DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
MOP$10 HOJE MACAU
AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006
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QUINTA-FEIRA 8 DE JUNHO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3828
hojemacau
NOVO MACAU
Demissão adiada SOFIA MARGARIDA MOTA
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O cartoon é uma arma EVENTOS
AUTOCARROS
O 25 da discórdia PÁGINA 9
Virgens e meninos h ANTÓNIO CABRITA RELATÓRIO
Pequim vs. Pentágono SOFIA MARGARIDA MOTA
PÁGINA 13
PATRIMÓNIO | IC PREOCUPADO COM ALERTAS DA UNESCO
ELEIÇÕES
OS NOVOS CANDIDATOS PUB
ENTREVISTA
Um caso sério PÁGINA 5
2 ENTREVISTA
GILBERTO CAMACHO | MÓNICA TANG CANDIDATOS ÀS ELEIÇÕES
Os nomes que vão ocupar a terceira e a quarta posições na lista Nova Esperança, encabeçada por José Pereira Coutinho, são novos na política e assumem querer fazer mais e melhor pelos cidadãos. Gilberto Camacho e Mónica Tang criticam a inércia de Chui Sai On e pedem mais transparência do hemiciclo Por que decidiram aceitar este desafio e integrar uma lista candidata às eleições deste ano? Mónica Tang (M.T.) – José Pereira Coutinho e Leong Veng Chai são deputados a tempo inteiro, e Rita Santos também faz grandes contributos para a sociedade. Então decidi seguir esse exemplo. Ainda estou a aprender, mas quero contribuir para a sociedade. Gilberto Camacho (G.C.) – É uma honra e um orgulho poder fazer parte da lista Nova Esperança. Tanto José Pereira Coutinho, como Leong Veng Chai são duas pessoas que têm lutado muito pela sociedade de Macau, por valores com os quais eu também me identifico, tal como mais transparência na Assembleia Legislativa (AL) e mais rigor. São valores democrá-
“É importante que os deputados se envolvam” ticos e quero aprender com eles. É importante ter uma voz nova além da experiência que eles já têm. Não posso dizer que vou estar sempre dentro da política. Uma vez o Papa Francisco disse que a política deve ser um meio para mostrarmos o nosso altruísmo e não os nossos próprios interesses. No caso do Gilberto, já teve uma curta experiência política, uma vez que esteve com um pé na Assembleia da República, graças à participação de Coutinho na candidatura do partido Nós! Cidadãos. Como surgiu a vossa ligação à Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau (ATFPM)? G.C. – Comecei a interessar-me por política quando fui para Portugal. Talvez devido aos media, por haver uma maior abertura, comecei a ler muitos jornais, não só nacionais, como também comecei a ler mais sobre política internacional. Aos poucos fui ganhando esse primeiro contacto. Regressei a Macau e quando trabalhei no aeroporto houve um caso relacionado com o ambiente, e sugeriram que viesse falar com José Pereira Coutinho. Gostei desse contacto e ele abriu-me a porta. M.T. – No meu caso tive o meu primeiro contacto com a ATFPM há cinco anos, quando participei numa palestra. Participei em muitas actividades da ATFPM e comecei a interessar-me pelas questões relacionadas com os cidadãos. Sou empresária e estou ligada aos negócios da minha família. Antes de o Gilberto ir para Portugal, como olhava para o meio político de Macau? G.C. – Acompanhava pouco, porque em 1998 não sabíamos como seria a situação depois de 1999, era uma incógnita. Acompanhava
algumas causas sociais, mas não tanto o meio político. Em Portugal achava interessante o trabalho e o funcionamento da Assembleia da República. Tanto o Gilberto, como a Mónica são duas caras novas no meio político. Que expectativas colocam em relação à vossa participação? G.C. – O nosso programa político ainda não está finalizado. Penso que as eleições vão ser semelhantes às anteriores, a não ser que exista uma mudança na mentalidade das pessoas. Em que sentido? G.C. – No sentido de apelo ao voto. As pessoas sabem que votar é um dever cívico, mas sabemos que as pessoas estão cada vez mais afastadas da política. Mas aqueles que não votam têm de ter consciência de que isso vai influenciar as listas que são sempre vencedoras. A abstenção é demasiado elevada. Que razões aponta para isso? G.C. – Em Portugal a abstenção acontece por protesto. Em Macau penso que não existe uma consciencialização política. Acredito que muitas pessoas nem sequer sabem que têm direito ao voto. M.T. – O Governo tem falhado na promoção da educação dos mais jovens, para que tenham uma maior consciência do voto e da sua importância. Tem havido algum debate sobre a implementação do sufrágio universal em Macau. Consideram que tal poderá vir a ser uma realidade? G.C. – Não acredito que isso venha a acontecer. Porquê? Poderá ter que ver com eventuais falhas dos movimentos pró-democratas?
G.C. – Não é uma falha desse campo. É impossível, porque as regras do jogo são adoptadas por Pequim. Se Hong Kong não conseguiu, Macau muito menos irá conseguir. Macau está demasiado próxima de Pequim, penso que isso não irá acontecer.
do Executivo, também têm esse distanciamento? G.C. – A sensação que tenho é que, quanto maior o salário, melhor a vida. Vão a hospitais privados, e por aí. Para melhor exercerem os seus cargos, as pessoas têm de estar no meio da população.
A sociedade de Macau e os eleitores não estão atentos a essa questão? G.C. – Muito poucos estarão atentos a isso. Como a Mónica disse, a educação cívica e a consciencialização da política não são promovidas nas escolas. As pessoas não sabem o que é política. O pouco que se sabe de política, em Macau e em Hong Kong, vem das antigas administrações portuguesa e britânica. M.T. – Apoio o sufrágio universal, mas não posso dizer se acredito ou não que isso irá mesmo acontecer. Acho bem que as pessoas se interessem mais pela política.
Fala-se que deveria haver mais deputados eleitos pela via directa. Há demasiados deputados ligados ao meio empresarial? G.C. – É preciso haver mais transparência, porque o povo está sempre desconfiado em relação ao que se passa. Olhe-se para o caso do metro ligeiro, com o aumento exorbitante de orçamento. O terminal marítimo da Taipa é outro exemplo. O Governo tem de trabalhar de uma maneira mais transparente, com mais rigor, porque o dinheiro pertence ao erário público. M.T. – As reuniões das comissões permanentes da AL têm de ser mais transparentes, porque as pessoas precisam saber mais sobre as decisões que são tomadas. A promoção da eleição em Setembro é insuficiente, porque os jovens não sabem que as eleições vão acontecer.
Há pouco o Gilberto falou da questão da transparência na AL. Que outros problemas apontam ao funcionamento da Assembleia Legislativa? G.C. – Não vou falar individualmente deste ou daquele deputado. Mas penso que os deputados têm de pensar mais na população, ao nível da transparência e do rigor. Não acredito que a AL não saiba quais são os problemas da sociedade. É importante que os deputados consultem mais a população, que se envolvam: andem de autocarro, sintam o que é ter calor dentro do autocarro, que vão aos hospitais e sejam tratados como as outras pessoas. Os deputados têm uma vida mais ou menos luxuosa que os afasta desses problemas. Considera que os membros do Governo, secretários e Chefe
O Gilberto é macaense e, caso consiga um assento na AL, vai representar também a comunidade macaense. Como vai ser o seu trabalho nesse sentido? Que problemas acha que precisam de ser resolvidos? G.C. – Vou estar atento às opiniões das pessoas. Não vou apenas representar uma comunidade, é um peso muito grande. Gostaria que mais macaenses avançassem para a política e não apenas eu. Acho que é importante haver um representante da comunidade local, mas não sou o único. Gostaria de reforçar a identidade macaense. Quero que o legado dos portu-
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SOFIA MARGARIDA MOTA
hoje macau quinta-feira 8.6.2017 www.hojemacau.com.mo
“Quero que o legado dos portugueses a Oriente se mantenha por muitos anos. Farei propostas que reforcem a preservação da cultura.” GILBERTO CAMACHO CANDIDATO gueses a Oriente se mantenha por muitos anos. Farei propostas que reforcem a preservação da cultura. O Governo tem feito o suficiente para preservar essa cultura e identidade? G.C. – Em alguns aspectos sim, como ao nível arquitectónico, por exemplo. Mas ao nível linguístico, penso que o português poderia ser reforçado no que toca ao ensino. O Governo fala muito na diver-
sificação económica, sabemos que a China é a segunda maior economia do mundo, e Macau tem um posicionamento privilegiado que pode aproveitar para fazer a ponte com os países lusófonos. Mas penso que esse potencial nunca foi aproveitado como deve ser. A Mónica está mais ligada à comunidade chinesa. Quais são os maiores problemas sentidos pela maioria da população?
M.T. – O trânsito, a saúde, as creches e a habitação. Todas as tutelas do Governo têm problemas, e já enviamos várias cartas a apelar à resolução de várias questões, mas nunca recebemos respostas. G.C. – Acho que o imobiliário é o maior problema. Não há princípios relativos à especulação. É cada vez mais difícil para as novas gerações viver em Macau? G.C. – No meu caso é mais difícil. Nasci em Macau, mas não tenho casa própria. O salário não acompanha a inflação. Submeti a minha candidatura para ter uma habitação económica há dez anos e até agora não tenho resposta. Era jovem quando me candidatei, quando tiver a casa sou velho. É muito tempo. Esse é o maior problema. Os jovens
“O Governo tem falhado na promoção da educação dos mais jovens, para que tenham uma maior consciência do voto e da sua importância.” MÓNICA TANG CANDIDATA casam cada vez mais tarde porque não têm o seu próprio lar. M.T. – É difícil para as gerações mais novas viver em Macau, devido aos aumentos das rendas e à inflação. Há muitas pessoas a irem fazer compras em Zhuhai. Gostava que o Governo resolvesse esses problemas e conhecesse mais a vida real das pessoas. Chui Sai On sai do Governo em 2019. Que balanço fazem do trabalho do Chefe do Executivo?
G.C. – Ele esteve presente? Não reparei. É uma pessoa que não critica, não condena, está de passagem. Poderia ter sido mais interventivo? G.C. – Mais interventivo, mais crítico, menos receoso de fazer as coisas. M.T. – Não tenho muito a dizer, penso que o trabalho não foi suficiente. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
4 Após insistência de membros da direcção, Scott Chiang decidiu manterse no cargo de presidente da Associação Novo Macau. A demissão fica assim adiada para depois das eleições, sendo que Chiang passa a ocupar o lugar de Jason Chao à frente da Macau Concealers
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Novo Macau SCOTT CHIANG LIDERA A ASSOCIAÇÃO ATÉ AO FIM DAS ELEIÇÕES
Presidente prolongado
ainda a sua saída dizendo que “não podia ser presidente a vida inteira”. Entretanto, Jason Chao, que também foi presidente da Novo Macau, irá para fora do território para prosseguir os estudos, deixando um lugar vago na Macau Concealers. Assim sendo, Scott Chiang volta a ocupar um posto deixado em aberto por Chao, assumindo o papel de director da publicação de activismo político.
NOVO MACAU
POLÍTICA
João Luz
info@hojemacau.com.mo
REGRESSÃO LEGAL
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decisão de abandonar a direcção da Novo Macau mantém-se mas, como o HM noticiou ontem, Scott Chiang foi abordado por membros da associação para se manter no cargo. Nesse sentido, Sou Ka Hou, antigo presidente, disse que só podiam divulgar os próximos passos a tomar quando Scott Chiang anunciasse se fica ou sai. Para já, Chiang fica à frente da Novo Macau até depois das eleições de 17 de Setembro. “Pediram-me para mudar a minha decisão de me demitir e a minha resposta foi não”, começa por explicar. “Porém, para
CARTA ASSOCIAÇÃO QUER SABER PAPEL DO TUI NAS ELEIÇÕES
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Scott Chiang presidente da Novo Macau “Adiei o dia da minha saída para depois das eleições. Será algures entre o final de Setembro e início de Outubro.”
tornar a situação benéfica para todos, adiei o dia da saída para depois das eleições, que será algures entre o final de Setembro e início de Outubro”, esclareceu Scott Chiang. A resolução do presidente dos pró-democratas
É a segunda tentativa da Associação Sonho Macau. O movimento liderado por Carl Ching, que pretende concorrer às legislativas deste ano, pretende obter uma explicação do Tribunal de Última Instância (TUI) sobre a lei eleitoral e saber que papel desempenha nas eleições. Depois de ter recebido a resposta a uma primeira carta enviada, em que o tribunal remetia esclarecimentos para a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa, a associação entregou ontem uma nova missiva junto do TUI. Carl Ching entende que o tribunal “tem competência para clarificar as confusões existentes nas leis”. O líder da Sonho Macau quer ainda saber quais os custos de um recurso junto do tribunal caso a sua candidatura seja rejeitada.
A
surgiu após uma “longa e franca conversa, com umas cervejas à mistura”, conta. Chiang considerou que as questões internas que resultaram na sua saída “são águas passadas” e que o que importa é lidar com a situação actual.
Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) vai analisar 14 casos de pessoas que assinaram vários pedidos de reconhecimento de constituição de comissões de candidatura para as eleições legislativas deste ano. A lei eleitoral determina que um eleitor só pode assinar um documento que vise a constituição de uma candidatura e, até ao momento, a CAEAL já contactou e ouviu sete pessoas envolvidas. Tong Hio Fong, juiz e presidente da CAEAL, não soube precisar o calendário para a conclusão de
O presidente demissionário da Novo Macau anunciou ainda que não será candidato à Assembleia Legislativa.
QUE FUTURO?
A dúvida em relação ao novo presidente da Novo Macau
permanece, sendo que Scott Chiang deixou claro que depois do sufrágio abandonará o cargo. “Quanto ao próximo presidente, ou a associação nomeia um novo membro da direcção, ou faz eleições internamente”, explicou Chiang. O líder relativizou
Apoios em dose dupla
CAEAL analisa 14 casos assinaturas a dobrar em candidaturas
análise destes casos, nem tão pouco quis avançar se serão aplicadas sanções aos assinantes. “A comissão pediu ao secretariado para entrar em contacto com os indivíduos que assinaram mais do que um pedido de reconhecimento das assinaturas. A comissão detectou outros indivíduos que assinaram mais do que uma declaração e vamos entrar em contacto com eles para perceber o que realmente aconteceu”, disse ontem Tong
Hio Fong, à margem de mais uma reunião da CAEAL. Até agora foi aceite um total de oito comissões de candidatura para as eleições legislativas, que decorrem em Setembro. O prazo para a entrega dos pedidos de reconhecimento das comissões de candidatura termina já no próximo dia 20 de Junho.
APROVAÇÕES À ESPERA
Tong Hio Fong garantiu que as falhas nas assinaturas dos documentos não
estão relacionadas com a falta de divulgação da lei eleitoral. “Um ou dois meses antes do início dos trabalhos da comissão começámos a divulgar a lei eleitoral junto da população. A pessoa que angaria assinaturas deve ter atenção aos pormenores”, disse apenas. O presidente da CAEAL referiu também que ainda não estão reunidas condições para aprovar mais pedidos de reconhecimento de candidaturas. “Vamos analisar
uando pedido para comentar um curso em Pequim destinado a assessores e altos quadros jurídicos da RAEM, inclusive o presidente do Tribunal de Última Instância, para estudar o sistema legal chinês de forma a adequá-lo a Macau, Jason Chao foi peremptório: “Vão numa viagem ao cemitério do Estado de direito”. O activista vai mais longe ao considerar que a história dos partidos comunistas da Rússia e da China vivem da ausência de lei. Jason Chao disse ainda que em Macau há falta de independência do ramo judicial, tendo dado o caso Ho Chio Meng como exemplo.
caso a caso em concreto, e podemos dizer que ainda não concluímos todos os trabalhos. Depois disso vamos fazer uma análise mais profunda da legislação.” O caso da repetição de assinaturas fez com que a CAEAL tenha sido elogiada pela Associação Sonho Macau. Carl Ching, responsável máximo pela entidade, aplaudiu a CAEAL pelo facto de estar a analisar caso a caso, ao invés de optar por apagar as assinaturas, situação ocorrida nas legislativas de 2013. A.S.S.
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Só garganta, nenhuma acção
IC PRESIDENTE DIZ QUE ALERTAS DA UNESCO SÃO PARA LEVAR A SÉRIO
Tendência para demorar
Novo Macau exige resposta ao Governo quanto às exigências internacionais
A associação prometeu estar atenta à sessão do Comité do Património Mundial, que se realiza em Julho, adiantando que até agora o Governo de Macau não apresentou “respostas substantivas”, escudando-se atrás do facto de ser a China quem representa o território junto da UNESCO. Sendo mais específico quanto aos atrasos para apresentar os documentos exigidos, Scott Chiang faz uma analogia comparando o Executivo a “um aluno que entrega o trabalho de casa demasiado tarde”. Para já, a Novo Macau exige que o Executivo implemente o Plano de Salvaguarda e Gestão do Centro Histórico de Macau, assim como um plano de desenvolvimento urbanístico. Estes são os pontos essenciais das reivindicações dos pró-democratas e que são, aliás, exigidos também pela UNESCO. Scott Chiang diz que “não procura a humilhação de Macau e das suas pessoas”, e que só quer alertar o Executivo para que algo tem de ser feito. A Novo Macau deixou também claro que a preservação do património é uma questão de valor humano, bem mais do que uma marca para promover o turismo e ganhar dinheiro. J.L.
O Comité do Património Mundial alertou o Governo de Macau para as sérias consequências da inacção em dar cumprimento às exigências da UNESCO. O Presidente do IC diz que esta situação é grave e deve ser encarada com a seriedade sendo que será realizada uma consulta pública final ainda este ano. É de salientar que este documento havia sido solicitado pela UNESCO em 2013, sendo que o prazo para entrega era 2015.
GCS
E
M conferência de imprensa, Scott Chiang foi muito crítico em relação à inacção do Executivo na salvaguarda do património histórico de Macau. O presidente da Associação Novo Macau considera que o Governo fala muito, mostra-se preocupado com os alertas dados pela UNESCO, mas não age concretamente. Em causa estão os alertas dados pela entidade internacional que podem ter consequências graves na classificação do centro histórico de Macau como Património da Humanidade. Scott Chiang diz que, em primeiro lugar, “se devem apurar responsabilidades” quanto à falta de entrega dos documentos exigidos pela UNESCO. O presidente a termo certo da Novo Macau afirmou que “o mundo está a assistir ao que Macau vai fazer para satisfazer as exigências do Comité do Património Mundial”. Neste contexto, o pró-democrata exigiu respostas sólidas e inequívocas por parte do Executivo às obrigações internacionais. Scott Chiang acrescenta que “nada passa além da fase de consulta pública”, não se vislumbrando a apresentação de um calendário para materializar em documentos que satisfaçam a UNESCO.
POLÍTICA
ROL DE COMPLICAÇÕES
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S alertas da UNESCO para a construção de prédios altos e para o projecto de aterro que colocam em causa a visibilidade do Farol da Guia e da Colina da Penha foram recebidos com preocupação pelo Governo, assegurou Leung Hio Ming, presidente do Instituto Cultural (IC). Além disso, a entidade internacional está preocupada com a não entrega por parte das autoridades da RAEM do Plano de Salvaguarda e
Gestão do Centro Histórico de Macau, assim como da ausência de um documento que ateste o planeamento urbanístico do território. No relatório, a UNESCO ameaçou o Governo com “consequências sérias” no que
toca à declaração do centro histórico da cidade como de valor universal excepcional. Nesse sentido, o presidente do IC revela que pretende remeter o documento de plano de gestão do centro histórico da cidade em meados de 2018,
O presidente do IC revela que pretende remeter o plano de gestão do centro histórico da cidade em meados de 2018, sendo que será realizada uma consulta pública final ainda este ano
A razão apresentada para estes atrasos foi a complexidade de procedimentos, a começar pela necessidade de primeiro elaborar um enquadramento geral que mais tarde será pormenorizado, com duas fases de consulta pública pelo meio. O presidente do IC disse que os prazos dados pela UNESCO não foram cumpridos porque a Lei de Salvaguarda do Património entrou em vigor só em 2014. É de salientar que, em Julho, Macau enviará uma comitiva governamental à sessão do Comité do Património Mundial da UNESCO, que se realiza em Cracóvia, na Polónia. Para tal, representantes do Governo estiveram em Pequim esta semana com a finalidade de preparar a sessão. Macau não é membro da UNESCO, a representatividade do território será garantida pela delegação chinesa. Assim sendo, Leung Hio Ming diz ter demonstrado as preocupações do Executivo com a salvaguarda do património de interesse histórico e, nesse sentido, pediu assistência à Administração Estatal do Património Cultural em Pequim. João Luz
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NOMEAÇÕES SALES MARQUES E FRANCIS LUI NO CONSELHO CONSULTIVO DA CULTURA O Conselho Consultivo da Cultura tem novos membros. As nomeações, pelo prazo de dois anos, foram publicadas ontem em Boletim Oficial: José Luís Sales Marques, presidente do Instituto de Estudos Europeus de Macau, e Yao Jingming, director do Departamento de Português da Universidade de Macau, são dois dos novos nomes da lista composta por 18 elementos. Ao todo, foram designadas sete pessoas que, até agora, não faziam parte da estrutura. Entre as novidades, destaque para
Maria Edith da Silva, ex-presidente da direcção da Escola Portuguesa de Macau, e para Francis Lui, director executivo da Galaxy. Do grupo de novos membros fazem ainda parte Lei I Leong, Lok Po e Ieong Hoi Keng. No mesmo despacho do secretário Alexis Tam, é renovado pelo período de dois anos o mandato de Kevin Ho, Sam Io Cheong, Lei Chin Pang, Chao Pui Wa, Wong Ka Long, António Wong Ho Sang, Lai Seng Ieng, Dai Ding Cheng, Lo Song Man, Sam Peng Vo e Siu Pei Tak.
José Luís Sales Marques
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NOVAS EXPLICAÇÕES
A reunião de ontem entre deputados e representantes do
Condomínios GOVERNO AINDA NÃO DECIDIU SOBRE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA
Resposta em correio azul
Foi a promessa de Sónia Chan aos membros da comissão permanente que está a analisar o diploma sobre a administração das partes comuns do condomínio. O regime de ambulatoriedade tem sido alvo de críticas. O Governo contra-argumenta com os sistemas legais de Itália e Singapura GCS
secretária para a Administração e Justiça prometeu ontem aos membros da 2.a Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) que o Governo vai tomar uma decisão sobre o regime de ambulatoriedade ainda antes do próximo encontro entre deputados e membros do Executivo. A questão tem gerado alguma polémica e Sónia Chan não sabe, por enquanto, se vai deixar cair a ideia. O regime jurídico da administração das partes comuns do condomínio prevê que o adquirente do direito de propriedade sobre a fracção autónoma é responsável pela dívida dos encargos de condomínio do imóvel em causa, sempre que o registo da dívida seja anterior à sua aquisição. “O Governo mostrou-nos um documento sobre um estudo comparativo da aplicação do regime de ambulatoriedade em Itália e em Singapura”, relatou Chan Chak Mo, presidente da comissão permanente, no final do encontro. “Perguntámos aos representantes do Executivo se vão ou não eliminar este regime. O Governo disse que não, que ainda vai ponderar e fazer estudos para ver se mantém ou elimina este regime da nossa proposta de lei”, explicou. Ainda de acordo com o deputado, Sónia Chan garantiu que, “antes da próxima reunião”, será dada uma resposta àAL sobre o assunto. “E disse-nos que em Singapura e em Itália se aplica o regime de ambulatoriedade. Em Itália, a responsabilidade solidária é de um ano, mas na nossa proposta é de dois”, notou Chan Chak Mo. “A secretária não insistiu nesta questão.”
POLÍTICA
Executivo serviu para analisar várias alterações feitas à versão inicial da proposta. Estiveram em cima da mesa assuntos como o regime de votação e o quórum, que agora passa a
A questão tem gerado alguma polémica e Sónia Chan não sabe, por enquanto, se vai deixar cair a ideia
estar em conformidade com o que prevê o Código Civil. Falou-se ainda do depósito de actas junto do Instituto da Habitação, e das regras para a eleição e exoneração de membros da administração, que foram modificadas. O novo regime introduz novas normas para a afixação de tabuletas e reclamos. Quando a lei entrar em vigor, os estabelecimentos comerciais vão ter de obedecer a critérios mais rígidos: só quando estes materiais forem colocados directamente na fachada da fracção autónoma no rés-do-chão é que
À ESPERA DOS PARECERES
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2a Comissão Permanente da AL não deverá voltar a reunir-se para analisar o diploma sobre as alterações à lei de combate ao tabagismo. “Em princípio não vamos ter uma nova reunião, porque já começaram os trabalhos de elaboração do parecer”, disse Chan Chak Mo. O deputado espera que o parecer possa estar concluído ainda este mês, mas tal “depende do volume de trabalho da assessoria, que não está a trabalhar só para esta comissão”. O mesmo acontece com a proposta de lei do regime do ensino superior. “A assessoria está a elaborar o respectivo parecer. Se houver nova reunião é só para discuti-lo”, indicou.
os proprietários das lojas vão estar dispensados de obter aprovação da assembleia-geral de condóminos, sendo mesmo assim será obrigató-
rio comunicar que vão ser feitas obras para a afixação das tabuletas. Em todas as outras situações – pilares e fachadas acima do rés-do-
TERRENO DE VOLTA CONCESSÃO TINHA EXPIRADO EM 2003
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OI ontem declarada a concessão de um terreno que estava nas mãos de um particular desde 1953, não tendo sido aproveitado nos termos do contrato celebrado com a Administração. O prazo da concessão tinha terminado já em 2003, mas só agora é que foram desencadeados os procedimentos finais para que a parcela em causa seja recuperada pelo Governo.
No despacho do Secretário para os Transportes e Obras Públicas publicado ontem em Boletim Oficial, explica-se que o terreno, com 30,35 metros quadrados, fica nas imediações da Estrada do Repouso e da Rua da Erva. O concessionário tinha uma parcela no mesmo local, pelo que o terreno objecto do contrato de concessão foi anexado a esse prédio.
De acordo com o contrato de concessão, o prazo de arrendamento era de 50 anos, pelo que expirou a 18 de Novembro de 2003. O lote destinava-se à construção urbana. “Todavia, não há qualquer construção no terreno, bem como não existem elementos no processo (...) da Comissão de Terras que comprovem que o mesmo tenha sido aproveitado, e também não
-chão – vai ser necessária luz verde do condomínio. “Alguns deputados fizeram perguntas sobre tabuletas e reclamos no rés-do-chão”, afirmou Chan Chak Mo. Há membros da comissão com dúvidas sobre a “operacionalidade destas regras”. Pretendem ainda saber o que vai acontecer com as tabuletas que já estão afixadas. “Concluímos, no final, que vamos colocar de novo estas questões ao Governo para obtermos uma resposta”, rematou o presidente da comissão. Isabel Castro
isabelcorreiadecastro@gmail.com
se encontra algum processo de licenciamento de obra para o local no Sector do Arquivo Geral da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes”, justifica o despacho de Raimundo do Rosário. Porque o terreno não foi aproveitado, entende-se que a concessão manteve o carácter provisório, pelo que é declarada a caducidade da concessão.
8 Os dez itens que compunham os Indicadores sobre a Juventude em Macau vão passar a sete. A ideia ainda é preliminar, mas o objectivo do Conselho da Juventude é que o ajustamento seja feito até ao final do ano. A matéria está há dez anos sem actualizações
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Juventude INDICADORES VÃO SER AJUSTADOS ATÉ AO FINAL DO ANO
Actualizar para ajudar TIAGO ALCÂNTARA
SOCIEDADE
PROTECÇÃO DOS JOVENS
O programa “Educação para a Vida” foi também alvo de discussão na reunião plenária de ontem. De acordo com a directora do Centro de Apoio Psicopedagógico e Ensino Especial, Chao Pui Leng, o programa que integra os serviços da DSEJ é uma iniciativa fundamental para “melhorar a capacidade de resistência dos jovens”. A responsável salientou que a iniciativa está activa em 77 escolas do território e conta com o trabalho de 210 profissionais, entre “conselheiros” e assistentes sociais. Cerca de metade destes profissionais tem formação em psicologia.
O voluntariado passa a fazer parte dos novos indicadores e foi ainda sugerida a integração de um item que abranja a participação dos jovens na protecção ambiental
O
disse Un Hoi Cheng. Por isso, o Conselho acha que é necessário um trabalho de ajustamento de modo a “ter uma situação mais integral para o desenvolvimento de políticas para os jovens”.
NECESSIDADES DIFERENTES
As ideias discutidas ontem foram apenas preliminares.
UNIVERSIDADE DE MACAU INVESTIGAÇÃO PREMIADA
“No passado, quando fizemos a recolha de informações, estivemos atentos às entidades de investigação, a grupos de estudos e à experiência das regiões vizinhas. Temos recolhido esse tipo de informações. Com o desenvolvimento da sociedade, achamos que é a altura oportuna para propor
O primeiro prémio atribuído pelo Fórum Académico Nacional de Alunos de Farmácia Pós-graduados foi dado a um artigo de Li Pengpeng, aluna de mestrado do Instituto de Ciências Médicas Chinesas da Universidade de Macau (UM). A estudante viu a sua investigação “Pharmaceutical Coinnovation Network: Global Patterns and the Role of China” reconhecida na primeira edição do evento. O fórum recebeu a candidatura de 340 artigos científicos oriundos de 61 universidades. O estudo vencedor faz uma análise detalhada dos locais onde se regista uma maior inovação na indústria farmacêutica. Paralelamente estabelece relações de colaboração entre regiões e avalia o desenvolvimento da indústria nas economias emergentes, tais como a China. De acordo com a UM, a investigação mostra-se de extrema importância, na medida em que explora a distribuição geográfica no que respeita a inovação na área da farmácia.
GONÇALO LOBO PINHEIRO
S “Indicadores sobre a Juventude em Macau” vão ser alvo de uma revisão e podem estar definidos até ao final do ano. A ideia foi deixada ontem pela chefe do Departamento de Juventude da Direcção dos Serviços de Ensino e Juventude (DSEJ), Un Hoi Cheng, após reunião plenária do Conselho da Juventude. Aquestão dos indicadores, contou a responsável, foi um dos temas que ocupou a sessão de ontem e que foi apontada como matéria a precisar de ser revista. Em causa está o facto de não terem sido alterados nos últimos dez anos. Com o desenvolvimento social que entretanto aconteceu no território, “há itens que fazem parte do passado que, com a introdução de novos indicadores, ficariam com uma representatividade reduzida”,
As idades abrangidas estão entre os 13 e os 19 anos.
o ajustamento. Recebemos as opiniões dos membros e iremos fazer a análise. Esperamos acabar os trabalhos no final deste ano”, explicou Un Hoi Cheng. A responsável ilustra a necessidade com exemplos: “No passado, para se saber a situação de saúde dos jovens locais, foi usado
o número de consultas dos centros de saúde, mas agora o Governo está a fazer um exame à situação da saúde dos jovens”, pelo que não serão necessários os registos de consulta. Por outro lado, a responsável referiu novas características da sociedade que precisam de ser tidas em conta. O voluntariado passa a integrar os novos indicadores e foi ainda sugerida a integração de um item que abranja a participação dos jovens na protecção ambiental. Os Indicadores sobre a Juventude em Macau, que têm a finalidade de identificar as necessidades dos jovens locais para que o Executivo possa proceder a políticas mais ajustadas, são constituídos, actualmente, por dez itens, mas com o ajustamento previsto o objectivo é virem a ser sete.
A acção tem duas frentes. É dirigida a docentes “para que tenham noção das diferentes necessidades dos alunos consoante as diferentes faixas etárias”. Por outro lado, os pais também estão incluídos na acção da DSEJ. Para o efeito, os serviços promovem palestras e distribuem panfletos informativos. O programa representa ainda uma medida preventiva para o suicídio juvenil. Chao Pui Leng fez referência ao recente caso do suicídio de uma jovem de 16 anos, para defender que “é importante mostrar aos jovens locais que são acarinhados”. Fez ainda parte da reunião plenária, a continuidade e alargamento do programa do Continente que visa o intercâmbio entre os jovens de Hong Kong, Macau, Taiwan e China Continental. A ideia é dar continuidade à divulgação de conhecimentos acerca da China, da sua cultura e história. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
9 SOCIEDADE
TIAGO ALCÂNTARA
hoje macau quinta-feira 8.6.2017
U
MA no cravo, outra na ferradura. Ho Ion Sang diz compreender que a Administração tem de gerir os itinerários dos autocarros da forma que entende ser a mais eficiente, razão que leva a que, de vez em quando, sejam feitas alterações aos percursos. Ainda assim, o deputado tem dificuldade em compreender a mudança de rota do 25. “Os residentes reagiram por ser inconveniente e a sociedade questiona a eficácia desta medida”, escreve em interpelação ao Executivo. Ho Ion Sang recorda a argumentação do director dos Serviços para os Assuntos de Tráfego para, em seguida, rebater a justificação. O autocarro 25 ia até Hac Sa, o que deixou de acontecer; os utentes têm outros três autocarros à escolha, sendo que nenhum deles é directo. “Os residentes mostram que as três opções são de facto muito inconvenientes, uma vez que acontece terem de esperar mais de meia hora pelas carreiras 15 e 21A”, diz o deputado. Em relação
A partir do exemplo do 25, Ho Ion Sang quer saber se o Governo vai avaliar o modo como estão a funcionar as carreiras que foram sujeitas a alterações
Autocarros MAIS DEPUTADOS NO CORO DE PROTESTOS
Eles querem o 25
Aos Serviços para os Assuntos de Tráfego já chegaram petições de vários grupos, que não compreendem por que razão foi alterada a rota do autocarro 25, um dos mais requisitados por residentes e turistas. Agora, os deputados Ho Ion Sang e Kwan Tsui Hang pedem explicações ao Governo ao 26A, outra alternativa, o deputado argumenta que o percurso desta carreira passa por zonas com grande densidade populacional, pelo que é difícil apanhar este autocarro. A partir do exemplo do 25, e porque recebeu queixas dos cidadãos, Ho Ion Sang quer saber se o Governo vai avaliar o modo como estão a funcionar as carreiras que foram sujeitas a alterações. Quanto ao polémico autocarro que levava turistas e residentes até à praia, o membro da Assembleia Legislativa pergunta se a Administração vai acrescentar carreiras durantes os fins-de-semana e feriados, bem como mais transportes directos para facilitar a vida a quem vive no território. A missiva serve ainda para alertar os serviços de Lam Hin San acerca da necessidade de planear as rotas de autocarros na Taipa e em Coloane, devido ao aumento da
população nas ilhas. Ho Ion Sang pergunta quando é que este estudo vai ser levado a cabo.
OUÇAM O POVO
Também Kwan Tsui Hang escreveu ao Governo a propósito dos autocarros, tendo precisamente como ponto de partida a controversa alteração do 25. À semelhança de Ho Ion Sang, a deputada também elogia os esforços da Administração no sentido de evitar sobreposições nos trajectos percorridos pelos transportes públicos, mas é
do entendimento de que os responsáveis por esta área não fizeram consultas públicas suficientes que lhes permitissem perceber a posição da sociedade antes de tomarem decisões. Neste sentido, Kwan pretende saber se o Governo vai divulgar pormenores sobre futuras alterações, bem como o número dos autocarros em circulação, os subsídios que recebem e a eficiência prevista. A deputada com ligações aos Operários pergunta quais são os factores que levam a Administração a tomar decisões
TOMEM LÁ O 15X
T
em início este sábado uma nova carreira que, de acordo com os Serviços para os Assuntos de Tráfego, fará uma ligação rápida entre Hac-Sá e Seac Pai Van. O 15x vai estar em circulação até 31 de Outubro, último dia da época balnear, mas só aos sábados, domingos e feriados, entre as 11h e as 19h30, com partidas a cada dez a 15 minutos. Os serviços destacam que os passageiros da península de Macau e das ilhas podem fazer a correspondência de autocarros para irem à praia e à barragem de Hac-Sá. Trata-se uma tentativa de acalmar os críticos do fim do 25, autocarro que, apesar das muitas paragens que fazia, saía de Macau e tinha Hac-Sá como última paragem.
sobre a extensão e o encurtamento dos itinerários dos autocarros. Tendo em conta o desenvolvimento populacional das ilhas, Kwan Tsui Hang remata solicitando ao Governo planos para o aumento de autocarros ponto a ponto, que liguem a zona das Portas do Cerco à Taipa e a Coloane. Isabel Castro e Vítor Ng info@hojemacau.com.mo
CENTRO DE CONDUÇÃO UMA DEZENA DE EMPRESAS A CONCURSO
Apresentaram propostas com valores que vão dos 6,17 milhões aos 8,78 milhões de patacas. Onze empresas concorreram ao concurso público para prestação de serviços de segurança no Centro de Aprendizagem e Exame de Condução. De acordo com a Direcção dos Serviço para os Assuntos de Tráfego, no acto público de abertura das propostas, uma das empresas foi admitida condicionalmente, por ter documentos em falta que terão de ser apresentados hoje. As restantes dez interessadas foram admitidas. O prazo de prestação de serviço do concurso é de dois anos.
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RODRIGO DE MATOS
EVENTOS
CARTOONISTA
“Coloco-me na SOFIA MARGARIDA MOTA
Rodrigo de Matos é um dos cinco cartoonistas do território no “Barcelona X Macao Art of Illustration”. Para o criador de crónicas ilustradas, rir da tragédia é importante. O cartoon é fundamental enquanto alerta para os problemas da actualidade
Tem formação em jornalismo, área em que trabalhou, mas está agora exclusivamente dedicado ao cartoon e à ilustração. Como é que esta passagem aconteceu? É preciso perceber que não sou um ilustrador puro. Sou um cartoonista editorial. O cartoon editorial, ao contrário do que muita gente pensa, não é um tipo de ilustração. É um trabalho diferente que usa outra linguagem. A ilustração ocupa, numa publicação, um lugar especifico e que é, como o próprio nome indica, o de ilustrar e embelezar textos. Já o cartoon editorial é mais do que isso: é uma espécie de crónica de opinião, escrita numa linguagem muito própria. A minha formação em jornalismo, bem como a experiência que tive depois da formação enquanto repórter, foram muito importantes. É por isso que posso dizer que tenho um conhecimento, teórico e prático, de como é produzida a informação. Penso que sei filtrar melhor o que são os acontecimentos da actualidade, o que está por detrás de determinadas situações e as suas implicações. Isso também é uma parte fundamental do meu trabalho enquanto cartoonista. O meu cartoon é, antes de mais, um trabalho de selecção do que é importante na actualidade e do que tem potencial humorístico também. Além disso, tenho de acrescentar a ilustração propriamente dita. Em suma, o meu trabalho implica o trabalho jornalístico e editorial em que é seleccionado o que é importante e em que analiso as notícias, tenho o trabalho de criar uma piada à volta disso e depois o de conseguir transmitir a ideia com a linguagem da informação. Acabou por fazer um curso em Madrid específico nesta área. Sim, na ESDP de Madrid aprende-se a trabalhar com uma diversidade grande de meios analógicos e tradicionais da pintura. Foi também ali que aprendi a produzir vários tipos diferentes de ilustração para ser publicada, desde ilustração infantil a desenho realista de cenas históricas e de animais como aqueles que vemos, por exemplo, numa enciclopédia. Foi um curso muito importante porque foi muito prático e foi onde aprendi o que me faltava: ter um traço mais profissional.
“Temos uma visão muito negativa do humor que, penso, nos é transmitida pela nossa cultura judaico-cristã.”
Já chegou ao seu traço? Sim, penso que sim, mas noto evolução a cada ano que passa. A graça de tudo isto também é esta evolução para que não esteja a fazer sempre a mesma coisa. Nos últimos anos fiz um esforço de conversão ao digital total. Já no final do curso, em Madrid, demos umas bases de utilização do Photoshop para o tratamento de desenhos feitos em papel. Quando comecei a trabalhar profissionalmente com cartoons, todo o meu trabalho era feito sobre
papel, com canetas e lápis: primeiro era o esboço com lápis, depois com lápis azul e depois com uma caneta especial. Era um processo que envolvia três folhas de papel que depois digitalizava e coloria. Actualmente, já há uns tablets muito bons em
que desenhamos sobre o ecrã e que são muito semelhantes ao papel. A tecnologia também já evoluiu tanto que a sensibilidade destas canetas digitais está muito próxima, se não mesmo melhor, do que as canetas tradicionais. Esta evolução tem sido
muito positiva porque vejo que o meu trabalho não perde nada quando feito digitalmente, sendo que até pode ganhar. Recebeu, em 2014, o Grand Prix do Festival Press Cartoon Europe, na
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linha de fogo”
É um pouco redundante falar em humor inteligente porque penso que todo o humor tem de ser inteligente. O humor implica uma actividade cerebral que leva à compreensão da piada. Os americanos são muito influenciados por uma escola associada à stand-up comedy de qualidade. É um humor mordaz e sarcástico e que não explica a piada, não dá tudo ao leitor. O que os cartoonistas americanos fazem, e que eu também procuro fazer à minha maneira, é contar uma história dando só um pequeno momento, aquele momento chave que é suficiente para perceber tudo o que se quer contar.
“A intenção do cartoon é chamar a atenção para o que está mal.”
Bélgica. Em que é que este reconhecimento internacional projectou os seus desenhos? É difícil avaliar até que ponto isso aconteceu, mas penso que terá acontecido. Um prémio desses é uma coisa que valoriza muito qualquer currículo.
Quais são as suas referências editoriais? Sou, desde sempre, um grande apreciador daquilo a que se pode chamar da escola norte-americana de cartoons. Os trabalhos que são publicados na imprensa de
referência dos Estados Unidos da América têm uma linguagem e um humor típico que me influenciam muito. Como é que poderia caracterizar essa linguagem?
Muitas vezes os cartoons pegam em situações trágicas da realidade. A estas situações junta o humor. Como é que lida com esta ligação? Ainda hoje, sempre que faço um cartoon acerca de um determinado tema mais triste, como um ataque terrorista com vítimas mortais, há sempre alguém que diz que o meu trabalho é de mau gosto. Penso que é uma questão muito cultural. Ainda achamos que o riso ofende, que o riso é uma coisa feia, proibida e má. Temos uma visão muito negativa do humor que, penso, nos é transmitida pela nossa cultura judaico-cristã. É um erro que pode ter tendência a ser corrigido nas próximas gerações, se o mundo evoluir numa direcção interessante. As pessoas têm tendência em confundir o tema da piada com o alvo da piada. Quando faço um cartoon acerca de um acontecimento com mortes, ou sobre uma doença que está a matar crianças, o que pretendo não é ridicularizar as vítimas, não é humilhar quem sofre. A intenção do cartoon é chamar a atenção para o que está mal. Quanto mais grave a situação é, mais pede um cartoon. O que se pretende, quando se faz este tipo de trabalho, é que as pessoas se indignem com o que está mal. O cartoon aponta o dedo aos paradoxos da condição humana. Se isso pode provocar o riso, é para que nos possamos também rir de nós. A nossa cultura, especialmente quando se fala de morte, tem um preconceito enorme. A morte é um grande tabu, é intocável. Não se pode falar dela, não se pode brincar mas, na realidade, a morte faz parte da vida, é a sua parte final. Quando um trabalho meu tem esse tipo de reparo, quando é considerado uma coisa de mau gosto só porque aborda o tema da morte ou do sofrimento das pessoas, procuro não me deixar perturbar. A verdade é que o meu trabalho é sempre susceptível de
EVENTOS
críticas. Coloco-me na linha de fogo. Um cartoonista, faça o que fizer, seja qual for o tema, vai ofender sempre alguém. Mas nem sempre a pessoa que se sente ofendida tem razão. Cresci a ouvir que não devia brincar com coisas sérias e nunca concordei com isso. Até hoje tenho tentado provar o contrário: as coisas sérias são coisas com as quais devemos brincar e que devemos abordar de todas as formas. Que temáticas mais gosta de abordar? Gosto precisamente das que são mais problemáticas porque representam um desafio maior. É arranjar uma piada no drama. Há sempre um lado irónico nas coisas. Uma situação trágica em que há várias mortes sem razão é uma coisa muito difícil. Mas são também estas situações que encerram em si uma ironia e um paradoxo muito grande. Estas características estão inerentes ao actual momento da nossa civilização. Somos tão avançados, somos capazes de realizações tecnológicas incríveis e, ao mesmo tempo, ainda aqui andamos a matar-nos por causa de homens invisíveis.
“Ao tentar perceber uma cultura tão diferente da nossa, acabamos por ficar sempre mais ricos e por perceber melhor o próprio ser humano.” Veio para Macau em 2009. Como é que esta vinda para o Oriente influenciou o seu trabalho? Macau apareceu na minha vida por acaso. Estava em Lisboa, tinha a colaboração com o jornal Expresso e vim cá visitar um amigo. Com a oportunidade de trabalhar aqui fiquei dividido. Acabei por optar por ficar em Macau precisamente por achar que teria um potencial de conhecimento maior se aqui ficasse. Pensei também em aprender a língua chinesa, um projecto que ainda não consegui concretizar. Ao tentar perceber uma cultura tão diferente da nossa, acabamos por ficar sempre mais ricos e por perceber melhor o próprio ser humano. Sofia Margarida Mota
sofiamota.hojemacau@gmail.com
12 CHINA
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QUATRO MISSÕES DE VOO ESPACIAL TRIPULADO ATÉ 2022
MAIS QUALIDADE NAS ZONAS FRONTEIRIÇAS
A China pretende executar pelo menos quatro missões de voo espacial tripulado em aproximadamente cinco anos para construir uma estação espacial, informou esta terça-feira o primeiro astronauta chinês Yang Liwei. Duas missões espaciais tripuladas serão conduzidas em 2020, disse Yang, vice-director do gabinete do programa espacial tripulado da China, na Conferência Global 2017 para Exploração Espacial, iniciada na terça-feira em Pequim. A China planeia completar a construção da estação espacial por volta de 2022, e pretende executar dezenas de missões de lançamento antecipadamente, segundo Yang. O astronauta disse ainda que a nação lançará o primeiro módulo central da estação espacial em 2019, seguido de lançamentos de dois módulos experimentais. A estação espacial permitirá que os astronautas permaneçam no espaço entre três meses a meio ano, acrescentou. Yang disse que os astronautas actualmente estão a preparar-se para o programa da estação espacial e que a China irá dar início à a selecção de novos astronautas ainda este ano.
O Conselho de Estado da China emitiu uma directriz indicando o reforço dos esforços para melhorar as infra-estruturas e o nível de vida nas zonas fronteiriças. De acordo com a orientação, a China pretende impulsionar as indústrias, elevar o nível de abertura, melhorar o meio ambiente, defender a unidade étnica e consolidar as capacidades de defesa nacional nas zonas fronteiriças. Como áreas da abertura chinesa e um importante escudo para a segurança territorial e ecológica, as zonas fronteiriças são de importância estratégica nos esforços de reforma e desenvolvimento do país, sublinha a comunicação. A promoção do desenvolvimento das zonas fronteiriças será vital para o desenvolvimento económico e social, o bem-estar dos moradores locais, a unidade nacional e as relações amistosas entre a China e outros países, acrescenta o comunicado do Conselho de Estado.
PEQUIM NEGA ACUSAÇÃO DE VIOLAÇÃO DE ESPAÇO AÉREO DA ÍNDIA
O
ministério dos Negócios Estrangeiros da China negou na segunda-feira as acusações feitas numa reportagem onde se alegava que helicópteros militares chineses violaram o espaço aéreo da Índia, defendendo que o exército chinês estava apenas realizando uma patrulha regular na região fronteiriça. A imprensa indiana informou que dois helicópteros chineses foram avistados a sobrevoar o “sector Barahoti” na fronteira entre a China e a Índia, tendo violado o espaço indiano. A porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, disse em conferência de imprensa que o exército chinês levou a cabo uma patrulha regular na referida área da fronteira chinesa, instando a Índia a trabalhar conjuntamente com a China através de mecanismos relevantes para a manutenção da paz e tranquilidade na região fronteiriça. O ministério da Defesa da China ofereceu uma resposta semelhante no mesmo dia, negando a alegada acusação, informa o diário do Povo. Durante uma visita à Rússia na semana passada, o primeiro-ministro indiano Modi reiterou que, apesar dos problemas na fronteira entre a Índia e a China, nenhuma bala foi disparada nos últimos 40 anos. Hua elogiou na segunda-feira o comentário positivo de Modi. “A China e a Índia procuram soluções através de encontros entre representantes especiais para discutir as questões sobre as fronteiras, enquanto adoptam medidas para salvaguardar a paz e a tranquilidade da região,” acrescentou.
‘Gaokao’ MILHÕES DE ESTUDANTES INICIAM TESTE CRUCIAL
A hora da verdade
M
ILHÕES de estudantes chineses submetem-se desde ontem ao ‘Gaokao’, o maior exame de acesso à universidade do mundo, considerado “crucial à meritocracia chinesa”, e que exige anos de preparação. Segundo números do ministério chinês da Educação, de um total de quase dez milhões de adolescentes que fazem esta semana os testes, apenas 3,74 milhões vão conseguir entrar na Universidade. Entre aqueles, só alguns milhares terão acesso às melhores instituições de ensino superior
do país, que garantem maiores probabilidades de um bom futuro profissional ou académico. “O ‘Gaokao’ é como um grande jogo, em que cada participante segue
De quase dez milhões de adolescentes que fazem esta semana os testes, apenas 3,74 milhões vão conseguir entrar na Universidade
a mesma lógica e trabalha arduamente para aumentar as hipóteses de ser escolhido”, descreve Liu Jiawei, estudante na Universidade de Pequim. Para Liu, o ‘Gaokao’ é também uma prova do seu esforço nos primeiros vinte anos da sua vida e marca um ponto de viragem para a vida adulta. O êxito no ‘Gaokao’ pode proporcionar a saída da pobreza de famílias rurais, permitindo o acesso dos seus filhos a um emprego bem remunerado nas prósperas cidades do litoral.
MOBILIZAÇÃO GERAL
A prova é um acontecimento nacional, com pais e familiares, estudan-
tes ou curiosos, a concentrarem-se em frente aos centros de exame para encorajar os estudantes. O ‘Gaokao’ demora entre dois e três dias, variando entre províncias, e inclui testes de língua chinesa, matemática, inglês, humanidades e ciências. Na Mongólia Interior, noroeste da China, um comboio transportou na terça-feira mais de 600 estudantes até ao distrito de Oroqen, para realizarem a prova. Em Pequim e outros centros urbanos, a frequência de algumas carreiras de autocarro foi reforçada. No metro, os estudantes têm acesso prioritário, evitando filas de espera em hora de ponta. Dispositivos da polícia são também destacados, para manter a ordem e evitar o uso de cábulas. Este ano marca o 40.º aniversário desde que os testes foram retomados, após terem sido suspensos durante a Revolução Cultural, entre 1966-76.
13 CHINA
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Pontos de vista China opõe-se a relatório do Pentágono sobre o exército do país
P
EQUIM “opõe-se firmemente” a um relatório do Pentágono sobre o exército chinês, que destaca a construção de instalações militares em ilhas artificiais no Mar do Sul da China e sugere que o país construirá mais bases militares além-fronteiras. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Hua Chunying afirmou ontem que o relatório, que é publicado anualmente, contém “comentários irresponsáveis” e ignora os factos. “A China opõe-se firmemente” ao documento, disse Hua, afirmando que o seu Governo é uma força na salvaguarda da paz e estabilidade na região Ásia-Pacífico e no mundo. Recusando comentar a possível abertura de bases militares além-fronteiras, Hua afirmou que a China e
o Paquistão - um dos países apontado como favorito a receber uma base chinesa - são países amigos que colaboram de forma mutuamente benéfica em diversos domínios. A China está a construir a sua primeira base militar fora do país em Djibuti, que diz irá facilitar a sua participação
“A China opõe-se firmemente” ao documento, disse Hua, afirmando que o seu Governo é uma força na salvaguarda da paz e estabilidade na região Ásia-Pacífico e no mundo
em patrulhas anti-pirataria no Golfo de Áden e as operações da ONU de manutenção da paz na região.
INFLUÊNCIA CRESCENTE
A base ficará situada próximo de uma base norte-americana, mas o exército dos Estados Unidos recusa que se trate de uma ameaça. “AChina muito provavelmente vai tentar estabelecer mais bases militares em países com os quais tem uma longa relação de amizade e interesses estratégicos similares, como com o Paquistão”, afirma o relatório do Pentágono. “Esta iniciativa, somada à visita regular de navios militares chineses a portos estrangeiros, reflecte e amplifica a crescente influência chinesa, estendendo o alcance das suas forças armadas”, aponta. O documento refere ainda a construção de instalações militares nas Ilhas Spratly, no Mar do Sul da
China, que Pequim reclama quase na totalidade. E detalha que, no final do ano passado, a China estava a construir hangares com dimensão para combate, instalações para fixar armas, quartéis, edifícios administrativos e infraestruturas de comunicação.
A China afirma que as bases servem para garantir a segurança de navegação e assistir barcos de pesca. Mas aponta também que ajudam a reforçar as reclamações territoriais do país e que Pequim tem o direito de aumentar a capacidade de defesa no território.
“O desenvolvimento da defesa nacional serve para salvaguardar a independência soberana da China e a integridade do seu território. É um direito legítimo de um Estado soberano”, afirmou Hua.
PUB
Proc. Execução Por Custas/ Multas
HM • 2ª VEZ • 8-6-17
HM • 2ª VEZ • 8-6-17
HM • 1ª VEZ • 8-6-17
ANÚNCIO
ANÚNCIO
ANÚNCIO
n.º LB1-15-0073-LCT-A
Juízo Laboral
Exequente :Ministério Público da RAEM Executados :1)GRUPO DE ENTRETENIMENTO MITOLOGIA GREGA (MACAU) S.A., registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis sob o nº SO 19514, com sede em 澳門氹仔徐日昇寅公馬路S.J.889號新世紀酒 店E至F室;e 2)XU ZHAOJI, masculino, maior, portador do passaporte da República Popular da China n.º G59148787 e do Salvo- Conduto da RPC para Deslocação a Hong Kong e Macau n.º W91656781, administrador do GRUPO DE ENTRETENIMENTO MITOLOGIA GREGA (MACAU) S.A., com domicílio profissional em 澳門氹仔徐日昇寅公馬路889號. Pedido :Execução da quantia de MOP907,515.00, juros vencidos e vincendos e, custas do processo de execução. Faz-se saber que nos autos acima indicados são citados os credores desconhecidos da executada para, no prazo de TRINTA E CINCO DIAS, ou seja, quinze dias que começa a correr depois de finda a dilação de vinte dias, contada da data da segunda e última publicação do anúncio, reclamar, nos termos do art. 758º do Código de Processo Civil, o pagamento dos seus créditos pelo produto dos seguintes bens penhorados: Depósito bancário penhorado pertencente à Grupo de Entretenimento Mitologia Grega (Macau) S.A. Moeda
Montante
Banco Nacional Ultramarino, S.A.
Instituições de crédito de Macau
HKD
$188,492.40
Banco OCBC Wing Hang, S.A.
HKD
$7,280.00
Banco OCBC Wing Hang, S.A.
MOP
$37,960.53
Aos 31 de Maio de 2017.
Proc. Execução Ordinária nº. CV3-17-0001-CEO
3ºJuízo Cível
EXEQUENTE: VENETIAN MACAU, S.A., com sede na Estrada da Baía de Nossa Senhora da Esperança, The Venetian Macao Resort Hotel, Executive Offices - L2, Taipa, Macau.---------------------------------------------------------------------------EXECUTADO: CHOI FAT PUN, ausente em parte incerta, com última residência conhecida em Hong Kong, Vision LB43, Block 7, Lohas Park Phase 2B, Le Prime Vision, Tesung Kwan O, New Territories. --------------------------------------------------*** FAZ-SE SABER que, pelo Tribunal, Juízo e processo acima referidos, correm ÉDITOS DE TRINTA (30) DIAS, a contar da data da segunda e última publicação dos respectivos anúncios, citando, o executado acima identificado para no prazo de VINTE (20) DIAS, decorridos que sejam os dos éditos, pagar ao exequente a quantia de MOP$601.557,73 (seiscentas e uma mil, quinhentas e cinquenta e sete patacas e setenta e três avos), e demais acréscimos legais, ou no mesmo prazo, deduzir oposição por embargos ou nomear bens à penhora, sob pena de não o fazer ser devolvido ao exequente o direito de nomeação de bens à penhora e seguindo o processo os ulteriores termos até final à sua revelia. ------------------Tudo conforme melhor consta do duplicado da petição inicial que neste 3º Juízo Cível se encontra à sua disposição e que poderá ser levantado nesta Secretaria Judicial nas horas normais de expediente. --------------------------------------------------Caso o citando pretenda beneficiar do regime geral de apoio judiciário, deverá dirigir-se ao balcão de atendimento da Comissão de Apoio Judiciário, sito na Alameda Dr. Calos D’ Assumpção, nº 398, Edf. CNAC, 6º andar, Macau, para apresentar o sue pedido, sendo que poderá pedir esclarecimentos através do telefone n.º 2853 3540 ou correio electrónico info@caj.gov.mo. ----------------------------------Para o efeito, terá de comunicar ao processo a apresentação do pedido àquela Comissão, para beneficiar da interrupção do prazo processual que estiver em curso, nos termos do n.º 1, do art.º 20.º, da Lei 13/2012, de 10 de Setembro. ------------------Macau, 24 de Maio de 2017 ***
Interdição Nº
CV1-17-0021-CPE
1º Juízo cível
REQUERENTE: O Ministério Público. ----------------------REQUERIDO: Tam Pek U, casada, nascido a 04/02/1933, na China, filha de Tam Un Iek e Ho Sut Kuan, residente na “中國廣東省珠海市拱北港三路6號珠海市樂百年護老中 心”.----- A MERITÍSSIMA JUIZ DO 1º JUÍZO CÍVEL DO TRIBUNAL JUDICIAL DE BASE DA R.A.E.M.: --------------FAZ SABER QUE, foi distribuída neste Tribunal, em 22 de Maio de 2017, uma Acção Especial de Interdição, com o número acima indicado, que o Ministério Público move contra Tam Pek U, a fim de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. ------------------------------------------------ Tribunal Judicial de Base da R.A.E.M., aos 29 de Maio de 2017. -----------------------------------------------------------------***
h ARTES, LETRAS E IDEIAS
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fichas de leitura
Manuel Afonso Costa
Memória, realidade e imaginação E
M Rápida a Sombra dominam os temas que são estruturais na obra de Vergílio Ferreira, como por exemplo a ideia de um regresso, que é quase sempre a uma aldeia. A ideia de regresso após um longo afastamento está também no Cântico Final, no Para Sempre, em Signo Sinal e em outros romances. É o regresso que geralmente potencia a elaboração de uma espécie de balanço reflexivo através do uso da memória. A analepse é uma das figuras de estilo mais caras a Vergílio Ferreira, desde logo por isso, porque os regressos e os exercícios de memória são recorrentes. Contudo neste romance, Rápida a Sombra, o regresso de Júlio Neves é-nos dado apenas em termos imaginários enquanto em Para Sempre se trata de um regresso definitivo, o que de facto também não muda nada, pois a ideia de regresso é sempre ao mesmo tempo real e fictícia. O romance usa espaços distintos e não só a cidade e a aldeia, mas também o escritório, a praia, as várias casas, etc., mas o que não é nomeável, sendo porém muito mais da ordem do arquétipo ontológico, é a oposição mais estruturante entre o espaço do visível e o espaço do invisível. São as figuras femininas que delimitam, em minha opinião, as fronteiras, ou seja, as verdadeiras fronteiras, aquelas que separam e organizam duas modulações de Ser. Este é outro tema recorrente nos romances de Vergílio Ferreira. Há sempre duas mulheres paradigmáticas tal como neste romance Helena, a sua mulher, e Hélia, mulher sonhada e paradigma de desejo e nostalgia. É esta bifurcação ôntica que permite a instauração de três domínios existenciais, o da memória, o da realidade presente e o da pura imaginação. O visível e o invisível, contudo, não são afins de nenhum dos três domínios de forma esquemática ou simplista. O invisível pode fazer a sua erupção tanto
VERGÍLIO FERREIRA nasceu na aldeia de Melo, no Distrito da Guarda a 28 de janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1996. Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Filologia Românica. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego. Em 1953 publicou a sua primeira colecção de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro com o qual ganhou o Prémio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1984, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. As suas obras vão do neorrealismo ao existencialismo. Considera-se geralmente que o romance Mudança assinala justamente a mudança de uma fase para
Ferreira, Vergílio, Rápida a Sombra, Bertrand, Lisboa, 1993 Descritores: Literatura Portuguesa, Romance, Memória, Regresso, Paraíso Perdido, 214, [2] p.: 21 cm, ISBN: 972-25-0269-7.
através da imaginação como da memória, o que parece óbvio, mas pode também irromper, fazer a sua aparição, a partir justamente da realidade. Como diz Vergílio Ferreira, em Rápida a Sombra “só o invisível se vê, a irrealidade é real, nos intervalos do real e do visível!”. É esse, o papel próprio da ficção, do romance e da novela em particular, dar a ver um tipo de realidade que mais nenhuma arte é capaz de dar, essa espessura existencial que se não vê. Neste sentido radical há uma aparição em toda a arte do romance. O romance é a forma de arte em que o invisível, o intangível puro, se torna visível e aparece. O romance é sempre a expressão de uma epifania porque nos narra a experiência do acesso ao rosto do que é invisível e não tem rosto. Em boa verdade devo desdobrar este conceito de narrativa em dois elementos, o que ela, narrativa, narra e o que pela narrativa se faz aparecer, pois são duas realidades imbrincadas mas distintas. Narrando uma ordem de coisas e de factos o narrador, através do seu poder, faz aparecer outra ordem de factos e de coisas. É como se de uma arte da prestidigitação se tratasse. Vergílio Ferreira di-lo e nesse sentido diz o mesmo que Milan Kundera, embora por outras palavras: “Todo o real tem atrás de si outro real. E é nesta diferença que se insere a distinção entre o ‘saber’ e o ‘ver’. Saber que se é mortal só é ver que se é mortal quando se passa para o lado de lá do saber. É onde está a ‘aparição’. O que está para lá é do domínio do intangível e do sagrado. Como aos deuses, não se lhe pode ver a face. Ou só em breves instantes de privilégio”.
outra. Na fase final da sua carreira pode-se dizer que Vergílio Ferreira tocou as fronteiras de um puro niilismo. Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e além disso, recebeu o Prémio Camões, no mesmo ano. Obras principais: Mudança (1949), Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Para Sempre (1983), Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990) e Na tua Face (1993). O autor faleceu em 1996, em Lisboa. Deixou uma obra incompleta, Cartas a Sandra, que foi publicada após a sua morte. A partir de 1980 e até 1994 foram sendo publicados os seus diários, com a designação de Conta Corrente. Deve ainda salientar-se a publicação do conjunto de ensaios intitulado O Espaço do Invisível entre 1965 e 1987.
Não partilho com Vergílio Ferreira, no entanto, a ideia de que a aparição, a epifania portanto, responda a uma pergunta. Partilho com Kundera a ideia da insustentável leveza do ser. Num romance a narrativa faz aparecer essa dimensão da existência, única, essa erupção do que se não vê, justamente porque não pergunta nem questiona, não especula nem investiga; narra apenas e narra, quase que se pode dizer, de uma forma intelectualmente pobre e não filosoficamente pretensiosa; pois é a narrativa do aparentemente nada que faz fulgurar, nunca porém de repente, mas como uma moinha que de nós se apropria, uma outra dimensão da existência. A dimensão da existência que o romance mostra e da qual nos faz participar é rigorosamente como um estado de alma que aos poucos se apodera de nós e nos mantém cativos durante um certo tempo. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.
15 hoje macau quinta-feira 8.6.2017
diários de próspero
António Cabrita
Virgens e meninos rabinos Uma vez, pensava na vida olhando a minha filha mais pequena que brincava com um pato amarelo, de plástico, e perguntei-lhe de chofre: Filha, o que é a mentira? Ela, entretida com o pato, atirou: Uma tartaruga. Não me desmanchei: E quantas patas tem? Respondeu firme: Duas. Depois, sob pretexto de lhe ler uma história, mostrei-lhe uma gravura com uma tartaruga. Ela concluiu o resto, não precisei de lhe dizer uma palavra. Chamase a isto a racionalidade: a capacidade de mudarmos as nossas concepções quando confrontamos aquilo em que acreditávamos com a experiência da realidade. O que se denota pelo comportamento de Trump é que para ele as tartarugas ainda têm duas patas e continuarão a ter. Dizia o presidente americano que os EUA abandonam o acordo por ser mau para o emprego nos Estados Unidos, pois afecta a indústria do carvão e de outros combustíveis fósseis. O que ele não diz – eis uma personagem em quem até as omissões mentem - é que o acordo, simultaneamente, estimula outras indústrias bem mais florescentes na economia dos EUA. Elucidam os jornais: «Segundo números do Departamento da Energia, citados pela CNN, a indústria do gás natural emprega 362 mil pessoas, a solar 374 mil e a eólica 102 mil. Já a indústria do carvão dá emprego a 164 mil funcionários, um número que tem vindo a descer há décadas. Os dados mostram ainda que a empregabilidade na indústria solar cresceu, em 2016, 17 vezes mais que o crescimento total do emprego.» Não são recicláveis os operários americanos? A tal da perna curta, etc. Na verdade, a única coisa que lhe interessa são duas. A primeira é exibir músculo para ver se ganha ao resto do mundo a discussão sobre quem estabelece as regras da relação, o vulgo “quem manda em casa!”. E as coisas não estão a sair-lhe bem. A segunda é a que resulta disto: em Trump, neste momento, por detrás da máscara da arrogância, existe uma criança tremendamente assustada. Alguém que deu conta de que pode haver despistes mortais num triciclo. Em estudando-lhe as expressões faciais, nos momentos chaves da sua exposição mediática, nota-se alguém tremendamente dividido entre o papel de que ele se acha investido e a mortificação de já não saber que máscara adoptar com pre-
tro, com rochas negras de basalto, para que eu exercite os meus dotes de montanhista;
MAX ERNST, A VIRGEM ABENÇOADA CASTIGANDO O MENINO JESUS PERANTE TRÊS TESTEMUNHAS
05/05/2017
c) outra com uma (sic) como a que descrevi exaustivamente num conto: com quatro cantões como a Suiça. Já que a nomeei mereço frequentá-la; d) uma virgem, como pediria o filósofo Agamben, de “uma beleza-por-vir” mas que não seja demasiado linguaruda como a Xerazade, podendo no entanto herdar-lhe as axilas, que diziam aromatizadas em jasmim. Melhor, que seja só axilas... e) uma virgem que, como queria o gnóstico Valentim, não obre e não urine e saia ilesa de todas as minhas fantasias; f) uma virgem cuja palavra menstrue, para que me lembre. Outra g) tão inteligente que, de cada vez que me veja nu, não sinta logo necessidade de chamar os bombeiros; cisão em cada ocasião. A urgência pomposamente solene com que empurrou Montenegro (a macia matéria do mundo) para depois apertar um botão do casaco em Grande-Plano não é congruente com o ar de pilhéria com que anuncia que se está nas tintas para que o planeta fique estufado – um ar de puto radiante por contrariar os outros. A lição dura que Trump está a ter através de humilhações sucessivas, dentro e fora – e proporcionais à irrealidade com que as nega no twitter – é a derrota do homem comum americano: a sua impropriedade para enfrentar a complexidade do mundo actual, dado padecer da inércia de nunca se interrogar se a tartaruga terá mesmo duas patas. Por isso jamais poderá agir Trump como diplomata e nunca almejará ser mais do que o ladino intermediário de alguns negócios, não coincidindo exactamente o seu primeiro interesse com os interesses da América, antes fixando-os na manutenção do rating da sua imagem. Será que o triciclo se aguenta na curva? Só este pânico explica a inadequação dos tuites em que desqualifica o mayor londrino. Não é a pertinência, a justeza
da palavra que ele visa, isso é irrelevante, ele apenas roga, desesperadamente, por atenção e, quiçá, ternura. Apetecia convocar aqui a “Virgem que espanca o Menino Jesus observada por três testemunhas”, de Max Ernst (o quadro que ilustra a crónica)” – são imensamente friáveis as nádegas do Menino, seu filho. E, para já, tirar o triciclo a Trump. Quanto a mim prometo não voltar ao tema dos meninos rabinos.
06/05/2017
Esta Virgem e a crónica de há duas semanas do Valério sobre as 72 Virgens que aguardam por mártir de um Islão no Paraíso, fez-me pensar no tipo de virgens que quereria para mim, depois duma minha virtual conversão. Eis algumas que já me ocorreram: a) Têm todas de ter um certificado de garantia de que nunca estiverem em hotel russo ao mesmo tempo que um milionário americano, não quero hímenes restaurados; b) quero uma virgem com uma genitália que seja uma espiral de quatrocentos e cinquenta metros de diâme-
h) uma virgem que tenha pomares nas virilhas e exsude em aparos moles; i) uma virgem tão feliz em sê-lo que a cole num postal para o Papa Francisco; j) uma virgem especialista sobre o vasto mundo do paguro; k) uma virgem inautêntica, até sincera nisso, e duma fantasmagórica vacuidade para que eu possa dormir lá dentro; l) uma especialista em sânscrito que me possa ler o Kama Sutra, na língua que o incarna, sem precisarmos de nos cansarmos no espaldar; m) uma não-virgem, que pode ser a minha mulher (troco-a por vinte e cinco virgens), pra que naquela imensa eternidade tenha alguém que me diga que não; n) uma virgem que respeite a minha decisão de não querer ser informado sobre os pormenores da incandescente cópula do gafanhoto (16 horas de labor operático). Por favor, recrutadores, passem a palavra.
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hoje macau quinta-feira 8.6.2017
Amélia Vieira
Baleia azul e da salvação foi tanto que é vomitado do seu ventre para fora. O mar é inimigo de Deus desde a origem, é visto como um reino da morte quer como o caminho que a ela conduz e, se formos a um dos mais emblemáticos romances do século vinte, «Moby Dick» de Herman Melville, saberemos identificar alguns signos desta verdade: o seu herói é Ismael que luta contra o grande Leviatã, neste caso, a Baleia Branca. O deserto é a antítese deste Inferno e, até ver, onde Deus nasceu, bem como todos os homens das tribos desérticas. Existe ainda por lá o Paraíso. Ismael, filho de Abraão, também não foi morto tal como o seu irmão Isaac: o deserto salvou-o do sacrifício criancista. O monstro é absolutamente de identificação marítima. E agora do grande romance que diz assim: (ainda e a propósito dos jogos jovens ou dos jogos com os jovens, dos testes que só a eles sangra, e que não vemos, impávidos como andamos, a sua tão líquida frescura. E este romance é quase uma profecia).
LISEL ASHLOCK, MOBY DICK
A
PARECEU esta estranha designação que tem por detrás práticas destrutivas e incentivo à destruição como meio de averiguar o limite das capacidades quando norteadas por um engenhoso cérebro de « Encantador de Serpentes». Não creio por isso que o seu inventor seja um jovem de vinte e dois anos — isso é apenas mais um embuste de carácter «Lobo Solitário» que sabemos não existir quando se trata de mecanismos mais vastos. Estamos perante um teste laboriosamente criado para analisar a vulnerabilidade dos jovens, até que ponto eles estão receptivos a um propósito cego e vertiginoso que, tal como a magia, os guie num canto suicida. Todo este mecanismo não afirma: “Quero acabar com a Humanidade!” Um mecanismo destes não produz frases, deixando-as para os mais jovens e radicais. Os jovens sagram sempre. Há mesmo ritualisticamente a herança sacrificial dos mais belos, dos sem defeito, para acalmar a fúria dos deuses, pois que se for velho, com defeito ou feio, a tempestade não acalma: Abraão não vai do presente para o passado - o degolador do filho - apenas do passado para o futuro do Homem que praticava costumes tribais de matança dos inocentes na linha dessa necessidade. A sua importância firma-se pelo fim dessa prática, já que na consciência humana representada pelo anjo ele evolui para uma nova dimensão. Passam então os animais a cumprir esse antigo desígnio: os cordeiros, as pombas, os bois, sempre jovens, pois que um cordeiro adulto se transforma em carneiro. Manteve-se o princípio: o sangue velho é um plasma que também não apazigua o deus do monoteísmo. Mas as nossas sociedades estão cada vez mais velhas, como bem se constata proporcionalmente à média de vida atribuída neste período do tempo, pois que se fôssemos homens bíblicos estaríamos certamente entre o imberbe e a pequena infância e o que daqui resulta é que da nossa vida já vivida, as ideias ,os conceitos e as realidades, ultrapassam em muito os sonhos juvenis e os espaços de manobra que eles têm para ser. No meio de tal abundância eles colidem ainda com o artefacto adulto de uma “juventude” que se prolonga, sendo por embuste que nos aproximamos muitas vezes das suas naturezas. Sabemos que o tempo que lhes dedicamos é um dever feito com esforço e uma imensa insegurança. Queremos defendê-los mas não sabemos de que forma. No nosso íntimo achamo-los desagradáveis e problemáticos e desejamos que aquilo passe; crescer é uma dor que presenciamos e não sabemos ainda resolver; nós que resolvemos quase tudo... ou pensamos ser assim. Lembramo-nos, não raro, com um certo alívio, que mesmo em queda, ali não voltaremos mais, lembramos a nossa dor nesses domínios, mas o tempo era outro e o estranho é que a placa de vidro frio das antigas gerações é exatamente a mesma que eles projectam em nós. Nós, tão diferentes de tudo, temos de ser expostos a um teste que denuncia paralisação.
Os jovens mesmo em queda são milhões pelo mundo fora e há que saber testar os seus limites e fazer experiências ao grau de extremo abandono a que, não parecendo, estão sujeitos. É uma “central” que de certa forma quer saber se pode contar com este “exército” quando o mote das suas ordens se fizer sentir e assim estes e outros jogos e outras baleias avançam para um primeiro escrutínio experimental. Um líder jovem que não sabe dos estatutos da missão dirá ainda ingenuamente: «Quero acabar com toda a Humanidade» mas, por detrás, o saguim e o sardónico manejam os cordéis. Estes cordéis que podemos, mesmo metaforicamente, remeter para a primeira felicidade de Pinóquio « Não há cordões em mim! (...) posso andar, posso falar, posso mexer(...)». Mais tarde também ele se encontrará no ventre da Baleia, da Dona Monstra. Aliás, a ideia de uma Humanidade engolida por um ser marinho é comum em todas as civilizações. Jonas por lá andou retido e o delírio da sua invocação
A ideia de uma Humanidade engolida por um ser marinho é comum em todas as civilizações
«GRANDE E DISPUTADA ELEIÇÃO PARA A PRESIDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS» « VIAGEM DE UM TAL ISMAEL NUM BALEEIRO» « BATALHA SANGRENTA NO AFEGANISTÃO» « No entanto, não consigo adivinhar por que motivo esses encenadores, os Destinos, me designaram para um reles papel numa expedição baleeira, quando outros receberam magníficos papéis em grandiosas tragédias, e falas breves e simples em comédias ou em farsas; mas agora que recordo todas as circunstâncias, começo a compreender as origens e os motivos que, astuciosamente apresentados sob vários disfarces, me induzem a aceitar este papel, além de me levarem a cair no engano de que se tratava de uma escolha resultante do meu livre arbítrio e do meu discernimento.» O populismo não é apenas político, mas também cultural, afásicos sistemas que consistem na degradação e banalização do pensamento e, se não se fizer mais que dar notícias e querer-se inventar tudo a partir de uma ideia milagrosa que geralmente se afirma de modo terrorista, com frases bombásticas e antevisões de conhecimentos panfletários, nunca iremos saber o porquê destas Baleias, desta hiperbólica boca aberta para um ventre de que o próprio Leviatã se demitiu na sua imponderável denúncia de não querer saber mais disto para nada. É depois uns contra os outros que iremos ser vomitados sem que saibamos da “central” nem de coisa nenhuma. Os livros não são um fim em si, mas uma ajuda, e quase seria melhor abdicar de um entulho argumentativo dissolvente que empoeirou a visão da consciência do que andar perdido entre resmas de “verdades” insolventes. Parecem-nos todas longínquas estas outras Baleias, mas não, são exactamente as mesmas que esta Azul, indisfarçavelmente monstruosas, e só outros poderes as conseguem subjugar. A atenção requer entrega, um aspecto que a “central” sabe não existir, e entregamos-lhes assim por indiferenciação esmagadora a vida dos nossos filhos.
17 DESPORTO
LUSA
hoje macau quinta-feira 8.6.2017
No segundo posto do agrupamento, a três pontos dos helvéticos, Portugal tem que bater os letões (...) para não deixar fugir a Suíça, que dificilmente irá tropeçar nas Ilhas Faroé
A
selecção portuguesa está esta sexta-feira obrigada a vencer na Letónia para continuar na luta pelo apuramento directo para o Mundial2018 de futebol, numa sexta jornada do grupo B em que a líder Suíça actua nas Ilhas Faroé. No segundo posto do agrupamento, a três pontos dos helvéticos, Portugal tem que bater os letões, no Estádio Skonto, em Riga, para não deixar fugir a Suíça, que dificilmente irá tropeçar nas Ilhas Faroé. Com apenas o primeiro lugar a dar acesso directo à fase final do próximo campeonato do mundo, que se vai realizar na Rússia, a selecção nacional ficou logo em ‘maus lençóis’, quando, na estreia, foi derrotada pelos suíços, em Basileia, por 2-0. Em 6 de Setembro, no primeiro jogo oficial depois de conquistar o Europeu de França e sem Cristiano Ronaldo, lesionado na final de Paris, a selecção lusa até entrou bem na partida frente aos helvéticos, mas duas desatenções na primeira parte acabaram por ser fatais. Aos 23 minutos, na primeira vez que a Suíça chegou à baliza de Rui Patrício, Breel Embolo aproveitou uma defesa incompleta do guarda-redes luso e deu vantagem à sua equipa. Pouco depois, aos 30 minutos, a formação da casa aproveitou alguma lentidão da selecção portuguesa
Mundial 2018 SELECÇÃO EM RIGA PARA DEFRONTAR LETÓNIA
Obrigatório vencer e, na conclusão de um rápido lance de contra-ataque, Mehmedi fez o segundo dos locais, com um belo remate à entrada da área. Foram dois ‘socos’ em apenas sete minutos, que deixaram Portugal praticamente ‘KO’. A selecção nacional controlou o resto da partida, num jogo em que rematou muito, mas quase sempre sem perigo. Só nos minutos finais é que Nani criou algum perigo, fazendo a bola embater no ‘ferro’.
TEMPO DE GOLEADAS
Um mês depois, em Aveiro, e já com Cristiano Ronaldo, Portugal alcançou uma esperada goleada perante Andorra, por 6-0, com o avançado luso a marcar pela primeira vez quatro golos num só jogo com a camisola das ‘quinas’. Só Eusébio, Nuno Gomes e Pauleta tinham antes chegado ao ‘póquer’. O jogador do Real Madrid, que terminou o jogo com algumas limitações físicas, marcou aos dois, quatro, 47 e 68 minutos. João Cancelo, no seu primeiro jogo oficial,
aos 44, também ajudou à goleada, que terminou com o primeiro golo de sempre de André Silva pela selecção principal, aos 86. A goleada podia ainda ter sido mais expressiva, já que Andorra terminou o encontro com menos duas unidades, devido às expulsões de Jordi Rubio, aos 62 minutos, e Marc Rebés, aos 70.
Três dias depois, nova goleada por 6-0, desta vez perante as Ilhas Faroé, em Torshavn, com André Silva, aos 20 anos, a tornar-se no mais jovem jogador a marcar um ‘hat-trick’ pela equipa das ‘quinas’. Num jogo de total domínio luso, o ponta de lança do FC Porto facturou aos 12, 22 e 37 minutos, enquanto Cristiano Ronaldo, aos
RONALDO TENTA ULTRAPASSAR KLOSE
C
ristiano Ronaldo pode, esta sexta-feira, isolar-se no terceiro lugar da lista dos melhores marcadores de sempre de selecções europeias de futebol, caso faça pelo menos um golo frente à Letónia. Em 28 de Março, no seu primeiro jogo de sempre na Madeira com a selecção nacional, Ronaldo fez o seu 71.º golo com a camisola das ‘quinas’ no particular com a Suécia (2-3) e subiu ao pódio dos goleadores europeus, em igualdade com Miroslav Klose, que representou a Alemanha entre 2001 e 2014. Novo golo do capitão de Portugal, desta vez em Riga, deixará o avançado sozinho no terceiro posto e, a nível mundial, passará a ser o oitavo jogador de sempre com mais tentos pelo seu país. Nas contas europeias, a lista é liderada pelo lendário Ferenc Puskas, que fez 84 golos pela Hungria, entre 1948 e 1956. O antigo avançado também representou a Espanha, mas nunca marcou. Na segunda posição está Kocsis, também húngaro, que alcançou 75 entre 1948 e 1956. A nível mundial, o iraniano Ali Daei (19932006) é o recordista máximo com 109 golos, seguindo de Puskas, segundo, e do japonês Kamamoto (1966-1977), terceiro com 80.
65, João Moutinho, aos 90+1, e João Cancelo, aos 90+3, fecharam o resultado. Em Novembro, no último encontro de 2016, Portugal obteve nova vitória e nova goleada, desta vez no Estádio Algarve, perante a Letónia, por 4-1, com mais dois golos de Cristiano Ronaldo, que já leva nove na fase de apuramento. Cristiano Ronaldo ‘bisou’, aos 28 e 85 minutos, o primeiro de grande penalidade, tendo ainda falhado outra, aos 59, William Carvalho, aos 69, e Bruno Alves, aos 90+2, apontaram os outros golos lusos, enquanto o suplenteArturs Zjuzins facturou para os letões, aos 67. Em Março deste ano, o capitão da selecção nacional manteve o ‘vício’ dos golos e fez mais dois frente à Hungria, no triunfo por 3-0 no Estádio do Luz, alcançado a marca dos 70 com a camisola das ‘quinas’. Depois de iniciar a jogada do primeiro golo, apontado por André Silva, aos 32 minutos, o jogador do Real Madrid apontou o segundo aos 36, com um potente remate de fora da área, de onde também marcou o terceiro, de livre direto, aos 65. O Letónia-Portugal está agendado para esta sexta-feira, às 19:45, e terá arbitragem do romeno István Kovács. Lusa
18 (F)UTILIDADES TEMPO
hoje macau quinta-feira 8.6.2017
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AGUACEIROS
O QUE FAZER ESTA SEMANA Diariamente
MIN
28
MAX
33
HUM
60-90%
•
EURO
9.01
BAHT
EXPOSIÇÃO | “TENTATIVE NOTEBOOK - WORKS BY RUI RASQUINHO” Art for All Society, Jardim das Artes | Até 14/06 EXPOSIÇÃO “AMOR POR MACAU” DE LEE KUNG KIM Museu de Arte de Macau | Até 9/7 EXPOSIÇÃO “CONSTELLATION” DE NICOLAS DELAROCHE Galeria do Tap Seac | Até 08/10
O CARTOON STEPH
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 52
PROBLEMA 53
UM DISCO HOJE
THE MUMMY SALA 1
THE MUMMY [2D][C] Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 14.30, 16.30, 19.30, 21.30
Danny Huston 14.30, 16.45, 19.15, 21.30
O que acontece quando se vive encerrado numa bolha? As suas paredes começam a confundir-se com um largo horizonte, com um mar que se estende até ao fim do alcance das mais potentes lentes. Amplia-se o minúsculo, como um microscópio interno. Exige-se que um ministro se debruce sobre minúcia, que um gafanhoto seja um Boeing, que uma carreira de autocarro se transforme no caminho marítimo para as Índias. Acima de tudo, exige-se. Principalmente miudezas. Quanto às questões elefantinas da política local, que estilhaçam impérios de cristal com a regularidade dos compassos, essas são tratadas com a normalidade de um nascer do sol, como facto da vida. Dentro da bolha olha-se para baixo, para o próprio umbigo que é o mais lindo vestígio de cordame biológico alguma vez visto. Todos são os mais perfeitos exemplares da sua estirpe, garbosos no vai e vem constante do perímetro apertado da bolha, carregando umbigos imperiais, napoleónicos na sua estatura. Gosto de assistir a este desfile, deve ser a verticalidade humana que retira a perspectiva de circunscrição. Eu, gato, conheço-os bem, já assisti a estes desfiles. Aliás, estou mais habituado a pessoas do que a felinos. Deslumbro-me com o aprumo da gala dos bípedes, com os políticos que usam laca, com os homens do NAPE e os sapatos de pele de crocodilo. São todos os maiores! Refastelo-me com o sorriso irónico que só os gatos conseguem ter com esta ideia Pu Yi de grandeza microscópica.
“ANGEL DUST” | FAITH NO MORE
Faz hoje um quarto de século que esta pérola do rock inqualificável foi lançada para gáudio dos melómanos. O quarto disco de estúdio dos Faith No More é, para a grande maioria dos fãs, o melhor que a banda de São Francisco gravou e um dos pontos altos do rock dos anos 1990. As vocalizações incríveis de Mike Patton, letras surrealistas, baixos carregados de groove, guitarras ácidas, teclas que orquestram demência e uma bateria pesada constituem o ADN da banda. “Angel Dust” é um enorme disco. Sendo ingrato destacar faixas, seria impossível não mencionar hinos como “Caffeine”, “Midlife Crisis”, “Everything’s Ruined”, ou “A Small Victory”. João Luz
SALA 3
BLEED FOR THIS [C] Fime de: Ben Younger Com: Miles Teller, Aaron Eckhart, Katey Sagal 14.30, 16.45, 21.30
SALA 2
THE MUMMY [3D][C]
Fime de: Patty Jenkins Com: Chris Pine, Connie Nielsen, Robin Wright,
Fime de: Alex Kurtzman Com: Tome Cruise, Sofia Boutella, Annabelle Wallis, Jake Johnson 19.30
WONDER WOMAN [B]
SUDOKU
DE
C I N E M A
1.18
MUNDO ERVILHA
EXPOSIÇÃO DE DANIEL VICENTE FLORES Albergue SCM | Até 4/6
Cineteatro
YUAN
AQUI HÁ GATO
FAM – EXPOSIÇÃO “A ARTE DE ZHANG DAQIAN” Museu de Arte de Macau | Até 5/8
EXPOSIÇÃO “DESTROÇOS” DE VHILS Oficinas Navais, nº. 1 Até 31/11
0.23
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19 hoje macau quinta-feira 8.6.2017
bairro do oriente
Loucura, santa loucura
V
IVA! Reside em Macau, e não é maluco? Bipolar? Esquizofrénico? É normal, portanto. Ora, nem sabe o que está a perder, pois em Macau vale a pena ser louco. Nem que seja um bocadinho, mas quanto mais melhor. Garantidamente ninguém se mete consigo, enquanto que se der o caso de ser uma pessoa normal, arrisca-se a ter que prestar contas à Polícia, ao Ministério Público, à Auditoria, ao CCAC, tudo! Macau é “no country for sane men”. Lembram-se daquele idoso sem abrigo que costumava ficar especado no meio do Largo do Senado a emanar um intenso odor a urina? Muitos anos passaram, e o senhor muito provavelmente já terá ido ter com o criador, mas na altura em que era um enfado para residentes e turistas, chegou a haver quem tivesse interpelado as autoridades e chamado a atenção para o caso. Resposta da polícia? “O senhor tem o direito de estar ali, se quiser”. Viva o segundo sistema, onde se consagra o direito de se revelar o que vai quer na alma, quer na bexiga.
EDVARD MUNCH, O GRITO (PORMENOR)
LEOCARDO
E do que me estou eu a queixar? Ora essa, de coisa nenhuma. A loucura é que está a dar, garanto-vos, ou não me chame eu Napoleão Bonaparte Atendamos ao exemplo do “estranho amarelo”, como é conhecido entre locais e turistas aquele indivíduo que quase diariamente pontifica na Avenida da Praia Grande, e debitar altos decibéis de poluição sonora através de uma grafonola rachada, e a exibir danças tribais entre no meio da estrada, entre os sinais vermelhos para o trânsito. Experimente o leitor desatar a berrar a meio do dia naquela artéria da cidade, e em menos de cinco minutos tem a polícia à perna. Um dia destes alguém partilhou nas redes sociais uma imagem do referido indivíduo a viajar num transporte público com todo o aparato que o acompanha – cartazes, megafone, roupagem estúpida, tudo a que tem direito. Tente o leitor entrar num autocarro com duas malas de viagem, e vai ver como é dali escorraçado em menos que nada. O pior mesmo é quando a loucura parte de onde menos se espera, ou de onde nunca
deveria partir. Ainda esta semana os Serviços de Saúde (SS, e nem por acaso) anunciaram um sistema de delação, onde se encoraja os residentes a denunciar quem estiver a fumar em espaços proibidos para o efeito. Ora isto de fumar não é bem a mesma coisa que montar uma barraca de farturas, e já consigo imaginar a situação: - “Ah ah! O senhor está a fumar aqui, onde não é permitido?” - “Sim...olhe não sabia”. - “Ai não? Então olhe, fume devagarinho que eu vou ali chamar o fiscal!” - “E se entretanto eu acabar o cigarro?” - “Acenda outro!”
Claro que a excepção seria sempre para o estranho amarelo. Esse bem podia estar a fumar numa maternidade ou no Macau Dome, e ninguém dizia nada. E do que me estou eu a queixar? Ora essa, de coisa nenhuma. A loucura é que está a dar, garanto-vos, ou não me chame eu Napoleão Bonaparte. PS: Realizam-se as eleições no Reino Unido, numa altura em que o país está mergulhado numa onda de insegurança devido a mais um atentado levado a cabo em Londres no último sábado, e uma outra de incerteza devido ao Brexit. Fico a torcer para que a partir de hoje a sra. Theresa May passe a uma (infeliz) nota de rodapé da História. E não, agora não é loucura.
OPINIÃO
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José Carvalho Rego
Peixe na rede Detido líder do maior grupo da máfia japonesa
THE ASAHI SHIMBUN
A
S autoridades japonesas detiveram, por fraude, o líder do grupo ‘yakuza’ Kobe Yamaguchi-gumi, herdeiro da maior organização criminosa do país, num novo golpe da polícia contra a máfia que vive actualmente uma luta interna pelo poder. Kunio Inoue, de 68 anos, foi detido na terça-feira pela polícia de Hyogo, no centro do Japão, pela suspeita de ter registado sob o nome de outra pessoa um telemóvel para seu uso pessoal, segundo noticiaram ontem os meios de comunicação social japoneses. A detenção de líderes mafiosos por delitos menores é uma prática habitual que a polícia utiliza para iniciar processos formais de acusação, dado que assim ganham tempo para recolher provas e construir casos sobre crimes mais graves e mais complexos. Kunio Inoue lidera o grupo de Kobe, que se separou em 2015 da Yamaguchi-gumi, considerada até então o mais poderoso dos grupos ‘yakuza’e uma das organizações criminosas que mais receitas gera em todo o mundo por actividades como extorsão, tráfico de droga e fraude fiscal, entre outros negócios ilegais. O detido admitiu ter usado o telemóvel registado em nome de uma conhecida durante o interrogatório, mas as autoridades podem apresentar novas
“
Dias de grande remanso!/Até os pouco abastados/Mutuamente se visitam!”
Kunio Inoue, de 68 anos, foi detido na terça-feira pela suspeita de ter registado sob o nome de outra pessoa um telemóvel para seu uso pessoal
acusações contra si antes de terminar o prazo legal de detenção, explicaram fontes policiais ao diário Asahi.
EM QUEDA
A Yamaguchi-gumi, fundada em 1915 na cidade portuária de Kobe (sul), sofreu a cisão de 13 dos seus grupos afiliados no verão de 2015 devido a lutas de poder e à pressão crescente da polícia e da sociedade japonesas. As autoridades intensificaram a vigilância deste tipo de organizações por ter receio da ocorrência de ajustes de contas e para aproveitar o momento de debilidade que atravessam, por causa da dissidência, o que se reflecte no número decrescente de membros. A Yamaguchi-gumi contava em 2014 com aproximadamente 23.400 membros – quase metade dos cerca de 53.300 ‘yakuza’de todo o Japão –, um número muito inferior aos 180.000 que tinha durante a ‘era dourada’ da máfia japonesa na década de 1960. No passado mês de Abril, o próprio grupo de Kobe da Yamaguchi-gumi sofreu uma perda massiva de afiliados, que formaram um novo subgrupo independente. Desde então, as organizações criminosas encontram-se em estado de confrontação, tendo sido registados 47 incidentes que resultaram em mais de 30 detidos, segundo dados da polícia nipónica.
quinta-feira 8.6.2017
NOVOS ATERROS NG KUOK CHEONG QUER DEBATE
O deputado Ng Kuok Cheong vai entregar na Assembleia Legislativa um pedido de debate sobre o planeamento futuro dos novos aterros. Em comunicado, o deputado considera que o Governo deve avançar com medidas que satisfaçam as necessidades de habitação que há muito existem na sociedade. Na visão do pródemocrata, das cerca de 50 mil fracções residenciais que serão construídas, 28 mil devem ser destinadas à construção de habitação pública. Nesse complexo devem ser incluídas casas temporárias, fracções para idosos e até dormitórios para funcionários públicos. Ng Kuok Cheong defende que os restantes terrenos podem ser desenvolvidos como fracções residenciais privadas, pedindo ainda a criação de um limite para a aquisição de casas. Esse limite, argumenta, poderia fomentar a separação entre as necessidades de residência e especulação imobiliária.