DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ MOP$10SEXTA-FEIRA 9 DE SETEMBRO DE 2022 • ANO XXI • Nº5091 PUB PUB.PUB. PÁGINA 5 CHINA E RÚSSIA MAIS PRÓXIMAS PELA VIA MULTIPOLAR PEREIRA COUTINHO JURAMENTO É FORMALIDADE GRANDEPÁGINAPLANO4 U M A A B E L H A NA C H U V A. hojemacau HÁ 200 ANOS NASCIA EM MACAU O PRIMEIRO JORNAL DE TIPO MODERNO DO CONTINENTE CHINÊS
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LEI DA SEGURANÇA
nãoDinheirochega
Um estudo da Associação das Mulheres mostra que uma fatia considerável da população entende que a distribuição de dinheiro não chega. É que cerca de 65% das famílias viram os seus rendimentos severamente afectados. Contudo, o modo como se lidou com a pandemia merece uma aprovação quase geral.
2 grande plano 9.9.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo VLADISVOSTOK PEQUIM E MOSCOVO REFORÇAM A COOPERAÇÃO A via multipolar
A China irá reforçar a coo peração com a Rússia e trabalhar em conjunto com outros membros da comunidade internacional para impulsionar a multi polarização do mundo, afirmaram peritos chineses, no 7º Fórum Económico Oriental (FEO) que decorre em Vladivostok, Rússia. A Rússia também criticou duramente as sanções ocidentais por causa da crise da Ucrânia, uma vez que “causaram grandes danos a toda a gente em todo o mundo, incluindo ao seu próprio povo no Ocidente”.
O Presidente russo Vladimir Putin afirmou na quarta-feira no fórum que “o Ocidente está a falhar, o futuro está na Ásia. As nações ocidentais estão a prejudicar toda a gente, incluindo o seu próprio povo, numa tentativa de preservar o domí nio global que está a escorregar das suas mãos”, observou Putin. O pre sidente russo disse também que os esforços para isolar a Rússia foram em vão, fazendo a Rússia voltar-se em direcção à Ásia. O desenrolar da crise económica global foi de sencadeado por “elites ocidentais, que não reconhecem, ou mesmo não podem reconhecer, factos objetivos sobre as mudanças globais”, disse ainda o presidente russo. Os líderes dos EUA e seus aliados procuram preservar “a ordem mundial que só os beneficia, forçando todos a viver sob as regras, que eles inventaram e que eles quebram regularmente e mudam constantemente, depen dendo da situação”, observou Putin.
Face à oposição de nações que não se querem vergar à sua vontade, os EUA e os seus alia dos “atacam” e tomam decisões míopes que prejudicam não só os dissidentes, mas também as suas próprias nações, declarou Putin, referindo-se a um “crescente afas tamento” das elites ocidentais do povo comum.
Presença chinesa A China enviou ao FEO a maior delegação, com 205 representan tes, entre os quais Li Zhanshu, presidente do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular, que participou na sessão plenária do FEO na quarta-feira.
Wang Yiwei, director do Ins tituto de Assuntos Internacionais da Universidade de Renmin, disse na quarta-feira que “sob os enor mes impactos provocados pelas sanções e pela grande estratégia de competição de poder lançada pelos EUA e os seus aliados oci dentais, a necessidade e importân As políticas hegemónicas dos EUA e as sanções europeias aproximaram, de forma dramática, a China e a Rússia que, durante o 7º Fórum Económico do Oriente, revelaram ter aumentado em mais de 50% o seu volume de negócios. Um mundo multipolar e a “desdolarização” da economia global são pontos altos na agenda
O funcionário disse que “a Rússia acolhe favoravelmente os investi mentos da China, ao contrário dos EUA, que tratam tais investimentos de uma forma duvidosa e hostil”.
VLADIMIR PUTIN
Índia reforça antiga parceria com a Rússia
O Primeiro-Ministro indiano Narendra Modi apelou na quarta-feira para o refor ço da parceria da Índia com a Rússia, afirmando que o país apoia todos os esforços pacíficos para pôr fim à crise da Ucrânia. No seu discurso online no Fórum Económico Oriental, na presença de Vladimir Putin, Modi afirmou que a Índia tem vindo a enfatizar a necessidade de adoptar a via da diplomacia e do diálogo desde o início do conflito na Ucrânia. “Apoiamos todos os esforços pacíficos para pôr fim a este conflito”, disse o primeiro-ministro.Modidissetambém que a Rús sia pode tornar-se um parceiro im portante para a indústria siderúrgica indiana através do fornecimento de carvão e que havia margem para uma boa cooperação e mobilidade de especialistas. “Os especialistas indianos têm contribuído para o desen volvimento de muitas regiões do mundo. Acredito que o talento e o profissionalismo dos indianos podem trazer um rápido desen volvimento no Extremo Oriente russo”,Referindo-seacrescentou.àantiga dou trina da Índia “Vasudhaiva Kutumbakam”, Modi disse: “ensinou-nos a ver o mundo como uma família e, no mundo globalizado de hoje, os aconte cimentos numa parte do mundo criam um impacto global”.
cia da cooperação China-Rússia está a aumentar, e os dois países terão de trabalhar em conjunto para salvaguardar e reformar a ordem internacional, enquanto os EUA estão a tentar quebrar e remodelar uma para servir a sua hegemonia”. Um perito em relações inter nacionais baseado em Pequim, que pediu anonimato, disse que os EUA estão descontentes com a actual ordem internacional e globalização, uma vez que as elites de Washington acreditam que a actual ordem só beneficia as potências em ascensão, es pecialmente a China, enquanto enfraquece a hegemonia dos EUA, pelo que está a utilizar problemas regionais como a crise da Ucrânia e a tensão do Estreito de Taiwan para mobilizar os seus aliados e servir a estratégia dos EUA de conter a China e a Rússia, mas tem subestimado a resistência e a força dos seus concorrentes. “Mais importante ainda, igno rou os danos causados às pessoas em todo o mundo, como a terrível crise energética e alimentar, o que faz com que cada vez mais países se apercebam do perigo, incerteza e risco de uma ordem dominada pelos EUA, ou de um mundo unipolar. E é por isso que o tema do FEO este ano é “a caminho de um mundo multipolar”. Isto tem reflectido um consenso partilhado por cada vez mais países em todo o mundo”, observou o perito. multipolarizaçãoDesdolarização, Putin disse que a Rússia está a abandonar a utilização do dólar americano e da libra esterlina, uma vez que “os EUA minaram os alicerces do sistema econó mico mundial e as duas moedas perderam assim credibilidade”. O produtor russo de gás natural Gazprom e o maior produtor de petróleo chinês CNPC passarão a efectuar pagamentos em rublos e yuans para o fornecimento de gás à China, informou a TASS na terça-feira. Myanmar anunciou também na quarta-feira que está a comprar produtos petrolíferos russos em Especialistasrublos.disseram que a mudança por parte das empresas energéticas russas e chinesas, quando totalmente implementada, irá retirar uma grande parte do comércio internacional de energia do sistema de pagamento interna cional baseado no dólar. Além disso, o ambiente actual, com os países do Grupo dos Sete (G7) a tentar limitar o preço das exportações petrolíferas russas e uma mudança temporária no cabaz energético global para combustí veis fósseis, está previsto um au mento das importações de energia russa por parte da China, disse Jin Lei, professor da Universidade do Petróleo da China. Cooperação de grande sucesso A China é o principal investidor e o maior parceiro comercial do Extremo Oriente russo. Em 2021, o comércio com a região cresceu 28% para 14 mil milhões de dólares, e 54 projectos de investimento chinês, com um investimento total de 14,7 mil milhões de dólares, foram utili zados em infra-estruturas, energia, agricultura ou sectores relacionados com a rota marítima do Árctico. Alex Cao, um empresário chi nês participante no fórum, disse que o FEO reúne os chefes de quase todas as grandes empresas russas e é uma plataforma importante para a sua empresa desenvolver laços comerciais.Devidoao aumento da coope ração financeira entre a China e a Rússia no contexto actual, Cao tenciona assinar uma série de acor dos financeiros com bancos russos para alimentar o desenvolvimento da sua empresa agrícola. A cooperação financeira bi lateral tem registado progressos nos últimos meses à medida que a utilização do yuan continua a expandir-se na Rússia. Grandes empresas russas, incluindo a maior mineradora de ouro russo PJSC Polyus e a empresa russa de alumínio Rusal emitiram obri gações denominadas em yuans no mercado russo, à medida que os actores do mercado russo exploram o yuan como uma alternativa ao dólar americano e ao euro.
O comércio da China com a Rússia aumentou 31,4% de Janeiro a Agosto para 117,2 mil milhões de dólares, dados da Administração Geral das Alfândegas da China divulgados na quarta-feira. As importações da China da Rússia aumentaram 50,7 por cento, atin gindo 72,95 mil milhões de dólares durante o período referido.
O ministro russo acrescentou que estes números são a confirmação do trabalho conjunto entre a Rússia e a China em muitas áreas, incluindo a resolução de problemas de expor tação e importação e a garantia do fornecimento ininterrupto de merca dorias e da circulação sem entraves de mercadorias através de postos de controlo fronteiriços, apesar das actuais restrições da COVID. A pressão das sanções ocidentais obrigou a Rússia a intensificar os seus esforços para lançar novas fábricas e empresas, disse Evgeny Markin, director executivo do Conselho Em presarial Russo-Chinês . Os projectos conjuntos na esfera da construção de novas fábricas e empresas estão entre as áreas mais importantes, disse Markin. Um funcionário do Ministé rio dos Negócios Estrangeiros russo disse na quarta-feira que a Rússia e a China estão a explorar 79 negócios que poderão ascender a um montante total de 160 mil milhões de dólares.
“O conflito na Ucrânia e a pandemia da COVID têm tido um grande impacto nas cadeias de abastecimento globais. A escassez de grãos alimentares, fertilizantes e combustíveis é uma grande preocupação para os países em desenvolvimento. Desde o início do conflito na Ucrânia, temos sa lientado a necessidade de seguir o caminho da diplomacia e do diálo go”, afirmou. Apelando a esforços pacíficos para pôr fim ao conflito, Modi disse que a Índia também se congratula com o recente acordo relativo à exportação segura de cereais e Recordandofertilizantes.asua participa ção física na cimeira do fórum em 2019, Modi disse que a Índia tinha anunciado a sua política “Act Far-East” nessa altura e, como resultado disso, a coope ração da Índia com o Extremo Oriente russo aumentou em vários campos. “Esta política tornou-se agora um pilar funda mental da ‘Parceria Estratégica Especial e Privilegiada’ entre a Índia e a Rússia”, acrescentou. “Este mês, 30 anos estão a ser completados desde a criação do Consulado da Índia em Vladivos tok. A Índia foi o primeiro país a abrir um consulado nesta cidade. Desde então, esta cidade tem sido testemunha de muitos marcos na nossa relação”, acrescentou ele. Modi disse ainda que o fórum, estabelecido em 2015, tornou -se um importante fórum global para a cooperação internacional no desenvolvimento do Extremo Oriente russo. “Por isto, aprecio a visão do Presidente Putin e também o felicito”, disse ele. Ao falar sobre o Corredor Internacional Norte-Sul, o Cor redor Marítimo Chennai-Vladi vostok e a Rota do Mar do Norte, Modi disse: “A conectividade desempenhará um papel impor tante no desenvolvimento das nossas relações no futuro”. “A Índia está interessada em reforçar a sua parceria com a Rússia em questões relacionadas com o Árc tico. Existe também um imenso potencial de cooperação no domí nio da energia. Juntamente com a energia, a Índia também tem feito investimentos significativos no Extremo Oriente russo nas áreas da farmácia e dos diamantes”, concluiu.
O FEO já assistiu ao registo de mais de 150 negócios no valor de 1,53 biliões de rublos. O fórum foi estabelecido pelo decreto do Pre sidente Putin em 2015 para apoiar o desenvolvimento económico do Extremo Oriente russo e para ex pandir a cooperação internacional na região Ásia-Pacífico.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi quer mais trocas de bens, serviços e pessoas
“O Ocidente está a falhar, o futuro está na Ásia. As nações ocidentais estão a prejudicar toda a gente, incluindo o seu próprio povo, numa tentativa de preservar o domínio global que está a escorregar das suas mãos.”
O Ministro do Desenvolvi mento Económico russo Maxim Reshetnikov disse aos jornalistas que se espera que o comércio entre os dois países atinja um máximo histórico de 170 mil milhões de dólares até ao final do ano, no bom caminho para atingir o objectivo declarado de aumentar o volume de negócios comerciais para 200 mil milhões de dólares até 2024.
“A necessidade e importância da cooperação China-Rússia está a aumentar, e os dois países terão de trabalhar em conjunto para salvaguardar e reformar a internacional.”ordem WANG YIWEI DIRECTOR DO INSTITUTO DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS DA UNIVERSIDADE RENMIN grande plano 3sexta-feira 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo
SEGURANÇA NACIONAL COUTINHO DIZ “MERA FORMALIDADE”
APESAR das dificuldades eco nómicas, Chan Meng Kam apelou à confiança da população e mostrou-se convicto que o futuro vai ser risonho para o território. As declarações foram citadas pelo Jornal do Cidadão, como reacção à promessa do Governo Central, através de Xia Baolong, do estudo e implementação de medidas para promover a diversificação e de senvolvimento da economia local. O empresário e ex-membro do Conselho Executivo reco nheceu que nos últimos três anos a população foi afectada pelo impacto da pandemia, com a emergência de vários desafios a nível económico e social. No entanto, apelou à confiança em Macau e no Chefe do Executi vo que afirmou ser “o chefe da família” que vai fazer com que todos avancem resolutamente e de forma unida, para enfrentar e ultrapassar as dificuldades. As palavras fazem eco do discurso de Xia Baolong, que também tinha pedido união à volta de Ho Iat ChanSeng.Meng Kam argumentou ainda que Macau tem o apoio do Governo Central, como prometi do pelo chefe do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau do Conselho de Estado, o que vai a levar às melhorias da condição de vida.Como prova da confiança, o empresário e proprietário de vários casinos-satélite recordou que desde a transferência de soberania, Macau atravessou muitas dificuldades, como a crise da SARS, crise financeira e vários tufões, mas que conseguiu sair por cima. Por isso, Chan Meng Kam defende que não há razão para que o mesmo não suceda desta vez, e assegurou que o Governo de Ho Iat Seng vai produzir esses resultados, contando que a população se mantenha unida.
JOSÉ Pereira Coutinho, deputado e presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Macau, encara como “uma mera formalidade” a obrigação de os funcionários públicos prestaram juramento de lealdade à Lei Básica e à ARAEM.reacção do legislador surge na sequência da notícia de que os trabalhadores da administração pública terão de prestar um jura mento ao abrigo da lei revista de segurança nacional, que se encontra neste momento em fase de consulta pública. Em declarações à TDM –Rádio Macau, o representante do sector caracterizou à obrigação como “normal” e algo “que também existe noutras jurisdições”, desde que sejam respeitados os direitos fundamentais dos cidadãos, nomea damente a liberdade de expressão. “Não vejo nada de especial. Eu próprio, como deputado, aquando das últimas eleições também preen chi um formulário desta natureza e que não tem, em princípio, nada relevante que ponha em causa a minha posição como deputado na Assembleia Legislativa”, acrescen tou Pereira Coutinho.
O S médicos especia listas do território vão ter a possibi lidade de realizar estágio em Pequim Peking Union Hos pital. Este acordo entre a RAEM e a unidade hospita lar do Interior foi revelado ontem, após uma reunião da Comissão para o Desen volvimento Estratégico do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College/Hospital de Macau. Segundo o comunica do que saiu da reunião de quinta-feira, onde esteve presente Ho Iat Seng, “os médicos de Macau terão oportunidades de se deslo carem a Pequim para fazer um estágio no Peking Union Hospital”. A formação vai permitir que os médi cos especialistas tenham “acesso a mais casos di fíceis e graves”, de forma a poderem “elevar o nível profissional”.
ECONOMIA CHAN MENG KAM PEDE CONFIANÇA NO CHEFE
QUE JURAMENTO É
4 política 9.9.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo
HOSPITAL DA ILHAS MÉDICOS DE MACAU PODEM ESTAGIAR NO PEKING UNION
Esta é uma das três tare fas que Ho Iat Seng atribuiu à comissão e que devem ser concluídas a tempo da entrada em funcionamento do novo Hospital das Ilhas. Em relação à segunda tarefa foi divulgado que “o Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College Hospital/Hospital de Macau (Centro Médico de Macau) irá injectar novos elementos e trazer novas tecnologias” para território. A aposta do Governo na inovação tecnológica tem em vista a “expansão do mercado de cuidados de saúde” no território e “o impulsionamento do de senvolvimento da indústria de saúde”.Hoapelou ainda para que tudo seja conduzido com eficiência. “Espera-se que a Comissão se empenhe em to dos os trabalhos, agarrando o tempo para garantir que os trabalhos de construção, da aquisição de equipamentos de grande envergadura, da chegada da equipa de pes soal especializada de Peking Union Hospital e do plano de serviços clínicos sejam concluídos, de forma efi ciente, de acordo com a calendarização prevista”, desejou.
Oportunidades a norte
Como forma de preparar o funcionamento do Hospital das Ilhas, a Comissão para o Desenvol vimento Estratégico do Centro Médico de Macau do Peking Union Medical College/Hospital de Macau vai promover estágios para clínicos especialistas na c apital
doMissõesGoverno Central Por sua vez, Zhao Yupei, pre sidente da Comissão, destacou no discurso de tomada de posse que “o Centro Médico de Macau é um importante projecto de cooperação”, e que o Peking Union Hospital re cebeu orientações da Comis são Nacional de Saúde para “apoiar o desenvolvimento da indústria de saúde” em Macau. Zhao prometeu também que no futuro os membros da comissão vão “contri buir para a promoção dos trabalhos preparatórios do novo hospital e elevar o nível dos serviços de saú de da RAEM”. Outro dos objectivos passa ainda por transformar o novo hospital num centro médico regional com sede em Macau focado na Grande Baía de Guang dong-Hong Kong-Macau e no Sudeste Asiático. Segui das estas prioridades, Zhao apontou ainda a “melhoria do nível de saúde da população”. João Santos Filipe Os estágios vão ser realizados para permitir que os médicos especialistas tenham “acesso a mais casos difíceis e graves”
CRISE QUASE 40% SENTEM QUE APOIOS ECONÓMICOS SÃO INSUFICIENTES
Numa sessão de apresenta ção dos resultados do estudo da Associação Geral das Mulheres de Macau, que contou com a participação da deputada Wong Kit Cheng, foi lançado o apelo ao Governo para fazer um ba lanço dos trabalhos até agora e melhorar onde for possível, além de criar mais meios de comunicação com a população e ser mais eficaz. Quanto aos apoios econó micos, foi pedido ao Executivo que distribua mais dinheiro, num novo apoio ao consumo de 10 mil milhões de patacas, mas também com o pagamento das contas de primeira necessidade, como gás, electricidade ou internet. No mesmo sentido foi ainda pedido que seja criado um subsídio para atribuir às famílias com pessoas que não são autónomas, de forma a fazer face às despesas e permitir que os elementos do agregado possam trabalhar. João Santos Filipe Numa escala até 10, os inquiridos avaliaram com 8,04 pontos as medidas adoptadas para controlar a pandemia
Semana Dourada Pequim pede que se evitem viagens As autoridades de saúde chinesas apela ram ontem aos cidadãos do Interior que evitem viajar durante a Semana Dourada, feriados de celebração da Implementação da República Popular da China. As declara ções foram feitas ontem por Wu Liangyou, representante da Comissão Nacional de Saúde, em conferência de imprensa, que justificou o apelo com a necessidade de evitar que surjam correntes de transmis são do novo tipo de coronavírus.
BRANQUEAMENTOAO
CONCURSO PÚBLICO DEPUTADO PEDE PENALIZAÇÕES PARA EMPRESAS
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política 5sexta-feira 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo
Milagres inconsequentes
Um consideradaqueMulheresAssociaçãoconduzidoinquéritopeladasmostraumapartepopulaçãoosapoios
Controlo pandémico aprovado Porém, quanto à avaliação das medidas de controlo da pandemia, os inquiridos mostram-se muito satisfeitos com os procedimentos adoptados, pelo Governo de Ho Iat Seng. Numa escala até 10, os inquiridos avaliaram com 8,04 pontos as medidas adoptadas para controlar a pandemia.
ENTIDADES públicas e priva das devem cooperar mais para combater crimes de branquea mento de capitais e financiamento do terrorismo. Esta foi uma das ideias deixadas pela 9.ª Reunião Conjunta relativa à Prevenção e Repressão de Crimes Financei ros, organizada pelo Gabinete de Informação Financeira, que decorreu na quarta-feira e contou com cerca de 170 participantes, entre os quais directores e funcio nários responsáveis pelas funções de compliance dos bancos. O encontro “obteve resul tados frutíferos”, aponta uma nota oficial, e os participantes acordaram ainda que devem ser estabelecidas “medidas preven tivas mais eficientes de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo” a fim de conseguir “prevenir e com bater os crimes financeiros com a supervisão de diferentes serviços e instituições financeiras”, sempre com atenção “aos diferentes tipos de transacções financeiras”.
O GIF aponta ainda que, “nos últimos anos, a tendência rela tiva aos crimes financeiros são cometidos online”, pelo que as “transacções de capitais ilícitos estão a ser realizadas num modo extremamente rápido, dificultan do o trabalho de identificação dos suspeitos dos crimes e tornando a análise e a investigação ainda mais difícil”.
LEONG Hong Sai, de putado ligado à União Geral das Associações dos Moradores de Macau (Kai fong) defendeu ontem que o Governo deve melhorar o sistema de avaliação das propostas apresentadas nos concursos para obras públicas, para que seja criado um mecanismo de penalização de empresas que não cumprem critérios de qualidade ou outros exi gidos, com o prazo. Desta forma, quando concorre rem a concursos públicos, as empresas ou consórcios terão logo menos pontos do que as restantes candida tas. O deputado lembrou, citando investigações do Comissariado contra a Cor rupção, que se verificaram problemas em muitos pro jectos de habitação pública, com responsabilidades do empreiteiro.Porsua vez, Ho Ion Sang, eleito pela via indi recta, disse que na última sessão legislativa foram recebidos mais de três mil pedidos de ajuda nos gabi netes dos deputados ligados aos Kaifong, com 45 por cento sobre testagens em massa durante a pandemia, pedidos de apoio na área da saúde mental e questões so ciais. “Talvez os residentes não soubessem as informa ções sobre as medidas de prevenção da pandemia, porque, pela primeira vez, houve um surto comunitá rio de grandes dimensões”. Como exemplo, o de putado disse que muitos idosos não tinham telemó vel para marcar os testes de ácido nucleico, com os Kai fong prestado este apoio. Ho Ion Sang defendeu que o Governo deve disponibili zar mais medidas na área da saúde mental. O deputado Ngan Iek Hang, também presente na conferência de imprensa de ontem, pediu que o Governo lance o mais breve possível a nova ronda de apoios económicos, no valor de dez mil milhões de patacas.
insuficientes e que cerca de 65 por cento foi afectada com a perda de rendimentos C ERCA de 40 por cento da população considera que a ronda de 10 mil milhões de patacas em apoios financeiros não contribuiu para aliviar a pressão económica. A conclusão faz parte de um estudo elaborado pela Associação Geral das Mu lheres de Macau, com base num inquérito electrónico feito a 3.098 residentes, com mais de 18 anos. Segundo os dados indicados pelo Jornal do Cidadão, numa escala até 10, os apoios económi cos foram avaliados pelos 3.098 participantes no inquérito com uma média de 5,8 pontos. Entre os participantes, 40 por cento acha que os apoios não foram suficien tes, atribuindo uma classificação inferior a 5 pontos. Ao mesmo tempo, 65 por cento dos participantes reconheceram que durante o período da pande mia os seus rendimentos foram seriamente afectados, com uma “grande redução”, que faz com que sintam que actualmente não ganham o suficiente.
Um segmento particularmente afectado pela situação económica do território implica os agregados familiares com pessoas dependen tes, como idosos, ou outros que não conseguem ser autónomos. Enquanto que, antes da pandemia, as famílias conseguiam trabalhar e ter rendimen tos para pagar cuidadores, agora têm de optar por se despedir e tomar conta dos familiares dependentes. Estas situações contribuem para aumentar a pressão no seio das famílias.
SANTOSRÓMULO
Recuperar a mente perdida
DEGABINETELIGAÇÃO EDUCAÇÃODEFENDIDA DE
Odirector do Gabinete de Ligação do Governo Cen tral na RAEM, Zheng Xincong, visitou o Colégio Santa Rosa de Lima – Secção Chinesa e a Escola Kao Yip e desafiou as escolas a aprofundar a educação que estimule o amor ao Partido Comunista Chinês e à pátria. O responsável defendeu que por essa via, o sector educativo deve assumir um papel de liderança que promova o enraizamento de sentimentos patrióticos nos corações dos jovens. Segundo um comunicado pu blicado no website do Gabinete de Ligação, Zheng Xincong in centivou as escolas a melhorarem a qualidade do ensino e reforça rem a formação de professores. Dirigindo-se directamente às estudantes da Secção Chinesa do Colégio Santa Rosa De Lima, Zheng Xincong reconheceu o papel da escola na formação e no crescimento das alunas, espera do que herdem orgulhosamente a cultura chinesa e formem as mulheres da nova era. Em relação à Escola Kao Yip, o director reconheceu a insistência do conceito de ensino que busca o caminho da educação local e internacional e desafiou os estudantes a não terem medo de explorar ideias novas. N. W.
As escolas de Macau vão ter neste ano lectivo equipas dedicadas ao acompanhamento de alunos com problemas psicológicos. Foram destacados quase 400 “agentes de aconselhamento” para prestar apoio psicológico a alunos cujas rotinas foram afectadas pela pandemia. Participação no deporto escolar vai exigir vacinação e testes
“No total, temos 373 agentes de aconselhamento nessa equipa. Estes agentes têm de ter formação em psicologia ou serviço social. Os psicólogos experientes têm de receber formação, além de lhes ser exigidos determinados anos de experiência para poderem prestar este tipo de serviços de aconselhamento”, revelou ontem Luís Gomes.
A taxa de transmissão da covid-19 é muito alta e temos um plano de contingência preparado”, afirmou o responsável da DSEDJ. De resto, as competições de desporto escolar vão ter medidas adaptadas consoante o número de estudantes envolvidos. Uma men sagem acabou por ser transversal durante a conferência de imprensa de ontem: o apelo à vacinação dos estudantes.Paraos alunos que tenham to mado duas doses da vacina, é-lhe exigido um teste de ácido nucleico feito 48 horas antes do primeiro dia de competição, com o Governo a assumir os custos. No cômputo ge ral, todos os alunos que participem em competições têm de fazer teste rápido antes das competições (os kits são fornecidos pela DSEDJ). Os estudantes que não tiverem vacinação completa, duas ou mais doses, têm de pagar o teste de ácido nucleico.Nesse aspecto, Luís Gomes refe riu que apenas tem os números do ano passado quanto à taxa de vacinação. “Até Fevereiro, a taxa de vacinação na faixa etária entre 3 e 11 anos de idade era de 85 por cento e 90 por cento para alunos entre 12 e 18 anos. Só vamos ter dados mais recentes quando anali sarmos as matrículas deste ano lecti vo, na segunda metade de Outubro.” Os dados sobre a taxa de vacinação não contemplam a inoculação com pleta, ou seja, de duas ou mais doses administradas, incluindo alunos que apenas receberam uma dose da vaci na. Porém, Luís Gomes acrescentou que depois de Maio muitas crianças entre 3 e 11 anos tomaram a segunda dose da vacina contra a covid-19, elevando a proporção dos alunos com a vacinação completa. Ainda assim, o chefe de de partamento referiu que as medidas anti-pandémicas para participar nas competições escolares e frequentar aulas são mais flexíveis em Macau do que em Hong Kong. João Luz
O responsável da Direcção dos Serviços de Educação e de Desen volvimento da Juventude (DSEDJ) pelo Ensino Não Superior, Luís Gomes, destacou a importância de reforçar o apoio à saúde mental e física dos alunos depois de su cessivos anos lectivos fortemente afectados pela pandemia, que forçaram ao cancelamento de ac tividades escolares e desportivas, assim como às aulas em forma online e ao fim abrupto do ano lectivo. Assim sendo, o Governo criou o “Grupo de trabalho de acompanhamento da saúde mental e física dos jovens – Transportar o amor”, cujo início de actividade está previsto para este ano.
Luís Gomes, DSEDJ “Temos 373 agentes de aconselhamento nessa equipa. Estes agentes têm de ter formação em psicologia ou serviço social. Os psicólogos têm de receber formação, além de lhes ser exigidos determinados anos de experiência.”
Ensino Operários pedem reconhecimento para professores O grupo de deputados da Assembleia Legislativa dos Operários pediu ao Governo para aliviar a carga horária dos professores e que garanta o equilíbrio entre horas de trabalho e descanso. A solicitação foi feita ontem, em comunicado, a pensar no Dia do Professor, que se celebra amanhã. Segundo Ella Lei, Leong Sun Iok, Lam Lon Wai e Lei Chan U, os professores têm feito um trabalho “incansável” nos anos da pandemia e merecem reconhecimento justo, a nível dos seus direitos laborais, com a redução da carga horária que não está directamente relacionada com o ensino. Na visão dos deputados, além dos professores terem constantemente adaptado a forma de ensinar, devido aos surtos e às aulas em confinamento, muitos professores também participaram nas medidas de controlo da pandemia, através de voluntariado, como nas estações de testes, o que mostra a necessidade de reconhecimento.
Preparados para tudo Com o novo ano lectivo, reco meçam também as actividades recreativas e de desporto escolar, e com elas um plano de prevenção epidémica. “Como sabem, tivemos um surto em Junho. Por isso, elabo rámos um plano. Felizmente esta mos numa fase de abrandamento, mas não podemos baixar a guarda.
O Chefe de Departamento do Ensino Superior adiantou que o grupo de trabalho é o culminar de esforços de várias entidades, como instituições sociais, associações de estudantes, escolas e instituições de aconselhamento. Os “agentes de aconselhamento” são também docentes e pessoal destacado por associações.Umadas questões fundamen tais será detectar alunos de alto risco. Neste capítulo, Luís Gomes afirmou que irá caber aos docentes e pessoal escolar ter atenção à como forma como os alunos agem, assim como identificar comportamentos que podem resultar de “emoções negativas”.LuísGomes revelou ainda que a constituição deste grupo de trabalho estava prevista para o ano passado, mas a evolução da pandemia ditou o seu atraso.
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AMOR AO PCC
DSEDJ ACOMPANHAMENTO
PARA ALUNOS COM PROBLEMAS PSICOLÓGICOS NAS ESCOLAS
A S escolas do ensino não superior de Macau vão contar a partir deste ano com grupos dedicados ao acompanhamento da saúde mental e física dos alunos, depois de dois anos lectivos fortemente condiciona dos pela pandemia e as restrições para a conter. Esta foi uma das novidades anunciadas no final da reunião do Conselho de Educação para o Ensino Não Superior, que se realizou ontem.
A médica explicou também que durante o processo de testagem foi necessário pagar às instituições responsáveis pelos procedimentos, o que implicou “um elevado custo”, que foi contabilizado nos números apresentados. Em relação aos testes rápidos, cada cidadão recebeu 55 unidades, com um custo de cinco patacas, assim como 60 máscaras KN95, que tiveram um custo uni tário de cerca de uma pataca. As autoridades foram igualmen te questionadas sobre o montante gasto com quarentenas nos hotéis designados, mas Liz Lam, repre sentante dos Serviços de Turismo, afirmou que as contas ainda estão
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LUSALAGESTATIANA
Na carta, divulgada ontem pelo grupo nas redes sociais, o grupo pede que o CCAC “conduza uma in vestigação e explique publicamente as razões [para o atraso na resolução do caso], a fim de assegurar uma maior eficiência da Administração pública”. Os autores da missiva dizem “lamentar que os anteriores Chefes do Executivo não tenham cumprido promessas e resolvido os problemas [relativos a esta questão] nos seus mandatos”. As esperanças para que o edifício venha a ter altura inferior a 82 metros são deposita das em Ho Iat Seng. “Esperamos que o actual Chefe do Executivo cumpra, a curto prazo, a promessa feita à sociedade e à comunidade internacional há 14 anos e reduza a altura do edifício inacabado para 52,2 metros. Pede-se ainda que o referido projecto seja concluído de forma a não afectar a paisagem do património mundial de Macau”, lê -se ainda. Quanto ao pagamento de indemnizações ao responsável pela obra, o grupo entende que o Governo “deve ser imparcial e entregar o caso aos tribunais, de modo a que a sociedade de Macau e a comunidade internacional possam compreender os pormenores do projecto”. Na vi são do grupo, “um processo à porta fechada suscitará dúvidas quanto aos benefícios atribuídos”. A. S. S. a ser feitas, pelo que não é possível apresentá-las. Quarentenas prolongadas Na conferência de ontem, Leong Iek Hou explicou também os casos das famílias que fazem quarentenas juntas, mas que precisam de cumprir diferentes dias de isolamento, quando um dos membros testa positivo. De acordo com a médica, se um membro da família testar positivo todos os outros ficam classificados como casos de contacto próximo. Para que as pessoas deixem de ser consideradas contacto próximo, precisam ficar sete dias em isola mento, após o infectado ter recupe rado e estar em condições de alta. Por exemplo, se mãe e filha estão a fazer quarentena juntas e a menor é identificada como um caso de infecção, a mãe só tem alta sete dias depois da filha, se testar negativo. “De acordo com o nosso critério o familiar é clas sificado como contacto próximo, e tem de permanecer mais sete dias em observação”, foi explicado “Se este acompanhante tivesse alta ao mesmo tempo que o infectado, isso criaria um risco para a comunidade”, acrescentou. Segundo os dados apresentados, até ontem havia 793 casos confir mados de covid-19 e 1.551 casos assintomáticos, num total de 2.344 ocorrências. João Santos Filipe
SSM E A VARÍOLA DOS MACACOS
As autoridades de saúde informaram ontem que os contactos próximos em quarentena só têm alta sete dias depois de o infectado ter alta. Os esclarecimentos foram feitos ontem na conferência sobre a evolução da pandemia
A organização de 14 rondas de testes em massa à po pulação, a distribuição de testes rápidos e de másca ras do tipo KN95 custaram cerca de 600 milhões de patacas. A revelação foi feita ontem por Leong Iek Hou, médica do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças Transmissíveis. “A despesa total com as 14 rondas de testes em massa foi de 600 milhões de patacas”, afirmou Leong Iek Hou. “Este custo inclui a testagem em massa, a distribuição de testes rápidos a todas a população e também a distribuição das más caras KN95”, acrescentou.
Leong Iek Hou, médica “Se este acompanhante [do caso infectado na qua rentena] tivesse alta ao mesmo tempo que o infectado, isso criaria um risco para a comunidade.”
Leong Iek Hou garantiu ontem que os Serviços de Saúde estão preparados para o surgimento de casos de varíola dos macacos e que o pessoal médico teve formação em Junho deste ano para lidar com a doença. Leong Iek Hou afastou o cenário da vacinação geral da população contra a doença, mas apelou à sociedade para tomar as devidas precauções e se manter atenta a sintomas. Hong Kong registou esta semana o primeiro caso da doença. Ontem também se ficou a saber que as autoridades estão no mercado à procura de vacinas contra a doença.
OGrupo para a Salvaguarda do Farol da Guia enviou ontem uma carta ao Chefe do Executi vo a exigir uma investigação do Comissariado contra a Corrupção (CCAC) sobre a inacção dos anteriores Chefes do Executivo, Edmund Ho e Chui Sai On, sobre o edifício embargado na Calçada do Gaio e o facto de a sua altura afectar a vista do Farol da Guia, património mundial da UNESCO.
COVID-19 TESTAGEM EM MASSA E TESTES RÁPIDO CUSTARAM CERCA DE 600 MILHÕES
HABITAÇÃO ÍNDICE
PREÇOS REGISTA QUEBRA DE 0,2% OÍndice de Preços da Habitação (IPH) foi de 258,3 nos meses compreendidos entre Maio e Julho, o que representa uma quebra de 0,2 por cento face aos meses de Abril a Junho. Relativamente ao IPH das casas de Taipa e Coloane, a quebra foi de 1,3 por cento, mas o IPH relativo à península de Macau foi de 259,2, mais um por cento. Os dados da Direcção dos Serviços de Estatística e Censos (DSEC) revelam ainda que o índice de preços de habitações construídas foi de 276,0, menos 0,2 por cento em relação ao período anterior, destacando-se que o índice da Taipa e Coloane, 302,3, que caiu 0,9 por cento. Já o índice da península de Macau, de 269,4, foi semelhante ao do período precedente. Em termos do ano de constru ção dos edifícios, o índice de preços de habitações construídas perten centes ao escalão dos 6 aos 10 anos de construção e o índice do escalão superior a 20 anos baixaram 3,1 e 0,5 por cento, respectivamente. Todavia, o índice do escalão dos 11 aos 20 anos cresceu 0,7 por cento. Quanto ao índice de casas em construção, de 306,1, registou uma quebra de 0,5 por cento face ao período transacto.
CALÇADA DO GAIO GRUPO DE SALVAGUARDA EXIGE INVESTIGAÇÃO DO CCACAterro Cinco propostas a concurso público A Direcção dos Serviços de Protecção Am biental (DSPA) admitiu cinco propostas, uma delas incondicionalmente, para a “Operação do Aterro para Resíduos de Materiais de Cons trução, triagem de resíduos de materiais de construção para transformação em recursos e aperfeiçoamento do sistema de básculas e de cobrança electrónica de taxas”. O acto de abertura de propostas apresentadas decorreu ontem, sendo que as mesmas variam entre os 231 e os 329 milhões de patacas. O contrato de adjudicação dos serviços será de três anos.
É a conta, se faz favor
Raízes da nova era Obras de pintores como Ennio Belsito, Kwok Se e Armando Vivanco, entre outros, podem ser vistas a partir de hoje no Museu de Arte de Macau na exposição “Prelúdio do Estilo Moder no de Macau”, que revela, em cada quadro, os primórdios da arte moderna no território
Notificação sobre a Expansão do Aeroporto Internacional de Macau Relatório de Avaliação do Impacto Ambiental (texto de consulta)
diferentesseusgrandesimportantes,artísticasdeexperiênciasentrelaçandoMacau,associaçõesmestresediscípulosemperíodos”
O Museu de Arte de Macau Moderno“Prelúdiodeapresenta,(MAM)apartirhoje,aexposiçãodoEstilodeMa cau”, que pode ser vista até ao dia 7 de Maio do próximo ano. A mostra revela algumas das obras mais marcantes do arranque do modernismo em MAM DA ARTE MODERNA EM EXPOSIÇÃO A PARTIR DE HOJE
Macau, e inclui quadros como “Mulher carregando uma criança” de Ennio Belsito, da tado de finais do século XIX. De destacar que Ennio Belsito, pintor italiano, é autor de um dos quadros mais conhecidos de Manuel da Silva Mendes, que viveu em Macau entre 1901 e 1931 e é tido como um dos inte lectuais mais importantes da primeira metade do século XX no território. Os amantes da arte po dem ainda ver trabalhos de pintores como Armando Vivanco, nascido em 1936 e falecido em 2012, cujo quadro “O Passeio Noctur no”, datado de 1984, estará exposto no MAM. Destaque ainda para a presença da obra “Cena pitoresca de porto pesqueiro”, de 1964 e da au toria de Kwok Se, pintor que viveu entre os anos de 1919 e 1999. “Estúdio Nello”, de Chen Shou Soo, pintor nas cido em 1915 e falecido em 1984, será outro dos nomes presentes na mostra. A exposição tem como objectivo traçar, “através de mais de 150 obras com um estilo distinto, da autoria de 60 artistas”, os percursos pela pintura moderna de ar tistas de Macau ou de artistas com importantes ligações a Macau, desde o início do século XX até 1986. Aposta na casa Grande parte da exposição foi construída com peças pertencentes às colecções do MAM, enquanto que outras obras de arte “foram emprestadas por pintores e coleccionadores”, existindo uma “predominância das pinturas a óleo, complemen tadas por aguarelas, esboços e esculturas”. Uma nota do Instituto Cultural aponta que a ideia por detrás da colecção ex posta se centra “em figuras e eventos na área artística de Macau, entrelaçando experiências de associações artísticas importantes, gran des mestres e seus discípulos em diferentes períodos”. O objectivo é que o público possa “rever este processo de desenvolvimento das belas-artes modernas de Macau cheio de sentimentos românticos”.Amesma nota dá conta que o século XX “marca a formação do estilo artístico de Macau bem como seu grande desenvolvimento e florescência”, pelo que as obras deste período “nos permitem olhar, em retros pectiva, os percursos dos artistas daquela geração, numa época de recursos escassos e com o espírito de ‘combinação ecléctica da China e do Ocidente, do passado e do presente’, abrindo um novo capítulo para a localização da pintura ocidental e definiram o tom para a pintura ocidental de Macau”. Andreia Sofia Silva
O evento conta com um espec táculo protagonizado pela Tuna Macaense, além de ter sessões de caligrafia chinesa para que todos os participantes possam aprender a arte.
ALBERGUE SCM LANTERNAS DO COELHINHO EM EXIBIÇÃO AMANHÃ
Além disso, as crianças podem receber uma lanterna com a figura de um coelho trabalhada de forma criativa em papel e outros materiais, sendo que, a partir das 17h, serão distribuí das caixas com petiscos referentes ao Festival da Lua.
SEKWOKPESQUEIRO,PORTODEPITORESCACENAVIVANCOARMANDONOCTURNO,PASSEIOO
A Autoridade de Aviação Civil da RAEM (AACM), na qualidade de entidade de construção no pedido de utilização marítima para a realização de obras de expansão do aeroporto, procede à elaboração desta notificação sobre o Relatório de Avaliação do Impacto Ambiental da Expansão do Aeroporto Internacional de Macau (texto de consulta), no sentido de auscultar a opinião pública. As obras serão realizadas em várias fases: a primeia fase da obra envolve uma zona terrestre com um total de cerca de 79,1hm2, e a segunda e terceira fases envolvem uma zona terrestre com um total de cerca de 61,6hm2, com um canal 95m de largura no meio da área. A “Shanghai Investigation, Design & Research Institute Co, Ltd” foi mandatada para realizar a avaliação do impacto ambiental. O público pode apresentar as suas opiniões sobre o relatório de avaliação do impacto ambiental (texto de consulta) entre 5 de Setembro e 16 de Setembro de 2022. O texto do edital encontrase disponível na página electrónica da AACM ( aacm.gov.mo/index.php?r=about/index&cid=220&pageid=220https://www.), ou pode dirigir-se ao endereço seguinte para consulta o relatório em papel: Alameda Dr. Carlos D’Assumpção, 336-342, Centro Comercial Cheng Feng, 18.° andar, Macau. Contacto: Direcção de Infraestruturas Aeroportuárias e Navegação Aérea da AACM; Telefone: (853) 2851 1213; E-mail: aacm@aacm.gov.mo Autoridade de Aviação Civil da RegiãoEspecialAdministrativadeMacau 9 de Setembro de 2022
DEPOIS de um interregno devido à pandemia, a mostra “Lanternas do Coelhinho - Uma Exposição de Carlos Marreiros e Amigos - Parte 17 - Lanternas de 2009 a 2022, por ocasião da celebração do 73º aniver sário da República Popular da China” será inaugurada amanhã, às 18h30, no Albergue SCM. A edição deste ano reúne um total de 28 lanternas criadas por artistas, designers e diversas perso nalidades de Macau e de outros países. A mostra fecha portas a 19 de Outubro. No mesmo local vai decorrer a habitual festa de celebração do Festival da Lua, que decorre amanhã, entre as 18h30 e as 21h30.
8 eventos 9.9.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo PUB.
PERCURSORES
A ideia por detrás da -seexpostacolecçãocentra-“emfiguras e eventos na área artística de
a abelha da china - 200 anos 9sexta-feira 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo
O P R I M E I R O. concorrido por tantos e tão variados órgãos de imprensa dentro do continente chinês - movimento editorial que, caminho dos fins do Século, iria propugnar as teses da modernização da China e o derrube da dinastia Qing. Com a publicação de “A Abelha da China”, Macau foi, também em matéria de comunicação, marco primeiro da presença europeia no Extremo Oriente, aderindo à galáxia Gutenberg e acolhendo o pioneirismo dos então recentes sinais de modernidade na imprensa escrita de tipo ocidental. Nascia uma nova era. Mais do que uma nova tecnologia na difusão de informação, foi então introduzido um novo instrumento de (contra) poder, convertido em palavra impressa, expressão de comportamentos como a participação cívica e a crítica política, valores indissociáveis da identidade de Macau.
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Nesta cidade de Macau surgiram, pela primeira vez na China, inovações vindas do Ocidente. Aqui se construiu o primeiro farol do Extremo Oriente e a primeira igreja, aqui chegou a primeira impressora de caracteres móveis metálicos. Na verdade, a China não teve de esperar pela Europa para conhecer as inevitáveis vantagens da arte tipográfica. Muito antes de Gutenberg, já por todo o Império circulavam éditos, boletins noticiosos e informativos, aquilo a que se pode chamar formas embrionárias de jornal. Contudo, só no dia 12 de Setembro de 1822, foi impresso em Macau, na língua de Camões, o primeiro jornal de tipo moderno do continente chinês. “A Abelha da China”, de seu nome. Expressão pioneira do jornalismo, impressa em caracteres móveis metálicos, “A Abelha da China’ inicia um caminho logo A R A D I Ç Ã O D E S E R
tarefa é superior às nossas partes para a justificação de um facto que pôs termo à arbitrariedade e que consolidou os direitos e o deveres do Cidadão, instalando-se entre as salvas de um contentamento público, e incessantes vivas de alegria, um Governo Provisório, segundo a vontade geral de todos os moradores, o qual, no pouco tempo da sua instalação, tem dado sobejas provas do seu patriotismo, do seu zelo e da sua actividade pelos interesses nacionais».
«A falta de confiança, pois, que ele ( o povo de Macau) tinha no governo e o aferro com que este pretendia entronizar -se, valendo-se para esse fim de modos não só impróprios, mas até indignos do carácter português, foi a causa principal por que, reiteradas vezes, se apresentou ao Senado a necessidade que havia de um governo que obstasse e ser visse de barreira à torrente impetuosa de males que ameaçavam o comércio; um novo governo que impedisse uma inevitável e próxima anarquia; pois que tudo lhe augurava um futuro assaz desagradável de das mais funestas consequências, uma vez que as coisas continuassem do mesmo modo que até ali continuado haviam, isto é: conservando-se no lugar uma das autoridades (o Ouvidor Miguel de Arriaga, cuja exclusão exigiam) como fonte e origem donde brotava todo o mal ao comércio e, por consequência, à cidade inteira». Isto dizia a «Abelha», resumindo as razões latentes de uma revolta que apenas esperava o pretexto para eclodir.
Senado incumbido a redacção do presente periódico, julga mos ser uma das principais obrigações de um redactor o expor com verdade e com franqueza os motivos que aceleraram a gloriosa façanha sucedida no dia 19 do mês passado, dia memorável, em que os macaenses arvoraram o Pavilhão da Li berdade e derrocaram o horrendo colosso do Despotismo, que tantos anos haviam suportado. Confessamos, todavia, que esta A D A A B E L H A UM MILITAR
Como afirmava o «Abelha», Macau estava desde há muito sujeita à vontade de um reduzido número de pessoas que geriam a cidade segunda a flutuação O nascimento do jornal resultou de um «parto» difícil e dramático, provocado pelo choque inevitável do liberalismo que avassalava o mundo, contra o «status quo», antigo e aceite, do regimeabsoluto.monárquico
TRÊS FUNDADORES: UM CIRURGIÃO, UM PADRE E
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A P I C A D
Ocirurgião José de Almeida, o padre António de S. Gonçalo de Amarante e o tenente-coronel Paulino Barbosa: estes, três dos personagens que assistiram em 1822 ao nascimento do primeiro jornal de Macau, que seria também o primeiro da Ásia Oriental. Paredes meias, vencidos, mas preparando desde logo a desforra, o juiz Miguel de Arriaga Brun da Silveira, o governador José Osório de Castro Cabral e Albuquerque e o barão de S. José de Porto Alegre, entre outros, que rejeitaram ab initio essa filha do escândalo que era a liberdade de imprensa dada pela revolução do Porto às colónias da Coroa. «A Abelha da China», semanário das quintas-feiras de Macau, que era também (espante-se!) a folha oficial do governo, reivindicou para si o estatuto de primeiro jornal de toda a Ásia a Leste da Índia, e para o seu redactor o de primeiro jornalista de um mundo onde, ironicamente, existia imprensa há mais de mil anos. O nasci mento do jornal resultou de um «parto» difícil e dramático, provocado pelo choque inevitável do liberalismo que avassalava o mundo, contra o «status quo», antigo e aceite, do regime monárquico absoluto. Este, em matéria de palavra escrita, vinha, com ligeiras alterações (essencialmente provocadas pela expansão colonial de quinhentos), a percorrer imperturbável a história desde o primeiro Rei, envolto ainda no pó da catedral de Zamora e empunhado os códices antiquíssimos dos visigodos e os textos dos doutores da Igreja, como se fossem os únicos produtos possíveis das máquinas de Gutenberg. A imprensa Ocidental, também pio neiramente introduzida na Ásia pelos Portugueses (Jesuítas) do século XVI, vivia de facto há séculos em Macau, mas só a lei resultante da Revolução Liberal de 1820 permitiria o aparecimento de um jornal semelhante aos que desde há mais de cem anos formavam a opinião pública e influenciavam os destinos políticos das nações europeias. Antes de lei libertadora apenas obras pias saíam das prensas da Diocese de Macau. «A Abelha da China», cujo nome comportava uma clara intencionalidade política (picar o «establishment»), viu a luz do dia numa quinta-feira, dia 12 de Setembro de «Havendo1922.oLeal
O projecto foi o resultado natural de um tácito consenso, forjado e amadurecido no decorrer de um processo político que se desenvolvia em crescendo. O libe ralismo chegava à cidade nos brigues e escunas da longínqua Metrópole através de oficiais e funcionários, que eram cada vez em maior número. Na colónia por tuguesa, por seu turno, os portadores do novo espírito juntavam-se a americanos e ingleses, difundido as ideias e tornando mais consistentes as consciências liberais. À medida que estas hodiernas concepções germinavam, abria-se também um fosso entre dois campos. Num postava-se uma oposição heterogénea e do outro o poder localizado em torno da Ouvidoria, Leal Senado e do Governador, instituições que formavam o governo odiado.
JOÃO GUEDES
Este, um excerto do primeiro editorial da «Abelha», saído do ousado aparo de Frei António de S. Gonçalo de Amaran te. A citada prosa definia com resolução e desassombro os objectivos de jornal, situando-o claramente no campo do libe ralismo, não como instrumento passivo das novas ideias, mas como arma ideológica que não cessaria desde o primeiro dia de desferir contundentes estocadas sobre a «reacção» legitimista.
Tal pretexto surgiu logo que chegaram as primeiras notícias da revolução de 24 de Agosto de 1820, levando-a a irromper triunfante nas ruas de Macau, arrasando oposições com tanto ímpeto quanto dura tinha sido a repressão. A história do Liberalismo em Macau continua ainda por fazer, mas pode dizer -se as forças em confronto no Território possuíam, fundamentalmente, as mesmas características das de Portugal, segundo também um percurso político semelhante. Nos anos da «Abelha» a colónia tornou-se um espelho pequenino dessas convulsões, que reflectia quase passo a passo.
UMA HISTÓRIA POR FAZER
Num terreno completamente «mi nado», desde logo a «Abelha» serviu os liberais como instrumento de defesa (mantendo embora sempre a ofensiva), tribuna de doutrinação política e porta-voz.
rara habilidade política, Arriaga aliara a si a maior fortuna de Macau, casando com a filha do Barão de S. José de Porto Alegre. Esta figura, extravagante e perdulária, que vivia do comércio do ópio, tinha entrada fácil (segundo voz corrente) nos corredores da corte do Rio de Janeiro, o que convinha plenamente ao Ouvidor. Para além de Porto Alegre, um grupo fiel acompanhava Arriaga, apoiando-o em todas as decisões que eram, superior e invariavelmente, abençoadas pelo Visconde de Rio Preto, Governador-Geral da índia, senhor todo-poderoso do Império Colonial português, valido de El-Rei D. João VI e protector de Arriaga. Talento, visão política e probidade eram as cores com que era visto embora, à boca pequena, circulassem histórias que o enlameavam. Estes segredos não teriam tido consequências se não tivesse entrado em cena a «Abelha», transformando os sussurros em letra de forma. As revelações constituíram pedra fundamental da campanha de destruição da figura do poderoso Ouvidor, encetada logo após os primeiros golpes resultantes dos ecos da Revolução do Porto, que abalaram o seu poder. Com todo o entusiasmo, a «Abelha» demonstrou desde logo até que ponto era possível manipular palavras, transformando-as em verdadeiros projécteis de efeitos capitais. Ao mesmo tempo instituía, pode dizer-se, uma escola e tradição que nunca morreriam na imprensa de Macau: as «Cartas ao Director» (rubrica que no semanário recebia o título lacónico de «Correspondência») eram dessa faceta exemplo, ao dar abrigo à opinião alheia a fim de personalizar ataques, ficando reservado ao redactor o papel de crítico de sistemas e propagandista de ideias. Arriaga passa então a ser o alvo preferencial desta orientação, como consta da primeira carta aberta dirigida contra ele. «A experiência de uma vintena de anos que o referido senhor esteve no governo mostrou-me o quanto era meu inimigo declarado - como é público
dos seus interesses pessoais, ligados em exclusivo ao comércio do ópio, o único sustento da economia local. Capitaneava este grupo Miguel de Arriaga Brun da Silveira, o jovem e talentoso magistrado que, às suas qualidades de senhor do governo e diplomata exímio, juntava a de hábil comerciante activo e bem-sucedido. Multiplicando os lucros, ignorava a lei e pouca importância concedia à ética, dedicando-se indiferentemente - e com o mesmo entusiasmo - à magistratura, ao governo de Macau e ao comércio. Revestidos de poderes muito mais amplos do que os de um juiz dos nossos tempos, comportava-se como autêntico governador, confinando este à tarefa de referendar despachos que oficialmente deveriam sair exclusivamente da sua lavra. Manter a paz nos quartéis e o sossego nas ruas eram as únicas competências que Arriaga lhe permitia
A ABELHA DA CHINA - 200 ANOS 11SEXTA-FEIRA 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo
Apoiadoexercer.numa
OPOSIÇÃO HETEROGÉNEA Um excerto de «Cândido», de Voltaire, ou de «O Contrato Social», de Rousseau, talvez se tivesse mostrado mais apropriado que aquela citação da poetisa pastoral do século XVI. Mas o remate erudito não deixou de fazer o desejado efeito: mostrar erudição e acentuar o protestantismo francês. Destacada marca ideológica dos progressistas de então, o francesismo militante dava azo e fundamento às acusações de «Maçons» e «Traidores à Pátria» proferidos pelos absolutistas. Em resposta, a «Abelha» inseria o epíteto «Corcunda» no prontuário das suas diatribes, oficializando a designação mais pejorativa que a burguesia revolucionária dava, em Portugal, aos absolutistas. Chegava por fim a hora da vingança e da lavagem de afrontas. Sem parte no comércio e cingidos à rígida cadeia de comando que terminava no quartel-general do Governador, grande número dos militares pendia abertamente para os círculos de Francisco de Paiva, embora por motivos muito mais políticos que pessoais. Em grande parte oriundos dos quartéis do Brasil - onde o liberalismo campeava forte - constituíam inimigos tanto mais perigosos, quanto possuíam as armas que os senhores do poder não tinham. Num campo próximo, como estes - longe dos negócios e confinados ao espartilho hierárquico da Diocese comandada com pulsos de ferro pelo Bispo D. Francisco de Nossa Senhora de Luz Chacim - muitos elementos destacados do clero macaense, cultos (e talvez por isso, liberais) e militantes, concentravam-se no Seminário de S. José onde formavam o corpo docente. Comerciantes, padres e militares todos se uniam, ainda que por razões diversas, a fim de abater Arriaga. Pura vingança, militância política, luta pela autonomia de Macau contra a supremacia administrativa de Goa, negócios embargados ou desejos incontidos de poder, constituíam razões válidas e suficientes para obter a inscrição no partido Liberal, amplo e hospitaleiro guarda-chuva da unidade contra o governo. O desencadear da ofensiva remonta à Sé, quando Frei António de S. Gonçalo exprimiu, em timbrado latim, a «satisfação dos povos pelo juramento da Constituição Macau estava desde há muito sujeita à vontade de um reduzido número de pessoas que geriam a cidade segunda a flutuação dos seus interesses pessoais
nesta cidade - quanto devia ser meu amigo, pois, se se lembrasse, eu nunca o incomodei e sempre o servi em tudo quanto me ocupou - o que posso mostrar por documentos, uns assinados por seu próprio punho e outros por alguns dos seus apaniguados - com bastante prejuízo meu; estou certo que deixaria de me perturbar», dizia Francisco José de Paiva, abastado comerciante. Na carta aberta, Paiva recusava a Arriaga o direito de lhe contabilizar os bens, dizendo que «se ele, Ministro, julga dos meus teres pelo negócio que tenho feito em Macau, quanto não deve o público julgar dos teres dele, Ministro!!!… O meu giro comercial tem sido de duzentas e cinquenta, a trezentas mil patacas; ora pode isto comparar-se com a soma de três a quatro milhões de patacas com que o público diz que ele, Ministro, negociava e em cujo tráfico deixara (segundo o mesmo público) muitos dos seus credores numa total ruína?…» Francisco de Paiva terminava a pública missiva citando Madame Deshouliers: «C’est prendre assez bien ses mesures, De venir conter ses raisons Après avoir fait des injures».
Os corredores do Seminário de S. José esvaziam-se de professores (presos ou em fuga), enquanto os calabouços do Monte e da Guia se enchiam em resultado das depurações nas fileiras, e dos julgamentos políticos civis. As vagas abertas não eram preenchidas: ao absolutismo escasseavam os quadros capazes de as ocupar.
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José Osório de Castro de Cabral e Albuquerque tinha perdido a face, de um modo que não permitiria a sua readmissão no governo de Macau. En tretanto, Arriaga voltava, reocupando o gabinete da Ouvidoria de onde tinha sido expulso. Afectado pelo reumatismo gotoso, já não adoptava a mesma postura soberana de antigamente, atrás do mogno resplandecente da vasta secretária em que despachava. Mas antes da doença lhe pôr ponto final na carreira e na vida aos 47 anos de idade, ainda disfrutaria por alguns anos da faculdade de mandar só que, ao contrário dos tempos de glória, tinha agora de partilhar o poder de que havia sido único senhor ao longo de duasAindadécadas.que fisicamente debilitado, o arguto Arriaga não deixou de retirar lições das «desgraças» de um ano. Por isso, foi sem hesitações que se apossou da chave que Frei António, disciplinada mente, devolvera antes da fuga, reabrindo a Tipografia do Governo. O «Abelha» tinha constituído para os Liberais uma surpreendente arma que ainda poderia continuar a produzir resultados para os outros, pensava Arriaga. Nesta linha de pensamento, as má quinas de Frei António recomeçaram a laborar, mas a fábrica de ideias de outro ra, produtora de opinião e divulgadora do progresso, havia sido mortalmente liquidada. Das prensas, agora contro ladas por Arriaga, saía regularmente apenas uma publicação cinzenta e sem chama, denominada «Gazeta de Macau». Finalmente, fiel à sua vocação de Bo letim Oficial rigorosamente depurado à lupa de suspeitos descuidos ou equí vocas imprecisões, de acordo com os mais estritos regulamentos da censura, divulgava rotineiramente o ponto de vista do poder Caminhandoconstituído.paraainutilidade à medi da que a normalização política se apossava da cidade, tornava-se cada vez mais um dispêndio orçamental desinteressante, que se extinguiria naturalmente em Dezem bro de 1826. O destino da «Gazeta» do governo seguia e culminava, aliás, a ten dência irreversível do processo histórico, que não admitia a repetição de cenários. Assim, Arriaga desapareceu e, com ele, a poderosa Ouvidoria de Macau, que se desvaneceria pouco depois.
Na confusão geral, só o «Abelha» parecia perfeitamente consciente do seu papel, publicando os textos orientados da ideologia e os inflamados artigos que se destinavam a manter vivo o entusias mo popular. Neste âmbito, aos mesmo tempo que, fastidiosamente, explicava as novas orientações da alfândega, ex plorava em estilo de panfleto o choque provocado pelo assassinato de Luís Prates, um conhecido e benquisto liberal, atribuindo o acto aos «Corcundas». Em seguida, denunciava com contagioso dramatismo a tentativa de sublevação e detenção nos calabouços da fortaleza do Monte do Ouvidor Arriaga e o envio, a ferros, para Goa, do Governador Castro e Albuquerque.
12 a abelha da china - 200 anos 9.9.2022 sexta-feira Portuguesa». Ressoando nas abóbadas, as modulações da sua oratória caíam como gotas de ácido sobre a mitra do Bispo Chacim que, impotente, nada pôde fazer senão as primeiras notas do «Te Deum Laudamos» (que a «Abelha» diz ter sido vibrantemente secundado pelos fiéis que enchiam a catedral).
A GAZETA CINZENTA Manter viva a chama popular em torno do novo regime era, aliás, uma tarefa vital para o «Abelha», face à presença, ao largo, da fragata «Salamandra» do coronel Garcez Palha, que procurava tenazmente a falha capaz de permitir o desembarque dos duzentos homens e artilharia que trazia da capital da Índia portuguesa, para restabelecer a ordem miguelista. Às intenções de Garcez Palha juntavam-se as manobras de Arriaga que, tendo escapado com suspeitas cumplici dades da sua cela do Monte, conspirava em Cantão. Os mandarins seus amigos mostravam-se relutantes em intervir, mas o cerco em torno de Macau constituía por si só eficaz guerra de nervos, que abria irreparáveis brechas no moral da cidade. No dia 18 de Setembro de 1822, o estado de descrença atingiu o seu ponto mais baixo, permitindo o desembarque dos homens da «Salamandra» que, sem um tiro, ocuparam em poucas horas todos os quartéis da cidade. Depois de ter sobrevivido ao auto-de-fé de 21 de Agosto, quando os «Corcundas» já levantavam a cabeça a ponto de se reunirem para queimar, simbolicamente à porta da Ouvidoria, um exemplar do último número do jornal, a «Abelha», Impresso o número 67, num sábado 27 de chegouDezembro,comeleo fim do sonho. Frei António cobriu nesse dia as máquinas e saiu da Tipografia do Governo, dando a última volta à chave da pesada porta extenuada, já não possuía forças que lhe permitissem continuar a fazer fogo sobre a Impresso«reacção».onúmero 67, num sábado 27 de Dezembro, chegou com ele o fim do sonho. Frei António cobriu nesse dia as máquinas e saiu da Tipografia do Go verno, dando a última volta à chave da pesada porta antes de abalar para Calcutá, escapando à repressão que se seguiria. À mesma hora, o cirurgião José de Almeida fugia para Singapura, trocando ali a polí tica pela horticultura científica, opção que levou o seu nome a uma das principais avenidas da cidade-estado do Sudeste Asiático, que ainda hoje se mantém: «D’Almeida Street». O tenente-coronel Paulino Barbosa, chefe da revolução ou «do destempero» (como afirmava Garcez Palha), arrancado (segundo este) pelos soldados do quarto de um amigo, onde se escondia debaixo de uma cama, partia no porão da «Salamandra» para Goa, a fim de ser submetido ao julgamento de Rio Preto que, destituído e reintegrado no governo da Índia por uma vertiginosa sucessão de golpes e contra-golpes, se encontrava de novo no poder.
O tenente-coronel Paulino Barbosa encabeçou o ataque às instituições, con quistando o Leal Senado através de votação esmagadora do povo (exclusivamente português, entenda-se), reunido no largo fronteiro.Masa vistosa manifestação internacio nal de apreço não voltaria a repetir-se face ao rumo dos acontecimentos. De facto, com a mesma alegria com que festejava a Constituição, Macau iluminava-se de novo a breve trecho para festejar a abo lição da Constituição e o regresso de D. Miguel e, apenas alguns meses mais tarde, ainda para festejar de novo o ressurgi mento da Constituição, que festivamente abolira pouco antes.
CELEBRADO EM LISBOA. ANDREIA SOFIA SILVA
Oprimeiro jornal em língua portuguesa de Macau foi criado há 200 anos e chamava-se “A Abelha da China”. Para celebrar a efeméride, que marca o início da presença da imprensa em português no território, algo que perdura até aos dias de hoje, o Centro Científico e Cultural de Macau (CCCM) acolhe, na próxima segunda -feira, uma palestra que conta com vários investigadores e historiadores ligados ao território que vão apresentar as diversas perspectivas históricas e políticas de um jornal ligado aos ideais liberais de 1820.
Os 200 anos da criação do primeiro jornal de língua portuguesa em Macau serão celebrados na próxima segunda-feira no Centro Científico e Cultural de Macau com uma conferência que contará com uma série de investigadores e historiadores ligados à RAEM, como é o caso de Tereza Sena, Jorge Arrimar ou Cátia Miriam Costa, entre outros. Será ainda lançado o livro “A Abelha da China nos seus 200 Anos: Casos, Personagens e Confrontos na Experiência Liberal de Macau”
Duarte Drumond Braga entende ser muito provável que o jornal fosse lido “por uma elite” da sociedade. A Abelha da China tinha artigos de opinião mas funcionava também como uma espécie de Boletim Oficial, que só seria criado muito depois Cronológico da Imprensa de Macau no Século XIX’, mas que não esgota estes materiais. Não só a Abelha da China como os jornais que começam a aparecer na altura estão ainda por estudar. Agnes Lam [docente na Universidade de Macau], por exemplo, deu um bom contributo, mas faltam ainda alguns estudos.”
Acima de tudo, o livro pretende mostrar “um renovado interesse na história de Macau, na história do jornalismo na China e em língua portuguesa, e também na história sóciopolítica e cultural do território”.
LIVRO LANÇADO Acima de tudo o programa destaca a criação do primeiro jornal de língua não chinesa “no contexto da Revolução Liberal de 1820 e da primeira formulação do constitu cionalismo português”, aponta o texto de apresentação do evento. Marcado, portanto, pelas doutrinas liberais da época, a Abelha da China “foi uma breve mas intensa publicação periódica (1822-23) que veio dar corpo à ideia de que não há verdadeira liberdade sem imprensa e sem a liberdade“Plenamentedesta”.alinhada com os debates do seu tempo, o seu projecto seria tomado por outros agentes políticos. Todavia, o seu legado de insubmissão acabaria por vin gar”, aponta a mesma apresentação, que destaca ainda o facto de o periódico defender “uma ideia de autonomia sempre ligada à oligarquia local”. “Nesse sentido, o jornal mostra também as alianças e os contactos múltiplos que o atravessam: com a China, onde sempre se enraizou, a Metrópole [Lisboa], o Brasil e Goa”. “Por entre as suas páginas circulam figuras e influên cias de todas as proveniências, mostrando como Macau se integrava plenamente nos movimentos políticos e culturais do seu tempo, e onde a comunidade chinesa se encontrava ativa face a eles. E daí os casos, as figuras e os confrontos que gravitam em seu torno, e que os ensaios de historia dores e críticos da cultura e do jornalismo dissecam nesta obra”, lê-se ainda. A sessão de segunda-feira, 12, conta ainda com a apre sentação do livro “A Abelha da China nos seus 200 Anos: Casos, Personagens e Confrontos na Experiência Liberal de Macau”, que reúne artigos da autoria dos investigadores Cátia Miriam Costa, Jin Guoping, Jorge de Abreu Arrimar, Pablo Magalhães e Tereza Sena. A obra “tem por foco o primeiro jornal de Macau em língua portuguesa analisado a partir de diversas áreas das humanidades” e inaugura “a nova coleção de livros de História com chancela do CCCM, sendo feita em parceria com a Universidade de Macau”.
O painel de oradores conta com intervenções de Tereza Sena, historiadora e ex-residente de Macau, que apresenta o painel “Ascensão social e política de um natural de Macau durante o Liberalismo: António dos Remédios (ca.1770.-1841) - o primeiro passo”. Destaque ainda para a presença de Jorge Arrimar, poeta ligado a Macau que vai falar sobre a ligação do Ouvidor Arriaga, importante figura política do território à época e “um dos grandes inimigos” d’A Abelha da China, recordou Duarte Drumond Braga. “Ele era a figura mais poderosa de Macau nessa altura e partidário de um grupo rival às pessoas que estavam ligadas ao jornal.”
O coordenador desta iniciativa entende que faltam ainda estudos académicos sobre o jornal. “Há um trabalho muito bom, feito pelo Daniel Pires, que é o ‘Dicionário I N A S L I B E R A I S CCCM
Ao HM, o académico Duarte Drumond Braga, um dos coordenadores do projecto, explicou a importância de cele brar esta data. “É o primeiro jornal de Macau e o primeiro de uma longa linhagem que continua até hoje. Ele está ligado ao movimento Liberal e a alguns partidários desse movimento em Macau, além de que era um jornal com uma orientação política bastante marcada nesse sentido. Penso que vale a pena ser celebrado.”
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O programa inclui também a participação de Jin Guo ping, do Instituto de Macauologia da Universidade de Jinan, em Cantão, e também ligado ao Centro de Estudos de Macau da Universidade de Macau, que abordará o tema “A Abelha da China estudada na Macauologia”. Duarte Drumond Braga entende ser muito provável que o jornal fosse lido “por uma elite” da sociedade. A Abelha da China tinha artigos de opinião mas funcio nava também como uma espécie de Boletim Oficial, que só seria criado muito depois. “Eram publicados resumos das sessões do Leal Senado, mas era um jor nal que também tinha uma parte literária. Tinha uma posição política forte, porque o grupo liberal [ligado ao jornal] conseguiu chegar ao poder, embora sejam expulsos depois. O jornal também deu depois muitas informações sobre esse processo.”
P Á G
BICENTENÁRIO DO JORNAL “ABELHA DA CHINA”
ESTRATÉGIA ‘ZERO CASOS’ É ECONOMICAMENTE MAIS “RACIONAL”
O governo chinês já anunciou 50 mi lhões de yuans para apoiar as operações de resgate e salvamento. O terramoto segue-se a uma onda de calor e seca que levaram à escassez de água e cortes de energia, devido à dependência de Sichuan de energia hidroelétrica.
As construtoras estatais apre sentaram melhores resultados, com uma queda homóloga dos lucros de 27%, em média, segundo o banco. Entre os 32 construtores privados, o total de dinheiro em caixa encolheu 13,8%, prejudicando a sua capacidade de pagar dívidas, apontou o UOB. A CR Land, subsidiária de um dos maiores conglo merados estatais da China, o China Resources Group, foi a única construtora a relatar um aumento do dinheiro em caixa. “É uma situação geral difícil. As construtoras têm muito menos dinheiro para pagar as dívidas e não conse guem obter financiamento”, escreveu Raymond Cheng, analista imobiliário da CGS -CIMB Securities. No ano passado, os regu ladores chineses passaram a exigir às construtoras um teto de 70% na relação entre passivo e ativos e um limite de 100% da dívida líquida sobre o património, susci tando uma crise de liquidez no sector, que foi agravada pelas medidas de combate à covid-19.Ocolapso do grupo Evergrande, cujo passivo supera o Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal, é o caso mais emblemático.
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O UOB considerou que, sem mudanças nas políticas de apoio do governo central ou uma mudança repentina nos níveis de confiança no mercado, mais construtoras chinesas vão provavelmente entrar em incumprimento num futuro próximo.
Chang argumentou que a estratégia chinesa garante a “normalização da produção e a segurança das pessoas em todo o país, e cadeias de forne cimento estáveis”. O respon sável pediu “determinação” face à pandemia, que disse ainda se encontrar num “alto nível, com novas variantes e com o conhecimento sobre o vírus ainda em curso”. Chang anunciou também a “optimização das medidas de controlo”, com base na “situação actual”, e afirmou que as “políticas de conten ção vão ser equilibradas com o desenvolvimento social e económico”.
O combate “mais científico”
Chengdu desperta Entretanto, as empresas em Chengdu, na província de Sichuan, no sudoeste da China, afirmaram que estão a funcionar normalmente e que retomaram a produção no meio de um novo surto de COVID-19 após a recente escassez de energia eléctrica ter sido atenuada. A fábrica de Foxconn em Chengdu está actualmente sob gestão de circuito fechado e está agora a funcionar normal mente, disse a empresa. Um gerente de apeli do He, que trabalha para um negócio de fabrico de moldes na Zona Oeste de Chengdu, disse que a fábrica da empresa voltou à produ ção total e está sob gestão de ciclo fechado. “A nossa fábrica regressou à produção total após o fornecimento de energia ter sido restaurado. Os empregados chegaram à fábrica na segunda-feira e a produção começou”, disse He. O gerente observou que a empresa permanece em estrita conformidade com os requisitos de prevenção de epidemias, com detecção de ácido nucleico realizada para cada empregado a cada 24 horas.Deacordo com as últi mas estatísticas, um total de 766 casos locais foram relatados em Chengdu até quinta-feira, incluindo 570 casos confirmados. Antes desta última explosão da COVID-19, a província de Sichuan tinha sofrido uma escassez de fornecimento de energia devido à seca contínua, uma vez que a província está fortemente
A estratégia ‘zero casos’ de covid-19 continua a ser eco nomicamente “mais racional” para a China do que coe xistir com o coronavírus, asse guraram ontem as autoridades de saúde do país asiático, citadas pela imprensa estatal. A política chinesa é a “forma mais científica de travar a co vid-19, à medida que a pande mia continua a alastrar-se pelo mundo, criando novos riscos”, defendeu o vice-director do Centro Nacional de Preven ção e Controlo de Doenças, Chang Jile. A abordagem chinesa consiste em “detectar rapida mente novos surtos e conter a propagação com o menor custo possível”, descreveu Chang. Isto inclui o isolamen to de todos os casos positivos e contactos diretos em instala ções designadas, o bloqueio de distritos e cidades inteiras e a realização de testes em massa. A China mantém também as fronteiras praticamente encerradas desde março de 2020, com as ligações áreas reduzidas a menos de 2%, em comparação com 2019. Quem viaja para o país tem que cumprir pelo menos sete dias de quarentena num hotel designado pelas autoridades.
IMOBILIÁRIO QUEDA NOS LUCROS AGRAVA CRISESISMO NÚMERO DE MORTES SOBE PARA 82
chinesa CCTV mostrou equipas de resgate a retirar uma mulher dos escombros na vila de Moxi, onde muitos edifícios são construídos com uma mistura de madeira e tijolo.AChina mobilizou mais de 6.500 membros das forças de emergência, incluindo soldados, bombeiros e mé dicos, e nove helicópteros para ajudar nos esforços de resgate. Na terça-feira, 50 mil pessoas tinham sido retiradas das áreas afectadas. As autoridades relataram ainda que pedras caíram das montanhas, causando danos às casas e interrupções no fornecimento de energia, segundo a CCTV.
AS principais construtoras da China não estão a conseguir gerar dinheiro su ficiente para cumprir com as suas obrigações, segundo uma análise dos seus resultados, sugerindo um agravamento da crise de liquidez no setor imobiliário do país. Os lucros líquidos das construtoras caí ram, em média, 188%, nos pri meiros seis meses de 2022, em termos homólogos, de acordo com um relatório do United Overseas Bank (UOB), banco de investimento com sede em Singapura.OUOB analisou os re sultados das 32 construtoras chinesas cotadas em bolsa.
Onúmero de vítimas mortais devido ao forte sismo que na segunda-feira atingiu a província de Sichuan, no sudoeste da China, subiu de 74 para 82, segundo um novo balanço avançado ontem pela imprensa estatal. Entre os mortos, 46 foram registados na prefeitura autónoma tibetana de Garze, onde está localizado o epicentro do terremoto, e 36 na cidade de Ya’an. O terramoto, que provocou desli zamentos de terra e sacudiu edifícios, fez ainda 270 feridos. Pelo menos 35 pessoas estão desapa recidas, dois dias depois de o terramoto de 6,8 de magnitude na escala de Richter, segundo as autoridades chinesas, e de 6,6, segundo o Instituto de Estudos Geológicos dos Estados Unidos (USGS), ter sacudido a vila de Luding, às 12:52 (05:52 em Lisboa), na segunda-feira.Osismodesegunda-feira foi sentido a 200 quilómetros de distância, na capital da província, Chengdu. A televisão estatal
COVID-19
Li Keqiang felicitou a primeira-ministra britânica Liz Truss
Entre as 27 construtoras chinesas cotadas na Bolsa de Valores de Hong Kong, o lucro por ação do Agile Group Holdings foi o que mais caiu, com uma queda de 59%, em termos homólo gos. As construtoras KWG Group Holdings e China Vanke viram os seus lucros por ação caírem mais de 40% em relação ao ano anterior.
china 15sexta-feira 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo PUB. Optimismo está fora do baralho
O gemenviouchinêsprimeiro-ministroLiKeqiangumamensaaLizTrusspara a felicitar pela sua tomada de posse como primeira -ministra britânica, subli nhando que “um desenvol vimento estável e saudável das relações China-Reino Unido está de acordo com os interesses de ambos os países e esperando que os dois países trabalhem em conjunto para fazer avan çar os laços bilaterais no bomLicaminho”.Keqiang felicitou Truss e disse que o de senvolvimento estável e saudável das relações China-Reino Unido está de acordo com os inte resses fundamentais dos dois povos e a China está disposta a trabalhar com a Grã-Bretanha para fazer avançar as relações bila terais no caminho certo para a estabilidade a longo prazo com base no respeito mútuo, igualdade e bene fício mútuo, informou na quarta-feira a Xinhua. Segundo o britânico Martin Jacques, Truss enfrenta um problema gigantesco, incluindo a pior crise económica de qualquer primeiro-minis tro britânico desde 1945, com o aumento dos preços da energia, especialmen te no próximo Inverno. “Mas ainda não há razão para optimismo sobre as relações da Grã-Bretanha com a China, uma vez que Truss insinuou fortemente que a China será designada como uma ‘ameaça’ à se gurança nacional e tratada da mesma forma que a Rússia”, escreveu Jacques. Ao mesmo tempo que expressavam preocupações sobre Truss, que “pode trazer grande incerteza às relações China-Reino Unido devido à falta de experiência e capacidade na governação”, alguns observadores chineses ape laram a que o novo governo britânico fosse pragmático em relação à China para ajudar o Reino Unido a ultrapassar os actuais de safios. Também advertiram que “seguir insensatamente os EUA para contrariar a China não trará quaisquer vantagens em lidar com a actual confusão.
TAIWAN SEXTA DELEGAÇÃO AMERICANA NUM MÊS UMA delegação com posta por mailha,entreopaçosextaontemnorte-americanoslegisladoresaterrounailhadeTaiwan,avisitapolíticanoesdeummês,ilustrandocrescenteintercâmbioWashingtoneaquePequimreclacomoumaprovíncia
A crise no imobiliário tem fortes implicações para a classe média do país. Face a um mercado de capitais exí guo, o setor concentra uma enorme parcela da riqueza das famílias chinesas – cerca de 70%, segundo diferentes estimativas. O mercado imo biliário está em contração desde julho de 2021.
dependente da produção de energia hidroeléctrica. Os níveis de água em várias centrais hidroeléctricas em Sichuan desceram até 40 metros em Agosto. A energia hidroeléctrica representou 78 por cento de toda a energia produzida em Sichuan em 2021, enquanto a energia hidroeléctrica repre sentou apenas 15 por cento da produção de energia na China no mesmo período, de acordo com estatísticas oficiais. Empresas sediadas em Sichuan anunciaram que retomaram a produção e que a escassez do fornecimento de energia teve pouco impacto nas suas operações globais. Tianqi Lithium, com sede em Suining, Sichuan, anunciou durante a sua apre sentação de desempenho semestral que, desde meados de Agosto, a empresa tem cumprido rigorosamente os requisitos mandatados pelas autoridades locais, adoptado activamente medidas de salvaguarda, e organizado a produção de uma forma razoável e ordenada. Com a premissa de cumprir os requisitos das autoridades locais, as fábricas de Tian qi têm estado a funcionar normalmente. “O recente racionamento de energia não tem tido um impacto significativo na produção e operações da empresa”, disse Tianqi. Segundo as contas ofi ciais, 5226 morreram no país devido ao novo coronavírus, desde que os primeiros casos foram detectados na cidade de Wuhan, centro da China, no final de 2019.
sua. O grupo é liderado pela congressista demo crata Stephanie Murphy. A delegação que aterrou hoje em Taipé é biparti dária e composta por oito membros do Congresso dos Estados Unidos. Eles devem reunir hoje com a líder de Taiwan, Tsai Ing -wen. A delegação inclui ainda o democrata Kaiali’i Kahele e os republicanos Scott Franklin, Joe Wilson, Andy Barr, Darrell Issa, Claudia Tenney e Kat Cammack.Stephanie Murphy está entre os legisladores norte -americanos que apresen taram um projeto de lei que permitiria aos EUA emprestar armas a Taiwan. Trata-se de uma proposta semelhante à aprovada an teriormente para emprestar armamento à Ucrânia. Na semana passada, o governo de Joe Biden aprovou a venda de mil milhões de dólares em equipamento militar a Taiwan.
O Poeta da Montanha Fria
O homem que um dia se chamou Han Shan, ninguém sabe quem foi. Quando alguém o via, considerava-o um doido, um pobre diabo. Vivia retirado na montanha Tiantai, sete léguas a oeste do distrito de Tangxing, num lugar chamado Han Shan (Montanha Fria), entre rochas e falésias. Daí descia frequentemente para o templo de Guoqing, ao encontro do seu amigo Shi De, encarregado da limpeza da cozinha do mosteiro que lhe guardava restos de comida em malgas feitas com cana de Hanbambu.Shan costumava passearse pelos terraços do templo, gritava de alegria, falava e ria sozinho. Os monges corriam atrás dele, tentavam agarrálo, insultavam-no, às vezes queriam bater-lhe. Então Han Shan assumia outra vez um comportamento normal, esfregava as mãos, sorria e partia. Parecia um verdadeiro mendigo. O corpo e o rosto estavam gastos, consumidos pelos anos, no entanto havia coerência nas suas palavras e bastava pensar no discurso de Han Shan para adivinhar ideias profundas. Tudo o que dizia tinha a ver com os segredos do passado, com o subtil princípio das coisas. O seu chapéu era uma casca de bétula, as suas roupas estavam cheias de buracos e usava tamancos de madeira muito gastos. Assim vivia este homem extraordinário, afável, isolado, diluído na natureza, espalhando bom gosto. Nos terraços do mosteiro murmurava palavras surpreendentes como “a transmigração e os três mundos”. Nas aldeias e herdades próximas, Han Shan cantava e brincava com as crianças que pastoreavam os búfalos de água. Quer as coisas lhe corressem bem, quer as coisas lhe corressem mal, mostrava-se sempre satisfeito. Se não estávamos na presença de um sábio, então como reconhecer um Hásábio?...tempos atrás, quando ainda não ouvira falar em Han Shan, fui nomeado para um posto pouco importante na prefeitura de Tanqiu. Na altura da partida apareceram-me umas terríveis enxaquecas. Chamei um curandeiro que me tratou, mas os padecimentos agravaram-se. Atendendo à minha solicitação, veio então um mestre chan de nome Feng Gan que me disse
LIU QIUYIN*
16h 9.9.2022 sexta-feirawww.hojemacau.com.mo
Porquê questionar as gotas de orvalho, o sol nasce, elas transformam-se em névoa.
3 - O buda da Terra Pura do Oeste.
2 - Outra divindade do panteão budista que, na via da compaixão, alcançou também a sabedoria.
FALAVAGRITAVATERRAÇOSPASSEAR-SECOSTUMAVAPELOSDOTEMPLO,DEALEGRIA,ERIASOZINHO. OS MONGES CORRIAM ATRÁS DELE, TENTAVAM AGARRÁLO, INSULTAVAM-NO, ÀS VEZES QUERIAM BATER-LHE QUER AS COISAS LHE CORRESSEM BEM, QUER AS COISAS LHE CORRESSEM MAL, MOSTRAVA-SE SEMPRE SATISFEITO. SE NÃO ESTÁVAMOS NA PRESENÇA DE UM SÁBIO, ENTÃO COMO RECONHECER UM SÁBIO?...
1 - O discípulo de Buda que graças à sua inteligência encarna a sabedoria.
O corpo não é um palácio, mas uma simples estalagem. Por isso tu, hóspede de passagem, liberta-te da paixão, da ignorância, do ódio.
www.hojemacau.com.mo ARTES, LETRAS E IDEIAS 17sexta-feira 9.9.2022
*Governador de Taizhou Pilar superior do Império Portador da insígnia do peixe, dom do Imperador, guardado num estojo vermelho (Séc. IX)
Tradução e notas de António Graça de Abreu HAN SHAN
habitar no templo de Guoqing, na montanha Tiantai. O monge Feng Gan cantava hinos e costumava cavalgar um tigre, o que assustava os outros monges. Quando lhe perguntavam qual era a essência dos ensinamentos de Buda, o mestre respondia: “Seguir o tempo.” Pedi-lhe então que tratasse da minha enfermidade.
O que resta depois? A mágoa, a iluminação, uma gota de orvalho, rigorosamente nada.
Feng Gan sorriu e disse:“Os quatro elementos estão no seu corpo, a doença provém da ilusão. Se vos quereis libertar da moléstia é preciso simplesmente água pura.” Trouxeram água e o mestre despejou-a sobre mim. Pouco tempo depois as enxaquecas desapareceram. Feng Gan acrescentou: “A prefeitura de Tanqiu fica junto ao mar, perto das ilhas no meio do oceano, o clima é muito húmido. Ao chegar, cuidai bem de Perguntei-lhe:vós.”“Gostava de saber se existem alguns sábios na região, pessoas que eu possa considerar como meus mestres”. Feng Gan respondeu: “Os sábios são fáceis de encontrar, difíceis de reconhecer. Quando a gente os vê, não os reconhece, quando a gente os reconhece, não os vê. Se quereis mesmo vêlos, não confiai nas aparências. Podereis então olhar para eles. Han Shan é como Manjusri,[1] escondido no templo de Guoqing, por sua vez, Shi De é como Samatabhadra.[2] Ambos parecem uns pobres diabos, uns doidos. Chegam e desaparecem, trabalham no templo de Guoqing, cuidam dos fogões, da cozinha.” O mestre acabou de falar, pediu licença para se retirar e partiu.Chegou a altura de ser eu a meter pés ao caminho, rumo ao meu posto em Tanqiu. Não esqueci o assunto e, três dias depois de entrar em funções, dirigi-me a um templo próximo e interroguei respeitosamente um velho monge. O que me respondeu, correspondia exactamente às palavras do mestre Feng Gan. Dei então ordens para que, em todo o distrito de Tangxing, se tentasse encontrar Han Shan e Shi De. O mandarim distrital disse-me:“Quinze léguas a oeste da nossa prefeitura encontrase uma falésia enorme onde existe uma gruta habitada por um vagabundo que visita frequentemente o templo de Guoqing. Às vezes passa lá a noite. Na cozinha do mosteiro trabalha um monge parecido com ele, de nome Shi De.” Decidi então dirigir-me para Guoqing. Ao chegar perguntei: “Este templo é habitado por um mestre chan chamado Feng Gan. Onde se encontra o seu quarto? Vivem também aqui os monges Han Shan e Shi De, como é que eu os posso encontrar?” Um religioso de nome Tao Jiao respondeu:“Oquarto do mestre Feng Gan fica por detrás da biblioteca, mas neste momento ninguém habita lá e de vez em quando ouvimos os rugidos de um tigre. Han Shan e Shi De estão agora na cozinha.” Em seguida, o mestre conduziu-me ao quarto de Feng Gan. Abriu a porta e não havia ninguém, viam-se apenas as pegadas de um tigre. Perguntei aos monges Tao Jiao e Pao De: “Quando o mestre se encontra aqui, o que faz?” Deram-me a seguinte resposta: “Durante o dia, Feng Gan anda por aí, recolhendo e descascando arroz, à noite canta para se distrair.” Dirigi-me depois para a cozinha. Diante do fogão dois indivíduos aqueciam-se e riam às gargalhadas, os rostos iluminados pelo fogo. Saudeios respeitosamente. Deram um grito, apertaram as mãos e começaram outra vez a rir. Um deles disse: “Ah, o Feng Gan, esse grande coscuvilheiro! Se o senhor não é capaz de reconhecer um Amithaba[3] porque nos veio cumprimentar?”Aproximaram-se outros monges surpreendidos com a estranha situação de um mandarim saudar e conversar com aqueles pobres diabos. Han Shan e Shi De aproveitaram para fugir. Ainda pedi que alguém fosse no seu encalço, mas os dois homens já tinham desaparecido a caminho da Montanha Fria. Perguntei depois aos monges se eles estariam dispostos a alojar as duas criaturas permanentemente no mosteiro. Foram preparados dois quartos para eles e pedi que alguém lhes fosse comunicar o meu desejo de se instalarem de vez no templo de Guoqing. De regresso à prefeitura, dei ordens para que fossem feitas roupas novas para Han Shan e Shi De e que as mesmas lhes fossem entregues, junto com pauzinhos de incenso. Os dois homens não haviam regressado mais ao templo e os meus criados levaram as vestes e o incenso para a Montanha Fria. Quando lá chegaram , Han Shan gritou: “Ladrões, ladrões!” E entrou numa gruta. Antes de desaparecer, pronunciou estas últimas palavras: “Digovos, segui os ensinamentos de Buda.” Depois foi impossível acompanhar os seus passos. O rasto de Han Shan tinha desaparecido. Por fim, solicitei ao monge Tao Jiao que tentasse saber algo mais sobre os dois homens e que recolhesse os poemas de Han Shan. O homem da Montanha Fria escrevera pouco mais de trezentos poemas que gravara em lâminas de bambu, na casca das árvores, nas rochas, em muros de aldeias. Shi De escrevera os seus poemas nas paredes do templo. Tudo foi então compilado e organizado em livro. O meu coração procurou o refúgio de Buda. Tive a sorte de encontrar os homens do Tao.
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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores João Luz; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; João Santos Filipe; Nunu Wu Colaboradores Anabela Canas; António Cabrita; Ana Jacinto Nunes; Amélia Vieira; Duarte Drumond Braga; Gonçalo Waddington; José Simões Morais; Julie Oyang; Paulo Maia e Carmo; Rosa Coutinho Cabral; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Colunistas André Namora; David Chan; João Romão; Olavo Rasquinho; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Tânia dos Santos Grafismo Paulo Borges, Rómulo Santos Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Pátio da Sé, n.º22, Edf. de: Kyle Balda, Brad JonathanAbleson,delVal 19.30 [F]UTILIDADES PUB.
Depois de ter caído com estrondo no mainstream de Hollywood, com a mega-produção de “Dune”, David Lynch realizou “Blue Velvet”, o primeiro passo nos thrillers macabros na fórmula neo-noir que marcaram a sua carreira. Uma femme fatale (Isabella Rossellini), um psicopata carente (Dennis Hopper) e um ambiente surrealista transformaram-se no paradigma cinematográfico de Lynch a partir deste filme. “Blue Velvet” merece revisão periódica, metódica, como a toma de uma droga sacramental, ou a visita a uma casa imaginária cheia de horrores escondidos e músicas antiquadas. João Luz 28752401 | FAX 28752405 www.hojemacau.com.moinfo@hojemacau.com.mo
Tak Fok, R/C-B, Macau; Telefone 28752401 Fax 28752405; e-mail info@hojemacau.com.mo; Sítio www.hojemacau.com.mo www. hojemacau. com.mo SUDOKUSOLUÇÃODOPROBLEMA50PROBLEMA51 50 7215346 3152764 1463257 6741532 5376421 4527613 2634175 52 7346152 4537621 6273415 2614573 56 6325417 2153674 3476521 7614253 5237146 4561732 1742365 57 7652341 3526714 58 3156724 4265317 7156243 2541376 60 2376514 1653247 3745621 5124763 6231475 4567132 7412356 27 16 32 652 62 54 17 45 2 71 61 51 16 52 6 274 7 51 543 52 67 3 53 56 136 75 3 513 472 62 765 34 53 63 73 51 CINETEATRO CINEMA ORPHAN: FIRST KILL SALA TABLE1 FOR SIX [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS Um filme de: Sunny Chan Com: Dayo Wong, Stephy Tang, Louis Cheung Kai Chung, Ivana Wong 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 SALA FAR2FAR AWAY [C] Um filme de: Amos Why Com: Kaki Sham, Jannifer Yu, Hanna Chan, Rachel Leung 14.30, 19.30 ONE PIECE FILM RED [B] FALADO EM JAPONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme de: Taniguchi Gorô 16.30, 21.30 SALA ORPHAN:3 FIRST KILL [C] Um filme de: William Brent Bell Com: Isabelle Fuhrman, Julia 14.30,RossifStiles,Sutherland16.30,21.30 MINIONS: THE RISE OF GRU [B] FALADO EM CANTONÊS LEGENDADO EM CHINÊS Um filme
ideias 19sexta-feira 9.9.2022 www.hojemacau.com.mo
TRÊS ANOS depois regressei a Portugal, finalmente liberto das restrições covid-19 às entradas e saídas para o estrangeiro desde o território japonês. Como de costume, é uma viagem complexa, com três ou mais voos, e desta vez com a graça e dificuldade acrescidas de viajar com uma acompanhante de dois anos de idade, na sua estreia em deslocações inter continentais, procurando o plano mais tranquilo possível, com algum descanso entre voos para a proteger desde massacre aéreo. Viajámos numa das maiores e reputadas empresas de aviação de planeta, uma referência no universo empre sarial da Alemanha e da Europa, entidade de inabalável prestígio global, adiante designada por magnífica companhia. A nossa primeira surpresa foram os preços, de que tomámos consciência logo nas primeiras pesquisas para definir datas e trajectos de viagens. Não era característica única da magnífica companhia, no entanto: preços que duplicavam (ou mais) os que se praticavam antes da pandemia de covid-19 parecem agora o “novo normal”, a prática generalizada entre diferentes empresas de aviação. A singularidade viria depois: já depois de pagos os bilhetes e reservados lugares, decidiu a magnífica companhia cancelar os voos desde Osaca que esperá vamos utilizar, concentrando em Tóquio as suas partidas desde o Japão. Já os sindicatos da aviação tinham avisa do em vários países: os despedimentos mas sivos e as ofertas de reforma antecipada que foram prática generalizada nas companhias aéreas durante a crise de viagens inerente às restrições aos movimentos internacionais –e mesmo nacionais – durante a pandemia, haviam de ter consequências desastrosas quando se retomasse a normal procura de viagens, primeiro a com falta de pessoal para fazer funcionar os voos, e depois com a falta de preparação do novo (e inexperiente) pessoal recrutado para substituir o pessoal mais experiente entretanto despedido. Depois do cancelamento dos voos para os quais tínhamos adquirido bilhetes, infor mou-nos então a magnífica companhia que teríamos que trocar para voos com partida desde Tóquio – ou receber um reembolso que não seria sequer suficiente para pagar metade de um novo bilhete, considerando os preços despropositados que atingiram os bilhetes comprados com pouca antecedência. Avaliadas as opções, propusemos então à magnífica companhia novo trajecto, a come çar em Tóquio, aparentemente consensual com a pessoa que nos tratou do assunto.
companhiaVOAR EM
Só que não: outro departamento da magnífica companhia informou que não po díamos alterar o local de partida por mais de 200 milhas, o que era o caso para a distância entre Osaca e Tóquio. Debalde explicámos que não fomos nós que quisemos mudar o que quer que fosse, foi a magnífica MAGNÍFICA COMPANHIA
confeitaria João Romão
quem cancelou os voos, e também que Osaca não era o nosso lugar de residência, nem Tóquio, em ambos os casos teríamos que ter uma deslocação prévia. Quase uma semana com contactos telefónicos diários demorou esta longa e tensa negociação, envolvendo atendimento por pessoas com manifesta falta de informação sobre as possibilidades e limitações impostas pelas próprias regras internas da magnífica companhia. Em todo o caso, chegou-se a um acordo: novo trajecto, novos bilhetes e a garantia de que quando embarcássemos para o primeiro de 3 voos, teríamos talões de embarque e bagagem despachada para toda a viagem. Só que não, outra vez: chegados ao primeiro balcão de “check-in”, fomos informados de que nem se podiam emitir os talões de embarque, nem despachar a bagagem para toda a vagem. Chegados a Tóquio, teríamos que recolher a bagagem, mudar de terminal no aeroporto, e ir com as malas aos balcões da magnífica companhia, para finalmente ser despachada até ao destino final e podermos então receber os preciosos talões de embarque. Pelos vistos, a boa vontade de quem nos vendeu os bilhetes não foi, outra vez, correspondida num conhe cimento razoável das regras internas, quer do aeroporto de Tóquio, quer da própria magnífica companhia que nos transportava – e que obvia mente retomava agora as suas operações com pessoal manifestamente pouco preparado para o fazer. Não será o único caso, certamente, mas foi o que nos calhou em triste sorte. Chegámos então ao balcão da magnífica companhia num dos aeroportos de Tóquio e constatámos a enormidade da dimensão da fila de espera para se chegar ao “check-in”.
Uma fila formidável, muito mais formidável do que a que pudéssemos observar no balcão de qualquer outra companhia, fosse da Ásia, Europa ou Médio Oriente. Os motivos não tinham apenas que ver com a quantidade de passageiros, mesmo depois de aqui se concen traram pessoas que deviam voar desde diferen tes pontos do Japão. Na realidade, o principal motivo era o descontentamento generalizado entre os próprios trabalhadores da magnífica companhia, cujos pilotos tinham decretado greve para esse dia, obrigando ao cancelamento de largo número de voos na Europa. Em resultado, todos os mecanismos para o “check-in” feito com online e com antecedência estavam fora de serviço, e quase todas as pes soas que chegavam ao balcão era confrontadas com a notícia de que o seu voo de ligação à chegada à Europa estava cancelado. Cada uma destas pessoas tinha o seu drama pessoal para resolver ali ao balcão (novo voo, alojamento temporário), o que tornou a espera num exercí cio penoso – e na realidade obrigou o avião da magnífica companhia a partir com quase uma hora de atraso, para que toda a gente pudesse ser atendida. O nosso drama foi menor, ainda assim: o nosso voo de ligação entre a Alemanha e Portugal estava marcado para o dia seguinte e não foi afectado. Já em terras europeias, observámos então o caos da magnífica companhia em todo o seu esplendor: primeiro com as filas intermináveis à chegada para os controles alfandegários inerentes aos voos intercontinentais, e no dia seguinte com novas filas intermináveis para aceder aos controles de segurança habituais antes de se aceder às zonas de embarque do aeroporto. Milhares de pessoas que pagaram bilhetes a preços exorbitantes em longas e len tas filas de espera para poder viajar. Valeu-nos no caso a atenção dos serviços do aeroporto às viagens de famílias com crianças pequenas, e em ambos os casos fomos rapidamente cha mados a locais onde evitámos penosas horas de espera. Sempre compensou a negligência da magnífica companhia que, como outras grandes empresas internacionais de aviação, despediu grande parte do seu pessoal aos primeiros sinais de crise, para o substituir por outra mão-de-obra, mais barata e menos preparada para os serviços relativamente complexos que inevitavelmente têm que se prestar. Tudo isto, por acaso, imediatamente a seguir a várias décadas de abundantes lucros e generosos prémios a diligentes gestores que assinalaram o enorme crescimento do turismo e do tráfego aéreo internacional desde os anos 1990.
“O pior dos castigos é a ausência de sentença.”
SEXTA-FEIRA 9.9.2022
Putin com Xi Jinping no Uzbequistão OPresidente da Rússia, Vladimir Putin, confirmou ontem os planos para se encontrar na próxima semana com o seu homólogo chinês, Xi Jinping, durante a cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (OCX), a realizar em Samarcanda, no Uzbequistão. “Com o Presidente Xi Jinping irei reunir em breve, espero, em Samarcanda, Uzbequistão, no âmbito dos eventos relacionados com a OCX”, disse Putin, após um encontro com o presidente do Comité Permanente da Assembleia Popular Nacional (ANP, Parlamento chinês), Li Zhanshu, citado num comun icado do Kremlin. A cimeira da OCX, que decorrerá nos próximos dias 15 e 16 de setembro, será a primeira em formato presencial desde o início da pandemia de covid-19. Também se tratará da primeira viagem de Xi Jinping ao estrangeiro desde o início da pandemia e o primeiro encontro com Putin com o seu homólogo chinês desde a intervenção militar russa na Ucrânia. Três semanas antes de lançar a ofensiva militar contra a Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro passado, Putin viajou até Pequim, tendo os dois líderes proclamado uma “nova era” nas relações bilaterais. Embora Pequim se tenha oposto às sanções ocidentais contra Moscovo após a intervenção militar russa na Ucrânia, Xi Jinping insistiu que as relações com a Rússia são de “parceria estratégica” e que “não representam uma aliança”.Hoje, no encontro com Li Zhanshu, segundo precisou a nota informativa do Kremlin, o Presidente russo pediu-lhe que transmitisse “saudações” e “os melhores votos ao bom amigo” Xi Jinping, desejando “sucesso” para os trabalhos do 20.º Congresso do Partido Comunista da China (PCC), que arranca a 16 de outubro.
MAIS de três meses após o surto de varíola dos macacos, foram confirmados mais de 20.000 casos da doença nos Estados Unidos, de acordo com os dados mais recentes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos EUA. Por isso, crescem as preocupações de que a janela de oportunidade para conter o crescente surto de varíola no país norte-americano possa estar a fechar-se, com a escassez de vacinas, deixando alguns grupos de risco à espera durante semanas para serem vacinados.
Alice TazémPALAVRA DO DIA PUB.
VARÍOLA DOS MACACOS MAIS DE 20 MIL CASOS NOS EUA
Um total de 20.733 casos conhecidos de varíola dos macacos foram relatados em todo o país até terça-feira (6), mostraram dados do CDC. A Califórnia teve o maior número de casos com 3.833, seguida por Nova York com 3.526 e Flórida com 2.126, segundo dados do CDC. Até agora, os Estados Unidos têm a maior contagem mundial de casos de varíola dos macacos. “Embora os casos de varíola estejam aumentando nacionalmente, a velocidade do surto parece estar a diminuir”, disse a diretora do CDC, Rochelle Walensky. No entanto, as autoridades de saúde alertam que os atrasos nos relatórios de dados podem oferecer uma imagem incompleta do surto nas últimas semanas, dificultando saber se os casos realmente atingiram o pico.
A grande preocupação é de que a falha em controlar o surto possa levar o país a se deparar com outras populações ou espécies. O governo de Joe Biden está a intensificar uma campanha de vacinação contra a varíola dos macacos, enviando milhares de doses de vacina durante o fim de semana do Dia do Trabalho para eventos como Southern Decadence em Nova Orleans, Atlanta Black Pride e Pridefest em Oakland, para alcançar grandes encontros de pessoas gays e bissexuais que correm maior risco de serem expostas e infectadas pelo vírus, de acordo com um relatório da agência de notícias NPR. O governo Biden tem sido criticado pela sua resposta ao surto de varíola, incluindo a falha em encomendar vacinas suficientes, acelerar tratamentos e disponibilizar testes para impedir o surto. “Deveríamos ter sido capazes de conter a varíola - foi detectada cedo e já tinha testes, uma vacina segura e um tratamento eficaz. Mas um sistema de saúde pública cronicamente subfinanciado, muitas vezes sem suprimentos básicos como cotonetes e seringas e esgotado por mais de dois anos de pandemia de Covid-19, falhou neste teste mais básico”, disse um relatório do The Hill. “Das vacinas às comunicações, o esforço da Casa Branca para combater o vírus da varíola dos macacos tem sido uma confusão atrás da outra”, disse um relatório recente da Bloomberg.