Hoje Macau 9 AGO 2016 #3631

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ

TERÇA-FEIRA 9 DE AGOSTO DE 2016 • ANO XV • Nº 3631

LEI ELEITORAL

LIVRO

ACIDENTE

PÁGINA 5

EVENTOS

PÁGINA 7

ANM contra Janela zonas cinzentas poética

Autocarro sem travão

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Tailândia | Referendo

Democracia, não obrigado GRANDE PLANO

Futuro não tem temporada

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PAULO JOSÉ MIRANDA

LUSA

hojemacau

MOP$10


2 GRANDE PLANO

TAILÂNDIA VENCE O “SIM” À CONSTITUIÇÃO PROPOSTA PELA JUNTA MILITAR

SORRISOS MAIS

O país das praias e dos sorrisos vai ter uma nova Constituição proposta pela Junta Militar, que actualmente governa o país. Após um período sem debates públicos sobre o tema e com detenções de activistas, aguarda-se um novo caminho político na Tailândia

P

OLÉMICAS à parte, a decisão foi democrática. É o primeiro pensamento de Suraphou Kanyukt, jovem tailandês a residir em Macau. Deixou o seu país há alguns anos, para mudar de vida noutro lugar, e é à distância que encara o referendo de domingo, que decretou o “Sim” a uma nova Constituição, proposta pela Junta Militar. Cerca de 61% dos eleitores escolheram uma mudança na Constituição, contra 38% dos votos contra. No total, 23 províncias tailandesas votaram contra, cinco das quais situadas a norte do país. Este foi um referendo bastante participado, já que 94% dos eleitores registados se dirigiram às urnas. Cerca de 50 milhões de pessoas estavam registadas para votar no referendo sobre a nova Constituição, redigida por um Comité de 21 membros eleitos pela Junta Militar e que foi criticado pelos principais partidos do país e organizações internacionais. “Diria apenas que se o resultado foi este temos de o respeitar”, disse ao HM Suraphou Kanyukt. “Espero que possamos ter uma melhor Tailândia, com o crescimento da economia. É isso que eu verdadeiramente espero que aconteça”, acrescentou. Na região norte o “Não” dominou por se tratar da base principal do partido deposto pelo golpe de Estado de 2014. Yingluck Shinawatra, líder do Pheu Thai e deposta do poder em 2014, já fez uma declaração pública após a vitória do “Sim”, referindo que aceita os resultados e que não está

surpreendida. Para Shinawatra este é, contudo, um resultado que traz um retrocesso à Tailândia, por ter sido aprovada uma Constituição, que a seu ver, não é democrática. O primeiro-ministro e líder da Junta Militar, Prayuth Chan-ocha, referiu que a participação no referendo “é uma parte do processo da agenda do Governo em prol da participação da população no progresso da Tailândia, em prol da implementação de reformas políticas democráticas”. “O Governo tudo vai fazer para levar a cabo este resultado e fazer os possíveis para ter em conta as preocupações e providenciais soluções sustentáveis para os problemas políticos do país”, disse ainda.

CONTRA A CORRUPÇÃO

A Tailândia já teve 19 constituições, quase todas substituídas depois da intervenção dos militares, desde o final da monarquia absolutista, em 1932. Os militares tomaram o poder num golpe de Estado em 2014 e estabeleceram a aprovação da nova Constituição como um passo prévio para convocar eleições e restabelecer a democracia. A proposta de Constituição que foi a votos terá sido feita a pensar na luta contra a corrupção. Entre os pontos mais polémicos está a criação de um Senado nomeado pela junta militar e do qual dependerá a aprovação de leis ou a designação de titulares de diversos cargos, incluindo judiciais. Será ainda o Senado a decidir a composição de organismos chave, como é o caso da Comissão Anti-Corrupção ou o Tribunal Constitucional.

Os críticos referem que a proposta debilita o Governo e os cargos eleitos e consolida o poder dos militares e organismos estatais controlados por burocratas da vida política do país. Antes da realização do referendo foram proibidos os debates públicos sobre a proposta, fossem a favor ou contra o texto, e nas últimas semanas foram perseguidos e detidos todos aqueles que apelaram ao voto no “não” à nova Constituição. Foi também encerrada uma cadeia de televisão. Dada a proibição de qualquer debate público, a informação sobre a nova Constituição limitou-se a pouco mais do que os folhetos distribuídos pela Comissão Eleitoral, cuja imparcialidade é questionada. Os textos nos folhetos insistiam na “felicidade” que espera a Tailândia com a nova Constituição em vigor, que tem como objectivo “impedir que pessoas desonestas façam política”. A criação de um Senado não eleito ou as limitações que serão impostas aos partidos políticos não merecem referência.

“CLIMA DE MEDO”

A organização de defesa dos Direitos Humanos Amnistia Internacional - em linha com diversas denúncias da comunidade internacional - apontou no sábado “o clima de medo” criado pela Junta Militar com a “constante criminalização da dissidência pacífica, desenhada para silenciar os pontos de vista de que as autoridades não gostam”. “Se as pessoas não podem dizer aquilo que pensam com liberdade ou participar em actividades políticas sem medo,

“BOA PARA ECONOMIA”

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governador do Banco da Tailândia, Veerathai Santiprabhob, disse, citado pela agência Reuters, que uma nova Constituição será algo positivo para a economia e para atrair investimento para o país. “Será bom para a economia no segundo semestre, bem como para atrair investimentos privados que possam vir do país ou do estrangeiro.”

61%

dos eleitores escolheram uma mudança na Constituição


3 hoje macau terça-feira 9.8.2016 www.hojemacau.com.mo

ARMADOS

“Espero que possamos ter uma melhor Tailândia, com o crescimento da economia. É isso que eu verdadeiramente espero que aconteça” SURAPHOU KANYUKT TAILANDÊS A RESIDIR EM MACAU

“O Governo tudo vai fazer para levar a cabo este resultado e fazer os possíveis para ter em conta as preocupações e providenciais soluções sustentáveis para os problemas políticos do país” PRAYUTH CHAN-OCHA PRIMEIRO-MINISTRO E LÍDER DA JUNTA MILITAR

94% dos eleitores registados foram às urnas

“Se as pessoas não podem dizer aquilo que pensam com liberdade ou participar em actividades políticas sem medo, como é que podem envolver-se sinceramente com este referendo?” JOSEF BENEDICT AMNISTIA INTERNACIONAL

como é que podem envolver-se sinceramente com este referendo?”, questionou ainda o sub-director para o sudeste asiático da Amnistia Internacional, Josef Benedict, num comunicado. AAmnistia alertou para a ocorrência de violações generalizadas dos Direitos Humanos durante o período de campanha do referendo. As últimas duas semanas terão ficado marcadas pela perseguição e detenção de dezenas de opositores à proposta, depois de terem sido proibidos quaisquer debates públicos sobre o texto. A organização de defesa dos Direitos Humanos denunciou “o clima de medo” criado pela junta militar com a “constante criminalização da dissidência pacífica, desenhada para silenciar os pontos de vista de que as autoridades não gostam”. O HM tentou obter uma reacção junto da sede da Amnistia Internacional em Banguecoque, mas até ao fecho da edição não foi possível obter resposta. Tentou ainda contactar com mais tailandeses residentes em Macau mas ninguém se mostrou disponível para falar. Andreia Sofia Silva (com agências) andreia.silva@hojemacau.com.mo

Prayuth Chan-ocha

A META DA ESTABILIDADE

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SPECIALISTAS ouvidos pela agência Associated Press referem que estes resultados não são, afinal, surpreendentes, dado o clima de instabilidade que o país tem vivido nos últimos anos. Os tailandeses parecem querer viver em paz e uma nova Constituição poderá significar isso mesmo. Puangthong R. Pawakpan, professor de Ciência Política da Universidade Chulalongkorn University, em Banguecoque, considerou que grande parte das pessoas que votaram a favor acreditam mesmo que uma nova Constituição poderá resolver os problemas de corrupção. “Pensam ainda que assim que existir uma Constituição vão haver novas eleições e os militares irão deixar o poder. Isso mostra a profunda falta de confiança que existe nos políticos.” Prajak Kongkirati também docente de Ciência Política da Universidade Thammasat, em Banguecoque, fala de um cenário em que as pessoas procuram a estabilidade para o seu país. “Os eleitores simplesmente compraram o discurso da Junta Militar, que fala do facto da Tailândia necessitar do poder militar para ter estabilidade durante o período de transição. Os eleitores simplesmente acreditam nas fortes regras militares e no novo regime semi-autoritário que tem sido levado a cabo pelos militares, que podem prevenir confrontos políticos e de rua que têm sido uma realidade na Tailândia nos últimos anos. É claro que aqueles que votaram o Sim não leram a Constituição de forma detalhada. Olharam para o panorama geral e aceitaram que o novo sistema levará os militares, tribunais e organismos independentes a fiscalizar os políticos eleitos. É um voto de ansiedade sobre o futuro.”


4 POLÍTICA

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Condomínios LEI “PREJUDICA INTERESSE” DO CONSELHO DE CONDÓMINOS

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Um grupo de proprietários aponta problemas na nova lei dos condomínios que, dizem, prejudicam severamente os interesses dos membros das associações dos condóminos. As “responsabilidades são demasiado grandes”

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M grupo formado por conselhos de proprietários de prédios queixa-se de injustiça e iniquidade na proposta do Regime Jurídico da Administração das Partes Comuns do Condomínio. O colectivo diz que os membros de associações de condóminos estão a sair prejudicados, com a lei que a Assembleia Legislativa (AL) tem nas mãos. Numa conferência de imprensa feita no domingo, o conselho disse que iria entregar sugestões ao hemiciclo. Em causa está, principalmente, o facto de que os proprietários terem de se responsabilizar pelos danos causados às partes comuns do condomínio, ou se os moradores violarem

as responsabilidades definidas pela lei. Quanto a isso, o conselho considera que este defende excessivamente os interesses individuais dos proprietários, mas prejudica “severamente” os interesses dos membros da associação de condomínios, que são também proprietários mas que também “participam nos assuntos comuns relativamente à gestão da habitação”.

SEM COMPETÊNCIAS

Os representantes frisam que membros destas associações fazem os seus trabalhos sem receber pagamento e que a maioria deles não possui conhecimentos jurídicos, nem experiência na gestão de habitação. Ora, a proposta implica que as negligências

TIAGO ALCÂNTARA

A beira de um ataque de nervos

e imperfeições nos trabalhos das associações dos condóminos sejam alvo de punições. O conselho vai entregar as sugestões à Assembleia Legislativa e assegura que não põe de lado a hipótese de despedimentos em massa, para provar a sua insatisfação.

Os representantes frisam que membros destas associações fazem os seus trabalhos sem receber pagamento e que a maioria deles não possui conhecimentos jurídicos, nem experiência na gestão de habitação

A gestão das partes comuns do condomínio de edifícios é agora da total responsabilidade dos proprietários, se a lei se mantiver como foi aprovada, em 2014. Angela Ka (revisto por J.F.) info@hojemacau.com.mo

Contra o tapao estragado

Seis vezes mais nada?

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Deputada exige lei sobre venda de comida online

deputada Kwan Tsui Hang exige que o Governo aperte o controlo e a fiscalização quanto à venda de comida pela internet, propondo mesmo a elaboração de uma legislação sobre a matéria. “Vai o Governo considerar a elaboração de legislação sobre a venda de comidas online, por forma a gerir o sistema de segurança alimentar em Macau?”, questionou numa interpelação escrita entregue ao Executivo. Segundo dados referentes ao mês de Julho, citados pela deputada, são já cerca de 50 as lojas que vendem ou produzem géneros alimentícios que não estão disponíveis em espaços físicos. Cerca de 16 delas já fizeram o seu registo no “plano do sector dos produtos alimentares”, sendo

que outras confirmaram terem encerrado o negócio. O Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) garantiu que vai continuar a supervisionar os websites que ainda não estão registados e a gerir os espaços físicos de venda de comida para fora. Kwan Tsui Hang pretende saber se a fiscalização vai continuar após o registo. “Como é que serão feitos o controlo e as inspecções aos produtos, locais de conservação

Deputado preocupado com mais aumentos no Terminal da Taipa

e confecção dos alimentos?”, questionou. O “Plano de registo do sector de produtos alimentares” foi criado em Março, mas o registo das lojas não é obrigatório. Kwan Tsui Hang alertou para o facto de nada ser feito com as lojas que não estão registadas, tendo chamado ainda a atenção para a falta de fiscalização das lojas físicas. Só após incidentes alimentares é que são feitas inspecções, acrescentou a deputada, que considera ainda que nada poderá garantir a saúde da população. “Face às lojas que não estão registadas no plano, quais as medidas que as autoridades possuem para garantir a segurança alimentar?”, rematou. Cláudia Tang (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

orçamento do Terminal da Taipa já aumentou quase seis vezes, algo que incomoda Ng Kuok Cheong, que quer saber a razão para o aumento e quanto mais dinheiro pretende o Executivo gastar com obras futuras. O deputado falava depois de uma visita organizada pelo Governo de apresentação das novas infra-estruturas aos deputados, no dia 4 de Agosto. No local, o pró-democrata ficou a saber que o orçamento aumentou de 500 milhões para 3,8 mil milhões de patacas, quase seis vezes mais do que o previsto. O Terminal entra em funcionamento no ano que vem. Numa interpelação escrita, Ng Kuok Cheong acusa o Governo de, nos últimos sete anos, ter andado a sempre a mudar de ideias face ao terminal “por baixo da mesa”, tendo passado

este espaço de um local provisório a um auxiliar e, finalmente, para um terminal principal. O deputado pede, por isso, uma justificação do Governo e previsões sobre quanto mais dinheiro vai ser gasto. “Porque é que se escolheu este terminal como um terminal principal que lidará com mais passageiros entre todos os terminais desde a transferência de Macau? A decisão é apoiada por alguma análise à rentabilidade económica?”, interpelou. “E como é que o departamento que tomará conta do terminal vai preparar-se para resolver o problema de despesas de manutenção e o desafio do grande número de passageiros depois da construção da Ponte Hong Kong-Zhuhai-Macau?” O deputado diz ainda que “não há qualquer informação sobre o problema das despesas de manutenção”. C.T. (revisto por J.F.)


5 POLÍTICA

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Lei Eleitoral NOVO MACAU NÃO QUER ASSOCIAÇÕES A FINANCIAR CAMPANHAS

Patrocínios, só privados

“Infelizmente, esta lei vai legalizar a zona cinzenta de usar os recursos públicos nas campanhas eleitorais”

GCS

A Assembleia Legislativa (AL) analisa hoje a Lei Eleitoral e, ao mesmo tempo, é entregue uma carta por parte da Associação Novo Macau a solicitar um encontro com a comissão que tratará da análise do diploma. Em causa estão os patrocínios à campanha e o montante necessário para se ser candidato

JASON CHAO ANM têm elegibilidade para o papel de apoiante da campanha eleitoral.”

OUTROS CONFLITOS

Outro ponto de discórdia está no montante de 25 mil patacas que é solicitado aos interessados para que possam apresentar uma lista às eleições para a Assembleia. Para Jason Chao, numa cultura democrática como a de Macau, que ainda se “apresenta frágil”, o facto de ser pedido um montante, mesmo que pequeno, pode ser inibidor aos interessados com “poucos recursos”.

V

AI ser entregue hoje no hemiciclo uma carta da Associação Novo Macau (ANM) a solicitar uma reunião com a Comissão que ficará encarregue da análise na especialidade da proposta de Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa. Em dia de discussão do diploma na generalidade, a ANM não quer deixar passar a oportunidade para apontar os aspectos que considera “pouco transparentes”. Jason Chao, vice-presidente da Associação, criticou ontem os artigos que permitem que associações financiadas por dinheiros públicos possam ser autorizadas a patrocinar campanhas eleitorais, o que, defende, não contribui para a transparência do processo. Aproposta admite que indivíduos e empresas privadas se possam constituir apoiantes de listas candidatas, podendo, desta forma, ter peso e intervenção no que respeita às campanhas eleitorais. Instituições

V

ÁRIAS figuras ligadas ao meio político e do urbanismo, ouvidas pelo Jornal do Cidadão, consideram que a definição da altura máxima dos edifícios a construir em Macau é algo que deve ser mais discutido e ponderado, por ser uma matéria que envolve o património cultural, o planeamento urbanístico e o meio ambiental. Já o deputado Ng Kuok Cheong fala na necessidade de se manter a Lei da Sombra. Recentemente um membro do Conselho da Renovação Urbana (CRU), ligado ao sector da construção,

Sofia Mota

info@hojemacau.com.mo

VOTO CONTRA

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de carácter social, associações ou mesmos bancos podem escolher e realizar apoios eleitorais. Para a ANM, as associações que são também beneficiárias de dinheiros públicos não deveriam poder, de todo, apoiar campanhas políticas. O motivo é óbvio para Jason Chao, dada a dificuldade em

“estabelecer uma linha” que separe os financiamentos públicos e privados às campanhas. Jason Chao diz que estas entidades se deveriam juntar à proibição que também contempla as operadoras de jogo e as empresas de capitais públicos. “Só devem participar nas acções eleitorais pessoas particulares

Ng à sombra Analistas querem políticas sobre altura dos edifícios

defendeu que o Governo deve repensar a altura máxima dos edifícios, por forma a alargar a capacidade proporcional da zonas a serem alvo de renovação. Caso contrário, não vão existir incentivos suficiente para que os proprietários participem no processo, diz. Lam U Tou, ligado à Federação das Associações dos Operários de Macau

(FAOM) e também membro do CRU, considerou que a definição de uma altura máxima dos edifícios será feita com base à análise da zona, das suas estruturas e densidade populacional. “Se for acrescentada uma altura máxima em zonas antigas e com elevada densidade populacional, isso só vai criar mais problemas e

e sem financiamento público”, afirma Jason Chao. “Infelizmente, esta lei vai legalizar a zona cinzenta de usar os recursos públicos nas campanhas eleitorais. Por isso, a Novo Macau está a propor a inclusão das associações empresariais e de associações que recebem subsídios públicos na lista dos que não

aumentar ainda mais a população a residir nessas zonas”, disse ao jornal chinês.

DAS PRIORIDADES

Para Lam U Tou, os trabalhos do CRU devem basear-se no princípio do “tratamento prioritário dos problemas fáceis”, sugerindo que seja colocado em primeiro lugar a renovação dos edifícios em risco de queda. Lam U Tou pede ainda que sejam tidas em conta as questões fiscais, já que os proprietários, mesmo que concordem com a renovação do prédio, necessitam de pagar o imposto de 200 mil patacas

novamente, aquando do regresso ao novo apartamento já reconstruído. Já o deputado democrata Ng Kuok Cheong considera que o mais importante é

deputado Ng Kuok Cheong aforou claramente que hoje votará contra a proposta que estará a votos no hemiciclo. Para o deputado membro da ANM, a revisão feita à Lei Eleitoral “não traz desenvolvimentos democráticos” e, por isso, vai “votar contra”. Ng Kuok Cheong adianta ainda que, na sua opinião, Au Kam San também irá optar pelo mesmo.

manter a Lei daS, defendendo que os construtores devem ter limites para os seus interesses no sector imobiliário. “A regulação da Lei da Sombra dos edifícios permite manter uma relação saudável entre a cidade e o meio ambiente, permitindo a passagem da luz solar e do ar. O Governo deve garantir a lei da sombra”, defendeu ao Jornal do Cidadão. Ng Kuok Cheong referiu ainda que é necessária uma discussão aberta por parte do CRU para uma nova definição da altura dos edifícios. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo


6 SOCIEDADE

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INSPECÇÃO A INFILTRAÇÕES CUSTA CINCO MILHÕES

ALEMÃES NA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Foi adjudicada ao Laboratório de Engenharia Civil de Macau a prestação do serviço de inspecção de infiltração de água nos edifícios por um montante total de 4,9 milhões de patacas. O prazo para os serviços começa em Setembro e finda em Agosto de 2017, de acordo com um despacho ontem publicado em Boletim Oficial.

A Fichtener GMBH&Co.KG, uma empresa alemã, vai prestar serviços de consultadoria para a gestão de resíduos sólidos a Macau. O anúncio foi ontem feito num despacho do Chefe do Executivo, Chui Sai On. A concessão custa aos cofres do Governo 14,7 milhões de patacas, a ser pagos até 2018. A empresa de consultadoria existe desde 1992, tendo escritórios em Taiwan e Singapura, além do Vietname.

Terrenos CONCESSÕES SEM CONCURSO “OFFLINE” AO FIM DE 15 DIAS

Decisões “irracionais”

A vantagem das obras Governo adjudica empreitada a empresa de Judas Ung

A

Os registos das concessões de terrenos sem concurso público são apagados do website da DSSOPT ao fim de 15 dias. A FAOM e o deputado Ho Ion Sang criticam a decisão

A

Lei de Terras determina que as informações referentes à concessão de terrenos sem concurso público devam ser publicadas no website da Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT). Mas três anos depois da entrada em vigor da nova lei, os registos de oito terrenos concessionados por esta via foram apagados do website da DSSOPT ao fim de quinze dias, escreveu ontem o jornal Ou Mun. Lam U Tou, secretário-geral da Associação Choi In Tong Sam, da Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), e Ho Ion Sang, deputado que preside à Comissão de Acompanha-

mento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa (AL), defendem que a retirada das informações prejudica o princípio de informação ao público. Ambos pedem que o Governo melhore o processo

Ho Ion Sang exige mudanças nos procedimentos adoptados, para que as informações “estejam sempre disponíveis”

administrativo para que as informações continuem online. O Ou Mun escreve ainda que já existem novos terrenos concedidos sem concurso público, cujas informações foram publicadas em Boletim Oficial (BO) mas continuam sem estar publicadas no website da DSSOPT. Questionado pelo jornal de língua chinesa, o organismo confirmou que as informações ficam disponíveis apenas por um período de 15 dias, sendo depois apagadas para “evitar a confusão” de quem as lê.

SEM LÓGICA

Lam U Tou considera esta explicação “irracional”, já que, para o responsável da Associação ligada à FAOM, é possível à DSSOPT organizar e separar

as diferentes informações. “O facto de não se publicar as informações antigas traz ainda mais confusão ao público”, apontou. Já o deputado Ho Ion Sang exige mudanças nos procedimentos adoptados, para que as informações “estejam sempre disponíveis”. O deputado citou ainda explicações da DSSOPT, que garantem que três terrenos foram concedidos sem concurso para a construção de três postos de abastecimento de energia eléctrica, algo que está dentro do princípio de interesse público. Quanto aos restantes casos, cujo pedido visa fins habitacionais ou comerciais, não é possível analisar. Angela Ka (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

S residências de Santa Sancha vão ser remodeladas pela Companhia de Construção Vantagem. O anúncio foi ontem publicado em Boletim Oficial, num despacho assinado por Chui Sai On, Chefe do Executivo. As obras dizem respeito à concepção de um projecto e remodelação do complexo residencial dos Secretários, parte do palácio. No total, o Executivo vai pagar mais de 54,1 milhões de patacas pela empreitada, que chega depois de um processo de consulta a diferentes empresas e de diversas outras obras feitas no Palácio de Santa Sancha por uma outra empresa cujo administrador é o mesmo que o da Companhia de Construção Vantagem: Judas Ung. Em 2015, o Chefe do Executivo autorizou também a celebração de um contrato obras de remodelação das residências governamentais na Rua do Miradouro de Santa Sancha. Estas foram feitas pela empresa Judas Ung E.I., a quem foram pagos 29,9 milhões de patacas. A empresa esteve ainda envolvida em obras de melhoria dos aparelhos de ar condicionado da sede do Governo, em Maio e em Setembro de 2013, e em pinturas das paredes exteriores do palácio. Já em 2010, a empresa foi responsável pelo Projecto de Teste de um Sistema de Energia Solar Fotovoltaica, na Imprensa Oficial. Em 2000, o próprio Judas Ung ficou com a remodelação do edifício da Assembleia Legislativa, que voltou a ter em mãos quatro anos depois para “renovação e reparação”. Já a Companhia Vantagem recebeu, em 2010, a adjudicação da concepção e construção da Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos, que foi paga em 15,3 milhões de patacas pelos serviços. A Vantagem pertence, ao que o HM apurou, a Judas Ung e a Ung Su Fan, dois empresários da construção civil. Pelas obras, a empresa é paga em dois anos, sendo que recebe 15 milhões agora e 39 milhões em 2017. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo


7 SOCIEDADE

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LADO POSITIVO

No entanto, frisa Anselmo Teng, quando aparecem desafios também aparecem oportunidades. Acordos com as províncias de Guangdong e Fujian, face à participação de Macau em projectos de investimento, foram algumas das tarefas da AMCM no ano passado e que o organismo também quer continuar este ano, principalmente no que “ao desenvolvimento da utilização transfronteiriça do yuan” diz respeito. “Em 2015, a recuperação das principais economias internacionais não conseguiu criar a dinâmica necessária, enquanto a economia do interior da China continuou a crescer, embora a uma taxa desacelerada. Após ter vivenciado expansões rápidas, a economia local entrou num período de ajustamento. No entanto, à luz dos esforços persistentes do Governo para promover a diversificação económica e aprofundar a cooperação regional, o ambiente dos negócios na RAEM manteve-se em boa forma.” Em 2015, o organismo continuou a “fazer investimentos razoáveis no mercado da bolsa

Economia ANSELMO TENG ADMITE BAIXO INTERESSE PELO CONSUMO EM MACAU

Ainda assim, positivo dos bancos da China e no mercado de capitais, fortalecendo a estrutura dos activos da carteira das reservas”, sendo que, até finais de Dezembro, os activos da Reserva Financeira totalizaram 345,1 mil milhões de patacas, enquanto os saldos da Reserva Cambial ascenderam a 150,8 mil milhões, aumentos na ordem dos 40% e 14%. Números positivos para Anselmo Teng. “Creio que o sector financeiro continuará, como sucedeu no passado, a actuar em harmonia com a execução das linhas de acção governativa, tendo cada vez mais uma noção realista das crises. Assim, para além do aperfeiçoamento contínuo da gestão do risco, através da criação constante de produtos e serviços, do reforço contínuo da qualidade e da eficácia, do aproveitamento pleno de todas as

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STE ano é de oportunidades e desafios para a economia de Macau. É o que diz o presidente da Autoridade Monetária de Macau (AMCM), no último relatório anual do organismo, onde se pode constatar que as receitas públicas somaram um pouco mais de 109 mil milhões de patacas em 2015, um decréscimo de 29,7% face a 2014. De acordo com o relatório da AMCM, ontem publicado, os desafios da RAEM vão surgir especialmente devido às “incertezas” na economia dos “países desenvolvidos”, mas também por causa da própria economia interna, que passam pelo sector do Jogo e do Turismo. “Podem aparecer situações contrárias às intenções iniciais. A economia local, que se encontra numa fase de ajustamento, é afectada por factores externos e revela uma desaceleração contínua do ritmo de crescimento, emergindo uma nova tendência económica traduzida pela verificação de desafios como a diminuição do número de turistas, baixo interesse pelo consumo, diminuição dos preços dos imóveis e queda das receitas do jogo”, pode ler-se no relatório.

oportunidades que surgirem, serão prestados mais e melhores contributos, quer para o desenvolvimento saudável, estável e contínuo do sector, quer para a diversificação da economia local.”

FINANÇAS EM CIMA

De acordo com o relatório da AMCM, as receitas dos impostos directos sobre o Jogo foram mais uma vez “fonte dominante das receitas correntes”, tendo totalizado 93,4 mil milhões patacas, número abaixo do normal devido à quebra das receitas dos casinos. Em contraste, outros impostos directos registaram um crescimento: por exemplo, as receitas do imposto profissional subiram 18,5% e as provenientes da contribuição predial aumentaram 31,5%. Já as despesas públicas cresceram 22,4% para 80,5 mil milhões de patacas. Responsável por estes

números foram os custos dos serviços públicos (que cresceram 12,3%) “devido maioritariamente aos aumentos salariais e às novas contratações de pessoal no sector público”. Estas despesas subiram até 10,1 mil milhões. Já a compra de bens e serviços decresceu 6,5% para 3,8 mil milhões, numa descida que a AMCM atribui à implementação de medidas de austeridade pelo Governo. No que aos apoios diz respeito, onde se encaixa o Plano de Comparticipação Pecuniária e o Programa de Comparticipação nos Cuidados de Saúde, fizeram aumentar os custos em 7,2%, para 11,3 mil milhões de patacas. Na mensagem que acompanha o relatório, o presidente da AMCM fala ainda de uma economia que, em 2015, entrou em fase de ajustamento, mas onde a cooperação com outros países – nomeadamente

a China continental – teve e terá um papel importante a desenvolver. Com os negócios bilaterais, diz Anselmo Teng, Macau poderá engrenar num desenvolvimento “saudável, estável e contínuo”. Teng assegura que o sistema bancário continuou a manter uma boa qualidade dos seus activos e as operações em yuan têm vindo a desenvolver-se de forma estável, ainda que, em finais de Dezembro de 2015, os depósitos nesta moeda tenham diminuído quase 40%. O relatório mostra ainda que a AMCM interpôs quatro processos a entidades bancárias, relacionados com supervisão, mas não avança detalhes. Joana Freitas

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Travão que faltou

Acidente de autocarro faz 30 feridos e desaloja residentes

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MA mulher em estado crítico e mais duas em estado grave é o balanço de um acidente ocorrido ontem na Rua da Entena. A informação foi dada ontem por Ma Hok Cheung, director do Hospital Kiang Wu, em conferência de imprensa. A estas vítimas que se encontram na Unidade de Cuidados Intensivos, juntam-se mais seis pessoas hospitalizadas com múltiplas fracturas, sendo no total 30 os feridos que resultaram do acidente. Todos integravam uma excursão que passava em Macau e eram provenientes da China continental. A chamada que dava conta do acidente, que aconteceu ontem por volta da hora do almoço, chegou aos Bombeiros pelas 14h40, como afirmou Chao Ka Cheong, segundo-comandante. Um autocarro de turismo desceu a rua sem o condutor lá dentro e chocou com um

edifício, mas as causas ainda não foram definitivamente apuradas. Para Wong Chi Fai, segundo-comandante substituto da PSP, e tendo em conta uma primeira investigação, o acidente terá ocorrido porque o travão de mão não funcionou ou poderá não ter sido activado. Segundo a PSP, o motorista terá saído do veículo por ter sido “alegadamente atingido por um outro nas traseiras do autocarro”. Ao sair, pode não ter levantado o travão de mão, o que fez com que o autocarro começasse a descer a rua tendo acabado por colidir violentamente com um pilar mestre de um prédio.

SEM CASA

O prédio em que o autocarro embateu foi de imediato evacuado. Aquando do acidente encontravam-se no edifício dez pessoas. Neste momento, e segundo Li Canfeng, Director dos Serviços de Solos, Obras

Públicas Transportes, vai ter lugar uma inspecção ao edifício para averiguar a sua segurança através da monitorização das estruturas. Esta monitorização está a ser levada a cabo por máquinas até existirem condições de segurança para que possam entrar equipas no terreno. Até lá, as famílias não poderão entrar em casa por razões de segurança, pelo que o Instituto de Acção Social está a disponibilizar alternativas e, até ontem, quatro famílias precisaram de ser acolhidas. O motorista é local, tem mais de 50 anos e conta com anos de experiência, como afirma a PSP. O autocarro é novo e só começou a ser conduzido a partir deste ano. As vítimas em estado grave receberam a visita do Chefe do Executivo, Chui Sai On, no Hospital Kiang Wu. Sofia Mota

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Poesia LIVRO DE FRANCESCO NAVARRINI ESTE SÁBADO NA LIVRARIA PORTUGU

EVENTOS

Objectos escritos em exposição Armazém do Boi apresenta caligrafia de Aquino da Silva

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caligrafia não é uma arte que se resuma às técnicas milenares que pautam a escrita em caracteres. No ocidente o “bem escrever” também é uma mestria e Aquino da Silva vem a Macau apresentar isso mesmo. A “The Renaissance of Pen and Ink – Exhibition of Calligraphy and Lettering Art” é a exposição que inaugura a 13 de Agosto no Armazém do Boi. A mostra, dedicada ao renascimento da escrita com caneta e tinta, insere-se no segundo evento do programa New Art People Project 2016 e traz à casa Aquino da Silva e os seus trabalhos e conhecimento. “Aquino é um dos poucos artistas que utilizam a caligrafia criativa na língua inglesa”, afirma o Armazém do Boi em comunicado de imprensa.

NOVA VIDA

O artista com formação em Design Gráfico é entusiasta da arte de pintar e escrever à mão. Faz parte do seu trabalho explorar as texturas dos diferentes papéis e dos diferentes traços. Após alguns anos de exploração e estudo, Aquino da Silva atribui uma perspectiva comercial à caligrafia atribuindo-lhe uma maior exposição .

Na presente exposição, Aquino da Silva confere à caligrafia uma “nova dimensão”. O artista passa a explorar as combinações da escrita com cerâmica e utensílios do dia a dia, num processo de fusão e criação de instalações em que funde o trabalho da caligrafia com o juntar de peças partidas. O público estará perante uma exposição muito além de uma mostra de palavras em Inglês. Tem à sua frente objectos que ganharam uma nova vida com a aplicação caligráfica.

PALAVRAS ` A JANELA

Para uma melhor preparação, Aquino esteve no Japão, antes de conceber esta exposição, a produzir as suas próprias peças em cerâmica. Chegou também a criar objectos em madeira no pátio do Armazém do Boi. No seu conjunto, o artista concebeu uma mostra que mistura arte, artesanato e experimentalismo. Aquino da Silva vai também realizar três workshops nos dias 20 e 21 de Agosto e 4 de Setembro, onde partilhará os seus conhecimentos relativos a conceitos básicos aplicados à caligrafia ou a aplicação de força na arte da escrita. A exposição estará patente até 18 de Setembro e conta com entrada livre. S.M.

P

PREPARAÇÃO CUIDADA

Francesco Navarrini apresenta “Palavras à janela”, este sábado, na Livraria Portuguesa. Uma compilação de poemas criados entre viagens, que são agora dados a conhecer a Macau pelo italiano que fala sete línguas e que pretende pôr os leitores a viajar pela liberdade de pensamento

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA O REI DA BOLA • José Jorge Letria A História de Eusébio contada aos mais novos. Rodrigo, Martim, Luisa e Afonso mal podiam acreditar nos seus olhos. Eusébio da Silva Pereira, o mítico Pantera Negra, ídolo de várias gerações, descia do pedestal da sua estátua no Estádio da luz para partilhar com eles a história da sua vida, dos seus sonhos de menino e da ascensão à categoria de símbolo desportivo aquém e alémfronteiras. É este o ponto de partida para esta biografia assinada pela mestria de José Jorge Letria e ilustrada por Alberto Faria, onde vais ficar a conhecer a vida e a carreira de um dos maiores futebolistas de todos os tempos.

AROLE alla finestra” é o livro que Francesco Navarrini apresenta na Livraria Portuguesa já no próximo sábado. “Uma compilação” de textos que o autor italiano, residente na RAEM, mostra agora ao público e que foi escrita entre 2003 e 2011, numa espécie de volta ao mundo e volta ao interior do poeta. O livro é um convite ao imaginário de cada do leitor.

DESERTOS PARA A ESCRITA

Francesco Navarrini começou a escrever em 2001 e a participar com sucesso em concursos de poesia. Até esse ano, “fazia muitas viagens, mas eram viagens mentais”, como afirma o autor ao HM. O mestre em Ciência Política deixou pela primeira vez o país que o viu nascer em 2001, quando foi fazer o programa de Erasmus na Lapónia. Já escrevia antes desta viagem, mas com a entrada “no deserto gelado” teve necessidade de parar. “Não era possível assimilar o mundo, as novidades e

[a poesia] “Por ser di uma forma de express realidade sem juízos as experiências e escrever ao mesmo tempo”, refere. A opção pela Lapónia foi simples e já reflectia o ir mais longe. Tinha a hipótese de Barcelona, mas “quanto mais longe e diferente melhor”, como assegura. “Foi uma experiência extrema e brutal e a partir daí comecei a viver

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • MAIL@LIVRARIAPORTUGUESA.NET

DIETAS SEM DIETA • Paula Veloso Se fosse fácil emagrecer, provavelmente ninguém seria gordo. Porque comer é, sem dúvida, um enorme prazer... Este manual ensina-lhe os passos básicos para emagrecer saudavelmente, fornecendo-lhe receitas e dicas que lhe permitem perder peso com satisfação. Inclui 31 menus, de fácil e rápida execução, para desfrutar com toda a família.


9

UESA

hoje macau terça-feira 9.8.2016

IC ABRE BOLSAS PARA DESIGN DE MODA

O Instituto Cultural (IC) lança novamente o Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda, cujas candidaturas estão abertas e terminam a 26 de Agosto, exactamente às 17h00. Este programa atribui oito bolsas, num valor que pode ir até às 60 mil patacas. Existe desde 2013 e tem por objectivo promover, apoiar e desenvolver o design de moda e a criatividade locais, bem como incentivar os designers a elaborarem planos de marketing que lhes permita dar o salto além fronteiras. Segundo nota de imprensa, uma das razões do concurso é que os designers se envolvam em actividades comerciais e exposições de moda no território e no estrangeiro, contribuindo para o aumento do prestígio e da competitividade deste sector.

DIA ABERTO NAS ZONAS ECOLÓGICAS DO COTAI

irecta e muito íntima é são capaz de mostrar a de valor” mais e a escrever menos, havia tanto para viver e fazer que não conseguia perder tempo a escrever.” A escrita voltou em 2003, altura em que estava num “outro deserto”, desta feita num parque natural na Bolívia a cinco mil metros de altura. Foram as montanhas longínquas que alteraram a sua concepção de espaço e que trouxeram de volta a necessidade de escrever. Foi ali que “encontrou as palavras para aquilo que queria dizer”.

LÍNGUAS E PERSONALIDADES

Hoje em dia fala sete línguas. Apesar de ainda escrever maioritariamente em Italiano, para Francesco “uma língua não é só a tradução de uma palavra mas implica uma forma diferente de ver a realidade”. Para o autor, a mesma palavra em línguas diferentes pode

alterar o conteúdo, a situação, ou mesmo a atitude de quem a escreve. Se um dia resolveu estudar Ciência Política de modo a entender a realidade que o rodeia, a escrita apareceu como forma de a contar. A poesia, por sua vez, é a “forma mais simples de o fazer”. “Por ser directa e muito íntima é uma forma de expressão capaz de mostrar a realidade sem juízos de valor”, frisa. “Palavras à janela” é um livro que não limita o leitor. Para Francesco Navarrini é um compromisso com a liberdade de pensar e do próprio leitor, sendo a sua escrita uma “imagem” a ser interpretada livremente por cada um, ao mesmo tempo que dá a possibilidade de “fazer a sua própria criação”. A apresentação da obra está marcada para as 18h30 do próximo sábado e o autor espera que, acima de tudo, seja um encontro interactivo com os interessados em conhecer e discutir o livro. A entrada é livre. Sofia Mota

info@hojemacau.com.mo

O dia aberto ao público das Zonas Ecológicas do Cotai realiza-se durante os dias 13 a 27, pelas 10h00 e pelas 15h00. Este encontro mensal conta com número máximo de cem vagas. Para participar no evento é necessário fazer a inscrição a partir de hoje, através da linha verde da Direcção dos Serviços de Protecção Ambiental (DSPA) – 28762626 - ou da página do organismo. Não existe prazo para as inscrições, uma vez que estas terminam assim que as vagas forem preenchidas. O passeio tem a duração de duas horas e convida os participantes a visitarem duas zonas ecológicas, uma delas de acesso reservado. O grupo será sempre acompanhado por guias que vão dando explicações sobre a natureza envolvente.

EVENTOS

HOJE NO PRATO Paula Bicho

Naturopata e Fitoterapeuta • obichodabotica@gmail.com

Melancia Nome botânico: Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai Sinonímia científica: Citrullus vulgaris Schrade; Cucurbita citrullus L.; Momordica lanata Thunb. Família: Cucurbitaceae. Nomes populares: MELANCIEIRA. Originária da África tropical, a Melancieira é uma planta herbácea e trepadeira, de caules rastejantes providos de gavinhas e flores amarelas solitárias; estas podem ser femininas ou masculinas, encontrando-se ambos os sexos presentes na mesma planta (espécie monóica). Produz 3 a 5 frutos grandes e pesados (3 a 10 kg ou mais) – a Melancia –, de casca espessa e cor verde, uniforme ou com listas ou manchas mais claras e polpa suculenta, geralmente vermelha ou rosada, salpicada por sementes escuras. Uma delícia apreciada em todo o mundo! De África, a Melancia disseminou-se através dos navios mercantes pelos países ao longo do Mar Mediterrâneo, tendo chegado à China no século X; no século XIII, espalhou-se pelo resto da Europa através dos Mouros. A primeira referência a este fruto data de há 5.000 anos e encontra-se nos hieróglifos de paredes de edifícios egípcios. Esta antiga civilização tinha a Melancia em tão alta consideração que a colocava nos túmulos dos faraós para que estes com ela se alimentassem na vida após a morte. Actualmente, vários estudos confirmam alguns dos seus benefícios. Composição Elevado conteúdo em água e baixo em calorias; aminoácidos (arginina, citrulina), hidratos de carbono, fibras, vitaminas (A, B1, B6, folatos, C), sais minerais (cobre, ferro, magnésio, potássio), flavonóides, carotenóides (betacaroteno, beta-criptoxantina, riqueza em licopeno) e um glicósido (cucurbitacina). A parte branca é uma fonte natural de citrulina. Aroma e sabor adocicado. Acção terapêutica Muito hidratante e refrescante, a Melancia é excelente para acalmar a sede e evitar a desidratação nos dias quentes de Verão. É igualmente nutritiva e digestiva, produz sensação de saciedade e melhora o funcionamento do intestino, combatendo a obstipação. Pela actividade diurética, depurativa, remineralizante e alcalinizante do organismo, é tradicionalmente utilizada em caso de transtornos da micção, cálculos urinários, infecções, insuficiência renal, gota e sempre que se pretenda fazer uma cura depurativa para eliminar as toxinas do sangue; é ideal

para os regimes de emagrecimento e bem tolerada pelos diabéticos. Rica em compostos antioxidantes, a Melancia previne os danos provocados pelos radicais livres e o envelhecimento. Aumenta a produção de óxido nítrico, um composto que dilata as artérias melhorando a circulação sanguínea, sendo útil na hipertensão arterial e impotência sexual; pelo conteúdo em licopeno, pode reduzir o risco de AVC. Tem propriedades anticancerígenas, havendo vários estudos a relacionar o licopeno à protecção contra o cancro da próstata; além de combater os radicais livres, este carotenóide inibe o crescimento das células e induz a apoptose (morte celular) em células cancerosas, mas não em células saudáveis. Como consumir Escolha Melancia com a casca íntegra, sem cortes, mossas ou esfacelamentos. À temperatura ambiente conserva-se durante uma semana ou mais; temperaturas muito elevadas favorecem o seu amadurecimento mas reduzem o tempo de conservação. Deve lavar a Melancia antes de a cortar. Depois de cortada, cubra a restante com película aderente e guarde-a no frigorífico. Sugestões: • In natura: cortada às talhadas, cubos ou escavada em bolas, ingerida de preferência antes ou fora das refeições. • Em sumo: também muito apreciado, é especialmente recomendado para pessoas com estômago delicado, pois não contém as fibras que podem tornar-se indigestas. O sumo congelado nas formas de gelo pode ser adicionado a limonadas, ponches de frutas ou outras bebidas a gosto. • Na Rússia, o sumo é usado para fazer vinho. Dietas depurativas: alternar o fruto fresco com o sumo, melhor tolerado pelo estômago. • Em saladas de frutas, com ou sem adição de iogurte. Em doces, marmeladas, compotas e gelados. • Na forma de suplemento alimentar, é usada como drenante no emagrecimento. As sementes tostadas e salgadas são consideradas deliciosas em algumas regiões do mundo. Precauções Não são conhecidas contra-indicações, nem efeitos secundários. Porém, deve evitar ingerir a Melancia juntamente com vinho, uma vez que este pode enrijecer a sua polpa provocando intolerância em algumas pessoas. Em caso de dúvida, consulte o seu profissional de saúde.


10 CHINA

hoje macau terça-feira 9.8.2016

MILHARES EM PROTESTO CONTRA PROJECTO NUCLEAR FRANCO-CHINÊS

EXPORTAÇÕES A CRESCER, IMPORTAÇÕES CAEM 5,7%

A fábrica da discórdia

M

ILHARES de pessoas protestaram numa cidade do leste da China contra um projecto de construção de uma fábrica franco-chinesa de tratamento de resíduos nucleares, indicaram moradores à AFP. Os residentes denunciaram uma repressão violenta por parte da polícia, que entretanto negou a acusação. Os habitantes de Lianyungang, uma localidade situada 480 km a norte de Xangai, protestaram no fim de semana em frente de edifícios públicos. “Eram vários milhares”, informou à AFP o funcionário de um hotel que pediu o anonimato. Os manifestantes são contrários à proposta de construir no distrito uma fábrica de resíduos nucleares, temendo eventuais efeitos nocivos. Outro habitante, Xu, descreveu “confrontos violentos entre a polícia e os manifestantes”.

As exportações da China, a segunda economia mundial, aumentaram 2,9% em Julho, em comparação com o mesmo mês de 2015, mas as importações diminuíram 5,7%, segundo dados oficiais divulgados ontem. O superavit comercial chinês aumentou assim 34%, em relação a Julho de 2015, situando-se no equivalente a 51.500 milhões de dólares norte-americanos. No conjunto do primeiro semestre do ano, as exportações chinesas tinham diminuído 2,1% e as importações 4,7%. O volume total do comércio com a União Europeia, o maior parceiro comercial da China, cresceu 1,8% entre Janeiro e Julho. Já o valor das trocas comerciais com os Estados Unidos caiu 4,8% no mesmo período.

As redes sociais chinesas divulgaram fotos de uma grande multidão reunida na praça pública e cercada por centenas de policias. As autoridades policiais locais negaram esta segunda-feira, através da internet, um “rumor” que apontava a morte de um dos manifestantes pela violência policial. A francesa Areva assinou há um ano com o gigante nuclear chinês CNNC um protocolo de acordo no âmbito de um projecto de desenvolvimento de uma fábrica de tratamento e reciclagem de combustíveis usados na China, embora não tenha divulgado a sua localização. Os moradores de Lian-yungang, localidade portuária da província de Jiangsu, temem que a sua cidade seja a escolhida para sediar esta fábrica de tratamento, já que o grupo CNNC constrói actualmente uma nova central nuclear não muito longe dali.

FUNCIONÁRIOS DO GOVERNO DETIDOS POR CORRUPÇÃO

Quatro funcionários do governo estão a ser investigados por aceitar subornos, informou ontem a Suprema Procuradoria Popular (SPP) da China. Meng Fanyou, ex-vice-inspector do comité do Partido Comunista da China (PCC) em Chifeng, Região Autónoma da Mongólia Interior, Liu Jinghai, exinspector do gabinete geral do Comité Regional do PCC na Região Autónoma da Mongólia Interior, Lu Wufu, ex-vice-presidente da câmara de Changde, na Província de Hunan e Pi Lin, ex-gerente-geral do Grupo da Imprensa do Diário de Hunan são os mais recentes “tigres” a cair nas malhas da justiça. Meng e Liu foram também acusados de corrupção, o que normalmente significa a posse e o uso ilegais de fundos e bens públicos sem intenção de reembolso. Pi foi acusado de desviar fundos públicos, uma acusação inferior. Todos os quatro foram presos, disseram as autoridades. PUB

O

Ministério da Defesa Nacional da China denunciou na sexta-feira as tentativas da nova ministra da Defesa japonesa, Tomomi Inada, de negar qualquer “competição de matança” em Nanjing durante a Segunda Guerra Mundial. As observações de Tomomi Inada são ultrajantes, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês numa declaração. Inada disse na quinta-feira que duvidava se qualquer competição de homicídio aconteceu durante o Massacre de Nanjing.

MINISTRA JAPONESA ACUSADA DE NEGAR ATROCIDADES EM NANJING A negação pública da ministra japonesa ao facto pretende encobrir as atrocidades do Japão e perturbar a ordem pós-guerra, disse o Ministério da Defesa Nacional chinês. Não haverá nenhum futuro se o Japão negar a história, disse. O exército japonês ocupou Nanjing, então capital da China, no final de 1937, e durante

mais de 40 dias, cerca de 300 mil chineses foram mortos. Durante a época dois oficiais japoneses, Toshiaki Mukai e Tsuyoshi Noda, estabelecer uma competição para matar 100 chineses usando uma espada. Mukai decapitou 106, e Noda, 105. Os dois oficiais foram condenados por atrocidades e executados em Janeiro de 1948.

AVISO Assunto: Participação de óbito Em caso de falecimento de residente de Macau no exterior da RAEM, os familiares do falecido devem, o mais breve possível, comunicar o óbito à DSI, apresentando os seguintes documentos: ※ Original do BIR do falecido; ※ Certidão de óbito passada por autoridades competentes.  Quando o falecimento ocorra no Interior da China, deve apresentar um dos documentos seguintes: 1. Certidão de óbito emitida pela Secretaria Notarial da República Popular da China; 2. Certidão de óbito emitida por Departamento de Segurança Pública / Posto de Polícia 3. Certidão médica devidamente carimbada emitida por estabelecimento hospitalar. Atenção: descoberto o uso de documento de identificação alheio, a DSI fará a notificação imediata a autoridades competentes. Para informações mais detalhadas, queira ligar para a linha de informação da DSI: 28370777.

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Direcção dos Serviços de Identificação


11 DESPORTO

hoje macau terça-feira 9.8.2016

Segunda feira dia 8 não faltaram emoções no parque olímpico. A maior delas vem do ténis, com o sérvio Novak Djovic afastado da competição. O halterofilista chinês ganhou a medalha de ouro e o Kosovo arrecada a sua primeira medalha olímpica. Ginasta portuguesa alcança melhor resultado de sempre em ginástica artística

DJOKOVIC AFASTADO E RECORDES NA NATAÇÃO. PHELPS COM 23ª MEDALHA

OM O em todas as edições dos Jogos Olímpicos há surpresas boas e surpresas más. Pegando na última, temos a queda do líder do “ranking” mundial de ténis, o sérvio Novak Djokovic, afastado da competição por Del Potro, numa reedição do encontro de há quatro anos, onde o este já tinha manifestado superioridade. O argentino defrontou então o tenista português João Sousa, na noite de ontem, (hora de Macau) depois de também ele, ter seguido em frente na prova, não se sabendo o resultado até o fecho desta edição. As irmãs Williams, detentoras do título de pares femininos foram também eliminadas pela dupla Lucie Safarova e Barbora Strycova, da República Checa. Os detentores dos títulos individuais, o britânico Andy Murray, vencedor do sérvio Viktor Troicki,

e Serena Williams, que afastou a australiana Daria Gavrilova, não se deixaram bater e continuam na corrida a nova medalha de ouro A selecção do Brasil continua também a desiludir não indo além de um empate a zero, quer frente à África do Sul, quer frente ao Iraque, adiando para a terceira jornada o apuramento para os quartos de final.

C

PESOS DE OURO

O halterofilista chinês Long Qingquan conquistou ontem a medalha de ouro da categoria de 56 kg e ao mesmo tempo obteve um recorde do mundo de 207 kg no total olímpico. Long, de 25 anos, bateu por quatro quilos o nortecoreano Om Yun-Chol, detentor do título. A medalha de bronze foi para o tailandês Sinphet Kruaithon, que levantou um total de 289 kg.

O dia das surpresas

Wu Minxia, saltadora chinesa fica na história da competição ao sagrar-se pela quinta vez campeã, agora de parceria com Shi Tingmao, no trampolim de três metros, sincronizado. A equipa sul-coreana feminina de tiro com arco, estende para oito a série de sucessos olímpicos. Já campeã nas equipas masculinas a Coreia do Sul é dominadora absoluta desde que a modalidade regressou ao programa olímpico, em 1988.

SECRETÁRIO NA ABERTURA

A Michael Phelps

TEMPOS SUPERADOS

Comecemos pela natação. O britânico Adam Peaty a sagrar-se campeão olímpico dos 100 metros bruços e a voltar a baixar o recorde do mundo, que já tinha batido na primeira eliminatória, estabelecendo-o agora em 57,13 segundos. Michael Phelps volta a surpreender conquistando a 19ª medalha de ouro ao integrar a estafeta 4x100 metros livres. No total o norte americano já arrecadou 23 medalhas olímpicas.

A sua compatriota Katie Ledecky esteve em grande destaque nos 400 metros livres, sagrando-se campeã olímpica com a marca de 3.56,46 minutos, numa jornada em que caiu também o recorde do mundo dos 100 metros mariposa, com Sarah Sjostrom a conquistar a primeira medalha de ouro feminina para a Suécia na natação. Também o Kosovo recebeu a sua primeira medalha olímpica.

Novak Djokovic

A campeã de judo de etnia albanesa é dominadora absoluta no escalão de 52 kg, desde há quatro anos. Campeã em 2013 e 2014 só deixou escapar o ano passado, ao falhar o mundial devido a uma lesão. Para que não restassem dúvidas, ontem bateu nas meias-finais a japonesa Misato Nakamura, a campeã do ano passado. Na final de ontem, ganhou por ‘yuko’ à italiana Odette Giuffrida, ficando as medalhas de bronze para Nakamura e para a russa Natalia Kuziutina. A equipa da Itália foi bafejada pela sorte e juntou às medalhas de ouro e prata do judo, a medalha de ouro no florete masculino em esgrima e a medalha de bronze de Elisa Longo Borghini na prova de fundo de ciclismo de estrada. A campeã é a holandesa Anna Van Der Breggen e a vice-campeã a sueca Emma Johanson.

MEDALHAS APÓS O 2.º DIA

A MELHOR DE SEMPRE

A portuguesa Filipa Martins mostrou-se satisfeita com a sua prova depois de ser 37.ª na qualificação do ‘all around’ da ginástica artística dos Jogos Rio 2016 . A melhor pontuação foi alcançada na trave, com 13.833, seguindo-se os 13.660 nas paralelas assimétricas, os 13.433 no solo e os 13.336 no cavalo. A atleta portuense obteve a melhor participação de sempre de uma ginasta portuguesa numa prova de ginástica artística. Mas ainda assim foi insuficiente para chegar à final do concurso completo.

lexis Tam, assistiu, no dia 6 de Agosto, à abertura dos Jogos Olímpicos. Acompanhado de uma delegação do Comité Olímpico de Macau, participou num jantar de confraternização entre presidentes olímpicos de vários países como Portugal, Timor –Leste e, Cabo-Verde e Moçambique. Entre outros. Macau preside à organização das Associações dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (ACOLOP)desde 2009. A ACOLOP tem nos Jogos Olímpicos 700 atletas. Durante a estadia o Secretário aproveitou para visitar a aldeia olímpica e as instalações desportivas adaptadas especialmente para albergarem os Jogos Olímpicos e Para-olímpicos.

OURO PRATA

BRONZE

TOTAL

1. Estados Unidos

3

5

4

12

2. China

3

2

3

8

3. Austrália

3

0

3

6

4. Itália

2

3

2

7

5. Coreia do Sul

2

2

1

5

6. Hungria

2

0

0

2

7. Rússia

1

2

2

5

8. Grã Bretanha

1

1

0

2

Suécia

1

1

0

2

10. Japão

1

0

6

7


h ARTES, LETRAS E IDEIAS

12

O futuro não tem temporada

J

Á em Homero, na Ilíada, encontramos o aviso acerca da possibilidade de se perder a vida, e pôr outras a perder, por causa das paixões que nos assolam e às quais não resistimos. Foi assim com a guerra de Tróia, como o foi ao longo de tantas e tantas existências ao longo dos séculos, mais ou menos relevantes para a humanidade, ecoando ou perdendo-se no silêncio de uma vida, como recentemente – tendo a história da poesia como medida – no exemplar De Profundis, de Oscar Wilde. Entregar-se à paixão que se abate sobre si mesmo, ao invés de lhe resistir, de lhe dar luta, pode levar-nos à responsabilidade da guerra de Tróia ou à da perda da nossa própria vida, ou parte dela. E é precisamente nesta tradição, que podemos situar a poesia de Pedro Gonzaga, poeta nascido em 1975, em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, cidade onde ainda vive. Pedro Gonzaga tem dois livros de poesia editados, ambos pela ArdoTempo, Última Temporada (2011) e Falso Começo (2013). Iremos percorrer a poesia dele, aqui, através do seu primeiro livro, Última Temporada. Se lermos com alguma atenção o título deste livro de poesia de Pedro Gonzaga, entendemos de imediato do que se trata: de um livro que faz apresentações de modalidades em torno da expressão “última temporada” e do que isto possa significar numa alma humana. Por conseguinte, não iremos fazer outra coisa senão falar do título do mesmo, nas suas diversas modalidades de apresentação. A expressão “a última temporada”, assim sem referente determinativo, como no título do livro, é uma expressão com dois sentidos quase opostos, mas que aqui se amalgamam de modo a nos mostrar de um modo privilegiado a vida e a linguagem que expressa essa vida. Passemos então a ver o que está em causa no título do livro. Quando alguém diz “a última temporada” de uma peça de teatro ou a “última temporada” de uma série televisiva, está a dizer que, depois de várias outras temporadas anteriores, depois de vários meses ou vários anos, esta aqui e agora onde estamos é a última. Quer isso dizer que depois desta já não vai

haver mais nenhuma. Esta é a última, a derradeira temporada, acabou-se. A derradeira temporada pode muito bem ser a vida de cada um de nós, aquela vida que somos aqui e agora, a que nos carrega ou que com ela carregamos. Assim, A Última Temporada, de Pedro Gonzaga, numa primeira instância remete-nos logo para a vida de cada um de nós, aqui e agora. Mas como “última temporada”, neste sentido, tem necessariamente de ter um antes do agora, isto é, é preciso existir uma ou mais temporadas anteriores para que se afirme “última temporada”, a última temporada aqui não pode ser a vida, pois as pessoas não tem vidas anteriores. Por conseguinte, esta última temporada é a última temporada da vida, aquela a que se atribui, ou alguém atribuiu, ser a parte final da vida de alguém. A vida humana é assim dividida em temporadas pelo título do livro. Aqui não podemos deixar de lembrar o poeta francês Rimbaud e o seu livro Une Saison en Enfer, Uma Temporada No Inferno. Mas aqui trata-se da última parte da vida humana, e não de um interlúdio amoroso mal sucedido. E o escândalo deste título assume aqui a sua extensão máxima, se tivermos em atenção a idade do poeta, trinta e poucos anos, e tratar-se do seu primeiro livro de poesia. Sabemos isso pelos poemas “herança”, onde se pode ler à página 15: “(...) aos 35 anos / com meus dentes perfeitos (...)”; e pelo poema “para além dos bancos de areia prateada”, onde, na página 36, se lê de um modo algo jocoso, nos últimos dois versos: “señor, não se chega impunemente / ao trigésimo quinto inverno”. Por conseguinte, não podemos deixar passar isto em claro, tomar a coisa por irrelevante. Ora, se um poeta regista em um poema a sua idade, 35 anos, e ao mesmo tempo põe o título ao livro de A Última Temporada, é porque, evidentemente, quer que fique claro que a partir de agora é o início do fim. Para trás ficou tudo o resto, todas as outras temporadas, e se boas ou más não importam aqui e agora. Não se pense também precipitadamente que se trata de um livro de despedida, pois o mesmo poeta remata o poema “descobertas”, à página 52, da seguinte maneira: “(...) serei um homem-bomba / até

aos noventa anos”. O poeta entende que a última temporada da vida humana é a mais longa ou, pelo menos, pode vir a ser muito mais longa. Longa, aqui, quer dizer infindável. E, ao mesmo tempo, um infinito de perdas. Leia-se em “imperativo”, página 43: se puderes fechar os olhos para o real fecha agora não te preocupes, antes, aproveita hão-de acordar-te os credores a dor no ciático o fingimento da mulher que nunca se entrega Por outro lado, e também como pudemos ler no excerto anterior, não se trata de uma poética do queixume ou de qualquer denúncia situacional ou de adversidade. Não, aqui a denúncia é a da condição humana (e não a de um humano em particular). E a responsabilidade do que se faz com essa condição humana, desconhecendo-a ou dissecando-a, é nossa. No fundo, aquilo que neste primeiro sentido se pode apurar para o título, A Última Temporada, é o seguinte: a partir de agora é que é a sério, a partir de agora é que se vai ver o que a vida é, pois até aqui foi a brincar. A

partir de agora a vida é a doer, como se usa dizer, nos embates desportivos. Um segundo sentido que a expressão e o título A Última Temporada parece ter, escrita assim sem qualquer referente definido, é a de “a última temporada” de verão. Por outro lado, a última temporada de verão pode ter ainda dois sentidos distintos, a saber, que essa última, a outra anterior a esta em que estamos, é que foi boa, ou que a última, a anterior foi muito má e esperamos que esta agora seja muito melhor. Julgo que podemos excluir de imediato a segunda subdivisão, pois a análise que se fez em relação à primeira modalidade do sentido da expressão de “última temporada” assim mesmo o obriga. Parece ter ficado claro anteriormente que a “última temporada” a que o poeta se refere não é melhor do que as anteriores. Como ele mesmo termina o penúltimo poema deste livro “versos de agora, versos de antes”: versos de agora, versos de antes vocês sabem que fomos o que duas criaturas humanas juntas não poderão nunca superar Dito de outro modo: fomos o insuperável. Fomos! E fica, já quase no fim do livro este eco interminável em


13 hoje macau terça-feira 9.8.2016

máquina lírica

nossos corações: fomos, fomos, fomos, fomos, fomos... Comecemos então pela análise do sentido desta segunda modalidade do entendimento que se faz da expressão que dá título ao livro e que, como iremos ver, ao invés de ser contraditória em relação à primeira será antes complementar. Comecemos por pensar que essa outra temporada, a anterior, cheia de sol e de alegria, não é esta aqui e agora, cheia de chuva e de tristeza. E bem podemos dizer isso, pois leia-se os seguintes versos do poema “estrada”, à página 19: mais uma vez a armadilha mais uma vez o desejo nenhuma certeza subsiste nunca fica mais fácil nada se aprende da estrada percorrida Para além de que nunca ficar mais fácil, reparemos ainda numa questão técnica, como se fosse suplementar, como se a poesia não fosse toda ela a vida exposta com técnica e alguma ternura: Pedro Gonzaga divide os seus poemas em pontuados e não pontuados. Há nos primeiros uma sensação de náusea a que o leitor mais atento não escapa, como se cada vírgula fosse uma curva na estrada, nos levando a contragosto montanha acima. Confira-se isto, por exemplo, no magistral poema inaugural do livro. O poema fala do amor, fala da possibilidade do amor nos acontecer, mas ele é escrito com tantas curvas, com tantas vírgulas, que quando ele termina com os seguintes versos quando alguém me diz Ah, o amor é fácil mal contenho a vontade de cuspir-lhe na cara É um alívio a viagem terminar. Mais: se ele não cuspisse, nós mesmos provavelmente vomitávamos, depois de tanta curva, de tanta e tanta vírgula num poema. Por conseguinte, depois de tanta dificuldade ainda ir escutar alguém dizer que o amor é fácil, ninguém merece, como diz a voz de Deus, a voz popular. É, sem dúvida, um dos exemplos da superioridade poética de Pedro Gonzaga, da mestria com que usa a técnica única com que podia ditar este poema. Mas, no outro poema que falávamos atrás, cujo título se chama precisamente “estrada”, ele retira todas as vírgulas, retira todas as curvas, fazendo deste poema uma estrada a direito,

como se a vida fosse isso mesmo, sempre a direito, como se a vida fosse ir de Porto Alegre até à Argentina. Sempre a direito. Ou seja, nossa vida vai daqui ali num instante, ela vai daqui, onde estamos agora, a um imenso e eterno nada, com o desejo pelo meio. O nada aqui, obviamente não é a morte, é não se aprender nada. Iremos sempre daqui para a Argentina para nada, para não se aprender nada. Está bem de ver, então, que esta “última temporada” a que me refiro agora, é a temporada passada, é o passado, é aquilo que já foi um dia, que aconteceu e já não é e já não volta.

A primeira modalidade de expressão de “a última temporada” tem os dois pés bem vincados no presente, ao passo que a segunda modalidade de expressão de “a última temporada”, tem a cabeça lá trás, no passado. A primeira é aqui e agora sem referências ao passado, a não ser enquanto lógica linguístico-temporal: se esta é a última é porque teve outra ou outras antes desta. Estas duas “últimas temporadas”, uma que nos mostra a consciência do fim eminente e, a outra, que nos mostra uma anterioridade melhor do que o presente, o aqui e agora, é aquilo de que trata, e muito bem, este livro. Estamos literalmente entre a espada e a parede. A parede é o passado atrás de nós que não nos deixa fugir para o tempo bom, recuar até ele, e a espada é aquilo que aqui e agora nos ameaça, o presente prenhe de um futuro laminoso (e me perdoem o neologismo). De

outro modo, e me fazendo de sujeito do livro, passo a dizer: eu entendi que é aqui e agora, aqui onde estou, a última temporada, esta é a minha vida e já nada mais me resta até ao fim senão ir sofrendo cada vez mais, declinando lentamente e estar exposto a todas e mais algumas intempéries usando a técnica e a ternura; por outro lado, ficamos também conscientes de que a temporada passada, a da adolescência, a da juventude é que foi boa e não esta aqui e agora, que se mostra como sendo a última, a última dança. Podemos ler à página 30, nos versos finais do poema “procela”, o seguinte: finis terrae a praia prometida o barulho das folhas ilusório verão Ilusório verão E é como acaba o poema: ilusório verão. Precisa de explicações, ilusório verão? E “procela”, que diz tempestade no mar, precisa de explicações? Mar esse que não é só a vida, é também aqui a vida de um poeta. Aliás, no poema podemos ler estes belos versos, preciosos, testemunhais: há um mar em Camões há um mar em Pessoa Mas querem ver o gume mais afiado da espada que aponta o peito do poeta, esse presente prenhe de futuro de que falámos atrás? Escutemos então, e vejamos como a vida humana só pode ser pior a cada dia que passa, pelo extenso verso com que termina “o baile”: eu sou o medo do dia em que haverei de abraçar o corpo frio de meu pai Há, contudo, vários outros medos que o poeta afirma ser, antes desse medo último, derradeiro. Medo que é também o meu. Medo que causa um arrepio pela existência acima! Mas passemos então agora, e sem demoras, ao centro do vulcão deste livro, aos poema “a primeira rebentação”, e aos seus oito versos finais, e ao poema “em algum lugar”. Comecemos pelo primeiro destes poemas: éramos invisíveis e o que não entendo, minha adorada, enquanto seguem a quebrar as ondas sonoras na praia deserta do presente

Paulo José Miranda

é quem foram aquelas criaturas que ressurgiram das águas Sim, quem foram aqueles que fomos? Quem éramos nós, que já não estamos aqui? Como é possível haver outros agora ali fazendo de nós? Onde é que fomos parar, que não nos reconhecemos senão naqueles que não somos? Mas o abismo inultrapassável destas modalidades de últimas temporadas, assume a sua expressão mais pungente no poema dedicado a Sérgio Fischer, denominado “em algum lugar”, e que nos leva a um hospital de uma qualquer parte do mundo e à temporada derradeira de alguém (presumivelmente o amigo a quem o poema é dedicado). Leia-se uma vez mais os oito versos finais de um poema, desta feita os versos finais de “em algum lugar”: lá dentro atrás da porta verde está o amigo que um dia amamos, lá está o patrimônio de tantos almoços e cafés na juventude lá estará o tempo de um telefone mudo à cabeceira Repare-se na fantástica transformação do espaço em tempo através do advérbio de lugar “lá”. Começa por dizer o poeta, com uma locução adverbial de lugar, “lá dentro”; lá dentro onde a morte já se instalou e o amigo passa a ser “antes”, através do verso “está o amigo que um dia amámos”. “Um dia”, aqui, é o mesmo que antes, que é o mesmo que nada, pois aquilo que começa por parecer nos colocar num lugar, “lá”, passa a “um dia” e “um dia” passa a nada, através dos penúltimo e último verso “lá estará o tempo” e “um telefone mudo à cabeceira”. O tempo, visto como um telefone mudo à cabeceira, é o perto mais longe do mundo. E ficámos a saber que um telefone que não toca é o tempo mudo. O tempo mudo é o inferno. Assim, e de modo magistral, a vida humana passa de espaço a tempo, de um lugar preciso para um tempo passado e de um tempo passado a nada, esse substantivo aterrador por excelência. Não podemos deixar de focar a precisão impressionante da forma verbal onde o tempo vai aparecer e transformar o dia em nada: “estará”! No futuro está o nada. No futuro está aquilo que já não somos, onde poeta e amigo são uma e a mesma coisa: lá dentro, um dia, estará o tempo; todos nós vendo a morte de alguém e sendo vistos pelas lágrimas de outrem. O futuro não tem temporada.


14 (F)UTILIDADES TEMPO

hoje macau terça-feira 9.8.2016

?

AGUACEIROS

O QUE FAZER ESTA SEMANA Hoje

INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO DE TRÊS ARQUITECTOS DE MACAU Albergue SCM, 18h30

MIN

27

MAX

31

HUM

75-95%

EURO

8.85

BAHT

EXPOSIÇÃO “NEIGHBOURHOOD”, DE LAURA CHE Creative Macau (até 20/08) EXPOSIÇÃO “ROSTOS DE UMA CIDADE – DUAS GERAÇÕES/QUATRO ARTISTAS” Museu de Arte de Macau (até 23/10) EXPOSIÇÃO “MEMÓRIAS DO TEMPO” Macau e Lusofonia afro-asiática em postais fotográficos Arquivo de Macau (até 4/12)

O CARTOON STEPH

EXPOSIÇÃO “DINOSSAUROS EM CARNE E OSSO” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) EXPOSIÇÃO “CNIDOSCOLUS QUERCIFOLIUS” - ALEXANDRE MARREIROS Museu de Arte de Macau (até 31/07) EXPOSIÇÃO “COLOR” 2016 Centro de Design de Macau

SOLUÇÃO DO PROBLEMA 54

PROBLEMA 55

UM DISCO HOJE

Cineteatro

C I N E M A

SALA 1

14.30, 16.30, 19.30

FALADO EM CANTONÊS Filme de: Mike Thurmeier, Galen Chu 14.15, 16.00, 19.30

ONE PIECE FILM GOLD [B]

ICE AGE: COLLISION COURSE [A]

ICE AGE: COLLISION COURSE [3D] [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Mike Thurmeier, Galen Chu 17.45

BOUNTY HUNTERS [B] FALADO EM CANTONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Filme de: Shin Terra Com: Lee Min Ho, Chung Hon Leung, Tang Yan, Karena Ng 21:30 SALA 2

DORAEMON: BIRTH OF JAPAN [A] FALADO EM CANTONÊS Filme de: Shinnosuke Yakuwa

FALADO EM JAPONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Eiichiro Edo 21:30

SUDOKU

DE

EXPOSIÇÃO “EDGAR DEGAS – FIGURES IN MOTION” MGM Macau (até 20/11)

EXPOSIÇÃO “PREGAS E DOBRAS 3” DE NOËL DOLLA Galeria Tap Seac (até 09/10)

1.19

AS BAGAS GOJI

EXPOSIÇÃO “THE BULILIT (LITTLE) ARTIST OF MACAU”, DE MICHAEL ANGELO CABUNGCAL Fundação Rui Cunha (até 15/08)

EXPOSIÇÃO “O PINTOR VIAJANTE NA COSTA SUL DA CHINA” DE AUGUSTE BORGET Museu de Arte de Macau (até 9/10)

YUAN

AQUI HÁ GATO

Diariamente

ESCULTURA “LIGAÇÃO COM ÁGUA” DE YANG XIAOHUA Museu de Arte de Macau (até 01/2017)

0.22

Ontem fui a um supermercado para humanos e o encontro de culturas voltou a surpreender-me. Vi uma senhora portuguesa que levava bagas goji no carrinho, como se fosse o alimento mais normal na gastronomia portuguesa. Atrás dela uma senhora perguntou: “costuma comer? Já existe em Portugal.” Sim, existia. As bagas goji, aquelas pequenas sementes vermelhas tão tradicionais na medicina tradicional chinesa, e também na gastronomia, já existem em Portugal vendidas a peso de ouro. Fazem já parte dos roteiros gastronómicos gourmet e das dietas detox, por tão bem fazerem ao corpo e por serem excelentes fontes de proteína vegetal. Por um breve momento, as bagas goji serviram como mais um exemplo do encontro das culturas portuguesa e chinesa. Os olhos da senhora macaense brilharam quando a portuguesa lhe disse que já se comiam bagas goji em Portugal. Depois, falou-se de Macau e das praias do Algarve, tão cheias nesta altura do ano, tão belas. No final, a senhora macaense disse: “as bagas goji fazem muito bem aos olhos, mas tem de as passar por água até que esta deixe de ficar vermelha”. A portuguesa agradeceu o aviso e sorriu. Aos olhos dos portugueses o que é chinês continua a suscitar uma imensa curiosidade e, quiçá, uma ou outra ponta de mistério. Os chineses, esses, ficam felizes.. Pu Yi

“SO LONG MARIANNE” (LEONARD COHEN)

Marianne Ihlen foi musa e companheira de Leonard Cohen. Depois de se conhecerem na Grécia em tempos de boémia mantiveram uma relação que inspirava muitos dos temas do poeta, músico e escritor canadiano. Marianne Ihlen morreu a semana passada, mas o seu nome ficou eternizado numa das mais bonitas canções de Cohen e deu o mote para uma colectânea que reúne temas de sempre. “So long Marianne”, o disco que conta com a voz ainda jovem de Leonard Cohen a entoar outros temas como “Who by Fire”, “Suzanne” ou “Diamonds in the mine”. Sofia Mota

SALA 3

THE SHALLOWS [C] Filme de: Jaume Collet-Serra Com: Blake Lively, Óscar Jaenada, Brett Cullen, Sedona Legge 14.15, 18.05, 19.45, 21.30

ONE PIECE FILM GOLD [B] FALADO EM JAPONÊS, LEGENDADO EM CHINÊS Filme de: Eiichiro Edo 15.50

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Julie O’Yang; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Paulo José Miranda; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau terça-feira 9.8.2016

OPINIÃO

GASTÃO CRUZ* in Público

R

EABRIU, porventura com redobrada intensidade, a (felizmente) nunca fechada querela acerca do chamado “acordo ortográfico”. Importa começar por dizer que a alteração às normas da escrita do português que dá por esse nome é uma aberração injustificável, assente em equívocos provenientes de uma notória falta de ponderação e de uma gritante insensibilidade linguística. É, evidentemente, por isso que tantos escritores recusam ter em conta o rol de incongruências que compromete e invalida essa proposta nova forma de escrever português. Chamando as coisas pelos seus nomes, é uma completa irresponsabilidade que os políticos (de vários sectores) persistam em defender tamanha aberração, ou, como fez, há dias, numa entrevista, o meu velho amigo e excelente poeta Luís Filipe Castro Mendes, assumam uma atitude de ligeireza e quase indiferença perante a medonha agressão que o “Acordo” representa. A questão do chamado “acordo ortográfico” consiste, essencialmente, no facto de ele ser uma completa inutilidade, que desfigura desnecessariamente o português escrito, em nome de um suposto objectivo cujo ponto de partida não passa do erro gerado por um entendimento absurdo do que faz divergir os diferentes usos da língua. A que se destinariam, então, as alterações agora introduzidas na nossa grafia, tal como ela tem existido desde 1945? O “objectivo” seria, segundo se afirma, “a unificação da ortografia do português em todo o espaço lusófono”. A pretensa necessidade de aproximação colocar-se-ia, sobretudo, entre as duas variantes ortográficas principais, as utilizadas em Portugal e no Brasil. O que foi feito assenta na suposição errónea de que as diferenças entre o português europeu e o sul-americano são fundamentalmente ortográficas, quando sabemos bem que a separação maior dessas duas vertentes não reside no domínio da ortografia, e sim nos planos vocabular e sintáctico. Nenhum brasileiro, alguma vez, deixou de entender um texto oriundo de Portugal, por causa da grafia usada até há pouco (e que continua a ser utilizada por muitos, entre os quais me incluo), assim como nenhum português jamais encontrou qualquer especial dificuldade, por causa das diferenças gráficas, em apreender o que tenha sido escrito de acordo com as normas vigentes em terras brasileiras. Poderei, a simples título de exemplo, citar um caso que me parece representativo de diferenças de outra ordem, que não a ortográfica, entre as duas vertentes da língua.

JOSÉ LEITÃO DE BARROS, CAMÕES

O injustificável acordo orto(?)gráfico

Encontrei, em dado momento, uma notícia publicada no jornal O Globo, com o curioso título “Jornalista preso por grampos”. Era na altura em que muito se falava dos escândalos do jornal britânico The Sun, quando vários jornalistas foram acusados de fazer escutas telefónicas, ilegítimas, evidentemente. Lendo o artigo, percebia-se facilmente o que a frase “jornalista preso por grampos” significava: é claro que os “grampos” eram as tais “escutas telefónicas”, que teriam levado à prisão do jornalista em causa. Mostrei esta frase a várias pessoas, que, sem conhecerem o texto da notícia, não conseguiram interpretá-la, imaginando talvez que o jornalista teria sido pendurado com molas, numa corda, como roupa a secar. Na verdade, nenhum acordo ortográfico poderá impedir estas barreiras semânticas, assim como, no domínio da construção frásica, nenhum brasileiro deixará de dizer “Me diga”, onde os portugueses dizem “Diga-me”; e também não vale a pena supor que, algum dia, algum brasileiro escreva ou, menos ainda, diga “Dar-te-ei”, “Far-me-ás” e outras conjugações pronominais como estas. Tanto no plano vocabular como no da construção frásica, as diferenças são, como se sabe, múltiplas e enormes. Alguém já

A questão do chamado “acordo ortográfico” consiste, essencialmente, no facto de ele ser uma completa inutilidade

se preocupou em fazer um “acordo” para essas áreas? É claro que não: toda a gente sabe que isso seria estúpido e inútil, tão estúpido e tão inútil como o chamado “acordo ortográfico”, que não se entende como não foi ainda completamente e definitivamente afastado das nossas vidas, continuando, pelo contrário, a espreitar-nos e a assombrar-nos, em cada esquina televisiva e em vários periódicos de estimação (e saúdo, naturalmente, os que não se submeteram a essa prática aberrante). As alterações que o acordo estipula vão, em geral, contra a etimologia das palavras: são, evidentemente, entre muitos outros, os casos de “actor” ou de “espectador”, que, perdendo-o agora em português, conservam o “c” em várias das línguas de origem latina, o mesmo acontecendo com “espectro”, por exemplo – o que sucede até em inglês, que tem, como sabemos, uma ampla raiz latina. Para os escritores, em particular, essas mudanças implicam também uma perda de sensibilidade linguística, já que descaracterizam as palavras, despojando-as de traços inalienáveis da sua natureza filológica, com tanto peso na imagem gráfica respectiva. É óbvio que, para dar como exemplo um caso frequentemente referido, a aberrante grafia “espetador”, aproximando o vocábulo do verbo “espetar”, é uma monstruosidade que choca quem tiver um mínimo daquela sensibilidade linguística que mencionei. Não posso deixar de referir, muito rapidamente, o facto de, entre muitos outros casos semelhantes, “espectador”, “recepção”, “óptico”, manterem, na grafia brasileira, respectivamente, o “c” e os “p”, enquanto em Portugal eles são absurdamente eliminados. Não se destinava o acordo a “unificar a

ortografia em todo o espaço lusófono”?! É assim que a unificação é feita? O que justifica a supressão dessas consoantes, se, em vez de aproximar, ela afasta as duas grafias? Terminarei com mais um significativo caso, elucidativo, a meu ver, da insensatez, ou, talvez mais exactamente, da incompetência linguística, dos responsáveis pela elaboração do “acordo”: ao abolirem o “p” nas palavras “óptica” e “óptico”, relacionadas com a visão, estabelecem uma confusão absoluta entre esse fenómeno e o fenómeno acústico, uma vez que o vocábulo “ótico”, que, obviamente, já tinha esta grafia, se tornou indistinto do outro “óptico”, o visual. Em Outubro de 1958, o número 3 dos Cadernos do Meio-Dia, dirigidos por António Ramos Rosa e Casimiro de Brito e publicados em Faro, abria com um poema de Emiliano da Costa, intitulado “Quiasmas”, cuja base era, precisamente, um jogo entre o “óptico” visual e o “ótico” auditivo. Eis o curto poema: “Num cruzamento fibrilar, neurótico, / Feito de som e luz, de luz e som, / Ouvi-me, dentro, vi-me um orfeom, / Eu, todo sensorial – um ótico-óptico. // Como é belo ouvir, / Ouvir tua voz, / Depois teu olhar / Ver dentro de nós! // Tecidas por mim, / Tecidas em cruz, / Fibras sensoriais / De ver e de ouvir. / – Óticas de som. / – Ópticas de luz.” Com o chamado “acordo ortográfico”, este poema não poderia existir. Termino, apelando ao Presidente da República, ao Primeiro-Ministro, ao Ministro da Cultura, para que reabram este processo, no cumprimento do dever cultural que é a defesa das raízes e das características linguísticas e filológicas do português. *Poeta, crítico literário e encenador


O nosso abraço era tão esquecido de tudo, / Tão perfeito, / Tão Completo, / Que nem sequer se lembrava de nós”

José Maria Rodrigues

CAPITAL ESTATE PONDERA ACÇÃO JUDICIAL POR TERRENO

Esperas eternas

A

empresa Capital Estate, de Sio Tak Hong, assegurou ontem que estava à espera de autorizações do Governo para avançar com a construção no terreno da empresa em Ká Hó, recuperado no mês passado. Tal como o HM tinha avançado a 28 de Julho, o terreno recuperado foi adjudicado à Sociedade de Investimento e Indústria Sun Fat, uma subsidiária quase total da Capital Estate, do empresário local. O terreno tem mais de dez mil metros quadrados e fica na Estrada Nossa Senhora de Ká Hó, em Coloane. Ao que o HM apurou na altura, os lotes foram concessionados na década de 1980, sendo que os terrenos foram pedidos inicialmente para a construção “de uma unidade siderúrgica para reaproveitamento de chapas e outros materiais de aço, incluindo escritórios, estacionamento e armazenagem”. Foi depois pedida a mudança de finalidade e, em 2012, a empresa terá entregue um projecto de arquitectura para a construção de seis casas, ainda que já tivesse demonstrado intenção de lá construir 46 moradias de luxo.

BECO SEM SAÍDA

Agora, num comunicado enviado ontem à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Capital Estate diz lamentar a decisão do Executivo, de quem,

A

PUB

Sociedade de Jogos de Macau (SJM), fundada pelo magnata do jogo Stanley Ho, anunciou ontem uma queda de 38,7% dos seus lucros no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2015. Num comunicado ontem divulgado, a SJM refere que no primeiro semestre teve lucros de 1.097 milhões de dólares de Hong Kong. As receitas dos casinos da SJM caíram 20,7% entre Janeiro e Junho, para 20.884 milhões de dólares de Hong Kong, revelou a empresa. O EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) situou-se nos 1.634 milhões de dólares de Hong Kong, menos 27,8% do que no ano passado).

“Pedimos aprovação em Maio de 2007 e submetemos um plano para construção em Novembro de 2007. (...) Até agora, a aprovação não foi conseguida. E sem essa aprovação a terra não pode ser desenvolvida”

frisa ainda, nunca recebeu autorização para construção. “Pedimos aprovação em Maio de 2007 e submetemos um plano para construção em Novembro de 2007. Em 2012, fizemos uma revisão do plano, para construir antes moradias de luxo de baixa densidade, em menos espaço, na esperança de conseguirmos uma aprovação rápida para o espaço residencial.Até agora, a aprovação não foi conseguida. E sem essa aprovação a terra não pode ser desenvolvida”, pode ler-se. O Governo indicava no despacho do mês passado que o prazo de arrendamento expirou em 2 de Março de 2014 sem qualquer aproveitamento. A empresa diz ter recebido a notícia a 4 de Agosto e estar a preparar-se para eventuais processos em tribunal. “Estamos desapontados com a decisão e estamos à procura de aconselhamento legal sobre os passos que podemos dar nestas circunstâncias. O anúncio não terá um grande impacto na operação diária da empresa, mas poderão existir perdas que vão fazer afectar [a empresa].” Para já, a Capital Estate não tem números concretos, mas fala na possibilidade de perdas de 60 milhões de dólares de Hong Kong só pelo valor da terra. Sio Tak Hong é delegado de Macau à Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e membro do Conselho Executivo da RAEM, sendo ainda fundador-presidente da Associação dos Conterrâneos de Kong Mun de Macau. A empresa tem 15 dias para apresentar um recurso da decisão em tribunal. Joana Freitas

Joana.freitas@hojemacau.com.mo

COMUNICADO DA CAPITAL ESTATE

Semestre descendente SJM com quebra de 38,7% nos lucros

O grupo diz que as receitas do jogo VIP (grandes apostadores) caíram 28,5% e que as do jogo de massas desceram 11,5% nos primeiros seis meses do ano.

CONFIANÇA NO FUTURO

Citado no comunicado, o director executivo da SJM,Ambrose So, disse que “apesar de as condições desafiadoras persistirem” no mercado do jogo em Macau, “a SJM mantém a confiança no mesmo e o seu compromisso para com o futuro de Macau”. A empresa tem prevista a abertura do Grand Lisboa Palace, um

terça-feira 9.8.2016

novo ‘resort’ com casino, na ‘strip’ de Macau, para 2017. “Continuamos a fazer bons progressos na construção do nosso Grand Lisboa Palace, e por volta do fim do ano esperamos concluir a renovação do complexo Jai Alai,

assim como renovações importantes no ‘lobby’ e quartos de hotel no Grand Lisboa”, disse Ambrose So. As receitas brutas dos casinos de Macau caíram 4,5% em Julho, comparando com o mesmo mês de 2015, para os 17.774 mil milhões de patacas, segundo dados oficiais conhecidos ontem. Em termos acumulados, nos sete primeiros meses do ano, as receitas dos casinos de Macau, o maior centro de jogo do mundo, diminuíram 10,5% em relação ao mesmo período de 2015 (variação homóloga). Este foi o 26.º mês de quedas homólogas consecutivas nas receitas dos casinos de Macau, que são a fonte de mais de 80 por cento das receitas públicas da região e o pilar da economia local.

JONAS QUER FAZER MUITOS GOLOS

O brasileiro Jonas está muito motivado e realçou que pretende assinar mais uma temporada recheada de golos. «Foi importante fazer mais um golo, mais um título. Estamos todos de parabéns. É um título importante e que o Benfica há muito não ganhava», afirmou Jonas. O avançado brasileiro quer sempre ajudar o clube com golos. «Nas várias provas pensamos sempre no colectivo primeiro. O meu objectivo, como todos sabem, é fazer muitos golos. Muito feliz, mais um título e mais um golo, a equipa esteve muito bem.»

POLÍCIA BRITÂNICA DEU POR TERMINADA INVESTIGAÇÃO POR MADDIE

Depois de os últimos testes forenses, feitos há três meses, se revelarem inconclusivos, a polícia britânica deu por concluída a investigação forense para procurar Madeleine McCann. «Os últimos testes forenses foram feitos há três meses, mas infelizmente, não nos levaram a nenhuma conclusão. Não há planos para que seja feita mais investigação forense», revelou uma fonte ao Mirror. Segundo o Mirror, a operação Grange, lançada em Maio de 2005 pelo ex-primeiro-ministro David Cameron, custou à Scotland Yars 12 milhões de euros. Espera-se, de acordo com o jornal, que a investigação seja encerrada no Outono. Maddie desapareceu em Maio de 2007 num apartamento na Praia da Luz, no Algarve, quando a família estava de férias em Portugal.


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