DE 8 A 14 DE DEZEMBRO
MIFF
BRANI
ESTE SUPLEMENTO É PARTE INTEGRANTE DO HOJE MACAU DE 7 DE DEZEMBRO DE 2017 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
M U I T O C Á D E C A S A
MIFF São 14 as curtas feitas por gente de Macau e apresentadas no Festival Internacional de Cinema que começa amanhã. Da animação ao documentário, sem esquecer o Hato, são filmes que trazem histórias dos de cá e que pretendem mostrar que o cinema independente local está de boa saúde. As longas não foram esquecidas e Macau tem destaque com a exibição de duas produções locais
A
segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau começa amanhã e dentro da secção “Apresentações especiais” o cinema local é de destaque. O sector do evento dedicado ao território divide-se entre a apresentação de duas longas metragens e do núcleo de curtas feitas em Macau. A temática tem inicio já este sábado com a projecção do filme “Passing Rain” de Chan Ka Keong, na Torre de Macau, pelas 15h30. Trata-se de uma estreia em modo mosaico. Seis histórias paralelas com protagonistas que em comum têm uma perda que o tempo vem remediar. De alguma forma, e mais que o fio condutor, estas personagens acabam por se cruzar num território pequeno mas que faz parte de um universo comum. O realizador, Chan Ka Keong traz, com este filme a sua estreia na sétima arte sendo que é conhecido pelo seu trabalho enquanto designer gráfico e membro associação local de audiovisual, CUT. Domingo é o dia de apresentação de “Love is Cold”, à mesma hora, na cinemateca Paixão. A película traz uma história policial que decorre no território antes da transferência de administração. Um casal de adolescentes estão a enterrar um cadáver, mas quem é o morto e que papel tem na história dos dois jovens?
EVENTO COMEÇA AMANHÃ E DESTACA CINEMA FEITO NO TERRITÓRIO
Apresentaç
especia Na procura de respostas vai sendo desvendado o passado dos protagonistas. “Love is Cold” á o segundo filme do realizador local Fei Ho que terminou os estudos na área da comunicação na Universidade d Macau e entre a televisão e o cinema nunca mais abandonou o trabalho com a imagem. O primeiro filme que realizou foi “The Memories” que depois de ter passado com reconhecimento no festival Golden Rooster e no
Hundred Flowers Film Festival, no continente, acabou por ser seleccionado para ser apresentado no Asian Pacific Film Festival.
O PODER LOCAL
“Macau, o poder da imagem” é a rubrica dedicada às novas produções locais e que quer mostrar o que se faz na indústria cinematográfica do território. De acordo com a organização do evento, trata-se de um espaço
para promover o “pujante cinema independente que se faz em Macau”. São 14 as curtas que têm apresentação marcada para as salas do centro Cultural e da Cinemateca Paixão nos dias 12 e 14, todas produzidas em 2017. Da animação ao documentário, com apontamentos de ficção, a secção dedicada às pequenas produções locais parece mostrar, mais que diversidade, vontade de trabalhar. O Festival Internacional de Cinema
Da animação ao documentário, com apontamentos de ficção, a secção dedicada às pequenas produções locais parece mostrar, mais que diversidade, vontade de trabalhar
ções
ais vem depois e quer reconhecer os esforços e a qualidade do que se faz cá.
ANIMAÇÃO A ABRIR
“Between the Lies” e “Kacha” são as duas curtas animadas que vão marcar presença nesta secção. De Ka Choi Lou e Kin Leong, “Between Lies” traz a história de uma empregada doméstica chinesa chamada Flor que adoece devido à subnutrição característica da altura da Grande Fome. O seu pai, acaba
por roubar alguns bens para lhe conseguir por na mesa uma taça de arroz. Quando melhora e diz aos que a rodeiam que tinha comido, o seu pai é preso. Com o sentimento de culpa e o coração partido, Flor acaba por acreditar que foram as sua palavras as carrascas do pai. Já “Kacha”, de Kin Hang Sam, fala de um rapaz que tem medo de cortar o cabelo. Levado à força ao barbeiro, o miúdo começa a imaginar que se trata de um canibal.
visitar uma irmã a Macau. Quando passa a fronteira depara-se com a destruição. “Já Illegalist” de Penny Lam trata as questões de trabalho ilegal no território. A história traz as desventuras de dois imigrantes do continente que vêm para Macau trabalhar na construção. As leis começam ser cada vez mais apertadas e estes dois personagens começam a ter de arranjar forma de continuar a sobreviver na condição de ilegais.
O CLÁSSICO ÁLCOOL
FAMÍLIA PRESENTE
Mike Afong Ao Ieong traz “The age of hangover”, um filme que trata os abusos de quatro jovens que juntos passam o tempo a deprimir, beber e a gritar as suas angustias. Mas, as relações entre os quatro muda. Mudam os amores e decobrem-se as traições. O que resta depois dos copos? “Gin, Sake, Margarita” também aborda o universo de ebriedade mas agora com arte à mistura. De Peeko Wong, a película procura responder ao porquê da criação artística.
HISTÓRIAS RECENTES
A passagem do tufão Hato pelo território não passou indiferente ao cinema local e, em quase dez minutos, Jess Hao mostra isso mesmo. “Hato´s Jouney” fala de Kimi que, apesar do mau tempo, resolve vir
“Pass On” e “Grandmas” são as duas curtas dedicadas à temática da família. De Benz Wong, “Pass On” trata do conhecimento que passa de geração em geração tendo o núcleo familiar como destaque. Que crenças
“My work Place”, mais que tratar dos casinos, trata do que destruíram: as poucas industrias e fabricas que um dia existiram no território
são transmitidas e de que forma a sociedade as assimila é a questão que o filme propõe para reflexão. Kin Kuan Chao realiza “Grandmas”, uma história autobiográfica que retrata a convivência familiar quando os mais velhos precisam de ser tratados pelas gerações seguintes. Estaria tudo bem, não fossem as complicações associadas à saúde mental que, a par com o envelhecimento, começam a emergir e a trazer associadas mudanças de tratamento e de relação.
DESPORTO SONHADO
Houve um tempo em que os ciclistas de Macau podiam sonhar competir com os seus colegas asiáticos. Mas, com a passagem do tempo, enquanto que os atletas das regiões vizinhas viam as suas condições melhorarem, os locais viviam a situação oposta. “Pedaling Life” é a curta de Dennis Ng e Levine Ho que traz, em forma documental, a luta daqueles que continuam apaixonados pelo ciclismo e traz as suas histórias de novo à vida e ao conhecimento público. Vanessa Pimentel e Yves Etiene apresentam “San Va Hotel – Behind the Scenes” um filme que trata de filmes. A rodagem acontece na Rua da Felicidade, quando era uma zona conhecida pelo jogo e entretenimento. Um filme que junta memórias
quinta-feira 7.12.2017
e ficção num retrato da cidade do passado e do presente.
O JOGO SEM COSTUME
É Kiwi Chan que traz os casinos locais ao grande ecrã, mas de forma particular. “My work Place”, mais que tratar dos casinos, trata do que destruíram: as poucas industrias e fabricas que um dia existiram no território. Em modo documentário, Chan conta as histórias quase esquecidas dos operários para que não sejam esquecidas. Também são as histórias e tradições do passado que preenchem “A Long Fishing Jouney”. Man Hin Wong quer, com este filme, dar a conhecer a tradição secular entre a pesca e Macau, mas com uma história autobiográfica. O realizador viajou pelo mundo para pescar com cana e, este ano, conseguiu trazer um atum de 30 quilos das Ilhas Spratly. Será um sonho conseguido? “Ten for Perception” é um documentário da actualidade e que visita as vidas de 10 artistas locais que integram a “Art For All” e explora os caminhos que têm percorrido. Já “My Days in an Apartment” de Cheok Mei Lei conta a história de um engenheiro civil local que aos 80 anos, e depois de ter participado em muitos dos projectos de construção do território, fala da sua casa e da relação que teve e tem com ela. Sofia Margarida Mota
Sofia.mota@hojemacau.com.mo
MIFF
programa
UDO KIER | ACTOR VAI RECEBER PRÉMIO DE CARREIRA EM MACAU
2017-12-08 (Fri)
Grupo A D D
Título Paddington 2 Mad Detective Call Me By Your Name
Hora 20:00 19:00 21:30
Local Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão Cinemateca Paixão
C
Borg McEnroe
14:00
Centro Cultural de Macau
C
Passing Rain
15:30
Torre de Macau
C B C B B C C B B
Sweet Country Journey’s End Goodbye, Grandpa! Hunting Season Three Peaks A Day The Silence of the Lambs My Generation Rashomon
18:00 18:45 18:45 18:45 21:00 21:00 21:00 21:30 23:30
Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Torre de Macau Centro Cultural de Macau Centro Cultural de Macau Torre de Macau Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão
B C
Student Project Screening Okja The Nothing Factory
14:00 15:00 15:00
Centro Cultural de Macau Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão
A
C’est La Vie
15:00
Torre de Macau
D
The Shape of Water
18:00
Torre de Macau
C C
Zama The Wrath of Silence
18:30 18:45
Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau
B
The Last Recipe
19:30
Centro Cultural de Macau
D C C
Brawl in Cellblock 99 One Nite in Mongkok The Cakemaker
21:00 21:15 21:30
Torre de Macau Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau
Best of Fest Competition Flying Daggers Competition Special Presentation Flying Daggers 2017-12-12 (Tue)
C C C C B D
Angels Wear White The Hungry The Outlaws Beast The Workshop A Prayer Before Dawn
18:30 18:45 18:45 21:00 21:00 21:30
Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Torre de Macau Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão Torre de Macau
LOCAL VIEW POWER
C
Centro Cultural de Macau
Macao Special Presentation Flying Daggers Competition Crossfire Competition Flying Daggers Crossfire 2017-12-13 (Wed)
(Between the Lies; Ka Cha; Gin, Sake and Margarita, 15:00 Hato’s Journey, Illegalist, The Age Of Hangover)
C
Love is Cold
15:00
Cinemateca Paixão
C B B C C B
Mom and Dad Custody 2001: A Space Odyssey Foxtrot Good Manners Kind Hearts and Coronets
18:30 18:45 19:00 21:00 21:15 22:05
Torre de Macau Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Torre de Macau Cinemateca Paixão
Special Presentation Competition Special Presentation Best of Fest Hollywood Special Presentation Best of Fest
C B D C
The Last Emperor My Pure Land Stained Shuttle Life
15:00 16:15 18:45 18:45
C
Suburbicon
19:00
C
Oh Lucy!
21:00
D
Samui Song
21:00
Reign of Assassins
21:15
Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Centro Cultural de Macau Cinemateca Paixão Torre de Macau Convention and Entertainment Centre Cinemateca Paixão Centro Cultural de Macau Centre – Small Auditorium Torre de Macau Convention and Entertainment Centre
12:00
Cinemateca Paixão
14:00
Cinemateca Paixão
16:00
Cinemateca Paixão
C
Pass On; Grandmas; Pedaling Life San Va Hotel Behind the Scenes; My Work Place; A Long Fishing Journey (Ten for Perfection; My Days in An Apartment) The Guardians
18:30
C
I, Tonya
20:30
B
The Florida Project
21:30
Cinemateca Paixão Macau Cultural Center Small Auditorium Cinemateca Paixão
Opening Film Crossfire Best of Fest 2017-12-09 (Sat) Competition Macao Special Presentation Best of Fest Gala Best of Fest Competition Competition Flying Daggers Crossfire Special Presentation Crossfire 2017-12-10 (Sun) BFI SCREENING Gala Best of Fest Food Special Presentation Hollywood Special Presentation Best of Fest Competition Food Special Presentation Flying Daggers Crossfire Competition 2017-12-11 (Mon)
Actor do mundo O
vencedor do prémio de carreira da segunda edição do Festival Internacional de Cinema de Macau (FICM) já está escolhido. É Udo Kier, um nome incontornável das produções independentes europeias e mesmo de filmes do mainstream de Hollyood. O actor vai estar no território para receber o prémio e assistir a “Brawl in Cell Block 99” de S. Craig Zahler, filme que integra a secção Flying Draggers e que conta com a sua participação. Com mais de 50 anos de carreira o actor alemão é já, quase, um mito. São mais de 300 filmes os que contam com a sua participação e há quem lhe chame o homem com “papéis em tudo” tantas são as categorias que interpreta e que vão desde os filmes mais independentes e obscuros das produções europeias, aos comerciais de orçamentos milionários de Hollywood. Da crítica e de quem o conhece na tela e pessoalmente, os comentários são idênticos. Se no grande ecrã é muitas vezes o vilão, vampiro e monstro, o homem “é elegância e humildade”. Os contornos de uma vida dedicada ao drama podem reportar-se ao nascimento em Outubro de 1944, na cidade de Colónia, na Alemanha.
Pouco depois de nascer, o hospital onde estava foi bombardeado. A mãe, para quem o cenário de guerra já começava a ser familiar tinha pedido minutos antes para ficar sozinha com o bebé. Embrulhou Kier, pegou nele e começou a cavar um túnel para sair das instalações. Escaparam às bombas. A infância e juventude foram vividas com um pai ausente e os contornos do futuro de Kier começaram e ter uma forma mais definitiva, quando, ainda jovem teve um encontro com o, na altura, aspirante a cineasta, Rainer Werner Fassbinder antes de se mudar para a Grã-Bretanha aos 18 anos para estudar inglês e representação.
ACTOR DO TERROR
Foi nas terras da rainha que o primeiro convite para um filme apareceu. Em 1966 estreia-se no grande ecrã depois de ter aceite o convite do realizador Mike Sarne para fazer o papel de um gigolo em “The Road to St. Tropez”. Apesar de aparições esporádicas nalguns filmes da década de 60, foi com o controverso “The Mark of the Devil” que o nome Kier começou a ser alvo de atenção com o papel que tinha desempenhado de aprendiz na arte de caça às bruxas. O terror da película chegou mesmo a levar que fosse proibida em vários países.
Mais tarde, foi com as colaborações que teve com Paul Morrissey, depois de se conhecerem numa viagem de avião entre Roma e Munique, que conseguiu entrar no mercado norte americano. “Andy Warhol’s Frankenstein”, veio confirmar a vocação para papéis em filmes de terror a que se seguiu “Blood for Dracula”. No final dos anos 70 é a vez de se estrear em televisão, desta feita com o convite de Fassbinder, o amigo de juventude, para integrar “The Stationmaster’s Wife”. No mesmo ano, o italiano Dário Argento dá a Kier um pequeno papel em mais um filme de terror, Suspiria. Ao longo dos anos 80 as aparições de Udo Kier no grande ecrã eram frequentes, sobretudo na Europa sempre que se tratava de algum filme que implicasse suspense ou algum drama acrescido. O seu nome faz parte de “G.I. Bro” (1977) e de “Prison Camp Girls” (1982).
O MENINO DE VON TRIER
Há muitos realizadores com actores que permanecem em cada filme que fazem. Udo Kier, pode dizer-se, é um dos actores de Lars von Trier. Actor e realizador começaram tornaram-se amigos no início da década de 80 e as carreiras de ambos são quase paralelas.
quinta-feira 7.12.2017
Gala
Actress In Focus: B Michelle Yeoh 2017-12-14 (Thu) LOCAL VIEW POWER
B
LOCAL VIEW POWER
B
LOCAL VIEW POWER Best of Fest Hollywood Special Presentation Best of Fest
B
Após a sua aparição no “Medea”, de von Trier (1987), Kier não só começou a aparecer em todos os filmes do realizador, como acabou por ser tornar padrinho da filha de von Trier, Agnes. Foi o papel de Kier no “My Own Private Idaho” (1991), do Gus Van Sant, que trouxe o actor de volta ao público geral. Com isso vieram as participações em filmes como “Johnny Mnemonic” (1995), “Armageddon” (1998) e “Blade” (também 1998).
Actualmente estão para ser lançados os filmes que contam com as mais recentes participações do actor, sendo que se destacam “Downsizing” de Alexander Payne, “Don’t Worry he Won’t Get Far on Foot” de Gus van Sant, “Iron Sky 2” de Timo Vuorensola, “Brawl in Cell Block 99” de S. Craig Zahler que consta do programa do festival de cinema de Macau e que contará, na exibiçao com a presença de Udo Kier. Sofia Margarida Mota
sofia.mota@hojemacau.com.mo