Hoje Macau 6 JUL 2020 # 4561

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEGUNDA-FEIRA 6 DE JULHO DE 2020 • ANO XIX • Nº 4561

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Conta-me como foi As duas filhas do deputado Au Kam San detidas na noite de 4 de Junho, no Largo de São Domingos, aquando do aniversário do massacre de Tiananmen, vão ser ouvidas pelo Ministério

CIRCULAR PARA VIVER PÁGINA 9

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CASO IPIM

TRABALHO DE EQUIPA GRANDE PLANO

ID

RÓMULO SANTOS

ZHUDIFENG

GRANDE BAÍA

Público no próximo dia 16 de Julho. Indiciadas por violação do Direito de Manifestação e Reunião, as jovens reiteram a sua inocência. ‘‘Não fizemos nada de mal’’, dizem.

COVID-19

INQUÉRITO ORIGINAL PÁGINA 5

GP MOTOS MACAU

ANDRÉ PIRES CONFIRMADO PÁGINA 13

OPINIÃO

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS JORGE RODRIGUES SIMÃO


2 grande plano

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TRES EM LINHA CASO IPIM TESTEMUNHA DO CCAC COMETE “GAFE” E MENCIONA DEPOIMENTO DE COLEGA

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Quando testemunham as pessoas não devem saber o conteúdo do que foi dito anteriormente em julgamento. Mas, uma investigadora do CCAC ouvida na sexta-feira gerou momentos de tensão com a frase: “O meu colega já respondeu a isso.”

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gafe de uma investigadora do Comissariado Contra a Corrupção (CCAC) gerou momentos de tensão na manhã de sexta-feira, durante o julgamento que envolve Jackson Chang, ex-presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM). O momento

surgiu quando a investigadora identificada como FY Fong era inquirida pela advogada Leong Mio Na e mencionou o depoimento do investigador anterior do CCAC, que deveria desconhecer. “O meu colega já respondeu a isso”, retorquiu FY Fong, quando questionada sobre uma parte do processo relacionada com Ng Kuok

Sao, empresário que é acusado de ter criado uma associação criminosa para a venda de autorizações de residência. A declaração foi entendida por vários advogados de defesa como um indício que a espontaneidade do testemunho da investigadora do CCAC tinha sido comprometida. Na sala da audiência foi colocada a possibilidade de

FY Fong ter mesmo conhecido o powerpoint apresentado pela testemunha anterior, um dos seus colegas no CCAC, ou de ter debatido com ele a audiência. Ao sinal dos primeiros protestos a juíza Leong Fong Meng interveio, em “auxílio” da investigadora do CCAC, ainda antes desta ter tido tempo de dar qualquer explicação.

“O que a testemunha quis dizer é que o seu colega já tinha falado sobre essa parte, não é? Porque ele ficou encarregue da parte da acusação de corrupção, não foi?”, perguntou a juíza à investigadora, que se limitou a retorquir: “Sim, sim...”. Face a esta situação, o advogado Rui Moura recordou que no início do julgamento

houve advertências para a possibilidade de concertação de testemunhos. Apesar do incidente, a sessão prosseguiu durante alguns minutos, até que a juíza considerou que estava na altura de fazer um intervalo de dez minutos.

MP ENTROU NA 2.ª PARTE

Com o recomeço da sessão, Pedro Leal usou a palavra para protestar o deslize da testemunha arrolada pelo Ministério Público. “A testemunha não tem de saber os powerpoint utilizados pelas outras testemunhas, nem o que elas vão dizer. Isto indicia que as testemunhas estão todas em colaboração, o que é particularmente grave”, realçou o causídico. “Fugiu-lhe [à testemunha do CCAC] a boca para a verdade”, acrescentou. Rui Moura juntou-se aos protestos: “A senhora disse que o seu colega já tinha falado. Por isso, ou falaram depois de ele ter testemunhado ou sabe o que consta na apresentação de powerpoint dele. Não é admissível”, vincou. Num cenário em que a “pureza” e “espontaneidade” do testemunho da


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investigadora do CCAC estava a ser colocada em causa, o Ministério Público entrou em cena, a pedir provas para uma eventual conduta incorrecta da parte de FY Fong. “Os investigadores trabalharam juntos no caso. Ninguém aqui sabe como foram distribuídas as tarefas... Não sabemos. Eles podem ter feito uma análise junta, ainda antes de fazerem os testemunhos”, afirmou Pak Wa Ngai, procurador do Ministério Público. “Eu acredito nos agentes do CCAC. E para fazerem acusações têm de ter provas [...] Se não têm provas nem devem chegar à conclusão que houve contaminação do testemunho”, atirou.

ORDEM NA CASA...

Após as declarações de Pak Wa Ngai, também a juíza Leong Fong Meng voltou a abordar a situação, desta vez num tom mais ríspido. “Mas que provas é que têm que o depoimento foi contaminado, que ela discutiu o caso com a outra testemunha ou que teve acesso ao conteúdo do powerpoint?”, questionou. PUB

Neste momento, o advogado Rui Moura sugeriu que a investigadora do CCAC devia ser directamente questionada sobre a possibilidade: “A testemunha está sob juramento por isso a juíza pode perguntar-lhe”, disse. A sugestão levou Leong Fong Meng a colocar um ponto final na discussão. “Ela já respondeu e explicou [o assunto]. Até pelos jornais podemos saber o que foi dito na audiência”, considerou. “Não devem ser apresentadas acusações sem fundamento”, sublinhou a juíza.

SINAIS DE ALERTA

O alarme para uma eventual concertação de testemunhos tinha sido feito logo na primeira sessão do julgamento por Pedro Leal, advogado de Glória Batalha, a 11 de Junho. “Os presentes não devem transmitir depoimentos a outras testemunhas. O testemunho deve ser espontâneo e não deve ser preparado”, disse, nessa data, o advogado. “Não estou a falar de nada em concreto, mas tenho uma suspeita que isso possa acontecer”, acrescentou.

“O que a testemunha quis dizer é que o seu colega já tinha falado sobre essa parte, não é? Porque ele ficou encarregue da parte da acusação de corrupção, não foi?” JUÍZA PARA INVESTIGADORA DO CCAC

Uma desconfiança que contou com o apoio de Álvaro Rodrigues, advogado de Jackson Chang. “Também tenho essa suspeita. É uma mera suspeita. Mas todos nós que andamos aqui há muitos anos, e temos experiência, sabemos que há testemunhos, às vezes ligados a organismos públicos, em que há uma espécie de escribas nas sessões e a tirar notas”, indicou. “Nós perguntamos a essas pessoas se são jornalistas e elas admite que não são…”, complementou.

Quando foram feitas as primeiras declarações sobre a pureza dos testemunhos, Leong Fong Meng deixou um alerta à audiência. “O tribunal avisa o público que o que se passa no julgamento não deve ser transmitido às testemunhas. As testemunhas têm de prestar depoimentos puros, com verdade e de acordo com o seu conhecimento. As testemunhas não devem tentar transmitir ou influenciar o depoimento de outras testemunhas”, alertou. Esta não foi a primeira vez que o depoimento de uma testemunha ligada à investigação do CCAC pode ter comprometido os intentos do Ministério Público. Na audiência de 26 de Junho, um investigador do CCAC admitiu a falta de provas directas que liguem o dinheiro de Jackson Chang a subornos.

POSSÍVEIS “LAI SI”

A acusação argumentou na sessão acima mencionada que antes do Ano Novo Chinês Jackson Chang terá estado com Ng Kuok Sao na China Continental e recebido um “lai si” de, pelo me-

nos, duas mil patacas – valor que a mulher terá distribuído pelos dois filhos, de acordo com registos telefónicos. Foram também encontradas 51 mil patacas numa gaveta durante buscas ao escritório de Jackson Chang, mas o investigador do CCAC notou que “não se conseguiu investigar a proveniência desse numerário”, explicando que

“A testemunha não tem de saber os powerpoint utilizados pelas outras testemunhas, nem o que elas vão dizer. Isto indicia que as testemunhas estão todas em colaboração, o que é particularmente grave. Fugiu-lhe a boca para a verdade.” PEDRO LEAL ADVOGADO

não foi encontrado registo de levantamento desse valor das contas do ex-presidente do IPIM ou da mulher. Para além desse montante, o casal alegadamente depositou dinheiro junto de pessoas amigas, para receberem juros mais altos. Um destes amigos, relacionado com uma sala VIP, terá recebido para depósito, pelo menos, meio milhão de patacas. Foram ainda encontrados bens de valor, como dois relógios de marca em casa do ex-presidente do IPIM, que custaram 230 mil patacas no total e cujos recibos mostram que foram pagos em numerário. Questionado se o dinheiro seria ilícito, a resposta do investigador do CCAC foi negativa. “Não conseguimos provar”, reconheceu a testemunha, explicando que não se conhece a proveniência do dinheiro. O julgamento prossegue esta manhã com o testemunho de mais um investigador do CCAC, identificado como CS Wu. João Santos Filipe joaof@hojemacau.com


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6.7.2020 segunda-feira

AUTO-SILOS NOVAS EXIGÊNCIAS SOBRE QUALIDADE DO AR

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Ran Bo, director do Gabinete de Estudos Políticos do Comissariado dos Negócios estrangeiros “Com o rápido desenvolvimento da situação internacional, vivemos tempos conturbados, Macau precisa melhorar os mecanismos de salvaguarda da segurança nacional.”

SEGURANÇA NACIONAL MACAU PRECISA MELHORAR A LEI – THINK TANK DO MNE

TPC para o bom aluno

Apesar do bom trabalho do Governo da RAEM, o director do Gabinete de Estudos Políticos do Comissariado dos Negócios Estrangeiros entende que a legislação de salvaguarda da segurança nacional deve ser melhorada, tendo em conta os tempos conturbados que se vivem. Ran Bo acrescentou ainda que a Lei de Segurança Nacional vai fortalecer as liberdades em Hong Kong

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director do Gabinete de Estudos Políticos do Comissariado dos Negócios estrangeiros, Ran Bo, reconhece o “bom trabalho” que o Governo da RAEM tem feito em matéria de segurança nacional. Em entrevista ao canal em inglês da TDM, o responsável explicou, contudo, que “com o rápido desenvolvimento da situação internacional, vivemos tempos conturbados”. Como tal, “Macau precisa melhorar os mecanismos de salvaguarda da segurança nacional”. Uma missão para a qual Ran Bo tem confiança que, “com a ajuda do Governo Central, o Executivo da RAEM vai fazer um bom trabalho”. Durante a entrevista, o responsável do Comissariado dos Negócios Estrangeiros tentou apaziguar preocupações sobre o alcance da lei aprovada pela Assembleia Popular Nacional para Hong Kong em termos de direitos, liberdades e garantias, assim como para a independência do sistema judicial da região vizinha. “As preocupações de que a lei vai restringir direitos dos residentes de

Hong Kong, protegidos pela Lei Básica, são totalmente desnecessárias. Porque só vai fortalecer as liberdades dos residentes de Hong Kong, nomeadamente, a liberdade de imprensa, liberdade de expressão, de reunião, manifestação e publicação”, referiu Ran Bo. As declarações foram feitas alguns dias antes de ser noticiado que obras escritas por figuras do quadrante democrático de Hong Kong estavam a desaparecer das estantes e registos online das bibliotecas da região. O director do think tank do Comissariado dos Negócios Estrangeiros destacou o bom exemplo de Macau, por ter aprovado legislação de salvaguarda da Segurança Nacional há mais de uma década, e por ter mantido a paz social, numa região onde “as pessoas gozam de um largo espectro de liberdades”. Nesse aspecto, Ran Bo entende que “as pessoas de Hong Kong preocupadas com a Lei de Segurança Nacional deviam olhar com mais atenção para Macau”.

PÉROLAS DA PÁTRIA

O facto de a Lei de Segurança Nacional abrir a porta para que sejam julga-

dos casos em tribunais chineses tem sido criticado pelo sector da justiça na região vizinha, por temer que pode colocar em causa a independência judicial da RAEHK. Ran Bo considera que a independência dos tribunais de Hong Kong não será afectada e que está salvaguardada pela Lei Básica da região vizinha. De resto, o director categoriza as respostas de países ocidentais à aprovação da lei como “irresponsável e enganadora”, nomeadamente no que toca à influência no princípio “Um País, Dois Sistemas”, de exclusiva implementação da China. “Macau e Hong Kong são ambas pérolas da China e ninguém aprecia melhor os papéis e a importância de Macau e Hong Kong do que os chineses. Somos família, partilhamos o mesmo sangue, o mesmo destino. Criámos o princípio “Um País, Dois Sistemas” e temos de cuidar dele, é nossa obrigação, não é do Governo do Reino Unido ou dos Estados Unidos”, concluiu o responsável do Comissariado dos Negócios Estrangeiros. João Luz

info@hojemacau.com.mo

AM Hin San, director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), indicou que serão emitidas “exigências concretas” às entidades de gestão e exploração dos parques de estacionamento públicos relativamente ao controlo da qualidade do ar, mediante instruções que vão ser elaboradas pela Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA). O controlo da poluição do ar nos parques de estacionamento fechados está a ser estudado por uma empresa de consultoria. Foi no primeiro trimestre do ano que a DSPA se encarregou da análise que se prevê esteja concluída no terceiro trimestre de 2020, avançou a DSAT, em resposta a uma interpelação escrita de Ng Kuok Cheong. O estudo abrange uma avaliação global sobre a situação actual e a concepção e

funcionamento do sistema de ventilação dos mesmos. “Com base nos resultados do estudo, a DSPA irá elaborar as instruções para o controlo de poluição do ar nos parques de estacionamento fechados, incluindo o aperfeiçoamento da concepção e funcionamento do sistema de ventilação, que serão aplicáveis aos serviços responsáveis pela gestão dos mesmos”, diz a resposta. O deputado tinha apontado que devido ao “mau funcionamento do sistema de ventilação”, ao entrarem nos parques de estacionamento os seus utilizadores “notam logo muita humidade e sentem-se a abafar, e com a concentração de gases de escape emitidos pelos veículos, sentem um aperto no peito e falta de ar, e no Verão, especialmente, essa sensação de desconforto é mais óbvia e mais intensa”.

RESÍDUOS ALIMENTARES SI KA LON QUER DATA PARA REGULAMENTO ADMINISTRATIVO

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Governo lançou em 2017 uma consulta pública sobre o “plano de apoio financeiro à aquisição de equipamentos de tratamento de resíduos alimentares” e iniciou o respectivo processo legislativo, mas o regulamento administrativo ainda não foi publicado. Si Ka Lon recordou a situação numa interpelação escrita, questionando “quais foram as dificuldades” e se “o diploma vai estar pronto ainda este ano”. “Os resíduos alimentares representam cerca de 30 por cento a 40 por cento dos resíduos sólidos urbanos, o que demonstra a necessidade de o Governo reforçar os trabalhos de promoção da recolha desses resíduos”, descreveu o deputado. Além disso, Si Ka Lon espera que o Governo divulgue “o mais rápido possível” a calendarização para o projecto de um aterro para resíduos de materiais de construção, instalações centrais para o tratamento de desperdícios alimentares, com vista à produção

de electricidade a partir do biogás gerado pela digestão anaeróbia, enquanto tecnologia principal. No relatório de sustentabilidade da CEM de 2019, indica-se que três por cento da energia foram comprados à Central de Incineração de Resíduos de Macau. No entanto, a maior percentagem da estrutura energética da RAEM (86,3 por cento) continua a ser a importação de energia da China Southern Power Grid. Explica-se ainda que actualmente está a ser discutida com o Governo a possibilidade de implementar o conceito “compartimentos integrados de depósito de lixo e posto de transformação”, o qual “aumentaria o número de postos de transformação, bem como permitiria a existência destes postos nas zonas antigas”. Por outro lado, Si Ka Lon quer saber de que forma é que o Governo planeia aumentar a adesão ao projecto piloto de recolha de resíduos alimentares provenientes dos estabelecimentos de restauração e bebidas.


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segunda-feira 6.7.2020

COMUNICAÇÃO SULU SOU QUER QUE GOVERNO RESPONDA PESSOALMENTE AOS MEDIA

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PESAR de reconhecer que em relação à pandemia o Governo realizou várias conferências de imprensa, mostrando melhorias na transparência da informação, Sulu Sou lamentou que nos restantes assuntos “tenha publicado mais materiais noticiosos unidirecionais do que no passado, em vez de

convidar os meios de comunicação, para responderem às perguntas pessoalmente”. A crítica foi tecida numa interpelação escrita. Em causa está a entrega de propostas à Assembleia Legislativa e a tomada de posse de oficiais novos, sobre as quais foram emitidos comunicados, mas sem se

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assegurando a liberdade de imprensa nos termos legais. O deputado quer também saber se o Governo vai rever e regular de forma unificada a eficácia do funcionamento dos porta-voz e dos assessores de cada departamento, recordando que o Gabinete do Porta-voz do Governo tem sido criticado desde 2010 devido à

competência sobreposta com o Gabinete de Comunicação Social.Assim sendo, Sulu Sou pergunta que medidas existem para melhorar a relação de comunicação bi-direccional entre o Governo e os média/ deputados. Para além disso, o deputado quer saber quando vai o Governo regular o estatuto

AL INQUÉRITO ESCOLAR SOBRE COVID-19 PEDE OPINIÃO SOBRE DEPUTADOS

Já que aqui estamos

Um inquérito escolar sobre a resposta à covid-19 inclui questões sobre os deputados da Assembleia Legislativa. A situação, exposta nas redes sociais, aconteceu na Escola para Filhos e Irmãos dos Operários e foi divulgada por Sulu Sou que considera o comportamento pouco honesto RÓMULO SANTOS

M questionário escolar distribuído aos alunos e encarregados de educação de alunos da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, no Fai Chi Kei, inclui duas questões dirigidas directamente à preferência dos inquiridos sobre o trabalho dos deputados da Assembleia Legislativa (AL). O inquérito foi divulgado no Facebook e partilhado no sábado pelo deputado Sulu Sou na mesma rede social, chamando a atenção para o facto de as duas últimas questões não estarem relacionadas com o tópico inicial que propõe abordar. Enquadrado no contexto do combate à covid-19 e do trabalho do Governo durante esse período, o questionário, composto por sete perguntas, pede aos inquiridos que indiquem “o nome dos três deputados que melhor conhecem” e, na última, para assinalar com uma cruz “três deputados cujo trabalho considera mais satisfatório”. Contactado pelo HM, Sulu Sou condenou a falta de honestidade do inquérito, por não ser claro sobre o tema que está a ser tratado. “O tema do questionário muda repentinamente e por isso considero que não é um comportamento honesto e (…) adequado para uma escola. Se mudassem o tópico do questionário seria mais adequado, seria a forma honesta de dizer aos pais que pretendem recolher ideias sobre a AL e colocava em cima da mesa, a vontade ou não de responder sobre esse assunto”, explicou Sulu Sou. Acerca das motivações que levaram a escola a

convocarem conferências. Nesse sentido, Sulu Sou quer saber que critérios o Governo usa para determinar que tipo de assuntos precisam de conferência de imprensa para serem explicados ao público. E recordou que o Chefe do Executivo disse que ia manter um contacto próximo com os meios de comunicação,

legal, direitos e obrigações da Teledifusão de Macau (TDM), referindo-se às normas da UNESCO sobre os serviços de emissora pública, “para assegurar o princípio de independência editorial”, e estabelecer um mecanismo e ferramentas para a responsabilidade e revisão pública. N.W. com S.F.

sufrágio directo estão agendadas para 2021.

DESCONFORTO DE MÃE

Contactada pelo HM, a mãe de um aluno da Escola para Filhos e Irmãos dos Operários, que não quis ser identificada, afirmou ter recebido o questionário através da filha. Além de confirmar que as duas últimas questões nada tinham a ver com o tema indicado no cabeçalho, afirmou estar incomodada com a situação. “Um dia de manhã, a minha filha deu-me o inquérito dizendo que os pais precisavam de o preencher e, naquele momento, senti desagrado. Acho que estes assuntos privados não devem ser inquiridos. O título do inquérito indica que o tema é o combate à pandemia, mas a sexta e a sétima perguntas não estão relacionadas com assunto”, contou ao HM.

“Neste tipo de escolas costumam promover um candidato específico das associações mais tradicionais junto de pais e alunos.” SULU SOU DEPUTADO

fazer as duas questões aos encarregados de educação, o deputado considera normal este tipo de situações acontecerem em estabelecimentos de ensino com um

background político, como a Escola para Filhos e Irmãos dos Operários. A somar a isso, Sulu Sou recorda que está a aproximar-se o período eleitoral. “Antes das eleições,

acho que pretendem recolher quais ideias, especialmente dos pais, sobre quem apoiam na AL. Fazem-no há muitos anos. Neste tipo de escolas costumam promover um

candidato específico das associações mais tradicionais junto de pais e alunos”, apontou o deputado. As eleições para apurar os 14 deputados da AL por

O HM contactou a Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) sobre o assunto, mas até ao fecho da edição não obteve resposta. Pedro Arede e Nunu Wu info@hojemacau.com.mo


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6.7.2020 segunda-feira

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 319/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 320/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 321/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 322/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN YONGFA, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C50257xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 168/DI-AI/2018, levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 306/DI/2020, de 15.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.---------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor WU SHENGRONG, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C09888xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 168/DI-AI/2018, levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 307/DI/2020, de 15.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN CHAOPING, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C62947xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 168/DI-AI/2018, levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 308/DI/2020, de 15.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor PENG YURUI, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C50400xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 168/DI-AI/2018, levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 309/DI/2020, de 15.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.---------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 335/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 421/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor PHAM VAN PHUONG, portador do passaporte de Vietnam n.° N1853xxx e do Título de identificação de Trabalhador Não-Residente da RAEM n.° 20797xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 180/DI-AI/2018, levantado pela DST a 26.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 324/DI/2020, de 18.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua Sete Bairro Iao Hon n.° 36, Edf. Kat Cheong, 1.º andar L (C140), Macau onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020.

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor XU, JIANSHI, portador do passaporte da RPC n.° E70997xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 80/DI-AI/2018, levantado pela DST a 18.04.2018, e por despacho da signatária de 20.04.2020, exarado no Relatório n.° 48/DI/2020, de 20.02.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Avenida da Amizade n.° 405, Edf. Seng Vo, 3.° andar B, Macau.------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.-------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotlin’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 29 de Junho de 2020.

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

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41/E-BC/2020 178/BC/2019/F Demolição de obras não autorizadas pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) Rua de Santo António n.º 7-B, Edf. Cheung Wan, parte do terraço sobrejacente à fracção 4.º andar E, Macau.

Lai Weng Leong, Subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 11, II Série, de 11 de Março de 2020, faz saber que ficam notificados o dono da obra ou seu mandatário, bem como os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1.

Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Renovação de um compartimento com cobertura em 1.1 Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. betão, paredes em alvenaria de tijolo e janelas de vidro. 1.2 Renovação de uma cobertura metálica. Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. 2. De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 4 de Junho de 2020, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 3. Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 8) do n.º 1 do Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 11, II Série, de 11 de Março de 2020, e por despacho do signatário de 26 de Junho de 2020 exarado sobre a informação n.º 05814 /DURDEP/2020, ordena aos interessados que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à respectiva demolição e à reposição do local afectado, bem como à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à sua desocupação, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido de demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 4. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Uma vez iniciados os trabalhos, os infractores não poderão solicitar o seu cancelamento. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M de 15 de Fevereiro. 5. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. 6. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e do n.º 7 do Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 11, II série, de 11 de Março de 2020, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 26 de Junho de 2020 Pela Directora de Serviços O Subdirector Lai Weng Leong


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segunda-feira 6.7.2020

TATIANA LAGES

EMPREGO DSAL APELA A “MENTE ABERTA” PARA CONSTRUÇÃO E LIMPEZA

perdeu a sua vida a lutar pela liberdade. Acabaram por ser levadas para a esquadra para investigação, depois de tirarem uma fotografia, por alegadamente terem violado a Lei do Direito de Manifestação e Reunião. Em causa estava a proibição anterior das autoridades para a realização de manifestações naquele local. “Não fizemos nada de mal”, reitera a jovem, que indica que estava apenas a tirar uma fotografia. Ainda sobre essa noite, Cherry Au recordou como cerca de duas horas depois de serem levadas para a esquadra lhes foi indicado que as autoridades podiam vir a acusá-las de crimes, algo que considerou “um pouco exagerado”. Para a entrevista na próxima semana, espera contar o que fizeram nesse dia.

A

Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) destacou que na sua base de dados para conjugação de emprego ainda há “uma grande quantidade de ofertas” nos sectores da construção, limpeza, administração de propriedades, hoteleiro, restauração e venda a retalho. O organismo indica que toma a iniciativa de conjugar candidatos com cargos de natureza semelhante ou que exigem capacidade de trabalho do mesmo nível, mas apela à “mudança de mentalidade” de quem procura emprego. “Os candidatos esperam encontrar um emprego que lhes interessa, mas também devem ter a mente aberta para novas experiências e aceitar tipos de trabalho diferentes, para que possam encontrar um emprego de longo prazo”, diz a nota. De acordo com a DSAL, a eficácia profissional depende tanto do esforço dos empregadores, como dos trabalhadores, os quais entende que devem colaborar com o encaminhamento feito, “dando importância a todas as entrevistas e mostrando o seu valor, a fim de aumentar a oportunidade de contratação”. A recomendação surgiu no âmbito dos serviços de apoio ao emprego da DSAL. Para além dos habituais apoios, o organismo reiterou que perante os desafios devido à covid-19 lançou programas como a “formação subsidiada” e o “plano de experiência no local de trabalho”. Está prevista para meados ou finais de Agosto uma feira de emprego direcionada aos jovens. S.F.

FUNDAMENTOS ALEGADOS

Cherry Au “Ainda me parece bastante surreal.”

MP FILHAS DE AU KAM SAN VÃO SER OUVIDAS A 16 DE JULHO

A segunda ronda

As jovens detidas na noite do 4 de Junho, e indiciadas por violação da Lei do Direito de Manifestação e Reunião, vão ser ouvidas pelo Ministério Público na próxima semana.

A

S filhas do deputado Au Kam San vão ser ouvidas pelo Ministério Público dia 16 de Julho. O caso das jovens, detidas na data em que se recordou o massacre de Tiananmen, foi encaminhado para o Ministério Público, estando as duas indiciadas por violação da

Lei do Direito de Manifestação e Reunião. Recordando os eventos da noite de 4 de Junho, Cherry Au disse ao HM que “ainda parece bastante surreal”. Nessa noite, depois de participarem na vigília organizada pelo pai, e que foi transmitida através da Internet, Cherry Au e Christy

Au foram para o Largo de São Domingos, onde se sentaram em frente à Igreja. Traziam um livro com uma imagem do “homem do tanque”, alusiva a Tiananmen, e duas velas electrónicas. Na altura, uma das jovens explicou ao HM que queriam acender uma vela em memória de quem

Depois de ouvidas pelas autoridades policiais, o caso das duas filhas de Au Kam San foi remetido para investigação no Ministério Público. No mês passado, Ma Chio Hong, do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP), defendeu que “de acordo com um acórdão do Tribunal de Última Instância, a manifestação podia ser de uma só pessoa. Mais de duas pessoas já se pode considerar uma reunião”. O Tribunal de Última Instância (TUI) tinha mantido a decisão do CPSP em proibir vigília promovida pela União para o Desenvolvimento da Democracia (UDD), acórdão que dividiu opiniões. A decisão foi justificada com base num parecer em que os Serviços de Saúde (SS) desaconselharam a realização do evento por motivos de prevenção face ao novo tipo de coronavírus. “Se o Comandante do CPSP permitisse a realização da reunião, seria violado o artigo 3o da Lei de Prevenção, Controlo e Tratamento de Doenças Transmissíveis, e desrespeitadas as orientações emitidas pelo órgão competente”, indicou o acórdão. Salomé Fernandes

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IAS PRIMEIRO TRIMESTRE COM SEIS CASOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

O

Instituto de Acção Social (IAS) indicou que no primeiro trimestre deste ano, depois de excluídas algumas denúncias repetidas, se registaram 445 casos a envolver disputas familiares, o que representa um aumento anual de três por cento. Destes, 320 casos foram definidos como casos relevantes sobre disputas familiares, sendo que seis acabaram

por ser definidos como violência doméstica, noticiou o Ou Mun. De entre estes seis casos, 67 por cento envolveram violência de cônjuge, 25 por cento violência infantil, 6 por cento foi entre familiares e 2,4 por cento contra idosos. Tang Yuk Wa, vice-presidente do IAS, afirmou que apesar de as denúncias aumentarem, os casos suspeitos de violência

doméstica diminuíram. O responsável acredita que isto se deve a uma maior consciência da população. Também Wong Kit Cheng acredita que o aumento de denúncias revela maior consciência da sociedade em relação à violência doméstica, noticiou o mesmo meio de comunicação. A responsável da Associação de Construção Conjunta de Um Bom Lar sugere

que o Governo indique aos agentes que analisam casos de violência doméstica formas como lidar com crises, acompanhar de perto a situação das vítimas, avaliar se estão num ambiente seguro e melhorar as suas técnicas de auto-protecção, para evitar que sofram uma segunda vitimização. No seu entender, os dados da autoridade mostram que a violência de cônjuge

ocupa a maioria dos casos de violência doméstica. Assim, Wong Kit Cheng espera que o Governo intensifique o apoio às associações de serviços sociais não governamentais, promovendo e realizando mais trabalhos de aconselhamento sobre relacionamentos antes e depois do casamento, com vista a melhorar a relação dos casais e o conceito correcto de família. N.W. com S.F.


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6.7.2020 segunda-feira

AMCM “A AMCM enviou um ofício à ‘Macau Pass’ (...) exigindo-se o recrutamento imediato de uma terceira entidade de reconhecido mérito profissional.”

MPAY AMCM APONTA O DEDO À MACAU PASS E PEDE MELHORIAS

Falhas sistémicas

A AMCM entende que a Macau Pass não testou adequadamente os efeitos que uma actualização do sistema de pagamento electrónico teria e exige que seja recrutada uma entidade externa para melhorar a rede informática. Em causa, está uma falha que impediu vários utilizadores de efectuar pagamentos no início de Junho

A

Autoridad e Monetária de Macau (AMCM) considera que os problemas registados no início de Junho e que impediram vários utilizadores de efectuar pagamentos através do sistema Mpay da Macau Pass, se devem ao não cumprimento de requisitos de ensaio do sistema. “A ‘Macau Pass’ não cumpriu os requisitos especificados nas directivas relativas à realização de ensaios ao sistema de forma

suficiente e completa”, pode ler-se no comunicado da AMCM divulgado ontem. Perante a falha, a AMCM revela ter enviado um ofício à Macau Pass, pedindo que a empresa realize uma análise prudente e o “aperfeiçoamento global do sistema”. Segundo o comunicado, na base do problema, está o facto da actualização do sistema no final de Maio e início de Junho ter acontecido em simultâneo com o envio de mensagens de promoção

relativas ao programa de pontos da Macau Pass. As duas ocorrências resultaram “numa sobrecarga do sistema e na consequente interrupção dos serviços”. Recorde-se que no dia em que ocorreram as falhas, a Macau Pass referiu, em comunicado, que os problemas foram resolvidos em menos de uma hora, afastando a ideia de que o caso estaria relacionado com um ataque informático e justificando as falhas com a utilização excessiva dos cartões de consumo.

De acordo com a AMCM, antes da actualização do sistema, a Macau Pass não “procedeu a um ensaio global nem elaborou um plano de trabalho razoável”, indo assim contra os requisitos do organismo sobre a supervisão contínua em termos de capacidade de suporte do sistema. Outra das questões apontadas pela AMCM diz respeito à instalação tardia de hardware adquirido pela Macau Pass para reforçar o sistema. “A ‘Macau Pass’ adquiriu vários hardwares para reforçar os seus recursos em termos de sistema, estes foram contudo apenas entregues após a ocorrência do problema em causa devido à epidemia, tendo sido entretanto concluída a sua instalação e respectiva actualização”, referiu a AMCM. A mesma nota sublinha que a Macau Pass já procedeu ao reembolso dos utilizadores e empresas afectadas. Perante o caso, e na busca de “aperfeiçoamento na gestão do sistema”, a AMCM exige também a contratação de uma entidade externa para analisar a rede informática que está na base do serviço. “A AMCM enviou um ofício à ‘Macau Pass’ (...) exigindo-se o recrutamento imediato de uma terceira entidade de reconhecido mérito profissional, no sentido de avaliar detalhadamente a rede e o sistema informático, estabelecendo um plano de aperfeiçoamento a ser implementado de forma rigorosa”, consta no comunicado.

PREPARAR O FUTURO

Numa entrevista concedida à Macau Business na passada quarta-feira, o director da Macau Pass, Joe Liu, apontou acreditar que Macau tem o potencial necessário para ficar “cashless”, ou seja, prescindir da utilização de dinheiro físico, dentro de cinco anos. A vontade do responsável baseia-se no sucesso que a adopção do serviço digital tem tido em Macau. Só no ano passado, as transações que recorreram à Macau Pass, incluindo MPay e o cartão Macau Pass, totalizaram 10 mil milhões de patacas, tendo alcançado cerca de 400 mil residentes, ou seja, mais de metade da população. No mesmo sentido das previsões de Joe Liu está a própria AMCM. Referindo que a popularização da utilização de tecnologia financeira irá trazer responsabilidade acrescida às instituições que providenciam este tipo de serviços, o organismo sublinha que a gestão de recursos deve ser fortalecida de forma a “responder à procura e às expectativas da sociedade”.

Autocarros Aumenta frequência da carreira 101X

A operadora de autocarros TCM fez um pedido à Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) para aumentar a frequência da carreira 101X, que termina no posto fronteiriço na ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, verificou-se um grande fluxo de pessoas na paragem da Avenida Artur Tamagnini Barbosa para apanhar o autocarro 101X. O Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) confirmou a concentração de pessoas nessa paragem de autocarro, tendo sido enviados dois agentes para manter a ordem. Na sexta-feira, a DSAT adiantou que aumentou a frequência da carreira, tendo sido decretada a passagem de autocarros a cada 20 minutos no período entre as 7h e as 10h e a cada 30 minutos entre as 10h e as 20h. Nos restantes horários a autocarro 101X continua a passar de hora a hora.

Português Nova edição do curso de Verão na UM

A Universidade de Macau (UM) prepara-se para organizar a 34ª edição do Curso de Verão de Língua Portuguesa, a qual vai decorrer entre os dias 20 e 31 de Julho através das plataformas Moodle e Zoom. As aulas irão decorrer todos os dias úteis entre as 9h e as 18h. Segundo um comunicado da UM, a oferta formativa este ano inclui cursos de línguas de diferentes níveis e cursos temáticos. “Todos os cursos contribuem para o desenvolvimento das competências linguística, sociolinguística, pragmática e sociocultural em português e da consciência intercultural”, explica a UM. Os cursos de línguas serão de 30 horas cada um, sendo complementados por 15 a 20 horas de estudo autónomo orientado pelos professores. Já aos cursos temáticos têm uma oferta de 58 horas nas áreas de literatura, linguística, cinema, gastronomia, música, história, educação, ensino, aprendizagem e avaliação de línguas, tradução e sociedade.

CIP Mais de 40 mil pessoas atendidas por ano

Nos últimos cinco anos, o Centro de Informações ao Público (CIP) registou uma média anual de atendimento de mais de 40 mil pessoas. Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), deu a informação em resposta a uma interpelação escrita, acrescentando que se vai “acompanhar de perto” o uso experimental de inteligência artificial do Interior da China para o tratamento parcial das consultas online. A ideia passa por “estudar e introduzir as soluções de elevada maturidade e com apreciação positiva da parte dos utentes dos serviços, por forma a que os cidadãos disponham de mais vias alternativas de consulta” e melhorar a eficácia de disponibilização das informações do Governo.


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segunda-feira 6.7.2020

COVID-19 RESIDENTES ISENTOS DE ISOLAMENTO PODEM IR A OUTRAS OITO CIDADES

Os residentes a quem for dada isenção para entrar em Zhuhai vão ter 14 dias para poder circular em mais oito cidades da Grande Baía. A medida entra hoje em vigor

TIAGO ALCÂNTARA

Baía está mais aberta

AJUSTES DESNECESSÁRIOS

A

partir das 8h de hoje, as pessoas isentas de quarentena à entrada em Zhuhai vão poder deslocar-se a outras oito cidades da Grande Baía. Estes residentes passam assim a poder circular também em Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing. A informação foi avançada ontem pelo Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. A extensão da isenção continua a aplicar-se apenas aos indivíduos “que a solicitem por motivo oficial, comercial ou outros motivos específicos”, existindo três mil quotas diárias para esse efeito. Depois de entrarem em Zhuhai no âmbito das actividades declaradas, as pessoas podem ficar um máximo de 14 dias entre estas cidades. Os residentes que

não se terem deslocado fora de Macau ou do Interior da China e não apresentarem sintomas. Na conferência de imprensa de sexta-feira, o médico Alvis Lo reiterou que a prioridade para atribuição das quotas diárias é dada às pessoas elegíveis que apresentam o pedido pela primeira vez, embora nos dois dias anteriores o volume desses pedidos tivesse diminuído “significativamente”, comunicou o Centro de Coordenação. Por esse motivo, quem recebeu isenção passou a poder apresentar novo pedido após as 18h, todos os dias.

Estes residentes passam assim a poder circular também em Cantão, Shenzhen, Zhuhai, Foshan, Huizhou, Dongguan, Zhongshan, Jiangmen e Zhaoqing

já tenham obtido quota de isenção de isolamento e entrado em Zhuhai também podem usufruir da medida. “Caso as barreiras geográficas sejam ultrapassadas, as autoridades podem implementar a observação médica de isolamento centralizado

no âmbito de controlo da epidemia dessas cidades. Aqueles que ultrapassem o âmbito sem autorização e violem as disposições relacionadas à prevenção e controlo de epidemia, serão desqualificados da implementação temporária da

observação médica de isolamento centralizado”, alerta o Centro de Coordenação. Recorde-se que os requerentes de isenção devem ser portadores do código de saúde verde, certificado válido do teste de ácido nucleico,

Relativamente ao corredor especial entre o aeroporto de Hong Kong e o terminal marítimo do Pac On, desde 17 Juho até sexta-feira foram registados 1.021 indivíduos a regressar a Macau por via marítima.Apenas um residente de Macau testou positivo. Cerca de 30 por cento das pessoas registadas para usar o barco especial é proveniente dos EUA. “Presentemente, ainda há 106 pessoas registadas em regresso a Macau dos EUA, mas as autoridades consideram que não há necessidade urgente a proceder ao ajuste relativo à apresentação de um certificado com resultado negativo do teste de ácido nucleico para estas pessoas”, diz a nota do Centro de Contingência. Ao nível do tempo de espera nos postos de testes de ácido nucleico, Alvis Lo explicou que a procura aumentou e estão a ser feitos mais de quatro mil testes diariamente. “Por hora estão a ser verificadas cerca de 500 pessoas, motivo pelo qual o tempo de espera na hora de pico é inevitável. Contudo, o Governo continuará a cooperar e negociar com as instituições parceiras dos testes para criar mais postos”. Salomé Fernandes

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SIN FONG GARDEN CONCLUSÃO DAS OBRAS DE RECONSTRUÇÃO EM RISCO

PEQUENAS MÉDIAS EMPRESAS SUBSCRIÇÃO DE SEGURO E APOIOS PODE SER FEITA ATÉ 31 DE DEZEMBRO

conclusão das obras de reconstrução do edifício Sin Fong Garden pode estar em risco por falta de fundos. Segundo o jornal All About Macau, a Associação de Conterrâneos de Kong Mun, cujo vice-presidente é o deputado Mak Soi Kun, havia prometido um donativo de 100 milhões de patacas para a reconstrução do edifício em risco de queda, mas anunciou recentemente que não vai conceder mais fundos além das cerca de 50 milhões de patacas já atribuídas. O aviso de que a associação não vai conceder todo o montante prometido já foi comunicado à comissão de gestão do condomínio do edifício Sin Fong Garden. No total, estima-se que o projecto de reconstrução possa custar cerca de

S responsáveis de Pequenas e Médias Empresas (PME) podem subscrever, até dia 31 de Dezembro deste ano, o “Seguro de bens patrimoniais contra grandes desastres para as pequenas e médias empresas”, bem como apresentar o pedido para o “Plano de apoio financeiro a conceder no âmbito do seguro de bens patrimoniais contra grandes desastres para as pequenas e médias empresas”. Segundo um comunicado, o novo plano de seguro não inclui a franquia e o limite máximo de indemnização de mercadorias. O valor seguro e o prémio mantêm-se inalterados em relação a 2019.

A

5,12 milhões de patacas, sendo que os pequenos proprietários também contribuíram para o financiamento das obras. No entanto, a comissão de gestão de condomínio assegura que, neste momento, muitos dos proprietários não conseguem pagar o restante montante para a reconstrução do edifício por estarem em situação de desemprego ou com licenças sem vencimento. Segundo a TDM, Chan Pou Sam, vice-presidente executivo da Associação de Conterrâneos de Kong Mun, assegurou que as 100 milhões de patacas sempre constituíram um “adiantamento” e que foi a comissão de gestão de condomínio que se referiu a este montante como sendo um “donativo” para as obras.

O

Os valores dos seguros são de 100.000, 200.000 e 300.000 patacas, respectivamente, enquanto que os prémios correspondentes são de 25.000, 50.000 e 75.000 patacas. Neste ano, foram excluídos a franquia (10 por cento do valor seguro) e o limite máximo de indemnização das mercadorias (60 por cento do valor seguro). Será concedido um desconto de prémio às empresas que nunca apresentaram pedido de indemnização aquando da renovação de seguro, sendo os descontos de 20 por cento, 25 por cento, 30 por cento e 35 por cento para o primeiro ano, segundo ano, terceiro ano

e quarto ano de renovação de seguro, respectivamente. O seguro e o plano de apoio financeiro foram lançados pela Autoridade Monetária e Cambial de Macau e pela Direcção dos Serviços de Economia o ano passado. Ambos os planos tinham como objectivo dar apoio no âmbito dos estragos causados pelos tufões, tendo sido emitidas 19 apólices de seguro até 2019. O sector da restauração liderou o número de pedidos, seguindo-se o sector do comércio a retalho, o sector do comércio por grosso de mariscos secos e de comércio a retalho e por grosso de aparelhos electrodomésticos.


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PATRIMÓNIO IC REALIZA MAIS VISITAS GUIADAS A MONUMENTOS

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Instituto Cultural (IC) decidiu organizar sessões adicionais da actividade “Visitas guiadas ao património da cidade - visitas guiadas e workshops de ilustração”, uma vez que todas as inscrições disponíveis foram preenchidas. As inscrições podem ser feitas até ao dia 9 de Julho, quinta-feira. As visitas inserem-se nas celebrações do 15º aniversário da inscrição do Centro Histórico de Macau na Lista do Património Mundial, e decorrem entre os dias 19 e 26 de Julho e nos dias 1 e 2 de Agosto, entre as 16h e 18h.

A sessão de 19 de Julho será reservada às famílias. O IC explica que “os passeios pela cidade serão orientados por guias profissionais, os quais levarão os participantes a explorar diferentes edifícios do Património Mundial, apresentando a história de cada edifício”. Além disso, “a actividade contará ainda com a participação de ilustradores, os quais irão partilhar as suas técnicas de criação de um diário de viagem, para que os participantes possam captar os melhores momentos dos seus passeios e gravar tudo nos seus diários únicos”.

CONCURSO LÍNGUA E CULTURA CHINESA EM SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

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ÃO Tomé e Príncipe acolheu pela primeira vez uma final local do “Chinese Bridge”, um concurso internacional de língua e cultura chinesas para estudantes estrangeiros, que decorreu através da internet, devido à pandemia da covid-19. A delegação local do Instituto Confúcio seleccionou seis estudantes do ensino secundário e quatro estudantes da Universidade de São Tomé e Príncipe (USTP) para o concurso, revelou a Embaixada da China em São Tomé. Além de questões sobre a cultura e história chinesas, a final incluiu demonstrações culturais de canções chinesas, da arte marcial chinesa Tai Chi, e trabalhos em papel e caligrafia chinesa, referiu a embaixada num comunicado. Dalton de Ceita Quaresma venceu na categoria universitária, enquanto Euclides Veigas, do Liceu Nacional de São Tomé e

Príncipe, triunfou na categoria para estudantes do ensino secundário. A ministra da Educação e Ensino Superior de São Tomé e Príncipe, Julieta Rodrigues, disse num discurso que a cooperação com a China se tem aprofundado desde que os dois países reataram relações diplomáticas. São Tomé e Príncipe, um dos poucos países que reconhecia Taiwan, rompeu os laços com a ilha e reatou relações diplomáticas com a República da China em Dezembro de 2016. O reitor da USTP, Peregrino da Costa, elogiou o trabalho e prometeu continuar a apoiar a delegação do Instituto Confúcio, inaugurada há um ano, refere o comunicado. O embaixador da China em São Tomé e Príncipe, Wang Wei, defendeu que aprender chinês pode abrir novas perspectivas para as carreiras futuras dos estudantes são-tomenses.

Zheng Bo, nascido na China, com formação académica feita nos EUA e actualmente a residir em Hong Kong, é um artista que olha para lugar que as plantas ocupam na sociedade, criando nos seus trabalhos uma relação com o ser humano, onde o sexo e a intimidade desempenham um papel importante. Pela primeira vez Zheng Bo expõe em Lisboa, Portugal, numa mostra intitulada “The Soft and Weak are Companions of Life 柔弱者生之”

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galeria Kunsthalle Lissabon, em Lisboa, apresenta, até 29 de Agosto, a primeira exposição de Zheng Bo, artista natural da China actualmente a residir em Hong Kong. A mostra tem como nome “The Soft and Weak Are Companions of Life” e é composta por desenhos e vídeos que expressam o lugar das plantas nas sociedades contemporâneas e a sua relação com os seres humanos. Zheng Bo trabalha muito com a ideia de que o ser humano desconhece quase por completo os habitats naturais que existem à sua volta, o que leva ao conceito de “plantas marginalizadas”. Além disso, “insistindo na ideia de intimidade, o artista dá-nos um exemplo de uma possível relação entre humanos e o mundo vegetal, derrubando, nesse processo, a visão antropocêntrica que temos da natureza”. Nesta relação entram temáticas como a sexualidade e a intimidade, como se corpos humanos se pudessem fundir com as plantas, uma vez que estas “representam também o negligenciado e o queer num entendimento estandardizado do binário natureza-cultura, apontando, dessa maneira, a necessidade urgente de expandir as nossas noções de relações interespécies, comunidades e contra- públicos”. Em Lisboa, o público poderá ver desenhos, uma das primeiras paixões de Zheng Bo, numa colecção intitu-

lada “Drawing Life”. “Quando era criança interessava-me em desenhar pessoas. Depois, quando fui para os EUA, comecei a estudar arte de forma mais séria e comecei a pintar retratos”, contou ao HM. A exposição contém também uma série de vídeos, intitulada “Pteridophilia”, que retrata corpos de jovens nus numa floresta em Taiwan, onde se espelha essa relação mais íntima que o ser humano pode ter com as plantas. “Os homens criam e mantêm relações emocionais e físicas com as plantas: lambem-nas, envolvem-nas, acariciam-nas, mordem-nas, comem-nas e têm relações sexuais com elas, mostrando-nos um número infinito de possibilidades de intimidade vegetal-humana.” Aqui entra a questão da ética, da controvérsia. Em “Pteridophilia”, o artista revela que “estava interessado na ideia de intimidade”. “A maior

A exposição contém também uma série de vídeos, intitulada “Pteridophilia”, que retrata corpos de jovens nus numa floresta em Taiwan, onde se espelha essa relação mais íntima que o ser humano pode ter com as plantas

Pap

“SOFT AND WEAK COMPA

parte das pessoas não são muito próximas de plantas, então ter sexo com elas é uma das formas para levar as pessoas a estarem mais próximas das plantas. Claro que também levanta questões éticas e morais, porque quando falamos de sexo estas questões surgem sempre”, contou. Não que isso o preocupe, conforme revelou ao HM. “Não penso sobre isso, sou um artista, e o meu papel é olhar para o mundo e encontrar maneiras de experimentar e de me expressar. Não antecipo a controvérsia. Mas claro que o trabalho foi controverso há alguns anos, mas não perco tempo a pensar nisso. Não é um problema para mim.” O nome da exposição é uma frase do capítulo 76 do Dao De Jing, o


eventos 11

segunda-feira 6.7.2020

pel vegetal

ANIONS OF LIFE” EXPOSIÇÃO DE ZHENG BO EM PORTUGAL ABORDA RELAÇÕES ENTRE O HOMEM E AS PLANTAS

texto taoísta escrito no século IV ac em chinês clássico e que, dada a sua complexidade, está aberto a uma infinidade de interpretações. “Neste vasto horizonte de alternativas, Zheng Bo, com os seus vídeos, as suas taxonomias e a sua filosofia, apresenta-nos a possibi-

“Sou um artista, e o meu papel é olhar para o mundo e encontrar maneiras de experimentar e de me expressar. Não antecipo a controvérsia.”

lidade de repensar todo o sistema humano que visa a categorização do conhecimento sobre a natureza, convidando-nos a articular todos os elementos que temos ao nosso redor, encontrando todas as diferentes combinações e optimizando todas as potencialidades inerentes a plantas e humanos.”

A BELA HONG KONG

Zheng Bo saiu de Pequim para estudar arte nos EUA, e quando foi para Hong Kong começou por ter um trabalho antes de se tornar artista a tempo inteiro. A paixão pelo desenho sempre lá esteve, até que o convite para realizar um projecto em Xangai o fez perceber o dinamismo e a beleza das plantas. Desde aí, que

estas constituem o foco principal do seu trabalho. O artista olha para as questões ambientais contemporâneas e reflecte sobre elas. “Interessa-me a política no sentido de perceber como é a nossa relação com o planeta. Sou menos interessado na natureza da política, e penso que estamos a vivenciar uma crise ecológica, com alterações climáticas extremas e com uma pandemia, que é parte desta crise. A residir em Lantau, Zheng Bo lamenta que a sociedade de Hong Kong esteja, muitas vezes, divorciada do seu próprio meio-ambiente. “Há uma grande área de natureza preservada, Hong Kong é um bom exemplo em termos da preservação de plantas. Há mais de três mil es-

pécies, mas, pela minha experiência, muitas das pessoas não percebem que Hong Kong é um sítio muito bonito. A maior parte das pessoas pensam no território como sendo um centro financeiro e um sítio para fazer compras, e fico surpreendido quando vejo que muitas pessoas não sabem sequer onde nadar, uma vez que estamos junto ao mar. Há mais pessoas a fazer caminhadas e a ir à praia, mas em termos culturais podemos mudar e começar a ver Hong Kong como um sítio onde se podem observar plantas.” Parte da exposição em Lisboa resulta de passeios diários por Lantau, uma vez que Zheng Bo se dedica a olhar as plantas que rodeiam a sua casa e a dar-lhes um nome, além de

as desenhar. Numa altura em que está impedido de viajar, devido à pandemia da covid-19, esse tem sido o seu trabalho mais regular.

INFLUÊNCIA OCIDENTAL

Zheng Bo, que nunca esteve em Lisboa ou em Portugal, confessa que gostaria de visitar a sua própria exposição, uma vez que essa viagem iria constituir “uma boa oportunidade para conhecer os artistas locais, porque sei que há muitos artistas europeus a mudarem-se para Lisboa, de Berlim e outros locais”. O artista diz-se muito mais próximo da cultura ocidental, devido à sua experiência de vida. “Estudei nos EUA e, na verdade, estou mais familiarizado com o meio artístico ocidental do que com o chinês. Só agora é que gradualmente vou aprendendo mais sobre o panorama

cultural chinês porque tenho interesse nisso. Fiz uma residência artística em Paris durante três meses, em 2016, e este ano deveria ter estado 9 meses em Berlim. Penso que recebo mais convites da Europa do que de outras partes do mundo, pelo menos neste momento.” Expor em Lisboa é, para Zheng Bo “uma experiência muito diferente”. Questionado sobre Macau, Zheng Bo diz nunca ter feito nenhuma exposição no território. “Nunca recebi convites, e normalmente trabalho mais por convite”, disse apenas. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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6.7.2020 segunda-feira

TAIWAN EXPULSOS DOIS JORNALISTAS DA REPÚBLICA POPULAR DA CHINA

Cartões vermelhos

Os dois jornalistas expulsos de Taipé trabalham para a China Southeast TV que emite regularmente conteúdos pró-Pequim. Em causa, esteve uma reportagem que incitava Pequim a unificar Taiwan nosso trabalho aos serviços competentes. Foi o que fizemos ao longo dos últimos doze anos. Consideramos muito estranho porque nunca tivemos problemas no passado e agora surge esta situação”, disse a jornalista.

VOZES DA INDIGNAÇÃO

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Governo de Taipé expulsou sexta-feira dois jornalistas da República Popular da China na sequência de uma emissão da cadeia China Southeast TV que encorajava Pequim a unificar Taiwan. Os dois repórteres que trabalham para a China Southeast TV receberam uma ordem de expulsão emitida pelo Conselho dos Assuntos do Continente (MAC), principal organismo político de Taiwan dedicado aos assuntos relacionados com Pequim e

“Eles deviam ter respeitado os regulamentos e, por isso, as autoridades decidiram não prolongar mais as autorizações. Têm de sair hoje.” CONSELHO DOS ASSUNTOS DO CONTINENTE

que considera que houve incumprimento na legislação em vigor que se aplica aos jornalistas da República Popular da China. “Eles deviam ter respeitado os regulamentos e, por isso, as autoridades decidiram não prolongar mais as autorizações. Têm de sair hoje”, disse o porta-voz do

MAC, Chiu Chui-cheng. No aeroporto internacional de Taoyuan, a repórter Ai Kezhu, um dos jornalistas expulsos e autora da emissão criticada por Taipé disse que a decisão a deixou perplexa. “Nós prestamos contas das nossas actividades em Taiwan sobre o conteúdo do

A cadeia de televisão a que pertencem os dois jornalistas difunde regularmente conteúdos pró-Pequim, mas recentemente as emissões produzidas em Taiwan provocaram indignação dos ouvintes por ter sido dada voz a convidados particularmente críticos do governo de Taiwan que encorajaram Pequim a “reunificar a ilha”. Em Taiwan os jornalistas da República Popular da China têm autorização para trabalhar apesar de estarem regulados pelas autoridades locais. Taiwan (República da China), no Estreito da Formosa, é considerado “território rebelde” por Pequim desde o fim da Guerra Civil e da subida ao poder do regime comunista, em 1949. A expulsão dos dois jornalistas acontece numa altura em que ocorre uma vaga de expulsões de jornalistas entre os Estados Unidos e a República Popular da China.

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 323/AI/2020 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHENG JIANPING, portador do Salvo Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C50294xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 168/DI-AI/2018, levantado pela DST a 05.09.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 310/DI/2020, de 15.05.2020, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 16.° andar F, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito, não sendo admitida a apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

HK Canadá suspende tratado de extradição

O Canadá suspendeu sexta-feira o seu tratado de extradição com Hong Kong após a imposição pela China da nova lei de segurança no território. O primeiro-ministro Justin Trudeau disse que o Canadá é um firme apoiante do modelo “um país, dois sistemas” para Hong Kong e que vai continuar a apoiar a população do território. Trudeau também disse que o Canadá equaciona outras medidas, incluindo a imigração. Outros países estão a admitir conceder asilo. Cerca de 300.000 canadianos vivem em Hong Kong.

MERCADOS ESPAÇOS COM AVES VIVAS VÃO ENCERRAR GRADUALMENTE

A

China vai fechar gradualmente todos os mercados onde aves vivas são vendidas, visando reduzir os riscos para a saúde pública, informou ontem a imprensa oficial. Chen Xu, alto funcionário da Administração Estatal de Regulação do Mercado, afirmou que "serão impostas restrições ao comércio e ao abate de aves vivas", embora nenhum detalhe adicional tenha sido divulgado até à data. Chen também reiterou que Pequim vai reforçar a punição do comércio e consumo ilegais de animais selvagens. O vice-presidente para a Ásia da organização Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais (PETA), Jason Baker, saudou a notícia: "Reduzirá o sofrimento de milhões de animais todos os dias. A PETA espera que a medida seja ampliada para que sejam encerrados todos os

mercados de animais vivos em todo o país". As autoridades chinesas terão aumentado a atenção sobre o monitoramento da segurança alimentar e da saúde nos mercados de produtos frescos após o surto de covid-19, que foi detectado em Wuhan, no final de Dezembro passado, antes de se alastrar pelo mundo. A doença terá tido origem num mercado que vendia animais selvagens. No mês passado, uma segunda vaga do surto em Pequim teve origem em Xinfadi, o maior mercado abastecedor da capital chinesa de produtos frescos, como carne e legumes. A China possui cerca de 44.000 mercados produtores - nos quais, por exemplo, os agricultores vendem os seus produtos directamente ao público. Cerca de 70 por cento dos produtos agrícolas do país são distribuídos neste tipo de instalações.

MERCEDES-BENZ MAIS DE 660 MIL VEÍCULOS VÃO SER RECOLHIDOS EM DEZEMBRO

A

Mercedes-Benz vai começar a recolher no final deste ano na China mais de 660.000 veículos com risco de vazamento de óleo, fabricados entre 2013 e 2017, e vai substituir gratuitamente peças. A agência AP, citando um aviso publicado na semana passada no site da administração estatal da China para a regulamentação do mercado, e publicado pela agência oficial de notícias Xinhua, explica que o risco foi detectado na vedação entre a bomba de combustível de alta pressão e o tubo de combustível de baixa pressão, que pode enfraquecer com o tempo

e permitir que o óleo vaze quando o motor arranca em clima frio. A recolha dos 668.954 veículos vai começar em 18 de Dezembro e inclui vários modelos fabricados entre Fevereiro de 2013 e junho de 2017, incluindo classe C, classe E, classe V, classe GLK, classe CLS, classe SLC, classe SLC e GLC SUV e veículos VS20 VITO. A maioria dos veículos foi fabricada na China pela Beijing Benz Automotive, cerca de 12.500 foram construídos pela Fujian Benz Automotive e cerca de 36.000 foram importados.


desporto 13

segunda-feira 6.7.2020

Entrada garantida André Pires já tem o convite para GP Macau 2020

ID

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piloto português André Pires aceitou o convite da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau e vai participar no 54º Grande Prémio de Motos de Macau, que está agendado de 19 a 22 de Novembro, no programa do 67º Grande Prémio de Macau. “Já recebemos o convite e estamos ansiosos para ir…”, confirmou Pires ao HM na passada sexta-feira. O piloto de Vila Pouca de Aguiar encontra-se a disputar o Campeonato Nacional de Velocidade de Superbike, competição que arrancou logo após o desconfinamento em Portugal, com uma prova no Autódromo do Estoril e outra no Autódromo Internacional do Algarve. “Estou com a mesma mota e com a mesma equipa, por isso iremos os mesmos”, explicou o piloto da Beauty Machines Racing Team que tripula uma Yamaha R1 afinada pelos técnicos portugueses. “O campeonato aqui já começou e estamos a treinar e a ganhar ritmo para podermos ir bem preparados a Macau”. A lista de inscritos da prova será com certeza dada a conhecer mais tarde no ano, mas deverá contar com diversas caras conhecidas do evento. O incontornável britânico Michael Rutter, vencedor

André Pires piloto “O campeonato aqui já começou e estamos a treinar e a ganhar ritmo para podermos ir bem preparados a Macau.”

por nove vezes desta prova, e o espanhol Raul Torras, foram alguns dos pilotos que publicamente mostraram predisposição para viajarem até nós no final do ano. Pires estreou-se na prova da RAEM em 2013, no sexagésimo aniversário do evento, com um 13º lugar da geral, sendo desde aí uma presença assídua no Circuito da Guia e, nos últimos anos, o único representante do motociclismo

português na “Clássica do Oriente”. O ano passado, numa corrida atribulada que teve duas bandeiras vermelhas e apenas duas voltas competitivas, Pires foi obrigado a abandonar devido a uma queda na Curva Melco, sem consequências físicas para o piloto luso.

SATISFAÇÃO PELO ESFORÇO LOCAL

Devido à pandemia da COVID-19, as mais relevantes competições de

motociclismo de estrada têm sido praticamente todas canceladas este ano. Para além da Ilha de Man TT, também a North West 200, o Grande Prémio do Ulster, a Classic TT e o Manx GP, não irão acontecer em 2020. Para a grande parte dos pilotos profissionais da disciplina de “road racing”, o Grande Prémio de Motos de Macau irá figurar como a prova mais importante desta encurtada

temporada e para alguns, talvez seja mesmo a sua única corrida de um ano para esquecer. O programa oficial do 67º Grande Prémio de Macau ainda não foi dado a conhecer ao grande público, mas as entidades oficiais têm sido peremptórias em realçar o seu apoio ao maior cartaz desportivo de carácter anual da RAEM. O piloto português já tinha sublinhado aqui no HM a importância da deslocação ao Oriente pela maior parte dos pilotos da categoria este ano, mas não deixou de referir que no caso da sua equipa “estamos muito contentes por, mesmo com esta situação, as entidades responsáveis em Macau estarem a tentar realizar o Grande Prémio. Espero que seja mesmo possível, pois é sinal que as coisas estão a melhorar”. Devido à conjectura actual, Pires poderá ser mesmo o único piloto, de carros e motos, a deslocar-se de Portugal para a prova, o que a acontecer, será o número mais baixo de sempre desde 1985. A primeira representação portuguesa vinda da metrópole, no que respeita a provas de motociclismo do Grande Prémio, aconteceu apenas em 1986. Sérgio Fonseca

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 359/AI/2020

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 477/AI/2020

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor ZHAO RAN, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° C25772xxx e portador do Passaporte da RPC n.° E27449xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 137/DI-AI/2018 levantado pela DST a 16.07.2018, e por despacho da signatária de 26.06.2020, exarado no Relatório n.° 353/DI/2020, de 25.05.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Kunming n.° 92, Phoenix Garden, 4.° andar D onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Junho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora WANG YANKUN, portadora do passaporte da RPC n.° G55158xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 128/DI-AI/2018 levantado pela DST a 28.06.2018, e por despacho da signatária de 24.06.2020, exarado no Relatório n.° 488/DI/2020, de 22.06.2020, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua de Cantão n.° 72-R, Edf. I San Kok, 27.° andar D, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.--------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo DecretoLei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.------------------------------------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício ‘‘Centro Hotline’’, 18.° andar, Macau.-----------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 24 de Junho de 2020. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes


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6.7.2020 segunda-feira

Como de súbito na vida tudo cansa!

Os luohans que pediram a Guanxiu para serem pintados Paulo Maia e Carmo texto e ilustração

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IANLONG (1736-1799) com o seu apurado sentido poético que lhe permitia perceber que o tempo torna todo o comum em exótico e é portanto capaz de provocar súbitas surpresas, demonstrou um gosto particular pelas pinturas de um monge que viveu no século décimo, que já seriam distantes do habitual até para os seus contemporâneos. Um esfregaço representando um luohan, a tinta sobre papel (137,2 x 68,6 cm, no Metmuseum, N.I.) a partir de uma gravação numa estela feita possivelmente por Ding Guanpeng (activo em 1726-71) por ordem do imperador Qianlong, a partir de um desaparecido original desse monge budista, pintor, poeta e calígrafo, dá-nos uma ideia do previsível impacto. Conhecido pelo seu nome de monge, Guanxiu (852-912) viveu desde 901 em Chengdu (Sichuan) a capital dos Antigos Shu, de cujo fundador, Wang Ji (847-918) receberia o título honorífico de Grande Mestre do Luar do Chan (Chanyue Dashi). A figura do luohan, denominação chinesa do sânscrito arhat, um dos amigos do Buda histórico que ficaram para trás para ajudar as pessoas a esperar o Maitreya, é um significativo exemplo da razão da sua fama posterior. Ele mesmo escreveu que este não foi um tema que escolhesse mas pelo contrário foram eles que, em sonhos, lhe apareceram e pediram para ser pintados. O grupo de ascetas já era representado provavelmente desde o século quarto porém ninguém os mostrou como ele. A

começar pelo número de elementos do grupo; eram de início dez e ele fez dezasseis e depois dezoito, os dois últimos denominados «Acalmar o tigre» e «Acalmar o dragão» seriam entendidos como um subtil ataque ao Daoísmo na sequência da perseguição ao Budismo lançada por Tang Wuzong. Esta sua participação numa controvérsia, o inesperado aspecto das suas figuras, motivaria uma rejeição. Deng Chun escreveu depreciativamente sobre ele no Hua Ji (1167) e na sequência da nova classe de pintores apresentada por Zhu Jingzhen, a dos que «descrevem a ideia espontaneamente», qualidade que ultrapassa a categoria crítica – yi pin: «Guanxiu como Yunzi e outros, não tinham receio de exageros. As suas intenções até podiam até ser muitas vezes nobres mas acabaram na vulgaridade.» A verdade é que a visão daquelas figuras grotescas semelhantes a vagabundos e pedintes que abandonaram todos os desejos humanos, cujos narizes exagerados se assemelhavam aos dos estrangeiros, não provocava indiferença. Alguns disseram que aquelas eram as feições dos adeptos do Buda que sobreviveram à grande perseguição mas o que é inegável é que de dois estímulos imediatos que permitem à natureza sensível chegar à Verdade – a beleza e o drama, Guanxiu mostrou o segundo mas isso, como ele explicou, não foi uma escolha mas uma resposta à sua disponibilidade para acolher o próximo como estranho, que é uma das possíveis manifestações da poesia.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

segunda-feira 6.7.2020

Cartografias Anabela Canas

Parte do corpo

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OMO uma parábola. O braço e a omoplata. Depois da arquitectura do betão e do aço e muito depois do ferro e do vidro. A omoplata e o braço. Uma arquitectura do corpo. O local do corpo e o sentimento de lugar. Passo uma carícia pela pele grossa e macia do lugar de costas voltadas. O lugar da omoplata. Naquele ponto, sei que podem nascer asas para voo. Às vezes, mesmo o que é arrepiante se move para uma emoção estética. Quando Stelarc implantou uma orelha de cultura biológica no braço, fiquei sem fala. A sua profunda noção da obsolescência do corpo. O fascínio pela robótica. A ambição sensorial de terminais ligados em rede a possibilitar a interacção de terceiros. Esta solidão excessiva do humano no humano e face ao puramente humano. E estamos a chegar lá, com este enorme abanão à ilusória proximidade do outro. Qualquer coisa de profundamente metafórico na imposição a essa extensão das mãos, os órgãos do tacto, do sentido figurado do ouvido. Ouvimos o que é próximo e se nos aproxima em ondas de sensação. Aproximamos as costas da mão - o braço agora que não se pode tocar - de um rosto para ouvir melhor. Mesmo talvez, o que não é dito. Mas foi na primeira década deste milénio. Quando de cartilagens da costela, da jovem soldado S. B., como em gesto bíblico, se constrói um órgão que vai crescer debaixo da pele do antebraço, enervar-se e ter circulação, provocar sensações, e subir ao seu lugar antes do rosto, pode-se pensar que tudo é possível e que a arte é o imaginário que conduz a ciência à realização de sonhos. Ou, pelo contrário, a ciência a ajudar a arte a exprimir utopias. As pessoas são apaixonadas - ou estão - ou passionais, ou emocionais ou frias ou distraídas ou sentem-se indiferentes. Fazem as coisas que fazem, sob o signo de um estado. Mais cerebral ou mais emotivo. Ou de uma alquimia irrepetível, porque instantânea, entre os dois lados. E isso, que diz da pessoa? Que é, ou que fez? As coisas fazem-se

de uma maneira, Nem sempre a mesma e cada coisa nem sempre igual. Coisas são lugares pontuais. Somos colhidos na arena, pelo momento e sem pensar. Somos o braço, somos a capa, ou somos o touro. Mas que dizer daquilo que tanto tempo nos toma - esses enormes intervalos do fazer e que são o ser em todo o desamparo e estado puro - e em que

Os monstros não são bons ou maus. Somente assustadores. Quando lhe abraçar o ouvido ao lugar a que me encosto, espero não ouvir a asa partida

estacionamos num modo que, esse sim, pode tornar-se, por prolongado esforço, dorido, insuportável? A sós connosco e sem as coisas que fazer ou a ter que encetar, ou terminar, ou viver, ou passar nelas, ou passar por elas. Nesses intervalos que são como silêncios entre notas musicais, esses, os mais difíceis de levar. Essa pode ser a escolha mais relevante. A de como estar nos tempos prolongados que nos acolhem sem a euforia e o esquecimento do fazer. E com as mesmas dúvidas. Podemos escolher o sentir, nesse território envolvente, estrutural. Penso: ou vejo magenta ou vejo o touro. Ver o interior da capa, ou o crepúsculo sereno. Que lhe serve de fundo. Sento-me com vista para o infinito. E vejo-o chegar. Todos podemos ser salvos. Por quem faz crescer uma asa naquele ponto exacto da omoplata que parece ter sido criado para isso. Ou duas. E o simples adejar que refresca,

parte do corpo e torna-se voo. Como numa animação 3D. Porque são dois e iguais os ossos largos que unem os braços. E planos, como um território propício a levantar voo. Semelhantes no corpo mapa a aeródromos de brincar. E depois, ouvindo melhor, percebe-se de quem era a omoplata, ali, numa pulsação recente. Uma pequena dor de crescimento. Cada um salva através do outro. Essa magia íntegra do olhar. Oiço o trote volumoso do monstro, lá do fundo do corredor e do tempo. Os monstros não são bons ou maus. Somente assustadores. Quando lhe abraçar o ouvido ao lugar a que me encosto, espero não ouvir a asa partida. Dúvida legítima: quem se anuncia é a trote sonoro, como coisa, ou denso silêncio, como lugar? Depois fico quieta, entretanto. A pensar com que parte do corpo devo ouvir. E de que lado.


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6.7.2020 segunda-feira

José Simões Morais

Macau Mónaco do Oriente

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PÓS a morte do Imperador Kangxi em 1722, com o novo imperador manchu Yongzheng (1723-1735) começaram os problemas para os portugueses de Macau. Os mandarins impediam o aumento da população e limitavam a vinte e cinco o número de navios portugueses da praça de Macau. Ainda intimaram o Senado, em 1724 e reiteraram em 1750, a não consentir estrangeiro algum a vir aqui residir. Os mesmos assuntos regressavam no século seguinte, reinava o Imperador Daoguang (1821-1850), quando já em declínio a dinastia Qing assistia impotente à chegada de carregamentos de proibidíssimo ópio, que os ingleses clandestinamente colocavam na China. Macau escapava às proibições e a sua economia dependia grandemente do comércio do ópio e do monopólio do jogo, onde os estrangeiros e “os chineses ricos de Hainão, Kuantong e Fuquim iam perder o seu dinheiro, num trinta e quarenta, proibido entre eles; daí considerar-se Macau, já em 1825, como o Mónaco do Celeste Império, refere o Conde de Beauvoir”, segundo Ana Maria Amaro. A 28 de Abril de 1829, “o mandarim Li dizia ter ido a Macau e vira os Estrangeiros fazerem carreiras de cavalos na praia da Porta do Cerco (...); pelo Língua (tradutor) tinha advertido ao Procurador para a mandar proibir. Porém lhe consta que os Estrangeiros tornaram a fazer carreiras, (...) manda ele Mandarim publicar este Edital para que os Estrangeiros saibam e daqui por diante obedeçam aos Estatutos do Império. (...) Desde a publicação deste Edital deverão obedecer, e se se opuserem serão rigorosamente agarrados e gravemente castigados, e não se admitirão desculpas de não ter havido participações, não haja pois oposição alguma.” No entanto, as corridas continuaram com grande número de participantes e espectadores e nelas se faziam elevadas apostas.

VENERAR A ANTIGUIDADE

Em resposta à Chapa enviada a 15 de Maio de 1829 por o mandarim da povoação da Casa Branca a lembrar ao Procurador de Macau a proibição de aí se construírem casas, o Procurador Pedro Figueiredo refere: “Em obediência às ordens do Kuang chau-fu, e este dos mandarins Pu-cham-si e Gan-cha-si, e do próprio Vice-rei da província, em virtude de uma ordem imperial, comunicada pelo superintendente dos seis tribunais superiores e motivada por uma representação do censor político do império, - pretende haver dele Procurador várias informações sobre Macau, lugar do distrito de Hian-chan; ao

que ele Procurador satisfaz na presente chapa. Primeiramente, quanto aos vinte e cinco navios, não falta nenhum, e os seus nomes constam da tábua que há mais de século regula; mas o Procurador não pode deixar de notar uma coisa, até em benefício dos direitos de ancoragem para o imperador, e é que, antes da dita estipulação, era maior o número dos nossos navios, atento o maior número de negociantes que aqui havia, e o maior comércio que então tinham os portugueses para o Japão, etc.; e depois da estipulação dos vinte e cinco navios pelo imperador Kang-hi, havendo diminuído progressivamente o comércio, perdida a viagem do Japão, etc., diminuiu-se também o porte dos vinte e cinco navios, sendo todos agora embarcações de pequenos portes, e diminuindo assim as medições. Pelo que, se o grande Imperador quiser olhar por Macau e pelo aumento de suas imperiais rendas, poderia, e ele Procurador pede, aumentar mais dez números para navios pequenos de dois mastros, com os quais números não será o comércio maior do que o que faziam os primeiros

portugueses com vinte e cinco, e aumentarão os imperiais direitos de medição; (...) Quanto às fazendas, passam pela alfândega, como sempre e dá-se parte pelos procuradores ao ho-pú e aos mandarins do distrito logo que chegam os navios, acompanhando a participação com o competente manifesto de carga, antes desta se vender. (...) Quanto à corporação do Leal Senado, sempre, desde a mais remota antiguidade de Macau, se compõe do mesmo número de vogais, escolhido entre os mais ilustres e conspícuos da terra, assim pela sua probidade, como por seus talentos, e experiências do país; e todos eles servem este ofício sem receberem salário algum. (...) Os capitães dos navios portugueses têm os seus nomes nos cartórios dos mandarins, quando se lhes dão os manifestos das cargas; (...) e a alfândega portuguesa não tira direitos de exportação, de onde lhe vem por isso mui pouco rendimento, o qual todo se aplica para a conservação da cidade, e polícia dela, e para a guardar dos piratas e de qualquer inimigo que possa de repente sobrevir por mar. (...)

Macau escapava às proibições e a sua economia dependia grandemente do comércio do ópio e do monopólio do jogo, onde os estrangeiros e “os chineses ricos de Hainão, Kuantong e Fuquim iam perder o seu dinheiro, num trinta e quarenta, proibido entre eles

Porém que diferença do miserável comércio presente comparado com o antigo! A prata já quase se não vê; os navios reduzidos a menos cargas e às de menos lucro; a cidade com menos população portuguesa, e as casas em menor número. Tendo permitido os imperadores habitarem nela os portugueses desde a Porta do Cerco até à Barra, os portugueses somente habitaram uma pequena parte de tão curto limite, tendo livres as praias para desembarcarem e para concertarem os seus navios, e alguns baldios para as suas hortas; mas, de há vinte anos para cá, a população chinesa, que só era de oitocentas [em 1810 seriam 8 mil, número estável com mais de meio século] almas, cresceu a quarenta mil, e a dos portugueses baixou a menos de três mil; (...) e estes, reduzidos à Praia Grande e às casas do centro da cidade, reedificando-as quando estão velhas, não tomam terrenos, nem sequer para suas igrejas, que não passam do número existente desde remota antiguidade. Tal é a diminuição da população portuguesa, e tal o aumento da chinesa; contudo os portugueses, sempre fiéis ao prometido, apesar de ocuparem agora menos terreno que dantes, pagam sempre o mesmo foro da terra, sem diminuição alguma. (...) Espera portanto o Procurador que, (...) os chineses restituam as boticas e casas que eram dos portugueses e [o Imperador] conceda a estes terem suas hortas no campo, e mais liberdade que dantes, pois são bastantes três séculos para prova da probidade, honra e bom carácter da nação portuguesa no império da China. (...) É quanto se oferece ao Procurador dizer ao Sr. Mandarim da Casa Branca, para ser presente ao Vice-rei da província e ao mesmo Imperador, de quem espera o Procurador ser atendido. Macau, 23/5/1829, Pedro Feliciano de Oliveira Figueiredo.” Doze dias depois, a resposta do mandarim faz saber ter do ofício extraído cópias e levado ao conhecimento dos seus superiores. Havia porém uma inadvertência, <no que pede com respeito ao número dos navios e ao aumento de casas, pois as leis do império veneram a antiguidade e jamais hão-de permitir inovações. – Não deveis desconhecer os benefícios recebidos. 25 da 4.ª lua do ano 9.º de Tau-kuang (27/5/1829)>. O mandarim de Hian-chan na resposta ao Procurador sobre as obras na ilha Verde em 1831 salientava: <Há muito tempo que a actual dinastia concedeu aos portugueses terem casas em Macau dentro dos muros do limite da porta de S. Paulo (ou de Santo António), pertencendo o terreno fora dos muros ao palácio imperial>.


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THE LAST FULL MEASURE [C] Um filme de: Tod Robinson Com: Sebastian Stan, William Hurt, Christopher Plummer 14.30, 16.45, 19.00, 21.30 SALA 2

# LAMHERE [B]

FUKUSHIMA 50 [B]

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O Papa Francisco, ontem após a oração Angelus, apelou ao "rápido e efectivo" cumprimento do pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) para um cessar fogo global, que

FALADO EM FRANCÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Eric Lartigau Com: Alain Chabat,, Doona Bae, Blanche Gardin 14.30, 19.30

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 31

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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADA EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Setsuro Wakamatsu Com: Koichi Sato, Ken Watanabe 16.45, 19.00 SALA 3

BEYOND THE DREAM [C] Um filme de: Chow Kwun-wai Com: Terence Lau, Cecilia Choi 14.30, 17.00, 19.15

INHERITANCE [C] Um filme de: Vaughn Stein Com: Lily Collins, Simon Pegg, Connie Nielsen 21.30

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facilite a luta contra a pandemia da doença covid-19. Pedindo que "se implemente de maneira efectiva e rápida para o bem das pessoas que sofrem", o Papa louvou um

UMA SÉRIE HOJE Payton Hobert, um estudante de Santa Bárbara, sabe desde os sete anos que vai ser presidente dos Estados Unidos, e tem seguido a sua ambição com base nas biografias que estudou de diferentes líderes do país. A série é uma sátira sobre as campanhas políticas, que na primeira temporada acompanha uma candidatura à associação de estudantes e na segunda evolui para as eleições ao Senado. Pelo caminho, são abordados temas como a autenticidade dos candidatos, a influência de histórias de foro pessoal e os dilemas éticos enfrentados na política. Salomé Fernandes

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"cessar-fogo imediato e global, que permita a paz e a segurança indispensáveis para fornecer a urgente assistência humanitária necessária.

THE POLITICIAN

1 2 7 6 4 3 6 5 DREAM 3 4 BEYOND 2 THE 7 7 5 4 3 Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes 6 7 5 1 Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José 2 Paulo 6 Maia1e Carmo;4Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Miranda; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; 5 Lusa;1GCS;Xinhua 3 Secretária 2 deredacçãoePublicidadeMadalenadaSilva(publicidade@hojemacau.com.mo)AssistentedemarketingVincentVongImpressãoTipografiaWelfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 opinião

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A Covid-19 e as “We believed, in our ignorance and arrogance, that we can be invincible, that we are superior to any other living being on the face of the earth. Is it nature? I broke it down and raped her, in the name of the god of money, convinced that Mother Earth did not suffer the blow, to exploit it forever. I took, stole, with outstretched hands, torn, cut, shattered, breaking down everything that appeared in our path. We have sickened the Earth and now its screams of pain are resounding in the global reach of a pandemic that, for us, people have the taste of catastrophe.” Corina Abdulahm Negura

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S duas frases mais comuns nos comentários diários dos meios de comunicação social e nas publicações da rede de comentadores selvagens, mais ou menos em série são de que “Tudo ficará bem”, e imediatamente a seguir de que “Nada será igual como antes”. Para o senso comum médio, as duas situações não convivem juntas. Quando um empresário vê o seu negócio em risco de falência, quando um trabalhador estável ou precário vê as actividades que lhe mantém a vida encerradas, quando um rapaz fechado em casa não pode jogar futebol ou comer um aperitivo com os amigos, espera com cada vez menos convicção que tudo corra bem, pensa na vida de antes e lamenta pelo mundo como era. As mesmas injustiças, stress e tudo o que envenenou a sua vida parecem-lhe pouco em comparação com a possibilidade de recuperar a liberdade de se mover, falar cara a cara e de viver dentro das terríveis incertezas e do xadrez quotidiano do passado. O “nada será como antes” surge-lhe como uma ameaça, uma profecia de infortúnio. Devemos comprometer-nos, com as armas da razão e da imaginação, porque a razão por si só tem sido a causa da maioria das nossas catástrofes, a manter as duas situações unidas. Tentar explicar que para tudo correr bem é necessária uma mudança profunda na nossa maneira de pensar e de imaginar o mundo e a nossa vida futura. É por isso que precisamos de desmantelar a forma como os meios de comunicação social e os governos nos falam do mundo actual e do que está para vir. Os principais meios de comunicação social, quer no papel ou na Internet, em noticiários e programas de televisão, as notícias sobre a crescente pandemia e a necessidade de sacrifícios para tentar travá-la são intercalados com carrinhos de publicidade para os bens de consumo mais frívolos e inúteis. Os últimos modelos de automóveis, híbridos ou não, relógios de marca, perfumes e moda masculina e feminina são preparados para o

dia seguinte, pois seria bom, para não ficar demasiado deprimido, continuar a estar na moda em casa. A publicidade de novos milagres à prova de vírus encontrados para a higienização dos ambientes acompanha a dos supermercados cintilantes prontos a reabrir as suas portas e a colocar à nossa disposição, sem limites de tempo e de atendimento, tudo de bom. A liberdade redescoberta é celebrada. A necessária moral do presente é algo a superar rapidamente, em nome da liberdade de fazer, e sobretudo de comprar, o que quisermos. A mensagem em síntese extrema é esta. “Não se preocupe, a responsabilidade para consigo e para com os outros está no fim em si”. Uma mensagem terrível, porque deita fora o mais importante que estamos a viver no quotidiano que é o de apenas tentar conter a pandemia. O papel do Estado, considerado cada vez mais importante e necessário, vai de par com a assunção de responsabilidades pelos cidadãos, sob uma forma individual e com um sentido de comunidade redescoberto. Duas coisas que estão a anos-luz do que foram os dois modelos fundamentais do neoliberalismo deste milénio. “O Estado não resolve os problemas. O problema é o Estado”, e “a sociedade não existe, só existem indivíduos”. Os dois modelos que levaram a uma redução drástica da sociedade na vida económica e social e ao individualismo exasperado do consumismo dominante. As pessoas pedem ao Estado que funcione cada vez mais e melhor, e lamentam ter permitido que a saúde pública e a investigação fossem reduzidas, e tenham possibilitado que uma grande parte, quase toda, das suas vidas fosse confiada ao mercado e acham impossível salvarem-se. Ser responsável perante os outros, ajudá-los a salvarem-se, é a condição para se salvar a si próprio. A ideia de que precisamos de uma resposta unificada aos problemas que nos afligem e aos que nos angustiarão no futuro está a ganhar terreno. Que as soluções e especialização, são de pernas curtas e, sobretudo, entram em jogo após a ocorrência de uma catástrofe, e que, para enfrentarmos as pandemias presentes e futuras, precisaremos de uma reflexão global que reúna a nossa relação com a natureza, ideia de economia e progresso, formas de trabalho e de vida. À escala territorial, nacional, europeia e mundial a Covid-19 não é um “cisne negro”. Não é um acontecimento imprevisível e anómalo que tenha posto em causa a nossa normalidade. O perigo de uma possível, ou mesmo provável, epidemia foi amplamente descrito no início dos anos 2000. A OMS propôs mesmo simulações precisas do que poderia causar. O Fórum Económico Mundial, em 2018, tentou alertar para uma possível pandemia para a qual não estávamos preparados. O escritor e divulgador científico americano David Quammen, no seu livro profético “Spillover: Animal Infections and the Next Human Pandemic”, publicado em 2013 descreveu um mundo infestado por um vírus passado do morcego para o homem

num mercado chinês húmido, cuja rápida propagação seria facilitada pela destruição e alteração dos ecossistemas causada por um crescimento sem limites, independentemente dos equilíbrios naturais. Sair da Covid-19, se não o interpretarmos como um cisne negro ocasional, reunirá o que foi separado e porá em ordem as hierarquias entre os problemas. “Antes de mais, a saúde”, palavras que se repetem como um paradigma, deve ser o ponto fixo não só para recomeçar, mas também para não cair rapidamente nas mesmas catástrofes de que estamos ansiosos por sair. E a seguir o ambiente, a batalha para controlar o aquecimento global. Depois, a educação, investigação, cultura, trabalho e economia. Estamos a afastar-nos do esquema simplista que a maioria dos economistas e funcionários governamentais têm em comum, que medem as crises e reiniciam com base no PIB e, pior ainda, no desempenho dos mercados bolsistas. Quanto à saúde descobrimos duas coisas. Ter em alguns países europeus dos melhores sistemas de saúde do mundo, e tê-lo empobrecido ao longo dos anos com lógica e acções que desafiaram os seus princípios fundamentais, publicidade, universalidade e gratuidade. Os Estados Unidos na liderança, que têm um sistema privado de cuidados de saúde baseado no sistema de seguros, que escalona as prestações com base no que o seguro de cada um prevê. E deixa aqueles que não têm seguro sem respostas, ou com respostas completamente insuficientes. Descobrimos também que as despesas de saúde de um país como um todo, quanto o Estado gasta e quanto os cidadãos gastam em tratamento, são inferiores onde prevalece o público. Mas, quando as políticas de austeridade impõem uma redução da dívida pública, é nos cuidados de saúde e com os cuidados de saúde e a educação que se concentram as reduções das despesas. Assim, deparámo-nos com a pandemia e depois de termos reduzido fortemente as despesas com o pessoal de saúde, interrompido o volume de negócios, reduzido camas, encerrado unidades hospitalares e fundidas compulsivamente as autoridades locais de saúde, que foram diminuídas drasticamente. E tudo isto numa altura em que a Europa estava a envelhecer, e a procura de cuidados e tratamentos estava a aumentar. É nesta situação, de procura crescente e de retracção da oferta pública, que o congelamento das contratações no sistema público gera precariedade e externalização das funções sociais e de saúde para empresas e cooperativas, o que aumenta os custos dos mesmos serviços. A ideologia que tem acompanhado este processo de reestruturação é a da corporatização, da superioridade do mercado sobre o público, que transformou o cidadão com direitos num cliente. Felizmente, ainda não estamos no sector da saúde americano, onde a posse ou não de uma apólice de seguro é o requisito fundamental para o acesso a cuidados de

qualidade, mas a contracção dos cuidados de saúde públicos, os seus atrasos na garantia dos serviços essenciais, levou-nos a fazer uma distinção cada vez mais clara entre aqueles que podem ter acesso ao mercado privado dos serviços e aqueles que não o podem pagar, até aos muitos que desistem do seu tratamento porque nem sequer podem pagar os recibos que o próprio sistema público exige para os serviços especializados. Tal é coerente com o darwinismo social que dominou a cultura económica em tempos de neo-liberalismo triunfante, em que ser pobre é uma culpa que os ricos estão isentos de assumir. Em tempos de pandemia, a cidade rica de Nova Iorque descobre que o vírus aumenta rapidamente dos pobres de Queens e Brooklyn, entre os quais explodiu vertiginosamente, para os ricos de Manhattan, e que a saúde dos pobres é decisiva para a saúde de toda a população. É necessário, a partir de agora, planear a defesa da nossa saúde e das nossas vidas à luz desta terrível experiência e em antecipação de um futuro em que os riscos e as incertezas aumentarão. Haverá então necessidade de uma política de saúde que reforce certamente os hospitais, dotando-os das pessoas e ferramentas necessárias para fazer face aos acontecimentos mais extre-


opinião 19

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perspectivas

JORGE RODRIGUES SIMÃO

alterações climáticas mas de saúde em todo o mundo, porque as pandemias não conhecem fronteiras, e de contribuir para a reafirmação das autoridades internacionais desde a OMS, enfraquecida pelas reduções de fundos e pelo descrédito dos países, em primeiro lugar dos Estados Unidos. E sobretudo para rever os processos de corporatização e recuperar a dimensão territorial e participativa que o sistema nacional de saúde tinha no seu nascimento. E perguntarmo-nos se a transformação das unidades locais de saúde em agências de saúde fez sentido. Porque esta pandemia não vai acabar em breve e pode voltar, e se continuarmos a destruir a biodiversidade do nosso planeta, para alterar a forma como a natureza se regenera, outras catástrofes, talvez mais graves, virão.

É preciso terminar de cimentar tanta terra e produzir energia com o sol e o vento, preservando os grandes pulmões das florestas, plantando árvores e respeitando outros seres, animais e árvores, que vivem connosco no planeta e aprender a circular no mundo sem poluir a água, ar e a terra

mos, trazendo de volta e para dentro deles tudo aquilo que subitamente externalizámos, desde serviços especializados até aos que descobrimos serem decisivos, como os de limpeza, desinfecção e assistência, mas teremos também de repensar os cuidados na região e os cuidados no país, a fim de contrariar os factores de nocividade e risco no trabalho e na vida das pessoas. Há muitos epidemiologistas que compreenderam a relação entre a elevada percentagem de mortes nas regiões setentrionais de Itália e o facto de o Vale do Pó ser uma das regiões mais poluídas da Europa, com a mais elevada taxa de doenças respiratórias entre a população, mesmo antes do aparecimento da Covid-19. Mas a dimensão territorial da saúde tem sido a vítima mais óbvia dos processos de corporatização, com consequências dramáticas na gestão da actual epidemia. Os médicos generalistas, numa situação dramática como a da Lombardia, foram deixados à sua sorte. O seu bom senso tem sido a única arma de qualquer eficácia no combate ao mal na sua origem, em casas e bairros. O desaparecimento da dimensão territorial, a afirmação de uma ideia puramente reparadora na medicina hospitalar e especializada, que é também praticamente a única em instalações privadas, levou à falta

de uma cultura de prevenção e à difusão de uma cultura de saúde. E, ao mesmo tempo, a ideia de participação popular para combater os factores de risco no local de trabalho e na vida. O Papa Francisco disse muito claramente sobre a corporatização e as suas consequências na reunião de Maio de 2020 com a “Associação Católica de Trabalhadores da Saúde” - “A corporatização colocou em primeiro plano a redução de custos e a racionalização de serviços, mudou fundamentalmente a abordagem à doença e ao próprio doente, com uma preferência pela eficiência que não raro pôs em segundo plano a atenção à pessoa... E” continua Francisco “onde um doente se torna um número que também corre o risco de ser “queimado” por turnos demasiado duros, pelo stress das urgências e pelo impacto emocional”. O “heroísmo” a que o pessoal de saúde foi obrigado tem a sua origem nas más escolhas de um passado recente. E para deixarmos de precisar de heróis, para estarmos preparados para governar as incertezas do futuro, precisaríamos de um sistema público nacional maior e mais alargado, não fragmentado e diferenciado em termos de desempenho a nível regional que fosse capaz de colaborar com os siste-

A Covid-19 é o último sinal que nos foi dado para tentar revertê-lo. Quanto ao ambiente tendo privilegiado acima de tudo uma ideia de progresso como crescimento infinito, custando o que sabemos em comparação com as mesmas condições que tornam possível a vida no planeta, apresenta-nos um relato dramático de vidas humanas. Dezenas de estudos realizados por biólogos e epidemiologistas explicam como a criação intensiva e os mercados de vida selvagem são o terreno fértil para todas as epidemias com que tivemos de lidar no passado como a gripe SARS, gripe aviaria, gripe suína, doença das vacas loucas. Existe uma convicção crescente de que o respeito pela natureza na forma como cultivamos e reproduzimos é uma condição para manter as epidemias à distância, e que o bem-estar dos animais tão terrivelmente violado na agricultura intensiva e nos matadouros de animais mais ou menos selvagens é uma condição para o bem-estar humano. A taxa de poluição e consolidação de muitas regiões do mundo, a poluição da água, ar e terra, é um dos factores fundamentais que transformam a infecção pela Covid-19 em uma pneumonia mortal. E talvez seja necessário considerar as catástrofes naturais como inundações, secas, maremotos, epidemias de uma forma unificada, se quisermos tentar evitá-las e não apenas dar-lhes resposta

caso a caso, catástrofe por catástrofe, tendo sempre em conta que a prevenção custaria menos do que a reparação, cada vez com custos crescentes e com uma eficácia cada vez menor. Mas a prevenção póstuma, como é bem sabido, não existe. As alterações climáticas são a consequência dramática e, ao mesmo tempo, a razão unificadora das catástrofes que se aproximam sobre a espécie humana. Combatê-la é a forma prioritária de prevenção e cura. A Covid-19 e o consequente abrandamento do crescimento económico, o consumo de carvão e petróleo, a circulação de automóveis, navios e aviões reduziram a poluição e o buraco de ozono nos últimos meses. Deveríamos demonstrar que ao sair da Covid-19 somos capazes de planear um desenvolvimento que preserve as actuais taxas de limpeza, ou seja, que somos capazes de fazer por amor aquilo que a Covid-19 nos obrigou a fazer. Encontrar uma forma de deslocar, produzir e consumir sem alterar irreversivelmente o equilíbrio natural, para travar não só as possíveis epidemias, mas também os desertos que estão a avançar e vão empurrar ainda mais, milhões de pessoas a fugir de África para zonas mais temperadas, em busca de vida para si e para os seus filhos, bem como o possível desaparecimento sob as águas crescentes de dezenas de países no litoral. Os cientistas são quase unânimes em prever cenários deste tipo se não formos capazes de inverter o rumo nos próximos dez anos. Clamamos aos cientistas que encontrem uma cura e uma vacina para a Covid-19, mas deveriam ser ouvidos quando nos falam das consequências desastrosas do aquecimento global. A forma como nos comportaremos quando a Covid-19 aliviar de intensidade será decisiva para o futuro da espécie humana. Há aqueles que se estão a preparar para uma utilização ainda maior dos combustíveis fósseis, aproveitando a queda do seu preço, e os que, em nome da emergência, recomendam a inclusão entre parênteses de projectos de conversão ecológica da economia. Há os que pensam em como aproveitar o derretimento dos pólos para conceber novas rotas comerciais, mais rápidas e mais baratas, e antecipam a possibilidade de explorar os depósitos minerais sob as calotes polares, e os que, mais modestamente, pensam em pôr em marcha processos de cimentação ainda mais rápidos do território através das mega estruturas e de uma retoma da construção removida de quaisquer constrangimentos paisagísticos. Seria, diz-nos a ciência, o princípio do fim do mundo. A recuperação será verdadeiramente assim se conseguirmos dar e respeitar algumas regras simples e claras. É preciso terminar de cimentar tanta terra e produzir energia com o sol e o vento, preservando os grandes pulmões das florestas, plantando árvores e respeitando outros seres, animais e árvores, que vivem connosco no planeta e aprender a circular no mundo sem poluir a água, ar e a terra.


Quanto mais instruído o povo, tanto mais difícil de o governar. PALAVRA DO DIA

Tau-te-King

MAR DA CHINA FILIPINAS AMEAÇAM PEQUIM SE MANOBRAS INVADIREM AS SUAS ÁGUAS

COREIA DO NORTE “DESNECESSÁRIA” RETOMA DO DIÁLOGO COM OS ESTADOS UNIDOS

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PUB

vice-ministra do ministério dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte considerou sábado “desnecessário” retomar o diálogo com os Estados Unidos e criticou a Casa Branca por usar “truques” para “se aproximar” do regime de Pyongyang. “É desnecessário sentar e conversar com os Estados Unidos, que vêem o diálogo bilateral como uma ferramenta para gerir a sua crise política», disse a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son-hui. Citada pela agência oficial do regime de Pyongyang, KCNA, Choe defendeu que “não há necessidade de falar muito” entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte e sustentou que a política deste último país “não será ajustada ou alterada por variáveis como a agenda política interna de alguém”. A responsável norte-coreana refere-se a intermediários que não identifica que procuram aproximar Washington e Pyongyang, embora sejam “partes directamente interessadas”, aludindo à possibilidade de ocorrer uma nomeação antes das eleições presidenciais dos EUA, em Novembro próximo. Essa menção pode apontar, segundo a agência EFE, para declarações recentes do presidente sul-coreano Moon Jae-in, que garantiu que trabalhará no sentido de Trump e Kim poderem reunir-se antes das eleições de Novembro. Choe acusou ainda os Estados Unidos de usar “truques” para se aproximar da Coreia do Norte e considera um “erro” pensar que Washington pode mover Pyongyang “conforme a sua conveniência”.

segunda-feira 6.7.2020

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A Agência Meteorológica do Japão divulgou o nível mais alto de alerta na escala de emergência para as duas regiões mais afectadas

Fim-de-semana trágico Mortes no Japão devido ao mau tempo sobem para 34

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número de mortes este fim-de-semana no sudoeste do Japão devido às fortes chuvas subiu para 34, com registo de rios a transbordar e 30 distritos isolados. Segundo a agência EFE, fontes oficiais, citadas pela imprensa local, informam que as autoridades registaram oficialmente a morte de 18 pessoas entre sábado e domingo, e que outras 13 continuam desaparecidas. Outras 14 pessoas de um lar de idosos foram encontradas sábado em ‘paragem cardio-respiratória’, um termo usado pelas autoridades japonesas até que a morte seja oficialmente confirmada. Cinquenta utentes desse lar tiveram de ser resgatados por

equipas de emergência deslocadas para o local, na cidade de Kumo, quando as instalações foram inundadas pelo transbordo do rio na região. A chuva que caiu desde o início da manhã de sábado atingiu 100 milímetros por hora, um recorde em Kumamoto. Dois rios naquela área transbordaram em onze cidades da região e 30 distritos acabaram isolados por inundações. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, criou um grupo de trabalho e prometeu fazer o máximo para resgatar os desaparecidos, anunciando que cerca de dez mil soldados foram mobilizados para as operações de resgate. As autoridades japonesas já tinham ordenado a retirada de cerca de 75 mil pessoas no su-

doeste do país, devido às fortes chuvas.

ALERTA MÁXIMO

A Agência Meteorológica do Japão divulgou o nível mais alto de alerta na escala de emergência para as duas regiões mais afectadas e pediu aos habitantes dessas áreas que deixassem as casas e fossem para lugares designados para se protegerem. As imagens de televisão da emissora pública nipónica, a NHK, mostraram grandes áreas da cidade de Hitoyoshi, em Kumamoto, inundadas por águas barrentas que jorraram do rio Kuma, com muitos carros submersos. Deslizamentos de terra destruíram casas e águas das enchentes arrastaram troncos de árvores.

COVID-19 ÍNDIA COM RECORDE DE 24.850 CASOS EM 24H

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Índia registou novo recorde de casos de infecção por coronavírus entre sábado e domingo e a Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu o país sobre os planos de lançar uma vacina até ao mês de Agosto. O Ministério da Saúde divulgou ontem mais 24.850 casos confirmados, o que eleva o total nacional para 673.165, tornando a Índia o quarto país do mundo mais atingido pela pandemia

de covid-19, depois dos EUA, Brasil e Rússia. O número de mortos na Índia aumentou para 19.268, divulgou a Associated Press (AP). O Conselho Indiano de Pesquisa Médica, a agência que lidera a resposta à covid-19 no país, disse na semana passada ter definido o dia 15 de Agosto - dia da independência da Índia - como a meta para o desenvolvimento de uma vacina

contra o coronavírus, pedindo a laboratórios de investigação que desenvolvem ensaios clínicos que inscrevessem os participantes nesta tarefa até ao próximo dia 7. Soumya Swaminathan, cientista da OMS, disse em entrevista ao jornal ‘online’ indiano The Wire que alguns resultados da fase um poderão estar disponíveis em Agosto “se tudo correr conforme planeado”.

Governo das Filipinas avisou sexta-feira a China de que dará “a mais dura resposta diplomática” se os exercícios militares chineses no disputado mar da China Meridional invadirem a sua zona marítima. O secretário dos Negócios Estrangeiros das Filipinas, Teodoro Locsin, disse ontem que o Exército Popular de Libertação da China está a realizar exercícios nas ilhas Paracel, desde quinta-feira, e que a Marinha desse país está a proibir embarcações de navegarem na área das manobras. Ao verificar as coordenadas das zonas delimitadas, onde as manobras militares chineses decorrem, Locsin constatou que a zona dos exercícios fica contida às águas da ilhas Paracel, que são disputadas pelo Vietname, mas que “não afectam o território das Filipinas”. Ainda assim, o secretário dos Negócios Estrangeiros filipino não esconde preocupações e deixa um aviso à China. “Se os exercícios se estenderem ao território filipino, a China fica avisada de que será recebida com a mais dura resposta diplomática e o que mais for apropriado”, disse Locsin, num comunicado, sem apresentar mais pormenores. O responsável pela diplomacia filipina disse que a China, como qualquer outra potência, pode invocar a liberdade de navegação enquanto realiza exercícios militares, mas acrescentou que essas passagens devem ser feitas durante viagens directas e ininterruptas. “Continuamos a olhar para a China como o nosso parceiro comercial mais próximo e de maior dimensão”, disse Locsin, acrescentando que a sua participação é essencial para o sucesso de qualquer recuperação económica, depois do impacto da pandemia. Contudo, Locsin pediu para que “as partes se abstenham de aumentar a tensão e cumpram as responsabilidades, perante o direito internacional”.


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