Hoje Macau 6 JUN 2016 #3586

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 6 DE JUNHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3586

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SOFIA MOTA

hojemacau

MIGUEL CAMPINA ARQUITECTO

O dedo nas feridas AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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ENTREVISTA

NAM VAN

GALGOS

PORTUGUÊS

HOTEL ESTORIL

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Lagos animados

Verdes de Em nome esperança da língua

Divisões internas


2 ENTREVISTA

MIGUEL CAMPINA ARQUITECTO

“Não faz sentido esta pseudodemocraticidade que depois não tem correspondência noutras coisas fundamentais, como a composição da AL”

“Falta de planeamento associada aos lobbies” O Plano de Desenvolvimento Quinquenal foi apresentado recentemente. Que comentários faz para as medidas apresentadas para o sector das Obras Públicas? Este Plano veio tarde e veio fraco. Esperava-se que ao fim de 16 anos tivesse havido a oportunidade de fazer um documento mais interessante, porque basicamente volta a ser um plano de intenções, em que se repetem muitas das coisas que têm sido ditas nas Linhas de Acção Governativa (LAG). Estamos a falar de um documento que repete à exaustão uma série de conceitos que têm sido utilizados e cujo conteúdo está por definir. Faltam medidas concretas ao nível da habitação e novos aterros? Não seria natural que neste Plano se abordassem aspectos excessivamente concretos, mas apenas linhas gerais e objectivos. Os objectivos estão genericamente apontados mas insuficientemente esclarecidos. Não vi nenhuma referência à política demográfica, embora se fale do bem-estar da população. Não surge nada que explique como se resolvem problemas reais, em termos de alteração dos padrões de distribuição de riqueza. As pessoas não passam fome, mas a maioria das pessoas não passa bem. Não vale a pena iludir a questão: sabemos todos que existem em Macau profundíssimas desigualdades. E não se compreende como é que não se reconhece essa questão no Plano e como não são apresentadas soluções. Basta pensar nas LAG. Quais os níveis de concretização? E se as medidas que foram anunciadas como sendo necessárias e se chega ao fim do ano e elas não foram postas em prática, ficamos todos a perder. E há medidas que se repetem ano após ano em todos os relatórios. E o que é que isso quer dizer? Se não foram executadas por falta de meios era necessário tomar medidas para o evitar e isso não se tem verificado. Relativamente ao urbanismo, este Plano era um instrumento fundamental desde sempre. É difícil perceber porque é que se demorou tanto tempo num

esboço do chamado Plano do Ordenamento Urbanístico do Território, que tem um nome pomposo mas um conteúdo limitado. Vieram equipas dedicar-se durante anos sucessivos à análise de propostas para Macau e o que aconteceu é que as decisões relativas aos aterros foram tomadas durante o exercício de Edmund Ho e por um Secretário que ficará para a história por ser extremamente empreendedor e imaginativo nas práticas de desvio de montantes que não eram devidos (Ao Man Long). Depois disso o que se procurou foi preencher os espaços que ele criou SOFIA MOTA

Miguel Campina considera o Plano de Desenvolvimento Quinquenal “tardio e fraco” e diz que não existe planeamento no território por força dos interesses e dos lobbies. O arquitecto, residente em Macau há vários anos, aponta ainda críticas aos planos já anunciados para os novos aterros

com as decisões que foi tomando e todo esse exercício de ocupação de novas áreas foi feita de uma forma difícil de perceber e aceitar. Há uma prática corrente em Macau que são as consultas públicas, uma forma populista e demagógica, e que fazem sentido para algumas coisas, mas para outras não, por serem decisões políticas. Não faz sentido esta pseudo-democraticidade que depois não tem correspondência noutras coisas fundamentais, como a composição da Assembleia Legislativa (AL), a qualificação de quem é nomeado pelas autoridades para exercer o seu

papel de defesa dos interesses públicos mas sim de interesses específicos, por sector. Dentro deste jogo de faz de conta, o que se passa com este Plano e as LAG é bastante difícil de se aceitar quando se fala tanto em critérios científicos. Critérios

“Esta discussão que existe agora sobre Coloane é tudo uma conversa da treta”


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básicos como o da transparência e competência não estão presentes, portanto isto é tudo a fingir. Houve uma série de oportunidades perdidas e houve oportunidades de não fazer coisas evocando a inexistência de leis. Quando não se tem a certeza, não se faz. Que exemplos pode apontar? A determinada altura coloca-se [a questão] às autoridades se se iria avançar ou não com aquele absurdo da habitação pública em Coloane (complexo de Seac Pai Van). Foi a porta que se abriu para tudo o que se seguiu. Aconselharia o senso que antes de fazer ou dar seguimento aquele verdadeiro disparate tivesse sido usada alguma prudência. Não havia plano e isso serviu para justificar que aquilo podia avançar e tudo o que se avançou depois. E agora como não há plano, e existe um impreciso, avança-se com tudo o resto. É um mundo perfeito. Já que falamos de Seac Pai Van, a questão da preservação de Coloane tem estado na ordem

“Macau foi literalmente destruído, numa certa perspectiva. Fizeramse imensas coisas que podiam ter sido evitadas e não o foram por decisão política. E, porventura, por incapacidade” do dia. Nesta altura é possível travar a construção da zona? A gestão de tudo depende da vontade. A questão aqui não é se é possível ou não, é se se está interessado, ou não. E estão interessados? Nada interessados. Todas as desculpas são boas para justificar o que não deve ser feito. Neste Plano Quinquenal refere-se com algum ênfase a necessidade de preservar a natureza e plantar mais árvores, tornar uma cidade verde. O melhor seria pintarem toda a Macau de verde, seria a solução para as questões de sustentabilidade. Na prática não há a menor vontade de fazer seja o que for. Estragar está na ordem do dia porque sempre esteve. A ausência de planeamento em Macau está sempre associada às vantagens dos lobbies, dos interesses económicos. Em Macau foi sempre assim. Esta discussão que existe agora sobre Coloane é tudo uma conversa da treta. Se tudo for definido olhando para a política, não, não se deve construir. Mas se for da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, aí já é diferente. E esse é sempre o mesmo problema. Raimundo do Rosário está a tentar arrumar a casa? Uma coisa é o facto de alguns Secretários se confrontarem com uma herança pesada e não é fácil dar conta do recado. Foi anunciado pelo Secretário que o seu objectivo era tentar arrumar a casa e cumprir objectivos tendo em conta as limitações existentes. Não falamos do passado porque ele fala por si: Macau foi literalmente destruído, numa certa perspectiva. Fizeram-se imensas coisas que podiam ter sido evitadas e não o foram por decisão política. E, porventura, por incapacidade, mas essa pode ser evitada com o uso de recursos externos, porque o que não tem faltado à Administração são recursos materiais. Está-se a tentar fazer melhor, mas a justificação com

base que a RAEM é jovem, deixou de funcionar. É jovem para umas coisas e não é para outras? A razão é fácil de intuir: tem mais a ver com os interesses que estão aqui em causa do que com a incapacidade real de resolver esses problemas. É preferível não resolver porque existe visão de curtíssimo prazo em Macau, e isso serve quem está. E quem está não está interessado, não esteve nem vai estar, nos que vêm a seguir. Há essa falta de responsabilização. São responsáveis por, mas não têm a responsabilidade de... este sistema está auto-justificado, não fez porque não estava preparado, porque não tem recursos...as justificações são boas, mas quais os aspectos positivos? A sociedade de Macau sofreu um influxo de investimento nos últimos anos, de rendimentos, que se calhar não foram aproveitados da melhor maneira e também isso se deve a essas carências. Há uma efectiva falta de vontade e depois alguns dos nossos dirigentes têm uma grande falta de mundo, com pouca abertura a algumas questões e nenhumas preocupações sobre questões de fundo. Fala-se muito na educação. Houve progressos indiscutíveis. Podia e deveria ter havido mais? Claro. Mas há casos gritantemente difíceis de entender. Como por exemplo? A Universidade de Macau. Como é que se consegue compreender o fenómeno da UM? Li que o Chefe do Executivo reconhecia que alguma coisa não estava bem com a UM. Mas quem é o patrão da UM? Só agora é que deu por isso? O que está a falhar? O que parece é que a UM tem um estatuto que lhe permite comportar-se como muito bem entende, à revelia daquilo que seriam as expectativas de quem a sustenta. No curso de Direito puseram lá um senhor (John Mo, director da Faculdade) que não tinha as mínimas condições para exercer o cargo e teve lá o tempo que esteve e só saiu porque teve outros projectos. Este é um exemplo do que não deveria acontecer. Fala-se neste Plano (Quinquenal) que irão finalmente pôr um sistema de responsabilização dos cargos públicos. Mas isso não é inerente ao exercício de qualquer profissão? É difícil falar do Plano Quinquenal sem que à nossa mente surjam as cerejas às quais ele está ligado, as questões do passado e do presente, e que têm sempre a ver com interesses. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“PLANO DA PRAIA GRANDE ESTÁ A SER SUJEITO A PRESSÕES ENORMÍSSIMAS”

Os empreendimentos do Cotai estão quase a ser inaugurados, já são conhecidas algumas ideias para os novos aterros. Que Macau teremos para os próximos anos? Houve a oportunidade no Cotai de se fazerem as coisas de forma planeada e muito do que se diz hoje sobre o reforço das actividades não jogo estava previsto nos primeiros anos de aparecimento dos casinos, em 2003 e 2004. Nada foi cumprido. Mais uma vez: não foi cumprido, não porque os instrumentos não existissem, mas porque não convinha ao Governo aceitar regras que pudessem depois limitar a negociação específica de determinados investimentos. Isso iria limitar escolhas de clientes preferenciais e amigos do peito. Ignorou-se esse instrumento que seria particularmente interessante e que teria contribuído de forma construtiva para que a estrutura de ocupação do Cotai tivesse seguido outras regras e hoje apresentasse outro perfil. Os novos aterros não vão constituir a solução para todos os males de Macau. Se as regras do jogo não se alterarem, o que vai haver é uma transferência de regras para novas áreas. Temos o plano da Praia Grande (Zonas C e D dos novos aterros, Fecho da Baía da Praia Grande), que tem estado a ser sujeito a pressões enormíssimas e não deixará de vir a ser alterado no sentido de permitir uma ocupação mais intensiva do que o original. O plano dos novos aterros do porto exterior foi exactamente a mesma coisa, em que uma das primeiras acções do Governo foi acabar com ele. Criou-se a ausência de regras que permitiu a construção dos casinos em frente ao Grand Lisboa. O

plano foi pura e simplesmente revogado. E não houve outro. O que serve melhor é a ausência de um plano. Relativamente aos novos aterros, se for mantido o plano original, é fraco. Andaram anos a fazer aquilo mas o resultado ficou bastante aquém do que poderia ser a oportunidade de planear novas áreas da cidade. É mais do mesmo, é a reprodução do que poderia ser aplicado em qualquer área da República Popular da China para investimento imobiliário. Não há um momento de inovação, de estrutura, que seja diferente e melhor do que aquilo que vemos habitualmente. Como vai ser feita a articulação desta área com as zonas já existentes? Aquilo existe num contexto e é preciso estabelecer as amarras, para que haja um complemento e ajudem a resolver alguns problemas do tecido urbano. O que vai acontecer é que à medida que houver a deslocação de algumas populações, o que vai ser feito aos bairros antigos?Andamos com a saga dos bairros antigos há cerca de dez anos. Depois existe um grupo privilegiado que tem sempre acesso a essas coisas e com o objectivo de oportunidades de negócio. Neste processo acelerado de integração inter-regional, assistimos a um esforço de investimento nas áreas adjacentes leva à criação de oferta próxima de Macau. As pessoas com capacidade do lado de cá vão mudar-se para o lado de lá. A médio prazo Macau será um destino dentro de uma área mais vasta, certo tipo de actividades continuam em Macau, a maior parte desloca-se, a habitação vai deslocar-se, e isto tenderá a ser uma área especializada. Uma espécie de bairro francês. Será também o distrito do Jogo e do entretenimento. A.S.S.


4 IP LOK LEONG NOMEADO COMISSÁRIO-CHEFE DOS GUARDAS

Ip Lok Leong é o novo comissário-chefe dos guardas na Direcção dos Serviços Correccionais, tendo tomado posse no passado dia 2. Licenciado em Direito pela Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau, Ip Lok Leong começou a trabalhar no Corpo de Guardas Prisionais em 1988.

MACAU RECEBE EX-PRESIDENTE DE CABO VERDE

Pedro Pires, ex-presidente de Cabo Verde, vai estar em Macau no início de Julho. O antigo chefe de Estado visita o território a convite da Associação de Divulgação da Cultura Cabo-Verdiana e participa, no território, numa exposição e contactos com a comunidade.

NOVO GRUPO EXECUTIVO PARA ASSUNTOS DE IDOSOS

O Grupo Director Interdepartamental do Mecanismo de Protecção dos Idosos reuniu a semana passada para discutir o “Plano Decenal de Acção para os Serviços de Apoio a Idosos 2016 – 2025”, tendo ficado decidido que esse mesmo grupo, criado pelo Chefe do Executivo, irá criar um Grupo Executivo com representantes de vários serviços públicos. Segundo um comunicado oficial, esse grupo vai permitir “potencializar os efeitos da colaboração interdepartamental e assegurar a implementação ordenada das diversas medidas contempladas no referido plano decenal”.

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Tiananmen CENTENAS RELEMBRARAM O 4 DE JUNHO

Senado à luz das velas Alguns não sabem o que é, mas Macau, Hong Kong e Taiwan não esquecem o 4 de Junho. Houve quem viesse do continente e ficasse no Senado para relembrar as vítimas do massacre

CARMO CORREIA/LUSA

POLÍTICA

A

LG U M A S centenas de pessoas juntaram-se no sábado no Leal Senado numa vigília para lembrar as vítimas de Tiananmen, incluindo jovens que nunca tinham ouvido falar do massacre de há 27 anos. Foi o caso de um grupo de três pessoas do Canadá que se passeavam pela praça quando deram de caras com a vigília e os cartazes com fotos de Tiananmen e do massacre ocorrido na noite de 4 para 5 de Junho de 1989 em Pequim. Uma busca rápida no Google explicou aos três amigos a luta dos estudantes chineses de há 27 anos e optaram por se juntar à vigília, como contaram à Lusa. Foi também através da internet que Linda, de 25 anos, nascida em Macau, soube o que foi Tiananmen, porque na escola nunca lhe falaram disso, segundo disse à Lusa. Agora, a jovem professora participa na vigília em memória de Tiananmen em Macau há quatro anos. “Temos de lembrar este dia e a luta dos estudantes por liberdade e direitos”, disse, vincando que é importante fazê-lo também junto dos residentes de Macau, especialmente os mais jovens, que “têm de ser empurrados a lutar pelos seus direitos e a preocuparem-se com a sociedade de Macau”. “Temos de manter o que temos em Macau, não pode mudar”, sublinhou, considerando que apesar de o território ter um sistema de liberdades diferente e ter muita autonomia, “é uma região da China” e “o sistema está a mudar”. Já Son, de Macau, mostra ao HM que sabe o que se passou no dia 4 de Junho e não só. “Na China aconteceram dois grandes incidentes nos últimos 30 anos, um foi a Revolução Cultural Chinesa, outro, claramente, foi o Massacre de Tinanmen. Em 1989 ainda havia muitos académicos

que saíram à rua em Pequim, foram 1,5 milhões de manifestantes que tiveram coragem de enfrentar os problemas da China, mas sofreram perseguições de um Governo totalitário, que despedaçou o seu coração patriótico. É assustador”, disse o jovem estudante, que assegura que, sem ter sofrido o evento, consegue sentir-se o medo das pessoas mais velhas sobre o movimento. Para o jovem, relembrar o Massacre de Tinanmen não é, contudo, apenas uma responsabilidade dessa geração. “Espero que a nossa capacidade possa mudar a atitude dos nossos amigos [que não falam do assunto].”

SILÊNCIO PERMANENTE

Eve e Keith, ambos com 30 anos, ouviram falar de Tiananmen na escola. Os dois são de Hong Kong. De visita a Macau, com um grupo de uma igreja luterana, quiseram juntar-se à vigília “por ser preciso lembrar” e “que mais pessoas saibam” o que aconteceu em Pequim em 1989, quando o exército chinês avançou com tanques para dispersar

protestos pacíficos liderados por estudantes, causando um número de mortos nunca oficialmente assumido. Algumas estimativas apontam para milhares. “Não sabemos se poderá voltar a acontecer, mas é importante não esquecer”, afirmou Keith. Também da região vizinha chegou uma outra jovem, que não quis identificar-se ao HM. Nunca participou em nenhuma vigília, mas quer, agora, que todos compreendam a situação. Chan, residente do interior da China em Macau pela primeira vez, também quis falar. “Partilhei agora no WeChat que estou a participar na vigília do

“Temos de lembrar este dia e a luta dos estudantes por liberdade e direitos” LINDA PROFESSORA

Massacre de 4 de Junho. Todos os meus amigos alertaram-me para ter cuidado e não deram qualquer outra opinião sobre o assunto”, lamenta. Chan diz que o sentimento de medo sobre o Massacre é grande no interior da China, sendo que “98% das pessoas não sabe o que é o 4 de Junho”. O jovem aplaude as pessoas de Hong Kong, Macau e Taiwan que continuam a recordar o acontecimento, apesar da China não mudar a sua atitude. Macau e Hong Kong são os dois únicos locais da China onde Tiananmen pode ser publicamente recordado e nas duas cidades realizam-se anualmente vigílias para lembrar as vítimas do massacre. A vigília de Macau foi organizada pela União para o Desenvolvimento Democrático de Macau, dos deputados Au Kam Sam e Ng Kuok Cheong. Este último mostrou-se satisfeito com o número de pessoas presente, apesar de ser inferior ao de anos anteriores e por haver muitos jovens. Flora Fong (com Lusa e J.F.) Flora.fong@hojemacau.com.mo


5 POLÍTICA

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FAOM CRITICADAS CONSULTAS PÚBLICAS NO MESMO PERÍODO

Tempo para respirar São pelo menos cinco e todas têm data de opinião de um mês. A FAOM diz que há muitos planos e leis que precisam de respostas da população na mesma altura, o que não só não dá tempo, como causa confusão

L

EI Chan U, subdirector da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), considera errada a decisão do Governo de realizar cinco consultas públicas ao mesmo tempo para diferentes planos, considerando que é difícil “retirar do público opiniões com qualidade”. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lei Chan U referiu que se tratam de planos importantes e que o período de consulta é curto, o que faz com que a população não tenha tempo suficiente para compreender o conteúdo de todos eles.

“Embora o Governo queira demonstrar confiança e vontade de elevar a eficácia administrativa junto da sociedade, a verdade é que se nota uma falta de sinceridade e é possível que o Governo não consiga os resultados previstos”, apontou.

O subdirector da FAOM lembrou que uma consulta pública é um processo de recolha de opiniões e fornecimento de informações, pelo que não deveriam realizar-se todas no mesmo período, considerando que tal não é científico nem garante

a eficácia do processo. Lei Chan U espera que o Governo possa criar um calendário para este efeito. Desde Maio e até finais de Julho decorrem cinco consultas públicas sobre o Planeamento dos Serviços de Reabilitação para o Próximo Decénio (2016– 2025), Norma de Auditoria, Plano de Desenvolvimento Quinquenal para território (2016-2020), a revisão de Lei Eleitoral para a Assembleia Legislativa e o Plano Geral do Desenvolvimento da Indústria do Turismo de Macau. Todas estas consultas têm uma duração de cerca de um mês.

Mais tempo, mais trabalho

Nova auscultação sobre Centro Histórico este ano

O

presidente do Instituto Cultural (IC), Guilherme Ung Vai Meng, afirmou que as “Medidas de Gestão do Património Mundial” – ideia apresentada no Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM – só podem entrar em vigor em 2020 porque o trabalho é abrangente. Mas a segunda fase da consulta pública sobre o Enquadramento do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau vai começar ainda este ano. O IC já concluiu em Fevereiro a consulta pública sobre a classificação patrimonial dos primeiros dez imóveis, sendo que anunciou que prevê concluir a classificação de 30 imóveis até 2018. No entanto, no Plano Quinquenal do Desenvolvimento da RAEM, é apontado que as Medidas de Gestão do Património Mundial só podem ser implementadas em 2020.

Aos média chineses, Guilherme Ung Vai Meng explicou que o âmbito da salvaguarda do património cultural de Macau tem sido um trabalho complexo, desde que entrou em vigor a Lei de Salvaguarda do Património Cultural. “Não sou um super homem, sou apenas um pintor, preciso de estudar enquanto trabalho. No futuro, vamos sempre enriquecer a lista do património cultural”, frisou. “Em Macau, 13% do território é protegido pela Lei de Salvaguarda do Património Cultural e as Medidas de Gestão do Património Mundial são um plano detalhado para a salvaguarda do Centro Histórico”, disse. Guilherme Ung Vai Meng defende que o IC não está a atrasar os trabalhos da elaboração das medidas. Estas demoram porque é “necessário criar um plano completo”. Flora Fong (revisto por J.F.) flora.fong@hojemacau.com.mo

Tomás Chio (revisto por A.S.S.)

info@hojemacau.com.mo

PUB HM • 1ª VEZ • 6-6-16

COMEMORAR O CRIME PÚBLICO

PRIMEIRO SALÁRIO DE RECÉM-LICENCIADOS CAI 14% HOJE MACAU

Tu Jiji, directora-executiva de dois websites de recrutamento, disse ao jornal Ou Mun que os salários dos recém-licenciados estão a registar uma quebra de 14% este ano, tendo sido ajustado nas 12 mil patacas, quando antes era de 14 mil patacas. Quanto aos bónus que são pagos no final do ano em sectores dependentes do Jogo, Tu Jiji defende que serão alvo de um ajustamento, mas não haverá ainda corte salarial por ainda existir procura de recursos humanos. Tu Jiji considera que os alunos que terminam os seus cursos na faculdade devem ajustar as suas expectativas de emprego à actual situação de mercado. A responsável referiu ainda que este ano vão ser inaugurados dois grandes empreendimentos de Jogo, pelo que tanto os casinos como as empresas precisam de reter pessoas. Tu Jiji prevê que não vai haver uma redução de funcionários no sector, mas não exclui essa possibilidade.

• A Coligação Anti-Violência Doméstica manifestou-se ontem em jeito de comemoração da recente classificação da violência doméstica como crime público, salientando porém que ainda há um caminho a fazer, que é o da inclusão de casais do mesmo sexo no diploma. A lei foi aprovada o mês passado

ANÚNCIO Curadoria dos bens do impossibilitado n.º

CV1-16-0001-CPE 1º Juízo Cível

REQUERENTE: DOLORES MESCALLADO AQUINO, casada, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7.º andar “U”. REQUERIDOS: 1. PABLO CABEROS AQUINO, casado com a Requerente, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7º andar “U”; 2. MICHAEL MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Areia preta, Edifício Kam Hoi San, Bloco 9, 7º andar “G”; 3. JEFFRY MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, titular do T.I.T.N.R., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7º andar “U”; 4. ALLAN MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, residente em Macau, na Rua do Canal Novo, Edifício Kam Hoi San, Bloco 9, 7º andar H; 5. MINISTÉRIO PÚBLICO. FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, dando publicidade à sentença proferida em 30 de Maio de 2016, nos autos supra identificados, sentença que julgou provados e procedentes os presentes autos de Curadoria dos Bens do Impossibilitado, em relação ao requerido PABLO CABEROS AQUINO e declarando-o impossibilitado, por doença, para actuar por si ou designar procurador, em consequência, foi nomeada como sua curadora DOLORES MESCALLADO AQUINO, sua cônjuge, a quem competirá representar seu marido e providenciar pela administração e gestão do património do aludido PABLO CABEROS AQU, nos termos do disposto nos artºs 89º e 92º do C.C.M. e artºs 1211º e 1212º, estes do C.P.C.M.. Tribunal Judicial de Base de RAEM, aos 31 de Maio de 2016. ***


6 SOCIEDADE

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Anim’Arte APOSTA NA DIVERSIDADE ECONÓMICA CHEGOU AOS NAM VAN

O espaço que era vazio encheu-se de cor, música e pessoas. Nam Vam está diferente e a culpa é da nova actividade permanente “Anim’Arte”. A inauguração aconteceu na sextafeira passada com turistas e residentes a aplaudir a iniciativa

GCS

“Abrandar o passo e sentir Macau”

A

festa estava longe de começar, mas antes das duas da tarde o movimento já se fazia notar. Esplanadas, cor, testes de som e muitos olhares curiosos começaram a encher a marginal junto aos Lagos Nam Vam. “Gosto muito da iniciativa, esta zona estava muito cinzenta, sem movimento. As pessoas passavam aqui só para correr por este corredor. Não estava aproveitado, agora sim, temos lojas, podemos comer, beber, apreciar arte”, começa por explicar ao HM Weng Lei, trabalhadora do Sociedade Fuhong, que juntamente com a Cáritas Macau abriu uma loja de peças feitas pelos portadores de deficiência acolhidos pelo grupo. Agendas, pinturas, ou qualquer outra recordação compõem as estantes. Há ainda um espaço para actividades de leitura ou de artes plásticas para quem por ali queira passar e ficar mais um pouco. “Olá. Eu sei falar Português”, ouve-se lá de dentro da loja. É Wong, portador de deficiência e membro da sociedade. Também ele é autor de algumas peças que ali estão à venda. Ter esta loja vem ajudar a sociedade a mostrar o seu trabalho, as suas actividades e a aparecer ao mundo, como refere Weng Lei. Muitas são as recordações de Macau à venda. É que, como diz Weng Lei, esta actividade não é só para os residentes, mas sim para todos, incluindo turistas. “É agora que os [turistas] vão começar a vir para este lado de Macau”, acredita.

Este é o caminho para a diversificação da economia de Macau, disso Weng Lei não tem dúvidas. É também um caminho para que “os pequenos artesãos de Macau” possam aparecer e divulgar o “que se faz por cá”.

CIDADE MAIS PERTO

Kong Kuai Sang, membro executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), vai ainda mais longe e diz que esta “vida” dada aos Nam Vam vem mostrar que “Macau deixou de ser apenas Jogo”. “A localização é incrível, acho esta iniciativa maravilhosa”, assina, enquanto vai espreitando o que se passa em redor. Uma área que, para si, vem chamar os jovens para a rua, para “aproveitarem a esplanada, as galerias de arte” e, no fundo, aproveitar a sua cidade. A curiosidade fez com que o grupo de colegas de trabalho que acompanha Kong Kuai Sang fosse visitar os espaço antes sequer de ser inaugurado. O tempo, esse, quis ajudar e o céu não podia ser mais azul. “Estou muito satisfeito com o que vejo, mesmo muito”, reforçou. A “Anima’Arte” é uma actividade sob a alçada da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura, envolvendo quatro entidades pú-

blicas: o Instituto Cultural (IC), o Instituto do Desporto (ID), a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) e o Instituto de Formação Turística (IFT).

“A localização é incrível, acho esta iniciativa maravilhosa” KONG KUAI SANG SJM Chan Peng Fai, vice-presidente do IC, confessa ao HM que o dia da inauguração contou com uma adesão “muito grande”. “Só em convidados temos cem pessoas”, explica. A verdade, diz, é que o número de visitas irá decorrer de forma gradual, até porque esta é uma actividade de cariz permanente. “Este espaço é para ficar”, reforça.

DE LÁ PARA CÁ

Fora as lojas de marcas de Macau, um café, galerias de artes, gaivotas a pedal na água e a loja de cariz social, estão ainda montadas alguma tendas com produtos à venda. Row é artesão, faz carteiras, espelhos e ainda capas para telemóveis. Conta-nos que é de Cantão e que soube desta

possibilidade pelo Governo local. Candidatou-se e irá estar durante cinco dias a vender os seus produtos. Row diz-nos contar com muitas pessoas quando começar a anoitecer. Algo que efectivamente se confirmou. Pelas 20h00, Nam Vam conhecia uma vida que até então desconhecera. Row estava ocupado com vários olhos interessados na sua arte. Na tenda ao lado está Alice Leong, a artesã de porta-moedas e amuletos para atrair a sorte dos Deuses. “Esta é um óptima iniciativa. Ajuda-nos a mostrar o nosso trabalho, a ter uma oportunidade para vender. Isto é muito bom para Macau, não é só para nós, é que assim a cidade mostra-se também. Isto não são só casinos”, diz-nos, prontamente. Esta é, reforça, a aposta que “tantas vezes o Governo fala, a diversificação da economia”. Alice Leong é de Macau e diz-se feliz com a mudanças a acontecer no território. No entanto, aponta, é preciso mais. Não pode ser só esta actividade. “O Governo e os artesãos locais devem ter uma maior cooperação entre si, com este tipo de actividades, mas também com outras”, explica.

CULTURA E CRIATIVIDADE

Recolhidos do sol intenso que se fazia sentir, estavam Lou e Wayne, dois

jovens de 26 anos. Um de Macau, outro de Zhuhai, quiseram marcar presença na inauguração. Lou conta-nos que Macau precisa sempre deste tipo de actividades, sendo este um “bom primeiro passo”. Para Wayne, que atravessou a fronteira para ali estar, o território é “um local que acolhe uma grande diversidade de culturas” e, por isso mesmo, tem “muitos recursos para se destacar das outras regiões”, utilizando a cultura, arte e criatividade para isso. Chegada a hora de dar as boas-vindas, Alexis Tam, Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, reforçou, durante o seu discurso, a necessidade de “seguir um desenvolvimento diversificado”. Para Alexis Tam é preciso, através de várias cooperações, dinamizar e apostar nas exposições e espectáculos culturais. Este novo espaço “de lazer com cultura e criatividade” goza, diz, de um “quadro arrebatador desta zona ribeirinha dos Lagos Nam Van”. Anim’Arte vem injectar um “novo dinamismo nesta zona comunitária” e, sobretudo, permitir aos residentes e visitantes de diferentes idades e gostos, “abrandar o passo, desfrutar do lazer e sentir Macau”. Filipa Araújo (com F.F.)

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo


7 hoje macau segunda-feira 6.6.2016

TRÊS OPERADORAS LANÇAM “COTAI CONNECTION”

S

EM a Irlanda, Macau fica sem galgos para correr e, sem galgos para correr, o Canídromo “tem os dias contados”. Dias que parecem estar mais perto, como afirma Albano Martins, presidente da Anima – Sociedade Protectora dos Animais, directamente de Dublin, onde se deu mais uma manifestação em prol destes animais. “Se nos apoiarem em deixar de enviar animais para Macau, o Canídromo encerra em pouco tempo”, disse o responsável, num vídeo filmado em Dublin e colocado na página do Facebook “Stop Greyhound export to China”. Sexta-feira, mais de 16 cidades uniram-se ao protesto contra o envio de galgos para o Canídromo da Yat Yuen, no Fai Chi Kei, onde a ANIMA e outras associações de animais dizem ser mortos mais de 30 cães por mês. A falta de programas de adopção é um dos motivos, que se alia a “maus tratos” aos animais – alguns deles gravados em vídeos espalhados pelos média e redes sociais. A ideia do presidente da ANIMA era encontrar-se com o Ministro da Agricultura da Irlanda, mas a visita não foi possível. “Entregámos a petição à equipa dele, até porque ele já nos tinha informado que ia ser difícil. Mas encontrámo-nos com deputados e dirigentes associativos e foi muito o apoio recebido”, explicou ao HM. A petição entregue tinha mais de 300 mil assinaturas, que se juntam a outras petições já entregues ao Governo local a favor do encerramento do Canídromo. Depois da Austrália, a Irlanda já tinha banido a exportação de galgos para a China, mas continua a enviar cães para Macau.

ABRIR OS OLHOS

De camisola vermelha com a mensagem “Encerrem o Canídromo”, Albano Martins juntou-se às centenas de pessoas e cães que compareceram só em Dublin, para deixar um apelo claro: “Pedíamos aos irlandeses para não enviarem galgos para a China, porque todos os que entrarem lá vivos, saem de lá mortos”, começou por dizer em frente ao Ministério da Agricultura, como se pode ver num vídeo publica-

PANDAS VERMELHOS CHEGAM A MACAU AINDA ESTE ANO

Leong Kun Fong, membro do Conselho de Administração do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), confirmou a vinda de um par de pandas vermelhos para Macau este ano, por altura do Inverno. Os pandas deverão ficar albergados no Pavilhão do Panda Gigante no Parque de Seac Pai Van, sendo que o projecto de construção das instalações está quase pronto. Para além dos pandas vermelhos está prevista a chegada de um macaco dourado para aumentar o número de animais raros no parque, mas essa aquisição será ainda analisada depois da chegada dos pandas. Falta ainda saber quando chegam os prometidos flamingos. Leung Kun Fong explicou que os pandas gigantes estão em boas condições de saúde. O IACM continua a trabalhar na sua reprodução, prevendo-se que os próximos pandas possam nascer em Macau.

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Começam hoje a operar os novos percursos dos autocarros dos casinos levados a cabo por três operadoras. A Galaxy, Melco Crown e Venetian arrancam com a linha “Cotai Connection”, a qual irá funcionar num período experimental de três meses. Os autocarros vão funcionar entre as 11h30 e as 22h30 e vão passar no casino Galaxy, Broadway, Studio City, City of Dreams, Ventian e Sands Cotai Central. Segundo um comunicado oficial, “após o lançamento, não apenas o número de autocarros dos casinos a operar entre hotéis vai ser reduzido, aliviando o trânsito no Cotai, como também vai melhorar o funcionamento dos autocarros e melhorar a experiência dos visitantes”. O Governo pretende continuar a analisar a medida, sendo que o objectivo é criar sinergias entre operadoras, aponta o mesmo comunicado.

Galgos ANIMA EM DUBLIN. MUNDO PEDE FIM DO CANÍDROMO

Esperança renovada Mais uma manifestação para que a Irlanda deixe de enviar galgos para correr em Macau teve lugar na semana passada e deixou uma nova esperança no ar: a impossibilidade do Canídromo vir a receber mais animais, o que pode afectar o negócio do na página do evento, e onde apresentou um dossier com mais de 200 páginas onde se traçava o perfil de galgos (dois por cada fo-

SOCIEDADE

lha) que acabaram eutanasiados. “Eram todos vindos da Austrália. Entre 260 a 280 animais foram mortos no ano passado. Em

situações normais, é morto um por dia, ou seja 360 em média anual. Esta é a razão porque desde 2011, desde uma reunião em Macau com a Grey2K USA, que pedimos o encerramento do espaço”, frisou o presidente da ANIMA, uma das maiores impulsionadoras do movimento. Sem a Austrália a enviar cães, as corridas no Canídromo desceram de 18 para 15 por dia, sendo que, de acordo com a ANIMA, o mês passado desceram novamente, para 12/dia. A descer constantemente têm estado também as receitas do espaço, que não faz em um ano o que um casino faz em quatro horas. Albano Martins relembrou as promessas de adopção de galgos que nunca se chegaram a cumprir, a percentagem de 20%

de lesões que os animais sofrem nas más condições da pista e ainda os nove galgos irlandeses que cá chegaram antes de mais duas dezenas serem impedidos de viajar para o território. Nove cães que “já estão mortos” só de cá estarem. Uma coisa é certa, relembra Albano Martins no seu discurso, “sem galgos, não há continuação do negócio”. E, sem a Austrália e a Irlanda não há outros locais de onde estes possam vir. O Ministro irlandês emitiu um comunicado há uns dias, no sentido de a indústria não exportar para países onde não houvesse o mínimo de padrões de qualidade de vida dos animais. Albano Martins assegura ao HM que algumas das reuniões que teve no local também apontam nesse sentido, “antes mesmo de ser acrescentada uma cláusula na lei que impeça a exportação para países onde os animais não são protegidos”. “Sem galgos fecham e não arranjam em mais lado nenhum”, remata. Para hoje, a Anima tem uma reunião agendada com a companhia aérea alemã Lufthansa, em Frankfurt, para tentar bloquear a maior fonte de transporte de galgos para Macau. Já em Setembro, no dia 24, Albano Martins participa, em Itália, numa campanha de adopção de galgos. O Canídromo nunca se mostrou disponível para comentários. O estudo feito pela Universidade de Macau sobre a continuidade do espaço já foi entregue ao Governo, mas o responsável por ele, Davis Fong, admitiu ao HM que foi feito à base de notícias dos jornais e cartas das associações. O HM quis saber qual o preço deste estudo, mas a Direcção de Inspecção e Coordenação de Jogos nunca respondeu. A ANIMA já garantiu ao HM que tem planos para a adopção dos mais de 600 animais que estão actualmente no Canídromo, cujo contrato prorrogado termina em Dezembro deste ano. A imagem de Macau tem sido considerada como negativa depois de diversos média à volta do mundo darem conta da situação na Yat Yuen. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau segunda-feira 6.6.2016

Estoril OPINIÕES DIVIDIDAS APÓS RETIRADA DE CONVITE A SIZA VIEIRA

O tempo marca a hora Não era suposto, mas agora o projecto de revitalização do Estoril vai ser por concurso público. O arquitecto Carlos Marreiros considera que a decisão do Governo de abrir um concurso público para o projecto do Hotel Estoril pode constituir um “retrocesso” e levar a mais atrasos. Maria José de Freitas mostra-se satisfeita com a decisão

S

IZA Vieira já não vai ter a exclusividade do projecto para o edifício do Hotel Estoril. A revitalização vai a concurso público, depois de Alexis Tam desistir da ideia, afirmando que tal é mesmo “uma decisão política”. Agora, o arquitecto português terá de concorrer ao um concurso público se pretender avançar com o projecto de revitalização, sendo que o concurso público serve para dar hipótese aos arquitectos locais. Ao HM, o arquitecto Carlos Marreiros mostrou algumas reservas em relação à decisão tomada. “Sou sempre pelos concursos locais e sou contra a entrega gratuita de consultadorias e projectos a empresas estrangeiras que nem sempre têm provado fazer melhor que os locais. Mas no caso do Estoril ainda não tenho uma opinião formada. Não sei se será melhor o concurso público. Esta alteração é a vitória das

“A decisão estava bem feita, agora há um retrocesso. Não sei se está bem. Infelizmente, como prova da vitória destas forças ocultas vamos esperar mais não sei quanto tempo” CARLOS MARREIROS ARQUITECTO

carpideiras e dos talibãs, já se perdeu muito tempo. Agora vem um concurso público e serão mais anos que teremos de esperar”, defendeu. “Estava muito bem na praça do Tap Seac um edifício projectado por Siza Vieira. A decisão estava bem feita, agora há um retrocesso. Não sei se está bem. Infelizmente, como prova da vitória destas forças ocultas vamos esperar mais não sei quanto tempo”, disse ainda o arquitecto macaense, membro do Conselho do Património Cultural que decidiu pela não classificação do edifício.

NÃO É RETROCESSO

Com uma posição totalmente diferente surge a arquitecta Maria José de Freitas. “Não acho que seja um passo atrás, mas sim um passo em frente”, defendeu ao HM. “É mais saudável a ideia de se realizar um concurso público, que integre os arquitectos de Macau. Não sei se vai ser apenas para os arquitectos ou mais abrangente e também teremos de saber qual é o programa do concurso, para ver até que ponto será inte-

ressante participar ou não, dependendo do caderno de encargos. Fiquei animada com esta nova proposta, mas é prudente aguardar.” A arquitecta defende que o mais importante é “encontrar uma boa solução, que vá ao encontro daquilo que o Governo pretende, que dê uma satisfação à população e que integre uma força criativa que são os arquitectos de cá e que conhecem bem o território e têm propostas para a cidade”. Alexis Tam defende a decisão como forma de dar oportunidades aos locais. “Devido aos desejos expressos por parte dos designers e arquitectos locais de intervir no projecto, o Governo decidiu submeter o mesmo a concurso públi-

“Não acho que seja um passo atrás, mas sim um passo em frente” MARIA JOSÉ DE FREITAS ARQUITECTA

co”, indica o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura num comunicado. “[Siza Vieira] vai ser convidado, em vez de ser adjudicação directa. [O ajuste directo está] de acordo com a legislação, só que isso foi a ideia do ano passado. Hoje em dia, a situação é diferente porque muitos arquitectos querem concorrer. No fim, é uma questão política”, afirmou ainda Alexis Tam, citado pela Rádio Macau. Há um ano que Tam tinha entregue o projecto de revitalização do antigo hotel– que passará a ser um Centro de Actividades Recreativas e Culturais para Jovens, que inclui o Conservatório de Música - a Siza Vieira. O profissional português defendia publicamente a demolição do edifício, sem a manutenção da fachada. Segundo a rádio, Siza Vieira foi já informado “por alto” da mudança de planos. O HM tentou obter uma reacção do arquitecto, mas até ao fecho desta edição não foi possível. “Alexis Tam entende que, através do concurso público, será escolhido um projecto de concepção com qualidade em termos técnicos e artísticos, tornando o local numa obra emblemática de Macau”, frisa o Gabinete do Secretário, que indica ainda que recebeu “muitos conselhos e sugestões” e chegou à conclusão de que “em Macau também há bons arquitectos”. O HM tentou chegar à fala com mais arquitectos, mas até ao fecho da edição não foi possível obter mais reacções. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Joana Freitas

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GOVERNO NÃO VAI RENOVAR LICENÇAS DE OCUPAÇÃO

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Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA) não vai prolongar as licenças de ocupação a título precário de 11 dos estaleiros de Lai Chi Vun, em Coloane, ainda que alguns responsáveis pelos espaços já tenham apresentado ideias de reparação e mudança de finalidade dos estaleiros. Segundo o Jornal Ou Mun, a DSAMA anunciou o bloqueio para onze estaleiros no último mês e referiu que, como já pediu várias vezes aos responsáveis para os reparar e garantir a segurança e estes não o fizeram, então a DSAMA não planeia prolongar as licenças de ocupação. O organismo também sublinhou que não vai terminar

o bloqueio até à eliminação do problema de segurança destes estaleiros. Para Tam, responsável de um estaleiro que se chama “San Lei”, o bloqueio é injusto e, afirma, não percebe por que é que não tem direito à licença se o seu espaço está a ser utilizado para “fazer modelos de barcos” e estão a ser “cumpridas as exigências do Governo”. “Sempre fiz um prolongamento de licença a cada ano e o Governo verifica anualmente a segurança do meu estaleiro, tal como fez este ano, portanto, não sei porque bloqueou o meu estaleiro. Caso o Governo não prolongue a licença, vou lutar por isso” disse o responsável. T.C. (revisto por J.F.)

EXIGIDA MAIS SEGURANÇA DE CENTRAIS NUCLEARES

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OSÉ Chui Sai Peng, deputado indirecto à Assembleia Legislativa (AL) e engenheiro civil, apelou às autoridades do interior da China, com responsabilidade sobre a nova central nuclear de Taishan, para revelar mais informações sobre os equipamentos utilizados e a sua segurança. Já Lam U Tou, vice-presidente da Associação Choi In Tou Sam, falou da necessidade da central nuclear só entrar em funcionamento quando for garantido o cumprimentos de critérios de segurança rigorosos. Citado pelo jornal Ou Mun, José Chui Sai Peng

lembrou que a questão da central nuclear, a apenas 67 quilómetros de Macau, tem vindo a gerar preocupação junto da população. “A energia é importante para o desenvolvimento sustentável, mas tanto a entidade de supervisão como o Governo local devem levar em consideração todas as questões de desenvolvimento e segurança”, referiu o deputado. Lam U Tou admitiu que é difícil viver sem energia nuclear, lembrando que é uma energia mais barata e com poucas restrições, apesar dos riscos que a sua produção acarreta. F.F. (revisto por A.S.S.)


9 hoje macau segunda-feira 6.6.2016

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Ensino APOSTA NO PORTUGUÊS É CERTA. É PRECISO SABER COMO

Virtudes da língua

Os números não mentem: há mais alunos a estudar Língua Portuguesa. O Governo tem cumprido aquilo que diz, mas mais do que ter números positivos é preciso garantir a qualidade, alertam alguns TIAGO ALCÂNTARA

EITAS as contas, no presente ano lectivo, quando comparado com o anterior, há mais alunos a estudar a língua de Camões. Chan Ka Man, chefe do Centro de Difusão de Línguas (CDL) da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), indicou que mais 33 escolas privadas criaram o curso de Língua Portuguesa e cerca de 3800 estudantes aprenderam Português. Notou-se um aumento de 20% quando comparado com o ano lectivo anterior e a responsável acredita que estes são números que vão continuar a crescer nos próximos anos, sendo que já foi pedido à Escola Portuguesa de Macau (EPM) a criação de um curso extra-curricular e de nível avançado para os possíveis interessados. Questionada sobre o assunto, Zélia Mieiro, vice-directora da EPM, confirmou o pedido. Neste momento a direcção está a estudar a melhor maneira de avançar com esse curso e Zélia Mieiro confirma ao HM o que diz ser o empenho do Governo na Língua Portuguesa. “A diretora do CDL está muito empenhada na aposta no Português e tem feito todos os esforços possíveis para incentivar o estudo da língua. A EPM tem recebido um apoio muito grande, tanto em termos pessoais, com a sua presença, como tudo aquilo que possa ser apoiado. Há uma comunicação muito grande entre a EPM e o CDL e tentamos sempre ir mais longe”, reforçou.

APOSTAR, MAS BEM

Chan Ka Man explicou ainda que a DSEJ irá subsidiar as escolas que queiram criar cursos de Língua Portuguesa. “O número de cursos de Português está cada vez maior nas escolas privadas, há mais oportunidades para os profissionais desta língua. Neste momento os profissionais locais são suficientes para responder aos pedidos para estes cursos, mas, no futuro, a DSEJ vai considerar contratar mais professores de Português”, acrescentou ainda Chan Ka Man. A aposta está de facto a ser feita e os docentes não o negam. No entanto, apesar de números positivos, é preciso garantir a qualidade, algo que poderá não estar a acontecer. “Estive a orientar a supervisionar o estágio de uma aluna [de pós-graduação em Pedagogia] que estava a dar aulas numa escola, onde a única turma que ela con-

SOCIEDADE

que são incentivadas pelos pais, ou têm gosto e querem aprender. Eu nunca lhes chamaria bilíngues, mas sim bons utilizadores de Português. Bilinguismo é outra coisa. É ter duas línguas como se fossem língua materna”, remata, frisando que só “há meia dúzia em Macau”, porque “são raros”.

QUE VENHAM MAIS

Carlos Ascenso André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), contrasta com uma visão mais positiva. “Acho que o Governo investiu e tem investido bem e desenvolvendo uma estratégia que não é visível a curto prazo. Começa a ser visível passado um tempo”, aponta. Recordando as reacções da sociedade, no início do ano, quando se acusou o Governo de não se mostrar como promotor da Língua Portuguesa, as notícias que encheram os jornais e a tendência do interior da China de apostar no Português levaram a que “se aumentasse o entusiasmo da parte de quem tem de decidir e, neste caso, no ensino básico e secundário, os encarregados de educação”. “Acho que todo o barulho positivo que se fez aguçou o apetite de pais e encarregados de educação e isso agora começa a ser visível”, frisa. Questionado sobre o número de professores, Carlos Ascenso André acredita que não existem suficientes. “Mas não tenho números”, salienta. No entanto, diz, em caso de falha “não é difícil trazer docentes de Portugal para cá”. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

seguiu foi uma turma em que os alunos têm duas horas por semana [de Português] e tiveram muito poucas aulas porque havia outras coisas. [As aulas de português] não era considerado curricular mas sim uma actividade”, começa por explicar Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da Universidade de São José (USJ). Não assumindo esta disciplina como de facto uma unidade curricular é desvalorizar e, por vezes, negligenciar o ensino da língua. “O que acho é que temos os recursos suficientes para Macau (...) mas é preciso ver como é que estes recur-

sos estão a ser distribuídos e de que maneira é que as escolas a utilizar esses recursos. O Português dado nas escolas primárias e secundárias não é igual em todas as escolas e o que acontece é que, na escolas que para mim seriam as escolas de eleição - as Luso-Chinesas -, o Português não impede ninguém de passar o ano, ou não”, argumenta. Tendo uma nota que “não conta” faz com que os alunos não assumam esta responsabilidade. Nas escolas privadas, aponta a vice-reitora, as coisas não se mostram mais positivas. “Nas escolas privadas creio que isto ainda é pior.

Sei que há algumas escolas em que o Português é levado mais a sério e há outras escolas onde, como já foi em tempos, é uma fachada para satisfazer os desejos da DSEJ e do Governo, mas que na realidade os alunos pouco aprendem”, acusa.

OPTIMISMO A MAIS

Para Maria Antónia Espadinha, quando se fala em Macau em formar talentos bilíngues “há um optimismo muito grande”. “A formação de bilíngues é uma coisa muito séria. Nós professores conseguimos formar alguns bilíngues, mas estas são pessoas

PASSAPORTE DE MACAU FACILITA EM NOVE PAÍSES

Quem tiver um passaporte de Macau pode requerer vistos electrónicos para nove países ou regiões. De acordo com informações da Direcção dos Serviços de Identificação, Austrália, Camboja, Canadá, Colômbia e Índia estão na lista dos locais com esta facilidade, ao lado do Gabão, Quénia, Myanmar e Zâmbia. O pedido pode ser feito por internet e a ideia é “economizar tempo”. Em breve, pode haver mais locais na lista.


10 EVENTOS

COMEMORAÇÕES DO 10 DE JUNHO NA CINEMATECA PAIXÃO

O AFA INSCRIÇÕES ABERTAS PARA MOSTRA DE ARTE E VÍDEO

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Fundação Oriente e a Art For All Society (AFA) juntam num só evento artístico a sétima edição do Salão de Outono e o Video Art for All (VAFA), numa iniciativa que pretende promover uma lufada de ar fresco ao público, adianta a organização. O evento terá lugar de 5 a 30 de Novembro na Casa Garden e as inscrições aos artistas interessados estão abertas. No âmbito do Salão de Outono 2016, as inscrições são abertas a todos os artistas interessados que vivam e trabalhem em Macau, quer da pintura, impressão e escultura, como da fotografia, instalação e vídeo. Todas as inscrições submetidas serão analisadas por representantes das entidades organizadoras e por artistas veteranos locais. Paralelamente, e de modo a encorajar os jovens artistas da RAEM a continuarem

a criar, a Fundação Oriente anunciou o prémio de arte homónimo em que o vencedor terá a oportunidade de participar numa residência artística em Portugal durante um mês. Aos participantes que tenham sido seleccionados e premiados será ainda dada a oportunidade de mostrar os seus trabalhos no Salão de Outono. Para se inscreverem nesta categoria, os interessados terão que ter menos de 35 anos e ser residentes de Macau. Para o VAFA 1016, os interessados são convidados a inscreverem-se com uma obra em vídeo que será analisada por um júri composto por criadores e curadores internacionais. Dado o carácter independente das produções e a abrangência que os projectos poderão ter, o tema é livre. O prazo das inscrições termina a 30 de Agosto.

“UM PEQUENO SUSTO” PARA SÓNIA TAVARES, DOS THE GIFT

Sónia Tavares, vocalista dos The Gift, colapsou em pleno concerto na quinta-feira à noite no Centro Cultural de Macau. A artista tinha acabado de interpretar o tema “Ok! Do you want something simple”, quando desmaiou em palco, tendo sido transportada e assistida no Hospital Conde de São Januário. Entrevistada no programa Café da Manhã, na Rádio Macau, a cantora tinha contado que sofria de fibromialgia, uma doença crónica que implica uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, indisposição ou distúrbios do sono. A Lusa avança que a cantora estaria com um vírus que a terá impedido já anteriormente de fazer o soundcheck. No Facebook, depois de Sónia Tavares ter sido assistida durante cerca de três horas no hospital e do seu estado clínico ter sido considerado satisfatório, a banda frisou que foi “o calor asiático que fez das suas”, levando a cantora a desmaiar, mas que tudo não tinha passado de “um pequeno susto”.

cinema feito em terras lusas é tema de destaque no âmbito da Comemorações do Mês de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em Macau e Hong Kong e conta com a colaboração da Agência Internacional de Cinema Português, a Portugal Film. A iniciativa, a decorrer na Cinemateca Paixão, apresenta este ano uma mostra de filmes que reflecte a produtividade, a diversidade e a excelência do cinema português, refere a organização. Entre a selecção constam vencedores dos prémios nacionais e do público do Festival IndieLisboa 2015, bem como a curta-metragem vencedora do Leão de Ouro de Berlim e do Firebird Award do Festival de Cinema de Hong Kong, o filme “Balada de Um Batráquio” de Leonor Teles. Entre curtas e longas metragens, o programa abre no sábado pelas 16h30 com a projecção de cinco pequenos filmes. “A caça revoluções”, de Margarida Rego, é uma animação experimental que explora a relação entre duas gerações, dois tempos e duas lutas diferentes. É a Revolução de Abril a inspirar as gerações que apenas a conhecem através de relatos dos que a viveram e das fotografias apropriadas. “Aula de condução”, uma realização de André Santos e Marco Leão, aborda a esfera onde se forma a maturidade de um jovem olhar: o da intimidade e o seu silêncio enquanto territórios cinematográficos. Já “Despedida” é um filme em que Tiago Rosa Rosso cria um jogo de absurdo a partir das referências da infância e do humor nos códigos de comunicação da amizade masculina. Jorge Cramez traz “O Rebocador” e com ele um território que lembra o “film noir” de Raoul Walsh: “They Drive By Night” e as confissões solitárias de quem nele vive. A tarde fecha com o vencedor do Leão de Ouro de Berlim

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA EU CONFESSO • Jaume Cabré

Na Barcelona franquista, o pequeno Adrià cresce num amplo e sombrio apartamento; o pai está determinado a transformá-lo num humanista poliglota, a mãe, num violinista virtuoso. Meio século depois, Adrià recorda a sua vida, indissociável do turbulento percurso de um violino excepcional. Da Inquisição ao nazismo, de Barcelona ao Vaticano, vai-se desvelando a cruel história europeia: uma cadeia de eventos iniciada na Idade Média, com repercussões trágicas até à actualidade.

U L S A FIT O cinema de Portugal vai encher o ecrã da Cinemateca Paixão no próximo fim-de- semana com uma selecção “de ouro” do que melhor por lá se faz. Integrado nas comemorações do mês de Portugal, que decorrem durante este mês, vão ser projectadas curtas e longas metragens de destaque nacional e internacional e do Firebird Award do Festival de Cinema de Hong Kong, “Balada de um Batráquio”, da jovem cineasta Leonor Teles que num gesto pessoal e acti-

vista desfaz preconceitos sobre a comunidade cigana. A sessão da noite com início às 20h00 vai dar lugar à longa metragem “A toca do

lobo” de Catarina Mourão, em que a realizadora se centra numa figura da vida cultural portuguesa: o escritor e seu avô Tomaz de Figueiredo.

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TEMPO DE MATAR • John Grisham

A vida de uma menina negra de dez anos termina às mãos de dois jovens brancos, bêbedos e sem remorsos. A população de Clanton, maioritariamente branca, reage com choque e horror a este crime desumano. Até que o pai da menina pega numa arma e decide fazer justiça com as suas próprias mãos. Durante dez dias, ardem cruzes por toda a cidade de Clanton e o país aguarda, com grande expectativa, o desfecho deste caso, enquanto Jake Brigance, o advogado de defesa, tenta desesperadamente salvar a vida do seu cliente – e depois a sua.


S A N A T I S LU

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Entre a selecção constam vencedores dos prémios nacionais e do público do Festival IndieLisboa 2015, bem como a curta-metragem vencedora do Leão de Ouro de Berlim e do Firebird Award do Festival de Cinema de Hong Kong, o filme “Balada de Um Batráquio” de Leonor Teles cria a partir daquilo que já se viveu, dando-nos a conhecer, pelo cinema, uma vida real de um país verdadeiro. “Aqui, em Lisboa” vai preencher a sessão da noite de 13 de Junho, uma produção realizada por Dominga Sotomayor, Denis Côté, Gabrial Abrantes e Marie Losier. Um filme que concretiza o resultado de quatro autores com quatro visões diferentes da cidade de Lisboa, passando pelos registos da ficção, do documentário, da comédia ou do fantástico.

EVENTOS

CEM LANÇA CONCURSO DE COZINHA E RECEITAS SAUDÁVEIS

“A

L I M E N TA Ç Ã O saudável” é o mote do Concurso de Cozinha por Indução que se realiza em Macau desde 2012 e que este ano tem lugar a 28 de Agosto na Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM). A iniciativa da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) visa promover a cozinha por indução, bem como estabelecer uma cultura de saúde associada à alimentação. A edição deste ano conta com o lançamento de um livro que incluirá todos os pratos elaborados durante o decorrer do evento. As inscrições para concurso estão abertas até 29 de Julho e são destinadas a residentes de Macau com mais de 18 anos que não sejam cozinheiros profissionais. É requerido aos participantes que providenciem uma receita “saudável e nutritiva” à organização sendo que o júri irá avaliar o conceito da receita de acordo com os critérios do evento. Os finalistas irão estar presentes no Concurso de Cozinha dia 28 de Agosto na FAOM onde são seleccionados os vencedores

segundo critérios de cor, cheiro, sabor e aparência do prato, assim como a utilização e composição de ingredientes amigos do ambiente, valor nutricional e aspecto prático. Durante o evento os participantes irão cozinhar pratos saudáveis e nutritivos de autoria própria utilizando fogões por indução, “desfrutando de uma cozinha sem fogo”, refere a organização. Sendo que este tipo de cozinha tem vindo a ganhar popularidade nos últimos anos, já muitos são os restaurantes que a aplicam nomeadamente dedicados ao “hot pot”, representando uma forma segura e amiga do ambiente bem como detentora de menor risco de incêndio e queimaduras.

CRESCER E APARECER

Um olhar que abre as portas secretas de uma vida que deixou apenas o seu trabalho para a memória dos seus filhos e dos seus netos, tal como de uma família que se viu separada pela sua morte e marcada pelo dia-a-dia de um país dictatorial. Na sua antiga casa, vivem os segredos e os acontecimentos num quarto fechado à chave e aberto pela câmara da realizadora e pelo movimento deste filme: a intimidade.

A FECHAR

Domingo, o horário repete-se mas com a projecção da

“matinée” a dar lugar a “Gipsofila” de Margarida Leitão. “Gipsofila” é o espaço pessoal de uma avó visto pela câmara da sua neta. Um ensaio sobre a sua memória através das palavras hesitantes de duas pessoas que se amam, que se filmam e partilham o mesmo sangue. O filme é também o espaço exterior de solidão de uma realizadora que encontra um lugar para criar o seu cinema e filmar uma herança que talvez se julgava perdida. À projecção segue-se um debate à volta do tema da produção cinematográfica em Portugal e a sua visibilidade

pelo mundo com a directora da Portugal Film, Margarida Moz. A sessão da noite conta com “Os olhos de André” de António Borges Correia. Aqui, a paisagem de Arcos de Valdevez, em Portugal, serve de cenário para recriar uma história verdadeira onde um pai tenta reconstruir a sua vida, depois de uma separação, para acolher o seu filho André e voltar a unir uma família. Pelo olhar de António Borges Correia e a perspectiva da sua câmara, os seus actores (as pessoas que viveram, nos mesmos papéis, a mesma história) seguem as sugestões que uma nova ficção

A Portugal Film organiza, há 13 anos, o Festival IndieLisboa e outras mostras de cinema independente em Portugal e no mundo. Na sua génese está o crescente reconhecimento internacional do cinema português e da consequente curiosidade pelos filmes ali produzidos. Além de assegurar a presença de filmes nacionais no maior número de festivais internacionais, promove também a curadoria de mostras e eventos onde o público possa apreciar o melhor cinema português e onde os filmes possam não apenas ser vistos, mas também conversados com os seus intervenientes. A programação, toda ela composta por filmes em Língua Portuguesa legendados em Inglês, visa cativar o interesse do público de Macau. Amostra conta com entrada gratuita sendo que os wcasa de Portugal a partir de amanhã. Hoje Macau

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SOFITEL COMEMORA “FETE DE LA MUSIQUE” COM PADOVANI

Junho é o mês da festa da música e pelo sétimo ano consecutivo é motivo de celebração na China pela mão da Sofitel. Esta edição tem como tema “ Viver a música juntos” e Macau não ficou de fora. O Sofitel Macau, na Ponte 16, integra a iniciativa e apresenta o musical “Fly Like a Song” de Henry Padovani a 18 de Junho, pelas 20h00. O músico, também co-fundador dos britânicos “The Police” apresenta aqui uma compilação de temas clássicos do rock da sua preferência, tanto em Inglês como em Francês.


12 CHINA

hoje macau segunda-feira 6.6.2016

ACTIVISTAS DETIDOS POR RELEMBRAR O 4 DE JUNHO

Tiananmen só para alguns

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ÁBADO passado assinalou-se mais um aniversário do massacre na Praça da Paz Celestial. Tiananmen recebia em 1989 milhares de jovens que se manifestavam, em tom de esperança, em prol da democracia. Numa data ainda hoje tida como tabu na China continental, 4 de Junho de 2016 assinalou mais um reforço ao silêncio com a detenção de seis activistas. A polícia chinesa deteve vários activistas, enquanto outros estão sob vigilância no 27.º aniversário da repressão aos protestos pró-democracia na Praça de Tiananmen, na China, disseram grupos de Direitos Humanos. Seis activistas dos Direitos Humanos, incluindo o poeta Liang Taiping, estão presos desde quinta-feira, após terem participado numa cerimónia particular comemorativa do “4 de Junho” de 1989, data do aniversário da repressão aos protestos pró-democracia em

J

ACK Ma, o fundador do gigante chinês do comércio electrónico Alibaba, afirmou ontem que a sua empresa está a “cooperar activamente” com investigações à contabilidade do grupo pelo regulador do mercado de valores dos Estados Unidos. Em declarações à agência oficial chinesa Xinhua, Ma disse que o Alibaba forneceu a informação solicitada pela Comissão de Valores Mobiliários

Pequim, afirmou a ONG chinesa Weiquanwang. Os activistas foram presos pela polícia por suspeita de “fomentar a agitação e provocar desacatos”, disse a ONG, que também informou que outro activista “desapareceu” nos últimos dias na capital chinesa. Quase três décadas passadas sobre a repressão na Praça de Tiananmen, o regime comunista continua a proibir que se faça qualquer menção sobre o assunto nos órgãos de comunicação social e na Internet, além de proibir que seja tratado nos livros escolares e de impedir qualquer debate.

CERCO APERTADO

À semelhança dos anos anteriores, “As Mães de Tiananmen”, uma associação de pais que perderam os seus filhos, foram colocados sob uma apertada vigilância policial. Zhang Xianling, cujo filho de 19 anos foi morto em 1989, disse à agência de notícias AFP que quan-

do foi a um cemitério de Pequim, com uma dúzia de outros pais para visitar os túmulos dos seus filhos, foram cercados por polícia à paisana. Adianta ainda que “Temos estado sob vigilância desde a semana passada (...) 30 (polícias à paisana) estavam no cemitério”. “As Mães de Tiananmen” escreveram ainda uma carta aberta sob os “27 anos de terror e asfixia” a que têm sido submetidas onde consta em divulgação por Organizações Não-governamentais de Direitos Humanos na China que “nós, famílias das vítimas somos espiadas e vigiada pela polícia.

Somos seguidas e mesmo detidas e têm confiscado e apreendido os nossos computadores”, continuando com “O governo ignorou-nos, finge que o massacre de 4 de Junho, que chocou o mundo inteiro, nunca aconteceu na China, e recusou-se a responder aos nossos apelos, enquanto os nossos compatriotas perdem gradualmente a memória do que aconteceu”. A carta refere ainda que o grupo foi avisado de que as visitas à casa da fundadora do grupo, Ding Zilin, com 79 anos, mas que tem problemas de saúde, seriam impedidas entre 22 Abril a 4 Junho. “Aqueles que querem visitá-la devem solicitar permissão e podem fazê-lo só depois da aprovação pela Secretaria de Segurança Pública de Pequim e não podem ser acompanhados por familiares de outras vítimas”, lê-se na carta.

OUTRAS MANIFESTAÇÕES

Entretanto em Hong Kong e apesar do anúncio do afastamento da região dos acontecimento de 89, a vigília de

Nada a esconder

Jack Ma diz que Alibaba está a cooperar com investigação dos EUA

(SEC, na sigla em inglês) dos EUA e que saúda a investigação. O Alibaba afirmou num comunicado enviado à bolsa de Nova Iorque no início deste mês que o SEC lançou uma investigação “para saber se houve alguma violação das leis federais de valores mobiliários”.

Entre outras questões, o regulador norte-americano requereu informação sobre a contabilidade da Cainiao, empresa de logística do grupo, e sobre as práticas do Alibaba durante o “Dia dos Solteiros”, o maior evento promocional de vendas ‘online’ na China. “A melhor forma de resolver estas dúvidas é atra-

vés da transparência e diálogo”, afirmou Ma à agência Xinhua, acrescentando que é difícil para alguns investidores norte-americanos entender o modelo de negócio do Alibaba. Entretanto, o maior accionista do Alibaba, o grupo japonês SoftBank, anunciou esta semana que vai vender

sábado contou com cerca de 125 000 pessoas no Parque Vitória, menos 10 000 que no ano passado. O parlamento de Taiwan, por sua vez, assinalou pela primeira vez, a repressão do movimento pró-democracia em 1989, na praça Tiananmen, em Pequim, pedindo ao novo governo para levantar a questão dos direitos humanos com a China. As relações entre as duas margens do estreito da Formosa conheceram um arrefecimento com a vitória, nas eleições de Janeiro, da nova presidente Tsai Ing-wen do Partido Progressista Democrático tradicionalmente independentista. As autoridades da ilha já pediram a Pequim para tirar as lições de Tiananmen, mas esta foi a primeira vez que o parlamento assinalou aqueles acontecimentos, um dia antes do aniversário, a 4 de Junho. Os deputados do DPP, alguns membros do KMT e o dissidente chinês no exílio Wu’er Kaixi observaram um minuto de silêncio e assinaram uma moção em que é exigido ao governo que “expresse as sérias preocupações de Taiwan sobre a necessidade de reparar os incidentes de 4 de Junho num momento apropriado”. Em Macau o Largo do Senado foi palco também da tradicional vigília que contou com algumas centenas de pessoas.

pelo menos 7,9 mil milhões de dólares da sua participação no Alibaba, numa altura em que tenta reduzir o seu endividamento. O próprio Alibaba anunciou que vai comprar 2,0 mil milhões de dólares das acções detidas pelo SoftBank. “O Alibaba tem dinheiro que chegue e está optimista sobre os lucros futuros”, afirmou Ma.

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL Contribuição Predial Urbana Faz-se saber, nos termos do disposto no artigo 95.º, n.º 2, do Regulamento da Contribuição Predial Urbana, aprovado pela Lei n.º 19/78/M, de 12 de Agosto, que, durante os meses de Junho, Julho e Agosto de 2016, estará aberto o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau para o pagamento voluntário da única prestação da contribuição predial urbana, em relação aos prédios constantes das matrizes desta Repartição. O prazo da cobrança à boca do cofre é de trinta dias, com início no 1.º dia do mês indicado no documento de cobrança. Findo o prazo da cobrança à boca do cofre, terão os contribuintes mais sessenta dias para satisfazerem as suas colectas, acrescidas de três por cento de dívidas e juros de mora legais, conforme o disposto no artigo 96.º, n.º 1, do citado Regulamento. Decorridos sessenta dias sobre o termo do prazo da cobrança voluntária, sem que se mostre efectuado o pagamento da contribuição liquidada, dos juros de mora e três por cento de dívidas, proceder-se-á ao relaxe. Aos, 5 de Maio de 2016. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 274/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LAM SOI KAI, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da R.A.E.M. n.° 50456xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 53/DI-AI/2013 levantado pela DST a 25.05.2013, e por despacho da signatária de 26.05.2016, exarado no Relatório n.° 313/DI/2016, de 28.04.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Beco do Gonçalo n.° 1, Edf. Long Sou Kai, 3.° andar A onde se prestava alojamento ilegal.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Maio de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


13 CHINA

hoje macau segunda-feira 6.6.2016

N

O sábado, os Estados Unidos ameaçavam “a tomada de acções” na palavra de Ashton Carter, secretário da Defesa norte-americana. Ontem, Pequim respondeu dizendo que não vai ter receio dos “problemas” naquela zona. Em causa a construção pela China numa ilha reivindicada pelas Filipinas no Mar do Sul da China. “Espero que estes desenvolvimentos não ocorram, porque caso contrário vão resultar na tomada de acções tanto pelos Estados Unidos, como por outras partes na região, as quais vão ter o efeito de não só aumentar a tensão como de isolar ainda mais a China”, disse Carter numa cimeira de segurança em Singapura. A China, por seu lado, denunciou as “provocações” norte-americanas nas disputas territoriais no Mar do Sul da China. “Os países estrangeiros devem ter um papel construtivo sobre esta questão, não o inverso. A tensão no Mar do Sul da China tem-

Um mar de disputas Washington e Pequim trocam “galhardetes”

-se agravado por causa das provocações de alguns países, que perseguem os seus interesses egoístas”, disse o almirante Sun Jianguo, durante uma cimeira sobre segurança em Singapura. E o almirante foi ainda avisando que “não causa-

mos problemas, mas não temos medo dos problemas”.

GIGANTE CONTROLO

Segundo informou em Abril a imprensa de Hong Kong , o ‘gigante’ asiático estabelecerá um posto em

Scarborough Shoal, um território situado a 230 quilómetros da costa filipina. Pequim reclama a soberania de quase todo o Mar do Sul da China. Nos últimos meses, construiu ilhas artificiais capazes de receber instalações militares em recifes disputados pelos países vizinhos. Apesar dos protestos de Manila, a China passou a controlar efectivamente o Scarborough Shoal, em 2012, ao estacionar navios de patrulha na área e expulsar barcos de pesca das Filipinas. Segundo uma fonte citada pelo jornal South China Morning Post, aquele posto permitirá a Pequim “aprimorar” a sua cobertura aérea no Mar do Sul da China, sugerindo planos para construir uma pista de aterragem.

LI KEQIANG PEDE A ULTRAMARINOS PARA INVESTIREM MAIS

O

primeiro-ministro Li Keqiang pediu, quinta-feira, que os compatriotas no exterior contribuam mais para a inovação e o desenvolvimento chineses e participem dos intercâmbios com outros países. Li fez a declaração aos delegados da 8ª Conferência Mundial de Associações de Amizade de Chineses no Exterior tendo ainda saudado os mais de 60 milhões de compatriotas em outros países. Os chineses no exterior têm um forte sentido da cultura e das tradições da pátria e manifestam as virtudes de diligência, inteligência e

inclusão nos seus êxitos nos outros países, mencionou Li. O primeiro-ministro chinês disse aos delegados que, embora a China se tenha tornado na segunda maior economia do mundo em termos de produto interno bruto (PIB), ainda há um longo caminho a percorrer no processo de modernização. Para além de apelar ao investimento no país, o primeiro ministro chinês pediu ainda aos delegados que actuem como elo de ligação entre a China e outros países e trabalhem pela paz, a abertura e o desenvolvimento mundiais.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 292/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHAN IEK HOU, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 51150xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 21/DI-AI/2014 levantado pela DST a 13.02.2014, e por despacho da signatária de 26.05.2016, exarado no Relatório n.° 347/DI/2016, de 05.05.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Francisco Xavier Pereira n.° 91, Edf. Fun Lok, 1.° andar C onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Maio de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 316/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHAN, Chui Keung, (portador do Bilhete de Residente Permanente da Hong Kong n.° V0196xxx), que na sequência do Auto de Notícia n.° 125/DI-AI/2013 levantado pela DST a 04.11.2013, e por despacho da signatária de 12.04.2016, exarado no Relatório n.° 233/DI/2016, de 05.04.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 423, Praça Wong Chio, 10.° andar Y onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 30 dias, conforme o disposto na alínea a) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Maio de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração

GUO XI

Diz-se que Gu Kaizhi1 da dinastia Qin erigia sempre um pavilhão alto para o seu lugar de pintar. Ele era verdadeiramente um homem de grande visão no tempo antigo. Pois, sem essas ajudas, os pensamentos de um artista podem tornar-se deprimidos, melancólicos ou obstruídos e ele perde-se em devaneios sobre assuntos triviais. Como pode ele, então, pintar as formas reais ou exprimir emoções? Por exemplo, um artesão que desejava fazer um qin (instrumento musical associado aos literatos e que tem sido descrito como um género de harpa de mesa ou alaúde) encontrou um dia uma árvore Wutong2 das montanhas de Yiyang3. Sendo engenhoso e conhecedor dos mistérios da sua arte, embora a árvore ainda estivesse viva e enraizada no solo e as folhas e os ramos ainda por cortar, ele teve imediatamente uma imagem mental de um qin perfeitamente terminado. Um mestre como Lei tem este género de olho para o seu material. Mas com pensamentos agitados e um corpo cansado, um homem aborrecido e insensível olhará para os buris aguçados e as facas afiadas à sua frente e não saberá por onde começar. Então como se pode esperar que ele faça um qiao wei a partir de madeira meio queimada que deverá ter cinco notas místicas ou emitirá um som tão agradável que revibrará com o vento límpido e o fluir do ribeiro?

1 - Nascido em Wuxi, Jiangsu c.344-c.406, reverenciado como um dos fundadores da arte da pintura na China, ligado ao Budismo. São-lhe atribuídos alguns ensaios sobre a pintura, nomeadamente, um dedicado aos métodos de fazer cópias através do traço e outro que tem por assunto certos elementos da pintura de paisagem, embora os escritos originais se tenham perdido e só existam fragmentos, como os reportados por Zhang Yen-yuan (in «Lidai Ming Hua Ji», cap. V, citado por Osvald Sirén , p.11). 2 - Árvore endémica da Ásia, a firmiana simplex, pode crescer até aos 16 m. de altura, é designada em inglês por parasol

tree e em português pela tradução «árvore guarda-sol». Pela sua particular qualidade acústica, a sua madeira é usada na fabricação de vários instrumentos musicais chineses como o guqin e o guzheng.(o prefixo «gu», significando «antigo», denota a classificação posterior ao texto.) 3 - A história refere-se ao músico virtuoso Zai Yong do século dois. Ao encontrar um camponês queimando um pedaço de árvore Wutong, reconhecendo a qualidade maravilhosa da madeira, pela sua peculiar crepitação, ele pegou no pedaço chamuscado e com ele fez o seu tão celebrado qin, qiao wei (ou seja de cauda arqueada pelo fogo, Sirén, op. cit, p.49).

«Linquan Gaozhi»

A Grande Mensagem Sobre Florestas e Nascentes


15 hoje macau segunda-feira 6.6.2016

Michel Reis

A jóia da coroa

Violoncelo Stradivarius brilha na Gulbenkian

O

violoncelo Stradivarius Chevillard-Rei de Portugal, datado de 1725 e classificado como Tesouro Nacional, é uma das jóias da coroa do espólio do Museu Nacional da Música, em Portugal, tendo pertencido a S. M. o Rei Dom Luís I (1838-1889) e sendo o único instrumento de arco em Portugal com a assinatura do famoso construtor italiano de instrumentos musicais Antonio Stradivari (1644-1737). Construído em 1725, quando Stradivari tinha 81 anos, foi primeiramente conhecido por Violoncelo Chevillard, por ter pertencido ao famoso violoncelista belga Pierre Chevillard (1811-1877) e foi posteriormente propriedade de um dos irmãos da família de luthiers franceses Vuillaume, que o vendeu ao Rei Dom Luís em 1878 por 20,000 francos. O Chevillard – Rei de Portugal tem a famosa forma “B”, a mais célebre entre as diferentes formas utilizadas por Antonio Stradivari na construção de instrumentos de arco, sendo o último construído segundo esta forma. Esta forma foi utilizada de 1707 a 1726, o período de ouro do construtor. Contudo, não estando o instrumento certificado, atribuem-no alguns a JeanBaptiste Vuillaume (1798-1875), que imitava Stradivari com perfeição extrema. Restam hoje apenas 25 violoncelos deste tipo em todo o mundo, entre os quais o “Davidoff” (1712) , actualmente emprestado a Yo-Yo Ma, o “Duport” (1711), que pertenceu a Mstislav Rostropovich e é hoje propriedade dos seus herdeiros, o “Piatti” (1720), que pertence ao violoncelista mexicano Carlos Prieto, o “Mara” (1711), que pertence ao violoncelista austríaco Heinrich Schiff e o “Batta” (1714), que pertenceu ao violoncelista russo-americano Grigor Piatigorsky. É conhecido o interesse que o Rei Dom Luís tinha pela música. Como compositor, deixou-nos algumas obras musicais: uma Barcarola, uma Missa (a parte de violoncelo), cinco valsas e uma Avé Maria, que o próprio Rossini elogia, pelo que não raras vezes comporá obras dedicadas a Dom Luís. Parte do seu acervo instrumental

encontra-se hoje, no Museu Nacional da Música. São de realçar o violoncelo Stradivarius e um piano que pertenceu a Franz Liszt. O valioso instrumento saiu há pouco tempo do Museu Nacional da Música para ser tocado pelo violoncelista russo Pavel Gomziakov num concerto de solidariedade para com a Plataforma de Apoio aos Refugiados, intitulado Música por uma Causa, realizado no passado dia 18 de Outubro, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, no qual o violoncelista, juntamente com a Orquestra Gulbenkian, tocou a Suite Nº 2 em Ré menor de Johann Sebastian Bach e o Concerto para Violoncelo e Orquestra em Dó Maior de Joseph Haydn, sob a direcção de Michel Corboz. O concerto, que esgotou a lotação do auditório, obteve uma receita de 24 mil euros. A saída do instrumento, avaliado em vários milhões de euros, do Museu

Nacional da Música, esteve relacionada com a sua descoberta por Gomziakov, que esteve em Lisboa anteriormente para tocá-lo num concerto realizado no Museu da Música. Ficou tão emocionado com o som do instrumento, que pediu ao Museu para usá-lo numa gravação na Fundação Calouste Gulbenkian, com a orquestra da Fundação, do referido Concerto para Violoncelo de Haydn, que integra a sua próxima gravação discográfica dedicada a Haydn, da editora Onyx, a ser lançada no início de 2016. Depois da primeira saída, Pavel Gomziakov pediu também ao Museu da Música para usar o violoncelo Stradivarius no concerto solidário da Gulbenkian, o que só foi possível com o apoio de mecenas do Museu Nacional da Música como a Lusitânia Seguros, visto que o valor do seguro é bastante elevado e a peça precisa de medidas de segurança muito especiais. Tratou-

se da segunda saída, em poucos meses, de um instrumento que não foi tocado fora do museu desde que ingressou nas colecções que o viriam a constituir, em 1937, e que é um dos 11 tesouros nacionais que o museu tem à sua guarda. Crê-se existirem ainda hoje em dia entre 630 a 650 violinos, violas e violoncelos construídos por Antonio Stradivarius, 512 dos quais são violinos. Tivemos muito recentemente oportunidade de ter em Macau o agrupamento de origem suíça Stradivari Quartett, que realizou dois concertos integrados no XXIX Festival Internacional de Música de Macau, nos quais o público pôde ouvir os fabulosos Stradivarius “Aurea” (violino, 1715), “King George” (violino, 1710), que pertenceu ao Rei Jorge III de Inglaterra, “Gibson” (viola, 1734) e o “Bonamy Dobree - Suggia”, que pertenceu à famosa violoncelista portuguesa Guilhermina Suggia (1885-1950).


16 PUBLICIDADE

hoje macau segunda-feira 6.6.2016

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ANÚNCIO

【N.º 36/2016】

【N.º40/2016】

Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar a promitente-compradora de habitação económica abaixo indicada, nos os termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.o 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são por esta via notificados os proprietários/promitentes-compradores das seguintes fracções: Proprietário/ Endereço N.º do processo Fracção promitenteInfracção comprador

Nome

N.º do Boletim de candidatura

HO WINNIE

81201306485

Por causa da representante do agregado familiar acima mencionada não apresentar os documentos necessários dentro do prazo fixado, a adquirente seleccionada será excluída do concurso, de acordo com os termos da alínea 2) do n.o1 do artigo 28.º Lei n.o 10/2011 (Lei da habitação económica), alterada pela Lei n.o 11/2015. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, deve apresentar, por escrito, a sua contestação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a contestação no prazo fixado, considerando a desistência do respectivo direito e não aceitação da contestação entregue fora do prazo fixado. No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Choi, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 218), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 1 de Junho de 2016.

Edifício Jardim Cidade Nova, Bloco 3

Advance Plaza, Bloco 3

O Presidente, Arnaldo Santos Van Sion Son Chun, Bloco A

44/ADMHE/2015

5.º andar E

109/ADMHE/2015 113/ADMHE/2015

8.º andar F 12.º andar E

114/ADMHE/2015

13.º andar C

118/ADMHE/2015

15.º andar A

121/ADMHE/2015

16.º andar A

123/ADMHE/2015

16.º andar C

LAM CHON FAI

125/ADMHE/2015

16.º andar F

CHEN SHIHLI

164/ADMHE/2015

19.º andar A

CHAN MEI SIO

166/ADMHE/2015

22.º andar D

LEONG SIO KUAN / TAM KOK CHI

171/ADMHE/2015

24.º andar M

YANG LIFANG / WANG WENBIN

175/ADMHE/2015 177/ADMHE/2015

ANÚNCIO

【N.º 38/2016】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar o representante do agregado familiar da lista de candidatos a habitação social abaixo indicado, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro: Nome N.º do boletim de candidatura SIN CHON HOU 31201300424 Após as verificações deste Instituto, notamos que o representante do agregado familiar de candidatos a habitação social acima mencionado é proprietário de fracção autónoma na Região Administrativa Especial de Macau, desde o termo do prazo para entrega do boletim de candidatura até à data de assinatura do contrato de arrendamento com este Instituto, pelo que, este não reúne os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos das alíneas 2) do n.º 4 do artigo 3.º do Regulamento Administrativo n.º 25/2009(Atribuição, Arrendamento e Administração de Habitação Social). De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo, deve apresentar, por escrito, a sua interpretação e todas as provas testemunhais, materiais, documentais ou as demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Se não apresentar a interpretação no prazo fixado ou a mesma não for aceite por este Instituto, a respectiva candidatura será excluída da lista geral de espera por IH, nos termos dos artigo 5.º e alínea 2) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e n.º 2 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, alterado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 141/2012. No caso de dúvidas, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar Sr. Wong, através o tel. n.º 2859 4875 (Ext. 266), para consulta do processo. Instituto de Habitação, aos 2 de Junho de 2016. O Chefe do Departamento de Habitação Pública, Chan Wa Keong

Edifício Koi Nga (Bloco I, Edifício Narciso)

Van Sion Son Chun, Bloco C

46/ADMHE/2015

64/ADMHE/2015

27.º andar H 28.º andar A

19.º andar I

13.º andar AS

WONG PEK KUAN CHIO CHI KEONG LO SU CHIO SI KONG LAO / CHOI MAN NA De acordo com as averiguações realizadas por COSTINHA este Instituto, verificou-se que os proprietários das LÁZARO, respectivas fracções cometeram a infracção de ANTONIO / depositar e manter nas zonas comuns objectos de LEONG WAI sua pertença; este acto viola o disposto na alínea c) SIO do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, “Não depositar nem manter nas XIE zonas comuns objectos de sua pertença”. CHAOHONG

LAI WENG SANG

De acordo com as averiguações realizadas por este Instituto, verificou-se que os proprietários/ promitentes-compradores das respectivas fracções cometeram a infracção de depositar e manter nas zonas comuns objectos de sua pertença; este acto viola o disposto na alínea c) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, “Não depositar nem manter nas zonas comuns objectos de sua pertença”.

LEUNG CHI WAI

HO KUN WA

De acordo com as averiguações realizadas por este Instituto, verificou-se que o promitentecomprador da respectiva fracção vedou a sua varanda com janelas de correr de vidro; este acto viola o disposto na alínea g) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, “ Não proceder à alteração das janelas e paredes exteriores”.

CHEONG WENG

De acordo com as averiguações realizadas por este Instituto, verificou-se que o proprietário da respectiva fracção instalou portão em modelo errado (deveria ser portão de correr); este acto viola o disposto na alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, “ Não colocar grades de segurança e estendais que não obedeçam aos padrões definidos pelo IH”.

Nos termos do n.º 1 do artigo 19.º do Decreto-Lei n.º 41/95/M, de 21 de Agosto, os proprietários/promitentescompradores das fracções supracitadas devem apresentar a sua defesa por escrito, bem como provas testemunhais, materiais, documentais ou demais provas, no prazo de 10 dias, a contar da data da publicação do presente anúncio. (*É necessário indicar o respectivo número do processo no acto da entrega da defesa por escrito) Caso não apresentem a defesa por escrito dentro do prazo estipulado, ou a mesma não seja admitida por este Instituto, de acordo com o artigo 19.º do decreto-lei supramencionado (processo de aplicação das multas), as pessoas acima referidas estarão sujeitas à aplicação de sanções previstas no n.º 1 do artigo 18.º do mesmo decreto-lei, consoante as infracções: ao violar a alínea c) do n.º 2 do artigo 16.º, a multa é de quinhentas patacas (MOP500), ao violar a alínea g) do n.º 2 do artigo 16.º, a multa é de mil patacas (MOP1 000), ao violar a alínea h) do n.º 2 do artigo 16.º, a multa é de mil patacas (MOP1 000). Para consulta do respectivo processo, poderá dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, durante as horas de expediente, ou contactar a Senhora Wong através do telefone n.º 2859 4875 (extensão n.º 746). Instituto de Habitação, aos 1 de Junho de 2016 O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Ieng


17 hoje macau segunda-feira 6.6.2016

TEMPO

?

TROVOADAS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Quarta-feira

INAUGURAÇÃO EXPOSIÇÃO “UNAMED” E CONCERTO DE SYLVIE XING CHEN Fundação Rui Cunha, 18h30

Sexta-feira

MIN

24

MAX

29

HUM

80-98%

EURO

9.09

BAHT

FILME “A CAÇA REVOLUÇÕES” (MARGARIDA RÊGO) FILME “AULA DE CONDUÇÃO” (ANDRÉ SANTOS, MARCO LEÃO) FILME “DESPEDIDA” (TIAGO ROSA-ROSSO) FILME “O REBOCADOR” (JORGE CRAMEZ) FILME “BALADA DE UM BATRÁQUIO” (LEONOR TELES) Cinemateca Paixão, 16h30 FILME “A TOCA DO LOBO” (CATARINA MOURÃO) Cinemateca Paixão, 20h00

O CARTOON STEPH

Diariamente

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06) EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08)

EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06)

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 100

PROBLEMA 101

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

FILME “OS OLHOS DE ANDRÉ” (ANTÓNIO BORGES CORREIA) Cinemateca Paixão, 20h00

EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06)

YUAN

1.21

BOA ALEXIS!

Sábado

FILME “GIPSOFILA” (MARGARIDA LEITÃO) Debate “Produção Cinematográfica em Portugal e sua visibilidade pelo mundo” Cinemateca Paixão, 16h30

0.22 AQUI HÁ GATO

NOITE COM PIANO Fundação Rui Cunha, 18h00

Domingo

(F)UTILIDADES

Finalmente. Finalmente os Nam Van têm vida, uma vida alegre, de lazer, com ideias que parecem ser o caminho certo. Tenho de admitir que estou contente, como gato residente de Macau que sou, que aquela zona velha e sem vida esteja agora coberta de coisas para fazer. Uma esplanada bastava (uau!!!), mas assim é muito melhor. Agora só lá falta um palco para umas musiquinhas ao vivo e pronto, está dado o passo para Macau ter um pedacinho de lazer. Parabéns Governo, boa. Boa Secretário Alexis Tam. Agora, é pensar como fazer isto noutros locais da cidade. Eu ajudo: Doca dos Pescadores – já estou a imaginar uns puff no chão, cantos de leitura, música ao vivo e esplanadas; Casas-Museu da Taipa: o que já está pensado, está bom, vamos a ver; Nam San: aquele terreno recentemente recuperado está mesmo a pedir um parque verde, com sombras e locais para festa; Canidromo: um parque tipo o Parque Central da Taipa, que tal? Com esplanadas e sítios para se passar uma boa tarde? Já estamos no bom caminho! É só seguir em frente e, quiçá, pedir mais ajuda à nossa cidade-irmã, o Porto, local onde o que é difícil é escolher o que fazer. Pu Yi

THE DANISH GIRL (TOM HOOPER, 2015)

EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE ARQUITECTURA DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

14.30, 16.30, 21.30

Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.00, 16.40, 21.50

Filme de: Jon Favreau 19.30

X-MEN: APOCALYPSE [C]

X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15 SALA 2

THE JUNGLE BOOK [C] Filme de: Jon Favreau

THE JUNGLE BOOK [C][3D]

SALA 3

ANGRY BIRDS [C] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 14.30, 16.30, 19.30

ANGRY BIRDS [C][3D] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 21:30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

hoje macau segunda-feira 6.6.2016

“The American Dream focuses on wealth, the European Dream on quality of life. The American Dream focuses heavily on property rights and civil rights, because they extend our individuality. In Europe, you focus very little attention on property rights and civil rights. You spend a lot of time on social rights, health care, retirement benefits, maternity leave, paid vacations, and what you call universal human rights.” The European Dream: How Europe’s Vision of the Future Is Quietly Eclipsing the American Dream Jeremy Rifkin

O

S americanos vivem e morrem de acordo com a ética de trabalho, e os ditames da eficiência. Os europeus dão mais valor ao tempo livre, incluindo a ociosidade. A América sempre se viu como um grande caldeirão de culturas. Os europeus, no entanto, preferem preservar a sua rica diversidade cultural. Os americanos acreditam numa presença militar contínua, em todo o mundo. Os europeus, pelo contrário, enfatizam a cooperação e consenso, contra as abordagens de política externa unilaterais. A crise europeia, no fundo, não é uma crise económica. A crise europeia é uma crise mental, talvez ainda mais, uma crise sobre como imaginar ter boa vida, para além do consumismo. Os críticos que levantam a voz contra a Europa, no seu anti-europeísmo, são prisioneiros de uma nostalgia nacional enferrujada, e nesse sentido argumenta, por exemplo, o filósofo francês Alain Finkielkraut, que a Europa acredita que se pode formar sem as nações, inclusive contra elas. Quer punir as nações pelos horrores do século XX. Mas não existe democracia pós-nacional. A democracia é monolingue e para funcionar requer uma linguagem, referências vitais e um projecto comum. Não nascemos como cidadãos do mundo. As comunidades humanas têm limites, mas a Europa não toma em conta essa situação, e daí que a opinião pública europeia não se entusiasme com a União Europeia (UE). Esta crítica à Europa é suportada na mentira existencial nacional, de que na sociedade e na política europeias, poderia existir um retorno idílico ao Estado-nação. Assume-se que o horizonte nacional, é a estrutura para diagnosticar o presente e o futuro da Europa. Quem faz tais críticas, deve abrir os olhos e observar que não apenas a Europa, mas todo o mundo, estão em uma transição, em que as fronteiras que funcionam, deixaram de ser reais. Todas

STEVE BENDELACK, MR. BEAN’S HOLIDAY

O sonho europeu

as nações enfrentam uma nova pluralidade cultural, não só através da emigração, mas também, por meios da comunicação por Internet, alterações climáticas, crise do euro e ameaças digitais à liberdade. As pessoas das mais diversas origens, com diferentes línguas, valores e religiões, vivem e trabalham próximas, e os seus filhos frequentam as mesmas escolas, e tentam lutar por uma posição no mesmo sistema político e jurídico. As nações avançam em plena aceleração, em direcção ao cosmopolitismo, e dois exemplos paradoxais são de realçar, como o da imprensa britânica que está repleta de queixas sobre a UE, ou seja, o eurocéptico Reino Unido, está inundado por uma vaga sem precedentes de opiniões sobre a Europa, e por outro lado, a China, desde há muito, tem sido um membro informal da zona euro, pela sua política de investimentos

e as suas dependências económicas. Se o euro fracassar, a China será afectada até ao tutano. Tais casos, evidenciam, quando a globalização dissolve as fronteiras, as pessoas tentam restabelecê-las. A necessidade de fronteiras, tem tendência a ser mais forte, quanto mais cosmopolita se torna o mundo, sendo evidente no triunfo da Frente Nacional nas eleições municipais francesas, e que serve também para entender a máxima do presidente russo, de que a Rússia deve estar, onde vivam os russos. O agressivo nacionalismo intervencionista do presidente russo, mostra que não é possível projectar o passado das nações sobre o futuro da Europa, sem o destruir. Não servirá, quiçá, o etnonacionalismo do presidente russo como uma saudável terapia de choque, a uma Europa assolada pelo egoísmo nacional? Quem jogue a cartada do nacionalismo extremado, volta a con-

jurar pelo desmembramento da Europa, e que serve quer ao presidente russo, como também, de outro modo ao Reino Unido e à direita e esquerda anti-europeia. A todas estas situações, Alain Finkielkraut, responde que os europeus estão traumatizados por Hitler, pois desprezava o conceito de nação, e queria substitui-la pela de raça. Actualmente, são as nações que têm de purgar os excessos racistas. Muitos interrogam, se não será esse trauma devido ao “Holocausto”, que faz que os alemães queiram açambarcar todo o nacionalismo. Certamente não será, pois mais que nunca, o mundo precisa de uma abordagem europeia, para terminar com os males da globalização, como as alterações climáticas, pobreza, desigualdade extrema, guerra e violência. A guerra contra os riscos globais, é uma tarefa hercúlea, e poderia até criar uma nova ideia de justiça, com alcance global.


19 hoje macau segunda-feira 6.6.2016

OPINIÃO perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

Se a Europa quer verdadeiramente superar a sua crise de convivência, deve seguir outros dos conselhos de Alain Finkielkraut, o de encontrar a sua identidade nas grandes obras europeias, monumentos e paisagens da cultura. Nada há a opor à releitura das obras de Shakespeare, Descartes, Dante e Goethe, ou deixar-se encantar pela música de Mozart e Verdi. O conceito de literatura mundial de Goethe é politicamente interessante, e referia-se a um processo de abertura ao mundo, em que a alteridade do exterior se converte em parte integrante da nossa consciência. É nesse sentido, que Thomas Mann fala do alemão mundial, a que devia ser adicionado o italiano, o espanhol, o francês mundial, e assim por diante, ou seja, uma Europa de nações cosmopolitas. A partir das costas de África onde nasci, vê-se melhor o rosto da Europa e sabemos que não é bonito,

escreveu Albert Camus, Prémio Nobel da Literatura de 1957. A beleza era para Albert Camus, discípulo de Friedrich Nietzsche, um critério de verdade e boa vida, e o segredo da Europa constatava friamente, é de que tinha deixado de amar a vida, pois para ser humanos, a partir do desespero, os europeus acabaram por atirar-se aos excessos desumanos, e como negavam a verdadeira grandeza da vida, tiveram que focar-se no único objectivo, que era a sua própria perfeição. Na falta de algo melhor, deificaram-se, e começou a sua miséria. Eram deuses cegos. Poderia perguntar-se qual é o antídoto, a fórmula idónea para uma UE, distinta da que vive no momento, a alegria apenas do presente? Por exemplo, o sonho de um tálamo mediterrânico, em que o Oriente e Ocidente, Norte e Sul se respeitariam e cooperariam. Surge assim, uma Europa das regiões, digna de ser vivida

e querida. O nexo aparentemente entre o Estado, identidade e a língua nacional, é dissolvido. A UE, os Estados membros e as regiões ocupar-se-iam gradualmente do bem-estar dos cidadãos. Seriam porta-vozes num mundo globalizado, por um lado, e por outro, transmitiriam uma sensação de abrigo e identidade. A democracia adquire múltiplos níveis, tal como a estamos a começar a praticar. O Mediterrâneo, como saber viver, alegria vital, indiferença, desesperança, beleza e fé, ou seja, uma mistura paradoxal que os europeus do norte, imaginam romanticamente e projectam sobre o sul, como esses jardins meridionais, em que florescem os limoeiros de que falava Goethe, e que não podia ser outra que Sevilha. A miragem da dívida também impôs um rosto cinzento e disforme, a essa existência mediterrânica cheia de alegria de viver e cosmopolita. O pensamento regional e com traços confederais do Mediterrâneo, sobreviveu, às grandes ideologias nacionais e políticas, e é talvez a única utopia social do século XXI, que terá futuro. A cerimónia da entrega do “Prémio Internacional Carlos Magno”, foi a mais atípica até ao momento realizada, não só porque o palco foi Roma, mas também, pelo discurso do vencedor do prémio, o Papa Francisco. A referência a refugiado, não foi proferida uma única vez no seu discurso. Que quis dizer com tal atitude? O de renunciar ao papel que assumiu na crise dos refugiados? O Papa Francisco queria algo mais, pois durante o seu discurso de aceitação do prémio, quis chamar a atenção para o novo humanismo europeu. A questão dos refugiados e a sua percepção na Europa, é muito debatida no Vaticano. O Papa Francisco, trata o tema com acções concretas, como aconteceu na sua visita a Lesbos e, dessa forma, mostra como a Europa e a política europeia não estão a actuar. O Papa Francisco, em abono da verdade, fala como um filho que tem as raízes da sua vida e da sua fé na mãe Europa. Os seus pais fugiram um dia da pobreza do Piemonte, e o filho nunca esqueceu esse dramático episódio familiar, e durante o seu discurso, falou de forma apaixonada e quase como entoando um hino, do que representa para si a Europa, defensora dos direitos

“A Europa muito irá chorar pelo seu desleixo em matéria de imigração. Quem não é elegível para ser considerado refugiado, deve ser expulso do território da UE”

humanos, democracia e liberdade, pátria de poetas, filósofos e artistas. A Europa mãe de povos e nações. O que existe de errado na Europa? O Papa Francisco estruturou o seu discurso com palavras de integração, diálogo e criatividade. Assim, tornou-se na realidade político, uma vez que coloca a Europa, como exemplo, para recordar o que tiveram de passar milhões de jovens, sobretudo dos países europeus do sul, que não têm formação, emprego e futuro, revelando toda a indignidade da situação de uma Europa que se pretende eminentemente social. O Papa no seu discurso, apenas citou o jesuíta polaco Erich Przywara, e sua obra “A ideia da Europa”, cuja leitura recomendou várias vezes. A ideia europeia de um jesuíta nascido na Polónia, realça a notável contribuição do Presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro da Polónia. O problema é que a Europa apoiou os Estados Unidos na criação e incitamento de conflitos, onde quer que seja, na Síria, Ucrânia e Líbia, e essas pessoas, que são seres humanos, e não se deve esquecer essas acções, fogem de guerras, insegurança, fome e tentam salvar os seus filhos. É a consequência de não ter ajudado, honestamente, muitos países da África subsarianos, a saírem da terrível situação que criaram. É uma grande tragédia humana a vaga de emigração que varre o continente europeu, e que a Europa tem uma grande quota de responsabilidade. O que é absurdo é que podem passar vários anos no limbo, e permanecerem na Europa. É obrigação moral aceitar os emigrantes ou rapidamente, apenas em situações extremas, rejeitá-los e fazê-los regressar aos seus países de origem, sem mais delongas e histórias. A Europa muito irá chorar pelo seu desleixo em matéria de imigração. Quem não é elegível para ser considerado refugiado, deve ser expulso do território da UE. O Canadá gasta fortunas para expulsar quem não reúne condições para permanecer no seu território, e pode ser o exemplo a seguir, pelo menos, sobre a imigração. A situação é fácil de resumir, pois se lhes concedem asilo, podem permanecer na Europa. Se não obtiverem asilo, podem permanecer na Europa, ou seja, em ambas as situações, recebem benefícios. Aparentemente, a diferença está, em que sendo considerado refugiado, terá maiores benefícios. O sonho europeu, faz que qualquer pessoa que ponha o pé na Europa, despoleta burocracia e a aliança de instituições profissionais de boa vontade, como a ONU, UE e jornalistas especializados, que se encarregam de tornar impossível a sua devolução aos países de origem, e é essa e não outra, a razão de que cheguem cada vez mais emigrantes à Europa, o que curiosamente não ocorre, em nenhum dos riquíssimos países muçulmanos do Golfo. E entretanto, o estado de bem-estar é desfeito, a Europa fica islamizada, e o terrorismo jiadista está cada vez mais presente.


“Joga o cabo, o tenente, / o soldado, o capitão, / o Carlos e o Baltazar! / Noite fora. / Alvorada! / Fim da festa, / que arrelia!”

segunda-feira 6.6.2016

José Carvalho Rego

AR RESPEITA VONTADE DA FAMÍLIA DE PESSANHA

A

Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República (AR), encarregue de dar um parecer sobre o pedido de transladação dos restos mortais de Camilo Pessanha para o Panteão Nacional, está a tentar contactar a bisneta do autor de Clepsidra, depois de notícias divulgadas pela comunicação social a dar conta da recusa da ideia. Em declarações à Rádio Macau, a presidente da comissão, Edite Estrela, assegura que vai ser respeitada a vontade da família. “Vieram a público informações que a família se opunha e esse é o primeiro passo que tem de ser dado, que é esclarecer junto da família, porque se ela se opuser penso que não há condições para se prosseguir com esta diligência”,

afirmou Edite Estrela, acrescentando que já foram dados passos nesse sentido. Ana Jorge, recorde-se, frisou em Maio que a possibilidade de ver os restos mortais do bisavô Camilo Pessanha serem transladados para Lisboa estava fora de questão. Edite Estrela adiantou à rádio que os fundamentos para o pedido de transladação, da qual fazem parte seis subscritores, assentam na justificação de se assinalar os 150 anos do nascimento do autor de Clepsidra, que são celebrados a 7 de Setembro do próximo ano. “Apesar de ter escolhido viver e morrer em Macau a verdade é que manteve sempre laços com Portugal (...) a intenção é boa porque é uma forma de o homenagear, de o recordar.”

Óbito MUHAMMAD ALI MORREU AOS 74 ANOS

Adeus campeão Foi mais do que um lutador. Muhammad Ali era um ser complexo, cheio de humor e manias, mas que deixou marcas bem profundas no boxe e na política

FILIPINAS PRIMEIRAS RECOMPENSAS POR MATAR SUSPEITOS

U

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M político filipino anunciou esta quinta-feira na sua página no Facebook que deu mais de três mil dólares a oficiais da polícia para matarem traficantes de droga. Esta é a primeira “recompensa” do género conhecida desde que Rodrigo Duterte foi eleito Presidente do país com a ameaça de morte a dezenas de milhar de criminosos e acontece 48 horas depois de o próximo chefe de Estado filipino ter anunciado que irá promover prémios para a execução de traficantes de droga. Tomas Osmena, presidente eleito no município de Cebu, a segunda maior cidade filipina, ofereceu recompensas semelhantes e anunciou agora que pagou 155 mil pesos (3.300 dólares) à polícia para matar três homens que disse serem traficantes de droga, indicou a agência France Press. Osmena não só publicou também uma série de comentários de celebração das mortes dos três homens, como atacou ainda a Comissão dos Direitos Humanos (CHR, na sigla inglesa), um organismo constitucionalmente mandatado, por investigar as circunstâncias das execuções ocorridas em 28 de Maio último. As recompensas assumidas por Osmena são a primeira confirmação de pagamentos feitos pela morte de suspeitos.

Q

UANDO até os próprios adversários se riem das piadas e nutrem amizade com o oponente, algo de carismático tem de ter essa pessoa. E Muhammad Ali era assim: deixava no ar uma arrogância quase impossível de aturar, mas que penetrava de tal forma que, de uma maneira ou de outra, todos o respeitavam. “Não gostava do Ali, ele estava a desafiar-me pelo título. Mas ainda, assim ele é uma das pessoas mais maravilhosas que já conheci. Diverti-me muito porque ele estava sempre na brincadeira durante o combate. Quem me dera não ter estado tão ansioso por ganhar, isso não me deixou aproveitar a situação e se pudesse fazer esse combate outra vez, faria”, dizia

George Foreman, ex-lutador e um dos grandes nomes do Boxe, ao HM em 2013. A morte de Ali no sábado não deixou só o mundo do Boxe mais pobre, mas todo o mundo do Desporto. Tal como acontece quando morre uma lenda, esta vez não foi excepção e das redes sociais a comunicados da Casa Branca dos EUA, foram diversos os que manifestaram luto e pesar. Muhammad Ali sofria de Parkinson desde 1984, quando foi diagnosticado três anos depois de se ter retirado dos combates. Foi internado algumas vezes, nomeadamente com infecções pulmonares e urinárias. Sempre resistiu e sempre manteve a forma teimosa como se apresentava ao mundo, mesmo quando as palavras

saíam com algum custo e as mãos não acompanhavam o que em tempos tinha sido um lutador que “flutuava como uma borboleta e picava como uma abelha”.

O MAIOR

“Sou o maior. Disse isso a mim mesmo inclusive antes de saber que o era” sempre foi uma das frases preferidas do “rei do mundo”, como se intitulou no fim do combate com Sonny Liston, em 1965, quando venceu o primeiro título de campeão do mundo de pesos-pesados. Com mais de 60 combates, Ali venceu mais de 50 das suas lutas - 37 delas por KO. Perdeu apenas cinco. Mas Muhammad Ali não foi apenas um mito do Boxe. Foi parte integrante da cultura popular e política da sua época, especialmente quando em 1967 é proibido de regressar aos ringues por se ter recusado a lutar no Vietname. “Não vou percorrer 10 mil quilómetros para ajudar a assassinar um país pobre simplesmente para dar continuidade à dominação dos brancos sobre os escravos negros”, dizia em sua defesa, semelhante à que usou quando decidiu mudar de nome. “Cassius Clay é o nome de um escravo. Não foi escolhido por mim. Eu não o queria. Sou Muhammad Ali, um homem livre.” Por tudo isto e por tantas coisas que não caberiam aqui, dizer que Ali foi só um campeão do Boxe seria “uma injustiça”, como relembra Foreman à BBC. Questionado certa vez sobre como gostaria de ser lembrado, ele disse: “Como um homem que nunca vendeu o seu povo. Mas se isso for muito, então apenas como um bom lutador. Nem vou me importar se não for mencionado o quanto fui bom.” Mas há quem tenha mais a acrescentar. “Ali viveu uma vida cheia de convicções religiosas e políticas que o levaram a tomar decisões difíceis e viver com as consequências”, referiu o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, que fará uma homenagem no funeral de Ali. “Muhammad Ali abalou o mundo. E o mundo ficou melhor por causa disso”, acrescentou Obama, actual presidente. Nascido no estado do Kentucky, nos EUA, é lá que o tetra-campeão do mundo vai a enterrar depois de ter morrido por choque séptico provocado “por causas naturais não especificadas”. Com frases e intervenções que ascenderam ao campo do Rap, do poema e da Filosofia, MuhammadAli - o “Elvis do boxe, o Tarzan do boxe, o Super-Homem do boxe, o Drácula do boxe, o grande mito do boxe” – fez ouviu o sino soar pela última vez. Mas deixa a certeza de que foi “o campeão mais bonito” que o mundo já viu. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


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