Hoje Macau 8 JUN 2015 #3346

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liga de elite

Modos de expressão shitao

Canarinhos devoram os leões desporto

hojemacau

página 16 gonçalo lobo pinheiro

Agência Comercial Pico • 28721006

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Director carlos morais josé

s e g u n d a - f e i r a 8 d e j u n h o d e 2 0 1 5 • ANO X i v • N º 3 3 4 6

opinião

De uma certa China rui flores

Página 19

violência doméstica

os homens também choram

s. januário administrador luso condenado por falsificação e burla

Atalhos da vida de um médico Num ano marcou 70 consultas externas em nome de dois pacientes. Por 34 vezes levantou medicamentos na farmácia do hospital. Era administrador do S. Januário e foi o primeiro funcionário público português a ser

condenado a um ano e seis meses, com pena suspensa. Por estes dias encontra-se em Portugal em funções similares. Os Serviços de Saúde equacionam avançar com recurso face ao pagamento de danos não patrimoniais.

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Debbie Lai vice-directora do Centro do Bom Pastor

“E preciso um centro de abrigo O problema da violência doméstica está cada vez mais complicado e diversificado, sendo que também os homens são vítimas destes comportamentos em Macau. O território ainda está carente de um centro de ajuda masculino, numa altura em que as mulheres continuam a ser as principais vítimas. Debbie Lai, assistente social, aponta que é difícil mudar mentalidades, mas pede também que o trabalho da polícia e dos assistentes sociais seja aperfeiçoado Trabalha como assistente social há 26 anos. Quais são os maiores problemas que encontra em Macau? A maioria de problemas de que tratei estão relacionados com a violência doméstica. Antigamente, chamava-se “mau tratamento às mulheres”, mas actualmente existe todo o tipo de violência: homens, mulheres, filhos e idosos. Normalmente, nos casos que trato, os homens que bateram em mulheres e filhos são agressores habituais e acham que bater é uma forma mais rápida e eficaz de controlar e educar os seus familiares. Portanto, muitos conflitos surgem na vida de famílias, muitas mulheres sofrem com ferimentos graves e, quando não conseguem aguentar mais, fogem dos maridos com os filhos. No entanto, podem ainda ser pressionadas por outros familiares.

“Caso os homens sejam vítimas e se a situação económica depender da mulher onde é que eles podem ficar? É melhor o Governo ter um alojamento temporário para eles, além de lhes oferecer aconselhamento, a fim de que possam reorganizar a sua vida”

Pedem ajuda ao Governo, ou amigos, que sugerem o nosso Centro. Há casos em que os homens são as vítimas? Existem, recebemos dois a três pedidos de ajuda de homens, que foram agredidos pelas mulheres. Mas como o nosso Centro ajuda principalmente mulheres, não podemos oferecer alojamento a homens. Assim, ajudamo-los falando com eles para analisar os problemas. Por exemplo, um casal já estava divorciado, mas a mulher continuava a criticá-lo, ameaçá-lo e chegou a bater-lhe, já como ex-marido. Revimos os problemas na vida deles e aconselhamos o homem em como ter uma relação melhor com a ex-mulher. Outro exemplo, são os filhos de um casal divorciado - já têm 30 anos - e o pai era viciado em Jogo e batia muito na mulher. Os filhos apoiavam mais a mãe e juntavam-se a ela nas discussões contra o homem. Mas além de aconselhamento, conseguem oferecer outro tipo de ajuda a homens vítimas? É difícil. Porque em Macau não há centros de abrigo para homens e, de facto, seria necessária a sua existência. Há dois anos, o Governo teve uma reunião com associações de mulheres sobre a legislação da violência doméstica e apontei que todos dão atenção às mulheres violentadas, inclusive oferecemos-lhe alojamento. Contudo, sugeri que fosse criado um alojamento temporário para homens vítimas. Isso, porque quando a Lei da Violência Doméstica entrar em vigor, o juiz pode mandar o violentador sair de casa e os filhos ficam com a vítima. Caso os homens sejam

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vítimas e se a situação económica depender da mulher onde é que eles podem ficar? É melhor o Governo ter um alojamento temporário para eles, além de lhes oferecer aconselhamento, a fim de que possam reorganizar a sua vida. Mas como a lei está ainda em discussão, não sabemos se o Governo vai considerar isso. Comparativamente há alguns anos, o problema da violência doméstica piorou?

Para ser franca, desde a criação do Centro de Solidariedade Lai Yuen, da Associação Geral das Mulheres de Macau, em 2005, muitos casos foram transferidos para o Centro. E pelos dados das autoridades, o número de denúncias de violência doméstica não aumentou, nem diminuiu muito, comparado com os dados de há dez anos. Têm existido entre cem a 200 denúncias por ano, enquanto no nosso Centro recebemos apenas entre cinco a sete mulheres por ano e,

“As gerações antigas de chineses aceitam que os homens batam nas mulheres e os violentadores não ouvem, nem aceitam, os conceitos novos da igualdade, nem dos direitos das mulheres”


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para homens”

acredito, um outro centro há mais de 50. Através destes números, não posso dizer se a situação é melhor ou pior, mas posso dizer que , com base nas mulheres que ficam no nosso Centro, os problemas estão mais complicados. Devido ao desenvolvimento económico em Macau, a capacidade de trabalho de mulheres está maior e reparámos que 90% das mulheres no nosso Centro trabalharam como croupiers em casinos, não tendo tempo para os

filhos e ainda sofreram com violência doméstica. Algumas delas, inclusive, saíram de casa com os filhos e a empregada doméstica e vieram para o nosso Centro. No entanto, aqui não têm amas nem recursos [para continuarem a trabalhar]. Os problemas estão mais complicados. Como é o futuro das vítimas? Cerca de 90% das mulheres divorciaram-se depois de terem sido ajudadas pelo nosso Centro,

porque não quiseram continuar a ser vítimas. No nosso alojamento - de três meses no máximo - tentamos resolver os problemas familiares, tal como negociar com o cônjuge para divorciar-se ou viver em separado e oferecemos aconselhamento a ambos, para que os dois possam estar juntos novamente, mas isso depende da vontade da vítima. Infelizmente, alguns homens fizeram-se de pessoas boas em frente aos assistentes sociais, mas não melhoraram os seus comportamentos. Isso por causa de algumas ideias tradicionais enraizadas: as gerações antigas de chineses aceitam que os homens batam nas mulheres e os violentadores não ouvem, nem aceitam, os conceitos novos da igualdade, nem dos direitos das mulheres. É difícil alterar este comportamento, porque mudar o nosso próprio [comportamento] já é complicado, então mudar o das outras pessoas... é preciso um longo tempo para que os violentadores repensem e se deixem influenciar por essas ideias. Recentemente, uma mulher denunciou um homem por violência, mas quando a polícia chegou, o homem denunciou os pais da esposa, que estariam em situação ilegal em Macau, acabando as autoridades por se focar nisto e não na violência. Falta sensibilidade? Essas situações são raras, mas não posso afirmar que não venham a acontecer mais. Confesso que é estranho que tenha sido a mulher a denunciar primeiro estar a ser violentada e o homem que está a bater-lhe é que [convence a polícia], fazendo com que as autoridades achem que os pais da esposa, do interior da China, é que causaram distúrbios em Macau. É necessário que os agentes da polícia da linha frente tenham consciência e percebam os casos que sejam denúncias. Porque se os violentadores souberem os segredos das vítimas, tal como eu tratei de um caso de qualificação falso, ameaçam as vítimas. Inclusive denunciam-nas e fazem com que os casos vão para tribunal, fazendo com que as vítimas tenham prejuízos físicos e mentais. Mas, como a lei está em discussão, as autoridades também disseram que vai haver uma equipa de agentes especializados em relação à violência doméstica, bem como um plano para uma formação da execução da lei em relação à violência doméstica. Acredito que é o trabalho do Governo.

“Devido ao desenvolvimento económico em Macau, a capacidade de trabalho de mulheres está maior e reparámos que 90% das mulheres no nosso Centro trabalharam como croupiers em casinos, não tendo tempo para os filhos e ainda sofreram com violência doméstica” Quais são outros problemas familiares graves em Macau? Existe sempre uma ligação entre os problemas. Podemos ver que é fácil os filhos que vivem em cenários de violência doméstica andarem por maus caminhos, porque sem uma boa educação e se as relações familiares não forem harmoniosas, os jovens podem procurar outros nichos de intimidade e segurança: tomam drogas, cometem crimes e surgem também menores grávidas. Num dos casos que tratei, uma menina de 17 anos já estava grávida pela segunda vez e vivia numa família onde havia violência doméstica. Conheceu o namorado, que também lhe batia e que vivia, igualmente, numa família onde a mãe era violentada e achava que bater em mulheres era normal. Depois de chegar ao Centro com o bebé, descobrimos que ainda se encontrava com o namorado e continuou a ser violentada. Isto mostra que muitos jovens têm problemas devido ao contexto da família que vive com violência doméstica. Em relação aos assistentes sociais que tratam de problemas familiares: existe em Macau número suficiente? Será que a ajuda é eficaz?

“No futuro, vamos enfrentar outros casos, cada vez mais diversificados, e temos que alterar a forma como procedemos, porque tudo depende das mudanças da sociedade e do tipo de problemas que daí advêm”

Na realidade, apenas nos anos mais recentes anos é que surgiu a discussão sobre a violência doméstica e se dá mais atenção ao problema, pelo que existem ainda poucas instituições de apoio. A meu ver, no âmbito da assistência social, existem poucos agentes experientes, que ajudem desde o início até que as vítimas tenham uma vida independente. Mas sei que o Governo está a formar alguns assistentes sociais e psicológicos que tenham potencial, criando uma equipa especializada para ajudar a violência doméstica. Creio que no futuro vão formar também assistentes sociais da linha da frente. Por outro lado, a experiência é também importante, mas falta em Macau. O Regime de Credenciação e Inscrição para o Exercício de Funções de Assistente Social, está prestes a ser legislado. Pode isto significar uma maior pressão? Quando o regime entrar em vigor, muitos assistentes vão estar preocupados com os riscos jurídicos e morais, pelo que pode haver uma maior pressão, por não saberem quais são os padrões correctos. Assim, estes profissionais deverão ser mais cuidadosos e deixar de fazer uma parte dos trabalhos [para não errar]. Vemos agora, que não existem esses regulamentos, que o código disciplinar dos assistentes sociais é aprendido em instituições e esses códigos podem ser diferentes um dos outros, exceptuando claro os princípios básicos. Há códigos na teoria, mas são diferentes das experiências. Tenho um exemplo de uma instituição que transferiu uma menina grávida de 16 anos para o nosso Centro e não queria que a família soubesse e pediu para não contar. Mas, o assistente social respeita a vontade da menina, ou pensa no facto de que os pais têm o direito de cuidar da filha? Caso a situação piore, os assistentes sociais que não contam as coisas aos pais é que ficam com as culpas. Temos que esclarecer que nós não aconselhamos isto, não se deve prometer a uma adolescente que não vamos falar com a família, pelo contrário devemos sugerir que ela fale com a família, ou acompanhá-la a falar. Um assistente que trabalha com jovens e famílias deve ter estes conhecimentos básicos, bem como conhecer as respectivas leis, mas reparei que muitos assistentes sociais da linha da frente não o sabem. Existem qualidades diferentes em todos os assistentes sociais em Macau. Mas, no futuro, vamos enfrentar outros casos, cada vez mais diversificados, e temos que alterar a forma como procedemos, porque tudo depende das mudanças da sociedade e do tipo de problemas que daí advêm. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


política

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Chefe do Executivo, Chui Sai On, avançou que o Governo irá investigar e ajustar as políticas para apoiar os desenvolvimentos do sector do comércio a retalho e das micro, pequenas e médias empresas locais. “As PME e as marcas locais são importantes para o desenvolvimento económico de Macau e o Governo tem que ponderar, durante a elaboração das políticas, criar mais condições para o apoio ao desenvolvimento do sector”, afirmou o líder do Governo, durante um encontro na passada sexta-feira com a Associação Comercial de Empresas de Marca Internacional de Macau. Há dois anos, o número de marcas representadas em Macau era mais de 70, presentemente contam-se mais de três mil. Sio Un I, presidente da Associação, referiu que embora o sector esteja a sofrer um impacto devido à variação do ambiente económico e das formas de consumo, aAssociação pretende ajustar e reforçar a formação interna de maneira a colmatar estas variações. A representante adiantou ainda que aAssociação está a cooperar, com o Instituto Politécnico de Macau, num projecto de reembalagem, que pretende ajudar mais de dez marcas tradicionais de Macau a promoverem-se no mercado. “Além disso, a Associação pretende, através desta plataforma, desenvolver o mesmo projecto nas várias províncias e regiões do interior da China”, afirmou Sio.

Habitação pública Não há reservas de casas para candidatos em tribunal

Sai uma medida anti-crítica O Governo não vai deixar casas públicas de reserva para os candidatos que tenham recursos em tribunal, existindo a hipótese de voltar ao concurso. Raimundo do Rosário desvaloriza o parecer pedido ao CCAC no âmbito da revisão da Lei da Habitação Económica e diz não existirem problemas

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s candidatos a uma casa do Governo têm o direito, segundo a lei, de apresentar recurso no Tribunal Administrativo (TA), mas não verão uma casa económica ou social reservada apenas para si até que os juízes tomem a decisão final. A garantia foi dada na última reunião da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). “Perguntámos ao Governo como vai fazer nos casos em que o tribunal dê razão ao candidato. Há diferentes vias para resolver esta questão e, se as fracções não estiverem esgotadas, vão ser atribuídas ao recorrente. Não há um mecanismo para guardar uma fracção enquanto se espera pela decisão do tribunal. Este é o tratamento mais adequado, porque se forem reservadas muitas habitações para este tipo de situações, vai originar criticas do público, por desaproveitamento das casas”, explicou o deputado Chan Chak Mo, que preside à Comissão. “Há outra solução. Se o tribunal proferir uma decisão com montante de indemnização, então o Governo vai ter de indemnizar. O Governo tem mesmo de entrar em contacto com o candidato, para que no

próximo concurso possa escolher a fracção”, acrescentou o deputado.

Candidaturas mantêm-se

Uma coisa é certa: o recurso apresentado junto do TA não vai levar à suspensão do processo de candidatura a uma casa do Governo. Isto nos casos em que os candidatos fiquem insatisfeitos com a fracção que lhe é atribuída ou fiquem excluídos do processo de sorteio. “Durante a reunião foram apresentadas muitas questões, mas o Governo disse que o que se pretende agora é que se possa concluir os trabalhos de atribuição de 1900 fracção para os 42 mil candidatos. Aquando das outras matérias vão ser ponderadas aquando da revisão global da proposta de lei”, explicou Chan Chak Mo. Ao HM, à saída da reunião, o Secretário para as Obras Públi-

Chan Chak Mo Presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL

O dossier que falta analisar R algum tempo para os serviços saberem isso. Ainda nem sei quais são os terrenos, muito menos se estão em condições de ser declarada a sua caducidade. Nem sei onde eles ficam. É algo que ainda tenho de ver, de todo não sabia disso. Mas vou saber”, disse à imprensa, à margem de uma reunião da 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL). Na semana passada, a deputada Kwan Tsui Hang interpelou o Governo, pela segunda vez este ano, quanto aos projectos que podem

cas e Transportes, Raimundo do Rosário, adiantou que o parecer pedido ao Comissariado contra a Corrupção (CCAC), não significa a existência de abusos ou ilega-

“Este é o tratamento mais adequado, porque se forem reservadas muitas habitações para este tipo de situações, vai originar criticas do público, por desaproveitamento das casas”

Secretário desconhece processo de lotes do caso Ao Man Long

aimundo do Rosário não sabe ainda qual o destino final a dar a alguns terrenos envolvidos no caso Ao Man Long. Há ainda 22 lotes mencionados no processo do ex-Secretário para as Obras Públicas e Transportes, condenado por corrupção, cujo prazo de aproveitamento termina este ano e para os quais ainda não há projectos traçados. O actual Secretário da tutela assumiu desconhecer o processo por completo. “Não sabia disso, mas entretanto soube e pedi que me dessem

tiago alcântara

PME Chui Sai On promete mais políticas

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brotar nestas terras, entretanto devolvidas ao Executivo. Esta não é a primeira vez que a deputada Kwan Tsui Hang questiona a tutela das Obras Públicas e Transportes sobre o assunto. Já em Janeiro a deputada pretendia saber o destino que seria dado aos terrenos situados na Avenida Wai Long, junto ao aeroporto, onde iria ser construído o projecto habitacional La Scala, já na posse do Governo. “Já passaram quase cinco anos e ainda não há informação sobre estas terras”, disse na altura. A.S.S.

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lidades por parte dos candidatos que não ocupam as suas fracções. “Não é isso que está em causa. Estamos num processo normalíssimo de revisão de uma lei e é absolutamente normal pedir pareceres a serviços. Há uma situação, do domínio público, que o facto de haver casas atribuídas e não estarem ocupadas, quando estas foram atribuídas para haver uma ocupação permanente.” Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


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Alexis Tam garante que a Lei do Erro Médico é prioridade para o Governo, depois de dois pediatras terem sido erradamente condenados por erro no diagnóstico a uma criança. O Secretário tranquiliza ainda o sector privado quanto à contínua saída de recursos humanos, adiantando que será feito um estudo sobre a matéria

Privados com falta de recursos humanos

Saúde Lei do Erro Médico é prioridade, diz Alexis Tam

Urgente e necessário A Lei do Erro Médico é um assunto a ser tratado “com urgência”. A afirmação é de Alexis Tam, que foi questionado sobre o caso dos dois médicos pediatras acusados de erro no diagnóstico, que acabaram por ser condenados e posteriormente absolvidos depois de o tribunal ter errado, uma vez que os factos já tinham

prescrito. As críticas foram muitas e, por isso mesmo, frisou Tam, esta lei será uma prioridade. A urgência num diploma deste género é pedida também pelos deputados Ella Lei e José Pereira Coutinho, que apelaram a que o Governo o apresente o mais rápido possível. Os dois deputados concordam também com que sejam incluídos

Telecomunicações Especialistas sugerem revisão de leis

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O Governo vai lançar um estudo sobre a manutenção do número de médicos das instituições de saúde privadas. A informação foi avançada na passada sexta-feira pelo Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, durante uma reunião com a Associação de Beneficência do Hospital Kiang Wu e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM). Em causa estão as queixas de algumas das instituições de saúde privadas, que alegam uma “saída contínua de enfermeiros, farmacêuticos e outros profissionais de saúde das associações para as instituições governamentais”. Os queixosos defendem que o Governo os deve apoiar garantindo a boa qualidade e estabilidade dos seus recursos humanos. Alexis Tam clarificou que pretende manter uma relação estreita de comunicação com as instituições privadas e, tendo em conta o estado dos recursos humanos, irá promover relações de parceria, dando apoio ao “recrutamento no exterior com a condição prévia de criação de um mecanismo de saída do mercado de trabalho”.

Centro da Política da Sabedoria Colectiva considera que Macau está longe de ser uma cidade digital, devido ao atraso da Lei de Bases das Telecomunicações. As declarações surgem ao mesmo tempo que a Associação de Academia de Informática de Macau diz considerar que o território tem condições preliminares e infra-estruturas para se desenvolver numa “Smart City”. Segundo o canal chinês da Rádio Macau, o vice-director do Centro da Política da Sabedoria Colectiva, Loi Man Keong, lembrou que a Lei de Bases das Telecomunicações está atrasada face ao desenvolvimento, o que causa, diz, um limite ao desenvolvimento da rede regional. Loi considera que as redes por cá utilizadas são infra-estruturas ainda insuficientes para a promoção do desenvolvimento informático, o que faz com o objectivo de fazer com que Macau chegue a uma cidade digital ainda esteja longe de acontecer. Já Sam Kam Tong, presidente da Associação de Academia de Informática, acha que Macau já tem condições preliminares e infra-estruturas em desenvolver-se como uma “Smart City”. O responsável diz que, embora o serviço de Wifi-Go ainda não consiga abranger toda a cidade, “existe um grande potencial” em se avançar para uma “Smart City” através do alargamento e

da cobertura abrangente desta banda larga gratuita sem fios. Sam sugere contudo que, ao tempo que se caminha para uma cidade tecnológica, o Governo faça ajustamentos aos regulamentos actuais, tais como a Lei de Protecção de Dados Pessoais e a Lei de Combate à Criminalidade Informática, além de, defende, ajustar os departamentos governativos relativos à tecnologia informática. A Lei de Bases das Telecomunicações está em vigor desde 2001. F.F.

especialistas estrangeiros na Comissão de Avaliação do Erro Médico.

Ajudas de fora

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Ella Lei criticou o facto de, actualmente, não existir um mecanismo de tratamento do erro médico, pelo que a deputada diz que espera que possam ser incluídos estes especialistas estrangeiros, de forma a dar mais a legitimidade aos processos. Pereira Coutinho concorda, ainda que aponte que se deve assegurar a independência da Comissão. Apesar do Secretário não prestar declarações sobre o caso dos médicos em tribunal, conforme avança a Rádio Macau, Alexis Tam afirmou compreender o estado de apreensão dos médicos em relação ao futuro e, por

isso, o Governo vai acelerar os processos de execução de lei em causa. O deputado Pereira Coutinho considera que este caso é apenas a ponta do icebergue, porque muitos já desistiram de investigar a responsabilidade. “Não se pode resolver conflitos de erro médico caso a lei não exista”, frisa. Recorde-se que no início do mês, o director dos Serviços de Saúde, Lei Chin Ion, avançou que está programada uma consulta pública sobre o assunto para Setembro deste ano, algo que pouco ou nada agradou aos membros do Conselho de Médicos, que dizem não fazer sentido que a população possa falar sobre um assunto tão delicado. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Filipa Araújo

Filipa.araujo@hojemacau.com.mo

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DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇAS EDITAL Contribuição Predial Urbana Faz-se saber, nos termos do disposto no artigo 95º, n.º 2, do Regulamento da Contribuição Predial Urbana, aprovado pela Lei n.º 19/78/M, de 12 de Agosto, que, durante os meses de Junho, Julho e Agosto de 2015, estará aberto o cofre da Recebedoria da Repartição de Finanças de Macau para o pagamento voluntário da única prestação da contribuição predial urbana, em relação aos prédios constantes das matrizes desta Repartição. O prazo da cobrança à boca do cofre é de trinta dias, com início no 1.º dia do mês indicado no documento de cobrança. Findo o prazo da cobrança à boca do cofre, terão os contribuintes mais sessenta dias para satisfazerem

as suas colectas, acrescidas de três por cento de dívidas e juros de mora legais, conforme o disposto no artigo 96.º, n.º 1, do citado Regulamento. Decorridos sessenta dias sobre o termo do prazo da cobrança voluntária, sem que se mostre efectuado o pagamento da contribuição liquidada, dos juros de mora e três por cento de dívidas, proceder-se-á ao relaxe.

Aos, 5 de Maio de 2015. A Directora dos Serviços, Vitória da Conceição


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São Januário Administrador português condenado por falsificação e burla

Com a mão no medicamento

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ui Vasconcelos e Sá, português e administrador no Centro Hospitalar do Conde de São Januário, foi condenado pelo tribunal a um ano e seis meses de prisão com pena suspensa por falsificação de documentos e burla. O homem, nascido emAngola, foi o primeiro funcionário público luso “a ser acusado directamente pela Administração”, conforme avançou fonte do processo ao HM, e serviu-se de outros dois médicos para praticar os crimes. De acordo com o acórdão que dita a decisão do Tribunal Judicial de Base (TJB) – a que o HM teve acesso -, o português saiu de Macau 68 vezes entre 2006 e 2011, durante o horário de trabalho, continuando contudo a preencher as folhas de ponto. Mas não só. Durante o tempo em que esteve no hospital, Rui Sá apropriou-se de centenas de medicamentos para doenças crónicas. Entre eles, alguns são psicotrópicos. O tribunal não deu como provado todos os crimes imputados ao funcionário pelos Serviços de Saúde (SS), sendo que o organismo pondera mesmo recorrer num dos pontos. Foi numa investigação levada a cabo por este organismo que se decidiu fazer queixa do homem, tendo sido “o próprio Ministério Público a levar a cabo a acusação”. As saídas do administrador variam: algumas eram feitas pelas Portas do Cerco em direcção ao continente chinês, outras em voos com destino à Tailândia e a Xangai, conforme o HM conseguiu apurar através dos códigos de voo. Os períodos de ausência de Macau variavam também, sendo que Rui Sá ficava fora, em alguns casos, por uma hora, noutros por cinco dias ou mais. “Nos 68 dias abandonou o posto durante o horário de trabalho e continuou a receber o salário, no valor de 93.488 patacas”, pode ler-se no acórdão.

Assistência médica

Rui Sá estava também a apropriar-se de medicamentos prescritos apenas com receita médica, servindo-se da ajuda de dois médicos para tal, num esquema que implicava a marcação de falsas consultas externas. Utilizando-se do nome de

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Saídas no horário de trabalho e apropriação de medicamentos. O tribunal não deu como provadas muitas das acusações, mas Rui Sá foi condenado a pouco mais de um ano de prisão com pena suspensa mediante pagamento de indemnização. Os Serviços de Saúde ponderam avançar com um recurso face ao pagamento de danos não patrimoniais, num caso que envolve mais dois médicos portugueses

dois pacientes –portugueses, com BIR permanente e beneficiários de cuidados de saúde gratuitos – Rui Sá marcava consultas externas onde eram passadas receitas. Os pacientes não apareciam nas consultas, mas o administrador conseguia, ainda assim, levantar os medicamentos na farmácia do hospital e cá fora. Os dois médicos envolvidos são portugueses e vêm claramente identificados no acórdão a que o HM teve acesso, não tendo sido, contudo, acusados. Os dois serviram de testemunhas no processo, alegando que “passaram as receitas nos nomes dos dois pacientes porque o administrador era seu superior”, como explicou fonte do processo ao HM. Preferindo manter-se no anonimato, a fonte indica que, apesar de não estarem acusados e de nem sequer estar a ser preparado pelos SS acção judicial contra si, “seria impossível os dois médicos desconhecerem o que estavam a fazer”. Só o MP pode deduzir eventual acusação, ainda de acordo com a fonte. Da parte dos SS, e como resposta oficial ao pedido de esclarecimento face ao assunto, foi apenas dito ao HM que “não era normal os médicos

passarem receitas [desta forma]” e que “os mesmos haviam, com intenção, violado as regras dos serviços”, algo que “chamou a atenção”. Os medicamentos receitados serviam para doenças “do foro mental, insónias eAlzheimer” como se pode ler no acórdão e o administrador terá alegado que seriam para si e para familiares. Algo que nunca chegou a ser comprovado, já que o tribunal diz apenas que o homem “na verdade, apoderou-se dos medicamentos fornecidos pelos SS”. A lista de medicamentos inclui Memantina, Zolpidem, Rivastigmina, Gingko, Etoricoxido e Carbonato de Lítio. Os dois pacientes asseguram ter conhecido Rui Sá mas afirmam

nunca ter tido contacto directo com ele. Os dois dizem nunca ter tido doenças crónicas e muito menos “ter pedido a alguém” que fizesse marcações de consultas por eles.

Penas ligeiras

Durante um ano, entre 2011 e 2012, Rui Sá marcou 70 consultas externas no nome dos dois pacientes servindo-se dos seus dados de identificação. Levantou medicamentos 34 vezes na farmácia do hospital e 36 vezes em farmácias exteriores. Foi a Divisão da Farmácia do hospital que começou a suspeitar da quantidade “excessiva” de medicamentos receitados aos dois pacientes. “O arguido apoderou-se de todos os medicamentos que levantou

O português saiu de Macau 68 vezes entre 2006 e 2011, durante o horário de trabalho, continuando contudo a preencher as folhas de ponto. (...) Durante o tempo em que esteve no hospital, Rui Sá apropriou-se de centenas de medicamentos para doenças crónicas. Entre eles, alguns são psicotrópicos

na farmácia”, lê-se no acórdão, que acrescenta que os prejuízos ascenderam aos 138,600 patacas. Actualmente a trabalhar em Portugal, também na mesma área, Rui Sá entrou na Administração em 1982, como farmacêutico. Em 1991 passou a administrador do Centro de Responsabilidade do hospital e de 2001 a 2002 foi assessor técnico da área administrativa do Departamento de Gestão Administrativa do hospital. De 2003 a 2012 foi ainda administrador geral da Secretaria dos Cuidados Médicos. Em Junho de 2011, o director substituto dos SS instaurou um procedimento administrativo contra Rui Sá, que levou ao despedimento por justa causa do funcionário. Apesar de ir acusado pelo MP de um crime de falsificação de documentos, um de abandono de funções, dois de uso de documento de identificação alheio e três de burla, o administrador acabou absolvido na maior parte deles. Alguns, como se lê no documento do tribunal “não se deram como provados por serem irrelevantes para a instrução”. Por exemplo, não foi produzida prova que convencesse o tribunal que ele tenha “descurado as suas competências” ao abandonar o trabalho, como disseram os SS, e ainda “pouco se prova que o arguido haja tido a intenção de impedir ou interromper serviço público pelo que [o crime de abandono de funções] nunca se poderia mostrar preenchido”. Da decisão do tribunal também não resulta que o arguido se haja apossado de documentos dos pacientes. Também as saídas do horário de funções foram descartadas, porque “as faltas injustificadas são apenas faltas injustificadas e não são crime”, pelo que o homem é absolvido de um dos crimes de burla. O tribunal ainda atira responsabilidades para a Administração que “deveria não só punir mas estar atenta” a este comportamento. O homem é então acusado de um crime de burla pelo furto dos medicamentos e um de falsificação, mas o tribunal deu-lhe pena suspensa. “O arguido é primário, os factos ocorreram há vários anos, sendo que, no que concerne à burla, os valores individualmente considerados são baixos”, lê-se no acórdão. Condenado a um ano e seis meses de prisão, Rui Sá viu ser-lhe aplicada pena suspensa desde que pague a indemnização aos SS, no valor de cerca de 230 mil patacas por danos patrimoniais. Os SS pediam ainda 900 mil patacas em danos não patrimoniais, mas o tribunal negou essa hipótese, sendo que os SS ponderam avançar com recurso. “Sei que os SS estão a analisar com os serviços jurídicos sobre essa indemnização”, disse fonte ao HM. Joana Freitas

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O público está quase todo de acordo: a integridade dos espaços urbanos no Centro Histórico deve ser salvaguardada. Este é o resultado da consulta pública realizada o ano passado e agora concluída. Consulta que, na altura, não encontrou apoio dos profissionais da área

A

consulta pública que dava conta do Plano de Salvaguarda e Gestão para o Centro Histórico de Macau reuniu cerca de 90% de concordância. O resulta é demonstrativo, defende o Instituto Cultural (IC), do “consenso da maioria da sociedade nos princípios e medidas indicados no texto para consulta”. Em causa está a consulta pública sobre o plano que pretende proteger de forma eficaz e “assegurar a autenticidade e integridade do Centro Histórico” e que teve lugar de 10 de Outubro a 8 de Dezembro de 2014. A auscultação surgiu para cumprir os compromissos internacionais da Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natural. Das quase seis mil opiniões recolhidas, 99% concorda que se deve dar importância à salvaguarda da identidade e integridade dos espaços urbanos daquele local, sendo que 91% dos inquiridos acha necessário respeitar os critérios definidos para a regularização das construções. Ou seja, é necessário, segundo as opiniões, apresentar de forma específica as condições de construção, assim como devem ser consideradas as necessidades reais do desenvolvimento da cidade, respeitando as restrições mais rigorosas, sobretudo quando se refere à altura das construções. Os participantes consideram também que é necessário reforçar os trabalhos de educação e divulgação no valor do Centro Histórico, assim como é necessária atenção ao excesso de carros nas ruas estreitas da cidade e a constante disputa entre peões e veículos “deve ser melhorada”.

Publicidade a rever

Relativamente à instalação de publicidade para salvaguardar o ambiente desta área, 99% dos in-

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Centro Histórico Cerca de 90% dos residentes a favor de protecção

Consenso chega em maioria quiridos concorda que o processo de instalação deve ser regulado. As opiniões indicam que a “gestão de letreiros publicitários seja feita, bairro a bairro, não se devendo implementar um ‘tamanho único’ e devendo considerar-se as necessidades do comércio, tendo em conta que alguns letreiros publicitários antigos são também característicos de Macau”. Quanto aos corredores visuais, 93% considera que a regularização destes deve estar em “equilíbrio com o desenvolvimento da cidade, devendo incluir também áreas fora das zonas de protecção”. O IC diz que ficou “demonstrado” o “consenso da maioria da sociedade nos princípios e medidas indicados no texto para consulta” sobre questões que incluem as

condições de construção, controlo e gestão de espaços urbanos, protecção do tecido urbano e critérios para o restauro arquitectónico. A próxima fase dos trabalhos será a elaboração do Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, que começa a ser escrito na segunda metade deste ano.

Consulta da discórdia

Recorda-se que o texto da consulta pública foi alvo de duras críticas por parte dos profissionais da área,

ouvidos pelo HM no ano passado, altura em que saiu a consulta. O arquitecto Francisco Vizeu Pinheiro argumentou que as perguntas “foram feitas para que as pessoas respondessem ‘sim’” e para que o plano fosse para a frente. Vizeu Pinheiro criticou o IC de “falta de transparência”, na medida em que pouco se sabe sobre a lista de património protegido. “As perguntas não são assim muito padronizadas”, referiu o profissional. “Uma vez que a lei já está aprovada, não

Das quase seis mil opiniões recolhidas, 99% concorda que se deve dar importância à salvaguarda da identidade e integridade dos espaços urbanos daquele local

percebo muito bem o porquê da consulta”, acrescentou. Para Rui Leão, também contactado na altura, a consulta era “positiva” tendo em conta que permite que o Governo perceba “até que ponto é que a população está sensibilizada para o assunto”. Vizeu Pinheiro referiu ainda haver uma disparidade entre o texto explicativo, as questões colocadas e o público a quem se dirigia a consulta. Se, por um lado, as perguntas eram de resposta fácil para o comum cidadão, por outro, careciam de pormenores para académicos e especialistas. Além de questões pouco pormenorizadas, o texto da consulta tinha erros históricos, como apontou o profissional na altura. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

Construção Fórum termina com mais de cem acordos

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m total de 120 acordos foram assinados no 6º Fórum Internacional sobre o Investimento e Construção de Infra-estruturas, que reuniu em Macau representantes e empresários da China, América Latina e países de Língua Portuguesa. Durante os dois dias de duração do Fórum, os empresários de Macau, conforme avança a rádio Macau, assinaram um total de quatro memorandos, sendo que, segundo o director dos Serviços de Economia, o Fórum mostrou-se

especialmente positivo para o sector das exposições e convenções. Tang Hong Cheong, presidente da Associação de Construção de Macau, apelou ao apoio do Governo para as empresas locais, para que estas consigam vingar no mercado internacional. “Parece-me que é o tempo certo, no local certo e com as pessoas certas para os empresários de Macau fazerem grandes negócios. Em termos de recursos financeiros, estou a lembrar-me da reserva financeira do Governo

local. Se o Executivo pudesse, pelo menos, dar iniciativa aos empresários através de apoio financeiro, acho que estaríamos numa boa posição para entrar no mercado de infra-estruturas internacional”, disse à rádio Macau, defendendo a introdução das empresas locais em negócios de parceria entre a China e os Países de Língua Portuguesa. O Fórum contou mais a presença de mais de mil empresas da área de Investimento e Construção de Infra-estruturas.


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TNR Remunerações iguais há uma década prejudicam locais, diz FAOM

Dez anos é muito tempo

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Federação das Associações de Operários de Macau (FAOM) e dois trabalhadores da construção civil criticaram o que consideram ser a prática de pagamentos salariais muito baixos a trabalhadores não-residentes (TNR). Num encontro com o Gabinete de Recursos Humanos (GRH), a FAOM ao organismo que reveja os critérios de remuneração apresentados pelas empresas, que ainda se encontram como 450 patacas iniciais, tal como há uma década. Segundo o Jornal do Cidadão, um trabalhador de Macau com apelido Wong acusa várias companhias de construção de abusar dos TNR de diversas formas, como forma de afastar os trabalhadores locais. “Os TNR ganham 450 patacas por dia, enquanto nós, trabalhamos em várias partes da construção e ganhamos mil patacas por dia”, explica, para exemplificar que os TNR são preferidos face aos locais. Wong criticou ainda que existem empregadores que recrutam trabalhadores locais com condições melhores no início da obra de construção, apenas com o objectivo de acelerar a apreciação pelo GRH de contratação de TNR, já que estes são a justificação para o Governo autorizar a contratação de trabalhadores de fora. Quantos mais trabalhadores locais tiverem recrutado, mais TNR as empresas vão ter direito. Wong diz que depois os locais são despedidos sem causa justa e aponta o dedo ao Governo, por achar que este não protege a empregabilidade dos trabalhadores de Macau.

Critérios desactualizados

Gás Natural Associação apela ao fim do contrato com a Sinosky

Indemnização por favor O director da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, Cheang Chon Fai, apela ao Governo a pôr fim ao contrato de gás natural entre a Companhia de Gestão de Participações e Energia Sinosky e o Governo. Depois do Executivo ter avançado que ainda se encontra a negociar com a empresa e que todas as hipóteses estão em cima da mesa, a Associação apela ao fim dos litígios pela via judicial. O HM avançou que o Chefe do Executivo já teria dado autorização para que o contrato fosse terminado mas o Secretário para os Transportes e Obras Públicas disse desconhecer essa autorização e assegurou que o contrato ainda se mantinha, apesar de admitir dificuldades na negociação.

Em declarações ao Jornal do Cidadão, Cheang Chon Fai disse que, desde a suspensão de oferta de gás natural em 2009, o Governo tem falado com a companhia mas não há resultados, pelo que acredita que a causa principal é o problema do preço. Seja como for, aponta, os objectivos para a distribuição de gás natural em Macau não estão a ser atingidos como o previsto. “Caso a Sinosky não consiga ganhar dinheiro, claramente não quer atribuir recursos através de várias formas para evitar a perda de capital”, aponta Cheang, que acrescenta que suspeita da popularização do gás natural em Macau. “Sendo feita através de um transportador colectivo de tubos, é necessário fazer escavações de estradas para colocar os tubos. Mas a sociedade já está sempre a criticar o mau trânsito causado por isso, creio que a

população não quer sofrer com mais obras nas ruas, sobretudo nos bairros antigos. Portanto, é difícil que a maioria da população de Macau utilize o gás natural.”

Sem vantagens

O presidente considera também que a vantagem de preço de gás natural é cada vez menor, pelo que duvida se é positivo continuar a promover o gás natural. Com a atitude de não cooperação do fornecedor, o presidente apela ao Governo que cancele o contrato com a Sinosky, revendo os motivos que levaram ao fracasso do contrato. Quanto ao problema da indemnização, Cheong sugere que seja resolvida pela via judicial. O responsável diz que “não deve demorar mais tempo e, assim, o Governo pode concentrar-se em outros problemas”. F.F.

A existência de TNR que aceitam receber salários muito baixos, diz a FAOM, prejudica os locais e a culpa é dos critérios atrasados de remuneração aquando da apreciação feita pelo GRH. A chefe da Comissão de Direitos da FAOM, a também deputada Ella Lei, diz que o GRH está ainda a utilizar o salário de 450 patacas por dia como o critério de introdução de TNR nas empresas, o qual foi implementado há dez anos e “é muito mais baixo do que o nível do mercado local”. Lei suspeita da falta de rigor nesse critério e apela a que sejam melhorados estes critérios.

“Os TNR ganham 450 patacas por dia, enquanto nós, trabalhamos em várias partes da construção e ganhamos mil patacas por dia” Wong Trabalhador de Macau

“Existem companhias que diminuem o nível de remuneração dos trabalhadores locais e pedem TNR com a razão de não conseguirem recrutar empregados locais, o faz com que os locais percam capacidade de negociação do salário. Estes trabalham sofrendo com o nível injusto de remuneração ou sofrem com a constante mudança de emprego”, diz. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo


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ontinua por encontrar o turista coreano que terá estado em contacto com o passageiro do voo proveniente da Coreia do Sul para Macau infectado com coronavírus. No entanto, três dos casos suspeitos da semana passada no território deram negativo para infecção com o síndrome respiratório do Médio Oriente (MERS, na sigla inglesa). De acordo com um comunicado dos SS, até agora não foi detectado nenhum

Coronavírus Casos suspeitos dão negativo

Macau atento caso de infecção no território. O primeiro caso suspeito em Macau foi de um cidadão do interior da China que trabalhava no Uganda, o segundo aconteceu com uma residente de Macau que viajou, no início deste mês, para

a Coreia do Sul. A cidadã reportou os seus sintomas à chegada ao aeroporto local e foi imediatamente transportada para o S. Januário pelos Bombeiros. Um comunicado dá conta que a mulher não está infectada

com coronavírus, mas sim com gripe A.

Buscas continuam

Relativamente ao cidadão coreano que entrou em Macau em 26 de Maio e ainda se encontra em Macau,

Simul acro SS testam capacidade de resposta Na passada sexta-feira, os Serviços de Saúde organizaram um simulacro para testar a capacidade de resposta das equipas médicas e das instalações do hospital Conde S. Januário ao vírus Síndrome Respiratória do Médio Oriente. A experiência utilizou um residente local de 45 anos, que deu entrada no hospital com sintomas de gripe, tendo-lhe sido detectada febre. O doente foi reencaminhado para uma consulta, onde contou ao médico o seu historial de viagem.

Após forte suspeita do vírus, a equipa médica accionou as normas de desinfecção do estabelecimento, tendo sido activado o plano de contingência. Estiverem presentes o director do hospital, Cheong Kuok U, o director dos SS, Lei Chin Ion, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, entre outros representantes. Além disso, o simulacro contou com a presença de membros de avaliação das normas e procedimentos levados a cabo.

os SS “estão a proceder às diligências para rastrear o paradeiro do passageiro, que esteve no mesmo voo com o primeiro caso importado”, mas até agora ainda não foi possível descobrir o homem. O MERS tem-se espalhado rapidamente pelo mundo, principalmente contaminando pessoas que são atendidas e trabalham em hospitais. A Coreia do Sul tem sido dos países mais afectados e, em comunicado, os SS pedem a todos as pessoas que tenham estado no hospital St. Mary’s daquele país que se dirijam a qualquer uma das instituições médicas do território para rastreio da doença. Entretanto, tanto o hospital Conde S. Januário, como a Pousada da Juventude de Hac-Sá estão preparados para receber e colocar em isola-

De acordo com um comunicado dos SS, até agora não foi detectado nenhum caso de infecção no território mento eventuais casos suspeitos de pessoas infectadas com o vírus ou que tenham tido contacto com alguém infectado. Num comunicado publicado na passada sexta-feira os Serviços de Saúde (SS) tornaram obrigatório o uso de máscara a todas as pessoas que circulem na ala de Urgências do hospital S. Januário, tendo emitidos as mesmas instruções para o Kiang Wu. L.S.M.

FIC Resultados de concurso já para a semana

Táxis Motoristas pedem inclusão no Fundo de Protecção Ambiental

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para o atraso na publicação da lista reside numa maior exigência de processos. “Este trabalho exigiu mais processos administrativos do que as outras subvenções de fundos, por isso há um atraso relativamente à nossa expectativa. Isso provoca alguns efeitos negativos à indústria. Como membro do FIC, lamento muito o ocorrido, de coração”, disse ao mesmo canal televisivo. Leong acrescentou que de entre as 86 entidades que recebem o fundo, 14 delas renunciaram à atribuição do subsídio por considerarem que não iriam conseguir cumprir o plano de negócios ao qual se comprometeram inicialmente. O FIC foi uma entidade de financiamento criada pelo Governo há dois anos e que pretende ajudar empresas e projectos locais a desenvolver-se e a ganharem voz.

Associação dos Taxistas de Macau sugeriu ao Secretário para os Transportes e Obras Públicas, Raimundo do Rosário, uma revisão anual das tarifas de táxi, bem como diminuição de custos gonçalo lobo pinheiro

publicação dos resultados das candidaturas ao Fundo das Indústrias Culturais (FIC) deve acontecer dia 15 deste mês, depois de ter sofrido um atraso de pelo menos dois meses. Os resultados deveriam ter sido anunciados em Abril passado, mas nada se soube até hoje. Em declarações à TDM, o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam justifica o atraso com o despedimento do vogal do Conselho de Administração no mês passado. Questionado sobre se a saída de Chao Son U influenciou o processo, Tam disse apenas que “teve um efeito de alguma forma”, mas mostra-se tranquilo ao referir que “está tudo a decorrer dentro da normalidade”. Já o presidente do Conselho de Administração do FIC, Leong Heng Teng, sublinha que a causa

do sector através da possibilidade de efectuar pedidos ao Fundo para a Protecção Ambiental e Conservação Energética. Segundo o Jornal Ou Mun, o presidente da Associação, Ip Weng

Fa considera que a emissão de mais de 200 licenças de táxis pretos e cem licenças especiais pode piorar o sector, já que existem problemas de recrutamento e funcionamento, tais como a falta de condutores e “o pouco rendimento”. Ip Weng Fa sugere por isso ao Governo que faça um ajustamento anual das tarifa de táxi, “dependendo da situação real”, e que tome ainda a liderança na formação de taxistas “para aliviar a carência de mão de obra”. Além disso, o presidente apontou que os custos com os serviços de taxi são altos, principalmente na manutenção dos novos táxis - exigidos pelo Governo –, pelo que sugere permitir aos táxis que se inscrevam no Fundo para a Conservação Energética, que tem como objectivo apoiar as indústrias na compra de aparelhos amigos do ambiente.


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Síntese do Relatório de Actividade do Exercício entre 1 de Janeiro de 2014 e 31 de Dezembro de 2014

O ano de 2014 caracterizou-se por uma redução significativa da instabilidade da zona euro apesar das contínuas interrogações em torno da situação da Grécia, pela confirmação da sustentabilidade da recuperação da economia dos EUA, pelo abrandamento do crescimento da economia da China e por uma instabilidade de alguns dos mercados emergentes em parte, consequência da descida do preço do petróleo e de algumas matérias-primas. No panorama da economia internacional, a evolução das economias da região Ásia Pacífico ficou marcada pelo abrandamento do ritmo de actividade da economia chinesa a par da continuação das iniciativas da RPC de expansão do seu papel como país motor das trocas internacionais na região através de iniciativas de financiamento de infraestruturas e de alargamento do papel do CNY como moeda de denominação da trocas comerciais. A economia de Macau apresentou em 2014 um comportamento dualista caracterizado por expansão no 1º. Semestre e contracção no 2º. Semestre resultante das medidas adoptadas na RPC e que se reflectiram no desempenho do sector do Jogo, Turismos Entretenimento com transmissão ao volume de excedentes da economia. Embora tenha permanecido a pressão sobre o nível geral de preços e o sobreaquecimento do mercado de trabalho foi possível detectar no 4º. Trimestre alguns sinais de arrefecimento das expectativas expansionistas dos agentes económicos o que poderá vir a contribuir para solucionar, ainda que parcialmente, alguns dos problemas da economia da R.A.E. de Macau – a inflação, preço e arrendamento de imóveis. Apesar do aparecimento de alguns factores menos favoráveis ao desempenho da economia da RAEM ao longo de 2014 poderá afirmar-se que o enquadramento para a actividade do sector bancário foi, ainda, globalmente positivo. No ano de 2014 a Sucursal de Macau do BCP continuou a desenvolver a sua actividade enquadrada pela estratégia definida em 2010/2011 através da oferta de serviços e de produtos aos clientes das redes do Grupo BCP, participação activa em alguns dos vários projectos relevantes em Macau e na oferta estruturada de serviços de apoio ao investimento em Portugal de cidadãos chineses no âmbito do programa “Golden Visa”. Contudo, salienta-se que ao longo do ano em análise a erosão dos prémios de risco levou a operações de refinanciamento e de re-pricing da carteira de negócios quer local quer internacional o que caracterizou 2014 como um ano exigente em matéria de margens do negócio bancário. No âmbito da estratégia de modernização da sua plataforma tecnológica a Sucursal tomou um conjunto de iniciativas para suporte ao alargamento da oferta de serviços aos seus clientes as quais se espera venham a ser disponibilizadas ao longo de 2015 contribuindo, assim, para a consolidação e alargamento da sua carteira de negócios. No ano em análise, a Sucursal de Macau obteve um lucro de MOP206,9 milhões, a carteira de depósitos atingiu MOP11.446,5 milhões e a carteira de crédito atingiu MOP8.582,4 milhões. Os custos operacionais cifraram-se em MOP16,8 milhões. Embora as perspectivas para 2015 sejam marcadas pela incógnita em redor dos impactos na economia da RAEM resultantes quer do abrandamento da economia Chinesa quer de algumas medidas de controlo dos fluxos financeiros adoptadas por Pequim com reflexos no sector do Turismo e Entretenimento, julgamos que o abrandamento da actividade económica da RAEM se reflectirá sobretudo nos níveis de excedente de liquidez sem afectar de forma significativa o desempenho do sector bancário. A Sucursal de Macau do BCP continuará no âmbito da sua estratégia a pugnar pelo reforço do seu papel de plataforma de negócios dos Clientes do Grupo BCP no triângulo China – Macau - Países Lusófonos e pela estabilidade da sua carteira de negócios. Por último, desejamos agradecer aos nossos Clientes, aos Colaboradores da Sucursal e às competentes Autoridades de Macau a confiança depositada na Sucursal de Macau do Banco Comercial Português, S.A.. A Direcção da Sucursal de Macau do Banco Comercial Português, S.A.

José Pãosinho Director Geral

Síntese do Parecer dos Auditores Externos

Para a gerência do Banco Comercial Português, S.A. – Sucursal de Macau (Sucursal de um banco comercial de responsabilidade limitada, incorporado em Portugal) Procedemos à auditoria das demonstrações financeiras do Banco Comercial Português, S.A. – Sucursal de Macau relativas ao ano de 2014, nos termos das Normas de Auditoria e Normas Técnicas de Auditoria da Região Administrativa Especial de Macau. No nosso relatório, datado de 15 de Maio de 2015, expressámos uma opinião sem reservas relativamente às demonstrações financeiras das quais as presentes constituem um resumo. As demonstrações financeiras a que se acima se alude compreendem o balanço, à data de 31 de Dezembro de 2014, a demonstração de resultados, a demonstração de alterações nas reservas e a demonstração de fluxos de caixa relativas ao ano findo, assim como um resumo das políticas contabilísticas relevantes e outras notas explicativas. As demonstrações financeiras resumidas preparadas pela gerência resultam das demonstrações financeiras anuais auditadas e dos livros e registos da Su-

cursal. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras resumidas são consistentes, em todos os aspectos materiais, com as demonstrações financeiras auditadas e os livros e registos da Sucursal. Para a melhor compreensão da posição financeira da Sucursal e dos resultados das suas operações, no período e âmbito abrangido pela nossa auditoria, as demonstrações financeiras resumidas devem ser lidas conjuntamente com as demonstrações financeiras das quais as mesmas resultam e com o respectivo relatório de auditoria.

Ieong Lai Kun, Auditor de Contas KPMG Macau, 15 de Maio de 2015


EVENTOS

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CCM Herbie Hancock e Chick Corea terminam tour pela Ásia

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entenas de pessoas acorreram no sábado à abertura da primeira exposição em Pequim de Ai Weiwei, um dos artistas plásticos chineses mais conhecidos internacionalmente e um crítico do Partido Comunista Chinês. Mais do que a obra exposta uma instalação que ocupa o espaço de duas galerias e que reproduz um antigo templo construído em madeira - a grande atracção foi o próprio Ai Weiwei, que apareceu no local, de calções e sapatos de pano. Durante mais de duas horas, distribuiu autógrafos e deixou-se fotografar com toda a gente, incluindo outros artistas, que lhe pedia para fazer uma ‘selfie’ ao seu lado. Às vezes, passavam-lhe o ‘smartphone’ para a mão e era ele que carregava no botão. Um dos artistas que compareceu - e que se fez fotografar com Ai Weiwei - foi o compositor Tan Dun, o único músico chinês a ganhar um Óscar para a melhor banda sonora, em 2000, com o filme “O Tigre e o Dragão”, de Ang Lee.

ccm

• De casa lotada. Foi assim que esteve o Centro Cultural de Macau na sexta-feira passada, com a actuação de Herbie Hancock e Chick Corea. As lendas do jazz inundaram a sala de sons, improviso e muita paixão pela música. Fazendo jus aos prémios que lhes foram atribuídos ao longo da carreira, os pianistas brilharam e terminaram a sua tour pela Ásia da melhor forma.

Primeira mostra de Ai Weiwei em Pequim

Clima de romaria A própria instalação, dividida por dois espaços, parece favorecer mais o contexto social do que o visual. “Estava à espera de uma ‘coisa’ politicamente mais subversiva”, disse um antigo diplomata europeu acerca da exposição. A informação distribuída pelas galerias evoca a “liberdade intelectual praticada” por Ai Weiwei mas não menciona os seus frequentes confrontos com as autoridades chinesas. Ai Weiwei “é um homem para quem a arte é uma forma de viver que está inseparavelmente ligada

com as reais circunstâncias do seu tempo”, assinala a informação. Várias galerias chinesas têm apresentado obras de Ai Weiwei, mas esta exposição individual, que estará patente até 6 de Setembro, é a primeira do género, inteiramente concebida e organizada pelo artista na capital da China.

Da vanguarda

Filho do consagrado poeta Ai Qing (1910-1996), Ai Weiwei, 57 anos, viveu na década de 1980 nos Estados Unidos, sobretudo Nova Iorque, onde conheceu as obras e intervenções artísticas de Andy Warhol,

Sociedade espectáculo

À entrada das duas galerias - a Galleria Continua e a Tang Contemporary Art, no distrito artístico “798”, nordeste de Pequim - eram servidas bebidas e pequenos e coloridos bolos tradicionais, acentuando a atmosfera de romaria. “Vejo sempre a minha vida como um espectáculo”, disse Ai Weiwei numa entrevista difundida na semana passada pela edição local da revista Time Out.

À venda na Livraria Portuguesa Nascido para Mandar: Guia prático para chegar ao poder em Portugal • José de Pina, João Fazenda (ilustração)

Agora também a política já tem o seu guia. Escrito por um dos criadores e autores de Herman Enciclopédia e Contra-Informação, tem uma linguagem simples mas técnica, e está recheado de exemplos práticos e muitos bonecos. Um livro recomendado não só aos jovens e boys em idade escolar, mas também a todos os políticos e dirigentes de futebol que queiram melhorar as suas deprimentes carreiras. Recomendado pelas principais marcas de máquinas partidárias!

Marcel Duchamp e outros grandes nomes das novas vanguardas. Ai Weiwei foi consultor do atelier suíço que desenhou o Estadio Olímpico de Pequim, conhecido popularmente como “Ninho de Pássaro”, mas recusou assistir à cerimónia de abertura dos Jogos, em Agosto de 2008: “O governo quer usar estes Jogos para se celebrar a si próprio e à sua politica. Não há nada a celebrar”, disse então o artista. Quando lhe perguntaram por que razão ainda não tinha sido preso, respondeu: “Também me ponho essa questão”. “Talvez seja por estar só. Não pertenço a nenhum grupo político e estou bastante fora do sistema”, acrescentou. Enganou-se: Ai Weiwei foi detido no aeroporto de Pequim em Abril de 2011, quando pretendia embarcar para Hong Kong, e posteriormente acusado de evasão fiscal. Quatro anos depois, continua impedido de viajar para fora da China. Há cerca de duas semanas, perguntaram-lhe o que faria se as autoridades lhe devolvessem o passaporte: “Iria ver se ainda estava válido”, respondeu. Contudo, Ai Weiwei acredita que o futuro será melhor e que “a internet criou um espaço público e desenvolveu uma pressão que o governo já não pode ignorar”. “A China está a mudar. A sociedade chinesa está a abrir-se”, afirmou Ai Weiwei numa entrevista difundida no dia 20 de Maio passado pela revista alemã Spiegel. Lusa

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LMA Bandas suecas enchem a casa na sexta

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já esta sexta-feira, 12 de Junho, que o espaço Live Music Association (LMA) abre as suas portas a uma noite dedica a bandas suecas. A abrir, está a banda The Deer Tracks, um duo que se dedica à música electrónica e já foi muitas vezes comparado a Sigur Rós e até a The Knife. David Lehnberg e Elin Lindfors passam por Macau na sua tour pela Ásia, que depois seguirá para Hong Kong. O segundo músico é Jimmy Jönsson, mais conhecido por Adora Eye. O compositor tocou com várias bandas internacionais, tais como Depeche Mode, Sisters Of Mercy e Woven Hand, sempre como baterista. Agora dedicou-se a uma carreira a solo, fazendo-se acompanhar pela sua guitarra. Adora Eye é então o trabalho de lançamento do compositor e cantor. A noite termina no género folk pop com as belas Twiggy Frostbite. Com apenas um álbum lançado, as quatro suecas prometem terminar a noite em grande, ao som do mais recente EP lançado o ano passado. Os concertos estão previstos começar pelas 21h30 e durarem até amanhecer. Os bilhetes compram-se à entrada, pelo preço de 120 patacas.

IEEM organiza seminários sobre regulamentação bancária

O Instituto de Estudos Europeus de Macau (IEEM) organiza, nos dias 17 e 18 deste mês, um seminário sobre o Enquadramento de Regulamentação Bancária Basel III, com o custo de inscrição de 1200 patacas e conduzido pelo professor da Universidade de Lisboa (UL), Duarte Trigueiros. A iniciativa é organizada pela Associação de Mestrado em Estudos Europeus e os seminários acontecem entre das 18h30 às 21h00 e das 18h30 às 20h00. “Esta série de dois seminários oferece a oportunidade de adquirir um melhor entendimento de procedimentos tecnológicos e analíticos presentemente empregues para medir e gerir risco e enquadramento regulamentar colocado em acção pelo Comité Basel sobre Regulamentação Bancária”, escreve a organização. O curso deverá oferecer conhecimentos básicos de Finanças e Banca, revendo alguns conceitos-chave. Trigueiros é especialista em Comércio Analítico e professor de Contabilidade e Tecnologias de Informação, além de ser investigador num dos institutos da UL.

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

Keynes - Uma Teoria Útil à Economia Mundial • Peter Temin, David Vines

À medida que a crise económica global continua a causar estragos, vários políticos têm vindo a chamar a atenção para a necessidade de recuperar os conceitos de Keynes para resolver os problemas da economia actual. “Keynes – Uma Teoria Útil à Economia” oferece uma síntese notável sobre os conceitos-chave do economista John Maynard Keynes. Esses conceitos económicos permitem entender os debates políticos do nosso tempo.


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china

hoje macau segunda-feira 8.6.2015

Sobe para 431 número de mortos em naufrágio no rio Yangtze

Pequim Presidente angolano em busca de novos acordos

Aplicações no reino do ouro negro A visita de José Eduardo dos Santos visa promover “um novo ímpeto” na cooperação entre as duas nações numa altura em que o país africano enfrenta algumas dificuldades devido à queda do preço do petróleo

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Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, inicia esta segunda-feira a sua primeira visita à China em quase sete anos, numa viagem encarada em Pequim como uma oportunidade para “injectar um novo ímpeto” nas relações bilaterais. A visita, de seis dias, ocorre num período em que a queda do preço mundial do petróleo está a afectar negativamente a economia angolana, e em particular o valor das suas exportações para a China. As “amigáveis relações” sino-angolanas são baseadas na “confiança política recíproca” e “tornaram-se um modelo da cooperação mutuamente vantajosa que a China mantém com os países africanos”, disse um porta-voz do MNE chinês. “Vários acordos de cooperação” serão assinados durante a visita, indicou o porta-voz, sem adiantar pormenores. Eduardo dos Santos chega a Pequim esta segunda-feira, mas o programa oficial, incluindo a cerimónia de boas vindas, no Grande Palácio do Povo, no centro da capital chinesa, só começará na terça-feira. Além do homólogo chinês, Xi Jinping, que é também secre-

tário-geral do Partido Comunista Chinês, Eduardo dos Santos vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com o presidente da Conferência Política Consultiva do Povo, (uma espécie de senado, sem poderes legislativos), Yu Zhengsheng. O programa inclui uma deslocação num comboio de alta velocidade até Tianjin, o maior porto do norte da China, a cerca de 120 quilómetros de Pequim.

Toma lá, dá cá

A China absorve cerca de metade do petróleo exportado por Angola, em troca de financiamentos às empresas chinesas envolvidas na reconstrução nacional naquele país, nomeadamente estradas, caminhos-de-ferro e habitações. Segundo fontes chinesas, o montante dos empréstimos e linhas de crédito concedidos pela China a Angola desde 2004, através de

vários bancos estatais, ronda os 15 mil milhões de dólares. Em 2014, o valor das exportações de Angola para a China diminuiu 2,67%, para cerca de 31.000 milhões de dólares, enquanto as suas importações da China subiram 50,7%, para 5.970 milhões de dólares. No primeiro trimestre deste ano, as exportações angolanas para a China caíram ainda mais (50,3%) e as exportações chinesas para Angola continuaram a aumentar (54,1%). O efeito da queda do preço do petróleo na economia angolana foi abordado em Abril passado em Pequim pelo ministro de Estado de Angola, Edeltrudes Costa. “A nossa parceria estratégica ganha ainda maior significado no actual contexto económico e financeiro internacional, caracterizado pela incerteza”, disse Edeltrudes Costa, num encontro com um

As “amigáveis relações” sino-angolanas são baseadas na “confiança política recíproca” e “tornaram-se um modelo da cooperação mutuamente vantajosa que a China mantém com os países africanos” Porta-voz do MNE chinês

vice-primeiro-ministro chinês, Wang Yang. A visita de Eduardo dos Santos coincide também com a diversificação dos investimentos chineses em Angola, desejada por Luanda.

Apoio de peso

Um grande consórcio estatal vai investir este ano 5.000 milhões de dólares numa herdade de 500.000 hectares em Angola, para “ajudar a reduzir a dependência alimentar” daquele país, anunciou o China Daily, no final de 2014. Será o segundo investimento da CITIC Construction Co na agricultura angolana e destina-se à produção de soja, milho e trigo, indicou o responsável da empresa para as operações em África, Liu Guigen. Presente em Angola desde 2008, aquela empresa é conhecida sobretudo pela construção de Kilamba Kiaxi, uma cidade satélite de Luanda, a cerca de 30 quilómetros do centro da capital angolana. José Eduardo dos Santos visitou a China em Dezembro de 2008, quatro meses depois de ter assistido à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim. Xi Jinping foi recebido em Luanda em 2010, quando era ainda vice-presidente da China, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, esteve em Angola no ano passado.

O número de mortos confirmados no naufrágio, ocorrido na noite de segundafeira, no rio Yangtze, na China, subiu para 431, havendo 11 pessoas que continuam desaparecidas, informou ontem a agência oficial Xinhua. O mais recente balanço foi facultado pelas autoridades às 11:00, de acordo com a agência chinesa. Apenas 14 das 456 pessoas que seguiam a bordo do navio de cruzeiro “Estrela Oriental” foram resgatadas com vida depois do naufrágio – o pior na China em quase 70 anos. O “Estrela Oriental”, com quatro andares, 76,5 metros de comprimento e 2.200 toneladas, navegava há três dias entre Nanjing e Chongqing, um popular cruzeiro turístico ao longo do rio Yangtze. O Yangtze, ou Chang Jiang (grande rio), como lhe chamam os chineses, é o terceiro maior do mundo, a seguir ao Nilo e ao Amazonas, com 6.300 quilómetros de extensão.

Ciberespaço Pequim considera “irresponsáveis” relatórios dos EUA

A China rotulou sexta-feira de “irresponsáveis” os relatórios que apontam para um ataque informático chinês aos dados pessoais de milhões de reformados e empregados federais dos Estados Unidos. “Os ataques cibernéticos são, geralmente, anónimos e conduzidos através de fronteiras, sendo as suas origens muito difíceis de identificar”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, Hong Lei, após uma reunião em Pequim. Para o ministro chinês, “não realizar uma investigação profunda e continuar a usar palavras como ‘possível’ é irresponsável e nada científico”.


hoje macau segunda-feira 8.6.2015

Japão Metade dos golfinhos capturados vivos é exportada

“A baía da vergonha” C erca de metade dos golfinhos capturados em Taiji, na costa leste do Japão, foram exportados para a China e para outros países, apesar das críticas internacionais, informam os ‘media’ nipónicos. Entre Setembro de 2009 e Agosto de 2014, foram vendidos 760 golfinhos vivos no Japão, de acordo com a agência Kyodo que cita dados oficiais nomeadamente da Agência de Pescas. Do total, 354 foram exportados para 12 países, incluindo 216 para a China, 36 para a Ucrânia, 35 para a Coreia do Sul e 15 para a Rússia. Um foi vendido pelo Japão aos Estados Unidos. Onze outros foram exportados para a Tailândia, seguindo-se Vietname e Arábia Saudita (cada um com 10), Geórgia (sete), Tunísia (cinco) e Egipto e Filipinas pub

(cada um com quatro), diz a Kyodo.

Na película

Todos os golfinhos eram provenientes de Taiji, onde a sua caça captou a atenção internacional, uma vez descrita como “matança” no documentário “The Cove” - “A baía da vergonha”, vencedor do Óscar da categoria em 2010. O filme, cuja grande parte foi gravada com recurso a câmaras ocultas, mostra a captura de golfinhos naquela localidade de cerca de 3.500 habitantes, e mostra que a caça, levada a cabo anualmente entre Setembro e Abril, é uma tradição centenária. No mês passado, os zoos e oceanários do Japão prometeram parar de usar os golfinhos capturados com recurso ao polémico método, tal como pediu a Associação Mundial de Zoos e Aquários (WAZA).

região

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Vítimas do sismo no monte Kinabalu sobem para 19

Pelo menos 19 pessoas morreram no monte Kinabalu, na Malásia, na sequência de um sismo de magnitude 6,0 na escala de Richter que atingiu na sexta-feira a região. As equipas que estão a percorrer a montanha resgataram sábado 17 corpos, que se somam a dois que tinham sido encontrados ainda na sexta-feira, um estudante de 12 anos e um guia local de 30 anos. O terramoto, que ocorreu às 07:15 de sexta-feira, sacudiu o monte Kinabalu, um popular destino turístico, provocando deslizamentos de terras e a queda de blocos rochosos. Segundo o jornal local “The Star”, citado pela agência EFE, pelo menos dez mortos são estudantes da Escola Internacional Keratong, de Singapura, mas as autoridades ainda não revelaram a identidade dos 17 corpos resgatados. Quando o sismo atingiu a região, cerca de 200 pessoas escalavam ou desciam a montanha a 4.095 metros de altitude.

Birmânia Líder da oposição visita a China

A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, vai liderar uma delegação que visitará a China na próxima semana, foi sexta-feira anunciado. A presidente da Liga Nacional para a Democracia e prémio Nobel da Paz vai estar na China entre os dias 10 e 14 de Junho a convite do Partido Comunista Chinês (PCC), segundo a agência Xinhua, que cita o portal do Departamento Internacional do Comité Central do PCC.


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artes, letras e ideias

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Shitao

Propósitos Sobre a Pintura do Monge Abóbora Amarga

Capítulo XI Procedimentos1 Em pintura, há seis procedimentos de expressão: a atenção centrada sobre a cena2 independentemente do fundo3, atenção centrada no segundo plano independentemente da cena, a inversão, adição de elementos expressivos, a ruptura e a vertigem. Estes seis pontos necessitam de ser claramente explicitados: - A atenção centrada sobre a cena independentemente do segundo plano: sobre um fundo de montanhas seculares e invernais, destaca-se um primeiro plano primaveril.

1 - A palavra, em dois caracteres, significa literalmente, um pequeno carreiro, um atalho. A expressão é empregue, de modo típico, em paralelo com «hábito do ofício», «procedimento usual». De modo geral os «procedimentos» de que fala Shitao são aqueles que visam produzir um efeito ou uma emoção pela combinação contrastada dos elementos da composição, ou a adição

- A atenção centrada sobre o segundo plano independentemente da cena; atrás de velhas árvores nuas, ergue-se uma montanha primaveril. - A inversão: as árvores são direitas, ao passo que montanhas e rochedos pendem de esguelha; ou então, montanhas e rochedos estão direitos, enquanto as árvores pendem de esguelha. - A adição de elementos expressivos: enquanto a montanha, deserta e sombria, não tem a menor aparência de vida, adicionar aqui e ali alguns salgueiros dispersos, bambus tenros, uma pequena ponte, uma cabana.

de certos elementos expressivos catalisadores da atmosfera. 2 - Na origem o termo significa simplesmente «paisagem». Enquanto o termo shanshui habitualmente usado para «paisagem» designa um género pictórico por oposição a «personagens», «flores e pássaros», etc., esta palavra designa a paisagem como entidade singular, uma «vista, um momento, uma cena particular da Natureza,

(Continua)

um estado da atmosfera, um instante de uma estação, um ambiente característico. No Hualun Congkan (p.551) é citado o tratado de Zheng Ji que consagra um capítulo especial a esta questão: um nocturno, uma paisagem de neve, um luar, etc., eis tantas «cenas» ou «ambientes» diferentes. 3 - Literalmente: a montanha. Classicamente é a montanha que ocupa o fundo da composição.


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artes, letras e ideias 15

Paulo Maia e Carmo tradução e ilustração


desporto

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Liga de Elite Monte Carlo goleia Sporting e vinga primeira volta

Lição de futebol segundo canarinhos O jogo maior da 16.ª jornada opôs Monte Carlo a Sporting. Os canarinhos foram superiores durante o jogo e não deram quaisquer hipóteses ao leões que assim ficam mais longe do terceiro posto a duas jornadas do fim. Benfica continua firme na frente com Ka I à espreita. Casa de Portugal cai em lugares perigosos

remos em suspense até à última jornada para saber quem acompanha os Sub-23 na descida para o segundo escalão. Quem deu um passo de gigante nessa luta foi o Chuac Lun que, jogando contra o lanterna vermelha, venceu e ultrapassou a Casa de Portugal na classificação. A formação de matriz lusa foi goleada por 5-2 pelo segundo classificado Ka I. Com mais e melhores soluções que na primeira volta, os comandados por Pelé não conseguiram fazer frente ao poderio do Ka I. Contudo, venderam cara a derrota e ainda proporcionaram os poucos espectadores que se deslocaram ao Estádio da Taipa alguns momentos de interessante recorte futebolístico.

Chao Pak Kei vence e mantêm-se colado ao Monte Carlo

O

Monte Carlo venceu o Sporting por 5-2 e vingou a derrota da primeira volta. O jogo mais importante deste fim-de-semana desportivo da Liga de Elite abriu a 16.ª jornada e teve apenas um sentido, o da baliza do guarda-redes brasileiro Juninho que pouco ou nada podia fazer para contrariar o poderio canarinho. Desde muito cedo, aos sete minutos, que o Monte Carlo se colocou em vantagem no marcador com um centro-remate de Lo Wai Long. Seis minutos volvidos foi a vez de Chung Wai Kin dilatar o marcador para os canarinhos. O Sporting, em tarde muito negativa, revelava apatia e muita desconcentração no sector defensivo. O jogo foi para intervalo com o Monte Carlo a vencer por duas bolas a zero, resultado que podia ter sido mais avolumado tal era o domínio exercido pelos canarinhos. A segunda metade do encontro não foi diferente. O Monte Carlo

estava determinado em vingar a derrota da primeira volta, bem como a vencer o Sporting pela primeira vez em partidas a contar para a Liga de Elite. Com golos aos 54, 79 e 90+3 minutos marcados, respectivamente, por Makson (grande golo), Thiago Silva e Tou Chi Keong, os canarinhos sentenciaram a partida e mostraram ser uma equipa muito mais forte do que aquilo que tem demonstrado ao longo da competição. O Sporting marcou o seu tento de honra, aos 61 minutos, por intermédio de Vernon Wong e, ao contrário, foi uma desilusão durante todo o encontro, atrasando-se na luta pelo terceiro

RESULTADOS 16.ª Jornada Monte Carlo

5

Sporting

1

Polícia 0 – Benfica

5

Casa de Portugal

2

Ka I

5

Sub-23

0

Chuac Lun

2

Chao Pak Kei

3

– Lai Chi

0

lugar no pódio final do campeonato. Os comandados de João Maria Pegado e Mandinho têm feito um trajecto muito irregular na edição deste ano do campeonato de futebol de 11 da RAEM, capazes do melhor e do pior. Neste jogo nem os melhores executantes leoninos Bruno Brito e Edgar Silva conseguiram estar ao nível das melhores actuações que já realizaram até ao momento.

Benfica firme rumo ao bicampeonato

Quem continua firme na corrida pela revalidação do campeonato é o Benfica. Com um ponta-de-lança – William - em excelente forma e uma equipa mais unida do que nunca nesta fase decisiva do campeonato, os comandados por Bruno Álvares não tiveram de se esforçar muito para derrotar a fraca equipa da Polícia por categóricos 5-0. O brasileiro William – líder destacado da tabela dos melhores marcadores - bisou, marcando aos 17 e 79 minutos. Os outros golos das águias do território foram marcados por Edgar Teixeira, aos 22 minutos, depois de um excelente

pormenor individual, aos 65 minutos por Carlos Leonel e aos 77 pelo defesa-central, internacional pelas camadas jovens de Portugal, Filipe Duarte.

Casa de Portugal em situação complicada

A luta pela permanência continua ao rubro. Tudo indica que fica-

No fecho da jornada, o Chao Pak Kei venceu, sem dificuldades a equipa do Lai Chi por 3-0. O inevitável Diego Patriota, aos 23 minutos, Leong Tak Wai, aos 75, e André Pinto, aos 85, foram os marcadores de serviço da equipa que já prometeu querer singrar no futebol de Macau. O CPK, mais equilibrado nesta edição da Liga de Elite em comparação com as edições anteriores, permanece colado ao Monte Carlo na terceira posição. A próxima jornada, penúltima desta época, terá lugar no próximo fim-de-semana com um interessante Benfica vs. Chao Pak Kei, às 18h de sábado, dia 13, e um importante Casa de Portugal vs. Sporting, domingo, dia 14, às 18h. Os outros jogos da jornada são Polícia vs. Chuac Lun (sexta-feira, dia 12, pelas 19:30h), Monte Carlo vs. Lai Chi (domingo, dia 14, pelas 20h) e Sub-23 vs. Ka I (sábado, dia 13, às 20h). Gonçalo Lobo Pinheiro info@hojemacau.com.mo

CLASSIFICAÇÃO liga de elite 2015

J V E D GM-GS P

1. Benfica

16

13

2

1

64-9

41

2. Ka I

16

13

1

2

61-15

40

3. Monte Carlo

16

10

2

4

34-11

32

4. Chao Pak Kei

16

10

2

4

47-22

32

5. Sporting

16

8

4

4

35-24

28

6. Lai Chi

16

4

4

8

23-37

16

7. Chuac Lun

16

4

2

10

17-62

14

8. Polícia

16

3

3

10

15-37

12

9. Casa de Portugal

16

3

3

10

21-59

12

10. Sub-23

16

0

1

15

8-49

1


( F ) utilidades

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tempo

muito

?

nublado

min

27

max

32

hum

65-90%

euro

8.87

baht

0.23

Cineteatro

O que fazer esta semana Hoje

17

yuan

1.28

Cinema

Conferência “O Processo-Crime e a Prova Material: O desafio científico” Fundação Rui Cunha, 18h30 Entrada livre

Amanhã

Exibição do filme “The French Minister” Universidade de Macau, 18h30 Entrada livre

danny collins Sala 1

Sala 2

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 14.30, 16.30, 21.30

Filme de: Brad Bird Com: George Clooney, John Walker, Britt Robertson 19.15

san andreas [b]

Diariamente Exposição Pintura Lusófona (até 14/06) Clube Militar Entrada livre

tomorrowland [b]

Sala 1

Sala 3

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 19.30

Filme de: Dan Fogelman Com: Al Pacino, Annette Bening, Christopher Plummer 14.15, 16.00, 17.50, 21.30

san andreas [3d][b]

danny collins [c]

Sala 2

Sala 3

Filme de: Elizabeth Banks Com: Anna Kendrick, Skylar Astin, Rebel Wilson, Adam DeVine 14.30, 16.30, 21.30

falado em japonês legendado em chinês e inglês Filme de: Tadayoshi Yamamuro 19.45

pitch perfect 2 [b]

tdragon ball z: resurrection “f” [b]

Aconteceu Hoje Morre Maomé, fundador do islamismo

Exposição “Ao Risco da Cor - Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre Exposição “3 Black Suits” (até 14/06) Fantasia 10, Calçada de São Lázaro, 15h00 Entrada livre Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre Exposição “De Lorient ao Oriente - Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre

Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

8 de JUNHO

ho j e h á f i l m e “Taking Lives” (D. J. Caruso, 2004) Começamos a semana com um thriller como já se faz poucos. Angelina Jolie é Illeana, a misteriosa e soturna agente do FBI que parece não ter pruridos ou medos. Vive uma vida solitária e leva o trabalho para casa, onde cola fotografias dos locais dos crimes. Ethan Hawke surge no papel de uma testemunha que tenta ajudar a equipa de Illeana a resolver um cauteloso e complexo crime cuja origem é explicada ao longo da película. O filme tem uma reviravolta interessante e que prende o espectador até ao último minuto, momento em que realmente o caso tem desfecho. “Taking Lives” é sensual, cheio de acção e suspense. Um filme sobre serial killers a não perder. Leonor Sá Machado

• No dia 8 de Junho de 632, morria em Medina (actual Arábia Saudita), Muhammad ou Maomé, um dos mais influentes líderes religiosos e políticos da história. Morreu nos braços de Aishah, sua terceira e favorita esposa. Nascido em Meca, numa família de origem humilde, Maomé casou com uma viúva rica aos 25 anos e trabalhou os próximos 15 anos como um comerciante sem grande destaque. Em 610, numa caverna no Monte Hira, no norte de Meca, teve uma visão, na qual escutou Deus a falar através do anjo Gabriel, anunciando que ele deveria ser o profeta árabe da “verdadeira religião”. Assim, teve início uma vida inteira de revelações religiosas, em que ele e outros seguidores foram registando no Corão. Estas revelações forneceram as bases para a religião islâmica. Maomé considerava-se o último profeta da tradição judaico-cristã e adoptou a teologia destas religiões mais antigas e a introdução de novas doutrinas. Os eus ensinamentos também trouxeram unidade às tribos beduínas da Arábia, algo que teve consequências abrangentes para o resto do mundo. Em 622, Maomé havia conquistado um grande número de seguidores em Mecca. Contrariados com a situação, líderes da cidade, que tinham interesse em manter a religião pagã, planearam o seu assassinato. Maomé fugiu para Medina, uma cidade a 320 quilómetros ao norte de Meca, onde recebeu uma posição de grande poder. Ali, construiu um modelo de estado e administração teocrática que rapidamente se transformou em um império. Em 629, Maomé retornou para Meca como conquistador. Quando morreu, a 8 de Junho de 632, era o líder de todo o sul árabe e os seus missionários estavam em acção no Império do Leste, Pérsia e Etiópia. Actualmente, o Islamismo é a segunda maior religião do mundo.

fonte da inveja

A nossa infância não passa de uma mitologia serôdia.

João Corvo


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opinião

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Ricardo Araújo Pereira

in Visão

O

‘Momento Mastóideo’, que me orgulho de ter cunhado, ocorre sempre que uma tia da província se deixa impressionar pela erudição de um rico filho. Assistiu-se esta semana, na imprensa portuguesa, a mais um “Momento Mastóideo”. O “Momento Mastóideo”, que eu assinalo sempre que posso, é inspirado naquele passo do filme “A Canção de Lisboa” em que Vasco Santana, já reformado da vida boémia, responde a todas as questões do exame de medicina, incluindo à última, e mais difícil, sobre o esternocleidomastóideo. “Rico filho! Ele até sabe o que é o mastóideo!”, comenta uma das tias da província, muito impressionada. O “Momento Mastóideo”, que me orgulho de ter cunhado, ocorre sempre que uma tia da província se deixa impressionar pela erudição de um rico filho. Esta semana, a tia da província foi o jornal Público. Três quartos da primeira página de domingo eram dedicados a um trabalho sobre linguagem corporal. O título era: “Os gestos que traíram os protagonistas do caso BES”. Por baixo, dizia: “Um especialista em linguagem corporal analisou os depoimentos na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES e chegou a conclusões surpreendentes.” As conclusões surpreendentes são, em resumo, estas: todos, ou quase todos os inquiridos mentiram à comissão ou, pelo menos, não disseram tudo o que sabiam. Peço ao leitor que contenha a surpresa. Imagino os espasmos violentos que experimenta nesta altura. A culpa foi minha, que não o preveni para o assombro que ali vinha. O rico filho é Rui Mergulhão Mendes (RMM), “especialista em apurar a veracidade de testemunhos através da linguagem corporal”, a quem o Público pediu para analisar os depoimentos de Ricardo Salgado, Carlos Costa e outros. O jornal avisa que o especialista é “formado no Body Language Institute, de Washington”. (Rico filho! Ele até estudou num instituto localizado no estrangeiro!) Quem desejar saber mais sobre este instituto deve dirigir--se ao site de Janine Driver, chamado “Lyin’ Tamer” (“A Domadora de Mentirosos”), que é a fundadora, presidente e proprietária do prestigiado instituto. O site inclui um vídeo de um talk-show diurno em que Driver é convidada para dar conselhos acerca da linguagem corporal de senhoras que pretendem engatar cavalheiros em bares. E tem também uma ligação para o Body Language Institute, que promete “Cursos certificados para potenciar a confiança, o carisma e a carreira”. Vê-se que RMM concluiu o curso com aproveitamento, porque apresentar-se como “especialista formado no Body Language Institute, de Washington” gera muito mais carisma do que dizer que se frequentou umas aulas ministradas por uma autora de livros de auto-ajuda. De acordo com o Público, os especialistas em

José Cottinelli Telmo, a canção de lisboa

Anéis e ouro a um tostão

linguagem corporal são tão importantes que “os canais de televisão norte-americanos convocam regularmente peritos na análise da linguagem não-verbal para comentarem, em horário nobre, os casos mediáticos”. (Ricos filhos! Eles até são convidados para falar nas televisões da América! E em horário nobre!) Não admira, por isso, que a análise de RMM tenha detectado, segundo o Público, “muitos indícios de mentiras, inverdades, omissões, lapsos linguísticos e incongruências”. Como é evidente, eu, que ainda hoje não sou capaz de distinguir uma mentira de uma inverdade, quis saber mais sobre o estudo do especialista. O método de detecção de mentiras (e também de inverdades) consiste na análise de “micro-expressões”. RMM observou “assimetrias nas sobrancelhas” de Álvaro Sobrinho, “desaparecimento corporal” em Ricardo Salgado, um “leve levantamento do lábio superior” em Carlos Tavares, um “fechar mais prolongado dos olhos” em Zeinal Bava, um “microtoque no nariz” de Paulo Portas e um “levantamento assimétrico de um dos cantos da boca” em Granadeiro. Quase todos os inquiridos recorreram ao

igualmente suspeito “acto de ventilar”. No entanto, o especialista dedicou a maior parte da sua atenção a comichões. Neste ponto, o Público pergunta, e bem: “Como distinguir uma simples comichão, normal, de um sinal emocional?” RMM tem experiência em destrinçar comichões e não se atrapalha: “Não há comichões por acaso. Os micropruridos que aparecem na cara surgem por indicação do nosso cérebro. Pica-nos ali e não é sem querer. Porque é que tocar no nariz está tão associado à questão da mentira? Porque irrigamos mais sangue e a extremidade do nariz é mais sensível e o sangue jorrou ali

O ‘Momento Mastóideo’, que me orgulho de ter cunhado, ocorre sempre que uma tia da província se deixa impressionar pela erudição de um rico filho

ou faltou (...). E faz comichão. (...) Quando ocorre um pico de comichão e nós coçamos, geramos uma sensação de acalmia, é uma forma micro de nos pacificarmos (...).” Para uma pessoa que, como eu, passa grande parte do dia a coçar-se, esta revelação é perturbadora. Eu minto quando estou a ler, minto a ver televisão, por vezes minto até a dormir. RMM avança ainda com uma descoberta que escapou a todos, incluindo aos deputados da comissão que, distraídos com insignificâncias como o conteúdo dos testemunhos, também já tinham deixado passar em claro a maior parte das comichões: “Há um pormenor curioso: Portas e Salgado iam rigorosamente vestidos da mesma forma, com a mesma gravata, o mesmo casaco, a mesma camisa. O que nada nos diz sobre linguagem corporal, mas não deixa de ser interessante.” Muito, muito interessante. Acabo, aliás, de fundar o Instituto da Indumentária Equivalente, cujo objecto de estudo é, precisamente, a influência da alfaiataria nas comissões de inquérito. Fico à espera do telefonema do Público. Temos primeira página para o próximo domingo.


opinião 19

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Rui Flores

ruiflores.hojemacau@gmail.com

A

prestigiada revista norte-americana ‘Foreign Affairs’, uma das poucas revistas académicas em que os investigadores são convidados a escrever para o público em geral e não apenas para os seus pares, publicou, no seu mais recente número (Maio-Junho 2015), uma série de sete artigos sobre a China. O conjunto destes textos faz aliás a capa da publicação (China Now, “A China Agora”). Os temas escolhidos constituem um retrato detalhado da actual situação do continente, nas suas vertentes mais relevantes: política, social ou económica (embora a questão militar tenha ficado de fora). Mas convém sempre lembrar que os temas dados à estampa foram os temas que a publicação do Council on Foreign Relations, em Nova York, escolheu. No entanto, os assuntos não são apresentados a preto e branco. Como em qualquer publicação plural, o tom mais positivo ou mais negativo, sobretudo nas matérias económicas, está intrinsecamente ligado às convicções políticas dos autores. E há vários. Sobretudo na economia. Neste conjunto de textos, destacam-se as reformas que têm sido implementadas nos últimos anos, e sobretudo a campanha anti-corrupção iniciada por Xi Jinping; a dívida pública chinesa; os traços do nacionalismo chinês; as questões relacionadas com a demografia; e as políticas em vigor em relação às minorias étnicas chinesas. Os autores, além de profundos conhecedores dos temas, são também alguns oriundos do interior da própria China. Como conclui o editor da revista, Gideon Rose (Harvard), estes artigos permitem aos leitores perspectivarem o que trará o futuro à China. Um dos principais problemas referidos por dois autores são as questões relacionadas com a economia. O montante total da dívida pública chinesa é de difícil determinação, devido à incapacidade que o Ministério das Finanças tem em Beijing de conhecer com rigor o montante real da dívida dos governos locais e das províncias. O valor andará entre 5 e 7 biliões de dólares norte-americanos (USD). Por outro lado, o princípio de 2015 mostrou uma nova tendência no mercado imobiliário chinês, com uma queda de 30 por cento em relação a 2015, quer no volume de vendas quer nos lucros. No final de 2014, escreve Zhiwu Chen, Professor de Finanças Publicas em Yale, EUA, a China tinha cerca de 75 mil milhões de pés quadrados de novas propriedades prontas a serem ocupadas. Se se mantivesse a procura por novos apartamentos verificada até então,

Bernardo Bertolucci, The Last Emperor

De uma certa China, hoje

só ao fim de cinco anos é que todos estes imóveis seriam vendidos. As desigualdades sociais, incluindo a contínua disparidade entre o mundo urbano e o mundo rural, precisam também da atenção dos líderes chineses. A questão demográfica, o aumento médio de esperança de vida associada à política de filho único colocam outro desafio adicional à continuidade do milagre chinês, sublinhado por Hu Angang, Professor de Economia na Universidade de Tsinghua. Entre 1978 e 2011, a economia

Falta concretizar o Estado de Direito, tema caro a Xi Jinping, que, na sua recente visita a Macau utilizou a expressão cinco vezes na cerimónia de tomada de posse do IV Governo da Região Administrativa Especial

chinesa cresceu em média 10 por cento ao ano. Hu fala num “novo normal”, em que a China crescerá a taxas menos extraordinárias nos próximos anos, o que, no longo prazo será benéfico para o país. Um crescimento sustentado, no entanto, baseado no facto de a China hoje ser o principal parceiro comercial de 140 países e ter representado 13 por cento do crescimento global entre 2000 e 2012. Boazhen Luo (Western Washington) alerta para as desigualdades sociais, dando vários exemplos. Os agregados sociais chineses pagam do seu próprio bolso cerca de 80 por cento das despesas com saúde, o que torna o acesso à saúde quase virtual. Segundo dados de 2012 da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o valor da pensão anual atribuída aos aposentados urbanos foi de cerca de 3,300 dólares norte americanos, enquanto os trabalhadores agrícolas aposentados receberam apenas 137 dólares. Por outro lado, o envelhecimento da população da China, além de constituir um desafio económico, tem também uma importante dimensão social: os milhões de filhos únicos de hoje vão ser confrontados com a necessidade de cuidar dois pais, e muitas vezes de quatro avós, sem a ajuda de outros irmãos.

O verdadeiro alcance da política anti-corrupção é também motivo de análise. James Leung, um pseudónimo usado para identificar um economista com vasta experiência na China, Europa e Estados Unidos, considera que inicialmente Xi avançou para a campanha contra a corrupção para ganhar popularidade (especialmente junto dos chineses das classes média e baixa, para quem a vida é ainda mais difícil com a prática do suborno) e para afastar os seus possíveis rivais. Mas as coisas evoluíram. Tudo avança. Em 2013, o ‘New York Times’, citando a imprensa oficial chinesa, dera conta da existência de um novo slogan entre os dirigentes políticos: “Come discretamente, toma cuidado e brinca em segredo”. Essa imagem de confiança parece, no entanto, ter-se evaporado, agora que, diz o autor, tudo indica que Xi está mesmo empenhado em continuar a campanha. O outro autor que recorreu a um pseudónimo para se identificar, Youwei, adivinha o fim da época das reformas na China. O seu argumento principal é que o tempo das reformas menos complexas na China, iniciadas por Deng Xiaoping no final dos anos 1970, já chegou ao fim. As que faltam fazer precisam de uma enorme vontade política. E de várias partes interessadas em as prosseguir. As que faltam, escreve, são as das escolhas mais difíceis, como acabar com os monopólios do Estados em sectores chave da economia, a liberalização do acesso à propriedade das terras, a atribuição de poderes de fiscalização à Assembleia Nacional Popular em matérias fiscais, e o estabelecimento de um sistema judicial independente. No fundo, tratar-se-ia de aplicar na China elementos essenciais de um Estado de Direito, o que, de facto, requer determinação política. Em qualquer regime político, em qualquer Estado, sublinhar-se-ia, a perpetuação do ‘status quo’ faz parte do modo de vida das elites. Por que seria diferente na China? No que às minorias étnicas diz respeito e partindo do exemplo paradigmático do Tibete (mas Xinjiang também poderia ser evocada), o resultado é que, embora a arquitectura constitucional chinesa dê às minorias étnicas um elevado grau de autonomia, a maior dificuldade que lhes coloca é que não podem reclamar a observação dos seus direitos nos tribunais pois não existe um sistema judicial independente, o que leva à marginalização das minorias. Falta, pois, a concretização efectiva do Estado de Direito, tema caro a Xi Jinping, que, na sua recente visita a Macau utilizou a expressão cinco vezes na cerimónia de tomada de posse do IV Governo da Região Administrativa Especial. Essa poderá ser mesmo a reforma das reformas.

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


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cartoon

Grand Lapa Semana Gastronómica de Moçambique É já na próxima semana que começa mais uma edição da Semana Gastronómica de Moçambique, organizada pela Associação dos Amigos de Moçambique. O evento irá decorrer entre 18 e 28 de Junho no Hotel Grand Lapa e irá contar com a presença do Chef Carlos Khan da Graça, natural de Quelimane e especialista em culinária tradicional do país. Este ano, a semana gastronómica inclui-se nas actividades de celebração dos 40 anos da República de Moçambique, uma data que é comemorada anualmente pela comunidade moçambicana residente em Macau. A lista de pratos tradicionais será apresentada em “Jantar buffet” de dia 18 a 21 e de a 25, 27 e 28 de Junho. Em “almoço semi-buffet” de 18 a 28 de Junho e “Moçambique jantar buffet” nos dias 22, 23 e 24 de Junho, decorrendo no dia 26 de Junho o jantar da Associação dos Amigos de Moçambique. Para reservas, os interessados deverão contactar o Grand Lapa.

Índia Proibida produção e venda de massas da Nestlé

A entidade fiscalizadora da segurança alimentar da Índia proibiu sexta-feira a produção e a venda das massas da Nestlé por conterem excesso de chumbo, detectado após a realização de alguns testes. Em comunicado, a entidade fiscalizadora indiana refere que foi ordenado à Nestlé “retirar todas as nove variantes da massa ‘Maggi’ do mercado e parar a produção”, noticia a agência AFP.

Sub-20 Nova Zelândia no caminho de Portugal

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A Nova Zelândia é o país que recebe o Mundial de Sub-20, e é o nome do adversário de Portugal nos oitavos de final. Depois da Selecção Nacional ter garantido a liderança do Grupo C, soube na madrugada de sábado que vai defrontar o país anfitrião na primeira ronda a eliminar. O encontro está marcado para quinta-feira, no Waikato Stadium, em Hamilton. Portugal já tinha defrontado a Nova Zelândia no Mundial da Colômbia em 2011, tendo vencido por 1-0

por Stephff

Angola Do internacionalismo proletário à globalização

Histórias de chineses e cubanos C omo a sua avó, a cubana Sheila Borges Gonzalez também foi trabalhar para Angola, mas agora ao serviço de uma multinacional chinesa de telecomunicações e não em nome do internacionalismo proletário. “Angola é um país novo, em fase de grande desenvolvimento”, diz Sheila Gonzalez, empregada da empresa Huawei em Luanda desde 2011. Sheila Gonzalez, 29 anos, é formada em economia pela University of International Business and Economics (UIBE), uma conhecida escola superior da especialidade, situada em Pequim. Numa entrevista à agência Lusa nas vésperas da visita do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, Sheila conta que sempre trabalhou na área das telecomunicações, primeiro em Cuba e depois em Angola. O seu colega Wang Teng, 33 anos, formado em administração, também trabalhava em Cuba antes de a Huawei o contratar para Angola, em 2011. “No início foi difícil, mas depois acostumei-me”, diz. “Angola é um país de oportunidades e já criou muitos milionários”. O nome angolano de Wang Teng traduz a sua integração no

“No início foi difícil, mas depois acostumei-me. Angola é um país de oportunidades e já criou muitos milionários” Wang Teng Trabalhador da Huawei

país: “Kilamba Kiaxi”, o pseudónimo adotado pelo primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, durante a luta pela independência nacional. Aquele técnico chinês diz que já se “acostumou” também a gastronomia local, mas normalmente come na cantina da sua empresa, dirigida por um ‘chef’ chinês.

Líder mundial de equipamentos e redes de telecomunicações, fundada em 1988 no sul da China, a Huawei emprega cerca de 170.000 pessoas em mais de 150 países e regiões, duzentas das quais em Angola. “Luanda é uma cidade muito internacional. Americanos, europeus, chineses - todo o mundo está agora em Angola”, afirma Wang Teng.

Geração mista

A comunidade chinesa, estimada em cerca de 250.000, é uma das maiores e segundo uma técnica angolana de passagem por Pequim, Angola “tem já uma geração de meninos morenos com olhos rasgados”, filhos de casamentos mistos. “Depois de ficarem algum tempo, os chineses concluem que Angola não é só petróleo e começam

a investir também na agricultura, que vêm como uma nova oportunidade”, comentou a técnica, que pediu para não ser identificada. Entre os cubanos, sobretudo médicos e professores, “alguns também acabam por constituir família em Angola”. Segundo Sheila Gonzalez, “o clima é parecido” e quem fala espanhol “apanha depressa o português”. No seu caso, há ainda uma história familiar “muito forte” ligada a Angola. Após a independência do país africano, em Novembro de 1975, e até ao final de década de 1980, milhares de soldados cubanos lutaram ao lado das tropas do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) contra a África do Sul e a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). “A minha avó trabalhou como enfermeira em Angola”, contou Sheila Gonzalez. Nessa altura, o mundo estava dividido em dois blocos antagónicos, liderados pelos Estados Unidos e pela União Soviética, e a China, que no auge do diferendo ideológico com Moscovo, chegou a apoiar a UNITA, ainda não era o que é hoje: a segunda economia do planeta. António Caeiro Lusa


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