Hoje Macau 9 MAR 2016 #3528

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ PUB

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

INSTITUTO CULTURAL

Ex-dirigente julgado

MOP$10

QUARTA-FEIRA 9 DE MARÇO DE 2016 • ANO XV • Nº 3528

YAO FENG TRADUZ CLEPSYDRA

Demanda de poeta

GRANDE PLANO

PÁGINA 7

LOLITA HU CHING-FANG

ROMANCE COM MACAU EVENTOS

Ricos escritórios PÁGINA 6

OPINIÃO

“Tops” e tiques

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FERNANDO ELOY

COLOANE NOVO MACAU CONTESTA PROJECTO E CHAMA PELO CCAC

´

ALTO E PARA O LUXO!

O empreendimento de luxo a ser construído no Alto de Coloane volta a gerar contestação. A Associação Novo Macau vem pôr em causa o projecto e denuncia possíveis irregularidades administrativas para que este fosse aprovado. A ANM pede que o CCAC investigue o caso. PUB

PÁGINA 5

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FUNDAÇÃO MACAU

hojemacau


2 GRANDE PLANO

POESIA YAO FENG TRADUZ “CLEPSYDRA” PARA CHINÊS

NO TEU POEMA

Há sete anos que Yao Feng, pseudónimo de Yao Jingming, tinha a tradução para Chinês do livro “Clepsydra”, do poeta Camilo Pessanha, escondida numa gaveta. Muitos anos e muitas alterações depois, a poesia “triste” de Pessanha em caracteres chineses será apresentada no dia 12 de Março, no âmbito do Festival Rota das Letras

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AIS de quatro anos depois de ter traduzido Eugénio de Andrade (“Branco no Branco”, com edição da Livros do Meio), o poeta Yao Feng, pseudónimo de Yao Jingming (académico da Universidade de Macau), embrenhou-se na tradução de “Clepsydra”, de Camilo Pessanha. Há muito que o projecto estava na gaveta, fruto de uma parceria com o Instituto Internacional de Macau (IIM) e a Câmara Municipal de Coimbra, cidade de onde o poeta português é natural e onde se formou em Direito, antes de vir para Oriente. Contudo, só sete anos depois é que Yao Feng decidiu publicar o trabalho, por ocasião da 5ª edição do Festival Literário Rota das Letras. “Fiz uma revisão bastante grande e cuidadosa dessa tradução”, contou Yao Feng em entrevista ao HM. “Mudei muitas coisas, era o poeta tradutor daquele tempo e agora que revi a minha tradução, já

não gostei. Mesmo assim não estou completamente satisfeito com a minha tradução”, disse Yao Feng, que não deixou de estabelecer uma comparação entre os poemas leves e contemporâneos de Eugénio de Andrade com a poesia nocturna de Pessanha. “A sensação é muito estranha, porque quando traduzo Eugénio de Andrade ou outro poeta contemporâneo tenho muito mais confiança do que a traduzir Camilo Pessanha, uma vez que ele é o poeta que escreve muito com efeitos musicais. Os poemas têm muita rima, ele usa muitas simetrias, com muita mitologia. [Pessanha] também joga muito com uma pontuação muito própria dele onde, numa frase sem sujeito ou verbo, corta e põe uma vírgula ou ponto final. Confesso que algumas coisas não compreendi. Hoje em dia há muita pesquisa sobre a sua poesia e ainda existem sombras misteriosas. Mas dei o meu melhor para o traduzir”, contou. “Não há dúvida de que foi muito mais difícil traduzir Camilo


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Pessanha”, salientou Yao Feng, remetendo para diferentes épocas e estilos literários. “Não senti tantas dificuldades em traduzir Eugénio de Andrade porque se calhar é mais fácil encontrar imagens orientais nos seus poemas. Eugénio de Andrade é um poeta do qual gosto e o qual não paro de ler. É um poeta que conheço muito bem e que até conheci pessoalmente. Quando o traduzi era como se estivesse a traduzir algo de um amigo. Com Pessanha houve mais distância, apesar de estar tão perto de nós, a cinco minutos de táxi (risos)”, brincou Yao Feng, referindo-se ao Cemitério São Miguel Arcanjo, onde repousa o corpo de Camilo Pessanha.

REPETIÇÃO E PERDA

Yao Feng não tem dúvidas: no processo de tradução de “Clepsydra” para Chinês, houve muita coisa que se perdeu. “A minha língua materna [o Chinês] tem o seu sistema próprio de rima que não é compatível com a rima portuguesa e, por isso, esta tradução estava condenada desde o início à perda de qualquer coisa. Não se pode dizer que se perdeu muito, mas perdeu-se alguma coisa, sobretudo ao nível dos efeitos sonoros. Quando a tradução não consegue jogar com a musicalidade, perdem-se coisas”, disse. “A tradução de Camilo Pessanha está condenada à perda e a tradução tornou a poesia dele um bocado triste e com um conteúdo um bocado repetitivo. É a tristeza, a saudade, o amor que nunca deu frutos. Isso pode cansar um bocado, é uma poesia muito triste. Foi como ele escreveu: um ferro que sempre pesa no coração”, acrescentou. Lançar este livro sete anos depois é “importante”, por se tratar

de um poeta de Língua Portuguesa com fortes ligações ao território. “É talvez, dos poetas portugueses, aquele que é mais conhecido em Macau, que viveu aqui e marcou a literatura de Macau.” Confinado ao mercado editorial do território, a “Clepsydra” em Chinês até poderia ser lida nas escolas, concordou Yao Feng, se fosse feita uma selecção rigorosa de alguns poemas. “Podíamos fazer uma selecção de dois ou três poemas, há um sobre a chuva, por exemplo... poemas mais fáceis e acessíveis para os estudantes. Não é necessário levar alunos das escolas secundárias a ler coisas tão pesadas. Podiam por exemplo ler mais Eugénio de Andrade, mais sol, mais água, em vez da sombra, e da noite (risos).”

POESIA E PAIXÃO

Esta não é a primeira vez que a poesia de Camilo Pessanha pode ser lida em Chinês, sendo que há alguns anos foi lançada uma tradução de alguns poemas, inserida numa colecção de autores portugueses, que teve o apoio do Instituto Camões e de editoras da China continental e que teve a coordenação de Yao Jingming e Ana Paula Laborinho (presidente desse instituto). Contudo, Yao Feng não deixou de comentar o facto dessa tradução ter sido feita por alguém que “infelizmente” não é poeta.

“Há uma teoria que defende que a poesia tem que ser traduzida por um poeta, mas às vezes o poeta também estraga a tradução. Depende de quem é e como é o poeta que traduz. Para mim o poeta tem que traduzir o tipo de poesia que conhece melhor, se não tiver paixão por esse tipo de poesia, então não consegue traduzir com paixão e prazer e isso pode condicionar o processo de tradução. O poeta que é tradutor não pode traduzir qualquer tipo de poesia”, apontou Yao Feng. Ao contrário desta edição chinesa de “Clepsydra”, essa tradução conseguiu chegar às livrarias do continente. “O nosso objectivo consistia em levar livros de autores portugueses mais longe, para que pudessem ser distribuídos na China continental, porque os livros produzidos em Macau não podiam nem podem circular na China continental. Com esta colaboração e co-edição conseguimos”. Rufino Ramos, secretário-geral do Instituto Internacional de Macau (IIM), referiu ao HM que a oportunidade de publicar esta tradução surgiu de repente, existindo projectos para distribuir a versão chinesa de “Clepsydra” em instituições académicas de Hong Kong, sem esquecer Taiwan. “Alguém tinha de fazer este projecto”, disse Rufino Ramos, que confirmou que a publicação é feita com o apoio da Fundação Macau. “A oportunidade de publicar este livro chegou há pouco tempo e quase nos apanhou desprevenidos. Era importante fazer chegar este livro a todos os lugares onde se fala Chinês”, apontou o secretário-geral do IIM. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

GONÇALO LOBO PINHEIRO

hoje macau quarta-feira 9.3.2016 www.hojemacau.com.mo

“A sensação é muito estranha, porque quando traduzo Eugénio de Andrade ou outro poeta contemporâneo tenho muito mais confiança do que a traduzir Camilo Pessanha, uma vez que ele é o poeta que escreve muito com efeitos musicais” “Hoje em dia há muita pesquisa sobre a sua poesia e ainda existem sombras misteriosas. Mas dei o meu melhor para o traduzir” “Esta tradução estava condenada desde o início à perda de qualquer coisa. Não se pode dizer que se perdeu muito, mas perdeu-se alguma coisa, sobretudo ao nível dos efeitos sonoros. Quando a tradução não consegue jogar com a musicalidade, perdem-se coisas” “O poeta tem que traduzir o tipo de poesia que conhece melhor, se não tiver paixão por esse tipo de poesia, então não consegue traduzir com paixão e prazer e isso pode condicionar o processo de tradução” YAO FENG , POETA


4 POLÍTICA

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

Vais tu outra vez

Conselhos Nomes repetem-se em mais de três órgãos

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Paulo Sá

PCP PEDIDAS MAIS VERBAS PARA CONSELHO DAS COMUNIDADES

Mude-se o orçamento O Partido Comunista Português entregou um pedido para a alteração do Orçamento de Estado de 2016 em Portugal para que o Conselho das Comunidades Portuguesas tenha mais meios financeiros para actuar junto das comunidades emigrantes

O

Governo português recebeu um pedido por parte do grupo parlamentar do Partido Comunista Português (PCP) para a alteração do Orçamento de Estado de 2016, para que o Conselho das Comunidades Portuguesas (CCP) possa ter mais acesso a verbas estatais. A proposta feita pelos deputados da Assembleia da República (AR) Paulo Sá, Miguel Tiago e Carla Cruz pede que a verba da Reserva Orçamental do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) seja transferida para a Reserva da Direcção-geral dos Assuntos Consulares, verba essa no valor de 140 mil euros. Segundo o PCP, essa alteração vai permitir ao CCP realizar “os seus objectivos e actividades, designadamente a sua próxima reunião plenária”. “O PCP tem reafirmado a importância do CCP e a necessidade deste ser dotado de meios humanos e financeiros para cumprir a missão e objectivos que lhe estão confiados”, lê-se na proposta apresentada pelo partido. O HM tentou, até ao fecho da edição de ontem, ouvir a opinião dos Conselheiros em Macau José

Pereira Coutinho e Rita Santos sobre esta matéria, não tendo sido possível estabelecer contacto. De frisar que o antigo presidente do CCP, Fernando Gomes, disse em 2014, citado pela agência Lusa, que o novo modelo proposto para o funcionamento do organismo é “mais oneroso” e que leva a um afastamento em relação à diáspora.

CARAS OBRIGAÇÕES

Fernando Gomes disse concordar com a criação do modelo de con-

“O PCP tem reafirmado a importância do CCP e a necessidade deste ser dotado de meios humanos e financeiros para cumprir a missão e objectivos que lhe estão confiados” PROPOSTA DO PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS

selhos regionais e locais, que tem “a sua razão de ser porque acaba por debater problemas mais específicos”, mas que isso leva a que “as pessoas tenham de se reunir”, obrigatoriedade que levará a maiores gastos. “Há 13 anos o orçamento era três vezes mais do que o actual. Com o orçamento que temos actualmente - cerca de 100 a 110 mil euros - a nova lei não funciona porque acarreta custos acrescidos no deslocamento para reuniões regionais e locais”, explicou na altura, acrescentando que o modelo actual não é uma boa solução, mas é menos onerosa. “Até ajustamos o período para ter reuniões numa só semana, o que evita a duplicação de custos. Agora, com este modelo que o Conselho de Ministros propõe, penso que estamos a voltar para trás”, reiterou Fernando Gomes em 2014. Para Fernando Gomes, “não é só alterar a lei, mas alterá-la incutindo o espírito de tornar o Conselho das Comunidades mais dinâmico e mais pro-activo, porque caso contrário deixa de funcionar no dia seguinte”. A.S.S.

jornal chinês All About Macau noticiou ontem a nomeação de Paulo Tse para o Conselho de Renovação Urbana, referindo que Chui Sai On, Chefe do Executivo e responsável pela nomeação, não cumpriu a sua promessa feita o ano passado, quando disse que um membro não podia pertencer a mais do que três Conselhos Consultivos. Paulo Tse já é membro de quatro. O jornal chinês referiu que, por norma, os despachos publicados em Chinês no Boletim Oficial (BO) devem mostrar os nomes chineses das pessoas nomeadas, mas que no caso do despacho que ditou a nomeação de Paulo Tse havia apenas uma referência ao apelido. AAll About Macau questiona a razão por não ter sido revelado o nome chinês, lembrando que mais de metade da lista de nomeados são empresários ou ligados ao sector imobiliário, o que pode levar a sociedade a pensar que haverá um maior controlo dos projectos por parte destes membros.

O artigo aponta para o facto do dirigente de Macau ter quebrado a sua promessa política e que tal pode constituir “um grande choque para os cidadãos”. O All About Macau lembrou que esta não é a primeira vez que Chui Sai On quebra o seu compromisso e volta a nomear as mesmas pessoas para estes cargos. No caso do Conselho de Renovação Urbana já terão sido nomeados dois membros que estão em mais três órgãos consultivos, sendo eles o advogado Paulino Comandante e Andy Wu Keng Kuong, secretário da Associação de Indústria Turística. Aquando da apresentação das Linhas de Acção Governativa (LAG), Chui Sai On garantiu que um membro de um Conselho Consultivo não podia ser nomeado para mais do que três órgãos, com um limite temporal de três anos. O HM tentou pedir esclarecimentos sobre o caso, mas até ao fecho desta edição não foi possível. Tomás Chio

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CAMPANHA CONTRA A CORRUPÇÃO CHEGA A MACAU E HONG KONG

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Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado passou a estar sob a alçada da Comissão Central de Inspecção e Disciplina do Partido Comunista da China, organismo que tem levado a cabo a campanha contra a corrupção no país. A notícia é avançada pela RTHK, que cita Li Qiufang, inspectora da Comissão Central de Inspecção e Disciplina. Li Qiufang falava aos jornalistas à margem de um encontro da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, em Pequim. No passado dia 25 de Fevereiro, o jornal Epoch Times noticiou que o gabinete do Conselho de Estado responsável pelas duas regiões adminis-

trativas especiais estava “pela primeira vez” sob a fiscalização do organismo que combate a corrupção. Na altura, relembra a rádio Macau, a publicação com ligações ao movimento espiritual Falun Gong, proibido na China, escreveu que podia acontecer a demissão de titulares de altos cargos públicos em Macau e Hong Kong “a qualquer momento”. Dois dias depois, a 27 de Fevereiro, foi detido em Macau o ex-procurador Ho Chio Meng, acusado de corrupção. Em declarações sobre este caso, Chui Sai On disse que Pequim foi informado da investigação a Ho Chio Meng, mas o Chefe do Executivo garantiu que não houve interferências no processo.


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A

Associação Novo Macau pediu a intervenção do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) numa investigação ao projecto de luxo que poderá nascer no Alto de Coloane, na Estrada do Campo. O grupo diz ter documentos que poderão apresentar irregularidades e alterações feitas à medida para que o projecto fosse aprovado. A Novo Macau diz, por exemplo, que as restrições à construção em altura na zona onde poderá nascer o empreendimento foram “eliminadas” em 2012. Em 2007, afirma, o máximo permitido para a altura da construção no lote era de 11,6 metros, mas em 2012 a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) terá aprovado uma planta para o projecto que permitia a construção até cem metros, sendo que esta tinha a duração de um ano. É aqui que as suspeitas da Novo Macau surgem. “Há alguma ilegalidade administrativa neste processo? Queremos que o CCAC analise esta questão. Poderá haver alguma situação de favorecimento?”, questionam, ao mesmo tempo que pedem que o processo de

Suspenda-se o luxo

WYNN QUESTIONADO RECRUTAMENTO NA CHINA

Coloane Novo Macau denuncia alterações à medida e chama pelo CCAC aprovação para a construção seja suspenso. Além destes dados, a Novo Maca relembra ainda que, apesar de ter estado limitada a um ano, a planta ainda se mantém válida e diz que o anteprojecto da construção foi aprovado em 2013, para que, “talvez, o construtor pudesse começar a obra antes da entrada em vigor da Lei de Salvaguarda do Património Cultural e da Lei do Planeamento Urbanístico”.

PRESSÕES MÚLTIPLAS

Recorde-se que o Governo assegurou ao HM que ainda não há condições para que a licença de obra seja emitida, uma vez que o construtor – a empresa de Sio Tak Hong – ainda não apresentou um projecto. Na edição de ontem deste jornal, foi anunciado que o lote não se encontra dentro da área de protecção de Coloane e também que, como é um terreno que serve para aproveitamento de proprie-

Scott Chiang

à protecção do “pulmão de Macau” e pede também a suspensão do projecto. Também o presidente da Novo Macau, Scott Chiang, disse ser urgente que tanto a população, como associações locais se unam na defesa de Coloane antes que “seja destruída por promotores imobiliários” e pelo Governo. Scott Chiang pede ainda ao Chefe do Executivo que não permita construções em Coloane até que haja um plano de manutenção da zona.

dade perfeita, não tem de ser publicada em Boletim Oficial a sua adjudicação. A DSSOPT ainda não deu aval total para o projecto avançar, mas a Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental já assegurou que o relatório de avaliação ao impacto no ambiente – feito pela empresa - mostra que não há problemas. Ontem, no dia em que a Novo Macau entregou o pedido de investigação ao CCAC, o grupo “Love Macau” entregou uma carta ao Chefe do Executivo que apela

POLÍTICA

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deputada Kwan Tsui Hang interpelou o Governo sobre uma sessão de recrutamento que uma operadora de Jogo realizou recentemente no interior da China, sendo que já havia realizado uma sessão em Macau. Ao que o HM apurou, foi a Wynn que levou a cabo a sessão, a fim de recrutar para o seu empreendimento no Cotai, o Wynn Palace. Para a deputada, que no hemiciclo representa a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), a situação não é clara e esta questiona quais os mecanismos que o Governo possui para fiscalizar o caso. A primeira sessão de recrutamento terá ocorrido em Macau em meados de Fevereiro, tendo nela participado 700 locais para preencher 70 vagas, a qual recebeu o apoio da FAOM. Perante isto, Kwan Tsui Hang pretende saber se o Governo já tinha aprovado a quota para trabalhadores não residentes para esta operadora de Jogo antes desta ter promovido a sessão de recrutamento, exigindo mais medidas para proteger o trabalho dos residentes. “O Governo refere todos os dias que promove o emprego para os trabalhadores locais, mas como é que garante que os residentes têm prioridade em ser promovidos para cargos superiores depois da sua formação?”, apontou. T.C.

Tomás Chio (com Joana Freitas) info@hojemacau.com.mo

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COMISSÃO DE REGISTO DOS AUDITORES DOS CONTABILISTAS

Aviso Faz-se público, em conformidade com deliberação da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, de 19 de Janeiro de 2016, e nos termos do disposto no nº 1 do artigo 18º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei nº 71/99/M, de 1 de Novembro, no nº 1 do artigo 13º do Estatuto dos Contabilistas Registados, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, bem como do disposto no ponto 3) do artigo 1º do Regulamento da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 2/2005, de 17 de Janeiro, que nos dias 4, 5, 11, 12 e 18 de Junho do corrente ano, irá realizar-se a prestação de provas para inscrição inicial e revalidação de registo como auditor de contas, contabilista registado e técnico de contas. 1. Prazo, local e horário de inscrição  Prazo de inscrição: De 2 de Março a 15 de Março de 2016  Local de inscrição: Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, n.º 30, em Macau.  Horário de inscrição: De 2ª a 5ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h45 6ª feira: das 09h00 às 13h00; das 14h30 às 17h30 2. Condições de candidatura Auditores de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como Auditores de Contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Auditores de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 71/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto. Contabilista registado e técnico de contas: Podem candidatar-se todas as pessoas maiores, residentes ou portadoras de qualquer título válido de permanência na Região Administrativa Especial de Macau, que reúnam os requisitos gerais para registo como contabilistas registados ou técnicos de contas nos termos do artigo 4º do Estatuto dos Contabilistas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 72/99/M, de 1 de Novembro, e que, no caso de revalidação de registo, tenham cumprido com o disposto no artigo 10º do mesmo Estatuto. 3. Local de levantamento do boletim de inscrição O boletim de inscrição, os esclarecimentos relativos à prestação de provas, o regulamento das provas e as regras da prestação de provas relativas aos candidatos e conteúdo das provas podem ser obtidos no sítio da internet da Direcção dos Serviços de Finanças, no local relativo à CRAC (www.dsf.gov.mo) ou levantados nos seguintes locais: 1) Instalações da Comissão de Registo dos Auditores e dos Contabilistas, no 1º andar do “Centro de Recursos da Direcção dos Serviços de Finanças”, sito na Rua da Sé, n.º 30, em Macau. 2) Rés-do-chão do Edifício da Direcção dos Serviços de Finanças, sito na Avenida da Praia Grande n.ºs 575, 579 e 585; 3) Centro de Serviços da RAEM, Rua Nova de Areia Preta N.º 52; 4) Centro de Atendimento Taipa, Rua de Bragança, Nº 500, R/C, Taipa. Em caso de dúvidas, agradecemos o contacto com a CRAC, durante as horas de expediente, através do telefone número 85995343 ou 85995344, ou através do e-mail crac@dsf.gov.mo. Direcção dos Serviços de Finanças, aos 29 de Fevereiro de 2016. O Presidente da CRAC Iong Kong Leong

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Entidade que põe a obra a concurso: Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas. Modalidade de concurso: concurso público. Local de execução da obra: Estrada Flor de Lótus, Cotai. Objecto da Empreitada: Melhoramento do sistema de drenagem. Prazo máximo de execução: 480 dias úteis (quatrocentos e oitenta dias úteis) (Na contagem do prazo de execução das empreitadas de obras públicas, somente os domingos e feriados públicos não serão considerados dias úteis). 6. Prazo de validade das propostas: o prazo de validade das propostas é de noventa dias, a contar da data do encerramento do acto público do concurso, prorrogável, nos termos previstos no programa do concurso. 7. Tipo de empreitada: a empreitada é por série de preços. 8. Caução provisória: $ 1 700 000,00 (um milhão e setecentos mil patacas), a prestar mediante depósito em dinheiro, garantia bancária ou seguro-caução aprovados nos termos legais. 9. Caução definitiva: 5% do preço total da adjudicação (das importâncias que o empreiteiro tiver a receber em cada um dos pagamentos parciais são deduzidos 5% para garantia do contrato, para reforço da caução definitiva a prestar). 10. Preço base: não há. 11. Condições de admissão: serão admitidos como concorrentes as entidades inscritas na DSSOPT para execução de obras, bem como as que à data do concurso tenham requerido a sua inscrição, neste último caso a admissão é condicionada ao deferimento do pedido de inscrição. 12. Local, dia e hora limite para entrega das propostas: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Dia e hora limite: dia 6 de Abril de 2016, Quarta-feira, até às 17:00 horas. 13. Local, dia e hora do acto público: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, sala de reunião; Dia e hora: dia 7 de Abril de 2016, Quinta-feira, pelas 9:30 horas. Os concorrentes ou seus representantes deverão estar presentes ao acto público de abertura de propostas para os efeitos previstos no artigo 80.º do Decreto-Lei n.º 74/99/M e para esclarecer as eventuais dúvidas relativas aos documentos apresentados no concurso. 14. Local, hora e preço para obtenção da cópia e exame do processo: Local: sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar; Hora: horário de expediente; Preço: $ 2 000,00 (duas mil patacas). 15. Critérios de avaliação de propostas e respectivas proporções: - Preço da obra: 60%; - Prazo de execução: 3% - Plano de trabalhos: 10%; - Experiência e qualidade em obras: 15%; - Integridade e honestidade: 12%; 16. Junção de esclarecimentos: Os concorrentes poderão comparecer na sede do GDI, sita na Av. do Dr. Rodrigo Rodrigues, Edifício Nam Kwong, 10.º andar, a partir de 24 de Março de 2016, inclusive, e até à data limite para a entrega das propostas, para tomar conhecimento de eventuais esclarecimentos adicionais. Gabinete para o Desenvolvimento de Infra-estruturas, aos 9 de Março de 2016. O Coordenador do Gabinete Chau Vai Man


6 SOCIEDADE

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

Fundação Macau PROJECTO PARA ESCRITÓRIOS CUSTA 60 MILHÕES

Espaços precisam-se

A falta de espaços próprios do Governo e de associações vai fazer com que Fundação Macau aposte na construção de um centro de escritórios, que vai nascer ao lado do Centro de Ciência. Só o projecto da obra vai custar 60 milhões TIAGO ALCÂNTARA

“têm precisado de espaços” e o actual não é suficiente para todas as reuniões e eventos culturais. “A Fundação tem de arrendar espaços a proprietários privados para tratar de coisas da administração, por isso é que tem planeada esta construção, para ter um escritório próprio, a fim de responder aos pedidos do Governo e das associações”, referiram responsáveis da Fundação Macau.

RODA DOS MILHÕES

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Fundação Macau vai gastar quase 60 milhões de patacas para a elaboração do projecto de um novo complexo de escritórios. De acordo com um despacho publicado na segunda-feira em Boletim Oficial (BO), e assinado pelo Chefe do Executivo, a ideia é ter espaços próprios para ajudar departamentos governamentais e associações. Ao que o HM apurou, é a Fundação Macau quem pretende construir um Centro Multifuncional e Edifício de

Escritórios junto à Avenida Dr. SunYat-Sen, ao lado do Centro de Ciência. Isto porque, assegura a Fundação, “o espaço público do Centro de

Ciência não é suficiente, especialmente a sala de reuniões”. Tanto departamentos governamentais, como associações, refere ainda a Fundação,

“A Fundação tem de arrendar espaços a proprietários privados para tratar de coisas da administração, por isso é que tem planeada esta construção, para ter um escritório próprio” FUNDAÇÃO MACAU PUB

Segundo o despacho analisado pelo HM, este montante – de 59,9 milhões de patacas – é apenas para a “elaboração de projecto e apoio técnico”, faltando ainda o valor da construção propriamente dita. A adjudicação deste serviço – que será pago até 2019 – foi feita à P & T Architects and Engineers Limited, Sucursal de Macau. Esta empresa é uma das responsáveis pela concepção do edifício da fronteira da ponte Hong Kong – Macau – Zhuhai, pelo qual recebeu 71 milhões de patacas. Chui Sai On, Chefe do Executivo, é o presidente do Conselho de Curadores da Fundação Macau, que tem como presidente do Conselho de Administração Wu Zhiliang. O Centro de Ciência foi construído com o apoio da Fundação Macau, que injectou 370 milhões de patacas, sendo mesmo a responsável do projecto. Flora Fong

Flora.fong@hojemacau.com.mo

Joana Freitas

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Joana.freitas@hojemacau.com.mo

Análise à saúde

Associação de Médicos de Língua Portuguesa pede fiscalização aos cuidados geriátricos

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Associação de Médicos de Língua Portuguesa pediu ao Governo mais fiscalização face aos cuidados geriátricos, normalmente prestados por associações. De acordo com um comunicado do Executivo, o pedido foi feito numa reunião entre a Associação e o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, onde também se referiu a necessidade de criar melhores condições para os médicos de fora. “A Associação dos Médicos de Língua Portuguesa referiu que, face ao aumento constante da população e da sua esperança de vida, os cuidados geriátricos nos lares de idosos deveriam ser fiscalizados o que permitiria antecipar problemas detectados aquando da chegada à urgência hospitalar”, pode ler-se no comunicado disponibilizado aos média. O HM tentou perceber junto de Jorge Sales Marques, presidente da Associação, a necessidade desta fiscalização e ainda obter comentários sobre outros assuntos da reunião, mas o também médico não se mostrou disponível por este ter sido um encontro interno e de “cortesia”. Alexis Tam, contudo, diz concordar com a sugestão. “O Secretário concordou em abordar esta questão com os responsáveis da Saúde e daAcção Social e reconheceu que, também aqui, a melhoria de gestão pode trazer melhorias evidentes. Por outro lado, reiterou que a família desempenha um papel imprescindível e insubstituível no cuidado aos cidadãos seniores.”

MELHORES SALÁRIOS

Da parte da Associação de Médicos fica a promessa de “trabalhar mais para a

melhoria dos cuidados de saúde”, ainda de acordo com o comunicado, que refere também que o grupo considera que esta melhoria tem sido atingida graças à “contratação de médicos estrangeiros como os portugueses”. É ainda deixada a mensagem de que “os constrangimentos de recrutamento salariais e de alojamento, uma vez ultrapassados, poderiam ajudar a atrair profissionais de saúde de elevada qualidade”. O Governo compromete-se a arranjar “melhores condições” face a esta situação, sendo que Alexis Tam assegura que a contratação ao exterior – de médicos portugueses e não só – é para continuar. No documento entregue pelo Gabinete de Tam aos jornalistas, fica ainda a saber-se que a Associação está satisfeita com as melhorias que têm vindo a ser feitas na área da Saúde, nomeadamente ao nível da comunicação interna e dos cuidados. “O empenho que tem sido feito na melhoria da comunicação interna entre os diverso departamentos e entre estes e os centros de saúde pode, em muito, resultar benefícios para os utentes. Sales Marques mencionou a importância das reformas que têm sido feitas, nomeadamente a da aposta nos cuidados primários como mecanismo essencial para evitar a sobrecarga dos serviços de urgência e a da formação médica, tendo reiterado o apoio da associação àquelas políticas do Governo.” Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

Faz-se saber que no concurso público n.º 6/P/16 para o «Fornecimento de Vacinas aos Serviços de Saúde», publicado no Boletim Oficial da Região Administrativa Especial de Macau n.º 7, II Série, de 17 de Fevereiro de 2016, foram prestados esclarecimentos, nos termos do artigo 4.º do programa do concurso público pela entidade que o realiza e que foram juntos ao respectivo processo. Os referidos esclarecimentos encontram-se disponíveis para consulta durante o horário de expediente na Divisão de Aprovisionamento e Economato dos Serviços de Saúde, sita na Rua Nova à Guia, n.º 335, Edifício da Administração dos Serviços de Saúde, 1.º andar, e também estão disponíveis no website do S.S. (www.ssm.gov.mo).

Serviços de Saúde, aos 3 de Março de 2016. O Director dos Serviços, Lei Chin Ion

JOVEM CONSEGUE TRANSPLANTE PULMONAR COM SUCESSO

Os Serviços de Saúde (SS) informam que a situação clínica do jovem de Macau que efectuou um transplante pulmonar no Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Medicina de Cantão é estável e para já não precisa de sangue. A informação surge na sequência do pedido público que os familiares do jovem fizeram, para sangue do tipo B+. A informação dos SS surge após contacto com o médico assistente do doente em Cantão, tendo sido apurado que o transplante decorreu sem problemas. Não houve hemorragias graves e após três dias em observação não há necessidade de transfusões de sangue em grande quantidade.


7 hoje macau quarta-feira 9.3.2016

FUMO MULTADAS 89 PESSOAS EM CASINOS EM DOIS MESES Os Serviços de Saúde (SS) multaram, entre 1 de Janeiro e 29 de Fevereiro deste ano, um total de 89 pessoas que foram apanhadas a fumar de forma ilegal nos casinos, sendo estes números resultado de um total de 78 inspecções. No geral, os SS fizeram mais de 1100 acusações.

SUBINSPECTOR TESTEMUNHOU E SAIU DO TERRITÓRIO

O subinspector da Polícia que foi dado como desaparecido terá mesmo saído do território, garantiu ontem Wong Sio Chak, Secretário para a Segurança. Ao que o foi possível apurar, o agente foi testemunha de um processo de investigação criminal relacionado com crime organizado e terá, depois, saído do “território”. Wong Sio Chak diz que não é possível revelar o paradeiro do agente porque o caso está em fase de inquérito, mas assegura que foi já aberto um inquérito disciplinar. “Não se pode”, contudo, suspender as suas funções sem os resultados do inquérito, pelo que não é ainda possível “tomar uma decisão”.

“O espaço aéreo mais complicado do mundo”

IC ANTIGO VICE-PRESIDENTE COMEÇOU A SER JULGADO

Mais um para o banco dos réus

sobre os outros candidatos ao seu irmão, o que permitiu que a sua empresa tenha conseguido a prestação deste serviço seis vezes.

MÁS ENERGIAS

Chan negou no Tribunal os crimes de que vai acusado, mas o Ministério Público (MP) diz que há contradição nas declarações da chefia

Aviação Construção de terceira pista em Hong Kong pode causar problemas

M

TIAGO ALCÂNTARA

O

antigo vice-presidente do Instituto Cultural (IC) Stephen Chan começou ontem a ser julgado pelo Tribunal Judicial de Base (TJB), acusado de abuso de poder e de ter revelado informações para que a empresa do irmão vencesse em concursos públicos para adjudicação de serviços. Chan negou no Tribunal os crimes de que vai acusado, mas o Ministério Público (MP) diz que há contradição nas declarações da chefia. Segundo o Jornal Ou Mun, o antigo vice-presidente é actualmente assessor técnico superior, e foi acusado destes crimes a adjudicação da concessão de prestação de serviços de manutenção de equipamentos da Biblioteca Central de Macau. Em 2008, a empresa do irmão deste antigo responsável do IC terá sido candidata a esta concessão e Chan não assumiu estar impedido de participar na selecção do concurso público, a qual, pelo contrário, até presidiu. Chan terá revelado informações

No mesmo processo está ainda envolvido outro réu, um assessor técnico superior do IC, que também foi acusado de fornecer informações de cotações de uma obra de instalação de electricidade e de iluminação básica e monitorização na Casa do Mandarim ao irmão do antigo vice-presidente. Chan nega, mas o TJB diz que esta declaração é diferente das que foram feitas no MP, onde o antigo vice-presidente assumiu ter

SOCIEDADE

revelado estas informações. O juiz leu o conteúdo das declarações feitas no MP em 2011, mas Chan explicou que “estava confuso por causa das perguntas orientadas feitas pelo MP”. Sobre a questão de impedimento, Chan respondeu que o irmão não é responsável da empresa envolvida mas apenas trabalhador e, portanto, não considerou que existissem conflitos de interesse. A sessão continua hoje. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

AIS de 90% das partidas do aeroporto de Macau e quase 43% das aterragens em Shenzhen (China) podem ser afectadas por problemas de espaço aéreo causados pela construção de uma terceira pista em Hong Kong, conclui um estudo citado na imprensa. O trabalho é citado pelo jornal South China Morning Post, que indica que o grupo ambientalista Green Sense, juntamente com o Airport Development Concern Network, recorreu a dados dos portais FlightAware e Flightradar24 para analisar 1628 partidas de aviões de Macau em Janeiro, que representam cerca de metade do total dos movimentos aéreos. Foram também analisados mais de 16 mil movimentos aéreos de um total de 24 mil que chegaram e partiram do aeroporto Bao An de Shenzhen no mesmo mês. Pelo menos 5200 chegadas e 304 partidas de e para Shenzhen ficam em risco de se cruzarem com três rotas aéreas de Hong Kong. No caso de Macau, quase todas as partidas do aeroporto analisadas podem potencialmente chocar com saídas da pista norte de Hong Kong. Contactada pela agência Lusa, a Autoridade de Aviação Civil de Macau explica que “a gestão do tráfego aéreo da região do Delta do Rio das Pérolas é uma das mais complicadas do mundo” e que, por esse motivo, as autoridades da China, Macau e Hong Kong recorrem a um “mecanismo tripartido” para operarem. “Quaisquer alterações de procedimentos de voo ou desenvolvimentos no Delta do Rio das Pérolas têm de ser discutidas e acordadas entre as três partes, sob o princípio de que qualquer desenvolvimento nos aeroportos da região não pode pre-

judicar o desenvolvimento de outros aeroportos”, indica o organismo. Assim, “os procedimentos de voo da terceira pista do Aeroporto Internacional de Hong Kong estão a ser estudados e desenvolvidos e serão discutidos no âmbito do mecanismo referido em tempo oportuno”.

DIVISÕES DE RISCO

O South China Morning Post cita o director-executivo da Green Sense, Roy Tam Hoi-pong, que acredita que os problemas de conflito de rotas, se não forem solucionados, podem fazer com que Hong Kong tenha de ceder algum espaço aéreo à China continental, violando o princípio ‘Um país, dois sistemas’ e gerando uma repetição de uma polémica em torno da ligação ferroviária de alta velocidade para Cantão. Durante a reunião do conselho de planeamento da cidade este ano, o Departamento de Aviação Civil sugeriu que o espaço aéreo fosse dividido em dois, com Hong Kong a gerir a zona inferior e a China a superior. No entanto, Tam acredita que tal iria violar o artigo 130.º da Lei Básica de Hong Kong, que estipula que o território é responsável pelas matérias de gestão empresarial e técnica da aviação civil. “Se ainda acreditamos no princípio ‘Um país, dois sistemas’, então Hong Kong tem de gerir o seu espaço aéreo”, disse, pedindo que o projecto fosse arquivado. A construção de uma terceira pista no aeroporto de Hong Kong, aprovada em 2012, tem sido criticada por organizações ecologistas que alertam para impactos no ruído, poluição e biodiversidade. LUSA/HM


8 EVENTOS

LOLITA HU CHING-FANG

Participou na primeira edição do Rota das Letras e cinco anos depois volta a ser convidada para partilhar os seus pensamentos. Lolita Hu Ching-fang, escritora de Taiwan, considera que o ambiente de Macau é apropriado para criar e até já escreveu uma obra inspirada no território. Numa conversa sobre o processo da escrita, Lolita fala ainda sobre a identidade dos chineses fora do continente

HOJE MACAU

AUTORA DE “THE THIRD PERSON”

“Espe Maca na sua Já é a segunda vez que está presente no Rota das Letras. Está a gostar de conhecer mais de Macau? Sim, estou gradualmente a conhecer a cidade. Como vivi em Hong Kong há 11 anos, para mim Macau é a casa dos meus amigos, que visito sempre. Como escritora como avalia o ambiente de Macau? Hoje vejo Macau como um lugar cheio de casinos, hotéis e entretenimento, mas lembro-me do charme que Macau tinha antigamente. Era um sítio onde não era preciso muito dinheiro para se viver e bastante profícuo para o desenvolvimento criativo. Acho que é preciso encontrar um equilíbrio entre as duas realidades. Os artistas precisam sempre de parar antes de dar os próximos passos e pensar qual o significado da sociedade, qual o sentido da vida... isto depois torna-se o material para a criação. Nos bairros antigos [de Macau], existe a verdadeira natureza da cidade, que é, de facto, inspiradora para se escrever. Costuma passear nos bairros antigos? Sim, porque os casinos e hotéis são para um certo grupo de turistas, mas não são para as pessoas comuns, como eu. Gosto de passear nas ruas e travessas pequenas, sobretudo em Coloane, onde posso conhecer como era Macau originalmente. Aí encontrei intimidade, familiaridade e humanização. Macau inspira-a para criar? De facto, quando participei na primeira edição do Rota das Letras, escrevi um conto sobre Macau, que está no meu livro “Floating”, publicado em 2014. Chama-se “Spring Dream” e fala sobre uma mulher que tem um marido rico, e costuma passear em Macau antes de voltar para a China continental, mas um dia tem um encontro especial com um jovem português. A mulher já viveu muitas mudanças na China e agora é rica, mas o amor que tinha durante a juventude desapareceu, mesmo que agora ela tenha tudo. O conto pretende demonstrar que a China está sempre a querer comprar, investir, ganhar e a mulher é o símbolo da China, porque quer comprar o amor do jovem português, mas o amor não é verdadeiro. O conto fala também da bandeira


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ero que au pense a cultura” nacional da China em Macau, qual é a relação entre os dois lados e como o país recupera da perda de tempos antigos.A identidade dos portugueses em Macau também é um episódio. Antigamente, o Ocidente comprava o Oriente, agora é ao contrário. Tentei usar uma história simples para expressar significados complicados.

“Penso que os sítios por onde uma pessoa passa tornam-se parte dela” Um dos seus livros - “A minha geração” -, publicado em 2010, fala sobre como os chineses que viajam para Hong Kong, Taiwan e interior da China mantêm ou reconfiguram as suas identidades. Esta questão voltou a ser polémica recentemente, depois de acontecer o caso da cantora taiwanesa Tzuyu, que levantou a bandeira de Taiwan num programa de televisão coreano, mas foi criticada por outro cantor taiwanês por ser apoiante da independência da ilha Formosa. Vários anos depois da publicação da sua obra, como agora olha para esta questão? Esta questão tem existido porque o intercâmbio dos dois lados do estreito se alargou. Quando escrevi o livro, achei interessante porque todos falavam a língua chinesa mas sentiam-se estranhos uns aos outros. Penso que os sítios por onde uma pessoa passa tornam-se parte dela. Por exemplo, eu vivi em tantos sítios diferentes, que considero que sou

de Hong Kong, de Taiwan, de Tóquio. Sou de Paris e sou de Xangai. Espero que todos estes locais façam parte de mim, porque conheço e respeito todas as partes, ainda que considere que não preciso de uma divisão tão clara. Para Macau, Taiwan é sempre uma referência, em aspectos como o trânsito, infra-estruturas e protecção ambiental. Como vê as diferenças entre cidades como Hong Kong, Macau e Taiwan? Considero que Taiwan tem uma coisa que Hong Kong e Macau não têm: sufrágio. É muito importante porque as opiniões da população são expressas. O povo preocupa-se com a sua terra, o seu ambiente, então pensa em melhorá-los e espera, através de eleições, escolher pessoas que ajudam a elaborar políticas [nesse sentido]. Se o Governo não representa a população, mas apenas comunica com os grupos mais ricos, então não pensa em melhorar políticas, pensa apenas em números. Em Taiwan as opiniões da população são mais fáceis de ser ouvidas, é a vantagem quando comparado com Hong Kong e Macau. É um ambiente “de pessoas”, não “de números”. Consegue-se distinguir as vantagens de Hong Kong e Macau? O Estado de Direito. Em Taiwan, o interesse humano é maior mas as leis são menos dedicadas. Admiro que Hong Kong não exclua os estrangeiros porque é gerido pelas leis e também pela igualdade. Em Taiwan isso é pior. O que pretende passar para a audiência de Macau nesta edição do Rotas das Letras?

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA VIVER E MORRER NOS CÁRCERES DO SANTO OFÍCIO • Isabel Drumond Braga

A historiadora Isabel Drumond Braga apresenta-nos uma investigação original que nos transporta para o universo sombrio do Santo Ofício, dando-nos a conhecer o dia-a-dia daqueles que eram presos pela Inquisição. Homens e mulheres, gentes do litoral e do interior, pobres e abastados, arrependidos ou pertinazes, mas sempre em busca de um objetivo, muitas vezes não alcançado: a saída rápida do cárcere e o recomeço de uma nova vida.

USJ COMO DEPURAR ÁGUAS RESIDUAIS COM PÂNTANOS

PERFIL

“Nos bairros antigos [de Macau], existe a natureza da cidade, que é, de facto, inspiradora para se escrever aqui” Espero que Macau pense na sua cidade, na sua cultura. Agora o sector do turismo é um dos aspectos fundamentais, a cidade recebe sempre estranhos, que entram e saem todos os dias. Qual é o significado disso? Quando se é generoso ao receber os estranhos, o que se pode preservar? Se têm uma sala em casa para receber visitantes, o que é essa sala? É preciso pensar que essa sala é a divisão principal da “casa”. Espero que a minha presença faça reflectir como as pessoas locais são importantes e, ao mesmo tempo, espero ouvir as pessoas a falar e a pensar sobre qual é a sua cultura. Como foi partilhar sessões com o historiador José Pacheco Pereira e o escritor Chan Koonchung? Fiquei surpreendida ao saber que José Pacheco Pereira tem a maior biblioteca privada de Portugal. Quando conversei com ele, disse-lhe que somos da cidade e que os prédios são uma coisa muito aborrecida, não conseguimos viver numa casa grande, o espaço é muito precioso. Como escritora de outra geração, tenho experiências diferentes,

“Se o Governo não representa a população, mas apenas comunica com os grupos mais ricos, então não pensa em melhorar políticas, pensa apenas em números”

EVENTOS

HU CHING-FANG (C.F. Hu ou Lolita Hu) é ensaísta e romancista. Nascida em Taipé, viveu em Hong Kong, Xangai e Pequim, publicando livros e escrevendo artigos em Hong Kong, na China, em Taiwan e em Singapura. Os seus trabalhos exploram a temática da vida urbana nas grandes cidades, as identidades culturais num mundo globalizado, o inevitável destino de solidão do ser humano moderno. Com o livro “The Third Person” recebeu o Prémio Golden Tripod, de Taiwan, para a melhor publicação literária de 2013. A colectânea de contos “Floating” (2014) é o seu mais recente título. Reside presentemente em Nova Iorque, depois de ter vivido em Tóquio.

porque a minha geração é obrigada a ser “digital”, os livros são electrónicos, é outro modelo de leitura. Sobre Chan Koonchung, que já conheço há 20 anos, ele foi convidado por mim e temos contextos semelhantes porque nascemos em grandes cidades, preocupamo-nos com as cidades e, portanto, escrevemos muito sobre isso. A curto-prazo que planos tem para a sua carreira literária? A escrita agora é a minha vida. Estou a escrever uma novela, está a meio. Além disso, vou publicar este ano uma colecção de prosa. As colunas que escrevo para os jornais chineses também vão manter-se. No final deste ano, vou mudar de Nova Iorque para Hong Kong, novamente. Portanto, ainda posso participar na próxima edição do Rota das Letras (risos).

U

TILIZAR jardins e pântanos para tratamento de águas residuais é o tema da conferência que Cristina Calheiros vai proferir amanhã na Universidade de São José (USJ). Para a bióloga, “é crucial que os sistemas de tratamento de águas residuais cumpram a sua função de forma a que a reutilização da água possa ser utilizada na protecção dos ecossistemas”. Na conferência vai ser explicado como as zonas pantanosas artificiais são um complemento da eco-tecnologia para o tratamento das águas residuais ou mesmo como forma principal de tratamento destas. “Estes sistemas, biológicos”, lê-se no prenúncio da conferência, “têm por objectivo mimetizar os processos biogeoquímicos que ocorrem nos pântanos naturais para depuração de águas residuais”. Na oportunidade serão apresentados casos onde estes sistemas já são utilizados com sucesso. Cristina Calheiros tem uma pós-graduação em Biotecnologia, com especialização em Ciências Ambientais da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e é também uma investigadora em pós-graduação do Centro de Biotecnologia e Química Fina em colaboração com a Aarhus University da Dinamarca, precisamente na área de tratamento de águas residuais por via da instalação de zonas pantanosas aplicadas a instalações turísticas. A conferência será moderada pelo professor David Gonçalves e acontece no “Speakers Hall” da USJ pelas 19h00. A entrada é gratuita.

Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

SPÍNOLA E A REVOLUÇÃO , DO 25 DE ABRIL AO 11 DE MARÇO DE 1975 • Francisco Bairrão Ruivo

Desde finais do marcelismo que a acção do general António de Spínola apontava para a chegada ao poder, estando umbilicalmente ligada à questão africana. Com o golpe militar de 25 de Abril de 1974, tornava-se o primeiro Presidente da República após o Estado Novo. Até Setembro desse ano, procurará reforçar os poderes presidenciais, retardar a descolonização e aplicar-lhe uma via federalista, impor um projecto político assente na limitação de direitos e liberdades, na contenção da democratização e, fundamentalmente, do que se afirmava como uma revolução. Meses depois, regressaria com o precipitado golpe de 11 de Março de 1975. Talvez nunca se tenha falado tanto em «povo» como naqueles anos, sinal de que, no período revolucionário de 1974 e 1975, dificilmente se pode encontrar maior ou tão central protagonista. Será, precisamente, nesse «povo», ou parte dele, nos movimentos sociais e na revolução que Spínola encontrará a razão fundamental do fracasso do seu projecto político.


10 CHINA

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

Dalai na lama

Hong Kong LIVRARIA DESTRUIU 45 MIL OBRAS CRÍTICAS DE PEQUIM

Fogueira das maldades

F

ORAM pelo menos 45 mil as publicações banidas na China, críticas do Partido Comunista, que foram destruídas na esperança de facilitar a libertação do livreiro de Hong Kong Lee Bo, noticiou ontem South China Morning Post. A informação é avançada por Woo Chih-wai, a última pessoa a trabalhar na Causeway Bay Books. Woo, juntamente com a mulher de Lee Bo, ofereceu-se para ajudar a gerir a livraria após o desaparecimento dos seus quatro associados no ano passado. “Conheço Lee desde 1993 e decidi ajudá-lo no início de Novembro, quando Gui Minhai desapareceu na Tailândia e depois três outros funcionários da loja desaparecerem, um atrás do outro”, contou Woo, de 75 anos, ao jornal de Hong Kong. Autor de biografias de líderes chineses e residente de Hong Kong desde que chegou de Xangai, em 1979, Woo era a única pessoa a trabalhar com Lee na loja de Causeway Bay. A mulher do livreiro ajudava com os registos no armazém de Chan Wan.

Woo lembra o desaparecimento de Lee ao pormenor: “Era fim de tarde no dia 30 de Dezembro. A minha mulher [que também trabalhava para a livraria] recebeu um telefonema a pedir 15 livros. Deixou o escritório às 17:40 com os livros. Às 17:45, Lee deixou o escritório com os livros que lhe pediram para entregar”. Woo e outra pessoa tinham um encontro marcado com Lee nessa tarde, mas o livreiro não apareceu. “Esperámos por Lee até às 20:25 e acabámos por cancelar o jantar, já que Lee não aparecia”, recordou. “Olhando para trás, tudo parece ter sido bem planeado e o objectivo era garantir que Lee estava sozinho quando fosse levado”, disse ao jornal. A editora Mighty Current tinha dois armazéns, com mais de 100 mil livros à data do desaparecimento de Lee. “Havia 45 mil cópias no nono andar do armazém, que era uma unidade arrendada cujo contrato expirou no mês passado. O resto estava no escritório do décimo andar, detido pelos Lee”, explicou. Woo lembra-se de ver todas as cópias serem retiradas no nono an-

dar até 25 de Janeiro, por ordem da mulher de Lee, Sophie Choi Ka-ping. “Estavam todos embalados e prontos a seguir para onde os compradores estavam. Mas depois a Sophie ordenou que fossem destruídos ao invés de vendidos”, disse. “Alguém lhe disse que desfazer-se dos livros ia ajudar a facilitar a libertação de Lee, mas não parece ter sido assim”, comentou.

DESAPARECIMENTOS “MISTERIOSOS”

Cinco livreiros ligados à Causeway Bay Books desapareceram no ano passado durante deslocações à China interior, em Hong Kong e na Tailândia. Meses depois, a China admitiu que todos estavam sob sua custódia. Dois deles foram entretanto libertados sob fiança e regressaram a Hong Kong. Um terceiro deverá ser também libertado, segundo informaram as autoridades chinesas à polícia de Hong Kong na semana passada. As autoridades da China acusam-nos de estarem envolvidos num caso de comércio de livros proibidos no país, uma actividade que alegadamente realizaram sob ordens de Gui Minhai, considerado o cérebro da operação.

Gui desapareceu na Tailândia em Outubro e apareceu na televisão estatal chinesa em Janeiro, num vídeo em que afirma que fugia há 12 anos à justiça da China, que o condenou por ter causado a morte de uma mulher ao conduzir embriagado em 2004. Quanto a Lee Bo, apareceu na Phoenix TV na segunda-feira a dizer que não tinha sido raptado e que tinha ido para a China pelos seus próprios meios para colaborar na investigação. Organizações e activistas de defesa dos direitos humanos duvidam que estas confissões sejam reais e afirmam que podem ter sido feitas sob coacção.

PEQUIM “SEM RIVALIDADES” COM UNIÃO EUROPEIA

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Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês enalteceu ontem as “alterações positivas” nas relações com a União Europeia (UE), sem “rivalidades ou confrontações”, em contraste com a crescente tensão que mantém com os Estados Unidos na região Ásia Pacífico. Houve “alterações positivas, que não se tratam de um fenómeno temporal, mas antes de uma escolha inevitável”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi,

Já sobre as relações com os EUA, Wang criticou o aumento da capacidade militar na vizinha Coreia do Sul e em áreas do Mar do Sul da China reclamadas por Pequim. Sem mencionar as actuais fricções comerciais, em torno das acusações de Bruxelas que apontam para concorrência desleal nas exportações de aço oriundas da China, Wang disse ter certeza de que Pequim e Bruxelas “serão cada vez mais próximos”.

referindo-se à postura dos líderes europeus para com a China. Numa conferência de imprensa realizada em paralelo à sessão anual da Assembleia Nacional Popular chinesa, em Pequim, Wang disse que a Europa “vê hoje o desenvolvimento e a ascensão da China de forma mais objectiva e razoável”. “A China sempre viu a Europa como um actor importante num mundo multipolar”, acrescentou.

PCC do Tibete acusa líder espiritual de traidor do povo

U

M responsável do Partido Comunista Chinês (PCC) no Tibete acusou ontem o Dalai Lama de ter traído o seu povo e disse que o orientador político e espiritual dos tibetanos deixou de ser um líder religioso. “Ele deixou de ser um líder religioso após ter desertado do seu país e traído o seu povo”, acusou Baima Chilin, vice-chefe do PCC para a Região Autónoma do Tibete, citado pela imprensa estatal. Baima, que falava à margem da sessão anual da Assembleia Nacional Popular (ANP) chinesa, disse ainda que o Dalai Lama” deve reconhecer publicamente que o Tibete e Taiwan são partes inseparáveis da China”. “Se o Dalai Lama quiser regressar à China (...) terá de reconhecer que a República Popular da China é o único governo legítimo”, acrescentou. Durante a reunião da ANP, um outro vice-chefe do PCC para a região, Wu Yingjie, criticou ainda o contacto entre celebridades chinesas e Dalai Lama ou “membros do seu grupo”. Registe-se que, em Fevereiro passado, o actor chinês Hu Jun participou, alegadamente, em actividades religiosas no nordeste da Índia, tendo sido fotografado com dois membros do Governo do Tibete no exílio, de acordo com a imprensa chinesa. O Tibete é uma das regiões chinesas mais vulneráveis ao separatismo, com os locais a argumentarem que a região foi durante muito tempo independente, até à sua ocupação pelas tropas chinesas em 1951.

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MACAU PASS S.A. Convocatória CONVOCATÓRIA Nos termos e para os efeitos do artigo 14° dos Estatutos, é por este meio convocada a Assembleia Geral Ordinária da TRANSMAC – TRANSPORTES URBANOS DE MACAU, S.A.R.L., matriculada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.° 3053, a fls. 164 do livro C-8, para se reunir no dia 31 de Março de 2016, pelas 11 horas 30 minutos, na respectiva sede social, sita em Macau, na Avenida da Amizade, n.ºs 918 a 948, Edifício “World Trade Centre Macau”, 09.º andar,com a seguinte ordem de trabalhos: 1. 2. 3. 4.

Discussão e deliberação sobre o relatório, balanço e contas e o parecer do Conselho Fiscal, referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015; Eleição dos membros da Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal para o mandato de 2016 a 2019; Reeleger Conselho de Administração; Resolução de outros assuntos de interesse da sociedade.

Macau, aos 3 de Março de 2016 A Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Liu Hei Wan

Nos termos e para os efeitos dos artigos 15.º e 16.º dos Estatutos da Sociedade, é por este meio convocada a Assembleia Geral Ordinária da Macau Pass S.A., registada na Conservatória dos Registos Comercial e de Bens Móveis de Macau sob o n.º 20621, para se reunir no dia 31 de Março de 2016, pelas 12 horas e 45 minutos, na respectiva sede social, sita em Macau, na Avenida da Amizade, n.ºs 918 a 948, Edifício “World Trade Centre Macau”, 13.º andar “A” e “B”, com a seguinte ordem de trabalhos: 1. 2. 3.

Discussão e deliberação sobre o relatório, balanço e contas e o parecer do Fiscal Único, referentes ao exercício findo em 31 de Dezembro de 2015; Reeleger dos membros da Mesa da Assembleia Geral, Conselho de Administração e Conselho Fiscal; Resolução de outros assuntos de interesse da sociedade.

Todos os documentos e informações relacionados com os pontos 1.º da agenda, encontrem-se desde já na sede social da Sociedade à disposição dos accionistas para consulta durante o horário de trabalho. Macau, aos 3 de Março de 2016 A Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Liu Hei Wan


WANG CHONG

王充

OS DISCURSOS PONDERADOS DE WANG CHONG

h ARTES, LETRAS E IDEIAS

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

”Quando as pessoas me fazem promessas, observo a forma de se comportarem”.

Perguntas a Confúcio – 17, 18 & 19

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OLOCAR em destaques os mínimos gestos benévolos e denunciar os mínimos erros: eis a espinha dorsal dos Analectos. Mas será que apreciaríamos correctamente tal ideia se Confúcio tivesse elogiado exageradamente os minúsculos gestos benévolos e censurado os mínimos erros de forma excessiva? Se pensarmos que não, então o seu ataque a Zai Yu não seria aceitável e, não o sendo, de nada serviria. As palavras do sábio devem estar em concordância com os seus escritos: as suas palavras lhe saem da boca, os seus escritos repousam nas placas, mas ambos são resultado do seu pensamento e constituem uma e a mesma coisa. Ao compor os Analectos, Confúcio não exagerou as suas condenações. Todavia, quando criticou o comportamento de Zai Yu, mostrou-se de uma severidade excessiva. Assim, como nos poderemos convencer,

quando as suas palavras e os seus escritos se contradizem de tal maneira? * * * Confúcio terá também dito: “Outrora, acreditava na palavra que as pessoas davam, mas Zai Yu me fez mudar de ideias. Agora, quando as pessoas me fazem promessas, observo a forma de se comportarem”. Ou seja, terá sido depois de ter visto Zai Yu dormir em pleno dia que Confúcio modificou a sua forma de julgar as pessoas. * * * A isto tenho a objectar o seguinte: De que modo dormir em pleno dia afecta a moral de uma pessoa? Será que uma pessoa imoral poderá reencontrar a virtude evitando dormir em pleno dia? Será que o facto de dormir em pleno dia nos permite concluir correctamente sobre a natureza moral de uma

pessoa? Notemos que, de entre os discípulos de Confúcio, Zai Yu pertencia a uma das quatro classes e que, em termos de eloquência, estava à frente de Duanmu Si. Será que figuraria em tal lugar se a sua natureza fosse preguiçosa ao ponto de nada se poder fazer? Para ter tal estatuto dormindo em pleno dia, deverá ter sido muito mais dotado que todos os outros! Se repousava por julgar suficiente o seu progresso, quando tal não era ainda o caso, é porque se conhecia mal, porque lhe faltava lucidez, mas não porque a sua moral fosse insuficiente. Um aviso teria bastado. E Confúcio não teria tido razão para alterar o seu método de julgar as pessoas. E se Zai Yu tivesse consciência de não ter ainda chegado ao resultado último, sentindo-se todavia tão fatigado que precisava de dormir durante o dia, é apenas porque os seus fluidos espirituais estavam esgotados. Quando se esgotam os fluidos espirituais pode-se mesmo morrer, o que é decerto mais grave do que uma sesta em pleno dia! Tradução de Rui Cascais Ilustração de Rui Rasquinho

Wang Chong (王充), nasceu em Shangyu (actual Shaoxing, província de Zhejiang) no ano 27 da Era Comum e terá falecido por volta do ano 100, tendo vivido no período correspondente à Dinastia Han do Leste. A sua obra principal, Lùnhéng (論衡), ou Discursos Ponderados, oferece uma visão racional, secular e naturalista do mundo e do homem, constituindo uma reacção crítica àquilo que Wang entendia ser uma época dominada pela superstição e ritualismo. Segundo a sinóloga Anne Cheng, Wang terá sido “um espírito crítico particularmente audacioso”, um pensador independente situado nas margens do poder central. A versão portuguesa aqui apresentada baseia-se na tradução francesa em Wang Chong, Discussions Critiques, Gallimard: Paris, 1997.

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na ordem do dia 热风

Julie O’yang

A manga, as líchias e o marido ideal 毛佬佬与习大大

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OS tempos que vivemos torna-se cada mais pertinente fazer uma reflexão sobre o culto de personalidade do Grande Líder Chinês. Vamos começar pelo episódio das mangas. Há cinquenta anos atrás, a China viveu a década mais turbulenta e traumática da sua história recente – a Revolução Cultural. Durante 10 anos, a nação mergulhou numa espécie de adoração histérica: uma obsessão, não por Mao, mas por... mangas! Corria o ano de 1966 quando Mao convocou os Guardas Vermelhos para se rebelarem contra os “reaccionários” que integravam o Governo central. Pretendia “reestruturar a sociedade purgando os elementos “burgueses” e as formas de pensar tradicionais”. Na realidade tratava-se de uma forma eficaz, mas também cruel, de se ver livre dos seus rivais políticos e das vozes discordantes. Durante o Verão de 1968 o País estava mergulhado num clima de hostilidades e cada uma das facções políticas em confronto agitava mais alto o Livrinho Vermelho, para demonstrar a sua lealdade ao Secretário-geral. Antecipando a eminência de uma carnificina, Mao decidiu enviar 30.000 trabalhadores à Universidade de Qinghua, em Pequim. Os estudantes atacaram-nos com setas e ácido sulfúrico. Os trabalhadores venceram a contenda. Para lhes agradecer, Mao enviou cerca de 40 mangas como presente, que tinha recebido no dia anterior do Ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês. O gesto de Mao teve um impacto enorme. No norte da China ninguém sabia o que eram mangas. Por isso os trabalhadores passaram a noite acordados a olhá-las e a acariciá-las, maravilhados com o poderoso odor e a forma exótica. Foi então que estes trabalhadores receberam a ‘mensagem sagrada’ de Mao: o proletariado deverá liderar em todas as frentes! Foi este o ponto de viragem do

poder, que se transferiu dos estudantes para os operários e camponeses, unidos pelo mágico poder das mangas! As mangas de Mao provocaram intensos debates nos locais de trabalho. Um representante militar chegou a uma fábrica segurando uma manga nas mãos e deu inicio à discussão: o que fazer com ela, comê-la ou conservá-la? Acabaram por levar a fruta a um hospital e pô-la em formol! Neste ponto, os responsáveis da fábrica decidiram passar a produzir mangas de cera, cobertas com uma campânula de vidro. Cada uma destas réplicas seria oferecida aos trabalhadores revolucionários, que deveriam transportar o fruto “sagrado” solene e reverentemente e que seriam admoestados se falhassem a missão. A manga tornou-se um fruto destinado a altos voos! Conta-se também que quando uma manga apodrecia, os trabalhadores pelavam-na, ferviam-na em água, e cada um deles sorvia um golo do “santo” xarope. Uma das mangas de cera foi transportada por um representante dos trabalha-

dores em procissão acompanhada pelo rufar dos tambores, desde a fábrica até ao aeroporto, de onde partiria para uma fábrica de Xangai, enquanto as pessoas nas ruas se inclinavam à sua passagem! As mangas percorreram o País de lés a lés e foram “passeadas” solenemente em muitas procissões. A fruta tornou-se objecto de intensa devoção, com rituais inspirados nas tradições Budista e Taoista, chegando a ser colocada em altares nas fábricas para que os operários lhe pudessem vir prestar homenagem. “Ver as mangas douradas / É o mesmo que ver o Grande Líder Mao!” era parte de um poema que circulava na altura. A China tem uma longa história de simbolismos associados a alimentos que representam noções culturais importantes, tais como “profunda bondade” (pêssego), “longevidade” (cogumelos), estando o amor romântico inevitavelmente associado às líchias e a Yang Guifei.

The precious gift presented by Great Leader Chairman Mao to the Capital Worker-Peasant Mao Zedong

Yang Gui Fei, 杨贵妃. A Consorte Imperial Yang foi uma das quatro beldades da antiga China. Nasceu em 719 CE e recebeu o nome de Yang Yu Huan 杨玉环. Na corte foi baptizada “Guifei” 贵妃, uma consorte de grande categoria, e passou a ser conhecida como Yang Guifei ou a Dama Yang. As pinturas da Dinastia Tang mostram que, à semelhança de outras beldades da época, Yang Guifei era uma mulher corpulenta. Para lhe agradar, o Imperador mandou fazer grandes obras no Palácio das Termas de Huaqing onde, lânguida, ela passava muitas horas banhando-se para conservar a frescura da pele. As líchias, o seu fruto preferido, eram todas as semanas trazidas de pónei desde Guangzhou, cobrindo uma distância de cerca de 2000 Kms. Estou convencida que Yang Guifei foi uma espécie de cruzamento entre Eva e Helena de Tróia. Os historiadores afirmaram muitas vezes que o Imperador Tang, Xuanzong, se deixava levar pelos prazeres da carne em detrimento das suas responsabilidades na corte. Yang foi a causa directa da queda da Dinastia Tang e o Imperador acabou por lhe ordenar que se enforcasse. Desde essa altura que o amor romântico ganhou má fama na China. Compreende-se muito bem porquê! Mas as líchias são bem melhores que as maçãs, digo-vos eu, carnudas e sumarentas, macias como a pele dum bebé. Da próxima vez que as comerem, peço-vos que se lembrem dos lascivos lábios húmidos da Dama Yang. Ganham muito se forem comidas numa noite escura de Inverno. A minha nota final vai para uma canção que se tornou viral a semana passada, sobre o actual Presidente chinês, Xi Jinping. O Imperador Tang, o Secretário-geral Mao e o Presidente Xi Jinping foram considerados maridos chineses ideais. Então porque é que prefere brutos? “Se quiseres casar, escolhe alguém como o Xi Dada (Tio Xi), um homem heróico com amor para te dar; não importam as mudanças, nem os escolhos no caminho, ele não deixa de avançar.” http://bit.ly/1X6PO RV


13 hoje macau quarta-feira 9.3.2016

TEMPO

C H U VA

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje ROTA DAS LETRAS: “AUTORES E OS SEUS LIVROS” CHEN XIWO COM “THE BOOK OF SINS” Edifício do Antigo Tribunal, 18h00 Entrada livre

MIN

17

MAX

22

HUM

80-99%

EURO

8.83

BAHT

CONFERÊNCIA “MERCY AND VIRTUES” COM EMERITUS FAUSTO GOMEZ Universidade de São José, 18h30 Entrada livre

O CARTOON STEPH DE

SUDOKU

ROTA DAS LETRAS: ESCREVER AO LONGE – ESCRITORES PORTUGUESES FORA DE PORTUGALMATILDE CAMPILHO E RICARDO ADOLFO IPOR, 18h30 Entrada livre ROTA DAS LETRAS: LITERATURA FILIPINA - UM RETRATO (COM ÂNGELO LACUESTA) Antigo tribunal, 18h30 Entrada livre

Sexta-feira PALESTRA SOBRE ALUNOS COM SÍNDROME DE DOWN Universidade de São José, 18h30 Entrada livre

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 44

PROBLEMA 45

UM FILME HOJE

C I N E M A

GODS OF EGYPT SALA 1

GODS OF EGYPT [B]

Filme de: Alex Proyas Com: Nikolaj Coster-Waldau, Brenton Thwaites, Gerard Butler 14.30, 16.45, 21.30

MERMAID [B]

William H. Macy 14.30, 19.15, 21.30

Estava eu a afiar as minhas unhas numa caixa de livros - e a pensar quantas vezes um gato tem de fazer isto na vida – quando me veio à cabeça a palavra “milhões”. Sem querer, dei um piparote nos jornais que estavam mesmo ali ao lado e a edição de ontem do Hoje Macau estatelou-se no chão ficando ali todo escancarado. Terminei o serviço e apeteceu-me dar uma olhada nas páginas só para me entreter... mas, de repente, a palavra que me girava no cérebro (milhões) aparecia ali junto com a palavra seis. Por momentos ainda pensei que era algum golpe divino que me vinha saciar a curiosidade, mas depressa me desenganei porque o título falava também de urbanismo. De qualquer forma, detive-me a investigar. Dizia-se então que o Governo vai gastar esses milhões todos para um estudo sobre urbanismo encomendado a... Pequim. Fiquei confuso. Como seria possível? Quando até nós gatos sabemos que a lógica urbanística chinesa não tem nada a ver com a lógica mediterrânica de Macau, quando está tudo cansado de saber que a China tem vindo a construir cidades umas iguais às outras, porque diabo irá o Governo gastar tanto dinheiro num estudo encomendado a Pequim? Onde ficará a tal diferença que o turismo tanto apregoa? Mas, enfim, desde que me deixem uns becos para mim e para minha espécie, quero lá saber. Vocês que são humanos que se entendam. Pu Yi

“BROOKLYN” (JOHN CROWLEY, 2015)

Um filme banal que esteve nomeado para o Óscar de melhor filme e de melhor actriz. “Brooklyn” tem boas interpretações e um bom enredo, que mostra a mistura de sentimentos de quem emigra, mas falha por ser demasiado previsível e por mostrar o bom lado da América. Quando esperamos algo mais de Ellis, personagem principal, eis que fica tudo na mesma. Os últimos momentos conseguem defraudar as maiores expectativas de um telespectador que conseguiu apanhar ali alguns pedaços de suspense. Andreia Sofia Silva

Filme de: Craig Gillespie Com: Chris Pine, Casey Affleck, Ben Foster, Eric Bana 16.15 SALA 3

SALA 2

THE FINEST HOURS [B]

Filme de: Lenny Abrahamson Com: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen,

1.22

THE FINEST HOURS [B]

FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Stephen Chow Com: Deng Chao, Show Lo, Zhang Yu Qi, Jelly Lin 19.30

THE ROOM [B]

YUAN

DISPARATES AOS MILHÕES

Amanhã

Cineteatro

0.22 AQUI HÁ GATO

ROTA DAS LETRAS: “OS ESCRITORES E A IMPRENSA, UMA RELAÇÃO ANTIGA”COM LUÍS PATRAQUIM, LUIZ RUFFATO E DANIEL PIRES Edifício do Antigo Tribunal, 19h00 Entrada livre

ROTA DAS LETRAS: SESSÃO PARA PEQUENOS LEITORES COM ZHENG YUANJIE The St. Regis Macau, 17h00 Entrada livre

(F)UTILIDADES

LONDON HAS FALLEN [C]

Filme de: Babak Najafi Com: Gerard Butler, Aaron Eckhart, Morgan Freeman 14.15, 16.00, 17.45, 21.45 Filme de: Craig Gillespie Com: Chris Pine, Casey Affleck, Ben Foster, Eric Bana 19.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


14 OPINIÃO

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

chá (muito) verde

ÃO nos levem o Velho Tribunal. Não transformem o Velho Tribunal numa nova biblioteca cheia de ares condicionados e janelas cromadas. A sério, até parece uma boa ideia mas não é. Até parece um acto em defesa da cultura, mas não é. Não tenho nada contra livros, muito pelo contrário, e muito menos contra bibliotecas, mas o tribunal tal como está funciona e não precisa de ser alterado- talvez um reboco aqui ou acolá, talvez pintar-lhe as paredes exteriores de várias cores, e depois mudar outra vez. Talvez não fazer nada. Transformá-lo numa biblioteca será um desperdício pois essa pode muito bem funcionar noutro sítio qualquer. Se mais fosse preciso, a realização do festival de literário de Macau, que o tem vindo a utilizar como quartel general nos dois últimos anos aproveitando as suas capacidades multidisciplinares, as recentes actuações de teatro do grupo Hiu Kok, ou as várias exposições que por ali têm ocorrido chegam para perceber o porquê deste pedido. Há algo de intrinsecamente apelativo para um artista quando se depara com um espaço que já teve outros propósitos, como fábricas antigas, ou antigos tribunais, há algo de extremamente atraente e convidativo em desenvolver expressões artísticas em espaços nus, de concreto à vista, que parecem predispostos a tudo, disponíveis para acolherem as mais díspares manifestações. Tal como numa pintura o artista deve perceber quando é altura de parar, neste caso é preciso entender não ser necessário embelezar nem reconverter, bastando conservar. Poupa-se dinheiro e dota-se a cidade de um espaço multidisciplinar, atraente para as artes, onde tudo pode acontecer bem no centro da cidade. Quando tanto se fala na promoção da criatividade e das artes em geral, que melhor do que um local como o Velho Tribunal para a sua promoção? Entidades governamentais competentes, pensem nisso, por favor. Ainda estão a tempo de mudar de ideias.

TOPS

Das coisas mais irritantes com que nos deparamos nos dias de hoje é a proliferação de rankings para tudo e mais alguma coisa. A praia mais bonita do mundo, a cidade mais não sei quê, os principais destinos para umas férias assim, os melhores locais para não sei quê assado, os mais ricos, os mais bonitos, os mais.... livra! Não há traseiro que aguente. Listas feitas para idiotas que não sabem distinguir, para incapazes de perceberem o que é melhor para eles, para bandos de carneiros se poderem juntar às moles e tirarem mais uma selfie à frente do

MARTIN SCORSESE, HUGO

N

Tribunal, “tops” e tiques

FERNANDO ELOY | 义來

não sei quê que está no top de não sei que mais. Mas, pior do que isso, quando se fala de destinos turísticos, é o orgulho pateta dos autóctones, quiçá mais seguros de si por viverem na cidade com mais igrejas, ou com mais pessoas de calções cor-de-rosa. Depois vêm os resultados. Porque quando se atraem muitas moscas o melhor é dar-lhes poias com fartura pois, caso contrário, o mosquedo vai varejar para outras paragens. Coitados dos locais, entretanto, zonzos no meio do zumbido, nauseados pelo número de poias bruscamente plantadas aqui e acolá. É o que me ocorre quando olho para a minha cidade natal, Lisboa, a ficar descaracteri-

“Custou-me ver o Festival Literário de Macau abrir com uma sessão em chinês... e inglês. Depois de ter sido revelado à imprensa a política da organização em não convidar autores banidos na China, foi também banido o português na abertura oficial, língua oficial de Macau para os mais distraídos, e substituído pelo inglês, idioma oficial de Hong Kong”

zada, dia após dia, em função de um fogo fátuo chamado turismo, embriagada em gourmets e boutiques, atarantada com tuk tuks e quejandos como se andar de triciclo motorizado fosse coisa de local desenvolvido e não uma necessidade de povos com menos recursos como os tailandeses, os cambojanos ou os indianos, fartos que estão de não terem autocarros não poluentes como Lisboa ou sistemas de metropolitano abrangentes. O turismo, esse tesouro dos países subdesenvolvidos, essa arma de arremesso de políticos populistas e sem ideias, especialmente quando é gerido de forma provinciana como em Portugal (e noutros locais mais próximos de nós) é apenas um bem temporário e nunca uma solução de fundo pela quantidade de impactos negativos que provoca e já mais do que estudados. Mas as pessoas não aprendem, não querem aprender ou, ignorantes por falta de mundo, não sabem. Portugal, em boa verdade, só evolui na aparência porque, lá no fundo, continua a ser formado, na sua maioria, por um povo de simplórios com tiques de grandeza desejosos de serem aceites entre os que considera importantes nem que para isso tenha de se prostituir.

TIQUES

E por falar em tiques, mais ou menos pategos, custou-me ver o Festival Literário de Macau abrir com uma sessão em chinês... e inglês. Depois de ter sido revelado à imprensa a política da organização em não convidar autores banidos na China , foi também banido o português na abertura oficial, idioma oficial de Macau para os mais distraídos, e substituído pelo inglês,

língua oficial de Hong Kong. Até percebo os desejos de internacionalização do festival e consequente reorientação estratégica ao abrir o elenco a escritores de outras línguas que não o português e o chinês para dar mais mundo ao evento, mas numa cerimónia de abertura de um evento organizado por um jornal português, numa terra onde os simbolismos políticos são tão importantes, com a presença do Secretário Alexis Tam que representa a cultura do território e fala português, numa sessão onde, ainda por cima, existia tradução simultânea, por mais que tente entender não consigo. A não ser à luz da eterna reverência portuguesa que nem aqui, tão longe de casa, continua a assomar nos comportamentos e de um processo de autocensura que, como o próprio convidado do festival, Chan Koonchung, dizia ontem nas páginas deste jornal, “é sempre uma das coisas mais perigosas”. Mas não pensem que tenho algo contra o festival, muito pelo contrário. É, provavelmente, o evento mais interessante do território. Mas não me lixem. Full stop.

MÚSICA DA SEMANA

David Bowie - “We Are Hungry Men” “We are not your friends We don’t give a damn for what you’re saying We’re here to live our lives I propose to give the pill Free of charge to those that feel That they are not infertible The crops of few, the cattle gun There’s only one way to linger on So who will buy a drink for me, your Messiah”


15 ÓCIOSNEGÓCIOS

hoje macau quarta-feira 9.3.2016

PADRE, CAFÉ E CUCINA DANNY NATOLY, PROPRIETÁRIO

“Tentamos não usar ingredientes artificiais” pessoas estão mais familiarizadas”, disse Danny Natoli.

FACEBOOK

Aberto há pouco mais de seis meses, o “Padre, Café e Cucina” roubou o nome à rua que o acolheu, do Padre António. Danny Natoli garante que ali se pode jantar e beber bom café, em conjunto ou em separado. O que importa é que o cliente se sinta em casa

AUSTRALIANO DA SICÍLIA

Danny Natoli sempre teve uma relação próxima com a cozinha, muito por culpa das origens sicilianas da família, apesar de ter sido criado em Melbourne, na Austrália. “A minha relação com a cozinha está muito relacionada com as minhas raízes italianas, cresci numa família onde as pessoas se reuniam à volta da comida, algo que também é semelhante às famílias portuguesas”, disse. “Este espaço é uma mistura. Podemos dizer que é um restaurante italiano com alguns elementos macaenses e com uma aposta no café. E é isso que faz com que seja um restaurante adaptado a Macau devido à história e à mistura cultural que aqui existe. As pessoas aqui reúnem-se muito à volta da mesa e os macaenses são um pouco como os italianos, que se reúnem sempre às refeições. Se isto fosse só um café italiano, teríamos aqui dez pessoas a beber café e a falar de coisas banais”, explicou.

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UER um café? Este é bastante forte, costumo beber antes de tomar o expresso de manhã”. Foi desta forma que Danny Natoli, proprietário do restaurante “Padre, Café e Cucina”, recebeu o HM, mostrando o elemento diferenciador de um espaço que abriu há seis meses junto ao Largo do Lilau. Situado na Rua do Padre António, bem junto à esquina, o “Padre” pretende ser um restaurante de comida italiana mas também um café. Os sabores característicos dos grãos misturam-se facilmente com os de uma pizza ou massa acabados de fazer. “Uma coisa boa deste lugar é que as pessoas que vivem aqui entram e perguntam quais são os pratos do dia, há essa ligação. Uma coisa que eu quero que o cliente perceba é que se pode sentar e tomar um café e sair em vinte minutos, ou pode mais tarde jantar com os amigos”, contou ao HM Danny Natoli, proprietário. O menu tem tudo aquilo que poderemos esperar de um restaurante tipicamente italiano. Há as pizzas caseiras, as saladas, massas e pães. Mas depois há uma variedade de cafés para todos os gostos, com grãos vindos de Melbourne e até do Burundi. Danny Natoli aderiu a uma tendência cada vez mais crescente dos produtos livres de glúten e confeccionados de forma mais natural possível. “Tentamos não usar açúcar ou ingredientes artificiais na nossa comida, usamos muito poucos químicos. Queremos que a nossa comida seja o mais natural possível. Uso muitas ervas frescas nos meus pratos. Uma das dificuldades que sentimos aqui em

Macau é ter um fornecimento de produtos consistente, sobretudo de produtos naturais. As farinhas são todas importadas de Itália, sendo que a maioria não contém glúten ou químicos. Quero mesmo evitar as farinhas processadas, porque as pessoas começaram a desenvolver alergias a determinados produtos” , contou. O “Padre” assume-se como sendo uma mistura de culturas, tirando partido da cultura local. “Temos comida italiana e receitas inspiradas em pratos locais. Por exemplo temos uma pizza com chouriço chinês, que tem um sabor doce. É como se fosse uma receita de pizza macaense, onde coloquei alguns sabores com os quais as

“Este espaço é uma mistura. Podemos dizer que é um restaurante italiano com alguns elementos macaenses e com uma aposta no café”

Danny Natoli precisou de seis meses para encontrar o espaço ideal para abrir o “Padre”. Quando o encontrou, foi difícil chegar ao projecto de decoração ideal. Hoje, com uma cozinha aberta para a rua e dois andares, o restaurante está como Danny sempre desejou. “Gostei logo deste espaço porque é junto à esquina, mas remodelá-lo foi difícil, estava completamente diferente.” Os recursos humanos também foi outra etapa difícil que Danny Natoli teve de enfrentar. “As pessoas que trabalham comigo são óptimas, tenho uma pessoa já com alguma experiência em comida ocidental e todos os dias estão a aprender. Há uma rapariga de Macau que está a fazer um part-time. Claro que a barreira da linguagem é um problema, mas assim que começam a cozinhar aprendem depressa. O mais difícil também é encontrar pessoas que estejam interessadas em trabalhar numa cozinha”, rematou. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo


Cada gota de suor, uma pérola / E no oceano do teu corpo / Solto as velas da tua pele / Navego a plenitude numa concha / E vejo as ondas desfeitas / Na cordilheira dos teus búzios.” Carlos Marreiros

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PEQUIM NÃO QUER AMERICANIZAÇÃO

Vade retro Sam

O

nosso país não deseja converter-se noutra América”, assegurou ontem Wang Yi, ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, numa conferência de imprensa realizada em paralelo à sessão anual da Assembleia Nacional Popular, o órgão legislativo máximo da China, que decorre em Pequim. Apesar das frequentes tensões entre Pequim e Washington, Wang sublinhou que os dois países têm conseguido mediar as suas diferenças através do diálogo, apontando como exemplos os acordos nas áreas

das alterações climáticas e cibersegurança. “Agora existem questões marítimas”, admitiu, numa alusão à disputa pela soberania de várias ilhas no Mar do Sul da China, onde os EUA se têm insurgido contra as reclamações de Pequim de quase todo o território. Wang sugeriu aos mais receosos com a ascensão da China que “dediquem mais tempo a estudar a tradição histórica chinesa” e que não julguem o país “de acordo com a mentalidade americana”. “Quando a China e os EUA trabalham juntos, todo o mundo sai beneficiado”, frisou.

COLÉGIO DE S. JOSÉ DEFENDIDO AUMENTO DE PROPINAS

Kuok Wa Pong, director do Colégio de S. José, disse ao canal chinês da Rádio Macau que o aumento das propinas em três mil patacas é adequado e justifica-se para a melhoria dos recursos humanos e das instalações. Kuok Wa Pong garantiu que não foi feito nenhum pedido por parte dos pais para alterar as propinas. Leong Vai Kei, chefe do departamento de ensino dos Serviços de Educação e Juventude (DSEJ), explicou que as escolas que estão fora do sistema de ensino gratuito podem alterar as suas propinas consoante a inflação e o desejo de melhoria de instalações ou de recursos humanos. A DSEJ afirma estar a estudar o aumento, tendo pedido a outras escolas para baixar os valores. Os pais já pediram explicações para um aumento sucessivo de propinas nos últimos três anos.

BENFICA SALVIO PREPARADO IR A JOGO

A partida desta quarta-feira em São Petersburgo marca o regresso de Salvio às competições europeias. A BOLA revela que o argentino terá até possibilidade de participar, pela primeira vez na carreira, num desafio da Champions sem ser da fase de grupos. Nas ocasiões anteriores em que o Benfica ultrapassou essa fase, Salvio nunca jogou, sobretudo devido às várias lesões que o têm atormentado. Um factor extra de motivação, quem sabe, para poder sonhar com titularidade, uma vez que o argentino sente-se preparado para assumir lugar de início no onze, embora também perceba que pode ter de esperar tendo em conta o bom momento que a equipa tem demonstrado nas várias frentes.

quarta-feira 9.3.2016


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