Hoje Macau 05 SETEMBRO 2022 #5086

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SANTOSRÓMULO contribuiraquiEstamospara LEI DA SEGURANÇA DEMOTIVOSALERTA ALVIN CHAU JULGAMENTOADIADO PARADOXOS OPERÁRIOSPROPRIETÁRIOSDEFENDEM PÁGINA 10 PÁGINA 12PÁGINA 11 twitter/hojemacaufacebook/hojemacauwww.hojemacau.com.mo•• Um dos fundadores da Associação de Coope ração e Desenvolvimento Portugal-Grande Baía acredita na vontade das empresas portuguesas em participarem na criação do projecto que vai mudar o percurso dos negócios na Ásia. ENTREVISTA DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10SEGUNDA-FEIRA 5 DE SETEMBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5087 hojemacau PUB. HOJE MACAU-21 ANOS O DIREITO DO MAIS FRACO À LIBERDADE ‘‘ TIAGO BONUCCI PEREIRA PAULO MAIA E COMHOMENSCARMOESCAMASEMMACAU

2 vinte e um 5.9.2022 segunda-feirawww.hojemacau.com.mo 21 anos depois: algumas das capas que fizeram a nossa história

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Porque é aos 21 que a sociedade espera realmente de todos outra postura e, sobre tudo, a capacidade de olhar para a frente e enfrentar o destino, deixando-se espezinhar ou pegando-o pelos cornos. Os 21 anos são excitantes porque cada sujeito se aventura como se o mundo fosse novo, quando na realidade é ele que se vê na contingência de mudar, para ao mundo se ajustar ou o enfrentar, com plena responsabilidade pela sua sobrevivência e pelas suas acções. Os 21 anos são, para muitos, tempo de em barcar, de erguer as velas sem esperar por vento, de operar uma desterritorialização fundamental.Assimnão é com os jornais, que têm uma vida muito mais acelerada, cujo co ração bate a uma velocidade infinitamente superior ao de um ser humano, cujos rins filtram muito mais dejectos e gorduras, cujo fígado se vê obrigado a inúmeras horas extras e cujo estômago rapidamente se danifica. Um jornal envelhece quase à velocidade da luz. Se remexesse no baú da memória poder-vos-ia contar dezenas de episódios que confirmariam a desmesurada intensidade dessa vida de um jornal, que ilustrariam como os primeiros cinco anos pesam como 20; e como aos 10 surgem já as primeiras brancas; e aos 15 a primeira falta de fôlego para uma subida agora demasiado íngreme. O que dizer dos 21, que hoje comemoramos? Não sei se sobre o nosso cabeçalho, o cabelo rareia ou encaneceu, mas dou pelo cuidado e pelas maneiras de um ancião. Que se precavê de escorregar no banho, caminha lento pela rua e hesita antes de atravessar, mesmo que no horizonte não vislumbre um único automóvel, carrinha ou camião. Por outro lado, além de manter a espinha relati vamente direita, também organizou melhor o seu tempo (agora, por vezes, tem tempo de olhar demoradamente o poente ou uma flor), diversificou as suas preocupações e alcançou altíssimas classificações no curso de nadador -salvador. Também adquiriu uma extensa paciência e uma sincera benevolência perante as idiossincrasias do género humano. Numa palavra, envelheceu. Talvez precocemente, como acontece à maioria dos jornais. Um dos sintomas da nossa provecta idade é a dificuldade que temos em lidar com as novas tecnologias. A esta hora, deviam estar a ver as minhas fuças num vídeo, a recitar -vos este texto, com um cenário de capas sucessivas deste jornal ao longo dos 21 anos que hoje faz. Devíamos tanta coisa: como ter uma presença mais contemporânea nas redes sociais, acordos com jornais lusófonos, entrevistas em vídeo, concursos vários, etc. E também mais jornalistas, mais funcionários,

sobretudo bilingues, e devíamos também ter um acordo com Timor-Leste para formar jornalistas através de estágios e...; no entanto, devido a esta interminável crise pandémica (cujo fim não se vislumbra, o que nos deixa a todos angustiados, e pela qual ninguém é responsável), estamos preocupados em saber se sobreviveremos até ao fim do ano ou se definharemos até o Hoje Macau se apresentar aos seus leitores esquálido, ossos à mostra, os dentes estragados. Ainda assim vivo.*

Como acima foi dito, 21 anos para um jornal é muito tempo. Por isso, numa sociedade acelerada como a nossa, vimos muito mu dar, demos por muito acontecer, assistimos a crises, à luz no fundo do túnel, e também à saída para uma outra e melhor realidade. É também por isso que neste momento de indisfarçável crise, deveria ser altura para manter a calma, respirar fundo, não bater com a cabeça na parede e não tomar decisões precipitadas. E ter a consciência de que se sai de uma crise mais forte e não mais fraco, mais experimentado e não mais ignorante, mais apto e não mais frágil. Pelo menos, os que a ela sobreviverem, em termos físicos e mentais.

VINTE E UM ANOS É DEMASIADO TEMPO

Durante estes 21 anos procurámos informar mas fomos também um espaço de criatividade, em que alguns relevantes escritores contem porâneos da lusofonia usaram as páginas do Hoje Macau para expressar as suas ideias, o seu estilo, a sua sensibilidade, através da escrita. Sem baias, sem freios, nem restrições. Estamos-lhes sinceramente agradecidos. Foi uma bonita festa, inopinada, é certo, mas por isso mesmo mais interessante. Celebrámos poetas e pensadores, motivámos artistas e, so bretudo, foram desenhadas pontes entre pessoas afastadas, várias epistolografias (hoje através de emails), amizades, famílias até, tudo isto tendo Macau como inesperado pólo agregador da lusofonia. Chamámos a essas páginas “h”, a mais diacrítica das letras, quase observadora, de limitada interferência na palavra. Nelas também divulgámos, a par com as crónicas, poemas ou outros textos dos nossos colabora dores, muitos aspectos da cultura chinesa, cuja representação em língua portuguesa continua a ser confrangedoramente pobre. Aos poucos, fomos promovendo e publicando as traduções de algumas das mais importantes obras do pen samento chinês, bem como alguma da melhor poesia que ressoou pelo País do Meio, bem como artigos sobre mitologia, história, pintura, antropologia, etc. Humildemente, sem meios nem rasgos, o Hoje Macau procurou sempre transmitir, na medida das suas possibilidades, conhecimento e informação sobre cultura chinesa em língua portuguesa, no sentido de proporcionar um melhor entendimento à co munidade portuguesa de Macau da civilização onde está inserida e contribuir, modestamente, para ir colocando uns tijolos no incongruente e rarefeito muro da sinologia portuguesa. Ao longo destes 21 anos, granjeámos assim um importante espólio de traduções que temos vindo a publicar em livros, através da editora Livros do Meio. O mesmo espólio tem-nos permitido organizar a Semana da Cultura Chinesa do Hoje Macau, que vai na sua se gunda edição, e que tem obtido uma resposta positiva junto do público lusófono, não apenas em Macau, e que tem contado com a presença de personalidades locais, capazes e eficazes na construção de pontes entre civilizações e culturas. Agora pretendemos aprofundar esta nossa via de aproximação à cultura chinesa e, em breve, apresentaremos novas abordagens e novos projectos. *

A actual situação, a sua excessiva du ração, empurrou Macau para um dos seus piores momentos dos últimos 50 anos, não se comparando com outros períodos de crise que afectaram a região, pois nunca como agora se viram tantos negócios fechados, tantos desempregados, tantas famílias em deban dada e, sobretudo, tanta falta de esperança. É precisamente esperança que o Governo de Macau não tem dado em doses suficientes à população. A esperança de ver terminada esta crise, a preparação e descrição do momento seguinte, faltam na mente colectiva de Macau, independentemente da etnia que se considerar. Isto talvez seja tão ou mais importante do que dar dinheiro ou fazer conferências de imprensa assustadoras. Porque a verdade é que subiram em flecha o número de suicídios, violência doméstica e abuso infantil. O que significa isto senão que nos estamos a tornar numa sociedade verdadeiramente doente? Quando a esperança se dilui, emergem os instintos mais básicos e o mal campeia pela cidade. Ou seja, esta situação tem de encontrar brevemente uma saída, sob pena de quando sairmos deste buraco será para uma cidade irreconhecível. Em momentos como este, é preciso liderança, ideias para o futuro, capacidade as comunicar, para que a esperança não seja a primeira morrer. E foi assim, aos 21 anos, que esta crise nos colheu, que esta besta nos despojou, que este vírus arruinou muitos indivíduos, muita família. Nós, para o ano, cá estaremos, celebrando os 22 (que simpático número!). E esperamos que os nossos leitores nos acompanhem, estejam onde estiverem, para sempre ficarem a par das notícias de Macau e connosco mergulharem, nadarem e se deixa rem levar pelas correntes dos mares, antigos e contemporâneos, da cultura chinesa. Nós somos um parafuso num pilar dessa ponte que começou a ser construída há cinco séculos e que vai permitindo a comunicação entre a China e a Lusofonia. Sabemos ser este o nosso lugar de excelência e, como diria Mestre Confúcio, é nele que pretendemos permanecer.

21 ANOS É a idade em que a nossa socieda de atribui total maioridade. Os 18 anos são uma espécie de ensaio, um primeiro ritual de independência, uma festa que celebra um tiro de partida cuja meta se encontra ali três anos à frente, um período que deveria ser de intensa preparação cognitivo-emocional.

4 vinte e um 5.9.2022 segunda-feirawww.hojemacau.com.mo Carlos Morais José

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Qual será o papel da Associação de Cooperação e Desenvolvimen to Portugal-Grande Baía nestes domínios? A nossa associação quer contribuir para que haja cooperação nestas áreas, mas sem misturar as coisas. Queremos que cada actividade esteja focada em determinado assunto.

Continua na página seguinte

Tendo em conta a tenra idade da associação, quais são os vossos primeiros focos de acção? Queremos atacar em várias verten tes, mas sem misturar as coisas. O plano empresarial, com certeza, é um dos focos de acção, mas tam bém o plano cultural e institucional, nas muitas variedades que isto en globa tendo em conta os diferentes pontos de possível colaboração entre Portugal e China na zona da Grande Baía. O projecto da Grande Baía está muito baseado na questão da inovação, factor ao qual não é indiferente a evidência de que a província de Guangdong tem estado na linha da frente na China desde há décadas. O projecto, além da integração, é fundado na ideia de ser uma zona de inovação por excelência. Estes objectivos vão de encontro à estratégia portuguesa, por exemplo, a Indústria 4.0 e a aposta nas indústrias de valor acrescentado. Além da vertente empresarial, existem outros pontos comuns. Sim, claro. As questões ligadas ao mar abrem outro foco de união entre todos os países de língua portuguesa, mas também com a Grande Baía. Há trabalho acadé mico e científico importante, ao nível da investigação, a ser feito nesta zona. Estamos a falar de trabalho encarado de uma forma muito prática. Além disso, outro aspecto muito importante para a zona da Grande Baía prende-se com as alterações climáticas. Es tamos numa região de monções e as alterações climáticas vão trazer a subida das águas do mar. Em termos de recursos, isso nunca foi um problema em Guangdong, que é das províncias chinesas com mais recursos hídricos. Mas a questão do aquecimento global é importante, é uma questão fundamental. Já para não falar depois da ramificação para as áreas da energia. Portanto, existem aqui muitas possibilidades e áreas de possível colaboração.

entrevista 7segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo TIAGO BONUCCI PEREIRA ASSOCIAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO PORTUGAL-GRANDE BAÍA “Não tenho dúvidas em relação ao interessede empresas portuguesas em vir para cá”

Como surgiu a ideia de criar a Associação de Cooperação e De senvolvimento Portugal-Grande Baía?

“O projecto da Grande Baía, além da integração, é fundado na ideia de ser uma zona de inovação por excelência. Esses objectivos vão de encontro à exemplo,portuguesa,estratégiaporaIndústria 4.0 e a aposta nas indústrias de valor acrescentado.”

Como encara as acções da associa ção neste curto período de vida? É um bocado difícil fazer uma avaliação em tão pouco tempo de actividade. Falando com base apenas naquilo que fizemos até

Apesar de ter sido fundada há pouco tempo, e com uma pandemia a mudar o mundo pelo meio, AssociaçãoadeCooperaçãoeDesenvolvimentoPortugal-GrandeBaíacrioumaisumelonumaamizadesecularentrePortugaleChina.TiagoBonucciPereira,umdosfundadoresdaassociação,dácontadoslaçoseinteressescomunsqueaproximamempresaseinstituiçõesdosdoisladosdomundonaconstruçãodoprojectodaGrandeBaía

Foi no Verão de 2019, numa con versa entre amigos, com o Miguel Lemos Rodrigues. Falámos sobre o assunto. A ideia era criar uma associação para fomentar a inte racção entre Portugal e a China, através da Grande Baía, com Macau como canal de ligação. Discutimos o assunto, fizemos um levantamento sobre as outras associações e organizações que já existiam. A ideia, desde o princí pio, foi complementar aquilo que já existia e estava estabelecido e trabalhar em colaboração com outras associações e instituições.

SANTOSRÓMULOFOTOS

quecircunstânciadestaasparavontadeassociaçãocontactaramempresários,nomeadamentepessoas,anossacomecuriosidadevircáexplorarpossibilidadeszona.Masasimpedemissoaconteça.”

Uma das ideias do projecto é que esta região seja uma zona de interacção e inovação. Portanto, é certo e desejável da parte das instituições chinesas que ve nham empresas e investidores do estrangeiro, contribuam para o desenvolvimento desta região. Tudo vai passar por aí.

“Existe um respeito mútuo [entre Portugal e China], que não é de agora, mas que persiste com relações que duram há séculos e que são para continuar.” cooperação em investigação, e na colaboração ao nível dos sectores das artes e da cultura.

Acho que as características de Macau fazem com que a estratégia para a Ilha da Montanha ofereça uma possibilidade de cooperação muito forte, tanto ao nível técnico, como empresarial e cultural. É aí que acho que se pode estabelecer uma ponte entre a China e os países de língua portuguesa. Hengqin pode ter um papel muito importante nessa área. Temos o exemplo de Xangai, aí o papel está bem de finido, enquanto plataforma para estabelecimento de uma indústria de serviços moderna, em que é cla ra a promoção de interacções numa zona povoada por empresas apos tadas nesses sectores. Em Hengqin, as coisas parecem ainda não estar assim tão bem definidas, mas julgo que seria um bom começo apostar na cooperação institucional, na “Muitas

Qual o papel da língua portugue sa, enquanto factor agregador e cultural, para vender um pouco de Portugal na Grande Baía, e da Grande Baía em Portugal? Há pessoas que têm feito traba lho importante nessa área, como o professor Carlos André, mas também instituições como o This Is My City, que tem feito um trabalho muito importante nessa área, a CURB também é outra

Como encara as possibilidades que Hengqin representa para as instituições portuguesas?

A convicção existe, este projecto da Grande Baía, sendo que é um projecto com uma dimen são interna importante, também pretende atrair investimento, empresas e talentos estrangeiros.

8 entrevista 5.9.2022 segunda-feirawww.hojemacau.com.mo agora, a resposta tem sido po sitiva. Organizámos um evento em Fevereiro, em colaboração com a Fundação Rui Cunha, a Câmara de Comércio de Indústria Luso-Chinesa e a Associação Nacional de Jovens Empresários de Portugal. O evento ocorreu em simultâneo aqui em Macau e em Portugal e o feedback foi de grande entusiasmo com o projecto. Agora, tudo isto está constrangido pelas limitações que estamos a viver ao nível das viagens. Muitas pessoas, nomeadamente empresários, contactaram a nossa associação com vontade e curiosidade para vir cá explorar as possibilidades desta zona. Mas as circunstâncias impedem que isso aconteça. Aliás, temos planos nesse senti do, queremos trazer cá pessoas, mas isso, por enquanto, ainda não é viável. Mesmo com a possibi lidade de fazer quarentena, isso não é realista. Num cenário pós-pandémico, quais são os planos da associação? Queremos trazer cá empresários portugueses e instituições, em colaboração com outras entidades e instituições congéneres como a nossa e atrair empresários da Grande Baía que queiram visitar Portugal, conhecer as empre sas e instituições portuguesas. Consideramos que a cooperação institucional pode ser muito impor tante, nomeadamente em Macau e Hengqin. A colaboração ao nível de instituições de investigação e desenvolvimento, é uma parte muito importante do projecto e dos objectivos da associação e Cantão é líder nestas áreas. Investigação e desenvolvimento estão fortemente ligados à inovação. A cooperação institucional nestas áreas pode ser de muito interessante para explo rar, até na criação de incubadoras e spin-offs, ou na promoção de colaboração de pequenas e médias empresas de Portugal e de cá. A ideia é contribuir para criar estas ligações e sinergias nesse sentido, tanto ao nível empresarial como ao nível institucional. No contexto de relações institucio nais, o que poderia ser melhorado a nível de políticas que facilitem circulação de bens e pessoas no espaço da Grande Baía? Que papel a associação pode ter, enquanto elo entre sectores decisórios? É uma questão pertinente. Claro que não é o lugar das associações e das instituições definir estra tégias possíveis para fazer face a isto. O papel que podemos ter é fornecer feedback e opiniões às instituições da Grande Baía, que estão a trabalhar isto. Esta é uma questão que faz parte do projecto. Ainda no passado mês de Maio, no 13º Congresso do Partido Comunista da província de Guangdong, isso foi um as sunto discutido. Definiram-se estratégias para os próximos cinco anos na província e a questão de como estabelecer plataformas de comunicação e interacção num cenário em que temos três jurisdições diferentes é um desafio em si. Isso faz parte do projecto de integração que a Grande Baía representa. Julgo que à semelhança daquilo que tem sido a evolução institucional chinesa ao longo das últimas décadas, vai ser um processo de “tentativa e erro”, por assim dizer. Será um processo de ajuste de acordo com a forma como as coisas correrem. Mas essa é uma questão exclusivamente do âmbito das instituições chinesas. Nós estamos aqui para dar feed back e contribuir nesse sentido.

Em relação ao Fórum Macau, é uma instituição cujo espaço de manobra é definido pelos países participantes. Não me cabe a mim tecer qualquer tipo de comentário.

Que projectos estão na calha para os próximos tempos? Estamos a trabalhar no projecto com a Associação dos Amigos da Rota da Seda, em Portugal, temos outro projecto ainda num estado muito embrionário. Está para ser trabalhado e será lá para o final do ano. Temos mantido contacto também com a Universidade de São José, mas ainda estamos em conversações. João Luz

Nem mesmo crispações no ce nário geopolítico podem colocar entraves a esta relação. Não acredito nisso. Claro que é óbvio que existe uma fricção entre Estados Unidos e China há alguns anos, e aconteceram algumas discussões ao nível da União Europeia, sim senhor, mas isso não beliscou as relações entre Portugal e a China. A China vai ser a maior economia do mundo provavelmente até ao final da dé cada. Representa a vários níveis o maior mercado do mundo. Por exemplo, nas energias renováveis vão representar cerca de 40% do mercado de painéis solares até ao final da década. É um parceiro económico ao qual não existe esca patória. Mas além desta realidade, existem relações de amizade que persistem há muito tempo, não há razões nenhumas para meter isso em causa.

Como analisa o papel do Governo de Macau e das instituições neste cenário de relações entre países?

Lembro-me, por exemplo, de uma polémica com o embaixador norte -americano em Portugal. Na altura, a resposta do Governo português foi clara em relação à forma como não haveria qualquer influência possível no que concerne às re lações entre Portugal e a China.

existeeconómicoÉaodedevãoenergiasPoraoprovavelmentemundoatéfinaldadécada.exemplo,nasrenováveisrepresentarcerca40%domercadopainéissolaresatéfinaldadécada.umparceiroaoqualnãoescapatória.”

Noutro plano também tivemos a aquisição de 30 por cento da Mota Engil por parte da China Commu nications Construction Company há cerca de um ano.

Em relação ao Governo de Macau, também é difícil falar, porque eu não sei o que está a ser discutido em termos de projectos de cola boração, ou projectos com vista a fortalecer essas ligações. Sei, no entanto, que houve grande abertura para acolher projectos com países de língua portuguesa e com Por tugal. Por exemplo, a agora Uni versidade Politécnica de Macau teve um papel de liderança no que concerne à língua portuguesa. Mas também temos de compreender as circunstâncias actuais, nomeada mente que o Governo tem agora em mãos vários desafios, percebo que isto não esteja no topo de agenda, neste momento, mas tenho a certeza que continua na agenda do Governo e que há abertura para dar seguimento ao projecto. É algo que está definido estrategicamente para Macau, nomeadamente o seu papel de ligação aos países de língua portuguesa. Há claramente vontade de trabalhar nisso.

entrevista 9segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

instituição a desenvolver um tra balho muito importante. O papel de Macau enquanto plataforma de interacção entre a China e os países de língua portuguesa é algo que tem aparecido em sucessivos planos quinquenais da China. Portanto, não há dúvidas em re lação à vontade política para que Macau desempenhe esse papel. Claro que, nesse sentido, a língua portuguesa e a interacção cultural é algo muito importante para a presença portuguesa nesta zona e algo que é bem-vindo cá. Porém, isto tem de ser trabalhado. Julgo que instituições como as que referi devem ser apoiadas, porque estão a fazer um excelente trabalho e seria fundamental fomentar a con tinuidade desses projectos. Todas as actividades que apontam nesse sentido de estabelecer e fortalecer laços culturais devem ser apoiadas. Outra instituição que está a fazer um papel muito importante nessa área é a associação Amigos da Nova Rota da Seda. Nós estamos a planear uma actividade conjunta em breve, daqui a uns meses. Como classifica a presença insti tucional e empresarial de organi zações portuguesas nas cidades da Grande Baía? Quem poderia responder melhor a esta questão seria o Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), tanto em Macau como em Can tão. Diria que é difícil falar disso neste momento, porque claramente havia uma tendência crescente da presença de instituições e empresas portuguesas até 2020, mas nos últimos anos é um bocado difícil falar disso. Ainda assim, não tenho dúvidas em relação ao interesse de empresas portuguesas em vir para cá. É inevitável que esse interesse continue a crescer e tenho a certeza que serão muito bem-recebidas.

Como analisa a evolução do interesse das instituições portu guesas em fomentar laços com as congéneres chinesas? Não tenho dúvidas nenhumas em relação a esse interesse, parti cularmente da parte das institui ções portuguesas, com certeza. Recordo-me das palavras do então Ministro dos Negócios Estran geiros, Augusto Santos Silva, na nossa conferência de apresentação que reiterou que as relações entre Portugal e China são muito boas, porque ambas as partes percebem muito bem a posição de cada uma. Percebem que têm características diferentes em termos de sistema política, etc., mas existe um res peito mútuo, que não é de agora, mas que persiste desde sempre, com relações que duram há sécu los e que são para continuar. Essa proximidade tornou-se evidente face a acontecimentos recentes.

“A China vai ser a maior economia do

sociais não é um crime, mas é um comportamento que pode revelar problemas de menta lidade e ideologia”, indicou o secretário, de acordo com o canal Macau da TDM. Tendo em conta a dimensão de Macau e o facto de as redes sociais serem abertas e públicas, não é complicado saber quem tem posições políticas problemáticas, à luz da lei. “Macau é muito pe queno, as pessoas conhecem-se. Muitas vezes já sabemos se a pessoa pratica um acto, ou não.

É muito fácil descobrir”, afirmou Wong Sio Chak, acrescentando que se for caso disso, em fase de investigação de um crime, é ne cessário seguir os procedimentos legais para aplicar a lei. Porém, além da actividade nas redes sociais, o governante realçou a importância “de se co nhecer bem o que é a defesa da segurança nacional”. “Se uma pessoa achar que deve encorajar ou incentivar actos contra a segurança do estado, ou se for algo que estiver na moda, isso

5.9.2022 segunda-feira10 política www.hojemacau.com.mo

Em praça pública Wong Sio Chak também men cionou a questão das activida des nas redes sociais que podem ser consideradas problemáticas à luz da defesa do Estado. Se antes o tema foi abordado com os funcionários públicos em foco, desta vez o secretário alargou o espectro, mas relati vizou a situação. “Na realidade, fazer like ou partilhas nas redes “Na realidade, fazer like ou partilhas nas redes sociais não é um crime, mas é um comportamento que pode revelar problemas de mentalidade e ideologia.”

A revisão da lei relativa à defesa da segurança do Estado não irá re sultar no agravamento das penas de prisão, garantiu Wong Sio Chak, secretário para a Segu rança, na sessão de consulta pública que decorreu no sábado e contou com a presença de mais de 200 pessoas, e ontem em Ocomunicado.gabinetedo secretário para a Segurança sublinhou on tem que, em relação aos “novos crimes que se pretendem acres centar, a moldura penal da maior parte deles é inferior a uma pena de prisão de 10 anos”. Aliás, o governante contextualiza recor dando que “crimes mais graves contra a segurança do Estado, que se encontram actualmente previstos” na lei, têm molduras penais entre 10 e 25 anos.

A reacção de Wong Sio Chak surgiu um dia após o jornal Ou Mun ter feito capa sobre a sessão de consulta pública referindo que a maioria dos novos delitos penais considerados na revisão legal teria penas máximas de 10 anos. O Governo respondeu, afirmando que Wong Sio Chak “nunca referiu que a moldura penal máxima de todos os cri mes” será “ajustada, de forma uniforma, para 10 anos. Além disso, o governante acrescenta que “no documento de consulta da revisão da lei, tam bém não existe qualquer redacção em que se proponha ajustar, de forma uniforme, a moldura pe nal relativa aos crimes vigentes contra a segurança do Estado”.

SEGURANÇA NACIONAL NÃO É NECESSÁRIO

Liu Xianfa, comissário do Ministério dos Negócios Es trangeiros da China em Macau, disse, numa palestra que os residentes de Macau verão sempre a sua segurança garantida no exterior, estabelecendo um meio de comu nicação entre entidades consulares e o Governo caso seja necessário atender a necessidades e dificuldades dos compatriotas de Macau. Segundo o jornal Ou Mun, Liu Xianfa defendeu ainda a ideia de que “prevenção é a melhor forma de protecção” e exigiu que as autoridades da RAEM construam uma barreira que proteja os direitos dos compatriotas de Macau. Outro representante do MNE, na mesma ocasião, apresentou os trabalhos feitos na área da protecção consular e enumerou os casos mais comuns ocorridos nos últimos anos. O representante exemplificou os riscos que os residentes de Macau mais enfrentam no exterior, explicando os meios de que dispõem para pedir ajuda, caso precisem, e informações sobre deslocações.

Cumprir os mínimos

WONG SIO CHAK SECRETÁRIO PARA A SEGURANÇA

não é um bom fenómeno. Não gostaríamos de ver as pessoas terem esta mentalidade, é um motivo de alerta. Precisamos de ter mais cautela. Não há dúvida que a sensibilização e educação vão ser as nossas principais ta refas prioritárias.”, acrescentou Wong Sio Chak. O governante sublinhou que a defesa da segurança nacional “é não só uma responsabilidade constitucional da RAEM, mas também responsabilidade legal de toda a população chinesa, in cluindo os residentes de Macau”.

AJUSTAR PENAS MÁXIMAS

AU KAM SAN NOMEAÇÃO DESCONTENTAMENTOCAUSA

Rever a lei da segurança nacional não irá implicar, necessariamente, penas mais graves. Wong Sio Chak indicou que a maioria dos novos crimes terá molduras penais inferiores a 10 anos de prisão. Além disso, o governante afirmou que fazer “likes” ou partilhar conteúdo nas redes sociais não é um crime, mas pode revelar problemas ideológicos e é motivo de alerta

Os dois lados Outros dos temas abordados no sábado foi a questão da possibili dade de extradição. O secretário para a Segurança indicou que o Tribunal de Última Instância estipulou no passado que sem acordo de cooperação judiciária não é possível extradição. Wong Sio Chak especificou que a falta de acordo cooperação judiciária com a China tem de ser resol vida, mas que apesar de não ser possível a extradição para o Interior da China, existem outras formas de fazer sair eventuais condenados de Macau. “Não podem ser feitas entregas, mas expulsar uma pessoa ou não deixar alguém entrar em Macau é outro assunto, é diferente da entrega ao abrigo do acordo de cooperação judiciária”. O secretário indicou que antes de ser assinado um acordo de coo peração judiciária com o Interior da China é preciso proceder à “uniformização dos princípios e critérios” legais. Apesar de não ser contempla da na revisão da lei de segurança nacional, a lei de combate ao terrorismo vai ser revista. Wong Sio Chak indicou que a evolução das “os meios para praticar actos terroristas sofreram muitas mu danças”, o que obriga o Governo a rever o diploma de combate ao terrorismo. João Luz MNE Segurança de residentes no exterior será assegurada

Oex-deputado Au Kam San considerou que a nomeação por Ho Iat Seng do próprio filho para o Fundo para o Desen volvimento de Ciências e da Tecnologia (FDCT) gerou “muito descontentamento” na comunidade. No entanto, o ex-legislador questionou o facto de José Pereira Coutinho ter sido o único membro da Assembleia Legislativa a abordar o tema. Os comentários foram feitos nas redes sociais, em que Au apontou também que “toda a sociedade” compreende que a nomeação reforça a ideia da exclusividade do poder por uma elite e que é a prova da prática do capitalismo de compadres, que existe no território. Contudo, Au argumen tou ainda que a troca de favores entre a elite não é nova “mas que normalmente tentava fazer-se com que não parecesse tão feia”. Para justificar este ponto de vista, Au recorreu ao percurso de José Chui Sai Peng, na Assembleia Legislativa. Segundo o ex -deputado, em 2005, Chui foi nomeado pelo Chefe do Executivo, Edmundo Ho. Porém, quando Chui Sai On assumiu o lugar do líder do Governo, o primo Chui Sai Peng passou a candidato pela via indirecta para que não houvesse uma nomeação directa entre familiares. No sentido inverso, o então deputado Fong Chi Keong passou de eleito pela via indirecta para nomeado. Também José Pereira Coutinho reagiu às declarações do FDCT de que a nomeação não tinha implicado qualquer ilegalidade. Para Coutinho os titulares de altos cargos estão obrigados a seguir o artigo 46.º Código do Procedimento Administrativo, que estabelece que “nenhum titular de órgão [...] pode intervir em procedimento administrativo” quando “por si, ou como representante de outra pessoa, nele tenha interesse o seu cônjuge, algum parente ou afim em linha recta ou até ao 2.º grau da linha colateral, bem como qualquer pessoa com quem viva em economia comum”.

KOU Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) adiantou, em resposta a uma interpelação do deputado Ngan Iek Hang, que a aplicação do Código de Saúde de Macau será melhorada. “A disponibilização de uma grande variedade de informações e fun ções pela aplicação vai aumentar de forma considerável o uso mais fácil por parte dos cidadãos. No futuro vamos continuar a estudar a viabilidade do reforço de outras funções relacionadas com a pre venção da epidemia.” Os SAFP lembram que, ac tualmente, “podem ser exibidos, na mesma aplicação, o resultado do teste rápido de antimónio, do teste de ácido nucleico (que não pode ser usado para a passagem da fronteira) e o código conver tido nas cores vermelha ou ama rela”. Além disso, “foram acres centados os links respeitantes ao teste de ácido nucleico gratuito, à declaração do resultado dos testes e à página electrónica especial contraKouepidemias”.PengKuan adiantou também ao deputado que já foi lançada a nova versão da Conta Única de Macau, que alberga mais de 140 serviços públicos de forma electrónica. O Governo admite que “as cidades do inte rior da China já estão a utilizar o serviço inteligente de atendi mento ao cliente na prestação de vários serviços”, prometendo fazer melhorias nesta área. “O Governo vai continuar a proceder a revisões, análises e estudos, focando-se na consolidação dos meios electrónicos a fim de optimizar o modelo de serviços administrativos”, rematou.

política 11segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

Deputados de Jiangmen receberam mais 3224 pedidos de ajudaHengqin AMCM leva representantes da banca

SAFP CÓDIGONAMELHORAMENTOPROMETIDOAPLICAÇÃODODESAÚDE

HENGQIN DEPUTADOS DA FAOM EXIGEM MAIS GARANTIAS A DIREITOS DE PROPRIETÁRIOS

As queixas recebidas levaram uma delegação da FAOM a visitar recentemente o gabinete de gestão dos imóveis comerciais na Zona de Cooperação Aprofundada, em Hengqin. Em comunicado, Ella Lei e Leong Sun Iok explicam que a maior parte das queixas diz respeito ao facto de os imóveis não corresponderem às promessas feitas pelos promotores imobi liários no início do processo de venda. Os deputados recordam que, apesar do gabinete incentivar alguns promotores imobiliários a contactar os proprietários e a terem a iniciativa do pagamento de reembolso, compensação ou outras formas de reconciliação, a verdade é que há processos de compra e venda complicados, com falta de consenso na maior parte dos casos. Neste sentido, os dois deputados alertam para vários casos que estão ainda sem solução.

Zhao Zhenwu, responsável pelo gabinete de gestão dos imóveis comerciais na Zona de Cooperação Aprofundada, res pondeu à FAOM que estão a ser acompanhados 35 projectos de edifícios comerciais, tendo ne gociado e discutido directamente com os promotores. Zhao Zhenwu adiantou à FAOM que tudo será feito para que sejam encontradas soluções, a fim de garantir a con clusão das “Depoisobras.de realizadas as negociações, alguns promotores imobiliários já combinaram so luções com os proprietários, e muitas decorreram com sucesso. Para os projectos que ainda estão pendentes o gabinete vai estudar as soluções possíveis e acompa nhar os processos. Em relação às procurações dos proprietários sobre a situação de liquidez dos promotores, o gabinete já criou uma conta bancária de gestão do capital, a fim de reforçar a protec ção dos direitos dos proprietários”, adiantou Zhao Zhenwu. Os alertas aos residentes Lin Zheng, que acompanhou a de legação da FAOM nesta visita, fez um apelo aos residentes de Macau para que estes conheçam bem a legislação e confirmem todas as licenças antes de adquirirem imó veis no interior da China. O tam bém chefe da estação dos serviços voluntários de Hong Kong e Macau no distrito de Xiangzhou apontou que os residentes de Macau devem também estar atentos aos contratos de compra e venda de imóveis e não estabelecer acordos verbais que não têm o mesmo poder legal. Em jeito de sugestão, Lin Zheng pede que os residentes consultem as informações sobre compra de imóveis no interior da China disponibilizadas pelo Conselho dos Consumidores, além de estarem atentos aos 15 alertas do gabinete sobre os riscos existentes no processo de compra. Alguns alertas fazem referência à necessidade de protecção das informações das contas bancárias, aos casos em que os promotores e agentes imobiliários pedem di nheiro extra para despesas diversas ou as situações em que é prometido que o imóvel, adquirido para fins comerciais, possa depois ser usado para fins habitacionais. Nunu Wu (com A.S.S.)

Ella Lei e Leong Sun Iok explicam que a maior parte das queixas diz respeito ao facto de os imóveis não corresponderem às promessas feitas pelos promotores imobiliários no início do processo de venda Os deputados Zheng Anting e Loi Choi In afirmaram ter recebido mais 3.224 pedidos de ajuda, um aumento de 92 por cento face ao ano passado. Os legisladores ligados à comunidade de Jiangmen explicaram este aumento dos pedidos de assistência com a crise económica, a situação do desemprego, medidas de controlo da pandemia e questões relacionadas com a habitação e os transportes. Durante a apresentação dos resultados, Zheng Anting apelou também ao Governo para ouvir as opiniões dos locais e trabalhar para melhorar a assistência económicas e financeira.

A aquisição de imóveis na Zona de oportemAprofundadaCooperaçãoemHengqingeradováriasqueixaspartedosresidentes,quelevaosdeputados Ella Lei e Leong Sun Iok, ligados à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a exigir que as autoridades de Macau e Hengqin assegurem a protecção dos direitos dos residentes que investem nesta área.

A Autoridade Monetária de Macau organizou uma visita à Zona de Coope ração Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin dedicada ao sector bancário, para “explorar as novas orien tações para a cooperação financeira transfronteiriça”. O deputado Ip Sio Kai, que preside à Associação de Bancos de Macau, foi um dos convidados da visita de estudo. Num comunicado da emitido pela AMCM, o legislador afirmou que os dois territórios devem aprofundar a cooperação financeira, “através de ligações multipartidárias, de forma a construir um ambiente conveniente de negócios na zona de cooperação”. Ip Sio Kai indicou que é preciso constituir regras financeiras em sintonia com as duas jurisdições e melhorar a eficiência das operações financeiras.

Os deputados Ella Lei e Leong Sun Iok defendem que as autori dades devem assegurar os direitos de quem adquiriu imóveis na Zona de Cooperação Aprofundada, em Hengqin, tendo em conta as inúmeras queixas recebidas. O gabinete de Hengqin diz que os casos estão a ser acompanhados

A eterna questão

Entre Janeiro e Julho deste ano a mortalidade nas estradas conheceu um aumento signifi cativo, com mais quatro mortes do que as registadas no ano passado. A informação foi divulgada pelas autoridades, que apontam que entre Janeiro e Julho deste ano morreram cinco pessoas, em comparação com uma única morte no período homólogo. Apesar deste número, as autoridades indicaram que o número de acidentes teve uma quebra de 16,1 por cento, para 6.309 ocorrências, e que houve menos feridos, uma redução de 13,12 por cento, para 2.238 afectados feridos. Nos primeiros sete meses do ano foram registadas 322.898 infracções ao código da estrada, que resultaram em multas de 72,9 milhões de patacas, uma redução no montante de 7,48 por cento, face ao período homólogo.

Pressão alta

Na sessão da semana passada, que teve a duração de cerca de uma hora, a presidente do colectivo de juízes, Lou Ieng Ha, notou as faltas dos 11 arguidos, e adiou o início julgamento, para que fossem no tificados os faltosos a comparecer no dia 19 de Setembro. Caso estes não compareçam, os trabalhos arrancam definitivamente. A juíza não deixou de aplicar uma multa a Philip Wong Pak Ling, ex-dirigente do departamen to de Operações Financeiras da Suncity, por considerar a falta do arguido injustificada, uma vez que não foi entregue um documento justificativo. A multa foi de 7.280 patacas, apontou o portal Allin. A penalização foi aplicada, apesar do advogado garantido que o arguido se encontrava internado no hospi tal, ainda sem data de alta. Ambiente quente A sessão ficou igualmente marcada por um ambiente crispado, que começou logo com as declarações iniciais da juíza. Em causa está o facto dos advogados, mais de 20, apesar dos pedidos, não estarem autorizados a terem ao seu lado assistentes. A recusa do tribunal foi justificada com a falta de espaço. Logo no início, Lou Ieng Ha, apelou à cooperação, e justificou que a prioridade do tribunal passa por implementar as políticas de controlo da pandemia. “Espero que os advo gados mantenham uma atitude de cooperação, que não contestem ou expressem qualquer insatisfação”, afirmou Lou, segundo o All About Macau. “Devem compreender que os funcionários fizeram muitos esforços para que todos possam estar na sala, e eu também fiz o meu melhor. Mos trem compreensão e não expressem emoções negativas”, acrescentou.

João Santos Filipe

Lou afirmou que para se poderem sentar ao lado dos representantes do MP os advogados têm de “fazer o curso de magistrado”

Registados mais cinco casos importados na sexta e sábado

Pensem em desistir Face à falta de espaço foi sugerido que se pudesse estender o sítio para os advogados ao lado da sala onde se sentam os representantes MP. Porém, Lou afirmou que para se poderem sentar daquele lado os advogados têm de “fazer o curso de magistrado”.Ajuízarecusou também reser var espaços para os assistentes nos bancos da audiência, por conside rar que não se pode transmitir a ideia que “o julgamento está a ser feito à porta fechada”. Lou Ieng Ha, que interrom peu os advogados várias vezes e apelou para que não gaste tempo, sugeriu que os defensores que não se sentem confortáveis com a orga nização do tribunal, ou que sentem que o processo tem demasiados documentos, que devem pensar se estão à altura do trabalho e se devem continuar a representar os respectivos clientes. No mesmo sentido, a juíza questionou as “intenções verda deiras” das queixas e sugestões dos advogados.

JUSTIÇA JULGAMENTO DE ALVIN CHAU ADIADO PARA 19 DE SETEMBRO

Foi um arranque em falso. Devido à ausência de 11 arguidos, o início do julgamento foi adiado. Porém, o ambiente aqueceu devido aos protes tos pela falta de espaço na sala, que levaram a juíza a aconselhar várias vezes os advogados a pensarem desistir dos seus clientes O julgamento de Alvin Chau era para arrancar na sexta -feira, mas foi adiado para o dia 19 deste mês, depois de 11 dos 21 arguidos terem faltado às sessão.

Apesar das declarações, Pedro Leal, advogado de Alvin Chau, considerou o tratamento uma falta de respeito e justificou que o pro cesso tem vários documentos, que implicam a necessidade de haver assistentes. Por sua vez, João Nuno Riquito, representante da MGM Chi na, também destacou a necessidade de haver assistentes, até por questões de interpretação ou tradução.

12 sociedade www.hojemacau.com.mo 5.9.2022 segunda-feira

Na sexta-feira e no sábado foram registados cincos casos importados de covid-19, que à chegada negaram qualquer histórico de infecção anterior, de acordo com o Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Segundo a mesma fonte, as ocorrências foram consideradas como casos importados de infecções assintomáticas da covid-19, e envolvem dois indivíduos do sexo masculino e três do sexo feminino, com idades entre os 36 e os 66 anos, provenientes dos Estados Unidos, Hong Kong e Taiwan. Ainda de acordo com o centro, os cinco casos foram encaminhados para isolamento médico. Até ao momento, foram registados em Macau 793 casos confirmados da covid-19 e 1.534 casos de infecção assintomática, num total de 2.327 casos. No sábado foi ainda revelado um caso numa uma mulher com 35 anos, que não entra nas estatísticas por ser considerado uma recaída.

O ex-líder da empresa Suncity está acusado de um crime de sociedade secreta, em concurso de crime de associação criminosa, 229 de ex ploração de jogo em local, 54 de burla de valor consideravelmente elevado, um crime de exploração ilícita de jogo e um crime agravado de branqueamentos de capitais. Segundo o Ministério Público (MP), Alvin Chau, com a ajuda dos outros arguidos, terá causado per das de cerca de 8,3 mil milhões de dólares de Hong Kong em impostos do jogo à RAEM, entre Março de 2013 e Março de 2021.

Macau com mais quatro mortes nas estradas até Julho

Universidade de São José assinou uma parceria com a congénere do Brasil que vai implicar a pesquisa em áreas como o desenvolvimento económico, administração, língua e cultural chinesas, inteligência artificial e medicina

A

sociedade 13www.hojemacau.com.mosegunda-feira 5.9.2022

USJ ASSINADO PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO

do novo laboratório de neurociências aplicadas, Alexandre Lobo. Reorganização interna Também na quinta-feira, entrou em vigor uma reorganização das unida des académicas da USJ, que incluiu a criação da Faculdade de Ciências da Saúde.AUSJ lançou ainda um projecto conjunto, com a UFC e a Universidade Católica do Porto, em Por tugal, para usar inteligência artificial para interpretar e classificar de forma auto mática as reacções das pes soas, revelou o académico brasileiro.EmAbril deste ano, Macau tinha levantado as restrições fronteiriças a estudantes universitários e profissionais do ensino es trangeiro, como professores portugueses.Noentanto, quem chega à região chinesa do estran geiro continua a ser obrigado a cumprir uma quarentena de sete dias num hotel designa do para o efeito. Também quinta-feira,na entrou em vigor CiênciasFaculdadeaUSJ,académicasdasreorganizaçãoumaunidadesdaqueincluiucriaçãodadedaSaúde

Universidade de São José e a Uni versidade Federal do Ceará (UFC), no nordeste do Bra sil, anunciaram a assinatura de um protocolo, que prevê o lançamento de projectos de investigação conjuntos.Segundo um comuni cado divulgado na quinta -feira, o memorando de entendimento prevê a rea lização de trabalhos em conjunto em áreas como desenvolvimento económi co, administração, língua e cultural chinesas, ciências ambientais, ciência de da dos, inteligência artificial e medicina.Oacordo assinado na quarta-feira entre a UFC e a USJ prevê ainda o in tercâmbio de conjuntadelegaçõesatécnico-administrativos,funcionáriosrealizaçãodevisitasdeeaorganizaçãodeeventos.

O memorando irá tam bém “consolidar alianças estratégicas entre as duas universidades”, incluindo “actividades que já são desenvolvidas”, como su pervisão de dissertações e teses e intercâmbio de publicações, periódicos e resultados de ensino e pesquisa.AUSJ já tinha lançado um projecto de investigação com a UFC e o Instituto da Primeira Infância, com sede em Fortaleza, com famí lias carentes, “submetidas a stress crónico”, disse à Lusa em Junho o director

Mais 20 adesões no Plano das “Lojas com Características Próprias”

COM A UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Apresentadas propostas para as ETAR da Taipa e do Aeroporto

Aposta no futuro

Mais 20 estabelecimentos comerciais aderiram ao Plano das Lojas com Características Próprias, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Economia e Desenvolvimento Tecnológico (DSEDT). A cerimónia de entrega dos certificados foi realizada na sexta-feira, em conjunto com a Associação Industrial e Comercial da Zona Norte de Macau. Desde o lançamento do Plano, em 2020, e ao longo de quatro fases juntaram-se à iniciativa 230 “lojas com características próprias”. As fases foram feitas a pensar nos estabelecimentos na Zona da Rua de Cinco de Outubro, Zona das Ilhas, Gastronomia do Sudeste Asiático e Gastronomia na Zona Norte. “A DSEDT espera, através da extensão do plano, apoiar mais pequenas e médias empresas a melhorarem as suas operações e, ao mesmo tempo, ampliar os efeitos produzidos pela marca de lojas com características próprias, por forma a atrair residentes e turistas”.

A Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) recebeu cinco pro postas para a prestação de serviços de operação e manutenção das Estações de Tratamento de Águas Residuais da Taipa e do Aeroporto Internacional de Macau. A informação foi revelada através um comunicado com as propostas a variar entre 199 milhões e 245 milhões de pa tacas. O prazo do contrato é de 5 anos e a adjudicatária deve prestar às estações de tratamento de águas residuais da Taipa e do Aeroporto Internacional de Macau os serviços de operação e manutenção, bem como proceder à modernização das respectivas instalações de tratamento de águas residuais conforme os requisitos do Concurso.

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publicidade 15segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

O concurso ocorreu em Shenzhen, no mês passado, e teve como conferencista Oscar Man Cheng Ho, em representação do clube de apreciação de vinhos, que também integrou o painel de juízes da Grande Baía. Segundo o IFTM, foram premiados 34 vinhos de países de língua portuguesa, promovidos na popular plataforma de transmissão de vídeo online “Jiu Xian Zhi”, no dia 17 de Agosto.

Shenzhou-14, que começou em junho e deve durar seis meses. Os astronautas Chen Dong e Liu Yang, ambos pilotos do exército, regressaram à esta ção Tiangong pouco depois da meia-noite na China, segundo a CMSA, que descreveu a opera ção como um “sucesso total”. A agência espacial divulgou um vídeo dos dois astronautas chineses em equipamentos es paciais brancos, com o planeta Terra no horizonte. Os astronautas procederam à instalação de uma câmara e de um novo braço robótico, bem como testaram um procedimento de re gresso de emergência na estação. A construção da estação espacial TURISMO

TAIKONAUTAS CONCLUEM CAMINHADA NO ESPAÇO

D OIS dos três astronautas a bordo da estação espacial chinesa Tiangong (“Palácio Celestial”) completaram ontem uma caminhada de seis horas no espaço, sem incidentes, infor mou a agência de voos espaciais tripulados da China (CMSA).

PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA COM PAVILHÃO EM EXPO

Lugar da plataforma

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Lusofonia IFTM e Wine Appreciation Club na Feira PLPEX 2022

O Instituto de Formação Turística de Macau (IFTM), em colabo ração com o Wine Appreciation Club, participou num concurso de vinhos de países de língua portuguesa e na Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa deste ano.

A caminhada espacial foi a primeira realizada durante a atual missão

MAGAZINEMACAOSANMARFULANTÓNIO

“Concerto Trio Essemble” acontece hoje a partir das 18h30 na FRC A Fundação Rui Cunha (FRC) acolhe hoje, a partir das 18h30, o “Concerto Trio Essemble”, que conta com a pianista Peggy Lau, o tenor Or lando Vas e o violinista Anthony Cheong, além da participação especial do pianista e compositor Johnson Chan. O programa reúne os três experientes músicos que, apesar de serem locais, já actuaram em diversos lugares do mundo. Esta é a sua primeira colaboração como um trio, em que irão in terpretar, a solo e em conjunto, peças clássicas de compositores como Wolfgang Amadeus Mo zart, Claude Debussy, Giacomo Puccini, Ruggero Leoncavallo, Pablo Sorozábal, Tommaso Giordani, Alberto Nepomuceno, Sergei Rachmaninoff, Eduardo di Capua.Asessão conta ainda com a presença do convidado especial Johnson Chan, multi-instrumen tista, pianista e compositor que irá apresentar ao piano, a solo e acompanhado por violino, três composições originais suas. O recital terá cerca de uma hora de duração e conta com a já conhecida parceria do MMAS (Macau Music Arts Space) na co -organização do evento, e o apoio da IAA (Macau Interdisciplinary Arts Association), instituições criadas em 2020 para promover a música local e o intercâmbio cultural entre os artistas e a co munidade. Quem é quem Natural de Macau, Peggy Lau (Pui Kei Lau) recebeu o grau de Doutora em Artes Musicais em Performance de Piano na Uni versidade do Estado de Michigan, EUA. É também mestre em Per formance de Piano e Pedagogia de Piano. Enquanto trabalhava no mestrado e doutorado, Lau foi assistente de ensino na Michigan State University e trabalhou como professora de piano na Commu nity School da Universidade, dando aulas a particulares e a grupos para alunos de graduação e pós-graduação. Actualmente trabalha como bolsista residente do Moon Chun Memorial College e do corpo docente da Faculdade de Educação da Universidade de Macau. É ainda embaixadora cul tural de Macau e vice-directora da Associação Internacional de Arte e Cultura da Juventude de Macau. Orlando Querobino Vas nas ceu em Goa, Índia. Frequentou o Colégio Anglicano de Macau (MAC) e o Conservatório de Música de Macau, onde fez es tudos vocais, e continuou a sua educação musical na Cambridge School of Visual and Performing Arts, no Reino Unido, formando -se na Universidade de Surrey, em Guilford. Orlando tem feito uma aprendizagem contínua, académi ca e prática, regressando em breve ao Reino Unido para prosseguir os estudos de Performance Musical no Royal Welsh College of Music and Dance, em Cardiff. Anthony Cheong (Cheong Wai Leong) também é natural de Macau e começou os estudos no Colégio Anglo-Chinês do Perpé tuo Socorro e no Conservatório de Música de Macau, onde apren deu violino com o Mestre Chan Lap Kwan e viola de arco com a Professora Su Jia Juan. Em 2000 juntou-se à Orquestra Sinfónica Juvenil de Macau e foi vencedor do Concurso de Jovens Músicos de Macau. Fez estudos supe riores na Hong Kong Academy for Performing Arts (HKAPA), foi orientado por professores da Orquestra Filarmónica de Hong Kong e avançou na sua formação para maestro com o Professor Zheng Xiao Ying, tendo sido con dutor na abertura do concerto da Orquestra Filarmónica de Xiamen na temporada de 2012.

No 10.º aniversário desta expo sição, vai participar, também pela primeira vez, a participação do Museu do Palácio de Pequim, com “mais de uma centena de produtos culturais e criativos característicos, nomeadamente da série de ‘Um Panorama dos Rios e das Monta nhas’”, e convidar “especialistas em restauro de edifícios antigos” para demonstrações no local. Durante o certame, vai estar em destaque Macau como destino de “turismo de casamento” para desen volver a “economia de celebrações nupciais”, com a participação de mais de dez empresas de celebração de casamentos da China e de Macau, de acordo com o comunicado. deve estar concluída até ao final do ano, com a chegada de um terceiro e últimoTiangongmódulo.vaiter uma aparência final em forma de T e um tamanho semelhante à da antiga estação russa Mir (lançada em 1986 pela antiga União Soviética). A infraes trutura deve durar pelo menos 10 anos.

eventos 17segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

A China está a investir milha res de milhões de euros no seu programa espacial. O país asiático enviou o primeiro astronauta para o espaço em 2003. Em 2019, o país pousou um dispositivo no outro lado da Lua, uma estreia mundial. Em 2020, a China trouxe amostras da Lua e no ano seguinte pousou um robô em Marte.

Debussy e companhia

O S países de língua portugue sa vão contar, pela primeira vez, com um pavilhão da Lusofonia na Expo Internacional de Turismo (Indústria) de Macau, a decorrer entre 23 e 25 deste mês, foi anunciado.Oobjectivo é mostrar a “diversi dade cultural” e desempenhar o papel da região como “plataforma entre a China e os países de língua portugue sa”, de acordo com um comunicado da Direcção dos Serviços de Turismo. No pavilhão estão presentes as “comunidades de diferentes países de língua portuguesa residentes em Macau, que trarão produtos arte sanais, espectáculos com música e dança, e gastronomia característi cos destes países”, indicou. Ao mesmo tempo, o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) organiza também a participação de representantes locais de pro dutos alimentares dos países de língua portuguesa e empresas de Macau, enquanto o Secretariado Permanente do Fórum para a Coo peração Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau) estará, mais uma vez, presente neste certame, com uma sessão de apresentação de produtos turísticos dos países lusófonos.Alémda aposta em “oportu nidades de negócio ‘online’ e em pessoa”, a expo vai incluir mais de 20 demonstrações culinárias “ao vivo de chefes de renome” de Chengdu, Shunde, Yangzhou, Huai’an, que integram, tal como Macau, a rede de Cidades Criativas de Gastronomia da UNESCO, de acordo com a mesma nota. Ilha da Montanha presente Outra estreia será a participação da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin (Ilha da Montanha) para alargar a “cooperação turística en tre Hengqin e Macau” e apresentar “o planeamento turístico e desen volvimento de infra-estruturas relacionadas” daquela zona. O programa prevê a realização de “Fórum de Alto Nível sobre o Desenvolvimento do Turismo da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau 2022”, para debater como “aproveitar as oportunidades de desenvolvimento da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, integrar as vantagens culturais e turísticas de Hengqin e Macau, e impulsionar o desenvolvimento de Macau como um centro mundial de turismo e lazer”, acrescentou.

Pela primeira vez os países lusófonos vão ter um pavilhão na Expo Internacional de Turismo (Indústria), para mostrar a “diversidade cultural” de Macau e o papel de plataforma com China No evento Macau vai ser promovido como destino de “turismo de casamento” para desenvolver a “economia de celebrações nupciais”

Resposta a caminho

“servem os interesses económicos e de segu rança nacional dos Estados Unidos, apoiando os esforços [de Taiwan] para modernizar as suas Forças Armadas”, sublinhou a diplomacia norte-americana.Taiwantem sido historica mente uma das maiores fontes de atrito entre a China e os Estados Unidos, principalmente porque os norte-americanos são o principal fornecedor de armas de Taiwan e seriam seu maior aliado militar no caso de uma possível guerra.

Desde 2010, os Estados Uni dos comunicaram ao Congresso mais de 35.000 milhões de dólares em vendas de armas para Taiwan, salientou um porta-voz do Depar tamento de Estado, que aprovou os Os anunciaramEUA uma nova venda de armas a Taiwan. Em “nome da paz”. A prometeChinaretaliar

Ter propriedade em Pequim ou Xangai garante assim acesso ao sistema de ensino, saúde e segurança social locais, com padrões superiores aos de outras cidades, num país onde as discre pâncias regionais permanecem acentuadas. Em contraste, um ‘hukou’ rural fornece apenas acesso a terras agrícolas e a estruturas débeis de educação ou saúde. “O sistema de ‘hukou’ constitui um ‘muro invisível’ nas cidades chinesas: de um lado os trabalhadores migrantes e do ou tro os residentes locais”, resume o académico chinês Chen Zheng. A educação dos filhos é particularmente valorizada pe las famílias chinesas. O chinês Zhang Jian, por exemplo, vendeu o apartamento de 110 metros quadrados onde vivia há 10 anos, no norte do município de Pequim, por 230 mil euros, e comprou por 340 mil euros um T1 de 56 metros quadrados, no centro da capital. “Não quero que a minha filha seja inculta como eu”, explica à Lusa. De um total de quase dez milhões de adolescentes que este ano se submeteram ao ‘Gaokao’ - o exame de acesso ao ensino superior na China - 3,25 milhões conseguiram entrar na universidade. E, entre aqueles, só alguns milhares obtiveram vaga numa universidade chinesa de topo, garantia de um bom futuro profissional ou académico. Perante estes números, Zhang Jian faz prontamente as contas. “Gastei um pouco de dinheiro”, reconhece. “Mas se a minha filha não frequentasse uma boa escola, as perdas seriam para toda a vida”, conclui. João Pimenta, agência Lusa acordos. Para se materializar, estas vendas devem receber a aprovação do Congresso, o que é quase certo, pois o apoio militar a Taiwan tem gozado de amplo apoio entre con gressistas dos dois partidos. Para o Departamento de Estado, esta venda de armas são “essenciais para a segurança de Taiwan”. Apesar de venderem as armas, os EUA afirmam querer paz. “Os Estados Unidos con tinuam a apoiar uma resolução pacífica do assunto, de acordo com os desejos e interesses do povo de Taiwan”, acrescentou. Na semana passada, Taiwan anunciou planos para aumentar o orçamento militar para 19,2 mil milhões de euros, um valor sem precedentes. Resposta a caminho Face a esta atitude americana, a China ameaçou os Estados Unidos com “contramedidas” caso não cancele a nova venda de armas a Taiwan anunciada pelo governo norte-americano, adiantou o porta-voz da embai xada chinesa em Washington. “A China tomará resolutamente contramedidas legítimas e ne cessárias tendo em vista esta situação”, realçou Liu Pengyu, porta-voz da embaixada da China nos EUA, em comunicado. “A China necessáriaslegítimascontramedidasresolutamentetomaráetendo em vista esta situação.”

Isto deve-se, em parte, ao mercado de capitais exíguo da China: o sector imobiliário con centra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas –cerca de 70%, segundo diferentes estimativas.Masétambém resultado do restrito sistema de residência do país, conhecido como ‘hukou’, que limita o acesso a serviços públicos ao local onde o cidadão tem propriedade, tornando o valor do imóvel em algo menos tangível do que a métrica do retorno sobre o activo.

18 china www.hojemacau.com.mo 5.9.2022 segunda-feira

EstasPelosi.transacções

A importância da morada

E MARANHADOS de fios eléctricos, paredes descas cadas e rabiscadas com anúncios, tralha amontoada nas escadas: estes são os “atribu tos” de um dos mais caros bairros de Pequim, cujo preço por metro quadrado ronda os 15.000 euros. Construído nos anos 1980, o bairro número 42 da Dongzhon gjie é uma herança do passado operário da capital chinesa, com as paredes de tijolo nu e as escadas em betão a dar-lhe um aspeto inacabado. O pátio resume-se a um espaço estreito, sem verde, quase todo ocupado por Umautomóveis.detalhe, contudo, torna este lugar apetecível: a proprie dade aqui confere, à criança do comprador, vaga numa das me lhores escolas básicas de Pequim, a Shijia Shiyan. Os alunos da quele estabelecimento de ensino “têm maiores probabilidades de acesso direto à prestigiada Bei jing Erzhong (Escola Secundária Número Dois de Pequim)”, expli ca Xing, um agente imobiliário local, à agência Lusa. A Beijing Erzhong aceita todos os anos cerca de 800 alunos. É assim que, naquele quartei rão degradado, um T2 de 75 me tros quadrados custa 8,5 milhões de yuan (1.234.700 euros). «E vende-se muito bem!», garante Xing. O fenómeno explica, em parte, a origem da bolha imobi liária na China, que começa agora a desinsuflar, após o Governo chinês ter exigido maiores rácios de liquidez ao sector. O colapso do Evergrande Group, o segundo maior cons trutor da China, é o caso mais emblemático, mas dezenas de outros grupos imobiliários chi neses faliram nos últimos meses, ou entraram em incumprimento.

O anúncio da nova ajuda ocorre num momento de tensão entre Washington e Pequim, acentuada pela recente visita a Taiwan da presidente da Câmara dos Repre sentantes dos EUA, a democrata Nancy

ESTADOS UNIDOS VENDEM MAIS DE 8 MIL MILHÕES EM ARMAS A TAIPÉ

O S Estados Unidos anun ciaram esta sexta-feira um pacote de ajuda mili tar a Taiwan, no valor de 1.100 milhões de dólares (mais de 8 mil milhões de patacas), para reforçar o sistema de mísseis e radares da ilha, cuja soberania é chinesa, divulgou o governo norte-americano.Assim, o governo dos EUA aprovou a venda para Taipé de 60 mísseis Harpoon, por 355 milhões de dólares, 100 mísseis tácticos Sidewinder (85,6 milhões de dólares) e um contrato de manutenção do sistema de radar de Taiwan, avaliado em 665 milhões de dólares, detalhou o Departamento de Estado norte -americano em comunicado.

O rácio entre o preço dos imóveis e o valor das rendas no país asiático está entre os mais altos do mundo, sugerindo um retorno negativo sobre o capital investido. Em Pequim ou Xangai, o valor médio dos imóveis ascende a cerca de 23 vezes o vencimento médio anual dos residentes.

Investir num imóvel assegurar futuro dos filhos

LIU PENGYU PORTA-VOZ DA EMBAIXADA DA CHINA NOS EUA Numa declaração “firme mente contra”, Pequim exigiu imediatamente o fim do negócio após o anúncio por Washington. A China pede aos EUA para que “revoguem imediatamente” as vendas de armas, “para que não afecte ainda mais as relações com os EUA, bem como a paz e a es tabilidade no estreito de Taiwan”, acrescentou o porta-voz.

Juntaram-se os dois à esquina China e Rússia realizam exercícios militares conjuntos para “manter conjuntamente a paz regional, a estabilidade e a ordem global”

Ter medo da concorrência

O governo dos Estados Unidos anunciou esta sexta-feira que vai manter, nesta fase, as tari fas punitivas contra a China, impostas durante a administração de Donald Trump e que deviam ter terminado entre julho e agosto. “As tarifas não expiraram no seu aniversário de quatro anos”, referiu o Representante do Comércio da administração norte-americana (USTR, na sigla em inglês) em comunicado.Estastarifas punitivas deviam ter expirado, mas, como parte do procedimento, mais de 300 empre sas norte-americanas pediram a sua manutenção. “Representantes das indústrias nacionais indicaram que beneficiaram da acção comercial de várias maneiras”, detalhou o USTR, no documento em que justifica a Algunsdecisão.sectores acreditam, por exemplo, que “incentiva o governo chinês a interromper as políticas e práticas visadas pela ação tarifária”, ou que “permitiu competir com as importações chinesas, investir em novas tec nologias, aumentar a produção nacional e contratar trabalhadores adicionais”. As empresas também apontam que esta medida “ajudou a comba ter práticas competitivas desleais resultantes das políticas e práticas de transferência de tecnologia da China e a incentivar melhores políticas e práticas”. O USTR irá agora “fazer uma revisão” dessas tarifas, estudando os efeitos sentidos pelas empresas e as “consequências na economia norte-americana, incluindo no consumo”. Uma primeira série de tarifas alfandegárias punitivas foi imple mentada em 6 de julho de 2018, antes de três outras, que represen tam um total equivalente a 350.000 milhões de dólares em importações anuais do gigante asiático. Donald Trump tinha tomado estas medidas em retaliação às práticas comerciais chinesas consi deradas “injustas”. O ex-presidente republicano denunciou na altura o “roubo” de propriedade intelectual ou a transferência “forçada” de tecnologia. A administração de Joe Bi den apareceu dividida sobre a manutenção ou não dessas taxas alfandegárias. Duas outras lista gens de produtos chineses, que representam 200.000 milhões de dólares e 126.000 milhões de dóla res, respectivamente, expirarão em 24 de setembro de 2022 e 01 de se tembro de 2023, respectivamente. Em 27 de maio, os EUA di vulgaram que dezenas de produtos importados da China, relacionados com o combate à pandemia de covid-19, iam continuar, até final de novembro, isentos de taxas aduaneiras punitivas impostas inicialmente pela administração Trump. Estas exclusões tinham sido concedidas originalmente em 29 de dezembro de 2020 e expiravam em 31 de maio, tendo sido prorrogadas por mais seis meses. No final de março, Biden tinha tomado uma decisão semelhante para uma lista de outros 352 produtos, que estão isentos de taxas alfandegárias adicionais até 31 de dezembro. Aadministração do Presidente norte-americano, Joe Biden, lan çou este procedimento de isenção “direcionada” e destacou que as exceções seriam concedidas “caso a caso”, se não houvesse forma de substituir os produtos da China. Desde que foram impostas, mais de 2.200 isenções foram conce didas e, em seguida, 549 foram estendidas.

LOTILHAS de embar cações navais chinesas e russas participantes nos exercícios conjuntos Vos tok 2022 (East 2022) em curso reuniram-se na parte norte do Mar do Japão na sexta-feira, que foi o 77º aniversário da as sinatura do Instrumento Oficial de Rendição por representantes japoneses após a II Guerra. Segundo um comunicado conjunto, “China e Rússia, como duas grandes potências regionais, estão empenhadas em manter conjuntamente a paz regional, a estabilidade e a ordem global pós-II Guerra Mundial.” Em imagens divulgadas pela Televisão Central da China, o grande destroyer chinês de 10.000 toneladas do tipo 055 Nanchang navegou juntamente com outras embarcações navais. Notícias anteriores diziam que a frota chinesa também incluía a fragata de mísseis guiados Yancheng Tipo 054A e o navio de abastecimento completo Dongpinghu Tipo 903A. Embora os exercícios não sejam dirigidos a terceiros nem relacionados com a situação actual, “servem de dissuasor contra incertezas como forças externas mal -intencionadas, hegemonia e política de poder”, disseram analistas chineses, observan do que “a cooperação militar entre a China e a Rússia, duas grandes potências mundiais, contribuirá para a paz e esta bilidade na região”.

No entanto, o Japão protes tou contra os exercícios, apesar da sua própria Força de Auto -Defesa Terrestre se terv juntado em exercícios com o exército americano para simular a defesa de ilhas remotas, informou a emissora japonesa NHK a 28 de Agosto. Acredita-se que os simulacros se destinam a dissua dir a China, informou a NHK.

$ china 19www.hojemacau.com.mosegunda-feira 5.9.2022 PUB. F

O Ministro dos Negócios Estrangeiros japonês Yoshi masa Hayashi expressou numa conferência de imprensa na sexta-feira a sua vontade de falar com a China. No entanto, também falou de “ameaças” das operações do Exército de Libertação do Povo (ELP) em torno da ilha de Taiwan e no Mar da China Oriental. “Não admira que os países regionais, incluindo a China, estejam muito atentos à última tendência militarista do Japão”, disse Lü Chao, um investigador da Academia de Ciências So ciais de Liaoning. A autoridade de defesa do Japão revelou na quarta-feira produzir mísseis de longo alcan ce e hipersónicos, e de aumentar grandemente o orçamento da defesa do Japão para o próxi mo ano, o que “mostra uma tendência clara mas perigosa de recuperação do militarismo japonês e de fortalecimento das forças de direita”, disse Lü. O Japão limita as despesas anuais com a defesa a cerca de 1% do seu PIB, mas o Partido Liberal Democrático (LDP) no

poder propõe a sua duplicação nos próximos anos, citando o padrão da OTAN de 2%, se gundo a SongReuters.Zhongping, um es pecialista militar chinês do continente e comentador de televisão, disse que tal objecti vo de despesa não só indica a tentativa do Japão de atingir o limiar da adesão à OTAN, mas também expõe o desejo do Japão de se afastar da sua constituição pacifista.“OJapão nunca reflectiu verdadeiramente sobre a histó ria e os seus crimes em tempo de guerra, sendo que muitos no país acreditam que a sua derrota na Segunda Guerra Mundial foi o resultado de não ser suficientemente forte”, disse. “Nas últimas décadas, o Japão foi contido pela constituição pacifista e pela ordem global e regional do pós-guerra, e sem pre sonhou em sacudir esses grilhões”, disseram concluíram outros“Numaobservadores.conjuntura histó rica chave, quando o mundo, especialmente a Ásia-Pacífico, assiste a grandes e complexas mudanças, quando o militaris mo perigoso está a recuperar no Japão e quando as forças externas estão continuamente a agitar problemas na região, é responsabilidade dos grandes países regionais como a Chi na e a Rússia darem as mãos na manutenção da paz e da estabilidade”, concluíram os especialistas chineses.

EUA mantêm em vigor tarifas punitivas contra produtos chineses

20 publicidade 5.9.2022 segunda-feirawww.hojemacau.com.mo A ASSOCIAÇÃO DOSREFORMADOSAPOSENTADOS, E PENSIONISTAS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELAANIVERSÁRIODOPASSAGEMSEU21.º “A PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL DA ÁSIA E OCEANIA DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, COMENDADORA RITA SANTOS, FELICITA O JORNAL HOJE MACAU POR OCASIÃO DA COMEMORAÇÃO DO 21º. ANIVERSÁRIO”. A COMPANHIA DE SISTEMAS DE RESÍDUOS DE MACAU FELICITA O HOJE MACAU PELA PASSAGEM DO SEU 21.º ANIVERSÁRIO ASSOCIAÇÃO DOS TRABALHADORES DA FUNÇÃO PÚBLICA DE MACAU

desporto 21segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

PUB. A ilha do Sal, em Cabo Verde, até à ilha de Hainão, no extremo sul da China, são quilómetros13.500dedis tância, mas o cabo-verdiano Waldir Soares, que está ali radicado, sente pouca dife rença. “O ambiente é prati camente o mesmo: a cultura turística, as zonas balneares, o mar, restaurantes, bares. É a mesma cultura”, diz à agênciaWaldirLusa.Soares, de 42 anos, chegou à China em 2011, para estudar Língua, Cultura e História da Chi na. No ano seguinte, pediu transferência para o curso de Gestão de Turismo. O destino, a ilha tropical de Hainan, e em particular a cidade balnear de Sanya, surpreenderam-no pelo con traste com a imagem que tinha formado da China, através das “notícias, tele visão ou cinema”. Beneficiando do clima tropical, baixa densidade po pulacional e natureza quase intacta, num país industria lizado e com metrópoles densamente povoadas, a ilha é conhecida pelo turismo de saúde e bem-estar. “Isso faz parte do plano do Governo: manter a natureza, as mon tanhas, o verde, a qualidade do ar; a impressão digital da ilha como ela é”, descreve Soares.

endereço seguinte para consulta o relatório em papel: Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 336-342, Centro Comercial Cheng Feng, 18.° andar, Macau. Contacto: Direcção de Infraestruturas Aeroportuárias e Navegação Aérea da AACM; Telefone: (853) 2851 1213; E-mail: aacm@aacm.gov.moAutoridade de Aviação Civil da RegiãoEspecialAdministrativadeMacau 5 de Setembro de 2022

A Autoridade de Aviação Civil da RAEM (AACM), na qualidade de entidade de construção no pedido de utilização marítima para a realização de obras de expansão do aeroporto, procede à elaboração desta notificação sobre o Relatório de Avaliação do Impacto Ambiental da Expansão do Aeroporto Internacional de Macau (texto de consulta), no sentido de auscultar a opinião pública.

CABO-VERDIANO LEVA BASQUETEBOL ATÉ À CHINA SEM ABANDONAR CENÁRIO TROPICAL De uma ilha para outra Sanya popularizou-se também por receber gran des eventos internacionais, incluindo a Miss Mundo, a regata Volvo Ocean Race ou o Met-Rx World’s Strongest Man (“O Homem Mais Forte do Mundo”, em português), o evento internacional mais im portante do atletismo de força. “Aqui, eles têm o poder financeiro de organizar eventos internacionais, de levar Sanya para fora”, diz Waldir Soares. “Em Cabo Verde, fazemos o contrário: trazemos o mundo até nós, o que é mais difícil, através de eventos tradicionais, fes tivais de música nas praias, o artesanato”, compara. Em Sanya, o cabo-ver diano manteve também a ligação ao basquetebol, enveredando pela carreira de professor, após terminar os estudos. “A minha vida rodou sempre em torno do basquetebol”, diz Soares, que chegou a ser convocado pela seleção nacional de Cabo Verde, apesar de nunca ter chegado a participar em competições internacionais, e jogou em clubes na Ilha do Sal, Ilha de São Vicente e cidade da Praia. Numa quarta-feira ao fi nal da tarde, o cabo-verdiano orienta um grupo de cinco alunos, com idades entre os 4 e 6 anos, num pavilhão situado no centro de Sanya.

D

Notificação sobre a Expansão do Aeroporto Internacional de Macau Relatório de Avaliação do Impacto Ambiental (texto de consulta)

A “Shanghai Investigation, Design & Research Institute Co, Ltd” foi mandatada para realizar a avaliação do impacto ambiental. O público pode apresentar as suas opiniões sobre o relatório de avaliação do impacto ambiental (texto de consulta) entre 5 de Setembro e 16 de Setembro de 2022. O texto do edital encontra-se disponível na página electrónica da AACM ( php?r=about/index&cid=220&pageid=220https://www.aacm.gov.mo/index.),oupodedirigir-seao

As obras serão realizadas em várias fases: a primeia fase da obra envolve uma zona terrestre com um total de cerca de 79,1hm2, e a segunda e terceira fases envolvem uma zona terrestre com um total de cerca de 61,6hm2, com um canal 95m de largura no meio da área.

Nas costas da sua camisa está estampada a palavra “China”. “O basquetebol é o desporto popular que todo o chinês quer praticar, muito mais do que o futebol”, ex plica Soares. A figura de Yao Ming, ex-basquetebolista chinês dos Houston Rocket, é uma das mais respeitadas na China. O país asiático é também o segundo merca do mais importante para a indústria, superado apenas pelos Estados Unidos, representando centenas de milhões de dólares em receitas da liga norte -americana de basquete bol NBA. A Associação Chinesa de Basquetebol (CBA) estimou que o nú mero total de praticantes regulares no país é superior a 300 milhões. A China é a nação mais populosa do mundo, com mais de 1,4 mil milhões de habitantes. “O basquetebol é forte na China devido à cul tura que está associada ao desporto: o vestuário, as marcas e os modelos de ténis, o espetáculo da NBA”, frisa Soares. “Isso leva a que o número de praticantes cresça consi deravelmente”.Apráticadesportiva num país que durante décadas im pôs a política “um casal, um filho”, é também importante para os mais jovens sociali zarem. “Muitas famílias têm apenas um filho e esse filho fora da escola está apenas com adultos, mas quando ele pra tica basquetebol, ou futebol, badminton, um desporto de grupo, está numa comunida de desportiva, e vai ter uma educação desportiva: coope ração, trabalho em equipa, muitas outras coisas que são importantes na vida futura de uma criança”, aponta Soares. João Pimenta, agência Lusa

22h 5.9.2022 segunda-feira

Sozinha, sirvo-me de vinho O sabor perfumado do vinho sob as flores, Pássaros guarda-rios cobrem de azul a porta de bambu fechada. Sozinha, observando as gaivotas voando, Distante sem dúvida, nada é negativo, e eu descansada.» Xue Susu( c. 1564-1650?)

www.hojemacau.com.moLiRihua (1565-1635) mostrou no seu «Diário do Pavilhão de Saborear a Água» (Weishuixuan riji) uma imensa disponibilidade para acolher as infinitas possibilidades, por mais espantosas, com que a vida se revela. Numa entrada datada de 21 de Junho de 1610 descreve um encontro com um homem chamado Wu Chinan: «Wu disse-me que em Guangdong, em Macau, há uma espécie de seres humanos com escamas no corpo e pele escura. Quando nadam debaixo de água conseguem levar os peixes a nadar com eles. Quando regressam a terra vivem junto das outras pessoas. Todas as pessoas proeminentes de Macau possuem um a seu cuidado. Eles conseguem enganar os peixes de modo a entrarem nas redes e quando estas estão cheias, puxamnas rapidamente e os homens que estão em terra conseguem uma grande pescaria. São chamados luting. Diz-se que os soldados derrotados de Lu Xu que fugiram para o Sul durante a dinastia Jin (265-317) se misturaram com os peixes e que daí resultaram imensas variações. No espaço entre o céu e a terra estranhas coisas emergem no tempo. Não há um número definitivo delas que nós possamos determinar.» Nem sempre eram coisas tão assombrosas ou inacreditáveis. Depois de um encontro com Matteo Ricci (1552-1610) escreveu: «(…) Ele mostrou-me coisas estranhas que trouxe do seu país (…) Coisas que vale a pena serem adoptadas.» Também prestou atenção a pinturas invulgares legadas pelo passado, de modo a iluminar o seu presente, escrevendo nas «Notas do estúdio das seis inquirições» (Liu yanzhai biji): «Guo Bi da dinastia Yuan, também chamado Tianxi, pintou para o clérigo do Chan, Wuwen, um maciço de arbustos de bambú e a raíz de um velho cipreste. O tronco do cipreste é horizontal e a pintura é particularmente poderosa e enérgica. É como um cotovelo de uma yaksha (yecha, um espírito nocturno da floresta). Um trabalho bastante original.» Guo Bi (1280-1335) de Jingkou (Jiangsu) o autor dessa pintura conhecida como Árvore seca num bosque de bambú (rolo horizontal, tinta sobre seda, 33 x 106,1 cm, no Museu Nacional de Quioto) também foi autor de um diário. Nele existe uma profusão de detalhes descrevendo o dia-a-dia de um literato pintor que os seus sucessores literatos dos Ming como Li Rihua emulavam. Numa entrada do Verão de 1309, a 25 de Junho escreve: «(…) pela hora de jantar nós os três chegámos ao condado de Gaoyou e fomos visitar o Templo do Pico Oriental e deixámos os nossos pertences em casa de Gong Zifang. À tarde tomei um banho e sentime refrescado. Comparada com Xinghua (onde estiveram antes) Gaoyou praticamente não tinha mosquitos. Adormeci profundamente até à meianoite, quando acordei na minha cama alagada pela luz prateada do luar.» A conclusão poética de um dia, capaz de tocar alguém tão sofisticado como Li Rihua que possuía um pavilhão só para saborear a água que iria usar no chá.

O tronco resistente que unia Li Rihua e Guo Bi texto e ilustração

PAULO MAIA E CARMO

publicidade 23segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo A SANTA CASA DA FELICITADEMISERICÓRDIAMACAUOHOJEMACAUPELAPASSAGEMDOSEU21.ºANIVERSÁRIOFelicita o jornal Hoje Macau pelo seu º aniversário Tel: 2835 5111 Av. Almeida Ribeiro 22, P.O. BOX 465 Macau

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COMUMMENTE identificamos uma baía por uma configuração geográfica de uma frente hídrica em forma de crescente, tal como a lua quando tem essa configuração.

Efectivamente, por detrás da frente do Rio das Pérolas existe um grande repositório de recursos mais interiores, que é muito maior do que a sua exposição ou ligação para o exterior.

São isso a Baía da Praia Grande em Ma cau, Wan Chai em Hong Kong, Copacabana e Leblom no Rio de Janeiro. Mas, mais rigorosamente, “baía” signi fica um golfo cuja entrada é mais estreita que o Tantointerior.que assim é que, em linguagem informática, baía é um interface físico que permite ligar discos rígidos ou outro tipo de suporte de armazenamento de dados.

Os canais estão mais estreitos por causa da ur banização em aterros e, se temos a consequência de já não existirem terrenos para acomodar a inundação da maré, que passou a fustigar as orlas urbanas mais baixas, também temos a vantagem de que o caudal da maré é mais veloz, os fundos são mais bem lavados, menos sujeitos à acumulação de sedimentos, menos dependentes de dragagens para navegação fluvial, logo, mais navegáveis.

PLANEAMENTO GERAL DO TRÂNSITO E TRANSPORTES TERRESTRES DE MACAU

VI – DA GRANDE BAÍA HÍDRICA (continuação de dia 29 de Agosto)

Ou seja, perante o argumento de novas ligações de serviços públicos de transpor tes não poderem ser criadas por saturação, aquelas ligações que poderiam ser feitas, ou acrescentadas por via fluvial, aliviaria certamente essa saturação. Escrutinada a consulta para o Planeamen to Geral do Trânsito e Transportes Terrestres de Macau, a possibilidade de haver ligações de transportes públicos fluviais não foi considerada.Apenasfoi considerado que isso venha a acontecer em capítulo de integração no transito regional, mas com especificação apenas para Hengqin, exactamente e apenas em sentido de aliviar a pressão do trânsito da via terrestre. Todavia, em capítulo de integração de tran sito regional fluvial afigura-se poder ser muito mais que apenas a ligação a Hengqin, e sequer apenas para alívio do transporte terrestre.

A nível de transito regional há toda uma Grande Baía infra-estruturada por artérias fluviais que podem servir para utilidades de natureza própria, e que sequer são possíveis em Seterra.em capítulo que integração e coopera ção regional as cidades do delta passassem a ser equipadas com ancoradouros standard, que servem para atracar barcaças igualmente standard e com propulsão própria, seria plataforma para veículos de diversos tipos de intercâmbio regional, a que se poderiam chamar Urban Apps. Algo que a RAEM poderia iniciar e fazer disso sua vocação e contribuição para cooperação e intercâmbio regional. Só a título de exemplo, os Serviços de Turismo da RAEM, em vez construírem recorrentemente e propositadamente um stand, cada vez que levam as suas promoções a essas cidades, poderia ter o mesmo stand transportado a qualquer dessas cidades pelas artérias do delta.

A ponte tornou as ilhas perma nentemente acessíveis, enquanto as ligações fluviais dependiam de horários que se tinham de ajustar à hora da maré, exactamente por as águas serem pouco profundas.

Em verdade as alterações ambientais não são desejáveis, pois nem todas as implica ções são conhecidas ou previsíveis. Toda via, quando acontecem, recorrentemente algumas situações são afectadas, mas outras surgem em sentido de oportunidade.

O desenho urbano da RAEM vem se frentemeiocontinuidadedetrimentorodoviáriasporpautandoperiferiasemdadourbanoàmarítima

O mesmo poderiam trazer as outras ci dades a Macau, fossem promoções culturais ou comerciais, pequenas feiras de produtos, senão mesmo acções de formação, em bar caças que atracariam em ancoradouros numa zona de fácil acesso ao público, equipados com ligações para serviços de saneamento e de abastecimento de água e energia, a que se ligariam de modo igual quando ancorassem nas outras cidades. O local em Macau mais vocacionado para esse tipo de ancoradouro é a Ponte-Cais 16 (por razões e características que recorrente mente venho lembrando), mesmo que aí o ancoradouro tivesse que existir mais ao largo e acessível por nova ponte entre as construções que aí entretanto já existem. Como se fosse o prolongamento de mar que o empreendimento que aí foi construído retirou. O desenho urbano da RAEM vem se pautando por periferias rodoviárias em de trimento da continuidade do meio urbano à frente marítima. A mesma aptidão urbana que se reco nhece ao Porto Interior e que se revela hoje obsoleta e degradada, nunca foi aí aperfei çoada ou actualizada, nem foi replicada em outros locais por iniciativa e comando públicos, apenas em estratégia privada, a Doca dos Pescadores. São modalidades de ocupação urbana que resultam de uma génese localmente característica e com significado, com atri butos que resultam de uma configuração geográfica, e que não são apenas do interesse das actividades que motivaram essa génese urbana no passado.

Presentemente as condições são diferentes.

26 ideias 5.9.2022 segunda-feirawww.hojemacau.com.mo Mário Duarte Duque*

*arquitecto

Isso faz efectivamente faz deste delta uma “Grande Baía”, justifica uma estratégia de marketing geopolítico exactamente com essa designação, e que também tem uma morfologia hídrica, mas numa configuração a que chamamos delta. A identificação de um delta pressupõe um conjunto de dados que se prendem com a eco logia das águas salobras (as águas que são mais salgadas que os rios, mas menos salgadas que o mar), o transporte de sedimentos e a fixação de nutrientes (que se fixaram ao longo dos tempos nos terrenos de inundação), os modos da hidrologia (que conjuga a invasão das marés e as descargas dos degelos das montanhas), assim como as actividades económicas que disso resultaram, e que só aí se fixaram no tempo em que a hidrologia estacionou (há 6 mil anos atrás), i.e. quando o planeta atingiu último máximo térmico, pois até essa ocasião não era possível habitar o litoral. É este o “meio”, i.e. o que envolve, e que compreende o conjunto das condições biológicas, físicas e químicas, nas quais os serem vivos se desenvolvem, mas também o conjunto das circunstâncias culturais, económicas, morais e sociais que os huma nos desenvolveram e nas quais interagem, enquanto seres sociais. A questão geográfica mais característica é pois que esta é efectivamente uma baía hídrica, configurada num delta, onde as suas artérias são efectivamente água, e onde a sua abertura para o exterior são necessariamente as cidades Historicamentecosteiras.foi essa a função primeiro de Macau, depois de Hong Kong, tendo como mais directo interior toda a província de Guangdong.Opotencialde Macau de interface maríti mo com o exterior foi há muito ultrapassado por Hong Kong por via da capacidade no transporte de carga e na navegabilidade de navios, com calados cada vez maiores, em águas que em Macau são pouco profundas. Mas manteve-se algum transporte regional fluvial que se processa principalmente por barcaças.Importa também lembrar que na história das acessibilidade, onde as rotas hídricas eram possíveis e de interesse, essas sempre foram ligações mais precoces que as ligações terrestres, pelo simples motivo que precisa vam de um veículo, mas não precisavam da construção de vias. Mas também rotas que foram abandona das logo que as vias terrestres passaram a existir, e o transporte passou a ser motorizado e mais veloz ao longo das vias terrestres. A esse modelo Macau não é excepção, pois as ligações de passageiros entre a pe nínsula e as ilhas sempre se processaram por via fluvial, até à construção da Ponte Nobre de Carvalho.

O sentimento ocidental não transpõe agora visão alguma, atropelando várias sensações com conduta errática e olhar vitral, que nós não vamos longe e daqui ninguém parece saber sair: a luz decresce na ocidentalidade que, cansada, acende fogueiras, enfrenta o escuro, apaga o gás... que a Guerra por gaseamento acolhe a “repaga” na memória colectiva. Bom! Vejamos. Ainda a procissão gasosa vai no adro! Está quente e não tarda a arrefecer, que o extremado mundo não anda para subtis Estações intermédias, podendo deslizar para coisas bem piores, que os ferros com que matámos, nos matarão, tal qual como o belo Cesário aqui afirmou «Tudo cansa! Apagam-se nas frentes/ os candelabros, como estrelas, pouco a pouco; ...tornam-se mausoléus as armações fulgentes...»

Fora um paciente de Sousa Martins que julgou não lhe conhecer a identidade, mas o médico que se revelou uma alma curativa, sabia quem ele era, e a outro confirmou o quanto já estava irremedia velmente perdido! (perdido para a vida, mas não para nos lembrar que a vida de nada vale se não a soubermos olhar).

O sentimento ocidental não transpõe agora visão parecelongequeerráticasensaçõesatropelandoalguma,váriascomcondutaeolharvitral,nósnãovamosedaquininguémsabersair

Dedicado com amor a Guerra Junqueiro É SEM DÚVIDA alguma uma designa ção feliz este nomear visto por um ponto cardeal só concebível por um poeta que em tudo via captações sensitivas dos es paços, Cesário Verde - tribuna verde para um Ocidente que desde há muito encetou o êxodo para as cidades e que tem sido rasgado a fogo nos últimos tempos - que ainda pode ser apelido, verdi, na linha de uma ascendência italiana, dúvida que recai na zona que ao poema interessa. Um ocidental não será contudo mais sensível à flora que um oriental, antes pelo contrário, mas tende a contempla ção mais difusa a ver por onde conduz o interesse das suas visualidades e centros nevrálgicos nessa projecção. Mas é com ele, o poeta, que hoje seria certamente um ecologista pioneiro ou um lutador pelas causas dos mais desfavorecidos, que esta ocidentalidade nos interessa. À extrema ocidentalidade, junta-se-lhe quase o deserto, esse espaço revigorante onde os oásis se dão, e onde tudo fica tão bonito que não precisamos de florestas defuntas de abandono, nascendo-lhe gentes talvez com verdes olhos, e nessa visualidade um Cesário em seu binómio cidade/campo, o qual nos foi deleitando na construção de um outro planeta sonhado. Este sonho partia no entanto de uma atenção prodi giosa do real, uma capacidade instintiva de religar as coisas como pertencentes a uma unidade mais vasta, uma certa diluição que lhe garantia a fluidez entre mundos, onde acompanhá-lo é deleite, e também um grande alerta. Como um ser tão débil consegue tal acutilância, é sem dúvida o seu deslumbre. Usa as sinestesias como bailarino em trampolim e somam-se-lhe recursos linguísticos tais que ficamos elu cidados acerca das componentes de suas inquietações. Não segue um estilo carac terizado, notando-se retalhos parnasianos, impressionistas, românticos e realistas, onde vai escavando uma modernidade a acontecer, inspiradora e readaptada em Fernando Pessoa. Um cego pode ver as coisas escu tando o Verde Cesário, que ele erradi cou a cegueira como impedimento à compreensão; mas nós, videntes muito incapacitados, continuamos baixando a guarda ao bom entendimento, que ainda o terceiro conjunto deste poema é dedicado «Ao Gás», uma súmula de bem-dizer em verso raro que nos perturba, sim, mas nos orienta para olharmos a injustiça, a fria realidade das coisas vãs, e nos protege numa certa miséria a acontecer. Por quê? Por uma compaixão de si que a todos abrange, lúcida e leal. A estesia com a qual nos contempla vale bem uma outra Missa. Ele que não era freirático e desdenhava dos reis, que entravam a O SENTIMENTO DUM OCIDENTAL

Amélia Vieira galope pelas cidades dentro, é no entanto o sentimento que nos transmite, o de um inacessível perdão, parecendo assim um para-raios que não chega até à locomotiva em marcha no momento que nos acolhe.

ideias 27segunda-feira 5.9.2022 www.hojemacau.com.mo

Por acaso estes instantes são de seda e pranto e não nos tornaremos menos pessoas se, de trás para a frente, as gentes contemplarem a vida dos que não mor reram devagar. Estamos sitiados. Só os poetas nos podem agora falar de forma ampla e futura, pois que nem sempre somos assim tão felizes na virtual memó ria do vivente tempo que passa. E disse ainda uma coisa linda um seu amigo: a bondade suma está no poeta, mais visível pelo menos do que em Deus. Estão ainda verdes estas belas pince ladas alfabéticas! Não as podem tragar.

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