Hoje Macau 6 JAN 2016 #3486

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quarta-feira 6 de janeiro de 2016 • ANO Xv • Nº 3486

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hojemacau

Agência Comercial Pico • 28721006

hoje macau

Director carlos morais josé

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lei de terras

A porta do entendimento

Lau Si Io prometeu. Raimundo do Rosário não estava lá. Há quem se sinta enganado. Mas o alcance último desta situação ainda está por emergir: falta saber se será criada a “porta das traseiras” na lei, de modo a permitir entendimentos. páginas 2-3

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Promotor desaparece Utopia? Lionel Leong acredita com 90 Os três ser o momento do motor da milhões estádios rui paiva

sociedade página

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dependência do Jogo e construir uma verdadeira economia. Para isso, fala-se de diversificação, pois claro. A económica. A cultural, dizemos nós.

política página

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economia deixar de ser o Jogo dos diz ele. Chegou o momento BRICS Risco, de Macau tentar descolar da


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tiago alcântara

grande plano

a Lei de Terras e a “porta das traseiras” Promessas de Lau Si Io caem em saco roto

A culpa morre solteira Intervenientes na produção da Lei de Terras e investidores juram a pés juntos que Lau Si Io prometeu que não haveria “problemas” com a caducidade de terrenos...

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oi a 1 de Março de 2014 que a nova Lei de Terras entrou em vigor. Desde então, muita discordância tem causado, algo comum já que desde o primeiro projecto de alteração da lei - em 1980 mas só apresentado em 1993 – o desacordo foi também um dos pontos fortes. O caso do lote do Pearl Horizon – que já entrou em caducidade – e dos terrenos das zonas C e D dos Nam Van– que entram este ano – fizeram estalar o verniz e trouxeram à sociedade muitas perguntas sem resposta. As

diferentes versões e a polémica com o diploma continuam. “Esta é uma história muito mal contada. O Governo não quer assumir a culpa, claro que o [Secretário para os Transportes e Obras Públicas] Raimundo do Rosário não pode assumir uma culpa que é do seu antecessor. Foi Lau Si Io [ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas] que garantiu que isto [da caducidade dos terrenos] não seria um problema no futuro. Ele garantiu isto, por mais do que uma vez, nas reuniões com a [Primeira] Comissão Permanente

“Raimundo do Rosário nada pode fazer perante uma situação que é reflexo de erros da governação anterior. Este braço de ferro entre concessionárias e Governo irá para aos tribunais e arrastar-se-á. O Governo jamais assumirá que errou”

da AL, na altura presidida pela deputada Kwan Tsui Hang”, começa por defender ao HM uma fonte interveniente no processo de elaboração da lei, que prefere manter o anonimato. Durante as várias reuniões da Comissão responsável pela análise no diploma na especialidade, Lau Si Io terá apaziguado as preocupações levantadas pelos deputados, explicando “que iriam ser criadas cláusulas, ou leis, que protegessem os interessados”. Um garantia que nunca chegou a acontecer, especialmente com a saída do então Secretário. A ideia de que haveria arestas a limar no futuro foi também defendida pelo deputado Leonel Alves, durante uma sessão plenária da Assembleia Legislativa (AL) no mês passado, onde o deputado se disse “enganado” por Lau Si Io. “Perguntei qual iria ser a solução. [Lau Si Io] disse que, na altura, seria encontrada uma solução. Trabalho aqui há 31 anos, sempre segui o princípio da justiça. Quando os empréstimos são concedidos, creio que tem de haver uma solução razoável para isto. O Governo diz que, com base no artigo 48º [sobre a renovação de concessões provisórias], a porta está totalmente fechada. Fui enganado, pelo que tenho de pedir desculpa à população”, disse. O deputado justificou ainda o seu voto a favor do diploma pois, defendeu, acreditou que o bom senso iria prevalecer nos casos em que os projectos e os empréstimos para o desenvolvimento das concessões estivessem já aprovados. Mas, “claro que com a entrada de Raimundo do Rosário nada seria feito, ele [o actual Secretário] não faz ideia do que aconteceu, do que foi dito”, apontou a fonte ao HM. Apesar das dúvidas, a aprovação aconteceu apenas com o voto contra, do deputado Ng Kuok Cheong. “Claro que foi aprovada, claro que todos iriam votar a favor, tínhamos a segurança da única pessoa que nos podia dar: Lau Si Io. E percebemos a pressão imensa que vinha do Governo Central. Por isso é que se aprovou esta lei: pressão”, acrescenta a fonte do HM.

Braços de ferro

“A culpa vai morrer solteira. Raimundo do Rosário nada pode fazer perante uma situação que é reflexo de erros da governação anterior. (...) Este braço de ferro entre concessionárias e Governo irá para aos tribunais e arrastar-se-á. O Governo jamais assumirá que errou, porque na verdade erraram todos, sejam concessionárias ou Administração”, reforçou o advogado de uma das concessionárias,


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sublinhando mais vez mais “os favores e interesses” entre os agentes envolvidos. Questionado pelo HM, Au Kam San, então membro da comissão responsável pela análise da Lei de Terras afirmou não se lembrar se Lau Si Io garantiu resolução para as concessões acordadas antes da revisão da lei. “Não me lembro, acho que ele nunca disse que existia a possibilidade de se criarem outras lei ou regulamentos para funcionarem

como complemento desta lei. Passaram muitos anos desde que se começou a discutir esta ideia, não se pensava no futuro. Lembro-me, sim, de Lau Si Io garantir que existiriam resoluções, por isso é que alguns deputados se dizem enganados. Na minha opinião a Lei de Terras já oferece soluções para todos os possíveis casos, por exemplo, o concurso público”, rematou. Filipa Araújo (com F.F.)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Uma brincadeira entre amigos que correu mal

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ma brincadeira entre amigos – Governo e investidores – e uma troca de favores “que agora pode correr mal”. É assim que o advogado de defesa de alguns investidores classifica a situação que se vive actualmente. “Ninguém pode negar os interesses claros que existiram nas trocas de terrenos, na cedência dos mesmos. É inegável. E agora, com o novo Secretário – se o mesmo aguentar a pressão – a brincadeira vai correr mal para quem nunca quis construir. Os terrenos valem dinheiro, valem muito dinheiro.

O Governo pediu à Nam Van para autorizar [a desistência], com a promessa de que o que estava previsto construir na zona B iria passar para as zonas C e D”, reforçou Neto Valente ao HM, adiantando que, por isso, a empresa não “se preocupou porque mesmo que não se fizesse a construção ali, o Governo iria, mais tarde, certamente arranjar uma solução”. “Tudo isto está escrito”, frisou Neto Valente, há cerca de três meses. Investidores de Hong Kong, ligados aos terrenos das zonas C e D, contactados pelo HM, garan-

Investidores de Hong Kong, ligados aos terrenos das zonas C e D, garantiram que apresentaram “projectos para as áreas em causa” que “nunca foram aprovados” É de dinheiro que se fala aqui”, apontou ao HM, através de um email identificado. A questão das promessas de encontrar uma solução não se limitou à revisão da Lei de Terras. Anteriormente questionada pelo nosso jornal, a direcção da concessionária Nam Van afirmou que não foram construídos os projectos idealizados em locais que ainda hoje permanecem vazios, porque os mesmos nunca foram aprovados pelo Governo. O administrador Jorge Neto Valente indicou ainda que as “coisas se foram arrastando” e que nada aconteceu. “A Nam Van não ganhou nada com a troca [de terrenos nas zonas actuais do casino Wynn pela zonas C e D], deixou apenas de construir.

tiram que apresentaram “projectos para as áreas em causa” que “nunca foram aprovados”. “É muito difícil para as concessionárias, e por isso para nós, dizer o que está certo ou errado. A única coisa que posso dizer é que, no nosso caso, tentámos, demos o nosso melhor para fazer um trabalho completo, cumprindo as obrigações”, explicou um representante de uma empresa investidora. Mas a verdade, diz, é que é “muito fácil determinar as falhas seguindo os factos”. “De 1999 a 2006 o Governo nada quis fazer, nem tão pouco saber. Em 2006 o Governo começou a falar de um ‘grande plano’, condicionado por várias coisas. (...) Vamos culpar as concessionárias?”, indagou. F.A.

Édito

Enganados Q

uando se lê nas entrelinhas deste caso, não será fácil especular sobre o que estará por detrás do imbróglio. Algo mais que ultrapasse a ambição natural dos intervenientes. Esse algo mais, arriscamos, serão as intenções da República Popular da China e do Governo Central. Pensem comigo. As terras são o mais precioso bem de Macau. Que o diga a exadministração portuguesa. Naturalmente, a sua gestão preocupará quem, ao longe, observa o que se vai passando na RAEM, com o dever de supervisionar o que necessita de ser supervisionado. Ora, quando da discussão da Lei de Terras, dizemnos, Lau Si Io terá referido existir uma grande pressão por parte do Governo Central para a sua rápida aprovação. Na altura, os deputados, também ligados a interesses, terão aquiescido, perante a promessa de contornar os problemas no futuro. Mas Lau foi à sua vida e Raimundo do Rosário em nada se comprometeu. O que falta então na lei é o que o sempre acutilante Fong Chi Keong definiu com desassombro e sagacidade: uma “porta nas traseiras” que permita aos senhores da oligarquia entrar e sair a seu bel-prazer e de acordo com os seus interesses. O que parece ter acontecido é que Pequim lhes deu a volta e de que maneira. Leonel Alves sentiuse, pela primeira vez, “enganado”. Com a saída de Lau, as promessas da “porta das traseiras” serão naturalmente quebradas. Será que foi na Lei de Terras, cuja importância para a RAEM é incontornável, que Pequim deu o primeiro sinal de que um determinado reino vai acabar?

Carlos Morais José


4 política

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Jogo Lionel Leong quer acabar com “supremacia” da indústria

Quem não arrisca não diversifica

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Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, considera necessário “ultrapassar a situação de supremacia da indústria do Jogo”, que actualmente existe em Macau. Em entrevista ao jornal chinês Exmoo News, Lionel Leong disse ainda querer a melhoria da legislação para reforçar a fiscalização no sector. O Secretário referiu que há muito tempo que a economia local depende demasiado da indústria do Jogo, mas os seus destinatários e os clientes mudaram, pelo que é necessário alterar o impacto da indústria na economia. “Para nos desenvolvermos de forma sustentável e para aumen-

Questionado pelo Exmoo News sobre a revisão das licenças de Jogo, Lionel Leong referiu apenas que vai avaliar se as seis operadoras cumpriram as promessas feitas e se satisfizeram as condições para a concessão das licenças.

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É tempo de enfrentar “riscos”, diz o Secretário, e de acabar com esta coisa do Jogo ser o motor da economia de Macau tarmos a nossa competitividade a nível internacional, é preciso ter uma fiscalização eficaz de acordo com a lei, para além de adicionar questões como a honestidade e qualidade no sector do Jogo”, adiantou o Secretário. Para levar a cabo essa mudança, Lionel Leong aponta que, numa fase de ajustamento da economia, é necessário “assumir riscos”. “Mesmo que enfrentemos desafios e que nos esforcemos para uma mudança, devemos assumir riscos para ter oportunidades. Acredito que se o Governo, as empresas e os residentes se esforçarem em conjunto, esta será uma boa altura para a melhoria da estrutura económica de Macau”, apontou.

“Se o Governo, as empresas e os residentes se esforçarem em conjunto, esta será uma boa altura para a melhoria da estrutura económica de Macau” Sobre a questão dos promotores de Jogo, ou junkets, Lionel Leong referiu que nos últimos anos o sector tem vindo a depender demasiado do sector VIP e dos negócios desses promotores. “O regime de supervisão já foi elaborado há muitos anos e não podemos evitar o facto de que se tornou obsoleto. Com uma melhoria das leis podemos regulamentar melhor o sector”, rematou.

tapetes, ar condicionado e filho

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a entrevista, Lionel Leong não deixou de falar sobre a sua vida pessoal, referindo que, para aliviar o stress do dia-a-dia, gosta de limpar tapetes e o ar condicionado. “Os meus colegas brincam sempre comigo a dizer que precisam de lavar os tapetes ou limpar o ar condicionado”, apontou Lionel Leong, que disse ainda que o filho mais velho está a estudar Filosofia Política e Económica nos Estados Unidos. Para o Secretário, o filho poderá vir a ter uma grande relação com o futuro desenvolvimento de Macau.

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Passagem fácil pelos buracos da lei

Seac Pai Van Pessoas a “viver numa ilha isolada”

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Pereira Coutinho denuncia lacunas na legislação que facilitam o trabalho ilegal a exigir que estes trabalhadores que “venham a ser autorizados a trabalhar temporariamente em Macau estejam devidamente identificados, a fim de eliminar os abusos com identificação rudimentar e simplista dos mesmos”. O deputado fala de “lacunas existentes na actual legislação que permite aos trabalhadores estrangeiros exercerem funções sem prévia autorização oficial, prejudicando os trabalhadores locais habilitados a exercerem as mesmas funções”. Pereira Coutinho deu como exemplo a realização de uma Tiago Alcântara

deputado José Pereira Coutinho voltou a interpelar o Governo sobre alegadas “lacunas” existentes no regulamento sobre a proibição do trabalho ilegal, depois de ter, em Maio do ano passado, questionado a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre o assunto. Pereira Coutinho pede mudanças ao regulamento na parte que “permite aos não residentes que ocupem postos de trabalho cujas funções podem ser facilmente exercidas pelos jovens de Macau”. O deputado e presidente daAssociação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) pede ainda que as entidades fiscalizadoras realizem uma maior vigilância e fiscalização “aos trabalhadores não residentes que são contratados ao abrigo deste regulamento administrativo”, por forma

exposição de máquinas, equipamentos e concessões de Jogo realizada no salão de convenções e exposições de uma das concessionárias de Jogo na Taipa, onde “estariam a trabalhar um elevado número de jovens, a maioria proveniente de Hong Kong a exercer funções simples de registos de dados ou contabilização genérica de equipamentos, cujos trabalhos poderiam ser exercidos por trabalhadores locais”. Para além disso, diz, no local de montagem do palco e dos stands a maioria dos trabalhadores não residentes estavam identificados de uma forma rudimentar e simplista, sem a designação das funções para os quais foram autorizados a trabalhar temporariamente no local, queixa-se o deputado. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

deputado Au Kam San considera que o andamento da construção das instalações comunitárias em Coloane “não se coaduna com as necessidades de desenvolvimento” o que leva a que os habitantes contemplados pelas nove mil fracções de habitação pública em Seac Pai Van se sintam como se estivessem a “viver numa ilha isolada”. Num interpelação escrita, o deputado indica que é preciso aperfeiçoar as instalações comunitárias para facilitar a vida dos moradores e, aponta, desenvolver plenamente a zona noroeste de Coloane. Este aperfeiçoamento poderá fazer com que o Governo consiga atingir o seu propósito que é de albergar 60 mil habitantes naquela zona. Au Kam San, baseando-se em dados divulgados pelo Gabinete de

Comunicação Social, questiona o Governo de quais os planos e a distribuição demográfica idealizada para a área que pretende receber esses habitantes. O deputado argumenta ainda que a não recuperação dos 13 terrenos situados no Vale das Borboletas de Seac Pai Van vem atrasar o plano do Governo. “O actual Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, manifestou que não se tinha avançado com o processo de recuperação desses terrenos devido ao grande volume de trabalho. Isto faz com que o plano para criar uma zona comunitária com 60 mil habitantes não possa ser concretizado”, apontou. Por fim, Au Kam San quer ainda saber se existe plano de urbanização para outras zonas. F.A.


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“Arnaldo Santos pode trazer dinâmica à presidência do IH”

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aimundo do Rosário considera que Arnaldo Santos, que ontem tomou posse como presidente do Instituto de Habitação (IH), pode trazer “um novo refrescamento e dinâmica à presidência”. O Secretário para as Obras Públicas e Transportes não teve problemas em assumir quer o novo presidente do IH foi uma escolha “pessoal”. Arnaldo Santos substitui, assim, Ieong Kam Wa. O Secretário foi abordado várias vezes pela comunicação social acerca da razão de ter optado por não promover o agora vice-presidente, Ieong Kam Wa – que estava a cumprir funções de presidente – para o cargo máximo do IH. Em resposta, apenas voltou a dizer que as selecções por nomeação têm um carácter de volatilidade. “Esta nomeação também é de um ano, portanto quando terminar o prazo, temos que ter em conta que a sua comissão de serviço pode ser renovada ou não. Estes cargos nunca têm um prazo muito longo”, explicou Raimundo do Rosário.

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O IH já tem novo presidente, que chega do GDSE e se assume pronto para os desafios

política

Na calha do IH estão assuntos mediáticos, como a atribuição de habitação pública, o modelo e critérios da escolha dos candidatos, a criação de um terceiro modelo de habitação – destinado à classe média local – e o mais recente problema que envolve o salário mínimo obrigatório para os trabalhadores de gestão dos edifícios. Foi pedido ainda que Arnaldo Santos confirmasse a criação de um terceiro sistema de habitação pública, mas ainda não há novidades nesse campo até que o Governo conclua a análise do relatório encomendado à Universidade de Macau. “Quanto ao novo tipo de habitação, acabámos agora de receber o estudo e neste momento estamos a analisá-lo”, disse Arnaldo Santos. Sobre o seu conteúdo, o responsável explica que “há várias opiniões contra e que acham que não se deve criar [mais um tipo] porque já há dois e vai haver concorrência entre recursos”. O dirigente assegura que serão revelados resultados “em breve”. “Sinto-me preparado e sei que é um grande desafio, mas a habitação também é uma área muito importante da política local. Todos os aspectos são importantes, desde a lei à construção de habitação social. Todos os assuntos são prioritários”, disse Arnaldo Santos. Santos esteve à frente do Gabinete de Desenvolvimento do Sector Energético. Leonor Sá Machado

Leonor.machado@hojemacau.com.mo

A competência mora ao lado A causa justifica os meios Hoje macau

Raimundo do Rosário entende que a questão morre com os privados

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á o Governo diz que não tem de se envolver nas questões entre os condóminos e as empresas de gestão predial. A confirmação veio do Secretário para as Obras Públicas e Transportes Raimundo do Rosário e do recém-nomeado presidente do Instituto de Habitação (IH), Arnaldo Santos. Questionado sobre a atribuição de um subsídio para pagar o salário dos guardas, porteiros e empregados de limpeza aos condóminos, o Secretário disse que a

questão não remetia à sua tutela, já que se trata, frisou, de “um assunto dos edifícios privados”. O mesmo responsável acrescentou que todo o assunto deverá ficar a cargo da assembleia-geral de cada edifício, que deve decidir sob que matrizes gerir o prédio onde habitam. “Sempre que a assembleia-geral delibera uma decisão, se vão contratar ou não uma empresa de gestão, eles é que decidem o preço que querem pagar”, esclareceu.

Tal como já havia sido dito através de comunicado, Raimundo do Rosário repetiu que o Governo vai disponibilizar apoio às zonas comuns e públicas, como o fornecimento de contentores de lixo e o co-pagamento de contas mensais. Nada mais. “A gestão do edifício não é da competência do Governo, é de foro privado”, sublinhou. Questionado novamente sobre se o Executivo vai mesmo ajudar os proprietários com os custos de gestão, o Secretário deu a entender que não estão a ser desencadeados trabalhos nesse sentido. T.C

Larry So quer que Governo apoie condóminos. Governo com limites

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especialista em assuntos sociais Larry So concorda que o Governo deva assumir responsabilidade financeira no apoio aos proprietários de habitações privadas em Macau. A ideia, avançou, é estabelecer acordos entre associações de proprietários e empresas de gestão predial. O ex-académico considera o aumento final das despesas “irracional”, defendendo que o apoio deve ser direccionado para os habitantes e não para as empresas. Larry So apontou, ao Jornal do Cidadão, que

Não houve despedimentos

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Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que até ao momento não recebeu queixas sobre de despedimentos devido à implementação do salário mínimo para estes trabalhadores, desde que este entrou em vigor. Mesmo assim, recebeu 40 consultas sobre o montante do salário mínimo e as horas de trabalho. A DSAL defende que vai acompanhar com a situação de implementação da lei, tomando medidas necessárias para proteger direitos de trabalhadores quando for necessário.

“muitos conflitos das despesas de condomínio entre os proprietários e as empresas de gestão predial derivam da aprovação da Lei do Salário Mínimo para os Trabalhadores de Limpeza e de Segurança na Actividade de Administração Predial, que começou a ser implementado no primeiro dia de 2015. É óbvio que as medidas de salário mínimo causam um aumento das despesas de gestão dos edifícios, mas a percentagem de aumento praticada é irracional”, acrescentou. “Os conflitos não surgiram só no primeiro dia deste ano, já que o número de casos tem vindo a crescer exponencialmente desde o ano passado e o IH não fez nada para resolver isto”, criticou na publicação em chinês. Larry So diz que o IH não tratou dos pedidos que foram feitos por alguns proprietários para resolver os problemas que surgiram durante o Natal e o Ano

Novo e defende que o Governo deve assumir mais responsabilidades. So avançou que o salário mínimo “garante os direitos dos empregados”, adjectivando a medida de “positiva”, frisando que o público não deve atribuir a culpa pelos conflitos à entrada em vigor desta medida. O ex-professor do Instituto Politécnico de Macau considera o caso dos Ocean Garden – em que a empresa de gestão predial pediu aos proprietários uma soma bastante mais avultada do que o cobrado até então – inaceitável, uma vez que “não é justo que os proprietários paguem estes valores”. Não é a primeira vez que a empresa aumenta os valores em termos anuais, adiantou So. “No entanto, os empregados de limpeza e de segurança não aproveitaram estes últimos aumentos, portanto, o pedido da empresa não tem qualquer relação com o salário mínimo”, exemplificou. T.C.


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O que é que o Chefe vai fazer? O deputado interroga-se sobre a decisão “repentina”. E sobre quem vai agora gerir o assunto

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o Ion Sang quer que o Governo explique por que procedeu à extinção do Grupo de Trabalho para a Promoção de Desenvolvimento Sustentável do Mercado Imobiliário. O deputado mostrou-se preocupado com o facto do mercado imobiliário ficar agora sem um responsável a longo prazo. Já na passada segunda-feira o Chefe do Executivo havia publicado um despacho onde decidiu extinguir o grupo, criado em 2010. Ao Jornal Ou Mun, Ho Ion Sang disse considerar que a

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decisão foi “repentina”, acrescentando que não foram dadas justificações. O prazo de validade do grupo estava prevista para Junho deste ano, pelo que teria ainda mais de meio ano de vida. Ao mesmo jornal, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) afirmou que o grupo já lidou com uma série de assuntos, incluindo a elaboração do Regime Jurídico da Promessa de Transmissão de Edifícios em Construção, da Lei de Actividade de Mediação Imobiliária, ou da Lei do Imposto do Selo Especial sobre a Transmissão de Bens Imóveis Destinados a Habitação. No futuro, diz, não vai existir um departamento que se responsabilize especialmente sobre os assuntos referentes ao mercado imobiliário. A DSSOPT frisou que, quando for necessário, o Governo vai elaborar medidas ou políticas de

hoje macau

Ho Ion Sang quer saber razão para extinção de grupo de trabalho que tratava do imobiliário

“Com a extinção do grupo de trabalho e a falta de um mecanismo, quem é que fica responsável pelo mercado imobiliário? O Chefe do Executivo?”

acordo com a situação do mercado. Contudo, Ho Ion Sang, também presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras de Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL), considera que o mercado imobiliário envolve as pastas da Economia e Finanças, Solos e Obras Públicas e Justiça. A inexistência de um grupo especial pode, segundo Ho Ion Sang, dar aso a que cada organismo funcione à sua maneira. “O Governo deve explicar e pensar em trabalhos posteriores. Com a extinção do grupo de trabalho e a falta de um mecanismo, quem é que fica responsável pelo mercado imobiliário? O Chefe do Executivo? É impossível a Autoridade Monetária de Macau (AMCM) supervisionar todo o mercado, e a Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) apenas faz coordenação”, apontou. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


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Promotor do casino L’Arc desviou 90 milhões e desapareceu

Jogo cada vez mais perigoso Mais um caso como a Dore: o responsável por uma sala VIP deixou Macau com dinheiro de investidores e ninguém sabe onde está

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vice-director de uma sala VIP do casino L’Arc, de nome Chan Yan Hung, está a ser investigado por ter desviado 90 milhões de dólares de Hong Kong de investidores. O desvio influenciou o financiamento de pelo menos outras dez salas VIP, segundo a imprensa chinesa. As autoridades já confirmaram o caso. Segundo o canal de televisão MASTV, Chan Yan Hung desviou o dinheiro e fichas num valor de 90 milhões de dólares de Hong Kong e está desaparecido desde o dia 2 de Janeiro.

Depois do caso Dore, em Setembro do ano passado, vários investidores tentaram retirar o dinheiro deste promotor de Jogo mas tal foi rejeitado

Lei avançou ainda que a directora do L’Arc, Angela Leong, está a questionar-se como é que o promotor de Jogo conseguiu desviar este grande número de capital numa só vez. “Este caso é diferente do caso da Dore. O suspeito roubou dinheiro daqueles que depositaram confiança nele. Chan Yan Hung trabalha no casino L’Arc há muitos anos e ganhou a confiança de Angela Leong, mas esta situação está a assustar os responsáveis”, apontou. Segundo o jornal Apple, de Hong Kong, Chan Yan Hung terá angariado capital de forma ilegal, através das funções que desempenha no casino onde trabalha. Depois de surgir o caso Dore, em Setembro do ano passado, vários

investidores tentaram retirar o dinheiro deste promotor de Jogo, mas tal foi rejeitado, com a empresa a empresa a alegar problemas financeiros. A Polícia Judiciária (PJ) afirmou ao HM que já recebeu a queixa de um funcionário do casino L’Arc e que está, garantiu, a investigar o caso, apesar de ainda não poder divulgar informações. Para Billy Song, director da Associação de Jogo Responsável de Macau, este é mais um caso de desvio de dinheiro de sala VIP que

mostra a falta de supervisão em relação ao grande movimento de dinheiro nestas salas. Questionado pelo HM, o casino L’Arc não quis prestar declarações. Não se sabe também qual a empresa junket que lidera a salas. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Lei, um dos donos das salas VIP, revelou à MASTV que o suspeito é promotor de todas as salas VIP dentro deste casino e que, conta, é responsável por verificar todas as contas em cada sala mensalmente. No entanto, conta, o suspeito deixou de estar contactável no início deste mês. “Todos os meses as receitas das salas VIP são divididas com o casino, no dia 2 ele devia ter distribuído as receitas por cada sala VIP, mas até agora ninguém o conseguiu contactar”, acrescentou.

Greek Mythology Casino fechado para remodelação vai reabrir

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casino Greek Mythology, no hotel Imperial Palace na Taipa, vai reabrir. A confirmação é da Direcção dos Serviços de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), que refere ao HM que o espaço está fechado apenas para manutenção. O jornal Macau Daily Times avançava na edição de ontem que o casino estava fechado há cinco dias, mas que se desconheciam as razões. Questionada pelo HM, a DICJ confirma que o casino fechou no

dia 31 de Dezembro e que “o encerramento é temporário e apenas para remodelação”. Também o director-executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) disse o mesmo à TDM. “O hotel e as instalações do casino estão um bocado desgastados e os accionistas querem fazer uma renovação antes de reiniciarem as operações. Os accionistas estão a discutir entre eles sobre a liderança. Acho que gostariam de abrir as instalações com a maior rapidez

possível, porque querem continuar com as operações e fazer algum dinheiro”, afirmou Ambrose So. O casino fica situado no antigo New Century, espaço que causou polémica devido ao desvio de fundos por um responsável e que tem estado na ordem do dia devido às queixas de salários em atraso. Ambrose So disse ainda que os trabalhadores do casino vão ser transferidos para outros espaços de jogo da SJM. J.F.

sociedade

Exportações para o continente subiram

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s exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros de Macau para o interior da China atingiram 101,4 milhões de patacas em 2015, traduzindo uma subida ligeira de 7,7% face a 2014. Em 2014, as exportações isentas de taxas feitas ao abrigo do CEPA – Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais entre o Interior da China e Macau – foram de 94,1 milhões de patacas –, contra 110,8 milhões de patacas em 2013. Segundo dados divulgados no portal do CEPA sob alçada da Direcção dos Serviços de Economia, de Janeiro de 2004 até Dezembro de 2015, o valor acumulado das exportações de mercadorias com isenção de direitos aduaneiros atingiu 667,1 milhões de patacas. No plano do comércio de serviços, no mesmo período, foram emitidos 592 certificados de prestador de serviços de Macau, a maioria relativos a serviços de transporte (agenciamento de carga/logística/conservação/ armazenamento), com 298, seguidos dos serviços médicos e dentários (147). O CEPA tem como objectivo “promover a prosperidade e o desenvolvimento comum do Interior da China e da Região Administrativa Especial e reforçar a cooperação mútua económica e comercial”, estabelecendo “um relacionamento semelhante a parceiros de comércio livre, num país com duas regiões aduaneiras autónomas”. Desde a entrada em vigor do acordo, em Janeiro de 2004, têm vindo a ser assinados vários suplementos, com vista ao alargamento das áreas, produtos e serviços. Em meados de Outubro, as duas RAEs anunciaram que pretendem iniciar negociações com vista a um acordo bilateral idêntico no final do ano. Macau e Hong Kong mantêm separadamente um Acordo CEPA com o interior da China. Esse acordo, que “visa proporcionar protecção legal no acesso aos mercados” e “a promoção da facilitação do comércio e investimento, aumentando a competitividade de ambas as partes no âmbito da cooperação regional”, não tem ainda data para ser celebrado. LUSA/HM


8 sociedade

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oram cinco os residentes de Macau que, entre 2013 e 2015, tiveram problemas em fronteiras de países estrangeiros com acordo de visa com a RAEM. É o que diz a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) ao HM, na sequência de uma interpelação de Ng Kuok Cheong onde o deputado questionava o Governo sobre o poder deste passaporte lá fora. A DSI adianta que todos estes casos anómalos são reportados às embaixadas ou consulados de Macau nos países respectivos. “Sempre que somos informados das dificuldades sentidas por residentes de Macau nas fronteiras, imediatamente notificamos, por via oficial, a autoridade diplomática do país em questão”, refere a DSI na resposta. A lista de países que aceitam este documento livres de visto ou com visto à chegada engloba 118 países. Igualmente questionada pelo HM acerca de existência de reclamações, por parte de cidadãos locais, relativamente ao comportamento em fronteiras estrangeiras, a DSI assegura que não tem registo de qualquer situação semelhante. Vai, no entanto, reportar qualquer futuro caso às autoridades superiores.

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Passaporte da RAEM já deu problemas a cinco pessoas desde 2013

Estrangeiro, de onde vens? Ng Kuok Cheong denunciou casos em que portadores do passaporte da RAEM são impedidos de entrar em alguns países com suposta isenção de visto. A DSI confirma

Ng Kuok Cheong assegura, na sua interpelação, que nalguns países onde supostamente haveria isenção de visto as pessoas estão a ser impedidas de entrar a menos que paguem as despesas. O deputado deu como exemplo

Associação quer celeridade na legislação de protecção aos animais

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países como a Tânzania, em que portadores de passaporte de Macau tiveram de pagar despesas do visto à chegada, e de países como o Azerbaijão, Uzbequistão, Cazaquistão e Bielorrússia, entre outros, onde o pedido de visto – que deve ser emitido à chegada – foi mesmo recusado aos portadores de passaporte de Macau, por “não haver cartas de convite” desses países.

A DSI lembra que todos os países “têm o direito de negar a entrada de qualquer estrangeiro no seu país ou território”, mesmo depois de ter acordado pela isenção de visto.

Leis e chicote precisam-se vice-presidente da Associação de Protecção aos Animais Abandonados de Macau (APAAM) considera que faltam, aos residentes locais, noções de respeito pelo direitos animais. Por isso mesmo, a responsável pediu que a Lei de Protecção dos Animais seja aprovada o quanto antes, com medidas punitivas para quem ferir os animais. Ao Jornal do Cidadão, Josephine Lau definiu que “os casos de maus tratos de animais em Macau não são raros”, acrescentando que os voluntários da APAAM já encontraram “várias armadilhas”, especialmente na Areia Preta. A mesma situação acontece, disse, com animais vindos do veterinário. A Associação dá a cara por esta luta desde 2008. Para

O mesmo organismo lembra que todos os países “têm o direito de negar a entrada de qualquer estrangeiro no seu país ou território”, mesmo depois de ter acordado pela isenção de visto. Ademais, a DSI afirma que tem estado a “verificar os requisitos de visto exigidos por outros países a residentes de Macau”, preparando-se para “anunciar novas informações ao público” assim que for possível.

a vice-presidente, o principal problema é que os residentes desconhecem a gravidade de maltratar animais e que estes actos têm mesmo uma componente criminosa. Isto, acrescentou, acontece devido ao facto de em Macau não haver uma legislação que puna esta tendência. “Em 2008, um jovem matou um gato ateando-lhe fogo em Macau e justificou o seu acto por se sentir entediado. O jovem não foi preso porque não há qualquer lei que o castigue”, contou. Ao jornal chinês, Josephine Lau disse esperar que o Governo transmita às gerações seguintes valores e morais correctos. Já o professor Leung Kai Yin, do Instituto Politécnico de Macau, considera que a opinião pública não deve continuar a atormentar, via

internet, o jovem que matou o gato em Taiwan. “Durante a sua detenção, o jovem foi criticado na internet pela opinião pública de Macau e da Ilha Formosa. Deve-se acreditar que as autoridades vão aplicar a lei neste caso”, disse. À população local, o académico pediu uma maior aposta em marcar a importância da aprovação da Lei de Protecção dos Animais. Como o HM já avançou na passada segunda-feira, um estudante de Macau inscrito na Universidade Nacional de Taiwan foi detido após ter admitido que matava gatos na Ilha Formosa. A Lei de Protecção dos Animais de Macau ainda não entrou em vigor, estando em análise há mais de um ano. Tomás Chio

info@hojemacau.com.mo

O deputado apontou ainda que existem residentes que passaram pela Indonésia e entraram em Timor-Leste por via terrestre aos quais não foram concedidos vistos. Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

Metro Si Ka Lon questiona continuação de investimento

O

deputado Si Ka Lon que saber o que o Governo fez com oito milhões de patacas gastos no projecto do metro ligeiro e porque está a atribuir mais dinheiro às empresas contratadas se nem sequer existe um calendário para a obra. “O Governo ainda não lançou um calendário da conclusão da primeira fase do metro ligeiro, nem definiu um orçamento certo.

Porque é que pagou, então, em 2014 oito milhões para a Revisão dos Documentos do Concurso para a Prestação de Serviços de Operação e Manutenção da 1.ª Fase do Metro Ligeiro e da Respectiva Assistência Técnica a várias sociedades envolvidas? O contrato de oito milhões de patacas não se justifca. Que documento é que a empresa reviu e quais serviços é que já ofereceu nos últimos

Nova rota da TurboJET para Tuen Mun

A TurboJET anunciou uma nova rota de Macau para Tuen Mun, na zona dos novos aterros de Hong Kong, cita a revista Macau Business. A empresa diz que conta avançar com a nova rota ainda este mês. O ferry contará com quatro viagens diárias nos primeiros três meses do ano. O percurso demorará entre 35 a 40 minutos. Deste novo destino os passageiros poderão ainda ir para o aeroporto da região vizinha.

dois anos? O que é que a empresa já fez?”, questionou. Si Ka Lon quer ainda saber quais os encargos extras que serão investidos em cada fase do projecto, perguntando ainda se o Governo irá apresentar explicações claras de todos os processos que envolvem a construção do metro ligeiro. “Não estou convencido das justificações dadas pelo Governo para o demorar desta obra”, rematou.


9 hoje macau quarta-feira 6.1.2016

O

volume das transacções ilegais com recurso a terminais portáteis da Union Pay International em Macau ascendeu a 1224 milhões de patacas em 2015, segundo dados facultados pela Polícia Judiciária (PJ) à agência Lusa. A verba diz respeito a 30 casos abertos pela PJ, dos quais 24 foram entregues ao Ministério Público (MP). Em 2014, foram detectados mais casos (47), mas o montante envolvido nas transacções ilegais foi inferior (784 milhões de patacas). As operações em causa são ilegais porque são efectuadas em Macau através das máquinas POS da Union Pay China ou outras fornecidas por terceiros, o que faz com que a Union Pay International não receba a percentagem a que tem direito por a transacção ter sido realizada, de facto, fora da China continental. Segundo dados facultados pela PJ, no âmbito dos 30 casos detectados ao longo de 2015, foram entregues 76 suspeitos (58 homens e 13 mulheres) ao MP, dos quais 13 são residentes de Macau, 62 do interior da China e um proveniente de Taiwan. “Findo interrogatório no Ministério Público, os arguidos ficaram sujeitos a termo de identidade e residência”, indicou a PJ. As transacções ilegais detectadas em 2015 traduziram-se em prejuízos para a Union Pay International de cerca de 2,29 milhões de patacas – contra prejuízos de 1,56 milhões de patacas em 2014, de acordo com os dados facultados à Lusa. Os 30 casos resultaram na apreensão de 71 máquinas POS (point of sale), indicou a PJ. Ao contrário de 2014, os casos foram detectados em hotéis. “Não há informações quanto a casinos”, garantiu a PJ na resposta à Lusa.

Esquemas com sabedoria

Os esquemas com os cartões de débito da Union Pay foram apontados por analistas consultados pela Lusa como um dos factores para a primeira queda em cinco anos das receitas de jogo em termos anuais homólogos verificada em Junho de 2014 - cuja tendência não mais se inverteu - por contribuírem para fazer diminuir a liquidez de grande parte dos jogadores. Questionada sobre diligências adicionais que têm sido tomadas para conter as transacções ilegais com as autoridades da China, a PJ referiu apenas que tem “um mecanismo de cooperação com o Ministério da Segurança”. Em meados de Dezembro, a Autoridade Monetária de Macau

sociedade

Union Pay Transacções ilegais ascenderam a mais de mil milhões de patacas

Gastar aqui o que é da China Mais de mil milhões e três dezenas de casos. Continuam as transacções ilegais com recurso a Union Pay

(AMCM) anunciou um sistema de monitorização em tempo real para os cartões bancários emitidos na China, de modo a combater “as actividades financeiras ilegais transfronteiriças e o branqueamento de capitais”. “As empresas comerciais/comerciantes a monitorizar em tempo real serão primeiro as de alto risco, localizadas perto dos casinos, consistindo, principalmente, em lojas de ‘joalharia’ e ‘relojoaria’, enquanto, num segundo momento, o sistema de monitorização será extensivo a outras de alto risco, onde sejam transaccionadas mercadorias de elevado valor”, referia uma nota da AMCM. “Tendo presente que o volume de negócios é relativamente elevado, os cartões China ‘UnionPay’ ficarão sujeitos à referida supervisão de monitorização em primeiro lugar”, acrescentava o supervisor bancário. Este sistema de monitorização em tempo real tem como função “verificar a identidade dos portadores de cartões bancários emitidos na China, relativamente ao processo de consumo, bem como a confirmar a relação efectiva entre os cartões bancários e os seus titulares, salvaguardando, assim, os direitos e interesses legítimos dos titulares dos cartões, dos comerciantes e dos bancos”. LUSA/HM

Revitalizar o lugar abandonado Associação quer criar “cais de marisco” no Porto Interior

A

Associação de Amizade da Zona do Porto Interior espera que a entrada das novas águas territoriais na jurisdição de Macau possa melhorar a zona do Porto Interior, nomeadamente as concessões dos cais. Lei Kit Hong, presidente da Associação, disse ao jornal Ou Mun que a criação de um cais de marisco e um restaurante na zona do Porto Interior poderia desenvolver as zonas abandonadas dos cais e criar um novo ponto de interesse turístico com valor histórico para Macau, para além de aliviar a pressão sentida no centro da cidade. Lei Kit Hong deu este

exemplo com base no que já existe em Pattaya, na Tailândia. As visitas marítimas de lazer que já se realizam em Singapura foi também outro exemplo apontado por Lei Kit Hong como forma de revitalização do Porto Interior e de manter as características dos bairros antigos. O presidente da Associação referiu ainda que, antes

da transferência de soberania, os cais do Porto Interior eram feitos de madeira, mas como o Governo português quis revitalizar a zona, foi permitido aos comerciantes a construção de cais em cimento. Actualmente, o Porto Interior conta com 30 cais, sendo que Lei Kit Hong alertou para o facto de, ao longo do tempo, e devido à falta de gestão local sob as águas territoriais, os concessionários dos cais terem de pedir a renovação do arrendamento dos espaços ao Governo, o que dificultava um planeamento a longo prazo. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Ng Lap Seng desiste de ser julgado já

O empresário local Ng Lap Seng, acusado pela justiça norte-americana de ter subornado um ex-presidente da ONU, desistiu de ser julgado de imediato, como pediu num requerimento apresentado a 10 de Dezembro do ano passado. A agência Reuters avançou que, numa carta enviada há dois dias a um tribunal de Manhattan, um dos advogados de defesa de Ng não apresenta a justificação para a retirada do pedido, mas indica que o empresário sexagenário pretende ser julgado em separado dos restantes arguidos no processo. Ng Lap Seng lidera o grupo Sun Kian Ip e foi detido pelas autoridades dos EUA a 19 de Setembro de 2015.


10 eventos

Estreito próximo

Instituto Internacional relembra padre Benjamim Videira Pires

Galeria Flugent mostra peças de jovens artistas de Taiwan

I

naugura às 18h00 de hoje a quarta edição da Super-Novart, mostra de trabalhos de jovens artistas internacionais. A galeria, localizada no número 54 da Rua de S. Paulo, está aberta das 10h00 às 19h00 e terá a mostra disponível ao público até de 6 de Janeiro. De acordo com nota da organização, a sessão de Macau é apenas uma das seis que acontecem um pouco por toda a Ásia-Pacífico. Entre os locais escolhidos estão as cidades taiwanesas de Taipei e Taichung, Pequim, Istambul e Melbourne, com as peças em digressão até final deste ano. São 21 os artistas de vários países que estarão a expor as suas obras. O intuito, esclarece a Flugent, é “dar visibilidade a artistas contemporâneos em diferentes regiões, quebrando assim a barreira da língua” que tantas vezes impede o entendimento do discurso alheio. Em Taiwan, estarão expostas obras de artistas estrangeiros. “A iniciativa também torna visível uma nova geração de artistas, promovendo assim o intercâmbio cultural e oferecendo aos jovens novas plataformas para que possam mostrar o que valem”, adianta a direcção. Esta trata-se da primeira colaboração entre seis galerias de arte internacionais de quatro diferentes

A

Live Music Association (LMA) e a International Artists Association (I.A.A.) prometem um domingo diferente, no próximo dia 10. Com “Take Off Your Shoes”, as duas organizações juntam-se para dar música a Macau, num evento que garantem ser único e inovador no território. A actividade tem hora marcada para as 18h00 – estendendo-se até à noite – e traz concertos de música lounge e electrónica ao vivo, bancas de comida saudável e pequenas lojas de venda de artesanato e roupa. Do Japão, chega um convidado especial, Sancho-Meiso-Chaya. O entretenimento é variado e está a cabo de diversos artistas: Achun,

países, englobando 21 artistas. Em Macau estarão trabalhos de Sen-yung liu, Andy Yen, Chen liao, David Tsai, Nick Millen, Chang-ching Yeh e Guo-jie Cai. Em Taiwan, a galeria parceira é a Shin Leh Yuan. Fundada há mais de 20 anos, tem já a sua vertente artística comprovada e é, para a Flugent, “o local ideal de colaboração”. A última mostra a ter lugar acontece na galeria de Istambul, Maumau, entre os dias 11 e 26 de Dezembro deste ano. Da fotografia à pintura Nick Millen tem agora 27 anos, mas experiência comprovada na área das artes visuais nos últimos quatro anos, contando já com três exposições a solo e vários outras em grupo. Os seus trabalhos estarão presentes em Macau, juntamente com os artistas de Taiwan Wan-Chen Dai, Yi-Ru Chen, Andy Yen, Chien-Chung Lin e Evergreen Yeh. Também Filipe Miguel das Dores, José Lázaro das Dores, Guo-Jie Cai e Sio-Kit Lai apresentam peças suas na sua terra. Juntam-se assim diversas formas de arte que incluem fotografia, formatos multimédia, pintura, escultura, culminando numa máxima de arte contemporânea expressa pelas mãos, mentes e talento de jovens autores.

Reedições fazem falta como a águ

Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

Just “Take off your shoes” International Artists Association com festa chill-out na lma

de Macau, brinda o público com música electrónica/indie misturada com instrumentos ao vivo, num estilo semelhante à banda local Concrete/ Lotus, que apresenta uma mistura de elementos electrónicos e ao vivo. Da Catalunha chega Enric Carbonell AKA Doctr’n’ric, produtor, compositor e músico. Do Punk ao Ska, do Jazz ao Reggae, Enric está ligado à área da música desde 1992, tendo trabalhado com The Pioneers e Derrick Morgan, entre outros artistas.

À venda na Livraria Portuguesa O Futuro Roubado • Ramón Caride, Miguelanxo Prado

Said e Sheila, dois jovens do futuro que já protagonizaram Perigo Vegetal e Ameaça na Antártida, vivem a sua aventura mais arriscada e transcendente. Quando a sua amiga Irina chega para visitá-los no moinho de Loreda dá-se a o seu repentino e misterioso desaparecimento. Que lhes aconteceu? Em seguida vamos saber… Desta vez, Said e Sheila terão que enfrentar um poderoso grupo que movido por interesses económicos, procuram destruir vastas zonas da costa sem ter em conta os prejuízos ambientais e culturais que produzem.

O japonês Ryoma, radicado em Macau, é outros dos artistas encarregues do som, desta vez como DJ. Ryoma – que é parte do grupo local High Tech Tribe e membro fundador da I.A.A. – começou como organizador de eventos nos anos 1990, altura em que foi “baptizado na cultura hippie, em Goa, na Índia”. É daqui que retira algumas influências para o estilo de música que opta por passar. Mas Ryoma não é o único nipónico, já que Sancho-Meiso-Chaya chega de Tóquio como o convidado

especial da “Take Off Your Shoes”. Sancho é um produtor de música dub e chill-out desde os anos 1990, quando começou também por enveredar na cultura reggae. “Nos anos 2000, começou a solo, actuando na cena musical de Tóquio”, refere a organização. A portuguesa RITArita, fundadora do estúdio Yogaloft, estará também a cargo dos pratos, num evento onde se quer, diz a I.A.A., “que a audiência tire os sapatos e se deixe mergulhar num domingo

diferente, rodeado de boas vibrações e boa música”. E porque não é só de música que se faz uma festa, estão ainda convidadas as lojas Headz e Worker Playground – que vão vender arte “tribal e psicadélica” e roupa – e ainda a loja Chakra Space, de Tc e Meng, encarregue de oferecer “comida vegetariana pura e café artesanal”. Prometida está uma atmosfera chill-out, com decoração a condizer. Almofadas, carpetes e pés descalços dão o mote para uma festa que só quer “que as pessoas de Macau possam relaxar”. A entrada custa 120 patacas, sendo os bilhetes adquiridos à porta do LMA, no Fai Chi Kei, onde tem lugar a festa.

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

O Meu Filho Fez o Quê??? • Bárbara Wong

Partindo da sua experiência na área da Educação, enquanto jornalista e mãe, Bárbara Wong conversou com pais, professores e alunos de todo o país e reuniu em livro relatos de situações reais vividas dentro e fora das salas de aula. Partindo dessas histórias, que demonstram as muitas dificuldades que caracterizam o relacionamento entre os pais e o sistema educativo - escolas, directores, professores, pais, alunos… e os próprios filhos -, apresenta estratégias, ideias e soluções para levar a bom porto a formação académica e a educação dos filhos. Seja para ajudar a escolher a melhor escola (ou jardim de infância), a preparar o ano lectivo, a participar em reuniões ou a agir em situações-limite (bullying, violência, queixas de professores ou de pais, etc.), este livro é um verdadeiro guia que orienta os pais pelos longos e por vezes confusos corredores da vida escolar.


11 hoje macau quarta-feira 6.1.2016

O m ua

s

centenário do nascimento do padre Benjamim Videira Pires vai ser lembrado esta sexta-feira com uma palestra no Instituto Internacional de Macau (IIM). Ao HM, a oradora convidada - a historiadora Beatriz Basto da Silva - considera que a obra de Benjamim Videira Pires deveria ser reeditada e traduzida. Para a autora da Cronologia de Macau, não bastam “palestras sobre as quais ninguém fala no dia seguinte” para lembrar a vida e obra do pároco português. “Deveriam pegar nas obras delas e tratar delas. Ele escreveu imensos livros mas também artigos, e esses estão espalhados, e deveriam estar juntos. A obra dele deveria ser compilada e traduzida”, apontou. Beatriz Basto da Silva, que conheceu pessoalmente Ben-

“Deveriam pegar nas obras delas e tratar delas. Escreveu imensos livros mas os artigos estão espalhados”

jamim Videira Pires, recorda “uma pessoa muito prestável”. “Cada vez que precisei dele foi sempre muito prestável às minhas solicitações. Foi-me de grande valia a sua ajuda em termos de sabedoria sobre Macau e a história dos portugueses no Oriente”, disse a historiadora. Missionário, pedagogo e escritor, Benjamim Videira Pires fez parte de um vasto grupo de pessoas, não só da Igreja como de leigos, “que se esforçaram por manter o perfil português de missionários”, relembra a responsável. “E fez isso muito bem. A vida dele foi de doação e de estudo para cumprir a sua missão e aquilo que o trouxe a Oriente: uma missão religiosa mas ao mesmo tempo cultural. Era uma pessoa que, sendo calada, falava quando era preciso. E falava bem”. Na palestra, Beatriz Basto da Silva promete deixar de lado aspectos biográficos. “Isso está escrito. Vou falar da apreciação histórica e da minha impressão pessoal dele. O que me interessa na vida do padre Videira Pires é a sua personalidade e a sua rectidão humana, a sua maneira de ser como homem de igreja e historiador”, rematou. O evento tem entrada livre e está marcado para as 18h00. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Zhushighang Estátua gigante de Mao • Nunca se viu tão grande Mao Zedong. Na China continental, na província de Tongxu, vila de Zhushighang, foi concluída este mês uma estátua do líder chinês com altura semelhante a um edifício de 15 pisos. A nova estátua de Mao fica perto de campos de milho, de acordo com a imprensa, e está pintada de dourado, tendo

custado mais de três milhões de yuan. O dinheiro foi doado por empresários e até alguns habitantes da vila. Tem 37 metros e representa o líder sentado. Esta não é a primeira estátua de Mao Zedong em proporções grandes, mas será, de acordo com a imprensa do continente, a maior e mais chamativa de todas.

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12 china

hoje macau quarta-feira 6.1.2016

Comércio com países de língua portuguesa caiu 25,84%

As voltas que a crise dá Brasil e Angola continuam a ser os países lusófonos que mais vendem à China. Já Portugal compra mais do que vende.

A

s trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa caíram 25,84 por cento até Novembro passado, fixando-se em 90,90 mil milhões de dólares, segundo dados oficiais hoje divulgados. Dados dos Serviços de Alfândega da China publicados no portal do Fórum Macau indicam que, nos primeiros 11 meses do ano, a China comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 57,50 mil milhões de dólares – menos 29% – e vendeu produtos no valor de 33,39 mil milhões de dólares, menos 19,68%. O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico da China, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 66,24 mil milhões de dólares até Novembro, menos 17,98% face a igual período de 2014. As exportações da China para o Brasil atingiram 25,37 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 19,98%, enquanto as importações chinesas totalizaram 40,86 mil milhões de dólares, reflectindo uma descida de 16,69% em termos anuais homólogos.

Com Angola, o segundo parceiro chinês no universo da lusofonia, as trocas comerciais caíram 46,24%, para 18,27 mil milhões de dólares (16,95 mil milhões de euros), entre Janeiro e Novembro de 2015. Pequim vendeu a Luanda produtos avaliados em 3,42 mil milhões de dólares – menos 33,52% – e comprou mercadorias avaliadas em 14,84 mil milhões de dólares, ou seja, menos 48,51% comparativamente aos primeiros onze meses de 2014. Já com Portugal, terceiro parceiro da China no universo de países de língua portuguesa, o comércio bilateral ascendeu a 4,01 mil milhões de dólares – menos 7,85% –, numa balança comercial favorável a Pequim que vendeu a Lisboa bens na ordem de 2,64 mil milhões de dólares – menos 7,47% – e comprou produtos avaliados em 1,36 mil milhões de dólares, menos 8,56%. O comércio sino-lusófono encontra-se em rota descendente desde o início do ano, somando quebras anuais homólogas consecutivas até Novembro. Só nesse mês, as trocas comerciais

entre a China e os países de língua portuguesa cifraram-se em 6,72 mil milhões de dólares, um decréscimo de 12,71% face ao mês anterior. Desde o início do ano – e até Novembro – o valor mensal das trocas comerciais apenas superou a barreira dos 10 mil milhões de dólares uma única vez (Julho). Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente no Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau).

A próxima conferência ministerial do Fórum Macau, que será a quinta desde 2003, deve realizar-se este ano, mas ainda não há data.

10

mil milhões de dólares num mês em trocas, uma barreira apenas ultrapassada uma vez em 2015

A China estabeleceu a Região Administrativa Especial de Macau como a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau, que reúne ao nível ministerial de três em três anos. A próxima conferência ministerial, que será a quinta desde 2003, deve realizar-se este ano, mas ainda não há data.

Bolsa Consideradas improváveis fortes quedas nos próximos dias

Guiné-Bissau Empresa chinesa constrói hotel de 5 estrelas

A

O

Comissão Reguladora do Mercado de Valores da China (CRMV) disse ontem considerar pouco provável a venda em massa de acções nos próximos dias, apesar de um bilião de títulos serem desbloqueados a 11 de Janeiro. O porta-voz da CRMV confirmou que existe cerca de um bilião de títulos nas mãos de grandes acionistas a quem o regulador proibiu a venda, a 8 de Julho do ano passado, como medida para travar as fortes quedas que se sentiam nas bolsas chinesas, durante um prazo de seis meses. A medida aplica-se apenas a “grandes accionistas” (titulares de 5% ou mais das acções de uma empresa), que não podiam desfazer-se

delas até ao final do prazo e reabertura do mercado, na próxima segunda-feira, dia 11 Janeiro. A situação explica, em parte, as fortes quedas sentidas na segunda-feira (de 6,85% na praça de Xangai e 8,16% em Shenzhen), devido à antecipação de perdas por parte de alguns investidores que queriam evitar descidas maiores nos próximos dias. Ainda assim, o porta-voz da CRMV sublinhou que não

são esperadas vendas massivas no dia 11, uma vez que, por amostragem, quando os grandes accionistas se desfazem de elevados volumes de acções, em 60% dos casos fazem-no em bloco e mediante transferências de títulos previamente negociadas. Nos últimos anos, reiterou, apenas se libertaram dos títulos, vendendo-os de forma directa no mercado, cerca de 0,7% dos investidores.

Governador da região de Biombo, nordeste na Guiné-Bissau, Humberto Có, anunciou hoje que uma empresa chinesa vai construir este ano um complexo de pesca e um hotel de cinco estrelas na localidade de Suru, no sector de Prábis. Humberto Có disse ter recebido as garantias da “iminência do início das obras”, da parte do responsável da empresa Fujian Shihai Corporation, que pretende investir nos dois projetos o correspondente a 300 milhões de dólares. A ideia, adiantou ainda o governador da região de Biombo, é, a partir dos dois empreendimentos, dar emprego directo a três

mil pessoas, na sua maioria jovens do sector de Prábis, localidade situada a cerca de 20 quilómetros de Bissau, mas pobre em termos de infraestruturas. “É uma janela que se abre, porque o desenvolvimento da

Guiné-Bissau requer o desenvolvimento dos sectores, consequentemente das regiões, porque o país está constituído das regiões”, observou Humberto Có. O Governador da região de Biombo prometeu “dar todo o apoio” para que os dois projetos sejam realizados, de forma a dotar a zona de infraestruturas de desenvolvimento. Yang Ming, representante da Fujian Shihai Corporation, disse que a sua empresa pretende levar a cabo “vários projetos” na Guiné-Bissau, apontando que o país possui potencialidades que a China quer ajudar a desenvolver ao lado das autoridades guineenses.


13 hoje macau quarta-feira 6.1.2016

A

mulher do livreiro de Hong Kong desaparecido Lee Bo garantiu que o marido entrou em contacto com um amigo, pelo que retirou a denúncia pelo desaparecimento que apresentara junto da polícia da região vizinha. Segundo informou ontem o jornal South China Morning Post (SCMP), que cita as declarações da mulher do livreiro – que trabalha na Causeway Books, conhecida por publicações críticas do regime e do Partido Comunista chinês proibidas na China – Lee Bo deu sinais de vida ao entrar em contacto com um amigo. A agência estatal de Taiwan – a Central News Agency – publicou na segunda-feira uma carta, redigida à mão, supostamente por Lee Bo, e enviada por fax a um dos seus colegas da Causeway Books. Na carta, datada de domingo, escreve que foi à China “por sua conta” e que actualmente está a trabalhar numa investigação que “pode levar tempo”, e que teve de gerir o assunto de forma “urgente” para evitar que desconhecidos tomassem conhecimento disso. Além disso, assegura que está “muito bem” e que “tudo decorre com normalidade”, pelo que pede aos funcionários da Causeway Books que continuem a operar a livraria normalmente. Há uns dias, a mulher de Lee Bo declarou que na noite em que o marido desapareceu este lhe telefonara a partir da cidade vizinha de Shenzhen para lhe dizer que estava a colaborar numa investigação relacionada com os outros desaparecimentos e que não contasse com ele tão cedo, tendo falado em mandarim, em vez de em cantonês, língua falada em Hong Kong. Contudo, segundo o diário oficial chinês Global Times, o Departamento de Imigração de Hong Kong não tem informação de que Lee Bo tenha deixado a cidade e o Gabinete de Segurança Pública de Shenzhen disse ao mesmo jornal “não ter conhecimento do caso”.

Dúvidas sobre carta

Dois deputados do campo democrata – James To e Lee Cheuk-yan

Hong Kong Livreiro desaparecido já deu sinal de vida

Um bom amigo para as ocasiões

Lee Bo, o proprietário de uma livraria em Causeway Bay dado como desaparecido, entrou em contacto com um amigo, disse a mulher. Em Hong Kong, as pessoas continuam a pedir explicações

Shenzhen Gripe das aves mata mulher de 26 anos

Uma paciente que foi infectada pela estirpe altamente contagiosa H5N6 da gripe das aves morreu na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China, informaram ontem os ‘media’. A paciente, de 26 anos, morreu na passada quarta-feira, dia 30, um dia depois de ter dado entrada no hospital, informou a autoridade de saúde de Shenzhen. O Centro para o Controlo e Prevenção de Doenças da cidade informou na segunda-feira que a paciente, cuja condição foi reportada pela autoridade no dia 29 de Dezembro, morreu na tarde do dia seguinte. A mulher foi a primeira em Shenzhen e a quinta em todo o mundo a ser infectada com aquela estirpe da gripe das aves. Segundo o Shenzhen Evening News, citado pelo South China Morning Post, a mulher terá sido infectada após contacto com aves de capoeira vivas num mercado. De acordo com a agência oficial Xinhua, a província de Guangdong registou, até ao momento, três casos de infecção por H5N6. O primeiro caso de H5N6, que se revelaria mortal, foi reportado em Maio de 2014, na província de Sichuan, no sudoeste da China.

10 dias Prosseguem operações para resgatar mineiros

– manifestaram dúvidas relativamente à carta, considerando-a insuficiente para confirmar a sua segurança e instando as autoridades de Hong Kong a investigar até que tal se prove. Citado pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK), James To afirmou mesmo que, apesar ser confortante para a mulher do livreiro, a carta acaba por levantar ainda mais questões sobre o caso.

Investigação prossegue

A

china

pesar da retirada da queixa e da suposta carta de Lee Bo, um porta-voz da polícia de Hong Kong indicou que vão prosseguir com a investigação com vista a clarificar o sucedido. A estes confusos factos, juntam-se as declarações do deputado democrata e advogado dos direitos humanos Albert Ho, segundo o qual os cinco livreiros estavam a preparar um livro sobre a vida amorosa do Presidente chinês, Xi Jinping, em particular sobre uma namorada antiga, o que relacionou com os desaparecimentos. O caso de Lee Boo, de 65 anos, visto pela última vez na quarta-feira, não é o único em Hong Kong, já que terá acontecido o mesmo a outros quatro livreiros – que também trabalham na Causeway Books ou na casa editora associada, a Mighty Current –, o que desencadeou a suspeita na antiga colónia britânica de que os desaparecimentos têm ‘mão’ de Pequim.

Os outros desaparecidos, além de Lee Bo, são o editor com passaporte sueco, Gui Minhai (desaparecido numa viagem à Tailândia), o gerente geral do estabelecimento, Lu Bo, o principal gestor do negócio, Lin Rongji, e um funcionário, Zhang Zhiping. O jornal oficial chinês Global Times publicou na segunda-feira um artigo em forma de comentário em que advertia contra a tentação de se cair em especulações sobre estes desaparecimentos. Segundo a edição online da CNN, é possível que Lee Bo seja portador de passaporte do Reino Unido. “Podemos confirmar que um dos indivíduos é cidadão britânico e já pedimos às autoridades de Hong Kong e do continente para verificarem de forma urgente o bem-estar e a localização do individuo”, referiu um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido.

Lee assegura que está “muito bem” e que “tudo decorre com normalidade”. Pede aos seus funcionários que continuem a operar a livraria normalmente “Encorajamos a RAEHK a garantir o compromisso de proteger a liberdade de imprensa, e esperamos que as autoridades chinesas possam continuar com o esforço para garantir um ambiente onde os media e os editores que operam em Hong Kong possam ter uma total e franca cobertura”, apontou o mesmo comunicado. A.S.S.

As equipas de resgate continuam os trabalhos para tentar libertar 17 mineiros presos numa mina de gesso que colapsou no passado dia 25 de Dezembro na província de Shandong, sem que ainda se conheçam as causas do acidente. Segundo a agência estatal Xinhua, as equipas de resgate escavaram mais de 200 metros, mas ainda não conseguiram encontrar sobreviventes, apesar de terem conseguido contactar com quatro dos mineiros, que estão “em situação estável” e receberam abastecimentos de comida, roupa, medicamentos e lanternas. O acidente aconteceu a 25 de dezembro numa mina de gesso na zona de Pingyi, onde estavam 29 pessoas, das quais 11 escaparam, uma morreu e as restantes continuam presas debaixo de terra, sem que se conheça a sua situação, à excepção dos quatro com quem foi possível contactar. Segundo a Xinhua, o resgate tem sido lento devido à complicada “situação geológica” da zona e ao receio que se gere outro colapso na mina. Após o início do resgate, o dono da mina, que começou por participar nas operações de apoio, suicidouse, no passado dia 27. O chefe do Partido Comunista, o governador e os subdiretores de Pingyi foram demitidos dos seus cargos e vários executivos ligados à exploração mineira estão sob investigação judicial. O colapso da mina foi de tal magnitude que gerou um tremor de terra equivalente a um sismo de magnitude 4 que foi detectado pelo Centro de Redes de Sismos da China.

Polícia procura autor de incêndio que matou 14 pessoas

A polícia da região autónoma chinesa de Ningxia lançou uma operação de busca ao presumível autor do incêndio num autocarro de transporte público que causou ontem 14 mortos e 32 feridos. O suspeito foi identificado como Ma Yongping, apesar de as autoridades locais não terem divulgado os pormenores que expõem a sua alegada responsabilidade no acidente. A polícia estabeleceu controlos em várias ruas e autoestradas nas saídas da cidade, informou a agência oficial Xinhua. O incêndio ocorreu pelas 07:08 de ontem em Yinchuan, capital da região, quando o autocarro de transporte urbano se encontrava perto de um centro comercial, próximo de uma estação de comboios.


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Anúncio (95/2015) 1. 2. 3. 4.

Entidade adjudicante: Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau. Entidade que põe a obra a concurso: Instituto de Habitação (IH). Modalidade do concurso: Concurso público. Denominação do concurso: Prestação de serviços para a administração dos edifícios para os Bairros Sociais do IH (I) 5. Objectivo: Concurso para a prestação de serviços de administração dos bairros sociais, nomeadamente serviços de limpeza, guarda, reparação e conservação das partes comuns e dos equipamentos colectivos, nos seguintes locais e prazos: ─ Blocos B e C do Edifício D.ª Julieta Nobre de Carvalho, Bloco 3/ 4/ 5 do Hou Kong Garden, Habitação Social da Ilha Verde – Edifícios Cheng Chun/ Cheng Nga/ Cheng Choi I/ Cheng Choi II/ Cheng Chong, o prazo de serviços é de 21 meses, entre o dia 1 de Julho de 2016 e o dia 31 de Março de 2018 . ─ Habitação Social de Fai Chi Kei – Edifício Fai Tat, o prazo de serviços é de 19 meses, entre o dia 1 de Setembro de 2016 e o dia 31 de Março de 2018. 6. Condições gerais dos concorrentes: Podem concorrer ao presente concurso as empresas que se encontrem registadas na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis, cujo âmbito das suas actividades, inclua a prestação de serviços de administração de propriedades, total ou parcialmente, e que não sejam titulares da licença de segurança nem exerçam a actividade de segurança privada, nos termos da lei. 7. Obtenção do programa e processo do concurso: Podem consultar e obter o respectivo programa e processo do concurso, na recepção do IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, nas horas de expediente. A obtenção da fotocópia dos documentos acima referidos, é mediante o pagamento da importância de MOP200,00 (duzentas patacas), em numerário, para os custos das fotocópias ou podem proceder ao download gratuito na página electrónica do IH (http://www.ihm.gov.mo). 8. Visita ao local e esclarecimento por escrito: A visita ao local será feita no dia 12 de Janeiro de 2016, às 9H30. Os interessados devem chegar ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, e serão guiados pelos trabalhadores do IH. Durante a visita não serão prestados esclarecimentos. Caso os interessados tenham dúvidas sobre o conteúdo do presente concurso, devem apresentá-las, por escrito, à entidade que põe a obra a concurso, antes do dia 18 de Janeiro de 2016. Os interessados devem dirigir-se à recepção do IH ou através do telefone n.º 2859 4875, nas horas de expediente, antes do dia 11 de Janeiro de 2016, para proceder à marcação prévia da visita ao local. 9. Caução provisória: O montante é de MOP440 000.00 (quatrocentos e quarenta mil patacas). A caução provisória pode ser prestada por garantia bancária legal ou por depósito em numerário através da conta em nome do IH, no Banco da China, sucursal de Macau. 10. Local, data e hora para entrega das propostas: As propostas devem ser entregues a partir da data da publicação do presente anúncio até às 17H00 do dia 15 de Fevereiro de 2016, no IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, nas horas de expediente. 11. Local, data e hora do acto público do concurso: terá lugar no IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, às 10H00 do dia 16 de Fevereiro de 2016. 12. Critérios de adjudicação: ─ Preço: 50% ─ Experiência (incluindo a experiência na gestão global e manutenção dos sistemas do edifício, na execução dos trabalhos necessários para este efeito e na prestação dos serviços do concurso, bem como a estrutura e dimensão da empresa e a sua capacidade de gestão profissional): 10% ─ Plano de serviços de administração (incluindo os planos para o controlo de entrada e saída do edifício, a fiscalização e segurança, a limpeza, a manutenção dos sistemas e os recursos humanos e equipamentos para a prestação de serviços, bem como os planos de elevação da qualidade de todos estes serviços): 40% 13. Outros assuntos: Os pormenores e assuntos a observar sobre o presente concurso constam do processo do concurso, e as informações posteriores sobre o concurso serão publicadas na página electrónica do IH (http://www.ihm.gov.mo). O Presidente, Ieong Kam Wa 23 de Dezembro de 2015

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

: 2/E-BC/2016 :153/BC/2015/F :Notificação do despacho de embargo e início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Rua de Pedro Nolasco da Silva n.º 6, Edf. Fu Iau, terraço sobrejacente à fracção 5.º andar B (CRP:B5), Macau.

Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 38, II Série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber por este meio ao dono da obra e ao proprietário do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, o seguinte: 1. O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte: Obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

1.1

Renovação de paredes em alvenaria de tijolo no terraço Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho sobrejacente à fracção 5.º andar B. de evacuação.

1.2

Construção não autorizada com gradeamento metálico e Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho cobertura metálica no terraço sobrejacente à fracção 5.º andar de evacuação. B.

2. Sendo o terraço do edifício considerado caminhos de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto caminhos de evacuação e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada. 3. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou segurança do edifício. 4. Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI. 5. O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227). Aos 14 de Dezembro de 2015 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man


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artes, letras e ideias

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BRICS: os três estádios

Rui Paiva In Janus

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BRIC aparece referenciado pela primeira vez como uma concepção teórica assente num modelo com vocação e utilidade prática no mundo financeiro. Um patamar de análise como suporte a decisões a tomar quanto às aplicações financeiras pelos investidores institucionais. Embora não ignorando a heterogeneidade dos seus membros, surge numa percepção financeira e não de Relações Internacionais, convertido o modelo de análise no impacto dos comportamentos económicos dos vários países: Brasil, Rússia, Índia e China. Podemos salientar três estádios para o BRIC(S)1 : primeiro, de concepção analítica para o espaço financeiro; segundo, de criação de um fórum destes mesmos países a partir de 2009; terceiro, a que vamos dar mais relevo, o momento presente, iniciado no ano passado, que será eventualmente o da confirmação da real afirmação.

O BRICS enquanto concepção teórica e analítica

Foi pela iniciativa de Jim O’Neill em 2001 que despontou o acrónimo BRIC, ao analisar para a Goldman Sachs, (enquanto Chief Economist), num trabalho da série Global Economics, Paper n. 66, sob o título Building Better Global Economic BRIC’s, de 30 de Novembro de 2001), a relação entre as economias desenvolvidas de topo e as mais importantes economias de mercados emergentes, doutra forma o G7 e o BRICS. Podemos destacar algumas das constatações que suportavam a análise, nessa altura inovadora: a) o PIB real das grandes economias emergentes ultrapassaria o do G7 entre 2001 e 2002; b) o PIB do BRICS em PPP (paridade de poder de compra), seria já em 2000 de 23,3% do PIB global (8% PIB corrente); c) das perspectivas adiantadas, ressaltava que os fóruns políticos globais deveriam ser reorganizados, em particular o G7 deveria incorporar representantes do BRICS. Adiantava ainda que os quatro países mais populosos e com maior dinâmica de crescimento teriam um papel fundamental na economia global, o que veio a confirmar dez anos depois no seu livro The Growth Map2 , agora já como Chairman da Goldman Sachs Asset-Management. Afirma então que em dez anos a economia global duplicou em dimensão, provindo um terço da performance do BRICS, com um crescimento combinado de duas vezes o dos EUA ou, visto de outra forma, o equivalente à criação de um outro Japão. Jim O’Neil conclui que vários factores aconselham a retirada de alguns países da categoria de emergentes, e cria o conceito de growth markets para o BRICS, assim como para quatro dos países dos Next Eleven, N11: Indonésia, Coreia do Sul3 , México e Turquia. Os restantes países

do N11 são o Bangladeche, Egipto, Indonésia, Irão, Nigéria, Paquistão e Filipinas. Mais recentemente, em Janeiro de 2015, ao constatar uma fraca taxa de crescimento do Brasil (cerca de 1%) e uma contracção da Rússia de 1,8%, Jim O’Neil informou, já mais descrente, numa entrevista à Bloomberg4 , que se estes países não conseguirem reactivar as suas economias, o mais correcto será passar a considerar apenas dois, como IC: Índia e China.

Em 6 de Junho de 2003, pela “Declaração de Brasília”, três países (incluídos no estudo do BRICS) oriundos de continentes diferentes, Índia, Brasil e África do Sul, decidem criar um fórum, denominado IBSA5 , India-Brazil-South Africa Dialogue Forum, a partir daí um painel de diálogo trilateral, associando três sociedades “pluralistas, multiculturais e multirraciais”. Criou-se assim uma (relação) trilateral de nações com uma identidade política própria, agindo numa vocação sul-sul, três democracias de três continentes distintos que, entendendo-se neste

reformas das instituições financeiras internacionais, atendendo aos anos de crise que afectavam estes países. Realizaram-se mais cinco cimeiras (já como BRICS) num processo de rotação pelos países membros, nos anos seguintes: em 2010 no Brasil, (em Brasília), 2011 na China, (em Sanya), 2012 na Índia, (em Nova Deli), 2013 na África do Sul (em Durban), e regressando em 2014 ao Brasil (em Fortaleza e Brasília). Na prática deve considerar-se o nascimento do BRIC enquanto realidade negocial a partir de 2009, não sendo por acaso este surgimento quando se desenrola a crise financeira internacional. Quando as instituições nascidas de Bretton Woods (1-22 de Julho de 1944) não conseguem dar resposta às necessidades financeiras decorrentes da crise, começam a trabalhar em conjunto na procura de uma nova proposta concertada de nações. A China assume um claro protagonismo focada na sua ascensão internacional, mas tem que resolver primeiro um problema interno. Assim, atenua as dificuldades mais urgentes através do lançamento de um programa de injecção de liquidez pela via do megaestímulo de USD 586 mil milhões (quatro

diálogo tripartido privilegiado, não agradam necessariamente à China, porque alinham as suas práticas e posturas sem terem que se submeter de uma forma directa à vontade, validação ou liderança chinesa. Ora o BRIC só vai aparecer enquanto realidade multilateral em 2009, juntando dois dos IBAS (Índia e Brasil) a dois outros emergentes: Rússia e China. Constata-se de imediato uma falta de coerência e consistência entre eles, havendo até recentemente a ausência de sólidos comportamentos de grupo. Enquanto colectivo, teriam uma relativa melhoria de performance intragrupo, elevando a sua capacidade de afirmação internacional, mas sempre com a expectativa prenunciada de poder vir a converter-se, se actuasse como “coligação revisionista” numa ameaça para poderes instalados, e nessa situação condicionar hipoteticamente o papel de global player dos EUA. A primeira cimeira formal do BRIC ocorreu a 16 de Junho de 2009 em Yekaterinburg, na Rússia, com os respectivos líderes: Luiz Inácio Lula da Silva, Dmitri Medvdev, Manmohan Singh e Hu Jintao. A agenda concentrava-se na melhoria da situação económica global e nas

biliões de yuans), anunciado pelo Conselho de Estado em 9 de Novembro de 2008, estímulo esse mais focado no investimento em infraestruturas, (2,87 biliões de yuans), mas também nas áreas sociais e ambientais. Constatamos serem todos membros do G20, com a vantagem de serem situados em vários continentes, estabelecendo programas de cooperação6 interpares em áreas como a ciência, a tecnologia e a educação; todavia, numa perspectiva global, verifica-se que foram contribuindo para o desenvolvimento global de uma forma muito diferenciada, embora com a intenção de se assumirem como uma voz activa sonante nos desígnios da cena política mundial. Só em 2011 se pode falar de BRICS (South Africa) quando é integrada a República da África do Sul7 , na 3ª. Cimeira, muito embora o presidente Jacob Zuma tivesse já sido convidado logo na segunda cimeira. A entrada da mais importante nação africana tem duas justificações objectivas: o interesse dos outros membros em terem entre si uma das mais fortes economias africanas, logo uma porta de entrada naquele continente – projecção regional e oportunidades de negócio muito

O momento do nascimento do BRIC, o IBAS e o novo BRICS

relevantes – e, por outro lado, a estratégia da própria China8 . Quanto a este último aspecto, a China tenta deste modo anular o efeito IBAS, anestesiar a sua esfera de influência que lhe escapa, porque não controla, mas na prática sem o conseguir, dado terem as três democracias decidido manter autónomamente o seu grupo. Na verdade, a China tentou mesmo fundir as duas, diluindo esta trilateral no Grupo, mas sem sucesso, especialmente dada a firme resistência da Índia.

O momento da afirmação: iniciativas do BRICS

É na VI Cimeira do BRICS, reunida em 2014 em Fortaleza, no Brasil, que surgem as primeiras iniciativas estruturantes, significativas para os seus membros constituintes, mas também para o mundo financeiro. Nesta Cimeira é assinada a criação do Novo Banco de Desenvolvimento, (NBD), também apelidado de “Banco do BRICS” (BRICS Bank), assim como se concretiza também a assinatura da constituição de um chamado Fundo Comum de Reservas Cambiais, (Contingent Reserve Arrangement, CRA) e, na terminologia original da nova “Declaração de Brasília”, o Arranjo Contingente de Reservas, na ordem dos 100 mil milhões de dólares, visando numa primeira linha a protecção de eventuais crises financeiras. Este é um NBD orientado, segundo a mesma Declaração, para a “mobilização de recursos para projectos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável no BRICS e em outras economias emergentes e em desenvolvimento”. Outra decisão relevante foi a manutenção do acordo a que haviam chegado em Bali, em Dezembro de 2013, na reunião da Organização Mundial do Comércio, OMC, no sentido da melhoria e simplificação de procedimentos no comércio externo. Note-se que o secretário-geral da OMC é Roberto Azevedo, cidadão brasileiro, primeiro latino-americano na sua liderança, para o que o país manteve um forte lobbying, mas que foi também um momento de acerto comum do BRICS, sendo todos membros da OMC. Estas decisões levantam o véu relativamente à estratégia que vão seguir doravante: da exigência de reformas, da crítica pública continuada às instituições multilaterais nascidas no pós-guerra e por não terem uma resposta passam à acção: encetam a criação de raiz das “suas” próprias instituições multilaterais. O Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), são replicados nos NBD e CRA, mas para uma implementação de vocação intergrupo, virada prioritariamente para a colmatação de lacunas dos seus membros. De molde a acompanhar o movimento e a garantir uma janela de diálogo possível, o Fundo Monetário Internacional reage a 16 de Junho de 2014 por intermédio da presidente Christine Lagarde, enviando os parabéns pela realização da Cimeira da Cúpula do BRICS e pela criação do Fundo de Reservas, colocando-se à disposição para uma eventual interacção institucional. Sinal de acompanhamento cauteloso e de alerta! Estamos assim no momento em que o BRICS vai dar o passo decisivo na sua afirmação no plano global e tentar criar instituições e mecanismos que potencialmente atenuam o recurso às instituições de Bretton Woods e criem condições objectivas para que as mesmas sejam menorizadas ou mesmo substituídas numa fase posterior. Na prática, vemos que procuram modelos alternativos aos institucionalizados, que sejam mais a contento com as suas ambições de maior autonomia política, económica e financeira (também dos países “ocidentais” que detêm um forte ascendente sobre as mesmas) e que resolvam positivamente com maior justiça e equidade as suas necessidades financeiras.


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WANG CHONG

王充

OS Discursos Ponderados DE WANG CHONG

Pensam que podemos sobreviver às gerações e evitar a morte regulando o qi e alimentando a natureza própria.

Erros a respeito da Via – 25, 26 & 27

O

s especialistas da Via que gostam de se impressionar mutuamente defendem que o Homem Verdadeiro come qi, que pode fazer do qi seu alimento. Por isso, os textos sustentam que aqueles que comem qi não morrem; que mesmo aqueles que se abstém de cereais dispõem de uma vasta abundância de qi. Ora, isto é completamente desprovido de fundamento. * * * Mas que queremos dizer por qi? Se se trata do qi do yin e do yang [isto é, do ar que respiramos], então não poderíamos saciar-nos, pois podemos muito bem inalar esse qi sem que isso baste para nos encher o ventre e

matar a fome. Tratar-se-á do qi dos medicamentos? Mas se tomarmos gramas de pós e dezenas de pílulas, os medicamentos terão efeitos demasiado poderosos, criando fadiga, envenenando as entranhas e não saciando. A respeito de “comer qi” devemos fazer aqui alusão às técnicas de inalação e exalação, ou seja, à rejeição do velho qi para ingerir novo qi. No passado, Pengzu adoptou esse método, mas não pode viver indefinidamente graças a ele, pois morreu de doença. * * * Outros especialistas da Via pensam que podemos sobreviver às gerações e evitar a morte regulando o qi e alimentando a natureza própria. Acreditam que se o sangue e os canais sanguíneos do corpo não estiverem constantemente em movimento, se contraindo e distendendo, ficam entupidos e não deixam passar o

qi, causando inflamação, doença e morte. Mas, mais uma vez, isto é desprovido de qualquer fundamento. Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.


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tempo

muito

O que fazer esta semana Hoje Poly Macau Hotel Art Fair Regency Hotel, Taipa, 18h00

?

nublado

min

17

max

23

hum

65-98%

euro

8.57

baht

Apresentação dos livros “The Journey Within” e “The Journeys Beyond” Creative Macau, 16h00 às 20h00 Entrada livre

Diariamente Exposição Casal Notável – artefactos de Sun Wan, segunda filha de Sun Yat Sen Museu de Macau (até 10/01/2016)

o cartoon steph

Sudoku

de

Albergue SCM (até 15/01/2016) Entrada livre Exposição “Aguadas da Cidade Proibida” (até 07/2016) Museu de Arte de Macau (MAM) Entrada a cinco patacas Exposição “Salpicos” de Sofia Bobone Fundação Oriente, Casa Garden Entrada livre

Solução do problema 2

problema 3

um Disco hoje

Cineteatro

C i n e m a

Sherlock: The Abominable Bride Sala 1

14.15, 17.50, 19:30

Falado em Cantonês Filme de: Shigeharu Takahashi, Shinji Ushiro 14.15, 17.50

The little prince [A]

Ip Man 3 [c]

Sala 3

Yo-kai watch the movie [A]

Falado em Cantonês Filme de: Mark Osborne 16.00, 21.30

Falado em Cantonês legendado em Chinês e ingles Filme de: Wilson Yip Wai Shun Com: Donnie Yen, Lynn Xiong, Max Zhang 16.00, 19.30, 21.30

Sherlock: The Abominable Bride [c]

Sala 2

The Boy and The beast [B]

snoopy: The Peanuts Movie [A] Falado em Cantonês Filme de: Steve Martino

1.24

Mamãs, não fiquem aborrecidas comigo. Peço desde já desculpa se ao longo do caminho ferir susceptibilidades. É que há um assunto que me dá algum repúdio. Há, claro, um certo brilho e beleza nas mulheres que passam a carregar uma criança. No entanto há conversas sobre tudo o que de pior a maternidade tem. Ultrapassam-se, sem pudor, os limites. É que após o nascimento, surge todo um role de questões que, para as recém-grávidas, parece não ter uma só resposta certa. “O que faço se o meu bebé tiver diarreia e sujar a cama toda com uma pasta verde?”. Sim, esta é uma das mais comuns. Transponhamos este tipo de conversas para um ambiente menos... Maternal. Imagine-se um ambiente de café, onde quatro amigas tentam esclarecer dúvidas de um qualquer dia-a-dia. Até aqui tudo bem. E se de repente, durante um jantar de família, optássemos por perguntar à prima, à tia, à avó ou à irmã como é que lidam com uma dolorosa sessão de diarreia madrugadora, com laivos de hemorróidas no final? Sim, é legítima essa cara de asco e nojo de que o leitor dispõe neste momento. Porquê? A resposta é simples: há limites sobre aquilo que se pode, ou não, abordar em determinados ambientes. Mamãs, deixem as conversas dos pontos que romperam em segundos de prisão de ventre, o leite que suou o soutien 50Z ou o fedor que inundou todo o apartamento. Reservem-se. Poupem aos entes queridos, à família, aos amigos e até aos conhecidos o martírio de ouvir falar de coisas com as quais só a própria mãe lida. Mamilos inchados, barrigas postadas de Barral e costuras que teimam em não desaparecer. Tudo legítimo, tudo natural, tudo parte do ser humano. Tudo o que dispenso ouvir. Não só enquanto gato, mas também figura masculina. Sem filhos. Pu Yi

“Foster the People” ( Torches, 2011)

Mais uma banda americana que tenta fazer música alternativa. Com este álbum, os Foster the People conseguiram uma indicação para o Grammy de melhor álbum de música alternativa. Um disco descontraído e bem disposto, para ouvir no carro em tardes de sol, mas que não é genial. Destaque para o sucesso radiofónico “Pumped up Kicks” e a engraçada “Don’t Stop (Color of the Walls)”. Andreia Sofia Silva

Filme de: Douglas Mackinnon Com: Benedict Cumberbatch Martin Freenman 14.15, 19.15, 21.30

Falado em Japonês legendado em Chinês e ingles Filme de: Mamoru Hosoda 16.30

yuan

Leite quente e fraldas sujas

Amanhã

Exposição “A Jornada de Um Mestre”

0.22 aqui há gato

Entrada livre

Entrada livre

(f)utilidades

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; Aurelio Porfiri; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos; Thomas Lim Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@ hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 opinião

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sexanálise

The rocky horror picture show

O

lha-se para um 2016 cheio de potencialidade sexual, mas merecemos rever o 2015 que trouxe uns quantos triunfos ao sexo e ao género pelo mundo. Triunfos que trazem ao entendimento de que sexo é muito mais do que aquilo que se faz na escuridão do quarto e que se abrange pelas malhas macro-sociais da vivência humana. Casamento Homossexual – 2015 viu a posibilidade legislativa do casamento homossexual tornar-se uma realidade para alguns países do mundo (onde outros ainda se encontram a lutar pela despenalização da homossexualidade). O grande exemplo foi os EUA que, quer queiramos ou não, se rege na sua influência cultural, por vezes bastante hegemónica, de internacionalização. Não que queira dar uma super credibilidade aos meandros cuturais do país (e assim muito por geral refiro-me à figura que o Donald Trump anda a fazer), mas constitui um passo importante para a visibilidade e a normatividade que casais homossexuais merecem. Adopção por casais Homossexuais – Para adicionar à generalização de novas formas de família, a adopção por casais homoparentais já é uma possibilidade em muitos países por esse mundo fora – e ainda bem. Agora seria bom que outros países olhassem para Portugal e Colômbia que em 2015 trouxeram esta felicidade aos casais que tentam ter filhos e que querem ser reconhecidos pelo estado. Penalização da mutilação genital feminina – Uma prática atroz que começa a ser legalmente penalizada, e que tem lutado contra formas culturais e crenças enraizadas por grupos de pessoas que acredita que é um rito de passagem necessário, e que assim as mulheres podem adquirir um bom dote e não serão socialmente excluídas. O argumento que tem tentado dissiminar-se por várias instituições nacionais e internacionais: o dote, que, normalmente, é uma vaca, pode dar leite e alguma carne mas morre, mais rápido do que se imagina – uma rapariga/ mulher que tem a possibilidade de estudar e trabalhar nesse sentido poderá trazer dinheiro para a família toda a vida. Isto para alertar que a penalização é um grande passo, mas o cuidado tem de existir nas crenças que ainda são comunicadas entre as pessoas. A Gâmbia foi um dos países que viu a MGF ser penalizada em 2015. 50 Sombras de Grey – 2015 foi também o ano que viu adaptado para o cinema o romance que ganhou em popularidade pelo grafismo sexual e pela grande curiosidade e procura que incitou de produtos sexuais de tendências sado-maso. Diz a indústria

Balanço

Tânia dos santos

que, este ano, algemas, chicotes, pinças para mamilos, fatos de latex pretos ou mordaças foram muito mais procurados. Pela experimentação sexual tivemos esta referência cinematográfico-literária. E que venham mais. A criação de uma casa-de-banho na Casa Branca – Esta não é uma casa-de-banho qualquer, é uma casa de banho neutra. Sem género. Isto para que a Casa Branca seja mais inclusiva aos trabalhadores e visitantes transgénero. Pena que não tenha sido publicitado mais fortemente. Este mundo precisa de casas-de-banho sem género associado,

porque o binarismo complica-se, cada vez mais. E não tem havido estruturas que o têm acompanhado. Miley Cyrus e a fluidez de género – Este foi o ano que muitos artistas pop vincaram a fluidez de género como uma necessidade de afirmação individual. Os exemplos são Miley Cyrus, Angel Haze entre outros, que vêm como necessária à sua definição pessoal e artística. Apesar de muitos considerarem-no como uma ‘fase’ ou uma ‘moda’ adolescente, mais útil será considerá-lo num debate que urge em ser desenvolvido pelas várias

camadas sociais. 2015 não trouxe a moda de fluidez de género, mas a necessidade do reconhecimento da fluidez de género. No geral, o ano teve realizações sexuais bastante positivas. O ano de 2016 trará muitas mais, certamente. Com aguma esperança, na escuridão do quarto também, que é um pouco mais difícil de aceder através de estatísticas, questionários ou artigos de jornal. Que o ano de 2016 traga realizações sexuais individuais e colectivas. Que se experimente novas formas de sexo, diferentes posições e diferentes expectativas. Que se puxe pela sexualidade dentro do limite do confortável. A todos, um 2016 muito sexy.


19 hoje macau quarta-feira 6.1.2016

Bless Juice Bar, loja de sumos Ivy Sun, fundadora

“Quero que este seja um espaço confortável” hoje macau

Ivy Sun trocou um trabalho cansativo na área da organização de eventos por um negócio próprio onde os sumos saudáveis e produtos orgânicos são o foco principal. Aberto há pouco mais de um mês, o Bless Juice Bar pretende ser um espaço agradável com preços mais baixos

“Quero que as pessoas sintam uma boa atmosfera aqui. Esta é uma loja pequena e quero que este seja um espaço confortável”

U

m sumo de romã e maracujá, de tons rosa, faz bem à pele, enquanto que um sumo de laranja e cenoura faz bem à visão. Todos estes sabores estão expostos na montra da nova loja de sumos junto ao Teatro Dom Pedro V. O Bless Juice Bar, de Ivy Sun, abriu há pouco mais de um mês e pretende fazer um trabalho diferente ao nível da alimentação saudável. Ivy Sun sempre gostou de sumos e de vegetais, mas a colocação de um aparelho dentário levou-a a gostar ainda mais desta área. Quando se cansou do emprego, não pensou duas vezes. “Meti um aparelho há dois anos e era difícil comer. Comecei a procurar lojas de sumos em toda a parte e procurei na Taipa, onde moro, mas eram todas muito caras. Então comecei a fazer os meus próprios sumos”, contou Ivy Sun ao HM. “Antes tinha um trabalho num hotel e era muito cansativo, porque trabalhava na área da organização de eventos. Começava todos os dias às oito da manhã e muitas vezes só saía às dez da noite. Não era muito bom para mim e comecei a preocupar-me com a minha saúde. Então despedi-me em Setembro.” Foi aí que nasceu a loja de sumos, que oferece bebidas feitas com produtos frescos, a preços mais baixos do que os normais e com o mesmo sabor, como garante a responsável. Entre sair do trabalho que tinha e pensar no seu novo modelo de negócio, Ivy Sun teve pouco tempo. “Tive a oportunidade de arrendar esta loja, porque os antigos arrendatários saíram. Apenas precisámos de um período de tempo para pensar que ia abrir o meu próprio negócio e para ter alguma coisa diferente em relação a outros espaços. Não

óciosnegócios

queria um espaço que vendesse apenas café”, referiu. “Esta loja chama-se Bless porque quero que este seja um espaço feliz e que ofereça o melhor aos outros. Quero dar a oportunidade aos locais para experimentarem estes sumos saudáveis e também vendemos outros produtos orgânicos, como as sementes de chia ou os chás. Vamos ter uma espécie de ‘segunda-feira verde’, para termos saladas e sanduíches, refeições mais leves e que possam proporcionar algum equilíbrio”, contou ainda Ivy.

Uma filosofia muito própria

Ivy Sun não tem uma formação específica como chef de comida orgânica, apenas decidiu avançar com algumas ideias criadas de raiz na sua própria cozinha. “Faço as minhas próprias receitas. Comecei

por tentar por mim própria, porque nós, asiáticos, temos a nossa própria filosofia em termos de dieta. Por exemplo, para nós, mulheres, não é bom beber bebidas frias sempre, não é bom em ciclos de período menstrual, por exemplo. Tentei fazer misturas de ingredientes como este, de romã, e é aconselhável beber um por dia, porque nos dá mais vitaminas e nutrientes. Também é muito bom para a pele, por isso é o meu sumo preferido”, contou ao HM. Apesar do pouco tempo de funcionamento, o Bless Juice Bar já vende cerca de 30 garrafas de sumo por dia. “Quero que as pessoas sintam uma boa atmosfera aqui. Esta é uma loja pequena e quero que este seja um espaço confortável e não apenas comercial”, referiu. “Fizemos um grande investimento nas máquinas e os processos de fazer os sumos são diferentes. Porque é que estou a fazer um preço mais baixo? Não é por uma questão de competitividade, mas para chamar a atenção das pessoas. As pessoas bebem um café por dia, então por que não beber um sumo por dia e substituir o café? É isso que quero, que as pessoas experimentem estas bebidas”, disse a fundadora do espaço. Com a chegada do tempo quente e húmido, Ivy Sun espera ter cada vez mais clientes. Por enquanto, ela própria vai todos os dias buscar os produtos frescos do dia para pôr mãos à obra junto à máquina dos sumos. Os desafios, esses, são constantes. “Um dos maiores problemas que tenho tem a ver com o fornecimento de produtos frescos. Eu própria todos os dias tenho de sair para comprar os produtos e muitas vezes são mais baratos no supermercado do que no fornecedor, não sei porquê. Estamos apenas a começar e não queremos fazer um grande negócio, e estamos a adquirir pequenas quantidades de produtos diariamente”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


Permaneceu ainda por algum tempo, olhando sem ver os lampejos regulares, hipnóticos, do Farol da Guia riscando rápido a escuridão da noite”

quarta-feira 6.1.2016

Rodrigo Leal de Carvalho in Requiem por Irina Ostrakoff

“Macau Século XXI”, reflexão sobre os 15 anos da RAEM

De Lisboa com ardor Banco da China reduz problemas de liquidez

O Banco Popular da China anunciou hoje uma injecção de liquidez no sistema financeiro chinês no valor de 130.000 milhões de yuans, para reduzir os problemas de falta de liquidez. A injecção, a maior desde Setembro de 2015, realiza-se através de acordos de recompra (‘reverse repo’), por um prazo de sete dias, no qual a entidade emissora compra valores aos bancos comerciais a um preço específico com o compromisso de revendê-los um preço fixo mais tarde. A taxa de juro a que se realiza a operação é de 2,25%, igual à aplicada noutra injecção de liquidez realizada na semana passada e que atingiu um valor de 10.000 milhões de yuan. Esta medida de política monetária procura resolver os problemas de falta de liquidez de curto prazo ocasionado pela redução de novos fundos pendentes em yuan que o Banco da China coloca no mercado quando os bancos compram moeda estrangeira aos seus clientes. Em Novembro registou-se na China uma queda de novos fundos pendentes no valor de 315.800 milhões de yuan) em relação ao mês anterior. Estes fundos são um importante indicador da entrada e saída de capital estrangeiro e da liquidez em yuans no país.

M

acau Século XXI” titula o livro que vai ser lançado, na quinta-feira, no Museu Militar de Lisboa, apresentado como “uma reflexão sobre os 15 anos” da Região Administrativa Especial, criada após a transição de Portugal para a China. A obra – uma edição bilingue (português e chinês) com quase 400 páginas, com apresentação a cargo de Adriano Moreira marcada para as 18:00 – figura como uma iniciativa editorial da Liga da Multissecular Amizade Portugal-China. Trata-se de “um livro sobre as circunstâncias do nascimento da Região Administrativa Especial de Macau [RAEM], onde se [aborda] não apenas o enorme surto de desenvolvimento do pós-transferência, mas também a herança deixada por Portugal no território e as perspetivas de uma maior cooperação entre Portugal e a China, com base em Macau”, afirma o general Garcia dos Santos, que era presidente da Liga quando se iniciou o projeto, na nota de abertura da obra,

citada num comunicado enviado à agência Lusa. Aniceto Afonso, mestre em História Contemporânea de Portugal e coordenador da edição, apresenta-a, na sua Introdução, como “uma reflexão sobre Macau, sobre o seu passado e o seu futuro” e refere que “o leitor encontrará interrogações suficientes para uma saudável inquietação, mas também encontrará respostas e perspectivas que o tranquilizam e o vão despertar”. “Os diferentes colaboradores trazem-nos múltiplos pontos de vista sobre Macau (…). São abordagens distintas e polifacetadas, mas sempre serenas, afirmativas, inovadoras em muitos aspectos”, refere Aniceto Afonso. A obra aborda temáticas diversificadas como “Os Antecedentes de Macau”, uma síntese histórica por Alfredo Gomes Dias; “A Miscigenação do Pensamento Urbano”, por Rui Leão; a “Organização Política e Social”, por João Guedes; o “Sistema Político e Administrativo”, por Sofia Jesus; a “Economia da RAEM, aos 15 Anos”, por José I. Duarte; e a “Arquitectura: o

Legado e o Inesperado”, por Rui Leão e Jorge Figueira. Também o “Ensino e Ciência em Macau”, por Rui Rocha e Ana Paula Dias; a “Saúde e Assistência Social”, por Jorge Humberto Morais; a “Arte, Cultura e Património”, por Cecília Jorge; a “Comunicação na RAEM: um Desafio Permanente”, por Rogério Beltrão Coelho; o “Desporto na RAEM: Esforço, Glória e Desilusões”, por Marco Carvalho; e “Macau-Cronologia”, por Rui Guerra Ribeiro e Aniceto Afonso. O livro inclui ainda, ao longo da edição, textos sobre as obras emblemáticas da RAEM e sobre a “Alma de Macau”. “Macau Século XXI” é ilustrado com fotografias de António Mil-Homens, Eduardo Magalhães (também autor da foto da capa), Gonçalo Garcia dos Santos (que também assina a direcção gráfica e design), Joaquim de Sousa e José Romano, bem como com imagens de arquivo cedidas por instituições particulares e oficiais, refere a mesma nota. A edição e revisão é da responsabilidade de Dulce Afonso e a tradução para chinês de Mónica Chan.

MGM apoia UM na ida de estudantes a Las Vegas

Portugal voltam Feriados religiosos

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O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou ontem que os feriados religiosos serão repostos este ano, ao mesmo tempo que os feriados civis. «Logo que a decisão sobre a reposição dos feriados civis esteja feita em Portugal, o ministério dos Negócios Estrangeiros, que é o organismo responsável, trocará, em nome do Estado português, com a Santa Sé, notas verbais que reporão os feriados religiosos em 2016. Portanto, os feriados religiosos serão repostos ao mesmo tempo que os feriados civis», disse o ministro, à margem da sessão de abertura do Seminário Diplomático, que decorre hoje em Lisboa.

sábado negro

A revista “Órphão”, de Carlos Morais José, vai ser lançada oficialmente no próximo sábado, dia 9 de Janeiro. Pelas 18h00, a Livraria Portuguesa recebe o autor e “autores assassinados” da edição que pretende comemorar os cem anos da revista Orpheu, numa actividade para a qual estão convidados “todos os residentes de Macau, Taipa, Coloane e Ilha da Montanha”, como promete Carlos Morais José. “Vamos ter comício e bebício, atracções de feira, dramaturgos, criadores, ensaístas, autores, poetas e muito mais”. A entrada é livre. A saída não se sabe. “Onde o expectável poderá mesmo acontecer e o inesperado se insinuará timidamente nos interstícios do acto”, promete Carlos Morais José.

Turquia pede calma ao Irão e à Arábia Saudita

A Turquia pediu ontem ao Irão e à Arábia Saudita para acalmarem as tensões na sua crise diplomática, afirmando que a hostilidade entre os dois países só vai agravar mais os problemas da região. «Queremos que ambos os países se afastem imediatamente da situação de tensão que irá, obviamente, agravar as tensões já existentes no Médio Oriente», disse o vice-primeiroministro turco, Numan Kurtulmus, numa primeira reacção de Ancara à crise. «A região já é um barril de pólvora. Basta. Precisamos de paz na nossa região», acrescentou Numan Kurtulmus.

Lisboa Museu dedicado à história dos judeus

• A MGM voltou a apoiar a Universidade de Macau (UM) numa visita de estudo realizada a Las Vegas, Estados Unidos, iniciativa realizada pela instituição de ensino todos os anos desde 2005. Desta vez a visita fez-se com um grupo de 44 alunos, que visitaram os casinos de Las Vegas em Dezembro.

A Câmara de Lisboa avançou ontem que o Museu Judaico abrirá portas «no primeiro semestre de 2017» no Largo de São Miguel, Alfama, estando por definir a arquitectura e o modelo de gestão do espaço. A autarquia referiu que o local foi escolhido por ser «emblemático para a comunidade judaica e para a própria cidade de Lisboa, na medida em que o bairro albergou a mais importante comunidade de judeus da Lisboa medieval».


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