PRIMEIRA EDIÇÃO DA REVISTA HOSPITAL DO FUTURO II FÓRUM IBÉRICO DE TELEMEDICINA O Fórum em Revista Pag 26 Director: Paulo Nunes de Abreu
www.hospitaldofuturo.com
A SAÚDE ESTÁ A PRÉMIO. Nº 1 • Ano 1 • Março de 2006
TeleMedicina: Sucesso ou Falhanço? Pag 18
Tecnologias do Futuro - HTB: um futuro para a gestão na saúde Pag 25
Outra Visão Pílula: Para além da contracepção Um artigo do Dr. Fernando Cirurgião, especialista em ginecologia e obstetrícia.
Pag 28
Prémios Hospital do Futuro Edição 2005/2006
MULHERES NA SAÚDE Pag 06
Pag 29 Revista Quadrimestral Portugal 4.00 ¤
A SAÚDE ESTÁ A PRÉMIO. PRÉMIOS HOSPITAL DO FUTURO 2005/06 Os Prémios Hospital do Futuro visam distinguir o que melhor se fez no sector da Saúde ao longo de 2005. MEMBROS DO JÚRI Prof. Altamiro da Costa Pereira (Professor Faculdade Medicina do Porto) • Dr. Álvaro Pacheco (Vogal do Conselho de Administração do Hospital de Elvas) • Drª Ana Manso (Deputada) • Dr. Aranda da Silva (Bastonário Ordem dos Farmacêuticos) • Dr. Caldas de Almeida (Comissão Desenvolvimento de Cuidados) • Drª Carla Gonçalves Pereira (Directora da SInASE) • Dr. Carlos Lima (Hospital Egas Moniz) • Dr. Carlos Pedro (Professor Universidade Técnica de Lisboa) • Prof. Constantino Sakellarides (Professor Escola Nacional de Saúde Pública) • Drª Cristina Castro (Santa Casa da Misericórdia de Castelo de Vide) • Prof. Dias Coelho (Presidente APDSI) Dr. Eduardo Mendes (Presidente Associação de Médicos Saúde Pública) • Prof. Eugénio de Fonseca (Presidente da CARITAS) • Dr. Fernando César Augusto (Inspector Geral da Sáude) • Dr Francisco George (Director Geral da Saúde) • Engº Frias Gomes (Vice-Presidente do IQF) • Dr. Gomes Esteves (Presidente da APIFARMA) • Drª Inês Guerreiro (Pres. Comissão Desenvolvimento dos Cuidados de Saúde) • Dr. Jaime Quesado (Gestor do POS_Conhecimento) • Dr. João Gamelas (AMGUS) • Engº João Taron (Country Manager Oracle) • Dr. Jorge Abreu Simões (Parcerias Público-Privadas) • Dr. José Canteiro (Técnico Superior do Ministério das Finanças) • Prof. José Fragata (Médico e co-autor do Livro "O Erro em Medicina") • Prof. José Orvalho (Professor Universidade Técnica de Lisboa) • Prof. José Tribolet (Professor no Instituto Superior Técnico) • Dr. Luís Gonçalves (Médico Hospital Espírito Santo - Évora) • Prof. Luís Nunes (Presidente do CA do Hospital Dona Estefânia) • Dr. Luís Pisco (Coordenador de Missão Cuidados Saúde Primários) • Dr. Manuel Delgado (Presidente APAH) • Dr. Manuel Pedro de Magalhães (Administrador do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa) Dr. Manuel Teixeira (Presidente IGIF) • Drª.Paula Teixeira da Cruz (Advogada e ex-Autarca) • Dr. Pedro Nunes (Bastonário da Ordem dos Médicos) • Profª. Purificação Tavares (Presidente do Centro de Genética Clínica) • Prof Roque Amaro (Professor do ISCTE) • Drª. Rosa Araújo (Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa) Drª. Rosa Matos (Presidente ARS Alentejo) • Dr. Rui Gonçalves (Secretário Geral do Ministro da Saúde) • Dr. Rui Ivo (Professor Faculdade de Farmácia de Lisboa) • Engº Teófilo Ribeiro Leite (Presidente da APHP) • Drª Teresa Dinis (Deputada) • Dr. Vasco Maria (Presidente do INFARMED) • Prof. Vaz Carneiro (Professor Faculdade de Medicina Lisboa)
Para mais informações visite:
www.hospitaldofuturo.com "Fórum Hospital do Futuro" Pólo Tecnológico de Lisboa - Edifício EE 3, 1600-546 - Lisboa Fax. 21 712 05 49 / e-mail: saude@groupvision.com
Organização
Patrocínios Ouro Fórum
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Colaboradores
Media Partners
Por Zélia Carvalhais
Pensar hoje o hospital de amanhã Esta Revista pretende ser um dos instrumentos para a concretização do projecto “Hospital do Futuro”. Propomo-nos dar eco nas suas páginas às reflexões oriundas dos diversos sectores que preenchem o espaço Saúde nas suas múltiplas dimensões profissionais, organizativas, políticas e metodológicas. Salientamos as análises e recomendações resultantes da utilização da metodologia “Think Tank” como instrumento do processo de geração de conhecimento. Propomo-nos dar eco nas suas páginas aos problemas e dificuldades, indignações e gratidões sentidas pelos cidadãos e doentes que directamente contactam ou “usufruem” dos serviços prestados pelas diversas organizações de saúde.
irem ao encontro de preocupações dos muitos que vivem os problemas, tentaremos falar de alguns tabus, mas, conscientes da complexidade deste sector, recusaremos críticas fáceis e diletantes. Consideramos que se esses comentários tiverem algum eco, se estas páginas servirem efectivamente de “espaço de encontro”, e se ambos se traduzirem numa mudança para estratégias directamente vocacionadas para a implementação, estaremos efectivamente a contribuir para uma cada vez mais e melhor Saúde para cada vez mais Cidadãos. Nessa medida, os nossos objectivos estarão cumpridos. É o que nos propomos oferecer aos nossos leitores, a quem só nos resta pedir...Voltem Sempre!
Com os nossos próprios comentários levantaremos questões que acreditamos
Hospital do Futuro
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Sumário Editorial Estatuto Editorial Mulheres na Saúde
Ficha Técnica
“Um Laboratório em Casa” Página 6
Mulheres à Conversa
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Drª Carla Gonçalves Pereira Drª Carmen Pignatelli Engª Isabel Vaz Drª Maria de Belém Drª Paula Nanita Profª Drª Purificação Tavares Drª Teresa Sustelo Página 7
A Saúde no Feminino Página 16
TeleMedicina Sucesso ou Falhanço?
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Dr Henrique Brandão Dr João Nunes Abreu Engª Maria Laires Dr Mário Veloso Eng Vasconcelos da Cunha Página 18
Breves Discussão Pública Página 25
Tecnologias do Futuro HTB: Um Futuro para a Gestão na Saúde
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II Fórum Ibérico TeleMedicina O Fórum em Revista Página 26
Outra Visão Pílula: Para além da Contracepção Página 28
Prémios Hospital do Futuro Introdução
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Antevisão - Prémios 2005/06 Página 29
Em Revista - Prémios 2004/2005 Página 30
Think Tank Antevisão - Corporate Governance Novas Estratégias de Gestão Página 32
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Em Revista - Avaliação do Desempenho das Organizações da Saúde
Director Paulo Nunes de Abreu Redacção Joana Branco Sede da Redacção GroupVision, Polo Tecnológico de Lisboa, Edificio Empresarial 3, 1600-546 Lisboa - Tel: 217 120 547 hdf@groupvision.com Colaboradores Alberto Fernández (Publicidade), Raquel Pereira (Secretariado), João Paulo (Fotografia),Engª Zélia Carvalhais, Engª Fernanda Laires, Engº Vasconcelos da Cunha, Engº Miguel Prieto Conselho Consultivo Editorial Dr Manuel Delgado (APAH - Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares); Engº Carlos Tomás (APES - Associação Portuguesa de Engenharia da Saúde); Drª Maria Isabel Saraiva (APIFARMA Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica); Prof Dias Coelho (APDSI - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação) Design Gráfico e Paginação AV advertising design - www.artevisao.pt Entidade Proprietária e Editor Paulo Nunes de Abreu Morada GroupVision, Polo Tecnológico de Lisboa, Edificio Empresarial 3, 1600-546 Lisboa Nº contribuinte 157818209 Tiragem 4000 exemplares Periodicidade Quadrimestral Nº registo no ICS 124679 Depósito Legal 230918/05 Impressão e Acabamento Eurodois Artes Gráficas, Lda R. Sto António, 30 A-dos-Ralhados, Algueirão 2725-596 Mem Martins Distribuição VASP
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Hospital do Futuro
Por Paulo Nunes de Abreu
Estatuto Editorial
A revista “Hospital do Futuro” é propriedade da GroupVision Portugal – Consultoria Organizacional, Lda., empresa que, através de um departamento especializado - a GroupVision Saúde, organiza o Fórum Hospital do Futuro desde Novembro de 2003. Tal como o Fórum que lhe dá origem, esta revista visa promover a reflexão e o diálogo estratégico no sector da Saúde, envolvendo como parceiros as principais associações sectoriais, entidades privadas e organizações do Ministério da Saúde. Para além das actas de grupos de reflexão promovidos pelo Fórum Hospital do Futuro e de entrevistas a personalidades do sector (já divulgadas através da newsletter do Fórum Hospital do Futuro), podem igualmente ser nela publicados artigos académicos, tais como resumos de teses de mestrado e doutoramento, que sejam enviados de forma ad-hoc por autores devidamente identificados. De igual modo, serão aceites para publicação artigos técnicos enviados por profissionais ou agentes de saúde, tais como médicos, enfermeiros, psicólogos, sociólogos, economistas, gestores e outros técnicos de saúde, independentemente do
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grau académico, relacionados com as temáticas do Fórum Hospital do Futuro, ou de outros eventos sectoriais. A revista incluirá ainda reportagens e artigos sobre realidades nacionais e internacionais que considere relevantes ao nível do desenvolvimento tecnológico na área da saúde e que sejam determinantes para construir o Hospital do Futuro. A GroupVision Saúde, enquanto entidade editora da revista “Hospital do Futuro”, assume o compromisso de respeitar os princípios deontológicos da Imprensa, e desde logo o de manter a qualidade editorial dos conteúdos publicados, criando um Conselho Consultivo, com uma composição variável, e que será composto de uma forma fixa pelos representantes das principais associações sectoriais e por personalidades independentes de reconhecido mérito nas áreas temáticas de cada edição.
artigos de índole técnico-científica submetidos por autores devidamente identificados. Com uma periodicidade quadrimestral (bianual no primeiro ano), esta revista tem uma tiragem prevista de três a cinco mil exemplares e será distribuída por assinatura e vendida em livrarias e outros estabelecimentos idóneos. Os destinatários da revista são todas as pessoas envolvidas e interessadas na área da saúde: responsáveis de topo nas principais organizações de saúde em Portugal, Hospitais (públicos ou privados), Centros de Saúde, organismos da administração pública ligados à Saúde, departamentos do Ministério da Saúde, fornecedores privados de serviços de saúde, indústria farmacêutica e outros fornecedores no sector, associações sectoriais, incluindo as principais associações de utentes/doentes, e o público em geral que queira saber mais sobre a saúde em Portugal.
Aos membros do Conselho Consultivo será pedida a colaboração para a obtenção de artigos de opinião, dando assim mais voz às Associações e/ou grupos sócioprofissionais a que pertencem, assim como pareceres na recomendação e selecção de
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Mulheres na Saúde
Um laboratório em casa Por Paulo Nunes de Abreu Director da Revista Hospital do Futuro
A história desta revista é curiosa e está muito ligada às mulheres. O HdF é um projecto editorial que nasceu com a necessidade de trazer ao público a enorme riqueza dos conteúdos que se produzem nas iniciativas e eventos do Fórum Hospital do Futuro, um espaço para a reflexão estratégica em Saúde. Este fórum é o resultado do somatório dos esforços e da participação de todos os seus apoiantes, indivíduos e pessoas colectivas, sejam elas organismos do Estado, empresas privadas ou associações sócioprofissionais sectoriais. Mas são algumas mulheres que fizeram e fazem esta revista. A Raquel Pereira, que laboriosamente criou e mantém uma lista de alguns milhares de subscritores que começaram por receber bimensalmente a nossa anterior Newsletter e que hoje leêm esta outra publicação. A Maria Celeste Coimbra, minha Mãe, eficaz engenheira e consultora que organizou o registo legal deste título e consequentemente a sua circulação como revista. A Zélia Carvalhais, engenheira e gestora, actualmente no Hospital de Santa Maria, que aceitou sem hesitações coordenar o famoso "número zero" e captou no seu brilhante editorial o grande objectivo desta revista. É em seu público agradecimento que o publicamos neste número. E mais recentemente, a Joana Branco, promissora licencada em comunicação social, e que hoje já faz a gestão da nossa redacção, pacientemente recolhendo os contributos dos seus vários colaboradores. Que outro tema de capa poderíamos escolher que não fosse "As Mulheres na Saúde"?
de forma discreta e duram, duram, duram... Talvez a característica mais comum a todas as mulheres que entrevistámos seja a sua tenacidade, a sua persistência, que transformam a masculina palavra "ambição" naquilo que a todas caracteriza: "vocação". Mas será o feminino um pendor genético para mais capacidade de trabalho? Ou é antes um traço cultural? As respostas que obtenho do meu laboratório, em casa, são cada vez mais interessantes. As duas filhas (Maria com 13 anos e Marta com 8) replicam a sua Mãe numa impressionante disciplina de dedicação a tudo o que fazem nas suas vidas, um quase-culto do "bonzai", que faz naturalmente emergir os bons resultados escolares. E os rapazes (Francisco com 10 anos e Sebastião com 2)? Prefiro não falar... ou antes, ainda é cedo para dizer. O que é certo é que a máxima "atrás de um grande homem existe sempre uma grande mulher"faz aqui todo o sentido...
presas que cada um possa descobrir lendo cada um destes registos, é notório que uma formação clínica já não é um pré-requisito para ser gestor em Saúde. Exceptuando uma, as Mulheres na Saúde que entrevistámos são formadas em outras áreas (economia, engenharia ou direito) o que mostra claramente que uma visão sistémica e sócioorganizacional é preditiva do sucesso na gestão de topo em Saúde. Uma nota interessante para a sociedade portuguesa. Todas as entrevistadas são peremptórias: nunca sentiram que o facto de serem Mulheres as tenha limitado profissionalmente. Será esse um apanágio do sector da Saúde? Seguramente um sinal que Portugal é apesar de tudo um país onde civilizadamente se começa a respirar uma sociedade diferente, plural e mais adulta, tolerante e mais exigente, uma sociedade que é também (e cada vez mais) liderada pelas mulheres.
Os registos que obtivemos de sete brilhantes Mulheres na Saúde são representativos. Todavia, estes constituem apenas uma amostra de conveniência das muitas mais Mulheres em Saúde que não poderíamos nunca condensar num artigo de revista. Carla, Carmen, Isabel, Maria, Paula, Purificação, Teresa são nomes próprios que poderiam ser de muitas mais outras heroínas do quotidiano. A casualidade de que estejam hoje à cabeça dos mais diferentes tipos de organizações de saúde foi o principal critério. Assembleia da República, Governo, prestadores públicos, prestadores privados e consultoras. A descoberta? Para além das sur-
E onde fomos buscar os conteúdos para este tema de capa? Excepcionalmente, não resultaram de nenhuma iniciativa do Fórum Hospital do Futuro, como será a norma em próximas edições. Tratou-se apenas de constatar que as Mulheres na Saúde, em Portugal, estão hoje nos lugares mais cimeiros. No Estado ou no sector privado, em Hospitais ou em empresas do sector, elas chegam
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Hospital do Futuro
Mulheres à Conversa No mundo do trabalho em geral - e a área da Saúde não é excepção - discute-se com frequência a relação entre homens e mulheres, nomeadamente no que diz respeito às posições de poder. Uma questão que já se tornou comum é a de saber se a contribuição que cada uma das partes dá ao mundo do trabalho é igual ou se as mulheres contribuem de forma diferente dos homens. Ser mulher em saúde é uma vantagem ou uma barreira? A forma de gerir a vida profissional e pessoal é diferente da dos homens? Em caso afirmativo, será uma vantagem? Nesta primeira edição, decidimos dar destaque a este tema e pedir a contribuição de mulheres que trabalham na área da saúde. São muitas as mulheres que se destacam nesta área e seria impossível falar com todas num único número da revista [ver caixa “A Saúde no Feminino”]. Assim, escolhemos apenas algumas com as quais conversámos para descobrir opiniões sobre o papel da mulher na área profissional da saúde. E como estamos no início de mais um ano, quisemos saber quais as suas prioridades para 2006.
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Mulheres na Saúde
4 Perguntas a 7 Mulheres na Saúde
Drª Carla Gonçalves Pereira
1. A Saúde é um território de saber e prática, onde as mulheres adquirem cada vez mais presença, mas apesar de tudo ainda maioritariamente dirigido por homens. Concorda com esta afirmação? Sentiu alguma vez ou sente ainda que o facto de ser mulher a pode
1. HdF As profissões da saúde representam um elevado nível de especialização, prosseguindose à tradicional progressão na carreira através da valorização das competências técnicas e experiência. Neste sentido, julgo que os cargos de gestão intermédia denotam esta tendência, independentemente do facto de ser mulher ou homem.
ter limitado profissionalmente? 2. É cada vez mais manifesto em Portugal que as mulheres desempenham um papel importante em Saúde, talvez pelas suas características mais consensualizadoras, mais atentas ao elemento humano. Será isto sempre assim ou são outros os motivos que justificam este sucesso? Fale-nos um pouco do seu percurso profissional na Saúde e em que medida o ser mulher foi ou não importante. 3. Conciliar de forma equilibrada a vida pessoal e profissional é considerado por muitos gurus da gestão um dos critérios mais preditivos dos gestores eficazes. No seu caso isto também acontece ou nem por isso? O que mais gosta de fazer no seu dia-a-dia? E o que menos gosta? 4. Em termos profissionais, qual é a sua grande prioridade para 2006?
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A crescente complexidade da gestão hospitalar tem vindo a exigir fortes competências de gestão por parte de quem desempenha funções de coordenação e decisão sobre os serviços de saúde, assistindo-se ao crescente interesse dos profissionais da saúde pela frequência em acções de reforço da qualificação nas áreas da gestão em saúde. Ao nível dos cargos de gestão de topo, efectivamente e maioritariamente são desempenhados por homens, seguindo a tendência cultural que caracteriza a sociedade Portuguesa. No entanto, as equipas de gestão de topo integram quase sempre mulheres. Nos últimos dez anos, em que contacto directamente com o sector da saúde, nomeadamente em Administrações Regionais, Hospitais públicos e privados, Centros de Saúde, Escolas Superiores de Enfermagem, Faculdades de Medicina, etc, como consultora e em sessões de trabalho, sob a forma de seminários e conferências, a primeira reacção da população masculina, mas também feminina, é de desconfiança, pelo facto de ser considerada uma “outsider” do sistema, dado não ser uma profissional de saúde. Contudo, ultrapassado o primeiro momento de intervenção, constato que existe uma boa recepção e aceitação, não constituindo aspecto limitativo de concretização dos objectivos que estiveram na base das minhas intervenções o facto de ser mulher. Considero ainda ser verdadeira a afirmação de que as mulheres têm de comprovar com mais intensidade do que os homens as suas qualidades profissionais para que sejam
ouvidas e respeitadas. Na vertente do desenvolvimento profissional, a mulher (esposa e mãe) gere com alguma dificuldade o investimento da sua disponibilidade na formação/qualificação. Indico, como exemplo desta afirmação, o caso da Dra Maria de Lurdes Levy, hoje com 83 anos, fundadora e Presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria, primeira Directora de um Serviço Hospitalar, segunda Médica a obter o grau de Doutoramento da Faculdade de Medicina de Lisboa, tendo sido eleita, recentemente, pelos seus pares (médicos) a melhor em Portugal na especialidade de Pediatria. Em entrevista publicada em 2005 disse ter sido sempre terrivelmente saudável, não tendo usado cuidados médicos, a não ser ultimamente devido a uma fractura numa perna.
2. HdF Todos nós desempenhamos um papel importante em Saúde! As características específicas das mulheres pelas suas experiências de vida familiar e contexto educacional poderão apresentar factores de diferenciação no cuidar. Tradicionalmente, as meninas brincam desde muito cedo com os seus bonecos, imitando as suas mães no cuidar (embalar, colocar a chucha, dar biberão, etc), e os meninos brincam com carrinhos, aviões e explorações, onde a velocidade, competição e destruição constituem o objectivo. Assim, as mulheres enquanto profissionais de saúde poderão apresentar maior consciencialização, rigor, intuição e visão prática, o que se traduz num desempenho mais eficaz em áreas como a gestão de conflitos e relações interpessoais. Apesar de apresentarem um grau de emotividade superior aos homens, regra geral as suas decisões envolvem componentes mais elevadas de humanização, flexibilidade e compreensão face aos problemas dos outros. Temos vários exemplos de mulheres que se destacaram pela sua liderança. É o caso de Golda Meir, que desempenhou o cargo de
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primeira-ministra e comandou a guerra dos seis dias. Também é o caso de Indira Gandhi, que foi responsável por um grande desenvolvimento económico e científico da Índia, para além de Margareth Tatcher, que foi primeira-ministra durante mais de dez anos e que enfrentou várias batalhas económicas e financeiras conseguindo reduzir o déficit público em que Inglaterra se encontrava mergulhada. A segunda grande missão americana ao espaço, na década de oitenta, já teve a participação de uma mulher, Sally Ride, que depois de entrar nas top dez da alta competição na modalidade de ténis, participou activamente na concretização desta missão com sucesso. Em 2005, a missão espacial americana foi chefiada por uma mulher, Eillen Collins. Estes exemplos e muitos outros são bem ilustrativos das capacidades das mulheres, que inequivocamente vêm comprovar aos homens as suas capacidades superiores de responsabilidade, coragem e liderança.
«As mulheres têm que c o m p ro v a r c o m m a i s intensidade do que os homens as suas qualidades profissionais para que sejam ouvidas e respeitadas»
topo, que anteriormente estavam reservados aos homens. Apesar do meu papel de mãe, com dois filhos, e de algumas dificuldades de gestão do tempo para conciliar a vida pessoal com a profissional, tem sido possível realizar um percurso profissional. Talvez o facto de ser mulher tenha facilitado as mensagens que transmito para a mudança organizacional dos profissionais do sector da saúde, cuja actuação se pretende mais humanizada, eficiente e eficaz.
3. HdF Como já referi, a conciliação entre a vida pessoal e profissional de uma mulher é difícil. Contudo, com um certo grau de compreensão e ajuda familiar e a colaboração dos demais elementos da equipa da SInASE, é possível desempenhar a minha actividade profissional sem que a mesma reflicta danos no seio familiar. A forma como consigo organizar-me leva-me a acompanhar o desenvolvimento dos meus filhos em casa, no colégio e noutras actividades do seu desenvolvimento. A nível profissional, o meu dia-a-dia é repartido pelo trabalho no escritório e com os Clientes, em acções de consultoria e formação, em que o nível de exigência e a diversidade de intervenções constituem verdadeiros desafios e que me permitem uma aprendizagem e reaprendizagem constantes. O que menos gosto são longas horas de reunião sem resultados ou decisões.
4. HdF Ao longo da minha actividade profissional, tenho vindo a constatar que as mulheres apresentam uma grande capacidade de trabalho e empenho profissional e, talvez por isso, tenham vindo a ascender a lugares de
A minha prioridade para 2006 é colaborar na mudança da Administração Pública, através de intervenções a nível de consultoria e formação, no âmbito das estratégias para a Melhoria do Desempenho.
Perfil Estado civil: casada Número de filhos: dois Hobby: passear dentro e fora de Portugal Livro favorito: um dos últimos de que gostou muito foi a Biografia de Steve Jobs Filme favorito: Shrek Destino de férias favorito: EUA
Resumo Biográfico Carla Gonçalves Pereira é desde 2004 Directora Executiva da SInASE, uma empresa de consultoria na área da gestão de Recursos Humanos, Qualidade, Ambiente e Segurança, onde coordena o departamento de consultoria em sistemas e vários projectos nas áreas da gestão, saúde e administração pública, entre outras funções. É licenciada em Economia e tem mestrados e uma pós-gaduação na área da gestão e da saúde. É formadora também em cursos de formação profissional nesta área. Tem mais de 30 comunicações proferidas em conferências e seminários sobre sistemas de gestão de qualidade, sobretudo na área da saúde, e tem cerca de 40 artigos publicados em jornais e revistas especializadas sobre estes mesmos temas.
Drª Carmen Pignatelli 1. HdF A simples observação do que se passa à nossa volta permite concluir que a Saúde, tal como os outros sectores, é maioritariamente dirigida por homens, pese embora o sexo feminino representar 74% do efectivo total do sistema público de saúde. Nunca senti que o facto de ser mulher constituísse uma limitação profissional. No entanto, posso testemunhar que o que dificulta o acesso de muitas mulheres aos lugares de direcção é a necessidade de ter que conciliar a vida familiar com a vida
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profissional. Tive o privilégio de ter tido condições que me permitiram, ao longo do tempo, conciliar esses dois lados da vida. Mas, quase todos os dias, confronto-me com situações vividas por mulheres que são verdadeiras heroínas. Numa sociedade em que, nesta matéria, há ainda um grande fosso entre o discurso e a prática, o que se pede às mulheres é excessivo. Há alguns anos sugeri que, todos os anos, uma dessas mulheres, cidadã anónima, fosse condecorada. Precisamos e temos que trabalhar para que haja uma sociedade mais amigável, com
condições, ambientes e práticas de trabalho que facilitem às mulheres e também aos homens a conciliação da vida familiar com a vida profissional.
2. HdF Creio que o que justifica aquilo que chama de sucesso resulta do peso crescente das mulheres no mundo do trabalho e da sua enorme determinação quando acreditam naquilo que estão a fazer. Tenho, nesta fase da minha vida, algumas dúvidas sobre as características especiais das mulheres, particularmente a maior atenção ao ele-
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mento humano, que os homens não tenham. É claro que somos diferentes. E ainda bem! Há homens e mulheres que têm perfil para assumirem lugares de liderança, enquanto que outros não têm para essas funções, mas que gostam e são muito competentes noutro tipo de lugares. Recentemente a minha filha informou-me que um colega seu abandonou a meio um curso de engenharia para ir tirar o de educador de infância. Reparo, no entanto, que as mulheres, talvez devido às dificuldades que enfrentam no seu dia-a-dia, têm grande capacidade de realização, são pragmáticas, não têm medo do ridículo, ou seja, de experimentar, de recomeçar, reconhecendo que a solução que têm, não sendo a óptima, a perfeita, é a possível e que entre o nada e alguma coisa… De uma forma sábia e quase sempre muito discreta elas são a trave mestra da família e, por essa razão, têm gosto em participar em processos de mudança que podem levar a uma vida menos difícil para elas, para os seus filhos e para os outros.
«Por trás de uma grande mulher há uma grande mulher. No meu caso concreto, a grande mulher foi a minha mãe.» Quanto ao meu processo na Saúde, posso dizer que vim para o Ministério em Abril de 1996, a convite da Drª Maria de Belém Roseira, como gestora do programa que antecedeu o Saúde XXI, um programa de apoio a projectos sectoriais com fundos da União Europeia. Os primeiros tempos não foram fáceis. A gestão do Programa estava numa situação muito difícil e eu fui a quarta gestora em dois anos. Acresce que era uma “outsider” e, consequentemente, olhada com certa desconfiança por alguns. Foi nesse ano que conheci o Prof. António Correia de Campos como coordenador da equipa que foi incumbida de efectuar a avaliação intercalar do Programa que referi. Foi um período excelente (assim como o de 1999/2000) porque tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com muitos dirigentes e técnicos do Ministério da Saúde, o que me proporcionou uma visão global do sector. Em resumo, não me parece que tenha sido determinante ser mulher para ocupar os
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lugares para os quais fui convidada ao longo da minha vida profissional. As coisas foram acontecendo muito naturalmente, sem que eu tenha definido quaisquer objectivos pessoais, simplesmente devido, creio, ao resultado do meu trabalho e ao das pessoas que me acompanharam nos diferentes percursos.
de Saúde às Pessoas Idosas e em Situação de Dependência; a preparação do próximo período de programação dos fundos comunitários que vai até 2013 (que vai suceder ao QCA IV); a transformação da governação e desenvolvimento do sistema de informação da saúde e a reestruturação do Ministério da Saúde.
3. HdF Conhece a frase “Por trás de um grande homem há uma grande mulher”? Pois bem, adapte essa frase do seguinte modo: “Por trás de uma grande mulher há uma grande mulher”. No meu caso concreto, a grande mulher foi a minha mãe, a quem devo a minha vida profissional. Sempre me encorajou e apoiou, mesmo nos momentos mais difíceis, quando os meus filhos eram pequenos. Sem ela não teria sido possível dedicar-me ao meu trabalho com a tranquilidade que sempre senti por saber que estava na retaguarda a orientar a governação doméstica. Quanto ao que gosto de fazer no meu diaa-dia, fora do trabalho, gosto de andar a pé ou de bicicleta à beira-mar, principalmente na zona de Cascais/Guincho. E de ouvir música, mas principalmente quando estou só. Estar só é uma absoluta necessidade de quando em vez. Gosto do silêncio e é nele que reencontro o meu eixo. Nesta fase em que estou agora a viver, ou seja, como Secretária de Estado, o que me apetece mais é poder não fazer nada de quando em vez e de “andar à solta” (sem horários, sem compromissos e de jeans em vez de tailleur). Gosto também de, às segundas-feiras, reencontrar as pessoas que comigo trabalham. O ambiente no meu Gabinete é muito ”friendly”, trabalho com pessoas inteligentes, competentes, sensatas e que já não estão interessadas em provar nada a ninguém. Sinto que estão empenhadas apenas com o nosso trabalho, ajudar a encontrar soluções para problemas que afligem os portugueses, em particular daqueles que mais precisam dos serviços de saúde. Do que gosto menos é do excesso de trabalho. São muitas horas diárias. Também me pesa a parte social, se for intensa. Sou mais “planta de interior”.
4. HdF Para 2006 as minhas grandes prioridades são quatro e são as seguintes: a aprovação e o início da implementação da Rede de Cuidados
Perfil Estado civil: viúva Número de filhos: dois Hobby: ouvir música (Bach, Mozart, Haydn), andar a pé e de bicicleta Livro favorito: Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, e poesia de Sophia de Mello Breyner Filme favorito: Beleza Americana, de Sam Mendes, e Ondas de Paixão, de Lars Von Trier Destino de férias favorito: um deles é Ilha Maurícia, Ponta do Ouro (Moçambique)
Resumo Biográfico Ocupa o cargo de Secretária de Estado Adjunta e da Saúde desde Março de 2005, posição que já ocupou em 2001/2002. É licenciada em Economia pela Universidade do Porto e tem uma Pós-Graduação em “Gestão de Unidades de Saúde”, pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa). Uma das suas áreas de especialidade é o planeamento, programação e financiamento dos equipamentos de saúde. Foi gestora do Programa Operacional Saúde de 2000 a 2004, integrado no III Quadro Comunitário de Apoio da União Europeia a Portugal, que vai vigorar até 2006 e cujos objectivos essenciais eram melhorar os indicadores da saúde no nosso país e o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde. O trabalho de Carmen Pignatelli no Ministério da Saúde iniciou-se em 1996. Antes de exercer estas funções, no período compreendido entre 1986 e 1995, participou num projecto de reforma/ modernização da Administração Pública Portuguesa tutelado pelo Primeiro-Ministro.
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Engª Isabel Vaz 1. HdF Penso que o facto de o sector ainda ser maioritariamente dirigido por homens devese apenas ao contexto histórico de desenvolvimento da sociedade portuguesa. Nunca senti qualquer limitação na minha vida profissional pelo facto de ser mulher. De notar que tive sempre a felicidade de trabalhar em empresas onde o importante são as capacidades profissionais das pessoas e os resultados do seu trabalho e não o facto de se ser homem ou mulher.
2. HdF Como referi anteriormente, o facto de ser mulher nunca influenciou a minha carreira profissional. As características humanas essenciais em qualquer empresa e, por maioria de razão, também na Saúde, por ser um sector em que um dos principais activos é justamente o capital humano, podem ser encontradas quer nos homens, quer nas mulheres.
3. HdF Um gestor eficaz e, sobretudo, um gestor com capacidades humanas deverá ser capaz de equilibrar a sua vida profissional e pessoal
sob pena de não ser capaz de transmitir ao resto da organização valores que considero fundamentais como, por exemplo, a família, a tolerância e o respeito entre as pessoas. Um gestor emocionalmente equilibrado está, assim, melhor preparado para ser tolerante com o insucesso e também conhecer os seus limites na gestão do sucesso. A segurança emocional e auto-estima que derivam de um equilíbrio da vida pessoal permitem a um gestor rodear-se das melhores pessoas para com ele gerir a organização e, mais importante ainda, saber potenciar em cada indivíduo o melhor das suas capacidades ao serviço da mesma. Por tudo isto, procuro no meu dia-a-dia viver intensamente a minha vida profissional, sem nunca descurar a minha família e os meus amigos.
4. HdF A minha prioridade profissional para 2006 é consolidar a Espírito Santo Saúde como um operador privado de referência em Portugal, com a abertura de duas novas unidades que consideramos inovadoras nos seus conceitos organizacionais, arquitectónicos e de oferta clínica.
«tive sempre a felicidade de trabalhar em empresas onde o importante são as capacidades profissionais das pessoas.»
Perfil Estado Civil: casada Número de Filhos: dois Hobby: leitura, cinema Livro favorito: Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Marquez Filme favorito: Dr. Jivago Destino férias favorito: Soltróia
Resumo Biográfico Licenciada em Engenharia Química pelo Instituto Superior Técnico, tem um Master in Business Administration pela Universidade Nova de Lisboa. Ocupa o cargo de Presidente da Comissão Executiva da Espírito Santo Saúde desde 1999, tem também experiência como consultora, engenheira de projecto e investigadora no Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.
Drª Maria de Belém 1. HdF É corrente, nas várias áreas de desempenho profissional, mesmo naquelas em que a taxa de feminização é elevada, os lugares dirigentes serem maioritariamente exercidos por homens. Na saúde não é diferente. E, por isso, essa questão faz parte de todas as agendas de igualdade de género nacionais e internacionais, havendo mesmo países, entre os quais a Noruega, que têm adoptado medidas legislativas que pretendem contrariar essa tendência, que perpetua a supremacia do masculino sobre o feminino, ao arrepio do príncipio da igualdade. Pessoalmente, sinto que o facto de ser Mulher nunca me limitou profissionalmente, embora o meu desempenho tenha sido sempre mais
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escrutinado do que teria sido o de um qualquer homem nas mesmas circunstâncias.
«O facto de ser mulher nunca me limitou profissionalmente, embora o meu desempenho tenha sido sempre mais escrutinado do que teria sido o de um homem»
que, sendo a saúde uma área de prestação de cuidados, a marca que ficou nas mulheres ao longo da evolução da espécie humana, com sistemática tentativa do seu confinamento ao espaço doméstico, tornou-as especialmente sensíveis à atenção ao outro. Mas isso não significa que não haja homens que também tenham essa atenção. O aparecimento das Mulheres em força na saúde estará mais ligado à explosão da participação das Mulheres na vida activa, o que em Portugal se verificou com mais intensidade a partir dos anos 60.
2. HdF É sempre delicado tentar encontrar características identificadoras de género no desempenho profissional. Contudo, é certo
O meu percurso aconteceu. De um projecto profissional inicial virado para o exercício da advocacia, as circunstâncias foram pro-
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pícias a que as áreas sociais me tivessem agarrado e delas já não me tenham deixado sair. Mas não foi programado, nem foi vocação especial. Aconteceu, eu gostei e gostaram de mim também.
3. HdF A conciliação é hoje uma das matérias mais difíceis e complexas. Se não resolvida, origina múltiplas disfunções, das quais as
rupturas familiares e os problemas de stress são uma expressão cada vez mais grave. Felizmente, em minha casa todos contribuem para as tarefas domésticas, a partilha é uma realidade vivida e praticada e, felizmente também, temos possibilidades de comprar o exercício de parte delas a colaboradora briosa que já faz parte da família.
Perfil Estado civil: casada Número de filhos: uma filha e um enteado Hobby: leitura Livro favorito: O Vermelho e o Negro, de Stendhal Filme favorito: vários Destino de férias favorito: Colares, Praia Grande
Resumo Biográfico Licenciada em Direito, jurista de profissão, já ocupou um alto cargo a nível da Saúde na administração pública - Ministra da Saúde, de 1995 a 1999. Actualmente, preside à Comissão Parlamentar da
4. HdF Sou actualmente Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde e gostaria que, em 2006, se pudesse finalmente concretizar a reforma dos Cuidados de Saúde Primários, iniciada no meu mandato como Ministra da Saúde, infelizmente interrompida e agora reatada numa versão mais ajustada, em função da avaliação das experiências realizadas e das exigências dos nossos dias.
Saúde, é deputada na Assembleia da República e membro de Órgãos Sociais de algumas Instituições Particulares de Solidariedade Social. Já desempenhou cargos de consultora jurídica, assessora na administração pública, administradora em empresas e na administração pública e foi sócia fundadora de algumas instituições sociais. Foi Vice-Presidente da Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde em 1997 e Presidente em 1999. Tem inúmeros artigos publicados em revistas de especialidade nacionais e estrangeiras, é co-autora de livros já publicados e foi conferencista em inúmeras sessões públicas.
Drª Paula Nanita 4. HdF Os Órgãos de Gestão em Portugal, à semelhança do que acontece também no exercício do poder político no país, são maioritariamente assumidos por homens. É um facto. Na sua interpretação cabem várias hipóteses e leituras: uma tradição que se mantém, uma maior competitividade e desejo de poder por parte do sexo masculino (em regra presentes na natureza), uma organização social na qual a conciliação de vida pessoal e familiar se tornam muito difíceis, sobretudo para a mulher e mãe, quando os filhos são pequenos. O facto de ser mulher nunca me limitou profissionalmente. Contudo, os primeiros seis meses de um novo desafio profissional são sempre os mais difíceis porque, em regra, só no termo desse período é que os colegas e os superiores hierárquicos percebem que nunca emito “opinião” sem fundamento verificável e sempre distingo os factos das opiniões.
2. HdF A circunstância de ser mulher penso que
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não teve nenhuma influência na minha nomeação para Presidente do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais [SUCH], cargo aliás que nunca foi exercido por uma mulher. O sector da Saúde, aliás como o da Educação e o da Acção Social, são sectores mais feminizados, penso que por vocação de “cuidado”, de “ajuda”, de “serviço”, missões a que ao longo da história o sexo feminino se tem dedicado mais, com gosto e sem complexos… Não sei se pelo facto de ser mulher estes são também os sectores a que tenho dedicado mais tempo, são para mim com efeito os mais gratificantes, aqueles que justificam o tempo que dedico ao trabalho. São os sectores que mais me mobilizam para servir com os meus conhecimentos de Gestão. Sempre que tornamos o país ou uma organização mais eficiente, permitimo-nos melhores opções em prol do Bem-Estar Geral. Sempre que tornamos estes sectores e as organizações que neles actuam mais eficazes, melhoramos a qualidade de vida, ou damos “novas oportunidades” de desenvolvimento e de
promoção pessoal a pessoas concretas. E é isso que me justifica, todos os dias. No meu percurso, a Saúde tem ainda um pequeno lugar, se comparada por exemplo com a Educação (sector em que trabalhei cerca de 10 anos). O apoio ao desenvolvimento estratégico da Maternidade Alfredo
«O sector da Saúde, aliás como o da Educação e o da Acção Social, são sectores mais feminizados, penso que por vocação de “cuidado”, de “ajuda”, de “serviço”, missões a que ao longo da história o sexo feminino se tem dedicado mais, com gosto e sem complexos»
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da Costa, no período 1989 – 1991, responsabilidades ao nível da administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa com o pelouro da Saúde (Cuidados de Saúde Primários), no período 2002 – 2005, e agora uma breve mas intensa passagem pelo Gabinete da Senhora Secretária de Estado Adjunta e da Saúde, no qual aprendi muito sobre o Serviço Nacional de Saúde, em geral, e sobre as Urgências Hospitalares, em especial, constituem a minha experiência no sector.
Continuados, respostas de maior proximidade. Se conseguirmos assumir plenamente a nossa Missão com uma prestação mais ampla e especializada junto das instituições de saúde, vamos promover a qualidade, directa e indirecta, dos cuidados prestados aos cidadãos e ganharemos todos! E será esse o único desiderato em que aplicarei a minha energia este ano…
«Agora é moda valorizar a Inteligência Emocional, bem como elogiar a capacidade de fazer múltiplas coisas em paralelo.» 3. HdF Agora é moda valorizar a Inteligência Emocional, bem como elogiar a capacidade de fazer múltiplas coisas em paralelo. As mulheres parecem estar em vantagem relativa neste quadro, pela multiplicidade de papéis que assumem se e quando trabalham… Saber ouvir, compreender em vez de julgar, distinguir o essencial (e nele as emoções) do acessório, persuadir e influenciar são características que cultivo mas que não são exclusivas das mulheres. Sou capaz de fazer muito em simultâneo mas também falho e inverto prioridades (costumo dizer que são as férias que as repõem correctamente)! O que mais gosto de fazer no dia-a-dia? Começar o trabalho entre as 8h e as 8h30 e jantar em família, pontualmente e com todos, às 20h30. O que menos gosto? Que as reuniões demorem mais tempo do que o estritamente necessário, que os ambientes se degradem e que a atitude de mobilização ceda o lugar ao cepticismo, ao desleixo e ao anonimato.
4. HdF Para 2006 a minha prioridade central é relançar o SUCH, assumindo plenamente a sua Vocação Original num tempo em que os Hospitais – os nossos principais clientes – se empresarializam e que o Serviço Nacional de Saúde vê nascer realidades como as Unidades de Saúde Familiares e a Rede de Cuidados
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Perfil Estado civil: casada Número de filhos: dois Hobby: leitura, mas gosta também muito de ouvir música clássica e de viajar Livro favorito: O Nome da Rosa, de Humberto Eco Filme favorito: Cinema Paraíso, porque é um filme de raízes e de ternura Destino de férias favorito: Brasil
Resumo Biográfico Licenciada em Política Social e com pósgraduações em Gestão de Recursos Humanos e Estudos Europeus – Economia, assumiu responsabilidades de gestão enquanto Vogal do Conselho de Administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (com os pelouros Social e Saúde), Gestora do Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal, Directora de Recursos Humanos da TVI e Gestora de Recursos Humanos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Desempenhou ainda funções de assessoria no domínio do planeamento e gestão estratégica, recursos humanos e organização nos Ministérios da Saúde e da Educação e na Maternidade Alfredo da Costa. Tem exercido ainda actividades na área docente em universidades portuguesas e já assumiu responsabilidades na Revista Cidade Solidária. Tem participado em inúmeras palestras e seminários e conferências e tem publicado artigos em revistas especializadas sobre matérias de Desenvolvimento e Políticas Sociais, Educação e Envelhecimento.
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Profª Drª Purificação Tavares
1. HdF Eu não coloco a questão na dualidade de género, mas sim na qualidade do exercício profissional. Em Medicina, tal como em outros cursos superiores, a presença crescente das mulheres é consequência natural do aumento de alunas nas Faculdades e das suas melhores classificações. Esta tendência verifica-se já há alguns anos e, consequen-
«A riqueza de uma actividade ou sector é maior se houver variedade e multiplicidade de gente.»
constantes para conseguir uma dimensão de dignidade e de qualidade que nos orgulhe. E depois, é simples... trabalho, trabalho, trabalho.
3. HdF Esse é um território que ainda não tenho harmonizado, em detrimento da actividade pessoal. É muito difícil equilibrar posturas exigentes em ambas áreas. E eu passo demasiado tempo em casa a trabalhar. O que menos gosto no meu dia? Encontrar inoperância, ineficácia, dificuldades evitáveis, incumprimentos. O que mais gosto? A minha família é a minha âncora para a realidade. Gosto de adormecer os meus filhos.
4. HdF temente, a visibilidade das mulheres tornarse-á maior ainda. Este fenómeno não é apenas português, há outros países onde já assim é também.
2. HdF Aqui também se aplica o que respondi antes. Há bons e maus profissionais, a qualidade ou existe ou não existe. Acontece que, em média, as melhores classificações são das alunas. Mas não poderemos cair na padronização inversa, note que a riqueza de uma actividade ou sector é maior se houver variedade e multiplicidade de gentes, com recursos intelectuais diversos, que levam a uma maior amplitude de soluções.
Na Faculdade, conseguir uma boa progressão no trabalho dos meus alunos de doutoramento, com orientação séria que os faça crescer também como pessoas. No CGC, internamente, consolidar a utilização de ferramentas de gestão mais rigorosas, promover mais acções de formação e continuar a aumentar as áreas de Inovação e Desenvolvimento. Externamente, com a capacidade instalada actualmente no CGC, o objectivo é continuar a sua expansão internacional; já executamos muitos testes para hospitais e clínicas nos EUA, Canadá, Espanha, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, etc, mas pretendemos este ano aumentar a prestação destes serviços a mais hospitais no estrangeiro.
No meu persurso profissional académico, não senti limitações na carreira. Nem na actividade em Genética que desenvolvi nos anos em que vivi nos EUA. Já no arranque e desenvolvimento do Centro de Genética Clínica (CGC) sinto que as dificuldades que foi necessário ultrapassar como gestora e empreendedora terão tido mais a ver com o facto de sermos o primeiro laboratório de Genética Médica privado em Portugal, do que de ser uma mulher a fazêlo. Uma empresa é um grupo de pessoas, no nosso caso somos 70, importa saber recrutar as excelentes e ter a capacidade de motivação, de organização e de atenção
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«O que menos gosto no meu dia? Encontrar inoperância, ineficácia, dificuldades evitáveis, incumprimentos. O que mais gosto? A minha família é a minha âncora para a realidade. Gosto de adormecer os meus filhos.»
Perfil Estado civil: casada Número de filhos: quatro Hobby: golfe Livro favorito: The Gardener, de Tagore Filme favorito: Gandhi Destino de férias favorito: Patagónia
Resumo Biográfico Tem uma licenciatura em Medicina e Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde também enveredou pela carreira docente em Genética Médica. Já foi Consultora de Genética do Beekman Downtown Hospital (Nova Iorque), tendo a seu cargo a Unidade de Genética do Hospital. Neste hospital trabalhou na sua Tese de Doutoramento em Genética Médica, que foi aprovada com distinção e louvor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. É actualmente Professora Catedrática na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto. Já fez parte da Comissão Coordenadora da Competência em Genética Médica da Ordem dos Médicos. Em 1999 obteve o título de Especialista em Genética Médica e desde essa data é membro da Direcção do Colégio de Genética Médica da Ordem dos Médicos. Faz parte de Conselhos Editoriais e Científicos de várias publicações científicas, tem vários trabalhos científicos publicados em revistas nacionais e internacionais arbitradas, é autora de capítulos em livros de texto médicos e membro de 28 Sociedades Científicas, nacionais e internacionais. Em 1992 fundou o CGC - Centro de Genética Clínica, do qual é actualmente Directora Clínica. Foi o primeiro laboratório privado em Portugal, que introduziu no país metodologias inovadoras, como o rastreio pré-natal.
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Drª Teresa Sustelo
1. HdF Concordo, mas ainda somos uma minoria. Nunca senti que o facto de ser mulher me tivesse prejudicado ou beneficiado.
2. HdF Não sei se são essas as características determinantes. O que na minha opinião pode ser importante é o facto indiscutível de que as mulheres, pelos múltiplos papéis que lhes estão atribuídos e que desempenham na vida familiar e social, têm que ter uma disciplina e uma capacidade de organização acrescida. Por outro lado, estão atentas e valorizam pequenos sinais que podem e fazem muitas vezes a diferença do seu desempenho relativamente aos homens. Sou licenciada em Direito e fiz a pósgraduação em Administração Hospitalar. Achei sempre que era uma área muitíssimo interessante e à medida que o tempo passa mais convicta estou de que a minha opção foi boa. Encaro-a como uma missão à qual estou inteiramente dedicada com espírito de servir, pois sou uma servidora pública e faço-o com a razão, mas também com o coração. Só deste modo é que as "coisas" fazem sentido.
«Considero que tenho uma enorme vantagem: sou uma profissional de saúde por opção e não por obrigação.» Iniciei a minha actividade profissional nos Hospitais Civis de Lisboa, depois estive no Hospital do Barreiro, sempre como Administradora de Área. Em 1988 fui nomeada para a Comissão Instaladora do Instituto Nacional de Sangue. Em 1990 ocupei o cargo de Sub - Directora Geral da Direcção Geral dos Hospitais. De 1992 a 1997 fui Administradora Delegada do Conselho de Administração do Hospital de Santo António Capuchos/Desterro; em 1997 ocupei o mesmo cargo no Hospital de Santa Maria e em 1999 transitei para o Conselho de Administração do Hospital de D.
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Estefânia. A partir do fim do ano de 2002 desempenhei o cargo de Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Marta S.A. Actualmente desempenho este cargo em acumulação com o Centro Hospitalar de Lisboa. Tem sido um caminho profissional muito gratificante. Não sei se o facto de ser mulher influenciou de algum modo o meu percurso, creio que têm mais impacto o perfil, as características, a personalidade de cada pessoa, na medida em que marcam profundamente o desempenho. Nesta profissão é necessário muita persistência, um grande investimento na comunicação, domínio dos instrumentos e técnicas de gestão e administração actuais, muito empenho e doses extras de bom senso. Mas esta é uma postura que se aplica a tudo o que acreditamos e desejamos que seja coberto de sucesso.
3. HdF De facto, conseguir uma relação equilibrada e harmoniosa entre a vida pessoal e profissional é determinante para o meu bem estar. Este equilíbrio, de resto como tudo na vida, aprende-se e constrói-se todos os dias e não tenho por norma conflitos nesta matéria, mas também devo muito à fantástica família que tenho e que contribui de forma decisiva para o modo profundamente optimista que tenho de encarar o mundo. Considero que tenho uma enorme vantagem: sou uma profissional de saúde por opção e não por obrigação. Gosto imenso do que faço, acredito nas pessoas e tenho a certeza que é possível fazer sempre mais e melhor. O balanço que faço até hoje da minha vida profissional é muito positivo. Como já referi, eu acredito no que faço, sou muito interventiva e participativa e gosto não só de antecipar os problemas, de ser pró-activa, mas procuro também encontrar soluções inovadoras que acrescentem valor. Gosto sobretudo de negociar com as
Perfil Estado civil: casada Número de filhos: um Hobby: andar a pé Livro favorito: Cem anos de Solidão, de Gabriel García Marquez Filme favorito: Casa Blanca Destino de férias favorito: praia, com muito sol e pouca gente
Resumo Biográfico Licenciada em Direito na Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa, tem uma pós-graduação em Administração Hospitalar da Escola Nacional de Saúde Pública, um curso de Métodos de Engenharia Industrial da Universidade de Wisconsin, EUA, e uma pós-graduação em Direito Comunitário da Faculdade de Direito da Universidade Clássica de Lisboa. Já ocupou os cargos de Administradora Hospitalar nos Hospitais Civis de Lisboa, de Sub-Directora Geral da Direcção-Geral dos Hospitais e de Administradora Delegada do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria, do Hospital Dona Estefânia, bem como do Subgrupo Hospitalar dos Hospitais Santo António dos Capuchos, Desterro e Arroios. Foi membro da Comissão Instaladora do Instituto Nacional do Sangue. Actualmente é Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Marta e do Centro Hospitalar de Lisboa.
pessoas, contratualizar todas as situações encontrando novas vias, tentando que elas próprias constituam motivação para fazermos diferente e melhor. O que menos gosto de fazer é despachar a enorme quantidade de papéis que continuam a existir nas Instituições, a meu ver ainda em excesso. É uma tarefa que não é criativa, não estimula, mas é necessária.
4. HdF As minhas prioridades para 2006 são as pessoas.
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Pretendo estabelecer e executar um plano estratégico que englobe duas grandes áreas: políticas de gestão de recursos humanos e Comunicação. O objectivo é adoptar medidas que valorizem, incentivem e responsabilizem as pessoas individualmente e em grupo, no que diz respeito ao desempenho dos seus
papéis, identificar os talentos e fidelizá-los, acrescentando mais valias, quer às pessoas, quer às actividades. Introduzir uma cultura sistemática de negociação de objectivos e resultados, avaliação e responsabilização. É fundamental ganhar as pessoas e estabelecer compromissos recíprocos para o desenvolvimento de qualquer projecto, pois
são o capital mais importante e determinante para o êxito da missão das organizações. O nosso sucesso mede-se sobretudo pelo nível de satisfação da Comunidade que servimos, mas também pelo nível de satisfação dos nossos profissionais -"só cuida bem quem está bem cuidado". Por isso, só conseguiremos prestar melhores cuidados de saúde se tivermos pessoas informadas e motivadas.
A Saúde no Feminino Por questões de restrição de espaço, não poderíamos dar voz neste especial “Mulheres na Saúde” a todas as mulheres que se destacam nesta área em Portugal. Queremos, no entanto, reconhecer aqui que muitas outras mulheres se evidenciam pelo seu trabalho na Saúde e por isso nomeamos outras figuras, que poderiam igualmente figurar como nossas entrevistadas. Nesta edição, vêem os seus nomes publicados, numa próxima poderemos eventualmente contar com a sua participação. São elas: Amélia Leitão, Ana Escoval, Ana Estima, Ana Jorge, Ana Sara Brito, Célia Rosa, Conceição Estudante, Conceição Saúde, Dulce Gomes, Élia Costa Gomes, Emília Costa Macedo, Esperança Pina, Fátima Pereira, Guida Faria, Heloísa Santos, Inês Guerreiro, Isabel Bento, Isabel Fragoeiro, Izabel
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Monteiro, Joaquina Matos, Laura Aires, Leonor Beleza, Louise Cunha Teles, Margarida França, Margarida Theias, Maria de Lurdes Levy, Maria do Céu Bandeira, Maria do Céu Machado, Maria dos Prazeres Beleza, Maria Fernanda Resende, Maria Laires, Maria Luisa Van Zeller, Mariana Dinis de Sousa, Manuela Arcanjo, Manuela Bandarra, Margarida Bentes, Maria de Fátima Martins, Maria de Jesus Marques, Maria do Céu Madeira, Maria do Rosário Sepúlveda, Odete Ferreira, Purificação Araújo, Rosa Matos, Rosa Paço Salgueiro, Rosário Sabino, Teresa Dias, Teresa Paiva e Teresa Paixão.
Muitos mais nomes haverá para preencher esta lista. Uma mulher que teve também grande destaque foi Cesina Bermudes: falecida em 2001, foi uma das mulheres que mais se destacou na área da medicina em Portugal, desde que se licenciou na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1933. Se conhece outros nomes de destaque na Saúde em Portugal e é da opinião de que tais nomes deveriam ser incluídos na lista, não hesite em dar-nos o seu contributo para: hdf@groupvision.com. As contribuições dos nossos leitores serão incluídas numa próxima edição.
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Há cada vez mais mulheres a ingressar numa carreira na área da saúde, uma profissão que durante muito tempo foi dominada pelos homens. Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, apenas um quarto dos estudantes portugueses na área da saúde são do sexo masculino, ou seja, as mulheres estão em maioria. Esta realidade reflecte-se naturalmente na proporção dos profissionais de saúde no que diz respeito à divisão homens/mulheres. Noémia Lopes, socióloga doutorada e professora associada da Escola Superior de Saúde Egas Moniz e do Instituto Superior de Ciências da Saúde Egaz Moniz, sustenta que esta tendência ocorre não só na área da saúde como em toda a Europa. Um dos factores que a socióloga aponta como causas desta tendência é “o desenvolvimento recente de novas áreas profissionais (sobretudo ligadas à tecnologia da saúde) que, sendo áreas muito ligadas a um trabalho subordinado à medicina (portanto com reduzida autonomia funcional), acabam por se tornar um mercado menos atractivo” para os homens; é também o que se passa na área da Clínica Geral, que por ser menos especializada gera menos interesse. Por outro lado, Noémia Lopes explica que a saúde gera “um forte apelo à componente
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relacional e de ajuda”, o que chama ao sector mais mulheres, porque estas são “culturalmente socializadas para interiorizarem como «vocação natural» o exercício de cuidar dos outros”. No entanto, Noémia Lopes recorda que não podemos ignorar que “o sector da saúde sempre revelou uma acentuada demarcação interna por sexos, que continua a subsistir”, ou seja, existem áreas, como a enfermagem, em que a taxa de enfermeiros do sexo masculino é muito reduzida, mas existem outras, como a cirurgia, em que o número de mulheres é bastante inferior ao dos homens. Dada esta tendência no ensino, é natural que a mesma se reproduza ao nível dos
profissionais da Saúde. Contudo, esta socióloga recusa admitir que haja uma relação clara entre a proporção homens/mulheres e “qualquer repercussão estrutural no funcionamento das instituições de saúde”. Uma das questões mencionadas, e que é muitas vezes abordada a este respeito, é a da maior “humanização”. Segundo Noémia Lopes, a maior taxa de feminização do sector não traz mais humanização. Aquilo que realmente poderia fazê-lo seria uma “redefinição das formas de poder organizacional [actuais], que colocam os doentes como receptáculos passivos das intervenções profissionais (mesmo que essa não seja a intenção)”. O facto de haver mais mulheres, por si só, não pode ser indicado como determinante para tal mudança no sistema de saúde.
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TeleMedicina
TeleMedicina Sucesso ou Falhanço? A utilização da tecnologia nas técnicas da saúde é cada vez mais comum e necessária e a TeleMedicina é um ramo em constante desenvolvimento neste sector. Os seus impactos são de várias ordens. Para os utentes dos serviços médicos, a TeleMedicina pode permitir um acesso mais rápido; para esses mesmos serviços médicos, esta técnica inovadora implica certamente uma reestruturação da sua organização. E muitas outras consequências podem advir da implementação da TeleMedicina. Recentemente, realizou-se o II Fórum Ibérico de TeleMedicina, onde se discutiu este tema, com um enfoque sobre a TeleRadiologia. Neste dossiê especial, apresentamos um pequeno resumo sobre o que aconteceu neste fórum. Para fazer um balanço da situação da TeleMedicina em Portugal, fomos ouvir algumas personalidades que estão intimamente ligadas ao desenvolvimento dessa área no país, nomeadamente através da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina (ADT).
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Dr. Henrique Brandão Considera que a TeleMedicina em Portugal é um Sucesso ou um Falhanço? O que deveria acontecer para que os casos de êxito pudessem ter continuidade e ser generalizados a todo o país? Eu diria, e de certo modo discordando das afirmações veiculadas recentemente pelos media do senhor Ministro da Saúde, que terá dito que “esta nova tecnologia de saúde em Portugal foi um falhanço”, que, de facto, existem no nosso país projectos de grande sucesso, e não vale a pena dar exemplos pois todos nós os conhecemos. Todavia, a generalização da TeleMedicina, a sua articulação em rede a nível institucional, de facto não tem sido coroada de êxitos e por vários motivos que nós, ADT, e através do nosso “Manifesto”, datado de 24/06/2005, já identificámos. Este foi enviado ao Sr. Ministro da Saúde e foi divulgado e distribuído aos meios de Comunicação Social e portanto todos o conhecem. A TeleMedicina em Portugal, se não tiver e se não se basear numa equipa a nível do Ministério da Saúde, tipo “task force”, semelhante à que foi criada por exemplo na ARS/Alentejo, totalmente motivada, conhecedora no terreno e empenhada na concretização desta nova tecnologia de Saúde,
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então acredito que no futuro não tenha o desenvolvimento que nós e o cidadão esperamos dela… Se, pelo contrário, o Ministério da tutela, e creio sinceramente que neste momento está motivado, criar essa equipa que estude, planifique e crie legislação adequada, que faça ultrapassar as questões de natureza ética e jurídica relacionadas com a TeleMedicina, e venha a promover e a generalizar esta nova ferramenta, ao dispor dos profissionais de saúde e sobretudo do cidadão doente, então a TeleMedicina terá futuro em Portugal, como já tem em muitos países, nomeadamente aqui ao lado, na nossa vizinha Espanha.
Resumo Biográfico Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, é actualmente Assistente Graduado de Clínica Geral, na Especialidade de Medicina Geral e Familiar. É também o Presidente da Assembleia Geral da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina. Já ocupou o cargo de director do Centro de Saúde da Sertã, onde foi Coordenador da TeleMedicina.
de modelos que respondam adequada e eficientemente” a essas necessidades.
«A TeleMedicina deverá fazer parte duma organização de prestação de cuidados de saúde centrada no cidadão e nas suas reais necessidades»
A TeleMedicina, que em Portugal se foi desenvolvendo em “ilhas”, sem articulação entre si, deverá, no futuro, em nosso entender, ser constituída como uma rede estruturada e coerente. Ainda estamos a tempo de não perdermos a oportunidade do rápido desenvolvimento e generalização desta nova tecnologia de saúde.
A TeleMedicina deverá fazer parte duma organização de prestação de cuidados de saúde centrada no cidadão e nas suas reais necessidades e o decisor político tem a obrigação de basear os seus esforços “para o desenho, implementação e operacionalização
Pessoalmente, creio que actualmente o Ministério da Saúde está a estudar o problema, restando-nos a esperança de que esta nova ferramenta tecnológica seja duma vez por todas implementada e generalizada a todo o território nacional, deixando de ser a “manta de retalhos” que neste momento é.
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Dr. João Nunes Abreu Considera que a TeleMedicina em Portugal é um Sucesso ou um Falhanço? O que deveria acontecer para que os casos de êxito pudessem ter continuidade e ser generalizados a todo o país? A TeleMedicina Portuguesa não pode ser dissociada do Sistema de Saúde Português; contudo, nunca fez parte do S.N.S. E aí reside o principal obstáculo ao desenvolvimento
de todas as suas potencialidades. Em Janeiro de 2003 e Maio de 2005, foram entregues aos Ministros da Saúde da altura relatórios da A.D.T. apontando soluções para estabelecimento de uma Rede Nacional. Depois disso, não houve alterações significativas da tutela em relação à TeleMedicina.
Resumo Biográfico Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1964, Chefe de Serviço dos Hospitais Civis de Lisboa, ex-Presidente da Associação Estomatológica Internacional entre 1983 e 1984, ex-Director do Hospital de S.José de 1979 a 1988, ex Sub-Director Geral dos Hospitais e posteriormente Director-Geral de Saúde de 1992 a 1996, ex-assessor do(a) Ministro(a) da Saúde de 1996 a 1999 e 2002, ex-Presidente da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina.
Na nossa opinião, há que tornar a telemedicina em especialidade médica e integrá-la de pleno no S.N.S.
Comendador da Ordem de Mérito desde 1996, actualmente é presidente do Fórum Hospital do Futuro.
«Na nossa opinião, há que tornar a TeleMedicina em especialidade médica e integrá-la de pleno no S.N.S.»
Engª Maria Laires Considera que a TeleMedicina em Portugal é um Sucesso ou um Falhanço? O que deveria acontecer para que os casos de êxito pudessem ter continuidade e ser generalizados a todo o país? Em pleno século XXI, a TeleMedicina ocupa incontestavelmente um lugar estratégico na maior parte dos Países, a nível mundial. Em Portugal, curiosamente, tínhamos algumas razões ligadas ao difícil acesso das populações aos Hospitais que nos impeliram para falarmos em TeleMedicina muito antes do que grande parte desses Países que hoje a utilizam em larga escala e para as mais diversas aplicações (por exemplo, a AIR INDIA tem TeleMedicina instalada para apoio cardiológico aos seus passageiros). Outros, como os EUA, decidem-se também, e muito rapidamente, pela instalação de serviços de TeleMedicina que já hoje ultrapassam os limites de governação Estadual: por razões económicas (mas não só) estão agora decididos a recuperar tempo e benefícios vultosos perdidos num passado recente, pois só a partir aproximadamente do ano 2000
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tomaram as decisões, Estado a Estado, que se compaginam com a utilização da TeleMedicina, incluindo a adopção do EHR [Electronic Health Records]. Voltando a Portugal, as diversas aplicações de TeleMedicina existentes resultaram quase todas de um grande voluntarismo pessoal, tendo nalguns casos conseguido espalhar-se a Sub-Regiões de Saúde. Mas, não pondo de lado o seu mérito e experiências adquiridas, com enormes benefícios económicos para as diferentes organizações de Saúde no terreno (e para o orçamento das ARS) e preciosas melhorias na qualidade de saúde dessas populações (não esquecendo também o valor acrescentado que resulta para a formação contínua dos Clínicos gerais nos Centros de Saúde), temos de reconhecer que não se pode implementar a TeleMedicina em nenhum País sem que exista uma política de Saúde que a suporte. Isto porque a TeleMedicina não pode funcionar a nível Nacional sem que a montante seja definida uma política para a montagem de um "Sistema Nacional Integrador para a Informação de Saúde" que, por seu turno, deve espelhar uma forma de funcionamento integrado do Serviço Nacional de Saúde (SNS). E não podemos deixar de sublinhar também as ligações (irreversíveis)
de um SNS com toda uma panóplia de prestadores de serviços (privados), cuja actividade é indispensável para o diagnóstico e tratamento da saúde dos Portugueses: Laboratórios Clínicos, Exames Complementares de Diagnóstico, Farmácias, etc .
«Recuso-me, assim, a considerar que a Telemedicina em Portugal seja um "falhanço". Acontece que nunca até hoje surgiu uma vontade política para que ela correspondesse a uma prioridade inequívoca do Governo,…» Recuso-me, assim, a considerar que a TeleMedicina em Portugal seja um "falhanço". Acontece que nunca até hoje surgiu uma vontade política para que ela correspondesse a uma prioridade inequívoca do Governo, que parece não ter compreendido as grandes mudanças que estão em curso mundialmente e que têm
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sido feitas por Países em que a noção de: • melhorar e agilizar o acesso dos cidadãos a cuidados de saúde e a serviços nos seus diferentes níveis (diferenciados/hospitalares, de monitorização/prevenção de doenças crónicas, de home-care para doentes acamados e idosos, a receita electrónica com ligação às farmácias, laboratórios, etc.)
• garantir a equidade real do acesso aos Cuidados de Saúde, com muito melhor nível da qualidade de saúde (por exemplo diminuindo o recurso indevido aos Serviços de Urgências, pois disporão de melhor prevenção e de cuidados diferenciados através dos Centros de Saúde), repercutindose também estes benefícios em grande conforto para os doentes e em economias garantidas aos cidadãos.
• melhorar o sistema referencial do doente, através da adopção do EHR, de standards estruturais, de linguagem, e com um sistema de codificação clínica adequado.
• implementar rotinas de trabalho que correspondam a maior eficácia, maior segurança, e maior privacidade para os utentes.
• necessidade de se adoptar um EHR, que arrasta a criação a jusante de um Banco de Dados - EHR Nacional, contendo as informações dos EHR gerados em locais e instituições geograficamente distintos. Esse BDN/EHR deve ser gerido e mantido (funcionalmente, em termos de segurança, e de actualizações, por exemplo) por uma espécie de Clearing House única, altamente competente e responsável pela qualidade e consistência da informação circulante.
• obter cortes substanciais nas despesas existentes nas instituições, e também trazer grandes poupanças ao Estado pela via do corte drástico da necessidade vigente de transporte (táxis, ambulâncias, bombeiros...) para doentes necessitados de consultas. Com a intervenção da TeleMedicina, passarão a ser triados pelos Centros de Saúde, onde o médico de cuidados primários terá acesso, se tal se mostrar necessário e de acordo com horário a ser fixado, aos seus
colegas de um Hospital responsáveis das mais diversas especialidades médicas. Em Portugal existem relatórios e estudos feitos que dão a conhecer resultados estatísticos de actividades de TeleMedicina realizadas ao longo de anos, contendo quer informação de "saúde" por áreas clínicas, quer resultados económicos detalhados. Assim, não posso considerar que a TeleMedicina seja um "Falhanço", e muito menos que possa ser classificada como um "Sucesso" em Portugal. Desde há anos que nenhum Ministério da Saúde se recusa a tomar oficialmente posição séria "também" sobre este assunto, o que tem empurrado a TeleMedicina para uma espécie de "limbo" (aliás bem acompanhada pela informática, pelas TIC's, pelos standards, e por outros desterrados). Concluindo, o desafio que se coloca é que, muito simplesmente, a TeleMedicina ainda "tem que ser feita", seriamente.
Resumo Biográfico Em 1997 fundou a Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina. Desde esse mesmo ano é membro permanente do Council Board da Fundação HON (Health On Net), na Suíça. Saindo do 3º ano do curso de Matemáticas, foi solicitada pelo Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial para trabalhar no primeiro computador entrado em Portugal (1959), dedicado ao cálculo científico. Posteriormente, já na NCR, fez a licenciatura em Engenharia de Sistemas na Bélgica. A partir desse momento, a sua actividade centrou-se no sector privado, como consultora e formadora. Em 1976, fundou o SIMS (actual Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde), do qual foi presidente. Em 1977, fundou a APIM-Associação de Informática Médica. Em 1990, a convite da Comissão Europeia, foi para Bruxelas, onde exerceu funções como "scientific expert" na DGXIIIHealth Telematics. Ainda na C.E., em 1996 criou o "EHTO-European Health Telematics Observatory" e decide em 1998 fazer a migração do EHTO para Portugal, passando, já em Lisboa, a exercer funções de Presidente e CEO.
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Dr. Mário Veloso Considera que a TeleMedicina em Portugal é um Sucesso ou um Falhanço? O que deveria acontecer para que os casos de êxito pudessem ter continuidade e ser generalizados a todo o país? Tendo em conta as expectativas criadas com a introdução e subsequente divulgação da TeleMedicina, que levaram ao desenvolvimento dum número substancial de projectos e/ou aplicações piloto de TeleMedicina em Portugal e considerando o número reduzido de casos de sucesso, teremos forçosamente que concluir que é, no presente, um "falhanço". Resultados similares foram obtidos noutros países, tais como os EUA e o Reino Unido [1, 2]. Na prática, somos tentados a concluir que a TeleMedicina tem sido caracterizada por testes, demonstrações, ou serviços experimentais, com um tempo de vida limitado que não ultrapassa a duração de projecto e/ou políticas de financiamento de desenvolvimento específicas. Também, em Portugal como nos outros países, a TeleRadiologia representará o caso de maior sucesso.
«Mas será a resistência dos utilizadores realmente a causa ou uma consequência dum problema mais vasto?»
Será então que a multiplicidade de benefícios atribuídos à TeleMedicina não passavam de meras quimeras, simples devaneio de investigadores e/ou clínicos entusiastas, ou mero produto de marketing da indústria? Ou será que a TeleMedicina tem efectivamente valor, podendo representar um papel importante no âmbito da prestação de serviços de saúde? Tendo eu sido um dos impulsionadores da TeleMedicina no nosso País e primeiro presidente da ADT, considero essencial analisar mais detalhadamente estas questões. Uma forma de abordar estas questões seria tentar encontrar os 'culpados' do insucesso da TeleMedicina. Claro que os suspeitos do
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costume são, na maioria das vezes, os utilizadores - a resistência à mudança. Por exemplo, Anderson e col. [3] apontam a resistência dos utilizadores como causa de insucesso em mais de metade de sistemas de informação médicos, apesar de estes serem tecnologicamente adequados. Mas será a resistência dos utilizadores realmente a causa ou uma consequência dum problema mais vasto? A título de exemplo, Eason [4], já em 1988, afirmava que a causa mais habitual para o insucesso de implementações tecnológicas é que o processo de implementação é tratado como um problema tecnológico e que os aspectos humanos e organizacionais são ignorados. Também Berg [5], mais recentemente, considera que 75 98% dos sistemas computorizados de gestão da informação na saúde deveriam ser considerados como um insucesso e que os aspectos organizacionais são o factor chave para o sucesso. Esta ênfase nos factores humanos e organizacionais como causa de insucesso de sistemas informáticos na saúde e da TeleMedicina, em particular, sugere claramente que o sucesso da implementação duma qualquer solução tecnológica irá depender da estrutura social em que vai ser integrada. Por outras palavras, uma tecnologia não funciona isoladamente, por si só, não sendo possível separar os aspectos organizacionais ou sociais dos aspectos técnicos. Assim sendo, na minha opinião, o factor chave para o sucesso da TeleMedicina consiste numa análise adequada das necessidades, numa perspectiva sócio-técnica [6] abrangente do contexto organizacional. Em primeiro lugar, a TeleMedicina deverá ser equacionada em comparação com outras alternativas em termos da resolução das necessidades concretas das populações a que se destina. Também as características dos dados médicos em questão e o seu tipo de utilização irão condicionar os requisitos técnicos e organizacionais, especialmente no que se refere ao impacto nas actividades de rotina que têm lugar nas organizações e agentes envolvidos. Por exemplo, através da videoconferência um doente ou um profissional de saúde tem acesso interactivo a dados do tipo voz e imagem, mas não implica necessariamente o processamento e registo desses dados. Pelo contrário,
noutros casos, o registo de dados poderá constituir uma necessidade fundamental, e.g. processo clínico do doente.
«Acredito que a TeleMedicina ainda tem um papel relevante a desempenhar no nosso país, caso seja adoptada uma estratégia coerente para a sua utilização» Em segundo lugar, é necessário proceder a uma estimativa adequada dos custos de implementação e manutenção das aplicações de TeleMedicina, caso a caso. A análise dos requisitos é fundamental para um planeamento apropriado. Em terceiro lugar, considerando que a TeleMedicina não é uma tecnologia e muito menos um produto em si, mas sim uma técnica utilizada no exercício da medicina, deverá ser alvo duma extensa avaliação em termos da sua segurança, eficácia, utilidade clínica e eficiência, tal como qualquer outra técnica ao serviço da medicina. Só através duma avaliação sistemática, desde as fases mais precoces da implementação de aplicações de TeleMedicina, será possível identificar e corrigir atempadamente práticas e estratégias inadequadas ou ineficientes. Adicionalmente, tal como muitas outras técnicas ao serviço da medicina, as aplicações de TeleMedicina necessitam de formação e treino adequados. Finalmente, para que possa ter sucesso, a TeleMedicina deverá ser harmoniosamente enquadrada no seio das tecnologias em que se fundamenta e.g. nomeadamente as telecomunicações e os sistemas de informação. Nesta perspectiva, a TeleMedicina deverá ser encarada como um serviço no âmbito da prestação de cuidados de saúde, que deverá partilhar as mesmas infra-estruturas tecnológicas com uma série doutros serviços, tais como o processo clínico electrónico, sistemas de prescrição médica, sistemas de agendamento de consultas, ou sistemas de informação de radiologia e laboratório. Isto é, a TeleMedicina deverá ser
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considerada como um componente do conceito mais lato da eSaúde, tal como adoptado pela Comissão Europeia, para descrever a aplicação das tecnologias de informação e comunicações na globalidade de funções que, duma forma ou outra, afectam a saúde dos cidadãos e doentes. Em conclusão, temos que assumir que a TeleMedicina não tem correspondido às expectativas iniciais. Mas também temos que assumir que a presente realidade é em muito devida a não se ter aproveitado a experiência dos outros países neste domínio. O facto é que muitos dos trabalhos que citei são anteriores à divulgação da TeleMedicina em Portugal. No entanto, também acredito que a TeleMedicina ainda tem um papel relevante a desempenhar no nosso País, caso seja adoptada uma estratégia coerente para a sua utilização. Esperemos que, no futuro, não se venham a repetir os mesmos erros.
[1] Chin, TL., Telemedicine. Secrets to success, Health Data Management, July 1998, 6(7): 76, 78-9 [2] May C, Mort M, Mair FS, Williams T., Factors affecting the adoption of the Telehealthcare Technologies in the United Kingdom: the policy context and the problem of evidence, Health Inform J.2001, 7, 131-4 [3] Anderson JG, Aydin CE, Jay SJ Evaluating heal-thcare information systems: methods and applications, Thousand Oaks Calif: Sage Publications, 1994 [4] Eason K, Information Technology and Organizational Change, London: Taylor&Francis, 1988 [5] Berg M, Patient information systems and health-care work: A sociotechnical approach, Int. J. Med. Inf. 55,1999, 87-101 [6] Viller S, Sommerville I, Social analysis in the requirements engineering process: from ethnography to method, IEEE Conference on Requirements Engineering, 1999, 6-13
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Resumo Biográfico Licenciado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, exerce desde 1994 o cargo de Assistente Hospitalar de Neurologia, no Hospital de Egas Moniz. Desde 1984, tem privilegiado a aplicação das novas tecnologias de informação e comunicações (TIC) nas áreas de gestão de Serviços de Saúde, desenvolvimento de sistemas de informação clínica e TeleMedicina, bem como no domínio da Inteligência Artificial em Medicina, em particular relativamente a sistemas de representação do conhecimento médico e de apoio à decisão. Desempenhou alguns cargos relevantes na área das TIC, nomeadamente Presidente da Associação Portuguesa de Informática Médica, Presidente da Direcção da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina e Presidente da Direcção do Centro de Estudos de Novas Tecnologias da Informação aplicadas à Saúde. Participou em múltiplos projectos de investigação e desenvolvimento na área dos sistemas telemáticos na saúde, nacionais e internacionais. Tem vários trabalhos apresentados em reuniões e publicações científicas nacionais e internacionais, nas áreas médica e de informática médica, tendo obtido, em 1994, o Prémio Descartes atribuído pelo Instituto Informática, pelo trabalho intitulado "Sistema Integrado de Informação Hospitalar".
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Eng. Vasconcelos da Cunha Considera que a TeleMedicina em Portugal é um Sucesso ou um Falhanço?
Portugal ... " e "Assegurar o apoio financeiro às acções de promoção e divulgação da TeleMedicina enunciadas ... ".
O que deveria acontecer para que os casos de êxito pudessem ter continuidade e ser generalizados a todo o país?
Nos seus dois anos de actividade, a IEDT apoiou 16 projectos, até à sua operacionalidade, realizou uma conferência de dois dias e quatro workshops de divulgação da TeleMedicina.
A TeleMedicina é um Sucesso, se tivermos presente que praticamente tudo quanto existe, e não é pouco, é resultado exclusivo de iniciativas de profissionais interessados e motivados, que procuram eles próprios apoios que possam suprir a total ausência de apoio oficial e vencem resistências quando não mesmo oposições, para levar por diante os seus projectos. A TeleMedicina é um Falhanço, se pensarmos que poderia estar bem mais expandida por impulso dum plano estruturado para o seu desenvolvimento sistemático e integrado, que todavia nunca existiu por omissão deliberada e persistente do poder político. O desenvolvimento da TeleMedicina é um problema político. Dominamos as técnicas, temos as competências necessárias, as suas vantagens estão demonstradas e a sua necessidade existe. Mas não pode haver desenvolvimento da TeleMedicina, a nível nacional, sem uma vontade clara, que emane do poder político. A continuidade dos casos de sucesso e a sua generalização a todo o país depende, assim, em primeiro lugar, do interesse manifesto e da acção consequente do topo da organização, como é regra para todo e qualquer grande projecto institucional. Em 1999, um protocolo celebrado entre o Ministério da Economia e do Plano e o Ministério da Saúde criou a Iniciativa Estratégica para o Desenvolvimento da TeleMedicina (IEDT), gerida por uma comissão (CIEDT). Os objectivos da IEDT incluíam "Assegurar o apoio financeiro indispensável à continuidade e expansão dos projectos de TeleMedicina ... ", "Este apoio financeiro deve ser encarado como primeira medida para a consolidação de um programa ... de natureza estratégica, para o desenvolvimento da TeleMedicina em
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«A TeleMedicina é um Falhanço, se pensarmos que poderia estar bem mais expandida por impulso dum plano estruturado para o seu desenvolvimento sistemático e integrado, que todavia nunca existiu por omissão deliberada e persistente do poder político.»
TeleMedicina é um bom exemplo, que permitem que a informação esteja disponível sempre, onde e quando é necessária, sob a forma mais conveniente (som, dados, imagem). Todos vamos querer usufruir das novas possibilidades que se abrem todos os dias, em todos os domínios, e precisamos da tecnologia para sermos eficazes e eficientes. Mas não esqueçamos que a sofisticação de meios melhora o rendimento das transacções mas não lhes altera o sentido, isto é, reforça o poder dos mais fortes e, em consequência, alarga o gap. A única forma de combater isso é pertencer ao grupo dos mais desenvolvidos. Vale mais tarde do que nunca.
«A única forma de combater isso é pertencer ao grupo dos mais desenvolvidos. Vale mais tarde do que nunca.»
Porém, ao contrário do que se previa, a iniciativa não teve continuidade. Um levantamento de actividade, efectuado em 2000, revelou haver cerca de 50 instituições do SNS envolvidas na prática de TeleMedicina, em teleconsultas e em regime de apoio a urgências hospitalares, numa ou mais especialidades (radiologia, dermatologia, cardiologia, neurologia, etc.). Em idêntico levantamento, efectuado em 2003, aquele número era então já de 70. Hoje em dia, o número de entidades envolvidas é maior, a actividade está mais estruturada e estende-se para alémfronteiras, onde os nossos profissionais e soluções são amplamente reconhecidos. O desenvolvimento fantástico que continua a registar-se na informática, nas comunicações e nas tecnologias no âmbito da saúde está a criar um contexto novo de que a prestação de cuidados de saúde tem, inevitável e rapidamente, que tirar partido, para evoluir e responder ao crescendo de solicitações que enfrenta.
Resumo Biográfico É sócio fundador e membro dos Órgãos Sociais da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina e é, desde 2003, Director no Arsenal do Alfeite. Já ocupou, entre outros, os cargos de Presidente do Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde, de representante do Ministério da Saúde na Missão para a Sociedade da Informação, de Assessor do Secretário de Estado da Saúde, de Coordenador da Comissão Interministerial para o Desenvolvimento da TeleMedicina, de Assessor do Conselho da Administração do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais e de Assistente no Instituto Superior Técnico. O seu currículo académico compreende os graus de Agente Técnico de Engenharia de Electromecânica, Engenheiro Naval, Ocean Engineer and Master of Science in Naval Architecture and Marine Engineering pelo MIT e MBA pela Universidade Nova de Lisboa.
É o caso das redes institucionais, de que a
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Breves
Discussão Pública A Direcção-Geral de Saúde (DGS) disponibiliza desde Abril de 2005 um documento para discussão pública sobre o desenvolvimento da TeleMedicina, com vista a consolidar recomendações para o desenvolvimento desta área em Portugal. Tem sido longo o percurso da TeleMedicina em Portugal. Podemos recuar, por exemplo, até ao ano de 2001, em que foi criado, por despacho do Ministério da Saúde, um grupo de trabalho para o estudo da TeleMedicina, composto por personalidades que conseguissem discutir seriamente a matéria. Este grupo elaborou um relatório, em 2002, com recomendações que considerou essenciais para o avanço das novas tecnologias da informação na área da saúde. Depois de recentemente aprovado o Plano Nacional de Saúde (PNS), a DGS quis renovar a discussão, para que se possam definir claramente as estratégias a adoptar para o desenvolvimento da TeleMedicina em Portugal (que o PNS considera urgente e necessário).
Foi então elaborado um documento que neste momento é alvo de uma discussão pública e que tem como principais vectores criar suportes para a tomada de decisão eficaz nas acções que envolvam a TeleMedicina e definir recomendações práticas para o desenvolvimento deste tipo de tecnologia. Uma necessidade fundamental identificada por este documento é a constituição de um organismo que dinamize a TeleMedicina em Portugal, nomeadamente através da avaliação e aprovação de projectos que satisfaçam necessidades reais, de modo a proporcionar infra-estruturas da saúde de maior qualidade e a torná-las mais eficazes, ao nível do que é exigido e praticado na União Europeia.
A revista Hospital do Futuro sabe ainda que está previsto um conjunto de reuniões ao mais alto nível (think tanks), agregando responsáveis do sector, agentes da saúde e empresas fornecedoras, com vista à identificação de boas práticas e projectos piloto em cada região de Portugal, no âmbito do actual Quadro Comunitário de Apoio e com o apoio do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento. Mais informação sobre o documento no sítio de Internet da DGS: www.dgsaude.pt
Tecnologias do Futuro HTB: um futuro para a gestão na saúde O HTB (Healthcare Transaction Base) é uma tecnologia que a ORACLE apresenta para revolucionar a organização dos serviços de saúde: ao mesmo tempo que permite um aumento exponencial da qualidade dos serviços prestados aos utentes de saúde, permite também uma eficaz reestruturação e redução de custos. O sistema HTB consiste numa plataforma de informação clínica, administrativa e financeira que assegura a interoperacionalidade e a integração de um sistema de saúde, ou seja, é uma base de dados que aglomera uma série de informação sobre todas as áreas desse sistema (dados que podem ser acessíveis a todos os utilizadores), de forma a tornar os serviços de saúde mais eficientes. Esses dados vão desde os registos dos pacientes à gestão de recursos humanos, de horários de atendimento, de recursos materiais, de listas de espera, de medicamentos, etc. Actualmente, com a enorme quantidade de informação que é necessário gerir nas
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organizações de saúde, torna-se imperativo adoptar ferramentas que permitam um cruzamento de informação eficaz, proporcionando uma visão global e rigorosa da realidade organizacional. Este sistema torna-se um instrumento fundamental de apoio à tomada de decisão, trazendo vantagens para os utentes dos serviços de saúde e para as organizações que os prestam. Com a adopção do HTB, as organizações ficam em permanente contacto com as mais recentes inovações tecnológicas, o que lhes permite construir a saúde do futuro, para a sociedade do futuro.
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II Fórum Ibérico de TeleMedicina
O Fórum em Revista Em Outubro de 2005, realizou-se nas instalações da EXPOBEIRAS, em Viseu, o Segundo Fórum Ibérico de TeleMedicina, cujos sócios fundadores são a ADT Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina (www.adt.pt) e a Videomed. Este fórum foi dedicado ao tema a "TeleRadiologia na Era Digital" e a Drª Helena Monteiro, especialista na área da Gestão e participante no Fórum, apresenta-nos aqui um resumo sobre os temas tratados em Viseu.
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Por Helena Monteiro helena.monteiro@iscsp.utl.pt Fórum Ibérico de TeleMedicina
A sessão de abertura decorreu na Câmara Municipal de Viseu, na presença de diversas individualidades de Portugal e Espanha. Foi sublinhado pelos vários intervenientes desta sessão de abertura a importância do evento, não só no que se refere à oportunidade do tema, mas também em relação ao espaço de colaboração ibérica, com as mais valias já reconhecidas na prática da TeleMedicina em áreas transfronteiriças e nas possibilidades de uma colaboração mais profunda. Foi também assinado um protocolo entre Viseu e Badajoz, através dos seus representantes legais (Presidente da Câmara de Viseu e Alcalde de Badajoz), no sentido de que este Fórum, que no ano passado ocorreu em Badajoz, passe a realizar-se alternadamente em cada uma destas ilustres cidades. Este evento, que contou com a presença de numerosos participantes de Portugal, Espanha, Cabo Verde, Noruega, Finlândia, Holanda e Reino Unido, teve como parceiros científicos o Instituto Piaget e o Hospital de S. Teotónio - Viseu. A primeira sessão foi dedicada à TeleMedicina na Extremadura - razões do investimento do SES (Servicio Extremeno de Salud), onde Guillermo Fernandez Vara apresentou esta iniciativa, desde o desenho da sua estratégia até à montagem e execução do programa que se encontra em marcha. Constituiu uma excelente apresentação, podendo esta iniciativa ser apreciada e considerada como uma das boas práticas para o arranque da TeleMedicina em
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qualquer contexto geográfico e político. Ao longo dos vários dias, foram feitas múltiplas intervenções, desde a apresentação de experiências de TeleMedicina através de vídeo-conferências em tempo real (cardiologia pediátrica, diagnóstico pré-natal, telecirurgia maxilo-facial, contacto com o Hospital de Changuetti na Mauritânia,...), até à apresentação de temas tão distintos como e-saúde, o nascimento do PACS, TeleMedicina em genética, TeleMedicina em emergência, TeleMedicina e a radiologia, teleEnsino na radiologia, assinaturas digitais e a prescrição electrónica, TeleMedicina militar, a TeleMedicina e o futuro… E ainda aspectos económico ou financeiros e éticojurídicos associados à prática da telemedicina, assim como o papel da TeleMedicina na arquitectura organizacional dos sistemas de saúde.
«…podendo esta iniciativa ser apreciada e considerada como uma das boas práticas para o arranque da TeleMedicina em qualquer contexto geográfico e político.» Ao longo dos dias em que decorreram os trabalhos, também os parceiros fundadores e promotores tiveram oportunidade de expor as suas soluções - em zona
especificamente dedicada a este fim - e de as apresentar em simpósios satélites. A Comissão Organizadora do evento preocupou-se igualmente em estabelecer um programa social para os participantes e seus acompanhantes, onde o conhecimento da cultura e dos espaços de Viseu foi uma prioridade, o que permitiu criar um clima ainda mais agradável entre todos.
Resumo Biográfico Maria Helena Monteiro é docente no Instituto de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Técnica de Lisboa e Consultora de Gestão no Sector Público e Privado. Tem mais de vinte anos de docência universitária e vasta experiência de Consultoria de Gestão, tendo sido Partner da ERNST & YOUNG e Vice-President da CapGemini Ernst&Young. Recentemente tem-se dedicado com maior incidência ao Sector Público, especificamente no sector da Saúde, tendo participado em vários projectos nas vertentes de Gestão de Programa, Gestão de Projectos Complexos e Gestão da Mudança. Assegurou, a convite da APDSI - Associação para a Promoção do Desenvolvimento da Sociedade da Informação, a elaboração do estudo "O que o Sector da Saúde em Portugal tem a ganhar com o desenvolvimento da Sociedade da Informação". Actualmente participa na elaboração de dois estudos similares.
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Outra Visão
Pílula: para além da Contracepção Por Dr. Fernando Cirurgião Especialista em Ginecologia e Obstetrícia
Nesta rubrica procuramos a colaboração de especialistas em diversas áreas da Medicina, de forma a mostrar diferentes abordagens e visões sobre os mais variados temas, em colaboração com a Schering Lusitana. Nesta edição, o Dr. Fernando Cirurgião escreve sobre os efeitos menos divulgados da pílula contraceptiva e a sua evolução. Os benefícios do uso dos contraceptivos orais combinados, que associam as formas sintéticas das duas hormonas femininas (estrogénios e progesterona), e mais conhecidos por pílula vão muito para além do efeito contraceptivo. Quando as primeiras pílulas apareceram, no início dos anos 60, o teor hormonal chegava a ser 10 ou mais vezes a das actuais. Esta redução hormonal tornou a pílula mais segura, em termos de efeitos secundários, podendo ser usada pela maioria das mulheres que desejam um método contraceptivo fiável que
ultrapassa os 99% de eficácia contraceptiva. Não só a dose de estrogénios foi sendo reduzida, como a outra hormona, a progesterona, foi sendo modificada, tornando-a um factor importante para a escolha da melhor pílula para cada mulher. A pílula combinada (estrogénios e progesterona) proporciona uma prevenção eficaz no aparecimento de doenças como o cancro do útero, o cancro do ovário, gravidez extra-uterina, problemas benignos da mama, anemia e osteoporose. Ainda reduz marcadamente as dores menstruais, bem como a duração e quantidade do fluxo menstrual. Quando se pretende um resultado mais eficaz na beleza da pele, redução da retenção de líquidos e melhoria do síndrome pré-menstrual, a progesterona sintética da pílula assume um papel importante e que condiciona a selecção da mesma, já que nem todas têm esta propriedade. Especificando mais pormenorizadamente: As dores menstruais (dismenorreia) afectam mais de metade das mulheres, chegando ao extremo da incapacidade física desencadeada pela dor. O uso da pílula leva ao desaparecimento ou redução acentuada destas dores na quase totalidade das mulheres. As menstruações abundantes, que com o passar do tempo provocam anemia, podem ser tratadas eficazmente com a pílula contraceptiva, já que há uma redução em
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quase metade da quantidade e duração das menstruações. O cancro ginecológico, do útero e do ovário, tem uma incidência preocupante e pode ser eficazmente prevenido com a toma prolongada da pílula. O efeito protector é tanto mais marcado quanto maior o número de anos de uso. Os problemas benignos da mama, como são os quistos e os fibroadenomas, aparecem muito menos em mulheres que tomem a pílula. A osteoporose, um problema ósseo muito comum na menopausa e que se associa a um maior risco de fracturas, tem uma incidência menor nas mulheres que utilizaram uma pílula durante a idade fértil. As alterações da pele, como a acne e a pele oleosa, podem ser eficazmente tratadas com uma pílula que contenha um progestativo antiandrogénico, isto é, que contraria os efeitos do excesso de hormonas masculinas que provocam estas alterações. Por último, a retenção de líquidos e a síndrome pré-menstrual podem ser resolvidas se a pílula escolhida contiver um progestativo, que, tal como a progesterona natural, promove a eliminação dos líquidos em excesso e evita a sensação de inchaço, de tensão mamária, de tensão pré-menstrual e se reflecte mesmo de uma forma objectiva e agradável na balança.
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Prémios HdF
Prémios 2005/06
Os Prémios "Hospital do Futuro", iniciativa conjunta do Fórum Hospital do Futuro e das organizações apoiantes e patrocinadoras, têm como objectivo destacar e galardoar aquelas pessoas e organizações que mais contribuíram para o desenvolvimento das organizações da Saúde em Portugal, nomeadamente na promoção e dinamização de projectos de utilidade pública. O Fórum Hospital do Futuro acredita que uma equipa que é reconhecida é sempre uma equipa motivada. Por isso, o reconhecimento público dado aos galardoados visa não apenas premiar as iniciativas com mais destaque na Sociedade Portuguesa, mas igualmente motivar e estabelecer exemplos a seguir no futuro, contribuindo assim para o desenvolvimento do sector da Saúde e para o progresso de Portugal.
Podem candidatar-se quaisquer pessoas ou entidades ligadas ao sector da saúde em Portugal que tenham desenvolvido um projecto com relevância para alguma das categorias dos prémios. A escolha das pessoas e entidades premiadas caberá a um júri constituído por personalidades com reconhecidos méritos no contexto dos diferentes prémios instituídos e do qual
também fazem parte representantes das entidades patrocinadoras. O júri terá como principais critérios de avaliação das candidaturas o carácter inovador do trabalho desenvolvido, a relevância clínica ou sanitária, a relevância económica e social e a dinamização das relações entre o Estado e a Sociedade Civil.
Antevisão Prémios 2005/2006 Os próximos Prémios Hospital do Futuro serão entregues em Março de 2006. Os objectivos dos prémios mantêm-se, mas a expectativa em relação ao seu acolhimento é maior que na edição anterior. Nesta segunda edição dos prémios, que são agora mais conhecidos do que eram há um ano atrás, o Fórum Hospital do Futuro recebeu um número muito satisfatório de candidaturas - cerca de 100 projectos. Entre os membros que integrarão o júri, já estão confirmados os nomes do Dr. Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, do Dr. Francisco George, Director Geral de Saúde, do Prof. Dr. António Vaz Carneiro, da Faculdade de Medicina de Lisboa, do Dr. Aranda da Silva, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, do Dr. Manuel Pedro de Magalhães, Director do Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, e do Prof. Dr. Dias Coelho, Presidente da APDSI (Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação). São nomes
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importantes na área da saúde em Portugal, que ajudarão a fazer destes prémios uma referência a nível nacional. A cerimónia de entrega dos prémios decorrerá durante a 14ª Conferência SINASE, no dia 20 de Março de 2006, na Universidade Católica, em Lisboa, e contará com a presença do Ministro da Saúde, Prof. Correia de Campos, que fará a entrega dos prémios. Entre os restantes convidados, estará presente o Prof. Dr. Gomes Canotilho, que fará uma intervenção na cerimónia. Os resultados da entrega dos Prémios serão divulgados numa edição especial da revista "Hospital do Futuro", com edição durante o mês de Abril.
O Ministro da Saúde, prof. Correia de Campos, na entrega dos prémios 2004/05.
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Categorias dos Prémios 2005/2006 • Prémio Integração: melhor iniciativa na área de articulação de cuidados primários, secundários e continuados • Prémio Serviço Público: melhor prestador público de Saúde • Categoria "Acessibilidade e Atendimento" • Categoria "Inovação" • Prémio Serviço Privado: melhor iniciativa do sector Privado de Saúde • Prémio Serviço Social: melhor iniciativa do sector Social de Saúde • Prémio Parcerias em Saúde: • Categoria Público-Privado: melhor iniciativa de articulação entre o Sector Público e o Sector Privado • Categoria Público-Social: melhor iniciativa de articulação entre o Sector Público e o Sector Social • Prémio e-Saúde: melhor iniciativa de e-governo em Saúde • Prémio e-Medicina: melhor projecto de TeleMedicina • Prémio Autarquias: melhor contribuição autárquica na Saúde • Prémio Educação: melhor iniciativa no ensino da Saúde • Prémio Recursos Humanos: melhor iniciativa na área de Recursos Humanos na Saúde do futuro • Prémio Farmácia do Futuro: melhor iniciativa de inovação para a Farmácia do futuro
Para os candidatos O prazo de entrega das candidaturas a esta edição já terminou. Para se candidatar à edição 2006/07, poderá fazê-lo já a partir do mês de Abril. As candidaturas devem incluir obrigatoriamente a identificação do nomeado (nome, morada, telefone, fax, e-mail), um texto justificativo da nomeação em formato electrónico, identificando um resumo do seu contributo para os objectivos deste prémio, bem como possíveis ligações ("links") e referências bibliográficas. O sítio www.hospitaldofuturo.com tem toda a informação disponível sobre os Prémios. Para mais esclarecimentos contacte o Fórum Hospital do Futuro por fax (217 120 549) ou e-mail (saude@groupvision.com).
Em Revista Prémios 2004/2005 Em 2005, realizou-se a primeira edição dos Prémios HdF, que contou com a colaboração do Grupo Português de Saúde, SINASE, ORACLE, TANDBERG, IVAM e ORGA. Teve ainda como media partners a revista Semana Informática e o jornal TempoMedicina-Online. Nesta edição, foram enviadas 25 candidaturas, das quais sete foram premiadas. Na cerimónia de entrega estiveram presentes mais de 400 pessoas da área da saúde, no âmbito da 13ª Conferência SInASE. O anúncio e a entrega dos prémios couberam ao Prof. Correia de Campos, Ministro da Saúde, ao Dr. Constantino Sakellarides, Coordenador do Observatório Português de Sistema de Saúde, ao Dr. Mendes Ribeiro, do Grupo Português de Saúde, ao Dr. Nunes Abreu, do Fórum Hospital do Futuro, ao Dr. Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos, à Enfª Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, e ao Drª. Gonçalves Pereira, da SInASE. Fizeram parte do júri, entre outros, o Eng.
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Equipa do Hospital Egas Moniz que recebeu o Prémio Serviço Público
Vasconcelos da Cunha, da Associação para o Desenvolvimento da TeleMedicina, o Dr. Manuel Delgado, Presidente da Associação Portuguesa de Administração Hospitalar, o Prof. Mendes Ribeiro, do Grupo Português de Saúde, o Prof. Dr. Nascimento Costa,
Presidente do Conselho de Administração do Hospital da Universidade de Coimbra, a Drª Ana Borja, Presidente do Conselho de Administração da Admistração Regional de Saúde de Lisboa, e o Dr. Rui Ivo, Presidente do INFARMED.
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Lista dos Premiados 2004/2005 • Prémio Integração: Dr. Manuel de Barros de Almeida, Centro de Saúde e Santa Casa da Misericórdia de Mora, Projecto "Programa de Apoio Intregado a Idosos" • Prémio Serviço Privado: Profª. Drª Purificação Tavares, Centro de Genética Clínica • Prémio Serviço Público: Dr. Carlos Lima, Hospital Egas Moniz, Projecto "Transplantes Autólogos de Mucosa Olfativa em Doentes Traumatizados da Medula Espinal" • Prémio Público Privado: Comisão de Humanização e Qualidade do Hospital D. Estefânia, Projecto "Vamos Pintar um Sorriso nas Paredes do Hospital Dona Estefânia" • Prémio E-Saúde: Prof. Altamiro da Costa Pereira, Serviço de Bioestatística e Informática Médica da Faculdade de Medicina do Porto, Projecto "ICU: Informação Clínica do Utente" • Prémio E-Medicina: Dr. Álvaro Pacheco, Hospital Santa Lúzia De Elvas, Projecto: "Hospital Virtual"
O Ministro da Saúde entrega o Prémio Parceria Público-Privado 2004/2005 à Comissão de Humanização e Qualidade do Hospital D. Estefânia
• Prémio O Melhor Sítio de Saúde na Internet: Dr. Rui Ivo, INFARMED
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Think Tank Fórum
Com o advento da sociedade da informação, as pessoas tendem a compreender cada vez mais a importância e o valor do conhecimento para o progresso da actividade humana. Na implementação de políticas de governo, tal como na gestão de grandes organizações, a obtenção do conhecimento necessário para a tomada de decisões estratégicas torna-se uma tarefa complexa, mas crucial, que envolve múltiplos intervenientes, com múltiplas visões sobre o mesmo problema. Os think tanks são um instrumento fundamental para a criação de um tipo de conhecimento que ajude essa tomada de
decisão, já que reúnem especialistas no tema discutido, capazes de produzir conclusões sustentadas e credíveis, o que as torna mais eficazes, se aplicadas como parte integrante da solução dos problemas da realidade quotidiana. Os think tanks promovidos pelo Fórum Hospital do Futuro visam ser um instrumento importante na área da Saúde em Portugal, nomeadamente no que diz respeito à
implementação de ideias inovadoras e à adopção de estratégias capazes de transformar este sector, no sentido da constante modernização. Nesta secção apresentamos um breve resumo do último think tank realizado pelo Fórum Hospital do Futuro, bem como uma antevisão do que será o próximo, a ter lugar em Março de 2006.
A Engª Zélia Carvalhais apresenta as conclusões do último think tank
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O QUE É Em termos gerais, os think tanks podem ser descritos como uma plataforma para uma reflexão estratégica. Em termos práticos, um think tank é definido como uma reunião informal entre especialistas de várias áreas, que gera
conhecimento através de um processo aberto, plural e transparente para análise de problemas.
QUAL O OBJECTIVO O objectivo destas reuniões é encontrar soluções para os problemas abordados ou consensos sobre os temas. As conclusões que emanam dos think tanks têm uma credibilidade previlegiada e intrínseca, pois resultam de uma sinergia entre personalidades com capacidade reconhecida para discutir as questões
abordadas. O formato think-tank fornece um conjunto de conclusões práticas que podem servir de suporte à gestão estratégica e à decisão política.
A moderadora e alguns participantes do último think tank
COMO FUNCIONA Tipicamente, este grupos constituem-se em torno de um determinado tema e reúnem-se numa sessão em "mesa redonda", na qual que todos os participantes intervêm num processo de debate e reflexão conjunta gerador de conhecimento sobre o tema em análise. Através de um suporte informático constituído por uma rede de computadores e um software específico, os comentários
produzidos e capturados durante esta sessão de trabalho podem ser rapidamente visualizados por todos os participantes,
facilitando a obtenção de consensos e a geração de novas ideias.
QUEM ORGANIZA O Fórum Hospital do Futuro tem como actividade constituinte a organização de Think Tanks na área da Saúde. É um fórum independente criado pela iniciativa da GroupVision Saúde (empresa de prestação de serviços na área da saúde), que pretende contribuir activamente para
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o desenvolvimento e modernização do sector da saúde em Portugal. O Fórum já tem experiência na organização de think tanks, seminários, workshops, e desenvolve
várias parcerias e colaborações, no sentido de melhorar continuamente a sua contribuição para a saúde em Portugal.
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Antevisão - "Corporate Governance - Novas Estratégias de Gestão" Março de 2006 O próximo think tank realizado pela SinASE, em colaboração com o Fórum Hospital do Futuro, abordará a questão "Corporate Governance - Novas Estratégias de Gestão", tema que incide na responsabilidade social das organizações como garantia da qualidade e eficiência dos serviços prestados à comunidade. Esta sessão terá como objectivo discutir se um eficiente Corporate Governance poderá contribuir para optimizar a gestão. Será feita uma análise dos vários aspectos relacionados com "Corporate Governance" e a sua implementação e desenvolvimento harmonioso, de modo a optimizar a gestão das organizações a vários níveis, nomeadamente a melhoria do funcionamento dos órgão de decisão, a melhoria dos instrumentos a aplicar nas práticas empresariais e a incorporação de estratégias, princípios, práticas e normas de conduta que harmonizem as relações
entre todos os intervenientes nas organizações, favorecendo um desenvolvimento sustentável. Será ainda analisada a influência das três vertentes básicas de um bom sistema de "Corporate Governance", nas entidades públicas e privadas, com relações empresariais com o Estado, nomeadamente quanto aos aspectos de responsabilidade social, transparência na divulgação de indicadores financeiros e operacionais e avaliação das tomadas de decisão. As questões orientadoras deste think tank
serão: a identificação das partes interessadas e envolvidas nas organizações que se relacionem com o sector público e que poderão influenciar a implementação de um processo de Corporate Governance; a caracterização dos vários obstáculos à implementação do Corporate Governance e dos benefícios e riscos resultantes dessa mesma implementação. O evento terá lugar durante a 14ª Conferência SInASE, na Universidade Católica, a 20 de Março de 2006.
Em Revista - "Avaliação do Desempenho das Organizações de Saúde" - Abril de 2005 O último think tank teve lugar em Abril de 2005 e teve como tema "Competitividade e Recursos Humanos em Saúde: o impacto dos sistemas de avaliação e certificação no desempenho das organizações". Entre os participantes da reunião contaram-se nomes como o Dr. Pedro Nunes, Bastonário da Ordem dos Médicos; a Enfª Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem dos Enfermeiros; o Dr. Aranda da Silva, Bastonário da Ordem dos Farmacêuticos; a Drª Maria de Belém Roseira, deputada; o Prof. Francisco George, Director Geral de Saúde; o Prof. Dr. Luís Reto, Presidente do ISCTE; o Eng.Luís Vasconcelos, Presidente do CA dos Hospitais Privados de Portugal; o Dr. Manuel Lemos, Vice-Presidente da União das Misericórdias; o Prof. Dr. António Vaz Carneiro, médico e professor universitário; entre outros nomes reputados na área da gestão, da administração pública e da saúde. A Engª Zélia Carvalhais realizou a moderação do debate, que tinha como objectivos discutir, por um lado, quais as vantagens para o sector da
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saúde de ser adaptada uma avaliação de performance regular e, por outro lado, identificar as principais barreiras à implementação da avaliação de desempenho global nas organizações de saúde. O debate foi vivo e nem sempre consensual e teve como resultado um conjunto de conclusões importantes. Em termos das vantagens de um sistema de avaliação de desempenho, concluiu-se que, para todos os envolvidos no sector, a implementação desse sistema traria benefícios globais, inclusivamente para os utentes, visto que possibilitaria um melhor funcionamento das organizações, uma maior responsabilização e uma maior capacidade de identificar e eliminar as limitações. Quanto às barreiras existentes para concretizar a implementação de um sistema
A Drª Maria de Belém e o Dr. Pedro Nunes debatem no último think tank
de avaliação, foram identificados três grandes grupos de obstáculos: barreiras culturais (que se relacionam com a forma de encarar a avaliação a nível social), barreiras criadas pela administração central (sobretudo ao nível da continuidade das políticas implementadas) e barreiras internas às próprias estruturas de saúde (resultado da actual organização e capacidade de comunicação e recolha de informação dessas estruturas). As conclusões que resultaram deste think tank fora divulgadas no próprio dia da reunião, na 13ª Conferência SInASE, e também no site do Fórum Hospital do Futuro (e respectiva newsletter).
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