Hoje Macau 6 FEV 2020 # 4460

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QUINTA-FEIRA 6 DE FEVEREIRO DE 2020 • ANO XIX • Nº4460

REUTERS

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

FADIGA DAS PEDRAS ANTÓNIO CABRITA

O RIBEIRO DE NIETZSCHE LUÍS CARMELO

CHEGÁMOS ATÉ AQUI GISELA CASIMIRO

‘‘DIAMOND PRINCESS’’

RESIDENTES A BORDO PÁGINA 4

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HONG KONG

QUARENTENA OBRIGATÓRIA PÁGINA 10

OPINIÃO

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS OLAVO RASQUINHO

hojemacau

O gosto dos outros Acabado de chegar ao poder, Ho Iat Seng dificilmente poderia enfrentar um cenário mais adverso do que aquele com que actualmente se depara, face à crise desencadeada pelo coronavírus. No entanto, uma coisa é certa: a popularidade do Chefe do Executivo está no topo, com os elogios a chegarem dos mais diversos sectores da sociedade cívil, através das redes sociais, e de analistas políticos. Em Hong Kong, é descrito como um ‘‘bom exemplo’’, em comparação com o desempenho de Carrie Lam. PUB

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AVALIACAO POSITIVA HO IAT SENG

Elogios na rua, “likes” nas redes sociais, deputados a aproveitarem-se da sua imagem, e o “bom exemplo” para a comunicação social de Hong Kong. São estas as consequências para a imagem do Chefe do Executivo devido ao trabalho das últimas semanas

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é o bem-estar da população e essa mensagem parece ter passado muito bem”, considerou Eilo Yu. “As pessoas acreditam que o Governo está a trabalhar para a população, mesmo que a economia tenha de sofrer, como se viu com o encerramento dos casinos. As pessoas estão convencidas”, acrescentou.

O professor da UM recusa ainda a ideia de que os elogios a Ho Iat Seng se fiquem apenas a dever ao período de “lua-de-mel”. Porém, reconhece que esta realidade possa sempre pesar. “Não considero que estes elogios se fiquem apenas a dever à lua-de-mel política de um novo Governo. Acho que há uma

avaliação positiva genuína”, indicou. Mesmo assim, reconhece que a falta de lastro facilita a avaliação: “Claro que o facto de não haver um historial e um lastro acumulado dos anos anteriores faz com que a sua avaliação apenas tenha em conta a resposta a esta epidemia. Como a resposta às políticas é positiva, a população

FACEBOOK

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M funções há pouco mais de um mês, Ho Iat Seng já convenceu a população pela forma como tem lidado com a epidemia do coronavírus de Wuhan. Medidas como a distribuição de máscaras à população, o aperto no controlo da entradas de pessoas do Interior da China e a dispensa dos funcionários públicos, a quem se pede que fiquem em casa, já haviam merecidos elogios, mesmo do lado de Hong Kong. No entanto, o encerramento dos casinos fez disparar a popularidade de Ho. Além do reconhecimento que o Chefe do Executivo tem amealhado nas redes sociais, também vários deputados aproveitam para “navegar a onda” da popularidade de Ho Iat Seng e lançam avisos para a população com a imagem do líder do Governo. Este é um fenómeno muito diferente em relação ao anterior Chefe do Executivo, Chui Sai On, que apesar do apoio quase incondicional por parte dos deputados tradicionais, era muitas vezes tido como “tóxico”, principalmente depois da passagem do Tufão Hato, em que morreram 10 pessoas. Segundo EiloYu, analista político e professor deAdministração Pública na Universidade de Macau, Ho Iat Seng tem convencido a população porque o Governo conseguiu passar a mensagem de que a prioridade passa pelo bem-estar e segurança de todos. “As políticas do Governo de Ho Iat Seng parecem ter assumido muito claramente que a prioridade

POPULARIDADE EM ALTA DEVIDO A RESPOSTA À EPIDEMIA

Página de fãs ganha novo ânimo Também uma página de fãs de Ho Iat Seng, que foi criada quando Chefe do Executivo anunciou a candidatura ao cargo, recebeu vários comentários, elogios e avaliações positivas após ter sido anunciado o encerramento dos casinos.

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sente-se feliz e a sua popularidade cresce”, reconheceu.

A “AJUDA” DE CARRIE LAM

Mas o mérito de Ho Iat Seng tem tido uma grande “ajuda” na forma como Carrie Lam, líder do Governo de Hong Kong, tem lidado com a situação. Esta é a visão de Camões Tam, académico especializado na área dos Média, que considera que o líder do Executivo de Macau se tem limitado a responder de forma sensata à crise epidémica. “A minha opinião não é que a prestação de Ho Iat Seng esteja a ser excelente. Só que ele está a ser comparado com Carrie Lam, que tem tido uma prestação de resposta à crise terrível”, afirmou Camões Tam, ao HM. “As autoridades de Macau limitam-se a fazer aquilo que tem de ser feito, tomam medidas sensatas. O problema é que em Hong Kong os governantes nem conseguem perceber bem o que se está a passar no Interior”, acrescentou. Em relação a este desempenho, o académico sustentou que os governantes de Macau estão mais bem preparados para lidarem com o Interior, por motivos históricos e culturais. “Em Macau a maior parte dos governantes tem ligações muito fortes com o Interior, nasceu, estudou ou viveu lá por alguns anos. Por isso, entendem bem melhor o que é o Interior e percebem a dimensão dos acontecimentos, mesmo que tenham de recorrer a canais informais”, justificou.

GCS

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quinta-feira 6.2.2020

Apple Daily O “bom exemplo” vindo de Macau A declaração de Ho Iat Seng em que admitiu que as máscaras em Portugal estavam esgotadas chegou à manchete de ontem do Apple Daily, o jornal mais vendido em Hong Kong e fortemente pró-democrata. O exemplo do Chefe do Executivo de Macau contrasta com as declarações de Carrie Lam, quando afirmou que os funcionários públicos tinham de remover as máscaras no serviço, para poupar, uma vez que o Governo não tinha sido capaz de adquirir estes produtos em número suficiente. “Ho Iat Seng surge nessa capa para mostrar que um Governo que está interessado em

as ligações”, começou por defender Camões Tam. “Há também em Hong Kong uma postura de orgulho, de uma classe política que se acha sempre muito elegante e que se considera melhor do que os outros chineses da Grande China, dos chineses de Macau, Taiwan ou do Interior. Isto faz com que se fechem muito e não

saibam ouvir os outros, mesmo que pudessem beneficiar das opiniões”, complementou.

MARGEM DE ERRO REDUZIDA

Não é só na comparação com Carrie Lam que o actual Chefe do Executivo de Macau fica a ganhar. Também em relação a Chui Sai On, Ho Iat Seng

FACEBOOK

Por contraste, os dirigentes da RAEHK estão mais afastados e tendem a manter essa distância, o que tem prejudicado a resposta do Executivo de Carrie Lam: “Em Hong Kong os governantes não têm ideia do que se passa no Interior, porque durante a administração britânica a tendência foi para afastar ao máximo

proteger a população tem de dar o exemplo e usar uma máscara”, considerou Eilo Yu, sobre a escolha editorial da publicação com uma posição anti-Governo Central. “A capa recorda

é mais comunicativo, mais activo e carismático. “Ao longo deste período o Governo de Ho tem-se apresentado como mais pró-activo do que reactivo. Ele não tem medo de vir a público e dizer o que o Executivo já fez e vai fazer, como aconteceu ontem [na terça-feira], quando anunciou o encerramento dos casinos”, disse Eilo Yu. “Ho Iat Seng está aos poucos a construir e a apresentar o seu carisma. Não é um estilo semelhante ao de Edmundo Ho, que era uma pessoa muito carismática. Mas está a dar-se a conhecer à população como uma pessoa que aparece nos momentos mais difíceis, o que é um corte com Fernando Chui Sai On, tido como uma pessoa invisível”, justificou.

“As políticas do Governo de Ho Iat Seng parecem ter assumido muito claramente que a prioridade é o bemestar da população e essa mensagem parece ter passado muito bem” EILO YU ANALISTA POLÍTICO E DOCENTE NA UM

Wong Kit Cheng elogiou o Chefe do Executivo A deputada Wong Kit Cheng, ligada à Associação Geral das Mulheres, foi uma das legisladoras que deixou elogios ao facto de Ho Iat Seng ter afirmado que a vida da população é mais importante do que a economia. A deputada partilhou várias imagens e artigos sobre as declarações do Chefe do Executivo.

Se o cenário está de feição para Ho Iat Seng nesta altura, nada impede que as coisas mudem com um erro. Por isso, Eilo Yu considera que o Chefe do Executivo vai continuar sobre grande pressão na resposta à epidemia, apesar da popularidade. “Nunca sabemos o que vai acontecer no futuro. E caso haja um erro humano grosseiro na forma como se lida com esta situação tudo pode ficar em causa”, alertou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

que Macau conseguiu garantir as máscaras e Carrie Lam não. É um elogio, mas serve principalmente para mostrar a incapacidade da Chefe do Executivo de Hong Kong”, completou.

GOVERNO O PIOR ESTÁ PARA VIR

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Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, pede à população, e aos funcionários públicos, em particular, que se preparem para a “fase mais dura e difícil” do controlo da epidemia de Wuhan. A mensagem foi deixada ontem numa carta aberta publicada durante a tarde, e reforça a mensagem deixada na terça-feira, em que Ho Iat Seng agradeceu à população. “Os trabalhos de prevenção e combate à epidemia em Macau entram agora numa fase ainda mais dura e difícil. Espero sinceramente que todos os funcionários públicos, incluindo os profissionais de saúde das instituições médicas públicas e privadas e os agentes da linha da frente das Forças e Serviços de Segurança, continuem a esforçar-se, em conjunto com todos os sectores da sociedade, na luta contra a epidemia”, apelou Ho Iat Seng. Por outro lado, o Chefe do Executivo pediu aos funcionários para que protejam “com todas as suas forças a vida e a saúde da população de Macau” e que garantam “a segurança e a ordem na cidade”. O objectivo passa por fazer com que “o funcionamento da sociedade e a vida quotidiana da população regressem à normalidade com a maior brevidade possível”. Ainda em relação à fase que o território atravessa, Ho Iat Seng considerou que a “pneumonia viral causada pelo novo tipo de coronavírus” deixa a “saúde da população e a ordem e segurança públicas a braços com ameaças extremamente graves”.


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JAPÃO DOIS RESIDENTES DE MACAU NO CRUZEIRO COM DEZ INFECTADOS

Em alto mar

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6.2.2020 quinta-feira

Dois idosos residentes de Macau encontram-se em observação, após os Serviços de Saúde (SS) terem anunciado que fazem parte dos 3.711 passageiros que estão de quarentena no Japão, a bordo do “Diamond Princess”. Até ao momento, não há residentes contaminados fora de Macau

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S SS anunciaram ontem que dois residentes de Macau estão a bordo de um navio cruzeiro com dez passageiros contaminados com o novo tipo de coronavírus. Os dois residentes, um homem na casa dos 80 anos e uma mulher na casa dos 60, não estão infectados e encontram-se agora em observação, anunciou Lam Chong, Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença, por ocasião da conferência de imprensa diária dos Serviços de Saúde, sobre o novo coronavírus. “As autoridades japonesas notificaram-nos hoje [ontem] sobre a situação de dois residentes de Macau que estão no cruzeiro. “Os residentes de Macau são titulares do passaporte da RAEM e estão em observação médica. Essas duas pessoas não foram infectadas com o novo tipo de coronavírus, mas precisam de 14 dias de observação clínica”, referiu Lam Chong. Recorde-se que as autoridades japonesas decidiram colocar sob quarentena o navio “Diamond Princess”, que chegou à baía de Yokohama, perto de Tóquio, na passada segunda-feira, com 3.711 passageiros a bordo. Questionado pelos jornalistas, Lam Chong confirmou também que, até momento, não existe

qualquer caso que aponte para que existam residentes contaminados fora de Macau. “Estamos em comunicação estreita, tanto com outros países, como com a [Organização Mundial de Saúde] OMS e o Interior da China, e até agora não temos nenhuma confirmação acerca de casos registados fora de Macau”, esclareceu. Durante a conferência de imprensa, os SS deram também a conhecer mais medidas de prevenção do novo tipo de coronavírus, que apontam para a sensibilização da população. Assim, após uma reunião entre departamentos do Governo, ficou decidido que, a partir de hoje, iriam circular pelas ruas de Macau, automóveis equipados com altifalantes, panfletos e mensagens em ecrãs.

“Até agora não temos nenhuma confirmação acerca de casos registados fora de Macau.’’ “Para reforçar ainda mais o trabalho de divulgação do Coronavírus, o IC, a DSEJ e outros departamentos governamentais

“Quanto a pessoas que estiveram no Interior da China, pedimos que façam uma gestão de saúde apropriada e que se isolem em casa.”

reuniram-se a fim de tomar algumas medidas para combater o coronavírus. Esses trabalhos de divulgação incluem (...) panfletos e notícias em ecrãs. Também vamos disponibilizar veículos do Governo para circular nas ruas de Macau para lançar apelos à população para ficar em casa (...) e evitar lugares com uma grande concentração de pessoas”, sublinhou Lam Chong.

QUARENTENA DESCARTADA

O Governo de Macau não vai seguir, para já, a medida que impõe um período de quarentena a todos visitantes oriundos do Interior da China, anunciada ontem pela Chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam. Confrontado com o facto, Lam Chong sublinhou apenas que é aconselhável, a quem entra no território vindo da China, que

LAM CHONG, SERVIÇOS DE SAÚDE

permaneça em casa e que, a seu tempo, o Governo irá anunciar novas medidas, se necessário. “A todos os que estiveram em Hubei, residentes ou não de Macau, pedimos que fiquem em isolamento. Quanto a pessoas que estiveram no Interior da China, pedimos que façam uma gestão de saúde apropriada e que se isolem em casa durante 14 dias. Se tivermos novas medidas

iremos divulgar atempadamente”, apontou o Chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doença. À excepção dos residentes de Hubei, que são obrigados a apresentar um atestado médico que comprove que não são portadores da doença, na RAEM permanecem assim inalteradas as medidas aplicadas aos visitantes provenientes do Interior da China. Segundo a medida que entrará em vigor em Hong Kong, já a partir do próximo sábado, os visitantes que entrarem no território a partir do continente vão ser obrigados a um período de 14 dias de quarentena. «A medida é difícil. Mas após este anúncio (...) acredito que o número de chegadas diminuirá», disse ontem Carrie Lam, de acordo com informações da agência Lusa. Pedro Arede com Lusa info@hojemacau.com.mo

CLÍNICAS PRIVADAS DEVEM FECHAR

os 100 residentes provenientes da província de Hubei que se encontram em Macau, há ainda 42 por localizar. A informação foi avançada ontem por Chio Song Un, responsável do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) que confirmou também que a maioria dos residentes identificados se encontra na Pousada Marina Infante ou no Centro do Alto de Coloane. Quanto aos residentes de Macau que se encontram em Hubei, existem ainda 86 cidadãos do território naquela província, de acordo com informações avançadas por Inês Chan, responsável dos Serviços de Turismo. Segundo Inês Chan, além de Hubei, existem cidadãos de Macau que estão a ter dificuldades para regressar ao território a partir da China e um, dos EUA.

ei Wai Seng, membro da direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, lançou um apelo especificamente destinado às clínicas privadas que operam em edifícios residenciais para que encerrem, como forma de minimizar eventuais riscos de contaminação do novo tipo de coronavírus.”Recomendamos o encerramento tanto a clínicas privadas como empresas, porque muitas estão situadas em áreas de residentes dos edifícios e isto também contribui para o maior risco de propagação. Apelamos às clínicas que, se

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MAIS DE 40 RESIDENTES DE HUBEI POR LOCALIZAR

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não tiverem as condições apropriadas, que encerrem o seu funcionamento durante este período”, sublinhou Lei Wai Seng por ocasião da conferência de imprensa diária dos Serviços de Saúde (SS). Questionado sobre uma eventual sobrecarga dos SS por via do encerramento dos privados, o responsável argumentou que irá ser feito reforço de pessoal se necessário e que estão a ser tomadas medidas como melhorar o sistema de triagem ou instalar tendas de campanha fora das urgências do Hospital de Kiang Wu.


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quinta-feira 6.2.2020

AMBIENTE ACTIVISTA ALERTA PARA PERIGOS DAS MÁSCARAS DESCARTADAS NAS RUAS

Pela estrada fora

Arrendatários de espaços públicos isentos durante três meses

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AJUDA DE FORA

Os receios de Annie Lao surgem numa altura em que o forneci-

HOJE MACAU

Annie Lao, activista ambiental, deixou ontem um alerta sobre os perigos que representam as várias máscaras que são deixadas nos caixotes do lixo e nas ruas. A jovem defende que o Governo, apesar de estar a fazer um bom trabalho no combate ao coronavírus, deveria assegurar a recolha segura das máscaras depois de usadas MA activista ambiental alertou ontem para a ameaça pública que representam as máscaras descartadas nas ruas, que o Governo determinou de uso obrigatório nos transportes públicos para evitar a transmissão do novo coronavírus. “Vi máscaras a serem descartadas irresponsavelmente na rua”, disse à Lusa Annie Lao, um dia depois de o Governo ter anunciado o décimo caso de infecção no território. O Governo adquiriu ao todo 20 milhões de máscaras, algumas compradas a Portugal, que estão a chegar em vários carregamentos, e a serem distribuídas por farmácias convencionadas, associações e outros espaços definidos pelas autoridades. Cada residente, mediante apresentação da identificação, recebe dez máscaras para igual número de dias. Mais de 2,9 milhões de máscaras já foram vendidas. “O Governo está a fazer um bom trabalho no fornecimento de máscaras aos residentes”, frisou. O problema agora é as autoridades não estarem a garantir que “as pessoas as descartem de forma responsável e segura”, indicou a activista. “Caso contrário, essas máscaras usadas representam simplesmente uma ameaça que pode espalhar germes ou vírus ao público”, criticou.

Annie Lao, activista ambiental “O Governo está a fazer um bom trabalho no fornecimento de máscaras aos residentes”. O problema agora é as autoridades não estarem a garantir que “as pessoas as descartem de forma responsável e segura”

mento de máscaras ao território está assegurado, apesar de o Chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, ter adiantado que Portugal já não tem mais stock disponível deste tipo de materiais. “Macau tem dinheiro”, mas tem sido difícil arranjar máscaras no mercado, disse o governante. O líder do Governo de Macau indicou que o território adquiriu máscaras em países como Estados Unidos e Portugal, mas, por causa do surto do coronavírus

e da grande quantidade deste equipamento médico utilizada na China, está a encontrar “dificuldade em arranjar mais máscaras no mercado externo”. “Neste momento, Portugal já não tem mais máscaras”, afirmou o responsável, que conta dez casos confirmados de infeção pelo coronavírus. “Se forem necessárias mais máscaras, o Estado [chinês] vai ajudar”, afirmou Ho Iat Seng. Mais de 2,9 milhões

Epidemia Homem doa 100 mil máscaras ao Governo Um homem, de nome Zhang Zong Zhen, resolveu doar 100 mil máscaras cirúrgicas ao Governo. De acordo com um comunicado ontem emitido, a doação vai permitir “apoiar os trabalhos de prevenção e combate à epidemia causada pelo novo tipo de coronavírus, nomeadamente no âmbito da redução do risco de transmissão do vírus”. De frisar que, esta terça-feira, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, garantiu que Portugal não tinha mais máscaras em stock para fornecer a Macau e reconheceu as dificuldades na compra

de mais material deste tipo. Ainda assim, Ho Iat Seng disse que a China pode sempre apoiar a RAEM nesta matéria. “O Governo da RAEM agradece ao cidadão de Macau Zhang Zong Zhen a sua gentil doação, que permite ajudar na prevenção e combate à epidemia. O Governo da RAEM promete ainda continuar com os seus esforços incessantes para, em conjunto com todos os sectores da sociedade, conseguir controlar a epidemia de forma efectiva, no sentido de vencer finalmente a luta contra o coronavírus”, conclui o comunicado.

Toca a aliviar as pressões

de máscaras foram vendidas, desde o anúncio do primeiro caso de infecção em Macau, há duas semanas. Ao todo foram compradas 20 milhões que estão a chegar em vários carregamentos, e a serem distribuídas por farmácias convencionadas, associações e outros espaços definidos pelas autoridades. Cada residente, mediante apresentação da identificação, recebe dez máscaras para igual número de dias.

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Governo decidiu a isentar, a partir de Fevereiro e durante três meses, os arrendatários de espaços públicos, do pagamento de rendas respeitantes ao aluguer de propriedades destinadas a fins comerciais, como “shopping centers, quiosques para venda de produtos, etc”. A medida foi anunciada ontem pelo Gabinete do Secretário para a Economia e Finanças “em resposta ao impacto que a epidemia tem provocado para a economia de Macau e a vida da população”, que prevê ainda, para além de iniciativas destinadas às Pequenas e Médias Empresas (PME), introduzir ajustamentos sobre impostos e taxas e aumentar também os investimentos na área da construção de infraestruturas. “O Governo da RAEM já tem planos e está preparado para fazer face ao impacto provocado pela epidemia, estando actualmente a lançar, passo a passo, uma série de medidas em resposta, de acordo com a evolução da epidemia, a fim de aliviar as pressões, de carácter económico, sentidas pelos residentes e empresas locais”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo Gabinete liderado por Lei Wai Nong. Assim, após já ter sido anunciada a antecipação da implementação do Plano de Comparticipação Pecuniária no Desenvolvimento Económico para o ano de 2020, que terá lugar no próximo mês de Abril, o Governo planeia introduzir medidas destinadas especificamente às PME, como a referida isenção de pagamentos durante três meses, aos arrendatários de espaços públicos. “A Direcção dos Serviços de Economia está a acelerar o processo de apreciação e autorização dos pedidos aos Plano de Apoio a PME, Plano de Garantia de Créditos a PME e Plano de Garantia de Créditos a PME destinado a Projecto Específico, ajustando ainda as medidas respeitantes ao reembolso dos montantes atribuídos no âmbito desses planos, a fim de as ajudar a ultrapassarem as dificuldades prementes”, sublinhou o gabinete.

INCENTIVOS NO HORIZONTE

Em relação à tributação, o Governo encontra-se a acelerar o processo de avaliação sobre os impostos, nomeadamente o Imposto Complementar de Rendimentos, o Imposto Profissional, a Contribuição Predial, o Imposto de Turismo, de modo a que sejam “ajustados o mais rápido possível”. “Com o objectivo de melhorar as infraestruturas de Macau e aumentar as oportunidades de emprego “serão aumentados os investimentos na área de construção de infraestruturas” e “alargada a procura doméstica”. “Quando a situação epidémica for controlada, o Governo vai lançar planos destinados a incentivar o consumo local e a dinamizar a economia de Macau, para que as micro, pequenas e médias empresas possam ficar beneficiadas”, pode ler-se na nota oficial. P.A.


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6.2.2020 quinta-feira

RÓMULO SANTOS

SUPERMERCADOS ASSEGURADO FORNECIMENTO NORMAL DE PRODUTOS

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Comunicado de várias associações do sector “Apesar do sector permanecer muito unido nestes tempos difíceis a união não é suficiente para sobreviver. Por isso, esperamos que o Governo da RAEM [...] nos dê uma mão para nos aguentarmos.”

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M grupo de 12 associações locais relacionadas com os táxis juntou-se para pedir cinco medidas de urgência ao Executivo. Entre o pedido, consta a distribuição de 10 mil patacas a cada taxista, empréstimos de 50 mil patacas sem juros para as empresas e a distribuição de materiais de esterilização. “Devido ao coronavírus, o sector está a ser severamente afectado, com as receitas a diminuírem de forma acentuada”, consta no documento assinado por associações como Associação Geral dos Proprietários de Táxis de Macau, a Associação dos Comerciantes e Operários de Automóveis de Macau ou a Associação de Mútuo de Condutores de Táxi de Macau. “Apesar do sector permanecer muito unido nestes tempos difíceis a união não é suficiente para sobreviver. Por isso, esperamos que o Governo da RAEM acompanhe a nossa situação e que nos dê uma mão para nos aguentarmos”, é reconhecido. A primeira das cinco medidas defendidas pelos taxistas é a distribuição de 10 mil patacas para cada condutor, de forma a corresponder “às necessidades mais urgentes”.

TÁXIS ASSOCIAÇÕES PEDEM 10 MIL PATACAS POR TAXISTA

Cinco exigências

Para fazer face ao impacto da epidemia de Wuhan, doze associações de taxistas pedem ao Governo cinco medidas de apoio, como a distribuição de dinheiro, a abertura de linhas de crédito e materiais de esterilização Em segundo lugar, as doze associações defendem a criação de linhas de crédito por parte do Governo para que os taxistas possam pagar o aluguer dos táxis aos detentores das licenças. Estes empréstimos seriam cedidos até a um valor máximo de 50 mil patacas sem a cobrança de juros. Outra das preocupações do sector está relacionada com a burocracia das licenças dos táxis, que normalmente são atribuídas por concursos públicos. As associações entendem que algumas das licenças em vigor devem ser prolongadas por mais um ano, de forma a lidar com a instabilidade que se vive e porque nesta fase consideram

que não há condições para a atribuição de novas licenças. Numa altura em que o acesso a máscaras e gel desinfectante tem estado condicionado, os taxistas pedem que este tipo de produtos seja distribuídos ao sector, devido ao contacto com as pessoas no dia-a-dia.

SEM RETORNO

Finalmente, no caso de vários taxistas optarem mesmo por não circular, são exigidos lugares grátis de estacionamento para as viaturas, assim como cursos de formação que permitam melhorar a qualidade do sector e ainda adaptar as práticas dos profissionais a esta fase de contágio.

Este assunto foi abordado ontem pelo vice-secretário geral da Federação das Associações dos Operários de Macau, Choi Kam Fu, no programa de manhã do canal chinês da Rádio Macau. O dirigente associativo revelou que há motoristas que actualmente fazem menos de 100 patacas por dia no trabalho e que este montante torna impossível fazer face às despesas com o aluguer dos táxis aos proprietários das licenças, assim como com o combustível. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

UNCIONÁRIOS da direcção dos Serviços de Economia (DSE) deslocaram-se ontem aos supermercados e mercearias a fim de fazerem um ponto de situação do fornecimento de bens e produtos alimentares. De frisar que, horas depois do anúncio do fecho dos casinos por duas semanas, a população correu aos supermercados em busca de bens essenciais, o que fez com que muitos produtos tenham esgotado. Ontem foram feitas, por parte da DSE, 50 inspecções. Segundo um comunicado, “o abastecimento dos retalhistas tornou-se, de forma geral, normal e os preços encontram-se estáveis”. Além disso, “os diferentes tipos de produtos alimentares, tais como o arroz, os legumes e as carnes congeladas foram sucessivamente reabastecidos”, sendo que apenas “algumas lojas têm ainda filas de pessoas a fazerem compras”. A DSE assegura ainda que “não foi verificado aumento injusto de preços durante a inspecção”. Na mesma nota é deixado um alerta aos cidadãos, para que estes “não acreditem em rumores nem façam corridas desnecessárias às compras”. “A concentração de multidões na corrida às compras possibilita não apenas o desequilíbrio entre a oferta e a procura, mas também o aumento de risco de infecção cruzada por vírus”, acrescenta a DSE.

Casinos Governo pede racionalidade às operadoras

Um comunicado conjunto da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) e Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ) dá conta do acompanhamento que está a ser feito após o fecho dos casinos por um período de 15 dias. Na mesma nota, a DSAL aponta que “as empresas podem programar trabalhos de forma razoável de acordo com as suas necessidades e com a área das funções do trabalhador, devendo este cooperar com o empregador”. Tanto a DSAL como a DICJ esperam que não haja abusos da lei laboral. “As seis operadoras do jogo prometeram assumir a responsabilidade social e não exigir férias não remuneradas aos trabalhadores, estando dispostos a continuar a pagar a remuneração. A DSAL apela para que empregadores e trabalhadores efectuem a comunicação de boa fé, reconhecendo as necessidades mútuas”, acrescenta a mesma nota.


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quinta-feira 6.2.2020

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proposta de redução salarial proposta pela Shun Tak foi assinada por uma minoria de trabalhadores, mas, ainda assim, a empresa de Pansy Ho não terá ainda avançado para a implementação efectiva dos cortes salariais. A informação foi adiantada ao HM por Wong Yu Loy, membro da Confederação dos Sindicatos de Hong Kong (HKCTU, na sigla inglesa), que tem lidado directamente com este caso. “Apenas 43 assinaram [a proposta] de um total de 800”, disse. “Contactei com os trabalhadores da Shun Tak. Do que sei, a empresa organizou sessões de esclarecimento para os trabalhadores e falou com dois sindicatos. Eles pediram a cada trabalhador para assinar um documento a dar o seu consentimento [para a redução salarial], mas não um acordo colectivo de negociação com o sindicato.” Wong Yu Loy disse que ainda não há acordo, não concordando com o que está em cima da mesa. “A proposta não é razoável porque foi anunciada de forma unilateral pela empresa, sem qualquer discussão prévia com o sindicato.” Além do HKCTU, que possui cerca de 200 mil membros, também a Federação dos Sindicatos de Hong Kong, uma organização pró-Pequim, tem estado a lidar com este caso. Até ao fecho desta edição, o HM não conseguiu obter qualquer esclarecimento adicional por parte da Shun Tak ou da própria Federação no sentido de perceber quando é que os cortes salariais serão implementados.

E A LEI SINDICAL?

Numa resposta recente enviada ao HM, a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) disse estar

SHUN TAK APENAS 43 TRABALHADORES CONCORDARAM COM REDUÇÃO DE SALÁRIOS

Em banho-maria

Wong Yu Loy, membro da Confederação dos Sindicatos de Hong Kong, confirma que apenas 43 trabalhadores, num universo de 800, assinaram a proposta de redução salarial apresentada pela Shun Tak. Contudo, a empresa ainda não terá posto em prática os cortes salariais

Wong Yu Loy, membro do HKCTU “Contactei com os trabalhadores da Shun Tak. Do que sei, a empresa organizou sessões de esclarecimento para os trabalhadores e falou com dois sindicatos. Eles pediram a cada trabalhador para assinar um documento a dar o seu consentimento [para a redução salarial].”

a acompanhar a situação dos trabalhadores. “Até ao momento a DSAL não recebeu notificações sobre queixas

relacionadas com o acordo entre as partes para reduzir os salários. Caso sejam detectadas situações ilegais,

a DSAL irá acompanhar o caso de acordo com a lei a fim de proteger os direitos legítimos dos trabalhadores.”

BANCOS BNU ANUNCIA REGIME ESPECIAL E ENCERRA DEZ SUCURSAIS

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BNU anunciou a suspensão do serviço em dez agências na RAEM. Esta é uma das medidas anunciadas, através de um comunicado oficial divulgado pelo organismo, como resposta à situação do surto do novo coronavírus, após o anúncio do Governo de encerrar os casinos e os serviços públicos básicos.

Assim, segundo as directrizes da Associação dos Bancos de Macau (ABM), desde ontem, dez agências encontram-se encerradas: Mercado Vermelho, Sidónio Pais, Areia Preta, NAPE, Chun Fok, King Light Garden, Rua da Barca, Universidade de Macau, China Plaza e Fai Chi Kei. Quanto às agências que se mantêm abertas, o organismo

anunciou que irão funcionar em horário reduzido. “As agências que permanecem abertas, bem como a Sede do BNU, estão abertas ao público até às 16 horas, tentando prestar os nossos serviços

da melhor maneira possível, devido às circunstâncias”, pode ler-se no comunicado.
 De acordo com informações avançadas pelo canal chinês da Rádio Macau as agências de mais de metade dos bancos comerciais a operar em Macau vão seguir o mesmo caminho. As sucursais em funcionamente encerrarão às 16 horas.

Uma vez que Macau não tem sindicatos nem uma lei sindical, o HM questionou o jurista António Katchi

no intuito de perceber se os trabalhadores de Macau da Shun Tak ficarão em pé de igualdade com os seus colegas de Hong Kong no que diz respeito à garantia dos seus direitos. Este defendeu que “para evitar uma redução salarial, o melhor será naturalmente os trabalhadores da Shun Tak que sejam residentes de Macau contactarem e concertarem-se com os seus colegas de Hong Kong e, como último recurso, convocarem e realizarem uma greve conjunta”. “Nada na ordem jurídica de Macau os impede de se associarem ou de elegerem representantes, nem tão-pouco de fazerem greve. É certo que não há lei regulamentadora desses direitos, mas, do ponto de vista estritamente jurídico, estes podem ser exercidos mesmo assim, porquanto a norma constante do artigo 27.º da Lei Básica é uma norma auto-exequível”, acrescentou Katchi. Além disso, o jurista recorda a alteração legislativa, levada a cabo em 2008, que permitiu a implementação de cortes salariais desta forma. “Com a lei laboral anterior, a redução de salários só era possível mediante autorização da DSAL, além do acordo entre empregadores e trabalhadores. A nova lei do trabalho, proposta pelo Governo de Edmund Ho deixou de exigir essa autorização administrativa.” “Recordo que esta lei do trabalho, globalmente pior para os trabalhadores do que a lei anterior (um decreto-lei de 1989), foi então apoiada pela Federação das Associações dos Operários de Macau e aprovada com os votos favoráveis dos seus deputados”, rematou António Katchi. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

DSEC Capital social das empresas criadas cresce mais de 300%

Em 2019 foram criadas 6.140 empresas, mais 187 relativamente ao ano anterior. De acordo com dados divulgados ontem pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC), o capital social das sociedades constituídas em 2019 fixou-se em 4 mil milhões de patacas, ou seja mais 334 por cento em termos anuais. Segundo a DSEC, registou-se um aumento significativo do capital social das sociedades constituídas no ramo dos transportes, armazenagem e comunicações, bem como no sector das actividades financeiras. Em contrapartida, em 2019, foram dissolvidas 885 sociedades, com um capital social de 235 milhões de patacas.


8 coronavírus

6.2.2020 quinta-feira

24613 Infectados

3219 Em estado

23260

crítico

Casos suspeitos

2019novel co

FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 24391 25 24 22 18 16 13 12 11 11 10 10 8 6

Interior da China Tailândia Singapura Japão Hong Kong Coreia do Sul Austrália Alemanha EUA Taiwan Malásia Macau Vietname França

5

Emirados Árabes Unidos

4 3 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1

Canadá Índia Itália Rússia Filipinas Reino Unido Espanha Nepal Finlândia Bélgica Suécia Cambodja Sri Lanka

países com casos de nCov países sem casos de nCov

10 MACAU

Infectados

21

HONG KONG

Macau

Infectados

1

HONG KONG

Hong Kong

Morto


coronavírus 9

quinta-feira 6.2.2020

-nCoV oronavirus

965

494

HOJE NA CHÁVENA

Curados

Mortos

1-9 10-99 100-499 500-1000 +1000 Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

nCoV vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

24,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Zhejiang Henan Hunan Jiangxi Anhui Chongqing Jiangsu Shandong Sichuan Pequim Xangai Fujian Heilongjiang Shaanxi Guangxi

INFECTADOS 16678 895 895 764 661 548 530 376 341 307 301 253 243 206 190 165 150

MORTOS 479 0 0 2 0 0 0 2 0 1 1 1 1 0 2 0 0

REGIÃO Hebei Yunnan Hainan Liaoning Shanxi Tianjin Guizhou Gansu Jilin Mongólia Interior Ningxia Xinjiang Hong Kong Qinghai Taiwan Macau Tibete

INFECTADOS 135 124 91 88 81 69 64 57 54 42 34 32 21 17 11 10 1

MORTOS 1 0 1 0 0 1 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0


10 coronavírus

WUHAN ESTADOS UNIDOS RESGATAM MAIS CIDADÃOS

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UAS aeronaves repatriaram ontem para os Estados Unidos cidadãos norte-americanos retidos em Wuhan, o epicentro da epidemia do novo coronavírus na China, anunciou o Departamento de Estado norte-americano. Os dois voos transportam mais de 305 passageiros, no total, elevando o número de pessoas repatriadas por Washington por via aérea para "mais de 500", segundo as autoridades norte-americanas. Um primeiro voo, com 195 pessoas, deixou Wuhan na semana passada. Todos os passageiros foram colocados sob quarentena obrigatória, numa medida inédita no país desde os anos 1960. "Todos os viajantes foram submetidos a análises no aeroporto antes da partida" e serão colocados em "observação médica" após chegarem, informaram as autoridades. "O Departamento de Estado continua a trabalhar com a China para organizar um ou mais voos adicionais para norte-americanos que desejem retornar aos Estados Unidos a partir de Wuhan", acrescentou. Existe mais um voo agendado para esta quinta-feira. O exército dos EUA está pronto para abrigar mil pessoas que serão colocadas em quarentena. Washington também pediu aos seus cidadãos que não visitem a China e encerrou as fronteiras dos Estados Unidos a viajantes estrangeiros que tenham estado no país asiático recentemente.

Cathay Pacific Funcionários pressionados a tirar licença sem vencimento

A companhia aérea de Hong Kong Cathay Pacific pediu aos 27 mil funcionários para tirarem três semanas alternadas de licença sem vencimento devido às dificuldades económicas provocadas pelo novo coronavírus, anunciou ontem o presidente da transportadora. "Espero que participem todos, desde os nossos funcionários de primeira linha (em contacto com os clientes) aos nossos quadros superiores", declarou Augustus Tang, numa declaração vídeo difundida 'online'. A decisão surge como resposta às dificuldades financeiras resultantes do surto do novo coronavírus chinês para a companhia aérea, cujas receitas já no ano passado tinham sido afectadas pelas manifestações pró-democracia. Na sua mensagem aos empregados, Tang reconheceu que a Cathay registou, devido ao vírus, "as férias de Novo Ano Chinês mais difíceis da sua história". "E não sabemos quanto tempo vai durar”, admitiu.

6.2.2020 quinta-feira

HONG KONG IMPOSTA QUARENTENA A VISITANTES ORIUNDOS DO INTERIOR DA CHINA

Paragem obrigatória

acrescentar aos três campos actualmente existentes. A Chefe do Executivo disse ainda que a região está a preparar um fundo de 10 mil milhões de dólares de Hong Kong para enfrentar a epidemia.

DIAS DECISIVOS

Carrie Lam Chefe do Executivo de Hong Kong "Posso dizer que esta medida é muito rigorosa Depois de implementamos as medidas anteriores, o número de entradas diminuiu de 170.991, em 29 de Janeiro, para 28.675, em 4 de Fevereiro. Este número certamente cairá ainda mais após esta última medida."

O

S visitantes que entrarem em Hong Kong a partir do Interior Da China vão ser obrigados a um período de 14 dias de quarentena, visando conter a propagação do novo coronavírus, anunciou ontem a Chefe do Executivo local. "A medida é difícil. Mas após este anúncio (...) acredito que o

número de chegadas diminuirá", disse Carrie Lam. A medida, que será tomada através da invocação dos poderes especiais do cargo de Chefe do Executivo sob a Ordem de Prevenção e Controlo de Doenças, entra em vigor no sábado, para dar tempo a que os residentes ajustem os seus planos, afirmou.

O

Temores Olímpicos

responsável máximo da organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 mostrou-se ontem "muito preocupado" devido à propagação do novo coronavírus chinês e o possível impacto no evento desportivo. Toshiro Muto falava antes de uma reunião regular de coordenação, em Tóquio, com o Comité Paraolímpico Internacional, na qual foi abordada a propagação do vírus, detectado em Dezembro passado na cidade chinesa de Wuhan, capital da província de Hubei. "Estou muito preocupado com a propagação da doença infecciosa do coronavírus porque poderá travar o ambiente e o impulso para a organização dos Jogos. Espero que isto acabe o mais depressa possível", disse à cadeia estatal japonesa NHK. Os Jogos Olímpicos de Tóquio vão decorrer de 24 de Julho a 9 de Agosto.

Lam não referiu o local onde visitantes serão colocados em quarentena, mas acrescentou que dois terminais de cruzeiros, incluindo um onde se encontra actualmente um navio em quarentena, serão encerrados. O Executivo de Hong Kong está à procura de mais instalações para as pessoas que se encontrem em quarentena, a

Organização de Tóquio2020 "muito preocupada" com impacto do coronavírus nos Jogos

Por seu lado, o porta-voz do Comité Paraolímpico Internacional, Craig Spence, manifestou "plena confiança" nas autoridades japonesas e na Organização Mundial de Saúde (OMS) que vão "tomar todas as medidas necessárias para enfrentar a situação". Até ao momento, os organizadores de Tóquio 2020 só tinham feito declarações genéricas sobre a vontade de tomar "qualquer medida necessária" perante "qualquer incidência de doença infecciosa" e sem uma referência concreta ao novo coronavírus chinês (2019nCoV).Na semana passada, a governadora da capital, Yuriko Koike, foi mais contundente

Hong Kong anunciou na terça-feira a sua primeira morte devido ao novo coronavírus e fechou quase todos os postos fronteiriços com o resto do país. A região reportou seis novos casos, nos últimos dois dias, aumentando o total para 21. Os três casos confirmados na terça-feira não fizeram deslocações recentes ao continente chinês. "É preocupante (…) Os próximos 14 dias serão fundamentais", admitiu Lam. "Devemos unir-nos e deixar de lado as nossas diferenças, para que possamos vencer esta guerra contra a doença", disse. Lam admitiu carecer de estimativas sobre quantas pessoas ficarão em quarentena. "Posso dizer que esta medida é muito rigorosa. Depois de implementamos as medidas anteriores, o número de entradas diminuiu de 170.991, em 29 de Janeiro, para 28.675, em 4 de Fevereiro. Este número certamente cairá ainda mais após esta última medida", defendeu.

ao desmentir rumores sobre a possibilidade de cancelar os Jogos Olímpicos, assinalando que "não há qualquer facto que indique isso". Por seu lado, o Governo japonês aplicou várias medidas destinadas a conter a propagação do vírus como proibir a entrada no país de pessoas que viajaram recentemente para Wuhan, estando já a pensar em alargar estas restrições a visitantes oriundos de outras zonas da China. Responsáveis do Ministério da Saúde japonês e da organização de Tóquio 2020, entre outros, deverão reunir-se no final desta semana para analisar a situação e discutir possíveis medidas preventivas relacionadas com os Jogos Olímpicos. No Japão foram registados 33 casos confirmados de infecção.


quinta-feira 6.2.2020

Não há falta na ausência

diário de Próspero

António Cabrita

Fadiga das pedras

A

LBERTO Manguel, o escritor argentino, conta-nos, em “No Bosque do Espelho”, o duro coice que o atingiu quando lhe disseram que o professor que mais importância tivera na sua formação e no gosto pela literatura era um bufo da ditadura argentina, o primeiro carrasco dos seus alunos. É compreensiva a reacção de Manguel, devido ao anelo das emoções, mas labora um erro de perspectiva: a arte ensina a compaixão desde que estejamos comprometidos com ela, e, pelo contrário, funciona unicamente como mais um expediente quando dela nos servimos para outro tipo de intenções, se com ela travamos uma relação de heteronomia, de entretenimento. O problema não está na arte, mas no tipo de “encontro” ou de “pacto” que com ela entabulámos. Manguel e o seu professor percorreram os mesmos livros de forma muito diferente, o assombro, o mistério e o diálogo com a alteridade que transformavam Alberto Manguel, parecia ter eco no teatro de efeitos do seu professor – era uma enganosa coincidência de percursos. O Mal não abdica, não é uma privação do Bem, e aflora pela facilidade com que tendemos a desligar-nos da realidade, ou preferimos desrealizá-la, duplificando-a, a comprometer-nos no seu fluxo. Tudo começa nas modulações com que as ideologias nos alienam. Corrompidos, restam poucos recursos morais: um deles pode ser o nexo com a arte - que a espaços nos sacode e devolve a compaixão que nos desarma. Se há quinze anos me ouvisse proferir a palavra compaixão daria uma gargalhada ou puxaria da minha pistola de esquerda. Era-me uma palavra abominável. Admitia lá coisas que não passassem pela minha decisão!? Porque a compaixão é um sentimento transindividual. Vivo num país difícil, a muitos títulos uma farsa, e, para me manter à tona, em ouvindo a vassoura dos guardas anunciar a alba pego num livro desses poetas que incendiaram todos os horizontes, e traduzo-os, unicamente pelo amor à palavra, para manter-me em contacto com algo que me supera e catapulta acima da contingência. E quando saio à rua, a raiva com que acordei diluiu-se, a amargura cedeu o passo à alegria, a uma disposição que contamina. É essa a lição de Próspero na Tempestade: a arte encaminha-nos para a compaixão e só esta engendra o perdão. Entretanto, há coisas imperdoáveis e a própria percepção do que seja ou não tolerável é uma fronteira flutuante. Pensemos no escândalo francês do momento: o escritor Gabriel Matzneff,

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acusado de ser pedófilo. Seria hipócrita dizer que o caso não incomoda, a vários títulos. Todavia, também neste: está-se a querer regular excessivamente, de uma forma obsessiva e doentia, os limites da liberdade e do que seja ou não normal. Lembro a histeria da pedofilia em Portugal, por causa do processo da Casa Pia: mais grave que os actos praticados por uns quantos pedófilos sobre uma dúzia de rapazes foi a barragem de medo com que os media destroçaram a confiança de uma geração de crianças que deixa-

ram de ir brincar para a rua. Os jardins das cidades ficaram vazios, os pais estavam em pânico e incutiam isso nas crianças. Um efeito mais grave do que o risco (diminuto) que as crianças corriam até então de encontrar um pedófilo. Depois de Matzneff vai querer catar-se na história da literatura, e Dante, Almeida Garret, Sade vão ser os primeiros a serem proibidos. Não é coincidência esta investida moralista acontecer numa época em que o Presidente do país mais poderoso do

É paradoxal que os eleitores das sociedades hiperindustriais, que se diziam saturados dos políticos reajam afinal contra os mecanismos de vigilância da política e troquem os programas políticos pelo suposto carisma dos políticos mais batoteiros. Eis o mundo cansado de si mesmo, como se houvesse uma imensa fadiga das pedras

mundo é sujeito a um impeachment e poucos acharem que a democracia sofre um estupro quando Donald Trump declara, com o processo a decorrer, que o deputado democrata que lidera o processo de impeachment contra ele, Adam Schiff, “ainda não pagou o preço pelo que fez à América”, numa ameaça nada velada. Não é coincidência poucos acharem que a democracia esteja sob estupro quando um vídeo revelado dia 25 mostra que o presidente afastou à má fila a embaixadora americana que não lhe servia as intenções, que Trump mentiu ao jurar que não conhecia o seu emissário na Ucrânia; ou quando John Bolton, republicano, acaba de confirmar que os democratas têm razão. Que metade do mundo não veja nas acções de Trump nada de ilícito é sintoma de falência simbólica. E que enfadonho este mundo à medida que a pornografia moral cresce! Coitado do Clinton, quase caiu por causa de um charuto e da labilidade de alguns orifícios! Clinton mentiu à mulher e ao país por decoro. Trump, pelo contrário, mente compulsivamente e com descaro; mesmo se apanhado em flagrante é fake news, diz! A mesma loucura, no Brasil. Os vazamentos da Intercept Brasil demonstraram que Moro e os procuradores da Lava Jacto tinham um projecto político de perversas intenções, mas a única coisa que metade dos brasileiros retém é a dúvida sobre se os jornalistas obtiveram as suas informações de “forma legal”, como se Sérgio Moro e companhia tivessem manipulado a seu contento a paisagem jurídico-política do país de “forma legal”. É paradoxal que os eleitores das sociedades hiperindustriais, que se diziam saturados dos políticos reajam afinal contra os mecanismos de vigilância da política e troquem os programas políticos pelo suposto carisma dos políticos mais batoteiros. Eis o mundo cansado de si mesmo, como se houvesse uma imensa fadiga das pedras. Assim como acontecia com o professor de Alberto Manguel com a literatura, o nosso comprometimento com a realidade está a ficar espúrio, mais motivado pelo jogo das aparências e da ventriloquia do que pelo vínculo a qualquer fidelidade, a qualquer busca de dignidade. E se a prática da política já não é o sentimento da “filia” (o sentimento do nós), da necessidade de reparação (social e económica) ou da vergonha e pelo contrário se esvazia de qualquer pudor, quem nos assegura que não estamos a ficar inclusive privados de instrumentos para que ela funcione como o evitamento da guerra?


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6.2.2020 quinta-feira

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De Tomás ao Ribeiro de Nietzsche Q UANDO tinha 17 anos, lembro-me de entrar na Faculdade de Ciências, na rua da Escola Politécnica, para almoçar na cantina. Mais do que a feijoada de búzios, o prato forte da ementa eram os discursos de Américo Tomás, ritualmente afixados sem quaisquer comentários nos corredores da entrada. Os génios da colina Monty Python, activos já desde 1969, não ficavam atrás daqueles guiões de verdadeira estultícia iluminada. Anteontem, retirei da estante ‘A Origem da Tragédia’ de Nietzsche por causa de um texto que ando a escrever e eis que, sem saber porquê, me pus a ler o prefácio do tradutor, Álvaro Ribeiro, sobejamente conhecido pelos seus ofícios a bordo da chamada “filosofia portuguesa”. Garanto que tive vontade de o digitalizar, imprimir e ir a correr de novo à cantina daquela faculdade, embora, como se sabe, já não exista na mesma morada. O texto começa por demarcar-se do “racionalismo dos séculos modernos”, realçando a degradação “iluminista e positivista”, para depois vincar um contraste entre a cultura alemã, idealista e pessimista nos seus geniais representantes”, e a “filosofia portuguesa, realista e optimista, de mais nobre e valiosa tradição”. Logo a seguir, o encapelado discurso avança com uma tirada extraordinária: “A tradição portuguesa, desde a época do Infante D. Henrique até à época de Vasco da Gama, fala-nos do Oriente em palavras completamente diversas das que nos são dadas pela erudição alemã. Assim, o orientalismo alemão que começa na filosofia pelos trabalhos de Augusto Schlegel e que atinge o cúmulo na filosofia de Artur Schopenhauer, havia de parecer-nos uma violenta inversão de sabedoria tradicional.”. Se à data da redacção deste prefácio (1953), ou mesmo hoje, fosse possível comparar o estado dos estudos orientais na Alemanha ou na Holanda e em Portugal, eu atirava-me de cabeça das arribas do Douro. Independentemente dos delírios iniciais, o autor continuará a tergiversar sobre a liberdade e a individuação, concluindo que o mal de Nietzsche era a sua ignorância do que qualificava como “filosofia atlântica” dos “europeus que por via marítima chegaram ao Oriente”: “Afastado, como todos os cientistas do seu tempo, da filosofia de Aristóteles, pensa Nietzsche que quanto mais se afirma o princípio de individuação e, com ele, a liberdade, tanto mais o homem

cultiva a sua angústia e o seu desespero. Coerentemente, Nietzsche, pensador mediterrâneo, se condena Sócrates também condena Cristo, mas parece desconhecer as verdades que pertenciam já ao ciclo da filosofia atlântica, da filosofia dos europeus que por via marítima chegaram ao Oriente.”. Não contente com este aceno a Nietzsche que, como se sabe não era nenhum anjinho, eis que o nosso Álvaro Ribeiro dispara depois ao nível de um verdadeiro clímax: “A superioridade da filosofia portuguesa sobre a cultura da Europa Central mais uma vez se afirma ao interpretar o Cristianismo e ao situar o mistério da Encarnação no quadro mais adequado à especulação teológica, evitando assim dificuldades como as que necessariamente irritavam o pensamento crítico

de Frederico Nietzsche.”. Explicitada assim, sem mais nem menos, a superioridade do pensamento lusitano, segue-se a razão pela qual meio mundo sempre se mostrou negligente face à gesta filosófica dos portugueses: “Teólogos e apologetas que se preocupam demais com os problemas da Reforma e da Contra Reforma não prestam a devida atenção ao significado evangélico e universal dos Descobrimentos, porque do meridiano de Roma não é fácil ver a superioridade do simbolismo do barco sobre o simbolismo do túmulo.”. No derradeiro passo deste luminoso prefácio, o filósofo nascido em Miragaia refere-se ao desespero de Nietzsche, esclarecendo que o pensamento português já há muito havia superado as aleivosias proferidas pelo autor nascido na Alta

Enfim, estou a ver-me agora mesmo a sair do Rato, a percorrer de novo a rua da Escola Politécnica e, por fim, a entrar nos portões metálicos que hoje permitem o acesso aos ‘Artistas Unidos’. Na parede da antiga cantina, colo com fita adesiva o texto deste prefácio para que a incredulidade de uns possa ser o ADN de outros

retrovisor Luís Carmelo

Saxónia: “O desespero de Nietzsche tem outro significado que foi já surpreendido por alguns teólogos da Alemanha, entre os quais é lícito mencionar Carlos Barth e Alberto Schweitzer. Para os pensadores de tradição portuguesa, este aspecto da obra de Nietzsche representa um momento já ultrapassado pela consciência religiosa que ascendendo evolui para Deus.”. Já a terminar, Álvaro Ribeiro deixa para a posteridade dois tónicos fundamentais. Um primeiro com o objectivo de explicar aos povos do planeta como estudar o pensamento português: “Para bem compreender a profunda religiosidade portuguesa é indispensável a demorada leitura de todos os livros do Novo Testamento, e não só dos Evangelhos. Meditando nas doutrinas dos apóstolos, e, consequentemente, nas dos missionários, não estranharemos que a filosofia portuguesa seja mais especulativa do que teorética, menos contemplativa do que actuante”. Um segundo com o objectivo de relembrar, uma e outra vez, a superioridade da filosofia portuguesa face à alemã e o estranhíssimo interesse de algum público lusitano pelas obras do senhor Friedrich: “Se a filosofia portuguesa, mais por suas verdades cifradas do que pelos seus livros publicados, é superior à filosofia alemã, como explicaremos a inegável predilecção dos católicos portugueses pelas obras de Frederico Nietzsche? Cremos que tal interesse significa a natural reacção contra o racionalismo cristão e utópico que a cultura francesa propagou em certos melos eclesiásticos, e corresponde ao desejo de procurar, para além dos paradoxos germânicos, as verdades que não puderam ser bem formuladas nos sistemas clássicos da mentalidade moderna.”. Enfim, estou a ver-me agora mesmo a sair do Rato, a percorrer de novo a rua da Escola Politécnica e, por fim, a entrar nos portões metálicos que hoje permitem o acesso aos ‘Artistas Unidos’. Na parede da antiga cantina, colo com fita adesiva o texto deste prefácio para que a incredulidade de uns possa ser o ADN de outros (clarifique-se que ADN é a sigla de ácido desoxirribonucléico, um composto orgânico cujas moléculas contêm as instruções genéticas que coordenam o desenvolvimento e funcionamento de todos os seres vivos, mesmo daqueles que pensam com a cabeça virada para o Império de São Lourenço do Bugio).


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

quinta-feira 6.2.2020

estendais Gisela Casimiro

Chegámos até aqui

U

MA mulher entra no autocarro. Assim parecem começar tantas das minhas histórias. Já se fez História a partir de histórias de mulheres em autocarros. Não parece, contudo, pelo menos não hoje, o caso desta. Fala ao telefone, declara: “Não me dói nada. Nadinha me dói.” Haja quem. Ela olha-me, o rosto mais enrugado que me lembro de ver nos últimos tempos. Cabelo grisalho muito comprido, contido com ganchos, molas e uma bandolete. Sorriu-me, já, por duas ou três vezes. Entro, finalmente, numa igreja, em hora de missa mas, para meu espanto, agora há missas em modo aula de cycling no ginásio, o que até deve fazer sentido, se considerarmos que igrejas e ginásios são locais que nunca fecham e onde se pode ir sozinho e ficar sozinho mas menos do que se estivesse fechado em casa. Pelo menos em alguns dias. Em vez do ecrã, temos o púlpito vazio e a voz gravada de um padre, que nem sei se é conhecido de alguma destas pessoas, ou se também opera em modo videochamada. Faço a minha parte e saio, muito antes de estar da missa a metade. Ficam os turistas, a minha estranheza e o meu arrependimento. Mas, voltando ao meu lugar preferido, e preferido de tanta gente, o austríaco na Rua Anchieta, a mesma que ao sábado vira feira de livros e torna tudo mais especial. Tenho voltado aqui muitas vezes, ultimamente. Ela dá as mãos, cotovelos na mesa, o olhar mais parecido com o meu, sempre que regresso do escuro da janela. Agora já não sorri, antes se levanta e prepara para partir, conheci-a durante o tempo de um café e isso pode ser conhecer alguém intimamente e para sempre e como ninguém, ou quase, ela levanta-se e parte, não sem antes trocar umas palavras com o pessoal da casa, como fez quando entrou, e dois amigos do empregado que entraram há pouco, prancha de skate debaixo do braço e a juventude nos ombros, no rosto e no resto. Na mesa, o café e meio copo com água. Volta a olhar-me, diz “Adeus, menina!” com a mão, o rosto e o resto. Eu continuo a escrever à mão. Escrevo sobre ela. Tem feito tanto frio que me doem os olhos quando saio do trabalho às seis da manhã. Dói-me este vento. Encontro, sempre que no turno da noite, dois homens na paragem. Digo bom dia e eles respondem. Um deles deixa-me sempre entrar primeiro e, certa vez em que choveu muito, o outro abriu o chapéu e deu-me cobertura enquanto

Tem feito tanto frio que me doem os olhos quando saio do trabalho às seis da manhã. Dói-me este vento. Encontro, sempre que no turno da noite, dois homens na paragem. Digo bom dia e eles respondem. Um deles deixa-me sempre entrar primeiro e, certa vez em que choveu muito, o outro abriu o chapéu e deu-me cobertura enquanto o autocarro não vinha o autocarro não vinha. Em certos dias, quando o autocarro se atrasa (e é uma hora cruel para atrasos), trocamos reparos, sempre em tom suave, não vá

o autocarro ouvir e demorar mais. Às vezes penso que devem ser do mesmo país que eu. Outras, percebo que esse país pode ser este. Outras, ainda, penso se estaremos, realmente, no mesmo país, ou como seria se tivéssemos vindo do mesmo, onde as pessoas são tratadas de forma diferente conforme a tez seja mais clara ou mais escura. É como aqui, afinal, apenas ao contrário: quanto mais claro, pior. Tenho tido tonturas deitada, em pé, sentada. A anemia faz-nos isso. Mas que pode a anemia perante a Olívia, a minha nova melhor amiga de infância que, a três meses dos dois anos, me puxa e segura com as suas mãozinhas, me sorri com todos os dentes, que os tem, me encanta com os caracolinhos loiros perfeitos como numa fábula e ri, ri, ri, e me conduz em rodopio infinito pela sala e pela cozinha? É a brincadeira preferida dela, explicam os pais, e já encontrou uma forma mais eficaz de ficar ainda mais tonta. Giramos e giramos e nada nos aflige. Ela deita-se e eu arrasto-a pelo tapete, no sofá, ao longo das minhas pernas. Balanço-a de mim para os pais. Pelo meio faz festas à gata. O que pode qualquer sombra, o que podem os motoristas, os polícias, os políticos, contra uma bebé, que nos puxa e envolve, que leva sempre a melhor sobre nós, enquanto nos recorda do nosso melhor?

No trabalho, sentimos que nos pagam pouco para virmos comer pistachios e conversar. O meu colega diz, “Dia 4 de Fevereiro é o aniversário da minha filha.” Pausa. “E o dia das catanas em Angola.” Rimos. “Faço anos a 15 de Maio”, conta uma colega em contexto da marcação de uma viagem. O primeiro responde, “Eu também, oito dias antes.” Rimos novamente, ou não parámos ainda. Corrijo, “É no mesmo dia, com a diferença de oito dias e uns vinte anos.” Ele, que é um português angolano, com passagem por Macau e pela Bélgica, regressou à primeira casa depois de décadas na África do Sul, onde sentiu, desde o primeiro momento, que estava em casa, que encontrara “O” lugar. E ali encontrou beleza imensa, uma mulher e uma família. Ao contar-lhe sobre a missa em formato podcast, reclama nunca ter encontrado uma igreja aqui onde, na comunhão, para além da hóstia, também aos crentes se desse a beber o vinho. Digo-lhe que, aqui, vinho só para padres e acólitos. Continua a retorquir que está mal, e assim vamos fazendo pausas de galhofar para trabalhar. Há dias assim e passam demasiado rápido. A vida passa demasiado rápido. “Já chegámos até aqui”, diz outra mulher para a amiga. Ambas saem do autocarro e, também, deste texto. E nós, seguimos?


14 (f)utilidades MUITO

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NUBLADO

O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente EXPOSIÇÃO “GAME – GIGI LEE’S MULTIMEDIA” Armazém do Boi | Até 16/2

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FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Kenji Tanigaki Com: Donnie Yen, Teresa Mo, Niki Chow, Wong Jing, Jessica Jann 14.00, 18.55

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THE GRAND GRANDMASTER [B] FALADO EM CANTONESE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Dayo Wong Com: Dayo Wong, Annie Liu, Catherine Chau 15.50, 20.00, 22.15 SALA 2

DOLITTLE [A]

FALADO EM INGLÊS LEGENDADOEM CHINÊS Um filme de: Stephen Gagham Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 17.50, 21.45

DOLITTLE [A]

FALADO EM CANTONESE Um filme de: Stephen Gagham

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ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B]

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3 7 1 5 6 2 4

7 6 4 3 2 1 5

FALADO EM CANTONESE LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 15.55, 19.45 SALA 3

SPIES IN DISGUISE [B] Um filme de: Troy Quane, Nick Bruno 14.00, 15.55, 19.30

SHINKALION THE MOVIE [B] Um filme de: Takahiro Ikezoe 17.50

ALL’S WELL END’S WELL 2020 [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Raymond Wong Com: Julian Cheung Chi Lam, Louis Cheung, Raymond Wong 21.30

BAHT

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YUAN

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ENSAIO50SOBRE A CEGUEIRA 7 2

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5 2 3 4 1O MÉTODO KOMINSKY 3 | CHUCK 1 5LORRE6(2018)7 54 5 3 1 2 4 6 7 2 6 7 1 4 7 6 2 3 1 “O Método Kominsky” é uma série premiada, que 1brinda7com6a actuação 4 5 3 2 4 3 5 7 6 1 5 46 72 6 nos de dos veteranos Michael 7 5e Alan3Arkin6e nos 2 4 1 6 4 2 6 5 3 2 3 1 47 56 Douglas fala sobretudo, num cocktail bem 3ponderado 4 7de humor 1 e6 2 5 7 51 4 6 2 5 73 34 2 4 drama, sobre como é envelhecer. Criado por Chuck 2 argumentista 6 4 de5séries 1 7 3 3 7 1 3 2 5 6 4 7 1 2 Lorre, como “Dois homens e meio” 6 1do Big2Bang”,3 “O 7 5 4 1 3 5 6 3 7 4 2 6 56 33 e “Teoria Método Kominsky” acom4 7 2 7 panha Sandy Kominsky, um actor de sucesso nou54tempos, e que agora é 59 1 6 60 tros um veterano professor de representação, inseparável 1 6 2 5 7 3 4 7 1 5 6 2 4 3 2 3 7 6 5 do seu bom e velho agente Norman Newlander, em 2 se 3apoia e7com 6quem 1 4 5 2 5 4 1 3 7 6 1 6 5 3 2 quem partilha de tudo um pouco. Disponível 3 4na biblioteca 5 1 da 2 6 7 5 6 3 4 1 2 7 3 7 4 5 6 Netflix. Pedro Arede 6 2 4 7 5 1 3 6 7 2 3 5 1 4 5 1 2 4 7 5 1 6 3Propriedade 4 Fábrica 7 de Notícias, 2 Lda Director Carlos Morais 1 José2Editores6João Luz;7José C.4Mendes Redacção 3 5Andreia Sofia Silva; ; João Santos 6 Filipe;2Pedro Arede 3 Colaboradores 1 4 Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Luis Carmelo; Nuno Miguel 7 5 1 4Cotrim; 3José Drummond; 2 6José Navarro de Andrade; José3Simões4Morais; 1 5 Michel7Reis;6 2 Guedes; Paulo José Miranda; 4 Paulo5Maia e6Carmo; Rita 7Taborda1 Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua www. 4hojemacau. 7 3 2Paul 6 deredacção 5 e1Publicidade MadalenadaSilva4(publicidade@hojemacau.com.mo) 3 7 2 6Assistente 5 demarketing 1 VincentVongImpressão 7 Tipografia 4 Welfare 1 Morada 2Calçada3 Secretária

2 4 3 7 6 55 1 3

4 5 2 6 1 3 7

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UMA 4 2 SÉRIE 5 7 HOJE 3 1 6

com.mo

PROBLEMA 51

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1 7 4 23 5 2 6 6 5 61 37 73 4 2

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2 1 4 7 3 5 6

13 5 1 7 7 4 5 6 2

4

Suspender a actividade do sector do jogo em Macau é uma medida que exige coragem e que demonstra, perante uma situação extraordinária como é a epidemia do novo coronavírus, que o Governo parece estar verdadeiramente a colocar a saúde e os interesses da população em primeiro lugar. Para além do conteúdo, a forma desembaraçada (pelo menos) de Ho Iat Seng transmitir as medidas necessárias, passa uma imagem de frontalidade e transparência numa situação de crise. E isso é bom nos tempos que vivemos. O que já não é tão positivo é a “cegueira” de alguns que, em estado de pânico, acorreram aos supermercados, ainda o discurso do Chefe do Executivo não tinha terminado, para fazer precisamente o contrário dos apelos anunciados e da garantia dada, de que existem52 alimentos suficientes para assegurar o abastecimento da RAEM nas próximas semanas. Como relatado em algumas passagens da obra de Saramago, muitas vezes, maior que o perigo em si de uma epidemia, pode ser o perigo despoletado por actos desesperados, onde reina o egoísmo e decisões extremadas, nunca antes ponderadas num contexto normal, deixando valores fundamentais para segundo plano e não contemplando, por exemplo, os interesses dos mais carenciados. Por isso, para o bem de todos, é preciso estar de olhos bem abertos. Até porque, ao contrário da epidemia romanciada em “Ensaio sobre a cegueira”, o coronavírus é uma epidemia que não impede ninguém de ir vendo o que se passa à sua volta. Pedro Arede

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A líder democrata da Câmara dos Representantes norte-americanos manifestou na terça-feira as suas divergências com o Presidente dos Estados Unidos ao rasgar uma cópia do discurso do Estado da Nação perante o Congresso. Assim que Donald Trump terminou o discurso, Nancy Pelosi, que segundo a tradição estava de pé atrás do Presidente norte-americano e ao lado do vice-Presidente, Mike Pence, pegou ostensivamente no documento e rasgou-o.

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 50

DOLITTLE

8.81

4 6 54 26 1 7 3

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Com: Robert Downey Jr, Antonio Banderas, Michael Sheen 14.00

ENTER THE FAT DRAGON [C]

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C4I 6N 7E 2M A

SALA 1

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EURO

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O GESTO É TUDO

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VIDA DE CÃO

EXPOSIÇÃO “MACAU CANIDROME-POUCHING TSAI SOLO EXHIBITION” Armazém do Boi | Até 11/2

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7 5 - 9 5´%

S U D O K U

TEMPO

6.2.2020 quinta-feira

5 3 6 43 7 1 2

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de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo

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opinião 15

quinta-feira 6.2.2020

a propósito de

OLAVO RASQUINHO*

Q

Alterações climáticas e variabilidade climática

UANDO nos debruçamos sobre as notícias referentes a fenómenos meteorológicos extremos podemos verificar que frequentemente os comentários tecidos por várias entidades, por vezes responsáveis governamentais e de organizações internacionais, atribuem essas ocorrências às alterações climáticas. Há que ter cuidado na apreciação das causas desses fenómenos na medida em que é frequente confundir-se variabilidade climática com alterações climáticas. São conceitos diferentes, mas facilmente confundíveis, na medida em que ambos se referem a modificações no comportamento do clima, embora em escalas temporais e espaciais diferentes. Vejamos como se distinguem, de acordo com a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (United Nations Framework Convention on Climate Change - UNFCCC). Variabilidade climática, numa determinada região, consiste em variações do estado médio do clima em períodos relativamente curtos como um mês, uma estação ou um ano, enquanto que alterações climáticas se referem a variações estatisticamente significativas do estado médio do clima, que persistem por um período prolongado (décadas ou períodos mais longos) e abrangem regiões mais vastas. Por exemplo, a ocorrência de secas numa determinada região, com certa regularidade, poder-se-á atribuir à variabilidade climática. No entanto, se as secas ocorrerem mais frequentemente e se a tendência para a diminuição da precipitação se mantiver durante algumas décadas, poder-se-á pressupor de que se trata de uma alteração climática. A UNFCCC distingue, assim, a variabilidade climática, que atribui a causas naturais e perdura durante períodos relativamente curtos, das alterações climáticas que considera atribuíveis à atividade humana e se repercutem por muito mais tempo. São frequentemente atribuídas às alterações climáticas a maior frequência de fenómenos meteorológicos extremos, como ciclones tropicais de grande intensidade, períodos de seca mais longos e mais frequentes em algumas regiões e chuvas torrenciais noutras, etc. Na realidade sempre ocorreram alterações do clima durante milhões de anos, desde que a atmosfera do nosso planeta se formou. Basta pensar que as glaciações e os períodos interglaciários foram resultado de milhares de anos de arrefecimento da atmosfera terrestre, alternando com longos

Furacão Katrina (agosto de 2005) – próximo da costa norte-americana

Furacão Catarina (março de 2004) – próximo da costa do Brasil

períodos de aquecimento. As causas das glaciações estão essencialmente relacionadas com os parâmetros orbitais da Terra, o que implica maior ou menor radiação solar que atinge o nosso planeta. A grande diferença entre essas alterações e as que ocorrem atualmente consiste no facto de as glaciações e os períodos interglaciários se arrastarem durante milhares de anos, enquanto que as alterações climáticas que atualmente se processam estão a ocorrer desde há relativamente pouco tempo e as suas causas são atribuídas à injeção de enormes quantidades de gases de efeito de estufa produzidos desde o início da era industrial, ou seja, há menos de duzentos anos. Um fator importante que está na base de alguma variabilidade climática são as chamadas teleconexões, que consistem em ligações entre certos fenómenos que ocorrem na atmosfera ou no sistema atmosfera-oceanos, em algumas regiões do globo, e que causam alterações na circulação geral da atmosfera e, consequentemente, a ocorrência de fenómenos meteorológicos significativos em regiões distantes. Entre as teleconexões contam-se o “El Niño” e “La Niña”, que se referem, respetivamente, a aquecimento e arrefecimento anómalos da água do mar na região equatorial do Pacífico Sul, próximo do Peru. No caso do El-Niño, a água sobreaquecida aquece o ar que se lhe sobrepõe, provocando perturbação na circulação geral da atmosfera, o que é a causa

de fenómenos meteorológicos significativos em regiões distantes. Por exemplo, durante o El-Niño, ocorrem secas no Nordeste brasileiro e chuvas intensas no sul do Brasil, enquanto que nas regiões do Sudeste asiático, onde se situa Macau, os meses de dezembro a maio são anormalmente mais chuvosos. Pode não ser correta, por exemplo, a afirmação de que as alterações climáticas foram a causa de certos fenómenos meteorológicos extremos, como por exemplo o furacão Katrina (agosto de 2005) que causou cerca de 1.800 vítimas mortais nos EUA, ou o tufão Haiyan, que tirou a vida a mais de 7.000 filipinos, em novembro de 2013, ou até o tufão Hato, que afetou Macau em agosto de 1917. Ocasionalmente, ocorre um acontecimento ou sequência de acontecimentos meteorológicos que nunca foram registados antes, como o furacão Catarina que atingiu o estado de Santa Catarina, no Brasil, em março de 2004, ou a temporada excecional de furacões no Atlântico Norte em 2005. O furacão Catarina foi, até à presente data, o único a ser detetado no Atlântico Sul, o que causou estranheza no meio científico ligado às ciências da Terra. Será que tais acontecimentos são manifestações das alterações climáticas ou tratar-se-ão de simples variabilidade natural do clima? Nem o IPCC poderá responder a esta pergunta, mas a realidade é que fenómenos meteorológicos

extremos têm vindo a ocorrer com maior frequência, e em latitudes em que são raros ocorrerem. Esta série de acontecimentos incomuns, a tornar-se persistente, poderá sugerir uma muito provável alteração do clima. É o caso, por exemplo, de tempestades tropicais terem vindo a afetar com mais frequência os Açores, e até mesmo o continente português. Esta realidade fez com que Portugal tenha recentemente sido admitido como membro do Comité dos Furacões, com sede em Miami. O aumento da frequência de fenómenos meteorológicos extremos e a sua ocorrência em regiões onde previamente eram raros levam-nos a acreditar que as alterações climáticas causadas pela ação antropogénica são altamente prováveis. Digo “altamente prováveis” porque é arriscado afirmar certeza absoluta quando se trata do comportamento de um sistema tão complexo como é o clima. Mesmo não havendo essa certeza, é absolutamente necessário que os governos tomem medidas para que se recorra cada vez mais às energias renováveis, na medida em que os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) demoraram milhões de anos a se formarem e não são inesgotáveis. Ao ritmo cada vez mais acelerado a que são consumidos, tornar-se-ão cada vez mais escassos. Não apostar em alternativas é contribuir para que as gerações futuras encontrem um planeta cada vez menos sustentável. Apesar do protocolo de Quioto, em 1997, das vinte e cinco Conferências das Partes promovidas pela UNFCC e do acordo de Paris (2016), o consumo desses combustíveis não diminuiu. Mesmo que as alterações climáticas não fossem uma realidade, o simples facto de a variabilidade climática ser inegável deveria fazer com que os governos de todos os países se empenhassem no incremento da utilização de energias renováveis. A menor exploração dos combustíveis fósseis seria uma benesse para o meio ambiente, evitando terríveis desastres como os que ocorreram com o derramamento de petróleo no Alasca devido ao naufrágio do petroleiro Exxon Valdez, em 1989; na costa da Galiza em 2002 com o naufrágio do petroleiro Prestige; no Golfo do México em 2010 devido a explosão numa plataforma de exploração petrolífera, etc. É evidente que a política de descarbonização interfere com grandes interesses instalados e daí aparecerem dirigentes governamentais de alguns países que, para serem fiéis às forças que financiaram as respetivas campanhas eleitorais, insistem em remar contra esta grande maré que é a tomada de consciência de grande parte da humanidade. *O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico


Feliz do homem que não espera nada, pois nunca terá desilusões. PALAVRA DO DIA

Alexander Pope

Às escuras

Estimadas grandes quebras nas receitas do jogo de massas

A

decisão do Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, de encerrar os casinos por um período de duas semanas pode trazer um período negro ao sector do jogo. Analistas dizem ser cedo para fazer previsões, mas algumas estimativas apontam para perdas de 75 por cento nas receitas de Fevereiro, além do impacto nos ganhos anuais. Ao HM, o economista Albano Martins destaca sobretudo as perdas para a economia e PME. “Tomando o ano passado [como referência], e se tudo se mantivesse constante, esses 15 dias representam uma perda de cerca de 4,7 mil milhões de patacas para os cofres públicos. Para a economia, uma perda de 12 milhões.” Ainda assim, Albano Martins prevê que “o impacto será provavelmente muito maior na economia e no sector público”, uma vez que existe ainda “uma grande incógnita quanto ao tempo de impacto do vírus”. De acordo com o portal informativo GGRAsia, a JP Morgan Securities (Asia Pacific) disse num comunicado emitido esta terça-feira que os custos de operação fixos consomem cerca de 19 por cento das receitas obtidas pelas operadoras de jogo, a maioria relacionadas com os funcionários. DS Kim, Derek Choi e Jeremy An, analistas da JP Morgan, falam de perdas na ordem dos 75 por cento em termos das receitas oriundas do jogo de massas em Fevereiro, e uma perda anual de seis por cento, sem esquecer uma quebra do EBITDA na ordem dos dez por cento.

A analista Roth Capital Partners LLC defendeu, também na terça-feira, esperar uma quebra anual de 14 por cento nas receitas, comparando com anos anteriores. “Enquanto existem muitas incertezas no que diz respeito ao coronavírus, antecipamos um declínio das receitas do jogo de massas na ordem dos 31 por cento na primeira metade de 2020”, escreveu o analista David Bain.

AMBROSE SO À ESPERA

Ao Hong Kong Economist Journal, Ambrose So, vice-presidente e CEO da SJM, disse que o encerramento dos casinos coincide com um período que seria sempre “calmo”, por ser posterior ao Ano Novo Chinês. O empresário disse também que tudo depende das respostas rápidas que as autoridades de Macau apresentem para a crise de saúde pública. No entanto, a redução das despesas com o fecho dos casinos “não compensa completamente” as receitas perdidas. No caso da analista Sanford C. Bernstein Ltd, espera-se uma recuperação das receitas oriundas das apostas de massas caso surja uma melhoria da situação causada pelo coronavírus. “A questão chave em torno de Macau tem a ver com tempo de restituição da emissão de vistos e o regresso aos valores normais de entrada de turistas. A segunda metade do ano deveria constituir uma grande recuperação (a não ser que a situação médica piore)”, escreveram os analistas Vitaly Umansky, Eunice Lee and Kelsey Zhu. P.A.

SJM Operdadora faz doação de 20 milhões para Hubei A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) emitiu ontem um comunicado onde aponta que irá doar 20 milhões de patacas para ajudar as autoridades de Hubei, na China, a lidar com o combate e prevenção ao novo coronavírus. O dinheiro deverá servir para a compra de novos materiais médico e demais equipamentos

de protecção, com a doação a ser coordenada pelo Gabinete de Ligação do Governo Central em Macau. Daisy Ho, presidente do conselho de administração da SJM, disse, citada pelo comunicado, que este donativo “é acompanhado com os mais sinceros desejos para a população de Hubei e para a nossa mãe pátria”.

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quinta-feira 6.2.2020


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