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TERÇA-FEIRA 7 DE ABRIL DE 2020 • ANO XIX • Nº4502
MACAU | HONG KONG
SEGURANÇA COMUNITÁRIA NUNO FERREIRA SANTOS
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SALÁRIOS
PUB
GONÇALO LOBO PINHEIRO
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
ERIC SAUTEDÉ
AS CONTAS DA DSAL
TUI ACEITA RECURSO
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hojemacau
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A China conseguiu dar a volta A viver entre Itália e Portugal, o antigo ministro adjunto, Miguel Poiares Maduro, fala da reacção portuguesa à covid-19, da emissão de coronabonds e da eficácia da resposta chinesa, que pode levar o gigante asiático a sair desta crise com uma imagem e um peso geo-político reforçados.
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ENTREVISTA
OUTRO PLANETA PAULO JOSÉ MIRANDA
HONRA E DESGRAÇA XUNZI
QUASE ESQUECIDA MICHEL REIS
2 ENTREVISTA
MIGUEL POIARES MADURO EX-MINISTRO ADJUNTO, SOBRE A CRISE DA COVID-19
Deixou Florença há cerca de três semanas devido ao surto da covid-19. Miguel Poiares Maduro defende que Portugal acabou por beneficiar do facto de a pandemia ter chegado primeiro a Itália e Espanha, o que permitiu reagir mais rapidamente. Para resolver a crise económica da União Europeia, o académico defende uma solução entre a emissão de coronabonds e o mecanismo de estabilidade. Quanto à China, pode sair com a imagem internacional reforçada pela eficácia a lidar com a pandemia
Que comparação faz entre a resposta das autoridades portuguesas e italianas à pandemia da covid-19? Portugal beneficiou do conhecimento do que se ia passando em Itália e depois em Espanha. Tivemos, num certo sentido, a sorte de o vírus ter entrado em Portugal mais tarde e o ponto de entrada ser a Itália. Como vivo entre Itália e Portugal pude verificar que Itália introduziu medidas de controlo ainda antes de ter casos de infecção, mais fortes do que Portugal. Itália foi um dos poucos países europeus que controlou a temperatura das pessoas nos aeroportos, como acontece na Ásia. Mas isso não evitou que fosse um dos primeiros países a ter contágios e onde o contágio se propagou. Neste momento, Portugal não tem necessitado sequer de impor medidas tão restritas como as que se implementaram em Itália. Também acho que os portugueses, pelo alerta causado em Itália e Espanha, perceberam mais rapidamente a gravidade do risco que o vírus comporta do que os italianos perceberam, porque eles foram os primeiros na Europa a enfrentar a situação. É difícil ter a percepção exacta da gravidade da situação porque há uma limitação nos dados a que temos acesso e na sua comparação. O número de testes realizados varia muito consoante os Estados, e, portanto, estamos a perceber que quantos mais testes se realizam mais diagnósticos há. O mesmo relativamente às taxas de mortalidade que são muito variáveis e que têm a ver com o volume de testes e com o critério para a atribuição de uma morte ao covid-19, que também parece diferente entre os vários estados.
Falta unidade, em termos de medidas de saúde, na União Europeia (UE) para responder a esta crise? Primeiro ponto: a política de saúde é dos Estados-membros, não é da UE. Se houve alguém que não se preparou foram os Estados, embora esse problema pareça comum a praticamente todo o mundo. O mais interessante e preocupante é que, mesmo já depois da situação [de infecções acontecer] na China, os países europeus e os EUA parecem não se ter dado conta de quão grande este risco poderia ser. Isso
explica porque não estavam feitas reservas de equipamento e material. Mas é um problema global. Quanto à UE, não é uma questão de saúde, mas do grau de liberdade que a UE confere às suas políticas tradicionais para as respostas que os Estados-membros têm de dar, e que podem interferir com a livre circulação de pessoas, as regras da concorrência e do pacto de estabilidade ou de disciplina orçamental. E aí a UE já abriu as cláusulas de excepção e os Estados têm a liberdade para tomar as decisões que entenderem para combater o vírus. Mas a crise económica vai ser consequência deste problema de saúde pública.
JORGE AMARAL/GI
“É cedo para juízos “Os portugueses, pelo alerta causado em Itália e Espanha, perceberam mais rapidamente a gravidade do risco que o vírus comporta do que os italianos.” Que respostas são necessárias? Há uma segunda dimensão [quanto à união no seio da UE] que é a solidariedade necessária para a resposta económica que os Estados europeus têm de dar. Alguns países não têm uma situação financeira e orçamental que lhes permita usar todos os recursos financeiros necessários para dar uma resposta eficaz. Vão depender da solidariedade dos outros Estados-membros. Aí, infelizmente, estamos a ver uma repetição das velhas divisões europeias e a entrar num ciclo vicioso, que é a falta de confiança entre os Estados-membros que leva à pouca solidariedade, e que agrava a desconfiança mútua entre os Estados. Isso pode ser destrutivo para a UE. Tudo depende de uma solução que reponha essa confiança e com base nisso permita a solidariedade entre os países, que vai ser fundamental. A resposta fragmentada e as acusações entre Estados podem levar a uma crise política que
afecte ainda mais a identidade europeia? Esse risco existe. Mas também existe uma oportunidade se a UE conseguir dar uma resposta suficientemente eficaz, mas nunca vai ser a resposta eficaz para nenhum dos Estados. Tem de ser uma resposta suficientemente forte para satisfazer todos. Se a UE conseguir isso, ao contrário de isto poder agravar a crise de legitimidade e de suporte público, pode, pelo contrário, ser um momento de reafirmação do processo de integração europeia e de revalorização aos olhos dos cidadãos desse processo, porque ele vai ser visto como contribuinte para solucionar este problema. Tudo depende se a UE conseguir uma forma de solidariedade aceitável para todos ao nível da resposta económica e depende também do papel da UE
na promoção da cooperação na resposta científica. Relativamente à emissão de coronabonds, espera um consenso em breve? Penso que não iremos ter coronabonds nos moldes que alguns Estados gostariam de ter. Mas também não iremos ter simplesmente o modelo do mecanismo de estabilidade e crescimento que a Alemanha ou a Holanda defenderiam. Provavelmente, não vamos ter nem a condicionalidade do mecanismo de estabilidade europeu nem um simples mecanismo de emissão de dívida entre os Estados-membros. Será algo que ficará a meio caminho. Depois há um segundo aspecto relevante, que nem os próprios coronabonds preveem, que é se este mecanismo vai funcionar através de finan-
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definitivos”
respeito às consequências deste vírus. Mas isso não são verbas novas, deixam é de ser utilizadas para outras finalidades dos Estados. E são sempre verbas limitadas. O que pode ajudar é um novo acordo em matéria de plano financeiro multianual para a UE, que é o que determina o orçamento anual para os próximos sete anos na UE. Não tem havido um acordo entre os Estados-membros, e pode ser que isto [a crise do coronavírus] crie a energia e os incentivos necessários para existir um acordo, e que este vá no sentido de haver um orçamento mais ambicioso, ou associado a novos discursos próprios da UE. Eu tenho defendido que parte da resposta pode estar aí. Às vezes, alargar um problema pode ser a forma de chegar a acordo, porque cria mais condições para fazer um trade-off e haver um compromisso entre as diferentes posições. Parte do compromisso no futuro pode não ter os coronabonds mas sim um orçamento europeu maior do que aquele que se estava a pensar. E associado a novos discursos próprios da UE.
ciamento que se transforma em dívida dos Estados membros. Seja coronabonds ou o mecanismo de estabilidade europeu, será dívida que entra para a dívida de cada um dos Estados. A ser assim, isso tem sempre um peso muito grande para países já muito endividados,
“Infelizmente, estamos a ver uma repetição das velhas divisões europeias e estamos a entrar num ciclo vicioso, que é a falta de confiança entre os Estados-membros que leva a uma pouca solidariedade.”
como é o caso de Portugal, por exemplo, mesmo que essa dívida tenha condições muito favoráveis. Por isso, é que há pessoas, como eu, que defendem que tão ou mais importante [discutir] como é que essa emissão de dívida vai ocorrer é [analisar a possibilidade] de isso ser feito através de apoios directos de um instrumento europeu nos Estados, ao invés do endividamento. No fundo, se fosse através de um mecanismo de subsídios, isso seria muito mais positivo porque não entrava no endividamento dos Estados. Espera respostas com a revisão orçamental anunciada pela comissária europeia? Aquilo de que se fala nesta altura é que algumas das verbas do fundo de coesão vão ser agora alocadas a finalidades distintas que dizem
Qual o efeito geopolítico desta crise económica e de saúde pública nas relações entre a China e UE? É interessante notar que esta crise começou por ser vista como problemática para a China e até para o Presidente Xi Jinping, mas rapidamente se converteu, através da eficácia da resposta chinesa ou da percepção pública internacional dessa eficácia, [em algo positivo]. Há quem conteste que seja tão eficaz como se diz, mas pelo menos é essa a percepção pública. Isso reforçou a legitimidade e a imagem internacional da China. O facto de o país ter feito isso mais rapidamente que os outros Estados coloca a China economicamente numa melhor posição do que os outros países e isso reforça o papel internacional da China e o seu peso geopolítico. A China parece estar a fazer uso disso através de gestos simbólicos de apoio e solidariedade para com os Estados com maiores dificuldades nesta matéria. Mas esta é uma crise nova, totalmente diferente, e o impacto na economia e política é muito difícil de prever, estando constantemente em mutação. É cedo para fazer qualquer juízo
CORONAVÍRUS UE APROVA APOIOS
A
Comissão Europeia aprovou ontem um pacote de medidas de apoio financeiro para países da União Europeia (UE), como é o caso de Portugal, Grécia e Polónia. De acordo com a agência Reuters, as medidas passam pela concessão de empréstimos com garantias e subsídios. Através de comunicados oficiais difundidos na sexta-feira e sábado, foi referido que o apoio financeiro será de 13 mil milhões de euros para Portugal,
definitivo sobre a orientação geopolítica a nível global resultante dessa crise. Xi Jinping tem usado esta crise como uma ferramenta de soft power? Claramente. A China partiu de uma posição que parecia de fragilidade e conseguiu dar a volta, e hoje o país está a usar a crise da covid-19 de um ponto de vista favorável. Mas pode ser cedo para dizer que a posição da China sairá reforçada. À medida que a crise evoluir o que se vai passar é a comparação entre uma maior transparência em alguns países e menor transparência noutros. E isso pode vir a afectar a posição internacional da China dependendo de como o país se comportar nessa matéria.
“A China partiu de uma posição que parecia de fragilidade e conseguiu dar a volta, e hoje o país está a usar a crise do covid-19 de um ponto de vista favorável.” A pandemia da covid-19 pode vir a contribuir para o descrédito do populismo, tendo em conta as posições assumidas por Jair Bolsonaro, no Brasil, e Donald Trump, nos EUA?
enquanto que a Polónia receberá um apoio totalizado em 22 mil milhões de euros. Já a Grécia recebe apenas dois mil milhões de euros. Margrethe Vestager, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que a garantia financeira concedida à Polónia “vai ajudar os negócios no país afectados pela actual crise gerada pelo novo coronavírus, cobrindo no imediato o capital de trabalho e as necessidades de investimento”.
Pode funcionar das duas formas. Os populistas, por definição, são pessoas que defendem um poder forte e um reforço da autoridade. Nessa medida, até por contraposição aos instrumentos da democracia liberal, uma crise como esta apela e tende a reforçar a adesão dos cidadãos ao poder forte. Estamos a ver populistas que têm usado o estado de emergência para consolidar a sua posição no poder, veja-se Viktor Orbán na Hungria. Por outro lado, a lógica contrária à ciência e ao conhecimento a que alguns populistas deram imagem de marca, como o Presidente norte-americano e do Brasil, parece estar a causar problemas na gestão da crise. Esses problemas passam pelo facto de as opiniões públicas desses países associarem uma má gestão da crise a uma desvalorização da ciência e do conhecimento e uma arrogância dos líderes. Tudo vai depender da evolução dessa gestão e das consequências a nível de saúde e económico. Trump tem sofrido uma penalização forte porque foi visto como alguém que desvalorizou os alertas científicos, gerindo mal a crise e antecipando mal os riscos por causa disso. No Brasil, a desvalorização do risco feita inicialmente por Bolsonaro pode causar um custo político forte. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 coronavírus
O
S Serviços de Saúde (SS) admitiram ontem poder vir a comunicar com as autoridades de Hong Kong sobre a possibilidade de abrir excepções para os casos de doentes de Macau que precisam de fazer tratamentos no território vizinho. No entanto, sublinhou Lo Iek Long, Médico Adjunto da Direcção do Centro Hospitalar Conde de São Januário, tal só deve ser considerado caso não existam alternativas em Macau e riscos para a comunidade. “Temos de ver caso a caso. Se o sistema de saúde de Macau não satisfizer a necessidade dos nossos doentes então temos esse mecanismo para ajudar, mas não podemos ignorar as medidas adoptadas pelas autoridades de Hong Kong”, explicou Lo Iek Long, por ocasião da conferência de imprensa diária sobre a covid-19. Apesar de desconhecer o número de pacientes afectados pela situação, o responsável afirmou que a situação dos doentes em Macau já estava a ser analisada, mesmo antes do serviço de autocarros públicos que faz a ligação entre Macau e Hong Kong através da ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau, ter sido suspensa no domingo passado. “Não é só por causa da suspensão do serviço do autocarro dourado de Hong Kong. Desde o início da epidemia estamos a analisar as situações dos pacientes de Macau que precisam de ir a Hong Kong. A circulação transfronteiriça pode causar um surto na comunidade. Não queremos que um paciente que se deslocou a Hong Kong possa vir a ficar infectado devido a um surto no hospital. Isso é algo que não queremos ver”, explicou o responsável. Por isso, apontou Lo Iek Long, é preciso “avaliar a situação em geral” e apenas, se se tratar de “um caso determinado e especial que não seja possível tratar em Macau”, os SS podem vir a comunicar com
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COVID-19 PACIENTES DE MACAU EM HONG KONG SÓ EM “CASOS ESPECIAIS”
Primeiro, todos
Apesar da suspensão do “autocarro dourado”, os Serviços de Saúde admitiram comunicar com as autoridades de Hong Kong para que pacientes de Macau possam ser tratados no território em situações excepcionais. Foi ainda revelado mais um caso confirmado em Hong Kong de uma pessoa que esteve em Macau
Segundo Leong Iek Hou, o risco de contágio é baixo pois os oito contactos próximos que os dois casos têm em comum testaram negativo para o novo tipo de coronavírus, estando praticamente todos a terminar os 14 dias de quarentena
Transportes Suspensão de autocarros na Ponte do Delta Partiu no domingo o último autocarro dourado a fazer ligação entre Macau e Hong Kong. Ontem deixou de ser oferecido o serviço que ligava as duas cidades através da ponte Hong Kong-Zhuhai Macau. “Nenhum transporte público pode ligar as duas regiões”, com excepção para carros particulares autorizados e transporte de mercadorias, disse no fim de semana um responsável do Corpo de Polícia de Segurança Pública, citado pela agência Lusa. O objectivo da suspensão dos autocarros passa por evitar a circulação de pessoas. Os horários de funcionamento do posto
fronteiriço de Macau da ponte também sofreram ajustes, passando a funcionar apenas entre as 10h e as 20h no domingo. Os corredores de entrada e saída para veículos deixaram de funcionar durante 24h para estar abertos entre as 06h e as 22h. Por outro lado, ficou desde ontem fechado o parque de estacionamento Este da ponte. Vale a pena recordar que o transporte organizado pelo Governo para trazer residentes do aeroporto de Hong Kong até Macau já terminou, e que as ligações marítimas entre as duas regiões estão suspensas desde Fevereiro.
Quarentena Dois hotéis foram dispensados O Hotel Regency Art, na Taipa, e o Hotel Metrópole, em Macau, vão deixar de acolher indivíduos em quarentena. Sobre o primeiro, o anúncio foi feito ontem pela responsável dos serviços de turismo Inês Chan. “Vamos libertar o Hotel Regency Art porque agora já se encontra desocupado. Estamos actualmente a proceder à desinfecção de acordo com as instruções dos serviços de saúde”, anunciou Inês Chan. No domingo, a responsável tinha já anunciado que o hotel Metrópole tinha
as autoridades de Hong Kong para “ver se podem abrir uma excepção”. Quanto ao número total de entradas e saídas através dos postos fronteiriços de Macau, Lei Tak Fai, Chefe da divisão de Relações Públicas da CPSP referiu que foram registadas 4.200 entradas e 3700 saídas até ao início da tarde de ontem.
RISCO BAIXO
Foi ainda revelado que as autoridades de Hong Kong reportaram que um dos casos confirmados do novo tipo de coronavírus esteve em Macau dias antes de testar positivo. No entanto, como explicou Leong Iek Hou, do Centro de Prevenção e Controlo da Doença a possibilidade de haver contágio é baixa. Isto, porque o paciente em causa esteve em Macau com outro, entretanto também confirmado em Hong Kong, tendo efectuado o mesmo percurso e estado com os mesmos contactos próximos. Recorde-se que o primeiro caso reportado pelas autoridades de Hong Kong dizia respeito a uma mulher filipina de 40 anos que esteve em Macau entre os dias 22 e 27 de Março. Segundo Leong Iek Hou, o risco de contágio é baixo pois os oito contactos próximos que os dois casos têm em comum testaram negativo para o novo tipo de coronavírus, estando praticamente todos a terminar os 14 dias de quarentena. Quanto aos 34 pacientes a receber tratamento em Macau, segundo o médico Lo Iek Long, apenas um continua a inspirar maior cuidado. Trata-se da mulher de 50 anos (18º caso) que, apesar de “necessitar de ventilação e a sua situação ser crítica”, se encontra estável. Há ainda um paciente que necessita de oxigénio esporadicamente e outros três que apresentam febre baixa. Os restantes são considerados casos ligeiros. Pedro Arede
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deixado também de fazer parte da lista de estabelecimentos designados. Segundo Inês Chan, estão actualmente 1491 pessoas em observação médica nos hotéis designados pelo Governo, que são agora 10. Recorde-se que o número de pessoas em quarentena tem vindo a decrescer desde que no passado dia 1 de Abril deixou de funcionar o corredor especial criado pelo Governo para transportar residentes de Macau do aeroporto de Hong Kong para o território.
política 5
Combustíveis Pedida concorrência no mercado local
Ng Kuok Cheog defende que o Executivo deve reformular o mercado local dos combustíveis para que os preços destas matérias-primas acompanhem as tendências do preço de extracção. De acordo com o deputado, o mercado das botijas de gás de Macau é um oligopólio em que as empresas se focam apenas nos excessivos acertando os preços entre si, em vez de competirem. Na mesma interpelação, Ng pediu ainda informações ao Executivo sobre o andamento da construção do depósito de combustíveis na Ilha Artificial da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau.
TIAGO ALCÂNTARA
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MÁSCARAS AGNES LAM DESTACA MARCELO COMO EXEMPLO A SEGUIR
O
Presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou no sábado que usa máscara nas raras ocasiões em que não fica confinado ao Palácio de Belém. Palavras que mereceram o elogio de Agnes Lam. “Espero que os meus amigos europeus e americanos olhem para o Presidente português como um importante exemplo para o uso de máscara”, escreveu a deputada no Facebook. Marcelo Rebelo de Sousa especificou que passou a usar protecção por recomendação familiar. “Uso máscara, isso é uma ideia que me veio até um bocadinho daquilo que os meus netos me contaram que foi a lição da China. A China tem outra tradição de utilização de máscaras”, disse o Presidente da
República, citado pela LUSA. Importa recordar que o filho do chefe de Estado, e quatro netos, vivem na China. Agnes Lam usou Facebook também para desejar as melhoras ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, que foi internado no domingo depois dos sintomas da covid-19 persistirem. A deputada lançou também algumas farpas. “Espero que melhore rapidamente, mas também que compreenda que a imunização em massa é uma ideia muito perigosa. Ainda não sabemos o suficiente sobre a pandemia. Humildade e precaução são as estratégias mais seguras de combate doenças”, sugeriu Lam. De acordo com Executivo britânico, o internamento de Johnson foi apenas por precaução.
METRO LIGEIRO GOVERNO REMETE FORMAS DE PAGAMENTO PARA A POLÍTICA DA EMPRESA
O
director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT), Lam Hin San, diz que o Governo tem uma “atitude aberta” quanto ao uso de cartões e plataformas de pagamento que possam ser usados em diferentes meios de transporte público, com benefício de tarifas reduzidas. No entanto, remeteu a responsabilidade para a política comercial da empresa em causa e a plataforma de pagamento electrónico. A informação foi dada em resposta a uma interpelação escrita de Ella Lei. A deputada tinha questionado se o Governo vai fazer estudos sobre o pagamento electrónico em transportes públicos ou permitir o uso desses meios no Metro Ligeiro. A ideia é que o pagamento possa ser feito sem ser por aquisição de bilhete de viagem individual ou cartão pré-pago. Quanto ao uso dos diferentes meios de pagamento
electrónico em autocarros e atribuição de descontos e serviços de transbordo sem pagar, Lam Hin San disse que já existe regulação. Citou um despacho do Chefe do Executivo onde se estipula que os passageiros que paguem as tarifas por meios electrónicos aprovados pela DSAT e lançados pelas instituições de crédito da RAEM, se aplicam os valores reduzidos estabelecidos para titulares de cartão electrónico, estudantes, idosos ou portadores de deficiência. Ella Lei indicava na interpelação que os descontos e transbordos só se aplicam ao Macau Pass e Mpay, defendendo que isso “limita, de certo modo, as opções dos residentes”. E recordou que quando a Linha da Taipa entrou em funcionamento a DSAT afirmou que mais tarde a empresa do Metro Ligeiro iria considerar disponibilizar outras formas de pagamento.
Os números das reduções salariais são relatados à Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) após as duas partes chegarem a um consenso e só entram em vigor 10 dias depois
ORDENADOS DSAL RECEBEU 22 NOTIFICAÇÕES, MAS SÓ CONTABILIZA 19
Falar a duas vozes
Acompanhamento dos pedidos de redução salarial levou DSAL a considerar que nem todas as 22 situações reportadas correspondem a uma diminuição dos salários
A
PESAR de oficialmente apenas 19 empresas e 417 trabalhadores terem notificado a Direcção de Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL) sobre a redução de ordenado, o Governo recebeu avisos de mais três empresas, num total de 432 empregados. A informação foi confirmada pela DSAL, ao HM, que explicou a exclusão dos registos por se ter considerado que as alterações contratuais das três empresas não constituem uma redução salarial. Em causa está a resposta, com a data de 20 de Março, do director dos Serviços de Economia, Tai Kin Ip, a uma interpelação do deputado Sulu Sou. Segundo os dados apresentados por Tai entre 22 de Janeiro e 16 de Março teriam sido 22 empresas e 432 trabalhadores envolvidas nas reduções salariais.
Porém, os dados são diferentes dos avançados pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong, que na quinta-feira passada, após uma reunião do Conselho Permanente de Concertação Social, havia dito que entre 22 de Janeiro e 1 de Abril tinham sido registadas 27 notificações de 19 empresas sobre redução do salário de 417 trabalhadores. Ao HM, a DSAL admitiu a discrepância com a correcção das estatísticas: “De acordo com o registo de notificações de redução de salários recebidas pela DSAL, entre 22 de Janeiro e 16 de Março, foram recebidas notificações de um total de 22 empresas, envolvendo 432 trabalhadores”, foi reconhecido. “Após acompanhamento e de acordo com os dados suplementares fornecidos pelas empresas, verificou-se que estas empresas
não efectuaram reduções salariais, tendo apenas alterado as condições de trabalho mediante acordo entre as partes empregadora e trabalhadora, ou seja, o valor do salário dos trabalhadores não foi reduzido”, foi acrescentado.
SEIS INVESTIGADAS
Segundo a DSAL foram seis as notificações acompanhadas, entre as quais em três casos confirmou-se mesmo a redução salarial, que resultaram nos 19 pedidos confirmados. De acordo com a legislação actual, a remuneração dos trabalhadores só pode ser reduzida caso as duas partes estejam de acordo, a decisão não pode partir apenas do empregador. “A remuneração de base só pode ser diminuída mediante acordo escrito entre as partes, o qual só produz efeitos após comunicação à DSAL, a efectuar pelo
empregador no prazo de dez dias”, define a Lei das Relações Laborais. Ainda de acordo com os números apresentados por Tai Kin Ip, na resposta a Sulu Sou, entre Fevereiro e 16 de Março foi encontrada colocação para 422 pessoas que procuravam emprego. “Entre 1 de Fevereiro e 16 de Março de 2020, houve um total de 442 candidatos que foram contratadas com sucesso mediante o encaminhamento profissional promovido pela DSAL, envolvimento, principalmente, sectores de construção civil, de comércio a retalho e de transportes”, foi informado. Os sectores mais afectados pelo impacto do covid-19 estão principalmente relacionados com o turismo, mas afectam igualmente a construção civil e as vendas a retalho. João Santos Filipe
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JOGO PROCURA DE AJUDA POR DEPENDÊNCIA VOLTA A DESCER
em que menos pessoas indicaram jogar para desanuviar: 15,88 por cento. Por outro lado, cresceu a percentagem de quem o faz por entretenimento. Cerca de um terço dos casos de quem joga aufere rendimentos entre 10.501 e 21.000 patacas. Não são disponibilizados dados sobre os restantes.
Dados lançados
Voltou a baixar o número de pessoas que procurou ajuda junto do Instituto de Acção Social devido a dependência do jogo. No ano passado foram registados 110 casos, o que representa uma descida de 17,3 por cento, face a 2018. A maioria continua a dar como motivo para o vício a resolução de problemas financeiros, e há mais pessoas a jogar por entretenimento. A popularidade das apostas desportivas aumentou
MENOS CASOS GRAVES
Do universo de 110 jogadores sinalizados pelo IAS, apesar dos casos de vícios do jogo de grau ligeiro terem diminuído, os casos de distúrbio moderado aumentaram. Com uma ligeira descida em comparação a 2018, os casos graves de distúrbio do jogo foram os mais baixos desde 2015, passando para 33,71 por cento. Outro número que salta à vista nos dados divulgados pelo IAS é a percentagem recorde de indivíduos afligidos pelo distúrbio de actividades profissionais relacionadas com a indústria do jogo: 19,19 por cento. De entre quem está empregado, há também mais pessoas que precisam de trabalhar por turnos. Apenas um em cada dez jogadores está desempregado.
Cerca de um terço dos casos de quem joga aufere rendimentos entre 10.501 e 21.000 patacas
O
Instituto de Acção Social (IAS), registou no ano passado 110 casos de pessoas afectadas pela dependência do jogo. É o segundo ano consecutivo em que descem os pedidos de ajuda, e representa uma descida de 17,3 por cento em comparação a 2018, quando se contabilizaram 133 casos. As informações divulgadas são do sistema de registo
central dos indivíduos afectados pelo vício do jogo que faz a comparação percentual do ano passado com os anos desde 2011. A maioria dos casos registados em 2019, equivalente a 72,73 por cento, tinha dívidas. De entre os endividados, 16,25 por cento tinham entre 250 mil e 500 mil patacas por liquidar. Os dados do IAS revelam que mais de 16 por cento das pessoas que pediram aju-
da gastaram em média entre 10 mil e 50 mil patacas por mês no jogo. Uma percentagem que diminuiu, tal como a de quem gastou entre cinco a 10 mil. Importa referir que quase 24 por cento das pessoas deram como principal motivo para recorrerem ao jogo a resolução de problemas financeiros. Sobressai que desde que é feita esta contabilidade pelo IAS, 2019 foi o ano com
A faixa etária entre os 30 e os 39 anos foi a que mais procurou ajuda junto do IAS devido à dependência do jogo. As informações disponibilizadas pelo instituto dão ainda a conhecer que há mais pessoas com mais de 60 anos a pedir apoio, ultrapassando já os 10 por cento. O bacará manteve-se como o jogo mais popular, sendo o preferido de quase metade dos apostadores. Foi seguido pelas apostas em futebol e basquetebol, que aumentaram a sua popularidade para 12,21 por cento. Só depois aparecem as máquinas de póquer e o Sic Po Cussec.
CTT ENVIO DE MÁSCARAS FAZ DISPARAR ENCOMENDAS PARA O EXTERIOR
M
OTIVADO pelo envio de máscaras cirúrgicas para fora de Macau, o número de objectos expedidos mais do triplicou em Março. Segundo os dados publicados no final da semana passada pela Direcção dos Serviços
de Correios e Telecomunicações (CTT), o número de objectos expedidos passou de um total de 4.404 em Fevereiro, para 14.720 em Março. Destes totais, a percentagem de máscaras cirúrgicas enviadas subiu, respectivamente, de
60 para 66 pontos percentuais. Em sentido contrário, o peso da recepção de máscaras cirúrgicas em Macau caiu drasticamente entre Fevereiro e Março. Dos 10.096 objectos recebidos em Fevereiro, 75 por cento corresponderam a más-
caras, ao passo que dos 10.317 objectos recebidos em Março, apenas 12 por cento eram máscaras. De Fevereiro a Março de 2020, os CTT receberam no total 20.413 objectos e trataram do envio de outros 19.124, sendo que o volume total de serviços postais inter-
nacionais aumentou 68 por cento relativamente ao mesmo período do ano passado. De acordo com os CTT Macau, os principais destinos em Fevereiro e Março foram Portugal, China, Grã-Bretanha, Hong Kong, Taiwan, Austrália e Canadá. P.A. e S.F.
Salomé Fernandes
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Crime Salta da janela para violar vizinha
Um homem com 20 anos foi detido depois ter violado a vizinha, de 30 anos, no sábado à noite. Segundo o relato da Polícia Judiciária (PJ), o crime terá acontecido quando o homem do Interior da China conseguiu entrar pela janela da casa da vítima, apesar de o apartamento se situar no último andar do prédio. Já dentro da habitação terá utilizado um cutelo para ameaçar a vítima a não oferecer resistência. Momentos antes da violação, o homem, que se encontrava de pijama, tinha tentado, sem sucesso, entrar na casa da vizinha, de 30 anos, com a desculpa de que precisava de utilizar a máquina de lavar roupa. Mais tarde, o indivíduo ainda fugiu para casa de familiares, mas foi convencido por estes a entregar-se às autoridades.
Tecnologia Compras online crescem 30 por cento em 2019
Em 2019, foram 123.900 os utilizadores de internet que fizeram compras online, um aumento de 30 por cento relativamente ao ano anterior. Destes, destaca-se ainda o aumento de 66,2 por cento do número de utilizadores que compraram serviços de viagens através da internet. Os dados divulgados na passada sexta-feira pela Direcção de Serviços de Estatística e Censos (DSEC) através do Inquérito à utilização da tecnologia informática dos agregados familiares em 2019, indica ainda que a maioria utilizou a internet para comunicar (96,1 por cento) e para “entretenimento on-line” (85,7 por cento), traduzindo-se, respectivamente, num crescimento anual de 1,7 e 3,8 por cento. Já a utilização de internet para “ler ou efectuar o download de jornais, revistas, etc.” aumentou 8,8 pontos percentuais, correspondendo proporcionalmente a 54,8 por cento dos utilizadores. Segundo a DSEC, em 2019 utilizaram a internet 182.300 agregados familiares, representando mais 6.900 em termos anuais.
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USJ TRIBUNAL DE ÚLTIMA INSTÂNCIA DEU PROVIMENTO AO RECURSO DE ERIC SAUTEDÉ Eric Sautedé, antigo professor de ciência política na Universidade de São José, viu ser há um caso, mas não quero aceite pelo Tribunal que especular. Mostra que a justiça de Última Instância está a funcionar ao seu ritmo e que os procedimentos judiciais estão a o recurso por si ser perfeitamente respeitados. Esta notícia também mostra que o Estado colocado contra de Direito é formalmente respeitado em Macau, ao contrário do que os a instituição de comentários feitos pela USJ, à data e sugerem”, acrescenta. Até ao ensino superior pelo agora, fecho desta edição, não foi possível ter acesso a mais detalhes relativos despedimento sem à decisão do TUI. justa causa ocorrido SEM CONCILIAÇÃO há seis anos. Eric Quatro anos volvidos após o seu despedimento, em Janeiro de 2018, Sautedé exige uma Eric Sautedé falava ao HM de este processo lhe mudou a indemnização de 1,3 como vida profissional. “Eliminou as minhas possibilimilhões de patacas GONÇALO LOBO PINHEIRO
Mais um braço de ferro
O
Tribunal de Última Instância (TUI) concedeu provimento ao recurso colocado por Eric Sautedé, académico, no processo por despedimento sem justa causa que o opõe à Universidade de São José (USJ). Eric Sautedé exige uma indemnização de 1,3 milhões de patacas. Em Dezembro de 2018 o Tribunal de Segunda Instância (TSI) havia dado razão à USJ neste caso. Questionado pelo HM, Eric Sautedé disse que esta é “uma boa notícia”. “De certa forma reconhece
dades de encontrar outro trabalho. Na verdade, duas universidades não me aceitaram, apesar de ser altamente recomendado por dois docentes para dar aulas a tempo parcial. Uma delas chegou mesmo a pôr fim ao acordo inicial que tínhamos feito para me contratar para docente a tempo inteiro. Estava apenas à espera do contrato”, frisou.
Eric Sautedé, académico
Sautedé disse ainda que, ao longo destes anos, nunca foi possível chegar a acordo com a universidade que hoje tem Stephen Morgan como reitor, em substituição do
A decisão do TUI “mostra que a justiça está a funcionar ao seu ritmo e que os procedimentos judiciais estão a ser perfeitamente respeitados.” ERIC SAUTEDÉ
TAIPA DESCOBERTAS MUNIÇÕES DE AK-47 EM ESTALEIRO
U
M trabalhador de limpeza de um estaleiro de construção que fica perto do cruzamento da Avenida de Kwong Tuang e da Rua de Sai On, na Taipa, descobriu um grande saco com munições abandonadas. Despois da investigação da Polícia Judiciária (PJ), contabilizaram-se no total 186 munições, para três armas de fogo diferentes de 7.62mm.
Das munições encontradas, 153 são adequadas para uso em AK-47, enquanto as restantes são para pistolas dos tipos 54 e 64. A PJ descreveu que as munições estavam conservadas, eram letais, e estava a investigar a sua origem e quem as abandonou. No dia 25 de Março, sete trabalhadores de uma empresa começaram a ajudar na limpeza do estaleiro de
padre Peter Stilwell. “Nunca houve um gesto de conciliação da parte da USJ”, adiantou o académico. Sautedé vive actualmente em Hong Kong e está ligado à organização não governamental China Labour Bulletin. Em 2014 a USJ admitiu ter despedido Eric Sautedé devido aos seus comentários sobre política feitos aos media. “Se há um docente com uma linha de investigação e intervenção pública [política],
coloca-se uma situação delicada. Ou a reitoria pressiona e viola a sua liberdade, ou cada um segue o seu caminho”, explicou na altura Peter Stilwell. A par da saída de Eric Sautedé da USJ, em 2014, também a saída de Bill Chou da Universidade de Macau gerou um debate sobre o panorama da liberdade académica no território. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
BRANQUEAMENTO DE CAPITAIS DENÚNCIAS CAEM 13,3 POR CENTO construção em causa. Até que a 31 de Março, um dos trabalhadores encontrou um saco de plástico preto, onde as munições foram escondidas, reportando o caso ao seu superior, que o ignorou. No dia 1 de Abril, o funcionário voltou a denunciar a situação ao superior e desta vez também ao Instituto para os Assuntos Municipais, tendo o caso acabado por ser tratado pela polícia.
N
O total, entre Janeiro e Março de 2020, foram feitas 606 denúncias relativas a transacções suspeitas de branqueamento de capitais ou financiamento de terrorismo, uma descida de 13,3 por cento em relação ao primeiro trimestre do ano passado. A informação foi revelada ontem pelo Gabinete de Informação Financeira (GIF), que justifica os resultados, principalmente, com a
“diminuição significativa do número de STRs [Suspicious Transaction Reports] reportados pelo sector do jogo”. De facto, segundo os dados do GIF, o sector do jogo foi responsável pela denúncia de 356 transacções suspeitas, representando 58,7 por cento do total de queixas feitas no primeiro trimestre de 2020. As restantes denúncias são provenientes do sector financeiro (29,9 por
cento) e de outras instituições (11,4 por cento). Ao contrário dos casinos, as denúncias provenientes de outros sectores registaram subidas nos primeiros três meses de 2020. Comparativamente a 2019, o número de participações relacionadas com transacções suspeitas de branqueamento de capitais aumentou de 169 para 181 no sector financeiro e de 23 para 69 noutras instituições. P.A.
8 coronavírus
(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)
TOP 20 DOS PAÍSES
46045 Em estado crítico
1287169
271887
Infectados (total cumulativo)
COM MAIS CASOS 336851
Espanha
135032
Itália
128948
Alemanha
100133
França
92839
China
81708
Irão
60500
Reino Unido
47806
Turquia
27069
Suiça
21652
Bélgica
20814
Holanda
18803
Canadá
15512
Áustria
12162
Portugal
11730
Brasil
11298
Coreia do Sul
10284
Israel
8611
Suécia
7206
Rússia
6343
Austrália
5795
Curados
Co novel
944794 Infectados
(total cumulativo)
E.U.A.
7.4.2020 terça-feira
(casos activos)
140 Curados
311 PORTUGAL
Mortos
PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)
Portugal
11730
Brasil
11298
Moçambique
10
Angola
14
Guiné-Bissau
18
Timor-Leste
1
Cabo Verde
7
São Tomé e Principe
0
PORTUGAL
países sem casos de nCov
Infectados (casos activos)
34 MACAU
PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)
China
81708
China | Macau
44
China | Hong Kong
915
China | Taiwan
373
Coreia do Sul
10284
Japão
3654
Vietname
245
Laos
12
Cambodja
114
Tailândia
2220
Filipinas
3660
Myanmar
21
Malásia
3793
Indonésia
2491
Singapura
1309
Borneo
135
11279
países com casos de nCov
Infectados (casos activos)
10 Curados
HONG KONG
695 Infectados
Macau
(casos activos)
4
HONG KONG
216 Curados
Hong Kong
Mortos
terça-feira 7.4.2020
coronavírus 9
41785
ovid-19 l coronavírus
Casos suspeitos
70533 Mortos
0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:
+1000
• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia
Ocorrências nas áreas afectadas
Dados actualizados até à hora do fecho da edição
Covid-19 vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
1400000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0
20
40
60
dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
80
dias
100
dias
120
dias
REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi
INFECTADOS 67801 1475 1276 1254 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294
MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2
REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete
INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1
MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0
10 china
7.4.2020 terça-feira
MÁSCARAS VENDAS DE 4 MIL MILHÕES, MAS MUITAS QUEIXAS RECEBIDAS
Livro de reclamações
O país continua a produzir e a exportar milhões de máscaras, apesar das reclamações de algumas nações alegando que os materiais de protecção não cumprem os critérios de qualidade exigidos internacionalmente. Pequim justifica-se com hábitos de uso distintos, mas já apertou o controlo sobre a produção para que as máscaras possam cumprir também os padrões globais
A
China vendeu quase quatro mil milhões de máscaras de protecção contra a covid-19 a países estrangeiros, desde o início de Março, avançaram ontem as autoridades nacionais, garantindo que os equipamentos médicos exportados têm qualidade. Desde o dia 1 de Março, a China exportou 3,86 mil milhões de máscaras, 37,5 milhões de fardas de protecção, 16.000 ventiladores e 2,84 milhões de 'kits' de detecção da covid-19 para mais de 50 países, contabilizou o responsável pelas alfândegas chinesas, Jin Hai. No total, essas exportações estão avaliadas em 10,2 mil milhões de yuans.Apesar do declínio do número de casos no seu território, Pequim incentivou as fábricas do país a aumentar a produção de equipamentos médicos, já que muitos países enfrentam uma escassez deste material. No entanto, vários países têm reclamado da falta de qualidade dos equipamentos médicos importados da China. Os Países Baixos anunciaram, na semana passada, que iam devolver 600.000 máscaras de uma carga de 1,3 milhões encomendadas à China por não cumprirem os pa-
UE Equipamentos doados pela China entregues a Itália
As autoridades chinesas reagiram, garantindo que as notícias sobre a qualidade dos equipamentos médicos chineses “não reflectem os factos” e que, em muitos casos, tinha avisado que as máscaras que estava a vender não eram cirúrgicas. “Na verdade, existem vários factores [que podem explicar as reclamações], como o facto de a China ter padrões e hábitos de uso diferentes dos de outros países”, disse domingo o ministro chinês do Comércio, Jiang Fan. “O uso inadequado pode gerar dúvidas sobre a qualidade”, acrescentou. drões de qualidade exigidos, já que não encaixavam adequadamente no rosto e tinham membranas (filtros) que não funcionavam. Também Espanha devolveu milhares de
testes de detecção da covid-19, alegando que estavam defeituosos e que tinham sido enviados por uma empresa chinesa sem as autorizações necessárias.
“Na verdade, existem vários factores [que podem explicar as reclamações], como o facto de a China ter padrões e hábitos de uso diferentes dos de outros países.” JIANG FAN MINISTRO CHINÊS DO COMÉRCIO
Os equipamentos de proteção doados pela China à União Europeia (UE), que incluem dois milhões de máscaras e 50 mil ‘kits’ de teste, foram ontem entregues a Itália, o país comunitário mais afectado pela pandemia, anunciou Bruxelas. “Na sequência do acordo alcançado no mês passado entre a presidente (da Comissão Europeia) Von der Leyen e o primeiro-ministro (da China) Li Keqiang, chegou agora a Roma, em Itália, uma doação de equipamento de protecção da China à UE”, informa o executivo comunitário em comunicado. A Comissão Europeia detalhou que “o avião chinês entregou dois milhões de máscaras cirúrgicas, 200 mil máscaras N95 e 50 mil ‘kits’ de teste a Itália”. Esta doação sucede à feita em Fevereiro passado pela UE à China, num total de 56 toneladas de equipamento (incluindo vestuário de protecção, desinfectante e máscaras médicas), fornecido na altura pela França, Alemanha, Itália, Letónia, Estónia, Áustria, República Checa, Hungria e Eslovénia através do Mecanismo Europeu de Protecção Civil.
REGRAS APERTADAS
Na semana passada, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Hua Chunying, já tinha pedido à comunicação social ocidental para não “politizar nem exagerar” a questão. Ainda assim, Pequim apertou recentemente as regras relativas à exportação de equipamentos médicos ligados ao coronavírus, exigindo que os produtos cumpram tanto as normas chinesas como as dos países que os compram.
Região JAPÃO ESTADO DE EMERGÊNCIA EM VÁRIAS REGIÕES
O
Japão vai declarar o estado de emergência em várias regiões do país onde os casos da covid-19 estão a aumentar, incluindo Tóquio e Osaka, anunciou ontem o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe. O chefe de Governo japonês anunciou ao mesmo tempo um plano para apoiar a economia do país com 108.000 biliões de ienes (915 biliões de euros) para combater as consequências da pandemia na actividade da terceira potência econó-
mica do mundo, referiu a agência de notícias AFP. O plano prevê transferências de dinheiro para as famílias mais necessitadas e apoio às empresas e ao emprego. A declaração oficial de estado de emergência permitirá que as autoridades locais solicitem que os cidadãos evitem deixar as suas casas se não for necessário ou exijam que empresas e instituições permaneçam fechadas, segundo a agência de notícias EFE.
TAILÂNDIA REI VOLTA AO PAÍS PARA CELEBRAR ANIVERSÁRIO DA SUA DINASTIA O estado de emergência não tem extensão ao nível nacional, mas as suas medidas serão aplicadas prontamente e de acordo com o caso pelas autoridades locais conforme julgarem apropriado. De acordo com a AFP, o arquipélago japonês registou um aumento de 220 por cento na disseminação do novo coronavírus entre 24 de Março e domingo.
O
rei Maha Vajiralongkorn da Tailândia voltou ontem ao país vindo da Alemanha, onde vive grande parte do tempo, para o aniversário do início da sua dinastia, a Chakri. Esta é a primeira visita do rei desde que foi imposto o estado de emergência no país para conter a epidemia do novo coronavírus a 26 de Março. O monarca chegou acompanhado da rainha Suthida e já esteve com o primeiro-ministro, Prayut
Chan-ocha, e o chefe das Forças Armadas, Apirat Kongsompong, numa cerimónia na qual entregou doações de material de saúde para fazer frente ao vírus. “Esta pandemia não é culpa de ninguém. O governo deve resolver o problema, entendendo as suas causas. É necessário estabelecer um sistema e comunicá-lo às pessoas para que o entendam bem”, disse Vajiralongkorn na cerimónia, cujas imagens foram transmitidas pela televisão.
Durante o dia, prestou homenagem ao seu pai, o rei Bhumibol Adulyadej, que morreu em 2016, e a Rama I, fundador da dinastia Chakri, que começou em 1782 e da qual Vajiralongkorn é o décimo monarca. A chegada do rei da Alemanha coincide com a decisão do governo de estender até 18 de Abril a proibição de aterragem de qualquer avião comercial vindo do estrangeiro para evitar os contágios. Vajiralongkorn, 67 anos, foi coroado o ano passado.
terça-feira 7.4.2020
Era mera ilusão o dia de chuva
uma asa no além Paulo José Miranda
h
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Um outro planeta
R
ENATO Campos é um jovem escritor brasileiro, do Ceará, apaixonado por Portugal. A sua paixão pelo país em geral e Lisboa em particular, junto com o seu preciosismo narrativo, fê-lo escrever o seu primeiro romance não só a partir da capital portuguesa, mas também numa linguagem mais «aportuguesada», em português europeu, e foi publicado em Fevereiro deste fúnebre 2020, com o título «Um Outro Planeta». Infelizmente, devido a este tempo de peste, o livro anda não foi distribuído. Pela fortuna da amizade chegou-me há dias um exemplar em mãos. O livro tem 167 páginas e conta-nos a história de um homem de sessenta anos, Duarte Marques, advogado de sucesso em São Paulo, que regressa à casa da família em Lisboa para o funeral da mãe. O pai morrera onze anos antes, num trágico acidente. Agora, Duarte e a irmã, mais nova que ele, tinham de tomar decisões em relação à casa. Rita aceitaria a sua decisão, não só pela prática profissional de Duarte, mas porque sempre confiara nele a vida toda, mesmo nas longas ausências de anos e anos sem se verem. Duarte decidiu ficar uma semana em Lisboa, na antiga casa onde nasceu e cresceu, para tomar algumas providências mais urgentes e ver que decisão tomar. No segundo dia, dá-se conta de que os textos que escrevera desde os 12 anos até à ida para a universidade, em Londres, ainda se encontravam nas mesmas gavetas onde os tinha deixado. Nunca mais se lembrara desses textos. À página 24, lê-se: «Desde cedo, em Londres, aprendeu a esquecer tudo. E o que primeiro esqueceu foi ele mesmo. Ao chegar a São Paulo, dois anos depois de terminado o curso em Londres, começou a criar um pequeno império imobiliário com esse crédito inicial de não ser quem era.» A mãe mantivera tudo intacto. Mantivera dentro das gavetas o Duarte que foi esquecido em Londres. Abre uma garrafa de vinho, lembrando de imediato os jantares em casa, com o pai, a mãe e os amigos deles. O livro a partir daqui começa a ter interrupções contínuas da sequência temporal e demoramo-nos em analepses. Nesta primeira, em que Duarte abre a garrafa, regressamos ao que Duarte pensa do vinho que acabara de provar somente ao fim de três páginas e meia. Um dos textos mais antigos que encontra, escrito quando tinha 12 anos, traz-lhe lembranças profundas, que julgava ter esquecido. Tratava-se de um poema que escreveu para «Artur, a minha primeira paixão, que estudava na mesma esco-
la, em outra turma. Um ano mais velho, um ano mais alto e, segundo se dizia e o olhar fazia crer, um infinito de mais experiência.» Entre o vinho e as recordações de Artur, lemos finalmente os primeiros versos do poema que escreveu para o rapaz: «Eu aqui no meu mundo / tu aí no teu. / E eu desejando que o mundo não seja muito diferente do teu / ou, pelo menos, que não seja muito diferente. / Uma diferença de que tenho medo / como o pequeno pássaro que trazias na mão com o teu sorriso branco, desconhecido.» O discurso volta para o narrador, que escreve: «Lembrava agora aquela tarde longínqua, junto ao chafariz do liceu, em que lhe leu
O primeiro romance de Renato Campos é um livro belo, escrito com uma sensibilidade que nos mostra o interior humano como uma pintura e sempre com um uso preciso das metáforas
o poema. O sorriso de Artur, a mão dele sobre o seu rosto, o beijo na fronteira entre os lábios e a face, como se por indecisão e não por cálculo de incêndio, fê-lo arder no mundo pela primeira vez. Nunca mais o desconhecido o fez tremer assim. A lembrança desse momento há muito esquecido ou apenas adormecido, embora talvez ecoando em cada gesto e decisão da sua vida, fazia tremer o vinho, que nunca lhe soubera tão bem.» Na manhã seguinte, Duarte decide vender a casa. A sua localização, em frente ao jardim do Príncipe Real, a crescente expansão do turismo sobrevalorizando os imóveis e desconfiar de que o dinheiro pudesse talvez fazer falta à irmã, levara-o à decisão. Passa o dia fora, passeando pelas ruas de Lisboa, almoça numa esplanada junto ao Tejo, vê a beleza dos corpos ao sol do fim de Verão, lembra de novo Artur. Lê-se à página 100: «Nunca mais soube dele. Teria casado? Teria envelhecido de modo insuportável, de modo a ser punido pelo espelho, de cada vez que se aproximasse de si mesmo? Ou, ainda que envelhecida, marcada pelos anos, por desgostos da vida, mantinha de algum modo a sua beleza quase intacta?» À noite volta às gavetas. Lê um outro texto que escrevera aos 16 anos: «Ontem, quase a adormecer, cansado de tanto ter bebido, não escrevi uns versos que salvavam o mundo,
deixando para o fazer hoje, quando escrevo que ontem não fui capaz de me levantar para escrever uns versos que salvavam o mundo.» E, nesse preciso momento, compreende – não como se compreende uma equação matemática, uma lei da geometria ou mais prosaicamente que já passámos a saída da auto-estrada onde devíamos ter saído, mas como quando descobrimos que acabámos de envelhecer –, que aquela casa é um outro planeta. E mais distante que Marte. A sua vida, desde que foi para a universidade, passou a ser outra. Escreve Campos, através do narrador, perto do final do livro, à página 147: «Dos anos da infância até ao mundo é outro planeta. E como foi possível não se ter lembrado disso até agora? Como foi possível ter esquecido Artur, aquele tremer original, igualando o desejo ao medo durante um abalo de terra?» Não posso contar o final do livro, não posso falar-vos do narrador, mas posso dizer que o primeiro romance de Renato Campos é um livro belo, escrito com uma sensibilidade que nos mostra o interior humano como uma pintura e sempre com um uso preciso das metáforas. Preciso no sentido em que, não só nos faz ver por dentro, mas nos faz acreditar que a palavra salva, mesmo sabendo que nada nos salva. Nem a habilidade de esquecermo-nos de nós próprios.
12
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7.4.2020 terça-feira
Elementos de ética, visões do Caminho
Xunzi
Da Honra e da Desgraça
PARTE II
E
XISTE a coragem de cães e porcos, a coragem de mercadores e ladrões, a coragem das pessoas mesquinhas e a coragem dos homens bem-criados e das pessoas exemplares. Lutar por comida e bebida, não ter contenção nem vergonha, ser ignorante sobre o que é certo e errado, menosprezar a dor e a morte, não ter medo de números superiores e da força mais poderosa, valorizar só a comida e a bebida com gula – tal é a coragem de cães e porcos. Em tudo procurar avidamente benefício, lutar por bens e riqueza, não ser deferente nem capaz de ceder, agir por desbragada audácia, cometer barbaridades por feroz ganância, ser cego a tudo menos ao lucro – tal é a coragem de mercadores e ladrões. Cometer violência por desdenhar a morte – tal é a coragem das pessoas mesquinhas. Onde quer que se encontre yi [justiça], não se deixando influenciar pelo poder nem se centrando no benefício, não mudando de semblante nem que se receba em oferta todo o estado como suborno, preservar yi sem desvio enquanto se leva a morte a sério – tal é a coragem dos homens bem-criados e das pessoas exemplares. O chou qiao é um peixe que flutua à superfície da água para estar próximo do sol. Quando fica preso na areia anseia pela água, mas é tarde demais. Envolver-se em problemas e depois desejar ser cuidadoso também de nada serve. Aqueles que se conhecem a si mesmos não se queixam dos outros. Aqueles que compreendem o destino não se queixam do Céu. Aqueles que se queixam dos
outros estão falidos. Aqueles que se queixam do Céu são falhos de boas intenções. Neles reside a falha, mas é nos outros que a buscam. Quão longe estão da realidade. Pode afirmar-se o seguinte sobre a grande divisão entre honra e desgraça, e sobre as fontes fiáveis de segurança e perigo, de benefício e malefício: aqueles que colocam yi em primeiro lugar e o benefício em segundo obterão a honra. Aqueles que colocam o benefício em primeiro lugar e yi em segundo obterão a desgraça. Os honrados seguramente avançarão, mas os que caírem em desgraça seguramente falharão. Aqueles que avançarem decerto regularão os outros, mas aqueles que falharem decerto serão regulados pelos outros. Esta é a grande divisão entre honra e desgraça. Aqueles que são humildes e honestos terão decerto segurança e benefício. Aqueles que são incontidos e malévolos decerto enfrentarão perigo e mal. Aqueles que têm segurança e benefício terão decerto felicidade e paz. Aqueles que enfrentam perigo e mal decerto terão problemas e ansiedade. Aqueles que têm felicidade e paz serão decerto longevos. Aqueles que têm problemas e ansiedade da vida serão levados cedo. Estas são as fontes fiáveis da segurança e do perigo, do benefício e do malefício. O Céu gerou a multidão das gentes e há um modo de as ter do nosso lado. Cultivar ao extremo os nossos pensamentos e intenções, tornar extremamente abundante a nossa prática da virtude, tornar extremamente iluminados o nosso conhecimento e deliberações – são
estes os meios pelos quais o Filho do Céu [Imperador] consegue tudo debaixo do Céu. Fazer o governo seguir a lei, fazer atempadas as políticas, ouvir e decidir casos sem preconceito, seguir as ordens do Filho do Céu em acima, e velar pelo povo comum em baixo – são estes os meios pelos quais os senhores feudais1 obtêm os seus estados. Fazer cultivadas as nossas intenções e conduta, cumprindo os nossos cargos oficiais de acordo com a ordem apropriada, obedecer aos que estão acima, velando pela nossa posição em baixo – são estes os meios pelos quais os oficiais e grandes ministros obtêm os seus latifúndios. Aderir às leis, normas, castigos e registos escritos, mesmo sem compreender totalmente o seu propósito, mas velando pela sua disposição, sendo cuidadoso e não se atrevendo a adicionar-lhes ou subtrair-lhes seja o que for, passando-os de pai para filho em apoio de reis e duques de forma a que mesmo após três gerações prevaleçam ainda a mesma lei e ordem – tais são os meios pelos quais os oficiais e funcionários obtêm os seus salários e posições. 1 - “Senhores feudais” é a tradução convencional de zhohóu 諸侯.Esses senhores regionais controlavam estados que constituíam forais atribuídos pelo Filho do Céu. O sistema político (tanto em teoria como na prática) era muito diferente do feudalismo praticado na Europa medieval. Aqui, “feudal” exprime mais um ideal do que um facto: com o advento do período dos Estados Combatentes, estes senhores mantiveram uma obediência nominal ao Filho do Céu, mas a maioria operava como soberanos independentes de facto.
Tradução de Rui Cascais Xunzi (荀子, Mestre Xun; de seu nome Xun Kuang, 荀況) viveu no século III Antes da Era Comum (circa 310 ACE - 238 ACE). Filósofo confucionista, é considerado, juntamente com o próprio Confúcio e Mencius, como o terceiro expoente mais importante daquela corrente fundadora do pensamento e ética chineses. Todavia, como vários autores assinalam, Xunzi só muito recentemente obteve o devido reconhecimento no contexto do pensamento chinês, o que talvez se deva à sua rejeição da perspectiva de Mencius relativamente aos ensinamentos e doutrina de Mestre Kong. A versão agora apresentada baseia-se na tradução de Eric L. Hutton publicada pela Princeton University Press em 2016.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
terça-feira 7.4.2020
Compositores e Intérpretes através dos Tempos Concerto para Violoncelo e Orquestra em Lá menor, Op. 22
E
M Janeiro de 1945, ainda antes do final da II Guerra Mundial, Samuel Barber, que desde 1942 servia na força aérea norte-americana, foi contratado por John Nicholas Brown, violoncelista amador e administrador da Boston Symphony Orchestra. para escrever um concerto para violoncelo para Raya Garbousova, uma violoncelista russa expatriada. Serge Koussevitzky, o grande maestro da Boston Symphony, arquitectou o projecto e providenciou que o compositor fosse dispensado do serviço militar para escrever o trabalho para a sua 20ª temporada como director musical da orquestra. A partitura é dedicada a John e Anne Brown. Barber, antes de começar o trabalho, pediu a Garbousova que tocasse o seu repertório e poder entender o seu estilo de execução e os recursos do seu instrumento, o Stradivarius Davidov (que seria mais tarde propriedade de Jacqueline du Pré e actualmente de Yo-Yo Ma). O Concerto para Violoncelo e Orquestra em Lá menor, Op. 22, concluído nos finais de 1945, foi o segundo dos seus três concertos (sendo o primeiro o Concerto para Violino e o terceiro o Concerto para Piano) e é possivelmente um dos trabalhos mais exigentes tecnicamente no repertório do instrumento. Garbousova estreou-o com a Boston Symphony Orchestra no Boston Symphony Hall, no dia 5 de Abril de 1946, a que se seguiram apresentações em Nova Iorque na Academia de Música de Brooklyn, em 12 e 13 de Abril, sem grande êxito, obtendo finalmente a obra grande sucesso no Carnegie Hall em 1946, recebendo o 5th New York Music Critics’ Circle Award em 1947 como “excepcional entre as composições orquestrais executadas pela primeira vez [no Carnegie Hall] durante a temporada de concertos” . Raya Garbousova, que estava no auge da sua carreira quando a peça foi escrita, tocou o concerto extensivamente, mas depois de se aposentar, a obra caiu em desuso devido às suas exigências técnicas extremas. Barber, que havia feito várias alterações ao trabalho entre 1947 até à sua publicação em 1950, a maior parte no Allegro de abertura, pretendia, mais tarde na sua vida, modificar a parte do violoncelo, esperando incentivar mais violoncelistas a executar a peça, mas a sua doença prolongada impediu-o. Várias gravações recentes aumentaram o interesse pela obra, incluindo a de Yo-Yo Ma, do violoncelista
Michel Reis
Samuel Barber (1910-1981)
Uma obra diabólica quase esquecida suíço Christian Poltéra e a de Christine Lamprea, vencedora recente do Sphinx Prize 2018, nos EUA. Lírico e expressivo, o concerto é escrito tradicionalmente em três andamentos - Allegro moderato, Andante sostenuto, e Molto allegro e appassionato (rápido, lento, rápido), com cordas duplas extremamente difíceis e várias cadências eloquentes. A peça requer uma técnica segura e um autodomínio dramático. O concerto para violoncelo foi o último dos trabalhos
Raya Garbousova, que estava no auge da sua carreira quando a peça foi escrita, tocou o concerto extensivamente, mas depois de se aposentar, a obra caiu em desuso devido às suas exigências técnicas extremas instrumentais de Barber a conter aquele brilho entusiasmado de confiança e serenidade do compositor; a sonata para piano e o concerto para piano são obras muito boas, mas o seu apelo depende mais do virtuosismo vistoso - apropriado para as suas formas, é claro, mas não exactamente o verdadeiro Samuel Barber, que reapareceu na ópera, onde o seu lirismo inato correspondia melhor às expectativas do público, e em outros trabalhos vocais como Knoxville: Summer of 1915 e Andromache’s Farewell.
SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Samuel Barber: Cello Concerto, Op. 22 • Victor Simon, cello, Moscow Radio Symphony Orchestra, Gennady Rozhdestvensky - Cascade, 2007
14 (f)utilidades
7.4.2020 terça-feira
TEMPO POSSIBILIDADE DE TROVOADAS MIN 16 MAX 20 HUM ´80-100% • EURO 8.60 BAHT 0.24 YUAN 1.12 Os Estados Unidos registaram este domingo mais de 1.200 mortes em 24 horas causadas pela covid-19, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins. O número total de mortes desde o início da pandemia nos Estados Unidos é agora de mais
AMÉRICA PRIMEIRO
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5 BIRDS OF PREY [C]4
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Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3
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Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 17.45, 20.15
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www. 2 hojemacau. com.mo 1 5
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6 1 9 8 5 7 BIRDS OF PREY
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THE TURNING [C]
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THE INVISIBLE MAN [C]
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ESTÁDIO EM CASA
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Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 19.30
Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00
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Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00
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C I N E M A
Um filme de: Jeff Wadlow
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BLOODSHOT 34[C]
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VIDA DE CÃO
O estádio de futebol é um local de barbárie, desde insultos racistas à mãe do árbitro a chapadas no pescoço do fiscal de linha vale praticamente tudo. Se olharmos para Portugal é um ambiente de constante hostilidade e agressividade, quase sempre acima da lei, e que à excepção do “futebol jogado” tem muito pouco de interessante. No entanto, ninguém vai para o futebol à espera de outra coisa. Aquilo tem sido sempre assim, até porque estão lá os “moços das claques” (como se eles fossem os únicos responsáveis). O que não se percebe é que este ambiente seja reproduzido nas redes sociais. É praticamente impossível olhar para uma caixa de comentários e esperar uma discussão informada. Nada disso, cada um mete as palas e marra para onde está virado, sem ceder um milímetro na sua opinião. As discussões informadas são a excepção, embora existam e o meio tem valor para os jornalistas, é um bom ponto de partida para notícias. Mas na verdade, a maioria nem está interessada em debater nada, quer apenas ir para lá insultar os outros e vender o seu peixe. E consegue. Há sempre quem dê troco. O que me custa a perceber é que pessoas por quem temos sempre grande estima se transfigurem tanto nas redes sociais, mas essa é a magia negra do estádio de futebol e também das redes sociais... João Santos Filipe
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SALA 1
FANTASY ISLAND [C]
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Cineteatro
SALA 2
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 32
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PROBLEMA 33
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S U D O K U 33
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de nove mil e cerca de 337.000 infectados, o que mantém o país na liderança mundial em número de infectados. Segundo a Universidade Johns Hopkins, mais de 17.000 pessoas já recuperam da doença no país.
UM JOGO HOJE
HORIZON ZERO DAWN | GUERRILLA GAMES | 2017
Num mundo pós-apocalíptico dominado por robots, o jogador assume o papel da humana Aloy, uma caçadora que procura conhecer o seu passado e a razão de ser uma excluída da sociedade. Além da qualidade da história e do divertimento das cenas de luta e caça, este jogo de “mundo aberto” prima ainda pela qualidade e detalhes do grafismo. Lançado em 2017 como um exclusivo da PlayStation 4, Horizon Zero Dawn deverá contar ao longo deste ano uma versão para PC. João Santos Filipe
Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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opinião 15
terça-feira 7.4.2020
macau visto de hong kong
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Dividendos em quarentena
1 de Abril, o Hong Kong and Shanghai Banking Corporation anunciou que, devido ao surto do novo coronavírus, o Banco de Inglaterra tinha emitido uma circular onde se salientava não ser prudente pagar aos accionistas dividendos que excedam os 100 milhões de libras. Na possibilidade de haver uma crise gerada pela dificuldade de cobrança de divídas à Banca, o HSBC cancelou a distribuição de dividendos do quarto trimestre de 2019. A Admnistração também anunciou que o HSBC não vai pagar dividendos em 2020 e que vai suspender a compra de acções. Após estes anúncio, o valor das acções do HSBC desceu para HK$39.95, uma queda de cerca de 9%; a queda a pique do valor das acções recorda o tsunami financeiro ocorrido a 9 de Março de 2009, quando o valor das acções do HSBC atingiu o minímo histórico de HK$33. O HSBC já tinha confirmado que iriam ser feitos pagamentos dos dividendos do quarto trimestre, no valor de US$0.21 por acção. Este pagamento foi agora cancelado. O “sell-off” das acções e a queda dos preços revela a insatisfação dos investidores. AAgência de Rating Fitch considera que o ranking do HSBC desceu de estável para negativo, o valor das acções a longo prazo permanece no A + e o cálculo do risco previsível é baixo. Os Bancos comerciais ingleses acataram as instruções do Banco de Inglaterra. Para além do HSBC, o Standard Chartered Bank, o Barclays Bank, entre outros, decidiram cancelar o pagamento de dividendos. Em Hong Kong, alguns investidores consideram que o cancelamento dos pagamentos, após um período de lucro, é injusto para os accionistas e pode resultar em processos legais. Segundo a Lei Comercial de Hong Kong, a distribuição de dividendos está dependente da decisão dos Conselhos Directivos. Os precedentes indicam que as empresas não têm de pagar dividendos todos os anos, mesmo que tenham tido lucro. Perante esta permissa legal os accionistas têm poucas hipóteses de ganhar uma acção legal, por isso vão ter de aceitar a decisão da Administração do Banco. "Vem aí o Natal, compre HSBC" foi o slogan comercial que circulou em Hong Kong durante mais de 30 anos, ou seja: comprar acções do HSBC antes do Natal implicava receber os dividendos no sapatinho. O HSBC desempenhou por muito tempo o papel de Banco Central antes da reunificação. Mesmo após a reintegração na China, continuou a ter a responsabilidade da emissão de moeda. Distribuindo dividendos quatro vezes por
VICTOR DUBREUIL, BARRELS ON MONEY
DAVID CHAN
ano, sempre foi muito estável. A taxa de lucro era relativamente alta, à volta de 5%. Foram estas as razões que sempre levaram as pessoas a comprar acções do HSBC. Os conselhos do Banco de Inglaterra, a queda do lucro das eonomias asiáticas e a decisão do HSBC de cancelar o pagamento dos dividendos fez com que os investidores passassem a estar mais atentos à evolução dos efeitos da pandemia, do que propriamente ao desempenho financeiro das empresas. Vale a pena investir em acções altamente cotadas durante este período? Ou deverá o investimento ser direccionado para empresas menos afectadas pelos efeitos da pandemia, como gestão de propriedades e vendas online? O Banco de Inglaterra aconselhou os bancos comerciais ingleses a reservarem fundos suficientes para poderem responder à crise, reflectindo as apreensões do Governo britânico sobre as possíveis consequências deste surto.A epidemia afecta o afluxo de pessoas, as empre-
sas não têm clientes, as receitas caem e circula necessariamente menos dinheiro.As empresas que contrairam empréstimos à Banca vão ter dificuldade em pagá-los. No final deste ciclo, os bancos e as empresas vão ser as vítimas desta crise. Se os bancos colapsarem sobrevém um desastre que afectará toda a sociedade. Assim sendo, não é para pagar dividendos que os bancos são necessários, mas sim para reforçar as suas reservas, de forma a poderem fazer face à impossibilidade cobrar os empréstimos a muitas empresas que vão falir. Ao abrigo das políticas monetárias, numa situação como a que vivemos, o Banco Central baixa as taxas de empréstimo dos bancos comerciais, para permitir que haja mais dinheiro a circular nos mercados e que a economia possa ser salva. Na situação actual, os bancos comerciais não pagam dividendos, têm mais fundos e as taxas de empréstimo estão reduzidas. Os custos das operações bancárias também baixaram. O Banco Central está a aplicar mais
Não é para pagar dividendos que os bancos são necessários, mas sim para reforçar as suas reservas, de forma a poderem fazer face à impossibilidade cobrar os empréstimos a muitas empresas que vão falir
fundos no mercado para salvar a economia. É uma boa medida para os britânicos. É claro que tudo depende da diferença entre o montante que iria ser pago em dividendos e o dinheiro que o Banco Central vai injectar na economia, se houver um déficit muito grande será mau para a Banca e para a sociedade em geral. Como a decisão do HSBC e de outros bancos comerciais britânicos foi determinada pelo Banco de Inglaterra, acredito que seja pouco provável que esta tendência se venha a alargar a outras empresas. Os accionistas investem a pensar em diferentes retornos, alguns apostam no crescimento do valor das acções e outros fazem apostas mais seguras. Como o HSBC sempre representou um investimento seguro, nunca teve falta de accionistas. A decisão de não pagar dividendos desagradou aos investidores. De futuro, o HSBC vai voltar a emitir títulos no mercado para angariar fundos, a questão que agora se coloca é se se irão voltar a vender bem. Se a maior parte dos seus accionistas também quiserem vender os títulos, o HSBC vai ter dificuldade em angariar findos. Todos estes factores terão de ser considerados em detalhe antes de se tomar decisões. Macau não tem o seu próprio mercado de acções. Os residentes de Macau que querem investir na Bolsa recorrem normalmente ao mercado de Hong Kong. O não pagamento de dividendos também afecta os investidores de Macau. No entanto as consequências não são as mesmas para os residentes de Hong Kong e para os residentes de Macau. O sistema de pensões de reforma de Macau é melhor do que o de Hong Kong. Cada reformado recebe à volta de 6.000 patacas por mês, o que não acontece em Hong Kong. O sistema de pensões de reforma (o Mandatory Provident Fund - MPF) implementado em Dezembro de 2000, assegura aos residentes de Hong Kong alguma protecção no período da reforma. No entanto, comparado com Macau, fica muito atrás. Para aqueles que compraram acções do HSBC com o objectivo de obter mais alguns dividendos nesta fase da vida, a actual decisão do HSBC representa um corte grave no orçamento. Como os residentes de Hong Kong compreenderam que o MPF não lhes pode dar protecção suficiente, tentaram obter outras garantias; agora o HSBC não vai pagar os dividendos, o que vai obrigar a população de Hong Kong a voltar a repensar o seu sistema de pensões de reforma. O Governo de Hong Kong tomou este ano uma decisão idêntica à do Governo de Macau, planeando atribuir a cada residente a quantia de HK$10.000. Mas, será que Hong Kong também poderá replicar o sistema de pensões de reforma de Macau, orientado pelo princípio de que a segunda geração deve apoiar a primeira, para que os mais velhos possam ter uma vida mais segura? No mundo da finança todos os sectores se afectam entre si.Aepidemia afectou as medidas económicas do Governo britânico, as medidas do Governo afectaram os bancos comerciais; os bancos comerciais afectaram os investidores.
Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
Nada pode nascer do nada.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
COSTA DO MARFIM MULTIDÃO DESTRÓI CENTRO POR MEDO DE CONTÁGIO
INTERNATIONAL PROPERTY AWARDS MARIA JOSÉ DE FREITAS DISTINGUIDA
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EZENAS de pessoas destruíram durante a noite um centro de combate à covid-19 que estava a ser instalado num bairro populoso da capital económica da Costa do Marfim, Abidjan, por receios de contágio, disseram ontem as autoridades. A multidão saqueou e queimou, no domingo, as máquinas que estavam a ser usadas na construção do edifício no bairro de Yopougon, que irá servir de centro de testes para detetar infeções pelo novo coronavírus, alegando que o centro ficava muito próximo das habitações. De acordo com os promotores dos motins, citados pela imprensa local, a proximidade do centro “é sinónimo de morte” para os habitantes deste bairro de Abidjan. O presidente da câmara de Abidjan, Vicent Toh Bi, reuniu-se ontem com as comunidades para lhes pedir moderação e explicar as vantagens do projecto, assegurando se que não se trata de um centro de tratamento de doentes de covid-19. “Em que país é que o Governo vem contagiar as populações?”, questionou o prefeito, citado pelo portal Abidjan.net. A Costa do Marfim confirmou o seu primeiro caso do novo coronavírus em 11 de Março e actualmente soma 216 infeções, três mortes e 37 pessoas curadas. O continente africano ultrapassou ontem os 9.200 casos de infeção pelo novo coronavírus, que causou já mais de 410 mortes.
Ensino infantil Registo central deverá ter lugar em Maio
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Ng Mei Kei, chefe de divisão de educação pré-escolar e ensino primário da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), disse ontem que o ensino infantil deverá ter este ano cerca de 7 mil vagas disponíveis, além de que o registo central de acesso deverá ter lugar em Maio. Segundo a TDM Rádio Macau, o responsável frisou que esta é apenas “uma data preliminar” e que vai depender da evolução da pandemia da covid-19, que levou ao encerramento das escolas no território. A DSEJ diz existirem vagas suficientes para todos os candidatos ao ensino infantil, existindo 7 mil vagas para 6300 crianças.
terça-feira 7.4.2020
PALAVRA DO DIA
Lucrécio
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Hora da gratidão Pereira Coutinho quer salário extra e subsídios de risco na função pública
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tribuição de um mês de salário extra para todos os trabalhadores da linha da frente no combate à covid-19. Esta vai ser uma das ideias apresentadas hoje de manhã pelos representantes da Associação de trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM) ao Chefe do Executivo, no âmbito das Linhas de Acção Governativa. Segundo José Pereira Coutinho, deputado e presidente da ATFPM, as sugestões vão focar três aspectos: saúde pública, devido à epidemia da covid-19, reforma da administração pública e ainda internacionalização de Macau como destino turístico. “Na saúde pública, além dos merecidos louvores para os trabalhadores da linha da frente e das forças de segurança envolvidos nos trabalhos de combate à covid-19, defendemos que deve ser atribuído um salário adicional”, afirmou José Pereira Coutinho, ao HM. “É um justo estímulo e reconhecimento da coragem, espírito de sacrífico e riscos corridos por estes profissionais”, acrescentou.
Além do pagamento, a ATFPM quer ainda que seja criado um subsídio de risco e um seguro para os trabalhadores que lidam com epidemias que ameaçam a saúde pública. “Vamos propor a criação de um subsídio de risco para determinadas profissões. Esta epidemia mostrou a necessidade de criar este tipo de subsídio e também um seguro de vida”,
“Além dos merecidos louvores para os trabalhadores da linha da frente e das forças de segurança envolvidos nos trabalhos de combate à covid-19, defendemos que deve ser atribuído um salário adicional.” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO E PRESIDENTE DA ATFPM
explicou. “Queremos que este seguro de vida seja atribuído a outros trabalhadores, tal como aconteceu com os agentes do Corpo de Polícia de Segurança Pública, nomeadamente a Unidade Táctica de Intervenção, que tem funções de alta responsabilidade no âmbito do combate ao terrorismo e protecção de altas entidades”, justificou.
ETERNA DIVERSIFICAÇÃO
No que diz respeito à saúde pública, a ATFPM vai dizer a Ho Iat Seng que defende a realização de testes de rastreio da covid-19 a todos os trabalhadores da função pública. Finalmente em relação ao turismo, os dirigentes da associação consideram que a covid-19 mostrou a importância do turismo de Macau diversificar a origem dos visitantes, além do Interior da China. A reunião entre o Chefe do Executivo e os membros da ATFPM está agendada para as 10h de hoje e tem como assunto as Linhas de Acção Governativa, que deverão ser apresentadas na próxima semana. J.S.F.
OIS trabalhos desenvolvidos pelo atelier AETEC, da arquitecta Maria José de Freitas, foram distinguidos nos International Property Awards no Reino Unido. Um dos projectos é um edifício residencial situado junto ao Mercado Vermelho, enquanto que o outro é o balcão da Direcção dos Serviços de Turismo (DST) localizado no edifício dos serviços transfronteiriços da ponte Hong Kong-Macau-Zhuhai. Ao HM, Maria José de Freitas declarou que a equipa está satisfeita com a distinção obtida. “Queremos continuar com qualidade e o facto de essa qualidade ser reconhecida a nível internacional é, para nós, muito gratificante.” No que diz respeito aos projectos em questão, “são de áreas diferentes”, tendo implicado “um grande esforço e muito consenso”. “Procurámos introduzir mais valias e outras visualizações para Macau”, adiantou a arquitecta que, no caso do projecto do edifício residencial, foi buscar inspiração às cores do Mercado Vermelho. Quanto ao balcão da DST, “houve maior liberdade de concepção” dada a maior disponibilidade de espaço para trabalhar. A.S.S.
Alimentos Arroz assegurado
Nas próximas semanas vão chegar a Macau cerca de 500 toneladas de arroz, comunicou a Direcção dos Serviços de Economia (DSE). Estão armazenados mais de um milhão de quilos e entende-se que o fornecimento é “estável e suficiente”, com a aquisição a ser reforçada. Além disso, há quotas de arroz do Interior da China para a sua reposição, pelo que a necessidade dos cidadãos “está assegurada”, diz a DSE. A reposição pode também ser feita por compra ao Camboja ou aumento das exportações do Interior da China para Macau. De acordo com a nota, as prateleiras estão a ser enchidas “com normalidade”, embora a distribuição do arroz de alguns fornecedores pode ser mais demorada por causa da falta de trabalhadores e do aumento da procura.