DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10
HOJE MACAU
SEGUNDA-FEIRA 6 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3746
Cidade hiperactiva PÁGINA 4
ANÁLISE INTERPELAÇÕES ORAIS
PALAVRASˆ PARA QUE?
Muitas são as perguntas dos deputados na Assembleia Legislativa que ficam sem resposta. Analistas e políticos deixam o alerta sobre a forma como a Administração se comporta quando
tem de responder às interpelações dos tribunos e dão como exemplo o recente caso que levou a secretária Sónia Chan, em vez do Chefe do Executivo, ao hemiciclo.
GRANDE PLANO
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OBRAS
GRIPE DAS AVES
Grande galo PÁGINA 6
HONG KONG
DOMÉSTICAS CONTRA TRUMP PÁGINA 10
REDE ELÉCTRICA
O cabo dos trabalhos PÁGINA 6
Indignatite contagiosa h VALÉRIO ROMÃO
2 GRANDE PLANO
ANÁLISE
INTERPELAÇÕES ORAIS DOS DEPUTADOS
VAS PERGUNTAS ˜
O
Chefe do Executivo tem de repensar o modo como lida com as questões que lhe são colocadas pelos deputados, sob pena de o Governo, no poder sem legitimidade conferida pelo voto popular directo, começar a sentir uma pressão cada vez maior. A ideia é deixada por Larry So, académico, comentador de assuntos políticos, na análise ao que aconteceu no passado dia 24 na Assembleia Legislativa. Pereira Coutinho e Ng Kuok Cheong tinham apresentado duas interpelações orais, dirigidas ao Chefe do Executivo, sobre o episódio Sónia Chan. A actual secretária para a Administração e Justiça admitiu publicamente ter recomendado um
familiar seu para trabalhar no Ministério Público (MP), uma sugestão que fez ao antigo procurador da RAEM, Ho Chio Meng. O caso aconteceu em 2008, quando era a responsável pelo Gabinete de Protecção dos Dados Pessoais, e só veio a público porque o ex-líder do MP, acusado de mais de 1500 crimes, falou dessa recomendação durante o julgamento que está a decorrer no Tribunal de Última Instância. Os dois deputados acharam por bem pedir explicações a Chui Sai On. Por um lado, pretendiam perceber que mecanismos se pretende adoptar para evitar “cunhas” no seio da Função Pública; por outro, queriam ainda perceber se o Chefe do Executivo tem intenção de agir politicamente em relação
ao caso. Pereira Coutinho foi ainda mais longe, falando em violações às regras da Função Pública e às normas do Código Penal. Tanto Pereira Coutinho, como Ng Kuok Cheong não obtiveram resposta às perguntas que fizeram. E isto porque, apesar de as questões serem para Chui Sai On, foi Sónia Chan a ir à Assembleia Legislativa (AL) falar de Sónia Chan. Acresce que o caso da recomendação do familiar estava a ser alvo de uma investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC), pelo que Sónia Chan se escudou na averiguação em curso para não falar dela própria.
GOVERNANTE NÃO FALA ASSIM
Para Larry So, a resposta dada pela secretária para a Administração e
Justiça está longe de ser politicamente correcta, no sentido literal da expressão. “Não é apropriado. Pode ir à AL se o Chefe do Executivo lhe tiver pedido, mas só se tiver alguma informação para dar aos deputados”, admite o analista. “No entanto, ir lá para dizer que não pode falar sobre o assunto não é apropriado. Os deputados colocaram questões e a resposta foi ‘não vou falar sobre o assunto’”. Para o académico, este tipo de comportamento é desadequado porque “estamos a falar da responsabilização dos membros do Governo”, pelo que Sónia Chan “deve explicações ao público”. O facto de ter chamado à colação a investigação do CCAC para não falar sobre a sensível matéria – depois de, numa primeira fase, ter assumido o que fez e ter ensaiado uma espécie de mea culpa – leva Larry So a considerar que está agora a tentar “pôr um travão” na polémica. “E deu a entender que a Assembleia Legislativa não tem nada que ver com o assunto”, aponta. “Os membros do Governo devem assumir responsabilidades perante a população. Não me parece que Sónia Chan esteja a cumprir as suas funções de forma apropriada e correcta”, conclui.
Sobre a escusa de Sónia Chan ao tema central das interpelações, Pereira Coutinho sublinha que não é a primeira vez que o Governo “se aproveita” da abertura de investigações quando “não lhe é conveniente responder a questões sensíveis”. O deputado lamenta ainda que o Executivo não avance com um processo disciplinar sobre ANTÓNIO MIL-HOMENS
O modo como o Governo se comporta em relação à assunção de responsabilidades políticas é perigosa, avisam políticos e analistas. A população está cada vez mais atenta ao comportamento do Executivo e não gosta de réplicas vagas. Um dia destes, a casa ainda começa a vir abaixo
“Os membros do Governo devem assumir responsabilidades perante a população. Não me parece que Sónia Chan esteja a cumprir as suas funções de forma apropriada e correcta.” LARRY SO ANALISTA
3 hoje macau segunda-feira 6.2.2017 www.hojemacau.com.mo
E a postura do Chefe do Executivo, o verdadeiro destinatário das cartas de Pereira Coutinho e de Ng Kuok Cheong? Que sistema é este que permite a delegação da responsabilidade da resposta às interpelações, independentemente do conteúdo das missivas, sabendo de antemão que o representante do Governo não irá responder ao que foi perguntado? A Lei Básica, no seu Artigo 65.o, determina os termos em que o Governo responde à AL. Um desses termos diz respeito, precisamente, a um dos métodos de fiscalização da acção governativa, ao indicar que o Executivo tem de responder às interpelações dos deputados. Pereira Coutinho recorda o que vem escrito no diploma fundamental da RAEM para afirmar que, “ao longo dos tempos, o Governo não tem cumprido com rigor a Lei Básica”. “O objecto, o sujeito da interpelação, era a secretária para a Administração e Justiça. A interpelação era sobre a responsabilização política. Cabia ao Chefe do Executivo responder se iria assacar responsabilidades políticas pela conduta da secretária”, reitera. “O que Chui Sai On fez foi, pela lei do menor esforço, indicar o próprio sujeito da interpelação para ir à AL responder”, afirma.
PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
Larry So faz uma análise pragmática do que aconteceu: “A questão foi colocada directamente ao Chefe do Executivo, mas como é ele que manda, pode sempre delegar a resposta na secretária”. O analista recorda que Chui Sai On “delega sempre” – nunca se deslocou à AL para um plenário dedicado a interpelações orais. Mas se, por exemplo, para uma interpelação sobre venda de aves vivas fará sentido a delegação da resposta no presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, esta lógica de remissão não será aceitável no caso em concreto. “Parece que o Chefe do Executivo está a tentar não assumir uma grande responsabilidade”, diz Larry So. “Estão a fazer perguntas sobre a secretária, pelo que vai ela enfrentar as questões. E ela decide que não responde às perguntas.” Para o académico, trata-se de “um
tipo de jogo bastante infantil, como quando as crianças estão a brincar, ‘vais tu, eu não vou’”, ironiza. “O Chefe do Executivo devia dizer alguma coisa, nem que fosse uma frase simples”, recomenda. Pereira Coutinho aponta ainda o dedo à postura da própria Assembleia. “O presidente da AL não teve a coragem de chamar a atenção do Governo que, de facto, para responder à pergunta dos deputados, deveria ser o Chefe do Executivo a comparecer”, constata.
SEM SOLUÇÃO À VISTA
Pereira Coutinho e Larry So concordam que o episódio do dia 24 põe a nu as fragilidades do sistema. O deputado volta à carga com o facto de as comissões da AL se realizarem à porta fechada. “Se virmos como a Assembleia funciona, causa-me enorme espanto que os deputados possam conviver com o facto de os jornalistas não poderem entrar nas seis comissões para informarem o público daquilo que se passa nas reuniões”, diz Coutinho, que tem lutado sem sucesso contra “esta grave falta de transparência”. Quanto à questão das interpelações sem resposta, por o emissário de Chui Sai On não ter possibilidade de esclarecer os deputados, a solução passa pela assunção da responsabilidade, sugere Larry So. “A população tem vindo a pedir responsabilização”, alerta o académico. “O Governo tem de olhar para as questões com isso em mente, porque a responsabilização dos governantes não faz parte do cenário.” O analista acredita que se a atitude governativa se mantiver, “a frustração vai crescer, porque
não são dadas respostas”. A médio prazo, “a pressão vai aumentar para que os governantes sejam eleitos por via directa”. Pereira Coutinho não parece acreditar que o Governo avance na direcção da responsabilização e entende que é preciso ir à origem do processo que legitima o poder. “A solução passa por alargar a democraticidade do próprio processo eleitoral do Chefe do Executivo”, sustenta. “Quando o Chefe do Executivo compreende que a legitimidade para governar deriva do facto de ter o apoio de 400 pessoas que fazem parte do colégio eleitoral, é evidente que não tem de dar qualquer satisfação às outras pessoas, incluindo aos meios de comunicação social.” António Katchi, jurista, também é do entendimento que “o busílis da problemática da responsabilização política dos governantes reside no próprio sistema político de Macau”. O especialista em Ciência Política e Direito Constitucional desdobra SOFIA MOTA
ONDE FICA A LEI BÁSICA?
“O presidente da AL não teve a coragem de chamar a atenção do Governo que, de facto, para responder à pergunta dos deputados, deveria ser o Chefe do Executivo a comparecer.” TIAGO ALCÂNTARA
a questão em causa – entende que houve violação do dever de isenção –, independentemente de o caso estar a ser investigado pelo CCAC. “O exemplo tem de vir de cima, caso contrário, que legitimidade existe para assacar responsabilidades ao pessoal da linha da frente?”, lança. “Mas isto não é algo isolado, tem vindo a acontecer regular e sistematicamente desde o estabelecimento da RAEM.”
“O busílis da problemática da responsabilização política dos governantes reside no próprio sistema político de Macau.” ANTÓNIO KATCHI JURISTA
o sistema em três grandes componentes: “A forma de Governo oligárquica, o sistema de Governo ultrapresidencialista e o carácter falacioso da autonomia”. A forma de Governo oligárquica significa que “nem a composição do Governo (Chefe do Executivo e Secretários), nem a composição maioritária da AL são determinadas, directa ou indirectamente, pelo voto popular”. Por seu turno, diz António Katchi, “um típico sistema de Governo presidencialista permitiria que os membros do Governo – ou, pelo menos, o Chefe do Executivo – fossem destituídos pela AL por razões jurídicas de particular gravidade, através de um processo de ‘impeachment’”. Acontece que não é esse o sistema da região, dada a subordinação do Governo de Macau ao Governo Popular Central, “em termos que limitam – e falsificam – grandemente a autonomia de Macau e, instrumentalmente, reforçam a supremacia do Chefe do Executivo no quadro do sistema político local”, razão que leva o professor a falar em sistema “ultrapresidencialista”. Precisamente porque é Pequim que manda, mesmo que o Chefe do Executivo proponha a exoneração de um membro da sua equipa governativa, nada garante que tal se verifique. “Pode até suceder que o Chefe do Executivo queira deixar cair um secretário mal visto na AL ou na opinião pública mas, se o Governo Popular Central resolver segurá-lo, nada feito”. Resumindo e concluindo, para António Katchi, “a solução estaria, ou começaria, na correcção destes três males”. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
4 POLÍTICA
hoje macau segunda-feira 6.2.2017
Trânsito PEREIRA COUTINHO ALERTA PARA TRANSTORNO DAS OBRAS
Uma carga de trabalhos
O
deputado Pereira Coutinho interpelou o Executivo relativamente à enorme quantidade de obras nas vias rodoviários de Macau previstas para este ano. De acordo com dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos, o Conselho Consultivo do Trânsito recebeu no ano transacto 485 pedidos para realização de obras nas vias, sendo que 77 já foram concluídas. Na interpelação escrita o deputado recorda que a área terrestre da cidade é de 30,4 km2, o que dá uma média de 16 obras por quilómetro quadrado. O representante da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), reitera que tem recebido queixas de cidadãos cansados dos “engarrafamentos e as frequentes escavações nas vias”, que “estreitam tanto os passeios para os peões, como as faixas para os veículos”. A situação adensa-se quando se trata de obras de grande envergadura que se prolongam por largos períodos de tempo. Neste capítulo, a interpelação destaca os trabalhos da “Rotunda Ouvidor Arriaga e da Rotunda do Estádio da Taipa, cuja conclusão exige mais de cem dias”. Pereira
SOFIA MOTA
Em interpelação escrita ao Executivo, Pereira Coutinho pede transparência sobre as obras realizadas nas vias rodoviárias, o uso de betão na pavimentação das estradas e padrões claros nos trabalhos Coutinho tenta sensibilizar o Executivo para o transtorno provocado a quem têm de circular em vias entupidas de trânsito, em especial à hora de ponta. Destaca ainda que a ATFPM recebeu indicações de cidadãos de que em obras recentes “não se vê ninguém a trabalhar nas partes vedadas, nem qualquer aviso, ou informação sobre as obras”. Neste sentido, o deputado pede explicações sobre a existência de medidas concretas que visem trazer transparência aos trabalhos realizados, nomeadamente o nome do construtor, o prazo de conclusão e o responsável pela mesma.
O deputado recorda que a área terrestre de Macau é 30,4 km2, o que dá uma média de 16 obras por quilómetro quadrado
PAVIMENTO E OBRAS NOCTURNAS
Pereira Coutinho aproveitou também para se referir ao material que pavimenta as vias de Macau, alertando para o rápido desgaste do alcatrão, que requer manutenção constante. Esta degradação é aumentada pela grande quantidade de veículos em circulação e as chuvas, causando “despesas do erário público” desnecessárias. O deputado dá como exemplo a seguir Avenida Almeida Ribeiro, onde se utilizou-se betão no pavimento, sem necessidade de grandes reparações nas últimas
três décadas. Nesse sentido, Pereira Coutinho sugere ao Executivo que passe a usar este material, em alternativa ao alca-
trão na repavimentação das vias. Uma das preocupações referidas pelo representante da ATFPM prende-se com a falta de critérios e padrões sobre a reparação e pavimentação das vias, assim como “a desactualização grave das respectivas normas”. Na interpelação escrita o deputado sugere ainda que “as obras que provocam menos ruído podem ser efectuadas durante a noite, a fim de encurtar o prazo da sua conclusão”.
AMBIENTE EXECUTIVO INCENTIVA ABATE DE MOTOCICLOS POLUIDORES
C
HEGOU ao fim a discussão por parte do Conselho Executivo do “Plano de Apoio Financeiro ao Abate de Motociclos e Ciclomotores com Motor a Dois Tempos”. A estratégia delineada pelo Governo visa melhorar a qualidade do ar em Macau, reduzir a poluição atmosférica e implementar os planos de acção definidos pelo “Planeamento da Protecção Ambiental de Macau (2010-2020)”. Foram ouvidos para a elaboração do plano o Conselho Consultivo do Ambiente, o Conselho Consultivo do Trânsito, assim como organizações do sector comercial de veículos e transportes e organizações sociais e de protecção ambiental. Em comunicado, o Conselho Executivo anunciou que o plano de apoio financeiro será lançado no enquadramento do Fundo para a Protecção Ambiental e a Conservação Energética (FPACE). A medida procura incentivar os proprietários a entregar os veículos para abate à Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental, tendo sido proposto o montante de 3500 patacas, por motociclo, para compensar o proprietário. Quem estiver interessado terá de requer a concessão do apoio junto do presidente do conselho administrativo do FPACE. O Conselho Executivo fixou como requisitos essenciais que os beneficiários tenham pago o respectivo imposto de circulação, ou dele estejam isentos. De salientar ainda que não são abrangidos os veículos com uma nova matrícula emitida após o dia 1 de Setembro de 2014. O prazo para apresentar candidaturas ao apoio financeiro é fixado por despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas.
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Direcção dos Serviços de Identificação AVISO Assunto: Alteração do estado civil e dos dados de contacto Nos termos da lei, por mudança do estado civil, os residentes de Macau devem actualizar essa informação na DSI no prazo de 60 dias. Para além disso, deve ser procedida a actualização dos dados de contacto (ex: morada, telefone, etc), sempre que se verifique a alteração dessas informações. Para pormenores, queira visitar o site da DSI: www.dsi.gov.mo ou ligar para a linha de informação: 28370777.
DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL IMPOSTO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS Faz-se saber, face ao disposto no artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Regulamento do Imposto Complementar de Rendimentos, aprovado pela Lei n.º 21/78/M, de 9 de Setembro, que, durante os meses de Fevereiro e Março do ano em curso, as pessoas singulares e colectivas não enquadráveis no artigo 4.º, n.º 2, do mesmo Regulamento, com as alterações introduzidas pelo artigo 1.º da Lei n.º 6/83/M, de 2 de Julho, e artigo 3.º da Lei n.º 4/90/M, de 4 de Junho, que tenham auferido na Região Administrativa Especial de Macau, em relação ao exercício de 2016, rendimentos abrangidos pelo artigo 3.º do citado Regulamento, com as alterações introduzidas pelo n.º 2 do artigo 3.º do citado Regulamento, com as alterações introduzidas pelo n.º 2 do artigo 5.º, da Lei n.º 12/2003, deverão apresentar em duplicado, a declaração de rendimentos, modelo M/1, sob pena de multa prevista no artigo 64.º do referido Regulamento. As declarações poderão ser apresentadas no 2.º Centro de Serviços, sito no Edifício “Finanças”, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa, podendo ainda as mesmas serem apresentadas através do serviço electrónico desta Direcção de Serviços. Aos 4 de Janeiro de 2017 O Director dos Serviços Iong Kong Leong
5 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
A
Universidade de Jinan voltou a ser notícia em finais do ano passado quando o Chefe do Executivo, Chui Sai On, se deslocou ao continente para participar num jantar de celebração dos 110 anos da instituição de ensino superior, após a polémica doação de 100 milhões PUB
Jantares indigestos
Deputado volta a questionar financiamento de actividades em Jinam
“Para além do jantar da Universidade de Jinan, quais foram as outras actividades realizadas? Quais foram os serviços públicos que financiaram essas outras actividades? Qual foi o gasto total do dinheiro público para isto?”
GCS
Leong Veng Chai quer saber quantas actividades relacionadas com a Universidade de Jinan foram custeadas pelo Executivo de Macau, meses depois da deslocação de Chui Sai On para participar no jantar dos 110 anos da instituição de ensino
LEONG VENG CHAI DEPUTADO de renmimbi por parte do Governo de Macau. O mesmo jantar foi pago pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST). O deputado Leong Veng Chai considera, contudo, que o Governo tem de explicitar todas as actividades relacionadas com a Universidade de Jinan que já custeou. “Para além do jantar
da Universidade de Jinan, quais foram as outras actividades realizadas? Quais foram os serviços públicos que financiaram essas outras actividades? Qual foi o gasto total do dinheiro público para isto?”, questionou o deputado numa interpelação escrita. Referindo-se ao jantar, Leong Veng Chai lembra que “o logótipo
da Fundação Macau estava nesse pano de fundo”. “Outras notícias relataram que, para além do jantar ter sido pago pela DST, houve ainda outras actividades que foram, provavelmente, financiadas por outros serviços públicos de Macau. No entanto, o Governo não deu resposta precisa aos cidadãos”, acrescentou o deputado, número
POLÍTICA
dois de José Pereira Coutinho na Assembleia Legislativa (AL).
QUE REGRAS?
O financiamento do jantar de aniversário obrigou a responsável máxima pela DST, Helena de Senna Fernandes, a dar explicações aos jornalistas, tendo esta referido, segundo Leong Veng Chai, que “o financiamento do referido jantar tinha sido aprovado pelo secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, e que não tinha sido definido nenhum limite máximo quanto ao seu valor”. Ainda assim, Leong Veng Chai não se mostra satisfeito e deseja saber quais os critérios utilizados para a concessão dos apoios financeiros. “A directora (Helena de Senna Fernandes) afirmou aos jornalistas que nas futuras aprovações dos pedidos de financiamento ia considerar divulgar ao público mais informações. Então quais são as condições e os padrões ao nível da aprovação de financiamentos?”, interpelou. O deputado questionou ainda se “as condições e os padrões para a aprovação dos pedidos locais e do estrangeiro são iguais”. “Durante o processo de apreciação e aprovação, quais são as informações que o Governo vai divulgar?”, inquiriu ainda Leong Veng Chai. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
6 SOCIEDADE
hoje macau segunda-feira 6.2.2017
GCS
Os cabos do medo Associação alerta para problemas na rede eléctrica do território
A
Gripe das aves ABATIDAS MAIS DE 10 MIL GALINHAS E POMBOS
Limpa tudo outra vez As autoridades de Macau abateram no início deste fim-de-semana mais de 10 mil aves de capoeira, horas depois de ter sido de novo detectado o vírus da gripe das aves. Está suspensa a venda nos mercados
A
descoberta do vírus levou as autoridades a activarem o plano de contingência, que inclui o abate de todas as aves, neste caso 10.380 – 8245 galinhas e 2135 pombos –, informaram as autoridades em conferência de imprensa. Este é pelo menos o quinto caso de abate de aves por gripe aviária em menos de um ano, e o segundo nesta época de ano novo lunar, quando há uma maior procura por galinhas, um ingrediente essencial nos banquetes festivos. O vírus, de subtipo H7, foi detectado numa das amostras do lote de aves vivas importadas, sendo que as galinhas e pombos do referido lote não chegaram a entrar no mercado abastecedor de Macau, de onde habitualmente seguem para venda ao público nos mercados da cidade. “Em vários testes de análise, quatro tubos registaram problemas”, disse o presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), José Tavares.
Além do abate e da limpeza especial do mercado abastecedor, a venda de aves vivas ficou suspensa por, pelo menos, três dias. Segundo José Tavares, quatro pessoas tiveram contacto directo com as aves, desde o respectivo transporte do interior da China para Macau: “Dois condutores e dois operários de transporte”. “Entretanto, voltaram para a China. As autoridades chinesas já foram alertadas”, disse.
O VALOR DA OPOSIÇÃO POPULAR
A última vez que o vírus das aves tinha sido detectado em Macau foi no passado dia 26, um dia antes da entrada do ano novo chinês, levando ao abate de 18.261 aves. Antes deste caso, tinha havido outro abate de aves de capoeira (cerca de 10 mil) pelo mesmo motivo em Dezembro, o que gerou o primeiro caso de infecção humana, num dono de uma banca de venda de aves por grosso. O homem, entretanto, recuperou.
A 12 de Janeiro deste ano registou-se o primeiro caso importado de H7N9 numa mulher de Macau, mas com residência na China, onde criava galinhas e fez compras em mercados de aves. Os Serviços de Saúde informaram entretanto que a mulher de 72 anos passou para a enfermaria geral, depois de ter estado três semanas em isolamento no hospital público.
As autoridades não têm revelado o fornecedor dos lotes infectados, mas garantem que não foi sempre o mesmo As autoridades não têm revelado o fornecedor dos lotes infectados, mas garantem que não foi sempre o mesmo. Apesar de a substituição de aves vivas por refrigeradas ser
um objectivo do Governo, não há ainda qualquer calendarização para essa medida. Um estudo divulgado em Junho do ano passado indicou que quatro em cada dez residentes de Macau se opõem à substituição de aves vivas por refrigeradas. O inquérito, destinado a avaliar a reacção do público à medida que o Governo pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária, concluiu que 42,2 por cento dos 1026 inquiridos manifestam-se contra ou absolutamente contra a medida, 24,2 por cento exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3 por cento afirmaram serem indiferentes ao assunto. A Organização Mundial de Saúde anunciou em Janeiro estar em alerta perante a propagação de surtos de gripe das aves, com casos reportados em cerca de 40 países desde Setembro passado.
Associação Synergy Macau realizou ontem uma conferência de imprensa onde deixou um alerta sobre os actuais problemas da rede eléctrica de Macau, ao nível das infra-estruturas e fornecimento de energia. Os responsáveis da associação, onde se inclui o coordenador Lam U Tou, também membro da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), denunciaram os problemas existentes com os cabos eléctricos na subestações do Canal dos Patos e Lótus que começaram a funcionar em 2012 e deveriam ter um prazo de validade de 30 anos. Contudo, a associação fala de problemas ao fim de dois anos de funcionamento. Para Lam U Tou, isto faz com que a maioria das zonas do território sofram variações ao nível do fornecimento. Os referidos cabos eléctricos terão custado 240 milhões de patacas à Companhia de Electricidade de Macau (CEM) e só em 2014 originaram três curto-circuitos, no espaço de um mês. “Houve elevadores e aparelhos electrónicos que pararam de funcionar por causa disso. Quando ocorreu o segundo curto circuito, o fornecimento de internet também foi afectado”, explicou Lam U Tou. Na visão da Synergy Macau, faltam respostas por parte das autoridades. “Em 2014 a CEM disse que iria entregar ao Governo um relatório sobre os casos ocorridos e que iria examinar os cabos eléctricos, mas já passaram quase três anos e ainda não foram divulgadas informações”, acrescentou o mesmo responsável.
OBRAS PERIGOSAS
Lam U Tou falou ainda as obras viárias que irão ocorrer ao longo deste ano, as quais incluem trabalhos de reconstrução de cabos eléctricos, tanto na península, como nas ilhas. A associação estima que a reconstrução dos cabos eléctricos irá causar um grande impacto ao trânsito, tal como as restantes obras. “Normalmente os cabos eléctricos têm um prazo de validade de 30 anos. Porque é que existem tantos problemas ao fim de dois anos de funcionamento, e agora é necessária uma reconstrução? O Governo e a CEM devem dar explicações sobre o assunto”, defendeu Lam U Tou. A associação quer ainda saber quem vai suportar os custos das reconstruções, e quais são as medidas que a CEM e o Governo vão adoptar para que os problemas não ocorram novamente. A Synergy Macau promete reunir com o Gabinete para o Desenvolvimento do Sector Energético e com a CEM, por forma a obter mais informações. Os membros da Synergy Macao mencionaram que a associação visa prestar atenção aos diversos assuntos políticos e sociais, tendo o objectivo de juntar especialistas das áreas diferentes, para tentar resolver problemas existentes na sociedade. Vítor Ng (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo
7 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
SANDS APOIA SCM NA DOAÇÃO DE CABAZES A FAMÍLIAS CARENCIADAS
Pelo quinto ano consecutivo a operadora de Jogo Sands China voltou a dar apoio à Santa Casa da Misericórdia (SCM) para a concessão de cabazes alimentares a mais de 360 famílias com dificuldades económicas. No total foram concedidas 300 mil patacas, sendo que os cabazes foram entregues no sábado. Segundo um comunicado da SCM, “quarenta voluntários da empresa apoiaram a entrega dos cabazes que passaram a incluir azeite, enlatados, massas e biscoitos portugueses entre os produtos distribuídos, tendo oferecido ainda uma prenda especial do Ano Novo Lunar”. O projecto de solidariedade da SCM arrancou em 2013 e até agora já apoiou 15 mil famílias com carências económicas.
O
S Assuntos de Tráfego e a PSP efectuaram, no ano passado, 95 acções de fiscalização rodoviária que incidiram nas emissões de veículos a gasóleo. Ao todo, foram inspeccionados 709 veículos, sendo que 562 foram aprovados. Tal significa que a taxa de aprovação foi de 79 por cento, um aumento de quatro por cento em comparação com 2015. Os veículos ligeiros de mercadorias e os táxis foram aqueles que se saíram pior nas inspecções. As acções de fiscalização foram levadas a cabo em 20 locais do território. As inspecções incluíram veículos pesados de mercadorias, veículos ligeiros de mercadorias, autocarros de turismo, autocarros públicos e táxis, tendo sido verificados mais 41 veículos comparativamente com 2015.
VIAGENS CUIDADO COM A FEBRE-AMARELA
O
aviso é feito pelos Serviços de Saúde: os residentes que pretendam viajar para o Brasil devem proceder à vacinação contra a febre-amarela. Desde o passado mês de Dezembro que no Brasil têm sido registados diversos surtos de febre-amarela, sendo que se tem verificado um aumento contínuo dos casos. De acordo com as informações das autoridades de saúde brasileiras, até ao passado dia 2 de Fevereiro foram registados 777 casos suspeitos da doença, dos quais 138 já foram confirmados. Os surtos fizeram 128 mortos. A febre-amarela é uma doença transmissível aguda, contraída principalmente através de picadas de mosquitos Aedes, em regiões tropicais da
América Central e do Sul, e de África. Os sintomas da doença são essencialmente febre, icterícia e hemorragias. Após a infecção, só cerca de cinco a 20 por cento das pessoas apresentam sintomas; uma minoria das pessoas apresenta sintomas graves ou morre da doença. Ainda não existe um tratamento específico contra a febre-amarela. Contudo, existem vacinas. Os Serviços de Saúde aconselham, por isso, os residentes que queiram viajar para o Brasil – ou outros países e territórios onde existam surtos de febre-amarela – a recorrer aos centros de saúde do Tap Seac e dos Jardins do Oceano, na Taipa, para serem vacinados, pelo menos dez dias antes da viagem.
Inspecções QUASE 80 POR CENTO DOS VEÍCULOS A GASÓLEO PASSARAM NOS TESTES
A maioria porta-se bem DSAT
As contas são de 2016 e mostram uma melhoria em relação ao ano anterior. Mas 21 por cento dos veículos a gasóleo continuam a lançar para o ar gases em excesso, o que contribui para a poluição do ar do território
SOCIEDADE
Dos 147 veículos com excesso de emissão de gases, 14 eram veículos de pesados de mercadorias, 118 veículos ligeiros de mercadorias, quatro autocarros de turismo e 11 táxis. “Isto mostra que é ainda relativamente grave o excesso de emissão de gases dos veículos ligeiros de mercadorias”, indica uma nota enviada à imprensa pelos Assuntos de Tráfego. As autoridades prometem “continuar a procurar locais adequados à realização de acções de fiscalização rodoviária e reforçar a inspecção aleatória, com vista a sensibilizar os proprietários sobre a importância das emissões de gases, e a manutenção e conservação dos seus veículos”.
MAIS LIMITES
Este ano, os veículos a gasóleo vão ter novas regras: a 1 de Julho, entra em vigor o regulamento administrativo sobre os valores-limite de emissão de gases de escape poluentes dos veículos em circulação e métodos de medição. O limite máximo permitido para emissão de gases de escape dos veículos a gasóleos será reduzido de 60 para 45 HSU. O diploma abrange ainda os gases de escape poluentes dos motociclos e ciclomotores, dos automóveis a gasolina e dos automóveis a gás natural.
“É ainda relativamente grave o excesso de emissão de gases dos veículos ligeiros de mercadorias.” ASSUNTOS DE TRÁFEGO Quem não tiver os veículos em condições corre o risco de gastar mais em inspecções, uma vez que tabela de taxas e preços da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego foi actualizada. Se um veículo a gasóleo não passar na inspecção por causa das emissões, além da multa no valor de 600 patacas, o proprietário deve submeter obrigatoriamente o veículo à inspecção extraordinária, tendo que pagar uma taxa no valor de 2000 patacas. Se o proprietário não requerer, dentro do prazo fixado, a inspecção extraordinária, ser-lhe-á cobrada uma taxa adicional de 2000 patacas por cada mês de atraso.
8 EVENTOS
Cinema JOSHUA WONG EM DOCUMENTÁRIO “INSPIRADOR” PARA NORTE-AMERI
Um activista que é EXPOSIÇÃO REALIDADE DAS EMPREGADAS DE HONG KONG EM LISBOA
A
realidade das empregadas domésticas filipinas que residem em Hong Kong vai estar exposta em Lisboa na exposição “Arquivo e Democracia”, com fotografias de José Maçãs de Carvalho. A iniciativa estará patente no novo Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia e é inaugurada amanhã. “José Maçãs de Carvalho. Arquivo e Democracia”, com curadoria de Ana Rito, reúne trabalhos fotográficos e videográficos da obra do fotógrafo num projecto desenvolvido no oriente. A exposição documenta um acontecimento protagonizado por uma comunidade de empregadas domésticas filipinas, que se reúnem nas ruas do centro de Hong Kong, habitando-as como se de uma casa ou um quarto se tratasse, fazendo coincidir o espaço público com o espaço privado.
“As filipinas são imigrantes e ocupam o último lugar da pirâmide social de Hong Kong. São as empregadas domésticas dos chineses, ganham miseravelmente e não podem, nem em grupo, alugar quartos. Por isso dormem nas casas onde trabalham, nas cozinhas, em camas desmontáveis. Têm um dia de folga que é o domingo e invadem, literalmente, o centro da cidade”, explica o artista numa nota sobre a exposição. A exposição “Dimensões Variáveis”, também inaugurada amanhã no MAAT, tem curadoria de Gregory Lang & Inês Grosso e vai propor “um novo olhar e novos diálogos sobre a relação entre artistas e arquitectura”, com obras de mais de 40 artistas e arquitectos portugueses e estrangeiros.
Um documentário sobre o jovem de Hong Kong que fundou o movimento Scholarism está a dar que falar nos Estados Unidos. “Joshua: Teenager vs. Superpower” foi distinguido com o prémio do público no Sundance Film Festival
O
activista Joshua Wong, que se tornou o rosto dos protestos pró-democracia em Hong Kong há dois anos, quando ainda era um adolescente, é a estrela de um documentário que está a inspirar os norte-americanos, conta a Agência Lusa. Assinado pelo cineasta Joe Piscatella, “Joshua: Teenager vs. Superpower” é o novo documentário sobre o jovem activista de Hong Kong, que no final de Janeiro conquistou o prémio do público no Sundance Film Festival na competição dedicada ao World Cinema Documentary. “A reacção [do público norte-americano] foi muito, muito boa. (…) Tivemos conversas muito interessantes nas sessões”, disse à Lusa o também activista de Hong Kong Derek Lam, que acompanhou Joe Piscatella e Joshua Wong
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ao Sundance Film Festival, nos Estados Unidos. O documentário, que acompanha o activismo de Joshua Wong, aborda directa e indirectamente vários acontecimentos relacionados com a sociedade chinesa, incluindo a repressão estudantil na Praça de Tiananmen, a 4 de Junho de 1989, em Pequim,
e a transição de Hong Kong da soberania britânica para a China, a 1 de Julho de 1997, explicou Derek Lam. “Este filme é uma introdução muito boa sobre a situação política em Hong Kong”, para aqueles que se interessam pela “história ou em saber por que é que é uma cidade tão diferente de outras na China”, disse.
“O ponto principal” é que o público ocidental “vai ficar a saber mais sobre a situação política em Hong Kong”, disse Derek Lam, afirmando que “talvez o mais importante” é que o filme inspira as pessoas a lutar pela defesa dos ideais em que acreditam. Milhares de pessoas têm-se manifestado nos Estados
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
A maior parte das crónicas reunidas neste livro surgiram ao fim de dois anos de muita insistência por parte da autora à direcção do semanário O Independente, onde colaborava há cerca de três anos. Com o término dos suplementos anteriores, que deram lugar ao suplemento Vida, foi possível concretizar o que, mais do que um sonho, foi sempre uma certeza da autora - a de que iria «abanar os alicerces» de algumas mentalidades. Assim foi e, durante cerca de sete meses de duração da rubrica homónima, falou-se semanalmente, sem tabus, de sexo e relacionamentos, obviamente numa perspectiva autobiográfica (e não só, que os amigos deram ajudas preciosas com as respectivas experiências!), com humor, ironia e sentido de oportunidade e actualidade. Para além dessas, o livro reúne igualmente crónicas originais e outras da Perspectiva, da coluna Cambalhotas do Destak e da rubrica A Guerra dos Sexos da Maxmen. As crónicas estão organizadas num sistema crescente de «malaguetas»: as primeiras são relativamente toleráveis, mas para as mais picantes será conveniente prepararem o antídoto!
A PRINCESA E O PRESIDENTE • Valéry Giscard d’Estaing
A Princesa e o Presidente conta a história entre Jacques-Henri Lambertye, Presidente de França, e Patrícia, a Princesa de Cardiff. Nestas páginas, o leitor assiste aos seus primeiros encontros e ao nascimento de um amor que, rapidamente, se tornará o centro das suas vidas agitadas. Tendo como pano de fundo os palácios da república francesa e da monarquia britânica, a aproximação entre ficção e realidade é evidente, fazendo-nos crer que, até hoje, ninguém saberia a verdadeira história de amor daquela que o autor apelida de Princesa de Cardiff.
9 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
ICANOS
é uma estrela
Unidos em protesto contra a eleição, tomada de posse, e medidas de Donald Trump desde que é Presidente. “Muitas vezes nas sessões de perguntas e respostas [após a exibição do filme] falavam do Presidente [Donald] Trump e perguntavam-nos o que podiam fazer. Talvez este filme lhes dê alguma inspiração: se queres mesmo mudar a tua situação, é altura de te afirmares”, disse.
EM HONG KONG NEM POR ISSO
Além da distinção no Sundance Film Festival, o documentário “Joshua: Teenager vs. Superpower” foi seleccionado pela Netflix, serviço norte-americano de televisão pela Internet. Já a exibição em Hong Kong é vista como “difícil” por Derek Lam. “As salas de
“Este filme é uma introdução muito boa sobre a situação política em Hong Kong.” DEREK LAM ACTIVISTA cinema têm uma autocensura muito grande. É quase impossível”, disse. No ano passado, o filme “Ten Years”, sobre a próxima década em Hong Kong sob a influência chinesa – eleito “melhor filme” nos Hong Kong Film Awards –, foi um sucesso de bilheteira até ter sido retirado das salas de cinemas da antiga colónia
britânica pelo que vários observadores apontaram como razões políticas. Nascido em 1996, Joshua Wong era um aluno do secundário quando, aos 14 anos, fundou o grupo estudantil Scholarism, que liderou a luta contra a disciplina de Educação Nacional que o Governo de Hong Kong pretendia introduzir nas escolas em 2012. Joshua Wong continuou os protestos de rua, ficando internacionalmente conhecido como o rosto das manifestações pró-democracia e em prol do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo que paralisaram várias zonas de Hong Kong durante 79 dias em 2014. Esses protestos, conhecidos por “Umbrella Movement” [Movimento dos Guarda-Chuvas], acabaram, no entanto, por ser desmobilizados pelas autoridades, sem qualquer concessão por parte do Governo, mantendo-se o ‘status quo’ na escolha do líder da cidade por um colégio eleitoral de apenas 1200 membros, a maioria ligados a interesses pró-Pequim. Em 2016, Joshua Wong co-fundou o partido político Demosisto, que defende a realização de um referendo sobre a “autodeterminação” e o futuro estatuto de Hong Kong após 2047. Em Setembro, o Demosisto elegeu Nathan Law, de 23 anos, como o mais novo deputado de Hong Kong. Na altura, com apenas 19 anos, Joshua Wong não se candidatou por não ter a idade mínima exigida de 21 anos. O agora estudante universitário de 20 anos continua também a participar em fóruns e palestras, tendo sido notícia quando foi impedido de entrar na Malásia e Tailândia, e já este ano atacado em Taiwan, juntamente com outros activistas e deputados, por manifestantes pró-Pequim. “Não ganhámos a última batalha”, disse, afirmando, no entanto, que continua “optimista em ganhar a guerra”, disse à AFP Joshua Wong.
EVENTOS
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Lespedeza Nome botânico: Lespedeza capitata Michx. Sinonímia científica: Lespedeza bicknellii House Família: Fabaceae (Leguminosae). Nativa do Leste dos Estados Unidos da América, a Lespedeza cresce em bosques abertos e secos, dunas e pradarias. Trata-se de um arbusto que pode alcançar um metro e meio de altura, com caule erecto e lenhoso na base, apenas ramificado no topo que suporta as inflorescências; as folhas são numerosas, compostas, com três folíolos elípticos, tendo as mais jovens uma aparência sedosa (pubescentes). As flores, brancas com uma macha purpúrea, são hermafroditas e encontram-se agrupadas em inflorescências esféricas e compactas. O fruto é uma vagem oval e contém uma semente muito apreciada pelas codornizes. As raízes apresentam nodosidades onde vivem bactérias (Rhizobium) que permitem à planta a fixação do azoto atmosférico. As cabeças de sementes são atraentes e podem ser usadas em arranjos de flores secas e bouquets. Enquanto leguminosa, a Lespedeza é uma erva saborosa e nutritiva para o gado pastar, enriquecendo a sua dieta em azoto e proteínas. Embora não seja consumida como alimento pelo Homem, várias tribos de índios norte-americanos utilizaram-na como planta medicinal. Os Comanches faziam uma decocção das folhas tomando-a como bebida, os Meskwaki empregavam a raiz como antídoto em caso de envenenamento, e os Omaha e Ponca usavam as raízes em moxabustão como analgésico e anti-reumático para o tratamento de neuralgias e reumatismo. Actualmente, tem sido alvo de alguma investigação. Em fitoterapia são usadas as partes aéreas floridas. Composição Elevado teor em flavonóides (isoorientina, lespedina, rutina, vitexina) e taninos catéquicos; contém ainda glúcidos, sais minerais e pigmentos. Acção terapêutica Com acção diurética, a Lespedeza aumenta a eliminação de ácido úrico, ureia e outros compostos azotados, reduzindo os seus níveis no sangue; tem ainda acção anti-inflamatória e anti-reumática. Tem sido tradicionalmente usada nas situações que requeiram um aumento da ex-
creção urinária, como inflamações urinárias (uretrite, cistite, ureterite, pielonefrite), oligúria (diminuição da excreção da urina), ácido úrico elevado, cálculos renais e gota; hipertensão arterial, edemas e obesidade acompanhada de retenção de líquidos; hiperplasia benigna da próstata e prostatite; para reduzir os teores sanguíneos elevados de ureia e creatinina e para melhorar a função renal na doença renal crónica e insuficiência renal ligeira. Por diminuir a taxa de colesterol sanguíneo, esta erva pode ser útil no tratamento do colesterol elevado e na prevenção da arteriosclerose. Aos diabéticos, reduz suavemente a glicemia. Pela actividade antidiarreica, é usada em caso de diarreias. Outras propriedades Externamente, a Lespedeza tem actividade adstringente e cicatrizante, sendo empregue nas inflamações da pele e mucosas: feridas e ulcerações dérmicas, bucais ou corneais; parodontopatias, faringites, blefarites e conjuntivites; dermatites, eritemas, prurido e vulvovaginites. Como tomar Uso interno: • Infusão das partes aéreas floridas: 1 colher de sobremesa por chávena de água fervente. • Tomar 3 a 4 chávenas por dia. •A planta, em simples, também pode ser tomada em xarope e tintura. Também pode ser administrada em fórmulas de plantas. Precauções A Lespedeza é uma planta muito bem tolerada e de escassa toxicidade. No entanto, pela abundância em taninos pode produzir transtornos gástricos. Está contra-indicada na insuficiência renal grave e em caso de gastrite e úlcera gastroduodenal. Em doses elevadas, devido à acção diurética, pode aumentar a eliminação de potássio e produzir descompensações tensionais ou potencializar o efeito dos cardiotónicos. Assim, na presença de hipertensão arterial, cardiopatias e insuficiência renal moderada ou grave, deve ser administrada sob vigilância de um profissional. Controlar a glicemia na diabetes e, se necessário, ajustar a dose de insulina ou antidiabéticos orais. A sua segurança durante a gravidez e lactação ainda não foi avaliada. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
10 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
NÚMERO RECORDE DE VIAGENS AO ESTRANGEIRO NO ANO NOVO LUNAR
A
China registou um número recorde de viagens ao estrangeiro durante o Ano Novo Lunar, um total de 6,15 milhões, segundo dados oficiais publicados sexta-feira. Trata-se de um aumento de 7% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados da Administração Nacional de Turismo da China. As viagens ao estrangeiro ganham peso nestas datas especiais, que para muitos são o único período alargado de férias, ainda que continuem a ser um número reduzido, sendo que se registaram 344 milhões
de deslocações na China na semana de feriados, 13,8% mais que no ano anterior. Os dados referem-se apenas à semana de férias que começou no dia 27 de Janeiro, apesar de a época alta incluir 40 dias e as autoridades calcularem que no total acontecem 3.000 milhões de viagens em todo o país, sobretudo por estrada mas também de comboio. Durante o Ano Novo chinês, milhões de pessoas voltam à sua terra natal para celebrar a época em família, naquela que é a maior migração anual do mundo, apesar de ser cada vez mais popular passar a data em viagem, dentro ou fora da China. A semana festiva do Ano Novo Lunar terminou na quinta-feira e a pouco a pouco o país começa a retomar a actividade, à medida que centenas de milhões de pessoas regressam ao trabalho.
QUEDA DE CASAS MATA SETE PESSOAS NO LESTE DO PAÍS
Sete pessoas morreram após a queda de um grupo de casas no leste da China, anunciou sexta-feira o governo local. O governo do condado de Wencheng disse no seu microblogue oficial que duas pessoas foram resgatadas dos destroços de quatro casas, com vários pisos, nos arredores da cidade de Wenzhou, na província de Zhejiang, a sul de Xangai. As pessoas foram levadas para o hospital sem que se saiba mais pormenores sobre a sua condição. Não foi apresentada ainda qualquer causa para o colapso dos edifícios, na quinta-feira, nem relatos de condições meteorológicas extremas nos últimos dias. O governo de Wencheng disse ter aberto uma investigação. Em Outubro, 22 pessoas morreram perto de Wenzhou quando um aglomerado de casas decrépitas se desmoronou, aparentemente devido à fraca construção e a terem sido erguidos pisos adicionais sobre fundações instáveis.
HKFP/CATHERINE LAI
CHINA
HK EMPREGADAS DOMÉSTICAS CONTRA TRUMP
Vozes ao alto
C
ERCA de 200 pessoas convocadas pela Aliança Internacional dos Migrantes de Hong Kong voltaram domingo a protestar contra a ordem do Presidente Donald Trump para vetar a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados. Sob o lema “Abaixo o veto!” e “Parem a tirania de Trump!”, os manifestantes percorreram várias ruas de Hong Kong, deslocando-se até ao Consulado dos Estados Unidos para protestarem contra a medida do Presidente norte-americano que foi entretanto revogada por um juiz mas pode voltar a entrar em vigor. A maioria dos participantes no protesto foram mulheres de origem indonésia, que residem na cidade com um visto especial para trabalharem como empregadas domésticas e que usaram a sua única folga semanal para estar na manifestação. Hong Kong tem uma comunidade de cerca de 340 mil trabalhadores domésticos, a maioria mulheres, quase metade da Indonésia e cujas condições de trabalho têm sido duramente criticadas por sindicatos, já que têm um salário mínimo de 500 dólares norte-americanos mensais e são obrigados a viver em casa
das famílias que os contratam, sendo que o seu visto não lhes permite obter residência permanente. Em comunicado, a activista, representante do grupo e organizadora do protesto Eni Lestari qualificou a ordem de “racista, anti-imigrante e anti-refugiados”. “Com as suas políticas e ordens, a presidência de Trump representa uma ameaça à solidariedade, ao entendi-
“Com as suas políticas e ordens, a presidência de Trump representa uma ameaça à solidariedade, ao entendimento racial e à justiça que muitos de nós defendemos e promovemos. Não permitiremos que isso aconteça.” ENI LESTARI ORGANIZADORA DO PROTESTO
mento racial e à justiça que muitos de nós defendemos e promovemos. Não permitiremos que isso aconteça”, afirmou Lestari. “Os muçulmanos não são terroristas” e “Contra a islamofobia” eram algumas das mensagens que se podiam ler nos cartazes dos manifestantes, que gritavam “Não ao veto, não ao muro”, em referência à intenção da administração Trump de erguer um muro na fronteira com o México.
À ESPERA DE ASILO
Trata-se do segundo protesto que acontece em Hong Kong contra a política migratória de Trump desde que este tomou posse no passado dia 20 de Janeiro. A marcha anterior aconteceu na passada quarta-feira, 1 de Fevereiro, e atraiu uma centena de pessoas, incluindo políticos, activistas e representantes de grupos religiosos de Hong Kong. A ex-colónica britânica acolhe cerca de 11 mil requerentes de asilo, segundo dados oficiais de Setembro de 2016, dos quais meio milhar são menores e a maioria vem do Vietname, Índia e Paquistão. A situação destes requerentes de asilo tem sido debatida publicamente nos últimos meses, dado que a sua condição não permite que trabalhem em Hong Kong e o processo para obterem o estatuto de refugiado pode durar anos. Enquanto esperam recebem subsídios sociais no valor de 400 dólares norte-americanos mensais.
11 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
Sem paz ao fundo do túnel
O
Presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, pôs fim às negociações de paz com insurgentes comunistas depois de tanto Governo como rebeldes terem cancelado unilateralmente o cessar-fogo que tinha como objectivo acabar com o conflito de décadas. Duterte, um autoproclamado socialista que chegou a libertar líderes comunistas de modo a impulsionar as negociações de paz, condenou enfaticamente os insurgentes por terem recomeçado as hostilidades, dizendo estar pronto para um conflito prolongado. “Disse aos soldados para se prepararem para uma longa guerra. Disse que [a paz] não surgirá na nossa geração”, afirmou no sábado à noite. Os dois lados declararam separadamente cessar-fogos em Agosto, e o acordo informal funcionou, ao mesmo tempo que continuavam as discussões em Roma. O Presidente disse estar agora a ordenar aos negociadores
AFP
Duterte põe fim a negociações com rebeldes maoistas
do Governo para “fazerem as malas e regressarem a casa”, deixando as negociações com os líderes rebeldes que decorrem no estrangeiro. “Não estou interessado em falar com eles. Recuso-me a falar mais do assunto”, disse aos jornalistas. “Estamos a combater há 50 anos. Se querem estender por outros 50 anos, que seja”, afirmou. A ordem surgiu depois de os rebeldes terem anunciado, na semana passada, o fim do seu cessar-fogo de cinco meses, acusando o Governo de Duterte de traição e abusos de direitos humanos. O Governo respondeu cancelando também o seu cessar-fogo unilateral. Duterte acusou também o Novo Exército Popular, uma força comunista com 4.000 membros, de matar quatro soldados em ataques na semana passada, dizendo que uma das vítimas foi atingida com 76 balas. A insurgência comunista no país, que começou 1968, é uma das mais antigas do mundo e já causou a morte de cerca de 30 mil pessoas, de acordo com o exército.
REGIÃO
COREIA DO SUL INCÊNDIO EM CENTRO COMERCIAL MATA QUATRO PESSOAS
Um incêndio num centro comercial na Coreia do Sul causou a morte de quatro pessoas e fez mais de 40 feridos, anunciaram ontem as autoridades. A polícia suspeita que fagulhas de uma tocha de soldagem tenham iniciado o incêndio no sábado na zona de recreio das crianças, num centro comercial em Dongtan, a sul de Seul. Duas das quatro pessoas que perderam a vida eram trabalhadores da construção e os outros eram um funcionário do centro comercial e um lojista. A maioria dos 47 feridos sofreu de inalação de fumo. A zona de recreio das crianças estava encerrada na altura.
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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 15/AI/2017
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 30/AI/2017
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor SHU HONGNAI, portador do Passaporte da China n.° G54245xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 33/DI-AI/2015 levantado pela DST a 09.04.2015, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 12/DI/2017, de 04.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 243, Edf. Kam Pou Kok, 15.° andar EE onde se prestava alojamento ilegal.----------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora TSUI MAN, portadora do Bilhete de Identidade de Residente Permanente de Hong Kong n.° P9568xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 47/DI-AI/2015, levantado pela DST a 29.04.2015, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 28/DI/2017, de 09.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Taipa, Avenida de Guimarães n.° 30, Jardim de Wa Bao, Bloco 5, 13.° andar AC onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017.
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 39/AI/2017 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora QUINTO ROSEMARIE ROMERO, portadora do Título de Identificação de Trabalhador Não-Residente n.° 12697xxx e Passaporte das Filipinas n.° EB1349xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 93/DI-AI/2015 levantado pela DST a 12.08.2015, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 39/DI/2017, de 10.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Largo do Aquino n.os 15-17, Sanpuku Court, 1.° Cave J.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.-----------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
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h ZHANG ARTES, LETRAS E IDEIAS
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YANYUAN «Lidai Ming Hua Ji»
Relação das Pinturas Notáveis Através da História
SECÇÃO 1. CAPÍTULO IV. Discussão dos Seis Princípios da Pintura Xie He, do tempo antigo disse: Na pintura há Seis Princípios (maneiras). O primeiro é chamado: Ressonância espiritual, movimento vital; o segundo é chamado: Método dos ossos (estrutura) no uso do pincel; o terceiro é chamado: Conformidade com os objectos, ao dar-lhes forma; o quarto é chamado: De acordo com as espécies, aplicar as cores; o quinto é chamado: Planear e desenhar, lugar e posição; o sexto é designado: Transmitir modelos através do desenho. Poucos pintores desde os tempos antigos combinaram todos estes princípios. Eu, Yanyuan, vou agora discuti-los. Alguns dos pintores antigos sabiam como transmitir a semelhança das formas sem se preocuparem com a estrutura e o espírito (a vitalidade), mas a arte da pintura deveria ser encontrada para lá da semelhança exterior. Isto, no entanto, é difícil de explicar às pessoas comuns. Pinturas actuais podem apresentar uma semelhança exterior mas a ressonância do espírito não se manifesta nelas. Se for procurada a ressonância espiritual1, a semelhança exterior será alcançada ao mesmo tempo.
1 - Depois da formulação de Xie He trata-se de uma precoce discussão do conceito qiyun, que antecipa em oito séculos as teorias normativas de Dong Qichang (1555-1636). Note-se que qi (ar, sopro) tal como shen (espírito) ou qing (sentimento, emoção) ou yun, são termos comuns a todas as artes. Yun originalmente significaria «rima» mas aplicado à pintura será traduzido para as línguas ocidentais por «ressonância», ou «consonância», etc. para sugerir essa afinação do artista com
a vibração cósmica, o qi. Nisto, o ideal do pintor coincidindo com o ideal daoísta: «A mente do homem perfeito é como um espelho. Não apanha nada. Não espera nada. Reflecte, mas não segura. Por isso, o homem perfeito pode agir sem esforço.» Zhuangzi, cap.VII, O rei sábio. (Sobre o conceito Yun ver, por exemplo: Osvald Sirén, The Chinese on the art of painting, Dover Publications, 2014, p.21; ou Michael Sullivan, Chinese landscape painting, University of California Press, Berkley, 1980, p.20, etc.)
Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração
13 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
o ofício dos ossos
Valério Romão
Da indignatite contagiosa H
Á umas semanas, um amigo partilhou um excerto do meu romance Autismo no Facebook. Uma pequena passagem do primeiro capítulo no qual uma das personagens expõe, atabalhoadamente, a sua visão amarga da vida e do amor. Um rapaz da internet leu o dito excerto e desancou-o copiosamente. Estou certo de que lhe poderá ter ocorrido a possibilidade de o formato e a linguagem escolhidos serem os dispositivos narrativos mais adequados para caracterizar aquela personagem. A confusão e a grosseria não são um erro por si. A desadequação entre a natureza da criação literária e o formato pela qual se opta expô-la pode ser um erro. Ou pode ser um gesto técnico propositado. E pode resultar. Estou igualmente seguro de que o rapaz da internet sabe que o ponto de vista do autor não tem de coincidir com o ponto de vista das personagens, embora, em certos casos, possa. Mas fazer um retrato robot das motivações do autor por um livro parece-me tão excessivo quanto redutor. Fazê-lo tendo como ponto arquimédico um parágrafo de meia dúzia de linhas é um exercício tão profícuo e certeiro como ler o destino alheio nas borras do café. No entanto, o rapaz da internet não se coibiu de demolir o excerto em causa e, en passant, o livro. Daí até chegar ao autor foi uma penada. Um gajo que escreve uma coisa destas, uma espécie de ruído triturado, não pode ser um bom escritor. E um gajo que acredite nas teses expostas não pode ser boa pessoa. Case dismissed. Podemos fechar a internet por hoje. Moral da história: dados sermos ambos ilustres desconhecidos, tanto eu como rapaz da internet, nada de mal veio ao mundo. O Valter Hugo Mãe escreveu um livro – O nosso reino – que uma comissão designada para o efeito incluiu no plano nacional de leitura para o oitavo ano de escolaridade. O livro tem uma passagem que fala de sexo anal, algo que parece ter chocado com a moral e as intenções pedagógicas de alguns pais dos alunos da escola que seleccionou o livro
para ser lido e comentado nas férias de Natal. Alguns jornais noticiariam o assunto. Daí à crítica demolidora do livro bastaram três partilhas no Facebook. Doze partilhas depois, já era a obra toda do Valter que estava a ser posta em causa. Da obra ao carácter do Valter foi questão de meia centena de partilhas. Bastaram três linhas descontextualizadas para entupir o feed de insultos. O Valter, enquanto autor, já há muito tinha sido desconvidado a participar da conversa que se seguiu, na qual o tom incidia, sobretudo, em dois pontos de vista, por vezes coincidentes: como é que alguém respon-
sável pelas escolhas do PNL pode ter incluído aquele livro no catálogo de obras aconselhadas a alunos do oitavo ano e, por outra parte, como é que o Valter tinha coragem de escrever uma coisa daquelas para miúdos daquela idade? Relativamente ao primeiro argumento, concedo que a sensibilidade de cada um possa reagir de forma distinta a estímulos semelhantes. Um pai pode não querer que o seu filho seja exposto a uma realidade que considere desadequada à idade. Discordo dessa posição. Numa época em que mais ou menos qualquer assunto está disponí-
Confundindo a recomendação do PNL com uma deliberação intencional do autor, a indignatite grassava no pasto confuso onde se misturam obra e autor, estética e ética. De um lado, Valter, o porco. Do outro, as crianças do oitavo ano, carmelitas em excursão pelo mundo
Capa do romance Autismo
vel à distância de um ecrã táctil, a educação como sistema de filtros a serem retirados à medida que as crianças vão crescendo parece-me pouco proveitosa e, na maior parte das vezes, votada ao fracasso. Não existe forma de impermeabilizar a criança relativamente ao mundo. Nunca existiu. A curiosidade tem braços mais longos que o cuidado, e a curiosidade encontra sempre uma forma de se satisfazer. O que está nas nossas mãos, enquanto pais e mães, é o poder de contextualizar e de dar sentido a essa cascata permanente de experiências a que chamamos mundo e à qual os nossos filhos, a não ser que habitem uma versão da cave de Fritzl, estão e estarão continuamente expostos. O Valter, como é óbvio, não escreveu “aquelas coisas” para miúdos de oitavo ano, assim como não há qualquer obrigatoriedade de os miúdos as lerem. As escolhas do PNL são recomendações e são facultativas. E, pelo que foi posteriormente comunicado pelos responsáveis do PNL, terá havido um erro na atribuição daquele livro a miúdos daquela faixa etária. Mas nem por isso a indignação baixou de tom. A internet parece ter o estranho efeito de catalisar emoção e pensamento a velocidades radicalmente desproporcionais. De repente, ser apodado de escritor medíocre era a coisa mais benigna que se podia ler sobre o Valter. Confundindo a recomendação do PNL com uma deliberação intencional do autor, a indignatite grassava no pasto confuso onde se misturam obra e autor, estética e ética. De um lado, Valter, o porco. Do outro, as crianças do oitavo ano, carmelitas em excursão pelo mundo. Há, na verdade, um rol infinito de coisas nos escritores, e nas suas obras, passíveis de crítica. O facto de recomendarem os seus livros para inclusão no plano de leitura e o facto de eles escreverem cenas de sexo ou sobre sexo não me parece ser motivo para tanto barulho. Quer dizer, tendo em conta a qualidade das cenas de sexo escritas em português, talvez não fosse mau trocarmos umas ideias sobre o assunto.
14 (F)UTILIDADES TEMPO
MUITO
hoje macau segunda-feira 6.2.2017
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NUBLADO
O QUE FAZER ESTA SEMANA Quarta-feira
LANÇAMENTO DO LIVRO “MACAU AS ÚLTIMAS MEMÓRIAS DE PORTUGAL”, DE MÁRIO MESQUITA BORGES E DEBATE Auditório do consulado-geral | 8/2
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EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU”, DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden, (Até 24/02) EXPOSIÇÃO “ENTER PLEASE”, DE CATHLEEN LAU Armazém do Boi | Até 26/02 EXPOSIÇÃO “WHAT HAPPENED LAST NIGHT?’’ DE TIFFANY TANG Armazém do Boi | Até 26/2
THE LEGO®BATMAN MOVIE SALA 1
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 14.30, 16.30, 21.30
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C][3D] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.30
POKÉMON THE MOVIE 19: VOLCANION AND THE MECHANICAL MARVEL [A] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM INGLÊS Filme de: Kunihiko Yuyama 14.15, 17.45
SALA 2
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 15.45
LA LA LAND [B]
PROBLEMA 169
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 168
UM DISCO HOJE
SUDOKU
DE
C I N E M A
1.16
BACALHAU COM TODOS
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
Diariamente
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
0.22
Jamais partilharia a minha tigela de comida com outro gato, só de pensar na ideia fico com o pêlo eriçado. Também não ligo uma refeição a qualquer função social. Como e sigo a minha vida. Mas os humanos atribuem uma importância desmesurada ao almoço e ao jantar, a vida parece gravitar em torno da alimentação. É um ritual cerimonioso, sela negócios, celebra aniversários, marca momentos e envolve muito mais do que encher o bandulho. Comer é cultura, partilha, entendimento, prazer. Daí achar piada à forma como uma posta de bacalhau com grão pode unir civilizações distantes. O vinho também ajuda a fazer a ponte entre línguas distintas, unindo desconhecidos em brindes e sorrisos cúmplices. Portugueses a pedir minchi, chineses a pedir dobrada, macaenses a pedir tudo, todos juntos na demanda por pudim. A miscigenação à mesa é uma das mais saborosas provas de multiculturalidade, entendimento e identificação com o outro. Tudo valores que estão em crise. A ONU devia ser um restaurante. Aposto que teríamos menos conflitos e ressentimentos históricos se as mesas de negociações tivessem toalha aos quadrados, ou mesmo de papel, e umas bandejas de vitela estufada. Os líderes dos homens poderiam mastigar como iguais, dirimir diferenças com ovo a cavalo, amarrotar guardanapos em cima dos despojos da refeição e resolver tudo ao café. Pu Yi
BELLE AND SEBASTIAN | IF YOU’RE FEELING SINISTER
Este é um disco ao qual sempre se retorna, mais tarde, ou mais cedo, vai-se lá parar. “If You’re Feeling Sinister”, o segundo registo da banda de Glasgow, é uma presença assídua em tudo o que são listas de melhores álbuns dos anos 90. O pop suave dos escoceses, aliado às letras carregadas de ironia de Stuart Murdoch, teve o seu apogeu neste disco intemporal, lançado em 1996. Músicas como “The Stars of Track and Field”, “Me and the Major”, ou “Mayfly” continuam a fazer sentidos nos dias de hoje, não soam datadas. Obrigatório para qualquer melómano que se preze. HM
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.30, 22.00 SALA 3
MOANA [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Ron Clements, John Musker 14.00,16.05, 18.10, 20.15
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 22.15
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15 hoje macau segunda-feira 6.2.2017
OPINIÃO
sexanálise
TÂNIA DOS SANTOS
WOODY ALLEN, EVERYONE SAYS I LOVE YOU (1996)
B
EM-VINDOS ao ano novo do Galo. Não fosse o galo o melhor calão para pénis da língua inglesa e esta dedicatória aos galos erectos não existiria. Os galos estão no coração do imaginário masculino e em muitas culturas são símbolo de masculinidade. Estes galos, preciosos adereços pendurados, em tempos embrionários foram coisa nenhuma. Agora falos de tão grandiosa beleza e arquitectura, urinam e ejaculam alternadamente, apesar de uma abertura por igual. O objecto de tão grande desejo sexual julga-se simples e complexo, simples em funcionamento mas complexo nos significados que gerações de homens procuram: à procura do sentido do pénis. Grande ou pequeno, relativo em tamanho, o pénis erecto tem o potencial de surpreender no seu crescimento, ou, por vezes, nem tanto. Se há mistérios da vagina, há mistérios do pénis se assim os quisermos entender ou até explicar... Há teorias infindáveis sobre a pluralidade de tamanhos, sobre como aumentar, ou acidentalmente diminuir! Mas não vale a pena tentar prever absolutamente nada, não há tamanho de sapatos, nem tamanho de mãos que possam garantir o tamanho do objecto penetrador. Há quem diga que fumar fá-lo (falo) diminuir... As bolas, uma mais pendurada que a outra, revestidas de um tecido mais ou menos farto, permitem a temperatura ideal para que as gónadas se ocupem das criação das criaturinhas que correm rápido, cheias de energia, à procura de ovócitos para fecundar. Das estimadas 7000 ejaculações de uma vida masculina, os nossos amiguinhos espermatozóides procuram companhia ideal para gerarem vida - diria que 99,99% das vezes sem sucesso. O sémen, o liquido viscoso dos deuses, rico em vitamina C e aminoácidos para garantir a mobilidade ultrasónica dos nossos transportadores de cromossomas, espirra com vigor para dentro – daquilo que a mente masculina assim desejar. Se o sabor muda consoante a dieta? Muda. Ao que parece o consumo de carne vermelha pode estragar um pouco o aroma do nosso elixir do sexo – o elixir do orgasmo masculino. O orgasmo masculino pode ser curto comparado com o orgasmo feminino mas é o triunfo de beleza sexual. O jacto tão clarificador, não engana absolutamente ninguém de que o prazer foi atingido. Os homens tremem ao sabor da pulsante necessidade de se moverem até à saída da última gota. Os caminhos para lá chegar são mais que muitos: as áreas de excitação do órgão sexual masculino estão na ponta da sua varinha, no períneo, a área entre os testículos e o ânus, e na próstata. Tudo passíveis de carinho, amor e muitas massagens, tal como o resto do corpo.
Galos
Um artefacto de 28.000 anos foi encontrado com uma clara forma fálica. Em pedra polida, era muito provavelmente usado no auxílio sexual, ou mesmo como
decoração. Como as mulheres carregam os bebés, artefactos de mulheres hiper-sexualizadas são muito mais comuns de serem encontrados, mas um pénis?
Bem dito ano do Galo que veio reforçar (se bem que talvez somente na minha fantasia) a importância do pénis nas nossas vidas. São precisos uns galos cantadores de vigor e desejo para satisfazer perspectivas femininas de igualdade também. Não me interpretem mal, nunca estaria a pregar a favor de uma filosofia de ‘satisfaz o teu homem’: satisfaçam-se um ao outro
Muitíssimo raro. Isto sugere que o nosso tão prezado galo tenha estado fora do spotlight durante demasiado tempo. Se há um enfoque exagerado no corpo feminino até em tempos contemporâneos? Há. Se precisamos de mais falos simpáticos nas nossas vidas? Precisamos. Bem dito ano do Galo que veio reforçar (se bem que talvez somente na minha fantasia) a importância do pénis nas nossas vidas. São precisos uns galos cantadores de vigor e desejo para satisfazer perspectivas femininas de igualdade também. Não me interpretem mal, nunca estaria a pregar a favor de uma filosofia de ‘satisfaz o teu homem’: satisfaçam-se um ao outro.
“
Exige-me a mim/o canto do teu corpo/como a sereia de Ulisses/no mar da solidão assumido/ quando/o licor da tua voz/embriaga forte/o sonho que me confunde/num sétimo sentir.” Josué da Silva
Ainda de portas abertas Recurso de Trump para repor decreto sobre imigrantes rejeitado nos EUA
POLÍCIA TURCA DETEVE 400 ALEGADOS MEMBROS DO EI
A polícia da Turquia deteve ontem cerca de 400 pessoas que alegadamente pertencem ao grupo terrorista Estado Islâmico (EI), numa “grande operação” desenvolvida em todo o país, anunciou a agência turca Anadolu. A agência avança que a maioria dos detidos são estrangeiros, mas não especifica se os suspeitos estavam ligados à preparação de algum atentado terrorista. A maioria das detenções foi feita nas províncias de Ancara, Istambul, Konya, Bursa, Andana e Sanliurfa, tendo a polícia turca apreendido também material que vai ser avaliado pelos investigadores. Segundo a agência turca, cerca de 150 alegados membros do EI foram detidos na província de Sanliurfa, que faz fronteira com a Síria, após comandos antiterroristas lançarem ataques simultâneos em várias casas. Mais de 75 alegados terroristas foram detidos na província de Konya, 60 em Ancara, 46 em Bursa, 25 em Adana e 18 em Istambul. As cerca de 400 detenções acontecem um mês depois de um atentado numa discoteca em Istambul, na noite de passagem de ano, e que vitimou 39 pessoas, o qual foi reivindicado pelo Estado Islâmico.
CAN 2017 BURKINA FASO DE PAULO DUARTE NO TERCEIRO LUGAR
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Um golo solitário e tardio de Alain Sibiri (89) garantiu este sábado ao Burkina Faso, comandado por Paulo Duarte, o triunfo por 1-0 sobre o Gana e o terceiro lugar na Taça das Nações Africas (CAN) de futebol. O médio dos turcos do Kayserispor da Turquia apontou o único golo da partida que valeu ao Burkina Faso o segundo melhor resultado da sua história, depois de ter sido finalista vencido em 2013. Nas meias-finais, o Burkina Faso tinha sido afastado pelo Egipto no desempate por penáltis, depois do 1-1 final, enquanto o Gana perdeu 2-0 com os Camarões. A equipa de Paulo Duarte lidera o grupo D da última fase africana de qualificação para Mundial 2018 à frente da África do Sul, Senegal e Cabo verde.
U
M tribunal de recurso norte-americano rejeitou ontem o pedido da administração do Presidente Donald Trump para restabelecer imediatamente a aplicação do decreto que impede a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países muçulmanos. O Departamento de Justiça tinha recorrido no sábado à noite da decisão do juiz federal que bloqueou a aplicação do decreto, assinado há oito dias por Donald Trump, para impedir cidadãos de sete países muçulmanos e refugiados de entrarem nos Estados Unidos.
segunda-feira 6.2.2017
O Governo do Presidente dos Estados Unidos iniciara no sábado o processo de recurso da decisão de um juiz federal. Num documento apresentado no Tribunal de Recurso do Nono Circuito, com sede em São Francisco (Califórnia), Trump e o seu gabinete recorreram formalmente da decisão judicial que bloqueou temporariamente a polémica ordem executiva e já abriu as portas do país a imigrantes e refugiados. A notificação do recurso foi apresentada em nome de Trump, do secretário de Segurança Nacional, John Kelly, do secretário de Estado, Rex Tillerson, e dos Estados Unidos.
Actualmente, mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos e a alterar os seus protocolos de actuação em relação aos imigrantes anteriormente vetados
As partes recorrem “da decisão de 3 de Fevereiro” que “restringe a aplicação de parte da ordem executiva de 27 de Janeiro para proteger o país da entrada de terroristas estrangeiros”, segundo a notificação apresentada no tribunal.
PRÓXIMOS CAPÍTULOS
O documento dá início a um processo de recurso que, segundo especialistas legais, vai seguir-se de um pedido de suspensão da decisão judicial que bloqueou o veto migratório, e de um relatório que expõe os motivos por que, do ponto de vista do Governo, o tribunal de recurso deve aceder ao pedido. Actualmente, mantém-se a decisão do juiz federal James Robart, que bloqueou na sexta-feira a aplicação do decreto de Trump com efeito imediato em todo o país, o que obrigou o Governo a revalidar milhares de vistos e a alterar os seus protocolos de actuação em relação aos imigrantes anteriormente vetados.
ANTÓNIO COSTA COMUNHÃO NÃO ELIMINA RUPTURA NA URGÊNCIA DA REFORMA DA UE
O
primeiro-ministro considera, no prefácio a um livro sobre o governo da “Geringonça”, que a comunhão na opção europeia entre socialistas e sociais-democratas não elimina uma “ruptura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária”. “A comunhão na opção europeia não elimina, por exemplo, uma ruptura quanto à urgência e natureza da reforma da União Económica e Monetária (UEM)”, escreve António Costa no prefácio do livro do sociólogo André Freire “Para lá da ‘Geringonça’ – O Governo de esquerdas em Portugal e na Europa” (Ed. Contraponto). O líder socialista relativiza esta “ruptura quanto à urgência de reforma” da UEM, afirmando que ela “é natural numa UE que, à medida que reforçou a integração política, foi-se tornando o novo espaço de confronto das diferentes famílias políticas”. António Costa lembra que desde os anos 80 “a democracia cristã – duradoura parceira da social-democracia na reconstrução do pós-guerra – foi cedendo o seu lugar a um liberalismo radical”. No prefácio, o chefe do Governo António Costa defende também que “era um dever” o PS tentar formar um Governo com o apoio da esquerda no parlamento, que deu “mais democracia” e “mais e melhores opções”. O acordo dos socialistas com o PCP, BE e PEV, argumentou, conseguiu “romper esta assimetria” ou tendência de apenas se fazerem entendimentos à direita, que conseguiu uma “tripla vantagem: na disputa eleitoral, na capacidade de formar governos maioritários e na capacidade de condicionar as políticas e medidas de governos minoritários do PS”. Costa lembra que é favorável “soluções governativas com BE, PCP e PEV” e sublinha que “a legitimidade da representação só os cidadãos a definem no voto”.