Expressão 3 maio 2017

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número 3 ano 24 usjt maio/2017

Jornalismo Universitário levado a sério arte: Michele Tomassi

especial - pág. 4 e 5


ano 24 |no 3| maio/2017

Quais rumos seguir depois da faculdade? Pouco mais de 1 milhão de pessoas concluem o ensino superior no Brasil anualmente. Canudo na mão. Um diploma de graduação e o resultado de uma longa e exaustiva jornada acadêmica. Mas, o que esperar da vida depois da faculdade? Quais rumos seguir? Este é o tema da reportagem especial do jornal Expressão. O processo de aprendizado e de aperfeiçoamento profissional não termina quando concluímos uma graduação. Ao contrário, é a partir desse momento que as exigências se intensificam ainda mais. Investir em uma pós-graduação? Fazer intercâmbio? Seguir carreira de pesquisador? Nossa destemida trupe de repórteres procurou algumas possíveis respostas para as muitas indagações que povoam as mentes dos recém-formados. Em muitos casos o futuro parece angustiante ou nebuloso, mas o planejamento é importante para vislumbrar uma carreira profissional de sucesso. E, continuando na onda do ensino superior, na editoria Educação, destacamos a reportagem sobre as mudanças nas regras do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) e como elas afetam a vida dos bolsistas do programa. Em Vida Digital, falamos sobre uma prática que está assustando internautas em diversos países: o selficídio. Sabe o que é isso? É o ato de colocar-se em risco extremo, em risco de vida, pela emoção de clicar uma selfie. Pode parecer loucura, mas há dezenas de casos trágicos que mostram esta triste realidade. Na editoria Artes, fomos atrás da criativa história de Hanna&Barbera, a dupla responsável pela criação de quase uma centena de desenhos animados como ‘Os Flintstones’, ‘Zé Colmeia’, Manda-Chuva’, ‘Superamigos’ e tantos outros. Em Esporte&Lazer, conversamos com praticantes de treinamentos funcionais ou HIIT (High Intensity Interval Training). Que tal? Dê uma pausa nas suas atividades aí e aprecie nossas reportagens!!

Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

O point mais belo do Centro

Quase como um oasis no meio da grande floresta de concreto que é o centro de SP, um lugar perfeito para fazer um break. - Praça da República Valéria Paixão - aluna do 4o ano de Jornalismo - Campus Butantã

Maycon,

Maestro! UMA BIOGRAFIA!

A VOLTA POR CIMA DE

João Carlos Martins

o dançarino sonhador Josy Salustiano | josy.s.oliveira@bol.com.br

fotos:Arquivo pessoal

Maycon Vinicius é muito

novo para o tamanho da sua força de vontade. Morando com a avó, ele luta pelos seus ideais, trabalha, estuda, dança e encanta. Um menino sonhador que buscou muito cedo seu sustento e seus ideais para sua aceitação pessoal e familiar. Ainda criança se apaixonou por um amiguinho menino. O medo fez com que guardasse esse segredo por muitos anos, até ter a coragem de se assumir homossexual, sem saber o que esperar da vida com essa mudança. Buscando melhorar sua vida ele foi morar com a avó. Quando sua orientação sexual veio à tona, ele ficou alguns anos vivendo na mesma casa com ela e sem trocarem uma única palavra. Muito religiosa, ela não admitia as escolhas do neto. Atualmente, ela é sua maior incentivadora nos seus projetos pessoais. “A dança é algo mágico, que te permite viajar e elevar seus pensamentos. Ela tem um poder intelectual sem igual, os passos, os ritmos tocam o meu coração e geram uma energia e uma felicidade imensa”. Ele não consegue se ver fazendo outra coisa além de dançar. Suas aulas têm uma energia única que não deixam ninguém ficar parado. “Sempre peço para as alunas sorrirem, gritarem e não parar”. E realmente! Ninguém consegue ficar quieto em uma sala com o Maycon. Já no balé, ele mostra a leveza da dança para as crianças e adolescentes. Para ele, o mundo precisa melhorar sua visão para os homossexuais e enxergar que além de seres humanos, “eles lutam pelos mesmos objetivos: serem aceitos”. O Brasil é um dos países mais perigosos para gays, lésbicas e transexuais. Em média, uma pessoa LGBT é morta a cada 27 horas. Esses dados assustam Maycon que já teve amigos que passaram por situações complicadas. Seu maior obstáculo foi a aceitação dos seus pais, que demoraram a entender a orientação sexual do filho. Depois disso, ele ganhou motivos para seguir com seus sonhos e busca sua chance de brilhar. “Nunca desanimei,

e espero continuar lutando para conquistar meus objetivos e reconhecimentos”. Maycon começou a trabalhar muito cedo com a dança, na época tinha 14 anos. Ele batalha arduamente para conseguir prestígio, nas aulas que ministra, seja zumba ou balé, não existe uma única pessoa que não se encante com seu jeito de ser, um ser humano totalmente iluminado e que transmite seu amor por onde passa. O primeiro projeto finalmente saiu do papel: agora uma vez por mês, ele ministra aula de zumba em uma praça pública na cidade de Itapevi, de forma totalmente gratuita. “Sambei na cara da sociedade”, assim ele fala, ao ter parceria entre a Prefeitura e a Secretaria de Educação e Cultura. O que muitos desacreditavam, ele provou que é capaz de ser realizado, basta você querer, acreditar e se dedicar. Aulas em academias dentro e fora de Itapevi, aulas de zumba e balé no departamento de cultura, faculdade de educação física e ser bailarino da Ludmila Cover. Ufa! E olha que tudo isso é apenas uma amostra de quem é o Maycon Vinicius. “Faço tudo por amor, mas estar em casa

com minha avó é algo que não troco por nada no mundo”. Seu maior sonho é poder levar muita alegria através da sua dança para as pessoas, não por ser gay, pois ele não usa isso para se vitimizar diante dos obstáculos, mas, sim, por amor a vida, a arte e as pessoas que o rodeiam. Para Maycon, seu grande legado vai ser o reconhecimento pelo seu trabalho e dedicação, buscando deixar sua marca por onde passa, e, aos, poucos, vem conseguindo. “Viva! Porque não sabemos o dia de amanhã, hoje estamos

aqui, mas não sabemos até quando, e seremos apenas mais um em um cemitério, sem cor e nem status. Sonhe, lute com garras, mostre ao mundo para o que você veio, e creia em um amanhã melhor, mas só vai existir esse amanhã se começarmos a mudança de hoje, deixe sua marca no mundo e será lembrado pelo que fez”. É seguindo essa filosofia de vida que Maycon se mostra ser um vencedor. Talvez você até discorde, mas não há maior vitória nessa vida do que a autoaceitação. E disso, ele entende muito bem.

E OUTRAS HISTÓRIAS...

Sabricio Carvalho | carvalhosabricio@gmail.com

“Tenho total consciência de que errei muito e acertei muito na minha vida. Os erros procurei corrigir, os acertos, aprimorar; e estou certo de que o Ricardão sabe, hoje, melhor do que ninguém que, no meu mundo interior, lutarei até os últimos anos da minha vida para deixar, através da música, um legado para o nosso país.” É uma das frases de João Carlos Martins, no encerramento do livro com sua biografia. “Ricardão”, a quem ele se refere, é Ricardo Carvalho, jornalista e autor do livro, chamado de “Maestro! Uma biografia – A volta por cima de João Carlos Martins e outras histórias” Eduardo Reichenheim, leitor do livro, se encantou com a história: “João Carlos é um fenômeno, desde pequeno amava a música, fez sucesso em uma área que o Brasil não é tão conhecido internacionalmente e nunca deixou com que sua limitação física o afastasse daquilo que ama”. E é realmente uma história especial. João Carlos Martins teve diversos motivos que fariam com que qualquer um desistisse dos objetivos e sonhos idealizados para uma vida toda, mas além dos dons musicais, ele também possui de uma persistência invejável, contada com detalhes em seu livro, fazendo quem lê, se admirar. Eduardo diz que virou fã do maestro após a leitura e que ele é um cara diferenciado. Começou a trabalhar cedo, passou por muitas adversidades na

vida, mas nunca se entregou, se reinventou, passando de um dos melhores pianistas do mundo, para um dos melhores maestros do mundo. Essa persistência é vista até hoje, pois mesmo consolidado como maestro, ele ainda almeja voltar a tocar piano, mesmo com a mobilidade das mãos comprometidas, ele vive buscando recursos e alternativas para conseguir mais essa realização. “João Carlos Martins faz interpretações de Bach, um mito na composição de músicas clássicas. Merece ser comparado a Beethoven e Mozart. Suas apresentações são conhecidas e admiradas no mundo inteiro. No livro, conseguimos ter a dimensão do homem por trás do mito, que desde os 7 anos enfrenta lutas diárias para alcançar seus objetivos. Em troca, hoje é envolvido em projetos sociais, como por exemplo, de crianças refugiadas.”

expediente

Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-BUA Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

Jornal Expressão

Capa Arte: Michelle Tomassi

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Mudanças no FIES afetam universidades Alunos que contrataram o financiamento aguardam liberação de aditamento preocupados com novas regras Meriélle Damarys

Estudante acessa site do FIES para realizar aditamento

Salve suas notas: estudos via videoaulas

Canais fazem muito sucesso entre os estudantes Giovanna Chagas | giovanna.chagass@outlook.com

Repleto de vídeos, desde engraçados a documentários, o YouTube pode ser reconhecido, também, por seu acervo de mídia direcionado à educação. Canais voltados à videoaulas ajudam os estudantes na revisão de provas, na hora de aprender um novo conceito ou para saciar a curiosidade de forma prática. Me Salva!, Oficina do Estudante e Descomplica são os canais mais famosos entre os universitários. Juntos, eles totalizam cerca de 5 mil videoaulas disponíveis para estudo. O canal Me Salva!, por exemplo, possui mais de 1,75 milhão de inscritos, e aproximadamente 170 mil visualizações. “Essa iniciativa foi pensada após percebermos que muita gente tem as mesmas dificuldades sobre certos temas. Para sanar as dúvidas, criamos um meio que facilita a aprendizagem de modo coletivo. E levamos em consideração a didática que se tem na sala de aula”, explica André Corleta, diretor de ensino do canal. Com a ideia de reduzir o tempo em sala de aula, o Me Salva! passou a disponibilizar conteúdos online que duram, em média, de 2 a 10 minutos. Por ser de fácil acesso e deixar a rotina de estudos mais leve, os jovens, também utilizam o meio como auxílio para as aulas presenciais, em questões que não foram totalmente compreendidas. “Hoje, eu encontro conteúdos de qualidade e de profissionais renomados, o que facilita muito a minha vida acadêmica e o modo pelo qual consigo expandir meu conhecimento das mais diversas áreas”, afirma Ariadne Helena Moraes, estudante do terceiro ano de Direito. O programa, que atinge um público dividido entre vestibulandos e universitários na faixa etária de 17 a 24 anos, apesar de intenso, pode não ser bem sucedido em todos os casos. “Depende muito da dificuldade que o aluno tem para aprender”, afirma André. “Não há uma interatividade do professor com o aluno, quando surge alguma dúvida durante o vídeo, é difícil ajudá-lo de imediato”. Para um aprendizado totalmente proveitoso, o estudante também deve colaborar. Como uma via de mão dupla, o professor passa o conteúdo e o aluno precisa se dedicar e focar nos estudos para se sair bem nas provas. “Sabemos que é difícil o aluno se manter totalmente concentrado nas videoaulas, por ter várias abas abertas na internet, e por se comunicar, simultaneamente, pelo celular”, explica o diretor de ensino. “Aconselho o educando a deixar o celular no modo avião e fechar todas as abas aleatórias da web. Assim, ele conseguirá sustentar o foco nos conteúdos, sem nenhuma distração”, diz André. Giovanna Chagas

Vários estudantes usam canais educativos no YouTube Jornal Expressão

Meriélle Damarys | merielle.damarys@outlook.com

O Fundo de Financiamento Estudantil passou por algumas modificações desde o ano passado. A principal alteração é referente à redução do teto global de financiamento que passou a ter limite de R$ 30 mil por semestre, o equivalente a R$ 5 mil por mês da mensalidade de instituições privadas. Até o 2º semestre de 2016, este valor era de R$ 7 mil por mês ou R$ 42 mil por semestre. Além disso, o Ministério da Educação (MEC) determina agora a quantidade de vagas disponíveis para cada curso, instituição e Estado. A prioridade, que até ano passado se destinava para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, agora passa a ser definida por microrregião (classificação utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, para agrupar municípios). Os critérios para distribuição de vagas são: demanda por ensino superior, demanda por financiamento estudantil e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cada munícipio. “Estou muito preocupada quanto às mudanças anunciadas até agora, principalmente porque já tive dificuldade em fazer o aditamento, e tive que solicitar um refinanciamento. Receio que o valor que eu preciso financiar ultrapasse o limite que tenho liberado, e se isso acontecer, não vou ter condições de pagar a diferença”, afirma Amanda Silva, estudante de Ciências

Contábeis da Universidade São Judas. Para a universitária, as novas regras são bem-vindas se ajudarem os acadêmicos. “Se for para causar mais transtornos, é melhor que deixe do jeito que está”, completa Amanda. “O valor reduzido diz respeito a cada curso e o MEC não irá intervir no valor estabelecido pela instituição de ensino. O objetivo é trazer melhorias a longo e médio prazo para que possamos continuar com os financiamentos e atender a demanda de alunos que sonham em ingressar na faculdade. Este ano, por exemplo, foram liberadas 150 mil vagas para novos cadastros, sendo que o orçamento já está garantido com a destinação de crédito ao FIES no valor de 21 bilhões de reais”, diz Maria Filho, da assessoria de imprensa do MEC. De acordo com o MEC, a medida torna o programa mais sustentável. O intuito é assegurar que os estudantes que já possuem o FIES não percam o benefício até a conclusão de seus cursos, e aqueles que pretendem se inscrever no primeiro semestre deste ano não sejam prejudicados. Considerando o reajuste na mensalidade aplicado pelas universidades, em contraponto, com o novo limite de financiamento estipulado, alunos que já aderiram ao financiamento temem maiores problemas no momento da renovação de contrato.

Laicidade e Ensino Religioso:

é possível conciliar? Professores enfrentam o desafio de promover a tolerância e respeito Thais Lopes | thalopesc@gmail.com

A matéria de Ensino Religioso, ministrada no ensino fundamental, gera grande polêmica, tendo em vista que o país é laico. O texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação diz: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. O Expressão conversou com o Guilherme Ferraz Grandini, professor de História na Escola Estadual João Baptista de Brito. Ele teve a oportunidade de ministrar as aulas de Ensino Religioso em 2013 e nos conta a sua experiência. Expressão: Como o Ensino Religioso deve ser ministrado? Guilherme Ferraz: É preciso esclarecer o conceito de Estado Arquivo pessoal

Professor de História Guilherme, formado pela PUC

laico, noção constantemente distorcida pelo senso-comum. Ele não é um estratagema dos comunistas para acabar com a família brasileira, como já ouvi. E, sim, aquele que se pensa de maneira desvinculada aos preceitos da religião. As aulas devem ser ministradas nesse sentido, existe uma diferença muito básica entre discutir religião enquanto elemento histórico e tentar incutir na cabeça dos jovens os princípios de uma fé específica. Expressão: Esse tipo de ensino é válido? Guilherme Ferraz: Dependendo de como for ministrado, pode ser interessante na formação da consciência cidadã. A aula não funciona (ou não deveria funcionar) como uma espécie de catequese ou culto, ela abre espaço para debates sobre reflexos que a religiosidade possui dentro do meio social. É preciso que os alunos percebam que podemos construir um mundo harmônico a partir da diversidade. Expressão: O professor deve desenvolver a disciplina de qual maneira? Guilherme Ferraz: O professor pode ser democrático e abrir espaço para posicionamentos. Paulo Freire nos ensina que o aluno não é um vaso vazio, ele é um indivíduo pensante, repleto de saberes adquiridos. Cabe ao professor abrir espaço para o debate, fazer com que o aluno sinta que o que ele pensa importa. Essa abordagem me deu resultados interessantes, conseguimos construir um ambiente de reflexão e tolerância. Isso fez das aulas uma experiência agradável e única na minha carreira. Expressão: A matéria é obrigatória? Guilherme Ferraz: Até onde sei, cabe às escolas públicas escolherem, e os alunos que não quiserem cursá-la gozam deste direito. No ano de 2013, não tive problemas e ninguém solicitou a saída das aulas. E olha que abordamos temas que ainda envolvem preconceito, como o fundamentalismo religioso e os ritos afro-brasileiros. Entretanto, já ouvi inúmeros casos de professores que ministram a matéria longe do espírito ético, privilegiando os preceitos de alguma religião. Quando isso acontece, a tendência é que haja conflitos entre escola e pais, inclusive no âmbito jurídico.

Mestres e doutores têm mais empregabilidade Os cursos mais altos da carreira acadêmica no Brasil não param de crescer há duas décadas Igor Lino | igorglino@gmail.com Mestrados e doutorados são formações com as quais poucas pessoas podiam sonhar há alguns anos. No entanto, um estudo demográfico da base técnico-científica brasileira de 2015, feito pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), revelou um crescimento quase cinco vezes maior de mestres e doutores a partir do registrado em 1996. O número de mestrados e doutorados no Brasil aumentaram, respectivamente, 379% e 486,2% nos últimos 19 anos. Um dos fatores que leva pessoas à carreira acadêmica são os olhos do mercado, que se voltam aos profissionais cada vez mais especializados. Para Paula Nishimura, mestre em ciências biológicas pela Universidade de São Paulo, este é um caminho definitivo para ter uma vida estabilizada e confortável. “Tive mais oportunidades após a conclusão do mestrado”, conta. “Hoje, sou professora universitária e, assim que concluir o meu doutorado, tenho certeza que terei mais facilidade para me encaixar em algum emprego fixo”. Ainda segundo o CGEE, apesar do grande aumento de qualificados entre 1990 e 2014, a tendência é que a quantidade de titulados decline nos próximos anos. Isso acontece porque, ainda que a procura continue alta, o mercado já está, de certa forma, saturado para estes profissionais. Como exemplo, podemos citar a média de crescimento anual de mestrados entre 1997 e 2001, que foi de 12,9%, enquanto o período entre 2010 e 2014 registrou alta de apenas 5,3%. Mesmo com esta queda, a empregabilidade continua maior quando comparada a de indivíduos que possuem somente uma graduação ou que não têm curso superior algum. A taxa média de emprego formal para mestres é de 65,8%, com destaque para as áreas multidisciplinares (72%), sociais aplicadas (70,5%) e engenharias (69,7%). Já para doutores, esse número é de 75,5%, destacando-se, novamente, as sociais aplicadas (81,1%), as engenharias (78,9%) e, entrando no top três, as humanas (78,6%). “Ministério da Educação estabelece uma quantidade mínima de mestres e doutores nos cursos de graduação.

Igor Lino

Mestrados e doutorados ainda são restritos no país Entende-se que a qualidade de um curso está diretamente relacionada à qualificação do corpo docente. Quanto mais preparado for o professor, maior o seu repertório metodológico para conduzir a sala de aula”, diz Rodrigo Neiva, coordenador dos cursos de Comunicação Social da Universidade São Judas Tadeu, que entende a importância dos pós-graduandos. “A formação acadêmica, aliada à experiência e conhecimento do mercado, é o que buscamos. Por isso, há oito anos não contratamos professores sem titulação stricto sensu”, esclarece.


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graduação

Estou formado,

Valéria Paixão

quais rumos seguir?

Por mais exigente que uma faculdade seja, a vida depois é mais desafiadora Djalma JR| dj. junior1003@gmail.com

Você estudante do ensino superior tem se dedicado muito em seu respectivo curso, desde a escolha até a conclusão do mesmo. Sobreviveu a todas as disciplinas, provas, trabalhos em grupos e xerox cobradas, o que por si só já é louvável. Passou por tudo isso com o objetivo de finalmente se formar na área que escolheu! Tendo alcançado esse objetivo, virão muitas congratulações, tapinhas nas costas e tudo mais. Após toda a euforia, a volta para a realidade surge em uma única dúvida: e agora? Se você acha que um diploma é garantia de sucesso imediato e facilidades na área em que acabou de se formar, devo parafrasear o grande Compadre Washington e mandar um belo “Sabe de nada, inocente”.

Em 2015 cerca de 1 milhão de alunos concluiram graduação no Brasil. Eles se formaram em um dos 33 mil cursos ofertados por mais de 2.300 IES (Instituições de ensino superior) que existem no país. Estes são números do Censo da Educação Superior de 2015. Para ter uma ideia do crescimento do total de formandos, em 2002 esse número foi de 467 mil pessoas. As oportunidades para ingressar no ensino superior ficaram mais acessíveis para boa parte dos brasileiros. Teoricamente, muito bom. O mercado, porém, não acompanhou esse ritmo, e o resultado é que hoje temos muita demanda para pouca oferta. “Após a faculdade, a vida fica mais competitiva, vamos atrás de vagas na nossa área, mas há sempre candidatos que possuem mais qualifica-

ções ou fizeram uma faculdade melhor, e quando conseguimos encontrar uma vaga, notamos que ainda temos muito o que aprender e que, na prática, as coisas são mais rápidas e os prazos mais curtos que os que tínhamos na faculdade”, explica Dirlene Correia, formada em publicidade e consultora no Google. Ainda há o risco de se formar em uma determinada área e acabar tendo que trabalhar em outra completamente diferente. Apesar de tudo, nem sempre isso significa abrir mão de tudo o que foi aprendido no tempo de faculdade. É o caso de Denise dos Santos Silva, formada em Letras com habilitação em Linguística, e que atualmente é bancária. Ainda assim, ela vê possibilidades de aplicar o que aprendeu na faculdade.

Opa, a conta do Fies chegou Hora de iniciar os pagamentos gera dúvidas entre os beneficiários Tamires Febronio| fontamires@gmail.com

O esperado quando se forma é: ficar livre de dívidas! A questão é que para quem optou pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), a despesa está apenas começando. O programa dá 18 meses de carência, para o recém-formado começar a pagar, ou seja, um ano e meio após sua formação. O que fazer quando chega essa hora? Alexandre Andreotti, bancário do Banco Brasil explicou: “O Fies tem uma taxa de juros que não se encontra em nenhum outro financiamento, por isso, pagar as

parcelas antecipadamente, não é um bom negócio”. Alguns recém-formados preferem juntar uma quantia durante o curso e pagar várias parcelas de uma vez só: “Suponhamos que o favorecido tenha ju ntando R$ 40.000,00 durante o seu curso, o mesmo valor que foi financiado. Ele tem duas opções: a primeira é pagar as mensalidades, cada parcela em um mês e assim ter dinheiro e a outra é ou quitar integralmente a dívida e ficar sem dinheiro. As duas são válidas, mas por ter os

Tamires Febronio

Pagar o financiamento é uma das principais preocupações

juros mais baixos do mercado é aconselhável o mesmo quitar a dívida mensalmente e aplicar o montante restante em um banco, ao qual lhe renderá uma quantia extra”, diz Alexandre. Mesmo com uma despesa a longo prazo, para muitos essa se tornou a maneira mais fácil de cursar uma faculdade. Foi o caso Stefany Palheiro, professora da rede estadual de São Paulo: “Me formei em 2015, eu sabia desde o começo o que estava fazendo, e quando optei pelo Fies não tinha mais nenhuma outra opção. Ano passado foi o ano de carência, a primeira de 120 parcelas, venceu em janeiro deste ano e mesmo tendo esse compromisso financeiro imenso, digo que valeu a pena”. Se você está no período de carência ou já começou a liquidar o Fies, a recomendação é: planejar-se, pagar as mensalidades mensalmente e se tiver um dinheiro guardado, aplicá-lo num banco para futuramente poder ter uma grana extra e talvez saldar as demais parcelas do seu financiamento. E lembre-se, mesmo na carência, ainda será cobrado o valor de R$ 50,00 trimestrais.

“O banco utiliza conceitos e procedimentos voltados para a administração, contabilidade. Apesar disso, aplico o que chamam de Comunicação Corporativa em textos de e-mails ou até mesmo de ofícios que um banco público exige, além do local onde trabalho me dar a oportunidade de ir para outros países como EUA, Portugal e Japão, onde posso testar meus conhecimentos de idiomas”, fala Denise. A vida pós-faculdade não se resume somente a arranjar um emprego imediato (embora conseguir um seja sempre bom), ela vai além: você pode fazer intercâmbios, tentar uma pós-graduação, uns cursos técnicos, vender sua arte na praia etc. Melhor já ter algo em mente para fazer depois que receber o seu tão sonhado diploma.

Os desafios além da beca e do capelo

Inglês: sabe falar? Como a falta idioma pode atrapalhar sua vida pós-faculdade Jonathan Veloso|jonathancruzveloso@gmail.com

Quando se termina a graduação, inseguranças sobre o futuro profissional e o grau de preparo para o início no mercado de trabalho surgem para os recém-formados. Um dos grandes motivos de preocupação é o requisito, cada vez mais presente, do inglês nas ofertas de trabalho. Entrevistamos Robson Amorim, coaching de carreiras, palestrante e autor do livro Dedique-se Mais, Reclame Menos. Ele bateu um papo com a gente sobre os desafios dos recém-formados que não dominam o inglês, e sobre quais opções para solucionar este obstáculo. Expressão: Muitos estudantes se formam sem saber o inglês. Qual a grande dificuldade para eles na hora de ingressar no mercado de trabalho? Robson: Na busca pela oportunidade na sua área de formação, o estudante que não tem o inglês terá que garimpar bem as oportunidades. Isto é, o profissional recém-formado vai pesquisar muito mais antes de encontrar uma vaga que se enquadre ao seu perfil, o que demanda tempo e sorte. Quem fala inglês tem sim uma grande vantagem, principalmente, quando o assunto é a gestão da própria carreira.

Expressão: Por que o inglês é o idioma mais exigido hoje em dia? Em momentos econômicos difíceis, como o atual, as empresas nacionais priorizam quem domina o idioma? Robson: Porque é a língua mais falada no âmbito profissional. Quanto mais cedo o universitário aprende este idioma, muito provavelmente mais cedo terá as melhores oportunidades; ou, até mesmo, mais facilidade em trabalhos independentes. Quanto ao atual cenário econômico, existe sim vantagem competitiva. As empresas nacionais priorizam quem domina o inglês porque Jonathan Veloso

Intercâmbio é uma oportunidade que abre portas

Uma experiência internacional traz ganhos pessoais, culturais e profissionais Thiago Paulo | thiagosantospaulo@outlook.com

Aprender outro idioma, diferenciar o currículo e adquirir experiência internacional, esses são os três principais motivos listados para a realização do intercâmbio por recém-formados ou não, segundo dados coletados em 2015 por pesquisa da BELTA (Associação de Agências de Intercâmbio) de 2015. Marília Macie, formou-se em jornalismo, em 2007, ficou mais de dois anos em Minessota, nos Estados Unidos, divididos em dois embarques, em 2008 e em 2009, ambas por motivos ligados à sua formação. “Como eu já tinha o inglês, fui buscar aperfeiçoamento na minha área. A experiência do intercâmbio ajudou a me desenvolver como pessoa. Isso refletiu no lado profissional. Ao retornar, em um mês já estava empregada”. Marília suge-

re planejamento, “durante o último ano da graduação, já comecei a me planejar”. Maura Leão, CEO da Yázigi Travel e presidenta da BELCA e da FELCA (Federação das Agências de Intercâmbio) recomenda aos recém formados que buscam uma experiência internacional atenção ao planejamento. “As pessoas às vezes eliminam um desejo porque acham que não vão dar conta. mas se você planejar com antecedência o suficiente pra você arrecadar os fundos de que precisa, tudo vai dar certo”. Renata Cardoso, formada em Museologia pela UFBA, durante sua segunda graduação na mesma faculdade passou metade de 2015 na Universidade de Coimbra em Portugal com bolsa do programa Santander universidades voltadas a estudantes com excelência acadêmica, além de planejar bem teve que ter uma boa dose de per-

severança “o intercâmbio é algo muito custoso e eu sabia que não teria grana para bancá-lo. Era bolsista de iniciação científica, ganhava R$ 400, o que mal dava para cobrir minhas necessidades básicas Então, eu criei uma série de estratégias para fazer o meu intercambio acontecer. Após a aprovação no Santander Universidades, tentei apoio financeiro junto às reitorias e vendi sanduiches na universidade para complementar o valor”. A pesquisa selo BELTA aponta que de cada dez intercâmbistas, cinco fazem uma poupança para financiar suas despesas no exterior, outros quatro são financiados por familiares e um viaja com bolsa de estudos. Os principais concedentes de Bolsas são entidades governamentais e universidades estrangeiras.

lançamento do livro, Dedique-se mais, Reclame menos

não será necessário investir nesta especialização. Expressão: Quais as opções para os recém-formados, e para os que estão completando a graduação, especializarem-se no idioma com mais agilidade? Robson: Atualmente não existem motivos para não estudar o idioma. Existem cursos grátis, revistas, o Skype (útil para estudar com professores de outros países), entre outros. Para aqueles que possuem uma condição financeira estável, é importantíssimo a realização de um intercâmbio – esta opção enriquece muito a carreira de um colaborador, pois, além de propiciar o aprendizado de um novo idioma, fornece a vivência de outra cultura. Expressão: E para os recém-chegados ao mundo da graduação, qual a sugestão para eles não chegarem ao final do curso sem a fluência no idioma? Robson: A recomendação é que eles tenham a administração de tempo muito bem elaborada para que possam dedicar este prazo a estudar as disciplinas da grade curricular e também o inglês. Quarenta minutos todos os dias, ou uma, duas horas a cada três dias da semana, contribuirá demais. Se fizerem isso do início ao término da graduação, o nível do idioma já estará próximo do ideal.

Cursos livres para enriquecer o currículo Gabriela Coutinho| gabrielacoutinho96@gmail.com

Uma alternativa para conquistar competências para o mercado de trabalho seria através de cursos livres que possuem curta duração e podem ser uma maneira acessível em relação ao tempo ou ao dinheiro, já que eles podem ser encontrados online e gratuitamente. Para começar a aprender o básico ou até o avançado de diferentes softwares como pacote Office e Adobe.

Consegui a graduação, mas o emprego não Wesley Salvador| wesleysalvador6118@gmail.com

Alessandra Bonfim formou-se em Turismo em 2012, mas encontra dificuldades para ingressar na sua área, segunda ela, pela falta de sintonia entre a faculdade e o mercado. Alessandra, que atualmente vive de trabalhos como produtora de teatro, aconselha a quem queira sucesso na carreira escolhida “manter-se sempre atualizado”. Luciana Nascimento, 36 anos, formou- se em produção audiovisual. Sem trabalho na área fez outra faculdade de produção cultural. Procura por vaga nos dois cursos. “Minha maior dificuldade é a combinação idade com falta de experiência, mas por mais que pareça ruim não vou desanimar, pois valeu a pena cada aprendizado. Se for necessário farei uma terceira faculdade”. Jornal Expressão


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graduação

E agora? Qual pós eu faço?

Na hora de tentar uma vaga, importa se fiz ou faculdade

Entenda qual modalidade de pós-graduação se encaixa nos seus planos do por empresários, executivos e gestores. Para cursar essa modalidade, usualmente, basta fazer a matricula na instituição desejada. Muitas vezes, a procura por um MBA se dá pela necessidade profissional, como é o exemplo de Diomar Arruda, 45, formada em tecnologia e logística, que, após 7 anos se dedicando à profissão, sentiu a necessidade de voltar a estudar. “Trabalhei por quatro anos no departamento de compras e, aos poucos, fui entrando no financeiro, mas não tinha muita bagagem e por isso decidi fazer uma pós”, completa Diomar. Valéria Paixão

A pesquisa é uma alternativa!

Conheça o que recrutadores dizem e se prepare para encarar o mercado Paloma Amorim | pamorim2013@gmail.com

Camille Carvalho | mille.andrea@hotmail.com

Pós-graduações são cursos feitos após a conclusão do ensino superior. São divididas em duas modalidades: lato sensu e stricto sensu (em latim quer dizer sentido amplo e sentido restrito, respectivamente), a primeira se refere a qualquer especialização feita depois da graduação, já a segunda é delimitada apenas para mestrado, doutorado e pós-doutorado. Entre os cursos de lato sensu está o famoso MBA em inglês Master of Business Administration- que tem como objetivo aprimorar sua visão sobre algum aspecto especifico do mundo corporativo e ele é mais procura-

pública privada?

Por outro lado, o stricto sensu é tradicionalmente direcionado ao meio acadêmico, da produção de conteúdo até mesmo carreira da educação. Para ingressar nesse tipo de pós é necessário prestar uma prova e possuir uma segunda língua – para mestrado- ou uma terceira - para doutorado. Clarissa Suzuki, 35, que é doutoranda em arte e educação afirma que “para fazer um mestrado ou doutorado tem que ter muito interesse no assunto, não vale a pena pensar apenas no retorno financeiro. Há uma cobrança muito grande para a produção, prazos curtos e demanda tempo para ir a congressos, palestras etc” e se esse for o caminho escolhido a pós-doutoranda em ciências da comunicação Rosane Borges explica: “o ideal é saber claramente o objetivo a ser estudado, amadurecê-lo, para então prestar qualquer tipo de seleção nas universidades públicas”. Cursos de especialização são mais adaptáveis a uma rotina de trabalho, já um mestrado ou doutorado, pedem mais tempo, ou até mesmo exclusividade, tornando-se o emprego dos pesquisadores. Então, planejar suas prioridades, decidir seus caminhos e planos faz toda diferença na hora de escolher.

Quem deseja se dedicar integralmente à vida acadêmica tem opções de bolsas remuneradas Valéria Paixão | valeria.paixão@live.com O valor da bolsa para Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) atualmente é de R$ 1.500,00 para o mestrado, R$ 2.200,00 para o doutorado e R$ 4.100,00 para o pós-doutorado. A Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) costuma ter bolsas maiores. O mestrado atualmente disponibiliza até R$ 2.005,50, o doutorado até R$ 3.446,40 e o pós-doutorado R$ 6.819,30. Critério e processo de seleção ficam sob responsabilidade da instituição de ensino de escolha do pós-graduando.

No ano de 2015, quase 80% dos formandos vieram da rede privada, segundo o último censo da Educação Superior. São mais de 910 mil alunos de instituições privadas, contra cerca de 240 mil das públicas. A pesquisa ainda revela que, entre 2014 e 2015, o número de concluintes da rede pública caiu 0,8%, enquanto na rede particular houve um aumento de 15,9%. Para Amauri Leopoldo, 29 anos, administrador de empresas e consultor de Recursos Humanos, o tipo da faculdade – pública ou privada – não deve interferir na escolha do candidato durante um processo seletivo. “Ou o recrutador analisa seus conhecimentos ou ele está em busca de canudos”, afirma. Segundo o administrador, além da formação acadêmica, outros critérios são levados em conta numa seleção, como: experiências anteriores, indicação e referências e distância de moradia e deslocamento. Ao ser perguntado sobre o principal deles, Amauri não hesita em dizer que as experiências são cruciais, pois elas indicam não só preparação, mas proatividade, dedicação e interesse em aprender. “Entre alguém vindo da rede pública sem experiência e outro da rede privada com bagagem, o mercado opta pela segunda opção, uma vez que não dispõe de tempo para aguardar o desenvolvimento do profissional. Preferem alguém já pronto”, ressalta. Além da experiência profissional, os aspectos comportamentais também influenciam cada vez mais na

escolha do candidato. É o que pensa Alexandre Alves, 42 anos, sócio proprietário da Locus Recursos Humanos, que considera o comportamento o critério chave numa seleção. “Em qualquer processo, realizamos entrevistas presenciais justamente para identificar se, além das competências para a função, o candidato possui os aspectos comportamentais requeridos”, destaca. Vale lembrar que não há apenas um comportamento

Paloma Amorim

EMPREGO

PÚBLICA X PRIVADA Na busca pelo emprego, todos partem da mesma linha de largada?

Redes sociais são vitrines Informações negativas nas redes podem desclassificar o candidato Michele Tomassi | mitomassi1@gmail.com

Como se tornar um freelancer Alessandra Teixeira| ale.teixeira18@outlook.com

Uma das saídas para fugir da longa jornada de trabalho têm sido a independência fornecida pelo freelance. Se você é recém-formado ou está entre os brasileiros que não conseguem emprego, tornar-se freelancer pode ser a saída. Heitor Rodrigues, graduado em Design Gráfico, aconselha o uso das redes sociais para adquirir visibilidade. “Eu participo de alguns grupos no Facebook e já estou no site 99freela”, conta. Além disso, vale a pena pedir ajuda aos amigos para compartilhar o trabalho, gerando curiosidade, visibilidade e confiança.

O mercado exige experiência, o que fazer?

Recursos disponíveis na internet facilitam a busca pelo emprego na área do recém-formado. Por meio de ferramentas dinâmicas e interativas, os profissionais encontram uma forma econômica e fácil para encontrar novas oportunidades. Segundo pesquisa da Jobvile, empresa de seleção norte-americana, 89% dos recrutadores utilizam as redes sociais para procurar candi-

datos. Por isso, é importante entender qual a melhor postura a ser adotada para atrair as empresas positivamente. “Para o candidato transformar o perfil num produto atraente, ele precisa mapear quem será seu cliente e analisar o que ele procura. Depois, deve adequar o perfil de acordo com as necessidades da empresa, evitando adicionar atributos que não despertem Michele Tomassi

Maria Paula Paz| mppaz66@gmail.com

Entre os jovens que possuem pouca ou nenhuma experiência, conseguir uma boa colocação vai muito além de ganhar um bom salário: é preciso conseguir uma vaga que lhes garanta aprendizado profissional. “A maioria dos gestores, contratam estagiário com experiência para que não seja necessário tanto investimento em formação. Cabe ao RH a conscientização de que o estágio é voltado para estudantes que precisam de orientação”, esclarece Karina Sanches, Gerente de Talento da Llorent & Cuenca. Deve-se investir na formação profissional de um universitário para que ele possa retribuir com resultados, iniciativa e pró-atividade, mesmo que demonstrado em experiências acadêmicas.

Informações nas redes sociais podem desclassificar o candidato

Início de carreira para graduados acima de 40 Rebeca Menezes | rebecamenezesf@hotmail.com

Pessoas acima de 40 anos possuem mais vivência profissional e ainda encontram dificuldades para se encaixar em um novo espaço dentro das empresas. Segundo pesquisa feita pelo Vagas.com em 2014, os fatores para a pouca colocação de pessoas nessa faixa etária são os salários elevados requeridos por elas, perfil conservador, resistência em serem chefiadas por pessoas mais jovens e também a pouca atualização dos candidatos.

Rebeca Menezes

A mudança de objetivo dos formandos Josiane Ferreira | josiane.m.ferreira@hotmail.com

Muitos recém-formados não conseguem efetivação no estágio ou terminam a graduação sem experiência na área em que cursaram. Assim, são atraídos pelos concursos públicos como uma forma de fugir da crise, ganhar mais que o valor de mercado e evitar a tão temida demissão. Isso tem levado muitas pessoas de volta às salas de aula nos cursinhos preparatórios. “O lado ruim é que vejo muitas pessoas estudando para ser funcionário público apenas pelo dinheiro e estabilidade. É um trabalho que exige muito e deve ser muito bem realizado, lidamos com vida e segurança das pessoas”, fala Fernanda Souza, funcionária pública federal, sobre essa opção que muitos seguem. Jornal Expressão

ideal, mas padrões que variam cargo a cargo. “Ser comunicativo e persuasivo são requisitos básicos para um vendedor, enquanto os mesmos predicados não valem para um técnico de T.I., cujo perfil é mais introspectivo. Uma boa dica é que, antes de tentar uma vaga, o candidato se autoavalie e perceba se possui o perfil adequado para ela. Ser autocrítico nesse momento é crucial, pois evita frustrações desnecessárias”, conclui Alexandre.

interesse da empresa. Dessa forma, a imagem profissional torna-se mais objetiva”, explica Vinicius Castelo Branco, Business Advisor. Para construir uma imagem profissional é essencial desenvolver um perfil consistente e que compreenda todas as informações sobre o histórico profissional e acadêmico. Expor as competências e os projetos que participou também é indispensável. Para Romeo Marretto, Arte Educador, as redes sociais são canais alternativos que auxiliam o profissional que acabou de sair da faculdade. “O Linkedin me oferece muitas facilidades, através dele consigo conhecer as empresas na minha área e participar de processos seletivos. Além disso, posso criar conexões com profissionais do meu segmento e compartilhar informações que tornem meu perfil mais interessante e atraente”, comenta.


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A busca pela foto ideal pode levar à morte Arquivo pessoal

O hábito simples e rotineiro, mas potencialmente perigoso Thiago Foca | thi.chamarelli@gmail.com

No parapeito alto, burlando a segurança, jovem registra momento de adrenalina e likes

Paquera online cresce no Brasil Todos têm a chance de se apaixonar

Arquivo pessoal

Airton Gontow, fundador do aplicativo Coroa Metade Aline Galhardo | galhardo.alinef@gmail.com

Amor à primeira vista, é como Diogomar de Oliveira, 48 anos, e Sandra Spinozzi, 45 anos, classificam o que sentem. O casal se conheceu no Coroa Metade, plataforma de namoro voltada para pessoas acima de 40 anos. Ele viúvo, ela divorciada. Ambos já haviam desistido de encontrar um novo amor quando se “esbarraram” no site de paquera para quarentões. Após oito meses de namoro, casamento. Não foi diferente para Vera Garcia, 46 anos, que não imaginava conhecer a sua “alma gêmea” no mundo virtual. Ela e Hélio José de Faria, 60 anos, casados após o Coroa Metade. Essas são histórias de casais que o site de paquera ajudou a formar. Fundado por Airton Gontow, em quatro anos de existência, o Coroa Metade já bateu a marca de 201 mil usuários no Brasil. “O site é procurado por indivíduos mais maduros, que não têm tempo para perder e acreditam que é possível encontrar a sua ‘coroa’ metade na melhor fase de sua vida”, relata Airton. Apesar de não ter conhecido sua esposa no site, Air-

ton conta que a ideia de criar a rede de namoro surgiu a partir de experiências pessoais e reclamações de amigos sobre as dificuldades de encontrar uma relação estável após os 40 anos. Outro site de paquera segmentado que faz sucesso: trata-se do Amor de Peso. Mas, não é a idade em comum que reúne as pessoas, sim, os dígitos do peso delas. A página de encontros é voltada para os “gordinhos”, que, de acordo com o site, são os indivíduos com o IMC superior a 29. “Eu peso 100 kg e me sinto bem-vinda na rede, pois todos os membros estão acima do peso e é isso que temos em comum.”, diz Catarina Lacerda, estudante de Direito. O Namoro Nerd também tem crescido no Brasil, site que se propõe a reunir pessoas inteligentes, com QI acima da média e apaixonadas por tecnologia, filmes, games e informática. É nessa rede de paquera que Gustavo Braga, programador, tem um perfil. “Já conheci várias meninas como eu. Curtimos jogos, HQs, videogames, séries e filmes”.

Na Romênia jovem de 18 anos morre tentando fazer selfie. Anna Ursu foi ao topo de trem que estava estacionado ao lado de rede elétrica e morreu ao se desequilibrar e encostar nos fios. Dipale, uma professora indiana de 27 anos morreu ao ser pisoteada por um elefente quando tentou registrar o momento. Notícias como essas, gradativamente, chegam aos nossos olhos e ganha força a hipótese de que mortes causadas por selfie sejam maiores do que as ocorridas por ataques de tubarão. Para satisfazer essa nova projeção humana, de necessidade de exposição, as pessoas cada vez mais se colocam em situações de perigo, arriscando-se, o que pode caracterizar uma patologia moderna. Toda essa procura por satisfação e alta valorização imagética desperta estudos na comunidade científica. Os profissionais da área de saúde se referem ao tema, nos bastidores, com o termo entitulado selficídio. A Índia lidera o ranking, com cerca de 76 pessoas, que perderam a vida no último ano, na tentativa de causar uma boa impressão em suas

relações virtuais. No Brasil, felizmente nenhum caso foi noticiado, entretanto, o hábito de registrar compulsivamente cada momento rende fama internacional. Fernando Lorenzetto, 25, técnico em T.I, foi ao topo de um prédio de dezessete andares, sem autorização alguma, podendo ser advertido a qualquer momento e tendo de arcar com essa atitude, a procura da selfie que mais lhe agradasse. “Eu queria uma boa foto, quis passar por um pouco de adrenalina” relata o jovem, que já sofreu de transtorno obsessivo-compulsivo e depressão. Embora essas ocorrências não tenham sido catalogadas como uma doença, o uso do termo “selficídio” tem sido comum entre os especialistas que cuidam da mente. Trata-se de uma enfermidade que está associada ao transtorno dismórfico corporal e, por consequência, ao transtorno obsessivo-compulsivo. O termo ainda parece inapropriado, uma vez que o sufixo sugere à ideia de morte, que é a última consequência do transtorno que se inicia bem antes disso. Para a psicóloga Thais K. de Souza, a virtualidade

é uma realidade inegável e a psicologia vem buscando acompanhar essa atualização. Se por um lado, a tecnologia e a virtualidade podem ser ferramentas de desenvolvimento e de aproximação, o oposto também ocorre. Também vale ressaltar a perda de autenticidade e despersonalização a fim de unicamente atender demandas estéticas nas redes sociais. “Não sei dizer se corremos o risco de desenvolver psicopatologias novas, mas certamente agravar ou deslocar os objetos das patologias que já conhecemos, como a ansiedade, a depressão, a adicção/dependência, entre outras”, esclarece. Para Thais, saber dos próprios limites ajuda a reconhecer quando a virtualidade cruza a linha do benefício e gera prejuízos. Algumas atitudes práticas como cuidados conscientes com o corpo e mente são fundamentais. Além de buscar relações mais aprofundadas com outras pessoas, dedicar tempo a outras formas de entretenimento em que haja movimentação física traz preenchimento e desfoca do virtual, do cibernético.

De social à comercial: aplicativo de imagens ganha o mercado

Camila Marcela

Saiba como os negócios crescem com apps Camila Marcela | camilamfpassos@gmail.com

Criado como um aplicativo para uso social, o Instagram alcançou caminhos não imaginados desde sua criação em 2010. Hoje, ele é uma das ferramentas mais importantes dos pequenos e grandes empreendedores, dando visibilidade, popularidade e proximidade junto ao público alvo. Com cerca de 100 milhões de usuários em seus dois primeiros anos, o app é um dos favoritos dos brasileiros. E as empresas perceberam o potencial para os seus negócios. “Em uma agência de performance, essa é uma plataforma essencial para construir uma imagem, mas também nos permite estar mais próxima dos clientes. podemos descobrir coisas incríveis sobre o público-alvo, entender o que ele gosta, o que ele não gosta e estar

onde ele está”, afirma Isabelle Bento, líder de Conteúdo e Mídias Sociais na NewBlue Marketing de Performance. Pensando nisso, a empresa criou em junho de 2016 o Instagram for Business, voltado exclusivamente para a divulgação de empresas. Fora desse círculo, muitos pequenos negócios vêm se beneficiando de suas facilidades, uma vez que app é gratuito, em comparação com um site, por exemplo. “Assim que o pessoal vê a nossa publicação já vem contatar a gente para fazer encomendas”, conta Bianca Hortins, co-proprietária da Doce Enlace, Chocolates Artesanais. Para que as metas dos empresários fossem entendidas, o Instagram entrevistou centenas de empresas para tentar descobrir o que elas buscam e necessitam. Ficou claro o desejo de se sobressair, a

Tutoriais ensinam a utilizar ferramenta para investir necessidade de informações com relação ao seu desempenho e, por último, querem atingir mais pessoas. “Sabemos que a maioria das pessoas que nos acompanham, desejam saber como funciona, como é nossa cultura e, por isso, sempre tentamos criar conteúdo para Instagram que atendam essas necessidades. Às vezes, nem teve tantas curtidas, mas ganhamos o dia quando vamos entrevistar algum candidato e eles mencionam que adoram o que fizemos em determinado dia”, complementa Isabelle. Os novos recursos permitem que as empresa acompanhem os dados de suas pu-

blicações a partir de métricas que dizem o total de vezes que as publicações foram vistas, sendo possível mensurar o número de contas únicas que visualizaram suas postagens. O perfil comercial também permite verificar o número de impressões, ou seja, qual de seus posts teve a melhor performance na rede social. Porém, isso só está aberto para aqueles que já possuem perfil empresarial em outra rede social, o Facebook. O Instagram foi adquirido pelo fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, em 2012, pela quantia de 1 bilhão de dólares, incluindo dinheiro e ações.

O comportamento dos haters nas redes sociais Os perfis que odeiam invadem as linhas do tempo de milhares de pessoas Bruno Rodrigues | brunordesousa@outlook.com

Ódio, agressividade, impotência ou inveja? Afinal, como definir o sentimento de um hater. É possível traçar um perfil de comportamento desse indivíduo? Existe alguma forma de identificar o usuário que espalha o ódio de maneira gratuita? A resposta para todas essas perguntas é a mesma: não! A psicóloga Silvana Fernandes atribui a existência do hater a uma possibilidade de descarga emocional forte que fica a qualquer momento a disposição dos usuários. “Basta comentar!”, exclamou a médica. Ela ainda afirma que o atual momento do país ajuda/proporciona um pensamento maniqueísta, que gera opiniões majoritariamente radicais e intransigentes. No caso da Youtuber Camila Cabral, do canal Vício Feminino, o preconceito contra nordestinos é o principal foco dos comentários negativos. “Principalmente no começo. Meus haters mais pesados têm preconceito contra nordestinos, são bem nesse nível. Eles cri-

ticam meu sotaque! ‘Nossa! Que sotaque horroroso’, coisas desse tipo”, afirma a jovem paraibana. Esse tipo de comportamento é classificado como Cultura do Ódio, como explica a psicóloga Silvana. Segundo ela, algumas pessoas são emocionalmente cegas a pensamentos diferentes, portanto, a maneira mais simples de atacar a ideia é ofender o outro. Outro fator que possibilita a presença de haters na web é o anonimato. “Sem dúvida. O fato de o indivíduo ter a ilusão anonimato faz com que ele agrida sem se importar com a consequência do seu ato”, esclarece a psicóloga. Camila concorda com a relação entre o hater e o anonimato, mas discorda de que exista a ilusão disso. “A maioria dos meus haters são perfis fakes. Eles são covardes, sempre se escondem. São perfis criados para fazer e propagar a maldade, nunca que vou achar quem são de verdade.”

Bruno Rodrigues

Haters. Solitários que usam anonimato em prol do ódio Mas afinal, como evitar os haters? “Impossível”, afirma Camila. “Eles sempre vão existir, ninguém vai agradar todo mundo e tem muita gente que é sem noção... Eu parei de me importar, se é muito ofensivo, eu oculto o comentário”. Para a psicóloga, a youtuber adota a melhor alternativa. “Quando você ignora seu hater, ele não tem mais o prazer de te irritar. Aos poucos, aquele individuo vai sair do seu circulo social e vai importunar outras pessoas”. Jornal Expressão

A maior parte dos haters têm perfis que, justamente por serem anônimos, têm vida curta na internet, portanto se você cruzar com algum desses usuários em sua rede, deixe-os passar. Eles podem até criar um novo perfil, por vezes, um após o outro, uma sequência sem fim, só para poderem disseminarem o ódio. Existe essa constância na troca de perfis a fim de tentar diminuir a possibilidade de rastreamento de suas identificações e de suas localizações.


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e

inundaram a infância com desenhos

Com 60 anos de parceria, os amigos William e Joseph protagonizaram a maior história das animações, com quase 100 títulos entre produções e criações Wesley Alencar | wsyasousa@gmail.com

Humor, cores e tudo que há de bom. Esses foram os ingredientes escolhidos para criar os desenhos perfeitos, mas William Hanna e Joseph Barbera acidentalmente acrescentaram um ingrediente extra na mistura: o elemento X! Assim nasceu o estúdio mais conhecido de animações: o Hanna-Barbera Productions; combatendo Disney e as forças do Pernalonga do mal. Comicidade à parte, William e Joseph criaram ou produziram alguns desenhos icônicos que continuam a ser produzidos até hoje, casos de Scooby-Doo

e Tom & Jerry ou os que já não demandam produções, mas estão vivos no imaginário, como Os Flintstones, Jetsons, Tutubarão, Pepe Legal, Zé Colmeia, Manda-Chuva, Os Impossíveis, Corrida Maluca, Os Smurfs, Super-Amigos e Capitão Caverna. “Era clássico ligar a TV aos sábados de manhã e ver personagens com suas aventuras. A lição que esses desenhos transmitiam era a genialidade e inovação, sempre sendo possível ir além, pensar de forma mais ampla. A turma do Scooby-Doo, por exem-

plo, não se contentava com a explicação de fenômenos sobrenaturais e investigava para saber a verdade por trás de toda a história”, conta Felipe Sant’Ana, fã e moderador da página brasileira do Scooby-Doo. Tudo começou com Puss Gets the Boot (iniciando a trajetória de Tom & Jerry), em 1940, a primeira animação a ser criada e produzida pelos parceiros que se conheceram 3 anos antes nos estúdios da Metro-Goldwyn-Mayer. Em 1957, foi fundada a Hanna-Barbera Productions Inc, tendo Jambo e Ruivão

como primeiro grande sucesso da produtora. Os desenhos ficaram marcados por serem hilários, nem sempre com diálogos e, alguns possuíam alguma piada maliciosa que passava despercebida, sempre com um tom leve e descontraído que faz saltar os risos ainda hoje. É comum ver algum personagem fumando, usando seu charme, planejando algo maquiavélico ou caçoando de outro por sua maneira de ser. “Agora, quando assisto, percebo muitas lições e conceitos que ainda são atuais à nossa sociedade.

Eram desenhos feitos por adultos, deixando mensagens para adultos, para as crianças, era só diversão”, comenta Caíque Monteiro, moderador da página O Super Nerd. O império de Hanna-Barbera teve fim nos anos 1990, quando a empresa foi contratada pela Turner Enterprises para produzir a série de Tom & Jerry. Dentre os canais da Turner, estava o Cartoon Network, que acabou abrangendo as produções posteriores da dupla, mas séries como O Laboratório do Dexter, Johnny

Bravo, A Vaca e o Frango e As Meninas Superpoderosas ainda tinham o selo HB de qualidade. Quando William Hanna morreu em 2001, com 90 anos, o estúdio Hanna-Barbera foi adquirido pelo grupo Time-Warner, um dos principais concorrentes nas décadas anteriores, transformando-se assim em Cartoon Network Studios. Em 2006, Joseph Barbera, com 95 anos, faleceu por causas naturais. Ambos, deixaram o legado de terem os desenhos de maior sucesso em mais de 5,5 décadas de animações.

Do lixo à expressividade Dadaísmo assustou o país Artista utiliza embalagens encontradas nas ruas para expressar seus ideais

Letícia Oliveira

Tubarão cria bonecos com recicláveis para expressar seus ideais e estilo de vida Letícia Oliveira | leticia.1602@hotmail.com

“Se possível/ na coleta seletiva/ cato/ brinco/ manuseio/ sobrevivo/ das sobras... dos restos/ dos teus desejos e anseios/ objetos/ passados/ revirados e misturados/ sujos/ lavo e limpo”. Esses são versos do poema “Seu Lixo”, feito pelo Jefferson dos Santos, mais conhecido por Tubarão Dulixo. Ele faz do lixo encontrado nas ruas, matérias-primas para suas obras. Ex-eletricista, técnico ambiental, artista plástico, escritor e nativo de Santos, Tubarão voltou seu olhar para a arte reciclável quando passava alguns dias em uma cidade pequena de Santa Catarina. A quantidade de embalagens encontrada nas praias da região chamou sua atenção, foi nesse momento que ele começou a transformar o lixo em arte. O material mais usado pelo artista é o plástico, mas

papelão e isopor também compõem algumas peças. De todos esses materiais, que são embalagens de produtos de uso pessoal ou encontrados nas ruas, surgem diferentes obras, como animais, flores, dinossauros e até ninhos de passarinho. “Eu não gosto quando as pessoas trazem sacos com embalagens, gosto de encontrar o meu material reciclável. Eu sempre ando pelas ruas com uma mochila, se eu me deparar com algo que pode ser utilizado, eu guardo. É uma obrigação de todos separar o próprio lixo, o meu vem das ruas para ser devolvido a elas”, diz ele. Hoje, a missão do artista é levar arte para as periferias de São Paulo.Ele está sempre presente nos saraus das comunidades e é responsável também pelas oficinas. “Minhas oficinas não têm restrição de idade, se a criança Arquivo Pessoal

não sabe mexer com tesoura, eu dou uma bandeja de frios e tinta a ela. Eu quero que todos estejam em contato com a arte, que todos expressem o que estão sentindo, principalmente através das cores”. Atualmente, as oficinas não estão ocorrendo. O novo prefeito de São Paulo, João Dória, não está liberando a verba e os espaços para os projetos que sempre foram atrelados à prefeitura continuem ocorrendo. “Nosso prefeito atual tem uma visão diferente do que é arte. Ele tem outras prioridades, mas precisamos levar arte e cultura para a quebrada também. Onde falta o livro, onde falta a arte, onde falta cultura, vai sobrar revólver e violência. Mas, os opressores não vão me parar, vou continuar lutando pelo meu trabalho”, fala Tubarão Dulixo.

Movimento artístico rompeu com a República Velha Leonardo Barbosa | leonardo.barbosasilva@hotmail.com

“Eu insulto o burguês! O burguês níquel, O burguês-burguês!”. Trecho do poema Ode ao Burguês do livro Paulicéia Desvairada, citado na Semana de Arte Moderna em 1922 por Mário de Andrade. O autor foi vaiado ao recitar sua obra. O modernismo brasileiro extraiu algumas ideias dos movimentos artísticos europeus, aplicando-as na pintura e na literatura de acordo com o contexto social do Brasil na década de 20, rumo à urbanização do país. A intenção era romper com o sistema conservador dos coronéis que comandavam a “República Velha”. Manuel Bandeira não pôde comparecer à Semana de Arte Moderna de 1922 e por isso teve seu poema Os Sapos citado pelo poeta Ronald de Carvalho. A apresentação foi marcada por vaias e insultos da plateia. O autor tinha um jeito livre de escrever, marcado pelo nonsense.

Apesar de rejeitar qualquer estereótipo em relação às vanguardas europeias, a obra de Mário de Andrade tinha características dadaístas, surrealistas e futuristas. O livro Paulicéia Desvairada marcou o rompimento com a antiga política brasileira, agradando aos novos ricos que estavam ascendendo politicamente. “O livro Paulicéia Desvairada sem dúvida marcou os círculos literários e culturais mais conservadores, pois se trata de uma obra marcada pelo verso livre. Por se referir a uma literatura que reflete o urbano e cosmopolita, vejo o livro de Mário muito mais próximo do futurismo italiano”, opina a professora de História da Arte, Vanessa Bortulucce. Para a professora de literatura, Maria Lúcia Outeiro, o livro Paulicéia Desvairada possui características dadaístas. “A obra traz aquele desejo de dar uma bofetada na cara

do burguês. Os poemas também evidenciavam a busca de uma expressão brasileira, voltada à sua realidade, em um contexto de modernização”, comenta Maria Lúcia. O objetivo do dadaísmo era questionar o capitalismo e todo o sistema racional da arte. Em meio à Primeira Guerra Mundial, o movimento surgiu como uma forma irônica no contexto social, encerrando seu ciclo na Europa no inicio dos anos 20, período que teve seu inicio no Brasil. O termo “Dada” era uma referência a um balbucio de um bebê. Segundo os ensinamentos do poeta romeno Tristan Tzara, para fazer um poema dadaísta basta apenas pegar alguma notícia no jornal impresso (que pode ser essa mesma) e logo depois recortá-la, jogando cada palavra em um saco, em seguida retire cada uma, copiando em um papel na ordem exata. Arquivo Pessoal

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi realizada no Theatro Municipal

Neorromantismo invade passarelas Evelyn Gomes |evelyn.fernandes@hotmail.com

O romantismo ressurge durante as semanas de moda ao redor do globo. A tendência aparece em novas modelagens, novas cores e principalmente com novos propósitos. Os desfiles da temporada de inverno, além de apresentarem peças que serão amplamente vistas nas araras em poucos meses, assumem para si a função de protestar. O doutor em filosofia, Henrique Alexander Keske, acredita que o retorno ao romantismo seja uma reação aos excessos de inforLaços, Babados e Tules imperam nas araras durante o inverno Jornal Expressão

mação, tecnologia e técnica a que somos expostos. Segundo ele, a moda está apresentando uma proposta de ressignificação da sensibilidade humana, e com o poder influenciador do comportamento massivo global a ela conferido é possível uma sensibilização para essa condição humana. Estilistas como o libanês Elie Saab, Pierpaolo Picciole da Valentino e a marca Rochas foram além dos babados e mangas bufantes ao adicionarem cores como vermelho, roxo e preto, em

protesto contra o avanço da extrema direita. “A Europa está buscando raízes históricas muito profundas de sua cultura, na busca daquilo que não é possível reduzir a mera condição de mecanismo, exatamente o contrário da extrema direita que procura determinar as relações sociais com base em uma racionalidade objetiva e fria”, argumenta Keske. Se no hemisfério norte a ideia é protestar, por aqui a tendência é assimilada para seguir o mercado interna-

cional. As características das peças não diferem muito, no entanto, os estilistas brasileiros têm adicionado interesses pessoais como fez Juliana Jabour inserindo estampas de esportes radicais; Animale, ao usar como referência a Itália e a Ellus que adicionou ao DNA rock’n’ Roll da grife estampas florais. A estudante universitária Jéssica Yumi afirma que peças com características românticas, sejam elas presentes por meio das cores claras ou em estampas ou aplicações, nunca saíram de moda.


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Treinar em casa é nova alternativa à academia

Beatriz Brito

O HIIT é escolhido principalmente por quem tem uma rotina agitada Beatriz Brito | bea-brito@hotmail.com

Repetições de movimentos em alta intensidade, com curtos intervalos, tudo feito em poucos minutos. Essa é a premissa dos treinamentos funcionais ou HIIT (High Intensity Interval Training). O objetivo é trabalhar o condicionamento físico geral, sem precisar se deslocar a um local destinado a atividades físicas. A ideia atrai adeptos porque é uma opção diferente da tradicional musculação. O que muda é que, neste caso, o praticante economiza tempo, já que não precisa sair de onde está. “Em relação aos benefícios, os movimentos são baseados em tudo o que a gente faz no dia a dia, eles nos preparam para tudo o a gen-

te possa fazer na vida diária. Além disso, é possível trabalhar múltiplas capacidades do corpo, como mobilidade, força, potência, resistência, elasticidade, que em outras modalidades podem ou não ser priorizadas”, explica Marcelo Ferraz de Campos, fisioterapeuta com especialização em reeducação funcional. Hoje, é possível aprender o método por vários meios, até mesmo pelas redes sociais, como o Instagram, onde há perfis como o @15emcasa, que ensina sessões com duração de 15 minutos, em média, e o Youtube, com canais como o do educador físico Sérgio Bertoluci, criador do Xtreme 21, um programa de emagrecimento que não

usa nenhum tipo de aparelho ou dietas específicas, apenas o próprio corpo. “Pratico a modalidade há dois anos. Eu estava casada, acima do peso e nunca gostei de academia, foi quando comecei a estudar o método HIIT. Depois de consultar um médico e sempre acompanhada de ajuda profissional, criei o perfil onde compartilho minha rotina de treinos. Perdi 10 quilos em 6 meses. Minha vida mudou, tudo mudou. Hoje, me considero uma pessoa saudável”, conta Nathalia Ferri, profissional de marketing e criadora do Instagram @15emcasa. Mas, por trás de tantas vantagens, existe alguma contraindicação? Marcelo Ferraz

Movimento, ritmo e intensidade Elementos estabelecem a relação entre música e esporte Henrique Ramalho | henrique.buenoramalho@gmail.com Henrique Ramalho

Durante a musculação, a música se torna um incentivo Imagine que você está quase terminando uma série de repetições de exercícios, seu corpo já beira a exaustão e surge a vontade de desistir. Nessa hora, começa a tocar Waka Waka (This Time For Africa), da cantora Shakira: “a pressão aumenta, você sente. Mas você consegue, acredite!”. Ao ouvir este trecho, você rapidamente se anima e, quando se dá conta, já cumpriu a atividade, com sobra de energia. Isso acontece porque a música é um grande incentivo para enfrentar a dor, o cansaço, ultrapassar os limites e continuar firme na malhação. A melodia possui o poder de estimular sensações

e sentimentos nos ouvintes e, a partir disso, se torna um elemento importante para a prática esportiva. Marina Camargo é jornalista e, há cinco meses, decidiu incluir em sua rotina hábitos de vida mais saudáveis. Ao som de seus artistas favoritos, realiza exercícios físicos semanalmente. “Procuro ouvir ritmos específicos para cada tipo de treino. Se eu estiver caminhando, prefiro canções mais lentas, como as do cantor Thiago Varzé. Mas, quando corro, ponho logo Beyoncé ou Bang Bang, da Jessie J., Ariana Grande e Nicki Minaj para tocar”, comenta a jovem.

Segundo Joana D’arc, musicoterapeuta e produtora musical, quando uma pessoa escuta composições sonoras, diversas áreas de seu cérebro são ativadas ao mesmo tempo. A junção dessas atividades neurológicas liberam substâncias e hormônios que dão prazer, promovem o bem-estar e aguçam as emoções, resultando numa expressão, seja ela física ou emocional, que vai melhorar o desempenho do atleta. Victor Alexandre, professor de educação física, conta que é importante haver sincronia entre a canção e a intensidade da atividade praticada em cada momento, tanto para aumentar o rendimento do indivíduo, quanto para ajudar a acalmá-lo. “Em uma aula de alongamento, não é ideal que o aluno ouça uma composição muito agitada porque estamos buscando uma baixa frequência cardíaca. Já no spinning, precisamos de um impulso maior, então é recomendável que melodias mais enérgicas sejam ouvidas – inclusive, nesta aula a rotação por minuto (rpm) da bicicleta precisa estar em harmonia com as batidas por minuto (bpm) da música”, explica Victor. Apesar dos benefícios que os ritmos sonoros trazem à realização de esportes, tanto D’arc quanto Alexandre destacam a necessidade de se atentar à altura do que está sendo ouvido. Quando o atleta escuta harmonias num volume muito elevado, além de atrair riscos à sua audição, pode perder a concentração no exercício, acabar se machucando e, com isso, ter o rendimento prejudicado.

explica que “como é feito em casa, sem uma conversa com um profissional, há sempre um risco altíssimo. A chance de dar erro, de ocorrer alguma lesão é muito alta”. O profissional afirma que em casos de treinos aprendidos pela internet, não há como definir a intensidade apropriada aos limites do indivíduo. É preciso ter cautela antes de decidir se vale a pena realizar esse tipo de treinamento. “Os exercícios passados, nestes casos, são muito básicos, só que é impossível para o instrutor saber se o aluno está fazendo certo ou não. Na verdade, a própria pessoa que pratica assim tem tendência a fazer de qualquer jeito”.

Alguns movimentos podem utilizar objetos Arquivo pessoal

Judô auxilia no tratamento de crianças autistas

É no Dojô que crianças aprendem as práticas do esporte Cintia Barbosa | cintiasilvabarbosa41@gmail.com

Contato físico, concentração, disciplina e trabalho em grupo. É uma amostra dos pontos positivos trabalhados no Judô, e pode ser uma combinação perfeita para os pais que procuram atividades físicas para ajudar no desenvolvimento de filhos portadores do autismo. Segundo Daniela Panise, psicóloga, “o esporte traz essa relação em primeiro foco e trabalha diretamente com as emoções. Mesmo que muitos acreditem que o Judô seja competitivo, existem maneiras de fazer com que ele seja extremamente cooperativo, pois há contato social, o olho-no-olho e a relação direta com outra pessoa 100% do tempo, portanto para uma criança autista tudo isso pode ser extremamente benéfico”. Algumas das dificuldades que caracterizam o transtorno, como a coordenação motora, hiperatividade e atenção, podem ser desenvolvidas em todos os seus sentidos com o

esporte, que auxilia primeiramente na capacidade do indivíduo de convívio social, evoluindo assim, sua competência em criar e aprimorar os relacionamentos interpessoais, a capacidade cognitiva, além da sua comunicação. Entretanto, para aproveitar todos os aspectos positivos da arte marcial e obter resultados significativos com os pequenos, Daniela completa: “os pais não devem privar seus filhos de praticarem atividades por receio ou medo, pelo contrário, precisam incentivar e motivar sempre, porém é necessário que fiquem atentos a quem ministra as aulas e buscar saber como o professor lida com as diferenças”. Já existem algumas academias de Judô pelo Brasil que atendem especialmente crianças portadoras do autismo, além de outras deficiências. Vitor Mansur, professor de Judô e estudante de educação física, conta quais os cuidados que uma academia deve ter, para dar aulas a

crianças especiais. “Em uma turma com diversas crianças, o planejamento é voltado para criar uma homogeneidade entre os alunos, isto é, tornar o grupo equilibrado, com as capacidades físicas, cognitivas e motoras similares. Alguns exercícios precisam de pequenas adaptações para atender à necessidade especial dos indivíduos”. Vitor aconselha que para evitar uma possível estranheza da criança autista em relação as aulas é necessário também que o Professor ou Mestre tome o cuidado em utilizar sempre os mesmos materiais no ensino das técnicas. Não há limite de idade de idade para a prática do Judô, seja para crianças com algum tipo de deficiência ou não. No caso das crianças portadoras do autismo, é importante que o grau do transtorno permita sua interação e participação nas atividades com outras crianças. Dessa forma, a uma grande chance de haver a adaptação.

Preparador físico cria técnica para fortalecimento do corpo As aulas são adaptadas para crianças e idosos, e ajudam no treino de atletas de futevôlei e modalidades esportivas radicais Andressa Borges | andressaborges2@hotmail.com

O Slack fitness é uma prática criada e registrada pelo profissional de educação física José Sodré. Ela tem sido utilizada em academias do Brasil como ferramenta de treino funcional, e o objetivo é trabalhar como um complemento da musculação tradicional e trazer novas propostas e adaptações. Há onze anos, Sodré trabalha com treinamento funcional e há cinco desenvolveu o Slack fitness. Ele diz que propõe exercícios em cima e fora da fita do Slackline, e que ela serve como uma base instável. “A fita produz uma vibração que faz com que a musculatura do

corpo seja fortalecida, e isso acontece de forma mais balanceada do que só com artigos de musculação”, afirma. O professor começou a fazer testes com seus alunos e a misturar várias modalidades esportivas. Atualmente, ele também direciona o trabalho para o treino de moutain-bike, motocross e futevôlei, e diz que a técnica é muito bem aceita pelos atletas. Luiz Henrique Silva é atleta profissional de futevôlei e conheceu o Slack fitness há dois anos por meio de Sodré. O rapaz diz que a prática o ajudou a ganhar mais agilidade e força. “Eu não

Arquivo pessoal

Slack fitness utiliza a fita do Slackline como plataforma

treino mais nas quadras, pois encontrei na técnica a possibilidade de melhorar meu desempenho, sem causar lesões”, conta o jovem. O instrutor adapta as aulas de acordo com o perfil e preparo físico de cada pessoa. Com o praticante mais avançado, o profissional utiliza peso solto, elásticos e outros recursos. Seus alunos têm idade entre 13 e 70 anos, e eles fazem aulas pelo menos duas vezes na semana. Com as crianças, Sodré trabalha com várias atividades, como o de trava-língua, para que elas respondam em cima da fita. Além disso, ele Jornal Expressão

também utiliza a neuróbica, uma ginástica cerebral que desenvolve os cinco sentidos, com o objetivo de trabalhar a concentração e o equilíbrio ao mesmo tempo. O profissional esclarece que a princípio, ninguém precisa saber andar sobre a fita para fazer o Slack fitness, porque ele a utiliza como se fosse um aparelho, e com o tempo, o aluno vai ganhando consciência corporal. “Eu utilizo umas cordas de segurança para quem é iniciante e para alguns tipos de exercícios. Com os idosos, geralmente, trabalho o equilíbrio para diminuir as quedas”, explica.


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