Hoje Macau 7 JUN 2016 #3587

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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TERÇA-FEIRA 7 DE JUNHO DE 2016 • ANO XV • Nº 3587

MOP$10

hojemacau PS TIAGO PEREIRA PEDE FIM DO CCP

CHINA | EUA

PÁGINA 12

LEONG VENG CHAI

Preparado para tudo PÁGINA 5

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Apologia do progresso Magris e a Hungria

O secretário-coordenador da secção do Partido Socialista em Macau defendeu a extinção do Conselho das Comunidades Portuguesas, durante o congresso do partido em Lisboa, argumentando que

dali nunca veio nenhum benefício para as comunidades. Rita Santos, conselheira, discorda e afirma que o organismo resolve muitos dos problemas dos cidadãos de Macau.

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CONVERSAS TÁCTICAS

Não se pode exterminá-lo?

LUÍS SÁ CUNHA

PEDRO LYSTMANN

OPINIÃO

Regenerar JOÃO PALLA

CRIME

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PÁGINA 6

LIVRARIA PORTUGUESA

OS LIVROS DA ESQUINA GRANDE PLANO

TIAGO ALCÂNTARA

Depósitos ilegais


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Instituto Português do Oriente (IPOR) apostou na estabilidade da continuação da Praia Grande Edições à frente dos destinos da Livraria Portuguesa, após o polémico período, em 2009, em que chegou a ser equacionada a venda do edifício. Cinco anos depois, e com mais cinco anos de gestão pela frente, o que deseja a comunidade portuguesa de um espaço que não é apenas seu, mas de todo o território? As vozes com quem o HM falou dão os parabéns à gestão de Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições (ver texto secundário), mas deixam sugestões. Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau, disse ao HM que deve ser feita uma diminuição dos preços praticados. “Poderia ser feito algum esforço para que haja mais livros em português e os que são encomendados deveriam chegar cá mais baratos, com menos recursos ao transporte de avião, é uma parte importante. Tem de haver um esforço na programação de encomendas para que se consiga que os livros cheguem cá a um preço mais acessível. Os

livros continuam a chegar caros a Macau”, defendeu. Amélia António disse ainda que o espaço “pode ser mais aproveitado para que aconteçam mais coisas naquela casa, de maneira a que leve mais pessoas lá, para que haja um bocadinho mais de dinâmica”.

OUTRAS LIGAÇÕES

Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico da Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau (IPM), pede uma maior ligação com entidades académicas e culturais. “Poderia haver um maior envolvimento entre a livraria e várias entidades e iniciativas na versão escrita. Falo logo do IPM onde trabalho, mas se calhar a culpa até é do IPM e não tanto da livraria. Falo também do IPOR e das instituições de ensino e cultura, e deveria haver uma maior articulação, porque permitiria apelar a outro tipo de livros. Mas penso que a Livraria portuguesa está bem”, referiu. O advogado Miguel de Senna Fernandes não quer que a Livraria Portuguesa saia do lugar onde está, mas pede mais iniciativas. “Tem

“Tem de haver um esforço na programação de encomendas para que se consiga que os livros cheguem cá a um preço mais acessível” AMÉLIA ANTÓNIO PRESIDENTE DA CASA DE PORTUGAL EM MACAU

sido um espaço importantíssimo para a manutenção de uma certa cultura, é um sustentáculo importante da comunidade portuguesa. É um espaço muito pequeno, mas não digo para a livraria sair dali, porque já houve uma altura em que se pensou numa alternativa. A livraria portuguesa poderia expandir para outros espaços, para cativar ainda mais outra população. Não tem que ser só livros em português, mas que seja também um espaço onde possa albergar outro tipo de literatura”, disse ao HM. “A gerência da livraria portuguesa está de parabéns, pois há uma renovação dos livros e grande diversidade de autores, com novos autores de Portugal. Cumpre perfeitamente o seu papel no contexto de Macau. Inevitavelmente falta espaço, é claro que a Livraria tem uma galeria para outras actividades, mas não chega. O que lhe falta é essa visibilidade”, rematou o advogado. Carlos André defende que, apesar da reduzida galeria, a importância permanece enorme. “A livraria cumpre um papel importantíssimo da afirmação da cultura e língua portuguesa em Macau. O que me parece é que este projecto,

numa cidade onde os leitores de português são de poucos milhares, é muito interessante. Se tivermos em conta que a livraria se tem associado a várias iniciativas que

(o espaço) “Pode ser mais aproveitado para que aconteçam mais coisas naquela casa”

GONÇALO LOBO PINHEIRO

A ESQUINA ´ LITERARIA

TIAGO ALCÂNTARA

Renovada a concessão da Livraria Portuguesa à Praia Grande Edições por mais cinco anos, o que esperar deste espaço único da língua de Camões em Macau? Amélia António, Carlos André e Miguel de Senna Fernandes pedem preços mais baixos, maior articulação com entidades educativas e culturais e dinamismo no espaço

LIVRARIA PORTUGUESA PEDIDO MAIOR DINAMISMO E PREÇOS MAIS BAIXOS

GONÇALO LOBO PINHEIRO

GRANDE PLANO


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“Não considero que os preços sejam elevados”

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“Poderia haver um maior envolvimento entre a livraria e várias entidades” CARLOS ANDRÉ IPM

TIAGO ALCÂNTARA

ultrapassam um pouco o âmbito dos livros”, concluiu. O HM tentou obter mais esclarecimentos junto do João Laurentino Neves, director do IPOR,

mas este não quis prestar mais declarações sobre o assunto, nem sobre o cumprimento do anterior contrato, por defender que esta foi uma decisão dos associados.

Também não foi possível obter comentários dos associados sobre este dossier. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“A livraria portuguesa poderia expandir para outros espaços, para cativar ainda mais outra população” MIGUEL DE SENNA FERNANDES ADVOGADO

OM a concessão da Livraria Portuguesa renovada por mais cinco anos, Ricardo Pinto deixa a promessa de dinamizar a galeria que, confessa, já perdeu algum dinamismo com a abertura da Fundação Rui Cunha (FRC). “Procuramos ter produtos cada vez mais variados. Algumas das novidades vão surgindo com o tempo e são decorrentes daquilo que é a normal gestão de um espaço comercial. Mas em relação aos últimos cinco anos vamos ter um aproveitamento mais intensivo do espaço da galeria. Nos primeiros dois ou três anos tivemos eventos muito significativos, e temos lá os eventos do Festival Literário todos os anos. A regularidade nos últimos dois anos desceu um pouco dado o aparecimento de uma instituição que tem vindo a fazer um excelente trabalho, a FRC. Neste momento o nosso espaço deixou de ser único nesta perspectiva e há muitas pessoas que utilizam a FRC”, contou ao HM. O projecto de abrir um café na Livraria tem sido adiado. “A questão do café é um projecto que tem vindo a ser adiado e tem a ver com questões relacionadas com a licença e de instalações que precisam de alguma intervenção devido à humidade. Não achamos que seja absolutamente necessária a existência de um café. Não sabemos se a ideia captaria muito interesse das pessoas.” No geral, Ricardo Pinto espera fazer “melhor” nos próximos cinco anos, “mas não temos ideias muito diferentes daquelas que têm vindo a ser desenvolvidas”. “Queremos gerir a Livraria à semelhança do que tem vindo a ser feito, procurando ter uma oferta tão vasta quanto possível de livros em português”. Olhando para os últimos cinco anos, Ricardo Pinto acredita que cumpriu o acordo feito com o

FACEBOOK

Ricardo Pinto, director da Praia Grande Edições

IPOR. “Tínhamos de aumentar a oferta de autores e títulos e trouxemos novos autores portugueses pela primeira vez para Macau. Queríamos baixar os preços e fizemos isso, tínhamos de alargar o horário de funcionamento da livraria e passou a estar aberta aos domingos. O festival literário (Rota das Letras) acabou por dar outra visibilidade à livraria portuguesa.”

SEM DESCIDAS

Questionado sobre os preços que são actualmente praticados pela Livraria Portuguesa, Ricardo Pinto garante que não há margem de manobra para mais descidas. “Não considero que os preços sejam elevados. Há o preço do transporte e temos de lidar com o regime de consignação que existe no negócio das livrarias. As editoras colocam os livros nas livrarias, os que não são vendidos são devolvidos às editoras. Dado que temos de encomendar os livros a Portugal e não querendo as editoras fazer acordos de consignação com Macau por causa do transporte, temos de comprar os livros todos. Isto acaba por nos obrigar a ter uma prudência muito grande. Nós baixamos os preços relativamente ao que tínhamos antes e baixar mais considero impossível”, rematou. A.S.S.


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fim ou uma renovação profunda. Foi esta a ideia deixada por Tiago Pereira, secretário-coordenador da secção do Partido Socialista (PS) em Macau, no Congresso do PS, sobre o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP). No seu discurso Tiago Pereira defendeu “a extinção do CCP ou então uma reforma profunda ao nível estatutário, com a definição de deveres que permitam a recolha de informação qualitativa e quantitativa das diferentes realidades das comunidades”. Ao HM, Tiago Pereira referiu não reconhecer ao CCP “qualquer actividade relevante”. “O seu funcionamento é desconhecido. Em todos estes anos de actividade não se identifica nenhuma acção nem nenhum beneficio para as comunidades. Isto é grave, porque há muito trabalho para ser feito, especificamente na recolha e canalização de informações relativas a cada comunidade para o Governo. Queremos quebrar com esta forma de encarar as comunidades.” Rita Santos, conselheira por Macau, afirmou ao HM discordar da ideia. “Acho que tem uma ideia errónea e não está dentro daquilo que os conselheiros têm vindo a fazer ao longo dos 12 anos. Nós não estamos a dormir e diariamente resolvemos problemas dos cidadãos de Macau, independentemente se falam ou não português”. O CCP tem carácter consultivo e é composto por 80 membros eleitos em todo o mundo para um mandato de quatro anos. “Macau é uma cidade com as suas especificidades e o nosso trabalho é reconhecido pelo cônsul-geral de Portugal e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros e por todas as autoridades. Estamos a servir de ponte entre os cidadãos portugue-

Congresso PS PEDIDO FIM DO CONSELHO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS

“O seu funcionamento é desconhecido” ses, quer falem português ou não”, referiu Rita Santos.

MAIS ORÇAMENTO

No discurso proferido em Lisboa, Tiago Pereira pediu a criação de um Ministério das Comunidades Portuguesas. “Por força dos números e pela importância estratégica das comunidades portuguesas, deve ser feito o reforço significativo dos poderes e dos meios do Secretário de Estado para as comunidades portuguesas. A médio e longo prazo deve pensar-se, em futuros governos, a criação de um Ministério das Comunidades Portuguesas.” Rita Santos defende que o dinheiro público usado para a criação desse Ministério deveria ser aplicado no CCP. Este ano este terá um orçamento de pouco mais de 545 mil patacas (60 mil euros), segundo confirmou a conselheira.

“Portugal já tem ministérios a mais e se criar mais um será gasto mais do erário público. Depois não há dinheiro para nós. Temos 60 mil euros para as actividades dos conselheiros e temos de apresentar a nossa proposta em Junho, e não sabemos como vamos fazer. Em Macau e China nunca precisámos de dinheiro para desenvolver as nossas actividades. Prefiro que esse dinheiro seja guardado para todos os conselheiros. No plenário os conselheiros apresentaram vários problemas, sobre a falta de professores de língua portuguesa na Europa ou em África. E também há falta de dinheiro para a realização de actividades culturais e económicas”, ressalvou.

SIM AO VOTO ELECTRÓNICO

José Pereira Coutinho não quis comentar as declarações de Tiago

Pereira, que defendeu ainda no Congresso do PS a implementação do voto electrónico. “Queremos uma reforma eleitoral que contemple o voto electrónico e uma avaliação rigorosa das visitas empresariais ao estrangeiro com relatórios publicados e de acesso livre aos cidadãos relativamente à eficiência das mesmas”, disse. O secretário-coordenador do PS em Macau referiu ainda a necessidade das comunidades portuguesas terem um papel “central” na difusão da língua e cultura portuguesa. “Temos bons exemplos em Macau, com a actividade de instituições como a Casa de Portugal em Macau, temos o Festival Literário.” “Deixo um apelo para que o PS olhe também para as comunidades portuguesas. Temos consciência das dificuldades que o país atraves-

sa. De resto, muitos de nós optaram por sair do país precisamente por falta de alternativas. Cerca de 5 milhões de portugueses residem no estrangeiro, entre emigrantes de primeira, segunda e terceiras gerações, formam um universo de cidadãos em situações muito diferentes”, rematou. Tiago Pereira considera a ida a Lisboa positiva. “Foram expostas as nossas ideias, que foram discutidas com membros do partido e do Governo. Houve uma reunião com o Secretário de Estado onde foram discutidos vários assuntos relativos a Macau. O que consideramos positivo foi ter dado voz ao que pensamos em Macau e ter exposto a nossa realidade. Fica o desejo de no próximo congresso irem mais pessoas”, concluiu ao HM. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

GONÇALO LOBO PINHEIRO

Tiago Pereira, secretáriocoordenador do Partido Socialista em Macau, defendeu o fim do Conselho das Comunidades Portuguesas no Congresso do partido. Rita Santos discorda, diz que a entidade é apoiada e pede maior orçamento

GONÇALO LOBO PINHEIRO

POLÍTICA

“Em todos estes anos de actividade não se identifica nenhuma acção nem nenhum beneficio para as comunidades”

“Não estamos a dormir e diariamente resolvemos problemas dos cidadãos de Macau, independentemente se falam ou não português”

TIAGO PEREIRA SECRETÁRIO-COORDENADOR DO PS EM MACAU

RITA SANTOS CONSELHEIRA POR MACAU


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deputado José Pereira Coutinho admitiu, numa entrevista à Rádio Macau, que será difícil, nas próximas eleições para a Assembleia Legislativa (AL), em 2017, conseguir eleger três deputados, dada a grande concorrência entre o grupo de Fujian, liderado por Chang Meng Kam, e o de Guangdong, encabeçado por Mak Soi Kun.

Para o que der e vier Leong Veng Chai tranquilo com possível saída da Assembleia

O também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM), explica ainda que conta com a participação de Rita Santos, dirigente do mesmo grupo, como cabeça-de-lista, sendo que Pereira Coutinho ocupará o segundo lugar. Feitas as contas, sem conseguir eleger três deputados, será Leong Veng Chai que ficará de fora. A ideia, explica a direcção, é colocar Leong Veng Chai como mandatário. “Temos um entendimento entre nós, e ele sabe que é assim. Sempre disse que o esqueleto, quer do Conselho das Comunidades Portuguesas, quer da AL, passa pela ATFPM, do seu núcleo duro. É [o núcleo da direcção] que decide o que é que se deve fazer, para o bem da ATFPM. Foi isto que nos fez avançar para a AL”, indica, ao HM, Pereira Coutinho.

PREPARADO PARA TUDO

Em reacção, Leong Veng Chai diz-se preparado para sair, ou para ficar se assim tiver de ser. “Ainda

HOJE MACAU

Leong Veng Chai diz que a saída não o preocupa. Podendo dar lugar a Rita Santos, o actual deputado da AL ficará como mandatário, caso os representantes da ATFPM só consigam arrecadar dois assentos para o hemiciclo

“Se a equipa considerar que eu devo continuar, eu vou fazê-lo, mas se houve mudanças no número e nos cargos por mim tudo bem”

POLÍTICA

não reunimos para falar sobre este assunto, o Pereira Coutinho pode ter o seu próprio pensamento, mas é preciso ter primeiro uma reunião para decidirmos”, começou por defender. “Se a equipa considerar que eu devo continuar, eu vou fazê-lo, mas se houve mudanças no número e cargos por mim tudo bem. Irei respeitar as opiniões da equipa, por mim tanto faz”, argumentou. A um ano de novas eleições, o deputado diz que ainda muito há a fazer. Afastando os problemas pessoais, Leong Veng Chai admite que possam existir pessoas “com melhor capacidade para fazer o trabalho de deputado”. Nas últimas eleições, aponta, foi a direcção da ATFPM que sugeriu que o mesmo avançasse como número dois. “Para o próximo ano será, outra vez, a direcção a decidir. Eu estou pronto para qualquer uma delas”, rematou. Questionada sobre o assunto, Rita Santos diz que ainda não existe qualquer decisão. “Ainda nada está decidido”, frisa. Filipa Araújo (com F.F.)

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

LEONG VENG CHAI DEPUTADO

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AVISO Programa de bolsas de estudo para o ensino superior do ano lectivo de 2016/2017 Inicia-se, em breve, a fase de candidatura ao Plano de Bolsas de Estudo para o Ensino Superior e ao Plano de Pagamento dos Juros ao Crédito para os Estudos, oferecidos pelo Fundo de Acção Social Escolar. Seguem-se informações mais detalhadas: 1. Bolsas de Estudo para o Ensino Superior A fase de candidatura realiza-se entre 13 de Junho e 1 de Julho 2016. As categorias e vagas são as seguintes: 1.1 Bolsas-Empréstimo: destinam-se a apoiar estudantes com dificuldades económicas. O concurso, deste ano, conta com 4.000 vagas. 1.2 Bolsas de Mérito: servem para premiar os estudantes que tenham obtido a classificação de distinção. O concurso deste ano conta com 410 vagas, sendo 280 para os finalistas do ensino secundário do ano lectivo em curso e as restantes 130 para os estudantes que já se encontram a frequentar o ensino superior. 1.3 Bolsas Especiais: o concurso deste ano conta com 390 vagas e o número de vagas para os diversos cursos de especialização é o seguinte: Vagas das bolsas especiais

Cursos de especialização Indústrias culturais e criativas Serviço social Aconselhamento psicológico (incluindo aconselhamento psicológico, consulta de psicologia, aconselhamento e psicoterapia, psicologia clínica ou outros cursos de especialização equivalentes) Ensinos infantil, primário e especial ou outros cursos de especialização equivalentes

150

Enfermagem

160

Terapia da fala, terapia auditiva verbal, terapia ocupacional, fisioterapia, ou outros cursos de especialização equivalentes

50

Cursos de português, língua portuguesa, língua e cultura portuguesas, tradução das línguas chinesa e portuguesa, ou outros cursos de especialização equivalentes (incluindo os cursos de diploma de português com a duração de um ano ou superior)

30

1.4

Bolsas Extraordinárias: o concurso deste ano conta com 35 vagas. Destinam-se a apoiar os estudantes que frequentam cursos de Língua Portuguesa após a conclusão da licenciatura ou que tencionem frequentar uma licenciatura, de língua veicular portuguesa, em Portugal, e que já sejam apoiados por outras entidades. 2. Plano de Pagamento dos Juros ao Crédito para os Estudos Destina-se aos candidatos que já obtiveram o empréstimo para o prosseguimento dos estudos, concedido pelos bancos que assinaram o protocolo de cooperação com o Fundo de Acção Social Escolar. Os alunos que satisfaçam as condições serão apoiados no pagamento dos juros resultantes do empréstimo durante o período de estudo. A fase de candidatura realiza-se entre 1 de Junho e 31 de Dezembro de 2016. Os documentos referentes à candidatura podem ser levantados na DSEJ ou descarregados através do seu website (www.dsej. gov.mo). Para mais esclarecimentos queiram, por favor, ligar para os telefones 28400666 (Linha aberta 24 horas, entre os dias 6 de Junho e 1 de Julho de 2016) /83972512 ou contactar os Serviços através do e-mail: bolsa@dsej.gov.mo. Macau, 3 de Junho de 2016 A Presidente do Conselho Administrativo Leong Lai (Directora da DSEJ)


6 SOCIEDADE

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DSAT CENTRO LOGÍSTICO SÓ DEPOIS DE CONCESSÕES PARA JOGO

O programa “Fórum Macau”, do canal chinês da TDM, no domingo passado, Chan Chor Man, porta-voz da Polícia Judiciária (PJ) afirmou que as autoridades receberam mais 24 denúncias sobre os três responsáveis da agência imobiliária, Buildings Agency, detidos na semana passada por angariação ilegal de fundos e fraude. Estas denúncias juntam-se às mais de 20 queixas recebidas na semana passada. Em causa estão, agora, 66 milhões de dólares de Hong Kong “depositados” em forma de investimento na agência em causa. A PJ diz que ainda está à procura de outros suspeitos, em fuga, sobre o mesmo caso.

A

“É preciso que o Governo defina de forma clara esta angariação ilegal” IU VENG ION CONSELHO PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO O advogado Leong Weng Pun apontou que a actual lei não tem uma definição clara sobre a angariação ilegal, e considera ser preciso uma revisão do diploma. Por partes. Primeiro o caso da Dore, depois o fecho das casas de penhores, e agora a agência imobiliária. Todos eles, casos descobertos de angariação ilegal de fundos, que pretendiam atrair clientes através da oferta de juros altos. Chan Chor Man disse que os casos têm semelhanças, mas não há provas que indiquem que estão ligados entre si. O porta-voz da PJ disse ainda que existem grandes dificuldades na investigação deste tipo de crime, porque “ninguém tem vontade de cooperar com as autoridades antes dos casos se tornarem públicos”. Para o advogado, Leong Weng Pun, presente também no programa, as actuais leis de Macau não têm definição clara sobre a angariação ilegal de capitais. Só no Regime Jurídico do Sistema Financeiro é que está mencionada a punição para os depósitos sem autorização. O advogado sugere um olhar por parte do Governo de Macau, sobre a lei de Taiwan. É que, diz, esta aponta de forma clara o crime de angariação ilegal. Com esta definição na lei, defende, os residentes e investidores não estão dispostos a aplicar os seus capitais neste tipo de investimento, evitando crimes como os que estão a acontecer em Macau.

MAIS E MELHOR

Wong Lap Fong, representante da Autoridade Monetária de

PEDIDAS MUDANÇAS NO COMBATE À ANGARIAÇÃO ILEGAL

Os buracos da lei

A PJ assume semelhanças em casos de angariação ilegal da Dore, casas de penhores e da Building Agency. As autoridades sentem dificuldades nas investigações porque, dizem, as vítimas não querem cooperar. É preciso, apontam agentes, que as actuais leis esclareçam a definição deste crime Macau (AMCM), concorda com que a lei deve ser aperfeiçoada, garantindo que o organismo vai reforçar a promoção contra angariação ilegal. No entanto, para o director da Associação Geral do Sector Imobiliário de Macau, Ip Kin Wa, a AMCM está a “controlar demais”. “Todos nós somos adultos, quem investe deve controlar o risco do seu investimento, o Governo não pode supervisionar tudo, nem os investidores podem estar a pedir dinheiro ao Governo sempre que perderem o seu investimento”, argumentou. Por outro lado, Iu Veng Ion, membro do Conselho para o

FRAUDE FORMOSA

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m grupo criminoso de Taiwan usou o nome do casino Galaxy de Macau, desde 2012, para angariar investimentos. A fraude envolveu cerca de 1100 milhões de patacas. Segundo a Mastv, o grupo declarou aos seus membros que podiam investir no casino e ganhar juros anuais entre 20% a 60%. O caso envolve mais de cem vítimas, incluindo mais de dez polícias da autoridade da ilha formosa, sendo que o grupo é composto por vários polícias reformados. Durante os últimos quatro anos, o grupo conseguiu 4600 milhões de dólares de Taiwan, totalizando quase 1100 milhões de patacas.

Desenvolvimento Económico, discorda da ideia do responsável do sector imobiliário. É preciso, diz, que o Governo assuma a sua responsabilidade na definição desta angariação ilegal. Esta posição do Executivo poderá evitar que mais casos surjam. “Os casos não dependem totalmente da atenção dos próprios investidores ao risco do próprio investimento. É preciso que o Governo defina de forma clara esta angariação ilegal”, rematou. Flora Fong (revisto por F.A.) flora.fong@hojemacau.com.mo

Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) referiu que irá publicar mais informações sobre o terreno onde está prevista a construção de um Centro Logístico, algo que só acontecerá depois de confirmadas todas as concessões territoriais para o sector do Jogo, no Cotai. Lam Hin San, director da DSAT, indicou, em resposta a uma interpelação do deputado Si Ka Lon, que o Governo está a alterar o plano de desenvolvimento do Cotai, plano este que envolve a construção mais hotéis e complexos desportivos. Está ainda prevista a construção do Centro Logístico, algo que só acontecerá depois de todas as concessões para o sector de Jogo e Lazer estarem definidas. Apesar do Governo já ter reservado um terreno destinado para o sector logístico, na Ilha Artificial do Posto Fronteiriço de Macau da Ponte de Hong Kong-Zhuhai-Macau, Lam Hin San explicou que actualmente a Administração está em fase de estudo e análise detalhada, portanto, ainda não existe um calendário de trabalho. Relativamente ao desenvolvimento do comércio electrónico, Lam Hin San acrescentou que a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) está a planear assinar mais um acordo de cooperação, nesta área, com a Comissão do Comércio do Município de Guangzhou, promovendo uma maior cooperação e a possibilidade de explorar o mercado do Interior da China. Algo que, diz, poderá alargar o espaço de desenvolvimento desta indústria. T.C. (revisto por F.A.)


7 SOCIEDADE

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USJ VICE-REITORA ESPERA ALUNOS DA CHINA EM 2017/2018

“O Governo pede a todas as universidades que insistam no português e criem talentos bilingues, isso demora muito tempo, mas uma grande viagem começa por um passo. Este será o primeiro passo e é um curso com características bastante intensivas e em que nós esperamos que os alunos possam progredir rapidamente”, explicou Maria Antónia Espadinha. A USJ vai ainda abrir uma licenciatura em Filosofia. “Não existe uma licenciatura em Filosofia em nenhuma universidade de Macau, e esta tem uma particularidade, que junta o primeiro ano de estudos religiosos e os alunos só fazem a sua escolha no terceiro ano.” O mestrado em História e Património será também uma aposta. “Não é caso único, mas em Macau as humanidades estão muito votadas ao abandono porque parece que não dão dinheiro directamente, mas é a formação humana que queremos dar às pessoas”, concluiu a vice-reitora.

Com novos cursos a caminho na área do português, História e Filosofia, a Universidade de São José espera começar a receber alunos recrutados ao continente no ano lectivo de 2017/2018, graças à abertura do novo campus

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Á, afinal, uma luz no horizonte. Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da Universidade de São José (USJ), espera que a instituição privada de ensino superior possa começar a recrutar alunos à China no próximo ano lectivo de 2017/2018, graças à abertura do novo campus, na Ilha Verde.

TIAGO ALCÂNTARA

Novidades na Rua de Londres

“Temos esperança de poder recrutar alunos assim que tivermos a chave na mão do novo campus. Com um certo optimismo mas também um certo realismo, achamos que a partir de Janeiro possamos iniciar o recrutamento na China. Sofremos muito atrasos com o campus, neste momento uma parte, mais do que 95%, está pronta. O sonho de abrir o campus em Setembro está adiado e se tudo estiver bem só no ano de 2017/2018”, disse a vice-reitora ao HM. Maria Antónia Espadinha não recusa a ideia que a negação de recrutamento de alunos do continente tenha

ISENÇÃO DE VISTOS MAS NEM SEMPRE

O deputado Ng Kuok Cheong instou pela concretização do acesso à isenção de visto nos passaportes de RAEM. Ng apontou que ultimamente os portadores de passaporte da RAEM que pretendiam passar da Geórgia para a Rússia, tiveram a sua entrada recusada na Geórgia por falta de reconhecimento do passaporte. Este país terá considerado que se tratavam de passaportes da China que necessitariam de visto. Embora o PIB per capita da RAEM já esteja na primeira fila da região asiática, o número dos países e regiões que permitem o acesso com isenção de visto ou visto à chegada aos portadores de passaporte da RAEM ainda fica muito abaixo de Hong Kong. De 2012 a 2015, a Direcção dos Serviços de Identificação (DSI) registou cinco casos denunciados por residentes de Macau que referem ter encontrado problemas aquando da entrada no país de destino. Ng apela ao governo para informar os países vizinhos quando obtêm o acordo de isenção de modo evitar a recorrência destes casos.

a ver com o facto da USJ ser uma instituição católica. “Não creio que haja uma má vontade explícita, mas pôr pedrinhas no caminho é fácil. Se calhar tem a ver com isso, mas o nosso reitor (Peter Stilwell) esteve em Xangai, acompanhado de

“Temos esperança de poder recrutar alunos assim que tivermos a chave na mão do novo campus”

um membro do Grupo de Ligação, e foram feitos acordos. Há um bom relacionamento da nossa parte em Pequim, sempre com o patrocínio do Grupo de Ligação”, explicou.

FILOSOFIA E PATRIMÓNIO

Ontem a vice-reitora anunciou novos cursos de licenciatura e mestrado, cujo funcionamento será reforçado com a chegada de mais alunos, disse Maria Antónia Espadinha. Haverá uma licenciatura em estudos portugueses e chineses, línguas e culturas, pensada para alunos que nada sabem de português.

JACK MA CONSULTOR DO GOVERNO DE MACAU

Jack Ma, fundador da rede de comércio electrónico chinesa Alibaba, vai ser consultor do Conselho para Desenvolvimento Económico e no Conselho de Ciência e Tecnologia do Governo da RAEM segundo um comunicado do Gabinete do Chefe do Executivo. Além do encontro com Chui Sai On, o também presidente da Associação Geral de Empresários da (província) Zhejiang participou ontem na cerimónia da fundação da União de Empresários da Zhejiang de Macau e partilhou ainda as suas experiências com os jovens do território. O jornal Ou Mun refere que o empresário considera que Macau tem falta de recursos, mas que enquanto porto que liga o mundo, as pessoas podem ter muitas oportunidades. Jack Ma pensa ainda que embora muitas pessoas digam que a situação económica de Macau não é boa, as oportunidades só aparecem nas crises. Ma afirmou que os jovens locais são bem-vindos para visitar e aprender com os empresários de Zhejiang.

Vai avançar ainda um curso intensivo de português diurno e nocturno, incluindo um curso de mestrado em estudos lusófonos e literatura.

Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

PUB HM • 2ª VEZ • 7-6-16

ANÚNCIO Curadoria dos bens do impossibilitado n.º

CV1-16-0001-CPE 1º Juízo Cível

REQUERENTE: DOLORES MESCALLADO AQUINO, casada, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7.º andar “U”. REQUERIDOS: 1. PABLO CABEROS AQUINO, casado com a Requerente, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7º andar “U”; 2. MICHAEL MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, titular do B.I.R.M., residente em Macau, na Rua da Areia preta, Edifício Kam Hoi San, Bloco 9, 7º andar “G”; 3. JEFFRY MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, titular do T.I.T.N.R., residente em Macau, na Rua da Harmonia, Edifício Lok Kuan, Bloco 2, 7º andar “U”; 4. ALLAN MESCALLADO AQUINO, casado, de nacionalidade filipina, residente em Macau, na Rua do Canal Novo, Edifício Kam Hoi San, Bloco 9, 7º andar H; 5. MINISTÉRIO PÚBLICO. FAZ-SE SABER que pelo 1º Juízo Cível do Tribunal Judicial de Base da RAEM, correm éditos de TRINTA DIAS, contados a partir da segunda e última publicação do anúncio, dando publicidade à sentença proferida em 30 de Maio de 2016, nos autos supra identificados, sentença que julgou provados e procedentes os presentes autos de Curadoria dos Bens do Impossibilitado, em relação ao requerido PABLO CABEROS AQUINO e declarando-o impossibilitado, por doença, para actuar por si ou designar procurador, em consequência, foi nomeada como sua curadora DOLORES MESCALLADO AQUINO, sua cônjuge, a quem competirá representar seu marido e providenciar pela administração e gestão do património do aludido PABLO CABEROS AQU, nos termos do disposto nos artºs 89º e 92º do C.C.M. e artºs 1211º e 1212º, estes do C.P.C.M.. Tribunal Judicial de Base de RAEM, aos 31 de Maio de 2016. ***


8 SOCIEDADE

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DSPA RECOLHA DE RESÍDUOS ALIMENTARES AVANÇA EM FORÇA

Fazer limpeza à casa O Governo quer que restaurantes, hotéis e entidades privadas com cantina adiram ao plano de recolha de resíduos alimentares. O Banco da China é a primeira entidade a avançar. A criação de hábitos de entrega de resíduos na sociedade é outra ideia defendida pela DSPA

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Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) garantiu que vai aumentar a quantidade da recolha de resíduos alimentares, reforçando os trabalhos nos espaços hoteleiros, estabelecimentos de comida e na própria comunidade.

Raymond Tam, director da DSPA, citado pelo Jornal do Cidadão, afirmou que vai, de forma faseada, reforçar os trabalhos na recolha de resíduos alimentares, incluindo convidar o Banco da China (a sucursal em Macau) a tornar-se entidade associada. A ideia é, explica, criar uma parceria de cooperação entre o Governo e o Banco, permi-

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a Polícia Judiciária (PJ) e várias escolas”, explicou Raymond Tam.

POUCA RECOLHA

O plano em causa foi implementado, pela DSPA, em 2011, mas cinco anos depois a percentagem de recolha de resíduos não ultrapassa os 40% da totalidade de resíduos tratados pelo Centro

Para quem precisa

Kaifong quer mais casas de pequenas dimensões

HOJE MACAU

deputado Ho Ion Sang questionou o Governo sobre os pedidos de habitações, exigindo ao Executivo que explique quais os mecanismos que tem para aumentar o número de habitações. É preciso, diz, que a Administração controle os investimentos do mercado imobiliário, para que sejam lançadas mais habitações para a sociedade. O também o presidente da União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kaifong) indicou, numa interpelação escrita, que a oferta das habitações de tipologia 1, (T1) ou com áreas mais pequenas, não são suficientes para responder a todos os pedidos recebidos entre 2000 a 2015. Este tipo de habitação tem uma área de 80 metros quadrados e, segundo os últimos dados, só existem 2200 imóveis no mercado. Valores diferentes quando se fala dos apartamentos com mais de 150 metros quadrados que ultrapassam as 6400 fracções. Na visão de Ho Ion Sang é preciso construir mais apartamentos pequenos para ajudar um tipo de público especifico. No entanto, sublinha, é preciso aproveitar estes

tindo a recolha de resíduos alimentares da cantina do mesmo banco, que por média serve mais de 100 refeições. “Actualmente já contamos com a cooperação de vários serviços públicos que participam no plano de recolha de resíduos de comida das suas cantinas, por exemplo, o Instituto de Formação Turística (IFT),

de Incineração de Resíduos Sólidos de Macau, que ronda as 300 a 500 toneladas. Raymond Tam explica que é necessário trabalhar mais a redução de resíduos na fonte, havendo também necessidade de uma maior promoção de recolha dos mesmo nos locais, sejam hotéis, restaurantes ou pontos dispersos pelo território, para que a comunidade posso deslocar-se e depositar os seus resíduos alimentares. Tal como o HM apurou, numa reportagem no ano passado, actualmente existem nos sete mercados públicos máquinas de desintegração de resíduos alimentares, sendo que, a recolha para legumes, carnes e comidas confeccionadas não é obrigatória, apenas aconselhável. Condição que coloca em causa o sucesso das medidas ambientais. Raymond Tam apontou, na altura, que a DSPA iria

apartamentos que não estão a ser utilizados.

PELA EFICÁCIA

Posto isto, o deputado considera que o Governo deve aumentar a proporção da utilização das habitações, ou seja, conduzir eficazmente o tipo de habitação para o tipo de família. Este é, acusa, o verdadeiro problema da habitação em Macau, o planeamento de desenvolvimento do território. Ho Ion Sang quer ainda saber se o Executivo vai analisar os pedidos de habitações, ou seja, saber se o Governo pretende aumentar o número de oferta do tipo de habitação pequena para responder aos pedidos dos residentes que acumulam baixos rendimentos. O deputado apontou ser necessário que a Administração controle ainda os pedidos dos investimentos no mercado, feitos por pessoas colectivas ou empresas, tal como sugeria o relatório do estudo sobre a Política demográfica de Macau. Por último, é preciso saber, diz, se o Governo vai, ou não, aumentar o custo, ou criar um novo imposto, aos proprietários que por opção deixam os imóveis vazios, estimulando a especulação imobiliária. T.C. (revisto por F.A.)

A percentagem de recolha de resíduos não ultrapassa os 40% da totalidade de resíduos tratados pelo Centro de Incineração colocar uma máquina de desintegração de resíduos alimentares no complexo de habitação pública de Seac Pai Van. O responsável apontou a primeira metade do ano para o fazer. O HM tentou saber se a instalação já foi colocada, mas até ao fecho da edição ainda obteve nenhuma resposta. Flora Fong (revisto por F.A.)

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flora.fong@hojemacau.com.mo

MILHÕES EM BURLA DE CUPÕES

A PJ detectou um crime de burla de cerca de 15 milhões em cupões de compras em supermercados e centros comerciais. O suspeito alegou que conseguia obter estes cupões a baixo preço, e defraudou com sucesso três vítimas. O homem de 28 anos, comerciante, conheceu as vítimas nos últimos cinco anos. O negócio teve início quando o suspeito vendeu os primeiros cupões que teria comprado a preço original com desconto de 20%. Com o sucesso desta venda atraiu as vítimas dizendo que conseguiria preços mais favoráveis com um maior volume de compra de cupões. As vitimas entregaram dois, quatro e nove milhões para a compra dos respectivos vales. Na ausência de entrega da encomenda e após insistência das vítimas o suspeito confessou que se tratava de uma burla e foi denunciado à PJ. As autoridades não excluem a hipótese da burla envolver mais lesados e apela à denúncia por parte das possíveis vitimas.


9 hoje macau terça-feira 7.6.2016

O Governo admite diminuir número de estacionamentos de motas nas ruas para que os condutores estacionem em parques. É preciso encontrar um equilíbrio pois as ruas estão muito ocupadas e os parques vazios

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UITOS dos lugares de estacionamento para motociclos nas ruas de Macau desapareceram. A culpa é da Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) que admitiu cortar mais lugares para aumentar a proporção de utilização dos parques de estacionamento. É

PUB

Vias abertas

Menos lugares de estacionamento nas ruas

que, aponta o Governo, os condutores, de motas, estacionam mais na rua do que em parques. O alerta foi dado pelo Jornal Ou Mun que avançou que muitos lugares de estacionamento tinham desaparecido, algo que não agradou os residentes de Macau, por exemplo, da zona de Seac Pai Van, que se queixam agora de falta de estacionamento. O jornal adianta que também na Zona de Aterros do Porto Exterior (ZAPE) e nas ruas junto à zona do Parque Central da Taipa foram retirados lugares. Lam Hin San, director da DSAT, admitiu que esta é uma medida avançada pelo Governo. “Como há alguns parques de estacionamentos públicos nestas zonas, e a proporção de utilização para as motas, nestes parques, é baixa, o Governo decidiu eliminar alguns estacionamentos na rua”, admitiu.

GERAR EQUILÍBRIOS

O director sublinhou que a direcção quer encontrar um equilíbrio.

Em termos práticos, diz, por cada lugar na rua há um lugar nos parques, ou seja, a proporção de estacionamentos disponível na rua é a mesma do parque, sendo que, este último, nunca era utilizado. Ao cortar os lugares, diz, a utilização do parque vai aumentar, e o Governo poderá aproveitar o espaço agora livre para criar passeios ou zonas de cargas e descargas. Também, admitiu o director, já foram retirados lugares junto do Hotel Lisboa. Questionado sobre o número total de lugares cortados, Lam Hi San disse desconhecer, por enquanto, quantos estacionamentos deixarão de existir, no entanto, o Governo vai continuar a “limpar as ruas”, reforçando a medida. Prevê a Administração que a eficácia da medida vai começar a fazer-se notar dentro de muito em breve. Kou Kun Peng, membro do Conselho Consultivo do Trânsito, reforçou a decisão do Governo. Diz

SOCIEDADE

Kou Kun Peng que a medida poderá dar mais espaço para os residentes. No entanto, existem zonas em que será difícil cortar estacionamentos devido à sua ocupação diária, tal como a zona da Avenida Horta e Costa.

UM BEM GERAL?

Sem conseguir concordar, alguns residentes mostram-se contra a decisão do Governo. Segundo uma fonte do HM, os moradores da Zona de Seac Pai Van Vão entregar uma carta para dirigida à DSAT a pedir mais lugares de estacionamentos na rua para todos os tipos de viaturas. As instalações de trânsito, apontam, não são suficientes e as tarifas praticadas nos parques de estacionamento são um peso financeiro para as famílias. Há ainda, explica, condutores portadores de deficiência que não beneficiam com a medida avançada pelo Governo. Sugere a carta, que a DSAT possa ceder perante a sua postura e permitir os estacionamentos, para os moradores, na rua à noite. Tomás Chio (revisto por F.A.) info@hojemacau.com.mo


10 Cinema AVENTURAS DE JOVENS INDIANOS NA RAEM

EVENTOS

Alta cozinha

Justa Nobre marca presença no Clube Militar

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Clube Militar de Macau recebe desde 2 de Junho mais um Festival de Gastronomia de Vinho de Portugal. Com a iniciativa a organização pretende presentear a RAEM com uma quinzena de divulgação e promoção com o que de melhor se faz na gastronomia portuguesa. Para o efeito o Clube faz questão de trazer “figuras proeminentes da cozinha nacional “, adianta Manuel Geraldes, e este ano conta com a presença da chef Justa Nobre considera “uma personalidade incontornável da gastronomia portuguesa”. A chef autodidacta transmontana começou em criança nas lides da cozinha inspirada pela mãe e pela avó, segundo adianta o site de Justa Nobre. Foi desde aí que a paixão, pelos vistos sem fim, pela culinária começou. Depois de estar à frente de vários restaurantes de renome, actualmente Justa Nobre chefia O Nobre, em Lisboa, e o Nobre Estoril. Os seus projectos não se esgotam por aí e o desenvolvimento de receitas e novos conceitos também fazem parte do seu ‘cardápio’ Já com dois livros publicados, Justa Nobre é Embaixadora do “Portugal Sou Eu” e da “Gastronomia Transmontana” bem como cara familiar em televisão, tendo sido júri da primeira edição do ‘Master Chef’ e presença assídua em jornais e revistas.

NOVOS SABORES

Para além de ser uma oportunidade do Clube dispor de um menu especial representa ainda um momento de formação da equipa do restaurante “uma vez que o pessoal não tem nenhum português

e é necessário haver acções de “on job training” e de refrescamento. A iniciativa culmina na elaboração de uma nova ementa que tem como base os pratos mais apreciados no decorrer do festival. Paralelamente decorre o festival de vinhos em que o restaurante tem ao dispor dos interessados um “buffet de vinhos que conta com a participação de todos os nossos fornecedores e importadores de vinhos”, acrescenta. A novidade deste ano reside na prova de vinhos com os respectivos fornecedores em que durante os 15 dias de festival de gastronomia e vinhos, o público tem oportunidade de fazer uma “prova guiada durante a qual é dada informação em modo pequena palestra acerca dos seus produtos” Esta é, para Manuel Geraldes uma “forma de contribuir para uma melhor divulgação e promoção do que se faz em Portugal” estando previstas cerca de oito sessões de provas de vinhos na edição que está a decorrer. O evento que teve início a 2 de Junho e fim marcado para dia 13, é agendado de forma a incluir tanto o Dia de Portugal como o de Santo António, associado ao aniversário do clube que é aqui comemorado. A decorrer desde 2000, o evento, segundo Manuel Geraldes tem tido um crescente sucesso sendo que, desde o ano passado, conta com duas edições anuais e com a participação dedicada aos vinhos. A segunda edição anual decorre no mês de Outubro coincidindo com mais uma época alta da região em que se junta a entrada do Outono a eventos como a Festa da Lusofonia.

BOLLYWOO EM MACAU

Macau terra de luzes e ilusões mas também de h e tradição é o local escolhido para as filmagens Pakau in Macau. O filme inteiramente rodado e mexe nas ruas da RAEM e prevê ver a luz do di

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A C AU é o cenário integral do filme que está de momento em rodagem. Teen Pakau in Macau é uma produção ao jeito de Bollywood que conta com

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA E TODAVIA • Ana Luísa Amaral

“E Todavia” é o mais recente livro de poesia de Ana Luísa Amaral. Fulgurante e surpreendente, nele encontramos alguns dos mais belos poemas da obra da autora.

VIAGEM À VOLTA DO MEU QUARTO • Xavier de Maistre

a realização de Johny Singh Rana. A produção da Golden Grapes Motion Pictures tem a colaboração da Associação dos Amigos de Nepal em Macau, da Companhia Internacional de Entretimento

Precioso A&C Lda., e pretende narrar as aventuras e desventuras de três jovens indianos que trabalham na RAEM. O nome da película que por si só significa uma espécie de “bluffing” traz as ilusões de quem vem de

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

“Viagem à Volta do Meu Quarto” é uma sátira escrita no estilo da grande narrativa de viagens, e consiste no relato autobiográfico de um jovem oficial que, detido no quarto durante seis semanas, observa a mobília, os quadros e as decorações como se fossem paisagens de uma terra longínqua. Inspirando-se em Tristram Shandy (que De Maistre muito admirava) e jogando habilmente com a imaginação do leitor, esta Viagem tornou-se rapidamente um clássico da literatura. Como o autor espirituosamente nos demonstra, o mais importante numa viagem não é o destino, é o viajante.


11 EVENTOS

hoje macau terça-feira 7.6.2016

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história de Teen em Macau já dia em 2017

fora viver nesta “bela cidade de Macau” adianta António Inácio, relações públicas da produção, ao HM. A escolha de Macau é devida ao gosto que a equipa sente pela terra na sua beleza, tradições e “glamour”. Este “ é talvez o primeiro filme a ser totalmente rodado na RAEM” adianta, enquanto considera que é também uma forma de a promover além fronteiras. Neste sentido foram inicialmente escolhidos os prontos turísticos de maior relevo como as Ruínas de São Paulo, o Templo de Ah Ma, a Fortaleza do Monte, o Aeroporto de Macau e a

Torre de Macau bem como alguns hotéis e casinos de referencia da RAEM. Além dos lugares a produção afirma ainda a intenção deste ser um filme para Macau, mais até do que comercial “já que vamos cobrir quase todas as festividades e tradições multiculturais”. António Inácio sublinha que “depois de conhecer melhor Macau, estamos já a enquadrar também a cultura e a religião de acordo com as festividades locais, nomeadamente o Grande Prémio de Macau, procissões religiosas, etc.” Numa outra perspectiva, e na abordagem do jogo e dos casinos, sem fugir a este “cartão de visita” é intenção da produção abordar a situação em diferentes facetas tendo em conta também “os seu resultados negativos”. Apesar da promoção turística implícita, o RP refere ainda as dificuldades sentidas, nomeadamente por parte de alguns casinos e hotéis, na obtenção de aprovação para filmagens. Adianta que, devido a questões de planeamento, algumas casas comerciais não estão a fornecer as respectivas autorizações enquanto que outras pedem “uma quantia exorbitante” por alugueres de espaço em regime de exclusividade. Por outro lado, a produção conta já com a aprovação Instituto Cultural de Macau e das Forças de Segurança locais.

EQUIPA MULTICULTURAL

A película que será um romance / comédia conta na equipa de actores com profissionais provenientes da Índia ou com origem mista nepalesa, sendo que a parte técnica integra residentes da região entre os quais António Inácio ou mesmo o produtor H. K Peter. Apesar da inclusão de profissionais locais, o RP fala da dificuldade por vezes em encontrar mão de obra especializada pelo que a produção se vê obrigada a recorrer ao estrangeiro. Teen Pakau Macau será falado em Hindi, mas legendado em inglês e chinês, sendo que é objectivo atingir os mercados internacionais bem como o da China Continental e tem data prevista de lançamento no primeiro semestre de 2017.

À CONVERSA COM JOSÉ MANUEL SARAIVA

A FRC ARTISTA MULTICULTURAL EM EXPOSIÇÃO E PERFORMANCE

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O próximo dia 8 de Junho às 18h30 tem lugar na Fundação Rui Cunha a inauguração da exposição fotográfica e mostra artística “身 name. 体unamed” da jovem Sino-Suíça Sylvie Xing Chen. Para assinalar a abertura, o evento conta com a apresentação de uma performance da artista em parceria com um bailarino local e a exposição conta com obras da artista em fotografia, pintura e vídeo e pretende enfatizar o corpo como meio de transmissão de mensagens entre pessoas. Sylvie Xing Chen é natural da China, tem origem japonesa e actualmente reside na Suíça. Após o estudo musical em ópera Chinesa, formou-se pela academia de artes de Guangzhou em pintura chinesa, indo posteriormente estudar para França, onde se diplomou. Segundo a organização, após anos de trabalho e pesquisa alcançou o devido reconhecimento artístico o que leva a que as suas actuações atinjam uma riqueza multifacetada. Reconhecida internacionalmente já exibiu trabalhos na Europa China e Japão. As performances de Chen são normalmente acompanhadas da participação de um bailarino ou músico que numa fusão estética de som e linguagem, revelam a sua multiculturalidade em que o corpo nu é visto como um instrumento que permite interagir com o ambiente, criar memórias, expressar emoções mas acima de tudo ser uma conexão com o próximo. O evento conta com entrada livre e a exposição estará patente até 25 de Junho de 2016.

S comemorações do mês de Portugal continuam em Macau, desta feita com a presença do escritor e jornalista português José Manuel Saraiva que estará na RAEM entre 6 e 11 para a realização de duas sessões abertas José Manuel Saraiva visitará a Macau, entre 6 e 11 de Junho, onde realizará duas sessões abertas ao público na área da Literatura e do Jornalismo, bem como encontros com alunos em escolas. O nome de José Manuel Saraiva figura entre as principais referências da literatura portuguesa contemporânea, bem como do jornalismo de investigação, ao qual dedicou 34 anos da sua actividade profissional. Da sua obra como ficcionista fazem parte “Rosa Brava”, “Aos Olhos de Deus”, “A Última Carta de Carlota Joaquina”, obras com as quais marcou o romance histórico em Portugal, mas também outros exercícios, onde revisita memórias pessoais, como em “As Lágrimas de Aquiles”, ou interpela as PUB

relações humanas na actualidade, como em “A Terra Toda” e o seu mais recente “O Bom Alemão”, romance editado em 2015. São estas histórias da História e da sua recriação literária que darão mote à conversa aberta com o escritor, que decorrerá no dia 7 de Junho, às 18h30h no Café Oriente, do IPOR. No dia seguinte juntamente com a inauguração da mostra de livros em português,

José Manuel Saraiva estará presente na Livraria Portuguesa, também às 18h30, para nova conversa que explorará a sua visão sobre jornalismo e a sua vasta experiência na área, onde se inclui a passagem por alguns dos mais emblemáticos jornais e revistas portugues as, como O Diário, Diário de Lisboa, Expresso e Grande Reportagem. Do programa consta ainda a visita à Escola Portuguesa de Macau.


12 CHINA

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Ontem e hoje PEQUIM E WASHINGTON À PROCURA DE ENTENDIMENTOS Pequim acolhe mais uma edição do Diálogo Estratégico e Económico Jinping a exultar a importância de superar as diferenças China-EUA. enquanto que do outro lado Na mesa estão do Pacífico, os EUA alertam para questões do excesso as diferenças industrial, as restrições às ONGs e as sanções à Coreia e a procura de do Norte. entendimentos O Presidente chinês, Xi Jinping, apelou ontem à entre as duas gestão de “diferenças difipotências cilmente evitáveis” entre a China e os Estados Unidos mundiais sem da América de uma forma e com base na esquecer os mais “pragmática” confiança e respeito mútuos. recentes apertos No discurso que abriu a oitava ronda do Diálogo às ONGs, o Estratégico e Económico China - EUA, Xi afirmou que excesso de ambas as potências devem produção cooperar, ao invés de competir entre si, assegurando industrial e a que as soluções podem ser Coreia do Norte encontradas, desde que os

Diálogos estratégicos

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Diálogo Estratégico e Económico China-EUA que decorre em Pequim e reúne entidades governamentais de ambas as partes abriu ontem com Xi

“esforços sejam redobrados”. Quanto às diferenças que não podem ser resolvidas no momento “temos de geri-las de uma forma pragmática e construtiva, colocando-nos no lugar do outro”, disse. Para Xi, China e EUA podem alcançar consensos desde que sigam PUB

“os princípios do respeito mútuo e igualdade”. Sem mencionar o aumento de tensões no Mar do Sul da China, que Pequim reclama na quase totalidade, Xi pediu uma maior coordenação bilateral em assuntos vinculados com a região Ásia-Pacifico em que “o vasto Pacífico devia ser um cenário para a cooperação inclusiva e não um campo para competir”, afirmou. O presidente chinês reviu ainda a evolução dos laços bilaterais sino norte-americanos desde que ascendeu ao poder, há três anos, e sublinhou que a relação cresceu em “amplitude e profundidade”, mas instou as duas partes a reforçar a comunicação para evitar “juízos estratégicos errados”.

DO OUTRO LADO DA MESA

Por seu lado, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, transmitiu à liderança chinesa a sua preocupação com a nova lei daquele país para regular o trabalho das ONG estrangeiras, que considera ter ficado “debilitado”.

E NA COREIA DO NORTE

Os secretários norte-americanos de Estado, John Kerry, e do Tesouro, Jack Lew, encabeçam a delegação norte-americana, enquanto o lado chinês está representado pelo conselheiro de Estado Yang Jiechi e o vice-primeiro ministro Wang Yang No seu discurso de abertura Lew advertiu que a resolução deste assunto será importante para a relação bilateral entre as duas potências em que defende o papel das organizações não-governamentais na abertura e integração da China na economia mundial e a sua contribuição para cobrir as necessidades humanas básicas e incrementar o “êxito económico” do país. Ao mesmo tempo manifesta a sua preocupação “porque a China recentemente aprovou uma lei para administrar as ONG estrangeiras que debilita aqueles fundamentos, ao criar um ambiente pouco favorável para as ONG estrangeiras”, considerou.

senvolvimento do mercado de capitais. “O excesso de capacidade tem o efeito de distorcer e danificar os mercados globais”, disse, aplaudindo a decisão da China em tomar medidas para combater o problema. Pequim anunciou, no início do ano, planos para reduzir este excedente de produção na indústria do aço e do carvão chinesa, que desde há quatro anos resultam numa queda consecutiva dos preços.

O mesmo responsável disse também que o presidente dos EUA, Barack Obama, e o seu homólogo chinês, discutiram pontos de vista diferentes relativamente às ONG, sendo que “resolver isto será importante para uma relação bilateral”, assinalou o secretário do Tesouro.

EXCESSO DE PRODUÇÃO

No plano económico, Lew destacou o processo de transição que atravessa a economia chinesa, a segunda maior do mundo, e qualificou como “essencial” o país colocar em marcha as reformas para a redução do excesso de capacidade industrial, a abertura de mais sectores ao investimento estrangeiro e o de-

O Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, assegurou que é “imperativo” continuar a pressionar a Coreia do Norte e apelou à China para trabalhar na mesma direcção que os Estados Unidos. Na presença do conselheiro de Estado chinês, Yang Jiechi, e o vice-primeiro ministro, Wang Yang, anfitriões do encontro, o responsável sublinhou a “necessidade” de ambos os países estarem “firmemente juntos”, no que toca ao regime norte-coreano. “Recentemente trabalhámos juntos para adoptar as sanções do Conselho de Segurança da ONU mais fortes de sempre impostas à Coreia do Norte, em resposta às sucessivas violações deste país de resoluções passadas”, recordou Kerry, em referência às medidas adoptadas após os ensaios nucleares realizados por Pyongyang. A China, um país que até há poucos anos referia a sua relação com a Coreia do Norte como sendo de “unha com carne”, começou a aplicar estas sanções em Abril. Porém, na semana passada, o Presidente chinês, Xi Jinping, recebeu uma delegação do país que lhe reiterou a aposta no desenvolvimento de armas atómicas. “Não há qualquer motivo para que qualquer país necessite de avançar para a criação de mais armas nucleares”, assinalou Kerry, acrescentando que “o mundo está a avançar na direcção oposta”. Os secretários norte-americanos de Estado, John Kerry, e do Tesouro, Jack Lew, encabeçam a delegação norte-americana, enquanto o lado chinês está representado pelo conselheiro de Estado Yang Jiechi e pelo vice-primeiro ministro Wang Yang.


13 hoje macau terça-feira 7.6.2016

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grupo chinês especializado no retalho de electrodomésticos Suning confirmou ontem a compra de 70% do clube italiano de futebol Inter de Milão, por 270 milhões de euros. Fundado em 1990 por Zhang Jindong, um dos homens mais ricos da Ásia e membro do principal órgão de consulta do Governo e do Partido Comunista da China (PCC), o Suning torna-se assim o primeiro grupo chinês a deter uma participação maioritária num clube dos cinco principais campeonatos europeus. Em comunicado, o grupo escreve que esta aquisição permitirá “estudar a experiência e conceitos avançados do futebol da Europa”, ao mesmo tempo que “abrirá a porta do campeonato italiano a jogadores chineses”. “Terá um valor incalculável para o futuro do futebol chinês”, realça. Em Dezembro passado, o Suning comprou o Jiangsu Sainty, nono classificado da Superliga chinesa, a uma PUB

Chineses ao ataque Grupo Suning compra 70% do Inter de Milão

“Terá um valor incalculável para o futuro do futebol chinês” GRUPO SUNING empresa de têxteis com o mesmo nome, e ‘baptizou-o’ de Jiangsu Suning. No início do ano, o clube contratou os brasileiros Alex Teixeira, por 50 mi-

lhões de euros, e Ramires, por 30 milhões, a primeira e terceira contratação mais cara de sempre na China, respectivamente. A imprensa chinesa avança ainda que o grupo está em negociações para comprar a Stellar, uma das maiores agências de jogadores de futebol do mundo. A entrada de grandes grupos chineses no futebol coincide com o desejo de Pequim de converter o país numa potência futebolística à altura do seu poder eco-

nómico e militar. O presidente chinês, Xi Jinping, assumiu já o desejo de ver a China qualificar-se para a fase final de um Mundial, organizar um Mundial e um dia vencê-lo. Segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China figura em 82.º no ‘ranking’ da FIFA, atrás de muitas pequenas nações em vias de desenvolvimento.

CHINA

CÁBULAS NO EXAME DE ACESSO AO ENSINO SUPERIOR DÃO PRISÃO

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uso de cábulas durante o ‘Gaokao’ chinês, o maior exame de acesso à universidade do mundo, passou a ser um crime punido com pena de prisão até sete anos, afirmou ontem a imprensa local. A medida insere-se numa campanha das autoridades contra esquemas fraudulentos, que vão desde o uso de lembretes até sofisticados métodos, num teste de conhecimento considerado “crucial à meritocracia chinesa”. Pelas contas do Governo chinês, de um total de quase dez milhões de adolescentes que esta semana se submetem ao ‘Gaokao’, apenas 3,25 milhões vão conseguir entrar na universidade. Entre aqueles, só alguns milhares terão acesso às universidades de topo do país, que garantem maiores probabilidades de um bom futuro profissional ou académico. Segundo o Ministério da Educação, nas últimas semanas foram detidos 170

suspeitos e apreendidas seis mil peças de material, incluindo informação sobre o exame comercializada ‘online’ e equipamento utilizado para copiar. De acordo com relatos na imprensa local, com base em 84 casos ouvidos em tribunal entre 2012 e 2015, os produtos e dispositivos utilizados por cábulas variam entre relógios, auscultadores e t-shirts com receptores, até equipamento usado em espionagem. A contratação de substitutos que se fazem passar pelo candidato, um dos esquemas mais recorrentes nos últimos anos, tem também sido alvo de maior controlo pelas autoridades, destacou a agência oficial chinesa Xinhua.


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

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Apologia do progresso

Macau e a Lusofonia Afro-Asiática em Postais Fotográficos

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uma mostra de 260 postais fotográficos , na grande maioria datados de 1900 a 1930, período aúreo da circulação dos cartões ilustrados , que os impuseram como o mais marcante ícone da era da massificação das imagens ou da era do clichê. Documentando aspectos vários de Angola, Cabo Verde, Ex-Estado Português da Índia, Moçambique, S. Tomé e Príncipe,Timor e Macau, a sequência expositiva permite, entre outras, uma leitura de como a revolução tecnológica da 1ª Era Industrial se implantou na lusofonia afro-asiática. A 1a Era Industrial tem origem na invenção da máquina a vapor pelo engenheiro escocês James Watt, que a patenteou em 1769. A compreensão e aplicação dos processos da termodinâmica da força do vapor de água resultaram rapidamente na multiplicação da força do trabalho humano, operando a passagem da civilização agrária à civilização industrial, com uso das máquinas a vapor em produções massivas das fábricas de tecidos, ferramentas, papéis e... de outras máquinas mais poderosas. Se as repercussões no mundo económico foram imediatas, outras fundas aspirações iriam também rapidamente ter respostas: as ânsias humanas de comunicação, para vencer o espaço e o tempo. O mesmo Watt inventa logo de seguida processo de fazer cópias de documentos, comercializado com êxito em 1779. O processo litográfico era inventado em 1797 pelo actor Aloy Senefelder, alemão nascido em Praga, que aplicou uma tinta resistente ao ácido sobre uma placa calcária de fino grão, a que chamou planografia . Paralelamente, evoluíam avanços na Física e na Química, na óptica e nas lentes, tentando reproduzir imagens reais fixadas numa base. A técnica da fotografia surgiu em França em 1833, através de uma placa de cobre coberta com nitrato de prata, o daguerreótipo, do nome do sei inventor, Daguerre, logo seguida pela colotipia do científico inglês Henry Fox Talbot precursor das cópias sobre papel. Correm ao lado as técnicas de imprimissão e composição de fontes ou matri-

zes, com a linotipia e de seguida a monotipia, para textos, e com a litogravura e a fotogravura, para impressão de imagens. Surgem as revistas com ilustrações, sobretrudo a partir da última década do século. As técnicas fotográficas evoluem em rapidez e fidelidade à reprodução do real: dos pesados caixotes que requeriam 15 minutos de pose, passa-se à câmara portátil posta no mercado em 1888 pela Kodac com o genial slogan de promoção – “clique, que nós fazemos o resto”. As aplicações da máquina a vapor geram os grandes transatlânticos , as locomotivas e vias férreas transcontinentais, os cabos submarinos intercontinentais, e assim a agilização dos serviços de correios.

O CARTÃO POSTAL

Neste enquadramento exigente de novas formas de comunicação entende-se a aparição do cartão postal na Áustria em 1865, mais tarde promovido nas grandes mostras das novidades mundiais que foram as Feiras e Exposições Universais de Paris. O êxito do cartão postal compreende-se por ser meio de comunicação rápido, fácil, de baixo custo, substituindo as longas cartas fechadas, mais morosas e caras, da epistolografia romântica. O cabo-submarino e os cartões postais inauguram as mensagens “telegráficas”, no sentido de limitadas a curtas palavras, que os tempos exigiam. Na década de 90 começam a surgir os postais fotográficos ou ilustrados, que conjugam o discurso da saudade (reverso) com a visão do exótico (anverso): as famílias podem agora ver onde está o seu parente querido, as formas e cores das longínquas paragens, e sentem a sensação de uma proximidade que atenua a separação. O postal faz circular o discurso dos afectos e da nova visão do mundo , expostos ao mundo, porque viajam à vista de toda a gente. O postal é agora um documento bifronte, tem duas faces e dois discursos, é o primeiro produto post-industrial em que o conteúdo artístico se conjuga com um meio de informação ou em que o veículo da informação se vai acolher crescentemente ao elemento artístico .

Os postais passam a ser o primeiro grande álbum de massas da ilustração do mundo, alargam a globalização tornando-a familiar, divulgando cidades, portos, monumentos, ícones mundiais, etno-grafias, povos e trajes, tipos humanos nunca vistos, cenários e publicidade. Na apreciação do filósofo alemão Walter Benjamin ele significa a passagem do regime da ocorrência única ao regime da ocorrência de massa, conjugando uma mensagem privada com outra reprodutível e assim massiva. É a primeira grande manifestação das indústrias culturais e indício da massificação social a deflagrar em crescendo. Mas o cartão postal fotográfico não se limita a duas faces inteiras, é geometria quadripartida, porque não há apenas frente e verso, mas neste esquerda e direita, remetentes e destinatários, e mais ainda as transgressões do reverso sobre as imagens, para as legendar, comentar, sublinhar etc., e há o texto manuscrito e o texto tipográfico: “O que eu prefiro no postal ilustrado é que não sabemos o que é o verso e o reverso, aqui ou ali, perto ou longe (...) nem o que é mais importante, imagem ou texto, e no texto a mensagem, a legenda ou o endereço”. Eis um belo resumo formal do postal na visão de Jacques Derrida . De facto, tudo num cartão postal é significante, mesmo apenas um endereço. Na vária opinião de filósofos, o postal fotográfico é “um dos mais exaustivos quanto fragmentários inventários visuais” da figuração do mundo, e “inventor da prosa do mundo por uma humanidade sem nome”. As suas imagens proliferan-

do, viajando, prestáveis a serem coleccionadas, constituem matérias do arquivo visual de uma época, expressam um tempo como discurso e como memória, “como história e reinvenção da história”, sendo o mais relevante ícone da “febre de imagens” da “Era do clichê” (Deleuze ), ou da “violência das imagens” ( Jean Luc Nancy) , dando também matéria à “febre de arquivo” (Jacques Derrida) dos nossos dias.

INVENÇÃO DO TURISMO • Uma estratégia de sedução

Expostos ao olhar do mundo, “imagens distribuídas ao domícílio” na expressão de Paul Valéry, os postais vão ser o instrumento das indústrias culturais na deflagração do fenómneo do turismo, distribuindo impressões belas do mundo pelo mundo. Operando a maquilhagem do real num caixilho recortado do espaço, seleccionando o mais belo no mais favorável enquadramento, eliminando o que perturbe as sensibilidades dominantes, os cartões fotográficos impuseram-se como máscaras da sedução (Derrida) e constituindo uma estereotipia da sedução (Pierre Klossovski) incitantes do turismo. A exibição de um postal fotográfico passou a ser mostra pública de prestígio social da nova burguesia crescente, prova de frequência dos mais famosos e admiráveis sítios mundiais. A sofreguidão das imagens vem satisfazer a sofreguidão do exótico, a eliminação de distâncias e de fronteiras antes só acessíveis a poucos. Os centros urbanos, sobretudo os litorâneos, lugares de escala dos grandes transatlânticos, pressentem os novos tempos e aprestam-se a maquilhar-se, a colorir-se, ajardinar-se, a seguir a nova estratégia da sedução, para imprimirem o seu nome nos mapas das grandes rotas do mundo.

A FOTOGRAFIA/CARTÃO FOTOGRÁFICO • Fonte da História

No final dos anos XX do século passado deu-se uma revolução nos critérios da análise histórica que deu origem a uma nova historiografia, por alguns chamada nova história, por superação da fundamen-


15 hoje macau terça-feira 7.6.2016

Exposição

Luís Sá Cunha

olhos é fazer a imagem falar no silêncio, a fotografia é subversiva quando pensativa”. Em figuras de gente, deve-se olhar para o traje e os adereços da vestuária, e, mais do que para o olhar, para os olhos, como recomenda Barthes. A leitura da fotografia do jovem Franz Kafka por Walter Benjamin é a mais icónica ilustração disto.

ESPELHO E REINVENÇÃO DOS IMPÉRIOS EUROPEUS

tação exclusiva em documentos escritos e nas áreas política, diplomática, militar e económica, e com consideração de uma concepção holística da História. A história total passou a ter em conta os factos sociais no seu conjunto e inter-relação, como os sistemas culturais dominantes, a história das mentalidades, as sensibilidades sociais, as representações colectivas, a linguagem do traje e das modas etc.. Assim, a discursividade informativa da fotografia e do postal fotográfico passou a ser chamada a lugar importante de reconstituição da memória social. Este nova concepção aconteceu em França, com início das novas propostas defendidas pela École des Annales e expostas na revista “Annales d’Histoire Économique et Sociale” (1929), onde sobressaíam dois nomes de renome mundial, Lucien Fèvre e Marc Bloch. Esta escola prolongou-se por três gerações de grandes historiadores, onde podem distinguir-se Fernand Braudel, Pierre Chaunu, George Duby, Jacques Le Goff, Philipe Ariès, Pierre Nora etc., numa continuidade que se vai arrimando à antroplogia estruturalista de Lévi-Strauss e à epistemologia de Michel Foucault. Jacques Le Goff fez um dos enunciados básicos da metodologia avaliativa dos registos, com a distinção entre documento (1) e monumento (2):

documento: marca de uma materialidade concreta do passado, como pessoas, lugares, equipamentos urbanos e rurais, estruturas urbanas etc. , (o que é uma escolha do historiador); monumento: como símbolo de uma época, herança do passado, o que ela estabelece como (única) imagem a ser transmitida ao futuro. Mas é Le Goff quem logo desconstrói o que disse ser uma ilusória dicotomia analítica, porque o material informativo/documental resulta da selecção, sensibilidade, critério subjectivo de quem o elabora e selecciona, e assim todo o documento é monumento, e como tal e no limite, todo o documento é mentiroso.

UMA SÓCIO-SEMIÓTICA DO PROCESSO HISTÓRICO

É dentro e a par deste movimento analítico que se gera a necessidade de mais profunda leitura dos signos, para uma interpretação sócio-semiótica da documentação histórica, onde expressões verbais, simbólicas, plásticas, de gestos, atitudes, olhares, comportamentos, trajes, linguagens, são vistos na intertextualidade dos vários códigos de compreensão do ser em trânsito no mundo. As categorias universais do signo , propostas pelo considerado grande iniciador

da semiótica, Charles Sanders Peirce( 1839/1914) , primeiridade, secundidade, terceiridade, imediatismo consciente do fenómeno, entendimento do fenómeno pela consciência e interpretação e categorização dos fenómenos, constituiu quadro triádico também enquadrante da leitura dos signos visuais para posterior socio-semiótica dos fenómenos histórico-sociais. A fotografia começou a ser analizada em si própria como encenação de intertextualidade de todos os seus adereços componentes, não como simples analogon de uma realidade na sua fisicalidade concreta, mas na organização e interpretação dos seus conteúdos internos ( Umberto Eco, Ernest Gombrich). Não como um pedaço recortado e isolado do fluxo do tempo, mas como um continuum que projecta signos de interpretação para o futuro e tem no futuro uma outra e mais completa interpretação. De outra perspectiva, a fotografia por si só é histórica e, no dizer de Roland Barthes, não deve ser vista como ilustração do texto escrito, como este não deve ser o seu comentário (“la photo n’ illustre le texte, ceci ne commente la photo”) “A imagem (diz Barthes) transforma-se numa escrita, a partir do momento em que é significativa (...) uma fotografia será, para nós, considerada fala exctamente como um artigo de jornal (...) fechar os

Os discursos visuais publicitados pela circulação dos postais fotográficos podem ser vistos como espelho e reinvenção da história da expansão dos impérios europeus, sobretudo no continente africano. É que os postais não se limitavam a satisfazer o gosto pelo exótico da pupila superficial das massas citadinas europeias. Divulgando a vida dos interiores africanos, os seus usos e costumes, sistemas sociais, tecnologias ancestrais, construindo uma imagem do Outro civilizacionalmente atrasado e inferior, as imagens dos postais foram instrumento (nolens volens) da fundamentação moral às operações de uma Europa tecnicamente evoluída, belicamente poderosa, sobre núcleos tribais «primitivos». Eis o discurso da fotografia monumento, selectiva do que uma geração intenta passar ao futuro. Limitada no seu fixismo bidimensional, a fotografia que exibe o orgulho das grandes inovações da Era Industrial -- transtlânticos, portos, caminhos de ferro, estações de cabo submarino e de meteorologia, maquinarias etc. -- deixa fora do caixilho ou empenumbra aquilo que se mobilizou de energia braçal para os construir, como o que em plantações de sisal, café, amendoim etc., se produzia à custa de exploração do trabalho ou da semi-escravatura. Álbum da cultura dominante, o postal também provoca, questiona, incita o olhar a aprofundar-se em dimensões meta-icónicas. Ao lado do discurso hegemónico europeu, regista também outros de incentivo à preservação das hierarquias tradicionais útil à administração europeia, e à assimilação e à integração de classes locais, que se europeizam para alcançar superior estatuto social. Tudo é cenário: na Europa a África é cenarizada, mas também aproveita os adereços desse teatro para revestir a imagem do Outro, fotografando-se com o guarda - roupa do homem da city, de cartola ou canotier, ou com chapéus emplumados à la mode de Paris. E isto, da gradação dos tons da pele ao guarda-roupa, só a fotografia pode falar à História.


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N

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UMA entrevista a Claudio Magris publicada recentemente num jornal português perdeu-se uma boa oportunidade para perceber como o autor de Danubio julga os transportes que se operaram nos últimos anos em algumas das regiões sobre que o seu livro paradigmático se debruça. Se a importância que atribui aos espaços públicos onde se pratica a preguiça e a reflexão não deixa de ter lugar na conversa que se reproduz, uma preguiça e um exercício de reflexão que se terá transformado nas cidades contemporâneas em que se instalaram hábitos mais utilitários, menos presente está a reflexão sobre o que aconteceu às cidades ou vilas onde se passou de um regime de ditadura a um de democracia. Lembre-se que Danubio foi publicado em Milão, pela primeira vez, em 1986, poucos anos antes das transformações que libertaram vários países do que se chamava a Europa de Leste da forte influência soviética que se impôs após a Segunda Grande Guerra. Ler Danubio hoje, no que respeita às páginas que se debruçam sobre a Eslováquia, a Hungria, a Roménia e a Bulgária (que correspondem a cerca de metade do livro, seguintes às que falam da Alemanha e da Áustria) levam-nos a um universo ao mesmo tempo muito longínquo e muito próximo. Também se fala, e bem, da periferia como o lugar da “separação, mas também do encontro. Na periferia, há um conhecimento do centro maior do que o que existe no centro sobre a periferia” – afirma Magris durante a entrevista, reflexão que se pode aplicar também a países, como Portugal ou a Finlândia, onde existe um interesse pelo centro que não é necessariamente recíproco. Ou mesmo – acrescenta – “um conhecimento e um sentimento dos valores comuns mais fortes do que no centro. Por outro lado, o grande perigo da periferia é o de se considerar o mais autêntico da nação, por serem zonas onde se pensa que esse sentimento nacional está ameaçado. É nesse contexto que nascem os nacionalismos das zonas periféricas”. Esta resposta poderia ter sido tomada como plataforma de partida para perceber melhor e aprofundar o que se passa hoje em países como a Hungria ou a Polónia (que por razões geográficas não entra na discussão danubiana) onde o nacionalismo e a opção pelo isolamento são cada vez mais fortes. Começa por se fazer - mas não se explora suficientemente esta linha - ao referir a obsessão de alguns destes países em escolher o isolamento e a protecção insegura da sua identidade em detrimento da abertura e da tolerância, um processo com raiz na tentativa de preservar a identidade própria em face da hegemonização imposta durante o período de influência soviética. Magris refere o fosso existente entre a Constituição húngara e a dos países da U.E. É precisamente a Hungria que me interessa, como exemplo de fechamento e, mais interessante ainda, como exemplo de um país onde a um período de abertura que se seguiu a um de extremo enclausuramento que durou várias décadas, entrou numa fase de apetência por uma nova face

a revolta do emir

A propósito de Magris e da Hungria

de autoritarismo (como na Polónia) - algo que se não deu nos países do sul, Portugal, Grécia e Espanha, que nos anos 70 (74 e 75) rejeitaram regimes autoritários para nunca mais voltar a desejá-los. Não existem sequer em Portugal ou Espanha significativos grupos de direita que mostrem uma propensão nostálgica pelo autoritarismo. O primeiro texto do capítulo que Magris dedica, em Danubio, à Hungria, chama-se At the Gates of Asia?, o que demonstra a condição periférica que o autor lhe confere, uma que se acentua num país onde a língua tem poucos pontos de contacto (ou nenhuns) com as dos países do centro ou as dos países circundantes. Esta é uma terra em que nos inícios do século XX existe um sentimento de despertença do Ocidente Europeu: “The West has rejected us, so we turn to the East”, uma terra cuja história demonstra um fervoroso nacionalismo que se funda, ironicamente, a partir da sobreposição de inúmeras camadas de invasão e mistura, matrizes formativas do particularismo magiar em que se inclui o elemento asiático - tatar, turco (mais de 150 anos de ocupação), cumano ou pechenegue. O estado comunista impõs-se de modo paternal, reservando-se o direito de controlar todos os níveis da sociedade e suprimindo liberdades políticas, mesmo que a Hungria tenha sido (eu ainda me lembro) um dos regimes mais distantes de Mosco-

vo de entre os que a U.R.S.S. controlava, constantemente alternando entre períodos de maior e menor autoritarismo. Ao ler Danubio sentimos como este mundo (que forneceu ilimitado material ficcional), que parece distante, está, afinal, tão próximo de nós. Na prática o período comunista sucedeu-se a um regime igualmente autoritário (que se inicia, como em Portugal, nos anos 20), o do período de Horthy, Almirante dum país sem mar, aliado de Hitler mas de um nacionalismo rigoroso que não poupou dissabores também à comunidade alemã húngara (que depois de 1945 foi violentamente perseguida). De fins da Primeira Grande Guerra até 1989 são mais de 60 anos de regime musculado, primeira como ligado à União Soviética, depois como regime de direita e de novo sob domínio soviético após o Segundo Conflito Mundial, uma sucessão de Terror Vermelho-Terror Branco-Terror Vermelho. A Hungria hoje, a Hungria de Orbán, é um país onde se tenta re-escrever a história de acordo com uma agenda nacionalista (um sinal de extremo perigo), um país membro da O.T.A.N. (assim como a Turquia e a Polónia) e da U.E. onde a xenofobia e a concentração de poderes se exibem sem vergonha, onde o primeiro-ministro, mais uma vez sem pruridos, proclama o desejo de construção de uma democracia iliberal non-Western e admira abertamen-

Pedro Lystmann

te Vladimir Putin, onde a imprensa não é livre, onde a lei eleitoral foi alterada de modo a favorecer o seu partido, onde os tribunais têm cada vez menos independência e onde o primeiro ministro faz o que lhe apetece. Se Viktor Orbán não tem mostrado hostilidade directa contra os judeus e os ciganos, a necessária condenação dos grupos que o têm feito não tem sido devidamente convincente. Paralelamente, o Primeiro-Ministro parece mostrar simpatia por alturas da história da Hungria em que se esta dominava território hoje pertencente a países vizinhos. Tudo isto num país que se revelou como um dos mais abertamente adversos ao domínio soviético durante a época da Cortina de Ferro. Se Orbán, Erdogan, Netanyahu ou Kaczynski estão no poder é porque há uma vasta base conservadora popular que se identifica com as suas propostas. Tem sido difícil ao eleitor urbano supostamente mais sofisticado e educado entender esta gigantesca força silenciosa que não faz barulho na rua mas apoia em massa (basta votar) propostas políticas musculadas e rejeita liberalismos modernaços. É aqui que se coloca a questão de saber se existe neste poderoso grupo uma força conservadora nostálgica ou uma força fraca que necessita de um poder forte que não questiona, que olhe por eles e que garanta um modelo de ordem que parece - a este complexo mental - não existir nas sociedades ocidentais liberais. Assim, como li algures num artigo cuja proveniência não recordo, o novo autoritarismo nasce também daquilo que no Ocidente parece ser uma falta de autoridade e um excesso de liberdades. O que em Portugal se chama: ela-havia-de-ser-minha-filha-a-ver-se andava-assim-na-rua. Pensar na falta de tradições democráticas não ajuda a explicar as histórias de sucesso de Portugal, Espanha e da Grécia onde estas não sofrem (ou sofreram nestas últimas 4 décadas) qualquer ameaça significativa. Acrescenta-se a esta parcela a da exportação de modelos autoritários bem planeados. Os países poderosos que hoje se auto-propagandeiam sem receio como crescentemente autoritários, a China ou a Rússia, têm vindo a criar um modelo que legitima, aos olhos de outros, como a Turquia, muitos países africanos ou os países da Ásia Central antigamente sob o domínio soviético, uma opção que limita as liberdades e a independência do sistema judiciário e se afirma paternalisticamente como dura mas necessária. A esta necessidade cola-se um poderoso aparelho de propaganda nacionalista que ao liberalismo ocidental pode parecer bacoco e provinciano. Orbán tem elogiado a China, a Rússia, Singapura e a Turquia como modelos. Falar do modo sistemático e obviamente muito bem planeado como a China tem tentado exportar o seu modelo (sedutor porque inclui crescimento económico e afirmação internacional) seria matéria para outras linhas.


17 hoje macau terça-feira 7.6.2016

TEMPO

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Amanhã

INAUGURAÇÃO EXPOSIÇÃO “UNAMED” E CONCERTO DE SYLVIE XING CHEN Fundação Rui Cunha, 18h30

Sexta-feira

MIN

25

MAX

30

HUM

75-95%

EURO

9.08

BAHT

FILME “A CAÇA REVOLUÇÕES” (MARGARIDA RÊGO) FILME “AULA DE CONDUÇÃO” (ANDRÉ SANTOS, MARCO LEÃO) FILME “DESPEDIDA” (TIAGO ROSA-ROSSO) FILME “O REBOCADOR” (JORGE CRAMEZ) FILME “BALADA DE UM BATRÁQUIO” (LEONOR TELES) Cinemateca Paixão, 16h30 FILME “A TOCA DO LOBO” (CATARINA MOURÃO) Cinemateca Paixão, 20h00

O CARTOON STEPH

Diariamente

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau EXPOSIÇÃO “ARTS FLY” Broadway Macau (até 28/06) EXPOSIÇÃO “ARTES VISUAIS DE MACAU” Instituto Cultural (até 07/08)

EXPOSIÇÃO “AGUADAS DA CIDADE PROIBIDA”, DE CHARLES CHAUDERLOT Museu de Arte de Macau (até 19/06) EXPOSIÇÃO “TIBET REVEALED” Galeria Iao Hin (até 20/06) EXPOSIÇÃO DOS ALUNOS DE ARQUITECTURA DA USJ Creative Macau (até 18/06) EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “REMINESCENT – PORTUGAL MACAU” Galeria Dare to Dream (até 22/07)

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

14.30, 16.30, 21.30

Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 14.00, 16.40, 21.50

Filme de: Jon Favreau 19.30

X-MEN: APOCALYPSE [C]

X-MEN: APOCALYPSE [C][3D] Filme de: Bryan Singer Com: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence 19.15 SALA 2

THE JUNGLE BOOK [C] Filme de: Jon Favreau

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 101

PROBLEMA 102

UM FILME HOJE

SUDOKU

DE

FILME “OS OLHOS DE ANDRÉ” (ANTÓNIO BORGES CORREIA) Cinemateca Paixão, 20h00

EXPOSIÇÃO DE TIPOGRAFIA “WEINGART” Galeria Tap Seac (até 12/06)

YUAN

1.21

COBRAS E RATARIAS

Sábado

FILME “GIPSOFILA” (MARGARIDA LEITÃO) Debate “Produção Cinematográfica em Portugal e sua visibilidade pelo mundo” Cinemateca Paixão, 16h30

0.22 AQUI HÁ GATO

NOITE COM PIANO Fundação Rui Cunha, 18h00

Domingo

(F)UTILIDADES

Esta coluna chama-se “Aqui há gato”, mas em Macau quase que podemos dizer “Aqui há rato”. Quem diria que numa cidade que se quer internacional, um Centro Mundial de Turismo e Lazer, blá blá blá, tem ratos espalhados em muitos bairros da cidade. As últimas notícias dão conta da existência de ratos na zona de Mong-Há, que até dão jeito para matar as serpentes que por lá existem? Sabem o que também daria jeito? A implementação, de uma vez por todas, de um eficiente sistema de recolha de lixo (com concursos público mais limpos também, já agora) para que não haja mais porcaria espalhada pelo centro histórico e bairros no final do dia. É inconcebível que continue a haver tamanha porcaria nas ruas, com sacos de lixo e mobílias deixadas ao acaso em qualquer contentor do lixo. Não esqueço um aviso que li, e todos aqueles que continuo a ler, sobre a existência de ratos em casas abandonadas e zonas com alguma verdura. Qual é o problema? Da falta de manutenção, provavelmente derivado da falta de técnicos do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), ou mesmo da estratégia e capacidade de trabalho destas autoridades. Ratos é um problema de saúde pública. A existência de ratos em muitas zonas não é apenas mau e perigoso para as pessoas, é sinal de que Macau é, muitas vezes, uma região do chamado terceiro mundo, uma região do “deixa andar”. Pu Yi

WAKING LIFE RICHARD LINKLATER (2001)

Um jovem deambula entre várias realidades numa sessão de sonhos que deixam a questão se o serão realmente. Num mundo dominado pela confusão, as interacções de Waking Life reflectem diálogos e reflexões de uma sociedade dos media, que se debate com questões filosóficas como o existencialismo, a consciência, a ilusão e o poder ou controlo. Waking Life não é um filme “para meninos” mas antes um “must see” para gente grande que alia as problemáticas contemporâneas a uma animação frenética e muito bem feita. Hoje Macau

THE JUNGLE BOOK [C][3D]

SALA 3

ANGRY BIRDS [C] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 14.30, 16.30, 19.30

ANGRY BIRDS [C][3D] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Fergal Reilly, Clay Kaytis 21:30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


18 OPINIÃO

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sexanálise

DAVID CRONENBERG, CRASH

Acidentes com sexo

TÂNIA DOS SANTOS

O

sexo é muito, mas mesmo muito, bom. É o melhor para relaxar o corpo e a mente, é o melhor para a nossa auto-estima, é o melhor para espalhar o nosso amor. Mas o sexo tem perigos, uns mais comuns que outros. Não há nada como nos precavermos daquelas coisas que já conhecemos e termos alguma consciência dos inesperados que poderão surgir. Inesperado será sempre inesperado, potencialmente doloroso, mas muito provavelmente engraçado. Faz-me lembrar aquele episódio da série Seinfeld quando um proctologista faz contínuas anedotas sobre a panóplia de objectos que o pessoal mete nos seus rabinhos e que ficam lá presos. No calor do momento ninguém pensa muito detalhadamente nos riscos que um momento íntimo de prazer poderá trazer. O que nos prepara para a vergonha quando somos obrigados a partilhá-lo com médicos, enfermeiros ou ambulâncias? Nada. De qualquer forma, a probabilidade de ter um acidente sério é muito pequena, mas em casos raros pode ser fatal. 1. Brinquedos sexuais são caros, por isso as pessoas tentam improvisar como podem. O improviso, porém, pode não ser simpático com o nosso corpinho, massacrando-o de formas inimagináveis. É preciso ter cuidado com aquilo que se mete na vagina ou no rabinho, podem ser pequenos demais ao

ponto de se ‘perderem’ ou grandes demais para magoarem à séria. É que depois só num hospital há material especializado para explorar as caves interiores e retirar os objectos estranhos. Não os deixem lá dentro durante muito tempo. Evitem lâmpadas LED ou termómetros de aquário (tudo o que se possa estilhaçar é expressamente proibido, por mais fálicos que sejam) e evitem superfícies rugosas que possam arranhar ou ferir (houve alguém que se lembrou de enfiar uma flor pela uretra e arrependeu-se). Em relação à vagina em particular, esta tem um ambiente delicado com um pH específico indispensável à sua saúde. Se se meterem objectos estranhos que segreguem algum líquido, ou deixem ‘restos’, estou a pensar por exemplo, numa banana, a vagina pode ficar infeliz com a sujidade. 2. Não há nada como espontaneidade sexual em todos os recantos do quarto, da casa, da cidade e do planeta. Mas cuidado onde o fazem. Há quem tenha feito contra uma janela e caído, ou numa mata e caído num poço, ou a conduzir e ter tido um acidente (imaginem um broche enquanto conduzem e baterem contra alguém... acho que não preciso ser muito gráfica), ou no chuveiro e escorregarem e verem-se num cenário ensanguentado. Quer-se espontaneidade com segurança.

“A probabilidade de ter um acidente sério é muito pequena, mas em casos raros pode ser fatal”

3. Às vezes o sexo dá para umas pancadinhas de amor, umas palmadinhas aqui e ali, nada de muito exagerado para quem não é um adepto de BDSM. Mas tanto movimento traz algumas pancadas acidentais. Contra a parede, quedas da cama, cabeçadas, palmadas com mais força do que esperado, posições que dobram o pénis em dolorosas acrobacias (o pénis não precisa de ter ossos para se partir quando erecto...), joelhadas inesperadas (ou cotoveladas) e arranhadelas. Uma dentada de amor, por exemplo, pode ser perigosa também. Na Nova Zelândia uma senhora começou a ter sintomas de um AVC sem causa aparente, quando os médicos repararam no valente chupão que tinha no pescoço, que fez bloquear uma importante artéria. Dramático. 4. Penis captivus é uma condição rara onde a vagina se comprime ao ponto do pénis não ser capaz de sair. É necessária atenção médica para relaxar os músculos da vagina e desfazer o coito. Aconteceu a um casal italiano que estava a praticar o sexo no mar mediterrâneo. Nem quero imaginar como conseguiram pedir ajuda, ou chegar ao hospital. Suponho que, assim que saíram daquela, deram uma pausa na sua vida sexual, bem necessária. Não quero de modo algum assustar ninguém com estas histórias levadas da breca, são coisas que acontecem que, bem tratadas, não deixam mais do que uma história engraçada para contar. Há perigos mais reais do que uma cabeçada contra a cabeceira da cama. Há infecções e doenças sexualmente transmissíveis que são bem comuns e muito mais fáceis de prevenir. Preservativo SEMPRE. Os outros acidentes, esperam-se pouco disruptivos. Aproveitem que está cada vez mais calor, vão lá divertir-se, em segurança.


19 hoje macau terça-feira 7.6.2016

OPINIÃO

JOÃO PALLA

P

A CEM da Areia Preta

ARTINDO de uma nota de imprensa dando conta que o governo pretende demolir as instalações da CEM na Areia Preta para construção de habitação e espaços de cultura, cabe-nos uma outra pequena nota de imprensa. Em 1906 instalou-se a Melco, Macao Electric Lighting Company Ltd., na Estrada da Bela Vista, encostada às colinas da Montanha Russa e D. Maria II, uma zona íngreme dando para o rio. Circundada pelas actuais Rua dos Pescadores e Avenida Venceslau de Morais foi aqui que, durante muitos anos, se gerou a electricidade necessária para abastecer a cidade. A CEM, que veio substituir a Melco em 1972, reestruturou-se profundamente. Deslocou a principal central eléctrica para Coloane e construiu várias infra-estruturas necessárias para a modernização do abastecimento que, nos anos 80, ainda representava a electricidade mais dispendiosa do mundo. A CEM foi, por isso, e naturalmente a par do governo, um dos importantes promotores de encomenda de arquitectura ao longo das últimas décadas; de edifícios para centrais eléctricas, escritórios, subestações ou postos de transformação. Arquitectos de Macau desenvolveram interessantes exercícios plásticos que constituem hoje indiscutíveis valores da produção arquitectónica contemporânea. A CEM irá devolver o terreno da Central Térmica de Macau ao Governo onde este pretende construir habitação pública com cerca de mil fracções habitacionais. Em Macau, um dos últimos exemplos daquilo a que poderíamos chamar património industrial situa-se exactamente neste local, sendo os outros as fábricas de panchões. É preciso encontrar soluções que não sejam a da elementar demolição; olhá-las como oportunidade e desafio e não como mais um lote para construir blocos de apartamentos. A reabilitação é uma medida não só possível como a apropriada para este tipo de locais. Não temos uma Central Tejo convertida em Museu de Electricidade e em espaço de exposições mas, mais modestamente, temos uma História da electricidade que valeria a pena saber contar às novas gerações de modo a preservar a memória histórica. Porque mostrar o passado não é vergonha, apagá-lo é que chega a ser criminoso. E enquanto a reabilitação trata da adaptação e da reutilização de edifícios para novos usos, a regeneração urbana é um con-

REABILITAR E REGENERAR, OS OUTROS R´S DA SUSTENTABILIDADE

A regeneração urbana de espaços industriais constitui motivo de reflexão sobre outras disciplinas tais como o turismo industrial, a museologia, a arqueologia industrial e o próprio urbanismo ceito relativamente recente que se refere a intervenções urbanas que visam dar qualidade = requalificação, e vida = revitalização a zonas ou quarteirões degradados ou obsoletos transformados em equipamentos sociais, de lazer, de criatividade e alguma também habitação devolvendo uma utilização colectiva com espaços verdes.

A regeneração urbana de espaços industriais constitui motivo de reflexão sobre outras disciplinas tais como o turismo industrial, a museologia, a arqueologia industrial e o próprio urbanismo. Aos decisores incautos de cultura arquitectónica ficam alguns exemplos de reabilitação de espaços industriais, como a

fábrica de Pompeia em São Paulo, da autoria da Arquitecta Lina Bo Bardi, e a famosa Docklands em Londres. Quanto à regeneração urbana de espaços industriais, podem-se testemunhar inúmeros movimentos, tais como Industrial Heritage Association, The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage (TICCIH), e intervenções urbanas em Singapura ou várias cidades chinesas onde o melhor exemplo é o “798 Art District” em Pequim. O desafio deste lote obsoleto é uma abordagem que sintetize o equilíbrio urbano entre o desenvolvimento necessário e uma revitalização com algum grau de preservação. Não basta dizer-se que temos uma cidade de património quando não se olha para além do que já foi classificado pela Unesco, em 2005, ou pelo DecretoLei n.o 83/92/M, de 31 de Dezembro, há quase vinte cinco anos. A ideia de património arquitectónico deve ser vista nas acções presentes como sedimentos de acumulação de valor. Em Macau temos exemplos de diferentes estilos e correntes arquitectónicas que só existem porque houve a consciência da necessidade de as preservar. Também porque não houve a ira demolidora dos dias de hoje. E, se por magia, certos pós de bom senso mostrassem vontade de descender à Terra, indicar-lhes-íamos a escadaria que toca no céu e que traz ao interior quente do edifício da CEM - da autoria do Arquitecto Adalberto Tenreiro, construído em 1993. Este pequeno edifício de escritórios com dois pisos representa um dos melhores exemplos da arquitectura desconstrutivista em Macau. Um desenho complexo de desmontagem das peças arquitectónicas onde a estrutura dança sobre volumes desfasados. Um exercício arquitectónico irrepreensível e de valor indubitável. Nesse sentido, havendo um novo bairro de equipamentos para este local, defendemos a reutilização deste edifício cuja área reduzida em relação à área do lote, a planta livre e o seu bom estado de conservação propiciam a facilidade técnica de uma adaptação a novas funções. Entendemos que um concurso de ideias aberto será a forma mais límpida, colocando em pé de igualdade ateliers já reconhecidos com a crescente classe de arquitectos jovens de Macau. Elabore-se um programa que contemple as vertentes atrás descritas e lance-se o desafio aos que pouco ou nada têm conseguido acrescentar recentemente à cidade por força dos responsáveis governamentais e igualmente da insistente moda em importar projectos que são desenhados no exterior, unicamente assinados por arquitectos locais.


Neste deserto / que pariu uma ave branca / líquida e nuvem / chamei-te mil vezes / respondendo / lúgubre e estrangeira / a voz da estrela / que agora me liberta / de mim mesmo.” Josué da Silva

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Olha o fiscal

Quase três mil multas por violação da lei do tabaco

Q

UASE três mil pessoas foram este ano multadas em Macau por violarem a Lei de Prevenção e Controlo do Tabagismo, revelaram ontem os Serviços de Saúde, indicando também que foram efectuadas mais de 136 mil inspecções a estabelecimentos comerciais. De acordo com os dados oficiais, até 31 de Maio foram registadas 2.940 acusações, quase todas relativas a pessoas que fumavam em locais proibidos, e em cinco casos devido à venda de produtos de tabaco que não satisfaziam as normas da rotulagem. A maioria dos infractores eram homens (92%) e residentes de Macau (60,1%), sendo que 35,4% eram turistas e apenas 4,5% trabalhadores não residentes (sujeitos a visto de trabalho). Em 111 casos foi necessário o apoio das forças de segurança, indicam os Serviços de Saúde. Desde o início do ano, 82,1% dos autuados pagaram a multa. No que toca aos locais onde ocorre o maior número de infracções, os cibercafés continuam a liderar (16,9% dos casos), seguidos dos parques e jardins (12,8%), e das lojas e centros comerciais (9,6%). Os casinos foram submetidos a 200 inspecções este ano, sendo multadas 241 pessoas que fumavam ilegalmente. A grande maioria (80,5%) eram turistas. Desde que a lei entrou em vigor, a Janeiro de 2012, mais de 34 mil pessoas foram multadas, resultado de mais de um milhão de inspecções.

PASSO A PASSO

A Lei da Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser

aplicada de forma gradual, começando por visar a generalidade dos espaços públicos e prevendo disposições diferentes ou períodos transitórios para outros casos. A 1 de Janeiro de 2015, por exemplo, entrou em vigor a proibição total de fumar em bares, salas de dança, estabelecimentos de saunas e de massagens. Já os casinos passaram a ser abrangidos dois anos antes, a 1 de Janeiro de 2013, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores, que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público. Contudo, em Outubro de 2014, “as zonas para fumadores” foram substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido apenas em algumas áreas das zonas de jogo VIP. Actualmente, encontra-se em sede de análise pela 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa uma alteração ao Regime de Prevenção e Controlo de Tabagismo, depois de, em Julho do ano passado, o hemiciclo ter aprovado, na generalidade, uma proposta de lei no sentido de proibir totalmente o fumo nos casinos, após um longo debate centrado no impacto sobre as receitas da indústria do jogo. O receio é o de que a proibição de fumar nas salas VIP agrave ainda mais a tendência de queda das receitas dos casinos, que caem ininterruptamente desde Junho de 2014. Lusa

terça-feira 7.6.2016


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