Hoje Macau 05 SET 2011 #2447

Page 1

PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

hojemacau MOP$10

PUB

Ter para ler

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • SEGUNDA-FEIRA 5 DE SETEMBRO DE 2011 • ANO XI • Nº 2447

TEMPO POUCO NUBLADO MIN 26 MAX 33 HUMIDADE 55-90% • CÂMBIOS EURO 11.4 BAHT 0.3 YUAN 1.3

CICLONE O REGRESSO

DE FERNANDO • PÁGINA 27

Adolescente agredido

POLÍCIA ACUSADA DE DETURPAR DECLARAÇÕES DAS TESTEMUNHAS • PÁGINA 8

Timor-Leste

CASAL GUSMÃO QUER ACABAR COM A LÍNGUA PORTUGUESA • PÁGINA 19

Americanos preferiam Ho Chio Meng como Chefe do Executivo

MacauLeaks São mais de 100 relatórios com referências a Macau. O Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong enviou, nos últimos cinco anos, uma série de documentos ao Departamento de Estado mostrando-se preocupado com a corrupção, o crime organizado ou os travões ao crescimento dos operadores do jogo. A eleição de Chui Sai On para o cargo de Chefe do Executivo mereceu meia dúzia de relatórios agora divulgados pela organização WikiLeaks. Os americanos preferiam ver Ho Chio Meng, procurador-geral, a liderar a RAEM. > PÁGINAS 4 A 7

NASCIDO A 5 DE SETEMBRO

Uma década depois ainda estamos para ler e durar


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

2

ACTUAL Artigo de Ai Weiwei retirado da “Newsweek” na China

Ai a censura

APREENDIDOS 13 MILHÕES DE PRODUTOS PIRATEADOS As autoridades da China aprenderam mais de 13 milhões de produtos pirateados, entre cópias de CD e DVD e publicações ilegais, no âmbito de uma grande campanha de protecção da propriedade intelectual. Desde Outubro de 2010 a Junho, o reforço dos inspectores permitiu “limpar” 663 locais, onde música e filmes, softwares, livros e outras publicações falsas eram manufacturadas, de acordo com dados oficiais da Administração Geral da Imprensa e Publicações (GAPP). Dezoito das principais páginas da Internet de vídeos na China foram obrigados a apresentar trimestralmente um relatório sobre o estado da autorização relativa aos direitos de propriedade intelectual para todos os filmes e série de televisão que disponibilizam “online”.

A

censura na China retirou da revista “Newsweek”, distribuída na semana passada no país, uma página com um texto do artista Ai Weiwei na qual este afirma que o regime comunista priva os cidadãos dos seus direitos. O artigo de Ai Weiwei, que descreve Pequim como “um pesadelo permanente”, não figura na edição de 5 de Setembro da revista, constatou a France Presse. O texto de Ai continuava contudo a poder ser lido na Internet, apesar da “grande muralha informática”, como é conhecida a censura na web. No texto susceptível de lhe causar novos problemas com o regime comunista, Ai Weiwei, recentemente detido num local secreto durante três meses, descreve a capital chinesa como “uma cidade de violência” que menospreza os mais pobres e que despoja as pessoas “dos seus direitos fundamentais”. Em Pequim “há escolas de migrantes que fecham. Há hospitais

em que os pontos de sutura são retirados aos doentes de imediato ao constatar-se que eles não têm dinheiro”, escreve Ai Weiwei. Detido entre Abril e Junho, o que suscitou uma vaga de indignação internacional, o artista plástico tem estado sob vigilância desde então, não podendo deixar Pequim. “Há muitos locais escondidos onde podem [as autoridades] colocar as pessoas sem identidade. Sem nome, apenas um número”, denuncia, acrescentando que só os familiares dos que se encontram nesta situação gritam pela ausência sem obter qualquer resposta dos vários níveis de poder, do local ao presidencial.

SUCESSO NOS EUA

Apesar das fortes restrições impostas em Pequim, o artista está a conseguir grande sucesso nos EUA, nomeadamente na segunda maior cidade do país. A sua instalação itinerante “Círculos de Animais/Cabeças do Zodíaco” foi inaugurada há duas semanas no

Museu de Arte do Condado de Los Angeles, apresentando ao público o trabalho de um homem que, até recentemente, só era conhecido por causa das notícias sobre a sua recente detenção na China. O trabalho inclui 12 enormes cabeças de bronze, com quase 400 quilos cada uma, representando animais do horóscopo chinês. As peças estão expostas na ensolarada Piazza Norte do museu, e as pessoas podem circular no meio delas, a tirar fotos e a tocá-las.

“Acho que Ai está a questionar todo o mundo, toda a ideia de posse, de permissão cultural e de nacionalismo”, disse à Reuters Franklin Sirmans, curador do museu. A instalação baseia-se numa série de esculturas feitas no século 18 pelo artista milanês Giuseppe Castiglione, que foi pintor da corte do imperador Kangxi, da dinastia Ching. As estátuas originais adornavam o entorno de uma fonte no jardim Yuanming Yuan, nos arredores de Pequim.

BANCO MUNDIAL EXORTA CHINA A MUDAR DE MODELO ECONÓMICO COMÉRCIO COM PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA SOBE 27% As trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa aumentaram 27% nos primeiros sete meses do ano face ao período homólogo de 2010 para 62,9 mil milhões de dólares. De acordo com as estatísticas dos Serviços de Alfândega da China divulgadas pelo Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau, até Julho a China comprou aos oito países de língua portuguesa produtos no valor de 41,6 mil milhões de dólares, mais 23% face ao ano transacto. Já as vendas efectuadas pela China aos mesmos países entre Janeiro e Julho sofreram um acréscimo de 35,6% comparativamente ao período homólogo de 2010, ao cifrarem-se em 21,3 mil milhões de dólares. O Brasil manteve-se como o principal parceiro lusófono da China com um volume de trocas comerciais de 45,1 mil milhões de dólares, mais 38,6% face ao período homólogo do ano passado.

Prazo para desigualdades sociais O

presidente do Banco Mundial exortou a China a mudar o seu modelo de crescimento a médio prazo, através de um “aumento da procura interna” e “inclusão social para subverter a actual desigualdade de rendimentos”. Segundo um comunicado, Robert Zoellick, que está de visita ao país, afirmou que a China já se converteu “num país com rendimentos médios pelo que não pode continuar a ter confiança em modelos de crescimento que funcionavam quando os rendimentos eram baixos”. O presidente do Banco Mundial encontra-se na China para discutir os primeiros resultados sobre a análise conjunta dos desafios a médio prazo do país asiático. Robert Zoellick reconheceu as conquistas de Pequim desde 1980, entre as quais elencou o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) de dez por cento durante três décadas, o facto de ter retirado 500 milhões de pessoas da pobreza e ainda o feito de se ter convertido no principal exportador mundial.

Não obstante os feitos, o presidente do Banco Mundial sublinhou a necessidade da economia chinesa desempenhar o novo papel como um dos “grandes motores económicos mundiais”. “As autoridades chinesas sabem o que têm de fazer (…) agora o que precisam é que todos esses planos sejam colocados em marcha e passar do que fazer ao como se deve fazer”, disse Robert Zoellick durante um discurso em Pequim intitulado ‘Os desafios da China para 2030’. Entre os desafios que a China tem pela frente, o presidente do Banco Mundial destacou designadamente a necessidade de um crescimento interno e sustentável, a protecção ambiental, a rápida urbanização da sociedade e também a modernização dos sistemas fiscal e financeiro. “A China pode superar esses desafios e converter-se numa sociedade moderna, harmoniosa e criativa que entendeu responsavelmente o seu lugar no panorama internacional”, concluiu.

MENINA DE 4 ANOS CONDUZ CARRO... E PAI DÁ INSTRUÇÕES A cena está gravada e já está no YouTube. Uma menina chinesa que aparenta quatro anos conduz durante cerca de dois minutos um carro. Um homem, alegadamente o pai, vai no banco de trás. Supostamente, os dois adultos que vão no carro são os pais da menina. A mulher segue no banco do pendura, a filmar a viagem numa estrada movimentada e com várias faixas de rodagem; o homem vai no banco de trás a dar instruções. A menina vai conversando e, durante o percurso, faz ultrapassagens e passa por semáforos. No final do vídeo encosta à berma e dá lugar ao homem.


E à sétima semana Macau surgiu no Wikileaks. Novidades? Sim e não. Como é habitual, trata-se de relatórios norte-americanos que a organização dirigida por Julian Assange divulga. E lá estão os nomes de informadores e outras pessoas cuja opinião conta para o pessoal diplomático de Hong Kong. Não pudemos deixar de sorrir. Carlos Morais José, P. 25

A

China está a expandir os laços políticos e económicos nos países de África, o que aumenta cada vez mais sua influência e começa a preocupar o Governo dos Estados Unidos. Os investimentos e a ajuda de Pequim aos países africanos visam ampliar o acesso aos recursos naturais e à crescente classe média. Enquanto a China mergulha nas economias da região, líderes, da África do Sul à Etiópia, defende o modelo chinês de desenvolvimento - um modelo que se baseia em expansão liderada pelo Governo, valida a mão forte no controlo político e oferece um contraponto ao mantra de democracia e mercado livre promovido pelos EUA. A forma como a China é recebida nas capitais contrasta com reclamações por todo o continente sobre como as empresas chinesas tratam os trabalhadores e lidam com o meio ambiente. No Zimbabué, até mesmo a oposição ao presidente Robert Mugabe vê com bons olhos a estratégia comercial dos chineses de não ligar os negócios à política. “O modelo chinês mostra que é possível ter sucesso sem seguir o exemplo do ocidente”, disse o vice-primeiro-ministro Arthur Mutambara, membro do partido de oposição que faz parte do estranho Governo de coalizão de Mugabe, que por sua vez tem ligações profundas com a China.

www.hojemacau.com.mo

3

China compete com EUA por influência na África

Quem vai levar a melhor? O maior dador estrangeiro para o Zimbabué são os EUA, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico. A maior parte da assistência chega através de organizações não governamentais, muitas delas críticas ao Governo. Isso não é bem recebido por muitas autoridades. “A China é o meu país favorito”, disse Mutambara, um político de 45 anos que estudou em universidades americanas. Washington está de olho. Algumas autoridades americanas dizem que o número de governos africanos atraídos pelo modelo chinês de desenvolvimento é uma vantagem para as empresas da China em relação aos concorrentes americanos e reflecte a ambição estratégica de Pequim para o continente. “Está claro que o modelo de capitalismo estatal está sendo usado pela China como um instrumento do poder de influência”, ou “soft power”, disse Robert D. Hormats, subsecretário para Assuntos Económicos do Departamento de Estado dos EUA. A China diz que está simplesmente a fazer negócios, em grande parte para apoiar a própria economia doméstica, e a desenvol-

ver relações com governos africanos. Pequim não está a fazer propaganda de um modelo de desenvolvimento em detrimento da alternativa ocidental, disse Liu Gujin, representante especial da China para negócios com a África. “A China não quer exportar a nossa ideologia, o nosso governo, o nosso modelo. Não o vemos como um modelo maduro.” Muitos líderes africanos pensam diferente. A Etiópia, que recebeu mais de 4000 milhões de dólares em assistência do Governo americano desde 2007, elogiou o crescimento chinês e criticou a forma ‘penso-rápido’ como o ocidente encara o desenvolvimento, com soluções temporárias mas que não eliminam a raiz dos problemas. A África do Sul tem enviado membros do Governo para a Escola do Partido Comunista em Pequim para aprender como administrar estatais a visar lucros. A China está a ajudar a Argélia, a Nigéria, o Zâmbia e outros países a criar zonas económicas especiais - parecidas com os laboratórios industriais que impulsionaram a abertura chinesa para o resto do mundo. Fabricantes de tecidos,

FACTURAÇÃO DAS 500 MAIORES EMPRESAS CHINESAS CRESCE

O admirável reino do lucro O

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011

volume de negócios das 500 maiores empresas chinesas cresceu 31,6% em 2010, face ao ano anterior, atingindo os quatro biliões de euros, segundo dados anunciados pela agência Nova China. A primeira empresa chinesa, em termos de facturação, é a produtora e refinadora de petróleo Sinopec, com 217 mil milhões de euros, enquanto a segunda é a sua concorrente a China National Petroleum Corp (CNPC), com 190 mil milhões de euros, segundo o ranking da Confederação das Empresas Chinesas e da Associação dos Directores Chineses de Empresas Chinesas. Na terceira posição surge a eléctrica State Grid, que alcançou

um volume de facturação de 169 mil milhões de euros. No grupo das primeiras dez empresas do ‘ranking’, todas detidas maioritariamente pelo Estado, está ainda o Banco Industrial e Comercial da China (ICBC), a operadora China Mobile, as sociedades do sector ferroviário China Railway Group e China Railway Construction, a China Construction Bank, a seguradora China Life Insurance e o Banco da Agricultura da China. Os lucros conjuntos das 500 primeiras sociedades chinesas cresceram 38,67% no ano passado, para 229 mil milhões de euros, face ao ano anterior, avançou a agência Nova China.

empreiteiras e donos de restaurantes chineses seguiram os passos das estatais em direcção ao continente. A combinação de capitalismo PUB

estatal com zelo empreendedor é um exemplo atraente para muitos líderes africanos que procuram impulsionar investimentos.

A China agora é o maior parceiro comercial do continente, passando os EUA. Mthuli Ncube, economista-chefe do Banco de Desenvolvimento da África, estima que 40% dos contratos de negócios assinados no ano passado envolveram empresas chinesas, contra 2% de empresas americanas. Em Adis-Abeba, Etiópia, centenas de chineses e etíopes constroem a sede que vai receber os 53 membros da União Africana. A China está a pagar a conta de 200 milhões de dólares da construção da torre e centro de convenções. As autoridades chinesas não estão a competir com os EUA por influência, dizem elas. “Não é China contra EUA. É o que quer que ajude os etíopes”, disse Zeng Huacheng, que administra o projecto como conselheiro da embaixada chinesa na Etiópia.


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

4

WikiLeaks | Relatórios confidenciais sobre Chui Sai On

Gonçalo Lobo Pinheiro glp@hojemacau.com.mo

O jogador, o padrinho ou o xerife?

A

A rede WikiLeaks divulgou mais um lote de telegramas confidenciais enviados a autoridades dos Estados Unidos, nos quais Macau aparece com destaque. O Consulado norte-americano em Hong Kong fez chegar ao Departamento de Estado mais de 100 documentos a citar a RAEM. Chui Sai On merece grande atenção que em Pequim escolhem a capacidade e confiança das suas conexões”, revela o relatório secreto. Consultado uma vez mais pelas hostes norte-americanas, o deputado Pereira Coutinho, referiu que “Tam tem altas taxas de capacidade e obediência, mas sempre foi colocado de lado nas decisões mais importantes”. Aliás, Francis Tam terá dito que “haveria muitas mudanças a operar depois dos escândalos de corrupção”, contudo disse-o “resignado que não teria qualquer hipótese para ser Chefe do Executivo”.

HOJE MACAU

escolha do actual Chefe do Executivo, Fernando Chui Sai On, não foi pacífica, revela um relatório confidencial de 18 de Março de 2009 trocado entre o Consulado Geral dos EUA em Hong Kong e a Administração norte-americana, divulgado no passado dia 30 de Agosto pelo WikiLeaks. De acordo com as novas da organização de Julian Assange, Fernando Chui Sai On não seria a primeira escolha, pelo menos até ao abandono do procurador-geral Ho Chio Meng da corrida. “O caso Ao Man Long coloca a candidatura de Chui na corda bamba. Francis Tam tem reconhecimento mas o seu apoio é morno. Alguns observadores acreditam que Ho Chio Meng está a ganhar terreno”, pode ler-se no relatório. Contrariamente a Edmundo Ho, Pequim desejava um “administrador com as mãos limpas e um comportamento obediente”. Para o cônsul-geral da altura, Joe Donovan, que redigiu o relatório agora divulgado, Chui Sai On “partia como favorito muito por culpa do apoio directo de Edmund Ho”, contudo as três opções andariam à volta da “continuidade, das conexões, da posição social e de uma certa arrogância”. Com o processo de selecção devidamente esmiuçado no relatório do Consulado dos EUA em Hong Kong, a dúvida residia apenas na preferência final dos observadores. “Embora várias pessoas tenham sido apontadas como candidatas para o cargo, nenhuma delas está activamente em campanha”, diz o documento divulgado pelo WikiLeaks. “Como Pequim ainda não indicou a sua preferência, nenhum dos candidatos quer ser visto como que a correr contra a vontade do Governo Central”, acrescenta mais à frente. Joe Donovan conversou ainda com o deputado da Assembleia Legislativa (AL) José Pereira Coutinho que lhe transmitiu a sua opinião sobre o processo de eleição

POLÍTICA

SANGUE NOVO ADIADO

do novo Chefe do Executivo da RAEM. “Coutinho disse-nos que um dos critérios principais de Pequim será a obediência. É esperado o fim do homem só da era Edmund Ho, com o aumento concomitante da importância dos secretários”, pode ler-se.

ESCOLA VELHA E O ESCÂNDALO

Numa apreciação aos principais nomes aventados para Chefe do Executivo, o Consulado dos EUA em Hong Kong afirmou que Chui Sai On “é oriundo de uma família importante de Macau, conforme o que aconteceu com Edmundo Ho”. Contudo, o caso Ao

UMA CORRIDA SEM CHAMA

Sem adversário, Chui Sai On foi o Chefe do Executivo escolhido. Com Francis Tam e Ho Chio Meng a atirarem a toalha ao chão antes do confronto final, Chui Sai On “tem o caminho aberto para ser o novo líder do Governo”. De acordo com o académico Eric Sautede, mencionado no relatório, “a harmonia social superou a corrupção no cálculo de Pequim”. “Tendo Ho Chio Meng processado o maior caso oficial de corrupção de Macau, isso serviria apenas para realçar a importância da corrupção na sociedade de Macau”, pode ler-se no relatório de 12 de Junho de 2009, redigido pelo vice-cônsul Christopher Marut. A corrida a Chefe do Executivo nunca foi considerada uma verdadeira prova de esforço. Quem o diz é Marut, nas suas conclusões no relatório. “A única questão era saber qual dos candidatos teria o consentimento de Pequim. Chui aparenta ser o herdeiro possível mas a sua marcha para o trono pode não ser um passeio agradável”, referiu Marut.

Man Long e as derrapagens na construção do estádio para os Jogos da Ásia Oriental em 2005 poderiam deitar tudo a perder. “Ao Man Long foi um duro golpe na credibilidade de Edmund Ho e do seu

Governo junto de Pequim. Além disso, o secretário Chui Sai On enfrentou problemas relacionados com o enorme custo, derrapagens e uso de trabalho ilegal na construção do estádio para os Jogos da Ásia Oriental

em 2005”, afirma Joe Donovan.

TAM, O SEDUTOR

Mais atrás, na peugada de Chui Sai On, aparecia Francis Tam. “Continua a ser o favorito para aqueles

“Algumas mentes de Pequim terão visto no procurador geral Ho Chio Meng o homem ideal para varrer a corrupção de Macau”, lê-se nas palavras do cônsul-geral Joe Donovan, depois daquele ter sido “bem-sucedido no, talvez, maior caso de corrupção da história de Macau”. José Pereira Coutinho foi, de acordo com os americanos, o maior impulsionador da candidatura de Ho Chio Meng que não viria a surtir quaisquer efeitos. “Circulam rumores que Ho não é uma pessoa de Macau – embora nascido em Macau foi criado na China continental - como os outros. Na verdade, dizem que terá sido colocado em Macau por Pequim”, informa Joe Donovan à secreta dos EUA. “Em última instância, Pereira Coutinho sugere que Ho poderá ser secretário para a Administração e Justiça se o escolhido for Francis Tam”, acrescenta Donovan.


CHUI GARANTE QUE GOVERNO ESTÁ DE OLHO NA INFLAÇÃO

O líder do Governo, Chui Sai On, garante que o Executivo segue bastante atento à inflação e, se necessário, poderá lançar novas medidas graduais de combate ao problema. Segundo Chui, será dada continuidade aos trabalhos já anunciados, com uma especial atenção à situação da inflação. O responsável reiterou que caso se mantenha a tendência de subida da taxa, o Governo irá reforçar os meios para tentar garantir a estabilização de preços, procura de novas fontes de origem e uma maior transparência de preços.

A

organização Wikileaks divulgou agora uma série de relatórios confidenciais escritos em 2009 pelo então cônsul-geral dos Estados Unidos em Hong Kong, Joe Donovan, a questionar a inclusão do artigo n.º 23 na Lei Básica da RAEM. Segundo fontes locais citadas pelo cônsul, o projecto de lei ainda se mostrava vago quando se falava em proteger os profissionais da comunicação. Contudo, Chum Lam Iam, directora do Gabinete para a Reforma Jurídica, já tinha afirmado à imprensana altura em que se discutiu a punição dos actos preparatórios contra a segurança do Estado, que os jornalistas não podem ser acusados de “subtracção de segredo de Estado”, uma vez que não têm acesso directo a este tipo de informação. De acordo com os dados revelados pela organização, Nuno Lima Bastos, consultor jurídico que assinava uma coluna de opinião no jornal “Macau Post” mostrou-se contra o artigo, contudo afirma que houve uma melhoria na revisão do projecto apresentado à Assembleia Legislativa. Jorge Godinho, professor de Direito da Universidade de Macau, escreveu que é necessário mais clareza e uma análise jurídica mais profundas nos pontos que defendam os jornalistas de investigação. Resumindo, os advogados falam de indefinições nas disposições do artigo e das questões de liberdade de imprensa como direito do público à informação. A responsabilidade ficava então nas mãos dos tribunais: se um jornalista se sentar no banco dos

“E

MBORA a sua integridade pessoal nunca tenha sido questionada, muitos vêem Florinda Chan como ineficaz, sendo mais uma ajudante de Edmund Ho”, relata o cônsul-geral interino dos EUA em Hong Kong, Christopher Marut. Esta foi a apreciação sobre Florinda Chan acerca dos secretários escolhidos por Chui Sain On para formarem Governo. “A continuidade claramente superou todas as outras considerações”, referiu Marut em relação ao facto de o Governo de Chui Sai On ser quase o mesmo de Edmund Ho.

5

Jornalistas livres do artigo 23. ?

A MÁ NOTÍCIA: A QUALIDADE DOS JUÍZES Citando uma das fontes “desde que a qualidade dos juízes de Macau não piore”, o artigo 23 não será um ameaça aos direitos dos cidadãos ou dos jornalistas. O relatório norteamericano tornado público pela WikiLeaks cita advogados portugueses em Macau, que se mostraram contra o projecto de lei e preocupados com a qualidade dos potenciais magistrados do território. Um sistema jurídico de influência portuguesa, aumenta a necessidade de um maior número de magistrados. Mas como refere o relatório, um diploma é insuficiente quando não há experiência de trabalho. A solução, citando as fontes, é recrutar juízes experientes de Portugal. Contudo Jorge Neto Valente, presidente da Associação de Advogados, é mencionado como não acreditando que o Governo esteja interessado nesta opção. O relatório, com base em causídicos portugueses, fala em

“pressão política nas decisões dos juízes” e revela um apelo para um maior ao desenvolvimento e independência do sistema jurídico da RAEM. Devido a estas preocupações, Jorge Godinho pretende apresentar uma proposta ao artigo 23, nomeadamente no que diz respeito aos direitos dos jornalistas. Neto Valente explica ainda que o ensino do Direito no território segue uma lógica específica de Macau. O candidato tem que possuir um diploma da UMAC ou de uma universidade portuguesa e é sujeito a vários exames, desde conhecimentos legais, competências linguísticas a um perfil psicológico, nos quais apenas 5-10% conseguem passar e frequentar um curso de três anos. Depois são novamente sujeitos a um série de exames e avaliações e divididos entre os que querem ser magistrados e os que se tornam advogados públicos.

Os suspeitos do costume glp@hojemacau.com

www.hojemacau.com.mo

WikiLeaks | A boa notícia: são os tribunais que decidem

WIKILEAKS | CHUI SAI ON HERDA QUASE TODO O GOVERNO DE EDMUND HO

Gonçalo Lobo Pinheiro

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011

Aliás, o cônsul-geral interino referiu ainda a surpresa de Francis Tam como secretário para a Economia e Finanças porque “seria provável que fosse para a Fundação Macau”, bem como de Ho Chio Meng na Procuradoria. “Permanece no cargo porque simplesmente há falta de talento”, pode ler-se no relatório. Alusão para Fátima Choi. Murat refere que Choi perdeu o seu lugar no Comissariado da Auditoria (CA) porque “os meios de comunicação sugerem uma ligação de Choi à derrapagem de 1,4 mil milhões de patacas na construção do estádio para os Jogos da Ásia Oriental, obra orientada e chefiada por Fernando Chui Sai On”. Contudo não fica bem claro se foi

Fátima Choi a ser demitida ou se ela própria terá pedido demissão, alegando “sangue novo”. “Chui Sai On diz ter respeitado a sua [Choi] vontade pessoal, mas Choi negou ter sido ela a propor a saída”, escreveu Murat em 25 de Novembro de 2009. A nomeação de Vasco Fong para o Comissariado contra a Corrupção (CCAC) também mereceu a atenção dos EUA. Apesar de ter sido mais pacífica do que o caso Fátima Choi, Vasco Fong não se livrou da ligação que a sua irmã mantinha com pessoas ligadas a Ao Man Long. Na altura disse à comunicação social que “reconhecia o vínculo, mas que Macau tinha leis para evitar o conflito de interesses”.

Christopher Marut

o

réus, são eles que ficam com o poder de decidir se a publicação de informações sigilosas é ou não de interesse público e se houve uma intenção deliberada por parte do profissional em “trair a pátria”. Contudo, no início do ano, Chu Lam-Iam, que redigiu o texto do artigo em causa, afirmou que as disposições do projecto de lei relativamente ao sigilo não constituem um risco para os jornalistas. Ressalvou também, que são os tribunais que têm o poder de decidir o interesse público na divulgação de informações classificadas contra a segurança nacional. Joe Donovan escreveu ainda, que seguindo a legislação pelo prisma de Chu, “o artigo não representa um risco para os direitos humanos, nem para a liberdade de expressão”, lê-se no documento. A directora explicou que a legislação do artigo 23 segue o Código Penal e só assim pode ser interpretado, sublinhando ainda, que segundo a legislação de Macau, actos preparatórios não é o mesmo que conspiração, segundo o conceito da lei comum. O projecto de lei tem em conta crimes particulares, como traição à pátria, secessão, subversão, sedição, desvio de segredos de Estado e impede de contactos internacionais de associações políticas.


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

6

PUB.


DEMOCRATAS EXIGEM MAIOR PRIORIDADE AOS TRANSPORTES PÚBLICOS

A Associação Novo Macau Democrático quer que a Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) dê prioridade aos transportes públicos. Responsáveis da associação estiveram na sexta-feira reunidos com o director da DSAT, Wong Wan, para dar conta das queixas dos residentes em relação ao novo sistema de autocarros. No final do encontro, o presidente da Novo Macau, Jason Chao, disse que o grupo recebeu uma resposta muito positiva de Wong Wan mas, a longo prazo, não vê um plano detalhado do Governo para dar prioridade aos autocarros.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

7

POLÍTICA

WikiLeaks | Corrupção, crime organizado e assuntos económicos dominam

O que dizem os relatórios sobre Macau Vanessa Amaro

vanessa.amaro@hojemacau.com.mo

O

S EUA bem tentaram, mas não conseguiram estabelecer um consulado no território, apesar do apoio do antigo Chefe do Executivo, Edmund Ho. Os norte-americanos revelam uma crescente preocupação pela disseminação da corrupção, pela falta de transparência do Governo e pelo crime organizado. Grande parte das informações enviadas para o Departamento de Estado norte-americano pelo Consulado de Hong Kong versam sobre o interesse das operadores de jogo dos EUA em manter um ambiente propício para arrecadar maiores receitas. • “O crescimento extremamente rápido das indústrias do jogo e do entretenimento de Macau, combinado com o tradicional ambiente regulador relaxado, com a presença histórica do crime organizado e com a participação crescente da República Popular da China, implica um terreno potencialmente fértil para a exploração por parte dos criminosos. Existe preocupações de que o desenvolvimento comercial e económico de Macau (uma grande parte gerado pelo investimento norte-americano no sector do jogo) ultrapasse as capacidades de efectivamente regular, inspeccionar e apoiar do Executivo.”

• “O presidente do MGM Macau Grant Bowie disse que um relatório da Divisão para a Regulamentação do Jogo de Nova Jérsia (DGE) liga Stanley Ho a actividades do crime organizado. O documento conclui que Pansy Ho recebeu um apoio financeiro substancial do seu pai e do conglomerado do jogo de Stanley. Os acordos entre Pansy e Stanley são provas suficientes para classificá-la como uma parceira imprópria para o MGM. Segundo Bowie, os investigadores norte-americanos visitaram Macau ‘muitas vezes’ e receberam muito pouco apoio da Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ). Bowie disse que a ‘DGE continua a pedir informações, mas o DICJ nunca lhes responde’ (...) O relatório do DGE critica injustamente Pansy pelos pecados do seu pai”. 21 de Maio de 2009, confidencial

• “A hipersensibilidade da imprensa e de alguns deputados em relação a esta história [possível esquema de corrupção por parte de Edmund Ho] serve como um alerta da forte preocupação da sociedade quanto a uma governação limpa, especialmente depois do escândalo de corrupção com Ao Man Long. Com o Governo de Macau a nadar em dinheiro proveniente do jogo e sob pressão de problemas sociais não estarem em pauta, a população irá continuar a mostrar pouca paciência para a falta de transparência e responsabilidade das autoridades.” • “O recém-chegado comissário do Ministério dos Negócios Estrangeiros em HK, Lu Xinhua, convidou o cônsul-geral Cunningham para um almoço privado a 3 de Abril

• “O director-executivo do DBS Bank Andrew Fung está entre os 153 membros da Comissão para o Desenvolvimento Estratégico de HK, uma entidade que aconselha

16 de Agosto de 2007, confidencial

23 de Fevereiro de 2009, confidencial

4 de Abril de 2006, confidencial

• “O ‘boom’ de Macau – baseado em milhões de dólares de investimento estrangeiro e quatro anos de subidas no número de turistas – está a contrair-se. Os apostadores chineses são responsáveis pela maior parte de fundos a indústria do jogo, o que faz com que Macau esteja a ser vista como indesejável por Pequim. Há uma percepção alargada que com a ajuda de grandes ‘junkets’, alguns chineses apostam em Macau com dinheiro público e fruto da corrupção. Parte dos lucros vão para as mãos de organizações criminosas chinesas e outras a operar em Macau. A decisão de Pequim de restringir a entrada de cidadãos chineses em Macau tem um lado positivo: fazer com que os operadores pensem em outro tipo de clientes. (...) Os operadores enfrentam um dilema: expandir massivamente os investimentos como planeado ou dar um passo atrás.”

15 de Dezembro de 2006, não classificado

falta de investimentos chineses no território.”

para, cordialmente mas de forma bastante clara, reiterar que consulados em Hong Kong não devem interferir em assuntos locais. (...) Lu disse que seria mais duro que o seu antecessor.”

23 de Outubro de 2008, confidencial

o Chefe do Executivo acerca de objectivos e necessidades a longo prazo. Fung disse-nos que os seus colegas estão a discutir activamente e a realizar estudos sobre o futuro da indexação do dólar de HK ao dos EUA. Fung afirmou que uma vez que o yuan comece a valorizar, os especuladores iriam assumir que o dólar de HK também subiria. (...) Fung acredita que o Chefe do Executivo não irá alterar a indexação antes das eleições de 2007.” 3 de Abril de 2006, confidencial

• “O Consulado Geral está a 40 milhas, ou a uma hora de barco, de Macau. Esta separação física é um desafio logístico para a expansão da nossa presença na RAEM. O cônsul-geral já manifestou preocupação pela falta de apoio a um crescente número de cidadãos norte-americanos a residir em Macau (agora já são mais de 2000), por isso discutiu a possibilidade de um Consulado próprio em Macau com o Chefe do Executivo e com o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China. Enquanto que o líder do Governo mostrou-nos o seu apoio, o Ministério disse que iria estudar o assunto.” 11 de Junho de 2008, confidencial

• “Wan [Yongxiang, comissário dos Negócios Estrangeiros em Macau] tem 65 anos e está de malas feitas para deixar a RAEM no fim deste mês. Ele disse que a seguir quer reformar-se. A sua linguagem corporal deixou claro que ele não se quer meter em projectos nos seus últimos dias em Macau. Acreditamos que sem o apoio implícito ou explícito do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Macau, não há maneira de se tentar [ter um Consulado dos EUA em Macau] directamente com Pequim.” 16 de Maio de 2008, confidencial

• “É provável que a economia de Macau esteja em alta-roda uma vez que 70% do lucro do jogo entra directo nos cofres do Governo. Tanto no sector público como no privado as pessoas parecem estar optimistas e ao mesmo tempo aliviadas. A economia de Macau tem crescido bastante desde a liberalização do jogo em 2002. Em 2007 atingiu-se um crescimento na ordem dos 27%, com a ajuda directa do turismo. O Governo Central tem vindo a exigir que Macau diversifique a sua economia, não dependendo exclusivamente do jogo. Contudo, o presidente Xi Jinping destacou a

QUEM SÃO OS “INFORMADORES”

Várias personalidades de Macau são citadas nos mais de 100 relatórios “confidenciais” ou “classificados” produzidos pelo Consulado dos Estados Unidos em Hong Kong e enviados às autoridades norte-americanas. Nos documentos tornados públicos pela organização WikiLeaks, aparecem nomes como os dos deputados José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong, que mantiveram conversas privadas com o cônsul dos EUA. Também o director do jornal “Macau Post”, Harald Bruning, ou Patrícia Ferreira, antiga coordenadora-adjunta do Gabinete para os Assuntos do Direito Internacional (GADI) foram consultados sobre temas que preocupam os norte-americanos. Há ainda académicos, como Eilo Yu, Agnes Lam e Eric Sautede, todos da Universidade de Macau, ou o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), Anselmo Teng.

• “Os executivos que lideram os casinos norte-americanos tem tido o cuidado de não fazer declarações públicas que impliquem críticas ao Governo de Macau. É notório o esforço pelo manter de boas relações com o Executivo. As críticas, sempre de índole privada, foram feitas à Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) e reflectem preocupação com os lucros que vão para o Governo e suas influências, bem como o crime organizado. A DICJ está confortável com todo o quadro legal em vigor, mas os líderes do sector privado têm notado a existência de muitas lacunas. A maioria dos nossos informadores acham que a China vai exercer da sua influência em 2009 e o Chefe do Executivo terá de promover a selecção de indivíduos que supervisionem e controlem os ‘junkets’.” 23 de Janeiro de 2009, confidencial

• “Os nossos contactos no CCAC – e outros dentro e fora do Governo – já nos disseram uma série de vezes que a capacidade do organismo em lidar com a crescente corrupção é muito limitada. Há uma crescente preocupação em relação à ligação de altos cargos a magnatas do jogo. (...) Com tanto dinheiro proveniente do jogo a entrar, não se percebe porque é que o Governo não investe mais em melhorias na sua actuação.” 6 de Setembro de 2007, confidencial

• “Recentes declarações dos nossos informadores dizem que o sentimento anti-estrangeiro não tem aumentado nos últimos tempos. Uma minoria está descontente por temer a radical mudança económica e social que o investimento estrangeiro trouxe ao território, no entanto, a grande maioria tem sido materialmente beneficiada. Os excedentes orçamentais de Macau nunca foram tão altos e o desemprego continua em baixa, com os salários reais a aumentarem significativamente. Na ausência de despedimentos bem como de processos de falência, esperamos que o sentimento anti-estrangeiro continue em baixa em Macau.” 13 de Fevereiro de 2009, confidencial


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

8

SOCIEDADE

Adolescente agredido por adulto; testemunhas acusam polícia de “deturpar declarações”

Uma esquadra problemática

U

M rapaz de 14 anos, de uma família tradicional macaense, foi violenta e repetidamente agredido por um homem, com cerca de 40 anos, por se ter enganado na porta e tocado à campainha errada. Tudo aconteceu sábado passado, na Taipa, nos blocos residenciais Nova City, por volta das 19h00. O homem terá dito à polícia ter pensado que se tratava de um “ladrão”, o que atendendo ao aspecto do adolescente é difícil de acreditar. Mas o mais estranho é que

quando familiares e testemunhas prestaram declarações na esquadra mais próxima, o agente encarregado de as registar se recusou a escrever aquilo que lhe era declarado, argumentando que “escreveria mais tarde”. No meio de tudo isto, o alegado agressor proferiu uma série de frases racistas contra um dos amigos da vítima, que o acompanhava.

ERRO FATAL

Tudo começou quando o rapaz se dirigiu a casa de um amigo,

que vive no mesmo edifício, mas enganou-se na porta por ser a primeira vez que lá ia. Tocou à campainha e quando a porta se abriu “foi imediatamente agredido à bofetada”, segundo contaram ao nosso jornal. Em pânico, os dois amigos da mesma idade que o acompanhavam fugiram pelas escadas. A vítima que, segundo referiu ao Hoje Macau, não percebeu a razão da agressão, fugiu igualmente pelas escadas do prédio. Só que o alegado agressor persegui-o até ao andar inferior e continuou

a esbofeteá-lo até que os vizinhos, sobressaltados pelo barulho terem surgido para ver o que se passava. Só então um vizinho conseguiu parar com as agressões. Alertada a família, o caso foi levado a uma esquadra da Taipa. Aí, estranhamente, o polícia encarregado de registar o incidente recusou-se, segundo as testemunhas, a escrever o que lhe estava a ser narrado. “As nossas declarações não estavam a ser respeitadas. A polícia parecia estar a favor do agressor”, disseram ao Hoje Ma-

cau. De igual modo, foi relatado ao nosso jornal que “a polícia esteve sempre muito mais interessada em ouvir o agressor e não a vítima ou as testemunhas”. Quando o Hoje Macau chegou à esquadra o alegado agressor estava no seu interior a prestar declarações, tendo a sua esposa surgido para lhe levar um “tapau” e algumas bebidas. É a segunda vez que, num curto período de tempo, surge este tipo de queixa contra esta esquadra que não só não tem ninguém que compreenda português, como se recusa a chamar um intérprete oficial, como vem explícito na lei. A primeira vez passou-se com Georgina Rangel, também vítima recente de uma violenta agressão.

RACISMO EM ACÇÃO

ESTRANGEIROS SÃO MAIS DE 60% DOS DETIDOS

Reclusos como cogumelos Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

O

número de prisioneiros em Macau já está quase a alcançar o milhar, constituindo já o registo mais elevado da última década. Os estrangeiros detidos aumentaram 10%, perfazendo actualmente 60% de toda a população prisional. De acordo com os dados da polícia, os crimes cometidos por imigrantes envolvem sobretudo tráfico de drogas e actividades ilícitas relacionadas com jogo. Em Julho deste ano, o número de reclusos no Estabelecimento Prisional de Macau (EPM) era de quase mil, confirmou Lee Kam Cheong, director do presídio. O crescimento

proporcional do número de estrangeiros detidos estará relacionado com o desenvolvimento da sociedade e o aumento do número de imigrantes. O aumento da população prisional tem tornado cada vez mais urgente a necessidade de expansão das instalações do EPM, bem como reparações na prisão feminina. Prevista para estar concluída no primeiro trimestre do próximo ano, essa expansão irá aumentar a capacidade do estabelecimento em 100 camas. Quanto à equipa de funcionários e guardas prisionais, parece ser ainda suficiente, embora o EPM esteja já a recrutar mais guardas prisionais, garante Lee Kam Cheong. As obras da nova prisão actualmente em

construção em Ka-Hó estão a cargo da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Lee Kam Cheong espera que o novo estabelecimento esteja pronto em 2014, com uma capacidade para albergar 2700 prisioneiros. A lotação da prisão para mulheres, que conta com 180 camas, atingiu as 141 utilizadas. O EPM pretende por isso expandir a cadeia feminina, com a data prevista para a conclusão das obras a situar-se no primeiro trimestre do próximo ano. Mais uma centena de camas poderá ser acrescentada. Além disso, o projecto de expansão prevê a adopção de alguns elementos de protecção ambiental de forma a reduzir o desperdício de recursos.

Desta vez alguém próximo da família da vítima percebeu imediatamente que as testemunhas não estavam realmente ouvidas e as suas declarações registadas. “Eu disse que deparei com um indivíduo muito violento para os três miúdos, que inclusivamente chamou a um deles ak-kwai (“diabo negro”, uma expressão perjorativa que se aplica a pessoas de origem africana), colocando-lhe o dedo perto do nariz”, contou uma testemunha ao Hoje Macau, espantada pelo facto das suas declarações não serem registadas. Sendo os familiares do rapaz proficientes em cantonense, pediram para que tudo fosse escrito e lido em voz alta para verificar se estava nos conformes. Mas nada disto se passou. Familiares, testemunhas e amigos estavam ontem, na esquadra, revoltados com o tratamento que a polícia estava a dar ao caso. “Temos de interpelar a recente comissão para investigação dos comportamentos das Forças de Segurança, chefiada por Leonel Alves, para que tudo isto seja esclarecido”, disseram ao nosso jornal. “O que mais nos revolta é que vivemos ao lado de pessoas que partem para a violência e para a agressão com toda a facilidade. E, claro, escolhem vítimas mais fracas e sem possibilidade de realmente retorquirem. Primeiro, foi o caso de Gina Rangel. Agora este. Onde é que isto vai parar?”, concluíram. - HOJE MACAU


RECOLHIDOS MAIS DE 224 MIL QUESTIONÁRIOS NOS CENSOS

Mais de 224 mil questionários foram submetidos durante os 15 dias de recenseamento da população em Macau, decorrendo até ao dia 9 uma reinquirição junto de 3000 agregados para a verificação de dados. O recenseamento – o segundo desde a transferência do exercício de soberania – foi realizado, pela primeira vez, através da Internet, via pela qual foram preenchidos 15.600 questionários. Já num total de 9800 habitações não se procedeu à recolha de informação durante o período para o efeito, nomeadamente por parte dos agregados não se encontrarem em Macau. Os resultados oficiais vão ser publicados em Abril de 2012, sendo de esperar que, até ao final do mesmo ano, sejam divulgadas projecções da população de Macau até 2036.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

9

Motoristas de autocarros instados a mudar atitude rude para com os passageiros

Operação simpatia Virginia Leung

virginia.leung@hojemacau.com.mo

O

novo sistema de autocarros públicos, com a adição de uma nova companhia operadora às duas anteriormente existentes e o aumento no número de veículos a circular, tem estado sob o escrutínio popular e no centro de uma chuva de críticas dos utilizadores, insatisfeitos com os serviços prestados pelos motoristas. A Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) está a acelerar a formação de condutores de veículos pesados de passageiros, com tónica não apenas na técnica da condução, mas também na atitude para com os utilizadores do serviço e na resposta em caso de emergência. Desde as mudanças verificadas no modo de admissão para os cursos de condução de veículos pesados, tanto o recrutamento como a situação do emprego têm melhorado e acredita-se que exista já uma tendência para a adesão de mais aprendizes de condutor de autocarro ao sector dos transportes até ao fim do ano, prevê Shuen Ka Hung, director da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL).

A formação de condutores de pesados de passageiros tem aumentado de ritmo e, de acordo com Shuen Ka Hung, se os formandos vierem a assinar contratos com os operadores, tal como o esperado, as propinas pagas poderão ser reembolsadas dentro de meio ano. A DSAL tem chamado a si a responsabilidade de basicamente toda a formação de condutores para as categorias D1

(veículos de apenas até 25 lugares sentados) e D2 (restantes) e espera que cada vez mais motoristas de pesados possam gradualmente vir a fazer parte do sector dos transportes, até ao fim do ano. Os cursos têm tido uma ênfase especial na segurança, qualidade do serviço e na atitude dos condutores, explicou Chan Veng Un, vice-presidente da Associa-

ção dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, citado pelo jornal “Ou Mun”. Além de os cursos acrescentarem à componente técnica conteúdos destinados a melhorar a atitude dos motoristas e a sua capacidade de resposta em situações de emergência, os novos condutores estarão a ser observados durante vários meses e, caso sejam alvo de demasiadas queixas,

serão submetidos à repetição dos cursos. Após mais de um mês de operação do novo sistema de autocarros, considera Chan, é natural que o público tenha diferentes opiniões e comentários acerca da atitude dos

motoristas na prestação de serviços, mas os residentes em geral não querem que haja um fosso entre as três companhias, e esperam mais do novo operador (Reolian) que tem estado abaixo das exigências.

REGIÕES DA CHINA JUNTAM-SE PARA DISCUTIREM TRANSPARÊNCIA E GESTÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Temos de ser sérios Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

C

OMEÇA quarta-feira na Universidade de Macau a “Conferência Académica das Quatro Regiões dos Dois Lados do Estreito – Edificação das Competências de Gestão na Área da Administração Pública”, cujo teor se debruça sobre estudos políticos e da administração pública. São mais de 40 os académicos e peritos na área de gestão, provenientes da China, Macau, Hong Kong e Taiwan, que se vão juntar na RAEM para debater temas como o governo íntegro e as políticas públicas. Para o professor da UMAC Liu Bolong, a troca de experiências entre os território pode ajudar a RAEM a lidar com o combate à corrupção e a instalar um Governo transparente. Os temas em debate, frisa o responsável, foram escolhidos de acordo com as necessidades do território e debruçam-se nas áreas mais polémicas de Macau. “Esperamos que

RESIDENTES QUEREM MAIS 400 TÁXIS A CIRCULAR

A Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) recebeu uma série de sugestões dos residentes para elevar o número de táxis em circulação. Enquanto alguns acham que 50 é um bom número, outros consideram que 400 veículos a mais era o ideal. O organismo diz, contudo, que ainda está a analisar a situação e não tem nenhuma decisão tomada quanto à emissão de novas licenças. Segundo o Governo, já está em andamento o “Regulamento do Transporte de Passageiros em Automóveis Ligeiros de Aluguer ou Táxis” e segue-se a discussão sobre o caso dos táxis amarelos, mas o processo ainda não tem previsão de conclusão. A DSAT quer avançar para um estudo sobre a verdadeira demanda de táxis no território, antes de avançar com a autorização de mais licenças. Além de definir a quantidade de veículos extras necessários, também terá de se chegar a um consenso quanto ao tipo de contrato – permanente, dez anos ou oito anos. Actualmente, há 980 táxis autorizados a circular – cem são da companhia de rádio-táxi, ou seja, os amarelos. No mês passado, a DSAT afirmou que autoriza a empresa dos amarelos a manter o serviço pelo prazo de um ano e meio, tempo considerado necessário para se avaliar o sector dos transportes. - V.L.

assuntos como a venda de terrenos, a importação de trabalhadores estrangeiros e os concursos para as obras públicas venham a ser melhorados no futuro, porque essas são as principais preocupações dos residentes”, mencionou Liu Bolong. José Chu, director dos Serviços deAdministração e Função Pública (SAFP), frisou que com os ensinamentos que se retiram da conferência, vai ser possível “elevar o nível das decisões tomadas, a capacidade de execução e a competência de gestão” do Governo da RAEM, mas fez questão de salientar que esse é já um esforço tomado pelo Executivo. “Não significa que só depois da conferência é que vamos melhorar os nossos trabalhos, mas sim que podemos elevar ainda mais a qualidade tendo em conta referências de outras regiões”, disse o director dos SAFP. O objectivo da conferência é comparar formas de ética na administração, integridade e transparência nos governos, depois de terem acontecido em Macau casos como o escândalo de corrupção do

ex-secretário para as obras públicas Ao Man Long. Os mais de dez anos desde que o território voltou às mãos da China são outro dos pontos que exigem a reunião de académicos. “Sabemos que com o desenvolvimento acelerado no território e a constante transformação do ambiente económico e social, as exigências dos cidadãos e as questões sociais se tornaram cada vez mais complexas. Para conhecer as soluções perante esses desafios, a competência da gestão pública é um tema importante”, referiu José Chu. Esta é a 3.ª edição da conferência, que continua ainda em Taiwan, onde terá lugar o Simpósio de Recrutamento de Pessoal com o Erário Público. Macau vai marcar presença também na Formosa, com o envio de trabalhadores da função pública. Além de representarem o território, estes vão ainda observar a realidade do recrutamento centralizado – algo que existe já em vários lugares, mas que foi implementado apenas o mês passado na RAEM.

PUB

ESCOLA PORTUGUESA DE MACAU AVISO Avisam-se os Pais e Encarregados de Educação dos alunos da Escola Portuguesa de Macau de que as aulas do ano lectivo 2011/2012 terão início no dia 8 do corrente mês com uma recepção aos alunos. • • • • •

Das 9:00 horas às 13:00 horas – 1º Ciclo (1º ano). Das 9:00 horas às 13:00 horas – 1º Ciclo (2º, 3º e 4º anos). Das 9:00 horas às 11:00 – 2º Ciclo e 3º Ciclo (5º ao 9º anos). 11:00 horas – Ensino Secundário (10º, 11º e 12º anos). 18:30 horas – Cursos Profissionais


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

10

PUB.

A ASSOCIAÇÃO DOS MACAENSES FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10.O ANIVERSÁRIO

A SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10.O ANIVERSÁRIO


PUB.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

11


vida

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

12

Plano para tornar Macau local amigo do ambiente já está em auscultação pública

Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

E

STÁ pronto para a auscultação pública até ao dia 30 de Novembro o Plano de Desenvolvimento e Reforma da Região do Delta do Rio das Pérolas, que visa tornar a região um local verde e de excelente qualidade de vida. Em 2009, os governos de Guangdong, Hong Kong e Macau chegaram a um consenso sobre a necessidade de cooperação na protecção do meio ambiente, dado que, devido ao desenvolvimento, as regiões enfrentam graves crises ambientais. A ideia é construir cidades ecológicas, de classe mundial, habitáveis, com baixo teor de carbono e viáveis para o desenvolvimento sustentado, ao mesmo tempo que às populações um ambiente de qualidade de vida que seja higiénico limpo e confortável. Até 2020, Macau, Hong Kong e Guangdong têm de conseguir manter o desenvolvimento sustentável tendo em conta o equilíbrio entre a economia, o desenvolvimento social e o ambiente. O Plano de Desenvolvimento e Reforma da Região do Delta

D

HOJE MACAU

Um delta, três regiões saudáveis

O que pretende o plano

O que falta fazer

• reforço da protecção aos meios aquáticos e espaços verdes • prevenção da contaminação das águas e do ar • impulsão à utilização de energias renováveis • diminuir o consumo de energia • reforçar a utilização de jardins e paisagens, tornado-os mais verdes, e do património histórico, tornando-o mais limpo • estabelecer transportes de baixa emissão de gases e amigos do ambiente • melhorar os estudos sobre a vida selvagem das regiões • tornar a protecção ambiental um dos objectivos primordiais do Governo • fazer um melhor uso das terras

• desenhar o plano de preservação ecológica para cada uma das regiões • levar a cabo estudos mais aprofundados sobre a forma de protecção ambiental • proteger a costa e as áreas marítimas • promover um plano de preservação de diferentes ecossistemas: urbanos e rurais • ter em conta eventuais áreas ecológicas e formular forma de as proteger

do Rio das Pérolas, criado pela primeira vez em 2008, reuniu o consenso dos líderes das três regiões. Em 2009 já tinham sido conduzidas pesquisas e

ENTRO de cinco anos pode já existir um comprimido baseado no composto orgânico do coral que proteja as pessoas dos raios UV Uma equipa de investigadores da Universidade King’s College , em Londres, acredita que pode reproduzir sinteticamente o composto orgânico que permite aos corais protegerem-se contra os raios ultravioleta (UV). Durante três anos, os cientistas analisaram corais da espécie Acropora, na Austrália, na tentativa de compreender o processo que lhes permite criar essa protecção. A estimativa é que, dentro de cinco anos, já exista um comprimido baseado no composto orgânico do coral, que permita às pessoas protegerem a pele e os olhos da radiação UV.

estudos que foram a base para a criação de um documento de consulta. As conclusões apontavam para a necessidade de cooperação em áreas como ecologia e

ambiente, desenvolvimento a baixo carbono, vida cultural e social, planeamento de transportes e de espaço. Em 2008, o Gabinete de Protecção Ambiental de Guangdong consultou a Academia Chinesa para o Planeamento da Protecção

Ambiental em busca de que esta estudasse a ideia de transformar a região do Delta do Rio das Pérolas num local verde e amigo do ambiente. “A ideia é transformar a região do Delta do Rio das Pérolas num aglomerado de cidades

COMPRIMIDOS ANTI-RAIOS UV PODEM ESTAR DISPONÍVEIS EM CINCO ANOS

Com sabor a corais Actualmente, o cancro da pele é o tipo de cancro mais comum em indivíduos caucasianos. Segundo o portal do Ministério da Saúde, 90% dos casos resultam da exposição solar excessiva e evitar o sol nas horas de maior intensidade de radiação UV, entre as 11h e as 16h, é a medida de prevenção mais aconselhada. Por serem uma espécie ameaçada, não se poderia utilizar os próprios corais para a produção de um protector contra os raios UV. No entanto, ao conseguirem identificar a forma como o com-

exemplares verdes e amigas do ambiente. A região vai caracterizar-se por um saudável local ecológico, pelo seu desenvolvimento a baixo carbono, pelas suas paisagens, transportes verdes e amigos do ambiente”, refere o relatório. Macau é apontado no relatório como local onde têm de ser levadas a cabo medidas de protecção às aves migratórias, na área do Cotai. O objectivo é não só preservar o seu habitat através de reservas naturais, como também medir impactos de eventuais construções naquele local. As três regiões unem-se ainda para ajudar na defesa do chamado golfinho chinês – o golfinho branco que habita nas águas do Rio das Pérolas. Em Macau, no dia 24 de Setembro, às 15h, no auditório do Museu de Arte, são dadas a conhecer ao público os pormenores das propostas. O texto de consulta, que pretende ver reunidas opiniões da sociedade, pode ser descarregado, em inglês, no endereço www.gprd-qla. com e as opiniões devem ser enviadas à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental de Macau.

posto se desenvolve, os cientistas, acreditam poder recriá-lo, sinteticamente, em laboratório, para o uso humano, possivelmente em forma de comprimido. Segundo o estudo, é a relação de dependência mútua que existe entre o coral e as algas unicelulares que existem dentro dos seus tecidos que permite a produção do composto orgânico que protege contra a radiação solar. A recolha nocturna de amostras de corais na Great Barrier Reef, na Austrália, e a posterior exposição solar dos mesmos, permitiu observar o processo de produção do composto. Os peixes que se alimentam dos corais também beneficiam de maior protecção contra o sol, de acordo com o estudo.


MICROCHIP CONTROLA CRESCIMENTO DE TUMORES

Investigadores da Universidade Técnica de Munique, Alemanha, desenvolveram um microchip que uma vez implantado junto de um tumor monitoriza o seu crescimento. Através do controlo dos níveis de oxigénio nos tecidos adjacentes ao tumor é possível perceber se está em expansão. Com efeito, sempre que os níveis de oxigénio descem aumenta a probabilidade de um crescimento acelerado do tumor. Estes dados são transmitidos através de uma rede sem fios para um pequeno receptor externo que o paciente pode transportar num bolso e daí para o computador do médico assistente. Ficam assim consideravelmente reduzidas as deslocações ao hospital para exames de rotina.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

13

MÁQUINA TRANSFORMA CADÁVERES EM LÍQUIDO

Morte ecológica D

ISSOLVER um corpo humano em água alcalina ou congelá-lo com nitrogénio para depois o partir aos bocadinhos pode ser o futuro dos rituais funerários. Parece desumano? Pelo contrário, estes são os métodos que querem salvar a humanidade dos gases de efeito estufa lançados pela cremação de cadáveres. Um assunto que preocupa cada vez mais ambientalistas. No Reino Unido, mais de 15% das emissões de mercúrio para a atmosfera dizem respeito a gases libertados em cremações. Em Portugal não há estudos sobre o impacto ambiental desta opção, mas os últimos dados apontados pela Associação Nacional de Empresas Lutuosas dão conta de um grande aumento do número de cremações em certas zonas do país. Em Lisboa estas já são o método preferido em mais de metade dos funerais. Bem longe, na cidade norte-americana de Sampetersburgo, na Florida, acertam-se os últimos preparativos para a entrada em funcionamento de uma máquina que liquidifica corpos. A patente

é escocesa, de uma empresa de Glasgow, mas não pode ser posta em prática na Europa devido a constrangimentos legais. O método proposto pela Resomation Lt. pode ser traduzido por “hidrólise alcalina”. É uma proposta que garante apenas um terço dos gases poluentes emitidos pela cremação tradicional. E gasta um sétimo da energia. De forma muito resumida, trata-se de submergir o cadáver numa solução de água e hidróxido de potássio durante aproximadamente três horas. O tecido corporal acaba por se dissolver no líquido, que depois é lançado na rede de esgotos. Os responsáveis garantem não haver qualquer perigo para a saúde pública. Em entrevista à BBC, e citado pelo jornal i Sandy Sullivan, bioquímico associado ao projecto, diz que o método é suficientemente forte para não deixar qualquer vestígio de ADN na água. A outra alternativa verde à cremação vem da Suécia, pela mão de uma bióloga, Susanne Wiigh-Masak, que teve a ideia de criar

uma máquina de compostagem de cadáveres quando olhava para o seu jardim, na ilha de Lyr. A sua criação, Promession, é uma máquina completamente automatizada que recebe os caixões, retira os corpos, e os envolve em nitrogénio líquido. Depois faz o seu conteúdo vibrar até que o cadáver se desfaça em pedaços. Estes passam ainda por diversos filtros e detectores de metais (importante, por exemplo, para quem usava aparelhos dentários) até chegarem a um pequeno caixão biodegradável, pronto para ser enterrado como adubo. Até agora esta máquina foi

testada, com sucesso, em porcos, mas os corpos dos pais da bióloga estão conservados em gelo à espera da autorização legal para cumprir o seu desejo de passarem pela máquina. Wiigh-Masak diz ter uma promessa do governo sueco nesse sentido e acrescenta que já foi contactada por entidades de cerca de 60 países diferentes, que viram na sua ideia uma boa solução para um problema crescente. O presidente da Associação Nacional de Empresas Lutuosas, Nuno Monteiro, acredita que ao serem aplicadas em Portugal estas alternativas iriam interessar apenas a uma

“pequena percentagem de pessoas”. Segundo ele, trata-se de processos cujo resultado final é ainda pouco explicado e difícil de popularizar junto de alguém em processo de luto. No entanto, faz uma ponte com o que se passou com o processo de cremação. “Ninguém imaginava há uns anos que se pudesse atingir este tipo de percentagens relativas à cremação”, disse ao i. Os números a que Nuno Monteiro se refere são bastante claros. Em 2011, os pedidos de cremação representaram 54% dos funerais realizados em Lisboa. Em 1997 esta percentagem era de 2,3%. Falando em termos absolutos, o número de cremações em 1997 não chegava a uma centena (846). Treze anos depois, em 2007, o número de corpos cremados chegou quase aos 5 mil (4761). De acordo com Nuno Monteiro, a tendência é essencialmente explicada por uma “questão de dinheiro”. A cremação dentro do município de Lisboa é substancialmente mais barata que o enterro tradicional.

CHINA ADMITE CONTAMINAÇÃO COM METAIS PESADOS

Saúde em risco

Click ecológico

A

O PEQUENO TAM DAO • Tam Dao, uma cria com duas semanas da espécie “Trachypithecus francoisi”, está a ser alimentado pela sua mãe Meili, no Zoo Taronga, em Sidney, Austrália. Tam Dao nasceu a 20 de Agosto e pertence a uma espécie que terá menos de mil animais em estado selvagem em todo o mundo.

China enfrenta uma grave situação de contaminação com metais pesados depois de terem sido registados vários acidentes de descargas ilegais daqueles resíduos, admitiu o vice-ministro da Protecção Ambiental à imprensa chinesa. “Tratar esses resíduos nocivos será a prioridade do trabalho de prevenção de contaminação nos próximos cinco anos”, afirmou Zhang Lijun, citado pelo jornal oficial “China Daily”. Nos últimos meses e à medida que as autoridades sanitárias da China foram realizando análises à população foi detectado um crescente número de casos de elevados níveis de chumbo no sangue, muitos deles abrangem menores. A contaminação com metais pesados, como o

mercúrio, chumbo ou cádmio, afecta boa parte da pouca terra arável de que a China dispõe, ou seja, mais de 10% do seu território. Para evitar as descargas ilegais daqueles resíduos, Pequim vai implementar uma série de medidas que incluem a realização de avaliações minuciosas de projectos industriais e imobiliários que envolvam

a descarga de resíduos poluentes. Em caso de violação das normas por empresas serão aplicadas multas. A China, segunda economia mundial, enfrenta uma rápida industrialização, tendo só há poucos anos começado a lançar medidas de protecção da saúde humana e meio ambiente.


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

14

PUB.


PUB.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

15


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

HOJE MACAU

16

CULTURA

Formas de usar o português têm de ser respeitadas e conhecidas, diz Roberval Silva

Uma noção que tem de estar “clara” Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

P

ROCURAR um espaço de convivência e respeito entre falantes e regiões da língua portuguesa é o objectivo principal de mais um Simpósio Mundial de Estudos em Língua Portuguesa (SIMELP), cuja terceira edição chegou ao fim na sexta-feira. Roberval Teixeira e Silva, do departamento de Português da Universidade de Macau, falou ao Hoje Macau no final do evento e trouxe o balanço de quatro dias de encontro entre especialistas de Portugal, China, Brasil, Timor-Leste e Macau na área da língua portuguesa. “Uma das consequências mais significativas foi o facto de que é preciso que, sobretudo as pessoas dos diferentes países e regiões que falam e ensinam a lín-

gua portuguesa, tenham a clara ideia de que todas as variedade e formas de utilizar a língua e todas as culturas que estão envolvidas nas diferentes línguas portuguesas precisam de ser mais conhecidas entre os grupos que as usam e sobretudo precisam de ser mais respeitadas”, salientou o académico. Este ano, o tema da última palestra do SIMELP frisou o ensino e a tradução da língua portuguesa na China, área em que Macau se apresenta como o principal centro. “Antes de 1960, não havia tradutores de português na China e, com a visita do então dirigente do Brasil João Goulart ao país, o Ministério dos Negócios Estrangeiros teve de pedir ajuda a Macau [para ter um intérprete]”, explicou Choi Wai Hao, professor no Instituto Politécnico de Macau.

No tema que apresentou – cuja temática se debruçou na contribuição histórica de Macau para a formação de tradutores na China -, o académico frisou que a utilização do português como língua oficial na RAEM é uma garantia para a sua difusão e respeito, sem deixar de mencionar, no entanto, que Macau deve dar uma maior contribuição para o ensino do português no continente. De 1961 a 2011, foram menos de 500 os formandos em interpretação e tradução do português para o chinês e vice-versa do Instituto de Línguas Estrangeiras da Universidade de Comunicação da China, um número que, diz Choi Wai Hao, “fica muito aquém dos procurados”. A maioria dos que aprendem esta área, vingam como profissionais dos ministérios chineses, cada vez mais

importantes devido aos negócios da China com os países de língua portuguesa. Do curso de Choi, apenas ele e outro do grupo de 27 formandos se tornaram docentes. Actualmente, mencionou o académico, são mais de 800 os estudantes de português na China, sem mencionar os 300 que existem em Macau, da UMAC e do IPM. Este factor deve-se

não só à cooperação entre ambas as instituições de ensino do território com as de Portugal e China, como devido à visão económica que a língua portuguesa passou a ter a partir de 2003. A 3.ª edição do SIMELP contou com cerca de 350 participantes, um número que desceu em comparação com os anteriores. Ainda assim, Roberval Silva mostrou-se surpreendido com o núme-

ACORDO ORTOGRÁFICO PODE FACILITAR O TRABALHO Reflecte-se apenas na língua escrita e pode ser uma peça importante ao nível do trabalho e dos negócios. Roberval Teixeira e Silva considera que o acordo ortográfico é “fundamental e importante para a internacionalização da Língua Portuguesa”. Em conversa com o Hoje Macau, o académico defende que o novo acordo pode ajudar na âmbito do trabalho, por exemplo, não sendo necessário “produzir dois documentos, um em português do Brasil e outro no de Portugal”. Roberval Silva acredita que o acordo ortográfico não vai afectar os utilizadores do português no que diz respeito à forma como falam, mas que se torna importante para a área da escrita comercial.

ro, uma vez que Macau é uma região bastante distanciada dos outros locais onde se fala português. Ao Hoje Macau, o docente da UMAC disse que vai marcar presença no próximo simpósio, que acontece “bem no centro do Brasil”, na Universidade Federal de Góias. Vânia Galvão, professora da instituição, disse ao canal português da TDM haver já tema para mais uma edição: a língua portuguesa em contextos não esperados. “Por exemplo, na Tailândia, há uma comunidade que fala e que estuda o português, bem como no Uruguai, são contextos em que não houve colonialização”, explicou a académica. Este SIMELP ficou ainda marcado pela elaboração de uma gramática da comunicação e pelo levantamento de literatura infantil em português das várias regiões.


MANIFESTANTES PRÓ-PALESTINA INTERROMPEM CONCERTO

Manifestantes pró-Palestina interromperam no fim-de-semana o concerto da Orquestra Filarmónica de Israel durante o Festival BBC Proms, na Royal Albert Hall, em Londres. Vários manifestantes presentes das galerias começaram a gritar slogans pró-palestinianos enquanto o maestro Zubin Mehta conduzia um concerto para violino de Max Bruch. Muitos presentes começaram a reclamar contra a manifestação gritando “booo”. A BBC Radio 3 teve de interromper a sua emissão em directo do local por duas vezes em resultado das perturbações. O incidente aconteceu depois de a Campanha de Solidariedade Palestiniana ter apelado previamente ao boicote do concerto e pedido oficialmente à BBC que o cancelasse.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

17

Professora em Xangai combina tradição e modernidade para ensinar Português

Afinal, como pensam os chineses? Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Q

UEM o diz é Catarina Xu, docente da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai. No III Simpósio Mundial de Estudo em Língua Portuguesa, que terminou na sexta-feira, a docente apresentou a temática de como leccionar a nossa língua na China. A ensinar português, depois de ter sido tradutora, Catarina Xu defende que é complicado combinar a tradição chinesa e a modernidade na aprendizagem do português. “Na China, o regime educativo é influenciado pelas tradições sócio-culturais e a modernidade tem trazido algumas reformas na educação, mas não é fácil combinar as duas”, diz. Catarina Xu afirma que o ensino estrangeiro na China implicava apenas as línguas inglesa e russa, e que ninguém sabia o que era o português, até que a

procura do mercado dos BRIC’s e dos Países de Língua Portuguesa e as imagens dos países lusófonos – como os jogadores de futebol, o café e as paisagens – tornou a língua mais reconhecida, senão necessária, nas trocas comerciais. Mas a docente frisa que nem sempre é fácil ensinar os alunos chineses a falarem português: “Há um fenómeno comum que acontece, que é o chamado português-mudo. Os alunos sabem escrever em língua portuguesa, mas não falam a língua, atingindo apenas a comunicação verbal”, explica. Então, como contornar o problema? Catarina Xu utiliza métodos distintos no ensino do português. Não só a tradução – ensinar português na língua materna -, como a criação de manuais para os iniciantes, que contenham não só a cultura portuguesa, mas também aspectos da chinesa. “Os alunos podem discutir [com

portugueses] os poetas ou as cidades de Portugal, mas depois não sabem responder a perguntas sobre o seu país. Por isso, o manual tem de ter diferentes áreas de interesse”, menciona Catarina Xu. Temas como os usos e costumes da China, o chá, a gastronomia, o confucionismo e as diferenças culturais entre as duas nações, são parte obrigatório no manual que a docente utiliza e no

novo, com o qual colaborou, e que sai em Outubro. Mas Catarina Xu vai mais longe, contornando as dificuldades perante a cultura chinesa. Devido ao facto de os estudantes do continente serem instruídos a não questionarem o professor, mesmo em caso de dúvida, a professora utiliza os meios electrónicos para interagir em português com os alunos. “Eles não têm quaisquer

conhecimentos prévios da cultura portuguesa. Então o mais adequado é, além das representações artísticas em que eles fazem teatro em português, a interacção em blogs, por exemplo. Eu escrevo em português na minha espécie de facebook sobre assuntos normais do dia-a-dia e, logicamente, os meus alunos vão comentar em português”, explica Catarina Xu.

A docente tenta ainda perceber fora das aulas, e em chinês, quais os temas de interesse dos seus estudantes. A Lady Gaga é, assim, uma das formas de ajudar no ensino em português: “Eu passo a conseguir aguentar essa música, para conhecer a cantora e ter temas normais com os quais falar com eles em língua portuguesa”, salienta a docente. Se em Macau, o ensino do português é priveligiado em instituições primárias e secundárias – na RAEM as escolas particulares que ensinem português recebem subsídios do estado -, na China o facto de o português não ser língua oficial interfere na sua aprendizagem. Catarina Xu diz mesmo que, se comparadas as duas línguas, o inglês toma a dianteira: em mais de 800 universidades públicas, 550 (70%), têm licenciatura em inglês, ao passo que o português só se encontra em 1% das universidades. E nem o ensino básico, nem o secundário oferecem esta hipótese.

TRADUÇÕES DE ESCRITORES PORTUGUESES PARA CHINÊS DEVIAM PARTIR DO EXECUTIVO, DIZ ACADÉMICO

A insustentável importância da tradução Instituto Cultural deve retomar o papel da publicação e tradução de literatura portuguesa em chinês. Quem o defende é Yao Jing Ming, professor da Universidade de Macau (UMAC) e poeta reconhecido em ambas as línguas chinesa e portuguesa. Em 1994, o Instituto Cultural lançou o projecto Biblioteca Básica de Autores Portugueses. No ano 2000, a ideia foi suspensa até agora, tendo sido traduzidas um total de 27 obras portuguesas para o chinês. O também coordenador do mestrado em cursos de tradução da UMAC, Yao Jing Ming, frisou que deve partir do Governo a iniciativa de retomar essa prática e, inclusive, “definir um plano de escritores em língua portuguesa que devem ser traduzidos”, disse ao canal português da TDM.

O académico fez a sua palestra na 3ª. edição do Simpósio Mundial de Estudos de Língua Portuguesa (SIMELP) em torno do tema das traduções de obras portuguesas para a língua asiática. Se as obras ANTÓNIO FALCÃO

O

russas, francesas, inglesas e amercianas rapidamente tomaram o seu lugar no continente ao serem traduzidas para o chinês, já as obras em língua portuguesa “chegaram tardiamente”.

‘Esteiros’, de Soeiro Gomes foi a primeira publicação a ser traduzida, e há actualmente cerca de duas dezenas de obras, mas ainda há muitos autores que faltam. O principal problema, diz Yao Jing Ming, é não existirem nem tradutores de literatura nem incentivos para tal. “Temos de ter mais traduções de português para chinês porque há escritores de grande qualidade e é preciso formar mais tradutores com interesse na tradução de literatura”, defendeu na sua palestra na UMAC, na sexta-feira. “Temos muito estudantes mas o trabalho [de tradução literária] é duro e não se ganha bem e, por isso, não há quem se dedique aos estudos de escritores portugueses. Temos que provocar este interesse”, defendeu ainda. Para o académico é o IC quem

representa o papel fundamental nesta área, “podendo e devendo” desempenhar essa função novamente. “A tradução é uma forma muito boa para provocar interacção entre duas nações e Macau tem tradutores de qualidade que pode aproveitar para definir um plano de tradução”, mencionou à TDM, acrescentando que o Governo tem de partir com a iniciativa. Questionado pela audiência do SIMELP sobre o facto de Macau não poder ter mais livros traduzidos, Yao Jing Ming explica: “Macau tem dinheiro para a tradução e publicação de livros. Mas essas obras são traduzidas e depois ficam nas livrarias e ninguém as compra. E também não podem entrar na China. Esse é o problema”, frisou. - J.F.


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

18

A ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES DA FUNÇÃO PÚBLICA DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10.0 ANIVERSÁRIO

A COMPANHIA DE SISTEMAS DE RESÍDUOS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10.O ANIVERSÁRIO

PUB.

ASSOCIAÇÃO DOS APOSENTADOS, REFORMADOS E PENSIONISTAS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10.0 ANIVERSÁRIO


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

19

CULTURA

Timor-Leste pode avançar com abolição do ensino em português nas escolas

“Assim acabamos por perder um amigo” Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

S

E em 2008, o Governo português queria aumentar o número de professores em Timor-Leste, de forma a consolidar a expansão da língua no país, hoje a história é outra. Xanana Gusmão, primeiro-ministro de Timor-Leste, e a mulher, Kirsty Gusmão, querem abolir a língua portuguesa do ensino básico no país. Segundo a imprensa timorense, o Conselho de Ministros está já em vias de preparação do diploma legal que visa a eliminação do português, que é desde 2002 língua oficial em Timor-Leste. Para Agostinho Martins, timorense a residir no território e combatente veterano, olhando para a parte positiva, este é um “interesse interno do país” e é bom para promover a cultura e a identidade do povo timorense, mas abolir de vez é algo que não se pode pôr em questão. “Foram mais de 400 anos passados em várias fases, e chega uma altura em que encontrar a raiz do país é bom para defender a cultura e o turismo de Timor. Mas abolir totalmente não pode ser. Acabamos por perder uma amigo e uma língua que cada vez mais se utiliza em muitos lugares”, disse ao Hoje Macau.

Com as eleições de 2012 à porta, e segundo fontes próximas ao governo de Díli citadas pela imprensa de Timor-Leste, são muitas as vozes que se levantam contra a reforma no ensino básico. A medida não é consensual e afecta, dizem os jornais da região, a coligação que sustenta a Aliança da Maioria Parlamentar (AMP). A AMP, que foi a principal responsável por manter desde sempre a utilização do português junto da ONU e da União Europeia e que votou a favor de se fazer ouvir a língua lusa no parlamento do país, pelo menos uma vez por mês, é agora uma das apoiantes à nova medida. Xanana Gusmão e a mulher, que é também Embaixadora da Boa Vontade para a Educação, são os principais promotores da ideia e o primeiro-ministro quer avançar com esta medida, dando como principal justificação o combate à iliteracia. Para Agostinho Martins, a medida não pode ser tomada ao de leve e só a nível político, mas deve envolver peritos. “Os políticos é que decidem, mas os académicos têm de abrir a boca e têm de ser envolvidos na matéria”, defendeu ao Hoje Macau. Para o timorense, esta medida é de muita responsabilidade e deve ter-se em conta o que é melhor para Timor-Leste. “Esta é uma manifes-

tação política. No mundo temos de ser diferentes na diversidade, mas não podemos utilizar essa diferença para sermos superiores. O tétum unificou os timorenses, mas tem de se ter em conta o interesse nacional”, frisou Agostinho Martins. A eliminação do português no ensino básico conta ainda com o apoio do Instituto Nacional de Linguística e do Conselho Nacional da Educação. Segundo a imprensa timorense, a parte opositora à ideia de Xanana Gusmão vê a ideia como uma forma de cedência ao lobby anglo-saxónico, apontando mesmo o dedo a Kirsty Gusmão, de origem australiana. Para Agostinho Martins, este não é um factor a ter em conta: “Se instauramos uma democracia, cada um pode manifestar a sua opinião a público. Ela é australiana, sim, e pode manifestar o seu desejo como cidadã”. Durante uma visita oficial de três dias a Timor-Leste, em 2008, João Gomes Cravinho, então secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, admitiu à Lusa, que se a “difusão do português falhasse” naquele país, “aconteceria o mesmo noutros países lusófonos”. Mas, em consequência da receptividade positiva timorense,

Gomes Cravinho anunciou o envio de 30 professores nacionais, acto que se tem vindo a repetir. Agora, com o planeamento da abolição do português no ensino básico, pode estar em causa o envio de mais professores para Timor-Leste. Recorde-se que o envio de docentes para leccionarem português é visto como um grande esforço orçamental do governo português, que tem Timor-Leste como principal destinatário da ajuda portuguesa no meio de todos os países da CPLP. Timor foi a oitava nação a adoptar o português como língua oficial, mas o som luso pode deixar de se ouvir entre as gerações mais novas, se a medida for para a frente. Actualmente, o tétum é a língua com maior expressão em Timor-Leste, que apesar de ter origens asiáticas não deixa de ter sido profundamente influenciado pelo português, especialmente o dialecto falado em Díli – a versão oficial e a que se ensina nas escolas. Com a anexação à Indonésia, o uso do português foi proibido, sendo a língua indonésia o principal idioma, até então desconhecido no território. Durante 24 anos, toda uma geração de timorenses cresceu e foi educada nesta língua. O português sobreviveu, no entanto, como

língua de resistência, usada pela Fretilin e pelas outras organizações da resistência internamente no contacto com o exterior. Este uso do português, conferiu-lhe uma enorme carga simbólica. Hoje, cerca de 25% dos timorenses falam português, mas muitos jovens ainda vêem a língua lusa como a língua colonial. “Isso é um sentimento errado, que depende das emoções das pessoas”, defende Agostinho Martins, “não podemos pôr a culpa do que aconteceu há muitas gerações nos portugueses ou na língua portuguesa. Temos que olhar para o mundo em que estamos. A língua não deve ser uma divisão”, acrescentou. Para o timorense, cuja dupla nacionalidade lhe confere também a denominação de cidadão português, ainda é cedo para dizer o que vai realmente acontecer à língua portuguesa em Timor-Leste. De qualquer forma, a sua eliminação, diz ao Hoje Macau, “seria uma grande perda para o povo timorense”. Na hora de apontar culpas, Agostinho Martins frisa que, apesar de ambos os governos – português e timorense – serem responsáveis, a culpa é “um bocadinho mais do governo português” que deveria ter investido mais na disseminação da língua.


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

20

Ciclismo | Tour de Timor saí para a estrada no próximo domingo

Marco Carvalho info@hojemacau.com.mo

E

DESPORTO

M Timor, quem vence a montanha é rei, mas apenas um dos mais de 400 ciclistas que a partir do próximo fim-de-semana disputam a terceira edição do Tour de Timor será coroado. A prova sai no domingo para a estrada e durante seis dias percorre os caminhos e as veredas da mais jovem nação do continente asiático, com o objectivo de incentivar a paz e a reconciliação entre os timorenses. A competição, que se realizou pela primeira vez em 2009 por iniciativa do presidente José Ramos Horta, conta este ano com uma novidade de vulto. O Tour de Timor 2011 terá o pelotão a competir por mais um dia, depois da organização ter decidido incluir o distrito de Lautém no rol dos 600 quilómetros a percorrer pelos

Pedalar pela paz ciclistas. Com a inclusão de Lautém na prova, a caravana que acompanha o Tour tem presença confirmada nos 12 distritos da parte oriental de Timor-Leste. Depois de concluída a prova, Oecusse – o pequeno enclave situado na parte ocidental da ilha – tornar-se-à a única região de Timor que nunca recebeu o pelotão. A grande festa do ciclismo timorense volta a levar até ao país alguns dos principais nomes do ciclismo de endurance da região da Ásia-Pacífico. O australiano Adrien Jackson, que há um ano conquistou a competição com 29 segundos de vantagem sobre Steele von

Hof, regressa este ano às estradas do país para tentar revalidar o título, ainda que a missão não se afigure fácil. Jackson vai contar com a difícil oposição dos compatriotas Scott Liston, Ben Mather, Rohan Adams e Paul van der Ploeg (irmão do vencedor do evento inaugural). Para além do numeroso contingente australiano, a prova conta também com as presenças do malaio Shahrin Amir, do norte-americano Tinker Juarez e do português Cândido Barbosa. O antigo atleta da Liberty Seguros, da Banesto e do Benfica aceitou o convite da organização para representar o ciclismo português PUB

ANÚNCIO (N.º do Processo 11/CDH-DAG/2011) Vimos por esta via notificar o Sr. Chan Soi Meng e a Srª. Hoi Kam Wan, proprietários da fracção AF do 3.º andar do Bloco I do “WENG TIM SAN CHUN”, no uso das competências delegadas no n.º 11 do Despacho n.º 15/IH/2010, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 14, II Série, de 7 de Abril de 2010, e nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, do seguinte:

no evento, apesar de nunca ter competido numa prova com a natureza do Tour de Timor. Ao invés das grandes concretizações do ciclismo

Conforme as averiguações feitas por este Instituto, verificou-se que foi instalada uma porta de ferro ilegalmente no corredor pelos Sr. Chan Soi Meng e Srª. Hoi Kam Wan, proprietários da fracção AF do 3.º andar do Bloco I do “WENG TIM SAN CHUN”, pelo que este acto constitui uma infracção, nos termos da alínea b) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, “Não colocar grades de segurança e estendais que não obedeçam aos padrões definidos pelo IHM”. Sobre o facto da infracção, os proprietários devem apresentar, por escrito, as suas contestações e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas que lhe sejam favoráveis, no prazo de dez dias, a contar da data de publicação do presente anúncio, no prazo de dez dias, a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do n.º 1 do artigo 19.º do mesmo decreto-lei. Se não apresentarem as contestações no prazo indicado, ou as explicações das mesmas não forem admitidas por este Instituto, de acordo com o artigo 19.º do decreto-lei supracitado relativo ao processo de aplicação das multas, as pessoas acima referidas estarão sujeitas à aplicação da multa de mil patacas (MOP 1 000), nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 18.º. Caso necessitem de consultar o respectivo processo, poderão dirigir-se ao Instituto de Habitação, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente e contactar o Sr. Chan (telefone n.º 28594875, extensão n.º 741). Pela Vice-Presidente, Wu Lai Fong Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Subst.ª 31 de 08 de 2011

mundial, a Volta a Timor tem mais semelhanças com uma prova de endurance do que com uma prova de estrada propriamente dita, dadas as

características do terreno por onde o pelotão vai circular a partir de domingo. Cândido Barbosa, de 35 anos, competiu pela última vez na Volta a Portugal em 2010 e anunciou em Junho deste ano o fim da carreira profissional, depois de nunca ter conseguido recuperar a cem por cento de uma lesão sofrida em 2008. Com mais de 400 atletas inscritos até ao momento, a edição de 2011 do Tour de Timor deverá perfilar-se como o maior evento desportivo a ter a ilha como palco desde que Timor-Leste se tornou independente. A prova disputa-se este ano sob o lema “A paz começa comigo” e o tema da inclusão social e da promoção da reconciliação pelo desporto serão duas importantes mensagens que o pelotão vai procurar disseminar pelos doze distritos percorridos pela prova. A última tirada da competição, entre Manatuto e Dili, ficará pautada pelo encerramento das estradas em toda a capital e pela promoção da bicicleta como alternativa ecológica aos veículos motorizados. Para os verdadeiros competidores há também um prémio monetário, que este ano ascende aos cem mil dólares norte-americanos.

FIGO E FERNANDO COUTO DISTINGUIDOS PELA UEFA

Internacionalizações valem boné O

S portugueses Luís Figo e Fernando Couto integram a lista de 109 futebolistas que a UEFA decidiu distinguir, com a entrega de um boné e de uma medalha comemorativa, por terem atingido as 100 internacionalizações nas respectivas selecções. Os dois antigos futebolistas deverão receber as distinções a 07 de Outubro, no Estádio do Dragão, onde se disputa o encontro entre Portugal e Islândia, do grupo H de apuramento para o Euro2012. As primeiras distinções foram entregues na sexta-feira nos jogos de selecções e pre-

miaram, entre outros, o antigo guarda-redes da Irlanda do Norte Pat Jennings. A criação desta distinção, entregue a todos os jogadores das 53 federações membro da UEFA que tenham disputado 100 ou mais jogos com a camisola da selecção principal do seu país, foi aprovada na última reunião do Comité Executivo da UEFA, em Junho. AAlemanha, com nove, é o país com mais jogadores “centenários”. Luís Figo encabeça a lista de portugueses com mais internacionalizações, totalizando 127, enquanto Fernando Couto ocupa a segunda posição, com 110.


CAMACHO ESTREIA-SE COM VITÓRIA PELA CHINA

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011

A selecção chinesa, orientada pelo treinador espanhol José António Camacho, venceu, esta sexta-feira, a congénere de Singapura, por 2-1, em jogo de qualificação do Grupo A asiático para o Mundial de 2014. A selecção de Singapura ainda chegou a estar em vantagem, mas a China, na etapa complementar, restabeleceu a igualdade, através de uma grande penalidade de Zheng Zhi. A situação para Singapura ficou mais complicada com expulsão do seleccionador Avramovic e momentos depois a China passou para a frente do marcador, após a finalização Yu Hai

O

jamaicano Usain Bolt fez no sábado esquecer o desaire nos 100 metros, ao vencer a final dos 200 nos Mundiais de atletismo, e tornou-se o primeiro atleta a revalidar o título na distância desde 1987. Ao contrário do que sucedeu há seis dias, quando foi desqualificado na final dos 100 metros por falsa partida, o jamaicano “cumpriu”, vencendo em 19,40 segundos, o quarto melhor registo de sempre. Para trás, Bolt, que já tinha assumido que não iria correr para novo recorde do Mundo, relegou o norte-americano Walter Dix (19,70) – campeão nos 100 - e o francês Christophe Lemaitre (19,80), para a prata e o bronze, respectivamente. Bolt, que não perde uma prova de 200 metros desde 14 de Setembro de 2007, tornou-se no primeiro atleta a revalidar o título no duplo hectómetro desde 1987, ano em o norte-americano Calvin Smith o conseguiu. Nos 1.500 metros, o campeão olímpico Asbel Kiprop correu para o ouro em 3.35,69 minutos, e deu ao Quénia o primeiro título mundial na distância. Atrás de Kiprop, terminaram o seu compatriota Silas Kiplagat (3.35,92) e o jovem norte-americano Matthew Centrowitz (3.36,08), que arrecadaram prata e bronze, respectivamente. As boas prestações de Asbel Kiprop e Silas Kiplagat garantiram ao Quénia a terceira “dobradinha” nos dois primeiros lugares no pódio, depois das finais de

21

Bolt é o primeiro a revalidar o título nos 200 metros desde 1987

Esta partida não foi falsa 5.000 metros femininos e 3.000 obstáculos masculinos. Logo no primeiro dia de competições, o Quénia conseguiu colocar três atletas nos três primeiros lugares na maratona e 10.000 metros femininos. No salto em altura feminino, a russa Anna Chicherova fez jus à condição de actual número um do “ranking” e conquistou o ouro, “impe-

dindo” a croata Blanka Vlasic de se tornar na primeira atleta a conseguir três títulos mundiais na especialidade. Chicherova, medalha de prata nos dois mundiais anteriores, conquistou o ouro com um salto a 2,03 metros, conseguido na primeira tentativa. A croata, que chegou a Daegu em más condições físicas e pela primeira vez não era apontada como favorita,

saltou com a fasquia à mesma altura, mas à segunda. A italiana Antonietta di Martino arrecadou o bronze, com um salto a 2,00 metros. No dardo, o alemão Matthias de Zordo, surpreendeu o norueguês Andreas Thorklildsen, bicampeão olímpico e defensor do título mundial, e arrecadou a medalha de ouro com um lançamento a 86,27 metros, conseguido logo na primeira tentativa. Thorkildsen, o único atleta que esta época ultrapassou os 90 metros (90,60), não conseguiu melhor que 84,78 metros, ficando com a prata. O cubano Guillermo Martinez, medalha de prata há dois anos em Berlim, completou o pódio, com a marca de 84,30. A australiana Sally Pearson confirmou a condição de favorita e triunfou nos 100 metros barreiras, distância na qual ainda não perdeu esta época. Pearson, vice-campeã olímpica e líder do “ranking”, não deu hipóteses à concorrência, percorrendo a distância em 12,28 segundos, marca que constitui novo recorde dos campeonatos, mas que não chegou para bater o velho recorde do mundo (12,21) estabelecido em 1988 pela búlgara Yordanka Donkova.A norte-americana Danielle Car-

FCP | ÁLVARO PEREIRA ABORDADO “SEM AUTORIZAÇÃO”

Guerra entre azuis P

www.hojemacau.com.mo

INTO da Costa revelou contactos do clube inglês com o defesa uruguaio sem consulta prévia. “Mas sempre estive tranquilo, ele garantiu-me que queria ficar”, disse o líder portista. O mercado de transferência encerrou a 31 de Agosto mas surgem dados novos e importantes relativos à tentativa que o Chelsea fez para contratar Álvaro Pereira em cima dos fecho das inscrições. O negócio falhou porque o FC Porto não aceitou as condições financeiras colocadas pelo clube inglês - oferta muito abaixo da cláu-

sula de rescisão de 30 milhões de euros - mas à margem das negociações entre os dois clubes aconteceu um episódio que os dragões registaram com alguma inquietação. “Tive uma conversa com o Álvaro” - assumiu Pinto da Costa – “e ele admitiu que foi realmente convidado pelo Chelsea, o que significa que falaram com ele sem autorização do FC Porto.” O presidente dos dragões lembrou que face a este assédio não autorizado o clube ficou em condições de apresentar o caso à FIFA, uma vez que o esquerdino

uruguaio está protegido com um contrato válido até 2015, mas não especificou se a queixa será legitimada junto das instâncias competentes. Provavelmente, o dragão limitou-se a registar o esforço do Chelsea com preocupação, não vai dar-lhe sequência legal. O assédio do clube treinado por André Villas Boas, de resto, não incomodou os dragões: “Sempre estive muito tranquilo em relação a este assunto, porque o jogador garantiu-me que não queria sair”, sublinhou Pinto da Costa.

ruthers, com 12,47 segundos, arrecadou a prata, deixando a sua compatriota Dawn Harper com o bronze, decidido ao milésimo de segundo. Na estafeta 4x400 metros

femininos, os Estados Unidos arrecadaram a medalha de ouro (3.18,09 minutos), deixando a prata para a Jamaica (3.18,71) e o bronze para a Rússia (3.19,36).

NELSON ÉVORA FOI QUINTO

Nelson Évora participou na final do triplo salto nos Mundiais de atletismo de Daegu, na Coreia do Sul, conseguindo a quinta posição. Depois de dois anos a lutar com lesões, o saltador português antecipou estes mundiais com uma vitória nas Universíadas, na China, e chegou a estes campeonatos tranquilo. Embora ainda não plenamente em forma, acabou por fazer uma boa prova, fixando logo uma meta à restante competição com um salto de 17.35m, a sua melhor marca do ano. No entanto, os saltos seguintes foram sempre abaixo desta marca. Acabou por não ser o britânico Philips Idowu a vencer, mas o norte-americano Christian Taylor, que venceu com a marca de 17.96m.

PUB

ANÚNCIO HM-1ª VEZ 05-09-2011 PROCESSO: Divórcio Litigioso CV1-11-0016-CDL 1º Juízo Cível AUTOR: KUAN CHEONG IAO, casado, de nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Macau e residente na R.P. China.------------------------------------RÉ: LI BAOYI, casada, de nacionalidade chinesa, titular do Bilhete de Identidade de Residente da R. P. China, com última residência conhecida em Macau na Rua de João de Araújo, n.º 12, Edif. Nga Heng San Chun, 3º andar F.------------------------------------------------- FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da RAEM correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, citando a ré LI BAOYI, acima identificado, para no prazo de TRINTA DIAS, findo o dos éditos, contestar, querendo, a Acção de Divórcio supra referenciada, na qual pede o Autor que seja decretado o divórcio entre ele e a ré, declarando-se dissolvido o casamento, tudo como melhor consta da petição inicial cujo duplicado se encontra nesta Secretaria à sua disposição, ficando o mesmo advertido que é obrigatória a constituição de mandatário judicial - Art. 74º do C. P.C.M..------------------------------------------------------------------------- Aos 1 de Setembro de 2011------------------------------------------


PUB.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

22

A WELFARE PRINTING LIMITED FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 10. ANIVERSÁRIO 0


PUB.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

23

AVISO Vimos por este meio informar que, o escritório do ADVOGADO e NOTÁRIO PRIVADO MARCELO POON, mudou desde o dia 30 de Agosto de 2011 para o seguinte endereço : AV. da Praia Grande, n. o 599, Edif. Comercial Rodrigues, 13.o andar “B”, Macau. Contactos : Tel.: 28323963 Fax.: 28323962 e-mail: mplawyer2008@gmail.com Com os melhores cumprimentos, Marcelo Poon Advogado & Notário Privado

REMOVAL NOTICE Please be inform that the office of MARCELO POON LAWYER & PRIVATE NOTARY, has been moved to the following address since 30th August, 2011: AV. da Praia Grande, n. o 599, Edif. Comercial Rodrigues, 13.o andar “B”, Macau. Contact : Tel.: 28323963 Fax.: 28323962 e-mail: mplawyer2008@gmail.com Yours Faithfully, Marcelo Poon Lawyer & Private Notary


[f]utilidades SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

Cineteatro | PUB

24

[ ] Cinema SALA 2

COWBOYS & ALIENS [B] Um filme de: Jon Favreau Com: Daniel Craig, Harrison Ford 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 3

WASAO [A] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Yoshinari Nishikôri 14.30, 16.30, 19.30

SALA 1

RISE OF THE PLANET OF THE APES [B] Um filme de: Rupert Wyatt Com: James Franco, Freida Pinto, John Lithgow 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SOLUÇÕES DO PROBLEMA HORIZONTAIS: 1-G. SABEREM. P. 2-AMOR. U. CDE. 3-BABAS. POLEN. 4-AN. IAMOS. SO. 5-RIM. LIA. GAS. 6-UTIL. A. BABA. 7-UNIA. PELE. 8-R. IMBERBE. A. 9-AL. PORIA. TT. 10-BATON. OMBRO. 11-ORA. AAR. RIL. VERTICAIS: 1-GABARU. RABO. 2-MANITU. LAR. 3-SOB. MINI. TA. 4-ARAI. LIMPO. 5-B. SAL. ABONA. 6-EU. MIA. ER. A. 7-R. POA. PRIOR. 8-ECOS. BEBAM. 9-MEL. GALE. BR. 10-DESABE. TRI. 11-PENOSA. ATOL.

REGRAS |

Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO DIA ANTERIOR

Su doku [ ] Cruzadas

HORIZONTAIS: 1-Terem conhecimento. 2-Namoro, afecto. Concede. 3-Saliva viscosa que corre da boca (pl.). Substância fecundante do vegetal. 4-Falta (Pref.). Andava-mos. Afastado, único. 5-Orgão do aparelho urinário. Borras, sedimento. Qualquer fluido aeriforme. 6-Diz-se do dia que não é feriado. Saliva que escorre da boca. 7-Conciliava. Depile, descasque. 8-Que ainda não tem barba. 9-Outra coisa (Ant.). Colocaria. Três. 10-Pau de substância plástica impregnada de carmim e por vezes aromatizada, com que as senhoras pintam os lábios. Parte superior do braço. 11-Exora, fala. Rio que banha Berna. Dança escocesa. VERTICAIS: 1-Planta terebintácea (Bras.). Assento, extremidade. 2-Uma das divindades dos indígenas da América do Norte. O ambiente doméstico. 3-Debaixo de. Saia muito curta. Tantálio (s.q.). 4-Lavraria. Asseado. 5-Graça (Fig.). Adianta, dá por bom. 6-Egoísmo. Choramiga (Fig.). Érbio (s.q.). 7-Género de plantas a que pertence a relva-doscaminhos. Superior de certos conventos. 8-Repetições. Ingiram. 9-Extrema suavidade (Fig.). Antiga embarcação de baixo bordo. Bromo (s.q.). 10-Desmorone-se. O m. q. tris (Pref.). 11-Dolorosa. Recife circular de coral.

THE FORTUNE BUDDIES [B] FALADO EM CANTONENSE Um filme de: Chung Shu Kai Com: Eric Tsang, Cho-Iam Wong, Siu Cheung Yuen 21.30

[Tele]visão www.macaucabletv.com TDM 13:00 TDM News - Repetição 13:30 Jornal das 24h RTPi 17:30 Selecção Nacional AA: Chipre - Portugal (Repetição) 19:00 TDM Entrevista (Repetição) 19:30 Amanhecer 20:25 Acontecimentos Históricos 20:30 Telejornal 21:00 Jornal da Tarde RTPi 22:10 JK 22:55 Acontecimentos Históricos 23:00 TDM News 23:30 TDM Desporto 00:00 Há Conversa 01:00 Telejornal - Repetição 01:30 RTPi Directo INFORMAÇÃO TDM RTPi 82 14:00 Telejornal Madeira 14:30 Surftotal 15:00 Ei-los Que Partem – História da Emigração Portuguesa 16:00 Bom Dia Portugal 17:00 Quem Quer Ser Milionário – Alta Pressão 18:00 Resistirei 18:45 Reportagem RTP 19:00 Liberdade 21 20:00 Jornal Da Tarde 21:15 O Preço Certo 22:00 Nativos Digitais 22:30 Maternidade 23:00 Verão Total: Especial “7 Maravilhas da Gastronomia” Compacto TVB PEARL 83 06:00 Charlie Rose 07:00 First Up 07:30 NBC Nightly News 08:00 Putonghua E-News 08:30 ETV 10:30 Inside the Stock Exchange 11:00 Market Update 11:30 Inside the Stock Exchange 11:32 Market Update 12:00 Inside the Stock Exchange 12:02 Market Update 12:30 Inside the Stock Exchange 12:35 Market Update 13:00 CCTV News - LIVE 14:00 Market Update 14:40 Inside the Stock Exchange 14:43 Market Update 15:58 Inside the Stock Exchange 16:00 Sesame Street 17:00 Escape from Scorpion Island 17:30 Tales of Tatonka 18:00 Putonghua News 18:10 Putonghua Financial Bulletin 18:15 Putonghua Weather Report 18:20 Financial Report 18:30 America’s Funniest Home Videos 18:50 Global Ideas 19:00 The Wall Street Journal Report 19:30 News At Seven-Thirty 19:50 Weather Report 19:55 Earth Live 20:00 The Pearl Report 20:30 Supernatural 21:30 Giuliani’s 9/11 22:30 Market Place 22:35 The Mentalist 23:30 The CEO Connection 23:35 World Market Update 23:40 News Roundup 23:55 Earth Live 00:00 24 00:55 The Wall Street Journal Report 01:20 FIFA Football World 01:50 European Art at the MET 02:00 Bloomberg Television 05:00 TVBS News 05:30 CCTV News ESPN 30 12:30 14:30 15:30 18:30 19:30 20:00 20:30 21:00 22:00 22:30

Len European Diving Championships Ironman St. George MLB Regular Season 2011 Toronto Blue Jays vs. New York Yankees (Delay) Baseball Tonight International 2011 (LIVE) Sportscenter Asia Simply The Best Geico PBA Team Shootout Mundialito De Clubes - Beach Soccer Flamengo vs. Barcelona Sportscenter Asia Nations Of Champions

23:00 23:30

Simply The Best Geico PBA Team Shootout

STAR SPORTS 31 12:00 Sbk Superbike World Championship 2011 - Races 14:00 2011 Natwest Series (Eng v India) - H/lts 15:00 PGA Europro Tour 2011 Highlights 17:00 HSBC Sevens World Series 2010/2011 18:00 Laureus Spirit Of Sport 18:30 Spirit Of Yachting Series 2011 19:00 Sbk Superbike World Championship 2011 - Races 21:00 Game 21:30 (LIVE) Score Tonight 22:00 Planet Speed 2011/12 22:30 Engine Block 2011 23:00 MotoGP World Championship 2011 - Main Race Gran Premio Di San Marino 01:55 (LIVE) England U-21 Friendlies 2011/12 England vs. Israel STAR MOVIES 40 11:55 Bad Boys 13:55 You Again 15:45 Flicka 2 17:25 Peter Pan 19:20 The Jerk Theory 21:00 Second In Command 22:40 Born To Raise Hell 00:15 Stone Cold HBO 41 12:00 14:00 15:45 17:35 20:00 22:00 23:40

Game Of Thrones Leap Year The Golden Child Hulk Pacific Heights Boardwalk Empire Case 39

CINEMAX 42 12:15 13:45 16:00 17:15 18:45 19:00 20:30 22:00 23:30

Simon Sez Ronin House Of Frankenstein Earth Vs. The Flying Saucers Epad On Max 126 Babylon 5: The Gathering Sinbad Of The Seven Seas Assassination Lethal Weapon 2

MGM CHANNEL 43 11:45 Little Dorrit 14:45 Ski Patrol 16:15 Malone 17:45 Submerged 19:15 I Want to Live 21:00 Pascali’s Island 23:00 Benny & Joon 00:45 UHF DISCOVERY CHANNEL 50 13:00 Mythbusters 14:00 Man Made Marvels 16:00 Storm Chasers 2010 17:00 Dirty Jobs 18:00 How It’s Made 18:30 How Do They Do It Series 19:00 Gold Rush: Alaska

(MCTV 51) National Geographic Channel 21:00 THE BORDER

20:00 21:00 22:00 23:00 00:00

Man, Woman, Wild Dual Survival Man Vs. Wild Deadliest Catch Dual Survival

NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL 51 13:00 Don’t Tell My Mother 14:00 That Shouldn’t Fly 15:00 Adventure Wanted 16:00 Riddle Of The Romanovs 17:00 Monster Fish 18:00 Shark Men 19:00 Seconds From Disaster 20:00 Don’t Tell My Mother 21:00 The Border 22:00 Liquid Bomb Plot 00:00 The Border ANIMAL PLANET 52 13:00 Growing Up... 14:00 Wildwives Of Savannah Lane 15:00 Most Extreme 16:00 Cats 101 17:00 The Haunted 18:00 Chasing Nature 19:00 Night 20:00 Dark Days In Monkey City 20:30 Echo And The Elephants Of Amboseli 21:00 Most Extreme 22:00 Cats 101 23:00 The Haunted 00:00 Chasing Nature HISTORY CHANNEL 54 13:00 Modern Marvels 14:00 Megaquake 10.0 16:00 Malaysia Revisited 17:00 Swamp People 18:00 Modern Marvels 19:00 UFO Hunters 20:00 IRT Deadliest Roads 21:00 Pawn Stars 23:00 American Pickers 00:00 American Restoration BIOGRAPHY CHANNEL 55 13:00 I Survived 14:00 Relapse 15:00 Sean Connery 16:00 Daniel Craig 17:00 Flip This House 18:00 Sell This House 18:30 Billy The Exterminator 19:00 Relapse 20:00 Storage Wars 22:00 Child of Our Time: 2004 23:00 Relapse 00:00 I Survived AXN 62 12:15 13:05 14:00 14:55 15:50 16:40 17:30 18:20 19:15 20:10 21:05 22:00 22:55 23:50 00:45

CSI: Ny The Guardian Winter Wipeout The Amazing Race CSI: Ny Ncis: Los Angeles Hawaii Five-0 Wipeout Top Chef Criss Angel Mindfreak Hawaii Five-0 The Voice Justified The Voice Justified

STAR WORLD 63 12:10 Masterchef Australia 13:05 DC Cupcakes 13:35 Grey’s Anatomy 14:30 The Gates 15:25 Glee 16:20 Ugly Betty 17:15 Australia’s Next Top Model 18:10 How I Met Your Mother 18:35 Masterchef Australia 19:30 DC Cupcakes 20:00 Hell’s Kitchen 20:55 The Glee Project 21:50 Glee 22:45 Masterchef Australia 23:40 DC Cupcakes 00:05 Hell’s Kitchen Informação Macau Cable TV


OPINIÃO

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

25 ed i t or i a l Carlos Morais José

O Wikileaks e a Lusa E à sétima semana Macau surgiu no Wikileaks. Novidades? Sim e não. Como é habitual, trata-se de relatórios norte-americanos que a organização dirigida por Julian Assange divulga. E lá estão os nomes de informadores e outras pessoas cuja opinião conta para o pessoal diplomático de Hong Kong. Não pudemos deixar de sorrir. No entanto, espremido o sumo, pouca limonada enche o copo. O interesse está mais nos temas focados e nas opiniões bolsadas, para termos uma ideia do que pensa a diplomacia ianque sobre este pequeno território. A visão da “luta” entre Ho Chio Meng e Chui Sai On, a casinagem, a influência chinesa, lá estão e com saúde. Nada de muito novo a oeste de Pecos. A comunidade portuguesa sai ilesa. Ainda bem. O fascínio do Wikileaks está na tibieza da informação. Quando todos julgamos que os americanos, a sua CIA, e etc., sabem mais do mundo com os olhos fechados que nós com eles bem abertos, deparamo-nos com a quase cómica realidade de informações tomadas de empréstimo, alguns lugares mais ou menos comuns e pouco mais. Já o anterior relatório, que versava sobre lavagens de dinheiro, pouco mais fazia que papaguear os relatório do APG de 2006/2007 que, aliás, estão à disposição de quem quiser na internet. Com informadores deste calibre, como podem os americanos andar bem informados? Assim se percebe como a política externa norte-americana balvucia e hesita, acabando sempre por decidir pelos interesses próprios e no imediato, com pouca visão de conjunto, quase nenhuma reflexão e zero visão histórica, estratégica e de futuro. Seria interessante que o Wikileaks divulgasse documentos de origem britânica, francesa, alemã... sei lá... russa e chinesa. Mas não. Pelo vistos os americanos não conseguem arrumar a casa, mas estão convencidos de que são capazes de arrumar a dos outros. O resultado é este mundo em que vivemos. Assim, de sangria em sangria, estou convencido de que o mais doloroso para os EUA é que todo o mundo pode constatar a fraca qualidade das informações de que dispõem, a superficialidade dos conteúdos, muitas vezes o absurdo das opiniões. E, não esquecer, a falta de

profundidade das análises e de visão retrospectiva e prospectiva da História. Assim se compreende que, ao contrário do que aconteceu na II Guerra Mundial, os americanos partam descalços para o terreno, levando para a casa os pés feridos dos escolhos da realidade. Dito isto, vale a pena ler os relatórios para lhes compreender a cabeça e assim nos prepararmos para o que aí vem. Agora, Julian, vê lá se diversificas as tuas fontes. É que nós bebemos desta água mas cada vez mais ela se revela ineficaz para nos matar a sede. *

Por aqui não existem sequer as coisas simples que a Lusa fornece a nível nacional e internacional, como a previsão matinal das notícias a cobrir. Isto também porque a Lusa entende que a sua delegação de Macau não trabalha para os jornais locais mas para entidades misteriosas que publicarão algures no mundo as suas/nossas notícias. O exemplo mais recente é o campeonato mundial de voleibol feminino. Na Lusa, nem uma linha. Contudo, o Instituto de Desporto da RAEM tem um banner, presumo que pago e bem pago, na página na internet da agência

A agência Lusa apresentou um lucro de 1,2 milhão de euros. Parabéns ao Afonso Camões que, pelos vistos, em termos financeiros, conseguiu arrumar a casa. Já em termos editoriais a coisa pia noutro tom. A nós interessa-nos o caso de Macau, na medida em que somos clientes e pagamos o que nos é pedido. E para quê? Para vermos, na maior parte dos casos, notícias que são resumos do que os jornais locais por aqui vão publicando. Ou seja, ao invés de estarmos perante uma agência que fornece os clientes, estamos perante uma estratégia contrária: são os clientes que fornecem a agência. Por aqui não existem sequer as coisas simples que a Lusa fornece a nível nacional e internacional, como a previsão matinal das notícias a cobrir. Isto também porque a Lusa entende que a sua delegação de Macau não trabalha para os jornais locais mas para entidades misteriosas que publicarão algures no mundo as suas/nossas notícias. O exemplo mais recente é o campeonato mundial de voleibol feminino. Na Lusa, nem uma linha. Contudo, o Instituto de Desporto da RAEM tem um banner, presumo que pago e bem pago, na página na internet da agência. Ora bem. Poder-me-ão dizer que assim demonstra a Lusa a sua independência. É verdade. E o ID que mostra que são uns totós. E agora, perguntamos nós: se a Lusa não cobre um evento desportivo desta importância num território lusófono, quando inclusivamente é patrocinada pela entidade organizadora, então vai cobrir o quê? O Wikileaks? Pois. É que isto de arranjar notícias...


SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

OPINIÃO

26 ca d er n o d i á r i o

Pedro Correia

SEGUNDA, 29 O Estado-providência é uma das maiores conquistas da Humanidade. Mas não surgiu de um golpe do acaso. Resultou de diversas convergências, proporcionadas pelos condicionalismos políticos do pós-guerra. Beneficiou do Plano Marshall, por exemplo, que injectou monumentais capitais norte-americanos na Europa Ocidental nos anos do pós-guerra. E de um crescimento económico fabuloso, com médias anuais de 5%, nas três décadas subsequentes à II Guerra Mundial. Estas taxas de crescimento, aliadas ao factor demográfico, ajudaram a robustecer o sistema. Nos últimos 30 anos tudo isto tem estado em regressão - recessão económica, taxas demográficas negativas, perda de competitividade europeia na economia mundial. A globalização, permitindo índices de crescimento ímpares nos países do Terceiro Mundo, tem contribuído para atrofiar a economia europeia, comprimindo direitos sociais. O problema, neste caso, não é de conceito. É de dinheiro. Face aos desafios da globalização, à concorrência desleal dos países asiáticos onde não se respeitam direitos mínimos, e com uma economia em recessão de longo prazo, só um milagre de engenharia financeira salvaria o Estado-providência nos termos existentes nas três décadas prodigiosas (1945-75). TERÇA, 30 Os políticos são julgados periodicamente, em eleições, pelo seu desempenho no governo ou na oposição. Por vezes com severidade, quase sempre merecida. Mas os comentadores políticos também deviam ser escrutinados com severidade. Tantas são as asneiras que alguns deles proferem, oralmente ou por escrito. Repare-se no exemplo de um articulista do semanário Expresso, da sua edição on line. Sempre o mesmo, em três momentos diferentes: 7 de Dezembro de 2010. Para este articulista, que escrevia a seis meses das eleições legislativas, seria «uma imbecilidade» o PSD propor uma coligação ao CDS. Essa estratégia de Pedro Passos Coelho “é um erro monumental”. Mais: “Sem dúvida, uma má - péssima! - estratégia». Mais ainda: «Má na ideia. Má no momento (timing) de divulgação. Má para a liderança de Passos Coelho. Má para o CDS.» Tese genial: tudo mau. Por acaso, tudo isto viria a suceder. Bem. Azar do colunista. 13 de Maio de 2011. A três semanas da clara vitória eleitoral social-democrata, a constatação firme: «O PSD precisa urgentemente de rever a sua estratégia de comunicação. São erros atrás de erros. Começa a ser chocante. Pornográfico mesmo.» Porque “á pré-campanha do PSD está a tornar-se uma pré-campanha de casos». E segue o aviso, quase em jeito de certeza: «Se prosseguirem assim, actuando como a avestruz, metendo a cabeça na areia para não ver a realidade - a derrota no próximo

E nunca está plenamente garantida: é um erro profundo pensar o contrário.

Os políticos são julgados periodicamente, em eleições, pelo seu desempenho no governo ou na oposição. Por vezes com severidade, quase sempre merecida. Mas os comentadores políticos também deviam ser escrutinados com severidade. Tantas são as asneiras que alguns deles proferem, oralmente ou por escrito dia 5 de Junho aparece como uma realidade bastante verosímil.» Chama-se a isto ter feeling. O facto de o PSD ter acabado por ganhar, mesmo “actuando como a avestruz”, foi um pormenor irrelevante... 17 de Maio de 2011. A zoologia pedida de empréstimo ao comentário político redunda em fórmulas geniais como esta: «A burrice política do PSD.» Mas “burrice” devido a quê? À «total ingenuidade e amadorismo» dos sociais-democratas. Mas concretamente, devido a quê? Ah, fundamentalmente devido ao afastamento de António Capucho das listas eleitorais e ao discurso “complicado e redondo” do líder, apesar da sua “voz de tenor”. «Nem digam que eu tenho uma especial tendência para bater em Passos Coelho: quem bate em Passos são as sondagens»,

esclarece. Eis o comentário subjugado à força dos números das das sondagens. Que essas mesmas sondagens não sejam confirmadas pela realidade, isso é algo de somenos. Se a realidade teima em desmentir as nossas teorias, mude-se a realidade. QUINTA, 1 Leio o fabuloso livro de memórias de Stefan Zweig, intitulado O Mundo de Ontem. Foi, dramaticamente, um livro-testamento: o célebre escritor judeu austríaco, refugiado no Brasil, suicidou-se em Janeiro de 1942 logo após a conclusão deste manuscrito. Retenho, em particular, o capítulo em que Zweig nos descreve a atmosfera europeia nas semanas que antecederam a I Guerra Mundial. “Se hoje, reflectindo com toda a calma, perguntarmos por que motivo a Europa entrou na guerra em 1914, não encontramos uma única razão plausível e nem sequer um pretexto. Não estavam em jogo ideias, mal estavam em jogo as pequenas regiões fronteiriças; não encontro outra explicação que não seja o excesso de energia, consequência trágica daquele dinamismo interno que se tinha vindo a acumuilar ao longo desses 40 anos de paz e que queria agora libertar-se com toda a violência. Cada Estado adquirira subitamente uma sensação de força e esquecera-se de que o outro sentia exactamente o mesmo: cada um queria ainda mais e cada um queria tirar partido do outro.” Um testemunho dilacerante. E cheio de lições para os dias de hoje: a paz é a mais frágil conquista das civlizações contemporâneas.

SEXTA, 2 Durante anos, durante demasiados anos, andaram a vender-nos uma falácia. Governos de várias cores políticas, insuflados de optimismo, garantiram-nos que éramos um país rico: inundados de “fundos estruturais”, aconchegados pelo carinhoso abraço que nos dava a “Europa”, fazíamos enfim parte do selecto clube das nações prósperas. Transformámo-nos, ipso facto, num paraíso do consumo: roupas caras a crédito, férias a crédito, recordistas no número de telemóveis, de computadores, de segunda habitação. Tornámo-nos “proprietários” de imóveis - e porque haveríamos de adquirir um T2 se o fácil crédito bancário nos sugeria a compra de um T4? Corremos aos stands para garantir o título de propriedade de um todo-o-terreno, de um topo-de-gama: ninguém nos veria com uma viatura inferior à do nosso vizinho ou do nosso colega de escritório, era o que mais faltava. Agimos como ricos. Convencidos, de facto, que éramos ricos - a conversão do escudo em euro elevava-nos, sem aparente esforço, ao estatuto económico dos alemães. Em mil discursos falaram-nos das maravilhas do “investimento público”, no prodígio das grandes infra-estruturas dignas de encher o olho: havia 20 mil novas rotundas para construir em vilas e cidades, havia novas habitações prontas a erguer no país dos 500 mil fogos vazios, indiferente à reabilitação urbana. E a “alta velocidade” ferroviária levar-nos-ia sem demora à Europa das luzes. Tudo isto enquanto fechavam fábricas, se abandonavam os campos, se desmantelava a frota pesqueira, se encerravam minas e explorações pecuárias, se descuidava o nosso vasto património florestal. Qual o problema? O milagre da multiplicação dos fundos oriundos de Bruxelas toldava-nos a razão, as baixas taxas de juro estimulavam novas vagas de consumo, a retórica política transbordava de optimismo. E as raras Cassandras nacionais - com António Barreto e Medina Carreira à cabeça - eram corridas a pontapé pela agremiação dos comentadores, sempre conformada ao discurso oficial. Esse discurso garantia-nos que éramos ricos. Mesmo sem produzir. Mesmo a importar 80 por cento do que comíamos - com recurso a dinheiro emprestado. Um dia - há pouco tempo - despertámos do longo sono, abrindo os olhos para a realidade. Que pode ser descrita em quatro sucintas palavras: somos um país pobre. País que não produz arrisca-se a ser o que somos hoje. O optimismo oficial emigrou para parte incerta. E a elite dos comentadores, sempre pronta a virar na direcção do vento, tornou-se um reduto de Cassandras, qual delas mais agoirenta que as outras. Somos um país pobre: a era das ilusões chegou ao fim.


Ciclone

Na nova lei do trânsito, em vez de darem palmadas no rabo dos putos, põem fraldas aos velhos. Por Fernando

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

27

OPINIÃO

d i r ei t o d e r esp ost a EX. SENHOR DIRECTOR DO HOJE MACAU, Invocando direito de resposta a uma noticia sobre a minha pessoa que transmite dados falsos e que, parece quebrar a confidencialidade de um processo em que estou envolvida, e cuja origem desconheço, peco-lhe que reponha a verdade dos factos, publicando este esclarecimento. Fui confrontada com a transcrição de parte de uma entrevista que o Senhor Carlos Picassinos me pediu na passada quarta-feira que, com alguma intenção (que desconheço) utilizou informação sobre a minha actividade na Universidade de Lisboa para dar a entender que essas actividades são parte de um projecto de trabalho para Macau, no caso de eu vir a ser seleccionada no concurso para um lugar de full professor na Universidade de Macau. Lamento profundamente que isso tivesse acontecido, ate porque disse ao Senhor jornalista e ele também transcreve, embora fora de contexto, que não conheço a situação do Departamento de Est. Portugueses em Macau, nem tinha tido ate ao momento, para citar as suas palavras, ‘feedback’ sobre o assunto. Logo, não posso ter projectos de trabalho em Macau, para alem de desejar que o conhecimento da língua e cultura portuguesa cresça tanto quanto possível, tal como me tenho esforçado, na Faculdade de Letras de Lisboa, para aumentar todos os anos o número de alunos chineses inscritos no curso de português. Assim, o subtítulo da noticia é inadequado. Esperando de V. Ex. o acolhimento desta explicação e pedido e o cumprimento das regras do bom jornalismo, despeço-me cordialmente, Fernanda Gil Costa Professora Catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

NOTA DA REDACÇÃO Vamos por partes. Dados falsos, atira-me. Não entendo a que dados falsos se refere uma vez que apenas faz a invocação sem a conveniente demonstração. Depois, quanto à quebra de confidencialidade que também alega. Sou jornalista e faço o meu trabalho. Rege-me o código deontológico no que estipula sobre o interesse público e a actualidade da informação. Não o procedimento burocrático. Se existe alguma quebra de confidencialidade será problema alheio e irrelevante para a matéria. A seguir, quanto à suposta publicação de parte da entrevista que me concedeu na passada quarta-feira. A conversa está registada

num ficheiro de 7’55’’. Foi gravada, como sabe. Está integralmente reproduzida na edição da passada sexta-feira, extirpada de elementos próprios de uma conversa oral que, na transcrição escrita, provocariam ruído e incompreensão à leitura. Mas ainda assim, que não estivesse! Um jornalista não é um mangas de alpaca, um escrivão, um burocrata ou um redactor de relatórios. Exerce a selecção da informação que considera mais relevante para os leitores no compromisso com o rigor e com a honestidade. É uma decisão inescapável essa, garantia da autonomia e legitimidade social que fundamenta o nosso contrato com os leitores. Protegida por lei. Contrariada essa autonomia, a profissão arrisca-se a um exercício telecomandado

por interesses estranhos ao dever de informar e ao direito dos leitores serem informados. Não seria já jornalismo mas propaganda, ou pornografia mascarada, portanto. E aqui chegamos à suposta segunda intenção, de que me acusa, moveria a prosa em causa. Percebo que, como qualquer pessoa que fale com os jornais, possa não se identificar com o texto final do jornalista, discordar da interpretação, entender mesmo que existe falta de rigor. É natural e, por isso, aqui estamos neste direito de resposta. Escusava era de avançar pela insinuação de que o meu trabalho é mais próprio de uma agenda oculta que da intenção de informar sobre a figura e os propósitos da candidata à direcção do Departamento de Português da UMAC. Sabem, com certeza, os leitores do Hoje Macau que não é minha regra profissional, e muito menos princípio pessoal, a prática ventriloquista. Não seria agora consigo, com a estima que me merece, que tal compromisso se alteraria. Apesar de, eventualmente, lhe parecer um pequeno patife quero assegurar-lhe, cara senhora, que mantenho intactos a minha honra, a minha palavra e o meu bom nome. Ao contrário do que sustenta, não utilizei informações sobre a sua actividade para dar a entender o que quer que fosse. Utilizei a informação que considerei mais pertinente para a construção do texto jornalístico. Ponto final. Por fim, que já vamos longos, também não entendo a que subtítulo se refere, como tão pouco que descontexto, ou contexto, eu teria afinal desrespeitado. Em suma, cara Fernanda Gil Costa, agradecido pela leitura atenta, convido-a a voltar à nossa entrevista. Há-de reparar que já ali não encontrará o fantasma que, na sexta-feira, a assombrou e verificar que toda esta farta emoção advém, com certeza, de um suave torpor tropical. Como diria Tabuchi, pequenas coisas sem importância. Carlos Picassinos

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Vanessa Amaro Redacção Gonçalo Lobo Pinheiro; Joana Freitas; Lia Coelho; Rodrigo de Matos; Virginia Leung Colaboradores António Falcão; Carlos M. Cordeiro; Carlos Picassinos; José Manuel Simões; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Correia Marques; Gilberto Lopes; Hélder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; António Mil-Homens; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Laurentina Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Av. Dr. Rodrigo Rodrigues nº 600 E, Centro Comercial First Nacional, 14º andar, Sala 1407 – Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


c a r t o on

RELATÓRIO DA ONU

por Steff MACAU JOVEM ATINGIDO POR PLACAS DE CONCRETO Um jovem de 18 anos ficou ferido este fim-de-semana quando caminhava pela avenida Horta e Costa. Ao passar em frente ao prédio antigo Palácio, foi acertado com placas de concreto que se descolaram das paredes do edifício. O residente local foi atingido na cabeça, caiu no chão e começou a sangrar imediatamente. Algumas pessoas que passavam pela local ligaram para a polícia, que encaminhou a vítima para o hospital e isolou a área à volta do edifício Palácio. Uma investigação preliminar aponta que o concreto caiu do terceiro lugar. A Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes ficou agora responsável pela análise da situação. LONDRES MAIS DE 60 PRESOS EM PROTESTO Sessenta pessoas foram detidas em consequência de uma manifestação do grupo de extrema-direita English Defence League (EDL). Os manifestantes - que contestam o extremismo islâmico em solo inglês - envolveram-se em confrontos com as autoridades. A manifestação aconteceu apesar de uma proibição de realização de protestos naquela área. A polícia estima que cerca de mil apoiantes da EDL estiveram presentes, bem como cerca de 1500 contramanifestantes. Cerca de 3000 agentes de polícia tentaram manter o controlo. EUA OS ATAQUES DOS PEQUENOS AVIÕES O FBI e o departamento norte-americano de Segurança Interna emitiram um alerta nacional sobre a eventualidade de a rede terrorista al-Qaeda poder levar a cabo ataques envolvendo pequenos aviões, a poucos dias do décimo aniversário do 11 de Setembro. As autoridades indicam não haver uma ameaça específica nem credível, mas sublinham que as autoridades de segurança nacional deverão estar em alerta, por precaução. RÚSSIA MULTIMILIONÁRIO QUER SER PRESIDENTE O multimilionário russo Mikhail Prokhorov, dirigente do Partido Causa Justa (ou Causa de Direita), não exclui a possibilidade de lutar pelo cargo de presidente da Rússia se a força política que dirige conquistar o segundo lugar nas eleições parlamentares de 4 de Dezembro. “Se conquistarmos 15% e formos o segundo partido na Duma Estatal (câmara baixa do Parlamento russo), então esse partido deve apresentar um candidato e eu não excluo o meu nome”, declarou Mikhail.

SEGUNDA-FEIRA 5.9.2011 www.hojemacau.com.mo

EDUCAÇÃO INCENTIVAR OS EDUCADORES DE INFÂNCIA O número de professores ainda não é suficiente para fazer cumprir o plano educacional do Governo e é nos jardim de infância que existe a maior lacuna em termos de recursos humanos. A deputada Ho Sio Kam apela ao Governo medidas que incentivem os cidadãos a fazer o curso de educador de infância. Apesar de reconhecer o esforço do Executivo relativamente às ajudas financeiras e ao acesso à educação gratuita, considera que mais pode ser feito nomeadamente ao nível de equipamentos didácticos de algumas escolas privadas e na procura de novos jovens talentos.

Ouro de família já paga livros escolares e propinas

Primeiro vão os anéis...

A

venda de peças de ouro popular, passadas de geração em geração, está a servir para ajudar as famílias a comprar livros escolares ou a pagar propinas nas universidades, admitiu à agência Lusa o ourives português Manuel Freitas. “Há um dado comum a quase todos os que aparecem a vender as suas peças de família. É que tentam dar um ar de que estão bem, que não precisam do dinheiro, apesar de venderem até peças de 50 euros”, explica. Criador do Museu do Ouro Tradicional de Viana do Castelo e especialista com meio século de currículo, garante que a venda de peças de família, algumas “com várias dezenas de anos”, nunca foi “tão elevada como agora”. “Tive o caso de uma senhora da classe média que veio entregar peças para comprar os livros da escola para o neto. Ou uma industrial que vivia muitíssimo acima dos padrões médios mas que me vendeu mais que um quilo de peças, com as lágrimas nos olhos, para pagar os salários em atraso aos trabalhadores da empresa”, conta Manuel Freitas. Um negócio que grande parte das vezes termina com “lágrimas a correr pela cara” do cliente, que normalmente se apresenta sozinho na altura de vender ou avaliar as peças.

“Querem quase sempre disfarçar as verdadeiras razões da venda vêm com a sua melhor roupa e com aspecto asseado e até com uma certa altivez. Procuram por todas as gavetas e nunca apareceram tantas peças em metal misturadas com as de ouro”, assume. Ainda assim, motivos de doença ou a compra de um terreno, são os mais apresentados na altura da venda destas peças, muitos desconhecendo mesmo o real valor do que apresentam ao balcão. “Esta semana apareceu-me uma emigrante com um anel de ouro branco, que lhe tinha sido dado pela patroa. Acabei por perceber que valia dezenas de milhares de euros e eu próprio aconselhei a senhora a não vender, mas que ficasse como reserva”, acrescenta. O que nem todos podem fazer, dado o “aperto” em que vivem e cujas “lágrimas no rosto, não enganam”. “Aparece-me uma mulher com um alfinete em ouro, todo cravejado com diamantes a quem ofereci 5000 euros. Ela ficou espantada, porque noutra casa só lhe tinham dado 650. Não quis vender logo por desconfiar que podia valer muito mais, mas uma hora depois veio entregar a peça”. Só na semana passada, Manuel Freitas comprou, entre outras peças

de ouro popular, um crucifixo com cem anos. Algumas servem depois para revenda, como usadas, outras manda fundir para entregar aos fornecedores da sua ourivesaria. “Sinto-me triste ao ver a lapidação deste património, de peças populares que tanto interesse tinham para a nossa Cultura. Cada vez mais me convenço que tive a atitude correcta ao doar ao município de Viana do Castelo a minha coleção, para que não se perdesse”, assume. Com meio século dedicado à recolha e investigação da história do ouro tradicional e popular, este economista de formação, recorda que a venda das peças de família, passadas de geração para geração, era “muito rara”, sobretudo nas aldeias. “Era quase a última coisa de que se desfaziam. Com o desemprego dos filhos e dos netos, começam a vender os seus tesouros e por uma questão de imagem, é mais fácil a venda do ouro à venda das leiras que dão mais nas vistas aos seus vizinhos”, explica Manuel Freitas. Na Ourivesaria Freitas, negócio de família há 80 anos, todos os dias aparecem pessoas interessadas em avaliar peças. “A maioria vem vender logo passado poucos dias, mas é preciso ter cuidado com o preço do ouro, sempre a subir. Esta semana, uma peça que tinha avaliado em 426 euros, quatro dias depois paguei por ela 477, mas se não fosse sério tinha esquecido a valorização do metal”, diz. Sinais da crise que não se fazem sentir apenas nos portugueses residentes. “Este verão, com a chegada dos emigrantes, percebi que a crise é generalizada. A febre da venda do ouro chegou aos nossos emigrantes, sobretudo em França, que já começaram também a vender”, remata.

PRÉDIOS ANTIGOS 5700 COM MAIS DE 30 ANOS Chan Sum Bo, do centro de gestão de edifícios da União Geral das Associações dos Moradores de Macau, revelou que existem em Macau mais de 5700 edifícios com mais de 30 anos. As construções apresentam deficiências que pedem reparações urgentes. O responsável apela ao Governo um programa que promova inspecções obrigatórias aos prédios antigos. Os moradores mostram-se resistentes em fazer obra, visto que a maioria dos residentes são idosos e moram em casas de aluguer. HABITAÇÃO DIFICULDADES DOS JOVENS Ng Kuok Cheong mostra-se duvidoso quanto à classificação dos grupos da Lei da Habitação Económica e criticou o Governo, que está a dificultar a vida aos mais jovens na aquisição de casa. Sandro Kou, director executivo da Associação Nova Juventude Chinesa de Macau apelou ao alargamento do prazo para alugar casa e clarificar a política de subsídios. A União Geral da Associação dos Moradores de Macau pedem ao Governo um reforço no controlo medidas para aquisição de casas. Cheang Sek Lam, chefe do Departamento dos Assuntos da Habitação Pública lembrou até ao fim do próximo ano vão ficar construídas as 19 mil habitações públicas prometidas. Kuoc Vai Han, do Instituto de Habitação, afirmou que, os grupos familiares prioritários já receberam a carta de selecção, com dados relativos aos preços e outras informações especificas, para as habitações económicas na Alameda da Tranquilidade. A Lei da Habitação Económica entra em vigor a partir de 1 de Outubro. O poder de compra das famílias vai estar em primeiro lugar na lista de prioridades de definição dos valores de venda. A seguir será tido em conta a localização.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.