Perfil Ana Jorge, Ministra da Saúde p. 5 Director: Paulo Nunes de Abreu
www.hospitaldofuturo.com N.º 7 • Ano III • Quadrimestral • Setembro 2008 • 4,00€
Destaque
Prémios Hospital do Futuro Edição 2007/2008
Bancos de Tumores na investigação de cancro
Os bancos de tumores poderão vir a ser fundamentais para aumentar o sucesso na luta contra o cancro. Saiba como se constituem em Portugal p. 18
Doença de Parkinson
Hospital do Futuro
Uma cirurgia inovadora permite reduzir os sintomas desta doença degenerativa
Hospital de Santa Maria, em Lisboa
p. 23
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Índice Editorial Página 4
Perfil Ana Jorge, Ministra da Saúde Página 5
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Prémios Hospital do Futuro 2007/2008 Prémios Hospital do Futuro Página 7
Premiados Página 8
Prémio Centro de Genética Clínica Prémio CGC Prof. Doutor Amândio Tavares Página 12
Hospital do Futuro Hospital de Santa Maria – Lisboa Página 14
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Espanha Entrevista a Vasco Luís de Mello, Grupo Hospitalar Quirón Página 16
Em destaque Bancos de Tumores na Investigação do Cancro Página 18
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Notícia Saúde na Praia Página 20
Lunch&Learn Acesso à Inovação Terapêutica
FICHA TÉCNICA Director: Paulo Nunes de Abreu Redacção: Joana Branco (Edição), Maria João Garcia Sede da Redacção: GroupVision Pólo Tecnológico de Lisboa Edifício Empresarial 3 1600-546 Lisboa Tel: 217 120 547 - Fax: 217 120 549 hdf@groupvision.com Colaboradores: Celeste Coelho (Publicidade), José Paulo (fotógrafo), Engª Zélia Carvalhais, Engª Fernanda Laires, Engº Vasconcelos da Cunha Conselho Consultivo Editorial: Dr.º Manuel Delgado (APAH - Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares); Eng.º Carlos Tomás (APEngSaúde – Associação Portuguesa de Engenharia da Saúde); Dr.ª Maria Isabel Saraiva (APIFARMA – Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica); Prof. Dias Coelho (APDSI – Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação) Entidade Proprietária e Editor: Paulo Nunes de Abreu Morada: GroupVision Pólo Tecnológico de Lisboa Edifício Empresarial 3 1600-546 Lisboa
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A Diabetes em Portugal e no Mundo: repercussões humanas, sociais e económicas Página 22
Cirurgia Inovadora Cirurgia da Doença de Parkinson Avançada 18
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Gestão & Economia da Saúde A segurança do doente também depende da saúde e segurança de quem presta cuidados
Nº Contribuinte: 157818209 Tiragem: 8.000 exemplares Periodicidade: Quadrimestral Nº Registo no ICS: 124679 Depósito Legal: 230918/05
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Opinião A Medicina Interna e o futuro dos hospitais Página 27
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Setembro 2008 / Hospital do Futuro
As Novas Tecnologias na Saúde II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde
Paginação, Impressão e Acabamento: Europress, Lda. Rua João Saraiva, 10 A 1700-249 Lisboa Distribuição: Logista
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Editorial
Paulo Nunes de Abreu Director da Revista Hospital do Futuro
Um interesse nacional A Saúde é a mais abrangente área de actividade governativa de um Estado. Pena quando é utilizada como arma de arremesso político na querela partidária sem a convergência que é necessária nas questões estratégicas cujo impacto está muito para além do ciclo de uma legislatura. O grande propósito do Fórum Hospital do Futuro e das suas iniciativas é o de contribuir para esse consenso e essa convergência em torno de um interesse nacional em Saúde. Muito graças a um corpo dedicado de profissionais que emprega o Ministério da Saúde nas suas organizações, assim como nas congéneres do sector privado e social, as coisas não estão tão mal quanto isso em Portugal. Quero dizer, os portugueses não se podem envergonhar dos seus indicadores de saúde, com a excepção talvez das mortes na estrada. Isto significa que somos capazes de lograr convergências e bons resultados em Saúde. Os Prémios Hospital do Futuro são disso um exemplo e em breve teremos uma base on-line de mais de 300 boas práticas premiadas em saúde de um total de 389 excelentes candidaturas, cada ano superando o ano anterior. De certo modo, o êxito dos indicadores de Saúde em Portugal é relativamente independente da alternância política no governo e estes apontam para os mesmos objectivos de sempre. Foi criado e tem vindo a ser seguido um Plano Estratégico para a Saúde, construído de forma participada e cujo processo de revisão está já em curso. A reforma dos cuidados primários de saúde, a que deverá seguirse a reforma dos cuidados de saúde mental, a aposta nos cuidados continuados, entre outras, fazem parte de
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resse nacional no acompanhamento da acção governativa, assente numa maioria absoluta parlamentar. Que o digam quem jurava a pés juntos que a Ota ia ter um aeroporto. Sabemos que na indomável terra lusa uma maioria absoluta não é necessariamente um garante de estabilidade. Os partidos, o Governo e o Chefe de Estado sabem-no. Todos o sabem. Recordo aqui que falta um ano para eleições e uma grande bandeira da investidura do governo ainda está por cumprir. As medidas para a liberalização do mercado do medicamento não repercutiram a poupança esperada nos preços dos medicamentos genéricos.
uma orientação estratégica de fundo que cada partido no governo poderá matizar, mas que no essencial têm fins que são comuns a todos. E os acidentes de percurso ocorrem sempre que não existe um prévio consenso na sociedade sobre aquilo que é o interesse nacional. Recordo a polémica criação da Entidade Reguladora da Saúde, por insistência do anterior Presidente da República, sem que ninguém pudesse explicar muito bem o que é que acrescentava de novo à autoridade de organismos reguladores já existentes e como estes não poderiam desempenhar as mesmas missões. Refiro-me aqui a entidades como a Inspecção-Geral de Saúde ou a Direcção-Geral de Saúde. Os erros de percurso de índole partidária ficam a dever-se na maior parte das vezes ao desempenho de quem é escolhido para os cargos de liderança governativa. Mas em Saúde é injusto dizer que as coisas estão mal (ou podiam estar melhor) por culpa dos responsáveis políticos no ministério. Em 33 anos de democracia, Portugal teve 17 governos constitucionais, ou seja, uma média de dois primeiros-ministros por cada legislatura. O problema não é o da competência de quem é escolhido para liderar o Ministério da Saúde, na sua maioria pessoas da mais alta craveira profissional. O problema é o da instabilidade de um Povo que, já diziam os romanos, não se governa nem se deixa governar. Para contrariar isto, a intervenção de um Presidente da República pode ser um factor facilitador ou perturbador da governação do Estado no seu conjunto, ele pode ser realmente um Chefe de Estado. A maioria dos portugueses aprecia o modo como o actual Presidente tem vindo a buscar o inte-
O cidadão eleitor é cada vez mais inquieto e menos domável. Por isso, a melhor forma de obter resultados consiste em encontrar os consensos necessários, para conseguir dar a todo o sector da Saúde em Portugal, aos seus agentes empreendedores (públicos, privados ou sociais), aos profissionais e aos utentes as condições de estabilidade democrática para que prevaleçam o diálogo e a convergência em torno de políticas de Estado em detrimento de políticas “low cost” que brilham como fogo de palha, mas que depois deixam uma cinza negra.
Fernando Tatagiba
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Perfil de Saúde
José Paulo
Para inaugurar o espaço Perfil de Saúde da Revista HdF, apresentamos os hábitos e estilo de vida de Ana Jorge, Ministra da Saúde.
Ana Jorge, Ministra da Saúde Podia fazer um resumo do seu dia? Levanto-me entre as 6h30 e as 7h. Chego ao Ministério às 8h. Almoço a partir das 13h e saio depois das 20h. O trabalho divide-se entre o Gabinete, audiências e saídas oficiais. Trabalha quantas horas? Entre 10 a 12 horas. Como consegue tratar do seu bemestar e da sua saúde com o cargo que tem? Organizando muito bem o tempo livre. Como é que lida com o stress? Conheço-me muito bem, logo, giro bem o stress. Dormir é também uma das formas de lidar com o stress.
Tem cuidados com a alimentação? Sim. Evito doces e outros açucarados, bem como fritos. Faço refeições repartidas e equilibradas ao longo do dia, com reforço na fruta e nos vegetais.
José Paulo
Pratica desporto? Não.
NOTA BIOGRÁFICA
E check-ups? Não. Sempre gozou de boa saúde? Sim.
Fuma? Não.
Quando era mais nova teve alguma atitude ou hábito que lhe tenha trazido problemas de saúde? Não.
Costuma fazer rastreios? Sim.
Qual foi a pior doença que teve? Nunca tive uma doença grave.
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Licenciada em Medicina, em 1973, pela Universidade Clássica de Lisboa. Especialista em Pediatria Médica em 1984. Presidiu o Conselho de Administração da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (1997-2000) e coordenou a Sub-Região de Saúde de Lisboa (1996/1997).
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O Fórum Hospital do Futuro expressa publicamente o seu agradecimento aos Membros do Júri dos Prémios Hospital do Futuro 2007/2008 AUTARQUIAS Álvaro Pacheco, ex-Vogal do Conselho de Administração, Hospital de Santa Luzia Ana Manso, Deputada, Assembleia República Duarte Caldeira, Presidente, Escola Nacional de Bombeiros Jorge Pulido Valente, Presidente, Câmara Municipal de Mértola Paula Teixeira da Cruz, Presidente da Assembleia Municipal, Câmara Municipal de Lisboa EDUCAÇÃO José Nogueira Rocha, Professor, Escola Nacional de Saúde Pública Luís Nunes, Serviço de Genética, Hospital D. Estefânia Paula Lobato Faria, Vice-Presidente do Conselho Científico, Escola Nacional de Saúde Pública Roque Amaro, Professor, ISCTE Vaz Carneiro, Professor, Faculdade de Medicina de Lisboa e-SAÚDE Caldas de Almeida, Administrador Delegado, Hospital Residencial do Mar Helena Monteiro, Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação Jaime Quesado, Gestor, POS_C João Taron, Country Manager, Oracle José Ricardo, Director, Centro de Saúde de Elvas Vasconcelos da Cunha, Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação GESTÃO & ECONOMIA DA SAÚDE Adalberto Campos Fernandes, Presidente do Conselho de Administração, Hospital de Santa Maria Luís Cunha Ribeiro, ex-Presidente do INEM Manuel Delgado, Presidente do Conselho de Administração, Hospital Curry Cabral Miguel Gouveia, Professor, Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais Pita Barros, Professor, Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa Roser Vicente, Directora Geral, Gesaworld INTEGRAÇÃO Fernando César Augusto, Inspector-Geral da Saúde Francisco George, Director-Geral da Saúde Manuel Pedro Magalhães, Administrador, Hospital da Cruz Vermelha Purificação Tavares, Directora, Centro de Genética Clínica Rosa Matos, Presidente, Administração Regional de Saúde do Alentejo Rui Henriques, Administrador, CPC HS PARCERIAS EM SAÚDE João Wemans, Encarregado de Missão, Parcerias Público-Privadas (Ministério da Saúde) Vasco Reis, Escola Nacional de Saúde Pública Alexandre Diniz, Director de Serviços, Direcção Geral de Saúde
António Nunes, Administrador, Hospital CUF Descobertas Rogério de Carvalho, Vice-Provedor, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa QUALIDADE EM SAÚDE - Acreditação Frias Gomes, Director, Núcleo de Lisboa do CENFIM Leopoldo Cortez, Director, IPAC Miguel Soares, Coordenador Científico Pós-Graduação, Instituto Superior de Economia e Gestão Ramos Pires, Professor, Instituto Politécnico de Setúbal, Escola Superior de Tecnologias de Setúbal QUALIDADE EM SAÚDE - Certificação Fernando Lamares, Director, TUV Rheinland Portugal Figueiredo Soares, Presidente, APQ José Leitão, CEO, APCER Margarida França, Vogal do Conselho de Administração, INEM Marques dos Santos, Presidente, Instituto Português da Qualidade SERVIÇO PRIVADO Carlos Santos, Director Clínico, British Hospital Lisbon XXI Jorge Mineiro, Director Clínico, Hospital CUF Descobertas Teófilo Leite, Presidente, Associação Portuguesa de Hospitalização Privada SERVIÇO PÚBLICO Eduardo Castela, Director do Serviço de Cardiologia Pediátrica, Hospital Pediátrico de Coimbra Maria do Céu Machado, Alta Comissária Saúde Pedro Nunes, Bastonário, Ordem dos Médicos Rosa Araújo, Directora, Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa SERVIÇO SOCIAL Alberto Matias, Coordenador Adjunto, Unidade de Missão para os Cuidados Continuados (Ministério da Saúde) Ana Cristina Freitas, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge Beatriz Quintella, Presidente, Associação Nariz Vermelho Maria João Quintela, Chefe de Divisão de Saúde no Ciclo de Vida e em Ambientes Específicos, Direcção Geral de Saúde Monsenhor Victor Feytor Pinto, Presidente, Comissão Nacional da Pastoral da Saúde PRÉMIO TEMÁTICO ANUAL - Prevenção da Obesidade Alberto Galvão-Telles, Presidente, Comissão de Avaliação do Tratamento Cirúrgico da Obesidade Ana Rito, Vice-Presidente, Conselho Científico da Plataforma contra a Obesidade Emília Nunes, Directora de Serviços de Promoção e Protecção da Saúde Direcção Geral da Saúde Isabel do Carmo, Presidente do Conselho Científico, Plataforma contra a Obesidade João Breda, Coordenador, Plataforma Contra a Obesidade
Organização
Patrocinadores Ouro
Apoiantes
As 178 candidaturas à quarta edição dos Prémios Hospital do Futuro mostram uma iniciativa consolidada, cujo interesse por parte da comunidade da área da Saúde em Portugal cresce de ano para ano. Com mais de 90 pessoas e organizações candidatas, este ano foram atribuídos 12 prémios no total.
José Paulo
Prémios HdF 2007/2008
João Breda, Coordenador da Plataforma contra a Obesidade da Direcção-Geral da Saúde, entrega o Prémio Anual Temático – Prevenção da Obesidade a Rosa Matos, Presidente do Conselho Directivo da Administração Regional de Saúde do Alentejo.
Prémios Hospital do Futuro 2007/2008
O projecto vencedor da categoria Autarquias destacou-se também pelo trabalho na prevenção da obesidade da Câmara Municipal do Porto e da Faculdade de Ciências da Nutrição e da Alimentação do Porto. Outros projectos premiados foram o site do Instituto Português do Sangue, o “Hospital da Bonecada” da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa e a Rede Digital de Arquivo, Gestão e Distribuição de Imagens da Unidade Local de Saúde de Matosinhos. O estudo sobre o Síndroma de X Frágil no Alandroal/Alentejo, do Centro
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
A Cerimónia decorreu na XVI Conferência SInASE, em Maio de 2008, e contou com a presença de Ana Jorge, Ministra da Saúde, Maria do Céu Machado, Alta Comissária da Saúde, João Breda, Coordenador da Plataforma Contra a Obesidade da Direcção-Geral de Saúde, Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, José Mário Miranda, Director da Secção Regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos, para a entrega dos galardões aos vencedores. Estiveram ainda presentes os representantes dos Patrocinadores Ouro desta edição: Rui Henriques, Administrador da CPC HS,
Fernando Braz, Director Comercial da Oracle, e Roser Vicente, Directora-Geral da Gesaworld.
José Paulo
de Saúde do Alandroal e do Hospital de Santa Maria, o Rastreio do Cancro da Mama da Administração Regional de Saúde do Algarve, o Estudo e Implementação de Cargas Virais (PCR Em Tempo Real) por Tecnologia “In House” do IPO de Lisboa, o Centro de Genética Clínica, as Unidades Móveis de Saúde da Administração Regional de Saúde do Alentejo e o projecto de Acolhimento e Integração de Emigrantes do Hospital de Santo André completam a lista.
Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, Adriano Pimpão, Vogal da Direcção da Ordem dos Economistas, Ana Jorge, Ministra da Saúde, e Maria do Céu Machado, Alta Comissária da Saúde (da esquerda para a direita)
José Paulo
A nova categoria em 2007/2008 foi o Prémio Temático Anual, com destaque para a Prevenção da Obesidade, numa tentativa de alertar a comunidade para a importância de actuar nesta área, em colaboração com a Plataforma Contra a Obesidade, da Direcção-Geral da Saúde. O projecto vencedor foi “5 ao Dia, Faz crescer com Energia”, da Administração Regional de Saúde do Alentejo, que procura promover hábitos de alimentação saudáveis entre as crianças.
Fernando Braz, Director Comercial da Oracle, Rui Henriques,Administrador da CPC HS, Roser Vicente, DirectoraGeral da Gesaworld, e João Breda, Coordenador da Plataforma contra a Obesidade da Direcção-Geral da Saúde
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PRÉMIOS HdF 2007/2008 VENCEDORES DA 4ª EDIÇÃO DOS PRÉMIOS HOSPITAL DO FUTURO Autarquias A Autarquia do Porto enquanto Entidade Promotora de Saúde Câmara Municipal do Porto/Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto Tânia Raquel da Torre Franco
A Câmara Municipal do Porto, em colaboração com a Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, tem desde 2003 um conjunto de medidas que visam melhorar as ementas das cantinas e refeitórios do 1º Ciclo do Ensino Básico e Jardins-de-Infância públicos do Porto. Após uma avaliação das ementas escolares, foram introduzidas algumas medidas como a substituição do pão branco por pão de mistura, a eliminação das canjas da lista de sopas autorizadas, substituídas por uma sopa de hortaliças e vegetais diversificados, a inclusão obrigatória de saladas e legumes a acompanhar todas as refeições diariamente servidas e o fornecimento diário de fruta como sobremesa. Os doces só fazem parte da ementa em dias festivos. Houve também uma redução dos alimentos fritos, um melhor equilíbrio entre carne e peixe e a água é a única bebida autorizada.
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José Paulo
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Na foto: Gonçalves Pereira, Director da SINASE, entrega o Prémio a Vladimiro Feliz, Vereador da Educação da Câmara Municipal do Porto. Paulo Nunes de Abreu, Director do Fórum Hospital do Futuro, à direita.
Educação Hospital da Bonecada Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Nova de Lisboa Rita Rodrigues
e-Saúde Reservas de Sangue e Informação de Actividades em Tempo Real: o caso do “website” do IPS, IP Instituto Português do Sangue, IP Gabriel Olim
Na foto: Fernando Braz, Director Comercial da Oracle, entrega o Prémio a Gabriel Olim, Presidente do Instituto Português do Sangue. O site do Instituto Português do Sangue (www.ipsangue.org) permite obter informação sobre as reservas de componentes sanguíneos no instituto e sobre a calendarização das colheitas em unidades móveis (brigadas). A aplicação informática contabiliza de um modo automático, em cada três horas, as existências, por grupo sanguíneo, em cada Centro Regional de Sangue, para além de dar a possibilidade ao dador de conhecer o local e a hora da próxima brigada. Deste modo, qualquer dador consegue saber, facilmente, onde se encontra uma brigada para poder dar sangue, assim como aceder a informações sobre as suas doações, imprimir o comprovativo de presença e marcar a próxima doação. O sistema tem vantagens para o dador, mas também para o Instituto Português do Sangue, que monitoriza mais facilmente as doações.
Na foto: Rita Rodrigues, Presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas, recebe o Prémio de José Mário Miranda, Director da Secção Regional de Lisboa da Ordem dos Farmacêuticos. O objectivo do projecto é dar a conhecer à criança a realidade hospitalar para que possa ultrapassar os medos que costuma ter quando vai a um hospital. Através do “jogo de faz de conta”, as crianças tornam-se os pais que vão levar o filho (o seu boneco) ao hospital. As crianças “pais” têm, em média, entre três e sete anos e participam neste projecto acompanhadas pelos pais, educadores de infância ou professores. No Hospital da Bonecada, as crianças entram em contacto com os vários locais e terapêuticas por que passariam se estivessem doentes. O projecto existe desde 2001 e conta com a associação entre a European Medical Student’s Association e a Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. A promoção da Saúde dos mais pequenos também faz parte do Hospital da Bonecada. O projecto tem ainda uma vertente de educação em Saúde Oral, hábitos alimentares saudáveis, protecção solar e importância da vacinação.
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Gestão & Economia da Saúde Criação de uma Rede Digital de Arquivo, Gestão e Distribuição de Imagens Unidade Local de Saúde de Matosinhos, EPE João Pires
são menos amigas do ambiente. O PACS, ao permitir a gestão e a distribuição das imagens de diagnóstico vai ao encontro das preocupações do eEurope Action Plan, plano europeu que alerta para a necessidade de se recorrer às novas tecnologias da informação e da comunicação para se facilitar a mobilidade dos cidadãos europeus no sector da Saúde.
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Integração Síndroma de X Frágil no Alandroal/Alentejo – Articulação entre os Cuidados de Saúde no Apoio à Deficiência Centro de Saúde do Alandroal e Serviço de Genética do Hospital de Santa Maria Fátima Ferreira e Isabel Cordeiro
A Unidade Local de Saúde de Matosinhos criou uma Rede de Arquivo, Gestão e Distribuição de Imagens (PACS) que melhorou o diagnóstico, gestão e distribuição dos métodos de diagnóstico. Com o sistema conseguiram diminuir o tempo de espera para um exame, assim como a qualidade e a rapidez do diagnóstico. Os custos também reduziram, já que com o novo sistema evita-se a duplicação de exames e o uso de películas de raios- X que, além de serem mais caras,
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
José Paulo
Na foto: Nuno Morujão, Presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Matosinhos, com o Prémio; atrás: Paulo Nunes de Abreu, Director do Fórum Hospital do Futuro.
Na foto: Rui Henriques, Administrador da CPC HS, entrega o Prémio a Fátima Ferreira, Directora do Centro de Saúde do Alandroal, e a Isabel Cordeiro, Directora do Serviço de Genética do Hospital de Santa Maria
Em Maio de 2007 iniciou-se um estudo de investigação sobre o Síndroma de X Frágil que contou com o apoio da Administração Regional de Saúde do Alentejo, Direcção Regional de Educação do Alentejo, Serviço de Genética do Hospital de Santa Maria e Serviço de Pediatria do Hospital do Espírito Santo de Évora. O objectivo era conhecer melhor esta patologia, melhorando o acompanhamento multidisciplinar destes doentes e dos seus familiares. No decorrer da investigação foram efectuados estudos genealógicos a 23 famílias do Conselho do Alandroal, embora três fossem de concelhos limítrofes. Estes são os principais resultados: – Em 15 crianças, quatro são portadoras do Sindroma de X Frágil, cinco têm a prémutação, quatro aguardam resultado da análise molecular e as restantes não têm o síndroma; – Foi dado aconselhamento genético a três mulheres portadoras da pré-mutação - uma delas tem um filho com mutação completa e as outras duas são recém-casadas; – Até Fevereiro de 2008 realizaram-se acções para técnicos de Saúde e Educação em quatro concelhos limítrofes e algumas palestras para famílias; – A Associação Nacional das Famílias com
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Síndroma de X Frágil foi constituída em Dezembro de 2007. O Síndrome do X Frágil caracteriza-se por um défice cognitivo moderado a grave, alterações de comportamento (hiperactividade, défice de atenção, autismo, alterações da linguagem), face longa, orelhas grandes e descoladas, entre outras.
Qualidade em Saúde – Acreditação Estudo e Implementação de Cargas Virais (PCR em tempo real) por Tecnologia “In House” Laboratório de Virologia – Serviço de Patologia Clínica do Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, EPE Mário Cunha
Em 2007, o CGC Centro de Genética Clínica viu renovada a certificação que engloba as consultas de genética médica, exames de biologia molecular, exames de citogenética e exames de rastreio pré-natal. Actualmente, o CGC participa em múltiplas AEQ (Avaliação Externa de Qualidade), promovidas por sete organismos independentes, o que o torna num dos laboratórios europeus com um maior número de AEQ. O centro foi, inclusive, o primeiro laboratório português a obter o Clinical Laboratory Improvement Amendments (CLIA) do Department of Health and Human Services e obrigatório para todos os laboratórios de análises clínicas a trabalhar para os EUA.
Na foto: Ana Jorge, Ministra da Saúde, entrega o Prémio a Mário Cunha, Responsável da Qualidade do Laboratório de Virologia do IPO Lisboa
Serviço Público A Saúde mais perto de si – Unidades Móveis de Saúde do Alentejo Administração Regional de Saúde do Alentejo Rosa Matos
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O Instituto Português de Oncologia é acreditado desde 24/05/2005, segundo o referencial NP EN ISSO/IEC 17025, pelo Instituto Português de Acreditação. A acreditação permitiu que a estrutura documental ficasse organizada de uma forma mais clara. Outras vantagens são a descrição das funções e a validação das técnicas com recurso a ensaios de intercomparação laboratorial, comparação com kits comerciais, estudo de performance e determinação de incerteza em ensaios quantificados. A acreditação melhorou, assim, a resposta em termos de procedimentos escritos, descrição de funções e métodos de ensaio. A monitorização regular permite ainda melhorar a vigilância na área clínica.
Na foto: Maria do Céu Machado, Alta Comissária da Saúde, entrega Prémio a Mariano Ayala, Coordenador do Rastreio do Cancro da Mama da ARS Algarve
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Qualidade em Saúde – Certificação & Serviço Privado CGC Centro de Genética Clínica Purificação Tavares
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O Rastreio do Cancro da Mama do Algarve teve início em Setembro de 2005 e tem como público-alvo mulheres residentes na região e com idades entre os 50 e os 65 anos. As mulheres são convocadas por carta personalizada para fazerem uma mamografia (digital) e recebem depois, também por carta, os resultados da prova. O programa é organizado em conjunto com a Administração Regional de Saúde do Algarve, a Associação Oncológica do Algarve, o Hospital Central de Faro e o Centro Hospitalar do Barlavento Algarvio e inclui o processo completo desde a detecção precoce até à conclusão do tratamento. A parceria entre as instituições conta com o apoio de especialistas em cirurgia, anatomia patológica, radiologia, assim como técnica de diagnóstico e enfermagem. A taxa de adesão ronda os 45%, o que é semelhante a outras iniciativas do género a nível internacional, e a taxa de detecção (quatro cancros diagnosticados por cada 1000 mamografias) está dentro dos valores esperados.
Na foto: Purificação Tavares, Presidente do Conselho de Administração do CGC, recebe o Prémio de Ana Jorge, Ministra da Saúde
José Paulo
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Parcerias em Saúde Rastreio do Cancro da Mama do Algarve Administração Regional de Saúde do Algarve – Coordenação do Rastreio do Cancro da Mama Mariano Ayala
Na foto: Rosa Matos, Presidente do Conselho Directivo da ARS Alentejo. A Unidade Móvel de Saúde é constituída por uma viatura que dispõe de um gabinete de consulta e uma sala de exames e tratamentos. Com tecnologia avançada, tem condições para prestar Cuidados de Saúde Primários, nomeadamente na área clínica e de enfermagem, apoio domiciliário, saúde escolar, vigilância do estado de saúde dos idosos que vivem isolados, rastreios, campanhas de vacinação, entre outros. O programa teve início em 2006 e, actualmente, conta com quatro viaturas, colocadas nos Centros de Saúde de Évora/Montemor-
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-o-Novo, Ourique, Nisa e Borba. A principal vantagem é a proximidade das pessoas que vivem longe de um centro de saúde ou que, por problemas de mobilidade, não se podem deslocar ao centro de saúde. A Unidade Móvel permite ainda reduzir a despesa dos utentes, que já não precisam de perder horas de trabalho para irem a uma consulta.
logo intercultural, combate à discriminação, estimular a participação social e cívica dos imigrantes, diminuir as barreiras no acesso e a continuidade dos cuidados. Um dos serviços é a Bolsa de Tradutores Voluntários, que ajuda todos aqueles que não conhecem bem a Língua Portuguesa. A unidade tem também divulgado, entre os profissionais de saúde, o Serviço de Tradução Telefónica, disponibilizado pelo Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas. No hospital são ainda distribuídos vários impressos em vários idiomas.
Serviço Social Acolhimento e Integração de Imigrantes Hospital Santo André, EPE Alexandra Borges
Na foto: Maria do Céu Machado, Alta Comissária da Saúde, entrega o Prémio a Alexandra Borges, Administradora Hospitalar, Responsável do Serviço de Gestão de Doença do Hospital de Santo André O Hospital de Santo André disponibiliza vários serviços para os utentes imigrantes, com o objectivo de promover a igualdade de oportunidades, a coesão social e o diá-
José Paulo
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Prémio Temático Anual – Prevenção da Obesidade 5 ao Dia, Faz Crescer com Energia Administração Regional de Saúde do Alentejo Rosa Matos
Na foto: João Breda, Coordenador da Plataforma contra a Obesidade, da Direcção Geral da Saúde, entrega o Prémio a Rosa Matos, Presidente do Conselho Directivo da ARS Alentejo
A Administração Regional de Saúde do Alentejo assinou, no passado mês de Outubro de 2007, um protocolo de colaboração com o Mercado Abastecedor da Região de Évora e com a Direcção Regional de Educação do Alentejo para implementarem o “5 ao Dia, Faz Crescer com Energia”. O projecto inserese no Programa de Combate à Obesidade no Alentejo. O objectivo é a promoção da saúde e do consumo diário de, pelo menos, cinco frutas e hortícolas, a fim de prevenir doenças crónicas associadas a maus hábitos de alimentação. Além dos bons hábitos de alimentação, promove-se também conceitos de higiene e segurança alimentar. O público-alvo é a faixa etária entre os 7 e os 12 anos, os pais, os professores e a sociedade em geral. Desde o início do projecto, já integraram o programa 330 crianças.
Prémio Centro de Genética Clínica
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Patrícia Machado, Purificação Tavares, Letícia Ribeiro, Celeste Bento e Susana Maia-Lopes (da esquerda para a direita).
A segunda edição do Prémio CGC Prof. Doutor Amândio Tavares contou com a presença de Ana Jorge, Ministra da Saúde, para entregar os galardões aos representantes dos projectos vencedores de um concurso que tem como objectivo destacar trabalhos individuais ou institucionais que tenham contribuído para a implementação de novos testes de Genética Médica na prática clínica.
Prémio CGC
Prof. Doutor Amândio Tavares O primeiro prémio foi para o projecto do Laboratório de Anemias Congénitas e Hematologia Molecular, Departamento de Hematologia do Centro
Hospitalar de Coimbra, que colocaram em prática o primeiro rastreio de alterações na hemoglobina que podem afectar a saúde dos seus filhos
– o portador desta alteração genética fica mais resistente perante doenças como a malária (esta alteração incide principalmente em regiões africanas),
1.º PRÉMIO
2.º PRÉMIO
3.º PRÉMIO
Metodologia Inovadora para Pesquisa de - Talassemia e Variantes de Hemoglobina em Amostras de Sangue Capilar – Um Factor de Sucesso no Rastreio de Hemoglobinopatias na Região Centro de Portugal Departamento de Hematologia do Centro Hospitalar de Coimbra
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Investigação em Genética Aplicada a Doenças Hereditárias Degenerativas da Retina Centro de Doenças Hereditárias do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário de Coimbra e Centro de Oftalmologia do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem (IBILI), Coimbra
Desenvolvimento e Implementação de Um Método Simples e Eficaz de Rastreio da Primeira Mutação Fundadora Portuguesa no Gene BRCA 2 em Famílias Portuguesas com Síndrome Hereditário do Cancro da Mama Grupo de Cancro da Mama Hereditário do Centro de Investigação em Patobiologia Molecular (CIPM), Instituto Português de Oncologia de Francisco Gentil (IPOFG), Lisboa
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Prémio Centro de Genética Clínica
O segundo prémio foi atribuído ao Centro de Doenças Hereditárias do Serviço de Oftalmologia do Hospital Universitário de Coimbra e o Centro de Oftalmologia do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem (IBILI), que em parceria com o Departamento de Genética da Fundación Jiménez Díaz, em Madrid, utilizaram testes de genética médica em famílias portuguesas afectadas por doenças degenerativas da retina.
O terceiro galardão premiou uma pesquisa de alterações a nível do DNA em dois genes específicos: BRCA1 e BRCA2, no âmbito do diagnóstico molecular de cancro da mama hereditário (famílias que apresentam vários casos de cancro ou indivíduos com desenvolvimento de cancro em idades muito precoces). No trabalho desenvolvido nos últimos anos pelo grupo de Cancro da Mama Hereditário, do Centro de Investigação em Patobiologia Molecular do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, foi observada uma alteração genética muito frequente em famílias de alto risco (mutação fundadora portuguesa). Dada a elevada incidência desta mutação, os investigadores desenvolveram uma metodologia (a Patente Nacional está pendente) que permite rastrear de uma forma rápida e eficaz a mutação fundadora.
Em estudo estiveram a Doença Stargardt e a Doença de Best (doenças degenerativas da mácula, a zona que fica junto ao centro da retina do olho e que sofre complicações na acuidade visual, como na percepção das cores e dos detalhes) que têm um início muito precoce – geralmente nos primeiros 10 anos de vida – e que causam
Todas as famílias aconselhadas na Consulta de Risco do Instituto são inicialmente rastreadas para esta mutação, o que permite o esclarecimento rápido do seu risco. Além disso, já se conseguiram identificar com este método várias famílias com a mutação fundadora que, submetidas anteriormente a outros testes habitualmente
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
José Paulo
Estas três entidades desenvolveram um estudo de investigação de mutações genéticas em 21 famílias com Doença de Stargardt e em 11 famílias com Doença de Best. Com este estudo foi possível fazer o acompanhamento de famílias com estes dois tipos de doença degenerativa da retina ou que já tinham a mutação genética, promovendo o aconselhamento genético e melhorando a detecção precoce da doença.
José Paulo
O rastreio incidiu sobre a população jovem, em idade reprodutiva, e mulheres grávidas até à 18ª semana. Num total de 20650 amostras estudadas, foram identificados 444 portadores (2,15%) destas alterações genéticas e 11 casais em risco de terem filhos com a alteração genética, estando 5 deles à espera de um filho. A metodologia utilizada baseia-se numa picada no dedo, feita no centro de saúde, que pode ser estudada pelas equipas em 4 a 6 dias, facilitando assim o trabalho de rastreio, ao evitar análises mais demoradas.
utilizados, não tinham sido detectados. Nas famílias positivas, o método permite obter diagnósticos rápidos e menos dispendiosos, sem a necessidade de esperar o rastreio complexo dos genes BRCA1 e BRCA2 na sua totalidade.
uma diminuição drástica da visão central. Na maioria das vezes, os doentes ficam cegos, o que traz graves consequências em termos de saúde e na sua vida pessoal e profissional.
José Paulo
mas os seus filhos têm 25% de hipóteses de nascer com uma anemia grave, que exige, até ao fim da vida, receber transfusões sanguíneas. Outra das doenças que se podem manifestar na criança é a drepanocitose, também provocada por uma alteração genética na hemoglobina, e que, em determinadas condições, leva ao desenvolvimento de pequenas obstruções nos vasos sanguíneos, provocando má circulação, dores violentas e a lesão de órgãos.
Ana Jorge, Ministra da Saúde, e Purificação Tavares, Presidente do Conselho de Administração do CGC, entregaram os Prémios CGC a Celeste Bento, do Centro Hospitalar de Coimbra (1º Prémio), a Susana Maia-Lopes, do Instituto Biomédico de Investigação da Luz e da Imagem de Coimbra (2º Prémio), e a Patrícia Machado, do Instituto Português de Oncologia de Lisboa (3º Prémio) – de cima para baixo.
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Hospital do Futuro Os sistemas de informação não trouxeram apenas Inovação tecnológica ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Num hospital central, que tem inclusive valências únicas a nível nacional, a modernização dos sistemas permitiu organizar melhor todas as informações, controlar os processos e diminuir os custos.
José Paulo
Mais Inovação, mais organização
O PDT regista todos os pedidos que são feitos ao armazém.
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José Paulo
mesmo ao pormenor, sabendo-se qual foi o doente que recebeu determinado material. Por exemplo, se sai um pacemaker, fica registado o número do paciente que o recebeu. Com estes métodos automatizados, os resultados não se fizeram esperar. Os desperdícios foram eliminados com a simplificação de tarefas, reduziram-se as existências, diminuindo os níveis de stocks nos armazéns, baixaram-se os consumos, diminuíram-se os erros, reduziram-se os custos com o pessoal e aumentou a satisfação dos utentes, disse à revista HdF Pedro Lima. A nível da distribuição há ainda a salientar a gestão consignada, ou seja, os materiais são posse do fornecedor e o hospital só paga o que gasta, não sendo inclusive responsável pelo material que sobra. Pedro Lima afirma que este tipo de gestão tem diminuído os custos.
Os consumíveis estão todos registados e organizados
do Serviço de Logística, fala-nos com orgulho do novo sistema, que tem permitido uma melhoria significativa na distribuição, mais qualidade no serviço e uma diminuição nos custos. O seu serviço ganhou, recentemente, o Prémio Boas Práticas no Sector Público. Quando se entra no armazém, principalmente na hora em que se está a receber a maioria dos materiais, a agitação é enorme. Contudo, com o novo armazém num único sítio e com um sistema automatizado, o trabalho fazse de forma ágil e sem grandes problemas. O material entra, é registado e o processo continua de forma automatizada. Os PDT (ver imagem) registam todos os consumos. Foram adquiridos 145 PDT, sendo dez do armazém central e 135 dos armazéns periféricos. Antes de faltar material, o armazém já está a enviar o que falta para estes armazéns periféricos. Quem retira o material faz um registo no PDT. Desta forma, todo o material que entra e sai fica registado. O sistema vai
José Paulo
José Paulo
Ser um Hospital do Futuro. Este é o objectivo do Hospital de Santa Maria. Várias mudanças têm ocorrido no hospital central da capital. As áreas-chave são a logística, recursos humanos, sistemas de informação, gestão dos utentes e farmácia hospitalar. O objectivo é tornar mais eficaz e eficiente o trabalho dos profissionais das várias áreas e melhorar o atendimento e a relação com os utentes. O Hospital de Santa Maria tem uma grande dimensão: são 12 pisos, corredores sem fim, vários serviços. Antes da remodelação, o serviço de logística situava-se em oito locais e não havia um sistema de distribuição bem definido. Era preciso tomar medidas. Nesse sentido, em Dezembro do ano passado foi inaugurado um único armazém onde é feita a distribuição de forma automatizada do material que é necessário ao hospital, exceptuando os medicamentos. Pedro Lima, Director
A Kardex é a máquina que revolucionou a distribuição dos medicamentos no hospital.
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
A Farmácia Hospitalar Esta é outra das áreas que tem sofrido várias alterações. Se antes os seus serviços estavam dispersos por quatro pisos, neste momento há dois pisos, estando um ligado à farmacotecnia, isto é, ao fabrico de medicamentos, e outro à distribuição dos medicamentos. No primeiro caso, o serviço estará operacional até ao final do ano, como explicou a directora do serviço, Piedade Ferreira. No piso da distribuição de medicamentos encontram-se duas máquinas, as Kardex, e toda uma equipa responsável pela distribuição dos medicamentos. Por um lado, temos um sistema de PYXIS, que permite ter stocks nivelados, isto é, só se pode pedir o número máximo estipulado de determinado medicamento e este é reposto quando chega ao nível mínimo, para que não haja falhas na distribuição. Com este método, também se consegue controlar melhor o desperdício, o que traz grandes vantagens do ponto vista económico-financeiro. Enquanto o sistema PYXIS se encarrega das grandes quantidades, a outra máquina encarrega-se das unidoses, ou seja, das doses mais pequenas. Estas máquinas são únicas no país, melhorando o trabalho dos profissionais e permitindo grandes poupanças na área que implica sempre grandes gastos e que é sempre alvo de críticas por causa do desperdício. Para melhorar o serviço houve inclusive mudanças no horário de trabalho. Neste momento, o serviço funciona 24 horas por dia. Anteriormente, ao sábado à tarde, ao domingo e aos feriados, enviava-se determinado plafond para os serviços, que ultrapassava, em regra, o que era necessário, por receio de faltar medicamentos enquanto o serviço estava fechado. Deste modo, era mais difícil controlar os desperdícios.
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Com o sistema Alert, todo o processo das urgências está informatizado. Desde que o doente entra até que sai, é tudo registado no computador. Os próprios exames são pedidos via computador. Todos os médicos passaram a ter um computador no consultório, onde registam tudo o que esteja relacionado com o doente, seja nas urgências ou no ambulatório. Caso o doente tenha de se deslocar várias vezes ao hospital, o médico acede electronicamente à sua informação clínica. Para além do bem-estar dos pacientes, as novas tecnologias também têm ajudado os profissionais. No caso dos Recursos Humanos, já não é preciso gastar muito tempo e andar por longos corredores para se marcar as férias. Numa plataforma de Intranet, todos os profissionais podem marcar férias, justificar faltas, entre outras acções, através do computador. A pontualidade e a assiduidade também são monitorizadas através desta plataforma. Para isso, há dispositivos biométricos em vários locais do hospital. Tudo em nome da Inovação e de um Hospital do Futuro. MJG
José Paulo
Apesar de exigir muita concentração, o tratamento dos medicamentos por unidose é mais fácil com a nova máquina
A gestão dos utentes Susana Pombo, responsável pelo ambulatório, recepção central, contact center e pela unidade de transportes, falou-nos das mudanças que têm ocorrido na gestão dos utentes. Tudo começou em Outubro de 2006 no serviço de Ambulatório. Em vez de se esperar horas a fio na fila, os utentes podem confirmar a sua consulta numa máquina. O próprio médico tem um sistema que permite, no seu computador, marcar a próxima consulta e saber quais são os doentes que estão na sala de espera. Os formulários também já são electrónicos nalgumas especialidades, como reumatologia, endocrinologia, oftalmologia, otorrinolaringologia, urologia e consulta do viajante. As consultas só precisam de ser confirmadas pelo doente no próprio dia, através das máquinas. Nesta área das consultas, o hospital foi também o primeiro do país a introduzir o sistema de marcação de consultas via SMS ou por Internet. O sistema tem permitido também a ligação entre o hospital e alguns centros de saúde. Os profissionais do hospital deslocamse aos centros de saúde onde dão as suas consultas e no desktop do seu computador podem marcar automaticamente uma consulta no hospital, caso seja necessário. Até ao momento, os centros de saúde abrangidos são os de Alvalade, Loures, Odivelas, Lumiar e Pontinha e, até ao final do ano, Benfica também fará parte desta rede, de acordo com Susana Pombo. Os sistemas de informação alteraram ainda o dia-a-dia da Urgência Central.
Já não é preciso esperar muito tempo na fila de espera para confirmar a consulta. Basta deslocar-se a esta máquina.
Novo Sistema e Circuito de Distribuição Custos Directos
Número de Efectivos 120
9 Milhões de Euros
José Paulo
Hospital do Futuro
-32%
8 100 7 -70%
6
80
5 60 4 40
3 2
20 1 0
0 2004
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A evolução dos custos directos e do número de efectivos (pessoal) desde a implementação do novo sistema de logística do Hospital de Santa Maria. Fonte: Hospital de Santa Maria
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Gestão Privada
Fonte: Grupo Quirón
Espanha
Vasco Luís de Mello é o Administrador Executivo do Grupo Hospitalar Quirón, que tem uma parceria com a José de Mello Saúde. O responsável, em entrevista à HdF, fala-nos do serviço que prestam em Espanha, da parceria com o grupo português e de como ambos os países podem aprender um com o outro no sector da Saúde.
como “catalizador de eficiência” guro de saúde. O GHQ destaca-se ainda por estar presente nas principais cidades de Espanha (com excepção de Sevilha), o que não é o caso dos principais grupos hospitalares de Espanha.
O que diferencia as unidades do Grupo Quirón (GHQ) das restantes unidades de saúde de Espanha? Em primeiro lugar, o GHQ dispõe em Espanha de um quadro médico com reconhecimento tanto a nível nacional como internacional, através de inúmeros prémios. Apostamos em conjunto com os nossos profissionais na aquisição das melhores tecnologias de diagnóstico e de tratamento, assim como no desenvolvimento das melhores e mais modernas infra-estruturas hospitalares. Abrimos duas novas unidades em 2007 e vamos abrir mais duas em 2009. Por último, temos 30% de clientes sem se-
Quais são as especialidades do grupo em Espanha? Cobrimos a quase totalidade das especialidades médicas e cirúrgicas, sendo que algumas áreas não cobrimos porque não existe cobertura pelas companhias de seguros, ou porque não existe casuística suficiente para o seu desenvolvimento em ambiente privado, como alguns tipos de transplantes, queimados
ou tratamento do HIV em geral. Que projectos estão a desenvolver na área da I&D (Inovação e Desenvolvimento)? Grande parte dos projectos de I&D que são desenvolvidos nos hospitais são-no em colaboração com outros hospitais públicos e com faculdades de medicina. Nesse sentido, tanto em Madrid como em Barcelona, concretizámos acordos com faculdades de medicina, de forma a poder transformar estes Hospitais Quirón em pólos universitários. Em Valência temos um acordo com a Universidade Politécnica de Valência para a investiga-
Vasco Luís de Mello Licenciou-se em Engenharia Mecânica pela Universidade Católica de Louvaina, na Bélgica, e tem um MBA. Está no Grupo Mello desde 1994, quando entrou para a área da Engenharia Financeira no Banco Mello. Em 2002 assumiu o cargo de Director de Planeamento e Controlo da José de Mello, SGPS, SA e tornou-se Membro do Conselho Executivo da José de Mello Saúde. Actualmente, é Administrador da José de Mello Saúde, SGPS, da José de Mello Saúde España e Administrador Executivo do Grupo Hospitalario Quirón.
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Fonte: Grupo Quirón
Hospital Quirón, em Madrid
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Espanha
Fonte: Grupo Quirón
No seu entender, qual é o papel da Medicina privada em países com um Sistema Nacional de Saúde (SNS)? A “gestão privada” na prestação de cuidados de saúde tem sido um catalizador importante para introduzir maior rigor e eficiência nos diferentes SNS europeus. Na Alemanha, a gestão dos hospitais públicos é contratualizada a troco de uma garantia de aumento dos níveis de serviço e de um compromisso na renovação da tecnologia e da infraestrutura. O mesmo se passa em França, onde existe livre escolha por parte dos utentes e concorrência aberta a nível dos prestadores privados e públicos. Penso que é saudável distinguir os diferentes papéis que o Estado desempenha, nomeadamente o de financiador do sistema e o de prestador de cuidados de saúde. O maior “consumismo” por parte da população, a maior abrangência por parte da medicina e o crescimento das necessidades obrigam a uma gestão do sistema mais ágil, eficiente e inovadora, que combata o crescimento elevado dos custos, garantindo a prestação de cuidados de saúde. Acredito que a gestão privada está mais habituada a desenvolver-se com este tipo de constrangimentos e desafios.
Futuro Centro Hospitalar Quirón de Málaga (imagem virtual)
ção na área do diagnóstico por Ressonância Magnética, com a utilização de técnicas de espectroscopia que permitem estudar o funcionamento do cérebro. Quais são os principais projectos da Fundação Quirón? A Fundação Quirón é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, com o intuito de apoiar iniciativas e projectos humanitários na saúde. As principais iniciativas visam a entrega de material e medicamentos em projectos humanitários desenvolvidos em diversos países, sendo os mais recentes a Bolívia, Guatemala, Camboja e o Congo. Também em alguns casos disponibilizamos intervenções de elevada complexidade nos nossos hospitais a pessoas que não têm possibilidades económicas ou onde não existe uma tecnologia adequada para esses tratamentos. Neste momento estamos envolvidos numa campanha médica num hospital da Bolívia que envolve mais de 3.000 crianças e estamos a preparar a entrega de material médico e medicamentos na Guatemala.
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Fonte: Grupo Quirón
Iniciaram em 2006 uma colaboração com o grupo privado português José de Mello Saúde. Como vê esta colaboração? São duas organizações que têm uma visão de médio-longo prazo, que apostam na qualidade como elemento diferenciador e que dispõem de uma história de mais de 60 anos e uma marca muito forte nos seus respectivos países. A nível mais operacional, identificámos que em bastantes ocasiões partilhamos os mesmos fornecedores, assim como os mesmos interlocutores, e lançámos por isso alguns concursos ibéricos para compra de material e medicamentos. Mais recentemente lançámos uma iniciativa conjunta de contratação de enfermagem portuguesa para as unidades do GHQ em Espanha. A nível médico, realizaram-se no ano passado as primeiras jornadas ibéricas.
O que é que Portugal pode aprender com Espanha, e vice-versa, a nível da medicina privada? Não verifico que existam grandes diferenças entre os dois países no que respeita a medicina privada. As diferenças mais importantes em Espanha prendem-se com uma maior concorrência, mas também com um mercado maior, com uma cadeia de valor bastante mais esmagada pelas companhias de seguros e, em geral, com os mais baixos salários dos profissionais. Acredito que a prazo irá existir uma maior convergência entre estes dois mercados vizinhos. Assistiremos também a uma maior consolidação em Espanha das companhias de seguro e grupos hospitalares. A tendência natural será para uma diminuição
Hospital Quirón, em Barcelona
do número de companhias, sobretudo as médias com presença mais dispersa. Por outro lado, penso que em Portugal temos hoje muito claro que o melhor modelo de gestão hospitalar passa pela constituição de serviços próprios, equipas médicas dedicadas e uma abordagem ao mercado integral e comum. Em Espanha - e varia com as cidades - ainda se assiste a bastantes casos de modelos de gestão com aluguer de espaço, ou equipas médicas pouco integradas e com uma gestão própria da sua área, mas pouco alinhadas com o hospital onde desenvolvem a sua actividade. Quais são os próximos projectos do Grupo Quirón? O Grupo Hospitalario Quirón continua com um plano de expansão importante onde destacaria desde logo a abertura de duas novas unidades actualmente em construção. A primeira a abrir será a de Málaga, aproximadamente daqui a um ano, e vai contar com cerca de 110 quartos. A segunda será em Bilbao, com uma dimensão semelhante, e tem abertura prevista para o final de 2009. Em projecto estamos a finalizar o novo hospital de Valência, que pensamos poder abrir em 2010. Neste caso trata-se de um hospital de maior dimensão com cerca de 170 quartos e que se aproxima das unidades de Madrid e Barcelona.
O Grupo Quirón Data de Fundação: 1950 Presidente do Grupo: Pilar Muro Navarro Número de unidades em Espanha: 5 hospitais gerais (Barcelona, Madrid, São Sebastião, Valência, Saragoça); 1 Hospital de Dia (Saragoça); 1 Centro de Reprodução Assistida (Bilbao) Número de camas: 760 Primeira unidade: Hospital de Saragoça Unidade mais recente: Centro de Reprodução Assistida (Saragoça) Número de Funcionários: Mais de 1200 Especialidades que abrange: Mais de 50 (entre elas: Anatomia Patológica; Banco de Sangue, Cardiologia; Cirurgia Plástica, Estética e Reparadora; Cirurgia Cardíaca, Geral Digestiva, Oral e Maxilofacial, Pediátrica, Torácica; Angiologia e Cirurgia Vascular; Diagnóstico de Imagem; Medicina Aeronáutica; Medicina Intensiva; Neurologia, Oncologia Médica e Pediátrica; Radioterapia; Reprodução Assistida; Centro da Dor)
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Em Destaque
A palavra cancro ainda assusta, apesar dos avanços da Medicina e de haver mais pessoas que vencem a doença. Mas a investigação continua a ser necessária e os bancos de tumores poderão fazer grandes diferenças.
Colaboradora do Hospital de São João observa peça cirúrgica.
Bancos de Tumores
na investigação do Cancro O cancro continua a ser um dos principais flagelos da Saúde Global, apesar de a Medicina ter avançado e de, em determinados tipos da doença, a taxa de mortalidade ter diminuído. Para que haja cada vez mais casos de sucesso, os biobancos surgem como um meio considerado essencial para a investigação do cancro. Nesse sentido, tanto em Portugal como noutros países já existem bancos de tumores, embora no nosso país ainda estejam numa fase muito inicial. Mas o que é um banco de tumores? Trata-se de um tipo de biobanco que serve de repositório organizado de amostras de tumores (as neoplasias), embora também possa criopreservar tecidos saudáveis (não-neoplásicos). O objectivo principal é arquivar material em condições ideais para investi-
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gação biomédica, nomeadamente na área do diagnóstico, avaliação de factores de prognóstico ou identificação de alvos terapêuticos. Estas unidades podem ser independentes, mas será sempre mais vantajoso se pertencerem a uma rede nacional ou internacional. Afinal, a partilha de experiências em Ciência é fundamental. Aliás, um dos objectivos dos biobancos é facilitar a proximidade entre investigadores e clínicos. Na prática, quando o investigador descobre o marcador biológico na superfície de determinada célula tumoral, o clínico pode usar esta descoberta para realizar rastreios, ter diagnósticos mais precoces, utilizar terapêuticas mais adequadas, monitorizar a terapêutica e definir prognósticos. Outros países também têm bancos
Colaboradora do Hospital de São João faz colheita de fragmentos para banco de tumores.
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Em Destaque
Fragmento de um tumor no estômago em imagem de um banco de tumores virtual para visualização online.
de tumores, como Espanha, Croácia, Reino Unido, Holanda, Alemanha e EUA. A situação portuguesa Actualmente, o nosso país tem dez iniciativas de bancos de tumores, embora só quatro estejam legalizados. É o caso do Hospital de São João (tumores mais frequentes), do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (banco temático), dos Hospitais da Universidade de Coimbra (patologia mamária e ginecológica) e do Hospital Garcia d’Orta, que obteve recentemente a autorização da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD). Face às vantagens que os bancos trazem na investigação, a Comissão Nacional de Doenças Oncológicas (CNDO) pretende criar uma rede nacional que ligue todas as instituições portuguesas que têm ou pretendem criar um banco de tumores. O objectivo é estandardizar as condições de colheita, catalogação e arquivo de material biológico e obter colecções de amostras que podem ser utilizadas em estudos. Esta rede contaria ainda com a criação de uma base de dados, acessível a todas as instituições e com um banco virtual com imagens de colheitas. Futuramente, o projecto poderia expandir-se a nível ibérico, estabelecendo ligação com a actual Rede Nacional de Bancos de Tumores Espanhola. O primeiro passo para a criação desta rede nacional já foi dado. Foi criado um documento que inclui os requisi-
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tos mínimos a serem preenchidos pelos hospitais nacionais para poderem ter um banco de tumores. O documento foi elaborado por um grupo de trabalho coordenado por Fátima Carneiro, Directora do Banco de Tumores do Hospital de São João, e constituído por Carlos Oliveira (Hospitais da Universidade de Coimbra), Glória Isidro (Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge), José Cabeçadas (Instituto Português de Oncologia-Lisboa), José Manuel Lopes (Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto), Luís Costa (Hospital de Santa Maria), Maria José Brito (Hospital Garcia d’Orta), Maria José Proença (Instituto de Medicina Molecular), Rui Henrique (Instituto Português de Oncologia-Porto) e Teresa Martins (Instituto Português de OncologiaCoimbra). Deste grupo fazem parte as instituições que, de entre as 84 inquiridas pela CNDO em Janeiro de 2007 (hospitais, institutos e laboratórios de investigação), afirmaram já ter ou estarem a criar um Banco de Tumores. Requisitos necessários para a criação do banco Os requisitos mínimos dizem respeito a infra-estruturas, equipamento, pessoal, aspectos ético-legais e controlo de qualidade. As infra-estruturas dependem do volume de amostras e do equipamento e pessoal. A nível de recursos humanos tem de se criar uma equipa em que haja um responsável geral, patologistas, técnicos de laboratório, técnicos superiores responsáveis pela qualidade e gestão do banco e suporte administrativo, como se pode ler no documento divulgado pelo Alto Comissariado da Saúde. Para além de outras questões mais técnicas, os aspectos ético-legais são os que levantam mais questões. As amostras devem proceder de biopsias, peças cirúrgicas, produtos de biopsias aspirativas, sangue periférico e amostra de autópsias. Contudo, a recolha deste material biológico jamais deve pôr em causa o diagnóstico da pessoa que está doente e tem de se manter
a confidencialidade e a segurança dos dados, principalmente quando se está a falar de uma rede partilhada de dados. As pessoas terão também de dar consentimento, após lhes ser explicado para que servem as amostras biológicas. A nível supranacional temos a European Organization for Research and Treatment of Cancer, que supervisiona as questões mais éticas e legais, e a nível nacional a Comissão Nacional de Protecção de Dados. De acordo com um relatório dos Hospitais da Universidade de Coimbra de 2006, um banco de tumores “não é um empreendimento difícil nem oneroso”, “é um instrumento indispensável na prática da Medicina Moderna, virada para a investigação científica e interinstitucional” e “está ao serviço dos doentes como complemento de diagnóstico, profilaxia e tratamento”. Com a criação desta rede, Portugal passará a fazer parte da Investigação Transnacional Europeia em Medicina. Os investigadores acreditam que com estes biobancos se contribui para a descoberta de novos medicamentos e até cura dos vários tipos de cancro. MJG
Imagens cedidas por Fátima Carneiro, Coordenadora do Projecto da rede Nacional de Bancos de Tumores
Arquivador de blocos de parafina, onde se conservam os frgamentos de tumor que não são congelados e que são utilizados para diagnóstico e investigação.
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Notícia
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa está a apostar na prevenção em saúde. Para isso tem uma unidade móvel que, este ano, andou pelas praias de Cascais e Oeiras.
Fonte: SCML
Saúde na Praia Prevenir em vez de remediar. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa tem duas unidades móveis onde a prevenção é a palavra de ordem. O objectivo é levar as pessoas voluntariamente às unidades para fazerem rastreios e aprenderem os cuidados que devem ter com a sua saúde. Em época de calor, nada melhor do que ir ter com as pessoas à praia. As unidades são compostas por dois gabinetes, uma sala de espera, uma casa-de-banho e uma arrecadação e funcionam desde Outubro do ano passado. No Verão, a Santa Casa resolveu ir também até às praias. A iniciativa “Saúde na Praia” é da responsabilidade da Saúde Proximidade da Santa Casa em conjunto com o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão e o Hospital de Sant’Ana e decorre entre Julho e Setembro. A organização conta ainda com a colaboração da Câmara Municipal de Cascais e com o Projecto “Os marésinhas”, da Polícia Municipal de Cascais. Neste primeiro ano começou-se pelas praias de Cascais e Oeiras. A adesão tem sido muito positiva, como disse à HdF a enfermeira-coordenadora do projecto, Guida Amorim. De manhã dão mais atenção às
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crianças e à tarde aos adultos. As colónias de férias têm aderido bastante bem à iniciativa, que conta com vários jogos, para que as crianças possam aprender brincando. Os mais pequenos têm, assim, à sua disposição várias actividades lúdico-pedagógicas, nomeadamente jogos de alimentação e confecção de refeições, cuidados a ter com o sol, jogos do livro da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo “Zé Pintas”, contos, actividades sobre segurança balnear, prevenção de acidentes de mergulho e informações sobre a postura corporal. Na unidade não se realizam apenas sessões de esclarecimento. Também se realizam rastreios cardiovasculares e de obesidade. Os mais velhos também costumam estar presentes. “Em alguns dias, mal chegamos à praia, já temos entre 20 a 30 adultos à nossa espera”, afirma Guida Amorim. A iniciativa na praia acaba com a chegada do Outono, mas continua noutras paragens. As campanhas de promoção em saúde vão continuar nas escolas, assim como à porta dos bares e discotecas, onde até se tem a possibilidade de fazer o teste de alcoolemia. O trabalho destes profissionais não fica por aqui. Os imigrantes e as
DADOS do mês de julho “Saúde na praia” Utentes que passaram pelas Unidades Móveis: 1604 Utentes rastreados: 1042 (420 homens e 622 mulheres) Encaminhamentos realizados: 45 Sessões de educação para a saúde em grupo: 54 Participantes nas sessões de educação para a saúde: 562 Fonte: Projecto Saúde de Proximidade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
prostitutas também podem fazer rastreios e conhecer melhor o que devem fazer para uma melhor saúde e se, inicialmente, reagiam com desconfiança, neste momento já se aproximam da unidade. Sempre que é necessário resolver algum problema social mais complicado, são accionados os meios necessários para ajudar a pessoa. Com a saúde não se brinca e a prevenção é essencial. Afinal, vale mais prevenir do que remediar. MJG
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Há cerca de um ano que todos os medicamentos inovadores têm de ser aceites, em primeira mão, pelo Infarmed. Uma medida que foi tomada para se evitar, segundo os seus responsáveis, a entrada de medicamentos nos hospitais que não trazem mais-valias económicas e de saúde.
José Paulo
Lunch&Learn
Isaura Vieira, Luz Rodrigues e Manuel Delgado (esquerda para direita)
Acesso à Inovação Terapêutica O acesso à Inovação Terapêutica é um tema polémico, que dificilmente gera consensos, e foi tema de debate no Lunch&Learn de 30 de Junho, com a Directora da Direcção Económica e de Produtos de Saúde do Infarmed, Isaura Vieira, e o Presidente do Conselho de Administração do Hospital Curry Cabral, Manuel Delgado, como oradores da sessão. O Infarmed faz desde 1998 a avaliação da comparticipação em ambulatório: os medicamentos são avaliados para se saber se preenchem uma lacuna terapêutica e se demonstram Valor Terapêutico Acrescentado (VTA). Neste
FICHA TÉCNICA Data: 30 de Junho de 2008 Local: Hotel Villa Rica, Lisboa Oradores: Isaura Vieira, Directora da Direcção de Economia do Medicamento e Produtos de Saúde, Infarmed Manuel Delgado, Presidente do Conselho de Administração, Hospital Curry Cabral Moderador: Luz Rodrigues, Professor, Instituto de Farmacologia e Neurociências da Faculdade de Medicina de Lisboa e Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa
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último caso, têm de demonstrar que da acção do medicamento decorrem resultados favoráveis na modificação da morbilidade, mortalidade ou qualidade de vida do doente, face às alternativas existentes. Em termos de avaliação hospitalar, Isaura Vieira referiu que os dados de 2007 mostram uma crescente complexidade e especificidade dos novos medicamentos, uma harmonização nas decisões a nível nacional, racionalização na utilização dos medicamentos e eficiência na gestão dos recursos públicos. Todos os medicamentos avaliados foram sujeitos a comparações com todas as alternativas terapêuticas disponíveis, foi avaliado se tinham uma maior eficácia e/ou segurança comparada, face às alternativas terapêuticas disponíveis (VTA), uma maior conveniência posológica e uma melhor relação entre custo, efectividade e utilidade face às alternativas terapêuticas disponíveis. A avaliação que é exigida tem alguns constrangimentos, segundo a responsável. Há dificuldades na obtenção de evidência que comprove a VTA, há dificuldades na avaliação de medicamentos destinados a doenças raras, na incorporação da informação disponível para estimar o custo-efectividade dos medicamentos, na evidência
2007 Pedidos submetidos 23 Avaliação concluída 4 Não aplicável 2 Proposta de indeferimento 0 Deferimento 2 Negociação/ Contratualização concluída 2 Em negociação/ Contratualização – Em avaliação –
2008 Total 14 37 14 18 5 7 2 2 7 9 2
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5 19
5 19
Pedidos submetidos para avaliação do Infarmed desde 2007 (Fonte: Infarmed)
de custo-efectividade em subgrupos populacionais, para além de haver dificuldades na obtenção de dados nacionais e o posicionamento do medicamento face às alternativas. O Presidente do Conselho de Administração do Hospital Curry Cabral também considera que há constrangimentos, mas que estes não são insuperáveis. Manuel Delgado considera que os seguintes elementos poderão facilitar a avaliação: contratualização interna, descentralização orçamental, criação e desenvolvimento de gabinetes de avaliação/de estudos nos hospitais, com o apoio à decisão, formação em Economia da Saúde e Gestão de Organizações de Saúde, cultura de resultados e incentivos ao desempenho. Tudo em nome do acesso à inovação terapêutica. MJG
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Lunch&Learn
A Diabetes em Portugal e no Mundo:
repercussões humanas, sociais e económicas A Diabetes é um flagelo cada vez maior na sociedade actual, principalmente nos países mais desenvolvidos. Já estão a ser tomadas várias medidas, mas ainda é necessário limar muitas arestas. A melhor “arma” é a prevenção. A Diabetes Mellitus está a aumentar em Portugal e no mundo e as repercussões humanas, sociais e económicas já se fazem sentir. No Lunch&Learn sobre esta temática, no passado dia 9 de Julho, no Porto, o Presidente da Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP), Luís Gardete, começou a sua intervenção com alguns dados da IDF Diabetes Atlas (3ª Edição de 2006) que revelam bem este aumento: em 2025 deverá haver 380 milhões de diabéticos, mais 55% de pessoas relativamente às previsões para 2007. Em termos de prevalência na União Europeia, na faixa etária dos 20 aos 79 anos, estima-se que haja um aumento superior a 19% de diabéticos em 2025. Esta realidade acaba por ser também um reflexo das mudanças dos hábitos alimentares que têm ocorrido nos últimos anos, segundo Luís Gardete. Exemplo disso é o consumo, em excesso, de comida fast-food e a diminuição do consumo de produtos vegetais e hortícolas. As consequências na saúde são inevitáveis, salientou o responsável. Neste momento, a diabetes é a primeira causa de insuficiência renal, a primeira causa de cegueira, a primeira causa de amputações não traumáticas, para além de aumentar
nologia, José Luís Medina, moderador da sessão. Apesar de já haver algumas medidas tomadas, a sociedade precisa de continuar a envolver o meio familiar, as escolas e os profissionais de saúde para que se previna o flagelo da diabetes. No entender de Helena Cardoso, é essencial apostar-se no empoderamento das pessoas, para que tenham hábitos alimentares e estilos de vida mais saudáveis: ter uma alimentação à base de fibras, legumes, frutas e leguminosas, e não tanto de fastfood, e praticar mais exercício físico. Helena Cardoso chamou a atenção para o facto de que a actividade física não implica necessariamente a ida para um ginásio, bastando a actividade física diária, nomeadamente andar e descer e subir escadas. Em termos de política de saúde, a médica aconselhou a aposta em medidas que permitam a qualquer pessoa ter uma alimentação e um estilo de vida saudáveis. Exemplo disso é a criação de caminhos pedestres, o incentivo ao uso de transportes públicos, a criação de áreas de lazer e de desporto, a melhoria das ementas nas cantinas escolares e a criação de medidas fiscais que incentivem à compra de alimentos mais saudáveis. MJG
as doenças cardiovasculares e os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), as lesões neurológicas e os custos do sistema de Saúde. A União Europeia também já definiu algumas medidas prioritárias para se definir estratégias de prevenção na população e nos grupos de alto risco, planos nacionais de saúde, aumento de verbas para investigação, entre outras medidas. Luís Gardete referiu ainda a importância do modelo de prevenção da ONU que abrange vários sectores da sociedade, como as escolas, o Governo, as equipas de saúde e a sociedade civil, para se informar e prevenir a doença que já se tornou numa “pandemia silenciosa”, no seu entender. A Directora do Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do Hospital Geral de Santo António, Helena Cardoso, chamou também a atenção para o peso dos mais novos. O excesso de peso e a obesidade são dos principais factores que levam ao aparecimento da doença, principalmente da diabetes tipo 2, que se deve, em grande parte, a maus hábitos alimentares, ao contrário da diabetes tipo 1, que tem causas mais genéticas. A endocrinologista defendeu uma aposta cada vez maior na prevenção da doença, nomeadamente junto das camadas mais jovens, que acabam, de alguma forma, por sensibilizar os mais velhos. Opinião corroborada pelo Director do Serviço de Endocrinologia do Hospital de São João e Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocri-
Ano 1995 2007 2025
Nº de pessoas com Diabetes 513.000 648.000 808.000
Evolução da Diabetes em Portugal (Fonte: IDF Diabetes Atlas, Brussels, 2006)
FICHA TÉCNICA Data: 5 de Julho de 2008 Local: Hotel Vila Galé, Porto Oradores: Helena Cardoso, Serviço de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo, Hospital Geral de Santo António Luís Gardete, Presidente da Associação Protectora de Diabéticos de Portugal (APDP) Bruno Barbosa
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Moderador: José Luís Medina, Director do Serviço de Endocrinologia do Hospital São João, Presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Cirurgia Inovadora
Maria Begoña Cattoni Neurocirurgiã do Hospital de Santa Maria
Cirurgia da
Doença de Parkinson Avançada A doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa, lenta e progressiva, caracterizada pela perda de neurónios dopaminérgicos da substância nigra. A clínica clássica é o tremor, a bradicinésia ou extrema lentidão dos movimentos e a rigidez dos membros e/ou do corpo. Também podem existir alterações dos reflexos posturais com desequilíbrios e quedas, alterações cognitivas e demência. A DP inclui-se no grupo de doenças associadas à idade, aumentando a incidência nos grupos etários mais idosos. Aproximadamente 1% da população mundial com mais de 65 anos terá DP e prevê-se que a frequência aumente com o envelhecimento geral da população. Actualmente, não existe qualquer medicamento que diminua ou trave a progressão da doença (fármacos neuroprotectores). Os medicamentos comercializados, levodopa e agonistas dopaminérgicos, têm como acção o tratamento dos sinais e sintomas da doença (fármacos sintomáticos). A levodopa é o mais eficaz no controlo dos sintomas, melhorando significativamente a gravidade das manifestações clínicas, controlando o grau de incapacidade e aumentando a qualidade de vida. Mas a sua utili-
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zação durante 5 a 10 anos desenvolve novos sintomas: graves complicações motoras; alterações do humor, cognitivas, da função autonómica e sensitivas. Estes sintomas não se verificam em doentes não medicados. Nos primeiros anos da DP, existem sintomas ligeiros que interferem moderadamente nas tarefas da vida diária (tremor de algum membro, alterações da escrita,…) que a medicação consegue controlar. No entanto, passado este período, observa-se uma perda da sua eficácia, com pior controlo do parkinsonismo, surgindo flutuações motoras e discinésias (movimentos involuntários) e dificuldade em engolir ou falar. Mais tarde, surgirá a demência e a psicose, tornando os doentes muito dependentes e incapacitados. A esperança de vida, após o início dos sintomas, é em média, de 15 anos. Na fase avançada da doença, surge como alternativa terapêutica a cirurgia. Esta pode ser efectuada pela lesão de um núcleo cerebral ou por estimulação profunda desta estrutura. É preciso esclarecer que a cirurgia da DP é, igualmente, um tratamento sintomático, não curativo, mas extremamente eficaz no desaparecimento da rigidez, na abolição do tremor de repouso e de acção, na redução mar-
cada das discinésias invalidantes e na diminuição drástica da necessidade de medicação antiparkinsónica. O tratamento cirúrgico ablativo da DP foi bastante utilizado nas décadas de 50 e 60, sendo depois praticamente abandonado devido ao aparecimento da levodopa, que teve uma enorme expansão e repercussão no tratamento dos doentes parkinsónicos. Então, porquê este renovado interesse pela cirurgia? Vários factores estão implicados: – Nos estádios avançados da doença, utilizando todas as alternativas terapêuticas existentes, muitos doentes continuam incapacitados; – Actualmente, existe um melhor conhecimento da organização funcional das estruturas - gânglios basais - responsáveis pelo desenvolvimento da DP. Existem vários núcleos envolvidos, situados na base do cérebro, sendo consensual a existência de hiperactividade dos núcleos subtalâmicos (STN’s), visando a cirurgia anular esta alteração; – O procedimento cirúrgico com estimulação cerebral bilateral revelou-se eficaz, seguro e reversível, ao contrário das antigas técnicas cirúrgicas que provocavam uma lesão irreversível do núcleo.
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Cirurgia Inovadora com o registo da sua actividade eléctrica e pelo posterior estudo dos efeitos clínicos benéficos e adversos da estimulação. Nesta fase, a colaboração do doente é crucial, realizando as manobras que o neurologista pede, com o intuito de orientar a localização definitiva do eléctrodo de estimulação crónica, para atingir o melhor controlo sintomático, minimizando os efeitos secundários. Os resultados da intervenção estão dependentes da precisão do acto cirúrgico, com a implantação milimétrica dos eléctrodos na posição escolhida. Depois, já sob anestesia geral, seguese a implantação na região subclavicular esquerda do neuroestimulador (bateria) que há-de proporcionar um estímulo eléctrico constante aos eléctrodos colocados na profundidade do cérebro. Todo o processo descrito demora, em média 10-12 horas. Num futuro muito próximo, o grupo de neurocirurgia funcional das doenças do movimento do HSM tenciona aumentar o ritmo de intervenções com DBS nos doentes parkinsónicos. Simultaneamente, irá ser iniciado um novo projecto para abranger o tratamento cirúrgico de outras patologias incapacitantes, como as distonias ou o tremor essencial.
Fonte: Elekta Instruments
neurologistas do movimento, tendo como principais critérios: idade inferior a 70 anos; alto grau de incapacidade apesar de esgotadas todas as estratégias terapêuticas; boa resposta à levodopa e inexistência de demência, depressão severa ou alterações do comportamento. A cirurgia é um processo complexo e dispendioso, com um risco não negligenciável, que exige um grande empenho do doente, dos familiares e da equipa médica.
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Planificação feita em computador
Descrição do procedimento cirúrgico A estimulação cerebral profunda requer uma correcta identificação imagiológica dos STN’s. Assim, o doente, que parou a sua medicação antiparkinsónica 12 horas antes, realizará no próprio dia da cirurgia uma TAC em condições estereotáxicas. O neurocirurgião fixa um quadro referenciador rígido na cabeça do doente acordado, com a ajuda de anestesia local. Depois, com a ajuda de um sofisticado programa informático, fará a fusão da TAC estereotáxica com a ressonância magnética (RM), realizada dias antes da intervenção. Após a localização dos STNs, é feita a definição do ponto de entrada craniano e a determinação do trajecto cirúrgico, evitando danificar certas estruturas encefálicas durante a passagem dos eléctrodos de registo e estimulação (orientação estereotáxica guiada por RM ou neuronavegação). Já no bloco operatório, o doente permanece consciente e monitorizado pelo anestesista. Inicia-se a fase propriamente cirúrgica, durante a qual uma equipa de dois neurocirurgiões insere os microelectrodos, segundo a trajectória previamente estudada. A posição dos STN´s tem de ser agora confirmada intra-operatoriamente
Fonte: Medtronic
Nos anos 90, no Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Santa Maria (HSM) surgiu a iniciativa de desenvolver um programa de tratamento cirúrgico da DP avançada. Isto só foi possível anos depois, após a criação do Departamento de Neurociências e Saúde Mental, que actualmente engloba os Serviços de Neurologia, Neurocirurgia e Psiquiatria. Em Janeiro de 2006, foi intervencionado o primeiro doente, com o procedimento denominado DBS (Deep Brain Stimulation) ou Estimulação Cerebral Profunda dos núcleos subtalâmicos. Até hoje, foram operados 30 doentes, com resultados excelentes, similares aos dos centros cirúrgicos de referência a nível internacional. Este projecto implica o funcionamento duma equipa médica multidisciplinar, altamente qualificada e experiente. O Serviço de Neurologia do HSM, através da Consulta de Doenças do Movimento, é ponto de referência no país, no acompanhamento especializado destes doentes, pois dispõe de vários especialistas que proporcionam um apoio permanente, antes, durante e depois da intervenção cirúrgica. O Serviço de Neurocirurgia, com vasta experiência e tradição na cirurgia estereotáxica e funcional, disponibiliza vários neurocirurgiões, para a realização desta técnica. Paralelamente, desenvolve-se o trabalho de diferentes especialistas: neurorradiologistas, neurofisiologistas, neuropsicólogos e psiquiatras, para uma completa avaliação neuropsicológica e imagiológica do candidato à DBS. A selecção dos candidatos à cirurgia é muito rigorosa, feita pela equipa de
Fonte: Hospital de Santa Maria
Quadro estereotáxico LEKSELL, fixado na cabeça do doente acordado, durante a cirurgia.
Esquema da implantação na região subclavicular do neuroestimulador (bateria) que proporciona um estímulo eléctrico constante aos eléctrodos colocados no cérebro.
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Gestão & Economia da Saúde
António Sousa Uva, Médico do trabalho e professor catedrático de Saúde Ocupacional (Escola Nacional de Saúde Pública - Universidade Nova de Lisboa ENSP/UNL)
Florentino Serranheira, Ergonomista e professor auxiliar de Saúde Ocupacional (ENSP/UNL)
A segurança do doente também depende da saúde e segurança de quem presta cuidados Na actualidade colocam-se importantes desafios no contexto da segurança do doente (“patient safety”). Esses desafios têm sido essencialmente abordados numa perspectiva global da qualidade em saúde, ainda que inicialmente tenham sido os aspectos relacionados com o “erro médico” (ou, se se preferir, o “erro clínico”) a concentrar as atenções. Claro que se encontram implicados outros aspectos para além do erro clínico, destacandose o erro medicamentoso e a infecção relacionada com a prestação de cuidados clínicos. A ocorrência de efeitos indesejados em doentes submetidos a prestação de cuidados, principalmente em hospitais, atinge valores da ordem dos 10 a 15%, sendo cerca de 5 a 7% graves, de que podem resultar óbitos. A abordagem habitual dos aspectos relacionados com a segurança do doente tem-se centrado essencialmente numa perspectiva de acontecimento acidental em que as variáveis individuais são decisivas para a sua ocorrência. De facto, tem sido muito descurada a abordagem sistémica do problema,
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centrada essencialmente na perspectiva da prevenção dessas ocorrências. Apesar disso as unidades de saúde, aparentemente, não conseguem criar sistemas “perenes” de aprendizagem com os erros. Esses ficam muitas vezes por identificar, devido à insuficiência de mecanismos de referenciação desses acontecimentos (ou quase acontecimentos) ou por incapacidade de investigação das relações “causaefeito”. A perspectiva mais dominante na saúde assenta no modelo da “perfeição”, em que o erro não é admissível e que, quando existente, implica a consequente “culpa”. Trata-se de um modelo essencialmente explicativo dos incidentes (e mesmo assim “míope”) e pouco eficaz para a sua prevenção. A redução da probabilidade do erro deve iniciar-se com a concepção de todos os elementos do sistema de prestação, desde a “arquitectura hospitalar” aos “suportes à prestação de cuidados”. Desde logo a “arquitectura hospitalar” deveria ter objectivos de segurança e funcionalidade não só em função da prestação de cuida-
dos mas também tendo em atenção os aspectos ergonómicos (sistémicos), também dos prestadores. Os ambientes hospitalares, nas suas componentes espaciais, funcionais e relacionais, são frequentemente subvalorizados. Constata-se que alguns elementos, designadamente a implantação, a volumetria e a estética exterior dos edifícios, influenciam negativamente as componentes da funcionalidade e por consequência aspectos decisivos da segurança, do bem-estar e do conforto do doente e dos prestadores de cuidados. Assim, na (re)concepção de postos de trabalho seguros e saudáveis, para trabalhadores igualmente seguros e saudáveis, é fundamental a integração de informação como por exemplo (1) a relação antropométrica com as dimensões dos equipamentos mais frequentemente utilizados - as camas, os catres, as cadeiras de rodas ou as superfícies de trabalho, (2) a carga de trabalho “aceitável” face às características, capacidades “reais” dos nossos profissionais de saúde e (3) a análise (ergonómica) das situa-
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Gestão & Economia da Saúde ções reais de trabalho (nos seus três níveis: condicionantes do trabalho, actividade de trabalho e efeitos para a saúde). É pois indispensável que a concepção dos serviços de saúde (clínicas, centros de saúde ou hospitais) integre informação sobre as características humanas e sobre o trabalho real dos diversos profissionais de saúde em meio hospitalar, considerando efectivamente o que é efectuado e como é efectuado. Só dessa forma se poderão compreender as situações de trabalho e fornecer informação para a concepção de sistemas seguros em função de quem os usa e adequados aos utilizadores. Por exemplo, uma tarefa de administração de um injectável intramuscular é habitualmente “tipificada”, ou seja, é por hábito considerada como um procedimento idêntico independentemente de cada contexto e de quem executa essa actividade. Tal tarefa não pode ser considerada como “determinista” e a diminuição da probabilidade de acontecimento indesejado passa por considerar, entre outros: (1) a morfologia da mão/dedos de modo a facilitar a “pega” da ampola/frasco; (2) o reconhecimento inequívoco, quer pela forma, quer pelos rótulos e cores; (3) o processo de abertura fácil para a maioria dos profissionais de saúde sem esforço acrescido; (4) as posturas assumidas face aos equipamentos e sua disposição e (5) o procedimento de transvaze previsto em local adequado no sentido de minorar eventuais más práticas; (6) a proximidade de contentor para a colocação em segurança das agulhas após utilização e (7) a antecipação de todas as situações de carga mental e de stresse de modo a permitir que os mecanismos de regulação do profissional, em função das exigências reais, possam gerir essas solicitações e obter níveis de segurança elevados na prática clínica. Só partindo dessa informação e integrando, entre outros: (8) a divisão organizacional e funcional até à escala dos postos de trabalho nos diversos contextos; (9) as relações (e sua sucessão), a montante e jusante, entre os postos de trabalho; (10) as comunicações necessárias; (11) os equipamentos adequados e os meios mais frequentemente utilizados; (12) as exigências técnicas particulares, quer clínicas, quer de contextos de aprendizagem clínica e (13) as condições de trabalho em que toda actividade se
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desenvolve, será possível que o “espaço” seja o adequado às necessidades e ao número de utilizadores previsto, assim como aos profissionais de saúde. Devem ainda ser considerados importantes (14) a correcta definição dos espaços de trabalho e das áreas de utentes, (15) a identificação das características dos equipamentos a utilizar e (16) a flexibilidade e a adaptação dos espaços e da sua organização. Também os aspectos relativos às condições de trabalho dos prestadores de cuidados em matéria de saúde e segurança do trabalho nem sempre são valorizados e bastaria a esse propósito referir as necessidades de adequação da temperatura, dos níveis de ruído, da humidade relativa, da iluminação ou ainda dos aspectos da ventilação nos espaços hospitalares. Assim, se os recursos humanos são decisivos para tratar os doentes, os aspectos da sua interacção com o ambiente físico e organizacional são igualmente decisivos. Desde logo, aspectos como a dimensão das equipas ou da sua relação com os doentes tratados poderão ter consequências directas em aspectos como a administração de fármacos, registo documental de procedimentos ou qualidade das práticas. O trabalho por turnos e o trabalho nocturno, as amplas jornadas de trabalho de muitos profissionais ou a tensão relacionada com a emergência de acção em inúmeras situações são igualmente situações que devem ser objecto de atenção
por parte de quem concebe novos (ou futuros) hospitais. A melhoria da segurança dos doentes está portanto intimamente ligada à melhoria da saúde e segurança dos prestadores e à concepção de sistemas em função de quem os utiliza. Exige-se por isso o desenvolvimento de uma cultura de qualidade que deve fazer parte da cultura da organização e em que a concepção dos sistemas de trabalho deve ter presente que os clínicos são sua parte integrante. A promoção da saúde e do bem-estar dos profissionais de saúde e a ergonomia são por isso elementos determinantes na segurança dos doentes. De facto a segurança do doente não está só dependente de eventuais características individuais, por exemplo relacionadas com a experiência (ou a personalidade) dos prestadores, mas também de aspectos organizacionais e técnicos, como os respectivos climas organizacionais e ambientais de trabalho. O hospital do futuro deve portanto integrar na sua concepção uma componente indutiva de utilização da informação sobre a actividade de trabalho e os postos de trabalho onde se cuida de doentes, que permita estabelecer relações funcionais entre esses, com os espaços, os circuitos e as componentes edificáveis. Só desse modo se valorizarão os aspectos de estrutura e de processo para a obtenção dos melhores resultados em ganhos de saúde.
Fonte: Stockxpert
Se os recursos humanos são decisivos para tratar os doentes, os aspectos da sua interacção com o ambiente físico e organizacional são igualmente decisivos
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Opinião
António Martins Baptista Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
A Medicina Interna e o futuro dos Hospitais A Medicina Interna A Medicina Interna (MI) nasceu em 1882 (Wiesbaden), numa altura em que os avanços científicos modificaram de forma sensível a forma de actuar dos médicos. Após séculos de Medicina praticada pelos “físicos”, baseada no legado de Hipócrates, Galeno e Avicena, uma séria evolução nos conhecimentos de anatomo-patologia e bacteriologia fez com que os próprios médicos sentissem necessidade de se reinventar. Os princípios estruturais e éticos mantiveram-se, mas o modo de abordagem do diagnóstico, e a consequente evolução terapêutica, motivaram o nascimento da MI. A MI viu-se, pouco depois do seu nascimento, confrontada com a incapacidade de dominar todas as técnicas de diagnóstico e terapêutica emergentes e que estiveram na origem das várias sub-especialidades (SE) médicas como a Cardiologia, a Nefrologia, a Pneumologia, etc. Os Hospitais foram-se modificando, traduzindo internamente o aparecimento das SE, tendo surgido os Serviços de Cardiologia, Gastrenterologia, etc. Este modelo manteve alguma funcionalidade, porque os internistas foram as-
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segurando uma série de funções, que supriam os hiatos em que nenhuma das SE se revia. Foram sendo assim o cimento que reunia todos os tijolos e garantia alguma solidez ao edifício hospitalar. As Urgências externas e internas, as Consultas externas e internas foram colmatando as falhas que iam surgindo. Quando o doente não é de ninguém, então é da MI. Quando os órgãos afectados são “demais” e os médicos “de um só órgão” não se sentem à vontade com a situação, então os internistas são chamados a entrar em acção. Quando o doente está, há tempo de mais, a passar de especialidade para especialidade, sem diagnóstico, porque as suas manifestações são variadas e difíceis de enquadrar, lá está o internista para desembaraçar o novelo. Entretanto, a hipervalorização, também retributiva, dos actos técnicos (ecocardiograma e endoscopia, por exemplo), implicou a desvalorização do raciocínio clínico e do tempo passado à cabeceira do doente, tendo contribuído para afastar os jovens médicos da MI. E por todo o Mundo começaram a faltar internistas. E os tais doentes que não pertencem a ninguém ficaram mesmo sem médico para lhes acudir.
É muito interessante constatar que os países onde os sistemas de saúde têm uma forte componente de MI, como França, Itália, Espanha e Portugal, estejam entre os melhores na famosa classificação da OMS de 2000 (ver tabela). Nos últimos anos, para garantir a continuidade assistencial, alguns países modificaram a organização dos seus hospitais, “reinventando” os internistas
Classificação dos Sistemas de Saúde no Relatório da OMS de 2000 1º França
10º Japão
2º Itália
11º Noruega
3º São Marino
12º Portugal
4º Andorra
18º Reino Unido
5º Malta
23º Suécia
6º Singapura
31º Finlândia
7º Espanha
34º Dinamarca
8º Oman
37º EUA
9º Áustria
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Opinião entretanto perdidos, nomeadamente nos EUA com o aparecimento dos hospitalistas e no Reino Unido com o aparecimento dos médicos dos Cuidados Intermédios. No primeiro caso, tomaram consciência de que os doentes estavam demasiado tempo internados, “abandonados” à espera do seu médico (com prática predominantemente de ambulatório). Começaram então a contratar médicos de MI para assegurar a continuidade assistencial. Estes médicos, chamados hospitalistas, têm vindo a ganhar prestígio e têm já por sua conta um terço do Congresso Anual do American College of Physicians. No segundo caso, no Reino Unido, os doentes, por disposição regulamentar, não podem ficar mais de seis horas no Serviço de Urgência. Como às seis horas alguns doentes ainda estão instáveis e os médicos dos Serviços das SE não dominam a patologia de urgência fora do âmbito da sua SE, recusam-se (depois de algumas fatalidades) a receber estes doentes. Apareceram assim os “especialistas em Cuidados Intermédios”, generalistas, que vêem os doentes entre as seis e as 48 horas e que acabam por dar apoio a todo o Hospital. São estes médicos que têm vindo a pedir aproximação às organizações de MI europeias. Mas não se pense que o assunto está resolvido. Por todo o lado a fúria subespecializadora ainda grassa, com pedidos múltiplos de criação de Urgentologia, Geriatria, etc., e com algumas especialidades, sem campo nítido de acção nem razão de existir, a quererem exclusividade na observação dos “seus” doentes. Este é um movimento que tem de ser travado, sob pena de perdermos a enorme vantagem de ainda termos uma MI universal, activa, prestigiada e dedicada ao Hospital. Os custos económicos desta via são, como muitos países estão agora a perceber, altíssimos. A realidade hospitalar actual Actualmente a maioria dos Hospitais estão ainda organizados em Serviços por especialidades. Os doentes internados nesses serviços são observados pelos médicos dessas especialidades. São conhecidas as dificuldades que as várias SE cirúrgicas têm na abordagem de problemas médicos tão banais como a hipertensão ou a diabetes. Não estão treinados para isso. A Urgência Interna de MI é frequentemente chamada, quase sempre tarde,
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ser recebido à entrada por um internista, que se aconselhe e peça os exames de diagnóstico e terapêutica ao cardiologista, mas que entretanto vá controlando a Diabetes Mellitus e a doença pulmonar que o doente também apresenta, se necessário com o apoio do pneumologista e do endocrinologista, todos a trabalhar no mesmo espaço. Este modelo permite uma enorme eficiência na gestão dos recursos materiais por um lado e dos recursos humanos por outro, com cada profissional a fazer aquilo em que é mais proficiente. Os SE a executarem exames, a darem consultas, a operar, enquanto os profissionais da clínica (os internistas) fazem o seguimento rigoroso da evolução clínica, aconselhando-se quando necessário com os sub-especialistas. Algumas experiências, como a do Hospital Pedro Hispano ou do Hospital do SAMS, embora parcelares e incompletas, demonstram que este modelo é viável, economicamente rentável, presta cuidados de qualidade e dá enorme gratificação aos profissionais que nele trabalham. Numa altura em que a população é cada vez mais idosa, e portanto cada vez mais multidisciplinar, e os recursos materiais e humanos cada vez mais limitados, esta é a única fórmula que permitirá ao nosso Sistema de Saúde continuar a prestar cuidados universais de qualidade aos nossos doentes.
quando o doente se encontra muito mal e sem informação no seu processo clínico, o que condiciona uma actuação menos orientada do que seria exigível em boa prática assistencial. Os internistas, que deveriam intervir preventivamente, continuam a ser muitas vezes considerados os bombeiros de serviço do hospital. Contudo, as modificações a este estado de coisas têm esbarrado com a intransigência que qualquer mudança sempre encontra e com a sensação de perda de poder que os dirigentes dos vários Serviços sentem, sempre que se fala em alterações da orgânica da organização. O Hospital do futuro visto pelos internistas O Hospital do futuro (de que já há modelos a funcionar) responde a novos desafios. O Hospital deixa de ser um lugar para os doentes estarem, mas antes um Hospital de agudos, com muita tecnologia incorporada, mas onde os doentes permanecem pouco tempo – internamentos curtos e com grandes áreas de ambulatório – hospital de dia e cirurgia de ambulatório. O internamento deixa de ser a base da organização e os serviços de internamentos tendem a ser gerais, geridos para uma adequada utilização deste recurso, com harmonização da ocupação. A gestão clínica é departamentada, com Chefes de Serviço a gerir áreas diversas, com apoio das SE respectivas. E em todas estas áreas o trabalho clínico de base é efectuado pelos internistas. O responsável pelo internamento congrega regularmente (três vezes por semana) os vários especialistas (MI e SE) para resolverem em conjunto as situações complexas e que carecem de apoio das diferentes especialidades, sendo que todos os doentes têm o seu internista de referência. Os doentes cirúrgicos têm também o seu internista de referência a partir de determinada idade, ou sempre que há patologia médica conhecida. Não custa imaginar que um doente ortopédico é muito melhor seguido se à sua entrada tiver um internista que o observe e medique as doenças médicas, um ortopedista que observe as doenças ortopédicas, eventualmente o opere e o pós-operatório for seguido pelos dois, com o internista a ter a palavra final sobre a medicação que o doente leva para ambulatório. Também um doente cardiológico pode
Fonte: Stockxpert
Nos últimos anos, para garantir a continuidade assistencial, alguns países modificaram a organização dos seus hospitais, “reinventando” os internistas entretanto perdidos, nomeadamente nos EUA e no Reino Unido.
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
As Novas Tecnologias da Saúde
O Instituto Politécnico da Guarda (IPG) vai promover, no dia 30 de Abril de 2009, as II Jornadas sobre Tecnologia e Saúde.
Hélder Sequeira Fonte: IPG
Acessor Principal, Instituto Politécnico da Guarda
II Jornadas sobre
Tecnologia e Saúde Estas Jornadas, organizadas com a colaboração da Escola Superior de Tecnologia e Gestão e da Escola Superior de Saúde daquele Instituto, vão integrar temas como soluções informáticas para serviços de saúde, novas tecnologias e deontologia médica, telemedicina, dispositivos médicos e medicina do futuro, entre outros. Divulgar o que existe de mais expressivo ao nível das tecnologias aplicadas à saúde; estabelecer o diálogo entre investigadores e profissionais/estruturas de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos, estudantes de Medicina); dar a conhecer novos projectos, permitir uma maior interacção entre ensino superior e as empresas vocacionadas para as áreas referenciadas constituem os principais objectivos destas Jornadas, à semelhança do que aconteceu no primeiro evento realizado em 30 de Abril do corrente ano. Incrementar o diálogo Através dessa realização, o Instituto
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Politécnico da Guarda deu sequência ao ciclo iniciado em 2007 com a realização das I Jornadas Interdisciplinares sobre Tuberculose. “O êxito dessa iniciativa, que foi sublinhado pelos mais insuspeitos testemunhos, reforçou a nossa convicção no interesse e oportunidade deste tipo de acções informativas e formativas”, tal como afirmou o Presidente do IPG, Prof. Jorge Manuel Mendes, na sessão de abertura das I Jornadas sobre Tecnologia e Saúde. “Se em 2007 a temática escolhida foi associada a uma efeméride particularmente grata para a Guarda – a passagem do centésimo aniversário da inauguração do Sanatório Sousa Martins -, entendemos que seria oportuno centrar esta nova iniciativa sobre a interacção entre Tecnologia e Saúde”, acrescentou o Presidente do IPG na sua intervenção. “Desde logo pelo maior envolvimento de duas Escolas Superiores que integram o Instituto Politécnico; pela
continuidade da matriz esboçada nas Jornadas do passado ano e sobretudo pela importância da divulgação do que existe de mais expressivo ao nível das tecnologias aplicadas à saúde”. O Presidente do Politécnico da Guarda considerou que é “extremamente importante estabelecer um diálogo entre investigadores e profissionais de saúde, e igualmente com as estruturas e instituições a que estão ligados. À semelhança do que ocorreu com as I Jornadas Interdisciplinares sobre Tuberculose, o número de pessoas interessadas em participar foi muito além das nossas melhores expectativas”. Programa com temas diversificados O programa das I Jornadas incluiu temas como “O papel dos dispositivos médicos” (desenvolvido pela Dr.ª Isabel Dionísio, Presidente da Associação Portuguesa de Dispositivos Médicos – APORMED), “Tecnologia e Direito” (Dr. Álvaro Guerreiro), “As
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As Novas Tecnologias da Saúde
Fonte: IPG
empresas, ligadas às áreas já mencionadas, que divulgaram os seus equipamentos e serviços.
O auditório do IPG recebeu cerca de 300 participantes nas I Jornadas sobre Tecnologias e Saúde.
soluções de colaboração online como drivers de produtividade na Saúde” (Drª Joana Vilhena, NeeaConsulting Portugal); “Telemedicina no presente e no futuro” (Dr. Fernando Gomes da Costa, Administração Regional de Saúde do Centro); “A experiência do Hospital Sousa Martins na informatização de Serviços” (Dr. Luís Ferreira, Director Clínico do Hospital Sousa Martins, Guarda); “A CIPE e a prática de cuidados de Enfermagem” (Dr. António Silva Faria, Hospital de São Marcos, Braga), “Projecto Magic Key: a Tecnologia ao serviço das Pessoas” (Prof. Luís Figueiredo, Escola Superior de Tecnologia e Gestão/IPG) e “Uma experiência de informatização num Hospital” (Prof. José Carlos Fonseca, Escola Superior de Tecnologia e Gestão/IPG). No período da tarde tiveram lugar as comunicações, subordinadas aos temas “O uso da Telemedicina na consulta de Dermatologia” (Drª Fátima Cabral, Hospital Sousa Martins e Dr. Rui Teixeira, Centro de Saúde de Pinhel), “Inovação em Ortopedia” (Dr. João Figueiredo, Hospital São Teotónio, Viseu), “Os desafios das Tecnologias de Informação na área da Saúde - Uma ajuda preciosa” (Engº João Mota Lopes, ORACLE Portugal), “A medida HNR: sua relevância na análise acústica da voz e sua estimação precisa” (Prof.ª Susana Teixeira e Eng.º José Lopes, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto), “Novas Tecnologias ao Serviço das Doenças Cardiovasculares: Realidade ou Uto-
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Jornadas com mais projecção O balanço feito pela Comissão Organizadora é “francamente positivo, pelo que para a iniciativa agendada para 2009 se pretende dar-lhe um cariz internacional, até pelos contactos que entretanto foram estabelecidos”, referiu o Prof. Doutor Fernando Neves, Vice-Presidente do IPG. Entretanto, a Organização já tem disponibilizada mais informação no sítio das Jornadas, em http://www.ipg.pt/ tecnologia-saude2009/
pia? “ (Drª Carla Reanha, Tcare – Conhecimento e Saúde SA), “O Alert®” (Dr. Miguel Rocha, Alert Life Sciences Computing, S.A), “Computação Ubíqua na Melhoria da Qualidade de Vida” (Eng.º Tiago Camilo, Envispot) e “Higiene Oral na Saúde – Aplicação Informática para Web” (Avelino Nunes, Escola Superior de Tecnologia e Gestão/IPG). De referir, ainda, a apresentação de posters enquadrados na temática destas Jornadas, as quais contaram também com a participação de várias
Fonte: IPG
Um dos projectos apresentados foi o “Projecto Magic Key: a Tecnologia ao serviço das Pessoas”, pelo Prof. Luís Figueiredo, da Escola Superior de Tecnologia e Gestão (IPG)
Setembro 2008 / Hospital do Futuro
Misericórdias: Cooperação com Autarquias 25 de Setembro Fernando Seara, Presidente, Câmara Municipal de Sintra Manuel de Lemos, Presidente, União das Misericórdias Portuguesas
O Papel da Medicina Interna no Hospital do Futuro 30 de Outubro Faustino Ferreira, Sociedade Portuguesa de Medicina Interna Pedro Lopes, Presidente Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares
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