, mas antes as crianças parecem moscas a voar dos mais diversos sítios possíveis para não serem apanhados, muitas expondo-se aos perigos dos carros, da queda provocada pela velocidade do passo de corrida, da aceleração, travagem brusca, rodopio, esquiva rápida, contorção do corpo, tudo isto para evitarem ser apanhados enquanto quem está a apanhar estica os braços, passa por cima dos carros como se fossem obstáculos, fixa-se em vários alvos ou só num, mobiliza-se num para passar a focar-se noutro que lhe ofereça oportunidade. A rua pas-
sa a ser o local onde se corre de um lado para o outro sem respeito pelo perigo causado pelos carros que podem passar ou pelos outros transeuntes. Como no jogo das escondidas há um perseguidor e perseguidos, mas estes não se escondem. Estão à vista, à luz do dia, mas em vez de estarem de cócoras sem falar escondidos num esconderijo, são barulhentos, gritam e riem-se à gargalhada, correm a alta velocidade em movimentos não uniformes, esquivam-se à luz do dia. A rua é um palco completamente diferente daquele onde os adultos desempenham o seu papel: a rua onde vivem, de ondem saem para trabalhar e onde regressam a casa ao fim do dia, a rua que atravessam para ir buscar o carro, onde arrumaram o carro, onde vão visitar alguém, que passam a correr com pressa ou devagar sem nada para fazer. Mas é uma rua completamente diferente de quem está a brincar às escondidas ou à apanhada. E alguém chama pelo nome de uma das crianças. O mundo mágico e fantástico interrompe-se. Voltam para casa. Mas a rua não se desfez do mundo do jogo e da brincadeira para ser a rua dos adultos. A rua foi interrompida e está tal como o campo da bola no intervalo.
desporto 17
quarta-feira 5.2.2020
GP CO-ORGANIZADOR QUER CONTINUIDADE DO MUNDIAL DE GT EM MACAU
Benfica Pedrinho chega no Verão
O jovem brasileiro Pedrinho (Corinthians), que vai assinar pelo Benfica no mercado de Verão, irá receber 1.2 milhões de euros por temporada e o bónus de 100 mil euros por cada 10 jogos realizados ao serviço das águias, segundo refere a edição impressa de A BOLA. Pedrinho, de 21 anos, irá custar 20 milhões de euros, mais dois milhões de euros em objectivos.
Ténis João Sousa cai à primeira em Montpellier
O tenista português João Sousa (69.º do mundo) perdeu ontem em dois 'sets' com o francês Gregoire Barrere (91.º) na primeira ronda do torneio ATP 250 de Montpellier, em França. O vimaranense perdeu de forma clara o primeiro parcial (2-6), enquanto que, no segundo parcial, a decisão foi a 'tiebreak', 6-7 (6-8), durante o qual João Sousa chegou a estar em vantagem por 6-2, mas Barrere conseguiu dar a volta e sair vencedor do 'set' e do encontro, ao fim de uma hora e 48 minutos. Depois de ter perdido frente ao argentino Federico Delbonis na primeira ronda do Open da Austrália, o primeiro 'major' da temporada que terminou no domingo, João Sousa caiu 10 lugares no 'ranking' mundial de ténis, ocupando agora a 69.ª posição. Ainda assim, João Sousa continua a ser, de forma destacada, o melhor português no 'ranking' ATP.
O SRO Motorsports Group, a entidade responsável pela co-organização da Taça do Mundo FIA de GT, quer que o troféu volte mais uma vez a ser disputado no programa do Grande Prémio de Macau em Novembro. Durante as 12 Horas de Bathurst do fim-de-semana passado, Stéphane Ratel, o presidente da organização sediada em Londres, desmentiu os rumores que este troféu poderia ser este ano ser transferido para França
O
rumor sobre uma eventual troca de localização da taça mundial de carros Grande Turismo surgiu após a ter vindo a público a possibilidade de ser realizada uma corrida para pilotos profissionais com viaturas FIA GT3 durante a segunda edição do “FIA Motorsport Games” que este ano decorre em Outubro, no circuito francês de Paul Ricard. Estes “Jogos Olímpicos” de automobilismo também são organizados pelo SRO Motorsports Group. O empresário francês confirmou que não tem ainda um acordo assinado com a Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau para a realização da Taça do Mundo FIA de GT, mas minimizou o facto, pois desde 2015 só mais tarde no ano é que ambas as partes selam esta parceria. “Em todos os anos nunca tivemos um acordo para Macau antes do primeiro de Julho”, disse Ratel, citado pelo portal norte-americano Sportscar365.
FIA
ALEXANDRE SCHNEI
Território prioritário
“Estamos a aguardar e trabalhamos com todos os construtores para saber quantos carros pretendem ter. Depois, mandamos para Macau um relatório a dizer ‘À data de hoje, isto é o que está confirmado. Isto é o que é possível.’ Depois Macau decide o que fazer. O processo é o mesmo todos os anos, mas é verdade que não tem sido fácil ter uma [grande] gelha de partida.”
Audi, BMW, Mercedes-AMG e Porsche já se comprometeram a regressar ao Circuito da Guia este ano, o que garante à partida mais de uma dúzia de concorrentes
Audi, BMW, Mercedes-AMG e Porsche já se comprometeram a regressar ao Circuito da Guia este ano, o que garante à partida mais de uma dúzia de concorrentes.
PARTICIPAÇÕES NÃO PREOCUPAM
Depois da presença de apenas 15 carros em 2018, a Taça do Mundo FIA de GT contou com 17 participantes o ano transacto. Em entre-
vista ao HM, na semana que antecedeu o 66º Grande Prémio de Macau, Chong Coc Veng, o presidente da Associação Geral Automóvel de Macau-China (AAMC), afirmou que se a Taça do Mundo FIA de GT reunir mais de 15 equipas profissionais, então não será por aí que será posta em causa a sua continuidade. “Consideramos que se tivermos mais de 15 equipas profissionais que o número é consideravelmente aceitável. Estamos a falar de equipas profissionais, de topo, que têm outras alternativas e lugares onde podem correr. Por isso, no nosso entender este número muito próximo dos 20 carros é satisfatório”, disse Veng ao HM. Em 2019, a prova de sprint para viaturas FIA GT3 e destinada a pilotos profissionais contou com a presença oficial de quatro construtores: Audi, BMW, Mercedes AMG e Porsche. A Bentley teve muito próxima de ser a quinta marca a participar na prova, mas tal cenário não se concretizou no último momento. Raffaele Marciello venceu a corrida, oferecendo este prestigiado troféu à Mercedes-AMG. Mesmo num cenário em que a Taça do Mundo FIA de GT não se realize na RAEM, a vinda dos potentes carros da classe FIA GT3 ao território não deverá ser posta em causa, visto que o troféu da federação internacional é parte integrante da corrida Taça GT Macau implementada com sucesso em 2008. Sergio Fonseca
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Aviso
Adiamento do concurso público «Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Empreitada de Construção do Edifício do Laboratório Central» Dado ao desenvolvimento da epidemia referente ao novo tipo de coronavírus, será adiado o concurso público para «Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Empreitada de Construção do Edifício do Laboratório Central» publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau nº 50, II Série, de 11 de Dezembro de 2019. As novas datas referentes a entrega de propostas e acto público serão anunciadas posteriormente. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, a 1 de Fevereiro de 2020. O Coordenador Lam Wai Hou
Anúncio Devida à propagação contínua do novo coronavírus, e de acordo com as «Instruções sobre a manutenção da prestação de serviços durante as tolerâncias de ponto na Administração Pública no período compreendido entre 3 a 7 de Fevereiro», emitidas no dia 31 de Janeiro do corrente ano pela Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública, e posteriormente com as instruções complementares, o Edifício “Finanças” e todos os seus postos de serviços (incluindo a Repartição das Execução Fiscais) ficam suspensos todos os serviços prestados ao exterior no período entre os dias 5 a 7 de Fevereiro, bem como cancelados os serviços previamente marcados. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong
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MUITO
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O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 49
Cineteatro
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ENTER THE FAT DRAGON [C] FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenji Tanigaki Com: Donnie Yen, Teresa Mo, Niki Chow, Wong Jing, Jessica Jann 14.00, 18.55
THE GRAND GRANDMASTER [B] FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Dayo Wong Com: Dayo Wong, Annie Liu, Catherine Chau 15.50, 20.00, 22.15 SALA 2
ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B] FALADO EM CANTONESE LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 15.55, 19.45
SPIES IN DISGUISE [B] Um filme de: Troy Quane, Nick Bruno 14.00, 15.55, 19.30
DOLITTLE [A]
SHINKALION THE MOVIE [B]
FALADO EM INGLÊS LEGENDADOEM CHINÊS Um filme de: Stephen Gagham Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 17.50, 21.45
Um filme de: Takahiro Ikezoe 17.50
DOLITTLE [A] FALADO EM CANTONESE Um filme de: Stephen Gagham
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A polícia francesa desmantelou ontem um campo com centenas de migrantes em Porte de La Villette, no nordeste de Paris, uma semana depois de fazer o mesmo com outro acampamento a algumas centenas de metros do local. As 427 pessoas que moravam no local, em condições insalubres, foram transferidas de autocarro para ginásios ou centros de acomodação na região.
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A passagem do tufão Hato por Macau deu-nos uma série de lições já muito analisadas, mas deixou também um sentimento de histeria colectiva de cada vez que há uma crise do género, seja uma tempestade tropical ou uma epidemia. Desta vez Macau já conta com dez casos de infecção pelo novo coronavírus e, com a decisão de encerrar os casinos por duas semanas, a população correu de imediato aos supermercados, tal não é o pânico de que o mundo termine amanhã e acabe o fornecimento de bens essenciais. Esta histeria colectiva que se traduz na corrida aos supermercados em nada ajuda a manter a calma e, até certo ponto, não se 55 justifica. Talvez não fosse má ideia as autoridades decretarem uma série de medidas para evitar que as pessoas esvaziem as prateleiras dos supermercados sem necessidade. Aguardemos pelo desenrolar dos acontecimentos, que todos os dias ganham novos episódios algo preocupantes. Mesmo com a existência de dez casos no território e com a suspensão temporária das ligações de ferry, o alarmismo não é bom conselheiro. Cabe ao Governo de Macau tentar travar esta histeria colectiva com medidas que não passem apenas pela emissão de comunicados oficiais. Andreia Sofia Silva
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O CABO DA VÍBORA DE AGATHA CHRISTIE | BBC (2019)
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Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 14.00
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AS LIÇÕES DO HATO
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VIDA DE CÃO
EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2
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ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 21.30
Mini-série produzida pela BBC com base no romance policial de Agatha Christie, com o nome “Punição para a Inocência”. Desta vez a história gira em volta do assassinato de Rachel Argyll, uma matriarca com mão de ferro em relação à família e aos próprios filhos que surge morta numa das divisões da casa. A suspeita recai 53imediato sobre um de dos filhos, pois as suas impressões digitais estão por toda a parte, mas depressa se percebe que o criminoso pode não ser ele. Andreia Sofia Silva
opinião 19
quarta-feira 5.2.2020
sexanálise
TÂNIA DOS SANTOS
O
Massagem nos genitais
sexo tântrico está mais na moda do nunca. Talvez porque as pessoas precisem de encontrar a sua criatividade sexual em algum lugar, e a tradição do sexo tântrico é tão boa como qualquer outra. Uma das actividades desta tradição milenar são as massagens nos genitais. A técnica é tão simples que se torna complexa. Ao contrário do que muitos acreditam, estas massagens não são uma nova forma de nomear a masturbação. A massagem na yoni e no lingam - os nomes em sânscrito para vagina e pénis – são formas de ligação sensual, sensorial, física e espiritual. A massagem não deve ser sexualizada, mas não é de admirar se assim se transformar. Os ensinamentos do sexo tântrico exploram o relaxamento com o objectivo de criar uma ligação com o corpo. Por isso é que é importante ter a mesma atitude mental tal como se fosse uma massagem às costas. Só que esta é uma massagem centrada nos genitais, e em outras zonas circundantes e erógenas. A barriga, as coxas ou as ancas fazem parte do pacote. Estas podem ser auto-administradas ou administradas por outros. Ambas as formas permitem a sensualidade do toque – despindo-se das expectativas clássicas e heteronormativas da masturbação ou do sexo, de algum tipo de penetração ou de um ‘final feliz’ com o orgasmo. A forma como a enfase está no processo da massagem e não na sexualidade, pode, na verdade, resultar em imenso prazer e num dos orgasmos mais intensos de sempre. É uma lógica complicada de prioridades, mas é assim que o nosso sexo funciona. A pressão para a performance assim ou assada não existe nestas massagens. A ligação com o corpo, com as sensações, e com o deixar-se levar pelo toque é que cria a disponibilidade para o orgasmo. Estas massagens podem fazer parte do ritual de bem-estar individual e até colectivo – trabalhando na relação de seres e de corpos. Apesar de não existirem estudos que confirmem muitas das assumpções desta tradição, esta diz-se ter muitas vantagens para a saúde física dos genitais e para a saúde emocional. Da mesma forma que acumulamos tensão nos ombros, também se acumulam tensões, problemas e desafios nos genitais, e que se estendem pelo corpo todo. Diz quem pratica, que as massagens ajudam a manter a saúde do pavilhão pélvico, a compreender melhor a libido de cada um, a tratar casos de ejaculação precoce ou de impotência. Apesar de não existir evidência científica, não vejo que mal faria em experimentar e, quiçá, incluir estas massagens na rotina. A recomendação é que as pessoas explorem à vontade, e que puxem pela criativi-
A recomendação é que as pessoas explorem à vontade, e que puxem pela criatividade nas formas de estimulação, fricção e toque (acompanhado por algumas técnicas de respiração). A inovação vem da re-interpretação dos genitais, não só como órgãos de sexo, mas como órgãos de sensibilidade dade nas formas de estimulação, fricção e toque (acompanhado por algumas técnicas de respiração). Cada um poderá explorar de acordo com o que lhe mais agradar, e
também encontrarão inspiração nos artigos e vídeos alusivos ao tema. A inovação vem da re-interpretação dos genitais, não só como órgãos de sexo, mas como órgãos de sensi-
bilidade. Fujam da tendência de massajar o clitóris de forma circular, ou de estimular o pénis para cima e para baixo. Lubrificantes ou óleos de massagem são extremamente importantes, e convém procurar os produtos com os quais se sintam confortáveis. Não ter medo de guardar um momento para explorar estas massagens quando se está sozinho, com o ambiente preparado para o efeito – velas, óleos ou música. E quando a dois, deixar massajar e ser massajado nestas outras formas de toque, permitindo uma nova relação de confiança e prazer.
Eduquem as crianças e não será necessário castigar os homens.
Bate a outra porta Bali rejeita acolher 17 estudantes timorenses provenientes da cidade de Wuhan
CORONAVÍRUS ESPECIALISTA DIZ QUE AINDA É CEDO PARA ANTEVER PICO
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M médico que liderou a resposta da Organização Mundial de Saúde ao surto de Síndrome Respiratória Aguda Severa disse ontem que é demasiado cedo para saber quando o coronavírus atingirá o pico, mas que aparentemente a doença continua em crescimento. David Heymann afirmou que o aumento de casos na China nos últimos dias se atribui particularmente ao facto de as autoridades chinesas terem expandido a pesquisa para detectarem situações menos graves, incluindo não apenas pessoas com pneumonia. O clínico declinou prever se o vírus se transformará numa pandemia ou surto mundial. De acordo com OMS, uma pandemia requer transmissão contínua de uma doença em pelo menos duas regiões do mundo. Heymann referiu que à medida que o novo vírus se espalha na China, os cientistas vão ganhando um maior conhecimento da doença. O surto de um novo coronavírus surgido na China e que provoca pneumonias virais tornou-se uma epidemia que alastrou a vários países, embora seja em território chinês que se concentra a grande maioria dos casos. A China elevou hoje para 426 mortos e mais de 20.400 infectados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019nCoV) detectado em Dezembro, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
A
administração provincial da ilha indonésia de Bali rejeitou o pedido de Timor-Leste de colocar de quarentena na ilha os 17 estudantes timorenses que estão em Wuhan, origem do surto de coronavírus, segundo a imprensa indonésia. A decisão de rejeitar o pedido foi tomada durante uma reunião realizada pela administração na segunda-feira, refere a edição online de ontem do Jacarta Post. “As partes relevantes na província não concordaram em conceder o pedido”, disse o vice-governador de Bali, Tjokorda Oka Artha Ardana Sukawati, citado pelos jornais indonésios. O vice-governador explicou que Timor-Leste tinha solicitado, através da Embaixada da Indonésia em Díli, apoio para colocar em quarentena em Bali os 17 estudantes que estão em Wuhan. A recusa do pedido, explicaram as autoridades indonésias, prende-se com a decisão actual do país de restringir viagens a visitantes da China por causa do surto, suspendendo voos de e para todas as regiões da China continental. Em Jacarta, onde participou em encontros com as autoridades indonésias sobre a fronteira terrestre entre os dois países, Xanana
quarta-feira 5.2.2020
PALAVRA DO DIA
Pitágoras
LONDRES REITERADOS AVISOS SOBRE DESLOCAÇÕES A HUBEI
A
Xanana Gusmão “Isto é uma questão global, não apenas de Timor-Leste e Indonésia, e acredito que, porque a Indonésia tem mais capacidades do que nós, vai ajudar-nos a superar essa situação.”
Gusmão – mandatado pelo Governo para a questão das fronteiras – referiu-se à situação dos estudantes. Citado pela imprensa indonésia, Xanana Gusmão disse que Timor-Leste tinha pedido apoio às autoridades indonésias porque o país não tinha instalações adequadas como a Indonésia. “Sim, porque temos que entender que não temos instalações, não temos nada. Portanto, perguntamos se podemos, como outros países”, disse Xanana depois de se reunir com o ministro coordenador de Assuntos Políticos,
Jurídicos e de Segurança, Mahfud Md. Xanana disse que a assistência era muito importante para os timorenses que estão actualmente na China. “Isto é uma questão global, não apenas de Timor-Leste e Indonésia, e acredito que, porque a Indonésia tem mais capacidades do que nós, vai ajudar-nos a superar essa situação”, afirmou.
EM SUSPENSO
O ministro dos Negócios Estrangeiros indonésio, Retno LP Marsudi, confirmou no domingo que a
Indonésia proibirá visitantes que estiveram na China nos últimos 14 dias a partir de quarta-feira. Fonte aeroportuária confirmou que serão suspensos pelo menos 164 voos entre Bali e a China, mantendo-se 55 voos para Hong Kong e 28 para Taipei. O surto está já a ter um impacto no sector turístico em Bali, com milhares de cancelamentos de estadas de turistas chineses, deixando, segundo a Associação Indonésia de Guias de Turismo (HPI), mais de mil guias turísticos de língua chinesa sem trabalho.
Economia S&P estima que crise estabilize em Abril
A S&P estima que a crise do coronavírus esteja estabilizada globalmente em Abril e que o impacto da epidemia na actividade económica na Ásia- Pacífico atinja o auge no primeiro e segundos trimestres, foi ontem anunciado. Num estudo sobre as consequências do surto na atividade económica ontem divulgado, a agência de ‘rating’ S&P precisa que a propagação do coronavírus deverá terminar no final de Maio no pior cenário e em Março no
melhor dos cenários. Em relação à actividade económica, a S&P refere que o crescimento deverá estabilizar no final deste ano e início de 2021. A S&P recorda que os encerramentos e as quarentenas restringiram os voos e as viagens de comboio e forçaram o encerramento de escritórios de vendas de imóveis, concluindo que os efeitos económicos serão sobretudo repercutidos num recuo dos gastos das famílias.
UTORIDADES britânicas apelaram ontem para que sejam evitadas deslocações à província de Hubei e defenderam que as viagens para o restante território da China continental só devem ser feitas “se forem essenciais” devido ao novo coronavírus. O alerta ontem emitido pelo Foreign Commonwealth Office (FCO) não inclui as Regiões Administrativas Especiais de Macau e Hong Kong. O FCO avisa que actualmente os consulados britânicos em Wuhan e Chongquing estão encerrados. “Caso se encontre na China e pretenda sair, faça-o. As pessoas de idade e aqueles que têm problemas de saúde estão perante ‘alto risco’”, avisa o organismo. O FCO recorda que as autoridades chinesas estão a impor restrições ao movimento de pessoas, nomeadamente nas ligações ferroviárias entre cidades e nas autoestradas. Foram também instalados postos de controlo nas saídas de várias cidades do país. “Algumas linhas aéreas, incluindo a British Airways e Virgin Atlantic, anunciaram a suspensão de voos. Outras linhas comerciais mantêm as operações, mas pode vir a tornar-se difícil aceder às partidas, nas próximas semanas”, adverte o FCO.