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SOFIA MARGARIDA MOTA
Palavra atrás
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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MOP$10
QUINTA-FEIRA 7 DE JUNHO DE 2018 • ANO XVII • Nº 4067
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
O Conselho do Património Cultural de Macau voltou atrás quanto à classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun. Em Abril era a favor, hoje já não é. As razões apontadas para a inversão de marcha prendem-se com os avultados encargos da reconstrução e com as limitações que a classificação pode trazer se as estruturas mantiverem o traço original. A reunião do conselho decorreu à porta fechada. PÁGINA 7
BORACAY
PEARL HORIZON
GRANDE PLANO
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DE PARAÍSO A INFERNO
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INTERESSES PARTILHAS FRANGUINHO ALINHADOS CHINESAS NO CHURRASCO ANTÓNIO CABRITA
2 grande plano
7.6.2018 quinta-feira
BORACAY
PENITENCIARIA N P
OR estes dias no paraíso de Boracay reza-se muito a Deus, mais do que o habitual para uma população com uma grande ligação ao cristianismo. Desde que o Presidente Rodrigo Duterte decidiu fechar a ilha ao turismo por um período de seis meses, devido à poluição provocada pela falta de uma rede de esgotos, que 17 mil pessoas ficaram sem trabalho. Um dos mais graves efeitos secundários desta decisão é uma grave crise de fome, numa comunidade já por si muito pobre. Nos próximos meses terão de aprender a viver sem salário e sem acesso a bens essenciais como comida, cuidados médicos. Por vezes, são nestes períodos de aflição que o melhor das pessoas vem ao de cima. Uma vez que os estrangeiros estão totalmente proibidos de chegar a Boracay neste período, parte da população está dependente da boa vontade de Joven Antolin e da sua esposa. Joven, filipino com nacionalidade canadiana (tal como a sua esposa), é proprietário do Oasis Resort and Spa, que deixou de receber turistas para passar a servir de cantina a todos os que têm fome. Nas imagens
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que publica na sua conta pessoal de Facebook, podem-se ver filas enormes de crianças que aguardam pela refeição confeccionada na cozinha do hotel familiar situado no norte da ilha. Algumas levam comida na mochila para familiares que não comem há dias. A iniciativa de Joven Antolin, que também opera a ONG Strong Roots Ministry, começou no passado dia 1 de Maio. Ao HM, o responsável fala de um cenário catastrófico. “Decidimos neste período oferecer refeições à comunidade SOFIA MARGARIDA MOTA
O fecho da ilha de Boracay, nas Filipinas, por um período de seis meses devido à poluição do mar, deixou a sua população numa grave crise humanitária. Nenhum estrangeiro pode entrar na ilha e neste momento os locais dependem da ajuda de pessoas como Joven Antolin. O filipino transformou o hotel de que é dono numa autêntica cantina para quem precisa de uma refeição. A Caritas Macau promete accionar um plano de apoio
FECHO DA ILHA AO TURISMO ESTÁ A PROVOCAR UMA CRISE HUMANITÁRIA
diariamente, porque sabemos que as famílias vão ter de guardar ao máximo as suas poupanças. Oferecemos também outro tipo de assistência, se necessário. Também damos material escolar gratuito a 1200 crianças de Yapak para aliviar os custos. É muito difícil [esta situação] para os locais, porque quase todos eles dependem do turismo”, contou. Joven Antolin conta com o apoio de amigos e das suas próprias poupanças para financiar esta iniciativa. As ajudam chegam à pequena ilha da província de Aklan
vindas do Canadá, mas também de outras parte do mundo, inclusive de Macau. Cynthia Dehaas, a residir em Macau há sete anos, é a única pessoa do território a providenciar ajuda financeira para apoiar a comunidade de Boracay, uma vez que está impedida de entrar na ilha. Conheceu Joven Antolin depois de ter passado umas férias no seu hotel, onde também entrou em contacto com o trabalho feito pela Strong Roots Ministry. “Os estrangeiros não podem ir para Boracay. Inicialmente, tentá-
“Começámos agora o primeiro programa de apoio à pobreza, que já dura há um ano e que chegou agora às Filipinas. Vamos falar com a Caritas de lá para saber se podemos dar apoio com o nosso financiamento.” PAUL PUN SECRETÁRIO-GERAL DA CARITAS
grande plano 3
quinta-feira 7.6.2018
NO PARAISO ´
sentido de perceber se está a ser preparado algum mecanismo de apoio. Paul Pun garantiu que vai dialogar com a entidade congénere nas Filipinas para que possa ser accionado um fundo financeiro de apoio à crise humanitária que se vive em Boracay.
mos ir como turistas mas com o objectivo de prestar apoio social, como voluntários, e pedimos ao Joven se era possível arranjar um visto nesse sentido. Não é sequer permitido, e durante seis meses todos os que não tiverem um passaporte filipino não podem entrar na ilha.” Cynthia considera que “as famílias estariam numa pior situação se esta ajuda não estivesse a acontecer”. “São cerca de 15 mil pessoas que vivem em Boracay e eles ajudam cerca de 600 pessoas por dia, na maioria crianças, e é dada comida e material escolar. A maior parte das pessoas depende do turismo para sobreviver e o fecho da ilha coloca a uma parcela grande da comunidade sem um trabalho e sem salário.” Cynthia Dehaas soube de toda a situação pelas redes sociais. “Ficámos hospedados no hotel e vimos como ele apoia a comunidade. Mantivemos o contacto e desde que foi anunciado o encerramento de Boracay, temos vindo a ajudar nesta acção. Ele tem sido muito activo nas redes sociais para mostrar a situação e as necessidades de apoio.” O HM contactou Paul Pun, secretário-geral da Caritas, no
“Os estrangeiros não podem ir para Boracay. Inicialmente, tentámos ir como turistas mas com o objectivo de prestar apoio social, como voluntários, e pedimos ao Joven se era possível arranjar um visto nesse sentido. Não é sequer permitido, e durante seis meses todos os que não tiverem um passaporte filipino não podem entrar na ilha.” CYNTHIA DEHAAS RESIDENTE DE MACAU
“Não temos dado assistência especificamente a esta região. Sei que estão a ser muito afectados por esta decisão. Há cerca de dois meses lançámos o primeiro projecto nas Filipinas, e a Caritas tem vindo a prestar apoio em situações de catástrofes naturais. Começámos agora o primeiro programa de apoio à pobreza, que já dura há um ano e que chegou agora às Filipinas. Vamos falar com a Caritas de lá para saber se podemos dar apoio com o nosso financiamento.” Este programa trabalha sobretudo ao nível do trabalho comunitário, levando pessoas a gerir espaços que possam ajudar os mais necessitados. Para tal, está reservado um orçamento de 20 mil dólares americanos, que deve ser dividido por dois anos. “Em Boracay poderia ser possível [accionar este plano], é um lugar onde a Caritas Macau poderia fazer algo. Muitos migrantes trabalham em Macau e servem a sociedade. Poderemos não ter capacidade para apoiar todos, mas vamos tentar que
haja uma mudança de política para que não se prejudique a vida destas pessoas”, acrescentou Paul Pun.
DIÁRIO DA POBREZA
Na página pessoal de Facebook de Joven Antolin multiplicam-se relatos de desespero misturado com um sorriso nos lábios e a força necessária para atravessar os próximos meses. O dono e gerente do Oasis Resort and Spa partilha uma espécie de diário na rede social, na esperança de que alguém fora das Filipinas interceda pela população da ilha. “Dia 34. As refeições são gratuitas para todos aqueles que precisarem e estão disponíveis diariamente no Oasis. Também oferecemos refeições aos alunos da escola Yapak todas as segundas, quartas e sextas-feiras. A jovem paciente com problemas de coração tem realizado mais testes, tem água no coração e nos pulmões. O jovem com leucemia morreu, infelizmente, esta manhã.” Este é um exemplo de um post que retrata o dia-a-dia do casal Antolin. Uns dias antes, o post foi dedicado a panquecas. “Um amigo doou xarope de ácer e decidimos fazer panquecas e ovos para a refeição de hoje. Os que apareceram apreciaram muito, mas alguns procuravam também um pouco de arroz no prato. Os funcionários da cozinha tiveram um longo dia na cozinha, a preparar 450 panquecas. Uma empresa também doou garrafas de água”, lê-se. A 26 de Maio, uma criança tentou esconder alimentos para dar à mãe, que não comia há vários dias. “Uma menina de sete anos apareceu na fila para ter acesso a uma refeição. O pessoal deu-lhe comida mas reparei que ela foi para um canto, colocou a comida num saco de plástico e guardou-o na mochila. Perguntei-lhe porque tinha feito aquilo e disse-me que a sua mãe não tinha comido nada. Disse-lhe para voltar para a fila para buscar outra refeição e para trazer a mãe na próxima vez. Todos são bem-vindos.” Joven Antolin garante que as autoridades têm vindo a providenciar algum auxílio, mas que este não consegue colmatar as necessidades sentidas pela população. “Está disponível algum apoio do
Governo mas não é suficiente, e as indemnizações são baixas. Contudo, as pessoas têm-se mantido positivas. Não foi dado qualquer apoio para os negócios relacionados com o turismo, apenas para os habitantes que trabalhavam no sector.”
UM LUGAR QUE VIROU PRISÃO
A ligação do empresário ao seu país de origem voltou a surgir anos depois de ter a vida estabilizada no Canadá. Em 2007, Joven ficou chocado com a pobreza que viu na
“Decidimos neste período oferecer refeições à comunidade diariamente, porque sabemos que as famílias vão ter de guardar ao máximo as suas poupanças. É muito difícil [esta situação] para os locais, porque quase todos eles dependem do turismo.” JOVEN ANTOLIN PROPRIETÁRIO DO HOTEL QUE OFERECE REFEIÇÕES
ilha. “Eu e a minha mulher ficámos durante cinco dias e voltámos depois em 2007 para visitar alguns amigos. Aí fomos dar uma volta pela ilha de mota e quando parámos em Yapak vimos uma escola muito pobre, com crianças descalças. Vi uma enorme beleza e pobreza ao mesmo tempo. E perguntei a Deus porquê. Então vendemos tudo e mudámo-nos para Boracay, onde já vivemos há nove anos.” Além de operar o hotel, Joven Antolin dá todo o tipo de assistência aos mais necessitados com a sua ONG. “Muito do dinheiro que ganho uso para ajudar a nossa comunidade. Providenciamos apoio na ida para a universidade a 120 crianças. Damos apoio médico e dentário, e ainda temos um programa de refeições gratuitas para as escolas.” Para pôr em prática o encerramento da ilha ao turismo, o Governo de Rodrigo Duterte recorreu às forças policiais nos primeiros dias, apesar de Joven ter referido ao HM que não foi usada violência. “A ilha de Boracay ficou totalmente encerrada nos últimos dias, com uma forte presença da polícia e da guarda costeira, algo que tem vindo a tornar-se comum. Muitos estão armados com metralhadoras e usam uniformes para que todos possam ver. Também têm vindo a controlar a multidão com armas perto da praia. Bem-vindos à penitenciária de Boracay.” Quando a decisão de Rodrigo Duterte foi anunciada, em Abril, estimou-se que 36 mil pessoas ficariam afectadas. Chegaram a decorrer protestos, mas não tiveram qualquer efeito prático. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 política
7.6.2018 quinta-feira
PEARL HORIZON SECTOR EMPRESARIAL ALINHA-SE COM GOVERNO E CRITICA POLYTEX
Também tu, Brutus?
GCS
A sessão da Assembleia Legislativa de ontem ficou marcada por uma chuva de críticas à postura da Polytex. Mesmo entre os deputados próximos dos interesses empresariais, o tom foi de ataque e exigiu-se a responsabilização da empresa promotora do Pearl Horizon
J
OSÉ Chui Sai Peng e Kou Hoi In são dois dois deputados com conhecidas ligações ao sector empresarial de Macau, mas ontem não hesitaram em alinhar-se com o Governo e atacar a Polytex, pela forma como tem lidado com o caso Pearl Horizon. Os dois legisladores adoptaram a visão do Governo e recordaram a “promessa” da empresa, que se tinha comprometido a não apresentar um pedido de indemnização ou compensação, no caso de não ter uma nova concessão do terreno. “A actual situação é clara como a água: a Polytex perdeu a acção
no tribunal, mas está a utilizar o fundamento de que vai exigir uma indemnização ao Governo para fugir e arrastar a restituição do montante pago e a indemnização, que são ambas da sua total responsabilidade”, acusou Kou Hoi In. “A meu ver, a Sociedade de Importação e Exportação da Polytex, Limitada deve cumprir as responsabilidades contratuais e sociais, dar uma resposta justa aos condóminos, e devolver-lhes, quanto antes, o dinheiro pago pela compra das fracções, não devendo arrastar o caso indefinidamente”, acrescentou o também presidente da Associação Comercial de Macau.
Já José Chui Sai Peng acusou a Polytex de “manifesta falta de sinceridade”, e atacou a empresa por ter prometido que não ia pedir qualquer compensação ou indemnização se não lhe fosse atribuída uma nova concessão do terreno.
“A Polytex é uma empresa cotada na bolsa, portanto, devia, de imediato e em cumprimento do espírito do contrato e da sua obrigação social, tomar a iniciativa de discutir uma solução com os bancos e com os compradores,
“A actual situação é clara como a água: a Polytex perdeu a acção no tribunal, mas está a [...] fugir e arrastar a restituição do montante pago e a indemnização, que são ambas da sua total responsabilidade.” KOU HOI IN DEPUTADO E PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE MACAU
IMOBILIÁRIO ELLA LEI ALERTA PARA OCORRÊNCIA DE BURLAS
A
deputada Ella Lei, ligada aos Operários, mostrou-se preocupada com os casos de burlas que envolve casas em Macau, que, de acordo com a legisladora, se tornam cada vez mais frequentes. Em causa está uma burla recente, na qual um residente conseguiu fazer-se passar por outra pessoa, com
recurso a um bilhete de identidade de Hong Kong falso, e obteve autorização notarial para vender uma casa que não lhe pertencia. “A fim de reforçar a segurança nas transacções de imóveis, além da necessidade de aperfeiçoar os regimes de registo predial e de notariado, as autoridades competentes
devem reforçar as acções de sensibilização, para os cidadãos ficarem mais alerta para este crime”, frisou a legisladora. Por outro lado, Ella Lei sugeriu “a necessidade de reforçar as medidas e regras de identificação dos proprietários”, até pelos danos que os elevados preços do mercado imo-
biliário acabam por causar às vítimas. “Actualmente, o preços dos imóveis em Macau é muito elevado, as transacções são de milhões e até dezenas de milhões de patacas, por isso há grandes perdas para o proprietário e para o comprador, se houver actos ilícitos de compra
e vendas de imóveis”, sublinhou a membro da Federação das Associações dos Operários de Macau. “Consideramos que um caso já é um caso a mais. Espero que a Administração altere, quanto antes, o Código de Registo Predial e o Código do Notariado, para eliminar as lacunas vigentes”, vincou.
POLYTEX EMPRESA DIZ QUE TEM PLANO PARA COMPRADORES A
Polytex já elaborou um plano para devolver o montante devido aos compradores e vai assumir as suas responsabilidades. A garantia foi deixada pelo grupo numa mensagem enviada aos proprietários e que o presidente da União dos Proprietários do Pearl Horizon, Kou Meng Pok, partilhou com o HM. Ainda de acordo com a mesma mensagem, a Polytex tem um plano de pagamento inicial que ainda vai ser revisto pelos advogados. A promotora destacou também que sempre esteve disponível para encontrar uma solução para a questão e que o Governo nunca apresentou uma solução viável.
protegendo, na medida do possível, os interesses destes últimos”, apontou Chui Sai Peng. “Lamento que duas semanas após a divulgação da decisão do Tribunal de Última Instância a Polytex ainda não tenha manifestado a sua posição. Uma manifesta falta de sinceridade”, frisou o primo do Chefe do Executivo. Chui Sai Peng e Kou Hoi In não foram os únicos deputados a focar atenções no assunto. Entre as 17 intervenções antes da ordem do dia, 12 dos pedidos de palavra dos deputados focaram este assunto. Até Ng Kuok Cheong, que não tinha planeado mencionar o tema, acabou por alterar a sua intervenção em cima do momento e fazer umas breves notas sobre o assunto.
EM NOME PRÓPRIO
Quem também criticou a postura da empresa foi o deputado Ip Sio Kai, sublinhando a existência de compradores que “foram gravemente afectados devido ao impacto físico considerável que sofreram”. O legislador não referiu que é Director-Geral do Banco da China em Macau, instituição que tem continuado a exigir ao compradores o pagamento dos empréstimos. Contudo, Ip Sio Kai recordou que desde a decisão do Governo de recuperar o terreno até à decisão do TUI que já passaram 872 dias e acusou a Polytex de inactividade: “Durante esse período, o promotor teve tempo suficiente para tratar do caso, mas lamentavelmente ainda não resolveu o problema dos compradores das fracções em construção”, apontou. Ip Sio Kai sustentou que a empresa deve avançar imediatamente com a devolução do dinheiro aos compradores, e que depois poderá ir para os tribunais ou negociar com o Governo para receber uma indemnização. João Santos Filipe
joaof@hojemacau.com.mo
política 5
Turismo Cecília Tse com pausa de dois anos
A vice-presidente da Direcção dos Serviços de Turismo, Cecília Tse Heng Sai, obteve uma licença sem vencimento de aproximadamente dois anos, que começa a 14 de Junho e termina a 13 de Junho de 2020. A informação foi publicada, ontem, no Boletim Oficial e diz respeito a um despacho assinado por Alexis Tam, secretário para os Assuntos Sociais e Cultural, a 18 de Maio. Segundo o estatuto dos trabalhadores da função pública, a licença tem de ter uma duração mínima de um ano e Cecília Tse não poderá regressar à DSAT se na altura não existirem vagas para o cargo que ocupa.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
quinta-feira 7.6.2018
10 de Junho Ex-secretário de Estado participa nas comemorações José Cesário, ex-secretário de Estado das Comunidades Portuguesas e actual deputado à Assembleia da República, estará em Macau de sexta a quarta-feira para participar nos eventos de celebração do 10 de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas em Macau e também em Pequim. Num comunicado enviado às redacções, José Cesário adiantou ainda que manterá “contactos e reuniões com várias entidades e membros das nossas comunidades locais”, tal como o embaixador português
AL AGNES LAM CONSIDERA QUE É PRECISO FAZER MAIS PARA A ÉPOCA DE TUFÕES
“Não estamos preparados” Ao contrário da versão de Wong Sio Chak, Agnes Lam considera que Macau não se está a preparar da melhor maneira para a época dos tufões. A legisladora fala em obras que demoram anos a concretizar e simulacros que não preparam a população mais afectada pela subida do nível da água “A construção das infra-estruturas de prevenção é lenta, as diversas obras ainda estão na fase de planeamento. A construção das comportas no Porto Interior RÓMULO SANTOS
O
Governo tem feitos exercícios e adoptado medidas para a época de tufões, mas a região ainda não está preparada. Esta é a opinião da deputada Agnes Lam, que deixou ontem o alerta na Assembleia Legislativa, durante as intervenções antes de ordem do dia. Anteriormente, Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, já tinha considerado que o território está preparado para um tufão com a força do Hato. “É verdade que o Governo da RAEM procedeu à revisão e aperfeiçoamento dos mecanismos de prevenção de calamidades, aprendendo a lição do tufão Hato do ano passado, e prometeu que ia melhorar os trabalhos”, começou por dizer Agnes Lam. “Mas se fizermos uma avaliação, não é difícil verificar que ainda não estamos preparados para a chegada da época de tufões”, considerou. Na Assembleia Legislativa, a deputada mostrou-se preocupada com o tempo que as infra-estruturas consideradas essenciais para a prevenção das catástrofes vão demorar até ficarem concluídas.
só vai arrancar em 2019, e desde a formulação da ideia em 2012 até à conclusão, o projecto vai demorar 10 anos”, frisou. No que diz respeito aos trabalhos mais simples, a situação não é muito diferente: “As obras de dimensão mais pequena, como muretes de protecção contra inundações, estações elevatórias de águas pluviais e esgotos com caixa de seccionamento de águas pluviais, vão demorar 2 a 3 anos”, acrescentou.
SIMULACROS DE ELITE
A deputada criticou igualmente o Governo por não envolver a população nos simulacros, principalmente
as pessoas que são mais afectadas pela subida do nível da água. “O simulacro [Peixe de Cristal] mobilizou cerca de 1700 pessoas e durou 5 horas, mas depois do exercício, não foi divulgada nenhuma informação sobre as formas de salvamento em caso de super-tufão”, apontou Agnes Lam. “O público não sabia que se tratava de um exercício para testar a coordenação interdepartamental em caso de calamidade, só sabia que o exercício de evacuação, em que os cidadãos comuns não puderam participar, envolveu apenas associações”, constatou.
“Quando há tufões, os residentes da zonas baixas são os primeiros a ser afectados, por isso devem ser informados, através de simulacros, dos caminhos de fuga e evacuação mais rápidos.” AGNES LAM DEPUTADA
em Pequim, Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, os membros do Conselho das Comunidades Portuguesas e ainda associações como a Associação dos Macaenses e a Associação dos Aposentados, Reformados e Pensionistas de Macau (APOMAC).
“Quando há tufões, os residentes da zonas baixas são os primeiros a ser afectados, por isso devem ser informados, através de simulacros, dos caminhos de fuga e evacuação mais rápidos, da localização dos abrigos mais próximos e seguros”, acrescentou. A deputada deixou assim o apelo ao Governo para que faça simulações com a população mais afectada. Agnes Lam pediu mesmo que algumas simulações coloquem cenários em que as coisas foram “um fracasso”, para se treinarem as respostas adequadas. Esta versão contraria a contada por Wong Sio Chak, mais precisamente quando, a 14 de Abril, o secretário afirmou numa conferência de imprensa: “Neste momento, somos capazes de enfrentar um tufão com a mesma intensidade do Hato”. João Santos Filipe
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6 política
7.6.2018 quinta-feira
AL LEI DA ARBITRAGEM APROVADA POR UNANIMIDADE
Sinal verde
Levantou algumas questões, mas foi aprovada só com votos favoráveis. O Governo espera que a nova Lei da Arbitragem permita a Macau cumprir melhor a sua tarefa enquanto Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa regime jurídico que se aplica para a arbitragem interna e outro para a externa. Uma situação que segundo Sónia Chan “suscita dúvidas e controvérsias desnecessárias sobre a sua interpretação e aplicação”.
Entre os deputados houve o reconhecimento do facto da arbitragem não estar a funcionar em Macau como nas outras regiões vizinhas. Segundo Zheng Anting, o único a apresentar dados, desde
GCS
A
nova Lei da Arbitragem foi aprovada ontem à tarde na Assembleia Legislativa por unanimidade, com os 29 votos dos deputados que estiveram presentes na sessão. Segundo Sónia Chan, existe a esperança de que este documento actualize a lei em vigor e possa servir para tornar Macau no centro de mediação para resolver diferendos entre a China e os Países de Língua Portuguesa. “É necessário aperfeiçoar o regime da arbitragem de forma a melhor concretizar a posição de desenvolvimento da Região Administrativa Especial de Macau como ‘um centro, uma plataforma’ [...] assim como aproveitar activamente as vantagens da RAEM, no sentido de desempenhar ainda mais a função e o papel de Macau como Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, disse a secretária para a Administração e Justiça na apresentação do diploma. A necessidade de reformar a lei, anterior à transição, foi justificada com o facto de existir um
1998 até 2017, apenas 599 casos foram resolvidos nos cinco centros de arbitragens existentes, o que representa uma média de 30 casos por ano. O facto de ter havido unanimidade na votação não afastou críticas de alguns deputados à lei e à postura do Governo, nomeadamente no capítulo da mediação. Por exemplo, o deputado José Pereira Coutinho fez questão de frisar que o Executivo tem responsabilidade pelo facto da arbitragem não se ter desenvolvido mais. “Desde a criação da RAEM até agora, houve um total desinvestimento da arbitragem em Macau. O Governo não incentiva e em muitas situações recusa a arbitragem para os próprios contratos que assina”, afirmou o deputado.
“Desde a criação da RAEM até agora, houve um total desinvestimento da arbitragem em Macau. O Governo não incentiva e em muitas situações recusa a arbitragem.” JOSÉ PEREIRA COUTINHO DEPUTADO
Por sua vez, Agnes Lam questionou o facto do Governo não definir critérios mais apertados na nova proposta de lei para as pessoas que podem actuar como árbitros nos diversos centros. A lei exige apenas que as pessoas sejam maiores de idade. Em relação a este aspecto, o Executivo, através do director dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), Liu Dexue, explicou que se pretendem assegurar critérios que permitam que pessoas especializadas de várias áreas possam servir como árbitros, uma vez que os assuntos tratados nos centros de arbitragens, especialmente em questões comerciais, envolvem áreas muito diversificadas. Outro dos assuntos abordado foi a qualidade do árbitros para dar credibilidade ao sistema de mediação. O Governo prometeu estudar formas de atrair pessoas do estrangeiro considerada autoridades na área, assim como formar mais talentos bilingues a pensar nas funções de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa. João Santos Filipe
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“UMA FAIXA, UMA ROTA” CONFERÊNCIA INTERNACIONAL ARRANCOU ONTEM
V
ÁRIOS oradores estão desde ontem em Macau para participar na conferência “Uma Faixa, Uma Rota e o Desenvolvimento de Macau, que chega hoje ao fim. O evento contou com a participação do Chefe do Executivo, Chui Sai On, tendo reunido “vários especialistas e académicos, líderes chineses ultramarinos, individualidades do meio político e dos negócios, provenientes da China interior, Hong Kong, Macau e do exterior”, aponta
um comunicado. Li Zhaoxing, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da China, adiantou que a nova política chinesa “oferece oportunidades a todo o mundo e os resultados poderão ser partilhados”. Quanto a Macau e Hong Kong, “tiveram um papel importante e impulsionaram a abertura do país ao exterior”, apesar de “o desenvolvimento contínuo e rápido do país também oferece uma rara oportunidade para ambos os territórios”.
Dados apresentados pelo também presidente do Instituto dos Negócios Estrangeiros do Povo Chinês mostram que, entre Janeiro e Abril deste ano, o montante real do investimento de Macau na China interior registou um aumento de 77,3 por cento, comparando com o mesmo período do ano passado, sendo esse o maior aumento entre as principais fontes de investimento estrangeiro na China interior. Bob Carr,
director do Instituto de Relações Austrália-China da Universidade de Tecnologia de Sydney, referiu que “o planeamento da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau vai desenvolver a Baía num porto de nível mundial, num centro financeiro, científico e tecnológico”. Desta forma, “Macau deve recolher as opiniões de especialistas e académicos para agarrar as oportunidades de desenvolvimento”.
Portugal Edmund Ho realiza visita oficial ainda este mês
O
primeiro Chefe do Executivo da RAEM, Edmund Ho, vai estar presente em Portugal para uma visita oficial a realizar entre os dias 21 e 22 deste mês, noticiou ontem a Rádio Macau. Edmund Ho, actualmente a desempenhar o cargo de vice-presidente da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC), vai liderar uma delegação composta por dirigentes e empresários, estando previstas reuniões com políticos portugueses e visitas a empresas. Está também agendado um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. Além desta comitiva, Macau far-se-á representar por uma outra liderada pelo secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong. Nos dias em que Edmund Ho visita Portugal, vai decorrer em Lisboa o encontro de empresários da China e dos países de língua portuguesa, uma iniciativa do Fórum Macau. Este grupo está a ser coordenado pelo Instituto da Promoção do Comércio e do Investimento de Macau e integra cerca de 60 pessoas.
sociedade 7
quinta-feira 7.6.2018
Em Abril, o Conselho do Património Cultural de Macau mostrou o seu apoio à classificação dos estaleiros de Lai Chi Vun. Porém, ontem a presidente do Instituto Cultural revelou que o mesmo conselho está contra a medida. Os gastos que a reconstrução poderá exigir e as limitações que as obras implicam para tentar manter as estruturas fiéis ao original foram as razões apontadas
O
Conselho do Património Cultural de Macau voltou atrás e agora manifesta-se contra a classificação dos estaleiros navais de Lai Chi Vun. A posição foi dada a conhecer ontem pela presidente do Instituto Cultural (IC), Mok Ian Ian, após uma reunião do Conselho que decorreu na noite de terça-feira, à porta fechada. Participaram na referida reunião 17 membros, sendo que 14 se mostraram contra o avanço da classificação dos estaleiros como património cultural e apenas três se pronunciaram a favor, referiu Mok Ian Ian. As razões apontadas pelo Conselho prendem-se com aspectos ligados a despesas financeiras e limitações no que respeita às obras a efectuar. “A opinião dos membros do Conselho é que a restauração do património pode causar um grande custo e também consideraram os elementos a introduzir naquela zona para revitalizar os estaleiros” apontou a chefe do departamento do património cultural do IC, Wong Iat Cheong.
LAI CHI VUN CONSELHO DO PATRIMÓNIO CONTRA CLASSIFICAÇÃO DOS ESTALEIROS
A arte de trocar tintas No entender da maioria dos membros do conselho, os gastos implicados numa reconstrução conforme o projecto original, “sai muito caro ao Governo”. No entanto, não é ainda conhecido qualquer orçamento para um projecto deste género em Lai Chi Vun, admitiu Wong. A responsável adiantou ainda que o orçamento que o IC dispões para as questões relativas ao património é de 50 milhões de patacas. Aos gastos elevados junta-se a possibilidade de modificar as estruturas no processo de reconstrução. “Alguns membros consideram que se pode avançar para a revitalização e reconstrução sem os limites impostos pela classificação, que é legislada pela Lei da Salvaguarda do Património Cultural”, apontou. “Os membros acham que se deve fazer uma revitalização porque acreditam que desta forma é possível fazer alterações à construção e melhorar o ambiente de Lai Chi Vun”, sublinhou. Todos os membros concordam que a zona dos estaleiros precisa de ser objecto de revitalização “de modo a concretizar o valor da paisagem e da história da construção naval em Macau, sendo que o objectivo é ainda obter um maior benefício para a população”, acrescentou Mok Ian Ian. Questionada acerca do secretismo da reunião que se realizou na passada terça-feira, a presidente do IC argumentou que tal aconte-
ceu “devido ao facto de a maioria do conteúdo da reunião envolver grandes interesses dos públicos.” Por isso, “a fim de assegurar que os discursos dos membros fossem respeitados, a reunião não foi aberta à comunicação social para evitar provocar preconceitos”.
OPINIÕES CONTRÁRIAS
No que respeita à consulta pública, que teve lugar entre Janeiro e Março e que integra o procedimento de classificação que está a decorrer, os resultados prévios mostram que a esmagadora maioria é da opinião de que o património de Lai Chi Vun deve ser classificado. “Oitenta por cento das opiniões concordam com a classificação, enquanto 20 por cento se mostraram contra”, disse Mok Ian Ian. Ao longo da consulta pública foram recolhidas 300 opiniões, sendo que 90 por cento das quais considera que os estaleiros têm valor que merecem ser preservados. “Noventa por cento das opiniões recebidas pelo IC
“A opinião dos membros do conselho é que a restauração do património pode causar um grande custo e também consideraram os elementos a introduzir naquela zona para revitalizar os estaleiros.” WONG IAT CHEONG DEPARTAMENTO DO PATRIMÓNIO CULTURAL DO IC
reconhecem o valor dos estaleiros e a necessidade da sua revitalização devendo o plano para o efeito, reflectir a sua história e ser articulado com a paisagem existente”, esclareceu a presidente do IC. Ainda durante o período de consulta o IC organizou três sessões abertas que contaram com 200 pessoas no total e um seminário em que participaram 50 residentes. “Durante
o seminário alguns especialistas disseram que a preservação dos estaleiros não implica necessariamente a preservação da sua aparência original na íntegra”, apontou. O relatório final desta consulta é dado a conhecer na semana que vem. Para já, não há decisões por parte do IC e Mok Ian Ian prefere não se manifestar acerca desta matéria. Wong Iat Cheong, por sua vez, salientou que o procedimento de classificação ainda está em curso dentro do prazo previsto que termina em Dezembro, e não implica a obrigatoriedade de uma classificação.
DIA SIM, DIA NÃO
É de salientar que no início do mês de Abril o Conselho do Património Cultural de Macau apoiou a classificação dos antigos estaleiros navais de Lai Chi Vun, considerando a medida como o "primeiro passo" para a preservação da zona. A abertura do procedimento de classificação daquela zona - o último reduto da outrora importante indústria naval de Macau - dominou a reunião plenária do Conselho do Património Cultural, durante a qual houve consenso quanto à classificação do conjunto localizado na ilha de Coloane. O "valor histórico" e "paisagístico" do conjunto, "representativo" e "testemunho" da história de "uma indústria desaparecida" e até do "modo de vida da zona" foram destacados nas intervenções de vários membros do Conselho do Património Cultural. Alguns membros sublinharam a dificuldade de manter todas as infra-estruturas devido ao estado de degradação de algumas, enquanto outras intervenções defenderam a necessidade de incluir uma "visão de toda a baía" e uma "área de protecção mais alargada" no projecto de recuperação da zona. No final de Março, o Instituto Cultural (IC) anunciou a abertura de um procedimento de classificação, que suspende qualquer intervenção no local, até à conclusão do processo, no prazo de um ano, de acordo com a lei de Salvaguarda do Património Cultural. Sofia Margarida Mota
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7.6.2018 quinta-feira
Trânsito Almeida Ribeiro em obras para melhorar sistema de drenagem O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) vai executar obras no sistema de drenagem e de repavimentação na Avenida Almeida Ribeiro. A obra, que será dividida em duas fases, vai ser executada de 30 de Junho a 31 de Agosto. A primeira parte da obra é executada na faixa de rodagem da Avenida de Almeida Ribeiro, desde a Avenida da Praia Grande até ao Beco do Senado; enquanto a segunda no local de ligação entre a Avenida de Almeida Ribeiro e a Rua do Guimarães.
Trânsito Anúncio de aumento de multas gera protesto De acordo com uma publicação de Cloee Chao, presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, na sua página pessoal de Facebook, um grupo de residentes vai levar a cabo um protesto contra a possibilidade de virem a ser aumentadas as multas
de trânsito, uma medida anunciada pela Direcção dos Serviços para os Assuntos de Tráfego (DSAT) esta terça-feira. A manifestação terá lugar no próximo dia 16, a partir das 15h, terminando, como é habitual, na sede do Governo. Ontem, à margem de um evento público, o secretário para os
DSEJ ENSINO TÉCNICO-PROFISSIONAL EM CONSULTA PÚBLICA ATÉ 15 DE JULHO
Lado prático das coisas
Está em consulta pública, até meados de Julho, o documento com as propostas para revisão do Regime do Ensino Técnico-Profissional do Ensino Não Superior. A iniciativa pretende actualizar a legislação e esclarecer a população relativamente a esta via de ensino que ainda é alvo de preconceito
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OMEÇOU ontem a consulta pública sobre a revisão do Regime do Ensino Técnico-Profissional do Ensino Não Superior que decorre até ao próximo dia 15 de Julho. De acordo com chefe substituto do departamento de estudos e recursos educativos dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Vong Iat Hang, é necessário proceder
à actualização desta legislação na medida em que a existente já tem mais de duas décadas sem que se tenha procedido a qualquer alteração. Ao mesmo tempo, “a sociedade tem sofrido alterações e é necessário tomar medidas para responder às novas necessidades”, afirmou ontem em conferência de imprensa. Por outro lado, a consulta pública que está em curso pretende esclarecer a população acerca deste
tipo de ensino que muitas vezes é “alvo de preconceito”, referiu. “Desta forma, os pais podem ter mais conhecimento e não pensar que a opção pelo ensino técnico profissional surge porque os filhos são maus alunos no secundário”, salientou.
CAMINHO FACILITADO
Entre os vários aspectos referidos no documento em consulta está o
estabelecimento de um mecanismo de articulação com o ensino superior de modo possibilitar o seguimento dos estudos, facto que já se regista na esmagadora maioria dos estudantes do ensino técnico-profissional. “Noventa por cento dos alunos desta via de ensino prosseguiram os seus estudos e apenas dois por cento desistiram de estudar”, apontou Vong. Na opinião do responsável, a opção por este tipo de ensino pode
Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, frisou que a proposta de aumento das multas e molduras penais está ainda em processo de consulta pública, não existindo uma decisão final. Por isso, o governante pediu para a população não se preocupar sobre o assunto.
mesmo representar uma mais valia para os estudantes uma vez que quando entram na universidade vão dotados de mais conhecimentos relativos à área escolhida. “Achamos que o ensino técnico-profissional não é só uma garantia para que o aluno tenha certos conhecimentos profissionais. Gostaríamos que o aluno possa prosseguir os seus estudos e ter uma melhor ligação com o ensino superior”, acrescentou. No ensino técnico-profissional os currículos são organizados em três vertentes. Uma ligada a disciplinas gerais e obrigatórias em que se inclui a matemática, línguas e tecnologias; uma outra em que se inserem as disciplinas de carácter específico à área escolhida e por último um estágio profissional relacionado directamente com a área de estudos do aluno, esclareceu o director substituto. A lei não permite que este tipo de estágios seja remunerado, no entanto, de acordo com o responsável, se as empresas concordarem a hipótese pode vir a ser considerada pelo Governo, sendo que as despesas serão suportadas pela empresa que acolhe o estagiário. Actualmente, existem nove escola a administrar cursos técnico-profissionais no território. No total, esta via de ensino é frequentada por 1300 alunos, distribuídos por 83 turmas de 36 cursos.
FUNDOS DE CONHECIMENTO
Na conferência de imprensa realizada ontem no final da reunião plenária do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior foi ainda revelado pelo chefe do departamento de ensino dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), Kong Ngai, que o Fundo de Desenvolvimento Educativo gastou 800 milhões de patacas para ajudar as escolas locais, quer a nível de melhorias de instalações, quer na promoção da qualidade do ensino. De acordo com o responsável, os gastos referentes a 2017 foram também aplicados na reconstrução de escolas danificadas com a passagem do tufão Hato. Deste fundo sairam ainda apoios para o ensino técnico-profisisonal. Sofia Margarida Mota
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Vong Iat Hang, DSEJ “Noventa por cento dos alunos desta via de ensino prosseguiram os seus estudos e apenas dois por cento desistiram de estudar.”
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quinta-feira 7.6.2018
HOJE MACAU
Memórias da sorte
SJM inaugura galeria da história do jogo no Hotel Lisboa
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Ambrose So “Vai ser uma estrutura muito forte e achamos que é a melhor para seguirmos em frente”
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TANLEYHo vai deixar a liderança da Sociedade de Jogos de Macau (SJM) no próximo dia 12, passando o testemunho à filha Daisy Ho. Embora considere o magnata insubstituível, o director executivo da SJM, Ambrose So, manifestou-se confiante na estrutura que vai entrar em cena sobretudo nos tempos que se avizinham. “O Dr. Ho é uma figura importantíssima no grupo SJM e não pode ser substituído por ninguém dos nossos directores existentes”, afirmou ontem Ambrose So, à margem da abertura da galeria da história do jogo que a SJM inaugurou no Hotel Lisboa (ver texto em baixo). “Vai ser uma estrutura muito forte e achamos que é a melhor para seguirmos em frente e nos prepararmos para a extensão do contrato e o novo quando houver concurso”, afirmou. Questionado sobre a escolha para a liderança, Ambrose So destacou a experiência numa empresa cotada em bolsa (Shun Tak) e os conhecimentos no domínio das finanças de
SJM AMBROSE SO CONFIANTE NA NOVA LIDERANÇA
Convicção no futuro
Embora considere a figura de Stanley Ho insubstituível, o director executivo da Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Ambrose So, afirmou estar confiante na nova liderança Daisy Ho, considerando que “vai ser um bom activo”. “Vai ser uma estrutura muito forte”, acrescentou. Daisy Ho, de 53 anos, vai assumir o cargo de presidente executiva do grupo SJM, enquanto Angela Leong (quarta mulher de Stanley Ho) e Timothy Fok (filho do também empresário Henry Fok) vão ser co-presidentes e directores executivos. Ambrose So vai ser promovido a vice-presidente, mas manter-se-á como director executivo, uma função para
a qual será nomeada Ina Chan Un Chan, mãe de três filhos de Stanley Ho.
ALÉM DE 2020
Quanto à prorrogação dos contratos da SJM e da MGM, que expiram em Março de 2020, por dois anos, de modo a que todos terminem no mesmo ano para se lançar o concurso público como exige a lei – o cenário mais provável segundo analistas –, Ambrose So garantiu não ter ainda qualquer pista: “Toda a gente acha que vai ser o
arranjo lógico”, mas “não temos nenhuma confirmação do Governo”. Neste âmbito, Ambrose So afirmou que, a seu ver, há espaço para a entrada de um novo operador, ressalvando que tal “depende da decisão do Governo Central e do Governo de Macau relativamente a quantas concessões são boas para o desenvolvimento futuro de Macau”. “Dizem sempre que gostariam de regular a dimensão do jogo, mas não sei se isso se adequa à sua escala. É
algo que têm de decidir”, argumentou. Já sobre eventuais futuros parceiros na nova licença de jogo, Ambrose So garantiu que essa hipótese não é uma carta fora do baralho: “Estamos abertos a considerar oportunidades”. Questionado ainda sobre a manutenção depois de 2020 dos casinos satélite, operados sob a bandeira da SJM, Ambrose So recordou que é algo “herdado do passado”, sem esconder a vontade de “conter o número”, desde logo porque a margem de lucro de operarem os próprios casinos é “muito melhor”. Ambrose So relativizou ainda as notícias avançadas hoje pelos portais GGRAsia e Macau News Agency, com base em informações de analistas da Sanford C. Bernstein e Morgan Stanley, de que foram removidas máquinas POS (point of sale) da UnionPay de lojas em casinos no Cotai. “A UnionPay pode instalar terminais em qualquer lugar em Macau mesmo que tenha de sair dos casinos. Por agora, não vejo qualquer impacto”, afirmou. Diana do Mar
dianadomar@hojemacau.com.mo
Sociedade de Jogos de Macau (SJM) inaugurou ontem uma galeria da história do jogo. Localizada no Hotel Lisboa, a galeria conta com uma série de artefactos que oferecem um regresso ao passado. De ‘slot machines’ dos anos 1970, a campânulas, passando por distribuidores de cartas de madeira ou tômbolas obsoletas, há um pouco de tudo. A acompanhar a viagem figuram painéis expositivos, com fotos e texto, mas a informação disponível encontra-se apenas em chinês, à semelhança do que sucede com os conteúdos multimédia exibidos em ecrãs. A excepção encontra-se num pedaço de mármore preta com uma mensagem em português, chinês e inglês: “Ninguém poderá ganhar sempre. Aconselhamo-lo, prezado cliente, a encarar o jogo como mero passatempo e a arriscar apenas o que não lhe fizer falta”. A inscrição, com a “citação memorável” atribuída ao magnata de jogo Stanley Ho, chegou a estar à entrada do Casino Lisboa. Um acto que, segundo a SJM, mostra como a sua antecessora, a Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), foi “a primeira organização a chamar a atenção para o jogo responsável”. A galeria foi inaugurada pela administradora-delegada da SJM, Angela Leong, e pelo presidente do conselho de administração da SJM, Ambrose So, numa cerimónia que contou também com o subdirector da Direcção e Inspecção e Coordenação de Jogos (DICJ), Leong Man Ion, e com o conselheiro do Departamento para os Assuntos Económicos do Gabinete de Ligação na RAEM, Wang Jiabao. A galeria, situada no Lisboa-Crystal Palace, encontra-se aberta entre as 12h e as 18h. A entrada é livre. A inauguração da galeria da história do jogo da SJM acontece nas vésperas da assembleia-geral da empresa, a ter lugar no próximo dia 12, que vai marcar a saída oficial de Stanley Ho, de 96 anos, dos cargos que ocupa na SJM que fundou, ficando como presidente emérito. D.M.
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7.6.2018 quinta-feira
Era uma vez u 10 DE JUNHO ILUSTRAÇÕES DE JOÃO JORGE MAGALHÃES NO CONSULADO
Gastronomia Chefs Miguel Castro e Silva e Sérgio Canas no Clube Militar
“Quando pesquisei decidi retratar cinco, e foi a minha mãe que me disse muitas coisas sobre os jogos que se jogavam antes em Macau. A maior parte dos jogos eram iguais, tirando a pipa, uma espécie de jogo de bola com uma pena, e que ainda hoje se vende em algumas lojas nos tintins.”
O
Clube Militar de Macau prepara-se para receber novamente o Festival de Gastronomia e Vinhos de Portugal – Primavera 2018, que este ano marca não só as celebrações do dia 10 de Junho como o 148º aniversário do próprio clube. De acordo com um comunicado, este ano o evento traz os chefs de cozinha Miguel Castro e Silva, que esteve no território em 2015, e Sérgio Canas. Miguel Castro e Silva dirige o restaurante “De Castro”, em Vila Nova de Gaia, bem como o restaurante “LESS”, localizado na praça do Príncipe Real, em Lisboa. Além disso, está presente no Mercado da Ribeira, também em Lisboa. Sérgio Canas é “um jovem promissor” formado na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril e vem a Macau para prestar apoio a Miguel Castro e Silva nesta iniciativa. Durante o festival o restaurante do Clube Militar terá disponíveis cerca de 60 vinhos portugueses. De acordo com um comunicado, este festival gastronómico “constitui uma importante iniciativa do Clube Militar de Macau, que, além dos objectivos de formação e aperfeiçoamento técnico em gastronomia portuguesa do pessoal do restaurante do clube, deseja que possa ser desfrutado pela maioria dos sócios e convidados”.
JOÃO JORGE MAGALHÃES
A convite da Casa de Portugal em Macau, o artista macaense João Jorge Magalhães apresenta, a partir deste domingo, a exposição “Pedra, Tesour(o) e Papel” no espaço expositivo da residência consular. As ilustrações contam os jogos que, um dia, animaram as crianças macaenses
U
M dos artistas que vai mostrar o seu trabalho no âmbito das comemorações do 10 de Junho – Dia de Portugal, Camões e Comunidades Portuguesas é João Jorge Magalhães, que apresenta a exposição
“Pedra, Tesour(o) e Papel” na residência consular até ao dia 22 deste mês. A mostra de ilustrações tem como principal tema o jogo, sobretudo, os jogos tradicionais que, durante décadas, divertiram os membros mais pequenos da comunidade macaense.
À VENDA NANA LIVRARIA PORTUGUESA À VENDA LIVRARIA PORTUGUESA CRISTINA BRANCO • Kronos
Cristina Branco convidou vários músicos portugueses a comporem sobre a passagem do tempo e o resultado foi o álbum “Kronos”, que revela os diferentes caminhos que criou dentro do fado. O álbum apresenta catorze temas compostos por músicos como Mário Laginha, Janita Salomé, Rui Veloso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Carlos Bica e Amélia Muge. A ideia do álbum, o décimo na carreira de Cristina Branco, surgiu ainda antes da cantora gravar “Abril”, dedicado a José Afonso. Há dez anos falava-se num novo fado. Agora, passa a ser legítimo usar a expressão pós-novo fado. E «Kronos» é decisivo para essa mudança de paradigma.
“Costumo sempre basear-me no sítio onde estou, que é Macau, e resolvi pegar no tema jogo, brincadeiras. Tentei abordar os jogos de crianças, jogos de grupos, e fiz isso a pensar também na nova geração, que está muito ligada aos jogos digitais”, contou o artista ao
HM. Na exposição estarão patentes várias ilustrações, sendo que João Jorge Magalhães vai disponibilizar dez ilustrações de cada série para venda ao público. “Atécnica que utilizei é uma espécie de serigrafia moderna, visto haver dez ilustrações de cada série, e é uma impressão
digital em papel, que depois é tracejada e preenchida a caneta. Cada ilustração da série nunca será igual à anterior”, adiantou. Jogos como o berlinde ou saltar à corda, “jogos do antigamente” serão retratados nestas obras. “Como Macau é a terra do jogo, decidi juntar-lhe cinco jogos de sorte e do azar. O fio condutor é o jogo e depois acrescentei algumas brincadeiras de Macau do agora e do antigamente, e mostrar este choque cultural.” Apesar de Macau ser a terra dos casinos, João Jorge Magalhães foi buscar influências e inspiração às suas origens. “Foquei-me nos jogos macaenses, se bem que acabam por ser iguais aos portugueses. Quando pesquisei decidi retratar cinco, e foi a minha mãe que me disse muitas coisas sobre os jogos que se jogavam antes em Macau. A maior parte dos jogos eram
RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET
ANA MOURA • no Coliseu
Ana Moura é, por estes dias, uma das maiores certezas do fado, nacional e internacionalmente. A agenda lotada, com concertos por todos os continentes, podia ser um indicador suficiente da sua qualidade. Mas a isso junta-se o reconhecimento da crítica. O Prémio Amália foi disso exemplo, a nomeação para os Globos de Ouro, o Prémio Internacional da Portuguese American Leadership Council Association vão a par com alguns momentos ímpares, como a chamada ao palco do Estádio de Alvalade para cantar em dueto com Mick Jagger, ou o pisar, pela primeira vez, o palco do Coliseu. Este concerto é o primeiro DVD de Ana Moura e o seu primeiro registo ao vivo.
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quinta-feira 7.6.2018
um jogo iguais, tirando a pipa, uma espécie de jogo de bola com uma pena, e que ainda hoje se vende em algumas lojas nos tintins. Depois percebi que, de facto, não havia grande diferença nos jogos de Portugal.” Apesar de trabalhar essencialmente como designer, João Jorge Magalhães ocupa-se permanentemente com ideias para novos projectos, sobretudo que tenham a ver com Macau. Um dos objectivos da visão artística
é dar a oportunidade de “mostrar como era tudo antigamente, para que se saiba que não é só jogo e que há imensa coisa, pequenos pormenores que valem a pena explorar”. “O quotidiano de Macau é muito rico e para quem é artista ou ilustrador podemos sempre pegar nisso e explorar”, revela. Expor no âmbito das comemorações do 10 de Junho é, para João Jorge Magalhães, uma excelente oportunidade.
“Já conhecia a oportunidade que têm dado aos artistas, sobretudo aos artistas macaenses, de exporem os seus trabalhos na galeria da casa consular por ocasião do 10 de Junho. Acho que é sempre importante, porque vêm músicos e artistas de Portugal, e assim os artistas macaenses conseguem expor e ter uma maior visibilidade junto do público português.” Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
HOJE NA CHÁVENA Paula Bicho
Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com
Rodiola Nome botânico: Sedum roseum (L.) Scop. Sinonímia científica: Rhodiola rosea L. Família: Crassulaceae. Nomes populares: RAIZ-DE-OURO; RAIZ-DE-ROSA; RAIZ-DO-ÁRCTICO; RHODIOLA. A Rodiola cresce em regiões de clima frio e solos arenosos ou rochosos, encontrando-se em grande parte do Árctico, montanhas da Ásia Central e da Europa e Montanhas Rochosas. Trata-se de uma herbácea que atinge cerca de 70 cm de altura, de caule erecto, folhas verde-claras e inflorescências corimbiformes, com pequenas flores de cor amarela ou avermelhada; o rizoma é suculento e, quando acabado de cortar, exala um aroma semelhante ao das Rosas, o que terá estado na origem do nome rosea atribuído à espécie por Lineu. A Rodiola é uma planta da Medicina Tradicional da Rússia onde é usada há mais de 3.000 anos, pois acreditava-se que conferia longevidade. Também os Vikings a consumiam como energizante. Na Antiga Grécia foi mencionada por Dioscórides e, mais tarde, em várias matérias médicas de países europeus, surgindo em 1755 na primeira edição da farmacopeia da Suécia. Em 1969 é recomendada pela Comissão Farmacológica do Ministério da Saúde da URSS. Planta versátil, a Rodiola tem sido alvo de inúmeras investigações, sendo de destacar os testes realizados com astronautas russos e atletas de elite. Em fitoterapia são usadas as raízes e rizomas. Composição Feniletanóides (salidrósido ou rodiósido, tirosol), fenilpropanóides (rosavina), flavonóides (alguns específicos da Rodiola), ácidos fenólicos, proantocianidinas e flavonolignanos; óleo essencial, monoterpenos, triterpenos e glicósidos cianogénicos. Acção terapêutica Planta adaptogénica, a Rodiola aumenta a resistência do organismo aos vários tipos de stress a que estamos expostos diariamente (físico, mental, emocional ou ambiental), regulando a resposta hormonal ao stress e diminuindo a libertação de cortisol (a hormona do stress). Com actividade antidepressiva, influencia os níveis e a actividade de vários neurotransmissores, elevando o estado de ânimo e o bem-estar geral; acalma ainda a ansiedade, combate a insónia e promove a qualidade do sono. Activa a circulação cerebral, favorecendo o aporte de oxigénio ao cérebro; tem efeitos antioxidantes, neuroprotectores e estimula
a capacidade de reparação das células nervosas. Melhora a percepção visual, a atenção, a memória, a concentração e os reflexos, beneficiando o desempenho cognitivo. Tem acção tónica, potencia o rendimento físico e mental e a capacidade de trabalho, e reduz a fadiga. Pelo exposto, trata-se de uma excelente planta para situações de stress, estudantes em época de exames, fadiga física e mental, estados de depressão e ansiedade ou de convalescença, emagrecimento, astenia, esgotamento nervoso e síndrome de fadiga crónica; pode também ser benéfica nas enxaquecas, esquizofrenia, doenças degenerativas do sistema nervoso e na prevenção do mal de altitude. Nos desportistas, reforça a eficácia do sistema cardiovascular e respiratório e aumenta a resistência física ao esforço muscular. Após a prática de exercício físico extenuante, a Rodiola atenua a severidade da fadiga, encurta o período de recuperação e melhora a adaptação circulatória ao exercício (pulso e pressão do sangue). Outras propriedades A Rodiola é igualmente um protector cardíaco e vascular; tonifica o coração, favorece a oxigenação do sangue e diminui a agregação das plaquetas e a viscosidade sanguínea, activando a circulação. Pode ser usada na prevenção de tromboses, enfartes e AVC’s. Tem propriedades anticancerígenas e protege contra os efeitos adversos da quimioterapia, sendo útil no tratamento do cancro da mama (como adjuvante). Utilizada tradicionalmente como tónico sexual masculino, esta planta aumenta a potência sexual e pode também ser tomada em caso de disfunções sexuais, como a falta de erecção ou ejaculação precoce. Como tomar Em ampolas, tintura, cápsulas ou comprimidos, em simples ou fórmulas, para tomar de acordo com as indicações. Precauções A Rodiola está contra-indicada em estados de excitação, não devendo ser tomada por pessoas com depressão bipolar pela possibilidade de despertar crises maníacas. Deve ser evitada durante a gravidez e lactação. Em algumas pessoas, sobretudo quando são ansiosas, pode ocorrer irritabilidade, insónia e agitação – começar o tratamento com uma dose baixa e ir aumentando gradualmente. A planta pode ter efeitos aditivos quando administrada em concomitância com outros antidepressivos. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.
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O Facebook admitiu ontem ter partilhado dados de utilizadores com quatro empresas chinesas, incluindo o grupo de telecomunicações Huawei, que Washington considera uma ameaça à segurança nacional, agravando a pressão sobre a política de privacidade da empresa
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S fabricantes chineses Huawei, Lenovo, OPPO e TCL estão entre as empresas com quem o grupo partilhou dados, de forma "controlada", admitiu o vice-presidente do grupo Francisco Varela, em comunicado. A partilha fazia parte de um acordo entre o Facebook e os fabricantes para facilitar o acesso dos
7.6.2018 quinta-feira
PRIVACIDADE FACEBOOK PARTILHOU DADOS DE UTILIZADORES COM GRUPO HUAWEI
Para além dos gostos
utilizadores aos serviços da rede social. A nota surge após uma investigação do jornal The New York Times ter revelado que o Facebook estabeleceu acordos com 60 fabricantes de dispositivos móveis, que tiveram acesso, sem o consentimento explícito, a vários dados pessoais dos utilizadores, como religião, tendências políticas, amigos, eventos e estado civil.
O Huawei esteve sob investigação pelo Congresso dos Estados Unidos, que num relatório de 2012 considerou que a firma tem uma relação próxima com o Partido Comunista Chinês. Agências governamentais e o exército norte-americano baniram recentemente telemóveis fabricados pela Huawei devido a questões de segurança. "Queremos clari-
ficar que toda a informação partilhada com o Huawei foi armazenada nos dispositivos e não nos servidores do Huawei", afirmou Varela.
“JUSTO E TRANSPARENTE”
EmAbril passado, Zuckerberg esteve no Congresso norte-americano para testemunhar no caso que envolve a empresa Cambridge Analytica, que usou, indevidamente, dados
de 87 milhões de utilizadores do Facebook. Em Maio, Zuckerberg foi ouvido no Parlamento Europeu e pediu desculpa pelo uso indevido de dados pessoais dos utilizadores. A Huawei tem escritórios em Lisboa, onde conta também com um centro de inovação e experimentação. Segundo a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal),
ACIDENTE RESGATADOS 23 MINEIROS APÓS EXPLOSÃO QUE FEZ 11 MORTOS
ÉBOLA GOVERNO CHINÊS ENVIA MÉDICOS E VACINA PARA RDCONGO
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P
M total de 23 trabalhadores foram resgatados com vida após uma explosão numa mina de ferro, na província chinesa de Liaoning, no nordeste do país, que fez pelo menos 11 mortos, noticiou ontem a imprensa estatal. A explosão ocorreu na terça-feira às 16h10 à entrada da mina, na cidade de Benxi, depois de os mineiros atirarem explosivos pelo poço da mina, a cerca de mil metros de profundidade, indicou a agência noticiosa oficial Xinhua. A detonação destruiu o sistema de elevação da mina e deixou 25 mineiros presos, a maioria dos quais foi resgatada durante a madrugada de ontem. As equipas de resgate continuam a tentar localizar os restantes mineiros. Todos os mineiros resgatados não estão em perigo de vida, apesar de
cinco deles terem ferimentos graves e estarem a receber tratamento hospitalar, segundo a Xinhua, que citou as autoridades locais. No ano passado, morreram 375 pessoas em 219 acidentes em minas na China, segundo dados oficiais, o que faz das minas chinesas, sobretudo as de carvão, das mais perigosas do mundo. No início da década passada, o número de mortos em acidentes em minas chinesas chegou a atingir os sete mil por ano. Cerca de dois terços da energia consumida no "gigante" asiático é produzida através da combustão de carvão. Muitos acidentes ocorrem em depósitos que operam ilegalmente e não colocam em prática medidas de segurança básicas.
EQUIM enviou esta semana uma equipa de médicos chineses para a República Democrática do Congo com uma vacina produzida na China para ajudar na luta contra o ébola, informou ontem o jornal oficial em língua inglesa China Daily. A equipa, composta por quatro especialistas em saúde pública do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças (CCDC, na sigla em inglês) e sete de outras instituições, incluindo a Academia de Ciências Médicas Militares, vai avaliar a situação e ajudar no combate ao vírus. Os especialistas vão permanecer no país durante um mês, segundo
o plano inicial, afirmou Gao Fu, director do CCDC, citado pelo China Daily. A vacina, desenvolvida em conjunto pela Academia de Ciências Médicas Militares e a CanSinobio, empresa chinesa encarregue do desenvolvimento e produção de vacinas, foi aprovada em Outubro passado pelo regulador chinês para os medicamentos. A China torna-se assim o terceiro país, a seguir aos Estados Unidos e Rússia, a conceber uma vacina para combater o ébola. A taxa de mortalidade do vírus está fixada entre 25 e 90 por cento, segundo a Organização Mundial de Saúde.
desde 2004, a firma chinesa investiu 40 milhões de euros em Portugal. O Governo chinês pediu ontem aos Estados Unidos que facilitem "um ambiente justo e transparente para que as empresas chinesas operem e invistam", em resposta à denúncia de acesso a dados do Facebook por grupos tecnológicos chineses.
Os fabricantes chineses Huawei, Lenovo, OPPO e TCL estão entre as empresas com quem o grupo partilhou dados, de forma “controlada”, admitiu o vice-presidente do grupo Francisco Varela, em comunicado. A partilha fazia parte de um acordo entre o Facebook e os fabricantes A porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Hua Chunying, disse em conferência de imprensa que o ministério não comenta o caso, por se tratar de "cooperação entre empresas privadas", mas insistiu na necessidade de que os EUA tratem de forma justa e transparente as firmas chinesas.
O ministério da Saúde da República Democrática do Congo (RDCongo) contabilizou até Sábado 25 mortes por ébola em 53 casos confirmados ou suspeitos. A epidemia teve início a 8 de Maio em Bikoro, junto à fronteira com a República do Congo, 600 quilómetros ao norte de Kinshasa, capital da RDCongo, e atingiu também a cidade de Mbandaka, com 1,2 milhões de habitantes. Trata-se da nona vez que a RDCongo é atingida por uma epidemia de Ébola desde o surgimento da doença no território deste país da África Central em 1976.
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quinta-feira 7.6.2018
A
agência de serviços financeiros do Japão (FSA) decidiu rejeitar o pedido de registo da correctora de criptomoedas FSHO, fundada em 2014, o que na prática significa que vai ter de cessar a atividade. O regulador nipónico tomou esta decisão depois de concluir que a FSHO não aplica os protocolos necessários para verificar a identidade dos utilizadores, de acordo com o jornal económico Nikkei. Esta é a primeira vez que a FSA nega permissão a uma casa de câmbio digital de poder operar, embora no passado já tenha suspendido outras empresas do sector. A FSHO já tinha sido advertida em Março, sendo mesmo forçada a suspender temporariamente a actividade. Esta penalização foi prorrogada em Abril porque a operadora continuou a não aplicar os requisitos de transparência destinados a impedir o branqueamento de dinheiro ou outros crimes financeiros.
JAPÃO ENCERRADO PELA PRIMEIRA VEZ UM OPERADOR DE MOEDA VIRTUAL
De regresso à cripta
O regulador japonês do sector de criptomoedas vai retirar, pela primeira vez, a permissão de operação de uma correctora de moeda virtual por violação de regulamentos, anunciaram os ‘media’ locais
REGULADOR ATENTO
As autoridades japonesas intensificaram a vigilância deste mercado no país, na sequência de um ataque informático e consequente desaparecimento de 523 milhões da divisa virtual NEM, cujo valor total ascendia a 58 mil milhões de ienes (430 milhões de euros), na maior casa de câmbio de criptomoedas no país, Coincheck. Em 2014, o Japão foi palco do escândalo Mt.Gox,
A FSHO já tinha sido advertida em Março, sendo mesmo forçada a suspender temporariamente a actividade. Esta penalização foi prorrogada em Abril porque a operadora continuou a não aplicar os requisitos de transparência destinados a impedir o branqueamento de dinheiro ou outros crimes financeiros
na altura a maior casa de câmbio de criptomoedas, que faliu após o desaparecimento de 850 mil unidades de Bitcoin, num valor
estimado de 48 mil milhões de ienes (368 milhões de euros). O Japão é o segundo maior mercado mundial des-
te tipo de divisas e, em Abril último, passou a ser o primeiro país a reconhecê-las como forma de pagamento e a estabelecer requisitos
legais para que as casas de câmbio possam operar de forma segura e para prevenir delitos como o branqueamento de capitais.
TURISMO AIRBNB SUSPENDE GRANDE MAIORIA DOS ANÚNCIOS NO JAPÃO
A
plataforma de arrendamento turístico Airbnb suspendeu ontem a grande maioria dos anúncios no Japão devido a uma nova lei imposta pelo Governo nipónico, que entra em vigor na próxima semana, para supervisionar a actividade. Os proprietários que queiram arrendar as casas através desta plataforma têm de se registar junto das autoridades, um procedimento que muitos ainda não fizeram. Além deste procedimento administrativo, a lei impõe várias restrições, como a limitação do período de arrendamento a 180 noites por ano por habitação. A cidade de Kyoto decidiu que só vai permitir arrendamentos deste tipo em áreas residenciais entre meados de Janeiro e meados de Março, ou seja, fora da temporada turística. Em Tóquio, muitos distritos, como Shinjuku, também tomaram medidas deste tipo.
"Neste fim de semana, entrámos em contacto com aqueles que ainda não se registaram e informámos os proprietários que não podem arrendar as casas”, a partir de 15 de Junho, quando a lei entra em vigor, afirmou o porta-voz doAirbnb para a região da Ásia Pacífico, Jake Wilczynski. O representante da Airbnb não indicou o número de utilizadores da plataforma que vão ser afectados, mas os 'media' locais informaram que cerca de 80 por cento das mais de 60.000 residências registadas vão ter de encerrar. "Estamos no caminho certo para registar dezenas de milhares de novos anúncios no Japão nos próximos meses", disse Wilczynski. O número de turistas no Japão tem vindo a aumentar ao longo dos anos e em 2017 o arquipélago recebeu quase 29 milhões de turistas. As autoridades esperam atrair 40 milhões de visitantes estrangeiros em 2020, ano dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Japão Site disponibiliza informações de locais "amigos das tatuagens"
U
M novo site japonês disponibiliza informações sobre banhos termais e praias que permitem a entrada de pessoas com tatuagens no corpo, algo raro num país onde as tatuagens ainda são, muitas vezes, associadas à máfia. A página "Tattoo Friendly" pretende ser uma referência para turistas estrangeiros tatuados que querem ir a hotéis, spas, ou piscinas no Japão, entre outros locais públicos, onde normalmente há restrições de entrada às pessoas com tatuagens. A ideia surgiu porque “a comunicação é difícil devido à língua” e desta forma os turistas podem “aceder a novos conteúdos”, afirmou o criador do site, Miho Kawasaki. O responsável da "Tattoo Friendly" disse ainda não fazer sentido continuar a aplicar medidas "rígidas e restritivas" contra as tatuagens por causa da associação das tatuagens a grupos criminosos, como a 'yakuza' (máfia japonesa). O site, lançado em inglês a 28 de Maio, já registou mais de 10.000 visualizações e permite aos utilizadores verem o mapa do arquipélago japonês e verificar as regras de acesso relacionadas com a permissão de tatuagens em vários tipos de estabelecimentos. Kawasaki quer combater os preconceitos e, desta forma, evitar situações difíceis para os turistas, quando confrontados com a proibição de entrada nos locais. Mais de metade dos estabelecimentos termais e banhos públicos no Japão não permitem tatuagens, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Governo nipónico em 2015.
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7.6.2018 quinta-feira
Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansacos ´
A Poesia Completa de Li He
馬詩二十三 首 (第 二 部 分 ) 西 母 酒 將 闌 , 東王飯已干。 君 王 若 燕 去 , 誰為曳車轅? 赤 兔 無 人 用 , 當須呂布騎。 吾 聞 果 下 馬 , 羈策任蠻兒。 飂 叔 去 匆 匆 , 如今不豢龍。 夜 來 霜 壓 棧 , 駿骨折西風。 催 榜 渡 烏 江 , 神騅泣向風。 君 王 今 解 劍 , 何處逐英雄? 內 馬賜 宮 人 , 銀韉刺麒麟。 午 時 鹽 阪 上 , 蹭蹬溘風塵。 批 竹 初 攢 耳 , 桃花未上身。 他 時 須 攪 陣 , 牽去借將軍。
Vinte e Três Poemas Sobre Cavalos (Parte II) 7 A festa da Mãe Ocidental quase terminou, O Rei Oriental está a acabar seu repasto.1 Quisesse Sua Majestade ir ao banquete O que prenderia às hastes da sua carruagem?2 8 Nenhum homem a não ser Lü Bo Conseguiria montar a Lebre Acobreada.3 Mas ouvi que os póneis anões podem ser encabrestados E chicoteados mesmo pelos rapazes nativos. 9 Shu de Liao morreu repentinamente – Já ninguém sabe criar dragões.4 Ao anoitecer, espessa geada no estábulo, O vento de oeste racha os ossos do alazão. 10 À vara rápida cruzou o Rio Wu, E o divino Mancha chorou, enfrentando o vento. “O meu senhor tomou a espada e se imolou. Onde encontrarei outro herói agora?”5
11 Um cavalo real oferecido a uma dama do palácio, Aprestos de prata bordados com unicórnios, Ao meio dia, naquela colina de sal, Um corcel afunda-se lutando no vento e no pó. 12 Orelhas como tiras de bambu, muito juntas, A marca da flor de pêssego não se vê no seu pelo, Em poucos anos, trucidará uma linha de batalha, Tomai por isso este cavalo, emprestai-o a um general.
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Mu Gong, o Rei do Oriente, é o princípio masculino do ar. A Mãe, a Rainha no Ocidente, é o princípio feminino. A partir dos dois se formam o céu e a terra. Referência ao Rei Mu de Zhou, que se juntara à festa nas margens do Lago de Jade, na qual participam todas as classes de Imortais. Famoso corcel montado pelo herói Lü Bo, durante o período dos Três Reinos. Segundo a lenda, Dong-fu, um descendente de Shu An de Liao, era capaz de domar dragões. Derrotado pelo fundador da dinastia Han, Xiang Yu ofereceu o seu corcel, Mancha, ao homem que o transportara para a outra margem do rio Wu. Pouco depois, suicidou-se.
Tradução de Rui Cascais • Ilustração de Rui Rasquinho Li He (790 a 816) nasceu em Fu-chang durante a Dinastia Tang, pertencendo a um ramo menor da casa imperial. A sua morte prematura aos vinte e sete anos, a par da escassez de pormenores biográficos, deixam-nos apenas com uma espécie de fantasma literário. A Nova História dos Tang (Xin Tang shu) diz-nos que He “nunca escrevia poemas sobre um tópico específico, forçando os seus versos a conformarem-se ao tema, como era prática de outros poetas [...] Tudo quanto escrevia era inquietantemente extraordinário, quebrando com a tradição literária.” Segundo um crítico da Dinastia Song, o alucinátorio idioma poético de Li He é a “linguagem de um imortal demoníaco.” A versão inglesa de referência aqui usada é a tradução clássica da autoria de J.D. Frodsham, intitulada Goddesses, Ghosts, and Demons, publicada em São Francisco, em 1983, pela North Point Press.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 15
quinta-feira 7.6.2018
diários de próspero António Cabrita
Franguinho no churrasco 03/05/18
Há gente que sabe aproveitar todas as oportunidades para se mostrar inconveniente. Como aquele padre que em todos os enterros improvisava em torno de um tema que só ele considerava fascinante: a história do ataúde, desde os sumérios até hoje. Como o presidente do Sporting, que se julga o criador do Jurássico Parque; como Hércules, que desflorou numa noite as 50 filhas de Téspio, sem que nenhuma delas tenha gozado; como o chato que apareceu na Feira do Livro e que me exigia a oferta de um livro em memória de uma bebedeira acontecida há trinta anos, o mesmo tempo há que não o via. Escrevo esta crónica depois de o ter tido de aturar meia hora até que o mandei às favas. E aproveito o incómodo para contar como esta feira do livro de Lisboa me entristeceu pelo excessivo número de stands e de promoções onde se “liquidam” livros – de um euro a cinco. Excelente para o leitor que sou, pois com 50 euros compro uma dúzia de livros de arromba, mas deprimente como sintoma do que se passa na área dos livros. Dia 31 fiz a apresentação de um livro de Carlos Alberto Machado, Puta de Filosofia. Um senhor policial com feroz incidência política e onde, sobretudo, se cria uma personagem, coisa mais rara do que se crê. Foi porém descoroçoador constatar - sabendo que o Carlos, como responsável pela Companhia das Ilhas, já editou mais de cem autores, e soma como autor inúmeros livros, entre os quais uma colectânea de poesia na Assírio e Alvim com excelente fortunata crítica – que ele veio da ilha do Pico, onde vive, para a Guilherme Cossoul para lançar o seu livro face a 7 pessoas presentes na sala, sendo que duas lá aterraram porque me queriam ver. Há algo que está realmente doentio na esfera da literatura e da sua recepção. Depois, a explosão de pequenas editoras com tiragens diminutas é simultaneamente salutar e um sinal de tribalização preocupante. A cidade está dividida, o meio literário está pulverizado, as leituras andam dispersas. Cada um fica com os seus e uma perspectiva geral afunda-se. Contaram-me que ia para guilhotina a biografia de Alexandre O’Neill da Maria Antónia Oliveira, editada pela Don Quixote. Espero que seja falso. Seria outro péssimo sintoma. Se nem já o O`Neill atrai leitores apetece deitar a toalha ao chão. O que é facto é que os média ajudam este estado das coisas: uma má comédia, um mau filme, uma má exposição de pintura, despertam sempre a atenção da imprensa. Um livro quase nunca.
Quem deu conta da nova edição de poemas de Carl Sandburg, com versões de Vasco Gato a juntarem-se às de O’Neill da livraria-editora Flâneur? Como é que ainda não esgotou? Quem topou a edição do belíssimo texto de Paul Auster, Espaços em Branco, com uma boa tradução de Maria da Conceição Sendas, da (não) edições? Foram devidamente celebrados os últimos livros de Alberto Pimenta, na Pianola, uma figura absolutamente central em quarenta anos de experimentalismo literário e um pensador sobre literatura com poucos émulos à altura em Portugal? Já se falou sobre a tão “extravagante” como bela aventura editorial da Livros de Bordo, da Maria João Belchior, uma editora devotada à divulgação da cultura do Oriente? Vá lá, saiu uma referência no Diário de Notícias. Já nem se pede que se leia Wenceslau de Moraes e O Bon-Odori em Tokushima, que há meio século estava esgotado, experimente-se a História dos Mongóis aos Quais Chamamos Tártaros, de Carpini.
A cultura definitivamente só é encarada como divertimento. É o franguinho no churrasco no reino do comissariado político.
04/05/18
A propósito, o O’Neill, este esteve sempre mais próximo das safadezas de Dada que da propensão oracular de algum Surrealismo, e fazia do riso uma arma com que desmontava as ilusões da teleologia poética. O seu é um riso que afirma, ou, antes, que desactiva pela afirmação uma energia reactiva, pelo que também não hesita em explorar todas as ambivalências, mesmo quando se articulam de forma desconstrutora. Peguemos numa das suas facécias mais conhecidas: O GRILO O grilo não só de ouvido eu cri-qu´ria sabê-lo não só de gaiola cati
Excelente para o leitor que sou, pois com 50 euros compro uma dúzia de livros de arromba, mas deprimente como sintoma do que se passa na área dos livros
vá-lo mas dáctilo grafá-lo copiar seu abc de pobre o poema começa por ser “um achado tipográfico” que desenha meia gaiola – a outra metade desenha-o a imaginação do leitor. Depois traslada a natureza para a linguagem pela metamorfose aliterante do vocábulo «grilo» em «grafá-lo». Segue-se que, no próprio coração do texto/gaiola, o poema em vez de falar da linguagem do grilo, encarna-a: cri-qu´ria-a. Isto é, inclusive quando parece retirar à poesia a ganga romântica, dessublimando-a, o poema acaba por cumprir um dos desideratos românticos: nomear as coisas que se amam com a linguagem das coisas que se ama. E temos, à vez, riso, experimentalismo, ludismo… mas também, a contrapêlo: celebração e elegia. Só há uma forma de agirmos em vez de sermos agidos pela cultura que nos condiciona as virtualidades da deliberação: é apoderarmo-nos o mais profundamente de todas as suas florações até que, pela comparação e o diferimento, possamos potenciar uma distância crítica; visto não haver quaisquer hipóteses de nos ser devolvida a idade da inocência, a subtracção agramatical.
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7.6.2018 quinta-feira
ANÚNCIO Faz-se saber que, por despacho do Exmo. Senhor Secretário para a Economia e Finanças, de 21 de Maio de 2018, foi determinada a abertura do concurso n.º 2/CP/DSF-DAF/2018 para a prestação de serviços de segurança nos equipamentos e nas instalações da Direcção dos Serviços de Finanças. O respectivo programa do concurso e o caderno de encargos encontram-se disponíveis para efeitos de consulta durante o horário de expediente no 14º andar do Edifício Finanças, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, em Macau, a partir da data de publicação deste anúncio no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau e também disponíveis gratuitamente, a partir da mesma data, na homepage desta Direcção de Serviços (http://www.dsf. gov.mo). Os interessados poderão participar na inspecção dos locais conforme a data e hora referidas no programa do concurso. As propostas devem ser entregues até às 12:00 horas do dia 05 de Julho de 2018, na Divisão Administrativa e Financeira desta Direcção dos Serviços, sita no 14º andar do Edifício Finanças. É obrigatória a prestação de uma caução provisória a favor da RAEM, no valor de MOP$180.5000,00 (180.500,00 patacas), a qual garantirá o exacto e pontual cumprimento das obrigações que assumem com a apresentação da proposta. A caução provisória poderá ser feita por depósito em dinheiro, para o que se deve solicitar a respectiva guia de depósito na Divisão Administrativa e Financeira da Direcção dos Serviços de Finanças, ou mediante garantia bancária. O acto público do concurso realizar-se-á no dia 06 de Julho de 2018, pelas 10h00, no Auditório da Cave do Edifício Finanças, sito na Avenida da Praia Grande, n.ºs 575, 579 e 585, em Macau. Em caso de encerramento destes serviços por causa de tempestade ou de outras causas de força maior, o termo do prazo de entrega das propostas ou a data e a hora estabelecidas para o acto público do concurso serão transferidos para o primeiro dia útil seguinte. Macau, aos 31 de Maio de 2018. O Director dos Serviços, Iong Kong Leong
quinta-feira 7.6.2018
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Hoje CONCERTO 27 | “UPPERCUTZ X POMEGRANATE SOUNDS PEARL RIVER DELTA MINI TOUR” Live 6Music9Association 4 7| Das522h008às 3h00 3 1 2 8 2 3 6 4 1 7 5 9 Amanhã UMA NOITE COM PIANO NA GALERIA 7 5Rui Cunha 1 3| Das 9 4 8 6 Fundação 18h002 às 20h00 3 7 5 1 2 6 9 4 8 Sábado GLOBAL WELLNESS DAY MACAU 1 4 6 8 7 9 5 2 3 Hotel St. Regis | Das 9h00 às 18h00 2 8 9 5 3 4 6 7 1 CONCERTO “UPPERCUTZ X POMEGRANATESOUNDS PEARLRIVERDELTA 5 6 8 TOUR” 4 1 3 2 9 7 Live Music Association | Das 20h00 às 00h00 9 3 7 2 8 5 1 6 4 4 1 2 9 6 7 8 3 5
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9 4 3 2 7 6 1 9 8 8 3 4 HUM 3 8 2 6 5 1 4 6 9 5 2 7 7 1 5 7 4 3 1 5 9 6 8 2
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 30
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JURASSIC PARK: FALLEN KINGDOM SALA 1
Com: Masato Sakai,Mitsuki Takahata 19.15
Um filme de: J.A. Bayona Com: Chris Pratt, Bryee Dallas Howard, BD Wong, Jeff Goldblum 14.15, 16.45, 19.15, 21.45
SALA 3
JURASSIC WORLD: FALLED KINGDOM [B]
SALA 2
THE WALL [C] Um filme de: Doug Liman Com: Aaron Taylor-Johnson, John Cena 14.30, 16.30, 21.45
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Takashi Yamazaki
Pedro Proença, Madalena Pequito e Maria João Franco são os três nomes da “Exposição de Pintura Portuguesa 2018”, que inaugurou ontem no Clube Militar. A mostra, que reúne 30 obras dos três artistas portugueses de diferentes gerações, alinha-se com as comemorações extensivas do 10 de Junho e com o ciclo de exposições “Pontes de Encontro”. Com a curadoria da Associação para a Promoção de Actividades Culturais (APAC), a mostra fica patente até ao próximo dia 24. Diana do Mar
CODE GEASS LELOUCH OF THE REBELLION II - TRANSGRESSION [C]
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LOVE CHUNIBYO AND OTHER DEKUSIONS [B]
www. hojemacau. com.mo
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PROBLEMA 31
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32 7.6.2018 4 8 9 5 3 quinta-feira 6 7 8 4 1 5 2 6 7 4 9 1 8 3 6 8 1 4 3 2 5 7 7 9 5 8 2 9 4 3 6 BAHT 0.25 YUAN 1.25 5 4 4 3 6 8 1 7 9 6 2 1 7 9 2 5 6 3 8 3 VIDA DE 3 CÃO 9 1 7 6 2 5 9 1 6 2 8 5 3 4 1 LEMBRAR 2 7 7 4 5PARA 1 8 9 2
NÃO ESQUECER
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Durante vários anos tive a oportunidade de ir a Hong Kong cobrir a vigília em homenagem às vítimas de Tiananmen, mas a primeira vez foi especialmente marcante. Estava em trabalho, mas o ambiente era demasiado intenso para ficar indiferente. Dele transbordava um sentimento que livros e documentários não eram capazes de transmitir. Fiquei particularmente impressionada com os muitos chineses que atravessam a fronteira para Hong Kong, o único lugar, a par de Macau, onde (ainda) podem livre e publicamente pedir justiça pelos que morreram a lutar por um ideal. A última vez que fui, em 2014, foi igualmente importante para mim. Não só por causa da vigília dos 25 anos ter sido uma das mais participadas de sempre (180 mil pessoas segundo a organização e sensivelmente 100 mil de acordo com 32 a polícia), mas também pelo momento especial e enriquecedor (tanto do ponto vista pessoal como profissional) que foi conhecer e entrevistar Jeff Widener. Em causa, o fotojornalista norte-americano que capturou o icónico momento em que um destemido jovem manifestante desafia uma coluna de tanques. Embora existam outras, foi aquela foto, tirada na manhã de 5 de Junho de 1989, que chegou às primeiras páginas dos jornais de todo o mundo, que foi nomeada para o prémio Pulitzer e que viria a tornar-se numa das imagens mais conhecidas de sempre. Tiananmen foi há 29 anos, mas ainda há figuras solitárias que ousam desafiar o poder instalado. Já não há tanques, mas a repressão continua. Só espero que a luta também. Diana do Mar
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Diana do Mar, João Santos Filipe; Sofia Margarida Mota; Vitor Ng Colaboradores Amélia Vieira; Anabela Canas; António Cabrita; António Castro Caeiro; António Falcão; Gonçalo Lobo Pinheiro; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Simões Morais; Manuel Afonso Costa; Michel Reis; Miguel Martins; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; Fa Seong; Jorge Morbey; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
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FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Goro Taniguehi Com: Jun Fukuyama, Takahiro Saurai, Yukana, Ami Koshimizu 14.30, 17.00, 21.30
FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Tatsuya Ishihara 19.30
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UM EVENTO HOJE
DESTINY: THE TALE OF KAMAKURA [B]
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quinta-feira 7.6.2018
bairro do oriente
É
Gente de Jun(h)o
nesta melancólica tarde chuvosa de quarta-feira, dia 6 de Junho, que me apetece dissertar sobre o dia de Portugal, que se assinala no próximo Domingo, e sobre a portugalidade em geral, e como a sentimos deste lado do mundo. E chuva é mesmo aquilo que nos espera neste mês de Junho; se os Waterboys uma vez escreveram que “December is the cruelest month”, e porque nunca passaram por um Junho em Macau. Somos portugueses (somos!), e amamos Portugal (amamos!), assim como nos sentimos no direito, e na obrigação de sentir a dor que sente o nosso povo, lá a 10 mil quilómetros de distância, assim como partilhar das suas alegrias. O que é que nós somos? (portugueses!). Contudo, é difícil para nós exercer aqui a portugalidade. Não faltam as boas intenções, a palmadinha nas costas do compatriota (e aqui há-os de todas as origens), e o mais elementar protocolo, sempre com a empatia quer do governo local, quer das restantes comunidades, tanto lusófonas, como as de outras expatriados. E pronto, bate-se a pala, iça-se a bandeira, “toca suíno”, então o que nos faz falta? É a tal da distância, sim. Que coisa de um raio. E o clima, não posso deixar de insistir. Uff. É frustrante realizar um arraial de S. João à chuva, com a dita a bater na fatia de pau onde jaz a sardinha. E que festa é esta, em que tem que se andar a tapar a sangria. Há uma expressão local (ou fui eu que inventei, que não me recordo) que diz que “o S. Pedro não colabora com o S. João”. Eu até achava giro, se não fosse tão trágico. Até a habitual “ida ao pastel”, na residência do cônsul-geral, no idílico Hotel Bela Vista, peca pela roupa colada ao corpo, do suor da humidade, e não raras vezes o tal S. Pedro decide também lançar uma descarga. Deve andar irritado com os dragões que vão deslizando estes fins-de-semana nos lagos Nam Van.
Estamos longe e temos saudades sim. Por muito que nos tentemos desligar, há sempre ali um bocado de nós, que ora já existia, ora desponta subitamente como o botão de uma linda flor. Fazem-nos falta as noites sem fim, o bradar dos tambores, a alegria das nossas gentes. Estamos longe e temos saudades sim. Por muito que nos tentemos desligar, há sempre ali um bocado de nós, que ora já existia, ora desponta subitamente como o botão de uma linda flor. Fazem-nos falta as noites sem fim, o bradar dos tambores, a alegria das nossas gentes. Pouco depois disso estamos lá, é verdade (alguns de nós, os que insistem em ir...), e este 10 de Junho e todo o arraial que se segue são apenas os preliminares. Um feliz Dia de Portugal para todos. PS: Queria aproveitar, porque ainda não o fiz, para mandar um grande abraço e um muito obrigado ao cônsul-geral de Portugal, Vítor Sereno, que se encontra prestes a terminar a sua missão no território. Muitas felicidades, é o que lhe desejo, esteja onde estiver. Touché-sai.
SAUDADE, MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO
LEOCARDO
Todas as riquezas do mundo não valem um bom amigo.
CISJORDÂNIA PALESTINIANO MORTO POR TER LANÇADO PEDRAS
PALAVRA DO DIA
SOFIA MARGARIDA MOTA
Voltaire
OEIRAS CÂMARA INVESTIGADA POR CORRUPÇÃO E ABUSO DE PODER
U
A
Espanha Rajoy admite abandonar a política de “forma definitiva”
EUA Trump convida muçulmanos para jantar na Casa Branca
M palestiniano de 21 anos, Izzideen Tamimi, foi morto ontem perto de Ramallah, na Cisjordânia, por soldados israelitas, depois de ter lançado pedras contra os militares, anunciou o Ministério da Saúde palestiniano. O exército israelita confirma num comunicado ter morto um palestiniano que “atirou uma grande pedra” contra os soldados durante uma operação de detenções em Nabi Saleh, a noroeste de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Segundo o exército, os soldados foram alvo de uma dezena de palestinianos que atiravam pedras e um deles atingiu um dos militares na cabeça, tendo este “ripostado disparando sobre o palestiniano”, que morreu no local. Desde 2015, os palestinianos mataram mais de 50 israelitas, dois visitantes norte-americanos e um turista britânico essencialmente em ataques com armas brancas e carros. No mesmo período, as forças israelitas mataram 260 palestinianos, a maioria dos quais Israel disse serem atacantes.
O ex-presidente do Governo espanhol Mariano Rajoy admitiu ontem abandonar a política de forma definitiva afirmando que “não faz sentido” continuar após uma vida de “enorme intensidade”. “Não faz sentido continuar mais tempo aqui (na política)”, disse Rajoy em entrevista à rádio Cope, acrescentando que vai decidir em breve o “futuro” depois de uma vida política de “enorme intensidade”. O ex-presidente do Executivo espanhol do Partido Popular, afastado por uma moção de censura na semana passada, disse que “há mais coisas para fazer na vida” além do desempenho de actividades políticas. Rajoy afirmou também que o “centro-direita” espanhol “não tem de ser reconstruído”, reagindo de forma directa às palavras de Jose Maria Aznar, ex-líder do PP e antigo primeiroministro que na terça-feira se ofereceu para colaborar na “reconstrução” do campo político do Partido Popular. PUB
quinta-feira 7.6.2018
Câmara de Oeiras foi ontem alvo de buscas no âmbito de uma investigação sobre tráfico de influência, corrupção passiva e activa, participação económica em negócio e abuso de poder, informou a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL). Segundo uma nota divulgada no ‘site’ da PGDL, “foram emitidos e cumpridos mandados de busca à Câmara Municipal de Oeiras”, no distrito de Lisboa, e “não houve lugar à constituição de arguidos” durante a operação, encontrando-se o processo em segredo de justiça. “Nestas operações foram apreendidos documentos de índole contabilística e outras e mensagens de correio electrónico necessários à produção de prova”, refere a nota. O inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Sintra, da Comarca de Lisboa Oeste, coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária. ACâmara de Oeiras é presidida pelo independente Isaltino Morais, que voltou à liderança do município em 2017, após a gestão do executivo ter estado a cargo do também independente Paulo Vistas.
Aquilo que falta Cloee Chao volta a pedir bónus para funcionários dos casinos
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presidente da Associação Novo Macau para os Direitos dos Trabalhadores do Jogo, Cloee Chao, entregou ontem uma carta na sede do Executivo onde exige que as operadoras de jogo atribuam bónus aos trabalhadores dos casinos. A responsável, a trabalhar como croupier, lembrou que as receitas brutas dos casinos de Maio chegaram às 25,4 mil milhões de patacas, um valor que representa um crescimento de 12,1 por cento em relação ao período igual do ano anterior, de acordo com os dados oficiais.
Contudo, a presidente da associação lamenta que, apesar desse aumento dos lucros, as regalias dos funcionários tenham vindo a decair nos últimos anos. “Em 2014, as operadoras anunciaram a atribuição de um bónus, equivalente ao 14º salário. Este ano, já estamos em Junho e ainda não houve divulgação do bónus relativo ao mês de Julho.” Cloee Chao teme que o bónus possa ser anulado a partir deste ano. Na carta que entregou na sede do Governo, a dirigente associativa dá conta dos receios dos trabalhadores quanto à possibilidade das
suas regalias terem diminuído nos últimos anos devido a falhas de gestão do Executivo. “Como o negócio do jogo é concessionado pelo Governo, as autoridades têm a obrigação de fiscalizar as operadoras, nomeadamente quanto às promessas que foram feitas”, frisou. Entretanto, a Sands China anunciou ontem a atribuição de um bónus aos funcionários “qualificados” a 31 de Agosto, equivalente a um mês de salário e com o limite de 50 mil patacas. A operadora disse ainda, segundo o canal chinês da Rádio Macau, que a grande maioria dos trabalhadores será beneficiada com esta medida.
O presidente norte-americano, Donald Trump, recebeu ontem na Casa Branca algumas dezenas de muçulmanos para o jantar de quebra do jejum durante o Ramadão, o ‘ifthar’. “Haverá 30 a 40 convidados”, indicou antes da ocasião Sarah Sanders, porta-voz da administração norte-americana, sem dar mais pormenores. Em 2017, no seu primeiro ano de mandato, Donald Trump não organizou um jantar semelhante, contrariando a tradição presidencial norte-americana. Várias organizações de muçulmanos dos Estados Unidos já indicaram que não pretendem participar. A comunidade muçulmana tem uma relação tensa com Donald Trump, que no início da sua campanha propôs impedir temporariamente o acesso de muçulmanos aos Estados Unidos. Outros episódios contribuíram para alimentar a desconfiança, entre os quais as críticas de Trump ao presidente da câmara de Londres, o muçulmano Sadiq Khan, que o presidente norte-americano acusou de minimizar a ameaça terrorista.