DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
TERÇA-FEIRA 8 DE SETEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4607
EUA | ELEIÇÕES
MOP$10
hojemacau
CONVERSAS DA TRETA GRANDE PLANO
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Novos rituais
A abertura das aulas em Macau faz-se a conta-gotas. Esta segunda-feira, o arranque do ano lectivo teve lugar em vários estabelecimentos de ensino do território, como a Escola Portuguesa e o Jardim de Infância
D. José da Costa Nunes. Um dia marcado pela nova normalidade imposta pela covid-19, com os alunos a assimilarem as regras de distanciamento e a adaptarem-se aos horários atípicos ditados pela pandemia.
CAPITAIS PÚBLICOS
SEGREDOS E PROMESSAS PÁGINA 4
COVID-19
CRECHES PARA TODOS PÁGINA 6
PETIÇÃO
ISOLADOS EM SHENZHEN PÁGINA 10
PUB
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2 grande plano
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FACAM AS ´ VOSSAS APOSTAS EUA
TROCAS DE ACUSAÇÕES SOBRE INTERFERÊNCIA CHINESA NAS ELEIÇÕES
No final da semana passada, oficiais de topo da Administração Trump, incluindo o Procurador-Geral, William Barr, afirmaram que a China representa a maior ameaça internacional à integridade das eleições presidenciais norte-americanas. Tese refutada pela Partido Democrata, que acusa Barr de mentir, sem olhar a meios para atingir fins eleitorais. No ano passado, Trump pediu a Pequim para investigar Biden
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E P OIS da muito badalada polémica devido à alegada interferência russa nas eleições de 2016, o comboio da campanha Trump prossegue a todo o vapor na via da deslegitimação da integridade das eleições presidenciais de 3 de Novembro. Além das infundadas suspeitas quanto à validade dos votos postais e as alegadas fraudes de dimensões históricas, a campanha de Donald Trump aponta baterias a Pequim. No final da semana passada, um conselheiro de segurança da Casa Branca e o Procurador-Geral
William Barr, descreveram a China como a maior ameaça de interferência nas eleições presidenciais norte-americanas. Uma teoria deitada por terra, e que motivou a oposição democrata. O presidente do Comité de Informação de Segurança da Câmara dos Representantes, o democrata Adam Schiff, acusou Barr de mentir. “A declaração do Procurador-Geral é simplesmente falsa. O que William Barr fez naquela declaração foi iludir redondamente o povo norte-americano”. O Procurador-Geral nomeado por Donald Trump no ano passado,
disse à CNN, na passada quarta-feira, que a China constituía uma ameaça maior que a Rússia em relação a possíveis interferências nas eleições de Novembro. “Vi relatórios de segurança e foi o que conclui”, declarou Barr, sem acrescentar detalhes. Também em declarações à CNN, quando questionado directamente se Barr estaria a mentir, Schiff respondeu: “É basicamente o que está a fazer. Hesitei dizê-lo, mas, sim, é essa a realidade. Aparentemente, Bill Barr está disposto a dizer e fazer tudo para ajudar Donald Trump”.
Robert O’Brien, conselheiro de segurança da Casa Branca, seguiu as pisadas de Barr na passada sexta-feira, quando numa conferência de imprensa afirmou ter conhecimento de que Pequim estaria a ter “o papel mais activo” na tentativa de comprometer a fidelidade dos resultados eleitorais, seguido do Irão e depois da Rússia. Importa recordar que os serviços de informação norte-americanos encontraram provas de uma campanha cibernética russa de apoio à candidatura de Donald Trump, e foram produzidos relatórios a apontar para possíveis ataques de hackers russos durante as eleições que se aproximam. Como é hábito, o Kremlin desmentiu qualquer interferência em 2016. No mês passado, O’Brien afirmou que os Estados Unidos apanharam hackers chineses a tentar atacar infra-estruturas essenciais ao acto eleitoral. A acusação foi comentada da mesma forma por Pequim, que tem negado consistentemente as incriminações de ataque informáticos a empresas, políticos e agências governamentais. Face ao pedido da agência Reuters para comentar as últimas declarações de O’Brien, a Embaixada da China nos Estados Unidos remeteu para o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês onde se reiterava que Pequim não tinha qualquer interesse no sufrágio norte-americano.
POR OUTRO LADO
O conselheiro de segurança da Casa Branca deixou ainda uma vaga ameaça. “Já deixámos bem claro a chineses, russos, iranianos e outros que ainda não foram revelados, que quem tentar interferir nas eleições norte-americanas irá enfrentar consequências extraordinárias”, alertou O’Brien. Quanto aos detalhes que levaram Washington a temer influência chinesa, o conselheiro foi poupado nos pormenores e hiperbólico na retórica. “Não me vou alongar sobre informações de segurança, mas as vastas actividades de interferência de Pequim acontecem online. É algo de extraordinário, como nunca vimos antes, nem no tempo da Guerra Fria.” Do outro lado da barricada política, o candidato democrata, Joe Biden, negou na sexta-feira que a China seja a maior ameaça nas eleições americanas. Contrariando William Barr e o secretário de Estado Mike Pompeo. “Não é consistente com os briefings que tenho recebido. [William Barr] é um péssimo Procurador-Geral, com um terrível oficial de informações de segurança”, comentou o candidato à margem de uma acção de campanha, citado pelo The Washington Post. Desde de Julho, Biden tem recebido briefings de agências de segurança e informação classificada que, no seu entender, é
completamente contrária ao que sai da Casa Branca. “Acho que existem muitos países que gostariam de ver as nossas eleições destabilizadas. Mas ninguém está a trabalhar nisso com mais afinco e de forma mais consistente do que a Rússia”, apontou Biden deixando uma provocação: “Porque será que [Donald Trump] tem tanto medo de Vladimir Putin? Qual será o problema? É quase deferente. Mas, quero deixar uma coisa bem clara. Qualquer país que incorre em acções que deslegitimem ou impactem as eleições americanas está a violar directamente a nossa soberania”.
SOB INFLUÊNCIA
Apesar do jogo eleitoralista de palavras, recorde-se que Trump, durante a polémica do pedido para que a Ucrânia investigasse Joe Biden, convidou Pequim a investigar o seu rival político, num extraordinário pedido público de interferência eleitoral. “A China devia abrir uma investigação aos Bidens, porque o que se passou na China foi quase tão mau como o que se passou na Ucrânia”, dizia Donald Trump em Outubro de 2019, depois de uma ronda de negociações comerciais. Este não foi um caso raro, depois do famoso desafio lançado a Putin para investigar Hillary Clinton em
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2016, juntando a China ao grupo de países a que Trump pediu favores eleitorais, composto pela Ucrânia, Austrália, Itália e Reino Unido. Outro argumento dissonante na forma como a Administração Trump tem progressivamente mudado a abordagem à China, foram as repetidas juras de amizade do Presidente norte-americano a Xi Jinping, que parecem extraídas de outra vida, longe desta campanha eleitoral. No mês passado, William Evanina, um oficial americano especialista em contraespionagem, confirmou a possibilidade de a Rússia, China e
Irão tentaram interferir nas eleições de Novembro. Em declarações citadas pela Reuters, Evanina revelou que Moscovo já estava a atacar Biden, por o considerar um norte-americano anti Rússia do establishment democrático, com acções encomendadas do Kremlin a inundar as redes sociais com propaganda pró-Trump. Por outro lado, Pequim parece preferir a vitória de Joe Biden. “Segundo informações apuradas, Pequim prefere que Trump, considerado imprevisível, não seja eleito”, apontou Evanina. “A China tem aumentado esforços
para moldar o panorama político dos Estados Unidos, pressionando figuras políticas consideradas opostas aos interesses chineses e refutando acusações dirigidas a Pequim. Além disso, a retórica pública, incluindo nos jornais oficiais, tem sido cada vez mais crítica em relação a esta Administração, à forma como lida com a pandemia e ao encerramento do consulado chinês em Houston”, acrescentou o oficial.
“Não me vou alongar sobre informações de segurança, mas as vastas actividades de interferência de Pequim acontecem online. É algo de extraordinário, como nunca vimos antes, nemno tempo da Guerra Fria.”
“A China devia abrir uma investigação aos Bidens, porque o que se passou na China foi quase tão mau como o que se passou na Ucrânia”, apelou Donald Trump num convite a Pequim para investigar o rival político
“Dada a importância histórica das eleições de 2020, ambos os candidatos têm oportunidade para escalar ou diminuir as tensões típicas de Guerra Fria, qualquer que seja o vencedor.”
“Acho que existem muitos países que gostariam de ver as nossas eleições destabilizadas. Mas ninguém está a trabalhar nisso com mais afinco e de forma mais consistente do que a Rússia.”
PANG ZHONGYING ACADÉMICO
JOE BIDEN CANDIDATO DEMOCRATA
ROBERT O’BRIEN CONSELHEIRO DE SEGURANÇA DA CASA BRANCA
O QUE RESULTA DOS RESULTADOS
Enquanto a mensagem democrata parece estar centrada numa espécie
de promessa de retorno à normalidade, analistas políticos encaram como improvável a possibilidade das relações entre as duas maiores economias mundiais se manterem no estado em que estão actualmente. Apesar de Biden seguir à frente nas sondagens, é expectável que a corrida se torne mais renhida à medida que se aproxima o dia de ir às urnas. Nessa altura, o tópico China deverá voltar à baila na retórica eleitoralista. Citado pelo South China Morning Post, o académico Pang Zhongying realçou a relevância do
acto eleitoral de Novembro. “Dada a importância histórica das eleições de 2020, ambos os candidatos têm oportunidade para escalar ou diminuir as tensões típicas de Guerra Fria, qualquer que seja o vencedor”, comentou o especialista em política internacional da Ocean University os China. O próprio silêncio de Pequim em relação a uma preferência assumida por um candidato é visto como sinal da importância dada ao resultado das eleições. Gu Su, da Universidade de Nanjing em Pequim, destacou ao jornal de Hong Kong o aprofundar das hostilidades entre as duas potências, que está em níveis nunca vistos nos últimos 40 anos. O especialista em política internacional acha que Pequim leu mal as intenções da Administração Trump em confrontar o Governo Central nas suas intenções no Mar do Sul da China, ou em temas como Taiwan e Xinjiang. “Aparentemente, o topo da hierarquia do Partido Comunista Chinês começou a preparar-se para diferentes cenários saídos das eleições americanas, não me parece que vão ser apanhados de surpresa”, perspectiva o analista. João Luz com agências info@hojemacau.com.mo
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IDOSOS PROJECTO-PILOTO PARA APOIAR CUIDADORES
EMPRESAS PÚBLICAS GOVERNO QUER MELHOR SUPERVISÃO DE GESTÃO E EFICÁCIA
Segredo é a alma do negócio
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Governo vai implementar até ao fim do ano um projecto-piloto para atribuir um abono provisório às famílias que têm idosos a aguardar vagas em lares. A decisão de implementar o chamado “Projecto do subsídio para prestadores de cuidados” consta da resposta a uma interpelação escrita de Song Pek Kei, onde a deputada pediu medidas para aliviar os encargos financeiros das famílias que são obrigadas a “deixar de trabalhar” ou a “contratar pessoal especializado” para cuidar dos idosos. Sobre a implementação do projec-
O Governo vai rever uma série de mecanismos de supervisão de decisões de empresas de capitais públicos e de avaliação da eficácia. Porém, alerta para a necessidade de proteger o segredo comercial. A posição do Executivo foi assumida em resposta a uma interpelação de Pereira Coutinho
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IO Chi Hon, coordenador substituto do Gabinete para o Planeamento da Supervisão dos Activos Públicos da RAEM, assegurou a Pereira Coutinho que os mecanismos sobre o funcionamento das empresas de capitais públicos vão ser revistos. Contudo, são abertas excepções que blindam a informação quanto à gestão das empresas, como acordos de confidencialidade e “segredo comercial”. “Para assegurar que o erário público seja racionalmente aplicado pelas empresas de capitais públicos de acordo com os seus próprios objectivos, o Governo irá proceder plenamente à revisão e estudo de uma série de mecanismos, tais como a supervisão das decisões sobre a exploração e avaliação da eficácia das empresas de capitais públicos, entre outros”, garantiu o responsável em resposta a interpelação escrita pelo deputado. O coordenador substituto adiantou ainda que a revisão visa “promover o funcionamento eficaz das mesmas [empresas] e aperfeiçoar a sua gestão através da definição de regras adequadas”. Na interpelação escrita, Pereira Coutinho questionava que medidas iria adoptar o Governo para garantir a transparência no uso de dinheiros públicos. Coutinho pediu mesmo a criação de metas que quantificam as despesas.
CRECHES LEONG SUN IOK PEDE MEDIDAS PARA EVITAR MAUS TRATOS
“Vai o Governo exigir às empresas a celebração de contratos de gestão em que se definam anualmente as metas objectivas, quantitativas e mensuráveis no âmbito da boa governação dos fundos públicos para evitar deficiente gestão e falências?”
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PÚBLICO Q.B.
A 22 de Junho foram publicadas as “instruções para a divulgação pública de informações por empresas de capitais públicos”. Segundo a explicação dada por Lio Chi Hon, as orientações determinam que as informações das empresas de capitais públicos podem ser publicadas “através da plataforma da página electrónica pública, criada e gerida por este Gabinete”. Há, no entanto, situações “excepcionais” que determinam que os dados não sejam tornados públicos. Tal acontece quando as informações “estão relacionadas com assuntos que são proibidas de
São abertas excepções que blindam a informação quanto à gestão das empresas de capitais públicos, como acordos de confidencialidade e segredos comerciais
to-piloto, a resposta assinada pelo presidente do Instituto de Acção Social (IAS), Hon Wai, ressalva que durante a fase experimental terá como destinatários “os grupos vulneráveis específicos”, sendo necessário, nesta fase, determinar “critérios, mecanismo de avaliação, processo de apreciação e aprovação” que estarão na base dessa selecção. Segundo o IAS, na execução da iniciativa, é ainda necessário tomar precauções para “evitar o conflito social ou a desvalorização do papel que a família tem na prestação de cuidados aos seus membros”. P.A.
divulgar nos termos da lei, ou que estão enquadradas no âmbito do segredo comercial. [Não podem também ser divulgadas] as informações que estão sujeitas a acordo de confidencialidade”. Lio Chi Hon frisou ainda que “as empresas de capitais públicos são sujeitos comerciais criados com fundamento no Código Comercial e as informações secretas sobre a sua operação comercial estão sob
protecção das disposições do mesmo código”. Dessa forma, “quando essas informações envolvem os legítimos direitos e interesses, como a privacidade de terceiros e as informações confidenciais, entre outros, as empresas também têm de celebrar acordo de confidencialidade com outrem, para que o seu efeito seja legalmente assegurado”. Andreia Sofia Silva
andreia.silva@hojemacau.com.mo
EONG Sun Iok quer saber quais os planos do Governo para prevenir maus tratos em crianças nas creches. Numa altura em que existem três casos suspeitos de maus tratos reportados na mesma instituição desde o início de Julho, o deputado pediu para as autoridades responsáveis investigarem os casos a fundo e que, a longo prazo, estabeleçam mecanismos para supervisionar a actuação dos funcionários das creches. Com o objectivo de recuperar a confiança dos residentes, Leong Sun Iok questiona ainda se o Governo vai rever o regime das creches subsidiadas para melhorar as condições de trabalho dos educadores e, consequentemente, elevar a qualidade dos serviços. Apontando que, das mais de 60 creches existentes em Macau, 24 são priva-
das, o deputado está preocupado com as diferenças de funcionamento em relação aos estabelecimentos públicos, pedindo que o Governo incentive a formação de pessoal dos privados ao nível dos cuidados a prestar às crianças. Em interpelação escrita, Leong Sun Iok faz também questão de lembrar que ainda não foram divulgados os resultados de um estudo da Universidade de Macau sobre a qualidade dos serviços das creches, que o Governo anunciou em 2019. Recorde-se que circulou nas redes sociais o caso de uma criança alegadamente ferida na creche Sun Child Care Center, sendo que os maus tratos foram revelados pela própria mãe, através de uma fotografia onde podem ser vistas várias nódoas negras nos braços da criança.
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RÓMULO SANTOS
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O Jardim de Infância D. José da Costa Nunes arranca as aulas este ano com um total de 286 alunos, 100 deles novos
EDUCAÇÃO MAIS REGRAS E HORÁRIOS DISTINTOS
O novo normal
O novo ano lectivo arrancou em mais algumas das escolas do território. Tanto o Jardim de Infância D. José da Costa Nunes como a Escola Portuguesa de Macau apostam em horários diferentes para o início das aulas e separação de alunos, a fim de evitar uma maior concentração de pessoas no espaço escolar devido à covid-19. Medidas semelhantes foram adoptadas pelas escolas chinesas
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Jardim de Infância D. José da Costa Nunes começou ontem oficialmente o novo ano lectivo com uma azáfama diferente do habitual.Antes de receber as crianças e as suas mochilas, teve lugar um ritual de medição da temperatura e verificação dos documentos de saúde, a fim de garantir a segurança de todos devido à pandemia da covid-19. Marisa Peixoto, directora do jardim de infância, afirmou ao HM que o novo ano lectivo arranca com horários desfasados e separação de crianças. “Tomámos medidas em relação à hora de almoço. Em vez de estarem duas turmas num dos refeitórios, está só uma.
Há horários desfasados, enquanto não conseguirmos comprar as divisórias de protecção. Assim, conseguimos dar resposta às medidas de segurança e pôr os meninos mais espalhados nas mesas.” O jardim de infância arranca as aulas este ano com um total de 286 alunos, 100 deles novos. Há apenas um aumento de sete alunos em relação ao aumento no ano lectivo anterior o que, segundo Marisa Peixoto, está de acordo com as expectativas. À TDM Rádio Macau, a responsável disse ainda que há 38 crianças que terão de esperar até completarem três anos de idade para poderem frequentar a escola. Esta situação deve-se à decisão do Governo de não permitir que
crianças com menos de três anos frequentem as escolas, uma vez que não é recomendado o uso de máscara para este escalão etário.
“O fornecimento de refeições pela cantina, só irá iniciar-se a 14 de Setembro e também será feito de modo a que não haja uma grande concentração de alunos.” MANUEL MACHADO PRESIDENTE DA EPM
A directora diz-se contra esta medida. “Acho que (...) se são alunos do K1 não faz diferença se hoje têm dois anos, amanhã têm três [anos]. [As crianças] poderiam começar já no K1 desde o início do ano lectivo”.
PARA CONTINUAR
No caso da Escola Portuguesa de Macau (EPM), o dia foi destinado às apresentações, que duraram até às 13h. As aulas a sério começam hoje. “Foram recebidos os alunos do 1º ciclo e os alunos dos restantes ciclos foram recebidos pela direcção da escola no ginásio, onde foram dadas as boas-vindas e onde foram referidos alguns dos aspectos a ter em conta no presente ano lectivo. As apresentações foram também feitas pelos directores de turma”, contou Manuel Machado, presidente da direcção da EPM, ao HM. As medidas de distanciamento de alunos e a disposição de mesas nas salas de aulas são semelhantes às que já tinham sido adoptadas pela escola no período pós-confinamento. Houve a implementação de horários desfasados. “O 1º ciclo termina as aulas às 13h05, os restantes ciclos terminam as aulas às 13h10 e depois todos iniciam as aulas às 14h40. Quanto ao fornecimento de refeições pela cantina, só irá iniciar-se a 14 de Setembro e também será feito de modo a que não haja uma grande concentração de alunos. Uma
NETGIAE “AINDA NÃO ESTÁ A 100%”
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anuel Machado, presidente da direcção da EPM, garantiu que o sistema NetGiae, sistema de consulta e gestão de informação entre alunos, encarregados de educação e professores que foi alvo de um ataque informático, ainda não se encontra a funcionar na totalidade. “Sobre isso já terá sido dito o que é necessário. Mas posso acrescentar que ele não está ainda a 100 por cento em funcionamento, mas brevemente admito que já esteja a funcionar a 100 por cento.” A 12 de Agosto, Manuel Machado assegurou que o NetGiae estaria a funcionar aquando do arranque do ano lectivo, o que não aconteceu. “No pior dos cenários, admitindo que não possa ser concretizada, nós temos os dados necessários relativos aos alunos até Setembro de 2019 e estamos a fazer a actualização [manual] dos dados que estão em falta, caso não seja possível a desincriptação. Isto para estar tudo pronto para o início do ano lectivo que começa muito em breve.”
parte dos estudantes fica na cantina e outros ficam distribuídos em diferentes zonas da escola”, concluiu. Outra das escolas que teve ontem a sua cerimónia de abertura foi a secção infantil da escola Fong Chong. Lei Fong Chao, directora, disse ao HM que foi feito o processo de medição de temperaturas aos alunos, o preenchimento dos códigos de saúde e a desinfecção das mãos. Além disso, passou a ser utilizada uma maior quantidade de lixívia diluída na limpeza da escola, de acordo com as recomendações da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). Um total de 260 alunos regressou às aulas na escola Fong Chong. Chan Kin Pong, director da escola Kwong Tai, contou ao HM que foram adoptados horários diferentes de entra-
das e saídas de alunos, uma vez que esta é uma escola que se situa no pódio do edifício Luen San Plaza. Os alunos do jardim infantil têm aulas 10 a 20 minutos mais cedo. A direcção da escola Kwong Tai optou por comunicar com os familiares dos alunos através da plataforma E-class, já usada no período de confinamento. Relativamente aos alunos transfronteiriços, o director garantiu que a passagem na fronteira correu bem. No que diz respeito ao espaço físico do estabelecimento de ensino, é suficiente para manter a prática do desporto sem que estes tenham de recorrer ao uso de máscara. Nas salas de aula, onde será obrigatório usar máscara, foram feitos todos os trabalhos de desinfecção. Andreia Sofia Silva com N.W. e P.A.
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8.9.2020 terça-feira
EDUCAÇÃO DSEJ REJEITA OBRIGAR ALUNOS A FAZER VOLUNTARIADO
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Leong Iek Hou, médica “O Governo da RAEM já enviou uma carta a dizer que tem vontade de adquirir. Agora estamos a aguardar a resposta da GAVI e da Organização Mundial de Saúde (OMS).”
COVID-19 MENORES DE TRÊS ANOS PODEM IR À ESCOLA AINDA ESTE MÊS
Conta que Deus fez Afinal, as crianças com menos de três anos vão poder frequentar o jardim de infância já em finais de Setembro. A novidade foi revelada na habitual conferência de imprensa sobre a covid-19. Além disso, a médica Leong Iek Hou alertou que uma vacina pode não ser sinónimo de isenção de quarentena
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Governo recuou e, afinal, vai permitir que crianças com menos de 3 anos frequentem os infantários. Dependendo do ajustamento das escolas às medidas adoptadas, os alunos vão poder regressar a 21 ou 28 de Setembro, explicou ontem o chefe do departamento de ensino da Direcção dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ). “Nunca queremos alterar a nossa posição, mas, entretanto, também queremos encontrar oportunidades para permitir às crianças com menos de três anos regressar à escola”, disse Wong Ka Ki. Há cinco medidas a ter em atenção: manter distâncias específicas, instalar painéis divisores nas salas de aulas, ajustar as aulas e actividades para reduzir o contacto, não orga-
nizar aulas combinadas e reforçar a sensibilização das famílias. Ontem de manhã, a DSEJ reuniu com 66 entidades para analisar os projectos com vista a permitir o regresso à escola. No entanto, os pais podem optar por esperar que os filhos completem três anos antes de irem às aulas. Foram recebidos 400 pedidos para aceder às medidas cordiais. Cerca
de 300 foram aprovados. Não há alterações em relações às creches. Por outro lado, começam no sábado os testes de ácido nucleico para estudantes e trabalhadores transfronteiriços. A marcação pode ser feita através da internet.
SEM FIM À VISTA
“Mesmo depois [de tomar a vacina] pode-se ficar sujeito a observa-
CAUÇÃO À CHEGADA
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partir de Setembro, os residentes passaram a ter de pagar 5.600 patacas quando se sujeitam a observação médica pela segunda vez. Os hotéis designados para quarentena vão reter 5.600 patacas através de pré-autorização ou caução no check-in, explicou ontem Lau Fong Chi, da Direcção dos Serviços de Turismo (DST).
Em causa está o tempo que demora a verificação da necessidade de pagarem, nomeadamente se estiveram em Macau durante 183 dias nos 365 anteriores à chegada ao território. Ontem estavam 1108 pessoas em observação médica nos hotéis, dos quais 457 eram residentes e 22 trabalhadores não residentes.
ção médica”, sugeriu ontem Leong Iek Hou. Sem dar resposta definitiva, a coordenadora do Núcleo de Prevenção e Doenças Infecciosas e Vigilância da Doença explicou que cada vacina tem diferentes níveis de protecção e que não se conhece o resultado da inoculação para a covid-19. Porém, a coordenadora garantiu que Macau está atenta a novidades. “Estamos a dialogar com a GAVI, que é uma associação internacional no âmbito da aquisição de vacinas. O Governo da RAEM já enviou uma carta a dizer que tem vontade de adquirir.Agora estamos a aguardar a resposta da GAVI e da Organização Mundial de Saúde (OMS)”, disse Leong Iek Hou. Para além disso, o Governo está em contacto com empresas fornecedoras que se encontrem na terceira fase de produção de vacinas. O objectivo é adquirir unidades suficientes para todos os residentes. Mas a responsável alertou que Macau não é um local prioritário. “Neste momento, a vacina ainda não está pronta. Sabemos que há muitos países e regiões à procura (...). Na semana passada, a OMS referiu que primeiro vão fornecer aos profissionais da linha da frente e regiões de alto risco. Por isso, mesmo que encomendemos essas vacinas, não estamos em primazia”, declarou a médica. Salomé Fernandes
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Governo rejeitou a sugestão de Lam Lon Wai para incluir educação para o trabalho e voluntariado nos cursos obrigatórios do ensino secundário complementar, à semelhança dos critérios do Interior da China. De acordo com o deputado, o programa de cursos divulgado pelo Ministério da Educação chinês define a obrigatoriedade da educação para o trabalho, com seis créditos. Destes, dois são referentes a serviços de voluntariado. “Na maioria das regiões do mundo, as ‘actividades laborais’ e o ‘voluntariado’ ainda não se tornaram disciplinas independentes, e a organização curricular de Macau vai manter (...) a flexibilidade e visão internacional”, disse o director dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), em resposta à interpelação escrita. No passado ano lectivo, 39 escolas participaram no plano “Somos todos voluntários, ajudar é divertido”. Este número representa 83 por cento das escolas de ensino secundário regular em Macau, com um total de 16 mil alunos inscritos, avançou Lou Pak Sang. O plano abrange 13 serviços de voluntariado, entre os quais ensino, protecção ambiental, arte e design, angariação de fundos e reparação de danos causados por catástrofes. Lou Pak Sang descreveu que a DSEJ apoia as escolas na criação de um arquivo do serviço voluntário dos alunos e promove o registo das horas de participação nas actividades. Para além disso, explicou que a Lei de Bases do Sistema Educativo Não Superior tem como objectivos “cultivar nos alunos qualidades morais”, respeito pelos outros, cumprimento de deveres cívicos e atenção aos assuntos sociais. S. F.
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TIMES UM E MUST MANTÊM POSIÇÕES EM RANKING
A
edição deste ano do ranking mundial de universidades da “Times Higher Education” revela que a Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) continua à frente da Universidade de Macau (UM). A MUST situa-se no intervalo da 251ª à 300ª posições. Arrecada a pontuação máxima nas perspectivas internacionais, com melhorias de resultados em todos os sectores, com destaque para as citações (86.3). Apesar disso, fica abaixo dos 30 pontos no ensino e investigação. A Universidade de Macau volta a surgir entre a 301ª e 350ª posições. A pontuação mais alta da instituição foi na perspectiva internacional (99.3), seguido das citações (64.8) e rendimentos na indústria (40.9). Na categoria de ensino, que é de resto a que tem a pontuação mais baixa (30.0), houve uma ligeira descida desde o ano passo. As maiores diferenças entre duas instituições de ensino superior são no número de estudantes por funcionários, que na UM é de 14, e na MUST de 24.9, e na percentagem de alunos internacionais, que sobe de 36 por cento na UM para 84 por cento na MUST. A lista é liderada pela Universidade de Oxford, cujo parâmetro com pior desempenho são os rendimentos na indústria, com 68.7 pontos. Todos os outros têm uma pontuação superior a 90. Desde 2017 que Oxford se mantém no topo do ranking.
SPU Mais pessoal nas carreiras especiais
Aumentaram as vagas nas carreiras especiais dos Serviços de Polícia Unitários (SPU). De acordo com um despacho do secretário para a Segurança publicado em Boletim Oficial, a maior alteração dá-se no pessoal do Corpo de Polícia de Segurança Pública, em que os lugares de chefe, subchefe ou guardas aumentaram de 32 para 46. Seguem-se os Serviços de Alfândega, com mais onze profissionais. O contingente anterior tinha sido definido em 2017. A única categoria em que se regista uma descida é na categoria de inspector/subinspector de investigação criminal, que perde um lugar.
IAM ALIMENTAR ANIMAIS VADIOS EQUIPARADO A ABANDONO
Ruas da amargura
Em resposta a uma interpelação escrita de Sulu Sou, o IAM considerou que, para efeitos legais, alimentar animais vadios é o mesmo que abandoná-los. Sobre o programa de recolha e esterilização, o organismo aponta que não existem condições para a sua implementação
O
Instituto para os Assuntos Municipais (IAM) considera que o acto de alimentar animais vadios pode ser equiparado ao seu abandono, à luz da lei de protecção dos animais. O esclarecimento foi prestado ontem, em resposta a uma interpelação escrita enviada por Sulu Sou. No texto assinado por José Tavares, presidente do IAM, o organismo refere que existem actualmente muitos cidadãos que não respeitam os princípios de “alimentação limpa” e de “proibição de alimentar animais em áreas sensíveis”. “Os problemas que a alimentação de animais vadios tem provocado ao nível do saneamento ambiental, tem colocado entraves (…) aos funcionários do IAM na
captura de animais de rua. Isso resultou em mais danos para o bem-estar dos animais e da segurança e saúde pública”, pode ler-se na resposta. Além disso, o IAM afirma que, para efeitos práticos, “não existe diferença entre alimentar animais de rua e abandoná-los por um longo período de tempo”, dado que aqueles que os alimentam passam a ser definidos como donos desses animais. Segundo a
“Não existe diferença entre alimentar animais de rua e abandoná-los por um longo período de tempo.” IAM
lei, as sanções para os donos que abandonam animais podem ir das 20 mil às 100 mil patacas. Já sobre quando será novamente aplicado o programa de recolha e esterilização de animais de rua, entretanto interrompido em 2015, o IAM diz que, nesta fase, “não existem condições para a sua implementação”. “O programa ‘Captura, Esterilização e Abertura à Adopção’ proposto pelas associações de protecção dos animais, não tem em conta que os animais vadios que passam a poder ser adoptados após a esterilização, dificilmente são acolhidos, acabando por não ter onde ficar e a estar expostos à fome e a possíveis doenças” O IAM lembra ainda que, desde 2019, mais de 70 por cento dos animais vadios capturados
acabam por ser adoptados. O número faz com que os restantes cerca de 30 por cento, correspondam aos animais abatidos. Recorde-se que a interpelação enviada por Sulu Sou no dia 27 de Julho surgiu após as declarações proferidas por José Tavares, onde deixou um apelo para que cidadãos e associações protectoras deixem de alimentar animais vadios nas ruas de Macau por incentivar o abandono de animais e a propagação de ratos. “O IAM tem apelado constantemente para que os animais de rua não sejam alimentados, anulando o trabalho dedicado de muitos voluntários. Querem assistir à morte dos animais vadios nas ruas?”, questionou na altura o deputado.
MAIS DE 2.500 INFRAÇÕES
De acordo com o IAM, até Julho de 2020 foram sancionados 2.739 casos por infracção da lei de protecção dos animais, incluindo crimes de crueldade e maus tratos a animais. Sobre o pedido de Sulu Sou para melhorar a capacidade dos profissionais ligados às ciências forenses dos animais na obtenção de autópsias conclusivas, o IAM aponta que actua de acordo com a lei, procedendo “a todos os exames necessários e ao fornecimento de registos factuais” dos casos, de forma servirem de prova durante as investigações. Pedro Arede com N.W.
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
8 eventos
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Apanhar a onda PINTURA EXPOSIÇÃO DE ZHENG WENXIN QUESTIONA LIMITES DA INTERNET
A partir de sábado, a galeria At Light acolhe a exposição “Surfing”, onde a pintora Zheng Wenxin procura desconstruir e explorar o modo como a utilização da internet interfere com o quotidiano de cada um.Até porque, no advento da era digital, a realidade também são dados capazes de navegar na rede
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UANDO em 1992, o norte-americano Mark McCahill usou a expressão “surfing the internet”, poucos imaginariam que a utilização mais comum que a maioria dos seus utilizadores faz 28 anos depois, tem como principal objectivo, passar o tempo, percorrendo páginas avulso de redes sociais e outras plataformas, pejadas dos mais variados conteúdos, de todos os tamanhos e feitios.
Num mundo onde a informação chega aos nossos olhos em avalanches de vídeos, texto e imagens que se confundem e interagem simultaneamente com a realidade, a pintora chinesa Zheng Wenxin pretende, através da sua obra, constatar que é cada vez mais difícil traçar uma linha entre a realidade e aquilo que é a internet que, noutros tempos, se assumiu como ferramenta de busca de informação útil.
Através das pinturas a óleo expostas na Galeria At Light, junto à Sede do Governo, a partir do próximo sábado e até 31 de Outubro, Wenxin explora o conceito de
surfar a internet nos dias que correm, utilizando “técnicas distintivas e cores vibrantes”, mas fazendo também uso de metáforas relacionadas com elementos ligados ao mar,
“É tal e qual como as notícias online que brotam dos nossos telemóveis, sobre a morte de alguém ou alguma catástrofe natural, no mesmo instante em que estamos a desfrutar do sol numa praia.” JOEY HO CURADOR
como redes de pesca e bóias salva-vidas. “Quando os visitantes entrarem na galeria, vão sentir-se deslocados com a visão idílica de uma praia, que é precisamente o que acontece no nosso dia a dia. É tal e qual como as notícias online que brotam dos nossos telemóveis, sobre a morte de alguém ou alguma catástrofe natural, no mesmo instante em que estamos a desfrutar do sol numa praia”, pode ler-se numa
nota do curador da exposição, Joey Ho.
OLHAR PARA DENTRO
Outro dos objectivos de reflexão propostos pela obra de Zheng Wenxin, passa por fazer o público questionar a sua capacidade de “pôr um travão” ao consumo descontrolado de informação, apesar da consciência de que a vida quotidiana está cada vez mais ao sabor dos ventos digitais. “Olhem para dentro e para os que estão à nossa volta.
CINEMA FESTIVAL MOTELX ABRE COM FILME DE TERROR PARANORMAL ESPANHOL
O
filme espanhol "Malasaña 32", de Albert Pintó, abriu ontem o MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, numa edição que conta com sessões mais espaçadas, de lotação reduzida e uso obrigatório de máscara. O 14.º MOTELX arrancou no cinema São Jorge, com a antestreia desta uma história paranormal sobre uma família que se muda da aldeia para um apartamento em Madrid. O encerramento, a 14 de Setembro, será também com uma história de terror
entre quatro paredes, "The rental", filme que assinala a estreia na realização do actor norte-americano Dave Franco. Entre estes dois filmes, o MOTELX promete "mais de 70 sessões para matar saudades do grande ecrã e mostrar o lugar único que o cinema de terror tem no mundo de hoje", refere a organização. A programação contará ainda com as estreias mundiais de "A beast in love", do japonês Koji Shiraishi, e "History of the occult", do argentino Cristian Jesús Ponce.
Destaque ainda para a inclusão do filme brasileiro "Macabro", de Marcos Prado, na programação, e, em sessão especial, de "Epidemic", filme de Lars von Trier, de 1987. A direção do MOTELX tinha já anunciado anteriormente uma retrospectiva sobre racismo e cinema de terror, com filmes "precursores do movimento 'Black Lives Matter'", e um convite a Pedro Costa para a secção "Quarto Perdido", com a exibição de "Ne change rien" (2009) e "Cavalo Dinheiro" (2014).
Este ano há sete filmes em competição pelo prémio MOTELX de melhor longa-metragem: "Advantages of Travelling by Train", de Aritz Moreno (Espanha), “Amulet”, de Romola Garai (Reino Unido), “Darkness”, de Emanuela Rossi (Itália), “Hunted”, de Vincent Paronnaud (Irlanda/Bélgica), “Pelican Blood”, de Katrin Gebbe (Alemanha), “Sputnik”, de Egor Abramenko (Rússia), e “Stranger”, de Dmitriy Tomashpolski (Ucrânia).
"Malasaña 32", de Albert Pintó
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terça-feira 8.9.2020
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Quantos de nós somos ’surfistas de informação’?”, questiona, Joey Ho. Contudo, os traços da pintora pretendem ir mais fundo neste ensaio sobre telas digitais, partindo do princípio de que, aos poucos, todas as componentes da vida, mais ou menos abstractas, como os valores, emoções, preferências políticas, o mercado imobiliário ou um par de sapatos, farão parte da massa de dados virtual que é a internet,
com o condão cada vez maior de ser capaz de moldar pontos de vista. “A obra de Wenxin levanta uma questão binária: devemos surfar ou deixar-nos ir? No entanto, vivemos num
tempo em que, apesar de os dados não serem tudo, tudo será transformado em dados. Por isso, será que temos escolha?”, conclui o curador. Pedro Arede
pedro.arede.hojemacau@gmail.com
Instituto Cultural Museu de Macau reabre exposições permanentes A partir de hoje, a área de exposições permanentes situada no primeiro andar do Museu de Macau volta a abrir ao público. De acordo com uma nota divulgada ontem pelo Instituto Cultural (IC) a reabertura acontece após a conclusão de uma “inspecção de segurança abrangente” e da “optimização de algumas das (…) instalações” da área de exposições permanentes”. Além disso, acrescenta o IC, de
forma a prevenir a propagação da pandemia, o Museu de Macau “reforçou os procedimentos de limpeza e desinfecção”, sendo que todos os visitantes devem usar máscara, ser submetidos à medição de temperatura corporal e apresentar o código de saúde de Macau do próprio dia. O Museu de Macau está aberto diariamente das 10h00 às 18h00, encerrando à segunda-feira.
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8.9.2020 terça-feira
PETIÇÃO PEDIDA LIBERTAÇÃO DE GRUPO DE ACTIVISTAS QUE INCLUI JOVEM COM PASSAPORTE PORTUGUÊS
Os condenados de Shenzen O site “We The People” foi criado durante a Administração Obama com o objectivo de pressionar o Governo a tomar uma posição face a situações de alegadas injustiças. Para que tal aconteça, são necessárias cem mil assinaturas. A petição, que pede a libertação dos 12 activistas detidos quando se dirigiam numa lancha para Taiwan, conta já com mais de 90 mil
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M A petição com mais de 90 mil subscritores está a pedir ao Governo federal norte-americano uma posição sobre a detenção na China de um grupo pró-democracia, que inclui um estudante de Hong Kong com passaporte português. Na petição, sumetida no ‘site’ “We The People”, e que necessita de pouco mais de nove mil subscritores até 2 de Outubro para garantir uma resposta oficial da Casa Branca, pede-se a libertação imediata dos 12 activistas pró-democracia de Hong Kong, detidos pela guarda costeira da província chinesa de Guandgong, em 23 de Agosto, quando se dirigiam para Taiwan, entre eles Kok Tsz Lun, que possui passaporte português. “De acordo com a lei chinesa, a detenção pode ser estendida durante 30 dias sem acusação, isso não é aceitável e exigimos a sua libertação imediata e regresso seguro a Hong Kong”. O ‘site’ “We The People” foi criado pela administração Obama e exige um mínimo de 100 mil assinaturas no prazo de 30 dias para se obter uma resposta oficial do Governo norte-americano. O pedido para a libertação do grupo tem-se multiplicado nas redes sociais e foi também um dos apelos que marcaram as manifestações de domingo em Hong Kong, durante as quais foram detidas pelo menos 289 pessoas e que serviram sobretudo
para protestar face ao adiamento das eleições para o parlamento local e contra a nova lei da segurança nacional imposta por Pequim. Joshua Wong, um dos activistas pró-democracia mais mediático,
publicou várias mensagens de apoio ao grupo detido na China, uma delas a propósito do estudante que tem o passaporte português, pedindo também ele a sua libertação, e expressando preocupação com a violação de direitos humanos e de defesa jurídica, bem como de protecção consular.
MANOBRAS PERIGOSAS
Na sexta-feira, o advogado do jovem, que tem dupla nacionalidade, portuguesa e chinesa, e que se encontra detido em Shenzen, disse à agência Lusa que o estudante estava já há “12 dias em total isolamento” e que a polícia chinesa afirmou que “a investigação do caso não está concluída, e que [Kok] não tem o direito de ver um advogado”. No mesmo dia, o Ministério dos Negócios Estrangei-
ros (MNE) em Portugal garantiu à Lusa que está a acompanhar o caso “mantendo contactos com o seu advogado e com as autoridades chinesas competentes”. O MNE acrescentou que “a China não reconhece a dupla nacionalidade a cidadãos chineses”. Uma posição criticada pelo advogado em Hong Kong, que defendeu, em declarações à Lusa, que o jovem, cujo pai tem cidadania portuguesa, é cidadão português de pleno direito. Tsz Lun Kok tinha sido detido em 18 de Novembro, com outras centenas de estudantes, durante o cerco da polícia à Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), que se prolongou de 17 a 29 desse mês, tendo terminado com a invasão dos agentes ao campus universitário, onde a polícia diz ter encontrado milhares de bombas incendiárias e armas.
O jovem é acusado de motim, por ter participado alegadamente numa manobra para desviar as atenções da polícia que cercou as instalações do campus, com o objectivo de permitir a fuga de estudantes refugiados no seu interior. Kok, que estudava engenharia noutra universidade, enfrenta ainda acusações de posse de instrumentos passíveis de uso ilegal, sendo que deveria ser ouvido no tribunal de Tuen Mun, em Hong Kong, a 25 de Setembro.
LEI POLÉMICA
Aprovada a 30 de Junho, a lei da segurança nacional, considerada uma resposta de Pequim ao protestos pró-democracia em Hong Kong, levou vários activistas a pedirem asilo no Reino Unido e em Taiwan. No barco onde seguia o jovem com passaporte português encontravam-se mais 11 pessoas, incluindo Andy Li, activista pró-democracia detido no mesmo dia da detenção de Jimmy Lai, proprietário do jornal Apple Daily, numa operação da nova unidade policial criada após Pequim ter imposto em Hong Kong a nova lei de segurança. Na passada semana, a polícia de Hong Kong informou que 11 homens e uma mulher, com idades entre os 16 e os 33 anos, foram interceptados no mar pelas autoridades da província de Guangdong e que terão cometido crimes que vão desde a tentativa de fogo posto, posse de armas ofensivas e conluio com país estrangeiro, até motins e posse de explosivos. Promulgada em 30 de Junho pelo Presidente chinês, Xi Jinping, a nova lei da segurança nacional imposta a Hong Kong, permite punir quatro tipos de crimes contra a segurança do Estado: actividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional. Estes crimes passaram a ser passíveis de prisão perpétua na ex-colónia britânica.
“De acordo com a lei chinesa, a detenção pode ser estendida durante 30 dias sem acusação, isso não é aceitável e exigimos a sua libertação imediata e regresso seguro a Hong Kong.”
IMPRENSA PEQUIM VOLTA A EXPULSAR DOS PAÍS JORNALISTAS NORTE-AMERICANOS
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China voltou a suspender a renovação das credenciais de alguns jornalistas de órgãos de comunicação norte-americanos, numa retaliação após Washington ter aumentado o escrutínio sobre repórteres
chineses a trabalhar nos Estados Unidos. A decisão de Pequim é a mais recente manifestação da deterioração das relações entre os dois países. A cadeia televisiva CNN confirmou que o correspon-
dente na China David Culver está entre os jornalistas a quem foi rejeitada a renovação da credencial emitida pelo ministério dos Negócios Estrangeiros da China. O jornalista foi informado de que a decisão não está
relacionada com as suas reportagens, mas que se tratou de uma medida em resposta às acções do governo de Donald Trump em relação à imprensa chinesa. A CNN e o jornal New York Times avançaram que
outros órgãos foram alvo de medidas semelhantes. Os EUA limitaram o número de cidadãos chineses que podem trabalhar nas delegações de alguns meios de comunicação social chineses no seu território e re-
duziram os vistos de trabalho dos jornalistas chineses para um período de 90 dias. A China retaliou pela primeira vez em Março, ao expulsar jornalistas do New York Times, Wall Street Journal e Washington Post.
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terça-feira 8.9.2020
A Covid-19 12 casos entre domingo e segunda-feira
A China atingiu ontem 22 dias consecutivos sem registar casos locais de covid-19, já que os 12 novos casos diagnosticados entre domingo e segunda-feira são todos oriundos do exterior, informaram as autoridades. A Comissão de Saúde da China detalhou que os casos importados foram diagnosticados nos municípios de Xangai, Tianjin e Chongqing e nas províncias de Guangdong e Sichuan. As autoridades informaram ainda que, nas últimas 48 horas, 18 pacientes receberam alta, pelo que o número de pessoas infectadas activas no país se fixou em 180, incluindo dois em estado considerado grave.
S exportações da China aumentaram 9,5 por cento em Agosto passado, em termos homólogos, ilustrando a rápida recuperação da segunda maior economia do mundo, após ter paralisado devido à pandemia do novo coronavírus, segundo dados das alfândegas chinesas. Apesar das exportações terem superado as previsões de analistas, as importações caíram 2,1 por cento, face a Agosto de 2019, sinalizando uma recuperação desigual nas trocas comerciais entre a China e o resto do mundo. No total, a balança comercial do país diminuiu para os 58,93 mil milhões de dólares, depois de se ter fixado nos 62,33 mil milhões de dólares, em Julho passado. O crescente ‘superavit’comercial ilustra a recuperação da China após o fim das medidas de prevenção contra a doença, tendo sido impulsionada pelas exportações e investimento, ao invés de um aumento significativo no consumo. As exportações para os Estados Unidos aumentaram 20 por cento, em Agosto, em relação ao mesmo período do ano anterior, para 44,8 mil milhões de dólares, enquanto as importações subiram 1,8 por cento, para 10,5 mil milhões de dólares. A China alcançou um excedente comercial nas trocas com os EUA de
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Atrás do prejuízo Exportações aumentam 9,5 por cento em Agosto
34,2 mil milhões de dólares, emAgosto, um aumento de 27 por cento em relação ao mesmo mês do ano anterior. O comércio entre a China e os EUA é politicamente sensível, já que
os dois países travam uma prolongada guerra comercial e tecnológica. A lenta aceleração nas importações ocorre apesar dos esforços feitos pela China para cumprir
O crescente ‘superavit’ comercial ilustra a recuperação da China após o fim das medidas de prevenção contra a doença, tendo sido impulsionada pelas exportações e investimento, ao invés de um aumento significativo no consumo
os termos da primeira fase de um acordo comercial com Washington e de Agosto ser um mês durante o qual se realizam grandes compras de soja e milho, dois bens agrícolas importantes nas exportações norte-americanas para o país asiático.
BOICOTE ACTIVO
O gigante asiático recorre frequentemente ao boicote na importação de determinados produtos, como forma de retaliação em disputas com países estrangeiros. No último mês, o país asiático proibiu as importações de cevada oriunda da Austrália e abriu investigações ‘antidumping’ sobre as exportações de vinho australiano. Pequim proibiu ainda parcialmente as compras de carne bovina australiana. O governo da Austrália defendeu um inquérito independente sobre as origens da pandemia do novo coronavírus, que foi detectado pela primeira vez em Wuhan. A queda das trocas comerciais entre a China e o resto do mundo, nos cinco primeiros meses do ano, fizeram com que, no conjunto, o comércio internacional chinês tenha encolhido 0,6 por cento, entre Janeiro e Agosto, em termos homólogos.
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8.9.2020 terça-feira
Os mais simples são os melhores
Compositores e Intérpretes através dos Tempos
Cinq mélodies de Venise, Op. 58
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ciclo de canções para voz e piano Cinq mélodies de Venise, Op. 58, de Gabriel Fauré, composto em 1891, baseado em poemas de Paul Verlaine, das colecções Fêtes galantes e Romances sans paroles, foi dedicado à abertamente homossexual mecenas norte-americana e futura Princesa Edmond de Polignac, Winnaretta Singer. Fauré foi particularmente atraído pela musicalidade dos poemas de Verlaine, que transformou na música do seu primeiro ciclo de canções. O poeta seria mais tarde conhecido como um dos mais importantes representantes do Simbolismo em França no final do séc. XIX. A composição das duas primeiras canções do ciclo, Mandoline e En sourdine, foi iniciada em Maio de 1891, em Veneza, e concluída após o seu regresso a Paris. As restantes três canções, Green, À Clymène e C'est l’extase, foram compostas em Paris alguns meses mais tarde, entre finais de Junho e Setembro de 1891. Em Veneza, Fauré esteve hospedado no Palazzo Barbaro-Volkoff no Grande Canal, a convite de Winnaretta Singer. Winnaretta tinha chegado a essa cidade em Abril de 1891, convidando Fauré e alguns dos seus amigos mútuos a juntarem-se-lhe ali. Fauré chegou a Veneza no dia 18 de Maio e as quase seis semanas que ali passou acabariam por se revelar um dos períodos mais felizes da sua vida. A amizade entre o compositor e Winnaretta, baseada no respeito e admiração mútuas, tinha-se então tornado muito íntima, escreveu a mecenas nas suas memórias. Singer tinha preparado um quarto tranquilo com um piano para Fauré trabalhar esquecendo-se quanto o compositor gostava de cafés. Fauré esboçou, assim, as primeiras duas canções do ciclo numa pequena mesa de mármore do lendário Caffè Florian, na Piazza San Marco, no meio do ruído e da confusão das movimentadas multidões venezianas. A ideia de criar um ciclo parece ter surgido apenas após o seu regresso do compositor a Paris no dia 20 de Junho. O ciclo foi publicado pelo seu editor, Hamelle, no mesmo ano. Em Setembro de 1891, Fauré escreveu a Singer que acreditava que, com este ciclo de canções, tinha criado uma nova forma, pela qual o regresso dos temas das outras canções na canção final, C'est
Michel Reis
Gabriel Fauré (1845-1924)
Fauré e a mecenas Winnaretta Singer l'extase, transformava o ciclo numa espécie de suite. Além disso, contém, segundo o próprio Fauré, um número de temas musicais que reaparecem de canção para canção, técnica similar à usada no famoso ciclo de canções mais tardio do compositor intitulado La bonne chanson, também baseado na poesia de Verlaine.
Em Setembro de 1891, Fauré escreveu a Singer que acreditava que, com este ciclo de canções, tinha criado uma nova forma, pela qual o regresso dos temas das outras canções na canção final, C’est l’extase, transformava o ciclo numa espécie de suite Incidentalmente, Mandoline e En Sourdine foram executadas na abertura do célebre salão musical de Winnaretta em Paris, no seu palácio da Rue Cortambert, no dia 6 de Janeiro de 1892, com o tenor Maurice Bagès e Faurè ao piano. Após a apresentação, Fauré escreveu a Winnaretta: "Querida Princesa, não sei como agradecer o maravilhoso sarau de ontem! Ninguém sabe tão bem quanto a Princesa como fazer aflorar o que há de melhor em mim e compartilhá-lo com os outros, através de toda a amizade que teve a bondade de me mostrar. Esteja certa de que estou sempre a cada minuto agradecido por todos os testemunhos de sua prezada amizade e sou grato por eles até o mais ínfimo recanto do meu ser! Já há muito que não a vejo com frequência, e isso torna a vida que estou a levar muito lúgubre!" SUGESTÃO DE AUDIÇÃO: • Gabriel Fauré: Cinq mélodies de Venise, Op. 58 • Dame Janet Baker (mezzo-soprano), Geoffrey Parsons (piano) – Hyperion, 1990
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
terça-feira 8.9.2020
Máquina Lírica Paulo José Miranda
O anti-realista
Q
UANDO leio Amir Mintz lembro-me sempre de uma frase do seu compatriota John Barth: «Deus não era mau romancista, pena que tenha sido um realista.» Amir foi um escritor nova-iorquino de origem judaica, nascido em 1939 e falecido em 2001. O seu romance mais conhecido é «Nunca Quis Ser Eu» (1979), onde o narrador, o alcoólico James Brave, conta a história do que não foi a sua vida. O livro começa assim: «Tantos dias e tantos lugares em que poderia ter nascido e fui logo nascer no dia 21 de Julho num hospital de Brooklyn. Estava um dia de calor atroz e o lugar era ainda mais inapetecível. Não gosto da minha história, não gosto de mim, e não há mais o que dizer acerca de James Brave. Mas vou escrever esta história para provar que poderia ter sido outro.» Numa entrevista nos anos 80, à revista New Yorker, Amir Mintz confessou que todos os narradores dos seus romances eram ele próprio, principalmente em «Nunca Quis Ser Eu». Amir Mintz era assumidamente alcoólico, como o protagonista do seu romance mais conhecido. «Tal como com James Brave, o álcool afasta-me das pessoas e do mundo, leva-me para um interior profundo, embora sem alienação. Em mim, o álcool não carburou a provocação.» Mintz assumia-se como anti-realista, isto é «um escritor que é contra a realidade, que não a aceita.» E é aqui que recupero a frase do seu compatriota Barth, acerca de Deus como romancista. O romance «Nunca Quis Ser Eu» é claramente um romance contra a realidade, contra a vida como ela é ou, pelo menos, como ela era para James Brave, que poderíamos talvez estender ao próprio Amir Mintz. Lê-se no romance, à página 54: «Onde é que está escrito que temos de aceitar a vida que nos é dada, o mundo em que nascemos? Não existe isso de a vida como ela é, porque a vida não é uma coisa definida, instituída, que já existe quando chegamos. A vida renova-se de cada vez e temos não apenas o direito, mas o dever de inventá-la se não gostarmos dela. Aceitar a vida, isso não faço. Imaginem se eu fosse bêbedo! [estamos em plena vida alternativa que James Brave criou para descrever e pensar] O meu mundo seria todo ele diferente do que é. Eu não seria eu. Mas sou obrigado a aceitar o que sou? Não. Somos obrigados a aceitar a vida que somos ou temos antes o dever de tentar a felicidade, como diz a constituição?» Na página 63 há uma descrição impressionante das suas manhãs, pelo esforço de interpretação da vida como uma dádiva: «O despertador resgata-me ao nada a que me entreguei com prazer horas atrás. E na verdade tenho mais von-
tade de voltar ao nada do que acordar, apesar do dia de modo geral prometer alegrias e encontros proveitosos. Mas o nada tem um fascínio tremendo, e sabe muito bem aproveitar-se de termos a razão adormecida. A razão, essa ferramenta essencial à vida em sociedade, mas que o cansaço e o prazer desprezam. [...] Sem uma boa chávena de café, o nada continuaria ainda a fazer-se sentir, como alguma coisa que me incomoda sem que saiba bem de onde vem esse sentimento fúnebre. Depois do café, a vida abre-se e com ela as ruas da cidade. A luz nas janelas dos edifícios, o som do mundo a funcionar, a pressa das pessoas, até os seus infortúnios, como o daquela mulher que partiu o salto do sapato antes
de entrar no táxi, tudo isto é belo. Tenho pena de quem não vê a beleza das coisas. Que força, que escravidão é essa, que leva alguém a ver o lado mau da vida?» Mintz cria uma personagem que cria uma personagem de si de modo a poder gostar da vida ou, pelo menos, de modo a poder apreciá-la melhor do que fazia antes de criar a sua vida e contar a sua história. Quem é quem? Onde começa e onde acaba cada um de nós, mesmo sem que tenhamos a capacidade ou a vontade de criar uma vida melhor? «Não me vejo a descrever uma morte sequer. Aqui, a morte fica à porta. E o sofrimento, que arrasta as pessoas para os hospitais, para camas e tubos e dores contínuas, basta aparecer por um instante que seja no
Mintz cria uma personagem que cria uma personagem de si de modo a poder gostar da vida ou, pelo menos, de modo a poder apreciá-la melhor do que fazia antes de criar a sua vida e contar a sua história. Quem é quem?
horizonte do meu pensar, que com um estalar de dedos substituo por uma mesa com uma jarra cheia de flores brancas, cheia de margaridas. As pessoas sorriem. Na minha vida as pessoas têm de sorrir, e estender as mãos, para rezar ou ampararem-se, como aquele casal de idosos, cada um bengala do outro. Andam devagar sob o sol e a beleza inunda a rua e o olhar dos transeuntes. A beleza nasce dos gestos das pessoas e do olhar delas sobre esses gestos. E nasce também do sol que faz aparecer as cores e as formas.» O registo do livro lembra-nos alguém bêbedo a falar com entusiasmo de tudo, a falar bem de tudo. Como se tudo fosse bom, apenas porque existe. E tudo o que não é bom – pelo menos ao narrador – apaga-se, com um estalar de dedos, pois James Brave está empenhado em ter uma vida boa, isto é, uma vida onde o horizonte do que vê e do que sente é o belo e o bem. Uma vida oposta àquela que tem. O que está em causa nesta atitude do herói do romance não é um escamotear a realidade, mas uma reivindicação do direito – e dever – de recriá-la. No fundo, uma alteração do ponto de vista interpretativo. Ver a realidade, para James Brave é uma determinação interpretativa, que não depende apenas do indivíduo, obviamente – pois o mundo já está cá há muito quando chegamos a ele –, mas em última instância dependerá dele através da sua valorização. Diz o autor na entrevista a que já nos referimos: «O realismo é uma aceitação incondicional de um modo de ver os factos. Como se, para além desse modo de ver, tudo não passasse de uma ilusão. Mas eu posso muito bem rejeitar essa interpretação. Aquilo que James Brave faz com a sua vida é ser outro completamente diferente, partindo de que não acredita que ele é quem é. É evidente que acreditar que não se é quem se é não altera de imediato as condições económicas – o novo Deus, desde Marx –, mas altera o modo como vemos essas condições. No fundo, e grosseiramente, poderíamos usar aqui a velha máxima de que podemos ser felizes com pouco e infelizes com muito. A existência do realismo precisa de uma condição prévia: acreditar que a economia ocupou o lugar de Deus na sociedade. Mas podemos viver como se o lugar de Deus fosse a criação artística e não a economia. Podemos pensar que quem venceu Deus não foi Marx, mas Nietzsche.» É sempre difícil, e requer alguma paciência, entender um ser humano. E talvez sem paixão não se consiga fazê-lo. Só a paixão, essa loucura, nos permite aproximar-nos de outro e quase conhecê-lo. Só assim nos podemos aproximar do James Brave de Amir Mintz.
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SOLUÇÃO DO PROBLEMA 17
9 3 3 0 2 5 4 0 7 7 8 9 1 6 3 6
PROBLEMA 18
18
0 1 2 4 7 6 3 8 9 5
5 7 3 2 9 1 0 6 4 8
Cineteatro 16
6 9 8 0 5 7 4 2 1 3
7 5 - 9 8 % ´•
Um homem de 27 anos foi preso por ser o presumível autor de vários ataques com uma faca, em Birmingham, Inglaterra, no
7 3 5 1 8 4 9 0 6 2
8 4 0 9 1 2 5 3 7 6
9 6 7 5 3 8 1 4 2 0
2 0 6 7 4 5 8 1 3 9
3 2 1 6 0 9 7 5 8 4
C I N E M A
3 4 5 7 FALADO EM COREANO LEGENDADO EM CHINÊS/INGLÊS 0 1 2 8 Um filme de: Yeon Sang-ho Com: Gang Dong-won, Lee Jung-hyun 8 6 1 4 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 9MUTANTS 7 0[B] 2 THE NEW 2 5 6 0 6 3 4 9 7 9 3 6 1 2 8 5 5 0 9 1 4 8 7 3 SALA 1
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9 3 5 0 4 2 1 7 6 8 3 1 7 5 9 8 8 0 6 4 2 7 0 6 5 9 7 2 1 4 8 3 0 1 4 5 www. hojemacau. 3 com.mo 6 2 9
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Um filme de: Josh Boone Com: Maisic Williams, Anya Taylor-Joy, Charlie Heaton, Alice Braga 14.30, 17.00, 19.30, 21.15
0 2 1 6 9 4 UNHINGED [C] 7 3 9 Um filme de: Derrick Borte Com: Russel Crowe 5 16.30,119.00,321.15 14.30, 4 8 7 2 0 8 1 5 0 3 7 6 8 4 2 9 6 5
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9.45
sábado, que provocaram um morto e sete feridos, disse ontem a polícia de West Midlands. “Prendemos um homem que é
19 6 9 8 3 0 4 7 1 5 2
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7 3 5 8 9 2 0 4 1 6
2 4 1 0 6 3 5 7 9 8
BAHT
0.25
suspeito de um assassinato e de sete tentativas de homicídio”, disse a mesma fonte. Um homem morreu e outras sete
9 6 4 5 8 1 3 0 2 7
0 1 3 6 7 8 2 5 4 9
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20 1 0 4 5 2 9 6 8 3 7
21 DOCUMENTÁRIO HOJE UM
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nha para a crescente independência financeira das mulheres que integram o23 projecto. Ganhou o óscar de melhor documentário 3 8 2 9de 1curta-metragem 5 4 0 6 no7 ano passado. Salomé Fernandes
24
9 5 4 6 7 0 8 2 3 1 2 0 3 9 acompanha 5 7 1 mulheres 4 8 6 O documentário no7distrito 1 8de Hapur, 2 4 na 5 Índia, 6 9quando 0 3 instalam uma máquina para fabricarem 8 4 0 3 6 9 2 7 1 5 pensos higiénicos, que depois vendem 6 3 acessíveis. 2 1 8 É4representado 5 0 7 o9 a preços tabu à volta da menstruação 1 7 9 5 0 3 4 na8 comu6 2 nidade, e a falta de liberdade que lhe 5 associada, 8 6 7já 1 9 3 4 de0 está que 2 a dificuldade acesso a pensos higiénicos 0 9 1 4 3 6 7pode 5 levar 2 8 a problemas de saúde e entraves no 3 2 7 8 9 1 0 6 5 4 acesso à educação. Nos vinte e cinco 4 6 do5 filme, 0 2evolui-se 8 3 da1 vergo9 7 minutos
5 8 4 3 2 1 7 9 0 6
YUAN
1.16
pessoas ficaram feridas na sequência dos esfaqueamentos, ocorridos na noite de sábado para domingo, em Birmingham.
8 7 9 6 1 4 2 0 5 3 9 1 7 0 3 6 2 4 8 5
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“PERIOD. END OF SENTENCE.” I RAYKA ZEHTABCHI
6 2 8 7 4 0 1 5 9 3
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opinião 15
terça-feira 8.9.2020
macau visto de hong kong
DAVID CHAN
A
No limiar da vacina II
semana passada falámos sobre o esforço que está a ser desenvolvido em todo o mundo para encontrar uma vacina contra o novo coronavírus. Actualmente, existem 165 vacinas em fase de teste, 26 já na fase de ensaios clínicos e 6 na fase III, ou seja na fase de teste em humanos. A hipótese de sucesso é elevada, mas ainda existem muitas questões por esclarecer. Em primeiro lugar, as vacinas não são medicamentos. As vacinas são uma medida preventiva, ao passo que os medicamentos são utilizados para tratar doenças. Estas substâncias não se substituem uma à outra. Só estaremos definitivamente seguros, quando surgirem medicamentos e uma vacina eficaz para tratar e previnir a infecção provocada pelo novo coronavírus. Em segundo lugar, devemos estar mentalizados para “tomar conta de nós próprios e dos outros”. Mesmo que tenhamos cuidado, se estivermos junto de pessoas infectadas, podemos contrair a doença.AOrganização Mundial de Saúde implementou o “Covax - Programa Global de Vacinação contra a Covid-19 “. Depois de ser encontrada a vacina, os países membros recebem a quantidade de doses de acordo com o investimento feito. Todos os países membros da Organização Mundial de Saúde terão de seguir este plano. Mas como irão actuar os países que não integram a OMS? A primeira questão que se levanta é o preço da vacina. Os Médicos Sem Fronteiras pedem aos dirigentes dos vários países que presssionem a indústria farmacêutica para vender a vacina ao preço de custo. A Aliança Global para a Vacinação e a Imunização pede que os Governos criem um Fundo para a compra da vacina, de forma a ajudar os países pobres neste combate. Estas sugestões são feitas com base no princípio de que “os doentes deve ter acesso ao tratamento”, mas no complexo quadro das relações internacionais, o que vai efectivamente acontecer já é outro assunto. Independentemente de estes problemas virem a ter solução, existem uma série de outras dificuldades de que os seres humanos não podem escapar, como por exemplo a imensa quantidade frascos de vidro que vai ser necessária para acondicionar as vacinas. Se as vacinas tiverem de ser conservadas no frio, quer a fase de
produção quer na fase do transporte, será necessário um fornecimento enorme de equipamentos de refrigeração. A produção de uma enorme quantidade de frascos e vidro e de equipamentos de refrigeração num curto espaço de tempo pode vir a constituir um problema. Depois de abordarmos as pertinentes questões da produção de frascos de vidro e de equipamentos de refrigeração, deparamo-nos com outra dor de cabeça: as seringas! Se não houver seringas sufi-
Mesmo que o desenvolvimento da vacina venha a ter sucesso, vai haver um novelo de problemas que será necessário desembaraçar. Seja como for, enquanto não tivermos vacina, temos de reforçar a testagem e usar máscara
cientes, a vacina não pode ser inoculada no corpo humano. Estes problemas não podem ser solucionados apenas por um país; quando tiver lugar o debate sobre a distribuição das vacinas, estes temas de que vos falo devem também ser abordados. Em terceiro lugar, mesmo que a vacina chegue sem poblemas a um dado país, nem todos os seus habitantes poderão ser vacinados; a quem deve ser dada prioridade é mais uma problemática que iremos enfrentar. Se o Governo decidir que a prioridade deve ser dada aos idosos, ao pessoal de saúde, etc., e houver quem se oponha a esta decisão, como agir? Talvez as pessoas possam ser vacinadas por grupos, criados a partir de uma determinada ordem de prioridade, mas o Professor da Faculdade de Medicina Universidade de Hong Kong, Yuan Guoyong, salientou que, ao longo de toda a História da Humanidade, nunca houve um grande grupo de pessoas a ser vacinadas ao mesmo tempo. Haverá um risco potencial?
Por aqui se vê que, mesmo depois da vacina ser descoberta, vai existir uma série de problemas por resolver. A Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau está a cooperar com o Instituto Politécnico de Hong Kong para a descoberta de uma vacina, que se espera testar em humanos dentro de poucas semanas e, se tudo correr bem, lançar no mercado no final deste ano, início do próximo. Mas, mais uma vez não me canso de sublinhar, mesmo que o desenvolvimento da vacina venha a ter sucesso, vai haver um novelo de problemas que será necessário desembaraçar. Seja como for, enquanto não tivermos vacina, temos de reforçar a testagem e usar máscara. Se outros países descobrirem a vacina primeiro do que nós, podemos encomendá-la imediatamente; se necessário, podemos pedir ajuda à Pátria mãe, porque a Pátria mãe - a China – tem tido muito bons resultados na descoberta de vacinas. Acredita-se que as múltiplas medidas cirúrgicas que têm sido adoptadas em Macau estejam a fazer a cidade sair da crise provocada pela covid.
Professor Associado do IPM • Consultor Jurídico da Associação para a Promoção do Jazz em Macau • legalpublicationsreaders@yahoo.com.hk • http://blog.xuite.net/legalpublications/hkblog
As pessoas não terão tempo para ti se estiveres sempre zangado ou a queixar-te. PALAVRA DO DIA
Stephen Hawking
terça-feira 8.9.2020
Liga das Nações Seleccionador sueco admite necessidade de vencer Portugal
O
IPIM Aprovado apenas um pedido de residência até Junho
O Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau (IPIM) aprovou apenas um pedido de residência por extensão do agregado familiar no primeiro semestre, mas não aceitou os restantes novos pedidos de fixação de residência por investimento ou para quadros especializados. Foram cancelados ou indeferidos 31 dos 279 pedidos de residência, sendo que 25 diziam respeito à renovação da residência. O IPIM cancelou ou indeferiu três novos pedidos de residência por investimento e um pedido destinado a quadros dirigentes ou especializados. Também no primeiro semestre o IPM aprovou 49 processos, sendo que 48 dizem respeito à renovação da residência. De frisar que, no primeiro trimestre, o IPIM não aprovou qualquer novo pedido de fixação de residência.
Covid-19 Nissan recebe maior ajuda de sempre do governo
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O fabricante japonês de automóveis Nissan Motor recebeu em Maio um empréstimo com garantias estatais de 1.431 milhões de euros no quadro de um programa de ajuda a empresas afectadas pela pandemia de covid-19. De acordo com o jornal Nikkei, 795 milhões de euros são assumidos pelo Executivo em caso de incumprimento, o que corresponde ao maior crédito estatal de sempre a uma empresa no Japão. O empréstimo foi concretizado no mês de Maio entre a Nissan Motor e o Banco de Desenvolvimento do Japão, uma das entidades destacadas para distribuir fundos especiais mobilizados pelo governo e o Banco Central do país para se conseguir liquidez nas empresas atingidas pelos efeitos da epidemia global de SARS CoV-2.
Espera-se que a tempestade atinja ainda região nordeste da Coreia do Norte, (...) causando ainda mais problemas a uma economia devastada pelas sanções lideradas pelos Estados Unidos e ao encerramento da fronteira devido à pandemia
Malefícios do Haishen Tufão faz estragos na Coreia do Sul, após deixar um morto e 84 feridos no Japão
A
passagem do tufão Haishen no Japão provocou um morto, quatro desaparecidos e 84 feridos ligeiros, tendo as autoridades conseguido retirar 1,6 milhões de pessoas da zona afectada depois de ter sido accionado um plano de alerta. Há vários dias que estavam a ser emitidos alertas sobre a passagem do tufão Haishen, que se dirigia para o sul do Japão. O tufão atingiu a ilha de Kyushu durante a noite e causou estragos durante toda a madrugada na região que inclui as cidades de Nagasaki, Fukuoka e Kumamoto dirigindo-se depois para a Península da Coreia. De acordo com o balanço provisório registou-se pelo menos um morto, quatro pessoas estão desaparecidas e 84 sofreram ferimentos ligeiros. As autoridades nipónicas ordenaram a evacuação de zonas de residência, tendo sido retiradas 1,6 milhões de pessoas que foram conduzidas para abrigos temporários.
OUTROS DANOS
Já na Coreia do Sul, o Haishen danificou prédios, inundou estradas e cortou a energia a milhares de casas, segundo dados oficiais
ontem divulgados. O tufão Haishen já motivara alertas da Administração Meteorológica da Coreia, devido aos ventos e chuva forte, que atingiram a cidade portuária de Ulsan, no sudeste. A agência meteorológica informou que o tufão, o terceiro a atingir a península em poucas semanas, estava ontem a enfraquecer e provavelmente seria classificado como tempestade tropical em 24 horas. Os carros tiveram dificuldade para navegar pelas estradas inundadas em Ulsan e outras cidades costeiras, como Busan, Sokcho e Gangneung. Pelo menos 318 voos de e para a província insular de Jeju e no continente foram cancelados. Algumas pontes e linhas ferroviárias foram fechadas, milhares de barcos de pesca e outras embarcações foram enviados para um local seguro e foram retirados mais de 1.600 residentes nas regiões sul do continente. Ontem de manhã, as autoridades conseguiram repor o abastecimento de energia para 11.523 das 17.620 famílias que perderam electricidade nas áreas sul do continente e em Jeju. Haishen, que significa “deus do mar” em chinês, passou por
Okinawa e outras ilhas do sul do Japão no fim de semana.
A CAMINHO DO NORTE
Espera-se que a tempestade atinja ainda região nordeste da Coreia do Norte, que foi atingida pelo tufão Maysak na semana passada, causando ainda mais problemas a uma economia devastada pelas sanções lideradas pelos Estados Unidos, encerramento da fronteira devido à pandemia do novo coronavírus e escassez crónica de alimentos. Segundo a imprensa estatal, o líder Kim Jong-un visitou áreas atingidas por tufões, demitiu um alto funcionário regional e prometeu enviar 12 mil trabalhadores da capital, Pyongyang, para ajudar nos esforços de recuperação. O tufão Maysak destruiu mais de mil casas e inundou edifícios públicos e explorações agrícolas. O Maysak danificou estradas e edifícios e causou pelo menos um morto na Coreia do Sul. Um navio de carga de gado afundou na costa do Japão aquando da passagem do Maysak. Dois dos 43 tripulantes foram resgatados e um corpo foi recuperado antes que a busca fosse interrompida por causa do Haishen. O navio transportava 5.800 vacas da Nova Zelândia para a China.
seleccionador da Suécia, Janne Andersson, afastou ontem qualquer “plano especial” para parar Cristiano Ronaldo e admitiu que a sua equipa precisa vencer Portugal para continuar na luta pela Liga das Nações de futebol. “Não existe nenhum plano especial para o Ronaldo. Claro que é um jogador essencial. Jogue ou não jogue, temos o nosso sistema de jogo e não vamos mudá-lo. É um jogo importante e sabemos que temos de ganhar. Não podemos pensar no empate”, afirmou Janne Andersson. O seleccionador sueco falava na conferência de imprensa de antecipação do duelo da segunda jornada do Grupo 3 da Liga das Nações, na Friends Arena, nos arredores de Estocolmo, num evento em que apenas as perguntas dos jornalistas portugueses tiveram direito a tradução. “Portugal fez um grande jogo com a Croácia. Sabemos que temos de estar ao nosso melhor nível, temos de fazer um grande jogo para ganhar. Não somos favoritos, nem acredito nesse tipo de conversa. Sabemos que jogamos em casa, somos forte, temos uma boa equipa”, referiu o técnico de 57 anos. Mesmo sem tradução do sueco, foi possível perceber que o duelo com Portugal esteve em segundo plano e grande parte da conferência de imprensa teve como assunto principal as críticas que Zlatan Ibrahimović fez no domingo, nas redes sociais, em que acusou Janne Andersson de ser “incompetente” e de estar no “cargo errado”. No arranque da Liga das Nações, a Suécia foi derrotada em casa pela França (0-1), enquanto Portugal iniciou a defesa do título com uma goleada (4-1) frente aos croatas, no Estádio do Dragão, no Porto.