Hoje Macau 6 JAN 2016 #3728

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

SEXTA-FEIRA 6 DE JANEIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3728

Exigem-se explicações PÁGINA 6

OPINIÃO

Para quem manda Expectativa

hojemacau

TIAGO ALCÂNTARA

CASO HO CHIO MENG

MOP$10

ISABEL CASTRO

PAUL CHAN WAI CHI

PATRIMÓNIO

Lista para a cidade

h PÁGINA 5

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Lugar das palavras ANABELA CANAS

Modo de perguntar PAULO JOSÉ MIRANDA

MULTAS

INTERNATIONAL PHOTO

LENTES DE CONTACTO AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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EVENTOS

Circular é sofrer GRANDE PLANO


2 GRANDE PLANO

ESTACIONAMENTO A DIFÍCIL ARTE DE CIRCULAR EM MACAU

MULTA, UMA CONSTANTE Todos os meses, o orçamento de famílias que residem e trabalham em Macau tem um item extra: as multas de estacionamento. Em particular para quem tem de levar e buscar os filhos à escola. Entre 2015 e 2016, só as multas em lugares com parquímetros aumentaram quase 35 por cento

N

ESTE mundo há duas coisas infalíveis: a morte e os impostos. Em Macau podem-se acrescentar as multas por estacionamento. Como se não faltassem razões para pôr os nervos em franja a quem conduz, as multas são a cereja no topo de um dispendioso bolo, em especial para as famílias que usam o automóvel para largar e buscar crianças em infantários e escolas. André O, designer de profissão, até já montou um esquema para contornar a inevitável multa sempre que se desloca à escola das filhas. É necessário trabalho de equipa. “Eu e a minha mulher tentamos ir juntos, para que fique sempre um dentro do carro, para o caso de vir a polícia”, explica. Enquanto a mulher leva, ou vai buscar, as miúdas à sala de aula,

André fica no automóvel para discutir com a autoridade. A outra opção é manter-se em circulação, dar uma volta ao quarteirão e apanhar a mulher na volta. Têm de moldar o quotidiano e adaptar-se de forma a contornar uma situação que é recorrente, e que lhes pode dar um desfalque de cerca de três mil patacas no orçamento familiar. O casal não está sozinho neste ardil. “Sinto uma certa perseguição, e tenho vários amigos que já tiveram um prejuízo mensal de 10 a 13 mil patacas”, confessa André. O designer chegou ao ponto de ter de elucidar um polícia sobre o

significado de um sinal de trânsito. “Não sabem distinguir entre um sinal de proibido estacionar, mas que permite paragem temporária, e a simples proibição”, comenta. Como vêem um sinal de proibido, automaticamente assumem que este é absoluto e universal. Já lhe aconteceu recusar sair do lugar onde se encontrava parado. “Estava à espera da minha mulher, que tinha ido levar as minhas filhas ao colégio, num lugar onde podia estar parado. O polícia disse-me que tinha de sair e pôr o carro num estacionamento. Perguntei-lhe onde. Ele disse que havia vários,

25,96%

foi o aumento das multas de estacionamento entre Novembro de 2015 e Novembro de 2016


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“A solução não deve estar na punição” Arquitecto Nuno Soares defende plano estratégico de mobilidade

P

DA VIDA “Sinto uma certa perseguição, e tenho vários amigos que já tiveram um prejuízo mensal de 10 a 13 mil patacas.” ANDRÉ O DESIGNER desafiei-o a vir comigo vermos se encontrávamos um lugar”, lembra, humorado pelo caricato da situação. O agente acabou por desistir e não multou o designer. “Deve ter reparado que era um cidadão complicado de lidar, que não valia a pena estar a chatear-se e lá foi à sua vida sem me multar”, remata.

Situações normais numa cidade que viu de Novembro de 2015 para Novembro de 2016 um aumento de 25,96 por cento no total das multas por estacionamento ilegal. Até Novembro do ano passado – os dados mais recentes da PSP – foram passadas 860.924 multas de estacionamento. Tendo em consideração que, no mesmo período, existiam em Macau 250.871 veículos matriculados, isto dá uma média de quase quatro multas por ano por viatura.

SEM OPÇÕES

Usar automóvel em Macau não é um capricho, mas a única alternativa para muitas famílias. “Utilizo o carro todos os dias para levar as crianças à escola de manhã, depois para as ir buscar ao fim do dia e Continua na página seguinte

UNIR sem procurar soluções para a situação complicada que hoje se vive no trânsito não vai resolver o problema, considera o arquitecto Nuno Soares. Para o urbanista, as autoridades de Macau devem pensar num plano estratégico de mobilidade e não estarem à espera do metro ligeiro, sistema que, de resto, não vai resolver todos os dilemas de quem tem de se deslocar no território. Na origem de tudo, contextualiza Nuno Soares, “está um cenário em que a população de Macau está a crescer, a população da Taipa e de Coloane também continua a aumentar”. Em Seac Pai Van foram colocadas muitas famílias, recorda, e “o crescimento normal urbano da Taipa faz com que haja obviamente muitas mais pessoas a viverem lá”. Acontece que a grande maioria dos serviços públicos e muitos empregos continuam a ser na península. “Os movimentos pendulares têm aumentado nos últimos anos, por via do crescimento da população e desta expansão urbana na direcção da Taipa e de Coloane.” O fenómeno também se regista em sentido contrário, por causa dos residentes que trabalham nos casinos. “Há um stress que está a ser provocado na rede de transportes públicos. Os autocarros têm mais pessoas a usá-los e há mais necessidade de transporte individual porque, ao fim e ao cabo, as pessoas estão mais longe do seu local de trabalho”, observa. O resultado destas modificações no tecido social e económico está à vista: “Temos em Macau uma rede viária que é das mais congestionadas ao nível mundial. Há efectivamente um problema de escoamento de trânsito e de falta de lugares de estacionamento para a quantidade de carros.” Para o urbanista, a única forma de se tentar dar a volta ao texto, neste momento, é um plano estratégico de mobilidade. Quando o metro estiver a funcionar, “obviamente que vai ajudar porque vai ligar a península ao Cotai”, mas não vai fazer com que Macau passe a ser o paraíso da mobilidade. E porque ainda faltam vários anos até que o metro seja uma realidade, há que minorar os problemas. “Precisamos claramente

de um plano de mobilidade que ajude a gerir as diferentes redes”, propõe Nuno Soares.

A SOLUÇÃO POSSÍVEL

O arquitecto explica como é que se faz um plano destes. Em primeiro lugar, há que perceber o que está em causa. “Há aqui um sistema de transporte público, um sistema de shuttle bus e um sistema de transportes individuais”, indica. Existem ainda situações de pico, aponta, dando um exemplo pessoal. “Quando levo a minha filha à escola de manhã, há um congestionamento provocado pelas escolas. Há um congestionamento provocado por edifícios singulares onde trabalham muitas pessoas”, indica. Juntando estes aspectos, “tem de se organizar os sistemas e resolver os momentos em que há entropia”, um exercício que tem de ser feito de “uma forma sistemática completa”. A solução “não é milagrosa”, mas ajuda em muito, entende o urbanista. Em termos práticos, e pegando no exemplo do sistema de autocarros públicos, Nuno Soares sustenta que tem de ser feita uma alteração. “Muitas das nossas linhas são históricas, ou seja, são linhas cujo percurso é feito há muitos anos. Não são muito objectivas. Os turistas queixam-se muito, quando chegam a Macau, que é difícil usar os autocarros porque não estão organizados como um metro, ou seja, com uma linha periférica, com a linha central, com a linha transversal”, analisa. Há que fazer uma racionalização, apostar na

criação de corredores e tornar “os percursos mais evidentes, mais fluidos”, mas de “uma forma integrada em toda a península”. Quanto ao tratamento das situações de pico, o urbanista recupera a situação que se vive à porta das escolas. Os estabelecimentos de ensino não estão circunscritos a uma só zona pelo que, antes de mais, é necessário fazer estudos pontuais – que deverão, no entanto, ser parte de uma abordagem sistemática. “Um dos problemas é largar as crianças e voltar a recolhê-las, o ‘drop-off’. As escolas têm de ter concessionadas zonas de drop-off, zonas onde os pais param para largarem as crianças e as recolherem. Em situações de pico, esta solução aumenta muito a fluidez”, defende.

FALTA DE ALTERNATIVAS

Mais cedo ou mais tarde, as pessoas vão ter de começar a usar menos os carros que têm na garagem e optarem por outras soluções, porque “temos motas e carros a mais”. O urbanista, que anda de bicicleta sempre que pode, é defensor de alternativas aos transportes privados, mas diz também que “uma estratégia só de punição, de tornar as coisas mais caras, não vai resolver” o problema. “Se temos regras temos de as implementar, mas temos de pensar em respostas. A solução não deve estar na punição. O Governo deve pôr-se como alguém que resolve, alguém que identifica problemas e que toma medidas para os solucionar, não só como alguém que pune quem não cumpre”, afirma. “É muito importante que o Governo assuma este papel.” O arquitecto não está contra o aumento do valor para a utilização de veículos pessoais, mas as acções neste sentido não podem ser desacompanhadas de alternativas. “Tem de ser um conjunto de medidas que, ao mesmo tempo que se desincentiva o uso do transporte individual, se incentiva o uso do transporte colectivo. O Governo tem de fazer aquilo que lhe compete – melhorar a rede e as condições”, conclui. I.C.


4 GRANDE PLANO ainda para levá-las a actividades extracurriculares.” Quem o diz é Maria Sá da Bandeira, mãe de três filhos e jurista de formação. Quando questionada sobre a hipótese de usar os transportes públicos, responde prontamente que é impensável. “Três crianças, mochilas, sacos, termos, materiais disto e daquilo, é impossível. Com horários para sair de um sítio e ir para outro, preciso mesmo do carro”, explica. As dificuldades agigantam-se de forma inversamente proporcional ao tamanho dos rebentos. “Um deles é pequenino – cansa-se, ao fim de algum tempo já não consegue andar, não consegue carregar as coisas”, diz. É uma história recorrente e, se o movimento é obrigatório, a paragem é um quebra-cabeças. “Não há sítio para parar em Macau e na Taipa, e agora ainda é pior porque as obras são constantes”, explica André O, acrescentando que percebe “que parar em segunda fila congestiona o trânsito, mas não arranjam solução”. Para juntar mais um problema ao longo calvário que é arranjar um lugar para o carro, os silos de estacionamento, sempre cheios, não são propriamente locais agradáveis. “Basta entrar num para perceber que são utilizados como urinol público, o cheiro é nauseabundo – se a pessoa tem o azar de deixar cair as chaves no chão tem de ir directamente para a desinfecção”. As palavras são de Sérgio de Almeida Correia, advogado, que não entende por que acabaram com muitos lugares de estacionamento em zonas de via pública. O jurista só encontra como explicação o proteccionismo aos concessionários dos silos.

DOIS PESOS, VÁRIAS MEDIDAS

No entanto, a caça à multa não apanha todas as presas que prevaricam os regulamentos do trânsito. Para o advogado Sérgio de Almeida Correia, o problema não é a existência e o cumprimento da lei. “Há muitas vezes negligência grosseira na aplicação da lei, havendo situações em que há excesso de zelo e outras

Enquanto não existe tolerância para cidadãos, as autoridades fecham os olhos às infracções de trânsito cometidas por transportes públicos, por autocarros de concessionárias de casinos e por veículos de transporte de turistas

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em que há violação do dever de zelo. Existem dois pesos e várias medidas, consoante o infractor”, explica o jurista. Enquanto não existe tolerância para cidadãos, as autoridades fecham os olhos às infracções de trânsito cometidas por transportes públicos, por autocarros de concessionárias de casinos, por veículos de transporte de turistas e por os mil e um atropelos às normas de tráfego resultantes de obras de construção. Já para não falar das infracções cometidas por quem aplica a lei. “Vi várias vezes a polícia a infligir regras de trânsito, por exemplo, aqui no NAPE param em cima de passadeiras, à saída de curvas, para ir multar carros, mas o próprio veículo deles está em infracção”, conta Sério de Almeida Correia. A injustiça salta à vista quando se olha para a impunidade com que camiões e autocarros estacionam na faixa de rodagem para deixar turistas, por exemplo, junto aos casinos no Cotai. Os próprios autocarros das concessionárias de transportes públicos seriam terreno fértil para multas, caso houvesse essa vontade por parte da polícia. “Basta estar ali na rotunda junto ao Hotel Lisboa para ver como é que eles entram na via depois da tomada e largada de passageiros, e a polícia não actua nessas situações”, comenta o advogado. Também André O se sente revoltado com a actuação dos autocarros públicos que, simplesmente, “param na via pública”. Na Ilha Verde, exemplifica, “estacionam ao final do dia e ninguém multa”. As motas da polícia passam, multam os carros que estão mal estacionados, e não passam cartão aos autocarros. “Mesmo durante o dia, os autocarros param em segunda fila ali ao pé do Canídromo”, indiferentes ao caos que causam ao trânsito, não usando o recorte na faixa de rodagem onde podem encostar.

Enquanto quem reside em Macau desespera, quem vem jogar não só passa ao lado dos problemas dos que cá vivem, como ainda os potencia. “Nós, os residentes, que temos de fazer a nossa rotina diária dentro da cidade, somos altamente prejudicados com o movimento turístico que aqui há. Somos muito facilmente multados por pararmos o carro, mal-estacionado, durante um bocadinho porque temos de ir a correr deixar uma criança, ou porque passou um minuto no parquímetro e não conseguimos naquele momento pôr a moeda”, desabafa Maria Sá da Bandeira. “O Governo parece ter todo o interesse em manter a situação, sem qualquer tipo de preocupação adicional com o prejuízo para o quotidiano das pessoas”, acrescenta.

QUID JURIS

António Katchi, professor de Direito, também vê na arbitrariedade de tratamento um atropelo dos direitos mais elementares da população. “Mesmo com uma vigilância orwelliana sobre tudo o que se passa na estrada, por meio de radares e de câmaras de vídeo, só uma pequena parte das infracções de trânsito pode ser realmente autuada, processada e punida”, começa por ressalvar. Ou seja, a aleatoriedade é, portanto, praticamente inevitável. Mas esta não significa arbitrariedade. “As autoridades devem definir prioridades para a sua acção de fiscalização, e devem atender aos diversos objectivos e princípios que norteiam, ou devem nortear, a sua acção”, explica António Ka-

“Vi várias vezes a polícia a infligir regras de trânsito. Param em cima de passadeiras, à saída de curvas, para ir multar carros, mas o próprio veículo deles está em infracção.” SÉRGIO DE ALMEIDA CORREIA ADVOGADO tchi. O jurista adianta ainda que o objectivo deveria ser a segurança dos transeuntes e dos automobilistas, respeitando “o princípio da prossecução do interesse público, o princípio da justiça, o princípio da igualdade, o princípio da proporcionalidade, o princípio da boa fé, etc.”. Como tal, o académico considera as prioridades das autoridades “altamente discutíveis à luz destes padrões”. Se estamos, ou não, na presença de uma violação do princípio da igualdade, como se diz em legalês, a doutrina diverge. Para Sérgio de Almeida Correia, o princípio fundamental tem como propósito defender a equidade em casos de maior relevância, que vão além de uma infracção administrativa aos regulamentos de trânsito. Maria Sá da Bandeira, jurista de formação, entende que a violação do princípio da igualdade é evidente. “O princípio da igualdade

860.924

é o número de multas de estacionamento nos primeiros 11 meses de 2016

diz-nos que, para situações iguais, tratamentos iguais, para situações diferentes, tratamentos diferentes. Mas estando nós a falar de situações diferentes, por se tratarem de interesses com prioridades distintas, penso que aí o princípio da igualdade é violado”, comenta. Maria aproveita para acrescentar que “o interesse dos residentes de Macau tem de ser, em muitas situações, posto à frente do interesse turístico da cidade”. A circunstância das pessoas se encontrarem entre a espada e a parede, a terem de infringir um regulamento de trânsito para conseguirem deixar os filhos na escola, pode representar outra situação digna de análise jurídica. António Katchi considera que “se uma pessoa comete uma infracção em circunstâncias que não lhe permitiriam actuar de outra maneira, então dificilmente se poderá dizer que agiu com culpa”. Para o académico, poderá alegar-se que a pessoa agiu em estado de necessidade, o que representa uma causa de exclusão da culpa. “Noutros casos poderá alegar-se que a pessoa se encontrava numa situação de conflito de deveres, ou seja, o acto da pessoa nem sequer chegou a constituir um facto ilícito, pois o cumprimento do dever exclui a ilicitude do acto”, explica António Katchi. Independentemente das interpretações jurídicas, das considerações filosóficas, ou da posição dos astros, tudo indica que as odisseias com o estacionamento vão continuar. O facto é que está nas mãos do Governo local resolver a situação. Porém, a Medalha de Valor que o Executivo entregou recentemente ao comissariado do Departamento de Trânsito do Corpo de Polícia de Segurança Pública parece indicar que no paraíso está tudo bem. João Luz (com Isabel Castro) info@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

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Património QUESTIONADO ATRASO NA LISTA DE MONUMENTOS

A deputada Ella Lei interpelou o Governo quanto ao atraso da nova lista de monumentos classificados. O arquitecto Carlos Marreiros lamenta e pede um orçamento maior para que o Instituto Cultural possa contratar fiscais do património

A longa escolha

“Seria importante que o Governo exigisse, na submissão de projectos de património, ter a co-responsabilidade de um especialista da área, ao jeito do que há em Portugal, na Europa, e em Hong Kong.”

F

JÁ ESTE ANO

Para o arquitecto Carlos Marreiros, membro do Conselho do Património Cultural, o atraso na elaboração da lista de monumentos a proteger “não é bom porque os calendários são desenhados para serem

CARLOS MARREIROS ARQUITECTO

cumpridos, servem estratégias e regulamentos, e estes devem ser respeitados”. “No que diz respeito ao património, é ainda mais importante porque tem de ser preservado. Com esta ânsia de destruir e construir alto, tarda o facto de a lista não estar ainda actualizada. Faço votos para que, num novo ano, a lista esteja cá fora”, acrescentou.

GCS

OI há três anos que a Lei de Salvaguarda do Património Cultural entrou em vigor mas, até agora, o Governo ainda não concluiu os trabalhos sobre a criação de uma lista de monumentos que necessitam de ser protegidos. A deputada Ella Lei, através de uma interpelação escrita, interpelou o Governo sobre o assunto. “O Instituto Cultural (IC) disse, em resposta a uma anterior interpelação, que, até meados de 2015, já tinham sido feitos 70 trabalhos de recolha de informações sobre o ‘levantamento exaustivo do património cultural intangível de Macau’. As autoridades prometeram ainda iniciar o processo de avaliação em meados de 2015. É incompreensível que a primeira ronda de avaliação dos primeiros dez projectos se tenha arrastado até Dezembro de 2015. Já passou um ano e as autoridades ainda não conseguiram concluir o processo, bem como anunciar resultados”, apontou a deputada. Ella Lei considera “confuso” o facto de o levantamento exaustivo feito pelo IC em 2014 tenha chegado aos 100 monumentos, sem que até agora se tenham divulgado resultados. “Quantos bens desse grupo de 100 monumentos já foram avaliados? Para além dos dez espaços já avaliados, que medidas têm para conservar os restantes espaços que não estão protegidos pela lei? Porque é que o Governo não acabou a avaliação no prazo de um ano, conforme diz a lei?”, questionou a deputada da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM).

para poder contratar mais fiscais do património para andarem pelas ruas e fazer a verificação quanto ao respeito da legislação. Para melhorar as zonas arquitectónicas seria importante que o Governo exigisse, na submissão de projectos de património, ter a co-responsabilidade de um especialista da área, ao jeito do que há em Portugal, na Europa, e em Hong Kong.” Foi em Dezembro de 2015 que o IC iniciou a abertura do procedimento de classificação do primeiro grupo de dez bens imóveis em “estado de urgente conservação (...) cuja documentação e argumentação estão completas e se encontram em condições apropriadas de classificação”, afirmou o presidente do IC, Ung Vai Meng.

Ainda assim, Carlos Marreiros considera que nem tudo se perdeu nestes três anos sem uma lista de protecção de património. “O facto de não existir uma lista não quer dizer que o património se tenha perdido. Nos últimos dez anos não se perdeu porque a protecção tem sido abrangente, e se não for uma questão dos edifícios em si, as zonas de protecção têm tido regras

bastante rígidas, e o IC felizmente tem sido muito interveniente quando acontece qualquer dúvida. Vão ao local e tentam saber mais informações e fazer os acertos.”

MAIS ORÇAMENTO

Marreiros vai mais além e diz ser fundamental um aumento de orçamento destinado ao IC. “O IC deveria de ser dotado de mais orçamento

A lista de dez bens inclui cinco imóveis classificados como monumentos – os quatro tempos dedicados ao Deus da Terra e as antigas muralhas da cidade. Já os restantes cinco são edifícios de interesse arquitectónico. Um desses edifícios é a antiga Farmácia Chong Sai, localizada na Rua das Estalagens e adquirida pelo Governo. Os trabalhos de requalificação do espaço, onde trabalhou o médico Sun Yat-sen, já foram concluídos, tendo o novo espaço museológico aberto portas ao público no passado dia 15 de Dezembro. Andreia Sofia Silva e Angela Ka

CHUI SAI ON DESTACA PAPEL DOS MEDIA EM MACAU

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“Os órgãos de comunicação social em língua portuguesa e inglesa, enquanto ponte cultural, desempenham um papel importante no desenvolvimento actual da RAEM.” A ideia foi deixada ontem pelo Chefe do Executivo num almoço com os responsáveis pelos media em línguas portuguesa e inglesa. No encontro, em que estiveram também presentes os cinco secretários, Chui Sai On salientou que “o aparecimento e a generalização de novos meios de comunicação não só têm causado grande impacto” social, como também têm “enriquecido o serviço informativo ao público”. O líder do Governo garantiu ainda que o Executivo “respeita a liberdade de expressão dos residentes de Macau, respeita a liberdade de imprensa e de publicação, e ouve as opiniões e as sugestões da imprensa”. Chui Sai On deixou também a promessa de que “continuará a adoptar medidas de apoio destinadas aos trabalhos e à formação do sector, e a impulsionar as relações entre o Governo, a comunicação social e a população”.


6 POLÍTICA

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Ho Chio Meng GOVERNO EXORTADO A DAR EXPLICAÇÕES NA ASSEMBLEIA

MP. Posteriormente, a secretária [Sónia Chan] confirmou, enquanto responsável máximo por um serviço público [Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais], ter efectuado um telefonema para recomendar um familiar, e o familiar conseguiu obter um emprego dentro do MP. Esta conduta viola directamente o dever de isenção previsto no ETFPM.”

Quando o telefone toca

S

GCS

Os deputados José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong entregaram interpelações orais sobre o telefonema que Sónia Chan fez ao antigo procurador da RAEM, sugerindo a contratação de um familiar. O Governo vai ter de dar justificações no hemiciclo

QUE REGULAMENTAÇÃO?

Sónia Chan

ÓNIA Chan, secretária para a Administração e Justiça, e Chui Sai On, Chefe do Executivo, já falaram publicamente sobre o caso do telefonema que a governante fez a Ho Chio Meng sobre a contratação de familiares para o Ministério Público (MP) mas, para os deputados José Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong, os argumentos apresentados não bastam. O dia do debate não está ainda marcado, mas o Governo vai ter mesmo de ir à Assembleia Legislativa (AL) dar explicações sobre o assunto, pois os dois de-

A

Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) deverá concluir este ano a proposta de lei da aquisição de bens e serviços por parte dos serviços públicos. A garantia é dada no parecer da execução do Orçamento de 2015, cuja discussão na especialidade já foi concluída pelos deputados à Assembleia Legislativa (AL). “O documento está a ser elaborado com base nas sugestões do Comissariado contra a Corrupção e Comissariado da Auditoria. Face à nova metodologia adoptada, a DSF está a tentar concluir a elaboração da proposta de lei em 2017, para a mesma

putados querem quais as medidas a adoptar para evitar casos de abuso de poder. “Que medidas vão ser adoptadas pelo Governo para apurar responsabilidades das ex-secretária e actual secretária [Sónia Chan] na ‘colocação de pessoas’ dentro do MP e eventualmente noutros serviços públicos, violando os deveres de isenção e abuso de poderes derivado dos cargos que ocupam?”, questionou Coutinho. O deputado quer ainda saber se o Governo “vai apurar a extensão do abuso de poderes derivados dos cargos públicos que ocupam, bem como a eventual banalidade

“Dirigentes de alta categoria a aproveitarem-se dos seus poderes para ajudar familiares a obter emprego na Função Pública é uma situação que se tem agravado desde a transferência de administração.” NG KUOK CHEONG DEPUTADO da violação dos deveres de isenção e abuso de poder pelos titulares de importantes cargos”. O deputado considera que está em causa uma violação directa do Estatuto dos Trabalhadores da Função Pública (ETFPM).

Respostas à altura

Nova lei de bens e serviços concluída este ano

poder, ao nível do trabalho governamental, entrar de novo em processo legislativo”, pode ler-se.

A nova metodologia diz respeito à decisão de fazer uma só lei, quando, inicialmente, o Governo pensava

“No inicio do julgamento do ex-procurador do MP, o mesmo declarou publicamente que fez ‘favores’ às ex-secretárias para a Administração e Justiça, incluindo a actual, nomeadamente na colocação de pessoas dentro do

legislar os montantes dos concursos públicos em separado. “Numa primeira fase, a parte referente aos montantes com base nos quais se deve proceder a concurso público seria tratada por regulamento administrativo. Numa segunda fase proceder-se-ia à revisão do regime jurídico por lei da AL. Contudo, após uma análise concreta e pareceres dos serviços, concluiu-se que toda a matéria deveria ser tratada através de uma lei formal da AL”, aponta o mesmo parecer. O Governo demorou um punhado de meses a chegar a esta conclusão, pois começou

Por sua vez, o deputado Ng Kuok Cheong fala da necessidade de regulamentação destes casos. “O Governo deve regulamentar os actos de apresentação ou recomendação de familiares entre altos dirigentes, por forma a salvaguardar os princípios da legalidade, protecção dos direitos e interesses dos residentes, igualdade, justiça e imparcialidade, definidos no Código do Procedimento Administrativo. Como vai fazê-lo?”, questiona. Para Ng Kuok Cheong, “para salvaguardar a justiça e a imparcialidade, o Governo deve regulamentar as situações em que altos dirigentes propõem determinado candidato aos seus subordinados, ou seja, aos membros do júri do processo de recrutamento e selecção”. O deputado quer ainda saber se o Chefe do Executivo “chegou a imputar as devidas responsabilidades aos altos dirigentes, incluindo os titulares dos principais cargos na área da Administração e Justiça”. Para o deputado do campo pró-democrata, “dirigentes de alta categoria a aproveitarem-se dos seus poderes para ajudar familiares a obter emprego na Função Pública é uma situação que se tem agravado desde a transferência de administração.”

a debater a questão em Abril e só em Setembro se chegou à conclusão de que será realizada uma proposta de lei.

EXECUÇÃO “BASTANTE RAZOÁVEL”

Ao nível da execução do Orçamento de 2015, o parecer fala de uma taxa de 85,9 por cento, sendo “susceptível de ser considerada como bastante razoável em termos de relação de despesa paga com a dotação final do orçamento de 2015, embora não se apresente uniformemente favorável quando analisada individualmente por serviço ou organismo público”. O parecer revela que se verificaram taxas de

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

execução orçamental inferiores a 75 por cento nos casos da Direcção para os Assuntos Marítimos e da Água (69,5 por cento), Direcção para os Serviços de Protecção Ambiental (58,5 por cento), Fundo Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (15,9 por cento), Fundo de Turismo (50,9 por cento), Fundo de Acção Social Escolar (67,8 por cento), Instituto de Habitação (73 por cento), Instituto de Promoção e Investimento do Comércio (64,7 por cento) e Fundo para a Protecção Ambiental e de Conservação de Energia (7,6 por cento). A.S.S.


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SOCIEDADE

Turismo ALOJAMENTO EM RESIDÊNCIAS FAMILIARES CONTINUA SEM CONSENSO PASSAR CARTÃO A MAIS

Foram descobertas dez máquinas de pagamento por cartão que eram utilizadas para levantamentos ilegais. A situação foi detectada numa operação de investigação realizada pela Polícia Judiciária em colaboração com a Autoridade Monetária de Macau. Os casos ocorreram em oito lojas situadas no NAPE, Taipa e Cotai. Já se suspeitava que os estabelecimentos estavam associados a levantamentos ilegais e, segundo o canal chinês da Rádio Macau, foram, na mesma operação, encontrados recibos referentes a transacções bancárias no valor de 7,5 milhões de dólares de Hong Kong. As autoridades acreditam que uma das lojas já pratica a infracção há mais de dois anos. No total, a PJ deteve 12 homens e 11 mulheres: nove são residentes e o elemento mais velho é um homem de 85 anos.

AMBIENTE ÁRVORE CENTENÁRIA RETIRADA DA FLORA

Uma doença conhecida como “cancro das árvores” faz com que uma delas tenha de ser retirada, esta semana, do Jardim da Flora. A informação foi dada pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), que refere que a árvore em questão é uma das duas com mais de cem anos existentes naquele espaço. Encontra-se na Lista de Salvaguarda de Árvores Antigas e de Reconhecido Valor. O organismo explicou que a árvore começou a mostrar problemas de crescimento em 2013. O IACM adoptou várias medidas de intervenção, sem ter tido sucesso. Nos últimos dias, a infecção afectou a raiz, pelo que o Instituto decidiu pela sua retirada.

VIAGENS COTAI WATER JET SEM FIOS

Os passageiros que se deslocam entre Macau e Hong Kong em qualquer das rotas da Cotai Water Jet – Sheung Wan ou aeroporto – podem, a partir de agora, usufruir de Internet ao longo do percurso. O serviço de wifi, que era restrito à primeira classe, passa a poder ser utilizado por todos os passageiros. Outra novidade do ano novo na operadora é a oferta de um cupão no valor de 50 patacas para os passageiros que fazem a rota completa do aeroporto, valor a ser descontado na viagem seguinte. A Cotai disponibiliza ainda um serviço de check-in para os passageiros que cheguem por via aérea a Hong Kong.

Uma coisa para os outros O alojamento em residências de família continua a não ser uma ideia bem recebida pela população local. O estudo mais recente indica que está a cair o interesse pelo assunto. Aqueles que concordam com a ideia não a querem ver colocada em prática no local onde moram

em relação à modificação do uso dos terrenos”, lê-se na nota enviada à comunicação social.

DADOS SEM CONCLUSÃO

Quanto à implementação da medida na freguesia de residência, no ano passado, apenas os residentes da Taipa e da freguesia da Sé concordaram com a ideia, mas os apoiantes não ultrapassam os 60 por cento. Em 2014, os entrevistados da freguesia da Sé e de Coloane tinham optado, em primeiro lugar, pela implementação de alojamento em residências de família na sua área envolvente.

O Governo considera que os dados continuam a não ser conclusivos

O

S dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST) mostram, mais uma vez, que as opiniões não são consensuais e que os residentes têm menos interesse na possibilidade de haver alojamento em residências familiares. O inquérito mais recente sobre a matéria, realizado entre 28 de Julho e 29 de Agosto do ano passado, revelou que 55 por cento dos residentes já ouviram falar no tema, enquanto em 2014, altura em que foi feito o primeiro estudo do género, eram 58 por cento. Paralelamente, o número de inquiridos que mostraram não ter opinião sobre este tipo de alojamento subiu de 42 para 84 por cento. No que respeita ao uso de terrenos, e tendo em conta os itens que avaliaram a “modificação de terrenos e edifícios de finalidade habitacional” e a “utilização de terrenos e

edifícios de fins não-hoteleiros” para o uso de alojamento familiar por visitantes, os resultados mantiveram-se semelhantes. “Menos de metade dos residentes – 42 por cento em 2016 e

48 por cento em 2014 – considera que alojamento em residências de família pode ser criado em terrenos ou edifícios para fins habitacionais, revelando hesitação dos residentes

Em suma, os resultados de ambos os estudos mostraram a tendência dos residentes de escolher o desenvolvimento do plano em zonas fora da freguesia onde vivem. As razões, indicam os resultados, demonstram preocupação com o impacto na segurança pública, na higiene e no trânsito. O Governo considera, assim, que os dados continuam a não ser conclusivos. A pesquisa de opinião realizou-se através de inquéritos de rua e on-line. Os inquéritos de rua abrangeram várias zonas da cidade, tendo como alvo indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos a residir em Macau nos últimos 12 meses. No total foram recolhidos 2146 inquéritos, entre os quais 2102 inquéritos de rua e 44 inquéritos on-line. A DST afirma ainda que “continuará a prestar atenção ao desenvolvimento deste assunto, consoante a evolução da sociedade”. Sofia Mota

Sofiamota.hojemacau@gmail.com

JUSTIÇA EX-CHEFE DE DIVISÃO DO IC NEGA ACUSAÇÕES

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OMEÇOU a ser ontem julgado Cheong Cheok Kio, ex-chefe da divisão do departamento do património do Instituto Cultural (IC). De acordo com o canal chinês da Rádio Macau, que acompanhou a sessão no Tribunal Judicial de Base, o ex-funcionário foi acusado de ter elaborado um parecer

relativo ao projecto para a Casa de Mandarim em que foi favorecida a empresa de que a mulher era também proprietária. A acusação aponta que, após uma análise dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, o projecto apresentado mostrou não cumprir as condições necessárias e precisava de ser sub-

metido a várias alterações. O resultado foi o aumento de encargos para o IC, alega o Ministério Público. A instituição teve de pagar os gastos extraodinários exigidos com as reformulações e, como tal, a empresa em questão acabou por sair beneficiada. O caso terá ainda dado origem ao adiamento da abertura ao público da Casa do Mandarim.

A Ou Mun Tin Toi relata que Cheong Cheok Kio negou as acusações e alegou que, na altura, a

mulher já não fazia parte da empresa, apesar do seu nome permanecer como detentora de parte das acções. O funcionário afirmou que terá sido a empresa que não anulou o nome da cônjuge de entre os proprietários. Cheong Cheok Kio frisou ainda que não recebia dinheiro, nem participava na partilha de lucros.


8 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 6.1.2017

ANNOUNCEMENT 1. Objective: 2. Procuring entity: 3. Address of procuring entity: 4. Works, goods and services to be procured: 5. Location of work and installation: 6. Conditions of entry: 7. Method for obtaining tender documentation:

Open invitation to one tender. Macao Science Center Limited. Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun Yat Sen, Centro de Ciência de Macau. For “Acquisition of 3D-Stereo Fulldome Projection System, Digital Fulldome Control Software and Installation Service for Planetarium of Macao Science Center” PA-16-222 Macao Science Center.

Macao Science Center registered suppliers under the relevant categories Registered suppliers can send in your request through email to tender@msc.org.mo. For suppliers not yet registered, please attach with commercial registration documents & contact details. 8. Tender Location: Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun submission Yat Sen, Centro de Ciência de Macau. location, Deadline: 45th days starting from the date of announcement deadline and or 20 Feb, 2017 (Mon) at 17:00 (Macao time) deliver: Deliver: Please refer to Article 5 - Part II Tender Scheme – Open consultation document 9. Tender opening Location: Macao Science Center Limited, Avenida Dr.Sun meeting location Yat Sen, Centro de Ciência de Macau. and time: Time: The 1st working day after the deadline or 21 Feb, 2017 (TUE) at 15:00 (Macao time). Bidder or its representative shall be present at the Tender Opening Meeting for clarification of possible questions arisen from submitted tenders. If bidder or its representative cannot be present in the Tender Opening Meeting, and clarification is required, Tender Opening Committee will send a notification letter to the bidder. The bidder must present a clarification letter and send back to the Tender Opening Committee before the deadline specified in the notification letter. The qualified list of bidders will be released afterwards. 10. Validity period 90 days starting from the date of tender opening (the of the tender: validity period may be extended according to the Tender Procedures). 11. Provisional Exempted. guarantee: 12. Definitive 5% of total contract value of works, by bank guarantee. guarantee: 13. Selection Please refer to Part III.Tender Regulations - Evaluation – Criteria: Open consultation document. 14. Additional All related information will be uploaded to Macao Science information: Center website (http://www.msc.org.mo) from the day following the publication of this announcement until the tender closing date. Bidders are responsible to visit the website for additional information. 15. Base price: No base price Macao Science Center Limited 6 Jan, 2017.


9 hoje macau sexta-feira 6.1.2017

As queixas recebidas pelo Conselho de Consumidores diminuíram no ano passado. As telecomunicações continuam a liderar as reclamações. A compra de casas na China Continental está a revelar-se problemática

SOCIEDADE

Consumidores QUEIXAS DIMINUÍRAM EM 2016

Descontentes, mas menos

comidas e bebidas (92). No total, estes foram os tópicos que reuniram cerca de 43 por cento das queixas, correspondentes a 717 dos casos registados. No entanto, segundo a nota divulgada pelo CC, as queixas relativas ao “Equipamento de Telecomunicações”, área no topo do ranking, diminuíram cerca de 35 por cento.

O PROBLEMA DA CASA

O CC refere ainda que as queixas em relação às res-

tantes áreas, no seu todo, também foram menos, com excepção do item correspondente aos “Imóveis”, que assinalou cerca de 100 conflitos na primeira metade do ano. Na origem destes casos está, diz o organismo, a aquisição de habitação na China Continental por residentes. O Conselho faz ainda saber que, com o conhecimento da situação, “lançou, por iniciativa, um mecanismo

de comunicação com as associações comerciais ou cívicas das citadas áreas, realizando reuniões e encontros com as mesmas no sentido de se debater sobre

o motivo dos conflitos de consumo”. As queixas denunciadas por turistas somaram 683 casos que correspondem a dez por cento do

Os residentes mostraram que, durante o ano passado, a área de maior descontentamento foi a relacionada com “equipamento de telecomunicações”

total recebido pelo CC. O descontentamento dos visitantes incidiu na qualidade e no preço dos relógios, jóias e equipamentos de telecomunicações. O organismo diz também que, em breve, irá mais detalhes sobre os casos recebidos em 2016. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

O

volume de queixas dirigido ao Conselho de Consumidores (CC) desceu 12 por cento no ano passado, comparativamente ao ano anterior. Em 2016, foram 6420 os casos que chegaram ao organismo: 1673 queixas, 4711 pedidos de informação e 36 sugestões. Os residentes mostraram que, durante o ano passado, a área de maior descontentamento foi a relacionada com “Equipamento de Telecomunicações” seguida de perto pela dos “Imóveis”, com 198 e 184, respectivamente.Ainda no topo do desagrado ficaram os serviços de telecomunicações (144), os transportes públicos (99) e o sector das

Motociclos exigem recuo na novas taxas Associação entregou petição ao Chefe do Executivo

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Associação dos Profissionais de Motociclos de Macau entregou ontem uma petição a Chui Sai On pedindo a retirada ou reelaboração da actualização das taxas feita pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Lei Chong Sam, o presidente da associação, descreve, na carta entregue na Sede do Governo, o aumento das taxas como “uma

medida louca” que apenas vai trazer mais insatisfação e queixas por parte da população. “Não foi feita qualquer consulta pública, apesar de ser um assunto relacionado com a vida de todos”, afirmou. Por outro lado, o anúncio das medidas foi “repentino e provocou uma forte reacção”. O dirigente associativo queixou-se ainda que “os métodos de cobrança são irreais e o que os valores

das taxas são injustos”. Para Lei Chong Sam, as únicas entidades que saem beneficiadas com a medida são as empresas que detêm parques de estacionamento e não os cofres públicos. “A parte mais afectada é a população trabalhadora que tem de recorrer aos veículos próprios para se deslocar para os empregos e escolas por não ter uma rede de transportes públicos eficaz, capaz de satisfazer as necessidades”, frisou.

Por outro lado, considera ainda que a medida é demasiado ampla, visto abranger todas as taxas relacionadas com a compra, a avaliação, a utilização quotidiana dos veículos pelos cidadãos, os meios de transporte em geral, a aprendizagem e o pagamento das licenças. A associação referiu ainda que compreende que exista um ajustamento das tabelas vigentes

dado que há muito não sofriam alterações, mas não compreende este “aumento quase louco” em que o Executivo usa a burocracia como “um inimigo contra a população”. Recorde-se que o assunto, que causou muita polémica, está na origem de uma manifestação agendada para o próximo domingo, que conta com o apoio dos deputados Pereira Coutinho e Leong Veng Chai. Está marcada para hoje uma conferência de imprensa em que vai ser divulgado o traçado do protesto. A.K (revisto por S.M) info@hojemacau.com.mo


10 CHINA

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DETIDO COM DUAS TONELADAS DE CARNE DE ESPÉCIES PROTEGIDAS

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polícia chinesa deteve um homem que tinha armazenadas quase duas toneladas de carne de espécies de animais selvagens e protegidas para as vender, informou ontem o jornal China Daily. Ursos pretos, pangolins, corujas e até crocodilos dividiam-se entre um armazém refrigerado e um apartamento que o detido utilizava para guardar a carne, que posteriormente vendia restaurantes, segundo

TAIWAN DANÇAS DE VARÃO DURANTE FUNERAL

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INQUENTA mulheres vestidas com bikinis pretos, que dançavam em varões montados em jipes de várias cores, ao som de uma banda, integraram ontem o cortejo fúnebre de um político de Taiwan, juntamente com actores vestidos de divindades. O ruidoso cortejo fúnebre de Tung Hsiang, vereador de Chiayi (sul), realizou-se na terça-feira com a participação de 200 veículos, que interromperam o trânsito e atraíram multidões de espectadores. Alguns motociclistas seguiram o cortejo fúnebre para assistir ao espectáculo de dança de varão, de acordo com o canal local de televisão CTS. Tung, que morreu em Dezembro aos 76 anos de idade, era um político conhecido e activo localmente, tendo ocupado vários cargos públicos. A família afirmou que o vereador gostava de se divertir e de conviver e, por isso, decidiram realizar uma despedida extravagante e inesquecível. Apesar de fugirem às noções tradicionais de etiqueta para funerais e cortejos fúnebres, este tipo de homenagem não é incomum em Taiwan, onde dançarinas exóticas são contratadas para danças de varão e, por vezes, ‘striptease’ durante festas religiosas.

a polícia depois da detenção do suspeito. O detido, identificado com o apelido Liang e de 58 anos, enfrenta uma pena de até dez anos de prisão, disse Liu Wenhao, membro do corpo de polícia florestal da cidade de Mianyang (província de Sichuan), em declarações citadas pelo China Daily. A polícia estava há mais de um ano na pista de Liang, desde que foi avisada no Verão de 2015 de que um restaurante de Mianyang oferecia carne

de urso aos seus clientes. Os agentes descobriram que tinha sido Liang a quem vendeu essa carne e conseguiram localizar o seu armazém refrigerado. O detido comprava a carne de espécies protegidas de diferentes pontos do país, depois congelava-a para a vender em vários estabelecimentos, e como trabalhava sozinho segundo a polícia por medo de ser descoberto –, era ele próprio que se encarregava do transporte, assim como da carga e descarga.

CAMBOJA EMPRESAS CHINESAS VÃO CONSTRUIR AS TORRES GÉMEAS MAIS ALTAS DO MUNDO

Duas empresas chinesas assinaram o contrato para construir na capital do Camboja, Phnom Penh, duas torres gémeas que vão passar a ser as mais altas do mundo, superando a altura das Petronas, em Kuala Lumpur, informou a imprensa chinesa. A Sino Great Wall International e o Wuchang Shipbuilding Industry Group vão construir as torres no prazo de cinco anos, que ficarão situadas nas margens do rio Mekong, vão ter 560 metros de altura (mais 108 do que as Torres Petronas) e serão também o quinto e sexto edifícios mais altos do planeta, escreveu ontem o jornal China Daily. O projecto, com um orçamento de 2.700 milhões de dólares e assinado a 31 de Dezembro, é financiado pelo Thai Boon Roong Group, do Camboja, o qual vai dar o nome aos arranha-céus, e também conta com o apoio da empresa de Macau Sun Kian Ip Group. As duas torres e os edifícios próximos integram um projecto que inclui escritórios, apartamentos, hotéis e espaços comerciais e de entretenimento, segundo a imprensa do Camboja.

John Kerry EUA RESPEITARÃO POLÍTICA DE UMA SÓ CHINA

E depois do adeus? O representante da política externa chinesa e Jonh Kerry falaram ontem por telefone sobre as relações entre os dois países. O secretário de Estado norte-americano reafirmou o respeito pela política de uma única China, apesar da tensão criada pelo telefonema da Presidente de Taiwan a Donald Trump

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secretário de Estado norte-americano assegurou ontem, numa conversa telefónica com o seu homólogo chinês, que os Estados Unidos respeitarão a política de uma China única, independentemente de que partido esteja no Governo, informou o ministério chinês. As relações diplomáticas entre Pequim e Washington vivem momentos de tensão após um telefonema da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, ao Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, no dia 2 de Dezembro, para felicitá-lo pela sua vitória eleitoral. Tsai fará duas escalas nos EUA, em Houston e em São Francisco, no início e no fim da sua ronda centro-americana, de 7 a 15 de Janeiro, durante a qual visitará os seus aliados diplomáticos Honduras, Guatemala, Nicarágua e El Salvador. Na sua conversa telefónica com o ministro chinês, Wang Yi, John Kerry sublinhou a importância das relações entre os EUA e a China, enquanto Wang

afirmou que os dois governos devem “continuar a trabalhar para proteger e reafirmar” o desenvolvimento das relações bilaterais, acrescentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês. Kerry assinalou o êxito do desenvolvimento das relações bilaterais e destacou a colaboração em questões como a recuperação económica global, a luta contra as alterações climáticas e a resolução de assuntos importantes sobre segurança internacional.

AS NOVAS AMEAÇAS

Apesar do compromisso da administração do actual Presidente dos EUA, Brack Obama, com o princípio de uma só China, Trump já pôs em causa a sua continuidade.

Kerry assinalou o êxito do desenvolvimento das relações bilaterais e destacou a colaboração em questões como a recuperação económica global, a luta contra as alterações climáticas e a resolução de assuntos importantes sobre segurança internacional “Não sei porque temos de estar ligados por uma política de uma só China, a não ser que cheguemos a um acordo com a China que tenha a ver com outras coisas, incluindo o comércio”, disse Trump, a 11 de Dezembro, ao canal televisivo Fox News. Durante mais de quatro décadas, os Estados Unidos tem baseado as suas relações com o gigante asiático no princípio de uma China única, pelo que o único Governo chinês que Washington reconhece é o de Pequim, o que o distancia das aspirações independentistas de Taiwan.


11 hoje macau sexta-feira 6.1.2017

Que rico peixe Atum rabilho vendido por mais de 605.000 euros em Tóquio

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M atum rabilho foi vendido ontem por 74,2 milhões de ienes (mais de 605.000 euros), naquela que pode ser a última licitação de Ano Novo no mítico mercado de peixe de Tsukiji, que aguarda mudança para novas instalações. O atum, com 212 quilos, pescado em Oma, em Aomori, no norte do Japão, tem um preço equivalente a cerca de 350.000 ienes (2.857 euros) por quilo, sendo a segunda licitação mais alta num leilão de Ano Novo em Tsukiji. Pelo sexto ano consecutivo, o atum foi licitado pelo presidente da cadeia de restaurantes Sushizanmai, Kiyoshi Kimura. O recorde histórico é ostentado pelo próprio Kimura, que em 2013 pagou 155,4 milhões de ienes (1,27 milhões de euros) por um atum rabilho. O leilão de Ano Novo de ontem poderá ser o último deste tipo realizado nas actuais instalações

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do mercado de Tsukiji, uma das atracções turísticas mais populares da capital japonesa. O Governo da área metropolitana de Tóquio decidiu em 2001 mudar Tsukiji, que abriu em

1935 no bairro de Chuo, para as margens do rio Sumida, na ilha artificial de Toyosu, dada a necessidade de maior área comercial. No entanto, a detecção de vestígios de substâncias tóxicas no solo da nova superfície – onde estava localizada uma fábrica de gás – atrasou a mudança do mercado de peixe. A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, disse que a mudança do Tsukiji não terá lugar pelo menos até ao final do ano.

REGIÃO

MALÁSIA INUNDAÇÕES LEVAM À RETIRADA DE 23.000 PESSOAS

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S autoridades malaias retiraram mais de 23.000 pessoas pelas inundações que há cinco dias assolam os estados malaios de Terengganu e Kelatan, no nordeste da península de Malaca, informaram ontem fontes oficiais. A chuva intensa dos últimos dias causou o encerramento de 101 escolas depois das aulas terem sido suspensas, além de problemas nas estradas e pontes e a suspensão do serviço ferroviário. As equipas de emergência informaram que até à data não foi reportada nenhuma morte pelo temporal, que todos os anos assola esta parte da Malásia, causando a

retirada de milhares de pessoas. O caudal de dez rios ameaça transbordar à sua passagem por Terengganu; e outros três, no vizinho estado de Kelantan. As inundações também afectam partes do estado de Sabah, no norte da ilha do Borneu, mas os retirados ascendem a 140 e dez escolas encerrados, segundo o diário “The Star”. Algumas províncias da Tailândia, que fazem fronteira com os estados malaios, também foram afectadas pelas inundações, mas as autoridades disseram que não foi necessária a retirada de residentes.

FILIPINAS MORTO LÍDER DE GRUPO SIMPATIZANTE DO EI

O líder de um grupo nas Filipinas que é simpatizante do radical Estado Islâmico foi morto ontem num confronto com a polícia, depois de ter resistido à prisão no sul do país, informaram as autoridades. Jaafar Maguid, líder de um pequeno grupo armado chamado Ansar Al Khilafah Philippines, morreu numa troca de tiros na cidade de Kiamba, na província de Sarangani. Três dos seguidores de Maguid foram presos pelas autoridades, que suspeitam que o grupo de Maguid esteja envolvido numa série de ataques, incluindo a explosão de uma granada que matou um agente da polícia e feriu dezenas de pessoas. O mesmo grupo é suspeito de recrutar menores na região.


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Fotografia INTERNATIONAL PHOTO A

Tecidos premiados

Paulo Senna Fernandes é 19º em ranking mundial

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estilista local Paulo de Senna Fernandes foi distinguido como o 19.º designer do mundo no ano de 2016/2017 pelo World’s Leading Designer, na categoria de moda, vestuário e concepção de vestuário. Ao HM, o designer macaense garantiu ter recebido “a melhor prenda”. “Recebi uma prenda de Itália, o 19.º lugar no ranking mundial de designers, após exibições importantes na Holanda, Índia, Itália e China, na cidade de Shenzen. É uma honra para mim, mas este não será o meu último prémio porque sempre gostei de competir, uma vez que ainda procuro o meu reconhecimento ao nível internacional”, contou. Paulo de Senna Fernandes garante que só se candidata por querer levar o nome de Macau além-fronteiras. “Quando me inscrevo numa competição procuro trazer prémios porque sempre quis levar e mostrar lá fora o que é ‘Made in Macau’.”

O premiado designer, que já foi reconhecido com outros galardões ao longo da carreira, deixa ainda um recado. “Sou mais respeitado lá fora, tanto na China como no resto do mundo. Deram-me prémios e um nome. O meu mercado é o Continente, porque na China há oportunidades de negócio, bem como clientes, comunicação e espaço. O mais importante é que há um grande mercado de tecidos e acessórios, é muito fácil fazer encomendas.” Para o sector de moda local, Paulo de Senna Fernandes deixa ainda umas ideias. “Macau tem poucos alfaiates porque a maioria da mão-de-obra vem da China. Mantenho os alfaiates locais nas minhas produções porque quero mostrar aos meus clientes que faço um trabalho diferente. Se Macau tivesse um espaço só para estilistas locais, no centro da cidade, seria muito interessante para desenvolver e promover o sector”, concluiu. A.S.S.

A quinta edição da iniciativa International Photo Awards & Convention, organizada pela Associação de Fotógrafos Profissionais da Ásia, tem lugar em Macau e parece ter chegado para ficar. A organização pretende fazer do território o anfitrião permanente do evento, para transformar Macau num centro de encontro da fotografia internacional

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ACAU pode vir a ser palco regular do International Photo Awards & Convention da Associação de Fotógrafos Profissionais da Ásia (PPCA, na sigla inglesa), a partir deste ano. A iniciativa, que assinalará a 5.ª edição na próxima semana, chegou ao território depois de ter passado por Cantão, Hong Kong e Xangai. “A intenção é fazer, em Macau, o que já se faz em Las Vegas num encontro anual organizado pela Associação de Fotógrafos Profissionais Americana, dedicada a foto-

“A ideia é partilhar as últimas tendências da fotografia mundial e inspirar uma maior criatividade.” ALLISON CHAN ASSOCIAÇÃO DE FOTÓGRAFOS PROFISSIONAIS DA ÁSIA

grafia de casamento”, disse ao HM Allison Chan, directora da PPCA. No entanto, a ideia para a associação asiática é a de que, por cá, “seja dedicada à fotografia em geral e não limitada a um tema”, disse ainda. Macau parece ser, para a organização, um local de excelência para transformar o evento num acontecimento estável porque “tem muita coisa em comum com Las Vegas”. Uma das razões apontadas é a existência de espaços que permitem expor as fotografias finalistas. Na edição que decorre a 10 e 11 deste mês, a sala de exposições do Conrad Hotel vai acolher as 500 fotografias que foram escolhidas por decisão do júri. “Em Hong Kong, por exemplo, seria impossível encontrar um espaço assim.” No total, a PPCA recebeu cerca de 10 mil imagens de cerca de três mil profissionais de todo o mundo. A ideia é “partilhar as últimas tendências da fotografia mundial e inspirar uma maior criatividade, ao mesmo tempo que é esperada a promoção de um intercâm-

OLHAR ENCON

ALEX TAN YEONG SHEN

EVENTOS

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA TSUNAMI • Robert Muchamore Após um violento tsunami destruir quase por completo uma ilha tropical, o seu governador aproveita a situação para construir estâncias de luxo muito lucrativas. James Adams tem como missão proteger a família corrupta do governador da ilha e o agente não gosta muito da ideia, sabendo que esta será a sua última missão na Cherub. E, para complicar ainda mais, o seu colega Kyle Blueman reaparece com um plano ultra secreto, nada oficial e muito, muito perigoso… Chegada a hora da verdade, James terá de escolher entre ser leal à Cherub ou ao seu melhor amigo.

NA CAMA COM UM HIGHLANDER • Maya Banks Ewan, o mais velho dos irmãos McCabe, é um guerreiro decidido a destruir o seu inimigo. Agora que o momento é ideal para a guerra, os seus homens estão preparados e Ewan quer reaver aquilo que lhe pertence – até que uma tentação de olhos azuis e cabelo negro se atravessa no seu caminho. Mairin pode muito bem ser a salvação para o clã de Ewan, mas, para um homem que sonha com vingança, as questões do coração são um território desconhecido a conquistar.


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AWARDS & CONVENTION EM MACAU

bio com os criadores locais e um incentivo à indústria em Macau”, referiu. Por outro lado, aAssociação de Indústrias Culturais e Criativas, que colabora na organização do evento, considera que esta é uma forma de enquadrar as políticas de diversificação turística e incluir a fotografia numa indústria local a desenvolver. Gary Tang, presidente da associação, considera ainda que “o evento será a plataforma perfeita para motivar os talentos locais, ao mesmo tempo que promove a imagem do próprio território no estrangeiro”.

EVENTOS

AZMEEL MOHAMED

PETER ROONEY

RES E NTROS

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ESPAÇO PARA OS DE CÁ

Outra novidade é o concurso local que integra a convenção. Dedicado aos fotógrafos do território, os interessados, profissionais ou amadores, podem submeter as suas imagens numa competição especial. O evento conta ainda com a realização de masterclasses (dia 11), com a orientação de alguns dos melhores fotógrafos internacionais. Fazem parte da lista de oradores Liang Chen, de Taiwan, que ministra a palestra dedicada ao tema “a alma na fotografia”, o americano David Beckstead, que vai falar acerca dos elementos fotográficos, e Dave Koh, de Singapura, que traz o tema da criatividade para discussão. O primeiro dia, 10 de Janeiro, é dedicado à realização de vários fóruns dos quais a organização destaca: “Latest Photography Trends”, comAllison Chan (Hong Kong), Victor Tong (Malásia), Zhang Huabin (China), Jack Chan (Hong Kong) e Liang Chen (Taiwan); e “Criatividade e Impacto”, com Victor Tong (Malásia), Jason Groupp (EUA), Erich Caparas (EUA), Anthony Mendoza Barlan (Filipinas) e Prito Reza (Bangladesh). A competição geral é dividida em oito categorias que incluem o retrato, retrato criativo, crianças, paisagens,

casamento, pré-casamento, retrato e paisagem captados por telefone. O painel do júri seleccionará os 32 vencedores através de um processo

ao vivo e a apresentação do prémio será realizada no dia 10 de Janeiro. O destaque da competição será o anúncio dos dez melhores fotógrafos

internacionais durante a apresentação dos premiados na noite de terça-feira.

Esta não é a primeira vez que o Café Terra mostra uma ligação ao meio artístico e até musical. Recentemente o espaço serviu de palco a um concerto de jazz, promovido pela Associação Promotora de Jazz de Macau. Já foram também expostas fotografias de Wong Wang Lap, actual-

mente a estudar em Londres, Reino Unido. “Há cada vez mais colaboração entre cafés e artistas locais, e cada vez mais cafés estão a tornar-se em plataformas para novos artistas mostrarem o seu trabalho”, apontam os responsáveis do Café Terra. A.S.S.

Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

SANDY LEONG SIN U EXPÕE TRABALHOS NO CAFÉ TERRA

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Café Terra, localizado perto do Teatro D. Pedro V, acolhe até ao próximo dia 25 de Janeiro uma exposição de uma artista local. “Miss” é o trabalho mais recente de Sandy Leong Sin U e estará exposto nas paredes do pequeno estabelecimento. Segundo um comunicado,

a exposição “Miss” aborda as memórias de família da própria artista. “‘Miss’ é um trabalho que serve de memória à avó de Sandy Leong Sin U, que faleceu há um ano. Através de uma mostra de recordações, roupas feitas à mão e mobílias que faziam parte da casa da

sua avó, Sandy Leong Sin U pretende reflectir sobre o modo de vida nos anos 60 e 70 na China, com uma perspectiva histórica.” Sandy Leong Sin U referiu ainda que os proprietários do Café Terra disponibilizaram o espaço e também assistência técnica para a exposição,

além de terem feito ajustes “de acordo com o progresso do trabalho”. A artista de Macau trabalha sobretudo ao nível de ilustração, instalação e desenho, tendo lançado, em 2015, a obra “Hey, Listen”, além dos trabalhos “If we think our world is...” e “Relationship”.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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O estranho lugar das palavras

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Á dias em que de súbito acordo num momento qualquer do dia como se pela primeira vez. De novo, mas com uma sensação de estranheza desmesurada, e como se desentranhada à força e antes da hora, a um sono tumultuoso e insuficiente. Arrancada do lugar. E quando mergulho nas palavras sei. Que estas são sempre um lugar estranho. Insustentável estranheza ou lugar. Há lugares tão estranhos. Para lá de qualquer indizível sensação de reconhecimento. Não que a estranheza seja inscrita no lugar. Os lugares são imanentes como as coisas, como a matéria. Como o corpo, até. E há corpos estranhos. Estranhos que ficam para sempre e para lá da intimidade aparente da pele. Irreconhecíveis enquanto lugares familiares, alheios. Há lugares e pessoas e nomes que nos ficam estranhos para sempre. Ou exteriores. Tive um lugar assim. Pessoas. Talvez não tanto porque não estivesse recamado de todos os objectos que me acompanham a vida, a memória, e dos quais me penduro para não soçobrar sem bússola. Perder. Mas porque foi escolhido com mais liberdade do que outros, utilidade e não paixão, por uma vez. E, de repente ali, tive o tempo de ver nos dias esse não reconhecimento. Talvez um lugar de não encontro. Uma ligeira coincidência de passagem. E só. E, para afundar a sensação bem num âmago completo de estranheza, e a ferir de inevitabilidade, como se uma verdade qualquer acordasse sequiosa de validação, sento-me no lugar destas palavras, dias depois, sem de todo as reconhecer. Uma manta espessa e contínua, de nós e pontos apertados, que tive de desfazer. Desmanchar, em parte. Porque era hoje. A elas, ao lugar delas e ao lugar que me ocupou no tempo delas. Um lugar outro que não vejo ali. A estranheza completa e desconhecida desse lugar perdido na memória e que aqui serve. E que está bem. Assim. Certo nas palavras e estas na sua lonjura, já. Custo a reconhecê-lo e só muito a custo, abrindo parágrafos e afastando ramos estranhos numa confusão de sentidos desorientada, como num lugar entranhado de floresta sem momentaneamente ver de onde vem a luz. E desse lugar abstracto em que de repente acordo, espreito inúmeras possibilidades de significado. Várias estra-

nhezas outras de territórios alternativos ao que, insignificante, moveu as palavras de início. Porque de significante, só deixou a recordação de deixar. Mas, outras vezes, caio de repente até numa única simples palavra. Simples e familiar, e deparo-me também com uma equívoca e indeterminada sensação de pura estranheza. Não sei porquê. Talvez não esteja nela. E sim no lugar em que me encontro. O mesmo mas, por erro de percepção. De paralaxe, de novo. Eu lia dantes. E relia e retomava o prazer intenso de algumas palavras quase até ao desgaste da sua superfície doce. E relia-as cada vez mais suaves e niveladas dos volumes e texturas da emoção. Quase a tornar-se inócuas. Depois tinha que parar. Deixá-las regenerar todo esse perfume antes de consumi-las de novo. Depois, muito depois foi como se as palavras tivessem enlouquecido. Mutáveis, ambíguas, irónicas e fugidias na sua perversão. De querer seduzir magias e de querer recobri-las de dúvida. Mas o lugar de que falava. Nem sequer chegado a ser desconfortável. Nem de perto. Apenas uma distância, no conforto, de não ser a minha pele. Uma pele alheia, familiar e anódina. Há lugares assim como pessoas. Esse confronto de múltiplos contornos entre familiaridade e desconhecimento, entre conforto e indiferença, fez-me um dia mudar de casa. Com toda a nitidez. Houve uma música e uma emoção forte. E, de súbito a certeza de ter que mudar e o ânimo para todo um terramoto dos objectos e de tudo. Como mudar de pele. Mais complicado do que de face ou de roupa. E há lugares que se nos colam imediatamente como uma seda fina, uma musselina etérea se quiser vê-la com essa separação do que é o corpo que se transporta, ou simplesmente e invisível ao próprio, a pele. E outras estranhezas. E outros lugares. Igualmente feridos dessa imaterialidade que lhes imprime interrogações e inúmeras sensações dentro do leque do visível aos olhos ou do visível à cegueira dos olhos. E de entre lugares estranhos, o amor. Assim, a dizer de repente. Há lugares tão estranhos. Lembro-me de quando era pequenina, e mesmo mais tarde, um bocadinho menos de tudo, e agora tudo isso em muito mais. E encantada por uma pedra bonita, e como uma formiga, por isso pensava levá-la para casa. Naqueles gestos lentos de pontinhas

dos dedos a tentar fugir aos grãos de terra, de olhos postos e só na pedra de uma cor curiosa, ou de uma textura lisa, lisa e boa de tocar. E, no preciso momento de levantá-la da terra em que repousava há tempo suficiente, uma miríade de vidas de vermes ou de insectos por debaixo. E o susto, a repugnância ante a possibilidade do tacto por engano das expectativas dos sentidos. Essa vida surpreendida escondida e em paz nos seus desígnios. Mais perturbadora, muito mais do que a pedra que por erro ou injustiça me detivera a deslocar do nicho original. A roubar à harmonia. Ainda hoje, o prazer fresco de encher as mãos de punhados de terra, neles construir camas para rebentos, mudas, sementes, ou raízes já feitas, é inquieto por essa possibilidade da vida minúscula e oculta nos seus grãos. A eminência do tacto, arrepiante. Dos vermes. Que se tratará, para além da leitura associada à morte, de uma repugnância estranha, é. E perante os bichos queridos quando partem de si. Como se com a temperatura do corpo se esvaísse deles a alma que os distancia dos objectos e nessa ausência injustamente tornados menores do que eles. Os objectos que, mesmo frios, agarramos com prazer nas mãos. Não os bichos. Um dia uma mulher estranha com quem trabalho, e poucas devem ser mais estranhas do que ela, quando, no entanto, sempre que fala eu reconheço de dentro as palavras que acho bem, e porque lhe toquei no braço no decorrer de um diálogo, afastou-se com agressividade e disse horrorizada não me toques, eu odeio que me toquem…respeito tanto isso que muitas vezes não toco aquilo de que gosto. Tenho medo que mais alguém odeie que eu lhe toque. É odioso fazer isso a alguém. E no entanto faz-se de muitas maneiras cuja escala não intuímos. Coisas de esconder o afecto. De o recobrir de ironia. De agressividade. Eu tenho saudades desse tempo de álbum de fotografias e da parte em mim que pertence a esse tempo. Em que as pessoas se tocavam com o tacto. Lugares estranhos. Viver com essa outra de mim que não domino. Toda uma vida, vendo bem. Aquela que é fabricada do lado de lá e de que não conheço contornos nítidos. Que sou. Ou pareço. Mas esse é um conflito que imagino que nos tolhe a todos. Esse fantasma instalado em nós pela percepção de quem é exterior e dessa paisagem exterior olha. Resguardado também pela invisibilidade

inerente a essa película grossa de que nos recobrimos. Mesmo sem querer. Com aversão, ódio. Ou exterioridade. Só. Mas lugar certo Sem força e sem saber o gesto alógica, a regra. Há sempre o momento a surpreender. Esse olhar extrínseco. Não inerente à essência. Inventado, até. Tantos conflitos se geram nessa gestão descontrolada de representações de nós e em nós de cada um desse que somos. E, curiosamente é na subjectividade inteira para dentro desse casulo tão inviolado, estanque e translúcido quanto muito, que melhor sinto o que sou. Nesse conflito triste de um vulto a que falta o perfume daquele calor intenso de sentimentos puros soterrados por mil cuidados e mil cobardias. Se algo em mim quereria ter cura é esse lado externo a mim e que anda pelo mundo como se fosse eu. Um eu que não reconheço ter a competência de me representar. Todo o calor de sentimentos, toda a solidez de que se faz o etéreo, toda a alma em desvelo. Pelo que gosto. Mais ainda pelo que amo. E nada. Quase nada transpira dessa mortalha grossa de que me sinto recoberta. Pelos outros. Alguns. Algumas vezes. Esta insularidade intransposta do ser. Talvez por isso sou só. Não em mim. A solidão não é em nós, mas sempre nos outros. Sou só nos outros. Se me não veem e me não vivem. Nessa representação de nós, que muitas vezes penso como uma peça de roupa oferecida. Raramente a reconhecemos. Raramente acerta em nós com um tiro certeiro de maravilha. Ego contra ego. Com ego. Arriscava dizer que também os outros sofrem desta distância. De embarcações frágeis enviadas para longe sem ter visto de perto. Temos um problema com intimidade. Temos um problema com confiança. Temos um problema de entrega. E temos problemas por ter problemas. Destes. E dos outros. Dos dos outros. Mundo complicado como uma nave de loucos (em) que somos. Outros lugares estranhos. Alienamos nessa zona etérea do mundo que é a fantasia, o desespero d a realidade. A revelar-se escorregadia como um verme, e impalpável como uma ideia. Ou o ruído dos passos nas pedras do caminho e o intransponível poder de um abraço. Interrogo muitas vezes as coisas nessa lamela de laboratório científico, debaixo das lentes de microscópio. A incredulidade tem crescido em mim, comigo, a passar a outras idades. Mas não é que os sen-


15 hoje macau sexta-feira 6.1.2017

de tudo e de nada

ANABELA CANAS

Anabela Canas

timentos me ofereçam dúvidas em mim. Emprestam-me de forma permanente em dúvidas de mim nos outros. Cada vez mais estamos menos sós mas em lugares estranhos de nós. Nos outros. Por isso e sempre voltar ao lugar do silêncio. E não poder querer permanecer. Reduzir por momentos o ruído de dentro e de fora. É no silêncio que melhor me encontro no que de melhor deve haver em mim. Ou baixar os braços. Nesse silêncio onde não se entra nem ninguém facilmente. E de onde falo para dentro destas palavras quando posso. Sim. Quando posso sentir-me recoberta pela casa e pelas roupas sem despir menos que o necessário. Senão, é também aqui que me prendo a esse fantoche que vejo de fora como se fora eu não sendo. Eu que conheço outras camadas que os fios não gerem, os dedos não manipulam, e os olhos não tolhem. Um dia vivi num lugar pequenino e talvez feio, que nunca foi estranho. E todo um chão em malmequeres. Podia parecer uma metáfora no mosaico da memória. Mas é rigor. Longe. Um lugar longe de tudo. E que nunca foi estranho. Com alguém que nunca foi estranho e até hoje está ali. A uma distância em quilómetros e em meses que nunca foi mais matéria do que isso. Que o tempo tem inexoravelmente diluído do quotidiano e está ainda, mesmo assim ao alcance. Deixou-me e ao lugar, num dia em que o ar e o mundo precisava de estabelecer regras de distância física mas só, um manuscrito. Folhas de uma caligrafia azul, reconhecível e tatuada do gesto, em folhas grandes e pautadas de finas linhas. Azuis. Como eram dantes. Um ensaio sobre a angústia. “A superação da angústia”. Escrito em dias a dois metros de mim porque o lugar não esticava mais de pequenino. Mas com toda a distância entre mim e o segredo das palavras a cair lentamente nas folhas, como gotas, de folhas, muito depois da chuva. Da angústia. Que era necessária verter num espaço curto. Em palavras ditas. Contadas. No espaço curto longitudinal, com o abismo pelo meio. Em si. Escritas, durante anos e anos não li. É esse o lugar estranho do amor. Um. Ou estranheza é o lugar em si. Para além da ética ou da estética. Quando visto do lado de dentro, umas vezes. Ou quando visto de fora e outro. Estranheza é um lugar. Que é um não lugar. Por isso. Não o amor. Lugar entranhado de si. O lugar estranho do amor, de tanto ser estranho não ser lugar nem estranho, mas ser em si.


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José Simões Morais

A colecção do Museu Luís de Camões O

trabalho realizado no conseguir reunir um espólio para o Museu Comercial e Etnográfico Luís de Camões, criado pela primeira vez em 4 de Novembro de 1910 por Portaria Provincial do Governador Eduardo Marques, mas nunca aberto ao público e provisoriamente instalado na Casa do Jardim da Gruta de Camões, “gorou-se devido a uma defeituosa orgânica. Para emendar esse erro, o Governador interino Álvaro de Melo Machado pela Portaria n.º 214 de 12 de Outubro de 1911, exonerou tão numerosa e decorativa comissão, substituindo-a (...) na mesma data, por uma composta apenas de três vogais, o capitão Albino Ribas da Silva, o intérprete-sinólogo e coleccionador de arte chinesa José Vicente Jorge, e o apontador da Repartição das Obras Públicas, Manuel Ignácio Rezende, que tinha também manhas de coleccionador de arte chinesa”, como refere Gonzaga Gomes. Mas também estes não deram conta do trabalho e assim se perdeu a ocasião para a criação de um Museu em Macau. Tanto mais que, lamentavelmente, “entretanto, muitas antigualhas de interesse que poderiam figurar nele e que então ainda existiam em Macau, tanto na posse dos particulares como nas igrejas, conventos e estabelecimentos públicos, se foram sumindo ou estragando-se, por desleixo, incúria ou ignorância e, não poucas vezes, vendidas ao desbarato.” Os anos passavam e nada de Museu. A 17 de Junho de 1920 foram aprovados os estatutos do Instituto de Macau, uma associação científica, literária e artística que pretendia promover a criação de um museu e a conservação de edifícios e objectos de valor documental, históricos ou artísticos existentes em Macau. Dela apenas se registam algumas conferências, mas o Museu..., nem vê-lo! A 20 de Janeiro de 1926, a Direcção das Obras dos Portos propunha-se organizar uma ‘Exposição Industrial e de Estudo’ para servir de início a um futuro Museu e Exposição Permanente dos produtos das indústrias locais e mostruário de produtos da Metrópole e das Colónias Portuguesas e em que se reunissem todos os elementos dispersos e alguns talvez desconhecidos do público, sendo por isso dividida em várias secções: Secção Fotográfi-

ca, Secção Cartográfica, Hidrográfica e de Maquetes, e Secção Industrial. Estava-se próximo da conclusão das obras do novo porto da Rada, que se cria vir dar um novo alento à cidade. A ideia evoluiu para uma Exposição Industrial e com os artigos que aí iriam ser expostos, é proposto criar um museu em Macau, instituído pelo Governador interino e Director das Obras dos Portos, Almirante Hugo de Lacerda por Portaria de 5 de Novembro de 1926. Mas o Museu Comercial e Etnográfico Luís de Camões só abriu portas a 24 de Junho de 1929, tendo como Director o Cónego António Maria de Morais Sarmento. Encontrava-se dividido por dois edifícios; no 1º andar do edifício de Leal Senado, sob a direcção de um dos Directores Técnicos do Museu, Dr. Telo de Azevedo Gomes, a secção histórica do Museu continha as pedras com inscrições históricas, armas, brasões, etc., assim como espécies artísticas e pictóricas, obtidas principalmente por empréstimo de particulares. Já a secção comercial e Sacra do Museu, estava exposta no rés-do-chão da Santa Casa da Misericórdia. (Local onde até 2016 esteve

o Cartório Notarial e que agora foi alugado pela Pharmacia Popular.) No entanto o recheio do museu era paupérrimo.

DAS OFERTAS

Ainda antes do Museu abrir, encontrando-se com o espólio armazenado no Palacete da Flora, a fábrica de vidro Shimada de Osaka no Japão, ofereceu-lhe um mostruário de artigos de vidro. Um mês depois, o Boletim Oficial de 3 de Dezembro de 1927 publica o Regulamento dos Serviços do Museu Comercial e Etnográfico Luís de Camões. O semanário A Verdade de 1 de Novembro de 1928 refere ter Hee Cheong feito a magnífica oferta para o Museu Luís de Camões de uma artística vitrina de curiosas porcelanas no valor de cerca de duas mil patacas. A 13 de Agosto de 1931, a explosão no Paiol Novo da Flora, que fez vinte e um mortos e cinquenta feridos, destruiu completamente o Palacete da Flora e provocou grandes estragos nas redondezas. Na mansão do coleccionador de arte chinesa Dr. Manuel da Silva Mendes, situada na encosta Sul do Monte da Guia, a explosão reduziu a cacos

O semanário A Verdade de 1 de Novembro de 1928 refere ter Hee Cheong feito a magnífica oferta para o Museu Luís de Camões de uma artística vitrina de curiosas porcelanas no valor de cerca de duas mil patacas

grande parte dos seus pratos brasonados de porcelana. Este advogado, professor de Liceu e jornalista, escritor de assuntos chineses, veio a falecer quatro meses depois. Os herdeiros venderam algumas das mais importantes peças a coleccionadores estrangeiros, já que o Governo não se decidia a adquirir a preciosa colecção para o recheio do Museu Luís de Camões. Até que, constituída uma comissão, o museu foi enriquecido com esses “bronzes, objectos de barro tumulares, barros vidrados de Seák-Uán (Shiwan, em Foshan, onde se encontra o forno imperial Nanfeng), algumas peças de celadão, uma ou outra peça em esmalte, uns poucos exemplares de jade, havendo numerosas aguarelas chinesas, mais de uma dezena de retratos de mandarins a óleo, sendo, contudo, raríssimas as peças em porcelana”, como refere Luís Gonzaga Gomes. Ficaram expostos no primeiro andar do edifício do Leal Senado onde, em 28 de Dezembro de 1933 se fez uma exposição também para mostrar os quadros adquiridos pelo Leal Senado, assim como pelo seu presidente, Luís Gonzaga Nolasco da Silva, que os ofereceram ao Museu. No entanto, um lugar permanente para o Museu estava difícil de se encontrar. Os mostruários adquiridos pelo Governo após a Exposição Industrial tiveram que sair da Santa Casa, pois esta precisava da sala. O mesmo aconteceu três anos mais tarde com os objectos colocados no edifício do Leal Senado em consequência do desenvolvimento da Biblioteca Pública, que estava instalada no mesmo andar e na mesma ala desse edifício, sendo por isso removidos para o Palacete de Santa Sancha, que abriu ao público a 12 de Dezembro de 1936. Aí teve uma passagem efémera pois, logo no ano seguinte foi o Museu instalado na Casa do Jardim da Gruta de Camões, actual Casa Garden. Da passagem do Museu pelo edifício do Leal Senado, para onde lá nunca mais voltou, ficaram as lápides de granito encontradas em diversas localidades da cidade e incrustadas nas paredes do átrio. Já as lajes sepulcrais, que estavam colocadas no chão do átrio, foram removidas e colocadas no Museu Arqueológico das Ruínas de S. Paulo, instituído pelo então Governador Jaime Silvério Marques (1959-1962).


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em modo de perguntar

Paulo José Miranda

José Anjos

“Escrever é o acto de resistir” És poeta (acerca do teu livro de poesia, primeiro e até agora único, Manual De Instruções Para Desaparecer, acerca do qual escrevi aqui neste jornal), músico (baterista na banda Não Simão) e fazes muitas leituras de poesia, um pouco por toda a cidade de Lisboa, mas tens dois lugares mais recorrentes, que são dois bares, O Povo e o Irreal. Fazes ainda parte de um grupo de performance de poesia, onde se reúne a música e a palavra, No Precipício Era O Verbo (acerca do qual já se falou aqui, aquando da entrevista ao António de Castro Caeiro). Qual de todas estas actividades é para ti a principal, se é que há uma principal? Não posso dizer que algumas delas seja, em absoluto, a principal, embora tenha noção da prioridade que cada uma ocupa na minha vida e a cada momento. Há uma hierarquia móvel na definição dessa prioridade, até porque me vou dedicando a várias áreas ao mesmo tempo, entre as quais o direito, e tenho cada vez mais projectos na área da música e da poesia (alguns dos quais me dão já imenso trabalho mesmo ainda sem terem saído da cabeça). Este ano foi, sem qualquer dúvida e para meu imenso gáudio, mais dedicado à poesia, à música e ao palco: escrevi um novo livro de poemas, que sairá pela chancela da abysmo no início deste ano, gravei um álbum, cujo EP sairá no início deste ano também, com a banda NãoSimão, liderada pelo Simão Palmeirim e onde sou baterista, gravei um trabalho do projecto No Precipício era o Verbo, com o Carlos Barretto, o André Gago, o António de Castro Caeiro e eu, projecto este que nos levou ao CCB em Dezembro passado pela mão do João Paulo Cotrim (abysmo) e do Fernando Luís Sampaio (CCB) e cujo cd está já à venda, com art-work do André da Loba. Será também lançado, previsivelmente em Abril deste ano, a segunda fase deste projecto - que consiste na edição de um livro/cd (também pela abysmo) com todos os poemas e textos incluídos no cd, interpretados por ilustrações do André da Loba. Aparte estes projectos, tento fazer e organizar o máximo número de leituras possível. E como vês a relação entre a escrita de poesia e o ler poesia nos bares? Ler em público é uma actividade à qual me dediquei muito nos últimos anos, especialmente desde a criação - pelo Alex Cortez, pelo Nuno Miguel Guedes e por mim - das noites dos Poetas do Povo,

projecto do qual já não faço parte mas visito com pertinente frequência, seja como espectador ou convidado. Presentemente organizo, com o João Paulo Cotrim, as quartas de poesia do poço, no bar Irreal. Quanto à relação da escrita de poesia com a sua leitura nos bares, considero, em primeiro lugar, que existe quase acidentalmente e que, mercê do facto de juntar no mesmo espaço vários poetas e leitores, alargamos necessariamente o campo de autores e obras que compõem a nossa biblioteca íntima. Nem todos leitores escrevem poesia, mas não se pode escrever poesia sem ler poesia. E no meu caso quanto mais leio, mais escrevo - e mais deito fora. Talvez possa dizer que o ler e ouvir poesia nos bares me permitiu conhecer quase todos os autores - vivos e mortos - que hoje são para mim referências literárias e afectivas inelutáveis (tu és um deles), e me ajudaram não só a compreender e a tornar mais claro o que eu próprio escrevo (ou melhor, aquilo que afinal tenho para - ou tento - dizer) mas também a rejeitar falsos textos e a saber dizer não a mim próprio. Em segundo lugar, o poema contém infinitas possibilidades em suspensão - como um campo quântico - que se concretizam e apresentam quando o mesmo é lido, seja em silêncio ou em voz alta. O mero acto de ler é já de si uma observação interpretativa e uma interferência necessária que cria uma realidade tão íntima que não sabemos se estava lá antes do colapso da leitura. Exemplo disso é o facto de o texto estar sujeito a diferentes leituras e interpretações consoante as pessoas, o que só demonstra, como dizia o Helder Macedo há umas semanas numa conferência a propósito de Shakespeare, que o texto é “um organismo vivo”. Ora, vejo o processo de escrita como uma proposta de investigação e leitura das coisas que se organizam - e a forma como elas se organizam - perante a nossa percepção. Escrever é para mim o resultado (conseguido ou não) de um acto passivo de contemplação. Ler o poema, por sua vez, implica um gesto idêntico ao de abrir uma porta num dado momento da realidade, por trás da qual o poema passa a ser um lugar onde cabe apenas uma única pessoa. Ler um poema em voz alta, maxime perante uma plateia que o desconheça, é multiplicar a invenção de lugares ou, em última instância, de lugar nenhum. A privacidade absoluta num lugar sem privacidade. Por outro lado, o gesto de ler em voz alta, venha ele

a revelar-se mais ou menos gratificante na sua intenção, é um prazer inegável e quase inexplicável, embora não desprovido de riscos: é sempre possível fazer explodir um poema por excesso ou defeito na sua interpretação e intenção formais. Nem o poeta nem aquele que lê o poema sente mais ou sabe sentir melhor do que quem o ouve, por muito que assim queira parecer. Neste aspecto concordo em absoluto com o que o Leonard Cohen escreveu: “O poema não é senão informação. É a Constituição do país interior(...). Tu estás no meio das pessoas. Portanto, sê modesto. Respeita a privacidade do texto. Foi escrito em silêncio. A coragem da actuação é dizê-las. A disciplina da actuação é não as violar.” E como entendes a poesia. De outro modo, imagino que leias e gostes de poesia diferente daquela que escreves, que procuras nos poemas que lês e o que procuras nos que escreves? Creio que a dada altura a poesia tem de ser entendida necessariamente como um acto - ou gesto - de resistência, independentemente dos aspectos concretos e emocionalmente relevantes que daí advêm para cada pessoa e a cada momento, estes sempre mudando, como a memória. Escrever é, para mim, resistir contra e resistir a: (i) resistir à frustração, sem dela abdicar mas sem sucumbir ao seu jugo (o acto

criativo forja-se na sustentabilidade da frustração enquanto forma de resistência, desde logo ao próprio eu e às suas artimanhas de imediatez hedonista), e (ii) resistir contra a angústia da nossa existência e da dos outros, que se torna quase insuportável, escrevendo-a, descrevendo a sua beleza terrível. Há uma responsabilidade do artista, do autor, perante o sofrimento e a violência. Há poemas que dizem tudo e que não teriam sido escritos sem essa a intenção de resistir contra a impassividade, a resignação e a cegueira selectiva (começando pela nossa) que, de certo modo, nos permitem sobreviver, mas sem nada fazer para mudar. A humanidade é uma escolha irreversível e lancinante, diria mesmo bruta. Escrever é o acto de resistir contra essa condição, dando-lhe o significado íntimo possível. Ler é aprender esse ofício da resistência. Necessariamente procuro (ou melhor, descubro) novos poetas e estilos de poesia que me afastam de uma noção unívoca de poesia, que, por mais confortável possa parecer, não acredito existir. Por outro lado, e desde já me contrario, encontro em poemas de estilo absolutamente diversos a mesma fonte, talvez até vis-a-vis os meus. Mas é preciso a autodestruição dos processos de escrita, de certa forma aprender a escrever com a “mão esquerda”, como o Miró (simbolicamente é claro); mudar de intenção e nome, queimar o nome, deixar de escrever para - talvez - saber escrever. Neste aspecto, o acto de ler e voz alta e em público têm-me permitido fazer essa mudança de lugar sem cair no meio. Acreditas que estes eventos de leitura de poesia acabem por levar mais pessoas à poesia? Não acredito, tenho a certeza! Vejo isso desde que os Poetas do Povo se abriram à cidade, como noutros casos (e.g. as quintas de poesia do Miguel Martins e as sessões do Nuno Moura). Obviamente que se me disseres que a educação, a aquisição e prática de bons hábitos de leitura levam mais pessoas à poesia do que todos estes eventos juntos, estarei de acordo. Mas creio que dificilmente se pode levar poesia a pessoas que fora deste contexto não estariam disponíveis. No fim, estes eventos acabam por confrontar as pessoas com autores, poemas e versos impossíveis de sacudir e levá-las a ler motu proprio. Cumprem talvez uma tradição no verdadeiro sentido da palavra traditio, que é o da partilha.


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OLHOS NOS OLHOS

EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “O TEMPO CORRE” DE LAI SIO KIT Casa Garden (Até 08/01) E EXPOSIÇÃO “ÁRVORES E ARBUSTOS DE MACAU” DE CATARINA FRANÇA E MAFALDA PAIVA Instituto Internacional de Macau (Até 13/01) EXPOSIÇÃO “ART FOR ALL , 9º ANIVERSÁRIO” Macau Art Garden (Até 22/01)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017)

C I N E M A PROBLEMA 151

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 150

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)

Cineteatro

0.21 AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1

EXPOSIÇÃO “33 ANOS NA RÁDIO DO LOCUTOR LEONG SONG FONG” Academia Jao Tsung-I (Até 05/02)

(F)UTILIDADES

Muito se tem escrito neste jornal sobre fotografia. Películas para ali, revelação para acolá, lentes e focos no mundo todo. De tanto ouvir falar nisto, vi-me tentado a saber mais sobre este tipo de voodoo. Então não é que os humanos inventaram uma máquina que é uma espécie de super olho que congela um momento numa imagem? Choca-me o engenho, mas isso nem é o mais irritante. Então não é que estes bípedes têm melhor visão do que eu? Vêem mais cores, não sei bem para quê. Conseguem detectar melhor o movimento num mundo iluminado, um superpoder que me daria um jeitão. Também têm a capacidade para melhor resolução que eu, como as máquinas que roubam momentos à vida. Mas chega a noite e são cegos como toupeiras, enquanto eu reino no lusco-fusco. No escuro ninguém me bate, não preciso de electricidade para nada. Movo-me com a elegância de sempre, sem andar a esbarrar em móveis, ou ferir os dedos dos pés a pontapear algo que não vi. Isso é para as criaturas diurnas que inventam voodoo tecnológico para fazer batota nos sentidos e manipular o tempo. Os meus olhos são câmaras com night vision, com um impressionante campo de visão. Como bom predador, sou perito a detectar silhuetas e contornos, e isso é o que me interessa. Ok, confesso que de dia sou meio pitosga, mas também para que preciso de distinguir cores numa altura do dia em que só quero dormir e receber festinhas? Portanto, podem inventar o que quiserem, transformar a vida em fotogramas, fixar e revelar a vida uns dos outros, porque eu vejo no escuro. Pu Yi

“LA LORONNA” | LHASA DE SELA

Há sete anos, por esta altura, desaparecia Lhasa de Sela. A cantora de ascendência mexicana e sangue libanês não nos deixou sem um trio de álbuns memoráveis, entre eles “La Loronna”. Não é só a voz de Lhasa que encanta ou a invocação das suas raízes mexicanas. São 11 temas em que nenhum, pelas suas características únicas, deixa o ouvinte indiferente. A viagem começa com “De cara a la pared” e continua sem destino num momento que foi feito para ouvir em loop. Sofia Mota

ALLIED SALA 1

SALA 3

Filme de: Robert Zemeckis Com: Brad Pitt, Marion Cotillard 14.30, 16.45, 19.15, 21.30

Filme de: J.A. Bayona Com: Lewis MacDougall, Felicity Jones, Sigourney Weaver 14.30, 16.30, 21.30

ALLIED [C]

SALA 2

A MONSTER CALLS [B]

A STREET CAT NAMED BOB [B]

SING [A]

Filme de: Roger Spottiswoode Com: Luke Treadaway, Joanne Froggatt 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

FALADO EM CANTONENSE Filme de: Garth Jennings 19.30

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20 OPINIÃO

hoje macau sexta-feira 6.1.2017

a canhota

FA SEONG 花想

Um ano novo sem um bom começo RAOUL WALSH, THEY DRIVE BY NIGHT

resolver os problemas, mas não me parece que esse meio económico seja o ideal para resolver a questão. As pessoas gostam de conduzir motas porque é muito mais conveniente, podem chegar aos locais mais rapidamente e evitam ter de apanhar os autocarros públicos, onde todos andam como sardinhas em lata. Muitos têm automóvel porque têm família, têm de transportar idosos e crianças, algo que os autocarros não conseguem dar resposta. Acredito que todos aqueles que conduzem em Macau têm experiência com multas. Não encontram lugares para estacionar em lado nenhum e ainda assim recebem logo a mensagem da PSP, a avisar: acabou de ser multado.

“Não posso negar que esta medida tem um efeito dissuasor para os graves infractores ou para aqueles que desejam comprar veículos, mas o aumento excessivo não tem em consideração os residentes em geral.”

P

ARA muitos um novo ano significa uma nova esperança, representa um bom progresso e implica uma coisa melhor. Passados estes primeiros dias do ano novo, não me parece que tenham tido esse significado, representando sim dias cheios de preocupações, ansiedade e angústia. Sem qualquer aviso, o Governo decidiu anunciar, no último dia do ano, aumentos para várias taxas relacionadas com licenças, inspecções de veículos, exames de condução e remoção e depósito de veículos e motociclos, dento do universo da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT). Esta medida tornou-se o tema quente da primeira semana do ano, uma vez que só a taxa de remoção de veículos que estejam

estacionados de forma ilegal varia agora entre os 400 e 1233 por cento. A explicação do Executivo foi bastante “razoável”, ao afirmar que as taxas não foram alteradas nos últimos dez anos, estando desfasadas do mercado. Também o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, disse que a medida serve apenas para recuperar os custos que o Governo perdeu nos últimos 20 anos. Num outro artigo de opinião referi que o Governo gosta sempre de fazer políticas sem ouvir ou considerar verdadeiramente a população, voltando agora a repetir o mesmo erro. Isso contraria totalmente o principio da governação “ter por base a população”. Todos sabem que o território está sobrecarregado com um grande número de veículos e que é necessário um controlo efectivo quanto a esse asusnto. No ano passado a DSAT tomou algumas medidas, tendo aumentado as taxas de estacionamento nos parques públicos. Depois do aumento de imposto, parece que o Governo continua a considerar que o dinheiro pode

Mesmo com o Governo a obrigar as pessoas a assumirem esses custos, não acredito que isso vá levar a uma redução do uso dos veículos, pois os transportes públicos continuam a não dar resposta para quem quer chegar ao trabalho e à escola a tempo. Andar a pé é sem dúvida uma maneira mais ecológica de deslocação, mas é difícil para quem vive longe do local de trabalho, sobretudo entre a península de Macau e a ilha da Taipa. Não posso negar que esta medida tem um efeito dissuasor para os graves infractores ou para aqueles que desejam comprar veículos, mas o aumento excessivo não tem em consideração os residentes em geral. Muitos dizem que as multas frequentes para as infracções de trânsito são uma “recuperação da comparticipação pecuniária” por parte do Governo de Macau. Esse é um lado desconhecido do programa de atribuição de cheques do Executivo. O aumento das taxas pode não constituir um grande problema, mas é algo que deveria ser feito passo a passo. Uma vez que é difícil resolver definitivamente o problema dos transportes públicos em Macau, os residentes vão continuar a ter o seu próprio carro, a correr riscos e a assumir encargos. Mais parece que os governantes não conhecem as amarguras dos pequenos residentes.


21 hoje macau sexta-feira 6.1.2017

contramão

ISABEL CASTRO

Carta a quem manda HARALD ZWART, PINK PANTHER 2

isabelcorrreiadecastro@gmail.com

Querido Chefe, queridos secretários, Venho por este meio pedir-vos que façam um exercício de imaginação. Não dói, não demora mais do que uns minutos, poucos, não vos retira o estatuto que diligentemente conquistaram. Não vos obriga a sair do sofá, a levantar da cadeira, a respirar o ar puro com que a cidade nos brinda. Sendo um esforço mental, é certo, trata-se de um exercício de imaginação simples, que não vos cansará, habituados que estais a lidar com processos difíceis, questões complicadas, assuntos pesados. Imaginem-se comuns mortais, com vidas banais e comezinhas. Imaginem-se com dois filhos, ou três, de tenra idade. Imaginem-se a vestirem-nos à pressa, a enfiarem os miúdos nas cadeiras do automóvel, a conduzirem no pára-arranca. Esta semana há mais uma obra na estrada que, na semana passada, ainda não tinha sido plantada. Imaginem-se a terem paciência, imaginem-se a imaginarem que ainda têm tempo de deixar as crianças em duas escolas diferentes. Imaginem que não têm motorista. (Imagine, senhor Chefe, que não tem batedores, imagine que a polícia não lhe abre caminho.) Imaginem que não têm onde estacionar porque não há estacionamento. Imaginem ter de parar no primeiro buraco que encontram para tirarem o descendente mais velho do carro, mais a mochila, a lancheira e ainda o chapéu-de-chuva em dias de pluviosidade intensa. Imaginem terem de fazer tudo isto a correr porque os medalhados agentes da polícia de trânsito não perdem uma só oportunidade de multar pais prevaricadores. Imaginem-se a fazer isto tudo outra vez, dez ou 20 minutos mais tarde, conforme as novas obras que, entretanto, se tiverem inventado. Imaginem-se a irem trabalhar depois de duas

discussões com dois senhores agentes, que vos tratam como se uma infracção administrativa fosse um crime de sangue. Imaginem-se a chegar ao trabalho a tempo, com duas multas no bolso que em nada ajudam às propinas das crianças. Imaginem-se a optarem por andar a pé, o que significa andar de autocarro. Os filhos, os chapéus-de-chuva, as mochilas, os sacos do futebol e do ballet, as lancheiras e todos juntos numa viatura que, com sorte, passa a cada 20 minutos, à hora certa. Com sorte, imaginem, as portas do autocarro abrem-se porque, apesar de cheio, cabem mais três ou quatro sardinhas na lata que faz as curvas em duas rodas. Imaginem-se a pararem na central, a tirarem os miúdos do autocarro, a apanharem outro, o outro afinal ainda não chegou, já estão atrasados mas, dada a vossa capacidade de imaginação, imaginem-se a fazer tudo a tempo. Imaginem-se a decidirem andar de táxi. Imaginem-se com uma criança ao colo e outras duas agarradas às pernas, a sujarem as calças do fato com migalhas de bolacha, enquanto tentam chamar a atenção de um motorista que, compenetrado que está na descoberta de turistas, não vos vê. Se vos visse, também

Imaginem agentes da polícia que violam as regras do trânsito só para vos virem multar: galgam separadores e deixam os veículos em que andam onde lhes apetece

não pararia para vos levar ao destino, que não vos reconheceria. Imaginem que ninguém vos conhece, que ninguém se apieda de vós. Imaginem-se a levar um pai velhinho, ou uma mãe velhinha, em cadeira de rodas, ao hospital, lá no alto. Num exercício quase impossível, imaginem-se a tentar entrar num táxi em que o motorista vos ajude a guardar a cadeira no porta-bagagens. Imaginem-se a não conseguirem apanhar um táxi no regresso a casa, o pai, a cadeira de rodas, o saco dos medicamentos e o chapéu-de-chuva, que a água abunda nesta terra. Imaginem-se a terem de apanhar um autocarro com um pai velhinho, ou uma mãe velhinha, em cadeira de todas. Imaginem-se a serem multados porque decidiram levar o carro e lá dentro o pai velhinho, ou a mãe velhinha, em cadeira de rodas. Imaginem-se pessoas. Imaginem agentes da polícia que violam as regras do trânsito só para vos virem multar: galgam separadores e deixam os veículos em que andam onde lhes apetece, para irem de bloco em punho dizerem que o vosso comportamento é errado, porque passou um minuto no parquímetro que não vos dá recibo. Imaginem que eles não vos conhecem, não vos reconhecem. Imaginem-se comuns mortais, sem direito a medalhas, apesar das maratonas diárias, dos ossos cansados, da pilha de multas para pagar na secretária, da frustração, da esperança de que um dia tudo isto possa ser mais simples. Imaginem-se pessoas e percebam que há coisas que não se resolvem castigando, mas oferecendo opções. Imaginem que têm de viver nesta terra e digam aos vossos subordinados medalhados que a Administração, antes de mais, tem de ser uma pessoa de bem. Com os melhores cumprimentos.

OPINIÃO


22 OPINIÃO

hoje macau sexta-feira 6.1.2017

um grito no deserto

Expectativas para 2017

A FRED ZINNEMANN, FROM HERE TO ETERNITY

S eleições para a Assembleia Legislativa terão lugar em Setembro de 2017. Com a aproximação deste acto eleitoral a população poderá vir a ser mobilizada pelo Governo para manifestações de apoio. As palavras e as acções dos políticos e, eventuais incidentes em que venham a estar implicados, passarão a estar na ordem do dia. Mas, acima de tudo, aparecerão muitos indivíduos a reclamar por justiça para o povo e a bater-se pela democracia e pelo bem-estar social, utilizando fundos do Governo para conquistar votos para si próprios. Neste contexto, os macaenses devem encarar esta questão de forma racional não se deixando influenciar pelos interesses envolvidos. Quando andam todos atrás de proveitos pessoais, a sociedade sofre com isso e também o nosso futuro.

Há pouco tempo o Governo implementou medidas para regular a circulação automóvel, como o aumento substancial das multas a veículos que estacionam em locais não permitidos durante muito tempo. Esta medida foi muito mal recebida pelo público e houve quem chegasse a propor a organização de manifestações de protesto. Estes aumentos de multas, e taxas de parqueamento, já tinham sido propostos pelo Governo há alguns anos atrás no âmbito das políticas de transportes terrestres. Mas na altura os críticos ultrapassaram largamente os apoiantes. Na verdade, se os condutores

A minha expectativa para 2017 é que Macau se torne em pleno sentido uma sociedade regida pelos princípios do estado de direito, onde todos os cidadãos respeitem a lei e a acção do Governo siga o mesmo exemplo

em vez de estacionarem em locais proibidos deixarem os carros nos parques, não serão penalizados pela nova legislação. Mas como não existem locais suficientes para parqueamento legal que satisfaçam as necessidades dos cidadãos, o que irá acontecer se não se tomarem as medidas adequadas? Têm também sido tópicos de discussão os actos de omissão e as arbitrariedades por parte de funcionários do Governo. Há pouco tempo, o marco de fronteira do Templo de Lin Kai, da área de San Kio, tornou-se outro assunto polémico. O marco, uma pedra de pequenas dimensões, estava colocado desde há muitos anos junto a uma casa antiga, adjacente ao Templo, e quem por ali passava mal dava pela sua existência. A antiga casa foi recentemente demolida e no mesmo lugar foi construído um prédio novo. O local onde o marco está colocado tornou-se subitamente o sítio de passagem para que entra e sai das lojas do andar térreo do novo edifício. Por causa disso houve quem sugerisse que o marco deveria ser deslocado para outro lugar. Felizmente, esta sugestão não vingou e o marco continua onde sempre esteve, sem ter sido obrigado a “emigrar” à força. Talvez haja quem defenda que não é nada por aí além deslocar a pedra alguns metros para a direita. Mas se aceitarmos esta ideia, então a “Lei de Salvaguarda do Património Cultural” de Macau pode ser considerada letra morta. Se a deslocação da pedra fosse encarada como uma coisa de somenos, não haveria razão para o empreiteiro não a ter mudado de sítio quando construiu o edifício. E de facto isto não aconteceu porque o marco está protegido pela “Lei de Salvaguarda do Património Cultural”, já que é parte integrante do Templo de Lin Kai, considerado património cultural, ao abrigo da protecção estatutária, e não pode ser removido nem deslocado. Para deslocar o marco, serão necessários procedimentos estatutários governamentais ou de uma associação abalizada para o efeito. Quem cometer uma transgressão terá de enfrentar a punição estipulada por lei. Afinal de contas, em Macau ainda impera o estado de direito. A minha expectativa para 2017 é que Macau se torne em pleno sentido uma sociedade regida pelos princípios do estado de direito, onde todos os cidadãos respeitem a lei e a acção do Governo siga o mesmo exemplo. Quanto aos candidatos a deputados para a Assembleia Legislativa, desejo que para além de virem a ser “fazedores” de leis, também as defendam e não se limitem a ser políticos cuja única preocupação seja a de conquistar votos. Ex-deputado e membro da Associação Novo Macau Democrático

PAUL CHAN WAI CHI


23 hoje macau sexta-feira 6.1.2017

PERFIL

DENNIO LONG, ARQUITECTO E FOTÓGRAFO AMADOR

Por entre esboços e detalhes

É

um apaixonado pelo património da terra que o viu nascer e isso nota-se assim que se visita a sua página no Facebook com o seu nome. Trata-se de um espaço cheio de memórias, muitas vezes com rostos. Dennio Long estudou Arquitectura no interior da China mas, nos tempos livres, gosta de fotografar os monumentos dos quais ninguém se lembra, que ficaram esquecidos nas velhas memórias de uma Macau que já não existe. Há ainda fotografias sobre Itália e Portugal. São os detalhes que ele quer mostrar, para que nem tudo se perca com o passar do tempo. “Como estudei Arquitectura, estive sempre atento aos monumentos de Macau e reparei que as transformações são enormes, e parece que ninguém está a tomar atenção a isso. Por isso tiro fotos aos monumentos a

que as pessoas não prestam muita atenção. Dou atenção sobretudo aos que não estão protegidos pela UNESCO, que têm um estilo mais moderno ou que são esquecidos pela população.” Dennio Long dá como exemplo a zona do Porto Interior ou os pátios tradicionais chineses, a maioria deles em risco de ruína. O arquitecto fala ainda do exemplo da Escola Portuguesa de Macau ou das casas da zona de San Kio, um exemplo de Art Nouveau ao estilo chinês. “Depois da transferência de soberania, o desenvolvimento económico da cidade foi rápido e as mudanças foram demasiado rápidas, muitas das quais não notamos. Espero que a nossa geração possa ser como a geração mais velha, ou seja, mais responsável, com a criação de memórias da

nossa cidade. Esse também é o objectivo da fotografia.” O interesse pela fotografia começou há dez anos e foi através dela que Dennio Long percebeu que, em Macau, há coisas que se perdem de um dia para o outro para nunca mais voltarem. “Notei uma grande diminuição de monumentos. Costumo andar pela rua, olho uma casa e, como não trago o meu equipamento, não tiro a fotografia. Um mês depois a casa já não está lá.”

O PASSADO IGNORADO

Além das fotos que partilha nas redes sociais, Dannio Long pretende chamar a atenção do Governo para a forma como a cidade está a crescer e, ao mesmo tempo, a desaparecer. “As pessoas elogiam os cenários bonitos mas, na prática, não querem voltar ao passado. As pessoas não querem morar nas casas velhas, sobre

as quais o Governo não tem capacidade de gestão, por serem privadas. É difícil usar os cofres públicos para fazer algo. O Governo tem de pensar em métodos mais detalhados para proteger as zonas em separado.” Quanto ao centro histórico, Dennio Long considera tratar-se de um “conceito vago”, onde se misturam vários estilos e temporaneidades. “Há dez anos ainda conseguíamos ver as ligações, mas tudo isso desapareceu. Acho que o que existe actualmente já não corresponde ao centro histórico.” O arquitecto recorda-se, então, da Europa. “Em Itália há uma zona inteira com arquitectura antiga em várias ruas e isso em Macau não existe, está tudo misturado com outros tipos de arquitectura, quebrou-se a ligação.” Dannio Long tira fotos da perspectiva de um arquitecto e são os detalhes que mais gosta de mostrar:

aquela janela que enferrujou com o tempo, a cortina que ficou, o degrau que nunca mais foi limpo. “Se olharmos com mais atenção, as fotos publicadas pelo Governo são falsas, são cenários que não correspondem à realidade. Quero apresentar cenários verdadeiros às pessoas, e espero que as minhas fotos possam gerar algum tipo de pensamento nos outros.” O que faz, considera, é quase único. “Não há muitos fotógrafos profissionais em Macau, e os poucos que existem não gostam muito de tirar fotografias exclusivamente dos monumentos”, remata. Andreia Sofia Silva Angela Ka

info@hojemacau.com.mo


Eficiência administrativa: saber multar e álcoolimetria Atlântido

HOMEM MATA 10 MULHERES DA SUA FAMÍLIA NA ÍNDIA

Um homem sedou e degolou 10 mulheres da sua família no estado de Uttar Pradesh, no norte da Índia, suicidando-se posteriormente, informou ontem à agência de notícias espanhola EFE uma fonte policial. «Sedou os membros da sua família e degolou-os com uma faca de grandes dimensões. Matou duas mulheres e oito raparigas e depois enforcou-se», disse Santosh Kumar Singh, superintendente da polícia do distrito de Amethi, onde ocorreram os factos. Quatro das vítimas eram filhas do assassino e outras quatro eram suas sobrinhas, todas elas menores de 15 anos. As duas mulheres mortas eram suas cunhadas e vivam na mesma casa com o homicida, na localidade de Mahona Paschim.

FORÇAS IRAQUIANAS TENTAM RECUPERAR LOCALIDADES PERTO DA SÍRIA

As forças iraquianas lançaram ontem uma ofensiva com o objectivo de recuperar localidades que ainda estão sob o controlo do grupo radical Estado Islâmico no oeste, perto da fronteira com a Síria, informaram fontes militares. «Uma operação militar foi iniciada nas áreas ocidentais em Anbar para as libertar do Daesh [Estado Islâmico]», disse o tenente-general Qassem Mohammedi, comandante do Comando de Operações da Jazeera. Qassem Mohammedi disse que a operação foi conduzida pela sétima divisão do exército, polícias e combatentes das tribos locais, com apoio aéreo da coligação liderada pelos norte-americanos.

HULL CITY CONFIRMA CONTRATAÇÃO DE MARCO SILVA

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O Hull City confirmou ontem a contratação de Marco Silva para orientar o clube até ao final da época. De acordo com uma nota no site, o treinador de 39 anos assinou um contrato por seis meses e vai já orientar a equipa na terceira eliminatória da Taça, frente ao Swansea, no sábado. O vice-presidente Ehab Allam explicou a aposta: «O Marco é um jovem treinador que nos impressionou com a sua filosofia e estilo de jogo. Tem um bom currículo e achamos que é uma aposta corajosa e entusiasmante para tentar a manutenção do clube na Premier.» Allam disse também que o treinador contará com toda a sua equipa técnica - João Pedro Sousa, Gonçalo Pedro e Hugo Oliveira - e já está a trabalhar para analisar a necessidade de reforços neste mercado de Inverno.

sexta-feira 6.1.2017

TURQUIA EXPLOSÃO EM ESMIRNA FAZ DOIS MORTOS E VÁRIOS FERIDOS

A

Seul PARK NEGA ENVOLVIMENTO EM ESQUEMA DE CORRUPÇÃO

Presidente à defesa

O

Tribunal Constitucional sul-coreano começou esta quinta-feira o julgamento do processo de destituição da Presidente, Park Geun-hye, suspeita de ter dado acesso privilegiado a informações sensíveis a uma amiga, que terá usado a sua influência para conseguir favores junto de grandes empresas. A defesa da Presidente negou todas as acusações de envolvimento em esquemas de abuso de poder e corrupção. “Park nunca deixou os seus assessores interferirem com os assuntos de Estado e nomeou os dirigentes governamentais através de procedimentos legítimos”, afirmou o advogado Lee Joong-hwan.

“A acusada não procurou nem o mínimo ganho financeiro para si própria desde o dia em que as fundações foram estabelecidas.” LEE KYUNG-JAE ADVOGADO DE PARK GEUN-HYE

O arranque do julgamento foi adiado para esta quinta-feira, depois de Park não ter ido à sessão marcada para terça-feira. A Presidente voltou a faltar, mas os juízes decidiram avançar. Não é obrigatória a presença de Park durante esta fase do processo e os seus advogados já tinham dito que a Presidente iria ausentar-se “a não ser que existam circunstâncias especiais”, segundo a agência estatal Yonhap.

NÃO SOU O ÚNICO

O tribunal tem seis meses para concluir se Park deve ou não ser destituída. Mesmo num país onde os casos de corrupção política são comuns, as suspeitas sobre Park criaram uma crise política sem precedentes na Coreia do Sul, que assistiu durante várias semanas às maiores manifestações populares da sua história democrática. O próprio partido da Presidente, o Saenuri, tem tentado distanciar-se de Park – mais de metade da bancada parlamentar votou a favor da destituição. A 9 de Dezembro, o Parlamento aprovou a abertura de um processo de destituição por uma larga maioria. A pressão para que Park se demita dura há meses, depois de terem vindo

a público os contornos da sua amizade com Choi Soon-sil, uma empresária filha de um amigo do ex-Presidente e pai da actual líder, Park Chung-hee. Park terá recorrido a Choi para pedir sugestões para discursos oficiais, dando-lhe acesso a informações confidenciais, incluindo acerca de políticas em relação à Coreia do Norte. A empresária é acusada de usar a sua posição privilegiada junto da Presidente para pressionar donos de grandes conglomerados sul-coreanos a financiarem fundações que lhe pertenciam. Outras suspeitas incluem o ingresso da filha de Choi, Chung Yoo-ra, na prestigiada Universidade para Mulheres Ewha, que terá sido concedido pela posição da sua mãe. O julgamento de Choi, detida desde Novembro, também começou esta quinta-feira, com a empresária a negar todas as acusações. “Enfrento muita injustiça”, declarou Choi em tribunal. “A acusada não procurou nem o mínimo ganho financeiro para si própria desde o dia em que as fundações foram estabelecidas”, afirmou o seu advogado, Lee Kyung-jae.

explosão de um carro armadilhado fez pelo menos dois mortos e vários feridos, alguns em estado crítico, ontem à tarde na cidade turca de Esmirna. Os mortos são um polícia e um funcionário do tribunal, diante do qual o carro explodiu. Segundo a agência Reuters, as autoridades mataram dois terroristas no local e procuram um terceiro, que está em fuga. Não há indicação sobre a identidade dos terroristas nem a motivação do ataque, embora o governador de Esmirna, em declarações à imprensa, tenha dito que se suspeita de militantes curdos. Segundo o governador houve um segundo veículo envolvido no incidente, que foi alvo de uma explosão controlada por parte das autoridades. A Turquia tem sofrido uma grande número de ataques nos últimos anos, com 2016 a registar um recorde de atentados e de mortes por terrorismo. Os ataques são levados a cabo sobretudo pelo autoproclamado Estado Islâmico e também por militantes separatistas curdos. Os atentados curdos tendem a ser dirigidos a instituições e símbolos do Estado, incluindo militares e polícias, enquanto os do Estado Islâmico procuram provocar mortes entre civis, como foi o caso de um ataque a uma discoteca, na noite de passagem de ano, em Istambul.


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