perfis saudáveis
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Fernando Nobre www.hospitaldofuturo.com
director: Paulo Nunes de Abreu
N.11 | ANo V | QuAdrimestrAl | mArço 2010 | 4,00€
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pediatria 10 17
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Maternidade Alfredo da Costa Hospital D. Estefânia
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entrevista: Alzheimer com custos elevados e poucos apoios O director-executivo da Alzheimer Portugal defende o reconhecimento do estatuto de cuidador 19
Parto Natural Crianças com problemas na fala
tecnologias da saúde
hospital do futuro
Conheça a implementação do processo único electrónico na Maternidade Alfredo da Costa
Hospital D. Estefânia, em Lisboa, tem terapêuticas únicas em patologias pediátricas
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Índice Editorial p. 4
Perfis Saudáveis
Catarina Batuca; Fernando Nobre; Margarida Martins; Victor Feytor Pinto p. 5
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As Novas Tecnologias na Saúde
Integração entre sistemas melhora qualidade na saúde p. 10
Gestão & Economia
Cuidados de saúde primários: o papel dos incentivos económicos p. 12
Doenças Raras
Doença Rara do Sangue p. 14
Saúde Ibérica
Parto Natural é mais Humanizado p. 16
Hospital do Futuro
Hospital D. Estefânia: Terapêuticas únicas em patologias pediátricas p. 17
Entrevista
Alzheimer com custos elevados e poucos apoios, António Costa, Alzheimer Portugal p. 19
Direito Biomédico
Genética humana espera regulamentação da lei p. 21
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Director: Paulo Nunes de Abreu
Redacção: Joana Branco (Edição), Maria João Garcia
Fotografia:
Destaque
Cancro Infantil e Juvenil: A Família de Bata Branca p. 7
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FICHA TÉCNICA
Perspectivas
Modelo Logístico Integrado EKANBAN® no Centro Hospitalar de Setúbal p. 24
Debate
- Gestão Integrada do Atendimento p. 25 - Melhor Diagnóstico com Telerradiologia p. 26 - Tecnologia melhora contacto com o Utente p. 27
Cardiologia
- Aneurismas da Aorta Abdominal p. 28 - Doença Arterial Coronária - Progresso e tecnologia destacados da Inovação p. 30
David Oitavem, José Paulo
Design e Paginação: Nuno Pacheco Silva
Sede da Redacção: GroupVision Serviços Editoriais e de Educação Pólo Tecnológico de Lisboa Edifício Empresarial 3 1600-546 Lisboa Tel: 217 162 483 - Fax: 217 120 549 hdf@groupvision.com
Colaboram neste Número: Alice Lourenço Romano, APAMCM; André Ramos, APCER; Catarina Batuca, Centro Hospitalar Lisboa Norte; Emília Santos, APTF; Fernando Nobre, AMI; João Albuquerque e Castro, Centro Hospitalar de Lisboa Central; José de Morais Neves, CHVNGaia/Espinho, Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia, Faculdade de Medicina da Universidade do Porto; Julien Perelman, ENSP; Manuel Pratas, Associação Portuguesa de Pais e Doentes com Hemoglobinopatias; Margarida Martins, Abraço; Rui Campante Teles, Médico Cardiologista; Victor Feytor Pinto, Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.
Conselho Redactorial: José Ávila da Costa, Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna; Manuel Correia, Presidente Conselho Directivo Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa; Pedro Barosa, Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar; Verónica Rufino, Presidente, Associação Portuguesade Apoio à Mulher com Cancro da Mama.
Entidade Proprietária e Editor: GroupVision Serviços Editoriais e de Educação
Nº Contribuinte: 507 932 366
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Terapia da fala
7% de crianças com problemas graves na fala p. 32
Parceiros
Auto-ajuda e grupos de auto-ajuda p. 34
Nutrição
Portugueses alimentam-se mal p. 36
Ortopedia
Fracturas da extremidade proximal do fémur no idoso: Um problema técnico-cirúrgico, um desafio sócio-económico p. 37
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Perspectivas
As tecnologias de informação ao serviço da Saúde p. 39
Tiragem: 8.000 exemplares
Periodicidade: Quadrimestral
Nº Registo no ICS: 124679
Depósito Legal: 230918/05
Impressão e Acabamento: Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas S.A., Rua Consiglieri Pedroso, nº90, Casal de Sta. Leopoldina, 2730-053 Barcarena
Distribuição: Logista
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editorial
N.11 | mAr. 2010 | Hospital do Futuro
Paulo Nunes de Abreu Director da Revista Hospital do Futuro
Um oásis na crise
U
ma revista líder de audiências no seu sector. Esta é sem dúvida uma frase que muitos Directores de Revista gostariam de poder afirmar em relação à sua publicação. E, para nós, foi uma surpresa obter este logro. Entramos no quinto ano de publicação contínua e, se hoje podemos celebrar o
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A Saúde na sua perspectiva mais sistémica deve ser encarada como um sector com imenso potencial que se tem de configurar rapidamente para ultrapassar as heranças de duas revoluções industriais
nosso sucesso com a revista HdF, isso deve-se em parte ao próprio sector da Saúde em Portugal e ao seu dinamismo próprio. Um oásis na crise? Mais do que isso, a saúde na sua perspectiva mais sistémica deve ser encarada como um sector com imenso potencial dentro do conceito da Nova Economia, o “new deal” que se tem que configurar rapidamente para que possamos sair deste enorme atoleiro que nos deixam as pesadas heranças recebidas de duas revoluções industriais: um modelo económico centrado numa sociedade de consumo, com graves repercusões no equilibrio do nosso próprio ecosistema. Um consumo desmedido não apenas de bens, como de serviços. Incluindo os bens e os serviços de saúde. Algo que hoje se revela ser insustentável. No dealbar deste milénio devem consolidar-se novas formas de organizar os meios de produção, de distribuição e de consumo. Em grande parte ajudados pela universalização da Internet. Estão a aparecer novas “indústrias”, baseadas no conhecimento e centradas nas pessoas. As “indústrias da Saúde”, entendidas aqui num espectro tão abrangente quanto sejam as bio-tecnologias e a genética, passando pela telemedicina, a saúde ocupacional e os serviços sociais, são por excelência sectores a ter em conta na nova economia do século XXI. Em saúde, o conhecimento é hoje partilhado não apenas entre profissionais, mas também pelos cidadãos. Os profissionais de saúde são hoje um corpo cada vez
mais heterogéneo que inclui de pleno direito novas profissões em saúde, como a dietética e nutrição, a radioterapia, a cardiopneumologia, a medicina nuclear, a saúde ambiental, entre outras. Delas saem cada vez mais leitores da revista HdF, que tem hoje uma tiragem e distribuição superior a outras conhecidas revistas sectoriais em Portugal. Este dinamismo do sector também tem que ver com as políticas e a estratégia nacional de saúde em Portugal. Os hospitaisempresa, a re-organização dos cuidados primários e a transformação que agora ocorre nos cuidados continuados. No seu conjunto fazem de Portugal um potencial caso de sucesso, na Europa e no mundo. Finalmente o dinamismo de muitos profissionais de saúde em Portugal e, por que não dizê-lo, das empresas, associações e misericórdias que se envolvem de forma dedicada e decidida neste sector. O continuado êxito dos Prémios Hospital do Futuro, que entram este ano na sua sexta edição e com um total de cerca de 650 candidaturas acumuladas, cada ano mais que no anterior. Sem dúvida que o sucesso desta revista está nas suas mãos, caro/a leitor/a, seguramente o nosso sucesso deve-se a si. Obrigado pelo seu protagonismo.
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ERRATA A Revista HdF apresenta as suas desculpas ao Grupo José de Mello Saúde e ao Grupo Hospitais Privados de Portugal, pela troca de nomes na rubrica “Hospital do Futuro” na edição nº 11. A informação correcta é a de que o Hospital CUF Descobertas integra o Grupo José de Mello Saúde.
perfis saudáveis
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
A Revista HdF traz até aos seus leitores os hábitos de quem gere a Saúde em Portugal. Se tiver sugestões, envie para saude@groupvision.com
David Oitavém
Catarina Batuca
enfermeira directora do Centro Hospitalar lisboa Norte
Podia fazer-me um resumo do seu dia? Os meus dias de trabalho caracterizam-se pela multiplicidade e diversidade de actividades, não podendo de forma alguma classificálos de monótonos. Saio habitualmente de casa por volta das 7h 45m e, de acordo com a agenda de trabalho e o número e local das reuniões programadas, ou vou directamente para o Hospital de Santa Maria ou para o Hospital Pulido Valente. Procuro em primeiro lugar inteirar-me da forma como tudo está a decorrer junto das Enfermeiras Adjuntas, resolvo as situações mais urgentes e dou continuidade a assuntos burocráticos indispensáveis ao funcionamento do hospital. Dado que privilegio o contacto pessoal com os enfermeiros e os contextos da prática, passo ainda por alguns serviços, principalmente aqueles que de momento por um ou outro motivo mais me preocupam. Participo nas diferentes reuniões agendadas que se realizam, quer a nível do Conselho de Administração, quer a nível da Direcção de Enfermagem, resolvo assuntos urgentes, procuro desenvolver algum trabalho individual programado essencial para o desenvolvimento organizacional e muito frequentemente giro ou par ticipo na gestão de situações imprevistas.
trabalha quantas horas por dia? No final de cada dia contabilizo em média 11 a 12 horas de trabalho contínuo. Como consegue tratar do seu bem-estar e da sua saúde tendo o cargo que tem? Para manter o equilíbrio e o bem-estar físico e psicológico procuro, para além de preservar a minha privacidade e valorizar a vida e os momentos em família, reservar sempre que possível, algum tempo para cuidar de mim durante os quais faço actividades de que gosto, como ler, por exemplo. Ir para o Alentejo passar finsde-semana sempre que possível é uma forma de descansar e relaxar. Como lida com o stress? Aprender a lidar com o stress através da adopção de estratégias de distanciamento, prioritização e racionalização das situações foi fundamental para a manutenção do bem-estar e equilíbrio anteriormente referidos. Uma mais-valia tem sido sem dúvida a disponibilidade de algumas das pessoas que integram o meu grupo de trabalho para me escutar sempre que necessário, fazendo-o numa perspectiva de entreajuda e amizade. Pratica desporto? Actualmente, e devido à falta de tempo, não pratico qualquer desporto.
tem cuidados com a alimentação? Tenho alguns cuidados com a alimentação, procurando fazer refeições periódicas e seleccionando alimentos saudáveis. Fuma? Não fumo. Costuma fazer rastreios? No que diz respeito à vigilância de saúde não posso ser considerada um bom exemplo. e check-ups? Vou periodicamente às consultas de rotina e também dirigidas a problemas específicos quando ocorrem (felizmente, muito raramente). sempre teve boa saúde? De uma forma geral penso poder afirmar que aparentemente sempre gozei de boa saúde. Quando era mais nova teve alguma atitude ou hábito que lhe tenha trazido problemas de saúde? Não tive, até ao momento, qualquer doença grave para além das habituais doenças de infância. Qual foi a pior doença que teve? Procurei adoptar ao longo da vida atitudes e hábitos de vida saudáveis que penso terem contribuído para a sua manutenção.
Fernando Nobre
Presidente da Assistência médica internacional (Ami)
Podia fazer-me um resumo do seu dia? Começo a trabalhar muito cedo e acabo muito tarde. Chego a entrar às 6h15m e a sair das várias actividades laborais já de noite. trabalha quantas horas? Nunca menos de 14 horas.
Pratica desporto? Não pratico tanto como gostaria. Hoje em dia só consigo fazer dez minutos de exercício físico de manhã, antes de tomar banho, e ir para o trabalho. tem cuidados com a alimentação? A minha mulher costuma dizer que como “pedra”… (risos) Não tenho cuidado. O que houver eu como. Como devem imaginar, por trabalhar na AMI já comi em restaurantes de grande luxo e em tascas sem o mínimo de condições. Estou habituado a comer qualquer coisa.
Como consegue tratar do seu bem-estar e da sua saúde tendo o cargo que tem? Fica para segundo plano. Geralmente ao fimde-semana tenho mais tempo para estar com a família, ler e tomar a minha meia de leite com calma. Isso para mim já é bem-estar.
Fuma? Não, nunca fumei.
Como é que lida com o stress? Tenho um grande auto-controlo. São muitos anos a lidar com situações complexas e aprendi a autocontrolar-me. Lido bem com as várias situações.
Costuma fazer rastreios? Não. Nisto não sou um exemplo para os meus doentes. Digo-lhes que devem fazer rastreios, mas depois não os faço.
e check-ups? Também não. sempre teve uma boa saúde? Sim. As doenças mais graves foram a Hepatite A quando tinha 11 anos e uma pneumonia há uns anos. De resto, não tive mais nada. Nem sequer tive doenças tropicais, como a malária, apesar de estar bastante em contacto com populações de risco. Nem faço prevenção para as doenças tropicais. Quando era mais novo teve alguma atitude ou hábito que lhe tenha trazido problemas de saúde? Não. Aliás, sempre pratiquei muito desporto. Só agora não tenho tanto tempo, faço apenas os exercícios de dez minutos de manhã. Penso que os problemas de saúde também estão muito relacionados com a genética e no meu caso não tenho tido problemas de maior até hoje.
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perfis saudáveis
N.11 | mAr. 2010 | Hospital do Futuro
Margarida Martins
Presidente da Abraço
Podia fazer-me um resumo do seu dia? Acordo muito cedo, trato da minha filha e levo-a à escola. Depois vou para a Abraço, onde tenho reuniões e trabalho com as várias equipas. Posso também ter iniciativas fora da associação. trabalha quantas horas por dia? Trabalho muitas horas na Abraço e depois do jantar ainda faço trabalhos em casa entre as 21h e as 24h. Como consegue tratar do seu bem-estar e da sua saúde tendo o cargo que tem? Consigo porque me divirto com o que faço. Uma parte do meu trabalho é na Abraço, fora o meu hobby, mas gosto do que faço. Tento sempre ter uma atitude positiva.
Pratica desporto? Qual? Ando muito a pé, porque tenho um hobby, que é a fotografia. tem cuidados com a alimentação? Tenho cada vez mais cuidado com a alimentação. Aliás cada vez mais como menos. Como muita sopa e, sobretudo, mediterrânica. Fuma? Não Costuma fazer rastreios? Sim.
e check-ups? Sim. sempre teve boa saúde? A minha saúde tem sido simpática. Além da obesidade, que tem estado controlada, tenho tido uma saúde de ferro. Há um problema com a tiróide, mas também se está a resolver. Quando era mais nova teve alguma atitude ou hábito que lhe tenha trazido problemas de saúde? Tive hábitos alimentares menos saudáveis, mas a obesidade também está relacionada com os antecedentes familiares. Qual foi a pior doença que teve? Foi uma gravidez ectópica que me impediu de ter mais filhos.
David Oitavém
Victor Feytor Pinto Presidente da Comissão Nacional da Pastoral da saúde
Podia fazer-me um resumo do seu dia? Levanto-me pelas sete horas da manhã e dedico uma hora a arranjar-me e outra hora a tempo de silêncio e de oração. Saio de casa pelas nove horas para iniciar os meus trabalhos na comunidade paroquial do Campo Grande, onde pretendo estar disponível para as pessoas que me procuram. Depois do almoço, às 13h, com os meus colegas de acção pastoral (outros sacerdotes), sigo para a Sede da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde, onde fico até às 18h nas diversas actividades que a Pastoral da Saúde reclama: organização de encontros, artigos a escrever, reuniões várias. Às 18h regresso à Comunidade Paroquial, celebro a Eucaristia e, após uma leve refeição, oriento reuniões várias até às 23h, momento em que regresso a casa. Ao serão leio, vejo televisão, ouço música até ir deitar-me, pela 1h30 da madrugada. trabalha quantas horas por dia? Talvez umas nove horas.
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Como lida com o stress? Lido com o stress quando ele tem de existir. Sou muito activa e consigo gerir o tempo facilmente, pensando de uma maneira positiva.
Como consegue tratar do seu bem-estar e da sua saúde com o seu cargo? Através de uma boa organização da vida de trabalho, misturada com tempos de silêncio e de oração. Como lida com o stress? Com alguns momentos de “relax”, ouvindo música, dando alguns passeios a pé, encontrando-me de vez em quando com alguns amigos para conversar, estando frequentemente com a família mais próxima que tem muitas crianças (15 sobrinhos-netos). Pratica desporto? Qual? Pratiquei muito desporto: natação, ténis, hóquei em patins, futebol e voleibol. Hoje só ando a pé e só em férias. tem cuidados com a alimentação? Tenho. Procuro comer pouco em cada uma das quatro refeições do dia: pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar. O jantar é muito simples.
Fuma? Não. Fumei até aos 60 anos. Deixei de fumar quando fui operado às carótidas e fiz dois bypasses. Costuma fazer rastreios? Quando me são pedidos pelo meu médico assistente. e check-ups? Uma vez por ano, pelo menos. sempre teve boa saúde? Em princípio sim, mas tive três ou quatro crises graves ao longo da vida. Quando era mais novo teve alguma atitude ou hábito que lhe tenha trazido problemas de saúde? Até aos 35 anos tive alguma indisciplina nas regras de vida, na alimentação e no pouco repouso. Qual foi a pior doença que teve? O enfarte do miocárdio, aos 60 anos.
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Fotografias: David Oitavevm
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
Cancro Infantil e Juvenil: A família de bata branca É preciso distinguir o campo profissional do pessoal, mas os médicos e os enfermeiros são humanos e é impossível ficarem indiferentes ao cancro infantil e juvenil. Por mais fragilizados que estejam têm de continuar a apoiar os doentes e os familiares. Histórias bem reais de sofrimento que não os impedem de sorrir perante uma taxa de sobrevivência de 75%. Até há quem fique curado e venha fazer o internato do curso de medicina no serviço onde foi doente.
“O
s profissionais de saúde não são insensíveis. Temos de separar as águas, mas não é fácil, principalmente nas perdas.” Quem o diz é a Directora do serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, Filomena Pereira. Há vários anos que contacta, todos os dias, com crianças e jovens com cancro e as amizades são inevitáveis. “Estas crianças e jovens passam, pelo menos, dois anos da sua vida connosco”, afirma. Quando se fala em cancro ainda há a tendência de se pensar em morte. Mas nem sempre é assim. “Há 75% de casos de sucesso!”, salienta Filomena Pereira. A Medicina ainda não consegue curar todos os cancros, mas já houve vários avanços e a doença pode ser curada. Com o aumento
da esperança de vida, maior contacto existe entre os doentes, seus familiares e os médicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos e voluntários. “Recebemos um menino de Cabo Verde num estado muito debilitado, tendo estado quase três meses sem poder comer. As hipóteses de sobreviver eram mínimas. No final ficou curado e até foi baptizado aqui em Portugal. Eu fui a madrinha”, conta-nos. E as amizades não se ficam por aqui. A médica também foi convidada para o casamento de uma antiga doente que é médica e já tem filhos. Neste momento vai receber outra doente antiga que venceu o cancro e que quer fazer o internato no serviço. Esta e outras histórias são lembradas com carinho pelos vários profissionais que fazem parte da equipa de pediatria do
IPO. “Há muito o estigma da doença, mas o impacto emocional acontece com crianças com cancro, mas também com outras doenças. “, afirma a enfermeira-directora do serviço de pediatria do IPO de Lisboa, Elsa Pedrosa. “Os piores momentos são inevitavelmente as fases terminais. Mas as histórias de vida destas crianças e jovens não são apenas negativas. Há muitos casos de sucesso e é muito gratificante ver uma criança ou um jovem que chegou muito mal ao serviço e que depois recupera e faz a sua vida normalmente”, refere. reAgir PerANte As emoções O sorriso é ponto assente no Serviço de Pediatria do IPO. Pelos corredores do serviço vêem-se várias crianças e jovens. Os pais acompanham-nos e todos os profissionais sabem o nome de cada um deles. Há crianças muito pequenas que brincam e andam de triciclo, alheias à doença que estão a combater, mas também há os mais velhos que têm a perfeita noção do que se passa. Apesar do sofrimento e dos tratamentos que não são nada fáceis de suportar, sorriem perante os profissionais que se metem com eles. +
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N.11 | mAr.2010 | Hospital do Futuro
acompanhamento psicológico. “Somos profissionais e tentamos não nos envolver de forma emocional, mas nem sempre é fácil. Os piores casos são a fase terminal e a morte. Basta uma perda para ficarmos fragilizados”, afirma.
Várias crianças passam pelo IPO. Algumas deixaram a sua marca logo à entrada do Serviço como a desejar as boas-vindas a quem entra.
Vários estudos internacionais salientam a importância de estes profissionais terem acompanhamento psicológico regular. Na Pediatria do IPO já se tentou ter esse acompanhamento, mas nunca resultou. “Podemos ter acesso a acompanhamento regular, mas nem todas as pessoas na
ComuNiCAr Com os PAis “É uma família. Não há palavras para descrever a maneira como os médicos, enfermeiros, voluntários, auxiliares nos tratam”, refere à HdF Zulmira Cabral Soares, mãe de um jovem internado. É dos Açores e está neste momento em Lisboa. Após ter tido alta, o filho piorou e teve de voltar. “É da idade. O cancro apareceu numa idade muito má”, diz-nos. Mas não podia estar mais contente com a forma como é tratada no IPO e na Acreditar, a instituição de solidariedade ligada ao hospital que a acolhe. “Nós sabemos que eles [profissionais de saúde] estão a sofrer, mas têm sempre força para nos dar. Quando recebemos más notícias, tentam acalmar-nos e ajudam-nos a ter uma postura mais digna perante o diagnóstico. Até nos ajudam a dormir melhor. Isto marca uma vida!”, diz Zulmira Cabral Soares.
“Quando recebemos más notícias, tentam acalmar-nos e ajudam-nos a ter uma postura mais digna perante o diagnóstico. Até nos ajudam a dormir melhor. Isto marca uma vida!”, refere a mãe de uma criança internada no IPO.
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equipa o querem e temos de respeitar.”, sublinha Filomena Pereira. Uma atitude que se justifica pela equipa. “Somos um grupo muito coeso e ajudamo-nos uns aos outros. Isso faz a diferença”, refere. A enfermeira Elsa Pedroso também considera que a equipa é “muito boa”, o que é uma grande ajuda a nível psicológico. O presidente da Comissão Nacional da Saúde Materna, da Criança e do Adolescente (CNSM), Bilhota Xavier, também é pediatra no Hospital D. Pedro, em Leiria, e é da opinião de que deve haver algum
Maria do Céu Carvalho vem de Cabo Verde e também tem um filho internado no IPO. Enquanto está em Portugal fica na Acreditar. “Os médicos e os enfermeiros estão sempre muito ocupados, mas esforçam-se muito e são meigos e atenciosos. Sabem o nome das crianças, mesmo que não sejam os seus doentes e até sabem o do meu filho bebé que não está doente, mas teve de vir comigo”, sublinha. A equipa é pequena, apesar de o número de doentes ter aumentado nos últimos anos. “Somos poucos, mas fazemos muitas
coisas!”, refere a directora. Perante as dificuldades, a equipa prefere apostar em unir esforços, porque os doentes precisam. E a comunicação com os pais e as crianças e jovens é essencial. “Logo à entrada estabelece-se uma relação de confiança e tentamos que os pais percebam que são parte do processo de tratamento e do bem-estar dos filhos”, explica à HdF Filomena Pereira. Os pais recebem vários tipos de apoio, desde o psicológico ao social e podem sempre falar com os médicos e os enfermeiros. Todas as crianças e jovens têm um médico assistente e uma enfermeira de referência, não se pondo em causa o trabalho de grupo. Apesar de não haver capacidade para dar uma resposta imediata a problemas psicológicos, os pais e os filhos têm sempre uma conversa com o psicólogo para se perceber quais são os casos prioritários em termos de assistência. A relação com os pais costuma ser muito boa, mas na fase inicial pode haver problemas. Os medos são muitos e há quem chegue a ser violento por se sentir revoltado. Reacções normais no entender da enfermeira Elsa Pedroso, já que não é nada fácil receber a notícia de que um filho tem cancro. “Tentamos resolver a situação e incluí-los no grupo que acompanha a criança ou o jovem, porque os pais devem ter um papel activo no bem-estar dos filhos”, explica. CuidAdos PAliAtiVos PArA CriANçAs A ligação com os doentes e os familiares não se restringe ao serviço de Pediatria. A equipa mantém sempre uma ligação, mesmo que as crianças tenham alta do IPO e façam a sua recuperação em casa ou nos hospitais mais próximos da sua residência. Mesmo nos casos terminais, as crianças e os jovens são acompanhados pela equipa do IPO, para além das restantes equipas dos hospitais onde se encontram. Apesar de não haver uma rede de cuidados paliativos específica para crianças em Portugal, o IPO tem um Programa de Paliação que inclui cuidados ao domicílio. Só não tem na Madeira e nos Açores devido à falta de meios. Todas as crianças e jovens
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
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que fazem parte deste programa contam com o apoio dos profissionais das unidades de referenciação, caso já não estejam no IPO, mas também da equipa do Serviço que sempre os acompanhou. Os pais também são envolvidos no processo, como acontece no internamento. Uma questão que se coloca inevitavelmente é a necessidade ou não de se criar uma rede de cuidados paliativos para crianças. No entender de Filomena Pereira, não faz sentido. “O número existente de crianças que precisam deste tipo de cuidados não justifica a existência de uma rede exclusiva e especificamente pediátrica, mas a adequação das estruturas existentes”, refere. A enfermeira Elsa Pedroso, por sua vez, preferia ter uma rede
A brincar, a brincar se ensina as crianças a conviver com as batas e os instrumentos necessários para o tratamento.
A cor e a pintura estão espalhadas pelas paredes.
de cuidados paliativos, apesar do número diminuto de crianças que precisam deste tipo de apoio. A questão gera polémica no sector da saúde e as opiniões divergem, mas num ponto todos concordam: os serviços de proximidade e paliação são importantes para os doentes e para as famílias. Haja ou não uma rede de cuidados paliativos pediátricos é essencial criaremse equipas de proximidade que possam dar apoio paliativo. A CNSM foi constituída há menos de seis meses, mas Bilhota Xavier vai lutar para que haja mais centros de apoio a crianças e jovens com cancro na proximidade da sua zona de residência. O responsável defende ainda o reforço da ligação entre os profissionais dos três IPO e das unidades de Pediatria dos vários hospitais que recebem crianças e jovens com cancro. A Presidente da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, Isabel Galriça Neto, considera que falta experiência nesta área. “Não é a mera exposição à doença grave e avançada pediátrica que dota os profissionais de competências específicas na área dos Cuidados Paliativos pediátricos”, refere em entrevista à HdF. Independentemente dos serviços que existam, os profissionais de saúde continuam a sorrir e a dar força aos pais, mostrando-lhes que a taxa de sobrevivência ao cancro já é muito elevada e que a luz ao fundo do túnel pode ser uma realidade. MJG
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as novas tecnologias na saúde
N.11 | mAr. 2010 | Hospital do Futuro
Integração entre sistemas melhora qualidade na saúde o processo clínico electrónico único já é uma realidade na maternidade Alfredo da Costa. A integração com os sistemas já existentes tem sido fácil e a capacidade de parametrização da solução VitAHisCAre tem permitido a adaptação da tecnologia aos processos e necessidades da maternidade.
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Fotografias: David Oitavevm
A
Maternidade Alfredo da Costa (MAC) está a implementar o Processo Clínico Electrónico Único (PCE) que abrange todos os seus serviços clínicos, nomeadamente Obstetrícia, Ginecologia e Pediatria. A criação deste PCE único é possível através da plataforma de integração HealthBus®, que permite a interligação e interoperabilidade entre os vários sistemas da instituição. “Um PCE é muito mais do que passar a escrever num computador o que agora se escreve no papel, preservando mais a privacidade uma vez que o acesso ao processo único do utente é feito por categorias profissionais e não pode ser fotocopiado, como acontecia com o processo clínico em papel”, afirma Jorge Branco, Presidente do Conselho de Administração da MAC. “A MAC já tinha um processo único, mas era em papel. Tinha apenas a informatização de alguns aspectos parcelares (análises clínicas, ecografia obstétrica e ginecológica). Chegou a altura de termos tudo informatizado e optámos pela solução VITAHISCARE”, indica o Director Clínico da MAC, Abílio Lacerda. O responsável garante que o processo de informatização vai abranger todos os serviços da maternidade decorrendo em vá-
rias fases. Em primeiro lugar, para manter os actuais serviços e evitar a quebra de produção, assim como combater a resistência à inovação. “Começámos pelo serviço de ginecologia, posteriormente passámos para o serviço de obstetrícia e vamos terminar com o serviço de pediatria. Dentro de cada serviço também fizemos por fases. Uma primeira fase contemplou as consultas externas, seguida do internamento e bloco operatório”, acrescenta. O processo envolve todos os profissionais. “Falámos com as pessoas dos vários serviços para se saber qual era a informação necessária para o PCE, para que não houvesse repetição de informação e o mesmo fosse realmente um facilitador”, afirma a Enfermeira Directora, Gabriela Croft Moura.
A iNteroPerAbilidAde eNtre sistemAs “O projecto de informatização da MAC tem duas vertentes: uma que é a componente de imagiologia, com implementação de solução de radiologia integrada com uma solução de imagem (PACS) e a implementação do VITAHISCARE Hospitalar com uma plataforma de integração HealthBus®”, afirma Filipa Santos, gestora de projecto da PT. A interoperabilidade entre as várias aplicações da MAC é possível graças à plataforma HealthBus®, que permite a partilha e sincronização de informação entre as várias áreas funcionais, utilizando como recurso os standards internacionais HL7. Esta plataforma permite, segundo Filipa Santos, a integração entre os
as novas tecnologias na saúde
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
“O sistema é adaptável às necessidades da maternidade e dos seus serviços. Uma solução tem de se adaptar à cultura, organização e necessidades da unidade de saúde”, explica Jorge Branco, Presidente do Conselho de Administração da Maternidade Alfredo da Costa.
diversos sistemas departamentais presentes na MAC, como é o caso do SONHO: “O VITAHISCARE passa a ser o front-end para vários profissionais de saúde, médicos, enfermeiros e administrativos”. A intercomunicação entre os vários sistemas veio colmatar a falta de comunicação que existia entre os mesmos dentro da MAC. “Um médico teria de entrar em cinco aplicações para conseguir ter acesso às várias informações sobre a utente”, refere a gestora de projecto. A PArAmetrizAção É um FACtor-CHAVe Uma das características-chave do VITAHISCARE é a sua grande capacidade de parametrização. De acordo com o Presidente do Conselho de Administração da MAC, “o sistema é parametrizável. É adaptável às necessidades da maternidade e dos seus serviços. Uma solução tem de se adaptar à cultura, organização e necessidades da unidade de saúde. A PT está sensibilizada para esta questão, estando sempre connosco, nomeadamente junto do Director Clínico, no sentido de optimizar a aplicação face às características da MAC”. O responsável pelo departamento de informática, Tércio Sampaio, é da mesma opinião: “A relação com o parceiro PT é excelente em termos técnicos,
funcionais e também de acompanhamento”, afirma. beNeFíCios PArA os ProFissioNAis de sAúde O Director Clínico está satisfeito por poder aceder ao PCE das utentes no seu consultório, assim como pedir relatórios. “No futuro podemos retirar informações para estudos epidemiológicos, nomeadamente para se saber quais são as patologias mais prevalentes ou simplesmente para se saber qual é a média de tempo de espera das utentes da MAC”, acrescenta. As vantagens não ficam por aqui. “Reduzimos o papel, não perdemos peças do processo clínico e há mais segurança e confidencialidade de dados, já que os dados do processo não podem ser consultados por qualquer pessoa, nem ser fotocopiados”, refere Jorge Branco, mencionando alguns dos benefícios do PCE. “Todo o processo de integração tem sido fácil. Houve uma primeira fase sem a qual não se poderia arrancar, a integração com o SONHO, o nosso sistema administrativo. A integração com o SONHO decorreu muito bem, melhor ainda do que estávamos à espera”, refere Abílio Lacerda. Os médicos e os enfermeiros também estão satisfeitos. “Toda a informação está contida num PCE único, não havendo
“A MAC já tinha um processo único, mas era em papel. Tinha apenas a informatização de alguns aspectos parcelares. Chegou a altura de termos tudo informatizado”, refere Abílio Lacerda, Director Clínico da maternidade.
erros na informação dos utentes. Já não precisamos de folhear vários papéis para saber determinada informação, porque vamos directos à informação que pretendemos”, afirma Marta Pereira, enfermeira responsável pelo serviço de consulta externa de Ginecologia na MAC. A enfermeira destaca ainda a poupança que se obtém em papel e na rentabilização do espaço. A ginecologista Ângela Fatela também prefere trabalhar com a nova plataforma, que lhe permite escrever no computador, facilitando a tarefa das colegas que não costumavam entender a sua letra. “É mais vantajoso conseguirmos aceder às informações das utentes através do computador do que procurar em vários papéis”, refere. De acordo com Abílio Lacerda, os próximos passos são a consolidação da informatização do processo clínico único em toda a maternidade e a conclusão da integração das restantes aplicações e programas instalados na maternidade, como é o caso da prescrição electrónica e das análises de anatomia patológica. Dado que “ao nível da medicina vamos viver num mundo global”, segundo Abílio Lacerda, o ideal é a partilha de informação entre todos os hospitais que possuam o processo clínico informatizado. “Temos um grande caminho pela frente”, afirma o Director Clínico da MAC.
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gestão & economia
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Cuidados de saúde primários: o papel
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s economistas da saúde apontam como principais objectivos dum sistema de saúde a eficiência (atingir a maior produção/qualidade com a menor quantidade de recursos possível) e a equidade (proporcionar cuidados iguais a pessoas com iguais necessidades). Geralmente, estes dois objectivos são difíceis de compatibilizar, o que obriga a uma certa arbitragem. As taxas moderadoras, por exemplo, deveriam ser mais elevadas para verdadeiramente “moderar” a utilização excessiva, mas são mantidas baixas para que ninguém seja excluído dos cuidados. Os cuidados de saúde primários, quando funcionam bem, parecem no entanto fugir a este dilema. Assim o demonstra uma ampla revisão da literatura realizada por Barbara Starfield e colegas em 2005, que indica que os sistemas de saúde ou as regiões onde os cuidados de saúde primários têm maior peso se caracterizam por maior eficiência em saúde (maior qualidade e custos menores) E menor iniquidade em saúde. As causas deste duplo benefício são múltiplas. Os cuidados de saúde primários são a porta de entrada no sistema de saúde; permitem o referenciamento gratuito para os cuidados especializados, que de outra forma apenas são acessíveis mediante pagamento no sector privado, e portanto reservados aos mais ricos. Os cuidados de saúde primários são responsáveis pela prevenção e promoção de estilos de vida saudáveis, que de outra forma seriam reservados às pessoas com maior literacia em saúde. Os cuidados de saúde primários proporcionam gratuitamente cuidados pré-natais, neo-natais e
de saúde infantil, representando assim um instrumento de igualdade no início da vida. Os cuidados de saúde primários representam o contacto mais próximo para responder às necessidades em saúde, sem que seja preciso gastar tempo e dinheiro em longas deslocações. Enfim, os cuidados de saúde primários proporcionam o seguimento regular, a informação e a orientação dentro do sistema de saúde, que de outra forma apenas seriam acessíveis aos mais (in)formados. Do lado da eficiência, os cuidados primários permitem limitar o recurso excessivo e inadequado às urgências e aos cuidados especializados, permitindo a estes concentrar-se na sua principal missão: a de tratar as doenças agudas. Os cuidados de saúde primários, pela prevenção e promoção de estilos de vida saudáveis e o seguimento dos utentes ao longo da vida, reduzem a incidência de doenças que podem ser prevenidas, permitindo a redução da despesa em saúde. Finalmente, o médico de família gere o processo de cuidados nas suas diferentes etapas, permitindo assim uma gestão eficiente dos episódios clínicos. No entanto, estes contributos para a eficiência e a equidade representam o potencial dos cuidados de saúde primários, cuja realização depende do seu bom funcionamento, que, por sua vez, é determinado pela organização e forma de pagamento dos cuidados. É neste campo
José Paulo
dos incentivos económicos
Julien Perelman, Professor Auxiliar da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa
da organização e dos incentivos económicos que a criação das Unidades de Saúde Familiar (USF) em 2007 tem representado a maior inovação e o maior esforço. O pagamento per capita, em vigor nas USF – o médico de família recebe um pagamento fixo por utente registado na sua lista – incentiva uma utilização eficiente dos recursos e um esforço acrescido de prevenção; assim, o custo da prestação de cuidados (o tempo dedicado às consultas, os exames realizados…) não excede a remuneração. O facto de o médico de família ter interesse em manter e/ou aumentar o número de utentes na sua lista, fonte de remuneração, favorece também a continuidade e a qualidade dos cuidados.
gestão & economia
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No entanto, o pagamento per capita tem os seus reversos, que o sistema tentou contrariar. Por um lado, pode incentivar uma poupança excessiva, notavelmente através dum acréscimo de referenciamento inadequado para cuidados especializados. Por isso um suplemento é atribuído aos médicos pela realização de cuidados domiciliários e o alargamento do período de funcionamento; também a USF é recompensada pelos seus esforços em matéria de prevenção e promoção da saúde. Por outro lado, se o pagamento não for ajus-
forma como um pagamento desadequado pode gerar “incentivos perversos” que anulem em parte os benefícios esperados dos cuidados de saúde primários. Contudo, outras limitações do sistema de pagamento e da organização ficam longe de ser resolvidas para o sistema realizar plenamente os benefícios acima referidos. O interesse dos médicos nas USF em manter uma qualidade elevada para atrair novos utentes na sua lista é inoperante se há falta de médicos de família e se todos têm listas cheias. A questão já antiga da
Os sistemas de Saúde ou as regiões onde os cuidados de saúde primários têm maior peso caracterizam-se por maior eficiência em saúde falta de médicos de família não fica resolvida, colocando a questão da atractividade da profissão e da redução da discrepância salarial com os especialistas. Por outro lado, a criação de USF, sendo voluntária, não garante o acesso universal às mesmas. Muitos
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leitura: Starsfield B., Shi L., Macinko J. Contribution of Primary Care to Health Systems and Health. The Milbank Quarterly 2005, vol. 83, nº3, 457-502.
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tado às necessidades dos utentes, pode haver incentivo a seleccionar os utentes mais “proveitosos”, ou seja, aqueles cujo custo será inferior ao valor do pagamento. Assim, é tido em conta no pagamento per capita da idade dos utentes. Isto ilustra a
centros de saúde continuam a funcionar no sistema anterior, criando potenciais desigualdades entre utentes na qualidade dos serviços recebidos. Importa perceber por que a adesão dos médicos de clínica geral às USF não é total, e aumentar, em consequência, a atractividade do sistema. Finalmente, o pagamento per capita é ajustado de forma limitada às necessidades, não tendo em conta, nomeadamente, as condições sócio-económicas dos utentes, criando assim potenciais desigualdades. O potencial dos cuidados de saúde primários para a eficiência e a equidade em saúde é evidente. Representam um instrumento essencial de sustentabilidade a prazo do sistema de saúde, de desenvolvimento económico e de justiça social. No entanto, a realização deste potencial depende da forma de organizar e financiar estes cuidados. A criação das USF e o seu financiamento parecem ser passos na boa direcção. Importa no entanto realçar que o sistema deve ser generalizado e aprofundado.
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doenças raras
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Doença rara do sangue Manuel Pratas, Presidente da Associação Portuguesa de Pais e doentes com Hemoglobinopatias
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Fonte: SXC
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Associação Portuguesa de Pais e Doentes com Hemoglobinopatias (APPDH) é uma IPSS fundada a 19 de Novembro de 1992 por um grupo de doentes com Talassémia e Anemia de Células Falciformes/Drepanocitose, seus pais e familiares. Estas patologias são doenças genéticas (não contagiosas) raras, que se manifestam, em geral, no primeiro ano de vida e até à data sem cura. Os pais, portadores, podem transmitir as alterações genéticas causadoras da doença a uma parte da sua descendência. Os doentes com Drepanocitose produzem glóbulos vermelhos com características anómalas, têm anemia severa, crises extremamente dolorosas, e infecções frequentes. Os que têm Talassémia Major devido à ausência de produção de hemoglobina têm uma profunda anemia, exigindo transfusões de sangue regulares ao longo da vida. Estima-se em cerca de 500 o número de doentes distribuídos pelo território nacional. São objectivos da APPDH solucionar os problemas que surgem a nível médico, social e familiar, escolar e laboral, de modo a melhorar a qualidade de vida do doente e da família através de apoio de subsistência alimentar, habitacional, de acesso a medicamentos, tratamentos e consultas de especialidade; colaborar com entidades públicas e organismos internacionais (tem um contacto constante com outras associações congéneres estrangeiras) no sentido do melhor conhecimento e do correcto tratamento destas doenças; colaborar com as instituições de saúde e com as comunidades onde existe maior prevalência de portadores para que o Rastreio das Hemoglobinopatias - consagrado na
Normativa da Direcção Geral de Saúde Nº 18/DSMIA de 2004 - seja uma realidade; divulgar a existência e prevenção destas doenças; e intervir no sentido de obter por parte das entidades governamentais as disposições legais para uma melhor qualidade de vida. O trabalho diário da associação consiste no apoio directo aos doentes (referenciados 224) e seus familiares, facultando informação e esclarecimento sobre as patologias e benefícios sociais; no apoio social e integração sócio-profissional; na humanização dos cuidados, tratamento e bem-estar; na informação e sensibilização sobre as patologias, a vivência da doença e os cuidados dirigidos a doentes, pais e
familiares, estudantes e profissionais das áreas da saúde, acção social e educação; na informação aos portadores e população em geral; na realização de actividades de cultura e lazer; na dinamização de formação ao nível das competências sociais, profissionais e dos direitos e deveres enquanto pessoa com deficiência; na dinamização do rastreio; na investigação de aspectos relacionados com as especificidades dos doentes com Hemoglobinopatias; na intervenção ao nível das políticas para obtenção de legislação conducente a uma cidadania integral destes cidadãos com uma patologia crónica rara; na promoção e participação de conferências nacionais e internacionais.
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SE QUISER AJUDAR A ASSOCIAÇÃO PODERÁ FAZÊ-LO: - Subscrevendo o Projecto “Prodis”: apoio monetário mensal dirigido a um doente e/ou à sua família, colmatando necessidades básicas, nomeadamente: alimentação, habitação, educação, saúde. - Com um Donativo, ao abrigo da Lei do Mecenato (dedução em sede de IRS ou IRC) - Ao preencher a sua Declaração de Rendimentos (IRS) atribuindo à APPDH os 0,5% referentes ao Anexo H, Ponto 9, referenciando o NIF: 502 905 409.
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saúde ibérica
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Parto natural é mais humanizado
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durante o trabalho de parto e não utilizar métodos invasivos e farmacológicos para alívio da dor neste período, mas em alternativa recorrer a massagens e outras técnicas de relaxamento. Neste hospital espanhol, as mulheres que optarem pelo parto natural recebem preparação pré-parto e não têm de se preocupar com possíveis riscos. “Se houver complicações e se for necessário recorrer a uma cesariana ou outro tipo de intervenção, esses cuidados serão prestados de imediato e com o máximo de humanização. As mulheres não têm de se preocupar. Se o parto se complicar, têm acesso aos tratamentos de que necessitam no imediato”, refere a responsável. Quanto às dores das contracções, o problema é resolvido, em grande medida, pela inalação de um gás analgésico que neutraliza a dor e provoca uma sensação de bem-estar após o parto. Trata-se de um composto
Fonte: Hospital de La Plana
er um filho nem sempre é sinónimo de epidural ou cesariana. No Hospital de La Plana, em Castellón (Valência), opta-se, sempre que possível, pelo parto natural, também conhecido como parto humanizado. O objectivo é deixar o corpo humano fazer “o seu papel”. “O corpo da mulher está naturalmente preparado para dar à luz uma criança. Só temos de acompanhar o processo e humanizá-lo”, disse à HdF a enfermeira responsável pela supervisão dos partos, Soledad Carraguí. O modelo utilizado pela equipa de La Plana tem por base uma “atitude não intervencionista” e baseia-se nas normas previstas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Esta entidade recomenda, entre várias condutas, que se deve monitorizar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do parto, oferecer líquidos por via oral e permitir liberdade de posição e movimento
O Hospital ganhou, em 2007, o Prémio de Boas Práticas do Ministério da Saúde e Política Social por ser pioneiro na aplicação das recomendações sobre o parto da OMS.
Fonte: Hospital de La Plana
o parto natural é a primeira escolha no Hospital de la Plana, na comunidade de Valência. A maternidade tem conseguido diminuir as cesarianas e o uso de fármacos, considerados secundários, seguindo as recomendações sobre o parto da organização mundial de saúde.
inócuo para a mãe e para a criança e é composto por oxigénio e óxido nitroso. O gás só é inalado quando se dá uma contracção e a mãe recebe-o quando o quiser, tendo em conta as dores. O parto acontece em cadeiras de parto vertical e as mulheres têm à sua disposição bolas para fazerem exercícios e para atenuarem a dor. “A nossa filosofia é reduzir o número de cesarianas, não recorrer à episiotomia (corte vaginal para facilitar a expulsão do feto) e não recorrer também à substância oxitocina para induzir artificialmente o parto. Deste modo evita-se possíveis problemas de amamentação”, afirma Soledad Carraguí. O Hospital de La Plana de Castellón foi o primeiro a introduzir esta prática em Espanha e ganhou, em 2007, o Prémio de Boas Práticas do Ministério da Saúde e Política Social de Espanha. O trabalho da equipa foi reconhecido por promover a aplicação das recomendações da OMS no processo do parto, permitindo uma maior informação da parturiente, assim como a sua participação nas várias decisões. Outra razão que levou o júri a atribuir o prémio a esta unidade foi a aposta na liberdade de movimentos da mulher que está em parto, o reforço na promoção da amamentação, a diminuição das cesarianas e das episiotomias e a promoção da doacção de sangue do cordão umbilical ao Centro de Transfusão da Comunidade de Valência. MJG
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hospital do futuro
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Terapêuticas únicas em patologias pediátricas
Fotografias: David Oitavevm
inovar num hospital pediátrico faz toda a diferença na vida de uma criança. o Hospital d. estefânia, em lisboa, aposta em novas terapêuticas e na relação entre os diversos serviços para que haja mais qualidade e melhores tratamentos.
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interligação entre as diferentes equipas e serviços é essencial num hospital pediátrico. Este é o lema da equipa de profissionais que integram o Hospital D. Estefânia, em Lisboa, que faz parte do Centro Hospitalar Lisboa Central. A polivalência das equipas permite dar resposta às mais variadas situações que surgem nesta unidade pediátrica que é considerada de referência a nível nacional, de acordo com o director do serviço de ortopedia, Manuel Cassiano Neves. O serviço de Ortopedia é dos que se destacam a nível nacional na área da Pediatria. Para o seu responsável tal facto deve-se a essa interligação entre serviços e à inovação das técnicas utilizadas, havendo terapêuticas únicas, como no tratamento da escoliose. No hospital trata-se esta patologia através de uma monitorização intra-operatória das condições neurológicas, para evitar a hiperplasia (aumento de células). O hospital foi ainda pioneiro na introdução do Método de Ponseti no tratamento do pé boto, uma deformação congénita rara. Trata-se de um método de tratamento não cirúrgico, desenvolvido por Ignacio Ponseti nos Hospitais da Universidade de Iowa, nos EUA. O método baseia-se na anatomia e biomecânica do pé, aproveitando a plasticidade dos ligamentos e tendões do bebé, e vai corrigindo gradualmente o pé através de uma
Ainda não houve condições financeiras para animar todas as paredes, mas os principais serviços estão cheios de cor e animação.
técnica de manipulação. O tratamento não implica cirurgia, sendo aplicadas várias séries de gessos, moldados desde o pé à virilha, com o joelho em flexão. Em ortopedia existem outras técnicas inovadoras, de acordo com o responsável do serviço, que permitem o tratamento de deformidades congénitas de desenvolvimento ou pós-traumáticas. Os ortopedistas têm o apoio de um programa informático que permite identificar as correcções exactas que devem ser feitas. Manuel Cassiano Neves destaca ainda o tratamento da deformidade da anca em crescimento, através de uma técnica pioneira que se designa por luxação cirúrgica da anca, através de aparelhos correctivos. CirurgiA reCebe PrÉmio dA missão sorriso O Serviço de Cirurgia foi o grande vencedor da edição de 2009 da Missão Sorriso, campanha de solidariedade social promovida pelo Grupo Sonae e desenvolvida durante o Natal nos Hipermercados Mo-
delo e Continente. Com os cem mil euros que receberam do prémio vão melhorar os equipamentos técnicos da unidade, nomeadamente na área da cirurgia minimamente invasiva. “O tratamento minimamente invasivo, como na cirurgia geral, urológica e nos derrames pleurais, tem mais vantagens do que a cirurgia tradicional. Há menos dor, menos incisões (sem sequelas a longo prazo) e a recuperação é mais rápida”, disse à HdF o director do serviço de Cirurgia, Paolo Casella. O sistema utilizado é a videotoracocospia, uma técnica cirúrgica que consiste na abertura de dois ou três pequenos orifícios com cerca de um centímetro, que permitem a introdução de uma câmara de vídeo e dispositivos de corte e sutura automáticos. No caso da cirurgia geral, as bem conhecidas apendicites também podem ser operadas através de métodos minimamente invasivos, mais especificamente por laparoscopia (sem cicatrizes). Além das vantagens para a saúde e bem-estar do +
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hospital do futuro
doente, há também vantagens económicas, porque se adapta a tecnologia tradicional nas intervenções cirúrgicas minimamente invasivas, como salientou Paolo Casella. Os doentes têm outra vantagem: não precisam de muitos dias de internamento. Outro tratamento deste tipo é aplicado no refluxo vesicoureteral, a fim de evitar um tratamento profiláctico com antibióticos durante vários anos. O director do serviço destaca também a cirurgia ambulatória, que tem uma equipa dedicada e multidisciplinar, apesar de não haver um espaço autónomo de ambulatório no hospital. O serviço também já utiliza técnicas reconhecidas a nível internacional, como o tratamento por dilatação dos megaureteros obstrutivos, que é utilizado apenas há cerca de três anos a nível mundial. Em vez de se operar o doente, introduz-se um balão que dilata a obstrução, seguindo indicações precisas. Na cirurgia plástica utiliza-se a terapia de vácuo para tratar feridas crónicas/escaras em doentes com défice neurológico e, na unidade de queimados, a equipa orgulha-se de ter uma taxa muito baixa de mortalidade, de acordo com Paolo Casella. Uma das técnicas que dão mais orgulho aos profissionais deste serviço é ainda a cirurgia tumoral infantil no aparelho músculo-esquelético. Na prática são utilizados enxertos maciços tratados com azoto líquido, permitindo retirar o osso e destruir as células malignas. No final reutiliza-se o osso e há menos riscos de rejeição. Esta técnica faz
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parte de uma parceria com o Instituto Português de Oncologia de Lisboa. iNoVAr AtrAVÉs dA teCNologiA A obesidade é um problema de saúde pública que atinge cada vez mais crianças. Para estudar o problema e para tratar a obesidade foi criado o Laboratório No Laboratório de Nutrição, estas máquinas medem de forma muito precisa a massa corporal. A máquina azul é para os bebés prematuros e de Nutrição em é a única da Península Ibérica. Junho de 2009. “Há falta de métodos mais diferenciados por pletismografia por deslocação de ar para analisar o estado de nutrição de um dos bebés prematuros e lactentes que teindivíduo. Regra geral, recorre-se ao peso, nham entre 1kg e 8kg. “É a única em toda altura e ao Índice de Massa Corporal a Península Ibérica e com este equipa(IMC). Mas há muitos falsos positivos e mento podemos analisar a massa corporal negativos”, disse em entrevista à HdF um do bebé, para se tomarem as medidas nedos médicos do laboratório, Luís Pereira cessárias, caso tenha risco de vir a ser da Silva. O médico explica que, para se ter obeso. No caso dos prematuros há muito uma noção exacta do estado de nutrição esse risco”, explica Luís Pereira da Silva. de uma pessoa, é necessário saber qual é a Outro aparelho utilizado é o Bod Pod, massa gorda e a massa magra. Há casos para crianças com mais de 30 kg. que podem indiciar em erro, à primeira No serviço de pedopsiquiatria, a grande novista, como um atleta que pode ter um vidade é o estudo que se vai realizar nos IMC mais elevado por causa da massa próximos dois anos em centros de saúde da muscular e não apenas por ter valores eleAdministração Regional de Saúde (ARS) de vados de massa gorda. Lisboa e Vale do Tejo. O objectivo é investiPara evitar erros, o laboratório adquiriu, gar a depressão paterna pós-parto, uma com a ajuda da Fundação EDP, o Pea Pod, área que não costuma ser avaliada, e estudar um aparelho que mede a massa corporal a influência da depressão do pai após o parto no desenvolvimento da criança. Há quem questione a existência de um hospital pediátrico, mas o responsável pela Ortopedia é categórico. “Temos os meios inovadores e os recursos especializados para sermos um hospital especializado em pediatria. A Medicina é feita à base de experiências. É importante que haja profissionais com experiência em variadas doenças pediátricas, muitas delas raras”, refere Manuel Cassiano Neves. A aposta na inovação vai continuar no Hospital D. Estefânia, o que é possível graças ao apoio de empresas e fundações, de acordo com os especialistas dos vários serviços. MJG
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entrevista
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ser rico ou pobre faz toda a diferença na doença de Alzheimer. A falta de dinheiro obriga algumas famílias a secar as fraldas descartáveis e a não dar os tratamentos mais adequados aos familiares que sofrem de Alzheimer. o director-executivo da associação Alzheimer Portugal, António Costa, defende mais apoios para os doentes e o reconhecimento do estatuto de cuidador. Que qualidade de vida têm os doentes de Alzheimer em Portugal? Depende da situação económico-financeira das famílias, da fase da doença e da rede de apoio. A doença é cara e comporta muitos custos com a medicação e os tratamentos subjacentes, como a fisioterapia. À medida que a doença avança, surgem outras necessidades, como fraldas por causa da incontinência, a institucionalização do doente ou a contratação de um cuidador, entre outros. No caso das redes de apoio, como centros de dia, a situação diverge consoante se viva no interior ou no litoral. O ideal seria ter-se acesso a um diagnóstico precoce, para que a família pudesse preparar-se para as consequências da doença. os doentes e os familiares têm o apoio necessário em Portugal? O apoio por parte do Estado é escasso. O diagnóstico acontece cada vez mais cedo, mas não há muitos apoios, mesmo numa sociedade que está a envelhecer e que já não é o que era em termos sociais. As relações familiares alteraram-se e já não existem muitas famílias grandes. A
zona onde se vive é na maioria das vezes na cidade, onde não se criam laços afectivos entre a vizinhança, que permite um certo controlo social, importante neste tipo de doenças. Há idosos fechados em casa, por terem dificuldades de mobilidade e por não terem um elevador no prédio, por exemplo. Outra questão que se coloca é o apoio complexo e diário que exige a doença. Nas fases mais avançadas, a pessoa pode ter alucinações, comportamentos violentos, tendência para fugir, não reconhece quem está à sua volta, etc. São situações que exigem um acompanhamento constante. E o apoio económico-financeiro também não é o melhor. Conheço pessoas que secam as fraldas descartáveis ou que evitam ter acesso a um diagnóstico mais especializado, porque não têm dinheiro para suportar os custos. o que se pode fazer para melhorar a situação? Na associação tentamos ajudar, mas não é fácil. Há cada vez mais casos de demência em Portugal e a União Europeia estima uma duplicação dos casos actuais em 2040. Penso que a sociedade tem de
Fotografias: David Oitavevm
Alzheimer com custos elevados e poucos apoios aprender a viver com a doença. Os países desenvolvidos estão a envelhecer, sendo Portugal o quarto país com mais idosos. É necessário tomar medidas desde já, conhecer a doença, informando e sensibilizando a população, os profissionais de saúde e os próprios governantes para se enfrentar esta patologia com naturalidade. Os clínicos gerais têm também um papel essencial no detecção dos primeiros sintomas, logo esta classe profissional deve receber a formação mais adequada para que possa ajudar a diagnosticar a doença o mais cedo possível. Os medicamentos também devem ser gratuitos e de acesso generalizado e devem existir unidades com cuidados especializados e diferenciados para tratar doentes de Alzheimer. gArANtir QuAlidAde Com diFereNCiAção de CuidAdos
Que papel diferenciador poderão ter as unidades com cuidados especializados? Neste momento estamos a construir uma unidade especializada em Cascais. Vamos ter cuidadores a trabalhar por turnos, para que durante 24 horas possam estar pessoas disponíveis para os doentes. Não vamos ter situações, como se vê em muitos lares e casas de repouso ou saúde, de idosos que são amarrados ou sedados para não chatearem. Além disso, os doentes devem ter um acompanhamento individual. É muito importante respeitar as crenças e os valores do doente, nem que +
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entrevista
“Não devemos tratar os doentes de Alzheimer como crianças. A comunicação e a interacção entre os familiares, cuidador e doente é muito importante, mesmo quando há perda de memória.”
sejam pormenores, como não vestir roupa amarela, porque nunca gostou dessa cor. E não devemos tratar os doentes de Alzheimer como crianças. A comunicação e a interacção entre os familiares, cuidador e doente é muito importante, mesmo quando há perda de memória.
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mas esse tipo de apoio não está acessível a todos. Não está, mas também não acho que a solução esteja em amarrar e sedar os doentes para não incomodarem. A Alzheimer Portugal defende o reconhecimento do estatuto do cuidador. Por exemplo, o Estado subvenciona o internamento, mas o ideal era dar a oportunidade ao cuidador de escolher entre internar o doente ou ficar com ele em casa. Caso ficasse com ele em casa, deveria haver a possibilidade de tirar uma licença sem vencimento no emprego e receber ajuda para ficar a prestar cuidados ao seu familiar. Claro que também poderia utilizar essa subvenção para contratar um auxiliar com formação. Com estas medidas diminuiríamos ainda as listas de espera das instituições, que estão nos nove meses, e faríamos face ao problema da falta de equipamentos sociais que possam acolher e ajudar os doentes de Alzheimer.
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um dos objectivos da rede Nacional de Cuidados Continuados e integrados (rNCCi) é a abertura de mais unidades especializadas na área da demência. o que pensa desta medida? É uma boa medida e se não se for tomada agora, mais cedo ou mais tarde vai ter de acontecer. Não podemos continuar a pensar que podemos adaptar os equipamentos sociais existentes para que se tornem unidades preparadas para doentes com Alzheimer. Actualmente existem unidades não especializadas em Alzheimer que aceitam doentes. No entanto há uma lista de espera de nove meses e essas unidades não se encontram, muitas vezes, perto da residência dos familiares. Esta distância acaba por isolar os doentes.
que estão a ser envenenados, chegando a ser violentos. Neste momento há terapêuticas que são administradas através de pensos. Em vez de se “lutar” com o doente, faz-se-lhe uma carícia. A investigação não se fica apenas pelas ciências exactas. Nas ciências sociais também se têm dado vários passos, como nas regras de higiene, na sinaléctica, na alimentação ou na decoração. O problema é que não há um entrecruzamento entre as ciências exactas e sociais, que permita aceitar, com provas científicas, o que já se testou no dia-a-dia. Exemplo disso é a musicoterapia e a importância que têm os exercícios em água para os doentes de Alzheimer. Sabemos que estas duas terapias fazem bem, mas não há provas científicas para que possam ser reconhecidas.
o que pensa da comparticipação dos medicamentos para a doença de Alzheimer? É uma questão complexa. Os medicamentos só podem ser receitados pelo médico especialista. Logo, as consultas da especialidade servem, em grande parte, para passar receitas e não para o primeiro diagnóstico. Deveria haver a possibilidade de o médico de clínica geral receitar os medicamentos, porque estamos perante uma doença crónica. O doente não deixa de ir ao especialista e deve fazê-lo de forma periódica. Este modelo já acontece com outras doenças crónicas, mas o problema é que a doença de Alzheimer não é reconhecida como crónica. A Alzheimer Portugal continua a exigir este reconhecimento, assim como o acesso a medicamentos gratuitos. Há doentes que deixam de tomar a medicação porque não têm dinheiro e no caso desta doença não há genéricos, por se tratar de medicamentos muito recentes.
o PAPel dA AlzHeimer PortugAl Que tipo de apoio dão na Alzheimer Portugal? A associação presta variados cuidados: apoio em centros de dia com terapêuticas individualizadas para pessoas com demência ligeira e moderada; apoio domiciliário (higiene, refeições, companhia, fisioterapia, terapia ocupacional e enfermagem); apoio social; serviço de psicologia; formação para familiares e/ou cuidadores; consultas médicas da especialidade, como psiquiatria e grupos de (auto)ajuda.
Considera que a Ciência está a apostar na investigação desta doença? Sim, existe muita investigação. Houve enormes avanços nos últimos 20 anos e acredito que ainda virão a ser descobertos tratamentos mais eficazes e até a cura. Há inclusive boa investigação em Portugal, como no Hospital de Santa Maria, na Universidade de Aveiro, entre outros. Em certas fases da doença, é muito difícil dar um comprimido, porque os doentes pensam
Há algum testemunho que gostasse de partilhar? O que mais me impressiona é a coragem dos cuidadores, que, na maioria das vezes, são mulheres e que têm todos os dias rotinas complexas com pessoas que amam e que não a as reconhecem. De um ponto de vista mais negativo impressioname a falta de dinheiro que leva as pessoas a secarem fraldas descartáveis ou a não tomarem a medicação. E impressiona-me o desconhecido. Quantos casos de doentes existem e que estão fechados em casa, sem tratamento? Que mensagem gostaria de deixar aos familiares de doentes de Alzheimer e aos profissionais de saúde? Exijam, não se calem, informem-se e sejam cidadãos activos. MJG
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direito biomédico
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Genética humana
espera regulamentação da lei A legislação sobre genética humana está por regulamentar há cinco anos. enquanto não há mais avanços na lei, os profissionais do sector baseiam-se nas convenções internacionais e no aconselhamento de especialistas em direito biomédico.
Fonte: istockphoto.com
A
descoberta do genoma humano no início do século XXI trouxe grandes esperanças. Este era um passo essencial na investigação de novos tratamentos e da descoberta da cura de muitas doenças. Mas há algumas questões que são inevitáveis, já que o genoma humano é considerado património da humanidade e a legislação existente em Portugal está à espera de regulamentação desde 2005. Apesar de ainda ser uma área muito académica, o Direito Biomédico tem um papel cada vez mais importante na genética humana e é um ramo do Direito que pode dar resposta às questões jurídicas relacionadas com os diversos tipos de cuidados de saúde, especialmente quando envolvem a aplicação das mais sofisticadas técnicas científicas. Mas na prática a legislação existente ainda não foi regulamentada e tem várias lacunas. “A lei 12/2005, publicada há já cinco anos, em 26 de Janeiro, continua por regulamentar. Esta lei é necessária para uma área que, não sendo nova, tem tido um desenvolvimento extraordinário, multidimensional, onde as regras são indispensáveis. Legislar sobre esta área da medicina foi um importante passo, estabelecendo os seus princípios básicos e fundamentais. Contudo, decorridos cinco anos, continua suspensa”, disse à HdF a Directora do CGC - Centro de
Genética Clínica, Purificação Tavares. legislAção está Por regulAmeNtAr O Comité de Ministros do Conselho da Europa aprovou, em 2008, um protocolo adicional à Convenção sobre os Direitos do Homem e da Biomedicina, conhecida como Convenção de Oviedo, sobre a utilização dos testes genéticos para fins de saúde. Não havendo legislação regulamentada, a solução é basearem-se nas regras habituais da Medicina e da Investigação Científica e em alguns documentos internacionais. “Por exemplo os testes genéticos preditivos para doenças hereditárias e os de susceptibilidade genética deverão
ser efectuados com consulta de aconselhamento genético. Também só podem ser pedidos testes genéticos a menores desde que sejam efectuados em seu benefício e nunca em seu prejuízo, com o consentimento informado dos seus pais ou tutores, mas procurando sempre o seu próprio consentimento. Nomeadamente, não podem ser pedidos testes preditivos em menores para doenças de início habitual na vida adulta, que não tenham prevenção ou cura comprovadamente eficaz. Trata-se de uma protecção ao menor, que poderia ser discriminado”, explica Purificação Tavares. As áreas mais sensíveis prendem-se com o diagnóstico pré-natal e com o diagnós- +
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Fonte: SXC
direito biomédico
A falta de regulamentação da legislação também tem consequências negativas na fiscalização da qualidade dos serviços prestados nos laboratórios públicos e privados.
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tico pré-sintomático de adultos saudáveis. “São frequentes as situações de conflito, complexas e difíceis de gerir. As decisões em diagnóstico pré-natal não são fáceis e as consequências do conhecimento de uma situação requerem apoio especializado”, alerta a responsável pelo CGC. No caso do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP), estes problemas não se sentem tanto, por se tratar de uma instituição que trabalha na área da investigação de patologias tumorais e na oncobiologia, sem contactar directamente com as pessoas. Nestes casos, o que é analisado são os tecidos tumorais e as questões éticas e jurídicas não se fazem sentir tanto, de acordo com a investigadora do IPATIMUP, Raquel Seruca. A investigadora também defende a regulamentação da lei, para que todas as questões relacionadas com a genética humana possam ter um quadro legal que sirva de referência. Quando tem dúvida refugia-se nos documentos internacionais e nos pareceres do Conselho Nacional de Ética Para as Ciências da Vida, da qual também
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é membro. “Se houver alguma dúvida, tenho sempre esse apoio”, afirma. A falta de regulamentação da legislação também tem consequências negativas na fiscalização da qualidade dos serviços prestados nos laboratórios públicos e privados. “Sem regulamentação, a fiscalização da aplicação da lei tem sido uma dificuldade. A título de exemplo, a lei prevê que o Governo determine medidas de acreditação e de certificação dos laboratórios públicos ou privados que realizem testes genéticos e procede ao seu licenciamento”, refere Purificação Tavares. Mais uma vez, os profissionais têm de se basear nos documentos internacionais como a Convenção de Oviedo, que exige aos laboratórios um sistema de garantia de qualidade e de pessoal com qualificações de acordo com os padrões e as recomendações internacionais.
Universidade de Coimbra e considera que esta área do Direito tem um papel fundamental na área da genética humana. A falta de regulamentação da lei é um problema no seu entender, logo alerta para a necessidade de se poder ter acesso a aconselhamento junto de profissionais que conheçam bem a área e os documentos internacionais que ajudam na prática da genética humana. A especialista em Direito Biomédico considera que esta área do Direito deve ter um papel fundamental no aconselhamento dos profissionais de saúde, já que as consequências dos procedimentos genéticos são irreversíveis. Quanto às áreas que mais problemas jurídicos poderão levantar, Vera Lúcia Raposo destaca os limites na intervenção no nosso corpo, para que não se afecte as gerações futuras. No entanto, considera que as alterações que levem a reduzir o sofrimento são sempre bem-vindas. “Os principais argumentos contra a determinação genética da descendência prendem-se com a identidade genética das gerações futuras e a incolumidade do genoma humano, enquanto património genético da Humanidade. Paralelamente, alega-se igualmente que poderemos estar assim a abrir uma caixa de Pandora e a entrar num mundo de perigos insuspeitos. Não obstante, parece-me que quando se trate de uma intervenção terapêutica, mesmo germinal, a mesma deveria ser aceite - no pressuposto de que as intervenções germinais tenham atingido um es-
“Legislar sobre esta área da medicina foi um importante passo, estabelecendo os seus princípios básicos e fundamentais. Contudo, decorridos 5 anos, continua suspensa” As limitAções dos geNetiCistAs Vera Lúcia Raposo é advogada, especializada em Direito Biomédico, na sociedade de advogados José Pedro Aguiar-Branco & Associados e doutoranda de “Direito e Medicina” pela Faculdade de Direito da
tado de aperfeiçoamento e controlo que torne seguro colocá-las em prática.” A genética humana é um mundo vasto e complexo que não pára de crescer, mas do qual se vai ouvir falar inevitavelmente nas próximas gerações. MJG
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perspectivas
Modelo Logístico Integrado EKANBAN® no Centro Hospitalar de Setúbal
A
implementação do Modelo Logístico Ekanban® no Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) teve como principal desafio dotar o Hospital de condições logísticas de referência e optimizar todo o processo logístico por forma a reduzir os custos operacionais.
O CHS tinha como principais objectivos com a implementação do projecto: ➲ Melhoria dos processos afectos à Logística ➲ Controlo efectivo dos materiais dispersos pelos Serviços Utilizadores ➲ Racionalização do consumo ➲ Melhoria das condições físicas de armazenagem ➲ Melhoria da comunicação entre o armazém e os Serviços Utilizadores O Centro Hospitalar de Setúbal (composto pelo Hospital de São Bernardo e Hospital Ortopédico Sant’iago do Outão) contratou a BIQ Consultores para a implementação do Projecto de Racionalização dos Processos Logísticos no âmbito dos artigos de Consumo Clínico, Hoteleiro e Administrativo. O projecto desenvolveu-se em 3 fases principais : Fase I – Armazém Central – Obras de remodelação e adaptação para criar as condições necessárias à optimização das rotinas de armazém. Fase II – Serviços Utilizadores – Definição de stock máximo e mínimo para cada ser-
viço e registo da existência e utilização de todo o material, para uma rastreabilidade óptima do stock. Fase III – Auditorias e Monitorização de Indicadores – Monitorização da conformidade dos stocks nos Armazéns Periféricos e identificação de eixos de melhoria no modus operandi dos utilizadores. Análise de 2 indicadores: stock no armazém central e consumo nos serviços utilizadores. Das auditorias efectuadas verificou-se que, com a implementação do modelo Ekanban® se obteve uma série de benefícios ao nível dos processos que melhoram a qualidade do Serviço prestado pelo Armazém aos Serviços Utilizadores. Importa também salientar os aspectos económicos que, através da análise de indicadores, demonstraram que a implementação do modelo Ekanban® no CHS teve um impacto extremamente positivo : • Redução de stocks no Armazém Central num percentual de 4%. • Redução de consumos nos serviços que, numa estimativa anual, apontou para o valor de 452.654,00 , o que equivale a uma diminuição de 17% do valor consumido no período anterior ao projecto. • Excelente feedback do Serviço de Aprovisionamento e dos Serviços Utilizadores pela melhoria de todo o processo envolvido na actividade
Publi-reportagem: BIQ consulting
www.biqconsultores.com biq.geral@biqconsultores.com
A Implementação de modelos de monitorização de stocks, com recurso a código de barras garante um registo real da movimentação e consumos de material. “Globalmente a saúde está pressionada pela confluência de várias tendências: aumento da procura, aumento dos custos e maior exigência de qualidade e transparência. Estas tendências implicam medidas para tornar a saúde sustentável. Uma das formas de responder a esses desafios passa pela reorganização dos processos e pela introdução das novas tecnologias. O projecto de implementação do Ekanban® abordou precisamente estes dois aspectos: reengenharia de processos e tecnologia, tendo permitido melhorar a actividade do processo logístico, incrementar a satisfação dos serviços utilizadores e reduzir os custos. Desta forma estamos muito satisfeitos com a parceria estabelecida com a BIQ Consultores” Dr. José Carlos Freixinho Vogal do CA do CHS “O modelo EKanban constitui uma clara mais-valia na organização e planeamento de todo o processo logístico de distribuição de materiais. Os ganhos de eficiência no armazém, o fornecimento dos materiais com base num processo “paper-free” e a monitorização de stocks e consumos em tempo real são, entre outros aspectos, factos demonstrativos da evolução conseguida com a implementação deste projecto.” Dr. Nuno Prata Director do Serviço de Gestão de Aprovisionamento e Logística do CHS
debate
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
Bruno Barbosa
Gestão Integrada do Atendimento menos filas, menos tempo de espera e mais organização são o objectivo dos sistemas de gestão do atendimento integrado. o Fórum Hospital do Futuro juntou, num lunch&learn, dois casos de sucesso de unidades que optaram pela modernização do sistema de atendimento e apresenta as vantagens e as dificuldades da mudança.
G
erir o atendimento de forma automática e integrada é a aposta das unidades de Cuidados de Saúde Primários. No Lunch&Learn de 22 de Outubro de 2009, que decorreu na cidade do Porto, foram apresentados dois casos de sucesso de gestão do atendimento integrado na Unidade de Saúde Familiar (USF) de S. Julião e na Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. Nas duas regiões, os objectivos gerais eram os mesmos: melhorar a acessibilidade, optimizar os circuitos de atendimento e modernizar a gestão das unidades para que haja mais qualidade para os utentes. A USF de S. Julião, na Figueira da Foz, foi a que recebeu o piloto da solução VITAHISCARE da PT Prime. Quem entra na USF, dirige-se ao quiosque, retira a senha e pode sentar-se na sala de espera. Tenha cartão do utente, cartão do cidadão ou nenhum dos anteriores, pode aceder ao quiosque. Os administrativos recebem, de imediato, no computador a informação sobre os utentes e estes, por sua vez, só têm de aguardar a chamada. Enquanto estão na sala de espera dispõem de um televisor, onde podem observar os números de senha em atendimento e, simultaneamente, ler mensagens de prevenção em saúde. O tempo de espera era de oito minutos
em 2008 e em 2009 esteve nos seis minutos, de acordo com o coordenador da USF de S. Julião, José Luís Biscaia. Neste momento existe também um portal que permite a marcação de consultas e o pedido de receituário, para além das opções por telefone e SMS. O coordenador deu especial enfoque à necessidade de se aprender a assumir compromissos, a (re)desenhar processos e a apostar na monitorização permanente do sistema e de todos os processos associados. José Luís Biscaia sublinhou ainda a importância da participação e da inclusão de todos os profissionais e dos utentes no processo de mudança, assim como a avaliação dos dados em tempo real para que se possa introduzir as mudanças que são necessárias. Ars AleNtejo A solução também foi implementada em 12 unidades da ARS do Alentejo, de acordo com o Director do Departamento de Contratualização, Ricardo Mestre. O piloto decorreu no centro de saúde de Vendas Novas e o objectivo é alargar o projecto às restantes unidades do Alentejo que, ao todo, são 48. O quiosque de gestão do atendimento não melhora apenas o atendimento e o trabalho dos administrativos. A solução também tem a possibilidade de estar inte-
grada com o SINUS (Sistema Informático das Unidades de Saúde), o Sistema de Apoio ao Médico (SAM) e o Sistema de Apoio Permanente ao Enfermeiro (SAPE). Logo que o utente se registe no quiosque, os médicos e os enfermeiros sabem, através do computador, que doentes estão na sala de espera e qual o motivo da sua visita. “Havia uma grande diversidade de processos e procedimentos que tinham um reflexo negativo no tempo de espera. Para além disso, havia uma grande carga administrativa e burocrática, ausência de informação útil, dificuldades em rentabilizar recursos e a necessidade de reduzir os tempos de espera para o atendimento”, disse Ricardo Mestre. Face a esta realidade, a ARS Alentejo optou pela implementação de um sistema de gestão integrada do atendimento, através da ajuda de um parceiro tecnológico – neste caso a PT Prime – e da implementação de uma forma faseada do quiosque informático de auto-atendimento, previsto no Programa Simplex 2009 do Governo. Quanto à fase de implementação do novo sistema, Ricardo Mestre considera que é necessário ultrapassar os constrangimentos da mudança organizacional, motivar e mobilizar os profissionais para a importância da mudança e investir na monitorização e avaliação permanentes. O esforço vale a pena porque “o sistema permite uma maior racionalização e eficiência nos processos dos cuidados de saúde primários, contribui para uma maior transparência e interacção com os utentes e facilita as tarefas dos profissionais e dos utentes, aumentando os seus conhecimentos”, garante Ricardo Mestre. MJG
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debate
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Melhor Diagnóstico com Telerradiologia No workshop com especialistas nacionais e internacionais, debateu-se a importância da telerradiologia, mas também as possíveis desvantagens e os obstáculos que se tem de enfrentar no sistema de saúde.
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David Oitavém
É
possível conseguir um diagnóstico mais rápido recorrendo à telerradiologia e à uniformização num único arquivo de paciente da informação radiológica e não radiológica. Esta foi uma das conclusões do grupo de especialistas que se reuniu no workshop “A Telerradiologia e a Centralização dos Dados dos Pacientes: da Teoria à Prática”, no dia 17 de Novembro de 2009, em Lisboa. “A telerradiologia e a centralização de dados dos pacientes são conceitos que ajudarão o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a enfrentar os desafios que o esperam nos próximos anos, ao optimizar os seus recursos e aumentar a sua produtividade. Viemos aqui demonstrar que temos as soluções adequadas e que a indústria está preparada, mas a falta de legislação impede a realização de um projecto como o da Escócia no nosso país”, afirmou Mário Garcia (Director de Vendas para Portugal e Sul de Espanha da Carestream Health). Apesar de a telerradiologia já ser uma realidade, ainda são necessários vários passos para que a prática se estenda a todo o território português. Os vários participantes alertaram para a necessidade de haver legislação e linhas orientadoras que permitam a centralização dos dados, para evitar problemas de segu-
rança e confidencialidade. O evento teve início com a apresentação de especialistas em telerradiologia a nível nacional e internacional. Fernando Torrinha, Director da IMI, e Nelson Mendes, Director Informático da IMI, apresentaram o trabalho do grupo, nomeadamente em Bragança e no Hospital do Litoral Alentejano. Uma das mais-valias é o acesso a um diagnóstico rápido e à distância em casos graves, como Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e outros diagnósticos. A nível internacional contámos com a presença de Juan Diz Touceda, Business Development Manager - Soluções HCIS para Portugal e Espanha da Carestream Health, que nos falou de soluções de telerradiologia e de PACS (Sistema de Comunicação e Armazenamento de Imagens) que permitem um armazenamento seguro dos dados dos pacientes.
Richard Turner, HCIS Europe North Manager and Programme Director, apresentou a experiência do National Health Service (NHS), o sistema de saúde escocês, que tem a uniformização numa única plataforma de arquivo único de paciente e que também recorre à telerradiologia. No workshop foram debatidas quatro questões sobre a temática e as conclusões globais do workshop foram: uniformizar ou não um arquivo de paciente torna-se prioritário para obter economias de escala; o Serviço Nacional de Saúde deve questionar-se sobre o porquê da não implementação de um projecto regional (tipo NHS – Escócia) em Portugal. Participaram no workshop cerca de 50 profissionais do sector, entre radiologistas, médicos e directores de serviço de imagiologia. MJG
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debate
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
Tecnologia melhora contacto com utente
A
existência de mais ferramentas de comunicação com os utentes e a interoperabilidade entre os vários sistemas de informação são dois pontos essenciais para os cuidados de saúde primários. Esta foi uma das principais conclusões do workshop, organizado pelo Fórum Hospital do Futuro, sobre “Sistemas de Informação na Gestão das Unidades de Saúde”, que decorreu no dia 26 de Outubro de 2009. Apesar das melhorias, os vários especialistas que participaram no workshop realçaram que se está a ir pelo «bom caminho», mas ainda há muito trabalho a fazer. Um trabalho que deve envolver todos os intervenientes no sistema, como as administrações regionais de saúde (ARS), a Administração Central dos Sistemas de Saúde (ACS), os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), a Entidade Regional de Administração (ERA), entre outros. O evento teve início com a apresentação de sistemas de informação para o médico e para o enfermeiro, com José Cabrita, Coordenador da Unidade de Saúde Familiar (USF) Quinta da Lomba, e com Manuela Oliveira Lima, Enfermeira na USF S. Domingos de Gusmão. Ambos concordaram que os sistemas de informação trazem mais-valias aos profissionais e aos
utentes. A Directora do ACES Oeste Norte, Teresa Machado Luciano, foi a moderadora da sessão e também defendeu uma aposta cada vez maior nos sistemas de informação na modernização das unidades de cuidados de saúde primários. No workshop foram ainda debatidas quatro questões sobre a temática. Apresentamos aqui algumas respostas. PerguNtAs e resPostAs todos estamos de acordo que a acessibilidade é fundamental. Quais os factores que, no âmbito dos sistemas de informação (si), podem melhorar esta acessibilidade? Acessibilidade dos profissionais: formação dos profissionais, SI mais amigáveis, informação actualizada sobre os utentes, comunicação dentro da equipa; Acessibilidade do utente: mais serviços e informação disponibilizados via portal Comunicação entre o sistema de saúde e o utente: disponibilizar informação de forma a permitir aos profissionais de saúde terem uma atitude pró-activa e comunicação via SMS. existem vantagens/desvantagens dos si no que respeita à mobilidade dos profissionais de saúde?
David Oitavém
A modernização dos sistemas de informação nos cuidados de saúde primários já vai sendo uma realidade, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Para que o futuro possa ser risonho, o melhor é apostar no envolvimento dos vários intervenientes do sector, de acordo com os especialistas que participaram no workshop sobre “sistemas de informação na gestão das unidades de saúde”. VANtAgeNs Facilitação de recolha e tratamento de dados; Informação legível para qualquer profissional / intersubstituição Permite rapidamente o acesso remoto a informação em qualquer local de prestação de cuidados; Facilita a formação e investigação. desVANtAgeNs Preocupação com segurança; Dificuldades na transferência de dados entre sistemas de comunicação em rede; Perigo de haver dependência da tecnologia. No que respeita à informatização nos cuidados de saúde primários, quais as áreas de intervenção prioritárias (administrativa e clínica)? dados do utente: Efectiva implementação do RNU (Registo Nacional de Utente) e de Profissionais; Mais ferramentas de comunicação com utentes (exemplos: quiosque, módulo de controlo de infecção, convocatórias); Interoperabilidade entre os vários sistemas de informação. Apoio aos Profissionais: Desenvolvimento de um sistema informático de apoio a todas as outras unidades funcionais.
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cardiologia
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Aneurismas da Aorta Abdominal
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Aneurisma da Aorta Abdominal (AAA) é definido como uma dilatação segmentar da aorta cujo diâmetro é 1,5 vezes superior ao normal desse indivíduo. Em termos práticos consideramos existir um AAA quando o diâmetro transversal da aorta ultrapassa os 3 cm.. Trata-se de uma doença degenerativa, multifactorial na sua patogénese, que leva a diminuição da capacidade de resistência da parede da aorta ao stress hemodinâmico com consequente dilatação. Ocorre predominantemente em indivíduos do sexo masculino (relação Homem / Mulher de 5:1), raça branca (relação Brancos / Negros 3,5:1) e predominantemente acima dos 50 anos de idade. A incidência é difícil de estimar e os poucos estudos existentes demonstram uma variabilidade extrema. A prevalência de AAA é de cerca de 5 a 7% na população com mais de 50 anos. Estão identificados os factores de risco associados a AAA, sendo o mais importante a associação sexo masculino, idade superior a 60 anos, hipertensão e tabagismo. A existência de doença aterosclerótica, de doença pulmonar obstrutiva crónica, de história familiar, de hipercolesterolemia e de obesidade constituem também importantes factores de risco. Clinicamente, a grande maioria dos AAA são assintomáticos, sendo no entanto esporadicamente referidos sintomas como dor abdominal e/ou sensação de batimento cardíaco abdominal. O exame físico, particularmente a palpação abdominal detectando uma massa pulsatil e expansível, é útil, mas apenas em cerca de 1/3 dos doentes com AAA de diâme-
tro inferior a 6 cm. este é palpável. A ecografia abdominal é o estudo complementar ideal para o diagnóstico, é barata, segura, reprodutível e tem elevada acuidade. É o método utilizado para rastrear esta patologia, sendo a variabilidade inter-observadores na determinação do diâmetro da aorta muito baixa. Infelizmente a capacidade da ecografia para fornecer dados seguros sobre muitas das características necessárias ao planeamento terapêutico é baixa, pelo que sempre que exista indicação para tratamento do aneurisma teremos de recorrer a Tomografia Axial Computorizada (TAC) abdominal e pélvica, com administração de contraste e cortes finos (3 – 5 mm.). Nos exames complementares de diagnóstico referidos o aneurisma é identificado como uma dilatação da aorta contendo quantidades variáveis de trombo aderente à parede (trombo mural ou parietal) e um lúmen de circulação sanguínea com dimensões variáveis. A forma do AAA é também identificada. Regra geral os AAA são fusiformes, mas podem aparecer como saculares e nestes casos a conduta a adoptar é diferente da que devemos ter habitualmente e que adiante referiremos Um AAA não constitui uma situação estática, existe um crescimento que se relaciona com o diâmetro inicial e é estimado em 10% ao ano, ou seja, para um aneurisma com 5 cm. de diâmetro será expectável um crescimento de 0,5 cm num ano. A complicação mais grave de um AAA é a rotura. Um aneurisma roto constitui uma séria ameaça à vida, 80% dos casos são mortais. Metade das roturas de aneurisma são causa de morte súbita, os que sobrevivem são tratados cirurgicamente,
João Albuquerque e Castro, Chefe de Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular, Hospital de Santa Marta (Centro Hospitalar de Lisboa Central)
mas a mortalidade do procedimentoé superior a 50%. O quadro clínico é variável, indo desde a morte súbita a quadros de dor abdominal e/ou lombar súbita e de intensidade variável. O quadro hemodinâmico varia de uma ligeira anemia com hipotensão e taquicardia ao choque, relacionando-se com o volume de sangue extravasado através da rotura. Algumas vezes existe um quadro álgico abdominal ou uma palpação dolorosa do AAA que anuncia a rotura iminente. Perante um AAA fusiforme é possível determinar o seu risco de rotura. Sabemos existir relação directa entre a rotura e o diâmetro do aneurisma, assim um AAA com diâmetro inferior a 5 cm. tem uma taxa anual inferior a 4%, entre os 5,5cm. e os 6 cm. A rotura ocorre em cerca de 8 – 10% ao ano, entre os 6 e 7 cm., varia de 15 a 20%, e se o diâmetro for superior a 8 cm. rompem anualmente de 40 a 50%. No sexo feminino o risco de rotura torna-se significativo para diâmetros inferiores aos dos homens, considerando-se nestes casos os 4,5cm. como equivalentes aos 5,5 cm. do sexo masculino. Menos frequentes são complicações como embolização arterial distal ao aneurisma (fragmentação do trombo mural) provocando quadros de isquémia, a fistulização para a veia cava ou para o duodeno e a oclusão trombótica do saco aneurismático. Em termos práticos a actuação perante um diagnóstico de AAA varia com o diâmetro encontrado. Para aneurismas com diâmetro inferior a 5cm. no homem e 4 cm. na mulher a vigilância é a regra. Esta deverá ser efectuada por ecografia abdominal a realizar anualmente. É importante ter em atenção um outro facto impor-
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tante, a forma do aneurisma, que se sacular representa um risco acrescido de rotura e deve ser tratado, independentemente das dimensões. trAtAmeNto AAA com diâmetros superiores a 5,5cm no homem e 4,5 cm na mulher devem ser tratados. O tratamento de um AAA é cirúrgico. Nas situações de pequenos aneurismas (dimensões inferiores às referidas como devendo ser tratados cirurgicamente) e durante a fase de vigilância é possível utilizar alguns medicamentos na esperança de diminuir a taxa de crescimento e estabilizar as dimensões. Referimo-nos à doxiciclina ou ao propanolol, que em vários estudos conhecidos parecem diminuir a taxa de crescimento. O tratamento cirúrgico dos aneurismas da aorta tem uma taxa de mortalidade relacionada com vários factores, sendo os mais importantes a existência de patologia associada (comorbilidades) e o volume cirúrgico (número casos/ano) do centro que vai efectuar o tratamento. Quanto ao
mente Dacron ou PTFE) suturada à aorta sã proximalmente e distalmente à aorta infra-aneurisma (interposição aorto-aórtica) ou às artérias ilíacas (interposição aorto-biilíaca) ou às artérias femorais (interposição aorto-bifemoral). É uma cirurgia efectuada sob anestesia geral e que, obrigando a clampagem da aorta, provoca importante stress cardíaco e isquémia em todo o território abaixo da clampagem.
“Um aneurisma da aorta em rotura tem uma taxa de mortalidade que ronda os 80% e o tratamento electivo é efectuado com baixas taxas de mortalidade” primeiro aspecto estão identificadas as comorbilidades que mais influenciam o resultado cirúrgico e são a insuficiência renal traduzida por creatinina superior a 1,8mg/l, a insuficiência cardíaca congestiva, a isquémia miocárdica e a doença pulmonar obstrutiva crónica. Quanto ao volume cirúrgico do centro é sabido que a mortalidade operatória é de cerca de 16% nos centros de baixo volume (menos de 6 casos/ano) e inferior a 5% nos centros de alto volume (mais de 35 casos/ano). Há mais de 50 anos que o tratamento cirúrgico dos AAA está estandardizado, consistindo na substituição da aorta aneurismática, através de uma laparotomia, por uma prótese vascular sintética (geral-
Em 1991 foi pela primeira vez utilizada uma técnica alternativa, o chamado tratamento endovascular dos AAA. Consiste na colocação de uma endoprótese dentro do aneurisma fixada à parede aórtica normal e às artérias ilíacas, mantendo o canal circulante e excluindo da circulação o saco aneurismatico, tentando assim cumprir o objectivo principal do tratamento, ou seja, evitar a catástrofe que é a rotura. A endoprótese é formada por dois componentes: a prótese vascular, em tudo semelhante às usadas em cirurgia clássica, e um esqueleto metálico constituído por stents solidamente suturados à prótese. A endoprótese é inserida num cateter portador de pequeno diâmetro (6,5 a 9 mm.).
A técnica de tratamento consiste na introdução da endoprótese através de uma artéria periférica, geralmente a femoral, transporte intra-arterial até ao local de colocação e finalmente a libertação. Todo o procedimento é controlado por Rx. O procedimento pode ser feito sob anestesia local, epidural ou raquidiana. Não existe clampagem aórtica e portanto são eliminados os riscos a ela inerentes. A técnica endovascular é segura, de baixo risco cirúrgico, mas tem limitações, principalmente relacionadas com a anatomia vascular. Em termos de controlo pós-tratamento qualquer das técnicas necessita de uma vigilância regular, sendo que a técnica endovascular obriga a um protocolo rigoroso que inclui execução periódica de TAC com contraste. Os resultados das duas técnicas comparados mostram uma menor taxa de mortalidade peri-operatória do tratamento endovascular, de cerca de 2%. No seguimento dos doentes, os tratados pela técnica endovascular têm um número mais elevado de problemas relacionados com os chamados endo-leaks, que consistem na passagem de sangue para dentro do aneurisma, geralmente através de pequenas artérias colaterais da aorta, as artérias lombares. Apesar disto, a avaliação comparativa da mortalidade por qualquer causa (taxa de sobrevivência) a 5 anos é favorável à técnica endovascular. CoNClusão Em conclusão, os AAA são uma patologia grave que deve ser diagnosticada e tratada logo que tenha indicação, de modo a prevenir a mais grave e frequente complicação: a rotura. Um aneurisma da aorta em rotura tem uma taxa de mortalidade que ronda os 80% e o tratamento electivo é efectuado com baixas taxas de mortalidade, desde que se recorra a centros experientes (inferior a 4%). A decisão quanto à técnica de tratamento a utilizar deve basear-se numa avaliação de riscos globais e na anatomia, mas também, e após clara informação prestada ao doente, na sua preferência.
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Doença Arterial Coronária Progresso e tecnologia destacados da Inovação CAso reAl: eNFArte do mioCárdio em 201K eis horas da manhã e acordo com um enorme peso no peito. Tenho 58 anos, o colesterol e hipertensão arterial não estão controlados e o stress não me deixa espaço para fazer exercício. O meu electrocardiograma já tem algumas alterações do primeiro enfarte. Está tudo guardado e protegido electronicamente no meu health vault. Recordo as campanhas da DirecçãoGeral de Saúde (DGS). Tomo uma aspirina e coloco o telemóvel sobre o peito enquanto assinalo a opção “dor”. No visor do aparelho aparece “Possível enfarte do miocárdio em evolução. Activada emergência médica”. Graças ao GPS do telemóvel, a VMER chega ao local em 12 minutos. A tempo, pois dois minutos depois fico inconsciente devido a uma fibrilhação ventricular e sou salvo por um choque. As dúvidas da equipa médica são mínimas e administra-
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Fonte: SXC
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me fármacos ainda em casa. O electrocardiograma é comparavelmente diferente daquele online. Sugere um novo enfarte em evolução e foi transmitido automaticamente ao CODU e ao hospital mais próximo com sala de hemodinâmica. O INEM percorre os 35 km em 20 minutos durante os quais a telemetria vai informando que a minha pressão arterial está a cair. A equipa que me recebe está totalmente preparada e a unidade de cuidados intensivos cardíacos a postos. Entro rapidamente para a sala de hemodinâmica, onde é iniciado um novo fármaco que evita as lesões de reperfusão do miocárdio, enquanto em 3 minutos realizo um fast AngioCT que revela as lesões principais da minha árvore coronária e o programa informático prediz uma sobrevida de 60% aos 30 dias. Há que actuar muito rápido.
Rui Campante Teles, Médico Cardiologista
Antes das 7:00 horas já o cardiologista de intervenção conseguiu desobstruir a coronária. O stent implantado é o melhor. Com base nos meus dados clínicos o tal programa ajuda o operador a seleccionar uma de duas opções possíveis que, científica e economicamente, dão as melhores garantias. Fico nos cuidados intensivos cardíacos, onde me retiram o balão intra-aórtico ao fim de apenas 12 horas. A ressonância magnética evidencia que o enfarte foi
cardiologia
Hospital do Futuro | mAr. 2010 | N.11
Fonte: SXC
No sul da Suécia, o transportado é totalmente monitorizado à distância e quando se chega ao hospital, não necessariamente o mais próximo - como vai deixando de ser comum em Portugal -, tudo está preparado para responder àquele caso.
muito restrito graças à actuação na primeira hora e a reserva contráctil está normal. Há mais duas placas instáveis, mas apenas requerem vigilância e os dois policomprimidos que vou tomar devem ser suficientes. Tenho alta em três dias, mas não me deixam retomar o trabalho sem reabilitação cardíaca. Não tenho angina residual nem insuficiência cardíaca, mas arrisco-me a voltar ao começo se não mudar os meus hábitos. em 10 indivíduos na mesma circunstância em Portugal só dois têm esta sorte. O meu centro de saúde já recebeu electronicamente a nota de alta e imagens dos exames. Recebi um SMS da enfermeira dos cuidados primários. Segunda oportunidade! o Futuro (já) existe Não é ficção. Parte por parte é uma realidade que já existe. Poderia acontecer já hoje no hospital do futuro pois todos os ingredientes estão desenvolvidos. O nosso desafio é organizar a receita. PArte 1: o reCoNHeCimeNto dos siNtomAs A doença circulatória é a maior causa de mortalidade em Portugal causando 92
óbitos diários. O tabagismo, o colesterol, a hipertensão arterial e a diabetes, inter-relacionados com o sedentarismo e excesso de peso, iniciam a aterosclerose aos 20 anos em todos nós, mas, com sorte, não chegamos a ter sintomas senão muito tarde. Quando detectados em cuidados primários estes factores de risco são um desafio, pois não dão sintomas e a adesão ao tratamento dos “números” é difícil. Nos enfartes do miocárdio há um trombo que trava a vida. As paragens cardíacas impedem metade de chegar ao hospital. Mesmo com todas as campanhas. A solução está na tecnologia. Em telemóveis que realizam um electrocardiograma ao próprio, enviando-o e dando a localização, se suspeito e se houver sintomas para que a emergência actue. Preferencialmente em parceria com um cardiologista, como na Dinamarca, pois a capacidade discriminativa é mais elevada e evita desperdiçar recursos. Mas o INEM (ainda) não está preparado. PArte 2: A emergêNCiA mÉdiCA A emergência pré-hospitalar em Portugal é exemplar. Contudo, no enfarte ainda há muito para evoluir pois apenas 4% das admissões hospitalares provêm da via verde.
PArte 3: A iNterVeNção NA HemodiNâmiCA O tempo para a reperfusão tem relação directa com a redução da mortalidade. Reflecte a perícia e treino de operadores sub-especialistas em Cardiologia de Intervenção. Depende também da organização do hospital no que respeita à sua equipa médica, técnica e de enfermagem para que saiba actuar nas complicações. Nos 5% dos casos com choque cardiogénico, numa sala de hemodinâmica híbrida, a cirurgia cardíaca estaria a postos para se avançar desde logo se indicado. As próteses coronárias (stents) são usadas em 90% dos casos e estão em real evolução, constituindo um dos maiores avanços pela melhoria de resultados que proporcionam, a curto e médio prazo, na angioplastia coronária. Para as adequar aos recursos económicos podemos estudar o perfil tipo dos doentes da instituição e aproveitar aplicações informáticas interactivas para balizar a subjectividade e os custos. PArte 4: A reAbilitAção Portugal está na cauda da Europa na reabilitação cardíaca. Quem tem mais recursos investiu na reabilitação precoce porque os doentes voltam a trabalhar e os fármacos são reduzidos, assim como as complicações. A adesão prossegue no ambulatório e os policomprimidos são cada vez mais uma necessidade. CoNClusão A maioria dos portugueses não usufrui senão parcialmente do tremendo progresso cardiovascular no conhecimento, no diagnóstico, na estratificação de risco, na abordagem farmacológica e na intervenção coronária. A solução é, com base na tecnologia, renovar o arquétipo de comunicação, inovar com fluxogramas simples e criar informação adaptada aos utilizadores: doentes, profissionais e instituições.
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terapia da fala
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7% de crianças com
problemas graves na fala
Quais são os principais problemas que chegam ao consultório de um terapeuta da fala? Os principais problemas nas crianças são: - Per turbações da ar ticulação verbal (dificuldades na ar ticulação dos sons da língua - omissão, troca ou distorção de sons); - Problemas de desenvolvimento da linguagem: atrasos no desenvolvimento as-
Fonte: stockxpert.com
Há apenas cerca de 1.250 terapeutas da fala em Portugal e só uma pequena parte está integrada no sistema público de saúde, de acordo com emília santos, presidente da Associação Portuguesa de terapeutas da Fala (APtF). em entrevista à HdF fala-nos sobre os problemas dos terapeutas da fala em Portugal e dos problemas que atingem a linguagem na infância e na fase adulta. Nos adultos: - Perturbações da voz (frequentes nos profissionais da voz); - Perturbações adquiridas da linguagem (causa neurológica; por exemplo a afasia após um AVC) - Perturbações da deglutição (por exemplo após AVC ou doenças degenerativas do Sistema Nervoso Central).
“Legislar sobre esta área da medicina foi um importante passo, estabelecendo os seus princípios básicos e fundamentais. Contudo, decorridos 5 anos, continua suspensa” 32
sociados a outras patologias (como défice cognitivo) e perturbações específicas do desenvolvimento da linguagem.
As crianças são de longe os grandes utentes da terapia da fala, quer em consultório, quer a nível institucional, sobretudo
em idade escolar, em resultado de uma grande variedade possível de disfunções. Para além das referidas acima, que interferem directamente com a aprendizagem da leitura e escrita, são de salientar as alterações da comunicação, como por exemplo as do espectro do autismo, a surdez e as alterações da fluência (gaguez). Quanto tempo poderá demorar uma terapia? É muito variável, podendo demorar meia dúzia de sessões (por exemplo no caso de um problema de voz não muito grave) ou anos, como no caso da afasia [deterioração da função da linguagem, depois de ter sido adquirida de maneira normal e sem deficit intelectual correlativo]. Há uns anos não se falava em terapia da fala e muitas crianças cresceram sem resolveram problemas de linguagem/fala. depois de adultos, podem tentar minimizar o problema?
terapia da fala
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Claro que sim. Na verdade há muitos problemas que persistem sem a intervenção do terapeuta da fala, nomeadamente os de articulação verbal (é muito frequente ouvirmos políticos, jornalistas e comentadores com problemas a este nível) e de gaguez. Há perturbações mais graves como as perturbações específicas do desenvolvimento da linguagem, que não são visíveis, mas que limitam completamente a aprendizagem escolar e as escolhas vocacionais. Infelizmente estas são as mais incapacitantes e são perturbações frequentes, registando-se 7,5% de prevalência em crianças de cinco anos, segundo dados dos EUA e do Reino Unido. Em Portugal não há estatísticas, mas o número será idêntico. Neste caso, já não haverá possibilidade de recuperar este atraso com terapia da fala na idade adulta. A família e a escola têm um papel importante na terapia da fala. Costuma haver cooperação? Normalmente sim e esta cooperação é fundamental em, praticamente, todas as áreas de patologia. O terapeuta da fala impulsiona o desenvolvimento desta cooperação, que poderá mesmo assumir o carácter de parceria.
os problemas da linguagem / fala podem ser evitados? Alguns sim. É o caso do uso abusivo da voz, que pode ser evitado, prevenindo assim o aparecimento de patologia vocal. A rouquidão pode ser um sintoma decorrente deste abuso, bem como a intervenção precoce junto de crianças com problemas de desenvolvimento, como maus hábitos orais (uso até muito tarde de chucha, por exemplo). Também é im-
Dislexia: dificuldade em ler e escrever Um dos problemas que mais afecta a fala das crianças é a dislexia. Trata-se de uma patologia, com base neurológica, que se caracteriza sobretudo pela dificuldade em ler, escrever e de compreender as leituras. De acordo com um estudo da Universidade de Trás-os-Montes, apresentado em Janeiro de 2010 (o único realizado em Portugal), só na zona de Braga e Vila Real existe uma prevalência de 5,4% de casos de dislexia. Estes são os principais sinais: - Atraso na aquisição de linguagem nos dois primeiros anos de vida; - Dificuldade em pronunciar sons, linguagem «abebezada» para além do tempo habitual; - Dificuldade em memorizar e acompanhar cantigas e lengalengas infantis; - Na escola tem-se dificuldades na leitura, escrita, compreensão de textos e dão-se muitos erros. Quando o problema não é detectado e controlado desde cedo, as crianças disléxicas poderão desenvolver problemas psicológicos por serem, em regra, alvo de gozo por parte dos colegas e por terem medo de falar e ler perante outras pessoas.
portante haver um diagnóstico precoce de problemas como surdez, autismo, défice cognitivo ou de uma perturbação específica da linguagem. Como vê a acessibilidade a um terapeuta da fala no actual sistema de saúde (público e privado)? Há apenas cerca de 1.250 terapeutas da fala em Portugal e só uma pequena parte está integrada no sistema público de saúde. Há poucos lugares nos hospitais e só recentemente começaram a existir terapeutas da fala nos centros de saúde. Do nosso conhecimento há terapeutas da fala apenas nos centros de saúde do Algarve, nalguns centros do Alentejo e de Bragança. Mesmo a nível do sistema privado de saúde esse número é muito reduzido. Há, pelo contrário, um grande número de terapeutas da fala a trabalhar junto dos agrupamentos escolares, no âmbito do Ministério da Educação, mas infelizmente não estão enquadrados numa carreira. Quais são os principais desafios que a terapia da fala terá de enfrentar no futuro? O reconhecimento da necessidade destes profissionais ao nível dos cuidados de saúde primários, secundários e terciários é o principal desafio. Contudo, o papel destes profissionais está, actualmente, a ser reconhecido como muito impor tante nas unidades de cuidados continuados. MJG
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parceiros
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Auto-ajuda e grupos de auto-ajuda Alice Lourenço Romano Psicóloga e Voluntária no grupo de Auto-Ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à mulher com Cancro da mama
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Fonte: SXC
A
auto-ajuda é, em sentido lato, um método de fazer face à realidade, onde se utilizam os outros, o conhecimento científico, os livros, os media, a Internet como recursos. Hoje em dia, as redes sociais, as comunidades e as ferramentas da Web 2.0. são usadas por milhares de pessoas com problemas e por outras tantas que se dispõem a ajudar. São o palco para, sob o anonimato ou não, se porem a circular, em cada minuto que passa, milhares de palavras de conforto, mensagens de solidariedade e suporte emocional. A tecnologia é um meio que permite o acesso a um conjunto de recursos. Não podemos aceitar acriticamente que os fenómenos que lá se geram, de forma mais ou menos espontânea e condicionados pelo próprio meio (refira-se o anonimato e a volatilidade) sejam aquilo que se espera. Em relação aos media, assistimos com frequência à difusão de inconsistências e de equívocos e, às vezes, de alguma má-fé, para não falarmos dos fenómeno de vendas e das tentativas literárias de manipulação com fins comerciais à custa do conceito de auto-ajuda. Em relação ao conhecimento enraizado na ciência, a comunidade científica, sua fiel depositária, está, nas mais das vezes, inacessível a quem precisa de ser ajudado e os profissionais de saúde raramente disponíveis para a tradução desse conhecimento em linguagem corrente. Em situações difíceis, no limite, cada um ajuda-se como é capaz, uma vez que a questão central está sempre na forma como se usam os recursos, internos e ex-
ternos, de que se dispõe. Centremo-nos na auto-ajuda proveniente de grupos de pares, enquanto recurso, num contexto específico, o da doença oncológica, doença essa que desencadeia um importante conjunto de reacções emocionais associadas a um elevado grau de incerteza e que coloca muitos pacientes e suas famílias (estima-se em cerca de 25%) a precisar objectivamente de suporte psicossocial. O que valorizam aqueles que se vêem repentinamente face à imprevisibilidade do futuro? Aceitação e receptividade, apoio e disponibilidade, sem dúvida. Em Portugal, nas instituições prestadoras de cuidados de saúde, coexistem duas
tendências: uma marcada pela perspectiva terapêutica biomédica, onde o suporte psicossocial é insuficiente; a outra, que emergindo na última década vem progressivamente a ganhar espaço, onde se trabalha em estruturas convergentes de equipas multi-profissionais e onde na psico-oncologia se congrega a maior parte da componente psicossocial. Se no sistema formal de prestação de cuidados de saúde existem respostas, por razões várias, essas respostas estão longe de cobrir em extensão, diversidade e profundidade as necessidades daqueles que em diferentes fases da doença e em diferentes contextos de vida, a ela têm que fazer face.
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gruPos de Auto-AjudA Tendo surgido no início dos anos 80, nos países anglo-saxónicos, os grupos de auto-ajuda são agrupamentos de pessoas com problemas comuns que se aproximam para os partilhar e reflectir, tendo em vista uma melhoria na forma de os enfrentar. Não representam uma alternativa aos tratamentos médicos e psicológicos, mas são um complemento, pois indirectamente contribuem para uma melhor adaptação à doença e uma maior adesão às terapêuticas. Os grupos de auto-ajuda são organizados pelos próprios indivíduos necessitados e existem separadamente das organizações profissionais de ajuda. Os seus membros partilham problemas em comum e são considerados iguais entre si, estabelecendo relacionamentos e interacções em sentido horizontal. São grupos informais de suporte que podem existir em diferentes contextos de vida (tabagismo, alcoolismo, suicídio, ataques de pânico, desemprego), que podem apresentar-se com menor ou mais grau de estruturação (desde sessões livres, estruturadas em torno das necessidades expressas pelos participantes no momento, a sessões planeadas previamente e estruturadas em torno de uma necessidade específica, como por exemplo a comunicação com o médico). Num grupo de auto-ajuda, os recém-chegados precisam de receber e os mais antigos precisam de dar. É a partilha a razão de ser de um grupo de auto-ajuda. o CAso do gruPo de AutoAjudA dA APAmCm A funcionar, semanalmente, desde Janeiro de 2006, o grupo de auto-ajuda da Associação Portuguesa de Apoio à Mulher
com Cancro da Mama (APAMCM) destina-se a pacientes com patologia mamária e suas famílias. Não existe nenhuma obrigatoriedade e os participantes vêm segundo as suas disponibilidades, o que confere a estes grupos um carácter itinerante, pelo que cada encontro tem necessariamente um início e um fim. Podemos dizer que, em cada encontro, existem quatro momentos distintos: 1) partilha (pôr em comum), 2) reflexão (estabelecer relações), 3) relativização (contextualizar na realidade) e 4) extrapolação (generalizar a outras situações e contextos). Os encontros, semanais, decorrem num quadro informal e convivial e são moderados por um dos membros, cujo papel é a) identificar as necessidades no seio do grupo, b) assegurar a distribuição do tempo de palavra, c) encorajar a comunicação e d) assegurar a coesão, graças a um baixo nível de confrontação. A existência no seio do grupo de um conjunto de competências, distribuídas e diversificadas, é um factor de riqueza importante, sendo que um grupo de autoajuda “não é um grupo de amigos que se reúnem para uma conversa de café”, mas sim um espaço de aprendizagem de vida. … PArtilHAr, modiFiCA o olHAr No dizer dos membros do grupo de auto-ajuda da APAMCM este é, antes de mais, “um espaço de palavra partilhado”. Um espaço de palavra onde o objectivo é partilhar as experiências de adaptação à doença, aos tratamentos e ao futuro. Um espaço de palavra para: - partilhar os medos (por oposição a fazêlo só e solitariamente) - deixar vir à tona o sofrimento (por oposição a camuflá-lo e afastá-lo dos olhos dos próximos)
Porque com os outros aprende-se o sentido do possível, enquanto quando se está sozinho tudo parece impossível.
- aprender a relativizar (por oposição à rejeição e à impossibilidade) - perspectivar as relações com os outros (profissionais de saúde, familiares e amigos) Fazê-lo no seio daqueles que são pares, contribui para que se “aprenda o sentido do possível, enquanto quando se está sozinho tudo parece impossível”. … reFleCtir AjudA A resgAtAr A VidA Essa reflexão, tão específica de quem procura agarrar a vida, carece de todos os recursos e, também neste aspecto, os outros membros do grupo e as suas formas de fazer face à doença, aos tratamentos e ao futuro são um recurso importante. Efectivamente, as soluções trazidas pelos outros relativizam e tornam os revezes de aceitação mais fácil, funcionando como uma modelagem informal das estratégias de coping (no grupo de autoajuda não se diz “faça assim” mas antes “eu fiz assim e…”). Este último aspecto é um dos benefícios mais evidentes da participação num grupo de auto-ajuda, sendo fundamental para quem procura resgatar a positividade da doença, aceitando encará-la como uma possibilidade de reflexão e reorganização. Os dados existentes, provenientes de estudos, alguns com limitações metodológicas, não nos permitem afirmar a existência de uma relação significativa entre a participação em grupos de auto-ajuda e a sobrevida; todavia, os relatos de quem deles faz parte põem em evidência uma inquestionável melhor qualidade de vida, que se traduz na redução de sinais ansiosos e depressivos, na utilização de estratégias de coping ajustadas e no reforço da resiliência.
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referências - Dias, M.R. Durá E., Territórios da Psicologia Oncológica, Climepsi Editores, Manuais Universitários, Lisboa 2002 - Genevois E., La voix de la serenité en réponse à celle des inquiétudes, Bruxelles, 2003 - Spiegel D., Classen C., Group Therapy for Cancer Patients: A Research-based Handbook of Psychosocial Care, Basic/Perseus Books, New York, 2000
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nutrição
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Portugueses alimentam-se mal A dieta mediterrânica é saudável, mas os portugueses não a aproveitam. o consumo de gorduras não saudáveis é superior ao das frutas e hortícolas e a obesidade já é uma preocupaçãona infância. A presidente da Associação Portuguesa de dietistas, graça raimundo, fala-nos sobre o que deve mudar na alimentação dos portugueses. os portugueses comem bem? De acordo com a última informação da Balança Alimentar Portuguesa, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística, os portugueses apresentam uma dieta alimentar desequilibrada, deficiente em frutos, hortícolas e leguminosas secas e rica em gorduras e proteínas. De acordo com este documento, que tem 2003 como o ano de referência, o português consome em média «três vezes mais proteínas, obtidas a partir do grupo das carnes e miudezas, pescado, ovos e gorduras» do que o recomendado. O consumo de produtos hortícolas é, pelo contrário, cerca de metade do recomendado na Roda dos Alimentos, tal como a fruta, que segue igual tendência: apenas 15% do consumo/dia por pessoa recomendado, contra os 20% aconselhados. Quais são os maiores problemas de saúde associados à nutrição? Por um lado, os padrões alimentares das sociedades modernas reflectem um desvio relativamente às recomendações nutricionais, por um consumo alimentar que excede o gasto energético, incrementando assim o número de patologias relacionadas com o excesso de peso; por outro, observamos níveis de desnutrição alarmantes junto de alguns grupos populacionais.
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Qual é a importância da comunicação em saúde, nomeadamente do marketing, para que a população tenha uma alimentação mais correcta? O marketing é um processo amplamente utilizado pelas empresas em todo o
mundo para promover o consumo dos seus produtos e influenciar o comportamento do consumidor. Verifica-se, contudo, que em algumas situações a sua utilização não tem por base a saúde e bem-estar do indivíduo, o que faz com que o seu papel se torne muitas vezes ambíguo no contexto nutricional. É fundamental que a mensagem transmitida seja formatada com o intuito de esclarecer o consumidor, fornecendo-lhe a informação correcta para uma escolha alimentar ajustada e equilibrada. Costuma haver alguma confusão entre dietista e nutricionista. Qual é a diferença? O dietista é um profissional de saúde com grau de licenciatura, que aplica e desenvolve conhecimentos de dietética e nutrição no contexto da promoção e manutenção da saúde e em situações de doença. Actua na educação para a saúde de indivíduos ou grupos. A profissão de dietista está regulamentada a nível nacional e internacional, sendo, a nível nacional, o único profissional na área de dietética e nutrição que possui cédula profissional. de que forma é que os cuidados de saúde primários poderão ajudar a combater a obesidade e o
Fonte: SXC
excesso de peso que já se faz sentir, inclusive, na população mais nova? A obesidade infantil em Portugal é um problema da actualidade que atinge mais de 30% das crianças e jovens. Os cuidados de saúde primários assumem um papel fundamental na prevenção secundária, contribuindo para a redução destes indicadores. Mas a prevenção primária assume-se como a grande prioridade no combate à obesidade infantil, tendo os cuidados de saúde primários um papel preponderante na educação alimentar das crianças e adolescentes, com o objectivo de promover hábitos alimentares saudáveis e equilibrados o mais precocemente possível. o governo lançou um programa que tem como objectivo melhorar o acesso a cuidados de saúde (como cirurgia bariátrica) para pessoas com obesidade, nomeadamente obesidade mórbida. o que pensa deste programa? É importante relembrar que a cirurgia bariátrica não é apenas uma solução, mas uma importante ajuda, sendo o princípio de um tratamento que deve incluir o acompanhamento dos doentes por profissionais de várias especialidades. Com este programa, surgem mais-valias para o doente, dado que ficam estabelecidos critérios claros de acesso ao tratamento e ao acompanhamento pós-operatório, nomeadamente a definição da equipa multidisciplinar. MJG
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ortopedia
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Fracturas da
extremidade proximal do fémur no idoso: Um problema técnicocirúrgico, um desafio sócio-económico
A
população mundial com mais de 65 anos de idade é superior a 450 milhões de pessoas, prevendo-se que esse valor ascenda a 1500 milhões no ano de 2060. Com o envelhecimento da população, assistir-se-á a um aumento das fracturas osteopróticas. Destas, as fracturas da extremidade proximal do fémur, devido à sua frequência exponencial a partir dos 70 anos de idade, representam um enorme problema sócio-económico. São mais frequentes na Ásia do que na Europa ou nos Estados Unidos e têm uma incidência variando com o sexo (de 15% nas mulheres para 7% nos homens), sugerindo a existência de outros factores para além da menopausa, tais como a falta de exercício, a má nutrição e o abuso medicamentoso. Em Portugal, as lesões traumáticas ocuparam em 2005 o 3º lugar, quando comparados os internamentos hospitalares em pessoas com mais de 75 anos (30,9 pessoas/1000 habitantes) e foram classificadas logo atrás das doenças dos aparelhos circulatório e respiratório. A situação ir-se-á agravar quando é previsível que, em 2006, o número de pessoas com mais de 65 anos vai triplicar e atingirá uma percentagem de 30%, contra os actuais 17%. Este efeito é extensível a quase todos os países da União Europeia, afectados pela confirmada negatividade
demográfica, fazendo com que o continente represente, em 2060, apenas 5% da população mundial e em que a idade média será de 48 anos, com um rácio de dependência entre a população trabalhadora e idosa de 1:1 (enquanto que actualmente ele é de 2:1). As quedas acidentais são a causa mais frequente das fracturas da extremidade proximal do fémur no idoso, pois o risco está associado ao envelhecimento dos órgãos dos sentidos, aos distúrbios do equilíbrio e da marcha e demais doenças inerentes a esta faixa etária. Apesar de o tratamento cirúrgico destas fracturas ser muito eficaz, as complicações atribuíveis ao tempo de espera cirúrgico, ao agravamento das patologias associadas, ao método utilizado e aos procedimentos anestésicos são factores de morbilidade acrescida, que afectam os índices de recuperação, de tal modo que apenas 30 a 40% dos doentes considerados independentes antes da fractura recuperam o seu padrão de actividade diária, aos 12 meses após o acidente. O aumento do risco de mortalidade secundário a este tipo de fractura do fémur varia entre 15 a 35% no fim do 1º ano e está positivamente correlacionado com a idade e com a existência de patologias incapacitantes associadas. O tratamento conservador é excepcional e só é utilizado quando coexistem complicações
José de Morais Neves Director do Serviço de Ortopedia do CHVNGaia/Espinho; Presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia-SPOT; Professor Associado Convidado da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
médicas absolutas, o que induz um aumento da morbilidade associada à imobilização prolongada, ao tromboembolismo, às infecções urinárias e às complicações cardiorespiratórias. O tratamento cirúrgico é a indicação imediata à entrada do Serviço de Urgência, exigindo-se que seja o adequado, de forma a restabelecer a anatomia do membro, evitando o alectuamento prolongado, com as inerentes complicações médicas e psiquiátricas. É consensual que estes doentes têm de ser operados nas primeiras 24 horas, pois há um real aumento da mortalidade para além das 72 horas, não se registando alterações significativas quer a anestesia seja geral ou loco regional. O tratamento cirúrgico é muito eficaz, quer se utilize o encavilhamento com o Cravo Gamma, ou a osteossíntese com placa e parafuso dinâmico DHS ou a artroplastia total ou parcial, conforme o tipo de fractura encontrada. Todas estas técnicas utilizadas visam o levante precoce às 24 horas, que condiciona favoravelmente o resultado médico final, pois uma menor hospitalização vai permitir uma mais rápida retoma da actividade. A reabilitação fisiátrica precoce, +
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ortopedia
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com início durante o internamento hospitalar, é fundamental para a reinserção do doente no seu ambiente. Torna-se, pois, imperioso o incremento de estruturas de apoio social ou domiciliário, para acolhimento destes doentes. A possibilidade do regresso dos doentes ao domicílio correlaciona-se com a amplitude e autonomia de marcha aos 15 dias de pós-operatório, à existência de um ambiente familiar favorável, a um estado geral de saúde satisfatório, onde a idade, o grau de autonomia pré-fractura ou a existência de patologia neuropsiquiátrica são factores perniciosos. o imPACto eCoNómiCo Cerca de 40 a 50% dos doentes com mais de 70 anos vão necessitar de assistência e de apoio social, o que vai implicar um investimento sócio-económico relevante. Estudos baseados em várias séries apontam para uma mortalidade aos três anos para doentes com mais de 75 anos de cerca de 42%, sendo que 70% voltaram para o seu meio familiar, 61% tornaram-se independentes na sua actividade diária, enquanto 52% não retomaram a marcha. O prognóstico está assim ligado não só ao estado geral do doente, mas também às condições que possam ofere-
cer as famílias e as instituições. Se a isto juntarmos que este tipo fracturas representa para um Serviço de Ortopedia uma percentagem de internamentos de 8 a 10%, com uma hospitalização média que é de pelo menos o dobro da das outras patologias, verificamos estarmos em presença de real problema para a comunidade. Projecções apontam para que dentro de alguns anos os hospitais tenham ocupadas cerca de 40% das suas camas, com doentes portadores de patologia médica ou traumática, com idade superior a 70 anos. São tudo custos indirectos difíceis de quantificar, pelo que na realidade é difícil de avaliar o custo final do tratamento deste tipo de fracturas. Estudos apontam que 10 a 15% do total recai sobre o material utilizado, 44% são despesas com o pessoal, 26% são consumíveis e 5% são outras despesas. Estas fracturas estão agrupadas em termos de GDH - Grupo de Diagnóstico Homogéneo - com os códigos 210 e 211 (Diário da República, I série nº 16 de 23 de Janeiro de 2007), consoante a existência ou não de complicações, sendo a sua valoração respectivamente de 4.455,91€ e de 3.905,45€, com diárias de internamento de 521,34€ e 456,94€. Segundo dados da Direcção Geral de Saúde referentes a 2006, foram
registadas em Portugal 9.523 fracturas de extremidade proximal do fémur, nas quais foram gastos 52 milhões de euros, com mais de 120.000 dias de hospitalização e com uma demora média de 14,2 dias de internamento. Esta situação é ainda mais preocupante se tivermos em conta que no mesmo período foi operado um número equivalente de artroplastias totais da anca e de fémur, mas com um custo final inferior em um terço. Toda esta panorâmica, com custos directos e indirectos relevantes, realça o grave problema sócioeconómico que representam as fracturas da extremidade proximal do fémur, problema que se irá agravar pelo aumento da esperança média de vida passado o período agudo do tratamento. Apesar da utilização racional dos recursos ortopédicos e médico-sociais, não foram ainda encontrados os meios e as formas que permitam uma reinserção indolor destes doentes na sociedade. O problema de sermos menos e mais velhos, mas mais produtivos e mais escolarizados, numa sociedade em que se tende a ser velho mais tarde, é que se torna fundamental uma aprendizagem ao longo da vida, para que todos em conjunto saibamos encontrar soluções que minimizem esta realidade de hoje e do amanhã.
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inscrição on-line www.hospitaldofuturo.com
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perspectivas
As Tecnologias de Informação ao serviço da saúde
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s sistemas de informação são hoje ferramenta fundamental para estados, organizações e indivíduos. Como tal, carecem de uma eficaz gestão, que permita garantir um adequado retorno do investimento, salvaguardando a segurança e a continuidade dos negócios que suportam. O acesso às tecnologias de informação é uma forte aposta do Governo para o desenvolvimento da sociedade portuguesa. A aposta nas tecnologias de informação permite a Portugal aproximar-se da cultura tecnológica dos países mais avançados uma vez que o nosso atraso em termos de utilização de tecnologias de informação penaliza o nosso índice de competitividade geral. De acordo com o estudo promovido pela IDC, intitulado “Administração Pública Central e Local, Saúde e Educação: Sondagem e Previsões 2006-2011”, prevê-se que até 2011 o investimento em tecnologias de informação por parte da administração pública portuguesa vai crescer 36,4%, com um crescimento médio de 6,4% por ano. Este investimento incidirá essencialmente em sistemas centralizados no cidadão, no aumento da eficiência dos serviços e no desenvolvimento de condições para a integração eficaz dos serviços que compõem a administração pública. Ainda de acordo com o mesmo estudo, 40% do investimento total em tecnologias de informação destina-se à administração do estado, 28% para a segurança social e 14% para a defesa. Analisando o sector da
saúde, este é um dos sectores que mais recorre às tecnologias, tecnologias da saúde (por exemplo os meios de diagnóstico) ou tecnologias de informação e comunicação, utilizadas como ferramenta para a melhoria da eficiência de processos complementares, bem como das áreas administrativa e/ou financeira. A implementação de tecnologias de informação, no sector da saúde, proporciona uma melhor relação com os utentes, como também facilita o trabalho dos profissionais de saúde e dos seus assistentes. Um sistema de gestão da segurança da informação é baseado numa abordagem de
risco, numa perspectiva organizacional, que permite definir, implementar, operacionalizar, monitorizar, rever, manter e melhorar a segurança da informação segundo a IS0/IEC 27001. A eficaz implementação do referencial ISO/IEC 27001 permite às organizações assegurarem as três componentes básicas para a segurança da informação: confidencialidade, integridade e disponibilidade. A posterior certificação demonstra que estas organizações possuem um sistema de gestão da protecção da informação com mecanismos de protecção adequados às suas necessidades e realidade, verificados por uma entidade externa. Este sistema procura garantir a continuidade de negócio e diminuir o impacto de eventuais incidentes de segurança. Concluindo, as tecnologias de informação assumem um papel preponderante na sociedade actual, como elemento diferenciador. A dependência cada vez maior dos sistemas de informação coloca em equação a necessidade de garantir a disponibilidade dos sistemas e a preservação da integridade da informação. A APCER – Associação Portuguesa de Certificação, enquanto entidade líder na área de certificação em Portugal, disponibiliza auditorias e certificação de acordo com o referencial ISO/IEC 27001, como também para outros referenciais aplicados ao sector da saúde. André Ramos Gestor de Produto www.apcer.pt