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A arquitectura tradicional
Cláudia
(Continuação da dougong. O peso dos telhados também não é suportado pelas paredes mas pe las colunas com dougong que distribuem esse peso entre si permitindo ao telhado projectar-se para lá das paredes do edi fício.
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De acordo com as funções e o posi cionamento, existem quatro tipos de dou e cinco tipos de gong. Estruturalmente, os componentes mais importantes de um conjunto são o ludou, ou bloco principal de suporte, e o huagong, ou braços que se estendem para lá dele para formar um ang (trave encastrada, cantiléver ou con sola) à frente e atrás.
Os huagong podiam ser montados em camadas. Sobem em “saltos” (跳tiao), ou níveis de gong transversais, que podem variar em número, entre um e cinco, e se estendem para o exterior em degraus para suportar o peso dos beirais salientes. A pressão externa é contrabalançada por impulsos internos nas outras extremida des dos braços do suporte. Intersectando o huagong encontram-se os gong trans versais que correm paralelos ao plano da parede. O gong transversal cruza o hua gong no ludou.
O ang era outro elemento de grande engenho, uma trave encastrada inclina da em acima do huagong num ângulo de aproximadamente trinta graus em re lação ao solo. O peso da viga ou da ter ça mantém a extremidade superior do ângulo para baixo, tornando o ang num braço de alavanca para suportar a gran de saliência do beiral. Eram os ang que permitiam a adição de peso à parte supe rior do telhado inclinado e a construção de mais um andar. Graças à introdução dos ang, a construção da moldura de viga chinesa pode assumir qualquer forma ao fazer variar a altura e a posição das vigas nas quais as terças assentam.
As primeiras descrições pormenorizadas acerca dos dougong surgiram no Yingzao Fashi e, mais tarde, o Qing gongcheng zuofa zeli avançou com novos pormenores e especificações oficiais. Todavia, depois da dinastia Song, a difusão do sistema dougong foi diminuindo até à dinastia Qing, quando passaram a servir apenas para propósitos de decoração.
O ang também sofreu desenvolvimentos. Nos sécs. XII e XIII, havia por vezes ang “falsos”, ou seja, que não cumpriam uma função estrutural. A percentagem de ang “falsos” foi aumentando com o tempo e, na dinastia Qing, deixou de haver ang estruturais na construção, embora se mantivessem como uma escolha estética ou formal em edifícios importantes.
O telhado
Como se viu, dougong e ang permitiam uma grande liberdade na construção de telhados, que assumem muito maior importância do que nos edifícios europeus. Os suportes do telhado com estrutura de madeira são marcadamente flexíveis, ao contrário das treliças triangulares rígidas dos telhados inclinados rectos do Ocidente.
O esqueleto de madeira consistia em colunas e vigas transversais subindo em direcção ao cume em comprimentos decrescentes. As terças posicionavam-se ao longo dos ombros escalonados do esqueleto. Deste modo, bastava modificar as alturas e larguras do esqueleto para construir um telhado fosse de que tamanho fosse e com a curvatura requerida. Ao se erguerem suavemente, as bordas do telhado permitiam que a luz penetrasse no interior do edifício apesar da ampla saliência, além de drenarem melhor a água da chuva e desempenharem a função apotrópica de afastar os maus espíritos. Os telhados serviam ainda para mostrar a importância de um edifício num complexo. Por vezes, tratava-se de telhados de duas águas com pedestal mais altos e complexos, como telhados duplos de duas águas, escalonados, com muitos elementos ornamentais.
Os telhados curvos começaram a surgir sobretudo a partir da dinastia Tang, como sucede nos templos Nanchansi e Foguangsi, em Wutaishan, e a curva foi-se acentuando gradualmente nos cantos.