Hoje Macau 07 SETEMBRO 2023 #5330

Page 1

hojemacau

Crimes em retoma

A criminalidade acompanha a tendência de retoma da economia em Macau e volta a crescer sem, no entanto, atingir os números do período pré-pandemia. Os crimes ligados ao jogo assumem papel de destaque, em virtude da abertura das fronteiras, mas o Governo garante que, para já, a situação de segurança é “estável”.

PÁGINAS 6-7

FAOM DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10 QUINTA-FEIRA 7 DE SETEMBRO DE 2023 • ANO XXII • Nº5330
www.hojemacau.com.mo • facebook/hojemacau • twitter/hojemacau FAOM AS FÉRIAS A QUEM TRABALHA HOSPITAL DAS ILHAS O VALOR DA SAÚDE VOZES LULA VS. LULA PÁGINA 4 ÚLTIMA OLAVO RASQUINHO
ENTREVISTA
HISTÓRIAS
CHRISTOPHER CHU E MAGGIE PUI MAN HOI
DE MACAU
RÓMULO SANTOS
UMA CINTILANTE PRECIOSIDADE José Simões Morais

“Macau está no centro de muita acção”

Em pouco tempo, Christopher Chu e Maggie Pui Man Hoi escreveram dois livros, os seus primeiros. “Macau’s Historical Witnesses”, que conta a história da cidade através dos seus monumentos e “Camilo Pessanha’s Macau Stories”, que é apresentado hoje, às 15h, na sala Le Chinois do Hotel Sofitel. O HM falou com o casal que se viu “forçado” pelo tédio dos confinamentos e da paralisia pandémica a mergulhar na história da cidade

Como chegaram a este ponto, com dois livros editados em tão pouco tempo?

Christopher Chu (CC): Chegámos aqui por acidente, essa é a resposta rápida. Sou de Nova Iorque e trabalhei em Hong Kong e a Maggie é professora de ciências médicas tradicionais.

Maggie Pui Man Hoi (MPMH): A minha formação é em técnicas laboratoriais e investigação científica.

CC: E eu trabalhei como analista de equity research (pesquisa de investimentos) durante 10 anos. Fiz dois anos de jornalismo e depois voltei ao sector financeiro. O livro sobre o Pessanha começou onde acabou o primeiro livro, um projecto que começámos quando me mudei para Macau, no início de 2022. Sabia que não iríamos viajar por, pelo menos, um ano. Então, comecei a escrever histórias divertidas sobre Macau para a Maggie. Uma história passou para duas e depois ela acabou por escrever também. Quando reparámos tínhamos mais de 20 histórias sobre locais e monumentos históricos de Macau.

MPMH: O Christopher perdeu o emprego no fim da pandemia. Estava a sentir-se muito sozinho em Hong Kong e chateado durante o confinamento, não nos podíamos ver. Por isso, decidiu mudar-se para Macau de vez. Durante a quarentena de duas semanas, o apetite por visitar os locais históricos de Macau foi aumentando. Procurou livros que descrevessem os locais que estão na lista de património mundial da UNESCO e não encontrou nenhum livro em inglês fácil de compreender. Então, com muito tempo em mãos na quarentena, começou a escrever o esboço do primeiro livro, que acabou por ser o prelúdio para o livro sobre Pessanha.

A pandemia acabou por resultar num incentivo à produção.

CC: Sim, depois de sair da quarentena seguiram-se os confinamentos e pensei “isto é o que vamos fazer”, ler e escrever. O primeiro livro conta a história de Macau através dos seus monumentos e locais históricos. Existem aqui muitas histórias profundas, que têm como cenário estes locais. Não estamos a recontar a história, só mudámos o foco da narrativa. O primeiro livro tinha 22 histórias e quando nos debruçámos sobre o Pessanha... enfim, era uma história tão boa. Um homem com o coração partido, a forma como chegou a Macau, as batalhas judiciais, as pessoas com quem se cruzou.

A história da sua vida era tão rica que tivemos de escrever o segundo livro. O primeiro título do livro era “Testemunha histórica de Macau”, e ele foi isso mesmo, uma testemunha histórica. Viu tantos acontecimentos notáveis desenrolarem-se à sua frente, participou em alguns.

É um óptimo instrumento para compreender o que se passou em Macau, perceber como o mundo evoluiu, as muitas mudanças que aconteceram naqueles anos e que continuam a ser palpáveis nos dias de hoje. É isso que queremos mostrar, as histórias dentro da história. Este livro não é uma biografia, não é um livro de história, é alguém a contar a história da cidade.

“Na minha opinião, Pessanha era um bocado imbecil (risos). Honestamente, não me parece que conseguisse ser seu amigo. Ele era muito progressista para a altura em que viveu e não me considero assim tão avançado.”

Camilo Pessanha não é um testemunho histórico habitual. Era uma personagem excêntrica, não era propriamente uma figura política convencional.

CC: Na minha opinião, ele era um bocado imbecil (risos). Honestamente, não me parece que conseguisse ser seu amigo. Era muito progressista para a altura em que viveu e não me considero assim tão avançado. Via mais à frente. Tentou promover representação chinesa no Senado, proposta que foi muito controversa. Tinha, obviamente, problemas com a Igreja e a forma como os poderes eclesiásticos se imiscuíam na política. Era apoiante do movimento feminista. A Ana de Castro Osório lutou pela lei que permitiu o divórcio em Portugal, e é só a ponta do icebergue em termos de intelectuais com quem tinha relações. Não me parece que seria seu amigo, acho que ele me iria fazer bullying. Acho que acabaria por me pedir para não gozar com ele por usar bengala e ser viciado em ópio.

Como entraram em contacto com a poesia de Camilo Pessanha?

MPMH: Quando acabámos o primeiro livro, o Christopher precisava de outro assunto para ocupar a mente. Durante a pesquisa para o primeiro livro, ficou muito interessado na figura do Governador Ferreira do Amaral e pensou em escrever uma ficção da perspectiva de um pequeno menino chinês que mata o Governador. Escrever sobre a tensão entre a fronteira que separa vítima e agressor, onde estão os limites de cada um. Começou a pensar nesse tema e a ter pesadelos. Viver na pele de um rapaz, em pleno

2 entrevista www.hojemacau.com.mo 7.9.2023 quinta-feira
CHRISTOPHER CHU E MAGGIE PUI MAN HOI AUTORES DE CAMILO PESSANHA’S MACAU STORIES
CHU
FOTOS
RÓMULO SANTOS

século XIX, foi demasiado intenso. Acordava rezingão e infeliz. Precisava de um tópico mais alegre.

CC: Engraçado que essa figura mais alegre passou a ser o Pessanha.

Alguma vez pensaram que um dia iriam escrever livros juntos?

CC: Não, sou um péssimo escritor. Nunca fui bom escritor e nunca tivemos nada a ver com edição de livros.

“Pessanha é um óptimo instrumento para compreender o que se passou em Macau, perceber como o mundo evoluiu, as muitas mudanças que aconteceram naqueles anos e que continuam a ser palpáveis nos dias de hoje.”

Mas estamos a falar de dois livros num curto período de tempo.

CC: Sofro de hiperatividade com défice de atenção, preciso de fazer alguma coisa e estávamos fechados devido à pandemia (risos).

MPMH: Também nunca me imaginei a escrever livros de ficção. Sou uma pessoa muito técnica, faz parte da minha formação.

O processo foi suave, ou surgiram muitas lutas?

CC: Tivemos alguns desentendimentos sobre como contar as histórias. Se voltar atrás às minhas origens, os bancos têm analistas que avaliam o valor de empresas, esse era o meu trabalho, encontrar valor em algo. Para mim, o valor de Macau e do Camilo Pessanha era muito óbvio, a dificuldade era encontrar uma forma de contar a história. Se tivermos em consideração as Ruínas de São Paulo. Todos conhecem a história do incêndio e pouco mais. Como contador de histórias tens de focar tudo menos o incêndio, preencher as lacunas deixadas em branco, e isso é equity research. Acho que transferimos essas qualidades para a literatura, em vez de avaliar uma empresa, avaliámos uma cidade, uma pessoa.

Como foi processo de recolha de informação e como condensaram essa informação para o livro.

CC: É importante ressalvar que esta informação não é nova, não encontrámos o seu diário secreto do Camilo Pessanha, nem o entrevistámos. Pegámos naquilo que já se sabia, através de trabalhos académicos, literatura e correspondência.

Durante o confinamento, parte da vossa dieta consistia de publicações académicas sobre Camilo Pessanha.

CC: Não somos pessoas fixes. Passámos muito tempo a ler muita coisa.

MPMH: Uma das vantagens de trabalhar na Universidade de Macau é o acesso a recursos bibliográficos.

CC: Pegámos na vida do Camilo Pessanha, na sua cronologia em Macau e no que estava a acontecer no mundo durante esse período.

Nesta análise, temas e padrões começaram a emergir, razões para as coisas acontecerem. Por exemplo, em 1895 Pessanha vai a Hong Kong com Venceslau de Morais. Nessa altura, havia um enorme fosso de riqueza entre Hong Kong e Macau. Pensámos

que seria interessante endereçar este facto. Será que surgiram episódios de inveja durante as passagens pelo Clube Lusitano de Hong Kong? Será que pensavam nas razões para as desigualdades entre as duas cidades? Outro exemplo foi o período em que Pessanha esteve mais tempo fora de Macau, em Portugal durante quatro anos, a recuperar de pneumonia. Quando estava em Portugal o Rei D. Carlos foi assassinado. Pessanha estava em Braga, não estava em Lisboa, mas pensámos em formas de integrar este evento na história de Macau. Não soa muito bem, mas lembrou-me o 11 de Setembro. Sou de Nova Iorque e ninguém se esquece onde estava no 11 de Setembro, quando tudo mudou. Quando o rei do nosso país morre, esse momento é inesquecível. Um momento de mudança, nada será como antes. Mencionamos isso no livro.

Portanto, acabam por destilar estes momentos históricos de uma forma ficcional. Como fizeram a transição de história para ficção?

CC: Bem, através de simples escrita criativa, tentámos acrescentar alguma fluidez. Por exemplo, Pessanha discursou sobre antiguidades neste edifício (Clube Militar) em 1915 e para encaixar no ritmo do livro situámos esse momento em 1910. Para o leitor aprender sobre o discurso de Pessanha, que falou da necessidade de mudar as indústrias, de mover influências para longe de casinos, ópio, prostituição e tráfico de cules para algo que fosse mais

sustentável. Assumimos a responsabilidade de alterar esses pedaços de história e tentámos encontrar uma forma melhor de a contar.

MPMH: Além disso, alguns capítulos são escritos como monólogos. Procurámos entrar na cabeça do Pessanha, na primeira pessoa.

“Alguns capítulos são escritos como monólogos. Procurámos entrar na cabeça do Pessanha, na primeira pessoa.”

Com uma produção tão intensa, já começaram um livro novo?

CC: Escrever é contagiante, viciante. O nosso foco é encontrar aquilo que não foi muito explorado antes, oferecer algo melhor do que já havia e encontrar um veículo para fazê-lo. No primeiro livro usámos monumentos e locais históricos, no segundo o Camilo Pessanha. Pensámos em escrever um livro que conte a história de Macau através da comida, através dos paladares. Sempre se falou muito sobre a gastronomia macaense, as suas origens. É um tema interessante. Se pensarmos em comida em termos de ingredientes e a sua proveniência, mais uma vez, Macau está no centro

de muita acção. Um bom exemplo é a bifana no pão, um prato tradicional de Macau, algo muito simples. Mas se olharmos para a história do pão e a sua evolução encontramos muitas coisas interessantes, a forma como foi correndo o mundo, por exemplo. Nas raízes de Macau, as padarias eram quase tão importantes como as igrejas, os orfanatos ou as escolas. O porco era também um grande indicador para determinar se a pessoa aceitava a fé cristã durante a inquisição. Nesta simples sanduiche, vemos uma nova história a surgir e essa é a ideia. Se encontrar uma nova história a apreciação e o amor pelos locais aumenta, e tudo isto está ligado à forma como as pessoas eram atraídas e chegavam a Macau. Têm planos para traduzir estes livros para chinês?

CC: Estamos a tentar. Estas edições são de autor, tivemos sorte de encontrar uma editora que trabalhou connosco (Os Macaenses Publicações). Estamos a tentar traduzir para português e chinês, mas são trabalhos um bocado caros.

MPMH: Vamos tentar os apoios da Fundação Macau. A nossa editora tem também uma visão do livro mais pedagógica, por exemplo, para os estudantes aprenderem inglês. Mas temos algumas dúvidas, não queremos rotular o livro como material de ensino para o secundário. Também nos disseram que a história contém alguns elementos sensíveis. João Luz

entrevista 3
www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
“Sim, depois de sair da quarentena seguiram-se os confinamentos e pensei ‘isto é o que vamos fazer’, ler e escrever. Não somos pessoas fixes. Lemos muita coisa”. CHRISTOPHER CHU
CHRISTOPHER CHU
MAGGIE PUI MAN HOI

A Federação das Associações dos Operários de Macau teve um encontro com os Serviços para os Assuntos Laborais em que pediu o aumento do número de férias, feriados obrigatórios e da licença de maternidade

Adeputada e vice-presidente da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), Ella, Lei defende que os direitos laborais em Macau estão atrasados em comparação com as regiões vizinhas. A posição foi tomada, de acordo com um comunicado da associação, durante um encontro com o director dos Serviços para os Assuntos Laborais (DSAL), Wong Chi Hong. Segundo a associação, Ella Lei argumentou que a economia “está recuperada” depois dos impactos da pandemia da covid-19, pelo que

TRABALHO FAOM QUER AUMENTO DOS DIAS DE FÉRIAS

Deixar o século XIX

principalmente no que diz respeito aos direitos a férias e folgas, e assegurar que as empresas do jogo tratam os trabalhadores de forma justa, dentro do espírito da responsabilidade social.

Wong apontou que os trabalhadores são um dos principais activos das empresas, e que a sua satisfação é benéfica para todos

está na altura de reformar em vários direitos laborais.

A deputada apontou que o número de dias de férias obrigatórios deve ser aumentado, depois de ter estado “congelado” durante vários anos.

Actualmente, os empregadores são obrigados a autorizar “um mínimo de seis dias úteis de férias anuais remuneradas”, quando o trabalhador e o patrão têm uma relação laboral superior a um ano.

Ella Lei apontou também que os trabalhadores sentem

a necessidade de ver o sistema de férias alterado, não só com o aumento dos dias mínimos de férias, mas ainda com um “ajuste” no número de feriados obrigatórios e da licença de maternidade.

Actualmente, a lei reconhece a existência de 10 feriados obrigatórios: o 1 de Janeiro, os primeiros três dias do Ano Lunar, o Cheng Ming, 1 de Maio, o dia seguinte ao do Bolo Lunar, 1 de Outubro, Culto dos Antepassados e o 20

PEQUIM RITA SANTOS REÚNE COM EMBAIXADORES DE PORTUGAL E ANGOLA

de Dezembro. Em relação à licença de maternidade, no sector privado, é de 70 dias, e no sector público é de 90 dias

Problemas nos casinos Entre a comitiva da FAOM que reuniu com Wong Chi Hong, esteve também Leong Sun Iok que, de acordo com o comunicado da associação, abordou a situação do emprego nas concessionárias do jogo, onde indicou terem sido aplicadas “medidas

rigorosas” de gestão do pessoal. O legislador queixou-se dos novos métodos de gestão, e argumentou que as advertências e os despedimentos se tornaram-se mais frequentes nas concessionárias, o que tem deixado os trabalhadores “muito preocupados”.

No novo contexto, Leong pediu à DSAL para implementar medidas rigorosas de fiscalização da protecção dos direitos dos trabalhadores nas concessionárias,

No mesmo sentido, o deputado criticou as concessionárias por terem despedido durante a pandemia vários trabalhadores de meia idade, que, argumenta, têm dificuldade em encontrar um novo emprego. Por isso, defendeu a criação de um mecanismo legal para proteger estes trabalhadores.

Face às sugestões, a FAOM indicou que Wong Chi Hong destacou a abertura da DSAL às opiniões dos vários envolvidos no mercado do trabalho, dos empregados aos empregadores. Wong terá ainda dito que os trabalhadores são um dos principais activos das empresas, e que a sua satisfação é benéfica para todos. João Santos Filipe

FUNÇÃO PÚBLICA CHAN HONG NA COMISSÃO DE QUEIXAS

RITA

Santos reuniu ontem em Pequim com responsáveis pelas representações diplomáticas de Portugal e Angola na China. Segundo um comunicado divulgado pela presidente do Conselho Regional da Ásia e Oceânia das Comunidades Portuguesas, o encontro com o chefe adjunto da missão da Embaixada de Portugal em Pequim, Duarte Pinto da Rocha, serviu para expôr os trabalhos desenvolvidos pelos conselheiros “em prol dos portugueses residentes em Macau, em Hong-Kong e no interior da China”, bem como “o desenvolvimento económico da Grande Baía e os esforços desenvolvidos no âmbito das trocas comerciais entre a

China e Portugal, utilizando Macau como plataforma”. Com o embaixador de Angola, João Salvador dos Santos Neto, foi discutida a “promoção do desenvolvimento comercial da Grande Baía e o interesse das empresas de Macau quanto às oportunidades de investimento nas indústrias piscatórias, agrícolas, educativas e culturais, utilizando Macau como plataforma de intercâmbio entre Angola e China”. Santos Neto frisou que “existem inúmeras oportunidades em Angola para todos os empresários de Macau no âmbito da sustentabilidade e das energias renováveis, turismo, agricultura e pescas”.

Aex-deputada Chan Hong foi nomeada por Ho Iat Seng para a Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos, de acordo com um despacho publicado ontem no Boletim Oficial. Segundo a informação

do documento oficial, por este part-time, Chan Hong vai levar para casa nos próximos dois anos 30.940 patacas por mês.

Além da nomeação para a Comissão de Gestão do Tratamento de Queixas Apresentadas por Trabalhadores dos Serviços Públicos, a antiga legisladora integra ainda o Conselho de Curadores da Fundação Macau, o Conselho da Universidade Politécnica de Macau e o Conselho da Escola Superior das Forças de Segurança de Macau. Todas estas posições resultam de nomeações políticas.

Ainda em relação à comissão para “tratamento” das queixas dos trabalhadores

dos serviços públicos, ontem foi anunciada a renovação do mandato de Leong Iok Wa como presidente. Pelo desempenho das funções, Leong tem uma remuneração mensal de cerca de 35 mil patacas. Também o membro da comissão Kuong Iok Kao viu o seu mandato renovado, por mais dois anos. Segundo o portal da comissão, esta tem como objectivos garantir o direito de queixa a todos os trabalhadores dos serviços públicos, promover a comunicação e criar um harmonioso ambiente de trabalho, e perfeiçoar a gestão e o funcionamento dos serviços públicos.

4 política www.hojemacau.com.mo 7.9.2023 quinta-feira
FAOM

FAOM Mais apoios para prevenir suicídios

A Federação das Associações dos Operários (FAOM) espera que o Governo lance apoios para reduzir a taxa de suicídio. Segundo o jornal do Cidadão, a vice-presidente da associação, Chio Lan Ieng sugeriu ao Governo que invista mais recursos nos serviços de saúde mental, reforçando o papel e funções dos conselheiros psicológicos nas comunidades, para que a população tenha acesso a apoio de forma oportuna. Chio Lan Ieng também indicou que o vício em jogo e problemas financeiros podem ser outros factores importantes, sugerindo que o Governo intensifique a cooperação com os sectores sociais para a promoção do jogo responsável, oferecendo mais cursos de gestão financeira, apoios financeiros e assistência ao emprego.

Autocarros Pedidas melhorias no sistema

O conselheiro de Serviços Comunitários das Ilhas, Choi Seng Hon, defendeu que o Governo deve melhorar as instalações dos autocarros públicos. Em declarações citadas pelo jornal Ou Mun, Choi começou por salientar que o principal meio de transporte colectivo em Macau é o autocarro. No entanto, devido à realização de várias obras, os percursos são altamente afectados, além das paragens estarem constantemente a ser mudadas, mesmo que de forma temporária, para locais onde não há protecção contra o sol ou chuva. Como algumas das obras que afectam as paragens de autocarros vão demorar entre um ou dois anos, Choi Seng Hon apelou ao Executivo para criar boas condições nas paragens para os passageiros.

Conta Única Governo lança nova versão da app

A Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública anunciou ontem o lançamento de uma nova versão da aplicação Conta Única de Macau, agendado para sábado, com o objectivo de melhorar a utilização dos pagamentos electrónicos. “Em articulação com a actualização dos meios de pagamento de instituições financeiras, será lançada a nova versão 5.7.1 da Conta Única de Macau às 00h horas do dia 9 de Setembro de 2023, com vista a optimizar a estabilidade e a experiência de utilização do pagamento electrónico, pelo que solicitamos a atenção dos residentes”, foi comunicado, ontem de manhã.

UPM Biblioteca concluída no segundo semestre de 2024

A Universidade Politécnica de Macau (UPM) estima que as obras do novo edifício do complexo da biblioteca de expediente da instituição fiquem concluídas no segundo semestre do próximo ano. Segundo um comunicado emitido pela instituição de ensino superior, a construção da cobertura do novo edifício ficou concluída em Agosto, estando em curso a remodelação do interior, o sistema electromecânico e o revestimento das paredes exteriores. O novo edifício vai dispor de um centro de investigação científica, laboratório, biblioteca, sala de espectáculos, auditório, instalações pedagógicas e de escritório, entre outras divisões. A ideia é que, com esta nova edificação se possa “promover ainda mais o desenvolvimento do ensino, da investigação científica e da internacionalização” da instituição de ensino superior.

SUPERVISÃO CA CONSIDERA QUE NÃO DEVE SER AVALIADO PELA QUANTIDADE

Tudo na medida certa

Após a notícia do HM sobre a redução dos relatórios publicados no primeiros três anos e oito meses do mandato de Ho Iat Seng, o Comissariado de Auditoria aponta que cada análise é diferente e recusa a quantidade de relatórios como critério de avaliação do trabalho feito

OComissariado de Auditoria (CA) considera que o seu trabalho não pode ser avaliado tendo por referência o número de relatórios produzidos a cada ano. Foi desta forma que o organismo reagiu à notícia do HM, sobre o facto de nos primeiros três anos e oito meses do mandato de Ho Iat Seng terem sido publicados menos quatro relatórios em comparação ao mesmo período do primeiro mandato de Fernando Chui Sai On.

“Apesar de alguns relatórios serem desenvolvidos de acordo com os planos anuais de actividades, em cada ano o número de relatórios produzidos não é regular nem pode constituir a medida da actividade do CA”, defendeu o organismo, numa resposta ao HM.

Liderado por Ho Veng On desde 2009, o CA aponta também que cada auditoria é única e que as diferentes análises têm tempos diferentes de conclusão. “A actividade do CA incide sobre diferentes tipos de sujeitos a auditoria e tem por objecto matérias que são muito diversificadas em termos de complexidade e nas exigências para a respectiva aná-

“Nos termos da Lei Básica e demais legislação relevante, o Comissariado da Auditoria (CA) funciona como órgão independente.”

lise, pelo que cada caso é único e necessariamente diferente nos resultados das auditorias e, também, no tempo que leva à respectiva conclusão”, foi explicado.

Sem interferências

Na resposta, o CA afastou também a possibilidade de instruções do Governo para que o número de relatórios produzidos tivesse uma quebra face ao passado.

Na resposta ao HM, foi sublinhada a independência do organismo, à luz da Lei Básica e “demais legislação relevante”, que não foi detalhada. “Para melhor enquadramento da resposta às questões colocadas salientamos que, nos termos da Lei Básica e demais legislação relevante, o Comissariado da Auditoria (CA) funciona como órgão independente, envidando todos

os seus esforços na prossecução das actividades de auditoria e de acordo com as suas competências legais”, foi indicado.

Quando questionado sobre o número de relatórios esperados até ao final do ano, o CA escudou-se no princípio da confidencialidade: “Por último, tendo em conta o princípio da confidencialidade que envolve a actividade do CA, não é possível revelar o número de projectos em curso, continuando as auditorias a ser desenvolvidas e divulgados os relatórios respectivos quando estiverem concluídos conforme os procedimentos”, foi argumentado.

Ainda assim, até ao final do ano é esperado que o CA finalize o relatório sobre as contas do orçamento da RAEM do ano passado. João Santos Filipe

política 5 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
RESPOSTA DO CA

JOGO CRIMES AUMENTAM, MAS SÃO MENOS DE METADE DE 2019

Regresso ao passado

SUICÍDIO REGISTADOS 47 CASOS NO PRIMEIRO SEMESTRE DESTE ANO

MACAU registou 47 casos de suicídio no primeiro semestre deste ano, segundo dados divulgados ontem pelo gabinete do secretário para a Segurança. A maior incidência, com 12 casos, ocorreu nas pessoas dos 35 aos 44 anos, seguindo-se a faixa etária dos 45 aos 54 anos, com o registo de dez casos. O relatório que contém os dados da criminalidade relativos ao

primeiro semestre do ano mostra ainda que houve 120 tentativas de suicídio registadas pelas autoridades, com maior incidência nos jovens dos 15 aos 24 anos, com um total de 44 casos. Seguem-se 23 casos contabilizados na faixa etária dos 25 aos 34 anos, enquanto nos jovens dos 5 aos 14 anos houve 18 tentativas de suicídio.

Relativamente às violações, as autoridades

registaram 20 casos nos primeiros seis meses do ano, um aumento anual de 42,9 por cento face a 2022, mas uma quebra de 13 por cento face ao primeiro semestre de 2019.

O relatório dá conta de que “quase 70 por cento dos suspeitos e das vítimas não eram residentes de Macau, sendo que alguns crimes ocorreram em quartos de hotel”, não se afastando a hipótese de

“alguns dos casos terem ocorrido após relações sexuais consentidas”.

Quanto ao crime de abuso sexual de crianças totalizaram-se 18 casos, o que representa uma subida de um caso e de 5,9 por cento face a 2022.

No que diz respeito à violência doméstica, foram recebidas 71 queixas, sendo que apenas oito correspondiam, de facto, à prática desse crime. Trata-

-se do aumento de dois casos face a igual período de 2022.

Todos aqueles que estejam emocionalmente angustiados ou considerem que se encontram numa situação de desespero devem ligar para ligar para a Linha Aberta “Esperança de vida da Caritas” através do telefone n.º 28525222 de forma a obter serviços de aconselhamento emocional.

6 sociedade www.hojemacau.com.mo 7.9.2023 quinta-feira

nos e as zonas periféricas, derivando, por vezes, em crimes graves, como burla, sequestro, ofensas corporais graves e homicídio.”

Um dos exemplos descritos no relatório é o do homicídio ocorrido no início de Maio deste ano, em que a vítima se dedicava à troca ilegal de dinheiro.

A Polícia Judiciária conseguiu travar um total de 8.124 “burlões de troca de dinheiro”, o que constitui um aumento de 5.399 ocorrências face aos 2.725 interceptados no mesmo período de 2022, um aumento de 198,1 por cento. Foram ainda reportados dados de 488 “burlões de troca de dinheiro” à Direcção de Supervisão e Coordenação de Jogos (DICJ) para que estes sejam proibidos de entrar nos casinos do território.

As autoridades descrevem que a grande parte das pessoas interceptadas pela polícia são oriundas do Interior da China, deslocando-se “frequentemente a Macau disfarçados de turistas” para desenvolverem esta actividade. Desta forma, “a actividade de ‘troca ilegal’ [de dinheiro] aumentou em sintonia com a subida rápida e acentuada de turistas”.

Desemprego consequênciasem

A criminalidade mais comum associada ao jogo incluiu ainda furtos, com 77 casos registados no primeiro semestre, um aumento de 492,3 por cento face a igual período de 2022, mas que constitui uma quebra de 19,8 por cento face ao primeiro semestre de 2019. Seguem-se situações de desobediência, como a violação da interdição de entrada nos casinos que totalizaram 56 casos, verificando-se um aumento de 38 casos e de 211,1 por cento em comparação com o período homólogo do ano anterior. Face ao primeiro semestre de 2019, o aumento foi de 19,1 por cento. Quanto ao crime de usura (agiotagem), totalizou 31 casos, representando um aumento de 11 casos e de 55%, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e um decréscimo de 264

casos e de 89,5%, em comparação com o mesmo período do ano 2019.

O relatório divulgado pelo gabinete de Wong Sio Chak dá ainda conta que o panorama de desemprego registado em Macau não está associado ao aumento dos crimes de jogo, algo que “preocupava a sociedade”. Além disso, “não há actualmente sinais de que os funcionários do jogo se voltem para actividades criminosas devido ao desemprego”. No primeiro semestre “não se detectou qualquer

CPSP/Acidente Wong Sio Chak reconhece erro “inaceitável”

O secretário para a Segurança classificou como “inaceitável” a omissão pelo Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) do envolvimento de uma viatura da corporação num acidente de trânsito. A declaração foi feita ontem, durante a apresentação da criminalidade na primeira metade do ano. Na segunda-feira, uma carrinha do CPSP passou um sinal vermelho e bateu numa moto. Na informação das autoridades sobre o acidente, o CPSP definia a sua carrinha como “uma viatura particular”. A versão foi desmentida horas mais tarde por um vídeo online, com imagens do acidente. Só depois, o CPSP confessou que se tratava de um dos seus veículos. Wong Sio Chak indicou que o caso ia ser analisado, na tarde de ontem, numa reunião interna e que ia exigir melhorias a todos os envolvidos. O secretário defendeu ainda que os casos sérios têm de ser relatados rigorosamente, cumprido o direito à informação da população, e contribuindo para a estabilidade social.

O relatório divulgado pelo gabinete de Wong Sio Chak dá ainda conta que o panorama de desemprego registado em Macau não está associado ao aumento dos crimes de jogo, algo que “preocupava a sociedade”

movimento anómalo de sociedades secretas ou dos seus membros relacionado com o sector do jogo”, é apontado no documento.

Em termos gerais, a criminalidade aumentou, no primeiro semestre, 25,4 por cento, enquanto a criminalidade violenta subiu 47 por cento, com os maiores aumentos a registarem-se nos roubos (240 por cento) e sequestros (200 por cento).

“Acredita-se que esta mudança dos números registados [de 2022 para 2023] está relacionada com

Inteligência artificial Território sem burlas

Até ao momento, não foram registadas em Macau burlas com recurso à inteligência artificial (IA) para manipular imagens de vídeo. Este tipo de criminalidade implica a utilização da tecnologia IA para fazer vídeos falsos com imagens de familiares das vítimas a pedir dinheiro, ou a criação de vídeos pornográficos falsos em que se simula a imagem das vítimas. O passo seguinte é chantagear as vítimas com a ameaça de publicar as imagens online ou enviar para a família e amigos. O facto de ainda não ter havido em Macau este tipo de casos foi revelado pelo gabinete do secretário para a Segurança, em resposta a uma interpelação da deputada Lo Choi In.

A legisladora mostrou-se preocupada com a partilha de retratos nas redes sociais, abrindo a possibilidade de serem aproveitadas para burlas com recurso à IA.

o aumento de turistas, com a recuperação económica e com o abrandamento da situação pandémica”, sublinhou Wong Sio Chak. Por outro lado, o governante salientou que “nos últimos anos, tem-se registado uma tendência de aumento dos casos de burla nas telecomunicações e ‘online’, uma tendência que se explica, argumentou, “com a mudança do modo de vida das pessoas e a dependência crescente da internet”. Andreia Sofia Silva (com Lusa)

sociedade 7 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
GCS
AAMACAU

Uma cintilante

OS TECIDOS de seda chegavam a Roma, mas não se sabia de que material eram feitos e ainda há mil e seiscentos anos era um segredo ciosamente guardado pelos chineses.

Havia uma mercadoria proveniente do Extremo Oriente algo “nunca vista”; - a serica, um tecido cuja sensação era a quem o usava de andar despido. Em 112 a.n.E. (antes da nossa Era), roupa delicada e cintilante feita de um tecido leve, macio, fresco, fino e maleável, vestia em Roma os imperadores. A seda, cujos caminhos para Ocidente se faziam em 106 a.n.E. pela Pérsia (actual Irão) até Roma, aí chegava conjuntamente com especiarias, peles e lacas. Em sentido inverso, para a China iam os cavalos de Fergana, assim como linho, lã, vinho e vidro.

No Egipto, uma estátua de alabastro de 1353-1336 a.n.E. representando uma filha da Rainha Nefertiti e do Faraó Akhenaton parece vestida com uma túnica de seda.

O grego historiador e geógrafo Heródoto (c.485-420 a.n.E.) [nascido na cidade grega de Halicarnasso, hoje Bodrum na Turquia] descreveu todos os povos até às Montanhas de Tian (Tianshan) na China e segundo Vitorino Magalhães Godinho, o conhecimento de Heródoto (cerca de 450 a.C.) chegava ao Indo, Mar Cáspio até ao Rio Oxus (Amu-Dária). “Paradoxalmente, à primeira vista, o Ocidente só tem do Oriente, durante longos séculos, uma visão sumária.”

Os gregos conheciam os chineses por Seres e “Serica” era o nome dado à seda, que entre o século X e o IV a.n.E. viajava da China até à Grécia. As colónias gregas vinham-se estabelecendo entre o século VII e VI a.n.E. em torno do Ponto Euxino, o Mar Negro. No ano 500 a.n.E. encontrava-se seda chinesa em Atenas, testemunhada tanto nas vestes das figuras de vasos gregos, como nas esculturas do Parténon, mas sendo o tecido de seda um material frágil não logrou chegar até aos nossos dias.

A seda apareceu como cabeça de mercadoria pela “primeira vez” na Ín- dia e Ásia Central via Caminhos do Sudoeste da China e segundo registado em Arthasastra por Kautílya, (primeiro-ministro de Chandragupta), no século IV a.n.E. vestia a corte Maurya na Índia.

O grego Aristóteles (384-322 a.n.E.) refere-se aos casulos da Bombix e aos tecidos que deles se obtêm,

na sua História dos Animais . Mas no ano 77, Plínio o Velho (27-79) escreveu Naturalis Historia , onde se lê, “a seda cresce nas folhas de uma árvore e retira-se em forma de fio ao banhar as folhas na água.” Assim, no século I os romanos pensavam crescer a seda nas árvores, quando já os chineses há trinta e cinco séculos se dedicavam à sericicultura (cultura ligada à criação do bicho da seda).

Nos finais do século III a.n.E., os romanos emergiram como principais rivais dos gregos no Mediterrâneo. Em 133 a.n.E. os territórios romanos incluíam toda a Itália, a própria Grécia, a maior parte das zonas do Norte de África e Turquia. O Império gerava enormes lucros e os cidadãos romanos iniciaram uma crescente procura dos artigos de luxo provenientes do Oriente.

O Império Romano estendia-se para Oriente quando se “começou” a ouvir falar de um povo e de uma região estranha. Era o “primeiro” conhecimento para os romanos de um país misterioso, para lá do longínquo horizonte, a que chamaram País dos Seres. Mas o acesso dos romanos ao comércio do Oriente era limitado, pois os produtos vinham através de intermediários e por isso a um preço final exorbitante.

Entre os romanos e os chineses encontravam-se os persas, mais propriamente os partos, sucessores na Pérsia dos gregos de Alexandre, que tinham o domínio sobre as rotas terrestres e o acesso às rotas das Especiarias através do Golfo Pérsico.

Os Partos Arsácidas (170 a.n.E.-224) adoravam seda e como consumidores apaixonados, já no século II a.n.E. importavam enormes quantidades desse tecido, levando no ano 105 à troca de embaixadas entre a Pártia e a China. Assim se abriu oficialmente um comércio bilateral e longas caravanas atravessavam a Ásia Central trazendo esse tão procurado produto.

A seda chegava em grandes quantidades e os panos eram quase sempre desfeitos para nas tecelagens da Síria-parta voltarem a ser tecidos ao gosto dos padrões locais e dos compradores romanos, pois o fio de seda estava proibido de sair da China. Nas balanças em Roma, a seda era mais cara que o ouro, devido aos inúmeros impostos cobrados durante a viagem para Ocidente. Como intermediários, os partos tentavam impedir os romanos de fazerem comércio diretamente com a China e já quando no ano de 97 uma delegação chinesa da dinastia

Han do Leste (25-220) chefiada por Gan Ying chegou a um porto do Golfo Pérsico, querendo navegar para o Egipto, cruzando o Mar Vermelho para atingir o Mediterrâneo, foi dissuadida pelos partos como viagem longa e arriscada. Assim, os partos continuaram a controlar o negócio da seda chinesa e daí serem para o Império Romano os seus grandes inimigos.

Seda leva romanos à bancarrota

No ano de 53 a.n.E., Marcos Licinius Crassus, governador da Síria, que con-

VIA do MEIO 7.9.2023 quinta-feira 8
O SEGREDO
Cidadãos de Roma apreciando

DA SEDA (1)

Simões Morais

juntamente com César e Pompeu formavam o Triunvirato e dirigiam o Império Romano, resolveu ir para Leste numa campanha contra os partos. À partida da Síria, os presságios eram maus e depois, longos dias passaram até ocorrer a batalha de Carrhes. Trinta mil soldados romanos, flagelados por setas e assustados pelo desfraldar dos amarelos estandartes de seda a brilhar ao Sol, foram estrondosamente derrotados pelos partos e Crassus morto. Uma das piores derrotas dos romanos, sendo a primeira vez que muitos romanos viram panos de seda. Em 40 a.n.E. os

partos conquistaram a Síria e a Palestina, mas foram daí expulsos dois anos mais tarde. No entanto estavam sempre a meio caminho entre os romanos e os chineses. Por isso, em 31 a.n.E. o romano Imperador Augusto sem conseguir conquistar os Partos, que regulavam os preços dos produtos provenientes do Oriente, mudou de política e ocupou o Egipto, tornando-o numa província romana. Aproveitou Alexandria, na época um dos principais portos de entrada das especiarias e de outros produtos luxuosos, e mandou construir uma frota de grandes barcos, abrindo

por via marítima a rota do Egipto à Índia. Os romanos passaram a ter acesso ao Oceano Índico pelo Mar Vermelho, via para fugir aos partos e receber os produtos oriundos do Extremo Oriente. No ano 27 antes da nossa Era, o Império Romano ia da Lusitânia à Mauritânia e englobava a costa do Mediterrâneo, abarcando a Grécia, a Capadócia, a Síria, a Judeia e do Egipto até Cartago. Roma ocupava Petra no ano de 106 e para controlar os locais onde afluíam os produtos chineses adicionou ao Império em 216 Edessa e Palmira no ano 273. As especiarias, lacas, sedas e outros produtos de luxo do Oriente chegavam como nunca antes tinha acontecido e em troca os romanos enviavam para a Ásia metais, tintas, tecidos, drogas e produtos de vidro. No entanto, Roma comprava mais do que vendia e o ouro rapidamente se esvaia dos cofres. Plínio queixava-se das fortunas gastas em produtos de luxo importados, entre os quais a seda, precioso produto mais caro que o ouro e consumido desenfreadamente, o que levou o Império Romano à bancarrota. Devido ao afastamento no século I a.n.E. dos nómadas xiong-nu das fronteiras Norte da China, estes [conhecidos por hunos no Ocidente] empurrando para Oeste os povos seus familiares a viver na Ásia Central, criaram uma enorme agitação no que viria a ser a Europa, provocando uma interna movimentação de povos. Em 330, o Imperador Constantino transferia a capital do Império Romano para Bizâncio (Istambul), passando-se esta a denominar Constantinopla. Roma permaneceu capital do Império da parte Ocidental quando em 395 se deu a divisão do império em duas partes. Os godos, encurralados pelos hunos (os xiong-nu), tomaram Roma em 476, terminando com o Império Romano do Ocidente. Já o recheio tinha passado para Constantinopla, a capital do Império Romano do Oriente.

A seda era o segredo mais bem guardado da China e quem tentasse levá-lo para fora do país era punido com pena capital. A constante pergunta centrava-se: -De onde vinha a seda? Outra questão era saber o nome do país ou países que a produzia, pois os chineses desde o século IV recebiam, tanto por mar como por terra, muitos estrangeiros e dependendo do período histórico da visita das embaixadas e os caminhos que tomavam, (umas vezes dividido em diferentes reinos, outras unificado num grande país), levava os viajantes a conhecerem-no por diferentes nomes.

VIA do MEIO 7.9.2023 quinta-feira 9
cintilante
preciosidade
apreciando seda

COUNTRY GARDEN EVITADO INCUMPRIMENTO COM DÍVIDA PAGA NO LIMITE

Ao cair do pano

ACountry Garden, a maior construtora da China, pagou ontem 22,5 milhões de dólares referentes a duas obrigações emitidas nos mercados internacionais (‘offshore’), no limite de uma prorrogação de 30 dias.

A empresa conseguiu assim evitar incorrer em incumprimento, avançou a imprensa local.

O pagamento devia ter sido realizado, originalmente, no dia 6 de Agosto, aos titulares de duas obrigações, com um valor combinado de 990 milhões de dólares e maturidades em 2026 e 2030, indicou o jornal de Hong Kong South China Morning Post, que cita fontes próximas da empresa.

A Country Garden evitou anteriormente entrar em incumprimento, após negociar a restruturação da sua maior obrigação, um título emitido no mercado chinês, no valor de 3,9 mil milhões de yuan, que vai agora ser pago até Setembro de 2026.

As acções da promotora tinham subido quase 15 por cento na segunda-feira, devido ao acordo de restruturação e a medidas de apoio anunciadas por Pequim ao

COREIAS PEQUIM CONTINUARÁ A PROMOVER A DEFESA DE PAZ E ESTABILIDADE DURADOURAS

AChina continuará a promover conversações e impulsionar a rápida realização de paz e segurança duradouras na Península Coreana, disse Mao Ning, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, na terça-feira.

A porta-voz fez as declarações numa conferência de imprensa diária ao comentar as recentes declarações do Presidente da Re-

pública da Coreia, Yoon Suk Yeol, sobre a “influência da China” sobre a República Popular Democrática da Coreia (RPDC). Em entrevista recente à AP, Yoon disse que a China “parece ter uma influência considerável” sobre Pyongyang, indicando que “o que realmente importa é se Pequim usará sua influência e, se for assim, quanto e de que maneira”. Mao,

citada pelo Diário do Povo, disse que, como vizinhos amigáveis, a China e a RPDC desfrutam de laços amigáveis de longa data. A RPDC é um Estado-membro pleno da ONU e um país soberano e independente.

“Os laços estreitos que temos com a RPDC e a influência que a China tem na RPDC são duas coisas diferentes e não podem ser agrupadas”, afirmou. A porta-voz

destacou também que a situação actual na Península Coreana não serve o interesse de ninguém, nem é algo que a China queira ver. “O processo que começou em 2018 para abordar as questões da Península Coreana parou fundamentalmente porque os Estados Unidos se recusaram a responder às medidas de desnuclearização tomadas pela RPDC”, disse Mao, apontando que

os Estados Unidos não levaram a sério as preocupações legítimas da RPDC nem mostraram prontidão para abordar essas preocupações. A porta-voz pediu ainda que o lado dos EUA tire lições, corrija rumos, assuma a sua responsabilidade, deixe de aumentar a pressão e as sanções, pare com a dissuasão militar e tome medidas efectivas para retomar um diálogo significativo.

10 china www.hojemacau.com.mo 7.9.2023 quinta-feira
Após ver as suas accões subirem na segunda-feira mais de 15%, a gigante do imobiliário chinês saldou a dívida de 22,5 milhões de dólares a tempo e evitou entrar numa situação de incumprimento
A Country Garden evitou anteriormente entrar em incumprimento, após negociar a restruturação da sua maior obrigação (…) que vai agora ser paga até Setembro de 2026
KYODO NEWS/GETTY IMAGES

sector imobiliário. A Country Garden foi excluída esta semana do índice da Bolsa de Valores de Hong Kong, após as suas acções terem perdido quase 95 por cento do seu valor desde o pico, que remonta ao início de 2018.

Em 2021, os reguladores chineses restringiram o acesso do sector ao crédito bancário, suscitando uma crise de liquidez. Uma das maiores construturas do país, o Grupo Evergrande, colapsou. Dezenas de outros grupos estão a negociar a restruturação das suas dívidas.

Queda a pique

A Country Garden está a tentar não entrar em incumprimento em nenhuma das suas obrigações, o que poderia traduzir-se num risco para o sector financeiro chinês, ainda maior do que o suscitado pela Evergrande em 2021, uma vez que a Country Garden tem quatro vezes mais imóveis e 60 por cento das suas vendas provêm de cidades de terceiro e quarto níveis, onde o mercado imobiliário foi mais afectado do que nas principais cidades do país.

A Country Garden, até recentemente considerada uma das promotoras mais bem geridas no contexto da crise imobiliária, anunciou na semana passada perdas de 48.932 milhões de yuan no primeiro semestre e alertou que enfrenta “falta de liquidez”.

No final do semestre, o passivo total da construtora fixou-se em cerca de 1,36 biliões de yuan.

No total, de acordo com estimativas do banco norte-americano JPMorgan, citadas pelo South China Morning Post, a Country Garden poderá enfrentar mais de 2,5 mil milhões de dólares em vencimentos de obrigações, tanto na China como no estrangeiro, até ao final do ano.

HAIKUI TEMPESTADE TROPICAL FAZ DOIS MORTOS E FORÇA RETIRADA DE MILHARES

PELO menos duas pessoas morreram e milhares foram retiradas devido às inundações causadas pela tempestade tropical Haikui, na província costeira de Fujian, no sudeste da China, informaram ontem as autoridades locais.

As escolas foram encerradas e os voos suspensos, e mais de 30 mil pessoas foram transferidas para locais seguros.

Dois bombeiros morreram depois de as águas da enchente terem arrastado um veículo dos bombeiros durante uma missão de resgate, informou a imprensa estatal.

O Haikui varreu Taiwan como um tufão no início desta semana, deixando dezenas de feridos e milhares de casas sem energia.

Entretanto, o Haikui enfraqueceu e converteu-se numa tempestade tropical quando atingiu Fujian, mas continuou a apresentar níveis recordes de chuva.

A área mais afectada situa-se entre a costa e as montanhas do interior e é particularmente propensa

a inundações, levando muita população, ao longo das décadas, a migrar para outras partes da China ou a deslocar-se para o estrangeiro. As autoridades fecharam escolas, suspenderam voos, pararam comboios e autocarros e enviaram dezenas de veículos de emergência em missões de resgate.

Mais de 30 mil pessoas foram retiradas e as perdas económicas são estimadas em mais de 75 milhões de dólares, segundo a imprensa estatal chinesa.

Partes de Fujian registaram chuvas superiores a 30 centímetros, quebrando recordes em toda a província.

Na cidade de Fuzhou, 50 mil pessoas foram afectadas, entre as quais mais de 36 mil foram transferidas para abrigos.

A China sofreu durante o Verão algumas das chuvas mais fortes e inundações mais mortais dos últimos anos. Dezenas de pessoas morreram, inclusive em áreas montanhosas periféricas de Pequim.

Edital n.º : 8/E-DC/2023

Processo n.º : 1/DC/2015/F

EDITAL

Assunto : Ordem de desocupação de terreno e demolição de construção ilegal

Local : Terreno situado entre a Rua Central n.º 35 e Rua Central n.º 39 (demarcado a tracejado na planta em anexo) Mak Tat Io, Director substituto da Direcção dos Serviços de Solos e Construção Urbana (DSSCU), faz saber que fica notificado o senhor Lam Meng Fai, do seguinte:

1. A DSSCU, no exercício dos poderes de fiscalização conferidos pela alínea 3) do n.º 1 do artigo 185.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras), verificou que no terreno indicado em epígrafe foram realizadas obras ilegais compostas por tubos metálicos de abastecimento de água, suportes metálicos, cobertura metálica e portão metálico e foram colocados azulejos no pavimento, sem que tenha sido emitida pela DSSCU a respectiva licença de obra e sem que tenha sido atribuída aos ocupantes uma licença de ocupação temporária. Por conseguinte, foi instaurado o procedimento administrativo n.º 1/DC/2015/F relativo à desocupação e restituição do terreno ao Estado.

2. De acordo com a certidão da Conservatória do Registo Predial (CRP) emitida em 30 de Dezembro de 2022, sobre o terreno indicado em epígrafe (situado entre a Rua Central n.º 35 e Rua Central n.º 39, com a área de 69 m2 e que consta da planta cadastral n.º 30491048 emitida em 12 de dezembro de 2022 pela DSCC), não se encontra registado a favor de particular (pessoa singular ou pessoa colectiva) o direito de propriedade ou qualquer outro direito real

3. Relativamente ao terreno, não se encontra registado a favor de particular o direito de propriedade ou qualquer outro direito real, nomeadamente de concessão, aforamento ou arrendamento e não foi emitida a licença de ocupação temporária, pelo que o mesmo é considerado terreno disponível do Estado, nos termos do artigo 7.º da Lei Básica da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) e do artigo 8.º da Lei n.º 10/2013 (Lei de terras).

4. Nos termos e para os efeitos dos artigos 93.º e 94.º do Código do Procedimento Administrativo (CPA), foram os interessados notificados por edital para exercerem o direito de audiência prévia, contudo, não apresentaram qualquer resposta.

5. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 208.º da Lei de terras e no exercício das competências delegadas pelo n.º 1 da Ordem Executiva n.º 184/2019, o Secretário para os Transportes e Obras Públicas através de despacho de 28 de Junho de 2023, exarado sobre a informação n.º 6169/04299/DUR/2023 de 23 de Junho de 2023, constante do processo n.º 1/DC/2015/F, ordena que os ocupantes ilegais, cujas identidades se desconhecem, procedam no prazo de 30 (trinta) dias a contar a partir da data da publicação do presente edital à desocupação do terreno, ao seu despejo, à demolição das referidas construções ilegais, à remoção dos materiais e equipamentos nele depositados e à entrega do terreno ao Governo da RAEM, sem direito a qualquer indemnização.

6. Antes da execução da obra de demolição referida no ponto anterior, os ocupantes deverão apresentar previamente, nestes Serviços, a declaração de responsabilidade do construtor incumbido da respectiva obra e a apólice de seguro contra acidentes de trabalho e doenças profissionais. A conclusão dos trabalhos deverá ser comunicada, por escrito, à DSSCU para efeitos de vistoria.

7. Nos termos do n.º 2 do artigo 208.º da Lei de terras, do artigo 139.º e do n.º 2 do artigo 144.º do CPA, notifica-se ainda os ocupantes ilegais que se no fim do prazo referido no ponto 5 não tiverem dado cumprimento à ordem de desocupação, a DSSCU procederá à execução dos trabalhos de desocupação e de demolição. Nos termos dos artigos 211.º e 210.º da Lei de terras, as despesas realizadas com a desocupação e com a guarda de documentos de identificação e bens móveis de valor encontrados no local constituem encargos dos infractores.

8. Mais se notifica que poderá ser punido com a multa prevista no artigo 196.º da Lei de terras quem ocupar ilegalmente terrenos do domínio público ou privado do Estado.

9. E de acordo com o artigo 193.º da Lei de terras, poderá igualmente incorrer em responsabilidade criminal pelo crime de desobediência previsto e punido pelo n.º 1 do artigo 312.º do Código Penal quem ocupar ilegalmente terrenos do domínio público ou privado do Estado e não cumprir a ordem de desocupação emanada.

10. Informa-se que, de acordo com casos similares tratados no passado, caso seja a Administração a proceder à desocupação coerciva do referido terreno, a despesa resultante da execução dos trabalhos de desocupação poderá atingir o montante de $1 000 000,00 (um milhão de patacas), contudo, este valor varia em função da área ocupada, da complexidade da obra, da quantidade de materiais depositados na área de ocupação e da inflação, pelo que o referido montante é apenas para referência.

11. Os objectos, materiais e equipamentos eventualmente deixados no terreno serão tratados de acordo com o disposto no artigo 210.º da Lei de terras.

12. Nos termos dos artigos 145.º e 149.º do CPA, os interessados podem apresentar reclamação ao Secretário para os Transportes e Obras Públicas no prazo de 15 (quinze) dias contados a partir da data da publicação do presente edital.

13. Nos termos da subalínea (2) da alínea 8) do artigo 36.º da Lei n.º 9/1999, republicada integralmente pelo despacho do Chefe do Executivo n.º 265/2004, da decisão de desocupação emanada pelo Secretário para os Transportes e Obras Públicas, cabe recurso contencioso a interpor para o Tribunal de Segunda Instância da RAEM, no prazo indicado no n.º 2 do artigo 25.º do Código do Processo Administrativo Contencioso, a partir da data da publicação do presente edital.

RAEM, 30 de 8 de 2023.

Processo n.º: 1/DC/2015/F

O Director de Serviços, Subst.º Mak Tat Io

Local : Terreno situado entre a Rua Central n.º 35 e Rua Central n.º 39 (demarcado a tracejado na planta em anexo)

Planta em anexo:

china 11 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
PUB.
CNSPHOTO VIA REUTERS

HK COMPANHIA DE DANÇA CONTEMPORÂNEA ARRANCA COM NOVA TEMPORADA

Passos em volta

ACompanhia de Dança de Hong Kong [Hong Kong Dance Company] apresentou recentemente o cartaz da nova temporada de espectáculos para 2023/2024, sendo que o primeiro projecto é apresentado já no final deste mês.

“A Dança dos Ritmos Celestiais”, com coreografia do director artístico da companhia Yang Yuntao, será apresentado ao público nos dias 29 e 30 de Setembro no auditório Sha Tin Town Hall. O espectáculo baseia-se nos “Vinte e Quatro Termos Solares”, inscritos na Lista

Já são conhecidos os espectáculos da nova temporada da Companhia de Dança de Hong Kong. Sob o tema “Renascimento e Transcendência”, a companhia apresenta já no dia 29 deste mês o espectáculo “A Dança dos Ritmos Celestiais”, com coreografia de Yang Yuntao, uma ode aos “Vinte e Quatro Termos Solares”, considerados Património Imaterial da UNESCO

Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, e que mais não são do que uma lista de termos do calendário antigo chinês, que faz a divisão do ano em 24 períodos, além das quatro estações, em ligação à agricultura e à

relação do indivíduo com a natureza.

Segundo o programa, “A Dança dos Ritmos Celestiais” promete “cativar o público com visuais deslumbrantes, uma música inspiradora e efeitos de iluminação de última geração”, e que

decorre em torno “dos ciclos naturais do tempo e da vida”. O público poderá, assim, obter “uma compreensão vívida da natureza”.

Os “Vinte e Quatro Termos Solares” são, portanto, “um aspecto importante da cultura e da sabedoria tradi-

cionais chinesas”. “A nossa missão com este novo trabalho vai muito para além dos termos solares em si. Queremos reflectir sobre os vários aspectos da vida moderna, recorrendo à sabedoria antiga. Em termos metafísicos, é simultaneamente um tributo ao

mundo natural que nos rodeia e um apelo à sua proteção”, disse o coreógrafo. Para este espectáculo, a companhia convidou vários designers asiáticos, de diferentes disciplinas criativas, que trabalham com artistas locais, existindo ainda a colaboração com uma conhecida marca de produtos de beleza. A ideia é recriar mesmo cenários da natureza, “despertando os sentidos visuais, auditivos e olfactivos do público”.

Renascer do corpo “Renascimento e Transcendência” é o tema do cartaz

12 eventos www.hojemacau.com.mo 7.9.2023 quinta-feira

da Companhia de Dança de Hong Kong para os próximos meses, apresentando uma série de espectáculos diversificados que misturam práticas tradicionais e contemporâneas.

Yang Yuntao, director artístico, explica que esta temporada reflecte ideias como o “renascimento do corpo” ou a “transcendência da vida”. “Que a dança regresse ao corpo e dê vida a diferentes domínios da consciência - esta será a filosofia orientadora das nossas produções no futuro”, disse.

Apresentam-se, assim, um total de sete programas de dança “emocionantes e inovadores”, com uma “fusão fascinante de dança e instalação multimédia” que prometem levar a audiência a “viagens inspiradoras de descoberta da beleza abstracta da dança”.

Para Dezembro estão agendados espectáculos como “Convergence” [Convergência], apresentado em parceria com o West Kowloon Cultural Districte nos dias 8 e 10. Este espectáculo é “o culminar de um estudo de investigação interdisciplinar sobre a dança chinesa e as tradições das artes marciais chinesas”, sendo apresentado ao vivo pela primeira vez depois de uma apresentação online em 2020 devido à pandemia. Com “Convergence”, os bailarinos da companhia “exploraram a essência destas práticas tradicionais, descobrindo novas perspectivas sobre o movimento e a fluidez de

LIVRARIA PORTUGUESA NOVO LIVRO DE NATIVIDADE RIBEIRO APRESENTADO DIA 14

expressão entre a ideologia e o gesto físico”, numa “sinergia entre dança e artes marciais”. A coreografia está também a cargo de Yang Yuntao.

“Her Story” [A História Dela] apresenta-se nos dias 15 e 17 de Dezembro e promete desvendar “escritos esotéricos de e sobre mulheres”, baseando-se na escrita feminina Nüshu, uma linguagem escrita desenvolvida e usada exclusivamente por mulheres no condado de Jiangyong, na província de Hunan, que tem uma história de quatrocentos anos. A coreografia está a cargo de Helen Lai, que integrou no espectáculo

a essência destas práticas tradicionais, descobrindo novas perspectivas sobre o movimento e a fluidez de expressão entre a ideologia e o gesto físico”, numa “sinergia entre dança e artes marciais”

os escritos de Xi Xi e Wong Bik-wan, duas autoras de Hong Kong.

Destaque ainda para “Lands in the South” [Terras no Sul], um espetáculo inspirado na cultura regional de Lingnan, em colaboração com bailarinos da área da Grande Baía, bem como o projecto “All About The Three Kingdoms”, que promete guiar o público na “apreciação da dança chinesa através de movimentos interactivos e excertos clássicos do drama de dança Romance of the Three Kingdoms”. A temporada de espectáculos da Companhia de Dança de Hong Kong encerra-se com “Fun Ride with Big Beard - Dancing Poems 2.0”, um espectáculo teatral e de dança que mistura poemas e letras de canções das dinastias Tang e Song, contando com o actor Anthony Ho como artista convidado.

ALivraria Portuguesa acolhe no próximo dia 14, às 18h30, a apresentação do mais recente livro de Natividade Ribeiro, docente de português, intitulado “Que Lenço Cobriria a Dor”. A obra remete para um dia de 2020, na altura do Carnaval, quando uma mulher é informada de que padece de cancro da mama, diagnóstico que lhe chega pouco tempo antes da pandemia. Assim, “o leitor vai sendo conduzido pelo relato sobre a experiência da doença, num presente ‘estranho’, e pelo quotidiano de um passado recente normal e ilusoriamente dado como adquirido”, aponta um comunicado divulgado pela Livraria Portuguesa. Além disso, a narrativa “percorre um quotidiano transtornado, em que as redes sociais, fatalmente, têm um papel de relevo, assim como a importância da leitura, dos livros e da escrita se impõem como salvadores”.

“Que Lenço Cobriria a Dor” aborda o sofrimento, mas “é também um exemplo de luta, luz e humor, esta grande arma contra o trágico”. A autora é natural da ilha de São Miguel, Açores, pelo que “a memória da ilha é a presença que ajuda a ultrapassar um momento exigente e que a leva a acreditar na cura”.

Natividade Ribeiro nasceu em Vila Franca do Campo, ilha de S. Miguel. Licenciou-se em Filosofia na Universidade de Letras

de Lisboa. Durante vinte anos, foi professora de português em Macau. Com a chancela da Livros do Oriente já editou “Nada, nada professora”, em 2000, seguindo-se os títulos, com outras editoras, “Os três lugares de uma mulher”, “A casa azul - Verão em S. Miguel”, “Amor em viagem (Circular)”, “Calçada das Verdades”, livro de poesia, e “Em corpo de palavra”, também poesia, editado em 2021. Vive actualmente em Lisboa.

MÚSICA ROLLING STONES LANÇAM NOVO ÁLBUM

Abanda britânica Rolling Stones vai

lançar um novo álbum de originais, intitulado “Hackney Diamonds”, o primeiro desde “A Bigger Bang”, de 2005, e desde a morte do baterista Charlie Watts. O anúncio foi feito através das redes sociais na segunda-feira e mais detalhes foram divulgados ontem num evento em Hackney, uma zona de Londres, onde os membros da banda Mick Jagger, Keith Richards e Ronnie Wood vão ser entrevistados pelo apresentador de televisão norte-americano Jimmy Fallon.

“Vamos falar do novo álbum, de nova música, de uma nova era”, pode ler-se na publicação da banda sobre a conversa com Fallon. De acordo com um comunicado dos Rolling Stones, citado pela Associated Press, “Hackney pode estar no centro de ‘Hackney Diamonds’, mas este é um momento verdadeiramente global que

queremos partilhar com os fãs por todo o mundo via YouTube”.

A concretização do anúncio segue-se a uma campanha em que o logo do grupo foi projectado em várias cidades, como Nova Iorque e Paris, e do lançamento de um ‘site’ específico para o álbum.

Os Rolling Stones formaram-se em 1962, em Londres, mantendo actividade contínua – e popularidade – desde então, algo sem paralelo na história da música popular, como recorda a entrada do grupo na Enciclopédia Britânica.

Depois de “A Bigger Bang”, de 2005, o grupo lançou um disco de versões de ‘blues’ intitulado “Blue & Lonesome”, que conquistou um Grammy para melhor álbum daquele género, o segundo recebido pela banda de “Sympathy for the Devil”, depois de “Voodoo Lounge” ter ganho o prémio de melhor disco de rock.

eventos 13 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
Com “Convergence”, os bailarinos da companhia “exploraram
Yang Yuntao, director artístico, explica que esta temporada reflecte ideias como o “renascimento do corpo” ou a “transcendência da vida”
HENRY WONG

UM FILME HOJE

Francis, Peter e Jack são três irmãos que há muito vivem sem qualquer contacto até que decidem fazer uma viagem pela Índia em busca dos laços perdidos e de uma espécie de purificação. No entanto, os planos nem sempre correm como o esperado e estas três caricatas personagens confrontam-se não só com situações das quais é difícil sair, como com as suas diferenças e traumas. O filme conta com a realização de Wes Anderson, em que a fotografia tem a simetria e os tons pastel do costume. O sentido de humor é o aconselhável a quem se queira distrair de qualquer tufão ou intempérie. Hoje Macau

CINETEATRO CINEMA

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo

14 [f]utilidades 7.9.2023 quinta-feira www.hojemacau.com.mo TEMPO POSSIBILIDADE DE TROVOADAS MIN 25 MAX 30 HUM 70-98% UV 7 (ALTO) • EURO 8.66 BAHT 0.22 YUAN 1.10
www. hojemacau. com.mo
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 19 PROBLEMA 20 19 125938746 396427185 478651293 957864312 831592467 264173958 582719634 613245879 749386521 527981436 481623975 369547821 834176259 156298347 972354168 695832714 713469582 248715693 21 22 23 20 528 6237 721 16 347 95 58 35 8763 22 16729 9237 1 65 3246 93 7824 47 8 24
SUDOKU
KANDAHAR SALA 1 KANDAHAR [C] Um filme de: Ric Roman Waugh Com: Gerard Butler 14.30, 19.15, 21.30 DORAEMON THE MOVIE: NOBITA’S SKY UTOPIA [A] FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Doyama Takumi 16.45 SALA 2 RAID ON THE LETHAL ZONE [C] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Herman Yau Lai To Com: Oho Ou, Jason Gu, Ham Yu, Huang Yao 14.30, 21.30 THE EQUALIZER 3 [C] Um filme de: Antoine Fuqua Com: Denzel Washington, Dakota Fanning, David Denman 16.30 LOST IN THE STARS [C] FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Rui Cui Xiang Liu Com: Zhu Yilong, Ni Ni, Janice Man, Du Jiang 19.15 SALA 3 RANSOMED [B] FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Kim Seong-hun Com: Ha Jung-woo, Ju Ji-hoon 14.30, 21.30 NEW DIMENSION! CRAYON SHINCHAN THE MOVIE: BATTLE OF SUPERNATURAL POWERSFLYING SUSHI - [B] FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Hitoshi One 17.00 BLUE GIANT [B] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Yuzuru Tachikawa 19.15
PUB.
THE DARJEELING LIMITED | WES ANDERSON

REALIZOU-SE EM Belém, no Brasil, em agosto do corrente ano, a quarta cimeira da Organização do Tratado de Cooperação Amazónica (OTCA), em que participaram os Chefes de Estado dos oito países (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela) em cujos territórios se localiza cerca de 99% da maior floresta tropical. Esta organização foi criada em 1995, mas realizaram-se apenas três cimeiras (1989, 1992 e 2009), antes desta, o que parece denotar pouco interesse pelo papel que deveria desempenhar, ou seja, contribuir para a preservação da Amazónia.

LULA VERSUS LULA

reza, mas, passados alguns meses, o amor à Amazónia parece ter deixado de ser tão exacerbado, ou então as pressões são de tal maneira fortes que o Presidente do Brasil parece estar a perder o vigor com que defendia as energias limpas. Apesar de concordar com os que defendem a preservação da floresta amazónica, Lula da Silva deixa transparecer um certo desconforto quando defende o estudo para uma possível exploração petrolífera perto da costa do Estado de Amapá, não muito longe do estuário do rio Amazonas.

Como resultado desta cimeira foi redigido um documento com 113 pontos, dos quais sobressaem o compromisso de lançar a Aliança Amazónica de Combate à Desflorestação, a criação de mecanismos financeiros para o apoio do desenvolvimento sustentável da floresta e da cooperação no combate aos atentados ambientais de que é frequentemente vítima. Entre estes atentados, além da desflorestação, contam-se a mineração clandestina e a consequente poluição dos cursos de água, o que tem graves consequências para as populações indígenas e biodiversidade.

Partindo do princípio de que a preservação da Amazónia é imprescindível para a sustentabilidade do nosso planeta, também consta da Declaração a necessidade de exortar os países desenvolvidos a cumprirem os compromissos de disponibilizar e mobilizar recursos, incluindo cem mil milhões de dólares americanos por ano para financiamento dos países em desenvolvimento na sua luta contra as alterações climáticas.

Outro dos pontos da Declaração refere-se à criação do Painel Intergovernamental Técnico-Científico da Amazónia, que terá como finalidade “promover a troca de conhecimentos e o debate aprofundado sobre estudos, metodologias, monitorização e alternativas para reduzir a desflorestação, impulsionar o desenvolvimento sustentável e evitar que o desequilíbrio ambiental na Amazónia se aproxime de um ponto de não retorno”.

Sem dúvida que a eleição de Lula foi uma vitória para os que zelam pela natu-

Seguindo o mau exemplo da Guiana, que tem faturado largos milhões de dólares com a exploração petrolífera ao largo da sua costa atlântica, a inclinação de Lula em permitir esta exploração tem levantado protestos da população de Marajó, ilha no estuário do rio Amazonas. Os derrames e fugas de petróleo que ocorrem com alguma frequência em explorações deste tipo podem degradar o ambiente aquático, prejudicando a biodiversidade e as comunidades pesqueiras. Poderão também afetar os mangais, ecossistemas sensíveis, imprescindíveis para o equilíbrio ambiental nas zonas de transição entre a costa e o mar nas regiões tropicais e subtropicais.

civil equatoriana, nomeadamente das comunidades indígenas.

Marcio Astrini, diretor do “Observatório do Clima” (organização da sociedade civil que tem como objetivo principal zelar pelas questões relacionadas com o clima e o ambiente no Brasil) manifestou a sua opinião declarando «Esperamos que o governo brasileiro siga o exemplo do Equador e… deixe o petróleo do estuário do Amazonas no subsolo».

Durante a cimeira, também Gustavo Petro, presidente da Colômbia, criticou a falta de firmeza de Lula da Silva no que se refere à exploração petrolífera na Amazónia. Segundo Petro, esta exploração poderá contribuir para que a floresta deixe de ser um sumidouro de CO2 para se tornar num emissor deste gás de efeito de estufa.

Na sequência das críticas, Lula da Silva afirmou que o Estado brasileiro tem de tomar uma decisão, mas que não pode deixar de pesquisar. Claro que a Petrogas, contrariamente ao parecer do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), é favorável a esta exploração, argumentando que seria uma maneira financiar a transição energética sustentável, o que é manifestamente um contrassenso.

Há como que uma luta entre dois Lulas, um, defensor das energias renováveis, outro, permissível à exploração petrolífera que poderá afetar o estuário do rio Amazonas. É certo que a exploração seria em pleno Atlântico, já fora da Amazónia, mas suficientemente perto para que eventuais fugas de crude possam afetar o estuário do

Entretanto, enquanto no Brasil ainda se discute se esta exploração vai avante, num referendo levado a cabo no Equador, em 20 de agosto último, cerca de 60% dos eleitores disseram sim à interrupção da exploração petrolífera no parque nacional de Yauni, na Amazónia, região caracterizada por ser uma das mais ricas em biodiversidade. Esta decisão veio na sequência da contestação de grande parte da sociedade

Ainda segundo o Presidente da Colômbia, deveria criar-se um tribunal ambiental cujo objetivo seria julgar os crimes contra a Amazónia, que tem sido vítima não só de desflorestação, mineração ilegal e violência contra os povos indígenas, mas também de redes de tráfico de droga.

A cimeira de Belém não teria sido possível caso Bolsonaro tivesse ganho as eleições, na medida em que o ex-presidente é um negacionista convicto das alterações climáticas, tendo mesmo recusado a realização da COP28 no Brasil, o que constituiu um grave atentado ao prestígio internacional do país, atendendo ao compromisso assumido pelo Governo anterior. Durante o seu mandato (2019-2022) acentuaram-se as ações de enfraquecimento da legislação que protegia a sustentabilidade da Amazónia, o que foi uma das causas da desflorestação recorde. Em comparação com o mesmo período antecedente (2015-2018), a desflorestação aumentou quase 150%, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazónia (Imazon), aproximadamente 35.193 quilómetros quadrados, ou seja, quase um terço da área de Portugal.

rio, com as consequências daí resultantes para a biodiversidade. Por outro lado, a implementação de novos projetos de exploração de combustíveis fósseis é contrária ao compromisso assumido pelo Brasil aquando da ratificação do Acordo de Paris em 2016, comprometendo-se a reduzir as emissões de gases de efeito de estufa em 37% até 2025, tendo como referência as emissões de 2005, e em 43% até 2030.

Se o bom senso predominar, o Brasil desistirá da exploração, tanto mais que é autossuficiente em petróleo. Entretanto, Lula da Silva vai assobiando para o lado…

vozes 15 www.hojemacau.com.mo quinta-feira 7.9.2023
a propósito de Olavo Rasquinho* *Meteorologista
Há como que uma luta entre dois Lulas, um, defensor das energias renováveis, outro, permissível à exploração petrolífera que poderá afetar o estuário do rio Amazonas
Presidente Lula da Silva na cimeira da OTCA –09/08/2023 Os mangais de Marajó podem ser afetados pela exploração do Petróleo Indígenas Waorani em apoio da suspensão da exploração petrolífera no Parque Nacional Yasuni, no Equador Gustavo Petro, Presidente da Colômbia

“Se a juventude soubesse, se a velhice pudesse.”

ASSISTENTES SOCIAIS ACREDITAÇÃO PREOCUPA

Aincerteza relativa ao primeiro exame de acreditação para assistentes sociais, faz com que os candidatos estejam altamente preocupados. O exame realiza-se no sábado e as preocupações foram partilhadas ao Jornal All About Macau por Cheong Un Si, presidente da Federação dos Assistentes Sociais.

Segundo Cheong, os candidatos estão às “escuras”, porque não há informações sobre o modelo do exame, o grau de dificuldade, nem a possibilidade de repetir a prova, em caso de reprovação.

Além disso, a presidente da federação indicou que os candidatos a assistentes sociais só podem desempenhar funções menores se não passarem nas provas de admissão, como cargos de coordenação.

Por isso, num cenário de incerteza, Cheong Un Si deseja que a entidade organizadora do exame, ou seja, o Conselho Profissional dos Assistentes Sociais, faça uma revisão do sistema actual, para aumentar a transparência do processo de acreditação e do funcionamento de todo o sistema.

A prova era para ter sido realizada no passado sábado, mas devido à passagem do tufão Saola foi adiada uma semana.

Actualmente, 1453 assistentes sociais estão inscritos em Macau. As pessoas que pretendem trabalhar como assistentes sociais precisam de passar o exame de acreditação, de acordo com a lei da Qualificação Profissional, aprovada pela Assembleia Legislativa e que entrou em vigor a 2 de Abril de 2020. Os assistentes sociais que estão no sector privado antes da entrada em vigor do diploma legal estão isentos de realizar o exame.

MotoGP Miguel Oliveira “motivado” para San Marino

O piloto português Miguel Oliveira (Aprilia) diz-se “motivado” para o Grande Prémio de San Marino de MotoGP, 12.ª prova da temporada, que se disputa no fim de semana, em Misano. “Para Misano seguimos com uma boa motivação para o fim de semana de corrida. Sabemos que o desafio é diferente de Barcelona, já que o Circuito Mundial de Misano é uma pista completamente diferente, como é óbvio”, sublinhou o piloto natural de Almada, citado pela assessoria de imprensa da equipa RNF. Ainda assim, o piloto luso, que foi sexto e quinto, respectivamente, na corrida sprint e corrida principal do GP da Catalunha do fim de semana passado, diz chegar “com a mente aberta e muito confiante” num bom resultado. Na segunda-feira seguinte ao GP de San Marino os pilotos enfrentam uma jornada de testes, antes de a caravana deixar a Europa rumo à ronda asiática.

JAPÃO HOMEM ACUSADO DE TENTATIVA DE HOMICÍDIO DE PM OMinistério

Público do Japão acusou ontem formalmente um homem de 24 anos por tentativa de homicídio e outros crimes, num alegado ataque com explosivos contra o primeiro-ministro, Fumio Kishida, em Abril.

Kishida estava em campanha eleitoral no porto de Wakayama, no oeste do Japão, quando o suspeito terá atirado uma bomba improvisada. O primeiro-ministro saiu ileso, mas outras duas pessoas tiveram ferimentos leves.

De acordo com a televisão pública japonesa NHK, Ryuji Kimura, de 24 anos, manteve-se em silêncio desde que foi detido, no local da explosão.

Preço certo em patacas

Equipamentos do Hospital das Ilhas vão custar 13 mil milhões

Oorçamento para comprar equipamentos para o futuro Hospital das Ilhas é de 13 mil milhões de patacas.

O valor foi revelado pelo coordenador do Gabinete Preparatório do novo Hospital das Ilhas, Lei Wai Seng, que prometeu “preços razoáveis” na aquisição dos equipamentos.

“O orçamento para investimento em hardware e equipamentos é de 13 mil milhões de patacas. Sendo que o orçamento operacional futuro, será contado de acordo com o volume de serviço, mas vamos absolutamente desenvolver este hospital no princípio de preços razoáveis e económicos”, afirmou Lei Wai Seng, citado pela Rádio Macau.

Em declarações prestadas à margem do programa Fórum Macau, da Ou Mun Tin Toi, Lei Wai Seng considerou ainda que o novo hospital até poderá estar a funcionar na sua plena capacidade antes do período estimado de 10 anos. “Se serão necessários 10 anos para que este hospital esteja em pleno funcionamento? De facto, este não é um dado absoluto. Temos de avaliar o desenvolvimento

deste novo hospital e a procura da população por serviços. No geral, um hospital complexo, a partir da fase da operação experimental até à fase de funcionamento dos serviços completos deve levar cinco anos no mínimo”, respondeu. “É necessário observar as futuras necessidades de desenvolvimento”, acrescentou.

O coordenador do Gabinete Preparatório do novo Hospital das Ilhas anunciou ainda que vai ser aberto um concurso em Outubro para a contratação de 200 funcionários para o novo complexo de saúde. Entre os funcionários a contratar estão médicos, enfermeiros e funcionários administrativos.

Quase privado

Apesar de ser construído com dinheiro do orçamento da RAEM, o Hospital das Ilhas vai funcionar principalmente como uma entidade privada, o que levou vários deputados a concluir que poderá vir a praticar os preços mais caros do território, como consta no parecer de análise à lei do hospital elaborado em sede de comissão da Assembleia Legislativa (AL).

Também a secretária para os Assuntos Sociais e Cultura, Elsie Ao Ieong U, afirmou na AL que o novo Hospital das Ihas vai ser essencialmente privado, com preços definidos pelo Peking Union Medical College Hospital, entidade responsável pela exploração, de acordo com os “princípios de mercado”.

Apenas quando os residentes são encaminhados pelos centros de saúde públicos ou pelo Hospital Conde São Januário, os preços vão ser iguais aos praticados no serviço público.

“Se os pacientes recorrerem aos futuro Centro Médico [Hospital das Ilhas] sem terem sido enviados pelos Centros de Saúde dos Serviços de Saúde nem pelas Urgências do Centro Hospitalar Conde São Januário, então vão ter de pagar os preços praticados pelos serviços médicos privados”, indicou Elsie Ao Ieong U. “Temos de perceber que o recurso ao Centro Médico, a pedido do paciente e sem encaminhamento dos Serviços de Saúde, prejudica o Centro Hospitalar Conde São Januário e a triagem feita dos pacientes, pelo sistema actual”, acrescentou. João Santos Filipe

No entanto, após uma avaliação psiquiátrica de três meses, os promotores determinaram que o suspeito está mentalmente apto a ir a julgamento e que a bomba usada no ataque era potencialmente letal, informou a agência de notícias japonesa Kyodo.

Registos judiciais mostram que Kimura tinha apresentado uma queixa no ano passado contra o governo, contestando a obrigação de ter pelo menos 30 anos e pelo menos três milhões de ienes (20 mil euros) para concorrer às eleições para o parlamento japonês.

O Japão reforçou os dispositivos de segurança após o assassínio em Julho do antigo primeiro-ministro Shinzo Abe, morto a tiro enquanto discursava num evento de campanha eleitoral.

A violência com armas e bombas no Japão é extremamente rara e os ataques a Abe e Kishida chocaram o país.

quinta-feira 7.9.2023
PUB.
KYODO ALESSANDRO GIBERTI PH
O coordenador do Gabinete Preparatório do novo Hospital afirmou que vai ser aberto um concurso em Outubro para a contratação de 200 funcionários

Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.