Hoje Macau 6 SET 2016 #3650

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

TERÇA-FEIRA 6 DE SETEMBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3651

LUSA

ELEIÇÕES | HONG KONG

Desafio jovem

CPU FÓRUM MACAU NOS NAM VAN

O anúncio foi ontem feito pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas em mais uma reunião do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Segundo Raimundo do Rosário,

alguns dos terrenos próximos dos lagos Nam Van poderão vir a albergar os três centros do Fórum Macau. Escritórios e um pavilhão são outras das construções previstas.

AMBIENTE

Estudos para o lixo PÁGINA 4 HOJE MACAU

A DAMA DO LAGO

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hojemacau

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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GRANDE PLANO

TaxiGo

AO SEU SERVIÇO PÁGINA 5

G20

As pontes de Xi Jinping

h

PÁGINA 12

Dedos de vida

PAULO JOSÉ MIRANDA

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PÁGINAS 6-7


2 GRANDE PLANO

ELEIÇÕES HK LEGCO COM NOVOS ROSTOS PRÓ DEMOCRACIA, MAS PEQUIM MANTÉM MAIORIA

BRISA DE ` MUDANCA As eleições para o Conselho Legislativo de Hong Kong tiveram uma participação histórica. Mais de dois milhões de cidadãos eleitores esperaram horas nas filas para exercerem o seu direito ao voto

A

S urnas abriram às 7h30 e deviam ter fechado às 22h30 mas houve vários atrasos e algumas regiões encerraram as mesas eleitorais duas horas depois do previsto, o que vai prolongar o processo de contagem dos votos. Segundo dados divulgados pela Comissão para os Assuntos Eleitorais, 2,2 milhões de pessoas foram votar - num universo de 3,77 milhões, ou seja 58% do total dos inscritos. Nas anterior eleições, em 2012, o número foi de 53%.

OCUPAR CADEIRAS

Mais de 200 candidatos distribuídos por 84 listas concorreram para ocupar os 35 assentos dos cinco círculos eleitorais geográficos, os únicos eleitos por sufrágio directo. Ao todo são 70 os lugares disponíveis no LegCo, sendo que os restantes 35 lugares ficam reservados a membros designados pelo sistema de indirectos e de nomeados. Entre vários movimentos que apareceram nos últimos tempos, alguns rostos são mais marcantes. É o caso de Nathan Law, líder estudantil do movimento ‘Occupy’ em 2014, que conquistou um dos três assentos no Conselho Le-

gislativo a que concorreu com o partido Demosisto. Torna-se assim o mais jovem legislador alguma vez sentado neste hemiciclo. Em declarações à imprensa, Nathan Law disse que “os residentes de Hong Kong queriam realmente uma mudança”. Eddie Chu Hoi-Dick, o candidato radical pró-independência que centrou a sua campanha sob o pressuposto da equidade do uso das terras nas zonas rurais de Hong Kong, foi um dos candidatos mais votados, conseguindo mais de 84 mil votos nas urnas. “O resultado mostra que a sociedade de Hong Kong acredita que é precisa uma mudança do modelo dentro do movimento democrático”, disse o político, de 38 anos. Outro activista eleito é Yau Wai-ching. Com apenas 25 anos recebeu 20,643 votos, garantindo assim um lugar na Assembleia Legislativa. Pertence ao partido “Youngspiration”. Sixtus “Baggio” Leung tem 30 anos e pertence à facção mais radical, defendendo uma independência do território face à China. “Estamos a perder a nossa liberdade”, disse recentemente numa entrevista ao The Guardian. A frase valeu-lhe 31.344 votos,

garantindo uma cadeira no centro de decisão. O Cheng Chung-tai, de 31 anos, foi eleito pelo partido Civic Passion. Leung Kwok-hung, conhecido como “Long Hair”, garantiu a sua reeleição com uma margem de apenas 1051 votos face ao penúltimo deputado a ser eleito, ocupando o último assento dedicado aos deputados directos.

PANORAMA

Estas eleições para o Conselho Legislativo acontecem num momento em que a sociedade está dividida e onde os movimentos pró-autonomia ganham maior dimensão. A par disso, existe nos cidadãos a ideia de que a China está a exercer uma maior pressão para controlar a antiga província inglesa. Esta nova geração vem sobretudo dos grupos que em 2014 integraram o “Movimento dos Guarda-Chuva”, que durante dois meses conseguiram fechar bairros inteiros, mas em termos práticos não conseguiu mais do que chamar a atenção da opinião pública para aquilo a que chamam falta de democracia na região. A China manteve-se firme e não houve qualquer concessão em matéria de reformas políticas.


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“Os residentes de Hong Kong queriam realmente uma mudança”

tréguas. Ainda recentemente cinco destes defensores da ruptura foram impedidos de se tornarem candidatos, com o argumento de que militar pela independência é ilegal.

NATHAN LAW LÍDER ESTUDANTIL DO MOVIMENTO ‘OCCUPY’

Para Leong Wan Chang, professor no Instituto Politécnico de Macau, a afluência às urnas da região vizinha mostra que, “depois de 20 anos da prática ‘um país, dois sistemas e quatro assembleias’ as pessoas - quanto à eleição e ao aperfeiçoamento do regime político - têm uma preocupação racional”. Um dos marcos, diz, foi também a quantidade de rostos novos, sobretudo ligados à causa pró-independência. “Isso é uma imagem positiva e também está a seguir as regras do desenvolvimento. Quer dizer que há mais pessoas e rostos novos a participarem nos assuntos políticos”, continua. Quanto a conselhos, o professor defende que devem ser firmes com os seus princípios e que não devem esquecer que, enquanto representantes da opinião pública, “devem ser objectivos, não podem tratar dos assuntos de forma leviana”. Larry So, comentador político, também tem acompanhado as eleições de Hong Kong e refere que, apesar dos novos rostos na senda política, a verdade é que “no final do dia são as forças políticas de sempre que vão ganhar”. Apesar de concordar que sopram ventos de mudança, So não acredita numa independência para breve até porque “essa não é a solução para Hong kong”. Nestas eleições assistimos ao surgimento daquilo a que se chama “uma terceira força política, que partilha a vontade com a já existente facção contra o Governo de Pequim, que é expulsar CY Leung”, Chefe do Executivo.

“O resultado mostra que a sociedade de Hong Kong acredita que é precisa uma mudança do modelo dentro do movimento democrático” EDDIE CHU HOI-DICK CANDIDATO PRÓ-INDEPENDÊNCIA

“Há uma nova maneira de pensar em Hong Kong” LARRY SO COMENTADOR POLÍTICO

“Há muitos rostos novos e muitos jovens que se candidatam pela primeira vez, mas a pergunta que se faz é ‘estarão eles à altura do desafio’?” SCOTT CHIANG PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO NOVO MACAU

Mas os ventos de mudança começaram a soprar. E esses movimentos acabaram por polvilhar a ideia de que é possível mudar, acabando com as linhas políticas tradicionais e polarizando o debate. Depois disto, nada voltaria a ser como antes. A registar essa alteração está a primeira manifestação pública alguma fez feita naquele território a defender a independência. Agora, com estas eleições, este é, para muitos, o início de um percurso irreversível que vai mudar a história na região, até porque há bem pouco tempo este era um assunto de que nem se falava. Mas a China não dá

NOVOS ROSTOS

Larry So reforça ainda que “há uma nova maneira de pensar em Hong Kong”, disso não há dúvida. Apesar de saber que há muita expectativa nestas eleições, Scott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, não alinha pelo mesmo passo. “Há muitos rostos novos e muitos jovens que se candidatam pela primeira vez, mas a pergunta que se faz é ‘estarão eles à altura do desafio’?” E mesmo que estejam, a verdade é que serão uma minoria na assembleia. “Portanto, na minha opinião, as expectativas vão ser logradas.” Apesar de as coisas estarem a mudar em Hong Kong, “disso não há dúvida, estará Hong Kong a caminhar na direcção certa?”, questiona. “No futuro veremos o que acontece, mas receio que não estejam a caminhar no bom sentido.” Para Jason Chao, vice-presidente da Associação Novo Macau, o resultado massivo de afluência às urnas tem que ver “com a deterioração das políticas de direitos humanos e das políticas de protecção e apoio às mulheres em Hong Kong”. A insatisfação política foi outro factor decisivo que levou as pessoas a saírem para a rua e em consciência escolherem os seus representantes. Em relação aos novos rostos, Jason Chao afirma que “muitos apareceram de repente nestes movimentos mais liberais e nem são conhecidos por actividades comunitárias”. De qualquer maneira, frisa, são a escolha do eleitorado. Há realmente uma mudança a acontecer e as eleições são a “expressão da vontade dos eleitores”, conclui.

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4 POLÍTICA

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Os Serviços de Protecção Ambiental vão gastar quase cinco milhões de patacas para a realização de um estudo que irá definir se é possível ou não cobrar a cada família pelo lixo doméstico que produz. O estudo vai demorar um ano a ser feito

Ambiente GOVERNO ESTUDA POLÍTICA DE COBRANÇA DE LIXO DOMÉSTICO

Patacas para o saco

sacos plásticos, a DSPA promete que vai considerar “a aplicação de outras medidas para que, no futuro, se possa promover o comportamento da classificação e redução dos resíduos”.

PRIMEIRO AS CASAS PÚBLICAS

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Hong Kong Productivity Council foi a entidade de consultadoria escolhida pelo Governo para a realizar o Estudo sobre o Regime de Cobrança do Lixo Doméstico de Macau. Segundo um despacho ontem publicado em Boletim Oficial (BO), serão gastos quase cinco milhões de patacas para a realização do estudo que vai definir, na prática, como é que o Governo pode cobrar às famílias pela produção do lixo doméstico. Não há ainda um calendário para que o público saiba as conclusões. “Espera-se que o estudo comece no quarto trimestre deste ano e se prolongue por 12 meses. Após a sua conclusão os dados serão divulgados em devido tempo”, aponta um comunicado divulgado após as perguntas feitas por vários órgãos de comunicação social. A DSPA garante que pretende “implementar as políticas do Governo para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, nomeadamente com medidas de ‘redução na fonte, separação e reciclagem”, algo que já está a tentar fazer com os resíduos da construção “A DSPA propõe a introdução de diferentes políticas e instrumentos económicos, nomeadamente o

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ORAM ontem publicadas em Boletim Oficial (BO) as directrizes para a realização da segunda edição do “Programa de Aprendizagem de Tradução e Interpretação das Línguas Chinesa e Portuguesa”. A última vez que os Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) organizaram esta iniciativa, em parceria com a União Europeia, foi em 2011, sendo que em 2009 foi a primeira vez que

“A DSPA propõe a introdução de diferentes políticas e instrumentos económicos, nomeadamente o princípio de poluidor pagador, ou da responsabilidade do produtor, de forma a melhor promover os trabalhos de recolha e classificação de resíduos” DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE PROTECÇÃO AMBIENTAL princípio de poluidor pagador, ou da responsabilidade do produtor, de forma a melhor promover os trabalhos de recolha e classificação de resíduos”, refere o organismo liderado por Raymond Tam.

A DSPA considera que a Hong Kong Productivity Council é uma empresa “com grande experiência em pesquisa, tendo em conta os métodos actuais de recolha de resíduos e recomendações sobre as

Segunda volta

Cinco anos depois, Governo lança novo programa de formação para Tradução

se realizou um programa do género, intitulado “Programa de Formação de Tradução e Interpretação das Línguas Chinesa e Portuguesa”. O programa, composto por três fases diferentes de formação e selecção

de candidatos, inclui uma estadia em Bruxelas, na Bélgica, e uma acção de formação em Xangai. Podem candidatar-se todos os residentes permanentes com uma licenciatura concluída, sendo que aqueles que não

Ao canal chinês da Rádio Macau, Ieong Man Un, da Associação Nova Juventude Chinesa de Macau, disse que o sistema poderá ser testado, em primeiro lugar, nas habitações públicas: sem a cobrança da taxa, mas exigindo às famílias que usem os sacos especiais para diferenciar o lixo e fazer a separação. Após a habituação das famílias deverá ser cobrada a taxa. Lam U Tou, vice-secretário-geral da Associação Choi In Tong Sam da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), referiu que a maioria das regiões começa a fazer a cobrança dos resíduos vindos da construção civil. Macau, que terminou a consulta pública sobre o Regime de Gestão de Resíduos de Materiais de Construção o ano passado, ainda não tem essa cobrança. Lam U Tou disse ainda ser fundamental que o Governo promova em primeiro lugar a reciclagem de resíduos alimentares e aparelhos electrónicos. Explicando que todos os anos surgem sete mil toneladas de lixo electrónico, Lam U Tou defendeu que as fábricas de Hong Kong para o tratamento de artigos não perigosos podem ser tidas como referência.

várias opções e sobre a aplicabilidade de tal sistema considerando a situação actual”. Com duas consultas públicas realizadas sobre os resíduos de construção e a redução do uso de

sejam funcionários públicos terão direito a uma bolsa mensal. As bolsas variam entre as 7.500 patacas para a estadia em Xangai e cerca de dez mil patacas mensais para a estadia em Bruxelas. Todos os que não cumprirem os requisitos do programa poderão ter de devolver o dinheiro atribuído. Na primeira fase do programa, que terá a duração de dois meses, os alunos admitidos vão ter aulas dadas pela

Direcção-Geral de Interpretação da Comissão Europeia, sendo esta entidade responsável pela selecção dos alunos para a deslocação a Bruxelas. Aí terão direito a uma formação em interpretação simultânea de conferência durante três meses. A terceira fase passa pela aprendizagem de conhecimentos básicos da Administração Pública e do Direito. Segundo o despacho do BO, “os participantes que

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Angela Ka

info@hojemacau.com.mo

concluam o Programa de Aprendizagem com aproveitamento são admitidos para prestar serviço nos SAFP por um período de dois anos em regime de contrato administrativo de provimento, na carreira de técnico superior, 2.ª classe, 1.º escalão ou, caso detenha a habilitação académica adequada nos termos legais, na carreira de intérprete-tradutor, 2.ª classe, 1.º escalão”. A.S.S.


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projecto preliminar da construção da nova ponte Macau – Taipa vai custar mais de 75 milhões de patacas. É o que indica um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, que identifica a CCCC Highway Consultants como a empresa a quem foi adjudicado o serviço. No total são 75,19 milhões de patacas a ser pagas à empresa que é uma das maiores empresas estatais chinesas, estando por exemplo encarregue de trabalhos como a Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau. Foi fundada nos anos 1950 mas como um instituto, tendo estado na alçada do Ministério dos Transportes chinês. A empresa já teve como accionistas Li Ka Shing, considerado o homem mais rico de Hong Kong, e Joseph Lau, empresário de Hong Kong condenado por corrupção em Macau. Mais de 33 milhões de patacas são pagos este ano, sendo que as duas outras tranches chegam no próximo ano e em 2019. A ordem foi assinada pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On, sendo a segunda deste género atribuída à CCCC em menos de dois meses. Recentemente, o Governo indicou que, além da ponte, quer construir dois túneis entre Macau e a Taipa ao lado da Ponte Nobre de Carvalho. Também aqui, a CCCC Highway Consultants, ainda que a Macau Branch, é encarregue elaboração de um estudo de viabilidade para a construção dos dois túneis num estudo que custa 7,2 milhões de patacas. J.F.

K

YLE Ho foi ele próprio um utilizador da Uber. Enquanto estudante de MBA em Boston, cidade norte-americana do Estado do Massachusetts, usou a aplicação móvel de transporte para apanhar um táxi após as festas com os amigos. O destino quis que se tornasse num dos responsáveis pela TaxiGo, uma nova aplicação móvel de transporte a operar em Macau e que, ao contrário da Uber, trabalha apenas com taxistas já licenciados pelo Governo. Em entrevista ao HM, Kyle Ho garante que desde que começaram as operações, no passado dia 1 de Setembro, já contam com uma centena de profissionais ao seu serviço. “A TaxiGo é apenas para os taxistas licenciados, os taxistas individuais que gostam de servir a comunidade. Segundo os nossos termos de registo, não se pode fumar nos carros e também não aceitamos que os condutores andem por este ou aquele lugar só porque querem fazer mais dinheiro. Os condutores não podem ter cometido qualquer acto de violência. Cerca de 30% dos nossos condutores são falantes de Inglês e até de outras línguas”, referiu. Para já a aplicação está apenas disponível em Chinês e Inglês, mas a TaxiGo pretende lançar o serviço em Português. Estando sob alçada da Sociedade de Turismo Yin Hai, a TaxiGo afirma-se totalmente independente de grupos de interesse no sector e até da política. “Somos um grupo de jovens e queremos fazer melhor do que isso. Somos uma empresa independente, não estamos ligados a nenhuma associação de táxis, empresa, agências governamentais ou associações políticas”, frisou. Kyle Ho prefere não comentar a saída da Uber, mas garante que quem usa a TaxiGo tem acesso a motoristas que apoiam os passageiros. “Eles são comerciais, nós não somos. Não sei se os condutores da Uber iriam, de forma pró-activa e espontânea, ajudar mães com crianças que precisam de ir ao hospital, mas nós fazemos isso. Se a Uber está no mercado ou não, não vamos comentar, porque isto já estava decidido há muito tempo. Queremos apenas dar às pessoas uma boa experiência com o transporte.”

APP COM ESPERANÇA

No momento em que a Uber se prepara para deixar o mercado local, no próximo dia 9 de Setembro, todos os olhos estão postos na TaxiGo. Mas esta diz não temer os problemas que a Uber teve com o Governo e com a polícia. “O director da DSAT disse numa entrevista que o serviço de transporte por aplicação é legal se o taxímetro funcionar correctamente e se os veículos estiverem licenciados. Isso é o que fazemos. É sempre difícil a qualquer empresa os primeiros passos

Transportes TAXIGO JÁ TEM CEM MOTORISTAS AO SEU SERVIÇO

Os independentes

Recusam a ligação à Uber por terem determinado no início do ano que o dia 1 de Setembro serviria para arrancar com as operações. A TaxiGo é a mais recente aplicação móvel que trabalha apenas com taxistas já licenciados pela DSAT. Kyle Ho, da empresa, garante total independência face a quem detém táxis e a grupos políticos HOJE MACAU

PROJECTO PRELIMINAR DA QUARTA PONTE CUSTA MAIS DE 70 MILHÕES

SOCIEDADE

no negócio. Temos a nossa estratégia e queremos fazer melhor. Os condutores decidem vir ter connosco porque sabem que nós temos uma missão, sabem que a missão é mais importante do que ganhar dinheiro.” Para Kyle Ho, seria importante que a revisão da lei dos táxis contemplasse as aplicações móveis de transporte. “Penso que a lei poderia incluir as aplicações móveis. Vamos sempre apoiar tudo o que possa ajudar as pessoas a viverem melhor.” E destaca as vantagens desta aplicação. “Macau é uma área pequena e condensada, há muitos trabalhos de construção a serem

“A TaxiGo é apenas para os taxistas licenciados, os taxistas individuais que gostam de servir a comunidade” KYLE HO TAXIGO feitos neste momento. A nossa aplicação é muito boa para o ambiente e também em termos de congestionamento.”

BASE DE DADOS SEM PROBLEMAS

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o grupo do Facebook “Macau Taxi Drive Shame” já há reacções quanto à nova aplicação, sobretudo em relação aos termos de utilização. Um ponto afirma que a TaxiGo poderá ceder dados pessoais a terceiras entidades com a instalação da aplicação, mas Kyle Ho negou essas informações ao HM, explicando que a pessoa não é sequer obrigada a usar o seu nome verdadeiro para aceder ao serviço.

A TaxiGo garante que as “ovelhas negras” não trabalham com a empresa, sendo que Kyle Ho defende que nos próximos anos Macau vai ter um cada vez melhor serviço de táxis. “Os problemas com os táxis em Macau têm crescido e mesmo os meus amigos na Finlândia dizem-me que os táxis em Macau não são bons. Mas penso que no futuro os taxistas vão melhorar devido à competição e também devido ao decréscimo da economia. Apenas os bons serviços se podem manter.” Quanto ao futuro da TaxiGo, passa por uma maior penetração no mercado e por parcerias que ofereçam transporte aos que mais precisam. “Somos uma empresa independente com fins de responsabilidade social. Estamos a pensar fornecer serviços gratuitos para caridade, já estamos a trabalhar com algumas associações”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


6 SOCIEDADE

O

S três centros que integram a plataforma Fórum Macau irão ter casa nas margens do Lago Nam Van. A informação foi ontem adiantada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, no final da 9ª Reunião Plenária de 2016 do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU). Raimundo do Rosário afirma que “os terrenos C15 e C16 junto aos Lagos Nam Van estão destinados à construção de escritórios, um pavilhão, uma sala de exposições e poderão ainda albergar os três centros do Fórum Macau”. O Secretário para os Transportes e Obras Públicas adverte, no entanto, que esta iniciativa ainda não tem um carácter definitivo: “definitivo não sei, mas serão as instalações do Fórum e eventualmente escritórios associados e depois o Centro de Convenções que serve ao Governo e o Pavilhão” que poderá servir a população. No entanto “só quando tivermos o projecto é que se verá rigorosamente o que vai ser”. Raimundo do Rosário não adianta, no entanto, se o Centro de Produtos Alimentares do Fórum Macau, que neste momento está na Praça do Tap Seac, irá mudar para as instalações nos Nam Van, sendo que “admite que sim, mas sem ser definitivo”.

TECTOS BAIXOS

O aproveitamento dos terrenos do Executivo não está isento de críticas que, na sua maioria, são dedicadas à pouca altura que está pensada para o edifício dos escritórios. Para o CPU, os 18 metros previstos ficam aquém das necessidades de instalações que o Governo tem. “O Executivo deverá pensar se, na escassez de terrenos e tendo em conta os montantes avultados destinados ao pagamento de rendas, não será

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ROBLEMAS de acesso, estacionamento e de trânsito foram algumas das questões levantadas ontem na nona Reunião Plenária do Conselho de Planeamento Urbanístico (CPU) quando abordado o projecto para a Biblioteca Central. Se por um lado as opiniões convergem no que respeita à importância de ter esta infra-estrutura na RAEM, a sua localização e as dificuldades de acesso que se levantam são fonte

CPU FÓRUM MACAU A CAMINHO DOS NAM VAN

CONSTRUIR MAIS ALTO

melhor rever o limite de altura e ponderar para que seja mais alto?” questiona o CPU. Por outro lado a não previsão de construção de um parque de estacionamento também gera polémica no seio do Conselho.

Mak Soi Kun dá o exemplo: “Tóquio confrontado com a falta de espaço, é uma cidade agora construída em altura.” O membro do CPU aconselha o Executivo a ir pelo mesmo caminho.

Tendo sido os 18 metros previstos um valor que teve em conta a conservação da paisagem, Paulo Tse sugeriu que “a altura depende da perspectiva e da utilidade e estou de acordo que se pre-

tenda preservar a paisagem mas também precisamos de calcular o que podemos construir pois Macau é uma cidade pequena, pelo que um prédio mais baixo poderá não ser suficiente visto que

no futuro o Governo poderá precisar de mais instalações.”

VALORES DE REFERÊNCIA

Em resposta a DSSOPT afirma que os 18 metros são

“Os terrenos C15 e C16 junto aos Lagos Nam Van estão destinados à construção de escritórios, um pavilhão, uma sala de exposições e poderão ainda albergar os três centros do Fórum Macau” RAIMUNDO DO ROSÁRIO SECRETÁRIO PARA OS TRANSPORTES E OBRAS PÚBLICAS

“O Executivo deverá pensar se, na escassez de terrenos e tendo em conta os montantes avultados destinados ao pagamento de rendas, não será melhor rever o limite de altura e ponderar para que seja mais alto?” CONSELHO DE PLANEAMENTO URBANÍSTICO de divergências. O aproveitamento dos terrenos destinados à Fundação Macau foi uma das soluções apontadas. Chan Chit Kit começa por levantar a questão da localização apontando que, pelo facto de estar numa zona assolada pelo trânsito e com ausência de estacionamentos, a Praia Grande não é o local “mais apropriado para uma infra-estrutura deste calibre”. O membro do CPU não desconsidera uma Biblio-

“Importante”, mas noutro lado Biblioteca Central não reúne consenso quanto à localização

teca Central mas considera que “também a biblioteca da Universidade de Macau deveria estar aberta ao público até porque tem estacionamento”, afirma.

LOCAL CENTRAL

O Instituto Cultural, por seu lado não partilha da mesma opinião. Em res-

posta às vozes não convencidas Leong Wai Man, substituta do presidente do IC justifica que a escolha da localização “foi porque na altura tivemos que levar em conta o espaço (que o estudo da altura apontava que tinha que ser maior que 25 mil metros quadrados), e outro motivo foi para fa-

cilitar a população, porque todos os residentes têm fácil acesso a esta área e a Península é o sitio ideal”. Por outro lado este tipo de infra-estruturas ficam, normalmente situadas no centro de grandes cidades”. A representante do IC continua, argumentando “o

facto de vir a existir ali uma estação do metro ligeiro” é uma mais valia e admite a possibilidade de vir a ser construído um túnel de ligação entre o parque de estacionamento e a biblioteca para facilitar as entradas e saídas dos visitantes. Uma alternativa de localização apontada por


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Os três centros do Fórum Macau poderão ter casa nos Lagos Nam Van. A zona vai acolher escritórios, um pavilhão e uma sala de exposições de modo a também albergar serviços do Executivo e outras actividades para a população “apenas um número de referência a partir do qual existe uma base para que o projecto possa ser discutido”. Quanto à questão do estacionamento a resposta veio directamente de Raimundo do Rosário

que afirma que “também gostaria que cada fracção tivesse um lugar de estacionamento”, mas que tal não é possível. Perante os pedidos de um projecto de pormenor o Secretário reitera que “há

uma lei de planeamento urbanístico e precisamos o plano director para depois ter o de pormenor” O final dos trabalhos não se prevê num futuro próximo, “vai demorar alguns anos para

se poder concluir este trabalho” conclui o Secretário. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

SOCIEDADE

IAS COM SUBSÍDIOS EXTRA

O

Instituto de Acção Social (IAS) começou ontem a atribuir uma prestação extra do subsídio regular, um apoio de que beneficiam aproximadamente quatro mil agregados familiares. A atribuição do subsídio extra tem como objectivo “ajudar essas famílias a resolver as despesas extra resultantes do novo ano lectivo e das festividades do bolo lunar”, que se celebra este mês, indicou o IAS em comunicado, dando conta de que a medida vai representar um encargo na ordem dos 24 milhões de patacas. São consideradas como estando numa situação de carência económica pessoas ou famílias cujos rendimentos sejam inferiores ao valor do risco social – o montante mínimo de sobrevivência estipulado pelo Executivo. O valor mínimo

para uma pessoa que viva sozinha é de 4050 patacas, enquanto o máximo, para famílias com número igual ou superior a oito membros, corresponde a 18.870 patacas. Além do subsídio regular, que resulta da diferença entre o valor dos rendimentos mensais e o valor do risco social –, o IAS tem outras modalidades de apoio financeiro como subsídios especiais para quem possui necessidades específicas.

ACTUALIZAÇÃO DE APOIOS DE SAÚDE

Depois de ouvida a Comissão para os Assuntos de Reabilitação, o Chefe do Executivo, Chui Sai On, deu ordem de despacho para actualização do subsídio de invalidez normal, que passa a ser de oito mil patacas por ano, e o de invalidez especial, que passa para 16 mil.

GÉNESIS CONTINUA NO CAMPUS DA UM

A Companhia de Tratamento de Saúde de Génesis Lda. vai continuar a prestar serviços médicos no campus da Universidade de Macau na Ilha da Montanha. A renovação do serviço foi ontem feita através de um despacho publicado em Boletim Oficial, assinado pelo Chefe do Executivo, Chui Sai On. Até 2018, a empresa de Hong Kong recebe quase quatro milhões de patacas pelo serviço, que presta já há mais de três anos.

DETIDO A LEVANTAR DINHEIRO COM CARTÃO FALSO

Chan Tak Seng, membro do CPU, foi o aproveitamento do terreno junto ao Centro de Ciência de Macau que tem prevista a ocupação do próprio Centro e de estruturas de apoio à Fundação Macau, como uma boa alternativa para a Biblioteca Central. O membro do CPU não deixa de considerar que é “bom que a FM tenha as suas próprias instalações mas a proximidade do Centro de Ciência e aquele local reúnem as condições para

uma possível localização da Biblioteca também”, afirma Chan Tak Seng.

NÚMEROS INFLACIONADOS

A previsão de cerca de oito mil visitantes diários àquele novo espaço também não reúne consenso e as dúvidas acerca da aproximação à realidade deste número são levantas sendo que “os hábitos de leitura têm vindo a mudar e cada vez mais jovens optam por leituras online”. Em resposta, Leong

Wai Man refere que para além da vertente do leitor , a Biblioteca Central será um espaço de arquivo que prevê a preservação de mais de cem documentos históricos. Por outro lado, além da sua função normal esta “é uma infra-estrutura que será responsável pela coordenação das restantes bibliotecas do território”.

CONCURSO INTERNACIONAL

Tendo em conta o papel de coordenação Manuel

Ferreira considera então que o projecto não deveria, como a semana passada foi anunciado pelo IC, ser restrito a candidatos locais,. Para o membro do CPU é necessário abrir o concurso “a empresas estrangeiras que ontem com experiência na construção de projectos idênticos”. Falta ainda saber se a nova biblioteca Central está pensada de modo a conter meios de acesso e circulação para pessoas portadoras de deficiência. S.M.

Um homem do interior da China foi detido pela Polícia Judiciária (PJ) por levantar dinheiro em Macau com um cartão bancário falsificado e comprado online. A PJ recebeu uma denúncia de um banco local sobre a descoberta de dois cartão bancários falsos numa caixa multibanco na ZAPE. Depois da investigação, na mesma caixa encontraram-se informações sobre a utilização de outros cartões bancários falsos. A PJ adianta que o detido já vem cometendo o crime desde Dezembro do ano passado e levantou dinheiro com o cartão bancário falso cerca de 20 vezes. A maioria delas conseguiu levantar o dinheiro com sucesso, num valor que ascende a cerca de 59 mil dólares de Hong Kong. A PJ encontrou seis cartões bancários falsos e o suspeito diz que comprou os equipamentos online com três mil yuan. Os cartões eram cópias de dez dezenas de outros, do interior da China.


8 PUBLICIDADE

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Anúncio【70/2016】 Nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, são notificados por esta via os mediadores imobiliários ou agentes imobiliários constantes nos anexos: Devido à falta de apresentação de defesa ou defesa apresentada sem justificação admissível, o Presidente do Instituto de Habitação (IH), bem como o Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização no exercício da competência delegada, prevista na alínea 7) do n.º 5 do Despacho n.º 06/IH/2015, decidiram pela aplicação de uma multa, a cada um dos mediadores imobiliários/agentes imobiliários, por despacho exarado nas respectivas propostas. Assim, os respectivos mediadores imobiliários ou agentes imobiliários devem dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau, para efectuarem o pagamento da multa*, no prazo de 15 dias, a contar da data da publicação

do presente anúncio, sob pena de cobrança coerciva por via de processo de execução fiscal, sendo, simultaneamente, e nos termos da alínea 8) do n.º 1 do atrigo 9.º e da alínea 8) do n.º 1 do artigo 15.º da Lei da Actividade de Mediação Imobiliária, canceladas as licenças de mediador imobiliário ou de agente imobiliário se não procederem ao pagamento voluntário da multa. (*Forma do pagamento da multa: numerário/ordem de caixa (em nome do Instituto de Habitação); caso o valor da multa seja superior a 10 000 patacas, deve ser paga por ordem de caixa.) Caso não concorde com a decisão sancionatória tomada pelo Presidente do IH, nos termos do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio.

Caso não concorde com a decisão sancionatória tomada pelo Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização, cabe recurso hierárquico necessário, com efeito suspensivo, para o Presidente do IH, no prazo de 30 dias, a contar da data de publicação do presente anúncio. Caso necessite de consultar o respectivo processo, poderá, durante as horas de expediente, dirigir-se ao IH, sito na Travessa Norte do Patane, n.º 102, Ilha Verde, Macau ou contactar a Senhora Wu, através do telefone n.º 2859 4875 (Ext. 743). Publique-se Instituto de Habitação, aos 31 de Agosto de 2016. O Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, Nip Wa Leng

Anexo N.º do processo

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26/MI/2014

Nome do mediador imobiliário/ agente imobiliário

LOI IN CHON

N.º da licença/ licença provisória

MI-10001374-4

Acto ilegal Alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividade - encerramento do estabelecimento comercial, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de dez dias a contar da data do respectivo encerramento

Data de apresentação da defesa

2015/09/21

Entidade sancionatória Data da punição N.º da proposta

Presidente do Instituto de Habitação 2016/04/18 Prop.0235/DAJ/2016

2

29/MI/2014

U MENG TONG

MI-10001483-2

2015/03/06

Violação da subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

3

4

5

40/MI/2014

07/MI/2015

67/MI/2015

Sociedade de Investimento Imobiliário Yuk Tat, Limitada

(Prince Property) Sociedade Imobiliário Prince, Limitada

Telford Fomento Predial Limitada

MI-10001749-2

N.º de licença de mediador e agente imobiliário não constante do cartão de identificação profissional de agente imobiliário Violação do n.º 3 do artigo 23.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

MI-10001724-1

Violação das alíneas 1) e 4) do n.º 3 do artigo 19.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Alteração do estabelecimento comercial, não tendo comunicado tal facto à entidade competente com 30 dias de antecedência Violação do n.º 1 do artigo 13.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

6

84/MI/2015

Sociedade Imobiliário Unipessoal Hang Chong, Limitada

MI-10001325-4

Alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividade - encerramento do estabelecimento comercial, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de dez dias a contar da data do respectivo encerramento Violação da alínea 1) do n.º 1 do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

7

92/MI/2015

CHAN MAN WAI (Agência Predial Lun Fok)

MI-10001722-3

Cessação de actividade, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de 10 dias a contar da data da cessação Violação da subalínea (4) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

8

150/MI/2015

CHAN MAN I (Fomento Predial Weng Hang)

2015/02/24

Do contrato de mediação imobiliária não constam os elementos legalmente exigidos MI-10001617-1

MI-10000786-8

Alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividade - encerramento do estabelecimento comercial, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de dez dias a contar da data do respectivo encerramento

2015/03/25

Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/04/10 Prop.0156/DAJ/2015

Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/03/25 Prop.0131/DAJ/2015 Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/09/04 Prop.0399/DAJ/2015

Não apresentou defesa após recepção da notificação, no dia 23 de Junho de 2015, para apresentação da justificação escrita

Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/07/22 Prop.0344/DAJ/2015

Não apresentou defesa após recepção da notificação, no dia 10 de Setembro de 2015, para apresentação da justificação escrita

Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/10/13 Prop.0470/DAJ/2015

Não apresentou defesa após recepção da notificação, no dia 9 de Setembro de 2015, para apresentação da justificação escrita

Chefe do Departamento de Licenciamento e Fiscalização 2015/10/13 Prop.0466/DAJ/2015

2016/02/19

Presidente do Instituto de Habitação 2016/02/27 Prop.0082/DAJ/2016

Violação da subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

9

160/MI/2015

CHAN KA LEONG (Agência Predial Seng Ka)

MI-10000390-6

Contratou agente imobiliário, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo legalmente exigido de dez dias Violação da subalínea (3) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

10

15/MI/2016

LEONG UN MIN (Agência Predial Fu Tim)

MI-10000646-8

Alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividade - encerramento do estabelecimento comercial, não tendo comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de dez dias a contar da data do respectivo encerramento Violação da subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária”

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

Violação da subalínea (1) da alínea 1) do artigo 22.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Alteração verificada quanto ao cumprimento dos requisitos para o exercício da actividadeencerramento do estabelecimento comercial, não tem comunicado tal facto à entidade competente dentro do prazo de dez dias a contar da data do respectivo encerramento

Fundamento jurídico e valor da multa

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

Não apresentou defesa após recepção da notificação, no dia 20 de Maio de 2016, para apresentação da justificação escrita

Não apresentou defesa após recepção da notificação, no dia 19 de Abril de 2016, para apresentação da justificação escrita

Presidente do Instituto de Habitação 2016/07/15 Prop.0515/DAJ/2016

Presidente do Instituto de Habitação 2016/06/03 Prop.0373/DAJ/2016

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas

N.º 3 do artigo 31.º da “Lei da actividade de mediação imobiliária” Multa 5 000 patacas


9 hoje macau terça-feira 6.9.2016

T

ERMINOU este domingo a quarta Feira Internacional da Indústria de Turismo de Macau. A maioria dos participantes sente um aumento no número de pessoas que vieram à feira, mas segundo alguns ainda falta diversificação no público e nos profissionais. Com a Direcção dos Serviços de Turismo (DST) a desempenhar, pela primeira vez, o papel de entidade organizadora, a feira contou com um Seminário e Bolsa de Contactos do Turismo China – Portugal e convidou oradores especialistas para abordarem as novas tendências do turismo individual na Ásia-Pacífico e o turismo inteligente, entre outros temas. Cheong, participante cujo negócio se concentra principalmente no turismo local, referiu ao Jornal Ou Mun que este ano as pessoas que vieram à feira aumentaram e as suas trocas comerciais também cresceram cerca de 20%, sentindo o responsável que o plano e disposição gerais da feira melhoraram. Ainda assim, Cheong considera que faltavam mais compradores e representantes do sector estrangeiros, ao mesmo tempo que “faltava a participação de agências turísticas ou organizações estrangeiras”. Algo que leva o responsável a indica que o grau de representação e diver-

SOCIEDADE

Feira de Turismo MAIS PARTICIPANTES E VISITANTES, MAS É PRECISO “DIVERSIFICAR”

Em busca de novos rumos e das lembranças. Acho que os participantes eram diversificados, mas provavelmente havia menos profissionais.” Já a senhora Leong afirmou que o negócio duplicou este ano. Também ela tentou melhorar os seus produtos e propôs bilhetes de avião de baixo preço para residentes de Macau, que “foram bem vendidos”.

VAMOS PARTILHAR

sificação ainda não são suficientes. Por outro lado, Cheong sugeriu ainda uma maior promoção para atrair mais profissionais. Um participante de Zhuhai disse à mesma publicação que os

efeitos da feira foram parecidos aos do ano passado, ainda que tenha havido um aumento relativo no número de turistas. “Além dos da [indústria do] Turismo, havia ainda pessoas do sector imobiliário

A Expo Internacional de Turismo de Macau, que se realiza anualmente, tem como objectivo “criar uma plataforma de intercâmbio e cooperação e de partilha de fontes de visitantes para a indústria turística e sectores relacionados da região e do exterior”, como relembra o Executivo. Este ano estiveram presentes 370 expositores, num total de perto de 200 empresas e entidades de turismo, oriundas de 28 países e regiões. O evento atraiu cerca de 32 mil visitantes,

Minha rica saúde

M

aAgência Lei Va Hong Limitada, que é paga em 111,1 milhões de patacas. Esta empresa tem como sócios Chan Tak Meng, Lou Fok Kei, António Au Ieong e Ieong Man Cheong, este último membro do Gabinete de Estudos das Políticas. Lou Fok Kei apresenta-se ainda como administrador de outras empresas na lista: é a The Glory Medicina Lda., cujos serviços estão orçados em 94,3 milhões de patacas.

OUTROS GANHOS

Surge ainda a Firma Chun Cheong – Produtos Farmacêuticos, Lda. que recebe por estes serviços mais de 91 milhões de patacas. A firma tem como administradores três residentes locais (Kong Sui Ling, Au Ieong Tun e Chuen Kong), mas viu também parte da sua participação vendida a duas empresas registadas nas Ilhas Virgens Britânicas.

Angela Ka (com Joana Freitas) info@hojemacau.com.mo

ETAR MAIS DE 11 MILHÕES PARA CONSULTADORIA

Produtos farmacêuticos custam mais de 470 milhões ao Governo

AIS de 470 milhões de patacas. É o valor que o Governo vai pagar pelo fornecimento de medicamentos e alguns produtos farmacêuticos para as farmácias que fazem parte da rede dos Serviços de Saúde (SS). Entre as empresas encarregues deste serviço há quem detenha mais do que uma. Um despacho do Chefe do Executivo autoriza a celebração do contrato, que incide apenas em medicamentos e produtos farmacêuticos e deixa de fora, por exemplo, vacinas e material médico, que também é comprado – na sua maioria e de acordo com o Boletim Oficial – a estas empresas. No total, são 474,89 milhões de patacas a ser pagos desde este ano e até 2018. A empresa que mais recebe é a Four Star Companhia Limitada, com 114,27 milhões de patacas. Segue-se

segundo a DST, registando um aumento de 6,7% em comparação com o ano passado, a par com mais de 300 compradores profissionais oriundos dos principais mercados de visitantes de Macau, incluindo da Grande China, Japão, Coreia do Sul, Singapura, Malásia, Tailândia, Indonésia e Índia. A DST ergueu um expositor de Macau com 144 metros quadrados sob o tema “Sentir Macau, ao seu estilo”, que divulgou a cidade aos operadores turísticos das diferentes partes do mundo e ao público. No stand esteve também em exibição a moto que o piloto britânico Michael Rutter conduziu na vitória alcançada no Grande Prémio de Motos de Macau de 2003, a par com simuladores de corridas, para introduzir elementos interactivos, que, assegura o Governo, “atraíram a atenção de muitos visitantes”.

Outras das companhias não está registada, não sendo possível aceder ao seu registo comercial. É a Hong Tai Hong, que recebe mais de 31,6 milhões pelo fornecimento dos medicamentos. Cheng San (11,6 milhões), Medreich Kali Macau (6,6 milhões) e Firma Welfare Instruments (6,2 milhões) também aparecem listadas, ao lado da Luen Cheong Hong (Macau) Limitada (2,25 milhões), da Yu Chun Lda. (2,6 milhões) e da Grupo Popular, a quem foram pagos 2,9 milhões de patacas. A Grupo Popular - Companhia de Produtos e Serviços de Saúde, Limitada estava ligada a Henrique Nolasco da Silva e Susana Chou, ex-presidente daAssembleia Legislativa, que renunciaram aos cargos, de acordo com o registo comercial da empresa. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

A AECOM Macau vai receber mais de 11 milhões de patacas para realizar serviços de Consultadoria para o Tratamento de Águas Residuais da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Macau. Segundo um outro despacho publicado em Boletim Oficial (BO), caberá ao Instituto para o Desenvolvimento e Qualidade a realização dos trabalhos de Supervisão da Qualidade das Instalações de Tratamento de Águas Residuais e de Resíduos Sólidos, também para a ETAR, para o ano de 2016/2017. Por este serviço o Governo vai pagar mais de sete milhões de patacas.


10 PUBLIREPORTAGEM

hoje macau terça-feira 6.9.2016

Sands China divulga data de inauguração do The Parisian Macao A

Sands China Ltd., a accionista maioritária da Las Vegas Sands Corp., anunciou recentemente que o seu elegante empreendimento de inspiração francesa, o The Parisian Macao, abrirá ao público, na terça-feira, dia 13 de Setembro de 2016.

A abertura deste mais recente projecto, que vem aumentar o portefólio da Sands China na Cotai Strip, é mais um importante marco nos esforços da empresa para apoiar a consolidação de Macau como centro mundial de turismo e lazer. Com o The Parisian Macao a Sand´s China, eleva para mais de 13 mil milhões de dólares (104 mil milhões de patacas) o investimento total da empresa em Macau. Indo buscar inspiração à magia e encantamento da famosa Cidade-Luz, o The Parisian Macao tem como atracção principal uma recriação fiel da Torre Eiffel com metade do tamanho da original. No seu conjunto, este resort integrado possui 3,000 quartos e suites, espaços para convenções e encontros, restaurantes internacionais, spa, clube infantil, health club, zona de piscina que inclui parque aquático temático, sala de espectáculos com 1.200

lugares, entre outras comodidades. A zona comercial, denominada Shoppes at Parisian, disponibiliza aos clientes as últimas tendências em moda e alta-costura, num cenário que evoca os boulevards de Paris e onde se pode encontrar uma heterogeneidade de artistas de rua e comediantes, que contribuem para dar mais realismo à autenticidade desta experência. Construído com o objectivo de ser um marco na redefinição visual do complexo de resorts integrados na área do Cotai Strip, o The Parisian Macao representa a concretização da visão original do presidente e CEO do grupo Las Vegas Sands e da Sands China, Ltd., Sheldon G. Adelson. “O nosso objectivo de criar em Macau um destino de lazer e negócios em larga escala, que começou com a abertura do The Venetian Macao há cerca de 10 anos ficará plenamente realizado quando o The Parisian abrir as portas, dentro de poucas semanas,” declarou Sheldon G. Adelson. “É muito pouco provável que se venha a construir outro complexo turístico com a dimensão e

• A Sands China Ltd. vai inaugurar o The Parisian Macao, o seu mais recente resort integrado, terça-feira, dia 13 de Setembro de 2016. Disponibilizando uma gama completa de comodidades em resorts integrados, este complexo eleva a oferta da empresa a 13

o alcance do Cotai Strip. Sinto-me grato pelo trabalho árduo e pela determinação das inúmeras pessoas envolvidas neste projecto e pelo incontestável apoio da população, bem como do Governo de Macau. Juntos fizemos verdadeiramente história.” O Presidente da Sands China, Dr. Wilfred Wong, declarou: “O The Parisian Macao vai ajudar a cimentar a posição de Macau como um dos destinos de negócios e lazer de vistita obrigatória na região. Com a inauguração do The Parisian Macao, a Sands China mantêm o seu empenho em proporcionar experiências inesquecíveis aos nossos muitos hóspedes e visitantes – quer vindos de todas as partes do mundo, quer de Macau. Agradecemos ao Governo de Macau pelo apoio que desde sempre tem prestado à nossa empresa. Agradecemos aos membros da nossa equipa pela sua dedicação e profissionalismo que diariamente, permitem dar vida aos nossos empreendimentos” • Para mais informações sobre o The Parisian Macao, aceda a www.parisianmacao.com.

mil quartos de hotel, mais de 850 lojas duty free, proporciona os serviços mais abrangentes na área de convenções, encontros e eventos de Macau, mais de 160 espaços de restauração, juntamente com oferta de entretenimento ao mais alto nível.


11 hoje macau terça-feira 6.9.2016

FIMM ANALISA CONTRIBUTO ARTÍSTICO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

P

ARALELAMENTE ao decorrer de mais uma edição do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM) irá ter lugar um Fórum de modo a assinalar o 30º aniversário do evento. A iniciativa tem a duração de dois dias e contará com uma

série de palestras e sessões de intercâmbio dedicadas a temas como marca de uma cidade, programação, desenvolvimento de públicos, turismo cultural e divulgação na Internet, a fim de explorar a influência entre festivais de música e de

artes e o desenvolvimento cultural urbano em várias regiões, segundo anuncia um comunicado de imprensa do Instituto Cultural (IC). Dos convidados destacam-se, entre outros, o director administrativo do Barbican Centre, Nicholas Kenyon, o

fundador do Festival Verbier, Martin Engstroem, a presidente executiva daArts House Limited, em Singapura, Lee Chor Lin, a directora executiva do Festival de Artes de Hong Kong, Tisa Ho, e co-fundador e director artístico de Clockenflap, Jay Forster.

LMA HAROULA ROSE APRESENTA HOJE “HERE THE BLUE RIVER”

Tem temas que servem de banda sonora a séries como “How I Met Your Mother” ou a filmes como “Still Alice”. Haroula Rose está em Macau para apresentar o novo álbum. Hoje, na LMA

Do Indie puro

com eles próprios, com a natureza, como tentamos compreender os mistérios à nossa volta. Como é que, como seres humanos, o nosso impulso é criar e destruir coisas”, revela Haroula, que admite que o CD demorou a ser lançado, não só porque estava também a trabalhar em filmes, mas também porque a cantora tentava “encontrar que história queria contar”.

C

HAMA-SE Haroula Rose e é tida como uma das bandas-sensação da música Indie, Folk e Ambient. A cantora e produtora que divide o seu tempo entre Los Angeles e Chicago chega a Macau para actuar hoje, na Live Music Association (LMA). Haroula Rose é escritora e realizadora, além de se dedicar a tempo inteiro à música. Em 2009 lança o seu primeiro EP, “Someday”, seguido de dois álbuns: “These Open Roads” (2011) e “Here The Blue River”, este lançado este ano e que a cantora vem apresentar à LMA. Haroula Rose é ainda conhecida pela sua participação em diversas bandas sonoras de filmes e séries. É o caso de “How I Met Your Mother”, a série cómica que conta com singles da norte-americana de ascendência grega, e “American Horror” ainda os filmes “Still Alice” e “For a Good Time”.

O “Fórum Festival Internacional de Música de Macau” decorre entre 30 de Setembro e 1 de Outubro no Centro Cultural de Macau e conta com entrada livre.

BOAS NOTAS

O seu novo álbum, “Here The Blue River”, cujo título é inspirado num poema de Ralph Emerson, incide sobre o facto de nada durar

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA CAMPOS DA MORTE • Simon Scarrow

Estamos no ano de 1810. O Visconde Wellington e o Imperador Napoleão conquistaram fama e reputação como comandantes militares brilhantes. Wellington goza ainda de maior fama durante os seus anos em Espanha, mas sabe que o seu derradeiro teste ainda está para vir: enfrentar o poderoso exército de Napoleão. Quando invade a França no ano de 1814, Wellington obtém uma vitória rápida. Enquanto se deixa seduzir por uma estadia em Viena, chegam notícias do regresso triunfante de Napoleão. Este, ambicioso como sempre, inicia uma campanha russa que termina em desastre e é depois derrotado em Leipzig na maior batalha alguma vez travada na Europa. Com o declínio do poder de Napoleão, Wellington quer esmagar o tirano de uma vez por todas - e assim os dois gigantes enfrentam-se uma última vez, em Waterloo...

para sempre, como a própria cantora indica no seu website. “É sobre como as nossas relações são também como nos relacionamos

No álbum, colaboraram Jim White, Zac Rae e Luke Top, nomes que já se juntaram a Alanis Morisette, Gnarls Barkley, Cass McCombs, entre outros. As críticas são positivas face ao trabalho de Haroula Rose, com Donald Gibson, da revista musical No Depression, por exemplo, a caracterizar a jovem como “alguém que canta com o espírito de uma alma cigana, sempre à procura de significado ou uma semente de verdade em cada momento”. Haroula Rose esteve em Guangzhou e Xi’An e toca agora no território, num concerto marcado para as 21h30 na LMA. Os bilhetes estão à venda a cem patacas, se comprados antecipadamente na Livraria Portuguesa ou no Macau Design Center, ou 120 patacas à porta. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

EVENTOS

JOVENS COM DÉFICE COGNITIVO EXPÕEM DESENHOS

A exposição “Grateful to You” é uma iniciativa da Associação de Apoio aos Deficientes Mentais e da Fundação Rui Cunha. Neste ano que festeja 30 anos, a Associação que presta apoio a crianças com défice cognitivo quis mostrar a capacidade de comunicação destas crianças bem como potenciar o índice de auto-estima. A Fundação Rui Cunha aliou-se neste projecto por considerar que “ao expor os desenhos elaborados por crianças com deficiência, sentimos estar a permitir-lhes não só o desenvolvimento do potencial do seu senso de dignidade e auto estima, mas também contribuir para o desenvolvimento da personalidade e criatividade”. Esta exposição irá também contribuir para aproximar o cidadão deficiente mental da sociedade através das suas criações, mostrando algumas das suas capacidades. A exposição conta com vários desenhos de crianças que frequentam a instituição e vai estar patente até dia 9 de Setembro. A cerimónia de abertura é hoje às 11h30.

ESPECIALISTA EM LITERATURA PORTUGUESA HOMENAGEADA NO BRASIL

A decana dos especialistas em literatura portuguesa no Brasil, Cleonice Berardinelli, foi homenageada domingo no Rio de Janeiro, na celebração do seu centésimo aniversário, numa cerimónia em que participou o ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes. De acordo com o gabinete do ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, este será um dos momentos da visita oficial ao Brasil, até quintafeira, para vários encontros com agentes culturais, e responsáveis ligados ao ensino e divulgação da língua portuguesa no país. Além da homenagem a Cleonice Berardinelli, da Academia Brasileira de Letras, o ministro da Cultura irá também distinguir Gilda Santos, portuguesa há muitos anos a ensinar no Brasil, fundadora da Cátedra Jorge de Sena, e vice-presidente do Real Gabinete Português de Leitura, com uma medalha de mérito cultural.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

AVATAR DE KUSHIEL • Jacqueline Carey

A nação de Terre d’Ange é um lugar de beleza e graça sem par. Diz-se que os anjos deram com a terra e a acharam boa… e que a raça resultante da semente dos anjos e dos homens se rege por uma simples regra: Ama à tua vontade. Phèdre nó Delaunay é uma mulher atingida pelo Dardo de Kushiel, eleita para toda a vida experimentar a dor e o prazer como uma coisa só. O seu caminho tem sido estranho e perigoso, e ao longo de todo ele o devotado espadachim Joscelin tem estado a seu lado. A natureza dela é uma tortura para ambos, mas ele jamais violou o seu voto: proteger e servir.


12 CHINA

hoje macau terça-feira 6.9.2016

G20 XI JINPING EM REUNIÕES BILATERAIS PARA RESOLVER CONFLITOS REGIONAIS

Pontes cada vez mais perto

X

I e Park reuniram à margem da cimeira do G20, que decorre na cidade de Hangzhou, costa leste da China, após Seul ter decidido instalar no seu território o THAAD, na sequência dos testes nucleares realizados pela Coreia do Norte. “Uma gestão inadequada do problema não propicia a estabilidade estratégica na região e pode intensificar os conflitos”, afirmou Xi, que considera que o THAAD tem como verdadeiro alvo a China. Durante a reunião, Xi reafirmou o compromisso da China na desnuclearização da península coreana, e insistiu que a única via para resolver a disputa é o diálogo.

A cimeira do G20 tem permitido aos líderes de Estado reuniões bilaterais a fim de resolverem questões regionais. Foi o que aconteceu entre Xi Jinping e a sua homóloga da Coreia do Sul, Park Geun-hye. Xi disse ser contra o escudo antimísseis norte-americano e advertiu-a para uma possível escalada de tensões

O

O Presidente chinês, Xi Jinping, reuniu-se ontem com o primeiroministro do Japão, Shinzo Abe, após a cimeira do G20, numa altura de renovadas tensões entre os dois países, devido a disputas territoriais. “Existem questões difíceis entre o Japão e a China e, por isso, é importante que os líderes realizem uma troca honesta de opiniões e melhorem as relações”, disse aos jornalistas Yoshihide Suga, o chefe de Gabinete do primeiro-ministro japonês. Pequim e Tóquio vivem momentos de tensão em torno da soberania do arquipélago Diaoyu, no Mar da China Oriental. A última vez que os dois líderes se encontraram foi em 2014, à margem do Fórum da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), num momento que ficou marcado pela forma fria com que se cumprimentaram. As relações voltaram a deteriorar-se nos últimos meses, devido às críticas do Japão à postura da China no Mar do Sul, onde Pequim tem construído ilhas artificiais e instalações militares.

SECTOR DE SERVIÇOS ACELERA EM AGOSTO

VAMOS NEGOCIAR

O líder chinês pediu que as conversações a seis (China, Japão, Rússia, EUA e a duas Coreias), interrompidas em 2009, sejam retomadas, e que se considere os pontos de vista de cada um dos países implicados.”Os sintomas e a raiz do problema devem ser discutidos”, referiu Xi. Segundo Washington e Seul, a instalação do THAAD na península coreana visa interceptar projécteis da Coreia do Norte, depois do regime de Kim Jong-un ter alcançado progressos nos seus programas nuclear e de mísseis. Os Governos da China e Rússia consideram, no entanto, que a finalidade do sistema é aceder a dados das suas bases militares mais próximas, constituin-

ENCONTRO DE IMPÉRIOS

do uma ameaça directa à sua segurança.

ENCONTRO A DOIS

Xi Jiping tem-se desdobrado em negociações nesta cimeira, assinando acordos bilaterais e até levando a China a aceitar o Tratado de Paris, numa acção conjunta com o Presidente Barack Obama num momento que ficará registado para a história. Na senda dos encontros com os seus homólogos, fica o registo com Mariano Rajoy. Xi agradeceu ao primeiro-ministro espanhol pela sua presença na cimeira,

S Presidentes Barack Obama e Vladimir Putin reuniram-se ontem à margem da cimeira do G20, na China, informou a Casa Branca, horas depois de os seus diplomatas falharem um acordo sobre a Síria. “O Presidente está a participar num encontro à margem com o Presidente Putin da Rússia.”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

Xi reafirmou o compromisso da China na desnuclearização da península coreana, e insistiu que a única via para resolver a disputa é o diálogo apesar da situação política em Espanha. Os líderes reuniram-se antes do início do segundo dia da cimeira e ambos constataram as boas relações bilaterais, prometendo que continuarão a cooperar em todas as áreas. Reconhecendo que Espanha está bastante ocupada com

problemas políticos, numa alusão à ausência de um governo em plenas funções no país, Xi Jinping agradeceu de forma especial a presença de Rajoy em Hangzhou.

TROCA DE GALHARDETES

Fontes do Governo espanhol revelaram ainda que

G20 OBAMA E PUTIN REÚNEM-SE Ontem, antes do encontro dos chefes de Estado, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, reuniram-se para discutir a redução dos combates na Síria, mas não chegaram a acordo. Antecipava-se como provável que os dois países acordassem

disponibilizar ajuda humanitária aos civis de Alepo e suspender, pelo menos em parte, os bombardeamentos russos e sírios, mas tal não foi possível. As negociações sobre o conflito de cinco anos – que já matou cerca de 300 mil pessoas e obrigou milhões a fugirem – parecem ter sido afectadas por desenvol-

o líder chinês felicitou Rajoy pela “evolução positiva” na economia de Espanha. Rajoy aproveitou a reunião para convidar o Presidente chinês a visitar Espanha, e Xi pediu-lhe para transmitir um convite ao rei Filipe VI, visto que Rajoy já visitou a China. O primeiro-ministro de Espanha disse ainda que o seu Governo tem total disposição para colaborar no sentido de incrementar o ensino do espanhol na China, através, por exemplo, da formação de professores.

vimentos no terreno, apontou a agência AFP. Tropas do Governo sírio cercaram partes de Alepo controladas pelos rebeldes, retomando a violenta operação. A cidade de Alepo tem sido das mais fustigadas pelo conflito que começou com protestos contra o Presidente Bashar al-Assad em Março de 2011.

O crescimento do sector de serviços da China acelerou em Agosto enquanto as novas encomendas aumentaram de forma modesta e o emprego estabilizou, com as expectativas empresariais atingindo o máximo de seis meses, indica esta segunda-feira a pesquisa do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês). Mais sinais de estabilidade na economia da China sustentam o crescente consenso de que o banco central chinês vai evitar mais abrandamento monetário como cortes da taxa de juros até pelo menos o final do ano. O PMI de serviços do Caixin/Markit subiu para 52,1 em Agosto, face aos 51,7 em Julho. Entretanto, a taxa de expansão ficou em linha com os últimos meses e permaneceu bem abaixo da média histórica. O Caixin/Markit descreveu o crescimento na actividade como “relativamente abaixo do esperado”. O PMI Composto do Caixin, que cobre os sectores industrial e de serviços, continuou a mostrar uma expansão com uma leitura de 51,8.


13 hoje macau terça-feira 6.9.2016

REGIÃO

E vão mais três

EUA condenam lançamento de mísseis da Coreia do Norte

TAILÂNDIA DETIDO SUSPEITO POR SÉRIE DE ATENTADOS

As autoridades tailandesas detiveram um homem suspeito de ter participado numa série atentados terroristas no centro e no sul do país, a 11 e 12 de Agosto, que causaram quatro mortos e 35 feridos. O homem, que a imprensa tailandesa identificou como Abdulkadir Saleah, de 33 anos de idade, é natural da província de Pattani (sul) e era procurado por suspeita de, na madrugada de 12 de Agosto, ter ateado o incêndio que atingiu o edifício de três andares visado nos atentados terroristas. A polícia tailandesa acredita que pelo menos 20 terroristas participaram na colocação e detonação das 14 bombas que rebentaram a 11 e a 12 de Agosto. Entre os 35 feridos nos atentados contam-se dez estrangeiros. Abdulkadir Saleah foi o primeiro detido na sequência da investigação da polícia aos autores dos atentados. A maioria dos alegados terroristas envolvidos são pessoas sem antecedentes criminais, quase todos do sul do país, indicou o chefe da Polícia tailandesa, Chakthip Chaijinda.

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S Estados Unidos condenaram ontem o lançamento de três mísseis balísticos pela Coreia do Norte, considerando-o uma ameaça para os seus aliados e para os voos comerciais, e defenderam uma acção diplomática contra Pyongyang. “Os lançamentos irresponsáveis da Coreia do Norte são uma ameaça para a aviação civil e para o comércio marítimo na região”, disse uma fonte oficial da administração norte-americana. O responsável, que falava à margem da cimeira do G20 na

“Os lançamentos irresponsáveis da Coreia do Norte são uma ameaça para a aviação civil e para o comércio marítimo na região” ADMINISTRAÇÃO NORTE-AMERICANA

China, disse que Washington irá “apoiar uma acção internacional para responsabilizar a Coreia Norte pelas suas acções provocadoras”. A Coreia do Norte disparou ontem três mísseis balísticos a partir da sua costa leste, cerca de duas semanas depois de testar um míssil balístico a partir de um submarino, noticiou a agência sul-coreana Yonhap. Os mísseis foram disparados para o Mar do Japão, a partir da região de Hwangju, pelas 04:00, segundo a Yonhap, que cita os chefes de Estado-maior sul-coreanos. Ainda não se sabe de que tipo são os mísseis disparados, com um porta-voz do Ministério da Defesa de Seul a informar que o exército sul-coreano está agora a analisar o ensaio.

ACÇÃO CONTÍNUA

A Coreia do Norte realizou uma série de testes de mísseis este ano, o mais recente a 24 de Agosto, quando foi lançado um míssil balístico a partir de um submarino que se deslocou 500 quilómetros na direcção do Japão.

Esse lançamento, amplamente condenado, marcou o que analistas de armamento descreveram como um claro passo em frente nas ambições nucleares da Coreia do Norte. O lançamento de ontem surge horas depois de a Presidente sul-coreana, Park Geun-Hye, e o

Presidente chinês, Xi Jinping, se reunirem, à margem da cimeira do G20 em Hangzhou. A China é o único grande aliado de Pyongyang, mas os laços entre os dois países têm vindo a enfraquecer devido aos testes nucleares da Coreia do Norte, que causaram tensão na península.

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h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Sem engordurar os dedos de vida creve a realidade, nem a recicla. Os poemas de Mariana ordenam a realidade, de modo a caminharmos melhor e seguirmos em frente. Não temos de ter vergonha do lixo, das nossas misérias, as palavras sabem delas melhor do que nós e ao seguirmos as palavras, seguimos em frente, seguimos acima da vida. Há na poética contemporânea muito de reciclagem, mas não é o caso dos poemas de Mariana Ianelli. Os seus poemas destacam-se radicalmente daquilo a que se usa chamar de poesia contemporânea, tanto na forma quanto no conteúdo, como se verá em seguida ao analisarmos de perto um dos seus livros. A poesia de Mariana é uma poesia apocalíptica, no sentido literal do termo, uma poesia da revelação, uma poesia ainda por vir. Aquilo que está por vir não é contemporâneo, obviamente, mas apocalíptico. A poesia desta jovem poeta tem a grandiloquência dos mitos, da autoridade do passado e o tom severo e encantatório da elegia. Não é por acaso que os seus versos começam todos em maiúsculas, quer sucedam a um ponto final, a uma virgula ou a nada. A vida é verso a verso e não uma correria até ao fim. Assim são os poemas da Mariana. Os poemas de Mariana Ianelli não falam da vida, não imitam a vida, não a descrevem. A vida é para quem não pode mais nada. Vejam-se exemplos. No seu livro Passagens, à página 31, escreve: “Eu persisti,” Neste início de poema, ainda antes de começarmos, paramos. Paramos por duas razões: pela forma e pelo conteúdo. Paramos porque pela primeira vez estamos a ver o sentido pleno e contraditório deste verbo, persistir, nesta primeira pessoa a dizer o verbo: Eu persisti, ... a vírgula obriga-nos, aqui, a parar mais do que qualquer ponto final usualmente nos pára. Eu persisti só poderia ter ou vírgula ou nada, nunca um ponto final. E isto compreende-se pelo que falta, pelo que parece faltar à transitividade do verbo. Este verso faz-nos ver que persistir é parar. Persistir, que sempre tomamos por uma acção violenta de continuidade, aqui explode na nossa atenção como sendo o oposto. Eu persisti quer dizer “eu parei”, “eu fiquei”, “eu mantenho-me” “eu estou presente”, “eu sou”, ou como diriam os gregos antigos, “egw andreios eimi” (“eu

sou corajoso”), eu mantenho-me no lugar onde sempre estive. Ou ainda, como ela escreve à página 23 do mesmo livro: “Caiam todos sobre mim: eu subsisto.” Trata-se em poucos versos de um projecto que depois será sustentado verso a verso ao longo do livro: o sentido de quem se mantém só, repleta de história. Porque a sua poesia não rejeita o conhecimento do passado, não rejeita mostrar-se como parte da miséria que assola o mundo desde o início dos tempos. Esta poesia está muito pouco preocupada com inovações formais. Isso é assumido de imediato pelos ver-

JACQUES-LOUIS DAVID, THE DEATH OF SOCRATES

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ELA boca morre o peixe, pela palavra morre a vida. Pela palavra morre a miséria da vida e nasce a flor viçosa do esplendor humano. A palavra aponta a miséria para superá-la, para sará-la, curá-la. Só a palavra cura a vida, só a poesia cura a realidade. Esta é a poesia, o sentido primeiro da poesia de Mariana Ianelli, na grande tradição de Fernando Pessoa. Mariana acredita na palavra redentora. A palavra redentora é a palavra poética. A palavra que começa sem começo. Que acaba sem fim. A palavra que magicamente desconhece a vida. Mariana Ianelli faz uma das coisas mais difíceis de serem feitas em poesia: com os materiais da miséria, com os materiais da história humana repleta de atrocidades, constrói um arranha-céus de optimismo. Mas não se pense que optimismo se identifica com lirismo caduco ou com pieguice de polichinelo. Melhor seria dizermos que, para além da beleza dos seus versos, há ainda a desgraça do optimismo. Desgraça bem maior do que o pessimismo é o optimismo. Acreditar na palavra apesar de tudo, contra tudo e contra todos, acreditar na palavra como transformação, como advento, como o que pode e vai salvar o mundo é mais miserável do que não acreditar. Quem acredita na palavra poética como redentora do humano e do mundo sofre mais do que um pessimista. O que dói é acreditar e carregar essa crença nas costas. Não acreditar em nada não dói sequer uma unha. O optimismo, e isso aprende-se nos poemas de Mariana Ianelli, é a maturidade da miséria. Ao invés de acusar a miséria, de lhe pôr as culpas em cima, estes poemas ordenam as misérias com palavras, e é com este movimento que acontece o inesperado. Este inesperado é o poema que nos faz ver o que já julgávamos ter visto. O pessimismo é a adolescência da miséria. e o optimismo a maturidade da mesma. E quando digo aqui miséria, não falo apenas da miséria humana, mas a miséria de todas as coisas, a miséria do tempo com tudo o que engole. Embora se tenha dito atrás que Mariana usa os materiais da miséria e os transforma, não se quer com isso dizer que se trate de uma poética da reciclagem. Uma coisa é fazer uma estátua com o lixo da rua, outra bem diferente é ordenar o lixo da rua de modo a poder seguir em frente. Assim são os poemas de Mariana. Nem des-

sos iniciados sempre por maiúsculas, mas não só, também há versos que no seu conteúdo nos dizem que é assim que esta poeta pensa, que esta poeta assume seu lugar no corpus poeticus, leia-se o verso à página 79: “Os falsos poetas contemporâneos,”. E, nesse mesmo poema, o primeiro verso diz: “Retorna para o Tártaro,” e, adiante: “E, depois, as Fúrias aprontarão”. Assim Mariana Ianelli assume a temporalidade, assume o mundo como seu objecto poético, e não apenas o seu lugar claustrofóbico: “Nós temos em comum este corpo que nos trai.” O corpo é uma prisão, viver no corpo e pelo corpo é re-


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máquina lírica

cusar a totalidade do mundo, da história, da temporalidade. Viver para além da prisão do corpo é, para Mariana, a única possibilidade de fazer poesia. E, a tudo isto, se liga ainda um artifício muito bem conseguido: a voz desta mulher, desta poeta antiga construindo o seu passado, é a voz de um homem, a voz masculina. Por que faz ela isto? Veja-se como ela termina um dos seus poemas, à página 55: “De um homem frente ao signo da morte, / Homem que eu jamais seria.” Não se trata de uma imitação da heteronímia de Fernando Pessoa, mas sim de uma impossibilidade de nos aceitarmos, de aceitarmos que “passamos”, que estamos aqui de passagem, que “temos em comum este corpo que nos trai.” E com ele, com esta traição que nos habita, nesta traição que transportamos temos de defender as palavras. Rejeitar a sua própria voz, a voz com a qual responde pela manhã ao seu marido ou à tarde

à rapariga da loja, é reconhecer que a vida não tem nada que entrar no poema. A vida não é p’r’aqui chamada. E, neste particular, sim, neste particular tem a ver com Fernando Pessoa. Não enquanto imitação, mas como profundo enraizamento numa estética que recusa que a vida entre poema adentro. Os poemas de Mariana Ianelli têm seus pés fortemente fincados aquém e além da vida, como podemos ver neste verso: “Com meus dedos engordurados de vida.” É assim que a poeta se vê ao chegar ao poema, ao debruçar-se sobre si mesma, sobre a página, sobre o poema: com os dedos engordurados de vida. E lembramos de imediato o verso final de um grande poema de Álvaro de Campos: “Raios parta a vida e quem lá ande.” Nos poemas de Mariana, há a claridade quase ofuscante da vida não valer nada, da vida não valer senão o que se faz dela, o que se faz com ela. A vida existe para ser ultrapassada. Conhecer

a vida é também fazer pouco mais que nada, saber pouco mais que nada, encantar nada. Leia-se outro verso de Mariana: “Com teu mágico desconhecimento da vida”. Desconheça-se a vida para conhecer a magia, a palavra, o mistério. Desconhecer a vida é existir sem engordurar os dedos de vida; é encantar, é ter o poder antigo da magia, o poder das palavras que abrem clareiras, que fazem ver, como se a cegueira fosse antes do poema a nossa única morada. Desconhecer a vida não é desconhecer a palavra. Desconhecer a vida não é desconhecer o que mais importa. Desconhecer a vida é a magia que hoje ainda nos é possível realizar. Mariana sabe que a nossa vida vale menos que um poema, menos que um verso. E esta é a sua guerra: contra a ausência de poesia que nos habita. A poesia dela não é pessimista, embora não nos faça rir, nem sequer ficar contentes. A poesia é de outra ordem. Da ordem da beleza, da ordem do que nos mostra a vida morrendo diante de uma palavra. E isto só pode fazer com que nós, humanos que vivemos nas palavras, tenhamos um esgar de esperança de que há Deus, o outro ou o nada para nos ouvir e compreender. Por fim, a beleza dos versos de Mariana Ianelli, avulso, como a própria poesia dela e a própria vida: “Vivendo entre a espada, o luto e uma elegia. (...)” “Esta dor voltou a ser (...)” “O lugar santo visto à luz da chama, (...)” “E os nossos iguais, que eram tantos, (...)” “Que nos misturássemos aos mortos, (...)” “Não fica o espaço transitório do nosso corpo, (...)” “Todos nós caímos em desgraça. (...)” “Desejei um tempo pela manhã (...)” “Eu te quis vivo, Transtornado, mas vivo. (...)” “Contornada a margem fina Do esquecimento, Outra capital aparecerá Sobre a antiga. (...)” “Para as mão de quem eu nunca vi, (...)” “Com teu mágico desconhecimento da vida (...)” “Continuaste errando em nome da tua velha sensibilidade. (...)” “E a mente padece como se arfasse, (...)” “Estás muito bem guardado em tua alma. (...) “O que por ti já passou, mas sempre retornará, Carrossel do enforcados, profecia de tua desgraça, Insânia nas alturas, e mais desgraça. (...)” “Uma tarde cuja noite se tornou algum resíduo amortalhado. (...)” “Nós temos em comum este corpo que nos trai.

Paulo José Miranda

(...)” “Tinha de ser o caos. (...)” “Chovia no caminho de tabuas, Ao pé da escada do pátio a lama cheirava bem E a infância mostrava as suas vísceras. (...)” “Ignoro se tu és capaz de voltar.” “O desejo de que tu compareças Não dura em mim do mesmo modo que tua imagem, (...)” “Agora eu compreendo as tuas passagens. Aos quinze tu pegaste corpo (...) “Quantas vezes o pai te aturdiu no rosto e te cuspiu Por cresceres apetecendo tanto aos outros... (...)” “E verás em ti a emoção de uma outra face. (...)” “E tudo o que amas com fervor “Reside no absoluto esquecimento do passado. (...)” “Chegamos ao extremo do caminho Aonde ninguém vai sem antes dar-se por vencido. (...)” “Diz que uma febre se esconde No seio do próximo inverno, (...)” “O inferno esteja contigo No dia em que teu pai morrer (...)” “Os falsos poetas contemporâneos, (...)” “Atravessamos a época de um verão que faz sofrer, (...)” “Estamos em ti sempre que te ausentas. (...)” “Que a chuva descia pelos seus tentáculos d’água (...)” “Era uma pepita de sangue (...)” “Tudo o que era nosso nos foi tirado.” “Mas algo ainda permanece, (...)” “Penumbra da nossa própria sombra (...)” “Derramada sobre o chão, (...)” “Sentinela dos teus vários descendentes, (...)” “As semanas despendidas à vara e a remo (...)” “Um desvão onde guardar minha ansiedade. (...)”

Mariana Ianelli nasceu em 1979 na cidade de São Paulo. É autora de sete livros de poesia publicados pela editora Iluminuras, São Paulo – Trajetória de antes (1999), Duas Chagas (2001), Passagens (2003), Fazer silêncio (2005), Almádena (2007), Treva Alvorada (2010), Amor e depois (2012) – e um, o mais recente, Tempo de Voltar (2016), pela editora Ardotempo, Porto Alegre.


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FALECIMENTO ARMINDO DIAS FERREIRA A família enlutada de ARMINDO DIAS FERREIRA vem comunicar o falecimento do seu ente querido. Deixa a esposa Maria Manuela da Silva Ferreira, os filhos: Sérgio da Silva Ferreira, Adriano da Silva Ferreira, Filipe Miguel da Silva Ferreira; os netos: Bianca, Melissa, Nuno, Bruno, David; noras: Patsy Wong Ferreira, Emily Ferreira, Noémia Almeida Ferreira; irmãos: Armando Ferreira casado com Natércia Ferreira, Daniel Ferreira, Manuela Bastos casada com Fernando Bastos e Isabel dos Santos Ferreira casada com Carlos Alberto dos Santos Ferreira. No dia 7 de Setembro de 2016 pelas 20:00 horas, na Casa Mortuária Diocesana será rezada uma missa pela sua alma. No dia seguinte, 8 de Setembro de 2016, pelas 11:00 horas, será realizado o funeral e uma missa no Cemitério S. Miguel Arcanjo, Macau. Antecipadamente se agradece a todos quantos queiram participar no piedoso acto.

DANIEL BOTELHO DOS SANTOS A família de DANIEL BOTELHO DOS SANTOS tem o penoso dever de informar que este seu ente querido faleceu na sexta-feira, dia 2 de Setembro, em Macau. Deixa a esposa Quan Fulan, os irmãos Victor Emanuel Botelho dos Santos, Filomena Botelho dos Santos da Silva, Carmelinda Francisca Botelho dos Santos, Ana Maria Botelho dos Santos, Maria Ângela Botelho dos Santos Lameiras, Rita Botelho dos Santos, Alda Botelho dos Santos, Elfrida Botelho dos Santos. A missa realiza-se no sábado, 10 de Setembro pelas 20 horas, na Casa Mortuária Diocesana. No dia seguinte, domingo, 11 de Setembro pelas 11h realizar-se-á a missa de corpo presente e o enterro no Cemitério S. Miguel Arcanjo, Macau. A todos quanto se queiram associar a este piedoso acto, a família enlutada agradece antecipadamente.


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INAUGURAÇÃO DE EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU (ATÉ 30/10) IACM, 18h00 EXPOSIÇÃO “THE RENAISSANCE OF PEN AND INK - CALLIGRAPHY AND LETTERING ART DE AQUINO DA SILVA Armazém do Boi (até 18/09) EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES /QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10)

O CARTOON STEPH

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017) EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10) SOLUÇÃO DO PROBLEMA 73

NERVE SALA 1

TRAIN TO BUSAN [C]

FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Yeon Sang-ho Com: Gong Yoo, Ma Domng-Seok, Choi Woo-sik 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

NERVE [C]

Filme de: Henry Joost, Ariel Schulman Com: Emma Roberts, Dave Franco, Emily Meade, Miles Heizer 14.30, 18.00, 19.30, 21.30

CHIBI MARUKO CHAN - A BOYFROM ITALY [B]

PROBLEMA 74

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

C I N E M A

YUAN

1.19

NEM OITO, NEM OITENTA

Diariamente

Cineteatro

0.23 AQUI HÁ GATO

PALESTRA “CONVERSA SOBRE O LIVRO” SOB O TEMA “PERCURSOS INESPERADOS DE UM LEITOR” Fundação Rui Cunha

EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

(F)UTILIDADES

Há dias em que viver em Macau é chato. Uma pessoa revolta-se interiormente com qualquer coisa aparentemente banal, mas demonstrativa de tudo o resto. Vai ao Facebook e escreve umas coisas nuns grupos, outros respondem, ocupa logo ali uma hora. Mas depois ir a uma manifestação não dá, não podi, porque se pode perder o emprego, porque se é avisado pelo chefe. Tudo isto para dizer que são poucas as pessoas que dão murros na mesa e dizem “caraças, este gajo tem que ser despedido, porque é um incompetente”. E olhem que há por aqui muitos, meus amigos. Se isso não se diz, imaginem as cobras e lagartos que temos de engolir. Se falarmos, aparece logo a polícia com os seus regulamentos administrativos a dizer “não podi”. Adiante. Há depois alguns rostos que disparam para todos os lados, aparecem nos jornais todos os dias, vão ao Facebook e fazem likes e partilhas. Estão em todas, como diz uma célebre canção portuguesa. Macau sã assim, uma terra de contrastes. Pena é que, no fundo, mas bem lá no fundo, seja difícil obter algo de concreto, coisas que agradem às pessoas ou até ideias giras para discutir à mesa de um café. Pu Yi

“RAISE THE RED LANTERN” ZHANG YIMOU (1991)

“Raise the red lantern”, é um filme do “banido” Zhang Yimou, que nos dá a ver a intimidade das concubinas de uma China de outros tempos. Numa adaptação do livro “Mulheres e Concubinas” de Su Tong, retrata as vicissitudes da vida de Songlian que após a morte do pai se torna na quarta mulher de um rico “senhor”. Um filme no feminino que traça o desenvolvimento das relações entre as mulheres pertença da nobreza chinesa numa viagem aos anos 20, ao mesmo tempo que invade o íntimo da personagem principal numa interpretação brilhante de Gong Li. A destacar é a direcção de fotografia capaz de fazer esquecer o enredo e convidar o espectador a desfrutar de autênticos “quadros”. Sofia Mota

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Jun Takagi 16.45 SALA 3

THE LETTERS [A]

Filme de: William Riead Com: Juliet Stevenson, Max Von Sydow, Rutger Hauer 19.15

SHIN GODZILLA [B]

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Hideaki Anno Com: Yutaka Takenouchi, Hiroki Hasegawa, Satomi Ishihara 14.30, 16.45, 21.30

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JOANA MORTÁGUA

HELVIO SOTO, IL PLEUT SUR SANTIAGO

in Esquerda.net

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Anatomia do golpe

A madrugada de 17 de Março, o impeachment de Dilma Rousseff revelou-se ao mundo como uma farsa. Na Câmara dos Deputados, 367 eleitos disseram “sim”, justificando o seu voto com todos os motivos absurdos pelos quais não se derruba um governo eleito: pelo neto Gabriel, pelos evangélicos, “para a acabar com a Central Única dos Trabalhadores e os seus marginais”, pela Ditadura Militar de 1964 e em homenagem ao torturador Alberto Brilhante Ustra, “que foi o pavor de Dilma Rousseff”. Nessa noite ninguém ouviu falar de “pedaladas fiscais”, nem dos tais crimes de responsabilidade, o impeachment não passou de um julgamento político feito à margem da democracia decidido por juízes que são, simultaneamente, autores e beneficiários do golpe, representantes partidários prontos para ocupar o condomínio do poder depois de terem despejado o seu legítimo ocupante. Agora que o caso “está arrumado”, ouviremos dizer que só à História caberá a tarefa de ajuizar sobre a injustiça do golpe no Brasil, seja por branqueamento ou longínqua condenação histórica, como se a história tivesse travado deputados como Jair Bolsonaro de dizer coisas como “o erro da ditadura foi torturar e não matar”. O golpe no Brasil foi um assalto ao poder para desrespeitar a decisão de 54 milhões

de eleitores que votaram num governo, bom ou mau, mas democraticamente eleito. Por si só, o acto já merece condenação. Mas ainda mais assustador é a anatomia do golpe: quem e porquê. Há duas personagens principais. Eduardo Cunha, o Presidente da Câmara dos Deputados que aceitou o impeachment, enfrenta um processo por esconder contas secretas na Suíça, onde guarda o saque de várias propinas e subornos e tem pendente um mandato de prisão preventiva. O outro é Michel Temer, ex-vice e actual Presidente, envolvido no Lava Jato.

Este golpe não se fez só contra Dilma, é um atentado contra todos os avanços sociais que o PT trouxe ao Brasil Estes misturam-se com a direita evangélica e toda a extrema-direita partidária do tal Bolsonaro, conhecido por dizer a uma deputada “não te estupro porque você não merece” ou por garantir que os seus filhos nunca se relacionariam com uma mulher negra porque “foram bem educados”. Este é o exemplo mais chocante da direita que o golpe reuniu e normalizou, parte dela sustentada aos longo dos anos pela participação em governos do PT, e que agora se desfez do intermediário para assegurar um governo de “sangue puro” da elite dominante financeira, industrial e latifundiária do Brasil. O golpe é feito por uma direita retrógrada, autoritária, radicalizada contra os direitos alcan-

çados pelo povo. Numa caricatura humorística, essa elite é representada pelo “odeio pobre”, a frase mais batida de CacoAntibes, personagem do famoso programa “Sai de Baixo”. A agenda dessa elite é clara: impor um retrocesso social sem precedentes ao Brasil, que passa tanto pelos cortes sociais, pela lei da selva laboral, como pela exclusão da chamada “ideologia de género”, ou seja, das palavras género, orientação sexual, nome social das escolas brasileiras e de qualquer política pública. Mas há outra razão na anatomia deste golpe, a agenda da impunidade, que ficou a nu quando Renan Calheiros, Presidente do Congresso, Romero Jucá, Senador e José Sarney, ex-Presidente da República, que foram apanhados numa gravação em que elaboravam um plano para travar o Lava Jato, incluindo o impeachment de Dilma. Este golpe não se fez só contra Dilma, é um atentado contra todos os avanços sociais que o PT trouxe ao Brasil. No entanto, a direita alimentou-se do fracasso do PT, incapaz de manter as mãos limpas, cada vez mais dependente da direita para governar, que aceitou a recessão como legitimação de políticas de austeridade, que deixou ao vento as promessas de reforma do sistema político e de aprofundamento das conquistas sociais. Com tudo o que sabemos sobre a anatomia do golpe, é muito provável que a farsa se transforme em tragédia para o povo brasileiro. E é por isso que não podemos esperar que a História faça o seu julgamento, nem aceitar as cumplicidades que, também na direita portuguesa, o legitimaram. O julgamento do golpe cabe-nos a todos, democratas de qualquer país. Mas a sua condenação cabe ao povo brasileiro na luta pelos seus direitos, uma tarefa do presente.


19 hoje macau terça-feira 6.9.2016

sexanálise

Na praia com o preconceito

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ORQUE ainda estamos nos meses de Verão, e porque muitos ainda se despem e se banham em praias paradisíacas, não podemos deixar de falar do que aconteceu ainda no nosso querido mês de Agosto, desta vez, no sul de França. O que é que aconteceu na praia no sul de França? Medidas um tanto ou quanto xenófobas. E o que isso tem que ver com sexo? Tem muita coisa – especialmente com o género e o corpo feminino. Ideologias ditas democráticas e liberais ditam que a mulher não tem que esconder o seu corpo. Deve ir à praia despir-se o mais possível - as mais aventureiras mostram a barriga ou as maminhas - mas o que importa (supostamente) são as normas progressivo-europeias que permitem as mulheres tomarem controlo das suas decisões corpóreas. Contudo, parece que é extremamente difícil perceber o que é liberdade de expressão e de que forma as mulheres se podem sentir empoderadas com o seu corpo: a fórmula não é aplicável a toda e a qualquer pessoa. Não é universal a ideia de que uma mulher só é emancipada quando se sente no direito e no à vontade de se despir – nunca é assim tão simples. Refiro-me à parvoíce que foi quando o burkini foi proibido nas praias do sul de França. Eu ainda dou a mão à palmatória porque o ataque em Nice não foi há muito tempo e as pessoas estão com medo. Mas essa é só a reacção inicial – mentes que pensam rapidamente chegam à conclusão que a generalização religioso-racial de profundo preconceito não traz vantagem nenhuma à sociedade. Aliás, ódio e atitudes estigmatizadoras é tudo de bom para o Daesh, porque de alguma forma precipita processos de radicalização – mas não entrarei por aí. O que foi verdadeiramente chocante foi a forma como a polícia de choque, equipados de metralhadora e com caras de mau, andava a patrulhar as praias e a multar mulheres, por estarem vestidas demais. Porque já houve o tempo quando a polícia andava a multar e a ridicularizar as pessoas que estavam vestidas de menos: voltámos a um tempo antigo demais, onde a liberdade de expressão é estrangulada pelos conservadorismos de muitos. Diz a criadora do burkini que as vendas têm atingido níveis nunca vistos, por isso, pelo menos, a proibição fez com que esta peça de moda de praia tenha aumentado

BILLY WILDER, SOME LIKE IT HOT

TÂNIA DOS SANTOS

“Este tipo de políticas discriminatórias não contribuem para absolutamente nada, só para irritar as pessoas e não permitir as mulheres muçulmanas de ir à praia. Vai parar a radicalização? Não. Vai parar com a repressão feminina? Não. Vai parar com a estupidez humana? Nunca” em popularidade. Nas várias entrevistas realizadas acerca do que se passou em França, a criadora Libanesa-australiana tem insistido que a peça deveria ser um símbolo de diversão, bem-estar e fitness. Oferecendo a flexibilidade de vestuário que a mulher muçulmana tanto necessitava para se mexer como quer e fazer o que quer. Mas o ocidente gosta de contrariar as formas (criativas) que as pessoas arranjam para serem elas próprias e definirem a sua identidade. Para quem acha que usar um hijab, um niqab ou uma burka e, agora, um burkini é obrigatoriamente um sinal de uma mulher extremista, desengane-se, e sugiro muita calma nesses pré – conceitos. Estas são mulheres que querem ir à praia, tranquilamente, e que querem usar algo que as faça sentir bem. Repito: são diversas as formas de

empoderamento: podes estar nua ou tapada da cabeça aos pés, depende de cada um. Não foi há muito tempo que as mulheres chinesas começaram a moda do facekini, uma visão bem mais assustadora (tipo, Jason do Sexta-feira 13 a ir à praia), com o simples propósito de proteger a pele facial do tão indesejável sol. Totalmente legítimo, mas ainda bem que nenhuma desgraçada teve a feliz ideia de usá-lo nestas praias patrulhadas a favor de exposição solar! Acho que teria confundido o esquadrão de serviço. O mais incrível é que este tipo de políticas discriminatórias não contribuem para absolutamente nada, só para irritar as pessoas e não permitir as mulheres muçulmanas de ir à praia. Vai parar a radicalização? Não. Vai parar com a repressão feminina? Não. Vai parar com a estupidez humana? Nunca.

OPINIÃO


Ritmos de gazela e de magma profunda, / que a pele de sol e cobalto mal detém. / Olhos de feijão cor dos campos, / Há tanto queimados pelas monções do Sahara. / No ventre traz o oásis e veste folhas de bananeira; / Na mão cicatrizada, uma gota d`água eterna”

terça-feira 6.9.2016

Carlos Marreiros

G20 PEDE À OCDE UMA LISTA NEGRA DE PARAÍSOS FISCAIS

O recado está dado

POLICIAMENTO ALIANÇA DO POVO PEDE MAIS LIGAÇÃO À COMUNIDADE

C

HAN Tak Seng, presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau e responsável pelo grupo de ligação do policiamento comunitário, disse ao Jornal do Cidadão que é necessário reforçar a comunicação entre os agentes e os cidadãos, para que exista uma maior cooperação nos trabalhos de combate à criminalidade. O responsável frisa que, apesar da existência de reuniões semestrais e da realização de seminários, quando chega a hora de actuação da polícia comunitária a comunidade continua a ter uma posição passiva. Para Chan Tak Seng, há um desequilíbrio na partilha da informação policial. Chan Tak Seng fala da equipa de polícias

comunitários da Polícia de Segurança Pública (PSP) como um exemplo de falta de transparência e má comunicação, já que os polícias que dirigem a equipa de policiamento comunitários só ficaram a saber a sua localização quando notaram que a PSP já tinha instalado dos veículos de emergência. O presidente da Aliança do Povo de Instituição de Macau critica a ausência de consultas e reuniões específicas sobre a localização das câmaras de videovigilância, alertando para o facto da comunidade não conseguir alertar as autoridades para os maiores focos de criminalidade. Angela Ka (revisto por A.S.S.)

info@hojemacau.com.mo

PALÁCIO IMPERIAL UNIÃO DOS LESADOS ACUSA HOTEL DE FRAUDE

Uma união formada pelos lesados do Hotel Palácio Imperial Beijing realizou ontem uma conferência de imprensa em que acusou o hotel de fraude pelo aluguer excessivo de quartos. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, que cita o portavoz da união, o grupo reúne cerca de 30 agências turísticas e indivíduos locais, do interior da China e de Hong Kong que fizeram reservas de cerca de 700 mil quartos no hotel que acabou fechado pelo Governo. O montante envolvido está estimado em aproximadamente 250 milhões dólares de Hong Kong e o grupo suspeita que o hotel tenha alugado quartos em duplicado. A união entregou a acusação ao Ministério Público.

AUMENTAM TARIFAS DE CEMITÉRIOS E PARQUES DE CAMPISMO

Os preços de vários serviços comunitários vão aumentar a partir do próximo ano. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) decidiu aumentar em 20% o custo do arrendamento das gavetas para ossadas nos cemitérios, sendo que a primeira utilização das gavetas de primeira classe e de segunda classe vai passar a custar seis mil patacas e 3600 patacas, respectivamente, durante 50 anos. Os descontos efectuados nos cemitérios das ilhas vão deixar de existir. Para as gavetas que albergam as cinzas, vão ser instalados sítios de classe especial por cinco mil patacas cada. As tarifas de utilização dos parques de campismo também vão aumentar, passando a ser cobradas 50 patacas por noite a cada pessoa. Os residentes, instituições educativas e associações passam a ter de pagar 20 patacas por pessoa.

O

S dirigentes do G20 encarregaram ontem a OCDE de entregar ao grupo no próximo ano uma lista negra de países que não colaboram na luta contra a evasão fiscal, após a cimeira realizada na China. “Pedimos à OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) para informar os ministros das Finanças e os governadores dos bancos centrais, até Junho de 2017, dos progressos alcançados em matéria de transparência fiscal”, indicou o G20 na declaração final da cimeira de Hangzhou. A OCDE poderá “preparar até à cimeira de chefes de Estado e de governo do G20 de Julho de 2017 uma lista de países que não progrediram para atingir um nível satisfatório de aplicação de normas internacionais reconhecidas sobre a transparência fiscal”, indicaram os dirigentes do grupo das 20 principais potências mundiais. “É uma estreia”, afirmou o ministro da Economia e Finanças francês, Michel Sapin, acrescentando que alguns dos elementos avançados nunca tinham sido mencionados nos comunicados de anteriores cimeiras. “Mais do que nunca, a luta contra os paraísos fiscais é uma prioridade do G20”, disse à AFP o director do centro de política e de administração fiscal da OCDE, Pascal de Saint-Amans, também presente em Hangzhou. Esta mensagem “bastante forte” do G20 significa que os países que não cooperam têm até Julho de 2017 “para ficarem em conformidade com os critérios da OCDE”, acrescentou. “Estar na lista negra terá um impacto devastador na economia dos países citados”, previu, considerando que se trata de uma sanção “extremamente pesada”.

“Estar na lista negra terá um impacto devastador na economia dos países citados” PASCAL DE SAINT-AMANS DIRECTOR DO CENTRO DE POLÍTICA E DE ADMINISTRAÇÃO FISCAL DA OCDE

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