Hoje Macau 9 DEZ 2020 #4687

Page 1

MOP$10

QUARTA-FEIRA 9 DE DEZEMBRO DE 2020 • ANO XX • Nº 4667

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

hojemacau

www.hojemacau.com.mo•facebook/hojemacau•twitter/hojemacau

ANOS

Sem pressa Afinal a anunciada chegada ainda este mês das vacinas urgentes para o pessoal da linha da frente, não implica a imediata vacinação. “Com a actual situação epidémica de Macau não é necessário que seja autorizada a ad-

ministração urgente da vacina”, diz Alvis Lo. O médico assegura ainda que as doses serão gratuitas para residentes e tomadas voluntariamente. Pormenores sobre a origem, custos e calendário continuam por esclarecer.

HONG KONG

HISTÓRIAS LUSITANAS GRANDE PLANO

HABITAÇÃO

Sanduíche de quê? PÁGINA 4

DIPLOMACIA

As vantagens de Rita PÁGINA 5

HOJE MACAU

PÁGINA 6

DÓCI PAPIAÇÁM

CANÇÕES DE ESPERANÇA EVENTOS

AIPIM

Em festa ÚLTIMA

OPINIÃO

Sexo e pandemia TÂNIA DOS SANTOS

h 3 SARDINHAS | FORA DA LATA PÁGINA 7

O ABRAÇO

NUNO MIGUEL GUEDES

AI QUE

JOÃO PAULO COTRIM


2 grande plano

9.12.2020 quarta-feira

VIAGEM AOS HONG KONG

OS PRIMÓRDIOS DA EDUCAÇÃO DE MATRIZ PORTUGUESA

HISTORY OF THE PORT OF HONG KONG AND MARINE DEPARTMENT

Jason James Santos, cidadão português a residir em Hong Kong, fez um levantamento exaustivo, no âmbito de uma tese de mestrado, sobre as escolas de matriz portuguesa criadas em Hong Kong no período compreendido entre 1841 e 1941. Da existência de “escolas livres”, fundadas por portugueses, a situação evoluiu para a fundação do Colégio de São José e Colégio La Salle, que ainda hoje existem e se destinam apenas a rapazes

A

data da ocupação britânica do território de Hong Kong, em 1841, coincide com o início da aposta não apenas numa educação de matriz protestante, mas também católica. Foi nessa altura que começaram a aparecer as primeiras escolas de matriz portuguesa. Estas e outras informações constam no ensaio “Portuguese Education in Colonial Hong Kong - 1841-1941”, elaborado por Jason James Santos no âmbito de uma tese de mestrado que o académico está a desenvolver na Universidade Nova de Lisboa. Jason James Santos é professor do ensino secundário em Hong Kong. Este é um passo que nunca tinha sido dado, tendo obrigado Jason James Santos a enfrentar vários desafios durante a pesquisa de material. “Fiz um levantamento que nunca tinha sido feito, e mesmo no que toca à história de Hong Kong, na versão inglesa, tem havido muito pouco interesse nesta área. Fiz um levantamento muito simples, mas exaustivo, dos registos públicos que existem em Hong Kong”, contou ao HM.

“A qualidade dos documentos é terrível, têm documentos com mais de 100 anos de idade dentro de sacos de plástico.” JASON JAMES SANTOS PROFESSOR

Hong Kong, década de 40 do século passado

Essa viagem no tempo levou-o a descobrir que, nas primeiras décadas da Administração britânica de Hong Kong, as escolas portuguesas proliferavam, mas pouco se sabia sobre elas. Eram as chamadas “Free Schools” [Escolas Livres] e delas apenas se sabe a rua, o nome do director e o número de alunos. “Qualquer pessoa poderia abrir uma escola, em qualquer lugar, até em casa. Não havia controlo.


grande plano 3

quarta-feira 9.12.2020

ARQUIVOS documento produzido por Jason James Santos. “Nos primeiros anos da nova colónia, alguns indivíduos e mesmo famílias inteiras mudaram-se para Hong Kong em busca de trabalhos com maior reputação com a Administração colonial ou para desenvolver negócios no novo entreposto comercial do Império Britânico. Em alguns casos, a transferência de Macau para Hong Kong foi determinada por entidades que desejavam transferir completamente as suas operações."

O COLÉGIO DE SÃO JOSÉ

Colégio de São José

Temos um sem número de escolas que existiam porque alguém tinha dinheiro e vontade de o fazer. As esposas de quem tinha dinheiro e que tinham disponibilidade para dar aulas, abriam uma escola.” Desta forma, no período compreendido entre 1849 e 1854 havia “uma série de escolas na mesma rua”, pelo que é possível que “a comunidade portuguesa estivesse concentrada na mesma zona”. Essa rua era a Wellington Street, hoje situada na zona central da ilha de Hong Kong. “Na primeira década temos escolas com 20 alunos, e algumas notas referem tratar-se de uma escola portuguesa, cujo director é o senhor João Pereira. Os alunos eram europeus, de educação católica, e havia 20 alunos do sexo masculino. São os únicos registos existentes”, frisou Jason James Santos. A supervisão dos conteúdos didácticos ou do ensino não existia. “Nas primeiras décadas da colónia não existia um departamento público destinado à educação, e foram os portugueses que impulsionaram a educação na colónia. Só em 1860 é que os britânicos sentiram necessidade de ter um pouco de controlo em relação ao que se estava a passar em termos de educação”, contou o investigador. A falta de supervisão explica os registos bastante vagos sobre a época. “[Numa das notas] surge o senhor J.J. Silva e Sousa como

director de uma escola com 50 alunos, e depois surge a senhora J.J. Silva e Sousa como directora de uma outra escola, na mesma rua, só para raparigas.” Ainda assim, Jason James Santos acredita que neste período o ensino do inglês seria muito importante. “Quando se cria o secretariado da educação, já sob alçada do Governo colonial britânico, o primeiro secretário para a educação diz que é obsceno os alunos que estão a receber educação em Hong Kong não saberem falar inglês. Isso está numa carta que consta nos arquivos.” Além disso, “uns anos mais tarde, há um grupo enorme de portugueses que se juntam à Administração colonial britânica, ocupando uma série de cargos importantes, e que necessitam de falar inglês”. É também no ano de 1860 que é fundada o St. Saviour College, uma “escola comercial para a comunidade portuguesa”, lê-se no

A ocorrência de um violento tufão, no ano de 1874, que afectou bastante Macau, levou muitas famílias a partirem para Hong Kong. O que seria uma mudança temporária acabou por se transformar numa residência permanente até à II Guerra Mundial. Neste período, “temos escolas com muitos mais alunos”. A partir da década de 70 do século XVIII surgem “uma série de escolas importantes”, sendo uma delas o Colégio de São José, que abre portas em 1875 e que à época se chamava Colégio de São Salvador. “Toda a informação que existe sobre esta escola está nos cofres do colégio, até ao dia de hoje. E o acesso não é facilitado. Vi alguns documentos quando lá trabalhei. A qualidade dos documentos é terrível, têm documentos com mais de 100 anos de idade dentro de sacos de plástico”, referiu. O Colégio de São José está localizado na Kennedy Road, em Central, e apenas aceita rapazes, estando no

Jason James Santos destaca um “caso estranho e muito mal explicado” ao qual promete regressar nesta ou numa outra investigação: o da Escola Camões, que ainda hoje existe mas que está ligada ao ensino inglês e chinês, tendo mantendo apenas o nome

ranking das melhores escolas do território vizinho. Mas voltando às décadas de 70 e 80 do século XVIII, altera-se a designação de “Free Schools” para Escolas Portuguesas Privadas. Mantinha-se a génese de escolas profundamente elitistas e com separação de sexos, um modelo que ainda hoje persiste em Hong Kong.

A VICTORIA PORTUGUESE SCHOOL

Os arquivos revelam que, em 1914, é criada a Victoria Portuguese School, ainda que não se conheça a sua localização. Na década de 90 do século XX o nome é alterado para Nova Escola Portugueza. Em 1906 surge uma nova instituição de ensino, a “Equal Portuguese School” que tinha “as mesmas pessoas” da Victoria Portuguese School, e que mais tarde viria a chamar-se “English School for Portuguese”.

Há depois uma terceira vaga de escolas portuguesas, onde se inclui a fundação do Colégio La Salle, em Kowloon, e que mais não era do que uma extensão do Colégio de São José

Há depois uma terceira vaga de escolas portuguesas, onde se inclui a fundação do Colégio La Salle, em Kowloon, e que mais não era do que uma extensão do Colégio de São José. “Em 1932 passa a ter o nome de Colégio La Salle e depois tornou-se a escola com maior reputação em todo o território. Na década de 30 tinha quase mil alunos, o que para a época era um número impressionante. O Colégio de São José tinha cerca de 200.” Depois da II Guerra Mundial começaram a escassear as escolas de matriz portuguesa no território, o que coincide com a saída de muitos membros das comunidades portuguesa e macaense de Hong Kong, devido ao conflito mundial. Ainda assim, Jason James Santos destaca um “caso estranho e muito mal explicado” ao qual promete regressar nesta ou numa outra investigação: o da Escola Camões, que ainda hoje existe mas que está ligada ao ensino inglês e chinês, tendo mantendo apenas o nome. “Esta escola surge nos anos 50 e, segundo os seus estatutos, um grupo de portugueses queria reabilitar a educação portuguesa no território. Falei com professores que lá trabalharam que me disseram que o seu ordenado era pago pelo Estado português.” Jason James Santos estranha este caso após décadas de escolas portuguesas privadas. “No século XIX era tudo privado, e depois no século XX temos alguns registos de apoio financeiro vindo do Governo de Macau. O próprio Governador de Macau fez algumas visitas a Hong Kong na primeira metade do século XX e havia algum financiamento. No pós-II Guerra não há nenhuma ligação, mas estes professores juram que o seu ordenado era pago pelo Estado português”, rematou Jason James Santos. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


4 política

9.12.2020 quarta-feira

ESTUDO MAIORIA DESCONHECE “HABITAÇÃO PARA CLASSE SANDUÍCHE”

O conceito mistério

AAssociação Love Macau, de Cloee Chao, realizou um inquérito sobre o conceito de “habitação para a classe sanduíche”, cujos resultados foram ontem apresentados. Cerca de 70 por cento dos inquiridos, nunca ouviu falar da ideia associada a uma classe média que não cumpre os requisitos para se candidatar a uma habitação pública e que não tem capacidade para adquirir casa no mercado privado e tem como base 783 inquéritos válidos. Segundo Cloee Chao, esta foi uma das principais dificuldades encontradas para realizar este inquérito.

“Muitos participantes não souberam responder, ou porque não têm nenhuma ideia sobre o que é a habitação para a classe sanduíche, ou porque não sabem sequer da

“Muitos participantes não souberam responder, ou porque não têm nenhuma ideia sobre o que é a habitação para a classe sanduíche, ou porque não sabem sequer da existência deste conceito.” CLOEE CHAO ASSOCIAÇÃO LOVE MACAU PUB

existência deste conceito.” Cloee Chao admitiu que este estudo não pode representar as posições de toda a população porque a maioria dos residentes inquiridos não revelou conhecimentos suficientes sobre a habitação para a classe sanduíche. Lei Man Chao, vice-presidente da direcção da associação, acredita que o conceito de habitação para a classe sanduíche é confundido com o de habitação económica. Nesse sentido, o responsável sugere que o Governo, após implementar as devidas regulamentações ao nível dos terrenos e dos critérios de candidaturas, deixe a habitação para a classe sanduíche desenvolver-se no mercado privado de forma liberal.

O estudo mostra ainda que mais de 60 por cento dos participantes quer que os candidatos a este tipo de habitação não tenham imóveis em seu nome antes

da candidatura. Além disso, quase 80 por cento dos participantes defende que as candidaturas só devem estar abertas a residentes permanentes.

TIAGO ALCÂNTARA

A

S dificuldades começam logo pelo conceito em si. Cerca de 70 por cento das pessoas ouvidas no âmbito de um inquérito realizado pela Associação Love Macau, da activista Cloee Chao, nunca ouviu falar do conceito de “habitação para a classe sanduíche” ou não sabe bem o que isso significa. O estudo, ontem apresentado em conferência de imprensa, foi realizado a partir de meados de Outubro

MAIS T2

Outros resultados do inquérito mostram que 55 por cento dos inquiridos deseja ver construídos mais apartamentos T2, enquanto que apenas 39,97 por cento quer ver mais fracções de tipologia T3.

Marcha de Caridade Organizadores recebidos por Ho Iat Seng A Marcha de Caridade Para Um Milhão, organizada pelo Fundo de Beneficência dos Leitores do Jornal Ou Mun, pode passar a ter mais elementos online, além da habitual parada. Esta é uma questão que está a ser ponderada e foi apresentada ontem pelo presidente do fundo, Vong Kok Seng, numa reunião com

o Chefe do Executivo. Ao contrário do que acontece habitualmente, este ano, a marcha de caridade vai ser transformada num evento online, devido à situação da pandemia da covid-19. E foi a partir desta alteração que Vong admitiu que para o futuro está a ser equacionado um modelo online, que permita uma

maior participação da sociedade, a ser conjugado com a caminhada matinal. Por sua vez, Ho Iat Seng elogiou a decisão de realizar o evento online na edição deste ano, agradeceu a compreensão face ao contexto da pandemia da covid-19 e deixou os melhores desejos para a iniciativa.

Turismo Promoções para jornalistas e “influencers” do Interior A Direcção de Serviços de Turismo organizou uma visita para onze órgãos de comunicação social e influencers do Interior, de forma a promover a segurança da RAEM no Interior. A visita contou com uma sessão em que esteve presente a directora dos Serviços de Turismo, Maria He-

lena de Senna Fernandes, que fez uma apresentação sobre “as políticas e medidas de prevenção epidémica”, a “situação de recuperação após a estabilização da pandemia” a par dos produtos de Macau e a estratégia para o futuro. Esta é mais uma campanha que se enquadra na estratégia

do Executivo para impulsionar a recuperação da indústria do turismo com base nos visitantes do Interior. Em Setembro, a DST tinha realização a acção “Semana de Macau em Pequim”, uma série de iniciativas feitas na capital chinesa, para promover Macau como um destino seguro.


política 5

Segurança ocupacional Leong Sun Iok quer acelerar legislação

GONÇALO LOBO PINHEIRO

quarta-feira 9.12.2020

Em declaração ao jornal Ou Mun, o deputado Leong Sun Iok apelou à aceleração do processo legislativo sobre a segurança ocupacional. Este ano já aconteceram nove acidentes ocupacionais que resultaram em mortes, e três dos casos estavam relacionados com a violação dos regulamentos da área de segurança e saúde ocupacional. Uma situação que o legislador considera preocupante. Embora o volume de acidentes tenha diminuído cerca de 40 por cento em comparação ao ano passado, o deputado, associado aos operários, considera que a mudança se deve à pandemia. Por outro lado, segundo a Direcção dos Serviços para os Assuntos Laborais, as instituições que participaram no Acordo de Segurança e Saúde Ocupacional no ano passado tiveram um bom resultado na melhoria do ambiente de trabalho e ferramentas de segurança. Ainda assim, Leong Sun Iok sugeriu a sua revisão, recordando que o acordo foi criado em 2003 e ainda só participaram 198 empresas.

SALÁRIOS LEI CHAN U QUESTIONA DISTRIBUIÇÃO DA RIQUEZA

O

deputado Lei Chan U, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), acredita que é preciso proporcionar uma melhor distribuição da riqueza em Macau, principalmente em relação à classe trabalhadora. A ideia faz parte de uma interpelação divulgada ontem pelo membro da Assembleia Legislativa (AL). De acordo com os dados apresentados pelo deputado, a proporção do rendimento dos empregados para o Produto Interno Bruto tem vindo a diminuir. E se em 2016 os salários contavam como 30,6 por cento do PIB, no ano passado a proporção caiu para 28,6 por cento. Por outro lado, Lei Chan U indicou que o rendimento dos trabalhadores tem vindo a aumentar a um ritmo mais lento do que o PIB, destacando que em 2017 o PIB cresceu 9,1 por cento, mas que os rendimentos apenas subiram 5,2 por cento. “A baixa proporção dos salários para o PIB não reflecte toda a importância dos trabalhadores, torna cada vez mais difícil que os residentes possam desfrutar das vantagens do crescimento económico e ainda contribui para a desigualdade social”, considerou Lei Chan U, face ao cenário traçado. Por este motivo, o deputado ligado à principal força política laboral de Macau quer saber como vão ser feitas reformas para que os “frutos do crescimento” sejam melhor distribuídos por toda a sociedade.

As trocas, no entender de Rita Santos, não funcionam apenas num sentido e haverá oportunidades para as empresas da RAEM

DIPLOMACIA RITA SANTOS QUER USAR POSIÇÃO INTERNACIONAL PARA PROMOVER MACAU

Oportunidade de ouro Os novos membros do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas foram recebidos por Edmund Ho, que considerou os cargos uma forma de ajudar o país

R

ITA Santos acredita que os cidadãos de Macau podem ser uma força no âmbito das relações internacionais. A mensagem da vice-presidente do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas foi deixada num encontro com Edmund Ho, ex-Chefe do Executivo e um dos vice-presidentes da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Num encontro em que participarem os outros três membros de Macau nomeados para o organismo com ligações à ONU, Marco

Ting, Herman Ng e Joyce Wong, Rita Santos comprometeu-se diante do ex-chefe do Executivo a fazer “o seu melhor para demonstrar que os cidadãos de Macau são capazes de dar o seu contributo no âmbito do trabalho internacional”. Ao mesmo tempo, a responsável afirmou que no âmbito da diversificação económica haverá oportunidades para o desenvolvimento de mais empresas europeias na RAEM, em áreas como o sector financeiro, a medicina e ainda a alta tecnologia. Mas as trocas, no entender de Rita Santos, não funcionam

apenas num sentido e haverá oportunidades para as empresas da RAEM. Segundo a também conselheira das comunidades portuguesas, o Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural França-China das Nações Unidas vai trabalhar com o objectivo de criar uma “série de plataformas de intercâmbio”, que irão permitir às empresas locais participar nos negócios entre a Europa e África. Na vertente cultural, Rita Santos explicou a Edmund Ho que existe a esperança de que o Centro venha a organizar visitas de estudo para os residentes locais se deslocarem à Europa de modo a “expandirem a sua perspectiva internacionalmente”.

PROMOÇÃO DA RAEM

Por sua vez, o ex-Chefe do Executivo, Edmund Ho, elogiou as nomeações de Rita Santos, Marco Ting, Herman Ng e Joyce Wong para o Centro e considerou tratar-se de “uma óptima oportunidade

para a participação nos assuntos internacionais”. Segundo Ho, esta é ainda uma oportunidade para “promover as características da população da RAEM” e “desenvolver um bom trabalho” no Departamento dos Assuntos Económicos e Culturais do Centro de Promoção do Intercâmbio Cultural entre a China e a França. O vice-presidente do CCPPC elogiou ainda o papel do Centro que caracterizou como uma “organização internacional influente das Nações Unidas” e “uma ponte importante entre a França e a China”. Edmund Ho apontou ainda que a cooperação é cada vez mais importante “especialmente nos dias de hoje em que a situação internacional tem sido muito complicada”. Neste sentido, salientou que os quatro convidados recebidos podem “dar um bom contributo para o desenvolvimento do país”. João Santos Filipe

joaof@hojemacau.com.mo


6 sociedade

9.12.2020 quarta-feira

IC Festas canceladas

As actividades para a passagem de ano foram canceladas, uma decisão devido ao impacto da covid-19 e à segurança da saúde pública. A informação foi avançada pelo Instituto Cultural (IC) em comunicado, em que menciona também o cancelamento do fogo-de-artifício da Direcção dos Serviços de Turismo. “A passagem de ano inclui dois espectáculos em Macau e na Taipa, que costumam envolver um grande número de artistas do exterior e locais, contando com mais de 30 mil participantes”, observou o IC. As autoridades entendem que há um “risco colectivo” por causa do fluxo de pessoas nos locais de contagem regressiva do tempo para a passagem de ano.

Alvis Lo sublinhou que a introdução de vacinas por parte do Governo da RAEM terá como grande princípio a sua segurança e a eficácia, e que a vacinação terá como pressuposto a voluntariedade

D2 FUTURO DA DISCOTECA EM RISCO

VACINAS ALVIS LO DIZ NÃO SER NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO URGENTE

Pormenores velados

O

Depois de o Governo ter anunciado a chegada este mês de vacinas de emergência para o pessoal da linha da frente, o médico Alvis Lo Iek long disse que não é necessário autorizar a administração urgente. As vacinas vão ser gratuitas para residentes e tomadas de forma voluntária

O

Governo anunciou, no debate das Linhas de Acção Governativa, que iam chegar este mês vacinas urgentes para o pessoal da linha da frente, como médicos, enfermeiros e bombeiros. No entanto, o médico Alvis Lo Iek Long afirmou em conferência de imprensa na segunda-feira que a situação do território não requer a sua administração. “Com a actual situação epidémica de Macau, não é necessário que seja autorizada administração urgente da vacina”, diz uma nota do Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus. Em comunicado, indica-se que as vacinas encomendadas por Macau incluem diferentes técnicas de produção e que não serão obrigatórias. “Alvis Lo sublinhou que

a introdução de vacinas por parte do Governo da RAEM terá como grande princípio a sua segurança e a eficácia, e que a vacinação terá como pressuposto a voluntariedade”, descreve. A distribuição das primeiras vacinas vai ser ajustada de acordo com a quantidade, mas mantém-se a prioridade de vacinação para os trabalhadores da linha da frente, ou residentes com necessidade de se deslocarem ao estrangeiro. O médico escudou-se em acordos de confidencialidade relacionados com negociações comerciais assinados com diferentes laboratórios para não dar pormenores sobre a quantidade e calendários de aquisição de vacinas. De acordo com a TDM Rádio Macau, Alvis Lo Iek Long reconheceu que numa fase inicial a maioria das pessoas pode esperar

por ter receio, e que os residentes serão incentivados a tomá-la, mas garantindo que não vão ser usados meios de obrigatoriedade. Além disso, confirmou que as vacinas serão gratuitas para residentes, deixando para o futuro se a isenção de pagamento também se vai aplicar a trabalhadores não residentes.

AUTORIZAÇÕES E REJEIÇÕES

Até dia segunda feira foram recebidos 139 pedidos para entrada de 158 indivíduos em Macau. Recorde-se que a partir deste mês os estrangeiros que tenham estado no Interior da China nos 14 dias antes de entrarem em Macau podem entrar no território, mediante uma aprovação prévia do Governo que é cedida em situações excepcionais, como reunião familiar, actividades profissionais ou educacionais. Dos pedidos registados,

20 foram autorizados e 11 foram rejeitados por não cumprirem os requisitos. Por outro lado, desde o início da pandemia até domingo já 20.376 pessoas foram encaminhadas para quarentena. Na segunda feira estavam em observação médica 1.492 indivíduos, duas em instalações dos Serviços de Saúde e as restantes nos hotéis designados. O Grande Coloane Resort voltou a fazer parte dos hotéis usados para quarentenas, com 200 quartos disponíveis. Entre 30 de Novembro e 6 de Dezembro foram testadas mais de 97 mil pessoas em Macau, e submetidas 807 pessoas a observação médica. Macau não regista casos importados de covid-19 há mais de 160 dias. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

HABITAÇÃO PREÇOS DESCERAM 0,5 POR CENTO ENTRE AGOSTO E OUTUBRO

O

índice global de preços da habitação entre Agosto e Outubro foi de 267,6, representando um decréscimo de 0,5 por cento, em comparação ao período entre Julho e Setembro de 2020. Dados da Direcção dos Serviços de Estatística e

Censos (DSEC) revelam que o índice de preços das habitações na Península de Macau foi de 267,9, uma queda de 0,7 por cento, enquanto o índice referente à Taipa e Coloane foi de 266,5, uma ascensão de 0,4 por cento.

Já o índice de preços das habitações construídas, foi de 287,2, uma diminuição de 0,8 por cento. O valor dos imóveis construídos há menos de cinco anos foi o único a aumentar, 0,6 por cento. Em sentido contrário, o índice de preços dos imó-

veis entre 6 e 10 anos teve a maior descida – com uma quebra de um por cento. O índice de preços de habitações em construção (284,5) subiu 1,2 por cento, face ao período transacto. Ao nível do tamanho das fracções, o índice do

escalão igual ou superior a 100 metros quadrados cresceu 3,5 por cento. O índice de preços de habitações entre 50 a 74,9 metros quadrados e dos 75 aos 99,9 metros quadrados decresceram 1,4 e 0,4 por cento, respectivamente.

futuro da Discoteca D2 está em risco e o espaço pode fechar as portas a partir do próximo ano, devido ao impacto da pandemia no turismo e no negócio. A informação foi confirmada ao HM pelo proprietário Francisco Coelho, que aponta dia 15 de Dezembro como a data de todas as decisões. “Até dia 15 vamos estar em negociações sobre diversos aspectos, como a renda que pagamos. Só a partir dessa dia é que vamos ter uma decisão sobre o futuro e se haverá um encerramento, mesmo que temporário”, afirmou, ontem, Francisco Coelho, responsável pelo espaço que actualmente fica situado na Doca dos Pescadores. O empresário fala ainda de um ambiente de negócios muito difícil para os espaços de entretenimento nocturno, relacionados com o impacto da pandemia e da crise do turismo. “A área da diversão nocturna tem neste momento muitas dificuldades, as rendas são altas e são um peso muito alto, o número de turistas é baixo e há uma crise de consumo”, explicou. “Não é só o D2 que sente este impacto, são todos os espaços. Aliás, até acho que se o D2 não conseguir lidar com estas condições, então haverá muitos outros espaços a fechar”, acrescentou. No terceiro trimestre houve uma redução de 92,4 por cento do número de turistas que caiu de 9,92 milhões nos três meses em causa de 2019 para 750 mil entre Julho e Setembro deste ano. Esta não é a primeira vez que a indústria de divertimento nocturno enfrenta dificuldades. Em 2014, devido à campanha anti-corrupção, o jogo VIP sofreu uma quebra acentuada que acabou por também ter impacto nos negócios.


sociedade 7

quarta-feira 9.12.2020

P

CASA CHEIA

De acordo com Pedro Almeida, desde a data de abertura que o es-

GASTRONOMIA RESTAURANTE 3 SARDINHAS INAUGURA CONCEITO DE PETICOS EM MACAU

Dim Sum à portuguesa

Desde da inauguração em Junho que a casa está cheia. André Da Silva Gomes, Pedro Almeida e Mauro Almeida são os três chefs responsáveis pelo 3 Sardinhas, espaço dedicado exclusivamente a servir petiscos. Neste “Dim Sum” à portuguesa, a ideia é partilhar sem ter de escolher e sempre em família FOTOS HOJE MACAU

ASSAR a porta do 3 Sardinhas é a mesma coisa que estares a entrar em casa da tua avó. Há sempre aquela saudade, nostalgia e aqueles objectos que estão lá, não se sabe bem porquê”, começou por dizer André Da Silva Gomes, fundador e chef do estabelecimento inaugurado em Junho. Nas paredes há rádios antigos, ferros de engomar, objectos de função questionável, aquecedores a óleo e, claro, máquinas de costura de marca Singer perfiladas em prateleiras.A luz que entra pela janela é escolhida a dedo e não abunda. Subindo ao primeiro andar é dado a escolher se o cliente pretende sentar-se num assento, que noutros tempos voou no interior de um avião da TAP, ou em velhas cadeiras da plateia do Teatro da Trindade, em Lisboa. André Da Silva Gomes, Pedro Almeida e MauroAlmeida compõem o trio de chefs fundadores e responsáveis pela gestão do 3 Sardinhas. A ideia de abrir em Macau uma casa de petiscos já vem de trás, mas acabou por ser concretizada apenas este ano, apesar de todos os temores em torno da crise gerada pela pandemia. O objectivo é permitir, através dos petiscos, que cada cliente possa ter a oportunidade de provar mais pratos. “Quando começámos a pensar no projecto, sentimos a necessidade de diminuir muito as doses para que as pessoas pudessem provar mais pratos, principalmente turistas que estão em Macau durante dois dias e querem provar a gastronomia portuguesa”, explicou Pedro Almeida ao HM. É como se fosse um Dim Sum português, porque os chineses adoram pedir 10 pratos (…) e adoram comida portuguesa, que normalmente vem sempre em grandes doses”, acrescentou. Sobre os riscos calculados que a abertura do novo espaço, numa altura de crise, poderia acarretar, André Gomes afirmou que o contexto difícil até jogou a favor do projecto, já que muitos portugueses estão impossibilitados de ir a casa. “Estamos todos confinados aqui, os portugueses não podem ir a casa, então trouxemos a casa a eles. O mesmo acontece com os locais. Por isso, queríamos abrir algo novo como o 3 Sardinhas, com vida e histórias por trás de cada decoração e cada telha. Além de ser um conceito que não existia em Macau”, partilhou.

Pedro Almeida, chef “É como se fosse um Dim Sum português, porque os chineses adoram pedir 10 pratos (…) e adoram comida portuguesa”

paço está “completamente cheio”, o que motivou inclusivamente mais tarde a abertura do restaurante Portucau. Além das sardinhas, entre os pedidos mais costumeiros contam-se o polvo frito, as costelinhas e os peixinhos da horta. “Queríamos demonstrar a gastronomia portuguesa a toda a gente. Aos portugueses que têm saudades de ir a Portugal beber uns canecos e comer uns petiscos. Mas também aos turistas e aos

locais a quem queremos mostrar que a cozinha portuguesa é muito mais que leitão, arroz de marisco e bacalhau à brás”, acrescentou André Gomes. Sobre a influência que a gastronomia e o paladar de Macau teve na forma de confeccionar os petiscos servidos no 3 Sardinhas, Pedro Almeida aponta que a principal adaptação passa por “não matar a comida com sal”, como acontece em Portugal, até porque

permite aproveitar muito melhor os produtos. “Os chineses estão certos, estamos a matar a comida com sal. Estamos a comprar um produto bom e depois encharcamo-lo com sal. Por isso, cortámos um pouco no sal, ninguém vai morrer. Pelo contrário até damos alguns anos de vida às pessoas. Se querem mais sal, está na mesa”, apontou. O chef acrescenta ainda que há determinados produtos como

os pastéis de nata que não devem ser comparados com o que se faz em Portugal por ser uma evolução adaptada ao gosto e à cultura local e não uma receita replicada. “Quando compro um, não penso que vou comer um pastel de nata, mas sim um pastel de Macau e vou apreciá-lo dessa forma e isso permite-me ver que há bons e maus dentro daquilo que é”, rematou. Pedro Arede

pedro.arede.hojemacau@gmail.com


8 eventos

9.12.2020 quarta-feira

Espírito de Nat DÓCI PAPIAÇÁM CORO REACTIVADO COM ACTUAÇÃO NA IGREJA DE SÃO DOMINGOS

Passados vinte anos sobre a última actuação do coro do grupo Dóci Papiaçám por ocasião do Natal, a iniciativa regressa para dar voz a cânticos e músicas da época.Aactuação, apresentada também como uma mensagem de esperança, acontece na Igreja de São Domingos, no dia 19 de Dezembro

O

coro dos Dóci Papiaçám di Macau vai actuar na Igreja de São Domingos, no dia 19 deste mês, pelas 17h30. O grupo irá dar voz a canções de Natal e outras de teor religioso na missa, em Patuá, celebrada nesse dia. E quer deixar uma mensagem de esperança. “Volvidos 20 anos o Grupo quer celebrar o Natal com a população, a ocorrer num ano tão atípico e repleto de emoções. Trata-se de uma mensagem de esperança e de apelo à resiliência, na recepção de novos tempos de muito desafio”, disse Miguel de Senna Fernandes em comunicado. A primeira actuação do coro foi neste mesmo dia, mas numa época diferente: corria então o ano de 1998, em vésperas da transferência de soberania. Já a segunda apresentação deu-se a 24 de Dezembro de 2000, quando o grupo acompanhou a missa do galo. Em ambas as situações o palco foi a Igreja de São Domingos. “A partir daí houve mais uma ou outra intervenção, por ocasião

VENEZUELA ENCONTRO VIRTUAL DE ESCRITORES LUSÓFONOS HOMENAGEIA PESSOA

A

RRANCOU ontem o Primeiro Encontro Virtual de Escritores Lusófonos na Venezuela, que homenageia o poeta Fernando Pessoa e une sete escritores e intelectuais contemporâneos portugueses ao público venezuelano, noticiou a Lusa. O embaixador português em Caracas, Carlos de Sousa Amaro, indicou que se trata de uma oportunidade para conhecer o património literário

em língua portuguesa existente em vários continentes “que une diferentes culturas numa mesma expressão linguística”. “Este primeiro encontro de escritores lusófonos pretende ainda difundir o trabalho de autores de diferentes países e contextos culturais que utilizam o português como língua de expressão. Desde Malaca (na actual Malá-

sia), passando por Macau, África, Brasil e Portugal, há escritores que prestam homenagem à língua portuguesa nas suas produções, convertendo-se em verdadeiros promotores do nosso idioma no mundo”, explicou o diplomata. O Encontro decorre até 12 de Dezembro, sendo transmitido nas redes sociais da Coordenação do Ensino do Português na Venezuela.

Um dos participantes é Miguel de Senna Fernandes, escritor de Macau, além de Deane Barroqueiro (EUA), Delmar Maia Gonçalves (Moçambique), Luísa Timóteo (Malásia), Jerónimo Pizarro (Colômbia), Juan Martins (Venezuela) e Julián Fuks (Brasil). “Este evento tem como objectivo difundir o valor que tem o nosso idioma na actualidade, assim como a

crescente importância que terá no futuro”, afirmou Carlos de Sousa Amaro. Já o coordenador do ensino da Língua Portuguesa na Venezuela, Rainer Sousa, explicou que o encontro ajuda a perceber que “a língua portuguesa foi reinventada, adaptando-se a climas diferentes ao de Portugal, sendo também adoptado por pessoas de culturas muito variadas”.

de outros encontros, mas fora do contexto do Natal. Há 20 anos que não cantamos por ocasião do Natal”, descreveu o representante dos Dóci Papiaçám ao HM. O coro vai acompanhar a missa de dia 19, que decorre em português, sendo que todos os cânticos vão adoptar o patuá. É nessa língua que vão ser cantados momentos solenes como o salmo, e também as alturas do ofertório, comunhão e acção de graças. “Há momentos de pausa, e são momentos para o coro poder intervir. Acho que vai ser bonito”, descreveu Miguel de Senna Fernandes. Depois da missa

“Trata-se de uma mensagem de esperança e de apelo à resiliência, na recepção de novos tempos de muito desafio.” MIGUEL DE SENNA FERNANDES REPRESENTANTE DOS DÓCI PAPIAÇÁM


eventos 9

quarta-feira 9.12.2020

atal seguem-se músicas globalizadas também em patuá, com temas como “White Christmas” ou “Santa Claus is Coming to Town”.

MOMENTO DE CONVÍVIO

Com o passar do tempo, as condições para o coro se manter deixaram de existir. No entanto, durante muito tempo houve quem alimentasse a ideia de trazer o projecto de volta. Este ano, marcado por adversidades de saúde pública, surgiu a oportunidade de o fazer, embora sem a orquestra que chegou a existir no passado. Em vez disso, faz-se uso da tecnologia para produção de som. “É um momento de descontração, um momento de convívio do grupo”, lançou Miguel de Senna Fernandes. Com pouco tempo de preparação, o responsável explica que poder contar com pessoas com quem já trabalhou ajudou no processo. “Sabemos das qualidades de cada um e os aspectos que teríamos de corrigir. Uma confiança mútua entre as pessoas torna a coisa mais fácil”, indicou. A iniciativa regressa para o Natal, mas fica a ideia de revitalizar o coro também para outras ocasiões. Num ano “atípico” e “absolutamente excepcional”, Miguel de Senna Fernandes reconhece que “tivemos sorte em Macau, mas noutras partes do mundo tal sorte não existe”. Pelo que se pretende passar “uma mensagem de esperança, de que melhores momentos virão com certeza”. Salomé Fernandes

info@hojemacau.com.mo

PUB

Religião A fé em série de curtas-metragens

A Associação Católica Cultural de Macau lançou uma série de curtas-metragens intitulada “Living in faith” (viver em fé). Entre 2020 e 2021 vão ser lançados 29 episódios, que mostram as vidas cristãs de fiéis de Macau e a cultura Católica local, comunicou a associação. Todos os vídeos têm legendas em chinês e inglês. O primeiro episódio, que estreou na sexta-feira, focou-se em Maria Fong, alfaiate dos três Bispos de Macau. De acordo com a nota, um dos seus trabalhos antes de se reformar, para a Procissão do Senhor Morto, foi listado pelo Instituto Cultural como património cultural intangível. O episódio está disponível online. Cada uma das curtas é focada em pessoas de diferentes contextos inseridas na cultura Católica. O logotipo da série foi criado pelo calígrafo local Choi Chun Heng.

IIM Livro sobre Macau apresentado segunda-feira

Diferentes estórias e acontecimentos ocorridos em Macau e Hong Kong são contadas no livro “Nos Sa Téra, Nos Sa Génti (Our Land, Our People) – Stories of the Macanese people and their homeland”, de Stuart Braga. O lançamento da obra decorre na próxima segunda-feira, pelas 18h15, no auditório do Instituto Internacional de Macau (IIM). A nova publicação descreve “episódios relacionados com Macau e estórias das suas gentes, acontecimentos, instituições e edifícios, como também sucessos alcançados e os momentos mais infelizes”, indica uma nota do IIM. O livro, escrito em inglês, conta com mais de 40 capítulos. No momento do lançamento, devido à pandemia, será projectada a gravação de uma entrevista feita ao autor e ainda uma apresentação ao vivo do historiador João Guedes. Stuart Braga, académico na Austrália, nasceu em Hong Kong e publicou anteriormente obras sobre o legado e a identidade da comunidade macaense, como “Making Impressions – A Portuguese Family in Macau and Hong Kong 1700-1945” e “Five Hundred Years of Macau”.


10 publicidade

9.12.2020 quarta-feira

Notificação n.º 003/DGP/DSA/2020 (Aviso da acusação)

ANÚNCIO Concurso Público n.o 023/DZVJ/2020 “Prestação de serviços de corte de relva e manutenção em determinadas estradas, encostas e áreas ajardinadas de Macau” Faz-se público que, por deliberação do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais, dada no dia 27 de Novembro de 2020, se acha aberto o concurso público para a “Prestação de serviços de corte de relva e manutenção em determinadas estradas, encostas e áreas ajardinadas de Macau”. O Programa de Concurso e o Caderno de Encargos podem ser obtidos, durante o horário de expediente, no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM, sito na Avenida de Almeida Ribeiro, n.º 163, r/c, Macau, como também ser descarregados gratuitamente da página electrónica do IAM (http:// www.iam.gov.mo). Os concorrentes que pretendam fazer o descarregamento dos documentos acima referidos assumem também a responsabilidade pela consulta de eventuais actualizações e alterações das informações na nossa página electrónica durante o período de entrega das propostas. O prazo para a entrega das propostas termina às 17:00 horas do dia 6 de Janeiro de 2021. Os concorrentes devem entregar as propostas e os documentos no Núcleo de Expediente e Arquivo do IAM e prestar uma caução provisória no valor de MOP 88.200,00 (oitenta e oito mil e duzentas patacas). A caução provisória pode ser prestada em numerário ou garantia bancária. Caso seja em numerário, a prestação da caução deve ser efectuada na Tesouraria da Divisão de Assuntos Financeiros (DAF) do IAM ou no Banco Nacional Ultramarino de Macau, juntamente com a guia de depósito (em triplicado), havendo ainda que entregar a referida guia na Tesouraria da DAF do Instituto, após a prestação da caução, para efeitos de levantamento do respectivo recibo oficial. As despesas resultantes da prestação de cauções constituem encargos do concorrente. O acto público do concurso realizar-se-á no Centro de Formação do IAM, sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar, pelas 10:00 horas do dia 7 de Janeiro de 2021.

Considerando que não se revela possível notificar os interessados, por ofício ou outras formas, para o efeito de acusação a respeito dos respectivos processos administrativos, nos termos do artigo 10.º e do n.º 1 do artigo 93.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, notifico, pela presente, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do “Código do Procedimento Administrativo”, os interessados, abaixo discriminados, do conteúdo das respectivas acusações, a fim de o Instituto tomar uma decisão final, em relação aos processos de acusação actualmente em curso: Verificou-se que os interessados, abaixo discriminados, nos n.os 1 a 3, produzem e comercializam produtos alimentares que contêm substâncias não inspeccionadas em casos legalmente sujeitos a esse procedimento, o que consubstancia uma infracção administrativa, prevista na al. 1) do n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 5/2013 (conjugada com a al. 6) do n.º 1 do artigo 13.º) e, de acordo com o n.º 1 do artigo 19.º deste lei, podendo ser aplicada aos infractores uma multa de cinquenta mil patacas (MOP 50.000,00) a seiscentas mil patacas (MOP 600.000,00). Verificou-se que o interessado, abaixo discriminado, no n.o 4, entidade produz e comercializa géneros alimentícios utilizando produtos com estes relacionados que não satisfazem os requisitos de higiene, o que consubstancia uma infracção administrativa, prevista no n.º 2 do artigo 19.º da Lei n.º 5/2013 e, de acordo com o n.º 2 do artigo 19.º deste lei, podendo ser aplicada aos infractores uma multa de vinte mil patacas (MOP 20.000,00) a duzentas e cinquenta mil patacas (MOP 250.000,00). Os respectivos factos ilícitos e os resultados das averiguações constam dos autos de notícia e relatórios elaborados por instrutores; a Vice-Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais deste Instituto, O Lam, exarou, relativamente aos interessados abaixo discriminados, despacho sobre as respectivas acusações

Nome do interessado

Tipo e N.º do documento de identificação

1.

高文科 GAO WENKE

N.o do Salvo-conduto da República Popular da China para deslocação a Hong Kong e Macau: C8851****

2.

匠人胡餐飲管 理一人有限 公司

N.º do Registo Comercial: 69607(SO)

N.o

O IAM organizará uma sessão de esclarecimento pública no Centro de Formação do IAM (sito na Avenida da Praia Grande, Edifício China Plaza, 6.º andar), pelas 10:00 horas do dia 17 de Dezembro de 2020. Aos 2 de Dezembro de 2020. A Vice-Presidente do Conselho de Administração para os Assuntos Municipais O Lam www. iam.gov.mo

3.

4.

5.

Produto alimentar N.º e Data do auto em de notícia causa

Data em que foram exarados os despachos de acusação e respectivas bases

Vegetais 38,7 kg

I010/DGP/ DSA/2019 2019-01-15

2020-06-11

Sangue de pato 42,3kg

I014/DGP/ DSA/2020 2020-07-15

2020-08-24

I010/DGP/ DSA/2020 2020-01-10

2020-07-13

I012/DGP/ DSA/2020 2020-07-02

2020-08-24

A110/DGP/ DSA/2020 2020-07-08

2020-08-25

N.o do Salvo-conduto da República Popular Vegetais 李明 da China para e carne: LI MING deslocação a Hong 41,75 kg Kong e Macau: CB993**** N.º do Bilhete de Identidade 鍾宏志 de Residente Sangue de CHUNG WANG Permanente da Região pato 29,6 CHI Administrativa kg Especial de Macau: 5181***(*) 匠人胡餐飲管 N.º do Registo 理一人有限 ---Comercial: 69607(SO) 公司

Nos termos do n.º 2 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro, os infractores não residentes de Macau indicados nos n.os 1 e 3, deverão, dentro do prazo de 15 (quinze) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, liquidar, na Divisão de Assuntos Financeiros do IAM, situada na Avenida Almeida Ribeiro n.º 163, r/c, nos termos do n.º 1 do artigo 19.º da Lei n.º 5/2013, como caução, o valor mínimo da multa aplicável de cinquenta mil patacas (MOP 50.000,00), sem prejuízo da aplicação do disposto no n.º 3 ou no n.º 4 do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 52/99/M, de 4 de Outubro. Com vista à aplicação do disposto no n.º 2 do artigo 11.º do Decreto-Lei n.o 52/99/M, de 4 de Outubro, os aludidos infractores, nos termos dos artigos 93.º a 95.º do “Código do Procedimento Administrativo”, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro, poderão apresentar, no prazo de 10 (dez) dias, contados a partir do dia seguinte ao da publicação da presente notificação, defesa escrita a respeito das referidas acusações, ao Instituto para os Assuntos Municipais, ou dirigir-se, pessoalmente, ao Departamento de Segurança Alimentar do IAM, sito na Rua Nova da Areia Preta, n.º 52, Macau, Edifício dos Serviços da RAEM, para efeitos de defesa oral, e têm o direito de apresentar todas as provas admitidas pela legislação vigente. Caso os interessados ou quaisquer pessoas particulares provem ter interesse legítimo em conhecer os elementos e pretendam consultar informações mais pormenorizadas ou os processos, poderão, durante o horário normal de expediente, dirigir-se à Divisão de Gestão e Planeamento do Departamento de Segurança Alimentar, sita na Rua Nova da Areia Preta, n.º 52, Macau, 3.º andar do Centro de Serviços da RAEM. Aos 24 de Novembro de 2020. O Chefe do Departamento de Segurança Alimentar Cheong Kuai Tat www. iam.gov.mo


china 11

quarta-feira 9.12.2020

A

S acções da maior plataforma de saúde 'online' da China dispararam 50 por cento na sua estreia em bolsa, reflectindo o entusiasmo dos investidores pela indústria, numa altura em que a China emerge da pandemia do novo coronavírus. A JD Health, uma subsidiária da JD.Com Inc., empresa líder no comércio electrónico na China, vende medicamentos, programas de cuidados hospitalares e consultas médicas via 'online'. As gigantes chinesas da indústria da Internet oferecem cada vez mais serviços de saúde num país onde os hospitais estão sobrecarregados e a distribuição de remédios e suprimentos médicos fora das grandes cidades é desigual. As consultas pela Internet com médicos que falam chinês são também populares entre as famílias da China a viver fora do país. Outros concorrentes incluem o Alibaba Health, do gigante de comércio eletrónico Alibaba Group; o Baidu Health, administrado pelo motor de pesquisa líder na China Baidu. com Inc; e a WeDoctor, administrada pela Tencent

Internet Tripadvisor e cerca de 100 ‘apps’ apagadas por conteúdo “obsceno”

As autoridades chinesas retiraram das lojas virtuais do país 105 aplicativos móveis, incluindo o do portal de turismo Tripadvisor, por conteúdo relacionado com "pornografia, prostituição, violência ou jogos de azar". A Administração do Ciberespaço da China informou, em comunicado, que a medida se deve ao "caos" existente na rede e às "fortes reclamações" feitas por cidadãos do país sobre conteúdos "obscenos, pornográficos, violentos e sangrentos" nas 'apps' eliminadas. O organismo acusou ainda estas 'apps' de fornecerem "serviços ilegais, como prostituição e jogos de azar". As autoridades suspenderam ainda os serviços de oito lojas de aplicativos móveis chineses devido a "não conformidade" com as suas últimas recomendações e por permitirem descarregar aplicativos agora ilegais.

BOLSA PLATAFORMA ‘ONLINE’ JD HEALTH SOBE 50% NA ESTREIA

Mas que rica saúde

20 por cento da empresa na bolsa de Hong Kong. Trata-se da segunda maior oferta de acções em Hong Kong este ano, a seguir à empresa mãe, a JD.Com. O Partido Comunista está a incentivar o uso de serviços de saúde 'online' para reduzir a carga sobre os hospitais.

Os investidores têm "grandes esperanças de que este tipo de empresa se desenvolva na China"

Holding, operadora do popular serviço de mensagens instantâneas WeChat. A pandemia do novo coronavírus aumentou a procura por estas plataformas na China.

EM EXPANSÃO

Os investidores têm "grandes esperanças de que este tipo de empresa se desenvol-

Hong Kong Polícia detém oito ex-deputados

A polícia de Hong Kong deteve ontem oito ex-deputados e activistas pró-democracia pela organização e participação numa manifestação não autorizada contra a controversa lei da segurança nacional, em 1 de Julho. Os antigos deputados pró-democracia Wu Chi-wai, Eddie Chu e Leung Kwok Hung foram detidos em casa por acusações relacionadas com a organização e participação no protesto, de acordo com mensagens publicadas nas suas páginas na rede social Facebook. A polícia de Hong Kong informou, em comunicado, que deteve oito homens com idades compreendidas entre os 24 e os 64 anos por incitarem, organizarem e participarem numa assembleia não autorizada. As detenções, que incluem ainda o activista Tsang Kin-shing, de 64 anos, e os conselheiros distritais Andy Choi e Lancelot Chan, estão relacionadas com a participação numa manifestação em 1 de julho, proibida pelas autoridades.

va na China", disse Jackson Wong, director de gestão de ativos da Amber Hill Capital Ltd. em Hong Kong. "Este novo padrão de compromissos digitais provavelmente continuará e aumentará a frequência das consultas", disse o analista da indústria Kevin Chang, da Bain & Co, num relatório. Os gastos dos consu-

Chengdu Testes em massa após dois casos de contágio local

As autoridades chinesas ordenaram ontem a execução de testes em massa na cidade de Chengdu na sequência da detecção de dois novos casos de covid-19 na localidade. A Comissão de Saúde da China anunciou ontem ter identificado 12 casos de covid-19 entre segunda e terça-feira, incluindo dois por contágio local e os restantes oriundos do exterior. Os dois casos por contágio local foram diagnosticados em Chengdu, a capital da província de Sichuan. As autoridades ordenaram a execução de testes em massa e bloquearam alguns locais na cidade.

midores e as actividades comerciais recuperaram para níveis acima do período anterior à pandemia, depois de a China, onde a pandemia começou em Dezembro, ter controlado PUB

a doença. As restrições para viajantes oriundos do exterior, no entanto, ainda estão em vigor. A JD Health arrecadou cerca de 3,8 mil milhões de dólares com a venda de

A JD Health disse que planeia expandir a sua farmácia 'online' e desenvolver "soluções inteligentes de saúde", apoiadas por inteligência artificial. A empresa diz que tinha 72,5 milhões de utilizadores activos em Junho, um aumento de 30 por cento, em relação ao ano anterior.


12

h Divina Comédia Nuno Miguel Guedes

Me abrace, que no abraço mais do que em palavras, as pessoas se gostam. Clarice Lispector

S

E é para escrever sobre os dias então que seja dito: a coisa tem sido difícil, desgraçada, às escuras. E de tantas maneiras e todas más: a incerteza, a insegurança, a distância, a ausência de tudo: de quem amamos, de nós, das rotinas, do dinheiro. Falo por mim, que tudo isto me bateu à porta e ainda se senta à sala. Não há como fugir e apenas se pode estar grato que o essencial ainda nos habite. Aquele velho adágio e final de discussão que tantas vezes trocei ganhou uma verdade ainda maior que já tinha, para minha vergonha: “Saudinha é que é preciso!”, diziam-me os mais velhos quando eu era imortal. E eu concordava hipocritamente sabendo que era precisamente a saudinha que desejava desperdiçar. Agora já não rio e digo exactamente o mesmo a quem me rodeia. Sem ironia nem displicência, infelizmente. Mas uma vez compreendido o essencial desta sabedoria fico com ainda muito por resolver. O mundo muda e eu não, ou pouco. Pela primeira vez percebo que a vida vai em excesso de velocidade para quem como eu gosta de registar as paisagens. Mas o que fazer, amigos? Num ano em que os obituários se sucedem, resta viver e tentar não ficar preso aos inventários das perdas. Infelizmente não consigo, por feitio ou convicção. E reparo mais no que me

9.12.2020 quarta-feira

procuro as aves recolhidas

O abraço

falta do que no que poderei ter. Coisas pequenas, por vezes, mas que crescem como flores selvagens e inacessíveis. Pequenos gestos que se engrandecem pela sua ausência – pelo menos a ponto de servirem de pretexto para estas palavras. Finalmente aqui chegados, peço: considerem o abraço. Gesto simples, outrora rotineiro e tantas vezes esperado. O abraço foi-nos tirado, amigos. Esse amplexo

Abraçar, uma das saudações mais humanas e bonitas, transformou-se num acto de resistência. Mas por favor compreendam: não estou aqui a incitar o desprezo pelas regras de saúde pública. Apenas exaltar algo que não quero que desapareça, que quero que regresse com urgência

lindo e inocente que tanto serve um romance como uma amizade. Essa vontade definitiva de tocar quem estimamos ou amamos, esse “amor envergonhado” que sinaliza de forma visível as amizades ou reitera de forma casta quem desejamos. Por Deus, até os alemães – povo não dado a grandes extroversões afectivas – possuem o provérbio que diz, mais ou menos, que um abraço por dia mantém os demónios longe. Nestes dias, o abraço passou à clandestinidade. O novo protocolo sanitário aceita toques de falanges, metatarsos ou articulações sortidas mas proíbe o abraço. A prova desta afirmação é fácil: experimentem abraçar alguém em público, sem medo e de forma acolhedora e ireis ter ao vosso redor olhares que não deveriam lá estar. Sei do que falo porque sou um abraceiro convicto e enquanto ninguém me prender não me inibo de pôr os braços ao redor dos meus amigos, em público e sem medo. Mas que sinto o peso dos olhares de censura à beira da denúncia- ui, isso sinto. Abraçar, uma das saudações mais humanas e bonitas, transformou-se num acto de resistência. Mas por favor compreendam: não estou aqui a incitar o desprezo pelas regras de saúde pública. Apenas exaltar algo que não quero que desapareça, que quero que regresse com urgência. Por favor, não me façam escrever o obituário do abraço porque nesse dia desistirei de ser humano.


ARTES, LETRAS E IDEIAS 13

quarta-feira 9.12.2020

na tontura da noite

HORTA SECA, NO PASSEIO, LISBOA, QUARTA, 4 NOVEMBRO A sensação não nasceu por estes dias, mas acabo também eu por não praticar como devia o mergulho nas águas profundas da ficção científica. O almoço com o Filipe [Homem Fonseca] soube-me a intergaláctico, e dei por mim, sem uso de estupefacientes, a ver-nos tocar cada um para seu lado o teremim, que ele sabe bem e eu nada. Aliás, o instrumento exacto para quando nos impedem o contacto. Pode ter nascido daqui algo de outro mundo, mas a transversalidade do encontro deixou-me com mais rasgões do que a assistente serrada do mágico desajeitado. (Em breve e a propósito, a abysmo dará passo na direcção do mais-além viajando com prosa negra de FC. Sigam-nos se querem ver.) Vai daí, lembrei-me desta perturbadora ilustração de um extraordinário explorador visual destes territórios, Virgil Finlay (1914-1971). Fê-la para Hepcat of Venus, de Randall Garrett, onde um Observador Galáctico, semi-deus tudólogo, se deixa surpreender por «a jive trio in a beatnik hangout» onde os instrumentos são extensões do corpo dos intérpretes. Que andamos nós a compor e a tocar?

Diário de um editor João Paulo Cotrim www.torpor.abysmo.pt

Ai que

HORTA SECA, LISBOA, QUARTA, 2 DEZEMBRO Revejo os ares e faltaram-me bumerangues: além de livros, que a casa quer-se pôr a celebrar a sua década e nisso há jornais, catálogo ambicioso, edições ainda mais especiais, e antologia peculiar, faltou tomar nota dos lugares doidos que querem cruzar o território com a palavra, o outro bêbado de vanguardismos que querer misturar realidade e ficção, ou os trabalhos em mãos com o João Francisco [Vilhena] para misturar rostos e memórias, e portanto território e ficção e palavra com realidade. Só para não me esquecer onde vou. HORTA SECA, LISBOA, SEXTA, 4 DEZEMBRO «Voilá: estava eu na minha biblioteca e o meu filho aproxima-se: ó mãe, diz ele, seria possível procurar-me nesta barafunda um livro que me emprestaram e eu quero devolver? Digo que sim, talvez, quem sabe. E como se chama o livro? Gritos da Minha Dança, responde-me.» Assim em sonho surgiu a Fernanda Botelho o nome deste seu derradeiro volume, que não o das Obras Completas, que a ordem escolhida foge à cronologia e procura propor maneiras de entrar em obra interpeladora. Outro objecto, mais ou menos inclassificável, colecção de fragmentos apanhados ora do chão quotidiano ora do céu da fulgurância. Tropeçamos a cada passo em subtilezas, de observação, de pensamento. E leituras de si. O conjunto apropriadíssimo para o entorno. «Que ninguém, no entanto, se engane ou caia em confusões: não será determinantemente uma biografia, muito menos uma autobiografia, se bem que de ambas tenha a sua parte.

De diário, mensário ou anuário também um tanto terá, desordenado, ao sabor de caprichos ociosos, de apetites pontuais, de exigências compensatórias de silenciosas carências, de descargas emotivas, de recalques finalmente soltos e galopantes…» SANTA BÁRBARA, LISBOA, SEXTA, 4 DEZEMBRO No dia em farias 90 anos, neva na tua Gardunha. Nunca te tratei por tu, pai, mas justifica-se agora para te dizer que a tenho visitado, nas palavras de portadores de ideias e comboios e granito e nuvens. Qual delas se trabalha melhor a maceta e escopro?

SANTA QUITÉRIA, LISBOA, SEGUNDA, 7 DEZEMBRO Afazer de susto põe-me a bater à porta da novíssima Snob em tarde chuvosa. Não há melhor lugar de recolhimento das intempéries, ainda que modestas ou íntimas, que uma livraria. Melhor ainda se fechada, a não ser para responder a sedes de passagem. A volta a dar será a da costume, estantes a esconder paredes, mesas a ocupar o centro com os rostos vociferantes ou sussurradoras. O novo convive aqui com o velho para dizer o óbvio, os tempos afinam-se para além dos calendários. Se fora o Inverno se anuncia, sem grande glamour, a arrumação dentro não esconde a imensa tempestade que aqui

se conserva prestes a explodir em quem queira. Pode aceder-se à incontável floresta de lombadas de muitas maneiras, mas o bom livreiro conhece-as todas, temas e geografias, claro, mas também capistas e tradutores, desconfio que até tipos mal encarados e os tipográficos. Além da coordenada que interessa apenas a uns quantos, as editoras. (Tive a prova há tempos na Feira do Livro da capital quando um leitor atento trazia lista de bons livros, mas estava perdido por não saber onde encontrar as mães de cada um dos seus orfãos. Fiz de frustre livreiro, na ocasião.) Alegrei-me, portanto, com a nova casa do vagabundo Duarte [Pereira], que não deixou nunca de espalhar sabedoras orientações para quem navega em alto mar. Um farol, fica dito, dos que não se apagam nem quando o ecrã se quebra ou os satélites se escondem do lado errado. SANTA BÁRBARA, LISBOA, TERÇA, 8 DEZEMBRO Fora isto diário despido, sobretudo dos enquadramentos, do sobretudo das consequências, teria que colocar aqui os veios do mármore em que tenho embatido. Faz um tempo de avaliações miudinhas, de molha tolos, portanto, e não escapo sem que a realidade me encharque. Um amigo, desconfio que sem querer ou por achar que eu devia ter disso consciência, deixa claro em amistosa conversa que a abysmo não está na lista das editoras capaz de enfrentar e servir a sua obra. Afinal, pouco mais será que capricho de meia idade de um doidivanas. Uma viagem em passo de corrida à tradução da última década deu-me a entender a que acontece uma atenção fervilhante e diligente às mais obscuras e perigosas paisagens do mundo literário. E nós, ensimesmados? No site, essa coisa prática e óbvia que conseguimos tornar projecto peregrino, o blogue vai chamar-se Mymosa. Quando a pandemia fechou a Mimosa do Camões, todos percebemos que o mundo e nós com ele havíamos mudado mais do que pensávamos. Durante uns anos valentes, aquelas salas foram prolongamento bastante mais do que físico do que a editora foi sendo. Ao fazer texto que olha para aquele mundo agora em ruínas, interrogo-me se não terá sido fogo fátuo, se dali terá nascido outra coisa que não espuma, se foi haiku. Diz o Luís [Carmelo], o primeiro a pôr o lugar no mapa da língua, no seu poema «Mymosidades», que acabou por dá origem à sua Nova Mymosa, depois de lido em voz alta em noite orgíaca: «[...]É verdade que o presente é um olimpo a desfazer a espuma nos lábios,/ talvez um estuário ou a cona de onde surgiu a cabeça e a maré a gritar a forma do/ ângulo raso. [...]// Por vezes, há factores arbitrários/ como naquela noite em que nos sentámos a falar da tabuada/ e a bússola que cegava certezas se transformou/ no craque do lápis a quebrar-se em duas partes.// Foi o mais belo Haiku da minha vida.»


14 (f)utilidades TEMPO

MUITO

9.12.2020 quarta-feira

NUBLADO

MIN

15

MAX

PRIMEIRA VACINA

22

HUM

50-85% ´

As autoridades de saúde do Reino Unido disponibilizaram ontem as primeiras doses de vacina contra a covid-19, dando início a um programa de imunização global que deverá ser impulsionado à medida que mais

EURO

9.68

BAHT

soros forem sendo aprovados. A primeira dose foi administrada num dos hospitais de uma rede espalhada por todo o país, onde a fase inicial do programa já foi apelidada de Dia-V, anunciaram as autoridades

0.26

YUAN

1.22

sanitárias. A primeira pessoa do Reino Unido a receber a vacina contra a covid-19, desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer e a sua associada alemã BioNTech, foi uma mulher de 90 anos.

14

4 7 3 9 5 7 6

5 8 9

9 8 2 6

2 1 5 9 1 4

13

3 16 6 5 3 2 9 2 1 4 4 7 8

8 1 4 5 6 7 3 3 5 9 2 7 9

7 9 2 9 5 8 4 8 6 1 3 3 2

8 6 9 7 5

6 8 9 2 7 3 5 1 2 4

5 3 7 1 2 6 4 9 2 8 8 6 3

2 4 1 9 3 8 4 6 5 3 8 5 7

1 2 7 3 8 6 9 7 4 5 6

4 5 1 8 8 3 1 7 2 6 9

14

9 7 6 4 5 7 2 8 5 3 1

6 3 7 8 1 4 9 2 5

S3 6U4 9D5 O K U 2 7 1 8 15

18

9 5 7 7 8 1 1 2 4 3 8

8 1 9 3 2 8 6 4 5 7 1 5

1 8 7 1 2 5 3 4 8 6 9

6 8 4 4 7 9 3 5 2 6 1 1

3 4 8 9 1 6 9 7 7 5 3

4 2 6 3 2 5 1 9 4 8

5 9 6 8 4 8 7 3 2

2 3 1 9 3 7 7 5 6 4

PROBLEMA 18

7 2 5 6 7 4 2 8 1 9 3

8 9 1 7 5 2 4 6 3

2 5 4 6 3 9 8 1 7

Cineteatro 16

4 6 5 2 8 1 7 3 9

SALA 1

6 2 4 8 3 5 9 2 7 1 8 6 THE MOVIE DEMON SLAYER: KIMETSU2 NO YAIBA 3 MUGEN 5 1 TRAIN [C] 9 8 1 3 4 6 7 9 i WeirDO [B] 1 4 6 5 8 7 3 4 5 9 2 7 FIND YOUR VOICE [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 14.30

SALA 2

FALADO EM PUTONGHUA LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Liao Ming-yi Com: Austin Lin, Nikki Hsich 14.30, 19.30, 21.30

18

8 4 5 7 6 1 2 9 3

1 9 3 8 4 6 5 7 2

5 8 4 2 9 7 6 3 1

7 6 2 5 1 3 9 4 8

3 7 6 1 8 9 4 2 5

2 1 8 4 7 5 3 6 9

4 5 9 6 3 2 1 8 7

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 17

6 3 1 9 2 8 7 5 4

7 1 2 5 9 3 6 4 8

9 8 3 4 6 7 2 5 1

5 2 9 3 4 8 1 7 6

3 7 8 1 2 6 5 9 4

1 4 6 9 7 5 3 8 2

C I N E M A

FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Sotozaki Haruo 16.45, 19.15, 21.30

17

9 2 7 3 5 4 8 1 6

19

1 4 3 8 8 9 6 1 5 7 2 6 7 5 9 4 2 1 8 3 6 3 4 2 9 2 7 5 3 www. 8 1 9 hojemacau. 4com.mo 6 5 7

FIND YOUR VOICE [B]

5 9 7 1 3 1 7 4 8 6 4 3 9 5 2 OF A BUS DRIVER [B] 6THE CALLING 4 8 9 7 7 5 2 6 4 2 8 1 3 5 8FIND YOUR 2 VOICE 3 [B]7 9 9 6 5 2 1 3 1 6 4 8

8 9 5 3 1 2 6 7 4

20

1 4 3 8 6 7 5 2 9

7 6 2 9 5 4 3 8 1

2 7 9 4 3 6 1 5 8

6 1 8 7 9 5 4 3 2

5 3 4 2 8 1 9 6 7

3 5 7 1 4 8 2 9 6

9 2 1 6 7 3 8 4 5

21 SÉRIE HOJE UMA

4 8 5 7 2 3 1 6 9

7 2 1 4 6 9 3 8 5

9 3 6 5 1 8 4 7 2

6 9 4 2 5 7 8 3 1

1 7 3 9 8 4 2 5 6

8 5 2 1 3 6 7 9 4

2 4 9 3 7 5 6 1 8

3 1 8 6 9 2 5 4 7

5 6 7 8 4 1 9 2 3

GAMBITO DE DAMA | 2020 22 SCOTT FRANK E ALLAN SCOTT

4 2 6 5 3 9 1 8 7

9 8 1 4 7 6 5 3 2

7 5 2 6 9 5 1 4 9 8 6 2 7 3 6 9 8 7 4 3 2 5 4 2 3 7 5 3 9 7 2 1 4 5 8 6 5 4 3 8 2 1 7 9 3 9 1 8 4 2 6 8 3 7 5 9 4 1 2 7 1 9 6 5 3 4 FIND YOUR VOICE 8 1 6 2 3 8 5 2 6 9 7 3 1 4 9 8 5 2 7 6 1 3 9 6 5 4 7 7 4 9 8 3 1 6 5 2 1 3 6 4 5 8 9 2 5 7 9 8 Lda Director Carlos1Morais3José 6 4João5 2C. Mendes 7 Redacção 9 8Andreia Sofia Silva; João7Santos 2Filipe;4Pedro3Arede;1Salomé 9Fernandes 6 8 Propriedade Fábrica1 de Notícias, Editores Luz; José Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; 6 4 3Gonçalo1M.Tavares;JoãoPauloCotrim; 4 José7Drummond; 1 5JoséNavarro 6 de3Andrade; 8 José2Simões9Morais;LuisCarmelo;Michel 4 Reis;5Nuno2Miguel1Guedes;3Paulo7JoséMiranda; 8 6 Gonçalo8 Lobo Pinheiro; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; André Namora; David 2 4 Romão; 7 Jorge 5Rodrigues 6 Simão;OlavoRasquinho; 6 Paul 8Chan5WaiChi; 1Paula2Bicho;9Tânia4dosSantos 3 Grafismo 7 PauloBorges,Rómulo 8Santos 6Agências 7 Lusa; 5 Xinhua 9 Fotografia 2 4Hoje1 Chan; João Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare 1 8deSanto 9 Agostinho, 2 n.º19,CentroComercial 9 Nam 2 Yue,36.ºandar 7A,Macau 4 Telefone 8 128752401 6 Fax528752405e-mailinfo@hojemacau.com.mo 3 1 9 Sítio6www.hojemacau.com.mo 8 4 5 7 Morada3 Calçada

1 6 8 4 7 5 9 3 2

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 17.00 SALA 3

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Patrick Kong Com: Ivana Wong, Phillip,Keung, Edmond Leung, Jacky Cai 14.30, 16.45, 19.15

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Adrian Kwan Com: Andy Lau, Lowell Lo, MArk Lui, Hugo Ng 21.30

9 6 1 8 5 7 3 4 2 8Gambit 9 tem 3 a4chancela 7 1 The5 Queen’s da Netflix e é uma das séries mais 4 7 3 6 1 2 5 8 mediáticas do momento. Através de 1 sete 9 episódios 5 3 o 2telespectador 6 8 7 é convidado para acompanhar o 7 3de4Beth 1 Harmon, 9 8 2uma6 percurso menina órfã 6 que 7 se vai 2 8 4tornar 5 numa 9 3 das melhores jogadoras de xadrez do 3 5 7 2 ao 6 longo 1 4 mundo. No entanto, desta9 jornada num mundo tão competitivo 6 4 9 5 8 3 1 2 a protagonista vai ter de lidar com 8 1 2 de4drogas 7 9e álcool. 6 5 a dependência

4 8 6 5 2 9 7 1 3

A série é inspirada no livro com o mesmo nome escrito por Walter 23em 1983. João Santos Filipe Tevis

2 6 9 4 5 1 8 7 3

6 4 5 7 2 3 9 1 8

1 9 2 6 8 4 7 5 3

7 3 8 9 5 1 6 2 4

5 7 3 1 4 2 8 6 9

8 1 9 3 6 7 2 4 5

2 6 4 8 9 5 3 7 1

3 5 7 2 1 8 4 9 6

24


opinião 15

quarta-feira 9.12.2020

sexanálise

JORDYN MCGEACHIN

TÂNIA DOS SANTOS

Como é que a pandemia mudou o sexo?

J

Á passaram nove meses desde que a pandemia foi declarada. Uma das muitas perguntas por responder - que os investigadores do sexo se têm mais debruçado - é de como é que o sexo, e as relações de intimidade, poderão ter mudado com tudo isto. No início especulou-se sobre o pico dos bebés corona ou, ao contrário, o pico de divórcios. A semana passada o Hoje Macau publicou uma reportagem sobre os trabalhadores sexuais e a pandemia, mostrando que as transformações no sexo são complexas. Claro que o período de confinamento mais severo desregulou as rotinas de todos, e talvez aí tivesse havido potencial para uma transformação mais abrupta (para o bem e para o mal). Mas agora regulam-se as vidas para algum tipo de normalidade pandémica, que ainda ninguém sabe qual é.

A pouca investigação que existe mostra algumas transformações no sexo. A pandemia veio trazer algum espaço para inovação, mas também veio trazer algum desinteresse. Com base no estudo divulgado pelo Kinsey Institute, que costuma ser um líder nestas matérias, aqui ficam algumas evidências de transformação. O estudo mostra que as pessoas (acompanhadas) e que reportaram satisfação com a sua vida sexual em tempos de pandemia, também reportaram a inclusão de novas actividades na sua prática sexual. Pessoas que se aventuraram em, por exemplo, experimentar sexo anal pela primeira vez ou fazer um vídeo sobre sexo. Para pessoas que não estavam acompanhadas, o uso de plataformas digitais para estar em contacto com os outros foi importante para manter o interesse sexual vivo e de saúde. O distanciamento social e o sexo não são muito compatíveis. Mesmo que não se saiba se há transmissão por fluidos sexuais, como o esperma, é difícil imaginar qualquer forma de sexo que não envolva o toque. O sexo casual precisou de se re-inventar. Também se têm reportado, apesar de anedoticamente, o crescente consumo de produtos e

brinquedos sexuais. A durex diz que houve um declínio no consumo de preservativos, mas um aumento na venda de lubrificantes. Novas e mais sofisticadas práticas masturbatórias poderão ter sido uma consequência pandémica – para as pessoas que confinaram sozinhas e não só. Por outro lado, também há quem reporte desinteresse no sexo e uma perda na sua qualidade, o que não é de admirar de todo. Vive-se atualmente uma pandemia

A híper conectividade de écrans e mensagens têm conseguido compensar a ausência de contacto social, mas o evitamento dos corpos tem sido demasiado real. Ainda estamos para descobrir como é que ausência de toque e de contacto poderão afectar o sexo e a intimidade, a longo-prazo. Só o tempo dirá

que, para além de tornar mais saliente a doença e a morte, tem vindo a trazer desafios sociais e económicos que bem ajudam a estimular o stress a níveis catastróficos. O stress, já bem sabemos, pode atrapalhar a líbido de formas complexas alimentando uma verdadeira pescadinha de rabo na boca. Ansiedade, leva a desinteresse, e o desinteresse leva à ansiedade também. Com a ressalva, contudo, que o stress não é um preditor exclusivo para o desinteresse sexual, apesar de ajudar bastante. Há quem consiga usar o sexo e a masturbação como uma forma de gestão do stress. Ainda é necessária mais informação para perceber estas dinâmicas pandémicas. Haverá, certamente, diferenças individuais que vão explicar alguns destes resultados. A híper conectividade de écrans e mensagens têm conseguido compensar a ausência de contacto social, mas o evitamento dos corpos tem sido demasiado real (quem fica a aflito a ver filmes na era pré-covid, com pessoas amontoadas em espaços pequenos e pouco arejados?). Ainda estamos para descobrir como é que ausência de toque e de contacto poderão afectar o sexo e a intimidade, a longo-prazo. Só o tempo dirá.


Quem vigiará os vigias ? Juvenal

quarta-feira 9.12.2020

PALAVRA DO DIA

Portugal Presidenciais com nove candidatos

C

FIC “Mateo’s Mother” de Espanha premiado com “melhor filme”

O

PUB

filme “Mateo’s Mother”, dos espanhóis Aitor Arregi e Jose Mari Goenaga, conquistou ontem o prémio de melhor filme, na competição ‹shorts›, no 11.º Festival Internacional de Curtas de Macau. A edição deste ano, que contou com mais de 160 curtas-metragens e nove vídeos musicais, ficou marcada pelas restrições impostas pela pandemia da covid-19 no território e que proíbem a entrada de não residentes. Apenas os participantes locais puderam estar no teatro D. Pedro V, onde o festival decorreu entre 1 de dezembro e ontem, tendo os vencedores estrangeiros enviado mensagens de agradecimento em vídeo, que foram passando à medida que os prémios iam sendo anunciados. O prémio para “Melhor realizador” distinguiu Andrea Dargenio, de Espanha, com o filme “The Water”, que conquistou também a categoria de “Melhores efeitos visuais”. “Mud Road” do italiano Francesco de Georgi venceu a categoria de “Melhor documentário”, enquanto “Sticker” do alemão Georgi M. Unkovski foi distinguido com o prémio “Melhor ficção”. O prémio de “Melhor filme local” foi atribuído à obra de ficção “The Handover” de Maxim Bessmertny, enquanto “70 Years Later” de He Qianling conquistou o prémio “Identidade Cultural de Macau”. A ficção “L.O.L. Macau”, de Mark Justine Aguillon, venceu a categoria “Escolha do Público”, indicou a organização. A “Melhor animação” foi para “Mad in Xpain”, do espanhol Jorge Miguel Ribóo Cortes, enquanto a alemã Katharina Rivilis arrecadou o prémio “Melhor filme estudante”. Na competição “Volume”, os prémios de “Melhor vídeo do festival” e o de “Melhor canção” foram para “Delay No More” (Macau), filmado por Chiang Kun Ieong, com a banda de José Chan Rodrigues e Kylamary Ka. Já “Dreamland” (Macau), realizado por Kam Cheok Kai e produzido por Cheong U Man, venceu na categoria de “Melhores efeitos visuais”.

O lado positivo José Carlos Matias elogia trabalho jornalístico na cobertura da pandemia

O

presidente da Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM), José Carlos Matias, considerou que o “jornalismo, a boa informação e a responsabilidade social dos jornalistas” destacaram-se num ano de desafios colocados pela covid-19. “Celebramos este aniversário no final de um ano em que enfrentámos, todos na sociedade, vários desafios resultantes da pandemia da covid-19. O jornalismo, a boa informação e a responsabilidade social dos jornalistas emergiram aos olhos de todos como um bem público precioso”, disse à Lusa José Carlos Matias, por ocasião do 15.º aniversário da AIPIM. Para o responsável, o sector dos média em português e

inglês e a AIPIM beneficiaram muito com o “desenvolvimento extraordinário” da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) nos últimos 15 anos. José Carlos Matias destacou os laços com os meios de comunicação social e associações locais em língua chinesa, bem como o apoio e diálogo com “o Governo, instituições e sociedade civil, numa dinâmica bastante positiva ao longo dos anos”. Este foi um aspeto destacado pelo chefe do Executivo de Macau, Ho Iat Seng, numa mensagem de felicitações enviada à AIPIM. “AAIPIM tem estado empenhada em servir a RAEM, contribuindo para a sua harmonia e estabilidade, e aproveito esta oportunidade para lhe desejar os maiores sucessos no futuro”, escreveu.

Com cerca de 100 associados, o responsável da AIPIM salientou ainda a “cooperação muito relevante no âmbito da União de Beneficências das Associações de Trabalhadores da Comunicação Social de Macau, bem como ações de formação para profissionais e palestras abertas ao público, na procura “de servir a RAEM e o jornalismo local de várias formas”. José Carlos Matias indicou ainda os “laços importantes” com associações de jornalistas dos países lusófonos. Na segunda-feira, no Clube Militar de Macau, a AIPIM festejou formalmente o 15.º aniversário, na presença de várias dezenas de convidados, associados e representantes de associações locais.

Crime Burlada em mais de 430 mil renminbi Uma mulher, com 31 anos, foi burlada em mais de 430 mil renminbi através de um esquema online. A mulher conheceu um parceiro numa aplicação online e depois de algumas conversas foi-lhe apresentado um investimento através de moedas online. A ideia foi considerada uma bom investimento e

a vítima fez várias transferências para uma conta indicado pelo suspeito. No entanto, quando tentou levantar o dinheiro já investido, foi-lhe dito que tinha de pagar várias comissões. A mulher concordou em pagar as comissões, mas na altura de receber o montante acabou bloqueada pelo parceiro de negócios.

OM o anúncio de ontem do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de que irá recandidatar-se a um segundo mandato, são já nove os pré-candidatos às eleições marcadas para 24 de Janeiro. Apesar das manifestações de vontade, as candidaturas a Presidente da República só são válidas depois de formalmente aceites pelo Tribunal Constitucional, e após a apresentação e verificação de um mínimo de 7.500 e um máximo de 15.000 assinaturas de cidadãos eleitores, que terão de ser entregues até à véspera de Natal, trinta dias antes das eleições. Há cinco anos, o Tribunal Constitucional admitiu as dez candidaturas formalizadas às eleições presidenciais de 2016, o que constituiu um número recorde. Antes, tinha havido, no máximo, seis candidaturas a eleições presidenciais, em 1980, em 2006 e 2011. Entre os actuais nove pré-candidatos, há três repetentes - Marcelo Rebelo de Sousa, Marisa Matias e Vitorino Silva - e voltam a concorrer, tal como em 2016, duas mulheres. Os restantes são, por ordem alfabética: Ana Gomes, André Ventura, Bruno Fialho, João Ferreira, Paulo Alves e Tiago Mayan.

Everest China e Nepal anunciam que Monte tem 8.848,86 metros de altura

A China e o Nepal anunciaram ontem que o Monte Everest tem 8.848,86 metros de altura, pondo fim a uma discrepância nas medições feitas pelos dois países. “A altura do Monte Everest é de 8.848,86 metros”, disse o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, num anúncio conjunto, durante uma videoconferência com o homólogo do Nepal, Pradeep Gyawali. A nova altura oficial é ligeiramente superior à medição anterior realizada pelo Nepal e cerca de quatro metros a mais do que a medição feita antes pela China. A nova altura foi acordada depois de os dois países enviarem agrimensores, os profissionais aptos a demarcar e medir terrenos, para os seus respectivos lados da montanha, nos últimos dois anos.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.