ano 22/número 14 dezembro/2015
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt Roberto Sungi
Comida de rua Popular e diversificada. A “baixa gastronomia” ganha São Paulo
especial | pág. 4 e 5
#hashtag
ano 22 |no14 | dezembro/2015
#Caro Leitor,
O sabor das ruas Quem nunca saboreou uma guloseima na rua? Aquela ambiente um tanto improvisado, sem o conforto de um restaurante, mas com o seu charme peculiar. A comida de rua passa por transformações na cidade de São Paulo e nossos repórteres foram atrás dessas histórias. Uma nova regulamentação, que trata dos serviços e comidas de rua, implementada pela Prefeitura há quase dois anos contribuiu para aquecer o segmento econômico. Nossa equipe traz um conjunto de breves reportagens mostrando a diversidade das experiências gastronômicas ao ar livre. Por exemplo, foi possível descobrir que um formato novo de comemoração de aniversários tem agitado a cidade: o piquenique. Ao mesmo tempo, descobrimos também que é possível encontrar estabelecimentos de rua especializados em comidas vegetarianas ou veganas. Mas a gastronomia de rua tem o seu lado pouco nobre, digamos. É o junk food para lambuzar os dedos de óleo. E, você já tomou um drink em um bar móvel? Não? Quer experimentar? Venha conhecer estas delícias todas na nossa reportagem Especial. Se você ficou com fome por conta da nossa reportagem Especial, dê uma pausa para a reflexão. Em Educação, falamos sobre alunos que são diagnosticados com altas habilidades ou superdotação, uma questão que deve ser olhada com cuidado no ambiente escolar. Na editoria Vida Digital, nossa repórter resolve fazer uma breve imersão e passou 24 horas sem celular. Como será que ela encarou o desafio? Em Artes, fomos conferir o novo Teatro Arthur Azevedo, reinaugurado após quatro anos de reforma. O melhor de tudo é o novo espaço cênico é também a sede do Clube do Choro de São Paulo. E vamos arrematar a edição número 14 do jornal Expressão com um destaque em Esportes&Lazer: uma reportagem sobre a prática de arco e flecha, tradição que encontra muitos fãs e adeptos na atualidade. Estes são alguns dos destaques do penúltimo Expressão em 2015. Estamos chegando ao final do ano letivo e logo, logo, vamos nos despedir... Mas enquanto isso, venha apreciar o trabalho dos nossos repórteres. Expressão, um jornal feito para você!!
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
#fração de segundo fotolegenda
Cumplicidade
Nessa fração de segundos a indiazinha tentava segurar o cãozinho de um jeito atrapalhado mas que rendeu uma imagem doce. Uma fração de olhar puro de um cachorro e uma criança. Local: Sana, povoado na Serra do Macaé, Rio de Janeiro. Foto por Ariane Artioli- 40MCSNJO - campus Butantã
Nathalia #protagonista
e a corrida pela saúde
Após diagnóstico de colesterol alto, consultora de vendas cai na pista e reverte situação Victor Gonçalves| victortulu@gmail.com Quantas más notícias é preciso receber para decidir sair da zona de conforto e tentar mudar de vida? Para a consultora de vendas Nathalia Soares, apenas uma adversidade foi bastante para que ela “caísse na real” e entrasse de uma vez por todas em um caminho mais saudável. Durante toda sua vida, a paulistana travou guerras épicas contra a balança. Nunca chegou a ter problemas com obesidade, mas sempre foi a mais comilona da turma. Com um empurrãozinho da mãe, sempre preocupada, Nathalia nunca ficou longe de esportes, passando por natação, jazz e até ginástica olímpica. “Acabei abandonando a ginástica olímpica porque a minha barriga era grande demais”, disse, lembrando-se da vergonha que sentia quando se olhava no espelho e via as gordurinhas marcadas no body. Sempre preocupada e encanada com o shape, seguia
Arquivo pessoal
dietas variadas, desde indicações feitas por nutricionistas até dicas amalucadas de internautas, sugerindo receitas milagrosas e shakes que fazem sucesso no Superpop. “Até laxante eu cheguei a tomar, mas vivia em um efeito sanfona”, contou a paulistana, que conseguia manter o regime por alguns dias, mas voltava a preferir as opções mais fáceis e rápidas de serem preparadas, sem dar atenção à qualidade nutricional. A rotina atribulada, carma na vida de qualquer habitante de São Paulo, fez com que Nathalia se distanciasse ainda mais de seus objetivos. “A vida de adulta me pegou de jeito. A rotina de estudos e trabalho jogou para segundo plano toda a minha busca por uma vida mais saudável”, conta, relembrando o tempo que dependia de alimentos gordurosos para se manter saciada na faculdade. Foi em 2012 que, em um exame de rotina, Nathalia ouviu da boca de seu médico que
#fica a dica
Abusado Isabella Araújo | isabella_araujos@hotmail.com
“Os tiroteios faziam chover até em dia de sol forte na Santa Marta. Os ‘chuveirinhos’, alegria das crianças, eram provocados pelos projéteis de vários calibres que sempre rompiam as tubulações de água potável devido a uma rara característica da velha rede de distribuição, criada nos tempos dos mutirões de Dom Hélder Câmara”. Esse é o trecho de “O Abusado”, livro-reportagem de Caco Barcelos, jornalista da Rede Globo. A obra retrata o dia-a-dia de Marcinho VP, o traficante e “dono” do Morro de Santa Marta, no Rio de Janeiro. “Um dos meus livros preferidos, pois traz, numa narrativa muito suave e fluida, a história complexa do Marcinho VP. Caco conta na obra como funcionava o Comando Vermelho e como foi à ascensão do traficante na comunidade, uma realidade que vivemos à distância”. Fernanda é jornalista e tem 28 anos, conheceu a obra devido ao vestibular da faculdade que cursaria, porém só iniciou sua leitura dois anos depois, após comprar o livro para presentear um amigo e decidir ficar com ele. “Caco trouxe muitas nuances interessantes para a narrativa, o que a tornou bem próxima do leitor. É uma leitura muito gostosa e a faixa etária em que foi indicado para minha leitura – pré-vestibular ou graduação – é ótima para o entendimento da obra”, ressalta Fernanda. O livro denunciou métodos de extermínio feitos pela polícia do Estado do Rio de Janeiro e chamou atenção por não esconder nomes e mostrar uma realidade diferente da vivida
pelos meninos do asfalto. Outro destaque do livro é fazer o leitor analisar a justiça social brasileira, questionando se o traficante não foi só mais uma vítima da realidade em que vivia. “Uma das curiosidades era que Marcinho VP era um traficante culto e a forma que o Caco narra você começa a ver outro lado do líder do morro e passa até a se identificar com algumas coisas”. “O Abusado” conta sobre festas, traições, tiroteios e muitas mortes que aconteciam naquela comunidade do Rio de Janeiro, com uma linguagem coerente a do cotidiano de qualquer comunidade no Brasil. “Passei a admirar Caco Barcellos também como autor, pois já o admirava como repórter, mesmo sem ter lido ‘Rota 66’, outro livro famoso de sua autoria.”, confessa a jornalista. Vale a pena conferir!
expediente tinha colesterol alto. O profissional, curto e grosso, deu duas opções a ela: apelar para o tratamento com medicamentos fortes ou tentar controlar o mal, voltando a praticar esportes. Sem vontade de apelar para as drogas, a primeira modalidade que passou pela cabeça de Nathalia foi a corrida. Pesando 73kg, começou devagar, continuando a rotina de exercícios a qual estava acostumada. “A primeira fase do meu treino durou quatro meses. Iniciei aos poucos, aumentando o ritmo gradativamente”, contou Nathalia. Após o período, a mais nova esportista já corria em sua primeira prova de 5K, saindo da academia e levando seus treinos para lugares a céu aberto. “Comecei a treinar em janeiro de 2012 e, em abril, participei da minha primeira corrida.”
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Diagramação: Profa Iêda Santos
Em 2014, dois anos após a grande virada em sua vida, Nathalia já pesava 58kg e vestia manequim pequeno. “Além dos exercícios, passei por uma reeducação alimentar e nunca mais achei os quilinhos eliminados”, contou, confessando também que, de vez em quando, até vale atolar o pé na jaca em alguma festinha. “Sempre se ganha um ou dois quilos durante essas escapadas, mas só é preciso voltar à rotina anterior que o corpo se recupera.” Com mais de 27 corridas de rua, três meias maratonas no currículo e colesterol completamente estável, Nathalia está feliz da vida e acredita que nada disso teria dado certo se ela não tivesse se apaixonado pelo esporte. “É importante cada um achar algo que se encaixe nos seus gostos, que seja prazeroso.”
Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO)
Coordenador de Jornalismo Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161) Redação Alunos do 4º ACSNJO - D2 Diagramação Capa Profª Iêda Santos
Revisão Prof. Juca Rodrigues Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos
Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.
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Educação
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Alunos muito acima da média
Jovens diagnosticados com alta habilidade ou superdotação têm conquistas muito cedo e precisam aprender a lidar com suas capacidades
Aline Carrasco
Aline C. Carrasco | aline.carrasco@hotmail.com Criança que aprendem a falar e andar rapidamente. Continuam crescendo e se desenvolvendo de maneira muito acima do normal. Na escola, acabam pulando séries por ter a capacidade de acompanhar turmas mais avançadas. Esses são só alguns indícios de jovens superdotados. Esses são diagnosticados com AH/SD, ou seja, altas habilidades e superdotação, condição em que essas pessoas apresentam capacidades acima do normal para a idade em que estão. Não é simplesmente ser inteligente, mas ter um talento muito apurado para alguma coisa, seja música, desenho, cálculo ou escrita.
Além disso, características como tendência à liderança, organização e aplicação de ideias em situações reais são típicas de quem possui AH/DS. Nem sempre isso é considerado uma coisa boa. Essa alta capacidade também pode atrapalhar no convívio social. As relações podem ser mais difíceis e a aceitação de imposições também. Ou seja, essas pessoas, geralmente, não conseguem relacionar-se com quem tem autoridade sobre elas. O principal fator de influência é na educação. No Brasil, poucas escolas estão adaptadas a receber e atender pessoas superdotadas. Faltam profissio-
nais, principalmente psicólogos e psicopedagogos que possam auxiliar no dia a dia da sala de aula. Afinal, o jovem precisa desenvolver suas habilidades, mas o professor tem de estar sempre um passo a frente. Para Marcelly Nascimento, de 19 anos e estudante do sexto semestre de direito, o aprendizado na escola foi tirado de letra, mas sem nenhum acompanhamento. “Durante todo meu ensino tinha facilidade em várias matérias. Já no segundo ano do ensino médio, passei em direito em uma faculdade particular e isso me deu um grande incentivo. No ano seguinte prestei vestibular para mais quatro fa-
culdades e passei em todas. Em uma delas fiquei em 1° lugar na classificação geral”. Aos 15 anos, Marcelly já estava na faculdade. Teve de enfrentar algumas desconfianças até conquistar seu lugar no ambiente escolar. “Todo mundo sempre se surpreende com isso, ainda mais com meus 1,52 m de altura”, conta. Marcelly nunca fez testes para diagnosticar as habilidades acima do normal, mas tem características que a fazem ser acima da média e isso já a destaca, tanto que foi e ainda é preciso aprender a lidar com preconceitos ou piadinhas nas relações sociais.
Em São Paulo, existe o Núcleo Paulista de Atenção à Superdotados (NPAS), instituição que oferece avaliação psicológica, apoio e acompanhamento, além de realizar diversos projetos sobre o assunto. Mas falar sobre superdotação ainda é muito raro no Brasil. Poucas instituições se quer conhecem essa condição e, por isso, muitos alunos totalmente capacitados acabam até largando os estudos porque não se sentem integrados ao ambiente escolar. Para acompanhar mais sobre o assunto, o NPAS possui diversos canais, inclusive a página no facebook. Além disso, a instituição destina uma parcela de seus serviços ao público de baixa renda.
Informações Para saber mais sobre o assunto, participar das palestras e encontros, basta entrar em contato com o Núcleo Paulista de Atenção à Superdotação. Mande um e-mail para nucleopahs@gmail.com ou por meio do telefone (11) 99729-0379. Dar atenção à sua própria atenção é muito importante!
Pérolas do Enem, a criatividade do desespero Crianças imigrantes enfrentam dificuldades Em 2012 uma receita de miojo foi encontrada no meio de uma redação
Acessibilidade para alunos estrangeiros é um desafio para instituições de ensino Jennifer Anielle
reprodução
O candidato que escreveu uma receita de miojo em sua redação conseguiu incríveis 560 pontos Andressa Gonçalves | andressagoncalves94@gmail.com Imagine encontrar no meio de uma prova pré-vestibular a frase: “O meio de transporte mais utilizado na Arábia é o tapete.”. Ou então em matemática a afirmação ”Um número concreto é um número que vemos a olho nu”. E mais: “Os portugueses, depois que descobriram Fernandes de Noronha, assinaram o Tratado de Tortas Ilhas”. Pois é, parece brincadeira, mas não é. Além de assistir ao desespero dos que não chegam a tempo no local da prova, outro ponto que chega a ser divertido no ENEM são as tradicionais pérolas. São erros de ortografia, de concordância, comentários pós-prova e trechos inusitados que surpreendem os avaliadores na hora da correção. Um erro ortográfico grave ou falta de concordância pode levar seu texto para a lista das famosas Pérolas do ENEM. “Frases são formuladas sem sentido ou saem estranhas”, afirma a professora de redação da Oficina do Estudante, Liliane Negrão.
Não basta apenas conhecer as técnicas de escrita ou ter na ponta da língua as normas do acordo ortográfico, é preciso estar atento a tudo e manter o hábito da leitura e escrita. “Sem saber o que acontece no mundo o estudante escreve o que vem na cabeça sem prestar atenção no que vai colocar no papel”, aponta Liliane. Em 2012, em uma redação cujo tema era “Movimentos imigratórios para o Brasil no século XXI”, um vestibulando descreveu como preparar um miojo no meio de seu texto. Com o deboche, ele ainda atingiu nota 560 pelos avaliadores em uma pontuação máxima de 1000. Após o vazamento da prova o MEC se posicionou dizendo que “a presença de uma receita no texto do participante foi detectada pelos corretores e considerada inoportuna e inadequada, provocando forte penalização especialmente nas competências 3 e 4”. Segundo a professora de ensino fundamental Patricia
Roberta, estes erros podem ser evitados nos primeiros anos escolares de uma criança. “É importante que os professores do 1º ao 4º ano insiram a leitura na vida de seus alunos para que cresçam com este hábito. Com o incentivo dos pais fica mais fácil educar e criar uma criança melhor preparada para uma prova como o ENEM.” Professores recomendam nunca apostar na primeira versão escrita do texto, mesmo com o tempo curto. “Utilize a folha de rascunho, coloque tudo que lembra do tema pedido e estruture a redação. Leia quantas vezes for necessário até ter total garantia do que escreveu e, então, finalize no caderno do ENEM”, orienta Liliane. O ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) em 2014 recebeu 9.519.827 inscritos, 21,8% a mais em relação ao ano anterior. A prova foi usada por 115 universidades e institutos federais para acesso a cursos de graduação em 1.699 municípios no país.
No Brasil há mais de 1 milhão de imigrantes que enfrentam dificuldades de ensino Jennifer Anielle | jenniferanielle2@gmail.com O Brasil vive uma nova onda de imigrantes, só nos últimos anos, recebeu mais de 1 milhão, segundo o Registro Nacional de Estrangeiros de 2014. Os refugiados têm procurado o país como o destino de uma nova vida. Porém, a educação desses imigrantes está, de fato, disponível, acessível e adaptável? Segundo educadores e pais existem muitos obstáculos, o Brasil não possui nenhuma política para o ensino de estrangeiros – são poucos programas de adaptação, não existe aulas extras de línguas ou currículos bilíngues. Uma tentativa para mudar isso é com o Projeto Escola da Família que acontece aos finais de semanas, nas escolas da rede pública. O governo do estado de São Paulo vem incentivando os pais dos alunos imigrantes a le-
var os filhos. Lá eles têm acesso à cultura, aula de dança, arte e praticam esportes. Com isso a adaptação fica mais fácil. Ana Cristina Menezes, 47 anos, é agente de recreação do Projeto, ela comenta que por muitas vezes, essas crianças sofrem com preconceitos e têm dificuldade para fazer amigos e se integrar à cultura brasileira. “Noto que no começo eles demoram interagir, o principal motivo é língua. Em geral, os alunos levam de dois a três meses para se habituar, mas quando consegue é uma alegria”. A acessibilidade também é um problema, a documentação exigida é um evidente empecilho, principalmente os imigrantes em situação irregular. “Meus filhos ainda não podem estudar, não temos o documento de permanência, mas estou correndo atrás,
Diagramação e Revisão da página: Aline Cintra Carrasco, Andressa Gonçalves, Jennifer Anielle, Isabella Araújo, Cristian Zucatelli
porém, o Estado sempre fala que temos que aguardar”, afirma a Boliviana Olívia Morales, 39 anos, que está no Brasil há 2 anos. Ana Menezes considera importante essa troca de aprendizado, a escola é um local acolhedor que ajuda nessa adaptação à cultura. “Sempre trabalhamos com sistema de integração, colocamos eles para sentar em dupla. Quando não entendemos o idioma, pedimos para algum aluno da mesma nacionalidade dar auxilio”, finaliza. Os novos imigrantes estão sempre sendo vistos como problemáticos na sociedade, mas esse contexto é errado já que na atual crise econômica e política, eles contribuem para o desenvolvimento econômico, social e cultural do país. As instituições de ensino precisam se adaptar, porque cada vez mais esse número tende a aumentar.
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especial
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Nova lei impulsiona comida de rua em São Paulo Ingrid Alves
Medida prevê regras para comercialização de alimentos nas vias públicas da cidade Ingrid Alves | ingridalvesdesouza@hotmail.com
Quem é que nunca parou em uma barraquinha para comer um cachorro-quente? Ou, quem sabe, um churrasquinho grego? Eles fazem parte há anos da cultura gastronômica do paulistano, mas se fortaleceram e ganharam notoriedade com a sanção da lei que regulamentou a atividade, há quase dois anos. A regulamentação dos serviços de comida de rua na cidade de São Paulo veio ao encontro dos interesses, tanto dos consumidores que almejavam mais opções de serviços alimentícios bons e baratos, bem como de inúmeros empreendedores que viviam na ilegalidade. Em dezembro de 2013, o prefeito Fernando Haddad sancionou a lei municipal 15.947, que tirou da informalidade o segmento. Até 2012, apenas as vans que vendiam cachorro-quente eram regulamentadas por uma legislação específica – o decreto municipal 42.242, de agosto de 2002. Agora, todos os comerciantes do ramo alimentício de rua foram beneficiados.
Segundo a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, até o mês de junho, foram emitidos 320 Termos de Permissão de Uso (TPUs), para comercialização de comida de rua na cidade. O maior número de permissões foi concedido para carrinhos ou tabuleiros, que totalizam 131. Já os food trucks e as barracas desmontáveis somam 109 e 80 permissões, respectivamente. As regiões de Pinheiros, Sé e Ipiranga são as que mais possuem os TPUs. Os pequenos caminhões que carregam, sobre quatro rodas, modernas cozinhas ganharam força na capital. “Os food trucks podem estar cada dia em um lugar diferente, possibilitando que a nossa proposta gastronômica chegue para uma infinidade de públicos”, conta Vinicius Viuza, sócio do Calçada Food Truck, que serve desde hambúrgueres artesanais até risotos italianos. As feirinhas a céu aberto também caíram nas graças dos paulistanos, tornando-se uma
alternativa mais acessível para curtir os finais de semana na cidade. “As comidas de rua tem o tempero ideal para as metrópoles, sendo assim a gastronomia popular tende a se expandir cada vez mais, com toques sofisticados de chefs renomados e cozinheiros amadores”, ressalta Fernanda Bomfim, jornalista e blogueira de gastronomia. Os comerciantes devem acessar o site da Prefeitura, para obter informações referentes às normas higiênico-sanitárias já previstas em lei, que são fiscalizadas pelos órgãos da Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e a Supervisões de Vigilância em Saúde (Suvis). A lei de comida de rua em São Paulo, aprovada e sancionada, tende a servir como exemplo para outras cidades e regiões do país, impulsionado cada vez mais esse modelo gastronômico, que está estimulando novos hábitos alimentares nos brasileiros.
Piquenique agrada crianças e empresários Karoline Costa | karoline-costa@hotmail.com
Grama verdinha, cestas recheadas de guloseimas e bebidas dispostas sob uma toalha quadriculada iluminada pelas cores branco e vermelho. Esse é o retrato quem vem à cabeça de muita gente quando o assunto é piquenique. Mas este modelo está cada vez mais diferente. Com o crescimento da adesão, hoje os piqueniques são compostos de comidas variadas que não necessariamente estão em uma cesta acompanhada de toalha quadriculada. Oriundo da palavra em francês piqueniqué, que significa “na refeição cada um leva a sua”, o hábito de reunir amigos e familiares para comer e se divertir a céu aberto começou no período medieval. Era praticado pelos nobres para reunir a corte durante as caçadas medievais em que cada participante abatia um animal e dava sua contribuição para o banquete. No século XIX, o termo evoluiu e saiu das caçadas para virar moda entre os ingleses. Atualmente o termo caracteriza uma reunião que contenha comida e seja realizada ao ar livre. Quem ganha com isso são as praças e parques públicos que na maioria das vezes cedem espaço para esse tipo de evento. Para as crianças vira até uma opção para comemorar o aniversário. Esse foi o desejo de Larissa Ribeiro, que abriu mão do buffet para festejar o aniver-
sário de 10 anos no parque, com os amigos e familiares. Para a mãe a opção reduziu os custos e ainda trouxe mais proximidade do que uma comemoração formal. “O mais interessante do piquenique foi a interação entre os convidados e a liberdade de estar em contato com a natureza. Percebi que muitas pessoas estão aderindo novamente a esta pratica, e já decidi que quero fazer muitos outros”, afirma Luciana Ribeiro, bancária. Cientes do interesse das famílias pelo piquenique, as empresas visualizaram um novo nicho de mercado. Afonso Santos enxergou a necessidade por produtos naturais que também fossem práticos para idas a par-
ques e reuniões externas. Há três anos era inaugurada a loja Pic Nic com opções de degustação na loja e embalagens de fácil manuseio para serem transportadas a qualquer lugar. “A Pic Nic recebe consumidores de todos os tipos, mas todos com um objetivo em comum ‘comida saudável que seja fácil de transportar’ e ao oferecermos isso conseguimos alavancar o negócio”, afirma Fernando Soares, gerente da loja. O conceito saudável agradou os clientes e atualmente a loja oferece opção de encomendas e de delivery, além de fazer um marketing ecológico com uso de embalagens recicladas e entrega sustentável, feitas de bicicleta ou a pé. Karoline Costa
Para comer bem e sem culpa Vegetarianos e veganos agora também têm vez com estabelecimentos especializados Roberta Rodrigues | roberta.rosilva@gmail.com Durante muito tempo comida de rua e alimentação saudável estiveram em lados completamente opostos. No entanto, com um número cada vez maior de adeptos a filosofias como o vegetarianismo e o veganismo, e com a recente explosão dos foods trucks e derivados, a união dos dois se tornou base de muitos comércios. Em São Paulo, as opções de comida de rua natural já são bastante diversas. Especializado em lanches naturais de atum, frango e vegetariano, o fit truck ainda traz em seu cardápio várias opções de saladas, salgados, salada de frutas, sucos e cerveja. E o melhor: tudo sem glúten. Mas os foods trucks não são a única opção para quem quer comer com saúde. Com produtos exclusivamente orgânicos, a Feira do Produtor Orgânico do
Parque da Água Branca reúne 45 barracas com diversas opções para o consumidor. Neste mesmo modelo, a Feira de Orgânicos do Ibirapuera, localizada no Modelódromo do parque, traz para os visitantes a opção de tomar um café da manhã natural antes de realizar suas compras. De acordo com Ana Flávia Badue, coordenadora de projetos do Instituto Kairós, uma das empresas responsáveis pela feira do Ibirapuera, este tipo de iniciativa, além de agradar aos já adeptos da nutrição saudável, também incentiva o consumo deste tipo de comida. “A multiplicação de feiras de orgânicos em diversas regiões da cidade pode contribuir muito para o aumento e democratização do acesso a estes alimentos”. Os seguidores do veganismo também tem vez com o
Gorilla Vegan Burger. A hamburgueria itinerante traz pratos livres de qualquer produto de origem animal. A ideia é popularizar a alimentação vegana e oferecer lanches não apenas para esse público, mas a todos que se interessam em descobrir um tipo de comida que, além de ética e saudável, pode ser muito saborosa. Adepto da filosofia desde 2010, Caio Maidana explica que atualmente já não é tão difícil encontrar pratos que se adequem à sua dieta nas ruas. “Esse número cresceu muito comparado com alguns anos atrás, mas eu acho que São Paulo carece de mais empreendimentos desse tipo. Na minha opinião, a tendência é o número de veganos aumentar com o passar do tempo, e junto, os empreendimentos verdadeiramente veganos”. Roberta Rodrigues
Lanches naturais e frutas compõem a decoração do local
Restaurantes criam manifesto para entrar no calendário cultural
Olhos puxados e cardápio exótico Liberdade e Kantuta são recantos ao ar livre para conhecer boa culinária Giovanna Prado| giovannap.prado91@gmail.com
Yuri Cavalieri | yuricavalieri28@hotmail.com
Trazer pratos de qualidade para as calçadas é a missão do grupo formado em 2014
São Paulo é conhecida por ser uma cidade que acolhe pessoas do O Movimento Botando dades nas iniciativas que pro- que podem ser feitos antes ou mundo inteiro. Por isso, tem uma Banca é um grupo de restau- moviam individualmente para depois”, explica Paula Masca- vasta diversidade cultural, étnica rantes que oferecem comida fora de cada um de seus muros, renhas, jornalista e colaborado- e linguística e claro, gastronômica, de dar inveja à outras cidades acessível nas calçadas e que se este grupo resolveu unir forças ra da empresa. Entre as sugestões para brasileiras. Pensando nisso, sepauniram para estimular a cultura por uma causa comum: ocupar de comer na rua de forma rápi- as ruas levando comida de qua- aproveitar uma boa comida de ramos duas dicas de feirinhas que rua, está o badalado samba do você não pode ficar sem conhecer da, gostosa, e com bom custo- lidade e a preços acessíveis. Depois de muitas discus- Ó do Borogodó, perfeito para e degustar. -benefício. Os integrantes do Liberdade movimento, cansados de ver a sões sobre o assunto nasceu os animados que acabaram de Com a chegada dos orientais cidade à margem de uma vida o Manifesto Botando Banca. provar os ceviches e piscos ao efervescente nas ruas, resolveu “Esse manifesto tem a premis- som de cúmbias no Suri Cevi- ao bairro da Liberdade um novo ocupá-las com suas comidas e sa desmistificar a comida de che Bar. Ou ainda, o teatro do mundo de cores, cheiros e sabores rua e trazê-la para o calendário Conjunto Nacional e o cinema dominou as ruas paulistanas. Váse fazer ouvir. A ideia surgiu dos restauran- cultural da cidade. Para colocar do Cine Sesc, perfeitos para rias lojas com produtos exóticos tes Tordesilhas, Suri Ceviche os eventos de vez no calendá- continuar a noite depois de co- vindos do outro lado do mundo Bar, Obá Restaurante, AK Vila e rio paulistano, a Coentro Co- mer um tacacá no Tordesilhas passaram a atrair a curiosidade da doceria La Vie en Douce, em munica criou um mapa com a ou as tostadas do Obá. Junto dos brasileiros. Criada em 1975, a feirinha parceria com a Coentro Comu- localização de cada restaurante, as comidas servidas nas barranica, agência de comunicação os horários e informações das cas em frente aos restaurantes, é um dos pontos preferidos dos especializada em gastronomia, iniciativas de cada um deles, existem drinks também aces- paulistanos, Dona Regina Nakae com apoio da Deni Bloch Di- junto com um guia de outros síveis e que complementam as bayashi possui uma barraca que vulgação. Ao perceberem afini- programas culturais próximos, sugestões servidas naquela dia. vende tempurá e diz que dificilmente não tem clientes “até mesmo na chuva eles vem comer aqui Confira os lugares que a galera do Botando Banca se na barraca, o brasileiro gosta da nossa comida”. A comerciante encontra, e dê uma passadinha por lá! conta que em dias de grande movimentação, geralmente ano novo Tem Tacacá Obá na Calçada chinês e japonês, chega a vender AK na Rua Hypadinhas 600 unidades. Lá dá para enconna Tietê da Carole trar também o famoso yakisoba, o Diariamente Primeira quinta do mês, Toda última quinta do bifum (macarrão de arroz), doce Falafel no pão e Sábados de feijão e outras guloseimas. 17h às 20h. mês, 18h às 21h outros quitutes. Raspadinhas Kantuta Tostadas, e acarajés Rua: Fradique Rua da Consolação, Tacacá Os nossos vizinhos bolivianos Al. Tietê, 489 Rua Melo Alves, 205 Coutinho, 1240 3161 são muito bons quando o assunto
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Diagramação e Revisão da página: Ingrid Alves, Giovanna Prado, Roberta Rodrigues, Yuri Cavalieri
é culinária. Todos os domingos a comunidade boliviana se reúne para celebrar datas folclóricas e comemorativas de seu país de origem na Feira da Kantuta, sempre ao som de instrumentos de sopro e roupas típicas. O que chama atenção por lá são as salteñas, que são empanadas com recheio de carne, pode ter também ovo cozido e outros ingredientes que dependem do gosto de quem prepara a iguaria, chegam a ser vendidas mais de 400 unidades do salgado. Lilian Jimenez tem pais bolivianos e leva seu filho Matheus de 3 anos sempre que possível “é importante ele saber de onde a família dele veio, eu tenho orgulho
de minhas origens e quero que ele também tenha”, conta. Os pratos parecem bem exóticos, mas essa é a proposta, descobrir o mundo e os sabores que existem dentro de São Paulo. Bom apetite! Feira da Liberdade Sábados e Domingos, das 9h às 18h Avenida Liberdade, S/N, em frente ao metrô Liberdade Feira da Kantuta Domingos, das 11h às 19h Rua Pedro Vicente, S/N – Canindé - próximo ao metrô Armênia Giovanna Prado
Tempurá de camarão da barraca da Dona Regina, na Praça da Liberdade.
especial
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Arretado de bom
Gastronomia, arte e muitos pratos típicos podem ser apreciados em um único lugar Lucas Donini| lucas_donini17@hotmail.com Quando o assunto é comer, muitas pessoas ficam animadas. Algumas têm um paladar mais refinado e outras não tem um gosto seletivo para as comidas. Ha aqueles que são amantes dos pratos típicos, que fazem parte da culinária brasileira, onde cada região tem suas especialidades. Buchada de Bode, Baião de dois, Galinha caipira, são comidas típicas nordestinas, e que
acabam atraindo diversas pessoas a um lugar de São Paulo. E o lugar é o CTN (Centro de Tradições Nordestinas) que é um dos locais de divulgação da cultura nordestina, além de ser um ponto de encontro e bastante diversão e culinária na capital paulistana. É composto por vários quiosques com comida típica nordestina. Os mais procurados são: Cordel e Sabor e o Barraca da Chiquita. Lucas Donini
O quiosque “Cordel e Sabor” prepara um dos pratos mais degustados do CTN, que é a “baião de dois”, prato típico do nordeste, conhecido por formar longas filas em frente ao restaurante, que esperam ansiosamente o tão famoso prato, campeão de pedidas. Além também de se preocuparem com a comunidade, acabam promovendo diversas ações culturais e sociais. “É um local bastante único, sou frequentadora há uns três anos, me sinto bem à vontade, principalmente por ter pessoas da região nordeste, assim como eu. Além de eu ser uma grandíssima fã de baião de dois, algo indispensável para o meu gosto”, comenta Neusa Oliveira, frequentadora do CTN. Quando a palavra é doces, o quiosque mais procurado é o Barraca da Chiquita, especializadas em fazer rapaduras com coco. A rapadura convencional é composta pelo caldo de cana aquecido, porem, o quiosque inovou e incrementou o coco em sua receita, aumentado a leva de pedidos pela doce. “Toda semana eu e minha família, arrumamos um tempinho para vir aqui e conferir as novidades, é um passeio para a família toda. Adoro vir também por causa da rapadura que adoro. E é o único lugar que o doce tem aquele gostinho nordestino”, comenta Sandro Cavalcante, visitante do CTN.
Serviço: CTN - R. Jacofer, 615 - Bairro do Limão
Food trucks:
chegaram para ficar!
“Raio gourmetizador” deixou os antigos carrinhos de comida na rua de cara nova Fran Fernandes | fernaandes.f@gmail.com Se tem uma coisa que bombou no último ano foram os food truck’s. Embora, os vendedores de comida de rua já existam há um bom tempo e garantam a renda da família por meio dessa prática, esse ano ganharam uma nova roupagem e abriram as portas para as mais diversas opções. A tendência é atrativa e só tende a render benefícios aos interessados: a opção vem a baixo custo, sem a necessidade de se adquirir um ponto comercial e passar por várias burocracias e permite o contato direto
com o público, no melhor estilo “uma mão lava a outra”; Afinal, as pessoas estão em busca de “comidas diferenciadas” e mais sofisticadas a um precinho camarada. Além da praticidade, basta atravessar uma rua ou se dirigir a um ponto específico para encontrar a maior variedade de comidas. E tem para todos os gostos: um especial só de coxinhas, outro de comidas típicas, pratos italianos, doces, hambúrgueres e até panquecas! É possível variar o cardápio, pedindo a entrada em um carro e a sobremesa em outro. O ban-
Diagramação e Revisão da página:
Fran Fernandes
quete está à sua disposição e quem monta o cardápio é você. São Paulo se destacou sendo uma das primeiras cidades a estabelecer pontos fixos para os carros. Não é de se estranhar, quando algum lugar público ou privado cede espaço para os carros. Como aconteceu no Santana Park Shopping, na Zona Norte, com um especial de três dias de food truck’s. “Eu não tenho muito o hábito de comer nesses carros, mas passei pelo shopping semana passada e vi o anúncio. Pesquisei e me interessei pelas opções. Provei lanches muito bons, com preços acessíveis e aprovei”, diz João Marques, 27, estudante. E para quem está do outro lado, o sorriso não esconde o prazer em ver que o investimento deu certo. No Food Voilà, especializado em comida francesa, como o croque monsieur, os amigos-sócios vendem cerca de 300 a 800 lanches por dia. Eles preparam algumas partes do prato em uma base fixa antes para garantir o sabor de comida fresquinha e ainda evitar grande tempo de espera para os clientes. “Somos o primeiro truck vendendo croque monsieur, gostamos muito de fazê-lo. É bem diferente do que as pessoas estão acostumadas a comer”, conta Nicolas Furton, um dos idealizadores do food truck.
Fernanda Carvalho. Roberto Sungi
barracas, grandes negócios Pequenas
Tábata Bueno | tabatabueno93@hotmail.com Com andar apressado e cansado estudantes avançam entre a multidão de pessoas que seguem na mesma direção: a Universidade São Judas Tadeu, na Mooca. Ao atravessar a rua e enfim alcançar a calçada do portão da faculdade, os passos ficam confusos, precisam desviar das diversas barracas que existem ali. Algumas exibem placas chamativas com frases de impacto, para justamente para atrair atenção dos universitários.Outras disponibilizam música reggae para aliviar o clima tenso que é a correria do dia-a-dia. Roberto Rodrigues, mais conhecido como tio do “Trufão”, tem seu ponto marcado há mais de quatro anos na porta do Campus Mooca. Ele afirma que com o passar do tempo, surgiram novas
barracas para disputar espaço. “A minha ideia foi colocar as plaquinhas nas árvores, para chamar a atenção dos estudantes, assim na medida em que se aproximam da banca, descobrem uma trufa nova”. Elas são recheadas com frutas, brigadeiro e beijinho, e vendidas à R$6,00 cada. Entre carrinhos de pipoca, batata frita, doces e açaí gelado no copo, uma banca chama atenção na Rua Taquari: um casal sírio que vive na condição de refugiado, por conta da guerra civil em seu país. Eles vendem comidas típicas sírias num valor que não passa de cinco reais. Vale conferir e ajudar! A São Judas do Butantã também conta com diversas bancas que fazem a alegria de quem gosta de comer na rua.
Dentre elas, o trailer de cachorro quente e pastel, chama atenção: Sr. Luís e a esposa vendem os lanches por R$4,00 e os pasteis por R$4,50. O pessoal que come ali elogia a atenção e organização do casal. Além de serem muito higiênicos: “Quem faz os lanches não encosta no dinheiro”. Afirma Maiara Ribeiro, estudante de jornalismo. O comércio ambulante de alimentos é um alívio para o bolso dos alunos, já que os bares e restaurantes próximos à faculdade oferecem os mesmos produtos por valores maiores. E outra vantagem é que a comida já vem em embalagens fáceis de transportar, não é à toa que se tornaram os queridinhos dos universitários.
Junkie com estilo Conheça as piores guloseimas de rua para você lambuzar os dedos de óleo Roberto Sungi | roberto_sungi@yahoo.com.br Planeta Terra. Cidade São Paulo. Como todas as grandes metrópoles do mundo, Sampa está em desvantagem na luta contra o maior inimigo do homem: a junk food. Reconheceu o parágrafo acima? Então você conhece o seriado japonês Spectreman, cujo herói lutava contra monstros criados pela poluição do planeta. Mas tão grave quanto a sujeira que jogamos no ar, também temos a que jogamos boca adentro. Rapidez, conveniência e pouco dinheiro transformaram nossos hábitos e nos acostumamos a comer coisas que nem sempre são adequadas. Fast foods, como os lanches das franquias do Mcdonald’s e Burguer King, são as opções mais conhecidas. Gordurosas e com baixo potencial nutritivo, esta comida “rápida” não oferece muito ao consumidor além de sabor e calorias. Mas as opções não param por aí. Gilmar Oliveira, dono da ZL Lanches, um dos 27 quiosques no Terminal Itaquera, acha que lanches como o dogão que ele vende com catupiry, batata palha e molho de carne a 5 reaias, podem ser considerados junk. ”É, saudável não é. Não dá para comparar com um prato de arroz e feijão. Mas o que vendemos aqui está de acordo com todas as normas da Prefeitura. Nunca tivemos problemas”, afirma categórico. Já entre os clássicos da baixa gastronomia temos o pastel de feira. De recheios variados como bauru, jabá e o clássico pastel de queijo, ele pode ser encontrado nas principais feiras-livres da capital, de preços que vão de 4 a 18
Roberto Sungi
reais. Regina Yamaguchi, com mais de 30 anos de frituras, atesta a popularidade desta iguaria, com números gordurosos. ”Aqui na feira da Alameda Lorena chegamos a vender uns 800 pastéis. O que mais sai é o de carne mesmo”, diz bem alegre. Mas a opção mais podreira e ícone da junk food paulista seja o churrasgo grego. Servido um pão francês, nem sempre fresco, diga-se, cheio de carne picada, assada em uma grelha vertical a gás, aberta e quase sempre velha. Completam o lanche, salada de repolho ou alface e um suco nos artificiais sabores amarelo, laranja e roxo.
Fornos espalhados pelo centro, principalmente na Cásper Líbero e Conselheiro Crispiniano, atestam o caráter mítico do lanche de origem turca, com nome mediterrâneo, servido em pão franchês e que atrai todo tipo de gente, que não se importa em matar a fome e a fauna intestinal na rua, defumados com a fumaça de todo tipo de veículos. Mas o que atrai esta gente? O preço baixo, é claro. Sempre. Baratos, o atrativo da junk food sempre foi o baixo valor. Um churrasco grego, por exemplo, é comprado em média por 2,50 reais. Com o tal suco grátis.
Bar sobre rodas Firoco Drinks inova ao trazer drinks alternativos em cima de um truck Fernanda Carvalho| fernandacarvalho@outlook.com.br
Guilherme Rachid
O Firoco Drinks é um bar móvel, que utiliza um pequeno truck com infraestrutura para servir vários estilos de bebidas com muito gelo. Entre os drinks servidos, estão os clássicos, contemporâneos e os de criação própria, além de soda italiana em diversos sabores, refrigerantes importados, água, sucos e cervejas. O bar sobre rodas é mais uma ativação do empresário Heitor Nagai, que tem em mente mostrar aos consumidores, por meio de combinações simples, que não há nenhum segredo ou mistério no preparo de coquetéis. Heitor Nagai conta com a ajuda da irmã Fernanda e o irmão Victor para levar o truck adiante. Já são dois trailers que fazem dez eventos por mês. “Pretendemos disseminar a
Bebida é a mais pedida durante os festivais de trucks ideia de tomar drink, porque o brasileiro não tem esse costume”, esclarece Nagai. Ainda esse ano, os irmãos pretendem inaugurar duas bikes para ajudar nas vendas. Victor conta que o truck nasceu no começo de 2015, e a história do nome da marca atrai cada vez mais clientes, assimilando a empresa a algo familiar. Nagai diz que Firoco
é o nome de seu cachorro, e que até o logotipo foi desenhado inspirado no famoso Firoco – cachorro vira-lata. Os drinks de criação própria e são apelidos do próprio cachorro, entre os mais pedidos o dengoso – que é feito de vodka, amora, framboesa, xarope de amora e suco de limão siciliano – ganha o coração dos paulistas.
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vida digital
ano 22 |no14 | dezembro/2015
Um dia sem celular
Sandro Silva
A repórter do Expressão passou um dia sem o aparelho e conta com foi sua experiência Carolina Caprioli
Home office está cada vez mais presente nas empresas Carolina Caprioli | carol_carioli@hotmail.com.br Quinta-feira, 23 horas. Eu redes sociais. Meu dedo desliza Durante todo o dia eu estava não usaria mais o meu celular sobre a tela para saber o que esta impaciente e ansiosa imaginanaté o dia seguinte. Achei que acontecendo no mundo. E hoje do o que poderia estar aconteseria simples afinal o que é fi- eu não estava sabendo de ab- cendo. Bobagem, todos diziam. car sem celular, um dia? Nunca solutamente nada naquele moNo fim daquela sexta-feira passou pela minha cabeça que mento. Me senti insegura com eu ainda teria aula na faculdaeu fosse viciada no meu smar- aquela sensação de que algo de e uma reunião com o meu tphone, mas confesso que nunca muito importante estava aconte- grupo para discutir sobre o cogitei ficar sem ele também. cendo. Mas nada aconteceu. nosso TCC. Ninguém sabia se Desafio aceito. Guardei meu Quando cheguei ao trabalho eu iria ou não já que havia suIphone e só o pegaria naquela pensei em ligar para o meu pai mido o dia todo. Fazia mais de mesma hora na sexta-feira. já que faziam dois dias que não vinte horas que eu estava sem Logo, pela manhã minha nos falávamos, mas logo lem- meu smartphone. Isso é loucumãe precisou me acordar já que brei que eu não decorei o núme- ra. E quase perto do fim do deo despertador não tocou. Depois ro dele (Ok pai, amanhã eu te safio, cheguei em casa e minha de me arrumar, sai de casa, atra- ligo). Durante o expediente todo mãe perguntou onde eu estava sada. Olhei na bolsa, conferi a fiquei logada nas redes sociais o dia todo. Desculpa, mãe ficalça e a jaqueta para ver se meu e duas amigas me procuraram quei sem celular, expliquei. aparelho estava comigo mesmo perguntando onde eu estava pela Saldo: 149 mensagens no sabendo que ele não estava. É manhã e o porquê eu não havia WhatsApp, três SMS, quamania, pensei. respondido as mensagens. tro notificações do Facebook A caminho do trabalho, no No almoço, todos nós deci- e duas ligações telefônicas da metrô, a primeira sensação é de dimos comer em um restauran- minha irmã e uma balada perpânico. Era sexta-feira, e como te novo. Quando a comida che- dida. Depois de ter o aparelho eu iria falar com os meus ami- gou pensei em fazer uma foto em mãos, fiz questão de ler gos? Como eles poderiam me para postar no Instagram, mas todas as conversas dos grupos encontrar? Além disso, durante onde estava o meu celular? É no app de mensagem instantâo trajeto eu sempre estou com mais difícil do que eu imagi- nea. Confesso: não faria isso o celular em mãos checando as nava, refleti. de novo.
Minha babá é
eletrônica!
Aparelhos e aplicativos prometem monitorar e amenizar a preocupação dos pais Eva Lucena
A cultura do home office gera um impacto positivo também para os funcionários Sandro Silva |sandrojs20@live.com O sistema de home office é conhecido em empresas do mundo todo, embora ainda não seja adotado por todas elas. Ainda existem muitos gestores que preferem que suas equipes trabalhem diariamente nos escritórios, pois acreditam que, dessa forma, elas possam ter maior produtividade. Um estudo divulgado em janeiro pela SAP Consultores Associados mostrou que apenas 36% das empresas consultadas adotaram o home office no Brasil. As empresas que mais aderiram à cultura do home office são as de TI (19,23%); química, petroquímica e agroquímica (15,38%); e pesquisa e desenvolvimento (10,26%). A maioria delas em São Paulo (73,08%), no Rio de Janeiro (7,69%) e no Paraná (7,69%), tendo entre 101 e 1.000 funcionários (47,44%) e faturamento anual bruto de mais de US$ 2,5 milhões (33,36%). Para uma empresa com um sistema moderno de gestão, a
cultura do home office gera um impacto positivo não apenas para o negócio em si, mas também para os funcionários. O home office tem impacto financeiro positivo e imediato para todo o negócio. A prática ajuda no corte de gastos corporativos. “Com mais funcionários trabalhando em suas casas, a editora teve uma redução considerável nos custos, pois não gastamos com mais espaço físico e economizamos com energia elétrica”, conta Cássio Barbosa, Diretor da Reino Editorial. Para melhorar a produtividade da empresa, a consultoria de marketing Fox fly está sempre em busca de atrair os melhores talentos. Para isso, a consultoria adotou modelos flexíveis de home office. Alguns Funcionários frequentam o escritório apenas uma vez na semana. “Empresas com esse modelo são, geralmente, as mais bem-posicionadas para atrair e reter esses talentos e, eventualmen-
te, aumentar a produtividade”, conta Matheus Barreto, sócio-fundador da Fox fly. A prática é sinônimo de flexibilidade, e consegue equilibrar melhor o trabalho e a vida do funcionário. “O home office é uma situação de ganha-ganha, tanto para os empregadores quanto para os funcionários. Trabalhar em casa significa menos estresse; menos estresse significa saúde mental em alta; e saúde mental em alta significa alta produtividade”, completa Barbosa. O tempo gasto no trajeto até a empresa, pode ser transformado em mais horas produtivas de trabalho, segundo Barreto. “Com a diminuição do tempo de deslocamento, os colaboradores podem transformá-lo em horas de trabalho mais produtivas. Isso também significa menos estresse, já que o trânsito é desgastante, e se traduz em mais horas se concentrando para ter suas tarefas cumpridas”.
Aplicativos facilitam a vida
boêmia
Escolher a melhor rota para chegar ao bar está entre as vantagens
Amanda Ataide
Eva Lucena | lucena.eva@hotmail.com.br O bebê chegou. É pequeno, delicado e totalmente dependente de cuidados, cuidados e mais cuidados. Para os papais de primeira viagem ou não, o desafio é sempre o mesmo – conciliar a rotina do dia a dia e ainda ficar atento para cada eventualidade que acontece, afinal, o manual de instruções não vem acompanhado dos pequeninos. Roupas para lavar, louça na pia, banheiro sujo, almoço e jantar são alguns dos afazeres diários. Com a chegada do bebê as coisas não mudam, apenas aumentam, principalmente a preocupação. Uma babá seria ideal para auxiliar no monitoramento da criança, ainda mais se ajudinha não entrar para as despesas mensais, e acredite, essa ajudinha existe. A babá eletrônica é um aparelho que monitora os bebês por áudio ou vídeo. O custo é único
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e varia de 160 a 900 reais. Os preços aumentam conforme a tecnologia do dispositivo. Cada kit é acompanhado com dois equipamentos, um para ficar no quarto do bebê e o outro para ficar ao alcance do responsável. O sono é uma necessidade fisiológica que não poderia ficar de fora. Alguns bebês trocam o dia pela noite, e as mamães sofrem com essas mudanças. “A Ana Lis dorme o dia todo e acorda durante a madrugada e só dorme ás oito horas da manhã. Quando resolvo dormir é difícil, tenho medo de cair no sono profundo e não ouvir o choro dela, ter um aparelho que monitore os barulhos no quarto seria incrível”, diz Elis Loiola, design de interiores. É importante lembrar que os aparelhos eletrônicos em geral estão sucessíveis a problemas e o monitoramento
pode falhar. Segundo a Maura Duarte, a mamãe que fica por trás do blog Mamãe Adora, o alcance dos aparelhos nem sempre segue o que diz o fabricante. “Infelizmente não é só uma questão de escolher o modelo que lista o maior alcance. Nunca usei nem soube de uma babá eletrônica que pega a distância toda listada na caixa. A distância real depende muito da sua casa e do tipo de construção”, lamenta Maura Duarte. Além de decidir o valor que está disposto a pagar, a funcionalidade de cada aparelho varia conforme a necessidade ou preocupação da família. É possível apenas ouvir, ou ouvir e assistir via câmera do aparelho. Em alguns modelos é até possível controlar o zoom que fica no dispositivo dos responsáveis.
Diagramação e Revisão da página: Eva Lucena, Carolina Caprioli
Amanda Ataide|amd.ataide@hotmail.com Você já imaginou chegar a um bar, por exemplo, em menos tempo do que o esperado, receber dicas do que beber e petiscar, reservar mesas e até mesmo pagar a conta, sem precisar enfrentar filas e ir até o caixa? Essas são uma das vantagens de plataformas mobiles disponíveis gratuitamente para todos os tipos de público. Opções de rotas para fugir do trânsito lento, sugestões de lazer, pagar contas online, aprender outro idioma, sem precisar sair de casa, baixar músicas e livros, manter-se atualizado em todas as notícias do Brasil e do mundo...Tarefas cotidianas que, antigamente pareciam complicadas ou perdia-se muito tempo para realiza-las, hoje, com o avanço tecnológico
conseguimos economizar tempo e adquirir benefícios. Lançado em 2013, em São Paulo, o Snapping possibilita que seus usuários acompanhem e quitem os valores lançados em sua comanda. Casas como o clube D-Edge, localizado na Barra Funda e o Boteco do Ferraz, no Itaim Bibi oferecem esse benefício ao cliente. “Antigamente eu levava em média de 15 a 25 minutos para pagar apenas uma comanda. Levando em conta o meu tempo de permanência dentro do estabelecimento, às vezes eu ficava mais na fila do que me divertindo”, afirmou Caio Doretto, estudante de engenharia e frequentador da casa noturna D-Edge. O aplicativo O Melhor de São Paulo, disponível para ta-
blets e celulares, com sistemas iOS, Android e Windows Phone está entre os preferidos do paulistano. Além de trazer informações sobre as melhores bares e restaurantes, possui credenciamento com mais de 400 estabelecimentos. Nele, é possível traçar rotas e descobrir os locais mais próximos a você, ter acesso à carta de cervejas e drinques. “Um dos meus aplicativos favoritos é o Papo de Bar, que é possível controlar os gastos, dividir a conta pelo número de pessoas da mesa e inclusive incluir os 10% do garçom, na hora do pagamento. Dessa forma, não tem erro. O único problema é que só está disponível para usuários do iTunes”, disse Luiza Donegatti, estudante de publicidade e propaganda.
artes Teatro Arthur Azevedo acolhe público de chorões ano 22 |no14 | dezembro/2015
Mais antigo que o samba e a bossa nova, estilo musical é valorizado em tradicional teatro paulistano, de cara nova volta a ser mais uma opção cultural para o fim de semana Fotos: Alan Oliveira
PÚBLICO aprecia roda de choro no hall de entrada do teatro, que reúne novos e velhos simpatizantes Alan Oliveira | alan.olisilva@gmail.com O Teatro Arthur Azevedo reabriu suas portas após quatro anos fechado para reformas. Além de ter sua estrutura renovada, o local conta com uma grande novidade em suas atrações. Agora recebe também o Clube do Choro de São Paulo, que estava sem uma sede fixa há mais de três décadas. O evento de reinauguração contou com a presença do prefeito de São Paulo, Fernando
Haddad. O projeto de reforma do prédio, orçado em R$ 7,8 milhões, inclui um espaço dedicado especialmente aos chorões, além de aulas para novos admiradores. Agora, todos os sábados, a partir das 18h, acontecem no Teatro as famosas rodas de choro, abertas ao público. Em um final de semana por mês, o local recebe shows especialmente dedicados ao estilo musical. Já tocaram
no palco artistas como Danilo Brito e André Parisi, além do grupo Izaías e Seus Chorões. A programação é gratuita. “O choro por ser uma música de altíssima qualidade, genuinamente brasileira e respeitada no mundo todo, precisa também ser valorizada aqui no Brasil. Espaços como o Clube do Choro, onde se possa ensinar o estilo e cultivar a tradição das rodas de choro
Criatividade e paixão
são os principais atrativos das
FANZINES
Experimentação gráfica de revista conquista cada vez mais produtores independentes Carla Sales
FANZINEIROS criam obras com recursos próprios que caracterizam as produções artísticas e inéditas Carla Sales | carla_brenna@hotmail.com Uma revista que expressa de forma particular a paixão do fã por uma banda, cantor ou filme. As publicações levam o título de fanzine, expressão vinda da combinação final do vocábulo em inglês “fanatic magazine”, traduzidas para o português, assume o significado de revista de fã. Foi assim que surgiram as fanzines na década de 1940, no Estados Unidos, voltadas para o mundo das histórias em quadrinhos. Para ser considerado um zine, uma abreviação afetiva da expressão, é preciso ter uma produção artística inédita que é característica essencial na criação. O conteúdo surge das próprias vivências do autor, imagens e textos formam a arte gráfica que é de total autonomia do criador. Existe um minucioso empenho, por parte dos editores, na produção do material, eles fazem ilustrações, pinturas, textos, criam conforme se sentem a vontade. Além disso, outra peculiaridade é em relação à distribuição dos impressos, o número de cópias na tiragem depende dos autores. A finalização deles é um charme a mais na elaboração. A designer Ana Paula Francotti, criadora da zine “Dramas de Amor”, destaca a vivência com
a experimentação gráfica do projeto. “Desde a adolescência eu tinha vontade de criar um impresso. Uma vez, vi um amigo fazendo e me chamou atenção a facilidade de impressão e o barateamento da produção me incentivou. Eu acho que o primordial tem a ver com a sensação do papel, de folhear, de tocar. Você constrói uma narrativa quando faz um zine, escolhe uma sequência pra contar uma história que pode ser contada em um texto ou pode ser só com imagens”, relata a artista visual. O surgimento de feiras voltadas para fanzines tem sido responsável pela divulgação das publicações. Apesar dessa popularização, muitos produtores não consideram as zines como produto para o mercado editorial. Para Douglas Utescher, organizador da Ugra Zine Press, é um momento de mudanças no cenário. “Até o final dos anos 1990 e começo dos anos 2000, seria ofensivo alguém falar que era um mercado, porque os fanzines tinham um consenso que era um produto da paixão dos fanzineiros, existia uma certa ética no meio que as pessoas não deveriam lucrar com aquilo. A maior parte acontecia por troca, existia um estranhamento com essa ideia de fazer um produto, vender e ter lucro com ele”, explica.
Papel, lápis, cola, tesoura, colagem, impressão, xerox e criatividade são as principais ferramentas para quem quer fazer uma fanzine. São várias feiras que reúnem exposições de fanzines de diversos temas, você pode acompanhar os eventos nas páginas do Facebook: www.facebook.com/fanzines www.facebook.com/fanzinerevista
Diagramação e Revisão da página: Carla Sales, Andressa Alves
são indispensáveis para que esta valorização aconteça e dê resultado. Hoje temos visto que muitos jovens estão descobrindo o valor do choro e procurando entender e aprender dessa cultura. É imprescindível que este público tenha um lugar onde se reportar e procurar mais informações”, afirma Guilherme Vilela, músico. Nascido nos subúrbios cariocas em 1870, o choro, ou chorinho, como também é conhecido, ganhou espaço na cultura paulistana há cerca de 50 anos. O ritmo é considerado como a primeira música urbana genuinamente brasileira, anterior até mesmo ao samba e à bossa nova. O estilo, com suas melodias sentimentais e improvisadas, ganhou consolidação nacional com Pixinguinha, compositor de grandes sucessos como “Carinhoso” e “Lamentos”. O Clube do Choro de São Paulo teve seu auge entre 1977 e 1979, quando tinha uma estrutura própria que reunia um grande grupo de simpatizantes aos finais de semana. Silvia Borba, funcionária pública e chorona nas horas vagas, comenta. “O choro é um estilo de música que se caracteriza pela mistura de ritmos, que é a essência
da cultura brasileira. Ele é responsável pela inserção dos ritmos africanos nas grandes salas de concertos. A diferença dele para os outros estilos de música brasileira é que o choro exige uma dedicação muito maior do músico que o executa. Dedicação física e intelectual, pois exige estudo. Viver o choro tem como consequência um estilo e gosto musical mais exigente”.
O Teatro Arthur Azevedo foi projetado pelo arquiteto Roberto Tibau e inaugurado em agosto de 1952. Já foi considerado um dos teatros mais modernos de São Paulo. O edifício é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp). O Teatro fica na Avenida Paes de Barros, 955, no bairro da Mooca, zona leste.
REFORMADO, Teatro reabre as portas com espetáculos gratuitos Local: Avenida Paes de Barros, 955 – Mooca, São Paulo Entrada: Grátis Telefone: (11) 2605-8007 Informações: www.prefeitura.sp.gov.br
Fotografar para não esquecer
A fotografia representa uma forma de registrar o cotidiano e preservar as lembranças Andressa Alves | andressa.asa@hotmail.com.br Definido pelo dicionário Aurélio como a arte de fixar imagens com a ajuda da luz, a fotografia cumpre o papel de preservação da memória. “A sede de resgatar o passado é que motiva a não deixar que a memória se perca”, explica a fotógrafa e educadora Maíra Vieira de Paula. Pesquisadora em temas relacionados a fotografia e memória, Maíra aponta a fotografia como a marca de uma ausência, “o registro de algo que não existe mais, que já passou, mas que ficou eternizado no registro da imagem e na mente de quem viveu aquele momento”. Atende a necessidade social de registrar cenas históricas e fatos do presente, contribuí na formação e conservação da história pessoal e das lembranças. A fotografia tem a capacidade de despertar emoções, trazer a tona sentimentos e lembranças as vezes esquecidas pelo tempo, pela correria do dia-a-dia e pela rotina.
Na era da tecnologia, as fotos ficam guardadas em pendrives, CDs, pastas de computadores e na nuvem digital e acabam sendo esquecidas e, por essa razão, Maíra chama a atenção na importância de colocar no papel as imagens registradas.
“Por segurança, a gente guarda as fotografia em diversas mídias digitais, mas e se o CD não puder mais ser lido pelo PC? E se o Dropbox ou o Google Drive pararem de
funcionar? E se o pen drive queimar? Como fazer?” O papel da fotografia pode se deteriorar, mas ocupa um espaço no meio físico, real. “a gente abre uma gaveta ou vai mexer em alguns papeis e encontra uma foto que, de forma instantânea, faz lembrar várias coisas. Isso jamais aconteceria se tivesse sido deixada numa pasta do computador”. A identidade é construída de acordo com as histórias vividas e com as memórias preservadas. “Cada pessoa é única, resultado de sua história de vida”, afirma a psicoterapeuta Vânia Calazans sobre a importância da memória. Uma mesma fotografia pode ter diferentes significados pra diferentes pessoas. Isaac Matos Mas isso não faz com que a foto perca a sua função de registrar um momento, de eternizar o que não existe mais e dessa forma ajudar a entender uma história e construir uma identidade seja social ou pessoal. Cuca Jorge
PROVA de um acontecimento ou recorte da realidade: a foto é mais uma forma de expressão artística
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esporte & lazer
ano 22 |no14 | dezembro/2015
ARQUERIA: da tradição ao lazer contemporâneo
Wikimédia
Já sonhou ser o Legolas, o Arqueiro-verde ou o Robin Hood? Arqueiros existem fora da ficção e você pode ser um Giulia Trecco | giuliatrecco@outlook.com Pouco conhecido pelo grande público, o tiro com arco atrai fãs pelas mais variadas formas. São muitos os livros, filmes, jogos e séries nos quais o arco e flecha aparecem em destaque. Robin Hood, Legolas (Senhor dos Anéis), Gavião Arqueiro (Os Vingadores), Hank (Caverna do Dragão) e mais um bocado de personagens que, mais do que apenas permear a imaginário coletivo, também estimulam a prática do esporte. O arco e a flecha fazem parte das grandes invenções da humanidade. O surgimento data à Pré-História, posteriormente os instrumentos se tornam uma das principais armas de combate nas guerras no decorrer dos séculos seguintes. Somente na Idade Média, com a criação da pólvora, a arqueria ganha um novo propósito, a prática esportiva. Nos dias de hoje, faz parte dos 42 esportes no maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos. Segundo o técnico de arco e flecha do Clube Esperia, Reinaldo Augusto Nunes, ao colocar a flecha em sua posição na corda, quem pratica está remontando uma cena que se repete desde o início da civilização, “é uma tradição de reis, guerreiros e aventureiros; é preciso respeitar o arco e a flecha, porque que ele descende dos primeiros esforços da humanidade para dominar a energia”. No Brasil, cerca de duas mil pessoas praticam o esporte, sendo 600 federados. Por se tratar de uma atividade para todas as idades - a partir dos 10 anos é possível encontrar cursos especializados no país - é uma opção de esporte e lazer que permite que as famílias participem juntas.
Alguns benefícios do tiro com arco são o relaxamento muscular, a melhoria na coordenação motora - já que os movimentos se tonam mais ágeis -, desenvolvimento da consciência corporal, aumento da disciplina e concentração. Além disso, é considerado relativamente barato, apesar da impressão que as pessoas têm de que seja voltado para a elite. Alguns arcos podem custar a partir de R$ 150, mas também é possível gastar R$ 1000 na compra, ou seja, depende de quanto se está disposto pagar. A analista de sistemas Amanda Cantinelli Paiva resolveu praticar arqueria chinesa para entender como funciona a concentração. “Eu fui buscar algo em mim, não apenas um esporte. O que o tiro com arco mais exige é concentração e, hoje em dia, com tudo acontecendo tão rápido, com o estresse, trânsito, tudo isso faz com que não tenhamos foco, por isso busquei algo que me proporcionasse isso”, ela conta. Além do tiro com arco voltado para o esporte, em São Paulo, os admiradores e interessados podem experimentar a sensação de ser Robin Hood por uma noite no bar Willi Willie, localizado no bairro de Moema. Lá, os frequentadores encontram uma arqueria com instrutores e um espaço com alvos de fácil alcance. Para quem tem curiosidade e não sabe por onde começar é uma oportunidade de aliar a noite à prática, e que não exige um investimento alto, por R$10 é possível comprar oito tiros com arco e flecha.
Jovens praticam tiro com arco em escolas especializadas em SP
Diversão offline
Divulgação
Mercado de jogos de tabuleiro segue em expansão no Brasil
Fábio Rossini | fabiolira@outlook.com Reunir amigos, comprar comidas gordurosas para comer e escolher um bom jogo de tabuleiro para aproveitar a noite. Esse é um cenário comum na vida dos consumidores do mercado brasileiro de board games. Esse tipo de lazer conquista cada vez mais espaço no mundo. Desde 2003, este mercado no Brasil representa cerca de 10% do segmento de brinquedos e o valor do segmento é estimado em R$ 2,5 bilhões por ano. Sem contar que diversos jogos que fizeram sucesso no exterior foram traduzidos e localizados para o português. Um dos lugares favoritos entre os geeks de São Paulo amantes dos board games é o Ludus Luderia, um bar localizado na Bela Vista, que
possui mais de 900 opções de jogos disponíveis para os visitantes. Além de um cardápio com comidas rápidas, o local possui monitores que ensinam as regras de todos os jogos. O estudante de jornalismo Thiago Janegits, 22 anos, é um antigo frequentador do local “A Luderia é um lugar fantástico! Uma mistura de bar com temática nerd cheio de jogos. Ao mesmo tempo em que posso tomar uma cerveja com os amigos, podemos estar jogando algum jogo ao mesmo tempo. O pessoal é muito receptivo, além de ensinarem muito bem qualquer jogo que você pedir. Tanto o cardápio de comes e bebes quanto o de jogos são bem variados, fazendo a alegria de todos na mesa”, diz. Ricardo Soares
Muita gente só conhece os quatro clássicos jogos de 20 anos atrás: Banco Imobiliário, War, Jogo da Vida e Detetive. Entretanto, existe um universo muito grande de jogos de tabuleiros dos mais diversos tipos e dificuldades. Seja ele um simples jogo de cartas ou um jogo mais “agressivo”, onde não se tem tempo de pensar e cada jogada é decisiva. Thiago também é um antigo adorador de jogos de tabuleiro. “O primeiro jogo de tabuleiro que joguei foi o clássico War da Grow. Na época foi difícil de entender as regras e ainda mais difícil elaborar estratégias. Lembro que joguei com o mesmo grupo de amigos que jogam board
games e RPG’s comigo há mais de 10 anos. Hoje o War é uma das ultimas opções para jogarmos, vide a variedade de jogos que existem hoje e não conhecíamos na época”. A grande diferença dos consoles e o jogo de tabuleiro é que não se trata de um game online. Boa parte dos jogos eletrônicos tem a imersão, mas não trazem uma socialização entre amigos. Isso pode deixar o jogo online bem solitário, contrastando com o board game, que é mais interativo entre todos na mesa. A tecnologia pode evoluir e os jogos podem ficar cada vez mais realistas, mas nada substituir o significado de uma mesa com risadas, amigos e cerveja.
Atletas do mundo digital
O conceito de esporte mudou. Hoje, as competições também acontecem na tela do PC José Florentino | joseluiz.florentino@gmail.com
Bem vindo, ciclista! “Bike friendly” é a nova aposta para São Paulo
Karina Dias | kdkarina@hotmail.com A velha desculpa de não ter onde colocar a bicicleta quando se vai a um estabelecimento em São Paulo acaba de ser excluída das suas possibilidades. Após o prefeito Haddad pintar metade da capital paulista de vermelho para fazer as suas ciclovias, o problema passou a ser ainda menor. A cidade de pedra já tem mais de 477km de ciclovias e cada vez mais as bikes estão sendo uma alternativa viável ao transito caótico da cidade. Fora a melhoria na qualidade de vida, o custo beneficio e o exercício físico que ela propõem. Desde executivos até estudantes estão usando a bicicleta como meio de transporte, mas sempre existiu aquela desculpa para não sair com a “magrela” no final de semana porque o bar onde a pessoa quer ir não tem bicicletário. Seus problemas acabaram! Restaurantes, hospitais, colégios, bancos, shoppings, doce-
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rias, igrejas, bares, lanchonetes, cafés, supermercados e até baladas...Ufa! Todos eles estão adotando o meio mais “econômico” para trazer para a vida das pessoas algo mais saudável e claro, chamar a atenção e conquistar novos clientes. Estes estabelecimentos que acolhem as bicicletas são chamados de bike friendly, onde o ciclista tem o direito de deixar gratuitamente o seu meio de transporte e utilizar os serviços dado pelo local. Misto de café, livraria e oficina, o Bike Café Aro 27 conta hoje com estacionamento para bike com seguro, aliado a dois vestiários – feminino e masculino – com quatro chuveiros em cada, armários, secador de cabelos e até chapinha (essa apenas no feminino). O proprietário e ciclista Fabio Samori conta qual foi a ideia principal de montar um estabelecimento bike friendly. “Pensamos em um local seguro para esta-
cionar a bicicleta, com vestiários para que o cliente possa tomar banho depois de pedalar e, assim, se apresentar em boas condições nos compromissos do dia a dia”, diz. Mas a dúvida sempre assombra a cabeça das pessoas antes de sair de casa – para isso basta acessar o site BikeIT, ele vai disponibilizar o mapa todo de São Paulo e todos os lugares que são bike friendly. Agora não tem mais desculpas, que tal adotar a bicicleta como um estilo de vida? A cicloativista e fundadora do site, Luiza Peixe, conta mais alguns detalhes sobre o projeto. “O nosso site está disponível para 13 cidades espalhadas por São Paulo e depois que o uso da bicicleta ficou mais acessível para as pessoas, o retorno do nosso projeto ficou absurdamente maior. Mas não são só os ciclistas que podem indicar locais que tem um bicicletário, os dos de estabelecimentos comerciais também. Fiquem a vontade”, fala.
Outubro de 2015. A arena Mercedes-Benz, localizada em Berlim, na Alemanha, abre suas portas para uma legião de fãs, são 17 mil pessoas. As luzes se acendem, gritos de incentivo ecoam por todos os lados, as arquibancadas estão lotadas. Os dois times entram em campo uniformizados e com o brilho nos olhos típico de vencedores. São as equipes finalistas do Campeonato Mundial de League of Legends, ou LoL como é conhecido. Perto do centro, sob os olhares ansiosos, sentam em seus computadores e a partida começa. O mundo se reinventou com o crescimento e a popularização da internet. Não é à toa que os jogos sofreram uma transformação radical: quebrou-se a barreira da distância e jogadores de todo o país se conectaram, acirrando ainda mais a competitividade nesses esportes. Marcos Flávio Ferrine, de 24 anos, administra o voiD Team, mas já competiu em vários jogos online diferentes e conta que, no começo, os campeonatos eram feitos pela internet. “Os presenciais começaram em pequenas Lan House’s e foram crescendo principalmente com a introdução das transmissões online, que tornaram os eventos mais visíveis para os patrocinadores”, explica. Hoje, o grande destaque fica com os Moba’s. A sigla significa Multiplayer Online Battle Arena, um subgênero dos jogos de estratégia online. Os números são bem expressivos: a final do mundial de 2014 de LoL, foi assistida por 27 milhões de pessoas, sendo que as visualizações simultâneas chegaram a 11,2 milhões. A Riot Games, que detém os direitos do título, transmitiu mais de 100 horas de conteúdo, durante os 15 dias de campeonato e contou com tradução para 19 idiomas com ajuda de parceiros. Outro dado que chama atenção é que a média de acessos diários era de 27 milhões de jogadores, em 2014 – que é o último levantamento feito. A empresa divulgou que o pico de usuários simultâneos chegou aos 7,5 milhões. Marcos acredita que é só o começo dessa popularização, mas que mostra “a percepção dos empresários de como o mercado de games é forte e lucrativo o que torna propício à manutenção, mesmo que mínima de um meio competitivo”. José Florentino
E-sports dominaram o dia a dia de jovens em todo do Brasil
Diagramação e Revisão da página: José Fiorentino, Giulia Trecco, Karina Dias, Fabio Rossini