Hoje Macau 28 JUN 2016 #3601

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Director carlos morais josé

Mop$10

terça-feira 28 de Junho de 2016 • ANO Xv • Nº 3601

Natália Gromicho

Entrevista

Jardins Proibidos Ocean Garden Parque infantil é zona de risco

Lixo, escorregas perigosos ou relvados à beira da estrada. Muitos são os pontos negros denunciados por várias mães preocupadas com os riscos que as crianças correm dia-

riamente. Pedem a intervenção do IACM na requalificação do espaço. O instituto descarta responsabilidades e remete o assunto para a administração do condomínio.

Grande Plano

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Marcada pela imperfeição

TDM

Deputados estão na TV página 4

Capturados no casino Página 6

h

Acerca de Berlin

Boi Luxo

china | HK

Direitos em discussão Página 10


2 grande plano

Ocean Garden Parque infantil em péssimas condições põe segurança em risco

Escorrega

Equipamentos em mau estado, tudo cheio de lixo e muitas vezes utilizado como casa de banho para cães. É assim o estado em que se encontra o parque de lazer dos Ocean Garden. O IACM nega responsabilidades e atira o assunto para a administração do condomínio. Mães unidas querem um espaço onde os filhos possam brincar

É

o parque da polémica. Apesar de Macau disponibilizar “parques de lazer com excelentes equipamentos” este é o seu calcanhar de Aquiles. Fica no complexo Ocean Garden, na Taipa, ao lado do Sakura Court, perto da Rotunda dos Jogos da Ásia Oriental. No site do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) é identificado ainda como zona de lazer da Avenida do Oceano, sendo um espaço sob a responsabilidade do instituto. Mas parece que a realidade não é tão clara, é que chamado à atenção pelo estado de degradação do espaço, o Governo nega responsabilidades.

Mães em luta

A ideia de denunciar o caso ao IACM partiu de Andreia Martins, mãe de uma criança de dois anos. “Eu sei que as crianças correm e brincam e estão sujeitas a isto [magoarem-se], mas duas crianças magoaram-se neste parque, uma partiu a cabeça e outra um dente”, começa por contar ao HM. Depois de comentar o estado do parque, seja pela degradação visível e aspecto de abandono, como pelo lixo que salta à vista de quem por ali passa, Andreia decidiu escreveu uma carta expositiva ao IACM, colectando ao mesmo tempo várias assinaturas. Na carta, enviada a 6 de Maio do presente ano, Andreia Martins, e as assinantes, indicavam que “as condições actuais destas instalações [...] devem ser requalificadas em prol da segurança e bem-estar dos seus utilizadores”. O documento dedica vários parágrafos ao assunto e menciona ainda dois outros parques que são da responsabilidade de administração de condomínios do complexo. “Em relação à sua carta, em que refere os estragos em instalações recreativas da zona de lazer e o mau estado higiénico dos Jardins do Oceano, proponho a V.Exa. que, por esta zona não se encontrar sob a gestão do IACM, procure contactar directamente o promotor do respectivo empreendimento ou a empresa de administração de condomínio para

“Em relação à sua carta, em que refere os estragos em instalações recreativas da zona de lazer e o mau estado higiénico dos Jardins do Oceano, proponho que (...) procure contactar directamente o promotor do respectivo empreendimento ou a empresa de administração de condomínio” Cecilia So Mui chefe dos Serviços de Zonas Verdes e Jardins do IACM

lhe referir essas situações”, assina Cecilia So Mui, chefe dos Serviços de Zonas Verdes e Jardins do IACM. É, apontam as assinantes, uma não resposta, porque o IACM não menciona o parque em causa, que é da sua responsabilidade. “Ignora ou parece querer ignorar”, defende Andreia Martins. “Parece que se esqueceram que aquele parque é deles [IACM]. Acho que o Governo não está a ser competente, e mal viram que o parque era do Ocean Garden não quiseram saber. Isto é uma tre-

menda falta de profissionalismo”, aponta Joana Couto, mãe de uma criança com menos de um ano. “É preciso perceber que isto não é nada inventado por nós. O parque é da responsabilidade do IACM e isso está no próprio site do instituto. Esta resposta parece só referir-se aos outros parques (...) parece-me que não quiseram responder. Deviam ter explicado o que se passa. Até podiam dizer que estão a fazer um estudo, como fazem tantos, também podiam dizer que estavam a estudar uma so-


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da discórdia “As condições actuais destas instalações [...] devem ser requalificadas em prol da segurança e bem-estar dos seus utilizadores” Carta de vários assinantes ao IACM

a higiene está também em causa. “Jovens residentes ou estudantes da Escola Secundária Pui Vai têm o hábito de frequentar o espaço, sujando as instalações e largando lixo no chão, incluindo beatas de cigarro, infringindo uma série de regras e leis da RAEM”, defende Andreia Martins. Também para Diana Massada a situação de falta de limpeza é insustentável, colocando em causa a saúde das crianças e acompanhantes. Pior que isso é o descuido dos utilizadores que passeiam animais de estimação e deixam que os mesmos “façam as suas necessidades” no parque de lazer para os residentes. Sem fiscalização não há como impedir que isto aconteça e ninguém “quer os filhos a brincar num espaço sujo, que é utilizado para parque de cães”, acrescenta ainda Andreia Martins.

Tentar fazer o bem

“Aquela zona de relvado está aberta para a marginal, de forma directa. Portanto, crianças a brincar, meninos que jogam à bola naquela zona, é super perigoso”

“O parque é da responsabilidade do IACM e isso está no próprio site do instituto. (...) Isto é claramente ignorar e varrer para baixo do tapete” Diana Massada assinante da carta

Joana Couto mãe

lução. Mas nem isso. Não tiveram a simpatia de nos dizer. Portanto isto é claramente ignorar e varrer para baixo do tapete”, argumenta ainda Diana Massada, uma das assinantes.

Pontos negros

Os problemas são vários e as mães tornam isso claro. “Em primeiro lugar, existe um problema de segurança. O escorrega é perigoso, pois a sua estrutura é antiga e instável. Em segundo, é um escorrega que não pode ser utilizado por crianças

de todas as idades. É uma estrutura demasiado alta, sem escadas, que obriga as crianças a trepar as barras de ferro para poderem utilizar o escorrega”, começa por apontar o documento a que o HM teve acesso. A questão da segurança é ainda apontada pelas assinantes pois, apontam, as instalações destinada para exercício físico para adultos são partilhadas no mesmo espaço do parque, sem qualquer separação física. “Esta situação causa incómodo tanto aos utentes destas instalações, como às crianças e quem as super-

visiona, pois as crianças acabam por circular naquela zona, como se instalações infantis se tratassem. Já houve casos de crianças que se magoaram, atingidas por alguém que praticava exercício físico, causando um transtorno geral”, apontam ainda.

Ao lado do perigo

Outra falha apontada por Joana Couto é a falta de protecção entre o parque e a marginal. “Aquela zona de relvado está aberta para a marginal, de forma directa. Portanto crianças a brincar, meninos que jogam à bola

naquela zona, é super perigoso. Perigosíssimo. Facilmente olhamos para o lado e a criança já está na estrada”, contou, indicando que já lhe aconteceu. “Não sei de acidentes que tenham acontecido, mas eu já vi, por mais do que uma vez, bolas a irem parar à estrada e os miúdos a irem a correr na tentativa de apanhar a bola. Se não fossemos atrás deles podia ter acontecido o pior”, apontou.

Saúde em causa

Mas não é apenas o estado de degradação que preocupa as mães,

Seguindo as instruções, uma proprietária de um apartamento no complexo e também assinante da carta entrou em contacto com a empresa responsável pelo condomínio. “Foi feita uma abordagem oral, mais um alerta desta situação, mas a administração ignorou por completo”, esclarece Andreia Martins. A luta não termina. As assinantes vão continuar chamar o Governo às suas responsabilidades. “Se o IACM diz que não tem responsabilidade sobre este parque, se alguma criança se magoar a sério quem é que se responsabiliza?”, atira ainda para o ar Diana Massada. O grupo vai agora responder ao IACM partilhando o link do Web site do instituto que indica que aquele parque é da sua responsabilidade. Andreia Martins diz ainda que vão averiguar de quem é a responsabilidade criminal em caso de acidente com os equipamentos dos parques que pertencem à administração do condomínio. Vão ainda enviar uma carta através do advogado à administração do condomínio e um documento expositivo ao gabinete da Sónia Chan, Secretária para Administração e Justiça, tutela a que pertence o IACM. Tudo “em prol da segurança das crianças”. Ao HM, até ao fecho desta edição, o IACM não apresentou qualquer esclarecimento. Andreia Martins explica ainda que num território “com tantos bons parques” não faz sentido este ficar esquecido. Entre este compasso de espera, aguarda-se que as crianças possam voltar a brincar. Filipa Araújo

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4 POLÍTICA

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TDM Associações de deputados patrocinam programas

Investimentos televisivos A Fundação Chan Meng Kam e a Associação de Conterrâneos de Jiangmen, dos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting, patrocinam programas transmitidos no canal chinês da TDM. Coutinho fala de “conluio” com “grandes associações” TIAGO ALCÂNTARA

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urgem no pequeno ecrã sorridentes e a cumprimentar idosos. É assim o programa patrocinado pela Associação dos Conterrâneos de Jiangmen no canal chinês da TDM, o qual mostra os rostos dos deputados Mak Soi Kun e Zheng Anting. Transmitido no período da tarde, esse programa é patrocinado pela associação à qual pertencem os deputados e visa sobretudo a região de onde são oriundos os membros do hemiciclo.

“É um programa que também é difundido em Jiangmen, para contar às pessoas como os conterrâneos trabalham de forma árdua em Macau” Zheng Anting DEPUTADO

Tratem-me das águas Kaifong quer melhor qualidade de água no território

H

o Ion San, deputado dos KaiFong, interpelou o Governo sobre fiscalização das emissões ilegais de águas residuais na zona Norte, queixou-se do mau cheiro das águas fluviais, perguntou por planos de longo prazo e pediu a reforma da Lei de Bases do Ambiente. Numa interpelação ao Governo, Ho Ion San, presidente da União Geral das Associações dos Mora-

dores de Macau (Kaifong), sobre a questão das águas residuais assinalando que a situação tem vindo a deteriorar-se por causa do desenvolvimento social e do crescimento populacional de Macau, com especial enfâse na península, já que, reforça o deputado, “dos cinco pontos negros de poluição aquática do território, quatro situam-se em Macau”, o que, para o deputado “é extremamente nega-

Não são apenas os conterrâneos de Jiangmen a ter um programa patrocinado na TDM. A Fundação Chan Meng Kam, criada em 2013 pelo deputado, também paga a transmissão de um programa que é emitido no período da manhã. Manuel Pires, presidente do conselho de administração da TDM, confirma a transmissão de vários programas patrocinados por associações, cujo patrocínio surge devidamente identificado no fim. Em declarações ao HM,

tivo para o ambiente da cidade”. Para o deputado as instalações de tratamento de águas residuais do território estão “desfasadas do desenvolvimento económico”, razão pela qual, alega, “a qualidade das águas envolventes do território é cada vez pior” dando os exemplos da Areia Preta, Fai Chi Kei, duas zonas onde, periodicamente, surgem maus cheiros.

Zona norte muito negra

Pegando no factos do Governo ter referido que a Zona Norte ocupa 40% dos casos de emissão ilegal de águas residuais, e da Direcção dos Serviços

Manuel Pires deixa bem claro: “nós não passamos publicidade a deputados”. O homem forte da TDM referiu que o facto destes pertencerem a associações e serem membros da Assembleia Legislativa (AL) é apenas algo que é comum acontecer em Macau. Sem termos acesso a valores, tentámos contactar os deputados em causa. Chan Meng Kam esteve incontactável e o seu número dois, Si Ka Lon, referiu nada saber sobre o programa. Não conseguimos falar com Mak Soi Kun mas conseguimos falar com o seu número dois, Zheng Anting. Num primeiro contacto referiu que a sua associação não patrocinava qualquer programa, mas depois explicou que o patrocínio vem de dez pessoas, e não apenas de deputados. “As outras pessoas que pagam também ocupam lugares importantes em Macau. É um programa que também é difundido em Jiangmen, para contar às pessoas como os conterrâneos trabalham de forma árdua em Macau. Se o programa viola a lei eleitoral, então quer dizer que não podemos dizer que somos deputados quando sairmos à rua. Se contarmos aos outros o que fazemos também estamos a vio-

“A TDM patrocina estas associações ao permitir a transmissão dos programas. Este patrocínio é escandaloso” Pereira Coutinho DEPUTADO

de Protecção Ambiental ter pedido apoio profissional para elaborar uma proposta que resolva o problema da zona, Ho Ion San quis saber em que ponto estão os trabalhos e como é que o Governo fiscaliza a qualidade das águas na zona. Ho Ion San argumentou ainda que a Lei de Bases do Ambiente foi criada há mais de vinte anos, pelo que não poderá responder à pressão ambiental causada pelo desenvolvimento do território e consequente aumento populacional registado nos últimos anos. Por isso mesmo, pretende saber se o Governo vai, ou não, rever

lar a lei eleitoral?”, questionou Zheng Anting.

“Cúmulo dos cúmulos”

O deputado José Pereira Coutinho garante que a Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM) não patrocina nenhum programa, falando da existência de “conluio entre o Governo e as associações poderosas que existem em Macau”. “Isto é o cúmulo dos cúmulos, porque as associações que estão a pagar estes programas são as que tiveram mais votos nas últimas eleições. Esta é uma forma de antecipação, porque na verdade a campanha eleitoral já começou, já foram escolhidos os mandatários para a recolha de votos”, acusou Coutinho. O deputado lança ainda farpas à TDM. “A TDM patrocina estas associações ao permitir a transmissão dos programas. Este patrocínio é escandaloso por parte da TDM”, apontou Coutinho, que diz que a revisão da lei eleitoral para a AL “é tardia e não vai ser eficaz”. Contactado pelo HM, o analista político Larry So não vê, para já, incompatibilidades, mas prevê eventuais problemas no futuro. “Pelo que sei o Chan Meng Kam não faz isso a título pessoal, faz isso em nome da sua fundação. Penso que a Sociedade de Jogos de Macau (SJM) também faz um patrocínio no programa da manhã. Estamos numa sociedade comercial e isso é possível. Claro que estamos a aproximar-nos do período eleitoral e aí podem surgir problemas. Mas neste momento ainda não estamos no período de campanha eleitoral e não me parece que haja algum tipo de controvérsia”. Apesar disso, Larry So reconhece que “este é um tipo de promoção, em que (os deputados) podem ser mais bem conhecidos junto da sociedade, através dos meios de comunicação social”. Andreia Sofia Silva

andreia.silva@hojemacau.com.mo

Angela Ka

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a lei, especialmente na parte que diz respeito à qualidade de água e consequente envio de poluição para o mar. Por último, o deputado dos KaiFong questionou ainda o Governo sobre propostas de longo prazo para o planeamento do ambiente no porto interior, Fai Chi Kei e Areia Preta, bem como na praia Hac Sac. Tomás Chio (revisto por MN) info@hojemacau.com.mo


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cott Chiang, presidente da Associação Novo Macau, diz que podem estar para acontecer mudanças no grupo pró-democrata. Questionado sobre uma possível candidatura às eleições à Assembleia Legislativa (AL), Scott Chiang volta a não querer falar sobre o assunto, deixando tudo em aberto incluindo a possibilidade de caras novas no próprio grupo.

Caras novas? Scott Chiang não descarta mudanças

Gcs

Não quer comentar as ideias apresentadas por Au Kam San e Ng Kuok Cheong, mas levanta o véu e diz que podem acontecer novas mudança na Associação Novo Macau. Scott Chiang não fala sobre as eleições à AL, mas tudo está em aberto

“Tudo é possível, há sempre pessoa novas, há sempre caras novas. Já tivemos o Sou Ka Hou, também já tivemos o Jason [Chao]. O que espero é que o futuro traga mudanças, das boas, mas ainda não sabemos o que pode acontecer” Questionado sobre a possibilidade de eleger um novo membro da associação, o presidente foca-se no único que agora os representa, o deputado Ng Kuok Cheong. “Perdemos um [Au Kam San] mas temos Ng Kuok Cheong. Se ele concorrer outra vez, primeiro garantimos o seu lugar, depois queremos que se faça mais”, explicou.

Tempo curto

Relativamente às ideias apresentadas por Ng Kuok Cheong e Au Kam San no âmbito do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, o qual, acusam, foge à questão da implementação do sufrágio universal para a eleição do Chefe do Executivo, apresentada na passada sexta-feira, em conferência à imprensa, o presidente pró-democrata não quis comentar. “Não tive tempo para estudar e ver a proposta apresentada, nem as ideias, pelos deputados Au Kam San e Ng Kuok Cheong. Portanto não me parece justo fazer uma apre-

POLÍTICA

“O que espero é que o futuro traga mudanças, das boas, mas ainda não sabemos o que pode acontecer” ciação agora”, explicou, frisando que não está a recusar fazê-lo. “Para já não o vou fazer”, apontou. As ideias apresentadas vão muito ao encontro de iniciativas defendidas também pela associação na área da habitação, transportes e avaliação do próprio Governo. Scott Chiang continua a aguardar desenvolvimentos do caso avançado pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em que o pró-democrata é suspeito de desobediência na manifestação de 15 de Maio, que pedia a demissão de Chui Sai On, Chefe do Executivo, após tornadas públicas as doações da Fundação Macau à Universidade de Jian. Filipa Araújo

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Andreia Sofia Silva

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MANDADO DE NOTIFICAÇÃO N.° 327/AI/2016 -----Atendendo à gravidade para o interesse público e não sendo possível proceder à respectiva notificação pessoal, pelo presente notifique-se o infractor CHEN ZHIBIN, portador do Salvo-Conduto para Deslocação a Hong Kong e Macau da R.P.C. n.° W71544xxx, que na sequência do Auto de Notícia n.° 108/DI-AI/2014, levantado pela DST a 28.08.2014, e por despacho da signatária de 10.06.2016, exarado no Relatório n.° 384/DI/2016, de 27.05.2016, em conformidade com o disposto no n.° 1 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010, lhe foi desencadeado procedimento sancionatório por suspeita de controlar a fracção autónoma situada na Rua do Guimarães n.° 50, Edf. Sam Lei, 3.° andar B, Macau onde se prestava alojamento ilegal.-----------------------------------------------------------------------------------------------No mesmo despacho foi determinado, que deve, no prazo de 10 dias, contado a partir da presente publicação, apresentar, querendo, a sua defesa por escrito, oferecendo nessa altura todos os meios de prova admitidos em direito não sendo admitida apresentação de defesa ou de provas fora do prazo conforme o disposto no n.° 2 do artigo 14.° da Lei n.° 3/2010. -----------------------------------------------------------A matéria apurada constitui infracção ao artigo 2.° da Lei n.° 3/2010, punível nos termos do n.° 1 do artigo 10.° do mesmo diploma.------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------O processo administrativo pode ser consultado, dentro das horas normais de expediente, no Departamento de Licenciamento e Inspecção desta Direcção de Serviços, sito na Alameda Dr. Carlos d’Assumpção n.os 335-341, Edifício “Centro Hotline”, 18.° andar, Macau.--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Direcção dos Serviços de Turismo, aos 10 de Junho de 2016. A Directora dos Serviços, Maria Helena de Senna Fernandes

Assine-o Telefone 28752401 | Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo

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6 Sociedade

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Filhos maiores PSP diz que protesto está dentro da lei

A

Polícia de Segurança Pública (PSP) garantiu ao HM que a Associação dos Pais dos Filhos Maiores não está a cometer nenhuma ilegalidade ao manter o protesto na praça do Leal Senado há cerca de quatro meses. “A PSP tem providenciado agentes para garantir a ordem pública e a segurança no local e arredores. Até hoje esta polícia não tem verificado qualquer anomalia em distúrbios sonoros.” A PSP confirma ainda que o protesto não está a violar a lei de prevenção e controlo do ruído ambiental, lembrando que, segundo a Lei Básica, os

residentes têm o direito de manifestação e de liberdade de expressão. “Face ao exposto, os agentes desta polícia apenas podem actuar nas manifestações de acordo com a lei, e aconselhar os manifestantes para evitarem ou diminuírem os distúrbios sonoros causados no local”, adiantou ainda a PSP ao HM. Esta é a reacção da PSP após a publicação da reportagem do HM na semana passada, que dava conta do descontentamento de comerciantes e da própria Santa Casa da Misericórdia (SCM) quanto à permanência da tenda do protesto no Leal Senado. A.S.S.

Tabaco Ex-croupier recolhe fundos para doença

Protesto Venetian acusaDO de capturas ilegais

Todos numa sala Vão para uma sala e ficam sem documentos durante horas. A Venetian está a ser acusada por um residente de fazer capturas ilegais de pessoas dentro do casino, com a ajuda dos seguranças

U

m residente, de nome Lei, manifestou-se ontem junto à fronteira com Zhuhai acusando a Venetian de ter autorizado a sua captura e encerramento numa sala com mais pessoas, algo que, segundo disse, ocorrerá com frequência dentro do empreendimento. Segundo relatou este individuo, os seguranças levam-nos para salas, apoderam-se dos documentos de identificação e os homens só podem sair várias horas depois, sem uma explicação. Lei, que empenhava um cartaz que revelava a sua idade (48 anos) e o apoio que recebe de grupos como

“Poder do Povo” e “Aliança da Juventude” contou o que aconteceu consigo em Maio. “Estava à espera de um amigo meu ao lado de um bar, no Venetian, quando de repente surgem três seguranças nepaleses que me obrigaram a ir para uma sala de segurança”, referiu Lei. Quando chegou à sala, Lei terá encontrado outros

chineses, sendo que alguns lhe disseram que estavam ali há cerca de 20 horas. O senhor Lei terá sido forçado a ficar na sala durante duas horas, tendo ficado sem documentos de identificação. Sem explicações por parte dos seguranças, Lei diz ter ficado ferido nos braços e nas costas. Lei afirma que demorou algum

“Estava à espera de um amigo meu ao lado de um bar, no Venetian, quando de repente surgem três seguranças nepaleses que me obrigaram a ir para uma sala de segurança” LEI RESIDENTE

tempo a denunciar o caso porque estava à procura de testemunhas, tendo referido que não tem qualquer ligação com a Venetian, tendo apenas sido jogador no casino da empresa. Lei referiu ainda saber apenas que os outros detidos são do interior da China, acusando a Venetian de permitir esta “ilegalidade” todos os dias, exigindo explicações à operadora.

Sem medo

“Um chefe do departamento de segurança, estrangeiro mas que fala chinês, já disse que a Venetian não tem medo de processos judiciais, por ter uma forte equipa de advogados.” Durante o protesto, Lei questionou o facto dos Estados Unidos serem um país onde existe preocupação com os direitos humanos. “Porque é que esta empresa americana faz ilegalidades na China, porquê?”, questionou. Depois do protesto, Lei promete ir ao consulado-geral dos Estados Unidos em Hong Kong denunciar o caso, bem como fazer uma queixa junto das autoridades policiais de Macau. Tomás Chio (revisto por A.S.S.) info@hojemacau.com.mo

“Já não consigo respirar pelo nariz”. As palavras são da senhora Chan, de 45 anos, que trabalhou como croupier no casino MGM durante mais de seis anos. Em entrevista ao canal de televisão MASTV, a croupier referiu que os custos do tratamento do cancro de que padece são pagos pelo Governo apenas parcialmente. “O Governo tem um subsídio mas muitos dos tratamentos são pagos por nós.” Chan não tem filhos e vive com o pai, de 82 anos de idade. Está a recolher fundos nas redes sociais, mas em comunicado, os Serviços de Saúde (SS) confirmam que “todos os doentes oncológicos residentes de Macau têm tratamento gratuito proporcionado pelo Governo”.

Autocarros Consultora recebe mais de cinco milhões

A consultora PricewaterhouseCoopers (pwc) foi a empresa escolhida pelo Governo para a realização de uma “análise e avaliação independente sobre os dados da frequência de partidas dos autocarros entre Outubro de 2015 e Julho de 2018”. O valor do estudo será de 5,3 milhões de patacas, sendo esse valor pago até 2018.

Casas-Museu da Taipa podem ser marca de Macau

Alexis Tam, Secretária do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura (SASC) falou ao canal chinês da TDM acerca da intenção de criar uma nova zona de atracção turística dedicada às indústrias criativas e de lazer, nas Casas Museu da Taipa. A iniciativa está prevista para a próxima edição do festival Lusofonia. O projecto engloba actividades ligadas à vida nocturna, restauração, espectáculos e festivais culturais sendo que pretende ainda cooperar com outras regiões e países de modo a poder vir a concretizar-se enquanto uma nova marca de Macau.

O HM ERROU No artigo, publicado ontem, na página 15, como o título “Sam Yuk, Pais suspeitam que escola engana DSEJ”, o HM errou. A notícia explica que a senhora Choi, presidente da comissão de pais da Escola Sam Yuk (secção inglesa) acusa a direcção de burla. O que aconteceu na realidade é que a senhora Choi estava apenas a comentar uma denuncia recebida por uma carta anónima à redacção deste jornal. Pedimos desculpa por todos os danos causados à senhora Choi e a todos os envolvidos.


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Portas do Cerco Renovação VAI custaR MAIS DE seis milhões

“Investir seis milhões vai trazer certamente mudanças positivas, mas não vai servir para tratar o problema de origem”

Há caos no subsolo

TIAGO ALCÂNTARA

O Governo vai gastar mais de seis milhões de patacas na renovação do terminal de autocarros e passageiros das Portas do Cerco. Ng Kuok Cheong, Si Ka Lon e Kwan Tsui Hang consideram que essa renovação continua sem resolver os problemas existentes

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Governo vai gastar mais de seis milhões de patacas na renovação do terminal de autocarros e passageiros das Portas do Cerco. Ng Kuok Cheong, Si Ka Lon e Kwan Tsui Hang consideram que essa renovação

A

Associação Geral das Mulheres de Macau revela estar disposta a colaborar com as associações de matriz portuguesa para a realização do Arraial de São João. A garantia foi dada por Ho Ka Ian, administradora-adjunta da associação. “O presidente da Associação dos Macaenses (ADM) disse que queria misturar as culturas ocidental e oriental e nós concordamos com a ideia, e no futuro se continuarem a realizar esse tipo de actividades nós estamos a favor, existe a possibilidade de cooperação”, referiu.

continua sem resolver os problemas existentes A empresa local Companhia de Engenharia Young’s vai ficar responsável por mais uma obra de renovação do terminal de autocarros e passageiros das Portas do Cerco. Segundo um

Ho Ka Ian disse ainda que “podem adicionar-se mais elementos chineses” ao tradicional Arraial de são João, que todos os anos se realiza na zona de São Lázaro. “Eles têm as danças populares, nós temos as danças chinesas. A combinação das duas será boa. Eles têm tendinhas com artesanato português, nós também temos o nosso artesanato, mas pode-se fazer uma ligação”, explicou. “Todos sabem que Macau é um lugar de existência de duas culturas diferentes. Precisamos de aproveitar estas características

despacho publicado ontem em Boletim Oficial (BO), a empresa irá receber pouco mais de 6,5 milhões de patacas para realizar a “empreitada de melhoramento das zonas de espera de passageiros e de circulação rodoviária do centro rodoviário subterrâneo das Portas do Cerco”. A obra deverá ficar concluída em 2018, segundo os prazos de pagamento fixados no despacho publicado e assinado pelo Chefe do Executivo. Há muito que os problemas de circulação, ventilação e infra-estruturas na zona da fronteira são abordados pelos deputados da Assembleia Legislativa (AL). Confrontados pelo HM, três deputados aplaudem esta iniciativa mas continuam a achar que a obra não vai resolver o problema. “O Governo já fala da renovação da zona das Portas do Cerco há muitos anos. Agora vai gastar seis milhões de patacas, mas no passado há foram gastos mais milhões, mas tudo serviu apenas para tratar alguns sintomas e não para resolver a origem do problema. Investir seis milhões vai trazer certamente mudanças positivas, mas não vai servir para tratar o problema de origem”, referiu Si Ka Lon, número dois de Chan Meng Kam no hemiciclo. “Sem ter um plano geral para a zona, tudo o que o Governo fizer não irá solucionar os problemas. Sei que o Governo já investiu muito num plano geral para a zona das

Si Ka Lon dEPUTADO Portas do Cerco, mas ainda nada disse sobre o assunto. Deveria ser mais transparente”, apontou o deputado.

Mais ligações

A deputada Kwan Tsui Hang espera que o Governo “possa acelerar o planeamento e a investigação” sobre a renovação da zona. Já o deputado Ng Kuok Cheong considera que o Governo “já deu a ideia de que não pretende realizar uma grande mudança” no local. “Talvez tenha adoptado as sugestões dos Serviços para osAssuntos de Tráfego (DSAT), e fazer mudanças maiores ao nível dos transportes. A área precisa de grandes alterações e não apenas ao nível dos transportes mas também no que diz respeito à ligação com o Metro Ligeiro e as habitações que existem à volta. O que me parece é que o Governo não revela muita preocupação sobre esse assunto”, apontou Ng Kuok Cheong. Si Ka Lon espera que o plano de renovação melhor o sistema de circulação do ar, por forma a proporcionar um ambiente mais confortável aos passageiros. Andreia Sofia Silva

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Bairro unido

Associação das Mulheres disposta a colaborar no arraial

para mostrar que Macau é um lugar onde o Oriente se encontra com o Ocidente. Para o turismo e a imagem de Macau essas características são representativas”, adiantou Ho Ka Ian.

Bom balanço

A edição deste ano do Arraial de São João terminou no domingo e Miguel de Senna Fernandes, pre-

sidente da ADM, fez um balanço positivo do evento, tendo pedido a cooperação com associações chinesas, como a União Geral das Associações de Moradores (UGAMM, ou Kaifong). “Teremos todo o gosto, teremos toda a honra em inclui-las. As pessoas pensam que esta é uma festa dos portugueses. Não. É verdade que o pendor português é decisivo.

sociedade

Idosos aumentados

O montante anual do subsídio para idosos a atribuir em 2016 foi aumentado para 8.000 patacas. O subsídio para os idosos que residam em Macau será atribuído automaticamente em Outubro, através das formas escolhidas, independentemente da apresentação da prova de vida. Os beneficiários que residam fora de Macau deverão efectuar a prova de vida até 31 de Agosto, para que o respectivo subsídio lhes seja atribuído em Outubro; no caso de efectuarem a prova de vida após a data indicada, o subsídio será concedido em data posterior. Os idosos que apresentarem o pedido do subsídio pela primeira vez e satisfizerem os requisitos até 31 de Agosto, também verão o pagamento ser efectuado em Outubro. Até ao final de Maio, o número total dos idosos qualificados para o subsídio em 2016 era de 71.000, prevendose que o respectivo valor total atribuído será de 568 milhões patacas.

Wynn Palace abre em Agosto

Depois de dois adiamentos, parece que a abertura do Wynn Palace, na Taipa, vai finalmente acontecer. Agora a data marcada é a 22 de Agosto, sendo que a construção do empreendimento demorou mais do que o previsto.

É obvio. Isto é a afirmação de uma cultura – da cultura de portugueses de Macau. Mas como digo que é de Macau obviamente não podemos deixar de lado a componente chinesa. Oxalá que no próximo ano tenhamos esta efectiva intervenção deles”, disse, segundo a Rádio Macau. O HM tentou contactar os Kaifong e a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM) para perceber a sua disponibilidade para participar neste projecto, mas ambas as associações recusaram prestar declarações sobre o assunto.


8 entrevista

Natália Gromicho pintora

Sofia Mota

“Sempre me revoltei por não te Natália Gromicho está na RAEM para apresentar a sua primeira exposição na terra que há muito sonhava conhecer. A artista que expõe em Nova Iorque e é representada na Baker Street londrina pintou à vista de quem quisesse as 11 obras que abrem portas ao público na Casa Garden, já no próximo dia 30 de Junho.

“A minha passagem pelo Oriente fez com que o abstracto aparecesse de uma forma mais intensa”

A Natália já conta com cerca de 20 anos de carreira. Como é que tudo começou? Tenho mais do que 20 anos de carreira. Sempre me interessei por desenhar. Apesar de ter estado sempre na área das ciências, já no liceu fazia recortes das ilustrações dos manuais de português que eram, na sua maioria de grandes artistas. Quando ingressei no 10º ano resolvi abraçar as artes e optei por um curso profissional na área. Acabaram-se as negativas à excepção de geometria descritiva. Acabei por finalizar o 12º ano à noite. Acabou por ingressar nas Faculdade de Belas Artes em Lisboa... Desisti das belas artes. Sou autodidacta e serei sempre autodidacta, à semelhança da Graça Morais que cá esteve em exposição recentemente. Aquilo na faculdade era um horror! Por um lado estava num “convento” e o edifício, naquela altura, não tinha condições nenhumas de trabalho. Fui para lá autoproposta. Era aluna de 20 a desenho quando acabei o

liceu, e cheguei ali e desisti quase de imediato. Aquilo não era para mim. Queria uma coisa diferente e não me sentia entendida. Queria outro tipo de trabalho e fiz-me à vida. Eu aprendo com os erros. Também passou pela cerâmica... Essa é a minha paixão maior. A minha formação na escola foi de cerâmica artística. Tirei o curso profissional nessa área e convivi com os melhores professores. Depois chego às belas artes e tenho um professor que nos aconselha a desenhar com um régua. Desisti logo! Também frequentei um curso no ARCO de carácter intensivo e foi aí que consegui aprofundar o nu artístico. E estando agora na China, aproveito para ir em busca das cerâmicas de cá e aprender mais. Como arrancou então a sua carreira? Depois de desistir das belas artes criei uma exposição auto-sustentável. Andei com esse projecto a correr Portugal. Não havia dinheiro e criámos um pacote, eu e o Gonçalo

Madeira, o meu agente. A exposição era entregue a um determinado sítio e esse sítio entregaria a outro, e assim sucessivamente. andei com uma exposição itinerante por Portugal inteiro. Não havia dinheiro e fizemos um pacote em que eu entregava a exposição num sitio, esse sitio entregaria a outro, e assim se correu o país inteiro. Foi o trabalho que marcou o seu arranque... Sim porque Portugal tinha que saber quem era a Natália Gromicho. Já ouviu falar dela? Não. Então vai ouvir que os trabalhos vão estar perto de si. Foi essa a intenção. Foi uma exposição muito bem recebida e coincidentemente os trabalhos seguiram para a Austrália onde foram ainda melhor recebidos e vendidos. Estiveram no Adelaide Festival. Depois do sucesso na Austrália como foi o regresso a Portugal? A exposição correu bem e quando voltámos resolvi ter o meu atelier em Lisboa. Sempre me revoltei por

não haver apoios ou reconhecimento no meu país. Depois de lá fora ter corrido tudo tão bem resolvi ser e afirmar-me como portuguesa. Quando chegámos a Portugal fomos procurar um local para recomeçar num momento de afirmação. Curiosamente o departamento de cultura de Câmara de Lisboa não nos deu qualquer incentivo e foi a área do património que nos propôs um espaço que possivelmente nos interessaria. Era uma antiga galeria municipal da câmara, abandonada, no edifício do espaço Chiado. Foi quando começaram a aparecer os primeiros convites para expor. Na mesma altura fui convidada para expor em grande formato no Open Day, uma iniciativa da LX Factory. Aconteceu tudo ao mesmo tempo e a câmara ajudou nesse sentido. Aqui se vê o espelho da cultura que devia ter sido o principal apoiante e não foi mais uma vez. Apesar de estar sediada em Portugal a sua obra é conhecida, vendida e divulgada no exterior. Como é


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que se sente com este reconhecimento que não é na sua terra? Portugal é futebol. Ramon Casalé, crítico de arte espanhol, foi quem me fez a primeira crítica arrebatadora. Em Portugal, tenho o atelier aberto ao público e as pessoas nem sequer lá entram. Isso acaba por me dar mais força. Quero fazer coisas mais estranhas numa linguagem ainda mais provocante. A sua linguagem tem mudado. Como a poderia definir? Tenho que me conseguir expressar de uma outra maneira que não seja por palavras. As coisas têm que ser ditas de outra maneira. A minha linguagem é para inovar e chocar. Ninguém consegue fazer uma pincelada igual à minha. Marco pela imperfeição. O homem não é perfeito e a imperfeição é arte. Se fizesse uma coisa perfeitinha era uma máquina, coisa que não sou. É sabida a sua paixão pelo Oriente. Porquê este encanto? A disciplina e o rigor. Acho que aqui as coisas são coerentes. Influenciou também o desenvolvimento do seu trabalho? Dei comigo a conhecer Singapura, uma cidade emergente, em pleno crescimento. Comecei logo a transmitir isso com o meu trabalho, com coisas mais geométricas. Não me comparem nunca com a deusa Vieira da Silva. A obra está feita, as manchas surgem, eu não tenho a culpa, não sei o que é, a minha obra está feita. Desenhei muito e fartei-me. Acho que desenhar toda a gente pode fazer. A minha passagem pelo Oriente fez com que o abstracto aparecesse de uma forma mais intensa. Passei a dar menos importância à linha, passei do figurativo para o abstracto. Também me inspirei na arquitectura e considero que aqui no Oriente se fazem coisas fantásticas. Por exemplo em Macau, construíram de uma cidade velha, uma coisa cheia de cor. Como está a correr esta estadia por Macau? Macau sempre foi um sonho meu. Já na Expo 98 em Lisboa visitava frequentemente o pavilhão dedicado a Macau. O contraste, aqui, encanta-me e é diferente de qualquer outra coisa que conheça. Saímos das Ruínas de S. Paulo, por exemplo, e logo a seguir se encontramos um edifício como o Grand Lisboa. Macau é uma surpresa. Vai também inaugurar, pela primeira vez uma exposição no Museu Oriente em Portugal. É

“Desisti das belas artes. Sou autodidacta e serei sempre autodidacta” “Quero fazer coisas mais estranhas numa linguagem ainda mais provocante” “O homem não é perfeito e a imperfeição é arte” “Tenho muitas ideias para levar comigo e poder mostrar o que é Macau” o esperado reconhecimento nacional? Nunca foi minha intenção estar a expor numa coisa tão sagrada como é um museu. Mas sim, o reconhecimento pela Fundação Oriente em Portugal é de facto o culminar de muito tempo de trabalho. E exposição será composta por 71 obras em que muitos trabalhos são de grande formato e resultam de seis anos de trabalho que abrangem também as viagens pelo Oriente. Pintou aqui na Casa Garden os trabalhos que vai expôr... Acho que é bom ter companhia. Quando trabalho, mesmo acompanhada estou sozinha, mas é um desafio. Pode correr bem ou mal, se correr mal faz igualmente parte. É também uma maneira das pessoas verem como trabalho e de verem o processo de um artista expressionista. O que espera levar de Macau, que queria tanto conhecer? Tenho muitas ideias para levar comigo e poder mostrar o que é Macau. As que vão ser aqui expostas já estavam de alguma forma em mente, mas os trabalhos inspirados em Macau vão nascer após esta passagem. Sofia Mota

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Sofia Mota

er apoio no meu país”

entrevista

Semana com “Vida Inteligente”

F

oi apresentada ontem em conferência de imprensa a Semana de Ciência e Tecnologia 2016 que decorrerá entre 7 e 10 de Julho no Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores de Macau. A iniciativa que teve a sua primeira edição em 2005 irá, este ano, apresentar a Exposição sobre a Popularização das Realizações Científicas sob o tema:“Vida Inteligente” . Num conjunto de iniciativas que integram instituições da China Continental e de Macau, o programa de actividades conta com a apresentação de projectos científicos, jogos e concursos para os mais novos, lutas de robôs e mesmo corridas de carros comandados com ligações ao cérebro humano em que os mais pequenos poderão constatar que quanto mais concentrados estiverem mais correrão os veículos que comandam. A realidade virtual não fica esquecida e numa

iniciativa que pretende aproximar a ciência de todos, os visitantes poderão “passear” por uma estufa chinesa recorrendo a uns óculos. Numa altura em que a Inteligência artificial e a tecnologia sofrem avanços inéditos, do programa desta semana constarão ainda máquinas capazes de pintar retratos ao vivo e apresentações de projectos científicos de cerca de 25 escolas primárias e secundárias de Macau. Para estes projectos o Fundo para o Desenvolvimento das Ciências e Tecnologia de Macau dispôs uma verba de 15 mil patacas para cada um de modo a cobrir as despesas da exposição, adianta Cheang Kun Wai, membro do conselho de Administração do Fundo. O montante investido para o evento deste ano perfaz um total de três milhões e trezentas mil patacas e conta com o patrocínio do Ministério da Ciência eTecnologia da República Popular da China.

IC Candidaturas abertas para Design de Moda

O

Instituto Cultural (IC) abriu ontem as candidaturas a mais uma edição do Programa de Subsídios à Criação de Amostras de Design de Moda. O programa que teve início em 2013 integra a Série de Programas de Subsídios para as Indústrias Culturais e Criativas de Macau e procura encorajar o design de moda e a criatividade a nível local. Os candidatos devem ser portadores de Bilhete de Identidade de Residente da RAEM e ter idade igual ou superior a 18 anos. As candidaturas podem ser apresentadas a título individual ou em grupo num máximo de duas pessoas. A selecção divide-se em duas fases em que numa análise inicial, os candidatos devem submeter desenhos de design de moda inéditos da sua autoria, assim como os formulários devidamente preenchidos.

O júri irá seleccionar um máximo de 15 candidaturas para a segunda análise com base nos critérios: criatividade e originalidade, potencial de mercado, qualidade, efeitos visuais globais, viabilidade e grau de perfeição do plano de participação em exposições e desfiles da moda e do plano de marketing, bem como a racionalidade da previsão das despesas. Os candidatos admitidos para a segunda análise receberão um subsídio para produzirem uma mostra sendo que o júri irá seleccionar um máximo de oito beneficiários, cada um dos quais receberá um subsídio até um montante máximo 160 mil patacas, destinado a cobrir os custos de execução e materiais promocionais. As candidaturas terminam a 26 de Agosto.


10 China

hoje macau terça-feira 28.6.2016

Polícias de Hong Kong e China discutem notificação recíproca

Limpar as vias

No seguimento dos livreiros desaparecidos, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes. O resultado foi o início da discussão para melhorar o mecanismo de notificação mútua criado para salvaguardar os direitos dos residentes de ambos os lados da fronteira. Da China garante-se que o Segundo Sistema é respeitado mas Lam Wing-kee, um dos livreiros, disse ontem à polícia ter sido raptado

A

s autoridades de Pequim e Hong Kong concordaram em iniciar a discussão para melhorar o mecanismo de notificação lançado no ano 2000, informa a agência de notícias chinesa Xinhua. De acordo com um comunicado do Ministério da Segurança Pública divulgado ontem, delegados de Hong Kong vão ser convidados para discutir questões relevantes. Na semana passada, o Chefe do Executivo de Hong Kong, CY Leung, escreveu ao Governo central para reflectir a preocupação dos residentes sobre o caso do desaparecimento de cinco livreiros ligados a uma editora que publicava livros proibidos no interior da China, e para propor a revisão do mecanismo de notificação entre as duas partes. Desde Janeiro de 2000, quando o mecanismo de notificação recíproca assinado pelo Ministério da Segurança Pública da China e pelo Governo de Hong Kong entrou em vigor, ambas as partes aumentaram as comunicações sobre os casos de alegados crimes cometidos por residentes dos dois lados da fronteira, refere a Xinhua. De acordo com o comunicado do ministério, um total de 6.172 residentes de

A

saída do Reino Unido da União Europeia (UE) aumentou as incertezas no mercado global. Segundo o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, o mundo precisa de fazer esforços concertados para obter um método para promover a revitalização

Hong Kong colocados sob “medidas coercivas” no interior da China foi reportado à polícia de Hong Kong no final de 2015. “Medidas coercivas” podem incluir intimação pela força, caução, prisão domiciliária, detenção e prisão, de acordo com a Procuradoria Popular Suprema (SPP). No mesmo período, 6.934 residentes do interior da China que foram colocados sob “medidas coercivas” em Hong Kong foram reportados à polícia do interior da China.

Acusações de sequestro

O comunicado refere também que a polícia do interior da China tem respeitado o princípio “Um país, dois sistemas” e absteve-se de interferir com as actividades de aplicação da lei pelas autoridades de Hong Kong. O mecanismo recíproco desempenha um papel fundamental na salvaguarda dos direitos dos residentes de Hong Kong e do interior da China, acrescenta o comunicado, que refere ainda a necessidade de melhorar o sistema que está em vigor há mais de uma década. A informação surge no mesmo dia em que o livreiro Lam Wing-kee, que regressou a Hong Kong em meados deste mês, prestou declarações à polícia no território.

Brexit Li Keqiang apela ao esforço global da economia global. Li proferiu estas palavras na Reunião Anual dos Novos Campeões, em Tianjin, na segunda-feira de manhã. Para o líder chinês, a Europa é um parceiro impor-

tante da China e Pequim continuará a manter a sua posição face à Europa e ao Reino Unido. “Esperamos uma UE unificada e estável, bem como uma Grã-Bretanha estável e

próspera”, disse o primeiro-ministro. Num mundo globalizado, todas as economias são altamente interdependentes, e, portanto, precisam de dar as mãos e avançar em conjunto, acrescentou.

Dias depois do regresso a Hong Kong, Lam Wing-kee deu uma conferência de imprensa na qual disse ter sido sequestrado por “forças especiais” da polícia chinesa ao passar a fronteira para o interior da China, onde ficou detido durante oito meses, período durante o qual fez uma confissão que diz ter sido orquestrada pelas autoridades chinesas.

Desaparecimentos misteriosos

6.172 residentes de Hong Kong colocados sob “medidas coercivas” no interior da China, em 2015

Lam Wing-kee, de 61 anos, é um dos cinco livreiros que desapareceram em circunstâncias misteriosas, entre Outubro e Dezembro de 2015. Os cinco livreiros trabalhavam na mesma editora de Hong Kong, conhecida por publicar livros sobre a vida privada de líderes chineses e intrigas políticas na cúpula do poder, os quais são proibidos no interior da China. Três dos livreiros - Lam Wing-kee, Cheung Chi-ping e Lui Por - desapareceram quando se encontravam no interior da China. Todos reaparecerem semanas mais tarde na China, sob tutela das autoridades chinesas, e surgiram na televisão estatal a assumir crimes, em confissões que familiares, amigos e associações de defesa dos direitos humanos desconfiam terem sido feitas sob coacção.

Gui Minhai – um cidadão com passaporte sueco – foi o primeiro dos cinco livreiros a desaparecer, durante uma visita à Tailândia, e é o único que continua detido. Lee Bo desapareceu em Dezembro a partir do território de Hong Kong, sem que haja qualquer registo na fronteira com a China.

A Reunião Anual dos Novos Campeões 2016, também conhecida por Fórum de Davos de Verão, realizada entre os dias 26 e 28 de Junho, tem como tema nuclear a “quarta revolução industrial e seu impacto transformacional”. Cerca de 1.700 políticos,

empresários, académicos e representantes da imprensa de mais de 90 países participam do evento.

6.934 residentes do interior da China colocados sob “medidas coercivas” em Hong Kong, em 2015


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DEsporto

Pimenta de ouro

Portugal tem bicampeão Europeu de canoagem

F

Campeonatos de turismo Macau terminaram em Zhuhai

Souza e Veng campeões

O

segundo “Festival de Corridas de Macau” realizou-se no pretérito fim-de-semana no Circuito Internacional de Zhuhai, naquela que foi a última oportunidade para os pilotos de carros de turismo de Macau se qualificarem para o Grande Prémio. Com temperaturas elevadíssimas, muito pouco amigáveis para as mecânicas dos automóveis participantes na edição deste ano do Campeonato de Carros de Turismo de Macau (MTCS), Filipe Clemente Souza renovou o título na classe AAMC Challenge, com dois indiscutíveis triunfos, ao passo que Ng Kin Veng ficou com o ceptro da categoria AAMC Road Sport Challenge.

primeira posição na primeira metade da corrida. Contudo, Souza (Chevrolet Cruze) imprimiu um ritmo mais forte na segunda metade e ultrapassou o seu companheiro de equipa, oferecendo mais uma “dobradinha” à Son Veng Racing Team. Álvaro Mourato (Peugeot RCZ) desembaraçou-se na partida de Chan Weng Tong (Chevrolet Cruze), assumindo o terceiro lugar, mas com o avançar da corrida e o motor do carro francês a falhar, perdeu lugares para Chao Chong In (MINI Cooper), Célio Alves Dias (MINI Cooper) e já no final das 12 voltas para Tong, terminando em sexto. Depois de ter lutado pelas posições próximas do “Top-10”, Rui Valente (MINI Cooper) acabou no 15º lugar, enquanto Helder Rosa

(Peugeot RCZ) foi o 18º classificado. Apesar de ter rodado no quinto posto, o carro de Eurico Jesus (Ford Fiesta) sucumbiu na penúltima volta. No domingo, Souza partiu da pole-position na segunda corrida e por lá ficou do princípio ao fim, apesar da pressão exercida por Badaraco nas últimas voltas. Com este título, Souza, que este ano também está a disputar o TCR Asia Series, sagrou-se bi-campeão da classe AAMC Challenge. O pódio na quarta corrida da temporada ficou completo com a presença de um outro macaense, Célio Alves Dias. Eurico de Jesus foi o sétimo, enquanto Valente foi o 12º classificado. Por fim, ainda entre os macaenses, Mourato acabou fora de prova, após ter sido tocado na última

A bisar

Num formato igual ao de eventos anteriores, os 24 concorrentes na categoria AAMC Challenge qualificaram-se de manhã e tiveram as suas corridas à tarde. No sábado, Jerônimo Badaraco (Chevrolet Cruze) arrancou da pole-position e conservou a

Filipe Clemente Souza renovou o título na classe AAMC Challenge, com dois indiscutíveis triunfos, ao passo que Ng Kin Veng ficou com o ceptro da categoria AAMC Road Sport Challenge

curva, e Rosa também não terminou classificado devido a problemas de pressão no turbo da sua viatura.

Vitórias repartidas

Com apenas dúzia e meia de inscritos este ano, todos teoricamente apurados à partida, na categoria AAMC Road Sport Challenge as vitórias foram repartidas por Ng Kin Veng (Mitsubishi Evo), que assim se sagrou campeão 2016, e pelo ex-campeão Leong Ian Veng (Mitsubishi Evo9). O único nome português presente, Luciano Castilho Lameiras (Mitsubishi Evo9), foi sétimo e nono na primeira e segunda corrida respectivamente. O programa do fim-de-semana foi preenchido com quatro corridas da Taça Richburg, para viaturas da categoria FIA TCN2 e Road Sport, em que James Tang, em Honda Civic TCR, venceu por três ocasiões, tendo o “Rei do Drifting” de Hong Kong sido batido na última corrida por Edgar Lau em SEAT Léon TCR. Sérgio Fonseca

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ernando Pimenta sagrou-se no domingo bicampeão da Europa de canoagem, juntando o título de K1 5000 ao de 1000, conquistado no dia anterior. Um título inédito a dois meses dos Jogos Olímpicos. O canoísta luso, que liderou do primeiro ao último metro, concluiu a prova em 3.29,040 minutos, batendo o dinamarquês René Poulsen (3.32,296), segundo classificado, e o húngaro Balint Kopasz (3.32.656), terceiro. Pimenta admitiu um “sabor agridoce” por ter falhado o pódio em K4 1000. “É muita ‘fruta’, mas sinto um sabor agridoce. Mesmo sendo talvez o atleta mais medalhado dos homens nestes Europeus, queria mais no K4. Ficámos a 100 milésimos do bronze. Sem dúvida que me sinto satisfeito pelo que fiz, mas os meus parceiros mereciam sair daqui com uma medalha. Vamos trabalhar para isso. O nosso momento está para chegar”, garantiu à agência Lusa. Pimenta referia-se a Emanuel Silva, João Ribeiro e David Fernandes, com quem ficou a 108 milésimos do bronze em K1 1000. “O nosso momento está para chegar. Vamos trabalhar para isso, mais unidos do que nunca, focamos no grande objectivo e meta, os Jogos Olímpicos”, vincou. O canoísta português garante que sairia “sempre motivado” destes Europeus, considerando que não há limites para a fasquia de objectivos que delineia com o seu treinador Hélio Lucas. “Não desmotivo fácil. Temos sempre um olhar novo, objectivo e meta. Sem dúvida que sair daqui com duas medalhas é muito gratificante, um clique muito bom. E agora é trabalhar, dar tudo por tudo. Continuar focado, concentrado ainda mais do que nunca”, concluiu.

Messi “A selecção nacional acabou” Parecia que era Ronaldo quem iria quebrar sob pressão mas atirar um microfone para o lago tem sempre um efeito apaziguador e foi o baixinho Messi, sem lagos por perto, quem atirou a toalha ao chão. O jogador argentino Lionel Messi anunciou, no domingo, o seu adeus à selecção após perder uma nova final, desta feita, a da Copa América do Centenário diante do Chile em grandes penalidades.“Para mim a selecção nacional acabou. Fiz tudo o que podia, dói não ser campeão”, afirmou o ‘capitão’ da formação ‘albi-celeste’, de 29 anos, em declarações aos jornalistas, após a sua quarta derrota numa grande final com a Argentina. O Chile venceu no domingo a Copa América do Centenário em futebol, ao voltar a ganhar, um ano depois, à Argentina no desempate por grandes penalidades, após 120 minutos sem golos. Os chilenos venceram agora por 4-2 e, há um ano a marca tinha sido de 4-1. No desempate, Lionel Messi foi um dos argentinos a falhar, reforçando a ‘maldição’ ao serviço da selecção argentina, com a quarta final perdida.


h artes, letras e ideias

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A propósito de Berlin - Die Sinfonie der Großstadt, 1927, Walter Ruttmann

Crise, Assassinato, Bolsa, Casamento, Dinheiro, Dinheiro, Dinheiro . . .

O

S capítulos que Georges Sadoul dedica, no seu livro Histoire du Cinéma Mondial, ao cinema mudo, lembram como esta arte se implantou com uma velocidade prodigiosa um pouco por todo o mundo assim que se ultrapassaram alguns problemas técnicos. De algum modo, que não consigo definir, penso que o cinema mudo ganhou, nos dias de hoje, uma nova actualidade. A facilidade com que na era da tecnologia digital se produzem imagens reproduz uma inocência próxima à que envolve o cinema mudo. O à-vontade no tratamento e na recepção da imagem vem igualmente integrar de uma maneira mais natural a produção antiga de imagens no mundo de hoje. O seu aspecto e a sua gramática parecem fazer mais sentido hoje do que em alturas da história do cinema em que a maioria da sua produção seguia modelos demasiado comerciais e, sobretudo, demasiado semelhantes na sua sintaxe e nos seus desígnios. O digital veio igualmente libertar um pouco a produção da imagem (cinematográfica também) de uma obrigação lucrativa. Tendo-se, afortunadamente, desenvolvido no início do século XX, o cinema pôde aproveitar outras energias que lhe eram exteriores e que à altura mostravam grande fulgor. O cinema, a pintura, a escultura, a fotografia, a música e o bailado andaram, nessa época de grande excitação estética, muito mais ligados do que andam hoje*. Assim, paralelamente ao cinema narrativo, permaneceu durante vários anos uma linha mais ligada àquilo que podemos chamar a avant-garde e o cinéma pur. A diferença para hoje é que o cinema avant-garde dos anos 10, 20 e 30 parece natural e perfeitamente

integrado na estética da época. Seria fastidioso estar a listar nomes mas será útil lembrar que este cinema tem origem em vários países, Alemanha, França, Itália, Rússia (e U.R.S.S.), E.U.A. ou Japão, para lá de exemplos mais isolados em outros países.** Há, nos anos 20, uma força dentro do cinema no sentido de o libertar do jugo da literatura e do teatro criando, ao invés, uma linguagem absoluta in-

ternacional para si próprio, um programa que se publicita abertamente num filme de que aqui se falará: Man with a Movie Camera, 1929, de Dziga Vertov - um filme sem guião, actores ou cenários, como no início se afirma inequivocamente. Walter Ruttmann juntou uma série de pontos programáticos semelhantes para a apresentação do seu filme de Berlim. Mas, como todos hoje sabemos, o cinema comum,

ao tornar-se uma actividade para as massas, não se libertou nunca da literatura. Mas tudo isto vem a propósito de Berlin - Die Sinfonie der Großstadt/Berlin Symphonie of a Big City, 1927, de Walter Ruttmann, um elogio futurista (uma Ode) a Berlim e à ideia da grande cidade, assunto dilecto das elites vanguardistas da época. Um amante desta mais extraordinária das criações humanas, a grande cidade, não pode deixar de integrar este filme no seu complexo admirativo. Lembre-se e releia-se a - muito mais agressiva, muito mais diversificada nas imagens e muito mais sexual - Ode Triunfal de Pessoa/Álvaro de Campos, anterior cerca de 15 anos. Por vezes o filme alemão parece ser uma ilustração do poema de Pessoa. O documentário foi desde cedo apontado como um dos géneros (para lá do Cinema Absoluto ou Puro) próprios à modernidade do cinema. Die Sinfonie..., estreado no mesmo ano de Metropolis, é um documentário, fácil de seguir se pensarmos que Ruttmann, que era inicialmente pintor e gráfico, se dedicara anteriormente ao filme abstracto (ver os seus pequenos Lichtspiel). Ao longo dos seus 5 andamentos, é-nos mostrado um dia na vida da grande metrópole sob a perspectiva do elogio da modernidade e das possibilidades promovidas pelas novas tecnologias (filmado ao longo de 1 ano e montado para fingir 1 dia). Exibe-se o gosto pelo movimento e pela velocidade. Neste conjunto de afirmações os transportes públicos (como acontece insistentemente na Ode... de Pessoa) têm um lugar de destaque - como meio de transporte das massas e como elogio à beleza da máquina e da velocidade – comboios (imensos, locais, nacionais e internacionais) táxis, autocarros, aviões (já a Lufthansa) eléctricos (como ainda hoje), metropolitano, alguns carros


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luz de inverno

particulares. É uma imagética que encontramos em outros filmes da época com programa semelhante. O espectáculo do movimento, objecto do cinema abstracto e do cinema de animação, não é aqui muito diferente. Continua-se com a fábrica, a máquina e a sedução económica mas também estética das possibilidades ilimitadas da montagem em série, a reprodução infindável do produto que permite uma abundância que se acreditava vir a ser generalizada. No Acto II, a actividade frenética das primeiras horas da vida da cidade, a foule, as massas, a abertura dos estabelecimentos, etc. ...hé-lá-hô la foule! Berlim, como sabemos, é uma cidade de muitas faces. A guerra e a divisão em duas partes obrigou-a a permanecer num estado peculiar. Não transmite hoje - mesmo que seja uma cidade vibrante e bela a muitos níveis - o vigor do tipo de cidades que este filme, Metropolis, ou até o conhecido filme de Vertov, Man with a Movie Camera, prometiam. Isso vê-se hoje em Tóquio, Hong Kong ou Nova Iorque. Man with a Movie Camera segue uma ideia muito parecida, mostrando o acordar da cidade e a sua agitação dando especial atenção à montagem e ao ritmo. No entanto, no filme soviético (filmado ao longo de 3 anos e montado para parecer 1 dia), são várias as cidades que se mostram, permanecendo o sentido de exaltação da vida urbana em geral. São muitos os tipos sociais mostrados no filme alemão. Há muitos pobres e uma afirmação sólida de que a cidade é insaciável no seu desejo de juntar riqueza e que não se deterá em tentar os seus objectivos seja por que meios for. A parte que corresponde ao período da tarde (depois de uma hora de almoço despreocupada e quase lânguida) é de uma velocidade frenética, favorecida pelas técnicas de montagem em moda na altura, para, mais para

o fim, abrandar de novo ao mostrar o lazer do fim de tarde (o desporto, especialmente as corridas)***. Peço de novo ao leitor que leia a ode de Pessoa/Campos em conjunto com esta sinfonia. Os pontos de contacto são, na verdade, inúmeros. O último acto, o V, é dedicado ao lazer nocturno. Não vale a pena estar a adiantar uma descrição. Recorde-se apenas que este é um filme que mostra a cidade como ela é e não uma visão de uma cidade do futuro (como Metropolis). Antes a exibição de um orgulho e uma satisfação pela pertença a uma modernidade que Berlim demonstrava.

Por muito que se mostre como um filme de exaltação das energias da grande cidade (que Berlim nesta altura era) este prende-se muito com as pessoas que a povoam, descendo ao nível da rua e tornando-se muito físico e bondoso, ao contrário do que acontece, por exemplo, com Manhatta, 1921, de Paul Strand e Charles Sheeler, um dos mais antigos filmes sobre uma cidade. Nem todos concordam com esta afirmação. Existe um filme de 2002, de Thomas Schadt, chamado Berlin. Sinfonie einer Grosstadt. Como o próprio nome indica é uma versão moderna do filme de Ruttmann. Deve ver-se. É inquie-

Boi Luxo

tante, vagamente disfórico – o futuro do Futurismo já passou. Enquanto a demonstração da montagem em série, no filme de 1927, parece moderna, no de 2002 é sinistra, como se tudo - até os produtos de pastelaria - não passasse de uma conspiração. Cria uma desconfiança em relação à Bola de Berlim. Foi filmado antes de Berlim se tornar numa cidade da moda, artística, gira e turística, durante os anos um pouco cinzentos de Gerhard Schröder. Também se passa durante um dia, o que faz lembrar um outro filme muito recente (não documentário) de que já aqui se falou, Victoria, de Sebastian Schipper, cuja acção se passa em Berlim durante uma noite (filmado em apenas um take de 138 minutos). (Finalmente. Lembre-se a existência um filme brasileiro não há muito tempo referido nesta página mas que eu nunca vi: São Paulo, A Sinfonia da Metrópole, 1929, de Adalberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig, fortemente inspirado no de Ruttmann).

* com excepção do período do mudo, o cinema nunca andou muito próximo da dança. Hoje em dia, tirando uns exemplos alemães, o desinteresse por esta arte continua. Um artigo de Robert Gottlieb, no primeiro número da N.Y.R.B. de 2016, chamado Dancing in the Dark, chama a atenção para o modo como a dança tem sido (mal) tratada pelo cinema e pela literatura. A única excepção que Gottlieb consegue apontar é o paradigmático Red Shoes, de Powell e Pressburger. ** os admiradores do cinema japonês não devem deixar de ver o tenebroso e inquietante Kurutta Ippeji/A Page of Madness, 1926, de Teinosuke Kinugasa, passado numa instituição para doentes mentais. Mesmo que não mantenha ao longo de tudo a história uma imagem ousada tem-nas suficientes para justificar um interesse enquanto filme de vanguarda. Jujiro/Crossroads, de 1928, tem algum interesse, deste ponto de vista, mas limitado a alguns planos. Kinugasa é o realizador do conhecido Jigokumon/The Gate of Hell, de 1954. *** Rien que les Heures, 1926, do realizador brasileiro Alberto Cavalcanti, é um documentário que se centra na exibição do quotidiano das classes desfavorecidas, interessante do ponto de vista de alguma imagética vanguardista. Tem a mesma estrutura na apresentação de um dia na cidade, neste caso Paris. Mais tarde, Cavalcanti, que foi colaborador de L’Herbier, viria a trabalhar com Ruttmann em Berlin - Die Sinfonie der Großstadt.


14 (F)utilidades tempo

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?

aguaceiros

O que fazer esta semana Hoje

Filme “Philadelphia” de Jonathan Demme Casa Garden, 19h00

Amanhã

min

27

max

31

hum

70-95%

euro

8.82

baht

Exposição “Nova linguagem pictórica” de Natália Gromicho Casa Garden, 18h30

Diariamente

Exposição “Edgar Degas – Figures in Motion” MGM Macau

o cartoon steph

Exposição “Dinossauros em carne e osso” Centro de Ciência de Macau (até 11/09) Exposição “Reminescent – Portugal Macau” Galeria Dare to Dream (até 22/07) Exposição “Cnidoscolus Quercifolius” - Alexandre Marreiros Museu de Arte de Macau (até 31/07) Exposição “ Exposição do 70º Aniversário” - Han Tianheng Centro Unesco de Macau – (até 07/08)

Solução do problema 115

Exposição “Pregas e dobras 3” de Noël Dolla Galeria Tap Seac – (até 09/10)

Cineteatro

C i n e m a

INDEPENDENCE DAY:RESURGENCE Sala 1

INDEPENDENCE DAY: RESURGENCE [b] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Lizzy Caplan 14.30, 16.45, 19.15, 21.30 Sala 2

Alice through the looking glass [b] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 14.30, 16.30, 21.30

problema 116

Um FILME hoje

Sudoku

de

Exposição “Color” 2016 Centro de Design de Macau

1.21

intenções que não bastam

Quinta-feira

Exposição “Artes Visuais de Macau” Instituto Cultural (até 07/08)

yuan

aqui há gato

“Breves Notas sobre a edição de Camilo Pessanha” por Carlos Morais José Fundação Rui Cunha, 18h30

Exposição “Arts Fly” Broadway Macau (até 28/06)

0.22

Na última sexta-feira estive quase para sair do meu cantinho e ir assistir a uma sessão de consulta pública do Plano de Desenvolvimento Quinquenal, destinada à população. Sim, isso mesmo! O Chefe do Executivo, que nunca esteve presente noutras sessões, deslocou-se de propósito para ouvir o que os cerca de 500 residentes tinham a dizer sobre o Plano. Eu só não fui porque decidi ir comer uma sardinha no arraial de São João, mas não deixei de pensar naquilo. Chui Sai On está cheio de boas intenções, a começar pela própria apresentação do Plano, ao ponto de ter aparecido em pessoa para esta sessão. Mas o problema está na génese do Plano. Se o Chefe do Executivo tem governado com medo da própria sombra desde 2009, como é que agora, com um mandato quase a terminar, vai efectivamente mudar alguma coisa? Noto um Governo um pouco mais activo, coisas a aparecerem, aos poucos, feitas, mas a Administração permanece com métodos e formas de pensar do tempo da outra senhora. A máquina continua, mal oleada, a funcionar. É quase uma geringonça, isto, mas de outra maneira. O Plano não muda a geringonça, infelizmente. O Plano não muda nada. Mas o Chefe do Executivo esteve lá numa sexta-feira à noite. Pu Yi

Casablanca (Michael Curtiz, 1942)

Afaste-se a ideia que um clássico é definido pelo número de anos. Casablanca é um clássico pelo charme, pela qualidade, pelas emoções que em 1942 ou em 2016 nos faz sentir. Não é apenas uma estória de amor. É muito mais do que isso. Um disfarçado café que reúne o mundo político e económico. Guerra e Paz. Segredos e traições. Baseado na peça Everybody Comes To Rick’s de Murray Burnett e Joan Alison, Humphrey Bogart e a incomparável Ingrid Bergman fazem-nos vibrar e sonhar durante 102 minutos. “Play it, Sam. Play As Time Goes By”. Para sempre. Filipa Araújo

Alice through the looking glass [b][3d] Filme de: James Bobin Com: Johnny Depp, Anne Hathaway, Mia Wasikowska 19.30 Sala 3

KIDNAP DING DING DONG [c] Filme de: Wilson Chin Com: Ivana Wong, Alex Fong, Kabby Hui, Bill Chan 14.15, 16.00, 17.45, 21.45

NOW YOU SEE ME 2 [B] Filme de: Jon M. Chu Com: Mark Ruffalo, Jesse Eisenberg, Jesse Eisenberg, Lizzy Caplan 19:30

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Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Angela Ka; Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Manuel Nunes; Tomás Chio Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Drummond; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas António Conceição Júnior; André Ritchie; David Chan; Fernando Eloy; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho; Rui Flores; Tânia dos Santos Cartoonista Steph Grafismo Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva (publicidade@hojemacau.com.mo) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail info@hojemacau.com.mo Sítio www.hojemacau.com.mo


15 hoje macau terça-feira 28.6.2016

opinião

Rui Tavares, in Público

Sergey Bondarchuk, Waterloo (1970)

A Inglaterra decidiu perder a guerra

N

ão uma, não duas, mas pelo menos quatro vezes a Inglaterra lutou até ao fim contra a possibilidade de ser isolada do continente: em 1713, 1815, 1918 e 1945 conseguiu impedir esse destino que lhe queriam impor. Até que neste nosso século, com um mercado único europeu criado à sua medida, decidiu mandar a sua história borda fora. Ainda em 2015 celebrou a vitória de Waterloo contra o “bloqueio continental”. Em 2016 decidiu dar a Napoleão tudo o que ele queria e ainda atirar de bónus a Escócia. Vale a pena lembrar que para todas essas guerras Portugal foi arrastado, recrutado, invadido, ocupado e tiranizado. Foi assim que a nossa frágil República se perdeu e que tivemos uma ditadura de 48 anos. E agora que a Inglaterra — acompanhada apenas de Gales — decidiu atirar-se para dentro de um poço sem consultar os seus mais velhos aliados não admira que há quem nos diga que a água lá no fundo deve estar bem fresquinha.

Melhor pensar um pouco antes de saltar. Os ingleses e galeses escolheram o tipo de soberania que está na moda entre políticos à cata de voto fácil: a soberania-como-propaganda. Em troca têm um primeiro-ministro demitido mas que não se vai embora, um ministro das Finanças que não fala ao país (nem na véspera da reabertura dos mercados), e um trio de dirigentes da campanha vencedora que não se dignam a aparecer em público enquanto os seus lugares-tenentes aproveitam para desmentir todas as promessas que fizeram: não vai haver dinheiro a mais para os hospitais, não vai haver imigração a menos e para haver acesso ao mercado único continuará a ser necessário obedecer às regras da UE. Perante o vazio de poder que se instalou em Londres é em Edimburgo, na Escócia, que se tomam decisões, se explicam ideias claras, se admitem as dificuldades e se descreve o rumo a tomar. Nicola Sturgeon, a líder do governo escocês que quer continuar na UE, é um exemplo de como ser patriota, europeísta, progressista e responsável perante os seus concidadãos pode hoje em dia ser a mesma coisa: convidando os cidadãos europeus a permanecer na Escócia, declarando que o país iniciará contactos para se manter na União e que o parlamento escocês não tomará nenhuma decisão sobre o “Brexit” sem defender a maioria de escoceses que votaram pela UE. Concorde-se ou não, está no seu

Em 2015 celebrou a vitória de Waterloo contra o “bloqueio continental”. Em 2016 decidiu dar a Napoleão tudo o que ele queria e ainda atirar de bónus a Escócia posto e não fugiu às responsabilidades, ao contrário dos supostos eurocépticos que nunca apresentaram um plano e continuam sem um. É a diferença entre a soberania propriamente dita e a soberania-como-propaganda. Com a saída do Reino Unido da UE o “bloco liberal”, composto por este país, os escandinavos e os Países Baixos, perde a sua minoria de bloqueio na UE. Resta a maioria pró-austeridade que ainda existe no Conselho. Isso torna ainda mais importante o resultado das eleições de ontem em Espanha. Nas eleições do ano passado a esquerda espanhola teve nas mãos uma oportunidade de convergência e não a quis agarrar. Seria bom que, se os resultados o permitirem, houvesse agora sentido de responsabilidade para se formar um governo anti-austeridade. Pelos espanhóis e por todos nós.


Sistema judiciário João Miguel Barros com livro no consulado

Aprendizagens jurídicas “Em Macau temos uma lei que tem alguns princípios mas tem situações que estão completamente desactualizadas e desajustadas”

Andreia Sofia Silva

Lusa

Pandas gémeos nascem pela primeira vez na RAEM

D

pub

Plano eficaz

O Pavilhão do Panda Gigante foi encerrado no passado dia 14 “com vista a desenvolver o plano de reprodução” do casal. Segundo o IACM, Sam Sam foi também sujeita a inseminação artificial. Na sexta-feira, as autoridades indicaram esperar saber se a gravidez era real no espaço de duas semanas. Os pandas gigantes passam por um período de gestação entre 83 e 180 dias, mas os primeiros sintomas po-

Águas mansas

andreia.silva@hojemacau.com.mo

“Made in” Macau mas são fortemente favoráveis a uma gravidez de um panda gigante fêmea”, disse Leong Kun Fong, membro do conselho de administração do IACM, alertando, entanto, que é “muito comum que os pandas exibam sinais e sintomas de gravidez”. As crias viriam a nascer dois dias depois de os primeiros sinais de gravidez serem relatados.

a revisão dessa lei fora do contexto de análise do código processo civil e de outros códigos processuais e toda a parte tecnológica que pode ajudar a colaborar com os tribunais”, disse ainda. Se em Portugal a revisão da Lei de Organização do Sistema Judiciário originou um intenso debate da classe, desde advogados a juízes, em Macau o processo pode ser bem mais calmo. “Admito que estas propostas não sejam consensuais. Macau, mais do que Portugal, é uma terra que tem os processos de decisão muito próprios e estruturados, e não é fácil fazer alterações. A alteração que sugiro só foi possível em Portugal porque havia um poder político forte. Não acredito muito na capacidade de intervenção da AAM e os juízes não estão organizados como estão em Portugal. O processo de decisão é pouco participado”, rematou o advogado, que possui uma larga experiência em Portugal e na RAEM.

como um todo. É aí que pode ter algum interesse para Macau”, disse João Miguel Barros ao HM. “Em Macau temos uma lei que tem alguns princípios mas tem situações que estão completamente desactualizadas e desajustadas daquilo que deve ser um sistema judiciário moderno. A lei precisa de ser alterada e muito modernizada, mas o grande erro é se se fizer

ois pandas gigantes gémeos nasceram pela primeira vez em Macau, no domingo, filhos do casal de pandas Sam Sam e Hoi Hoi, oferecidos pela China. As crias nasceram durante a tarde de domingo, uma com 135 gramas, em boas condições de saúde, e a outra com apenas 53,8 gramas, pelo que teve de ser colocada numa incubadora, em cuidados intensivos, segundo informações avançadas pelo Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM). Na sexta-feira, o IACM revelou a suspeita de que Sam Sam, de oito anos, estivesse grávida, já que apresentava sintomas comuns de gestação, como menos apetite, menos actividade e alterações fisiológicas. “Estes sinto-

terça-feira 28.6.2016

Carlos Marreiros

Tiago Alcântara

O

advogado João Miguel Barros lançou ontem o livro “Sistema Judiciário” no consulado-geral de Portugal em Macau e Hong Kong, o qual chama a atenção para a possibilidade de Macau vir a tirar partido da experiência vivida em Portugal, no âmbito da revisão da Lei de Bases de Organização Judiciária. O projecto, ainda em análise pelo Executivo, deveria ser alvo de uma revisão integrada, defendeu João Miguel Barros. “São sistemas independentes, ainda que assentes na mesma matriz. Há uma diferença acentuada entre o que existe em Portugal e em Macau. Mas há uma metodologia que poderia ser utilizada em Macau e a mensagem que gostaria de passar é que podemos olhar para o sistema judiciário de Macau a partir de pressupostos diferentes daqueles que foram utilizados no passado, porque o sistema judiciário é uma unidade. Quando o legislador e as pessoas responsáveis pelas políticas públicas de justiça resolvem fazer reformas, normalmente tratam de partes do sistema e nunca olham para o sistema

Cada gota de suor, uma pérola / E no oceano do teu corpo / Solto as velas da tua pele / Navego a plenitude numa concha / E vejo as ondas desfeitas / Na cordilheira dos teus búzios.”

dem surgir apenas ao fim de 100 dias. As pseudo-gravidezes são comuns, verificando-se não só alterações no comportamento como hormonais, o que pode tornar os testes inconclusivos. As ecografias também podem ser difíceis de efectuar devido ao tamanho extremamente reduzido do feto. AChina ofereceu, em 2009, um casal de pandas a Macau, por altura do 10.º aniversário da transferência de poderes do território de Portugal para a China. No entanto, em 2014, a fêmea, Sam Sam, morreu de problemas renais, que foram agravados por ter entrado no período de reprodução, precisaram os técnicos do IACM na altura. Em Abril do ano passado, chegou a Macau um novo casal de pandas, com o mesmo nome, Sam Sam e Hoi Hoi, que em cantonês significa “alegria” e “felicidade”.

FAM Concurso aberto para espectáculos locais

O

XXVIII Festival de Artes de Macau (FAM), acontece no próximo mês de Maio mas é agora o período para apresentação de espectáculos locais para o programa. O IC está a convidar todos os indivíduos e associações locais registadas a apresentarem os seus projectos até ao dia 26 de Agosto. O tema do próximo FAM é o “Espaço”, pelo que as propostas ganham vantagem se se enquadrarem nesse espírito. Será ainda dada preferência a obras baseadas em textos ou conceitos artísticos originais de Macau, inspiradas pelo património cultural intangível do território ou pelas artes cénicas

tradicionais chinesas. As categorias incluem teatro, dança, espectáculos infantis, e outras categorias. Os projectos propostos podem ser originais ou terem sido apresentados previamente. As associações e os indivíduos interessados em participar devem submeter o formulário de inscrição e propostas, incluindo o conceito e uma apresentação do conteúdo, uma breve apresentação da equipa, orçamento, plano de cenografia e requisitos de equipamento bem como quaisquer informações adicionais sobre a produção. O prazo para entrega termina às 17:30H do dia 26 de Agosto.


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