número 14 ano 24 usjt novembro/2017
Jornalismo Universitário levado a sério
A versatilidade da planta mais amada e odiada do mundo Especial - pág. 4 e 5
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Maconha: no centro do debate e das polêmicas Cannabis. Cânhamo. Há milhares de anos ela faz parte das nossas vidas e há alguns séculos passou a ser tema acalorados debates e questionamentos. Essa planta pode ser usada na fabricação de tecidos, de papeis, de cordas. Algumas de suas propriedades tem uso medicinal e são comprovadamente eficazes no tratamento de doenças. A erva também está relacionada a rituais religiosos ao longo da história. Além de tudo isso, ela é também uma das drogas psicoativas mais consumidas do Oriente ao Ocidente, de Norte à Sul. Ao mesmo tempo, o plantio e o consumo da cannabis, bem como a sua regulamentação, estão relacionados com uma teia de interesses e disputas que perpassam embates ideológicos e morais. Por isso, essa brisa não é simples não!! Diante de tantas questões, a reportagem Especial do Expressão buscou apurar quais são as informações mais confiáveis sobre o assunto. Procuramos compreender os argumentos de quem defende e quem rejeita a legalização da maconha no Brasil. Falamos sobre o uso recreativo e medicinal da erva. Abordamos seus efeitos e suas relações com o tráfico de drogas. E, não paramos por aí. O Expressão destaca, na editoria de Educação, a importância da disciplina Educação Financeira na formação de alunos em todas as idades. Segundo especialistas, a educação financeira é um dos principais instrumentos para termos qualidade de vida a longo prazo. Na página Vida Digital, nossos repórteres mostram como é o funcionamento de alguns aplicativos criados como ferramentas para proteger mulheres em situações de risco. Em Artes, fomos conhecer os frutos da Associação dos Pintores com a Boca e os Pés (APBP), que reúne quase 800 artistas de 75 nacionalidades. Aqui no Brasil, são 53 artistas vinculados ao grupo. Por fim, em Esportes+Lazer, falamos sobre inovação e tecnologia no futebol, com a autorização do uso do VAR (Video Assistant Referee) como um sistema de auxílio na decisão de árbitros em lances controversos.
Excelsior Foto participante do 90 Concurso Fotográfico “Fração de Segundo”, com o tema “Sou apenas um rapaz latino americano...”, música de Belchior Larissa Ferreira - ex-aluna de RTV - Campus Mooca
Vamos lá? Vamos mergulhar em mais essa leitura? Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
Waldir Junior, violão, partituras e música Fernanda Souza | souzacarolinafernanda94@gmail.com
Em meio ao estúdio que divide com seu amigo e também músico Thiago, o cômodo no bairro da Mooca é pequeno, aconchegante e, claro, cheio de instrumentos e aparelhos de som. Waldir Junior conta sobre sua carreira de músico dedilhando o piano quando bem entende, como se quisesse dar o tom à conversa. Trabalha fazendo um pouco de tudo no ramo musical, toca na noite, em baladas e em eventos comemorativos. Faz parte de diversas bandas, faz arranjos musicais para cantores e grava-os no estúdio. Viajou o Brasil tocando, já gravou para cantores conhecidos e chegou a dar aulas, mas confessa que prefere mesmo é tocar “coisas diferentes”. Faz participações paralelas em um trio de música instrumental brasileira chamado Quinta essência, formado por violão, bandolim e violoncelo. Tem muitos projetos em mente, mas para o próximo ano quer gravar um cd só de músicas instrumentais. Além de tocar, agora ele aprende a concertar violões em uma oficina de Luthieria. Luthier é o profissional que trabalha com a construção e a manutenção de instrumentos musicais. Mas nem só de música vive Waldir, ele também participa como voluntário da ONG TETO, projeto social não governamental que constrói moradias para famílias carentes. Há dois anos ele vai às comunidades aos domingos fazer leituras para as crianças. Sempre que tem uma oportunidade leva o violão para cantar com elas. Nascido em Brasília, Waldir Junior mudou-se com a família para Ipatinga-Minas Gerais aos três anos. Em sua infância humilde, mas cheia de aventuras teve o primeiro contato com aquele que seria seu companheiro de trabalho, o violão, por causa do avô, que encontrou um quebrado e tentou consertá-lo para o neto. A tentativa foi em vão, mas Waldir gostou tanto do instrumento que sua mãe resolveu presentear o garoto com um novo. No ano de 1996 a família deixou o interior e foi morar em São Paulo. Na capital deu continuidade às aulas de violão que começara em Minas
Gerais. Porém acabou deixando de lado e só voltou a ter interesse na música aos doze anos de idade, quando se mudou para o bairro do Jaraguá, zona oeste da cidade. Entrou para o Instituto Pão de Açúcar de desenvolvimento humano, um projeto do Grupo Pão de Açúcar de investimento sociocultural que atua em projetos de educação, cultura e mobilização social, lá participou de um programa de ensino coletivo de cordas. “Foi no Instituto que eu comecei a tocar o contrabaixo e minha irmã fazia aula de violino inclusive foi lá que eu conheci o Thiago, meu amigo e sócio do estúdio que usamos para fazer as grava-
ções hoje”, lembra Waldir. Enquanto seus estudos de música se desenvolviam, na escola sua situação ia de mal a pior. Já estava para repetir o oitavo ano do ensino fundamental pela terceira vez, não por ser bagunceiro, mas por desinteresse. Já nas aulas de cordas seu empenho era grande e tentava aprender cada vez mais as técnicas do contrabaixo tanto que acabou entrando para a orquestra do projeto. Ele explicou para a diretora do colégio, Maria Marta dava muita importância aos projetos culturais, inclusive na escola havia aulas de violão, teatro, dança, música. Abismada com o desempenho do garoto, levou uma partitura para a reunião e
mostrou para os professores dizendo que o menino sabia ler aquilo e acabaram passando Waldir para o próximo ano. Desanimado com o preço do instrumento que tocava na orquestra, o contrabaixo, por ser muito caro, resolveu voltar para o violão e seguiu tendo aulas em sua escola, Brigadeiro Henrique Raymundo de Oti Fontenelle, foram nessas aulas ouvindo seu professor tocar, que ele descobriu outro mundo, o do violão solista. Passou dois anos estudando violão clássico e aprendendo métodos com seu professor. Desde então nunca mais parou de tocar e fez disso sua profissão.
Arquivo pessoal
Arroz de Palma Julia Funchal | julia.funchal@yahoo.com
“Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema, principalmente no Natal e no Ano Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. (...) Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada, seriam assim um tipo de Família Dieta, que você só suporta para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir” O roteirista e dramaturgo carioca Francisco Azevedo estreou na literatura com a obra O Arroz de Palma, que se tornou best-seller, publicado em 10 países além do Brasil. O livro reúne muitas características que nos deixam com a sensação de que existe uma definição sobre família. Ele inclusive dá a receita e instruções de preparo, como no trecho acima. É difícil encontrar algum brasileiro sem qualquer ascendência portuguesa. As marcas e heranças culturais dos nossos colonizadores nos unificam em muitos aspectos: o ‘jeitinho brasileiro’, na verdade, pode ser um resumo de características comuns entre nós: o idioma, a afetividade, o prazer por comidas e a forte ligação com nossas famílias. “O Arroz de Palma” conta a história de três imigrantes portugueses que vieram tentar uma vida nova no Brasil no começo do século XX, narrada pelo neto de um deles. O fio condutor da história é um
arroz místico, que é parte importante e modificadora de uma família por mais de 100 anos. O livro retrata familiares em momentos como dificuldades financeiras, brigas, traições, descobertas sexuais e aceitações. A obra é um abraço confortante e nostálgico a todas as pessoas que tiveram ou têm algum ente querido que marcou suas vidas. “O que mais me surpreendeu é que tudo é muito intenso, muito real! Conseguia me colocar em todos momentos com as expectativas de Antônio, o personagem principal. Não importa a geração, você sempre idealiza a família e quando a amam, a aceita independente das suas expectativas”, conta Helena Cotait, que leu a obra recentemente. O romance surpreende ao colocar o arroz como símbolo de amor e afeto familiar. As diversas fases da vida são narrados de forma sutil e particular. Sobre indicar o livro para outras pessoas, Helena comenta: “Recomendaria, especialmente, para mim daqui uns anos. Adoraria ver minha opinião novamente! Indicaria para meus filhos, também”.
expediente
Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenadora dos cursos de Comunicação Profª Jaqueline Lemos Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
Jornal Expressão
Capa Foto: IStock
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Dinheiro na mão dos brasileirinhos Educação financeira desenvolve a lida com as finanças desde a infância, evitando problemas futuros Bruna Diniz | brunadeboni@hotmail.com
Em 2016, o país entrou em uma grande crise econômica e, com a queda do PIB, o bolso da população foi atingido. Isto fez com que mui- tos mudassem de vida. A solução poderia estar próxima se todos fossem instruídos desde a infância sobre como é necessário
ganhar, poupar, doar e gastar com sabedoria. Quando o assunto é educação financeira, muitos se enganam pensando que essas duas palavras se resumem em economizar dinheiro. Mas vai além disso. Consiste em ter certeza de que suas escolhas irão proporcionar uma melhor qualidade de vida a longo prazo. Este é um conceito moderno que não faz parte da maioria dos currículos escolares, nem de planos universitários, portanto, a maior parte dos brasileiros
não tem contato direto com um assunto tão importante. A psicóloga Keity Barbara conta que não existe uma idade exata para começar a instruir um indivíduo sobre a relação dinheiro, porém, desde cedo é possível que os pais passem para seus filhos valores como a importância do trabalho, da poupança e da preservação e cuidado com os brinquedos, ensinando a fazer cofrinhos. Além do mais, o controle do consumo em lojas durante passeios ao shopping é de grande importância. “Outra forma de estimular a criança sobre a questão financeira é praticar o exercício da gratidão, que reside em apreciar bens materiais e pessoas. Se todos os dias os pais perguntarem aos seus filhos sobre as coisas boas que aconteceram no dia deles, acabam por despertar sentimentos saudáveis e dão
Psicólogos ajudam na educação básica
Lei prevê inserção de profissionais da Psicologia nas escolas públicas Jéssica Souza | js.souuza@gmail.com
Arquivo pessoal
Método do cirulado implantado pela psicóloga Simone Carvalho
Educação,
um direito de todos! Adultos e idosos aprendem a ler e a escrever Estela Alvez | estelaalves72@yahoo.com.br
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2015 a taxa de analfabetismo caiu em relação as pesquisas anteriores. A queda tem ligação com a realização de programas públicos para a alfabetização. Cerca de 12,9 milhões de pessoas não sabem ler e escrever, número equivale a 8% da população nacional. Em 2014 a porcentagem era de 8,3%. Com iniciativa do Governo Federal e colaboração dos Estados e Municípios do país, em 2003 foi criado o programa Brasil Alfabetizado. A ação garante recursos para a formação daqueles que não são alfabetizados como aquisição de material didático e pedagógico, alimentação e transporte. A pedagoga Tatiana Andrade Moura já deu aulas para adultos voluntariamente no bairro onde mora. “É muito triste ver a quantidade de pessoas que são analfabetas no nosso país, por isso tive a ideia de ensinar as pessoas da minha comunidade a aprenderem a ler e a escrever. Isso faz toda a diferença
na vida de uma pessoa, inclusive daquelas que não sabem nem escrever o próprio nome. Quando você alfabetiza uma pessoa depois de adulta, ela ganha uma liberdade que antes não tinha e isso é gratificante”, conta a pedagoga. A taxa de analfabetismo varia conforme a faixa etária de jovens e adultos. Pessoas com idades entre 15 e 19 anos representam 0,8%, já pessoas com idade igual ou superior a 60 anos o número cresce para 22,3% de analfabetos. Isso
significa que a cada cinco idosos, pelo menos um não sabe ler nem escrever. A empregada doméstica Maria de Lurdes Pereira Felix aprendeu a ler e escrever através de projetos públicos. “Umas das maiores alegrias que eu tive foi aprender a ler, no começo- eu lia tudo o que aparecia na minha frente, chegava a ser engraçado. Infelizmente não conclui o Ensino Médio, mas só de ter sido alfabetizada já me faz sentir incluída na sociedade, principalmente agora com as novas tecnologias”, conta a doméstica. As políticas públicas fortalecem a inclusão nos sistemas educacionais e facilita o acesso integral a educação básica obrigatória e gratuita. O Plano Nacional de Educação (PNE), pretende incentivar a alfabetização e reduzir em 50% a taxa de analfabetos até 2024. Arquivo pessoal
Maria de Lurdes, fazendo as atividdes do programa Jornal Expressão
a determinada importância”, afirma a psicóloga. Segundo um estudo da Big Data da Serasa Experian, jovens de 18 a 25 anos representavam em março deste ano 15,7% da inadimplência no país, o que deixa nítida a necessidade da educação financeira nas escolas. Em 2015 foi criado o “Sonhar, planejar, alcançar”, com a DSOP Educação Financeira, a Metife Foundation e a TV Cultura, que têm a iniciativa de implantar o fortalecimento financeiro em escolas públicas do Brasil. O projeto consiste em ensinar os alunos a criar sonhos e tomar decisões para alcançá-los, passar confiança em fazer planos e escolhas para chegar a um objetivo e mostrar a diferença do que é uma necessidade e do que é um desejo. Englobam também o consumo sustentável e consciente,
explicam a importância do trabalho e a relação entre dinheiro e bens de consumo. Na Escola Estadual Luis Elias Attiê esse projeto está em vigor desde 2016 e obteve ótimos resultados. “Percebemos durante as conversas com os alunos sobre como eles estão criando interesse em guardar um dinheirinho para comprar
O projeto de lei 557 traz a proposta de atendimento psicológico para estudantes e profissionais da Educação Básica. A emenda está parada no senado. Seu último status é correspondente a 17 de julho deste ano. A proposta está aguardando inclusão ordem do dia de requerimento. A ideia do programa é do Projeto Jovem Semeador, através da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa. Em São Paulo, nas escolas estaduais, por exemplo, já existe o cargo de mediador. Este profissional é designado para trabalhar junto com a diretoria da escola para mediar os mais diversos conflitos dentro do ambiente escolar entre professores e alunos ou conflitos entre os próprios alunos. O mediador é um professor que não está atuando em sala de aula e que não necessariamente tenha cursado Psicologia dentro da sua formação. O governo
de São Paulo tentou sanar a questão de uma forma paliativa, mas, segundo a opinião de professores da rede, esta medida não é a ideal. Para os docentes, seria mais eficaz se um especialista preparado para lidar com autoridade nas situações de divergência atuasse neste cargo. “O que adianta um professor que se formou em História ou Química fazer uma função que não é sua. Ele pode quebrar um galho por um tempo, mas não será eficiente porque não é preparado para isso. O melhor mesmo é dar o cargo para quem entende do assunto. Com certeza, os psicólogos vão colaborar muito, principalmente no desenvolvimento das crianças”, comenta Marcela Diniz, professora do Ensino Fundamental I. A Psicologia Escolar tem o objetivo de acompanhar o desenvolvimento dos alunos com atendimentos individu-
algo que querem, são coisas pequenas, mas que já despertam ótimos valores, fora que eles aguardam ansiosos as palestras sobre o assunto”, conta Tania Oliveira, diretora da escola.
Quer aprender um pouco mais sobre economia?
A Caixa Econômica Federal deixa disponíveis aulas que ensinam um jeito simples e prático de organizar suas finanças pessoais. Além disso, é possível encontrar explicações de conceitos básicos como juros, inflação, créditos, investimentos, entre outros. Site: www.caixa.gov.br/educacao-financeira/aulas/Paginas/default.aspx
ais e em grupo, atividade em sala de aula com e avaliações individuais. O psicólogo escolar tem o papel de analisar e, se necessário, fazer a comunicação pela escola para outros profissionais para que aluno tenha um acompanhamento correto. “O psicólogo irá compreender melhor o ambiente escolar com uma ótica diferente. O nosso trabalho é entender os papéis de cada um. Ele deve ser a ponte entre alunos e professores, deve ajudar o educador em suas necessidades de reflexão e de construção do autoconhecimento, fatores que ajudam dentro da sala de aula “, destaca Simone Carvalho, psicóloga infantil. A psicóloga ainda complementa que um psicólogo pode ajudar as crianças e os adolescentes a detectar questões que podem virar problemas sérios, como quadros de depressão e bulimia
Tem jeito com crianças? Seja au pair! Programa possibilita conhecer um novo país cuidando dos pequenos Núbia Lima | nubialima@gmail.com Núbia Lima
coisa distinta, mas muitas famílias não entendem isso”, conta Carina Cristofoli, au pair em Turim na Itália. Para que a viagem seja segura e legalmente regularizada, é exigido pelo EUA o visto específico para au pair chamado J-1. Os portadores podem participar de programas governamentais, acadêmicos ou programas do setor privado, sendo que somente estando agenciado é possível adquiri-lo. O J-1 pode ser emitido mais de uma vez, Experiência de intercâmbio permite trabalhar legalmente para outros programas de intercâmbio, seja para trabalho O programa de intercâm- deve preencher requisitos ou estudo. bio au pair consiste na inscri- como ter filhos menores de São centenas de agências ção feita por famílias – host 18 anos e acomodações para no Brasil, entre elas estão families – de diversos países hóspede em sua casa, tendo alguns nomes conhecidos que procuram jovens entre em vista que o princípio do como Cultural Care (CC), 17 e 26 anos para cuidar de programa é desfazer a ima- Experimento Intercâmbio seus filhos no período de gem de babá e tratá-las como Cultural e CI Intercâmbio e um ano ou menos. Em troca, irmã mais velha. Viagem. É através delas que essa família local oferece um Geralmente as famílias a au pair recebe auxílios e gaquarto e refeições. Depen- inscritas são compostas por rantias de famílias realmente dendo do programa, é dado pais e filhos ou mãe solteira interessadas. um salário ou mesada para e filhos, de classe média alta, “Acho que a agência, os gastos pessoais, além das sendo que pode haver um in- independentemente de qual aulas de idiomas. vestimento de cerca de US$ seja, é importante princiA convivência diária do 10 mil para a contratação do palmente para a garantia au pair com as crianças e au pair, que pode passar a e o auxílio com o visto, seus pais faz com que haja cuidar de até quatro crianças. até porque eles fornecem um mergulho cultural, o que “As famílias de au pair treinamento. Por exemplo, facilita o aprendizado do geralmente têm duas atitu- a Cultural Care que nos dá idioma estrangeiro. Entre os des distintas: ou você é uma cinco dias de treinamento em países mais procurados para funcionária, à parte, como New York, e até certificado intercâmbio estão Estados uma babá, ou você é parte da Cruz Vermelha em treiUnidos, Canadá, Reino Uni- da família e eles te integram namento de primeiros socordo e Austrália. dessa forma. A minha me tra- ros”, descreve Lourdes VillaA família anfitriã que se ta como da família e esse é o fuerte Pacheco, ex-au pair em candidata a receber a au pair real significado. Babá é uma Los Gatos, Califórnia.
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MACONHA
A planta mais polêmica da história Descoberta há milhares de anos ela ainda é alvo de grandes discussões e questionamentos Thaynara Dalcin | thaynara.usjt@gmail.com
Seja em rituais religiosos, como medicamento, na fabricação de tecidos, papeis, cordas e até mesmo na mitologia, a erva mais discutida do mundo está (e esteve) presente na história mundial. Existem registros históricos de uso farmacológico da planta em 7mil a.C tanto na China como na Índia. Foi na Índia que o cultivo da erva se expandiu, chegando à Mesopotâmia, Oriente Médio, Ásia, África e Europa. A primeira lei de proibição da erva, criada por Napoleão Bonaparte, ocorreu na França, em 1798, quando o general invadiu o Egito. Ele alegava que ao consumir a erva, os egípcios ficavam mais violentos. Três décadas depois, em 1830 o primeiro documento proibitório quanto ao uso da maconha foi assinado no Rio de Janeiro. Mas foi só no início do século XX, quando a droga deixou de ser exclusivamente associada às baixas classes sociais e aos escravos
Paulo Rogério
e passou a ser consumida pelos moradores urbanos, que ela se tornou um problema expressivo para a elite. Tudo indica que a chegada da maconha no Brasil tenha sido através das pessoas escravizadas durante o período colonial que trouxeram consigo diversas plantas que faziam parte da sua cultura no continente africano. “Há relatos de que os escravos faziam uso da maconha nas lavouras de cana e que havia inclusive uma permissividade dos senhores sobre esse uso. Em fins do século XIX diversos fatores apontavam para a necessidade de normatização da sociedade em busca de uma civilização com referência nos moldes europeus”, comenta Luísa Saad, mestra em história social pela Universidade Federal da Bahia. Rodrigo Arantes trabalhou durante 15 anos com dependentes químicos e se posiciona contra a legalização da droga “Não consigo me lembrar de
Legalizar ou não legalizar: eis a questão A relação dos países mundo afora com o uso recreativo da cannabis Adriene Colim | colimadriene@gmail.com Rafael Batista
A legalização da maconha no Brasil será uma realidade? A notícia mais recente que se tem é a de que em 2014 o Uruguai, durante o mandato do presidente José Mujica, tornou-se o primeiro país onde o Estado é responsável pelo controle do cultivo, empacotamento e comercialização legal da maconha. Em entrevista à BBC, Mujica defende a decisão como um experimento que busca alternativas à repressão às drogas e diz que aguarda as estatísticas sobre o número de consumidores, o peso do narcotráfico e a população carcerária. “O caso do Uruguai traz em seu bojo um projeto que pretende promover melhorias na saúde pública, orientada pela lógica da política de redução de danos, que enxerga o usu-
ário como sujeito, cidadão e participativo das questões”, explica Beatriz Brandão, jornalista e pós-graduada em Políticas Públicas. Amsterdã, a capital holandesa, é referência no quesito maconha legalizada. E, de fato, lá é possível comprar quantidades ilimitadas da erva e fumá-la em qualquer lugar, certo? Errado! Na Holanda, surpreendentemente, a cannabis é ilegal, porém tolerada. A posse e a venda de até cinco gramas da droga é descriminalizada, mas sob fiscalização rigorosa. A Holanda tem essa fama de ‘legalize’ em razão dos tradicionais coffeeshops, que são os estabelecimentos mais procurados para a compra e consumo da maconha no país. As autori-
dades permitem que os proprietários comprem até 500g da erva para a venda e, além da cannabis, é liberado o uso recreativo das demais drogas consideradas leves. Flavia Medeiros, antropóloga e pesquisadora do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos (NEIP), defende a antiproibição de todas as drogas. “Os Estados não devem proibir os sujeitos em relação a quaisquer substâncias ou práticas que sejam referentes aos seu próprio corpo. As pessoas têm que ter o direito de usar drogas como quiserem, desde que isso não seja usado para agredir os outros”, afirma. Em 2001, Portugal tornou-se o primeiro país a descriminalizar o uso de todas as drogas. Após a decisão, as infecções por vírus HIV caíram de 1.016 casos em 2001 para apenas 56 em 2012. No mesmo período, o número de mortes por overdose caiu de 80 para 16. Alguns dos países que permitem a posse em pequenas quantidades e o uso recreativo da maconha são: Colômbia, Canadá (algumas cidades), Argentina (apenas em local privado), Espanha (apenas uso em local privado), Estados Unidos (algumas cidades), Jamaica, Austrália (algumas cidades) e México.
alguma história que ouvi cuja palavra maconha não estivesse no primeiro parágrafo de seu relato, como a porta de entrada. A droga que não prejudica tanto o organismo quanto as outras drogas aparece inocentemente na vida de um jovem que em pouco tempo é capaz de roubar, pegar em armas e até matar para manter seu vício”, afirma o jornalista. “Outra linha de pensamento diz que a liberação da maconha diminuiria o tráfico. Não consigo acreditar que isso realmente aconteceria, eles continuariam traficando outras drogas. Legalizar a maconha com esse argumento é como legalizar os roubos para diminuir a violência”, finaliza. Com o passar nos anos, a droga passou a fazer parte de diversas discussões e pesquisas mundiais, o que auxiliou na legalização desta em alguns países. “Temos bons modelos de legalização sendo experimentados em outros países com resultados totalmente po-
sitivos, como em Portugal, Espanha e Uruguai. Experiências que focam na legalização do mercado das drogas mostram que há uma queda expressiva no tráfico, na violência e nas mortes por conta da adoção de políticas de redução de danos, investimento em tratamento público e de qualidade para usuários abusivos, além de pesquisas científicas sobre as substâncias, usos e usuários”, conta a historiadora Luísa. “Quando me perguntam se o Brasil está preparado para a legalização da maconha ou das outras drogas, eu questiono se estamos preparados para a proibição. Vivemos uma releitura da escravidão, o corpo negro vale muito menos do que o de um escravo na época colonial”, opina a especialista, que finaliza com o seguinte questionamento: “A quem interessa a manutenção desse mercado de drogas ilícitas que gera um faturamento de 870 bilhões de dólares por ano?”.
Canteiro da erva As verdades e as mentiras dos efeitos da maconha Henrique Santos | henrique.santos00@hotmail.com
Os prejuízos da maconha a longo prazo ‘Brisadeiros’ viram moda entre os jovens Uso da droga pode causar dependência e perda de memória Alexandre Dias | allexandr_e@outlook.com
Em um estudo feito pelo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas (Inpad), no Brasil, cerca de 1,5 milhão de pessoas consomem maconha todos os dias. Já a proporção de brasileiros que experimentou e consumiu a droga no último ano (7% e 3% da população, respectivamente) é pequena em relação a de outros países, como o Canadá (44% e 14%), Estados Unidos (41% e 10%) e Nova Zelândia (42% e 13%), mas um aspecto em específico chama atenção no relatório do Lenad: há 1,3 milhão de usuários com sintomas de dependência. Sim, dependência. Ao contrário do que algu-
mas correntes divulgam, a maconha pode causá-la. Cerca de 30% das pessoas que experimentam a droga tornam-se usuários regulares e 10% criam dependência. Portanto, 1 em cada 10 usuários se tornará adicto, uma taxa semelhante ao que ocorre com o álcool. “O THC – a principal substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis – pode, de acordo com estudos, causar dependência. Além da falta de apetite, o indivíduo que faz o uso da maconha precisa cada vez mais aumentar a dose fumada para se satisfazer. Isso é um sintoma claro de um dependente”, é o que diz Fernando Cocciello, neurocientista há mais de 10 anos.
Isto, a longo prazo, e principalmente quando o usuário começa na adolescência, pode acarretar prejuízos em sua fase de crescimento, como distúrbios relacionados ao sono e problemas de memória, principalmente a de curto prazo. “Em alguns testes feitos em adultos que disseram que fumaram a planta em sua adolescência, comparado com aqueles que nunca fumaram, pôde-se perceber uma redução de neurônios responsáveis pela parte memorial do cérebro, além de sinais claros de dependência, como irritabilidade”, afirma o pediatra Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica de São Paulo.
Mistura de brigadeiro com maconha faz sucesso e desperta curiosidade Aline Oliveira |aline_28oliveira@hotmail.com
Se você pensa que a única forma de consumir maconha é através do cigarro, saiba que está desatualizado! Nas ruas agitadas das grandes cidades tem sido cada vez mais comum encontrar alguém que venda os famosos doces feitos com “a erva” na mistura. Os “brisadeiros” (brigadeiro), cookies e brownies com recheios feitos à base de maconha ganharam espaço, principalmente entre os jovens. “O brigadeiro que tem um recheio diferente traz uma ‘brisa’ mais duradoura”, confessa Gabrielly M., consumidora há três anos dos docinhos. Justamente por isso os perigos para quem come um desses alimentos são maiores do que ao acender um cigarro de maconha. Ao ingerir
um doce que contenha muita erva, a pessoa consome altos níveis de THC (tetra-hidrocanabinol), que é o componente responsável pelos efeitos da planta. As consequências podem ser: má digestão, alucinações e descontrole das funções cerebrais. “Esse é um mercado arriscado, não vejo crescimento nisso, por ter muitas limitações devido a sua ilegalidade. Mas eu faço porque gosto, vendo brigadeiros e cookies com maconha”, conta uma vendedora que não quis ser identificada. No ramo há dois anos, ela diz que seu público é muito variado. “Por ser comida, aparecem pessoas de todos os tipos, principalmente por curiosidade”, afirma. Tanto a consumidora quanto a vendedora são a
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favor da legalização da maconha no Brasil. “Sou a favor dos direitos individuais. Foi comprovado que não faz mal à saúde, pelo contrário, traz muitos benefícios”, diz Gabrielly. A vendedora tem o pensamento parecido sobre a venda legalizada. “Cada indivíduo deveria ter direito de fazer o que bem entende, porque a maconha é ótima para várias doenças. Além disso, o preço iria diminuir, e como consequência o tráfico com certeza iria cair, pois os impostos arrecadados poderiam ir para educação, iria ter menos mortes por conta da queda da venda ilegal, enfim, tem mil coisas positivas para falar”, defende a vendedora.
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MACONHA
Cannabis e seu uso medicinal
Paz, amor, reggae: a filosofia Rastafári Luanna Nery | luannasouzanery@gmail.com
Substâncias da erva ajudam a tratar diversas doenças Erica Sakihama | erica_sakihama10@hotmail.com
Você sabia que a cannabis sativa já é reconhecida oficialmente como planta medicinal no Brasil? No dia 8 de maio deste ano, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) incluiu a erva na Farmacopeia Brasileira – código oficial farmacêutico do Brasil. Para entender melhor os benefícios medicinais: a planta é composta de diversos tipos de canabinoides, os mais conhecidos são o Tetrahidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD). A Anvisa já tinha admitido, em janeiro de 2015, as propriedades terapêuticas do CBD e em novembro de 2015, o THC teve sua prescrição permitida, desta vez por via judicial, graças a uma ação do Ministério Público Federal. O CDB é usado no tratamento de doenças como epilepsia, esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson e dores crônicas, servin-
do como sedativo, analgésico e anticonvulsivo. Já o THC tem sido aplicado no tratamento de mal de Parkinson, esclerose múltipla, síndrome de Tourette, asma e glaucoma, e serve como antidepressivo, estimulante do apetite e anticonvulsivo. Outras indicações da planta são para a caquexia – enfraquecimento extremo, comum em portadores do vírus HIV e em casos de câncer para conter náuseas e vômitos provocados pela quimioterapia. Segundo Elisaldo Carlini, médico, mestre em Psicofarmacologia pela Yale University e orientador de mestrado e doutorado do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp, a planta é muito procurada por ser mais eficiente do que outros medicamentos. “Para doenças que provocam dores neuropáticas (sistema nervoso), como a esclerose múltipla, o efeito é extremamente positivo. Esse
tipo de dor não é muito neutralizado pelos analgésicos existentes. Mesmo a morfina tem um efeito menos intenso”, explica. Porém, para utilizar a erva para fins medicinais é necessário haver muitas pesquisas e sempre orientações de um médico. Segundo Valentim Gentil Filho, psiquiatra e doutor pelo Institute of Psychiatry (Universidade de Londres), a legalização da erva não tem o intuito de estimular pessoas a fumar maconha deliberadamente. “Fumar um baseado não é fazer uso medicinal. Não é a maconha, mas sim substâncias dela que são utilizadas para tratamentos e medicamentos. Fumar maconha uma vez por semana aumenta em 310% o risco de desenvolver esquizofrenia, por isso é muito importante o acompanhamento médico para a sua correta utilização”, alerta Valentim.
O movimento Rastafári, também conhecido simplesmente como Rasta, tem suas raízes no modo de vida cristão ortodoxo, sendo que boa parte da doutrina do “homem rasta” foi inspirada nas escrituras bíblicas das igrejas etíopes. O fenômeno, que mistura elementos religiosos, políticos e musicais, surgiu na Jamaica, na segunda metade do século 20, entre a classe trabalhadora e os camponeses de origem africana. Haile Selassié I, nascido com o nome de Tafari Makonnen, imperador da Etiópia entre os anos 1930 a 1974, é considerado a principal figura desse movimento. Selassié I considerava-se o herdeiro direto do rei bíblico Salomão. Por este motivo, seus seguidores o viam como o próprio Deus. O termo “Ras” significa duque ou príncipe, título dado a ele durante toda sua vida. Foi daí que surgiu o nome Rastafári, cujas características principais têm a ver com a alimentação, corte de cabelo e a vivência em comunidade.
Mayara Galdino
Homens fazem dreadlock estilo ao movimento Rastafari “Em sua maioria, os adeptos desse movimento não consomem carne vermelha nem frango. Existem comunidades espalhadas pelo mundo nas quais os membros só comem peixe. Além disso, quando é feito o voto Nazareno Nazieu, isto é, quando a pessoa se designa aos serviços de Deus, não é feito corte de cabelo e nem de barba. Outra coisa muito presente nessa cultura são os dreadlocks, que significa ‘trança terrível’”, explica o rapper Luiz Henrique Silva da Costa, adepto do Rastafári.
“Chamamos a maconha de ‘ganja’. Ela é uma erva sagrada, um elemento primordial da filosofia de vida Rastafári. Utilizamos para fins medicinais, espirituais, recreativos, nas nossas meditações e quando precisamos de toda concentração para controlar o glaucoma, o câncer, a dor de cabeça etc. Acreditamos que a erva foi achada no túmulo do rei Salomão e que o rei Davi já usava. Todas as plantas, não só a cannabis, o rasta usa para o seu eu, para seu próprio bem estar”, esclarece o cantor Gustavo Braga, também adepto ao movimento.
Mesmo ilegal, cultivo doméstico é realidade Internet: Creative Commons
Ary Cruz | cruz.ary@hotmail.com
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Substâncias da planta auxiliam no tratamento de doenças
Defensores da legalização Guilherme Sanches | guilherme_sanches2009@hotmail.com Creative Commons
Um mercado que cresce a cada dia e perde em investimento Uma discussão tem ganhado cada vez mais força entre a sociedade e, consequentemente, entre os políticos do Brasil: o uso de maconha deve ser liberado no país? Há quem afirme que devemos seguir o exemplo dos “hermanos” uruguaios, que autorizaram o uso da planta. Outros não podem sequer ouvir esse assunto, e ainda afirmam que a questão é muito mais complexa do que imaginamos. Em pesquisa realizada pelo instituto “National Survey on Drug Use and Health”, no estado do Colorado (Estados Unidos), que libe-
rou o uso em 2013, é possível notar que o uso entre adolescentes caiu significativamente de 21% para 18%. Além disso, a arrecadação com impostos disparou. O Colorado sozinho arrecadou US$ 1bilhão somente com a maconha. De acordo com o jornalista e sociólogo Henrique Augusto Pires, a liberação é benéfica, mas o tráfico de entorpecentes não acabará. “Hoje, acredito que a legalização da maconha é vista com bons olhos, mas isso aumentará o preço da planta e, consequentemente, os usuários buscarão opções
mais em conta, ou seja, continuarão comprando de traficantes”, diz. Por outro lado, em levantamento feito pela polícia do Uruguai, que também liberou o uso em 2014, não houve diminuição significativa no tráfico de drogas no país. Em dezembro de 2016, a polícia uruguaia divulgou dados informando que a droga mais apreendida naquele ano foi a maconha, chegando a 4,305 toneladas. No mesmo período em 2015, as apreensões totalizaram 2,52 toneladas. Ainda no Uruguai, a polícia verificou o aumento de assassinatos, principalmente de homens jovens, que em muitos casos se tratavam de ajustes de contas entre pessoas ligadas ao tráfico. No Brasil, quem defende a liberação da droga utiliza principalmente o argumento dos impostos. Se a produção de whisky, rum, cerveja, charutos e cigarros gera riqueza, a da maconha também gera lucro para alguém. Neste momento, para traficantes. E já começa a gerar também para empresas que estão se instalando em Estados onde ela passa a ser legal.
Cuide de sua planta como se não houvesse amanhã No Brasil, de acordo com a lei nº 11.343/06, em seu artigo 28, parágrafo 1º, é crime semear, cultivar ou colher maconha, mesmo que para o consumo pessoal. Embora o acesso à erva seja muito amplo e extremamente fácil, há quem se arrisque nas plantações clandestinas e mostre, com orgulho, as verdinhas que ele mesmo cria. Em tempos de censura e proibições, plantar maconha em casa é como uma arte da botânica, embora saibamos de sua ilegalidade. E nessa era digital não faltam informações que auxiliam o fu-
turo jardineiro na sua nova empreitada, até porque é um processo bastante complexo com inúmeros detalhes que vão desde o local onde se quer cultivá-la, sendo dentro ou fora de casa; a espécie da cannabis, que pode ter fins medicinais ou psicotrópicos; o gênero da semente, podendo ser este masculino ou feminino, fator que determinará se a planta será cultivável ou não; e, por fim, o momento certo para se fazer a colheita. Leonardo Barreto, 23 anos, residente em Aracaju, cultiva a erva em casa para consumo próprio. Ele diz
que a decisão partiu da necessidade de não depender das ervas comercializadas, uma vez que elas são submetidas a alguns processos químicos que aumentam sua validade e diminuem sua qualidade. “Não é algo comprovado que existam realmente essas substâncias químicas, mas eu prefiro me prevenir. Não sei com quem negocio. Não confio em ninguém”, declara Leonardo. Mas a vida de um jardineiro de marijuana não é fácil. Leonardo já foi surpreendido várias vezes por policiais em sua residência, e acha que pode ter sido alguma denúncia dos vizinhos devido ao cheiro recorrente, já que ele é um usuário assíduo. “A última vez que isso ocorreu faz pouco tempo, um mês mais ou menos. Os caras chegaram na maior truculência e eu tive que dichavar a prova do crime muito rápido. Ainda joguei na telha do vizinho. Reviraram a casa toda e por sorte não me pegaram”, conta Leonardo.
Em declarações polêmicas, figuras públicas assumiram o uso da maconha Mayara Galdino | galdinob.mayara@gmail.com
“Maconha experimentei em algumas ocasiões”, afirmou o deputado Eduardo Suplicy ao ser questionado se já experimentou algum tipo de droga, pelo repórter Rafael Cortes em uma reportagem do programa CQC que foi ao ar em 2008. “Como já foi revelado, fumei maconha quando era garoto e considero um hábito ruim e um vício, não muito diferente dos cigarros que fumei quando jovem e até uma idade avançada na minha vida adulta. Não acho que fumar maconha seja mais perigoso do que o álcool”, comentou o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em entrevista para o jornal The New Yorker, em 2014, ao falar sobre o trecho de sua biografia Barack Obama: The Story que revela que fumava maconha durante os anos que frequentou a faculdade Punahou, no Havaí.
Marcha da maconha: liberdade, protesto e democracia Gabriel Proiete | gabrielproiete@hotmail.com
Quebrar correntes, plantar sementes. Foi com essa ideia metafórica e passível de diversas interpretações que foi definido o lema da edição de 2017 da Marcha Maconha, tratando sobre a liberdade e o direito de se plantar a cannabis, além da produção e do uso para diversos fins. A manifestação também se organizou em blocos, com destaque para o Bloco Medicinal, que pregava a liberação para uso da planta com fins medicinais. Desde 2008, milhares de pessoas se reúnem e percorrem as principais avenidas de São Paulo (em especial a protagonista Avenida Paulista) para bradar por esta cau-
sa que faz a cabeça de tantos outros: a luta pela legalização da maconha. A manifestação, já tradicional na cidade, ocorre anualmente e não tem medo de colidir com tabus. Os atos reúnem, além dos entusiastas da erva, diversos movimentos e coletivos também afiliados a outras causas, como a feminista, a racial e a LGBT. Ainda que tenham públicos de diversas classes sociais e idades, o principal grupo que compõe o protesto é formado por estudantes, muitas vezes abertos a uma militância inicial no campo político. “A guerra às drogas não tem como objetivo combater Jornal Expressão
os problemas que as drogas em si trazem, mas sim criminalizar um povo – negro e pobre – através de um banho de sangue. Na marcha, nós gritamos contra isso, expomos nossa luta sem medo, como uma movimentação no meio de tanta inércia”, diz Venâncio Fávero, participante da Marcha da Maconha há quatro anos. Como era de se esperar, o ato não desperta os melhores sentimentos de todas as pessoas, principalmente em São Paulo, cidade cuja população conta com enorme ala conservadora (Rio de Janeiro e Belo Horizonte também contam com manifestações numerosas). Alguns organizadores
Manifestação conta com lema, blocos e reação popular
lamentam as contradições envolvendo o exercício de protestar, mas reforçam a importância social da existência do ato. “Acredito que a marcha não veio só para agradar
os outros, mas também para confrontar ideias conservadoras, um status quo que vive em eterna hipocrisia. Que comercializa as drogas que convêm a uma camada, mas impedem
um diálogo aberto sobre a maconha. Às vezes a democracia ‘acorda’ com um pé na porta como esse”, explica Renato Penha, um dos organizadores da Marcha da Maconha.
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Aplicativos auxiliam na segurança da mulher Denúncias mobilizaram pessoas a criarem ferramentas para a proteção feminina Raquel Porto | quelbporto@gmail.com Raquel Porto
Usuárias afirmam que se sentem mais seguras nas ruas com apps
Ser mulher é precisar andar em grupo à noite porque a espinha congela só de pensar que a pessoa que está vindo logo atrás é um homem. Ser mulher é ser desacreditada quando denuncia uma violência sexual, física ou psicológica. Ser mulher é também não conseguir relaxar dentro de um táxi ou Uber conduzido por um homem. Ser mulher nessa sociedade é tão difícil que foi necessário usar a tecnologia a seu favor, criando aplicativos para que se possa prevenir a violência. Circle of 6, b-safe e Malalai são alguns aplicativos para a proteção feminina. Em todos é possível adicionar contatos de confiança que serão notificados sobre a localização da usuária e o acompanhamento de seus trajetos. No Malalai, elas podem antes de escolher um trajeto checar as qualificações das rotas, se há ruas bem iluminadas e movimentadas, postos policiais ou ocorrências de assédios anteriores.
O Malalai foi criado no Brasil em 2015. Sua idealizadora, Priscila Gama, arquiteta, explicou que decidiu fazê-lo após ler relatos da campanha #PrimeiroAssédio, desenvolvida pela Organização Não Governamental Think Olga. Hoje, há em torno de 11 mil downloads do aplicativos, sendo que 9 mil aparelhos seguem com ele instalado. Priscila diz que os feedbacks recebidos em sua maioria são de gratidão. Questionada se ela consegue visualizar um futuro próximo em que aplicativos como esses não precisarão mais existir, ela afirma que “eu espero, porém, a realidade mostra para a gente o contrário. Mas eu sou otimista. O meu desejo é que a gente encontre outra coisa para fazer, ainda que seja com a mesma aplicação. É um desejo, não uma visão”, afirma. Após graves relatos de assédio, o Lady Driver, Taxi Rosa e Femitaxi foram criados e são carros com
motoristas mulheres para passageiras mulheres. Além disso o Cabify e 99Taxis possibilitam à passageira optar por uma motorista mulher. O problema é que nem todos estão tão bem preparados. É o que afirma Rebeca Borges, professora. “Após diversas histórias sobre abusos, fui atrás de um aplicativo de transporte privado urbano exclusivo para mulheres. Me indicaram o Lady Driver. Me senti mais segura, pude ficar menos tensa no carro. O único problema é que não atende a todos os lugares da cidade de São Paulo”, afirma Rebeca. Até o final desse texto, uma mulher foi agredida no Brasil, isso porque é o que acontece a cada cinco minutos no país. Por isso, também a ONU Mulheres Brasil desenvolveu o Clique 180 que funciona como uma rede de colaboração, ajuda vítimas de agressão e pessoas que queiram também ajudá-las e com uma interface de simples acesso.
Aplicação da neurociência Saúde em mãos para prática em sala de aula Aplicativos facilitam o agendamento de consultas Leonardo Barbeiro | leonardo.barbeiro@hotmail.com
Treinamento mostra o funcionamento dos sentidos, emoções e memórias no cérebro
Reprodução
Bruna Fillol | brunafillol@hotmail.com Bruna Fillol
Neurociência como nova plataforma de aprendizagem Com a proposta de proporcionar novas formas de aprendizagem a educadores, professores, estudantes de licenciatura e demais profissionais da área, o curso de Neurociência Aplicado à Educação demonstra ser uma nova plataforma de aprendizagem e ensino dentro das escolas, além de apresentar novas descobertas dentro da área e é indicado para aqueles que buscam novas estratégias pedagógicas. Ministrado pela professora Kátia Chedid, conselheira internacional do CIPI (Consejo Independiente de Protección de la Infancia) e especialista no tema, aconteceu entre os dias 21 de agosto de 11 de setembro de forma online. Uma nova turma ainda foi aberta em novembro. O curso tem duração de 24 horas, assim como o da edição anterior. Todo o material é enviado para o e-mail dos participantes, incluindo indicações bibliográ-
ficas, vídeos, além do acesso a uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa dentro do Facebook. Nessa nova versão, os materiais são enviados pela plataforma, que está em fase de finalização para que o professor tenha todo o acesso, além do aluno poder tirar suas dúvidas através do WhatsApp. Durante três semanas, os participantes aprendem sobre o consiste a neurociência e suas principais contribuições para a educação. Conceitos como humor, sentidos, emoção, memória e aprendizagem são apresentados nas aulas, além de explicar o funcionamento do cérebro das crianças e dos adolescentes. “A ideia é usar esse ensino híbrido também para o professor. Cada vez mais, as pessoas têm menos tempo para se deslocar, mas também muita vontade e muita necessidade de se informar
e de se atualizar. A nossa associação cria cursos pela plataforma, de forma online e a partir deles, a gente arrecada verba para fazer as formações em escola pública”, destaca Irene Reis Santos, responsável pelo projeto e conselheira do Consejo Independiente de Protección de la Infancia. “Fui convidada pela Aquifolium, que é uma empresa que faz esses cursos online e esse ano, a CIPI, que é uma ONG me convidou. Como acho que falta informação sobre neurociência na formação dos professores e eu, com esse curso, ajudo a ONG, aceitei o convite”, destaca Kátia Chedid, professora e conselheira internacional do CIPI. Após o término de todas as aulas, para poder receber o certificado emitido pela associação e assinado pela especialista, os alunos terão o prazo de uma semana para responder a um questionário auto avaliativo, que será utilizado para acompanhar suas reflexões e principais aprendizados. O curso custará R$ 500. A organização oferece o desconto de 50% para os 50 primeiros inscritos ou funcionários públicos, estudantes e grupos a partir de cinco pessoas durante a primeira edição. Durante o processo de aprendizagem, é necessária motivação. Além disso, a emoção interfere na retenção de informações. Para que os alunos consigam guardar as informações que são aprendidas ao longo do dia, a atenção se torna parte fundamental. A formação da memória se torna mais efetiva, à medida que uma nova informação é associada a um conhecimento precedente.
De psicólogo a acompanhante de atividades físicas, o mercado de apps no setor da saúde cresceu cerca de 62%, segundo dados levantados pela empresa Fleury que ainda estimou uma taxa superior de mulheres utilizando este serviço de agendamento e acompanhamento médico. “É muito mais simples, economiza muito tempo e dinheiro, sem contar a qualidade médica que é excepcional. Os apps que te ajudam a controlar alimentação, fazer exercícios, medir batimentos são uma facilidade à parte, porque isso é muito mais complicado a princípio. Marcar uma consulta com uma nutricionista, por exemplo, é uma fortuna. Com o app, não temos esse problema”, afirma Murilo Rangel, usuário dos aplicativos. Em meados dos anos 80, já se acreditava que a tecnologia iria dominar o mundo. Ao que parece, essa realidade se torna cada vez mais próxima e real ao alcance de um simples toque. Já é possível realizar diversas funções, que antes quase pareciam impossíveis. O leque é muito vasto, tanto para o sistema IOS, quanto para o Android. É possível encontrar diversos apps, desde o Psicolink,
que possibilita sessões online com psicólogos, ao Dr Consulta, que facilita o agendamento de consultas e presta o serviço de dicas e esclarecimentos de forma simples e prática. O fato é que, para se cuidar, não é mais necessário agendar consultas por telefone, ou se deslocar até longas distâncias para uma consulta médica. É evidente que só a utilização desse recurso não é suficiente para um tratamento médico efetivo. Muitos fatores são essenciais na hora de um diagnóstico, mas como um auxílio esse tipo de facilidade ajuda muito até mesmo a equipe médica. “Os pacientes são mais esclarecidos, chegam ao consultório mais cientes dos sintomas que estão sentindo. É muito mais fácil tratar alguém que sabe onde buscar uma dica e tem isso em mãos. Ela pergunta pelo app, a dúvida é tirada, evitando transtorno, locomoção e o esquecimento”, diz Graziela Marini, nutricionista. Se a onda é da tecnologia o importante é mesclar o que existe de novo, com a orientação e supervisão médica, para que os aplicativos facilitem e simplifiquem a sua vida.
Controle de ansiedade através do smartphone Método tecnológico para problemas de saúde é considerado controverso por especialista Leticia Marques | letmarquesr@gmail.com
Conhecemos diversos métodos para relaxar e esquecer dos problemas, como meditação, contar até dez, acupuntura e até mesmo extravasar dançando ou gritando. Porém, com o avanço da tecnologia, especialmente de aplicativos para celulares, há diversos métodos para conversar e manter a ansiedade sob controle. Os aplicativos que estão disponíveis têm um número significativo de downloads, como o Diário – Controle de Humor, com mais de um milhão, seguido do Querida Ansiedade, com meio milhão, e o o Ansiedade-Controle de Humor, com mais de 10 milhões. Esses aplicativos permitem que se faça um teste diário testando o seu humor, mas com a opção de desabafar, contar como foi seu dia e até um jogo instantâneo que
permite você se acalmar na hora que você precisar. Alguns deles geram um gráfico, apontando como andou o seu humor semanalmente. “Sofro com ansiedade há muito tempo e o aplicativo Querida Ansiedade me deu a oportunidade de conversar quando estou estressada e nada parece me acalmar. Inclusive, ele é ótimo porque não é sempre que você tem um psicólogo disponível para saber dos seus problemas”, relata Danielle Alves, educadora. Medida divide opniões Embora esses aplicativos ajudem algumas pessoas, há profissionais que não acreditam nesse método para controlar a ansiedade, pois afirmam que a ansiedade não é uma doença tão simples de se resolver e, para isso, é necessária uma ajuda
presencial e médica. “Acredito que o processo psicoterapêutico só pode ser realizado num encontro em que o psicólogo sente verdadeiramente o paciente: sua respiração, seu olhar e sua postura. Enfim, o ser que está ali, presente, buscando ajuda”, comenta a Dra. Maria Esmeralda MineuZamlutti, professora de Psicologia. Segundo as estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de transtorno de ansiedade no mundo e é o quinto quando se trata de depressão. A ansiedade é um tema muito delicado e mais profundo do que se pode imaginar. “Não se pode pensar na ansiedade como uma coisa tão simples. É preciso cuidado para tratar de aspectos que fazem parte da vida humana, mas que muitas vezes
causam transtornos psíquicos. É preciso entender que não é simplesmente “depositando num diário” a ansiedade que se consegue
tratá-la. Tem coisas que a tecnologia ainda não substituiu, como um bom médico, professor e psicólogo”, atesta Maria Esmeralda. Letícia Marques
Tecnologia monitora estados de humor e tensão Jornal Expressão
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Arte da boca aos pés para deficientes físicos Projeto dá oportunidade para artistas exercerem seu trabalho através da pintura com técnica alternativa Em 1956, Erich Stegmann, um artista que pintava com a boca, reuniu um pequeno grupo de artistas com deficiência física de oito países europeus, com o objetivo de ganharem seu próprio sustento através de seus esforços artísticos e obter uma segurança de trabalho que até então eles não tinham. Stegmann fundou a APBP (Associação dos P,intores com a Boca e os Pés) que é referência quando o assunto é arte, inclusão social e deficiência físic,a. O grupo que no início era composto por apenas oito artistas, hoje possui aproximadamente 800 artistas em 75 países ao redor do mundo. As obras desses artistas são reproduzidas em forma de cartões, calendários e outros produtos. No Brasil, atualmente existem 53 artistas que fazem demonstrações de pintura, palestras para escolas, empresas e grupos interessados, e também oferecem uma melhor compreensão das possibilidades de oportunidade para as pessoas com deficiência.
Thais Martins | thaismartinsr@hotmail.com APBP
Associação prestigia a produção artística de pintor com limitações físicas Em comemoração aos 60 anos da associação, foi criada uma exposição chamada “Arte da Boca aos Pés”, onde os artistas plásticos que
perderam as mãos, criaram obras que deram forma a paisagens e cenários coloridos para comercialização. A mostra fez muito sucesso e
ficou exposta por um tempo em um shopping São Paulo. “Eu recebo via correio há aproximadamente 10 anos alguns calendários e cartões de
Natal, Ano Novo e festividades dos pintores com a boca e os pés. Eu os ajudo mensalmente. Como sei que eles não gostam de caridade, procuro sempre
comprar os produtos que são feitos por eles e divulgar para amigos para aumentar a visibilidade”, explica Gabriela Mares, que é assinante dos produtos em que as obras dos artistas são transformadas. A APBP não se denomina como uma entidade beneficente, mas sim uma sociedade de artistas com limitações físicas que se capacitaram para exercer a arte de suas formas. Os integrantes aprenderam a desenhar e pintar sustentando o pincel com a boca ou com os dedos dos pés. “A pessoa com deficiência tem que se adaptar todos os dias, então, para ter um pouco mais de independência a gente foi criando essas adaptações. Desde 2004, eu sou integrante APBP, eles me ofereceram uma bolsa mensal que vem decorrente da venda dos produtos dos artistas. Então, há 16 anos eu estou realizando esse grande sonho que é a pintura, a arte de colorir a vida”, conta Daniela Caburro, artista plástica e da APBP.
Grupo faz apresentações a preços populares O desafio de ser fotógrafo na era digital Quarteto de Cordas da Cidade é o mais importante da América Latina Renata Tomaz | renatathomaz18@hotmail.com
Theatro de São Paulo
Sala do Conservatório é sede oficial do Quarteto de Cordas Municipal Você sabe o que é música de câmara? Música de câmara é a música erudita executada por um pequeno grupo de instrumentistas ou cantores, que possa ser executada em pequenos espaços, com uma atmosfera mais íntima. O gênero mais executado é o quarteto de cordas, devido à clareza das apresentações e ao equilíbrio da sonoridade. Esse espetáculo, que é tão pouco conhecido, dura cerca de 90 minutos e os ingressos custam apenas R$10 a inteira e R$ 5 a meia. Na capital paulista, o Quarteto de Cordas da Cidade é um dos mais importantes grupos de câmara da América Latina. Composto atualmente pelos violinistas Betina Stegmann e Nelson Rios, o violista Marcelo Jaffé e o violoncelista Angelique Camargo, foi fundado em 1935 por Mário de Andrade com o nome de Quarteto Haydn. O principal objetivo do grupo era difundir a música de câmara e estimular compositores brasileiros a compor novo repertório para o gênero. Passou a ser chamado de Quarteto de Cordas Municipal a partir de 1944, mas somente em 1981, chegou a sua forma definitiva, que dura até os dias de hoje.
Os músicos que compõem o grupo possuem intensa atividade no cenário musical brasileiro e de prestígio internacional, que se destacam também pela atuação em concertos, recitais e atividades pedagógicas. Além de atuar com sua formação original, às vezes se apresentam com músicos convidados e também com outros corpos artísticos do Theatro Municipal, como o Balé da Cidade de São Paulo e a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo. O Quarteto faz várias apresentações no Brasil e no Exterior, em eventos como a Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha, o Festival de Música de Saragoza, na Espanha, e o Festival Internacional de Música de Morelia, no México. Já no Brasil, participam dos mais importantes festivais e cursos de música, e, além disso, desenvolvem projetos de estímulo a jovens instrumentistas por meio de concursos e de concertos didáticos em escolas da rede pública, universidades e escolas de música. Em concertos comentados, apresentam amplo repertório para a formação, promovendo o contato do
público com todas as tendências e escola de composição, como parte do projeto original do grupo, de fomento e formação de plateias. “Estão sendo feitas algumas adaptações na maioria das composições de Villa-Lobos para que os integrantes do concerto possam fazer voos improvisatórios, mas conectados às ideias originais do compositor”, destaca o violinista Marcelo Jaffé. O Quarteto de Cordas já foi premiados diversas vezes, venceu por sete vezes o prêmio de Melhor Conjunto Camerístico da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) e por três vezes o Prêmio Carlos Gomes. Em 2013, o grupo ganhou uma sede própria, passando a ocupar a Sala do Conservatório, que há pouco tempo passou a se chamar Sala Mário de Andrade, na Praça das Artes. “Fui a um dos ensaios aberto ao público e gostei muito do que vi. Aconteceu um bate-papo bem legal entre os músicos e a plateia. Desde então, sempre que posso, vou às apresentações do quarteto”, conta a professora Sueli Ribeiro. Theatro de São Paulo
Sala do Conservatório da Praça das Artes no Theatro Municipal de São Paulo Jornal Expressão
Como os profissionais se reinventam para conquistar seu lugar no mercado Nathaly Pedrosa | souza.nathaly@yahoo.com.br
Ser fotógrafo na era digital é disputar espaço com câmeras de smartphones cada vez mais avançadas e ao alcance de qualquer pessoa. A democratização fez com que o profissional da fotografia necessite muito mais do que um bom equipamento e técnica para se destacar no mercado. O que se vê em eventos como casamentos, festas e formaturas são celulares registrando tudo o que acontece, muitos deles com bom registros e recursos presentes em equipamentos profissionais. A qualidade da imagem e a técnica, porém, não são garantidos. Por isso que, para fidelização do público, além de ter um conhecimento técnico, é preciso um olhar artístico diferenciado e uma marca registrada que tornam seu trabalho único. “As maiores dificuldades para quem quer viver de fotografia atualmente são os celulares, pois a câmera de alguns aparelhos está cada dia mais avançada, o que faz com que muitos dispensem um serviço de um profissio-
Kaue Alcantara
Fotógrafo: dificuldades e vantagens com a era digital nal”, comenta Priscila Moreno, que trabalha como fotógrafa de eventos há 15 anos. O mercado está cada vez mais disputado, porém, há espaço para profissionais que apostam em ideias originais e nas redes sociais como seus aliados. Esse é o caso do fotógrafo Kaue Alcantara. Tudo teve início há três anos quando ele começou a trabalhar em uma produtora de vídeos como web designer. “Tudo aconteceu quando passei para o cargo de editor de vídeos e comecei a fotografar os bastidores das gravações só por curtição”, relata Alcantara. “Porém, as coisas foram tomando outras proporções e comecei a ter gosto pela fotografia. Mesmo
sem ter nenhum conhecimento técnico, aquilo foi o que me impulsionou a ir atrás de mais”, complementa. Há cinco meses Kaue vive somente do seu trabalho. Grande parte dos seus clientes são mulheres em busca de um profissional de confiança para realizar ensaios sensuais. Algumas são modelos, porém, também há mulheres comuns que têm nesses ensaios um desejo realizado. Ele aposta no Facebook, Instagram e também na credibilidade como meio de divulgação. “O Kaue é muito profissional. Me deixou muito à vontade e realizou um ótimo trabalho”, declara Karla Lemes, que fez uma sessão de fotos quando era gestante.
Artistas que vivem na realidade das ruas “Não existe nada mais que eu ame do que estar aqui e agora” Gabrielle Borges | gaaby_borges@hotmail.com Todos os dias são possíveis se deparar com inúmeras formas de arte pelas ruas da cidade sem precisar gastar dinheiro nem se locomover do local de trabalho onde se costuma passar: são grafites, teatro de rua, malabaristas em faróis, artesanato, músicos diversos, estátuas-vivas. Esses artistas, denominados como artistas de rua, têm em comum o desejo e objetivo de levar arte às pessoas que estão em seu cotidiano, apressadas, com seus projetos e trabalhos. Parar na rua para assistir a uma apresentação artística faz com que o dia fique mais bonito e a pessoa mais serena. Acácio Carreira trabalha como estátua viva no centro de São Paulo há 16 anos, de manhã trabalha com a sua esposa Maria Elizabete com artesanatos e a tarde ganha seu dinheiro com sua apresentação. “Sou ator de teatro, e a arte do estatuismo sempre me encantou. Foi pensando nesse encanto que decidi me entregar a essa arte, com
principal propósito de transmitir, pureza, alegria e despertar a curiosidade e outras emoções ao público”, disse Acácio Carreira, 47 anos. Pedro Manoel, poetista, começou a escrever cedo. Hoje, aos 30 anos, vive pelos metrôs de São Paulo levando seus versos às pessoas. Leva cada poesia e papeis impressos e sempre ganha algum trocado de cada pessoa que aceita ler suas palavras. Depois de vários empregos, Pedro resolveu se dedicar ao que realmente ama, a poesia. Solteiro e morando com seus pais, com o que ganha consegue pagar algumas contas de casa e guardar algo para ele. “Eu amo escrever, amo poesia, amo levar minhas palavras para as pessoas. Às vezes, o que elas vão ler ali é o que precisavam. Levando o amor, felicidade, simplicidade em meus versos”, diz Pedro Manoel, poetista, 30 anos. A cidade, que como qualquer grande metrópole, possui tantos problemas como o
trânsito caótico, enchentes, poluição do ar e sonora quando recebe uma manifestação em um espaço público, perde um pouco sua cor cinza e abstrata e ganha tons vivos e coloridos, que faz quem passa por ela se emocionar. São graças a eles, nossos artistas de ruas, que muitas vezes mesmo com a correria do dia a dia, nos deparamos com artes maravilhosas e emocionantes que mudam os nossos dias, o nosso humor e nos faz sorrir. Acássio Carreira
Estátua viva em ruas de SP
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Inovação em benefício do futebol
Após erros consecutivos no Brasileirão, o árbitro de vídeo está confirmado para as próximas rodadas do campeonato Gizela Lima | gizelallima@gmail.com
A recente decisão de permitir o auxílio do árbitro de vídeo em partidas de futebol no Brasil tem gerado grandes polêmicas acerca de sua efetividade. O recurso já é utilizado em muitos países europeus, mas a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) decidiu que seria melhor utiliza-lo após um gol do atacante Jô, jogador do Corinthians que gerou muita discussão, no dia 17 de setembro contra o Vasco. Há quem defenda que a tecnologia veio para agregar e torna o futebol mais justo, além de não trazer nenhum malefício para o esporte. Por outro lado, há quem diga que se até hoje não foi
crucial, não é agora que será determinante e que tanta modernização mata o futebol de raiz. Esse é caso do bancário Rafael Oliveira, que também é árbitro. Apesar de não apitar em campeonatos nacionais, para ele a decisão da CBF tira do juiz o comando dentro das quatro linhas. “Particularmente, não acho que contribua muito para os clubes e com certeza irá gerar bastante discussão dentro do campo em lances duvidosos, mas acredito que esse tipo de modernização veio para ficar”, completa Rafael. O recurso ainda não entrou em vigor, já que vários estádios
do país ainda não possuem a infraestrutura necessária para a utilização desta tecnologia, que consiste em um sistema de câmeras distribuídas que transmitem as imagens para uma sala isolada, onde assistentes analisam os lances questionados. E, apesar de queixas quanto aos times que já foram prejudicados durante o campeonato brasileiro, que é disputado por pontos corridos, está programado para começar a funcionar nas últimas rodadas da competição, mas ainda sem data prevista. A decisão que muito agradou ao juiz paulista Diego Fernandes, ele comemorou o
O “futebol” dos jogos eletrônicos
onato de jogo online foi algo surreal. Nunca imaginei que veria aquilo”, afirma Lima. Apesar de estar se fortalecendo ano a ano, o cenário competitivo brasileiro ainda fica bem atrás de regiões “majors”, como Coréia, China e Europa. Gustavo Cima, analista de jogos do CBLoL, credita a dificuldade de crescimento do Brasil aos aspectos financeiros e falta de investimentos no segmento. “É difícil para um jogador largar os estudos e se dedicar Reprodução
Riot e aconteceu em outubro, dois meses após o lançamento oficial do servidor. Inspirado nas ligas de outras regiões, começou a ser transmitido em plataformas online, com direito à narração e análises dos jogos em tempo real. Desde então, a comunidade gamer brasileira adotou o jogo rapidamente, de forma que hoje está entre os mais jogados no país. Segundo a última divulgação de balanço da Riot Games, realizada no final de 2016, mais de 100 milhões de
Gizela Lima
Simulação de uma sala em que é utilizado o recurso
Jazz fitness desponta como condicionamento físico
Dança promete modelar o corpo e garante maior perda de calorias
Fran Batista | franciiellen@hotmail.com
Já imaginou ter seu jogo preferido como uma profissão? Para algumas pessoas isso já é realidade. Chamado de eSports, o cenário de esportes eletrônicos tem criado raízes cada vez mais fortes no Brasil. Jogos como League of Legends têm equipes formadas por jogadores e técnicos profissionais, disputando campeonatos regionais e mundiais. O LoL, como é conhecido, é um jogo de gênero MOBA (multiplayer online battle arena) desenvolvido pela Riot
recurso e o vê como uma valorização ao profissional de arbitragem. “Muitas vezes, o árbitro é hostilizado e visto como o vilão por alguma falha. Com o vídeo, será possível desempenhar um papel melhor, sem pressão e com certeza mais justo”. Esse sistema já foi testado na final do Campeonato Pernambucano deste ano como experiência e, segundo o presidente da CBF Marco Polo Del Nero, em comum acordo com o presidente da Comissão de Arbitragem Marcos Marinho, toda cúpula da arbitragem está devidamente preparada para o novo método.
Bruna Tosi | brunatbarros@hotmail.com
O jazz dance surgiu por volta de 1900, nos Estados Unidos. Com o passar dos anos, ganhou movimentos de diferentes estilos de danças, principalmente do ballet clássico. E entre piruetas e saltos, em 1950, conquistou os musicais da Broadway, onde permaneceu como principal estrela. Mantendo a tradição de adaptação, a dança acaba de adquirir uma nova modalidade, voltada para quem procura melhorar o condicionamento físico, o jazz fitness. Criada pela bailarina Betina Dantas, o jazz fitness consiste em circuitos de dança intercalados a exercícios físicos. O foco da aula é aumentar o número de repetições dos passos, gerando sustentação muscular para modelar o corpo de forma mais sutil do que com os pesados exercícios da academia.
A cada 90 minutos de aula, estipula-se a perda de 1,3 mil calorias. Porém, a diferença no peso é garantida somente se os alunos realizam uma reeducação alimentar, junto das aulas. “O ideal é evitar frituras e comidas altamente calóricas. Procure comer frutas, saladas, e não fique muito tempo sem comer. No máximo, de duas em duas horas.” aconselha Yuri Evangelista, personal trainer. Caso contrário, o peso permanecerá o mesmo. Outro benefício da modalidade é a correção da postura. Com a música dos anos 80 e 90 nas alturas, legging e polainas coloridas, os alunos se exercitam animados e cheios de energia. “Sempre procuro pelas aulas de dança para fazer exercícios. Fico mui-
to mais animada para sair de casa do que quando faço academia”, afirma Andreia Barros, 42. Além do jazz fitness, Betina Dantas desenvolveu outras modalidades para garantir um bom condicionamento físico. Sua primeira adaptação foi o ballet fitness, que é sucesso entre os fãs do ballet clássico. A diferença entre as duas aulas é a mesma do estilo de dança, enquanto o ballet possui sequências de passos tradicionais e delicados na barra, o jazz é mais sexy e animado. Qualquer pessoa, a partir de 15 anos, pode aproveitar os benefícios do jazz e ballet fitness. Porém, é sempre importante ressaltar a importância de passar em avaliações médicas, antes de começar a praticar as modalidades. Bruna Tosi
Games, no qual o time de cinco jogadores deve trabalhar em conjunto e estrategicamente para alcançar objetivos do mapa. Em cada partida, os jogadores podem escolher e controlar um personagem. Os chamados campeões possuem habilidades e características específicas, oferecendo ao game jogabilidade e estilos de jogo diferentes. Lançado em 2009, o servidor de League of Legends no Brasil chegou apenas três anos depois, em 2012. No mesmo ano, o cenário competitivo começou se formar. Ainda de modo um tanto amador, o primeiro Campeonato Brasileiro de League of Legends (CBLoL) foi promovido pela
pessoas ao redor do mundo se conectam mensalmente. O número faz jus ao sucesso – os torneios regionais e mundiais têm arrastado multidões para ver os players jogando ao vivo. Ayrton Lima, de 22 anos, acompanha as competições há quatro anos e esteve presente na final do CBLoL em 2015. Na ocasião, o confronto entre PaiN Gaming e INTZ eSports Club foi realizado no Allianz Parque e reuniu 12 mil espectadores. “Foi emocionante ver aquela final. Primeiro, porque minha equipe preferida, a PaiN Gaming, acabou se consagrando campeã. E o fato de ter mais de 10 mil pessoas em um estádio de futebol para assistir a final de um campe-
apenas ao jogo. Comparando com outras regiões, o Brasil é uma das que tem menos capital girando, o que dificulta que importe talentos de outros países e limita bastante o salário dos jogadores daqui”. Mas estar um passo atrás de regiões mais desenvolvidas no eSport não desmotiva o amor pelo jogo. Pelo contrário: de acordo com a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), o Brasil conta com 61 milhões de jogadores de eSports. E para muitos, o League of Legends já é considerado o futebol do segmento de jogos online, atraindo paixões e rivalidades entre os torcedores.
O último parque de diversões de São Paulo
Na Zona |Leste de São Paulo há três décadas, centro de atrações está vivo
Apresentadação de jazz fitness criado pela bailarina Betina Dantas que recentemente fez sua primeira visita ao parque. “Eu sempre passei pelo parque, na volta do trabalho ou indo para a igreja, e sempre tive vontade de conhecer, mas só agora eu consegui ir e gostei muito de lá”, diz
o guitarrista, que ainda recomenda a experiência. “O parquinho está de parabéns. Não deixa nada a dever para outros parques. O preço é acessível e minha filha adorou os brinquedos. Vou voltar mais vezes”, afirma.
Juan Engel | juanengel7@gmail.com
Rodas-gigantes, montanha-russa, carrossel, brinquedos que fazem parte da paisagem paulistana, sendo vistos em diversos parques por toda a cidade de São Paulo. Não mais. Isso porque, com o passar dos anos, os parques de diversão deixaram de ser uma grande atração, principalmente, depois que os dois maiores parques da Capital fecharam. Resistindo aos anos e ao fechamento dos concorrentes, um parque na Zona Leste de São Paulo herdou a título de último parque desse ramo na cidade de São Paulo. O Parque de Diversões Marisa, fixado em Itaquera, próximo à Avenida Jacu-Pêssego, está em atividade há 36 anos, em-
bora tenha se estabelecido no bairro apenas em 1987. Foi a paixão de criança que fez com que Miguel Cerretti, proprietário do parque, com 20 anos na época da fundação, comprasse dois brinquedos e começasse de forma itinerante o funcionamento do parque, que hoje tem 21 atrações para crianças e adultos. “Esse é o segredo para manter as atividades. Nós mesmos gerenciamos tudo, não fica na mão de empresas”, diz o dono do parque, que acompanha toda a operação de perto. “No Hopi Hari, Playcenter, eram outras pessoas que cuidavam, não o dono. Nós somos uma empresa familiar”, completa Cerretti. O parque não cobra pela entrada. Essa é uma das es-
tratégias adotadas para atrair mais público. Com números entre 2 mil a 3 mil pessoas por final de semana a preocupação com a preservação e proteção dos visitantes é frequente. Há uma equipe de seguranças e bombeiros a serviço do parque durante todo o funcionamento dos brinquedos. “Nós somos da linha de parques tradicionais, que não cobram entrada, mas nós temos equipes de retaguarda. É como num parque fechado”, garante ainda Miguel. A localização, no coração de Itaquera, por onde trafegam diversas linhas de ônibus, faz com que o parque chame a atenção dos transeuntes e atraia o público. É o caso do músico Rodrigo Machado, 30 anos,
O Parque Marisa funciona aos finais de semana das 15h até 0h, na Rua Dr. Áureliano Barreiros, 183, em Itaquera. Os ingressos custam R$5,00 e dão acesso a todos os brinquedos. Para mais informações: telefone 2056-4599.
Juan Engel
Parque sobrevive em Itaquera com diversos brinquedos, entre eles a roda gigante Jornal Expressão