SOFIA MARGARIDA MOTA
BURROUGHS ANTÓNIO CABRITA
MÃOS E PANDEMIA LUÍS CARMELO
ARQUITECTURA
O DESENHO DA CRISE HOJE MACAU
PÁGINAS 2-3
h
MOP$10
QUINTA-FEIRA 9 DE ABRIL DE 2020 • ANO XIX • Nº4504
DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ
DIPLOMACIA
SALÁRIO MÍNIMO
CÔNSUL VOLTA AO TRABALHO
OS ETERNOS EXCLUÍDOS
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hojemacau
Uma mão cheia de tudo O Governo apresentou ontem as medidas de apoio no combate à crise económica desencadeada pela covid-19. Um subsídio de 15 mil patacas, que abrange a maioria dos trabalhadores, uma segunda ronda de distribuição de vales de consumo no valor de 5 mil patacas e um apoio pecuniário entre 15 mil e 200 mil patacas, conforme o número de trabalhadores empregados, a profissionais liberais, são algumas das inúmeras acções ontem reveladas por Lei Wai Nong.
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COVID-19
PROJECTAR A PEQUENOS ATELIERS DE ARQUITECTURA SOFREM IMPACTO DA CRISE
A crise gerada pela pandemia da covid-19 trouxe um profundo impacto ao sector da construção civil, dificuldades que contagiaram os ateliers de arquitectura de pequena dimensão. Sem novos concursos públicos e com encomendas privadas reduzidas a zero, tenta-se contornar a crise motivando equipas e apostando todas as energias nos projectos em curso. Ainda assim, muitos escritórios deixaram de contratar e estão praticamente parados
C
OM o sector da construção civil a trabalhar a meio gás, os ateliers de arquitectura de pequena dimensão de Macau estão a deparar-se com dificuldades. Alguns concentram-se em projectos em curso, tentando motivar equipas e inovar além do habitual esquema de trabalho, enquanto outros correm o risco de pararem por completo. Nuno Soares, fundador do atelier CURB - Centro de Arquitectura e Urbanismo e Arquitectura, situado no edifício Ponte 9, no Porto Interior, e que faz parte da direcção da Associação dos Arquitectos de Macau
(AAM), reconhece as dificuldades actuais. “Não acho que o nosso atelier seja sintomático de todos os outros”, começa por dizer. “Vários colegas disseram-me que têm dificuldades e que viram os trabalhos diminuir, e nós verificámos a mesma coisa. Acho que alguns ateliers pequenos vão encerrar ou pelo menos suspender a actividade durante alguns meses.” No caso do CURB, tentou-se fazer o inverso, mas as novas contratações estão suspensas. “Um dos problemas que temos é que não conseguimos contratar. Tínhamos pessoas contratadas a partir de Portugal para vir para
o atelier e como isto aconteceu não vêm. Isto causa muitas dificuldades no mercado interno de Macau, mas também no recrutamento e no desenvolvimento da equipa. É uma fase difícil”, frisou Nuno Soares. Maria José de Freitas, proprietária do atelier AETEC-Mo, destaca o facto de os concursos públicos escassearem por estes dias, enquanto que as encomendas privadas pararam. “Os trabalhos que temos em mãos já têm alguns meses, e quando estiverem concluídos vamos ter algum problema de angariação, porque não se está a fazer muita coisa a nível de projectos por parte de promotores individuais”, disse ao HM. A arquitecta destaca também o facto de Macau estar a atravessar um novo momento político com Ho Iat Seng como Chefe do Executivo. “Mudámos de Chefe do Executivo e isso também se traduz em alguma dupla aferição do que estava em curso [ao nível de concursos públicos]. Isso, em conjunto com a crise do coronavírus, vai provocar um refreamento de toda a encomenda pública.” “A encomenda pública está a rarear ou é praticamente inexistente, enquanto que a encomenda privada é inexistente. Seguramente, vamos ter problemas, e quanto mais tempo esta situação se prolongar, pior”, acrescentou Maria José de Freitas.
CONSEQUÊNCIAS FINANCEIRAS
Christine Choi, presidente da Associação dos Arquitectos de Macau (AAM), defendeu ao HM que as causas para o possível encerramento de ateliers de pequena dimensão são semelhantes às dos outros negócios. “Tudo depende do seu modelo de negócio e dos projectos que têm em mãos.” Na óptica da responsável, as restrições à entrada de trabalhadores não residentes também têm efeito negativo nos pequenos ateliers. “Para um atelier de pequena dimensão, a redução de um ou
“Os ateliers pequenos, como o meu, têm-se organizado dentro de determinados nichos que não são preenchidos. Tenho a sorte de trabalhar em renovação arquitectónica.” MARIA JOSÉ DE FREITAS DA AETEC-MO
dois membros da equipa tem um enorme impacto comparando com empresas maiores. Muitas vezes não é possível financeiramente providenciar alojamento para estas pessoas. Além disso, com o problema da falta de recursos humanos, também há limitações na procura de profissionais fora de Macau”, adiantou. Muitas obras estão paradas devido à falta de materiais de construção, resultado de encomendas atrasadas ou que nem sairam das fábricas, situadas na China. Algumas unidades fabris fecharam mesmo as portas devido à pandemia. Christine Choi alerta para o facto de muitos escritórios enfrentarem problemas de liquidez com a falta de novos projectos. “Isto tem colocado muita pressão em termos de liquidez financeira nos pequenos ateliers desde o Ano Novo Chinês, altura em que foram pagos bónus salariais. Isso fez com que o primeiro trimestre tenha sido menos produtivo que o habitual”, concluiu.
PROJECTO EM WUHAN PARADO
No caso do atelier AETEC-Mo, de Maria José de Freitas, um dos
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MEIO-GAS ´
projectos suspensos tinha como foco a preservação e recuperação de uma cidade muralhada em Wuhan, cidade que foi o epicentro da pandemia da covid-19. “Os ateliers pequenos, como o meu, têm-se organizado dentro de determinados nichos que não são preenchidos. Tenho a sorte de trabalhar em renovação arquitectónica, também ensino cadeiras ligadas à conservação do património na Universidade de São José.” Maria José de Freitas está confiante no regresso ao projecto de Wuhan, iniciado em 2018. “Espero que, quando a situação se resolver por lá, [o projecto] possa ter outros prolongamentos. Há expectativas em relação ao futuro, não é assim tão sombrio.” No caso do CURB, a equipa continuou a trabalhar nos projectos já encomendados e a pensar no futuro pós-crise. Nuno Soares não despediu nem reduziu salários. “Criámos boas condições para a nossa equipa, reajustámos o espaço de trabalho para haver espaço individual para todas as pessoas e decidimos investir. Num momento de dificuldade ou nos retraímos ou temos alguma
“Acho que alguns ateliers pequenos vão encerrar ou pelo menos suspender a actividade durante alguns meses.” NUNO SOARES DO ATELIER CURB
confiança e investimos no futuro, e foi o que fizemos.” Neste momento, o CURB aposta em “concluir os trabalhos em curso para que, quando a crise passar, estes possam ser implementados com maior rapidez”. Nuno Soares evoca a crise económica na Europa aquando da II Guerra Mundial como um dos momentos em que alguns arquitectos “escreveram e desenvolveram novos protótipos”. Numa escala diferente, a pandemia da covid-19 pode trazer um efeito semelhante. “Este é um momento que temos de aproveitar para inovar. Chamámos as equipas de engenheiros com quem trabalhamos e decidimos o que fazer com isto. Também estamos a desenvolver novas linhas de negócio no campo da arquitectura porque vemos que é necessário, não podemos ficar dependentes do panorama envolvente como ele está neste momento.” O CURB também tem projectos a nível internacional que estão igualmente parados, mas que lhe confere diversidade de clientes. “Queríamos apostar mais nos mercados internacionais, mas, neste momento, estamos a desen-
“Para um atelier de pequena dimensão, a redução de um ou dois membros da equipa tem um enorme impacto comparando com empresas maiores.” CHRISTINE CHOI PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DE ARQUITECTOS DE MACAU
volver capacidade e projectos, não abrandámos.”
CONCURSOS SÃO IMPORTANTES
Num território onde há muito o planeamento urbanístico constitui uma das maiores dores de cabeça do Governo, a crise da covid-19 pode significar uma oportunidade para atrair, precisamente, os pequenos ateliers. Nuno Soares defende que esta é a altura ideal para o Executivo agir e abrir mais concursos. “Nesta crise, o Governo tem tido um papel fundamental. De momento, com as fronteiras fechadas, é mesmo importante olharmos para dentro de Macau e lançarmos concursos de ideias para os projectos governamentais que são necessários para o desenvolvimento da cidade, porque este é um momento em que a economia vai precisar desse investimento e há muita disponibilidade dos vários ateliers de arquitectura para participar nesse tipo de concursos.” Outro ponto positivo destacado por Maria José de Freitas passa pela maior qualidade dos projectos no Cotai. “As coisas que estão a ser feitas relativamente aos empreendimentos na zona do Cotai estão a ser feitas com maior grau de qualidade. [Isto acontece porque] Os promotores têm outro tipo de exigências, e não é fácil encontrar em Macau equipas que façam esse tipo de trabalho com qualidade. Então estão a recorrer muito a técnicos portugueses para esse tipo de observação no local, observando critérios de qualidade que são muito exigentes. Isso é bom para a construção e cria uma habituação que é positiva”, concluiu a arquitecta. Andreia Sofia Silva
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ECONOMIA MAIS SUBSÍDIOS E MAIS UM VALE DE APOIO AO CONSUMO
De mão aberta
O Governo não poupa nas medidas de apoio no combate contra a crise provocada pela covid-19: quase todos os trabalhadores residentes vão receber um subsídio de 15 mil patacas e haverá uma segunda ronda de distribuição de vales ao consumo, no valor de cinco mil patacas. O anúncio foi feito ontem pelo secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong
O
Governo apresentou ontem as medidas que vão ser tomadas para apoiar o combate à pandemia, com base no fundo de 10 mil milhões anunciado na semana passada. Além deste montante, o Executivo revelou que tem também uma reserva de 3,6 mil milhões para a revitalização da economia de Macau no futuro. Uma segunda ronda com vales de apoio ao consumo vai ser lançada na segunda metade do ano com o objectivo de “garantir o emprego, estabilizar a economia e assegurar a qualidade de vida da população”, disse ontem o secretário para a Economia e Finanças, Lei Wai Nong. Outra medida apresentada, passa pela atribuição a quase todos os trabalhadores residentes de um apoio de 15 mil patacas, que corresponde a cinco mil patacas por três meses. Prevê-se que a medida abranja 260 mil pessoas. Ficam excluídos os trabalhadores da Função Pública e a quem forem devolvidas 20 mil patacas do imposto profissional do ano de 2018, ou seja, que auferem anualmente 720 mil patacas. “Há mais de 15 mil pessoas excluídas por causa do seu salário”, disse Lei Wai Nong. O valor a atribuir foi calculado com base nos 25 por cento da mediana do rendimento mensal do emprego dos residentes, que no ano passado correspondeu a 20 mil patacas. O Governo espera que os regulamentos administrativos sejam aprovados na Assembleia Legislativa de forma a permitir a atribuição de verba em Maio.
É criado também um plano de apoio pecuniário a profissionais liberais, que dependendo do número de trabalhadores por si contratados podem receber entre 15 mil e 200 mil patacas. Arrendatários de bancas de mercados, vendilhões e titulares de licença de triciclo, bem como condutores de táxi que aluguem o veículo ao proprietário vão poder receber 10 mil patacas. As licenças de exploração dos táxis vão ser alargadas por mais seis meses.
MUNDO EMPRESARIAL
Por outro lado, há um montante de 2.400 milhões de patacas destinado
TNR PRIORIDADES MOTIVAM EXCLUSÃO
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secretário para a Economia e Finanças reconheceu que os trabalhadores não residentes (TNR) “constituem uma força activa de Macau” e agradeceu as suas contribuições. Mas estas pessoas ficaram ainda assim de fora dos apoios ontem anunciados. Apesar de dizer que gostava de os ter em conta, Lei Wai Nong comentou que “com os recursos limitados que temos agora temos de dar prioridade aos trabalhadores locais”. Wong Chi Hong, director dos Serviços para os Assuntos Laborais, reiterou nas suas intervenções que os TNR são para complementar a falta de recursos humanos e que face à falta de trabalhos, os seus contratos cessam para dar lugar a trabalhadores locais.
ao apoio a empresas. Os estabelecimentos comerciais que não recrutam trabalhadores, como por exemplo um dono de salão de beleza que trabalha sozinho, têm direito a um máximo de 15 mil. “Também contribuem, pagam imposto profissional, e têm alugado um espaço para o funcionamento da sua empresa, que também tem um certo custo”, disse Lei Wai Nong. Os estabelecimentos comerciais que recrutem um a três trabalhadores podem receber até 50 mil. O apoio pode ascender até 200 mil patacas no caso de as empresas recrutarem 21 ou mais trabalhadores. Caso o empresário tenha mais do que um estabelecimento, a situação muda e o tecto máximo do apoio atinge um milhão de patacas. Se os beneficiários despedirem trabalhadores sem justa causa no espaço de seis meses têm de devolver o valor de forma proporcional. Ficam excluídos deste plano instituições de diferentes áreas, como a da electricidade, autocarros públicos e metro ligeiro, instituições de ensino e sector do jogo. O Governo anunciou ainda medidas ligadas à formação subsidiada. Residentes desempregados que participem em cursos de formação podem receber um subsídio de 6.656 patacas. Há cerca de 10 mil vagas e o Executivo planeia disponibilizar 50 mil postos de trabalho, oferecidos depois da conclusão da formação. Há registo de mais de 1100 casos de pedidos de subsídios por parte de pessoas desempregadas. Para quem se mantém no activo, e em situações de licença sem ven-
Os estabelecimentos comerciais que recrutem um a três trabalhadores podem receber até 50 mil patacas. O apoio pode ascender até 200 mil patacas no caso de as empresas recrutarem 21 ou mais trabalhadores.” cimento, o Governo disponibiliza cursos de formação para melhoria de técnicas profissionais. Quem o concluir recebe cinco mil patacas. Cada empregador pode recomendar um máximo de cinco trabalhadores.
MAIS PARA CONSUMO O Centro de Coordenação de Contingência do Novo Tipo de Coronavírus anunciou ontem o 45.º caso de infecção por covid-19. Trata-se de um residente com 32 anos de idade, que voou para Macau vindo de Phnom Penh, no Camboja, na terça-feira (voo K6198 e lugar número 20D). O caso foi identificado à entrada, no aeroporto, devido às medidas de medição de temperatura. Além de febre o infectado apresentava ainda tosse. Por esse motivo, o homem foi levado imediatamente para a Urgência Especial do Hospital Conde São Januário, onde acabou por ser diagnosticado, já ontem. De acordo com a informação oficial, o homem encontra-se numa situação “normal” e estável.
RÓMULO SANTOS
Covid-19 Número de infectados sobe para 45
O plano de apoio financeiro inclui também uma segunda fase do cartão de apoio ao consumo. Todos os residentes vão receber mais um subsídio, desta vez com um valor de cinco mil patacas, entre Agosto e Dezembro deste ano. O secretário para a Economia e Finanças disse que em Junho vai ser feita uma avaliação intercalar para ver o funcionamento da medida e
se é preciso fazer ajustamentos na segunda ronda, mas entende que “a possibilidade de causar inflação é relativamente baixa”. Questionado sobre a diversificação da economia e os futuros pilares da economia, Lei Wai Nong respondeu que “a Ilha de Hengqin é uma parte do futuro de Macau”, recordando o ênfase dado por Xi Jinping ao uso da Ilha da Montanha através de uma comunicação estreita com o Interior da China. No entender do secretário, “o espaço é um limite grande para Macau”, mas “a diversificação moderada da economia é uma coisa obrigatória”. Salomé Fernandes
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Centro Mundial de Turismo e Lazer Governo renova nomeações
O Governo renovou as nomeações de membros da Comissão para a Construção do Centro Mundial de Turismo e Lazer, criada em 2015. De acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial, fazem parte da entidade Cheong Chok Man, Chang Ngai e representantes da Direcção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional, nomeadamente o seu director, Mi Jian, e Lin Yuan. As nomeações são válidas por um ano.
Macau Renovação Urbana Sulu Sou pede foco nos bairros antigos
Sulu Sou interpelou o Governo sobre os objectivos da empresa Macau Renovação Urbana SA que recentemente alterou os estatutos, apesar de ter sido constituída há menos de um ano. A alteração abriu a porta à possibilidade de a empresa ter projectos fora de Macau. Este é o ponto de partida da interpelação do deputado, que pretende que a empresa cumpra os objectivos iniciais e se concentre nas necessidades de renovação dos bairros antigos de Macau. A alteração acrescentou às incumbências da Macau Renovação Urbana “desenvolver projectos fora da RAEM para melhorar a qualidade e o ambiente habitacional dos residentes de Macau”. O deputado quer também saber qual a empresa responsável pela realização do estudo sobre sete prédios a reabilitar no bairro do Ian Hon e o orçamento. Além disso, Sulu Sou está preocupado com a forma como a Macau Renovação Urbana SA é fiscalizada pela Assembleia Legislativa e pelo Governo quanto aos investimentos feitos no exterior.
Jogo Leong Sun Iok denuncia despedimentos em concessionária
HOJE MACAU
Leong Sun Iok denunciou o despedimento de 200 funcionários com mais de 60 anos de uma “histórica” concessionária de jogo, noticiou ontem o jornal Ou Mun. O deputado apela a que, principalmente em tempos de crise, as concessionárias de jogo assumam responsabilidades sociais e evitem despedimentos de residentes. “Os contratos de trabalho indicam que os funcionários podem reformar-se com 60 anos, mas a lei laboral não regula a idade da reforma. Se o empregador demitir o empregado por esta razão, é necessário compensar o fim do contrato sem justa causa”, adiantou ao jornal de língua chinesa.
CRIME INFORMÁTICO LEI NÃO LIMITA ACESSO A DADOS FORA DA RAEM
Um salto de fé
Os deputados da 1.ª Comissão Permanente avisam que os limites às buscas de dados informáticos em nuvem ou fora da RAEM Macau não estão expressos na lei. Porém, têm “esperança” que, ainda assim, sejam aplicados na prática
A
obrigação da Polícia Judiciária (PJ) apenas aceder a dados informáticos transfronteiriços com o consentimento voluntário do proprietário, ou através de portais de acesso público, não está consagrado “de forma expressa” nas alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática. Esta é a opinião dos deputados da 1.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa, que apontam que apesar de o Executivo afirmar ter tido como base a Convenção de Budapeste, os limites podem ser entendidos como “uma interpretação”. Segundo a convenção mencionada pela tutela de Wong Sio Chak, durante investigações a polícia pode aceder a dados guardados em outras jurisdições, desde que legalmente autorizada pelas entidades do local onde os dados estão guardados. Por exem-
plo, se a Polícia Judiciária quiser aceder a dados que se encontram no Canadá tem de pedir auxílio às autoridades canadianas. Há duas excepções na convecção que permitem operar sem colocar a soberania da outra jurisdição em causa, nomeadamente quando os dados são de acesso público ou há autorização voluntária do visado pela investigação. A comissão liderada por Ho Ion Sang destaca que estes limites não estão expressos no documento proposto pelo Governo. “A comissão [...] realçou que a alteração
agora introduzida [...] não estabelece, de forma expressa, os limites previstos naquela Convenção para o acesso transfronteiriço”, é apontado no parecer da comissão. Todavia, os deputados acabaram por não fazer qualquer proposta de alteração ao documento porque aceitaram a explicação do Executivo, que argumenta que essa exigência já consta do Código de Processo Penal. “A comissão acabou por concluir que aqueles limites estabelecidos pela Convenção de Budapeste [...] acabam por estar presentes,
“A comissão espera que para aceder a dados transfronteiriços os órgãos de polícia criminal recorram, preferencialmente, aos mecanismos de cooperação internacional ou inter-regional.” PARECER DA 1.ª COMISSÃO PERMANENTE DA AL
ainda que de forma não expressão, nos pressupostos legais que são exigíveis”, lê-se no documento.
UMA ESPERANÇA
Apesar destes pressupostos, a própria comissão não excluí outras interpretações. “A comissão espera que, no futuro, a aplicação do disposto nesta alínea 6) se faça de acordo com tal interpretação e que no acesso a tais dados transfronteiriços os órgãos de polícia criminal recorram, preferencialmente, aos mecanismos de cooperação internacional ou inter-regional” é desejado, refere o parecer. Outro dos assuntos mais polémicos do diploma era a possibilidade de através de um equipamento electrónico, por exemplo de um telemóvel, se aceder a dados guardados num dispositivo diferente, como um computador. Neste caso, a comissão considera que é claro que as buscas devem respeitar o Código de Processo Penal, ou seja, a extensão de um equipamento para outro só pode ser feita com autorização prévia ou ordem da autoridade judiciária, normalmente o Ministério Público. Em último recurso, e se houver risco de destruição de provas, a autorização pode ser obtida nas 72 horas seguintes à busca. Após a assinatura do parecer, os deputados têm de votar em Plenário as alterações à Lei de Combate à Criminalidade Informática. A data para a votação ainda não foi marcada. João Santos Filipe
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CONSULADO PAULO CUNHA ALVES REAPARECE EM PÚBLICO APÓS QUARENTENA
Regresso ao activo
Habitação Preços caem ligeiramente entre Dezembro e Fevereiro
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cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Alves, regressou esta semana à actividade, após ter cumprido um período de quarentena, como exigido pela legislação actualmente em vigor de prevenção e combate à pandemia do covid-19. A informação foi confirmada ontem, ao HM, pelo consulado. Paulo CunhaAlves tinha-se deslocado a Portugal na semana entre 9 e 13 de Março por “motivos familiares” e regressou no dia 22 do mesmo mês. Por este motivo, quando regressou à RAEM foi levado para quarentena, onde passou cerca de 14 dias, uma vez que a Europa é actualmente considerada um área de alta incidência da covid-19. “Informamos que o Senhor Cônsul-Geral, Embaixador Paulo Cunha Alves, regressou a Macau no passado dia 22 de Março. Cumpriu depois um período de duas semanas de quarentena, de acordo com os preceitos estabelecidos pela lei da RAEM”, revelou o consulado, ao HM. Após a quarentena os testes do covid-19 foram negativos e o cônsul ficou apto para regressar ao activo. “Os testes finais realizados no hospital foram negativos pelo que retomou esta semana as suas actividades”, foi indicado. Assim sendo, Paulo Cunha Alves pode participar ontem na cerimónia de entrega de donativos por parte de associações de cariz social, individuais e
empresas ao movimento Macau Solidário. Este movimento foi estabelecido em contacto com a Embaixada de Portugal na China que vai enviar os fundos recebidos, de cerca de 3,5 milhões de patacas, para a Direcção Geral de Saúde (DGS).
SOFIA MARGARIDA MOTA
O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong voltou esta semana a aparecer em público, após ter regressado de Portugal no dia 22 e de ter cumprindo um período de 14 dias de quarentena
Metro ligeiro Aumento diário de 300 passageiros
DA VIAGEM
A deslocação a Portugal deu-se na semana entre 9 e 13 de Março por motivos familiares e tinha sido autorizada pela Embaixada de Portugal em Pequim e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros. No entanto, o cônsul acabou por ser surpreendido com a imposição de medidas mais restritivas na circulação de pessoas tanto na União Europeia como em Macau, o que acabou por dificultar o regresso. Porém, quando prestou declarações ao HM, a 19 de Março, Paulo Cunha Alves admitiu estar a concentrar todos os esforços para regressar à RAEM o mais depressa possível, sem descurar as suas funções. “Voltarei a Macau logo que as circunstâncias internacionais o permitam. Entretanto, estou em contacto permanente com a equipa do Consulado Geral em Macau que continua activamente a apoiar e a atender às necessidades da comunidade portuguesa”, declarou na altura. O regresso aconteceu três dias depois. João Santos Filipe
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Os preços das habitações caíram 0,2 por cento entre Dezembro e Fevereiro em comparação com o período anterior (Novembro a Janeiro de 2020), de acordo com dados divulgados pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC). A queda mais acentuada verificou-se no índice de preços das habitações situadas na Taipa e Coloane, que caiu 0,7 por cento, enquanto na península de Macau os preços desceram apenas 0,1 por cento. Uma das flutuações mais acentuadas verificou-se no preço das habitações mais antigas (entre 11 e 20 anos de construção), com quebras de 1,1 por cento. Tendo em conta a altura, o preço dos edifícios de escalão inferior ou igual a sete pisos caíram 1,7 por cento durante o período de tempo analisado. Quanto às habitações ainda em construção, o preço subiu 0,1 por cento face ao período transacto.
O metro ligeiro transportou mais 300 pessoas por dia entre Fevereiro e Março, tendo sido contabilizada uma média diária de 1400 passageiros o mês passado. Os números foram avançados ontem pelo canal chinês da Rádio Macau. O sistema de metro ligeiro na Taipa começou a funcionar em Dezembro do ano passado, mas devido à pandemia da covid-19 tem sofrido uma redução no número de passageiros, uma vez que há menos turistas a visitar o território.
TDM Empresa recebeu 340 milhões do Governo
Consulado “Informamos que o Senhor Cônsul-Geral, Embaixador Paulo Cunha Alves, regressou a Macau no passado dia 22 de Março. Cumpriu depois um período de duas semanas de quarentena.”
A TDM recebeu 340,27 milhões de patacas do Governo no ano passado, o que representa um aumento de 15,25 milhões de patacas em relação a 2018, quando o valor dos subsídios tinha sido de 325,02 milhões. Os números foram publicados pela empresa no relatório em contas, com o subsídio à exploração do Governo da RAEM a representar 302,71 milhões e o subsídio para o Investimento do Governo da RAEM a totalizar 37,56 milhões. Ainda de acordo com as contas apresentadas, as operações da empresa resultaram num prejuízo de 333,81 milhões de patacas, que foi compensado com os apoios do Governo. Por este motivo, a empresa conseguiu apresentar um lucro de 5,86 milhões de patacas, superior aos resultados positivos de 4,88 milhões de patacas registados em 2018. A maior despesa prendeu-se com os recursos humanos cujos pagamentos aumentaram mais de 20 milhões de 295,04 milhões de patacas, 2018, para 315,20 milhões no ano passado. No entanto, a empresa terminou o ano com menos funcionários, num total de 694, quando 2018 tinha terminado com 702.
DROGA COVID-19 “OBRIGA” CASAL A TRAFICAR METANFETAMINAS ATRAVÉS DE PLATAFORMA ONLINE
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OM as restrições fronteiriças impostas pelas autoridades para travar a propagação da pandemia, um casal de residentes que traficava metanfetaminas para Macau passou a usar uma plataforma de compras online para trazer a droga para o território. Segundo a Polícia Judiciária (PJ), um residente, com 34 anos, e uma residente, de 33 anos, foram
detidos por suspeita de receber droga escondida em embalagens de café. A mercadoria entraria no território com a “ajuda” de uma empresa de logística que serve plataformas online, como o Taobao. De acordo com os registos fronteiriços, o casal passou a fronteira para o Interior várias vezes, viagens que a PJ suspeita terem servido para trazer droga para o território, mas
as restrições fronteiriças resultantes da pandemia da covid-19 obrigaram os traficantes a mudar de estratégia. A mulher, de apelido Lam, que segundo as autoridades trabalha em vendas, dedica-se ao tráfico de droga há, pelo menos, três anos. O homem, com quem Lam tem um relacionamento amoroso, e que afirma ser taxista, é suspeito de ter levado Lam ao Interior para
adquirir metanfetaminas, antes das restrições fronteiriças. Um dos pacotes de café descobertos pela PJ continha 12,5 gramas de droga, com valor de mercado de 41 mil patacas. Foi também encontrada parafernália de consumo Na sequência da investigação, as autoridades terão descoberto que o indivíduo, de apelido Lin, terá contactado um traficante através
uma aplicação móvel. Os estupefacientes, que custaram cerca de 4000 RMB, foram pagos também online. O casal foi detido em casa do homem, na Avenida de Almeida Ribeiro, onde foram encontrados outros pacotes de café idênticos ao que continha droga. Os residentes foram conduzidos ao Ministério Público por suspeitas de tráfico de droga. J.L.
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CPCS Vong Kok Seng regressa como porta-voz do patronato Vong Kok Seng, vice-presidente da direcção da Associação Comercial de Macau, voltou a ser nomeado como membro do Conselho Permanente de Concertação Social (CPCS), revela um despacho ontem publicado em Boletim Oficial (BO). Vong Kok Seng substitui António Chui Yuk Lum
Covid-19 Mantidos donativos à Loja Social dos meses de Fevereiro a Abril
como representante dos empregadores. Foi também nomeado Lam Cheong U como porta-voz dos trabalhadores, tendo sido renovada a nomeação de Chan U Tong como secretário-geral do CPCS. As nomeações entram em vigor no dia 17 de Abril e têm a duração de dois anos.
Nos meses de Fevereiro, Março e Abril, os patrocinadores (Sands China, Sociedade de Jogos de Macau e MGM) da Loja Social da Santa Casa da Misericórdia continuaram a doar 300 mil patacas cada um. De acordo com comunicado da Santa Casa, os cabazes de bens essenciais foram enviados para a União Geral das Associações de Moradores e para a Federação das Associações dos Operários de Macau, para
evitar ajuntamentos. A entrega ficou a cargo das associações, que colaboram na triagem das famílias mais carenciadas. As restantes pessoas que beneficiam do programa receberam indicações sobre como aceder aos bens de forma segura. “O plano de contingência adoptado para a Loja Social deverá manter-se nos mesmos moldes enquanto a situação imposta pela Covid-19 não se alterar em Macau”, frisou a Santa Casa.
EMPREGADAS DOMÉSTICAS CHAN CHAK MO DIZ QUE “SALÁRIO MÍNIMO PODE TER IMPACTO NEGATIVO”
Os excluídos à partida
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UANDO esses trabalhadores vêm cá trabalhar já sabem qual é o seu salário. Por isso não posso dizer se é justo ou não, até porque não sei quanto dinheiro é que precisam”, apontou Chan Chak Mo quando questionado se os deputados da comissão à qual preside estavam de acordo com a exclusão das empregadas domésticas da proposta de lei do salário mínimo. As declarações foram proferidas ontem pelo deputado, após uma reunião da 2ª Comissão Permanente da Assembleia da República (AL), onde foi assinado o parecer da versão final da proposta de lei do salário mínimo para os trabalhadores. Questionado sobre se os deputados estão confortáveis com o facto de a proposta de lei deixar de fora as empregadas domésticas, Chan Chak Mo afirmou que a comissão entendeu que a questão “não é um grande problema” porque existe um mecanismo que assegura uma remuneração mínima, feita a pensar na capacidade financeira das famílias e pessoas singulares empregadoras. “Garantir um salário mínimo pode trazer um impacto negativo nas famílias. Mas seja como for, está garantida uma remuneração salarial mínima dos trabalhadores através do mecanismo da sua contratação. Ou seja (…) se o salário é demasiado baixo, não é autorizado.
Claro que este valor não corresponde ao valor do salário mínimo e segundo a DSAL, isso tem a ver com capacidade financeira de cada empregador ou requerente”, explicou Chan Chak Mo. Segundo explicou o deputado, a exclusão deve-se às regalias atribuídas aos trabalhadores domésticos além do salário, como alojamento e habitação. “Segundo o Governo, além do salário, estes trabalhadores também têm alimentação e alojamento. Muitas vezes os empregadores (...) são pessoas singulares e também trabalham por conta de outrem e (...) não têm a mesma capacidade que têm as empresas”, sublinhou. Segundo o parecer assinado ontem, a decisão de deixar os trabalhadores domésticos de fora “não atenta contra o princípio da igualdade e da discriminação” e “não vai contra” as convenções da Organização Mundial do Trabalho (OIT).
DEPUTADOS DIVIDIDOS
Já sobre os trabalhadores com deficiência, o parecer assinado ontem atesta que “a comissão mostrou-se dividida”, acabando, no entanto, por conseguir um compromisso entre deputados e Governo que garante um mecanismo para atribuir um valor complementar equivalente ao salário mínimo, a estes trabalhadores. “Os trabalhadores com deficiência, no futuro, também vão
HOJE MACAU
A proposta de lei do salário mínimo dos trabalhadores entra em vigor a 1 de Novembro e volta a deixar de fora as empregadas domésticas. Segundo Chan Chak Mo, o Governo considera a exclusão justa pois tem em conta “a capacidade financeira do empregador”. Já os trabalhadores com deficiência poderão receber o equivalente ao salário mínimo
Chan Chak Mo, deputado “Muitas vezes os empregadores (...) são pessoas singulares e também trabalham por conta de outrem e (...) não têm a mesma capacidade que têm as empresas.”
conseguir auferir um salário correspondente ao salário mínimo porque o Governo prometeu que ia pagar a diferença do seu salário”, explicou Chan Chak Mo. O mecanismo de apoio aos trabalhadores com deficiência vai assumir a forma de regulamento administrativo e entrar em vigor no dia 1 de Novembro, o mesmo dia da implementação da lei do salário mínimo que consta na última versão da proposta de lei.
A análise na especialidade da proposta de lei ficou terminada ontem e segundo Chan Chak Mo, o diploma deve ser votado ainda este mês. O valor do salário mínimo está fixado em 6.656 patacas por mês, passando assim a ser generalizado a partir de 1 de Novembro a outros sectores além dos trabalhadores de limpeza e segurança de condomínios. Pedro Arede
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WYNN FECHO DOS CASINOS CUSTOU VINTE MILHÕES DIÁRIOS
O
encerramento dos casinos em Macau para prevenir a propagação do covid-19 gerou perdas à operadora Wynn de 20 milhões de patacas por dia, segundo um comunicado da empresa à Bolsa de Hong Kong. A estes custos a operadora afirma ter ainda gasto 4 milhões de patacas em juros para fazer face às perdas. “Durante o período de encerramento contabilizamos despesas de aproximadamente 2,5 milhões de dólares norte-americanos [20 milhões de patacas] por dia, excluindo o montante gasto com juros de aproximadamente 0,5 milhões de dólares por dia [4 milhões de patacas]”, revelou a empresa. Além do encerramento durante 15 dias, a operadora enfrenta várias restrições nas mesas de jogo, assim como uma redução acentuada do número de clientes, relacionadas com as restrições à circulações de pessoas. Por este motivo, a Wynn afirma que vai registar uma redução nas receitas durante o primeiro trimestre que vai dos 40 aos 44 por cento. “Com base nas tendências descritas, as nossas receitas de operação combinadas para os três meses terminados a 31 de Março de 2020 vão situar-se entre os 912 milhões e os 969 milhões de dólares norte-americanos [7,30 mil milhões e 7,75 milhões de patacas], comparando com o valor de 1,64 mil milhões de dólares [13,10 mil milhões de patacas] registado a 31 de Março de 2019”, foi acrescentado.
8 coronavírus
(À HORA DO FECHO DA EDIÇÃO)
TOP 20 DOS PAÍSES
47994 Em estado crítico
1447767
309178
Infectados (total cumulativo)
COM MAIS CASOS 400594
Espanha
146690
Itália
135586
França
109069
Alemanha
107663
China
81802
Irão
64586
Reino Unido
55242
Turquia
34109
Bélgica
23403
Suiça
22789
Holanda
20549
Canadá
17897
Brasil
14072
Portugal
13141
Áustria
12824
Coreia do Sul
10384
Israel
9404
Rússia
8672
Suécia
8419
Noruega
6086
Curados
Co novel
1055188 Infectados
(total cumulativo)
E.U.A.
9.4.2020 quinta-feira
(casos activos)
184 Curados
345 PORTUGAL
Mortos
PAÍSES LUSÓFONOS (total cumulativo)
Portugal
13141
Brasil
14072
Moçambique
10
Angola
17
Guiné-Bissau
33
Timor-Leste
1
Cabo Verde
7
São Tomé e Principe
0
PORTUGAL
países sem casos de nCov
Infectados (casos activos)
35 MACAU
PAÍSES ASIÁTICOS (total cumulativo)
China
81802
China | Macau
45
China | Hong Kong
961
China | Taiwan
379
Coreia do Sul
10384
Japão
4257
Vietname
251
Laos
15
Cambodja
117
Tailândia
2369
Filipinas
3870
Myanmar
22
Malásia
4119
Indonésia
2956
Singapura
1623
Borneo
135
13141
países com casos de nCov
Infectados (casos activos)
10 Curados
HONG KONG
693 Infectados
Macau
(casos activos)
4
HONG KONG
264 Curados
Hong Kong
Mortos
coronavírus 9
quinta-feira 9.4.2020
ovid-19 l coronavírus
83401
65239 Casos suspeitos
Mortos
0 1-9 10-99 100-499 500-999 FONTES:
+1000
• https://gisanddata.maps.arcgis.com/apps/ opsdashboard/index.html#/ • https://www.who.int/emergencies/diseases/ novel-coronavirus-2019/situation-reports bda7594740fd40299423467b48e9ecf6 • https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/ index.html • https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases • http://www.nhc.gov.cn/yjb/s3578/new_list.shtml • https://ncov.dxy.cn/ncovh5/view/pneumonia
Ocorrências nas áreas afectadas
Dados actualizados até à hora do fecho da edição
Covid-19 vs SARS
CHINA NÚMERO DE INFECTADOS E MORTOS POR REGIÃO
1500000 150000 100000 75000 50000 25000 12500 0
20
40
60
dias dias dias Dia em que a OMS recebeu os primeiros avisos do surto
80
dias
100
dias
120
dias
REGIÃO Hubei Guangdong Henan Zhejiang Hunan Anhui Jiangxi Shandong Jiangsu Chongqing Sichuan Heilongjiang Pequim Xangai Hebei Fujian Guangxi
INFECTADOS 67801 1475 1276 1254 1018 990 935 760 631 576 538 480 414 337 318 296 294
MORTOS 2641 7 20 1 4 6 1 6 5 6 3 13 5 3 6 1 2
REGIÃO Shaanxi Yunnan Hainan Guizhou Shanxi Tianjin Liaoning Gansu Jilin Xinjiang Mongólia Interior Ningxia Hong Kong Taiwan Qinghai Macau Tibete
INFECTADOS 245 174 168 146 132 136 121 91 91 76 75 71 162 77 18 13 1
MORTOS 2 2 5 2 0 3 1 2 1 2 0 0 3 1 0 0 0
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9.4.2020 quinta-feira
新威信清潔物業管理有限公司 San Wai Son Cleaning Service And Property Management Ltd.
Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu) Anúncio de Reclamação dos Veículos Removidos Tendo os veículos abaixo referidos violado o Artigo 36º “Estacionamento abusivo nos autossilos” do <<Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento>> e tendo sido removidos pela nossa empresa para o Depósito dos Veículos Estacionados Abusivamente do Cotai, os seus proprietários devem deslocar-se ao Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu), para pagar as taxas e realizar as formalidades para a reclamação dos respectivos veículos. Se o veículo não foi reclamado dentro do prazo de 90 dias, é considerado abandonado. Favor notar que caso o proprietário não reclame o seu veículo, a nossa empresa cobrará as respectivas taxas por via judicial nos termos do Artigo 48º “Constituição do Débito relativo à taxa do <<Regulamento do Serviço Público de Parques de Estacionamento>>. Caso tenha pagado as taxas e realizado as formalidades de reclamação do seu veículo, deverá ignorar o presente anúncio. Nº de Matrícula (Automóvel ligeiro): Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu): ML7537 Nº de Matrícula (Motociclo): Auto-Silo de Nam Van (Pak Wu): CM82271 Para mais informações, ligue 28430036 / 63222682 COMPANHIA DE SERVIÇOS DE LIMPEZA E ADMINISTRAÇÃO DE PROPRIEDADES SAN WAI SON LIMITADA
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china 11
quinta-feira 9.4.2020
XANGAI PERITO ADVERTE PARA PERIGO DE SEGUNDO SURTO NO OUTONO
Não há descanso
O
chefe do comité de peritos em covid-19 de Xangai, o médico Zhang Wenhong, advertiu para a “elevada possibilidade” de ocorrer uma segunda vaga de contágios a nível internacional, durante o Outono. Em entrevista ontem publicada pelo diário digital privado Caixin, Zhang manifestou-se convicto de que é “pouco provável” que a pandemia de coronavírus termine no Verão e prognosticou que durará “até ao ano que vem”. “[Os surtos na] Europa e nos Estados Unidos não foram controlados de maneira efectiva, por agora. No entanto, em África, na América do Sul, e na Índia, onde a economia está menos desenvolvida e os recursos médicos são insuficientes, os novos casos aumentaram de forma exponencial, o que acarreta uma grande incerteza para a luta global contra a epidemia”, disse. O clínico, também director do departamento de doenças infecciosas do hospital universitário de Huashan, acrescentou: "Supondo que se pode conter [o surto actual] em três ou quatro meses, seria em finais do Verão”.
Questionado sobre as defesas da China perante esse possível segundo surto no estrangeiro, Zhang advertiu: "Apesar de agora não haver mais casos de contágio local, não podemos relaxar”. “Se o sistema se descuidar, poderá haver casos não detectados”, acrescentou. Neste sentido, o médico não só pediu às autoridades fronteiriças e sanitárias e às comunidades para se manterem alerta, mas também à comunidade empresarial: “Os negócios que voltarem a funcionar devem assegurar-se de que os seus trabalhadores guardam a distância social”. “A China está agora sob controlo e temos confiança.
Porém, o surgimento de uma segunda vaga de contágios noutros países significará que nos veremos submetidos a uma grande pressão para prevenir e controlar os casos importados. A China tem de preparar-se para um segundo pico de contágios importados, com o objectivo de prevenir uma segunda vaga [a nível local]”, defendeu.
RISCO LATENTE
A dificuldade a curto prazo para a China, indicou o especialista, é reanimar a actividade económica, enquanto trata de evitar um ressurgimento do surto. Zhang citou o exemplo das restrições às ligações aé-
“A China tem de preparar-se para um segundo pico de contágios importados, com o objectivo de prevenir uma segunda vaga [a nível local].” ZHANG WENHONG CHEFE DO COMITÉ DE PERITOS EM COVID-19 DE XANGAI
reas com o estrangeiro: “Não podem durar para sempre. Quando os surtos na Europa e nos Estados Unidos estiverem sob controlo, a aviação global voltará a funcionar pouco a pouco”. O líder do comité de Xangai acredita, no entanto, que as restrições chinesas não podem acabar totalmente com o risco de importação de contágios, devido à existência de casos assintomáticos ou de testes que dão falsos negativos. “O sistema de controlo de doenças tem de fazer um acompanhamento de todas as pessoas que tenham mantido contacto com pacientes de covid-19, sem haver qualquer ponto cego”, exigiu. Por último, questionado sobre as diferentes taxas de letalidade do coronavírus em países distintos, Zhang explicou que depende das prioridades de cada governo na realização de testes e no tratamento dos pacientes. “Se um país prioriza os pacientes graves nos testes e no tratamento, a sua taxa de mortalidade será elevada. Num país onde os testes são mais comuns e há muitos doentes ligeiros detectados e postos sob quarentena, a taxa será mais baixa”, indicou.
Região ÍNDIA ANIMAIS TOMAM CONTA DAS RUAS DO PAÍS
O
confinamento de 1,3 mil milhões de indianos em casa devido à pandemia da covid-19 levou vários tipos de animais a tomarem as ruas vazias do país. Na capital da Índia, Nova Deli, grupos de macacos ignoram a vigilância dos agentes de segurança e passeiam pelo bairro do palácio presidencial, onde estão os ministérios e outras instituições governamentais. "Roubam muito, mas ainda não ameaçam os humanos", disse um agente de segurança, em frente ao palácio presidencial. Os macacos rhesus são um problema endémico na capital indiana, roubando regularmente comida dos habitantes. Com o confinamento, alguns primatas estão agora a investir em prédios de
escritórios desertos, de acordo com a imprensa local. Em Mumbai (oeste), o centro económico do país, podem ver-se agora pavões empoleirados em carros estacionados, a exibir a sua magnífica plumagem. Mas os animais vadios habituais das cidades indianas não são os únicos a beneficiar do confinamento dos humanos, que só podem sair de casa para fazer compras essenciais. No pequeno estado montanhoso de Sikkim (nordeste), um urso preto do Himalaia aventurou-se por um escritório de telecomunicações na semana passada e feriu um engenheiro, informaram os meios de comunicação indianos. Os agentes do serviço florestal também compartilharam nas redes sociais vídeos de elefantes a andar em ruas desertas
com lojas fechadas. O exército de vacas, cães e gatos vadios das cidades indianas descobre uma liberdade de movimento sem precedentes nas grandes cidades que costumam borbulhar de pessoas. Mas, com o encerramento de restaurantes e lojas de comida, os animais não têm mais comida no lixo para sobreviver. A organização dos direitos dos animais Posh Foundation recebe cada vez mais chamadas para alertar para animais abandonados ou famintos. "Dia após dia, fica cada vez mais difícil" alimentá-los, declarou Aditi Badam, um dos seus membros da Posh Foundation.
PCC MILIONÁRIO QUE CRITICOU XI JINPING SOB INVESTIGAÇÃO
O
órgão máximo de inspecção e disciplina do Partido Comunista Chinês abriu ontem uma investigação sobre um milionário que criticou directamente o Presidente da China pela forma como geriu a epidemia do novo coronavírus. A Comissão de Inspecção e Disciplina anunciou que a investigação a Ren Zhiqiang foi aberta por supostas "violações graves da lei e da disciplina" do PCC, partido único do poder na China.
"Ren Zhiqiang está a ser sujeito a uma revisão disciplinar e a uma investigação pela filial da Comissão no Distrito de Xicheng [em Pequim]", informou o órgão num breve comunicado. Citados pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post, amigos do milionário do sector imobiliário "dizem ter perdido o contacto com Ren, de 69 anos, em 12 de Março passado, após a publicação ‘online’ de um artigo escrito por si a criticar a gestão da epidemia pelo Governo chinês". No texto, Ren refere-se ao Presidente da China, Xi Jinping, durante um encontro com 170.000 membros do PCC, em 23 de Fevereiro, como um "palhaço que vai nu", mas "determinado a passar por um imperador". Ren considerou, no seu artigo, que a crise de saúde pública constituiu uma "crise de governação" e criticou a falta de liberdade de imprensa e liberdade de expressão no país asiático.
PUB HM • 2ª VEZ • 9-4-20
ANÚNCIO Inventário Facultativo n.º
CV2-16-0063-CIV
2º Juízo Cível
Requerente: LAM MONG (林夢), solteira, maior, residente na Austrália, Unit 2008/9 Railway Street, Chastwood NSW 2067. Cabeça-de-Casal: HONG NENG IENG aliás KANG NING YING (康寧英), viúva, residente em Macau, Taipa, Rua do Jardim, nº 182, Jardins do Oceano (Violet Court), 6º andar AB. Inventariado: LAM CHONG WAI ou LIN CANG WEI (林滄偉), masculino. Nos autos supra identificados, foi designado o dia 05 de Maio de 2020, pelas 11:15 horas, neste Tribunal, para a venda por meio de propostas em carta fechada, os bens abaixos identificados. Imóveis a partilhar (1) Denominação da fracção autónoma: “E1”, do 1º andar “E”. Situação: Em Macau, na Rua de Fernão Mendes Pinto, nºs 30 a 30-A e na Rua de Manuel de Arriaga, nºs 3 a 3-A. Fim: Para habitação. Número de matriz: 071715. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 19584, a fls.48v do Livro B41. Valor a anunciar para a venda: MOP$4.658.000,00 (Quatro Milhões, Seiscentas e Cinquenta e Oito Mil Patacas). Os preços das propostas devem ser superior aos valores a anunciar acima indicados. (2) Denominação da fracção autónoma: “C5”, do 5º andar “C”. Situação: Em Macau, na Rua de Fernão Mendes Pinto, nºs 30 a 30-A e na Rua de Manuel de Arriaga, nºs 3 a 3-A. Fim: Para habitação. Número de matriz: 071715. Número de descrição na Conservatória do Registo Predial: 19584, a fls. 48v do Livro B41. Valor a anunciar para a venda: MOP$5.155.000,00 (Cinco Milhões, Cento e Cinquenta e Cinco Mil Patacas). Os preços das propotas devem ser superior aos valores a anunciar acima indicados. Os interessados na compra devem entregar a sua proposta em carta fechada, com indicação nos envelopes das propostas, a seguinte expressão “proposta em carta fechada”, “2º Juízo Cível” e o “Processo Número: CV2-16-0063-CIV”, na Secção Central deste Tribunal, até o dia 04 de Maio de 2020, até 17:45 horas, podendo os proponentes assistir ao acto da abertura das propostas. Quaisquer titulares de direito de preferência na alienação dos imóveis supra referidos, podem, querendo, exercerem o seu direito no próprio acto da abertura das propostas, se alguma proposta for aceite, nos termos do artº 787º do C.P.C.M. Macau, aos 12 de Março de 2020.
12
h
9.4.2020 quinta-feira
Se foste crianca , diz-me a cor do teu país
diário de Próspero
António Cabrita
T
ROUXE para a quarentena os livros “certos”, mas a net dispersa-me, arrasta-me numa deriva que me faz sulcar textos e autores ao arrepio do planeado. Uma crónica do Roberto Bolaño provoca-me a vontade de reler A Revolução Electrónica, de William Burroughs, um livrinho de 1972. Como não tem mais do que sessenta páginas, baixei-o da net para o ler de imediato. As teses delirantes do autor de Refeição Nua assentam como uma luva na situação de hoje. Sobressaem três linhas de força: - a metáfora da adição como figura de toda a forma de controle; somos dominados pelos poderes do Estado e do mercado mediante a adição induzida às drogas, ao dinheiro, ao poder, ao consumo, ao sexo, e à palavra; - viciamo-nos nas palavras porque estas na verdade, como o sistema de que emanam, a linguagem, não nos são originariamente naturais: a linguagem é um vírus chegado de «um espaço exterior», não-humano, que nos invadiu e parasitou, tendo-nos inclusive provocado uma enfermidade viral que nos alterou a estrutura interna da garganta. Face a essa infecção que fez brotar em nós as cordas vocais - resultado dessa simbiose entre nós e o vírus - muitos morreram mas os que sobreviveram adquiriram a linguagem; - terceiro ponto a reter: o vírus pode ser maligno, mas como hospedeiros do vírus temos uma palavra a dizer, i.é, o seu efeito sobre nós depende também da energia que colocámos no seu “combate”, Burroughs atribuiu uma parte relevante ao papel do medo como detonador de outros vírus ou sintomas latentes no nosso corpo e que aproveitam o novo parasita para nos infernizar. Como ele o diz, se deixamos que o célebre “instinto de morte” freudiano nos persuada de que somos “uns derrotados” estamos fritos. Estes dois últimos pontos podem-nos servir de consolo ou de alavanca. É iniludível que o corona vai desencadear mutações no nosso sistema de vida que a prazo nos poderão ser favoráveis, desde que esta reiterada consciência do que seja a “biopolítica” reforce a urgência de nos empenharmos nas causas sociais e numa “nova aliança”, eco-ética. Esta crise, por outro lado, trouxe-nos respostas definitivas: o neo-liberalismo é o regime que menos nos defende, numa crise humanitária, e sabemos quem o representa. Em segundo lugar, lembra-nos: as instâncias inconscientes e simbólicas tanto regem a nossa relação com o corpo como a sua saúde, eis um convite a que exorcizemos os nossos fantasmas. Outra leitura que surpreendentemente me revelou outro tipo de contaminação – neste caso literário – e que demonstra que a virologia nos cerca, seja qual for o domínio, é a impensável ligação entre dois livros e autores aparentemente nos antípodas. Quem à partida ousaria falar de afinidades entre Jack Kerouac e o Camilo José Cela? Pois façam o favor de ler o Pela Estrada Fora e em seguida A Cruz de Santo André. Os contactos são
Burroughs à presidência!
É iniludível que o corona vai desencadear mutações no nosso sistema de vida que a prazo nos poderão ser favoráveis, desde que esta reiterada consciência do que seja a “biopolítica” reforce a urgência de nos empenharmos nas causas sociais e numa “nova aliança”, eco-ética
esmagadores e em vários pontos Cela dá um bigode a Kerouac, a começar pela voltagem da linguagem, o ritmo da escrita, m ais amorfo no americano, e até – outro item desconcertante – na narração das relações sexuais entre as personagens, muito mais livre e inventiva no galego. Kerouac escreveu Pela Estrada Fora num rolo de papel de teletipo com 36 metros de comprimento, simplesmente inserido na máquina de escrever e sem qualquer divisão de parágrafos, deixando que o papel se desenrolasse sobre o chão e tomasse o aspecto de uma estrada, A cruz de Santo André, escrito quarenta anos depois, no mais desopilante estilo paródico, começa assim: «Aqui, nestes rolos de papel de retrete (as patroas das pensões de estudantes dizem papel higiénico), marca La Condesita, escrevendo com esferográfica (…) vai ser narrada a crónica de um desmoronamento». Segundo os relatos mitológicos, Kerouac limitou-se a sentar-se e a deixar que durante 22 dias o texto fluísse, ao som duma rádio onde só passava be-bop, desfilando as suas histórias de vida, relatos verdadeiros de como se sucedia a vida estrada fora, à boleia, e como havia cruzado a América na companhia de seu louco amigo Dean e no desfrute do jazz, do álcool, das garotas, das drogas, da liberdade. Em A Cruz… a desbunda é vivida pela coralidade das narradoras, que serão igualmente as «personagens do drama» e se vão revezando a macular com esferográfica o papel higiénico – Matilde Verdú, Clara Erbecedo, Mary Carmen, Jesusa Cascudo, Mary Boop e a sua mana Matty – e a “estrada fora” plasma-se na deambulação permanente das suas existências cruzadas, numa paisagem galega que se desdobra como os foles de uma concertina e à boleia dos seus inescapáveis apetites, vivenciados num ritmo sincopado e truculento (puro Charles Mingus) porque o desejo entra sempre com a vida «pela porta do cavalo» e foge à norma, ao planeado, à lei e à lógica do argumento. A “moral” da derrocada anunciada tange a do tempo que desgasta os corpos e enuncia-se assim: «Todas e todos nos sentimos descobridores do vício e cúmplices do vicioso, se Betty Boop tivesse sabido que o pai ia ao ginásio para ver atletas no duche, caía-lhe o céu na cabeça, se Betty Boop tivesse sabido que a mãe ia à sauna para ver mulheres nuas e às últimas filas do cinema para ouvir o sossegado arfar das masturbações recíprocas, caia-lhe o céu na cabeça, a Betty Boop também se sentia a inventora do vício; o Lucas Muñoz explicou uma noite ao violinista o que disse Baudelaire: não procures mais no meu coração, foi comido pelas feras.» Ademais, em termos estilísticos fareja-se mais no Pela Estrada Fora o «comedimento administrativo» que em Cela… que logra com outra estaleca uma progressão narrativa não-linear. Enfim – o que os vírus nos fazem descobrir e roça os paradoxos mais desconcertantes -, o conservador Cela torna Kerouac num seu avatar menor (não contem isto ao Trump). Leiam e divirtam-se: há uma edição de A Cruz… que se apanha nas livrarias de fundo a dois euros.
ARTES, LETRAS E IDEIAS 13
quinta-feira 9.4.2020
retrovisor
As mãos e a pandemia
PETER PAUL RUBENS
Luís Carmelo
H
AVIA neve nos Pirinéus na Páscoa de 1972. E eu ainda não sabia que 48 anos depois estaria em quarentena, por causa de um vírus. Objectivamente: por causa de uma guerra biológica em que o campo de batalha é formado por curvas e cidades desertas. O futuro é o que está à mão, mas também o que virá e que já não caberá na minha mão. Tudo o que se estende para fora do corpo não está na minha mão prevê-lo. Mas é aí que me reencontro, é aí que me sento com todos os livros ainda por escrever. É aí que me deixarei cair dentro do poço da Alice por estar sempre distraído a olhar para as nuvens. Em tempos de pandemia o futuro é a parte da vida que não envelhece. O que persiste. Todos os discursos conjecturam essa perenidade. A economia é o ponto
de encontro das angústias que se conjecturam e antecipam. A economia, não o economês dos pobres diabos, é o dorso oculto da pandemia. Esquecemos muitas vezes que o polegar foi a primeira forma em que investimos para conjecturar a natureza. Depois, quando os humanos se puseram de pé e
começaram a andar em frente, o bullying à natureza foi sendo realizado pelo tempo. E o tempo, afinal, éramos e somos nós: assediar a natureza tornou-se no relógio invisível que abre caminho para que continuemos a andar em frente. Sem parar. Uma erosão nefasta que brilha (maravilhosamente) e que nos segreda
Sobre as cinzas, ainda havemos um dia de festejar. Não se sabe bem o quê. Nem que seja a capacidade que os humanos têm em perceber e criar aquilo que designam por festa. Nem que seja para tocarmos com as mãos (e com os polegares) uns nos outros. Afinal somos velhos primatas, sedentos e desejosos de nos erguermos
que o futuro há-de descer pela mesma ravina que o vê desaparecer todos os dias. Nestes dias de recolhimento, os crepúsculos chegam durante o dia e enfrentam a luz como uma música que subverte a imaginação, por vezes o tédio. Uma imagem que me devora e que me alimenta. A biografia é, ou poderia ser, esse breve parágrafo que enche a possibilidade de eu ter sido (e de aqui continuar a escrever esta crónica). Imaginemo-la como uma fotografia - sempre a mesma - a passar em ‘loop’ e sem qualquer esquadria. Ou como a chuva a transbordar os vidros da janela. Uma fotografia que se diz natural apenas porque é (ou será) olhada por alguém. O que se apresenta como natural visa afinal, e com toda a inocência, o futuro. Tinha 17 anos quando cheguei aos Pirinéus e a polícia não me deixou passar. Estava com uma tia e com o meu irmão. Atirei o saco que trazia ao ombro contra as grades da fronteira francesa. Um gesto violento, mas um gesto que ficou sem resposta. O polícia francês tinha uma barriga enorme e sorriu com rosto de cágado. Foi aí que a minha memória susteve o mundo. Foi aí que o meu futuro podia ter sido sempre outro e outro. Nunca provei um martini, mas poderia colocar um copo de martini na minha biografia. Nunca usei um arco-íris na lapela (nem na net), mas poderia perfeitamente colocar um arco-íris na lapela da minha biografia. O futuro é uma enxada. Uma parte metálica a que se adapta um cabo e que só tem sentido, porque se conjectura e antecipa o que ela faz (ou poderá vir a fazer). Cada ferramenta pode ser o mundo todo, mas o essencial não cabe nunca na narração. Não me lembro do comboio que me levou e me trouxe dos Pirinéus a Saragoça nesses dias distantes da Páscoa de 1972. Hoje estou encostado à janela a averiguar o poço da Alice e as ruas estão desertas. É nesse vaivém vertical que circularão todas as biografias. Sobem, descem, vertiginam em ‘loop’. O que se apaga, irá arder mais tarde. E a escrita pode ser esse fogo, do mesmo modo, dizia eu (dizia mesmo?), que o futuro é o que está à mão e ainda por vir, mas também o que virá e que já não cabe mais na minha mão. Sobre as cinzas, ainda havemos um dia de festejar. Não se sabe bem o quê. Nem que seja a capacidade que os humanos têm em perceber e criar aquilo que designam por festa. Nem que seja para tocarmos com as mãos (e com os polegares) uns nos outros. Afinal somos velhos primatas, sedentos e desejosos de nos erguermos.
14 (f)utilidades TEMPO
9.4.2020 quinta-feira
AGUACEIROS
MIN
COVID A BORDO 31
1 4 33
3 4 8 9 7
7
1 8 1 5 4 8 8 4 7 2 9 2
3 8 2
9 3 7 7 5 1 6 8 3 4 4 32 9 5 3 6 7 8 35 2 6 7 4 9 1 4 2 8 1 4 3 2 5 2 9 5 8 2 9 4 3 4 3 9 4 3 6 8 1 7 6 1 7 9 2 5 6 2 9 1 3 9 1 7 6 2 3 1 7 6 2 8 5 3 4 7 4 5 1 8 9 4 6 7 6 2 34 2 5 8 4 7 3 3 4 1 8 6 9 7 6 9 1 2 5 6 9 7 5 8 1 5 2 3 7 9 4 1 8 4 6 3 2 9 7 5 3 1 6 8 1 2 9 4 7 4 3 6 2 5 8
5 6
8 2
5 4 7
9
9 7 3 4 8 5 2 6 1
5 6 1 7 2 5 4 8 2 9 3
1 5 4 2 6 7 8 3 9
8 2 4 6 Cineteatro C SALA 1
55-95% ´ •
1
4 9 1 3
SALA 2
FANTASY ISLAND [C] Um filme de: Jeff Wadlow
9
2 1 5 7
3 1 7 9
7 6 8 9 4
9
2 7
I N E M A 6
Com: Michael Peña, Maggie Q, Lucy Hale, Austin Stowell 14.30, 17.00, 19.30
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THE TRANSLATORS [B]
Um filme de: Regis Roinsard Com: Lambert Wilson, Olga Kurylenko, Riccardo Scamarcio 15.00, 20.15
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THE TURNING [C]
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Um filme de: Floria Sigismondi Com: Mackenzie Davis, Finn Wolfhard, Brooklynn Prince, Barbara Marten 17.45
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6
1 3 9 7 2
0.24
YUAN
1.13
VIDA DE CÃO
DEFESA DA GLOBALIZAÇÃO São já poucos os que duvidam que o mundo que vamos encontrar, ultrapassada a crise provocada pela pandemia, muito provavelmente, não voltará a ser o mesmo em variadíssimos aspectos. O reposicionamento de forças e a antecipação de vantagens e dividendos económicos é um jogo que está a ser disputado neste preciso momento e tem na acção diplomática um alicerce fundamental. Até mesmo para não deixar morrer um dado por demais adquirido até agora como a Globalização. Foi no Diário de Notícias que li, citando o Le Monde, que a “geopolítica da máscara” a que actualmente podemos assistir, faz lembrar uma prática antiga do Governo chinês de oferecer pandas a líderes estrangeiros quando quer melhorar as suas relações externas. Desta vez, a oferta são máscaras cirúrgicas e podem fazer toda a diferença nos países mais afectados. Mas, para além de uma atitude solidária de louvar e de contribuir para reparar danos na imagem de uma China que chegou a ser questionada ao nível da sua transparência para com a OMS numa fase inicial da pandemia, pode também servir para sair em defesa da Globalização. Considerada como “fábrica do mundo”, a verdade é que a pandemia pôs a nu o excesso de dependência que muitos países têm no facto de o fabrico de alguns produtos, como as máscaras, ter lugar sobretudo na China. Voltaremos a ver uma Europa ou uns EUA a procurar controlar algumas cadeias de produção essenciais dentro de portas? Ou passada a crise, terão os esforços diplomáticos desempenhado o seu papel na manutenção do mercado global? As perguntas certamente não se esgotam por aqui. Pedro Arede
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BAHT
Defesa. “A partir de hoje [ontem], uma equipa de triagem com equipamentos de teste será enviada ao porta-aviões para investigar os casos que surgiram e impedir a propagação do vírus a bordo do navio”, acrescentou o ministério.
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SALA 3
8.68
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Um filme de: David S. F. Wilson Com: Vin Diesel, Eiza Gonzalez, Sam Heughan, Toby Kebbel, Guy Pearee 18.00
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Um filme de: Cathy Yan Com: Margot Robbie, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollet-Bell 15.30, 21.00
BLOODSHOT [C]
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EURO
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BIRDS OF PREY [C]
SOLUÇÃO DO PROBLEMA 34
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PROBLEMA 35
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HUM
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S U D O 4K2 U 1
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MAX
Quarenta marinheiros do porta-aviões francês Charles de Gaulle apresentaram recentemente “sintomas compatíveis” com os da infecção pelo novo coronavírus e estão sob “observação médica reforçada”, anunciou o Ministério da
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UMA SÉRIE HOJE
THE HANDMAID´S TALE (2016)
The Handmaid´s Tale é uma distopia baseada no romance de 1985 da canadiana Margaret Atwood. A premissa da obra leva-nos para um Governo totalitário, altamente tradicional e militarizado, assente na religião, onde as mulheres não têm qualquer possibilidade de trabalhar ou deter propriedade. Num futuro próximo, onde as taxas de fertilidade caem a pique, as poucas mulheres capazes de ter filhos são involuntariamente recrutadas e designadas a viver nas casas das elites governantes, onde cumprem essencialmente a função de engravidar e ter filhos para o casal que as acolhe. É aqui que entra Offred, uma criada interpretada por Elisabeth Moss. Pedro Arede
THE TURNING
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Pedro Arede; Salomé Fernandes Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; António de Castro Caeiro; António Falcão; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Emanuel Cameira; Gisela Casimiro; Gonçalo Lobo Pinheiro; Gonçalo M.Tavares; João Paulo Cotrim; José Drummond; José Navarro de Andrade; José Simões Morais; Luis Carmelo; Michel Reis; Nuno Miguel Guedes; Paulo José Miranda; Paulo Maia e Carmo; Rita Taborda Duarte; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Rui Filipe Torres; Sérgio Fonseca; Valério Romão Colunistas António Conceição Júnior; David Chan; João Romão; Jorge Rodrigues Simão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo
opinião 15
quinta-feira 9.4.2020
HELENA PINTO
in Esquerda.net
C
Garantir o emprego faz parte da emergência
ONTINUAMOS em estado de emergência, continuam as medidas de contenção e os avisos são sérios: “o pior ainda não passou”. É preciso que todos e todas nós percebamos que temos que evitar o contacto social. Os serviços essenciais têm que continuar, alguns sectores da economia têm que continuar, é certo. Mas, mais certo ainda é que temos que travar o contágio para retomarmos a normalidade das nossas vidas. Normalidade? Aqui reside uma questão fundamental para a época pós-covid-19. Se é indiscutível que não sabemos como tudo isto se vai desenvolver e terminar e, sobretudo, quanto tempo vai demorar, sabemos que as políticas públicas têm que ter a capacidade de se antecipar, em tudo o que for possível, de forma a conseguir conter a crise social que já ninguém duvida que se vai seguir. O Governo e as Autarquias têm vindo a tomar diversas medidas, muitas mesmo, que visam acautelar as piores consequências desta pandemia no emprego, nos rendimentos das pessoas, na habitação, no acesso aos serviços públicos, com especial destaque para o Serviço Nacional de Saúde, entre outras. As Autarquias na esfera das suas competências e muitas vezes ultrapassando-a também actuam e continuam a estudar medidas a implementar. Ninguém duvida que a intervenção do Estado é inevitável. Até os liberais já se converteram e clamam pela intervenção por tudo e por nada, sobretudo para as suas próprias empresas. Ainda não [artigo foi publicado a 1 de abril] atingimos 15 dias de estado de emergência e há empresários que anunciam que vão entrar na falência, embora tenham previsto milhões de lucro para as suas empresas. O caso mais ridículo será o da conhecida “Padaria Portuguesa” que se apresentou como o alfa e o ómega do “empreendedorismo” e prevendo receitas de 65 milhões de euros de 2020 a 2022 vem dizer que não consegue pagar 2 meses de salários. Mas também há os outros exemplos: aqueles que reconverteram a produção para o que é essencial hoje – por exemplo, material
de protecção individual; aqueles que dizem “não vou despedir”; as redes virtuais que se organizam e conseguem manter a actividade de vários sectores. Eu também não duvido da necessidade da intervenção do Estado, mas temos que aprender com as lições da última crise que vivemos. A intervenção do Estado tem
Há empresários que anunciam que vão entrar na falência, embora tenham previsto milhões de lucro para as suas empresas. O caso mais ridículo será o da conhecida “Padaria Portuguesa” que se apresentou como o alfa e o ómega do “empreendedorismo”...
que servir uma estratégia e essa estratégia só pode ser defender o emprego e apoiar quem mais precisa. O Governo já disse que condiciona os apoios do Estado às empresas que não despedirem os seus trabalhadores e trabalhadoras. Mal fora se assim não fosse. Mas não chega. É preciso proibir os despedimentos, como aliás outros países europeus estão a fazer. É uma medida essencial para estimular a economia, como aliás a recente crise também provou – mais rendimentos significa mais economia. Portugal tem aprendido com o que se passa nos outros países durante a pandemia. Em algumas matérias temos sido mesmo inovadores e pioneiros. Gabam os nossos resultados por isso mesmo. Não fiquemos para trás nesta medida fundamental. Se chegarmos tarde de mais teremos outra “pandemia” para tratar, desta vez uma “pandemia social” e também ela, com consequências imprevisíveis.
As pessoas geralmente vêem aquilo que querem ver, e ouvem o que querem ouvir. PALAVRA DO DIA
Harper Lee
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Rota da droga Estudo diz que rede de tráfico tem origem em Yunnan, Sichuan e Myanmar
U
M estudo desenvolvido por dois investigadores da Universidade de Macau (UM) conclui que as regiões de Yunnan, Sichuan e Myanmar constituem a principal origem da rede de tráfico de droga que opera na China. Enquanto isso, as regiões de Guangdong, Xinjiang e Sichuan servem como destinos principais. As conclusões surgem no estudo intitulado “Smuggling of Drugs by Body Packing: Evidence from Chinese Sentencing Documents”, da autoria de Tang Ruoyang, doutoranda do departamento de sociologia da Universidade de Macau (UM) e do seu supervisor, Cai Tianji, professor no mesmo departamento. O artigo foi publicado na revista científica International Journal of Drug Policy. Os dois investigadores analisaram os processos judiciais na China relacionados com tráfico
de droga e casos de transporte de droga no corpo, entre o período de 2006 e 2016. “Os resultados revelam que a heroína e as metanfetaminas são as principais drogas traficadas recorrendo a ‘mulas de transporte’”, descreve um comunicado da UM. Além disso, o estudo conclui ainda que os tribunais da China aplicam penas mais pesadas “em casos que envolvem uma maior quantidade de drogas e quando há reincidência do crime”. Por outro lado, “mulheres grávidas ou a amamentar, portadores de deficiência, ou menores, tendem a receber penas mais leves”. Foi também concluído que os infractores que confessam a prática do crime são os que são condenados a maiores penas. Este estudo faz parte de um projecto de Cai Tianji focado na análise de sentenças judiciais chinesas e é um dos nove artigos científicos já publicados em publicações científicas de referência, aponta a UM.
SMG Chuva prevista para sábado e domingo
Os Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) emitiram ontem uma nota que dá conta da previsão de aguaceiros para o fim-de-semana. “Durante a época da Páscoa (entre sábado e domingo), espera-se que uma frente chegue à costa meridional da China e prevê-se que possam ocorrer dispersos períodos de aguaceiros, acompanhados de trovoadas. Depois, o tempo na região será influenciado por uma fraca corrente de ar frio.” Entre domingo e segunda-feira a temperatura deverá descer até aos 16 graus, com o céu “a apresentar-se pouco nublado, intervalado de períodos de muito nublado”.
IAS Pedidos de ajuda aumentam com covid-19
O número de pedidos de ajuda ao Instituto de Acção Social (IAS) aumentou 10 por cento mensalmente desde que a epidemia da covid-19 começou, disse Sandy Chan, da Divisão de Serviços Familiares, à TDM Rádio Macau. Antes, o organismo registava cerca de 160 pedidos de ajuda mensais. De acordo com as declarações da responsável, os pedidos estão relacionados com conflitos familiares, bem como com a educação dos filhos em casa. Apesar de Sandy Chan considerar “natural” a existência de pequenos conflitos quando tanto crianças como adultos ficam em casa, observou a necessidade de se “encontrar novamente um equilíbrio” e de promover o diálogo entre os membros da família para que os problemas se resolvam pacificamente.
quinta-feira 9.4.2020