Expressão 5 junho 2017

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número 5 ano 24 usjt junho/2017

Joyce Gonçalves

PRÓXIMA ESTAÇÃO...


ano 24 |no 5| junho/2017

Nos trilhos subterrâneos de Sampa Cerca de 4,7 milhões de usuários utilizam o metrô de São Paulo diariamente. Muita gente, não é mesmo? O sistema tem 78,4km de linhas, mas hoje esta extensão é insuficiente para atender a demanda da metrópole. Como o metrô é vital para a mobilidade na região, nossos repórteres decidiram compreender um pouco mais sobre as histórias de quem faz parte da rotina dos túneis, trilhos e vagões que transportam milhões todos os dias. Fomos ver como funcionam os sistemas que controlam as operações e a manutenção. Ouvimos casos do setor de Achados e Perdidos. Apuramos aspectos da política de acessibilidade. Escutamos relatos de assédio e questões de segurança. Se você quer conhecer um pouco mais sobre o metrô de São Paulo, não pode perder esta reportagem Especial. Além da reportagem Especial, o Expressão destaca vários outros assuntos. Na editoria Educação, por exemplo, mostramos como uma biblioteca pública pode inovar para atrair leitores. Falamos sobre a experiência da Biblioteca ‘Parque da Juventude’, com seus espaços aconchegantes e as inovações tecnológicas. Em Vida Digital, o destaque é para as transformações que os serviços de streaming provocaram no consumo de produções na TV e no Cinema. Na página de Artes, convidamos o leitor para um programa imperdível: uma roda de samba que rola toda terça, a partir das 20h, na Vila Brasilândia. Uma atividade organizada pela Frente de Resistência Samba do Congo. Por fim, trazemos em Esporte&Lazer um passeio pouco conhecido dos paulistanos. É a caminhada pelo ‘Parque Caminhos do Mar’, cujo trajeto de 9km permite um contato com paisagens deslumbrantes e com um aspecto relevante da história do País. Se você ficou interessado, basta ler nossa reportagem para saber os detalhes do passeio e agendar a sua aventura. Vamos lá? Tudo isso e muito mais você vai ler aqui, no Expressão – o jornal laboratório do curso de Jornalismo da São Judas.

Prof Iêda Santos e Prof Jaqueline Lemos a

a

Na estrada

Não importa para onde vou, eu só preciso ir. Ary Cruz - aluna do 4o ano de Jornalismo - Campus Mooca

Maris,

Quarto de Despejo

“16 de junho (...) Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondiam-me: - É pena você ser preta. Esquecendo eles que eu adoro a minha pele negra, e o meu cabelo rústico. (...) Se é que existe reencarnações, eu quero voltar sempre preta.” Paola Munhoz | andr.eli.ze@hotmail.com

vontade de servir, paixão por ensinar Médica, filha de lavradores, tem missão de levar saúde com qualidade e dignidade Luanna Nery | luannasouzanery@gmail.com

Maris Demuner durante homenagem na APM A vontade de servir e a paixão por ensinar levaram Maris Salete Demuner, nascida em Santa Júlia, no Estado do Espírito Santo, a se tornar médica. Filha de lavradores, Maris aprendeu, ainda criança, a lidar com recursos financeiros escassos. Apesar da simplicidade e das dificuldades que a vida lhes impôs, seus pais souberam ensiná-la que a arte de viver com dignidade só era possível quando observados os princípios da humildade, gratidão e dedicação. E foram esses valores que despertaram em Maris o desejo de participar do projeto “Saúde e Cidadania em Fronteira”. Quando soube da iniciativa, ela não imaginou que aquilo teria tanto signi-

ficado em sua vida. Fruto de parceria entre a Escola Paulista de Medicina (EPM) e as Forças Armadas Brasileiras (FAB), o projeto tem por objetivo ajudar a Marinha do Brasil a levar atendimento voluntário a populações ribeirinhas da Amazônia. A ação já era realizada pela FAB há alguns anos, com os “Navios da Esperança”. Ao mostrar interesse pelo assunto, Maris recebeu a coordenação do projeto e montou a primeira missão para reconhecimento do local, em 2012. Um ano depois ocorreu a primeira expedição oficial, que contou com a participação de alunos do sexto ano de medicina, residentes e especialistas das áreas de clínica médica, cirurgia, ginecologia

e pediatria. Na ocasião, foram atendidos 1.100 pacientes. “Além de sua importância para as comunidades ribeirinhas, o aluno que participa do projeto tem a oportunidade de vivenciar uma verdadeira experiência de cidadania e, acima de tudo, de compreender que praticar a medicina é muito mais do que atender pacientes em um estabelecimento de saúde com toda a infra-estrutura de última geração”, pontua Demuner. As expedições acontecem da seguinte maneira: primeiro, o grupo se desloca até Manaus, onde ficam alojados pela Marinha nos navios de assistência hospitalar, que recebem o nome de “Navios da Esperança”. Lá, se juntam a uma equipe de saúde composta por enfermeiros, dentistas e um médico. Então, navegam pelos rios da Amazônia prestando atendimento médico e odontológico aonde houver vidas. “Inúmeras tentativas foram realizadas pelas esferas governamentais para tentar fixar profissionais médicos nessas localidades. Contudo, acredito que a falta de estrutura, a inexistência de programas de desenvolvimento profissional e a distância dos grandes centros são fatores que desmotivam a fixação do médico. Os ‘Navios da Esperança’ proporcionam uma estrutura básica capaz de tornar factível a realização do projeto, levando profissionais qualificados às regiões remotas”, diz.

Esse ‘olhar pelo próximo’ começou a ser notado por ela ainda na juventude, quando cursava Medicina na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Foi durante a graduação que Maris descobriu a paixão por ensinar, quando trabalhou como monitora de anatomia em troca de um salário mínimo para custear seus estudos. Formada, mudou-se para São Paulo, onde fez residência médica em Cirurgia Geral e Cirurgia Pediátrica na EPM. “Anos depois de estudar na EPM, que me adotou como ‘filha da casa’, eu voltei como professora. Já fui homenageada por várias turmas de formandos. Além de um motivo de orgulho, esses atos representaram para mim um estímulo para continuar ensinando. Certamente, a preocupação com o próximo, que vai muito além do meu papel como educadora, e a sensibilidade para detectar através do olhar um pedido de socorro, foram os motivos das homenagens recebidas”. Com o lema “levar saúde de qualidade e dignidade onde houver vidas”, o projeto “Saúde e Cidadania em Fronteira” deverá ser expandido para outras regiões remotas do Brasil. Atualmente, já são realizadas expedições em comunidades Quilombolas no Vale do Ribeira, em São Paulo. Desde sua fundação, em 2012, o projeto já atendeu, ao todo, seis mil pacientes.

Além de um motivo de orgulho, esses atos [homenagens] representaram para mim um estímulo para continuar ensinando

Osmar Bustos

Quarto de Despejo é um diário autobiográfico, escrito por Carolina Maria de Jesus. A narrativa se inicia em 15 de julho de 1955 e vai até 1 de janeiro de 1960. Trata-se do dia a dia e das mazelas que ela, Carolina Maria, uma mulher negra, moradora na favela do Canindé, em São Paulo, enfrenta na vida catando papel, ferro, e o que mais tiver na rua que dê para lhe render algum dinheiro para comprar comida. Mãe de 3 filhos, morando em um barraco num lugar sem a menor estrutura ou a garantia de direitos básicos como água tratada e saneamento, Carolina atribui à favela a alcunha de “Quarto de Despejo”, daí surge o nome do livro-diário. A fome é um personagem que aparece e ganha forma e cor característica, que é o amarelo. A escuridão e o caos retratam também outros momentos que mais viveu na favela, como o racismo. “11 de agosto ... eu estava pagando o sapateiro e conversando com um preto que estava lendo um jornal. Ele estava revoltado com um guarda civil que espancou um preto e amarrou numa árvore. O guarda civil é branco. E há certos brancos que transforma preto em bode expiatório. Quem sabe se guarda civil ignora que já foi extinta a escravidão e ainda estamos no regime da chibata?” Hysabella Conrado, do 3º Ano de Jornalismo da Universidade São Judas, recomenda o livro por ele ser uma história necessária para entender o

Brasil pós-abolição. “Um diário escrito por uma mulher negra, que além de viver tudo o que narra, é escritora e poeta”. A estudante diz que a sensibilidade e perspicácia com que Carolina enxerga e interpreta a sociedade, faz com que o leitor tenha experiências palpáveis com a leitura”. Passado mais de meio século da publicação da sua primeira edição, o livro é considerado atual. O cotidiano que Carolina nos apresenta, as dificuldades, o modo como a pessoa negra aparece marginalizada, negligenciada e esquecida, em alguns momentos. Hysabella diz “tudo o que vemos, faz parecer familiar a impressão que fica é que aquilo aconteceu ontem mesmo, ali na esquina, na fila do açougue, na farmácia”. “Eu, particularmente, tive momentos em que chorei, em que senti a boca amarga, uma agonia de ler sabendo que tudo é real. É um experiência sensível e social. Carolina é indispensável para entender o Brasil que vivemos”, contou a estudante.

expediente

Jornal laboratório do 40 ano de Jornalismo da Universidade São Judas Reitor Ricardo Cançado Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

Jornal Expressão

Capa Foto: Joyce Gonçalves

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Um refúgio para a leitura

Aline Oliveira

Bibliotecas públicas buscam inovar para atrair leitores na era dos e-books Aline Oliveira | aline_28oliveira@hotmail.com

A Biblioteca de São Paulo (BSP), mais conhecida como Biblioteca Parque da Juventude, chama a atenção pelos serviços que oferece. Ela consegue ter um número alto de frequentadores, não só para pegar um livro e irem embora, mas para realizar a leitura nos aconchegantes espaços que existem no local, trazendo ao lugar, onde antes existia o presídio Carandiru, um ar cultural. A BSP tem uma média de 25 mil visitantes, uma das mais visitadas em São Paulo, junto com a Mário de Andrade e Parque Villa Lobos. “Venho aqui duas ou três vezes por semana, pego livros para levar para casa, sempre algo que quero pes-

quisar. Aqui é a melhor biblioteca de São Paulo, é um lugar espaçoso, acolhedor e confortável, além do acervo que é muito vasto”, relata Emerson Roberto da Silva, que gosta bastante da máquina de reserva de livros que o local possui, onde o próprio usuário pode registrar a retirada da obra, sem precisar pegar filas. A acessibilidade não decepciona. Lá há um software para pessoas com baixa mobilidade, chamado Essencial Acessibility, que ajuda usuários com deficiência a acessarem sites da internet com mais facilidade. Para os idosos existe um programa, voltado ao conforto das pessoas acima de 60 anos. As

crianças e adolescentes também têm atenção especial no local, com visita monitorada, atividades e programações específicas para eles. Seu acervo é muito diversificado, possuindo além dos livros alguns filmes, cds, revistas e jornais “A biblioteca é bem confortável e tem uma grande variedade de gêneros literários. Lá eu posso pegar livros para fazer pesquisas da faculdade ou revistas em quadrinhos, por exemplo. O grande espaço verde atrai muita gente também, eu prefiro ler do lado de fora”, diz Giovana Gonçalves que aprecia os livros. Ao visitar o local é fácil encontrar moradores de rua

São Judas tem curso de inglês gratuito

Adriene Colim | colimadriene@gmail.com

Guilherme Sanches

Programa contribui para a instrução dos jovens Gabriel Proiete | gabrielproiete@hotmail.com

Ainda distante de uma precisão de dados, pela falta de ferramentas que podem abranger vários aspectos da entidade, os agentes educacionais da Fundação Casa (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente) atestam: praticamente quatro em cada dez jovens detentos já são pais precocemente. A ameaça das doenças sexualmente transmissíveis também aparece como um ‘fantasma’ que perambula a instituição. Responsável pela reintegração desses jovens para a sociedade, de forma

que eles estejam mais instruídos a não voltar ao mundo do crime, a Fundação Casa possui também um projeto de educação sexual, no qual muitas vezes acontece o primeiro contato com o assunto. “Toda semana realizamos oficinas sobre educação sexual. Cada educador tem o seu próprio. Eu costumo interagir bastante com eles. Mas o conteúdo basicamente é o mesmo: importância de prevenção, formas de prevenção, doenças sexualmente transmissíveis, entre outros” conta a educadora Célia Regina Jornal Expressão

A Biblioteca de São Paulo fica localizada no Parque da Juventude, na Avenida Cruzeiro do Sul, 2630, em Santana Horário de funcionamento: terça a domingo, das 9h30 às 20h30 Telefone: (11) 2089-0800

Rotinas de autodidatas em busca de conhecimento de outra língua

Curso é disponibilizado para alunos e funcionários da Universidade São Judas

Fundação Casa tem educação sexual

Acervo chama a atenção pela quantidade de livros

Por onde começar?

Guilherme Sanches | guilherme_sanches2009@hotmail.com

inglês está se tornando cada vez mais fundamental no mercado de trabalho.” O processo de ingresso é feito por meio de uma prova classificatória, que definirá o nível de conhecimento do aluno no idioma. Os níveis disponíveis são: Fundamentals, Elementary 1 e 2, Pré-intermediate 1 e 2, Intermediate 1 e 2, Advanced 1 e 2, Advanced Conversation Course e FCE, com duração de seis meses cada. As aulas são ministradas na Unidade Mooca, de segunda à sábado, e na Unidade Butantã, aos sábados. Também são oferecidos cursos preparatórios para os alunos que desejam prestar os exames internacionais de proficiência em língua inglesa. A professora Cynthia Pichini, coordenadora do curso, conta que as aulas são uma forma de melhorar a capacitação de alunos e funcionários. “Nossa ideia é dar a iniciação e incentivo no aprendizado de língua inglesa para que nossos alunos

Aline Oliveira

Quer aprender um idioma sozinho?

Aulas são ofertadas nas unidades Mooca e Butantã

Quando ingressa em uma universidade, o estudante muitas vezes não sabe a quantidade de benefícios que têm a sua disposição, totalmente grátis, para aumentar seu conhecimento. O curso de inglês oferecido pela Universidade São Judas Tadeu é um grande exemplo de casos desse tipo. Com proposta inovadora, a instituição criou o Learning Center, um núcleo de estudos que oferece o curso de inglês, a partir do nível iniciante, para alunos e funcionários. Com aulas interativas e que estimulam o aluno à colocar seu inglês em prática, o curso conta com professores altamente capacitados para o ensino. De acordo com Luiz Fernando Traghia, um dos professores do curso, a expectativa é ensinar o inglês da melhor forma possível dentro da carga horária. “Com as aulas, queremos que os alunos consigam um cargo melhor em suas respectivas áreas, pois hoje em dia o

que aproveitam o dia para ler, buscando uma distração, além de terem acesso liberado a internet. Desde o ano passado é possível também ler jornais períodos por meio digitais, nos tablets que estão disponíveis na biblioteca para o uso do público. Nos dois últimos anos houve uma queda no número de frequentadores. Em 2015, o número de visitas foi de 331.758, caindo para 302.391 no ano seguinte. A maior causa dessa diminuição se deve a redução do horário de funcionamento da biblioteca, implantado no começo de 2016, além disso o alto número de assaltos no Parque da Juventude acabou afastando os visitantes.

consigam melhores empregos. As inscrições são oferecidas pelo site da universidade, com isso queremos mostrar cada vez mais nossa receptividade para todos.” Além das aulas habituais, o Learning Center oferece um modelo de ensino especial, que acontece sempre às sextas-feiras. O projeto é chamado de Friday Night Live, que consiste em oficinas para aprendizado. O aluno tem contato com curiosidades, peculiaridades e informações da cultura de países que utilizam a língua inglesa como idioma principal, por meio de jogos, gincanas, músicas e filmes. Ficou interessado? O Learning Center fica localizado no subsolo da Universidade, na sala S06B. Para quem preferir, é possível acessar o blog learningcenterusjt@ wordpress.com ou entrar em contato por e-mail, enviando a mensagem para learningcenter@usjt.br. Para participar, basta verificar as datas das provas classificatórias e fazer a inscrição. Souza, funcionária da entidade governamental há 11 anos. No entanto, o difícil acesso a esse tipo de conhecimento pode custar caro, inclusive, no momento do aprendizado, criando uma resistência na hora da absorção de novas informações. “Nor-

Paulo Cesar Marques, mais conhecido como PC, de 34 anos, possui nível avançado em inglês, intermediário em espanhol e iniciante em francês. Thalita Benjamin, estudante do terceiro ano de Jornalismo, começou a se interessar pela Língua Inglesa aos 12 anos e hoje, aos 19, fala, escreve e entende fluentemente o idioma. O que será que eles têm em comum quanto à metodologia de aprendizagem? Ambos são autodidatas! Ou seja, aprenderam os idiomas de maneira totalmente autônoma, por esforço próprio, sem a mediação de professores. As razões que levam ao estudo independente são as mais diversas: questões financeiras, maior autonomia na escolha dos horários e na seleção de fontes, ou simplesmente a vontade de desafiar a si próprio na busca pelo conhecimento. O advento e a ampliação do acesso à internet são os principais fatores que possibilitam a aprendizagem autodidata. Thalita é um exemplo disso. “Tudo o que sei aprendi usando as ferramentas da internet. Eu co-

mecei a ir além da informação que me era apresentada e tinha muito contato com textos em inglês. Foi aí que, por meio de mecanismos de tradução e dicionários on-line, comecei a comparar textos originais e traduzidos e no final percebi que eu lia mais conteúdo em inglês do que em português”, conta. PC preferiu iniciar pela parte gramatical das línguas. Quando surgiu seu interesse por idiomas, há aproximadamente 20 anos, a internet ainda estava engatinhando e, portanto, o leque de materiais era mais restrito. Mas isso não o impediu de dar início aos estudos, começando pelo inglês, através de uma apostila comprada de um amigo. Atualmente, PC estuda espanhol e francês por apostilas baixadas da internet, videoaulas no youtube e pelo programa de computador Rosetta Stone. “Mas as apostilas são mais eficazes, pois tem vocabulário, gramática e exercícios em áudio e texto. Tem tudo lá”, recomenda. A didática é imprescindível, mas o entretenimento também tem papel fundamental na aprendizagem. E

se o aprender é bom, atrelado à diversão pode ser ainda melhor, sobretudo se estiver presente no cotidiano do estudante. “Eu assistia a muitos vídeos de entrevistas, filmes e séries legendados, e ouvia muitas músicas em inglês, aí comecei a usar isso também para aprender”, afirma Thalita. Para obter êxito nos estudos, PC faz algumas recomendações que julga indispensáveis para qualquer autodidata. “Primeiro tem que ter um bom material, saber organizá-lo, fazer todos os exercícios, reservar um tempo para estudar com frequência e procurar fontes diferentes. Basicamente tem que ter disciplina”. Gostar de línguas estrangeiras é significativo para uma boa aprendizagem, mas os métodos autodidatas podem aproximar o estudante do idioma e de suas culturas justamente por haver um contato mais direto entre aprendiz-língua. E lembrando que o aprendizado tem que ser contínuo. Como diz PC, que dispensa uma folga nos estudos, “a gente está sempre aprendendo algo”. Arquivo Pessoal

PC faz questão de anotar quase tudo à mão para melhor fixação das informações na memória. malmente, quando falamos de formas de prevenção, eles acabam não tendo uma boa receptividade. Uns viram o rosto, outros acabam apenas não prestando atenção. Eles só começam a interagir mais quando começam a falar das doenças. Não temos nenhum

auxílio governamental, todo o material somos nós mesmos que trazemos, às nossas custas”, relata Daniele Denise de Lima, também educadora da Fundação. Em estudo feito pelo Movimento Todos pela Educação, com base na Pesquisa ExpressãoFotos

Nacional por Amostra a Domicílio (Pnad), mostrou que 75% dos adolescentes que tiveram filhos precocemente estavam fora da escola. Quando o assunto são DSTs, os números são ainda mais alarmantes: de acordo com o último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, a taxa de detecção de jovens entre 15 e 24 anos triplicou de 2006 a 2015, de 2,4 para 6,9 por 100 mil habitantes. O Brasil também está no Top-50 de adolescentes com filhos. “É difícil saber o quanto nosso trabalho reflete. Encontramos um ambiente hostil, resistente às diferenças sexuais. Mesmo com as dinâmicas que fazemos, sabemos que lá fora é diferente. Se de mil jovens, um lembrar do que aprendeu aqui e levar para a rua, já será ótimo”, completa Célia Regina Souza.


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Metrô

Cidade sobre trilhos

O desafio de transportar sonhos, objetivos... vidas, todos os dias Fernanda Souza | souzacarolinafernanda94@gmail.com

São 4,7 milhões de usuários por dia. Essa é a média de passageiros que o Metrô de São Paulo transporta diariamente. São 78,4 km de linhas ferroviárias distribuídas entre cinco linhas: 1-Azul (Jabaquara-Tucuruvi), 2-Verde (Vila Prudente- Vila Madalena), 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera – Palmeiras-Barra Funda), 5-Lilás (Capão Redondo-Adolfo Pinheiro) e 15-Prata (Oratório-Vila Prudente). A linha 4-Amarela foi a primeira a ser operada em regime de concessão pelo consórcio Via-Quatro, ou seja, esta linha não é operada pelo Metrô, mas sim por uma empresa privada. Já a linha 15-Prata, mais conhecida por Monotrilho, foi inaugurada em agosto de 2015 e trouxe um sistema de transporte inédito no Brasil. Assim é formada a malha metroviária da cidade de São Paulo. Com tantas pessoas dependentes desse sistema, não é à toa que qualquer falha, por mínima que seja, possa acarretar longos atrasos. O Metrô funciona como um carrossel: se um trem parar ou ficar mais tempo na plataforma por algum motivo, automaticamente, todos os outros trens pararão. Para falhas técnicas, intervenções na via, comércio ambulante e até mesmo casos de assédio, o CCO (Centro de Controle Operacional), juntamente com a CCS (Centro de Controle de Segurança), são ‘os olhos’ do metrô. Dentro da sala de Operações, eles cuidam de tudo, tentando minimizar os efeitos para o usuário de qualquer problema que ocorra no dia-a-dia da operação.

Arquivo metrô

Usuários aguardam o metrô para prosseguir viagem Em 2010, ele foi considerado o melhor metrô da América Latina pelo The Metro Awards. Segundo o engenheiro da área de transportes urbanos, Rodolfo Olivieti, o Metrô de São Paulo já alcançou o nível de saturação e a solução para reduzir efetivamente as superlotações só poderia vir em um longo prazo. A demanda de usuários já atingiu um limite há algum tempo, e seria necessária uma rede muito maior e com mais linhas para atender a demanda em um prazo médio. Quando questionado se haveria um modo de serem colocados mais vagões para atender a população, principalmente em horários de pico, o assessor de imprensa do Metrô Marcelo Thomaz diz que o sistema opera com 100% da capacidade nos horários de maior movimento, das 07 às 10h manhã e das 17h às 20h tarde/noite. Fora destes horários, a operação conta com 70% da capacidade, o que é suficiente para a demanda. Contudo, um novo sistema, chamado

CBTC, já implantado na linha 2-Verde, pode aumentar o fluxo de trens e melhorar o conforto do passageiro. Ele frisa também que o principal para a empresa é a segurança do usuário. “Do total de 155 trens que operam nas linhas administradas pelo Metrô, 91% são novos ou modernizados, contando com ar condicionado, mensagem sonora automática, iluminação mais eficiente, mapa eletrônico de estações, freios ABS e outros equipamentos de auxílio ao operador. Os demais funcionam com o mesmo desempenho operacional e também serão modernizados”, complementa o Assessor. São quarenta e três anos de operação, que fizeram o Metrô de São Paulo ser o maior e mais movimentado sistema de transporte metroviário do Brasil. Porém, ainda há muito a ser feito - como chegar aos 100 km de extensão dos trilhos, promessa do Governo do Estado que até agora não foi entregue.

Arte no Metrô - Você sabia? Thaynara Daldin | thaynara.usjt@gmail.com

Existem 91 obras de arte espalhadas por mais de 37 estações do metrô. Nomes como Tomie Othake e Antonio Peticov assinam algumas delas e todas podem ser conferidas virtualmente no link: http://www.metro.sp.gov.br/cultura/arte-metro/livro-digital.aspx.

Da bilheteira para a coordenação Renata Tomaz | renatatomaz18@hotmail.com

Com 33 anos de empresa, Cesar Romero Quintans é o funcionário mais antigo do metrô. Começou a trabalhar lá quando tinha 21 anos. Essa era a idade mínima exigida. Na época em que se tornou metroviário, a contratação era feita por meio de processo seletivo, pois não existia concurso público ainda. Começou como bilheteiro, passou por vários cargos e hoje é coordenador do Departamento de Estações do Metrô de São Paulo. Expressão: Como foi sua carreira no me- pós e duas MBA’s. trô até chegar onde está hoje? Expressão: Tem algum momento que ficou Cesar: Eu comecei como bilheteiro. Traba- marcado para você, como funcionário do metrô? lhei durante um ano e dois meses na bilheteCesar: Tem uma história que marcou ria e depois fui para a área da segurança. Fui muito, de quando trabalhei como segurança. segurança S1, que era o básico. Nessa época, Nessa época, existiam os “correnteiros”, que tive sorte e fui promovido logo em seguida eram os ladrões de correntes. Eu estava despara segurança S2 e lá fiquei por 2 anos e meio. cendo as escadas da estação Vergueiro com No ano seguinte, fiz o concurso interno e pas- um colega, quando o trem abriu as portas, um sei para supervisor de segurança, e logo depois cara puxou a corrente do pescoço de uma separa supervisor de estação. Hoje estou coorde- nhora e saiu correndo, mas para o azar dele, nador, mas me sinto menos desafiado do que já deu de cara comigo e meu companheiro. quando era supervisor. Peguei-o e fiquei segurando. O parceiro dele Expressão: Você teve outro emprego antes? que estava armado foi pego pelo meu coleCesar: Sim. Já fui desenhista mecânico, ga. Foi um sufoco, mas graças a Deus, ele trabalhei em uma empresa chamada Map. E não atirou em ninguém. O engraçado foi que também já tive uma loja. Pouco tempo depois após o ocorrido, meu amigo teve uma crise que comecei a trabalhar no metrô, consegui de choro e ficou um pouco traumatizado. juntar um dinheirinho e montei uma loja de Expressão: O que você mais gosta no seu roupas de festas com minha esposa e mais emprego no metrô? uma sócia. Na época em que era supervisor Cesar: Quando comecei a trabalhar aqui de estação, eu trabalhava na Sé e passava, em eu gostava muito de beber, mas quando era média, 12 horas por dia lá. Pelo fato dela ser a segurança, tive de lidar com tanta gente bêmaior estação e estar mais centralizada, ela é bada, que acabei ficando com raiva da bebia mais complexa do sistema, e por conta dis- da e parei de beber. Na verdade, parei com so, eu não tinha muito tempo para cuidar do todos os vícios que tinha. Gosto de trabalhar negócio. Então, minha esposa e eu, vendemos aqui, porque lido com gente. No começo não nossa parte para a sócia. tinha muita paciência não, mas com o tempo Expressão: Por ser um emprego que ofe- fui amadurecendo. Joyce Gonçalves rece estabilidade, muitas pessoas acabam se acomodando dentro da empresa. Aconteceu isso com você? Cesar: No começo sim. Mas com o passar do tempo, foi ficando aquela mesmice, e como não gosto de rotina, resolvi estudar. Entrei na faculdade aos 40 anos de idade. Os primeiros seis meses foram vergonhosos. Mas, no segundo semestre já conseguia acompanhar meus colegas, que em sua maioria eram bem mais jovens do que eu. No terceiro, eu os deixei para trás, porque a experiência e maturidade que eu tinha contaram muito e fez a diferença. Ganhei bolsa de estudos para fazer pesquisas e ao final do curso, a faculdade me ofereceu uma bolsa de pós-graduação. Fiz a Trem estacionado no pátio Capão Redondo

Bastidores do setor de Achados e Perdidos O universo de coisas perdidas no metrô Julia Funchal | julia.funchal@yahoo.com

Guarda-chuvas, jóias, bijuterias, livros, aparelhos celulares, documentos... Esses são alguns dos objetos encontrados no Metrô de São Paulo diariamente. No entanto, engana-se quem pensa que somente itens comuns do dia a dia são entregues ao setor de Achados e Perdidos da estação da Sé: por diversas vezes, coisas como próteses (dentárias ou de perna), pente de bala de arma de fogo, álbum de fotos de famílias tiradas no século XX e muitos outros materias inimagináveis também foram parar no local. Com a ajuda dos usuários e funcionários de todas as estações, que diariamente entregam pertences perdidos aos locais corretos, uma equipe de 14 colaboradores se divide no setor de Acha-

dos e Perdidos em um processo minucioso e em escala; entre atendimento ao usuário, recebimento e tratamento dos objetos, cadastamento de cada coisa no sistema, armazenamento e investigação para encontrar os donos de diversos documentos – processo complexo! Quando questionado sobre a porcentagem ainda baixa de objetos procurados pelos donos e devolvidos, Marcos Borges, que trabalha desde 2016 no setor como coordenador de atendimento e serviços, explica: “As pessoas não acreditam na boa fé do próximo, por isso elas não acreditam que os objetos estão aqui. Em razão disso, e não vêm buscá-los”. Esse trabalho inesgotável da equipe resultou em númeArquivo metrô

Central de serviços de Achados e Perdidos

Histórias, nossas histórias... Thais Martins | thaismartinsr@hotmail.com

Nessas idas e vindas, muitas histórias inusitadas acontecem no metrô. Há alguns anos uma muito diferente aconteceu em uma das estações: um parto. Foi no ano de 2014, dia 17 de julho, que uma criança nasceu na estação República. Não é sempre que se ouve falar sobre partos em transportes públicos, mas e sobre pedidos de namoro? No início de 2017 uma mulher teve uma surpresa bem diferente: foi pedida em namoro dentro de um vagão, com direito a música, aliança e flores. O metrô de São Paulo é um livro de páginas em branco que são preenchidas todos os dias, por todos.

ros surpreendentes: em 42 anos de história, o Achados e Perdidos já encontrou mais de 1 milhão de itens. Em 2015, foram 37 mil atendimentos realizados pela Central à pessoas que buscavam seus pertences. De todos os objetos comuns cadastrados no local, em média 20 a 25% são devolvidos aos donos que os localizam e vão buscá-los. Celulares têm um índice de devolução maior, quase 40%. Marcos conta também sobre um dos casos que mais o chamou a atenção: “Em 2016, uma babá perdeu uma bolsa com todo o salário do mês. O Metrô fez um esquema de investigação, partindo do nome que estava no bilhete único perdido junto com o dinheiro, até achar a dona, que se emocionou muito ao receber”. Ao fim dos 60 dias de prazo de recolhimento de itens perdidos, a Central os destina à fundos sociais e ONGs que buscam e dão destino aos objetos. Livros em bom estado são destinados ao projeto “Leitura do Vagão”, enquanto documentos são devolvidos aos seus órgãos expeditores em todos os locais do Brasil – esse trabalho de envio é feito pela própria equipe do Metrô. Se você perdeu algo há no máximo 60 dias na cidade de São Paulo, há grandes chances de ligar para o número 0800 770 7722, dizer seu nome (em caso de documentos perdidos) ou descrever o objeto que perdeu – e encontrá-lo intacto e cuidado por uma equipe prestativa e organizada!

Existe acessibilidade

Mais de 3 mil metroviários de operação participam do treinamento para auxiliar pessoas com deficiência e idosos no metrô de São Paulo Julia Lopes | julialopes.sp@hotmail.com

Aproximadamente 2 mil pessoas com deficiência e 120 mil idosos são atendidos diariamente pelo metrô. O treinamento realizado com os metroviários acontecem anualmente e cerca de 350 jovens cidadãos auxiliam nos períodos de maior fluxo. O acompanhamento com esses usuários é feito até no embarque do trem, seguindo orientações e capacitação. No desembarque terá um outro funcionário à disposição da pessoa. Em casos de deficiência auditiva o metrô possui 400 funcionários treinados em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Há também telefones públicos disponíveis para o uso destas pessoas, eles só precisam pedir ajuda para um colaborador. Para aperfeiçoar o atendimento o metrô de São Paulo desenvolve uma atividade sistemática que faz visitas monitoradas com idosos, para assim poder orienta-las de como fazer uso do sistema metroviário com segurança. “É um dos melhores transportes coletivos em questão de acessibilidade, mas é complicado, o elevador geralmente fica no fim da plataforma e normalmente têm somente em um lado da

estação”, conta Fabiano Pier- atitude deles com os que não re Molina, cadeirante usuário respeitam o preferencial. do metrô de São Paulo. Ele Em 2015 o metrô de São acrescentou que uma coisa Paulo foi premiado pela que atrapalha o deslocamen- União Internacional de Transto dentro das estações é que portes Públicos (UITP) por usuários que não possuem suas ações inclusivas com nenhum tipo de dificuldade idosos e deficientes. As estade locomoção usam os ele- ções são acessíveis, possuem vadores e ficam no lugar de rampas, elevadores, esteiras cadeirantes dentro do vagão. rolantes e plataforma de eleSegundo a assessoria de im- vação inclinada. Além disso prensa do metrô todos os fun- também dispõe de piso tátil cionários são treinados e estão para deficientes visuais, saniaptos para darem assistência tários e corrimões adequados. necessária que o deJulia Lopes ficiente precisar. Nas estações estão localizadas cabines de vidro chamadas SSO (Sala de Supervisão Operacional), onde pode-se procurar por auxílio ou pedir informações. “A maioria das vezes quem dificulta o acesso são os capacitados, não respeitam os acentos preferenciais”, diz Angelina da Silva, idosa usuária do metro. Ela comenta que existe funcionários para ajudar no acesso e que eles são prestativos dando informações, mas reclama da falta de Aviso de preferência na plataforma Jornal Expressão


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Metrô

Registros de assédio aumentam Infratores se aproveitam de superlotação de vagões para tocar e abusar de mulheres sem permissão Mayara Galdino | galdinob.mayara@gmail.com

Controle e Segurança Gabrielle Borges | gaaby_borges@hotmail.com A operação do Metrô é uma tarefa de extrema responsabilidade, para controlar essa atividade, existe o Centro de Controle Operacional (CCO) onde homens e computadores modernos controlam e regulam toda a movimentação do sistema, são responsáveis por todas as linhas menos a amarela que é controlada pela via quatro. Existe também o Centro de Controle de Segurança (CCS), que monitora as estações, parte da plataforma, parte de fora da estação. As câmeras de dentro do vagão são responsabilidade do maquinista e não do Centro de Segurança.

Assustada, invadida, enojada, insegura, desesperada. Esses são sentimentos vividos por vítimas de assédio no metrô de São Paulo. Em 2016, a Delegacia de Polícia do Metropolitano (Delpom) responsável pelos crimes cometidos nas dependências do metrô, registrou 119 casos de assédio sexual, um aumento de 29% comparado ao ano de 2015. Danielle Lavagnoli, 21 anos, estudante de publicidade não entrou para esta estatística. Não por não ter sido assediada, mas por não ter denunciado o ocorrido. A jovem estava dentro de um vagão a caminho do trabalho e percebeu que um homem a assediava. Danielle se sentiu incomodada e tentou desviar, mas o rapaz a acompanhou. “Quando o metrô parou na estação Sé, ele desceu, foi quando reparei que ele havia ejaculado na minha

calça. Comecei a chorar, não queria continuar em pé, nem encostar em ninguém, foi uma situação traumatizante”, relata a estudante. “Não tentei denunciar nem gritar, senti medo, porque quando você faz barraco em um lugar público as pessoas acham que é um escândalo ou algo da sua cabeça. Ninguém da credibilidade para a mulher que denuncia um assédio”, completa Danielle. Letícia de Cassia F. Ramos, 21 anos, futura psicóloga, passou por uma situação parecida. Ao perceber que estava sendo assediada, gritou e foi ajudada por dois homens que empurram o agressor para fora do vagão e chamaram os seguranças, a jovem seguiu para a faculdade desesperada e não viu o desfecho da situação. “Acredito que o metrô não está preparado para essas situações mesmo acontecen-

Em cima de destroços Depois da demolição do Edifício Mendes Caldeira Joyce Gonçalves

Mayara Galdino

Cartazes sobre o combate ao assédio no Metrô de SP

do com tanta frequência. Deveriam colocar mais mulheres trabalhando lá, elas teriam mais empatia pelas outras. Se tivesse sido amparada por uma funcionária, talvez teria me acalmado e prosseguido com o registro”, expõe. As denúncias por meio do SMS-Denúncia (9 73332252) são menores do que número de casos ocorridos. Por isso o Metrô promoveu a campanha ‘Você não está sozinha’. A primeira versão teve grande rejeição do público feminino, pois apresentava a imagem de homens de braços cruzados em volta de uma mulher, causando ambiguidade na interpretação. A instituição reparou o erro e afirma que depois da divulgação da segunda versão da campanha houve um aumento de denúncias e mais de 82% dos infratores foram identificados e levados à delegacia (DELPOM).

Comércio nos vagões em trens é proibido

Com a crise econômica, cresce o número de recolhimento de mercadorias

A estação da Sé é a que tem maior movimento no metrô Alexandre Dias | alec@hotmail.com

Os mistérios da manutenção Joyce Gonçalves | ferreirajoyce11@hotmail.com

O sistema metroviário de SP vai além dos túneis e plataformas. Diariamente, o processo de manutenção acontece em horário comercial e madrugadas. Entre os itens reparados estão: trens (travas de portas e frenagem), escadas rolantes, geradores, computadores e rádios de comunicação. Com rigorosos procedimentos, o Metrô assegura a continuidade de seus serviços e evita falhas nas operações. Em casos de problemas, os vagões são esvaziados e levados aos pátios para serem avaliados e consertados. Joyce Gonçalves

Conhecida como a maior e mais movimentada estação de metrô da capital paulista, a “Sé”, como normalmente é chamada, tem uma história abrangente desde sua inauguração em 17 de fevereiro de 1978. Poucos sabem, mas sua construção só foi possível devido à implosão do Edifício Mendes Caldeira. Anunciado em jornais como Correio Paulistano e O Estado de S.Paulo em junho de 1960 como “O maior negócio do Brasil“, o Mendes Caldeira surgia como o mais completo arranha-céu já construído na região da Praça da Sé. Naquela época só haviam prédios baixos ao redor da Catedral Metropolitana de São Paulo, e o novo e moderno edifício, com sua ousadia, prometia ter suas unidades vendidas em tempo recorde. Toda a grandiosidade, aliada a um projeto moderno e arrojado tinha tudo para fazê-lo um dos ícones da arquitetura moderna paulistana. Entretanto, o Edifício Mendes Caldeira estaria no epicentro de uma questão importantíssima para o desenvolvimento da capital paulista: A Estação Sé do Metrô, como explica o Engenheiro Jack Loisaux. “O edifício era um dos mais admirados da época, mas teve que ser escolhido para dar lugar à estação”.

As obras da Estação da Sé e do Metrô de São Paulo como um todo estavam indo bastante lentas e no início da década de 70, começou-se a discutir que talvez fosse necessária a desapropriação e demolição de alguns dos prédios que ficavam entre a Praça da Sé e a Praça Clóvis Bevilacqua. Entre eles dois ícones de São Paulo, o Palacete Santa Helena, representando a São Paulo antiga e o Mendes Caldeira representando a São Paulo contemporânea de então. Ficou decido que o Mendes Caldeira daria lugar para a futura estação de metrô da Sé. Até então, nenhum edifício de grandes proporções havia sido demolido, como explica Luís Carlos Meireles, Engenheiro Civil que participou da obra. “ Tratava-se de processo inédito de demolição de edificações e estruturas de concreto com utilização de explosivos especiais e procedimento de instalação desenvolvido e utilizado nos Estados Unidos”. Fato é que em 16 de novembro de 1975 o Mendes Caldeira foi abaixo e três anos mais tarde a Estação da Sé seria inaugurada. Hoje, cerca de 100 mil pessoas passam por lá diariamente, de acordo com dados do Metrô.

Érika Sakihama | erika.ka@hotmail.com

“Ei pessoal, a porta fechou, o perigo passou, o marreteiro chegou”, “Mercadoria de Moscou, moscou o guarda levou”, “Ajuda eu, que minha sogra morreu e eu preciso fazer uma festa!”. Com uma lábia de causar inveja em qualquer setor de Marketing, os ambulantes estão cada vez mais presentes no transporte público. O “Shopping Trem” (termo usado pelos vendedores) é uma alternativa que muitos encontraram para sobreviver diante da crise econômica. Segundo Josué de Souza, ambulante, o comércio irregular vem sendo cada dia mais procurado por pessoas que não conseguem emprego. “É um meio de sustento de muitas famílias! Muitos poderiam estar cometendo delitos e furtos, mas não! Estamos ali honestamente vendendo nossas mercadorias. Porém, não estamos sós, milhares de pas-

sageiros todos os dias compram nossos produtos”. Por outro lado, o Metrô alerta aos usuários para que não cooperem e denunciem as vendas irregulares por correrem riscos ao adquirir produtos de origem duvidosa e que, em muitos casos, podem estar fora do prazo de validade ou até adulterados. Além disso, afeta o trabalho do comerciante devidamente registrado. Para coibir o comércio irregular, o Metrô orienta por meio do SMS Denúncia (telefone 9 7333-2252) e pelo Centro de Controle da Segurança que monitora através de mais de 3 mil câmeras. Segundo dados da companhia metroviária, o número de recolhimento de mercadorias em 2016 foi de 12.172, refletindo um aumento de 82% em relação a 2015, quando foram realizadas 6.664 ações.

Para a empresa, o ato não é tratado como crime, mas é considerada infração administrativa por ser proibido por lei, o que resulta na retirada do ambulante do sistema, apreensão de mercadorias e multa. Apesar disso, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Metrô, 40% dos passageiros não veem problema no comércio, inclusive compram os produtos por ser mais cômodo e barato. Segundo Fábio Seiji Shinzaki, segurança metroviário, combater o comércio ilegal depende também da atitude dos passageiros “Há diversas dificuldades para conter os ambulantes, mas o maior problema é a conscientização dos usuários do metrô. Algumas pessoas não se importam e até compram os produtos, o que acaba favorecendo a circulação dos vendedores. Eles estão ficando cada vez mais protegidos pela sociedade e tornando-se parte da nossa cultura”, comenta.

Banda dos Seguranças do Metrô de SP encanta usuários

Grupo se apresenta uma vez por mês, em várias estações. Tem repertório variado e atrai grande público, de todas as idades e cantos da metrópole Nathaly Pedrosa | souza.nathaly@yahoo.com.br

Estação da Luz, seis horas da tarde. Para grande parte dos paulistanos dá-se início a jornada de volta para casa. Ao longe, houve-se uma melodia e os mais curiosos mesmo cansados de um longo dia de trabalho vão dar uma espiada. Em cima do palco a Banda dos Seguranças do Metrô (BSM) envolve o público ao som de “La Bamba”, um clássico lançado no final dos anos 60, a plateia canta, bate palmas e até dança. Tem sido assim desde 12 de fevereiro de 2012 quando a BSM fez seu primeiro show na estação da Sé.

Desde então a Banda tem se apresentado uma vez por mês em diferentes estações do Metrô e conquistado muitos admiradores. A página do fã-clube tem por volta de 17.400 seguidores no Facebook. O show agrada a todos os públicos e estilos, vai do Rock ao Gospel, Pop, Pagode, Samba, Sertanejo e até opera. O vocalista Ivan Costa Lima se desdobra no palco e encanta não somente o público. “Tenho muito orgulho do meu irmão, ele sempre gostou de cantar desde criança”, diz a irmã do vocalista, PaJornal Expressão

Joyce Gonçalves

A simpatia e a desenvoltura no palco impressionam

mela Cristina Costa Lima. As apresentações têm o apoio da diretoria do Metrô e fazem parte da política da empresa, que sempre se preocupa em levar atividades culturais aos seus usuários. “Seguir a Banda me faz ficar leve, trabalho com contabilidade e quando tem show chego em casa tão animada e calma que até meus filhos notam”, diz Valéria Thiem, fã há 2 anos. Tudo começou em 2011 quando os agentes de segurança do Metrô foram fazer uma ação social em uma instituição de portadores de hanseníase.

A ideia inicial era só levar mantimentos e remédios, mas alguns dos atuais integrantes da BSM: Ivan Costa Lima, vocalista; Claudinei Cipriano, tecladista; e Lucivaldo Araújo, trombonista e regente, resolveram levar um pouco de música para alegrar o local. A Banda Henrique Nunes, Adolpho Ramos, Marcos José, Wagner Jr., Silvio Morassi e Fábio Ferreira.


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Upgrade da geração Coca-Cola Mas agora os filhos da revolução estão ocupados e sentados no sofá de casa Gizela Lima | gizelallima@gmail.com Gizela Lima

A popularização da Netflix como provedora de séries e filmes via streaming é a prova real do novo momento vivido nas plataformas digitais. Hoje são aproximadamente 90 milhões de assinantes em todo o mundo e no Brasil o número está em torno de seis milhões de pagantes. Os benefícios oferecidos por tanta modernização deram início a uma nova categoria de telespectadores, uma geração que agora depende exclusivamente dessa forma de lazer e distração. O acesso a este tipo de conteúdo deixou de ser algo esporádico para se tornar necessário. Substituindo assim a antiga influência exercida pela televisão. Para muitos adeptos é preciso o auxílio de outros aplicativos para controlar tudo o que está sendo visto no momento. É o que acontece com Felipe Yokoyama, já que o comunicador recém-formado precisa incluir na nova rotina de trabalho e tarefas um tempo para acompanhar suas séries favoritas. O aplicativo usado por ele é o TVshow Time,

Menu inicial onde os usuários escolhem o que assistir

Esta entrevista não é uma farsa Expressão: Todos os casos são apurados por você mesmo, ou existe uma equipe de investigação? Gilmar: O site é mantido basicamente por mim, mas tenho uma turma muito bacana no Facebook. Criamos um grupo lá que me ajudam. O Riomar Bruno e o Thiago Lucas tomam conta do grupo e filtram as histórias que estão sendo discutidas. Daí eu faço apenas mais algumas checagens. Expressão: Por que é tão fácil disseminar essas farsas, notícias e outros? Gilmar: É fácil porque é muito mais cômodo para quem está lendo aquela notícia compartilhar do que abrir uma janela nova para pesquisar. Existem estudos que apontam que, no geral, não se lê todo o conteúdo da matéria. Leem a manchete, veem a foto e vão repassando. Temos acesso a muita informação durante o dia e é muito difícil filtrar. E aquele botão compartilhar, que tem na maioria das redes sociais, é uma tentação. Expressão: Além de consultar o E-farsas, quais outras dicas você dá para identificar notícias falsas, correntes e informações maliciosas? Gilmar: Em primeiro lugar ter bom senso e desconfiar de tudo o que se lê. O legal é você dar uma procurada, não só no E-farsas como você falou, mas também em portais de notícias sérios, jornais de renome e não em um só jornal. Ver se a notícia está lá mesmo, se os dois jornais estão falando a mesma versão daquela história. No site tem uma série quatro de artigos que eu publiquei sobre o Hoax [boato digital], com umas características.

Eduardo“Efarsinho” Araújo

Gilmar Lopes, criador do Site Juan Engel | juanengel7@gmail.com

Criador de um dos sites mais procurados na Internet, Gilmar Lopes é o caçador por trás do E-Farsas. Após tantos anos de buscas pela verdade na web, ele nos conta mais sobre o mundo dos Hoax, boatos virtuais. Expressão: O E-Farsas está no ar há 15 anos. Quando criou o site, imaginava que duraria tanto e teria o sucesso que alcançou? Gilmar: Pra falar a verdade, não acreditava que ia durar tanto tempo e à época eu procurava uma coisa temática, porque começaram a surgir sites, mas eles não eram temáticos. Não tinha nenhum site especializado em checar fatos. Na época nem tinha nome, agora é que virou modinha o “fact check”, mas a ideia nem era essa, era colocar umas fotos e explicar porque era montagem.

Expressão: O E-farsas é hoje quase um serviço de utilidade pública, referência na busca de muitas pessoas pela verdade na internet. Como você filtra o que precisa ser apurado? Gilmar: Como a procura é grande, o site é bastante conhecido, recebo mensagens durante o dia todo, por e-mail, Facebook, Twitter. Procuro ver quais são as mais requisitadas e que estão em evidência. Quando surgem duas histórias e uma é mais perguntada que a outra, vou naquela. Mas, meu principal termômetro é o contato com os leitores e o Tranding do Google.

responsável por gerenciar tudo a respeito do que é assistido. Funciona como uma espécie de comunidade virtual para seriados, o usuário vincula com sua conta do Facebook e automaticamente poderá ter acesso ao perfil de seus amigos e acompanhar os índices de quem está seguindo, saber quando um episódio novo é lançado e também ter acesso a pequenos resumos da série escolhida e de cada capítulo, além de marcar o que já foi visto, facilitando a rotina de quem acompanha mais de um título simultaneamente. “A minha parte preferida do app é poder dar uma reação ao que já assisti e a partir disso ajudar o aplicativo a informar as outras pessoas que também gostam do que estou assistindo, já que ele gera uma nota partindo das reações que recebe dos usuários”, conta o publicitário. Felipe já assistiu setenta e três horas de série em apenas vinte dias, a série escolhida é dividida em quatro temporadas com aproxima-

damente uma hora de duração em cada episódio. “Como era algo que eu realmente gostava foi muito fácil terminar, fiz uma maratona sem perceber”, afirmou. Carlos Lopes que também é assinante Netflix começou acompanhar “Suits” quando a série já estava na terceira temporada e precisou intensificar a quantidade de episódios assistidos para que assim que a quarta temporada estivesse disponível não fosse vitima de “spoiler”. “Assistia o máximo que podia por dia, em um feriado foram aproxidamente vinte e duas horas assistindo pelo app no celular”, conta. Desde a consolidação da Netflix tem sido comum e socialmente aceitável que os espectadores entrem cada vez mais em uma nova esfera de consumo com o que é oferecido. Encontrar alguém que nunca tenha passado horas fazendo uma maratona, é raro. São centenas de opções do quê, quando e de como assistir qualquer coisa que desejar.

Desconectar para

reconectar Alguns intervalos são necessários para o melhor funcionamento do corpo e da mente

Ayane Fernandes | ayanefernandes@hotmail.com

O movimento ‘Detox Digital: desconectar para reconectar’, começou há 5 anos nos Estados Unidos e assim como o nome já diz, a ideia é “limpar” aqueles que passam muito tempo acompanhando atualizações e enviando mensagens para os amigos nas redes sociais. O uso excessivo de tecnologias pode causar sérios problemas para a saúde das pessoas, como foi o caso do fundador do Detox Digital, o americano Levi Felix. Após sofrer um colapso por estresse, devido jornadas de trabalho de mais de 70 horas semanais, Levi abandonou o emprego e passou dois anos viajando pelo Oriente Médio. Quando retornou, decidiu ajudar outros indivíduos a se desligarem de suas plataformas de interação. Uma das maneiras mais comuns de praticar a desintoxicação é através de pequenas pausas de poucos dias de redes sociais, como uma espécie de descanso digital. A estudante Nathalia Silva não consegue desgrudar do aparelho celular. Passa o tempo todo conectada – só fica off-line na hora de dormir. Ela fez o desafio de ficar 3 dias longe do seu smartphone. “Fiquei com medo de alguma coisa importante acontecer e eu não estar ali para acompanhar. Achei a ideia

interessante, mas não repetiria a experiência tão cedo”, relata. Outra opção de desconexão é o retiro. O próprio fundador do Detox Digital organiza recessos e acampamentos de ioga, meditação, contato com a natureza e artesanato. No Brasil, o instrutor de ioga Agustin Aguerreberry organiza viagens para a Praia do Detox Digital, em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro. Em três dias de retiro, os participantes aprendem massagem tailandesa e stand up paddle, além de auxiliar os moradores locais no cuidado da horta e na pesca artesanal. Em casos mais radicais, uma completa terapia da desconexão pode ser feita. Leandro Coelho, social media, teve a experiência de se desconectar durante quase dois meses. “O começo é a pior parte. Tudo fica mais silencioso e há uma sensação de isolamento”, diz. Apesar do início conturbado, para Leandro, essa foi uma das melhores decisões que já tomou. “O que era para ser uma distração das atividades do cotidiano e um meio rápido de trocar informações, virou meu maior vício e, assim que desliguei, consegui compreender o tamanho do problema”, explica.

Educação inclusiva na palma da mão Apps educativos são ferramentas tecnológicas importantes para o aprendizado e desenvolvimento de crianças com necessidades especiais Fran Batista | franciiellen@hotmail.com

Aliada ao cenário de praticidade e inovação proporcionado pela forte presença da tecnologia no cotidiano, a educação inclusiva tem tomado voz e servido como insight na programação de aplicativos para desenvolvimento de crianças com necessidades especiais, sendo tema de diversos estudos na área e gerando dezenas de jogos educativos para celular. Essa é a proposta do aplicativo de jogos PlayDown, elaborado para crianças com Síndrome de Down. Desenvolvido há dois anos, o app está disponível para download gratuito na Play Store e conta com mil usuários ativos. “O app surgiu através da percepção da alta demanda de aplicações para esse segmento. A ideia é que seja um complemento aos tratamentos e que a criança tenha a possibilidade de se desenvolver brincando. Para isso, conversamos com diversos especialistas médicos que tratam ativamente da questão”, explicam os desenvolvedores. Marianna, de 4 anos, é uma das usuárias do PlayDown. Segundo Débora Camargo, mãe da pequena, a menina começou a utilizar a

plataforma digital após a recomendação do psicólogo. Em seu celular, repleto de aplicativos e jogos educativos, Marianna passa ao menos uma hora por dia brincando e complementando seu tratamento, sempre sob a supervisão da mãe. “Desde que iniciamos com esse método, minha filha tem se tornado mais sociável e melhorado sua fala. Os resultados positivos também são indicados pela equipe médica que a acompanha”, conta Débora. A facilidade que crianças têm para interagir com tecnologias não é fato novo. Desde cedo apresentados ao mundo digital, os pequenos possuem familiaridade no manuseio de celulares touchscreen e com aplicativos digitais – isso porque os gráficos coloridos e os efeitos sonoros tornam os jogos educativos muito mais interessantes. Com isso, as habilidades auditivas e táteis são estimuladas. Para a psicóloga Gabriela Parpinelli, o casamento de aplicativos digitais inclusivos com tratamento psicológico acompanhado por terapeuta é benéfico para crianças com dificuldades adaptativas. “Muitos psicólogos, pedagogos e fonoaudió-

logos, por exemplo, têm usado com frequência aplicativos que podem auxiliar num maior engajamento de seus pacientes nas terapias, pois

ensinam diversas habilidades e conteúdos de forma mais divertida e dinâmica. Devido ao grande potencial atrativo deste formato, muitas

crianças se engajam em joguinhos que podem lhe ajudar a desenvolver habilidades mentais e raciocínio lógico”, afirma. Fran Batista

Aplicativo PlayDown auxilia crianças com Síndrome de Down como complemento ao tratamento Jornal Expressão


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Grupo propõe resgate do samba de raiz Com foco na ancestralidade, ‘Frente de Resistência’ reúne compositores em torno da cultura afro-brasileira Ariana Iara | ariana.ip@gmail.com

Pode anotar na sua agenda: toda terça-feira a partir das 20h, acontece uma roda de samba gratuita na praça Raulino Galdino da Silva na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. A Frente de Resistência Samba do Congo – Arte, Cultura e Raiz traz a oportunidade de compositores da região da Vila Brasilândia e Morro Grande exporem e musicam suas poesias com a proposta de resgatar o samba raiz. O grupo retrata o cotidiano na periferia e mantém a harmonia com o chorinho e samba de bumbo. “O que a gente faz aqui é colocar letra do compositor pra ser ouvida, pode ser rap samba MPB, o que vale é a poesia, buscando a essência e a raíz da cultura negra, e gerar curiosidade de como a história é contada pelos nossos ancestrais e por nós mesmo”, fala Fernando Ripol, criador do Samba do Congo.

Há seis anos a mesa redonda com a bandeira do Estado de São Paulo, no estandarte a bandeira com o Leão O Samba do Congo mostra um outro lado do ritmo, nas suas origens o samba paulista nascido em terreiro como hino de trabalho passados pela oralidade, nas fazendas de café assim como as canções de escravos do sul dos Estados Unidos. A forma de resistência vem da abordagem que o grupo faz sobre culturas negras como a capoeira e o maculelê, o processo de expulsão dos negros das fazendas e a urbanização que deram origem à periferia. A aspiração do grupo é quebrar os paradigmas, buscando sua ancestralidade na umbanda e no candomblé. Em meio a apresentações das letras até a hora que é musicada, acontece o bate papo sobre história e cultura,

e religiões afro-brasileiras. O espaço agrega e dá visibilidade para compositores não profissionais como Thaís Bonfim, 13 anos; o técnico de eletrônica Luiz Godói, 72 anos; e a aposentada Luz Nascimento, 69 anos, incentivando principalmente crianças e mulheres como a trabalharem com letras de diferentes das comerciais tocadas no rádio. E essas letras autorais foram transformadas em canções e no final de 2016 o grupo da comunidade gravou seu primeiro CD. Além da música e da conversa, o Samba do Congo oferece um caldo preparado pelos sambistas. “Aqui nós alimentamos a alma e também o estômago”, fala em tom alegre um dos integrantes do Samba do Congo, Márcio Araújo. “Na região geralmente só toca, funk e sertanejo. As letras do samba aqui

Teatro retrata lutas negras que são ocultadas da história Coletivo aborda diferentes aspectos do racismo no Brasil Bruna Fillol | brunafillol@hotmail.com

A companhia Os Crespos é formada pelos atores e atrizes negras: Lucélia Sérgio, Mawusi Tulani, Sidney Santiago e Joyce Barbosa na Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP). É um coletivo que atua desde 2005 na capital paulista e aborda de maneira metafórica e reflexiva questões contemporâneas da sociedade e diferentes aspectos do que é ser negro no Brasil. “O Brasil vive um momento de extremo empoderamento, mesmo que tardio. Isso era para ter acontecido muito antes, mas por meio das mídias sociais tudo se torna muito mais veloz e isso ajuda muito. O teatro negro está vindo com uma força maior, tudo o que é relacionado a causa negra, mesmo que algumas vezes existam momentos de muita discussão e contradição, outras por reflexão e empoderamento”, destaca a fotógrafa Noélia Nájera. A companhia é um coletivo de pesquisa de artes cênica e audiovisual, intervenções públicas e debates que provocam e fazem o espectador recordar e refletir as lutas negras vivenciadas no Brasil. As peças são realistas, mas também poéticas. Em seu espetáculo mais recente, “Cartas a Madame Satã ou me desespero sem notícias suas”, Sidney Santiago protagoniza um monólogo dramático, uma espécie de desabafo em

Noélia Nájera

Coletivo Negro em apresentação no Sesc Belenzinho que retrata a homo afetividade e o racismo através da correspondência com Madame Satã, figura lendária da vida noturna carioca da primeira metade do século XX. Já na peça “Alguma coisa a ver com uma missão”, que foi ás ruas do centro de São Paulo retrata as lutas negras que foram invisibilizadas e destacam como essa passagem tida como a história oficial brasileira, marca diversos aspectos da cultura nacional e que até hoje permanece intrínseca na condição do negro na sociedade. “A companhia se difere das outras justamente pela luta da raça negra em relação ao empoderamento, na preocupação em provocar a reflexão nas pessoas, mesmo que

não sejamos negros”, menciona a espectadora Jorgina Celestina de Jesus. A companhia demonstra de forma visceral e radical as principais situações vivenciadas por negros no Brasil e busca fazer com que as pessoas reflitam sobre o assunto e queiram ser diferentes. “Como sou argentina, descendente de índios, o coletivo me deixa um lugar de reflexão muito forte. A gente pode ter resiliência, mas a gente nunca irá saber o que é o racismo. Vou nos espetáculos deles e tem muita gente branca. E eu fico pensando, o que será que eles pensam. Em muitos momentos, há aquelas cutucadas, o que eu não acho errado”, destaca Noélia.

Ariana Iara

Surdo marca o ritmo da música todas as terças em rodas de samba na Vila Brasilândia abordam coisas da raíz da cultura na periferia, eu mesmo nem sabia que na vila existia

um lugar assim, onde é possível ouvir música boa, conversar sobre a história do samba

Paulista”, comenta Anderson Anunciação, 21 anos morador da Brasilândia.

Séries: um fenômeno Existem desde 1946, mas se tornaram uma febre no século 21 Tamiris de Morais | contato.tamimorais@gmail.com

Um final de semana ao ar livre curtindo com os amigos ou: dois dias em casa, debaixo das cobertas, utilizando o tempo em que você estará completamente disponível para regularizar a sua situação com as séries? Ao que parece, a segunda opção é a mais comum hoje em dia. Mas quando esse segmento passou a ser predominante em diversos cantos do mundo? Muitos dizem que a primeira série exibida na TV foi “I Love Lucy”, em 1951. Porém, anos antes os ingleses já haviam se antecipado e lançado “Pinwright's Progress”, em 1946, série exibida pela BBC One e que durou menos de 6 meses. Contudo, nem todas essas produções têm um curto período de duração, isso depende de sua audiência. Um exemplo disso foi a aclamada série americana “Bewitched” (A Feiticeira), que durou 8 anos, tornando-se a mais longa da sua época com temática sobrenatural, e a segunda atração mais vista no país em seu ano de estreia. Décadas se passaram desde as primeiras exibições de séries, e a programação que já havia se tornado uma “rotina” para muitos que acompanhavam ansiosamente esperando o próximo episódio passar na TV, foi sendo modificada devido ao advento da internet, o que possibilitou para muitos o acesso as suas séries preferidas, como por exemplo “Doctor Who”, que com 33 temporadas e 819 episódios, é a maior sé-

Daniel Deák Fotografia

Comic Con Experience - São Paulo - Edição 2016 rie até hoje e um ícone do mundo nerd, tratando de viagem no tempo e no espaço. No Brasil, acredita-se que a prática de assistir aos seriados se tornou maior a partir dos lançamentos de uma famosa empresa do ramo: “No caso, aqui no Brasil, a Netflix é pioneira no assunto “streaming”. Antes, havia uma parcela do público que acompanhava por TV a cabo, ou mesmo na TV aberta, mas essa ferramenta impulsionou muito o crescimento dos fãs de séries” disse Anderson Narciso, 27 anos, editor responsável pelo site “Mix de Séries” desde 2014. O avanço significativo do número de espectadores também veio com a variedade de assuntos que esse tipo de programa aborda: “Nas últimas décadas as séries desenvolveram uma grande qualidade, se aproximando do cinema e deixando de ter aquela ideia de uma “obra menor”. Com isso, temas importantes e

mais diversos começaram a ser abordados. Muitos atores conhecidos dos cinemas e que se recusavam a trabalhar na TV (e em serviços de streaming), hoje fazem um grande sucesso. O Kevin Spacey em House of Cards é um bom exemplo disso”, comenta Camila Sousa, de 25 anos, crítica do site “Omelete” há 2 anos. Entre o público que consome esse tipo de conteúdo, é comum realizar “maratonas” de todos os episódios de uma série em um curto espaço de tempo, principalmente depois que plataformas como o Netflix passaram a disponibilizar temporadas completas. Essa prática passou a ser conhecida por “binge watching”, e apesar de ser preocupante entre os especialistas de saúde, que alegam ser um indicio para depressão, um profissional contratado pela Netflix garantiu que se concentrar em um seriado por algum tempo é uma maneira eficiente de distração.

Projeto de dança inspira jovens Além de ensinar ritmos contemporâneos, ‘Núcleo Luz’ também trabalha vários outros estilos em cursos totalmente gratuitos Letícia Marques| letmarquer@gmail.com

Se expressar através do corpo parece simples e fácil, mas exige uma dedicação. O Núcleo Luz é um projeto de dança no bairro Bom Retiro, São Paulo. É destinado a jovens de família de baixa renda, por meio de uma parceria com o Estado, como experimental, mas que também é executado por organizações sociais. “O projeto não é para que os jovens sigam no caminho de dança, mas que eles possam ter a experiência da dança e para fortalecer nas escolhas que eles vão tomar futuramente. Se eles vão seguir ou não esse caminho vai depender deles”, comenta a coordenadora do Núcleo, Lígia Frugis. O projeto também além de passar toda experiência,

oferece para quem é aprovado no processo seletivo alimentação, transporte e bolsa auxílio de até um salário mínimo “É muito bom essa ajuda que eles nos dão. Eu consegui minha independência através do Núcleo, inclusive já moro sozinho”, diz Richard Pessoa, aluno do ciclo 2. Os alunos aprendem muito mais do que dançar. Aprendem a construir sonhos “Além de aprender dança contemporânea e me desenvolver, aprendemos a escrever roteiros e projetos. Aqui é um grande passo para mim, no caso, que quero seguir dançando, tenho o foco de sair do país e até mesmo dançar nas companhias de dança como O Balé da Cidade”, comenta Richard. Jornal Expressão

Projeto Núcleo Luz

Bailarinos do Núcleo Luz em uma apresentação O núcleo é voltado para que os alunos possam ter um acesso de qualidade a essa arte, que é a dança, para que através dela eles possam enxergar diversas oportunidades

e que possam crescer como pessoa a cada aprendizado. Criado em 2007, o projeto realiza inscrições online grátis, dividindo as categorias dos ciclos conforme as idades

que eles trabalham, que é de 14 a 24 anos “O Ciclo 1 nós trabalhamos o crescimento e a desenvoltura do dançarino e no ciclo 2 eles já estão mais experientes, é o último ciclo e formação deles”, disse Lígia. O Núcleo Luz é o um projeto bem amplo que trata de danças como contemporânea, afro, clássica, além do projeto literário realizado no espaço. O local de ensaio é dividido em dois andares, onde os alunos do ciclo 1 e 2 são separados e fazem exercícios diferentes, testando a resistência, flexibilidade e jogo de corpo. A cada evento em que eles se apresentam é uma experiência diferente “Todos lugares que nos apresentamos é importante, já participamos de edições da Virada Cultu-

ral, Teatro de Santos, Sesc Campinas, Sesc Bom Retiro, entre outros, o que vale mesmo é cada aplauso pelo reconhecimento desses jovens”, comenta Lígia.

Inscrições pelo site http://fabricasdecultura. org.br/nucleo-luz. O processo de seleção é feito anualmente para o Ciclo I (14 a 19 anos) e a cada dois anos e meio para o Ciclo II (17 a 24 anos).


ano 24 |no 5 | junho/2017

Uma estrada para pedestre no meio da Serra do Mar

Jéssica Souza

Turistas ocupam lugar dos carros em rodovia desativada Jéssica Souza | js.souuza@gmail

A soma de atividade física com monumentos históricos resulta em um passeio diferente na estrada velha de Santos. A rodovia desativada desde 1985, virou opção de lazer para quem gosta de caminhas ao ar livre. Desde de 2015 o Parque Caminhos do Mar contabilizou 17.703 visitantes. Quem faz a opção de caminhar pelo trajeto, terá 9 km para conhecer um pouco sobre a história do local, construções históricas de 1922 e observar a beleza da mata atlântica. “Particularmente, eu sou sedentário não sou muito de fazer esportes. Mas quando li sobre o passeio me interessei porque não é muito comum

caminhar de uma cidade para outra. Realmente são 5 horas de caminhada, mas é bem tranquilo e o visual é incrível. Ainda dá para conhecer sobre a história de São Paulo”, menciona Fernando Henrique Silva, turista. A primeira estrada pavimentada da América Latina já despertava interesse para o turismo desde o tombamento de seus monumentos, em 1976. O projeto de tornar o espaço em um passeio turístico se tornou realidade em 2004, com o restauro de seus monumentos e a criação do parque onde está localizada a rota.É possível começar o passeio pela cidade de São Bernardo do Campo ou

Paisagem vista pelos turistas que visitam o Parque Estadual - Serra do Mar por Cubatão. Os turistas são divididos em grupos que são guiados por monitores que guiam os visitantes durantes as cinco horas de trajeto. A primeira parada é a Casa de Visitas do Alto da Serra, que era usada para hospedar visitantes que vinham conhecer as obras do Alto da Serra e da Usina de Cubatão, O Pouso de Paranapiacaba era um antigo ponto de parada de carros durante a viagem de Santos a São Paulo. Nas paredes, azulejos brasileiros e um painel com o

mapa rodoviário do estado de São Paulo. No meio do percurso, é possível ver a Rodovia dos Imigrantes e depois as cidades da Baixada Santista e Cubatão. Em sequência, aparecem as Ruínas do Pouso. São ruínas de alvenaria de pedra que abrigava funcionários durante a construção dos monumentos da serra. O belvedere circular, um mirante feito em alvenaria de pedras e tijolos de formato circular, de onde se podia avistar o litoral, mas hoje só tem olhar para mata atlântica.

Outro é o Rancho da Maioridade, que servia como ponto de descanso e reabastecimento durante a viagem entre São Paulo e Santos. No lugar do mirante havia uma estrada, por onde era feito o transporte de cargas. “O caminho ainda tem uma surpresa, caso o tempo esteja bom, o visitante também poderá conhecer o paredão do Lorena,

que é uma torre de observação que permite em dias de tempo bom, visualizar a baixada santista além de toda a paisagem que a Mata Atlântica oferece na região da Serra do mar. ”, comenta, Aline Rezende, assessora de imprensa do parque Caminhos do mar. No trajeto não há lanchonetes ou restaurantes por isso é necessário levar um lanche.

Mais informações no site: www.parqueestadualserradomar.sp.gov.br

Das periferias para as pistas: conheça o skate solidário

Programa funciona desde 2006 e atende cerca de mil crianças e adolescentes por mês nas comunidades das zonas Leste e Sul de São Paulo Beatriz Simonelli |beatriz_fernandessimonelli@hotmail.com Bruna Diniz

Vitor Diniz faz mabobras de skate ensinadas durante aulas Júlia Mirelly Almeida, 11 anos, teve a oportunidade de participar de aulas de skate gratuitas e descobrir seu amor pelo mundo do esporte. “O skate Solidário mudou minha vida! Cai muitas vezes, mas os professores

não me deixaram desistir! E desde então comecei a praticar outros esportes na escola. Hoje, eu tenho até medalhas de competição de skate!”, conta a menina que construiu grande admiração pelos seus instrutores Jhonathan Morei-

ra e Nhatan Lima da unidade Jambeiro em Guaianases. O projeto Skate Solidário, criado por Marcelo Indio, é desenvolvido em nove unidades do CEU (Centro Educacional Unificado) das Zonas Sul e Leste da Cida-

de de São Paulo e dispõem de equipamentos específicos para a prática do esporte, em que são ensinados os fundamentos do esporte, conceitos de cidadania, socialização, convivência e fortalecimento de vínculos, melhorando o convívio social com foco no respeito e na cooperação. O instrutor de skate, Edvan Nascimento, habituado com as manobras desde os 16 anos, está envolvido com o projeto a mais de quatro anos e nunca tinha conhecido um programa como este antes de ser convidado para trabalhar na unidade de Sapopemba. “Eu não imaginava o quanto um projeto podia mudar tantas vidas e ser tão importante para as periferias e comunidades carentes de São Paulo”, comenta. Edvan ainda conta que os alunos que participam do programa desenvolvem grandes mudanças com o passar

do tempo, e não apenas nas práticas de skate, mas em questão pessoais, como a disciplina. “Muitas mães da unidade de Paraisópolis, em que fiquei por três anos, me perguntavam como eram as aulas e o que fazíamos lá. Elas me contavam percebiam as mudanças dentro de casa e ficavam impressionadas. Inclusive, vários alunos que eram desse polo, hoje estão ‘andando com suas próprias pernas’ e participam de grandes campeonatos por conta do incentivo e aprendizado que tiveram dentro do programa”, diz o instrutor. Atualmente o projeto conta com um atendimento semanal para 40 alunos, composto de três turmas, cada uma com capacidade para até 14 participantes, com disponibilização de skates, equipamentos de segurança e instrutores capacitados, com

foco na democratização e acesso ao esporte e lazer cultivando valores como respeito, dignidade, solidariedade, persistência e confiança. As aulas têm duração de duas horas e acontecem de amanhã (das 9h30 às 11h30) e à tarde (das 13h às 15h e das 15h30 às 17h30 hrs). As inscrições para o projeto podem ser feitas diretamente na unidade do CEU participante. CEU’s participantes: Aricanduva; Vila Curuçá; São Rafael; São Matheus; Parque Veredas; Rosa da China; Paraisópolis; Jambeiro – Guaianazes; Meninos – São João Clímaco. Site: www.skatesolidario.org.br Telefone: (11)3412-8808

Muay Thai é para todas as idades Jornalista fala sobre beisebol Treino na fase infantil pode trazer muitos benefícios aos pequenos Núbia Lima | nubialima52@gmail.com

O Muay Thai é uma arte marcial que ajuda a criança desenvolver maior concentração, disciplina e respeito ao próximo. A luta consiste basicamente em golpes de chutes e socos. Atualmente se popularizou por ser uma atividade física muito abrangente, vem sendo procurada por todos os públicos e principalmente o infantil. Os pais que estavam preocupados com a falta de atividade física dos filhos passaram a ver a luta como uma solução. “Em 2012 criamos a ala kids, mas no início eu era contra, porém no decorrer fui aprendendo lidar com as crianças e assim também pude influenciar em estudos, respeito e disciplina. Muitas vezes eram crianças carentes que dentro das minhas condições não pude ajudar com muito, então eu tive a ideia de vender rifas, fazer arrecadações para fornecer uniformes, acessórios ou mensalidades”, relembra Márcio Abasse, professor e mestre de Muay Thai no centro de Treinamento M. Abasse. A faixa etárias das crianças que praticam a atividade é em torno dos 7 aos 13 anos, no centro de treinamento localizado do num bairro periférico da zona leste, oferece um treino desenvolvido especificamente para a idade e

organismo, sendo divididos ro para levantar doações de em duplas com peso e idade alimentos, uniformes e equiaproximados. O desenvolvi- pamentos a esses alunos. mento das aulas visa trabaO Muay Thai é um eslhar a parte de coordenação porte que desenvolve um motora, equilíbrio e discipli- alto condicionamento físico na. O treino é mesclado com e mental, aumenta a capacibrincadeiras e gincanas, uma dade de concentração e distécnica usada para manter a ciplina se encaixando perfeiatenção e foco das crianças. tamente as necessidades do A modalidade da luta in- público infantil e juvenil. As fantil impactou o dia a dia de academias de São Paulo não muitas crianças como a de perderam tempo e estão inseDanielle Freitas é uma menina rindo a modalidade também. de apenas 12 anos – se Arquivo pessoal torna um dos destaques na equipe – durante o evento de graduação do Grupo Leões com cerca de 200 pessoas ela se destaca pela desenvoltura dos movimentos. Enfrentou e superou uma internação por meningite, “a luta tem feito muito bem para a Dani, hoje temos orgulho em dobro por ela”, conta Claudene Freitas, mãe da menina. Além do esporte, competição e benefícios físicos há um serviço social prestado pelo equipe Grupo Leões – um dos maiores em São Paulo – que acolhe crianças desfavorecidas que poderiam estar na Danielle, rua promovendo eventos e sorteios pelo bairlutadora mirim

Igor Feliciano | igorjnf@hotmail.com

Arquivo pessoal

Aos 28 anos, Ubiratan Leal nasceu e cresceu na cidade de São Paulo, onde se formou em Jornalismo na PUC-SP. Profissionalmente já trabalhou nas editoras do Diário do Grande ABC, Pini, Agência Placar, site e revista Trivela, revista Nova Escola e ESPN, onde atualmente é comentarista de beisebol. Ubiratan: Expressão: Como e quando foi o seu primeiro Na verdade o beisebol cresceu contato com o beisebol? Ubiratan: Em 1992 fui em audiência passar as férias de janeiro na no último ano, Venezuela. Naquela época o grande proa LVBP (Liga Venezuelana blema — que Profissional de Beisebol) era tem sido muidisparado o esporte núme- to discutido no ro um do país, e como eu já Estados Unidos entendia um pouco as regras, — é a queda de porque aprendi jogando vide- popularidade do ogame, passava minhas ho- esporte entre os mais jovens. ras no hotel assistindo. Pouco Estima-se que em 10, 20 anos tempo depois, em 1995, a a modalidade tenha perdido ESPN começou a transmitir muito do público.Muita gente reclama da duração das partio beisebol norte-americano. Expressão: Por que o das, porém não acho que seja beisebol não tem oportuni- por isso, até porque o tempo dade na grade da TV aberta? médio de uma partida de beiseUbiratan: É um esporte bol é cinco minutos menor do muito longo, que não tem hora que uma de futebol americano, certa para acabar, igual ao tê- que hoje é o esporte mais ponis, por exemplo. Então fica pular. O problema é a falta de complicado de ser passado na “coisas” acontecendo ao decorTV aberta, onde o comprome- rer da partida. Existem muitos timento com as propagandas e intervalos, muito tempo entre um lançamento e outro, e hoje publicidades é grande. Expressão: O beisebol não em dia a garotada é muito imevem crescendo na mesma pro- diatista. Expressão: No Brasil, o porção que outras ligas como a NBA e a NFL. Como você que falta para que o esporte e enxerga o desenvolvimento e o a liga nacional cresçam e ganhem mais visibilidade? futuro da modalidade? Jornal Expressão

Ubiratan: Hoje não podemos dizer que existe uma liga nacional, mas sim alguns torneios espalhados pelo país, como a Taça Brasil. Mas liga mesmo, que preencha todo o calendário esportivo, não existe. Para mim, é preciso mudar tudo. Criar algo sério, profissional. Por que os times não tentam se relacionar diretamente com a cidade onde residem para criar um vínculo? Ai poderiam pedir ajuda da prefeitura, tentar patrocinadores locais, gerando uma boa renda. Assim, conseguiriam contratar jogadores cubanos, venezuelanos. Isso faria com que o nível técnico, a competitividade e a visibilidade aumentassem muito.


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