ano 22/número 4 junho/2015
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt
Slackline
Mariane Araújo
equilíbrio físico e mental esporte | pág. 8
Empreendedorismo nova geração ganha mercado de trabalho especial | pág. 4 e 5
Entre os livros e as fraldas: maternidade e faculdade educação | pág. 3
Sétima divulga filmes nacionais independentes artes| pág. 7
Falta de celular deixa as pessoas em pânico vida digital | pág. 6
#hashtag
ano 22 |no4 | junho/2015
#fração de segundo
#editorial
Jovens inovadores
Olá, caro leitor!! Uma nova edição do Expressão chega até você. Temos uma reportagem especial que aborda o mundo do empreendedorismo inovador. O Brasil é um dos países com maior número de empreendedores jovens no mundo. Mas, para ter seu próprio negócio, é preciso planejamento, dedicação, criatividade... A reportagem do Expressão entrevistou especialistas e jovens empresários para compreender a dinâmica desse segmento. Entretanto, nosso jornal não fala só de negócios e economia. Diversão também é importante. Que tal conhecer uma novidade que vem por aí: a plataforma Sétima, que reúne filmes brasileiros independentes. Ótimo, não!? Agora, se você, caro leitor, é apaixonado por esportes, vá para a página 8 do Expressão. Conheça uma modalidade que está despertando o interesse de muita gente: o Slackline. Descubra também os segredos de um método para colocar seu corpo em movimento, aliando mente e emoção.
fotolegenda
Theatral
Jão, Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
Dos detalhes de imponência aos contornos da construção histórica, a arquitetura mantém-se viva na São Paulo de hoje. Foto de Vinícius Cordeiro - aluno do 4o ano de Jornalismo/campus Butantã
#protagonista
o mestre dos riffs dos Ratos de Porão
Integrante de uma das bandas mais emblemáticas da cena punk não se resume apenas a composições e acordes de guitarra
Entre tragos de cigarro e copos de cerveja, o verso “I’M A SPEED KING!” é entoado. O trecho da lendária banda britânica Deep Purple soou em meio à lembrança de uma trajetória que se iniciou na periferia da Vila Piauí, zona oeste da capital paulista. No início dos anos 80, entre os 13 e 14 anos de idade, Jão – vulgo João Carlos Molina Esteves – pintava carros com o pai e já ouvia rock n’ roll. Mais do que isso, foi neste período que seus primeiros acordes foram executados no violão, e suas primeiras composições surgiram. Bastou ouvir o punk rock dos Ramones pra saber que poderia fazer algo por ele mesmo musicalmente, afinal “Ramones foi um pilar, algo que realmente mudou pra muita gente, saca?”. O comentário é do próprio Jão, que entre mais cerveja, e mais cigarros, não dispensa nunca o uso constante das gírias no seu vocabulário. Betinho, além de seu primo, era baterista. Uma ideia. “Vamo formar uma banda? Demorô!”. Mas faltava um baixista. E foi ali mesmo na Vila Piauí, que o primeiro punk do bairro deu as caras, com direito a corrente com cadeado no pescoço, tal qual Sid Vicious, e recém liberado da Febem. Jabá, como era conhecido, não tocava baixo, mas aprendeu rápido quando soube que punk rock se fazia com três notas. Longe de serem politicamente corretos e sem muitas pretensões, os três formaram os Ratos de Porão. “Cara, ser punk definiu muita coisa na minha vida”. Dentre elas, viajar mundo afora com os Ratos, conhecer variadas culturas, e entender com clareza alguns valores, bem diferentes dos adotados pelo conservadorismo característico das ditas famílias tradicionais, regrados por preconceitos. “O punk, na verdade, faz parte da formação do meu caráter”. Caráter este que é marcado pela sua posição totalmente contrária ao racismo e a homofobia, por exemplo. Na explosão do movimento punk paulista nos anos 80, a febre Ratos tomou conta, e em meio à sequência de shows, o mantra “Sexo, Drogas e Rock n’ Roll” foi levado a sério. “Nessa parada eu me apliquei bastante (risos)”. Foi com o uso excessivo de drogas, principalmente o crack, que a banda passou por turbulências, e Jabá foi expulso. Isso influenciou em longos dez anos sem diálogo entre
Evelyn Oliveira
Evelyn Oliveira | evelyndias_@hotmail.com
a dupla da Vila Piauí. Após o período, Jão já recuperado, procurou Jabá, e juntos, formaram os Ratos da Periferia, para relembrar gravações dos Ratos de Porão. Posteriormente, a banda passou a chamar Periferia S/A. “Acho que tinha muito rato pra pouco queijo (risos)”. Em seus shows, a banda mescla protesto, humor e teatro. No universo Jão cabe mais. “Eu penso que todo roqueiro tem a vontade de ter um bar em um momento da vida, saca?” E foi pensando assim que, junto com mais três sócios, ele abriu um bar em Pinheiros: o Underdog. Quarenta e sete anos, punk, guitarrista, baterista, vocalista, “empresário”, pai da Juliana e da Lorena, cidadão do mundo, morador da Vila Piauí, ou apenas Jão: um cara sem 13º salário, férias ou outras “mordomias” trabalhistas, que não se imagina fazendo outra coisa, a não ser levando seu protesto musical, cada dia mais sujo e agressivo aos ouvidos de tantos crucificados pelo sistema, seja no Brasil ou no resto do mundo, onde o homem inimigo do homem vive num século sinistro de desordem.
#fica a dica
expediente
1968: o ano que não terminou
Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO)
Maria Serafim | m2s.serafim@gmail.com O jornalista Zuenir Ventura, reconstrói com uma linguagem coloquial sem muitos termos científicos, um dos anos mais confusos do Brasil, pois vivíamos a ditadura e as lutas estudantis contra o movimento militar. 1968 foi um ano cheio de revoluções culturais e divisões ideológicas. “É um livro que relata o período de 68, um ano muito importante não somente na história do Brasil, mas na história do mundo já que foi um ano marcado por agitação cultural, estudantil e politica tanto na Europa como países socialistas, na Ásia e até na África teve manifestação em 68”, afirma o jor-
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nalista e professor de história Alexandre Rosa Mesquita. O período em que a ditadura represava os pensamentos, os jovens eram vulneráveis às ideias esquerdistas. Nessa época as obras que predominavam eram Marx, Mao, Guevara, Marcuse e todas elas defendiam o conceito de revolução. O cenário era propício para discussões. Mesquita diz dos dois pontos apresentados pelo autor e que foram marcantes para o período. “Esse livro é muito interessante porque em algumas passagens Ventura mostra o papel da ditadura militar durante os seus 21 anos. Mesmo antes do AI-5 - período que eles já não
Diagramação: Profa Iêda Santos
respeitavam nem a classe média brasileira -, os estudantes já apanhavam nas universidades. Por outro lado, há também a descrição dos militares que se negam a obedecer ao regime da época”, completa o professor. O livro mostra uma sequência de acontecimentos marcantes. A passeata dos 100 mil estudantes e os motivos que ocasionaram essa luta, como o confronto com a polícia do restaurante Calabouço, que resultou na morte do jovem Edson Luís. Outro motivo foi a repressão na porta da Igreja Candelária. Naquele mesmo ano o presidente Costa e Silva assinava o AI-5, e os jornais divulgaram
de forma alarmante que o ato anularia os direitos civis dos cidadãos e concentraria tudo no poder executivo. Com a proibição da Frente Ampla, movimento dirigido por Kubitschek, João Goulart e Carlos Lacerda, a luta pela liberdade por meio do diálogo se tornou mais difícil. “Se hoje tem algum resquício de democracia no Brasil é por causa das pessoas das décadas de 60 e 70, o que elas lutaram e fizeram não pode ser esquecido”, afirma Mesquita.
Coordenador de Jornalismo Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161) Redação Alunos do 4º MCSNJO Diagramação Capa Profª Iêda Santos
Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos
Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.
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educação 90% das mães com menos de 30 anos param de estudar para cuidar dos filhos
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Gravidez precoce continua sendo um dos principais motivos pelos quais muitas jovens deixam escolas e universidades
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Vanderlei Vieira| vandrvieira@gmail.com
m um de seus levantamentos mais recentes, divulgado em dezembro de 2014, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que apenas uma em cada dez brasileiras que têm entre 15 e 29 anos e um ou mais filhos dá continuidade aos estudos. Os dados revelam ainda que 48,2% param de estudar antes mesmo da conclusão do ensino médio e 41,8% interrompem ou não iniciam a graduação. Por outro lado, mais da metade (51,2%) das mulheres da mesma faixa etária sem filhos continuam estudando e apenas 11,2% não concluem o ensino médio. A Lei Federal nº 6.202, sancionada em 17 de abril de 1975, garante às estudantes grávidas uma licença especial de pelo menos 5 meses, contados a partir do oitavo mês de gestação. Nesse período, é possível solicitar que provas e trabalhos sejam feitos em casa ou realizados e entregues em outras datas. A licença pode, inclusive, ser estendida de acordo com a instituição de ensino em questão ou mediante recomendação médica. Fernanda Carvalho, 20, descobriu que estava grávida durante o primeiro ano do ensino superior. Para a estudante, desistir do curso sempre foi algo fora de cogitação. “Fui à universidade até a última semana de gra-
videz. O apoio dos professores e dos meus colegas de sala foi fundamental para que eu conseguisseumbomdesempenhonas provas mesmo após os 4 meses em que fiquei afastada. Hoje, estou cursando o último ano de Jornalismo e meu filho está com 2 anos. A rotina é intensa, mas o pai dele e minha mãe me ajudam bastante porque, além de estudar, faço estágio", declara. O caso de Flávia Lopes, 27, é outro exemplo de que é possível enfrentar as adversidades. “Engravidei pouco depois de trancar o curso de Gestão Ambiental para estudar Ciências Biológicas. Ao todo, fiquei longe da universidade por dois anos. Enquanto estou estudando, minha filha, que tem 1 ano e 3 meses, fica com minha irmã. Para mim, um filho não deve ser motivo para parar de estudar, massimumamotivaçãoextrapara lutar por uma posição melhor no mercadodetrabalho,algoquesóé possívelcomumaboacapacitação profissional”, diz. A rotina de cada mãe está sujeita a uma série de particularidades, já que nem todas possuem a estruturanecessáriaparagarantir os cuidados do bebê durante sua ausência. Analisar a situação é fundamental para tomar a melhor decisão ao optar por trancar a matrícula ou solicitar somente alicença-maternidade,comonos casos em que creches e contar
Enzo
Flávia e sua filha Mel
Fernanda e seu filho Enzo
com o apoio de familiares não sejam algo inviável. Outro aspecto que deve ser levado em consideração por
quem não deseja atrasar a formatura é o período do curso e a data do parto, uma vez que nenhum conteúdo seria perdido
durante as férias. Além disso, é de extrema importância fazer um bom planejamento financeiro – esse tipo de licença não im-
pede que as mensalidades sejam cobradas normalmente porque é como se a aluna estivesse frequentando as aulas.
Idade não é barreira para Saiba o que fazer para evitar o ‘branco’ na hora da prova entrar na Universidade
Programas incentivam pessoas acima dos 40 anos a conquistarem o diploma Marina Camargo|marinad.camargo@outlook.com
José Moreira Gonçalves co- filho sozinha, paguei sua gradu- va do primeiro curso após os meçou uma graduação aos 40 ação e tudo deu certo. Sei que quarenta anos. Ela explica que anos. Sirlene Bueno iniciou aos nunca é tarde para ter condições o aproveitamento e a aprendi45, João Celso Neto aos 54, Ed- de se comunicar com o mundo”. zagem de uma pessoa madura son Barbosa de Oliveira aos 61 Dona Ida diz ainda que vai pres- é melhor enquanto estudante, e, Dona Amenelgides Corrêa, tar o Exame Nacional do Ensino pois a tendência é se dedicar com 71 anos. De acordo com Médio (Enem), para entrar no de verdade e não só por obriesses estudantes, gação, como é na os fatores que esmaioria dos casos timulam os mais de jovens que envelhos a conquistram em um curtarem um diploma so de graduação universitário são logo após o ensiprogramas como o no médio. Universidade Para A recémTodos (Prouni), o -formada em RaFies (Programa de diologia, Sirlene Financiamento EsBueno, 48, diz tudantil), entre ouque a batalha não tros que oferecem é impossível. Ela, bolsas em faculque é empregadades públicas ou da doméstica e particulares. resolveu estudar PROGRAMAS ProUni e Fies incentivam pessoas acima dos Amenelgipor necessidade quarenta anos a conquistarem um diploma universitário des Corrêa, mais de atualização no conhecida como mercado, conta “Dona Ida”, é que com muito exemplo para qualquer geração. curso de Letras. esforço e ajuda da família forTerminou o ensino médio aos Segundo dados do Instituto mou-se como a melhor aluna 69 anos e, agora, aos 71, está Nacional de Estudos e Pesqui- do curso e já estagiou na área. cursando o 2° ano em Saúde sas Educacionais Anísio Teixei- “É um baque, um mar de gente, na Univap (Universidade Vale ra (Inep), no ano de 2013 cerca mas o objetivo é que faz a difedo Paraíba), além dos cursos de 120 mil pessoas de 40 a 49 rença. Ter uma graduação é se complementares que faz regu- anos ingressaram no ensino su- sentir valorizada em qualquer larmente, como mandarim, in- perior no Estado de São Paulo. ambiente.” O próximo passo glês e espanhol. “Depois de ser A psicóloga Ana Lúcia Teixei- para Sirlene é aprimorar o coproibida de estudar pelo meu pai ra conversou com o Expressão nhecimento adquirido e fazer e pela minha patroa, criei meu sobre a expectativa e a iniciati- uma pós-graduação.
Pessoas mais vulneráveis à ansiedade tendem a esquecer os conteúdos Sheila Martins|sheila.felixmartins@gmail.com
Esquecer o assunto, as fórCarina Dias, estudante do 2º minutos antes, mas quando vi mulas e todo o conteúdo estu- ano de Engenharia de Produção, a atividade na hora do exame, dado no decorrer de um perío- também já passou por isso: que por sinal era a mesma que do, faz parte da rotina de muitos “Uma vez eu estava revendo tinha visto há pouco tempo, me deu branco e eu esqueci estudantesquesãovítimas como resolvia”. do tão temido ‘branco’. A Para a psicóloga Nivea aluna do 3 º ano do ensino Loza, a ansiedade é a grande médio, Taina Abreu, conta vilã de muitos estudantes. ao Expressão, que já foi “O indivíduoque tembranco prejudicada por causa do não se sente seguro quanto esquecimento.“Assim que à matéria. Essa insegurança li o romance ‘Triste Fim traz um estado nervoso de Policarpo Quaresma’, descontrolado, e isso aliado do autor Lima Barreto, ao desequilíbrio pode passei por uma avaliação. facilitar uma pane cerebral. Mas na hora de responder Além disso, ela ressalta o questionário baseado na que fatores como: medo, obra não recordei quase PROVA Se preparar com antecedência é insegurança, falta de nada. Tirei 3 em uma pro- maneira mais eficaz de se evitar o esquecimento concentração, inquietude va que valia 10,”afirma a e falta de preparo por aluna que vai prestar vestibular para Psicologia este ano. um exercício para a prova de parte do aluno acaba afetando Acostumada a lidar com es- Introdução à Engenharia 15 emocionalmente. ses tipos de queixa, a orientadora educacional do Cursinho da Poli, Alessandra Venturi diz PARA AJUDAR OS QUE SOFREM COM ESTE ‘APAGÃO’, que testes geram uma pressão NIVEA DEIXA ALGUMAS DICAS: muito grande no aluno. “Se ele não consegue trabalhar o lado • Estudar o conteúdo com antecedência pode trazer segurança psicológico, isso já é o suficiene tranquilidade. • Se desligar de toda a pressão social, familiar e de si próprio te para dar branco. O estudante contribui para o equilíbrio interior. precisa trabalhar a confiança e • Caso não consiga sozinho, procurar ajuda de um especialista a autoconfiança. É isso que vai para aprender a lidar com esses sentimentos. dar mais chances de não sofrer • Cuidados com hora, alimentação e material. tanto pelo lado psicológico”.
falar sobre o sexismo Plágio: Quando a cópia vira crime Precisamos O projeto busca construir uma educação voltada à igualdade entre os gêneros
Utilizar textos de terceiros sem autorização pode acarretar em sérios problemas Débora Neves|deboranevess12@gmail.com O ato de copiar ou de se apropriar indevidamente de obras intelectuais que não são de própria autoria é crime previsto em lei, no artigo 184 do Código Penal Brasileiro, que prevê pena de três meses a um ano, ou multa a quem violar direito autoral. Além das penalidades judiciais, a prática poder gerar o descrédito do profissional prejudicando-o por toda sua vida. “Quando fazia mestrado na PUC, uma professora universitária de uma escola conceituada teveseudoutoradoanuladoporque praticou plágio. E o pior, o reitor da PUC mandou uma carta para a universidade informando o acontecido. Você pode imaginar a vergonha da professora? É o caso de mudar de profissão”, conta o professor de Comunicação, Moacir Assunção. A ação de plagiar acontece há muito tempo, porém, de acor-
do com Moacir Assunção, com o advento da internet a prática tornou-se ainda mais comum no meio acadêmico. “Já peguei uma quantidade enorme de textos plagiados, principalmente da internet, parece que o aluno e o cidadão em geral têm a impressão de que a internet é terra de ninguém e você pode pegar tudo e usar sem preocupação”, afirma. Frequentemente, com o acúmulo de atividades, mau gerenciamento do tempo e a falta de preparo, o estudante apresenta despreparo ao ingressar no ensino superior. “Quando estava no ensino médio estudei em escola pública, lá nunca falaram sobre plágio para os alunos, acho que por isso muitos estudantes levam esse péssimo hábito
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adiante, tornando-o muito comum na universidade”, afirma o estudante de Gastronomia, Emanoel Teodoro. Destemodo,comointuitode auxiliar o emissor diante de sua produçãoacadêmicaéqueexiste a Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), regulamentando e dando assistência necessária para que as citações sejam utilizadas dentro dos padrões adequados. Além disso, com o avanço da tecnologia foram criadas diversas ferramentas online que ajudam a detectar cópias em trabalhos acadêmicos.
Bruna Ribeiro|bru.ribeiro1@gmail.com “Garotas não sabem jogar futebol”, “meninos não podem usar rosa”, “isso é coisa de menina”, esses são alguns exemplos de frases aparentementeinofensivas, mas que na realidade, estão carregadas de distinções entre os gêneros. O ensino não sexista busca ir contra esses estereótipos,implementandoideiase valores que não limitem a capacidade nem a autonomia dos indivíduos para estabelecer condições de igualdade e oportunidade para ambos os sexos. Segundo a pedagoga Andréa Tereza dos Santos, uma maneira de ir contra ideias sexistas são atividades que demonstrampessoasexecutando todos os tipos de tarefas. “Uma
forma de mostrar às crianças que cores e brincadeiras não alteram a orientação sexual é ter muito dialogo e até projetos que discutam as conquistas das mulheres no decorrer dos tempos, como a modernidade aproximou o comportamento das pessoas,” conta Andrea. Para as profissionais que buscam combater tais preconceitos nos esportes, a tarefa não é nada fácil. “Na educação física temos cinco grandes blocos de atividades: jogos, esportes, lutas, ginástica e dança. Dentro doquintoprojetopoucosrapazes se inscrevem, e no futebol, quase não há garotas. Isso ocorre por conta dos limites de feminino e masculino, o que dificulta o ensino”, conta a professora de educação física, Camila Lucena.
Bruna Ribeiro, Sheila Martins, Débora Neves, Sheila Martins, Marina Camargo e Vanderlei Vieira
O que a escola percebe, é que muitas vezes, o preconceito vem do lar. “É complicado porque muitas vezes, isso parte da própria família. Eu já tive alunos que diziam que o pai iria brigar se ele brincasse com as meninas. Algumas vezes é necessário conversar em particular com os pais, para tentar resolver,” conta a pedagoga Patrícia Oliveira. Transpor tais princípios sem a ajuda da família é um desafio ainda maior “Esses valores são muito prejudiciais a uma criança, que desde muito cedo encontra um mundo bem delimitado para suas habilidades. É preciso uma consciência dos pais para que haja diálogo. A escola e a casa precisam entender os benefícios de um ensino não sexista. Essas entidades podem estar podando muitas habilidades por conta de papéis tolos de gêneros,” conta Camila.
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especial
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empreendedorismo
CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E JUVENTUDE As marcas dos novos empreendedores
Rodrigo Zweibruk
Criar estimula os jovens a terem seu próprio negócio Charles Eliseu| charles.eliseu93@gmail.com Raul Felix| raulfelix3@gmail.com
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novar em diferentes se prenderem a cargos, além tipos de negócios não do fator decresceram em pleé uma questão fácil e na evolução econômicae tecsimples, requer uma série de nológica. experimentos até chegar ao Para Luiz Raimundo da resultado desejável. De acor- Silva, formado em história do com pesquisa realizada em e filosofia,e professor de so2013 pelo Serviço Brasileiro ciologia no ensino médio, a de Apoio às Micro e Pequenas ansiedade é a marca dessa geEmpresas (Sebrae) cerca de ração. “Eles estão no limite da 34,6% dos jovens entrevista- criatividade e inovação, suas dos da faixa etária entre 18 e participações nos estimulam a 34 anos desejam ter seu pró- oferecer-lhes mais espaço interativo”, explica. prio negócio. Para tentar controlar o ímAinda conforme o Sebrae, no Brasil, cerca de 40 milhões peto dessa geração, as emprede pessoas estão empreenden- sas desenvolvemmétodos para do, o que coloca o país na 4ª atraí-los. Uma dessas ações é colocação no mundo. A faixa instalação de jogos e outros etária que mais busca o seu tipos de entretenimento, mas próprio negócio é a de 18 a essas novidades não tiram o desejo 34 anos de empreenidade, cerca dedor das de 22% dos pessoas, entrevistaEles estão no limite da que fazem dos. Parcriatividade e inovação, trabalhosticiparam suas participações nos freelancers do estudo estimulam a oferecer-lhes para estar aGlobal mais espaço interativo” em contato Entreprecom esse neurship, mundo. com apoio Um da Fundaexemplo é Leandro Ota, de ção Getúlio Vargas. Para Elaine Gonçalves, 32 anos, co-fundador da plaanalista de Consultoria do taforma Dotmiles. O serviço Sebrae São Paulo, a busca de idealizado por ele, tem como jovens por um novo mercado função ser um braço de emcresce a cada dia. “Atendemos presas que tem como objetinessa unidade pessoas que vo fidelizar seus clientes. As querem orientação para diver- companhias atendidas pelo sos tipos de negócios, desde segmento variam desde resao setor de travesseiros com taurantes, hotéis e clínicas de estampa até aquele que deseja estética. Ota explica que durante o abrir uma academia”, relata. A gama de novos empre- processo de criação do apliendedores passa pela geração cativo, ele teve que abrir mão Y, jovens que nasceram entre da estabilidade do emprego e os anos de 1980 e 2000, e tem se dedicar totalmente projeto. como principal característica “Quando você quer empreena diversidade e o fato de não der e acredita no seu negócio
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é claro que sacrifícios serão feitos. E, para continuar, é necessário desenvolver mecanismos que te ajudem a manter a sua empresa”, comenta o jovem formado em desenho industrial. Outros empreendimentos que tomam a cabeça dos jovens são as redes de food truck, de financiamento coletivo e o empreendedorismo social e sustentável, em diferentes segmentos. O novo empreendedor quer realizar algo que o insira na sociedade, e que, preferencialmente, tenha destaque no meio que ele participa.
Brasileiros apostam em financiamento coletivo como negócio Novos empresários deixam de depender apenas de empréstimos e renda própria para se lançar no mercado empreendedor com o crowdfunding
Rodrigo Zweibruk
Aumenta o número de Microfranquias no Brasil Dados indicam que as microfranquias têm ganhado espaço no mercado
Divulgação
Eduardo Horta edu_horta@hotmail.com As microfranquias têm atraído o interesse dos brasileiros, sobretudo pessoas pertencentes as classes C e D que desejam seguir ocaminhodoempreendedorismo. Estas franquias são caracterizadas por corporações em que o investimento inicial não ultrapassa R$ 80 mil . De acordo com a pesquisa da ABF ( Associação Brasileira de Franchising), em 2014, o número de empresas com esta realidade aumentou13%comparadoaoano anterior, hoje são cerca de 430 em todo o país. Este quadro acompanha uma tendência de estabilidade das microfranquias no mercado. Conforme o relatório do Sebrae ( Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas),houve uma reduçãononúmerodessasorganizações.Em 2014,cerca de 8% das redesencerraramostrabalhosprecocemente, contra 15% em 2013. Ainda assim, o cenário é favorável para empreender no ramo e o mercado demanda cada vez mais soluções criativas e lucrativas para as atividades profissionais. A empresa “Pão Natureza” é um desses exemplos. Criada em 2011, adotou o sistema de microfranquias em 2012 e desenvolve atividades ligadas à conservação do planeta. O projeto consiste na distribuição de sacos de pão recicláveis e biodegradáveis para padarias de 18 estados brasileiros.
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|ÚNICA| Marca especializada em fabricação de cervejas exclusivas utiliza o crowdfunding Graziela dos Santos| gra.zisantosjor@gmail.com
|EM EVIDÊNCIA| Projeto busca gerar lucros e cuidar do meio Para esta microfranquia,a taxa de filiação é de aproximadamente R$ 7 mil. O microfranqueado é responsável pela venda dos anúncios, cadastro de padarias e custo da produção da sacola. A cada tiragem produzida, o valor investido é de aproximadamente R$ 5 mil. O retorno vem com o investimento das empresas que compram o espaçodoanúncioepodechegaraté a 80 % de cada tiragem. O gerente de marketing da microfranquia Renan Brum, 26 anos,avalia o trabalho como po-
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sitivo, pois além do ganho em dinheiro, a mensagem deixada busca ativar a consciência dos clientes. “Claro que todo negócio só existe se houver retorno financeiro, isto é uma necessidade. Porém, nossas expectativas com o projeto vão além, buscamos uma sociedade mais consciente, mais preocupadacomopróximo.Além doespaçodoanúncio,dedicamos as laterais dos sacos, textos para que tratem da sustentabilidade, educação,saúdeeresponsabilidade social”
Começar um negócio sem precisar juntar dinheiro por anos. O que já foi o sonho de muitos, tem se tornadorealidade, graças ao método de captação de recursos chamado Crowdfunding.Ele se baseia em iniciativas de financiamento coletivo, que se realizam a partir de capital arrecadado com doações via internet. Criado em 2006, pelo empresário americano Michael Sullivan, o crowdfunding é uma operação completamenteonline, por meio de páginas abertas para as campanhas dentro de plataformas, como o Catarse, para que possíveis colaboradores conheçam a iniciativa e a meta. Em troca, são oferecidas recompensas, de acordo com a quantia investida. Segundo o remixador de informações do Catarse, Anthony Ravoni, issoincentiva o aumento de pequenasempresasemicroempreendimentos. “Desde2014, mais
de 100 novos projetos entram no ar mensalmente no site, e a maioria é de pequenos empreendedoresquenãopossuiacesso fácil às formas tradicionais de financiamento”, ressalta. Os tipos de investimentos são variados, de novos produtos e serviços até a criação de empresas.O químico industrial Jonathan Pereira apoia projetos de crowdfunding de jogos de tabuleiro, devido à seriedade dos desenvolvedores e à boa divulgação dos projetos. “As equipes envolvidas mostram comprometimento, e sempre tentam entregar o produto prometido com qualidade, mostrando o andamento para os financiadores”, declara. Esse método se tornou tão significativo no Brasil que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que controla a obtenção de recursos do mercado empresarial, está analisando a possibilidade de regulamentar
Eduardo Horta, Raul Félix, Graziela dos Santos, Charles Eliseu, e Rodrigo Zweibruk
essas transações. Para Ravoni, isso é positivo, pois com o crowdfunding os investidores têm uma perspectiva direta da recepção do público. “O risco desse financiamento é zero, e é um ótimo meio de testar se existe mercado para a sua ideia”, conclui. Alguns empreendedores criaram seu próprio site de crowdfunding. Um exemplo bem-sucedido é o Social Beers, uma startup que produz cervejas artesanais sob medida. O projeto disponibiliza ideias para novas bebidas, permitindo que os internautasparticipemdoprocesso de criação. Para Carlos Lima, um dos sócios, esse tipo de arrecadação facilita o caminho de produção e distribuição. “É como se fosse uma pré-venda. Esse dinheiro entra antes da fabricação, o que dá uma segurança, pois as pessoas que colaboram já são meusconsumidores,nãopreciso me preocupar em vender a cerveja depois”, explica.
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empreendedorismo Lúcia Keny Haraguchi
Especialista aponta rumos do setor no país
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especial
Jefferson Pereira| jeffps89@hotmail.com
advogada especialista em direitos difusos e coletivos, mestranda em direito civil, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) também, fundadora da empresa Concretizes [ramo de financiamento coletivo], Letícia Caroline Méi, 26 anos, trabalha e estuda empreendedorismo social há cinco anos. Para explicar o assunto, ela comenta o que é a modalidade e avalia alguns pontos importantes do segmento ao jornal Expressão. Expressão - Qual o conceito de empreendedorismo social? Letícia Caroline Méi - Gerar alto impacto social, por meio de atividades econômicas, que tem como propósito principal solucionar problemas socioambientais: inclui no mercado de trabalho e de consumo pessoas que antes estavam excluídas, criam oportunidades de educação, capacitação profissional, melhoria em condições financeiras e de saúde.
Diminuir problemas na sociedade é o interesse maior de quem ingressa no ramo
Expressão - Qual a importância de ações comunitárias por parte do empreendedor social, principalmente no auxilio aos jovens?
|INOVAÇÃO| Aos 26 anos de idade, a advogada paulistana abriu o próprio negócio no setor, a empresa Concretizes
Letícia - As ações sociais ocupam e engajam os jovens das comunidades, afastando-os de caminhos ilícitos. Além disso,
as pessoas passam a ter conhecimento teórico e prático sobre oportunidades profissionais e lúdicas e, consequentemente, criam autoconfiança na capacidade própria de melhorar sua qualidade de vida. Expressão - Existe um perfil de empreendedor que está interessado em desenvolver projetos na área? Letícia - O perfil é bastante diversificado. Vejo que a maioria é formado por jovens, entre 20 a 35 anos, e grande parte deles já se envolveu com trabalhos socioambientais voluntários durante alguma fase de sua vida. A situação comum que descreve todos é o seu incômodo com alguma mazela social e o seu objetivo de minimizar esses problemas. Expressão - Para quem quer abrir uma empresa, qual o primeiro passo que o empreendedor deve seguir? Letícia - É definir o seu modelo de negócio, desenhar a atividade econômica da empresa para atingir o propósito social. Para a constituição da organização, sugere-se que o empreendedor busque profissionais especializados, tanto no aspecto de gestão, quanto no aspecto jurídico, a fim de que a atividade possa ser feita com segurança.
Muito mais do que agenda flexível, autônomos precisam ter CRIATIVIDADE
Leandro Kadota
O freelancer, profissional que trabalha por conta própria, também precisa ter disciplina e dedicação para gerenciar a própria rotina profissional Leandro Kadota| kadota@saojudas.com.br A igreja próxima ao escritório do consultor de recursos humanos Roberto Pierre Rigaud Júnior é pontual: às 6 horas da tarde, os sinos tocam e enquanto para muitos esse é o sinal para encerrar suas atividades, ir para casa e descansar, para o empreendedor o significado é outro: sua segunda jornada de trabalho, agora como freelancer.Em seu apartamento, Roberto se dedica na finalização dos projetos de seu cliente. Ele garante que o período está mais tranquilo, porém confessa que nem sempre é assim. “Já participei de projetos que precisei trabalhar durante várias madrugadas seguidas para cumprir o prazo. Não é fácil, principalmente sabendo que no dia seguinte eu preciso gerenciar a minha empresa”, enfatiza. Diferentemente de Roberto, o designer Marcelo Fernandes Ferreira se dedica integralmente à rotina de freela.Desde cedo, ele sabia que queria empreender eser dono do seu próprio negócio. “Comecei a trabalhar por conta aos 15 anos, fazendo pequenas ilustrações e peças de arte para empresas”, relembra. O designer ressalta que uma das principais dificuldades no início foi saber que
preço cobrar de seus clientes para não ficar nem acima e nem abaixo da média do mercado. Além do preço, outra dificuldade que Marcelo enfrentou foi a instabilidade financeira da profissão. Segundo o designer, é preciso que o profissional autônomo saiba administrar sua receita e é preferível ter uma poupança para os momentos de marasmo. “O frela precisa estar preparado para encarar um momento de dificuldade financeira, como quando um cliente deixa de contratar seus serviços ou então você tira férias”, enfatiza o designer. O consultor de RH frisa que “frilar” é o primeiro passo para quem quer ter o negócio próprio, pois é preciso ter espírito empreendedor, tino comercial, estar sempre em busca de novos clientes, ser disciplinado e comprometido com os prazos de cada projeto. Questionados se é possível viver apenas com os projetos de freelancer, tanto Roberto quanto Marcelo são unânimes: sim, os resultados de cada profissional dependem apenas dele mesmo. É por esse motivo que o trabalho como frila é o primeiro passo para quem quer empreender.
Foods trucks, por que não?
Saulo Chaves| saulo.jornalismo@uol.com.br
Os food trucks apareceram na cidade de São Paulo no final de 2013, depois da aprovação da lei que regulamentou a atividade (15.947/2013). O marketing moderno e os produtos pouco tradicionais atraem jovens empreendedores, como Kamila Boueri, de 23 anos, sócia de um veículo que vende comida árabe. “Vejo que a média de idade de quem tem truck está entre 20 e 30
anos”, explica. Apesar disso, as subprefeituras deferiram apenas 80 das mais de 300 solicitações feitas pelos comerciantes que desejam atuar nas ruas. Essa dificuldade fez crescer a concentração em espaços privados, como as feiras gastronômicas. De acordo com o Sebrae-SP, o custo com aquisição e adaptação do veículo para o comércio pode variar entre R$ 80 e 300 mil.
|DEDICAÇÃO| De manhã, Roberto Rigaud Júnior se dedica a administrar sua consultoria de RH, à noite entra em ação o freelancer
Sustentabilidade & Iniciativa Própria Aline Oliveira| oliveiraalineribeiro@gmail.com “Eu sempre gostei da ideia de ser tecelã, comecei com 20 anos. Já trabalhei com muitas coisas envolvendo escritório e rotina e nunca me senti satisfeita. Hoje eu faço o que amo e consigo monetizar isso, o que é ain-
da melhor”, diz Kaspar, que juntou sua paixão com profissão e hoje vende roupas artesanais,produzidasmanualmente em um tear (aparelho mecânico usado para fins de tecelagem) feito em sua própria casa.
Diagramação e Revisão da página: Saulo Chaves, Aline Oliveira, Henrique Neto, Jefferson Pereira e Leandro Kadota
Mundo Fitness
Henrique Neto| henriquenetto_@hotmail.com Danilo Vasconcelos tem e não só por uma questão de 31 anos. Ele é empresário e saúde, mas até de status. O entrou no ramo fitness com desafio então é ser criativo uma loja de acessórios espara atrair e fidelizar o clienportivos e suplementos alite em um mercado tão dispumentares. “Essa área tem se tado. Uma das formas que eu tornado atrativa até por cauachei para fazer isso foi com sa da divulgação da mídia e, parcerias. Aproveitar a creprincipalmente,dasredessodibilidade que as pequenas ciais. Hoje em dia, não basacademias que estão abertas ta mais ir para a academia e há muito tempo têm é uma fazer exercícios, é preciso se forma de crescer e se tornar dedicar a dietas e isso envolconhecido, mesmo que em vetambémasuplementação, um raio de alcance menor”.
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vida digital
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NAMOFOBIA
Mayara Almeida
É O MEDO DO SÉCULO XXI Ficar sem qualquer conexão virtual deixa 66% do mundo em pânico Mayara Almeida | mcga@globomail.com OtratamentoparaDependência de Internet tem abordagem multidisciplinar. Após a pré-triagem para averiguar o quadro de sintomas, o psiquiatra realiza uma consulta para avaliação e só então é oferecido ao paciente um plano em grupo e/ou individual queconstituideacompanhamento psicológico e psiquiátrico. A estudante de ciências contábeis Caroline Messicas, explica a relação dela com o celular. “Sem o celular, parece que estou desatualizada e que não estou conectada. Para a minha vida de estudante e pessoal, ele é extremamente importante”, explica. Cada vez mais pessoas buscam ajudaparaotratamentodasdependências tecnológicas devido a vários aspectos psicológicos, como baixa auto estima, depressão, dentre tantos outros e sociais, como a solidão, isolamento e o estilo de vida nos grandes centros urbanos.
É difícil imaginar alguém em 2015 que viva sem um aparelho tecnológico, como celular, tablete ou notebook. Algumas pessoas dependem tanto destes aparelhos que já foi até criada uma designação para elas. São os ‘Nomofóbicos’. O termo significa ‘no-mobile-phonephobia’, ou seja, medo de ficar sem um aparelho telefônico conectado à internet. Um estudo realizado nos Estados Unidos pela SecurEnvoy, empresa que autenticou e implementou as mensagens de texto via celulares, mostra que 66% da população mundial tem apresentado os sintomas. Desde 2007, o Hospital das Clínicas de São Paulo tem sessões de terapia para viciados em internet e tecnologia no geral. Este procedimento clínico abrange adolescente desde os 12 anos de idade.
Para a doutora em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo, Marília Pereira Bueno Millan, a falta do uso do aparelho afeta a vida da pessoa.“A necessidade de pertencer à rede, de receber mensagens, de se sentir importante e amado pode também estar ligado ao uso ininterrupto do celular, inclusive no horário das refeições e, até mesmo, no período de sono.”, esclarece Marília. O Núcleo de Pesquisas em Psicologia e Informática da PUC preparou um relatório com alguns sintomas comuns aos viciados em internet. Tomando por base os casos atendidos desde 1995, as pessoas apresentam como principais características: preocupação excessiva, necessidade de estar conectado, irritabilidade, fuga da realidade, negação do vício e sono excessivo, entre outros.
DILEMA Mesmo em ambientes inapropriados, o celular ainda é uma distração para muitas pessoas
Fique atento! A Universidade de Monash, na Austrália, relacionou sintomas de quem tem namofobia. • Passar tempo demais no celular; • Amigos e familiares se queixarem da maneira de como usa o aparelho; • Tentar esconder de conhecidos o tempo que gasta utilizando o celular; • Achar difícil desligar o aparelho; • Usar o celular para se sentir feliz quando está triste; • Acreditar que nunca passa tempo suficiente com o aparelho; • Sentir-se ansioso se o celular ficou desligado por algum tempo; • Tentar usar menos o telefone e não conseguir.
Senso de humor e malícia são Seis aplicativos brasileiros estão entre ingredientes perfeitos para um OS MELHORES DO MUNDO
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Eles criam notícias falsas e balançam a veracidade de dados na internet Vinícius Cordeiro | viniciuspscordeiro@hotmail.com A trollagem pode estar em todo lugar, seja no trabalho, entre os colegas ou até em escalas mundiais. Ter a sua rede social logada em mãos erradas, por exemplo, pode lhe render fotos de perfil alteradas e frases comprometedoras compartilhadas. Ávidos pela gozação do próximo, para os trolls vale mais perder o amigo que perder a trollada. Senso de humor e uma pitada de malícia são suficientes para pregar peças no mundo virtual. Detentor de prêmios como troll do ano, agitador web e blogueiro do ano pelo site youPix, Mauricio Cid, de 28 anos, é quem administra o NãoSalvo, que tem cerca de 27 milhões de acessos por mês e sustenta o título de melhor blog há 4 anos. Cid já trollou o próprio pai, leigo em internet, e transformou o Twitter em um site de pesquisas. Como resultado, milhares de internautas res-
pondiam as dúvidas de um pai desavisado. Para o blogueiro, os leitores são os principais responsáveis pelo sucesso do NãoSalvo. “O blog tem muita participação e engajamento porque a galera percebe que faz parte dele”, comenta. Em sua última empreitada, durante a Copa do Mundo de 2014, Cid produziu um telejornal da Coreia do Norte que transmitia supostos resultados das partidas e, no fim, consagrava os norte-coreanos como campeões do Mundial. Os vídeos “viralizaram” e repercutiram em dezenas de jornais em todo o mundo, como Metro UK e The Wall Street Journal, além de brasileiros, como Veja e Terra. “Recebemos uma carta da embaixada da Coreia do Norte. Deu medo, mas, no final, eles estavam elogiando a brincadeira”, conta. Na onda de espalhar reportagensfalsas, o empresário Felipe Venetiglio, de 31 anos,
usou a trollagem para comprovar que as pessoas confiam e repercutem mais as informações de sites estrangeiros. Ele criou a notícia de que o ator Selton Mello seria um dos novos personagens da série norte-americana Game of Thrones. Felipe duplicou uma página de um site especializado em séries, alterou dados e ressaltou, no fim do texto, que o artigo não era verdadeiro. Mesmo assim, a informação rendeumais de 140 mil acessos, quase 4 mil compartilhamentos no Facebook e matérias em sites como Ego e UOL. Para o empresário, a experiência provou que as pessoas compartilham uma matéria sem ler, desde que ela seja chamativa. Além disso, a rotina acelerada das redações afeta o senso de apuração dos jornalistas, e isso é replicado para o público. “Acho que é mais fácil enganar jornalista hoje do que há 10 anos”, afirma.
Série de games FIFA celebra 22 anos Franquia da EA Sports está entre os jogos mais vendidos do mundo Renan Testa | re_nan07@live.com Em ano de Copa do Mundo na casa do esporte, o mais popular game de futebol levantou vários troféus. O FIFA 2014 foi o mais vendido, seguido pela versão 2015 e, na sétima colocação o FIFA World Cup, de acordo com o ranking da empresa alemã GFK. Em parâmetros mundiais, o game é o segundo esportivo mais vendido. “Os dribles mais variados, jogabilidade e os gráficos cada vez mais reais são o que tornam o FIFA tão incrível. Sempre optei pelo FIFA, porque os concorrentes tornam o jogo muito mecânico. Se estou com a bola, posso fazer o que quiser com o meu adversário, parece que estou jogando bola no quintal de
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casa.”, afirmou o estudante Felipe Moraes. Entre os maiores diferenciais do game estão as sincronizações com o jogo do mundo real. Em datas comemorativas, o jogador pode receber premiações ou descontos em compras realizadas no próprio game. Há também a possibilidade de recriar situações do mundo real, como uma tentar uma virada em poucos minutos com um jogador a menos ou vencer uma prorrogação. O modo mais famoso dentro do FIFA é o Ultimate Team. Lançado em 2009, constitui-se basicamente da formação de um time através de moedas adquiridas no jogo. Conforme
o jogador vai acumulando dinheiro virtual em jogos on-line, ele passa a comprar jogadores melhores e montar verdadeiros esquadrões. Vale lembrar que a formação de um time depende do entrosamento entre cada um dos onze em campo. Nacionalidade, liga e time em que jogam são critérios fundamentais, assim como no mundo real. Na versão 2015, o jogador se sente cada vez mais uma próximo da grama. As reações de torcida, a posição da luz conforme o horário do jogo, a possibilidade de inserir jogadas ensaiadas, além de poder optar se você quer um esquema com laterais mais ofensivos, volantes que chegam dentro da área, ou
Kelly Amorim | kellyamorimcom@gmail.com A Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu, desde 2010, seis aplicativos brasileiros como os melhores do mundo por meio do concurso internacional World SummitAward Mobile Content (WSA). Bianualmente, a competição seleciona os 40 melhores conteúdos digitais para celulares e dispositivos móveis de mais de 170 países nas categorias Governo e Participação; Educação; Entretenimento e Estilo de Vida; Meio Ambiente e Saúde; Turismo e Cultura; Mídia e Notícias; Negócios e Comércio e Inclusão e Empoderamento. Na última edição do WSA, realizada em 2014, três conteúdos digitais produzidos no Brasil foram premiados. O Colab.re, quevenceunacategoriaGoverno e Participação, reúne ferramentasparaque apopulação fiscalize os problemas das cidades. Já usado em Curitiba e Cuiabá como rede social oficial da prefeitura para manter o diálogo com os cidadãos, o conteúdo gratuito oferece um painel para troca de informações que viabiliza a participação pública na gestão das cidades. Para um dos criadores do aplicativo, Bruno Aracaty, a premiação da ONU dá ao projeto um carimbo importante na área da gestão pública. “O concurso trouxe ainda mais respaldo e credibilidade ao trabalho que estamos fazendo. Hoje, além de ser aprovado pela sociedade, o aplicativo é recomendado por entidades de grande renome”, diz.
Também foram eleitos em 2014, o Sistema Ambiental Paulista, na categoria Meio Ambiente e Saúde, que lista todos os parques públicos de São Paulo com informações históricas e turísticas. Em Inclusão e Empoderamento, o Livox reúne uma série de atividades lúdicas para facilitar a comunicação entre pessoas com deficiência. Na edição anterior, em 2012, os vencedores foram o Hand Talk e o MyFun City, que ganharam, respectivamente, nas categorias Inclusão e Empoderamento e Governo e Participação. Com o Hand Talk, é possível traduzir textos e áudios para a língua de sinais. Já com o MyFun
o atual falso 9, como Thomas Muller, da Alemanha, campeã do mundo. “Tendo uma opinião um pouco mais técnica, posso dizer que as coisas mais difíceis que fizeram no FIFA foi a inteligência artificial, tanto de jogadores, técnicos, árbitros (que erram que nem na vida real) e também
a física do jogo. Os carrinhos deixam marcas no gramado, o horário do jogo muda a posição do sol no estádio, as curvas da bola dependem da maneira como o jogador chuta. Essas são as grandes façanhas da EA Sports no FIFA”, contou o desenvolvedor de produtos digitais, Lucas Real.
City, os usuários avaliam temas relativos à gestão pública para que as informações mais relevantes sejam transformadas em conteúdo jornalístico. Já em 2010, foi escolhido na categoria Mídia e Notícias, o Apontador Traffic, aplicativo que fornece em tempo real informações sobre o trânsito nas principais ruas e avenidas das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. “Uso muito o Traffic para facilitar a locomoção. Com ele, vejo como está o tráfego no trajeto que pretendo seguir”, opina o advogado Ailton Barros.
Kelly Am orim
TROLL
Desde 2010, conteúdos digitais estão entre os 40 premiados pela ONU
ACESSO Apps estão disponíveis em sistemas Android e IOs
O único ponto que o brasileiro pode reclamar é a falta dos times nacionais na versão 2015. Segundo a assessoria de imprensa da EA Sports, a falta de uma liga que representasse os times impediu o acerto. A empresa lamentou e afirmou que espera poder ter os times do Brasil na versão 2016. Foto Reprodução
NOVIDADE No FIFA 15, competidores podem treinar jogadas ensaiadas, como em faltas e laterais
Diagramação e Revisão da página: Vinicius Cordeiro, Evelyn Oliveira, Mayara Almeida, Kelly Amorin e Renan Testa
artes
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Raphaella Quarterone
Plataforma busca ser Netflix do cinema independente nacional Chamado Sétima, o site foi idealizado por profissionais brasileiros Laio Rocha | laio.r@outlook.com “Por que ninguém faz uma plataforma de vídeos sob demanda só com filmes brasileiros?” foi o questionamento de Diogo Nunes, um dos três criadores do portal Sétima, para dar início ao projeto que busca inspiração no formato do Netflix para levar ao público produções nacionais independentes. O site deve ir ao ar até o mês de julho Além de Diogo, que é programador, o cineasta Anderson Martiniano e a jornalista Taiane Nazaré compõem a equipe. A plataforma busca ser uma janela
para filmes com pouco capital de investimento, valorizando os produtores e criando um sistema mais favorável à disseminação do cinema brasileiro. “As salas dos grandes cinemas são ocupadas por filmes que possuem orçamentos enormes. Já os filmes independentes têm poucos dias nesses cinemas, o que não permite um retorno para pagar equipe, por exemplo. Isso é um grande problema” explica Diogo. A forma encontrada para mediaràinteraçãodosespectadores
e estimular o investimento deles nos filmes é o Lúmem,moeda virtual, que qualquer pessoa com acesso ao site tem disponível para investir naqueles filmes e nos produtores que mais a interessarem. Esse “valor” deve ser convertido e integralmente repassado aos cineastas. “O Netflix provou que o serviço de vídeo sob demanda é sustentável e pode trazer um bom retorno para os produtores. Em vez de pagar para assistir, ele assiste para pagar”, analisa o cineasta e programador.
Os filmes serão acompanhados da curadoria de críticos, com textos escritos pela equipe Sétima, por convidados e, principalmente, pelos espectadores, que podem dar suas opiniões nas páginas. O espaço para cada filme busca interação com os espectadores para que, com as críticas, os produtos finais fiquem cada vez melhores. Por enquanto, o portal é um projeto em execução. Seus criadores tentaram arrecadar o valor para construir o site por meio de financiamento coletivo, po-
rém não conseguiram alcançar o montante desejado até o final da campanha online. O cineasta Marcus Curvelo, do coletivo CUAL de Salvador, comenta: “Você vai juntar cinema em um lugar só, ou seja, vai concentrar a atenção das pessoas para aquele canal, e além da monetização dos produtores. Acho que concentra e possibilita uma maior visibilidade do seu filme. É incrível a iniciativa”. O site iniciou sua primeira chamada de filmes. “Iniciamos a chamada com produtores co-
nhecidos e agora abrimos esse processo para o Brasil inteiro. Já recebemos dezenas de filmes” conta Diogo. Enquanto não entra definitivamente no ar, eles mantêm o blog www.setima.tv onde atualizam o público sobre a construção da plataforma, divulgam textos e promovem rodadas de hangouts (reuniões online via vídeo) com produtores.textos e promovem rodadas de hangouts (reuniões online via vídeo) com diversos produtores.
Grupo Bloco de Pedra ensina o Maracatu há 10 anos
Todos os sábados são oferecidas ao público ensaios abertos, oficinas gratuitas com diversos instrumentos de percussão e dança no pátio da escola Ariane Artioli | arianeartioli@gmail.com Ariane Artioli
PROJETO Calo na Mão: Maracatu para iniciantes
Uma forma de programação cultural gratuita na região de Pinheiros é o Projeto Calo na Mão. Todos os sábados, a Escola Estadual Antônio Alves Cruz abre espaço para o programa ministrado pelo grupo de Maracatu Bloco de Pedra, formado há 13 anos. Os cursos oferecidos são: Oficina de Maracatu, Curso de Introdução ao Maracatu, Workshop de Construção e manutenção de alfaias e Workshop da História do Maracatu de baque virado. “O projeto cria um espaço importante de valorização e acesso a uma cultura popular do Brasil”, comenta um dos coordenadores, Marcio Lozano. Ele enfatizaseuencantamentosobre união da escola com o projeto: “Acredito que a escola é lugar de cultura popular; nela, as pessoas devem conhecer os tesouros de nosso país e aprender sobre a história de nosso povo e sobre valores que essas tradições carregam”. Lozano explica que desde o início do projeto na escola, o
Alegria espalhada pela cidade
númerodeparticipantescresceu gradualmente, e atingiu o seu ápice entre 2009 e 2012, quando chegaram a receber uma média de 600 pessoas. Atualmente recebe cerca de 200 pessoas por sábado e acredita que em 13 anos de atividades, mais de dez mil pessoas já tenham participado das oficinas. O Maracatu é uma manifestação da música folclórica pernambucana brasileira. Surgiu nos carnavais de Recife com dois tipos: Maracatu de Baque Virado e Maracatu Nação. Os integrantes utilizam vários instrumentos de percussão e vestimentas apropriadas. Nas apresentações são cantadas toadas geralmente com cânticos ligados à cultura musical umbandista. À frente do grupo fica um líder coordenando essas toadas enquanto os integrantes vão tocando vários instrumentos de percussão. O aluno que faz sua inscrição nos dias apropriados tem acesso a um conjunto de atividades que propõem um contato com o Maracatu de forma con-
tínua. A duração é cerca de três meses e, no fim da oficina, é feita uma apresentação ao público e aos próprios professores. Maria Soeli Ayala, de 24 anos, recentemente chegou do Paraguai. Tinha dificuldade de fazer amigos e conhecer mais a cultura brasileira. Ela entrou para a oficina ano passado e se apaixonou.“Me sinto integrada, cada dia descubro mais sobre o Maracatu e não perco nenhum sábado”, conta. Quem não está inscrito no curso também tem a chance de experimentar e conhecer o grupo mais de perto. Após as oficinas, acontecem os ensaios abertos ao público, ou seja, qualquer pessoa pode escolher um instrumento e tentar tocar com auxílio dos integrantes. Onde? Escola Estadual Antônio Alves Cruz Rua Cristiano Viana, 1200 - Jardim das Bandeiras, São Paulo - SP, 05412-002 Telefone:(11) 3081-7020 Ana Paula Almeida
A milenar arte do circo ganha reconhecimento e espaço nos projetos culturais de São Paulo Maria Serafim | m2s.serafim@gmail.com As Fábricas de Culturas são espaços cedidos pela prefeitura onde são oferecidas diversas oficinas, entre elas, a de técnicas circenses para crianças e jovens que tenham entre 8 e 21 anos. As aulas acontecem durante a semana e aos sábados e em diversos horários. Há cinco unidades espalhadas por toda a cidade: na Brasilândia, no Capão Redondo, no Jaçanã, no Jardim São Luiz e no bairro Vila Nova Cachoeirinha. Os exercícios são dos mais variados: vão desde acrobacias de solo como, por exemplo, cambalhotas, combinação de saltos, paradas de mão, estrelas, mortais, passando pelo mini trampolim, cama elástica e acrobacias áreas, nas quais são utilizados o tecido e o trapézio.
E, ao final de cada círculo, os alunos se apresentam em mostras de ateliês no local em que estuda ou nas outras unidades das Fábricas. “Conheci as aulas na recepção, e como sempre gostei de praticar exercícios de alongamento, e também sou apaixonada pelas apresentações de circo, resolvi me inscrever”, declara a estudante Graziele de Jesus. Os cursos são ministrados de acordo com a idade de todos os participantes. “A metodologia que usamos é a mesma, mas com as crianças nós trabalhamos de uma forma mais descontraída e informal, com o mesmo objetivo, porém de uma forma mais leve”, afirma o professor formado na Escola Circo Picadeiro, Robson Cruz.
Além de ensinar o malabarismo utilizando bolinhas, aros, chaves, rola-rola, swing, pernas de pau, monociclo e números de palhaços, as aulas são divididas entre teóricas e praticas, nas quais os alunos fazem pesquisas e assistem vídeos. “No circo, a maior parte das aulas são teóricas. Primeiro, explicamos o passo a passo para, só depois, começar a treinar nos aparelhos, pelo fato de serem altos e algumas vezes até machucar”, argumenta Cruz. Além das técnicas circenses, as fábricas trabalham com a formação social dos alunos. “Os ateliês adotam uma formação mais pedagógica, usando a linguagem como pretexto para trabalhar a cidadania, o autoconhecimento e a
construção do indivíduo”, diz o professor Glauber Pereira. Há também um outro método de trabalho, mas nesse o enfoque é diferente, as trilhas, como são chamados trabalham mais a pratica, o treino e por isso ele é usado apenas nas aulas com os adultos. E para auxiliar no desenvolvimento do equilíbrio, consciência corporal e concentração, o local também oferece aulas de slackline, que é uma modalidade na qual o aluno se equilibra em uma fita de nylon a 30 centímetros do chão.
Diagramação e Revisão da página: Adriele Araújo, Amanda Beatrice, Laio Rocha, Larissa Ribeiro e Maria Serafim
CIRCO Durante aulas no ateliê, alunos exibem maratonas aéreas
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esporte & lazer
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Equoterapia trata crianças e adolescentes gratuitamente A modalidade consiste em treinar o equilibro e estimular o vínculo do paciente com o animal para melhorar o lado psicomotor e psicossocial
Oprojetodeequoterapiaoferecido gratuitamente no Parque Chico Mendes acontece graças a uma parceria da Prefeitura de Osasco com o Núcleo de Equitação Terapêutica. Atendendo crianças desde 2006, o projeto ganhou diversos pacientes a procura de um tratamento eficaz para melhorar as habilidades psicomotoras e psicossociais. O trabalho, realizado por profissionais da psicopedagogia, fisioterapia e educação física, tem por objetivo facilitar o tratamento de portadores de necessidades especiais, de distúrbio de comportamento como a depressão, hiperatividade, entre outras deficiências. Isis Reis, de 6 anos, vai com a mãe no tratamento, indicado pela neuropediatra. Isis nasceu com paralisia cerebral, foi diagnosticada nos primeiros meses de vida e encontrou na equoterapia a chance de recuperar seus movimentos. Ela abandonou a cadeira de rodas e já utiliza o andador para caminhar. “A Isis chegou aqui com a coordenação motora quase nula e a evolução foi maravilhosa na equoterapia, hoje ela sorri, se esforça para andar sozinha, só ganhou com essa terapia”, garante a mãe Eliana Reis. Tantos benefícios são resultados de um trabalho que utiliza
método terapêutico comajudado cavalo, numa abordagem multidisciplinar nas áreas da educação, saúde e equitação. Destinado à portadores de necessidades especiais, o tratamento busca melhorias no aspecto físico, psicológico e emocional. Na equoterapia, o paciente participa da sua própria reabilitação na aproximação com o cavalo, que possui uma grande sensibilidade com o portador de necessidades especiais, deixando-o manusear e montar, atuando como agente facilitador da aprendizagem, de inserção e reinserção social e cinésioterapêutico. De acordo com a professora e coordenadora Eliane Baatsch, responsável pelo projeto, o tratamento gera resultados benéficos no convívio social e atinge desde a segurança, equilíbrio, coordenação-motora e a sensibilidade do paciente. O tratamento também garante bons resultados no que se refere à reeducação postural, regularização da força muscular e recuperação das funções responsáveis pela mastigação, sucção e deglutição, além de ajudar a desenvolver a fala. Por este motivo, o projeto atende apenas casos indicados por médicos especialistas. “Para integrar o grupo de beneficia-
dos, o portador de necessidades especiais precisa ter a indicação de um especialista e ainda passa por uma triagem que direciona o melhor tratamento e o tempo necessário para cada caso”, explicou Eliane. No Parque Chico Mendes, o trabalho da equitação terapêutica é acrescentado com a inserção dos praticantes em atividades artísticas, lúdicas e culturais. Em Osasco, o projeto conta ainda com o apoio das secretarias municipais de Educação, Meio Ambiente e do departamento de zoonozes da prefeitura. Com novas parcerias, o projeto ampliará a capacidade de atendimento, visando suprir as necessidades de todos os pacientes que aguardam em uma fila de espera para se tratar gratuitamente.
Parque Chico Mendes SERVIÇO Rua Lázaro Suave, 15 City Bussocaba – Osasco Telefone – 3605-4825 Dias e Horários de Funcionamento: De segunda a Sexta-Feira, das 08h às 11hs e das 13h às 16h
Lúdico e prazeroso, o método Nuno Cobra é uma nova forma de colocar o corpo em Com foco no aprimoramento mental, emocional e espiritual, a prática é baseada em sete pilares, todas ligadas ao bem-estar
Gabriela Bueno
Gabriela Bueno | gabi.889@hotmail.com
ISIS Com um sorriso no rosto, a pequena aguarda para iniciar a sua sessão de equoterapia
Para participar do projeto, é necessário que a criança esteja regularmente matriculada na rede municipal de educação, apresentar o laudo médico para a instituição de ensino efetuar a inscrição do paciente
A arte do equilíbrio Slackline traz benefícios físicos e mentais aos praticantes Mariane Araújo
Lais Almeida | lais2220@gmail.com “Dez, nove, oito, sete... Vai músculo! Seis, cinco, quatro... Não desiste! Três, dois, um... Parabéns, você acabou!”. Esse cenário de esforço, desgaste e apoio é comum em treinos das academias convencionais. Mas será que existe alguma forma mais prazerosa de praticar exercícios e alcançar os resultados desejados para a estética e o bem-estar? Felizmente, a resposta para essa pergunta é positiva. Criado há mais de 50 anos, o método Nuno Cobra – que leva
o nome de seu fundador – faz parte do projeto Cobra Saúde, coordenado por Nuno Cobra Jr e seu irmão, Renato Cobra. Consagrado por ser o programa deatividadesdepersonalidades, como o piloto Ayrton Sena, o método é contrário a malhação de origem militar e trabalha de forma integral o crescimento e aprimoramentomental,emocional e espiritual. O método também defende os limites de cada indivíduo, levando em consideração que os movimentos realizados hoje,
podem desencadear problemas de saúde a longo prazo. “Ao contrário da expressão No Pain, No Gain [sem dor, sem ganho, em português], nós vivemos o No Pain, More Gain [sem dor, mais ganho], já que propomos uma atividade equilibrada, lúdica e prazerosa”, afirma. Realizado entre as árvores, a prática pode ser adaptada a qualquer necessidade, como reabilitação cardíaca, desempenho esportivo, emagrecimento, depressão e outras doenças relacionadas ao sedentarismo.
Conheça os sete pilares que dão sustentação à modalidade CARDIOVASCULAR | A corrida e a caminhada são opções de treinamento para aumentar a capacidade cardiovascular e regular a pressão arterial, metabolismo entre outros.
SONO | Odescanso contribui para a melhora do ritmo cardíaco, além de aumentar a energia e evitar doenças neurológicas, depressões e envelhecimento precoce do organismo.
ALIMENTAÇÃO | Os alimentos podem fornecer ou minar a disposição de uma pessoa, por isso, experimentar novos itens saudáveis e adicioná-los a rotina é o melhor caminho.
CONCENTRAÇÃO e respiração são os pontos primordiais para se manter equilibrado no Slackline
Modalidade exige força muscular e concentração dos adeptos à prática Mariane Araújo | marianesaraujo@hotmail.com
FORTALECIMENTO | Utilizando o peso do próprio corpo com brincadeiras de subir, pendurar ou balançar em barras, misturando elementos da ginástica olímpica e do circo, há maior resistência e definição muscular.
COORDENAÇÃO | Comatividades corporais que trabalham jogo de cintura, controle emocional, concentração, agilidade e equilíbrio, o método cria conexões entre os neurônios e amplia a capacidade de equilíbrio.
RESPIRAÇÃO | Por meio de atividades físicas com base na meditação, o método diminui o ritmo mental, trazendo paz e tranquilidade, diminuindo o desgaste cotidiano.
RELAXAMENTO | O método propõe atividades dinâmicas que trabalham as articulações e tendões para dissolver o estresse, relaxar a musculatura e facilitar o sono.
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Postura ereta, equilíbrio e firmeza. Esses são os primeiros passos para quem deseja praticar o Slackline (linha folgada, em português), um esporte que consiste em atravessar uma fita de nylon esticada e amarrada em dois pontos fixos, normalmente em árvores, a uma altura inicial de 30 cm do chão. Depois disso, não há mais limitações: pode-se fazer manobras, pular e o que desejar sobre a corda bamba. Os benefícios passam pelo corpo e a mente. “O Slackline ajuda no fortalecimento muscular e exige concentração do praticante. Os membros inferiores são os mais trabalhados e os músculos superiores dão suporte e ajudam-no a manter o equilíbrio. Se praticado regularmente, pode-se perder peso. As pessoas procuram o esporte, também, como uma forma de lazer e diversão com os amigos e família, esquecendo os problemas diários”, aponta Rafael Renato, educador físico. “É mais do que um esporte, é um estilo de vida”, afirma Dennis Bittencourt, líder da Tiger Slackline e que aderiu à modalidade há dois anos pela paixão de superar limites. “Esse esporte me traz liberdade. Poder se concen-
Diagramação e Revisão da página: Mariane Araújo, Alex Alcantara, Lais Almeida, Camila Poklen e Gabriela Bueno
trar em si mesmo, me deixa mais disposto e tranquilo mentalmente. Além disso, ajuda no aumento da consciência social, ambiental e cultural. O equilíbrio na fita é como equilibrar sua própria vida”. Há quatro modalidades no Slackline: a Trickline, praticada sob uma altura de 60 cm e permite ao atleta saltar e fazer manobras; a Longline, uma fita de 2,5 mm e 20 m de comprimento que exige do praticante força muscular e concentração; a Highline, em uma altura de 5m, é feita por pessoas com experiências em alpinismo, pois necessita do conhecimento em ancoragens, preparo físico e controle de sentimentos como medo e ansiedade. e a Waterline, praticada sobre a água, geralmente em piscinas, rios e praias. A utilização dos equipamentos de segurança é necessária para a proteção do praticante e do local onde irá ancorar a fita. “Com a proteção feita, é só colocar a fita a uma altura mais ou menos do joelho, sempre dar um passo de cada vez flexionando levemente os membros inferiores, de corpo ereto, braços esticados e mantendo o corpo leve”, ensina Dennis.