número 4 ano 24 usjt junho/2017
Jornalismo Universitário levado a sério
O temor que exclui ~ QUE APAVORA O DIA A DIA A eSCURIDAO DE QUEM SOFRE COM fobias Especial - pAg. 4 e 5
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As fobias que nos assombram São milhões de pessoas em todo o mundo que sofrem de algum tipo de fobia ou medo psiconeurótico. Sabemos que sentir medo ajuda no desenvolvimento do instinto de sobrevivência. Mas, há uma linha que é ultrapassada quando a intensidade do temor se torna um grave problema. A fobia é um tipo de medo excessivo, irracional, persistente que provoca sofrimento e ansiedade. O fóbico enfrenta sintomas desagradáveis, que interferem nas suas rotinas sociais e familiares. Coração acelerado, tremores, suores, aperto no peito, paralisia são alguns dos sintomas com os quais eles confrontam. A reportagem Especial do jornal Expressão procurou compreender como algumas pessoas vivem com fobias. Ouvimos relatos das rotinas delas e como cada uma lida com estes transtornos nos seus cotidianos. O jornal Expressão traz também diversas outras reportagens. Em Educação, falamos sobre uma exitosa experiência que são as Escolas de Tempo Integral (ETI). Atualmente mais de 50 mil estudantes no Estado de SP vivem este modelo. Na editoria Vida Digital, destacamos a ‘desintoxicação digital’, um termo para definir o ato da pessoa permanecer off-line de redes sociais, buscando um maior controle do uso das tecnologias. Em Artes, procuramos saber o que está por trás do planejamento visual e da diagramação de capas premiadas e chamativas de livros. Quais são os aspectos mais importantes nesse processo de criação? Por fim, em Esporte&Lazer, mergulhamos no divertido mundo do aeromodelismo, um hobbie que encanta adultos e nos transporta para as lúdicas experiências de crianças. Muitos temas super interessantes, não? Por isso, garanta seu exemplar do jornal Expressão e tenha uma ótima leitura!!
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
Os arranha-céus como paisagem
Para quem já está tão dentro de São Paulo é difícil perceber, mas os arranha-céus também são paisagens lindas - Ibirapuera Igor Lino - aluno do 4o ano de Jornalismo - Campus Butantã
Chiquinho,
O retrato de
artista por acaso
Viveu a adolescência no mundo artístico, sem querer, e aproveitou tudo que podia Vitor Mauricio / vitor.mauricio17@hotmail.com
Era uma manhã na cidade de São Paulo, em 1953. Francisco Papaio Neto, aos 12 anos, foi com amigos conferir uma gravação na Praça 14 Bis. “Estávamos brincando nas ruas da Bela Vista, até que percebemos um movimento diferente do considerado normal para o bairro. Diversos caminhões de bombeiro apareceram, atores, diretores e câmeras, descobrimos que naquele dia seria gravado uma cena de filme, o Floradas da Serra”. Aquele dia mudaria a situação do então estudante do colégio Santa Monica. “Eles [os diretores] me viram conversando com o pessoal da produção e vieram em minha direção me convidando para participar de um outro longa que estava sendo produzido. Aceitei na hora, só que precisava falar com o meu pai”. Após alguns dias, o diretor Armando Couto conversou com os responsáveis por Francisco. Assim ele iniciou sua carreira de ator. Por quase dois meses, Chiquinho precisou ir até a cidade de Mairiporã para participar do longa O Homem dos Papagaios. “Os primeiros dias foram bem engraçados e diferentes, pois eu era garoto no meio de diversos artistas.
A produção precisou ter paciência comigo, por ser novato ficava diversas vezes olhando para a câmera enquanto estava em cena”. O longa conta a história de Epamimondas (Proscópio Ferreira), com dificuldades para sustentar sua família, após grande procura ele consegue arrumar um serviço de zelador na casa de um milionário. Mas quando o chefe sai para viajar, o protagonista é confundido com um rico ao se instalar na casa do patrão. O filme contou com grande elenco da época, Procópio Ferreira, conhecido por participar de diversos longas e telenovelas, como A Grande Viagem e Redenção. Ludy Veloso, famosa em contracenar Sai da Frente, sendo a primeira atriz a fazer o papel da esposa de Mazzaropi, em 1952, e na TV fez diversos sucessos na então TV Tupi. Eva Wilma, reconhecida posteriormente em Sassaricando e até em Verdades Secretas, famosa novela das 11 na TV Globo, em 2015. Ela era novata quando produziram esse longa, tinha 20 anos. Seguiu carreira passando por diversos filmes, séries e peças de teatro, sem perder o contato com o Chiquinho. “Um negócio diferente, na Reprodução
Arquivo Pessoal
Francisco Papaio Neto, “Chiquinho” época Procópio Ferreira era famosa, Eva Wilma estava começando, tinha até vergonha de estar no meio deles”. “Tanto que quando voltamos da gravação [Mariporã] eu aproveitava para dormir um pouco, uma vez que eu era pequeno e ficava cansado por conta da viagem, e a Eva Wilma deixa apoiar em seu colo, algo que ela lembra até hoje”. Aposentado, ele só seguiu carreira de ator até os 18 anos. “Tive possibilidade de continuar, fiz diversas peças, como Rosa Tatuada e Esses Fantasmas. Até fui convidado para trabalhar em um programa na rádio Record, mas não quis seguir em frente, estudei química industrial, e não me arrependo.” Depois concluiu os estudos e tornou-se engenheiro químico especializado na escola Oswaldo Cruz, mas se estabilizou como vendedor de lista telefônica até sua aposentadoria, e chegou
a ser proprietário de posto de gasolina, mas faliu após alguns anos. Hoje, aos 76 anos, relembra com alegria momentos em que viveu no “mundo artístico”. “O primeiro dia em que fui gravar me senti o ‘rei da cocada’, e quando voltei para casa meu pai queria ‘morrer’ por voltar com o rosto cheio de maquiagem”. Marcado na época por ser algo mais feminino do que masculino, mas produto necessário para que a gravação captasse traços do rosto. O trabalho ajudou bastante sua família, com o dinheiro que conquistou, comprou diversos terrenos e pagou contas. Pois quando o Chiquinho atuava, a renda era quase três vezes maior que o salário de seu pai. Além de render admiração por parte de atores e atrizes que ainda ligam para ele, relembrando tempos bons do cinema preto e branco nacional.
Dorian Gray
O romance que desafiou a sociedade
Rodrigo Lima / rodrigolimadasilva1@gmail.com
“O artista é o criador de coisas belas. Revelar a arte e ocultar o artista é o objetivo da arte. O crítico é aquele que pode traduzir de outro modo, ou em um novo material, as suas impressões sobre as coisas belas. ” Esse trecho resume um pouco sobre o que o leitor irá encontrar nas páginas seguintes do livro clássico, O retrato de Dorian Gray, escrito pelo dramaturgo Oscar Wilde em 1890. Com uma ácida crítica sobre a sociedade do século XIX, que preservava o parecer do que o ser. O romance desafia a teoria de que o caráter de uma pessoa pode ser determinado por aquilo que está em seu exterior. A história se concentra na figura de Dorian que com o passar dos tempos percebe que sua beleza irá desaparecer. Por conta disso, ele vende sua alma e garante que um retrato seu envelheça e desapareça ao invés do personagem em si. O desejo é concedido. Conforme o retrato vai envelhecendo, Dorian segue sua vida com experiências variadas, na maioria delas amorais para a sociedade. Enquanto isso, o retrato reflete todos os pecados que corrompem a alma do personagem. A estudante de Biomedicina Thays Moura comenta que este é um dos seus livros favoritos. “Oscar Wilde conseguiu com esse romance trazer textos com características de homossexualidade, algo que foi usado contra o próprio em seu julgamento. O texto é con-
siderado bastante leve para os dias atuais, mas foi um choque para a sociedade naquela época. A homossexualidade era considerada um crime. Por conta disso, Wilde foi forçado a reescrever o livro alterando alguns pontos e acrescentando capítulos, tornando o livro mais romantizado. Portanto recomendo a edição com os capítulos originais. A escrita de Wilde é impecável”, afirmou a estudante. Toda ambientação do livro tem características dos contos góticos vitorianos: um tipo de terror sutil e refinado, neblina, o clima fechado e a ideia de uma sociedade que precisa mentir e esconder suas próprias naturezas para serem mais “puros e civilizados”. Desta forma a obra de Wilde ofendeu a sensibilidade moral dos críticos literários britânicos da época, levando o mesmo a ser acusado de violar a moralidade pública. “Não existem fatos morais ou imorais em um livro. Os livros são apenas bem ou mal escritos”, comenta Thays.
expediente
Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 1 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
Jornal Expressão
Capa Foto: Guilherme
Medeiros
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Jornada de estudos
São Judas oferece atendimento psicológico
AMPLIADA
Escolas em Tempo Integral exercem papel importante na educação Isadora Couto | isadora_couto@hotmail.com
Elias Silva
Alunos são beneficiados por projeto criado pelo Governo do Estado de São Paulo “Meu sonho é ser veterinária”, conta Gabriela Marques, que cursa o Ensino Médio na rede estadual de São Paulo. Participando do projeto há 3 anos, a aluna pode ver o seu sonho mais perto de ser realizado. Sua rotina é completa de atividades que enriquecem o dia de conhecimento e interação social. Gabriela tem 14 anos. Sua jornada inicia exatamente às 5h30. Ela se arruma para a escola. As aulas começam às 8h da manhã. Sua carga de estudos é completa com disciplinas como Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas Sociais e Aplicadas, Formação Técnica e Profissional. Além de Inglês e Espanhol. Atualmente são mais de 50 mil estudantes no Estado de São Paulo que são
atendidos pelo projeto. Distribuídos em 236 Escolas de Tempo Integral (ETI), criadas em 2009, oferecem aos estudantes oportunidades de desenvolvimento profissional e pessoal, mediante aos serviços prestados pelo programa. O objetivo é orientar os estudantes na preparação para o mercado de trabalho e o auxílio na elaboração de um projeto de vida. “É visível à mudança de comportamento da Gabriela, depois que começou a estudar na Escola de Tempo Integral, eu a vejo mais focada e responsável com os seus estudos”, relata Lígia Marques, mãe da estudante. A aluna, que está no primeiro ano do Ensino Médio, sempre estudou em escola estadual, na qual passou a ingressar os seus estudos no tempo integral desde a 7ª série do ensino fundamental. Além das matérias obrigatórias, os estudantes contam também com disciplinas
eletivas, que são escolhidas de acordo com o seu objetivo. Para atender de forma efetiva, os professores desse modelo atuam em regime de dedicação exclusivo, e para isso, recebem gratificação de 75% em seu salário, inclusive sobre o que foi incorporado à sua carreira. “É com prazer que faço parte desse projeto, é gratificante ver o aluno crescer, descobrir o mundo e ir atrás dos seus objetivos”, conta Elias Silva, professor há 15 anos na rede Estadual de Ensino. O modelo de Escola em Tempo Integral oferece aos alunos da rede Estadual de ensino uma jornada ampliada de estudos, ajudando na formação de uma visão ampla na execução do projeto de vida. “Com a ajuda dos professores, eu vejo que meu sonho é, possível”, complementa Gabriela, de forma esperançosa a sua experiência.
gratuito
Estudantes realizam tratamentos com supervisão de professores Thaís Megale Silva | thaismegale95@gmail.com
Os alunos de Psicologia da São Judas oferecem acompanhamento psicológico gratuito aos estudantes e funcionários da universidade, além de atender também moradores da região da Mooca. É realizado na própria universidade e conta com o acompanhamento dos professores, como parte da grade curricular do curso. No ano de 2014, por exemplo, cerca de 600 pessoas receberam atendimento pelo Centro de Psicologia Aplicada (Cenpa), entre os trabalhos mais procurados entre 2000 e 2014 estão principalmente o atendimento individual para adultos (8145) e crianças (4583). O Cenpa foi implantado na Universidade em 1993 e é reconhecido pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). O programa possui dois objetivos principais: propiciar formação teórico-prática dos estagiários em psicologia e principalmente oferecer serviços gratuitos à comunidade na forma de diagnósticos, avaliações etc. “Qualquer membro da comunidade, alunos, professores e funcionários podem ser atendidos no Cenpa. Todos os alunos que realizam o atendimento passam por supervisões semanais com os professores-supervisores responsáveis pelas discipli-
Larissa Soldá
Programa ajuda alunos e moradores da região nas de estágio, desta forma garantimos um atendimento de qualidade”, esclarece Patrícia Lucateli, estudante do 5º ano de psicologia. A clínica oferece atendimentos e trabalhos que podem ser feitos em grupo ou individualizados. Entre eles estão: aconselhamento profissional individual/grupal; atendimento psicológico individual à criança, adolescente, adulto; atendimento individual/grupal para Orientação Vocacional (de 14 a 23 anos); psicodiagnósticos; diagnósticos; além Famílias e Casais que necessitam de acompanhamento psicoterapêutico. Um dos tratamentos mais procurados e mais bem reconhecido é o atendimento à criança em idade escolar. “Primeiro conversamos com os pais para saber qual a demanda e depois chamamos a
criança. Essa recebe atendimento o ano todo, porém por ser uma matéria do curso, às vezes acontece da criança mudar de terapeuta no ano seguinte”, comenta Patrícia. Todos os tratamentos oferecidos tendem a serem finalizados na própria universidade, porém há aqueles que são encaminhados para fora ou para outra disciplina específica. Isso irá depender de cada caso, dependendo da demanda e do paciente. Interessados poderão se inscrever na própria universidade ou por telefone. As vagas são limitadas, por esse motivo todos os que se inscrevem passam por uma triagem para o melhor entendimento da demanda e para um melhor atendimento. Após a inscrição é agendada uma avaliação na própria faculdade.
Inscrições de 2ª a 6ª feira, das 14h às 17h no Cenpa da São Judas - Mooca Rua Marcial, nº 45 | Telefone(11) 2799-1831 ou 2799-1943 E-mail: cenpa@usjt.br
Quando educação e tecnologia andam juntas Apesar das divergências entre os problemas trazidos pelas plataformas digitais, professores afirmam que os e-books vieram para somar Larissa Mascarenhas | larissa.o.mascarenhas@hotmail.com
Quando o assunto é tecnologia, a questão do vício é um fator preocupante para a grande maioria dos pais e mães, mas, e quando é possível trazer a educação para esse universo, aliando uma coisa à outra? Os e-books (livros digitais) surgiram justamente para fazer essa junção e vem sendo usados cada vez mais dentro e fora das salas de aula, como ferramenta de ensino para leituras de livros tanto didáticos, quanto paradidáticos, mas não é sempre que eles são usados somente para essa função. Outros fatores geram discussões entre educadores. “O que gera preocupação em relação a essas plataformas digitais é a questão de que na internet é possível ter acesso a todo tipo de conteúdo, inclusive os de teor negativo como, por exemplo, resumos e até mesmo publicações de livros sem nenhum tipo de correção ortográfica, dessa maneira, ao invés de ajudar na educação, acaba prejudicando a qualidade de leitura dos alunos”, afirma Talyta Bert, professora de português. Apesar de apontar esses problemas que os e-books podem trazer pra crianças e jovens na hora do estudo, a professora ressalta que essa tecnologia pode ajudar mais do que pode atrapalhar. “É preciso que os docentes saibam indicar as plataformas corretas, pois
Olimpíada de Matemática
tem inscrição recorde Alunos de escolas públicas e privadas disputam juntos Giovana Santos | gisilva965@gmail.com
Um grande desafio. Esta é a tarefa de mais de 18 milhões de alunos brasileiros que estão participando da 1ª fase da Olimpíada Brasileira de Matemática. Em 2017, pela primeira vez, a competição unificou escolas públicas e particulares, com um total de 53.230 instituições inscritas. A prova da primeira fase ocorreu no dia 06 de junho. “O intuito das Olimpíadas de Matemática é descobrir novos talentos na matemática, e colocar o aluno em contato com matemáticos e pesquisas de alto nível, eu tento sempre preparar meus alunos que vão participar da melhor forma possível, passo para eles provas anteriores, oriento eles a darem uma olhada na bibliografia recomendada para estudo que está no site das olimpíadas, faço o possível para que eles se interesJornal Expressão
Larissa Mascarenhas
assim essa junção de tecnologia e educação aliadas, são realmente mais atrativas, ajudam a estimular a leitura e passam confiança para os pais, que em casa, podem acompanhar o desempenho dos filhos, sabendo impor os limites de acessos a outras plataformas que não trazem nenhum tipo de conteúdo”, defende Talyta.
Segundo pesquisa realizada, no ano de 2016, com empresas do ramo, que disponibilizam livros digitais, seja para venda, seja para download, no Brasil, já estão disponíveis mais de 30 mil livros em língua portuguesa. De acordo com a maior empresa desse segmento na atualidade, a Amazon, somando os livros em português, inglês e outras línguas, esse número aumenta para cerca de 1,4 milhões de livros digitais no mundo inteiro. Além da praticidade que os e-books trazem de a pessoa poder ter qualquer livro à sua disposição, essa plataforma serve também como um complemento na hora dos estudos, dá a liberdade de no mesmo lugar em que faz a leitura, poder pesquisar a fundo todos os outros livros e conteúdos disponíveis que falam sobre aquele assunto. É o que confirma a pedagoga Adriana Zampieri, que utiliza em casa os livros digitais para estimular a filha de 7 anos, a ler. “Nós usamos os livros físicos como base principal, acho que essa prática não pode se perder, mas procuro sempre complementar os estudos com os livros digitais, pois está mais próximo do universo dela, é interativo, e é um estímulo bom, se for utilizado da maneira certa”.
Reprodução Logo Olimpíada
sem”, disse a professora de matemática Sonia Aparecida Batista da Escola Professora Esther Medina. A Olimpíada tem a primeira fase onde todos os alunos da escola inscrita participam. A segunda fase já ocorre em outra escola apenas para os que passaram para a segunda fase que acontece no final de semana e no final do ano. A instituição que o aluno estuda se responsabiliza pela primeira fase, orienta e aplica a prova. Já a segunda fase o professor pode orientar os alunos que passaram com ajuda da bibliografia disponível no site da OBMEP e passando exercícios para eles fazerem em casa. “Já participei algumas vezes das Olimpíadas de Matemática e mesmo que a prova não interfira na nossa nota sempre é uma tensão muito grande, pois sabemos que estamos competindo com os colegas e concorrendo a uma série de prêmios que serão muito importantes para o nosso futuro”, disse Eduarda Rodrigues Vieira aluna da escola Professora Esther Medina. A Olímpiada tem três níveis. Nível 1 - sexto e sétimo ano do fundamental. Nível 2 - oitavo e nono ano do fundamental. Nível 3 - qualquer ano do ensino médio. Os professores também recebem prêmios, aqueles que tiverem mais alunos que passarem para segunda fase, são premiados desde que sejam indicados pela escola e tenham vinculo com no mínimo dois alunos. Os prêmios podem variar entre medalhas de ouro, prata e bronze, e Certificado de Menção Honrosa. Eles também concorrem a bolsas de estudo em um curso de Matemática, o número de prêmios distribuídos vai de acordo com o número de inscrições como o das escolas privadas costumam ser menor são sorteados um número menor de medalhas e certificados.
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Medos e Fobias
Não adianta correr, eles existem! Conviver com eles é uma superação diária, queira você ou não Murilo Cruz | mfcruz16@hotmail.com
Psiquê confusa, perigo por exposição, apreensão ou até mesmo um simples mau pressagio, transformam o medo em algo real e bem mais forte do que se pode imaginar. Com isso, a enxurrada de sensações negativas afetam o seu corpo e a “luz” no seu painel de controle acende. Não se espante, é a adrenalina sendo liberada no sistema imunológico. Um hormônio capaz de bagunçar estruturas emocionais quando somos colocados à prova. Quase sempre nosso batimento cardíaco fica desordenado e os reflexos aparecem nas mãos, olhos e até nas axilas de algumas pessoas. Os pavores mais conhecidos são: de barata, rato, aves, fantasmas e dos bichanos.
Porém, palhaços, dentistas e aeronaves não ficam de fora da lista dos mais conhecidos. Em alguns casos o amedrontamento é tanto que precisa ser tratado com terapia e ajuda medicamentosa. Outra faceta do problema é a angústia, que se camuflando entre o sentimento de dor e desconforto. Tem ligação direta com a depressão, assim como a psicose. Inclusive Freud em seus estudos, levantou que estes fatores são determinantes para justificar o estado alterado de comportamento. “Muitos pacientes me procuram a fim de vencer o medo ou qualquer outro sentimento conflitante. Mas para isso acontecer a pessoa tem que estar disposta e, disposi-
Pavor das agulhas
ção não é só vir aqui falar do problema. É um trabalho diário feito. Com atitudes mais positivadas e a percepção do papel da pessoa nesse universo.”, comenta Maria Valéria Castanho, psicóloga. Já a fobia extrapola qualquer barreira da psiquê. Se levada ao máximo interfere no comportamento do sujeito mudando sua rotina e impedindo que suas atividades sejam cumpridas como o habitual. Segundo estudo feito por Paulo Dalgalarrondo, médico e doutor em Psiquiatria pela Universidade de Campinas: “as fobias são medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real “O que é isso? É o medo irracional ou em excesso de agulhas, alfinetes ou injeções. Certas pessoas têm uma fobia maior por algum dos objetos pontiagudos citados. Eu tenho de todos. Tatuagem? Jamais! Minha família e amigos achavam que era frescura. Quando tinha que tomar injeção, vivia ouvindo “é só uma picadinha, não vai doer”, mas doía e muito mais do que eles imaginavam. Meu coração acelerava, faltava o ar, a visão ficava tur-
Temor de cair dos céus Luciana Antunes Moraes, 30 anos, é aerodromofóbica Elisabete Pereira | bete.silva_bete@hotmail.com
Logo após essa experiência e outras esporádicas viagens aéreas, passei a perceber que desde o instante em que chegava ao aeroporto subitamente começava a sentir-me visivelmente desconfortável. Cada vez que ouvia no saguão de espera o chamado para me dirigir a aeronave, meu coração denunciava impulsivamente o desejo de sair pela boca, acompanhado de estranho nervosismo e mal-estar
gastrointestinal. De modo que, simultaneamente sustentar as bagagens que levava se convertia duramente em difícil tarefa. Minhas mãos igualmente suavam e tremiam. A princípio achei que não devia me preocupar e que certamente com o tempo esses sintomas de pré-voo diminuiriam ou poderiam ser controlados. Contudo, nada surgiu como o esperado. Anos depois, padecia do mesmo mal. Agora estou diagnosticada com aerodromofobia. Uma síndrome do pânico associada ao inesperado ou frequente pavor em usar dos meios de transportes aéreos, na maioria dos casos, voar de avião. Essa descoberta não apenas me fez buscar tratamento, por concluir que quanto mais viajasse de avião, consequentemente que mais estaria me expondo a constante probabilidade de morrer. Do mesmo modo, interferiu drasticamente na minha rotina de vida profissional e, sobretudo, pessoal.”
Aversão
aos locais fechados Juliane Teixeira, 26 anos, é claustrofóbica Aline Freire | freire.aline@gmail.com Beatriz Ebizerro
Juliane enfrenta a claustrofobia há dois anos
“Muita gente acredita que a claustrofobia é apenas reflexo de trauma, mas eu nunca tive nenhuma situação assim. Ela, muitas vezes, aparece quando suprimimos alguns instintos e vontades internas. Comigo foi assim, sempre odiei lugares fechados, como elevadores, provadores, mas não pensava que era isso, pensava que era por ser obesa.
ça emocional é coisa séria. Todo mundo tem alguma gaveta que não quer enxergar, mas não adianta, uma hora ela não vai fechar”, arremata Felipe Oliveira, psiquiatra. Os traumas se-
guem a escala de enfermidades psíquicas e precisam ser cuidados com um pouco mais de atenção. Porque, sua reativação é feita de forma mais acelerada pela mente do indivíduo.
Bruna Baptista| bruna.g.b@hotmail.com
Lívia Santanna, 25 anos, sofre de aicmofobia
“Meu precoce e também inexplicável medo de voar, começou a se desenvolver no período das férias escolares, na fase da pré-adolescência em uma viagem com a família ao Japão. Antes mesmo de embarcar, já sentia inquietude e ansiosa vontade de pisar na terra, embora sequer houvesse sequer saído dela. O que de certa forma pode justificar o desencadear desse receio.
oferecidas pelos desencadeantes, chamados de objetos ou situações fobígenas.” Os distúrbios mais comuns são: Agorafobia (medo de sair de casa e/ ou de lugar tumultuado); Fobias sociais (medo de se expor perante ao público); e os Transtornos do pânico (ataques recorrentes de ansiedade). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse tipo de repugnância pertence à ordem dos transtornos neuróticos, configurados pelo stress e somatória dos problemas. “Não tratamos com importância certos assuntos ligados ao mundo das emoções e por isso ficamos cada vez mais doentes no corpo físico e mental. Doen-
Com o passar do tempo só foi piorando, especialmente, nos últimos dois anos. Tenho uma crise ao menos uma vez por semana, algumas tento controlar, pois, apesar do mal estar, tenho que aprender a conviver. A sensação é horrível, rostos e vozes perdem a nitidez, paredes encolhem, parece que vão me caçar. O calor fica insuportável, mas eu estou gelada.
Sempre fico desesperada em túneis, no metrô evito olhar a janela. Já em carro ou ônibus fico sempre na janela, e toda aberta. Caso contrário perco o ar. Tive uma crise dentro do metrô. Estava com uma amiga, olhei para ela e só conseguia dizer: não consigo respirar! Sentia como se fosse morrer e estivesse prestes a ser enterrada, não sei de onde veio tudo aquilo. Em poucos segundos, meu rosto inchou, fiquei roxa, não conseguia parar de chorar de medo, e o ar não vinha. Geralmente, percebo quando a crise vem, o problema é quando aparece do nada. Com relação a tratamentos, vi sobre antidepressivos, mas me nego a tomar drogas, não confio nesse tipo de medicamento. Prefiro ir levando, nada vai mudar isso, e além do mais, tenho gente boa ao meu lado.”
va, começava a suar, a boca ficava seca e já cheguei até a desmaiar só de pensar naquela agulha entrando na minha veia. Era agonizante. Um o dia peguei hepatite B e fiquei muito mal. A partir daí, fui aconselhada pelo médico a tomar o restante da medicação e forçada pela minha mãe a completar minha carteira de vacinação. Foi horrível! Certa vez, passei tão mal que resolveram me encaminhar para um psi-
cólogo, afinal não era mais criança para sentir tanto medo de agulha. Ele me esclareceu sobre a real existência da aicmofobia. Não me senti tão estranha e me dispus ao tratamento. Um dos métodos é a dessensibilização sistemática que envolve a exposição gradual às agulhas. Acredita-se que com a repetição e a prática, o processo de tomar uma injeção perca o seu poder de ‘causador de ansiedade’. No entanto, não deu certo comi-
go, parecia uma sessão de tortura ter que me submeter a agulhas toda semana. Antes mesmo de chegar ao consultório, já começava a dar indícios de pânico. O procedimento que me ajuda nessa superação é a yoga e métodos de meditação que buscam modificar o foco do medo. Não me considero completamente “curada”, mas consigo me controlar na hora da picada e não passar mal como antigamente.”
Cachorro é
apavorante Renata de Albuquerque, 40 anos, tem cinofobia Julio Cezar Green | juliocezarng@hotmail.com
“Sou jornalista e sofro um transtorno, um medo incontrolável, doentio, que me paralisa. Mas não significa que quem tem cinofobia não gosta de cachorros, na realidade, simplesmente é impossível conviver com eles. Quem tem esse problema sofre muito preconceito, especialmente porque hoje em dia muitas pessoas acham que cães são membros da família e os levam a festas, shoppings, eventos sociais, restaurantes, como se os animais não pudessem ficar sozinhos em casa. Há muitas passagens da minha vida marcadas pela cinofobia. A primeira experiência, quando tinha por volta de 8 ou 10 anos. Foi aprender a ir de casa à escola, uma distância de poucos quarteirões,
Maior
atravessando a rua em ziguezague para não passar em frente aos portões das casas que tinham cães. Já deixei de frequentar a casa de uma pessoa porque ela não admitia meu limite. Já fui embora da festa de aniversário de um amigo porque um parente dele trouxe o cãozinho para parabenizar o aniversariante. O pior, para mim, é saber que muita gente prefere cães a pessoas. Muitos cinofóbicos são impedidos de frequentar a casa de pessoas da família e de amigos porque não respeitam nosso problema, ou desdenham de nossa fobia. Antigamente, eu me sentia culpada por não conseguir
conviver com cães. Mas hoje conheço meu limite e sei que quem gosta verdadeiramente de mim respeita meu medo. Tenho tido contato com algumas opções de tratamento, desde hipnose até terapia convencional, incluindo medicamentos. Mas, em qualquer deles, é fundamental ter apoio da família e dos amigos.”
pesadelo
Maria Helena Cardoso dos Santos, 48 anos, tem pavor do escuro Rosali Barreto | rosali.fbarreto@gmail.com
“De tão apegada que fui a minha mãe, me criei assim, medrosa. Eu não me vejo um segundo se quer sozinha, principalmente à noite. De dia me sinto forte e corajosa, mas quando escurece não sou ninguém. Às vezes, quando fico sozinha, preciso ir à rua para me sentir em companhia. Sei que em casa que estamos seguros, mas na escuridão da noite o perigo é a solidão. Eu sempre fui assim, medrosa, desde criança. Eu morava num lugar no meio do mato, a cidadezinha sem iluminação, a que tinha era através de candinheiros. A noite sempre foi relacionada a algo ruim, algo assustador. Meu filho já deixou de ir pra balada pra ficar comigo, pois meu marido estava trabalhando até mais tarde e o
pavor tomou conta de mim mim. Mas confesso que tenho só de me imaginar sozinha. É dúvidas se vou conseguir, sei triste, muito triste. lá, já vivi todo esse tempo asO silêncio da noite me sim, por que não viver dessa incomoda, quando vai escu- maneira? Uma coisa é certa, recendo vai me dando um ficar sozinha jamais.” pavor. Durante o dia eu fico Rosali Barreto pensando que serei forte dessa vez, que vou chegar em casa e não ter medo. Eu diria que esse medo não é uma doença, mas também não é algo normal. Minha família me incentiva ao tratamento, mas eu não sinto necessidade, pois eu acho que nunca vou ficar sozinha, eu acho né. Todos os dias eu peço a Deus, para eu melhorar. Para Ele tirar esse medo de Maria sente desespero ao anoitecer Jornal Jornal Expressão Expressão
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Medos e Fobias
Labirintos mentais: como solucionar? Beatriz Olivetti | beatriz-olivetti@hotmail.com
Isis Marafanti é formada pela Faculdade de Medicina do ABC e especialista em psiquiatria pela Santa Casa de São Paulo. Atualmente trabalha na Clínica Mente Viva, na capital. Ela trata de casos de fobias e medos e conversa com o Expressão sobre a identificação, o diagnostico e o tratamento. Expressão: Como surge uma fobia e qual sua principal característica? Isis Marafanti: A fobia é traduzida como um medo de alguma coisa, mas acaba sendo um medo exagerado, que é desproporcional. Exatamente como ela surge não se sabe. Mas sabemos que
algumas situações desencadeiam a fobia. Expressão: Qual é a fobia mais comum. Como é seu tratamento? Isis: A mais comum é a chamada fobia social. Por exemplo, são aquelas pessoas que têm pânico de falar em público. Então, ela pode
ser generalizada por qualquer situação popular, que desperta esses sentimentos ou ela pode ser uma pouco mais específica. O tratamento tem dois pilares: a parte dos medicamentos e o outro psicoterápico assim se espera respostas nos primeiros meses de tratamento com o empenho da pessoa. Expressão: É provável que o medo crônico cause alguma doença, como depressão? Isis: O medo em si, é uma resposta indutivamente selecionada que nos foi
Sinal vermelho Adriano Amaral, 23 anos, sofre de hematofobia Eduardo Guzzardi | eduguzzardi@hotmail.com Reprodução
“Sofro desta fobia desde que me entendo por gente. Anos depois, ainda não aprendi controlá-la, pelo contrário, acredito que atualmente é mais acentuada e as formas de se manifestar são muito mais perigosas à medida que fico mais velho. Não sei e nem procuro saber qual é a definição exata de hematofobia, prefiro poupar-me dos detalhes sórdidos e de mais ansiedades. A minha definição é: um mix de sensações como
fraqueza, ansiedade, terror e pânico toda vez que estabeleço contato visual com sangue. A hemafotobia claramente tem consequências psicológicas no meu dia a dia, me condicionando a reagir da mesma maneira em momentos específicos. Também tem um impacto físico bastante claro que só as pessoas que sofrem do problema vão saber reconhecer: mãos dormentes, pele gelada e tonturas exageradas são alguns dos horríveis sintomas.
Sempre fui apaixonado por culinária e me via dividido entre meu sonho e meu medo, mas mesmo assim decidi iniciar a faculdade de gastronomia. Lembro que me sentia muito mal com todas aquelas facas em sala de aula. Morria de medo de me cortar ou de algum colega sofrer um acidente e eu ter que ver sangue, e por isso, sempre trabalhei com o máximo de cuidado possível. Pode soar como frescura ou algo patético para quem vê de fora e não tem este tipo de fobia, mas para nós, é realmente humilhante não ter a capacidade de controlar essa sensação e se manter equilibrado. Todo dia é uma grande batalha para eliminar esse medo. Uma boa conversa com um médico especializado aliado a tratamento adequado podem ajudar a eliminar este tipo de medo, para pelo menos levar uma vida sem grandes problemas, assim como eu.”
preparada para responder as ameaças. Agora, quando este medo passa a dominar nossas sensações, agimos só em função dele. Com isso, ele pode ser um grande desencadeador de doenças mentais. Quando ele vira a regra e não um estímulo, o medo nos domina. Expressão: Por que uma pessoa isolada por causa de transtornos sofre preconceitos? Isis: O isolamento é um sintoma como muitas doenças psiquiátricas. O que a gente sempre como psiquiatra tem
que entender, se é algo voluntário, para também não correr o risco de confundir com uma característica da pessoa. Expressão: Quando uma pessoa detecta que é preciso se tratar da fobia? Isis: Diante de uma disfunção de algo que começa a prejudicar. Isso faz com que essas pessoas procurem ajuda. Não são todos os pacientes que nos procuram que estão em um grau mais grave. Às vezes, o que acontece é que a pessoa leva uma situação por mui-
to tempo e não sabe que isso está prejudicando. Expressão: Qual a chave entre fobia e medo. Como você trata um paciente na clínica? Isis: A grande ligação é que a fobia é um medo exagerado, desproporcional. Ela é o que torna o medo patológico. É comum ter medo de alguma coisa. Mas o medo não nos limita, ao contrário, ele é uma resposta fisiológica importante que deixa a gente esperta. E na clínica tratamos tanto com remédios como com seções de terapia.
Onde há fumaça, há fogo Wagner Gabriel, 31 anos, desenvolveu pirofobia ainda na infância Tatiane Gomes | gomesrodrigues1995@hotmail.com
“Era noite de 24 de setembro de 1996. Todo mundo aqui em casa já dormia, pois todos nós havíamos desfrutado de uma grande festa em comemoração pelos meus 10 anos. Foi um momento de muita alegria em família, mas ninguém imaginava que aquele seria o último. Minha mãe tinha o costume de sentar ao lado da minha cama, apagar a luz e colocar uma pequena vela acesa no criado mudo, enquanto me contava uma história até que eu pegasse no sono. Assim que eu dormia, ela me deixava ali, sendo iluminado e aquecido pela vela. De repente, me assusto com algo quente em meu cobertor. Acordei e logo vi que a vela queimava o tecido e as chamas chegavam perto de mim. Saí da cama e, chorando muito, gritei por meus pais, que invadiram meu quarto tentando de todas as formas apagar o fogo, que já alastrava e destruía tudo.
Após 40 minutos, o fogo cessou. Meus pais tentavam algum contato comigo, mas meu desespero era maior que tudo. “A gente chamava seu nome, pedia para você falar algo, mas só quando o dia amanheceu que você se acalmou e explicou que a vela estava queimando o seu cobertor”, dizia minha mãe. Desde então, tomei um medo mórbido pelo fogo e por tudo que se relacionava a ele. Por conta desse medo, acabei desenvolvendo TOC. Por exemplo, quando saio para trabalhar, sempre verifico se o gás ou o fogão estão desligados e criei uma rota de fuga nos lugares que eu mais frequento, como a casa de meus pais, da minha namorada e em meu trabalho.
Tatiane Gomes
Não comemoro nenhum aniversário. Nem o meu e nem de pessoas próximas a mim, pois só o pavor de ver uma vela acesa perto de mim, me deixa com calafrios, e acabo desmaiando. Tenho pesadelos, nos quais sinto estar morrendo asfixiado pela fumaça de um incêndio. Mesmo com esse tumulto emocional, isso não afeta totalmente a minha rotina. Consigo trabalhar, estudar e cuidar de meus filhos normalmente. Desde que não tenha nada ligado a fogo, está tudo certo.”
´ Silêncio frio e Lágrimas por trás do humor fUnebre Laís Oliveira, 19 anos, estudante de Pedagogia tem coulrofobia Jennifer Leite | jenni_ld@hotmail.com
“Eu adoro ficar entre amigos, participar de brincadeiras e dar boas risadas. Mas essa alegria é interrompida rapidamente quando tenho contato com um palhaço. Torna-se, na verdade, desespero. Não me lembro de uma data quando tudo começou. Eu não gosto das brincadeiras, nunca gostei. Evito ficar perto, desde sempre. Quando eu era criança todo mundo levava isso como um medo qualquer, que passaria com a infância. Mas com o tempo, meus pais, principalmente, perceberam que era mais do que isso. Eu não podia ver filmes, desenhos, bonecos, ou o que fosse. Imagine só dar de cara com um deles na rua? Por vezes me senti envergonhada em ter que sair de um lugar porque vi um palhaço, mesmo que de longe. Lembro de uma vez, em
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um teatro, que não me levaram a sério. Um palhaço entrou em cena e eu entrei em desespero, queria levantar para ir embora. Mas começaram a rir de mim e me seguraram, como se não acreditassem no que eu estava sentindo. Foi horrível, eu chorava muito porque não queria estar ali.
O pior de tudo é ter que assumir ou fazer com que meus parentes, amigos e, até mesmo, meu namorado, entendam que isso é mais que um medo qualquer. Não adianta pedir que eu fique no mesmo lugar que um palhaço. A ideia de tentar tratar essa fobia nunca passou pela minha cabeça. Na verdade, é vergonhoso ter que assumir o medo de algo que, para alguns, é um personagem infantil. Ninguém nunca me incentivou também. Acho que o fato de eu não ver palhaços todos os dias ajuda, mas também me dá certa vergonha de assumir que tenho medo. Eu acredito que nunca vou ter coragem de procurar um especialista para um tratamento, porque acho que vão me forçar a tentar contato com o que eu não quero. Eu não lido com os palhaços. Simplesmente não chego perto deles.”
Pesadelo social Renata Scalabrini enfrenta crises de pânico Matheus Fernandes | matheus.fs43@gmail.com
“Desde os 6 anos, questionava muito. Lembro-me que certa vez, perguntei para minha mãe se o diabo existia. Era uma garota ansiosa, que sempre buscava as respostas para questões que deixavam os adultos de cabelo em pé. Por algum motivo, minha mãe e meu pai viram um problema comportamental nisso, e logo cedo passei a frequentar o divã.
O problema é que, se a resposta não me satisfazia, eu perdia o interesse. Se fosse fazer algo, aquilo deveria fazer sentido. Se não fizesse, logo deixava de lado. Essa ansiedade aumentava aos poucos. Ansiava pelo desconhecido, e as borboletas no estômago transformavam-se em uma manada de elefantes. No último ano do ensino médio, toda essa aflição desencadeou uma série de crises de pânico. Jornal Expressão
Os sintomas eram tão intensos que eu chegava a desmaiar. Precisei esperar três anos para poder entrar na faculdade. Graças a minha essência questionadora, entrei no curso de jornalismo. E durante minha jornada no ensino superior, a síndrome foi uma ingrata companhia. Prejudiquei-me social e academicamente. Em alguns momentos, ir para faculdade era um tormento.
Marcílio Souza, 26 anos, e sofre de tanatofobia Guilherme Medeiros | gui_lavigne@yahoo.com.br
“Para mim, os motivos que beiram a vida e a morte são complexos e sempre gerou longas discussões em família. Somos crédulos na religião, mas continuo com medo excessivo da morte. Só de pensar em muitos casos que vivi, tenho pavor. Torna-se um assunto indesejável em qualquer lugar que eu esteja. Recentemente descobri que há diagnóstico e explicação: Tanatofobia. A tanatofobia é definida como temor doentio da morte e sua origem tem ligação direta com o mito grego Tânato. Eu acredito piamente, pois é uma das sensações que sinto ao ser comunicado do falecimento de amigos, parentes e familiares. O doido é pensar que essa extrema aversão à morte,foi registrada em estudos e relatos de centenas de pessoas
Precisava ir de metrô, o que em horário de pico, torna-se um pesadelo. Todas aquelas pessoas, num espaço tão pequeno, fazem qualquer um pensar duas vezes antes de encarar o primeiro vagão que estaciona na plataforma. No meu caso, pensava uma, duas... mil vezes! Esperava o mais vazio para embarcar. Porém, havia dias em que não podia esperar. No caminho para a aula, percebo que meu coração estava um pouco mais apressado do que o normal. A respiração também acelerou, e logo tudo piorou. Procurei o remédio na bolsa, e no desespero, não consegui encontrar. Foi uma das minhas piores crises.
que sofrem do mesmo problema. A presença ou ausência da fé cristã não define essa patologia. Sou criticado por crer em Deus e temer a morte ou sua possível aproximação. Tenho uma preocupação rígida com a saúde e isso virou uma preocupação para quem convive comigo. Não vou a velórios ou missas de sétimo dia dos meus entes queridos. Prefiro ficar em casa, longe de qualquer contato fúnebre. Acho horrível a transmissão de funerais, como a do Michael Jackson, meu ídolo eterno. Cheguei a ler também que o psicólogo Jonathan Jong, afirmou que quem sofre de crises existenciais são pessoas propensas a alongar o
Guilherme Medeiros
medo da morte. infelizmente concordo, pois vivo isso. A angústia também me consome. A morte como o fim do ciclo da vida, deveria ser compreendida como o estudo dos seres vivos na escola, com a limitação à imortalidade. E é por isso que a essa fobia é tratada com prudência, tamanha é sua complexidade e como afeta a vida de seus dependentes.”
Matheus Fernandes
Aos poucos aprendi a controlar melhor. Se a pessoa não entendia pelo o que eu passava, procurava me afastar dela. Fui me cercando de coisas e pessoas que me faziam bem. Realizei uma viagem para a Rússia, fiz amizades que estão comigo até hoje e consegui o diploma de jornalista. Aprendi que não deveria mudar minha personalidade, pois existiam pessoas que nunca entenderiam Crises de pânico atrapalham Renata meu problema.”
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Vício em tecnologia pode gerar complicações
Você já imaginou passar um dia sem se conectar ao mundo virtual? Se não, pode ser uma vítima do transtorno de ansiedade por excesso de informação Vitor Almeida | vitor_vilarosa10@hotmail.com
O termo “desintoxicação digital” refere-se ao ato de permanecer “off-line” das redes e levar uma vida sem tecnologia, ou a utilizando o mínimo possível, tendo controle de horários e não cometendo nenhum tipo de excesso que possa causas transtornos físicos ou psicológicos. Grande parte da população não percebe ou não se importa com o uso excessivo de smartphones, tablets e demais aparelhos. O ser-humano adotou a tecnologia como um complemento da vida social, acarretando na perda constante do mundo físico para o mundo virtual. “Com o fácil acesso à internet e redes sociais, algumas pessoas substituem as situações de vínculos próximos e reais para vivenciar o virtual, o que pode ser prejudicial para os seus relacionamentos. É necessário buscar o equilíbrio para não cometer certos exageros e não transformar o virtual em uma compulsão”, explica a psicóloga Josiane Cândido. Esses sintomas são provenientes do transtorno de ansiedade por excesso de informação, comumente conhecido como “ansiedade digi-
tal”. Após o diagnóstico – que pode ser obtido com terapeutas especializados, psicólogos, médicos ou até mesmo após uma auto avaliação, é necessário uma mudança no estilo de vida, deixando de priorizar o mundo virtual em detrimento do mundo físico, e fazendo justamente o contrário. A desintoxicação pode se tornar necessária quando o indivíduo se dá conta de que não consegue viver sem meios digitais. Alguns sintomas residem em sentir frustação por não manter-se atualizado, saber pouco de determinado assunto ou receber notícias com atraso e sentir-se estressado ou cansado com a necessidade de absorver e manter tanta informação durante um longo período de tempo. “Definir horários para utilização da internet, desligar o celular ou deixar no silencioso enquanto realiza atividades em grupo, ler livros, praticar atividades físicas e não checar mensagens a todo instante são algumas medidas a ser tomadas com o intuito de diminuir a dependência em redes sociais”, aconselha
o psicólogo Eduardo Guedes, pesquisador do “Instituto Delete” - especializado em tratamento do uso consciente da tecnologia. O pesquisador defende que precisamos nos desconectar do mundo digital para alcançar produtividade e uma saúde sempre próxima do ideal. “A desintoxicação é importante pois ajuda o paciente a recuperar o equilibro, sendo assim, quando retornar as atividades do cotidiano estará pronto para manter relações avidas e benéficas”, sentencia Eduardo. Em 2012, um americano que trabalhava 70 horas semanais até ser hospitalizado por exaustão, criou sua própria empresa, com a ideia de organizar retiros de descanso e meditação para ajudar as pessoas a se desconectar da tecnologia. Após a criação de tal instituição, a Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, incluiu em seu dicionário, um dos mais renomados da América e do mundo, o termo “desintoxicação digital”, tendo aí dado início a globalização do termo e de seu diagnóstico e tratamento.
Vitor Almeida
Ansiedade virtual afeta jovens usuários de smartphones
Moradores criam sistema alternativo de transporte Criada há pouco mais de 3 meses, a UBRA (União da Brasilândia) tem cerca de 50 motoristas cadastrados e mais de 100 clientes fieis Antonio Sales | jor.antoniosales@gmail.com
Antonio Sales
Avilmar da Silva (centro) e sua equipe trabalhando na sede da UBRA
Coordenadas on-line Aprimore suas competências profissionais com o coach virtual Karla Nunes | karla_nunescarlos@hotmail.com
po, ou seja, com as redes sociais, o Coach e seu cliente só têm a ganhar, evitando atrasos por conta do trânsito, custo com transporte e até mesmo desconforto com um local inapropriado para o encontro. Em contrapartida, é possível encontrar dificuldades com o sinal da internet, falta de luz, entre outros imprevistos técnicos encontrados no ambiente da tecnologia. A inovação do serviço online do coaching é importante para cidades como a grande São Paulo, onde a correria é aliada das redes sociais, que facilitam o dia a dia do cidadão. Com a colaboração do cliente, o coaching trabalha para proporcionar o futuro ansiado. Depois das sessões é possível ter uma nova visão do mercado de trabalho e suas habilidades. Karla Nunes
O coach Diogo Moreira realiza seus atendimentos via Skype
50 motoristas cadastrados e mais de 100 clientes assíduos. Desde que o aplicativo Uber chegou no Brasil, em 2014, houve uma revolução na forma de se movimentar pelas mais de 45 cidades em que o app está conectado. Além disso, novas empresas surgiram e companhias de táxi tiveram que se adaptar. Segundo a empresa norte-americana, “locais específicos” têm ficado de fora da sua rota, por “questões de segurança”. E quem sofre com essa ausência, na maioria das vezes, são as periferias de São Paulo, como é o caso da Brasilândia. O gerente de vendas, Milton de Mattos, conta que não só ele, mas toda a família virou cliente da UBRA. “Utilizo quando viajo a trabalho, para ir a aeroportos ou algumas festas; (…) minha mãe utiliza para ir a médicos e laboratórios; minha filha de 15 anos, utiliza para ir a shoppings, casa de amigas e algumas festas também”. O atendimento é realizado através de Whatsapp e por um telefone fixo, que fica na central. Mas o negó-
cio tem tomado uma proporção que nem os próprios criadores imaginavam. Uma empresa de aplicativo de transporte já se mostrou interessada pela ideia da dupla, e vai hospedar o serviço na sua plataforma. “Nós não vamos perder este contato com o cliente, aqui a gente não fecha a corrida, pronto e acabou como a Uber, aqui a gente conhece a maioria das pessoas”, comenta Alvimar. Essa relação próxima com os moradores revela um diferencial e que explica a grande aceitação na região. O veículo da UBRA chega a esperar o cliente no destino por até 1 hora e meia e cobra apenas metade do preço na volta, e dependendo da necessidade, cobra-se somente a gasolina. A Prefeitura informou que tem o “interesse aumentar o número de empresas que operam na cidade”, mas que por enquanto o serviço prestado na Brasilândia está sujeito a “fiscalização e (...) apreensão dos veículos e multa”. Os criadores da UBRA afirmam que pretendem pagar todos os impostos para a regulamentar o serviço, se possível, ainda expandi-lo para outras comunidades.
Compartilhe e viva a revolução DIGITAL! Web e canais de vídeo segmentados contribuem para o alcance do movimento LGBT Otávio Santos | otavio_san@hotmail.com
Maior plataforma de compartilhamento de vídeos do mundo, o Youtube tem sido cada vez mais associado a ações que ameaçam sua proposta até então inclusiva. Popular entre canais engajados, a hashtag #YoutubeIsOverParty surgiu em 2016 após acusações de censura. O termo ainda foi reutilizado no primeiro semestre deste ano, quando uma série de vídeos relacionados ao público LGBT foi filtrado como parte de um conteúdo potencialmente inadequado. O site argumentou que a qualidade da ferramenta, conhecida como “modo restrito”, pode variar de acordo com possíveis particularidades culturais. A retratação, no entanto, não convenceu parte do movimento, que definiu as restrições como exceções de caráter ideológico, além de considerar a argumentação genérica. “O principal problema desse filtro é o recado que ele manda, se o Youtube classifica esse conteúdo como sensível, está nos dizendo que a discussão ainda é tabu. É como se dissessem: fique a vontade e use, mas será que você pode ficar ali no cantinho pra não pegar mal?”, comenta Xisto, responsável pelo canal homônimo, que destaca o cotidiano da pessoa transgênero não binária. O sujeito político do movimento civil LGBT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais
e transgêneros – esteve profundamente atrelado a diversas relações entre gênero e sexualidade, desde seu nascimento. Palco de toda essa pluralidade e da militância jovem, a web apresenta a ideia de possibilidade. Viabiliza o lugar de fala, além de democratizar o conteúdo e não limitar o espaço ou o tempo dessa fala. Na prática, esse espaço passa a ser ocupado gradativamente. Quem o produz passa a ser notado e torna-se líder de opinião, ou influenciador. Juntos, os campeões de audiência do segmento Luba TV, Põe Na Roda e Mandy Candy somam cerca de 490 milhões de visualizações no Youtube. Para Joely Nunes, criador do Afrontay, que aborda questões relacionadas às militâncias negra e LGBT, essa popularização não está diretamente atrelada a números ou qualquer tipo de alteração da proposta original de um canal: “O meu canal tem como proposta original falar sobre militância e um pouco da minha vivência como nordestino morando em São Paulo, mas não deixa de ser um projeto pessoal, sendo assim, está sujeito a al-
Jornal Expressão
gumas ou várias mudanças que não dependem do número de seguidores”, argumenta. Dar visibilidade e buscar proporcionalidade para minorias políticas já é uma realidade atribuída ao espaço virtual. Para Xisto, a resposta está na identificação, tanto para si quanto para o outro. “Isso me dá um lugar no mundo, um lugar que não é limitado e que pode se expandir à medida que encontro mais e mais pessoas”, completa.
Otávio Santos
As pessoas que procuram o coaching querem ajuda para escolher ou repensar um rumo para a sua carreira, melhor qualidade de vida, planejamento estratégico, habilidades com a comunicação, entre outros benefícios. Eles realizam um processo que ajuda tanto com propósitos profissionais, quanto pessoais. Estão preparados para ouvir, analisar e ajudar nas realizações de metas. “O diferencial do meu trabalho é que ele se adapta ao perfil da pessoa, realizo um atendimento personalizado. Estou junto com o cliente não apenas no dia da sessão. Durante a semana envio vídeos, consigo possíveis contatos para que a pessoa avance no seu objetivo e ao mesmo tempo em que realizo as sessões semanais, eu trabalho acompanhando e ajudando no seu dia a dia”, relata Diogo Moreira, formado pelo Instituto Brasileiro de Coach e criador da página do Facebook, Farol de Dentro. As sessões de coaching passaram dos encontros presenciais e hoje utilizam da internet, através do e-mail, do Facebook, do Skype e até mesmo do Whatsapp, para a transmissão de instruções que visam alcançar os objetivos do cliente. A publicitária Mônica Hirayama investiu no treinamento quando estava recém formada e desempregada. Na quinta sessão já tinha cerca de sete entrevistas marcadas e no oitavo encontro estava contrata. “Quando comecei o meu trabalho estipulava três meses para que a pessoa atingisse o seu resultado, mas 85% dos casos conseguiam em apenas dois meses. Hoje trabalho com o prazo de dois meses e também realizo uma sessão extra, um mês depois, para saber como anda a pessoa após o término das sessões”, conta Diogo. Utilizar internet oferece um contato que supera a distância e o tem-
Uma dupla de moradores da Brasilândia, Zona Norte da Capital Paulista, desenvolveu um sistema independente de transporte particular, a UBRA (União da Brasilândia). O nome, que faz analogia ao app Uber, veio com a promessa de suprir a ausência dos aplicativos das grandes companhias, além da má distribuição do transporte público na região. Alvimar da Silva, de 48 anos, trabalhou como motorista do Uber durante 4 meses, após a experiência, passou a oferecer o serviço sozinho no bairro. “Fiz 300 cartões, a pedido até de amigos meus, mesmo, e comecei a levar o pessoal pra balada, mercado, hospitais, sozinho, e a demanda aumentou muito. Foi aí que eu vi a necessidade”, conta. Criada há pouco mais de 3 meses, a UBRA tem sua sede na casa de Emerson Lima, vizinho e sócio de Alvimar. O escritório improvisado, aos poucos vai se expandindo para um segundo cômodo. Isso se deve ao sucesso que o serviço tem tido na comunidade. Hoje, a mini cooperativa já possui cerca de
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A arte de diagramar e planejar um livro Processos gráficos são essenciais para atrair a atenção dos leitores e possibilitar bom posicionamento mercadológico André Catto | andre.catto@hotmail.com
Imagens instigantes, cores consistentes e mensagens chamativas: seriam esses os principais aspectos para uma boa capa de livro? Talvez, sim. Isso porque as duas últimas capas vencedoras do Prêmio Jabuti – a mais tradicional premiação para livros no Brasil – possuem tais características. Em 2016, o prêmio chegou à sua 58ª edição e teve como vencedores nas categorias ‘Capa’ e ‘Projeto Gráfico’ os livros “O Gigante Enterrado” e “Capas de Santa Rosa”, respectivamente. Em 2015, a obra vencedora na categoria ‘Capa’ foi “Freud e a Narrativa Paranoica: Schreber Revisitado”; na categoria ‘Projeto Gráfico’ foi “Livros dos Ex-Líbris”. “Com o passar do tempo, aspectos visuais tornaram-se cada vez mais importantes para a produção de livros, especialmente por causa da atratividade. Além de jornais e revistas, que costumam contar com diversos recursos gráficos para chamar a atenção dos leitores,
Ao alcance das mãos Deficientes visuais contemplam obras com ajuda de audiodescritores Pablo Alberto | pabloalberto91@gmail.com
A profissão de guia-interprete só existe graças ao público interessado, como é o caso do aposentado Antônio de Azevedo que, apesar de não ter a visão desde o nascimento, possui uma enorme paixão pela arte: “Sempre que possível visito museus e mostras de arte, buscando sentir a arte. Infelizmente não são todos os locais que possuem o guia-interprete, até por isso quando encontro eventos com esses profissionais vou correndo conhecer, pois é sempre uma experiência maravilhosa ter alguém que domine sobre o assunto e possa me transmitir cada detalhe”, exaltou o aposentado. Antônio ainda faz questão de ressaltar a experiência que obteve na Pinacoteca São Paulo onde existe uma
galeria tátil, para que o deficiente visual possa sentir a obra: “O tato é fundamental para nós, cegos. Sentir a arte faz com que aquele velho jargão o que os olhos não veem o coração não sente, mude. Tocar algo histórico fez o meu coração sentir muita emoção”, afirma. Apesar de ter alguns espaços a disposição, o público com deficiência visual precisa que os governantes os enxerguem, aumentando a acessibilidade em todo canto, seja transportes, parques, praças ou qualquer outro espaço público facilitando a presença de deficientes em todos os locais, a falta de visão ou de qualquer outro sentido não pode isola-los da sociedade.
livrosepessoas.com
A linguagem em braile é comum nos museus em SP
“
... cada detalhe é importante no momento da criação Sirlene Nascimento
teúdo logo de cara. Convida e introduz o leitor ao universo da história em que está prestes a mergulhar. Além disso, acaba sendo uma ferramenta mercadológica”. Para a produtora gráfica Sirlene Nascimento, a capa do livro “O Gigante Enterrado”, vencedora do Prêmio Jabuti de 2016, é objetiva e contém uma “belíssima” unidade. “Apesar de parecer uma capa simples, a imagem icônica de uma árvore utilizada para compor a capa é bem forte. Também é muito interessante a fonte utilizada para o título. Tudo parece ‘conversar’. Por isso, cada de-
talhe é importante no momento da criação”, afirma. Segundo o estudo Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro, realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o Brasil produziu quase 500 milhões de exemplares para vendas em 2015, distribuídos em cerca de 52 mil títulos e obras distintas. Trata-se de uma grande evolução desde o surgimento da Prensa Móvel (técnica de impressão que marca o início da produção em massa de exemplares), criada pelo alemão Johannes Gutemberg, ainda no século 15.
DC Comics e o Hype que gera nos fãs Fãs aguardam pela estreia de Liga da Justiça nos cinemas Rafael Batista | rafa_sis@hotmail.com
“Estou ansioso demais por este filme que trará meus heróis favoritos da infância, como Batman, Superman, Mulher Maravilha, Flash, e espero que o Lanterna Verde também. Eles faziam minhas manhãs antes da aula valerem à pena”, comenta Francisco Assis, estudante de Rádio e TV de 22 anos. Assim como Francisco, muitos fãs dos quadrinhos estão passando por este Hype em torno do mais novo filme da DC Comics: Liga da Justiça, que dará continuidade ao universo estendido de filmes envolvendo heróis da produtora. Mas o que é Hype? É uma gíria que se origina dos EUA que representa uma imensa promoção a respeito de algum conteúdo, que usa de emoções como a nostalgia ou empolgação do público para que a massa esteja com o assunto na ponta da língua. “Super Hype” representa a emoção dos fãs No caso do longa-metragem dirigido por Zack Snyder, o que atinge aos fãs brasileiros, a maior bilheteria de estreia nos cinemas do Brasil mais do que no restante do mundo, é um dese- até o seu lançamento. nho animado dos anos 2000, que recheava as Foram R$ 40,6 milhões arrecadados entre o manhãs das crianças e adolescentes que esta- período do dia 24 ao dia 27 do mês de abertura, sevam a caminho da escola. O desenho foi trans- gundo dados da comScore. “A crítica especializamitido no SBT (Sistema brasileiro de televisão) da massacrou o BvS, mas não há como negar que o entre 2002 e 2013 e teve uma continuação inti- filme é mais das umas obras de arte do Snyder, nos tulada Liga da Justiça: Sem limites, trazia uma mesmos moldes de Watchmen ou 300. Acostumagama maior de heróis às telas do canal aberto e dos com os filmes da Marvel que sempre trazem da emissora fechada Cartoon Network. muito humor e cenas coloridas, o enredo profundo A animação foi um sucesso em críticas e tom sombrio do filme não agradou a todos, mas mundo afora, muito pelo visual e pelos arcos os fãs se sentiram lisonjeados com tal obra. Tanto que eram divididos por diversos episódios. O que esperam ansiosamente por Liga da Justiça, que Filme de Snyder é aguardado pelos fãs desde seguirá na mesma direção”, diz Yuri Cavichioli, que Batman VS Superman (também do reno- crítico no site Tudo sobre Cinema. mado diretor) deu continuidade ao universo esA Warner Bros está se aproveitando deste Hype tendido da DC nos cinemas e apresentou Hen- e a cada lançamento é gerado mais lucro para a ry Cavill como Superman, Bem Affleck como empresa. Mexer com sentimentos é uma das chaBatman e Gal Gadot como Mulher Maravilha. ves para o sucesso de um filme, mas neste caso, a O filme ainda conta com Ezra Miller como o nostalgia gerada pela produtora e pelo diretor Zack Flash, Jason Momoa como Aquaman e Ray Fi- Snyder pode alavancar números monstruosos de sher como Ciborgue, completando o rascunho bilheteria, igual seu antecessor Batman VS Superinicial da Liga da Justiça. Apesar das críticas man que é amado e comentado até hoje pelos fãs ao filme que estreou em março de 2016, ele foi da DC Comics.
Rafael Batista
O Brasil conta com 3,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência visual, dessas, aproximadamente 53 mil possuem a cegueira, de acordo com o Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O distúrbio ocular causado por diversas doenças poderia afastar esse público de museus e mostras de arte, mas existem profissionais que possibilitam e levam imagens à realidade dos deficientes. Fernando Silva tem 28 anos e desde os 24 é audiodescritor. O jovem que se dedicou ao estudo de libras ainda na adolescência por conta da cegueira do seu pai e encontrou em museus e mostras de arte uma forma de continuar ajudando quem não enxerga. “Ser guia-interprete me realiza profissionalmente e emocionalmente, já que diariamente sinto uma enorme ligação com o meu pai, já falecido, a pessoa que fez com que eu aprendesse libras”, diz emocionado Fernando. O guia destaca a importância da sua função no mundo de quem não enxerga: “Enquanto estou guiando procuro não deixar passar nenhum detalhe, explorar ao máximo o que está sendo retratado, exposto ou esculpido. Busco me colocar no lugar do meu público e expressar cada cenário”.
os livros também passam por grandes processos de arte e produção”, diz a designer gráfica Camila Costa. De acordo com ela, a diagramação de um livro começa, geralmente, com a criação de um projeto gráfico, que estabelece o padrão estético da obra. A designer ressalta, entretanto, que antes das definições dos tipos de fonte, tamanho, margens etc., é preciso escolher o formato do livro físico em si, ou seja, quantos centímetros de largura e altura o material vai ter. “Se for considerar a produção de um livro desde o início, as etapas de edição e preparação de conteúdo demandam mais tempo. No sentido da concepção do projeto, a etapa mais longa é a de criação e produção gráfica, que muitas vezes caminham juntas para a obtenção do melhor resultado do projeto”, ressalta Camila. Segundo a designer, a capa é uma das partes mais importantes de um livro, já que se trata da porta de entrada para o leitor. “Geralmente, ela trás o tom do con-
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Nos bastidores: o nascimento de um ator Ricardo Rossini | ricardo_rossinijr@hotmail.com
Formado em Artes Cênicas e Rádio e TV, Thiago Dombidau iniciou seus estudos em teatro em 2002. Fez parte do grupo de atores da Cia e desde 2013 assina a direção artística e cuida das aulas de interpretação do Centro de Pesquisa de Teatro Musical. Em 2017 fundou a Pulsar Companhia de Teatro onde trabalha na pesquisa das técnicas do Teatro Musical. A prática teatral não existe apenas para aquelas pessoas desenvoltas e desinibidas. Expressão: Quais os fundamentos necessários para se tornar um bom ator? Thiago Dombidau: Ser ator é como qualquer outra profissão. Como em qualquer vertente para se tornar um bom profissional é preciso de muito estudo, foco e determinação. Um ator não nasce pronto estudamos muito ao longo da vida! Expressão: Quais as técnicas e os métodos que você utiliza com seus alunos?
Thiago: Trabalho dando aulas para alunos de teatro musical, então abordamos muito a questão do ator performer. Ou seja, o ator que canta, dança e interpreta. Trabalho muito com a questão corporal e funções dramáticas em cima de textos e músicas. Trago uma ideia de humanização e potencialidades do aluno para torná-lo mais completo possível. Expressão: Essas técnicas permitem uma flexibilidade para lidar também no ambiente corporativo e em outras áreas? Thiago: A profissão do ator fala do ser humano. Para conseguirmos representar um personagem precisamos nos conhecer. Esse autoconhecimento é valido para qualquer pessoa, ajuda nas relações, na troca, na criatividade e no trabalho em equipe. Expressão: Como você trabalha o improviso? Thiago: O improviso é Jornal Expressão
uma parte do estudo do ator. O estudo da cena improvisada reafirma o trabalho de equipe e a criatividade. Para fazer teatro precisamos do outro e o improviso faz com que o trabalho de grupo crie alternativas para cena. O teatro é vivo, cada dia, cada sessão é diferente uma da outra precisamos ter meios para nos virarmos em cena. “O show não pode parar!” Expressão: Como fazer para lidar com de ansiedade, apreensão e timidez? Thiago: O trabalho de autoconhecimento do ator é muito importante e nesse processo lidamos com várias questões internas e assim vamos trabalhando elas para atuar ao nosso favor. Cada ser é único e tem as suas individualidades, preciso trabalhar com as questões de cada aluno e focar na dificuldade e atingir a superação para agregar nas potencialidades. Expressão: Que conteú-
dos podem ser desenvolvidos em uma peça teatral? Thiago: Tudo depende da obra que vamos montar. Cada peça depende de um estudo e uma técnica diferente. Nós atores não paramos de estudar nunca. Hoje posso estar fazendo uma peça expressionista. Amanhã uma realista e no dia seguinte uma commedia dell’arte. O ator desenvolve diversos conteúdos dependendo do trabalho. Porém algumas coisas são regras gerais para qualquer montagem, como: construção de personagem, criação corporal, estudo dramatúrgico, pontos de vista entre outros. Expressão: Quais dicas você pode dar para as pessoas que pensam em ingressar em uma escola de teatro? Thiago: O Teatro é um leque com diversas possibilidades, existem escolas de diversos tipos com diferentes metodologias, procure uma
que dê exatamente o que você deseja. Busque professores que você se identifique, traços estilísticos que você se interesse. Trabalhar com teatro é uma delícia, mas requer muita
disciplina e comprometimento da parte do estudante. E se divirta com seriedade, leve a arte a sério e se desenvolva e aproveite cada minuto do seu estudo e da sua descoberta. Ricardo Rossini
Professor Thiago durante aula de interpretação
ano 24 |no 4| junho/2017
Velocidade e emoção sob quatro rodinhas Automodelismo é um hobby bastante procurado por adultos que desejam relembrar a infância Vinicius Doratiotto | vini.dorat@gmail.com
Quem nunca brincou de carrinho quando criança? As lojas de brinquedo estão cheias de modelos. Grandes, pequenos, de controle remoto, colecionáveis... As opções são infinitas. Mas também existem carrinhos para gente grande. Carros em miniatura que são pilotados por controle remoto é hobbie adotado por adultos que constroem os seus veículos do zero. Eles compram peças, montam o carrinho e chegam a disputar corridas com as miniaturas. São os aficionados por automodelismo. Antônio José Gomes Teixeira começou a brincar com autoramas em 1966, ele era apenas um garoto e se apaixonou pelo brinquedo. Em 1981 abriu a sua primeira loja. Começou com um espaço para amigos que também gostavam de automodelos e posteriormente liberou para o público. “Quando abri, as pistas de corrida eram sempre lotadas. Hoje, com o surgimento do vídeo game o volume diminuiu e ficou mais concentrado
em adultos que gostam desse hobbie”, disse. Existem duas categorias de automodelismo: on road e off road. A modalidade on road é para pistas asfaltadas e se assemelham bastante às corridas de stock car. Já off road, é para terrenos mais acidentados ou de terra. Outra modalidade do automodelismo é o veículo elétrico, o clássicosautorama. O veiculo é movido por uma bateria de 12 volts e se move em pistas próprias para corridas dos carros elétricos. A Monza Automodelismo é uma das lojas mais procuradas para reparos e campeonatos de automodelismo. Toninho já participou de diversos deles e exibe seus troféus em seu estabelecimento, localizada em Moema. “Os campeonatos são bem disputados. Já participei de diversos brasileiros e de alguns mundiais. Agora em Maio acontecerá o mundial na Alemanha e meu filho
Vinicius Doratiotto
Pistas da Monza Automodelismo, localizada em Moema
irá como preparador junto de uma equipe de pilotos.” Os campeonatos são disputados em diversas categorias. A mais famosa é a G27L, onde os carrinhos de asa (como são chamados, devido a sua lateral possuir “asas” de plástico para melhorar seu dinamismo) podem chegar a dar voltas de até 1.5 segundos. O mercado do automodelismo é bem restrito e há uma concorrência forte entre donos do ramo. Os produtos e as peças necessárias para equipar os veículos são todas importadas e algumas são confeccionadas pelos lojistas. “No começo foi bem difícil, já que a importação naquela época era bem restrita. Conseguíamos manter o hobbie com o pouco de peças que a Estrela fornecia de seus autoramas. Agora a facilidade encontrada na internet, dependendo como for, pode até prejudicar meu negócio”, conta Toninho.
Corpo e mente nos bastidores do esporte Um aliado inesperado: a psicologia contribui para a eficiência e o foco dos atletas nos momentos mais difíceis Jeová Pereira | jeova010@gmail.com
Arquivo Pessoal
O que está por trás do sucesso de grandes atletas? Pode depender de alguns fatores, como a resistência física e mental. Um fator relevante é o profissional que fica nos bastidores auxiliando os atletas e os profissionais envolvidos com o esporte, o Psicólogo. Ele é responsável por ouvir e, a partir disso, tentar a solução para os diversos problemas que os envolvidos com o mundo esportivo podem enfrentar no dia a dia. O Expressão conversou com a Adriana Amaral, Psicóloga, doutora em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Atualmente trabalha como psicóloga clínica e do esporte no Centro de Educação Física Almirante Adalblerto Nunes (CEFAN / Marinha do Brasil).
Adriana Amaral: doutora em Psicologia Social (UERJ)
Expressão: Por que o atleta procura a Psicologia? Adriana Amaral: A princípio, para melhorar o desempenho. Ele pode já ser um bom atleta, mas perceber que tem pontos a serem melhorados. Ele também pode estar passando por alguma dificuldade, como ansiedade pré-competitiva, problemas com o técnico, queda no rendimento. Aí vai procurar o psicólogo para se reorganizar, se conhecer melhor encontrar estratégias para sanar esses problemas ou pelo menos para aprender a lidar melhor com eles, tomar decisões, etc.
Rugby também é com elas Garotas treinam todas às terças e quintas-feiras nos gramados do PET na dentro e fora de campo prevalecem e tornam os jogos bem mais seguros. Paixão, respeito, união, disciplina e companheirismo, esses são os cinco princípios do rugby, que fizeram com que Mayara Corrêa, capitã da equipe do Tatuapé, se apaixonasse pelo esporte. “Eu comecei há mais ou menos um ano e meio no rugby graças ao meu TCC da faculdade que foi sobre essa modalidade. Aprendi que é um esporte que prega muito respeito, tanto dentro como fora do campo. E foi por meio desses princípios, que eu me encontrei e me apaixonei pelo rugby”, conta. A categoria feminina conta com um menor número de atletas em relação à modalida-
to que o psicólogo conhecer melhor o atleta, ele vai traçar as melhores estratégicas para o problema. Não existe um pacote pronto. Mas pode ajudar com técnicas de relaxamento, por exemplo, com o estabelecimento de metas para melhor se organizar, facilitação do diálogo com o técnico ou equipe, solução de problemas, etc. Expressão: Como funciona a atividade do psicólogo com o atleta? Adriana Amaral: Fazemos um acompanhamento psicológico, que se inicia com um contato onde o psicólogo vai colher informações sobre o atleta e
sua equipe. Normalmente, são usados instrumentos como testes psicológicos, questionários, além de observação de treinos e competições e muita conversa com o atleta e sua equipe. Depois deste período de reconhecimento do campo, o psicólogo vai perceber o que está funcionando e o que não está. Só depois disso que começa a intervenção, no intuito de melhorar aquilo que foi detectado como disfuncional. Outro ponto importante é o sigilo. O psicólogo trabalha com esse aspecto. Por isso, fazemos um acordo com o atleta em cada situação para avaliarmos o que pode ou deve ser passado ao técnico.
Modalidade milenar Com talento e precisão, arco e flecha se destaca Rogério Freitas | rogerio_freitas07@hotmail.com
Carla Faya | carla_faya@hotmail.com
Equipe feminina do Tatuapé Rugby - primeiro e único clube da zona leste de São Paulo, foi criada há sete anos. Atualmente, com uma rotina de treinos e competições constantes, as garotas se destacam com um elenco composto por mais de vinte atletas. Ao longo do dia, as meninas levam uma vida normal: trabalham e estudam. No entanto, são nas tardes de terças e quintas-feiras que elas esquecem de suas rotinas, vestem seus uniformes cor-de-rosa com listras azul-claro e entram em campo para os treinos no Parque Esportivo do Trabalhador (PET). Durante horas, as ‘Tatuzetes’ correm, driblam e seguem instruções do treinador Rodrigo Luiz de Araujo Lima, que também já foi jogador de rugby e tem experiência com o esporte desde os quinze anos. Para Rodrigo, a atividade fortalece a saúde mental e corporal das praticantes, auxilia na resistência física, melhora a autoestima e preza por valores que serão levados para a vida das atletas. Apesar da modalidade ser conhecida como agressiva, quem pratica sabe que não é bem assim. Em primeiro lugar, a camaradagem, o respeito e a discipli-
Expressão: O sucesso de alguns atletas/equipes pode estar associado à Psicologia? Adriana Amaral: Sem dúvida. Cada vez mais vemos atletas falando sobre o trabalho realizado por um psicólogo e o quanto isso o ajudou. Como eu disse, a psicologia é um dos pilares esportivos. Por isso, ela é também um dos motivos do sucesso. Nunca o único. Expressão: Como a Psicologia pode ajudar um atleta? Adriana Amaral: Auxiliando o atleta a se autoconhecer, a perceber o que está acontecendo com ele. Depois do primeiro momen-
de no masculino. Cada equipe tem sete jogadoras, e a partida tem dois tempos de sete minutos. É um jogo intenso, que envolve concentração, dedicação e muita força de vontade. Para as atletas, mais do que um esporte, o rugby é uma filosofia de vida, que preza pela integridade, solidariedade, respeito e paixão. “Diferente das demais modalidades, nós somos uma família, é um esporte muito acolhedor, pois aqui tem espaço para todos os biotipos e para todas as idades. Quem está aqui é porque realmente está afim de superar seus limites, é uma válvula de escape, uma forma de espairecer e relaxar”, explica a jogadora, Hélia Lin. Arquivo Pessoal
Jogadoras do Tatuapé Rugby durante competição
O grande desafio é acertar o centro do alvo. São apenas três centímetros de diâmetro. Não é fácil. E como se já não bastasse, há o fator emocional. A tranquilidade, o foco e o nervosismo unidos, podem separar ou levar o arqueiro ao êxito quando ele dispara sua flecha. Nesse esporte, a pratica literalmente leva a perfeição. A rotina de exercícios é extremamente rígida e repleta de exercícios aeróbicos localizados. “Em algumas poucas horas de treino, o atleta pode chegar a uma sequência de 300 a 500 tiros. O trabalho da musculatura nos membros superiores, inferiores e na região do abdome é essencial. O arqueiro de alto nível precisa ter uma rotina de treinos correta e complexa para manter a forma que o esporte exige”, conta Luiz Antônio França, instrutor da Arqueiria Ibirapuera. O arqueiro Matheus Alves diz o que acha mais difícil no esporte. “Para mim o mais complicado é manter uma regularidade nos disparos. Como temos muitas séries de disputa nas competições, o treino físico e mental é muito importante para manter o foco e concentração no nível máxi-
Rogério Freitas
Atleta se prepara para disparar flecha em treino mo. Um único deslize pode ser crucial”, afirma. As competições e provas olímpicas podem ser realizadas em três estilos de campos: Outdoor (espaço aberto e plano), Indoor (espaço fechado) e Field (espaço aberto e irregular). Além disso, na categoria masculina os alvos ficam numa distância de 30m a 90m. Já na feminina, ficam entre 30m a 70m. Jornal Expressão
Competindo, os atletas lançam uma série de 36 tiros a cada distancia em direção do alvo, que é dividido em dez setores coloridos. Cada setor possui uma pontuação. Se o arqueiro acertar o círculo menor do alvo, marca 10 pontos. O próximo círculo equivale a 9 pontos, e assim sucessivamente, até o mais afastado do círculo menor, que equivale a 1 ponto.