ano 22/número 6 junho/2015
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt
Faces da Depressão
arte Roberta Rodrigues
o mal do século XXI especial | pág. 4 e 5
Aplicativo permite Idosos voltam à escola Bolos esculpidos são a “invadir” grupos de chat com ajuda de ONG’s nova sensação das festas vida digital | pág. 6
educação | pág. 3
arte | pág. 7
#hashtag #editorial
Um alerta!
ano 22 |no6 | junho/2015
#fração de segundo fotolegenda
Ufa!! O final do semestre letivo está aí! Finalmente as férias estão ao alcance das nossas mãos. Antes disso, caro leitor, venha conferir mais uma edição do Expressão com diversas reportagens muito interessantes. O tema da especial trata da depressão, uma doença séria e pouco compreendida pela maior parte da sociedade. A reportagem do nosso jornal foi investigar os diversos aspectos do problema, abordando dados estatísticos, sintomas, várias formas de tratamento, grupos mais vulneráveis e outros. Nosso objetivo é fazer um alerta sobre a relevância do tema. A depressão não pode ser tratada com desacaso, como uma simples faceta das emoções de um indivíduo. É uma doença que corresponde a um quadro clínico complexo. Precisamos olhar para o tema com cuidado e seriedade. Além da reportagem especial, o Expressão traz muitos outros temas relevantes. Por exemplo, você sabe que o nosso cérebro pode desenvolver um certo tipo de “dependência tecnológica”? Na página 7 você vai conhecer a história de uma fotógrafa romena que percorreu quase 40 países em busca da diversidade da beleza feminina. Vai conhecer também a arte da decoração em bolos - “deliciosos sabores em açucar e glacê”. Uma delícia! Por fim, mas igualmente importante, nossa página de esportes aborda diversas modalidades. Já pensou em experimentar uma aventura em Mountain Bike? Adrenalina pura!! Se a bike é muito radical para você, que tal uma partida de boliche? Ou percorrer praças e parques em busca de locais agradáveis em Sampa para a prática de exercícios físicos? Vamos lá! Então, caro leitor, aproveite as férias da faculdade para recarregar as baterias, descansar a mente, arejar a vida, se divertir, viajar. Nos veremos em agosto!!
São Paulo, o coração do Brasil
Boas férias!!
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
G
Essa é a São Paulo, uma cidade que mesmo com problemas, como tantas outras mundo a fora, se torna acolhedora, que tem marcos históricos eternizados pelas suas construções conhecidas internacionalmente e que mistura acontecimentos históricos com a vida agitada de um grande centro econômico de um país como o Brasil que possui grandes qualidades e diversidades culturais. Foto de Nicolas Tomé - aluno do 4o ano de Jornalismo/campus Mooca
#protagonista
#fica a dica
A Elegância do Ouriço
iovanni
Rodrigo Luiz
o som e o mundo José Luiz Florentino | joseluiz.florentino@gmail.com
Rua Curuçá, Vila Maria, zona norte de São Paulo. Ao longe, enxergo o rapaz de dreadlocks, que destoa no meio de um grupo mais rock ‘n’ roll e me dá certa calma por saber que estou no lugar certo. Chego à porta do bar e sou recebido com um sorriso que promete não fugir pelo resto da noite. Sorriso que não combinaria tanto com o garoto de dois anos atrás. Na primeira vez em que vi o Giovanni Trecco, ele tinha 18 anos, cabelos cacheados e volumosos, bem casados com a jaqueta de couro e o coturno de cano alto. Punk. Agora, é um misto de skatista e rastafári. Desde criança, o gosto por música era claro para ele. “Tem moleque que sonha em ser jogador de futebol. Eu queria ser músico, uma estrela do rock. Hoje eu quero ser jazzista”, diz enquanto bebemos. Durante a adolescência, ele tentou aprender a tocar violão e baixo, mas acabou desistindo em poucos meses por não se sentir motivado pelo professor. Algumas outras pessoas chegam, sentamos numa mesa e agora, com o olhar fixo nele, percebo que só o cabelo mudou. O rosto pequeno e branco, de traços retos e curtos ainda é o mesmo. Porém, não há sinais da velha rebeldia. As coisas começaram a mudar em 2013, quando ele conheceu um professor de música com uma forma de ensino totalmente diferente do anterior: a composição espontânea. “Eu tive certeza que aquele cara me faria um músico. Ele me ensinava a base para eu poder improvisar e compor. Isso é o puro jazz”, conta com euforia. Giovanni esclarece que anteriormente, seu gosto por música era mais pelo ideal. Mas as coisas mudaram quando ele conheceu a fundo esse novo estilo. “Eu era punk e a
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musicalidade do punk é extremamente simples. Mas esse é a ideia: ser um negócio que possa atingir geral. Só que, após conhecer o jazz, não consigo mais achar tão bonito”. Pedimos uma sopa de caldo verde e feijão e ele pede para o atendente tirar a carne do seu prato. Posteriormente, Giovanni me explica que virou vegetariano por não concordar com a forma como a indústria trata os animais. Ele não acha justo que vidas sejam submetidas à tamanha crueldade, como “acontece nos frigoríficos por aí”. Voltamos a falar de arte. Ele me conta que foi na época em que frequentava a Galeria do Rock, no Centro de São Paulo, acabou conhecendo o artesanato e gostando. Aos poucos, aprendeu um novo ofício e começou a produzir os seus primeiros trabalhos, principalmente filtros de sonho e colares com pedras.
Diagramação: Profa Iêda Santos
Mas, numa viagem para Ubatuba junto com outros artesãos, ele conheceu o malabarismo, que se mostrou mais interessante em relação ao retorno financeiro e o contato com o público. Mesmo quando o assunto são os malabares, a desenvoltura cerebral que a música requer surge. “Cada objeto que cai na sua mão faz um
som, tem um ritmo diferente. E ritmo é música”. Questiono se ele ainda almeja o sucesso nos palcos e o sorriso se alarga em sua face. Ele diz que sim e que não há nada de errado em fazer o melhor e ser reconhecido por isso. Mas destaca que sempre guardará consigo a humildade e o tato para lidar com as pessoas. Fotos: Arquivo pessoal
“(...) Lá fora o mundo ruge ou dorme, as guerras se inflamam, os homens vivem e morrem, as nações perecem, outras surgem e em breve serão tragadas...” não se trata de uma carta manifesto, mas um romance existencial. O trecho citado foi extraído do livro A Elegância do Ouriço, escrito por Muriel Barberi, e traduzido do francês para o português por Rosa Freire d’Aguiar. Quem recomenda é o doutor em Linguagem e Educação José Luís Landeira. Publicado pela editora Companhia das Letras (2008), o cerne da obra gira em torno de duas personagens principais, Renée Michel a zeladora de um prédio luxuoso que se faz de simplória para ter tranquilidade, e Paloma Josse, uma menina brilhante de 12 anos que mora em um dos apartamentos desse edifício. Repleto de embates filosóficos sobre o senso comum, o livro aguça o leitor a se aprofundar em sua tessitura, nas aspirações das protagonistas. “Provoca as nossas próprias realidades cotidianas, ao mesmo tempo que valoriza e dignifica o pensamento”, ressalta Landeira. Para ele, a autora consegue cumprir uma das principais funções da literatura, que é fazer-nos pensar. O docente afirma que a história reflete uma realidade bem próxima da nossa sociedade. “Em um momento em que todos temos respostas feitas e fantásticas para todos os problemas do mundo, é interessante quem nos faça pensar que somos mais do que pequenas fórmulas matemáticas”, salienta.
Para o professor, o livro pode contribuir de forma construtiva na formação de muitos acadêmicos. “L’elégance du hérisson, ou melhor, A Elegância do Ouriço nos faz reconstruir a imagem que podemos ter de nós mesmos, e isso é bom”, completa. A passagem preferida de Landeira envolve uma conversa em que a zeladora é debochada por um jovem. “Há uma parte deliciosa, quando Renée se faz de ignorante diante do estudante universitário. O leitor fica sabendo de toda a realidade e é muito divertido ver o olhar de pena do estudante para quem, no fundo, é que o vê com piedade”, narra. Ele ainda declara que a autora recorre com sucesso à ironia para contrastar a grandiosidade humana interior com as pequenas contrariedades cotidianas que imediatizam o pensar.
expediente Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO)
Coordenador de Jornalismo Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161) Redação Alunos do 4º ACSNJO - D2 Diagramação Capa Profª Iêda Santos
Revisão Prof. Juca Rodrigues Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos
Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
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educação
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Alfabetização contribui para o bem-estar de idosos
Voltar a estudar e praticar atividades físicas são algumas das opções que mais atraem a maturidade no Estado de São Paulo Karoline Costa | karoline-costa@hotmail.com Karoline Costa
ONG oferece alfabetização e atividades de lazer para idosos.
Os dados mais recentes sobre analfabetismo, divulgados na Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios (Pnad) 2012, apontam que os cidadãos acima de 50 anos são os que ocupam a maior parcela da população analfabeta, totalizando 45% (6 milhões de brasileiros), além de indicar também que grande parte desses indivíduos reside na região nordeste do Brasil. Para combater este problema, desde 2003 o Ministério da Educação realiza o Programa Brasil Alfabetizado (PBA), voltado aos jovens, adultos e idosos que ainda não concluíram o ensino fundamental ou médio. As políticas educacionais mais recentes, como o programa de Educação de Jovens e Adultos, popularmente conhecido como EJA, têm sido uma das principais alternativas oferecidas pelo governo, atendendo a cerca de 8 milhões de brasileiros, segundo o MEC.
O EJA, entretanto, chama a atenção principalmente de pessoas entre 20 e 24 anos ou mais de 39 anos de idade, não atendendo à parcela mais velha da população. Para completar esta lacuna vazia na educação do Brasil, ONG’s e entidades sociais apresentam-se como a alternativa viável para idosos que também não foram alfabetizados. “Precisamos pensar em ações governamentais para essa parcela da população, que cresceu muito nos últimos anos e busca espaços de convivência e socialização, como a escola”, afirma Thais Yuri, 35, coordenadora do Grupo Vida que oferece ações sociais para idosos. De acordo com Thais proporcionar ensino de base aos idosos é o que mais chama a atenção dos visitantes da ONG. “Trabalho aqui há 5 anos e sempre que abrimos oficinas de educação, o número de inscrições
Os desafios da educação inclusiva no Brasil
é alto. Além das turmas sempre estarem cheias, apesar de todas as dificuldades de locomoção e saúde enfrentadas por esse tipo de aluno.” No entanto, quando se trata de estudar, a maioria dos idosos também se mostra empolgada. José Raimundo Neto, 68, um senhor que se mudou ainda jovem para São Paulo, demonstra a alegria de ter a oportunidade de frequentar uma escola. “Logo depois que me aposentei e não precisava mais sustentar os meus filhos, resolvi voltar a estudar. Hoje eu frequento uma ONG que fica perto de casa, onde tenho aulas de alfabetização, informática e ainda pratico esportes”. A reportagem do Expressão visitou o Grupo Vida , em que as oficinas costumam ser associadas ao lazer, já que parte dos visitantes não fazem nada relacionado à diversão nesta etapa da vida. Roberto Sungi
DARCY “Nosso foco é trabalhar com a escola, mas é a sociedade toda que deve mudar para permitir a inclusão”
As escolas especiais devem ser centros de pesquisa, diz professora Roberto Sungi | roberto_sungi@yahoo.com.br Darcy Raiça, doutora em educação pela PUC/SP, que coordena o curso de especialização em Educação Inclusiva e Deficiência Intelectual, falou ao Expressão sobre a preparação de um professor para trabalhar com inclusão na educação de deficientes. Expressão: Cursos como este da PUC são voltados para quem quer se especializar, mas as graduações regulares discutem a inclusão? Darcy Raiça: Sim. As novas diretrizes da educação já preveem a inclusão. Na PUC, por exemplo, a formação de professores trata de educação inclusiva. Mas quanto ao preparo do professor, a questão é mais ampla. Bem formado em sua área específica, com boa formação pedagógica e pessoal, ele saberá trabalhar inclusão. Mas tem que ter alguém que o ajude a com os casos de deficiência que encontrar. É apoio de coordenadores e especialistas. No entanto, nenhum curso de graduação ensina tudo, não dá! Expressão: Escolas brasileiras não estão preparadas para identificar crianças com necessi-
dades especiais. E crianças com Transtorno de Déficit de Atenção ou hiperatividade, também pedem atenção especial? Darcy: A criança pode ter uma dislexia ou hiperatividade, que são especiais também e também são tratadas na educação inclusiva. As escolas têm dificuldade em fazer este diagnóstico por não terem um profissional junto. O professor fica sobrecarregado, fica tudo nas costas dele. Não dá. Precisa de uma equipe multidisciplinar para dar auxilio ao professor. Expressão: E quando temos casos em que você precisa mesmo de uma escola especial, elas costumam atuar junto ao ensino regular? Darcy: Elas devem se conversar. As escolas especiais deveriam ser centros de pesquisa e desenvolvimento de conhecimento para ajudar as escolas regulares. Esse é o papel delas agora, de suporte, funcionado em conjunto, para orientar estas crianças e a escola regular. Ai, a criança pode frequentar uma escola regular e alternadamente estar em uma escola especial, de acordo com a sua deficiência.
Expressão: Então se as escolas especiais devem ser centros de pesquisa, já existem instituições assim? Darcy: A Apae é assim. Com seu próprio instituto de pesquisas cientificas, constrói conhecimento, forma professores, dá cursos. Temos também a Derdic (Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação), vinculada a PUC, que trabalha com deficientes auditivos e funciona desta forma. Mas ainda falta muito. Faltam politicas publicas que invistam pesadamente na educação. Porque temos que mudar a educação pública como um todo para que isso flua melhor. Expressão: E os pais. A família ainda tem resistência a expor o seu filho com deficiência a inclusão nas escolas? Darcy: Sim. Há pais com crianças deficientes que pensam ‘como vou por meu filho em uma escola que não sabe cuidar de crianças deficientes’? Na escola especial ele está mais protegido. E a superproteção também faz com que ele não queira expor seu filho. Os avanços em pessoas deficientes ocorrem
pela sua inclusão. Seu desenvolvimento vem das oportunidades de exercer seus direitos na sociedade. Estamos focando a escola, mas é a sociedade toda que deve mudar. A legislação garante que
todos os deficientes possam participar ativamente na sociedade. Mas o meio social deve se modificar também. Isso é inclusão: a sociedade se abre para garantir os direitos de todos.
Cursos gratuitos de idiomas atraem estudantes As aulas acontecem todos os finais de semana na Vila Zelina, zona leste, no período da tarde para adultos e crianças Lucas Donini | lucas_donini17@hotmail.com Quando imaginamos uma paróquia, pensamos em missas, padres, confessionário, fé, correto? Sim, mas e se você souber que neste ambiente também pode ter cursos gratuitos de Inglês e Espanhol para pessoas que simplesmente tem vontade de aprender um novo idioma. Isso mesmo, a Paróquia São José da Vila Zelina, oferece diversos cursos gratuitos, entre eles: reforço escolar, preparatório do ENEM, inglês adulto e infantil e espanhol, que são os mais procurados. Todos os finais de semana na parte da manhã, a Praça República Lituânia fica repleta de alunos que acabaram de sair de suas aulas e permanecem ali para trocar um pouco de informações com colegas de turma e professores e também para esperar seus pais para buscá-los. “O interessante é que podemos perceber que os alunos estão interessados em aprender, por isso tenho vontade de acordar cedo e vir para ensinar essas turmas logo pela manha,
Lucas Donini
A procura pelos cursos na Paróquia São José só aumenta
Diagramação e Revisão da página: Fernanda Carvalho, Roberto Sungi, Fran Fernandes, Caroline Costa e Lucas Donini
até o sono eu acabo perdendo e os alunos aprendendo” comenta Sergio Orvate, professor do curso de idiomas. No começo do ano eram apenas três turmas para os cursos de línguas, um número baixo devido a pouco divulgação feita pelas aulas, após dois meses as turmas cresceram rapidamente e já são num total de 8 classes, totalizando 96 alunos. “Sempre tive vontade de aprender inglês. Porém minha rotina e falta de dinheiro tornava isso muito complicado. Quando soube através de um amigo, sobre aulas de inglês e espanhol gratuitos na Paroquia próximo a minha casa, achei uma oportunidade ótima para iniciar meus estudos em inglês”, comenta Rafael Bassi, 19 anos. Todos os alunos entrevistados dizem que estão satisfeitos com as aulas e também com os professores, os pais dos estudantes também estão felizes com essa iniciativa da paróquia. “Estou muito contente com essa iniciativa, antes não tinha como matri-
cular meu filho em alguma escola de idiomas, o custo era muito alto para mim. Com esse programa gratuito de inglês e espanhol, consegui matricular meu filho no curso de espanhol que ele tanto queria”, conta José Matos, 48 anos, pai de um dos estudantes.
Para se inscrever, compareça a Paróquia e preencha uma ficha com seus dados. Local: Rua Inácio, Vila Zelina, em frente à Praça República Lituânia. Horários: Sábados das 8h00 às 9h30; 10h00 às 11h30 e 12h00 às 13h00. E aos Domingos das 8h e 11h. Telefone: (11) 2341 3877
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especial
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DEPRESSÃO
Mal silencioso Saiba mais sobre a doença do século XXI Roberta Rodrigues| roberta.rosilva@hotmail.com
Um mal silencioso e pouco compreendido, a depressão é uma doença psiquiátrica, crônica e recorrente, que afeta cada vez mais pessoas. Segundo a Organização Mundial de Saúde, ela já atinge de 15 a 20% da população mundial, além de ser a principal causa mundial de invalidez para adolescentes. No Brasil, o número de casos de suicídio e outras mortes motivadas por problemas de saúde decorrentes de episódios depressivos teve um aumento 705%, em 16 anos, de acordo com um levantamento realizado com base nas informações do sistema de mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Em 1996, foram registradas 58 mortes relacionadas à doença. Já em 2012, este número aumentou para 467. Os números de suicídio são ainda mais expressivos, uma vez que, na maioria dos casos, os atestados de óbito não trazem a depressão como causa associada. Os casos neste período subiram de 6.743 para 10.321, com uma média de aproximadamente 28 mortes por dia. Outro fator preocupante é a sua associação com demais patologias. Segundo um estudo publicado pela Revista de Psiquiatria Clínica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IPq/HCFMUSP), quando não tratada, a depressão pode levar ao aparecimento de outras doenças, em sua maioria, cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, oncológicas e outras síndromes dolorosas crônicas.
O preconceito que envolve os transtornos mentais e a dificuldade da população de interpretar os sintomas são os principais fatores que atrasam o início do tratamento. Miguel Chalub, psicoterapeuta do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do Rio de Janeiro, alerta sobre a importância do diagnóstico correto para a eficácia da intervenção médica. “É fundamental não confundir a doença com emoções normais. Infelizmente muitos médicos, particularmente os que não são psiquiatras, costumam se deixar influenciar e prescrevem antidepressivos para pessoas que não necessitam deles, mas precisam de orientação, aconselhamento e, em muitos casos, de psicoterapia”, esclarece. A possibilidade de recorrência é outro ponto importante, confirme explica Ricardo Alberto Vieira, professor doutor do IPq/HCFMUSP e Diretor do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas. “A partir do primeiro episódio a porcentagem de reincidência é de 50%. Depois do terceiro, esse risco sobe para 90%”. A depressão é um quadro clínico complexo e muito prejudicial, não só para os doentes, como para as pessoas próximas a ele, e para a sociedade de maneira geral. “Esta doença, quase invariavelmente, causa prejuízo em uma ou mais esferas do funcionamento da pessoa, tais como trabalho e desempenho nos estudos. Ela tende a ficar mais irritada e impaciente que o normal, o que prejudica os relacionamentos familiar, afetivo ou social”, alerta Ricardo Vieira.
Sintomas variam ADOLESCÊNCIA: conforme o caso ciclo favorável à doença Os transtornos depressivos atingem o corpo, o humor e os pensamentos Ingrid Alves | ingridalvesdesouza@hotmail.com Ter uma boa noite de sono, levantar, tomar banho, comer, ir ao trabalho e encontrar amigos e colegas. São situações corriqueiras, que todos realizam de forma natural, menos as pessoas atingidas pela depressão. Apesar de serem constantemente confundidas, a tristeza e a depressão possuem diferenças marcantes. “Tristeza é um sentimento normal a todas as pessoas, que ocorre diante de adversidades da vida, pode persistir por alguns dias e dificilmente causa uma ruptura significativa nas relações pessoais ou profissionais. Já a depressão é um transtorno mental caracterizado por tristeza intensa, na qual o paciente não tem ânimo e nem mesmo energia mental para
qualquer tipo de atividade”, conta Marcio Zanini, médico psiquiatra. Os principais sintomas da doença são espírito deprimido, anedônia – falta de prazer, alterações do sono e do apetite, dificuldade de concentração, desânimo e desesperança. Para a pessoa ser diagnosticada com essa patologia, os sintomas devem durar um período mínimo de duas semanas, provocando prejuízos na área social, familiar, ocupacional e em outros campos da atividade diária. A depressão não está associada a nível socioeconômico. Ao contrário da tristeza, por exemplo, ela não precisa de um motivo externo para surgir. Entretanto, muitas vezes, ela está relacionada com determinados eventos da vida, os
Especialista em psicologia explica a incidência nos universitários Tabata Bueno| tabatabueno93@hotmail.com
quais as pessoas não souberam lidar de maneira satisfatória. Entre os eventos mais comuns estão à perda de emprego, separações, doença e mortes. A família é essencial no auxílio à identificação da doença. “Os familiares, através do convívio contínuo, geralmente, percebem mudanças de atitudes no comportamento do parente e incentivam na busca por um especialista”, conta Carmen Souza, psicóloga. A quantidade e a gravidade dos sintomas permitem determinar três níveis de um episódio depressivo: leve, moderado e grave. A busca precoce por um especialista pode evitar a evolução do quadro. A depressão é uma doença grave e precisa de tratamento. Ingrid Alves
O último relatório da Organização Mundial da Saúde revelou que a depressão está entre as doenças mais diagnosticadas entre os adolescentes e o suicídio, é a maior causa de morte entre jovens de 10 a 19 anos. O professor Flavio Del Matto Faria, mestrado e doutorado em Psicologia, pela PUC – SP, coordenador do grupo de pesquisa do PROATES, Programa de Atenção às Tentativas de Suicídio da USJT, explica que o tratamento precoce é a melhor forma de prevenir a doença. Expressão: Em 2012, 1,3 milhão de jovens morreram no mundo por conta da doença, ao que se deve essa grande incidência de depressão na adolescência? Flávio Faria: Por ser uma etapa de amadurecimento emocional complexo, durante esse ciclo o jovem é submetido a várias formas de estresse. Isso o torna vulnerável a sentimentos de inadequação e de culpa diante de sua própria impulsividade para dar conta de exigências da sociedade. Esses elementos o tornam predisposto à depressão. Expressão: Quais as formas de diagnosticar a doença, existem sintomas perceptíveis? Flávio Faria: Os sintomas mais comuns costumam ser irritabilidade, dificuldade de concentração em tarefas que antes eram
cumpridas com êxito, alterações do sono, queda da produtividade e desempenho escolar, alterações do apetite, reclusão e desinteresse pela vida social. Expressão: A partir de quais fatores é possível distinguir se o quadro de depressão é leve ou grave? Flávio Faria: Uma depressão leve, não tratada, pode evoluir para grave. Por isso é importante que o jovem tenha um espaço para dar vazão aos seus sentimentos e preocupações, sendo ouvido e compreendido pelos adultos à sua volta. Os sintomas mais leves não se diferenciam muito dos graves, a não ser pelo nível de alterações que provocam no jovem. Expressão: É verdade que mulheres são mais favoráveis ao desenvolvimento de estados depressivos? Flávio Faria: Devido à maior exposição às variações hormonais, geralmente as mulheres ficam expostas ao desenvolvimento de quadros depressivos. No entanto, os indicadores de depressão em homens são pouco diferentes daqueles encontrados em mulheres, pois elas podem expor seus sentimentos de modo mais livre, permitindo-se chorar e reclamar, por exemplo, ao contrário dos homens. Expressão: A quais fatores são atribuídos as causas da doen-
Tábata Bueno
Flávio Del Matto Faria é coordenador do PROATES
ça? E quais são os tratamentos mais recomendados? Flávio Faria: As causas são variadas, mas podemos considerar desde alterações hormonais até aquelas de origem psicológica. Nos casos graves essas duas vertentes devem ser consideradas, pois somente a intervenção integrada entre medicamentos e psicoterapia produzirão resultados satisfatórios. Nos quadros mais leves é possível obter bons resultados com a intervenção psicoterápica ou exlusivamente medicamentosa.
Grupos de ajuda auxiliam no combate Yuri Cavalieri | yuricavalieri28@hotmail.com
EXCESSO de sono, cansaço e desânimo são alguns dos principais problemas causados pela doença
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Uma das táticas para vencer a depressão é a terapia interpessoal, que é a modalidade de relação com os outros. É uma terapia de grupo que ajuda os doentes a compreenderem que não estão sós e que se podem ajudar mutuamente, encorajando-se entre si e discutindo os seus próprios problemas.
Sugestões de local: Instituto Neurológico Paulista Endereço: Al. dos Nhambiquaras, 122 – Moema – São Paulo Médico Psiquiatra: Doutor Ricardo Abel Evangelista Telefone: (11) 5082-2629 / 5082-3059 Psicólogo e Terapia Endereço: Rua Alcides Ricardini Neves, 12 – Cj 714 – São Paulo Médica: psicóloga Aline Alencar Telefone: (11) 3213-7287
Diagramação e Revisão da página: Ingrid Alves, Giovanna Prado, Roberta Rodrigues, Tabata Bueno e Yuri Cavalieri
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DEPRESSÃO
Criança triste
especial Giovanna Prado
por muito tempo pode estar com depressão Número de diagnosticados cresce no mundo e pais devem ficar atentos Giovanna Prado | giovannap.prado91@gmail.com A depressão infantil é uma doença grave e de difícil diagnóstico e tem alarmado pais e médicos. De acordo com estudos do National Institute for Health and Care Excellence (NICE), mais de 2% da população infantil mundial sofre com essa patologia, e o mais assustador é que a maior parte dos afetados tem menos de 10 anos. A doutora em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, Liliana Seger, esclarece que esses transtornos mentais podem acontecer por causa de uma situação frustrante que a criança tenha enfrentado. “Alguns dos motivos mais frequentes são o
bullying na escola, a separação dos pais ou a morte de um parente próximo, em alguns casos o abandono e abusos físicos e psicológicos podem afetar a saúde mental”. O baixo desempenho escolar, sonolência, insônia, mudanças nos padrões alimentares e pouca capacidade de se divertir são alguns dos sintomas que os pais devem observar em seus filhos antes de buscar o tratamento adequado. Como ainda não sabem nomear suas próprias emoções, é fundamental a atenção dos familiares. Acompanhar a vida dos pequenos é de extrema importância para procurar tratamento a tempo
e saber diferenciar, por exemplo, distúrbios de atenção de casos de depressão. Se não tratado a tempo podem trazer consequências desastrosas na adolescência como o uso de drogas. A educadora Rose Rigo teve experiências com alunos que sofreram com a depressão e comenta que o problema se torna difícil de ser contornado em casos de famílias desestruturadas ou com muitas dificuldades financeiras. Rose conta uma situação que vivenciou com uma criança carente para quem deu aula que tinha sete irmãos e a mãe tinha problemas com álcool “quem cuidava dessa criança
ATENÇÃO Falta de apetite e dificuldades para dormir são alguns dos sintomas da depressão infantil era o irmão mais velho de apenas 14 anos. Eu voltava para casa com o coração na mão porque sabia que sem ajuda ele não teria chance alguma de se recuperar. Era um garoto inteligente, mas aos poucos foi ficando triste e isolado”.
Em determinados momentos que o papel da escola se torna vital para o diagnóstico e tratamento, já que nem sempre os parentes estão preparados para enfrentar problemas psicológicos. O Brasil ainda não possui assistência de psicólogos em instituições de
ensino públicas, tanto no ensino fundamental como no ensino médio, Rose afirma que “seria essencial para evitar o crescimento desse mal no país”. Então, a melhor forma de evitar ainda é espalhar a mensagem e prestar atenção especial na criançada.
Transtornos psicológicos: Constante sensação de o contraponto da gestação Doença atinge a mãe e traz consequências ao desenvolvimento do bebê Andressa Sarati | andressa_sarati@hotmail.com A depressão pós-parto (DPP) e a tristeza análise e definição devem ser feitas pelo médico materna são mais comuns do que se pode imaginar. responsável”, explica a psicóloga Carolina Embora a gravidez seja a realização de um sonho Scarpitta. para muitas mulheres, todo processo de gestação Mãe de gêmeos, a securitária Azenaide Sanfaz com que uma grande transformação, seja ela tana dos Santos relata como enfrentou dificuldafísica ou hormonal, Andressa Sarati des para superar a atinja a mulher. Por esse DPP. “Senti uma motivo é essencial que se mistura de felicitenha cuidado ao analisar dade e ao mesmo ambos os casos. tempo uma tristeza profunda que A tristeza pós-parto não sabia de onde ocorre de dois a três dias vinha. Eu choraapós a mulher dar à luz va muito, tinha ao seu filho, no quinto medo de tudo, até dia ela atinge o seu mesmo de perder ponto mais crítico e após os bebês”. dez dias ela desaparece. “A criança É um processo que, que passa por um em algumas mulheres, período em que ocorre de forma a mãe apresenta praticamente fisiológica, um quadro devido à revolução depressivo, hormonal que aconteceu pode ter um durante a gestação. crescimento Já a depressão neuropsicomotor maternal é um transtorno mais lento, psicológico que se algumas vezes instala aos poucos na mulher. Estima-se que SINTOMA O isolamento social é o sinal mais comum começam a falar e a andar mais os sintomas começam a se agravar entre a quarta e sexta semana tarde. Mas é possível que ao longo do tempo isso após o parto, neste período o quadro torna-se seja compensado sem causar danos futuros ao mais intenso. Os sintomas mais comuns são: término da idade infantil e início da adolescência”, melancolia, baixa autoestima, distúrbios no acrescenta Carolina. Mulheres que já tiveram algum histórico sono e na alimentação, ansiedade excessiva, de depressão estão mais sujeitas a manifestar isolamento social, entre outros. A depressão pós-parto precisa ser tratada, novamente um quadro depressivo, tanto após pois corre o risco de se tornar crônica, por isso é a gravidez quanto na própria gestação. Por isso, imprescindível buscar ajuda profissional. “O uso é necessário que, tanto no período de gestação de medicamentos para tratamento é fundamental, quanto no puerpério (fase pós-gravidez), haja um tais como ansiolíticos ou antidepressivos. Essa acompanhamento profissional.
INSEGURANÇA acompanha quem sofre de
síndrome do pânico
OMS aponta que cerca de 2% da população mundial sofre de crises do pânico Andressa Alves | andressa_asa@hotmail.com.br Falta de ar, crises de choro, taquicardia, tremores, boca seca e tontura, são alguns dos sintomas da Síndrome do Pânico. As crises acontecem de forma repentina, a pessoa é surpreendida com o sentimento de angustia e medo que desencadeiam sensações de morte ou de alguma tragédia iminente. Se não for tratada, pode avançar para a depressão. “É desesperador. Além da falta de ar e taquicardia, sentia também pontadas no peito e dor na nuca”, explica a universitária Aline França. Suas crises eram constantes e duraram cerca de três meses, “aconteciam em casa, na saída do serviço, nos finais de semana. Não tinha um momento exato”. A psicóloga Patrícia Oguma comenta que a crise pode ocorrer com qualquer pessoa que
esteja passando por momentos de estresse, o que é comum, atualmente, com a correria do dia-a-dia, pressão no trabalho, impaciência no trânsito, problemas na família. Mudanças, morte ou adoecimento de pessoas próximas e experiência traumática são outros fatores que também podem provocar a síndrome. O que desencadeia a crise de pânico é ansiedade. “A incerteza quanto ao futuro causa insegurança e medo do que pode acontece o futuro, seja daqui a dez anos ou daqui a cinco minutos. É essa sensação de insegurança e incerteza que leva a crise”, alerta a psicóloga. O tratamento pra crise do pânico é a psicoterapia. Com o psicólogo, o paciente irá identificar os momentos em que as
crises costumam ocorrer, como manter a calma e acabar com a sensação ruim. Patrícia conta que nem todos os pacientes necessitam de tratamento a base de remédios, “alguns exercícios de respiração ajudam a pessoa a se reestabelecer no momento da crise, mas para acabar definitivamente com elas é necessário que seja identificada os motivos que desencadeiam as crises”. A síndrome do pânico deve ser olhada com atenção pelo paciente, pois pode avançar e provocar dependência e depressão. “A pessoa que sofre de crises de ansiedade e do pânico deve ter uma atenção constante ao que acontece dentro dela, em como ela lida com as situações do dia-a-dia e como isso interfere na saúde fisicamente”, concluí a psicóloga. Andressa Alves
Fé, um apoio Carla Sales| carla_brenna@hotmail.com “Não há como buscar na Bíblia uma explicação porque nela não tem nenhuma citação explícita, muitas vezes os Salmos revelam as experiências dos salmistas, um estado de total aniquilamento. O componente ‘fé’, quando vivido de forma autêntica, colabora no processo de recuperação, porque a pessoa se segura em um apoio. A fé pode ser sim um componente importante no processo de cura como também pode ser responsável pela cura da pessoa, são duas situações bem distintas.”
Luiz Eduardo Baronto, Teólogo e professor da Universidade São Judas
OMS Segundo organização, síndrome atinge cerca de atinge cerca de 6 milhões de brasileiros
Antidepressivos e tranquilizantes Alan Oliveira| alan.osilva@gmail.com A Pesquisa Nacional de Saúde 2013, realizada pelo IBGE, apontou que 7,6% dos brasileiros adultos já foram diagnosticados com depressão, o que equivale a 11 milhões de pessoas. Dentre eles, 52% usam medicamentos anti-depressivos e apenas 16,4% fazem psicoterapia. Nos últimos dez anos, o consumo do tranquilizante Alprazolam, utilizado por pacientes com depressão, cresceu 1.287% (de 442,7 mil caixas em 2004 para 5,7 milhões em 2013). O levantamento foi feito pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Tratamentos alternativos Camila Ferreira| camilafgp@hotmail.com “A medicina não tradicional, que é uma das denominações da medicina alternativa, muito ampara os casos de depressão, do nível mais fraco ao mais intenso. Os que optam por esses métodos alegam que os resultados são, de longe, mais satisfatórios do que a injeção de medicamentos farmacêuticos, muitas vezes fortes”, declara o médico acupunturista Giacomo Tratto.
Diagramação e Revisão da página: Andressa Asa, Andressa Sarati, Carla Sales, Camila Ferreira e Alan Oliveira
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vida digital
Permitido
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“fuxicar”
Ferramenta dá a usuários a opção de bisbilhotar grupos de chats de veículos da mídia e famosos
Roberto Sungi
VIBER conseguiu emplacar a nova ideia: grupos abertos para todos os gostos permitem que usuários compartilhem fotos, vídeos e áudios Reprodução
José Luiz Florentino joseluiz.florentino@gmail.com
Quando masculino e feminino não bastam Desde março de 2015, o Facebook brasileiro foi atualizado com uma mudança significativa para o público LGBT: a possibilidade de escolher entre 17 alternativas de gênero sexual. Também foi criado um campo de personalização, no qual o indivíduo pode se identificar da forma que quiser.
As opções são: feminino, masculino, trans homem, trans mulher, travesti, transgênero, homem transexual, pessoa trans, mulher transexual, pessoa transexual, mulher (trans), homem (trans), neutro, sem gênero, cross gender, mtf (homem que está em transição para o gênero feminino), ftm (mulher que está em transição para o gênero masculino).
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Apple TV Karina Dias | kdkarina@hotmail.com A Apple TV chegou ao mercado para desembarcar a já conhecido Smart TV, custando apenas R$ 399. Ele permite que o usuário compre filmes em alta resolução utilizando uma conta no iTunes. Também é capaz de fazer com que sua conta no iCloud seja pareada com a TV, permitindo a visualização das fotos salvas em seu telefone celular, basta configurar que tudo funciona perfeitamente. Para utilizar basta plugar um cabo HDMI, o cabo de força e ligar o seu Wi-Fi.
Victor Gonçalves | victortulu@gmail.com O mensageiro Viber conseguiu finalmente bolar algo para sair do ostracismo da AppStore e voltar a ser atrativo para os fãs de tecnologia. No melhor estilo Big Brother de pensar, o aplicativo uniu o voyeurismo presente em cada ser humano com a grande febre mundial dos smartphones, os grupos do WhatsApp. A grande sacada chama-se simplesmente “Grupos Abertos” e é, basicamente, um podcast em forma de chat. Uma pessoa cria uma conversa com várias outras e, se assim desejar, pode torná-la pública para qualquer um seguir e acompanhar todas as mensagens trocadas pelos integrantes. Para o estudante Flávio Santana, a ferramenta satisfaz completamente seus maiores interesses. “Sigo o pessoal do Esporte Interativo e também do site Omelete. Consigo ficar ligado em discussões sobre futebol e cultura pop o dia inteiro. É perfeito para quem busca informação e entretenimento de maneira rápida”, afirma. Assim como o WhatsApp, o grupo suporta até 100 integrantes, incluindo seu criador. Os participantes também são capazes de compartilhar fotos, vídeos e áudios, que podem ser curtidos pelos usuários que seguem o grupo, algo que dá completa vida e dinamismo ao ato de “fuxicar” a vida alheia. Rapidamente, milhares de usuários se juntaram em grupos com os mais diversos assuntos, que vão desde esportes até canais de humor, passando por chats especiais de personalidades com seus amigos, locutores de rádios
e até um exclusivo para viciados em realities. A analista de sistemas Mônica Serralbo também aderiu à nova onda. “Eu já tinha o aplicativo instalado no meu celular, mas nem o utilizava direito. Aí uma amiga minha contou que estava seguindo um grupo voltado especialmente para dicas de maquiagem. Comecei a seguir e me encantei. As meninas falam o dia inteiro e já me ajudaram muito”, conta. Para fazer o serviço englobar ainda mais plataformas, o Viber disponibilizou no começo de fevereiro a ferramenta também para desktop, permitindo aos voyeurs “darem uma espiadinha” na conversa alheia pela tela do computador. Para Fred Ramos, blogueiro do site Cartas Para Pi, os Grupos Abertos poderiam possibilitar um maior contato com o público. “A gente tenta interagir ao máximo com o público. Fazemos várias enquetes e crossmedia com outras ferramentas, mas ainda sinto falta de algo que dê às pessoas a possibilidade de serem mais ativas no grupo, pelo próprio Viber”, diz. Se a ferramenta será duradoura como o rival WhatsApp ou completamente passageira e esquecível como o Secret, nem Mark Zuckerberg sabe. Enquanto não podemos adivinhar o futuro, vale a pena tirar um tempo do dia e exercitar o lado bisbilhoteiro que todos temos. O aplicativo está disponível gratuitamente para iOS, Android, Windows Phone, BlackBerry, Nokia e Windows 8.
Memória na Era digital:
A DEPENDÊNCIA Delegamos tarefas simples a aplicativos, até que ponto isso é positivo para o nosso cérebro? Giulia Trecco | giuliatrecco@outlook.com Responda rapidamente: Quantas datas de aniversários você se lembra, sem que o Facebook te avise? Se antes era preciso que o cérebro guardasse esse tipo de informação, atualmente, mal é necessário utilizar a memória para reter informações simples diante dos aparelhos que fazem isso por nós. A tecnologia faz parte do dia a dia de todos e interfere em como aprendemos, como nos relacionamos e em como usamos a nossa capacidade de atenção. O problema é que a dependência em ferramentas faz com que utilizemos cada vez menos nosso cérebro. A psicóloga Eugênia Koutsantonis esclarece que a falta de treino da memória resulta em danos no desenvolvimento cognitivo. “No passado, éramos obriga-
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dos a treinar nossa memória. Hoje, as pessoas se acomodaram na fa-
Fábio Rossini
Jornalismo
cilidade oferecida por celulares e computadores. Isso, com certeza, gera uma perda cognitiva, porque não há estímulo”. Basicamente, memória é a capacidade que temos de armazenar as coisas que vivenciamos. Então, será possível afirmar que nossos arquivos digitais nos atrapalham? Se olharmos uma foto antiga em nossas redes sociais, vamos nos lembrar daquele momento ou teríamos nos preocupado tanto em registrá-lo digitalmente, que ele não foi guardado em nosso próprio cérebro? Para Eugênia, a memória afetiva não seria comprometida. “Temos duas memórias, a que funciona por repetição, até decorarmos algo; e a afetiva, que é a atenção emocional que damos a algo. Dificilmente, eu vou esquecer
algo que vivenciei e me marcou, mesmo que eu estivesse fotografando. Agora, é muito comum publicarmos tantas coisas, que não nos lembramos”. Ao saber que um dispositivo ou ferramenta irá lembrar alguma coisa por nós, acabamos nos livrando dessa obrigação. Por isso, não é difícil imaginar que já existam aplicativos como o ‘Beba Água’, que avisa o horário que o usuário deve tomar um copo d’água. Parece uma tarefa simples e intrínseca à própria vida, mas muitos se esquecem. Segundo a psicóloga Daniela Góis, perdeu-se o limiar entre facilidade e dependência. “Essas ferramentas facilitam nossos pensamentos automáticos diários, todavia, podem estimular as ações de forma simplista e dependente. Tudo o que nos condiciona, dependendo da frequência, pode alterar nosso senso crítico sobre o pensamento e ação. Isso pode fazer com que as pessoas não exerçam atitudes conscientes, podendo afetar a percepção da realidade”.
duas linhas
Twitter se tornou uma fonte indispensável para a cobertura em tempo real Fábio Rossini | fabiolira@outlook.com
REDE SOCIAL possui 284 milhões de usuários e pode ser utilizada para ver os assuntos mais comentados
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O dia que o jornalista conheceu o Twitter há nove anos foi tão importante para a profissão como o dia que o homem descobriu a roda. Basicamente, a rede social pode ser vista como uma ajuda do povo para a redação. É como se o jornal tivesse contratado todos os usuários da rede social como freelancers. Em uma simples busca, o jornalista pode se transportar para um local com fotos e textos de um acidente, por exemplo. Na rede social, qualquer pessoa com um smartphone pode se tornar uma fonte indispensável. O microblog se transformou em uma fonte perfeita para seguir eventos ao vivo. “O Twitter é uma ferramenta extremamente ágil, com uma linguagem mais curta e dinâmica. O conceito de segunda tela, em que o usuário usa a ferramenta para comentar o que assiste na TV e live blog-
ging, as narrativas ao vivo, são hoje as principais funções do Twitter, onde ele se sai melhor”, comenta Gabriel Pinheiro, editor de mídias sociais do jornal O Estado de S.Paulo. Para ter uma noção do tamanho da rede de informações, segundo dados divulgados pelo microblog, são cerca de 500 milhões de tweets por dia. Mais de 300 bilhões desde o lançamento em 2006, sendo que o Brasil é o quinto país com o maior número de usuários. Atualmente, a rede social conta com 284 milhões de usuários. Através das hashtags, todos os assuntos que estão sendo comentados pelos usuários podem ser rastreados. É como uma reunião de pauta em apenas em alguns cliques. “O Twitter do Estadão tem uma característica interessante: os assuntos em alta ali geralmen-
Diagramação e Revisão da página: Fábio Rossini, Karina Dias, Giulia Trecco, José Luiz Florentino e Vitor Gonçalves
te são os mesmos que fazem sucesso no site e na versão impressa. É o hard news. Desta forma, não precisamos criar uma linha editorial paralela para as redes sociais, apenas adaptar a linguagem para o meio”, completa o editor. O Twitter é importante para o jornalista na apuração de pautas e para a descoberta de novas pautas sugestionadas pelos próprios usuários da rede social, mas para o usuário serve para a interação entre pessoas com gosto em comum. “Com a rede social, fico sabendo de tudo nos perfis de notícias e posso ler as besteiras que as minhas amigas postam, tudo isso no mesmo lugar. Cada um pode personalizar o que quer ler, então a minha página mostra exatamente o que eu procuro”, afirma Alessandra Vieira, estudante de química que utiliza a rede social há mais de sete anos.
artes
ano 22 |no6 | junho /2015
Para comer e se divertir
Personagens infantis, maquiagens, retratos ou cenas de filmes em forma de bolo Eva Lucena
Eva Lucena |lucena.eva@hotmail.com Para quem será o primeiro pedaço? Bexigas, tolha de mesa, brigadeiros, beijinhos e as bebidas são itens planejados para o momento da festa, porém, seja qual for o motivo da comemoração, o protagonista é sem dúvidas, o bolo. Mas e essa gostosura tiver gostinho de lembrança com cobertura deriatividade? A grande novidade que tem conquistado os olhos e a barriga de muita gente é a produção de bolos artísticos, isso mesmo, fazer uma obra de arte com bolo. As grandes criações são feitas para todo tipo de evento, e a novidade não atrai apenas o olhar da criançada. Segundo a proprietária da empresa Arte em Bolos, Dijanira Damiani, o bolo mais encomendado é para aniversário de crianças. “Raramente os adultos pedem bolos com personagens infantis, mas já pediram de Alice no País das Maravilhas e Super Homem. Costumam pedir mais relacionados a maquiagens, bolsas, bijuterias e times de futebol”, afirma Dijanira. O ateliê, que fica em Perdizes, São Paulo, está há 13 anos no mercado. Começou como passatempo entre cunhadas e acabou virando um trabalho de alto nível, elas produziram mais de 4 mil bolos. A confeitaria tem mais de 3 mil curtidas na página e muitos comentários. “Excelente trabalho e atendimento, super indico e parabéns a toda equipe!”, elogia Renata Perruci, num comentário no Facebook.
Mas há limites para essa criação? Muitos personagens podem ser vistos e deliciados, e a variedade é enorme. Animais, cenas de filmes, livros, marcas, princesas e até mesmo retratos. O formato pode lembrar algum momento importante ou até mesmo a grande afinidade por algum objeto, a ideia é fazer com que a data tão esperada seja um momento de muitas sensações e alegria. A rede social Facebook é um grande aliado para quem quer começar a divulgar seus trabalhos artísticos, o que antes era apenas uma forma de entretenimento, tornou-se um grande negócio para a micro empreendedora Patrícia Franco. “Sempre gostei de publicar com frequência o que faço nas redes sociais. Quando eu postei as fotos dos meus bolos as pessoas começaram a encomendar. Nunca fiz aula nenhuma, mas me dediquei bastante e hoje a minha renda é fruto desse trabalho”, afirma Patrícia. Modelar deliciosos sonhos a partir de creme de manteiga, pasta de açúcar e glacê real não está restrito apenas aos autênticos artistas. As grandes criações podem ser produzidas por qualquer pessoa que tenha afinidade com a cozinha. Em São Paulo existem várias escolas especialistas na arte da decoração e cursos com vídeo aula estão disponíveis em algumas páginas.
COMEMORAÇÃO Bolo decorado para o aniversário de clientes que trabalham na empresa Vult Cosméticos
Fotógrafa viaja o mundo para mostrar O segredo dos
a diversidade da beleza feminina “Bebês Geniais” Conheça o trabalho de Mihaela, que percorreu países em busca de diversos tipos de mulheres
Carolina Capruioli
Um sonho que provou o quanto nós, mulheres, podemos ser bonitas mesmo fora dos padrões comuns
Quanto mais cedo se der o contato com a música maior serão os benefícios para o bebê
Amanda Ataíde
A mãe de Anna Clara Barbosa aplicou o método de musicoterapia e já percebe os resultados
Amanda Ataíde |amd.ataide@hotmail.com
Carolina Caprioli |carol_caprioli@hotmail.com Nada de meninas altas e magras por aqui. Imagine modelos fora dos padrões que consideramos “normais”. Agora, mentalize meninas loiras, morenas, baixas, ruivas, brancas, negras e asiáticas estampadas nas capas das revistas mais famosas. Difícil? Não por aqui. A fotógrafa romena, Mihaela Noroc clicou todos esses (e mais) rostos que ninguém nunca viu nas telas de cinema ou comerciais de tv. Para isso, ela percorreu 37 países em uma busca interminável para mostrar a diversidade da beleza feminina. O Altlas da Beleza é um projeto fotográfico que reúne mulheres em seu ambiente natural:
em casa, na rua, aldeia ou cidade com o objetivo de mostrar diversos tipos físicos que podemos encontrar tanto nas montanhas quanto em cidades e praias. Para Mihaela, beleza significa diversidade. “Da Europa Ocidental para tribos africanas, e do Rio de Janeiro para a China, eu tento captar, nas minhas fotos, rostos naturais e diversos”, conta em seu blog. Os cenários incluíram as cidades mais conhecidas do mundo como Nova Iorque, Sydney e Oxford e também áreas menos exploradas como bairros pobres da Colômbia, favelas brasileiras e tribos africanas. Tudo isso em um clique de 30 segundos.
“A maioria das modelos, hoje, são escolhidas antes de serem fotografadas. As agências buscam por meninas que se encaixem nos perfis mais procuradas pela mídia. Sempre cliquei mulheres altas e magras para as revistas de moda, e quer saber de uma coisa? Isso cansa, parece que é a mesma coisa sempre”, revela Fabrizio Pepe, fotógrafo de revistas. Com o intuito de estudar a beleza em todos os países do mundo, Mihaela escreve em seu blog que quer ser fonte de inspiração para, nós, mulheres, nos aceitarmos como somos. “Como estudante de fotografia, eu sei que um rosto bonito sai
melhor na foto, mas por que não tentar outro? Um bom ângulo e uma luz podem fazer com que qualquer pessoa seja fotografada. O mundo precisa saber que existem milhares de mulheres por ai que seriam ótimas modelos”, confessa Isabela Munhoz, estudante. Em junho deste ano, ela publicou que pretende retomar a viagem para países que ainda não esteve e juntar material suficiente para a edição de seu Atlas. As fotos do projeto podem ser vistas em sua página do Facebook (MihaelaMorocPhoto) e no Instagram (@mihaelanoroc) e também em seu blog theatlasofbeauty.com. Corre para acessar.
Diagramação e Revisão da página: Amanda Ataíde, Carolina Caprioli, Eva Lucena, João Neres e Sandro Silva
Durante a gestação, mães e profissionais têm optado por diferentes métodos para estimular o desenvolvimento do bebê, durante e após a gravidez. Um estudo realizado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que a arte é capaz de melhorar o desempenho escolar de crianças e adolescentes, incluindo a música. A análise foi comprovada após um teste organizado pela Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, que reuniu um grupo de crianças entre 9 e 10 anos de idade e o dividiu em duas partes: crianças que tinham contato direto com a música e as que tinham contato superficial. O resultado foi que têm mais contato com a música tendem a desenvolver maior capacidade de concentração, facilidade no aprendizado e memorização. “Na 25ª semana de gestação, a audição do bebê já está bastante madura, a ponto de conseguir memorizar sons e sensações. A mãe pode selecionar suas canções favoritas e ouvi-las diariamente, inclusive durante o parto e após o nascimento. Essa prática é conhecida como musicoterapia e auxilia no desenvolvimento da criança, além de proporcionar
um efeito tranquilizador”, afirma a musicoterapeuta Ivone Saes. Em São Paulo, obstetras, maternidades e instituições estão se especializando no assunto, após perceberem efetivas melhoras durante e após a gravidez. É o caso por exemplo, da Associação de Profissionais e Estudantes de Musicoterapia no Estado de São Paulo (APEMES), localizada na Mooca, que promove aulas e cursos para profissionais se aperfeiçoarem no assunto. O método “Bebê Genial” confirma que as emoções da mãe podem ser passadas para bebê, de forma inconsciente. Tudo fica registrado na memória e pode trazer resultados na fase adulta, a musicoterapia ajuda bastante no desenvolvimento psicológico da criança, porque você estará sempre trabalhando com o lado emocional positivo – relaxamento, investimento na tranquilidade do bebê, esclarece o ginecologista e obstetra, Domingos Mantelli. No entanto, é indicado que a musicoterapia seja uma prática contínua, para que a crianças tenha um desenvolvimento gradual. A estimulação musical pode ser garantida desde o primeiro momento, mas deve ser mantida ao longo do crescimento da criança.
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esporte & lazer
ano 22 |no6 | junho/2015 Arquivo Pessoal
Pedalar, por que não?
Fernando Fabre treina Mountain Bike no parque do Cemucam, zona oeste de São Paulo Isabella Araújo | isabella_araujo@hotmail.com
Fernando Fabre, 20 anos, estudante de direito e apaixonado por Mountain Bike conta um pouco da sua experiência no esporte, das dificuldades e como é praticar um esporte de montanha vivendo na região metropolitana de São Paulo. Expressão: O que é Mountain Bike? Fernando Fabre: Mountain Bike é andar em trilhas em locais naturais, ou seja, fora da cidade. No esporte existem várias categorias, geralmente, eu participo de provas de resistência. As outras categorias são tempo e velocidade.
Expressão: Como você entrou no universo do esporte? Fernando: Eu jogava futebol e acabei sofrendo uma distensão muscular e a bicicleta foi um dos tratamentos indicados pela fisioterapeuta. Com passar do tempo, quanto mais eu pedalava, melhor eu me sentia. Quando pedalar se tornou uma rotina, comecei a buscar algo com mais adrenalina, velocidade e dificuldade. Foi então que eu comecei a entrar nas trilhas, descobri o esporte e pratico desde então. Expressão: Qual a sensação de pedalar? Arquivo Pessoal
Fernando: A sensação é de liberdade. O fato de poder ir a qualquer lugar, sem praticamente nenhum custo, somado aos benefícios da atividade física. Isso me motiva. Expressão: Quais os lugares que você pratica próximos a São Paulo? Fernando: Próximo da Granja Viana, que é onde eu moro, vou muito ao parque chamado Cemucam, que tem uma das melhores trilhas para fazer. Inclusive, o campeonato brasileiro do ano passado (2014) foi realizado lá, com provas de 6 e 12 horas de duração. Costumo também
ir próximo à mata do Governo, perto de Vargem Grande e Caucaia do Alto. Gosto de ir para São Roque, também. Expressão: Qual o custo para a prática do esporte? Fernando: Confesso que as peças de bicicleta aqui no Brasil são realmente muito caras. Se você tem como trazer de fora, menos mal, mas se for para comprar dentro do Brasil, é caro. Acho que eu gasto por mês para manter a minha bicicleta uns R$ 80 ou R$ 90, não é muita coisa. Mas se você realmente quiser uma bicicleta preparada para as provas, vai
gastar uns R$7 mil reais ao todo. É um esporte caro, pois além da bicicleta, são necessários equipamentos como capacete e roupa. Expressão: Você já disputou provas profissionalmente? Em quais provas? Fernando: Sim, eu tinha um contrato com a empresa “Pedal SP”, mas o contrato foi encerrado após um rompimento do ligamento que sofri no joelho. Continuo praticando por hobbie. As provas que já participei são: GP Ravelli, Big Biker, 12 horas, 6 horas e participo de algumas de biatlo também.
Expressão: Qual a dica que você daria para quem quer começar a pedalar pela cidade? Fernando: Não ter medo! Vivendo em São Paulo é um pouco difícil para quem quer pedalar e é normal sentir receio, pois é necessário disputar espaço com os carros. Tudo está ficando mais fácil com as ciclofaixas, as coisas estão melhorando! Além disso, é sempre muito importante andar com equipamentos de segurança, como capacete, já que podemos evitar muitos acidentes que, inevitavelmente acontecem no cotidiado de uma cidade tão grande como São Paulo.
Academia x Parque
Onde você prefere se exercitar?
Prefeitura já equipou 400 praças e parques com equipamentos e possibilita a prática de exercício físico Andressa Gonçalves | andressagoncalves@gmail.cm
Boliche cresce e atrai público No Estado de São Paulo cerca de 2 mil atletas jogam profissionalmente
Jennifer Anielle | jenniferanielle@gmail.com Em 1930 um arqueólogo inglês encontrou uma tumba egípcia com mais de três mil anos e dentro dela foi achado um jogo que tinha pinos e bolas. Por isso, acredita-se que boliche é um dos esportes mais antigos do mundo. Os locais onde se joga boliche são perfeitos para reunir amigos e praticar o esporte também como hobby. Ele vem se popularizando e atraindo cada vez mais apreciadores. A cidade de São Paulo reúne mais de 300 espaços e recebe em média nove campeonatos oficiais por ano. Segundo dados da Confederação Brasileira de Boliche (CBBOL), no estado são mais de 600 mil praticantes. “A política da atual gestão da CBBOL é de privilegiar os investimentos em todas as categorias. A grande maioria dos atletas custeiam seus próprios gastos, embora haja aqueles que possuem patrocinadores ou que recebem Bolsa-Atleta do governo federal”, afirma Marcio Menezes, assessor de imprensa da Confederação. Muitas pessoas acabam vendo o boliche apenas como forma de recreação e, entretanto, desde a década de 1970, ele passou
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a ser reconhecido mundialmente como uma modalidade esportiva, sob o comando da Federation Internacionale de Quilleurs – FIQ, com sede na Finlândia. O ano de 1988 foi marcado pela primeira participação brasileira no boliche como esporte de demonstração, nas Olimpíadas de Seul, na Coréia. Já em 2007 o Brasil ganhou sua primeira medalha nos Jogos Pan Americanos, graças ao talento dos jovens atletas Fábio Rezende e Rodrigo Hermes. “A sensação de representar seu país em uma competição é indescritível, por mais que pouquíssimas pessoas fiquem sabendo das nossas conquistas, é um prazer enorme”, comenta Renan Zoghaib, ganhador da medalha de prata nos jogos Sul-Americano de 2014. O boliche é dirigido, no Brasil pela CBBOL, entidade vinculada ao COB - Comitê Olímpico Brasileiro. Esse é considerado um esporte de estratégia e técnica. Para se tornar um profissional, é necessário fazer treinos diariamente e possuir muita coordenação, tempo de movimentos e um certo “dom”.
E se ao invés de colocar o fone no ouvido e ir para uma academia com espelhos por todo lado, música eletrônica alta e instrutores andando sem parar, você trocasse por exercícios físicos na praça do seu bairro? A Prefeitura de São Paulo vem instalando, desde 2008, equipamentos de ginástica em praças e parques, incentivando a prática de atividades físicas ao ar livre. O custo dos equipamentos varia de R$ 18 mil a R$ 30 mil dependendo do número de itens, e não exigem muita manutenção. Cerca de 400 praças já foram equipadas, e neste
ano há expectativa de que mais pontos ganhem aparelhos. Para quem ainda não está familiarizado com os equipamentos não precisa se preocupar! Há placas com o nome de cada aparelho e da atividade a ser desenvolvida, além de um desenho do corpo humano que mostra as musculaturas a serem exercitadas. Na Praça dos Bombeiros, localizada no Jardim Guançã, zona norte de São Paulo, todos os sábados pela manhã um instrutor dá aulas de ginástica gratuitamente a quem tiver interesse. Basta
Diagramação e Revisão da página: Jennifer Aniele, Andressa Gonçalves e Isabella Araújo
chegar e entrar no grupo dos que se exercitam. Os aparelhos também são uma opção para quem não tem tempo ou dinheiro para ir em uma academia . “Eu estava acostumado a vir no Guançã todos os sábados e domingos para fazer caminhada. Depois que esse instrutor começou a dar aula aqui, deixei um pouco de lado o sedentarismo e entrei na brincadeira. Na semana não tenho tempo de ir à academia, então a alternativa foi usar a praça”, conta Mauricio Teles, frequentador semanal das aulas de ginástica da Praça dos Bombeiros.
O professor de educação física Daniel Pires, vê a prática como um grande benefício, mas ressalta um importante ponto negativo que muitas vezes passa desapercebido àqueles que os utilizam. “Há uma lei que obriga todas as academias a terem um instrutor. Os aparelhos de ginástica públicos são usados livremente pelas pessoas, mas cada um possui uma estrutura corporal e uma necessidade diferente. Um exercício feito de maneira ou com o peso errados, pode comprometer seriamente a saúde”, alerta o professor. Arquivo Pessoal