Hoje Macau 5 MAI 2016 #3565

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

A arte de nada dizer PÁGINAS 4-5

OPINIÃO

hojemacau

Alentejo não tem sombra Aquela máquina RUI FLORES

LEOCARDO

FAM E PROVEITO EVENTOS

PAPÉIS DO PANAMÁ

Os nomes de Macau

COLOANE

PÁGINA 6

h

Cardoso Pires Longe de casa MANUEL AFONSO COSTA

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

JOSÉ DRUMMOND

Autópsia de um crime anunciado GRANDE PLANO

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MOP$10 TIAGO ALCÂNTARA

PLANO QUINQUENAL

QUINTA-FEIRA 5 DE MAIO DE 2016 • ANO XV • Nº 3565


2 GRANDE PLANO

D

ANTES, o caminho fazia-se por mar. Em Coloane, as estradas não existiam e os moradores carregavam produtos para trocas comerciais em caminhos íngremes como o de Seac Min Pun, que atravessava a ilha de leste a oeste. O caminho mantém-se, com o título de “antigo”, e é descrito como um local a visitar pela sua “nostalgia” e “história”. Mas, o que resta desse Coloane antigo? Nostalgia parece ser a palavra de ordem quando se olha agora para o único pulmão verde de Macau, mas de uma coisa não há dúvidas para arquitectos e urbanistas contactados pelo HM: a ilha tem de manter-se verde, até pela nossa sanidade. E até já houve um plano – pedido pelo Governo e entregue às Obras Públicas – que nunca saiu da gaveta. “Coloane deveria ser sempre considerado com uma alternativa à elevada concentração urbana do resto do território”, começa por frisar Diogo Teixeira, arquitecto e docente na Universidade de São José, que deixa até uma ideia para aquele lugar. “Deveria considerar-se Coloane como uma espécie de alternativa e lançar um concurso internacional para planear aquele território. Hong Kong tem o mesmo problema de Macau - a ocupação de espaços, apesar de ter mais espaços verdes - mas está a apostar, por exemplo, no espaço de West Kowloon Cultural District que, em vez de ser mais uma zona massificada de construção ‘a Lagardère’, tem um objectivo específico e para o qual foi lançado um concurso internacional onde participaram os melhores ateliers de urbanismo e arquitectura do mundo.”

O PLANO DE MANUEL VICENTE

A questão é que Macau já teve esse plano. Da autoria do arquitecto Manuel Vicente, cuja obra foi fundamental no território, o projecto tinha como objectivo preservar precisamente o que a maioria recorda quando pensa na ilha. “A filosofia era manter as características de Coloane enquanto pulmão verde e destinar uma zona para construção urbana com estilo: Hac Sá”, começa por explicar ao HM João Palla, arquitecto que fez parte da equipa que desenvolveu o plano. Plano que ganhou numa consulta levada a cabo pelo Gover-

COLOANE

PLANO DE MANUEL VICENTE MANTINHA VERDE, FAUNA E FLORA. ARQUITECTOS

QUE TE QUERO VERDE

no e que chegou a ser entregue às Obras Públicas. Terminado. “O concurso foi ganho e depois o plano foi desenvolvido ao pormenor, com desenvolvimento das zonas naturais. A natureza era preservada, estudada. Existia essa intenção. O plano já acabado foi entregue em 1995. Mas a partir daí embargou. Foi aprovado, não havia razões para que não fosse, mas nunca foi homologado”, explica João Palla. O projecto, garante, teve uma equipa multidisciplinar a desenvolvê-lo com pessoas da áreas da Geografia, como era o caso de Jorge Gaspar, arquitectos paisagistas, sociólogos. Nada terá ficado de fora: o projecto contava até com botânicos e biólogos. O motivo? “Coloane encerra uma grande diversidade de fauna e flora. Algumas das espécies vegetais

lá existentes são mesmo raras”, explica o arquitecto.

ATÉ A CHINA

A combinação da construção com a natureza é uma das maiores tendências na China continental. É que, como explica Ana P. Santos, arquitecta urbanista sénior da ‘BLVD International’, uma das maiores empresas de design da China, “o desenvolvimento tem obrigatoriamente de seguir esse caminho. O património edificado é importante”, indica, “mas com calma”. “Do que me parece de Macau, o desenvolvimento está a ser caótico e sem qualquer tipo de intenção e isso leva-me a pensar que não será a melhor opção, porque olhando para a cidade como está, já existem muitos ‘landmarks’. Como visitante e urbanista, o facto de ser uma colina

Existia um plano para Coloane tão detalhado que pensava na construção, na natureza, na fauna e na flora. Mas, apesar de ter sido pedido pelo Governo, nunca saiu da gaveta. Agora, o desenvolvimento em forma de cimento alastra-se pelo único pulmão da cidade, “comendo aqui e ali”. E o futuro?

verde é um valor acrescentado da área e como já existem muitas referências arquitectónicas o que podia ser explorado é o de ter [Coloane] a funcionar como um pulmão verde porque o ar em Macau é irrespirável e qualquer dia não existem locais de relaxe”, explica ao HM, acrescentando que a questão ecológica é “fundamental”. Olhar para as regiões vizinhas é uma das políticas do Executivo. Também aqui poderia sê-lo, até porque Hong Kong surge novamente como exemplo. “As áreas verdes são perfeitamente intocáveis. Mas existem outras referências como Berlim. Um caso típico de estudo em urbanismo, por ter uma estrutura verde, intocável, à volta do centro da cidade. Não há político que possa mudar isso porque o plano foi desenvolvido considerando diferentes fases de

crescimento urbano. E funciona”, assegura-nos Ana, que diz que também Chengdu, na China, está a avançar com “planos gigantes neste sentido”. Chengdu que, adianta, “se aproxima mais das diferentes problemáticas de Macau.” Ao HM, a arquitecta urbanista admite que o conceito mais falado hoje em dia é o de “sponge city” - defende-se que a cidade, para ser sustentável, terá de reter, armazenar, drenar e purificar água de acordo com as necessidades. Algo que, mais uma vez, se poderia adaptar perfeitamente a Coloane. “Podia ser uma forma mais informada de defender a manutenção dessa zona verde, visto que a água que Macau consome vem toda de Zhuhai. Em todo o mundo, incluindo na China, o modelo a atingir é [esse]. Macau está a passar ao lado disto tudo e continua a querer


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ALERTAM PARA ACTUAL DESTRUIÇÃO

PLANO MANUEL VICENTE

apostar em métodos retrógrados, que não contribuem em nada para a vida das comunidades. Temos mesmo de questionar o tipo de cidade que Macau quer ser.”

VALOR PATRIMONIAL?

Na península, o valor patrimonial de certos prédios – como o Farol da Guia – tem levado à suspensão de obras, como prédios que, se nascerem, vão tapar a vista. A pressão veio dos residentes, mas também da UNESCO. E tudo por causa do património mundial da humanidade. Em Coloane, a classificação “patrimonial” dependeu apenas do próprio Governo e resume-se à Capela de São Francisco Xavier e, no futuro, aos estaleiros de

Coloane, onde eram construídas embarcações. O mar está, e sempre esteve, ligado ao único pulmão verde do território e é isso que faz com que a ilha tenha, de facto, valor patrimonial. Nem que seja pela sua história, que fala de coisas que se descritas em qualquer conto infantil encantavam. “Tem um valor de património natural, paisagístico e cultural. Há muita coisa ali. A gruta dos piratas, os estaleiros, a vila das palafitas... Há um valor cultural ameaçado por tudo isto”, diz João Palla ao HM. Na memória de quem sabe um pouco sobre Coloane ficam as histórias dos primeiros colonos, pescadores vindos da China, e de como este era um esconderijo per-

feito para os piratas que saqueavam os navios carregados de tesouros. A ilha não é só para turistas. E também não é só para o imobiliário que nasce sem respeito – como se depara mal se entra em Coloane. “Aquilo não é uma entrada, é uma parede. Uma pessoa chega e não recebe a natureza que é a característica de Coloane.Azona destinada para construir habitação e outras edificações era a da Concórdia, um aterro, por isso propícia para conter este crescimento em altura e não competir com a montanha que é o que está a acontecer”, explica João Palla ao HM, recordando o projecto de Manuel Vicente. Primeiro veio Seac Pai Van, “um exemplo claro de uma grande destruição”, depois veio o The XIII e “até o hospital já vai montanha acima”. Agora, Macau depara-se com a possibilidade de nascer um empreendimento de luxo colina acima, na Estrada do Campo, e cujo terreno “está já entaipado”, como se pode ver quando chegamos a Coloane. A construção era inevitável já nos anos 1990 mas, como recorda João Palla, “os limites estavam estabelecidos e toda a gente sabia com o que contar”. Não seria muito cómodo para quem tivesse aspirações para crescer mais, diz o arquitecto, “mas tinha consolidado estes perigos iminentes que agora ameaçam comer aqui um bocadinho e depois outro ali”. Também Ana P. Santos assume que é “altamente provável que comprometa o futuro, se não existir uma estratégia” para o pulmão de Macau. Até porque, assegura, “o modelo de desenvolvimento que o processo de urbanização em Coloane representa está ultrapassado”.

QUE FUTURO?

PLANO MAN UEL VICENT E

A equipa que trabalhava ao lado de Manuel Vicente na concepção do plano desenvolveu “um trabalho profundo” para perceber o que significava Coloane. “Havia lugar para a natureza e para o desenvolvimento”, garante João Palla, que acrescenta que “incluía também um projecto de consolidação da vila de Coloane e da aldeia de Ká Ho, para tentar reabilitá-las e consolidar o seu pequeno crescimento.” Mas nunca saiu da gaveta. “Não sei porquê. Politiquices locais, por certo. A própria Administração tem culpas no cartório porque nunca foi capaz de homologar o plano. Provavelmente terá

Em nome da sanidade mental

A

importância da preservação de Coloane não se fica apenas pela necessidade de manter a história. A saúde física e mental é outros dos aspectos a ter em conta e que são apontados por psicólogos ao HM. “A falta de espaços verdes é um dos factores que afecta as pessoas, com pressão. Pelo ângulo da Psicologia, o desporto é a melhor forma de aliviar a pressão, mas em Macau existe pouca natureza e os jardins não são suficientes para a alta densidade populacional da cidade. Quanto maior a densidade, menos qualidade de vida, incluindo o estado mental das pessoas”, começa por dizer Andy Chan, director da Sociedade de Pesquisa de Psicologia de Macau. Questionado sobre se considera importante preservar a actual situação de Coloane, Andy Chan considera necessário primeiro analisar a taxa de utilização de espaços na ilha, para saber se os residentes de Macau procuram actividades em Coloane. Mas não descarta a importância do local. “Ter um ambiente verde maior como Coloane, é bom para desporto e

havido pressões. Não foi homologado, nunca seguiu, nunca chegou ao público”, frisa João Palla. Para o arquitecto é “uma tristeza” não existir um plano a partir do qual as pessoas se possam guiar e saber com o que contam daqui a dez ou 20 anos, de forma a que, pelo menos, pudéssemos “evitar andar todos os dias com o coração nas mãos sem saber o que vai acontecer a seguir”. Com o plano do arquitecto Manuel Vicente a ideia era estabelecer Coloane como pulmão da cidade, “pois já na altura sofria pressões urbanísticas muito fortes e essas tiveram de ser reflectidas no plano”. A forma que se encontrou de fazer face ao advento do betão foi concentrar tudo num lugar, deixando a restante ilha salva. Casinos e hotéis ao lado da praia

aliviar a pressão. Se o Governo promover mais actividades nos espaços ecológicos, pode ensinar preservação às crianças.” Também Kay Chang, professora do Departamento de Psicologia da Faculdade de Ciências Sociais da UM, investigadora do bem estar psicológico da população, é peremptória. “Tal como o planeta precisa de selvas para se purificar, as pessoas necessitam de espaços recreativos ao ar livre para limparem a mente e manterem níveis de bem estar geral”, frisa ao HM. “A destruição das zonas mais acessíveis e familiares de Coloane terão um impacto maior. As pessoas de Macau não apreciam o suficiente o ar livre e as zonas verdes de Coloane, algo que o Governo poderia encorajar.” Seria “excelente” se o Governo e/ou ONGs explorassem o conceito de desenvolvimento que, “em vez de urbanização como é normalmente entendido”, diz Kay Chang, manifestando como essencial “a criação de espaços para caminhar e andar de bicicleta à volta de Coloane para as pessoas poderem ter períodos de limpeza mental.” J.F./M.N.

de Hac Sá, por exemplo, à imagem de lugares como Monte Carlo”. Para preservar o verde, o acesso seria feito por um túnel que partia do istmo directo para a praia, num percurso de cinco minutos. Em Hong Kong as regras são mais rígidas, há planos e as pessoas têm mais consciência, desabafa João Palla, que não tem dúvidas: Coloane muda a cada dia. “Esta é uma história triste e as repercussões, os danos, estão aí à vista. Ká Ho está transformado numa zona industrial estaleiro. Há mais um túnel para zona da CEM que não se percebe para quê, [para] uma prisão gigantesca? Não há paciência”, atira. Ainda se lembra de Coloane? Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

Manuel Nunes

info@hojemacau.com.mo


4 POLÍTICA

PLANO QUINQUENAL DEPUTADOS CRITICAM AUSÊNCIA DE DADOS

SLOGANS E NADA MAIS O Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM foi ontem apresentado aos deputados. Todos eles, incluindo os nomeados e eleitos pela via indirecta, se queixam dos poucos dados estatísticos e falta de políticas concretas

O

Leng, assessora do gabinete do Chefe do Executivo, Chui Sai On. “O conteúdo do Plano é muito familiar, muito idêntico ao relatório das Linhas de Acção Governativa (LAG)”, começou por dizer o deputado directo Au Kam San. “Só estou a ver objectivos abstractos e vagos, não vejo um conteúdo concreto. Enquanto Plano Quinquenal deve definir os projectos que de facto vão ser concretizados num determinado prazo. O seu teor é como se fosse um slogan. Tenho

S deputados da Assembleia Legislativa (AL) puderam ontem apresentar as suas opiniões sobre o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM para os próximos cinco anos, que está actualmente em consulta pública. Mas as críticas foram superiores aos elogios - slogans a mais, dados e políticas a menos foram as acusações feitas a Lau Pun Lap, director do Gabinete de Estudos de Políticas, e Lei Ngan

VONG HIN FAI DEFENDE CONSTRUÇÃO DO CAMPUS DA JUSTIÇA

CHUI SAI CHEONG QUER LEGISLAR ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONAL

O deputado Chui Sai Cheong alertou para a necessidade de se legislar já este ano sobre o ensino técnicoprofissional, por forma a melhorar a formação de quadros qualificados. “Não vejo (medidas) para que os quadros, após a formação, possam integrar-se no futuro desenvolvimento da RAEM. Não concordo que o diploma seja concluído em 2018 porque o ensino técnico-profissional é muito importante. Seria melhor ter esse trabalho concluído este ano.”

TIAGO ALCÂNTARA

O deputado nomeado Vong Hin Fai disse que “não há muitos indicadores” no Plano de Desenvolvimento Quinquenal e alertou para o facto deste documento não ter qualquer informação sobre o futuro campus da justiça, anunciado no tempo em que Florinda Chan era Secretária para a tutela. “Em relação ao edifício dos tribunais, sabemos que organismos como o Ministério Público, o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) ou o Comissariado de Auditoria (CA) estão instalados em edifícios comerciais. Tendo em conta o estatuto desses serviços públicos e a sua dignidade, onde vão ser instalados no futuro?”, questionou.


5 a certeza que daqui a cinco anos não vamos ter o metro ligeiro concluído”, afirmou. A deputada Ella Lei alertou para a falta de políticas de protecção ambiental. “Não sei porque é que o Governo não reforçou o conteúdo na área da protecção ambiental. Não há dados concretos, sobretudo em relação aos diplomas que o Governo pretende legislar no futuro”, alertou. “Estamos preocupados se o Governo vai conseguir concretizar o Plano Quinquenal, porque nunca deixou de elaborar planos e muitos deles para serem concluídos até 2020, mas vemos que a taxa de execução é baixa. O metro é um exemplo”, indicou Ella Lei. O deputado Ho Ion Sang lembrou que a própria população levanta dúvidas sobre a implementação deste Plano na totalidade. “Trata-se de um progresso do Governo mas temos de fazer uma corrida contra o tempo, porque já estamos em meados de 2016. Como é que conseguimos uma taxa de execução de 70%? Muitos residentes estão preocupados que este plano consiga ser executado e concretizado. Há uma falta de equilíbrio porque alguns capítulos e há apenas alguns slogans.”

NÃO SE COMPARA

Chui Sai Peng, deputado indirecto e primo do Chefe do Executivo, falou da necessidade de ligar as obras ainda em andamento com o projecto. “Muitas das obras ainda não estão concluídas e não podemos comparar este Plano ao Plano Quinquenal do nosso país.

Neste Plano não vemos um sistema estatístico e espero que o Governo possa fazer esse trabalho, porque os indicadores são importantes para a nossa sociedade”, referiu. Já o deputado indirecto Chan Iek Lap falou da ausência de medidas concretas na área da saúde. “Não vejo em concreto quais as medidas que vão ser adoptadas. Vai apostar na formação dos médicos do sector privado para que a qualidade seja elevada? Vejo que o Governo pretende aperfeiçoar o regime de licenciamento e promover o regime de acreditação profissional, mas não vejo medidas concretas, como a autorização dos que trabalham no privado possam ter a oportunidade de aceder ao sistema público”, referiu. Já Ng Kuok Cheong frisou que o Plano de Desenvolvimento Quinquenal nada fala da implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo. “Não vejo qualquer referência ao processo de desenvolvimento político, só fala da criação de órgãos municipais sem poder político, mas não diz como é que os seus membros vão ser seleccionados.” Lau Pun Lap admitiu que “há insuficiências”, as quais “não vão de encontro às expectativas dos deputados e dos residentes”. “Mas entendo que este projecto e o seu modelo top design são importantes. Queremos recolher mais opiniões”, disse apenas.

Jogo claro Angela Leong pediu fim do limite de 3% de crescimento de mesas

A

deputada Angela Leong, também administradora da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), deixou ontem uma mensagem clara ao Executivo na sessão de opiniões sobre o Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM. Para Angela Leong, o Governo deve deixar cair o limite de 3% de crescimento das mesas de jogo por forma a aumentar a competitividade das concessionárias. “Quanto ao número de mesas, o Governo sublinhou que vai garantir um aumento nunca superior a 3% por ano, mas estamos a enfrentar cada vez maiores pressões e ninguém consegue garantir que o sector do Jogo terá sempre um desenvolvimento satisfatório. Na revisão intercalar dos contratos será que o Governo pode introduzir um mecanismo flexível para o aumento das mesas de Jogo?”, questionou. “Os objectivos definidos são razoáveis mas tem de considerar a questão da competitividade”, lembrou a deputada eleita pela via directa. A deputada aproveitou ainda para falar do seu projecto de construção do parque temático da Hello Kitty, o qual deverá ser construído num dos 16 terrenos que o Governo decidiu não recuperar. “O Governo vai tentar até

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Amanhã já será tarde

C

HAN Hong Sang, vogal do Conselho de Consumidores (CC), assegurou ontem que a proposta de Lei de Protecção dos Direitos dos Consumidores está já na última fase e vai entrar em processo legislativo em “breve”. Depois de Wong Kit Cheng ter questionado o atraso da lei, que há dois anos está a ser elaborada, e de ter frisado que a lei teria de ser inutilizada caso não fosse entregue nesta sessão legislativa, o responsável do CC veio a público assegurar que tal não vai acontecer. Chan Hong Sang frisou que o novo diploma vai dar mais força ao CC, que neste momento é apenas um órgão para receber queixas. “Neste momento, o CC ainda não tem competências para investigação e esta lei vai dar esta competência, garantindo um trabalho

de avaliação do Governo sobre o mercado”, sublinhou o vogal ao canal chinês da Rádio Macau. Chan Hon Sang considera este diploma como uma ferramenta para combater o comércio desleal e de maior punição contra ilegalidades, que actualmente não existem em Macau, sendo que “a lei também garante os direitos do público à transparência, especialmente no processo de contrato, preço e aquisição”. A deputada Wong Kit Cheng já tinha apontado que o facto desta lei não conter o combate ao monopólio iria contra a intenção de defender os consumidores, mas o Executivo – que já se tinha comprometido com a entrega da lei no primeiro trimestre – considera que devem ser dois diplomas separados a conter esses direitos. T.C. (revisto por J.F.)

2020 elevar as receitas do sector não jogo em 9%. A minha empresa tem desenvolvido muitos estudos e trabalhos e promovido vários planos em cooperação com a Associação Comercial de Macau, porque a SJM adquire os seus produtos em Macau. A construção de um parque temático torna-se uma tarefa muito importante”, apontou.

No Plano de Desenvolvimento Quinquenal da RAEM o Executivo propõe uma diminuição de 4% do número de residentes a trabalhar nos casinos sem formação superior, dados com os quais Angela Leong concorda. “Vamos tentar reforçar a taxa de trabalhadores com formação universitária e concordo que no futuro deve haver mais trabalhadores locais”, disse. A.S.S.

QUESTIONADAS MEDIDAS SOBRE ATERROS E HABITAÇÃO TIAGO ALCÂNTARA

Lei de Defesa dos Consumidores vai sair em breve, garante CC

POLÍTICA

TIAGO ALCÂNTARA

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

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habitação e o planeamento dos novos aterros foram as áreas que levantaram mais dúvidas junto dos deputados, que mais uma vez pediram dados sobre o aproveitamento dos terrenos e sobre as futuras habitações públicas.

“Como é que o Governo vai reaver os terrenos que estão ligados à corrupção? Para isso é necessário um plano bem definido. Como é que vai ser implementada a política de terrenos? Como vamos proteger as colinas em

Coloane?”, questionou Ng Kuok Cheong. Ho Ion Sang perguntou quantas casas públicas é que vão ser disponibilizadas à população nos próximos três anos. “Dispomos de muitas fracções no mercado privado e vão haver mais de dez mil fracções privadas, porque é que não podemos através do Plano Quinquenal permitir à população conhecer com mais clareza a situação do mercado?”, apontou. Já Zheng Anting abordou o planeamento dos novos aterros. “O Governo poderia avançar mais dados sobre a habitação pública. As obras estão a decorrer nos novos aterros e sabemos que o Governo conseguiu reaver alguns terrenos desaproveitados, mas ainda há uma grande área de terrenos por desenvolver. Não há dados sobre isso”, rematou. A.S.S.


6 POLÍTICA

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FUNDADOR DA VIVA MACAU USOU DUPLA NACIONALIDADE PARA CRIAR OFF-SHORE

De Macau, da China e de Singapura A China continental não aceita a dupla nacionalidade, mas o fundador da falida Viva Macau utilizou-a para criar duas empresas off-shore, revelam novos documentos do Panamá

O

empresário de Macau Ngan In Leng escondeu ter nacionalidade de Singapura, mesmo sendo membro do Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC). A China continental não reconhece a dupla nacionalidade. A notícia é avançada pelo jornal South China Morning Post com base nos Panama Papers. Ngan In Leng é foi o fundador da falida companhia aérea Viva Macau e usou o cartão de identidade de Singapura, que obteve no final do ano 2000, para proceder ao registo de duas off-shore, que criou com membros da sua família. Ngan In leng é o segundo membro do CCPPC que se descobre que detém nacionalidade estrangeira. Antes, soube-se também por via dos chamados Papéis do Panamá que o magnata do imobiliário

Lee Ka-kit, vice-presidente da Henderson Land Development, havia declarado nacionalidade britânica na hora de constituir firmas off-shore. Ngan In Leng não revelou a sua identidade de Singapura ao Registo de Empresas de Hong Kong que, ao contrário das plataformas offshore secretas, torna detalhes públi-

Ngan, que foi promovido de membro da CCPPC para o seu núcleo duro em 2013, é visto como um unificador da comunidade de Fujian em Macau, tendo-se tornado mais discreto depois da falência, em 2010, da Viva Macau, que fundou e presidiu. A Viva Macau, uma companhia de baixo

custo, começou a operar em 2006 ao abrigo de um acordo de subconcessão com a Air Macau. Em 2010, contudo, o Governo revogou a sua licença na sequência de cancelamentos de voos devido a problemas financeiros, sendo que a empresa ainda detém muitas dívidas. LUSA/HM

SUSANA CHOU APARECE NOS “PAPÉIS DO PANAMÁ”

A

antiga presidente da Assembleia Legislativa (AL), Susana Chou, figura como directora de uma empresa constituída há 30 anos, mencionada no caso dos chamados “Papéis do Panamá”, que expôs um sistema de evasão fiscal. Segundo uma base de dados do jornal Sunday Times, que compilou uma lista de empresas no Panamá montadas pela Mossack Fonseca e os seus associados a partir dos “Papéis do Panamá” e de acordo com o registo de empresas naquele país, Susana Chou aparece como

M

directora da “Katanic Investment S.A.”, uma sociedade anónima, com sede no país e criada em Dezembro de 1985. Contactada pela agência Lusa, a antiga presidente da AL de Macau afirmou, citada pela sua porta-voz, que a Katanic Investment S.A. é “uma subsidiária como outras que a Novel Secretaries Limited tem em várias partes do mundo. É uma empresa legal”, frisou. A Katanic Investment S.A. tem na sua estrutura o director e o secretário da Novel Secretaries Limited,

empresa criada em 1979 e com sede em Hong Kong, Ma Mang Yin como director e tesoureiro, e Ronald Chao Kee Young também como diretor. A Novel Secretaries Limited é uma subsidiária do grupo Novel, dedicado ao sector têxtil, da família de Susana Chou. Natural de Xangai, Susana Chou foi a primeira presidente da AL. Radicada em Macau há mais de 40 anos, é ainda representante dos membros de Macau no Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. LUSA/HM

Lista negra cada vez maior

Recusada entrada a residente de Hong Kong por “pôr a RAEM em risco”

FACEBOOK

AIS um visitante viu-lhe ser recusada a entrada em Macau, por “poder pôr em risco a RAEM”. O caso aconteceu no Dia do Trabalhador, feriado, e o residente de Hong Kong acredita que a razão para a recusa se deve ao facto de pertencer a uma associação activista na região vizinha. Lau Hoi Lung publicou na terça-feira na sua página do Facebook uma notificação de recusa de entrada em Macau, explicando o que aconteceu. O dia 1 de Maio é sempre considerado uma data sensível, reconhece Lau, que apanhou barco de Hong Kong para Macau e chegou ao Terminal Marítimo do Porto Exterior, tendo sido parado quando estava a passar o serviço automático da fronteira. No e-channel, um agente dos Serviços de Alfândega levou-o para um quarto querendo “saber o que vinha Lau fazer a Macau”. O residente explicou que planeava fazer parte de um ensaio do espectáculo de casamento de um amigo no território. Mas o homem esperou duas horas no terminal e a Polícia de Segurança Pública (PSP)

cos online. Em vez de utilizar o seu bilhete de identidade de Macau, facultou aos funcionários da Mossack Fonseca fotocópias do seu documento de Singapura, cuja data de emissão é de Dezembro de 2000, apenas um ano depois da transferência do exercício de soberania de Macau de Portugal para a China.

decidiu entregar-lhe uma notificação de recusa de entrada, por “existirem fortes referências em como pretendia entrar na RAEM para a prática de actos que, pela sua natureza, podiam pôr em risco a segurança ou ordem públicas da RAEM”. A autoridade exigiu-lhe que regressasse de volta a Hong Kong “imediatamente”. Lau Hoi Lung declarou na sua página do Facebook que é membro do grupo Land Justice League e do Liber Research Community da região vizinha e acredita que a recusa de entrada tem a ver com o seu papel nestas associações, onde faz estudos e textos para movimentos sociais em Hong Kong. “Parece-me que o âmbito da lista negra [de recusa de entrada] é abrangente. Só descobri depois que uma das manifestações do Primeiro de Maio foi contra a hegemonia do sector imobiliário e a justiça sobre os terrenos. E digo que apoio totalmente e penso que qualquer cidade deve lutar por isso”.

O residente de Hong Kong conseguiu entrar em Macau no dia seguinte, pelo Terminal Marítimo da Taipa, pelo mesmo serviço automático. A história tem vindo a repetir-se: em feriados ou dias mais sensíveis, deputados, jornalistas e activistas de Hong Kong são constantemente proibidos de entrar no território, ainda que muitas vezes se prove que venham a Macau com outros propósitos. Recentemente, uma dançarina de Taiwan teve de voltar para a Formosa, porque tinha na parte detrás do seu passaporte um autocolante onde estava escrito “Taiwan is my country”. A mulher perdeu o trabalho que tinha no território, mesmo depois de assegurar que poderia arrancar o autocolante. A PSP já defendeu ao HM que a decisão da recusa de entrada de qualquer pessoa acontece segundo as leis e processos em vigor. Apesar de Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança, já ter assegurado que Macau “não tem uma lista negra”, as autoridades falam nesse documento. Flora Fong (revisto por J.F.) flora.fong@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

Terrenos GOVERNO RECUPERA MAIS DOIS LOTES SEM APROVEITAMENTO

Uma história que se repete

TNR queixam-se de falta de pagamentos na obra do Windsor Arch

V

INTE trabalhadores não-residentes (TNR) queixaram-se ontem à Direcção dos Serviços dos Assuntos Laborais (DSAL) de terem salários cortados e em atraso, sendo que ao todo haverá mais de 40 trabalhadores envolvidos. Metade dos pintores, que trabalhavam nas obras do Windsor Arch na Taipa, acabou por não querer fazer queixa porque viu o seu blue card cancelado. A notícia é avançada pelo Jornal Ou Mun, que diz que os vinte empregados responsáveis por pintar parte da obra do edifício na Estrada Governador Albano de Oliveira denunciaram o caso à DSAL na última terça-feira, em conjunto com responsáveis da Associação Geral dos Operários de Construção Civil (AGOCC) e da Federação da Associações dos Operários de Macau (FAOM). Hong Hin Man, responsável da AGOCC, indicou que, além dos salários em atraso, os direitos dos trabalhadores não foram respeitados - “foram explorados e os seus contratos de trabalho revelaram que, apesar da promessa ter sido de 15 mil patacas por mês, recebem 230 yuan por dia”, diz Hong Hin Man. Os trabalhadores já terão reunido com o empregador duas vezes para discutir como resolver o problema, mas os blue cards dos trabalhadores foram cancelados “repentinamente”. Os vinte trabalhadores que fizeram queixa à DSAL pediram um visa temporário só para poderem apresentar a reclamação. O responsável da AGOCC diz que cada pintor terá mais de nove mil patacas em atraso desde Janeiro até Abril, que deveriam ter sido transferidos para as contas bancárias dos funcionários. William Kwan, responsável pela obra do Windsor Arch, referiu ao HM desconhecer o caso, admitindo apenas que já pediu aos empreiteiros para resolver o caso e que o trabalho vai continuar. Mais ainda, Kwan diz que “parte destes conflitos foram resolvidos na manhã de ontem (terça-feira)”. O responsável da obra, que pertence à Empresa de Desenvolvimento Predial Vitória, da qual é administrador ao lado de Jorge Neto Valente, indica que o problema se deve a subempreiteiros contratados no interior da China. O caso já levou a FAOM a alertar o Governo novamente: se vai rever a Lei da Contratação de TNR, então deverá ter em atenção estes casos, que se têm repetido sucessivamente. Ainda esta semana, trabalhadores das obras da primeira fase do Estabelecimento Prisional de Macau se queixaram do mesmo. Tomás Chio (revisto por J.F.)

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A juntar à lista de terrenos recuperados pelo Executivo estão agora mais dois lotes. Um fica na Ilha Verde e o outro no Pac On, tendo este pertencido à Polytec

DSSOPT

Com hora marcada

O

Executivo recuperou mais dois terrenos cujo prazo de aproveitamento caducou, sendo que um deles esteve já ligado à Polytec e ao ex-deputado Ung Choi Kun. O anúncio de declaração de caducidade foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas. Um dos lotes, que pertenceu anteriormente ao Grupo Polytec – que ficou sem o lote onde estava a ser construído o empreendimento Pearl Horizon pela mesma razão -, foi adjudicado por arrendamento e com dispensa de concurso público à Companhia de Investimentos Polaris, Limitada. O lote, com a área de 27.188 metros quadrados, foi adjudicado quando não havia ainda sido sequer totalmente conquistado ao mar, apurou o HM. Fica na Baía do Pac On e em 25 anos deveria ter nascido no espaço um complexo de edifícios de habitação, comércio, estacionamento e equipamento social. Em 1997, foi dada nova autorização para reaprovei-

tamento do lote, depois de a área do terreno ter sido rectificada em 1995, passando a ter 19.314 m2. Ao que o HM apurou através de documentos da altura, a Polaris conseguiu obter os lotes depois da Polytec ter pedido a “substituição em parte do processo” por esta empresa. Na altura, como mostra um BO da década de 90, a adjudicação sem hasta pública foi justificada dado “o projecto ser importante para o território”, nomeadamente pela construção de equipamento social em pouco mais de quatro mil metros quadrados. O contrato

foi assinado por He Guanghua e Ho Hon Leong, ambos gerentes da Polaris. Mas, uma pesquisa feita pelo HM indica que a empresa teria como um dos seus responsáveis Ung Choi Kun, ex-deputado. O prazo de arrendamento expirou em 25 de Dezembro de 2015 e “este não se mostrava aproveitado”.

MAR SALGADO

O outro caso diz respeito a um lote na Ilha Verde, com 4440 metros quadrados e que foi adjudicado em 1989 por arrendamento e sem concurso público à Companhia de Géne-

HK NÃO PEDIU AJUDA A MACAU SOBRE POLÍCIA QUE FURTOU DINHEIRO

As autoridades de Macau asseguram que ainda não receberam qualquer pedido de ajuda das homólogas da região vizinha sobre o caso do sargento que terá vindo para a RAEM com mais de um milhão de dinheiro furtado. O homem, sargento desde Junho do ano passado, tirou cerca de 1,7 milhões de dólares de Hong Kong do cofre da esquadra de Wan Chai, onde estava de serviço. Com 43 anos, o polícia desde 1992 apresentou-se no trabalho às 7h00 mas disse quatro horas mais tarde que teria de sair. O cofre da estação foi descoberto vazio e o sargento terá fugido para Macau na segunda-feira, de acordo com registos da migração. As autoridades da RAEM, contudo, dizem não ter recebido qualquer pedido de auxílio das de Hong Kong, que garantem que uma investigação está a ser feita. As duas regiões não têm acordo de extradição.

ros Alimentícios Congelados Macau, Limitada. O lote, adjudicado também ainda numa “área a aterrar” na Estrada Marginal da Ilha Verde, deveria ter sido aproveitado para a construção de um edifício de cinco pisos para uma fabrica e armazém de produtos do mar. O prazo de arrendamento deste expirou em 17 de Maio de 2015. O HM não conseguiu apurar a quem pertence a empresa. As empresas têm agora dez dias para recorrer ao Chefe do Executivo, podendo ainda seguir para tribunal. Joana Freitas (com Flora Fong) Joana.freitas@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

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IACM PODERÁ VOLTAR A COBRAR RENDAS A BANCAS DOS MERCADOS

Acabar com as ausências

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TIAGO ALCÂNTARA

Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) afirmou que está a rever as posturas municipais e que pode voltar a exigir o pagamento de rendas às bancas nos mercados municipais. O objectivo é aumentar a concorrência e incluir um concurso público para a adjudicação destes espaços. Ung Sai Hong, membro do Conselho de Administração do IACM, relembrou ontem no programa “Fórum Macau”, do canal chinês da Rádio, que desde 2005 que as bancas dos mercados de Macau estão isentas de pagar rendas, uma forma que o Governo arranjou para ajudar o sector. Com a mudança na estrutura sócio-económica, contudo, o responsável admitiu a necessidade de fazer uma revisão a este regime. O IACM vai, então, considerar voltar a pedir o pagamento de rendas a estas bancas, bem como usar o modelo de concurso público para que sejam atribuídas, deixando de lado o actual regime de sorteio. No programa, um ouvinte apontou ontem a

TEATRO CAPITOL NÃO HÁ CONSENSO COM VENDILHÕES

O

S comerciantes que possuem bancas de comida e sumos no interior do Teatro Capitol ainda não chegaram a consenso com William Kwan, o empresário que pretende renovar o espaço e que quer que os vendilhões abandonem o edifício. “Apenas podemos resolver este problema através do tribunal e todos os proprietários têm

de ter responsabilidade sobre isto”, referiu William Kwan ao HM, explicando que o processo judicial ainda não começou. O empresário referiu que tentou chegar a um consenso com os comerciantes pela via do diálogo, sem sucesso. Quanto ao projecto de renovação, William Kwan garantiu que ainda está à espera de juntar o capital

necessário para o projecto com outros proprietários, por não deter o espaço na totalidade. Os comerciantes foram acusados de ocupação ilegal da via pública, apesar de pagarem renda pelos espaços há cerca de uma década. O deputado Chan Meng Kam foi consultado pela família de comerciantes para agir a seu favor no caso. T.C./A.S.S.

existência de muitas bancas que não funcionam há um longo período de tempo nos mercados, simplesmente porque, como não precisam de pagar renda, os proprietários não aparecem. O ouvinte, residente de Macau, criticou a falta de fiscalização pelo organismo. Ao mesmo canal, o director da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau, O Cheng Wong, disse concordar com a ideia do concurso público para as bancas dos mercados, no entanto, diz que o novo modelo só deveria funcionar nas bancas que forem agora adjudicadas mantendo-se a forma actual de funcionamento das bancas antigas. O Cheng Wong alertou ainda para o facto de, se os vendilhões precisarem de começar a pagar renda, os custos vão ser adicionados aos produtos vendidos aos consumidores. O IACM diz que nada está ainda definido e que vai auscultar opiniões da sociedade e fazer estudos para que as posturas municipais sejam alteradas de forma “apropriada”. Flora Fong (revisto por J.F.) flora.fong@hojemacau.com.mo

RAMAL DOS MOUROS CPU VOLTA A DISCUTIR CONSTRUÇÃO DE TORRE O projecto de construção de uma torre com 127 metros de altura na zona do Ramal dos Mouros, Estrada D.Maria II, vai ser novamente analisado pelos membros do Conselho do Planeamento Urbanístico (CPU) na próxima reunião, a realizar na próxima terça-feira, 10 de Maio. Serão analisadas um total de 18 plantas de condições urbanísticas de vários projectos, incluindo um terreno situado junto à Rua do Estaleiro, em Coloane, onde estão a ser desenvolvidos trabalhos de escavações arqueológicas.

Dar o lugar aos outros Associação exige “coragem” para acabar com monopólio da CTM

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Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau considera que se o Governo quer apostar na criação de uma “cidade inteligente” deve ter a “coragem” para acabar com o chama de monopólio por parte da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM). Cheng Chung Fai, secretário da Associação, avançou com esta ideia após o anúncio do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, que propõe a criação de uma “cidade inteligente”. O responsável acredita que o monopólio da CTM tem vindo a limitar o desenvolvimento do sector e, caso o Governo não ponha um fim a esta situação, nunca será criada uma “cidade inteligente”. O contrato de concessão com a CTM terá duração até 2021 e, como o Plano de Desenvolvimento Quinquenal é para cumprir até 2020, Cheng Chung Fau acredita que a ideia revelou uma postura conservadora do Governo, que não teve em consta a insatisfação do público. “Como é que serão os dias em Macau sem a CTM? E se mais uma empresa obtiver o contrato de concessão, o que vai acontecer?”, questionou o secretário da Associação, criticando a qualidade do serviço. Cheng Chung Fai apela ainda ao Governo para revelar o calendário do serviço triple Play por uma questão de transparência. O responsável lembra que o Governo prometeu lançar o serviço em 2019, mas defende que a sociedade tem dúvidas no cumprimento dessa política. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

TERMINAL MARÍTIMO DO PAC ON PODERÁ SER INAUGURADO EM 2017

E não se pode acrescentá-lo? Depois de anos de acrescentos e alterações, o terminal marítimo do Pac On poderá entrar em funcionamento no início do próximo ano. A garantia foi dada pelo Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas

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IN Chi Ieong, subcoordenador do Conselho Consultivo dos Serviços Comunitários das Ilhas, garantiu, após uma reunião do organismo realizada na terça-feira passada, que o Terminal Marítimo do Pac On deverá entrar em funcionamento no início do próximo ano. Segundo o jornal Ou Mun, a reunião serviu para a Direcção dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água (DSAMA), a Direcção dos Serviços para Assuntos de Tráfego (DSAT) e o Gabinete para as Infra-estruturas de Transportes (GIT) explicarem o planeamento do projecto. Sin Chi Ieong referiu que os membros do Conselho lembraram o Governo que o projecto se encontra em construção há quase

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Instituto Ricci vai deixar as actuais instalações, localizadas na Avenida do Conselheiro Ferreira de Almeida, para passar a funcionar no novo campus da Universidade de São José (USJ). Segundo a Rádio Macau, a mudança concretizou-se ontem com a assinatura de um protocolo, que prevê a integração da biblioteca do instituto. Em declarações à Rádio, Peter Stilwell, reitor da USJ, disse tratar-se de um acordo com uma “dimensão prática”. “Havia a necessidade do Instituto Ricci de encontrar um sítio onde pudesse abrigar a sua biblioteca. Vão ter de sair da sua sede. Nós estamos a constituir a nossa biblioteca universitária, que já é bastante rica, mas que, de modo algum, se pode parecer com a riqueza da biblioteca Ricci, no campo específico das tradições chinesas e da Igreja na China””, referiu. Luís Sequeira, fundador do Instituto Ricci,

dez anos, esperando que os departamentos públicos mantenham o funcionamento correcto do terminal e melhorem o serviço de transportes públicos nas imediações. Alguns dos membros terão defendido que o terminal do Pac On pode ajudar à diminuição do número de turistas que diariamente passam no terminal do Porto Exterior e nas Portas do Cerco. O projecto do novo terminal foi confirmado em 2009. Inicialmente seria apenas um terminal de apoio ao que já existe na península, mas depois ficou decidido que passaria a ser o empreendimento principal. A sua conclusão estava apontada para 2013, mas desde então que tem sido alvo de vários atrasos e adiantamentos. Conforme informações da Comissão de Acompanhamento

para os Assuntos de Finanças Públicas, o projecto tem despesas totais de cerca de 3,8 mil milhões de patacas. O Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas (GDI) garantiu recentemente que as novas instalações deverão ser entregues aos departamentos do Governo “de

forma faseada” no primeiro semestre deste ano. Isto porque “o Novo Terminal Marítimo da Taipa tem uma dimensão considerável e envolve vários serviços utentes”, confirmou o GDI ao Jornal Tribuna de Macau. Ao HM, a DSAMA tinha referido que, depois de receber a obra das mãos do GDI, a DSAMA

De rosários e bagagens

vai precisar de “seis meses para ser feita a coordenação com os departamentos governamentais, operadores de ferry e outras entidades relacionadas no processo de preparação para a operação” do terminal. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

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Instituto Ricci muda-se para a Universidade de São José

considera que o protocolo revela uma evolução para os estudos chineses desenvolvidos pelos jesuítas em Macau. “É um dar e receber mútuo. Nós trazemos uma pequenina especialidade em estudos chineses, o que significa esta interculturalidade, este contexto China,

Ocidente e Europa, que a universidade não tinha como tal. Por outro lado, para nós, estar inserido numa universidade é também uma riqueza e uma fortaleza”. O semanário O Clarim noticiou na passada sexta-feira que o Instituto Ricci terá de sair das instalações

junto ao Tap Seac a pedido do Governo, estando prevista a mudança para a Ilha Verde já no próximo ano lectivo.Ainda não é conhecido o destino que será dado ao histórico edifício, arrendado à Direcção dos Serviços de Finanças. O reitor da USJ garantiu que esta mudança não vai diminuir a presença dos jesuítas em Macau, nem o seu legado histórico. A transferência “dá-lhe projecção porque insere o Instituto no espaço do ensino superior, o que significa que pessoas que queiram fazer doutoramentos ou investigação terão mais facilidade em obter bolsas, se vão trabalhar num espaço de ensino superior que lhes pode dar o diploma do trabalho que estão aqui a realizar”, referiu.

EDITAL Procedimento administrativo relativo à notificação de reparação de prédio em mau estado de conservação Edital n.º : 7/E-AR/2016 Processo n.º : 94/AR/2010/F Local : Rua Quatro do Bairro Iao Hon n.º 60-66, EDF. Man Sau, Macau. Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os condóminos, inquilinos ou demais ocupantes do prédio acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, o prédio acima indicado encontra-se em mau estado de conservação, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, foi instaurado um procedimento administrativo relativo à notificação da reparação do prédio acima indicado. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 5 do Despacho n.º 04/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 25, II Série, de 24 de Junho de 2015 e por despacho de 28 de Abril de 2016 do Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, foi homologado o Auto de Vistoria acima indicado. Notificam-se os interessados que no prazo de 10 (dez) dias a contar a partir da data da publicação do presente edital, devem dar cumprimento à ordem emanada no Auto de Vistoria, ou apresentar no mesmo prazo, conforme o disposto no artigo 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, as alegações escritas relativas à decisão do procedimento da reparação do prédio acima indicado, podendo requerer diligências complementares acompanhadas de documentos. Se findo o prazo acima referido os interessados não derem cumprimento à respectiva ordem nem apresentarem quaisquer alegações escritas, tal não afecta a decisão tomada por esta Direcção de Serviços. Além disso, caso necessário, esta Direcção de Serviços pode aplicar aos infractores a multa estabelecida nos artigos 66.º e 67.º do citado diploma legal. Os interessados podem consultar o processo durante as horas normais de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau. RAEM, 29 de Abril de 2016 O Director dos Serviços Li Canfeng


10 EVENTOS

FESTIVAL DE ARTES DE MACAU COM ÓPERA, PATINS, FADAS

ARMAZÉM DO BOI CONVERSA SOBRE FOTOGRAFIA

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Armazém do Boi continua com o ciclo de palestras já no próximo domingo, das 15h00 às 17h00, desta feita com o Leong Ka Tai e a história da sua fotografia. Leong é um dos membros fundadores e presidente do Instituto dos Fotógrafos Profissionais, fazendo também parte da Associação de Cultura Fotográfica, ambas de Hong Kong. Apesar de mestre em Engenharia pela Rice University, em Houston, no Texas, resolveu mudar de carreira e em Paris começa a trabalhar como assistente de fotografia. Em 1976 regressa a Hong Kong onde instala o

seu próprio estúdio até 1982, tendo a partir daí dedicado o seu trabalho à fotografia editorial e corporativa. Ao longo dos últimos 30 anos, Leong publicou 22 livros publicados sendo 11 dedicados aos seus projectos pessoais.

Para além das inúmeras participações em exposições individuais e colectivas, tem angariado vários prémios ao longo destes 30 anos de carreira. A palestra tem entrada livre e será conduzida em Cantonês.

LANTERNAS DO COELHO ESTREIAM EM LISBOA

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NAUGURA hoje, e pela primeira vez em Lisboa, a exposição “Lanternas do Coelhinho – Uma exposição de Carlos Marreiros e Amigos” numa co-organização do Albergue SCM e da Galeira Espaço Arte Livre, onde o evento tem lugar às 18h00. A mostra conta com a apresentação de 38 lanternas e reúne um total de 30 artistas de diversas nacionalidades, tanto europeias como asiáticas. Esta exposição em Macau já conta com dez edições, sendo que nesta primeira vez em Portugal pretende aliar ainda o lançamento do catálogo com o nome homónimo. As lanternas são parte integrante da cultura chinesa e representam os primeiros

dispositivos de iluminação portáteis inventados pelo homem, relembra o Albergue SCM. A origem das lanternas chinesas remonta à Dinastia Han e terá cerca de 1800 anos. Em tempos antigos estes objectos eram maioritariamente feitos de bambu ou madeira, cobertas de papel de seda ou papel de arroz e iluminadas no seu interior com uma vela. Actualmente as lanternas apresentam uma multiplicidade de formas e feitios e os materiais utilizados na sua construção podem ir do plástico ao papel ou tecido, em estruturas de arame ou madeira. O evento conta com entrada livre e estará aberto ao público até 5 de Junho.

A FESTA AGORA É NO JUNCO

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Á não é preciso ir a Hong Kong para uma festa num junco. A partir de agora é possível alugar destes barcos tradicionais, à vela, e saltar a bordo com amigos ou família para festas e momentos de lazer em Macau. A operação é desenvolvida pela Macau Sailing, que opera um junco com capacidade para um máximo de 40 pessoas. As viagens podem ser de dia inteiro ou de meio dia incluindo

passagens pelo porto de Macau e ilhas adjacentes. A bordo existe alimentação sendo mesmo possível incluir um churrasco. Para além das viagens standard, o operador criou também as de “pôr-do-sol” num passeio à volta de Macau. Disponível está também a possibilidade de a viagem ser personalizada de acordo com as possibilidades da embarcação e os desejos dos viajantes. Aprender a

velejar e descobrir golfinhos albinos chineses são outras das actividades propostas pelo operador. A embarcação foi construída nos históricos estaleiros de Coloane e recentemente restaurada com materiais originais, sendo um dos mais antigos juncos ainda a vogar pelas águas do Delta do Rio das Pérolas e único no seu género. Mais informações no site da empresa em www. macausailing.com.

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O TUBARÃO NA BANHEIRA • David Machado Ilustrações de Paulo Galindro

Com um ilustrador diferente em cada novo livro, David Machado apresenta um estilo ecléctico, diversificado e original. De história em história, a imaginação vai mais além e agora é tão inusitada que imagine-se, um dos protagonistas é um tubarão que entra dentro de casa e dorme numa banheira. Mas este tubarão mais ou menos bem comportado também anda de carro e vai à escola. Parece mentira? Só para quem não acredita no poder dos pensamentos.

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fim-de-semana começa com um dos destaques temáticos da edição deste ano do Festival de Artes de Macau (FAM). O evento começa com a “Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura”, a ser apresentada por Chu Chan Wa e Artistas de Macau da Ópera Cantonesa, no próximo sábado e domingo pelas 19h30 no Cinema Alegria. Seguem-se os tradicionais Dóci Papiaçam e uma surpresa em patins do Canadá. A “Lenda do Gancho de Cabelo Púrpura” é uma história de amor com contornos trágicos e apoiada num gancho de cabelo enquanto amuleto. A peça foi escrita durante a dinastia Ming, por Tang Xianzu, tendo sido posteriormente adaptada para a ópera cantonesa por Tong Dik Sang. A 12 de Maio no Centro Cultural de Macau, a Trupe de Ópera Yue Zhejiang Xiaobaihua traz a palco “Lu You e Tang Wan”, um clássico de 1989, considerado pela organização como a peça imperdível do estilo Yue. Este é uma abordagem nascida na cidade de Shengzhou, Zhejiang, e conta com mais de um século de existência. É ainda reconhecido como o segundo principal género na China, sendo ainda caracterizado pelas vozes femininas nos papéis principais. Sete e 8 de Maio são dias de patuá com a peça “Unga Chá di Sonho” (Um chá de sonho) pelo Grupo de Teatro Dóci Papiaçám di Macau, no Centro Cultural de Macau pelas 19h30. O teatro em Patuá, dialecto integrante da Lista de Património Local Imaterial da RAEM desde 2012, é anualmente convidado a encenar uma peça para este festival, de modo a manter vivas as suas características de humor e sarcasmo. Aqui, são abordadas as questões sociais e humanas actuais que reflectem a vida em Macau e este é um dos preferidos do FAM.

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O COLECIONADOR DE ERVA • Francisco José Viegas

Jaime Ramos, o investigador protagonista dos livros de Francisco José Viegas, vê-se a braços com duas investigações paralelas: a do assassínio de dois imigrantes russos (antigos militares soviéticos), cujos corpos são encontrados no interior de um carro semicarbonizado, nos arredores do Porto, e o desaparecimento de uma jovem de vinte anos, oriunda de uma família tradicional do Minho. Se uma das investigações o transporta às suas memórias de militante comunista e a uma velha paixão pela literatura russa, a outra leva-o a um mundo onde coabitam velhas famílias do Minho ou do Porto, sexo, marijuana, espionagem a políticos, venda de armas, negócios em Angola e as memórias de um país que vive entre ruínas (as do império e as das fortunas recentes e antigas), corrupção e luta pelo poder – e que guarda os seus loucos no armário, para não parecer mal.


11

S E PATUÁ

AS UVAS

O FAM continua em mais uma semana que não esquece a tradição das óperas chinesas, às quais junta o patuá e uma pitada de histórias de (des)encantar com toques de patinagem artística

Na dança, é altura de “deslizar” com a companhia canadiana Le Patin Libre. O espectáculo terá lugar no Ringue de Patinagem Future Bright às 13h00 e 20h00 de sábado e domingo. Le Patin Libre é a única companhia de patinagem artística contemporânea do mundo, sendo o espectáculo agora apresentado uma produção feita especialmente para esta sua primeira apresentação na Ásia. Dentro das apresentações interdisciplinares, o Teatro D. Pedro V é palco de “Contos de Fadas do Mundo do Caos” pela Associação Breakthrough, sexta e sábado às 20h00. São contos que juntam talentos do meio literário, teatral e musical num misto de tristeza e humor negro em que as questões mais sérias da sociedade humana são abordadas num contexto de “encantar”, numa produção a cargo de artistas locais. Os bilhetes para o FAM têm preços diferentes, havendo ainda espectáculos com entrada livre. Hoje Macau

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FO ARTE CONTEMPORÂNEA EM WORKSHOP

EVENTOS

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

A Fundação do Oriente vai acolher o workshop “Processo criativo na arte contemporânea”, levado a cabo pelo recém-seleccionado para o Sovereign Asian Art Prize, José Drummond. Dividido em dois módulos sequenciais, é intenção desta formação envolver os participantes no processo criativo bem como a discussão do trabalho de outros artistas contemporâneos, adianta a organização. Partindo do princípio que a arte contemporânea reflecte a sociedade e cultura em que se insere, é objectivo desta iniciativa abordar um leque alargado de materiais, meios e tecnologias associados, bem como promover nos participantes novas ideias capazes de ser exploradas. A formação será dirigida em Inglês todos os sábados entre 7 de Maio e 25 de Junho, das 14h00 às 17h00, sendo que as inscrições terminam na sexta-feira e têm o valor de mil patacas.

FRC COM MÚSICA NO FEMININO

A Galeria da Fundação Rui Cunha acolhe o primeiro concerto do projecto Macau Infinite Trio, numa iniciativa co-organizada com a Associação de Música de Câmara, no sábado pelas 20h00. O Trio iniciou a sua actividade este ano e é formado por três artistas premiados naturais de Macau: Kubi Kou (flauta), Wong Sin I (violino) e Cecilia Long (piano). Segundo a organização o nome “infinite” representa a ambição de criar um número infinito de possibilidades musicais, tendo como objectivo a transmissão de um sentido próprio e feminino na música. O evento conta com entrada livre.

Fotografia com sorrisos

Concurso “Momentos Felizes” arranca dia 17

O

Gabinete de Comunicação Social (GCS) voltou a abrir o concurso fotográfico “Momentos Felizes da Vida em Macau”, com o objectivo de registar o desenvolvimento e a vida em Macau para o “Livro do Ano”. O processo de inscrição e apresentação de trabalhos arranca no próximo dia 17 às 00h00 e o prazo de entrega dos trabalhos segue até às 24h00 do dia 7 de Junho. O concurso conta com a colaboração de oito associações de fotografia e cinco de comunicação social. “As Áreas Marítimas da RAEM” também contarão para um prémio temático especial este ano para assinalar a aprovação pelo Governo Central no final da delimitação das áreas marítimas e terrestres sob

jurisdição da RAEM. Os prémios incluem uma taça e ainda oito mil, cinco mil e três mil patacas, para os 1º, 2º e 3º classificados respectivamente e o máximo de 50 Certificados de Mérito com louvor e 500 patacas. Existem ainda prémios temáticos especiais que dependem da selecção de fotografias pela Comissão de Redacção do Livro do Ano 2016 do GCS com o prémio de mil patacas. As obras seleccionadas e premiadas serão divulgadas e promovidas, podendo ainda integrar o anuário “Macau 2016” editado pelo GCS. A selecção de trabalhos aceites a concurso decorrerá a 26 de Junho. Os resultados serão divulgados em Julho.


12 CHINA

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

PEQUIM INJECTOU 715 MIL MILHÕES EM ABRIL

A China injectou 715 mil milhões de yuans no sistema financeiro através da sua linha de crédito de médio prazo em Abril, segundo dados do banco central chinês. O total inclui 311,5 mil milhões de yuans em empréstimos de três meses e 403,5 mil milhões de yuans em crédito de seis meses, oferecidos a taxas de 2,75% e 2,85%, respectivamente. No fim de Abril, o volume de empréstimos pendentes libertados por essa linha totalizava 1,495 bilião de yuans. Também em Abril, o BPC injectou 760 milhões de yuans através da chamada linha de crédito permanente, incluindo 750 milhões de yuans a uma taxa de 2,75% e outros 10 milhões de yuans, a 3,25%. O BPC informou ainda que empréstimos pendentes libertados pela chamada linha suplementar garantida somavam 1,391 bilião de yuans no final do mês passado. Esse tipo de crédito destina-se a grandes projectos, como de renovação de áreas carentes e de recursos hídricos.

ONU CRITICADA POR COMENTÁRIOS SOBRE NOVA LEI QUE RESTRINGE AS ONG

Tire daqui o seu pezinho China responde à ONU: queriam-se meter na nossa vida, hein?

YUAN MAIOR DESVALORIZAÇÃO DESDE AGOSTO PASSADO

O Banco Central da China anunciou ontem a desvalorização da moeda chinesa, o yuan, em quase 0,60% face ao dólar norte-americano, na maior depreciação da divisa desde Agosto passado. Segundo as cotações do banco central chinês, ontem de manhã a moeda norte-americana valia 6,4943 yuan, mais 0,59% do que na terça-feira. O yuan não é inteiramente convertível, sendo que a sua cotação pode variar, no máximo, dois por cento por dia face a um pacote de moedas internacionais. O corte de ontem surge após a moeda chinesa ter avançado 0,56%, face ao dólar, na sexta-feira passada, a maior valorização dos últimos onze anos. Em Agosto, o yuan caiu quase 5% numa semana, aumentando o receio de que Pequim esteja a procurar desvalorizar a moeda para ganhar competitividade. As autoridades têm rejeitado essa possibilidade.

A

China classificou ontem as críticas das Nações Unidas, dirigidas à nova lei aprovada por Pequim para regular o trabalho das organizações não-governamentais (ONG), como “alegações infundadas e preconceituosas”, exigindo que aquele comunicado seja retirado. A referida lei foi aprovada na semana passada pela Assembleia Nacional Popular (ANP) chinesa, com 147 votos a favor e um contra, e entra em vigor a 1 de Janeiro de 2017. Três membros destacados da ONU do alto comissariado para a defesa dos Direitos Humanos

afirmaram, entretanto, recear que os termos “excessivamente amplos e vagos” e o poder outorgado às autoridades por aquela normativa “sejam utilizados como instrumentos para intimidar, e mesmo reprimir, visões e opiniões dissidentes no país”. As medidas são “amplamente intrusivas” e terão um “impacto negativo”, acrescentaram, através de um comunicado divulgado no portal oficial do alto comissário da ONU para os Direitos Humanos. O porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Hong Lei frisou que Pequim se “opõe firmemente” àquele comunicado, que considera uma

“interferência absoluta na soberania do sistema judicial da China e nos assuntos domésticos” do país. A lei visa “proteger os direitos e interesses legítimos das ONGs estrangeiras”, acrescentou, insistindo que o processo legislativo foi transparente e que teve em consideração observações vindas de fora. Porém, um comentário difundido ontem pela delegação da União Europeia na China lamenta que a “maioria das nossas recomendações mais pertinentes não se tenha reflectido na lei final”. A delegação critica a autoridade, “virtualmente sem limites”, facultada à polícia

Tudo em família

Sobrinha de Deng Xiaoping associada aos Papéis do Panamá

TRIGÉMEOS DE 5 ANOS PROCURAM MÃE DESAPARECIDA Três irmãos de 5 anos foram fotografados a distribuir folhetos na cidade de Shenzhen à procura da mãe que sumiu sem deixar rasto há aproximadamente 6 meses, informa a imprensa chinesa. O jornal “South China Morning Post” disse que a mãe teria levado a irmã de 2 anos e deixou os trigémeos com o pai. Ela não se teria desentendido com ninguém da família, mas os média chineses especulam que ela pode ter sentido muita pressão por ter de cuidar de tantas crianças pequenas.

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MA sobrinha do ex-líder chinês Deng Xiaoping, o “arquitecto-chefe das reformas económicas” que abriram a China à economia de mercado, está associada ao escândalo “Papéis de Panamá”, avança hoje um jornal de Hong Kong. Segundo o South China Morning Post (SCMP), que teve acesso a documentos da investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa) sobre empresas ‘offshore’, a lista inclui também um neto de Jia Qinglin, alto quadro do regime comunista chinês ao longo da década passada. Os escritórios na China da Mossack Fonseca criaram 16.300

empresas de fachada, ou 29% do total das empresas criadas pela firma de advogados panamiana no centro do escândalo. Li Xiaobing, a sobrinha de Deng, e o seu marido, Wallace Yu Yiping, figuram na lista como directores de uma empresa chamada Water Enterprises, com sede nas Ilhas Virgens Britânicas, detalha o SCMP. Esta firma, que surge associada à empresa chinesa do setor das águas engarrafadas Tibet Water Resources, partilhava a direção com outra empresa chamada Galaxia Space Management, propriedade de Yu. Yu foi um dos cofundadores da Tibet Water Resources - an-

Deng Xiaoping

teriormente chamada Tibet 5100 Water Resources - uma das maiores empresas do sector na China e que aparece cotada na bolsa de Hong Kong através de uma firma constituída nas Ilhas Caimão. Segundo explica o SCMP, o envolvimento da sobrinha de Deng dever-se-á à normativa

chinesa para “controlar e interferir” no trabalho das ONG e a criação de uma “lista negra” das organizações que “incitem à subversão” ou “separatismo”. A mesma nota frisa que “aquela normativa terá um impacto negativo no intercâmbio humano entre a China e a UE”. O documento prevê que o trabalho das ONG deixe de estar dependente do Ministério dos Assuntos Civis e passe a ser supervisionado pela polícia. As ONG estrangeiras passam a estar proibidas de se envolverem em actividades políticas ou religiosas e serão obrigadas a trabalhar em parceria com agências controladas pelo Governo chinês. O documento outorga poderes à polícia para interrogar o director ou representante de uma ONG a “qualquer momento” e estipula que as autoridades possam interromper qualquer actividade que coloque em perigo a segurança nacional. Segundo dados oficiais, existem cerca de 7000 ONG estrangeiras a operar no país, em áreas tão diversas como o meio ambiente, ciências, educações ou cultura. Nos últimos anos, a imprensa estatal chinesa tem acusado as ONG estrangeiras de ameaçar a segurança nacional ou tentar desencadear uma “revolução colorida” contra o Partido Comunista Chinês.

chinesa que impede as suas empresas de estarem cotadas fora da China continental. Para fugir às restrições de Pequim, as entidades abrem filiais em outros países. O mesmo jornal expôs também o neto de Jia Qinglin, que presidiu à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, o principal órgão de consulta do Governo e do Partido Comunista da China, entre 2008 e 2013, como proprietário de firmas ‘offshore’. Li Pak-tam foi proprietário de uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas chamada Fung Shing Development, estabelecida em 2000. A sua filha, Li Zidan, era proprietária de outras duas empresas registadas naquele paraíso fiscal, revela o mesmo jornal.


13 CHINA

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

Uma tendência global Comércio entre a China e países de língua portuguesa caiu 23,03%

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comércio entre a China e os países de língua portuguesa caiu 23,03% no primeiro trimestre do ano, face ao período homólogo de 2015, indicam dados oficiais ontem divulgados. Segundo as estatísticas dos Serviços da Alfândega da China, publicadas no portal do Fórum Macau, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa totalizaram 16,72 mil milhões de dólares entre Janeiro e Março. Pequim comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 10,88 mil milhões de dólares – menos 2,10% – e vendeu produtos no valor de 5,84 mil milhões de dólares – menos 44,95% comparativamente aos primeiros três meses de 2015. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 11,60 mil milhões de dólares, valor que

traduz uma queda de 19,30% em termos anuais homólogos. As exportações da China para o Brasil atingiram 4,24 mil milhões de dólares, traduzindo uma diminuição de 47,27%, enquanto as importações chinesas totalizaram 7,53 mil milhões de dólares, reflectindo, em sentido inverso, uma subida de 16,28%. Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 39,37%, para 3,44 mil milhões de dólares. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 345 milhões de dólares– menos 75,36% face ao primeiro trimestre de 2015 – e comprou mercadorias avaliadas em 3,10 mil milhões de dólares, ou seja, menos 27,58%. Com Portugal, terceiro parceiro da China no universo lusófono, o comércio bilateral ascendeu a 1,23 mil milhões de dólares – mais 17,94% –, numa balança comercial favorável a Pequim, que vendeu a Lisboa bens na ordem de 940,8

milhões de dólares– mais 38,01% – e comprou produtos avaliados em 296,3 milhões de dólares, menos 19,30%. Em 2015, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,73%, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, a primeira queda desde 2009. Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar diretamente no Fórum Macau. A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos. A próxima conferência ministerial – que será a quinta desde 2003 – realizar-se-á este ano, mas ainda não há data marcada.

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AUTOS DE INTERDIÇÃO CV3-16-0015-CPE 3º Juízo Cível

AUTOS DE INTERDIÇÃO CV3-16-0017-CPE 3º Juízo Cível

REQUERENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO.-------------REQUERIDO: CHEONG MAN KONG. -----------------

REQUERENTE: O MINISTÉRIO PÚBLICO.------------REQUERIDO: NG CHAN NAM, masculino, residente em Macau, no Bairro Toi San, Rua 2 do Complexo Habitacional San Seng Si, bloco 7, 6º andar C.--------*** FAZ-SE SABER que, foi distribuída neste Tribunal, em 11 de Março de 2016, uma Acção de Interdição, com o número acima indicado, em que é Requerido, NG CHAN NAM, masculino, acima referido, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.-----------------------------------------

***** FAZ-SE SABER que, foi distribuído neste Tribunal, em 9 de Março de 2016, um Processo de Interdição, com o número acima indicado, em que é Requerido, CHEONG MAN KONG, casado, residente em Macau, na Rua de Aveiro, no. 115, Edifício Kam Lei Tat, Fok Un, 9º andar Y, Taipa, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.---------------------------------------------------------Macau, 1 de Abril de 2016

Macau, 29 de Março de 2016 ***

訴訟費用執行案 第 CV3-10-0010-CAO-A PROCESSO: Execução por Custas

號 第三民事法庭 3º Juízo Cível

EXEQUENTE: MINISTÉRIO PÚBLICO.--------------------------EXECUTADO/A: Companhia de Televisão por Satélite China (Grupo), Limitada, com sede em Macau, na Rotunda de s. João Bosco, nºs 45 a 85, 12º andar N.---------------------*** FAZ-SE SABER que, nos autos acima indicados, são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de VINTE DIAS, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos seus créditos pelo produto dos bens penhorados sobre que tenham garantia real, e que são os seguintes.----------------------------------------------------------------BENS PENHORADOS Depósitos bancários titulado pela Executada, no “Bank of China Limited- Macau Branch” -------------------------*** Macau, 18 de Abril de 2016 ***


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

Modernidade e Cosmopolitismo. Anatomia de uma Revolução Cultural C

ONJUNTAMENTE com o Delfim e a Balada da Praia dos Cães, este romance Alexandra Alpha faz parte da trilogia das obras primas de José Cardoso Pires. O Delfim simboliza a figura do cacique ou marialva do país rural, arcaico e paternalista, vagamente heroico, mas serôdio, no seu desajustamento com a realidade. O romance é contudo mais premonitório que realista e sobretudo através das suas micronarrativas ideológicas onde se confrontam dois mundos, aquele que é mostrado através do olhar irónico, do escritor urbano, culto e progressista, e o mundo da Gafeira baseado só em preconceitos. Muitos intelectuais progressistas e urbanos entretinham este tipo de relações com o mundo rural, através de laços familiares ou de relações de amizade e podiam portanto exercitar sentimentos críticos, contudo não radicais e almofadados sempre por um desencanto suave. Cardoso Pires mostra bem com ironia quanto baste o espectáculo de um mundo em declínio que procura agarrar-se a pedaços de retórica ideológica e axiológica, sobretudo moral, e que estrebucha para explorar ainda, mas já em desespero, as contradições inerentes ao progresso. Ora isso sendo da ordem da modernidade e das suas contradições, é também e já um dado da nossa cultura pós-moderna. Nesse sentido o Delfim é o romance de um mundo que terminou, e cujo anacronismo levou à desintegração do próprio discurso do narrador, o que é uma característica do pós-modernismo (Seleste Michels da Rosa). A Balada da Praia dos Cães será provavelmente o retrato do regime enquanto sombra, sombra fria que só pode desocultar-se com a mesma frieza. Tudo aquilo se passou em tempos que foram tão sórdidos e tão inqualificáveis do ponto de vista moral que só podem ser investigados com a mesma objectividade e frieza com que um anatomopatologista disseca um cadáver putrefacto. A primeira página do romance, o relatório da descoberta do cadáver, é a este título exemplar e o facto de o cadá-

Cardoso Pires, José, Alexandra Alpha, Dom Quixote, Lisboa, 1992 Descritores: Literatura, Romance, Portugal, Anos sessenta, Revolução, 447 p.:21 cm, ISBN: 972-20-0086-1

ver ter sido descoberto por cães amplifica este sentimento de desprezo. Que a isto se tenha chamado uma balada, apresenta-se como o clímax do requinte em termos de sarcasmo. Um sarcasmo corrosivo, contudo frio. Um sarcasmo à Cardoso Pires. Finalmente Alexandra Alpha mostra o país dos paradoxos, o eclectismo de um tempo em que o novo e o diverso coabitam com as sobrevivências grotescas do passado. É um tempo de transição que integra já os ideais e os sonhos utópicos dos anos sessenta asfixiados porém num universo de valores que lhe era hostil mas também a utopia social e política que alimentará a revolução. A desmontagem dos mitos continua mas agora, muito curiosamente, os mitos do regime aparecem lado a lado com

A 2 DE OUTUBRO de 1925, nasceu José Cardoso Pires em São João do Peso, no concelho de Vila de Rei, na parte beirã do Pinhal. Frequentou o Liceu Camões e a Faculdade de Ciências onde, porém, nunca se viria a formar em Matemáticas. Em 1945 alistou-se na Marinha Mercante, mas também não foi muito bem sucedido nesta actividade tendo acabado por se tornar jornalista. A dada altura tornou-se director das Edições Artísticas Fólio onde promoveu alguns escritores nacionais e estrangeiros que marcaram a literatura do século XX. O Delfim, é geralmente considerado a sua obra-prima. Faleceu em 1998 e repousa no Cemitério dos Prazeres em Lisboa. Do conjunto da sua obra destaco a novela O Anjo Ancorado de 1958, o ensaio de 1960 intitulado A Cartilha do Marialva, O romance O Hóspede de Job de 1963, em homenagem ao irmão falecido em acidente de aviação militar, o livro de crónicas na antecâmara da morte De Profundis, Valsa Lenta e finalmente o aclamado romance A Balada da Praia dos Cães de1982.

os mitos libertários, eles também diluídos no seu tempo e tratados igualmente sem contemplações. Entretanto o 25 de Abril vem pôr isto tudo em cacos através da súbita emergência do pathos. A personalidade que faz a ponte entre estes dois mundos é uma das melhores personagens da galeria de José Cardoso Pires, a publicitária de sucesso, Alexandra, a publicitária da Alpha Linn. Alexandra não é apenas a personagem que faz a ligação entre dois mundos, ela é verdadeiramente o lugar geométrico que tal como numa estrutura de articulação confere coerência à gravitação das personagens, assim como às oscilações que simbolizam. Em Portugal os anos sessenta e os anos setenta aparecem mediatizados pela transformação política. Como seria se essa mutação não tivesse ocorrido, isso nós não sabemos. Mas ela aconteceu e tornou-se motriz de todas as outras tendências ou erupções súbitas. Quem viveu esse tempo em plena maturidade e juventude sabe dar o valor às personagens deste romance, pois de facto todas elas significavam um segmento da sociedade portuguesa no, doloroso para uns, exaltante para outros, processo de rotura. O autor poderia ser mais agressivo na composição dos personagens e poderia

ter implementado outras figuras emblemáticas, mas isso provavelmente exigiria uma distância que ele ainda não teria na época em que escreveu o romance. Muito provavelmente o romance da rotura, em Portugal, estará ainda por escrever. Estou a referir-me ao grande romance. Alexandra Alpha será provavelmente um dos melhores que se escreveu a par seguramente do Cavaleiro Andante de Almeida Faria e do Auto dos Danados de Lobo Antunes. Estes são mais localizados, enquanto Alexandra Alpha será talvez mais cosmopolita. No caso do Cavaleiro Andante há ainda a considerar que ele estava agarrado à visão de conjunto da Tetralogia e no caso de Lobo Antunes ressalve-se o facto de que ele não escreveu sobre esta época apenas um romance, mas vários, como é o caso do Fado Alexandrino, por exemplo. No romance de José Cardoso Pires, são personagens notáveis por exemplo, o marialva do Alentejo (o tio Berlengas) e o marialva de Trás-os-Montes (Sebastião Opus Night), dois remakes do Palma Bravo de O Delfim, mas que metem o Palma Bravo num chinelo. A verdade é que a realidade era agora muito mais quente e havia muito mais a perder ou a ganhar, além de que o autor já possuía agora uma tarimba que os romances e os ensaios anteriores lhe haviam fornecido. E que dizer dos outros: A bonecreira Sophia Bonifrates, a Maria, professora revolucionária, Bernardo Bernardes, na pele do intelectual típico da época… Cada personagem capta a realidade nos seus desígnios óbvios ou secretos, o melhor e o pior de um certo tempo, enriquecido pelo facto de que o autor não cai no maniqueísmo, pois todos os sonhos e ideais assim como os desesperos e cegueiras radicais são atravessados por um olhar irónico, distanciado e sereno. Em boa verdade só Alexandra se salva. Ela é a heroína por excelência de um tempo que prometia muitos heróis mas que com o tempo se eclipsaram. Talvez por isso a sua heroicidade não seja social e política, mas antes da ordem da mutação mental e dos costumes; pois essas é que são as grandes revoluções, as que ficam, as que sendo lentas, são contudo eficazes e perduram no tempo. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


15 hoje macau quinta-feira 5.5.2016

a saga da taipa

José Drummond

Que estamos nós aqui a fazer, tão longe de casa? 11 - A VIÚVA

E

U sabia que ele não se ia conter. Mas deixemos o vídeo para depois. Estava eu a contar-te sobre aquele meu trabalho. Dizia-te que estava no lobby do hotel e que tinha esta estranha sensação de que tudo poderia correr mal. Apesar disso ali fiquei parada e antes que pudesse abandonar tudo e virar as costas o meu alvo estava a olhar para mim, à minha frente, como se tivesse sido hipnotizado. Havia algo de sinistro naquela cara. Uma cara com uma presença persistente de morte. Uma cara que transmitia uma morte lenta, inescapável e tortuosa. Eu percebi naquele momento que não podia simplesmente fugir. Foram uns longos dez minutos como se, repentinamente, o tempo se recusasse a seguir em frente. Fiquei suspensa no tempo, a tentar controlar a minha respiração. O fantasma de falhar a missão ocupou a minha cabeça e naquele lobby todos os sons jorraram com reverberações ocas. Os passos de pessoas sobre o tapete grosso soaram como almas perdidas, tacteando em direcção para os seus lugares de descanso eterno. O único ruído real a chegar aos meus ouvidos foi o tilintar de um conjunto de chá na bandeja de uma empregada que passou no café ao longe. Mas mesmo esse som continha um som secundário dentro dele. Se eu já estava tensa, naquele preciso momento achei que não iria ser capaz de cumprir a missão quando chegasse a hora. Fechei os olhos e quase por reflexo entoei uma oração inventada no momento. Qualquer coisa que eu pudesse achar que me tinham ensinado a recitar antes de cada refeição. Qualquer coisa que eu pudesse imaginar de um tempo atrás. Tentei iludir-me que toda gente morre mas ninguém está realmente morto.

Ali estava o líder de um subgrupo das tríades que tinha que desaparecer naquela noite e eu tinha sido selecionada para o fazer. Ele soltou umas palavras breves ao ouvido de um dos acólitos virando-se para mim disse-me “convido-a a ficar numa das minhas suítes”. Antes que desse por mim, e sem que pudesse dizer nada, estava a ser dirigida até à porta do elevador, que abriu sem fazer ruído. Com rabo de cavalo o acólito manteve-se a pressionar o botão deixando-me entrar primeiro. Aquele homem não nos seguiu. No elevador tive um ‘blackout’ pois é como se não me lembrasse de nada até que o elevador abriu as portas e o acólito de rabo de cavalo voltou a pressionar no botão para que eu saísse. Logo após ter saído do elevador adiantou-se e passou a liderar o caminho. O corredor amplo e totalmente deserto. Perfeitamente silencioso. Completamente limpo. Existia um cuidado especial em cada detalhe, de uma diferença total com os restantes hotéis na altura. Ao fundo do corredor imensos vasos com flores. Deixei-me inebriar pela sua fragrância. No caminho não vi nenhuma escada e

nenhum outro corredor para poder escapar. De repente este homem de rabo de cavalo parou à frente de uma porta e sem esperar abriu-a. Entrou, olhou em volta para se certificar de que não havia nada de errado, e com um breve aceno de cabeça deu-me direcções para entrar. “Estou sozinha”, pensei. “Não me vou conseguir escapar desta”. Entrei e ele fechou a porta logo de seguida, trancando-a com a corrente. Não havia forma de escapar sem que envolvesse uma série de acções suspeitas. A suíte tinha uma vista deslumbrante de Macau. Alguém bateu à porta. Ele levantou-se, do sofá, onde se tinha sentado de imediato, dirigiu-se para a porta, abriu a corrente, deu a volta à maçaneta, e, sem qualquer outro som, mais dois subalternos entraram. Todos eles eram homens bem constituídos e iria ser muito difícil eu conseguir escapar sem passar por eles. Ele voltou a trancar a porta com a corrente. Dirigiu-se para o quarto e depois de confirmar que tudo estava bem o homem de rabo de cavalo disse-me para me sentar na cama e esperar. Os outros dois homens sentaram-se no sofá e ligaram a televisão. Perguntei se podia ir à casa de banho do quarto para me preparar com roupas mais confortáveis. Ele disse que sim e permaneceu à porta do quarto a controlar os meus movimentos. Fui até à casa de banho e insinuei um andar sexy e descontraído. Mal entrei, e depois de fechar a porta, comecei a inspecionar tudo. Senti que ele talvez se tivesse aproximado da porta da casa de banho. Quase poderia apostar que o fez. Comecei a cantarolar uma canção da Faye Wong enquanto escondia o fio de aço dentro do autoclismo. Enquanto me vestia escondi a pequena pistola por entre as toalhas. Abri a torneira, simulando que lavava as mãos e a cara e espalhei vários itens de maquilhagem no mármore frio. Enquanto continuava os versos do “fragi-

le woman” escondi o pente com a agulha fina por detrás do espelho. Restava-me o batom de defesa e não sabia o que fazer com ele. Tinha a certeza que eles me iriam revistar antes que eu pudesse chegar perto do seu líder. A pistola estava no lugar mais perigoso e visível mas, no caso de tudo correr mal, também poderia ser a minha única defesa. Fechei a torneira e escondi o batom de segurança, que continha uma lâmina suficiente para cortar a carótida de alguém, fechado, num penso higiénico que introduzi na minha vagina. Abri a porta sorridente. Dirigi-me até à porta do quarto e lancei um olhar sedutor ao homem de rabo de cavalo. Perguntei-lhe se ainda tinha que esperar muito dizendo-lhe que queria descer até ao casino para jogar. Não tive qualquer resposta. Apenas um olhar que dizia “cala-te puta”. De seguida puxou-me para a sala da suíte e apalpou-me toda enquanto entregava a minha mala aos outros dois para revistarem. Um só calafrio poderia deitar tudo a perder. O ‘timing’ não poderia ter sido mais perfeito. Não só havia conseguido esconder a pistola, o fio e o pente na casa de banho como a porta da suíte se voltava a abrir com o líder a entrar.


16 MOTORES

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

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Ford GT, o novo supercarro da marca da oval azul, vai estar disponível no mercado a partir do dia 12 de Maio nos Estados Unidos da América e em alguns países europeus (Portugal não incluído), sendo que o construtor norte-americano confirmou que vai aceitar pedidos de Macau, China e Filipinas a partir do dia 24 de Maio. O construtor norte-americano optou por colocar à venda o seu carro de luxo em Macau, um território onde actualmente estão registadas mais de mil viaturas consideradas “de luxo”, deixando de fora o sempre apetecível mercado de Hong Kong. A nova versão Ford GT foi apresentada no Salão de Detroit o ano passado, mas só agora é que a produção das 500 unidades terá o seu início. “O processo de aquisição para o Ford GT é tão único quanto o nosso novo supercarro,” explicou Henry Ford III, director de marketing global da Ford Performance, quando apresentou as linhas gerais de aquisição da viatura. Com um custo estimado superior a três milhões de patacas, a compra da viatura tem um processo de selecção bastante sui-generis. Os interessados devem registar-se no

Supercarro na cidade Ford GT estará disponível em Macau

site da Ford e preencher um detalhado questionário para que a Ford perceba se é ou não o cliente certo. O candidato a cliente tem de provar que está presente em redes sociais como o Facebook, Instagram ou Twitter, especificando os dados demográficos do seus seguidores. Para além da obrigatoriedade de presença nas redes sociais, o candidato também terá de publicar um vídeo de um minuto online, num site como Youtube ou o Youku, a explicar por que razão seria um bom proprietário do carro. A aquisição da viatura apenas se conclui com a assinatura de contrato onde o proprietário fica impedido de vender a viatura durante um certo período de tempo. O Ford GT é o herdeiro do famoso Ford GT40, carro que brilhou nas pistas dos anos 60, tendo inclusive vencido as 24 horas de Le Mans, e chega ao mercado munido de um motor V6 de 3,5 litros capaz de debitar mais de 600 cv de potência. A Ford Motor Company é representada em Macau pela Winson Motors (Macau) Limited, uma subsidiária da Vang lek Group. Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 225/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 226/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LEI UT WAN, portadora do Bilhete de Indentidade de Residente Permanente da RAEM n.° 73954xx(x), que na sequência do Auto de Notícia n.° 148/DI-AI/2013 levantado pela DST a 18.12.2013, e por despacho da signatária de 22.04.2016, exarado no Relatório n.° 254/DI/2016, de 22.03.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Nagasaki n.° 80, Edf. Kam Fung Tai Ha - Kam Fung, Bloco 1, 10.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WEN ZHAOYAN, portador do passaporte da R.P.C. n.° G61557xxx , que na sequência do Auto de Notícia n.° 148/DI-AI/2013 levantado pela DST a 18.12.2013, e por despacho da signatária de 22.04.2016, exarado no Relatório n.° 255/DI/2016, de 22.03.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Nagasaki n.° 80, Edf. Kam Fung Tai Ha - Kam Fung, Bloco 1, 10.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Abril de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 22 de Abril de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

Direcção dos Serviços de Identificação MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 269/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU ZHIHUA, portador do passaporte da RPC n.° E25750xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 47/DI-AI/2014, levantado pela DST a 20.04.2014, e por despacho da Directora dos Serviços de Turismo de 08.03.2016, exarado no Relatório n.° 96/DI/2016, de 25.02.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Malaca n.° 172, Edf. Centro Internacional de Macau, Bloco 11, 4.° andar F onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ----------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 20 de Abril de 2016. A Directora dos Serviços, Subst.ª, Tse Heng Sai

AVISO Assunto: Actualização do registo dos dados dos membros dos órgãos sociais da assocaiação Nos termos da lei, após a constituição da associação, o órgão de administração deve realizar o registo dos titulares dos órgãos sociais na DSI e sempre que se verifique mudança dessas informações deve ser procedida a actualização dos registos na DSI, no prazo de 90 dias. Para pormenores, queira ligar para a linha de informação da DSI: 28370777.


17 hoje macau quinta-feira 5.5.2016

TEMPO

MUITO

?

NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

“MONTAGEM DE ANIMAIS” (FAM) Antigo tribunal, 20h00

Amanhã

MIN

23

MAX

29

HUM

70-95%

EURO

9.18

BAHT

Sábado

CONCERTO COM “MACAU INFINITE TRIO” Fundação Rui Cunha, 20h00 “UM CHÁ DE SONHO”, DOS DÓCI PAPIAÇAM (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00

O CARTOON STEPH

Domingo

“MONTAGEM DE ANIMAIS” (FAM) Antigo tribunal, 15h00 e 17h00 “UM CHÁ DE SONHO”, DOS DÓCI PAPIAÇAM (FAM) Centro Cultural de Macau, 20h00 “LENDA DO GANCHO DE CABELO PÚRPURA” (FAM) Cinema Alegria, 19h30 “DESLIZAR” PELA LE PATIN LIBRE (FAM) Ringue de Patinagem Future Bright, 13h00 e 20h00

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 81

Diariamente

UM LIVRO HOJE

EXPOSIÇÃO “O SONHO DO PAVILHÃO VERMELHO”, DE ZHANG BIN Casa Garden (até 19/05)

E se acordasse e não existissem livros? Foi isso que Ray Bradbury um dia imaginou e escreveu num livro que se viria a transformar num dos mais importantes do séc. XX e que ainda hoje merece ter debaixo de olho. Um romance assustadoramente profético, “Fahrenheit 451” desenrola-se num futuro distópico, onde não há livros. Para o protagonista, Montag, tudo parece normal - até ao dia em que recebe um vislumbre do passado. Um enredo fascinante com personagens sólidos. Este livro praticamente suga o leitor para o seu mundo imaginário. Se preferir em filme, François Truffaut realizou-o, em 1966, e viria a ganhar o Leão de Ouro de Veneza com ele. Andreia Sofia Silva

EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06) EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 12/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin EXPOSIÇÃO “AS DIMENSÕES DO SONHO E ARTE” Fundação Rui Cunha (até 12/05)

Cineteatro SALA 1

THE HIMALAYAS

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Lee Seok-hoon Com: Hwang Jung-Min, Jung Woo 14.00, 21.45

Acredito que em todos os lados do mundo o entretenimento pode vencer o activismo e Macau, de facto, não escapa. Concertos, festas, encontros com amigos ou família, sobretudo por causa da vinda do pato de borracha agora tão conhecido, muitas pessoas de Macau preferiram aproveitar o primeiro de Maio para se divertirem, em vez de lutar por esta cidade. Os números são as melhores provas: os manifestantes do domingo passado foram menos de metade dos do ano passado. A culpa pode também ser da economia, se calhar preferem não descansar daquele dia para ganhar mais dinheiro, de forma a garantir o trabalho, como está a acontecer com os trabalhadores do Jogo. Já não se encontra o entusiasmo de protestos como aquele contra o Regime de Garantias ou aquele em que centenas se puseram à entrada de casinos até os responsáveis falarem directamente com os trabalhadores. Não sei, não sei quando é que volta esse entusiasmo. Acho que activismo é também um hábito, é preciso a saída de mais jovens, para a expressão de opiniões e críticas ao público, que não se podem ficar entre conversas com amigos ou apenas no Facebook. Quando volta a maré? Pu Yi

“FAHRENHEIT 451” (RAY BRADBURY, 1953)

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [3D] [B]

Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 16.15, 19.00 SALA 2

SALA 2

1.23

C I N E M A

CAPTAIN AMERICA: CIVIL WAR [B] Filme de: Anthony & Joe Russo Com: Chris Evans, Robert Downey Jr., Scarlett Johansson 14.30, 18.30, 21.15

PROBLEMA 82

SUDOKU

DE

“DESLIZAR” PELA LE PATIN LIBRE (FAM) Ringue de Patinagem Future Bright, 13h00 e 20h00

EXPOSIÇÃO “LA VIE EN MACAU”, DE ANTONIO LEONG Albergue SCM (até 12/06)

YUAN

QUANDO VOLTA A MARÉ?

“CONTOS DE FADAS DO MUNDO DO CAOS” (FAM) Teatro D. Pedro V, 20h00

“MONTAGEM DE ANIMAIS” (FAM) Antigo tribunal, 15h00 e 17h00

0.22 AQUI HÁ GATO

“MONTAGEM DE ANIMAIS” (FAM) Antigo tribunal, 20h00

“LENDA DO GANCHO DE CABELO PÚRPURA” (FAM) Cinema Alegria, 19h30

(F)UTILIDADES

BOOK OF LOVE [C]

FALADO EM MANDARIM E CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Xue Xiaolu Com: Tang Wei, Wu Xiubo 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau quinta-feira 5.5.2016

dissonâncias

ALVAREZ DOMINGUEZ, CASARIO E FIGURAS DE UM SONHO

E

U li o mais recente livro de Henrique Raposo, “Alentejo prometido”. Começo por escrever esta frase por que a polémica que ele gerou, algumas semanas antes do seu lançamento, quando a obra não estava ainda disponível quer nas tradicionais livrarias quer nos supermercados – que crime de lesa-majestade esse, o de colocar livros à venda ao lado das couves e dos enlatados – foi desenvolvida sobretudo por aqueles que não leram aquilo que o autor considerou ser o seu primeiro “road book”. No entanto, essa é, agora, a norma. Comentar sem ler. Criticar sem ver. São os tempos de hoje. Não há volta a dar. O mundo é assim. É o mundo em que se coloca um texto no Facebook que demora no mínimo 20 minutos a ler, mas que, ao fim de dois ou três, tem já dezenas de “likes” e comentários. É o tempo do “posto, logo existo”. Cada vez mais pronunciado. Em média, só para dar dois exemplos antes de voltar ao livro do Raposo, as pessoas passam quatro horas por dia na internet. Um estudante de Hong Kong, para terminar estes parênteses, passa (não escrevo “perde”) duas horas por dia nas redes sociais. Pois, dizia eu, li essa obra proscrita por uma certa intelectualidade presumida – ai se João Soares fosse também alentejano, o que ele não teria escrito nas redes sociais! Teria seguramente contribuído para que o livro se tornasse mais procurado do que morangos em dia de desconto. Li e gostei do que li. Primeiro uma declaração de interesses é devida. Comecei a ler o autor há mais de 13 anos. Conheço a sua obra, pois, desde quando ele ainda não era uma figura reconhecida nem escrevia diariamente no Expresso. Quando ele ainda não irritava esses opinadores “online”, em busca de todas as oportunidades para afirmar a sua superioridade. Uma questão de brilhantismo. Gostei do livro, porque “Alentejo prometido” pretende responder a uma pergunta básica que, creio, muitos dos que têm tido terras distintas como porto de abrigo, se perguntam amiúde, quando a multiculturalidade aperta: onde estão as nossas raízes? Um enorme amigo, há anos a deambular pelo mundo, três anos aqui, quatro anos além, faz aliás essa pergunta sobre a origem das raízes sempre que conhece alguém. As raízes são fundamentais. De onde vimos? Por onde andaram os nossos familiares? Essas raízes fazem aquilo que somos hoje e ajudam a determinar onde nos vamos encontrar amanhã. E também o que lemos e o que escrevemos. Aquilo que transmitimos aos que nos rodeiam e até o que passamos aos nossos filhos. Às vezes nem notamos que o fazemos. É como se a nossa cultura – o que somos, de onde viemos,

Estou além

RUI FLORES

ruiflores.hojemacau@gmail.com

para onde vamos – falasse por nós. Como se nos transformássemos numa espécie de instrumento. Numa caixa-de-ressonância. Tendo a esperança de ainda encontrar no Alentejo esse tronco comum, Raposo foi até ao sul de Portugal, às terras dos seus pais, tios e avós, à procura dos valores, das crenças, em suma, da cultura que marca os alentejanos. Assumiu um risco, coisa que qualquer analista social assume, o de através da sua amostra fazer generalizações e traçar o retrato do Alentejo que conhece. E por isso tenha dedicado alguma atenção à condição feminina e a encontrar explicações para elevada taxa de suicídio entre os alentejanos. “Alentejo prometido” é antes de mais um livro corajoso. Só alguém com coragem é que se expõe da maneira que Raposo o fez, levando os leitores às origens da sua família, aos problemas e dramas sociais que a marcaram, a ela e às comunidades onde ela

esteve e está inserida. A recolha pessoal que fez para o livro, as dezenas de entrevistas que refere e os dados estatísticos que consultou, as obras sociológicas e antropológicas que cita, dão ao livro uma profundidade que as reportagens de fim-de-semana dos jornais não têm. Como em tudo na vida, não temos que concordar com todas as passagens nem gostar de toda as opções, quer estéticas quer de conteúdo, desta obra profundamente descritiva. Nem concordamos. Mas a conclusão a que chega, de que não se revê naquele Alentejo com que se deparou, é uma constatação até pouco ou nada polémica. Afinal, acontece um pouco a todos – agora a generalização é minha – que acabam por passar grande parte da sua vida fora dos locais onde têm as suas raízes. Embora continuemos a falar delas, elas não voltam a ter a forma nem o significado do tempo

Gostei do livro, porque “Alentejo prometido” pretende responder a uma pergunta básica que, creio, muitos dos que têm tido terras distintas como porto de abrigo, se perguntam amiúde, quando a multiculturalidade aperta: onde estão as nossas raízes?

em que as experienciámos inicialmente. Porque fazem parte de algo que já não é palpável. As férias grandes – quando havia férias grandes e o tempo avançava sem qualquer vertigem – tinham um sabor que nunca mais saborearemos porque os tempos, esses tempos e as suas circunstâncias, não se repetem. Os primeiros namoros. Os primeiros aromas. Os primeiros sabores. Uma certa inocência que se vai perdendo inexoravelmente. Não há possibilidade física de que volte. E isso, para quem cresceu na grande cidade e só volta amiúde às origens, é uma espécie de corte absoluto. O mesmo acontece a essa espécie urbana de emigrante que dá pelo nome de expatriado que quando regressa a Portugal já não parece sentir-se em casa da mesma forma que se sentia há dez anos. E não é apenas a questão de já não encontrar as casas da aldeia que foram sendo destruídas, ou os amigos que se foram afastando e desaparecendo. É – como sempre – uma questão cultural. E a cultura é tudo. Engloba tudo. Inclusive ter primeiros-ministros detidos e não acusados, ou advogados de primeiríssima dimensão que dizem ignorar o que são off-shores. Um pouco como cantava António Variações, esse não-alentejano, “Porque eu sou estou bem aonde eu não estou”.


19 hoje macau quinta-feira 5.5.2016

bairro do oriente LEOCARDO

Aquela máquina

U ROBERT RODRIGUEZ, FROM DUSK TILL DAWN

FA, que nos livrámos de boa, caro leitor, upa upa, olarilas. Nem quero imaginar o que seria tivesse estado eu naquele dia no Posto Fronteiriço das Portas do Cerco, quando se deu a avaria do sistema informático de verificação do BIR, que deixou apeados e à chuva, COITADINHOS (entra música de violino), milhares de residentes que... que o quê? Ah, iam à China, ou voltavam de lá, sei lá, raramente o fazem por uma questão de vida ou de morte, ou para servir uma causa nobre, mas tenho a certeza que se fosse comigo, despejava ali o meu reportório completo de obscenidades em versão trilingue. Confesso que adoro aquele novo sistema que permite aos residentes de Macau passarem na migração através de não uma mas sim duas portinholas – uma que lê o “chip” do BIR e outra que lê a impressão digital – dispensando assim ter que ir fazer fila e dar de caras com um simpático sr. agente, que lá vai fazer o frete de verificar se estamos autorizados a bazar daqui p’ra fora, ou se o nosso bebé de meses de idade não calha ter o mesmo nome de algum professor universitário honconguense, e assim deixar-nos à porta a chuchar no dedo. E adoro esse sistema porque é isso mesmo: a única coisa boa de todo esse enfado que é viajar, especialmente se for de avião, onde se chega a perder mais tempo a passar nos “checkpoints” e à espera do que no voo propriamente dito. Precisavam de me ver aqui há umas semanas, voltava eu do Laos via Kuala Lumpur, a passar nas tais portinhas, com o mesmo entusiasmo de uma criança de três anos que racionaliza o funcionamento dos elevadores. Se me tirassem isso pá, tinham que me aturar , ai tinham pois. Entendo, entendo muito bem, sim senhor, que apesar de estar aqui a tratar do incidente com ligeireza, este sucedeu-se logo na véspera do feriado

do 1 de Maio, um dos dias mais movimentados do ano no posto fronteiriço. Achei estranho, contudo, foi – e mais uma vez, diga-se de passagem – a forma trapalhona com que as autoridades lidaram com o caso, necessitando de mobilizar um contingente de simpáticos agentes para verificar os cartões. Onde é que já se viu?!?! Imagino até a conversa entre um “xô” comandante e um desses agentes, subitamente convocado para reconhecer centenas de carantonhas: - “Epá Fong, anda daí que tens que vir aqui para as Portas do Cerco verificar os BIRs. Toca a andar”.

Até parece um insulto considerarse a possibilidade de serem julgados numa instância judicial sem a possibilidade de recurso para outra superior. O quê, julgados? Ai, ai, cala-te boca. - “Mei-ah, tai lou...ma fan. Mande os ursos irem lá meter o cartão naquelas portinhas, que já era altura de aprenderem a mexer naquilo”. [de facto aqui a ignorância ainda é muita]. - “Não dá, pá, é que o sistema informático avariou e as máquinas não funcionam”. - “Sistema avariado? Máquinas não funcionam??? Impossível!”. Sim, e nesse chuvoso dia as Forças de Segurança aprenderam uma valorosa lição: as máquinas avariam-se. Quem diria, e quem sabe se da próxima vez não antecipam essa possibilidade e lembram-se assim de, sei lá, convocar um contingente a entrar em acção na eventualidade de se dar o mesmo problema? Ou não, o que digo? Afinal os secretários, procurados et all eram (e são, e são!) pessoas de bem, acima de qualquer suspeita, e até parece um insulto considerar-se a possibilidade de serem julgados numa instância judicial sem a possibilidade de recurso para outra superior. O quê, julgados? Ai, ai, cala-te boca.

OPINIÃO


Apareceste/ e perguntaste pelas drogas/ habituais. Afinal, era o mesmo/ o mesmo do dia / em que o inusitado te separou de mim.”

João Novelães

Debate “Democracia pode melhorar eficiência” do Governo

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) e a Direcção dos Serviços de Turismo já decidiram os “Prémios Hotel Verde Macau 2015”. Dos 38 hotéis participantes, 17 foram galardoados numa edição que, em comparação com as edições passadas, registou o maior número de hotéis a conseguirem o ouro (5) e o maior número alojamentos económicos premiados (4). Assim, galardoados com o prémio de ouro, foram contemplados o Sands Macao, o Crown Towers, o Hard Rock, o Grand Hyatt e o Hotel Okura; com a prata ficaram o Hotel Galaxy, Hotel da Guia, Hotel Riviera, Hotel Royal, Mandarim Oriental, Grand Emperor e o Grand Lisboa; a medalha de bronze seguiu para o L’Arc. O “Prémio Pensão Verde”, instituído este ano pela primeira vez, foi atribuído ao Hotel Sun Sun, ao East Asia, ao Ole Tai Sam Un e ao Ole London. Estes prémios têm a validade de três anos. De referir ainda que os hotéis participantes correspondem a cerca de 35% do total existente em Macau o que totaliza mais de 19.000 quartos, ou seja, cerca de 60% dos alojamentos disponíveis no território. A cerimónia de entrega dos prémios acontecerá em Junho, momento em que a DSPA anunciará a recepção das candidaturas aos prémios de 2016.

O

dia da juventude. Segundo um comunicado, a União acredita que o desenvolvimento económico registado em Macau nos últimos anos escondeu um sistema político antigo e uma gestão incompleta por parte do Executivo. Os deputados acreditam que a quebra das receitas do Jogo fez emergir os problemas sociais e apelam ao Governo de Macau e

ao Governo Central, em Pequim, para avançarem o mais depressa possível com mudanças no sistema político vigente. A União defende o fim da eleição do Chefe do Executivo por um “pequeno ciclo” de pessoas para responder às mudanças económicas e ao desenvolvimento social. A União defende que este não é um problema exclusivo de Macau mas também de Taiwan e Hong Kong.

HOMEM TENTA SUICÍDIO MAIS DE 12 HORAS FACEBOOK

DSPA HOTÉIS MAIS VERDES ESCOLHIDOS

S deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong, líderes da União de Macau para o Desenvolvimento da Democracia, consideram que a implementação de um sistema político democrático em Macau pode melhorar a capacidade administrativa do Governo, “para que Macau tenha competência para enfrentar os desafios do futuro”. A União realizou ontem à noite um debate no âmbito do

Segundo informação divulgada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), no primeiro trimestre deste ano não foram detectadas quaisquer anomalias nas 281 amostras recolhidas no mercado local para análise química e microbiológica e para teste de níveis de radiação. As análises alimentares preventivas de rotina para monitorizar os riscos e as condições de higiene dos produtos alimentares à venda no mercado local estão a ser efectuadas de forma regular tendo sido montado um esquema de amostragem de diferentes tipos de géneros alimentares, incluindo o “Inquérito de Alimentos Normais” e “Inquérito de Alimentos nos Estabelecimentos de Comidas”, com base nos tipos e características dos diversos produtos actualmente à venda. O âmbito da operação de amostragem contempla supermercados, mercearias, lojas de centros comerciais, estabelecimentos de comidas e bebidas e estabelecimentos de comida para fora nos diferentes bairros de Macau.

A Maçonaria de Macau, Grande Oriente Lusitano, terá efectuado esta semana uma reunião especial para receber o “irmão” Salavessa da Costa, de visita ao território. O evento terá causado algum mal estar entre alguns membros que não se revêem no modo como Salavessa actuou em Macau enquanto Secretário-adjunto. Na altura, o militar da confiança de Rocha Vieira foi constantemente criticado pelas suas acções na área da Comunicação e da Cultura. “Cada vez que ele cá vem, é este problema”, confessou ao HM um membro da Maçonaria local que, naturalmente, pediu anonimato.

• Um homem tentou ontem cometer suicídio na zona de Toi San, mas a tentativa durou mais de 12 horas. Desde as 8h30 que o não residente se mantinha de pé, do lado de fora de uma varanda no Edifício Dª. Julieta Nobre de Carvalho e ainda lá estava até ao fecho desta edição, por volta das 21h00. O homem terá perdido dinheiro no

POR

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IACM ALIMENTAÇÃO SEGURA

MAÇONARIA SALAVESSA CAUSA POLÉMICA

AMBIENTE REMOVIDAS ÁRVORES “PERIGOSAS”

O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) já removeu um total de 175 árvores “potencialmente perigosas”, sendo que mais de 2200 foram alvo de podas após examinação. Estes trabalhos fazem parte da prevenção que o organismo está a fazer antes da chegada da época dos tufões. Segundo um comunicado, o IACM “tenciona remover outras árvores que apresentam riscos, situadas na colina por detrás da jaula do urso do Jardim da Flora e na Avenida Sidónio Pais”. Quanto às zonas florestais na Colina de Mong Há e no Monte da Guia, o IACM tratou de 249 casos relacionados com árvores, sendo que 84 dizem respeito a espécies no Monte da Guia, representando 33,73% do total.

quinta-feira 5.5.2016

jogo, como confirmou a Polícia Judiciária (PJ) ao HM. O Corpo dos Bombeiros (CB) recebeu uma denúncia às 8h00 e quando chegaram estenderam um colchão de ar na estrada. O homem sempre se mostrou agitado e os negociadores da PJ passaram o dia a tentar convencê-lo a não saltar, mas sem sucesso.

OUVI DIZER QUE VAIS COZINHAR, JULIÃO?

NADA. NÃO SABES QUE OS PATOS TÊM MEDO DE SER VISTOS...

O CB disse que os trabalhos foram dificultados quando, ao mudarem de equipamento, o homem reagiu de forma agitada. A Avenida de Artur Tamagnini Barbosa foi bloqueada e houve engarrafamento na zona durante horas seguidas, o que motivou muitas críticas de residentes nas redes sociais.

...DE AVENTAL?!!

ROSSIO ESTÁTUA DE D. SEBASTIÃO DESTRUÍDA

Um jovem de 24 anos tentou subir ao local onde se encontrava a estátua para tirar fotografias e esta acabou por ser projectada para o chão, ficando totalmente destruída, segundo avançou fonte do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa. De acordo com a mesma fonte, dois agentes visualizaram o acidente, que ocorreu cerca das 23:50 de terça-feira, tendo identificado de imediato o jovem, que não sofreu qualquer ferimento. O caso foi alvo de notificação sendo agora dado conhecimento ao Ministério Público, uma vez que se trata de uma estátua que se encontra num edifício classificado como património nacional.


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