Expressão 9 setembro 2017

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usjt setembro/2017 ano 24 número 9

Que tal uma xícara de café? Prepare-se para degustar cada detalhe de uma das bebidas mais apreciadas no mundo Especial | pág. 4 e 5


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Café: o grão terapêutico e poderoso Consumir café é um hábito cotidiano em quase todas as culturas mundiais. Suas propriedades medicinais já foram comprovadas em diversas pesquisas. Além disso, o café move a economia em muitos países. O Brasil é o melhor exemplo disso: somos os maiores produtores e exportadores desse grão no mundo. Por isso, a reportagem Especial do jornal Expressão resolveu abordar as minúcias da história e consumo dessa bebida tão apreciada. Nossos repórteres buscaram, por exemplo, as raízes históricas das relações entre o poder político e o café. Certamente você já ouviu falar sobre tal da “política café com leite”, não é? Quer conhecer um pouco mais sobre os profissionais que se especializaram em degustar, classificar ou preparar esse líquido? E, você sabia que temos um cafezal com mais de 1,5 mil pés de cafés plantados em plena área urbana de São Paulo? Está sentido o perfume convidativo das nossas reportagens? Então, venha ler tudo que apuramos para você. Ah, enquanto isso, pode tomar um cafezinho!! Depois da reportagem Especial, nossa sugestão é vocês conhecerem um pouco mais sobre o uso do quebra-cabeça no desenvolvimento de habilidades cognitivas. Falamos sobre isso, na editoria Educação. Já em Vida Digital, nossa equipe foi investigar um hábito bastante perigoso: baixar apps piratas. Se você opta por isso, corre sérios riscos. Na página de Artes, fizemos um tour no Palácio dos Bandeirantes, que é também um espaço para termos contato com aspectos interessantes da história de SP. E, concluímos as editorias do jornal com o bom e tradicional futebol. Ah, mas estamos falando de uma modalidade que exige habilidades especiais dos jogadores. É o futebol de mesa, uma prática que é passada de geração em geração e desperta emoções acaloradas. Os botonistas são uma legião espalhada pelo Brasil e mundo. Vamos apreciar tudo isso que os repórteres elaboraram? Que tal? Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

Solidão

30 lugar do 90 Concurso Fotográfico “Fração de Segundo”, com o tema “Sou apenas um rapaz latino americano...”, música de Belchior Rafael Moura Peixoto - aluno do CORTV2BN - Campus Mooca

Mayra, selvagem e livre

Mayra já tem quatro livros publicados e planeja lançar o próximo título em breve Nathalia Forte | nathaliafortecontato@gmail.com

Jovem, selvagem e livre. De família célebre. Filha de Alfredo de Freitas Dias Gomes, famoso romancista e dramaturgo e da atriz catarinense Bernadeth Lyzio, afilhada dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. Com apenas 29 anos de idade, a carioca Mayra Dias Gomes tem uma fascinante trajetória de vida. De pela clara e cabelos tingidos louros, ela esbanja sensualidade com seu olhar marcante, jeito intrigante em seu corpo repleto de

tatuagens. Beleza e inteligência fazem parte da personalidade da escritora que faz de sua atitude rock’n’roll um estilo de vida. Apaixonada por música e cinema tornou-se repórter de diversas publicações brasileiras, como a Rolling Stone. Mayra cresceu em um ambiente focado em literatura, teatro e televisão, começou a escrever na infância em diários, onde narrava sua vida diariamente, desde os oito anos de idade e nunca mais

parou. Estudou na Escola Americana do Rio de Janeiro até os 15 anos idade, na qual foi alfabetizada em português e em inglês. Após o trágico acidente do seu pai, quando ela era ainda adolescente, teve depressão. Incapaz de lidar com a pressão, resolveu escrever para liquidar todas suas mágoas e superar a morte de seu pai. No que resultou em seu primeiro livro “Fugalaça”, um retrato de uma geração imediatista e incapaz de lidar com frustrações. Com linguagem jovial, ela descreve aos 17 anos a realidade underground que a cercava. O livro traz personagem principal Satine, o alter ego da autora, que assim como sua narradora, sofreu com a morte repentina do pai durante a pré-adolescência e se envolveu em um mundo de drogas, paixões obsessivas, e rock. Foi publicado aos 19 anos e tem a orelha do livro assinada pela escritora Fernanda Young. Depois do sucesso do livro, foi chamada para escrever sobre música em vários veículos e assim começou sua carreira como repórter, já publicou textos na Folha de S.Paulo, Teen Vogue, Isto É Gente, Viagem e Turismo, Época, Capricho e Sexy. Ainda publicou mais três livros, “Mil e Uma Noites de Silêncio”, uma história de ficção, com Clara, uma moça solitária em busca de um laço humano. Em 2012, lançou “Dias Gomes”, ao lado da irmã Luana e da mãe. Em 2015, lançou “Finalmente Famosa” um suspense baseado em um assassinato real que ocorreu no prédio Hollywood Hillview, onde Mayra morava.

Ela foi para Los Angeles em 2009 e logo após, conheceu seu marido ator e músico Coyote Shivers, de 44 anos, em uma entrevista. Casou-se aos 22 anos, ao som de “Dance Me to The End of Love”, de Leonard Cohen, numa cerimônia íntima, em Las Vegas (EUA). Foi aos 12 anos que ela viu pela primeira vez o marido no filme “Empire Records”, adorava a cena em que tocava a música “Sugarhigh”. Quem levou Mayra ao altar foi Barbara Ramone, viúva do baixisita Dee Dee Ramone, dos Ramones, amiga do casal. Realizou, em 2007, um ensaio sensual para a Revita VIP. Em agosto de 2009, participou também da Playboy. Em 2010, posou nua para a edição de junho da revista Sexy. O ensaio feito em Hollywood no deserto de Nevada, foi inspirado no livro “Medo e Delírio em Las Vegas” do Hunter Thompson. Mayra foi o pôster do “Los Angeles Brazilian Film Festival”, em 2011. Participou também de diversos clipes, como “Hustler Girl” da banda Brothers of Brazil, já que é amiga de Supla. Mayra mora em Hollywood e trabalha como repórter de entretenimento para diversos veículos nacionais e internacionais. Vivendo na cidade dos astros, ela conta com uma rotina baseada entre premiações e coberturas de eventos. Relembra que seu primeiro livro tornou a mulher que ela é hoje, encarando a vida de forma diferente. Pretende lançar um novo livro em 2017, e afirma “o que eu escrevo não tem sentido até atingir a vida de outras pessoas”. Arquivo pessoal

Outros jeitos de usar a boca Beatriz Brito | bea-brito@hotmail.com

“Você me diz / que não sou como as outras / e aprende a me beijar de olhos fechados/ tem alguma coisa na frase – alguma coisa / em precisar ser diferente das mulheres/ que chamo de irmãs para ser amada / que me faz querer cuspir sua língua de volta/ como se eu fosse sentir orgulho por ter sido escolhida/ como se eu ficasse aliviada/ porque você pensa / que sou melhor do que elas”. Este é um dos poemas que compõe Outros Jeitos de usar a boca (Milk and Honey, em inglês), livro de Rupi Kaur, publicado pela editora Planeta. A escritora de 24 anos nasceu em Punjab, na Índia, e aos quatro anos foi com a família para o Canadá. A jovem publicou seu livro de forma independente em 2014, e logo ultrapassou a marca de 1 milhão de exemplares impressos nos Estados Unidos. No Brasil, o livro ocupa a quarta posição na lista da veja.com de livros mais vendidos. A obra mostra como Rupi lidou e ainda lida com a dor e o amor, e cada poema mostra a capacidade da autora de ser ácida e doce, cortante e delicada. A jornalista Adriele Araújo comenta que teve uma sensação de desconforto necessária durante toda a leitura, que a levou a refletir seu papel no mundo. “Levei vários socos no estômago. A sensação durante a leitura, apesar de toda poesia, é de desconforto. A autora rompe barreiras ao tratar assuntos pesados com tamanha delicadeza e foi isso que me levou a relembrar de coisas que vivi ‘por amor’, ‘por proteção’”, comenta. Os poemas abordam temas como o feminismo, a

falta do pai, o abuso sexual e a paixão, e a leitura é um vislumbre das mágoas, dos amores (pelo outro e por ela mesma), do processo de cura, e dos aprendizados da jovem, além de ser uma resposta a algumas das situações que as mulheres ainda enfrentam na sociedade atual, como o machismo. Para Adriele, o livro serve como um aviso às mulheres que elas não estão sozinhas. Que a luta feminista deve continuar e ser fortalecida. “A obra expõe feridas que discutimos em coletivos feministas há bastante tempo, mas que precisam ser lembrados todos os dias, 24 horas, a cada esquina, no trabalho, na escola, em casa, na rua, nas rodas sociais. O livro traz a certeza de que é necessário lutar, lutar e lutar. Sempre”. A cada página um poema, a cada poema uma “engolida a seco” e um “tapa na cara”, que nos faz sentir profundamente e, em alguns casos, identificar-nos com as situações vividas pela autora. Um livro que mostra, acima de tudo, o caminho seguido por Rupi até o momento em que aprendeu a apaixonar-se por si mesma.

expediente

Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenadora dos cursos de Comunicação Profª Jaqueline Lemos Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN- BUA Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

Jornal Expressão

Capa Arte: Ygor

Henrique

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Jogo estimula aprendizado e pensamento lógico

Quebra-cabeça é uma brincadeira que desenvolve habilidades cognitivas, motoras e visuais na criança Aline Galhardo| galhardo.alinef@gmail.com Aline Galhardo

legenda

Pedro, 8 anos, brincando com quebra-cabeça

Fã de quebra-cabeça desde a infância, a dona de casa Maria Lurdes de Souza introduziu o jogo nas brincadeiras diárias dos filhos Lucas e Pedro, de 8 e 10 anos, respectivamente. Todas as noites, após as lições de casa, os meninos escolhem, entre as muitas opções que possuem nas prateleiras do quarto, quais figuras vão desvendar com o encaixar das peças. Para Maria Lurdes, o jogo é uma espécie de “ginástica cerebral” e ferramenta importante para o desenvolvimento das crianças. “Eles socializam e têm a opção de fazer escolhas, pensar, raciocinar e ainda por cima se divertem juntos. Meus filhos são persistentes, comemoram os acertos a cada encaixe de peça e corrigem os erros”, conta a mãe. Orgulhosa do desempenho dos filhos na arte de montar

Estudar a história africana é lei, sabia?

Apesar de ser obrigatório, ensino sobre a cultura e tradição ainda é raro Camila Marcela | camilamfpassos@gmail.com

Quase 15 anos após a implementação da Lei 10.639, sua efetiva aplicação ainda é rara. Tendo entrado em vigor em janeiro de 2003, tornou obrigatório o ensino da cultura e história africana em todos os níveis das escolas brasileiras. A reportagem do Expressão conversou com Oswaldo Faustino, Jornalista, estudioso da História africana e autor de diversos livros, sobre os caminhos que ainda precisam ser percorridos para que a relação Brasil-África se torne frequente. Expressão: Hoje é obrigatório o ensino da cultura e história africana. A Lei foi mais um passo para combater o racismo? Oswaldo: A Lei é, antes de tudo, um reconhecimento do Estado Brasileiro da grande contribuição do povo africano e afro-brasileiro na construção da Nação. Fora isso, essa é também uma forma de obrigar à educação no País a dar visibilidade a essa contribuição. O combate ao racismo também é um dos objetivos, mas não necessariamente uma consequência da implementação da Lei, uma vez que ele é estrutural, sistemático e institucional. Expressão: A Fuvest inseriu o livro Mayombe, do autor angolano Pepetela. O que mais pode ser feito para nos aproximarmos mais da cultura africana? Oswaldo: Creio, foi indicado apenas porque na equipe dos intelectuais que pensam e organizam a Fuvest, havia pessoa ou pessoas que

Arquivo pessoal

quebra-cabeças, a mãe emoldura os modelos com o maior número de peças e os expõe nas paredes da casa. “É uma maneira de valorizar o esforço deles. Os quadros são como troféus”, conta. O quebra-cabeça é um aliado no processo de formação cognitiva e educacional da criança. O jogo estimula a aprendizagem, o pensamento lógico, a concentração, a percepção visual, a noção espacial, a memória e a inteligência. Além disso, ainda auxilia no desenvolvimento da coordenação e das habilidades motoras refinadas, que exigem movimentos mais firmes e delicados com as mãos. O jogo de peças pode ser introduzido desde cedo no cotidiano da criança, já que a partir dos dois anos de idade ela já consegue brincar com quebra-cabeça sem dificulda-

de. Os pais devem respeitar as indicações de faixa etária contidas na caixa do produto para melhor interação do filho com a brincadeira. Segundo a psicopedagoga, Ivany Barbosa, os benefícios do quebra-cabeça vão desde o desenvolvimento social ao emocional. “O jogo faz com que as crianças tenham autonomia, elas param, analisam as peças e tomem decisões. Também é um ótimo exercício para os mais agitados, pois eles aprendem a prestar atenção e a observar”, explica. “Ao interagir com o jogo, a criança desenvolve estratégia, aprende a lidar com as frustrações, investiga, experimenta desafios e floresce a imaginação. Esse tipo de atividade também é importante para o convívio social com os colegas da escola e maior

aproximação com os pais”, conta a psicopedagoga. Apesar dos inúmeros benefícios na formação educacional, os quebra-cabeças estão perdendo cada vez mais espaço para os tablets e celulares na rotina infantil, o que representa um perigo para o aprendizado e desenvolvimento social da criança. Afinal de contas, a tecnologia veio para agregar na educação e não para substituir brincadeiras e interações. “Como qualquer coisa na vida, o uso de equipamentos tecnológicos deve ser dosado, ou seja, controlado. Pois as habilidades sensoriais, cognitivas e sociais da criança se desenvolvem, sobretudo, a partir de atividades recreativas e relações interpessoais com os coleguinhas e familiares”, diz Ivany.

Como é feita a avaliação dos estudantes do ensino médio? Professores da rede pública não aprovam os métodos atuais Danilo Guerra | daniloguerra1996@gmail.com

Danilo Guerra

Exame Nacional do Ensino Médio é aplicado anualmente no Brasil Oswaldo dedica-se ao estudo da história africana gostam da obra e/ou tem amizade pelo autor. Para nos aproximarmos da Literatura Africana temos primeiro de entender, que o continente tem grandes autores e autoras e que muitas das pessoas foram agraciadas com os principais prêmios literários do mundo, como o Nobel de Literatura. Assim como as demais literaturas mundiais, a africana é igualmente rica e merece integrar a lista de leitura não só dos exames vestibulares, mas do cotidiano de qualquer amante da boa leitura, de qualquer parte do mundo. Expressão: O que o levou a escrever a série Luana? Oswaldo: A Luana é uma personagem criada, em 1999, por Aroldo Macedo, que também criou a revista mensal Raça Brasil. Quando era di-

retor geral da revista, Aroldo fazia questão de ler as cartas de leitores. Um dia recebeu uma que o abalou: era de uma mulher negra casada com um homem também negro e o casal tinha uma filha de 5 ou 6 anos, que até adoeceu de tanto chorar. A razão do choro era o fato de ela desejar muito ter os cabelos da Xuxa. A mãe viu como solução a compra de uma peruca loira, lisa, de cabelos longos. Não havia heroínas e heróis negros. Ao contrário, negros e negras eram descritas como pessoas feias, de “cabelo ruim”, menos inteligentes, com uma série de predicados desabonadores. Aí nasceu a personagem, que um artista gráfico se incumbiu de ilustrar. Aí, Aroldo me convidou a escrever em parceria com ele.

O Brasil tem cerca de 8 milhões de alunos matriculados na rede pública de ensino médio, segundo dados divulgados em 2016 pelo Ministério da Educação (MEC). Durante os três anos que compõem esta etapa de aprendizado, os estudantes são submetidos a diversas avaliações que, teoricamente, vão atestar os níveis de conhecimento adquiridos e predizer se estão prontos para prosseguir no caminho escolar. Atualmente o maior parâmetro de avaliação no Brasil é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), aplicado pelo próprio MEC para alunos e ex-alunos de qualquer instituição de ensino. A prova, que pode ser o ingresso do estudante no ensino superior, avalia o candidato a partir de áreas curriculares específicas como linguagens, ciências humanas, redação, matemática e ciências da natureza.

Entretanto, um dos conceitos pedagógicos acerca de métodos avaliativos, a “taxonomia dos objetivos educacionais” (ou taxonomia de Bloom) propõe uma forma mais ampla para analisar o aprendizado do aluno. Este estudo é resultado de uma comissão multidisciplinar com diversos especialistas e conclui que, sob os domínios cognitivo, afetivo e psicomotor é possível enxergar os níveis de aprendizado dos estudantes. Professora por 13 anos, Alessandra Iório não vê no modelo atual de avaliação um exemplo que traduz o aproveitamento do aluno. Entretanto, afirma que em Educação Artística, disciplina que lecionou, há mais possibilidades de utilizar outras avaliações. “Na minha disciplina tive a liberdade de empregar a taxonomia ainda que de forma indireta. A utilização é viável desde que considere as habilidades in-

dividuais e não se torne outro modo de compartimentar o conhecimento ou hierarquizar as disciplinas. Pessoalmente prefiro a pedagogia de Paulo Freire”, acrescenta. Diógenes Henrique de Castro, professor de ensino médio na rede pública, avalia o Enem como um retrocesso curricular. “O grande problema são as matrizes de conhecimento. Desde sua origem, o Enem prometia rever o caráter conteudista e propor referenciais pautados na reflexão de matriz cidadã. Infelizmente o que vemos hoje é apenas uma sombra dessa promessa”, conclui. O MEC afirma em seu site oficial que o Enem funciona como parâmetro para a autoavaliação do aluno, assim como sua respectiva inserção no mercado de trabalho, além de ajudar o próprio ministério com indicadores para aperfeiçoar o ensino no Brasil.

Taxa de evasão escolar no Brasil é a terceira maior do mundo Amanda Arruda | amanda.araujo.arruda@gmail.com

De acordo com pesquisa feita pelo estudo do Instituto Unibanco, com base nos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) existem 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o ensino fundamental. Dados da pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), no grupo de evasão por falta de escola, os estudantes entre 7 e 14 anos são os mais atingidos, sendo eles 29%. A falta de interesse aparece como o maior motivo da evasão (40,3%), sendo que os alunos do fundamental representam 35% desse número. Outro fator importante a ser considerado é a defasa-

gem idade-série, o sexto ano se destaca com 13,1% em repetentes, perde apenas para o primeiro ano do ensino médio (16,9), dados do Censo escolar/Inep. “O papel do professor é indispensável neste ponto do ensino. Ele deve demonstrar entusiasmo pelo conhecimento, elogiar toda e qualquer evolução do aluno. Além de ensinar, ele deve ser um motivador”, comenta a professora de colégio estadual Carla Pereira. Entretanto, os professores possuem jornadas longas de trabalho, enfrentam salas superlotadas, baixo salário, falta de incentivo e até agressões morais e físicas. Isso, quando não se afastam da profissão devido à problemas de saúde, com destaque aos psicológicos, vocais e de coluna. Jornal Expressão

O trabalho infantil ainda é um dos principais motivos da evasão tão precoce. A situação econômica vai mal. Em 2015 o número de famílias na linha da miséria, que vivem com 1/4 de salário mínimo per capita subiu para 9,2%, aponta o IBGE. Essa situação social aliada à falta de atrativos na escola não oferece aos alunos motivação forte o suficiente para permanecerem dentro dos portões escolares, interessados realmente em aprender, interagir e modificar suas realidades. O desempenho do aluno ainda é afetado devido à falta de um adulto para orientar nas atividades para casa ou motivá-lo a ler um livro. Casos de grande dificuldade ainda podem ser causados por um ambiente familiar hostil.

“O problema aqui é estrutural. Não há um único motivo para esse fracasso que se tornou o ensino básico. Mas existe solução, é necessária uma reforma no ensino que abrange desde as condições de trabalho dos docentes, estruturas das escolas e métodos de ensino e avaliação. Além de um suporte eficaz às famílias, para que assim, o aluno tenha condições de ir para a escola”, declara o coordenador escolar Eduardo Motta. De acordo com relatório divulgado em 2016 pelo Banco Mundial, a evasão precoce é o motivo que mais leva homens jovens na América Latina à estatísticas dos que não estudam e nem trabalham. Sem as competências necessárias, o mais comum é que ocupem cargos no setor informal, sem direitos trabalhistas e com maior instabilidade.

Amanda Arruda

Evasão escolar é realidades desde o Fundamental


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Café

Fruto que movimenta história e economia do Brasil

Um dos principais itens de exportações é o desencadeador de profundas mudanças no país De acordo com alguns rankings, o café é a segunda bebida mais ingerida no mundo, ultrapassada somente pela água. Segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), o consumo mundial ultrapassa 9 milhões de toneladas de grãos por ano. A pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) aponta a ingestão da bebida per capita no Brasil equivalem a 81 litros anuais. O grão que foi descoberto por um pastor da Abissínia, atual Etiópia, por volta de 800 d.C, chegou às terras brasileiras no século XVII, e se tornou a primeira atividade mercantil não colonial. Sua disseminação pelo sul e

sudeste a partir dos séculos seguintes promoveram a recriação de hábitos e costumes o processo de diversificação da estrutura social, urbana e as transições nas relações de trabalho e novas legislações. O café foi o protagonista na introdução do modal ferroviário no estado de São Paulo, além de ser responsável pela chegada de aproximadamente quatro milhões de imigrantes, vindos principalmente da Europa. As exportações dele chegaram a corresponder 80% das receitas da balança comercial brasileira no século XIX, cujo auge durou até o final da segunda guerra mundial (1938-1945), lembrando que os barões do café financia-

ram a Semana de Arte Moderna de 1922. Os grãos também introduziram alterações nas políticas econômicas, cambial e a estruturação de um sistema financeiro. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo. Nos últimos três anos, a produção média brasileira foi de aproximadamente 50 milhões de sacas, enquanto as exportações foram de 36 milhões de sacas. “Um terço do café consumido no mundo é produzido no Brasil, esse resultado mostra o reconhecimento da qualidade e sustentabilidade do café brasileiro, que é capaz de atender os mais diversos mercados exigências e paladares”, afirma o Diretor Geral

do CECAFÉ (Conselho de Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos ele também ressalta o alto índice de exigência da cafeicultura brasileira em relação a questões sociais e ambientais, a partir de leis que respeitam a biodiversidade e punição a qualquer tipo de trabalho escravo e/ou infantil nas lavouras. Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o parque cafeeiro nacional tem aproximado 2,25 milhões de hectares e 290 mil produtores, dentre os quais 80% da produção são originadas da agricultura familiar e emprega oito milhões de pessoas. Mas ainda há desafios a serem ultrapassados como

Governo formado por grãos Pequenos grupos dominaram o cenário político brasileiro pelo do café

Leonardo Barbosa

as necessidades de ampliação da oferta do crédito rural oficial, aumento dos prazos, redução das taxas de juros, além de uma estabilidade política e econômica para que seja gerado um ambiente de confiança e investimentos. “As indústrias de café no país não recebem nenhum tipo de subsídio seja estadual ou federal O setor é formado em sua grande maioria por microempresas (83%) e pequenas (9%), que enfrentam o desafio de investir na melhoria de seus negócios, por meio da reciclagem de conhecimento e melhoria na gestão administrativa”, diz Mônica Pinto, colaboradora do comitê de qualidade permanente de Abic.

Lucas Ramos

Evelyn Gomes | evelyn.fernandes@hotmail.com

Futuro numa xícara Wesley Alencar | wsyasousa@gmail.com

A princípio com o chá e posteriormente com o café, o ser humano busca encontrar direcionamento em suas decisões por meio da leitura da borra de café. Não no seu tradicional modo de beber café, na cafeomancia, é essencial que seja tomado com o pó, para que os resíduos tornem-se desenhos que serão adivinhados por um oráculo, que fará uma leitura do estado mental e espiritual, podendo até prever o futuro. “Originalmente, é uma ferramenta usada para o autoconhecimento, obtenção de respostas; como uma terapia. O consulente terá as respostas que ele procura, adquirindo também a cura, seja emocional, mental e até mesmo física”, comentou o oráculo Caio Vitor de Paula.

Costumes estrangeiros

Douglas Henrique | henriquedouglas.jornalismo@gmail.com

Leonardo Barbosa | leonardo_barbosasilva@hotmail.com

Conhecido até hoje por sua grande produção cafeeira, o Brasil viveu um período em que se apoiou nessa mercadoria para formar a sua política. A economia do país era pautada por grandes oligarquias que comercializavam o produto e controlavam o sistema político-representativo. A política do “Café com Leite” era a aliança entre as províncias de São Paulo e Minas Gerais, maiores produtores cafeeiros e leiteiros respectivamente. Ambas obtiveram maior poder aquisitivo e grande influencia sobre o resto do país. O governo central trocava favores com os estados de acordo com seus interesses e mantinha a ordem institucional e econômica. Mas quais fatores favoreceram a economia cafeeira no Brasil? É o que explica a professora de História do Brasil

Claudia Viscardi. “Condições geográficas favoráveis ao seu plantio, mão de obra escrava para a sua produção de baixo custo, uma politica creditícia e de promoção de infraestrutura por parte do Estado”. Desde os últimos anos do Império no Brasil, a burguesia cafeeira já dominava a província de São Paulo. Dom Pedro II já investia nessa mercadoria, aproveitando o alto consumo em países da Europa e nos Estados Unidos. Com o grande investimento, a elite passou a ser dominada pela figura dos barões do café e os coronéis também foram favorecidos por esse comércio, obtendo grande importância política, por causa de suas terras produtoras. A consolidação da política oligárquica ocorreu após o governo de Campos Sales, em 1898. O Partido Republicano dominou o cenário polí-

tico por dez anos. Porém São Paulo e Minas Gerais romperam sua aliança em 1909 e para não perder o poder para outros estados, reestabeleceram seu pacto. A festa das oligarquias foi perdendo a sua graça na década de 20, com a insatisfação do resto país que não faziam parte dessa política. Em 1924 ocorreu com grande força em São Paulo, a revolta dos tenentes infelizes com o governo, eles sofreram grande repressão. “Em 1924, o governo organizou dura repressão aos rebeldes, bombardeando a cidade de São Paulo, atingindo militares e civis, provocando sérios danos materiais”, conta a professora de história do Brasil, Edilene Toledo. Então em 1930 a política do café com leite chega ao fim, após grandes rebeliões promovidas pela oposição.

Thais Yumi Ozawa, de Fuji (Shizuoka), Japão: “Comparado com o Brasil, aqui os japoneses não costumam usar adoçante, toma-se muito café sem açúcar, eu diria que uns 90% preferem com leite. A maioria em latinha, vendida em máquinas de refrigerante espalhadas em todo canto. Em casa, eles gostam do café instantâneo, e, de vez em quando, os jovens pedem Starbucks. O café daqui parece com o americano, é mais aguado e menos forte do que o brasileiro”. Climildo Brandão, de Luanda, Angola: “A Angonabeiro continua empenhada no desenvolvimento do café em Angola, com a qualidade, desde cedo, reconhecida pelo Grupo Nabeiro. A empresa faz, por isso, investimentos constantes no país, tentando sempre aproveitar o sabor rico do produto. A marca nacional Cazengo, das tradicionais províncias do Cuanza Sul e de Benguela, apresenta a maior produção de café atualmente”.

Fazer café é um ritual Lucas Ramos | lucasrf9@hotmail.com

Existem várias máquinas para aperfeiçoar o preparo do café, as mais usadas são: - Máquina moka: a moagem deve ser feita em fogo moderado e não pode ser muito fina. - Prensa francesa: é prática por não precisar de eletricidade e filtro. Preserva grande quantidade de cafeína e a bebida não apresenta textura muito aveludada. - Cafeteira tradicional: o pó é acondicionado em um filtro com adição de água quente não fervente. Marcelo Forte, barista, comenta “fatores decisivos no preparo são: processo de moagem e não ferver a água, pois o café é muito sensível e, qualquer mudança no processo, alterará a qualidade final”.

Nathalia Andrade | nathaliaandrade@gmail.com

Degustador e Classificador

Apaixonados pela bebida esses profissionais se dedicam a levar o que há de melhor para o consumidor Cintia Barbosa | cintiasilvabarbosa41@gmail.com

Existem pessoas que são especialistas na degustação e classificação do café. Esse tipo de profissional tem como função qualificar a bebida através de vários aspectos peculiares, além disso, eles também podem identificar os valores para a saca através dos critérios de pontuação que variam de 79 a 100, sendo que quanto mais próximo do 100 mais cara se torna. Para ser um bom classificador e degustador são necessários alguns pré-requisitos básicos. “Ter olfato, visão, audição, tato e paladar apurados são sentidos necessários para um profissional da área. Todos complementados com experiência, curiosidade, dedicação, persistência, memória e muito estudo para

se avaliar com precisão as amostras”, afirma Rodrigo Mesquita Escarassatti, especialista em café. Hábitos saudáveis precisam se tornar rotina na vida de profissionais da área, que devem evitar o consumo de alimentos gordurosos, picantes ou ácidos e bebidas alcoólicas, pois isso pode prejudicar o paladar ocasionando possíveis erros na análise do café. A pessoa que deseja ingressar nesta profissão, precisa frequentar um curso técnico de especialização com duração de aproximadamente 360 horas, para obter o registro oficial é preciso comprovar que é Técnico Agrícola ou Engenheiro agrônomo. “Apenas O curso não te deixa apto a enfrentar uma

safra de café, o profissional também precisa ser muito dedicado, pois um erro de avaliação pode causar grande prejuízo à marca”, conta Rodrigo. As empresas que costumam contratar esses profissionais são geralmente cooperativas, fazendas e torrefações, seu trabalho consiste em avaliar aspectos físicos, quantidade de defeitos, homogeneidade de cor, tamanho e sabor. “A bebida passa por critérios, onde pontuamos defeitos que encontramos após seu beneficiamento, como por exemplo, pau, pedra, grãos verdes, que podem influenciar no sabor da bebida, fazendo delas ruins”, completa Agostinho Ramos, degustador e classificador de café.

Fonte: Ricardo R. Silva

Jornal Expressão


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Maior cafezal em área urbana de São Paulo Próximo da avenida Paulista o local é opção de passeio para toda família Andressa Borges | andressaborges2@hotmail.com

O histórico cafezal do Instituto biológico (IB) atrai turistas de todas as regiões do Brasil, famílias, estudantes e até estrangeiros. Localizado no bairro da Vila Mariana e há pouco mais de cinco minutos da Avenida Paulista, o lugar ainda passa desapercebido por boa parte dos paulistanos. A área verde possui aproximadamente 10 mil m² e totaliza cerca de 1,6 mil pés plantados das variedades do Mundo Novo e Catuaí. Harumi Hojo é engenheira agrônoma e há 10 anos coordena as atividades do cafezal do IB. Ela diz que os grãos da área são orgânicos e do tipo Arábica e que o local é mantido com todo cuidado. “Um técnico em agronomia e um auxiliar são responsáveis por cuidar diretamente da lavoura, além de profissionais terceirizados que ajudam a manter a área externa”, conta.

A história desse cafezal teve início no século XIX quando uma praga, conhecida por “broca-do-café”, começou a afetar as plantações do Estado. Essa crise resultou na criação do Instituto Biológico, em 1927, órgão de pesquisa voltado à sanidade animal e vegetal. Na década de 1950 junto ao edifício-sede foram plantados 2,5 mil pés de café com o objetivo de servir à pesquisa e preservar a memória histórica da instituição. Atualmente as pesquisas de pragas e doenças desse tipo de cultura são realizadas no Centro Experimental Central, localizado em Campinas. São colhidos no cafezal cerca de 1 tonelada de grãos por ano, que após o beneficiamento resultam em aproximadamente 500 kg. “Como somos uma instituição pública não podemos

Café

Em busca da bebida perfeita

Conheça um pouco sobre os profissionais especialistas em café Arquivo pessoal

fazer a comercialização, por isso toda produção é doada para o Fundo Social de Solidariedade do Governo do Estado de São Paulo”, esclarece Tânia Cristina Manso, diretora do Núcleo de Comunicação Institucional do Instituto Biológico. Segundo Harumi, o local é visitado por em média 500 pessoas no ano e o evento mais esperado é o “Sabor da Colheita”, promovido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O ato simbólico acontece todo mês de março e reúne autoridades, produtores e também é aberto ao público que tem interesse de conhecer uma plantação de cultura cafeeira. “Os participantes podem colher os grãos cereja, degustar a bebida, além de levar uma muda para a casa”, informa a coordenadora.

Além da xícara Josiene Lira | josiene_lira@hotmail.com

Acredite, é possível preparar receitas doces e salgadas acrescentando café aos ingredientes. Além de encontrarmos o sabor em balas e bombons, o queridinho brasileiro também está presente em diversos pratos desde sobremesas, coquetéis a molhos e massas, que ganham um toque especial com a presença da bebida. Além de acrescentar um delicioso sabor aos pratos, o uso do café também oferece diversos benefícios ao corpo e a saúde. “O consumo regular estimula a memória, atenção e concentração. Também possui ação antioxidante e melhora a digestão, ativando a produção da bile e a concentração da vesícula biliar”, afirma Ângela Souza, nutricionista e esteticista.

Benefícios estéticos da cabeça aos pés Letícia Oliveira | leticia.1602@hotmail.com

A cafeína é a principal protagonista dos produtos da indústria da beleza. Começando pelos fios de cabelo, ela fortalece os folículos fragilizados, reduzindo a queda, segundo Alice Jaruche, dermatologista, isso ocorre porque o metabolismo local aumenta. Ela explica que por estimular melhor a circulação sanguínea, as olheiras que acometem a face e causam incômodo também podem ser combatidas com cafeína. Nas clinicas de estética, a substância se destaca por reduzir os sinais da celulite. “Produtos termo ativos a base de cafeína combinados com massagens modeladoras irão agir ativando o calor o corpo, gastando a energia e eliminando a gordura indesejada”, explica Thayna Campos, esteticista.

Tipos de grãos

Karina Oliveira | karina.20oliveirasilva@hotmail.com

O café é composto por dois tipos de grãos que diversificam o sabor da bebida: o Arábia e o Robusta. Segundo Julia Fortini, barista, Q-Grader e instrutora da Academia do Café de Minas Gerais, ambos possuem grandes diferenças que refletem no sabor da bebida: “O Conillon, conhecido como Robusta, tem o dobro de cafeina que o Arábica. Ele possui um amargor muito presente e um corpo pesado. Por outro lado, o arábica contém diversos perfis sensoriais, é mais doce e possui metade da cafeína do anterior”, explica. Por serem mais adocicados, os grãos Arábica são considerados os mais saborosos para bebidas especiais e, também, gourmets.

Barista João Guilherme, apaixonado por sua profissão Douglas Romano | douglas.romano92@gmail.com

Especialistas no preparo em cafés de alta qualidade, o barista ajuda a divulgar os benefícios da bebida e ensinar ao consumidor para que possa saborear e identificar os variados tipos disponíveis no mercado. João Guilherme Bandeira é formado na profissão pelo Coffee Lab (renomado laboratório de café) em 2007. João fala sobre a qualidade do café preparado por um barista profissional e os desafios que enfrentam no Brasil. Expressão: Quando você decidiu transformar a paixão pelo café em sua formação profissional? João: Desde muito cedo, sempre fui apaixonado pelo café. Sabe aquele coado matinal? Porém, após servir o exército, saí de lá sem rumo, e fui apresentado a Isabella Raposeiras (Idealizadora do Coffee Lab e primeira vencedora do Concurso Nacional de Barismo no Brasil), que me incentivou a seguir carreira nos estudos do café. Expressão: Quais são as aptidões que um barista deve ter?

João: Principalmente paladar, saber diferenciar o sabor. Depois, vem à técnica na extração vaporização e amplo conhecimento em beneficiamento colheita torra, e por último, a harmonização. Daí em diante, vem a prática e a busca por novos conhecimentos. Expressão: O mercado de trabalho está aberto para essa profissão? João: Sim. Mas hoje, com o lançamento das máquinas de expresso doméstico, o mercado está se fechando. Os grandes baristas estão saindo da cafeteria e indo para a lavoura cuidar da torra de outros pontos importantes do café. O mercado é grande e bem variável. Existe em São Paulo 4 ou 5 cafeterias que prezam pelo barista estudioso. Mas as grandes franquias que trabalhavam com atendentes, hoje procuram por recém-formados ou aprendizes, profissionais com dedicação. Expressão: Seu maior interesse está na criação de cafés especiais? João: Já criei cafés para

quatro estabelecimentos. O Brasil nunca pode patentear meus drinks, fizeram sucesso, e os patrões ganhavam dinheiro com eles. É uma “burrocracia” misturada com falta de informação. Nunca foi repassado nada a mim, mas a minha verdadeira alegria é a satisfação do cliente. O país está em crise e não liga para pequenas empresas. Já teve o ‘boom’ do mercado do café. Abria-se uma cafeteria por dia, com grandes nomes do barismo. Expressão: Os cafés do exterior são superiores dos produzidos aqui no Brasil? João: Não! O Brasil é o maior produtor de café do mundo, e um dos maiores consumidores. Produzimos café com alta qualidade de importação. Colômbia e Jamaica são grandes produtores em questão de paladar. Café com acidez controlada e grande doçura, corpo e nota aromáticas, mas o Brasil ainda é melhor. Antigamente, importava o café verde. Ele era torrado e batia um selo de café francês.

Estimulante e viciante O Consumo responsável da bebida melhora o rendimento do cérebro durante as tarefas diárias

Fernanda Cazarini

Dose diária de bem-estar

O consumo moderado de café auxilia na preservação da vida saudável Henrique Ramalho

O consumo for exagerado pode trazer riscos a saúde É recomendável tomar, em média, três xícaras da bebida ao dia Henrique Ramalho | henrique.buenoramalho@gmail.com

Em 2012, a revista New England Journal of Medicine publicou um estudo realizado pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, que analisou o consumo de café de mais de 400 mil norte-americanos, durante 13 anos. Os resultados mostraram que a ingestão ponderada da bebida está ligada a um risco menor de mortalidade. Os benefícios começam pela riqueza da composição química do grão, que contém, além da cafeína, ácidos clorogênicos, com potencial atividade antibacteriana, antiviral e anti-hipertensiva, a vitamina do complexo B

niacina, além de uma grande variedade de minerais. Uma das principais propriedades do líquido é a sua função antioxidante, que promove a inibição de inflamações, reduzindo o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, inflamatórias e até cânceres. Segundo Mariana Capelli, nutricionista, o consumo regular de café ajuda a evitar o surgimento de lesões precursoras de tumores no aparelho digestivo. Isso acontece porque a cafeína acelera a passagem de substâncias cancerígenas pelo trato gástrico, reduzindo o tempo de exposição a elas. Jornal Expressão

No campo neurológico, a bebida também é eficaz. Ela ajuda no alívio de dores causadas pela cefaleia, graças às suas propriedades vasoconstritoras, que atuam no sistema nervoso central. Previne, ainda, o surgimento de doenças neurodegenerativas. “A cafeína aumenta a produção de uma enzima cerebral que protege os neurônios contra o acúmulo da proteína tau, associada ao Alzheimer. Além disso, impulsiona a produção do neurotransmissor dopamina, que diminui os tremores causados pelo mal de Parkinson”, explica Mariana.

Paola Guimarães| pah.guimaraes@hotmail.com

A cafeína é a droga psicoativa mais usada no mundo todo. Tomar café é essencial para milhões de pessoas. Ela é estimulante. É capaz de nos fazer sentir mais alertas, melhora nosso humor, oferece disposição para a rotina diária e otimiza a produtividade no trabalho. Muitos estudos indicam que consumir mais do que 400mg de cafeína por dia (cinco xícaras) pode colocar uma pessoa sob risco de efeitos colaterais. Quem adora café já deve ter exagerado na dose uma vez ou outra, como é o caso da Juliana Kozemekinas, de 23 anos.

“Eu tomo café todos os dias, são 6 xícaras por dia. Se eu acordar e não consumir a bebida, já fico estressada, agoniada e com dor de cabeça. Acho que parte dessa grande quantidade de café que eu consumo seja por conta da minha rotina de trabalho e estudos. Já que é o café que me faz ficar disposta durante essa correria do dia a dia”, conta. Segundo o médico especialista em nutrição, Alex Matos, a bebida deve ser consumida moderadamente e que os efeitos variam de organismo para organismo, enquanto uma pessoa se sente bem apenas com

uma xícara, a outra precisa de três ou mais para se manter disposta, mas é aí que está o perigo, no vício. “Diversos alimentos podem conter cafeína como os refrigerantes, alguns chás e até os chocolates. Só que o café puro, que as pessoas estão acostumadas a consumir possui o maior nível da cafeína, o que faz com que aquele sono no meio da tarde, vá embora depois de uma xícara. Ele serve para manter as pessoas mais dispostas, só que quando o consumidor é viciado, pode trazer riscos à saúde”, diz Alex.


ano 24 |no 9 | setembro/2017

Aplicativos: O barato pode sair caro Plataformas asiáticas atuam como ‘mercado pirata’ de app’s e podem causar danos aos smartphones de milhares de usuários Luane Arruda | luane.arruda@hotmail.com

Os riscos que se podem correr em plataformas piratas de celulares

Aplicativos pagos, quanto custam? A média dos mais baratos pode variar entre R$ 1,99 a R$ 13,99 e mesmo assim usuários buscam maneiras de piratear, colocando em risco seus dados, suas vidas. Os celulares estão cada vez mais modernos e a tecnologia não para de avançar. Estamos rodeados e imersos em um mundo digital. Estes app’s podem ir desde um editor de fotos, vídeos e até mesmo um jogo. Lojas como a Play Store e Apple Store oferecem uma segurança maior, vale a pena pagar o preço. Mas mesmo assim o usuário usa da tecnologia bem servida para o mal e ele encontra formas de piratear e poder baixar o app sem precisar pagar. Mas o barato pode sair caro. O programador Tiago Souto conta que a forma mais clássica é o roubo de informações. “Você instala um app pirata, às vezes mesmo sem saber (links falsos, por exem-

Idosos querem cada vez mais participar do mundo digital

Giovanna Chagas

Pessoas acima dos 65 anos estão cada vez mais inseridas na rede Giovanna Chagas | giovanna.chagass@outlook.com

Silver Surfer (surfista prateado) é o termo elaborado pelo European Interactive Association (EIAA) para denominar a legião de navegadores que passaram dos 60 anos, em referência aos cabelos grisalhos dos internautas dessa faixa etária. “Eu me sentia uma analfabeta digital e, depois que aprendi a mexer no computador e celular, passei a ler notícias, conversar com parentes online e até assistir vídeos sobre corte e costura”, afirma Nereide Pio, de 66 anos. A maior dificuldade é o aprendizado e a iniciação no mundo digital. O que parece tarefa simples para os plugados é algo bastante complexo para quem não nasceu na era digital. “Quando tentam utilizar o computador, às vezes, se deparam com a dificuldade em ligá-lo, mexer no mouse e memorizar os caminhos para encontrar pastas

ou navegar na internet”, comenta Gabriel Moraes, professor voluntário no curso de informática no programa Melhor Idade. Segundo Gabriel, os idosos procuram cada vez mais por conhecimento em informática. “Gosto muito de acompanhar o desenvolvimento dos meus alunos mais velhos. Acredito que eles tenham maior dificuldade em fixar o conteúdo, do que uma criança de 10 anos, mas posso afirmar que eles possuem mais força de vontade em aprender, do que os jovens”, diz Gabriel. Além de ser uma excelente atividade mental, a informática na terceira idade auxilia na manutenção da memória e proporciona aprendizado de algo novo, valorizando a vida e a experiência. “Eu não sabia nada e meus filhos não tinham muita paciência para me ensinar. Sempre fui muito ativa, então também queria

aprender algo novo e o curso abriu uma janela na questão de comunicação e conhecimento, de vivência, de amizades”, conta Nereide. O número de pessoas acima dos 55 anos que acessam a web de casa vem crescendo progressivamente. Segundo dados do Ibope, há mais de 1,2 milhão de usuários nessa faixa etária no Brasil. Em relação à renda, o avanço do acesso à internet ocorreu principalmente entre as faixas de renda mais baixas, embora o alcance da tecnologia continue sendo maior nas famílias mais ricas. De acordo com o órgão, 23,9% das pessoas com renda domiciliar per capita entre zero e 2,5 de salário mínimo tinham acesso à rede em 2013. Essa faixa aumenta quanto maior é a renda, chegando ao pico de 89,9% de frequência na faixa de renda per capita acima de 10 salários mínimos.

plo), e eles roubam suas fotos, vídeos, arquivos de cache salvos, histórico de chamadas e navegação, entre várias outras coisas. Eles podem também servir como espiões para coletar informações de sites e bancos”, afirma. Para o Tiago, todo cuidado é pouco. “É inimaginável o dano que se pode causar com informações roubadas de celular. Sendo o aplicativo pago ou não, é mais seguro fazer o download nas lojas oficiais“, alerta. A Play Store e Apple Store, têm um sistema de segurança contra aplicativos piratas. Existem camadas de segurança que asseguram a usabilidade do usuário no momento do download. Vale a pena pagar alguns reais e não passar pela insegurança de ter ou não seus dados roubados do que fazer um download de uma fonte não confiável. Tiago afirma “podem fraudar seus dados de forma a te prejudicar ou

chantagear. Podem te prejudicar no trabalho, nos relacionamentos, na família. Até mesmo judicialmente você pode acabar respondendo por crimes que não cometeu”. Mesmo sabendo dos riscos a estudante de design Nádia Gulias prefere correr o risco a pagar pelo download. “Já baixei várias vezes e nunca aconteceu nada, não acredito que minha vida possa vazar assim do dia pra noite”, diz. Para Tiago, não vale a pena correr riscos e deixar o celular vulneravel para uma rede estrenha. O descuido pode também danificar o aparelho. . “Pode aquecer o aparelho a ponto de fritar o processador, estragar a bateria, estragar cartão de memória e entrada usb. Tanto que dependendo do virus, ele pode se espalhar pela rede, por bluetooth ou por conexão usb, além de apagar dados”, conta.

Influenciadores digitais são os poderosos do momento Thais Lopes | thalopesc@gmail.com

Um novo grupo de pessoas está dominando a internet: os influenciadores digitais. Taciele Alcolea, Whindersson Nunes e Felipe Neto são alguns dos nomes que possuem um grande número de seguidores e trabalham exclusivamente gravando vídeos, postando fotos e compartilhando a vida na rede. Eles possuem fãs que os acompanham e são influenciados por aquilo que dizem. Diferente dos artistas de TV, que eram os únicos que tinham esse papel, os influenciadores mostram a vida real e fazem com que os seguidores se sintam mais próximos a eles, e, consequentemente, essas pessoas são atraídas a consumir o produto que está sendo mostrado. A Youtuber Jennifer Dobruski, com mais de 400 mil inscritos no seu canal do Youtube e quase 45 mil seguidores no Instagram, conta que quando chegou aos 50 mil inscritos já começou a lucrar. Ser influenciadora digital se tornou o seu principal trabalho. “É muita responsabilidade trabalhar com isso. Ao mesmo tempo que tem aspectos positivos, eu também preciso tomar muito cuidado com o que eu falo e indico, pois tenho um público diversificado, que corresponde a uma gama de diversos tipos de pessoas”, diz a influenciadora. Com o poder que essas pessoas possuem, as marcas estão apostando

e investindo neles para agregar valor aos seus produtos. As empresas vão atrás daqueles que têm o perfil indicado e oferecem uma parceria para que a mercadoria seja divulgada. “Geralmente o contato da marca ocorre através de e-mail, e às vezes por Instagram. E então ocorre uma negociação, na qual ela realiza uma proposta e eu analiso se a mesma é viável. Trabalho com uma tabela de preços que é referente aos tipos de divulgação que o canal e redes sociais oferecem”, conta Jennifer. Existem agências que são especializadas em fazer o trabalho de levar a marca até o influenciador. A Digital Influencers é uma delas. Ela surgiu com a ideia de criar uma solução para marcas trabalharem com influenciadores. “A marca cria uma campanha e publica para os influenciadores da nossa base, eles analisam e se candidatam se acharem interessante. A marca vê todos os candidatos e escolhe aqueles que estão mais alinhados com os objetivos da campanha. Quando são escolhidos é aberto um chat com cada influenciador para definição dos detalhes e a marca pode acompanhar o impacto da ação à medida que os posts são feitos, tudo automático e em tempo real”, diz Marcus Coelho, CEO da empresa. Thais Lopes

LDRV: Lana Del Rey Vevo e os posts que viralizam Grupo no Facebook conta com mais de 400 mil membros e postagens famosas Elizandra Germano | lika.germanox@gmail.com

Para começar, o LDRV (Lana Del Rey Vevo) é um grupo criado pelo jovem Kaerre Neto com o objetivo de ser de entretenimento e humor. Por conta disso, todos os dias são feitas novas postagens sobre diversos assuntos com a possibilidade de serem comentadas por até 400 mil membros de todo o Brasil. O LDRV com seus quase 4 anos, conseguiu criar a sua pró-

pria comunidade e com isso, a sua forma de comunicação e até mesmo algumas frases que nasceram no grupo e que começaram a ser utilizadas fora dele por grandes marcas, como: “pisa menos”, “embuste”, “eu não acredito que (alguma coisa) inventou (tal coisa)”. A própria cantora Lana Del Rey postou em seu facebook “LDRV, já ouviram falar de “Lust for Life”? É para o meu TCC”, usando expressões que são da comunidade para divulgar sua nova música. Uma de suas tours – assim que são chamadas as histórias compartilhadas no grupo – a mais famosa é a do Cofre, que foi criada por um jovem para contar o que havia dentro do cofre de família que estava escondido desde a sua infância. A história viralizou e ficou em primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter, despertando a curiosidade de quem não fazia parte do grupo e de marcas.

Segundo Camila Smid, publicitária e dona do canal Cinemetragem, as marcas começaram a procurar o grupo para se tornarem populares. “A diferença é que quem está dentro desse grupo tem uma probabilidade muito maior em ser impactado ou se engajar em um assunto. Isso acontece porque as pessoas dentro de um grupo “privado”, se sentem mais confortáveis para compartilhar experiências pessoais, e quanto mais experiências são compartilhadas, maior o nível de identificação que o grupo influi nas pessoas. Em resumo: Experiência gera identificação, identificação gera engajamento. E engajamento te faz popular.” “Eu já fazia parte do grupo e quando fomos ver até mesmo o Estadão estava falando sobre o Cofre e marcas utilizando do assunto para vender seus produtos e fazer memes. Não achávamos que faria tanto sucesso, mas foi engraçado ver a quantidade de pessoas que tentavam entrar no grupo”, afirma Caroline Duarte, estudante.

Influenciadores estão sempre conectados às principais redes sociais Jornal Expressão


ano 24 |no 9 | setembro/2017

Retratos de estadistas ajudam a contar história de São Paulo

Tamires Febronio

Palácio dos Bandeirantes tem acervo xom mais de 3 mil peças Tamires Febronio | fomtamires@gmail.com

O Palácio dos Bandeirantes possuiu um rico acervo artístico, que engloba vários movimentos culturais. São mais de 3 mil peças originárias do cenário Brasileiro. Dentre elas, estão na galeria, quadros dos ex-governadores de São Paulo, de 1889 até 2006. “Do primeiro governador, Prudente José de Moraes Barros (1889) a Carlos de Campos (1927), os retratos foram pintados da seguinte forma: sentado, olhar indireto, cor vinho de fundo, terno preto, barba. Isso tudo remetia à realeza, que tinha o trono, manto vermelho, que indicava o poder”, explica Raquel Elena Ruiz, educadora da Curadoria do Acervo Artístico

– Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. Após esse período, não houve pinturas. As mesmas foram retomadas, apenas em 1975, pelo artista Mário Gruber, entre 1927 até 1983, sendo que os governadores de 1927 a 1971 foram pintados no mesmo ano (1975), a partir daí, os demais foram sendo retratados de acordo com o seu mandato. Curiosamente, nota-se na galeria que algumas telas são avermelhadas. “Na época, não davam a devida importância à conservação das obras, e usaram um verniz que não era apropriado para as mesmas, interferindo di-

retamente na pintura, que originalmente foram pintadas na cor sépia”, esclarece a educadora. Somente os retratos de Paulo Egydio Martins, Paulo Maluf e José Maria Marin é que se salvaram da tragédia do verniz. Diferentemente dos retratos anteriores, estes foram feitos usando o rosto, com o olhar direto, uma forma de aproximar mais o governante ao seu povo. Depois de José Maria Marin, o governador é quem escolhia a pose do quadro. O artista pintava de acordo com a fotografia escolhida. Hoje no acervo, faltam os retratos de: José Serra

(2007/2010), Alberto Goldman (2010/2011) e do atual governador do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin. Sendo que a tela de Alberto Goldman, já está pronta, mas ainda não está exposta na galeria. “É muito interessante. Além de conhecer os ex-governadores, podemos ver as diferenças dos movimentos artísticos de cada época”, fala Marta Miranda, estagiaria de comunicação do Governo do estado de São Paulo. Sobre as visitas ao Acervo do Palácio dos Bandeirantes, acesse: www.acervo.sp.gov.br.

Retrato nunca exibido do 24° governador Alberto Goldman.

O clique que vale “Todo trabalho de arte é político”

milhões O investimento no clique transformado em arte Josiane Ferreira | josiane.m.ferreira@hotmail.com

Josiane Ferreira

A fotografia é uma das mais versáteis formas de arte visual. Usada como forma de eternizar um momento único, e por vezes, um outro olhar para o que vemos, e os efeitos que causam sentimentos e sensações diferentes. Muito mais que um quadro, a fotografia é uma maravilha da arte que se mantém melhor a cada ano. A fotografia é uma arte, inquestionável, e cada vez se firma mais com o passar das décadas. O que começou com tudo em preto e branco, com a primeira datada de 1826, pelo francês Joseph Nicéphore Niépce, considerada uma revolução na época, hoje pode ser vendida por milhões.“Quando um artista se torna uma marca, o mercado tende a aceitar como legítima qualquer coisa que ele apresente”, conta Thompson, em uma entrevista para a Super Interessante, explicado como uma fotografia chega a valer US$4,3 milhões, caso da foto mais cara do mundo, do alemão Andreas Gursky. Os artistas não nascem sozinhos, existe um investimento grande e muito suporte de outros artistas e pessoas para patrocinar e prestigiar, por isso a valorização tão alta, mas além de tudo, o olhar é treinado para que tenha a melhor foto e melhor jeito que traz a verdade daquela pessoa, lugar ou situação.

“A construção do artista fotografo vai muito além da câmera e do curso, vai do felling, do que é construído pela pessoa, da dedicação e principalmente e olhar, e da marca que o artista carrega, nisso que há a transformação de uma simples fotografia para uma arte avaliada em até milhões”, afirma Jade Victtor, fotografa iniciante. Não existe uma regra geral para que tenha a valorização na foto, não é levado em conta cores, complexidade ou tipo de coisa que é fotografado, e sim o nível do artista, qual o engajamento e marca que é associado, assim tendo a valorização da marca, acima de tudo. Isso que mostra o quanto a fotografia não foi devassada, e que um bom trabalho é sempre bem valorizado, principalmente para os grandes especialistas em arte contemporânea. A cada ano, a valorização só aumenta, com quantia sendo atualizadas sempre, e com exposições em grandes museus e galerias de arte. A exposição de arte contemporânea, e principalmente grandes fotógrafos como expositores é uma realidade, tida nas grandes cidades e atrai admiradores da arte fotográfica, que traz em cada tema a carga emocional, história e olhar sobre um determinado tema.

Jornal Expressão

Através do bronze, Flávio Cerqueira reflete sobre narrativas sociais Michele Tomassi | mitomassi1@gmail.com

Flávio Cerqueira já foi vendedor de materiais elétricos no Brás e montador da Galeria Casa Triângulo. Agora, trabalha com esculturas e expõe em museus e galerias do mundo todo, inclusive, naquela que já foi um dia montador. Há anos se dedica à arte no seu ateliê na Barra Funda e compõe narrativas com um material que existe há cinco milênios: o bronze. É por meio dele que eterniza seu trabalho e reflete sobre enigmas contemporâneos. Cerqueira participa da exposição “Metrópole: Experiência Paulista”, recentemente em cartaz na Estação Pinacoteca. Expressão: Como surgiu o interesse pelas esculturas de bronze? Flávio Cerqueira: Eu fazia escultura de Durepox, uma espécie de massa adesiva usada para juntar objetos quebradas. Quando visitei a exposição de Auguste Rodin, na Pinacoteca em 2001, me apaixonei e decidi que era aquilo que queria fazer. Expressão: Como funciona o processo de produção das esculturas? Flávio Cerqueira: No primeiro momento é modelado em barro, depois eu faço um molde de silicone e gesso. No caso da “Tinha que acontecer (Cabeça de Bandeirante) 2017”, em cartaz na Estação Pinacoteca, eu fiz em várias partes. Também tem o processo do bronze e o soldado. Essa obra levou três meses da modelagem até a finalização em bronze. Ela pesa aproximadamente uma tonelada e tem três metrôs de altura. Expressão: Tem algum motivo especial pelo qual você escolheu o bronze ao invés de outros materiais? Flávio Cerqueira: Sim. Questões estéticas, como a aparência do material e sua durabilidade, pois existem esculturas em bronze que datam do século II a.C.

Expressão: Em algumas das suas exposições você investiu em crítica social, como o preconceito racial e a questão indígena (“Amnésia” 2015 e “O Glorioso Retorno de Quem Nunca Esteve Aqui” 2016). Por que escolheu esses temas? Flávio Cerqueira: São fatos que estão empregados em nossa sociedade e que devemos refletir. Todo trabalho de arte é político. Seja ele mais agressivo ou não, mais engajado ou não,

mais direto ou não. É um ato político. Expressão: Da sua primeira mostra individual, “Ex Corde” (2010), para “Se precisar, conto outra vez” (2016). O que mudou ao longo desses anos no seu pensamento artístico? Flávio Cerqueira: Muita coisa mudou. Na minha primeira exposição era uma reflexão com questões pessoais do eu. Já na “Se precisar, conto outra vez” eu tentei entender o lugar que

eu ocupo no mundo e a nossa história oficial, que é escrita pelo ponto de vista do colonizador. Expressão: Sua experiência como vendedor de materiais elétricos e montador da Galeria Casa Triângulo influenciou seu trabalho como artista? Flávio Cerqueira: Meu trabalho na galeria me ajudou bastante. O convívio diário com arte foi muito enriquecedor para a minha formação como artista. José Ronaldo Muller

“Metrópole: Experiência Paulista” esteve em cartaz na Estação Pinacoteca

Racismo em cores

Hq’s têm um histórico estereotipado e racista Camille Carvalho | mille.andrea@hotmail.com

Gibi, segundo o dicionário do MEC de 1965 significava moleque, mas se tornou sinônimo de revista em quadrinhos, depois que uma publicação (de 1939) com esse título fez muito sucesso. No entanto, o Gibi (menino negro), apesar de ser a mascote da tal publicação, não era um personagem das histórias. Essa falta de protagonismo se repete, até os dias atuais. O doutorado defendido por Nobuyoshi Chinen fala da representatividade dos afrodescendentes nos quadrinhos brasileiros, o trabalho foi desenvolvido na ECA (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo), o trabalho mostra que historicamente a representação do negro é muito ruim. “Historicamente, os negros foram representados de forma estereotipada e em papéis subordinados, muitas vezes eram o elemento cômico da trama e serviam de escada para os persona-

gens principais. Há uma forte influência dos cartuns americanos para criar essa uma representação caricata e exagerada”, explica Nobu. Essa preocupação também acontece quem ainda está começando a produzir HQ’s como o Sidney Junior. “Eu fazia desenhos baseado em meus amigos, como eu estudava em escola particular não tinha muitos amigos negros, então quando percebi isso passei a me preocupar com a representatividade.” Assim como na vida de muitas crianças, o primeiro contato de Sidney Jr. com quadrinhos foi com o gibi da Tuma da Mônica. “Lembro do personagem Jeremias, único negro nos desenhos do Maurício e um dos poucos dos quadrinhos nacionais. Mas encontrei nas HQs norte-americanas personagens negros, inclusive um que me inspiro muito é o Vergil (Super Choque), porque acho que nas historias dele os pontos sociais são bem retratados.

Ilustração do quadrinista independente Sidney Junior “Como negro, sinto que faz diferença eu escrever sobre minha origem, pois muitos personagens com minha cor, de filmes, séries, livros são criados por

brancos e é a mesma coisa que perguntar para um carioca o que é ser mineiro, eles nunca vão saber dizer com propriedade”, completa Sidney.


ano 24 |no 9| setembro/2017

Futebol de mesa é uma emoção transmitida entre gerações Gabriela Coutinho | gabrielacoutinho96@gmail.com Concentração total. Começa a partida. GDR 7 de Setembro versus Corinthians na categoria master. Em cinco rodadas com dois tempos de dez minutos, os cinco botonistas (jogadores de futebol de mesa) de cada equipe irão se enfrentar, como em um rodízio, todos contra todos, valendo pontos para classificar depois para semifinal e final que irão acontecer no fim do ano, em novembro. A cada intervalo as equipes se reúnem para discutir estratégias, possíveis substituições e preparam seus botões com ajuda das flanelinhas para mais uma rodada. “Na hora que começa o valendo, o negócio é sério”, conta o botonista Sérgio Casseb, o Cebola, seu nome oficial como jogador. A brincadeira do futebol de botão que fez parte da vida de muitas gerações e trouxe a emoção do jogo de futebol de campo para muitas crianças não tem uma data de surgimento certa. Em diferentes lugares do Brasil e de outros países como a Inglaterra, ela foi

despontando, ganhando regras e muitos praticantes apaixonados pela modalidade no início do século passado. Geraldo Atienza, um dos criadores do Departamento de Futebol de mesa no Corinthians e botonista há mais de 60 anos, relembra um pouco o começo da história

do esporte. “Era diversão em todas as casas, a gente fazia os botões lixando na parede, no chão, com fichas de jogo de pôquer, fazia acabamento. Não tinha outra coisa para fazer, todo mundo queria jogar botão porque era uma coisa que se aproximava do esporte favorito que é o futebol”.

E de brincadeira de criança, com o tempo, o futebol de botão passou a ser chamado futebol de mesa, e reconhecido oficialmente como modalidade esportiva pelo Conselho Nacional de Desportos em 1988. Atienza explica que era um esporte muito antes: “isso começou

quando eu tinha mais ou menos 12 anos, hoje tenho 72. Ou jogava profissionalmente ou como brincadeira. Nos tempos de auge ganhei muitos títulos, entre eles, 2 brasileiros e vários paulistas”. O futebol de mesa tem jogos na categoria juvenil, adulto e master (acima de 42 anos) e pode ser em equipe ou individual. Na versão paulista joga-se a modalidade 12 toques em que o botonista tem a chance de dar até 12 toques para definir o chute ao gol. Outros estados jogam com regras diferentes, a carioca, por exemplo, é 3 toques e a baiana 1 toque. Atualmente, a modalidade possui sua própria confederação brasileira e diversas federações e clubes com jogos durante o ano todo: campeonatos regionais como o paulista e o campeonato brasileiro que acontecem anualmente, e também o sulamericano e mundial de dois em dois anos. Rafael Gaba, botonista na categoria adulto, conta que pratica o esporte desde

criança por influência de seu pai Elias Gaba e avô Michel Gaba fundadores do clube de futebol de mesa GDR 7 de setembro. Tendo ganhado muitos títulos como o campeonato brasileiro 2013 individual, e o campeonato paulista três vezes, atualmente tem o esporte mais como um hobby. “Eu jogaria botão todos os dias se pudesse, mas tem muitas outras coisas envolvidas então, profissionalmente você consegue agregar varias coisas do botão na sua vida: treino, dedicação, concentração, estratégia, autocrítica, trabalho em equipe, e principalmente, saber ganhar e saber perder, porque você vai perder, não tem como ser campeão sempre, então traz muitas outras reflexões”. Informações sobre as últimas partidas e campeonatos ao longo do ano, além de curiosidades sobre o esporte, no blog espalhafatosfutmesaelias.blogspot.com.br de Elias Gaba.

Pegar pesado para o bem da saúde Equoterapia traz benefícios Não é força é o jeito, a categoria do crossfit que tem se tornado essencial para a elevação da condição física Wesley Salvador | wesleysalvador6118@gmail.com O levantamento de pesos é a modalidade que mais cresce no universo do condicionamento físico, segundo uma pesquisa feita pelo blog “abraseubox.com”. Constatou um aumento de, aproximadamente, 70% em apenas um ano, de academias crossfit. A ferramenta mais importante, dentre as opções que o preparador físico pode oferecer ao seu aluno/atleta e o LPO (Levantamento de Peso Olímpico) por conta da diversidade em benefícios ganhos que a pratica oferece, seja ela para qualquer área em que atue. “Todos podem praticar o LPO, o que muda é a forma de trabalhar isso, pois sempre dá para fazer de forma adaptada, digo em minhas aulas que o mesmo arranco, o mesmo snatch que um atleta faz com 200kg, uma senhora também pode fazer com um bastão, pois a mecânica do movimento é uma questão coordenativa, que tem uma exigência de movimentos muito grande, então podemos aproveitar os benefícios que ele traz para um idoso dessa forma”, explica Bolívar Kozzo, professor de educação física e instrutor de LPO do Mockba Centro de Treinamento de São Paulo. Ao realizar uma pesquisa de rua, perguntei para populares se eles praticariam a modalidade, as repostas variavam entre falta de tempo e reclamações de dores corporais, nesta segunda resposta, completavam dizendo que se puxassem peso demais a situação das dores poderia se agravar e de fato agravariam

se a instrução do profissional for feita de maneira errada. “As profissões mais comuns, atualmente, consistem em trabalhar sentado, e o LPO pode ser benéfico para uma correção postural, aplicando a prática corretamente, pode ser a cura para a dor nas costas”, completou Bolívar. Devido a complexidade da modalidade poucos estão aplicando- a de forma correta. O professor de educação física Matheus Arthur reafirma a importância de estar em um curso especifico de levantamento de peso: “Usei mais como aprendizado da técnica, para, depois passar aos meus alunos, pois o principal que pude perceber dela

para recuperação de pacientes Rebeca Menezes| rebecamenezesf@hotmail.com A equoterapia é uma técnica terapêutica e educacional. Tem como objetivo a reabilitação global e a reintegração social e também é uma prática esportiva com cavalos e que vem ajudando especialmente pessoas com deficiência física ou mental. Esse tipo de modalidade auxilia na melhora e correção do quadro neuro-psicomotor dos pacientes. O cavalo, quando usado nessas atividades, trabalha com o psicológico, e oferece ao praticante a sensação de força e poder. Médicos e fisioterapeutas indicam esse tratamento pelas significativas melhoras apresentadas pelos pacientes e quanto eles conseguem desenvolver ações que anteriormente eram difíceis. “Para autoestima e autoconfiança o progresso é grande. Quando falamos da parte motora tudo que diz respeito ao equilíbrio, postura, diminuição da espasticidade (rigidez dos músculos), aumento

da sustentação do quadril, melhora da marcha, fortalecimento e alongamento de diversos grupos musculares são os benefícios que a equoterapia traz para pessoas que tem algum tipo de deficiência”, explica Fernando Guimarães, fisioterapeuta. Um dos principais componentes da equoterapia, e como ela é comumente conhecida pelos especialistas, é a chamada terapia tridimensional simultânea que consiste nas três andaduras naturais produzidas pelo cavalo que são o passo, o trote e o galope. O passo é a caminhada ritmada e cadenciada, simétrica e lenta que produz reações leves no cavaleiro, mas que são permanentes. Já o passo e o galope exigem que a pessoa montada se segure com força e tenha flexibilidade na musculatura. Nessa sequência de andaduras o cavalo passa para o cavaleiro uma movimentação tridimensional e esses movimentos são propagados

para o cérebro e conforme a execução e repetição há uma resposta do organismo do paciente. O cavaleiro seria incapaz de gerar essas dinâmicas sozinho e é por isso que o cavalo ajuda no bom funcionamento da terapia. “Tem crianças que chegaram para mim que não sentavam e hoje sentam, que não andavam e hoje andam. Quando você está em cima do cavalo você precisa estar equilibrado senão você cai, por isso trabalhamos muito no controle do tronco e da parte cervical para que a pessoa tenha uma movimentação fisiológica dita como normal”, avalia Fernando. Uma das grandes vantagens desse esporte é que ele é realizado longe de salas terapêuticas, clínicas ou hospitais. Geralmente acontecem em sítios ou em espaços perto da natureza, dando uma cara de uma ocupação extramédica, deixando os pacientes mais relaxados.

é a capacidade de desenvolver nossa atividade física” “Quanto àqueles que querem tornar- se um atleta olímpico na modalidade, é preciso, basicamente, que dê início aos treinos a partir dos 8 anos, isso porque para chegar a esse nível, o atleta deve ter por volta de 15 à 20 anos de treino, para competir, por exemplo, com um chinês ou russo que costumam fazer 12 sessões de treino em uma semana”, conta Bolívar, mostrando que essa modalidade não é somente para se tornar um atleta olímpico, é muito vantajoso para que você tenha uma boa performance física para quaisquer atividades que exerça em seu dia a dia.

Paraquedismo: esporte ou diversão? Conheça um pouco mais sobre essa aventura que todos querem, mas poucos praticam Sabricio Carvalho| carvalhosabricio@gmail.com

Medo, aventura, prazer. O salto de paraquedas é um esporte ainda pouco praticado no Brasil. Embora desperte inte-

resse de muitas pessoas, a prática é uma das mais temidas, mesmo com a garantia de segurança dada por especialistas. É um esporte realmente diferente. Não é correr atrás de uma bola para fazer um gol; nem arremessá-la para acertar um alvo; tão menos com um objeto na mão jogar uma bolinha verde para um lado e para o outro. Aqui o objetivo é subir ao menos 4 mil metros de altura, saltar e ficar em queda livre por até 45 segundos, puxar uma cordinha, e esperar por

mais alguns minutos até chegar ao solo. Um ato radical, com sensação de liberdade. Voar é algo que a maioria das pessoas sente vontade, e o paraquedas possibilita esse voo livre. Um aparelho que começou como necessidade militar em guerras e que hoje é prática de lazer e esporte para muita gente. Os praticantes são dos mais variados perfis, e certamente não vivem do paraquedas, embora já seja um esporte profissionalizado. Seja por

lazer ou esporte, não é simples encontrar adeptos. Eduardo Reicheheim, Diretor Financeiro, tem no currículo mais de 900 saltos. É uma paixão que virou coisa séria, inclusive com algumas disputas em campeonatos. Ele conta como começou a saltar: “eu sempre tive vontade de saltar de paraquedas, mas aquela vontade que todo mundo tem. Um ex-colega de trabalho meu saltava e vivia desafiando todo mundo, um dia eu topei e fui”. O resulta-

do disso são 9 anos “no ar”: “A sensação que eu tenho a saltar é de realização, plenitude, liberdade e adrenalina, é muito gostoso”. O Brasil tem vários lugares para realizar o salto, mas os mais elogiados e procurados pelos praticantes são João Pessoa (PB), Torres (RS), Resende (RJ), Rio de Janeiro (RJ) e Boituva (SP), por suas belas paisagens. Indicado por muitas pessoas como principal fator de não saltar, o medo é algo coJornal Expressão

mum. Eduardo conta que é natural e que só perdeu com o tempo: “Sim, tive medo em muitos saltos no início, e, têm alguns de tipos de saltos que ainda tenho medo e receio e outros que ainda não tenho coragem”. Qualquer adulto maior de 18 anos, pode realizar o salto, desde que passe antes por exame médico e que faça um curso teórico e prático em escola certificada pela Confederação Brasileira de Paraquedismo.


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