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Passo a passo
“Para a China, ‘the meeting is the message’ (a reunião é a mensagem)”, escreveu Mikko Huotari, director executivo da MERICS, um ‘think tank’ alemão com foco naquele país asiático, parafraseando a famosa citação do pensador canadiano Marshall McLuhan sobre a comunicação (“the medium is the message”).
Para este analista, a visita de Li a Berlim é uma prova de que Pequim quer mostrar que o diálogo com um dos seus principais aliados não está comprometido, apesar de um afastamento diplomático que se acentuou nos últimos três anos.
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Uma das razões para este afastamento entre Berlim e Pequim reside na pressão exercida pelo Governo norte-americano para que a Europa se desligue da dependência económica chinesa, em particular em áreas sensíveis como a energia e as telecomunicações.
des 5G, alegando que esta organização reporta directamente perante o Partido Comunista Chinês, colocando sérios problemas de salvaguarda das informações que circulam nestas redes.
Os Estados Unidos estão preocupados, particularmente, com a progressiva afirmação das baterias eléctricas chinesas para alimentação de veículos automóveis, que ameaçam a expansão do sector automóvel em várias regiões, incluindo a Europa e os Estados Unidos.
Este tema foi abordado entre o chefe da diplomacia norte-americana no encontro com o seu homólogo chinês, Qin Gang, no passado domingo, no âmbito de uma redefinição do circuito comercial entre as duas maiores potências económicas.
como rivais, mas procurem evitar que a concorrência resvale para conflitos mais graves, nomeadamente a nível militar.
Xadrez político
Numa entrevista divulgada esta semana pela cadeia televisiva norte-americana CBS, Blinken reconheceu que os canais de comunicação militares entre os dois países continuam comprometidos, mas assegurou que este é um “processo em curso”, mostrando-se esperançado em que num futuro próximo seja possível criar formas eficazes de resolução de conflitos.
Oprimeiro-ministro chinês, Li Qiang, aterrou esta semana em Berlim, numa altura em que Alemanha, França, Estados Unidos e Reino Unido apostam numa estratégia de aproximação a Pequim.
Esta semana, em apenas alguns dias, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, viajou até Pequim, Li Qiang está de viagem até Berlim e Paris e o Governo britânico prepara a ida do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, à China.
Desde o mandato do ex-Presidente Donald Trump, e prosseguindo na era do actual líder, Joe Biden, que os Estados Unidos insistem em que os países europeus rejeitem integrar a empresa tecnológica chinesa Huawei nos concursos para as re-
Blinken repetiu por várias vezes a ideia de que os Estados Unidos não têm interesse em “conter o desenvolvimento da economia chinesa”, alegando que o sucesso do plano de Pequim salvaguarda igualmente os interesses norte-americanos.
A tese do Governo de Joe Biden é a de que Estados Unidos e China se assumam
“É importante que incidentes militares – como quando dois aviões se cruzem a curta distância ou dois navios entre em rota de colisão – sejam evitados através de canais estáveis de comunicação”, defendeu o chefe da diplomacia norte-americana.
Por isso, na agenda do primeiro-ministro chinês a Berlim e a Londres estão matérias relacionadas com a indústria da Defesa, numa altura em que Berlim anunciou um investimento bilionário em novo equipamento, em grande parte decorrente
Altera Es Clim Ticas Berlim E Pequim Assinam Acordo De Coopera O
OS governos da Alemanha e da China assinaram ontem em Berlim um acordo de cooperação para estabelecer um mecanismo de diálogo nas áreas das alterações climáticas e da transição verde.
O acordo foi assinado no âmbito da visita oficial do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, à Alemanha.
No documento, Berlim e Pequim reafirmaram o compromisso com o Acordo de Paris e com o objectivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus Celsius.
Tal objectivo deve ter por base os “princípios da equidade, das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e das respectivas capacidades”, segundo o texto do acordo citado pela agência espanhola EFE.
As duas partes reiteraram a intenção de alcançar a neutralidade de emissões até 2045, no caso da Alemanha, e de avançar para esse objectivo até 2060, no caso da China.
O mecanismo de diálogo visa “alcançar resultados práticos no domínio do desenvolvimento verde e com baixas emissões de carbono”.
O objectivo é “promover a transição verde e com baixas emissões de carbono para uma implementação acelerada da acção climática”.
A cooperação centrar-se-á em domínios como as políticas, as normas e as regras de certificação no domínio da descarbonização industrial.Os dois países também irão promover o intercâmbio de estratégias de redução das emissões no fabrico de cimento, aço, produtos químicos e papel.
Propõem-se também cooperar na transição energética, através da expansão das capacidades de energia renovável e do desenvolvimento de um mercado de energia verde, bem como na conservação de energia e eficiência energética.
Outras questões que serão abordadas a vários níveis pelos dois países são o comércio de emissões de dióxido de carbono (CO2) e os transportes ecológicos.
Uma das razões para este afastamento entre da crescente ameaça russa, após o início da invasão da Ucrânia, em Fevereiro de 2022.
“A China está interessada em que a Alemanha se desenvencilhe da dependên-
Acidente Pelo menos 31 mortos numa explosão em restaurante
Pelo menos 31 pessoas morreram na sequência de uma explosão na noite de quarta-feira num restaurante da cidade de Yinchuan, no noroeste da China, informou ontem a agência de notícias Xinhua. A explosão deveu-se a uma fuga de gás no restaurante, avançou a agência de notícias estatal chinesa. Sete outras pessoas ficaram feridas e estão a receber tratamento hospitalar. A rua, onde se situam outros estabelecimentos de restauração e entretenimento numa zona residencial do centro da cidade de Yinchuan, capital da região autónoma de Ningxia, ficou repleta de destroços. A tragédia ocorreu na véspera do Festival do Barco-Dragão, uma celebração de três dias em que muitos chineses se reúnem com a família e amigos.
cia militar norte-americana, para que possa de seguida ficar mais receptiva às propostas comerciais chinesas. Esta abordagem certamente que não aparecerá nos comunicados após as reu- niões do primeiro-ministro chinês em Berlim, mas estará muito presente nas intenções de cada diplomata chinês”, explicou à Lusa Darlyn Chai, investigadora de Relações Internacionais da Universidade de Sussex, no Reino Unido, especialista em política asiática.
Para esta especialista, os europeus estão interessados em que a China e os Estados Unidos normalizem relações, para terem mais campo de manobra para restabelecer as condições para novos investimentos chineses na Europa.
Contudo, para isso, defende Chai, os líderes oci- dentais, e os europeus em particular, também precisam que Pequim se demarque das posições da Rússia na Ucrânia.
A Alemanha – tal com a União Europeia e os Estados
Unidos – tem pressionado a China para não fornecer armas à Rússia, um compromisso que Blinken ouviu da boca do Presidente Xi Jinping e que o chanceler Olaf Scholz já disse estar interessado em ouvir da boca do primeiro-ministro chinês. O tema também deverá ser um dos pontos principais da visita que o chefe da diplomacia britânica deverá realizar à China, no final de Julho, que o Governo do Reino Unido está a preparar.
A viagem ainda não está confirmada, mas fontes do Governo liderado por Rishi Sunak têm defendido a necessidade de o Reino Unido não ficar para trás na reaproximação à China, quando Estados Unidos e a União Europeia aceleram os contactos diplomáticos com Pequim.
Para o Governo britânico, o ‘Brexit’ apenas acentuou a necessidade de diversificar as relações externas, apesar dos apelos dos aliados norte-americanos, para conter o investimento chinês, especialmente nas áreas tecnológicas.
Eua Pequim Considera Absurdo Coment Rio De Joe Biden Que Chamou Ditador A Xi Jinping
AChina considera “absurdo” o comentário do chefe de Estado norte-americano, Joe Biden, que afirmou terça-feira que o Presidente chinês é um “ditador”.
“Esta observação da parte americana é realmente absurda, muito irresponsável e não reflecte a realidade”, declarou aos jornalistas a porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim.
Referindo-se a um episódio recente em que os Estados Unidos destruíram um balão chinês que alega - vam estar a espiar território norte-americano, Joe Biden disse que “a razão pela qual [o Presidente chinês] ficou tão aborrecido “quando foi abatido aquele balão cheio de equipamento de espionagem é porque não sabia que [o dispositivo] estava lá”.
“É muito embaraçoso para os ditadores quando não sabem o que aconteceu”, acrescentou Biden durante uma recepção no Estado norte-americano da Califórnia.
“E já agora, prometo-vos, não se preocupem com a China (...). A China tem problemas económicos reais”, disse o democrata de 80 anos, que está em campanha para a reeleição.
Ainda a propósito de Xi Jinping, Joe Biden afirmou:
“Estamos num momento em que ele quer restabelecer uma relação”.
Biden recordou que o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, tinha acabado de regressar da República Popular da China.
O Presidente norte-americano considerou que o secretário de Estado desempenhou um “bom trabalho”, mas explicou que “vai levar tempo” para resolver a relação muito tensa entre as duas grandes potências.
Não é a primeira vez que Joe Biden emite declarações memoráveis em recepções de angariação de fundos, eventos em pequena escala dos quais as câmaras, os microfones e as máquinas fotográficas são excluídos – podendo os jornalistas presentes, contudo, ouvir os discursos de abertura de Biden e divulgá-los.
Foi num evento desse tipo, em Outubro de 2022, que o Presidente dos Estados Unidos mencionou, por exemplo, o risco de um “apocalipse” nuclear desencadeado pela Rússia.
De mãos dadas
Nova presidente do parlamento timorense quer união para desenvolver país
Anova presidente do Parlamento timorense, Maria Fernanda Lay, disse ontem que é necessária a máxima união de esforços para responder às aspirações da sociedade, reavivar a economia e garantir o desenvolvimento nacional.
“O povo está à espera, precisamos de desenvolvimento, criar empregos e reavivar a economia. E para isso é preciso estabilidade. Vamos trabalhar juntos com os outros partidos”, afirmou Maria Fernanda Lay à Lusa nas primeiras declarações depois de assumir funções.
“Precisamos de dignificar esta instituição com as nossas atitudes e cumprir e fazer cumprir a constituição e as leis. Temos de ser o modelo para os outros poderem cumprir”, vincou.