Hoje Macau 9 JUN 2015 #3347

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Director carlos morais josé

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investimento de fundos em guangdong questionado

A via do dinheiro

O deputado Au Kam San questiona a decisão do Secretário para a Economia e Finanças Lionel Leong de investir parte do fundo da reserva financeira de Macau através do Governo da província de Guangdong. Em que base é que esta medida foi implementada e sobre quem recairá a responsabilidade de eventuais perdas são algumas das questões que o democrata quer ver esclarecidas no hemiciclo.

rendas

Coutinho quer combater especulação página 5

h

Ópera no FIMM pedro lystmann

Português

Uma língua acarinhada em Macau

grande plano Pág.

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coronavírus

RAEM em alerta elevado página 8

t e r ç a - f e i r a 9 d e j u n h o d e 2 0 1 5 • ANO X i v • N º 3 3 4 7

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diário de bordo

‘‘

hoje macau terça-feira 9.6.2015

por carlos morais josé

Uma comunidade

ontem macau

gonçalo lobo pinheiro

O que somos e para onde vamos ninguém sabe. Mas de onde vimos, isso é para nós claro como os céus índicos que algum dia um de nós teve de cruzar. Vimos de Portugal. Nesta, em gerações anteriores, de avião, de vapor ou caravela, foi ali que tudo começou. E isso tem um significado, um sentido, uma responsabilidade. Quais são exactamente, em cada caso, em cada homem e cada mulher, só cada um de nós perfeitamente sabe, por se tratarem de paixões intransmissíveis. Bem podemos reduzi-las a aspectos como o mar, o fado, o ardor da planície alentejana, o bacalhau seco, a

saudade, a fogosidade minhota, a bonomia algarvia, o peito feito do Porto, o pastel de nata, o sol moribundo na falésia, as noites de Lisboa, o “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”, a penedia serrana ou transmontana. Elas nunca serão somente isso. Como não serão apenas as ruas calçadas do Brasil e o dialecto luso, que escorre daquelas bocas como se nunca fôra mel, ou uma peça de patuá em Macau, eivada de brejeirice alfacinha. Somos tenazes. Ou porque não temos outra alternativa ou porque somos mesmo assim. Somos carraças.

Quando vimos é para ficar, para nos reproduzirmos. Porque temos o excesso de julgar o mundo de todos e para todos, como virá a ser no futuro. Somos aqui uma comunidade devedora da História, de todos os que, nas suas pegadas, nos permitem calcorrear esta terra estranha feita família. Mas tal só deve ser entendido como dever de entender o presente e transformá-lo (nunca apenas interpretá-lo) no lugar onde nos é permitido viver. Aqui, sob a sombra de tantos, permanecemos no espaço ideal, hoje, para a construção do que está por

Angela Merkel, chanceler alemã, saúda o presidente do World Bank, Jim Yong Kim, antes do início da reunião do G7 na Alemanha. A conferência, que reúne representantes de sete nações, começou ontem. EPA/PETER KNEFFEL

“As gerações antigas de chineses aceitam que os homens batam nas mulheres e os violentadores não ouvem, nem aceitam, os conceitos novos da igualdade, nem dos direitos das mulheres”

édito vir. Por Macau tudo passa, ainda que só passe a sombra, o sintoma, a micro-referência, impossíveis de obter em qualquer outra partida do mundo. É um trabalho de atenção, de caçador ou pescador, na floresta ou no aquário global. A nossa comunidade sabe disto, mesmo que de tanto não esteja plenamente consciente. Há um monstruoso trabalho por fazer, tarefas hercúleas que instituirão o planeta de amanhã. É a nossa madrasta terra ou temos o mundo por sentença? A resposta está dada mas tudo se simplifica, tudo se ilumina, quando essa resposta é dada por cada um de nós.

horah

Debbie Lai • Vice-directora do Centro do Bom Pastor

“[O nível de remuneração obrigatória] para TNR é muito mais baixo do que o nível do mercado local” Ella Lei • Deputada e vice-presidente da FAOM

“O Governo não vai reservar casas para candidatos [a habitação pública] com casos em tribunal. Se forem reservadas muitas habitações para este tipo de situações isso vai originar críticas do público, por desaproveitamento das casas” Chan Chak Mo • Deputado e presidente da 2.ª Comissão Permanente da AL

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“É verdade que as pessoas podem ir lá fora fumar, mas temos a certeza que elas voltam? Neste sector, todos os minutos contam” David Chow, sobre a implementação da proibição total de fumo nos casinos | P. 9

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grande plano

Língua Portuguesa não é posta de lado no Governo, afirmam especialistas

Isto aqui não é Hong Kong Académicos garantem que em Macau o Governo potencia o uso do Português e que não há discriminação face ao Chinês, ainda que o Chefe do Executivo nunca fale em Português em público ou com os média. Face a Hong Kong, Macau tem dois problemas, referem: o idioma é menos comum e há menos bilingues

a utilização do Português do ponto de vista político.” O HM tentou confirmar o número de discursos feitos nas duas línguas oficiais junto do gabinete do Chefe do Executivo, mas não foi possível obter dados até ao fecho da edição por não haver uma estatística já feita.

Não há bilingues suficientes

Para Eilo Yu, a questão da discriminação do Inglês coloca-se em Hong Kong por se tratar de um território onde o idioma é mais comum entre a população. “Há mais bilingues e essa é a grande diferença em relação a Macau. O Português não é muito comum na sociedade em geral, mas penso que o Governo usa muito o Português e faz sempre questão de providenciar diplomas e comunicados nas duas versões. Não me parece que o Governo esteja a discriminar o Português, mas há que olhar para questões fundamentais, como o facto do Português não ser uma língua tão popular na sociedade, como o Inglês é em Hong Kong.”

“Verificamos que o Governo está a fazer mais, especialmente na área do Direito, e estão a enviar estudantes para Portugal para que haja mais tradutores”

O

diário de Hong Kong South China Morning Post (SCMP) publicava na sua edição de ontem um artigo sobre o facto do Inglês, segunda língua oficial da região vizinha, sofrer de discriminação em relação ao Chinês. Académicos deram como exemplo o facto do Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, ter feito apenas 28 discursos em Inglês contra 61 discursos em Chinês, e que somente seis foram publicados nas duas línguas. Há ainda o relato de blogues com mensagens políticas sem tradução na língua inglesa, bem como ausência de respostas em Inglês aos jornalistas. O HM ouviu especialistas da área e todos garantem que em Macau o Governo não só não discrimina a Língua Portuguesa como faz esforços para que todos os diplomas, comunicados ou discursos sejam feitos também na segunda língua oficial. O facto do Chefe do Executivo, Chui Sai On, nunca ter falado Português em público, não ter discursos na língua lusa e ter raros discursos em inglês, não é encarado como um problema. “A maioria dos Secretários fala Português e no passado, por exemplo, a Secretária Florinda Chan até falava Português em muitos eventos oficiais. Quando os membros do Governo estão em eventos com a comunidade portuguesa optam por falar Português”, disse ao HM o académico Eilo Yu.

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Larry So Ex-docente do IPM

Para Larry So, ex-docente do Instituto Politécnico de Macau (IPM), o Governo deveria “prestar um pouco mais de atenção” à língua, sobretudo o Chefe do Gover-

“Não me parece que o Governo esteja a discriminar o Português, mas há que olhar para questões fundamentais, como o facto do Português não ser uma língua tão popular na sociedade, como o Inglês é em Hong Kong.” Eilo Yu Académico

no, referindo que “o Português não tem o mesmo papel que o Chinês”. “Mas verificamos que o Governo está a fazer mais, especialmente na área do Direito, e estão a enviar estudantes para Portugal para que haja mais tradutores”, acrescentou. Carlos André, director do Centro Pedagógico e Científico da Lígua Portuguesa do IPM, recusa avaliar o uso do Português da forma como é feito pelo SCMP. “Não se pode avaliar o uso de uma língua em função do seu tempo de utilização. A maior parte dos membros do actual Executivo é bilingue, falam todos Português fluentemente e escolhem a língua em função do público que têm. Não creio que esse critério seja muito válido. O que vejo em Macau é um enorme empenhamento por parte do Executivo no que diz respeito ao desenvolvimento da Língua Portuguesa”, apontou. Carlos André diz que isso “ficou claro” quando participou na Subcomissão Mista para a língua, ocorrida em Lisboa a semana passada. “Ficou muito evidente o empenhamento

da RAEM no desenvolvimento do Português. [O facto de Chui Sai On não falar Português] não constitui um problema, tal como não constitui um problema eu não falar uma palavra de Chinês. Isso resolve-se com uma coisa onde Macau tem investido muito, que é na tradução. Não creio que isso seja um critério para avaliar

“Não sinto o Português ameaçado, pelo contrário, sinto-o acarinhado. Não posso dizer que o Chinês é menos importante, porque seria falso. É falado nos corredores do poder” Carlos André Director do Centro Pedagógico e Científico da Lígua Portuguesa do IPM

Um tradutor-intérprete com anos de carreira, que não quis ser identificado, diz que a ausência de bilingues suficientes é o maior problema. “O Governo tem feito um grande esforço para que as versões das leis e discursos sejam feitos nas duas línguas oficiais. Mas temos de reconhecer que não temos bilingues suficientes em Macau, naAdministração pública ou nos tribunais. Aqui não há vontade do Governo em não respeitar a Língua Portuguesa. Temos é de ver os recursos humanos que temos e reconheço que temos falta de bilingues e intérpretes tradutores. Não havendo o número suficiente, pode-se sentir que há uma insuficiência no uso da língua. Mas o Governo não está a fazer de propósito”, acrescentou. Carlos André não esquece que o Chinês está num óbvio primeiro lugar. “É evidente que está e seria estranho se assim não fosse. Não sinto o Português ameaçado, pelo contrário, sinto-o acarinhado. Não posso dizer que o Chinês é menos importante, porque seria falso. É falado nos corredores do poder”, concluiu. Andreia Sofia Silva

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política

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gcs

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AL Pedido debate sobre investimento de fundos em Guangdong

Tomem lá os nossos milhões O anúncio de que Macau iria transferir fundos da reserva financeira para Guangdong para serem investidos em nome do território não agradou a Au Kam San, que pede mais esclarecimentos ao Governo. Entre as questões, o democrata quer saber, por exemplo, quem vai ser responsável por eventuais perdas e se Macau terá algum voto na matéria. O deputado pergunta ainda com que base é que se tomou esta decisão, se também Guangdong não é ‘expert’ nestes investimentos

A

u Kam San quer debater na Assembleia Legislativa (AL) a viabilidade de enviar parte dos saldos financeiros da RAEM para Guangdong, para que o governo vizinho faça investimentos em nome do território. A proposta de debate foi entregue em Abril, mas só ontem foi formalmente aceite por Ho Iat Seng, presidente da AL, tendo agora de seguir para análise no plenário, marcado para a próxima segunda-feira. O deputado democrata considera que a ideia do Governo local causou muitas dúvidas e “preocupações” entre a população

e questiona a decisão, anunciada por Lionel Leong no hemiciclo. Na perspectiva de Au Kam San, a baixa taxa de retorno dos investimentos financeiros levados a cabo por Macau deveria ser avaliada, ao invés de se transferir essa responsabilidade para outro território. “O Secretário para a Economia e Finanças afirmou que o Governo tenciona investir parte da reserva financeira através do governo da província de Guangdong, que a taxa de retorno será de 4% a 5% e que aquele governo vai salvaguardar os respectivos capitais e juros. (...) O Governo

da RAEM não sabe investir a avultada reserva financeira que tem em mãos, por isso é que a taxa de reserva é baixa. Então, porque razão não procedeu a uma auto-avaliação das suas insuficiências e não melhorou os respectivos mecanismos, tendo, antes pelo contrário, decidido entregar o dinheiro a terceiros e incumbi-los do investimento?”, questiona na proposta de debate, analisada pelo HM. Au Kam San continua e ataca mesmo a forma de investimento de Guangdong no seu próprio investimento. O deputado relembra que Lionel Leong afirmou ainda que a taxa de retorno da restante parte da reserva financeira vai ser garantida pelo Banco de Desenvolvimento da China, que, através do Fundo de Cooperação para o Desenvolvimento entre a China e os PLP vai procurar projectos de investimento. E critica também essa decisão. “Pelos vistos, o governo da província de Guangdong também não é especialista em investimentos e os resultados dos investimentos do Banco de Desenvolvimento da China também não foram relevantes. Então, como é que vão conseguir assegurar o capital e as taxas de retorno de 4% e 5%?”, questiona Au Kam San, que acrescenta uma lista de pedidos de esclarecimentos. “A que métodos recorreram para garantir isso? Se os objectivos

“Porque razão

[o Governo] não procedeu a uma auto-avaliação das suas insuficiências e não melhorou os respectivos mecanismos, tendo, antes pelo contrário, decidido entregar o dinheiro a terceiros e incumbi-los do investimento?” “Como sou da opinião que este investimento de dezenas de milhares de milhões tem implicações de relevante importância para o interesse público proponho um debate ao plenário, esperando que este aceite a minha proposta”

Au Kam San Deputado

não forem atingidos e se registarem perdas, como é que se vão atribuir responsabilidades? Quem é que vai responsabilizar-se? Segundo este modelo de investimento, o Governo vai ficar de fora ou vai ter alguma participação?”

À espera dos colegas

O democrata aponta ainda na proposta de debate que, apesar das reservas financeira e cambial terem ultrapassado os 300 mil milhões de patacas até final de 2014, as taxas de retorno ascenderam a 2% no ano passado. Algo que, para Au Kam San, só mostra que o dinheiro da população “está a desvalorizar-se”de forma contínua. E propõe que seja debatida a questão: deve ou não o dinheiro de Macau ir parar a Guangdong? “Como sou da opinião que este investimento de dezenas de milhares de milhões tem implicações de relevante importância para o interesse público proponho um debate ao plenário, esperando que este aceite a minha proposta”, frisa. Se for aprovada a proposta pelos deputados do hemiciclo, representantes da área da Economia e Finanças terão de se deslocar ao plenário, de forma a responder a estas e outras questões que eventualmente possam surgir. A proposta sobe a plenário no dia 15 de Junho. Au Kam San diz ainda que o Governo tem de fazer estes esclarecimentos todos antes de se precipitar e “colocar nas mãos de terceiros, para investimentos incertos” o dinheiro da reserva financeira da RAEM. Joana Freitas

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política 5

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Rendas Sugerido aumento segundo coeficientes aprovados pela DSEC

Aqui há penas para especuladores prevê que as rendas que não foram actualizadas possam sê-lo com base nos coeficientes no prazo de três anos. Pereira Coutinho escolhe o Instituto de Habitação como responsável pela aplicação da lei e sugere ainda um período de dois anos de transição sem actualização de rendas.

tiago alcântara

Todos os projectos de lei entregues por Pereira Coutinho foram aceites para análise no hemiciclo. Um deles foca-se nas rendas e prevê aumentos consoante a economia de Macau e punições para especuladores imobiliários

O projecto de lei prevê multas para os senhorios que actualizem as rendas excedendo os limites legais fixados, das 20 mil às 200 mil patacas

J

osé Pereira Coutinho quer que a actualização de rendas passe a ser alvo de aprovação da Direcção dos Serviços de Estatísticas e Censos (DSEC) e sugere multas e até pena de prisão para quem aumentar as rendas de forma excessiva. O deputado viu serem aceites no hemiciclo os sete projectos de lei que apresentou a Ho Iat Seng, presidente da Assembleia Legislativa, através dos quais o deputado pretende que sejam criadas novas leis ou aditados novos artigos especialmente no âmbito dos direitos dos trabalhadores, mas também sobre as rendas e a protecção de Coloane. No caso do Regime da Actualização das Rendas de Bens Imóveis Destinados a Habitação, Pereira Coutinho pede que os valores de aumento das rendas só possam ser efectuados segundo coeficientes aprovados previamente pela DSEC, tendo em conta informações relativas à economia de Macau. “O coeficiente de actualização é resultante da totalidade de variação do índice de preços ao consumidor, sem habitação, corresponde aos últimos 12 meses e para os quais existem valores à data de 31 de Agosto, apurado pela DSEC”, começa por sugerir na proposta de lei. “O coeficiente é publicado por aviso da DSEC no Boletim Oficial até 30 de Outubro de cada ano.”

No que a Coloane diz respeito, o deputado pede a introdução de um regime que vem apenas “clarificar” a obrigação de se respeitar os 198 mil metros quadrados de área protegida, já que “supostamente agora é entendido como não sendo apta a proibição de construção”, como diz Pereira Coutinho. Os projectos de lei de Pereira Coutinho são analisados na segunda-feira, em conjunto com a proposta de lei da Alteração ao Regime de Reparação dos Danos Emergentes de Acidentes de Trabalho e Doenças Profissionais, apresentado pelo Governo. Joana Freitas

joana.freitas@hojemacau.com.mo

António Costa Moura encontra-se com Sónia Chan A ideia, diz Pereira Coutinho, é “combater a especulação imobiliária” e, por isso mesmo, o projecto de lei prevê multas para os senhorios que actualizem as

rendas excedendo os limites legais fixados, das 20 mil às 200 mil patacas. E prevê ainda que, em caso de violação, se siga o Código Civil, podendo até os especuladores que

Trabalhadores no centro das atenções Outro dos projectos admitidos do deputado prevê aditamentos ao Código do Processo de Trabalho. O Processo Especial de Tutela dos Trabalhadores com Base na Igualdade e Não Discriminação em Função do Sexo e da Orientação Sexual pretende introduzir um mecanismo processual caso os trabalhadores sejam discriminados e prevê que seja a DSAL a proceder a um registo de eventuais comportamentos discriminatórios das empresas. Pereira Coutinho pede que esta lei seja aprovada “para, que no futuro, a RAEM não seja tão castigada nos fóruns internacionais”. Já o Processo Especial de Tutela da Personalidade do Trabalhador prevê a introdução de mais protecção na relação com os empregadores.

Ideia semelhante tem o projecto de lei intitulado Acção de Impugnação da Confidencialidade de Informações ou da Recusa da sua Prestação. Também no âmbito da protecção a trabalhadores, Pereira Coutinho – também presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau – sugere novamente o pedido da aprovação da Lei do Direito Fundamental de Associação Sindical e da Promoção, Sensibilização e Divulgação dos Tratados de Direitos Humanos e Convenções da OIT. Esta última, também já apresentada anteriormente, obriga a RAEM a promover os direitos dos trabalhadores tanto junto a trabalhadores locais, como de TNR, bem como relatórios e em várias línguas.

“se aproveitem” da necessidade do inquilino ser condenados até três anos de prisão.

Mais palpites

Outra das sugestões é que a primeira actualização seja feita com base num acordo entre as partes, após dois anos de contrato, e as seguintes anualmente, mas o deputado também prevê a protecção de direitos dos arrendatários. Caso disso é que as actualizações sejam arredondadas “para cima”, que haja redução de multas em alguns casos e que os senhorios possam avisar sobre o aumento da renda em 30 dias, ao invés do actual previsto por lei, que é de três meses. Além disso, o projecto

A Secretária para a Administração e Justiça, Sónia Chan, vai receber o Secretário de Estado da Justiça de Portugal, António Costa Moura. De acordo com a Rádio Macau, o encontro acontece na quintafeira e faz parte da agenda oficial do representante do Governo de Lisboa, na deslocação a Macau por ocasião do dia 10 de Junho. António Costa Moura vai também manter uma reunião com a Associação dos Advogados, mas não se sabe ainda quais os temas a ser discutidos. O Secretário português chega hoje à tarde ao território, onde vai assistir ao concerto de Sérgio Godinho, no Centro Cultural, e participar nas cerimónias oficiais do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.


6 política

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U

Transexual Arco Íris quer acção do Governo

pedido de alteração de género nos seus documentos. “Aconselhámos a Bella a enviar três cartas, uma ao Gabinete da Secretária Sónia Chan, da pasta de Administração e Justiça, outra para o Instituto de Acção Social (IAS) e outra para a Direcção dos Serviços de Identificação”, enumera Anthony Lam, que avançou que estas cartas já foram enviadas estando por isso agora à espera de resposta. Os documentos de identificação de Bella não são reconhecidos, tal como acontecia com Avery, que ainda não viu reconhecida a sua nova identidade. Segundo Lam, ambos os casos estão a aguardar pela revisão à lei que regula a identificação e que não prevê estas situações. “Os três departamentos responderam-nos a dizer que têm um grupo de trabalho que está a estudar as alterações à lei face ao caso da Avery e, agora, temos outro caso, o que pode vir a dar mais poder ou mais encorajamento para essa revisão”, disse Lam à TDM.

A Bella e o monstro hoje macau

m novo caso de um transexual que pediu ajuda à Associação Arco-Íris para alteração do género nos documento de identificação levou ontem a associação dirigida por Anthony Lam a pedir mais acção do Governo. Lam assegura que está a ser estudada uma revisão da lei que regula a identificação. O Governo deve agir de modo a que seja possível aos transexuais tratarem da documentação oficial depois da mudança de sexo, como dizem os membros da Associação, que vão ainda pedir ajuda ao Consulado de Portugal para tratamento do caso, já que também esta jovem tem passaporte português. O caso novo “é muito parecido com o anterior que foi apresentado pela Associação”, como explica Lam ao HM, referindo-se ao pedido de ajuda de Avery, em Março. Agora, está em causa Bella, o actual nome de um transexual que aos 19 anos decidiu submeter-se a uma cirurgia de alteração de sexo. A operação foi feita na Tailândia, mas Bella nasceu e cresceu em Macau e continua a viver aqui. “Tal como Avery, também ela tem dupla nacionalidade, porque tem o passaporte português”, conta Anthony Lam.

Sem prazo à vista

O Governo não tem qualquer data ou sequer anúncio oficial sobre o assunto, mas a Associação – que se fez representar por Anthony Lam e Jason Chao - voltou a apelar à necessidade de uma acção do Governo sobre a temática, acção esta que pretende tornar simples a resolução deste tipo de casos.

As três cartas

Assim como aconteceu anteriormente, a Associação aconselhou Bella a enviar cartas para três departamentos do Governo com o

Anthony Lam

Pedida política de empregadas domésticas alargada a outras cidades

De Guangdong, Fujian e não só A

s agências de emprego locais querem que o Governo alargue a contratação de empregadas domésticas chinesas a províncias que não as de Guangdong e Fujian. Tudo porque estas pessoas pedem, regra geral, ordenados mais elevados. Actualmente, é apenas destes dois locais que o Governo permite contratar auxiliares domésticas. Foram abertas 300 vagas para empregadas domésticas chinesas desde 2013, tendo havido 267 pedidos aprovados pelo Governo, mas, até Setembro do ano passado, apenas 103 destas pessoas ficaram a trabalhar em Macau. O presidente da Associação de Agências de Emprego dos Trabalhadores Não Residentes, Ao Ieong Kuong Kao, referiu ao jornal Ou Mun que actualmente a remuneração de empregadas provenientes do sudeste asiático se fica entre as 3500 e as quatro mil patacas. No entanto, as províncias de Guangdong e Fujian são zonas relativamente ricas e por isso se

supõe que o salário mensal deva ser de pelo menos seis mil patacas.

Papel cultural

As empregadas só podem ser contratadas para trabalhar no território através de duas agências

do interior da China e as de Macau não podem participar. Assim, Ao considera que esta medida não estimula a vinda dessas empregadas domésticas, mesmo que exista necessidade no mercado. Ao Ieong acrescentou ainda que

a remuneração de empregadas do sudeste asiático está a aumentar, aproximando-se daquela auferida pelas empregadas chinesas. O presidente considera que o contexto cultural chinês desempenha aqui um papel crucial e que a contratação deve ser estendida a províncias com economias menos desenvolvidas, como são Sichuan ou Hunan. Por outro lado, um responsável de uma outra agência de emprego, de apelido Lam e que analisa os processos de empregadas domésticas de Fujian, considera que os residentes da RAEM não estão muito interessados em recrutar empregadas da China. Lam acrescenta que estas funcionárias também não têm vontade de vir trabalhar para o território, porque é necessária uma formação de duas semanas e exames de qualificação por um salário que não é alto, comparado com aquele que lhes é oferecido na sua terra-natal. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

“Aconselhámos a Bella a enviar três cartas, uma ao Gabinete da Secretária Sónia Chan, da pasta de Administração e Justiça, outra para o Instituto de Acção Social (IAS) e outra para a Direcção dos Serviços de Identificação” Anthony Lam Presidente da Associação Arco-Íris

Para já, Bella vai tentar pedir ajuda junto do Consulado-Geral de Portugal em Macau. “Ainda não foi notificado oficialmente, mas vamos pedir ajuda ao Consulado”, disse Anthony Lam. Este é, então, o segundo caso tornado oficial pela Associação. Em Março, também o caso de Avery, uma jovem nascida em Macau mas a residir em Londres foi tornado público. Até ao momento ainda não há qualquer resolução, e a jovem ponderou apresentar o caso na Embaixada de Portugal em Londres. Filipa Araújo (com Joana Freitas) filipa.araujo@hojemacau.com.mo


sociedade

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Deficientes Retirados 40 cartões de prova. Associações pedem melhores avaliações

Associações que lidam com deficientes mentais pedem ao Governo que melhore o regime de avaliação da deficiência, já o actual, dizem, levou a que 40 pessoas ficassem sem apoios do Governo e fossem consideradas como não tendo deficiências

P

elo menos 40 portadores de deficiência mental não receberam autorização para a obtenção do Cartão de Registo de Avaliação de Deficiência, documento que permite também receber o respectivo subsídio do Governo. O mecanismo de avaliação do Governo é o motivo apontado por duas associações da área, que se queixam da falta de rigor. Dados da secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura indicam que no ano passado estavam registados mais de 15 mil portadores de deficiência, dos quais 1145 sofrem com doenças do foro mental. Destes, pelo menos 40 não viram

tiago alcântara

Diferentes entre os iguais

ser concretizada a sua avaliação positiva para serem portadores do cartão. Hetzer Siu, director-executivo da Macau Special Olympics, afirmou ao canal chinês da Rádio Macau que, no último meio ano, houve portadores de deficiência mental que não receberam os cartões de registo de avaliação de deficiência, mesmo depois de ter sido feita uma nova avaliação. Por isso mesmo, estas pessoas viram os seus subsídios, que vão das sete às 14 mil patacas, suspensos. Hetzer Siu indicou que a associação já recebeu mais de 40 queixas, número que acredita que irá aumentar. “A primeira avaliação feita a estes casos indica um grau de deficiência mental, mas a segunda avaliação, três anos depois da primeira, deixou de apontar a existência de deficiência e por isso

foram-lhe retiradas os cartões. O Governo tem que explicar de forma clara o que aconteceu, o que fez estes resultados serem diferentes”, argumentou.

Falha do mecanismo

Sandra Liu, directora-executiva da Associação dos Familiares Encarregados dos Deficientes Mentais de Macau, explicou ao HM que

existe uma parte de portadores de deficiência leve e de autismo que são considerados “casos limítrofes”. Nestes casos, os alunos são integrados em escolas normais, pois não correspondem aos seis tipos de portadores de deficiência que preenchem os requisitos para a atribuição do cartões pelo Instituto de Acção Social (IAS). E, por isso, também não recebem o subsídio.

“A segunda avaliação, três anos depois da primeira, deixou de apontar a existência de deficiência e por isso foram-lhe retirados os cartões. O Governo tem que explicar de forma clara o que aconteceu, o que fez estes resultados serem diferentes” Hetzer Siu Director-executivo da Macau Special Olympics

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Sandra Liu considera que o actual mecanismo de avaliação de deficiência do Governo não está aperfeiçoado e não consegue avaliar os “casos limítrofes” e os de portadores que tenham deficiências além dos seis tipos estipulados. Exemplificando com alguns casos como dificuldades na leitura, na escrita e outras formas de comunicação, a responsável adianta que em Taiwan e nos Estados Unidos é utilizado um mecanismo até oito tipos. “Sim, existe um número para o tipo de casos, não se sabe bem qual, mas o mais importante é que existe um problema no mecanismo de avaliação do tipo de deficiência, que faz com que os portadores não sejam classificados no sistema. Sem melhorar o mecanismo de avaliação, estes portadores de deficiência não poderão obter nem os cartões, nem os apoios do Governo”, argumenta. Sandra Liu afirma que as pessoas a quem foram retirados os benefícios está a passar por dificuldades, segundo os relatos que chegam à associação, e as famílias não conseguem olhar o futuro com bons olhos. “Ao estudarem em escolas normais, estes alunos não são iguais aos outros, mas também não são considerados portadores de deficiência e nenhuma das partes consegue prestar o apoio necessário”, relata ao HM. Sandra Lui explica ainda que este tipo de portadores têm uma tendência, segundo estudos internacionais, para uma vida mais longa do que outros tipos de deficientes, o que leva a uma maior necessidade em receber o apoio. A directora sugere que o Governo melhore não só a forma de avaliação, mas também as instalações complementares comunitárias, fazendo com que os portadores possam manter um modelo de vida adequado. Flora Fong

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FSS Acordo com Guangdong facilita vida a idosos

Faça de conta que está em casa H á cerca de 600 idosos pensionistas do Fundo de Segurança Social (FSS) de Macau a viver em Guangdong e estes têm agora a sua vida facilitada. É que de acordo com o FSS, foi assinado um acordo que permite a estas pessoas e aos pensionistas chineses a viver em Macau fazer as provas de vida nos locais de residência, o que evita as deslocações que antes eram obrigatórias. “O FSS e as diferentes hierarquias de instituições de seguro social da província de Guangdong chegaram a um acordo. A partir de Março do

corrente ano [estas passam a ser] instituições exteriores de ajuda de verificação de prova de vida, de forma a ajudar a efectuação de prova de vida dos pensionistas de Macau que se encontram a viver na província de Guangdong bem como ajudar quem recebe a pensão de velhice básica de trabalhadores da província de Guangdong e vive em Macau”, escreve o Fundo em comunicado. As negociações entre as duas regiões também têm em conta aspectos laborais, como são entendimentos no sentido de facilitar a promoção de

emprego entre os dois locais e a protecção dos direitos laborais. “(...) As partes de Guangdong e Macau concordaram em reforçar a comunicação e cooperação em matéria de protecção de direitos laborais, promoção de criação de emprego e arranjo de emprego, autenticação de qualificação profissional e formação de pessoal para futuro”, escreve o FSS em comunicado. As decisões foram tomadas durante uma reunião que teve lugar no território, entre o Departamento de Recursos

Humanos e Segurança Social de Guangdong e o FSS, entidade homóloga de Macau, no dia 20 de Maio. A iniciativa contou com a presença de Ip Peng Kin, presidente do FSS, e do director dos Serviços para os Assuntos Laborais, Wong Chi Hong. Para além disto, foi também equacionada a hipótese de Zhuhai servir de local-piloto para experiências na mesma área da concertação social e protecção dos direitos da segurança social. Leonor Sá Machado

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Habitação Pública Três milhões para empresa por extensão de fiscalização

A empresa Foundation Engenharia e Consultoria, Lda. vai receber mais de três milhões de patacas pela extensão do prazo de fiscalização de dois lotes de habitação pública, na Bacia Norte do Patane. O anúncio foi ontem feito em Boletim Oficial e indica que a extensão corresponderá ao pagamento de um montante de cerca de 3,40 milhões de patacas, verba suportada pelo orçamento da RAEM para o ano económico de 2016. Esta empresa é a mesma que tem a seu cargo a empreitada de concepção e construção do novo mercado abastecedor e que recebeu mais 5,5 milhões de patacas devido ao prolongamento do prazo de execução deste, até este ano.


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“A

situação ainda não é preocupante”, mas Macau está desde ontem em alerta elevado devido ao síndrome respiratório do Médio Oriente (MERS, na sigla inglesa). De acordo com informações dos Serviços de Saúde (SS) ao HM, o território está no segundo de quatro níveis de alerta, sendo os seguintes “grave” e “urgente”. A justificação dada pelo organismo prende-se com o aumento

Coronavírus Macau sobe alerta para “elevado”. Situação “ainda não preocupa”

Uma questão de precaução

Centro de Doenças Infecciosas no ter ceiro trimestre

António Falcão

Menos tempo para visitas no São Januário, o regresso de todos os profissionais médicos que estejam fora da RAEM e outras medidas. O número de infectados com coronavírus está a aumentar e Macau mudou o estado de alerta para “elevado”

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de casos na Coreia do Sul, local de onde é, aliás, proveniente o homem infectado que viajou até Hong Kong e entrou na China. “Atendendo ao número de casos que apareceram nas últimas horas no país e pelo facto de Macau receber diariamente entre 500 a 700 pessoas provenientes da Coreia do Sul, que não são necessariamente coreanas mas vêm em voos diários, o nível interno de alerta foi aumentado”, explicou um porta-voz dos SS ao HM.

Da mesma forma, todas as chefias dos SS que estejam de férias “terão de as cancelar” e os profissionais de saúde que tiverem missões de serviço fora vão regressar à RAEM. O organismo “vai iniciar a verificação destes casos” hoje, pelo que ainda não sabe dizer se há casos destes. Na semana passada tinham sido já implementadas medidas de urgência, como o uso obrigatório de máscara nos serviços de urgência,

anulada promoção na Coreia do Sul A Direcção dos Serviços de Turismo (DST) anulou uma “promoção de grande envergadura” na Coreia do Sul, devido ao risco de contaminação do coronavírus. O anúncio foi feito por Helena

de Senna Fernandes, directora da DST. “Não vamos correr o risco dos nossos funcionários contraírem o vírus”, sublinhou, à margem da apresentação do festival internacional de pirotecnia

de Macau. “A decidir-se alguma coisa, teria que ser agora”, explica Helena de Senna Fernandes, quando questionada sobre a anulação da actividade, que estava prevista para acontecer em Agosto.

Aeroporto AACM diz não ser necessária segunda pista

A

Autoridade de Aviação Civil (AACM) acredita que o Aeroporto Internacional de Macau não tem necessidade de ver construída uma segunda pista de aterragem, como tinha sugerido o deputado Si Ka Lon. O organismo justifica que a actual consegue satisfazer as necessidades, dado o actual “volume de passageiros”. Numa resposta a uma interpelação escrita do deputado Si Ka Lon, o director da AACM, Chan Weng Hong, referiu que depois de ter sido feita uma avaliação da actual pista, esta ainda pode vir a receber até 15 milhões de passageiros no futuro. Actualmente, o aeroporto recebe pouco mais de cinco milhões de passageiros. Por isso mesmo, o responsável diz acreditar que não é necessário criar a segunda pista, até

porque, explica, a utilização do espaço aéreo do Delta do Rio das Pérolas está complicada e a criação de uma nova pista pode vir a “piorar a coordenação do espaço”. “Devido ao limite do controlo de ruído de Zhuhai, desde o início do funcionamento do Aeroporto Internacional de Macau que os voos não podem passar pela cidade vizinha a baixa altitude. A AACM tem até comunicado com o interior da China, para tentar passar em Zhuhai com certas condições”, disse. O responsável acrescentou ainda que o aeroporto vai, contudo, alargar a parte norte do edifício de passageiros, adicionando mais espaço e mais lugares de estacionamento, à parte do novo hangar que já foi anunciado. F.F.

sendo que agora esta tem de ser usada “em todas as instituições de saúde e por todas as pessoas – doentes, familiares e acompanhantes”. O período de visitas no Centro Hospitalar do Conde de São Januário vai também ser reduzido, ainda que não tenha sido possível apurar para quanto tempo.

Dia e noite

O laboratório de saúde pública, onde se fazem os exames ao coronavírus, vai estar a funcionar 24 horas, tendo sido feita uma encomenda de duas mil unidades do reagente químico, que agora dava apenas “para 300 unidades”. Lares de idosos, creches e outras instituições de ensino estão também sobreaviso, “para aumentaram as medidas de desinfecção e a fiscalização e controlo de doenças”, informam os SS. À entrada de Macau, os cidadãos provenientes do Médio Oriente e da Coreia do Sul vão continuar a ter de medir a febre à saída do avião, algo que aliás já está a acontecer. Apesar dos SS “não poderem emitir alertas de turismo”, os responsáveis do organismo aconselham a que os residentes evitem as viagens à Coreia do Sul e, se o tiverem de fazer por “ser mesmo necessário”, que tomem atenção à higiene. O aviso é mais alto para doentes crónicos. “Estes têm de pensar melhor antes de se deslocarem à Coreia do Sul ou perguntar a opinião aos seus médicos. Se

O chefe do Serviço de Urgência do Hospital S. Januário, Lei Wai Sang, revelou que o Centro de Doenças Infecciosas em Coloane pode começar a ser utilizado no terceiro trimestre deste ano. O anúncio surgia em resposta a um ouvinte do programa Fórum Macau, preocupando com o facto da Pousada de Juventude de Hac Sá se tornar um centro de isolamento para pessoas com contacto com infectados. O responsável assegurou que não há perigo de contágio, porque as pessoas não vão poder sair do espaço.

decidirem viajar, têm de prestar muita atenção à higiene pessoal e usar máscara quando estão perto de muitas pessoas”, explicou o chefe do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças dos SS, Lam Cheong, à margem da participação no programa Fórum Macau, da rádio.

Baixo nível

De acordo com o porta-voz dos SS, actualmente o surto de MERS ainda não é uma epidemia, estando no nível de “endemia” da Organização Mundial de Saúde, algo mais baixo. Recorde-se que um homem chegou a Hong Kong num voo proveniente da Coreia do Sul, estando infectado com o vírus. Com ele, estiveram em contacto próximo mais de uma dezena de pessoas, sendo que algumas delas vieram a Macau, mas saíram antes que houvesse tempo para espalhar a infecção. Contudo, um dos passageiros coreanos ainda está no território, estando ainda a ser levadas a cabo as diligências “e todos os esforços” para o encontrar e fazer rastreio da doença. De 29 de Maio até às 18h00 de ontem, 13 pessoas foram submetidas ao exame do coronavírus em Macau, sendo o resultado negativo em todas. Mais de 400 pessoas já morreram em todo o mundo. Joana Freitas

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Tabaco David Chow admite que proibição total prejudica o sector

Pela saúde dos casinos

David Chow defende que a proibição total de fumo nos casino terá consequências negativas. Um desligar da dependência dos jogadores chineses é outro ponto defendido pelo empresário

S

em descurar a atenção para a saúde pública, David Chow acredita que a proibição total de fumar nos casinos “pode ferir a indústria”, uma vez que “noutros locais do mundo ainda se pode fumar [nos casinos]”. Para o empresário, contudo, apesar de não se poder negar que é prejudicial, não adianta contrariar as decisões. “É verdade que as pessoas podem ir lá fora fumar, mas temos a certeza que elas voltam? Neste sector, todos os minutos contam”, argumentava o proprietário da Doca dos Pescadores, quando questionado sobre a proibição total do fumo nos casinos, avançada quase de forma oficial pelo Governo. Para o empresário, este Macau é um mercado com muita competição e é preciso olhar para o cenário internacional e perceber quem “é que lidera”, se são os casinos onde é permitido fumar ou não. “Temos que considerar o que é um serviço bom. E [deixar fumar] é um bom serviço”, dizia David Chow aos jornalistas, enquanto falava à margem da inauguração de uma galeria de arte na Doca dos Pescadores. “Será justo para nós parar a competição? (...) Em todos os casinos no mercado ainda se pode fumar,

é preciso olhar para o mundo e perceber se esta é uma boa competição.” O proprietário alertou ainda para a necessidade de ter “cuidado” nas “demasiadas políticas [levadas a cabo pelo Governo] que estão a ferir o mercado”. “Não é só nos casinos, todos sofrem com isto, os salários, os bónus, tudo”, remata.

Governo de mente aberta

“Será justo para nós parar a competição? (...) Em todos os casinos no mercado ainda se pode fumar, é preciso olhar para o mundo e perceber se esta é uma boa competição.”

Questionado sobre o pedido feito anteriormente para o aumento do número de mesas para o casino Babylon, David Chow defendeu que, em caso de queda das receitas, vão ser necessárias mais mesas. Na possibilidade de abertura de um novo casino no próximo ano, o empresário não esconde a hipótese de voltar a pedir mais elementos de jogo. “Se o mercado estiver baixo iremos pedir, mas ainda não o fizemos”, clarificou. Para o empreendedor, é preciso também abrir o mercado, tornando Macau mais internacional. “O Governo não pode estar a ser controlado apenas por seis empresas. Temos que ser mais internacionais e não estarmos alicerçados só na China. Não é bom para Macau que só estas empresas dominem”, rematou. Filipa Araújo

filipa.araujo@hojemacau.com.mo

DSPA Restos de construções poderão ser tratados este ano

A solução mora ao lado O director substituto da Direcção dos Serviços para a Protecção Ambiental (DSPA), Vai Hoi Ieong, referiu ontem que os materiais que restam de demolições de estruturas em Macau poderão ser tratados a partir deste ano, sendo transferidos para um aterro em Guangdong, na China continental. O responsável explicou que a separação de materiais vai arrancar ainda este ano, estando previstas consultas públicas sobre o futuro pagamento do processo. As declarações foram feitas ao Jornal do Cidadão, tendo Vai Hoi Ieong acrescentado que já no ano passado tinha sido

obtida a concordância por parte do Conselho de Estado da China em relação ao transporte desses materiais para o parque industrial de Guanghaiwan da cidade de Taishan, na província de Guangdong, para serem reciclados. Vai Hoi Ieong explicou que a quantidade de materiais era de cerca de quatro milhões de metros cúbicos, sendo que, depois da selecção, entre 70% a 80% poderão ser reutilizados ou retidos no aterro. O director substituto referiu que é necessário acelerar o processo, estando ainda a ser negociadas questões como o transporte dos materiais, inspecção e supervisão com Guangdong.

Confrontado com a possibilidade das despesas serem totalmente cobertas pelo Governo de Macau, Vai Hoi Ieong confessou que nas regiões vizinhas existem medidas de poluidor-pagador e que os detritos de Macau deverão corresponder aos requisitos do país, pelo que os construtores civis não podem tratar de forma diferente esses materiais. O responsável da DSPAgarantiu, contudo, que o princípio de poluidor-pagador é a meta desse departamento do Governo, estando prevista a elaboração de uma legislação para essa questão. Flora Fong

flora.fong@hojemacau.com.mo

Indústria Quase 70% de empresas tem falta de trabalhadores

O

mais recente inquérito feito ao sector industrial revela que a falta de trabalhadores continua a ser um dos maiores problemas sentidos pelas empresas. Cerca de 67,2% das empresas entrevistadas no âmbito do Inquérito de Conjuntura ao Sector Industrial Exportador, pela Direcção dos Serviços de Economia (DSE) “afirmaram terem enfrentado falta de trabalhadores”, sendo que no primeiro trimestre deste ano 54,3% das empresas confirmaram esse facto, além das 61,8% das empresas do ano passado. “Tudo apontará para que os trabalhadores da indústria transformadora sejam mais necessários”, aponta o inquérito, enquanto que em relação a “outros sectores” 83,9% das empresas pub

“registaram insuficiência de trabalhadores, o que significa que há grande procura de mão-de-obra neste sector”. Apesar da falta de trabalhadores, outro dos maiores problemas registado pelas empresas industriais é a existência de “preços mais competitivos praticados no estrangeiro”, bem como “preços elevados das matérias-primas”. “Salários elevados” é outro dos problemas, bem como o “insuficiente volume de encomendas”. Os dados mostram ainda que a duração média mensal da carteira de encomendas das empresas foi de 2,58 meses, uma quebra de 26,5% e 17,6% em relação ao trimestre anterior e ao igual período de 2014.


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eventos

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Antique Gallery

• David Chow fez as honras na inauguração de uma galeria de arte na Doca dos Pescadores. Com várias peças, David Chow acredita que este é um mercado a apostar para os apreciadores de arte.

Pintura Artistas locais apresentam “Felicidade” na AFA

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osé Lázaro das Dores e Cai Guo Jie apresentam, a partir da próxima quinta-feira e até 11 de Julho, a exposição “Felicidade”. A mostra reúne várias peças de pintura. A inauguração acontece às 18h30 de quinta-feira, na Associação Art For All (AFA). O curador, Tong Chong, explica no website oficial da associação que estas são obras com “vivacidade e um estilo claro”, pelo que as peças serão “uma representação de duas perspectivas diferentes”. José Lázaro das Dores tem-se dedicado ao estudo e experimentação de tintas de óleo em pintura e a presente mostra vai conter os

seus mais recentes trabalhos abstractos que fazem uso de figuras circulares, que de acordo com Tong, “são a procura da diversidade das sensações da sociedade”. Cai Guo Jie, que tem uma paixão pela cultura tradicio-

nal chinesa desde pequeno, é de Taiwan mas decidiu mudar-se para Macau desde que se enamorou pela cidade, durante a primeira visita. Os seus trabalhos passam pela importância das cores e dos diferentes distritos de Macau, nomeadamente dos edifícios antigos. É a pintura com aguarela que Cai mais utiliza, com uma fusão de estilo de pincelada ocidental. “As obras que vão ser expostas agora compreendem arquitectura do estilo ocidental com cores próximas das primárias, frisando um tom específico e vivo”, explica o curador da mostra. A entrada é livre.

À venda na Livraria Portuguesa Daqui Não Sais Viva • João Bonifácio

O crime de Manuel Palito é conhecido: assassinou duas mulheres a sangue frio e feriu ainda a sua filha e a própria mulher. Manuel Palito está agora a ser julgado pelos seus actos. O jornalista João Bonifácio não se limitou a seguir todos os passos desses bárbaros assassínios. Durante um mês, João Bonifácio viveu em Trevões e Valongo dos Azeites, as aldeias do interior onde tudo se passou. Descobriu uma realidade perturbadora.

A próxima edição do Concurso Internacional de Fogo de Artifício acontece novamente em Setembro e Outubro e conta com a participação de duas novas empresas: a primeira da Finlândia e a segunda da Malásia. Continua a ser obrigatório combinar a pirotecnia com luzes laser e música

Fogo de Artifício Finlândia e Malásia

Pirotecnia

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26.ª edição do Concurso Internacional de Fogo-de-artifício de Macau dá as boas-vindas a empresas de pirotecnia da Finlândia e da Malásia, que assim se estreiam nesta iniciativa governamental, em moção há mais de um quarto de século. Este ano foram escolhidos os dias 5, 12, 19 e 27 de Setembro e 1 de Outubro, naquele que é já o local do costume, frente à Torre de Macau. A directora da Direcção dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, espera um aumento de “pelo menos 10% dos visitantes” comparativamente àqueles que estiveram presentes na edição passada. A 25.ª edição contou com cerca de 74 mil espectadores no total das cinco noites de festa. O evento conta este ano com dez equipas concorrentes de Portugal, China, Taiwan,

Coreia, Itália, França, Áustria e Austrália e dos dois países acima referidos. A equipa malaia chama-se Red Flame Special Effects Sdn. Bhd. e está no activo há mais de 20 anos, de acordo com a DST, entidade responsável pela organização do festival. A Red Flame foi, de 2008 a 2013, a equipa técnica responsável pela Competição Internacio-

nal de fogo-de-artifício de Danang, cidade vietnamita. Já o colectivo finlandês conta com mais de meio século de história em actividades relacionadas com pirotecnia. A Suomen realiza mais de 200 espectáculos anuais.

Um programa e tanto

Todos os participantes terão que fazer uso de efeitos laser

Rua de S. Domingos 16-18 • Tel: +853 28566442 | 28515915 • Fax: +853 28378014 • mail@livrariaportuguesa.net

Os Combatentes Portugueses do Estado Islâmico • Nuno Tiago Pinto

O que leva cidadãos aparentemente pacíficos a transformarem subitamente a sua vida e ingressar num mundo de violência e terrorismo? E como foram recrutados para o «Estado Islâmico»? Porque se converteram ao Islão? Qual o seu papel na estrutura do grupo? O jornalista Nuno Tiago Pinto responde a estas e a outras perguntas ao longo de um livro inquietante sobre uma realidade mais próxima de nós do que muitas vezes pensamos.


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a em estreia na edição deste ano

rumo às estrelas

hoje no prato Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Nêspera Nome botânico: Eriobotrya japonica Lindl. Família: Rosaceae. Nomes populares: Japónias; Maganórios; Magnólios; Magnórios; Mónicas; Nêsperas-do-Japão; Nêsperos. A Nespereira é uma árvore sobejamente conhecida pelos seus frutos comestíveis e suculentos, as Nêsperas. De copa frondosa e arredondada, pode alcançar os cinco metros de altura; as folhas são grandes e compridas, perenes, e as flores esbranquiçadas; os frutos são ovais, de cor alaranjada quando maduros, contendo sementes a ocupar metade do seu volume. Sendo oriunda do Sul da China, a Nespereira foi introduzida no Japão onde é amplamente cultivada há mais de 1000 anos. O seu nome Nespereira-do-Japão alude à sua importância neste país, quer como árvore de fruto quer pelo seu valor estético e ornamental, e distingue-a de uma outra espécie, a Nespereira-da-Europa (Mespilus germanica L.). A Nêspera integra ainda o folclore chinês, acreditando-se que ao cair nos rios daria força ao peixe Koi para ultrapassar diversos obstáculos e cascatas e transformar-se em dragão. O peixe Koi é uma carpa colorida, ornamental, muito presente em ilustrações e tatuagens, carregada de simbolismo: virada para cima representa a perseverança e luta por um objectivo; virada para baixo representa a conquista e o êxito.

e música de fundo, vencendo quem possuir o melhor espectáculos integral, ou seja, fusão entre aspecto musical e visual. Ontem abriram também os três concursos – nos quais os residentes da RAEM podem participar – sobre o festival. O primeiro é de fotografia sobre fogo-de-artifício, o segundo do design para o troféu a atri-

buir à equipa vencedora e o terceiro integra desenhos de estudantes locais. Além disso, Helena de Senna Fernandes confirmou igualmente a abertura de um concurso feito em parceria com a CTM e que funciona através de mensagens SMS. Os espectáculos poderão ser vistos ao vivo, mas para quem não puder estar presente frente

Livraria Portuguesa celebra 30 anos quinta-feira

A Livraria Portuguesa comemora já esta quinta-feira 30 anos de existência com a apresentação do livro “Saboroso: Cozinha Portuguesa e Macaense em Macau”, do jornalista Nuno Mendonça e da fotojornalista Carmo Correia. O evento, agendado para as 17h00 no espaço da Livraria Portuguesa, contará com degustação dos pratos presentes no livro e a presença de muitos cozinheiros dos restaurantes citados na obra.

à torre, vai ter oportunidade de ver e ouvir através dos canais televisivo e de rádio da TDM. O Festival está este ano orçado em 24 milhões de patacas e a directora da DST acredita que não haverá qualquer relação entre o número de visitantes do festival e a queda das receitas do Jogo. Leonor Sá Machado

leonor.machado@hojemacau.com.mo

Composição Alguns açúcares (frutose); riqueza em vitaminas (B1, B2, C e E, alto teor em betacaroteno), sais minerais (cálcio, fósforo, magnésio, potássio) e oligoelementos (ferro), flavonóides, ácidos orgânicos, substâncias aromáticas de tipo triterpénico, taninos, fibras e água; baixo conteúdo em proteínas, gorduras e calorias. Sabor adocicado, suavemente ácido e delicado. As sementes contêm ácido cianídrico, um tóxico violento. Acção terapêutica Com actividade diurética e depurativa do organismo, a Nêspera aumenta a produção de urina, favorecendo a eliminação de ácido úrico. É útil na retenção de líquidos, areias e cálculos renais (especialmente uratos) e gota, bem como na insuficiência renal pelo baixo teor proteico. Nas dietas de emagrecimento, além de diurética

e depurativa, fornece poucas calorias e, pelo teor em fibras, auxilia a controlar o apetite. Tem acção adstringente e antidiarreica, normalizando o trânsito intestinal, ao mesmo tempo que hidrata e remineraliza, protege, desinflama e tonifica as mucosas digestivas, sendo útil nas diarreias. Pelo conteúdo em água e fibras é ainda recomendada na obstipação. Nas hemorroidas, amacia as fezes e detém os sangramentos. É igualmente benéfica nas afecções crónicas do fígado (hepatite, fígado gordo, cirrose), descongestionando e reduzindo o seu volume, se aumentado, e diminuindo a retenção de líquidos no ventre (ascite ou barriga d’água). Outras propriedades Antioxidante, a Nêspera previne os danos provocados pelos radicais livres, reduz o colesterol e melhora a circulação, sendo indicada para os cardíacos. Combate a diabetes. Recomenda-se ainda na prevenção e tratamento da constipação e gripe, pois fortalece o sistema imunológico, é anti-inflamatória e antiviral. Pelo elevado teor em pró-vitamina A, favorece a saúde dos olhos, pele e cabelo. Como consumir No momento da compra, deve escolher Nêsperas intactas e de coloração uniforme – partes amolecidas e manchas acastanhadas são sinais de decomposição. A Nêspera mantém as suas propriedades nutricionais à temperatura ambiente durante alguns dias e pode ser guardada no frigorífico para uma conservação mais prolongada. Deve ser ingerida bem madura, caso contrário torna-se demasiado ácida. A pele é de fácil remoção, mas é comestível (adstringente). Sugestões: Ao natural. Em sumos ou batidos. Em saladas de frutas. Em geleias e compotas. Em tartes, tortas, bolos, gelatinas ou gelados. Em licores. Cura de Nêsperas: Ingerir diariamente 1 a 2 kg de Nêsperas como alimento principal, durante 2 ou 3 dias. Podem ser acompanhadas de pão torrado, em pequena quantidade. Precauções Não relatadas na literatura consultada. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


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Presidente de Angola conheceu todos os líderes da China dos últimos 25 anos

Diplomacia com um quarto de século O presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, que iniciou ontem a sua quarta visita oficial à China, é um dos raros estadistas no activo que conheceu todos os líderes chineses do último quarto de século. Eduardo dos Santos visitou a China pela primeira vez em 1988, cinco anos depois de os dois países terem estabelecido relações diplomáticas, e desde então deslocou-se mais três vezes àquele pais: duas em visita oficial e uma outra para assistir a cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, em Agosto de 2008. No poder desde 1979, o ano 1 da política chinesa de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior”, Eduardo dos Santos conheceu os dois antecessores do seu actual anfitrião, Xi Jinping: os antigos presidentes Jiang Zemin e Hu Jintao, ambos reformados, há treze e três anos, respectivamente. O presidente angolano, de 73 anos, tem a mesma idade de Hu Jintao e é dez anos mais velho do que o seu sucessor, Xi Jinping. Eduardo dos Santos e a mulher, Ana Paula dos Santos, chegaram a Pequim ontem à tarde, seguindo directamente do aeroporto para Diaoyutai, o complexo de residências do Estado chinês, na zona ocidental da cidade. O programa oficial, incluindo a cerimónia de boas vindas, no Grande Palácio do Povo, só começa na terça-feira. Além do presidente chinês, que é também secretário-geral do Partido Comunista Chinês, o cargo politico mais importante da China, Eduardo dos Santos vai encontrar-se com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com o presidente da Conferencia Politica Consultiva do Povo,Yu Zhengsheng. Os cinco ministros que integram a comitiva, entre os quais os titulares das pastas dos Transportes (Augusto Tomás), Comércio (Rosa Pacavira) e Energia e Águas (João

o diplomata salientou “o papel preponderante” da China na reconstrução do seu país e disse esperar que Pequim “continue a ser um parceiro estratégico nesta fase difícil de Angola”. Há dois dias, o semanário português Expresso afirmou que o presidente angolano vem à China “em busca de um financiamento de 22.000 milhões de dólares” para tentar resolver a “grave crise de tesouraria” da petrolífera estatal Sonangol, descrita como “o principal ‘braço armado’ da economia de Angola”.

Eduardo dos Santos visitou a China pela primeira vez em 1988, cinco anos depois de os dois países terem estabelecido relações diplomáticas

Baptista Borges), chegaram no fim de semana a Pequim, onde já se encontram 25 jornalistas angolanas, disse fonte diplomática à agência Lusa.

Novo pacote

A visita, de seis dias, é vista em Pequim como uma oportunidade

para “injectar um novo ímpeto” nas relações bilaterais. Um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros disse que “vários acordos de cooperação” serão assinados, mas não adiantou pormenores. Citando o embaixador de Angola na China, João Garcia Bires,

a agência noticiosa angolana Angop anunciou que os dois países vão negociar “um novo pacote financeiro para enfrentar as dificuldades” criadas pela redução do preço mundial do petróleo. Num encontro com jornalistas angolanos nas vésperas da chegada de Eduardo dos Santos,

Exportações caíram em Maio 2,8% em termos anuais

A

s exportações da China caíram 2,8% em Maio em relação ao mesmo mês do ano passado para 1,17 biliões de yuan, informou ontem a Administração Geral das Alfândegas. As importações também caíram no mesmo período – 18,1% em termos anuais – para 803,33 mil milhões de yuan.

Os dados mostram uma descida de 9,7% do comércio externo em relação a Abril, quando movimentou 1,97 mil milhões de yuan. Este é o terceiro mês consecutivo em que a China regista uma descida nas exportações, um dos tradicionais motores de crescimento da economia do gigante asiático, ainda que a baixa de Maio tenha sido menor

do que as registadas em Abril e Março (6,2% e 14,6%, respectivamente, em termos anuais). No período entre Janeiro e Maio, as exportações aumentaram 0,8% e as importações diminuíram 17,2% em termos anuais, com o volume do comércio externo a baixar 7,8%. As exportações chinesas estão a diminuir, mas o excedente comercial nos primeiros cin-

co meses duplicou para 1,33 biliões de yuan. A China é o maior exportador mundial e a União Europeia e os Estados Unidos são os seus maiores parceiros comerciais. O comércio da China com a União Europeia, o seu maior parceiro comercial, diminuiu 7,1% entre Janeiro e Maio, mas com os Estados Unidos, o segundo maior parceiro, subiu 2,8%

A China absorve cerca de metade do petróleo exportado por Angola, mas devido à acentuada queda dos preços daquela matéria prima no mercado mundial, no primeiro trimestre deste ano, o valor das exportações angolanas para a China caiu 50,3% em relação a igual período de 2014. O intercâmbio de visitas de alto nível entre a China e Angola acentuou-se desde que os dois países assinaram um acordo de “parceria estratégica global”, em 2010. Xi Jinping esteve em Luanda naquele ano, quando era ainda vice-presidente da China, e o primeiro-ministro, Li Keqiang, deslocou-se a Angola em Maio do ano passado.

Número de cibernautas chega aos 650 milhões

Até o final de 2014, o número acumulado de cibernautas chineses chegou a 650 milhões. O espaço cibernético já se tornou um lugar importante para que a população chinesa receba informações e expresse suas opiniões, informa a rádio China. Segundo o livro branco publicado pelo Gabinete de Imprensa do Conselho de Estado chinês, no ano passado, o país publicou 46,5 mil milhões de jornais, 3,2 mil milhões de revistas e 8,4 mil milhões de livros. Cada chinês possuía 6,12 volumes de livros. Em relações às aplicações na internet, 588 milhões usaram comunicações via internet, 522 milhões realizaram pesquisas ou buscas e 519 milhões leram notícias via internet.


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Executivo de produtora de carvão sob investigação

Mais um tigre sem garras A s autoridades chinesas estão a investigar o vice-presidente da estatal Shenhua Energy (CSEC), descrita como a maior produtora de carvão do país, informou a empresa. A empresa listada na bolsa de Hong Kong disse que o vice-presidente Hao Gui está a ser investigado pelas autoridades judiciais, de acordo com um comunicado enviado à bolsa de valores no domingo. Sem adiantar detalhes, a companhia refere que Hao “falhou em desempenhar adequadamente as suas funções”. “A direcção da empresa vai tomar uma decisão sobre o assunto de acordo com o progresso da investigação”, informou, acrescentando ter tomado conhecido do inquérito pela Shenhua Group Corp., de que Hao também é vice-director-geral. O combate à corrupção, considerado “uma luta de vida ou de morte” para assegurar a credibilidade do Partido Comunista Chinês (PCC) e a sua permanência no poder, tem sido uma

pub

EDITAL Edital n.º Processo n.º Assunto Local

Cheong Ion Man, subdirector substituto da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT), faz saber por este meio aos donos da obra e proprietários do local acima indicado, cujas identidades se desconhecem, o seguinte: 1.

O agente de fiscalização desta DSSOPT deslocou-se ao local acima indicado e verificou a realização de obra sem licença cuja descrição e situação é a seguinte: Fracção

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prioridade desde que o actual Presidente chinês, Xi Jinping, que assumiu a chefia do Partido, em novembro de 2012. Xi Jinping prometeu “combater tanto as moscas como os tigres”, numa alusão aos altos quadros do PCC que durante muito tempo pareciam agir com total impunidade. Um ex-vice-presidente da Comissão Militar Central, o general Xu Caihuo,

Zhou Yongkang, um antigo chefe da Segurança e anteriormente líder da petrolífera estatal chinesa CNPC e dezenas de outros quadros dirigentes já foram presos. Outro ex-líder provincial do Partido Comunista Chinês (PCC), Liao Shaohua, foi condenado em abril a 16 anos de prisão por corrupção e abuso de poder, no segundo veredito do género anunciado no espaço de 24 horas.

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“Enormes progressos” na área dos direitos humanos

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:17/E-BC/2015 :414/BC/2015/F :Notificação do despacho de embargo e início do procedimento de audiência pela infracção às respectivas disposições do Regulamento de Segurança Contra Incêndios (RSCI) :Travessa dos Estaleiros, Edf. LA MAGNÍFÍCENCE, Bloco 1, fracções 5.º andar A (CRP:A5), 13.º andar A (CRP:A13), 13.º andar B (CRP:B13), 21.º andar C (CRP:C21) e terraço sobrejacente ao edifício, Macau.

erca de 12,3 milhões de residentes das zonas rurais da China saíram da pobreza em 2014 e 92,6% das crianças chinesas já andam na escola, realçou o governo chinês acerca da situação dos direitos humanos no país. “Os enormes progressos que a China alcançou no domínio dos direitos humanos demonstram plenamente que o país seguiu uma via de desenvolvimento correcta e que se ajusta às suas condições nacionais”, proclama o Livro Branco difundido ontem pelo Departamento de Informação do Conselho de Estado chinês com o título “Progresso da China nos Direitos Humanos em 2014”. Ao contrário dos governos e da opinião

pública dos países mais ricos, que tendem a enfatizar a importância da liberdade política individual, as autoridades chinesas defendem “o direito ao desenvolvimento” como “o mais importante dos direitos humanos”. Segundo o referido livro branco, dos 29 mensuráveis indicadores de desenvolvimento económico e social do país avaliados durante o 12.º Plano Quinquenal (201115), cerca de 90% registaram “progressos regulares” ou foram mesmo inteiramente preenchidos. O rendimento anual disponível per capita subiu 8% em 2014, para 20.167 yuan, e excedeu o crescimento económico do país (7,4%), assinala o documento.

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Andar

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terraço sobrejacente ao edifício

Obra Instalação de gradeamento metálico junto à janela da fracção na parede exterior do edifício. Instalação de gradeamento metálico junto à varanda da fracção na parede exterior do edifício. Instalação de gradeamento metálico junto à varanda da fracção na parede exterior do edifício. Fechamento da varanda da fracção com janela de vidro junto à varanda da fracção na parede exterior do edifício. Fechamento da cobertura do pátio no terraço sobrejacente ao edifício com suporte metálico.

Situação da obra

Infracção ao RSCI e motivo da demolição

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

Concluída

Infracção ao n.º 12 do artigo 8.º, obstrução do acesso aos pontos de penetração no edifício.

2.

As varandas, janelas e o terraço acima referidos são considerados como pontos de penetração para realização de operações de salvamento de pessoas e de combate a incêndios, não podendo ser obstruídos com elementos fixos (gaiolas, gradeamentos, etc.) de acordo com o disposto no n.º 12 do artigo 8.º do RSCI, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 24/95/M, de 9 de Junho. As alterações introduzidas pelo infractor nos referidos espaços, descritas no ponto 1 do presente edital, contrariam a função desses espaços enquanto pontos de penetração no edifício e comprometem a segurança de pessoas e bens em caso de incêndio. Assim, as obras executadas não são susceptíveis de legalização pelo que terá necessariamente de ser determinada pela DSSOPT a sua demolição a fim de ser reintegrada a legalidade urbanística violada.

3.

Nos termos do n.º 7 do artigo 87.º do RSCI, a infracção ao disposto no n.º 12 do artigo 8.º, é sancionável com multa de $2 000,00 a $20 000,00 patacas.

4.

Considerando a matéria referida nos pontos 2 e 3 do presente edital, podem os interessados, querendo, pronunciar-se por escrito sobre a mesma e demais questões objecto do procedimento, no prazo de 5 (cinco) dias contados a partir da data de publicação do presente edital, podendo requerer diligências complementares e oferecer os respectivos meios de prova, em conformidade com o disposto no n.º 1 do artigo 95.º do RSCI.

5.

O processo pode ser consultado durante as horas de expediente nas instalações da Divisão de Fiscalização do Departamento de Urbanização desta DSSOPT, situadas na Estrada de D. Maria II, n.º 33, 15.º andar, Macau (telefones nos 85977154 e 85977227).

Aos 4 de Junho de 2015 Pelo Director dos Serviços O Subdirector, Subst.º Eng.º Cheong Ion Man


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artes, letras e ideias

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A ópera no F.I.M.M. (I)

U

ma análise dos programas das várias edições do Festival Internacional de Música de Macau, cuja primeira edição se experimentou em 1987, revela, no que toca à ópera, uma obsessão com a ópera oitocentista em geral e com a ópera italiana oitocentista em particular. Dos 24 programas operáticos que constituíram cabeça de cartaz ao longo destes anos, 19 são italianos. Não é muito estranho que isto aconteça - que não é o mesmo que dizer que seja desejável ou recomendável. A ópera do século XIX continua a ser aquela que é mais representada por todo o mundo e a que está associada um sistema de estrelato que ajuda a perpetuar este estado de coisas. Que em Macau se reproduza esse hábito não causa estranheza, mas pode causar tristeza. A história da ópera está, desde os tempos de Monteverdi, irremediavelmente ligada a Itália - onde desde cedo foi um espectáculo extremamente popular - e ao gosto renascentista pela cultura clássica, e a sua supremacia deve-se a este enquadramento histórico. Se pensarmos apenas em autores, conclui-se que o público de Macau deve ser especialista na obra de Verdi, uma vez que dos 24 espectáculos operáticos apresentados (para lá de duas obras pequeninas e de alguns recitais de que falaremos um pouco mais à frente) 10 são de Verdi: representou-se o Falstaff, O Trovador, Um Baile de Máscaras, a Aída (em 1999 já no novo Grande Auditório do C.C.M.), o Otelo, a Traviata duas vezes - estas quatro últimas em 4 anos sucessivos, sem descanso, de 1998 a 2001 - o Rigoletto, O Trovador outra vez em 2010 e, finalmente, a Aída, mais uma vez, em 2013. A seguir a Verdi temos Puccini, com 6 entradas: Turandot (1993), Tosca (1996), La Bohéme (2002), Madame Butterfly (2005), O Tríptico (que na prática são 3 pequenas óperas diferentes, que Puccini ordenou fossem sempre representadas em conjunto, em 2008) e a Tosca, pela segunda vez, em 2012. Não seria grande arrogância pedir que, ao menos, se não repetissem as óperas. Perdoem-me a listagem mas esta é irresistível, divertida, não maldosa. Há mais italianos. Uma Norma, de Bellini (na edição de 2014) e um programa duplo com A Cavalaria Rusticana, de Mascagni e Os Palhaços, de Leoncavallo (em 2006).

Das cinco óperas não compostas por italianos duas são de compositores franceses, duas são de Mozart e uma é alemã. Em 1997 e 2004 mostrou-se a Carmen, de Bizet, e Romeu e Julieta, de Gounod. A completar o grupo das 24 magníficas, representaram-se 2 obras de Mozart (século XVIII), A Flauta Mágica em 2003 e As Bodas de Fígaro, que é em italiano, em 2009. Por fim, em 2011, o público viu o Franco Atirador/Der Freischütz, de Weber. Conclui-se que destas 27 representações 22 são de autores italianos, duas de franceses, duas de um austríaco, e uma de um alemão. O povo de Macau, onde cada vez há mais jovens a assistir a concertos, especializa-se ou entorpece-se? Isto não se passa apenas em Macau. Num divertido artigo de Edward Said*, que escreveu muito sobre música, este identifica o mesmo defeito na programação de muitos teatros de ópera. Basicamente, mostra-se aquilo que o grande público quer ver e ouvir, mesmo se repetido à exaustão e se, em sua opinião, algumas das peças sejam de qualidade inferior. Acrescenta que hoje em dia tratamos a ópera do século como um bloco, sem fazermos distinções entre obras decididamente conservadoras, como a Aída, de Verdi, ou óperas revolucionárias, como Die Walküre. Um dos problemas que afecta algumas das grandes casas de ópera contemporâneas tem que ver com a ópera italiana do séc. XIX, muita dela, segundo Said, obras de segunda categoria (de que se salva um génio – Rossini). Mais divertida ainda é a apreciação que Said faz de Pavarotti (que espelha uma opinião com muitos adeptos), mas isso, por muito tentador que seja, não cabe nestas linhas.** Permitam-me que insinue aqui um parágrafo quase assustador. O conjunto de óperas da temporada de 20152016 da Metropolitan Opera House (o artigo de Said é de 1986) é quase cómico tendo em consideração o que tem sido dito até aqui. Demonstra um conjunto de 24 óperas (num ano consegue-se o que em Macau se conseguiu em 23 anos). Mas a programação é a mesma: 17 são italianas - de novo, Verdi (4 obras), Puccini (5), Rossini (1), Mascagni e Leoncavallo, uma dupla como a que se viu e ouviu em Macau em 2006, e 5 espectáculos com Donizetti. Assustador.

Destas 27 representações 22 são de autores italianos, duas de franceses, duas de um austríaco, e uma de um alemão. O povo de Macau, onde cada vez há mais jovens a assistir a concertos, especializa-se ou entorpece-se? Assustador no sentido em que ajuda a perpetuar este tipo de ditadura, que quase se percebe e desculpa numa localidade pequenina como Macau mas que numa cidade como Nova Iorque é difícil de entender. Completa-se a temporada com uma peça de Bizet, duas de Mozart, duas de Strauss, o Tannhäuser, de Wagner e a deliciosa Lulu, de Alban Berg (vá lá). Não vale a pena perdermo-nos em mais comentários. A gigantesca temporada da Wiener Staatsoper, por exemplo, onde há espectáculos todos os dias e todos os meses há óperas para crianças, é muito mais diversificada (mesmo que não muito ousada) mas mantém muito Verdi, Puccini, Donizetti e Rossini. No total serão cerca de 300 espectáculos por ano, incluindo as segundas e terceiras récitas, os programas para crianças e o bailado. A apresentação d’O Fidélio, em Macau, seria um grande acontecimento, contrário a uma tendência que tem causado um efeito repetitivo entorpecedor. Não foi sequer representada, ao longo destes anos, nenhuma peça do mais importante e inovador compositor de ópera alemã pós-Wagner: Richard Strauss. A ópera russa, e eslava em geral, está completamente ausente, esmagada pela ditadura italiana oitocentista onde, no entanto, havendo óperas repetidas, não há Busoni ou Do-

Não foi sequer representada, ao longo destes anos, nenhuma peça do mais importante e inovador compositor de ópera alemã pós-Wagner: Richard Strauss

nizetti e apenas se ouviu uma de Rossini, O Barbeiro de Sevilha, em 1992. Há mais ópera. Em 1995, para além da grande ópera do ano, representou-se A Viúva Alegre/Die Lustige Witwe, uma opereta de inícios do século XX, em alemão, do compositor austro-húngaro Franz Léhar. Em 2013 viu-se O Ouro do Reno, de Wagner, a primeira instalação - a mais curta, com apenas um acto - da triunfal tetralogia O Anel do Nibelungo.*** Outra alínea: de 1987 a 1991, nos cinco primeiros anos, o festival não mostrou óperas integrais (com a excepção do ano de 1988) mas houve vários concertos com árias de ópera, aberturas, excertos instrumentais e intermezzi. Os melómanos mais bem informados ou mais intensos lembrarão que várias figuras famosas do mundo da ópera cantaram em Macau - Ileana Cotrubas, Lucia Valentini-Terrani, Christa Ludwig, Teresa Berganza, Alfredo Kraus, Jennifer Smith. Num Concerto de Gala para a UNICEF ouviram-se árias de ópera italiana, francesa e mozartiana. Muitos outros intérpretes famosos participaram nas várias edições do F.I.M.M., como Sandór Végh, Lorin Maazel, o Quarteto Borodin (que actuou o mês passado em Hong Kong), Christopher Hogwood, etc., mas um reconhecimento dessas visitas não cabe neste artigo. Ainda outra alínea: introduziu-se ultimamente no programa do festival um hábito muito louvável, o da representação de ópera barroca, geralmente no Teatro D. Pedro V. Assim, desde 2010, tivemos o prazer de assistir a obras de Purcell (Dido e Eneias), Händel (Acis e Galatea), Pergolesi (a deleitável La Serva Padrona), Mozart (Bastien e Bastienne, uma obra de juventude em 1 acto), e Giovanni Battista Martini (Il Don Chisciotte/O Dom Quixote e um ou dois intermezzi). Esta é uma formidável adição ao programa operático tradicional que se espera venha a ser mais sofisticado e alargado no futuro. Estas observações não escondem animosidade contra a ópera italiana ou francesa do século XIX ou contra as óperas de Mozart. Exprimem apenas uma tristeza (seria patética, em Macau, um lugar onde se representa uma ópera por ano, uma consternação sobre esta matéria) por se não ver mais alargado o leque de óperas oferecidas. A excepção recente, o Freischütz, de Weber, foi produção que não deixou grandes saudades, apenas a saudade do que podia ter sido.


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a revolta do emir

Este hábito cria a impressão, num público com menos experiência, que a ópera italiana oitocentista é superior à ópera alemã, francesa ou russa. Ou pode criar a impressão que a ópera de proveniências diferentes que não a italiana é de algum modo menos acessível. Os dois períodos da história da ópera que não conhecem representação são o período pré-barroco e a ópera do século XX e século XXI. É lamentável que, nem que fosse em versão de concerto, nunca tenha sido apresentada (corrijam-me se estiver

errado) qualquer obra de Monteverdi (1567 ?-1643), Peri ou de alguns dos muitos autores que em Veneza e em Nápoles (uma ópera que se tornou muito popular) foram ajudando a polir o género. Foi em 1637 que se deu um acontecimento extraordinário. Até aí, as óperas florentinas e romanas eram vistas apenas pela aristocracia e suas cortes. O Teatro San Cassiano, aberto nesse ano, passou a permitir que todas os interessados pudessem assistir a espectáculos de ópera mediante o pagamento de um bilhete de entrada. Foi há 378 anos.

*”Die Walküre, Aida, X”, The Nation, Dezembro de 1986, em Music at the Limits. ** um dos argumentos mais interessantes de Said, discutível mas cuja ousadia se aplaude, é o de que a produção de muitas peças oitocentistas desinteressantes nivelam por baixo as que se fazem de óperas mais vanguardistas, aplanando-as até parecerem elas próprias insípidas. *** estas linhas prendem-se apenas com a programação do F.I.M.M. mas pode aqui lembrar-se que a inauguração do Centro Cultural de Macau se cumpriu com a representação, em 1999, de O Navio Fantasma, de Wagner, um autor que tem alguma

Pedro Lystmann

representação em Macau, mas uma que continua, no entanto, a ser indecente. O legado wagneriano é, sem discussão, o mais actuante junto da composição e discussão de ópera durante o século XX. Lembre-se que a O Navio Fantasma (fora de festival, repita-se) e O Ouro do Reno se juntam peças isoladas, cantadas ou instrumentais, interpretadas em concerto, como o Prelúdio e Morte de Amor, do Tristão e Isolda, em 1989. O mesmo se pode dizer de muitos outros autores, franceses, italianos ou alemães, representados em concertos de lieder ou em espectáculos com árias de ópera.

(continua)


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Amélia Vieira

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uando nos cruzamos com o real nem sempre ele nos parece objectivo e consequente. Os acontecimentos dão-se muitas vezes em termos de reposição, sempre fracturados, numa permanência intermitente, como se só em socalcos conseguíssemos interpretar as coisas. Sempre que apelamos e falamos de brumas e de nevoeiros, vemos alguém, qual ideia peregrina, montado num cavalo branco (indistinto entre brumas) que virá ocupar o lugar do nosso desejo sempre tão branco como os próprios fantasmas. Há uma ideia na memória cosmológica que nos diz que o Universo seria uma imensa neblina equilibrada, mas, deve ter-se passado qualquer coisa nessa nebulosa, dado que as moléculas mais densas começaram a chocar com as moléculas vizinhas, dando origem a um bola cósmica, desmesurada, que se rasgou e formou o nosso Sol. Esta ruptura com a harmonia etérea, repetimo-la nós, quais astros e partículas, ao atacar vizinhos, matar organismos, contabilizar vitórias, uma imensa energia que repete o choque inicial e se constrói pela brecha de uma queda, executando cegamente o plano da Criação: Deus tem horror, no entanto, ao sangue vertido, diz-nos o texto sagrado, este Deus não é o mesmo a quem os sacrifícios apaziguavam a sede, a quem o sangue servia de resgate. Esta divindade que vem das brumas é um Desejado, um Messias, um ser da primeira harmonia, tão só, e apenas, o Deus que tem horror a que se verta o sangue. Efectivamente, ninguém viu morrer Sebastião. O Santo Sudário contém, dizem, partículas de sangue de Jesus, mas o cálice era para erguer bebendo ou para amar fecundando? Na literatura comparada, como nos planetas paralelos, há similitudes, o reflexo de expansão agarra as nossas formas, e de lá só se sai, vencida uma condição qualquer. No Livro de Ezequiel, versículo 37, e na «Quarta-Feira de Cinzas», de Elliot, vamos encontrar um grande paralelismo, vamos deparar-nos com o metadiscurso. Se não vejamos: Visão de Ezequiel: “A mão do Senhor desceu sobre mim, então, conduziu-me o Espírito, e colocou-me no meio de um Vale que estava Cheio de Ossos todos ressequidos.” Elliot: “E Deus disse: Hão-de viver estes ossos? Debaixo de um zimbro os ossos cantavam dispersos…

john william, waterhouse destiny

AS BRUMAS

Em torno do Verbo silencioso: oh, meu Povo que fiz eu de ti.” Para que estas coisas aconteçam há que haver um código unido e sem interrupção, há que ter havido Brumas, Ezequiel, Ossos , Elliot, memórias a que só devem ter acesso profetas e os poetas. Muito antes do Dilúvio, já tinha havido um lugar, algures, como a Dança; os elementos nascem como a praga em vórtices de descontrole cósmico. Ninguém sabe o que espera nas brumas, nos nevoeiros, nas areias, mas nestas atmosferas as coisas falam-nos de outras, como uma caixa de antigas ressonâncias. Ninguém aqui virá para nos libertar de tão ardiloso fardo, expandido sempre, tornámo-nos na pura sensação, mais pequenos, porque mais próximos, mas a nossa grandeza talvez se dilua em partículas tão finas que dê para equilibrar um outro à distância. Quebrar a linha que separa a nitidez

da matéria, enevoarmo-nos de formas imperecíveis e na deidade do Pó, permanecermos como suspensos… Cinzas da «Quarta-feira de Cinzas» apela ao que restou da matéria óssea, os ossos de Ezequiel e ao fim do sangue vertido. É uma apologia mineral, a dos dois. Mas Elliot sempre fugiu a dar explicações dos seus estranhos poemas, e sobretudo da Senhora do vestida de branco ao lado de um zimbro. Ele pegou no texto bíblico e teve dele a sua própria visão. Podemos reler e ler de forma vária que não perde a qualidade de uma profecia. Quando se está aqui o clima vegetal foge ao narrador porque ele se dissecou tanto, que ficou um minério de ideias estranhas. A pedra, essa, está presente como um emblema. Nelas se fazem sacrifícios, nelas se erguem novas deidades, nelas aprendemos a ler o que nos legou o Homem, e sempre que se deseja programar uma forma imperecível é por ela que o «Livro» se abre.

A poeira que preside à formação do minério está exposta em textos magníficos como se não houvesse já órgãos para os contemplar. Podemos ser uma amálgama de matéria tão vasta que nos perdemos na ideia de uma rota. Os nossos órgãos podem ter desespero, adoecerem, mas no osso a dor se instala como um esquecimento que tivemos dele. Tal como Elliot, o profeta Elias à sombra de um zimbro implorava a sua morte. Sabe-se que foi levado para o Céu num Carro de Fogo, esse elemento que está ausente na transcrição dos dois. Talvez raptado, por um Cavalo Branco, numa manhã de nevoeiro se foram os dois protagonistas de uma bruma que aos nossos olhos aparece como litúrgica e mais não é que a visão de um denso desespero. Ainda não há flores no cérebro que atestem da qualidade das nossas noções. Mas o Poema nasce quando mais nada é passível de ser explicado para além de uma alegoria eterna. As nossas sensações são frágeis e quase sempre unidas ao Mito da Caverna. Só o que subjaz à estranheza nos elucida da vasta dimensão do para lá das ilusões. A sombra é quilo que perdemos trinta dias antes da morte, pois que tudo nos acontece muito antes de nos “acontecer”. Não chegaria o resto da vida para tanta neblina e sua descodificação, mas nas brumas encontramos por vezes os entes esquecidos, que desejamos, enquanto o desejo mantiver acesas as nossas vidas. E o desejo morre, tal como ainda morrem os homens, sem que saibamos exactamente se ele nos desejou ou fomos vítimas da trama de um registo inalterável. Erguemos casas, e desfazemo-las, construímos propósitos e derrubam-nos, andamos de pé até poder, estamos talhados para a queda e para o desfazer contínuo. Quando os sonhos nos levantam há sempre sombras que não são brumas que os querem baixar. No torpe sentido da matéria investimos a nossa seiva de simples construtores, vamos andando cravejados de todas as coisas que aparentemente nos superam sem que nada preveja um fim abrupto. Nós que vivemos sempre, só nos conhecemos assim, com a densa camada mineral que sustém as nossas causas. E, mesmo nesta deriva, Elliot evoca a Matriz e dela se pressente a salvação. «Mesmo entre estas rochas a nossa paz na Sua vontade E mesmo entre estas rochas Irmã, mãe. Não consintas que eu me aparte. E permite que até Ti chegue o meu pranto. ».


( F ) utilidades

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Cineteatro

O que fazer esta semana Hoje

17

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1.28

Cinema

Exibição do filme “The French Minister” Universidade de Macau, 18h30 Entrada livre

Diariamente

Exposição Pintura Lusófona (até 14/06) Clube Militar Entrada livre

danny collins Sala 1

Sala 2

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 14.30, 16.30, 21.30

Filme de: Brad Bird Com: George Clooney, John Walker, Britt Robertson 19.15

san andreas [b]

Sala 1

Sala 3

Filme de: Brad Peyton Com: Dwayne Johnson, Kylie Minogue Carla Gugino 19.30

Filme de: Dan Fogelman Com: Al Pacino, Annette Bening, Christopher Plummer 14.15, 16.00, 17.50, 21.30

san andreas [3d][b]

Sala 3

Filme de: Elizabeth Banks Com: Anna Kendrick, Skylar Astin, Rebel Wilson, Adam DeVine 14.30, 16.30, 21.30

falado em japonês legendado em chinês e inglês Filme de: Tadayoshi Yamamuro 19.45

9 de JUNHO

A Dama de Ferra é eleita

Exposição “Who Cares” (até 28/07) Armazém do Boi, 16h00 Entrada livre Exposição “De Lorient ao Oriente - Cidades Portuárias da China e França na Rota Marítima da Seda” Museu de Macau (até 30/08) Entrada livre

Exposição “Valquíria”, de Joana Vasconcelos (até 31 de Outubro) MGM Macau, Grande Praça Entrada livre

tdragon ball z: resurrection “f” [b]

Aconteceu Hoje

Exposição “3 Black Suits” (até 14/06) Fantasia 10, Calçada de São Lázaro, 15h00 Entrada livre

Exposição de Artes Visuais de Macau (até 2/8) Pintura e Caligrafia Chinesas Edifício do antigo tribunal, 10h00 às 20h00 Entrada livre

danny collins [c]

Sala 2

pitch perfect 2 [b]

Exposição “Ao Risco da Cor - Claude Viallat e Franck Chalendard” Galeria do Tap Seac (até 9/08) Entrada livre

tomorrowland [b]

h o j e h á f i l m e “A Scanner Darkly” (Richard linklater, 2006) Um polícia infiltrado vê a sua vida dar uma reviravolta quando fica viciado numa substância do futuro. Bob (Keanu Reeves) não sabe como sair do vício e, apesar de trabalhar para uma agência, não encontra aqui quem o ajude. Bem pelo contrário. “A Scanner Darkly” é uma história estranha, adaptada do livro de Philip K. Dick, um autor que transporta para a escrita a sua própria história e a de amigos. Utilizando uma técnica de pós-produção que “transforma” as personagens reais em ilustrações, o filme conta com um elenco de luxo – Robert Downey Jr., Winona Ryder, Woody Harrelson, entre outros – e uma narrativa de o prender à cadeira. Joana Freitas

fonte da inveja

• A 9 de Junho de 1983, Margaret Hilda Tatcher é eleita de novo nas eleições que confirmam a grande popularidade dos conservadores na Grã-Bretanha. A mulher que ficou conhecida como a “Dama de Ferro” foi primeiro-ministro do Reino Unido de 1979 a 1990, tornando-se a primeira mulher a ocupar este cargo. Ao liderar o governo do Reino Unido, Thatcher estava determinada a reverter o que via como o declínio nacional do seu país. Por isso mesmo, as suas políticas económicas foram centradas na desregulamentação do sector financeiro, na flexibilização do mercado de trabalho e na privatização das empresas estatais. A sua popularidade ainda chegou a estar por baixo devido à recessão económica iniciada com a crise do petróleo de 1979, mas uma rápida recuperação económica e a vitória britânica na Guerra das Malvinas, fizeram ressurgir o apoio necessário para sua reeleição em 1983. Devido ao facto de Thatcher ter sobrevivido a uma tentativa de assassinato em 1984, da sua dura oposição aos sindicatos e da sua forte crítica à União Soviética, foi designada como a “Dama de Ferro”. Thatcher foi reeleita para um terceiro mandato em 1987, mas a sua impopular visão crítica à criação da União Europeia fê-la perder o apoio do partido, renunciando aos cargos de primeiro-ministro e líder do partido em 1990. Neste dia, mas em 1870 morre o romancista inglês Charles Dickens. Dickens, aos 12 anos, foi trabalhar numa fábrica de graxa de sapatos por o pai ter sido preso devido a dívidas. Educou-se sozinho e publicou livros em que denunciava a vida do operário na sociedade industrial e a miséria das classes sociais mais baixas. Também neste dia, mas em 1873 morre Napoleão III, ex-imperador francês. No ano 53, o imperador romano Nero casa-se com Claudia Octavia. Esta suicida-se no mesmo dia em 62 e, seis anos depois, Nero faz o mesmo. Em 1448, Afonso V de Portugal atinge a maioridade e assume o reino.

João Corvo

Chama-me o que quiseres, desde que me chames qualquer coisa.


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opinião

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Rui Tavares

in Público

Monocultura

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uando era miúdo fui a um treino de captação no meu Benfica e ainda me lembro das duas vezes que toquei na bola. Infiltrava-me no estádio, com o meu primo, para ver jogos de borla. A paixão estendia-se ao hóquei em patins e às idas ao velho pavilhão da Luz. Continuo a gostar muito de futebol, e a zombar de críticas pseudo-intelectualizadas ao futebol. Mas há limites para tudo. Precisamente porque gosto muito de futebol, evito judiciosamente ver programas sobre futebol. É uma manha pessoal e intransmissível, não uma prescrição para o colectivo. Se há pessoas que querem ver gente a falar sobre futebol, e televisões que transmitem horas seguidas desses debates, posso viver com isso. O problema é quando a coisa extravasa, e foi isso que aconteceu na semana passada. Esta crónica nasceu quando liguei a TV para ver um dos programas de actualidade de que mais gosto, o Ex-

cartoon por Stephff

presso da Meia Noite (SICn, sextas-feiras às 23h00). Estavam convidados quatro deputados à Assembleia da República. A primeira pergunta foi sobre a saída do treinador do Benfica, Jorge Jesus, para o Sporting. Achei que fosse para amenizar o ambiente, mas a segunda pergunta também foi sobre o mesmo assunto, e as outras daí procederam. Todo o debate foi sobre o Benfica e o Sporting. Pensei: no dia em que isto acontecer, e ninguém protestar com isso, é porque estamos perdidos de vez. Cabe-me então protestar. Não está em causa, como digo, a afeição que muito de nós temos pelos nossos clubes de futebol. O que está em causa é ter passado a ser natural quatro deputados da nação comentarem em exclusivo durante uma hora a actualidade desportiva, num programa de jornalismo não-desportivo, como se a instituição parlamentar não nos devesse também um pouco de consideração. Não está em causa, como é evidente, a liberdade editorial. O que está em causa é

Estamos pois definitivamente condenados à monocultura. Basta acontecer algo de picante no futebol nacional para termos a ele dedicados todos os programas de futebol, todos os programas que não são de futebol, e as crónicas de jornal — como esta — criticando os anteriores que — no mesmo dia em que, para dar só um exemplo, a Grécia adiou pela primeira vez um pagamento ao FMI e o seu primeiro-ministro recusou uma proposta de acordo dos seus credores — um dos programas que mais serve para nos informar e ajudar a formar opinião sobre este tipo de acontecimentos decidiu dedicar-se exclusivamente a um tema para o qual existem milhentos outros programas que já ocupam toda a grelha televisiva. Não está em causa, por último, a importância do futebol como fenómeno colectivo. Mas também aí tentei ficar atento a todo o programa para ver se alguma coisa se dizia sobre corrupção no desporto.

Estávamos simplesmente na semana em que o presidente da FIFA se demitiu por causa de um enorme escândalo de corrupção no futebol internacional (valha a justiça, o programa anterior fora sobre o assunto). Mas não. Estamos pois definitivamente condenados à monocultura. Basta acontecer algo de picante no futebol nacional para termos a ele dedicados todos os programas de futebol, todos os programas que não são de futebol, e as crónicas de jornal — como esta — criticando os anteriores. Não vejo quem possa ganhar com isto. Quando o futebol invade tudo, até o futebol perde graça.

o músico


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Refugiado acusa australianos de impedir viagem

Travados com dinheiro CCM Violinista dos EUA actua a 25 de Junho

Nancy Zhou, violinista de 22 anos, natural de Texas, nos Estados Unidos, vai actuar dia 25 de Junho no Centro Cultural de Macau (CCM), fazendo-se acompanhar pelo pianista Hio Teng Wong. Nancy desde cedo começou a sua carreira no mundo da música. Influenciada pelo pai, Long Zhou, a jovem pisou o palco pela primeira vez para o seu primeiro recital com cinco anos de idade, nos EUA. A sua estreia a acompanhar uma orquestra foi aos nove anos, com a Orquestra Kerrville Symphony. Nacny dedicou anos a estudar música, tendo passado pelo Conservatório de New England, em Boston, onde aprendeu com a violinista Miriam Friede, e no Conservatório de Manhattan, com o docente e violinista David Nadien. A jovem violinista tem dado largos passos no mundo da música, tendo conquistado vários prémios ao longo do seu percurso, tais como o primeiro lugar da Competição Internacional Johansen em 2009, a Competição Internacional Chinesa em Nova Iorque e a Competição Internacional de Violinos Sibelius, entre outros. O espectáculo começa às 20h00 e tem a duração de 90 minutos. O bilhete custa 60 patacas.

Segundo Nazmul Hassan, refugiado do Bangladesh, a embarcação onde seguiam 65 refugiados do Bangladesh, Sri Lanka e Myanmar foi travada pelas autoridades marítimas australianas que terão pago aos passageiros para que estes deixassem as águas australianas

U

m refugiado do Bangladesh detido na capital de Timor Ocidental, Kupang, depois da embarcação em que seguiam ter naufragado, acusou ontem oficiais australianos de pagarem ao capitão do barco para que não continuassem viagem em águas australianas.

A notícia foi avançada pela rádio nacional da Nova Zelândia, país para onde, alegadamente, se dirigia a embarcação com 65 refugiados do Bangladesh, Sri Lanka e Myanmar que foi travada na semana passada por uma patrulha australiana. O primeiro contacto ocorreu quando a embarcação estava ainda

Site usa nome do Museu de Macau para recolher obras de arte

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O Instituto Cultural (IC) descobriu ontem que um website denominado “Wa Ha de Macau” está a fazer passar-se pelo Museu de Macau e pelo XXVI Festival de Artes de Macau para recolher obras artísticas. O site diz estar a representar o Museu de Macau a recolher colecções de museus da China, incluindo porcelana, jade e caligrafia, entre outras, referindo ainda que a referida recolha é a longo prazo. “Após tomar conhecimento deste anúncio, o IC informou imediatamente a polícia. O IC relembra ao público para estar atento e vigilante, a fim de não ser enganado”, pode ler-se num comunicado do IC.

em águas internacionais, tendo o dinheiro sido pago posteriormente, num segundo contacto já próximo do Norte da Austrália.

Pagos para sair

Nazmul Hassan explicou que quando estavam já em águas australianas, 12 dias depois de partirem, foram travados por autoridades marítimas que lhes deram dinheiro depois de uma conversa com o capitão e tripulantes da embarcação. Alega, segundo contou à rádio, que os oficiais australianos terão pago 7.200 dólares australianos por cada um dos passageiros a bordo, tendo grande parte desse dinheiro sido confiscado, mais tarde, pelas autoridades indonésias. A rádio solicitou um comentário ao Departamento de Imigração e à Protecção Fronteiriça australiana, que ainda não foi dado. “Eles deram-nos um papel a dizer para nunca tentar voltar à Austrália para ali viver e nunca usar águas australianas para chegar à Nova Zelândia”, afirmou o refugiado. Segundo a imprensa australiana, os refugiados terão sido transferidos para uma embarcação de madeira com melhores condições, receberam mantimentos e coletes salva vidas e foram escoltados até águas indonésias. Já aí, a embarcação naufragou e os refugiados foram salvos por pescadores indonésios e detidos à sua chegada a Kupang. Hassan apelou às autoridades da Nova Zelândia solicitando asilo devido às condições políticas nos seus países. Um porta-voz do Ministério da Imigração disse que o grupo não poderia pedir asilo se não estivesse na Nova Zelândia mas que poderia pedir ajuda à Austrália.

Países lusófonos no colóquio de infra-estruturas

C

ercade 23 representantes de seis países lusófonos estiveram presentes na última edição do Colóquio de Desenvolvimento de Infra-estruturas, que decorreu no Venetian, com organização do Fórum Macau. Segundo a

Rádio Macau, os países representados foram Portugal, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste. “Nós queremos aqui estabelecer contactos. É claro que ao colocarmos questões aos colegas da China também

temos oportunidade de perceber o cenário em cada um dos nossos países e também aquilo que podem ser eventuais parcerias no futuro, ao nível de complementaridade, ao nível de experiência acumulada de cada um. Portanto,

penso que é transversal a todos os participantes a possibilidade de vir a haver parcerias”, apontou à Rádio Macau Patrícia Silva, representante do Ministério da Economia de Portugal e chefe rotativa deste colóquio.

Acusações contra timorenses detidos nos Southeast Asian Games

A

s autoridades em Singapura formalizaram acusações adicionais, de conspiração criminosa e suborno, contra quatro pessoas, incluindo dois timorenses, suspeitos de combinarem o resultado do jogo de futebol entre a Malásia e Timor-Leste nos Southeast Asian (SEA) Games. Os detidos são o singapurense Rajendran R. Kurusamy, de 55 anos, os timorenses Orlando Marques Henriques Mendes, de 49 anos, e Moises Natalino De Jesus, de 32, e ainda o indonésio Nasiruddin, de 52 anos. Mendes é o director técnico da Federação de Futebol de Timor-Leste e Natalino de Jesus é um ex-jogador da selecção timorense. Inicialmente, Rajendran foi acusado de ter subornado os dois timorenses com 15 mil dólares para que a selecção de sub-23 de Timor-Leste perdesse contra a Malásia no jogo de sábado para os SEA Games. As autoridades acrescentaram agora acusações contra Rajendram e Orlando Mendes, que foram agora acusados de conspirar para oferecer dinheiro a pelo menos sete jogadores timorenses para perderem o jogo contra a Malásia. Natalino de Jesus e Nasiruddin foram também acusados ontem de conspiração por terem acordado tentar subornar jogadores da selecção timorense.


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