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QUARTA-FEIRA 8 DE FEVEREIRO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3748
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
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HOJE MACAU
hojemacau MÁRIO MESQUITA BORGES APRESENTA “MACAU, AS ÚLTIMAS MEMÓRIAS DE PORTUGAL”
O adeus e depois Supremo TEATRO
Ou Mun ian
PÁGINA 12
ANTÓNIO CABRITA
ALIMENTAÇÃO | AVES CHINA | TRUMP
O hábito faz o contra frango Donald PÁGINA 7
HOJE MACAU
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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ENTREVISTA
CORPO DO RISO EVENTOS
OPINIÃO CARLOS MORAIS JOSÉ
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Actos de fé & Fumo negro
2 ENTREVISTA
MÁRIO MESQUITA BORGES
Mário Mesquita Borges, docente da Universidade Católica e natural de Macau, olha para os últimos anos do Executivo de Rocha Vieira como um período em que prevaleceu a ideia de abandono e em que foram cometidos “muitos erros”. É essa a génese para a falta de preservação da cultura portuguesa que hoje existe, defende. O seu livro, intitulado “Macau, as Últimas Memórias de Portugal”, é lançado hoje
“A maioria das pessoas tem dificuldade em ver que os ganhos serão muito maiores se defendermos algo com características muito especiais de Macau.”
“A última Administração portuguesa cometeu muitos erros” O seu livro contém a ideia base de que a defesa da língua e cultura portuguesas estão entregues à comunidade macaense, mas que tem sido feito pouco por isso. Como resolver esta questão? Desde 1999 e previamente, nos últimos anos da Administração portuguesa, houve uma grande falta nesse sentido: garantir que existiam e ficavam cá os mecanismos e instituições para a promoção da língua portuguesa. Isso passa pela comunidade macaense porque é ela que, mais do que ninguém, compreende a confluência de culturas que sempre existiu. Ao nível oficial temos visto que, no que toca ao discurso político [sobre esse assunto), ele existe. É algo presente em quase todos os discursos, aliás. Sim, mas sabemos também que se fala muito no contexto da promoção da língua na relação económica com os países de língua portuguesa. Mas uma coisa é a vontade política e outra coisa é o fazer: ainda existe uma grande discrepância entre essas duas realidades. Portugal tem feito muito pouco para ajudar a promover a língua no território. Há o Instituto Português do Oriente, mas poderia ser feito mais. Sabemos das várias condicionantes que existem, mas o problema de base deve-se aos últimos anos da Administração portuguesa. A perspectiva sempre foi de abandono e não de permanência. Faria todo o sentido continuarmos aqui, de forma cooperante, para ajudarmos Portugal e também Macau.
Não houve uma visão de longo prazo. Houve uma visão de curtíssimo prazo, e estou a ser simpático. A lógica era de debandada, não era de querer deixar uma marca que ficasse e continuasse para as gerações vindouras. E que evitasse, talvez, isto: há alguns anos a comunidade macaense encontrava muita identificação com aquilo que é português. Com a normal evolução populacional, as características portuguesas têm vindo a esbater-se, há uma tendência para a aproximação à cultura chinesa, mas isso é apenas normal. As associações locais deveriam ter um papel mais importante? Faltam apoios financeiros e a existência de uma maior estrutura em termos de associativismo? Era positivo se houvesse isso. Sei que são feitas algumas iniciativas por parte da Associação dos Macaenses e outras instituições. Mas deveria haver uma filosofia de conjunto mais firmada, sem tantas acções esporádicas. Esse tipo de acções poderiam ser feitas com apoios vindos de Portugal. Esse papel poderia ser desempenhado pelo Instituto Camões, por exemplo, ou pela Fundação Calouste Gulbenkian. Há um problema de liderança das associações locais, não há novos rostos e parece não haver gente interessada em dirigir estas entidades. Este também pode ser um entrave a esse trabalho de preservação? Como explica esta falta de interesse, numa altura em
que a comunidade portuguesa até regista um crescimento? Isso é a volúpia da urbe e também falo disso no meu livro. Embora haja muita vontade, esse papel das gerações mais antigas é fundamental para a renovação. Contudo, e por muitas acções que sejam feitas, se não há uma vontade manifesta por parte das gerações mais novas, torna-se difícil impor. Tem de existir uma política de atracção e não de imposição. Só que voltamos ao que já disse: se não há um manifesto de interesse, se não há algo atractivo para as gerações mais novas, para encontrarem essa identificação com a cultura portuguesa... Li há uns dias que em 2016 se comemorou o centenário de Benjamim Videira Pires. Foi uma figura muito importante para a cultura do território. Ao nível de instituições locais, pelo que li, a data passou quase despercebida. Isso é um exemplo do que se passa.
tante também para garantir esta preservação da cultura? Esse é um problema de base. A identificação com a comunidade portuguesa já não é tão grande. Logo, aquela permanência da identidade macaense está quase em perigo de se desvanecer, infelizmente. A maioria das pessoas tem dificuldade em ver que os ganhos serão muito maiores se defendermos algo com características muito especiais de Macau, e esses ganhos seriam maiores para ganhar mais protagonismo, para se garantir que se conseguiriam depois cargos de maior decisão. O facto de termos consciência de que temos uma cultura enriquecida permite-nos ter uma mais-valia para alguém que tem só uma perspectiva. E Macau, como cidade intercultural, e mais cosmopolita, teria só a ganhar com isso. No seu livro diz que o problema da falta de preservação da língua e cultura reside no facto de as “entidades governativas optarem por um encaminhamento duplo das políticas actuais”. Em que sentido? Há um discurso oficial, mas depois não se faz o suficiente em relação ao que é dito, mas isso existe em qualquer parte do mundo. Infelizmente, Macau e a economia estão extremamente dependentes do jogo, e as autoridades teriam muito a ganhar se Macau fosse não só reconhecido pelos casinos. O facto de ser conhecido como um destino cultural, de turismo, e ser reconhecido por outras valências, seria muito positivo. Vemos o quão volátil isto pode ser, e isso percebe-se com a queda recente das receitas do jogo. Fala-se muito no aproveitamento do território para espaço de congressos e exposições, que também seria outro ponto essencial a desenvolver. Esta dependência dos casinos vai levar a uma cada vez maior descaracterização da cidade, devido à ocupação de espaços pela indústria.
“Essa necessidade de internacionalização poderá subjugar o outro papel mais importante que a Escola Portuguesa pode ter.”
Faz uma referência à construção da Biblioteca Central no edifício do antigo tribunal. Deixa no ar a ideia de que esse projecto poderá levar ao desaparecimento de mais um símbolo português. Quando se deixou Macau, houve muitas questões que ficaram por resolver. Existem muitas questões na história de Macau que não foram bem explicadas. Isso porque sempre houve a perspectiva histórica portuguesa e a chinesa.
Verifica-se também um quase desaparecimento da comunidade macaense da vida política, dos órgãos de decisão. Seria impor-
Não há uma única história de Macau. Sim, e era importante fazer esse exercício, o de criar uma história de Macau que fosse feita por chineses
HOJE MACAU
DOCENTE
•“Macau, as Últimas Memórias de Portugal” é apresentado hoje às 18h30 no auditório do Consulado Geral de Portugal em Macau. O autor, Mário Mesquita Borges, estará presente na iniciativa. A obra, que vai ser apresentada por Luís Sá Cunha, é editada pela COD.
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Macau teria a ganhar se tivesse tido uma Administração mais afastada das forças partidárias portuguesas? Sim. Se houvesse um objectivo único, e uma definição clara e a longo prazo, mas esse continua a ser o problema de base muitas vezes. Já são raros os políticos com essa visão, há sempre visões a curto e médio prazo, e com interesses incluídos. Isso prejudica as coisas e a continuidade. Se isso existisse, independentemente de estar o partido A ou B no poder, tudo seria mantido. O livro aborda também a questão da Escola Portuguesa de Macau (EPM), que vai ficar onde está. A EPM tem feito o seu trabalho na dinamização da língua e cultura, incluindo a sua transformação numa escola internacional? A EPM tem um estatuto especial mas, por muito que a escola precise de sobreviver e captar mais alunos, essa necessidade de internacionalização poderá subjugar o outro papel mais importante que a EPM pode ter. Li que o número de alunos estrangeiros cresce cada vez mais, e agora ensinam o mandarim. E há a ideia de ensinarem o cantonês. Isso é fundamental, e essa foi uma questão que durante a Administração portuguesa não foi devidamente acautelada. Ter-se-ia ganho mais se houvesse uma política mais realista ao nível de educação em Macau antes da entrega do território, tanto na língua chinesa como na portuguesa.
e portugueses. Eventualmente iria permitir desvendar alguns mitos dessas questões que ficaram por esclarecer. Em relação ao edifício do antigo tribunal, é sempre um símbolo da presença portuguesa. Ao nível simbólico poderão existir algumas questões. Mas vamos aguardar com serenidade que o projecto avance. A que se deve a existência dessas questões pouco esclarecidas? A interesses, desconhecimento do que viria após 1999? Macau teve ao longo da sua história várias incidências que estão sempre envoltas em alguma falta de conhecimento. A maioria da população, incluindo as gerações mais novas,
ou desconhece por completo ou não gosta de falar. Falo em particular do movimento “1,2,3”, muito importante para a história de Macau. Embora tenha havido um encontro de interesses entre aquilo que era a vontade chinesa e a portuguesa, também é importante lembrar que foi isso que nos permitiu ficar cá mais 40 anos. E a maioria das pessoas esquece-se disso ou não sabe. Sobre esse episódio são muito escassas as referências ao nível histórico. Mas a história foi mais sábia do que os políticos, e todos sabemos que Macau e a China tiveram a ganhar com a permanência dos portugueses durante mais este período, que permitiu uma transferência de poder pacífica. A
“Portugal tem feito muito pouco para ajudar a promover a língua no território.” maioria das pessoas tem uma grande dificuldade em ver a história e a sua continuidade, e da cultura, sem ter associada uma perspectiva política muito forte. Isso é o grande pecado da maioria das interpretações que são feitas. E a política varia muito, consoante os partidos que estão no poder.
Isso acaba por prejudicar o que deveria ser contínuo, e o que vemos muitas vezes é que temos entendimentos da história que, depois, analisados à distância, temos a perfeita noção de que não correspondem à realidade, mas é isso que permanece e que é dado como verdade. Em Portugal, infelizmente, o que passa é que Macau foi um bom exemplo, em contraste com os manifestos erros que foram cometidos nas ex-colónias portuguesas. Mas a minha perspectiva não é essa: foram cometidos muitos erros durante a últimaAdministração portuguesa e muito mais poderia ter sido feito. Ainda mais sabendo que Macau sempre foi uma terra com muitos recursos financeiros.
Há uma referência no livro ao monumento Portas do Entendimento, que está ao abandono. É uma metáfora da representação da cultura portuguesa, que gradualmente vai desaparecendo? É uma metáfora e um símbolo muito interessante relativamente à política de abandono que já referi. Seria mais importante, naquela altura, criar instrumentos e fazer com que as coisas acontecessem, num projecto a longo prazo, promovendo instituições e convidando instituições portuguesas a virem cá, para fazerem esse trabalho de continuidade, em vez de se deixar apenas uma matéria simbólica, porque estas valem o que valem. Embora seja importante o monumento em si, em termos simbólicos e estéticos nada me diz. Foi mais uma forma de abandonar as responsabilidades. A última Administração do território teve muito essa perspectiva. O intuito sempre foi fechar o ciclo e não promover uma continuidade. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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Não critica o orçamento, mas duvida da necessidade de uma obra de semelhante complexidade na zona nobre da cidade. A deputada Song Pek Kei conseguiu convencer os colegas de que é preciso discutir um dos projectos principais de Alexis Tam. A discussão já está agendada
D
E nada adiantou ao Governo dizer que a decisão já está tomada: Song Pek Kei, a número três da bancada de Chan Meng Kam, quer discutir o sentido de oportunidade da construção da Biblioteca Central no edifício onde funcionou o Tribunal Judicial de Base. A sessão na Assembleia Legislativa (AL) está agendada para o próximo dia 15. A deputada entende que, a ser necessário, um projecto desta envergadura deve nascer nos novos aterros ou no Centro Cultural de Macau. O espaço do antigo tribunal não é, para Song Pek Kei, a localização mais viável. “Segundo algumas propostas, o Governo poderia escolher um
Assembleia DEBATE SOBRE BIBLIOTECA CENTRAL MARCADO PARA A SEMANA
A relatividade do centro
razoável”, aponta. Mas há uma grande diferença: “Os edifícios do antigo tribunal e da Polícia Judiciária implicam a protecção do património cultural; a fachada do antigo tribunal vai ser preservada, vão ser aditadas mais construções em cima e efectuadas escavações em baixo para a construção das caves, tratando-se de uma situação mais complexa do que construir um edifício em terreno plano, com provável desperdício de tempo e um custo elevado”.
GCS
POLÍTICA
JÁ HÁ MUITAS
local perto da nova zona de aterros, do Centro Cultural e do Centro de Ciência para construir a biblioteca, pois poderá ser melhor do que a actual localização”, aponta no pedido de debate, submetido àAL em Novembro. Song Pek Kei não se mostra frontalmente contra o projecto – um dos mais significativos do secretário para os Assuntos Sociais e Cultura –, mas considera que é preciso discutir a ideia para que a construção da obra seja “mais científica, exequível e adequada às exigências dos residentes”.
“O Governo poderia escolher um local perto da nova zona de aterros, do Centro Cultural e do Centro de Ciência para construir a biblioteca.” SONG PEK KEI DEPUTADA
Na proposta de debate, a deputada faz uma comparação com a estrutura similar de Hong Kong, edificada há seis anos. “O Governo referiu que a Biblioteca Central de Hong Kong, que entrou em funcionamento em 2010, tem uma área semelhante à da concebida para a Biblioteca Central de Macau. Na altura, o custo de construção atingiu os 700 milhões de dólares de Hong Kong. O custo previsto para a Biblioteca Central de Macau é de 900 milhões de patacas, tratando-se de um orçamento
Song Pek Kei tem ainda reservas sobre a real necessidade de uma biblioteca deste género num local onde já há uma grande rede de estruturas destinadas aos livros e à leitura. “Atendendo ao desenvolvimento das bibliotecas comunitárias nos últimos anos, o Governo deve, antes do planeamento da nova biblioteca central, avaliar a distribuição das bibliotecas comunitárias. Chegou a fazê-lo?”, pergunta. De acordo com os números que a deputada recolheu, em Macau existem 305 bibliotecas: 86 salas de leitura e bibliotecas públicas, 103 bibliotecas escolares, 80 bibliotecas especializadas e 34 em instituições do ensino superior e escolas técnicas.
Em defesa do património naval de Coloane Ella Lei pede dinamização dos estaleiros de Lai Chi Vun acuidade nos lotes X-12 e X-15, cujas demolições terão prioridade por estarem em pior estado. A medida levantou muitas questões e preocupações de locais. Para Ella Lei, Lai Chi Vun “é um sítio arqueológico, uma vez que contém a vila antiga, assim como vestígios da tradicional indústria naval”. O local representa um marco importante para a vila piscatória, que importa preservar, assim como as embarcações de valor histórico. A deputada acrescentou ainda que “com o desenvolvimento económico de Macau, o número das vilas de pescadores está cada vez
mais reduzido”. Um legado histórico que merece defesa do Governo.
AO ABANDONO
Em Janeiro de 2013, a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes fez uma investigação do planeamento de Lai Chi Vun, na vila de Coloane. Nesse levantamento, realçaram-se cinco objectivos: preservação de uma cultura naval única, dinamização do património industrial, melhoria da qualidade ambiental, melhoria do ambiente do passeio e a intensificação do turismo cultural. Neste capí-
tulo, a deputada alerta que passaram muitos anos sem que as autoridades tenham avançado com o processo de salvaguarda da zona. GOOGLE STREET VIEW
E
M interpelação escrita, Ella Lei fez eco das preocupações de moradores de Lai Chi Vun acerca da medida proposta pelo Governo para a demolição dos estaleiros navais que, salienta a deputada, são de relevo histórico. No final de Janeiro, o Executivo anunciou a demolição, a curto prazo, das instalações de 11 lotes, de X-5 até X-15, onde estão situados os estaleiros degradados. Em questão, dizia-se, está a segurança pública e a prevenção de derrocadas antes da chegada da temporada dos tufões. Os cuidados atingem particular
A representante da FAOM considera que, com o futuro dos estaleiros por um fio, os cidadãos locais vivem momentos de incer-
Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
teza. “O mais importante é que as autoridades só disseram que os vão demolir, mas não disseram nada sobre os objectivos de salvaguarda e as directrizes de dinamização dos estaleiros”, comenta. A deputada acrescenta que, como o Governo já elencou os lotes que precisam de obras de recuperação, estes não deviam ser considerados uma ameaça à segurança pública. Além destas preocupações, Ella Lei aproveitou a interpelação escrita para interrogar o Executivo acerca dos canais de comunicação que os cidadãos podem usam para participar no planeamento de Lai Chi Vun. Vítor Ng (com João Luz) info@hojemacau.com.mo
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Uma questão de língua
Habitação pública HO ION SANG TEME PROCESSOS JUDICIAIS
Terrenos em fúria?
Mak Soi Kun quer importação de domésticas do Interior da China
O
DSSOPT
O deputado Ho Ion Sang teme que os concessionários dos terrenos que o Governo quer reverter iniciem processos judiciais contra a Administração, o que poderá atrasar o planeamento e a construção de mais habitações públicas Governo já prometeu a construção de mais casas públicas assim que conseguir recuperar os vários terrenos que continuam por aproveitar em todo o território, e cujo prazo de concessão já terá chegado ao fim. Contudo, esse processo preocupa o deputado Ho Ion Sang, que teme que os concessionários possam colocar o Governo em tribunal. O arranque de novos processos judiciais poderá, por isso, atrasar todo o planeamento de novas habitações públicas. “As autoridades disseram que vão usar os terrenos vazios e destacaram que os terrenos só podem ser usados depois da sua reversão, mas existem preocupações na sociedade de que, se os concessionários dos terrenos iniciarem um processo em tribunal, as autoridades terão de esperar até saírem os resultados, e só depois podem ser iniciados os trabalhos de planeamento”, escreveu o deputado numa interpelação escrita entregue ao Executivo. “Isso vai adiar o planeamento inteiro em termos de desenvolvimento da habitação pública.”
Ho Ion Sang lamenta que “as autoridades só tenham concepções de base e não tenham ainda um planeamento concreto” Ho Ion Sang que, no hemiciclo, representa a União Geral das Associações de Moradores (UGAMM, ou Kaifong), deseja saber como estão os processos relativos aos diversos terrenos que a Administração pretende recuperar. “Como está o processo de reversão dos terrenos e quando vão começar os trabalhos de construção? Como há vários atrasos na construção de habitação pública, pretendo saber se as autoridades podem iniciar o planeamento assim que os terrenos forem revertidos”, disse. Segundo Ho Ion Sang, “a sociedade está preocupada com o fornecimento de habitações públicas, o qual que não está a cumprir as necessidades da população.” “Como é que as autoridades vão avaliar estas necessidades para decidir o número de casas e o tipo de fracções a construir?”, questionou.
CEM EM ESPERA
O deputado falou do caso do terreno localizado na Avenida Venceslau de Morais, actualmente concessionado à Companhia de Electricidade de Macau (CEM). Está em curso a saída da central eléctrica, mas Ho Ion Sang questiona as razões da ausência de informações.
O
deputado Mak Soi Kun interpelou por escrito o Governo para a necessidade de promover a contratação de empregadas domésticas do Interior da China, sem limitação de quotas. O representante da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau considera que, “na visão dos cidadãos, esta política dá mais uma opção em termos de contratação de empregadas domésticas”. Na óptica do tribuno, a política de contratação facilita as famílias que trabalham por turnos, assim como as pessoas idosas que não têm capacidade para tomarem conta de si próprias e, mais importante, que apenas falam chinês. A política de importação de trabalhadoras de origem chinesa já está em curso há algum tempo. Mak Soi Kun alerta que o Executivo não fez o suficiente para divulgar a medida, não tendo chegado a informação da política à população. “O Governo só colocou um slogan breve no site da Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais”, explica o deputado. Esta foi a principal exigência da associação: uma maior promoção, e por meios diferentes, que faça chegar aos moradores de Macau o conhecimento da possibilidade de contratarem empregadas domésticas de língua chinesa. Além disso, é salientado na missiva a natural familiaridade dos trabalhadores oriundos do Interior da China com as tradições e cultura locais.
OS NÚMEROS
“Na resposta à minha interpelação, entregue há um ano, as autoridades disseram que o terreno da CEM está em processo jurídico de reversão, e assim que for terminada a demolição [da central eléctrica] e mudança as autoridades podem iniciar o planeamento. Já passou mais de um ano e o processo de desenvolvimento do terreno não é satisfatório”, vincou. O representante dos Kaifong fala na existência de alguns entraves na utilização do terreno, apontando ainda outro exemplo: as parcelas na Avenida Wai Long, revertidas para o Governo no seguimento do caso Ao Man Long.
POLÍTICA
“Os terrenos são um factor importante para a disponibilização de habitações, mas isso depende do Executivo. O Governo já disse que vai utilizar os terrenos da Avenida Wai Long para construir habitação pública, bem como o terreno onde está a central eléctrica da CEM. Mas a utilização dos terrenos está a enfrentar vários problemas. Temos de saber se o local é apropriado para a construção de habitação pública.” Ho Ion Sang lamenta que, nesta fase, “as autoridades só tenham concepções de base e não tenham ainda um planeamento concreto”. Vítor Ng (com Andreia Sofia Silva) info@hojemacau.com.mo
Já no ano passado, em resposta ao deputado Chan Meng Kam, o Gabinete de Recursos Humanos (GRH) confirmou os pedidos ao Continente para a importação deste tipo de mão-de-obra. À altura, o GRH entregava uma lista referente a Abril de 2014 onde se podia verificar que tinham sido aprovados 266 pedidos de importação de domésticas, 224 oriundas da província de Guangdong e as restantes da província de Fujian. Ao fim de um ano de contrato, 117 trabalhadoras viram os seus contratos renovados pelos patrões, uma percentagem um pouco desencorajadora. De acordo com dados da GRH, em Dezembro de 2015 havia 114 empregadas domésticas do Interior da China a trabalhar em Macau. Este número subiu imenso, mais do que duplicou, relativamente a Dezembro de 2016, com as trabalhadoras oriundas da China Continental a ascenderem a 232. Neste domínio, as empregas oriundas das Filipinas continuam a ter a maior quota no sector, totalizando 12.761 em Dezembro último.
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Concurso Público n.° 001/SZVJ/2017 “Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul I de Macau”
Concurso Público n.° 002/SZVJ/2017 “Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul II de Macau”
Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do IACM, tomada em sessão de 20 de Janeiro de 2017, se acha aberto o concurso público para a “Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul I de Macau”.
Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração do IACM, tomada em sessão de 20 de Janeiro de 2017, se acha aberto o concurso público para a “Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul II de Macau”.
O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, durante os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, Macau.
O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, durante os dias úteis e dentro do horário normal de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), sito na Avenida de Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, Macau.
O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 22 de Fevereiro de 2017. Os concorrentes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM e prestar uma caução provisória. A Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul I de Macau divide-se em três zonas, a caução provisória de cada zona é de MOP15.000,00 (quinze mil patacas). A caução provisória deve ser entregue na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros do IACM, sita no rés-do-chão do Edifício do IACM, por depósito em numerário, cheque ou garantia bancária, em nome do «Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais».
O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 22 de Fevereiro de 2017. Os concorrentes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IACM e prestar uma caução provisória. A Prestação de Serviços de Manutenção das Zonas Verdes da Zona Sul II de Macau divide-se em três zonas, a caução provisória de cada zona é de MOP15.000,00 (quinze mil patacas). A caução provisória deve ser entregue na Tesouraria da Divisão de Contabilidade e Assuntos Financeiros do IACM, sita no rés-do-chão do Edifício do IACM, por depósito em numerário, cheque ou garantia bancária, em nome do «Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais».
O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IACM, sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar, pelas 09:45 horas do dia 24 de Fevereiro de 2017. O IACM realizará uma sessão de esclarecimento que terá lugar às 10:00 horas do dia 10 de Fevereiro de 2017 no Centro de Formação do IACM.
O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IACM, sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar, pelas 11:00 horas do dia 24 de Fevereiro de 2017. O IACM realizará uma sessão de esclarecimento que terá lugar às 11:00 horas do dia 10 de Fevereiro de 2017 no Centro de Formação do IACM. Aos 02 de Fevereiro de 2017.
Aos 02 de Fevereiro de 2017.
O Presidente do Conselho de Administração José Tavares
O Presidente do Conselho de Administração José Tavares WWW. IACM.GOV.MO
WWW. IACM.GOV.MO
EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local
EDITAL
: 17/E-BC/2017 : 297/BC/2013/F : Demolição de obras não autorizadas pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, parte do terraço sobrejacente às fracções 5.º andar A (CRP:A4) e 5.º andar C (CRP:C4), Macau.
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os donos das obras ou seu(s) mandatário(s) e os utentes dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Processo n.º 297/BC/2013/F. Local da obra: Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar A (CRP:A4), Macau. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas:
Obra
Edital n.º Processo n.º Assunto Local
Cheong Ion Man, subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, faz saber que ficam notificados os donos das obras ou seu(s) mandatário(s) e os utentes dos locais acima indicados, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Processo n.º 1530/BC/2011/F. Local da obra: Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, terraço sobrejacente à fracção 5.º andar B (CRP:B4), Macau. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra
Infracção ao RSCI e motivo da demolição
Processo n.º 297/BC/2013/F. Local da obra: Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar C (CRP:C4), Macau. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas:
Obra
Infracção ao RSCI e motivo da demolição
2.
Infracção ao RSCI e motivo da demolição
Construção de um compartimento composto por paredes em alvenaria 2.1 de tijolo, gaiola e gradeamento metálicos e janelas de vidro na parte do Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. terraço sobrejacente à fracção 5.º andar D (CRP:D4). Construção de uma cobertura em betão na parte do terraço sobrejacente à 2.2 Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. fracção 5.º andar D (CRP:D4).
3.
Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
Processo n.º 1530/BC/2011/F. Local da obra: Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, terraço sobrejacente à fracção 5.º andar D (CRP:D4), Macau. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizaram-se as seguintes obras não autorizadas: Obra
Construção de um compartimento composto por paredes em alvenaria de tijolo 2.1 e cobertura e gradeamento metálicos na parte do terraço sobrejacente à fracção Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. 5.º andar C (CRP:C4) . De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 27 de Outubro de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram qualquer resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 4. Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/ SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, e por despacho de 03 de Fevereiro de 2017 exarado sobre a informação n.º 09334/DURDEP/2016, ordena aos donos da obra ou seu(s) mandatário(s) que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição dos locais afectados, bem como aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à respectiva desocupação, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido da demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 5. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. 6. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 7. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 03 de Fevereiro de 2017
Infracção ao RSCI e motivo da demolição
Construção de uma parede em betão na parte do terraço sobrejacente à Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. fracção 5.º andar B (CRP:B4). Construção de um compartimento composto por cobertura em betão, 1.2 paredes em alvenaria de tijolo, janelas de vidro e gaiola metálica no terraço Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. sobrejacente à fracção 5.º andar B (CRP:B4). 1.1
Construção de um compartimento composto por gaiola metálica, paredes em 1.2 alvenaria de tijolo e cobertura em betão na parte do terraço sobrejacente à Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação. fracção 5.º andar A (CRP:A4). 2.
: 18/E-BC/2017 : 1530/BC/2011/F : Demolição de obras não autorizadas pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Rua do Gamboa n.º 27, Edf. Peng Kei, parte do terraço sobrejacente às fracções 5.º andar B (CRP:B4) e 5.º andar D (CRP:D4), Macau.
3.
De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 27 de Outubro de 2016, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram qualquer resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição das obras não autorizadas acima indicadas. 4. Sendo o terraço do edifício considerado caminho de evacuação, deve o mesmo conservar-se permanentemente desobstruído e desimpedido, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, e por despacho de 03 de Fevereiro de 2017 exarado sobre a informação n.º 09335/ DURDEP/2016, ordena aos donos da obra ou seu(s) mandatário(s) que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à demolição das obras acima indicadas e à reposição dos locais afectados, bem como aos interessados e aos utentes que procedam à remoção de todos os materiais e equipamentos neles existentes e à respectiva desocupação, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido da demolição das obras ilegais, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 5. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição das obras acima mencionadas. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifica-se ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos trabalhos de demolição e de desocupação, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados nos locais acima indicados ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M, de 15 de Fevereiro. 6. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração ou de segurança do edifício. 7. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI e das competências delegadas pelo n.º 4 do Despacho n.º 12/SOTDIR/2015, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 38, II série, de 23 de Setembro de 2015, da decisão referida no ponto 4 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 03 de Fevereiro de 2017 Pelo Director dos Serviços O Subdirector Cheong Ion Man
7 hoje macau quarta-feira 8.2.2017
SOCIEDADE
Acabar com a venda GOVERNO ADMITE ACELERAR SUBSTITUIÇÃO DE AVES VIVAS POR AVES REFRIGERADAS de aves vivas é uma prioridade, reiterou ontem a secretária para a Administração e sembleia Legislativa, a governante que, neste Inverno, foram Justiça, no rescaldo recordou detectados em Macau vários cade mais um caso de sos de vírus da gripe aviária. Os episódios levaram à intervenção gripe das aves. Mas do IACM, que pôs em curso uma série de medidas de prevenção e a população não controlo da situação. Foram abatidos milhares de aves. alinha na ideia do A secretária para a Adminisfrango já embalado tração e Justiça acrescentou que “Macau tem mantido a comunino frigorífico. Vai cação com o interior da China, no de verificar a situação de daí, é um objectivo sentido inspecção e garantir a segurança do sem datas restabelecimento da importação de GCS
Talvez um dia destes
S
ÓNIA Chan, secretária que tutela o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), afirmou ontem que o Governo está “a ponderar acelerar os trabalhos para a substituição do abastecimento de aves de capoeira vivas por aves de capoeira refrigeradas”. Para já, mantém-se a comunicação com o sector, “a fim de prestar apoio, e recolher as suas opiniões e necessidades na reestruturação desta indústria”. Em declarações proferidas à margem de uma reunião na As-
MAIS DE 70 PESSOAS OBSERVADAS
O
s Serviços de Saúde estão a acompanhar 76 pessoas que “estiveram ocasionalmente em contacto com as aves abatidas” na passada sexta-feira, após ter sido detectado, pela segunda vez, o vírus H7N9 no mercado abastecedor Nam Yue. Até ao momento, “nenhuma pessoa apresentou sintomas”. Os serviços liderados por Lei Chin Ion sublinham que o Governo já implementou uma série de planos de contingência em resposta à gripe aviária, e possui uma reserva estratégica de medicamentos antivirais e de materiais de protecção pessoal. Além disso, existem equipamentos e instalações adequadas para fazer face a um eventual surto de H7N9.
aves de capoeiras vivas”. Quanto ao fim das galinhas e pombos vivos nos mercados, bem como a centralização do abate de aves, Sónia Chan reiterou que se trata de “uma prioridade na agenda do Governo”. A responsável recordou que já foi feita uma consulta pública sobre esta matéria, sendo “necessário ainda considerar as questões relativas aos hábitos gastronómicos dos cidadãos, bem como à reestruturação do sector de aves de capoeira vivas”. Em suma, “não há ainda uma calendarização” para a implementação da medida. AAdministração pretende transferir o mercado grossista de produtos refrigerados para a zona industrial transfronteiriça, uma ideia a concretizar no segundo semestre deste ano. Sónia Chan acrescentou que se está a proceder a todo o trabalho preparativo de deslocação das instalações em causa, destacando que o IACM já disponibilizou visitas aos profissionais do sector.
A MAIORIA NÃO QUER
O caso mais recente de gripe das aves aconteceu na sexta-feira passada e implicou o abate de mais de 10 mil aves de capoeira, bem como a suspensão da venda durante três dias. Foi o quinto caso em menos de um ano e o segundo na época de ano novo lunar. Em Dezembro, um lote contaminado oriundo da China gerou o primeiro caso de infecção humana, num dono de uma banca de venda de aves por grosso. O homem, entretanto, recuperou. A consulta pública a que Sónia Chan se referia foi divulgada em
“É necessário ainda considerar as questões relativas aos hábitos gastronómicos dos cidadãos, bem como à reestruturação do sector.” SÓNIA CHAN SECRETÁRIA PARA A ADMINISTRAÇÃO E JUSTIÇA Junho do ano passado e indicou que quatro em cada dez residentes de Macau se opõem à substituição de aves vivas por refrigeradas.
O inquérito, destinado a avaliar a reacção do público à medida que o Governo pretende aplicar para prevenir surtos de gripe aviária,
concluiu que 42,2 por cento dos 1026 inquiridos manifestam-se contra ou absolutamente contra a medida, 24,2 por cento exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3 por cento afirmaram serem indiferentes ao assunto. AOrganização Mundial de Saúde anunciou em Janeiro estar em alerta perante a propagação de surtos de gripe das aves, com casos reportados em cerca de 40 países desde Setembro passado. HM (com Lusa)
TABACO MAIS DE 800 INSPECÇÕES POR DIA
Durante o mês de Janeiro, os Serviços de Saúde realizaram em Macau um total de 25.648 inspecções, o que perfaz uma média diária de 827 inspecções no contexto do combate ao fumo em locais proibidos. Segundo um comunicado, “a esmagadora maioria dos casos ocorreu com fumadores do sexo masculino 556 (93,1 por cento), contra 6,9 por cento de casos registados do sexo feminino (41 casos)”. Mais de metade das infracções foram cometidas por residentes, sendo que em 20 casos “foi necessário o apoio das forças de segurança”.
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hoje macau quarta-feira 8.2.2017
9 SOCIEDADE
hoje macau quarta-feira 8.2.2017
O
deputado Zheng Anting está preocupado com a qualidade do ar que se respira em Macau. A preocupação do tribuno agravou-se devido aos dias contínuos de nevoeiro, “sobretudo de manhã”, mas que não são, necessariamente, sinónimo de poluição e que podem ser influenciados pela concentração de humidade. No entanto, de acordo com Zheng Anting, o índice de concentração de partículas de 2.5 situou-se num “nível horrível”, escreve numa interpelação ao Executivo. A apreensão com a qualidade do ar atraiu a atenção da sociedade, de acordo com as declarações patentes na missiva. O deputado desconfia que as autoridades de Macau estejam a usar o fumo provocado pelos motociclos que circulam nas ruas da cidade como bode expiatório. Para Zheng Anting, o smog deve-se, principalmente, à poluição importada do Interior da China. “A zona do Delta do Rio das Pérolas já tinha índices médios/altos de poluição atmosférica e smog”, explica, e “o vento traz esses poluentes para Macau”. O deputado tem ainda dúvidas quanto às capacidades das autoridades responsáveis para examinarem a qualidade do ar. Na visão de Zheng Anting, “Macau, por ser uma cidade mundial de
O ar que respiramos Governo interpelado sobre a poluição atmosférica
“Macau, por ser uma cidade mundial de turismo e lazer, tem de resolver a poluição do ar, sob pena de poder prejudicar a indústria do turismo.” ZHENG ANTING DEPUTADO
turismo e lazer, tem de resolver a poluição do ar, sob pena de poder prejudicar a indústria do turismo”. Além da indústria do turismo, o deputado elenca preocupação com a saúde dos cidadãos, em particular no que concerne ao aumento de casos de doenças respiratórias e cardiovasculares. O deputado interpelou o Governo sobre a conclusão da proposta de regulamentos administrativos sobre o critério de emissão de gases dos veículos, e quando se irá entrar no processo de legislação. Aproveitou também para se manifestar contra um aumento excessivo das taxas aplicadas aos veículos. Defende que estas obrigações devem ser diminuídas, atendendo ao facto de se estar a aumentar a exigência em relação ao tipo de veículos nas estradas do território. Por fim, o deputado quer saber como é que as autoridades pretender reforçar as informações divulgadas junto dos cidadãos sobre a poluição atmosférica, para que sejam tomadas medidas de prevenção a fim de reduzir o impacto para a saúde dos residentes.
CRÉDITO CARTÕES EM TODOS OS BOLSOS
Macau atingiu no final de 2016 mais de um milhão de cartões de crédito, o que representa um aumento de 14,4 por cento em termos anuais, segundo dados divulgados ontem pela Autoridade Monetária. De acordo com a entidade reguladora, até ao final de Dezembro, foram emitidos directa ou indirectamente 1.059.382 cartões de crédito. A população estava no final de Setembro ano estimada em 647.700 pessoas. Do total de cartões de crédito, 747.153 eram em patacas, 91.571 em dólares de Hong Kong, 220.658 em yuan e 209.079 em duas moedas – pataca e yuan. O número de cartões em patacas subiu face ao ano anterior 12,2 por cento, o de dólares de Hong Kong 13 por cento, e os de yuan 23,2 por cento. Já os cartões de crédito emitidos nas duas moedas aumentaram 7,9 por cento. O limite dos cartões emitidos pelas entidades autorizadas em Macau subiu 19,7 por cento para 25,32 mil milhões de patacas tendo sido, no quarto trimestre, utilizado um crédito de 5,02 mil milhões de patacas, ou mais 5,7 por cento do que em igual período de 2015.
PUB
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 4/AI/2017
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 6/AI/2017
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor TANG WAI KIN, portador do Bilhete de Identidade de Residente Permanente da RAEM n.° 12713xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 54/DI-AI/2015, levantado pela DST a 13.05.2015, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 3/DI/2017, de 03.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua de Bragança n.° 404, Urbanização da Nova Taipa - Fase 1, Bloco 28, 8.° andar C, Taipa onde se prestava alojamento ilegal.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.--------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor DU CUNHUA, portador do Passaporte da RPC n.° E21182xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 47/ DI-AI/2016, levantado pela DST a 12.04.2016, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 5/DI/2017, de 03.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Baia da Praia Grande n.° S/N, Torre Lago Panoramico, 23.° andar E onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.----O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 7/AI/2017
MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 16/AI/2017
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor HUANG JIANPING, portador do Passaporte da RPC n.° E02197xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 47/DI-AI/2016, levantado pela DST a 12.04.2016, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 6/DI/2017, de 03.01.2017, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Baia da Praia Grande n.° S/N, Torre Lago Panoramico, 23.° andar E onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. ---------------------------------------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.--------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-----------------
-----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN ZHIBIN, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da RPC n.° W71544xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 108/DI-AI/2014 levantado pela DST a 28.08.2014, e por despacho da signatária de 18.01.2017, exarado no Relatório n.° 13/DI/2017, de 04.01.2017, nos termos do n.° 1 do artigo 10.° e do n.° 1 do artigo 15.°, ambos da Lei n.° 3/2010, lhe foi determinada a aplicação de uma multa de $200.000,00 (duzentas mil patacas) por controlar a fracção autónoma situada em Macau, na Rua do Guimarães n.° 50, Edf. Sam Lei, 3.° andar B onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O pagamento voluntário da multa deve ser efectuado no Departamento de Licenciamento e Inspecção destes Serviços, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, de acordo com o disposto no n.° 1 do artigo 16.° da Lei n.° 3/2010, findo o qual será cobrada coercivamente através da Repartição de Execuções Fiscais, nos termos do n.° 2 do artigo 16.° do mesmo diploma.-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Da presente decisão cabe recurso contencioso para o Tribunal Administrativo conforme o disposto no artigo 20.° da Lei n.° 3/2010, a interpor no prazo de 60 dias, conforme o disposto na alínea b) do n.° 2 do artigo 25.° do Código do Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 110/99/M, de 13 de Dezembro.-----------------------------Desta decisão pode o infractor, querendo, reclamar para o autor do acto, no prazo de 15 dias, sem efeito suspensivo, conforme o disposto no n.° 1 do artigo 148.°, artigo 149.° e n.° 2 do artigo 150.°, todos do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 57/99/M, de 11 de Outubro.----------------------------------------Há lugar à execução imediata da decisão caso esta não seja impugnada.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.-------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017.
-----Direcção dos Serviços de Turismo, aos 18 de Janeiro de 2017.
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes
10 Teatro CCM ESTREIA ESTE FIM-DE-SEMANA A COMÉDIA “IDIOT”
Delta do Rio das Pérolas em livro
“Todos podem te
Edição ilustrada estuda evolução económica do Sul da China
P
UBLICADO em inglês, sob a chancela editorial do Instituto Internacional de Macau (IIM), “Pearl River Delta – From the World Factory to Global Innovator”, é um livro que estuda o desenvolvimento económico de Cantão, Shenzhen, Foshan, Dongguan, Huizghou, Zhongshan, Jianmen, Zhuhai e Zhaoqing. Este livro surge na sequência de outros oito volumes, um sobre cada grande cidade, escrito por Thomas Chan, especialista na zona em análise, consultor do Executivo de Hong Kong e do Governo chinês, e por Louise do Rosário, jornalista do Economist. Gonçalo César de Sá, do Macaulink, foi o coordenador da obra. Mas porquê focar a atenção nesta zona? “Vivem nesta região cerca de 60 milhões de pessoas e achámos que pode ser mais utilizada pelos empresários de língua portuguesa. Existe tudo aqui no sul, este é o grande motor económico da China”, explica César de Sá. Dar a conhecer estas cidades pode despoletar oportunidades de investimento, de criação de parcerias entre empresários de países de língua portuguesa e os seus congéneres chineses do Delta do Rio das Pérolas. Outro dos objectivos passou por transmitir aos empresários portugueses o conceito de desenvolvimento económico local “e dizer: aprendam”, esclarece o coordenador do livro.
UMA PONTE ECONÓMICA
Depois da publicação dos oito livros em língua portuguesa, para cada uma das cidades acima elencadas, faltava um que somasse tudo. O problema é que, com o ráwpido desenvolvimento da zona, as oito publicações em língua portuguesa estavam com-
pletamente ultrapassadas. Dessa forma, o IIM resolveu fazer um novo livro, desta vez em inglês, para alargar o público-alvo que estava limitado aos países de língua portuguesa. A obra já inclui as novas directivas da China para o desenvolvimento da zona. Analisam-se os planos de “integração e criação de uma megalópolis que vai abarcar tudo, desde Guangdong, até Hong Kong e Macau tornando isto uma zona de grande desenvolvimento”, comenta o coordenador do livro.
Com “Idiot”, a companhia teatral de Macau Canu Theatre traz-nos um espectáculo de comédia onde não há diálogo e em que as expressões corporais, à maneira da personagem Mr. Bean, fazem tudo o resto
HOJE MACAU
EVENTOS
N Neste âmbito estão também grandes obras públicas, como a ponte Hong Kong – Macau – Zhuhai. Para Gonçalo César de Sá, esta obra é “apenas uma pequena peça do puzzle da grande integração económica. Outras peças serão, por exemplo, “a linha de caminho-de-ferro rápida que vai ligar Zhuhai a Cantão, que mais tarde ligará a Hengqin, finalmente entrando em Macau com o metro. Um exemplo de que os chineses planeiam a longo prazo e cumprem a curto prazo”, explica César de Sá. João Luz
info@hojemacau.com.mo
À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O TEMPO ENVELHECE DEPRESSA • António Tabucchi
Todas as personagens deste livro parecem estar empenhadas numa confrontação com o Tempo: o tempo dos acontecimentos que viveram ou estão a viver e o tempo da memória ou da consciência. Mas é como se uma tempestade de areia se tivesse levantado nas suas clepsidras: o tempo foge e detém-se, gira sobre si próprio, esconde-se, reaparece a pedir contas. Do passado emergem estranhos fantasmas, as coisas que antigamente eram incompatíveis agora parecem harmonizar-se, as versões oficiais e os destinos individuais não coincidem. Um ex-agente da defunta República Democrática Alemã que durante anos espiou Bertold Brecht, vagueia sem destino por Berlim até ir ter ao túmulo do escritor para lhe confiar um segredo. Numa localidade de férias da ex-Jugoslávia, um oficial italiano da ONU que durante a guerra do Kosovo sofreu as radiações do urânio empobrecido ensina a uma miúda a arte de ler o futuro nas nuvens. Um homem que engana a sua solidão contando histórias a si próprio torna-se protagonista de uma aventura que inventara numa noite de insónia. Sensível às convulsões da História recente, Antonio Tabucchi mede-se com o nosso Tempo «desnorteado», em que se os ponteiros do relógio da nossa consciência parecem indicar uma hora diferente daquela que vivemos.
O Japão, uma mulher coloca um anúncio para recrutar um rapaz que lhe faça uns recados durante o dia e tudo o que ela pedir. Um jovem decide responder para ver o que acontece mas, se para uns essa decisão pode ser idiota, para outros pode ser apenas algo diferente. Quem são, afinal, os idiotas do nosso dia-a-dia? É este o mote para a história de “Idiot”, a mais recente produção da companhia teatral local Canu Theatre, que estreia na próxima sexta-feira no Centro Cultural de Macau (CCM), com mais um espectáculo agendado para sábado. O público poderá ver um exemplo de teatro físico de comédia, sem diálogo entre os seus personagens. Joyce Chan, produtora do espectáculo, contou ao HM que tudo começou em França, onde estudou com Sami Abu Wardeh, actor que dará corpo à personagem principal. Lá teve o primeiro contacto com a forma de interpretação utilizada pelos palhaços e percebeu que tinha de fazer um espectáculo com estes elementos. Daí até à viagem ao Japão, onde viu um anúncio semelhante ao que deu mote à peça, foi um passo. “Os palhaços não fazem propriamente uma interpretação, mas fazem
bastantes gestos e usam muito o corpo para transmitir mensagens. Mostram-se bastante ao público, é algo que vem de dentro, intimista. É diferente dos guiões que escrevemos para outro tipo de personagens”, explicou a autora de “Idiot”. A opção por um espectáculo de comédia acabou por ser natural. “Durante o meu curso tivemos
aulas sobre comédia e tragédia. Sempre que fazia trabalhos na área da comédia, e via as reacções do público a rir, sentia-me muito satisfeita, percebia que o público reagia de forma entusiástica ao que via. Pensei também que em Macau não há muitos espectáculos de comédia, então achei que seria uma boa oportunidade para trazer estes elementos
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PEREGRINAÇÃO DE ENMANUEL JHESUS • Pedro Rosa Mendes
Como fez com o Mapa Cor-de-Rosa em Baía dos Tigres, Pedro Rosa Mendes reinventa, nesta “Peregrinação de Enmanuel Jhesus”, um espaço nobre da literatura portuguesa, de Fernão Mendes Pinto a Ruy Cinatti: o arquipélago malaio, imenso território de aventura, onde as caravelas chegaram há exactamente 500 anos. Passagens de História, memórias políticas, cadernos da guerrilha, tratados breves de diplomacia, debates teológicos, cenas de artes marciais, cartografia antiga, observações de botânica, notas de geologia, ritos de sagração, sortes tauromáquicas, até um fado perdido (por Amália?) lá em «Outramar»: abundantes são os tesouros que nos acompanham nesta viagem. Uma vertigem de personagens desfilam e falam a várias vozes. O resultado é um romance em diário de bordo, uma ficção de portulano, «suma accidental em que da conta de mvitas e mvito estranhas cousas que vio e ouvio nos reynos do Achém, Çamatra, Sunda, Jaua, Flores y Servião y Bellos, que vulgarmente se chamam Timor, homde nace o sandollo».
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er humor” personagem da série televisiva Mr. Bean, interpretado por Rowan Atkinson. Joyce Chan admitiu que teve de fazer algumas adaptações ao público de Macau na hora de escrever a peça. “O início do projecto não foi fácil porque, no estrangeiro, a reacção à comédia é diferente, muitas vezes é difícil compreender o que é engraçado e o que não é, então fiz algumas adaptações para o público de Macau. Combinei vários elementos.”
“Em Macau não há muitos espectáculos de comédia, então achei que seria uma boa oportunidade para trazer estes elementos para cá.” JOYCE CHAN PRODUTORA DO ESPECTÁCULO Fazer um espectáculo sem diálogo é, para Joyce Chan, uma forma mais libertadora de representar. “Uma performance sem linguagem oral é importante porque temos vários actores estrangeiros e usamos muitos gestos e expressões corporais. É uma forma bonita de contar uma história. Espero que as pessoas possam ter uma nova perspectiva, de que uma peça sem diálogo pode funcionar.”
RIR EM MACAU para cá e fazer com o que o público local tenha acesso ao que aprendi em França.”
A INSPIRAÇÃO DE MR. BEAN
Sendo a primeira vez que pisa os palcos de Macau, Sami Abu Wardeh, londrino, revela-se expectante sobre um projecto que considera único. “Tem sido incrível trabalhar neste espaço e ter acesso a todas estas infra-estruturas. Temos muita liberdade para experimentar coisas diferentes”, disse. “Este tipo de interpretação, para mim, é mais honesto, temos mais liberdade, porque a maior parte das interpretações são isso mesmo, interpretações no sentido mais estático. Estou feliz por estar neste projecto. É algo alternativo sob várias formas, não vemos muitos projectos como este”, contou o actor ao HM. Para Sami Abu Wardeh, a inspiração para compor o “idiota” veio de dois anos de trabalho com Joyce Chan, e também do famoso
Sendo a comédia um género pouco comum em Macau, Joyce Chan espera mudar mentalidades e aproximar o público a um tipo de espectáculo que é raro acontecer no território. “As pessoas gostam de comédia. Tudo depende do pensamento pessoal de cada produtor e a dimensão que pretende trazer para o público. Todos podem ter humor nos seus corações, todos podem sorrir. As pessoas de Macau vão gostar muito deste espectáculo”, apontou. Na calha está uma nova peça, também de comédia, mas mais virada para a crítica do panorama político local. Joyce Chan revelou estar confiante. “No curso abordámos também outro conceito de comédia com base na crítica política, onde exageramos expressões corporais. No futuro gostaria de fazer um espectáculo assim. O Governo de Macau dá-nos a liberdade para falarmos e esse espectáculo que quero fazer é uma forma leve de fazer comédia sobre questões políticas, por isso é que acredito ser possível levar esse projecto avante.” Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
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EVENTOS
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JUIZ DO SUPREMO DIZ QUE TRUMP É “INIMIGO DO PRIMADO DA LEI”
O Presidente e o bandido
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M juiz da máxima instância judicial chinesa acusou o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de ser um “agressor” e um “inimigo do primado da lei”, depois de este ter atacado o sistema judicial norte-americano. Trump referiu-se a James Robart como “alegado juiz”, após este ter suspendido o seu decreto que proibia temporariamente a entrada de refugiados e cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA. He Fan, do Tribunal Supremo da China, associou as críticas de Trump ao homicídio de um juiz na China no mês passado. “O Presidente a criticar juízes e o bandido que mata juízes são ambos inimigos do primado da lei”, afirmou He, na sua página oficial no WeChat. “Num país que se diz ser o mais democrático e respeitador do primado da lei, o Presidente liderar os ataques a um juiz faz dele nada mais do que um agressor sem dignidade”, afirmou. Desde que Trump tomou posse no mês passado, a imprensa estatal chinesa tem criticado a “crise sistémica” das democracias ocidentais, realçando a superioridade do sistema autoritário de Pequim.
PRINCÍPIOS DO SISTEMA
Na China, o “papel dirigente” do Partido Comunista (PCC), que governa o país desde 1949, é um “princípio cardial”, estando o
PEQUIM QUER 50 MILHÕES DE POSTOS DE TRABALHO NAS CIDADES ATÉ 2020
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sistema judicial subordinado ao poder político. Em Janeiro passado, o presidente do Supremo Tribunal Popular da China, Zhou Qiang, disse que os tribunais do
país devem resistir à “ideologia errada” do ocidente, como a democracia constitucional, separação de poderes e independência do sistema judiciário.
“Num país que se diz ser o mais democrático e respeitador do primado da lei, o Presidente liderar os ataques a um juiz faz dele nada mais do que um agressor sem dignidade.”
Após ascender ao poder, em 2013, o Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou uma reforma no sistema legal, visando garantir o primado da lei. No entanto, o regime promoveu também uma campanha repressiva contra activistas pró-democracia e advogados que trabalham em casos considerados sensíveis para o Governo. Os tribunais chineses têm uma taxa de condenação de 99,92%.
Governo chinês fixou como meta criar 50 milhões de postos de trabalho nas cidades, até 2020, ao mesmo tempo que mantém a taxa de desemprego abaixo dos 5%. Os números foram avançados ontem pela imprensa estatal, que cita os planos do Executivo chinês para os próximos cinco anos (2016-2020). O objectivo de criação de emprego, circunscrito às cidades do país, - as autoridades excluem dos cálculos as zonas rurais, onde vive mais de 40% da população -, situa-se acima da meta fixada nos cinco anos anteriores, de 45 milhões. Em 2016, a China criou 13,14 milhões de postos de trabalho e a taxa de desemprego fixou-se em 4,02%. O índice de desemprego urbano na China leva mais de uma década a flutuar entre os 4 e os 4,3%, um período durante o qual o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país oscilou entre 14,2%, em 2007, e 6,7%, em 2016, a taxa mais baixa em 26 anos. Citados pelo jornal oficial China Daily, especialistas chineses assinalam a dificuldade em conseguir cumprir com a meta de criação de emprego, numa altura de desaceleração da economia chinesa e de reestruturação da indústria do país. Só nas indústrias do aço e do carvão, as autoridades anunciaram o despedimento de 1,8 milhões de trabalhadores, visando reduzir o excesso de capacidade de produção. O Governo chinês anunciou, no início de Janeiro, que adoptará uma “política pro-activa de criação de emprego”, até 2020, com formação, medidas de estímulo ao empreendimento e reestruturação das indústrias menos eficientes.
Região
Prenúncios do Norte
Pyongyang diz que vai voltar a lançar satélites para o Espaço
A
Coreia do Norte afirmou ontem que vai voltar a enviar satélites para o Espaço, no dia em que se cumpre um ano desde o último lançamento de um ‘rocket’ considerado pela comunidade internacional um teste encoberto de mísseis. “Lançaremos mais satélites quando e onde o Partido dos Trabalhadores decidir”, diz um artigo publicado ontem no diário Rodong, o jornal oficial do regime liderado por Kim Jong-un, citado pela agência noticiosa sul-coreana Yonhap. A 7 de Fevereiro do ano passado, Pyongyang levou a cabo o lançamento de um ‘rocket’, uma acção condenada pela comunidade internacional que a considerou um teste encoberto de mísseis balísticos de longo alcance.
O teste, a par com o ensaio nuclear realizado um mês antes, levou a ONU a impor novas sanções a Pyongyang. A Coreia do Norte lançou o satélite Kwangmyongsong-4 (Estrella Brillante-4) num ‘rocket’ de longo alcance a partir da base de Sohae (noroeste), o que, segundo o jornal oficial, confirmou a capacidade do país para empreender programas espaciais.
PROVOCAÇÕES VÁRIAS
Esta afirmação chega depois de Pyongyang ter ameaçado, por diversas ocasiões desde o início do ano, testar mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), uma iniciativa que o país asiático defende como meio para frustrar a ameaça de guerra nuclear dos Estados Unidos”.
Seul acredita que a Coreia do Norte “poderá estar a preparar novas provocações” por volta do dia 16, altura em que se comemora o 75.º aniversário do nascimento do “querido líder” Kim Jong-il, pai do actual dirigente do país, Kim Jong-un, conhecido por ter impulsionado o programa de armas nucleares norte-coreano, segundo afirmou ontem o primeiro-ministro e Presidente sul-coreano em exercício, Hwang Kyo-ahn, em declarações reproduzidas pela Yonhap. Esta data (16 de Fevereiro), conhecida como o “Dia da Estrela Brilhante”, em homenagem ao pai do actual líder é uma das mais importantes festividades da Coreia do Norte.
diários de próspero
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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António Cabrita
Actos de fé & Fumo negro
homem a não pratica mais do que uma vez por ano. É que tudo o que é mau, tende a repetir-se em todas as latitudes. Uma vez por ano, argumenta-se, não faz um agressor, é um mero problema de comunicação no casal, que muito carinho posterior pode atenuar. Bom, há casos em que a violência no casal pode ser mútua. Mas são minoritários. O que interessa é o pano para mangas que o retrocesso desta lei dá ao álibi, esquecendo que as relações assimétricas são claramente maioritárias. E ficando o agressor sem cadastro isso não dará azo a novas investidas? Ao fim de quantas vezes se considerará ser a primeira vez? O que me faz lembrar certas tradições rurais moçambicanas pelas quais se ensina a seviciar a mulher sem deixar marcas (consulte-se sobre estas e outras matérias o portal da Wlsa: http://www. wlsa.org.mz/). Talvez por isso tenhamos assistido a esta aberração: a independência de Moçambique, durante 35 anos, não produziu uma única poeta à altura das duas que o colonialismo fez brotar: Noémia de Sousa e Glória de Sant’Anna.
ANA CRISTINA RODERO
03/02/2017 Na primeira vez que aterrei em Maputo, em 1995, encontrei à entrada do Hospital Central um amputado, de ambos os pés, que vendia sapatos só de pé esquerdo. Impecavelmente engraxados. Cem meticais por sapato. E o par, perguntava o traunseunte curioso. Há-de chegar... - jurava com aquele brilho fanático nos olhos que encontramos nos aficionados da agricultura biológica – o mister passa cá pra semana... e lhe garanto o par. O eventual comprador era convidado a um acto de fé. Ai de quem pusesse em dúvida a convicção de que o vendedor completaria a entrega da metade que faltava. Tão insubornável fé só a reencontrei num vendedor de cautelas em Cacilhas, no outro lado do Tejo. Ia apanhar o cacilheiro e apanhei-o a limpar com papel de jornal as lentes de casco de garrafa dos seus óculos, de haste presa à armação por um arame, enquanto a sua boca de um verdete desdentado, proferia para um tipo de fato Boss, sapatos italianos e pingente de ouro na gravata: Eu há vinte anos que jogo no mesmo número! Apanhei a frase no ar e desviei-me para um balcão, no fito de beber um café e de ruminar três minutos no absurdo de um maltrapilho tomar a miséria por oráculo. Gente que acredita cegamente em «factos alternativos», tal como Kellyanne Conway, a assessora de Trump, que, para justificar um decreto idiota, inventou um alegado atentado que nunca se verificou, o massacre do Bowling Green. Simultaneamente, e não é acaso se na moldura da comédia humana tais actos coincidem com a institucionalização dos «factos alternativos», foi destaque da semana a ímpia permissão que esteve quase a ser sancionada pelo parlamento romeno, o qual queria legitimar o desvio de fundos públicos, por abuso de poder, desde que não se ultrapassasse a irrisória quantia de duzentos mil euros. Esta piedosa imoralidade ganhou o seu primeiro argumento em plena Europa. Porque foi com certeza uma primeira tentativa e este novo guião para uma futura regulação política dos bens e dos erários públicos irá repetir-se e vingará, dado que cai como ginjas no estado pantanoso em que se locomovem inúmeros Estados. Lembremos o caso do Brasil. Há-de pois espantar-me o que li hoje nos jornais moçambicanos, sobre o ex-
-genro do ex-presidente Guebuza, o mesmo que assassinou a filha deste, há dois meses atrás? Relatava-se assim no novo «facto alternativo»: «Zofino Armando Muiane, segundo consta da acusação particular da família Guebuza, é um espião sul-africano que usava o nome de Washington Dube». Hesitamos, se rimos se choramos. A seguir, na grande maioria dos estados africanos, virá impor-se a nova lei, imitada da desenvolvida Europa. 04/02/2017 É uma coisa maravilhosa a força com que as mulheres sobressaem no actual momento da literatura portuguesa. Tanto na poesia – e bastam-me cinco nomes: Raquel Nobre Guerra, Joana Emídio Marques, Rita Taborda Duarte,
Inês Fonseca Santos e Maria João Cantinho – como na prosa, aonde, dentro do que pude ler (e mais não refiro por não terem chegado a Maputo), dois nomes se destacam com livros recentes que são a todos os títulos excepcionais: Ana Margarida Carvalho, com Não se pode morar nos olhos de um gato, e Alexandra Lucas Coelho, com Deus Dará. A literatura no feminino dá cartas, aparenta ser um feixe de enorme energia que veio para ficar, o que não significará apenas uma afirmação individual como um insofismável avanço na paridade social, cunhada nos patamares simbólicos, E interrogo-me no mal-estar que estas mulheres emancipadas, inteligentes, maduras, poderão sentir perante a notícia de que a lei russa despenalizou a violência doméstica, mormente se o
O ateísmo e o laicismo tem sido vilipendiados, nestes últimos anos, e considero que um dos combates do século passará por recuperar o direito e o bom nome de uma espiritualidade sem Deus
07/02/2017 O que é um ateu? Agrada-me esta definição: alguém que é imune à idiolatria e que livre, até de si mesmo, não teme contradizer-se. O que autorizará o caso de ateus-que-são-intermitentes, como eu, no sentido em que têm fé, na graça epicurista do vestido amarelo que esculpiu o corpo da macua que passou agora à minha frente na esplanada, espalhando no ar uma intensidade que contamina, por exemplo, como num género de inteligência-não-circunscrita - sem que para isso necessitem de acrescentar um nome à origem dessa energia transpessoal. O Budismo, neste sentido, alheia-se da necessidade de nomear Deus. Vem isto a propósito de uma das palavras que mais tem inundado o imaginário popular dos últimos tempos e que está de facto a ter um peso terrorista: a apostasia e o seu praticante, o apóstata. Palavra que julgava banida. Considero insultuoso que metade da humanidade me considere um apóstata. O ateísmo e o laicismo tem sido vilipendiados, nestes últimos anos, e considero que um dos combates do século passará por recuperar o direito e o bom nome de uma espiritualidade sem Deus.
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WANG CHONG
王充
OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG
Se uma coisa é útil, que mal há que seja uma criação? E se uma coisa não tem qualquer utilidade, mesmo não incomodando, que bem dela virá? Resposta aos críticos – 8
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O meu tratado Dos Assuntos Políticos, dirigiame aos magistrados do comando e do distrito. Desejando assegurar o bem-estar do povo, assim como a sua instrução – e, por aí, a fama da dinastia –, expliquei-lhes quais as tarefas a que deviam dar prioridade. Os Discursos Ponderados, os “Nove Erros” e “Os Três Exageros” instigam o povo a cultivar a verdade. Durante um funeral, Confúcio atravessou o pátio a correr [esquecendo todo o cerimonial], saltando os degraus, pois os objectos depostos no caixão não eram suficientemente simples. Num memorial dirigido ao imperador, Zizheng denunciava a falta de sobriedade dos enterros e o imperador Guangwudi considerava perfeitamente suficientes carros e cavalos de palha para acompanhar os mortos a seus túmulos. Por que razão as nossas tradições jamais se referem a estes factos? Encontram-se pervertidas pelos disparates acerca da morte. Nos meus dois tratados sobre a morte, esperando esclarecer os meus leitores e encorajar uma maior economia nos funerais, demonstro que o morto perde toda a consciência, que não se pode transformar em fantasma; não nos diz isto da utilidade dos Discursos Ponderados? E, se são úteis, que mal haveria em serem uma criação? A escrita inventada por Cang Jie permite-nos consignar factos, a carruagem de Xi Zhong facilita os transportes, as vestes de Bo Yu nos protegem do frio e do calor, a casa de tijolos de Jie nos guarda do vento e da chuva. Se, olvidados da sua utilidade, atacamos estas descobertas por se tratarem de criações, então Cang Jie e os outros devem ser culpados e condenados, assim como os quinze grandes inventores descritos no Shiben [NT – Obra datada do fim do período dos Reinos Combatentes e hoje perdida. Nela se listavam os grandes inventores da China antiga.] Se uma coisa é útil, que mal há que seja uma criação? E se uma coisa não tem qualquer utilidade, mesmo não incomodando, que bem dela virá? Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho
Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.
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na ordem do dia 热风
Julie O’yang
“[Trump é] em primeiro lugar um homem adulto e, em segundo lugar, alguém que esteve envolvido na organização de concursos de beleza e que como tal conheceu ao longo de muitos anos algumas das mulheres mais belas do mundo. Custa-me muito a acreditar que ele fosse a correr para se encontrar num hotel com raparigas de moral duvidosa, embora as nossas sejam sem qualquer sombra de dúvidas as melhores de todo o mundo.” E desta forma promove Putin o turismo sexual na televisão russa. Os cidadãos cibernautas de todo o mundo ficaram em choque com esta avaliação de cinco estrelas do Sr. Vladimir Bazófias. Apesar de tudo isto sinto-me tentada a disponibilizar aos meus leitores alguns factos alternativos (grin grin), lembrando as palavras eruditas de Lin Yutang: “Ninguém deverá menosprezar o importante papel desempenhado pelas prostitutas chinesas nas relações românticas, na literatura, na música e na política.” Na antiga China, as damas da nobreza não precisavam de ser inteligentes nem talentosas para ser respeitadas. “Uma mulher é virtuosa desde que seja ignorante” é um provérbio que remonta à Dinastia Ming (1368-1644). Uma boa esposa chinesa é obediente ao marido, dedicada aos filhos, responsável pelas tarefas domésticas, virtuosa e ignorante em todas as outras matérias. Como se esperava que as esposas e concubinas seguissem os códigos sociais, os homens ricos e proeminentes procuravam legitimamente parceiras intelectuais fora de casa. Agora aqui vai uma lista de prostitutas/poetisas famosas que deixaram uma marca na memória colectiva do povo chinês, e não só porque dançavam e cantavam para ganhar o pão nosso de cada dia. Algumas delas mudaram a história, para sempre. Su Xiaoxiao 苏小小
Também conhecida como Su Xiaojun, foi uma cortesã chinesa que viveu em Qiantang City (Hangzhou dos nossos dias) durante a Dinastia Qi do Sul (479–502). Morreu com apenas 19 anos de idade. Foi cortesã e também poetisa.
Havia quem pensasse que ela não queria ser esposa nem amante de ninguém. Assim, ao contrário das mulheres que ficavam enjauladas nos casamentos, optou por partilhar os seus encantos. Li Shishi 李师师
Cortesã da cidade de Kaifeng, capital da Dinastia Song (960-1127), Li destacou-se pela sua incrível versatilidade. Era dotada para o canto, para a dança e para a poesia. O seu talento e beleza atraíram muitos escritores, poetas e oficiais abastados. O Imperador Song escapou-se do palácio numa noite de tempestade para ir ao seu encontro. Mais tarde veio a tornar-se viciado em laranjas descascadas pelas suas delicadas mãos. Os 108 heróis de a Margem Aquática não conseguiam conquistar uma posição na corte Song sem a interferência “entre lençóis” de Li. Chen Yuanyuan 陈圆圆
Chen Yuanyuan (1624-1681) foi uma prostituta muito conhecida que viveu durante os finais da Dinastia Ming e os inícios da Dinastia Qing. Foi concubina do General Wu Sangui. A captura de Chen por Li Zicheng, (o rebelde líder da revolta que depôs a Dinastia Ming), foi o motivo que levou Wu Sangui a abrir os portões da Grande Muralha para deixar entrar os Manchus. Liu Rushi 柳如是
Liu Rushi (1618–1664) uma célebre cortesã que viveu nos finais da Dinastia Ming (1368–1644). Foi considerada por muitos estudiosos como a prostituta mais respeitável da antiga China, devido à sua lealdade à família real. Recusou submeter-se aos Manchu, os novos senhores.
Julie O’yang: arte contemporânea/ desenhos a tinta | Perséfone (o rosto), inspirado em Bernini
Devolvam a dignidade às filhas do galo 为鸡平反
foi uma célebre cortesã dos finais da Dinastia Qing. Tornou-se prostituta aos 20 anos. Casou-se com um oficial imperial de alta patente como sua concubina e viajou com o marido pela Rússia, Alemanha, Austrália e Holanda, como embaixatriz. Depois do Exército das 8 Nações ter invadido Pequim, teve uma relação com o Comandante Alemão. Xiao Fengxian 小凤仙
Sai Jinhua 赛金花
Se ela não tivesse seduzido o Comandante Alemão do Exército das 8 Nações Aliadas durante a Revolta dos Boxer, não estou a ver como é que muitos dos artefactos chineses que estão actualmente nos Museus de Berlim, Londres, Paris e Moscovo lá tinham ido parar. Deveria ser nomeada para receber um prémio do Ministério da Cultura. Sai Jinhua (1864 – 1936)
Xiao Fengxian (1900-1954) prostituta afamada que conheceu os últimos anos da Dinastia Qing e os alvores da República da China. Foi a prostituta mais célebre do maior bairro de Pequim de “lanternas vermelhas”. Tornou-se amante do General Cai E, o líder revolucionário que pôs fim às ambições imperiais de Yuan Shikai. Sem a influência da sua alcova o General Cai não teria arriscado a vida e voado
para Yunnan para declarar a independência. Os sonhos imperiais de Yuan Shikai teriam vingado e estaríamos a ajoelhar perante o neto do Grande Yuan nos dias que correm. Esta mulher foi sem dúvida o arquitecto da reconstrução da República. 2017 é o Ano do Galo. Da Franga para alguns. “Franga” é calão para prostituta no chinês moderno. Nas ocasiões festivas, um frango bem cozinhado é um dos pontos altos de todos os banquetes familiares. Um chef chinês que se preze passa horas a suar na cozinha para fazer jus às receitas de que tanto se orgulha, subtis, mas cheias de sabor, e que demonstram em larga escala invenção e criatividade. Ao contrário das preparações rápidas, típicas das cadeias internacionais de fast food, a cozinha chinesa trata com o respeito que lhes é devido frangos e ... as “frangas”.
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NTES das férias do Novo Ano Lunar, a Associação Geral Automóvel Macau-China (AAMC) anunciou que a corrida da Taça de Carros de Turismo de Macau, que nas últimas duas décadas tem sido conhecida por “Taça CTM”, do 64º Grande Prémio de Macau, vai ser composta por dois tipos de viaturas ou duas classes: 1,600cc Turbo e 1,950cc ou superior. Noutras palavras, as duas classes que compunham o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS na sigla inglesa) – a “AAMC Challenge” (1,600cc Turbo) e a “AAMC Macau Road Sport” (1,950cc ou superior) – e que tinham corridas separadas até aqui, vão fundir-se numa só corrida este ano. Divididos em duas classes, os dois tipos de viaturas que formam o MTCS correrão juntos, tanto nas corridas de apuramento, na China continental, como no Grande Prémio, em Novembro. A Taça de Carros de Turismo de Macau, uma das mais importantes, se não mesmo a mais importante corrida do automobilismo local, será igualmente também disputada em moldes diferentes no 64º Grande Prémio de Macau. Ambas as classes vão estar separadas no treino-livre de quinta-feira de 30 minutos e no treino de qualificação
Categorias unificadas Taça de Carros de Turismo de Macau vai sofrer alterações
de sexta-feira. Os dezoito melhores pilotos de cada classe na sessão de qualificação serão então apurados para a grande corrida a disputar no sábado, onde ambas as classes se juntam como nas provas de apuramento. Contudo, no final da corrida, haverá uma cerimónia de pódio, separada, uma para cada uma das classes. Os trinta e seis
apurados para a corrida de sábado ficarão isentos do pagamento da taxa de inscrição.
PARA TODOS
Como o HM já havia noticiado, a AAMC voltará a organizar dois fins-de-semana de corridas no Circuito Internacional de Zhuhai, que, como habitualmente, servirão de apura-
mento para os pilotos de carros de turismo locais para o grande evento do mês de Novembro. Contudo, este ano há uma novidade, pois também os pilotos estrangeiros terão de se qualificar pela mesma via. A comunicação da AAMC, escrita também em língua portuguesa, diz que, a partir de agora, os “...pilotos interessados em participar na corrida da Taça de Carros de Turismo de Macau (...) independentemente da sua nacionalidade, têm que participar nas provas de uma das classes do Festival de Corridas de Macau...”. Após o somatório dos dois eventos, que totalizam quatro corridas, “os 25 pilotos melhores classificados serão seleccionados para participarem” e caso haja uma desistência de um piloto qualificado “esta vaga será substituída pelo piloto que tiver a melhor classificação seguinte”. O primeiro Festival de Corridas de Macau está marcado para de 26 a 28 de Maio, enquanto o segundo encontro acontecerá de 23 a 25 de Junho. As inscrições abrem a 3 de Abril e encerram no dia 21. É esperado para breve um novo anúncio da AAMC, agora com o
As duas classes que compunham o Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS na sigla inglesa) – a “AAMC Challenge” (1,600cc Turbo) e a “AAMC Macau Road Sport” (1,950cc ou superior) – e que tinham corridas separadas até aqui, vão fundir-se numa só corrida este ano regulamento técnico de ambas as classes, sendo que a palavra que corre nos bastidores do automobilismo local é que a classe 1,600cc Turbo vai sofrer alterações. Sérgio Fonseca
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Aviso Faz-se público que, decorrente das alterações introduzidas no programa do concurso público para “Complexo de Cuidados de Saúde das Ilhas – Empreitada de construção do Instituto de Enfermagem”, cujo anúncio de abertura foi publicado em 11 de Janeiro de 2017, no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau, n.º 2, II Série, o prazo limite para a entrega das propostas foi prorrogado por mais 20 (vinte) dias, passando a data limite para a entrega das propostas para o dia 28 de Fevereiro de 2017, até às 17,00 horas, e a data de realização do acto público para o dia 1 de Março de 2017, pelas 9,30 horas. Os pedidos de esclarecimentos podem ser efectuados até o dia 15 de Fevereiro de 2017, podendo as respostas aos mesmos serem consultadas na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 22 de Fevereiro de 2017, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 3 de Fevereiro de 2017. O Coordenador, Chau Vai Man
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17 hoje macau quarta-feira 8.2.2017
OPINIÃO
a outra face
CARLOS MORAIS JOSÉ
C
O nascimento do Ou Mun ian
OM o esboroamento do mundo antigo, alterou-se substancialmente o conceito de identidade, seja nas relações estabelecidas no corpus social, seja no interior daquilo a que ainda chamamos indivíduo. Se no passado as identidades estavam fortemente referenciadas e de algum modo amarradas a um núcleo duro, constituído por geografias limitadas, famílias, fratrias, religião e países, não padecendo por isso de grande possibilidade de oscilação, o mundo contemporâneo criou para a identidade um outro recorte do real. Ela é hoje uma função instável, com pouca substância, na medida em que constantemente se refaz na conjugação espaço-tempo, em cada lugar e a cada momento de tensão e de confronto. Não deixa por isso de ser um dos mais importantes conceitos, uma das mais eficazes ferramentas, na compreensão das motivações profundas de um grupo humano. Convém, no entanto, assimilar que não podemos hoje falar de identidade no mesmo quadro mental do passado. Estamos agora perante um conceito que de modo nenhum se refere a algo de fechado, ilhéu, defensivamente encerrado em concha autista. Pelo contrário, as identidades deverão ser concebidas como abertas, existentes porque comunicantes, em constante estado de desagregação e de reagregação, em interminável confronto com outras identidades, variáveis, mutantes, guerreiras; afinal ao ritmo da cultura no século XXI. É também a esta luz que teremos de ler a identidade de Macau, até porque a sua sobrevivência enquanto tal prende-se fundamentalmente com a existência ou não de uma identidade – como temem os negativistas que apregoam a zhuhaificação. Advirto que não pretendo utilizar uma perspectiva académica, não situando por isso este texto no domínio da sociologia, da antropologia ou de qualquer outra ciência dita social ou humana. Para isso, precisaria de outros dados, de outro espaço, francamente de uma investigação que não se baseasse unicamente na observação quotidiana do que me rodeia – como aqui acontece, mas também no rigor dos números, em citações elefantinas e nas evidências das estatísticas. E contudo… Identidade. Questão chave para Macau na medida em que estamos num espaço cercado, espécie de ilha cujos habitantes terão razões histórico-culturais para assumir uma identidade diversa do que os rodeia, dispositivo produtor de sentidos únicos e entrançados genealógicos. Questão uma e outra vez sublimada talvez exactamente por mexer em terrenos nem sempre pacíficos, admissíveis, raras vezes salubres. Repare-se que Macau é designado em mapas franceses e outros como a presque-île, o que não deixa de ser curioso. Identidade. O tema recalcado, cujo debate foi sempre atirado para essas calendas que, admitamos, a acontecerem é só porque estamos na China onde o tempo tem uma dimensão mais que bíblica. E é pena. Limito-me, portanto, a constatar empiricamente uma mudança que considero interesante.
Passo a descrever o contexto. Quando aqui cheguei, no princípio dos anos 90, toda a pessoa de etnia chinesa nascida em Macau, quando interrogada sobre a sua origem, respondia ser “Tchong-ko ian” (uma pessoa da China). Quanto aos macaenses, chamavam-se “Tou-seng” (filhos da terra), entre outros nomes, de uso interno, que especificavam o grau rácico ou social. Já os portugueses da República, vulgo reinóis, eram conhecidos em cantonense por epítetos de vários géneros, que por pudor me escuso reproduzir. Certo é que a palavra Macau não aparecia, na língua chinesa (Ou Mun), para formar uma palavra que designasse as gentes de Macau. Ou seja, pessoas de Macau, claramente “Ou Mun ian”, não existiam. Desde logo considerei este dado algo de muito singular e até parte da estranha identidade deste espaço. Então a larga maioria dos habitantes de uma cidade, de um quase Estado, não se reconhecem enquanto tal? Não se designam a si próprias enquanto tal? Que razões profundas criam uma situação dete tipo? Trata-se de um fenómeno efémero, passageiro, ou algo de verdadeiramente enraizado na matriz cultural desta gente? Invoquei as migrações recentes, mas isso não me satisfazia porque chineses que estavam em Macau há várias gerações tinham o “Tchong-ko ian” na ponta da língua. Nunca consegui responder de forma organizada a este tipo de perguntas. Por outro lado, a diferença em relação a Hong Kong se não era abissal rondava o profundo. Claro que, na minha opinião, a situação não era favorável à manutenção futura da memória
da cidade e um dos trabalhos a fazer seria precisamente estudar o assunto e mesmo intervir no sentido de fortalecer uma identidade que parecia extremamente pulverizada e repartida. Lembro-me de, por exercício lúdico, tentar encontrar um evento histórico que conseguisse unir todas as comunidades de Macau e não ter conseguido. O governo de então nunca se preocupou com o tema. Estava estabelecido, numa espécie de consenso silencioso, que uma das partes mais consistentes da identidade de Macau era não se interrogar sobre si própria. Como se, como pinta Goya, a razão engendrasse monstros. Ou talvez o verdadeiro receio fosse que eles saíssem debaixo do tapete. A vida continuou. A RAEM surgiu. Macau passou a ser governado pelas suas gentes. O jogo foi liberalizado e nunca mais pararam de aumentar os seus lucros. A China tornou-se na maior fonte de turistas, sobretudo depois do aparecimento dos vistos individuais. A cidade, o quotidiano, as relações, mudaram. E as pessoas? E o seu interior? A visão que têm de si mesmas? Será que mudaram também? É verdade. Tenho de confessar a minha inicial surpresa quando comecei cada vez mais a ouvir chineses de Macau a definirem-se como “Ou Mun ian”. E o mesmo se passa com jovens macaenses, cuja tendência parece ser abandonarem o “Tou seng”. Ou seja, a usarem a cidade de Macau, a RAEM, como referência identitária. Agora já não dizem com a mesma inevitável regularidade que são “Tchong-Ko ian”, mas sim pessoas de Macau. Que razões estarão por detrás desta mudança, que
A RAEM surgiu. Macau passou a ser governado pelas suas gentes. O jogo foi liberalizado e nunca mais pararam de aumentar os seus lucros. A China tornou-se na maior fonte de turistas, sobretudo depois do aparecimento dos vistos individuais. A cidade, o quotidiano, as relações, mudaram. E as pessoas? E o seu interior? A visão que têm de si mesmas? Será que mudaram também?
tem sido gradual embora inesperadamente acelerada? O que estará a levar as gentes de Macau a reconhecerem-se enquanto tal, quando dantes remetiam a sua identidade para a Grande China? As respostas não podem ser simples. Deixo apenas algumas pistas. Em primeiro lugar, poderemos considerar a influência da propaganda governamental, assente no princípio “um país, dois sistemas” e no seu derivado “Macau governado pelas suas gentes”. Ora a verdade é que, sobretudo o segundo slogan, pode ter tido algum efeito, na medida em que atribui às pessoas de Macau um papel na condução da suas vidas, permitindo portanto uma identificação entre ser de Macau e específicos direitos sobre a sua própria existência. Não é realmente importante que as pessoas de Macau efectivamente tenham uma participação cívica mas a existência dessa possibilidade, que dantes não era sentida pela esmagadora maioria das pessoas de etnia chinesa, pode causar efeitos identitários. O aumento da consciência cívica que o advento da transferência de soberania inevitavelmente trouxe a grande parte da população poderá desempenhar um papel (reconheço que menor) na mudança do dispositivo identitário. Em segundo lugar, poderemos considerar o aumento exponencial de turistas do continente chinês e a constatação prática das, por vezes gigantescas, diferenças culturais que os separam da gente local, apesar de pertencerem ao mesmo país. Perante a quase imposição dos valores pan-chineses em Macau, do reforço paternalista e desnecessário do patriotismo e a própria invasão de sucessivas moles humanas, com quem os locais não se identificam nem tomam como modelo, é natural que se dê uma reacção local de reforço identitário. De notar que as diferenças entre os chineses que nos visitam e os chineses de Macau são realmente profundas, nomeadamente ao nível dos hábitos alimentares, da língua, da religião, do modo de relacionamento em grupo, da maneira como entendem o mundo. É certo também que existe muito em comum. Nalguns casos, tanto como entre um português e um húngaro ou um esloveno, o que não é pouco. Tal facto só advoga a favor da diversidade natural de um país da dimensão da China, não deixando contudo de se manifestar no aparecimento de identidades locais e regionais, factores de enriquecimento cultural e de grande potencialidade futura. Em terceiro lugar, teremos de contar com o factor geracional. Ou seja, não importa tanto estarmos agora perante uma terceira geração de pessoas já nascidas e criadas em Macau, mas sim o facto da RAEM enfrentar o mundo global e não ser já uma sociedade indefinida como a que existia no pré-handover. Pessoas cuja ligação ao continente chinês é valorizada e desvalorizada consoante o contexto. Pessoas que, independentemente do grau de educação, cresceram num espaço em plena mutação e indubitavelmente excitante, pleno de horizontes promissores, cada vez com mais nome internacional. Nasceu, portanto, o Ou Mun ian. Bem vindo seja. Nas suas costas reside não apenas uma cidade, mas toda a História, toda a Cultura, todo o relato de um encontro que, também ele, não cessa de se desfazer e de se refazer, marcando o novo ritmo das múltiplas identidades que, num determinado espaço e momento, constituem a identidade de Macau.
18 (F)UTILIDADES TEMPO
hoje macau quarta-feira 8.2.2017
C H U VA
?
FRACA
O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje
LANÇAMENTO DO LIVRO “MACAU AS ÚLTIMAS MEMÓRIAS DE PORTUGAL”, DE MÁRIO MESQUITA BORGES E DEBATE Auditório do consulado-geral | 8/2
MIN
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8.52
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Diariamente
EXPOSIÇÃO “VELEJAR NO SONHO” DE KWOK WOON Oficinas Navais N.º1 EXPOSIÇÃO “CHANGE OF TIMES” DE ERIC FOK Galeria do IFT
O CARTOON STEPH
EXPOSIÇÃO “AD LIB” DE KONSTANTIN BESSMERTNY Museu de Arte de Macau (Até 05/2017) EXPOSIÇÃO “I’M TOO SAD TO TELL YOU”, DE JOSÉ DRUMMOND Casa Garden, (Até 24/02) EXPOSIÇÃO “ENTER PLEASE”, DE CATHLEEN LAU Armazém do Boi | Até 26/02
C I N E M A
THE LEGO®BATMAN MOVIE SALA 1
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 14.30, 16.30, 21.30
RESIDENT EVIL: THE FINAL CHAPTER [C][3D] Filme de: Paul W.S. Anderson Com: Milla Jovovich, Ali Larter, Shawn Roberts, Ruby Rose 19.30
POKÉMON THE MOVIE 19: VOLCANION AND THE MECHANICAL MARVEL [A] FALADO EM CANTONÊS COM LEGENDAS EM INGLÊS Filme de: Kunihiko Yuyama 14.15, 17.45
SALA 2
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 15.45
LA LA LAND [B]
PROBLEMA 171
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 170
UM DISCO HOJE
SUDOKU
DE
EXPOSIÇÃO “SOLIDÃO”, FOTOGRAFIA DE HONG VONG HOI Museu de Arte de Macau
Cineteatro
1.16
ARAUTOS DA MORALIDADE
CONFERÊNCIA “NO INÍCIO ERA A PALAVRA: AS LINGUAGENS QUE DEUS FALA”, COM ROBERTO CEOLIN Universidade de São José 9/02 18h30 às 20h30
EXPOSIÇÃO “WHAT HAPPENED LAST NIGHT?’’ DE TIFFANY TANG Armazém do Boi | Até 26/2
YUAN
AQUI HÁ GATO
Amanhã
EXPOSIÇÃO “52ª EXPOSIÇÃO DO FOTÓGRAFO DA VIDA SELVAGEM DO ANO” Centro de Ciência (Até 21/02)
0.22
Uniformes anunciam quase sempre perversidade. Nunca confiar no conformismo de vestimenta, principalmente se for uma batina, ou outra qualquer farda que apregoe moralidade de um púlpito. Nunca confiar em homens de robe! Padres são os piores, e todos os que se arroguem de falar com o divino, principalmente se tiverem feito o doentio voto de castidade. O sexo é natural, puro, uma conexão cósmica de amor e intimidade, uma dádiva dos sentidos, uma bênção. Algo que deve ser celebrado, não objecto de vergonha e remetido para obscuridade onde a perfídia reina. Esta semana foi revelado que sete por cento dos padres católicos australianos foram acusados de crimes sexuais nos últimos 60 anos. Coisa que se repete pelo mundo inteiro, e isto é agora, não imagino a dimensão da ignomínia há dois séculos, ou dez séculos. Tudo envolto em pseudo-castidade, na diabolização do amor, na visão torpe dos sentidos por pessoas que se mentalizaram que o seu amor é devotado exclusivamente a um homem nu, em agonia, numa cruz. Já Mateus citava Jesus no célebre “deixai vir a mim as crianças...”, palavras tiradas do contexto por uma doutrina que cria maníacos sexuais que mancham pureza com crime. Quase tão bárbaro quanto as violações é o encobrimento destes casos que aconteceram em todos os continentes, desde tempos imemoriais. Só não percebo, no meio de toda esta vilania peçonhenta, porque é que EU É QUE FUI CASTRADO! Pu Yi
MINISTRY – “FILTH PIG”
O sexto disco dos Ministry foi um marco que dividiu os fãs da banda de industrial, entre a aclamação e a rejeição. “Filth Pig” soa tal e qual ao título que tem. É sujo, peçonhento, de má índole, decadente, arrastado. Mas é um grande disco, dos melhores saídos da inspiração de Al Jourgensen. É um álbum conceptual, virulento e arriscado, rompendo com a linha musical de sucesso do antecessor “Psalm 69”. Do disco destacam-se as faixas “Useless”, “Lava” e a versão mais suja que o “Lay Lady Lay” de Bob Dylan alguma vez terá. Um disco que não é para todos mas, para quem gosta, fica no panteão das pérolas sujas do industrial da década de 90. A ouvir com moderação. João Luz
Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.30, 22.00 SALA 3
MOANA [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Ron Clements, John Musker 14.00,16.05, 18.10, 20.15
THE LEGO®BATMAN MOVIE [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Chris Mckay 22.15
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
19 ÓCIOSNEGÓCIOS
hoje macau quarta-feira 8.2.2017
PROJECTO EURASIAN FOOD JOURNEY JOHN ROCHA, AUTOR
Gosta de comer e adora cozinhar. No regresso aos sabores da infância, John Rocha, um euro-asiático de Hong Kong, decidiu que tinha chegado a hora de partilhar as receitas que vai cozinhando com quem as quiser experimentar. Há uma página no Facebook, um blogue e aulas de gastronomia macaense
É
filho de pai português e de mãe chinesa, nado e criado em Hong Kong. “Cresci numa família bilingue e fui influenciado tanto pela cultura ocidental, como pela cultura asiática”, conta John Rocha ao HM. Consultor de gestão de marcas, decidiu investir, há um par de meses, num projecto pessoal ligado à gastronomia macaense. Criou um blogue e uma página no Facebook, meios que servem para partilhar as receitas que vai experimentando. Pelo meio há também pratos portugueses. John Rocha decidiu acabar com a ideia de que as receitas de família apenas a ela pertencem. Explica que tem centenas de pratos para experimentar e dar a conhecer ao mundo. Há um regresso aos sabores da infância, aos tempos em que era miúdo e comia os pratos confeccionados pela avó. “Lembro-me de ser muito pequeno e de a minha família organizar festas – a primeira comunhão, a comunhão solene, baptismos, aniversários e, claro, ceias de Natal. Recordo-me de ver todos aqueles bolos e sobremesas, diferentes dos que eram servidos nas festas dos meus colegas de escola, a maioria deles chineses”, diz. Das memórias da infância fazem também parte as idas semanais ao Club Lusitano, em Central, depois da missa de domingo. “Comia umas tostas de queijo, galinha e o famoso minchi”, elenca. Com a avó era frequentador habitual de uma loja em Kowloon onde a família encomendava bebincas e chilicotes. “Foi assim que descobri a comida macaense. E, claro, a minha avó adorava cozinhar”, explica John Rocha. “Era demasiado novo para perceber de que tipo
de gastronomia se tratava, só mais tarde é que percebi. A cozinha macaense tem muito que ver com a família, cada uma tem a sua versão de minchi.”
PANELAS VIRTUAIS, PANELAS REAIS
O minchi serve de exemplo para o projecto que já está lançado e que quer expandir nos próximos tempos. “Espero que o meu blogue possa ajudar pessoas que têm algo em comum e que sirva como espaço de partilha, com diferentes receitas para o mesmo prato”, diz. “Neste momento, estou a cozinhar com base nas receitas da minha família e também a partir de receitas que fui encontrando. Gosto muito de fazer isto.” Aideia da partilha surgiu da utilização das redes sociais. “Como muitas outras pessoas, usava o Instragram e publicava fotografias das minhas fotos. De repente, no ano passado, percebi que não era isso que me dava mais gozo.” Foi então que decidiu “dizer adeus ao mundo das selfies” e começar a publicar conteúdos que “pudessem ser interessantes e terem algum valor para os outros”. Em Dezembro, criou o blogue sobre a viagem gastronómica euro-asiática que quer dar a conhecer ao mundo. John Rocha tem também algumas preocupações de natureza histórica. “Espero poder ajudar a documentar a gastronomia macaense, que faz parte da história. E, quem sabe, talvez esta iniciativa possa ajudar ao reencontro de amigos que perderam o contacto ou de familiares separados por milhares de quilómetros.” Resumindo, “o Eurasian Food Journey é sobretudo acerca de ligações, pessoas que criam laços através do prazer da cozinha e da partilha.” Além das fotografias e receitas que John Rocha tem vindo a disponibilizar, a iniciativa deste residente de Hong Kong vai ter uma dimensão mais real: aulas de gastronomia macaense. “Não estavam nos meus planos”, salienta, vincando que não faz disto profissão. “Como gosto muito de cozinhar, inscrevi-me num curso de cozinha italiana. Estava a falar com a chef acerca do meu contexto familiar
“O Eurasian Food Journey é sobretudo acerca de ligações, pessoas que criam laços através do prazer da cozinha e da partilha.”
EURASIAN FOOD JOURNEY
Encaixar o desporto na vida
e, um dia, ela convidou-me a fazer alguns pratos macaenses”, explica. A professora de cozinha italiana gostou e convidou-o para dar algumas aulas. “Como não faço isto com fins lucrativos, acordámos que parte daquilo que os alunos pagam vai para instituições de caridade aqui em Hong Kong.” O curso arranca em Março. “As aulas vão ser dadas em cantonês porque espero poder contribuir para que a comunidade local
fique a conhecer a gastronomia portuguesa e macaense.” Na lista de pratos de John Rocha não faltam a bebinca de leite e os chilicotes. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
A EURASIAN FOOD JOURNEY ESTÁ: No Facebook: Eurasian Food Journey No Instagram: @eurasianfoodjourney No Wordpress: eurasianfoodjourney.wordpress.com
A entrada de mais carros em Macau é uma boa fonte de receitas para a polícia Atlântido
quarta-feira 8.2.2017
Versões presidenciais
Trump põe Bataclan entre os atentados mal noticiados pela “imprensa desonesta”
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ÃO 178 os atentados que Donald Trump diz não terem sido noticiados (ou bem noticiados) pela imprensa. A lista foi divulgada esta terça-feira pela Casa Branca, tal como prometido, e inclui os mediáticos ataques de Paris, no Bataclan, em Novembro de 2015, noticia a Renascença. Segundo o “The Guardian”, da lista enviada a vários órgãos de comunicação social fazem ainda parte o atentado em Nice (quando, em Julho de 2016, um camião foi contra uma multidão que comemorava o Dia da Bastilha), o massacre em San Bernardino, na Califórnia (em Dezembro de 2015) e o tiroteio no clube nocturno de Orlando, na Florida (em Junho de 2016). A cronologia dos ataques vai de Setembro de 2014 a Dezembro de 2016 e, apesar de vários terem sido amplamente noticiados, a administração norte-americana argumenta que a maioria não foi adequadamente reportada pelos órgãos de comunicação social. A lista inclui ainda atentados no Afeganistão, na Argélia e na Austrália, mas é omisso quanto ao ataque levado a cabo no ano passado em Israel, por um jovem de 19 anos pertencente ao Hamas, que fez explodir um autocarro, deixando mais de 20 pessoas feridas. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walters, a cronologia mostra que os atentados terroristas estão a perder peso noticioso por causa da frequência com que acontecem. “Se repararem no que aconteceu há uns anos,
qualquer um destes ataques teria sido noticiado em todos os órgãos de comunicação social, mas agora acontecem tantas vezes – a uma taxa de um ou dois por semana, de acordo com a lista – que a comunicação social já não lhes dá a mesma cobertura”, sustenta. “Isto não pode tornar-se o ‘novo normal’ e o Presidente não ficará satisfeito até que o povo americano esteja mais seguro e protegido”, acrescentou.
DOS ESCLARECIMENTOS
Antes deste comunicado – e na sequência das declarações de Donald Trump na Florida, durante a visita a uma base aérea – o secretário para a Comunicação Social, Sean Spicer, elucidou os jornalistas que se encontravam no avião presidencial (o Air Force One): o Presidente acredita que os atentados são mal noticiados e não omitidos pela comunicação social. “Ele sente que a imprensa nem sempre dá a mesma cobertura a esses eventos em comparação com outros”, justificou. As palavras de Donald Trump foram: “O Estado Islâmico está numa campanha de genocídio, cometendo atrocidades em todo o mundo e em muitos casos a imprensa, muito muito desonesta, não os quer divulgar”. Afirmou ainda que os atentados estão a acontecer “um pouco por toda a Europa, mas chegou a um ponto em que nem sequer são noticiados”.
Má sorte ter nascido rohingya ONU questiona investigação birmanesa sobre abusos contra minoria étnica
A
ONU questionou ontem a credibilidade da comissão governamental birmanesa que investigou a violência contra a minoria muçulmana rohingya, após denunciar que as acções das forças de segurança são passíveis de se considerar “limpeza étnica”. Adama Dieng, enviado especial da ONU para a prevenção do genocídio, mostrou-se “chocado e alarmado” com o relatório, divulgado na semana passada, pelo Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, que denuncia uma série de abusos perpetrados desde Outubro, altura em que o exército lançou uma grande ofensiva no estado de Rakhine (oeste) após ataques mortíferos de rebeldes contra postos fronteiriços. Esses abusos incluem execuções sumárias, violações, desaparecimentos forçados, tortura e tratamento desumano ou detenção arbitrária, de acordo com o relatório que indica que centenas de membros da comunidade rohingya terão sido mortos. A campanha militar levou aproximadamente 65.000 pessoas a fugir para o Bangladesh e 22.000 outras a deslocarem-se para o interior da Birmânia, segundo calculou o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. A zona do norte de Rakhine mantém-se fechada ao acesso da ajuda humanitária, da
qual dependem milhares de pessoas, e de observadores e jornalistas independentes. Adama Dieng congratulou-se com o compromisso anunciado pelo governo birmanês de investigar os abusos denunciados no relatório, publicado depois de uma comissão liderada pelo vice-presidente Myint Swe não ter encontrado provas dos referidos abusos por parte das forças de segurança, mas contestou o resultado. “A actual comissão não é uma opção credível para levar a cabo uma nova investigação”, disse Dieng, ao mostrar a sua preocupação relativamente às diferenças entre as conclusões do relatório do grupo governamental e as do organismo das Nações Unidas. “Apelo para que qualquer investigação seja realizada por um grupo realmente independente e imparcial, que inclua observadores internacionais”, afirmou o enviado especial da ONU. Em comunicado, o mesmo responsável insta o governo birmanês a demonstrar a sua sinceridade em resolver o conflito em Rakhine, onde a organização Human Rights Watch (HRW) também denunciou, na segunda-feira, novos casos de violência contra os rohingya.
CASA DOS HORRORES
O grupo de defesa dos direitos humanos com sede em Nova Iorque documentou
violações de mulheres, incluindo meninas de 13 anos, perpetradas por soldados e guardas fronteiriços que insultaram, agrediram e ameaçaram as vítimas por razões étnicas ou religiosas. “Estes horríveis ataques a mulheres e meninas rohingya por parte das forças de segurança acrescentaram um novo e brutal capítulo ao longo e repulsivo historial de violência contra as mulheres por parte do exército birmanês”, disse a investigadora da HRW, Priyanka Motaparthy. A activista culpou ainda o governo birmanês pelo seu fracasso na investigação das violações e de outros crimes contra os rohingya, apelando também à realização de uma investigação internacional e independente. “O governo deveria parar de questionar estas denúncias de violações e em troca oferecer apoio às vítimas e acesso a cuidados médicos”, sustentou Motaparthy. Mais de um milhão de rohingya vive em Rakhine e sofre discriminação na Birmânia, de maioria budista. A maioria não tem cidadania e é considerada como imigrante ilegal do Bangladesh, ainda que alguns vivam no país há várias gerações. Os rohingya são uma minoria muçulmana apátrida considerada uma das mais perseguidas do planeta pelas Nações Unidas.
ANDRÉ VILLAS-BOAS ESTREIA-SE COM VITÓRIA NA LCA
O treinador português André Villas-Boas estreou-se ontem no Shanghai SIPG com uma vitória na terceira eliminatória na Liga dos Campeões asiática de futebol e apurou-se para a fase de grupos da competição. Com os reforços brasileiros Oscar (ex-Chelsea) e Hulk (ex-Zenit) na equipa, a que se juntaram no número de estrangeiros o avançado Elkeson e o médio uzbeque Akhmedov, o Shanghai SIPG venceu em casa os tailandeses do Sukhothai, por 3-0.vAo intervalo, a equipa de Villas-Boas já vencia por 2-0, com golos de Oscar, aos 34 minutos, e Elkeson, aos 39. No segundo tempo, dilatou a vantagem com um autogolo do central Toopkhuntod, aos 58. De fora das opções de André Villas-Boas ficou o central internacional português Ricardo Carvalho, de 38 anos, também um dos reforços da equipa chinesa.