Hoje Macau 8 ABR 2020 # 4503

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˜ DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

MOP$10

QUARTA-FEIRA 8 DE ABRIL DE 2020 • ANO XIX • Nº 4503 SOFIA MARGARIDA MOTA

COVID-19

Os custos do retorno PÁGINA 4

RELIGIÃO

OPINIÃO

A FE` E OS HOMENS

A falta que fazem os preservativos

PÁGINAS 2 E 3

TÂNIA DOS SANTOS

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Conta-me como se foi Nos últimos três anos o Governo gastou cerca de 2.6 mil milhões de patacas com imóveis, fracções habitacionais, armazéns e lugares de estacionamento. Face à crise da covid-19 e ao défice antecipado, deputados pedem maior eficácia na gestão do dinheiro. Até porque muitos dos espaços arrendados estão vazios.

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PÁGINA 7

GIL DE CARVALHO DUARTE DRUMOND BRAGA

SOLIDÃO

NUNO MIGUEL GUEDES

INSIGNIFICÂNCIAS JOÃO PAULO COTRIM

CAIXA COMUM JOSÉ SIMÕES MORAIS


2 coronavírus

8.4.2020 quarta-feira

RELIGIÃO

ENTRE O CEU PREVENÇÃO DA PANDEMIA DIVIDE MODERADOS E FUNDAMENTALISTAS

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Enquanto no Vaticano o Papa Francisco celebra os ritos pascais sozinho, muitos líderes religiosos, das mais diversas crenças, contrariam as medidas que procuram parar a propagação do novo coronavírus. Em Itália, o país com mais vítimas mortais da covid-19, o líder da extrema-direita defendeu a abertura de igrejas para a celebração da Páscoa. Um pouco por todo o mundo, fundamentalistas desafiam autoridades de saúde e cientistas

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S clivagens entre ciência e fé são tão velhas quanto a necessidade de encontrar respostas transcendentais para as dúvidas encontradas no mundo natural, e voltaram a tornar-se evidentes no contexto da pandemia da covid-19.

As autoridades israelitas atribuem a proliferação em larga escala de infecções entre judeus ultra-ortodoxos à densidade populacional, famílias numerosas, desconfiança perante o Estado, à ignorância dos riscos de saúde disseminado por líderes religiosos

No passado domingo, em plena época pascal, o líder do partido de extrema-direita Lega, Matteo Salvini, defendeu a abertura das igrejas para a realização dos ritos de Páscoa. O dirigente do partido que nasceu de uma força política que operava uma milícia responsável por violência contra imigrantes, mostra-se desafiante relativamente às medidas de contenção da pandemia, apesar de a Itália ser o país com mais mortos, pela covid-19. Para travar o novo coronavírus, Matteo Salvini argumentou que “a ciência por si só não chega”, e que é fundamental a contribuição do “bom Deus”. As declarações foram rebatidas pela própria Conferência Episcopal. “O momento é de responsabilidade e vamos ver quem é capaz de demonstrá-lo”, afirmou o cardeal Gualtiero Basetti, presidente da Conferência Episcopal italiana, em entrevista ao Corriere della Sera, em resposta a uma pergunta sobre que opinião tem daqueles que pressionam para que as igrejas voltem a abrir na Páscoa.

As afirmações de Salvini fazem eco da posição dos sectores mais conservadores, que criticaram a suspensão das missas para limitar a propagação do vírus no país. “É a primeira vez que se celebra a semana santa desta maneira, sem o contributo dos fiéis, mas isso não implica renunciar a viver estes dias plenamente”, frisou o cardeal Gualtiero Basetti. “A impossibilidade de assistir às missas da Páscoa este ano é um acto de generosidade. É nosso dever respeitar aqueles

que, numa emergência, estão na linha da frente com grande risco para a sua segurança”, acrescentou. Também o arcebispo de Bolonha (norte), o cardeal Matteo Maria Zuppi, defendeu o encerramento das igrejas durante a pandemia, afirmando, em entrevista ao La Repubblica, que as regras têm de ser cumpridas. “Eu também gostava de poder celebrar a semana santa e a Páscoa com a comunidade. Mas arriscar é perigoso, as regras devem ser respeitadas e a Igreja tem o dever de o fazer”, disse.

A posição de Salvini é replicada um pouco por todo o mundo, inclusive por líderes religiosos de crenças que o político despreza, e volta a trazer para a ordem-do-dia o conflito ideológico entre ciência e aquilo a que os quadrantes mais ortodoxos denominam de liberdade religiosa.

AMÉRICAS EVANGÉLICAS

Em Belém, considerado pelos crentes como o local onde Jesus Cristo nasceu, as portas da Igreja


coronavírus 3

quarta-feira 8.4.2020

E O INFERNO da Natividade estão encerradas. Da mesma forma, a Mesquita de Omar Bem Khatab fechou. Nos Estados Unidos a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, mais conhecida por mórmon, encerrou muitos templos e limitou, ou suspendeu temporariamente, aglomerações de crentes um pouco por todo o mundo. Atitude seguida pela Igreja Presbiteriana, que desaconselhou círculos de oração e assegurou aos crentes que podiam limitar a par-

ticipação em actos religiosos nas igrejas sem medo de julgamento. Porém, fora das religiões com liderança centralizada e no reino das variadíssimas denominações evangélicas independentes, não existem limites. Muitos líderes religiosos ignoram as quarentenas e tornam a desobediência às autoridades numa cruzada pela liberdade religiosa. Landon Spradlin, um pastor evangélico, é o retrato perfeito que ilustra a fragmentação ideológica e a extrema politização da actualidade com um desfecho trágico. Antes de ser contaminado pelo novo coronavírus, Spradlin referiu-se à pandemia, numa publicação de Facebook, como uma histeria vendida pela comunicação social e fez as habituais e perigosas comparações com a gripe. Teorias poucos dias repetidas pelo Presidente Donald Trump. Aliás, o pastor plagiou o magnata e disse que os média trataram muito melhor Obama do que Trump, e que a covid-19 fazia parte de uma conspiração para desacreditar Trump. Sem se preocupar com medidas de contenção, e acreditando no poder da fé no combate ao vírus, Spradlin foi para Nova Orleães em missão para salvar almas do deboche e vício durante o Mardi Gras. Um mês depois, morria infectado pela covid-19, engordando a contabilidade de casos de doentes que testam negativo, mas que estão infectados. O cocktail de fé e conservadorismo político levou ao revigoramento das posições anticientíficas, algo que não é novo, mas que ganha contornos particularmente perigosos hoje em dia. Depois de ser detido por organizar serviços religiosos apesar das restrições impostas pelas autoridades da Florida, um pastor evangélico protestou argumentando ser “vítima da tirania governamental”. O Governador, republicano, Ron DeSantis ouviu a declaração do pastor e voltou atrás, designando os serviços religiosos como “actividades essenciais”. O passo seguinte foi retirar às cidades e condados o direito de banir as actividades religiosas. Na direcção oposta, os líderes da publicação Christianity Today

Matteo Salvini, líder da extrema-direita italiana argumentou que “a ciência por si só não chega”, e que é fundamental a contribuição do “bom Deus”. As declarações foram rebatidas pela própria Conferência Episcopal

e da Associação Nacional Evangélica assinaram uma declaração conjunta a referir que não ir à igreja nesta altura é um “sacrifício de amor”, não é desprezo pela necessidade da oração. “Não vamos transmitir paz através de abraços, mas por telefone. Serão estes meios inferiores? Sim. Serão aceites pelo Senhor? Acreditamos que sim”, refere a declaração, citada pelo The Guardian.

DIABO DO SECULARISMO

Em Israel, apesar das medidas impostas, os judeus ultra-ortodoxos resistem às directrizes do Governo para conter o surto da covid-19, com um efeito devastador no número de infectados. Aliás, o surto está a espalhar-se nas comunidades mais conservadoras entre quatro a oito vezes mais rapidamente do que na sociedade geral. Uma dessas comunidades situa-se em Bnei Brak, nos subúrbios de Telavive, onde 95 por cento dos residentes são ultra-ortodoxos. Apenas naquela localidade, o Governo avançou que quase 40 por cento dos residentes possam estar infectados, num universo de 200 mil pessoas. As autoridades de saúde atribuem a proliferação em larga escala de infecções entre este tipo de comunidades religiosas à densidade populacional, famílias numerosas, um sentimento profundo de desconfiança da autoridade estatal, à ignorância dos riscos de saúde disseminado por líderes religiosos. Além disso, partilham forte

aversão à tecnologia e aos média seculares, algo que acreditam ser exigido pelas leis religiosas. O The Times of Israel avança que quatro residentes de Bnei Brak recorreram ao Supremo Tribunal de Justiça com uma acção que pretende terminar o bloqueio argumentando que a medida viola os seus direitos fundamentais e encoraja a discriminação contra a comunidade ultra-ortodoxa. “Desde o estabelecimento do Estado de Israel, nunca houve uma decisão com um impacto tão grave nos direitos humanos”, escreveram os peticionários. O encerramento de cidades foi coadjuvado pelo músculo das forças policiais israelitas e pela divisão de paraquedistas das Forças de Defesa de Israel, com a construção de checkpoints a limitar o movimento dos residentes para fora das comunidades.

VATICANO VAZIO

“O

drama que estamos a passar obriga-nos a levar a sério o que conta, a não nos perdermos em coisas insignificantes, a redescobrir que a vida não serve, se não serve. Porque a vida é medida a partir do amor. Em casa, nesses dias sagrados, vamos apresentar-nos diante de Jesus crucificado, que é a medida do amor que Deus tem por nós”, disse Francisco durante a homilia de domingo. A missa do Crisma na Quinta-Feira Santa, na qual são abençoados os óleos sagrados que servirão durante todo o ano para distribuir os sacramentos, foi cancelada. Francisco oficiará a missa da Quinta-feira Santa, mas não a tradicional lavagem dos pés que costumava fazer em abrigos de migrantes ou em prisões. Também haverá uma missa na Sexta-feira Santa, como no dia anterior, dentro da Basílica, mas a Via Sacra será comemorada na Praça de São Pedro e não no Coliseu, onde é realizada continuamente desde 1964. Também não haverá fiéis na Vigília da Páscoa, no sábado, nem na Missa da Páscoa, no domingo, após o que Francisco dará a bênção “Urbi et Orbi”.

Com crença no poder da fé contra o vírus, Landon Spradlin, pastor evangélico, foi para Nova Orleães em missão para salvar almas do deboche e vício durante o Mardi Gras. Um mês depois, morria infectado pela covid-19

A estas medidas localizadas juntam-se as ordens de isolamento a nível nacional, que remetem para quarentena em casa todos os israelitas, à excepção das saídas para acorrer a necessidades essenciais.

FÉ EM JULGAMENTO

Na Coreia do Sul, o Governo municipal de Seul pediu ao Ministério Público a acusação de Lee-Man-hee, auto-proclamado messias e fundador da Igreja de Shincheonji, o culto que registou um foco de contaminações. O alegado emissário de Deus vai-se sentar no banco dos réus juntamente com mais 11 arguidos acusados de esconder nomes de membros que sabiam estar infectados das autoridades que tentavam controlar a propagação do surto. Segundo o Governo sul-coreano, os membros da seita cristã infectaram-se uns aos outros em Fevereiro na cidade de Daegu, no sul do país, o epicentro da pandemia na Coreia do Sul, antes de se espalhar. Depois das consequências desastrosas deste caso, no passado domingo, as autoridades municipais de Seul voltaram a recorrer à justiça numa acção contra uma igreja evangélica que violou as ordens emanadas da administração da cidade que proíbe reuniões em massa para prevenir a propagação do novo coronavírus. João Luz (com agências) info@hojemacau.com.mo


4 coronavírus

SOFIA MARGARIDA MOTA

8.4.2020 quarta-feira

Tratamento Medicamento da Hovione precisa ser testado

Segundo um estudo australiano o medicamento Ivermentine, produzido pela Hovione Macau, tem capacidade para inibir o coronavírus. No entanto, os Serviços de Saúde alertam que é cedo para conclusões e que o fármaco tem de ser testado primeiro em humanos. “É um medicamento desparasitante e um estudo diz que tem efeito contra o coronavírus. Mas, sabemos que para se provar esse efeito é necessário seguir vários procedimentos e testar em humanos”, alertou Alvis Lo. “Temos esperança que a informação se confirme, até porque falamos de um medicamento barato, mas precisamos de mais dados e testes em seres humanos”, frisou.

Infectados Médicos acreditam em “altas” esta semana

O

Executivo gastou 20 milhões de patacas com o transporte de regresso dos residentes da RAEM retidos em Wuhan e com a criação do corredor especial entre o aeroporto de Hong Kong e Macau. Os números foram apresentados ontem por Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção da Direcção de Serviços de Turismo (DST). “O avião fretado à Air Macau ficou isento de custos, foi assumido pela empresa como responsabilidade social. No entanto, houve esses custos com o transporte específico para os residentes, porque precisamos de organizar veículos especiais, assim como as inspecções nos postos fronteiriços”, disse Inês Chan. “Houve várias pessoas a regressar a Macau vindas de vários sítios e em altura diferentes, não só turistas, mas também estudantes”, clarificou Inês Chan. “Em Março, muita gente regressou a Macau através de Hong Kong, numa altura em que já havia dificuldades de transporte. Tivemos de contratar mais empresas para nos ajudarem, o que envolve muitos custos”, acrescentou. Apesar do montante apresentado, não foram detalhados os diferentes gastos, informação que ficou prometida para ocasião posterior.

ISENÇÃO DE QUARENTENA

Ontem foi igualmente revelado que “dezenas” de residentes pediram a isenção de quarentena nas deslocações entre Macau e Hong

TRANSPORTES GASTOS 20 MILHÕES COM VEÍCULOS E CORREDOR ESPECIAL

Carros dourados

Apesar de a Air Macau ter cedido um avião gratuitamente, o Governo gastou 20 milhões com outros tipos de transportes devido à covid-19, nomeadamente com o corredor especial entre Hong Kong e Macau Kong, principalmente pessoas com cuidados de saúde. A informação foi revelada por Leong Iek Hou, coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. “São pessoas que estão a ser tratadas em Hong Kong e que precisam de regressar a Macau, por isso pediram isenção da quarentena”, explicou Leong. “Ainda estamos a tratar dos pedidos, o que

“São pessoas que estão a ser tratadas em Hong Kong e que precisam de regressar a Macau, por isso pediram isenção da quarentena.” LEONG IEK HOU

vai ser feito de forma rigorosa porque temos de cumprir o despacho com as medidas de prevenção e controlo da epidemia, que obriga qualquer pessoa vinda de Hong Kong a uma quarentena de 14 dias”, acrescentou. Segundo a explicação, há pedidos de isenção de quarentena quase todos os dias, tanto para pessoas em tratamentos como para familiares.

ALTERNATIVAS DE MEDICAMENTOS

Outro dos assuntos que merece a atenção das autoridades de saúde é o tratamento realizado pelos residentes da RAEM no estrangeiro e Hong Kong, assim como a importação especial de medicamentos. Até ontem não tinha havido pedidos de transporte para Hong Kong por parte de residentes de Macau a precisar de certos cuidados de saúde. Porém, os Serviços de Saúde admitem a

possibilidade de dificuldades para receber certos medicamentos recomendados por médicos fora de Macau. Nesse caso, os pacientes são aconselhados a entrarem em contacto com os Serviços de Saúde para expor as situações. Porém, em situações urgentes Alvis Lo Iek Long, médico-adjunto da direcção do Centro Hospitalar do Conde São Januário, aconselhou a ida às urgências. “Se tiverem dificuldades no acesso a medicamentos podem entrar em contacto connosco. Vamos analisar as situações caso-a-caso para ver se os mesmos fármacos existem em Macau, ou então recomendar semelhantes”, indicou. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo

Os Serviços de Saúde acreditam que entre os 34 infectados com o covid-19 poderá haver altas ao longo desta semana. O cenário foi colocado por Alvis Lo, médico-adjunto da direcção do Hospital Conde São Januário. “Desde que foi registado o 11.º caso passaram mais de três semanas. Achamos que esta semana já pode haver altas hospitalares. Podemos dizer que a recuperação dos nossos pacientes é ideal”, afirmou. Em relação à paciente de 50 anos em estado mais grave, ligada ao ventilador, Alvis Lo indicou que está numa situação estável, e que já não precisa tanto de ventilador para respirar como na fase mais crítica.

Quarentena Hotel Tesouro deixa de receber pessoas para isolamento

O Hotel Tesouro, na Taipa, deixou de receber pessoas para quarentena. O espaço, foi o sexto hotel designado pelo Serviços de Saúde, a 21 de Março, com capacidade superior a 400 quartos. “O Hotel Tesouro está a ser desinfectado e vai deixar de servir para observação médica”, informou Inês Chan, chefe do Departamento de Licenciamento e Inspecção ds Direcção de Serviços de Turismo (DST). Os hotéis Regency Art e Metrópole também já deixaram de ser utilizados para quarentena. Segundo os números apresentados ontem, 1.318 pessoas cumpriam em quarentena nos hotéis designados.

Wuhan Estudante retido regressou de carro

O estudante de Macau em Wuhan que ficou retido e impedido de regressar no voo fretado pelo Governo, por ter uma temperatura superior a 37,3 graus, está na RAEM desde 31 de Março. A informação sobre o rapaz de 16 anos foi apresentada ontem por Leong Iek Hou, que apontou que viajou com familiares de carro. “Ele voltou para Macau a 31 de Março e está em isolamento. A sua situação é estável e o primeiro teste teve resultado negativo”, apontou a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença. O jovem encontra-se actualmente em isolamento no Alto de Coloane.


política 5

quarta-feira 8.4.2020

Os Serviços de Turismo já gastaram mais de 50 milhões com hotéis para observação médica. O dinheiro está a sair do saldo do Fundo de Turismo, para o qual se prevê um reforço de apenas 37 milhões na proposta de lei de alteração ao orçamento de 2020 em discussão na Assembleia Legislativa

A

maioria das despesas do Fundo de Turismo de 2020 vão ser suportadas pelo saldo acumulado nos últimos anos, disse a directora dos Serviços de Turismo (DST). Helena de Senna Fernandes explicou que estão incluídas as despesas com os hotéis designados para observação médica, que ontem já ultrapassavam 50 milhões, e deverão continuar a aumentar. A responsável falou à margem de uma reunião na Assembleia Legislativa sobre a proposta de alteração ao orçamento deste ano, onde explicou o pedido de reforço de 37 milhões

COVID-19 MAIS DE 50 MILHÕES JÁ GASTOS EM HOTÉIS DE OBSERVAÇÃO MÉDICA

A vê-los passar

Para apoiar a recuperação do mercado, há uma verba destinada ao apoio de produtoras de filmagens para anúncios publicitários com o objectivo de atrair visitantes a Macau depois da epidemia passar. “Depois da pandemia, de certeza que o tipo de mensagem que temos de passar vai ser completamente diferente. Não podemos continuar a vender Macau como anteriormente”.

CUSTO DO EMPREENDEDORISMO

Participaram também na reunião representantes do Fundo de Desenvolvimento Industrial e de Comercialização (FDIC). Os deputados queriam perceber as razões que justifiquem os apoios do FDIC para a promoção da expansão de negócios e empreendedorismo juvenil quando o ambiente de ne-

gócios é mau. “O Governo respondeu que este é um apoio destinado aos jovens tendo em conta o futuro desenvolvimento do ambiente de negócios”, disse o presidente da Comissão, Chan Chak Mo. De acordo com o Executivo, 32 milhões de patacas em apoios financeiros ao empreendedorismo juvenil não foram devolvidos. Chank Chak Mo explicou que “houve necessidade de cobrança coerciva dos fundos ou verbas atribuídas em apoio”, nomeadamente por empresas terem ido à falência. Com a alteração agora em cima da mesa, o orçamento do FDIC ascende a 3,6 mil milhões, pelo que o reforço para apoio às PME é de 1,4 mil milhões. A Comissão espera assinar o parecer sobre a proposta de lei amanhã. Caso isso aconteça, o documento pode ser votado em sessão plenária na próxima semana. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

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para o Fundo de Turismo. Esse montante vai contribuir para a despesa com os quartos de hotéis e para um programa de ajuda à recuperação do turismo depois da pandemia. “Mas estes 37 milhões são só uma pequena parte do orçamento total do Fundo

de Turismo. Este ano prevemos que as receitas do Fundo de Turismo sejam muito poucas por causa da isenção do imposto de turismo durante seis meses. Por isso a maioria das nossas despesas vão ser suportadas pelo saldo”, descreveu.

“Este ano prevemos que as receitas do Fundo de Turismo sejam muito poucas por causa da isenção do imposto de turismo durante seis meses. Por isso, a maioria das nossas despesas vão ser suportadas pelo saldo.” HELENA DE SENNA FERNANDES DIRECTORA DOS SERVIÇOS DE TURISMO

Função Pública Leong Sun Iok exige recrutamento mais rápido O deputado Leong Sun Iok, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau, interpelou o Governo sobre a necessidade de acelerar o processo de recrutamento de funcionários públicos. “Este Verão, muitos recém-licenciados vão procurar de emprego, e penso que este ano [a procura] será mais difícil”, frisou. Neste sentido, o deputado considera que o Governo poderia avaliar quais os departamentos públicos com dificuldades no recrutamento, a fim de aumentar o número de vagas disponíveis.

Cartões de consumo Quase 647 mil residentes inscreveram-se

Os transportes entre Hong Kong e Macau, ou os diferentes postos fronteiriços e os locais para exames médicos foram outra das despesas mencionadas pela directora dos Serviços de Turismo, que se mostrou confiante na capacidade de o saldo do fundo suportar todos esses gastos. O presidente da 2ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa revelou que os deputados questionaram a razão para qual é o Fundo de Turismo a pagar pelos hotéis. Os representantes do Governo indicaram que isso é feito em colaboração com outras entidades.

Termina hoje o prazo de inscrição para os cartões de consumo electrónico, a medida implementada pelo Governo no âmbito da pandemia da covid-19. De acordo com o Autoridade Monetária de Macau (AMCM) e a Direcção dos Serviços de Economia (DSE) inscreveram-se, até às 17h de ontem, 646.217 residentes. A atribuição de cartão de consumo electrónico será feita entre os dias 14 e 30 de Abril. Ontem a DSE e a AMCM reuniram com representantes dos 15 serviços públicos e dos 12 bancos que ajudam na distribuição de cartão de consumo electrónico. O encontro teve como objectivos a avaliação da "situação dos trabalhos preparatórios para a distribuição de cartão nos todos os postos de serviço, tomar medidas em conjunto para assegurar ordem nas filas de espera para o levantamento de cartão, além de promover uma preparação para os trabalhos de atribuição do cartão de consumo”.

HM • 1ª VEZ • 8-4-20

ANÚNCIO Inventário Facultativo n.º

CV2-16-0063-CIV

2º Juízo Cível

Requerente: LAM MONG (林夢), solteira, maior, residente na Austrália, Unit 2008/9 Railway Street, Chastwood NSW 2067. Cabeça-de-Casal: HONG NENG IENG aliás KANG NING YING (康寧英), viúva, residente em Macau, Taipa, Rua do Jardim, nº 182, Jardins do Oceano (Violet Court), 6º andar AB. Inventariado: LAM CHONG WAI ou LIN CANG WEI (林滄偉), masculino. Nos autos supra identificados, foi designado o dia 05 de Maio de 2020, pelas 11:15 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, os bens abaixos identificados. Imóveis a partilhar (1) Denominação da fracção autónoma: “E1”, do 1º andar “E”. Situação: Em Macau, na Rua de Fernão Mendes Pinto, nºs 30 a 30-A e na Rua de Manuel de Arriaga, nºs 3 a 3-A. Fim: Para habitação. Número de matriz: 071715. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 19584, a fls.48v do Livro B41. Valor a anunciar para a venda: MOP$4.658.000,00 (Quatro Milhões, Seiscentas e Cinquenta e Oito Mil Patacas). Os preços das propostas devem ser superior aos valores a anunciar acima indicados. (2) Denominação da fracção autónoma: “C5”, do 5º andar “C”. Situação: Em Macau, na Rua de Fernão Mendes Pinto, nºs 30 a 30-A e na Rua de Manuel de Arriaga, nºs 3 a 3-A. Fim: Para habitação. Número de matriz: 071715. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 19584, a fls. 48v do Livro B41. Valor a anunciar para a venda: MOP$5.155.000,00 (Cinco Milhões, Cento e Cinquenta e Cinco Mil Patacas). Os preços das propotas devem ser superior aos valores a anunciar acima indicados. Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-16-0063-CIV”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 04 de Maio de 2020, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação dos imóveis supra referidos, podem, querendo, exercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787º do C.P.C.M. Macau, aos 12 de Março de 2020.


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Edital n.º Processo n.º Assunto Local

8.4.2020 quarta-feira

EDITAL

: 20/E-BC/2020 : 465/BC/2019/F : Demolição de obra não autorizada pela infracção às disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) : Travessa do Cais n.º 22, EDF. Kuan Ieng, parte do terraço sobrejacente à fracção 5.º andar I, Macau.

Lai Weng Leong, Subdirector da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes, no uso das competências delegadas pelo Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 11, II série, de 11 de Março de 2020, faz saber que ficam notificados o dono da obra ou seu mandatário, bem como os utentes do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, do seguinte: 1. Na sequência da fiscalização realizada pela DSSOPT, apurou-se que no local acima indicado realizou-se a seguinte obra não autorizada: Obra Construção de um compartimento com paredes em 1.1 alvenaria de tijolo, chapas metálicas e cobertura metálica.

Infracção ao RSCI e motivo da demolição Infracção ao n.º 4 do artigo 10.º, obstrução do caminho de evacuação.

2.

De acordo com o n.º 1 do artigo 95.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M de 9 de Junho, foi realizada, no seguimento de notificação por edital publicado nos jornais em língua chinesa e em língua portuguesa de 22 de Janeiro de 2020, a audiência escrita dos interessados, mas estes não apresentaram qualquer resposta no prazo indicado e não foram carreados para o procedimento elementos ou argumentos de facto e de direito que pudessem conduzir à alteração do sentido da decisão de ordenar a demolição da obra não autorizada acima indicada. 3. Sendo as escadas, corredores comuns e terraço do edifício considerados caminhos de evacuação, devem os mesmos conservar-se permanentemente desobstruídos e desimpedidos, de acordo com o disposto no n.º 4 do artigo 10.º do RSCI. Assim, nos termos do n.º 1 do artigo 88.º do RSCI e no uso das competências delegadas pela alínea 6) do n.º 1 do Despacho n.º 06/SOTDIR/2020, publicado no Boletim Oficial da RAEM n.º 11, II série, de 11 de Março de 2020, e por despacho de 30 de Março de 2020 exarado sobre a informação n.º 01572/ DURDEP/2020, ordena aos interessados que procedam, por sua iniciativa, no prazo de 8 dias contados a partir da data da publicação do presente edital, à respectiva demolição e à reposição do local afectado, bem como à remoção de todos os materiais e equipamentos nele existentes e à sua desocupação, devendo, para o efeito e com antecedência, apresentar nesta DSSOPT o pedido de demolição da obra ilegal, cujos trabalhos só podem ser realizados depois da sua aprovação. A conclusão dos referidos trabalhos deverá ser comunicada à DSSOPT para efeitos de vistoria. 4. Findo o prazo da demolição e da desocupação, não será aceite qualquer pedido de demolição da obra acima mencionada. De acordo com o n.º 2 do artigo 139.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M de 11 de Outubro, notifica ainda que nos termos dos n.os 1 e 2 do artigo 89.º do RSCI, findo o prazo referido, a DSSOPT, em conjunto com outros serviços públicos e com a colaboração do Corpo de Polícia de Segurança Pública, procederá à execução dos trabalhos acima referidos, sendo as despesas suportadas pelos infractores. Além disso, findo o prazo da demolição e da desocupação voluntárias, a DSSOPT dará início aos respectivos trabalhos, os quais, uma vez iniciados, não podem ser cancelados. Os materiais e equipamentos deixados no local acima indicado ficam aí depositados à guarda de um depositário a nomear pela Administração. Findo o prazo de 15 (quinze) dias a contar da data do depósito e caso os bens não tenham sido levantados, consideram-se os mesmos abandonados e perdidos a favor do governo da RAEM, por força da aplicação do artigo 30.º do Decreto-Lei n.º 6/93/M de 15 de Fevereiro. 5. Nos termos do n.º 3 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 4 do artigo 10.º é sancionável com multa de $4 000,00 a $40 000,00 patacas. Além disso, de acordo com o n.º 4 do mesmo artigo, em caso de pejamento dos caminhos de evacuação, será solidariamente responsável a entidade que presta os serviços de administração e/ou de segurança do edifício. 6. Nos termos do n.º 1 do artigo 97.º do RSCI, da decisão referida no ponto 3 do presente edital cabe recurso hierárquico necessário para o Secretário para os Transportes e Obras Públicas, a interpor no prazo de 8 (oito) dias contados a partir da data da publicação do presente edital. RAEM, 30 de Março de 2020 Pela Directora dos Serviços O Subdirector Lai Weng Leong

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Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu) Anúncio de Reclamação dos Veículos Removidos Tendo os veículos abaixo referidos violado o Artigo 36º “Estacionamento abusivo nos autossilos” do <<Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento>> e tendo sido removidos pela nossa empresa para o Depósito dos Veículos Estacionados Abusivamente do Cotai, os seus proprietários devem deslocar-se ao Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu), para pagar as taxas e realizar as formalidades para a reclamação dos respectivos veículos. Se o veículo não foi reclamado dentro do prazo de 90 dias, é considerado abandonado. Favor notar que caso o proprietário não reclame o seu veículo, a nossa empresa cobrará as respectivas taxas por via judicial nos termos do Artigo 48º “Constituição do Débito relativo à taxa do <<Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento>>. Caso tenha pagado as taxas e realizado as formalidades de reclamação do seu veículo, deverá ignorar o presente anúncio. Nº de Matrícula (Automóvel ligeiro): Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu): ML7537 Nº de Matrícula (Motociclo): Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu): CM82271 Para mais informações, ligue 28430036 / 63222682 COMPANHIA DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES SAN WAI SON LIMITADA

Notificação edital (5/FGCL/2020) Nos dos pedidos: 5/2020, 10/2020

Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos pedidos acima referidos, “VERTU MACAU SOCIEDADE UNIPESSOLA LIMITADA”, com sede na Avenida da Amizade, nº 555, Orient Landmark HoteL, 23 andar 2301-2302, Macau, o seguinte: Relativamente às 2 ex-trabalhadoras (Hoi Sin Leng e Do Rego Wong Vitória Maria), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 1 de Abril de 2020, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa às ex-trabalhadoras acima referidas, no valor total de $159 688,20 (Cento e ciquenta e nove mil e seiscentas e oitenta e oito patacas e vinte avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos àquelas ex-trabalhadoras, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 3 de Abril de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong

Notificação edital (6/FGCL/2020) Nº de pedido: 6/2020, 8/2020, 7/2020, 9/2020

Nos termos da alínea 1) do n.º 1 do artigo 9.º da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), conjugado com o n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, vem o Conselho Administrativo deste Fundo notificar o devedor dos pedidos acima referidos, “KUOK KA FONG - TITULAR DE 力峰電子工程”, com sede no Pátio de Além-Bosque nº 18, R/C, Macau, o seguinte: Relativamente aos 4 ex-trabalhadores (Chan Soi Meng, Kuan Ieng Kuai, Ho Wa Hei e Chan Ian Weng), no que diz respeito ao requerimento junto deste Fundo para pagamento dos créditos emergentes das relações de trabalho, o Conselho Administrativo deste Fundo, em 1 de Abril de 2020, deliberou, nos termos do artigo 6.o da Lei n.º 10/2015 (Regime de garantia de créditos laborais), efectuar o pagamento dos créditos e dos juros de mora em causa aos ex-trabalhadores acima referidos, no valor total de $182 617,90 (Cento e oitenta e duas mil e seiscentas e dezasete patacas e noventa avos). Mais se informa o devedor que este Fundo irá efectuar o pagamento dos créditos àqueles ex-trabalhadores, oito dias após a data da publicação da presente notificação. De acordo com o artigo 8.o da referida Lei, após efectuado o pagamento dos créditos, este Fundo fica sub-rogado naqueles créditos. O devedor pode, durante as horas de expediente, deslocar-se à sede da DSAL, sita na Avenida do Dr. Francisco Vieira Machado nos 221 a 279, Edifício Advance Plaza, Macau, para consultar o referido processo. 3 de Abril de 2020 O Presidente do Conselho Administrativo do Fundo de Garantia de Créditos Laborais, Wong Chi Hong


política 7

quarta-feira 8.4.2020

Opções limitadas

Executivo rejeita lançar instrumento de gestão de pensões

O DESPESAS GASTOS COM RENDAS DE IMÓVEIS DO GOVERNO PREOCUPAM DEPUTADOS

Em nome da poupança

Só no ano passado, o Governo gastou 850 milhões de patacas em rendas com imóveis, fracções habitacionais, armazéns e lugares de estacionamento. Tendo em conta o défice orçamental antecipado para este ano, os deputados pedem que os recursos do Governo sejam utilizados de forma eficiente, até porque existem mais de 100 locais desocupados

N

O S últimos três anos o Governo gastou 2.6 mil milhões de patacas em rendas relativas a imóveis, fracções habitacionais e lugares de estacionamento. Foi este o valor revelado ontem à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Finanças Públicas. Perante o cenário, a comissão diz ser necessária uma aposta maior na poupança de recursos. Sobretudo depois de já ter sido antecipado um défice orçamental de 40 mil milhões de patacas nas contas públicas deste ano. Em causa, explicou o presidente da comissão que está a acompanhar a situação dos imóveis arrendados e detidos pelo Governo, Mak Soi Kun, está o elevado número de fracções habitacionais e parques de estacionamento que se encontram desocupados e o valor da renda alocada a determinados serviços cujo

pagamento é justificado pela “conveniência” do local. Ainda assim, a comissão propõe que o Governo invista na aquisição ou construção de locais próprios. “Este ano vamos ter um orçamento deficitário e tendo em conta o total de despesas com as rendas, ou seja, 880 milhões em 2017, 870 milhões em 2018 e 850 milhões em 2019 temos de estar atentos a essa situação. Por isso perguntámos se o Governo vai considerar a hipótese de construir um armazém para utilização da Administração Pública. Isto porque se o Governo construir ou adquirir uma propriedade própria

poderá reduzir custos“, explicou Mak Soi Kun. Em termos de área de armazém, o Governo revelou que o Instituto Cultural (IC) é o departamento que dispõe de uma área maior (15.215 metros quadrados), sendo responsável também pelo gasto mensal de 1,5 milhões de patacas. Seguem-se os Serviços de Saúde, com gastos mensais de 840 mil patacas e os Serviços de apoio ao Governo, com gastos de 630 mil patacas mensais. No total, por mês, as despesas foram de 6,39 milhões de patacas neste ponto. Já quanto aos serviços onde mais se gastou ao

“Este ano vamos ter um orçamento deficitário e tendo em conta o total de despesas com as rendas, ou seja, 880 milhões em 2017, 870 milhões em 2018 e 850 milhões em 2019 temos de estar atentos a essa situação.” MAK SOI KUN DEPUTADO

nível do arrendamento de espaço de escritório, o Governo revelou que a Direcção dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP) é responsável pelo gasto mensal de 4,95 milhões de patacas, seguindo-se a Direcção dos Serviços de Assuntos de Justiça (DSAJ), com gastos mensais de 2,43 milhões de patacas e, por fim, os Serviços de Saúde (SS), com gastos de 3,74 milhões de patacas. Em termos totais, em 2019, o gasto mensal neste âmbito foi de 62,86 milhões de patacas. Quanto à possibilidade de as rendas virem a ser renegociadas, Mak Soi Kun lembrou que “há contratos entre particulares e Governo que têm de ser respeitados” e que existem valores justificados com “a conveniência do local para servir a população”.

LUGARES HÁ MUITOS

Sobre despesas com o arrendamento de lugares de estacionamento, o Gover-

no revelou à comissão que são gastos, mensalmente, 1,61 milhões de patacas, destacando a Polícia Judiciária (PJ) e os CTT como os serviços com mais lugares atribuídos. No entanto, existem mais de 100 lugares desocupados cuja gestão levantou dúvidas aos deputados. “Perguntámos há quanto tempo os lugares de estacionamento estão desocupados. Se for há mais de um ano, isso quer dizer que há problemas de gestão por parte do Governo. Do ponto de vista dos gastos não há justificação para o abandono desses lugares”, partilhou Mak Soi Kun Sobre a existência de fracções autónomas não aproveitadas, o Governo revelou existirem 1.027 metros quadrados nessa situação, relativos aos Serviços de Finanças e aos CTT. Pedro Arede

info@hojemacau.com.mo

presidente do Conselho de Administração do Fundo de Segurança Social afastou a possibilidade de o Governo lançar um instrumento de gestão que possa ser escolhido como alternativa às entidades gestoras dos fundos de pensões. A posição foi defendida em resposta a uma interpelação escrita da deputada Ella Lei, que considerou que “encarregar o Governo da gestão” deve ser uma das opções, de forma a permitir que os contribuintes escolham e se possa “equilibrar o nível das taxas de gestão”. “Quanto à questão da delegação de gestão ao Governo da RAEM para servir como um dos instrumentos de aplicação (...) nesta fase não há condições para o seu lançamento”, respondeu Iong Kong Io, argumentando que isso envolve “factores complexos” como a economia de mercado, bem como a dificuldade em garantir que se atinja o efeito do retorno de investimento esperado e a redução do nível das taxas associadas aos fundos. A deputada entende ainda que o Governo deve incentivar as entidades gestoras a oferecerem mais produtos de rendimento garantido. Nesse ponto, Iong Kong Io frisou que tanto os fundos garantidos, conservadores do mercado monetário e activos mistos são aprovados pela Autoridade Monetária de Macau. E defendeu que devem ser os residentes a “ponderar a sua própria tolerância a riscos” para investimentos, comentando que os fundos de pensões também não são totalmente seguros.

RETORNO POSITIVO

De acordo com o representante, o investimento de fundos de pensões começou a recuperar no ano passado. “Após a dedução de todas as despesas, até ao mês de Setembro o retorno líquido de mais de 90% dos fundos de pensões registou um número positivo”, escreveu. Para além disso, observou que o regime de previdência central não obrigatório é um investimento de longo prazo, que para os resultados se tornarem visíveis precisa entre 10 a 20 anos. Mas defende que “está definitivamente a produzir o efeito de crescimento de riqueza”. Por outro lado, Ella Lei lamentou que o regime de previdência central não obrigatório não abranja normas sobre o trabalho de curta duração, pelo que os trabalhadores “só têm direito às contribuições dos empregadores ao fim de três anos de trabalho, o que não os favorece”. E questionou se isto vai ser reavaliado. Iong Kong Io não acrescentou dados novos. Respondeu apenas que o regime vai ser avaliado até 30 de Junho do próximo ano, à luz do que a lei requer. Nessa altura deve incluir a elaboração de uma proposta viável o regime transitar para obrigatório, bem como planos de contribuição e taxas de reversão de direitos “mais adequados para trabalhadores a curto prazo”. S.F.


8 sociedade

SCMP

TERRENOS REJEITADOS RECURSOS DE EMPRESAS CONCESSIONÁRIAS

8.4.2020 quarta-feira

O

Tribunal de Segunda Instância (TSI) rejeitou os recursos apresentados por seis concessionárias no âmbito da aplicação da Lei de Terras. As decisões foram proferidas entre os dias 5 e 12 de Março, sendo que um dos casos está relacionado com a declaração de caducidade de um terreno, enquanto que os restantes cinco recursos dizem respeito ao despejo dos terrenos. No caso da declaração de caducidade de concessão, ainda assinada pelo ex-Chefe do Executivo Chui Sai On, diz respeito a um terreno situado na Avenida de Kwong Tung, na Baixa da Taipa, concessionado à “Companhia de Investimento Predial Hoi Sun, Limitada”. O prazo de concessão terminou a 16 de Junho de 2003. Quanto aos terrenos que o Governo entende que devem ser alvo de acções de despejo, estão situados na zona do “Fecho da Baía da Praia Grande”, na península de Macau. Estes foram concessionados à Sociedade de Investimento Imobiliário Hio Keng Van, S.A., Sociedade de Investimento Imobiliário Cheng Keng Van, S.A., Sociedade de Investimento Imobiliário Chui Keng Van, S.A., Sociedade de Investimento Imobiliário Pun Keng Van, S.A. e à Sociedade de Investimento Imobiliário Fong Keng Van, S.A.. As concessões foram declaradas nulas a 3 de Maio de 2018, tendo o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, determinado o seu despejo a 13 de Julho do mesmo ano. A.S.S.

Máscaras Nova suspeita de burla

A Polícia Judiciária (PJ) recebeu mais um caso de burla associado a máscaras, noticiou a rádio chinesa da TDM. De acordo com a PJ, um homem de negócios com cerca de 30 anos comprou em Fevereiro 15 mil máscaras para adultos por 46 mil dólares de Hong Kong através de uma plataforma online, mas nunca as chegou a receber. Ao chegar a Hong Kong, o homem suspeitou que podia ter sido enganado e pediu apoio à polícia no sábado. As autoridades indicaram que entre 18 de Fevereiro e 4 de Abril a PJ recebeu 51 casos de burla de máscaras, envolvendo 69 vítimas, na sua maioria residentes de Macau.

O advogado considera que a identidade de TNR oferece uma ‘vantagem’ aos não residentes, facilitando que cometam crimes

TNR DEFENDIDO CANCELAMENTO DE VISTO A QUEM ESTÁ SOB SUSPEIÇÃO

Culpados de serem suspeitos

Antes mesmo de serem declarados culpados, o advogado Mak Heng Ip defende que os trabalhadores não residentes suspeitos de terem cometidos crimes devem poder ter o seu visto de trabalho revogado. Já uma representante do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central, defendeu que o Governo deve reduzir a pressão económica sobre os TNR e conhecer melhor as condições de emprego destes trabalhadores

O

princípio da presunção de inocência consta da Lei Básica da RAEM. No entanto, o advogado Mak Heng Ip defende que as autoridades devem poder suspender ou revogar a autorização de permanência dos trabalhadores não residentes (TNR) que sejam suspeitos de

ter praticado crimes com uma moldura penal de pena superior a três anos. Citado pelo Ou Mun, refere que estas pessoas devem ser privadas da qualificação de TNR, e proibidos de “trabalhar em Macau algum tempo para aumentar a dissuasão”. As declarações surgem após dar o exemplo de que as medidas

adoptadas por Macau e Guangdong para se defenderem contra o coronavírus – como as restrições fronteiriças – levou vários TNR a ficar em comunidades diferentes em Macau, registando-se um aumento na tendência de crimes como violação, rapto e roubo, apelando a atenção. “Na prática, se existirem fortes indícios de não-residentes terem

praticado quaisquer crimes em Macau, a autoridade de segurança exerce geralmente a expulsão, medida administrativa para os proibirem de entrar no território durante alguns anos”, indicou o advogado, como noticia o Ou Mun. Mas Mak Heng Ip acrescentou que no caso de criminosos com identidade de trabalhador não residente, “a suspeição de prática de crime não causa a revogação directa da autorização de permanência”. Nesse sentido, o advogado considera que a identidade de TNR oferece uma “vantagem” aos não residentes, facilitando que cometam crimes. Algo que associa também a não ser necessário certificado de registo criminal para a aprovação de permanência destes trabalhadores.

VIAS DIFERENTES

Apesar de identificar problemas semelhantes, a coordenadora-adjunta do Conselho Consultivo de Serviços Comunitários da Zona Central sugeriu uma via diferente para a prevenção da criminalidade. De acordo com o Ou Mun, Cheong Sok Leng mostrou-se preocupada com o facto de muitos trabalhadores não residentes terem perdido a sua fonte de receitas devido à suspensão ou fecho de empresas, havendo quem incorra em actividades criminais. “Por causa da restrição das medidas de entrada e saída, muitos TNR só podem passear entre as comunidades, isto não só causa problemas sociais e sanitários, mas também providencia focos de criminalidade”, disse Cheong Sok Leng. Apelando ao Governo para fortalecer o patrulhamento na comunidade e a aplicação da lei, a coordenadora-adjunta sugeriu que o Governo conheça melhor as condições de emprego dos TNR, dando mais atenção aos registos de pedidos de emprego e serviços de referência. No entender de Cheong Sok Leng, deve ser dado apoio aos TNR afectados pelo contexto da pandemia para que possam regressar ao seu local de origem ou encontrarem outro trabalho em Macau que os liberte da pressão económica. N.W. e S.F.

JOGO SECTOR TEM MENOS 191 TRABALHADORES NÃO RESIDENTES

D

ADOS do Corpo de Polícia de Segurança Pública (CPSP) fornecidos ao portal informativo GGRAsia revelam que nos meses de Fevereiro e Março houve uma quebra de 191 trabalhadores não residentes (TNR) no sector do jogo. Estes números não incluem os TNR que trabalham na construção civil e que são contratados directamente pelas concessioná-

rias. O CPSP adiantou ainda que em Fevereiro foram emitidos menos 35 vistos de trabalho, ou blue cards, tendo em conta que 79 processos foram cancelados e apenas 44 foram aprovados. Em Março foram emitidos menos 156 blue cards, com um total de 217 processos ligados à indústria do jogo cancelados e apenas 61 pedidos aprovados.

Estes números estão relacionados com a crise gerada pela pandemia da covid-19, que levou grande parte da indústria do jogo e do entretenimento a fechar portas temporariamente e a reajustar recursos humanos. No entanto, o sector continua a necessitar de mão-de-obra importada, uma vez que não há recursos humanos locais suficientes para preencher

todas as vagas. Fontes ouvidas pelo GGRAsia revelam que algumas concessionárias de jogo têm cortado pessoal na área de gestão. Por exemplo, na Sands China vários executivos de topo deixaram a empresa recentemente, mas o portal não confirmou se essas saídas estão directamente relacionadas com a crise gerada pela covid-19. P.A.


sociedade 9

quarta-feira 8.4.2020

Universidade de São José Criado fundo para ajudar alunos internacionais A Universidade de São José (USJ) anunciou ontem o lançamento de um fundo para ajudar alunos internacionais com dificuldades financeiras. O fundo vai “apoiar os estudantes internacionais em situações excepcionalmente difíceis, até que possam retomar as suas vidas normais”, explicou a universidade numa nota enviada às redacções. “A actual pandemia do coronavírus e as respectivas medidas preventivas estão a ter um efeito dramático na capacidade de alguns

O Instituto Cultural (IC) alargou o prazo de exibição de duas exposições, incluindo a mostra com a assinatura do arquitecto Carlos Marreiros intitulada “Red December”. A mostra estará patente na Galeria do Tap Seac até ao final deste mês, dia 30, enquanto que “Exposição das Obras dos Artistas Tam Chek Wun e Lao Chon Hong do Grande Prémio do Júri da Exposição Colectiva dos Artistas de

Macau 2017” pode ser vista na Galeria de Exposições e na Casa de Nostalgia das Casas da Taipa até 3 de Maio. O prolongamento de exibição está relacionado com a reabertura destes dois espaços e tem o objectivo de “combater a pandemia com a cultura”, além de “dar mais tempo ao público para apreciar várias obras da autoria de artistas locais”, escreve o IC em comunicado.

Na recta final Está encerrada a conta bancária da Comissão Macau Solidário, criada por entidades locais para ajudar a combater a pandemia da covid-19 em Portugal através da compra de máscaras e outro equipamento médico. A conta tinha ontem 3,5 milhões de patacas, mas este montante deverá aumentar, uma vez que há ainda operações bancárias a decorrer

A

Direcção dos Serviços de Finanças (DSF) começa a aceitar, a partir de hoje e até 4 de Maio, os pedidos para a primeira prestação do subsídio complementar aos rendimentos do trabalho relativo ao ano de 2020. De acordo com um comunicado oficial, “os requisitos dos destinatários relativos ao pedido do subsídio do corrente ano são aligeirados até aos residentes não permanentes da RAEM”. Desta forma, podem candidatar-se todos os residentes, sejam permanentes ou não permanentes, que tenham completado 40 anos de idade, tenha a inscrição no Fundo de Segurança Social como trabalhadores por conta de outrem no trimestre a que se reporta o pedido de subsídio (até 31 de Dezembro de 2019). Outra regra para receber este subsídio é a obrigatoriedade de prestação de um mínimo de 152 horas de trabalho por mês, no mínimo, ou 128 horas de trabalho “caso [os candidatos] exerçam actividades nas indústrias de fabricação de produtos têxteis, de vestuário e do couro para exportação. São também elegíveis os candidatos que aufiram rendimentos inferiores a 15 mil patacas no mesmo trimestre. Pessoas que são titulares do cartão de registo de avaliação da deficiência válido também podem requerer este subsídio.

IC Exposição de Carlos Marreiros pode ser vista até fim do mês

COVID-19 ANGARIAÇÃO DA MACAU SOLIDÁRIO ATINGE 3,5 MILHÕES DE PATACAS

GONÇALO LOBO PINHEIRO

SUBSÍDIO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS CANDIDATURAS VÃO ATÉ DIA 4 DE MAIO

estudantes internacionais se sustentarem financeiramente”, acrescentou, indicando que irá recolher doações ‘online’ e publicar relatórios regulares sobre o uso das verbas, mas que a lista de beneficiários “será estritamente confidencial”. Mais informações podem ser obtidas por e-mail (studentaffairs@usj.edu.mo) ou por telefone (+853 8592 5655), junto da USJ, criada em 1996 pela Universidade Católica Portuguesa em conjunto com a diocese de Macau.

D

Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau “Esperamos algum aumento, não sabemos quanto. As coisas estão a correr bem, há montantes que ainda não entraram na conta porque houve feriados e as operações bancárias atrasaram-se.”

ESDE ontem que não é possível fazer mais depósitos na “Covid-19 Portugal Conta Solidariedade”, a conta bancária aberta pela Comissão Macau Solidário no Banco Nacional Ultramarino (BNU) no passado dia 25 de Março. A conta está oficialmente encerrada e, até ao fecho desta edição, contabilizava cerca de 3,5 milhões de patacas, valor que poderá ainda aumentar, disse ao HM Amélia António, presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM). “Esperamos algum aumento, não sabemos quanto. As coisas estão a correr bem, há montantes que ainda não entraram na conta porque houve feriados e as operações bancárias atrasaram-se.”

Amélia António não quis dizer, para já, de que forma este montante será canalizado para ajudar a sociedade portuguesa no combate à covid-19, numa altura em que há relatos de falta de material de protecção em hospitais e outro tipo de instituições de saúde. A presidente da CPM assegurou que será emitido um comunicado conjunto assim que o total seja contabilizado.

AJUDAR A PRIMEIRA LINHA A Comissão Macau Solidário, composta por 17 entidades locais, pretendeu, desde o início, juntar um “querer colectivo de tentar fazer alguma coisa para ajudar a situação que se vive em Portugal”, disse Amélia António aquando da apresentação do projecto, no consulado-geral de Portugal em Macau.

A ideia é que os profissionais da linha da frente que trabalhem com doentes de covid-19 sejam os primeiros a receber máscaras, batas e viseiras, entre outros equipamentos. Posteriormente, serão enviados kits para testes de despistagem à covid-19, uma vez que a Organização Mundial de Saúde “parece concluir que onde se fazem mais testes tem-se conseguido dominar melhor a questão”, acrescentou Amélia António a 25 de Março. Todo o material enviado para Portugal será distribuído pelo Ministério da Saúde. Portugal conta actualmente com 345 mortos e um total de 12.442 casos de infecção. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


10 coronavírus

(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)

TOP 20 DOS PAÍSES

47672 Em estado crítico

1362687

293743

Infectados (total cumulativo)

COM MAIS CASOS 368174

Espanha

140510

Itália

132547

Alemanha

103717

França

98010

China

81740

Irão

62589

Reino Unido

51608

Turquia

30217

Suiça

22242

Bélgica

22194

Holanda

19580

Canadá

16667

Áustria

12519

Portugal

12442

Brasil

12240

Coreia do Sul

10331

Israel

9006

Suécia

7693

Rússia

7497

Austrália

5908

Curados

Co novel

992577 Infectados

(total cumulativo)

E.U.A.

8.4.2020 quarta-feira

(casos activos)

184 Curados

345 PORTUGAL

Mortos

PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)

Portugal

12442

Brasil

12240

Moçambique

10

Angola

16

Guiné-Bissau

33

Timor-Leste

1

Cabo Verde

7

São Tomé e Principe

0

PORTUGAL

países sem casos de nCov

Infectados (casos activos)

34 MACAU

PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)

China

81740

China | Macau

44

China | Hong Kong

936

China | Taiwan

376

Coreia do Sul

10331

Japão

3906

Vietname

249

Laos

14

Cambodja

115

Tailândia

2258

Filipinas

3764

Myanmar

22

Malásia

3963

Indonésia

2738

Singapura

1375

Borneo

135

11913

países com casos de nCov

Infectados (casos activos)

10 Curados

HONG KONG

696 Infectados

Macau

(casos activos)

4

HONG KONG

236 Curados

Hong Kong

Mortos


quarta-feira 8.4.2020

63889

ovid-19 l coronavírus

coronavírus 11

Casos suspeitos

76367 Mortos

0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:

+1000

• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia

Ocorrências nas áreas afectadas

Dados actualizados até à hora do fecho da edição

Covid-19 vs SARS

CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO

1400000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0

20

40

60

dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto

80

dias

100

dias

120

dias

REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi

INFECTADOS 67801 1475 1276 1254 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294

MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2

REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete

INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1

MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0


12 china

O presidente do grupo IDEA, sediado em Estocolmo, que se dedica à reflexão sobre a sustentabilidade das democracias, crê que a crise da covid-19 irá expor as fragilidades do sistema americano que entrará em falência, assim como a presidência de Donald Trump

8.4.2020 quarta-feira

IDEA ORGANIZAÇÃO DIZ QUE PANDEMIA VAI MARCAR O FIM DO SÉCULO AMERICANO

A China sobe ao palco mundial e em particular para as democracias. “O impacto do fim do Século Americano nas democracias será imenso. No século XX, tivemos o mundo liderado por uma democracia liberal. No século XXI teremos um mundo liderado por uma ditadura”, explica Casas-Zamora, que acredita que a China se afirmará como a grande potência das próximas décadas. O líder do IDEA considera que a actual crise sanitária irá colocar a nu as fragilidades do sistema norte-americano - em todas as suas vertentes, política, económica e social - que entrará em falência ao mostrar a sua incapacidade para lidar com os efeitos trágicos da pandemia, que já provocou mais de 10.000 mortos naquele país. “A crise vai expor a impotência do sistema, a sua enorme fragilidade, que já vinha de trás”, disse Casas-Zamora.

A

crise provocada pela pandemia da covid-19 marcará o fim do Século Americano e a emergência da China como “a” potência mundial, acredita Kevin Casas-Zamora, secretário-geral do IDEA, uma organização intergovernamental para a democracia. “Quando a poeira assentar, daqui a uns dois anos, assistiremos ao fim do Século Americano. Nessa altura, a China irá emergir como o maior ‘player’ da cena internacional”, disse Kevin Casas-Zamora, em entrevista à Lusa, referindo-se ao que considera ser o provável

CAI TRUMP

desmoronamento da prevalência do sistema político, económico e social dos Estados Unidos. Kevin Casas-Zamora - secretário-geral do Instituto Internacional para a Democracia e Apoio Eleitoral (IDEA), uma

FRONTEIRA ENCERRADAS PASSAGENS TERRESTRES COM VIZINHA RÚSSIA

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HINA e Rússia encerraram ontem a sua fronteira terrestre e o porto fluvial perto da cidade russa de Vladivostoque, após 58 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus entre cidadãos chineses que regressaram a casa por aquela via. Desde ontem, todos os cidadãos chineses que chegarem à região fronteiriça serão forçados a passar por uma quarentena de 14 dias, segundo um aviso publicado no site do consulado chinês em Vladivostoque. Somente os portadores de passes especiais poderão atravessar para o lado russo da fronteira, detalhou a mesma fonte. Não ficou claro se os portadores desse passe poderão fazer o caminho oposto e entrar na China. Todos os hotéis do lado russo na área fronteiriça ficam

também proibidos de receberem pessoas de fora até ao início de Junho, informou o comunicado. “O consulado-geral recomenda e lembra aos cidadãos chineses relevantes para terem em consideração a situação” e não tentarem retornar à China através da passagem de fronteira, realçou. A China disse ontem que não foram registadas quaisquer mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas e que no país existem pouco mais de duas centenas de casos graves de infecção.

organização intergovernamental baseada em Estocolmo que integra 24 países, incluindo Portugal, com o objectivo de reflectir sobre a sustentabilidade das democracias – considera que este facto terá enormes repercussões a nível

O secretário-geral do IDEA considera que a primeira vítima política deste desabamento pode ser o próprio Presidente dos EUA, Donald Trump. “Dificilmente Trump poderá ser reeleito”, acredita Casas-Zamora, dizendo que o Presidente não vai conseguir aguentar por muito tempo a ideia de que as falhas no combate à pandemia não são da sua responsabilidade.

“Para já, Trump tem conseguido fazer ‘spin’, nos canais de televisão, tem andado a atirar as culpas para o lado. Mas vai chegar um momento em que as pessoas vão culpar o Presidente e em que ele terá dificuldade em se defender”, explica o líder do IDEA. A dúvida de Casas-Zamora reside na eficácia da oposição para tirar proveito dessa situação, a poucos meses das eleições presidenciais onde é cada vez mais provável uma candidatura do ex-vice-Presidente Joe Biden pelo Partido Democrata, para disputar a Casa Branca com Donald Trump. “Teremos de ver (o que será capaz de fazer Biden). A minha certeza é a de que as atenções se vão centrar em Trump e que ele terá muita dificuldade em se defender”, refere Casas-Zamora, sobre o que considera ser a avalancha de críticas da população, quando ficar evidente que o Governo não consegue travar o impacto mortal da pandemia. “A capacidade de Trump de fazer ‘spin’ de atirar culpas para o lado vai ser muito limitada”, explica, dizendo que a possibilidade de reeleição do Presidente é diminuta. “Ele está a sugar todo o oxigénio, no seu púlpito mediático. Não poderá fazer isso por muito mais tempo”, conclui Casas-Zamora. Ricardo Jorge Pinto Lusa

Região SAMSUNG PREVISTO AUMENTO DE LUCROS NO PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO FISCAL

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Samsung Electronics anunciou ontem que espera que o lucro aumente no primeiro trimestre do ano fiscal, graças à forte procura de ‘chips’, relacionada com a sua utilização em massa devido ao teletrabalho, uma das respostas à covid-19. A pandemia da covid-19 já causou “o caos em diferentes áreas da economia global”, pelo que o gigante sul-coreano Samsung Electronics, a principal empresa do grupo Samsung, “teve de fechar onze linhas de montagem” por sua causa, segundo a agência AFP. Os analistas, em geral, esperam que os ‘smartphones’ e os ‘chips’ de memória fabricados pelo gigante asiático sofram com a queda do consumo global.

Mas, no curto prazo, parece que a Samsung Electronics “está a comportar-se bem”, graças ao impulso dado pelo teletrabalho que “ganhou força” no período de confinamento dos trabalhadores. Num comunicado, a Samsung Electronics refere que espera alcançar um lucro operacional superior em 2,7 por cento no primeiro trimestre, para 6,4 biliões de won (4,9 mil milhões de euros), face ao mesmo período do ano fiscal anterior, enquanto as receitas deverão aumentar 5 por cento, para cerca de 55 biliões de won. O analista da Counterpoint, com sede em Hong Kong, Tom Kang, afirmou que “houve uma forte procura de ‘chips’ de memória para os servidores de dados, uma vez

que as pessoas estão a trabalhar em casa por causa da pandemia da covid-19”. Além disso, “estamos a assistir a um aumento da procura de computadores portáteis por parte das empresas que não estavam totalmente preparadas para o trabalho remoto”, sublinhou. A Samsung Electronics é “uma empresa-chave” para a Coreia do Sul, já que o grupo Samsung é o maior dos conglomerados familiares do país, conhecidos por ‘chaebols’ e que dominam a 12.ª economia do mundo, realçou.


quarta-feira 8.4.2020

Eu sei que é vão o vento e lento o sono

Crónico Oriente Duarte Drumond Braga

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IS a primeira novidade: a Ásia deste poeta não coincide, a não ser com a China, com os territórios típicos do Oriente português. Aqui não há então orientalismo (no sentido que lhe deu Edward Said em 1978) simplesmente porque não há Oriente, melhor dizendo, não há esse mecanismo de recondução do alheio ao próprio, essa necessidade de encaixar a Ásia num olhar europeu. Por outro lado, havendo intersecções de referências, estas dispensam qualquer formulação que implique identificação com a figura do “outro”: “Chegar à taiga. Mandala ou yantra?/ Panquecas muito secas fundindo/ O recheio no vermelho a rapariga/ Dum barco a neve montanhas fecha”. (Viagens, 2008, p. 273). Seria assim penoso ou desadequado enquadrar o autor no Oriente quase sempre ideológico dos poetas portugueses do século XX, sempre entre império e exotismo. O que antes há no “orientalismo” de Carvalho é uma capacidade de notação, de registo – mesmo de investigação, o que se prende com a forte vertente “viajante” desta poesia – e que se tornou mais explícita a partir dos livros De Fevereiro a Fevereiro (1987) e Tarantela & Viagens (1998) –, exploradora de realidades culturais diversas, nunca endereçadas a partir dos binómios próprio/alheio ou eu/outro. Esta era porventura a dimensão que faltava à escrita poética portuguesa sobre o Oriente do século XX – exceptuando talvez Ruy Cinatti ou certos momentos de Couto Viana, muito ligados no entanto à ideia de império – e retomando virtualidades do nosso orientalismo “prático” quinhentista, de igual modo agindo no terreno. Quanto a mim, são precisamente certas dimensões da ligação histórico-cultural de Portugal à Ásia que são indirectamente retomadas na poesia de Gil de Carvalho, obviamente dispensando o poeta qualquer tipo de inscrição explícita nessa herança, e tendo em conta que estas não esgotam de modo nenhum a compreensão da presença da Ásia nesta poesia, ajudando contudo a explicar o uso de um certo tipo de olhar. Numa cultura de prática do Oriente, foram as práticas humanas de campo, a exploração, a conquista, o comércio e a praxis de escrita (literária ou não), que se substituíram a um inexistente ou incipiente orientalismo cientifico, que iria depois ser criado por outras nações, tantas vezes com o material coligido por portugueses. De certa forma, e como se torna óbvio no século XIX e XX, em Camilo Pessanha ou Venceslau de Morais, a literatura fez as vezes de um inexistente orientalismo científico, assumindo-se como um conhecimento poético do Oriente, (como alguém disse) uma ciência de ver, tornando-se o veículo de uma

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A Ásia na poesia de Gil de Carvalho

continuada presença que sobreviveu à precariedade de um império asiático. E assim, dispensando todos os modelos culturais pré-estabelecidos de falar no Oriente por portugueses, a poesia de Gil de Carvalho é uma nova ciência de ver a realidade asiática, simplesmente por desejar conhecer, por notar, registar, alinhavá-la nas rugosidades da sua textualidade. Com Carvalho são as viagens – título escolhido para a sua obra coligida – que dão, não a displicência sentimental do

olhar do viajante, mas a sensação de percorrer realidades nunca lineares, nunca facilmente descritíveis, mas em tempos e espaços nos quais convivem o arcaico com o coevo, o urbano com o rural: “Por cima da estepe a última/ Cidade. Pacientes artesãos/ Em trocas eternas. O fumo/ Das centrais, aberto./ E a proverbial fidelidade/ Da mulher mongol. (Viagens, p.177) A noção de viagem parece-me ser, com efeito, uma chave para a compreensão da sua obra, em primeiro lu-

A noção de viagem parece-me ser, com efeito, uma chave para a compreensão da sua obra, em primeiro lugar como indicador, não só da constante mudança de cenário, mas da própria descontinuidade das coisas, indo ao encontro de uma horizontalidade geográfica de dimensão quase planetária

gar como indicador, não só da constante mudança de cenário, mas da própria descontinuidade das coisas, indo ao encontro de uma horizontalidade geográfica de dimensão quase planetária. Em segundo lugar, aponta também para uma verticalidade, no sentido em que, quer a Mongólia quer a serra algarvia de que também fala a certo ponto são geografias complexas com camadas significantes, imagens do mundo em hiatos, em socalcos, de que a sua verbalização adopta a natureza. E não há aqui a imposição de uma subjectividade marcada que dê um sentido a esta errância, unindo os seus espaços; há antes um sujeito em viagem que é constituído pela descontinuidade do que vê, mais do que uma entidade sedeada no centro de algo, como neste encontro com a artesã manchu: “(…) Qual seria o rosto entregue/ Por ambos neste pagamento? Ancestral/Por certo./ Vermo-nos em vidros, manchus: séculos,/ Milénios passados após os Estreitos”. (Viagens, p.179).


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Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

8.4.2020 quarta-feira

Declinações de solidão

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STÁ um dia chuvoso, plúmbeo, esses mesmo que o leitor está a pensar. “Mais um para juntar a estes que vamos conhecendo”, acrescentará o filosófico leitor. Talvez, talvez. Do lugar onde escrevo tenho a sorte de ver o castelo que outrora protegeu a cidade. Mas agora as pedras das suas muralhas apenas mostram uma impotência triste perante um invasor que não conseguem deter. O resto já sabemos, já sei. As ruas semi-desertas, os transeuntes que se entreolham quando se cruzam a distância menor do que a aconselhada pelas autoridades sanitárias. No meio da esperança e do optimismo que escolhemos para nos acalentar mora ainda a natureza humana. E nela existe e sempre existirá a desconfiança do outro, por mais diluída que agora se sirva em gestos solidários. Perdoai então o mau feitio do cronista, a quem não apetece nesta altura escrever frases motivacionais. Desde há vários dias assim, comecei a indagar-me o porquê deste temperamento recorrente nestes dias. As circunstâncias por si só não o justificavam. Até que reparei que existia um estranho silêncio nas ruas, uma ausência que me feria sem saber porquê. Uma destas manhãs fui à janela e percebi. Moro por cima de uma escola primária e de casa consigo ver o recreio. Até há pouco tempo, todas as manhãs eram preenchidas pelo chilrear dos miúdos a brincar, algo que sempre achei reconfortante. Não sei porquê mas sempre procurei viver perto de escolas e igrejas, porque gosto de ouvir os sinos. Dão-me um invulgar sentimento de protecção. De forma que é isso: não existem crianças nas ruas. Não oiço as suas vozes, os seus gritos, os seus choros, os seus risos. Fazem-me falta para contrariar o exército sorumbático que tomou conta da cidade e em que me incluo. E esta ausência contribui para uma sensação de algo que não será bem solidão mas sim de sozinhez, esta palavra linda inventada pelo poeta e cronista brasileiro Paulo Mendes Campos, numa crónica de 1963 chamada Para Maria da Graça. A sozinhez não é tão profunda ou irreversível como a solidão; mas dói, uma dor mansa mas que existe. É o que sinto tomar conta de mim devagar, mesmo à medida que escrevo estas palavras. A vozearia das crianças representa uma espécie de âncora de normalidade e ao desparecer, essa esperança também desparece. Corrijo: não é a esperança nem sequer o futuro que não se vê: é o agora, o presente-instante que parece ter sido roubado e que nos está a fazer falta. Não gostaria de terminar a crónica com travo amargo. Refugio-me no que Paulo Mendes Campos também escreveu quando inventou a sozinhez: “Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior isso acontece muitas vezes em um ano. “Quem sou eu no mundo?”. Essa pergunta perplexa é o lugar-comum da história humana. Quanto mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás.” É um consolo bem-vindo. Mas por enquanto aqui fico, à espera desse dia em que as crianças tomem as ruas de assalto, de forma urgente e definitiva.

Não é a esperança nem sequer o futuro que não se vê: é o agora, o presenteinstante que parece ter sido roubado e que nos está a fazer falta


ARTES, LETRAS E IDEIAS 15

quarta-feira 8.4.2020

Diário de um editor João Paulo Cotrim

SANTA BÁRBARA, LISBOA, TERÇA 24 MARÇO O gato percebeu-o antes, como deve ser. A varanda que dá para o cruzamento quase largo, palco maior dos pequenos choques e até grandes acidentes, abre-se não apenas para o jardim despercebido das infâncias, mas em vistas para a «situação», dita assim meio a medo de nomear a doença. Da minha varanda vê-se o confinamento, essa lente que agora tudo amplia, tudo atrai para a sua rede de significâncias, talvez aparentes, certamente frágeis. Há uns valentes anos, em momento difícil, sob liderança esclarecida do mano Tiago Manuel, juntei-me ao Luis [Manuel Gaspar] para um conjunto de objectos que envolvia desenho, pintura e poesia. Em Novembro último, sem razão aparente, sacudi o pó aos versos, alguns pertencendo a poema baptizado «Santa Bárbara», que acabou publicado na folha de sala da «Diga 33», as sessões animadas pelo Henrique [Manuel Bento Fialho]no Teatro da Rainha. Noto-lhe ressonâncias, pelo que aqui o deixo ao vento, mais a chuva que parece vir do rio só para me agradar. «É da minha torre que vejo o castelo,/ rasgo na mão a flor de sal do horizonte.// Tacteio os muros em busca das janelas,/ noto a ponta dos dedos ferida de céu.// Em cima, os passos descalços da vocação perdida,/ aqui ao fundo aguardo um caminho.// Há promessas de viagem na trovoada,/ a redenção espreguiça-se como um arco.// Uma ideia descalça no miolo da espada,/ são raios que me partem, as dúvidas.// Na companhia íntima das raízes,/ o brilho da lágrima faz a morte hesitar.// Explode às vezes a coluna de pó,/ são as janelas que brincam de ameias.// Desfaz-se o perigo naquelas mãos,/ sei de cor a dádiva de uma recusa.// Anunciam-se os sábios e as palavras,/ mas se o círculo de pólvora limita os passos.// Cada onda da túnica é beijada pelo navio,/ estendo as mãos ao encontro dos estranhos.// Guarda o belo para o regresso,/ repousa a folha, um relâmpago no regaço.» SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUARTA 25 MARÇO Saiu da gráfica para o vazio, este «O Nosso Desporto Preferido - Futuro Distante», com que o Gonçalo [Waddington] se tem entretido a fazer e desfazer o tempo, com o corpo todo e a partir dele, nossa inevitável máquina de mastigar paisagens e cuspir necessidades. Ou vice-versa. E não deixo de tropeçar nos fios que ligam este trabalho, onde convivem espectros e a Humanidade em coro, espelhos e o malabarismo da língua, ao que estamos experimentan-

Insignificâncias do. «O tempo a ludibriar-nos pela eternidade adentro, e ainda nos aldrabam o espaço», diz Tirésias lá para o fim. «Agora é tudo escondido atrás de uma parede. É isto que nos deixaste, seu madraço? Versos rascas, rimas badalhocas e asneira atrás de asneira?» Um grupo de génios desenvolveu uma humanidade com as necessidades mais básicas resolvidas, e as quatro peças, sem que uma está por levar à cena, vão contando, anos para trás e para frente, do processo e respectivas consequências. Brutais, que não é impunemente que se mexe no que nos define. Nesta encenação em concreto, o público estava em cena, participava apenas por estar de corpo presente, espectro da humanidade possível. Eis-nos agora, postos à for-

ça a jogar esse lentíssimo e exasperante badmington, à espera que o outro devolva o volante. Dá tempo para acasalar com uma cadeira. SANTA BÁRBARA, LISBOA, QUINTA 26 MARÇO De cada vez que passo por uma estante, as lombadas, que se alinham de modo diferente a cada dia, sussurram tentações, maneiras de queimar o tempo, de o explicar, de jogar com ele. Tem tentáculos, a situação. Afinal, passo dia a fazer noite. E oiço isso mesmo vindo d’ «A espuma dos dias», do Boris Vian (ed. Frenesi). E lá descubro que «as pessoas perdem tempo viver, por isso já lhes não sobra nenhum para trabalhar». Lá acompanho a desgraça de nenúfares

que vivem nos pulmões, apesar das flores. «Nem sempre as coisas podem correr bem». Tenho que concordar com a resposta, «mas podiam não correr sempre mal». Sou agarrado por «Les choses», de Perec (ed. Juillard), e vejo-me com o narrador a observar aquelas vidas na casinha de bonecas, fascinado pela «aisance» de vidas forradas as coisas, sustentadas por elas, nelas esgotadas. A felicidade feita venenosa «souplesse». Mas a situação já manda em mim? Nisto só me apetece o quietismo, invetsigar os místicos. Entro na «Cuaretena», de Juan Goytisolo (ed. Alfaguara), para me baralhar mais ainda os planos, mas convocando o corpo subtil e com ele modos de aprender a leveza, a ligeireza. Além de duas ou três páginas onde o labor da escrita se vê plasmado com minúcias nesta ideia que nos atravessa do isolamento. Mas não haverá outro assunto, ó estante maldita. SANTA BÁRBARA, LISBOA, SEXTA 27 MARÇO Não é de agora. O mano Tiago Manuel insiste em ser um dos últimos moicanos a teimar na carta manuscrita e em papel, invariavelmente acompanhada de desenho, que teima em dobrar e agrafar, tentando sem grande sucesso impedir que acabe nas paredes dos amigos. As suas imagens são matéria pura, em incomum mistura de ligeireza, de fluidez na definição dos corpos e da sua paisagem, e a gravidade que resulta de pensar por inteiro. Desta, teve a generosidade de dialogar com poema meu, que fala de horizonte e relâmpago, e não o mostro aqui por me apetecer a reserva. Foi tempo que lhe respondia, como desejaria, lavrando folha, em esforço para que a letra levasse o mínimo de inteligibilidade, mas há muito desconsegui. Digo-lhe por aqui que conservo no lugar exacto as suas incandescentes palavras e gestos de conforto e que acredito na teia de bem querenças onde pernoitar. «Estes dias mostram-nos o Mundo com as cores sombrias de um tempo antigo que julgávamos para sempre esquecido e não e fácil equilibrar os nossos males e preocupações com tão grande ressonância. Porém, estamos unidos pela força dos afectos e havemos de ultrapassar as dificuldades de hoje como aquelas que deixamos atrás.» SANTA BÁRBARA, LISBOA, SEXTA 3 ABRIL A situação pôs ponto final no «Obra Aberta», quatro anos e mais de cem convidados depois. Muitas páginas se folhearam ao vivo no CCB, pouco antes de se ouvir a conversa em torno dos livros e da leitura, portanto, da vida, conduzida pela Maria João Costa, na antena da Renascença. Os livros são corpos cada vez mais estranhos no horizonte dos dias, destes exactos dias que tanto precisam das perspectivas que apenas a leitura possibilita.


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José Simões Morais

8.4.2020 quarta-feira

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Fim da caixa comum

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Santa Casa da Misericórdia tinha a seu cargo a Casa dos Expostos que, por ordem da autoridade judicial, há anos aceitava raparigas de mau procedimento e incorrigíveis, que não foram expostas e cujas famílias que as criaram procuravam livrar-se. Estas mulheres nos finais de 1866 eram em número de sete, sendo sustentadas, vestidas e tratadas nas suas doenças na Misericórdia. “Para tudo tem servido este pio estabelecimento, menos para exercer a verdadeira caridade. Este abuso, de uma inconveniência bem manifesta, não deve continuar”, declarou a Comissão e por isso, no Boletim do Governo de Macau, Ano 1867 – Vol. XIII – n.º 6; segunda-feira 11 de Fevereiro, Parte Oficial N.º 12, o Governador de Macau José Maria da Ponte e Horta determina a 8 de Fevereiro de 1867 o seguinte: <Considerando que a Santa Casa da Misericórdia não é nem pode ser um hospital de recolhidas, e ainda menos uma casa de correcção; pois que a sê-lo desviar-se-ia radicalmente da sua índole e instituto: hei por conveniente, conformando-me com o parecer da Comissão nomeada por portaria deste governo de 8 de Novembro de 1866, determinar que de hoje em diante a Santa Casa da Misericórdia não receba mais em seu seio, sobre qualquer pretexto que seja, raparigas abandonadas, ou outras cuja conduta possa acaso ser menos conforme aos bons costumes>. Já na portaria n.º 11, o Governador abolia <para sempre a Roda dos Expostos na cidade de Macau, devendo, contudo, a Santa Casa conservar ainda sob a sua guarda e cuidado os enjeitados que actualmente se acham entregues à sua protecção>. Por isso, as aceitações dos recém-nascidos continuariam, mas por admissão justificada com registos em forma, a garantirem às mães pobres, os subsídios já durante a gravidez e puerpério (período do parto), com assistência em maternidades e com visitas mesmo posteriores, quantitativamente longe ainda do que seria necessário, mas ao menos em bases justas, mais dignas e humanas. Não é portanto o intuito de encobrir aos olhos do mundo a vergonha de uma união ilegítima a causa da exposição em Macau, pois que isso nada importa aos chineses e é raríssima a exposição de crianças portuguesas. Em quinze anos, como afirma a Regente do estabelecimento, aponta-se esta e aquela. Seja isto dito em abono da nossa população. Para ela felizmente é desnecessária a roda, que absorve um terço dos rendimentos da Santa Casa da Misericórdia, que são provenientes de dinheiro a juros, propriedades de casas, terrenos, hospital,

corpo ou na cabeça, nem transpiração de cheiro forte. Que não tenham mau hálito e que os dentes sejam brancos, unidos, as gengivas firmes e em bom estado e a garganta sã. Que não tenham cicatrizes nas virilhas e as partes genitais estejam em estado normal e sem leucorreia (branco corrimento)>. Do Arquivo da Misericórdia.

ENTERROS SEM CERIMÓNIA

capelas, lotarias, multas e cadeiras no passeio público. Já as verbas de despesa são, para além da casa dos expostos, o hospício dos lázaros, hospital, presos pobres, educação de um aluno no Colégio de S. José; foro do cemitério dos parsis, missas e esmolas.

ESCOLHA DAS AMAS

À data de 31 de Dezembro de 1866 havia 79 crianças de leite e 29 desmamadas, nenhuma portuguesa, sendo todas chinesas, além de sete raparigas adultas, remetidas em depósito pelo Juiz de Direito, para lá desempenharem serviços auxiliares. Da China vinham muitas crianças, abandonadas pelos pais por serem raparigas, sendo recolhidas pela Santa Casa da Misericórdia que tratava delas até aos 7 anos. Depois entregues ao destino, ou, compradas pelos habitantes tornavam-se muichais (criadas para toda a vida). Nada tinha, pois, de lisonjeiro ou tolerável tal estado de coisas, e por isso a Comissão, assustada com o progressivo aumento dos gastos, em ritmo impossível de ser comportado, entendeu

que, para salvar da completa ruína a Misericórdia convinha, em primeiro lugar, abolir a roda <... continuando, porém, a socorrer os enjeitados existentes>. Apesar de ser uma medida oficial, por força da rotina continuaram a persistir as admissões, quase nos antigos termos e números. Disso queixava-se em 1870 outra Comissão Administrativa ao classificar esse serviço <de muito mau e indisciplinado> a manter obrigatoriamente 72 crianças entregues a amas de leite e 26 aos cuidados da Regente. Novas instruções foram também aprovadas para a escolha das amas: <Que as amas sejam de boa constituição e gordura mediana e de 20 a 30 anos de idade. Que sejam de fisionomia alegre e viva. Que as tetas sejam firmes, arredondadas e de volume mediano, com os mametais bem formados, mas não grossos e sem rachas ou escoriações. Que o leite seja abundante, de cor azulada, sem cheiro, de sabor mal doce e assas consistente para se conservar em gotas, quando lançado em superfície polida. Que não tenham erupções pelo

A partir de 1867, em caso de falecimento de uma criança era ela levada à Casa dos Expostos e apresentada ao encarregado daquele estabelecimento, um dos vogais da comissão, para verificar pelo distintivo a sua identidade. Depois o defunto era levado dentro do féretro à sepultura, precedendo-se o aviso ao respectivo pároco, para encomendar o corpo, ou na igreja, ou na capela do cemitério

O Boletim da Província de Macau e Timor de 3 de Junho de 1867 refere, “O estabelecimento dos expostos, que pela Portaria do Governo de 2 de Fevereiro de 1867 a Santa Casa conserva ainda sob sua guarda e cuidado, não deixou de ser fiscalizado. Contam-se até hoje 71 crianças de leite entregues ao cuidado de 71 amas, fora da vista e vigilância da casa, pelo subsídio mensal de 1 pataca a cada criança, inclusive o salário da ama; e 25 desmamadas ao cuidado da Regente, sustentadas por conta da Santa Casa. Para melhor inspecção das crianças entregues às amas, a comissão deliberou que o velho distintivo, que elas traziam para serem reconhecidas, fosse substituído por um novo, que é um cordão atado ao pescoço da criança em distância, que não possa passar pela cabeça, tendo as pontas amarradas, e lacradas com o selo e como dístico – Santa Casa da Misericórdia – sobre um quadrado dobrado de duas polegadas, de pergaminho, com o número correspondente ao que se acha consignado no livro do registo. As crianças eram apresentadas mensalmente pelas respectivas amas à Regente dos Expostos para receberem o subsídio correspondente. Caso alguma falecesse era o cadáver levado à Casa dos Expostos e mandado enterrar pela Regente no cemitério público.“ Trabalho realizado por um chinês que se encarregava de transportar o féretro ao cemitério e após abrir uma pequena cova, com licença do encarregado do cemitério, da caixa retirava o cadáver e o sepultava sem haver cerimónia, nem a bênção do respectivo pároco. A caixa, comum pois servira e servirá para outros, regressava à Casa dos Expostos. A partir de 1867, em caso de falecimento de uma criança era ela levada à Casa dos Expostos e apresentada ao encarregado daquele estabelecimento, um dos vogais da comissão, para verificar pelo distintivo a sua identidade. Depois o defunto era levado dentro do féretro à sepultura, precedendo-se o aviso ao respectivo pároco, para encomendar o corpo, ou na igreja, ou na capela do cemitério. Sendo o cadáver enterrado dentro da caixa, deixou assim de existir a caixa comum.


desporto 17

quarta-feira 8.4.2020

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OMO grandes centros tecnológicos que são, as equipas de Fórmula 1 são aquelas que estão na linha da frente. Engenheiros da University College London (UCL) e clínicos do hospital associado UCLH estão a trabalhar com a Mercedes-AMG Petronas F1 Team, em particular com o seu departamento de motores (High Performance Powertrains em Brixworth), no desenvolvimento de um aparelho respiratório que foi aprovado e que está agora ser testado em hospitais. Este aparelho, um CPAP (pressão positiva contínua das vias respiratórias), tem sido amplamente utilizado em hospitais em Itália e na China para ajudar pacientes da covid-19, com infecções pulmonares graves, a respirar com maior facilidade, quando o oxigénio é insuficiente. A equipa do campeão em título Lewis Hamilton também já tinha doado mais de 4 milhões de euros em equipamentos a um hospital na Malásia. As sete equipas de Fórmula 1 que têm base em Inglaterra - Red Bull Racing, Racing Point, Haas, McLaren, Mercedes-AMG, Renault e Williams - fazem parte do consórcio VentilatorChallengeUK, que conta também com a Airbus, GKN,

COVID-19 AUTOMOBILISMO TAMBÉM AJUDA NO COMBATE À PANDEMIA

Desafio diferente

Várias vezes criticado pelo seu balanço carbónico negativo ou pela sua imagem frívola, o automobilismo, em particular os seus agentes, não fizeram como a avestruz num período difícil para a humanidade e estão a contribuir na luta contra a pandemia do novo coronavírus Rolls-Royce ou a Siemens, que recebeu um pedido para 10,000 ventiladores por parte do governo britânico. Este projecto reunirá os recursos tecnológicos e humanos das equipas da melhor forma possível, concentrando as principais habilidades da indústria: desenvolvimento de modelos CAD 3D, fabricação de protótipos, teste e montagem qualificada. A capacidade única das equipas de Fórmula 1 em responder rapidamente

aos desafios tecnológicos e de engenharia permite que este grupo agregue valor à resposta mais ampla do sector de engenharia britânico. Em Itália, a família Agnelli, proprietária da Scuderia Ferrari, doou 10 milhões de euros à Protecção Civil italiana e comprou à China 150 ventiladores e material médico em falta. O construtor de Maranello, em paralelo com a FIAT Chrysler Automobiles, foi mais além, dando as mãos

A capacidade única das equipas de Fórmula 1 em responder rapidamente aos desafios tecnológicos e de engenharia permite que este grupo agregue valor à resposta mais ampla do sector de engenharia britânico

à Siare Engineering International Group, empresa especializada na produção de ventiladores. Esta não é a primeira vez que a Ferrari coloca o seu potencial fabril ao serviço da medicina. Há cerca de quinze anos, uma delegação do hospital infantil Great Ormond Street, em Londres, deslocou-se a Maranello, a sede da Ferrari, para tentar incrementar a eficiência do funcionamento das salas de cirurgia e do método utilizado na deslocação dos doentes.

ALÉM DA F1

Mas não só são as equipas de Fórmula 1 que estão a trabalhar em prol da comunidade. A Automobili Lamborghini transformou vários departamentos da sua fábrica de produção de superdesportivos

em Sant’Agata Bolognese, de onde saem os carros para a Taça GT Macau, para produzir máscaras e viseiras de protecção em plexiglass. As máscaras serão doadas ao Hospital Sant’Orsola-Malpighi, de Bolonha. O trabalho desta iniciativa solidária será realizado pelo pessoal encarregue do fabrico de interiores e personalização dos automóveis de Lamborghini, que produzirá 1000 máscaras por dia. Quanto às viseiras de proteção, serão fabricadas diariamente 200 unidades, utilizando impressoras 3D nos departamentos de fibra de carbono e de Investigação e Desenvolvimento. A Pirelli, que tem o exclusivo da Taça do Mundo de Fórmula 3 e GT do Grande Prémio de Macau, tem

trabalhado de perto com o governo da Lombardia, uma das regiões mais martirizadas em Itália, e já ofereceu 65 aparelhos de assistência respiratória, 5000 combinações de protecção e mais de 20,000 máscaras. Os seus trabalhadores doaram 7,000 horas de trabalho, cerca de 220 mil euros ao Hospital Luigi Sacco, em Milão. Esta soma juntou-se aos 500 mil euros que a marca italiana de accionistas chineses já tinha reunido junto dos seus parceiros. A empresa francesa Stand21, que faz equipamento de protecção para os pilotos, desde fatos a capacetes, dedica-se estes dias à produção de máscaras de protecção respiratórias. A Prodrive, que, entre muitas coisas, constrói os Aston Martin Vantage de corridas, colocou à disposição a sua infra-estrutura e “know-how” para a rápida montagem de aparelhos respiratórios produzidos em Inglaterra. E como quem não produz, pode sempre contribuir de outras formas, o piloto espanhol Fernando Alonso doou 300 mil máscaras e 4 mil “kits” de proteção individual à UNICEF. Sérgio Fonseca

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18 (f)utilidades TEMPO

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AGUACEIROS

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SERES SOLIDÁRIOS

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1 3 7 3 5 6 8 9 2 6 1

5 6 9 4 2 2 3 7 1 7

5 6 5 4 7 8 9 2 3 3 1 7

9 8 1 2 4 3 7 1 6 9 5 2

32 Cineteatro 9 5 BLOODSHOT [C] 2 6 8 1 BIRDS OF PREY [C] 5 8 4 3 1 7 FANTASY ISLAND [C] 3 9 6 2 7 4 SALA 1

C I N E M A

3 7 4 2 6 9 1 8 5

6 4 3 9 8 2 7 5 1

Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 15.30, 21.00

Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 18.00 SALA 2

Um filme de: Jeff Wadlow

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 33

8 1 6 5 9 2 7 9 4 2 3 1 35 7

6 7 8 6 5 2 8 4 9 9 7 3

Equipas de médicos e enfermeiros da Roménia e Noruega, enviados através do Mecanismo de Proteção Civil da UE, estão a caminho de Milão e Bérgamo (Itália) para reforçar as equipas que combatem a pandemia da covid-19. "Estes médicos e enfermei-

9

PROBLEMA 34

2 4 9 3 4 1 8 6 9 5 7

36

7 2 6 1 3 9 1 4 3 8

70-95% ´ •

EURO

8.69

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ros, que saíram das suas casas para ajudar os seus colegas de Estados-membros, são o verdadeiro rosto da solidariedade europeia", disse, em comunicado a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen.

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2

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HUM

0.24

YUAN

1.13

VIDA DE CÃO

MÁSCARAS, O ETERNO DEBATE Viver na Europa por estes dias com a pandemia da covid-19 é ver um filme de quase terror a repetir-se. O mesmo filme que já aconteceu na Ásia, que está a atacar em cheio a América e que vai chegar às salas de cinema de África. Este filme terá decerto contornos diferentes consoante os países em que é exibido. Só uma coisa é diferente em relação à Ásia: o uso de máscaras. Em Portugal continua a perder-se tempo com a eterna questão se se deve ou não usar máscara na rua. Fazem-se aberturas de telejornais com o parecer que a Direcção-geral de Saúde terá recebido que obriga ao uso de máscara, repetem-se as mesmas perguntas e as respostas são quase sempre inconclusivas. Os médicos mandam usar máscara sempre, indo contra as recomendações da Organização Mundial de Saúde, mas, na rua, a maior parte das pessoas continua a não usar. Apesar das milhares de encomendas oriundas de Macau e da China, continua a não dar para todos. Já o uso de luvas, absolutamente errado e algo pouco higiénico, continua a ser comum. Este é um eterno debate que já cansa por existirem dados factuais que provam a eficácia de usar máscara. Não é difícil, basta repetirem-se exemplos bem-sucedidos, como o de Macau. Parem com eternos pareceres e discussões sem fim. Admitiu-se que não existem máscaras para todos em Portugal, o que é um começo. Cabe agora às autoridades buscar soluções. É necessária mais clareza na transmissão da mensagem e na difusão da informação para que a população não se confunda. Andreia Sofia Silva

S 3U7 D 5 1O 9 2K4 U 8 2 5 1 4 4 6 5 7 8 9

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7 8 4 2 9 1 8 3 THE INVISIBLE MAN [C] 2 5 7 9 4 3 6 1 THE 1 TURNING 7 [C]9 5 5 6 3 8 6 2 5 4 3 4 1 7 8 9 2 6

Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 19.30

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Um filme de: Leigh Whannell Com: Elisabeth Moss, Adis Hodge, Storm Reid 17.00 SALA 3

Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 15.00, 17.45, 20.15

UM FILME HOJE Este é o último filme de uma triologia de cores e que dá respostas aos dois filmes anteriores, Azul e Branco. Nesta película a personagem principal é Valentine, jovem modelo e estudante na Universidade de Genebra que tem um irmão viciado em drogas e que parece ter uma relação algo distante com Michel. A sua vida segue o ritmo normal até que atropela uma cadela por acidente, decidindo adoptá-la. Este animal pertence a um juiz reformado que passa o tempo a espiar as conversas telefónicas dos seus vizinhos. A partir daqui, ambos travam conhecimento e ficam ligados. Considerada uma obra prima do realizador polaco, “Vermelho” teve três nomeações nos Óscares de 1995 e venceu o prémio de Melhor Filme Estrangeiro na edição dos Golden Globes do mesmo ano. Andreia Sofia Silva

VERMELHO | KRZYSZTOF KIESLOWSKI | 1994

7 3 6 9 1 6 9 2 7 5 2 5 8 3 4 8 1 3 BIRDS 4 OF2PREY 9 4 1 8 6 3 2 Fábrica 9 de5Notícias, 7 Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Propriedade Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo 1 6João4Paulo 2Cotrim;8José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e M.Tavares; Carmo; Rita Taborda Duarte; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo 4 7 5 6 3 Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada 5 8 7 1 9 Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


opinião 19

quarta-feira 8.4.2020

sexanálise

TÂNIA DOS SANTOS

A falta que os preservativos fazem

A

infecção do momento está claramente a afectar várias indústrias. Na Malásia, a maior fábrica de preservativos fechou - onde 20% dos preservativos do mundo são produzidos. O Guardian já alertou para uma possível falta de preservativos, talvez numa altura de grande necessidade. Serão os preservativos importantes nesta pandemia? Uma pergunta muito pertinente para se falar de sexo, como sempre. Os preservativos parecem bastante descartáveis dado o cenário apocalíptico em que vivemos. Muitos dirão que há coisas mais importantes em que pensar. Talvez ajude se olharmos para o direito ao prazer como um direito humano para justificar o contrário. Os preservativos (masculinos e femininos) são o único tipo de contraceptivo que previne uma gravidez indesejável e a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis. Um bem com dupla função para casais heterossexuais em particular, mas igualmente importante para casais homossexuais que queiram sentir-se protegidos. Tudo bem que nesta altura de isolamento social haverá menos sexo casual ao vivo (deleitem-se com o sexo casual virtual, porque não?). E assim assume-se que os casais presos em casa poderão não precisar dos preservativos porque (1) para os casais heterossexuais existem também outras formas de contracepção e (2) o risco de IST’s já deve ter sido resolvido com testes para os casais que estão juntos há muito tempo. Também podemos imaginar muitos outros cenários onde os preservativos ainda são necessários. Julgar que se pode contar com outras formas de contracepção no mercado pode ser um erro. Os contraceptivos hormonais já mostraram trazer efeitos secundários às vezes até bastante graves e há pessoas que escolhem não os usar. Os preservativos são dos poucos contraceptivos não hormonais do qual imensa gente depende para evitar uma gravidez indesejada. Também posso imaginar cenários de relações ainda verdes ou do surgimento de novas relações românticas que ainda precisam de sexo seguro. Se sair da nossa tendência etnocêntrica então, nos

lugares com grandes taxas de transmissão de HIV, o preservativo é quase um bem tão essencial como a comida. A falta de preservativos seria catastrófica. Mas de certeza que há gente que sugere a abstinência como a opção mais acertada, caso cheguemos a um cenário de falta de preservativos severa. Porque o sexo não é importante, dirão as vozes mais conservadoras. Mas o sexo nunca foi tão importante como agora. O sexo é uma ferramenta

A conclusão é simples: os preservativos são importantes até numa altura de pandemia e a sua escassez deve ser evitada. (...) O sexo deve continuar a manter a nossa sanidade e os preservativos fazem parte dessa sanidade também

e um recurso (para quem consegue olhar para o sexo dessa forma). Em alturas de pandemia como esta, de incerteza e de medo, o sexo é uma forma de prazer e conexão - também podem chamar-lhe de meditação ou de exercício físico. O sexo é simples, barato (pode não sê-lo, mas é altura de reforçar esta opção) e promotor de bem-estar. A conclusão é simples: os preservativos são importantes até numa altura de pandemia e a sua escassez deve ser evitada. Claro que temos que dar prioridade a outros bens e objectos que nos ajudam a lutar contra o vírus. Mas o sexo deve continuar lá a manter a nossa sanidade e os preservativos fazem parte dessa sanidade também. Por isso é que a fábrica na Malásia, entretanto, já retomou produção a 50% e uma outra fábrica na Tailândia voltou a abrir as portas (espero eu, com as condições de segurança desejadas). Se não o fizessem, chegaríamos a um ponto de diminuição na produção, e de grande procura, levando à inflação deste objecto singelo - e a segurança do sexo tem que ser garantida a toda a gente.


O mais terrível dos sentimentos é o sentimento de ter a esperança perdida. PALAVRA DO DIA

Federico García Lorca

O novo anormal

quarta-feira 8.4.2020

BRASIL MINISTRO DA EDUCAÇÃO DIZ QUE PEDIRÁ DESCULPAS À CHINA SE RECEBER VENTILADORES

O

ministro da Educação brasileiro, que abriu uma nova crise diplomática após um comentário considerado racista por Perquim, disse que poderá desculpar-se caso o país asiático se comprometa a fornecer ventiladores ao Brasil. "Eu sou brasileiro. Então, vou fazer o seguinte, este é o meu acordo: vou lá, peço desculpa, falo 'por favor, perdoem-me pela minha imbecilidade', e a única condição que tenho é que, dos 60 mil respiradores que estão disponíveis, eles nos vendam mil, para salvar a vida dos brasileiros, pelo preço de custo", disse na segunda-feira o ministro Abraham Weintraub, em entrevista à Rádio Bandeirantes. Abraham Weintraub afirmou que necessita de mil respiradores na rede de hospitais universitários ligada ao Ministério da Educação do país, que também atende pacientes da rede pública de saúde do Brasil. "Que tragam mil respiradores aqui para os meus hospitais, e eu vou à embaixada [chinesa em Brasília] e digo 'eu sou um idiota, mil perdões'. (...) Eu aceitaria me humilhar para salvar brasileiros, mas caso contrário não, eles estão cantando de galo", declarou o governante. As autoridades chinesas exigiram na segunda-feira uma retratação do Brasil após um comentário do ministro da Educação brasileiro que o país asiático descreveu como "fortemente racista" e que disse causar "influências negativas" nas relações entre os dois países. "O lado chinês aguarda uma declaração oficial do lado brasileiro

sobre as palavras do Ministro da Educação, membro do Governo brasileiro. Estamos cientes de que nossos povos estão do mesmo lado para resistir a palavras racistas e salvaguardar a nossa amizade", escreve o embaixador da China em Brasília, Yang Wanming, numa publicação na rede social Twitter relativo a um protesto oficial da embaixada chinesa.

A

MOMENTO INFANTIL

A discórdia foi causada por uma mensagem do ministro Abraham Weintraub, que usou a personagem Cebolinha da banda desenhada "Turma da Mónica" para sugerir que a pandemia do novo coronavírus faz parte de um "plano infalível" da China para dominar o mundo. "Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?", escreveu Weintraub, este domingo, na sua conta na rede social Twitter. Cebolinha, uma das personagens infantis mais populares do Brasil, tem problemas de dicção e troca a letra "r" pela letra "l" ao falar, uma substituição que também é associada aos chineses. O ministro apagou depois a mensagem no domingo.

SEM DESCULPAS

Num comunicado oficial, também publicado no Twitter, a embaixada da China sustentou

que o governante brasileiro, "ignorando a posição defendida pelo lado chinês em vários esforços, fez declarações difamatórias contra o país nas redes sociais e estigmatizou Pequim ao associá-lo à origem da covid-19". "Deliberadamente elaboradas, essas declarações são totalmente absurdas e desprezíveis, têm um selo fortemente racista e objetivos indizíveis e causaram influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais", acrescentou a nota da embaixada chinesa. A delegação diplomática do país asiático expressou "forte indignação e repúdio à atitude" do ministro da Educação e instou "algumas pessoas no Brasil" a

"imediatamente corrigir os erros cometidos e suspender suas acusações infundadas contra a China". Já no final de março, Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusou a China de ter gerado a crise ao esconder informações sobre a disseminação do novo coronavírus, que causa a doença covid-19. Na ocasião, o embaixador chinês expressou "repúdio" e "indignação" pelas declarações de Eduardo Bolsonaro e exigiu desculpas, mas nem ele nem o Ministério das Relações Exteriores do Brasil se retrataram oficialmente.

Project Asia Corp José Carlos Matias novo director executivo O jornalista José Carlos Matias vai assumir, no início do próximo mês, o cargo de director executivo e responsável editorial da Project Asia Corp, um grupo de media de Macau. Com 17 anos de experiência profissional, José Carlos Matias trabalhou como jornalista na rádio (Rádio Universidade de Coimbra e TSF), em Portugal. Já em Macau, foi jornalista e editor na Rádio Macau, editorchefe do serviço informativo em inglês da Teledifusão de Macau e, em 2018, PUB

MACAU CABO-VERDIANOS ANGARIAM FUNDOS PARA AJUDAR PAÍS CONTRA SURTO

assumiu a direcção da rede externa da Global Media e do semanário bilingue (português-chinês) Plataforma Macau. O jornalista, de 39 anos, é também presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) desde 2017. O Project Asia Corp, fundado por Paulo Azevedo, é responsável pela publicação das revistas Macau Business (em inglês) e Business Intelligence (em chinês) e pelo portal noticioso Macau News Agency.

comunidade cabo-verdiana em Macau lançou uma campanha de angariação de fundos para enviar equipamento e material de prevenção face ao surto da covid-19 que afecta o país lusófono. A iniciativa vai durar 30 dias e é da Associação de Amizade Macau-Cabo Verde e da Associação de Divulgação da Cultura Cabo-verdiana, com o apoio institucional do Delegado de Cabo Verde junto do Fórum de Macau, segundo comunicado datado de ontem. “Cabo Verde é um país sem recursos naturais, e de parcos recursos financeiros, tendo na sua população o maior activo do país”, pode ler-se na mesma nota. “Nós, associações de matriz cabo-verdiana em Macau, em coordenação com o delegado de Cabo Verde no Fórum de Macau, orientados pelo espírito de solidariedade que nos assiste e nos liga ao país, decidimos, criar para o efeito, uma conta solidária no Banco Nacional Ultramarino, denominada – Solidariedade Cabo Verde COVID-19/ conta n.º 9016573567”, acrescenta-se. O montante arrecado será canalizado para o Ministério da Saúde e Segurança Social de Cabo Verde, responsável pela gestão dos materiais médicos. As autoridades de saúde cabo-verdianas estão a controlar mais de 450 pessoas em quarentena obrigatória, para prevenção da covid-19, nas ilhas da Boa Vista, de Santiago e de São Vicente, informou o director nacional de Saúde. Na segunda-feira, no balanço diário das autoridades de saúde sobre a pandemia de covid-19 no arquipélago, o director nacional de Saúde, Artur Correia, afirmou que desde sexta-feira não se confirmam novos casos positivos, além dos sete registados. O arquipélago de Cabo Verde está fechado a voos internacionais, para travar a progressão da pandemia, e com o estado de emergência decretado no domingo, foram também suspensos os voos entre ilhas.


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