Hoje Macau 9 MAR 2016 #3769

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DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

QUINTA-FEIRA 9 DE MARÇO DE 2017 • ANO XVI • Nº 3769

TATIANA LAGES

hojemacau

LIGA DE ELITE | ANTEVISÃO

TESTE À LIDERANÇA

ELEIÇÕES COMISSÃO QUER QUE IMPRENSA CRIE PADRÃO NOTICIOSO

Regras do jogo

PÁGINA 13

KIM JONG-NAM

O que diz o filho PÁGINA 13

CHINA

Os órgãos de comunicação social locais foram ontem aconselhados pela Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa a criarem um padrão de cobertura noticiosa que não viole a lei eleitoral. Em causa estão os conteúdos políticos no período

GRANDE PLANO

Turbilhão existencial Falhar menos

h

em que a campanha eleitoral é proibida. No entanto, não foram adiantados que critérios específicos devem prevalecer na avaliação desses mesmos conteúdos. A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau já pediu esclarecimentos sobre a matéria.

MANUEL AFONSO COSTA

EDUARDO MARTINS

PÁGINA 5

ESTALEIROS ˜

E VAO DOIS AO FUNDO PÁGINA 7

CASO HO CHIO MENG

Advogado sai de cena

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PÁGINA 9

CLARA LAW E EDDIE FONG

` origens Regresso as EVENTOS

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É PRECISO TER CALMA

ANTÓNIO CABRITA

MOP$10


2 GRANDE PLANO

Diálogo com os Estados Unidos, uma possível visita de Xi Jinping a Washington, menos fricção no Mar do Sul da China, evitar o pior na península da Coreia. O ministro dos Negócios Estrangeiros da China falou ontem aos jornalistas. Wang Yi faz um apelo à calma, mas não deixa de apontar o dedo aos culpados

“As armas nucleares não vão trazer segurança. O recurso à força não é solução.” WANG YI, MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS

CHINA DIPLOMACIA DE PEQUIM QUER CONTRIBUIR PARA ACALMAR CRISES REGIONAIS

TENSA ˜

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ÊM todos culpa: a Coreia do Norte, porque não desiste das suas intenções nucleares, e a aliança liderada pelos Estados Unidos que, ao promover ensaios militares na região, contribui para a escalada da tensão na península. A ideia foi deixada ontem pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da China. Wang Yi encontrou-se com os jornalistas, durante as reuniões da Assembleia Popular Nacional e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. O diplomata deixou um apelo às partes envolvidas, pedindo para que refreiem os seus ímpetos, de modo a que se evite uma crise ainda maior. A situação na península, comparou Wang Yi, “é como dois comboios a acelerar, a irem de encontro um ao outro, sem que nenhum deles esteja disposto a ceder a passagem”. O chefe da diplomacia chinesa reconhece que os mais recentes testes de mísseis levados a cabo por Pyongyang “ignoram a oposição da comunidade internacional”, mas diz também que os exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul vieram acrescentar pressão ao regime de Kim Jong-un. Para Wang Yi, há apenas uma solução para o conflito: a Coreia do Norte tem de suspender as suas actividades bélicas, e Washington e Seul devem cancelar as simulações em grande escala que realizam com frequência. “As armas nucleares não vão trazer segurança”, sublinhou. “O recurso à força não é solução”, disse também, defendendo que a tensão pode ser diminuída se houver uma “resolução das preocupações de ambas as partes feita de forma recíproca”. À baila veio ainda o reatamento das negociações a seis. Pequim quer voltar a sentar-se à mesa com a Coreia do Norte, com os Estados Unidos e com os restantes países que, entre 2003 e 2009, tentaram convencer Pyongyang a abandonar o programa nuclear do país. As conversações estão suspensas por iniciativa do regime comandado por Kim Jong-un. A China é o principal aliado de Pyongyang, apesar de a relação entre os vizinhos ter sofrido alterações nos últimos tempos. No mês passado, o Governo Central suspendeu todas as importações de carvão da Coreia do Norte até ao final do ano, terminando temporariamente com uma importante

Pequim mostra-se disponível para mediar as negociações para a paz entre a Palestina e Israel

fonte de divisas estrangeiras para o empobrecido país.

TEORIA DA ACEITAÇÃO

Ainda no que toca às pastas regionais, Wang Yi deixou algumas ideias sobre a relação de Pequim e Tóquio. O mais alto representante da diplomacia chinesa entende que o Japão tem de ultrapassar a sua ansiedade em relação à China,

enfrentar o facto de o vizinho ter hoje uma nova dinâmica e dar passos concretos para a melhoria das relações, em vez de andar para trás. Recordando que este ano fica marcado pelo 45.o aniversário da normalização das relações diplomáticas sino-japonesas, o ministro pediu a Tóquio que aprenda com as lições do passado – com os resultados do expansionismo militar – e

que deixe de se preocupar com o crescimento da China em termos internacionais. Neste discurso de aparente conciliação não faltou, no entanto, o factor “culpa”, com Wang Yi a acusar o Japão de prolongar o clima de tensão entre os dois países e a garantir que Pequim tentou sempre que as conversações bilaterais fossem retomadas. “A chave [do


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O ALTA

mata deixou um aviso que é entendido como dirigido aos Estados Unidos, apesar de não ter identificado directamente o destinatário. “Se alguém está a tentar fazer ondas [no Mar do Sul da China], não terá apoio e encontrará a oposição de todas as partes envolvidas”, declarou, assegurando que Pequim não vai autorizar atentados à paz e à estabilidade na região.

Wang Yi foi confrontado com a possibilidade de o Presidente Xi Jinping ir aos Estados Unidos ainda durante 2017. “Vai haver boas notícias este ano.” Rodrigo Duterte não foi esquecido durante a conferência de imprensa, com Wang Yi a elogiar a postura do Presidente das Filipinas nos processos que envolvem conflitos territoriais. A reviravolta nas relações entre os dois países vai beneficiar as duas partes, assim como a região, salientou.

FRIENDS, PENGYOU

problema] é o Japão adoptar a forma correcta de pensar e aceitar a realidade do crescimento da China”, vincou. O ministro dos Negócios Estrangeiros culpa ainda Tóquio e Seul pelo adiamento do encontro trilateral. “Temos de lidar bem com as questões que estão a impedir o desenvolvimento saudável das nossas relações de modo a que se

possa assegurar o encontro entre líderes”, comentou. Há muito que as relações da segunda e terceira economias mundiais estão ensombradas. Às feridas por cicatrizar que ainda restam dos conflitos bélicos de meados do século passado juntaram-se, mais recentemente, as disputas territoriais no Mar do Sul da China.

A este propósito, Wang Yi defendeu que a situação acalmou “visivelmente” desde a decisão do tribunal internacional em Julho. Destacou que Pequim e os vizinhos fizeram progressos para a elaboração de um código de conduta, sendo que o primeiro rascunho foi concluído recentemente. Ainda no que diz respeito a assuntos marítimos, o diplo-

Já a fechar a conferência de imprensa, o ministro dos Negócios Estrangeiros foi confrontado com a possibilidade de o Presidente Xi Jinping ir aos Estados Unidos ainda durante 2017. “Vai haver boas notícias este ano”, disse apenas. Uma hora antes desta resposta, o chefe da diplomacia chinesa tinha dado a entender que o anunciado encontro entre Xi Jinping e o homólogo Donald Trump já está a ser coordenado. “Estamos a ter uma comunicação produtiva para que haja um encontro entre os nossos dois presidentes, bem como a outros níveis”, afirmou, acrescentando que a conversa dos chefes de Estado ao telefone, mantida no mês passado, permitiu criar condições para laços estáveis. Não obstante, Wang Yi defendeu que as duas nações têm de ser capazes de ultrapassar as suas diferenças para que a relação seja “madura”. “Os nossos interesses estão intimamente interligados. É impossível construir o sucesso de um às custas do outro.”

O diplomata fez uma referência positiva ao novo secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, que conheceu no encontro de ministros dos negócios estrangeiros do G20 no mês passado, dizendo que é “um bom ouvinte e comunicador”. Por isso, espera – e diz acreditar – que seja possível construírem uma boa relação de trabalho.

MEDIADOR DISPONÍVEL

Noutros temas internacionais na ordem do dia, destaque para a visita iminente do rei Salman bin Abdulaziz al Saud da Arábia Saudita. Wang Yi diz que a China recebe com agrado o monarca, até porque está disposta a desempenhar “o papel necessário” no processo de paz do Médio Oriente. A luta contra o terrorismo, a conquista de resoluções políticas e a manutenção das Nações Unidas à frente do processo são, para Pequim, três “princípios indispensáveis” que não podem ser abandonados no Médio Oriente. “Existem riscos de que a turbulência possa aumentar, mas também existe esperança de paz”, apontou Wang Yi. O ministro dos Negócios Estrangeiros apontou o acordo nuclear com o Irão como um exemplo da capacidade política de negociação, um conceito que deve ser colocado em prática sempre que possível. Pequim mostra-se disponível para mediar as negociações para a paz entre a Palestina e Israel. Wang Yi disse também que a China espera que a Arábia Saudita e o Irão possam resolver os problemas que têm através de um diálogo amigável e justo. “Como amigos de ambos os lados, estamos disponíveis para desempenhar o papel necessário se assim for preciso”, garantiu.

EUROPA ÚNICA

Houve ainda tempo para se falar do Brexit e da Europa. A China diz que vai continuar a apoiar a integração europeia independentemente do que o Reino Unido pretenda fazer em relação. O chefe da diplomacia de Pequim explicou que gostaria de ver uma Europa mais unida, mais estável e mais próspera. “Acreditamos que os desafios com que a União Europeia se depara podem ser uma oportunidade para que se torne mais madura”, defendeu. “Nós valorizamos a importância estratégica e o papel da Europa.” Isabel Castro (com agências) isabelcorreiadecastro@gmail.com


4 POLÍTICA

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SAFP PROPOSTA PARA AUMENTOS POR CATEGORIAS ESTE ANO

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Aguas doces e salgadas O director dos Serviços de Administração e Função Pública afirma que já no segundo semestre deste ano deverá ser apresentada uma proposta inicial para a actualização dos ordenados dos funcionários públicos. A ideia é estabelecer aumentos salariais conforme as categorias que desempenham

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se em vez de os aumentos na função pública serem iguais para todos existissem vários valores de aumento, para as diferentes categorias de trabalho? Em resposta à interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, Kou Peng Kuan, director dos Serviços de Administração e Função Pública (SAFP), garantiu que uma proposta inicial nesse sentido deverá ser submetida ainda no segundo semestre deste ano. Os SAFP prometem realizar uma consulta junto dos funcionários públicos sobre o assunto, tendo prometido implementar o regime “passo a passo”. Em 2015, numa resposta a outro deputado, Kou Peng Kuan alertou para as dificul-

dades de implementação da medida, dada a “alta complexidade” que seria uma total alteração da estrutura salarial da Administração Pública. Kou Peng Kuan adiantou ao deputado Si Ka Lon que PUB

os SAFP vão, com base nos resultados da reflexão sobre o regime de carreiras, submeter uma proposta quanto à actualização das remunerações por categorias. O mesmo responsável acrescentou que o Governo já iniciou trabalhos sobre esta questão, tendo analisado o sistema já existente em Hong Kong. Tudo para que seja criado um mecanismo de actualização salarial mais flexível e razoável, e também para afastar os preconceitos em relação ao desempenho de diferentes categorias na função pública. O director dos SAFP recordou ainda a Si Ka Lon que existem várias medidas de apoio financeiro para os trabalhadores públicos das camadas mais baixas. A título de exemplo, no início deste ano o índice mensal do subsídio de residência passou de 30 para 40.

JUNTAR CATEGORIAS Anúncio 【N.º 201703-1】 Torna-se público que, nos termos do artigo 29.º do Regulamento Administrativo n.º 5/2014 (Regulamentação da Lei do planeamento urbanístico), a DSSOPT vai proceder-se à recolha de opiniões dos interessados e da população respeitantes aos projectos de Planta de Condições Urbanísticas (PCU) elaborados para as zonas não abrangidas por plano de pormenor mas inseridas nos lotes abaixo indicados: ─ Processo N.º: 85A454, Avenida de Artur Tamagnini Barbosa nos 1-5 e Avenida do Conselheiro Borja nos 6-16: Macau; ─ Processo N.º: 91A174, Terreno junto à Estrada de D. MariaⅡ-Macau; ─ Processo N.º: 2009A091, Beco da Rosa no 8-Macau; ─ Processo N.º: 2015A078, Terreno junto à Avenida Marginal Flor de Lótus e Avenida dos Jogos da Ásia Oriental-Taipa; ─ Processo N.º: 2016A066, Rua da República no 129-Macau; ─ Processo N.º: 2016A068, Rua da República no 95-Macau; ─ Processo N.º: 2016A069, Rua da República no 123-Macau; ─ Processo N.º: 2016A072, Pátio da Agulha no 5 - Macau. Para efeitos de referência, os projectos de PCU para as zonas dos lotes supracitados que não estão abrangidas por plano de pormenor já estão disponíveis para consulta no Departamento de Planeamento Urbanístico, situado na Estrada de D. Maria II n.º 33, 19º andar, Macau, e encontramse afixados na Rede de Informação de Planeamento Urbanístico desta Direcção de Serviços (http:// urbanplanning.dssopt.gov.mo). O período de recolha de opiniões tem a duração de 15 dias e decorre entre 9 de Março de 2017 e 23 de Março de 2017. Caso os interessados e a população queiram apresentar as opiniões sobre os referidos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor, deverão preencher o formulário O011,o qual pode ser descarregado nos websites http://urbanplanning.dssopt.gov.mo ou www.dssopt. gov.mo, ou levantado nesta Direcção de Serviços (Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau), podendo submetê-lo no período de recolha de opiniões através dos seguintes meios: ─ Comparecendo pessoalmente: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau, durante o horário de expediente nos dias úteis ─ Correio: Estrada de D. Maria II n.º 33, Macau (o prazo limite de entrega é contado a partir da data de envio indicada no carimbo do correio) ─ Fax: 2834 0019 ─ Email: pcu@dssopt.gov.mo Serão consideradas as opiniões respeitantes aos projectos de PCU de zona do território não abrangida por plano de pormenor elaborados para os lotes, quando forem apresentadas de acordo com as exigências acima indicadas. Para mais informações podem pesquisar o website http://urbanplanning. dssopt.gov.mo e para qualquer informação adicional queiram contactar o Centro de Contacto desta Direcção de Serviços (8590 3800). Macau, aos 7 de Março de 2017 O Director da DSSOPT Li Canfeng

Para o deputado José Pereira Coutinho, também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), há muito que o Governo vem, sobre esta matéria, “navegando consoante os ventos que sopram”. Apesar de clamar pela implementação dos au-

mentos por categorias, Pereira Coutinho considera que deve haver junção de algumas delas, uma vez que as funções a desempenhar são muito semelhantes. “Propusemos a junção da categoria de técnico com a de técnico superior, por exemplo, para separar a água doce da água salgada em termos de remunerações, para que a situação seja mais justa para os trabalhadores da função pública. Não recebemos resposta às nossas opiniões”, disse ao HM. “O Governo explora trabalhadores pagando salários diferentes das funções exercidas. Propositadamente, o Governo contrata trabalhadores de índice 195 e obrigam-nos a exercer funções entre as categorias 260 a 350 da tabela indiciária. Enquanto o Governo não respeitar isso e continuar a explorar os trabalhadores desta forma, por mais que se actualizem os vencimentos de algumas categorias não se resolve o problema estruturante”, concluiu. Andreia Sofia Silva e Vítor Ng info@hojemacau.com.mo

CTM GOVERNO NÃO REVELA ACTIVOS DA OPERADORA

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Governo não vai divulgar o inventário dos activos da CTM. Em resposta à interpelação de Chan Meng Kam, o Executivo recusa tornar públicos os dados pedidos pelo deputado. “A divulgação do inventário poderia implicar a revelação de informações comerciais da companhia”, lê-se. De acordo com o Governo, a revelação de dados poderia prejudicar o funcionamento comercial da operadora de telecomunicações e representar mesmo uma ameaça à segurança das redes. Como tal, “tendo em conta os pontos de vista da supervisão e da segurança, não se reúnem condições, neste momento, para divulgar o inventário dos activos da concessão”, alega. O Executivo assegura ainda que está a ser feita a fiscalização do processo de renovação da revisão intercalar do contrato

de concessão do serviço através da supervisão do inventário dos activos da concessão e do reforço do controlo dos trabalhos de manutenção. De acordo com o contrato de concessão, tanto a CTM, como os restantes fornecedores dos serviços de telecomunicações devem tentar chegar a um acordo no que respeita ao acesso e utilização das condutas. As negociações entre a operadora e os pedidos da concorrência começam a ter, segundo o Governo, resultados visíveis. “As duas partes estão a proceder a negociações sobre esta matéria, sendo que, presentemente, o respectivo pedido já entrou na última análise”, diz. O Executivo garante ainda que pretende continuar a “aperfeiçoar a legislação vigente e planear os trabalhos relativos à renovação de contratos”. S.M.M.

APN CANDIDATOS DE MACAU E HONG KONG SEM FINANCIAMENTO ESTRANGEIRO

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M projecto de lei entregue ontem ao órgão legislativo chinês pretende proibir candidatos ao cargo de delegado, oriundos de Macau e de Hong Kong, de receber financiamento estrangeiro durante o processo de eleição. O rascunho foi submetido à Assembleia Popular Nacional (APN) por Wang Chen, vice-presidente e secretário-geral do Comité Permanente da estrutura. O diploma pretende que os candidatos oriundos das duas regiões admi-

nistrativas especiais declarem que “não receberam, nem vão receber”, directa ou indirectamente, qualquer financiamento oriundo de instituições, organizações ou indivíduos estrangeiros. A normativa visa “salvaguardar a segurança do Estado” e “prevenir poderes estrangeiros de interferir nas eleições”, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua. No total, participam da actual sessão anual da APN 12 deputados oriundos de Macau e 36 de Hong Kong. Os projectos de lei devem ser votados

antes do fim da reunião, que termina na próxima quarta-feira. Constitucionalmente, a APN, com cerca de três mil delegados, é o “supremo órgão do poder de Estado na China” e o seu plenário anual decorre durante dez dias no Grande Palácio do Povo, em Pequim. É o mais importante acontecimento da agenda política chinesa, a seguir aos congressos do Partido Comunista Chinês, que se realizam de cinco em cinco anos.


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Eleições COMISSÃO PEDE À COMUNICAÇÃO SOCIAL QUE PADRONIZE NOTÍCIAS

A Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa propôs ontem aos órgãos de comunicação social que criem um sistema que padronize os conteúdos políticos no período em que a propaganda eleitoral é proibida. A Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau já pediu esclarecimentos

Toca a ter tento na escrita

ANTÓNIO FALCÃO

algum candidato, o processo pode segue pelas vias legais.

ATENÇÃO AO FACEBOOK

As redes sociais não passam despercebidas e até no espaço virtual cabe aos responsáveis da comunicação social ter mão nos comentários dos seus seguidores. Se aparecerem, durante o período previsto, referências capazes de serem interpretadas como ligadas a campanhas, “os jornais podem cancelar a informação”. De acordo com Tong Hio Fong, “quando houver irregularidades, temos de ver de forma objectiva e ponderar se existe negligência por parte dos media”, explicou.

“A comissão exige aos media que tomem medidas de modo a não chamar a atenção do público para alguns candidatos no período de proibição de propaganda.”

A

Associação de Imprensa em Português e Inglês de Macau (AIPIM) avançou ontem com um pedido de esclarecimento das directrizes dadas aos meios de comunicação social para o período que antecede a campanha eleitoral. A informação foi dada pela direcção da AIPIM ao HM, na sequência de uma reunião mantida entre a Comissão de Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa (CAEAL) e os representantes dos órgãos de comunicação social locais. Após o encontro, o presidente da comissão, Tong Hio Fong, deu a conhecer os assuntos abordados à porta fechada, sendo que o mais relevante de todos tem que ver com o conselho dado à imprensa para que estabeleça um padrão de forma a não violar a lei eleitoral. Em causa, está o apoio mais ou menos notório que pode ser dado a determinados candidatos, em detrimento de outros, no período

A

Associação Poder do Povo organizou ontem uma conferência de imprensa para exigir que o Governo reduza os apoios financeiros que atribui com frequência às associações tradicionais do território. A entidade falou dos casos da Federação das Associações dos Operários de Macau, da União Geral das Associações dos Moradores de Macau e da Associação Geral das Mulheres de Macau, que fornecem serviços de apoio aos idosos.

POLÍTICA

TONG HIO FONG PRESIDENTE DA CAEAL fora da campanha eleitoral. “A comissão exige aos media que tomem medidas de modo a não chamar a atenção do público para alguns candidatos no período de proibição de propaganda”, disse. Para o efeito, a comissão considera que é necessário ter em conta alguns conceitos aquando da produção de informação neste período específico. São eles: se os conteúdos dirigem a atenção do público para algum candidato e se fomentam o voto implícita ou explicitamente.

Não foram, no entanto, adiantados critérios específicos para a avaliação dos conteúdos.

CHAPA TRÊS

O presidente da CAEAL sugeriu ainda que, de modo a manter uma conduta isenta, a imprensa local “crie regras internas na concepção de notícias para que os profissionais tenham um padrão a seguir” e, desta forma, poderem trabalhar dentro da legalidade. O objectivo, disse, é a “protecção dos próprios media”.

O foco da atenção deve, segundo o responsável, ser “o cumprimento rigoroso da conduta profissional”, sendo que cabe aos jornalistas “observar com imparcialidade e objectividade de modo a relatar toda a realidade à população”. De acordo com a lei eleitoral, durante o período de proibição de campanha, é a própria comissão que vai fiscalizar a produção de conteúdos. Quando detectada alguma irregularidade ou suspeita de favorecimento ou detrimento de

Mais a quem tem menos Poder do Povo quer pensões iguais ao valor do risco social

Contudo, segundo a Poder do Povo, muitos idosos acham que os apoios aos quais têm acesso junto das associações não são suficientes, razão pela qual a associação sugere que o Governo cancele os subsídios às associações e que aumente os valores das reformas. Desta forma, a pensão para idosos poderia chegar às

quatro mil patacas, atingindo o mesmo montante do risco social. Actualmente a pensão é de 3350 patacas. A Poder do Povo lembra ainda que os salários dos funcionários públicos sofreram novo aumento no passado dia 1 de Janeiro, ao contrário da pensão para os mais velhos. Uma vez que o Governo tem vindo a referir os cuidados

que devem ser prestados à terceira idade, a Poder do Povo defende que o Executivo tem o dever de proteger esta camada da população, para que estas pessoas não tenham preocupações no fim da vida. Os responsáveis da associação acreditam que o Governo está a contrariar a Lei Básica ao aumentar apenas os ordenados dos

No entanto, Tong Hio Fong não deixou de exultar a liberdade de informação. “Temos de ponderar a liberdade de expressão”, concedeu. “Por exemplo, com iniciativas em páginas do Facebook é a Lei Básica que decide se a liberdade viola a lei ou não”.

funcionários públicos. Uma vez que o valor de risco social é de 4050 patacas mensais, as pensões para idosos continuam abaixo desse

Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

montante, pelo que, sublinha a Poder do Povo, enfrentam dificuldades diárias. A associação critica ainda o facto de o Governo não desenvolver actividades de fiscalização em relação à inflação. “Os idosos, que tanto contribuíram para a sociedade, só recebem 3450 patacas por mês, mas todas as coisas estão cada vez mais caras. O Governo não fiscaliza como deveria para combater a inflação”, referiram os responsáveis em comunicado. V.N.


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ANÚNCIO 【N.º 51/2017】 Para os devidos efeitos vimos por este meio notificar os representantes dos agregados familiares da lista de candidatos a habitação social abaixo indicados, nos termos do n.º 2 do artigo 72.º do Código do Procedimento Administrativo, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 57/99/M, de 11 de Outubro:

Nome

CANDEIAS DOS SANTOS EUCLIDES 31201305929 AUDENIN

N.º do boletim de candidatura

LEONG LONG CHAO

31201304752

LEONG CHIN PANG 31201305355

LAI KEUNG

31201303059

Nome

TAN XUEYING CHAN HAO MAN KU WENG HEI CHAN WENG IAN

N.º do boletim de candidatura

31201304223 SHIN SHAO FANG

31201304723

31201303901

31201304829

MEI JIAHAO

31201303720 NG WENG KEONG

*31201301359

31201303066

Por causa dos representantes dos agregados familiares acima mencionados não apresentarem os documentos mencionados no prazo fixado, pelo que, estes não reúnem os requisitos exigidos para a candidatura, nos termos dos n.º 3 do artigo 9.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009. Tendo este Instituto publicado um anúncio na imprensa de língua chinesa e língua portuguesa, no dia 11 de Novembro de 2016 e no dia 16 de Janeiro de 2017, a solicitar aos interessados acima mencionados para apresentarem por escrito as suas contestações pelos factos acima referidos no prazo de 10 (dez) dias a contar da data de publicação do referido anúncio, entretanto não os fizeram. De acordo com artigo 5.º, nº. 3 do artigo 9.º, alínea 1) do artigo 11.º do Regulamento de Candidatura para Atribuição de Habitação Social, aprovado pelo Despacho do Chefe do Executivo n.º 296/2009, e em conformidade com os despachos do signatário, exarado nas Propostas n.os 3284/DHP/DHS/2016, 3361/ DHP/DHS/2016, 0375/DHP/DHS/2017 e 0391/DHP/DHS/2017, as respectivas candidaturas foram excluídas da lista geral de espera por IH. * Simultaneamente, foi cessado a concessão de abono de residência por o agregado familiar beneficiário ter sido excluido da lista geral de espera, e implicando ainda a restituição do abono recebido a partir do mês seguinte ao da verificação da respectiva ocorrência, de acordo com os termos da alínea 1) do n.º 1 e n.º 3 do artigo 8.º do Regulamento Administrativo n.º 23/2008(Plano Provisório de Atribuição de Abono de Residência a Agregados Familiares da Lista de Candidatos a Habitação Social), e a decisão do despacho do signatário, exarado na Proposta acima mencionada. Caso queiram contestar a respectiva decisão, nos termos dos artigos 148.º e 149.º e n.º 2) do artigo 150.º do Código do Procedimento Administrativo, podem reclamar da respectiva decisão administrativa, ao Presidente do IH, no prazo de 15 (quinze) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, a reclamação não tem efeito suspensivo; ou podem apresentar directamente recurso judicial ao Tribunal Administrativo, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data de publicação do presente anúncio, nos termos do artigo 25.º do Código de Processo Administrativo Contencioso, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 110/99/M, de 13 de Dezembro e do artigo 30.º da Lei n.º 9/1999. Instituto de Habitação, aos 07 de Março de 2017. O Presidente, Arnaldo Santos


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A

Lai Chi Vun DOIS ESTALEIROS FORAM ONTEM DEMOLIDOS

O início do fim

O Governo arrancou ontem com a demolição de dois estaleiros na povoação de Lai Chi Vun. Os trabalhos fizeram-se de modo tranquilo, sem revolta dos moradores ou antigos construtores navais. As Obras Públicas vão fazer um concurso público para o novo planeamento

que depois “proceder-se-á ao nivelamento do terreno, para garantir a segurança pública e salubridade ambiental”. “A estrutura que dá apoio aos estaleiros estava quase a cair, e o tecto também estava prestes a colapsar. Como engenheiro digo que vale a pena esta demolição porque os estaleiros já estavam em muito mau estado”, referiu. A Sun Hong Kin será apenas responsável pelos trabalhos relativos aos dois estaleiros. “Não sei qual será o futuro dos restantes”, acrescentou Si Kong Iao.

CONCURSO PARA NOVO ESTUDO DAVID MARQUES

destruição já se adivinhava há cerca de dois dias na povoação de Lai Chi Vun. Alguns técnicos apareceram no local para fazerem marcações junto aos dois terrenos onde estão localizados os estaleiros em que o risco de queda é maior. Ontem, aquilo que moradores e antigos construtores de barcos mais temiam aconteceu: responsáveis da Direcção dos Serviços para os Assuntos Marítimos e da Água (DSAMA), juntamente com os técnicos da Companhia de Engenharia Sun Hong Kin, procederam à destruição dos dois primeiros estaleiros localizados logo no início da rua. Tudo começou por volta das nove da manhã, mas não houve registo de tumultos ou protestos. David Marques, porta-voz dos moradores de Lai Chi Vun, tem a sua casa localizada ao lado do primeiro estaleiro demolido. Ao HM, explicou que algumas pessoas se reuniram no local para garantir que nada acontecia às suas moradias, mas não houve sequer a tentativa de travar a demolição. A DSAMA nunca chegou a avançar a data oficial para o começo dos trabalhos, apesar de a questão ter sido colocada pelo HM. O comunicado de imprensa sobre o assunto só foi tornado público durante a manhã de ontem, quando as máquinas já trabalhavam a todo o vapor em Lai Chi Vun. O documento aponta que a DSAMA “instou à empresa de construção [Sun Hong Kin] que tomasse medidas para garantir que a obra não afectasse a segurança das barracas e instalações vizinhas”. Por sua vez, o Instituto da Habitação (IH) “aconselhou os residentes das barracas a desocuparem temporariamente as barracas durante a execução das obras”. O mesmo comunicado apontava ainda que “caso estes tenham necessidades e satisfaçam os requisitos, os serviços competentes podem disponibilizar-lhes alojamento temporário”. Necessidade que, segundo o porta-voz dos moradores de Lai Chi Vun, não parece existir para já. Si Kong Iao, engenheiro civil responsável pela empresa Sun Hong Kin, disse ao HM que os trabalhos de demolição dos dois estaleiros, incluindo a limpeza dos terrenos, deverão demorar 50 dias. O comunicado explica

SOCIEDADE

Quanto ao planeamento da zona, a DSAMA adianta apenas que “a Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes irá coordenar os trabalhos relativos ao concurso público para a realização do estudo de planeamento”, isto apesar de já existir um relatório datado de 2012, cujo conteúdo se desconhece em pormenor.

Os trabalhos de demolição dos dois estaleiros, incluindo a limpeza dos terrenos, deverão demorar 50 dias O objectivo é amplificar o “âmbito do planeamento, tendo em conta a realidade da zona, e ponderar, de forma global, o arruamento e instalações públicas da respectiva zona, atendendo às necessidades de desenvolvimento sustentável da vila de Coloane”. Tudo para que se possa oferecer “no futuro um espaço de melhor qualidade para os cidadãos e turistas”. Sobre os restantes estaleiros, a DSAMA garante que há quatro terrenos “cujo estado de instalações é aceitável e com melhor ambiente”, sendo que a entidade “está a analisar o pedido de renovação das licenças desses lotes”. Há ainda três lotes que foram recuperados nos últimos anos e que se encontram em “procedimento administrativo” por forma a serem entregues “aos serviços competentes após a sua conclusão”. Andreia Sofia Silva (com Vítor Ng) andreia.silva@hojemacau.com.mo


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SOCIEDADE

Turismo PROPOSTA DE KOU HOI IN JUNTO DA APN GERA CRÍTICAS

E cabemos todos?

Pouco impacto nas receitas do jogo, falta de infra-estruturas e pior qualidade de vida para quem cá vive. Eis as críticas apontadas por dois analistas à proposta feita pelo deputado Kou Hoi In de criar vistos chineses com duas entradas a cada três meses

O

deputado Kou Hoi In quer mais turistas a visitar Macau. Segundo o Jornal Tribuna de Macau, o também representante da RAEM na Assembleia Popular Nacional (APN) fez uma proposta junto do órgão legislativo da China quanto à possibilidade de estabelecer vistos que permitam duas entradas a um turista por cada ciclo de três meses. Em declarações ao HM, o economista Albano Martins prefere recorrer à ironia para mostrar que está contra a proposta. “Deviam chegar turistas todos os dias, 365 dias por ano, e o deputado devia andar nas ruas de Macau. A qualidade de vida da população é muito mais importante do que ter gente a meter dinheiro ao bolso”, apontou apenas. Já Anthony Wong, docente na área do Turismo da Universidade Cidade de Macau (UCM), alerta para a falta de infra-estruturas que persiste no território. “Esta medida pode de facto trazer algum desenvolvimento ao turismo mas, no território, deve haver também um desenvolvimento em termos de infra-estruturas, com mais entretenimento. Não falo de mais hotéis, mas em termos de espaços e eventos, para garantir o conforto de quem nos visita. Acho que ainda temos uma deficiência a esse nível. Se queremos atrair mais turistas, ainda há muito a melhorar.”

IMPACTO ASSIM-ASSIM

Em termos económicos, Anthony Wong considera que os vistos de duas entradas a cada três meses, sistema que já vigora em Hong Kong, não trarão grandes consequências. “Poderia melhorar um pouco mais em termos de número de turistas, especialmente para os que vêm

de Guangdong. Mas não traria um grande impacto na economia. Poderia existir algum aumento em termos de chegada de turistas em trânsito, dos que circulam entre Guangdong e Hong Kong com frequência”, diz. Para Anthony Wong, uma mudança nos vistos

nem sequer iria contribuir para um aumento significativo das receitas do jogo. “Poderia haver algum impacto, porque haveria mais turistas. Mas o problema é que esta medida não iria levar mais turistas para o jogo, não é esse o foco, especialmente se falarmos de jogadores VIP.”

“A qualidade de vida da população é muito mais importante do que ter gente a meter dinheiro ao bolso.” ALBANO MARTINS ECONOMISTA

As mudanças iriam verificar-se, sobretudo, na percepção do território enquanto destino de turismo em trânsito. “Poderia ser uma oportunidade para promover Macau para um turismo em trânsito. Aí haveria uma promoção do turismo no Delta do Rio das Pérolas e Macau seria apenas uma das paragens, com turistas com múltiplas entradas”, concluiu o docente da UCM. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

JUSTIÇA HO CHIO MENG SEM ADVOGADO

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ORAM ontem canceladas as próximas audiências do julgamento em que é arguido Ho Chio Meng, por o advogado o ex-procurador ter pedido o abandono do patrocínio. De acordo com um comunicado do Tribunal de Última Instância (TUI), onde está a ser julgado por mais de 1500 crimes, o defensor do antigo líder do Ministério Público comunicou ao tribunal que tinha pedido o abandono do patrocínio ao arguido, pelo que a juíza titular do processo decidiu cancelar as audiências que tinham sido marcadas para a tarde de ontem, bem como para os próximos dias 10 e 13.

Ho Chio Meng tem agora cinco dias para constituir um novo advogado, acrescenta o TUI. Se não conseguir encontrar defensor que substitua Leong Weng Pun, será nomeado um advogado pelo tribunal. A juíza decidiu ainda notificar o defensor para esclarecer ao tribunal o motivo do abandono, tendo-lhe lembrado que deve cumprir os deveres estipulados no Código Deontológico dos Advogados, de modo a que o arguido possa obter atempadamente a assistência de outro causídico. Uma vez marcada nova data para a realização de audiência, o TUI promete divulgar as informações.

AGRESSÃO RESIDENTE QUER ENTREGAR CARTA A WONG SIO CHAK

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EONG Hak Meng, residente de Macau, planeia entregar uma carta a Wong Sio Chak, secretário para a Segurança, por forma a obter respostas para um caso de agressão do qual diz ter sido alvo. A intenção foi comunicada em conferência de imprensa organizada no escritório dos deputados Ng Kuok Cheong e Au Kam San. O residente encontrava-se à entrada de um edifício quando um homem, que se identificou como polícia, lhe perguntou o que estava ali a fazer e qual a sua morada. Ieong Hak Meng afirma que exigiu a sua identificação, mas o falso polícia tê-lo-á agredido na zona do peito, tendo fugido de seguida.

O queixoso pediu ajuda a agentes policiais, tendo relatado o caso, mas afirma que nada foi feito. “Prestei declarações no posto da polícia e quis saber porque é que aquela pessoa apresentava uma identidade falsa. Os agentes disseram-me para fazer declarações noutro dia, mas entretanto já passaram dois meses. Nunca mais tive notícias”, apontou. Ieong Hak Meng acrescentou ainda que o homem que o agrediu costuma frequentar a zona onde reside, tendo dito ainda que já entregou várias informações aos agentes policiais, entre elas a matrícula do veículo do alegado agressor e imagens das câmaras de vigilância. Ainda assim, a polícia continua sem dar quaisquer informações, lamentou. V.N.


10 EVENTOS

CLARA LAW E EDDIE FONG REALIZADORES DE CINEMA

“Sou uma nómada no

EDUARDO MARTINS

Clara Law e Eddie Fong são um casal que vive para o cinema. Ela nasceu em Macau e cedo foi para Hong Kong, onde conheceu o colega e companheiro. Actualmente, vivem na Austrália. Regressaram ao território para filmar o projecto que têm em mãos e como convidados do Rota das Letras. Ao HM, falaram das origens, do cinema e de como se cruzam nos filmes que fazem Nasceu em Macau, mas não tem recordações do território. C.L. – Saí de Macau aos dez anos. Não tenho memórias. A minha família era muito tradicional e eu não estava autorizada a sair de casa ou a andar nas ruas. A minha memória é a ida para a escola e o regresso a casa. Ocasionalmente, a minha mãe levava-me aos gelados e ao cinema ver filmes do John Wayne. Passava também muito tempo com a minha avó a ver filmes em cantonês. Como é que o cinema apareceu? C.L. – Formei-me em Literatura Inglesa na Universidade de Hong Kong. Depois do curso comecei a procurar trabalho e não me estava a ver num emprego das nove às cinco. Em dois meses devo ter passado por uns sete trabalhos. Depois falaram-me da Radio Television Hong Kong (RTHK) e que me podia candidatar para dar assistência na realização. Aproveitei a oportunidade e entrei. Assim que comecei a trabalhar, descobri o que realmente gostava. Foi uma paixão. A partir daí quis ir para uma escola de cinema. Queria fazer coisas escolhidas por mim e não vindas de outras pessoas. Fui então para a London Film Academy. Regressei a Hong Kong e conheci o Eddie Fong, que já tinha realizado dois filmes e escrevia guiões. Eu tinha uma ideia, mas não tinha dinheiro. Contactei-o e perguntei se podíamos fazer um filme, mesmo assim, e ele aceitou.

Desde o início da carreira, com “Autum Moon” e “Floating Life”, a questão da emigração e das origens está muito vincada. É de alguma forma uma questão pessoal? C.L. – O nosso passado transforma-nos no que somos. Nasci em Macau e venho de uma família chinesa. Vivi aqui pouco tempo, mudei-me para Hong Kong e estudei em Inglaterra. É muito difícil dizer onde é a minha casa. O sentimento é o de não saber

realmente de onde venho. Cresci com uma educação ocidental e chinesa. Na escola falava inglês e em casa era tudo muito tradicional. Há esta divisão cultural dentro de mim, fez parte do meu crescimento e fez com que não soubesse claramente onde estavam as minhas raízes. Este flutuar interno sem saber onde se está fez com que, mais tarde, fosse à procura da minha veia chinesa. Sou uma nómada no mundo. Não estou nem aqui nem ali.

E.F. – Quando vivemos em Hong Kong sentimos que não pertencemos àquele lugar. É um lugar sem história porque a história está toda na China Continental. O que aprendemos acerca do passado chinês não permite que compreendamos, de um ponto de vista existencial, de onde fazemos parte. Não há nada que possamos ver, tocar ou sentir como parte de um passado. É muito abstracto. Sou chinês, mas sou de Hong Kong, logo não sei bem quem sou. É estranho.

Quando começámos a trabalhar no nosso primeiro projecto, estávamos no início da onda de emigração. O nosso primeiro filme era sobre um casal, em que um era ocidental e o outro oriental. Partilhavam a vida e o choque cultural era notório. Esta convivência era muito natural no dia-a-dia mas ninguém falava nisso, pelo menos no cinema. Há um termo especifico para estas pessoas, que na altura designava os académicos que iam para Hong Kong dar aulas e


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no mundo” C.L. – Estamos na segunda vaga da diáspora. Há muitos jovens que começam a sentir que Hong Kong tem mudado muito e não é mais um lugar seguro para se viver. As terras e casas estão com valores que não são suportáveis para poderem ter as suas e construírem uma família. Sentem que têm de ir embora. É um tema sempre actual. Como é que mantêm o contacto com as vossas origens? C.L. – Tive uma fase, em Inglaterra, em que senti necessidade de ir à procura das minhas raízes de forma mais profunda. Comecei a estudar filosofia chinesa. No regresso a Hong Kong continuei a estudar e li muito, nomeadamente do pensamento que fundamenta a cultura chinesa: confucionismo, taoismo e budismo. Foi um processo para me levar a mim também. Por outro lado, já tinha coisas que identificava como vindas da minha família tradicional chinesa. Hábitos e rituais que aprendemos por os experienciar como o cuidado dos pais quando envelhecem, mas precisava de encontrar o processo de pensamento e foi o que fiz.

“[Na questão dos refugiados], como na medicina chinesa, não é possível lidar apenas com o sintoma, é necessário tratar da sua origem.” EDDIE FONG

deixavam a esposa e filhos no país de origem: eram os “astronautas”. É um jogo de palavras na língua chinesa que remete para 太空人 – ‘taikongren’, em que ‘tai’ significa mulher, ‘kong’ vazio e ‘ren’ pessoa. A ironia é que, com a distância, as mulheres que ficavam no país de origem acabavam por se envolver com outras pessoas e os “astronautas” ficam sozinhos. Hoje em dia os tempos são outros. Já não há muitos “astronautas” em Hong Kong.

E.F. – Temos de fazer a viagem de regresso às origens e estas estão na história do pensamento chinês que, julgo, tem estado perdido nos últimos anos. O processo de afastamento começou com o último império. Com a continuação da história foi sempre a piorar. Basicamente, estamos a perder as nossas tradições de pensamento há perto de 700 anos. Por exemplo, em Hong Kong, ninguém fala sobre isso ou, se fala, não o fazem da melhor maneira porque não sabem. São poucos os que ainda tentam aprender as bases de uma forma real e investigam de uma forma aprofundada o que é que pode realmente significar a cultura chinesa. Este é um assunto que, na Continua na página seguinte

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EVENTOS


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actualidade, deveria significar muito para o mundo em geral. Ainda no âmbito da emigração e com olho nos processos de exílio e acolhimento de refugiados, fizeram “Letters to Ali”. C.L. – “Letters to Ali” foi feito em 2004 e é totalmente um documentário ou, para ser mais exacta, um ensaio para um documentário. O filme aconteceu porque sentimos que havia alguma coisa na Austrália que estava muito mal depois de sabermos pelas notícias da história de Ali, um menino afegão à procura de exílio. A situação dos refugiados também é um assunto do momento. Como é que encaram a questão? C.L. – Hoje em dia é uma questão mais complexa do que quando fizemos o filme. Na altura era mais clara. As pessoas que procuravam exílio não eram tratadas como humanos, mas sim como coisas que não deveriam existir. Penso que, actualmente, os refugiados não são políticos, mas essencialmente económicos. É também mais difícil definir o próprio termo. Por outro lado, o movimento de refugiados atingiu um número tão grande que as necessidades, além da aceitação do outro, passam por uma aceitação real da sua cultura e capacidade para a convivência. Não se pode acolher pessoas e depois não se saber como lidar com elas e com a sua cultura. A aceitação de refugiados deve ser acompanhada de uma estrutura de apoio e isso, penso, não está a acontecer da melhor maneira. Se aceitam pessoas e depois não sabem como as ajudar a reconstruir as suas vidas, os problemas aparecem e haverá sempre políticos a tomar partido da situação e prontos a lançar um apelo ao medo. E.F. – O problema dos refugiados é apenas um sintoma. É como se olhássemos para um todo em que esta questão é apenas um sinal. Como na medicina chinesa, não é possível lidar apenas com o sintoma, é necessário tratar da sua origem. Penso que é claro que na raiz está o cada vez maior abismo entre riqueza e pobreza. Ninguém quer deixar o país de origem e as suas raízes mas, quando as pessoas não têm como comer e estão em guerra, são forçadas a procurar um espaço onde possam sobreviver. Ouvimos tantas histórias de pessoas que só querem regressar a casa dadas as dificuldades culturais. Como é que apareceu a ida para a Austrália? C.L. – A minha família tinha emigrado para lá e, numa visita, decidimos ficar. Naquela altura, os nossos filmes “Autumn Moon” e “Tentation of the Monk” tinham participado num festival na Austrá-

ROTA DAS LETRAS CRÍTICA, IMPRENSA E ESCRITORES

EDUARDO MARTINS

EVENTOS

O escritor Pedro Mexia está hoje ao final da tarde no edifício do antigo tribunal para uma sessão com Inocência Mata, professora da Universidade de Macau (UM), intitulada “Pensar a Crítica Literária”. O debate começa às 18h, sendo que, à mesma hora – mas no Café das Letras do edifício –, se vai falar dos novos caminhos da literatura taiwanesa, com a presença de Wang Cong-wei. Uma hora mais tarde, às 19h, Bruno Vieira Amaral e Madeleine Thien conversam sobre “Escritores na Imprensa”. O dia termina com a projecção do filme “Love Marriage in Kabul”, de Amin Palangi, às 20h30, na Cinemateca Paixão. No programa dedicado às escolas, o festival está hoje na UM. A escritora Madeleine Thien vai estar com os alunos às 10h, no Teatro Caixa Preta da UM. No mesmo local às 14h30, é a vez de Grace Chia.

LISBOA EXPOSIÇÃO SOBRE CENTRO HISTÓRICO DE MACAU

lia e tiveram críticas muito boas. Acabámos por ter produtores a procurarem-nos e a querem trabalhar connosco. Tínhamos uma história que queríamos fazer, seleccionámos uma produtora e fizemos o filme. Foi tudo muito natural. A Austrália, de uma forma geral, é um país simpático e, em Melbourne, conseguimos sentir um certo sentido de comunidade. Se falarmos de multiculturalismo, penso que é um sítio em que se pode vivê-lo realmente. E.F – Em Hong Kong, a indústria cinematográfica estava a apoiar essencialmente filmes mainstream e não era o que queríamos fazer. Andamos sempre numa espécie de margem. Tentamos ter algumas ideias mais comerciais porque queremos vender os filmes mas, ao mesmo tempo, queremos dizer alguma coisa com o nosso trabalho. Este regresso a Macau para filmar e participar no festival literário é também o primeiro após a partida. Um filme no território onde nasceu marca um regresso às origens?

“Com o conhecimento, vem a confiança e nada nos pode parar.” CLARA LAW C.L. – Sim. O filme acaba por falar de alguém à procura das origens. Tive de voltar para procurar a minha infância em Macau. O engraçado foi mesmo a quantidade de memórias que vieram ao de cima. Por exemplo, fomos a um restaurante português e deram-nos pão com manteiga. O sabor daquela manteiga, um produto que geralmente não gosto, soube-me a infância. A casa onde vivia já não existe, mas tem feito parte dos meus sonhos e já consigo visualizar a rua. É uma mulher de sucesso no cinema. Acha que é uma área ainda feita essencialmente por homens ou considera que a tendência está a mudar? C.L. – Nunca pensei sequer que, por ser mulher, seria privada de

fazer o que quer que fosse. Sempre achei que faria o que queria e que ninguém me poderia parar. Na estação de televisão não sabia como fazer as luzes, então ia estudar o que sentia que me fazia falta saber. Com o conhecimento vem a confiança e nada nos pode parar. Já sei fazer tudo o que é necessário para filmes. E.F. – Por termos vivido tanto em Hong Kong, mais uma vez enquanto lugar particular, não sentimos muito as questões de género. Quando nos mudámos para a Austrália sentimos mais a diferença de tratamento. Por exemplo, quando íamos ao banco, o funcionário olhava sempre para mim e eu nem entendia, porque não olhava para a Clara. Notava-se claramente que era suposto ser o homem a tomar as decisões. Estranhámos muito isso. Sofia Margarida Mota

sofiamota.hojemacau@gmail.com

Foi inaugurada ontem na capital portuguesa uma mostra do fotógrafo Chan Hin Io. “O Lugar onde o Património Brilha – Exposição Fotográfica do Centro Histórico de Macau” é uma iniciativa do Instituto Cultural (IC). No ano passado, as imagens estiveram expostas no antigo tribunal; agora, podem ser vistas no Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM), em Lisboa. Tratase do segundo evento institucional ao abrigo do protocolo de cooperação entre o IC e o CCCM, destaca-se em nota à imprensa. A exposição enquadra-se na “vontade de aprofundar a colaboração no domínio da cultura entre o Governo da RAEM e Portugal”. Chan Hin Io é natural da China Continental. Começou a dedicar-se à fotografia em 1996. Três anos mais tarde, veio viver para o território. “Através das suas obras, Chan Hin Io dá-nos uma visão peculiar de Macau, em diferentes perspectivas e contrastes de cor, onde se revelam e misturam duas culturas e rituais tão distintos”, assinala o IC.

ALBERGUE SCM UM SÉCULO DE INOVAÇÃO EM MILÃO

Realiza-se no próximo sábado, no Albergue SCM, o seminário “Milão nos últimos 100 anos: Inovações e tecnologias através do contexto urbano”, da responsabilidade de Roberto Francieri. Em comunicado, a organização indica que o orador é professor honorário do Departamento de Arquitectura e Construção do Politecnico di Milano. A iniciativa conta com o apoio da Associação dos Arquitectos de Macau e a Associação dos Engenheiros de Macau. O seminário arranca às 15h e será proferido em inglês. A taxa de inscrição custa 500 patacas.


13 REGIÃO

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As organizações de defesa dos direitos humanos na Coreia do Norte confirmam que se trata do filho mais velho de Kim Jong-nam, assassinado na Malásia no mês passado. Kim Han-sol está com o resto da família, em paradeiro desconhecido, protegido por uma organização que ninguém reconhece. O jovem espera que a situação melhore em breve

À

data da morte do pai, 13 de Fevereiro, estava em Macau. Agora, desconhece-se o seu paradeiro, apesar das tentativas da imprensa – sobretudo da sul-coreana e da japonesa – para chegarem à fala com o filho mais velho de Kim Jong-nam. Kim Han-sol deu esta semana sinais de vida, através da publicação de um vídeo. Aparenta estar em segurança, contando com o apoio de uma organização não-governamental, desconhecida para activistas dos direitos humanos na Coreia do Norte. O vídeo de Kim Han-sol foi colocado na página do YouTube de um grupo que

Kim Jong-nam ORGANIZAÇÃO MISTERIOSA DIVULGA FILME DE KIM HAN-SOL

Família em parte incerta

dá pelo nome de Cheollima Civil Defense. Após ter disponibilizado os conteúdos, o grupo entrou em contacto com o Channel NewsAsia. “O meu nome é Kim Han-sol, sou da Coreia do Norte, faço parte da família Kim”, começa por dizer o jovem que aparece na imagem, vestido de preto, filmado contra um fundo branco. Em seguida, mostra o passaporte como prova da identidade, mas os detalhes não são visíveis, uma vez que foi colocado um quadro negro em cima do nome. Em inglês, o homem que se identifica com sendo o filho de Kim Jong-nam explica que o pai foi morto “há alguns dias”. “Neste momento, estou com a minha mãe e com a minha irmã. Estamos muito gratos...”, afirma, antes de se deixar de ouvir o que diz, por o som ter sido propositadamente cortado. Os 40 segundos da

gravação acabam com uma mensagem: “Espero que isto fique melhor depressa”.

MISTERIOSOS PROTECTORES

O Channel NewAsia confirmou com Do Hee Youn, um activista da organização Citizens Coalition for Human Rights of Abductees and North Korean Refugees,

“Este vai ser o primeiro e último comunicado sobre este assunto, e a presente localização desta família não será divulgada.” CHEOLLIMA CIVIL DEFENSE

que o jovem de preto no vídeo é mesmo Kim Han-sol. As imagens foram também colocadas no website do Cheollima Civil Defense, que alega estar a proteger a família de Kim Jong-nam. “O Cheollima Civil Defense respondeu no mês passado a um pedido de emergência de sobreviventes da família de Kim Jong-nam para extradição e protecção.” O grupo indica, numa nota, que se encontrou rapidamente com eles e que “foram realojados num local seguro”. “No passado, ajudamos outros pedidos de protecção urgentes”, indica ainda o grupo. “Este vai ser o primeiro e último comunicado sobre este assunto, e a presente localização desta família não será divulgada”, refere o Cheollima Civil Defense. A organização agradece a países que, segundo indica, ajudaram a proteger os fa-

MALÁSIA RESOLVER DE FORMA AMIGÁVEL CRISE COM PYONGYANG

O

Governo da Malásia afirmou ontem que pretende resolver de forma amigável a crise diplomática com a Coreia do Norte, desencadeada após o homicídio em Kuala Lumpur, de Kim Jong-nam, meio-irmão do líder norte-coreano, Kim Jong-un.

O primeiro-ministro malaio, Najib Razak, disse que vão manter laços diplomáticos com o regime de Kim Jong-un e que estes servem de canais para negociar a libertação dos cidadãos da Malásia detidos no território norte-coreano.

Pyongyang proibiu na terça-feira a saída do país de todos os malaios que residem na Coreia do Norte, tendo Kuala Lumpur respondido com a mesma proibição, mas em exclusivo para os diplomatas norte-coreanos residentes na Malásia. “Somos um país amigo

deles, mas os contactos devem dar-se em segredo”, disse Najib diante do parlamento, confirmado que os 11 malaios que as autoridades estimam viver na Coreia do Norte (essencialmente pessoal diplomático e familiares) se encontram bem de saúde.

O vice-primeiro-ministro da Malásia, Ahmad Zahid Hamidi, disse, por sua vez, que o executivo está em contacto com a delegação norte-coreana que chegou a Kuala Lumpur na semana passada com o objectivo de refrear a escalada do conflito diplomático.

miliares de Kim Jong-nam. “Manifestamos publicamente a nossa gratidão pelo apoio humanitário que nos foi dado para proteger esta família pelos governos da Holanda, República Popular da China, Estados Unidos da América e de um quarto país que não vai ser identificado.” O Channel NewsAsia contactou o chefe da polícia da Malásia, que diz desconhecer este grupo. As autoridades deram a entender, porém, que conseguem chegar à fala com a mulher e filhos de Kim Jong-nam. Fontes de duas organizações de defesa dos direitos humanos da Coreia do Norte indicaram ao HM que nunca ouviram falar do Cheollima Civil Defense. O grupo não integra a International Coalition to Stop Crimes Against Humanity in North Korea. Esta coligação junta quase

meia centena de organizações de defesa dos direitos humanos no regime mais fechado do mundo. O site da organização faz referência apenas ao caso dos familiares de Kim Jong-nam, isto apesar de o grupo dar a entender ter experiência em apoio a pessoas em circunstâncias semelhantes. Fonte do HM salientou que o domínio do site foi registado há apenas cinco dias. Logo a seguir à morte de Kim Jong-nam, as agências internacionais de notícias deram conta de que o filho ia viajar de Macau para a Malásia, para que o corpo do pai lhe fosse entregue. Essa viagem não chegou a acontecer. Isabel Castro

isabelcorreiadecastro@gmail.com

PUB HM • 2ª VEZ • 9-3-17

ANÚNCIO INTERDIÇÃO nº

CV3-17-0002-CPE 3º Juízo Cível

Requerente: O MINISTÉRIO PÚBLICO. Requerido: CHAN MENG CHON. *** FAZ-SE SABER que, foi distribuída ao 3º Juízo Cível deste Tribunal, a Acção acima mencionada, contra CHAN MENG CHON, do sexo masculino, internado actualmente no Complexo de Serviços de Apoio ao Cidadão Sénior Pou Tai, sito na Ilha da Taipa, em Macau, em para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica. RAEM, aos 17 de Fevereiro de 2017. ***


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

14

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romance Signo Sinal decorre em grande parte numa aldeia que é completamente devastada por um abalo de terra, após a revolução do 25 de Abril de 1974. É necessário reconstruir a aldeia, mas no contexto revolucionário as medidas são difíceis de implementar. Vergílio Ferreira utiliza a aldeia como metáfora de toda a sociedade portuguesa no contexto de uma regeneração desencadeada pelos ideais utópicos gerados pela revolução. Também o país foi abalado por um verdadeiro terramoto social. Também o país pretende sair das ruínas e descobrir os caminhos para uma nova vida. E pior do que o terramoto social foi, para mim, o terramoto ideológico. Aqui há uns anos enquadrado pelas potencialidades dinâmicas de uma dicotomia engendrada por Paul Ricoeur numa das sua obras e fixada na fórmula utopia versus ideologia escrevi um texto definitivamente legitimador do processo revolucionário e jamais me atreveria a revê-lo à luz de preconceitos conservadores ou reaccionários, mas sempre à luz da historicidade intrínseca extra moral que os tempos transportam consigo tacteando os caminhos que a história ainda pode abrir e devastar. Isso não inibe o discurso crítico jamais judicativo no plano histórico imanente. Foi como tinha que ter sido e agora é fácil imaginar que pudesse ter sido de outra forma. No essencial é essa a sensibilidade que subjaz ao narrador de Signo Sinal. O personagem principal, Luís, sobrevivente do cataclismo e herdeiro de uma fábrica que o seu pai havia construído, encontra dificuldades na acção que resultam da convergência da sua vocação, mais dada ao pensamento e à reflexão que a iniciativas concretas e práticas, com a inoperância própria de momentos históricos em que se quer reconstruir tudo e depois muitas vezes não se reconstrói nada, pois o conflito entre ideais absolutamente utópicos e a realidade é na maior parte das vezes paralisante. Respira-se uma atmosfera ébria e exaltada, pouco propícia ao humilde lançamento dos caboucos da reconstrução. Proliferam os comícios, as manifestações, os planos, mas avança-se muito pouco ou quase nada. Todos os planos são grandiosos, mas as realizações são nulas. A burocracia, as discussões intermináveis, os excessos idealistas manietam o bom senso, e sem bom senso e eficácia nada se realiza.

fichas de leitura

Manuel Afonso Costa

Turbilhão existencial Ferreira, Vergílio, Signo Sinal, Bertrand, Lisboa, 1990. Descritores: Romance, Memória, Utopia, Progresso, História, 268 p.21cm, ISBN: 972-25-0270-0

Se a aldeia representa o microcosmos do país, o arquitecto responsável pela reconstrução representará a elite revolucionária que tem em mãos a construção de uma sociedade nova e de uma nova época da história. Uma espécie de demiurgo do tempo novo. Os diálogos de Luís com o arquitecto mostram essa realidade contraditória entre o desejo e a realidade. Vergílio Ferreira vai desconstruindo com eficácia as ilusões de uma sociedade que pretende, a partir de fragmentos de antropologias ingénuas e de crenças que nada acrescentam às mais antigas,

erguer-se acima da sua própria condição. Sabemos que todas as revoluções resultam de excessos voluntaristas em que os sonhos, os ideais, as utopias adulteram por pura ansiedade escatológica a trama omnipresente da realidade. Os revolucionários, por vocação própria, caricaturam a realidade para melhor terem a ilusão de que a podem moldar, mas aquilo que à pressa se expulsa pela janela, bastas vezes volta a entrar pela porta que continua escancarada. Ou o contrário. Vale o mesmo e é mais perverso.

VERGÍLIO FERREIRA nasceu na aldeia de Melo, no Distrito da Guarda a 28 de janeiro de 1916 e faleceu em Lisboa no dia 1 de Março de 1996. Formou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em Filologia Românica. Em 1942 começou a sua carreira como professor de Português, Latim e Grego. Em 1953 publicou a sua primeira colecção de contos, “A Face Sangrenta”. Em 1959 publicou a “Aparição”, livro com o qual ganhou o Prémio “Camilo Castelo Branco” da Sociedade Portuguesa de Escritores. Em 1984, foi eleito sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. As suas obras vão do neo-realismo ao existencialismo. Considera-se geralmente que o romance Mudança assinala justamente a mudança de uma fase para outra. Na fase final da sua carreira pode-se dizer que Vergílio Ferreira tocou as fronteiras de um puro niilismo. Em 1992 foi eleito para a Academia das Ciências de Lisboa e além disso, recebeu o Prémio Camões, no mesmo ano. Obras principais: Mudança (1949), Manhã Submersa (1954), Aparição (1959), Para Sempre (1983), Até ao Fim (1987), Em Nome da Terra (1990) e Na tua Face (1993). O autor faleceu em 1996, em Lisboa. Deixou uma obra incompleta, Cartas a Sandra, que foi publicada após a sua morte. A partir de 1980 e até 1994 foram sendo publicados os seus diários, com a designação de Conta Corrente. Deve ainda salientar-se a publicação do conjunto de ensaios intitulado O Espaço do Invisível entre 1965 e 1987.

É em Luís que culminam as contradições do processo transformista, pois nele a realidade social conflitua com a realidade da sua própria vida, onde a dimensão que o transcende conflitua com a sua procura, com a sua demanda, de um sentido existencial. Ora, é sempre isso que acontece, no turbilhão das questões sociais transpersonalistas é sempre a nossa própria questão que continua a acossar-nos. Qualquer ideólogo marxista se apressaria a apostrofar Luís, afirmando que as suas preocupações, impasses, dúvidas e hesitações não passam afinal do drama histórico da classe social a que pertence, a pequena burguesia. E que a história e o seu progresso facilmente removem essas inércias. Nada mais ingénuo; e por isso Vergílio Ferreira que há muito atirou para trás das costas esses paradigmas sociológicos estreitos, maniqueístas e redutores, acolhe portanto Luís no seu texto como expressão de uma resistência estrutural à rasoura simplista das ideologias. Há na história da humanidade muito mais a expressão do mito de Sísifo que a saga gloriosa do progresso, embora ambas coexistam de forma pletórica. Sendo assim, o autor coloca na boca da sua emblemática personagem estas palavras: “talvez destruam tudo outra vez do que construíram, porque escutam uma ordem nova e certa e irrecusável desde o ignorado da vertigem”. Se nos lembrarmos da metáfora de Walter Benjamin, plasmada plasticamente no quadro de Paul Klee, em que a história é identificada com um anjo que voa de costas continuamente a olhar para o passado, facilmente se percebe que o progresso acontece à margem das vontades, subordinado a um vórtice que aspira vectorialmente para a frente. Enfim, como o anjo voa de costas, parece que é para trás. Não sei se era assim que pensava Vergílio Ferreira, mas que ele procurava enfatizar neste romance a persistência de estruturas de longa duração ligadas à natureza da condição humana muito mais do que ao visionarismo circunstancial ditado pelos artífices voluntaristas da história, a partir de projectos grávidos de ideologias, disso não tenho dúvidas. *No quadro da colaboração de Manuel Afonso Costa com a Biblioteca Pública de Macau-Instituto Cultural, que consiste entre outras actividades no levantamento do espólio bibliográfico da biblioteca e na sua divulgação sistemática, temos o prazer de acolher estas “Fichas de Leitura” que, todas as quintas-feiras, poderão incentivar quem lê em Português.


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diários de próspero

António Cabrita

02/02/17

Não escrevo para que me interpretem. Como Melville acredito que o mundo e o mistério são maiores que eu. Há, por isso, momentos em que uma leve sintonia me faz bem como quando leio numa conferência de Foucault de 1966, intitulada O corpo utópico, que o pensador francês opõe a utopia ao corpo. Diz ele que «o corpo é o único que não se pode trasladar para um espaço imaginário perfeito», porque todas as manhãs o espelho mostra-me mais calvo e que os músculos me caem lassos e a pele começa a ter manchas inarredáveis e que o que se passa com o meu corpo se afastou milhas do modo com que imagino todas as minhas construções. Ou seja, o que eu idealizo e por outro lado a minha presença que, dia a dia, se desvanece. Bom, a clivagem desta consciência toda a gente a adquire por experiência própria. Até aí nada de novo. O que me parece inédito é a chamada da utopia para um contraponto com o corpo, habituados que estamos a localizá-la no campo das ideias. Seja pois a utopia o inverso do corpo, a sua sombra: isto supõe que todas as outras ideias, porque menos radicais, se inscrevem no corpo, florescem à margem do seu desgaste, como órgãos, extensões daquele, ou vidas virtuais possíveis, para o que aprende a ausentar-se. Suponho que esta será a melhor das maquilhagens. Em relação a este aspecto são interessantes as reflexões com que Michel Onfray demonstra a presença do corpo (ou a sua censura) no delineamento do pensamento, mesmo em Deleuze, que quis teorizar o «corpo-sem-orgãos».

05/02/17

Nina Simone, vi-o agora, teve direito à sua biopic. Vale o filme o que vale a sua intérprete – Zoe Saldana, magnífica - e por três ou quatro pormenores que iluminam uma vida e as suas circunstâncias. Uma entrevista na rádio de Nina com um jornalista francês funciona como a vértebra do filme, voltando-se repetidamente a ela; a uma pergunta sobre porque decidiu Nina ir viver para França, onde é adorada, Nina responde: “A América falhou. Falhou com o meu povo, e comigo. A América falhou como país”. Fala evidentemente do racismo. Noutro filme sobre Miles Davis, o genial trompetista, que a dado

NASA/JPL-CALTECH

Falhar menos

momento se exilou em Paris, onde é idolatrado como artista, também diz que na “cidade luz” vive uma liberdade que nunca conheceu na América. A América falhou. Se formos vinte anos atrás, à história de Josephine Baker temos outro exemplo de uma vida extraordinária e fustigada pelo racismo e que encontra em Paris o porto de abrigo. Porque em Paris é respeitada e no seu país era perseguida. Três exemplos que atravessam um século mas que atestam pelo menos que a meritocracia na Europa tem menos cor – é de artistas que falo, gente comum terá mais problemas, mas o modo como se tratam os artistas é um indicador civilizacional. Entretanto sabemos: a América de Obama falhou, a América de Trump,

já se viu, vai falhar melhor. Hoje, no essencial, o racismo mudou o seu foco mais encadeante, é menos étnico que islamofóbico, contudo, o que está em jogo nas eleições europeias deste ano é saber se a Europa – que, na generalidade, resolveu melhor a condição pós-colonial que a América as suas tensões internas – vai continuar a ser um porto de abrigo ou se as restrições que decorrerão de resultados contrários aproximarão a Europa de um modelo afim do americano, racista, xenófobo e áspera e orgulhosamente clivado. Às vezes era preciso falhar menos.

06/02/17

A descoberta dos sete exoplanetas semelhantes à Terra, com possibilidades de ter água, excitou meio mundo.

Era uma descoberta que faltava à necessidade de descomprimir a solidão do homem no vasto, álgido, universo que nos rodeia. Digamos que, no meu caso, foi o modo mais feliz da realidade contrariar o convincente mas terrível diagnóstico que o ensaista de arte e poeta de Barcelona, Rafael Argullol, fez em Maldita Perfección/ Escritos sobre o sacrifício y la celebración de la belleza (2013), e que nos colocava à beira de uma depressão irredimível. Num texto intitulado A Solidão de Shakespeare, Argullol sustenta o seguinte: «Nenhum poeta posterior ao século XVII teria podido escrever como o fez Shakespeare sem ser acusado de inverosimelhança total. Se um escritor actual, por exemplo, vinculasse as paixões humanas a supostas paixões dos astros, ventos ou moléculas, seria justamente culpável de um maneirismo que lhe faria perder toda a eficácia literária. Ninguém imagina um cenário deste tipo como campo metafórico de um poeta contemporâneo. Todo o contrário acontecia com Shakespeare, cujo enorme potencial de metáforas há que entendê-lo, em boa medida, como consequência da sua disposição, convergente com uma consciência todavia era da sua época, para enlaçar os fenómenos da natureza humana com os fenómenos do conjunto do cosmos». E a seguir Argullol mostra como a grande fronteira do espaço se revelou um poço sem fundo: «Inalcançado qualquer indício de diálogo, nunca como agora parece evidente a consciência de solipsismo. O homem é um relato sem ouvintes no qual se conta o seu solitário protagonismo no mundo». E esta viragem das esperanças antigas para um horizonte tão abissal como mudo, este confinamento, imaginei eu a partir da leitura de Argullol, foi desde a desilusão da aventura espacial, destapando (como uma Caixa de Pandora) todas as depressões, com correspondências visíveis desde a sensação de uma «falta de alternativas políticas», à crença de que os fármacos podiam substituir a psicanálise, até à suposta incapacidade da poesia sair do beco do quotidiano: atravessávamos um mundo sem exterior fora da alucinação, sem saídas, gélido e destituído de – lá está - utopias. Esta descoberta da astronomia, de sete planetas com condições para ter vida, devolve-nos um ponto de fuga, uma ilusão que nos faz de novo exigir o impossível: a derrota das distâncias insalváveis.


16 DESPORTO

hoje macau quinta-feira 9.3.2017

ARSENAL HUMILHADO EM CASA PELO BAYERN

O Bayern voltou a golear o Arsenal — curiosamente pelo mesmo resultado da primeira mão — e está nos quartos de final da Liga dos Campeões. Os alemães ainda consentiram o primeiro golo aos anfitriões, com a assinatura de Theo Walcott (20`), mas a expulsão de Koscielny, depois de fazer uma grande penalidade, deitou tudo a perder. Lewandowski não perdoou e empatou a partida, lançou o Bayern para um verdadeiro passeio. Robben (68`), Douglas Costa (79`) e Vidal (81` e 86`) selaram a humilhação dos londrinos. Refira-se que Renato Sanches entrou aos 79 minutos para o lugar de Thiago Alcântara.

RUI PATRÍCIO ESTARÁ NOS PLANOS DO MARSELHA

O guarda-redes Rui Patrício (Sporting) entrou na órbita de muitos clubes deste a vitória no Europeu, com o Marselha a surgir na linha da frente para tentar garantir o jogador no final da temporada, segundo apurou A BOLA. O Marselha irá investir fortemente na próxima temporada para reformular o plantel e regressar ao topo do futebol francês. Um dos objectivos passará pelo reforça da baliza, onde o nome de Rui Patrício, que tem uma cláusula de 45 milhões de euros, estará na lista.

NBA DIRK NOWITZKI SUPERA A BARREIRA DOS 30 MIL PONTOS

GP TAÇA DA CORRIDA CHINESA TAMBÉM VAI MUDAR

Mais outro “dois em um”

A

quarta edição da Taça da Corrida Chinesa no Grande Prémio de Macau vai muito provavelmente ter um formato diferente daquele visto nas pretéritas edições em que a competição monomarca visitou o Circuito da Guia. Criada em 2014 pela Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, a Taça da Corrida Chinesa é uma competição constituída por quatro provas em que todos os participantes conduzem viaturas BAIC Senova D70 (um carro que tem como base o Saab 9-5), com a particularidade de cada associação automóvel da Grande China – China continental, Macau, Hong Kong e Taipé Chinês – ter o direito de inscrever três viaturas para três pilotos nomeados por si. As restantes viaturas participantes nas corridas são alugadas a pilotos privados e não pontuam para o campeonato das associações automóveis. Contudo, a exemplo da Taça de Carros de Turismo de Macau, esta

corrida irá sofrer alterações, juntando duas categorias numa só corrida este ano. Segundo o que apurou o HM, a corrida deste ano em Novembro colocará em pista, para além dos vários BAIC Senova D70, também os carros do recém-criado campeonato TCR China. A organização do campeonato TCR China está também a cargo da empresa Shanghai Lisheng Racing Co. Ltd, que pertence ao empresário Xia Qing, o promotor do influente Campeonato Chinês de Carros de Turismo (CTCC), e no final do ano passado anunciou uma corrida do seu campeonato nas ruas do território. Quanto ao número de carros por categoria, “ainda não está definido, mas gostávamos de ter entre 16 a 18 concorrentes de TCR e mais 16 a 18 concorrentes na Taça da Corrida Chinesa”, disse fonte da organização chinesa contactada pelo HM. Devido ao interesse na prova da RAEM, a selecção dos participantes deverá ser feita por convites, com a

prioridade a recair nos pilotos que participem na temporada completa do TCR China, seguida daqueles que tomarem parte no homólogo campeonato TCR Asia Series, com quem o campeonato chinês terá uma parceria e eventos em comuns nesta época de estreia. Por se tratar de uma competição que apela ao patriotismo chinês, no que respeita à nacionalidade dos pilotos, a mesma fonte esclareceu que “com os TCR não haverá limitações quanto à nacionalidade, mas a Taça da Corrida Chinesa, como nos anos anteriores, só será permitida a participação de pilotos chineses”. O HM acredita que estas alterações, e possivelmente o nome da corrida no programa do evento, só serão oficializadas mais tarde no ano, depois do aval da Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau.

A PONTUAR

Os carros da categoria TCR foram vistos nos dois últimos anos no

Circuito da Guia, dando forma à Corrida da Guia. Todavia, em 2017, a Corrida da Guia, a mais importante corrida de carros de turismo do continente asiático, voltará a receber um evento pontuável para o Campeonato do Mundo FIA de Carros de Turismo (WTCC), campeonato que também aceitará carros da categoria TCR numa segunda categoria. Ao contrário das corridas do WTCC, cujo número de carros na grelha de partida tem diminuído, a categoria TCR está em pleno crescimento, tendo nos últimos meses atraídos grandes construtores como a Audi, KIA e Hyundai. Os carros do CTCC, que o ano passado se estrearam no Circuito da Guia, não deverão ser aceites na Taça da Corrida Chinesa. Sérgio Fonseca

info@hojemacau.com.mo

O alemão Dirk Nowitzki, o primeiro europeu a receber a distinção de jogador mais valioso (MVP) da época, em 2011, entrou na terçafeira no grupo restrito de jogadores que superaram os 30.000 pontos na Liga Norte-americana de Basquetebol. Na visita aos Los Angeles Lakers, o germânico, que precisava de 20 pontos para atingir a mítica barreira dos 30.000, contribuiu para a vitória dos Dallas Mavericks com 25 pontos e 11 ressaltos, superando a barreira durante o segundo dos quatro períodos, e os festejos foram imediatos. A partir de agora, só seis jogadores ultrapassaram a marca dos 30.000 pontos na NBA. Nowitzki juntou-se neste grupo a Kareem Abdul-Jabbar (38.387), Karl Malone (36.928), Kobe Bryant (33.643), Michael Jordan (32.292) e Wilt Chamberlain (31.419).


17 hoje macau quinta-feira 9.3.2017

LIGA DE ELITE

DESPORTO

ANTEVISÃO da jornada por João Maria Pegado

A

sétima jornada da liga elite terá o seu normal alinhamento de jogos alterado. Os dois jogos que normalmente se realizam ao sábado à tarde irão ser disputados quinta-feira à noite. De referir ainda que os jogos voltaram ao Estádio de Macau localizado na Taipa.

TATIANA LAGES

Liderança novamente em jogo

O GRANDE EMBATE

Sport Macau e Benfica

Benfica. Para passarem da teoria à prática, o guarda redes Domingos e os defesas, Vitor Almeida, Ronald Cabrera, Kan Chi Hou e Choi Chan In vão ter que fazer

um jogo a roçar a perfeição. Será preciso controlar muito bem a profundidade nas suas costas e serem fortes nos duelos individuais, algo em que o Benfica é intenso devido

TATIANA LAGES

O jogo grande, CPK Vs Benfica De Macau, terá lugar às 18:30 de domingo. Os encarnados chegam a este jogo moralizados após a vitória categórica sobre o Monte Carlo, o que lhes permitiu ascender à liderança da prova com 16 pontos. Agora com novo adversário complicado querem a vitória para praticamente garantir o topo da classificação no final da primeira volta. Para tal os pupilos de Henrique Nunes terão que manter a mesma intensidade que mostraram no jogo anterior, para poderem ultrapassar a segunda melhor defesa da prova com 4 golos sofridos. Algo que estará de certeza na palestra do treinador encarnado será a atenção dada às bolas paradas do CPK, a equipa capitaneada por Diego Patriota, que é especialista neste momento do jogo ,seja de livres,muito bem excecutados por Diego e Bruno Figueiredo, como na marcação de cantos, onde Ronald é um finalizador nato dentro da área. Atenção de Batista e dos centrais Filipe Duarte e Bernardo a este momento do jogo. O onze deverá ser o mesmo que alinhou no último jogo. Torrão,melhor marcador do campeonato, talvez seja a maior dúvida para este encontro, ele que abandonou o jogo anterior mais cedo algo queixoso. Se assim for Alison Brito será promovido à equipa titular. O Benfica sabe que este jogo é crucial para ficar com vitórias sobre os adversários directos, por isso terá que ter uma entrada forte, tal como fez contra o Monte Carlo, para aproveitar algum receio que equipa do CPK possa ter de início. Por cada minuto que passar estará a dar motivação extra ao adversário. O CPK vê este jogo como uma oportunidade de se isolar na frente do campeonato ou continuar a depender de si próprio para lá chegar. A seu favor tem, no meu entender, um sector defensivo muito forte, que é único em teoria, e com condições para parar o ataque do

à grande qualidade do seu ataque. Mas sobretudo esta linha de quatro defesas que referi, tem que não ter medo de ter a bola em seu poder e assim sair com ela em segurança da sua fase de construção, passando a primeira fase de pressão dos encarnados. Se assim for, a bola poderá chegar com qualidade aos seus criativos Diego e Bruno que tentarão os ataques rápidos explorando a velocidade dos seus alas, Akio e Lam Ka Seng, aproveitando as costas dos laterais benfiquistas que apoiam muito o ataque, para conseguir chegar rápido à baliza defendida por Batista, conseguindo a finalização ou ganhar lances de bola parada. Mais um encontro com a liderança em jogo e mais uma boa partida para assistir.

RESTANTES JOGOS.

Inácio Hui, treinador do CPK

Hoje às 19:00 KA I Vs Cheng Fung. Depois de uma vitória saborosa sobre a Polícia, o Ka I pretende somar mais três pontos para fugir aos lugares da despromoção e até mesmo alcançar a equipa de João Rosa. Às 21:00, jogam Sporting Vs Kei Lun,. A equipa de Jose Cler quer voltar às vitórias e tentar aproveitar um deslize de CPK ou Benfica que se defrontam entre si.

Com novo adversário complicado [os encarnados] querem a vitória para praticamente garantir o topo da classificação no final da primeira volta Já o Sporting depois um empate que deixou algumas marcas na equipa, visto era um jogo para vitoria, terá aqui uma equipa difícil de defrontar. Curiosidade para ver se Junior Soares voltará a jogar de início. Sexta-feira um único jogo, Development Vs Lai Chi às 21:00, partida entre os últimos da tabela com pontos bastante importantes em disputa. Domingo após o jogo entre Benfica vs CPK temos às 20:30 o Monte vs Policia, após a derrota estrondosa frente aos encarnados a equipa de Claudio Roberto quer voltar às vitórias mas pela frente terá uma bem organizada e agressiva equipa da Policia.


18 (F)UTILIDADES TEMPO

C H U VA

hoje macau quinta-feira 9.3.2017

?

FRACA

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

MIN

14

MAX

18

HUM

75-95%

EURO

8.45

BAHT

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “ESCRITORES NA IMPRENSA” COM BRUNO VIEIRA DO AMARAL 19h | Edifício Antigo Tribunal ROTA DAS LETRAS | PROJECÇÃO “LOVE MARRIAGE IN KABUL” DE AMIN PALANGI 20h30 | Edifício Antigo Tribunal

O CARTOON STEPH

ROTA DAS LETRAS | PERFORMANCE “HYDRA E ORPHEU” POR DEMO 20h | Edifício Antigo Tribunal

Sábado

ROTA DAS LETRAS | WORKSHOP “REPORTAGEM DE GUERRA” COM JOSÉ MANUEL ROSENDO 11h | Edifício Antigo Tribunal

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “NOS BASTIDORES DE UM EVENTO LITERÁRIO” COM SANAZ FOTOUHI, DEUSA D´ÁFRICA, HÉLDER BEJA E PETER GORDON 16h30 | Edifício Antigo Tribunal

Cineteatro

C I N E M A

PROBLEMA 193

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 192

UM DISCO HOJE

SUDOKU

DE

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “AUTORES E OS SEUS LIVROS” COM BRUNO VIEIRA DO AMARAL E NATÁLIA BORGES POLESSO 18h | Edifício Antigo Tribunal

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “AUTORES E OS SEUS LIVROS” COM MADELEINE THIEN 15h | Edifício Antigo Tribunal

1.15

BOMBAS DE FUMO

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “OS NOVOS CAMINHOS DA LITERATURA TAIWANESA” COM WANG CONG-WEI 18h | Edifício Antigo Tribunal

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “SER NERD É FIXE, HISTÓRIAS PARA MIÚDOS” COM OLIVER PHOMMAVANH 16h30 | Edifício Antigo Tribunal

YUAN

AQUI HÁ GATO

ROTA DAS LETRAS | SESSÃO “PENSAR A CRÍTICA LITERÁRIA” COM INOCÊNCIA MATA E PEDRO MEXIA 18h | Edifício Antigo Tribunal

Sexta-feira

0.22

Emissor, receptor. É assim que funciona a comunicação, principalmente se estamos num diálogo, num contexto de procura de entendimento, de transmissão de mensagem. Mas existe no pantanoso mundo da política, da publicidade, da manhosice a todos os níveis, um outro nível de comunicação. Quando se quer esconder algo, quando se fala sem nada dizer, quando não se quer responder a uma pergunta respondendo. São as respostas de bombas de fumo ninja. Passo a explicar. Quando um ninja desaparece sem deixar qualquer rasto larga uma bomba de fumo para o chão encobrindo para onde foi. Conferências de imprensa são terreno fértil para este tipo de manobras de evasão, com o especial e enfurecedor detalhe do ninja permanecer à frente dos interlocutores. Lança a bomba e ali fica, evadido mas presente, palpável mas etéreo, como um holograma sonhado a potenciar frustração comunicacional. Repete-se a pergunta e puff, mais uma bomba de fumo, por vezes sem sequer alterar a fórmula verbal, como um déjà vu bem identificável que leva labirintos de lógica tosca. São os mais evidentes mestres de ilusão. Mas isto é o que os ninjas fazem, é a sua natureza. Mestres da sabotagem, da infiltração silenciosa, da invisibilidade conspícua que trama na treva, metendo pedras na engrenagem da comunicação. Puff e já se foram... ficando sempre. Pu Yi

“MEUS CAROS AMIGOS” | CHICO BUARQUE

Há álbuns que não se esquecem e que, regularmente, regressam ao gira-discos para que nos lembremos que as músicas são eternas. “Meus Caros Amigos”, de Chico Buarque, é um bom exemplo de como vale a pena andar a saltar de lados As para os Bs sem saber o que escolher. Se o registo começa com a “O que será?” seguido de “As Mulheres de Atenas”, o B começa com “Corrente” e fecha com o tema que dá nome ao vinil. Um álbum de 1976 que podia ser de ontem. Canções sem tempo como só Chico sabe fazer. Um disco que vale a pena ter para desenferrujar as agulhas e ouvir aquele barulhinho de fundo que acaba por fazer parte de cada canção. Sofia Margarida Mota

KONG: SKULL ISLAND SALA 1

KONG: SKULL ISLAND [C] Filme de: Jordan Vogt-Roberts Com: Tim Hiddleston, Samuel L. Jackson, Brie Larson 14.30, 16.45, 21.30

KONG: SKULL ISLAND [C][3D] Filme de: Jordan Vogt-Roberts Com: Tim Hiddleston, Samuel L. Jackson, Brie Larson 19:15 SALA 2

THE FOUNDER [B] Filme de: John Lee Hancock Com: Linda Cardellini, Michael Keaton,

Patrick Wilson 14.30,16.45, 21.30 SALA 2

LA LA LAND [B] Filme de: Damien Chazelle Com: Ryan Gosling, Emma Stone 19.15 SALA 3

THE GIRL WITH ALL THE GIFTS [C] Filme de: Colm McCarthy Com: Gemma Arterton, Sennia Nanua, Paddy Considine 14.30, 16.30, 19.30, 21.30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Isabel Castro; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Sofia Margarida Mota Colaboradores António Cabrita; António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


19 hoje macau quinta-feira 9.3.2017

bairro do oriente LEOCARDO

SETH MACFARLANE, A MILLION WAYS TO DIE IN THE WEST

Mea culpa (pois)

P

ASSEI um destes últimos fins-de-semana em Hong Kong, e mais uma vez levei “um banho” de aquilo que não temos aqui deste lado. Já sei que fazer comparações entre os dois lados do delta não é de bom tom, é território minado, e não me livro com toda a certeza de alguns “estás mal muda-te” sussurrados entre dentes, mas é assim mesmo: isto é a minha opinião, e é aquilo que os meus sentidos apuraram. A culpa é minha, que tal? Primeiro “Mea culpa”, pronto. Não dói assim tanto. Não dói de todo. Primeiro a descontracção, que é um valor que eu prezo. Saí à noite em Tsim Sha Tsui, e depois de tentar um ou dois bares (que estavam cheios) em Knutsford Terrace, deparei um bar catita, situado num dos andares de um edifício comercial ali perto. Talvez por este último motivo podia-se fumar dentro do bar – pasme-se. Mas não foi só com esse pormenor que deparei quando subi entrei; havia música, “snooker”, dardos, muita animação. Gente toda ela mais jovem que eu, mas num ambiente super-descontraído, onde entre a risota e a música podia-se berrar “Daaarby!” sem ninguém ficar a pensar que estamos escangalhados da cachola. Foi uma mudança em relação à noite aqui em Macau, onde se nota o constrangimento em dar um murro na mesa, ou se dizer alto que se está

ou é feliz. Há muito olhar por cima de um ombro, muitos “ai tu aqui?” ou o risco de no dia seguinte alguém nos dizer “ontem vi-te” – sabem como é. Mas mesmo assim deixem lá, que vos carregos essa cruz também: a culpa é só minha. Mea culpa ao quadrado. Aguenta-se bem. Falemos de comida para o estômago e para a alma. Em Hong Kong come-se bem, barato e caro, e há sempre qualquer coisa para se ver ou para comprar. Fazem-se coisas mais ousadas, também, que houve quem ensinasse às gentes aqui do lado a pensar fora do chapéu, e olhar para além do próprio nariz. Aqui tivemos agora o Festival Rota das Letras, que vai na sexta edição. Acho óptimo, e cada ano tem sido melhor, e o futuro da iniciativa parece assegurado. No entanto não

Foi uma mudança em relação à noite aqui em Macau, onde se nota o constrangimento em dar um murro na mesa, ou se dizer alto que se está ou é feliz. Há muito olhar por cima de um ombro, muitos “ai tu aqui?” ou o risco de no dia seguinte alguém nos dizer “ontem vi-te” – sabem como é

posso deixar de concordar com um opinador de uma publicação compita deste jornal, que lamentou a “falta de tempo”. Sim, de facto o Rota das Letras é muito coelheiro: vai ser tão bom, não foi? Eu espero com mais tempo e mais orçamento se possa dar mais atenção e apreciar com mais cuidado uma iniciativa destas, que este ano trouxe a Macau nomes como Raquel Ochoa, Sérgio Godinho e José Rodrigues dos Santos – só este ano. Mas aí está, eu é que não tive lugar na agenda, paciência, e salta o terceiro Mea culpa. Amén. Falámos de Hong Kong e do Festival Rota das Letras, falemos agora dos Doçi Papiaçam de Macau, que vão estar no Festival de Artes com uma nova peça, onde a RAEHK entra também no enredo. O título ficou qualquer coisa como “Sorte em Terra de Tufões”, não sei ao certo, mas conta a história de um maquista que ganha o “Mark Six”, e por culpa de um tufão fica impedido de ir à Sociedade de Lotarias de HK reclamar o prémio. Consigo imaginar o que vem a seguir, pois tendo em conta que a tal sociedade entrega o prémio a qualquer um que apareça com o bilhete, o tal sortudo vai ter um dia cheio de novas “amizades”. Se calhar era melhor ter ficado calado, e eu calo-me já também. Dos Doçi nunca sei bem o que esperar – e isso é óptimo – mas de mim eles podem contar com o mesmo dos últimos 9 anos: uma “review” no blogue. Ok, pode ser que alguém ache isto mau, ou que eu “não devia”, mas penso que não estaria a fazer-lhes nenhum ficando calado. Não sai uma Mea culpa aqui, que de boas intenções está um certo lugar cheio. E não é Hong Kong. Pois...

OPINIÃO


Para se poder respirar é preciso ter acesso ao ar Atlântido

A

O escudo da discórdia

PRIMEIROS PASSOS

O potente radar de banda X é um componente essencial do sistema que Seul e Washington querem implementar, mas que está a ser criticado por Pequim por recear que venha a ser utilizado para a obtenção de informações sobre bases chinesas

Coreia do Sul e os Estados Unidos prevêem instalar durante o mês de Março o radar do escudo antimíssil THAAD para que o equipamento esteja operacional em Abril, disseram ontem fontes militares em Seul. A instalação do sistema de defesa antimíssil está a provocar fortes protestos da República Popular da China. O potente radar de banda X é um componente essencial do sistema que Seul e Washington querem implementar, mas que está a ser criticado por Pequim por recear que venha a ser utilizado para a obtenção de informações sobre bases chinesas na zona de fronteira com a Coreia do Norte. O dispositivo de detecção vai começar a ser instalado durante o corrente mês na zona de Seongju, no centro do país, a cerca de 300 quilómetros a sudeste de Seul para realizar “testes operacionais”, disseram fontes do Exército sul-coreano à agência Yonhap. A montagem do radar vai decorrer durante as próximas semanas e prevê-se esteja funcional no final de Abril. Na terça-feira, os exércitos da Coreia do Sul e dos Estados Unidos anunciaram a chegada a território sul-coreano dos primeiros componentes do Sistema de Defesa Terminal de Área a Grande Altitude (THAAD, na sigla em inglês), PUB

Radar do sistema antimíssil THAAD montado em Março na Coreia do Sul

quinta-feira 9.3.2017 no quadro das decisões tomadas pelos dois países em Julho de 2016. Aos primeiros componentes, dois lança mísseis e o radar, vão mais tarde adicionar-se os restantes elementos do sistema que vão ficar inicialmente na base aérea de Osan (70 quilómetros de Seul), para depois serem instalados em Seongju. O início da montagem do sistema coincide com o lançamento efectuado na segunda-feira pela Coreia do Norte de quatro mísseis balísticos que atingiram o Mar do Japão. Os ensaios de Pyongyang são vistos como uma resposta do regime norte-coreano contra as manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul no Paralelo 38. A instalação do THAAD tem sido especialmente criticada pelo governo da República Popular da China que já decidiu proceder ao boicote às empresas de turismo sul-coreanas, assim como aos produtos comerciais da Coreia do Sul. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Pequim, Wang Yi, sublinhou ontem numa conferência de imprensa em Pequim que a instalação do THAAD é uma decisão errada sendo que já na semana passada a China afirmava que o país iria adoptar as medidas “necessárias” para protecção dos interesses nacionais.


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