Hoje Macau 6 MAR 2020 # 4481

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RETIDOS EM CASA

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GONÇALO LOBO PINHEIRO

FILIPINAS

MOP$10

SEXTA-FEIRA 6 DE MARÇO DE 2020 • ANO XIX • Nº4481

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

VÍDEOVIGILÂNCIA

PONTOS DE VISTA

PÁGINAS 2-3

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UM | PROPINAS

AJUSTES DE CONTAS PÁGINA 7

hojemacau

Abril, patacas mil O cartão electrónico, de apoio ao consumo no valor de 3.000 patacas, chega em Abril, para ser utilizado na totalidade até ao fim de Julho. A isenção do pagamento de água e electricidade decorre entre Março e Maio, numa medida que também se estende às PME, embora com limitações. De fora, fica a hipótese de um segundo cheque pecuniário. O anúncio do Governo foi feito ontem pela voz de Lei Wai Nong.

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PÁGINA 4

PEQUENAS NOTAS GONÇALO M. TAVARES

DOENÇA MENTAL ANTÓNIO DE CASTRO CAEIRO

RUÍDO

VALÉRIO ROMÃO


2 coronavírus

6.3.2020 sexta-feira

“PRISAO”´ DOMICILIARIA ˜

A decisão do Governo das Filipinas de suspender voos para Macau e Hong Kong, devido à epidemia do Covid-19, causou enormes constrangimentos aos cidadãos do país, que se viram impossibilitados de viajar, sem ordenado e em risco de perder o emprego. O HM falou com três deles, um a trabalhar em Hong Kong, que assumem ser complicado regressar, mesmo que a suspensão de voar tenha sido cancelada, uma vez que é difícil comprar voos directos

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OSS Belle Santos constatou que nenhuma individualidade ou entidade estava a ajudar os seus co-cidadãos que trabalham em Macau, por oposição às acções de apoio a quem trabalha em Hong Kong, e decidiu agir. Com a ajuda de Jassy Santos, presidente da União Progressiva do Trabalho dos Trabalhadores Domésticos, Ross escreveu uma carta endereçada a Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas, enviada através do consulado-geral das Filipinas em Macau. A mesma carta foi endereçada também a Silvestre H.Bello, Secretário do Departamento do Trabalho e Emprego de Intramuros, em Manila. Na missiva, pedia-se o cancelamento da suspensão repentina de voos para as duas regiões administrativas especiais da China, algo que foi efectivado no passado dia 19 de Fevereiro. “Todos nós temos estado presos no nosso país depois de uma suspensão dos voos para Macau imposta a 2 de Fevereiro. Infelizmente, alguns de nós deixaram as suas famílias e patrões em Macau. Tendo em conta esta decisão, gostaríamos de requerer assistência junto do seu gabinete”, começa assim a carta a que o HM teve acesso. “Esperamos que, no nosso caso, a suspensão de voos seja encurtada e levantada o mais depressa possível”, lê-se ainda. Para Ross Belle Santos, cujo marido ainda se encontra nas Filipinas sem conseguir viajar, esta carta foi o motor de arranque para alterar uma situação que deixou muitos co-cidadãos seus numa situação aflitiva. “Fui para casa [nas Filipinas] no dia 31 de Janeiro e era suposto

FILIPINAS CIDADÃOS RELATAM DIFICULDADES IMPOSTAS COM A PROIBIÇÃO DE VOOS

Johan não tem dúvidas de que o Governo de Rodrigo Duterte “tomou uma decisão abrupta de impor a suspensão dos voos com efeito imediato sem pensar ou estudar sequer os efeitos nos trabalhadores migrantes.”

regressar [a Macau] a 2 de Fevereiro. De repente disseram-me, quando estava a fazer o check-in, que não podia embarcar. Não havia quaisquer directivas mas havia uma decisão do Governo de suspender os voos”, contou Ross Belle Santos ao HM. Ross Belle, que trabalha na área dos cuidados de saúde, conseguiu entretanto voltar, mas espera ainda pelo marido e pelos filhos. “Tivemos de cancelar todos os nossos planos. Esta separação está a ser muito difícil e causa-me uma grande ansiedade. Além disso há a questão financeira,

“Eles dão-nos 10 mil pesos como apoio financeiro, mas não é suficiente para suportar as necessidades da minha família.” JOE TRABALHADOR EM MACAU

porque não temos dinheiro suficiente para nos sustentar. Tem sido difícil arranjar dinheiro para toda a família porque sabem que eu não tenho trabalho. Sentimos muitos constrangimentos.” Ross Belle Santos diz ser uma “sortuda” por manter o seu emprego. Deveria ter regressado ontem ao trabalho, mas começou com sintomas de constipação e teve de adiar esse regresso. Para ela, a carta enviada às autoridades filipinas foi decisiva para alterar a situação de milhares de trabalhadores migrantes que se viram impedidos de voar para Macau, Hong Kong e Taiwan. “Nos dias em que os voos estavam suspensos, todos os filipinos ficaram presos no país e havia uma petição para os trabalhadores em Hong Kong, mas ninguém deu apoio aos trabalhadores de Macau. Criámos um grupo [de apoio] mas foi difícil para mim, pois em Macau alguns líderes da comunidade filipina conhecem-me e podem compreender mal as minhas acções. Podem achar que estou contra eles, porque não estão a fazer a sua parte e eu estou a tentar fazer alguma coisa.”

PESOS INSUFICIENTES

Apesar de já conseguirem voar para os territórios onde trabalham, os filipinos que ainda se encontram no país continuam a não conseguir marcar voos e a passar por dificuldades económicas. “A suspensão de voos foi levantada, mas continuam a não estar disponíveis voos directos para Macau”, disse a mulher que recebeu 10 mil pesos [cerca de 1.600 patacas] como apoio cedido pelo Governo de


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Duterte para todos aqueles que não conseguiram viajar para Macau, Hong Kong e Taiwan. A ajuda financeira está a ser operacionalizada pelo fundo da agência Overseas Workers Welfare Administration (OWWA), ligada ao Departamento do Trabalho e Emprego do Governo e que funciona não apenas como um sistema de segurança social, mas também como seguradora. Contudo, esse dinheiro não chega para tudo, tendo em conta a ausência de salário, isto porque Ross Belle Santos está em regime de licença sem vencimento. “O dinheiro não é suficiente, porque gastámos quase esse montante [em transportes]. Essa assistência foi mesmo apenas para os transportes.” Joe [nome fictício] estava ainda em Manila quando começou a conversar com o HM, mas, à hora do fecho desta edição, já se encontrava a viajar para a RAEM via Tailândia, uma vez que não conseguiu apanhar um voo directo. Joe relata os constrangimentos no acesso a serviços públicos pelos quais passou ao ser cidadão do país e, ao mesmo tempo, um trabalhador estrangeiro. “Eles dão-nos 10 mil pesos como apoio financeiro, mas

não é suficiente para suportar as necessidades da minha família. Para um mês obtive 3.000 pesos de uma outra seguradora e 10.000 da OWWA, no total foram 13.000 pesos de duas agências governamentais diferentes. No entanto, a minha experiência [com os serviços públicos] foi má, porque paguei cerca de 200 pesos pelos documentos oficiais. Todas as minhas despesas relacionadas com este assunto chegaram aos 1000 pesos”, relata.

MEDIDA NÃO ESTUDADA

O que mais desagrada à comunidade filipina nesta situação é o facto de

“A suspensão de voos foi levantada, mas continuam a não estar disponíveis voos directos para Macau. Estou à espera do meu marido, ele ainda está nas Filipinas.” ROSS BELLE SANTOS

as autoridades do seu país terem tomado uma decisão sem avaliar as consequências. “O efeito da suspensão dos voos junto dos trabalhadores migrantes filipinos não foi estudado e há muitos trabalhadores e respectivas famílias que dependem do trabalho no estrangeiro”, disse ao HM Sheilla Grace Estrada, representante do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos de Hong Kong. Johan, natural da região de Visayas e trabalhadora em Hong Kong, ainda se encontra nas Filipinas num impasse. “A suspensão de voos foi cancelada, mas o nosso grande problema é que não podemos regressar para os nossos postos de trabalho, uma vez que as companhias aéreas onde adquirimos os bilhetes de avião não estão a operar os voos”, contou ao HM. “Para nós é difícil continuarmos aqui sem um salário, precisamos de um ordenado mensal para alimentar as bocas de quem depende de nós, os nossos familiares. Todos os dias rezo e espero que os serviços das nossas companhias aéreas locais, como a Cebu Pacific Air ou Phillippines Airlines, possam voltar a operar os voos para que possamos voltar”, acrescentou Johan.

Johan diz que, para já, espera manter o seu trabalho, uma vez que a família para a qual trabalha estendeu o seu período de férias no Japão. “Deveríamos estar felizes por estar mais tempo com as nossas famílias, mas em vez disso estamos extremamente preocupados com a possibilidade de perdermos o nosso emprego. Há muitos patrões que não percebem a nossa situação e porque é que ainda não voltámos”, frisou. Johan também refere que os 10 mil pesos atribuídos por Duterte não chegam para as despesas. “Não temos dinheiro para comprar outro bilhete de avião numa companhia aérea diferente, uma vez que a companhia área que escolhemos não voa para Macau e Hong Kong. O Governo deveria ter uma opção alternativa, uma opção para os trabalhadores que estão parados e que não ganham dinheiro por estarem presos [no país].” Johan não tem dúvidas de que o Governo de Rodrigo Duterte “tomou uma decisão abrupta de impor a suspensão dos voos com efeito imediato sem pensar ou estudar sequer os efeitos nos trabalhadores migrantes”. Esta trabalhadora conta que os patrões

decidiram ajudá-la e comprar-lhe o bilhete de avião, algo que lhe poderia custar mais 3 mil pesos, só ida, mais do dobro do que lhe custou um bilhete normal directo. Estima-se que cerca de 300 trabalhadores filipinos de Macau estejam a tentar voltar ao território. A 19 de Fevereiro foi anunciado, pelo subsecretário do Departamento de Negócios Estrangeiros das Filipinas, Brigido Dulay, nas redes sociais, que os trabalhadores não residentes em Macau e Hong Kong teriam direito a regressar aos seus postos de trabalho. “Hoje [ontem], a vontade do secretário dos Negócios Estrangeiros Sec Locsin tornou-se realidade. Os trabalhadores filipinos no estrangeiro que precisam de regressar ao trabalho em Hong Kong e Macau foram isentos da proibição de viajar pela IATF-EID [Inter-Agency Task Force on Emerging Infectious Diseases], e sujeitos a certas formalidades processuais”, escreveu Brigido Dulay no Twitter, citado pelo jornal Ponto Final. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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Os residentes vão ficar isentos do pagamento da água e electricidade entre Março e Maio e as medidas também se aplicam às PME. Afastada está a hipótese de mais um cheque pecuniário

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APOIO AO CONSUMO CARTÃO ELECTRÓNICO DE 3 MIL PATACAS CHEGA EM MAIO

vão ser abrangidas por isenção do pagamento de águas e luz. A isenção da água, neste caso, vai ter um custo de 18 milhões de patacas para o Governo e o subsídio está limitado a 3 mil patacas por mês. Já a isenção da conta de electricidade também vai ter a duração de três meses, tem um custo de 240 milhões de patacas, e está limitada a 10 mil patacas por mês. Os casinos, hotéis com mais de três estrelas e serviços do Governo ficam excluídos deste apoio.

Chuva de compras

Afastada foi a hipótese de haver um segundo cheque pecuniário, embora a medida deva ser mantida para o próximo ano

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S residentes vão poder começar a utilizar o cartão de consumo no valor 3 mil patacas a partir de Maio. Os detalhes da medida que vai ter um custo de 2,2 mil milhões de patacas foram apresentados ontem, na conferência de imprensa diária, pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. A política abrange todos os residentes permanentes e não-permanentes que precisam de registar os seus dados no portal da Autoridades Monetária de Macau (AMCM), até ao fim deste mês. Depois, em Abril, podem levantar o cartão junto dos serviços públicos ou bancos, que podem seleccionar quando fizeram o registo. “O cartão de consumo tem como objectivo

promover o consumo e a economia através do estímulo da procura interna e do empreendedorismo. Esperamos que com estas medidas as pessoas consumam mais nas Pequenas e Médias Empresas [PME]”, afirmou Lei. O cartão funciona através dos terminais de paga-

mento da empresa Macau Pass e está limitado a um consumo máximo diário de 300 patacas. Ao mesmo tempo, as 3 mil patacas têm de ser gastas na totalidade até Julho, ou perdem validade. Em relação à isenção do pagamento electricidade para as fracções residenciais, a medida reflecte-

-se nas primeiras facturas emitidas a partir de Março, abrange 220 mil residências, e não tem limites de consumo. No caso da conta da água, o Governo vai gastar 55 milhões de patacas e a primeira factura com a isenção diz respeito aos dois meses de Março e Abril. Depois, a factura de Maio

e Junho terá um desconto de 50 por cento. O custo para o Governo da isenção do pagamento de electricidade cifra-se em cerca de 240 milhões de patacas.

DÉFICE DE 570 MIL MILHÕES

Afastada foi a hipótese de haver um segundo cheque pecuniário, embora a medida deva ser mantida para o próximo ano. As acções ontem apresentadas vão ter um custo 2,75 mil milhões de patacas. Face a estes apoios, Lei Wai Nong diz que Macau vai ter um défice orçamental de 44 mil milhões de patacas durante o ano, que representa um valor de oito por cento da reserva financeira de 570 mil milhões. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Ontem, o Executivo anunciou que as PME também

FÓRUM MACAU EXAMES PREOCUPAM

HUBEI TÁXI PARA AEROPORTO CUSTA 7 MIL

TAIWAN 1.324 ALUNOS IMPEDIDOS DE VOLTAR

TAILÂNDIA RECUO NA QUARENTENA

Executivo decidiu mudar a zona de exames para pessoas que entram em Macau do Campo de Operários para o Fórum Macau. No entanto, esta mudança gerou queixas por parte da população, como reconheceu Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doença Infecciosas e Vigilância da Doença, que pediu à população para não se preocupar. “A população mostrou alguma preocupação com a possibilidade de propagação do vírus na zona. Mas esta medida é um reforço de outras que já foram adoptadas, como a medição de temperatura e a declaração de saúde”, explicou. O transporte é feito através de carrinha e vai haver no Fórum Macau uma zona para fumadores, exterior, que ficará afastada das passagens para peões na zona.

ma residente de Macau em Hubei denunciou que o serviço de táxi para o aeroporto de Wuhan, onde as pessoas vão ser resgatadas pelo Governo da RAEM, custa 7 mil yuan. O serviço da companhia em causa terá sido fornecido por uma associação de Macau com o auxílio do Governo, que defendeu que o “preço é uma referência”. Na conferência de imprensa foi ainda informado que só 58 residentes vão poder embarcar no voo, uma vez que a partir de ontem deixou de haver tempo para tratar das formalidades com as autoridades de Hubei para que mais pessoas pudessem embarcar. Por isso, dois residentes que também tinham mostrado interesse em ser resgatados vão ficar em Hubei.

erca de 1.324 alunos de Macau que estudam em Taiwan estão impedidos de regressar devido às restrições impostas pelo Governo da Ilha Formosa. Os números foram disponibilizados pelo Executivo. “Cerca de 1324 alunos, que se dividem por 100 instituições, foram afectados pelas medidas aplicadas por Taiwan”; informou Chan Iok Wai, chefe do Departamento de Estudantes das Instituições de Ensino Superior da Direcção de Serviços do Ensino Superior. No entanto, o Executivo apelou a Taiwan que abra uma excepção: “Esperamos que Taiwan venha a seguir o caso da Austrália e a título excepcional permita que os alunos que não tenham estado nos últimos 14 dias no Interior possam entrar e prosseguir os estudos”, pediu Chan. Também ontem, ficou a saber-se que 30 alunos conseguiram transferência de universidades de Taiwan para Macau.

a quarta-feira, o ministro da Saúde Pública da Tailândia, Anutin Charnvirakul, tinha anunciado que as pessoas vindas de Macau tinham de cumprir um período de quarentena de 14 dias, quando chegassem ao país do Sudeste Asiático. Porém, ontem, o Governo tailandês veio desmentir a informação. Também o Executivo de Macau não foi informado sobre esta restrição, como afirmou ontem Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “Nós estamos na lista de zonas com alta incidência deles. Só que pelo que percebo não têm medidas de restrição, apenas desaconselham as viagens”, explicou Leong.

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sexta-feira 6.3.2020

Renovação urbana Matéria complexa

No final do ano passado foi feita a consulta pública sobre a renovação urbana, política para recuperar os bairros e edifícios antigos. No entanto, o secretário para a Administração e Justiça admite que a eventual proposta de lei seja apresentada só em 2021: “Penso que não [será apresenta a proposta até ao final do ano]. É um assunto complicado que implica, quer em termos técnicos quer em termos dos interesses locais, uma grande ponderação. É um dos trabalhos mais importantes deste Governo”, afirmou André Cheong. Em relação ao andamento dos trabalhos, o Executivo encontra-se a compilar os resultados da consulta pública e a aguardar as conclusões do estudo encomendado pelo Conselho das Renovação Urbana à consultora Deloitte.

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MA questão unânime e que esteve sempre nos planos do Governo. Foi desta forma que André Cheong, secretário para a Administração e Justiça, referiu os esforços para trazer os cidadãos de Macau que estão retidos na província de Hubei, o epicentro da epidemia do Covid-19. O secretário negou que tivesse havido divisões no seio do Executivo sobre este aspecto: “Não foi difícil chegar a um consenso. Eles são residentes de Macau e o Governo tem a responsabilidade de quando eles estão numa situação difícil e querem regressar à RAEM fazer todos os esforços possíveis. Estamos a fazer isso”, afirmou André Cheong. O membro do Governo recusou ainda a ideia de que tenha havido hesitações na medida, mas frisou que não era possível avançar sem tratar das questões de segurança dos envolvidos. “Desde o início que está nos nossos planos ir buscar estes residentes. Mas para executar esse plano não basta mandarmos um avião para lá. Sabemos qual é a situação de Hubei e especialmente de Wuhan. Por isso não é fácil executar o plano. Há muitos aspectos que precisam de ser bem preparados”, explicou. Os cerca de 60 residentes de Macau em Wuhan vão chegar à RAEM no sábado. O

Governo vai ter de se deslocar à Assembleia Legislativa (AL) para dar explicações sobre a construção do novo Edifício de Doenças Transmissíveis, um projecto iniciado pelo anterior Executivo, quando Alexis Tam ainda era secretário para os Assuntos Sociais e Cultura. A deputada Wong Kit Cheng interpelou o Governo sobre o assunto, tendo em conta a epidemia do Covid-19. "Segundo os Serviços de Saúde de Macau (SSM), o projecto do Edifício de Doenças Transmissíveis já está definido e as obras já foram iniciadas. Na realidade, ainda não foi aberto o concurso público para as obras da superestrutura. Qual a calendarização para a construção

ADMINISTRAÇÃO REGASTE DE RESIDENTES EM HUBEI ESTEVE SEMPRE NOS PLANOS

Preto no branco

André Cheong afirma que o plano de ir a Wuhan resgatar os residentes de Macau ali retidos nunca saiu da agenda do Executivo. No entanto, sublinha que a operação dependia de vários factores, como a segurança

André Cheong, secretário para a Administração e Justiça “Desde o início que está nos nossos planos ir buscar estes residentes. Mas para executar esse plano não basta mandarmos um avião para lá.”

resgate aconteceu depois de Hong Kong ter feito o mesmo. Porém, André Cheong recusa que o Governo local tenha ficado à espera da acção do Executivo de Hong Kong para actuar: “Não ficámos à espera de Hong Kong. Fize-

mos as coisas de acordo com as necessidades de Macau e as nossas possibilidades em Hubei”, indicou.

SEM SOBRESSALTOS

A semana que agora chega ao fim marcou o regresso à nor-

Camas não chegam

Deputada Wong Kit Cheng questiona Governo sobre os prazos do novo edifício de Doenças Transmissíveis

do edifício? Segundo as previsões, quando é que o mesmo vai entrar em funcionamento?”, questiona. A deputada alerta ainda para o facto de não existirem datas concretas para a inauguração e entrada

em funcionamento do novo hospital. “A data da conclusão do Complexo de Cuidados de Saúde nas Ilhas foi adiada várias vezes.Até ao momento, só se prevê a conclusão das obras da estrutura principal em Agosto de 2022, e que não se sabe quanto é que o Complexo vai funcionar.” Nesse sentido, Wong Kit Cheng deseja saber qual é o planeamento geral em termos de infra-estruturas de saúde por parte dos SSM. “Atendendo à incerteza das doenças contagiosas e ao aumento constante da

malidade dos Serviços Públicos da RAEM, após duas semanas de “quarentena”, em que apenas funcionaram os serviços mais básicos. Para André Cheong, o regresso à normalidade correu sem sobressaltos.

população habitual e de turistas, o Governo vai esclarecer a sociedade sobre o planeamento geral das instalações de doenças contagiosas? Na sequência desta epidemia, como é que o Governo vai continuar a aperfeiçoar os trabalhos de prevenção de doenças contagiosas?”

FALTA DE INTALAÇÕES

Com o aparecimento de dez casos em Macau de infecção por Covid-19, o Governo teve de recorrer à Pousada Marina Infante, no Cotai, para colocar turistas de risco. Para Wong Kit Cheng, esta é a prova de que não existem camas suficientes para dar resposta a este tipo de casos. “Nesta epidemia o Governo aproveitou um hotel emprestado

“Durante as duas semanas estivemos a oferecer serviços básicos. No entanto, nesse tempo os serviços conseguiram despachar muitos pedidos de urgência”, informou. “A partir desta segunda-feira, a informação que temos é que tudo decorreu dentro da normalidade. Não houve um dia em que tenha havido uma grande concentração de pessoas nem grandes filas”, considerou. Os funcionários públicos que vivem em Zhuhai regressaram também ao trabalho. O número de trabalhadores nestas condições é desconhecido, mas o secretário sublinhou que estão instruídos para não passarem várias vezes a fronteira e até evitarem-no, se possível. João Santos Filipe

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para a observação preliminar e isolamento e, na tarde de 4 de Fevereiro, foram lá acolhidas, ao mesmo tempo, 70 pessoas, o que demonstra que é premente construir o Edifício de Doenças Transmissíveis e aperfeiçoar as instalações. Há que ter uma visão prospectiva neste âmbito.” Wong Kit Cheng acrescenta ainda que “olhando para as instalações de prevenção de doenças contagiosas, existem agora pouco mais de 100 camas (segundo as informações divulgadas, 44 no Hospital Conde de São Januário e 60 no Centro Clínico de Saúde Pública de Coloane), portanto essas instalações não são suficientes”, rematou. A.S.S.


6 política

6.3.2020 sexta-feira

“OLHOS NO CÉU” REITERADO QUE PLANO NÃO CONTEMPLA RECONHECIMENTO FACIAL

Olhares diferentes

Em resposta a uma interpelação escrita enviada por Sulu Sou, o Gabinete do Secretário para a Segurança Wong Sio Chack, reiterou que o plano de reconhecimento facial não é parte integrante do sistema “olhos no céu”, mas sim um teste que pretende substituir o processo manual de consulta de imagens gravadas

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Gabinete do secretário para a Segurança, Wong Sio Chack vincou ontem que o plano de reconhecimento facial é uma tecnologia que se destina a uma aplicação distinta daquela que tem o sistema de videovigilância que se encontra a ser implementado em Macau, mais conhecido por “olhos no céu”. O esclarecimento surgiu em resposta a uma interpelação escrita enviada pelo deputado Sulu Sou em Novembro de 2019, acerca dos fundamentos legais que estão na base da execução experimental, prevista para o primeiro trimestre de 2020, da instalação de câmaras de videovigilância equipadas com esta tecnologia. Na resposta, o Gabinete do secretário aponta que a implementação da tecnologia de reconhecimento tem como único propósito a substituição do processo manual de pesquisa de rostos e matrículas durante a consulta de imagens gravadas, de forma a “melhorar a eficácia das investigações” e reduzir o número de horas e recursos humanos necessários nos bastidores da investigação. É o chamado modo “background”, de acordo com os serviços de polícia. Já quanto às dúvidas endereçadas pelo deputado sobre a falta de condições para que o Gabinete para a Protecção de Dados pessoais (GPDP) exerça o seu direito de verificação para garantir a privacidade do público,

o Governo salientou que “a legislação vigente já regula de forma rigorosa o tratamento de vídeos e de dados”, descartando assim também a hipótese levantada por Sulu Sou de entregar a fiscalização da utilização dos dados a uma entidade independente. “A tecnologia de reconhecimento facial não está relacionada nem faz parte do sistema ‘olhos no céu’ e por isso não está sujeita às disposições do (...) Regime Jurídico da Videovigilância em espaços públicos. Devem sim ser relatadas ao GPDP”, pode ler-se na resposta à interpelação.

GARANTIAS DE CONFIDENCIALIDADE

Em resposta às preocupações levantadas por Sulu Sou sobre “as limitações e proibições inerentes à videovigilância” previstas na lei e ao facto de as autoridades recorrerem sempre aos argumentos da “segurança pública” e da “confidencialidade policial” para recusar a divulgação de pormenores, o Gabinete do secretário para a Segurança apontou que a polícia deve assumir as respectivas responsabilidades criminais caso não cumpra a lei. “Tendo por base o teor dos materiais em vídeo analisados em modo ‘background’, o pessoal que pesquisou os seus arquivos para processar, aceder ou utilizar materiais relacionados deve fazê-lo de acordo com a lei. Caso contrário, terão de assumir as respectivas responsabilidades criminais ou disciplinares”, explicou o Gabinete do secretário.

Gabinete do secretário para a Segurança “A tecnologia de reconhecimento facial não está relacionada nem faz parte do sistema ‘olhos no céu’ e por isso não está sujeita às disposições do (...) Regime Jurídico da Videovigilância em espaços públicos”

Quanto aos dados recolhidos, nos termos da lei, estes serão conservados no máximo durante 60 dias, sendo depois automaticamente destruídos. Recorde-se ainda que o plano do Governo passa por habilitar 50 câmaras com a tecnologia de reconhecimento facial durante o primeiro trimestre de 2020, e outras 50 no decorrer do trimestre seguinte.

Através do “Plano decenal de prevenção e redução de desastres” o Governo prevê que existam na região cerca de 4200 câmaras de vigilância em espaços públicos, até 2028. No final do primeiro trimestre de 2020, deverão estar em funcionamento um total de 1620 câmaras. Pedro Arede

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ANIMAIS FALTA DE INDÚSTRIA DE CRIAÇÃO LEVA A EXCLUSÃO DE COMPENSAÇÃO

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O contrário do que foi pedido por deputados como Agnes Lam e Leong Sun Iok, o Governo recusa a ideia de pagar compensações aos proprietários de animais domésticos que sejam abatidos devido a medidas de controlo sanitário. A posição foi tomada pelos membros do Executivo na reunião de ontem com os deputados, na Assembleia Legislativa, e contrasta com a situação de Hong Kong e Taiwan. “A comissão estava a dialogar com o Governo e a proposta tem como objectivo garantir os interesses e a saúde pública. Por isso, não vai haver direito a pagamentos de compensação, uma vez que em Macau não há produção de animais”, revelou Ho Ion Sang, deputado que preside à 1.ª Comissão Permanente da AL que analisa a proposta de lei de controlo sanitário animal. “Em Taiwan e Hong Kong existem negócios de criação de animais, por isso quando há necessidade de abate os investimentos podem ser afectados e isso faz com que haja compensações. Mas em Macau isso não se verifica”, acrescentou. Também ontem, o Governo disse aos deputados que, apesar de haver leis que proibem a importação e venda de animais selvagens, vai voltar a analisar esses documentos. “O Governo disse-nos que há leis para a situação da proibição de importação e venda de animais selvagens e animais em vias de extinção. Mesmo assim, vão analisar as leis em vigor e ponderar se é necessário fazer alterações”, revelou Ho. Ainda no âmbito da proposta de lei de controlo sanitário animal está a ser equacionada a obrigatoriedade dos veterinários e clínicas terem de preencher uma declaração sobre o histórico dos animais infectados. No entanto, a exigência de declaração vai exigir que as instituições médicoveterinárias e os veterinários tenham um diploma prórprio com as exigências. Estes diplomas que vão regular os respectivos sectores só deverão ser propostos no próximo ano. J.S.F.

SAÚDE DEPUTADOS QUEREM ESCLARECIMENTOS SOBRE ALARGAMENTO DE LICENÇAS LIMITADAS

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S deputados querem saber mais sobre o alargamento do âmbito da licença limitada, que pode ser atribuída pelo director dos serviços de saúde aos profissionais que vêm do exterior, em excepcionais. casos Foi este o principal ponto ontem em debate pela comissão de acompanhamento presidida por

Chan Chak Mo, que visa analisar a proposta de lei que vai regular a qualificação e inscrição para o exercício de actividade dos profissionais de saúde. Segundo Chan Chak Mo, em causa está a possibilidade do alargamento da normativa sobre as licenças limitadas poder vir a “dificultar a sobrevivência do sector privado e dos médicos privados”.

“Temos de pedir esclarecimentos ao Governo sobre os critérios a adoptar no futuro, ou seja, se vai ser igual ou não, independentemente de trabalharem em instituições de apoio social ou noutras, com o objectivo de evitar consequências para o nosso mercado”, explicou Chan Chak Mo. “Na prática, temos de perguntar ao Governo como

vai ser feito no futuro e como foram atribuídas no passado”, acrescentou. Outro ponto do diploma que suscitou dúvida nos deputados está relacionado com os critérios de idoneidade para o exercício da profissão, nomeadamente se poderá ser aplicada uma pena mais leve para os casos em que se verifica

o crime de usurpação de funções pela primeira vez. Segundo Chan Chak Mo, faltam ainda esclarecimentos sobre os critérios dos estágios das profissões abrangidas pela proposta, licenciamentos e prazos para correcção de insuficiências em instalações de saúde. A comissão volta a reunir na segunda feira. P.A.


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Japão Visitantes de Macau sujeitos a quarentena

GONÇALO LOBO PINHEIRO

sexta-feira 6.3.2020

Quem chegar ao Japão vindo de Macau, Hong Kong, Interior da China e Coreia do Sul terá de cumprir quarentena de duas semanas num hospital, ou outras instalações a designar, antes de ter permissão para entrar no país, alertou ontem o primeiro-ministro Shinzo Abe. A medida entra em vigor na próxima segunda-feira. “Estamos a fortalecer as medidas de quarentena de pessoas vindas da China e Coreia do Sul para impedir a propagação do vírus e apaziguar as preocupações das pessoas”, declarou Shinzo Abe, citado pelo Nikkei Asian Review. O primeiro-ministro nipónico acrescentou que o Japão “atravessa um período crucial”, e que “é muito importante não hesitar e tomar medidas com determinação nas fronteiras. “Vamos implementar acções agressivas”.

São Januário Quase 500 comprimidos Xanax desaparecem

Os Serviços de Saúde foram informados do desaparecimento de quatro caixas com embalagens de Xanax 0.5mg do Centro Hospitalar Conde de São Januário, de acordo com o canal chinês da TDM – Rádio Macau. O caso foi descoberto depois de um paciente ter tentado levantar uma receita do medicamento que lhe havia sido prescrito, mas que o farmacêutico não encontrou. Foi apurado faltarem 480 comprimidos Xanax. O caso está a ser investigado para apurar o responsável pelo desaparecimento dos medicamentos.

Cinemateca Máscaras obrigatórias e menos público

Quem visitar a Cinemateca Paixão terá de usar máscara, medir a temperatura à entrada e entregar declaração de saúde individual. Estas são algumas das directrizes para quem quiser assistir a um filme na casa da Travessa da Paixão. Logo à entrada, o pessoal da segurança dará instruções para que os cinéfilos façam fila de forma espaçada, com um braço de distância entre cada pessoa. De forma a evitar a concentração de pessoas, a lotação do anfiteatro ficará limitada a 27 espectadores, sempre com um lugar vago entre espectadores. É também referido que a cinemateca “será exaustivamente limpa e desinfectada diariamente”.

Jogo Wynn aumenta comissão de junkets

A operadora Wynn Macau Ltd aumentou as comissões dos junkets em 2,5 por cento para incentivar o mercado de apostadores VIP. A informação foi anunciada por uma nota do Credit Suisse AG, citado pelo portal GGR Asia. “A Wynn aumentou a comissão de junkets de 40 para 42,5 por cento, medida que entra em vigor a partir de 1 de Março igualando os seus pares no Cotai”, lê-se na nota emitida pela consultora. É ainda destacado que este foi o primeiro aumento levado a cabo pela Wynn nos últimos 14 anos. “A Wynn sempre sublinhou que o seu principal trunfo no mercado era o produto e não o preço. Como tal, ficámos surpreendidos com esta medida, em especial se tivermos em conta a procura mínima que se verifica actualmente”, complementa a nota da consultora.

Os alunos pediram um ajuste ao preço do alojamento, sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas

ENSINO ESTUDANTES PEDEM ISENÇÃO DE PROPINAS, UM NÃO RESPONDE

Salas estão às moscas A Associação de Estudantes da Universidade de Macau entende que a quebra de qualidade do ensino motivada pelas aulas dadas por videoconferência deve reflectir-se no preço das propinas. A universidade não acedeu ao pedido, mas abriu portas ao cancelamento grátis de cursos específicos. Ainda não há previsão quanto à data de regresso às aulas

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O campus da Universidade de Macau, uma das questões do momento prende-se com a relação qualidade/preço do ensino. Na óptica de alguns alunos, representados pela Associação de Estudantes da Universidade de Macau, o declínio da qualidade do ensino devido às aulas dadas por videoconferência, em comparação com as aulas presenciais, deveria ser reflectido no valor das propinas. Esta foi uma das reivindicações que os estudantes levaram para uma reunião, realizada no passado dia 26 de Fevereiro, com representantes da universidade, de acordo com um comunicado da associação, publicado ontem no portal Orange Post. O pedido de ajuste de propinas não teve resposta da universidade. Porém, foi concedida a hipótese de os alunos cancelarem gratuitamente a inscrição em cursos específicos, através de email, até ao dia 3 de Abril. Os estudantes pediram também um ajuste ao preço do alojamento, uma sugestão a que a UM respondeu referindo que “serão tomadas medidas razoáveis com base nas

circunstâncias actuais”, sem entrar em detalhe quanto a acções concretas.

BUSCA DA NORMALIDADE

Quanto à forma como se vão calcular os resultados académicos deste semestre, a UM referiu que as notas finais serão determinadas de acordo com o sistema original de avaliação e com os regulamentos de cada cadeira, com a flexibilidade que a situação actual exige. Em relação aos programas de pesquisa e intercâmbio, que acontecem durante o Verão, a UM respondeu que os estudantes podem inscrever-se nos programas, com a ressalva da possibilidade de estes serem cancelados ou adiados devido ao surto de Covid- 19. Para já, de acordo com o comunicado da associação de estudantes, a UM declarou que o regresso à normalidade “só poderá acontecer depois de a epidemia estar completamente controlada”. Algo que será anunciado com, pelo menos, 14 dias de antecedência. João Luz

info@hojemacau.com.mo

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Anúncio (No.º15/2020) Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, é por esta via notificada o seguinte representante do agregado familiar do concurso à habitação económica (Número de boletim de candidatura:82201338855), LO MAN CHONG: Dado que V. Ex.mo não entregou os documentos necessários para a confirmação do requerimento dentro do prazo definido, de acordo com a notificação efectuada pelo IH, e é um elemento do agregado familiar ter sido elemento de agregado familiar que tenha vendido uma fracção de habitação económica, nos termos da alínea 7) do n.º 5 do artigo 14.º e da alínea 1) e 2) dos n.º 1 do artigo 28.º da Lei n.º 10/2011, alterada pela Lei n.º 11/2015, V. Ex. mo como adquirente seleccionada, será excluída do concurso. Nos termos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, o representante do agregados familiar candidato a habitação económica acima mencionada poderá apresentar, por escrito, a sua justificação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais e outros meios de prova que sejam favoráveis ao seu contraditório, no prazo de 10 dias, a contar da data da publicação do presente anúncio, Caso não proceda à respectiva entrega da documentação dentro do prazo referido, não será considerada. Caso necessite de consultar o respectivo processo que está arquivado no Instituto de Habitação, sito na Estrada do Canal dos Patos, n.º 220, Edf. Cheng Chong L R/C Macau, poderá contactar a Sr.a Lei através do número de telefone: 2859 4875 (extensão 747) durante as horas de expediente. Publique-se. Instituto de Habitação, aos 27 de Fevereiro de 2020 O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos Nip Wa Ieng


8 coronavírus FONTES: • https://gisanddata.maps.arcgis.com/ apps/opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/ emergencies/diseases/novelcoronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019ncov/index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/ geographical-distribution-2019-ncovcases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/ new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/ pneumonia

6.3.2020 sexta-feira

95749 Infectados

5952 Em estado crítico

Co novel

522 Casos suspeitos

INFECTADOS POR PAÍS / REGIÃO 80411 6088 2922 3098 331 262 285 222 159 110 105 90 56 85 53 47 42 52 38 50 35 34 35 56 28 28 29 38 16 16 15 16 13 12 10 10 10 8 9 10 6 6 5 5 5 5 9 4 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Interior da China Coreia do Sul Irão Itália Japão Alemanha França Espanha EUA Singapura Hong Kong Suiça Kuwait Reino Unido Bahrain Tailândia Taiwan Austrália Holanda Malásia Suécia Canadá Iraque Noruega Índia Emiratos Árabes Unidos Áustria Bélgica Vietname Islândia Israel São Marino Libano Oman Macau Dinamarca Croácia Qatar Grécia Ecuador Finlândia Bielorússia Algéria México Paquistão Républica Checa Portugal Roménia Filipinas Azerbeijão Geórgia Rússia São Bartolomeu Brasil Indonésia Estónia Nova Zelândia Irlanda Senegal Afeganistão Nepal Cambodja Macedónia do Norte Républica Dominicana Luxemburgo Arménia Lituânia Nigéria Egipto Letónia Ucrânia Arábia Saudita Andorra Marrocos Sri Lanka Argentina Jordânia Chile Liechtenstein Tunísia

OUTROS

706

Cruzeiro Diamond Princess países com casos de nCov países sem casos de nCov

Infectados

1

MACAU

Infectados

9 Curados

Macau

105 HONG KONG

Infectados

2

HONG KONG

36 Curados

Hong Kong

Mortos


coronavírus 9

sexta-feira 6.3.2020

ovid-19 l coronavírus

3286

53423 Curados

Mortos

1-99 10-99 100-499 500-999 1000-9999 +10000 Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

88,000 12,000 10,000 8,000 6,000 4,000 2,000 0

20

dias

40

dias

60

dias

Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 67466 1351 1272 1213 1018 990 935 758 631 576 538 480 414 337 318 296 294

MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 79 28 18 4 1

MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 2 1 0 0 0


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6.3.2020 sexta-feira

ECONOMIA XI JINPING PEDE RETOMA DA ACTIVIDADE

Mãos à obra

O

Pre s i d e n t e chinês, Xi Jinping, apelou ontem a que os trabalhadores do país retomem aos seus empregos, após quase seis semanas de estagnação, devido ao surto do Covid-19, visando recuperar a produção e o consumo doméstico. Segundo o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, Xi fez o apelo durante uma reunião com o Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China. “É preciso tomar medidas para aumentar a disponibilidade e incentivar o consumo de bens e serviços “, afirmou. “O país registou desenvolvimentos positivos na contenção do surto e a vida e o trabalho têm que ser retomados rapidamente”, acrescentou.

No entanto, nas principais cidades do país, incluindo em Pequim, Xangai, Cantão ou Shenzhen, o cenário de paralisia mantém-se. Uma investigação da revista económica Caixin revelou que as empresas e administrações locais recorreram a diferentes formas de contornar as quotas impostas pelo Governo central para recuperar a actividade económica, incluindo manipular o aumento do consumo de electricidade. Funcionários de empresas e dos governos locais citadas pela Caixin detalharam como vários indicadores, incluindo o consumo de energia, estão a ser distorcidos, ao deixar as máquinas, lâmpadas e aparelhos de ar condicionado ligados, mesmo que não haja funcionários na fábrica. Problemas logísticos na obtenção de matérias-primas

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公開招標公告 Open Tender Notice “澳門國際機場客運大樓離境層空側售貨亭區域重整及地毯更換設計及建造工程 (RFQ-269)” 之公開招標 “MIA – Design and Build for Reconfiguration of Departure Airside Kiosk Area and Carpet Replacement in PTB (RFQ-269)” 1. 招標實體: 澳門國際機場專營股份有限公司 Company: Macau International Airport Co. Ltd. (CAM) 2. 招標方式: 公開招標 Tendering method: Open tendering 3. 目的: 選擇富有經驗之承建商於澳門國際機場客運大樓進行離境層空側售貨亭區域重整及 地毯更換之設計及建造工程。 Objective: To seek for a fully experienced Contractor to perform Design and Build for Reconfiguration of Departure Airside Kiosk Area and Carpet Replacement in the Passenger Terminal Building (PTB) of the Macau International Airport (MIA). 4. 招標文件: 至截止投標日止,有意者可瀏覽CAM 官方網站 www.camacau.com 查閱招標文 件及相關資料。 有意參與投標人士應時常留意上述網站以獲取涉及招標文件並得隨時 公佈的最新附加資訊、說明或修改內容。 Release of tender documents: Tender Documents and other pertinent information are available on www.camacau.com until the deadline for submission of Bidders’ proposals. Please always check the website for additional information, clarification or modification, which may be published from time to time, of the Tender Documents. 5. 遞交投標書地點、截止日期及時間: 遞交投標書地點:澳門氹仔偉龍馬路機場專營公司辦公大樓四樓接待處 截止日期及時間:2020年3月27日中午12:00前 (澳門時間) 收件人必須註明為: 執行委員會主席 恕不接納截止時間後所收到之投標書。 Location and deadline for submission of Bidders’ proposals: Reception on 4th Floor, CAM Office Building, Av. Wai Long, Taipa, Macau Before 12:00 noon on 27 March 2020 (Macau Time) The addressee of the proposal shall be Chairman of the Executive Committee. The proposals received after the stipulated deadline will not be accepted. 6. 澳門國際機場專營股份有限公司保留不表明因由而全部或部份拒絕任何投標書之權利。 CAM reserves the right to reject any proposals in full or in part without stating any reasons. -完-END-

ou na movimentação de mercadorias derivadas de medidas de prevenção contra o vírus, como bloqueio de estradas, são alguns dos impedimentos encontrados pelas empresas locais e que também afetam as empresas europeias que operam no país. Segundo os resultados de um inquérito realizado pela Câmara do Comércio da União Europeia na China,

“O país registou desenvolvimentos positivos na contenção do surto e a vida e o trabalho têm que ser retomados rapidamente.” XI JINPING PRESIDENTE DA CHINA

quase metade das empresas inquiridas prevê uma queda de dois dígitos nas receitas e um quarto estima uma queda superior a 20 por cento, no primeiro semestre de 2020. Joerg Wuttke, presidente da Câmara de Comércio, apontou que a “rede de regras conflitantes” aplicadas no combate contra o vírus produziu “centenas de feudos”, à medida que funcionários e comités locais adotam medidas por si, “tornando quase impossível a movimentação de mercadorias ou pessoas no país”. Em todo o país foram implementadas restrições à movimentação de centenas de milhões de pessoas e encerramento forçado de estabelecimentos. Em Pequim e Xangai, viajantes oriundos de outras zonas da China têm de ficar em casa duas semanas após voltarem das suas terras natais, o que impede o regresso imediato ao trabalho de milhões de trabalhadores migrantes, que em Janeiro passado foram a casa celebrar o Ano Novo Lunar e só agora começam a voltar às prósperas cidades do litoral.

Região NOVA DELI EXECUÇÃO DE CONDENADOS POR VIOLAÇÃO EM GRUPO ADIADA

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M tribunal de Nova Deli marcou ontem uma nova data, 20 de Março, para a execução de quatro homens condenados à morte por violação em grupo de uma jovem em 2012, um crime que causou grande comoção na Índia. A execução, que já foi marcada quatro vezes, foi decidida depois de, teoricamente, os quatro acusados terem já esgotado todos os recursos legais de que dispunham para conseguir a comutação da pena. Os quatro serão enforcados em 20 de Março às 5:30, horário local, indicou a ordem do juiz Dharmender Rana. As execuções por enforcamento foram determinadas em 2017, mas adiadas devido aos vários recursos dos violadores. A defesa dos quatro condenados conseguiu adiar a data das execuções nas três ocasiões anteriormente

agendadas introduzindo os recursos para cada um dos condenados separadamente, e de cada vez que o tribunal estabelecia uma nova data para as execuções. Inicialmente, seis homens foram acusados de participar no crime, mas um foi libertado após uma breve detenção por ser menor de idade e outro cometeu suicídio antes do julgamento. A jovem de 23 anos, estudante de fisioterapia, foi atacada num autocarro em Dezembro de 2012, depois

de ir ao cinema com um amigo. Os atacantes violaram a estudante, infligiram-lhe ferimentos internos com uma barra de ferro, com a qual também espancaram o seu amigo. A estudante e o amigo foram abandonados despidos à beira de uma estrada. A jovem morreu, devido os graves ferimentos, duas semanas depois em Singapura, para onde foi transportada para receber atendimento especializado.


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sexta-feira 6.3.2020

Amei a mulher amei a terra amei o mar

entre oriente e ocidente Gonçalo M. Tavares

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FICÇÃO, ENSAIO, POESIA, FRAGMENTO, DIÁRIO

Pequenas notas, pequenas histórias 1. EUROPA, SÉCULO XIX

“O despotismo expulso dos castelos refugiou-se nos escritórios”, diz um relatório do século XIX. Na história da Europa do século XIX fala-se ainda de pequenos limpa-chaminés, contratados a partir dos quatro anos, dos quais se aproveitava a pequena estatura – a sua grande qualidade. Esses pequenos limpa-chaminés eram “mais baratos que uma vassoura”, diz Jean Duché, um historiador. Carlyle, cinicamente diz que o arsénico atingiria o mesmo objectivo, mas o excessivo trabalho faz o mesmo retirando o lucro possível no percurso. Em 1842 uma lei proíbe os rapazes com menos de dez anos de trabalharem numa mina.

2. NATUREZA E TÉCNICA

A máquina para caçar animais selvagens fica encravada nos ramos mais espessos da densa floresta. Um homem com um machado vai lá e corta os ramos mais espessos. A máquina foi libertada. Alguém grita de alegria. Não pode ser a máquina, pois ela não foi feita para isso. Quem grita então, quem está assim tão alegre com a libertação da máquina? Impossível saber. De qualquer maneira, a floresta densa tem, noutros sítios, outros ramos espessos que, pacientes, aguardam a passagem da máquina de caça. Para atacarem outra vez.

3. VERDADE

Tendo de manhã acordado mesmo ao lado da Verdade, o homem, depois de abrir os olhos ligeiramente, diante daquele brilho intenso e violento, fechou-os de novo, e, depois, aos poucos, ficou sonolento, aborrecido e adormeceu.

4. A DOENÇA

Num tempo de epidemias e medos, num tempo sempre duro individualmente, a terrível frase de Heidegger: “A doença não é o distúrbio de um decurso biológico, mas um acontecer histórico do homem (...)”. Faz parte da história habitual; não é um acidente, é uma etapa; terrível etapa. fim

ILUSTRAÇÃO ANA JACINTO NUNES


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tonalidades António de Castro Caeiro

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A profusão da catalogação da doença mental no virar do século XIX para o século XX, há duas tipificações importantes que Emil Kraeplin1 esboça: a doença maníaco-depressiva (doença bipolar) e demência precoce (esquizofrenia). A psicopatologia geral acentua o anómalo e o anormal relativamente ao estado normal mais ou menos controlável não doentio em que a pessoa consegue funcionar. Há assim limites aquém e além da funcionalidade. Embora o núcleo do diagnóstico seja a mente, há um envolvimento somático: fisiológico, morfológico, biológico do indivíduo, mas também ambiental e social, sincrónico e diacrónico. O diagnóstico é holístico de tal forma que os sintomas não se limitam a estudar uma interioridade do mundo próprio pessoal com a psicologia do indivíduo mas a totalidade da vida com todas as suas consequências que a vida mental ou psíquica tem para a existência. A causa e consequência é a vida no seu todo. “Anómalo” quer dizer em grego irregular, superfície acidentada, carácter inconsistente. É diferente do “anormal” que sai para fora da regra, da norma estatística do primariamente e o mais das vezes. O modelo de Kraepelin consolidou a maioria dos principais transtornos afectivos numa única categoria, devido à semelhança dos sintomas nucleares, o

6.3.2020 sexta-feira

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Doença mental histórico familiar de doença e, principalmente, o padrão de recorrência ao longo da vida dos pacientes, com períodos de remissão e exacerbação e um resultado comparativamente benigno, sem deterioração significativa. Mas fundamentalmente considerou a mania (hipomania e euforia) como uma manifestação da depressão, não como um sinal distintivo de um transtorno bipolar separado, como o é na prática de diagnóstico norte americano de hoje. A leitura do sintoma maníaco, hipomania e euforia, é historicamente decisiva. Nos hipocráticos ainda a melancolia e a euforia ou mania são sintomas diferentes de doenças diferentes. Lemos ainda no Fedro de Platão a quadrupla raiz da loucura como mania: Transe di-

vinatório, transe de consolação, transe poético, transe erótico. A melancolia é um estado de dysthymia ou depressão sentido no quotidiano que pode alterar o estado da consciência como o vinho. Tem consequências positivas também porque permite a manifestação do génio em alguns homens extraordinários na acção e na teoria. A ligação entre estes dois estados diferentes do ânimo, como manifestações de uma mesma doença, em etapas ou épocas diferentes, é uma descoberta ulterior e implica claramente um diagnóstico lento feito diacronicamente, longitudinalmente. A integração de episódios heterogéneos com sintomas diferentes numa mesma etologia e terapêuticas idênticas implica uma revolução na hermenêutica do diagnóstico e consequente prognóstico. O diagnóstico

A presença avassaladora nas nossas vidas de Healthclubs, SPAs, a indústria omnipresente do bem estar, SNSs, até a doença mental como doença do século, etc., etc.. são “objectos”, manifestações, fenómenos a ser interpretados numa vida que se compreende assim doente, mortal, decadente, com riscos de remissão, recaída, regresso a velhos hábitos, à má vida?

diferenciado, a sua integração no meio familiar, história clínica de pais e parentes próximos antepassados e descendentes, interacções com amigos e colegas, relação com o meio social: profissional, classe, alargamento holístico é já uma consequência de uma interpretação da doença que tem como plano de fundo uma ontologia desenvolvida ao longo de séculos. A própria concepção da filosofia como terapêutica, homeopatia, relação íntima de uma doença para a morte, etc., etc., resulta do convívio existencial ôntico senão teórico e ontológico com a doença estudada pela medicina. A interpretação do ser da doença e da sua relação com a saúde, a interpretação do elemento saudável, do poder, afirmação, da vida resulta de uma cosmovisão filosófica da existência. A presença avassaladora nas nossas vidas de Healthclubs, SPAs, a indústria omnipresente do bem estar, SNSs, até a doença mental como doença do século, etc., etc.. são “objectos”, manifestações, fenómenos a ser interpretados numa vida que se compreende assim doente, mortal, decadente, com riscos de remissão, recaída, regresso a velhos hábitos, à má vida?

1 - Leitura a partir de Goodwin, Frederick K., and Kay Redfield. Jamison. Manic-Depressive Illness: Bipolar Disorders and Recurrent Depression. Oxford Univ. Press, 2007.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

sexta-feira 6.3.2020

OFício dos ossos

Valério Romão

A multiplicação do ruído

A

forma como as redes sociais têm moldado a nossa compreensão e consequente intervenção no mundo tem sido tão profunda e tão rápida que não raramente parecemos adolescentes em confronto com um mundo para o qual não estamos ainda preparados. Ao revés do que ingenuamente pensávamos, o acesso generalizado à informação não aportou clareza ou definição. Pelo contrário; a multiplicação de perspectivas acrescentou, para além de ruído, desordem e uma crescente incapacidade de destrinçar verdade da mentira, factos de opiniões desinformadas. Um estudo da universidade de Princeton e da universidade de Nova Iorque concluiu que os adultos com mais de sessenta e cinco anos – norte-americanos – têm uma tendência sete vezes superior de partilhar notícias que sabem ser falsas ou equívocas do que adultos com menos de trinta anos, por exemplo. Pondo de parte a avaliação da intencionalidade de quem faz esse tipo de partilhas, o que me parece bastante evidente é que a iliteracia digital – sobretudo nos mais velhos, habituados a confiar na informação porque adequam exposição pública e veracidade – é a grande responsável pela profusão de ruído nas redes sociais. E se muitas vezes as partilhas são perfeitamente inofensivas, nem sempre é esse o caso. Partilhar uma notícia não é nunca um acto neutro. Quando alguém decide tomar uma posição relativamente a um determinado assunto, está implicitamente a revelar coisas sobre si próprio. Sobre as suas posições políticas, as suas crenças e sobre a consciência que tem do acto da partilha. Mesmo partindo do princípio auto-evidente segundo o qual um perfil numa rede social corresponde a um avatar, a uma persona, não é menos evidente que estes radicam num substrato de convicções e crenças que se alimenta de e alimenta a rede onde se exprime. Há muitas coisas que as pessoas partilham de um modo absolutamente desinformado que são apenas tontas e cujo efeito na sociedade não chega nunca a ser o da bola de neve que eventualmente molda a opinião pública acerca de um determinado assunto. São por exemplo epifenómenos de pseudociência a quererem passar por ciência, como é o caso dos efeitos das novas redes 5G nos humanos ou o açúcar enquanto veneno e vício. As pessoas acreditam nessas coisas e partilham-nas porque já têm uma inclinação cognoscitiva relativamente a esses assuntos – e apenas lêem artigos que justificam as suas convicções e nunca o contrário – ou porque acabam por equivaler indevidamente a sensação de estranheza relativamente ao mundo que os rodeia a uma teoria da conspiração

acerca desse mesmo mundo que resolve de uma vez só o problema – por exemplo, a “teoria” da terra plana, segundo a qual vivemos numa mentira orquestrada pela NASA, resolve automaticamente a sensação de inadequação e de pequenez, se um sujeito decidir embarcar nela. Há porém coisas mais graves, como os

movimentos anti-vacinação ou anticientíficos em geral. Estes podem causar mossas permanentes que não se limitam ao sujeito que adere a eles. Este período de medo colectivo que vivemos por via da pandemia em curso de COVID-19 deveria nos obrigar a uma reflexão sobre o nosso uso das redes so-

Este período de medo colectivo que vivemos por via da pandemia em curso de COVID-19 deveria nos obrigar a uma reflexão sobre o nosso uso das redes sociais. A imediatez sem custos do acto de partilhar faz com que multipliquemos o ruído. Não paramos para pensar “mas isto é mesmo assim? mas isto é verdade?” porque não existem consequências para a partilha

ciais. A imediatez sem custos do acto de partilhar faz com que multipliquemos o ruído. Não paramos para pensar “mas isto é mesmo assim? mas isto é verdade?” porque não existem consequências para a partilha. Acrescentamos confusão à confusão. A maior parte das pessoas lê notícias via redes sociais. A maior parte das pessoas vai tomar decisões importantes para todos nós com base nos artigos partilhados pelas pessoas de quem são amigos. Deveríamos talvez pensar que a nossa grande contribuição para a clareza pudesse ser o silêncio. A responsabilidade de não ceder ao impulso afectivo – que não equivale de todo a qualquer certeza cognoscitiva – de partilhar aquilo que numa primeira leitura nos parece certo. Deveríamos hesitar. Deveríamos confiar nos especialistas e falar muito menos que eles. O silêncio pode ser o único meio pelo qual a mensagem certa chega onde devia chegar.


14 (f)utilidades TEMPO

MUITO

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NUBLADO

CRUSTÁCIO PLASTIFICADO 8

7 1 2

7 6 10 1 9 8 3 2 7 4 5 7 9 1 12 9 8 2 5 7 6 4 8 3 7

5 9 2 6 5

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3 5 3 8 1 2 4 6 7 2 6 9 1

1 9 3 2 4 6 7 7 9 6 1 5 1 3 8 5

5 6 3 3 2 8 1 4 5 8 2 9 7

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7 9 4 3 7 2 1 8 5 8 6

1 3 6 4 5 8 9 7 2

8 4 3 8 7 5 1 9 2 6

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6 4 9 2 5 1 8 7 3

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4 9 3 4 1 5 9 7 8 6

2 6 3 5 7 1 5 9 9 8

1 7 9 4 9 8 5 6 5 2 3

3 8 2 9 6 1 4 7 1

7 9 1 5 3 4 8 7 6 2

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1 9 8 7 3 6 4 2 5

4 5 7 8 1 2 9 3 6

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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 11

5 8 3 6 7 9 2 1 4

7 3 1 8 8 6 3 2 9 4 5 5

HUM

7 5 - 9 5´%

EURO

8.96

exemplares. A nova espécie de anfípode foi encontrada por investigadores da Universidade de Newcastle, Reino Unido, a 6.900 metros de profundidade na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, entre o Japão e as Filipinas.

5 1 2 6 4 9 7 3 8

9 7 6 3 2 8 1 5 4

2 6 5 4 3 7 8 1 9

1 4 9 2 8 6 5 7 3

3 8 7 1 9 5 4 6 2

6 2 1 9 7 4 3 8 5

8 9 3 5 1 2 6 4 7

10 Cineteatro C I N E M 8 3 6 4 CALL 7 OF1THE WILD 9 [B] 2 THE INVISIBLE MAN [C] 1 9 7 3 2 5 4 6 5 2 4 8 9 6 7 3 PARASITE [C] 3 6 1 9 BIRDS 8 OF4PREY5[C] 7 2 7 9 5 1 3 8 4 4 5 8 2 6 7 3 1 9 8 3 1 4 2 6 5 7 1 5 6 3 9 2 8 6 4 2 7 5 8 1 9 SALA 1

SALA 2

Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 14.00, 20.00

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Bong Joon Ho Com: Song Kang Ho, Lee Sun Kyun, Cho Yeo Jeong, Choi Woo Shik 17.00

12 8 2 6 9 1 5 7 3 4 1 6 9 3 5 7 2 4 8 5 7 3 4 www. 9 2 hojemacau. 6com.mo 8 1

3 8 6 2 9 7 1 5 4

7 5 4 8 6 3 2 9 1

A

5 8 1 2 6 9 7 4 3

Um filme de: Chris Sanders Com: Harrison Ford, Karen Gillian, Dan Stevens 17.50, 21.45 SALA 3

Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 20.15

BAHT

0.25

YUAN

1.15

VIDA DE CÃO

AI PORTUGAL, PORTUGAL Regressei de Lisboa no final de Fevereiro, depois de um mês de piadas hilariantes sobre coronavírus e trocadilhos originalíssimos com cervejas mexicanas. Nessa altura, o Covid- 19 era inspiração para comédia caseira de qualidade duvidosa e alvo de relativização digna de QI de dois dígitos. Uma coisa distante, menos grave que a gripe ou uma unha encravada, algo que pode ser curado com um café e um bagaço, coisa de chineses e da histeria colectiva dos medrosos. O coronavírus começou por ser o fartote da época nas redes sociais e fermento do merecido escárnio em relação à sangria desatada do ciclo de 24 horas de notícias, da telenovelização da informação. Apesar de haver quem apelasse ao equilíbrio, à prevenção racional, Portugal parece ter passado da relativização ao pânico num passo único. É sempre assim. Com meia dúzia de pessoas infectadas à altura que esta coluna é escrita, a corrida desenfreada à compra de máscaras esgotou o stock nas farmácias. Entretanto, a corrida à bagaceira curativa parece que nunca aconteceu. Apesar das críticas à capacidade de resposta do SNS, a solução não passa apenas pelo Governo. Além do mais, o SNS teve de ser cortado face à necessidade maior de encher a pancinha de um sistema bancário com ética do Cartel de Sinaloa. A verdade é que sem uma sociedade civil informada e adulta, não existem políticas, ou redes de apoio social, que resistam. Que se saiba, o chicoespertismo não tem efeitos terapêuticos. João Luz

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Cientistas descobriram uma nova espécie de crustáceo na Fossa das Marianas, o ponto mais profundo dos oceanos, que baptizaram como ‘Eurythenes plasticus’, em referência à contaminação por plástico detectada em alguns

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UM DISCO HOJE Este disco cumpre a difícil tarefa de juntar harmoniosamente dois mundos, à partida, dissonantes. A mix-tape produtiva por Tom Caruana é uma viagem pelas sonoridades dos The Beatles, acompanhada por samples retirados de entrevistas a fãs em plena era da beatlemania, com a batida e o flow do hip-hop dos Wu-Tang Clan. Quase 80 minutos de boa e bem-disposta música. João Luz

WU-TANG VS. THE BEATLES I ENTER THE MAGICAL MYSTERY CHAMBERS

5 9 1 7 4 7 4 3 6 2 1 2 5 9 8 4 5 8 BIRDS 3 OF7PREY 6 8 2 4 1 3 1 Fábrica 9 de5Notícias, 6 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede Colaboradores Propriedade Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo 2 José 6 Drummond; 4 8José9Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Cotrim; Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; 8 7 6 1 3 Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada 9 3 7 2 5 de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 15

sexta-feira 6.3.2020

confeitaria

JOÃO ROMÃO

N

UNCA tinha vivido tal situação mas calhou agora, ver decretado “estado de emergência” na região em que vivo, a ilha de Hokkaido no norte do Japão, quase do tamanho de Portugal mas com metade da população, dispersa por um território de majestosas montanhas e muito frio, pelo menos por enquanto, que as alterações climáticas já vão trazendo algum sinal de mudança. Nem esse relativo isolamento geográfico e climático, nem a dispersão populacional da zona evitaram, no entanto, que esta se tornasse a região japonesa com mais casos de infecção pelo coronavírus: 79, nesta quarta feira em que escrevo, 19 dos quais na cidade de Sapporo, onde vivo e onde se concentra a maior parte da população de Hokkaido (1,8 milhões dos 5,5 milhões de residentes na ilha). Hokkaido é uma região relativamente distante do centro económico e cultural do Japão, tardiamente ocupada por população japonesa no final do século XIX e por isso sem os tradicionais elementos do património arquitectónico que vão representam as diversas fases históricas de evolução do país. Talvez pelas magníficas paisagens naturais que resulta dessas particularidades geográficas e climáticas, a região é destino de referência para o turismo chinês, cujo extraordinário crescimento observado nos últimos dez anos teve sobre Hokkaido impacto significativo . Enquanto cidade capital da região, onde se localiza o aeroporto, Sapporo é o ponto central destes fluxos turísticos: ainda que se dirijam a diferentes pontos da ilha, todos os turistas passam por aqui. Esta especial atractividade turística no mercado chinês particular trouxe também uma particular vulnerabilidade e a região havia de se tornar relativamente depressa na primeira do país quanto ao número de casos de infecções pelo coronavírus, ultrapassando mesmo a capital, Tokyo, com muitíssimo mais gente e muitíssimo maior densidade populacional, uma combinação aparentemente mais favorável à propagação de vírus. Não foi assim – ou foi apenas numa primeira fase - e é em Hokkaido que está hoje o maior foco de preocupação das autoridades de saúde japonesas, que entretanto decretaram o encerramento por um mês de todas as escolas do país, duplicando o habitual período de férias primaveril – e promovendo, já agora, um imprevisto estímulo económico a salas de karaoke e outros estabelecimentos de entretenimento para adolescentes. Nota-se uma certa urgência em resolver o problema, não só pelas óbvias questões de saúde

Estado de emergência

pública, mas também por outras (e também óbvias) implicações económicas que possam decorrer, por exemplo, da necessidade de cancelar os Jogos Olímpicos do verão que se aproxima (e que se realizará, eventualmente, a seguir ao original campeonato europeu de futebol que este ano se vai disputar em vários países europeus, todos eles actualmente a enfrentar o mesmo problema). Este impacto na vida quotidiana que estamos a viver, diga-se também, teria certamente sido muitíssimo maior se não fossem as drásticas medidas de contenção do governo chinês e a disciplina da respetiva população: mais de mil milhões de pessoas a viver nas grandes cidades da China estiveram durante

Não há sirenes a apitar ou militares nas ruas da cidade: há regras e informação sobre como lidar com o assunto. E televisões, naturalmente, todo o dia a bombardear pânico e terror

algum período encerrados em casa, com cidades desertas e economias paralisadas. Muito largos milhares (ou mesmo milhões, que essas contas ainda estão por fazer com precisão) de viagens foram canceladas, com bilhetes pagos e reservas feitas. Um bom número dessas viagens tinha Hokkaido como destino e isso nota-se em Sapporo: o centro da cidade, com as suas lojas e infinitos restaurantes, quase completamente vazios, primeiro de turistas e depois também de residentes locais. Há já apoios financeiros públicos às empresas que demonstrem ter pelo menos 10% do seu volume de negócios dependente do mercado chinês, o que certamente inclui todos os estabelecimentos comerciais, hoteleiros e de restauração do centro da cidade. A propagação da doença a que vamos assistindo - 3 ou 4 novos casos por dia na última semana - é por isso pequena em relação ao que aconteceria se não houvesse estas drásticas medidas preventivas. O estado de emergência a que os residentes de Hokkaido estão sujeitos é sobretudo um apelo a uma certa disciplina colectiva – generalizadamente aceite, como é habitual por aqui – acompanhado de medidas de excepcionais

de cuidados de saúde e apoios financeiros às economias e ao emprego locais. Não há sirenes a apitar ou militares nas ruas da cidade: há regras e informação sobre como lidar com o assunto. E televisões, naturalmente, todo o dia a bombardear pânico e terror, mas a isso sou relativamente imune, que já há muitos anos reduzi o televisor a um aparelho onde se exibem ocasionais filmes ou jogos de futebol. Por enquanto declarada por 3 semanas, é difícil prever quanto durará, na realidade, a dita situação de emergência. No meu caso familiar, até já tínhamos declarado com antecedência um certo estado de emergência doméstico, que incluiu reduzir as saídas ao máximo, sobretudo a sítios com grande concentração de pessoas ou cancelar viagens profissionais que já estavam marcadas. Temos, é verdade, uma particularidade que nos torna eventualmente mais vulneráveis e certamente mais sensíveis ao problema. Mas estes processos de contaminação são certamente um dos casos em que os nossos comportamentos individuais têm evidentes implicações sobre a vida dos outros e das comunidades: o isolamento é um antídoto inevitável para preservar a vida social.


A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces. PALAVRA DO DIA

CHEUNG CHI WAI

Aristóteles

sexta-feira 6.3.2020

ATFPM CONTRA MUDANÇA DE INSPECÇÕES PARA EDIFÍCIO FÓRUM MACAU

O

AUTOMOBILISMO ANDRÉ COUTO REGRESSA AO SUPER GT EM 2020

Promovido e confiante

A

PUB

NDRÉ Couto prepara-se para a sua 17ª temporada no campeonato japonês Super GT. O piloto português residente em Macau, que é um dos pilotos estrangeiros com maior longevidade na mais forte competição de automobilismo do país do sol nascente, vai correr pelo segundo ano consecutivo pela equipa JLOC e ao volante de um Lamborghini Huracán GT3 Evo. O vice-campeão do Super GT em 2004 na categoria principal (GT500) e campeão da classe GT300 em 2015 tripulou na temporada passada um dos dois Lamborghini Huracán GT3 Evo inscritos na categoria GT3000 pela equipa JLOC (Japanese Lamborghini Owners Club). Aos comandos do “touro” nº87, Couto conseguiu a proeza de vencer à classe os 1000 km de Fuji, a prova mais importante do calendário. Para a nova época, o piloto de 43 anos é um dos três pilotos designados para conduzir o Huracán GT3 nº88, o carro principal da equipa fundada em 1994 pelo clube de proprietários de viaturas da marca italiana no Japão. Couto fará equipa com o experiente japonês Takashi Kogure; campeão do Super GT em 2010 e ex-piloto de testes da Honda na Fórmula 1. O também nipónico Yuya Tezuka

é o terceiro elemento da equipa que só deverá entrar em cena nas corridas de longa distância. “Estou muito satisfeito de regressar ao Super GT esta temporada”, disse ao HM o piloto que terminou em oitavo da categoria GT300 na época transacta. “O facto de ir conduzir o carro nº88, que é o principal da equipa, mostra a confiança que a equipa colocou em mim para esta época. Vou dar o meu melhor para retribuir a confiança”. Durante a pré-temporada, Couto fez as duas primeiras corridas do Asian Le Mans Series pela JLOC, uma em Xangai e outra na Austrália, conseguindo um segundo lugar na categoria GT no circuito chinês. Porém, o Super GT em tudo um desafio diferente.

O PESO DO PNEUS

Pela frente esta temporada, Couto terá novamente a oposição dos Honda, Nissan e Lexus apoiados pelos próprios construtores, assim como os Aston Martin,

Mercedes-AMG, Audi, BMW e Porsche de equipas privadas. A competição é forte e há um outro factor diferenciador neste campeonato: os pneus. “Só saberemos quanto competitivo seremos após o primeiro teste colectivo. Vai ser muito importante o trabalho com a Yokohama para encontrar os melhores pneus. Sessenta por cento da competitividade neste campeonato depende do comportamento dos pneus”, explicou o piloto da RAEM que tem uma enorme experiência nesta matéria e que contará com gomas especiais do construtores de pneus japonês. Por outro lado, a JLOC está a sair da sombra de uma pequena estrutura com poucos meios. Nas últimas temporada os seus Lamborghini mostraram-se capaz de ombrear com os melhores carros do campeonato, muito também pelo investimento que está a ser feito. “A equipa está a crescer e é a equipa oficial da Lamborghini no Japão. Contámos com algum

“O facto de ir conduzir o carro nº88, que é o principal da equipa, mostra a confiança que a equipa colocou em mim para esta época. Vou dar o meu melhor para retribuir a confiança.” ANDRÉ COUTO PILOTO

apoio de fábrica, o que é uma preciosa ajuda”, afirma Couto.

AMEAÇA DO COVI-19

Para evitar a propagação do COVID-19, as autoridades japonesas também têm posto travão a vários eventos desportivos, entre os quais, várias provas de automobilismo. O primeiro evento do campeonato de monologares Super Formula, que incluía no seu programa a prova de abertura do Campeonato Japonês de Superbikes, marcado para o mês de Abril, foi cancelado. A prova do Super Taikyu teve o mesmo destino. Ambas as provas iriam ser realizada no circuito de Suzuka, a poucos quilómetros de uma unidade fabril importante da Honda. À data de publicação deste artigo, a organização do Super GT ainda não tinha cancelado qualquer evento. Contudo, os dias oficiais de testes - 14 e 15 de Março - serão realizados à “porta-fechada” em Okayama. O campeonato começa a 11 e 12 de Abril, também no circuito da prefeitura de Chugoku, mas há dúvidas se evento se irá desenrolar na data prevista, dado que as provas do Super GT costumam atrair mais de vinte mil espectadores. Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo

deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), enviou uma carta a Ho Iat Seng, Chefe do Executivo, onde fala dos “elevados riscos inerentes à transferência dos trabalhos de controlo e inspecção dos visitantes das Portas do Cerco para o Fórum de Macau”. Para Pereira Coutinho, as inspecções a quem chega a Macau devem continuar a ser feitas no Campo dos Operários. “Solicitamos que seja reconsiderada esta proposta de deslocação para uma zona com alta densidade populacional, mantendo-se a anterior opção para resolver os casos suspeitos à entrada no território, tal como é feito a nível internacional, para diminuir os riscos de propagação e eventual perda de vidas.” Na carta, é referido que “a permissão de aumento de número de turistas contradita as instruções das autoridades sanitárias de evitar uma concentração de pessoas em espaços públicos, mesmo nos restaurantes”. Além disso, o presidente da ATFPM considera que “a deslocação das centenas, senão milhares, de pessoas [do Campo dos Operários] para o Fórum de Macau constitui um elevado risco para aquela zona habitacional com uma elevada densidade populacional, onde se destaca o Centro Habitacional Internacional e o dormitório dos estudantes do Instituto Politécnico de Macau, além de uma grande quantidade de empresas de restauração e PMES”. A ATFPM chama também a atenção para “os elevados riscos de propagação do Covid-19 dentro dos autocarros durante o trajecto”, sendo necessária a “garantia de que não haja fuga dos suspeitos [de infecção] desde as Portas do Cerco até ao edifício Fórum Macau”. A.S.S.

Covid-19 Confirmada nona infecção em Portugal

Portugal registou ontem um nono caso de infeção do novo coronavírus, tratando-se de um homem de 42 anos que esteve em Itália e que se encontra em tratamento no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. A informação foi inicialmente prestada pela directora-geral da Saúde, Graça Freitas, à SIC Notícias e confirmada à Lusa através de um comunicado. Segundo a Direcção-Geral da Saúde, a situação clínica deste novo caso é estável.


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