Hoje Macau 07 OUTUBRO 2022 #5105

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Cunha Alves

de saída

RAEM. Para

além

seu lugar, chega Alexandre Leitão,

liderado a representação de

Natural de Coimbra, foi ainda embaixador

António Costa.

Bem-vindo Sr. Cônsul www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10SEXTA-FEIRA 7 DE OUTUBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5107 PÁGINA 5 COMUNIDADE TEMPOS DIFÍCEIS CCM SER FELIZ VOZES EUROPA PERIFÉRICA GRANDE PLANO PÁGINA 7 PÁGINA 13 JOÃO ROMÃO PUB. LUSA hojemacau LUSOFONIA O PODER DA LÍNGUA SENTIDO DE JUSTIÇA Ana Cristina Alves SU DONGBO António Graça de Abreu Paulo
está
da
o
diplomata com passagens por Angola e Senegal,
de ter
Portugal na União Europeia em matéria de assuntos parlamentares.
em Timor-Leste e conselheiro de

LUSOFONIA

Um estudo publicado na terça-feira por Johnny Lam e Wai In Ieong, académicos da Universidade Politécnica de Macau, defende que língua e cultura portuguesa são elementos fundamentais para Macau se afirmar e contribuir para a construção da Grande Baía. Ao assumir plenamente a função de plataforma com os Países de Língua Portuguesa, Macau pode ajudar mais regiões da China a entrar em novos mercados e a promover o intercâmbio cultural

LÍNGUA E CULTURA SÃO CHAVES PARA A AFIRMAÇÃO DE MACAU NA GRANDE BAÍA

Fazer o que

Aafirmação de Macau na Grande Baía passa pela promoção da língua de Camões, que é vista como chave para trocas comer ciais e culturais com os Países de Língua Portuguesa (PLP). Esta é uma das conclusões de um estudo publicado, a 2 de Outubro, na revista científica Asia-Pacific Jour nal of Second and Foreign Language Education. A investigação esteve a cargo dos académicos Johnny Lam e Wai In Ieong, da Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade Politécnica de Macau.

No artigo com o título “Translin guismo e Sociedade Multicultural de Macau: passado, presente e futuro”, os autores analisam alguns dos aspectos da sociedade de Macau e consideram que o multicultu ralismo pode ser uma vantagem, principalmente para o projecto da Grande Baía.

“Macau pode capitalizar as suas vantagens linguísticas e culturais, assumir-se como centro cultural e assumir um papel influente para fa cilitar a comunicação entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, é defendido por Lam e Wai.

“O multiculturalismo é uma das características vibrantes da socie dade de Macau, contribuindo para preservar as culturas religiosas,

“A longa História da cultura portuguesa em Macau também influencia as relações de proximidade entre Macau e os Países de Língua Portuguesa.”

étnicas, históricas e sociais, que por sua vez são altamente bené ficas para o desenvolvimento de sinergias e a projecção de Macau na Grande Baía”, acrescentou.

Esta conclusão em concreto tem por base um documento das autoridades municipais de Zhuhai sobre a Zona de Cooperação Apro fundada entre Cantão e Macau, na Ilha da Montanha. Segundo o documento, as autoridades do In terior da China esperam que a zona de cooperação permita a Zhuhai aprofundar a relação com os Paí ses de Língua Portuguesa e ajudar

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não foi feito

estabelecer uma melhor platafor ma de serviços e comércio com os Países de Língua Portuguesa”, sugerem.

Desempenhando este papel, além da utilização da língua os investigadores recomendam igualmente que Macau promova as características culturais por tuguesas na Grande Baía como uma forma de demonstração de soft power e aproximação aos mercados que serve como plataforma.

Em relação ao “poder” da lín gua portuguesa, o facto de ser um idioma com origens europeias é também apontado como forma de promover melhores relações entre a China e a União Europeia.

Inverter a tendência

A necessidade de formar mais quadros conhecedores da língua portuguesa é explicada com a tendência identificada no território, através da análise da proporção de falantes de português como língua materna.

Os autores destacam que a pro porção em 1991 já era reduzida, na casa dos 1,8 por cento da popula ção, e que depois da transição caiu “significativamente” para 0,6 por cento da população, logo em 2001.

O QUE É TRANSLINGUISMO?

O título do estudo dos autores Johnny Lam e Wai In Ieong recorre ao conceito de translinguismo. Esta é a definição para um processo pedagógico desenvolvido no país de Gales por Cen Williams, que pedia aos alunos para que utilizassem o inglês para ler durante as aulas e escrevessem as notas do que liam em galês, para que desenvolvessem competências nas duas línguas. Desde os anos 80 que o conceito tem sido cada vez mais utilizado no campo da investigação científica, prin cipalmente para definir o fenómeno em que duas línguas diferentes em contacto de influenciam e desenvolvem.

mais utilizada profissionalmente nas áreas científicas e financeiras. No campo das chamadas três línguas “mainstream” de Macau, a tarefa mais facilitada está relacio nada com o chinês e a utilização do mandarim. Entre 1991 e 2016, a proporção de utilizadores do man darim como língua materna cresce de 1,2 por cento para 5,5 por cento, ao mesmo tempo que do cantonês desceu de 85,8 por cento em 1991 para 80,1 por cento em 2016.

Reflexo característico

Sobre o papel de Macau na Grande Baía, os investigadores consideram ainda que reflecte o reconhecimen to do valor linguístico e cultural da RAEM, o que se traduz no papel como uma plataforma.

empresas da região a explorar mais nesses mercados e a estabelecer laços com companhias sediadas na América do Sul e em África.

Apostar na formação Contudo, para poder chegar a este objectivo e para que Macau se possa afirmar como um centro co mercial e cultural na Grande Baía com base na língua portuguesa, os autores destacam que é necessário continuar a apostar no ensino e na formação de quadros bilingues.

“Quer seja para preservar a sua identidade cultural, respeitar

a diversidade das suas comuni dades, ou alcançar plenamente o papel como uma plataforma de comércio e serviços entre a China e os Países de Lusófonos, Macau precisa de formar mais tradutores de Chinês-Português”, é recomendado pelos académicos.

“Por isso, Macau pode desenvolver activamente a formação de mais quadros qualificados com compe tências nas duas línguas, promover a cultura portuguesa tanto interna como externamente, e fazer uma boa utilização das suas vantagens linguísticas para desenvolver e

A partir desse momento, até 2016, a proporção de pessoas com o português como língua materna manteve-se estável. No entanto, o número é reduzido face à fatia demográfica que tem o inglês como língua materna, que desde 2001 até 2016 cresceu de 0,7 por cento da população para 2,8 por cento da população. O inglês é visto como uma boa aposta para a região, uma vez que é a língua

Esta plataforma vai ser cons truída com diferentes elementos, com os autores a destacarem o Fórum para a Cooperação Econó mica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Macau), o Centro de Trocas Cul turais entre a China e os Países de Língua Portuguesa, Um Centro de Treinos para Talentos Bilíngues Proficientes em Chinês e Portu guês, e ainda o Centro de Liquida ção de Renminbis em Macau entre os Países de Língua Portuguesa.

“Evidentemente que todas estas iniciativas reconhecem o valor especial histórico de Macau, o pa trimónio cultural único, a riqueza e bem-sucedida sociedade multi cultural”, é sustentado. “A longa História da cultura portuguesa em Macau também influencia as rela ções de proximidade entre Macau e os Países de Língua Portuguesa”, é completado. João Santos Filipe

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“Macau pode
desenvolver activamente a formação de mais quadros qualificados com competências nas duas línguas [chinês e português].”
“Evidentemente que todas estas iniciativas reconhecem o valor especial histórico de Macau, o património cultural único, a riqueza e bem-sucedida sociedade multicultural.”
“Quer seja para preservar a sua identidade cultural, respeitar a diversidade das suas comunidades, ou alcançar plenamente o papel como uma plataforma [...] Macau precisa de formar mais tradutores de Chinês-Português.”

SÃO TOMÉ MACAU UNE-SE COM ÁGUA GRANDE

MACAU passa a ser cidade ge minada com o distrito de Água Grande, em São Tomé e Príncipe. O memorando assina do entre a região e o país foi promulgado no passado dia 28 de Setembro, mas só ontem foi publicado em Boletim Oficial (BO). O memorando determina que a ge minação entre os dois territórios tem por objectivo “reforçar a compreensão mú tua e desenvolver as relações de amizade entre as partes”. Desta forma, tanto Macau como o distrito de Água Grande “com prometem-se a apro veitar as vantagens próprias e a realizar as adaptações neces sárias a fim de esta belecerem relações de amizade intensas e consolidadas” fomen tando “conjuntamente

a prosperidade e o desenvolvimento de ambos os territórios”.

A ideia é desenvolver acções de coopera ção “nas áreas da economia, comércio, turismo, cultura, edu cação, ambiente e as suntos da juventude”.

O plano de ge minação passa ainda pela promoção da “comunicação e co laboração entre or ganismos oficiais”, além de se incentivar “o intercâmbio e vi sitas mútuas entre os oficiais dos Governos nas áreas de interesses comuns, a fim de re forçarem a construção e o desenvolvimento em ambos os terri tórios”.

O acordo foi ce lebrado entre Ho Iat Seng, Chefe do Exe cutivo, e José Maria Fonseca, presidente da Câmara Distrital de Água Grande.

Aviso sobre pedido de junção de restos mortais em sepultura perpétua

Eu, Jerónimo Hung (吳智階), nos termos da alínea 3) do n.º 1 e dos n.os 2 a 3 do artigo 26.º-A do Regulamento Ad ministrativo n.º 37/2003, alterado pelo Regulamento Administrativo n.º 22/2019, apresento um pedido da junção das cinzas de José Hung (吳智謙), na sepultura n.º SM-1-0287 do Cemitério de S. Miguel Arcanjo. O defunto cujos restos mortais se pretende juntar era bisneto do falecido já ali depositado, o primeiro inumado, Maria José aliás Maria Hó.

Venho por este meio informar as pes soas indicadas no n.º 1 do artigo 26.º-A do Regulamento Administrativo acima referi do de que podem apresentar objecção por escrito no prazo de 30 dias, contados a par tir da data da publicação do aviso, ao IAM. A objecção escrita deve ser entregue no es critório dos assuntos de cemitérios da Di visão de Higiene Ambiental do IAM, sito no 3.º andar do Edifício Comercial Nam Tung, na Avenida da Praia Grande n.º 517.

Se o IAM não tiver recebido objecção por escrito dentro do prazo determinado, o pedido de junção pode ser autorizado.

Aos 7 de Outubro de 2022 Jerónimo Hung

ANO

A cidade da Montanha

Até ao final do ano, as 27 torres residenciais e edifícios escolares do Novo Bairro de Macau em Hengqin vão estar prontos. A Macau Renovação Urbana, S.A. anunciou que as fracções habitacionais serão colocadas à venda em 2023. Dos mais de 4.000 apartamentos, cerca de 80 por cento têm duas assoalhadas

zonas comerciais, que podem albergar cerca de 60 estabele cimentos comerciais). Neste domínio, a Macau Renovação Urbana espera que os espaços concedam “oportunidades de negócio e abrindo um vasto leque ofertas de retalho que responda às necessidades diá rias dos habitantes”.

Tendo em consideração que o estacionamento é um dos pro blemas vividos pela população de Macau, o novo bairro vai es tar equipado com mais de 4.000 lugares de estacionamento, mais de 3.000 metros quadrados com instalações desportivas e parques de diversão para crian ças. Para completar os espaços de recreio, a Macau Renovação Urbano adianta que cerca de 35 por cento da área do projecto é ocupada por zonas verdes.

No total, as autoridades esperam que o Novo Bairro de Macau seja habitado por uma comunidade composta entre 12.000 e 15.000 residentes.

Uns toques lusos

ONovo Bairro de Macau

está a ganhar con tornos concretos e é uma realidade cada vez mais próxima. A Macau Renovação Urbana (MRU) indicou ontem que as primeiras fracções habi tacionais vão estar à venda no próximo ano e que o projecto global, com todas as infra -estruturas e equipamentos, deverá estar concluído na se gunda metade de 2023.

O complexo urbano é com posto por elementos residen ciais, educativos e com serviços de saúde e sociais, espalhados por cerca de 620 mil metros quadrados de área bruta lo calizados no coração da Zona de Cooperação Aprofundada entre Guangdong e Macau em Hengqin, a uma distância de 6 minutos de carro do posto fron teiriço da Ilha da Montanha.

A construção das 27 torres residenciais e os edifícios es colares adjacentes deverá ser

concluída ainda este ano, de acordo com a MRU. Em termos de tipologia, dos mais de 4.000 apartamentos disponíveis, cerca de 80 por cento têm dois quartos, enquanto os restantes têm três assoalhadas. A MRU indica ainda ter reservados mais de 200 fracções habitacionais para atrair quadros qualificados.

Em termos de enquadramento paisagístico, o Novo Bairro de Macau tem nas “traseiras” a Mon tanha Xiao e está virado para rio Tianmu, “criando um ambiente residencial em que a natureza é incorporada na cidade”, escreve a empresa de capitais públicos.

As 27 torres de apartamen tos têm entre 19 e 26 andares,

com um piso típico a ter entre sete ou oito apartamentos.

Elementos extra Além das áreas habitacionais, o Novo Bairro de Macau foi dese nhado a pensar nas comodidades que tornam um local habitável para um residente de Macau. “O projecto vai ter equipamentos e serviços conectados a Macau, como uma creche (com capa cidade para 12 turmas), uma escola do ensino básico (com capacidade para 18 turmas), um centro de saúde, um centro com serviços para idosos, e um centro com serviços familiares.

Cerca de 5.000 metros quadrados serão dedicados a

Em termos de enquadramento paisagístico, o Novo Bairro de Macau tem nas “traseiras” a Montanha Xiao e está virado para rio Tianmu, “criando um ambiente residencial em que a natureza é incorporada na cidade”

Outro dos trunfos do pro jecto, elencados pela Macau Renovação Urbana, é a co nectividade entre edifício através de “corredores de vento e chuva”, que permitem aos residentes mover-se em segurança entre os prédios, independentemente das con dições atmosféricas.

Para que a transição de Macau para Hengqin seja suave, o design dos postes de iluminação, gradeamentos de rua e pavimentação das áreas públicas incorporam elementos estilísticos portugueses e do sul da Europa, como ruas empe dradas e calçadas, exportando para a Ilha da Montanha as características de Macau.

Recorde-se que o Novo Bairro de Macau nasceu em 2019 com o acordo para a trans ferência do usufruto do lote, negociado entre o Executivo da RAEM e o Governo Muni cipal de Zhuhai. A construção começou em 2021. João Luz

GCS 4 política 7.10.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo
PUB.
NOVO BAIRRO DE MACAU FRACÇÕES À VENDA A PARTIR DO PRÓXIMO

Activos públicos Gabinete de supervisão continua por mais um ano

O Gabinete para o Pla neamento da Supervisão dos Activos Públicos vai continuar a funcionar por mais um ano, a partir do dia 20 de Dezembro. A decisão foi tornada pública ontem através de um despacho assinado pelo Chefe do Executivo, Ho Iat Seng.

Este gabinete foi criado em 2019 e funciona sob alçada do gabinete do Chefe do Executivo, tendo como objectivos “rever o regime de supervisão e gestão dos activos públicos da RAEM”.

Outra das acções da enti dade é “analisar e estudar o modo de funcionamento e gestão de empresas cuja participação financeira é detida, directa ou indirec tamente, pela RAEM ou por outras pessoas colec tivas de direito público e de fundos que possuem autonomia administrativa e financeira”.

DIPLOMACIA ALEXANDRE LEITÃO É O NOVO CÔNSUL DE PORTUGAL EM MACAU

O senhor que se segue

Alexandre Leitão será o próximo cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. O diplomata chega à RAEM depois de passar por Angola, Senegal e por cargos na União Europeia, ao longo de uma carreira com mais de duas décadas

CHEGADO a Macau em Ou tubro de 2018, Paulo Cunha Alves está de saída do cargo de cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong. A notícia da sua substituição foi avançada ontem pela TDM - Rádio Macau, que aponta ainda o nome do diplomata Alexandre Leitão para o cargo de cônsul-geral na RAEM. O HM pediu uma reacção a Paulo Cunha Alves, mas até ao fecho desta edição não foi possível obter respostas às nossas questões.

Alexandre Leitão entrou para a car reira diplomática em 1999, assumindo

Adeputada Wong Kit Cheng, ligada à Asso ciação Geral das Mu lheres de Macau, está preocupada com o aumento dos casos de violência do méstica devido à pandemia da covid-19. A posição foi tomada ontem num artigo publicado no jornal Ou Mun, em que Wong Kit Cheng recordou o sexto aniversário da entrada em vigor da lei de prevenção e combate à violência doméstica.

Os dados oficiais do Sis tema Central de Registo de Casos de Violência Domés tica de 2021 mostra, que o número de casos face a 2020 quase duplicou. E nem o facto de nos primeiros sete meses deste ano a tendên cia mostrar uma melhoria ligeira, segundo Wong Kit Cheng, contribui para que se possa desvalorizar o

Fez ainda assessoria para o secre tário de Estado das Comunidades Portuguesas.

Natural de Coimbra, o diplomata licenciou-se em Geografia na Facul dade de Letras da Universidade de Coimbra e começou por ser professor. Além disso, é formado em Admi nistração Autárquica pelo Centro de Estudos e Formação Autárquica, além de possuir um mestrado em Ciência Política e Relações Interna cionais pela Universidade Católica Portuguesa.

Mandato pandémico

funções consulares em Benguela e Senegal, além de ter sido Chefe dos Assuntos do Parlamento Europeu na Representação de Portugal junto da União Europeia, em Bruxelas.

O futuro líder da representação diplomática de Portugal em Macau

foi ainda embaixador da União Euro peia em Timor-Leste. Ainda na área diplomática, Alexandre Leitão foi conselheiro do primeiro-ministro, António Costa, assessor do secretário de Estado da Administração Pública e da Modernização Administrativa.

Alexandre Leitão entrou para a carreira diplomática em 1999, assumindo funções consulares em Benguela e Senegal, além de ter sido Chefe dos Assuntos do Parlamento Europeu na Representação de Portugal junto da União Europeia

Panela de pressão

Wong Kit Cheng alerta para aumento de violência doméstica devido à pandemia fenómeno. “Podemos ver que o impacto da epidemia na economia e nas emoções dos residentes merece atenção social”, escreveu a deputada.

Os dados para este ano ainda não estão disponíveis, mas segundo o Sistema Central de Registo de Casos de Violência Doméstica, em 2021 houve uma média de

6,8 casos suspeitos de vio lência doméstica por mês. Em comparação, a média de casos em 2020 tinha sido de 3,2 por mês.

As estatísticas mostram também que durante o pri meiro ano da pandemia o número de casos suspeitos de violência doméstico foi o mais baixo dos últimos cinco anos. Em 2019, a

Em Outubro de 2018, Paulo Cunha Alves afirmava que, no novo cargo diplomático em Macau, pretendia apostar numa “diplomacia cultural” através de uma “estreita cooperação” com o Instituto Português do Oriente (IPOR), como com o Camões - Institu to da Cooperação e da Língua. À data, Paulo Cunha Alves vinha do cargo de embaixador de Portugal na Austrália, Nova Zelândia e Estados do Pacífico Sul, substituindo Vítor Sereno.

O ainda cônsul tinha também como prioridade o aprofundamento dos laços comerciais e económicos entre Portugal e Macau. Porém, grande parte do mandato de Paulo Cunha Alves acabou por ficar mar cado pela pandemia e pelos entraves na circulação de bens e pessoas que afectaram toda a sociedade, mas também a comunidade portuguesa a residir em Macau. Andreia Sofia Silva

média de casos tinha sido de 3,8 ocorrências por mês. Para a legisladora, um dos motivos que explica o agravamento do fenómeno é a deterioração da situação financeira das famílias com a crise económica e o desgaste das pessoas com as medidas restritivas de combate à pandemia.

Grande contributo

Apesar da situação menos positiva dos últimos anos, Wong Kit Cheng destaca que um dos grandes contributos da entrada em vigor do regime legal foi o facto de ter alertado a “sociedade para a necessi dade de prevenir e combater a violência doméstica”.

Ainda assim, a deputada aconselha aos governantes que não parem de fazer este trabalho e que além de alertarem a população para

o fenómeno se proponham a actualiza a lei de forma re gular, “na altura adequada”.

Por outro lado, destacou que cada vez mais casos en volvem crianças e que tem recebido queixas a alertar para essa realidade, pelo que considera necessário que sejam pensadas mais medidas para que os casos seja detectados cedo e que se afastem o mais depressa possível os perpetuadores das vítimas.

Por último, Wong Kit Cheng apelou às autorida des para prestarem atenção aos centros de abrigo, para optimizarem as condições existentes, ao mesmo tempo que criem outros serviços, como a oferta de empregos para as vítimas, no caso de serem maiores, mas finan ceiramente dependentes dos agressores.

S. F.

ISTOCK LUSA política 5sexta-feira 7.10.2022 www.hojemacau.com.mo
J.

Onúmero de traba lhadores não-resi dentes (TNR) em Macau diminuiu em quase 3.700 em Agosto, o mês a se guir ao pior surto de covid-19 que Macau enfrentou desde o início da pandemia.

Segundo dados da Polí cia de Segurança Pública, no final de Agosto, Macau tinha pouco mais de 154 mil trabalhadores sem estatuto de residente, com mais de meta de (quase 106.300) oriundos do Interior da China.

As estatísticas, divulga das ontem pela Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, revelam que foram também os trabalhadores não-residentes da China os mais afectados (menos 2.100) pela diminuição senti da em Agosto, seguidos pelos do Vietname (menos 500).

O sector da hotelaria e restauração foi o mais atingi do pela queda, tendo perdido mais de 1.100 funcionários sem estatuto de residente em Agosto.

Desde o início de Junho, Macau viu o número de tra balhadores não-residentes diminuir em mais de 11.200.

Desde que Macau fechou as fronteiras a estrangeiros sem o estatuto de residente, em Março de 2020, perdeu quase 19 por cento da mão -de-obra não-residente, com cerca de 35.500 pessoas a fi carem sem emprego, situação que legalmente os obriga a abandonar a cidade.

Tendência do ano

Em Abril deste ano, o terri tório tinha levantado as res trições fronteiriças a traba lhadores filipinos, estudantes

Bilhetes de ida

Durante o mês de Agosto, quase 3.700 trabalhadores não -residentes saíram de Macau, no rescaldo do surto de co vid-19 que começou 18 de Junho. Os sectores da hotelaria e restauração foram os mais afectados. Desde o início de Junho, mais de 11.000 não-residentes abandonaram a RAEM

universitários e profissionais do ensino estrangeiros, como professores portugueses. A isenção foi mais tarde alarga da a trabalhadores oriundos da Indonésia.

No início de Setembro, Macau passou a permitir a entrada de todos os tra balhadores não-residentes, assim como viajantes de 41 países, incluindo o Brasil, e familiares de residentes.

Apesar da diminuição do número de trabalhadores não-residentes, a taxa de de semprego em Macau atingiu 4,3 por cento entre Junho e Agosto, o valor mais elevado desde 2004.

COTAI INSCRIÇÕES PARA VISITAS ÀS ZONAS ECOLÓGICAS ABERTAS

Desde que Macau fechou as fronteiras a estrangeiros sem o estatuto de residente, em Março de 2020, perdeu quase 19% da mão-de-obra não-residente, com cerca de 35.500 pessoas a ficarem sem emprego

No final de Setembro, o Chefe do Executivo, Ho Iat Seng, anunciou que a China iria voltar a permitir excur sões organizadas e emitir vis tos electrónicos para visitas a Macau, até Novembro, para “promover a recuperação do dinamismo económico” da cidade. João Luz com LUSA

FEIRA DE EMPREGO MAIS DE 1.100 VAGAS ESTE FIM-DE-SEMANA

MAIS de 1.100 ofertas de emprego serão propor cionadas na “Feira de emprego para jovens 2022”, que se realiza no sábado e domingo no salão de convenções do Ve netian Macao, anunciou ontem a Direcção dos Serviços para osAssuntos Laborais (DSAL).

O evento organizado pela Associação de Nova

Juventude Chinesa de Ma cau, a Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau e a DSAL terá ainda 20 palestras temáticas dos vários sectores da economia representados no certame.

A feira de emprego irá contar com a participação de mais de 70 empresas, número equivalente ao ano anterior.

Deste conjunto, oito são provenientes do Interior de China, enquanto as restantes empresas/entidades estão sediadas em Macau.

Cerca de 70 por cento das empresas presentes operam nos sectores do turismo e lazer, de comércio a retalho, financeiro, tecnologias de informação e comunicação e

engenharia electro-mecânica. Para prestar apoio aos jovens na busca de emprego, serão organizados workshops de simulação de entrevista, redação de curriculum vitae para candidatura de em prego, serviços de apoio ao empreendedorismo juvenil, assim como formações sobre relações laborais.

J. L.

ARRANCAM

hoje as inscrições para as habituais visitas às zonas ecológicas do Cotai pro movidas pela Direcção dos Serviços de Protec ção Ambiental (DSPA).

O chamado “Dia Aberto ao Público” acontece nos dias 15 e 29, às 10h e 15h, existindo um total de 100 vagas. A visita dura duas horas e será orientada por guias que vão mostrar os detalhes da Zona Ecológica I, que está condicionalmente aberta ao público, e a Zona Ecológica II, que tem uma gestão aberta e onde se poderá apreciar as plantas e observar a bele za das aves. No próximo dia 15 acontece ainda, às 10h e 15h, o workshop “Actividade educativa sobre a natureza”, que se destina a pais e filhos,

disponibilizando um total de dez vagas. Durante a actividade, de duas horas e meia, o instrutor vai transmitir conhecimentos relativos à ecologia e orientar as crianças para fazerem desenhos de folhas aí recolhidas.

No dia 29 de Outubro, decorre ainda o workshop “Conhecer mais sobre peixes” nas zonas ecoló gicas. A actividade per mite que os participantes entrem nas referidas zonas e possam “medir os peixes comuns, elaborar desenhos e conhecer as espécies de peixes atra vés da aplicação móvel da DSPA”. Será ainda permitido “completar a tabela de medição para adquirir mais conheci mento sobre os peixes que habitam nas zonas ecológicas”.

AMCM RESIDENTES DEPOSITARAM MAIS EM AGOSTO

OS depósitos de resi dentes subiram em Agosto 1,2 por cento em comparação com o mês anterior, tendo atingido um total de 668,8 mil milhões de patacas, indicou ontem a Autoridade Monetária de Macau (AMCM).

Também os depósitos de não-residentes cresce ram 6 por cento, atingin do 346,8 mil milhões de patacas. Os depósitos do sector público na ac tividade bancária acom panharam a tendência de ligeiro crescimento durante o mês de Agosto, 0,7 por cento, para um valor total de 262,3 mil milhões de patacas.

No cômputo geral, o total dos depósitos da actividade bancária registou um crescimento de 2,3 por cento quando comparado com Julho,

tendo atingido 1.277,9 mil milhões de patacas.

O dólar de Hong Kong continua a ser a moeda mais utilizada nos de pósitos (com 46,5 por cento), seguido do dólar norte-americano (23,7 por cento), a pataca (19,9 por cento) e o renminbi (7,6 por cento).

No capítulo dos em préstimos internos ao sector privado, a AMCM dá conta de um crescimento de 0,3 por cento em relação ao mês anterior, atingindo 564 mil milhões de patacas. Os empréstimos ao exterior decresceram 1,7 por cento, para um total de 749,7 mil milhões de patacas. Como resultado, os empréstimos ao sector privado decres ceram 0,9 por cento em relação ao mês anterior, fixando-se em 1.313,7 mil milhões de patacas. J. L.

OLGA SANTOS 6 sociedade www.hojemacau.com.mo 7.10.2022 sexta-feira TNR QUASE 3.700 DEIXARAM MACAU EM AGOSTO

Metro Ligeiro Obras na estação da Barra terminam em Março

As obras de construção da estação da Barra do Metro Ligeiro deverão ficar concluídas em Março do próximo ano. A notícia foi avançada ontem pela TDM Rádio Macau, que, citando a imprensa chinesa, aponta para o atraso da construção devido à pandemia da covid-19. De frisar que o orçamento para a obra é de 1.100 milhões de patacas. O Metro Ligeiro começou a ser construído há dez anos.

Portugal Assembleia da República analisa pedido da APOMAC

A Assembleia da República vai analisar a queixa feita pela Associação dos Apo sentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC) que defende que os reformados portugueses de Macau devem receber o suplemento extra de meia pensão anunciado pelo Executivo de António Costa. A carta enviada ao HM, e assinada pela chefe de gabinete de Augusto Santos Silva, presidente da AR, diz que o pedido será encaminhado para a Comissão de Trabalho e Segurança Social e para o gabinete da Ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares para uma análise mais aprofundada.

CTT Emissões filatélicas celebram aniversários de instituições

A Direcção dos Serviços de Correios e Telecomunicações decidiu aumentar o número de emissões filatélicas até ao final do ano com mais duas colecções especiais. O anúncio foi feito ontem através de um comunicado dos CTT, em que se explica que as novas colecções celebram a Transmac e a celebração do 70.º aniversário da companhia assim como o 130.º aniversário da Associação de Beneficência Tung Sin Tong. As colecções vão ser emitidas a 8 de Novembro e 22 de Novembro, respectivamente.

Um adeus lusitano

No movimento contrário há residentes que estão a voltar ao território, depois de algum tempo fora. “Há pessoas que são resi dentes e que por qualquer razão ficaram fora e não puderam re gressar. Agora estão a aproveitar para regressar. Acho que se nota”, afirmou a dirigente da Casa de Por tugal. Ainda assim, as entradas não compensam as saídas: “Não vejo a compensação do número que tem saído”, reconheceu.

Na corda bamba

Em relação à situação actual, e às políticas contra a pandemia, Amélia António admitiu que ainda

Apresidente da Casa de Portugal, Amélia An tónio, admite que as saídas de portugueses de Macau estão a acontecer a um ritmo mais elevado do que as entradas. O cenário foi traçado na quarta-feira, 5 de Outubro, à margem da cerimónia de celebração da Implementação da República em Portugal, e traz

novos desafios para as instituições e comunidade portuguesa.

“Sei que há professores que vieram [para o território]. Nós temos muitas falhas nos nossos formadores, porque temos gente a sair sem que entre outra para o mesmo lugar. Portanto, não há um movimento [de entradas] que seja assim visí vel”, afirmou Amélia António, em declarações ao Canal Macau.

Na visão da presidente da Casa de Portugal um dos entraves é a exigência de quarentena para quem chega do exterior. “Quem vem de novo, sabendo que vem para passar primeiro pela quarentena, e também pelo que se ouve das dificuldades que se têm vivido estes anos é difícil trazer gente que venha de novo para o território”, justificou.

ASSISTENTES SOCIAIS PAUL PUN PRESIDE AO CONSELHO PROFISSIONAL

PAUL Pun, secretário -geral da Caritas Ma cau, vai presidir nos próxi mos três anos ao Conselho Profissional dos Assisten tes Sociais (CPAS), cujo novo mandato tem efeitos a partir do dia 24 deste mês. Segundo o despacho

publicado ontem em Bo letim Oficial, foram ainda designados os vogais, que tem como função principal a acreditação de profissio nais e verificação de com petências para exercerem.

Desta forma, Alice Wong, do Instituto de

Acção Social, Lau Ping Kuen, da Universidade Po litécnica de Macau e Lok Chan Nei, da Universidade de Macau Chan Nei, da Universidade da Cidade de Macau, ambos ligados à área do serviço social, são alguns dos nomes aponta

dos como vogais. Ng Um Ieng, da Associação dos Assistentes Sociais de Macau, faz também parte deste grupo. A entidade conta ainda com mais cin co vogais.

Este é o segundo man dato do CPAS que já esteve

envolto em polémica. Isto porque, em Abril, assisten tes sociais, representados por uma associação de ca riz sindical, queixaram-se de falta de transparência e problemas na nomeação dos seus representantes no órgão.

é cedo para perceber o que vai acon tecer nos próximos temos, mas que é necessário manter a esperança.

“Actualmente, ainda é cedo para percebemos o que vai acontecer. Há esperança, há expectativa, mas é muito cedo”, indicou. “De um momento para o outro, enquanto o horizonte continuar a ser que ao menor sinal é preciso fechar e tomar medidas drásticas, vivemos na corda bamba, é como estar em cima do arame”, considerou.

A CPM celebrou na quarta -feira o 112.º aniversário de Im plementação da República e como tradicionalmente acontece foram entregues prémios aos melhores estudantes de português.

“Há anos que decidimos que o 5 de Outubro seria sempre lembrado com a entrega dos prémios aos melhores alunos do ano. Fizemos uma ligação entre uma coisa e outra porque era uma maneira de atingir dois objectivos fundamentais”, explicou. “O que não podemos deixar de fazer, em circunstância nenhuma, é de assinalar a data e de assinalá-la da forma que julgamos mais importante, que é dando o destaque necessário à língua portu guesa”, vincou. João Santos Filipe

sociedade 7www.hojemacau.com.mosexta-feira 7.10.2022
AMÉLIA ANTÓNIO ADMITE QUE SAÍDAS ULTRAPASSAM ENTRADAS
É cada vez mais difícil de convencer os portugueses a virem pela primeira vez para Macau, devido às medidas contra a pandemia. No entanto, alguns residentes que estiveram fora estão a regressar
“Enquanto o horizonte continuar a ser que ao menor sinal é preciso fechar e tomar medidas drásticas, vivemos na corda bamba.”
AMÉLIA ANTÓNIO PRESIDENTE DA CASA DE PORTUGAL
SOFIA MARGARIDA MOTA PLATAFORMA MULTIMEDIA

HERACLITO OU Heráclito, o Obscuro, nasceu em Éfeso, antiga colónia grega da Ásia Menor (Turquia), em meados do sé culo VI a.C. Pensa-se que fosse filho do Rei-Sacerdote de Éfeso. Segundo Diógenes Laércio, abdicou do trono, heranças e mor domias cedendo os direitos ao seu irmão. Tornou-se misantropo e era muito admira do pela sua sabedoria, embora fosse consi derado um pensador obscuro e ele mesmo tivesse como meta a sabedoria, acreditan do à semelhança de um dos seus sucesso res na filosofia, Sócrates, que esta se en contrava além, pois quanto mais fundo se ia no conhecimento, tanto mais vasta era a consciência do horizonte desconhecido. Abrigou-se por um tempo no templo de Ár temis, a deusa grega da caça, filha de Zeus e de Leto, irmã gémea de Apolo, personi ficava o espírito feminino independente. Depois tornou-se eremita nas montanhas, seguindo o mais estrito regime vegan, pois para a sua alimentação não contava com mais do que raízes e plantas.

Segundo Heraclito, na physis, ou na tureza, o princípio gerador e regulador do cosmos expressa-se no fogo, imagem viva da justa transformação, numa realidade em devir, cujas mutações seguiam uma racio nalidade dialética própria, um logos, razão do universo, viabilizador do todo organiza do, ou seja, o cosmos, iluminado por esta razão à semelhança do fogo solar, dando visibilidade a todos os seres da terra É dele o famoso aforismo: ninguém se banha duas vezes no mesmo rio, porque tanto a água como o homem mudam incessantemente, es tando e não estando; sendo e não sendo.

Considerava, portanto, que o pensa mento tudo governava, incluindo a mudan ça, que geria de um modo tensional, don de resultava a harmonia, da oposição e da discórdia. Um outro aforismo célebre é: A guerra é a mãe e rainha de todas as coisas, alguns transforma em deuses, outros em ho mens; de alguns faz escravos, de outros ho mens livres

Ainda que Heraclito reconhecesse a importância da guerra na lógica da organi zação do mundo, ele não era um guerreiro stricto sensu. O muito pouco que se conhe ce da sua biografia, leva a concluir precisa mente o contrário. Sabemo-lo vegetariano e eremita. Mas não é menos verdade que terá depositado os seus escritos à guarda da Deusa da Caça, no tempo que lhe era dedicado. Assim, seria um guerreiro sábio lato sensu, já que destacava a luta e a dis córdia para a organização de um cosmos sempre em transformação dialética e racio nal, personificada pelo fogo terreno e astral, que com os seus ritmos e regularidades ilu minavam o mundo.

Os escassos aforismos que nos chega ram de Heraclito aproximam-no, com algu

Sentido de Justiça

ma margem hermenêutica, do pensamento de Sunzi (孙子), que também terá vivi do entre os séculos VI e V a.C., sendo o maior estratega da antiguidade chinesa, igualmente filósofo, a quem é, por tradi ção, atribuído o tratado de estratégia, a Arte da Guerra 《孙子兵法 Sunzi bingfa》 Este, talvez registado pelos seus discípu los, inaugura com o capítulo “Planear da seguinte forma” (Sunzi, 2001:2):

“Disse Sunzi: a guerra é uma questão de importância vital para o estado, uma questão de vida ou morte, uma estrada para a sobrevivência ou ruína. Assim é, um assunto que exige um estudo cuidadoso.”

Ora, o estudo cuidadoso traduz-se numa exposição minuciosa da estratégia da guerra, cuja racionalidade deve ser ana lisada em profundidade, como sucede nes te tratado de treze capítulos, que inicia com o Planear da Guerra, passando para Fazer Guerra, Ofensiva Estratégica, Formas e Dis posições, Potencial; Pontos Fracos e Fortes; O Conflito; As Nove Variáveis; O Exército em Marcha; O Terreno; Os Nove Tipos de Ter reno; O Ataque pelo Fogo, terminando em Utilização de Espiões

Nada é deixado ao acaso, neste jogo de vida ou de morte. Os planos devem ser estudados em pormenor, as ações me didas, porque se está perante um assunto da maior gravidade, definindo-se o grande estratega como aquele que consegue evitar o conflito no terreno, a menos que seja real mente forçado a partir para ele. Os cinco fatores fundamentais para perceber a con clusão de uma guerra são (Sunzi, 2001:2): o dao (道 dào), “caminho”; o céu (天 tian ); a terra (地dì); o comando (将 jiàng)e os regulamentos(法 fa ), sendo fundamen tal o primeiro, “o caminho”, definido em termos de “influência moral”. Oiça-se o es tratega (Ibidem): “Pelo “caminho”, entendo a influência moral, ou o que leva a popula ção a pensar da mesma forma que o sobe rano, seguindo-o em cada vicissitude, seja para viver ou para morrer, sem receio do perigo mortal”

assim, uma justiça inerente ao próprio pro cesso de desencadear e conduzir o conflito que muito influencia a derrota ou a vitória numa guerra. Um soberano, que não ob tenha a confiança do seu povo, ou um general, que não se imponha moralmente aos seus militares, estarão condenados ao fracasso. Não se espere, pois, que chefes injustos na distribuição de recompensas e castigos possam conduzir as suas tropas à vitória (Sunzi, 2001:7): “Para que eu possa prever qual dos lados sairá vitorioso, é pre ciso descobrir qual o soberano que possui mais influência moral, qual o general mais

capaz, qual dos lados beneficia de mais vantagens do céu e da terra, quais as tro pas mais bem armadas e treinadas, qual o comando mais justo na distribuição de re compensas e castigos” (曰:主孰有道?将

E se é verdade que a guerra implica lo gro e dissimulação, fingimento, até espio nagem, estes estratagemas não devem ser vir causas menores. Digamos que um bom chefe age corretamente em todas as situa ções, sendo justo para quem o é, mas tam bém deverá estar à altura do adversário, ou, em linguagem bélica, do inimigo, porque a sua responsabilidade maior é para com a população que deverá proteger. Para tal, será necessário recorrer à inteligência em profundidade, espera-se que seja um guer

reiro sábio, como somos informados em Ofensiva Estratégica, porque melhor do que travar batalhas é não o fazer (Sunzi, 2001: 21) : “Travar cem batalhas, ganhando cada uma delas, não é a atitude mais sábia. Que brar a resistência do inimigo sem lutar, é.” ( 是故百战百胜,非善之善者也;不战而屈人

Mas nem sempre é possível evitar o conflito, porque há atos agressores que não podem ficar sem resposta. Nesse caso, aconselha-se um conhecimento profundo das suas próprias forças e das do adversá rio, porque se parte do mesmo princípio a animar o pensamento de Heraclito, há me dida e racionalidade em toda a natureza e nos comportamentos humanos, logo aque le que domina a sua própria razão e enten de a dos outros, está votado ao sucesso.

VIA do MEIO 7.10.2022sexta-feira 8
( 孙子曰 : 兵者,国之大事,死生之地,存亡 之道,不可不察也)
(道者,令民与上同意也。故 可以与之死,可以与之生,而不畏危). Há,
孰有能?天地孰得?法令孰行?兵众孰强? 士卒孰练赏罚明?吾以此知胜负矣。)
之兵,善之善者也。).
Lang Shining 郎世寧 (Giuseppe Castiglione), Batalha de Khurungui, 1758. General Zhao Hui derrota as forças

Assim somos aconselhados no capítulo O Terreno (Sunzi, 2001: 95): “Por isso se diz: Conhece o inimigo e conhece-te a ti mesmo para que a vitória não esteja em causa; co nhece o céu e a terra para que a vitória seja completa.” (故曰:知彼知已,胜乃不殆; 知天知地,胜乃不穷。)

O melhor chefe, nesta China dos tempos antigos, era quem possuía visíveis virtudes morais, ainda que tivesse de ostentar uma atitude silenciosa e imperscrutável perante as suas tropas, deveria ser capaz de manter a disciplina, quase espontaneamente, por que era imparcial e/ou justo, se o critério da justiça se aferir por um comportamen to correto e equitativo, como nos é dito no capítulo Os Nove Tipos de Terreno (Sunzi, 2001: 107). Já no penúltimo capítulo, O Ataque pelo Fogo, não restam quaisquer

Pergunte-se se a mentalidade chinesa mudou ao longo dos séculos, sobretudo depois de verificar a consistência com que a China de Xi Jinping tem defendido a neutralidade no conflito russo-ucraniano e, talvez agora, se perceba melhor a razão por que o faz

dúvidas sobre os verdadeiros princípios defendidos neste primeiro tratado de estra tégia chinês e o mais lido ao longo de toda a sua história. Se a guerra acompanha as transformações do mundo, sendo inevitá vel e de importância decisiva, tornando uns senhores e outros escravos, uns vencedores e de outros vencidos, é um assunto nesta tradição estratégica de uma gravidade tal, que nenhum conflito deve ser travado de ânimo leve, implicando cuidadosas delibe rações; é sempre preferível em última análi se, não a travar, porque (Sunzi, 2001:121 ) “Um estado que pereceu não pode ser res taurado, nem os mortos trazidos de regres so à vida. Por isso, o soberano iluminado aborda a questão da guerra com a maior precaução, evitando um bom comandante qualquer atitude precipitada. Porque este é o caminho para manter o estado seguro e o exército

se a mentalidade chinesa mudou ao longo dos séculos, sobretudo depois de verificar a consistência com que a China de Xi Jinping tem defendido a neu tralidade no conflito russo-ucraniano e, talvez agora, se perceba melhor a razão por que o faz. O primeiro interesse do país é o de assegurar o bem-estar da sua própria população, sobretudo quando tem estabe lecidas relações culturais e comerciais com o vizinho russo, que vêm de longa data, mais constantes desde os tempos da fun dação da República Popular Chinesa, para a qual ao tempo a União Soviética contri buiu ideologicamente, e não só. Já que à época estes apoiaram o desenvolvimento económico chinês, nomeadamente no se tor industrial. Recorda-nos José Milhazes em Rússia e Europa: uma parte do todo que nos anos 40 e 50 do século XX, Estaline e Mao juraram amizade eterna, “russos e chineses - irmãos para sempre” (Milhazes, 2016: 83), mas com a morte de Estaline reacenderam-se os combates fronteiriços entre os dois vizinhos. Ora é precisamente este tipo de situação que os chineses ten tam evitar, para não mencionar os interes ses nacionais entre a Gazprom e a China National Petroleum Corporation, com o consequente contrato de fornecimento de gás russo à China por 30 anos, a constru ção de gasodutos, etc.

Embora haja grandes interesses econó micos em jogo, nota-se que o presidente russo Vladimir Putin não consegue quebrar a tradição de neutralidade chinesa, que tem vindo a ser consolidada pela China nas questões de política internacional des de meados do século XX até ao presente, sendo os conselhos mais recentes de Xi Jinping ao homólogo russo de procurar res tabelecer a paz perdida, com ênfase para

o enaltecimento apenas via das conversa ções e do diálogo sem outros compromis sos, como sucedeu recentemente no discur so que o presidente realizou na reunião do Conselho de Chefes de Estados Membros da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) a 16 de setembro de 2022, onde apelou aos valores éticos tradicionais que conduzem a política chinesa, aqueles que já conhecemos desde o clássico A Arte da Guerra: a preocupação com a segurança in terna e externa, a confiança mútua, tolerân cia, justiça, cooperação e diálogo. Ontem e hoje os valores defendidos são os mesmos na China, é a ética que conduz a política e a meta a paz.

Mas há quem veja intenções escondi das neste discurso neutro proferido pelas autoridades chinesas. Recordemos o que nos diz José Milhazes na obra já referida: “Pequim é conhecido pelo seu pragmatis mo nas relações internacionais, que não deixa qualquer espaço a sentimentos. Por isso, a Rússia é, para a China, um dos mui tos instrumentos que poderão ser aprovei tados na disputa com os Estados Unidos” (Milhazes, 2016: 90).

Não é esta a minha posição, acredito sinceramente na via da moralidade e segu rança defendida pelos chineses, e se o fa zem não é por razões sentimentais, no que partilho o parecer de Milhazes, mas sim por uma tradição racional, que encontra a sua justiça num sábio equilíbrio de opostos, onde a bela harmonia nasce, recordando as palavras de Heraclito da ponderação e afinação da discórdia.

Referências Bibliográficas

• Frazão, Dilva. 2019. “Heráclito”. Ebiografia. Disponível em: https://www.ebiografia.com/ heraclito/, acedido a 22 de setembro de 2022.

• Kirk , G.S, J.E. Raven, M. Schofield. 1983 The Presocratic Philosophers: A Critical History with a Selection ofTexts. Cambridge: Cambridge University Press.

• Milhazes, José. 2016. Rússia e Europa: uma parte do todo. Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos.

• 《孙子兵法》Sunzi: The Art of War. 2001. Tradução de 林戊荪.北京:外文出版社

• Sun Tzu. A Arte da Guerra. 2008. Tradução de Ricardo Silva. Versão resumida. Vila Nova de Famalicão: Quasi.

VIA do MEIO 7.10.2022sexta-feira 9
a salvo. ”(亡国就不可以复存,死者 不可以复生。故明君要慎之,良将警之,此 安国全,军之道也。) Pergunte-se
Coordenadora do Serviço Educativo do Centro Científico e Cultural de Macau Zungaras de Amoursana
no
Monte Khurungui (perto de Almaty, Casaquistão)

Do Silêncio e do Vazio na poesia de Su Dongbo

O GRANDE 蘇東坡Su Dongbo (1037-1101) não pára de nos surpreender. A sua vasta poesia, multifacetada nos temas, na abordagem ao real e ao fantástico, desdobra -se diante dos nossos olhos e sensibilidades, num painel distante e próximo de encantamentos e maravilhas. O vazio e o silêncio são temas caros à grande poesia chi nesa. Eis quarenta caracteres de poemas de Su Dongbo, recriando o tema:

VAZIO E SILÊNCIO (DOIS EXCERTOS)

欲令诗语妙

无厌空且静

静故了群动 空故纳万境

Para a maravilha do poema, o melhor é o vazio e o silêncio.

Em silêncio, floresce tudo o que se move, o vazio alberga dez mil imagens.

我心空无物 斯文定何间

君看古井水

万象自往还

O meu coração vazio, suportando coisa nenhuma, não importam as comezinhas coisas do mundo. Olhem a água de um velho poço, dez mil imagens aparecem, desaparecem.

A propósito destes versos, do silêncio e da água no velho poço, escreveu He Qing, letrado chinês nosso con temporâneo:

“O vazio e o silêncio são considerados como o prin cípio primevo da poesia. Quanto mais vazio e silencioso um poema soa, mais valor estético ele ganha.

“(...) Pode-se imaginar esse silêncio, essa imobilida de, essa limpidez, essa frescura, essa profundidade tem poral da água de um antigo poço, e imaginar que esta água silenciosa reflecte, serenamente, os vôos das aves, as viagens das nuvens, as vibrações da luz do sol, as os cilações das relvas e dos ramos das árvores, as mil co res da natureza. Nesta imagem poética reside não só a maior sabedoria chinesa, mas também o estado ideal da estética chinesa: permanecer ancorado no silêncio mais profundo e contemplar os movimentos mais íntimos do universo...” (He Ding, Images du Silence, Pensée et Art Chinois, Paris, L’Harmattan, 1999, pag. 79/80.)

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Su Dongbo, Árvore murcha e pedra estranha

Ventos e tempestades

AChina e a Rússia de marcaram-se ontem, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, de uma condenação geral ao teste com um míssil balístico realizado pela Coreia do Norte e que sobrevoou o território do Japão. Exceptuando a Rússia e a China, todos os membros do Con selho de Segurança criticam o lan çamento do míssil norte-coreano, referindo que foram violadas várias resoluções das Nações Unidas.

Parte dos países pediu ainda medidas adicionais contra o Go verno de Pyonyang, que já está sujeito a fortes sanções internacio nais. Porém, a imposição de novas sanções parece impossível devido à posição da Rússia e da China que, em Maio passado, já vetaram uma resolução nesse sentido, tendo ontem mantido a mesma linha de orientação.

Moscovo e Pequim culparam os Estados Unidos e os seus aliados pelos últimos testes de armas realizados pela Coreia do Norte, afirmando que estes foram realizados em resposta às suas manobras militares na região.

“É óbvio que os lançamentos de mísseis de Pyongyang são uma consequência da actividade militar míope e beligerante em torno do país, levada a cabo pelos Estados Unidos”, referiu a representante da Rússia na sessão, Anna Evstigneeva.

Na mesma linha, o diplomata chinês Geng Shuang salientou que os testes ocorrem num contexto de confronto dos Estados Unidos, a quem Pequim acusa de aumentar a tensão na região. Os dois países insistiram que é Washington que deve fazer concessões para faci litar o regresso ao diálogo com Pyongyang e que não consideram apropriadas novas sanções.

O diplomata reafirmou que o diálogo e a consulta são a única

forma de resolver a questão da Península Coreana, exortando o lado americano a agir, a mostrar sinceridade e a criar condições para o reinício do diálogo. “To das as partes interessadas devem concentrar-se na situação global de paz e estabilidade na Península e evitar que a situação se agrave”,

“Como vizinho próximo, a China presta muita atenção à situação na Península e insistirá sempre na manutenção da paz e estabilidade.”

disse Geng Shuang, representante permanente adjunto da China nas Nações Unidas.

Geng disse que a China reparou nos recentes lançamentos de mís seis da Coreia do Norte, e também reparou nos exercícios militares conjuntos realizados pelos EUA e outros países da região. “O recente reforço da aliança militar dos EUA na região da Ásia-Pacífico aumen tou o risco de confronto militar, praticou dois pesos e duas medidas na questão nuclear e envenenou o ambiente de segurança regional. Neste contexto, a situação na Pe nínsula torna-se inevitavelmente tensa”, comentou Geng.

“A experiência histórica mostra que o diálogo e a consulta são a única forma correcta de resolver a questão da Península da Coreia.

Se o diálogo progredir sem proble mas, a situação na Península será relativamente estável; se o diálogo estagnar ou mesmo inverter, a si tuação na Península agravar-se-á”, disse Geng.

“Exortamos o lado americano a tomar medidas, a mostrar a sua sin ceridade e a abordar eficazmente as preocupações legítimas e razoáveis do lado norte-coreano, a fim de criar as condições para o reinício do diálogo”, disse o diplomata.

Geng salientou igualmente que o Conselho de Segurança da ONU deveria desempenhar um papel construtivo na questão da Península Coreana, e não deveria exercer força e pressão cegamente. “Como vizinho próximo, a China presta muita atenção à situação na Península e insistirá sempre

na manutenção da paz e estabi lidade na Península, realizando a desnuclearização da Península e resolvendo as questões através do diálogo e da consulta”.

Por seu lado, a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas -Greenfield, acusou a Rússia e a China de repetirem “o mito de que as provocações da Coreia do Norte são, de alguma forma, uma consequência das políticas e acções hostis dos Estados Unidos”.

“Não toleraremos que nenhum país culpe as nossas acções defen sivas para responder às ameaças da Coreia do Norte como a causa inerente dessas ameaças”, subli nhou Thomas-Greenfiled, que lembrou que este ano Pyongyang já lançou 39 mísseis balísticos, um novo recorde.

Posição nipónica

O Japão tinha pedido ao Conselho de Segurança da ONU para mostrar firmeza em relação à Coreia do Norte após o último teste de um míssil balístico norte-coreano, que sobrevoou o território japonês pela primeira vez em cinco anos. “Nós acreditamos que a Coreia do Norte poderia realizar actos mais provo cativos, como um teste nuclear”, afirmou o porta-voz do Governo japonês, Hirokazu Matsuno, numa conferência de imprensa. O porta -voz classificou o recente aumento de testes de armas norte-coreanas como “uma ameaça à paz e à se gurança do Japão e da comunidade internacional”.

O Japão reforçou a vigilância sobre Pyongyang depois de o regime norte-coreano ter lançado um míssil na terça-feira. O míssil norte-coreano viajou cerca de 4.500 quilómetros antes de cair nas águas do Oceano Pacífico.

O projéctil balístico atingiu uma altura de cerca de mil quiló metros e sobrevoou principalmente o Estreito de Tsugaru, que separa as ilhas de Hokkaido (norte) e Honshu, onde fica Tóquio.

É a primeira vez desde 2017 que a trajectória de um míssil norte-coreano inclui parte do ter ritório japonês, facto que o Japão classifica como “uma ameaça grave e iminente” à sua segurança e como “um claro e grave desafio à comunidade internacional”.

TAIWAN AVIÕES DO CONTINENTE NO ESPAÇO AÉREO DA ILHA SERÁ CONSIDERADO UM “ATAQUE”

UMA incursão de aviões militares chineses no espaço aéreo de Taiwan seria considerada “um primeiro ataque contra o país”, disse o ministro da Defesa de Taiwan, Chiu Kuo-cheng, informou ontem a agência de notícias CNA. O minis tro fez esta observação na quarta-feira, durante uma

reunião do Comité de De fesa Nacional da Câmara

Legislativa da ilha. “A de fesa nacional é uma linha vermelha para Taiwan”, disse, avisando que seriam tomadas “contramedidas” se a linha for atravessada.

Pequim respondeu à visita em Agosto à ilha pela líder da Câmara dos Re

presentantes do Congresso dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, com manobras mi litares que incluíram fogo real, com aviões chineses a atravessarem a linha média do Estreito de Taiwan, que na prática tinha sido uma fronteira não oficial tacita mente respeitada por Taipé e Pequim nas últimas déca

das. Chiu acusou Pequim de “quebrar” este acordo.

No ano passado, Taipé registou numerosas incur sões de aviões militares chineses na sua ADIZ (zona de identificação de defesa aérea), que não está definida ou regulamentada por nenhum tratado inter nacional e não corresponde

ao seu espaço aéreo. Chiu explicou também que Tai wan continuará a comprar armas dos Estados Unidos, o principal fornecedor de armas ao território, “de acordo com as necessida des” da ilha.

A China chamou à via gem de Pelosi uma “farsa” e uma “traição deplorável”

e decretou sanções comer ciais a Taiwan, que descre veu os exercícios militares como um “bloqueio”. O ministro disse que várias agências governamentais de Taiwan estão a avaliar a possibilidade de alargar o serviço militar obrigatório na ilha “de quatro para 12 meses”.

china 11sexta-feira 7.10.2022 www.hojemacau.com.mo
ONU PEQUIM DEMARCA-SE DAS CONDENAÇÕES A PYONGYANG E APONTA O DEDO AOS EUA
AP | BEBETO MATTHEWS

Ranking FIFA Selecção portuguesa mantém-se no nono lugar

A selecção portuguesa de futebol manteve-se ontem no nono lugar do ranking da FIFA, apesar de ter falhado a presença na ‘final four’ da Liga das Nações, numa lista que continua a ser liderada pelo Brasil. Os resultados nos dois últimos jogos da Liga das Nações, em que venceu a República Checa (4-0) e perdeu em casa com a Espanha (0-1) não promoveram qualquer alteração na hierarquia para a equipa

liderada pelo selecionador Fernando Santos. O Brasil manteve-se no topo da classificação, seguido da Bélgica e da rival Argentina, com a Itália a ultrapassar a Espanha no sexto lugar, na única alte ração no top-10. Dos ad versários de Portugal no Grupo H do Mundial2022, a Coreia do Sul, orientada pelo treinador português Paulo Bento, segue no 28.º posto, ao passo que o Uruguai caiu para 14.º e o Gana para 61.º.

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EUA THEODORE RACING REGRESSA COM NOMES DE MACAU

De volta à ribalta

Depois de ter andado praticamente arredada dos grandes palcos internacionais desde 2019, a Theodore Racing regressa este fim de semana a uma casa muito querida pelo seu fundador Teddy Yip Sr, a Indianapolis Motor Speedway

EM parceria com a equipa Craft-Bamboo Racing, as cores da Theodore Racing serão vistas no Mercedes AMG GT3 da equipa de Hong Kong nas 8 Horas de Indianapolis, uma prova pontuável para o Intercontinental GT Challenge, a maior competição de resistên cia para viaturas da categoria FIA GT3.

Esta parceria entre Darryl O’Young, o vencedor da últi ma edição da Taça GT Macau e director da Craft-Bamboo Racing, e Teddy Yip Jr conta com um trio de pilotos muito competente, sendo dois deles “caras conhecidas” do Circuito da Guia: o italiano Raffaele Marciello, vencedor da Taça do Mundo de GT da FIA nas ruas de Macau em 2019, e o

espanhol Daniel Juncadella, vencedor do Grande Prémio de Macau de Fórmula 3 de 2011.

O terceiro piloto da equipa será o canadiano Daniel Morad, um velho conhecido de Yip Jr dos tempos da sua Status Grand Prix.

A Theodore Racing, mais conhecida entre nós pelas múl tiplas participações e vitórias no Grande Prémio de Macau, participou pela primeira vez nas 500 milhas de Indianapolis há quarenta e cinco anos. Antes mesmo da sua incursão pela

Fórmula 1, Yip Sr tentou a sua sorte nos Estados Unidos da América. Aliás, Yip Jr brinca invariavelmente com a situação de no dia do seu nascimento o seu pai estar nas 500 milhas de Indianapolis.

Para este regresso da Theo dore Racing aos “States”, o Mercedes-AMG GT3 irá apresentar o número 77 nas portas, pois o ano de 1977 foi o primeiro dos oito anos consecutivos em que a equipa participou “Indy 500”, tendo obtido dois lugares no pódio

“Estou muito satisfeito pelo regresso da Theodore Racing à Indianapolis Motor Speedway. Sei que o Teddy Sr adorava este lugar, como eu também adoro. Não há outro lugar assim.” TEDDY YIP JR

em 1979 e 1981. A pintura do carro também foi escolhida com cuidado para incluir o vermelho e branco tradicional da Theodore Racing.

“Estou muito satisfeito pelo regresso da Theodore Racing à Indianapolis Motor Speedway. Sei que o Teddy Sr adorava este lugar, como eu também adoro. Não há ou tro lugar assim”, disse Teddy Yip Jr que ressuscitou o nome da equipa do pai em 2013. “Realizar esta prova com os meus amigos da Craft-Bamboo Racing, com quem eu trabalhei de perto e com tanto sucesso no passado, dá-nos confiança de uma boa exibição no dia da corrida. Isto, para além da nossa equipa de pilotos contar com veteranos de Macau e ex-Status Grand Prix que fa zem este projecto ainda mais especial para mim.”

A pandemia não afastou totalmente a Theodore Racing do Grande Prémio de Macau, pois as cores da equipa de Yip Jr foram vistas nas últimas duas edições da prova. Em 2021, para além de ter apoiado pelo segundo ano consecutivo o Mercedes AMG de Darryl O’Young, o empresário que residiu muitos anos no Canadá também viabilizou a partici pação do piloto local Charles Leong Hon Chio, que triunfou pela segunda vez consecutiva no Grande Prémio de Macau de Fórmula 4. Sérgio Fonseca

ANÚNCIO CONCURSO PÚBLICO N.o 19/P/22

Faz-se público que, por despacho da Ex.ma Senhora Secre tária para os Assuntos Sociais e Cultura, de 16 de Setembro de 2022, se encontra aberto o Concurso Público para a “Concepção e Execução de Obras de Remodelação da Sala de Radiofluo roscopia (sistema de radiofluoroscopia com tubo de raios X por cima da mesa do paciente) do Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas, bem como fornecimento e instalação de equipamen tos”, cujo Programa do Concurso e o Caderno de Encargos se encontram à disposição dos interessados desde o dia 6 de Ou tubro de 2022, todos os dias úteis, das 9,00 às 13,00 horas e das 14,30 às 17,30 horas, na Divisão de Aprovisionamento e Econo mato destes Serviços, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau, onde serão prestados esclarecimentos relativos ao concurso, estando os interessados sujeitos ao pagamento de MOP129,00 (cento e vinte e nove pa tacas), a título de custo das respectivas fotocópias (local de paga mento: Secção de Tesouraria dos Serviços de Saúde, que se situa no r/c do Edifício do Centro Hospitalar Conde de São Januário)

Dado que o Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas está em construção, com vista a inteirar-se de todas as situações que tenham eventuais impactos na forma de execução da obra, os concorrentes devem assistir à sessão de esclarecimentos, se guida duma visita aos locais a que se destinam as respectivas obras, a ter lugar no dia 10 de Outubro de 2022, pelas 10,00 horas, no r/c do Instituto de Enfermagem do Complexo de Cui dados de Saúde das Ilhas.

As propostas serão entregues na Secção de Expediente Ge ral destes Serviços, situada no r/c do Centro Hospitalar Conde de São Januário e o respectivo prazo de entrega termina às 17,45 horas do dia 21 de Novembro de 2022.

O acto público deste concurso terá lugar no dia 22 de No vembro de 2022, pelas 10,00 horas, na “Sala de Reunião”, sita na Rua do Campo, n.º 258, Edifício Broadway Center, 3.º andar C, Macau.

A admissão a concurso depende da prestação de uma cau ção provisória no valor de MOP159 780,00 (cento e cinquenta e nove mil e setecentas e oitenta patacas) a favor dos Serviços de Saúde, mediante depósito, em numerário ou em cheque, na Secção de Tesouraria destes Serviços ou através da Garantia Bancária/Seguro-Caução de valor equivalente.

Serviços de Saúde, aos 27 de Setembro de 2022.

TÉNIS DE MESA PORTUGAL NOS ‘QUARTOS’ DO MUNDIAL MASCULINO

Aselecção portugue

sa masculina de ténis de mesa apurou-se ontem para os quartos de final do Mundial por equipas, ao derrotar a Eslovénia, por 3-0, defrontando o Japão na ronda seguinte em Chengdu, na China.

No primeiro en contro da eliminatória,

Marcos Freitas, 33.º do ranking mundial, ven ceu Deni Kozul, 155.º, por 3-1 (11-8, 11-6, 9-11 e 11-7).

A grande surpresa do dia foi da autoria de João Geraldo (49.º da hie rarquia), que derrotou Darko Jorgic, actual oi tavo jogador do mundo e vice-campeão europeu,

por 3-2 (11-6, 11-13, 4-11, 11-9 e 11-8).

A qualificação para os quartos de final foi selada por João Montei ro (83.º), ao bater Peter Hribar (321.º), por 3-0 (11-9, 12-10 e 11-3).

Portugal ‘vingou’ as sim a derrota na final dos Jogos do Mediterrâneo de 2022, em Oran, naArgélia.

A seleção feminina, pela primeira vez nos quartos de final de um Mundial, defrontava ontem (após o fecho desta edição) a anfitriã e grande favorita China, que se apresenta com as três primeiras jogadoras do ranking mundial.

A selecção portuguesa feminina de ténis de

mesa qualificou-se para os quartos de final do Mundial por equipas, ao derrotar o Luxemburgo, por 3-1.

Depois de já ter feito história com uma iné dita qualificação para os oitavos de final, em Chengdu, a equipa lusa garantiu a presença nos ‘quartos’.

12 desporto 7.10.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo
O Director dos Serviços de Saúde Lo Iek Long

O Centro Cultural de Macau acolhe, em Novembro, a peça do conhecido encenador de Taiwan, Stan Lai, “Escrito na Água”. Entre os dias 25 e 26 de Novembro o público poderá ver um dos maiores exemplos do chamado teatro de vanguarda, com uma história sobre a busca da felicidade

NOVEMBRO é o mês de Macau receber a peça “Escrito na Água”, do conhecido encenador de Taiwan Stan Lai. O espectáculo que acontece nos dias 25 e 26 de Novembro no grande auditório do Centro Cultural de Macau (CCM) conta a história de um homem que regressa a casa após um período de estudos no estrangeiro. Na esperança de iluminar algumas almas sombrias, inscreve-se num curso de “Felici dade”, mas depressa se desilude com a sede de lucro de um sócio ganancioso.

A peça inspira-se nas ideias do escritor francês, e também monge budista, Matthieu Ricard, autor de “O Livro da Felicidade”. “Escrito na Água” estreou há alguns anos no rescaldo da devastadora crise financeira do subprime 2008

A peça inspira-se nas ideias do escritor francês, e também monge budista, Matthieu Ricard, autor de “O Livro da Felicida de”. “Escrito na Água” estreou há alguns anos no rescaldo da devastadora crise financeira do subprime 2008.

O Instituto Cultural (IC) salienta o regresso de Stan Lai ao CCM após a apresentação de dois espectáculos da sua autoria, “Um

no Paraíso”

CCM APRESENTA “ESCRITO NA ÁGUA”, DE STAN LAI, EM NOVEMBRO

Onde está a felicidade?

“A Aldeia”, descrito como sendo uma peça “épica”.

Longa carreira Nascido nos EUA, Stan Lai iniciou a carreira criativa em Taiwan, e depressa os seus trabalhos subiram aos palcos na China, chegando de pois tanto à diáspora chinesa como ao público ocidental. Ao longo de mais de 30 anos, o encenador tem criado inúmeras peças, muitas das quais foram reconhecidas por uma extensa lista de prémios e distinções.

Nascido em 1954 em Wa shington, onde o pai trabalhava na embaixada da República Popular da China, Stan Lai voltou para Taiwan com a mãe em 1966. Na Universidade Católica de Fu Jen

o encenador estudou literatura in glesa, tendo-se formado em 1976. Dois anos depois casou, tendo regressado aos EUA. Em 1983, Stan Lai doutorou-se em arte dra mática na reputada Universidade de Berkeley, na Califórnia.

De frisar, que a segunda ses são de “Escrito na Água” contará ainda com uma tertúlia, realizada antes do espectáculo, onde serão partilhadas algumas ideias sobre o extenso trabalho de Stan Lai.

A sessão é aberta ao público

e apresentada em mandarim e cantonense. As duas sessões do espectáculo são em mandarim, mas terão legendas em inglês e cantonense.

Os bilhetes estão à venda desde o dia 25 de Setembro.

Fotografia Revista da Halftone volta a sair este sábado

Será lançado este sábado, às 18h30, na Livraria Portuguesa, o terceiro número da revista de fotografia da Halftone – Asso ciação Fotográfica de Macau. Esta edição conta com trabalhos fotográficos de José Sales Mar ques, Pedro Benjamim, Stefan Nunes, António Bessa Almeida e Nuno Veloso, prestando ainda homenagem a Frank Lei,

falecido em Maio deste ano. O editorial desta edição intitula-se “Uma espécie de magia”, sendo as fotografias publicadas um retrato do sentimento “muitas vezes contraditório” do amor que se tem por Macau, ainda que haja “aspectos que se odeiam e outros que se gostam demasiado”. Recorde-se que este é um projecto que visa

dar a conhecer trabalhos de fotografia de fotógrafos amado res, sendo a revista publicada a cada três meses e com edições limitadas de 300 exemplares cada. A revista é editada com a orientação do Grupo Editorial da Halftone composto por António Duarte Mil-Homens, João Palla Martins, João M. Rato e Sara Augusto.

eventos 13sexta-feira 7.10.2022 www.hojemacau.com.mo
Amor Secreto
e
TEATRO

Entre crenças pagãs, relatos bíblicos e a ten tativa vã de controlar as forças da natureza, “A Um Deus Desconhecido” acompanha a história de Joseph Wayne, a partir do mo mento em que este decide rumar à Califórnia para cumprir a promessa feita ao pai antes de morrer, e que passava por lá criar uma quinta próspera. Ao chegar à nova terra, Jo seph encontra uma árvore onde acredita que o espírito do seu pai reside. A prosperidade impera, Joseph casa e os seus irmãos mudam -se para a quinta até que um deles, temendo crenças pagãs, decide matar a árvore. A fome e a morte chegam. Hoje Macau

de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22,

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EUROPA PERIFÉRICA

SÃO OS PAÍSES menos desenvolvidos da Ásia que vão registar neste e no próximo as maiores taxas de crescimento económico do continente, estima um relatório recente mente publicado pelo Banco Asiático para o Desenvolvimento. O documento revê com manifesto pessimismo as anteriores previsões para o desempenho da economia chinesa, ainda severamente afectada pelo impacto das restrições relacionadas com a pandemia de covid-19. De qualquer maneira, a China deverá ter um crescimento do PIB próximo dos 3,5 por cento este ano - nada mal, para tempo de crise - ainda assim acima dos menos de 3 por cento que se projectam para o crescimento económico médio na União Europeia.

Diga-se, no entanto, que a incerteza quanto à evolução da economia dos países da Europa justifica inabituais cautelas: são tempos de guerra no Velho Continente e avizinha-se longo e frio Inverno, com escas sez energética, preços despropositadamente altos, processos de recomposição acelerada das transações comerciais globais de com bustíveis vários, numa inevitável transição pouco preparada dos fornecimentos de energia com origem em território russo para outras origens mais distantes, com as grandes empresas do lado ocidental do Atlântico a marcar nova posição dominante – e com os inerentes lucros monopolistas de empresas dos Estados Unidos em território europeu.

Estão naturalmente por fazer as contas a estas pouco subtis transformações geo -económicas mas parece certo que a Europa continua a perder boa parte da sua centrali dade na economia e política globais: não só tem tido fraca autonomia face à liderança dos Estados Unidos em relação aos posicio namentos políticos e militares relacionados com a guerra na Ucrânia, como parece reme tida a um papel cada vez mais periférico e dependente (dos EUA) nos mercados globais de distribuição energética. Não será difícil prever que este longo Inverno com inusita das taxas de inflação também se manifeste numa degradação generalizada da posição cada vez menos dominante das economias europeias no contexto planetário.

É por isso que a notícia de que o cres cimento económico no sudoeste asiático superou o chinês é menos problemática para a China do que para a Europa: na realidade, esta quebra ocorre no contexto de um contí nuo e intenso processo de crescimento que tem caracterizado a economia da China nas últimas décadas e pouco afectará os benefí cios que a sociedade chinesa foi acumulando ao longo do século 21: na realidade, não só a China mantém o seu papel cada vez mais central e preponderante na economia mundial, como vê este ano países vizinhos como a Índia, o Paquistão, as Filipinas, a Indonésia, a Malásia ou o Vietname a assu mir maior relevo nas dinâmicas económicas globais. Não são certamente más notícias para a China.

Esta tendência vai marcando gradual mas inexoravelmente uma transição para novos desequilíbrios no desempenho das economias mundiais, em que a Ásia vai assumindo cada vez maior centralidade e onde a Europa se vai posicionando cada vez mais como um espectador interessado mas pouco consequente no seu posicionamento na economia global deste nefasto capitalismo contemporâneo: nem se apresenta como uma alternativa ecologicamente viável, socialmente justa ou politicamente pacifis ta, nem se posiciona como uma economia competitiva, capaz de aproveitar as oportu nidades da super-liberalização vigente nos mercados mundiais.

Está hoje sob ameaça permanente o que sobra na Europa dos Estados Providência que a social-democracia foi construindo ao longo do século 20, sobretudo no centro e no norte do continente: economias dinâmicas, prósperas, com políticas sociais activas que promoveram educação, saúde, habitação ou mobilidade para quase toda a gente, num contexto de paz generalizada. Não faltaram os recursos para as infra-estruturas, nem para os serviços necessários para promover

O modelo social europeu é cada vez menos exemplar e as pessoas que ficam para trás – ou à margem dos processos de desenvolvimentosão cada vez mais, num processo relativamente acelerado de concentração de rendimentos e poder

a eficiência dos sistemas económicos ou a equidade das condições sociais – incluindo o acolhimento sistemático de pessoas re fugiadas que se foi fazendo até quase final do século 20.

Hoje começa a faltar quase tudo: as carti lhas neo-liberais impõem exíguos orçamentos públicos que comprometem as políticas so ciais, enquanto a economia especulativa dos mercados globais vai mobilizando recursos financeiros cada vez menos orientados para o investimento produtivo. É uma economia onde muito se fala de inovação mas em que na realidade pouco se inova na capacidade de criar e distribuir riqueza. O modelo social europeu é cada vez menos exemplar e as pessoas que ficam para trás – ou à margem dos processos de desenvolvimento - são cada vez mais, num processo relativamente acelerado de concentração de rendimentos e poder. O dinamismo e o crescimento movem-se noutras paragens – neste caso na Ásia. Sobram, entretanto, os dejectos desta prolongada crise no continente europeu: os movimentos de inspiração abertamente fascista que vão ganhando protagonismo e até governos, outra vez.

vozes 15www.hojemacau.com.mo João Romão sexta-feira 7.10.2022
confeitaria

TAILÂNDIA ATAQUE A CRECHE FAZ 35 VÍTIMAS MORTAIS

Oex-polícia

tailandês que atacou uma creche no nordeste da Tai lândia matou 24 crianças e 11 adultos, incluindo a mulher e o filho, segundo um novo balanço divulgado pelas autoridades.

O atacante, que usou pelo menos uma arma de fogo e uma faca, matou 22 crianças (19 rapazes e três raparigas), e dois adultos na creche, disse a polícia.

Depois de ter fugido, continuou a disparar do carro, atingindo várias pessoas na rua, disse o general Paisal Luesomboon, da polícia tailandesa, à agência norte-americana AP.

Fora da creche, matou duas crianças e 10 adultos, incluindo a mulher e o filho, antes de se suicidar.

Também há a registar 15 feridos, oito dos quais em estado grave, disse a polícia. As autoridades locais apelaram à população para que doasse sangue.

O ataque começou cerca das 12:30 locais (, e ocorreu numa creche frequentada por crianças com idades entre os 2 e os 5 anos. Desconhece-se o motivo do ataque, mas as autoridades disseram que o suspeito, identificado como Panya Khamrab, 34 anos, tinha sido expulso da polícia em junho, por ter sido encontrado na posse de drogas.

A polícia suspeita que o atacante estivesse sob a influência de droga na altura do ataque, segundo o jornal tailandês Bangkok Post.

O ex-polícia deveria comparecer perante um tribunal na sexta-feira, num processo relacionado com a posse de drogas, noticiou o jornal tailandês Daily News.

A notícia do ataque espalhou-se rapidamente por todo o país e desenca deou cenas de desespero e angústia em Uthai Sawan, uma cidade rural com cerca de 80.000 habitantes. Dezenas de familiares das vítimas correram para o infantário, que foi isolado pela polícia, em busca de informações sobre os acon tecimentos e as identidades das vítimas.

Uma das professoras que estavam na creche descreveu os momentos ater radores e testemunhou que o atacante “disparava, partia vidros e matava” adultos e crianças.

Em busca de respostas

Arranca julgamento de acidente de comboio que matou 80 pessoas em Espanha

MYANMAR DEZ ANOS DE PRISÃO PARA REALIZADOR JAPONÊS

UM

tribunal militar birmanês condenou o realizador japonês Toru Kubota a dez anos de prisão por incitar à dissidência contra os militares e violar as leis de telecomu nicações do país, noticiaram ontem os ‘media’ nipónicos.

A sentença foi proferida na quarta-feira. O jovem de 20 anos foi condenado a sete anos de prisão por violação das leis de comunicação e mais três anos por sedição, disseram fontes diplomáticas à emissora pú blica japonesa NHK.

Os detalhes específicos da deci são do tribunal de Myanmar (antiga Birmânia) não são conhecidos, uma vez que a sentença foi proferida à porta fechada e sem a presença do advogado de Kubota, de acordo com a NHK.

Kubota foi preso em Julho passa do enquanto filmava protestos contra a junta militar.

E

SPANHA começou a jul gar o acidente de comboio que há nove anos matou 80 pessoas em Santiago de Compostela, com a audição ontem do ma quinista Francisco José Garzón Amo, que denunciou as falhas de sinalização na linha ferroviária.

O comboio de alta velocida de que Francisco José Garzón Amo conduzia em 24 de Julho de 2013 descarrilou numa curva à entrada da cidade de Santiago de Compostela, na Galiza, e embateu numa parede de betão quando seguia a 191 quilómetros por hora (km/h), mais do dobro do limite de 80 km/h para aquele ponto da via.

“Não havia nenhum sinal para restringir a velocidade.

Não havia nenhuma limitação, nem nenhum sinal, nem nenhu ma baliza. Não havia nada de nada”, disse o maquinista, que testemunhou durante uma hora e chorou por diversas vezes.

Segundo afirmou, não havia sinalização para uma redução faseada da velocidade até che gar à curva fatal, onde estava colocado, subitamente, um aviso de 80 km/h.

“Não consegui travar. É praticamente impossível passar naquele ponto de 200 para 80, nesse ponto concreto”, afirmou

Francisco Garzón Amo, que acrescentou que “é absurdo” alguém pensar que poderia ter reduzido a velocidade naquele momento e garantiu que “evi dentemente” a teria diminuído se houvesse sinalização nesse sentido.

Questionado sobre se hoje, com os meios técnicos e sinali zação aplicados entretanto na quela via, seria possível ocorrer o mesmo acidente, respondeu que “não, impossível”, mas afirmou que esses sistemas não são novos e já existiam há nove anos, só não tinham sido adop tados naquela linha ferroviária.

O maquinista admitiu ter perdido “a consciência de localização” quando recebeu uma chamada de serviço, que as regras o obrigavam a atender, acreditando estar num túnel anterior àquele em que estava quando o comboio se aproxi mou da curva do acidente.

Banco dos réus

O maquinista é um dos dois acusados neste caso, cujo jul gamento arrancou formalmente na quarta-feira, com a definição de questões formais de fun cionamento, tendo hoje sido iniciadas as audições dos réus.

Além do maquinista, está a ser julgado o responsável, na al

tura do acidente, pela segurança na circulação da empresa Adif (que geria a infraestrutura), Andrés Cortabitarte, que só deverá ser ouvido pelo tribunal na próxima semana, após o seu advogado de defesa ter pedido um adiamento depois de o réu ter sido agredido por uma víti ma do acidente na quarta-feira.

Os dois estão acusados do homicídio de 80 pessoas por imprudência profissional, por 145 lesões pelo mesmo motivo e por um crime de danos.

O Ministério Público pede quatro anos de prisão para cada um dos acusados, a proibição do maquinista exercer a profissão durante o mesmo tempo de con denação e a proibição de Andrés Cortabitarte exercer qualquer profissão que implique gestão, segurança ou responsabilidade deste tipo de infraestruturas.

Em paralelo, o Ministério Público pede mais de 57,8 mi lhões de euros para reparação de danos e prejuízos.

O julgamento do “caso Alvia”, o nome da empresa de comboios que assegurava a li gação, entre Madrid e Santiago de Compostela, vai demorar, previsivelmente, nove meses, por terem sido aceites 522 testemunhas e declarações de cerca de 150 peritos.

Os militares birmaneses acu saram Kubota de violar as leis de imigração ao entrar no país com um visto turístico para realizar activi dades jornalísticas, e de participar activamente nos protestos.

Também alegaram que o cineasta tinha divulgado informações falsas sobre os rohingya, a minoria muçul mana perseguida em Myanmar, país de maioria budista.

Kubota foi condenado por um tribunal criado na própria prisão.

O golpe de 1 de Fevereiro de 2021 mergulhou Myanmar numa crise política, económica e social, com confrontos entre as forças da junta e os opositores, e levou a um aumento da repressão.

De acordo com a Associação de Assistência aos Prisioneiros Políti cos, mais de 2.100 pessoas foram mortas pelas autoridades, enquanto quase 15 mil foram detidas arbitra riamente.

sexta-feira 7.10.2022 “Os mortos podem sobreviver como parte das vidas daqueles que ainda vivem. ” Kenzaburo OePALAVRA DO DIA PUB.
REUTERS EPA

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