Hoje Macau 7 OUT 2016 #3671

Page 1

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

SEXTA-FEIRA 7 DE OUTUBRO DE 2016 • ANO XVI • Nº 3671

TIAGO ALCÂNTARA

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

hojemacau

HABITAÇÃO PÚBLICA CRIA MARGINALIZAÇÃO

A ERRADA ESTRUTURA A habitação pública não foi pensada, planeada, organizada de modo a permitir uma vida familiar saudável. Agora começa a ser um depósito de idosos que ali não encontram sequer espaços para conviver.

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

GRANDE PLANO

DEPUTADOS | SONDAGEM

O mais famoso é Coutinho PÁGINA 5

TRÊS ACTIVISTAS BARRADOS

E porque os dias

h

Uma semana muito especial Piratas dinásticos ANABELA CANAS

PÁGINA 4

JOSÉ SIMÕES MORAIS


2 GRANDE PLANO

S

ÃO muitos os estudos que, um pouco por todo o mundo, se dedicam à análise das condições geográficas e sociais que dizem respeito à habitação pública. Muitas vezes um espaço associado aos mais desfavorecidos, ao estigma, ao gueto ou a actividades criminosas, a habitação pública é o cerne da preocupação de estudiosos de várias áreas. Uma das questões levantadas prende-se com as áreas geográficas destinadas a este tipo de habitação e as suas condições de acesso, podendo isso ser a causa de alguns dos problemas sociais que se vão registando. Basta olhar para o mapa do território para perceber que, na sua maioria, as zonas de habitação pública da RAEM estão localizadas na zona norte da península. Por outro lado, Seac Pai Van está no outro extremo, em Coloane, e a excepção é o Edifício do Lago, situado na Taipa. A forma como tem sido gerida a construção deste tipo de lares em Macau apresenta particularidades inerentes às características do território, sendo que, ainda assim, o assunto não tem sido de relevo para o Executivo e, com as mudanças rápidas e profundas do território, apresenta problemas que necessitam de resolução.

GUETO DA IDADE

“Na RAEM, os bairros sociais não podem ser vistos como afastados do centro, não porque não o estejam, mas porque Macau é pequena e apresenta uma grande densidade populacional”, afirma o arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro ao HM. No entanto, os problemas advindos da má concepção deste tipo de habitação já se fazem sentir. “O problema está essencialmente ligado à área social”, afirma o arquitecto, ao mesmo tempo que explica que já se começa a sentir uma marginalização destes espaços, não por estarem associados a actividades marginais, como acontece nos países ocidentais, mas porque este tipo de habitação está a transformar as famílias. “Se antigamente o espaço de habitação era multigeracional, neste momento, o que está a acontecer é que os membros da família estão cada vez mais afastados uns dos outros”, adianta Vizeu Pinheiro, enquanto exemplifica o aumento do número de idosos que, por este motivo, vivem cada vez mais sozinhos na sua casa “social”. “Estão a existir muitos casos de idosos a viver sozinhos neste tipo de habitação porque, na sua

HABITAÇÃO PÚBLICA ESPECIALISTAS APONTAM CRESCENTES ÍNDICES DE

BAIRRO DA SOL maioria, o espaço é muito reduzido e não alberga mais elementos da família que vai aumentando”, ilustra. A opinião é partilhada pelo sociólogo Larry So. “Há cerca de 40 anos teríamos em Macau uma primeira geração de habitação pública. Mas, após a segunda geração, devido ao desenvolvimento económico e, especialmente, à indústria do jogo, que veio empregar muita

“Não estamos no gueto marginal, mas estamos na velhice isolada que é vivida nestes espaços”

gente, assistimos ao aumento dos rendimentos” começa por contextualizar o sociólogo. A descendência, agora com mais possibilidades económicas, foi procurar outras casas, noutras áreas da cidade e consequentemente, “um dos maiores problemas que existe agora, principalmente nos edifícios mais antigos, é uma população que no seu geral, é marcada pelo envelhecimento”.

A situação é de gueto, não no sentido delinquente como é conhecido no Ocidente, mas no sentido de integrar um espaço confinado e sem saída. “Não estamos no gueto marginal, mas estamos na velhice isolada que é vivida nestes espaços e, neste sentido, podemos falar de um outro tipo de “marginalização”, sublinha Larry So, enquanto adianta que “nós não estamos a


3 hoje macau sexta-feira 7.10.2016 www.hojemacau.com.mo

MARGINALIZAÇÃO

O LIDÃO A construção de habitações públicas, longe de lugares centrais da RAEM, poderá levar a uma maior marginalização dos seus habitantes, algo que já se começa a fazer sentir. Mais medidas de apoio social precisam-se

enfrentar o gueto como o local marginal ou espaço áureo para o desenvolvimento de actividades ilegais mas, por outro lado, começamos a ter um problema que deve ser devidamente tratado pelos serviços sociais e que se delimita especificamente nas zonas antigas de habitação pública de Macau”. Associado à antiguidade dos espaços, está a pobreza, ignorada

As populações idosas são obrigadas a viver num apartamento longe dos lugares equipados com estruturas sociais

pelas gerações mais jovens que vão, gradualmente, deixando os seus “mais velhos” a viver em condições “menos desejáveis”. “O que está a acontecer em Macau também é uma mudança social em que os jovens que viviam no seio familiar, que tinha tido acesso à habitação pública, começam a sair de casa para viver de forma independente, antes de casar”, considera Peter

Thomas Zabieslskis, professor do Departamento de Sociologia da Universidade de Macau (UM). No entanto, o investigador não deixa de salientar que, também associado à habitação, está um problema maior: a possibilidade dos jovens locais saírem do território.

EM CIMA DO JOELHO

As soluções não serão fáceis, mas Macau tem exemplos à volta em que a construção social já é dotada de estratégias de planeamento que visam antever os problemas, tanto de acesso como de isolamento. “É difícil perceber que, quando se decide fazer habitação pública em escala absolutamente exorbitante, como o caso de Seac Pai Van, não se pense em ter lá uma linha de metro a passar”. A afirmação é do arquitecto Mário Duque que justifica os problemas associados a este tipo de projectos a “uma ausência total de planeamento”. Mas a situação não é feita propositadamente. A RAEM opera segundo o que Mário Duque denomina de necessidade de “pão para a boca”. “Macau utiliza os terrenos para fazer aquilo que não tem e de que precisa urgentemente, o que é uma situação precária”, justifica, exemplificando que por cá, quando há terra, constrói-se sem pensar em muito mais. O arquitecto não deixa de dar exemplos próximos e que são feitos de outra forma. Tendo em conta a vizinha RAEHK, Mário Duque refere que “quando é preciso fazer um empreendimento social, este está dependente da promoção do próprio Metro em que é ainda pensada toda a estrutura que naquela cidade está normalmente associada à abertura de uma estação, como é o caso dos espaços comerciais e restauração”. Em Macau, o planeamento, ou a falta dele, é o aspecto também sublinhado por Peter Thomas Zabieslskis. Os estudos são claros e a investigação feita no continente asiático é reflexo da necessidade de criação de melhores espaços, essencialmente dirigidos à população idosa que tende, cada vez mais, ao isolamento. O catedrático considera que quando as populações idosas são obrigadas a “viver num apartamento longe dos lugares equipados com estruturas sociais nas quais têm ao seu dispor dispositivos de convívio, a sua vida fica, naturalmente mais difícil”. Quando se faz um projecto para um espaço de habitação pública é fundamental que não se pense apenas no factor casa. “Há todo um espaço público que deve ser tido em conta”, refere Peter Thomas Zabieslskis ao

HM. Jardins, locais de convívio e lazer são fundamentais e os arquitectos começam a pensar nestes aspectos. Num gesto de esperança para a RAEM, o professor da UM dá, curiosamente, o exemplo da habitação pública situada na Taipa. Não só é o núcleo de casas que se situa mais próximo dos centro e com mais facilidades de acesso, como “tem já parques para fazer piqueniques”. “Isto são factores a ter em conta e fundamentais para um bom funcionamento dos espaços de habitação pública e uma forma de evitar problemas de foro social”, reafirma. Também para Vizeu Pinheiro, o futuro não é continuar com o arredar da pobreza ou da idade mas sim na sua integração com o estabelecimento de canais de comunicação, entre a casa e a cidade e ainda, dentro de casa, na família. Mais além vai Larry So para quem a “mudança de cara e uma possível demolição destes espaços, poderia ser uma solução”, não sem ser acompanhada de outro tipo de projectos. “É necessário olhar a terra e ver como se pode reaproveitar de uma forma moderna e capaz de sustentar estruturas familiares maiores e com mais dignidade”, afirma.

DE OLHO EM SINGAPURA

Singapura é dada como exemplo não só enquanto cidade que usufrui de um cuidadoso planeamento urbanístico, mas como espaço que antevê problemas e que já está no caminho da sua resolução. A habitação pública não é excepção. “Singapura, que tem uma enorme experiência em habitação pública, quando faz o planeamento, por exemplo de uma torre, assegura de antemão a mescla de culturas que o edifício vai albergar de modo a que seja assegurada a convivência com as diferentes etnias que representam o tecido social daquele lugar”, ilustra Mário Duque, sublinhando o carácter inclusivo destas iniciativas. Também no que respeita à família, Singapura poderá servir de exemplo. Para Larry So, querendo avançar com a verdadeira adaptação social da habitação pública, poder-se-ia construir edifícios em que fosse prevista a convivência familiar. “Há, neste momento, planeamento urbanístico que integra casas maiores, com entradas independentes, de modo a que mais que uma geração possa estar próxima”, ilustra o sociólogo. Sofia Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com


4 POLÍTICA

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

Fronteiras TRÊS ACTIVISTAS DE HONG KONG BARRADOS DE ENTRAR EM MACAU

nunca lhe foi explicado o motivo para não poder passar a fronteira.

Aqui não passarás

HISTORIAL COMPLICADO

Só esta semana, que se saiba, três pessoas foram impedidas de entrar em Macau por razões de segurança. Todos eram de Hong Kong e dois deles assumidos ex-activistas. A PSP não se explica, mas a visita do primeiro-ministro chinês parece ser a razão

ridades. Fred Lam, que esteve envolvido em movimentos sociais até há cerca de quatro anos, foi impedido de entrar em Macau na quarta-feira, a uma semana da chegada à cidade do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Segundo o portal noticioso Hong Kong Free Press (HKFP), Lam foi impedido de entrar por representar uma ameaça à segurança do território. A mesma justificação foi apresentada para Lo Chun Yip e Roddy Shaw. De acordo com a página do Facebook do primeiro, que foi impedido de entrar em Macau na terça-feira, o realizador de cinema e actor referiu que pretendia vir a Macau para dar uma aula sobre cinema. Entretanto, no Terminal Marítimo do Porto Exterior de Macau foi obrigado a assinar um aviso de recusa de entrada e foi directamente enviado de volta para Hong Kong. Lo Chun Yip questionou a polícia sobre se poderia vir a Macau no dia 12 deste mês, porque ainda tem uma aula de Cinema para ensinar em Macau, mas o polícia que o acompanhou ao ferry sugeriu-lhe antes que tentasse apenas “voltar no dia 13”, pedindo no entanto ao ex-activista que não referisse essa sugestão a ninguém. O impedimento de entrada em Macau acontece com alguma regularidade, habitualmente em dias próximos de datas comemorativas ou de visitas de alto nível, como a do primeiro-ministro Li Keqiang,

na próxima semana. No entanto, a PSP de Macau não tem por hábito apresentar motivos concretos, sendo também este o caso. À Lusa, a polícia indicou apenas que é da sua responsabilidade a “inspecção e o controlo da entradas e saídas da RAEM”, incluindo “decidir autorizar ou recusar a entrada de visitantes”. Em relação a Lam,

a PSP “não tem nada a referir e comentar sobre o caso (…) por se tratar de um caso particular”. De acordo com o HKFP, Lam deslocava-se a Macau a convite de uma escola secundária, onde ia falar sobre viagens (a sua área profissional). Ao portal, Lam disse que foi levado para uma sala por agentes dos Serviços de Migração,

que verificaram o seu cartão de identificação de Hong Kong, mas não lhe foi perguntado o motivo da sua visita. “Foram afáveis, mas não tinham qualquer interesse sobre o motivo por que ia a Macau. Tudo o que disseram foi ‘não sei’ e referiram-me para a carta de rejeição”, descreveu, enfatizando que

SCMP

A

NTES do activista de Hong Kong Fred Lam, mais duas outras pessoas da região vizinha tinham sido impedidas de entrar em Macau pelas auto-

Também sobre a recusa dos outros dois, nada foi dito. Lam esteve envolvido em movimentos sociais como o protesto, em 2008, contra a demolição do Queen’s Pier, em Hong Kong, mas diz ter-se afastado do activismo desde 2012. Foi autorizado a entrar em Macau no ano passado, também com o objectivo de realizar palestras em escolas, e nunca lhe tinha sido recusada entrada no território. O jovem acredita que esta medida está relacionada com a visita do primeiro-ministro chinês e as respectivas medidas de segurança extraordinárias. Li Keqiang vai estar em Macau entre 10 e 12 de Outubro, para visitar o território e participar na cerimónia de abertura da 5.ª Conferência Ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). A 19 de Dezembro de 2014 - véspera da comemoração dos 15 anos da transferência da administração de Macau de Portugal para a China - quatro jornalistas do Apple Daily e 14 activistas tiveram entrada recusada no território. Macau recebeu, nessa altura, a visita do Presidente chinês, Xi Jinping. Em Janeiro de 2015, a deputada e presidente do Partido Democrático de Hong Kong Emily Lau foi impedida de passar a fronteira para Macau. Em 2012 foi a vez de um fotógrafo do diário de Hong Kong South China Morning Post, que não pôde entrar em Macau, onde vinha cobrir as manifestações do 1.º de Maio. Nesse ano, o conselheiro de bairro Francis Yam, do mesmo partido, passou por experiência semelhante. Na semana passada, a miss Irão foi interrogada três horas antes de lhe ser permitida a entrada. Na noite de terça-feira, o activista de Hong Kong Joshua Wong – rosto do movimento pró-democracia Occupy Central –, foi detido durante mais de dez horas no aeroporto de Banguecoque, onde ia participar numa conferência. Wong acabou por ser enviado de volta a Hong Kong na quarta-feira. HM/LUSA

CONSTRUÇÃO CIVIL PODER DO POVO EXIGE SALÁRIO MÍNIMO AO GOVERNO

A

Associação Poder do Povo dirigiu-se ontem à Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) para entregar uma petição onde exige a implementação de um salário mínimo para os trabalhadores da construção. A acompanhá-la esteve o deputado Au Kam San, bem como 20 trabalhadores desempregados. Todos pedem ainda uma redefinição das regras

para a importação de trabalhadores não residentes (TNR). Ao HM, Cheong Weng Fat, vice-presidente da Associação, referiu que a DSAL já ajudou os desempregados a obterem novo emprego na construção civil, mas a maioria das vagas foi para a posição de servente de estaleiro, cujo salário diário é de 450 patacas por dia. Cheong Weng Fat considera que

é demasiado baixo, tendo sido proposto o valor de 800 patacas diárias. A Associação lembrou ainda que o salário mínimo para trabalhadores do sector da limpeza e segurança entrou em vigor no início deste ano, sendo que a DSAL já prometeu um salário mínimo para todas as profissões dentro de três anos. Cheong Weng Fat frisou que tem ocorrido uma diminuição substancial do salário

dos trabalhadores da construção nos últimos anos, sendo necessária, na sua opinião, regras mais rígidas quanto à importação de TNR. O deputado Au Kam San pediu ainda à DSAL que defina melhor as necessidades de mão-de-obra para evitar que os residentes percam oportunidades de emprego e melhores salários em prol dos TNR.ADSALgarantiu que irá acompanhar os pedidos. A.K. (revisto por A.S.S.)


5 POLÍTICA

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

GCS

Tudo nos conformes

UM diz que novos Estatutos correspondem a ideias do Comissariado de Auditoria

A

Universidade de Macau (UM) está satisfeita com os novos Estatutos da Fundação para o Desenvolvimento da UM (FDUM), ontem dados a conhecer pelo HM depois de publicados em Boletim Oficial. Numa carta-resposta enviada a este jornal, a instituição de ensino superior diz que contactou juristas para a elaboração das novas regras, que vêm responder a críticas do Comissariado de Auditoria. “A FDUM e a UM estão convictas de que os novos Estatutos estreitam e clarificam a relação entre as duas instituições, permitindo à Fundação que apoie a UM no sentido de ser mais competitiva e de ter maior projecção, contribuindo assim para o desenvolvimento, a longo prazo, desta Universidade”, indica a instituição. “Após longas discussões, a Fundação decidiu rever os seus Estatutos, no sentido de estreitar e esclarecer a relação entre as duas instituições, permitindo à UM participar directamente na gestão da FDUM.” A falta de uma relação entre as duas instituições era precisamente o foco do relatório do Comissariado, que criticava a UM por não ter qualquer poder de controlo sobre a FDUM. Em Fevereiro de 2015, o relatório tornado público incidia sobre o funcionamento da Fundação, especialmente porque esta era constituída como uma pessoa colectiva de direito privado, o que “não permitia à UM fiscalizar nem controlar, nem intervir no seu funcionamento”, deixando os donativos destinados ao seu desenvolvimento entregues a uma fundação com a qual não mantinha qualquer relação jurídica. Com os novos Estatutos, o objectivo da FDUM mantém-se igual aos Estatutos de 2009 – “uma fundação de substrato patrimonial com fins de

interesse social e não lucrativos, estabelecida nos termos do Direito Civil, que se rege [por estes] Estatutos e leis aplicáveis na RAEM” – mas os dirigentes mudam face ao que foi apontado pelo CA, ficando os da UM a cargo da Fundação. Na resposta ao HM, a UM diz que, durante o processo de revisão dos Estatutos, foram ouvidas “diversas opiniões”, tendo sido contactados juristas “contratados exclusivamente para o tratamento deste assunto”. Os juristas e as partes envolvidas realizaram vários encontros, diz a UM, tendo concordado que, desde que o funcionamento e actividades da FDUM estivessem de harmonia com as políticas da UM. E também para que fossem reestruturados o Conselho de Curadores e Conselho de Administração da Fundação. No décimo artigo dos Estatutos, pode ver-se que o Conselho de Curadores é composto por “cinco a 11” pessoas, sendo que o presidente é o Presidente do Conselho da UM, neste caso Peter Lam. A UM diz que “a ocupação dos cargos pelos dirigentes da UM ficariam satisfeitas as exigências de todas as partes”Com os novos Estatutos o reitor da Universidade desempenha as funções de vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação. “Os outros membros da Fundação são todos recomendados pelo Conselho da UM e nomeados pelo Conselho de Curadores FDUM. Assim sendo, os Estatutos revistos não só reforçaram o vínculo legal entre as duas instituições, como também melhoraram o modo de funcionamento e o sistema de supervisão da Fundação, indo de encontro às exigências das partes interessadas”, afirma a UM. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

AL PARA RESIDENTES, DESEMPENHO “NEM É BOM NEM É MAU”

Um limbo legislativo Um inquérito realizado pela Associação Nova Visão revela que, entre mil inquiridos, a maioria considera que o desempenho da Assembleia Legislativa “nem é bom nem é mau”. Só 0,76% considera que o trabalho feito no hemiciclo é “muito satisfatório”. Pereira Coutinho é o deputado mais conhecido

É

uma sondagem que abrange apenas um universo de 922 pessoas, mas as suas conclusões revelam que a população pode não estar tão próxima da Assembleia Legislativa (AL) quanto se pensa. A um ano de eleições, a Associação Nova Visão foi saber o que as pessoas pensam do hemiciclo e dos seus deputados eleitos pela via directa. Em relação ao desempenho da AL, 50,56% dos inquiridos considera que “nem é bom nem é mau”, enquanto que apenas 0,76% consideraram que o trabalho do hemiciclo “é muito satisfatório”. Cerca de 18% dos entrevistados defenderam que o funcionamento da AL “não é satisfatório”, 16,16% acham que é “muito insatisfatório”, enquanto que 9,44% simplesmente não consegue ter uma opinião.

Este é o terceiro inquérito realizado pela Associação e foi feito em Setembro com entrevistas via telefone. Estabelecendo uma comparação com o ano de 2015, conclui-se que a avaliação ao desempenho da AL se manteve praticamente inalterada, sempre com uma percentagem média de 50% de inquiridos que consideram que o seu trabalho “nem é bom nem é mau”. O grau de satisfação, contudo, tem vindo a aumentar, sendo de 19%, enquanto que a insatisfação caiu ligeiramente, sendo actualmente de 20%. Segundo um comunicado, a Nova Visão considera que mais cidadãos têm vindo a prestar atenção aos trabalhos legislativos. Verifica-se mesmo uma maior proporção de inquiridos que defendem que o desempenho da AL, em termos de execução de funções, tem vindo a melhorar

em relação ao passado. Apenas 3,9% das pessoas acha que a AL está “muito pior” do que nos anos anteriores. A percentagem de pessoas que consideram que houve avanços diminuiu 1%, enquanto que naqueles que pensam que houve um retrocesso houve uma diminuição de 2%.

COUTINHO EM ALTA

Do total de 14 deputados eleitos pela via directa, José Pereira Coutinho lidera. Ele é o mais conhecido, estando à frente de Ng Kuok Cheong e Au Kam San, do campo pró-democrata, que ocupam o segundo e terceiro lugares, respectivamente. Angela Leong, Mak Soi Kun e o seu parceiro Zheng Anting ocupam o fim da tabela. A Associação perguntou aos inquiridos se sabiam se os nomes da lista eram deputados, sendo que, neste caso, Chan Meng Kam

ficou à frente, com 89% de respostas. Pereira Coutinho ficou em segundo lugar com 89,26% de respostas. Pelo contrário, o deputado Zheng Antig é o menos conhecido de entre os inquiridos, ao lado de nomes como Wong Kit Cheng ou Leong Veng Chai, número dois de Pereira Coutinho. O parceiro político de Coutinho tem, aliás, piores resultados do que o líder da lista Nova Esperança. Surge sempre nos últimos lugares no que diz respeito ao reconhecimento dos nomes enquanto deputados. Na parte em que os inquiridos dizem não reconhecer os nomes apontados como sendo membros do hemiciclo, Leong Veng Chai obteve 29,83% das respostas. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Angela Ka

info@hojemacau.com.mo


6 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 541/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 542/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LIU XIXIANG, portadora do passaporte da R.P.C. n.° G44405XXX, que na sequência do Auto de Notícia n.° 114/DI-AI/2013 levantado pela DST a 07.10.2013, e por despacho da signatária de 09.03.2016, exarado no Relatório n.° 128/DI/2016, de 24.02.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém, n.° 416, Edifício “HOT LINE”, 15.° andar AA.----------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.--------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LIU XIXIANG, portadora do passaporte da R.P.C. n.° G44405XXX, que, na sequência do Auto de Notícia n.° 114.1/DI-AI/2013 levantado pela DST a 07.10.2013, e por despacho da signatária de 09.03.2016, exarado no Relatório n.° 129/DI/2016, de 24.02.2016, em conformidade com o disposto no n.° 2 do artigo 10.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $20.000,00 (vinte mil patacas) por angariar pessoas com vista ao seu alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Rua Cidade de Santarém n.° 416, Edifício “HOT LINE”, 15.° andar AA.-----------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode a infractora, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.----------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 547/AI/2016

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 548/AI/2016

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora LEI HUANYIN, portadora do Salvo-conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W97962xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 74.1/DI-AI/2015, levantado pela DST a 29.06.2015, e por despacho da signatária de 21.07.2016, exarado no Relatório n.° 422/DI/2016, de 16.06.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de prestação de alojamento ilegal na fracção autónoma situada na Travessa da Encosta n.° 18, Sun Fung Court, 7.° andar L.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010.--------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se a infractora ZHOU YAN, portadora do passaporte da RPC n.° E05092xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 110/ DI-AI/2014, levantado pela DST a 31.08.2014, e por despacho da signatária de 21.07.2016, exarado no Relatório n.° 508/DI/2016, de 14.07.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Travessa da Encosta n.° 46, Bo Fung Court, 3.° andar A onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.-----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2016.

-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

HM • 2ª VEZ • 7-10-16

A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

HM • 2ª VEZ • 7-10-16

EDITAL Notificação da decisão final relativa à reparação de prédio em mau estado de conservação

ANÚNCIO Execução Ordinária n.º

CV3-16-0011-CEO

ANÚNCIO 3.º Juízo Cível

EXEQUENTE:BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU) S.A., sociedade anónima com sede na Avenida da Amizade, nº . 555-Macau Landmark, Torre ICBC, 18º. andar, em Macau.----------------------EXECUTADOS: CHIO U CHONG e WONG SOK KUAN, residentes em 澳 門東方明珠街海天居第1座23樓C室 ou Avenida da Concórdia, nº s 216-278, Edifício May Fair Garden, Fase 3 (美居廣場 – 嘉應花園), 4º andar C, Macau-*** FAZ-SE SABER que, nos autos acima indicados, são citados os credores desconhecidos dos executados para, no prazo de QUINZE DIAS, que começa a correr depois de finda a dilação de VINTE DIAS, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamarem o pagamento dos sues créditos pelo produto do bem penhorado sobre que tenham garantia real, e que é o seguinte:-IMÓVEL PENHORADO Denominação: Fracção autónoma designada por “C-4”, do 4º. andar “C”; ---Fim: Para habitação; ------------------------------------------------------------------Situação: Em Macau, do prédio com entrada pelos n.ºs 216-278 da Avenida da Concórdia, nºs 309-435 da Avenida do Conselheiro Borja, nºs 115-121 da Avenida do General Castelo Branco, e nºs 5-97A da Travessa da Concórdia;Matriz: nº 073299;--------------------------------------------------------------------Descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 21689 a fls. 125v do Livro B-67;-----------------------------------------------------------------------------Inscrição da propriedade horizontal: nº 16599F;-------------------------------Inscrição em nome dos executados: nº 292936 do Livro G.-------------------Macau, 21 de Setembro de 2016

Execução Ordinária n.º

CV1-15-0129-CEO

1.º Juízo Cível

EXEQUENTE: BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA(MACAU), S.A., com sede em Macau, na Avenida da Amizade, n.º 555-Macau Landmark, Torre ICBC, 18.º andar. EXECUTADOS: 1. AU KON WAI, casado, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M., e sua mulher 2. MAK I MAN, casada, de nacionalidade chinesa, titular do B.I.R.M, ambos residentes em Macau, na Rua Nova do Comércio, n.º 20, Edifício Kam Seng, 4.º andar A. *** FAZ-SE SABER, que foi designado o dia 9 de Novembro de 2016, pelas 10:00, no local de arrematação deste Tribunal e no processo acima indicado, para venda por meio de propostas em carta fechada, do seguinte bem penhorado: Imóvel Denominação: fracção autónoma, “BD18” do 18.º andar “BD”. Situação: sito em Macau, n.º 87 a 187 da Rua Sul do Patane, n.º 623 a 655 da Avenida Marginal do Patane, n.º 465 a 583 da Avenida Marginal do Lam Mau e n.º 2 a 180 da Praça das Orquídeas. Finalidade: para habitação. Número de matriz: 73245. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: nº 22136, a fls. 28 do Livro B132. Número de inscrição da propriedade horizontal: nº 27790, do Livro F. Número de inscrição da propriedade: n.º 191151, do Livro G, aí hipotecada a favor de BANCO INDUSTRIAL E COMERCIAL DA CHINA (MACAU), S.A., pela inscrição n.º 173474C. O Valor base da venda: MOP$2.925.720 (Dois Milhões, Novecentas e Vinte e Cinco Mil, Setecentas e Vinte Patacas). *** São convidados todos os interessados na compra daquele bem a entregar na Secção Central deste Tribunal, as suas propostas, até ao dias 8 de Novembro de 2016, pelas 17:45, sendo que o preço das propostas deve ser superior ao valor acima indicado, devendo o envelope da proposta, conter, a indicação de “PROPOSTA EM CARTA FECHADA” bem como o “NÚMERO DO PROCESSO: CV1-15-0129-CEO”. No dia da abertura das propostas podendo, querendo, os proponentes assistir ao acto. Durante o prazo dos editais e anúncios, os proponentes, a fim de proteger os seus interesses, podem, caso queiram, antes de apresentar quaisquer propostas dirigir-se ao fiel depositário, Sr. Fernando Chow, com domicílio profissional na Avenida da Amizade, n.º 555-Macau Landmark, Torre ICBC, 18.º andar, o fiel depositário, por sua vez, está obrigado a mostrar o bem a quem pretenda examiná-lo, podendo fixar as horas em que, durante o dia, facultará a inspecção. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação do bem supra referido, podem, querendo, exercer o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta foi aceite, nos termos do art. 787.º do C.P.C. *** Na R.A.E.M., 27/09/2016

Edital n.º

: 41/E-AR/2016

Processo n.º

: 43/AR/2016/F

Local

: Travessa da Palmeira n.º 10, Edf. Man Wa, Macau.

Li Canfeng, Director da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, faz saber que ficam notificados os condóminos, inquilinos ou demais ocupantes do edifício acima indicado, do seguinte: Em conformidade com o Auto de Vistoria da Comissão de Vistoria constante do processo em curso nesta Direcção de Serviços, os elementos estruturais da escada comum do edifício acima indicado encontram-se em mau estado de reparação e conservação, pelo que, nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do Decreto-Lei n.º 79/85/M (Regulamento Geral da Construção Urbana) de 21 de Agosto, foi instaurado um procedimento administrativo relativo à notificação da sua reparação. No uso das competências delegadas pela alínea 12) do n.º 2 do Despacho n.º 11/ SOTDIR/2016, publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) n.º 21, II Série, de 25 de Maio de 2016 e por despacho de 12 de Julho de 2016 do Chefe do Departamento de Urbanização da DSSOPT, Lai Weng Leong, foi homologado o Auto de Vistoria acima indicado. De acordo com os artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 20 de Julho de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a reparação dos elementos estruturais da escada comum do edifício acima indicado. Nos termos do n.º 2 do artigo 54.º do RGCU e por meu despacho de 28 de Setembro de 2016, ordeno aos interessados que procedam, no prazo de 60 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à reparação dos elementos estruturais da escada comum do edifício acima indicado. Para o efeito, de acordo com as disposições do RGCU, os interessados deverão apresentar nestes Serviços o Pedido da Aprovação de Projecto (de Alteração) da Obra de Reparação / Conservação, no prazo de 10 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. O impresso do respectivo pedido está disponível na página electrónica da DSSOPT. Findo o prazo acima referido, caso os interessados não tenham dado cumprimento à respectiva ordem, esta Direcção de Serviços aplicar-lhes-á a multa prevista nos artigos 66.º e 67.º do RGCU. Na falta de pagamento voluntário da despesa, nos termos do n.º 1 do artigo 142.º do CPA, proceder-se-á à cobrança coerciva da quantia em dívida pela Repartição das Execuções Fiscais da Direcção dos Serviços de Finanças. Nos termos do n.º 1 do artigo 59.º do RGCU e das competências delegadas pelos n.os 1 e 4 da Ordem Executiva n.º 113/2014, publicada no Boletim Oficial da RAEM, Número Extraordinário, I Série, de 20 de Dezembro de 2014, da decisão do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 15 dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 28 de Setembro de 2016 O Director dos Serviços Li Canfeng


7 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

O

Governo está a estudar a procriação medicamente assistida, trabalho que desenvolvido pela Comissão de Ética para as Ciências da Vida. O anúncio chega num comunicado após a segunda reunião do grupo e depois de, no ano passado, os Serviços de Saúde (SS) terem confirmado a existência de tratamentos ilegais em Macau relacionados com fecundação. A dias de entrarem em vigor as novas directrizes para a determinação da morte cerebral, que vão abrir as portas ao transplante de órgãos, um comunicado do grupo dá a conhecer que os membros da Comissão, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, e a responsável da Unidade Técnica de Licenciamento das Actividades e Profissões Privadas de Prestação de Cuidados de Saúde, Leong Pui San, “apresentaram (...) a estipulação das legislações, antecedida da elaboração das orientações, para fiscalizar a procriação medicamente assistida”. Em 2015, clínicas privadas estariam a levar a cabo tratamentos de fecundação ilegais, sendo que haveria até pessoas a vir ao território à procura de “serviços de procriação medicamente assistida”, como forma de fugir à “rigorosa fiscalização no interior da China e em Hong Kong”. Um dos grandes problemas na altura era que estes pacientes “requeriam a prática de actos imorais e ilegais, como por exemplo o diagnóstico pré-implantação ou a escolha do sexo” do bebé, como indicavam os SS. Entre Março de 2012 e Janeiro de 2015, através da Unidade Técnica de Licenciamento para as Actividades Privadas de Saúde, os SS receberam quatro pedidos e duas consultas apresentadas por unidades de saúde sobre a prestação de cuidados de procriação medicamente assistida, às quais frisaram a inexistência de disposições em Macau. Por cá ainda não existe um diploma legal específico sobre a técnica, apenas existindo algumas disposições avulsas que não tornam legal a prática. Os SS diziam que iriam emitir orientações em “breve”, algo que ainda não foi feito e que voltou a ser tema nesta reunião. “[Vão ser feitas] orientações antes da legislação da procriação medicamente assistida, de modo a prevenir a ocorrência de actos imorais e de infracções”, indica a Comissão.

DIAS DO FIM

Foi em Abril deste ano que os SS anunciaram as novas regras para a definição de morte cerebral, depois de décadas de estudos. A porta fica assim aberta para transplantes, ainda que falte legislação para

A-Má sem progressos

Saúde COMISSÃO ESTUDA PROCRIAÇÃO ASSISTIDA

Passos de bebé

Melinda Chan preocupada com recuperação do Templo

Em 2015, os Serviços de Saúde detectaram ilegalidades em tratamentos relacionados com a fecundação. A promessa de que iriam ser emitidas recomendações ainda se mantém, mas a Comissão para as Ciências da Vida só agora começou a estudar a questão

tal, e o Governo assegurou que iria dar prioridade ao transplante de rins quando começar a fazer transplante de órgãos. Isto ainda que o fígado – como sugeriram informações fornecidas ao HM o ano passado – seja o órgão mais procurado. As novas regras entram em vigor a 23 deste mês mas são apenas a base para os transplantes, algo que o Executivo admite ser complexo. Difícil é também, diz agora o Governo em comunicado, a procriação assistida.

“Tendo em conta que a execução do transplante de órgãos e da procriação medicamente assistida envolvem problemas éticos mais complexos na prática, a Comissão irá continuar a discutir o assunto mais profundamente na próxima reunião.” Nesta quarta-feira, a Comissão presidida por Alexis Tam levou a cabo a segunda sessão ordinária. O Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, citado em comunicado, frisou que “o Governo atribui grande importância à promoção da

SOCIEDADE

execução do transplante de órgãos, de forma a melhorar a qualidade de prestação de cuidados de saúde”. Actualmente, recorde-se, as pessoas têm de sair de Macau para serem transplantadas. O comunicado indica que na reunião foi ainda discutida a investigação científica em Macau, bem como a execução do transplante, a “justa alocação” de órgãos, o reforço da educação e promoção da doação e a preparação do hospital. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

M

ELINDA Chan queixou-se ontem ao Governo de não haver qualquer progresso nas obras de reparação do pavilhão do Templo de A-Má, que ficou danificado por um incêndio em Fevereiro deste ano. A deputada diz que não começaram ainda quaisquer obras, depois do presidente do Instituto Cultural (IC) ter dito que estas demorariam um ano. “Na altura do incêndio, muitos departamentos governamentais fizeram inspecções ao templo”, relembra a deputada em interpelação escrita entregue ao Executivo. “O IC também já entregou um relatório sobre os danos da estrutura do templo à Direcção Nacional do Património Cultural, revelando que a recuperação da estrutura poderia ser concluída em três meses, enquanto a recuperação para o seu estado original demoraria um ano. O presidente do IC, Guilherme Ung Vai Meng, garantiu em Maio que se conseguiria lançar os trabalhos de recuperação este ano.” Até agora, contudo, nada feito. A deputada diz que houve já cidadãos que se queixaram que até hoje as obras ainda não tiveram início e que estão a preocupados que o pavilhão não possa abrir antes do Ano Novo Chinês, em Fevereiro próximo. O Templo é um dos mais visitados por residentes e turistas nesta época. Aquando do incêndio, Ung Vai Meng tinha dito que iria ser necessário um ano de obras, apesar de o pavilhão principal se encontrar em estado “aceitável” e peças tidas como históricas não terem ficado danificadas. Mas mais de meio ano já passou e não há qualquer avanço. Melinda Chan aproveitou ainda a interpelação escrita para falar da questão da conservação das construções antigas e do património, sendo que a deputada considera que falta um plano de “conservação ampla e profissional” ao Governo que acusa de, muitas vezes, estar a propor discussões “caso a caso”. Além de interpelar quais são as melhores medidas de conservação e o progresso de recuperação do templo, Chan também pergunta sobre os regulamentos de segurança contra incêndio para outros templos. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo


8 SOCIEDADE

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

DSEC SECTOR DA RESTAURAÇÃO COM MAIS ESTABELECIMENTOS E LUCROS

D

ADOS oficiais da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) mostram que o sector da restauração está bom e recomenda-se, ao contrário dos sinais de crise instalados no sector hoteleiro. Isto porque o ano passado as receitas de restaurantes atingiram a fasquia das 10,4 mil milhões de patacas, um aumento de 4,6% face ao ano anterior. Tais números

devem-se ao aumento dos estabelecimentos, aponta a DSEC. No total, existem actualmente no território 2284 estabelecimentos, mais 172 espaços em termos anuais. Em virtude disso, também as despesas aumentaram 8,3%, situando-se nos 9,87 mil milhões de patacas. O número de trabalhadores também aumentou (mais 1897 face a 2014), sendo

que trabalham nos restaurantes e espaços similares mais de 32 mil pessoas, 95,4% remuneradas. A DSEC destaca ainda a abertura de novas lojas de sopa de fitas e canjas, espaços tradicionais da gastronomia chinesa. Num ano abriram mais 105 restaurantes do género, sendo que actualmente existem 920 espaços, que representam 41,6% do total

de restaurantes. Quanto aos restaurantes de comida rápida, houve um aumento de 12,7% nas receitas e nas despesas dos próprios estabelecimentos. Já face aos mercados municipais, abriram mais seis espaços de comidas e bebidas em relação a 2014, com apenas mais 22 trabalhadores e com receitas de 33,45 milhões de patacas, menos 3,7% face a 2014.

Turismo MAIORIA DOS TURISTAS CHEGA POR LAZER E RECOMENDA MACAU

Paraíso da comida e das compras

A

maioria dos turistas que chega a Macau passa cá a noite e planeia ficar mais de dois dias, vem por lazer e recomenda o território a quem pedir sugestões para férias.

São estas as conclusões do mais recente estudo do Instituto de Formação Turística (IFT) sobre o perfil do visitante da RAEM. Tornado público esta semana, o estudo – levado a cabo por Leonardo (Don) A.N. Dioko, Patrick Lo, Wendy Tang e Virginia Hong – refere-se apenas ao segundo trimestre deste ano, ainda que não seja muito diferente dos resultados anteriores. Mostra que, de um universo de 1030 turistas, a maioria chega à RAEM atraída pela gastronomia, património e compras, com os locais de origem a ajudarem a esta diversidade. “A maioria dos turistas (68%) vem da China, Hong Kong (17%) e Taiwan (8%). Só 7% são de outros países asiáticos e de países ocidentais. Cerca de 85% dos entrevistados vêm a Macau por lazer e para passar férias, sendo que o outro propósito é visitar amigos e família (8%), seguido de negócios, com 5%”, começa por indicar o relatório.

INFRACÇÕES N

TIAGO ALCÂNTARA

Vêm por causa da gastronomia, das lojas de marcas caras e do património. O turista que chegou a Macau no segundo trimestre do ano prevê voltar à RAEM e recomendar o território como destino de férias e até nem joga muito

os quatro dias da Semana Dourada entraram nas fronteiras de Macau 1,9 milhões de visitantes, um aumento de 11,7% em relação ao ano passado. Da mesma forma, subiram também as infracções cometidas por taxistas: se no mês de Setembro estas totalizaram 248 casos, só em quatro dias ascenderam a 111. A maioria das infracções cometidas por taxistas diz respeito à cobrança abusiva de tarifas – 184 até dia 4 de Outubro e contando com Setembro –, seguindo-se 105 casos de recusa de passageiros, 65 outras violações, de acordo com dados da PSP. Foram também multados 139 motoristas do serviço de transportes Uber e 156 outros condutores sem licença de transporte de passageiros.

“Cerca de 41% dos turistas da China continental consideram as compras como o principal propósito para cá vir, enquanto que 43% dos de Hong Kong e 42% de PUB

MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 501/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor LIU XIANG, portador do Passaporte da RPC n.° G54991xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 142/DI-AI/2013 levantado pela DST a 09.12.2013, e por despacho da signatária de 26.09.2016, exarado no Relatório n.° 606/DI/2016, de 06.09.2016, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada na Rua Cidade do Porto n.° 341, Edf. Kam Yuen, 6.° andar E onde se prestava alojamento ilegal.---------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.---------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.----------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 26 de Setembro de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Taiwan dizem ser a cozinha que os atrai mais. Visitar o património mundial é o factor principal para 47% dos turistas de outros países asiáticos e 33% dos ocidentais cá venham.” De fora da tabela das razões por que os turistas cá chegam, com números abaixo dos 20%, ficam os festivais, as atracções artísticas e culturais e a estadia em hotéis de luxo. Apesar de Macau ser destino de casinos, apenas 26% dos entrevistados admitiu jogar enquanto está no território, com 25% a dizerem que,

quando o fazem, gastam menos de mil dólares de Hong Kong.

VOLTO JÁ

A pouca permanência dos visitantes no território foi já assunto de preocupação para a Direcção dos Serviços de Turismo, mas os dados do IFT mostram que os turistas estão mais inclinados para cá ficar por mais do que um dia. E que tendem a regressar. “Cerca de 52% dos entrevistados passou cá a noite e 48% eram visitantes de apenas um dia. Mas 85% dos que cá ficaram admiti-

Menos de 1000 patacas é quanto gastam cerca de 38% dos turistas da China continental e de Hong Kong em Macau. Já 44%, em média, dos visitantes de Taiwan, outros países asiáticos e ocidentais gastam entre quatro mil a oito mil patacas quando cá estão

ram que planeavam ficar em Macau cerca de dois a três dias. A maioria (77%) veio em grupos de uma a três pessoas e 67% dos entrevistados estavam já a repetir a visita a Macau.” Quase 60% destes vieram cá mais de três vezes nos últimos cinco anos e quase todos recomendam o território como um local a visitar. “A maioria diz que vai de alguma forma indicar Macau como um destino a visitar a outras pessoas.” A internet é o meio mais eficaz para fazer chegar turistas a Macau, indica o relatório do IFT, não fosse o facto de mais de 75% dos nosso turistas terem menos de 35 anos. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo


9 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

SOCIEDADE

EMPREGADO DA CEM MORRE SUBITAMENTE

Um funcionário da Companhia de Electricidade de Macau (CEM) morreu ontem, no hospital, depois de ter perdido os sentidos enquanto trabalhava na sala das máquinas da Central Térmica de Coloane. O homem desmaiou de manhã, por volta das 10h30, e ainda foi levado de ambulância para o hospital, após os colegas terem chamado o médico da empresa para prestar os primeiros socorros. De acordo com um comunicado da CEM, o médico da empresa “procurou reanimálo antes da chegada da ambulância, mas o funcionário viria a falecer já no hospital.” De apelido Lei, e com 64 anos, o funcionário trabalhava na Central Térmica de Coloane há já 35 anos. A CEM diz ter ficado “chocada e triste” com a morte do empregado.

CANÍDROMO MUDANÇA DISCUTIDA COM GOVERNO

Angela Leong, directora da Companhia de Corridas de Galgos, afirmou ontem que tem vindo a ser discutida com o Executivo a mudança do Canídromo. Segundo a rádio Macau, Leong diz esperar que a empresa possa continuar a operar o espaço. Recorde-se que, em Agosto, o Governo deu um prazo de dois anos para a Companhia de Corridas de Galgos decidir o futuro do Canídromo: ou espaço fecha de vez ou tem de mudar para um novo local. Angela Leong disse ontem aos jornalistas que o plano de operações do espaço continua a ser discutido. Não há para já resultados.

OBRAS PEDIDA ACELERAÇÃO NA PRAIA DO MANDUCO

O empreendimento da construção do Complexo Municipal de Serviços Comunitários da Praia do Manduco já começou há cerca de três anos e um membro do Conselho Consultivo da Zona Central, Cheong Sok Leng pediu ontem ao Governo para explicar o progresso da obra e incitar o aceleramento da construção. Em 2010, o Governo decidiu a construção do complexo municipal, sendo que esta custa cem milhões de patacas só para a 1ª fase do empreendimento. Quanto ao custo e concurso público da 2ª fase do empreendimento, o Governo ainda não fez qualquer anúncio.

SJM RECOMPENSA SOBREPOSIÇÃO DE FERIADOS A PARTIR DE 2017

A Sociedade de Jogos de Macau (SJM) anunciou ontem que, a partir de 2017, vai dar “mais um passo para melhorar a vida dos seus trabalhadores”. Assim, a operadora quer implementar a recompensa em sobreposição de feriados obrigatórios e dias de descanso, segundo o Jornal do Cidadão. A SJM afirma também que esta medida se aplica à quem trabalha nas operações da linha de frente e ao pessoal de apoio. “Os trabalhadores são a nossa propriedade mais preciosa. Com o incessante melhoramento das condições laborais, queremos elogiar as contribuições deles”, disse Angela Leong, número um da empresa.

O

ensino da Educação Moral e Cívica deverá ser obrigatório em todas as escolas até 2020, mas até lá o deputado Mak Soi Kun deseja ver mudanças ao nível dos manuais utilizados nos estabelecimentos de ensino. Numa interpelação escrita entregue ao Governo, o deputado eleito pela via directa alertou para o facto de não existir uma unificação dos livros da disciplina, ao nível do ensino primário, secundário geral e secundário complementar. Dados apresentados pelo deputado, referentes ao ano lectivo de 2014/2015 mostram que o livro “Educação Cívica e Moral” é usado em 63% das escolas primárias, enquanto que no ensino secundário a taxa de utilização ronda os 50%. Este livro é disponibilizado pelos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ) mas não é obrigatório. Mak Soi Kun questiona, por isso, a unificação e a consistência do ensino da disciplina, tendo referido que vários professores defenderam a unificação dos manuais em prol de um ensino de qualidade. “Esse manual não consegue satisfazer as exigências para que haja um melhor ensino”, escreveu o deputado na sua interpelação.

Educação Moral MAK SOI KUN QUER

UNIFICAÇÃO DOS MANUAIS, CHAN WAI CHI DIZ QUE VIOLAM A LEI BÁSICA

Páginas da discórdia O deputado Mak Soi Kun quer que os manuais de Educação Moral e Cívica sejam unificados do ensino primário ao secundário. Paul Chan Wai Chi, docente e ex-deputado, não concorda e diz que ideia “viola o conceito da educação moderna” e até a Lei Básica Já Paul Chan Wai Chi, professor do ensino secundário e ex-deputado pró-democrata, discorda. Em declarações à publicação All About Macau, Chan Wai Chi diz que não está de acordo com

a unificação dos manuais desta disciplina. E não só. O deputado considera que Mak Soi Kun não conhece o funcionamento do ensino, referindo até que a sua proposta não é prática

e que viola completamente o conceito de uma educação moderna. Para o docente, tem sido garantida a independência e diversificação do ensino, sendo que actualmente as escolas tomam as suas próprias decisões na hora de escolherem os manuais, sem necessidade de aprovação do Governo. O antigo deputado acredita que a unificação do manual seria uma medida totalmente divergente em termos de educação, violando o princípio de liberdade das crenças religiosas e autonomia das escolas definido na Lei Básica. “O actual manual de educação cívica e moral inclui o ensino religioso e muitas escolas são católicas, o que respeita a Lei Básica, que permite a manutenção da educação religiosa”, apontou. Paul Chan Wai mostrou-se ainda preocupado com a queda gradual da autonomia das escolas em termos de utilização dos manuais, desde o lançamento do Quadro da Organização Curricular e implementação das competências académicas básicas. Chan Wai Chi também disse estar contra a tendência do foco nos exames, algo que, defende, irá restringir o desenvolvimento integrado dos alunos. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


10 CHINA

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

CÂMARA DE COMÉRCIO LUSO-CHINESA DEFENDE ACTUALIZAÇÃO DA PARCERIA ESTRATÉGICA DE 2005

“Podíamos fazer mais”

O

secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa (CCILC) disse à Lusa que as relações comerciais entre os dois países “estão francamente boas” e defendeu que a parceria estratégica global assinada em 2005 poderia ser actualizada. “As relações comerciais [entre Portugal e China] estão francamente boas, conseguimos aproveitar, finalmente, ao longo dos últimos 10 anos o crescimento económico da China de importação”, afirmou o secretário-geral da CCILC. Sérgio Martins Alves adiantou que para tal foi “determinante haver um investimento político para a eliminação de regras de acesso ao mercado”. Além disso, hoje em dia, há maior facilidade em viajar até à China, o que não acontecia há uma década, e os chineses também aproveitaram o crescimento do consumo interno para apostar no Ocidente. “Mas podíamos fazer mais, podíamos fazer acções e ‘roadshows’ mais concertados, os agentes económicos podiam articular-se melhor quando fazem promoções naquele mercado, podiam articular-se melhor quando pretendem trazer a Portugal delegações relevantes de investidores e grandes importadores”, sublinhou Sérgio Martins Alves. Ou seja, o secretário-geral da CCILC defendeu um maior grau planificação e coordenação. Esta planificação e organização também deveria ser aplicada na área do investimento chinês, o qual tem um peso “já significativo” no mercado português, onde se manifesta nas áreas financeira, energética e na saúde, por exemplo. “E ainda bem, vemos com muito bons olhos a chegada destes investidores, que se tornaram membros da Câmara do Comércio”, adiantou.

Sérgio Martins Alves

“Suspendemos grandes projectos de investimento estratégico nacional, como o comboio de alta velocidade”, recordou, apontando que actualmente “não se conhece grandes objectivos estratégicos nacionais para os quais o país vá procurar envolver os seus parceiros e grandes investidores chineses”. “Acho que isso era de facto muito importante”, defendeu, afirmando que “teria sido interessante ter sensibilizado a China para outros investimentos do tipo produtivo”, considerou. No âmbito da visita do primeiro-ministro à China, o secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Chinesa espera que estes temas sejam abordados. “E

que talvez a parceria estratégica global assinada em 2005 pudesse ser actualizada, inscrevendo novas metas a atingir na área da exportação e investimento, criando novos mecanismos de dinamização das relações económicas bilaterais e até sectoriais”, concluiu.

O QUE VENDEMOS E O QUE COMPRAMOS

Entre o grupo de produtos mais vendidos por Lisboa a Pequim constam os veículos e outro material de transporte (com um peso de 41,9% das exportações totais em 2015), os minerais e minérios (18,1%), máquinas e aparelhos (8,9%), pastas celulósicas e papel (7%) e alimentares (4,1%).

No ano passado, as exportações de veículos e outro material de transporte para Pequim diminuíram 20,1% para 351,8 milhões de euros, enquanto as vendas de minerais e minérios aumentaram 14,3% para 152,1 milhões de euros. Por sua vez, as vendas de máquinas e aparelhos totalizaram 74,6 milhões de euros em 2015, mais 58,5% face ao ano anterior, as de pastas celulósicas e papel progrediram 17,4% para 59 milhões de euros e as alimentares mais do que duplicaram (161,1%) para 34,3 milhões de euros. Entre Janeiro e Julho deste ano, as exportações de pastas celulósicas e papel e as alimentares subiram 34% e 75,5%, respectivamente,

sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 25,6 milhões de euros, segundo dados Instituto Nacional de Estatística (INE). Os produtos alimentares são o grupo de bens mais exportados por Portugal para Macau, representando um terço do total das vendas para aquela região. • IMPORTAÇÕES DE MACAU AUMENTARAM As importações de Macau cresceram 85,3% para 600 mil euros, com o saldo da balança comercial positivo para Portugal em 24,9 milhões de euros, ainda segundo o INE.

• INVESTIMENTOS DA CHINA EM PORTUGAL Dezembro de 2011 - Venda de 21,35% EDP à China Three Gorges, por 2,69 mil milhões de euros. Fevereiro de 2012 - Venda da REN, com os chineses da State Grid a ficarem com 25% do capital, pagando 387 milhões de euros pela posição na empresa. Inaugurado o centro tecnológico da Huawei (empresa de telecomunicações) em Lisboa, que representou um investimento de 10 milhões de euros, que se juntou aos 40 milhões de euros já investidos no mercado português. Maio de 2014 a chinesa Fosun comprou a seguradora Fidelidade e a Espírito Santo Saúde.

mas as de veículos e outro material de transporte (-72%), minerais e minérios (-32,1%) e máquinas e aparelhos (-2,9%) recuaram. Em termos de compras a Pequim, as máquinas e aparelhos lideram a lista, com um peso de 34,1% nas importações totais, seguidas dos metais comuns (11,9%), químicos (7,1%), matérias têxteis (6,4%) e vestuário (5,7%). No ano passado as importações de máquinas e aparelhos totalizaram 607 milhões de euros, uma subida de 8,7% face a 2014, com as compras de metais comuns a subirem 16% para 211,3 milhões de euros, bem como as de químicos, que cresceram 26,7% para 126 milhões de euros. Já as importações de matérias têxteis recuaram 5,1% no ano passado, para 113,2 milhões de euros, tal como as de vestuário, que diminuíram 3,2% para 101,8 milhões de euros. Nos primeiros sete meses deste ano, as compras a Pequim de máquinas e aparelhos, metais comuns e químicos subiram 8,7%, 16% e 26,7%, respectivamente. Já as de matérias têxteis e de vestuário baixaram 5,1% e 3,2%, respectivamente. No que respeita à exportação de serviços de Lisboa para Pequim, esta diminuiu 33,2% no ano passado, face a 2014, para 108,5 milhões de euros. No mesmo período, as importações de serviços cresceram 9,4% para 262,4 milhões de euros, o que representa um saldo da balança comercial negativo para Portugal em 153,9 milhões de euros.

ESTADO DAS TROCAS PORTUGAL-CHINA • EXPORTAÇÕES PORTUGUESAS DESCEM EM 2016 As exportações de bens portugueses para a China recuaram 35,1% nos primeiros sete meses do ano, face a igual período de 2015, para 366,5 milhões de euros, segundo dados do INE. Entre 2011 e 2015, as exportações de bens para Pequim subiram 27,1% e as importações 4,4%. • IMPORTAÇÕES DA CHINA SOBEM De Janeiro a Julho de 2016, as importações subiram 2,6% para 1.039,4 milhões de euros, o que representa um saldo da

balança comercial negativo para Lisboa em 672,9 milhões de euros. • CHINA FOI 10.º CLIENTE DE PORTUGAL EM 2015 A China era, em 2015, o décimo cliente de Portugal e o seu sétimo fornecedor. Portugal ocupava a 71.ª posição como cliente de Pequim e a 66.ª em termos de fornecedores daquele país. • EXPORTAÇÕES PARA MACAU SUBIRAM As exportações de bens portugueses para Macau subiram 67,5% nos primeiros

• CHINESES LIDERAM NOS VISTOS DOURADOS O sector imobiliário é uma aposta da China e os chineses lideram, por nacionalidades, os vistos dourados em Portugal. Desde 8 de Outubro de 2012 até final de Agosto, 2.835 investidores chineses tinham obtido Autorização de Residência para actividade de Investimento (ARI), segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).


11 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

OFERTA DE PUTIN DISPARA IMPORTAÇÃO DE GELADOS

Da Rússia com sabor A

S exportações de alimentos são equivalentes a 30% de todas as exportações russas para a China. Os lacticínios estão-se a tornar cada vez mais populares porque os chineses estão a adoptar cada vez mais um estilo de vida saudável, afirmou a analista Sofia Pale na publicação New Eastern Outlook. O leite russo, ao contrário do leite de soja, “é considerado na China como um dos produtos mais saudáveis”, disse a especialista do Centro para o Sudeste Asiático, Austrália e Oceania do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia,

acrescentando que, quem tem hábitos de comida saudável, não se sente desencorajado pelos preços altos. O leite importado aumenta de popularidade na China porque as pessoas desconfiam dos produtores locais, que estiveram envolvidos num escândalo em 2008 quando se revelou que mais de 20 empresas acrescentaram melamina aos seus produtos, o que levou à morte de 6 crianças e cerca de 300 mil pessoas ficaram doentes. “Entre 2010 e 2013 o volume de vendas de leite importado cresceu de 15 mil para 195 mil toneladas, conforme informou

a associação de produtores de lacticínios chinesa”. O sorvete russo também se deve tornar num sucesso de vendas na China, depois do presidente russo ter trazido este ano uma embalagem de gelado como presente para o presidente chinês Xi Jinping. Esta sobremesa já começou a ganhar popularidade na China, mas a acção de Putin do líder russo provocou uma loucura. Segundo o relatório mais recente do jornal China Daily, mais de 271 toneladas de sorvete russo no valor de US$ 863 mil foram importadas pela China nos primeiros oito meses de 2016.

“O gelado russo é caracterizado pelos seus ingredientes e um sabor incrível”, disse ao jornal Wang Xianzhe, funcionário da Manzhouli Ange Import & Export Company, o maior importador de sorvete russo para a China. Pale notou também que entre outros produtos alimentícios exportados para a China estão a carne e o peixe, bem como chocolate, óleo de girassol, cerveja e mel. “A grande procura por estes produtos pode ser explicada pelo facto de que contêm ingredientes mais naturais que os mesmos produtos feitos na China”, disse a analista.

Goa recebe Brics

Comércio domina agenda da próxima cimeira

O

S países dos Brics vão activar mecanismos para dinamizar o comércio interno na próxima cimeira do grupo, que acontece este mês na Índia. No evento, as autoridades aduaneiras dos países-membros vão assinar um acordo para criar “canais de comunicação mais ágeis entre autoridades aduaneiras para ajudar na fluidez comercial”, disse o director de Assuntos Inter-Regionais do Itamaraty, Kenneth da Nóbrega. Os presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) farão sua oita-

va cimeira entre 15 e 16 de Outubro, no estado indiano de Goa. Juntos, os países dos Brics representam 40% da população mundial e o quinto PIB do planeta. A cooperação entre eles começou em 2006. Na cimeira da Índia, também serão assinados acordos sobre agricultura e meio ambiente e os ministros das Finanças vão discutir aspectos técnicos do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). A instituição foi fundada pelos membros do bloco recentemente e “já é uma realidade”, apontou Nóbrega.

Grupo Volkswagen vai produzir uma nova gama de veículos eléctricos de baixo custo numa joint-venture com a JianghuaiAutomobile (JAC), revelou Jochem Heizmann, o director do Grupo na China, durante o Salão de Paris. Os futuros veículos serão construídos na plataforma de automóveis eléctricos da JAC e

serão comercializados como uma nova marca permitindo desse modo à construtora alemã iniciar-se rapidamente na fabricação de veículos eléctricos na China, explicou ainda Heizmann, citado pelo Automotive News. Recorde-se que em Setembro a Volkswagen e a JAC assinaram um memorando entendimento

ASSASSINADO POR PAI DE MENINA MORTA

U

M pediatra de um hospital da cidade de Laiwu, na Província de Shandong, na China, foi assassinado esfaqueado por um pai, após a morte de sua filha recém-nascida, informou nesta quinta-feira o jornal “South China Morning Post”. Li Bohua, um médico de 34 anos, que trabalhava no Hospital Laigang, em Laiwu, recebeu cerca de 15 facadas ao ser atacado nesta semana no seu consultório e faleceu apesar dos esforços dos seus colegas cirurgiões que tentaram salvar a sua vida. O suspeito do assassinato, identificado como Chen Jianli, é o pai de uma menina que morreu nesse hospital pouco após seu nascimento, por causa de uma pneumonia que se agravou rapidamente. O suposto assassino entrou no hospital com uma faca e um punhal escondidos em uma mochila. Chen já está detido e aguarda o fim da investigação sobre o seu caso para ser julgado, disseram as autoridades locais. A China tem sofrido com uma série de episódios violentos em seus hospitais nos últimos anos. A média de ataques a médicos foi de 27,3 por hospital em 2012 - o último ano do que se dispõem dados -, em comparação aos 20,6 de 2008, segundo uma pesquisa da Associação de Hospitais da China.

ANGOLA NOVE MINISTROS PREPARAM FÓRUM DE INVESTIMENTO

U

Tendo como objectivo financiar grandes obras de infra-estrutura, o Banco aprovou em Abril os seus primeiros empréstimos, no valor total de US$ 811 milhões, destinados a projectos de energias renováveis em quatro dos seus países-membros.

A entidade tem sede em Xangai e foi criada como uma alternativa aos organismos multilaterais de crédito, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Os Brics realizam cimeiras anuais desde 2009. A última aconteceu na cidade russa de Ufá, em Julho de 2015.

VOLKSWAGEN VAI PRODUZIR VEÍCULOS ELÉCTRICOS

O

CHINA

para uma joint-venture, dedicada ao desenvolvimento de híbridos e eléctricos na China, que deverá estar concluída até final deste ano. O grupo germânico - que nos primeiros oito meses deste ano vendeu 2,47 milhões de veículos de passageiros sob as suas diversas marcas no mercado chinês, o que repre-

sentou um aumento de 9,4% em relação ao mesmo período do ano passado - continuará as suas joint-ventures com a SAIC Motor Corp e a China FAW Group Corp. para o fabrico - em 2020 ou no ano a seguir - de veículos eléctricos com base na plataforma EMB da Volkswagen.

MAcomissão chefiada pelo ministro e Chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angola e que inclui mais oito ministros está a preparar o fórum de investimentoAngola/China, a ter lugar este ano em Luanda, revela um despacho presidencial. O despacho estabelece ainda que a comissão terá de articular a organização da reunião com os interlocutores chineses, incluindo o programa do encontro, entre outras missões, de acordo com a agência noticiosa Lusa. Além do ministro e Chefe da Casa Civil do Presidente da República, Manuel da Cruz Neto, a comissão integra os ministros das Finanças, Interior, Planeamento e Desenvolvimento Territorial, Economia, Indústria, Energia e Águas, Transportes e do Comércio, bem como o governador do Banco Nacional de Angola e outros membros do governo ligados à captação de investimento privado. Este fórum de investimento Angola/China visa “reforçar o desenvolvimento de sinergias para a realização de parcerias empresariais e investimentos entre empresários dos dois países”, refere o mesmo documento governamental. A embaixada da China em Angola informou recentemente haver ”várias dezenas de empresas chinesas” que já se inscreveram para participar no evento.


12

Lusofonia TRÊS MILHÕES PARA A FESTA QUE TRAZ HMB, DON KIKAS E

Três dias em sol maior FIMM com música da China, Mongólia e minimalista

A

RRANCA hoje mais um fim-de-semana de concertos do Festival Internacional de Música de Macau (FIMM).Aquela que é a 30ª edição do evento vai dedicar estes dias a orquestras e música tradicional. A Orquestra Filarmónica da China sobe ao palco hoje, pelas 20h00, no Centro Cultural de Macau (CCM). Com o maestro Li Xincao nos comandos, o colectivo tem preparada uma “fusão entre a Ópera de Pequim, a música clássica austro-alemã e a nova música tradicional da Hungria”. Durante 1h45, o piano de Kuok Wai Lio soa ao som do “Concerto para Piano nº 20” em ré menor, de Mozart, do “Concerto para Orquestra” de Béla Bartók, “que evidencia o carácter agudo da música húngara”, e de “Instants d’un Opera de Pekin”, de Qigang Chen, “uma extraordinária fusão entre o Ocidente e o Oriente”. Esta será a oportunidade para ver o pianista local em acção, numa actuação que o FIMM assegura ser “uma elegante experiência musical”. Os bilhetes para o espectáculo custam entre 150 a 500 patacas. No mesmo dia, à mesma hora, mas no mais pequeno auditório do CCM, o serão é dedicado ao “Minimalismo”. O Colin Currie Group sobe ao palco para interpretar três obras de percussão de Steve Reich, “uma importante figura icónica da música minimalista”.

BODAS DE PÉROLA

O

XXX FIMM convidou entidades culturais e criativas locais para desenhar uma série de lembranças subordinados ao tema deste ano “Gloriosos 30 – As Sino-Rapsódias”. Assim, estão já à venda lembranças com temas dos programas, como “Turandot”, “Sonho de um Aroma” e “Chaplin Outra Vez”: pasta para documentos e almofadas com música são algumas delas, que podem ser encontradas no CCM, Teatro Dom Pedro V, Fortaleza do Monte, Igreja de S. Domingos e Parque Dr. Carlos d’Assumpção durante os concertos.

Directamente do Reino Unido, o grupo Colin Currie é especializado na música de Reich e as actuações foram aclamadas pelo próprio compositor. Algo que pode ajudá-lo a decidir se quer deslocar-se ao CCM para ver também a estreia dos Sinergy Vocals na Ásia. Da percussão às vozes humanas e assobios, o concerto “Minimalismo” promete ser algo “a não perder”. Os bilhetes estão à venda por 200 ou 250 patacas. Um dos mais esperados concertos do FIMM é da Mongolian State Morin Khuur Ensemble, “Voz da Estepe Mongol”. Marcado para as 20h00 de amanhã, na Fortaleza do Monte, o espectáculo apresenta instrumentos típicos da Mongólia. “As melodias ascendentes e descendentes da ‘urtiin doo’ (canção longa), o som profundo e poderoso do ‘morin khuur’ (violino de cabeça de cavalo) e o requintado e magnífico canto ‘khoomei’ (harmonia gutural) constituem os três tesouros artísticos dos pastores nómadas mongóis”, indica o FIMM. Com bilhetes que custam 150 patacas, o concerto dura mais de uma hora e apresenta a “experiência da natureza, da história e da vida dos mongóis”, sendo o grupo que cá vem apresentado como um colectivo que apresenta ao público a autêntica música tradicional da Mongólia. Domingo é dia de “Alegre Harmonia”, um concerto que conta com os músicos da Orquestra Chinesa de Macau, Orquestra Chinesa Nacional de Guangdong, Orquestra Chinesa Juvenil de Taipé e Associação de Música Chinesa Yao Yueh de Hong Kong. Com Pang Ka Pang a conduzir, estes artistas das três regiões reúnem-se no FIMM para providenciar “sons de diferentes culturas” e mostrar a diversidade da música chinesa tradicional. O espectáculo está marcado para as 20h00, no CCM, e os bilhetes custam entre as 100 e as 250 patacas. “Neve Persistente na Ponte Ruída”, “Céu Estrelado”, “Dragão que voa, Tigre que salta” e “Impressões de Macau” são apenas algumas das canções que pode ouvir no concerto de duas horas. O FIMM continua na próxima semana com mais música chinesa e a chegada a Macau de Carminho. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

OLHOS, ORELH

As cores, sons e sabores dos países lusófonos vão a de 20 a 23 de Outubro. O evento, que este ano custa ser um marco na agenda turística local

INSTITUTO CULTURAL

EVENTOS

O

sítio é o do costume e a data marcada é de 20 a 23 de Outubro. É a 19.ª edição do Festival da Lusofonia que aí vem e que está orçamentada em três milhões de patacas. Esta edição promete trazer, mais uma vez, os sons dos quatro cantos do mundo que têm em comum a ligação lusa. À semelhança das edições anteriores, um dos pontos fortes do evento é a realização de espetáculos que juntam artistas locais a outros, oriundos dos países que integram a edição. Das nações integrantes fazem parteAngola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Goa, Damão e Diu, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O anfiteatro das Casas Museu da Taipa vai receber desde a Tuna Macaense, à capoeira brasileira, danças e cantares portugueses, performances e fados, entre artistas locais e outros convidados, de modo a mostrar as raízes desta “comunidade imensa que é a comunidade lusófona”.

De destaque, para a organização, são espectáculos de música e dança de artistas lusófonos ou os de música ligeira de artistas de Macau. Entre os nomes em cartaz estão agendados, para dia 21, a actuação de Don Kikas que vem de Angola, Knananuk de Timor e os Latin Connection, que representam Goa, Damão e Diu. Vindos de Portugal estão os HMB e de Cabo Verde “Os Tubarões”. “Os Garimpeiros” de Moçambique também cá chegam e todos têm concertos agendados para o dia 22 das 20h00 às 23h00. A fechar a edição está Margareth Menezes, do Brasil, Tino Trimó da Guiné-Bissau e Tonecas Prazeres de São Tomé e Príncipe.

COMES E BEBES

O petisco não falta e o Jardim Municipal do Carmo e o Largo homónimo voltam a ser palco dos chefs que ali vão mostrar a gastronomia dos países da lusofonia. Feijoadas do Brasil, moambá de Angola ou

cachupa de S. Tomé são só algumas das iguarias que os interessados vão poder pôr à boca durante o evento. A acompanhar a edição vai ainda estar no ar a Rádio Carmo , uma edição especial que acompanha, em directo, convidados, visitantes e actividades. Relativamente à edição do ano passado – cujo orçamento estava situado nos 3,3 milhões de patacas - os números deste ano são inferiores porque o “Instituto Cultural (IC) poupou essencialmente na publicidade, tendo agora uma maior divulgação online”, explica o responsável. O programa está preparado para acolher cerca de 20 mil pessoas, “mais ou menos o mesmo número do ano passado”, segundo a apresentação por parte do IC realizada ontem. Porque é um evento a pensar em todos, para o mais pequenos estão disponíveis passeios de pónei e espaços especiais com a realização de workshops a eles dedicados. Também para todos estão, como em anos anteriores, a ser preparados


13

E OS TUBARÕES

animar a zona das Casas Museu da Taipa a três milhões de patacas, continua a querer

EVENTOS

BORGET E BALZAC: INTIMIDADE NA LP

D

ECORRE hoje, sexta-feira, pelas 18:30, um debate na Livraria Portuguesa intitulado “Uma perspectiva íntima de Borget e Balzac”, onde a professora da Universidade de Havre Verónique Bui vai falar das obras do pintor francês Auguste Borget e do escritor Honoré de Balzac e da sua relação com a China. Verónique Bui tem feito investigação sobre a literatura francesa do século XIX, sendo especialista nas obras de Balzac, para além de estudar as relações culturais e literárias que a França estabeleceu com a China no século XIX. A docente já escreveu e organizou palestras sobre este tema. Além da académica participam nesta iniciativa Agnés Delannoy, curador chefe e director do Musée de la Ville de Bourges, museu que tem a obra “Vista do Grande Templo Chinês em Macau” actualmente em exposição no Museu de Arte de Macau (MAM). Loïc Stavrides, crítico de arte que contribuiu para a redescoberta de Borget em França, também será um dos convidados. A palestra é organizada não só pela Livraria Portuguesa como pelo Museu de Arte de Macau (MAM), Alliance Française e pelo Festival Literário de Macau. A língua utilizada no evento será o Francês com tradução para Inglês e Cantonês.

AUGUSTE BORGET

HAS E LINGUA ´

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

Honoré de Balzac

BIBLIOTECA PUBLICAÇÃO DISPONÍVEL

E

torneios de jogos tradicionais e matraquilhos com direito a prémios monetários aos melhores classificados e uma pequena aventura num simulador do Grande prémio. À festa justam-se vários stands de exposições que integram o que se faz nos países com ligação a Portugal.

ACESSOS MAIS FÁCEIS

O Festival da Lusofonia acontece desde 1998 e tem como objectivo a

promoção e divulgação das culturas e costumes dos países lusófonos bem como a homenagem às comunidades de expressão portuguesa sendo que faz parte das metas do IC “transformar o festival num marco das efemérides locais de modo a que se concretize enquanto ponto da agenda turística da região”. De modo a facilitar o acesso ao local, tema que tem vindo a ser polémico, o IC garante que está em

comunicação com a Direcção dos Assuntos de Tráfego de modo a que esta estabeleça as devidas medidas para o aumento da frequência dos transportes públicos enquanto decorre o festival. Por outro lado, e para os que pretendem aceder à zona das Casas Museu da Taipa de carro, estará disponível o silo perto da zona do Carmo.

‘XUAN ZANG’ DISPUTA OSCAR 2017

Sofia Mota

STÁ já disponível a 8a edição da publicação trimestral da Biblioteca Pública de Macau do Instituto Cultural (IC) “Os Livros e a Cidade”. O artigo de destaque desta edição, “Viagens Gastronómicas”, apresenta alguns livros de turismo escritos a partir de uma perspectiva gastronómica, onde as palavras “permitem ao leitor sentir as cores, os aromas e os sabores de cada viagem e também conhecer as culturas e costumes dos diferentes destinos”, indica o IC. Esta edição também contém uma entrevista com Agnes Lam, a autora de “The Begining of The Modern Chinese Press History - Macau Press History 1557-1840”, para apresentar

este novo trabalho sobre a imprensa e a publicação em Macau. Além disso, esta edição também contém as recomendações de leitura de colunistas de Macau, Hong Kong e Portugal. A rubrica Destaque do Evento vai apresentar a “11ª Conferência sobre Desenvolvimento Cooperativo e Partilha de Recursos Chineses” que terá lugar em Outubro em Macau. “Os Livros e a Cidade” tem uma tiragem de três mil exemplares e está disponível gratuitamente em qualquer dependência da Biblioteca Pública de Macau, nas instituições de ensino superior de Macau, na Galeria Tap Seac e em diversas livrarias e espaços culturais.

sofiamota.hojemacau@gmail.com

À procura do primeiro Oscar, a China definiu “Xuan Zang” como o representante do país na competição de Melhor Filme Estrangeiro. Produzida por Wong Kar-wai, a longa-metragem conta com o direcção de Huo Jianqi e é protagonizado por Huang Xiaoming. Já Hong Kong será representada por “Port of Call” e Taiwan por “Hang in There, Kids!”. Primeira co-produção do país com a Índia, “Xuan Zang” traz a viagem do personagem que dá nome ao filme, um jovem budista com 17 anos, que viaja da China para a Índia durante a dinastia Tang. A viagem inspirou o clássico romance da literatura chinesa “Peregrinação ao Oeste”. Lançado em Abril deste ano na China, o filme já arrecadou US$ 4,9 milhões nas bilheteiras do país. “Xuan Zang” bateu o favorito “Cross current” na disputa pela vaga do país. Os chineses estiveram pela última vez nos Oscares com “Herói”, de Zhang Yimou, em 2002.

“FASCINANTE BARCO VERMELHO” PROLONGADA

A exposição “O Fascinante Barco Vermelho - Um Episódio na Cultura da Ópera Cantonense” vai estar patente até ao dia 27 de Novembro, mais dias do que o inicialmente esperado. O Instituto Cultural diz em comunicado que a mostra, em exibição no Museu de Macau, tem tido uma “resposta entusiástica” por parte de residentes e turistas. Nesta exposição, são exibidos cerca de cem artefactos relacionados com a Ópera Cantonense e ainda textos informativos, fotografias e artigos disponibilizados por associações e organizações de ópera cantonense, que “ilustram com clareza a história e o desenvolvimento da ópera cantonense em Macau”. A entrada é livre.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

que sobram nas fibras resistentes de cada tronco de cada árvore. Como o que sobra de um pensamento de amor. Em lágrimas de despedida ou de não ter sido. O que sobra e escorre para além de qualquer fórmula. Sem emoção. Como do discurso, como dos sentimentos como da vida vivida sem consistência. Uma realidade a ecoar como tempo e como deriva. E os regueiros formados na força da queda. E a melodiosa encaminhada de águas por caminhos recém-abertos. Moldados no acaso da terra, das fragilidades da física da terra. Da disputa de forças, entre o poder de escavar e o de resistir. O de gravar e o de consumir. E como num pensamento de amor, há o que cai, o que molha, o que agride, o que resiste e o que fica. O que fica. Dos sentimentos ficam os sentimentos na sua evolução própria. Aos discursos, reflecte-se-hes a deriva imponderável. Mas os sentimentos são elaborações para além do discurso. Aquém de tudo. Da vontade, da vaidade, da ética. Se falamos de amor, não falamos de gostar ou de critérios de gostar, ou para gostar. Não falamos de gostar, ou de construções, ou de relações. Não se passa entre pessoas. Passa-se em pessoas. Secreto e íntimo, contraditório, inconsequente e vasto como todas as planícies conceptuais deste planeta a expandir-se para dentro e para fora de si, cefaleias à parte, e dos outros. Também. Não há maneiras melhores ou piores de amar. Não há amores melhores. Só inevitabilidades. O que se ama define um critério para sempre. Específico em si. Único, sem paradigmas, sem necessidade, sem qualidades. Só a necessidade e o paradigma definido em si. E a partir daí as qualidades. Sem comparação a outro. Nem livro de instruções. E as de amar diferentes sempre das de estar com. As qualidades. As instruções. As medidas. As caixas e as arrumações. Há um amar em estado puro. Perfeito ou primordial. As relações do estar, essas imperfeitas. Que dizer do amar. Há um lado de querer bem que é como o reverso da dor. Uma espécie de lado cristão, do lado contrário ao da dor. Em que é quando nos sentimos mais miseráveis que reconhecemos ainda ali a possibilidade de querer bem. Ás vezes acontece assim. Outras vezes querer. Mal. Não saber querer. Não saber sem dor. E amar é uma catadupa de palavras inscritas no gesto. O gesto de amar que devia ser o único território. Acariciar

com todas as palavras dentro. Ou para dentro, talvez. Fazer bem sem deixar rasto de cheiro como no território marcado dos animais. Um gesto de pluma. Ou um peso-pesado invisível. Um fazer bem no momento certo e sair de mansinho para não pesar. Mais do que o suficiente de saber uma vez. Eu não tenho regras. Tenho inevitabilidades. Não posso ter umas, e não posso deixar de ter as outras. Como ou não como e durmo ou não indiferentemente. Trabalho e cumpro porque faz parte de mim sobreviver. Um pouco cheia de poucas regras, para ser rigorosa. Cheia dos espaços vazios entre definições. E quando me sinto mais miserável em tudo sei que está ali a possibilidade de me apurar na carícia mais doce no desvelo de amar e derramar palavras e gestos de bem, se o meu bem- querer estiver ali. E só não o faço por que não está ali como se estivesse. E não há que invadir. Vou divagando. Ama-se na circunstância ou ama-se por que não pode deixar de ser. Encontros e desencontros. Então. Os dados são lançados pela ocasionalidade do acaso. O acaso a favor ou o acaso contra. Nada a fazer. Ama-se na facilidade ou então na miséria. É isso. A diferença está aí. Tirar medidas ou não. Uns dias e os outros Não há uns dias e os outros. Talvez dantes. Vestidos de um colorido nítido de cores puras ou cores difusas, ou, aquelas não-cores do espectro dos neutros mas de impressão decisiva, desalentadora. Uma intermitência conhecida e que oferecia a espectativa de mudança sempre que o abismo ameaçava ser de vez. Mas agora é tudo de uma imprecisão mais dialética, não ao longo dos dias mas de um dia só, no desconhecido dos outros. Instantes de paragem em qualquer das premissas. Clara enquanto lugar de um tempo. Dependente de pequenos farrapos da espuma das coisas. Decisivos. No preciso instante em que se instalam. Precários, contudo. Uma translacção imparável pelas faces das coisas e a permanente escuta às possibilidades do desequilíbrio do corpo. Uma dança, quase. Um solo nos limites das possibilidades de contrariar a gravidade, a apetência do cérebro pelo equilíbrio. Mas esvoaçar nos limites. Expandir os membros nesse limiar e compensar de imediato o centro de gravidade aba-

lado. Um reajuste renovado em ciclos sem descanso. O que sinto. Por isso ter que parar, simbolicamente sentar-me. Reter esta entrada de sinais à porta. Por uma vez. As pessoas morrem e renascem. Partem para sempre e ANABELA CANAS

E

porque uns dias, isto. E porque outros dias, aquilo. E de aquilo, na imprecisão rústica do que se traça como se fosse caminho a fazer. E porque das roupas sobra o desconhecimento provisório, como o de pessoas estranhas a querer envolver de adjectivos decorativos um corpo que não se fez daquilo. Que não se encontrou ali, e que não se veste de roupa estreia, larga, comprida e curta. Não se veste para a estação. Não se apeia num vestido justo. Não cai de um sapato raso. Não desmaquilha os olhos. Não espreita debaixo da cama. Não lava a loiça da semana. Nem caixas para meias, quanto mais. E molduras e conveniências. E rosas de plástico com vinhos caros à mistura. Há um recreio vago. Menos mal. E um carrocel, um jardim, um cabaret, uma passerelle, uma roda- viva. E a leveza insustentável e o peso imponderável. E tudo muito mexido, muito batido. Como claras. Em castelo. De nuvens, castelos de nuvens. Cúmulos. Ah, Iago. Porque as nuvens não têm vértices. Vértice é ponto agudo e pico. Não é ângulo nem aresta. Não há poética que valha a falha da geometria. Mesmo existencial. Quando querer fazer de um ponto uma linha, uma junta de planos fracturados é extrapolar. Elaborar é arquitectar. O vértice é o elemento centrado e precário. Acutilante e que fere. O não lugar da geometria. A parte ínfima e desprezável no encontro de planos. Superfícies. Há pessoas feitas de vértices. Os vértices dos dias. E há pessoas feitas de planos. Ou meras superfícies. E outras, feitas de outras coisas. Eu desço e desço nos dias – ou muitos deles – a hipotenusa. Esperando que o triângulo não esteja invertido para a queda não ser para dentro e para trás. E depois outras definições. E um dia destes, desprevenidas chegam as primeiras chuvas para ficar. Tem que ser. Mas esta luz já mais baixa, um pouco mais pálida, também é bela. E não há nada tão melódico como alguns daqueles momentos depois da chuva, no meio das árvores, em que indefinidamente se vai continuando a ouvir o gotejar imparável e incerto, Pequenos sons mais harmoniosos do que qualquer sinfonia. É o tempo a desfiar-se sem regra, sem ritmo e sem previsão. É o que fica a ecoar para além do desgoverno desolador do céu a abater-se sobre nós. A sinfonia das gotas

E porque os dias


15 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

de tudo e de nada

regressam do mesmo modo. Eu sou de uma enorme monotonia. Tenho uma órbita. As coisas é que giram nos seus eixos, apresentando as faces. Equidistante de mim e dos outros. E da qual caio, umas vezes para dentro e outras para fora. E depois volto. A um ponto qualquer que consiga tocar e me devolva à elipse confortável. Eu acho muitas vezes que temos a alma moldada para encontrar umas coisas e não outras. Não sei se é bom ou mau. Picasso dizia: eu não procuro, acho. Mas é redutor.

Hoje fui ver o mar que vi tão pouco neste verão. O cair da noite no início do outono. The fall. Anyway. E aqueles vultos como fantasmas ali. A transmutar-se um em outro. Ela mais dramática. Ali está, a minha alma moldada para encontros entre mar e terra. Um no outro. Impressos na fronteira. Como pintura. Mas já feita. Só para encontrar. Ver, na matéria plástica e fluida da areia e na matéria mutante e líquida da água. Que ficaram lá. Sem ficar. Figuras. Eu vejo sempre figuras. Acompanham-me, talvez. E também ali, a harmonia e o

segredo que equilibra, resume-se ao balanço certos entre brancos e negros. E as paletas de cinza, que encobrem discretamente as cores que lhe deram origem. De repente pergunto-me o que me deu para estar aqui a falar do amor. Do amar, na realidade. É talvez porque o verão se foi. Como se abruptamente no dia marcado mas só por acaso é assim. Na verdade flui para longe. Lentamente. Visivelmente. E é agora talvez, que chega o fim do verão. Ou ontem. Ou lá mais para o meio da tarde e da noite. No calen-

Anabela Canas

dário já foi mas isso não importa. E, talvez porque, quando chega o fim do verão, é quando mais apetece falar do amor. O amor. Chegaria dizê-lo assim. Ou é talvez a vocação nostálgica entre tempos. Entrementes. Ou é talvez o amor que é da família fonética do calor. Ou. Acrescentar ardor e humor e odor. Feromonas distantes. Entre si. Amores efémeros de verão. Mas eu tenho aquela vocação para os amores mortais do acaso e do por engano. Ou mortíferos… Romeu e Julieta na era da tecnologia e de outros venenos, ter-se-iam encontrado e desencontrado de outras formas. Desencontrados no desespero do seu amor proscrito, distraídos por um post, uma mensagem curiosa, um “like” inesperado. Distraídos da vocação dramática do seu amor pelo qual valia a pena morrer, mas não era para ser. Foi simplesmente o erro. E dizer que valia a pena morrer, só depois e porque aconteceu. Hoje seria tudo mais divergente do momento. Do veneno. Do punhal. E teríamos ficado sem ele. Esse amor referencial. Tudo se arredonda no bom tempo. Do verão. Essa ausência que se avizinha que se adivinha sem se querer como a noite dos sentidos. Hibernação. A norte do imaginário. O polo magnético que aponta para o verão seguinte. Ou o outro. Ou o outro. E apetecer fecharmo-nos numa biblioteca aquecida de memórias e livros mortos. Dizia Borges que a haver paraíso, seria esse no lugar onírico de uma. A demonstrar a incapacidade de tudo ver e viver. O transcendente ramificado em estantes temáticas, geográficas, ou em autorias incontáveis e inapropriáveis. Como o mundo. E dentro do mundo. Ou como um cérebro. Com todas as alturas inacessíveis e todas as escadas a poder subir. Mas esses lugares, tantos feitos maravilhosos de conteúdo e potencialidade. Tantos formulados numa estética luxuosa de acordo com o valor e uma época. Palácios arrumados e herméticos vistos de fora. Dos vidros das estantes. O saber fechado ali. Tanto saber e tanto mistério. Tantas coisas e não coisas. Tantas e tão maravilhosas de maravilhosamente mortas. Caladas. Em bibliotecas. Ou então sussurrantes de apelos e tentações. Lembro aquela, banal, de “As asas do desejo”, de W. Wenders. Repleta de murmúrios e da respiração secreta dos anjos. Mas eu não gostaria de ascender ao paraíso de uma. Viver. Cada vez me rodeio de menos livros. Mortos. Vou-os deixando por aí, porque muitos se calaram. Muitos nunca disseram. Mas os livros são um amor específico com todos. Não se pode obrigar. Acontece porque tem que acontecer. No dia certo.


16

h

Piratas para restaurar a brilhante dinastia “N

O século XVII a dimensão geográfica dá lugar à dimensão demográfica e com o declínio dos antigos colonizadores, outros aparecem: ingleses, holandeses e franceses. O fascínio tinha acabado e estava-se no tempo do distanciamento objectivo, devido ao avanço científico da Europa. É na crença egocêntrica de possuir uma civilização universal e com o dever de elevar todos os povos a esse estádio ‘superior’, que começa a corrida para a constituição dos impérios coloniais, com as vantagens materiais e políticas que daí decorriam” Tien-Tse Chang, O Comércio Sino-Português entre 1514 e 1644 Os últimos imperadores Ming tão ocupados estavam com a sua imortalidade e em luxos que nem tinham tempo para os assuntos de Estado. A decadência imperou. Vivendo a população na miséria, era ainda obrigada a pagar altas rendas e taxas, o que levou, em 1627, os camponeses a revoltarem-se e a pegarem em armas para se protegerem a norte de Shaanxi, estendendo-se para Shanxi e Henan. Em 1635, os chefes de grupos armados de camponeses reuniram-se em Xingyang, província de Henan, para planearem uma estratégia. Li Zicheng, um dos líderes, com o seu exército ocupou, em 1644, Xian e toda a província de Shaanxi, tendo aí formado o Estado de Dashun. Partiu depois para Leste e passando por Shanxi e Hebei, chegou a Beijing, levando o último imperador da dinastia Ming, Chongzhen (1628-44) a refugiar-se no Monte Wansui (Colina da Longa Vida) a Norte do Palácio Imperial. Aí ficou 43 dias, mas todos os esforços falharam e sem uma solução para a complicada situação, o imperador enforcou-se. A China ficava sem governo imperial por alguns meses, período conhecido pelo Interregno Shun. As tropas Ming combatiam os revoltosos camponeses em muitas partes da China e uma pequena corte Ming mudou-se para Nanjing, agora com o nome de Yingtian.

O PIRATA NICOLAU

Zheng Zhilong (1604-61), natural de Fujian, nasceu a 16 de Abril de 1604 em Nanan, Quanzhou, e tinha passado algum tempo enquanto jovem em Macau, onde chegou com 18 anos, sendo

convertido e baptizado com o nome cristão de Nicolau. Ao reconhecer o bom dinheiro que se fazia no comércio juntou-se a um grupo de piratas, que atacavam sobretudo holandeses sedeados em Taiwan e mercadores chineses, fazendo ainda comércio com o Japão. Diz o Padre Manuel Teixeira, “O pirata maroto, era este o nome que os portugueses davam a Iquan”, ou Cheng Chi-lung, que depois de regressar “à sua terra, partia para o Japão, onde se colocou ao serviço dum rico comerciante chinês, Li Han, juntando-se ali com a japonesa Tagawa.” E foi dessa relação que no Japão nasceram, em 1624, o seu filho Zheng Sen e uma filha, Úrsula de Vargas. Em 1624, os holandeses tomaram o sul de Taiwan e Zheng Zhilong, a trabalhar para Li Dan no Japão, sabendo português, foi aí colocado pelo seu chefe como tradutor na Companhia Holandesa das Índias Orientais. Li Dan, comerciante no Japão, China e Taiwan, tratava Iquan como um filho e casou-o com a filha adoptiva. Tendo Iquan mudado os seus negócios para Taiwan, passou a trabalhar para outro pirata, Yan Siqi, altura em que a VOC começou a colocar fora da ilha todos os que lhe faziam frente. Os holandeses ainda usaram Iquan para lutar contra os espanhóis em Manila, mas este abandonou o seu trabalho de intérprete, em 1625, após a morte do seu novo chefe. Tomando o comando, formou o grupo Shi Ba Zhi, que em Agosto desse mesmo ano, devido à morte de Li Dan, herdou os navios deste e a sua riqueza, engrossando assim o grupo, que se tornou independente. Iquan, como os holandeses lhe chamavam, passou então a só reconhecer como seu nome Zheng Zhilong e usou Taiwan, entre 1626 e 1628, como base para atacar as costas de Guangdong e Fujian, colocando aí grandes problemas à dinastia Ming. Apenas roubava e raptava governantes e ricos negociantes, mas tratava bem o resto da população, ajudando mesmo os mais carenciados, o que levou as pessoas a acreditarem mais nele do que no governo Ming. “Em breve, comandava 400 juncos que, em fins de 1627, se elevaram a mais de 1000. Apoderou-se de Amoy, e dali dominava toda a costa entre os rios Yangtzé e o das Pérolas. O Imperador, vendo não o poder vencer, nomeou-o em 1628 comandante da frota imperial,

com o grau de mandarim, na condição de limpar os mares de outros piratas, o que ele aceitou, estabelecendo em Amoy o seu quartel general”, segundo o Padre Manuel Teixeira, que prossegue: “Iquan tinha 300 negros ao seu serviço, sendo todos cristãos e escravos fugidos de Macau”. Este historiador refere ainda uma questão conflituosa surgida entre Zheng Zhilong e os portugueses. Após a expulsão dos cristãos do Japão e tendo a sua filha aí nascida sido baptizada na fé cristã, com eles fugiu para Macau. Ao saber de tal, Zheng Zhilong enviou recado aos portugueses para que lha mandassem, visto ser sua filha, mas estes não atenderam às pretensões. E nem mesmo as terríveis ameaças lançadas sobre cercar Macau com a sua esquadra, demoveram os portugueses da decisão de não a entregar. “A 1 de Maio de 1639, leu-se no Senado uma carta dos negociantes portugueses que se achavam em Cantão, contando o que “havia sucedido à nossa gente com os chineses da armada de Icoão, que no dito Cantão estão e do mais que tinha sucedido e do estado e aperto em que os ditos portugueses estão, assim do risco de suas pessoas, como dos cabedais dos moradores...” Por isso, o Senado elegeu dez indivíduos dos mais velhos e experimentados cidadãos desta cidade para tratar do assunto com os oficiais da Câmara, referentes à feira de Cantão. “Boxer nota que essa filha devia ser uma que casara em Macau com um português (ou macaísta), chamado António Rodrigues, filho dum cidadão chamado Manuel Belo”, e em nota o Padre Manuel Teixeira refere, após o casamento cristão em Macau de Úrsula de Vargas, filha de Nicolau I-Kuan, com António Rodrigues, foram estes viver em 1642 com o mandarim Iquan em Ankai. “Levados por esta palavra e obrigados pela grande discórdia (de lembrar ser 1642 o ano da Restauração em Macau) que havia naquela cidade de Macau entre todos e a grande fome que sobreveio, embarcaram para esta cidade de Anay, onde vivem”.

SEM SOLDO PARA COMER

Macau já desde 1630 prestava ajuda à dinastia Ming, que lhe tinha aberto as portas do País do Meio, enviando um destacamento de 400 militares, assim como canhões para a ajudar a comba-

ter os manchus na Grande Muralha. Encontravam-se em Guangxi quando foram interrompidos na sua marcha, devido às intrigas dos comerciantes de Cantão junto aos mandarins provinciais. Em 1644, após a conquista de Beijing pelos manchus, as forças leais à dinastia Ming que lhes faziam resistência, voltam a pedir ajuda aos portugueses. A China encontrava-se em guerra contra os tártaros e, aproveitando-se disso, proliferavam nos seus mares os piratas onde faziam grandes e ricas presas. Macau, sentindo-se ameaçada, levou o Senado, em sessão de 8 de Julho de 1646, a mandar equipar embarcações ligeiras, os chós, para protegerem dos ladrões os barcos de comércio da cidade. Assim partiram em perseguição dos piratas, levando-os a apressado retiro. No entanto, ainda nesse ano em Outubro, “os soldados, com soldo em atraso, envolveram-se em desordem com os donos das lojas chinesas. O mandarim de Chinsam mandou fechar as Portas do Cerco, impedindo a vinda das provisões e veio a Macau exigir satisfações: “e para o compor foi preciso não só dar público castigo aos soldados, mas despender com ele prata”. Pouco depois, veio uma chinesa a vender comestíveis a Macau e os soldados roubaram-lhos, usando de violência. Com estas desordens, por falta de pagamentos e penúria da cidade, se pôs alguma artilharia em venda”, segundo o Padre Manuel Teixeira, que refere terem os canhões de Bocarro servido para tudo; “acudir a Goa, a Portugal, à China e às Filipinas e até pagar os soldados esfomeados...”

FIM DA DINASTIA MING

O general Ming, Wu Sangui, que governava a Passagem de Shanhaiguan, em 1644 acedeu aos manchus passarem pela Grande Muralha, para em conjunto com as tropas Ming combaterem os revoltosos camponeses. As tropas manchus encontraram a China sem dinastia no Trono do Dragão há já alguns meses e assim, em 1644, ocuparam Beijing para onde mudaram a sua capital, até então em Shenyang. Daí Li Zicheng teve que partir e seguindo para Oeste até Shanxi, foi perseguido pelas unidas tropas manchus e Ming, sendo morto em Hubei com 39 anos de idade.


17 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

José Simões morais

Foi então que muitos oficiais Ming, a cooperar com os manchus contra os camponeses, se mudaram para o lado destes, passando a combater os invasores manchus. Com a morte do último imperador da dinastia Ming em Beijing no ano de 1644, a pequena corte Ming estabeleceu-se em Nanjing e aí formou a dinastia Ming do Sul (1644-1662). Zhu Yousong, príncipe de Fu, tornou-se o Imperador Hong Guang (16441645) e libertou da prisão Zhu Yujian, condenado desde 1636, quando lhe fora retirado o título de príncipe de Tang. Durou um ano essa pequena corte Ming desunida e corrupta, sendo em Junho de 1645 derrotada em Yingtian (Nanjing) pelas forças Qing e a corte dos Ming do Sul voltou a fugir, ago-

ra para Hangzhou. Aí se dividiu, parte vai para Shaoxing (Zhejiang) e outra, refugia-se em Fuzhou (Fujian), onde subiu ao trono da dinastia Ming do Sul o Imperador Long Wu (Agosto 1645 Outubro 1646) e cujo nome era Zhu Yujian, príncipe de Tang. Pertencia à oitava geração descendente do terceiro filho do primeiro imperador da dinastia Ming e tinha a esperança de conseguir derrotar os manchus, que já tinham formado a dinastia Qing. Zheng Zhilong era o mais poderoso aliado do Imperador Long Wu com quem tinha uma grande amizade, pois ajudara-o a chegar a imperador. Mas, em 1646, com as vitórias do exército Qing no centro da China e em Fujian, a 6 de Outubro, o Imperador Long Wu foi capturado e executado. Os man-

chus compraram com um cargo Zheng Zhilong e este, percebendo a definitiva derrota da dinastia Ming, aceitou. Foi levado para Beijing com a família, onde o mantiveram, procurando atrair o filho, Zheng Chenggong, que recusou abandonar os Ming e governou as costas de Fujian desde 1646. Nos finais de 1650 era apenas ele no mar que lutava para restabelecer a dinastia. Derrotado em 1659, no estuário do rio Yangtzé, com essa batalha dá-se o fim do foco de resistência dos chineses han, pertencentes à dinastia Ming e voltando a Fujian, daí parte à frente de 25 mil pessoas para Taiwan onde, após um cerco de nove meses, tomou em Abril de 1661 a ilha aos holandeses. Em 1662, Zheng Chenggong morreu de doença aos 38 anos, mas Taiwan

continuou independente com o seu filho Zheng Jin e só foi conquistada ao neto em 1683, passando para o domínio dos Qing. Pouco nos estendemos sobre a personagem do pirata Zheng Chenggong, ou Coxinga, como é conhecido pelos europeus, pois a sua história já foi apresentada no HM, encontrando-se escondida também na divindade Zhu Da Xian. Quanto ao seu pai, Zheng Zhilong foi colocado na prisão em 1655 e morto em 24 de Novembro de 1661. Em 1669, a VOC, cujo objectivo fora atacar os pontos-chaves do império espanhol e português, era a mais rica companhia privada do mundo com mais de 150 navios mercantes, 40 de guerra, 50 mil funcionários e um exército de 10 mil soldados.


18 DESPORTO

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

Motores ao alto Rosenqvist é cabeça de cartaz do Grande Prémio de F3

F

TRÊS PILOTOS PORTUGUESES NO GRANDE PRÉMIO MACAU

Um Tiago e dois Andrés

T

RÊS pilotos portugueses vão participar na 63.ª edição do Grande Prémio de Macau, em Novembro, quando a Fórmula 3 passa, pela primeira vez, a contar para a Taça do Mundo da Federação Internacional Automóvel (FIA). Tiago Monteiro volta a Macau a uma nova versão da corrida Guia, a “Corrida da Guia Macau 2.0T”, depois de o Campeonato Mundial de carros de turismo, WTCC, ter deixado de se disputar na cidade. Na segunda Taça GT Mundial da FIA participa André Couto, que corre tradicionalmente com as cores de Macau, e o Grande Prémio de Motos conta novamente com a presença de André Pires (Bimota), foi ontem anunciado. Na Fórmula 3 não competem portugueses, mas a corrida conta com o sueco

Felix Rosenqvist, que vai tentar vencer pela terceira vez consecutiva em Macau. Destaque ainda para pilotos de topo da lista do Campeonato Europeu de F3 da FIA, como o alemão Maximilian Günther, o neozelandês Nick Cassidy e os britânicos George Russel e Callum Ilott. Já o canadiano Lance Stroll, que se sagrou campeão do circuito europeu no passado fim de semana, cancelou a ida a Macau por motivos de agenda.

LISTA AGRADA

“A lista de entrada é óptima. Quando vemos o número de pilotos que voltam depois de já terem vencido a corrida, é porque querem estar novamente cá devido a este título mundial. Além disso, temos o número três, quatro e cinco do campeonato europeu, a corrida vai ser difícil”, disse Fréderic Bertrand, director da

Federação Internacional do Automóvel (FIA), em conferência de imprensa. Com a Taça do Mundo de F3, Macau passa a ser o único lugar do mundo que recebe simultaneamente duas Taças do Mundo, em termos de desporto motorizado, destaca a organização. A decisão de manter a competição mundial será um processo a determinar “passo a passo”. “Realizamos [a Taça] este ano e vemos o que se vai passar no próximo. Mas certamente que, se for bem-sucedido este ano, há uma boa oportunidade de continuar para sempre. Esperamos que seja pelo menos tão bom como antes e talvez um pouco melhor. Quando olhamos para o nível dos pilotos podemos esperar uma corrida muito dura”, afirmou Bertrand.

PIRELLI E O CONCURSO

O envolvimento da FIA fez mudar o fornecedor de pneus,

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA PESSOA & CIA • Laura Pérez Vernetti

Este livro apresenta a vida e obra de Fernando Pessoa em BD. O livro divide-se essencialmente em três partes: as biografias, a obra poética de Fernando Pessoa e a dos heterónimos. A biografia do autor está desenhada a preto e branco, inspirada nas fotografias do poeta e na pintura de Almada Negreiros, bem como as biografias dos heterónimos, enquanto na adaptação dos poemas de Pessoa e dos heterónimos os desenhos são a cores de forma a ilustrar a grande criatividade e imaginação do poeta.

passando da Yokohama para a Pirelli. “Essa é outra das diferenças de estar ligado à FIA, temos um processo muito justo de concurso para escolher o fornecedor. A Pirelli venceu. A Yokohama também concorreu mas não conseguiu”, explicou Bertrand. O Grande Prémio de Motos assinala este ano a 50.ª edição e, por esse motivo, os três primeiros classificados vão receber um prémio adicional. Marcam presença dos britânicos Peter Hickman (campeão do ano passado), Martin Jessopp (segundo classificado em 2015), Michael Rutter (campeão oito vezes e terceiro classificado no ano passado), Stuart Easton (três vezes campeão), John McGuiness e Ian Hutchinson. O Grande Prémio de Macau realiza-se entre 17 e 20 de Novembro.

ELIX Rosenqvist é o cabeça de cartaz da edição deste ano do Grande Prémio de Macau, que decorre entre 17 e 20 de Novembro. O piloto sueco volta para tentar bater um recorde e ser o primeiro tricampeão na Fórmula 3. Apesar da ausência do campeão europeu, a organização diz esta será uma das melhores corridas de sempre, indica a rádio Macau. A edição deste ano do Grande Prémio Fórmula 3 de Macau soma já duas notícias de última hora. Além da passagem de testemunho para a Federação Internacional do Automóvel (FIA), esta semana soube-se que o campeão europeu de Fórmula 3, Lance Stroll, não vem a Macau por ter “outros compromissos”. A emissora frisa ainda que Frédéric Bretrand, director da FIA, garante que a corrida deste ano será tão boa ou até melhor do que as anteriores porque há mais carros do que nunca e os melhores entre os melhores marcam presença. “Em relação a Lance [Stroll], lamentamos que não esteja aqui. Mas julgo que tem outras questões para resolver e desejamos-lhe o melhor futuro. A lista de participantes é fantástica. Quando se vê o número de pilotos que estão a voltar depois de já terem ganho a corrida uma vez...Só querem estar aqui mais uma vez

por causa deste título de Taça Internacional. Em cima disto, temos ainda os números 2,3, 4 e 5 do campeonato da Europa”, sublinha Frédéric Bretrand, citado pela rádio. Pela primeira vez, a prova rainha do Grande Prémio recebe a chancela da FIA, o que faz com que, também pela primeira vez, Macau receba, ao mesmo tempo, duas Taças do Mundo. Se vai ou não continuar a ser assim, é uma questão de esperar para ver: “Vamos dar um passo de cada vez. Fazemos este ano e vamos ver o que acontece no próximo. Mas é certo que, se for um sucesso, há uma forte hipótese de continuarmos para sempre”, indica a emissora. Na edição deste ano, Macau mantém a Taça do Mundo de GT. Além do actual campeão, Maro Engel, voltam a marcar presença Edoardo Mortara, que soma várias vitórias no circuito da Guia, e o piloto de Macau André Couto, que este ano compete com um Lamborghini. Nesta edição, assinalam-se também os 50 anos do Grande Prémio de Motos. Vão competir Peter Hickman, actual campeão, e os veteranos Michal Rutter, Stuart Easton, McGuinness e Ian Hutchinson. O piloto de Macau Rodolfo Ávila não participa nesta edição. De Portugal, regressa Tiago Monteiro.

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

CINZAS DA REVOLTA • Miguel Peres

Angola, 1961. Um grupo de rebeldes ataca uma fazenda. Os donos são mortos, mas a filha consegue escapar... 1963. Chegamos a Angola. Somos um contingente militar formado na sua maioria por jovens inexperientes. A guerra amedronta-nos. A nossa missão é encontrarmos a rapariga desaparecida em 61... 1966. O inesperado acontece... Afinal, qual o porquê de tantos anos perdidos na busca de uma única pessoa?


19 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

DESPORTO

Fórmula E HONG KONG PREPARA-SE PARA A PROVA COM CARAS CONHECIDAS DO GP DE MACAU

Corridas eléctricas aqui ao lado

É

já este fim-de-semana que Hong Kong se veste a rigor e recebe a sua primeira prova de automobilismo nas ruas da cidade. Na sua terceira temporada, o Campeonato FIA de Fórmula E, uma competição exclusiva para viaturas eléctricas, visita pela primeira vez o sul da China. Inicialmente oferecida a Macau, a prova da Fórmula E na ex-colónia inglesa cumpre o sonho da Associação Automóvel de Hong Kong (HKAA) e de várias gerações que lutaram anos a fio contra a oposição das autoridades locais para garantir um evento que em todo se assemelhasse ao Grande Prémio de Macau. Este evento, que vai ter como plano de fundo o Porto Victoria, só é hoje possível dada a vontade do governo de Hong Kong em promover as novas tecnologias amigas do ambiente, onde se incluem os carros eléctricos. A cidade vizinha goza de padrões de mobilidade cobiçados por outras grandes cidades e tem a circular actualmente mais de quatro mil viaturas eléctricas, graças aos apoios do governamentais. “Enquanto Singapura tem a Fórmula 1 e Macau tem o Grande Prémio, Hong Kong parece o último lugar que nos possa vir à cabeça quando falamos de corridas de carros. Muitos em Hong Kong gostam de automobilismo e têm um alto nível de conhecimento sobre sustentabilidade, o que faz desta cidade um sítio ideal para acolher a Fórmula E,” diz Alan Fang, o CEO da Formula Electric Racing (Hong Kong) Limited, a empresa promotora da competição no território vizinho. “É a nossa missão promover a mensagem da sustentabilidade através de um novo tipo de automobilismo e é por isso que o governo nos deu tanto apoio quanto tivemos que colocar esta corrida juntos.” Apesar da promoção da prova a cabo do Turismo de Hong Kong não ter sido nada de extraordinário, de acordo com os residentes, todos os 40 mil bilhetes terão sido já vendidos para os dois dias do evento. Para além da corrida única de cinquenta minutos da Fórmula E, que inclui uma paragem nas boxes para troca de carro, haverá no programa uma corrida para 16 celebridades e pilotos de renome de Hong Kong com viaturas eléctricas da marca Volkswagen.

O circuito de 1860 quilómetros de perímetro foi desenhado pelo arquitecto português Rodrigo Nunes.

CARAS CONHECIDAS

Entre os vinte pilotos que compõem a grelha de partida da Fórmula E estão várias caras conhecidas do Grande Prémio de Macau. O português António Félix da Costa, emprestado pela BMW Motorsport à equipa da família Andretti, com quem o construtor alemão tem uma parceria técnica, vai participar na sua terceira temporada. O vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 em 2013 vai finalmente concentrar-se a tempo inteiro e é um dos favoritos à luta pelas primeiras posições. Félix da Costa não é o único ex-vencedor da prova de Fórmula 3 do Circuito da Guia. A defender as cores do construtor indiano Mahindra está o sueco Félix Rosenqvist, vencedor na RAEM em 2014 e 2015, e a representar a Audi Sport ABT está o brasileiro Lucas Di Grassi, que ganhou em 2006. Também presente vai estar o alemão Maro Engel, vencedor o ano passado da primeira edição da Taça do Mundo FIA de GT. Na DS Virgin Racing será possível encontrar o argentino José María López, o penúltimo piloto a vencer uma corrida do WTCC nas ruas do território. O campeonato tem várias outras estrelas, como Nelson Piquet Jr, filho do incontornável ex-campeão do mundo de Fórmula 1 e que a FIA não quis que participasse no Grande Prémio de Macau deste ano, Nicolas Prost, filho de Alain Prost, ou os ex-pilotos de Fórmula 1 Sébastien Buemi e Jêrome D’Ambrosio.

Nº Corridas Nº Pilotos

G.P. DE MACAU 7

Acima de 200

Nº Dias do Evento

4

Perímetro da Pista

6,120 km

Nº Curvas Orçamento

HONG KONG EPRIX

19 MOP 200,000,00

2 36 2 1,860 km 10 HKD 300,000,00

TORNEIOS COM BOLAS ESTE DOMINGO

Os “Torneios de Outono de modalidades com bolas nos Campos Livres 2016” têm início este domingo, no Campo Livre da Rua Central da Areia Preta. Organizados pelo Instituto do Desporto, com a colaboração da Associação Geral de Basquetebol de Macau e da Associação de Futebol de Macau, a ideia do evento é incentivar os cidadãos a aproveitarem os tempos livres para a realização de actividades desportivas, a prática desportiva e o reforço da saúde.


20 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

NOITE COM PIANO NA GALERIA Fundação Rui Cunha, 19h00

Sábado

MIN

25

MAX

31

HUM

65-95%

EURO

8.93

BAHT

PALESTRA “CONTRIBUIÇÕES DO SEMINÁRIO DE S. JOSÉ PARA A MÚSICA DO SÉCULO XX” Seminário de São José, 11h30

Diariamente

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES / QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10) EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11) EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

C I N E M A

Cineteatro

MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN SALA 1

MISS PEREGRINE’S HOME FOR PECULIAR CHILDREN [B] Filme de: Tim Burton Com: Eva Green, Samuel L.Jackson, Judi Dench, Asa Butterfield 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA 2

DEEP WATER HORIZON [B] Filme de: Peter Berg Com: Mark Wahlberg, Kurt Russel, John Malkovich, Kate Hudson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

SALA 3

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 94

PROBLEMA 95

UM LIVRO HOJE

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO COLECTIVA DE ARTISTAS DE MACAU IACM (até 30/10)

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

1.19

SAUDADES OU HÁBITOS?

PALESTRA “A PRIMEIRA UNIVERSIDADE DO EXTREMO ORIENTE EM MACAU: O EMPENHO DOS JESUÍTAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR NA ÁSIA” Seminário de São José, 10h00

EXPOSIÇÃO DE PINTURA “INSPIRAÇÃO INOVADORA”, DE MAK KUONG WENG Jardim Lou Lim Iok (até 16/10)

YUAN

AQUI HÁ GATO

EXPOSIÇÃO “TESOURO DE ARTE SACRA DO SEMINÁRIO DE S. JOSÉ” Seminário de São José, 10h00

EXPOSIÇÃO “O ARAUTO DOS TEMPOS: O POETA F. HUA-LIN” Academia Jao Tsung-I (até 13/11)

0.23

Há coisas que deixam saudades e outras que não passam de hábitos. E cada vez menos eu, gato sereno e muito preguiçoso, sei exactamente diferenciar as duas. Acho que temos, nós animais e vocês humanos, de sabermos separar as coisas, de nos apercebermos do que é que realmente nos faz falta e a que é que estamos apenas ligados porque sim. Às vezes acordo feliz porque sei que tenho certas e determinadas coisas à minha espera, mas será que é delas mesmo que preciso para sorrir? E você, amigo leitor, já pensou se esse trabalho, se essa pessoa, se esse hobby é algo que iria realmente deixar saudades se acabasse, ou se era algo do qual até se deveria soltar? Há coisas complicadas, até para um gato como eu. Há coisas que merecem reflexão e às quais nós – por falta de vontade, ou de tempo – não damos a devida atenção. Já se sentou a reflectir se é mesmo esse caminho que quer seguir? Já tirou alguns minutos a ponderar nessa realidade que vive diariamente? Já pensou se está a sofrer ou a stressar por algo que nem sequer vale assim tanto a pena? Ou porque não merece ou porque, simplesmente, não vai fazer falta quando se desligar dela? Pu Yi

“NAMIYA ZAKKATEN NO KISEKI - MIRACLES OF THE NAMIYA GENERAL STORE” (KEIGO HIGASHINO, 2012)

Se existir um lugar onde se pode resolver todas as nossas preocupações... o Namiya General Stock é ele. Localiza-se numa rua silenciosa onde, além de vender artigos quotidianos, também oferece consultas que eliminam preocupações. Só precisa de deixar cair as cartas em que estão escritas as suas preocupações na caixa de correio à porta da loja e no dia seguinte já pode receber as respostas que o vão ajudar, estas colocadas na caixa de leite na porta traseira. Quando as pessoas começam sucessivamente a escrever cartas à loja, assuntos misteriosos acontecem um após outro mas alguns encontros também se tornam salvações para a vida. Angela Ka

STORKS [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Nicholas Stoller, Doug Sweetland 14.30, 16.15, 19.45

STORKS [A][3D] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Nicholas Stoller, Doug Sweetland 18.00

BLAIR WITCH [C] Filme de: Adam Wingard Com: James Allen McCune, Brandon Scott, Callie Hernandez 21.30

www. hojemacau. com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


21 hoje macau sexta-feira 7.10.2016

OPINIÃO

a canhota GEORGE CUKOR, WOMEN

FA SEONG 花想

Mal-entendidos destroem as equipas

N

A cultura chinesa, acredita-se muito numa coisa: o destino (緣份). Destino no sentido das relações que vamos tendo com outros. Acredita-se que conhecer uma pessoa é algo já destinado, marcado para as nossas vidas: porque é que conhecemos este mas não aquele? Porque é que nos tornamos amigo de uma pessoa que conhecemos há pouco tempo e não de um colega com quem estamos sempre? Todas as pessoas que conhecemos na vida têm os seu próprio destino. Eu valorizo muito as relações com amigos, colegas e, claro, família. Mas, obviamente, nem sempre que consigo manter boas relações com todos. Eu também ignoro, eu

também sou responsável por mal-entendidos. Eu também me zango, ralho, magoo outros, com ou sem razão. Apesar de tudo, tento não manter as partes negativas dos outros na minha mente. Talvez estes meus pensamentos sejam formados através dos filmes ou telenovelas que via muito anteriormente. Mas há algo que ouvi e que me ficou sempre na memória: “Lembra-te sempre que detestar uma pessoa é muito cansativo e essa pessoa não fica cansada, apenas tu”. É por causa disto que não costumo deixar que o ódio por alguém invada a minha mente mesmo que alguém me tenha feito mal. Não espero vinganças de ninguém por causa dos meus defeitos, desde que não continue a fazer mal. Também não gosto de olhar de lado nem de detestar uma pessoa sem razão, de forma fácil. O que me interessa mais é saber porque é que uma pessoa faz determinadas coisas, qual é a intenção, o que pensa, ou sentia quando o fez. Se calhar esta forma de pensar pode ser considerada parva, mas sei que, apesar de

nem sempre estar certa, também há mal-entendidos ou preconceitos formados. Mas também acho que é perigoso não esclarecer o que é a verdade quando alguém entender que algo está mal, porque, mesmo que nos possamos importar com o que os outros pensam e falam, estas coisas podem a qualquer momento afectar emoções, relações e até a vida quotidiana. Passando um longo tempo, é possível que esses mal-entendidos façam com que as pessoas se tornam inimigas. Os mal-entendidos, penso eu, são uma arma “fria”, que destrói e magoa silenciosamente. Sobretudo quando existem entre família, num grupo ou numa equipa. Podem derivar de

“Lembra-te sempre que detestar uma pessoa é muito cansativo e essa pessoa não fica cansada, apenas tu.”

suspeitas, enganos, raiva, ciúmes e até ódio, algo que não é nada necessário. Além do mais, quando os mal-entendidos se espalham de uns para outros, esse erro desnecessário fica cada vez maior e o resultado poderá ser irreversível. “Se uma equipa tem uma boa comunicação, se não se poupa a cooperação entre uns e outros, o poder que se produz poderá ser tão forte que até Deus o teme.” Li esta frase num livro chamado “Avança-se um pouco um dia depois do outro”, de um autor pouco conhecido de Taiwan. Como nenhum de nós vive numa ilha isolada, a única forma de conseguir sucesso é aceitar a ajuda e ajudar os outros. Quando não há comunicação entre as pessoas, nem se tenta conversar, sobretudo no caso de mal-entendidos, quem perde somos nós próprios. Eu não peço a todos que se perdoem uns aos outros, aos que fazem mal a si próprios ou àqueles à sua volta, mas peço a todos que repensem se existem mal-entendidos e falem! É a única forma de talvez se poder evitar perdas de ambos os lados.


22 PUBLICIDADE

hoje macau sexta-feira 7.10.2016


23 PERFIL

MIGUEL LANÇA

hoje macau sexta-feira 7.10.2016

MIGUEL LANÇA, CHEFE DE SALA E PINTOR

U

“Recorri à pintura para aliviar o stress”

M passeio com um dos filhos reavivou-lhe uma paixão antiga, quase como quem vai buscar algo ao baú das memórias. Miguel Lança costumava pintar na escola, mas acabou por deixar esse hobby de lado com o passar dos anos. Foi o filho mais velho que, tendo igualmente paixão pelas artes, o levou de novo ao mundo das telas e dos pincéis. “Um dia passámos por uma loja, comprámos umas telas e umas tintas e começámos a aventurar-nos. Comecei então a pintar, sobretudo com acrílico, com técnicas mistas. Tenho algumas obras pintadas a óleo. Também gosto de usar tinta da china”, contou Miguel Lança ao HM. Hoje mostra um pouco do seu trabalho através da sua página do Facebook, a Msv Art. Uma visita leva-nos a compreender que se tratam de obras dominadas pela cor e pelos traços fortes. A trabalhar actualmente como chefe de sala no Instituto de Formação Turística (IFT), onde também dá alguma formação prática aos alunos, Miguel Lança pinta nas horas vagas para “aliviar o stress do dia-a-dia”. Apesar de não fazer dessa a sua

profissão principal, Miguel já realizou duas exposições. “As minhas experiências foram apenas duas exposições que fiz no Venetian, uma em que fui convidado por uns alunos que estavam a frequentar um curso no IFT e que precisavam de artistas locais para expor. A outra exposição foi através de um amigo que me convidou para expor os meus trabalhos.” Inspirações não as tem, sendo o seu trabalho marcado pela espontaneidade, com base naquilo que vê. Aqui, a cultura chinesa também acaba por ter uma certa influência. “Uma vez, para celebrar os dez anos de Macau, pintei um quadro com carpas, por ser um peixe que existe muito na Ásia. Às vezes inspiro-me em algumas fotografias que tirei, do Hotel Lisboa, do Jardim Lou Lim Ioc... as coisas vão surgindo naturalmente, não posso dizer que seja algo planeado. Agarro nos pincéis e nas tintas e é o que sai. Também gosto de usar tinta da china.” Miguel Lança acredita que ser artista em Macau pode ser fácil, mas também difícil. “Há que reunir os contactos necessários, temos algumas facilidades. A Fundação Rui

Cunha dá a possibilidade a artistas locais para exporem os seus trabalhos, bem como o Instituto Cultural e até a Macau Creative”, lembrou.

HISTÓRIA COM 11 ANOS

A história de Miguel Lança em Macau começou há 11 anos, quando veio por intermédio do pai, que já cá estava. Com um curso técnico-profissional, Miguel começou a trabalhar no restaurante Fernando, em Hac-Sá, lugar escolhido por inúmeros turistas de vários países. Daí, onde esteve quase uma década, guarda boas memórias. “Foi uma boa experiência, é um restaurante com muitos clientes, alguns já de vários anos, passam por lá muitas pessoas, dá para fazer novas amizades. Foi uma experiência engraçada.” Esteve oito anos como gerente, tendo passado depois para o Clube Militar, onde trabalhou como chefe de sala. “Sempre gostei muito da área da hotelaria, mas no início da minha carreira trabalhei mais em bares e discotecas”, revela ao HM. Miguel Lança recorda o período em que 500 patacas chegavam para comprar toda

a comida necessária para casa e onde um apartamento era bem mais barato. Onze anos após a sua vinda para o Oriente, Miguel destaca a segurança e o desenvolvimento de um território que teve um crescimento galopante. Nunca trabalhou directamente na área de confecção de alimentos, mas defende que a variedade de pratos portugueses continua a não existir em Macau, apesar das inúmeras inaugurações de espaços que aconteceram nos últimos anos. “Existem muitos restaurantes mas na maior parte dos menus a oferta é quase a mesma. Há restaurantes com uma boa feijoada, um bom leitão, mas não se pode dizer que haja um restaurante que reúna todas as condições e se possa dizer ‘aqui é tudo bom’. Há um bocado essa falha nos restaurantes portugueses, tudo é idêntico, a maneira de confeccionar a comida é muito semelhante. Não há muita diversidade”, concluiu. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


Detrás da franja que lhe vela o rosto/Com seus olhos de amêndoa/vela o porto interior/Onde veio varar/por um certo Sol-posto/O junco em que a trazia o pescador.”

850 MIL EM CINCO DIAS

Macau recebeu mais de 850 mil visitantes em cinco dias, entre sábado e quarta-feira, a chamada “semana dourada” que celebra o Dia Nacional da China, a 1 de Outubro. Segundo dados divulgados pela Direcção do Serviços de Turismo, entre 1 e 5 de Outubro entraram em Macau 852.755 pessoas, mais 8% do que no mesmo período de 2015. A maioria - 723.544 - eram oriundas do interior da China. Os visitantes chineses em Macau nestes dias foram mais 7,3% do que no ano passado.

GRANDE DINAMISMO

O embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, considerou que a visita do primeiro-ministro português servirá para fazer o “ponto da situação na parceria” entre os doiws países, num período de “grande dinamismo nas relações”. “É particularmente significativo que nós possamos fazer o ponto da situação na nossa parceria” e “identificar para onde podemos caminhar”, disse o diplomata à agência Lusa. António Costa visita a China de 8 a 12 de outubro, numa viagem que inclui Pequim, Xangai, Shenzhen e Macau, e que segundo o embaixador Torres-Pereira ocorre “num período de grande dinamismo nas relações bilaterais”.

SUÉCIA CRIMINALIZA VIOLAÇÕES DIGITAIS

PUB

A Suécia reprimirá severamente os abusos sexuais a crianças na Internet, consagrando o crime de violação, que poderá levar até dez anos de prisão. “As agressões sexuais cometidas à distância - via Internet, por exemplo - devem ser classificadas da mesma forma que se as pessoas (agressor e vítima) estivessem no mesmo lugar”, argumentou a comissão. Futuramente, serão castigados os actos sexuais “cometidos por uma pessoa, se não participa voluntariamente, com ela mesma, ou com uma terceira pessoa”, propôs. Entre os exemplos, um menor de idade que toca suas partes íntimas guiado por um agressor. A reforma tem como objectivo os agressores de menores de 15 anos, que escapam actualmente de sanções mais duras do que as previstas no Código Penal sueco. Nesses casos, a legislação contempla apenas “exploração com fins pornográficos”. A utilidade de estabelecer esse crime foi ressaltada por um processo contra um homem de 45 anos, que obrigou menores a tirar a roupa e a se masturbarem no Skype.

Camilo Pessanha

FBI PRENDE “NOVO SNOWDEN”

Rato de terminal

O

FBI prendeu um funcionário da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos sob suspeita de ter roubado códigos ultra-secretos desenvolvidos para penetrar as redes de governos estrangeiros, informou nesta quarta-feira o departamento de Justiça. “Uma denúncia penal foi apresentada contra Harold Thomas Martin III, de 51 anos, de Glen Burnie, Maryland, pelo roubo de propriedade do governo e extracção sem autorização e retenção de material sigiloso por um funcionário ou empregado terceirizado do governo”, indica o departamento em um comunicado. O suspeito foi preso em 27 de Agosto, depois de uma busca policial na sua casa. Martin trabalhava para a Booz Allen Hamilton, a mesma empresa que havia contratado Edward Snowden, que agora se encontra refugiado na Rússia após ter revelado a amplitude dos programas de vigilância da NSA. A mesma empresa ajuda a construir e realizar muitas das ciberoperações mais sensíveis da NSA, referiu o jornal The New York Times. A acção penal declara que os investigadores encontraram documentos virtuais e cópias físicas de documentos ultra-secretos na casa e no carro de

Martin. Seis dos documentos “foram produzidos através de métodos, capacidades e fontes governamentais sensíveis, que são fundamentais para uma grande variedade de questões de segurança nacional”, de acordo com a acusação. Booz Allen disse em comunicado que ofereceu a mais completa cooperação com as autoridades quando soube da prisão. “E demitimos o funcionário”, especificou o texto. Por enquanto, a NSA recusa-se a comentar o sucedido. Segundo os investigadores, Maring negou as acusações num primeiro momento, mas quando lhe mostraram os documentos admitiu ter-se apoderado deles

e declarou que “sabia que o que havia feito era errado”. Os advogados de Martin disseram num comunicado à imprensa americana: “Não vimos nenhuma prova. Mas o que sabemos é que Hal Martin ama a sua família e o seu país. Não há provas de que pretendesse trair o seu país”. A prisão ocorreu depois do começo de uma investigação sobre o roubo de um código fonte empregado pela NSA para penetrar os sistemas de rivais como a Rússia, China, Irão e Coreia do Norte. Com ele, a NSA seria capaz de implantar um software nos outros sistemas, controlando ou até atacando as suas redes.

FUTEBOL JOGADORES DETIDOS EM HONG KONG

A

Comissão Independente contra a Corrupção (ICAC) informou ontem que cinco jogadores chineses e um suspeito apostador foram detidos por alegadas combinações de resultados do Pegasus FC, equipa da Primeira Divisão de futebol de Hong Kong. A derrota do actual quarto classificado, na anterior jornada, por 2-1, frente ao Guangzhou FC sub-19, formação composta maioritariamente por jovens futebolistas chineses, um resultado pouco expectável, e que levan-

tou suspeitas, para o emblema de Hong Kong que, de acordo com a imprensa local, é candidato ao título de campeão. “Os cinco jogadores detidos talvez tenham conspirado depois de aceitarem subornos de outros elementos, incluindo um apostador suspeito, como prémios pela manipulação de resultados em quatro jogos”, afirmou a ICAC em comunicado. O organismo anticorrupção revelou que os alegados subornos podem superar os 10.000 euros, tendo a investigação como base

“uma queixa recebida durante o decorrer desta temporada”. A Associação de Futebol de Hong Kong (HKFA), regulador da liga de futebol desta região chinesa, admitiu que este campeonato “pode ser vulnerável na manipulação de jogadores devido às salários praticados”. Este não é o primeiro caso de corrupção no futebol chinês, já que, em 2014, nove pessoas foram detidas por manipulação de resultados em vários jogos, resultando na prisão de um futebolista croata por 12 meses.

sexta-feira 7.10.2016

FILIPINOS “MUITO SATISFEITOS” COM DUTERTE

Os filipinos estão “muito satisfeitos” com os três primeiros meses de mandato do Presidente Rodrigo Duterte, marcado por declarações polémicas e uma campanha violenta contra a droga, segundo uma sondagem ontem publicada. A sondagem da Social Weather Station revela que 76% dos inquiridos aprovam a gestão de Duterte e 11% dizem-se insatisfeitos. Segundo este resultado, Duterte é o segundo Presidente mais popular das Filipinas nos primeiros meses de mandato, com uma taxa de apoio ligeiramente inferior à de Fidel Ramos, que governou o país entre 1992 e 1998. Rodrigo Duterte tomou posse a 30 de junho e tem levado a cabo uma campanha de luta contra as drogas em que já morreram mais de 3.500 pessoas. Estes meses têm também ficado marcados pelos seus ataques à União Europeia e aos Estados Unidos ou pelas suas declarações sobre instituições como as Nações Unidas, que considerou ser uma organização “inútil”. No entanto, a maioria dos filipinos vê Duterte como um político próximo da população e espontâneo, distante da elite que dominou o país durante décadas. Duterte venceu as eleições presidenciais de 9 de Maio com 40% dos votos.

CHINESES TEMEM A GUERRA

Quase 60 por cento dos cidadãos chineses teme que o seu país entre num conflito militar com as nações vizinhas, devido a disputas territoriais, segundo uma sondagem difundida ontem pela imprensa local. No estudo, realizado pelo Centro de Investigação Pew, conta-se que 18% dos chineses afirma estar “muito preocupado”, enquanto 41% está “algo preocupado”, perante a possibilidade dos conflitos territoriais entre o seu país e nações vizinhas resultarem em guerra. A sondagem revela ainda que 75% dos chineses considera que o papel da China no mundo é hoje mais importante do que há dez anos. Ao serem questionados sobre as maiores ameaças exteriores para a China, 45% consideraram o “poder e influência dos Estados Unidos da América”, seguido pela instabilidade na economia mundial (35%), alterações climáticas (34%), tensões com a Rússia (25%), ciberataques (21%), a organização extremista Estado Islâmico (15%) e os fluxos de refugiados (14%). Já 60% dos chineses considera que a integração do seu país na economia global teve resultados positivos, enquanto apenas 23% considera ter sido prejudicial. A maioria dos chineses - 56% - quer que as autoridades se concentrem em resolver os problemas domésticos e apenas 22% da população deseja que Pequim ajude outros países.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.