Expressão 7 2015

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ano 22/número 7 agosto/2015

jornalismo universitário levado a sério

jornal laboratório do 4º ano de jornalismo

usjt Mariane Araújo

Diga sim aos ORGÂNICOS especial | pág. 4 e 5

Capoeira

vence preconceito e ganha o mundo esporte| pág. 8

Filmes e documentários estimulam o ensino educação | pág. 3

Estúdios caseiros dão tom à música artes| pág. 7


#hashtag

ano 22 |no7 | agosto/2015

#fração de segundo fotolegenda

#caro leitor,

Caminhos alternativos para a vida

Chegamos ao segundo semestre do ano letivo com o desejo de construir práticas mais saudáveis de vida. Vamos conhecer como? A reportagem especial desta edição trata do mundo orgânico – alimentos, roupas, produtos de higiene e beleza. A equipe do Expressão mostra a importância de buscarmos uma alimentação mais saudável, rica em produtos “in natura” e que foram cultivados sem uso de agrotóxicos. Sabemos que o custo dos orgânicos pode ser um elemento que dificulta o maior consumo desses produtos. Mas vale pesquisar, tentar uma pequena horta em casa, sabia? Fazer boas escolhas. Fazer escolhas inteligentes no seu cotidiano pode contribuir para construirmos hábitos de consumo mais saudáveis, mais sustentáveis. Pense nisso!! Nossos repórteres também trazem outros temas hiper relevantes. Quer conhecer experiências de professores que transformam a sala de aula em uma seção de cinema? Trabalhar o conteúdo de algumas disciplinas por meio de filmes e documentário contribui para expandir as formas de conhecimento. E, que tal ler sobre o Bitcoin, uma moeda virtual (ou uma cripto-moeda) que nasceu em 2009. Ela circula pelo mundo e provoca muitas indagações. Não paramos por aqui. Tem mais: arte e esportes. Se você gosta de música, certamente vai adorar saber como é possível montar um Home Studio básico. Por fim, na derradeira página do nosso jornal, falamos sobre práticas esportivas e destacamos a capoeira com seu ritmo, força e flexibilidade. Confira!! O Expressão foi feito para você!!! Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

Concurso

Alunos e ex-alunos do Lacce, inscrições abertas no site www.expressaoonline.com.br. Este ano o tema do concurso é uma homenagem aos 25 anos sem Cazuza. Participem!

Diego, #protagonista

#fica a dica

Arquiv

o pess

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São Paulo deve ser destruída

guerreiro do coração solidário

Faz trabalho voluntário para ajudar pessoas que vivem em risco social na zona oeste de São Paulo Eduardo Horta | edu_horta@hotmail.com O ano é 2013 na cidade de Carapicuiba- SP. Oito jovens resolvem se reunir para mudar suas vidas e a das pessoas de uma comunidade. Está criado o grupo “Chuva de Sorrisos”, que realizaria atividades de voluntariado na região. Entre estes jovens está Diego Gomes, hoje com 21 anos aluno de Publicidade e Propaganda na Universidade São Judas Tadeu. As dificuldades para ele começaram muito antes da vida adulta. Durante a infância, Diego foi diagnosticado com uma doença genética chamada “Sindrome de Marfan”. Esta patologia costuma afetar a circulação sanguínea. No caso dele, foi exatamente o que aconteceu. Uma artéria dilatada passou a bombear sangue para o pulmão, problema corrigido graças à intervenção cirúrgica no menino de então 12 anos. Para um jovem, um problema que poderia fazê-lo reclamar de muitas coisas da vida. Não para Diego! Este fato e a vontade constante de ajudar o próximo, estimularam Diego a participar da “Chuva de Sorrisos”. A situação se definiu quando ele visitou o hospital Maria Maia em Carapicuíba que cuida de crianças com paralisia cerebral. Lá, ele descobriu que o hospital não recebe ajuda governamental, e que a manutenção é realizada por pais das próprias crianças que voluntariamente trabalham para proporcionar condições dignas a seus filhos. “O funcionamento do Maria Maia depende de ajuda voluntaria. Nós do “Chuva de Sorrisos” nos organizamos todo último sábado do mês para celebrar o aniversário das crianças, recolhemos as doações para a festa.Ajudamos também a recolher roupa para o bazar do hospital”, conta.

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Diego desenvolve ainda outras atividades com o grupo como a doação de sangue regularmente para a Fundação Pró-Sangue; e ainda realiza o aconselhamento aos jovens de Carapicuíba quanto à importância do estudo e de não entrar no caminho das drogas. Muito trabalho? Sim, mas o esforço vale a pena comenta, “É um trabalho duro, mas o que a gente proporciona à vida dessas pessoas é tão bacana, fica um sentimento tão bom do agradecimento que me sinto recompensado mesmo sem receber um centavo”. O reconhecimento do trabalho alivia a pressão do cotidiano para Diego .Cada história é uma doce lembrança para o estudante “Eu trabalhava em um banco em Carapicuíba e uma criança me reconheceu e veio correndo me dar um abraço. Quando os eventos são para os pequenos sempre nos vestimos de palhaço e ele me reconheceu mesmo sem a fantasia. Ganhei meu dia naquele momento”. Com dois anos de funcionamento o “Chuva de Sorrisos” já possui 50 colaboradores. Embora tenha aumentado consideravelmente, a equipe ainda não é uma ONG devido à burocracia existente no Brasil. O trabalho é mantido apenas pelo amor ao próximo dessas pessoas. Diego segue como um dos líderes do movimento, na dura rotina de aliar estudo e trabalho.Em 2014, seu coração sofreu uma parada cardíaca de 12 minutos. Diego ficou uma semana na UTI em recuperação. No dia seguinte a saída foi trabalhar em uma campanha do Chuva de Sorrisos. Pelo visto, o grupo alegra também a vida de seus criadores.

Diagramação: Profa Iêda Santos

Leandro Kadota | kadota@saojudas.br

Com uma boa apuração jornalística e relatos históricos encorpados, o jornalista Moacir Assunção traz em seu novo trabalho um retrato único e pouco divulgado de uma revolta paulista esquecida e pouco divulgada nos livros didáticos. “Apesar de ter sido o maior conflito bélico travado na cidade de São Paulo, inclusive com um ‘bombardeiro terrificante’ (...) por parte dos aviões e canhões governistas, a Revolta de 1924 é um tema pouco explorado das historiografias brasileira e paulista”. São com essas palavras que o jornalista Moacir Assunção caracteriza a Revolução Esquecida, travada no ano de 1924 na capital paulistana. O primeiro detalhe que chama a atenção de qualquer desavisado que não sabe o conteúdo abordado em suas páginas é o título do livro. “Foi uma das primeiras coisas que notei ao pegar o livro na prateleira. A imagem da capa tem a aparência amassada e rasgada, remetendo a algum tipo de destruição”, relembra a analista de mídias sociais Vanessa Pontes. A princípio, a frase que dá nome ao livro soa estranha, mas Vanessa explica que logo nas primeiras páginas, o autor trata de elucidar os motivos pelos quais fez esta opção. “O título do livro é uma lembrança ao tribuno romano Catão, o Velho, que sempre terminava seus discursos com essa frase, e reflete um pouco das impressões do escritor sobre a destruição causada em São Paulo”. O recém lançado trabalho do jornalista e mestre em história Moacir Assunção é fruto de sua dissertação de mestrado e traz, em suas páginas, um episódio da história paulistana pouco abordado nos livros didáticos, a Revolta de 1924, também conhecida como “Revolução Esquecida”. Com um processo de apuração afinado, aliado ao rigor acadêmico necessário para se fazer um livro de história, Moacir esquadrinha o panorama histórico daquele momento e entrega ao leitor ricos detalhes do levante paulistano. “Um dos grandes méritos do trabalho do Moacir foi conseguir trazer os pormenores da Revolta de 1924, baseado em diferentes fontes, desde pequenos jornais operários, passando por livros de cronistas e memorialisas, fotos e jornais de grande circulação”, ressalta Vanessa. Porém, um dos trechos do livro que mais chamou a atenção da analista de mídias sociais foram as cartas escritas pela população paulistana para a Cúria Metropolitana relatando, as barbáries e horrores vivenciados por quem estava no meio do fogo cruzado entre os revoltosos e o

exército legalista. “Fiquei muito chocada com os relatos da população, que falaram sobre a crueldade com que os paulistanos estavam sendo tratados. Pelo tom que as cartas tinham, foi possível ver que São Paulo estava passando por uma guerra civil, bombardeios a bairros inteiros, como aconteceu no Cambuci, Bixiga, Brás e região”, relembra.

Vanessa indica esse livro pelo valor histórico que ele representa e pelo ineditismo com o qual a “Revolução Esquecida” é tratada. “A leitura de São Paulo deve ser destruída me mostrou uma faceta da nossa cidade que eu não conhecia e, principalmente, traz à luz muitas histórias e detalhes que nós não podemos deixar passar”, salienta.

expediente Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO)

Coordenador de Jornalismo Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161) Redação Alunos do 4º MCSNJO Diagramação Capa Profª Iêda Santos

Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos

Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667

As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.

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Educação O quadro negro se alia às TELONAS nas escolas ano 22 |no7 | agosto/2015

Filmes e documentários dão subsídio para trabalhar conteúdos em sala de aula, estimular debates e permitem ampliar a percepção e visão dos alunos Rodrigo Luiz | rodrigo.zweibruk@gmail.com Rodrigo Luiz

LUZ, CÂMERA, AÇÃO. Filmes colocam alunos e professores como espectadores no processo de ensino

Olhos atentos, silêncio total entre os presentes, o clima até parece de suspense, quando, de súbito, a quietude é quebrada pelo som de um novo participante litúrgico, não apenas com a oratória comum às salas de aula, mas o audiovisual ganha o lúdico e desenvolve-se além da imaginação dos estudantes da 7ª série da rede pública de ensino do munícipio de Osasco, em SP. Na tentativa de estimular ainda mais a participação de crianças e jovens e aprimorar o conteúdo didático, muitas escolas inovam nas aulas. O quadro negro e o giz branco perdem seus papeis principais e dão lugar às produções cinematográficasquecompõemasatividades a serem desenvolvidas pelos alunos. Livros como O Guarani, de José de Alencar, Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas, ambos de Machado de Assis, Capitães de Areia, de Jorge Amado, entre outros títulos, ganharam versão audiovisual e dividem o espaço didático no conteúdo de português e literatura de muitos colégios. A professora Claudia Alexandra Vaz é uma das apoiadoras dessa tendência do ensino. “Como não podemos levar os pequenos aos cinemas, trabalhar com eles os grandes pensadores e extrair o aprendizado acaba sendo mais fácil e divertido”. Ela completa: “É lógico que os filmes não substituem os livros como um todo, pois são apenas fragmentos de história maiores”. Segundo a Ancine, Agência Nacional de Cinema, em pesquisa realizada em 2013 com jovens, quase 100 milhões de ingressos para assistir o conteúdo a ser

reproduzido nas telonas foram vendidos em todo o território nacional no primeiro semestre. Na cidade de São Paulo, apenas nos finais de semana, mais de 200 mil títulos são alugados em locadoras ou na internet. Para João Mariano, aluno da 7ª série do colégio Burjato, as aulas se tornam mais explicativas quando auxiliadas por filmes. “Entendi muito mais a história do índio com o filme O Guarani”. A construção através das imagens dos personagens e situações contidas nos livros parece natural para o estudante. “Tinha muita dificuldade de acompanhar, mas com a imagem é muito mais fácil ligar as coisas”, ressalta. Nesse mesmo tom, a Presidente da República, Dilma Rousseff, sancionou em junho de 2014, a lei 13.006 que inclui a exibição de produções nacionais como componenteintegradoaocurrículopedagógico, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, duas horas mensais. De acordo com os dados do Censo Escolar 2013, do total de 190.706 escolas de educação básica existentes no País, cerca de 20% não contam com televisão e aparelhos de DVD em sua estrutura. A introdução de documentários na educação de base já acontece nos colégios de ensino infantil, fundamental e médio. Para a pedagoga Claudia Vaz, esse cenário é resultado da velocidade das informações e do acesso às tecnologias. “O filme como componente didático está inserido na escola há muito tempo. Temos de aprimorar o uso desse recurso e encará-lo de forma construtiva na formação do aluno”, concluí.

Diplomas estrangeiros ROBÓTICA ajuda no Brasil: alunos a se interessarem por área científica

Nova disciplina complementa matérias escolares tradicionais Raul Felix | raulfelix3@gmail.com Em algumas escolas do ensino fundamental de São Paulo, a medida já esta sendo utilizada. Atualmente, cerca de 12% dos alunos, no 9º ano em SP fazem aula de robótica via internet, em período de aula. O objetivo é auxiliá-los em matérias como matemática, física e geografia. Além disso, os alunos terão de entregar um protótipo robô ao término do curso. Para o professor de física, Jean Carlos Andrade, as aulas de robótica podem tirar a má impressão que matérias como física e matemática têm entre os estudantes. “É uma alternativa interessante, pois, além de você aplicar a matéria para os alunos, ainda háoportunidadeaplicar em algum projeto de robótica”, analisa. As aulas trabalham com conceitos teóricos, com a aplicação do tema dentro da sala de aula, além de estimular a criatividade dos jovens. No Brasil, existem prêmios que apoiam os estudantes que se interessam pelo assunto. Um desses é a Olimpíada Brasileira de Robótica, que analisa os projetos dos alunos em diferentes níveis de aprendizado. A Olimpíada consiste em aplicações de atividades para alunos em diferentes etapas de aprendiza-

Revalidação ou dor de cabeça?

Reconhecimento para quem se formou no exterior é negado para muitos e lentidão no processo desestimula aqueles que tentam reaver o canudo Graziela dos Santos | gra.zisantosjor@gmail.com

do. A ideia é estimular os jovens para as carreiras técnicas e científicas. A iniciativa é voltada ao público que tem o contato com a robótica nas escolas, além daqueles que não utilizam esse sistema. Paraaestudantedosegundoanodoensinomédio Ketelyn Araújo, essa iniciativa ajuda os estudantes a optarem por cursos voltados para área, e até mesmo uma graduação no futuro. “Em princípio, não gostei da ideia de ter mais uma matéria, mas, com o tempo, gostei das aulas de robótica. E isso me incentivou a escolher o que fazer no futuro”, disse ela, que pretende seguir a carreira de engenheira eletrônica. Para José Carlos Andrade, o interesse dos alunos é um bom incentivo para que as aulas de robótica se tornem efetivas no ensino em São Paulo. Mas esse projeto precisa ser bem planejado, principalmente, não atrapalhar o andamento das outras matérias já lecionadas. “Tem que arranjar uma forma de encaixar as aulas no planejamento das escolas. Ver se há possibilidade de efetivar este tipo ensino. E, se isso acontecer, muitos alunos e professores serão beneficiados, já que as aulas de robótica, na maioria das vezes, só podem ser realizadas em cursos pagos, pois o valor dos materiais são caros”, relata.

Graziela dos Santos

Divulgação | Diogo Moreira

BUROCRACIA. Dificuldade de conseguir validação de diplomas desanima jovens a estudar fora

ESCOLA VISIONÁRIA. Aulas de robótica incentivam a criatividade dos alunos

ROBÓTICA TAMBÉM TEM

OLIMPÍADA!

A Olímpíada Brasileira de Robótica é destinada a jovens matriculados no ensino fundamental e médio da rede pública e interessados no assunto. A competição acontece desde 2003, para quem tem ou não conhecimento avançado da área. A disputa é dividida em duas partes: a primeira é realizada uma prova escrita, elaborada pelos professores, esse exame é feito simultâneo com todas as escolas escritas no projeto. Na segunda fase do projeto, os alunos montam seus respectivos robôs, que passarão por uma avaliação dos docentes.

Revalidar um diploma proveniente de uma universidade estrangeira é um procedimento que deveria ser simples, mas envolve burocracia e longo tempo de espera no Brasil. Isso representa um grande problema para aqueles que obtiverem nível superior de estudo fora do país, pois muitos dos casos resultam em processos judiciais, devido à demora e às respostas negativas. Embora não haja um número oficial, de acordo com a Associação Nacional dos Pós-Graduados em Instituições Estrangeiras de Ensino Superior (Anpgiees), desde 2013, mais de 20 mil pessoas iniciaram o processo e ainda aguardam retorno. O professor José Luís Landeira, doutor em Linguagem e Educação, fezlicenciatura em Letras pela Universidade de Coimbra, e a revalidação levou cerca de um ano. “A Universidade Federal do Paraná sugeriu que eu deveria fazer uma prova de Língua Portuguesa, para validar o diploma. Depois de uma conversa séria e desagradável, eles mudaram de ideia”, conta. Para

Diagramação e Revisão da página: Graziela dos Santos, Raul Félix, Rodrigo Luiz, Aline Oliveira

ele, faltou um pouco mais de clarezanosprocedimentoseodesejo de ajudar, tanto por parte do Consulado, como da Universidade. A aprovação é feita por todas as instituições de ensino públicas e algumas particulares, e permite aos formandos o direito de realizar pesquisas que exijam o título, ministrar aulas, reconhecimento em concursos e promoções salariais. Para isso, é necessário entregar a documentação em conformidade com as especificações da instituição responsável, além do investimento, que costuma ultrapassar R$ 1 mil. Sem o reconhecimento concedido, esses profissionais são vistos como pessoas sem formação superior no território nacional. Conforme informações de Leila Añez, funcionária da Seção de Revalidação de Diplomas da Universidade de São Paulo (USP), a reclamação mais comum é sobre a documentação, principalmente se a pessoa já está no Brasil e não fez a legalização dos documentos no país onde o curso foi feito. “A carga horária é avaliada primeiro, e

deve ser igual ou superior a 70% do que é oferecido na USP”, esclarece. Ela ainda explica que cada processo é analisado individualmente e que, por isso, não há prazo máximo para a finalização. “Informamos que pode levar,em média, um ano para se obter uma resposta”, diz. O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou por unanimidade um projetode resolução, julgado pela Comissão da Câmara de Educação Superior,que pretende facilitar o procedimento. Entre as modificações previstas, torna-se obrigatório às universidades brasileiras fazer a análise dos certificados estrangeiros, independente das diferenças curriculares, com prazo máximo de seis meses. A resolução, que aguarda homologação do Ministério da Educação (MEC), ainda pretende criar um banco de dados na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e no MEC, com os cursos já aprovados na última década, para agilizar pedidos futuros.

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especial

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ORGÂNICOS

Alimentos naturais são uma alternativa para dieta saudável Lais Almeida | lais2220@gmail.com

Além de evitar problemas de saúde, incluir os orgânicos no cardápio garante mais nutrientes nas refeições

Uma alimentação rica em frutas, verduras e legumes é sinônimo de saúde, certo? Nem sempre! De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de cinco porções desses itens deve ser feito diariamente, no entanto, a qualidade de origem pode trazer um perigoso agente para o organismo: os agrotóxicos. E qual a melhor medida para tirar esse vilão da mesa? Apostar nos alimentos orgânicos!De acordo com Cintya Bassi, do Hospital e Maternidade São Cristóvão, de São Paulo, a principal diferença entre os alimentos comuns e os orgânicos é o cultivo em ambientes que valorizam a oferta de produtos saudáveis, isentos de qualquer contaminante que coloque em risco a vida do consumidor, do agricultor e do meio ambiente. “Eles são produzidos sem a utilização de adubos químicos e agrotóxicos. Além disso, o processamento dos alimentos orgânicos não deve usar radiação ionizante e aditivos químicos, como corantes e emulsificantes. Em casos de alimentos de origem animal, eles devem ser criados sem o uso de drogas veterinárias, hormônios e antibióticos”, explica. Mas se você está se perguntando por que essas substâncias são usadas para a produção dos alimentos – já que são prejudiciais à saúde – a resposta é: os agrotóxicos combatem organismos indesejados, ou seja, qualquer praga, inseto ou bactéria que se instale no alimento. A princípio, o efeito parece ser positivo, mas o problema é que a intoxicação pode gerar vômito, enjoo e dificuldades respiratórias, além de, ao longo do tempo, se acumular no organismo e provocar a perda ou piora da função de certos órgãos ou o crescimento anormal das células. E esses não são os únicos motivos para riscar os agrotóxicos do cardápio. A lista de malefícios também inclui problemas neurológicos e reprodutivos, além do aumento da incidência de

Lais Almeida

dermatoses, abortos, má formações congênitas e desenvolvimento de tumores. E os adultos não são os únicos prejudicados, pelo contrário. “As crianças apresentam níveis duas vezes mais elevados de pesticidas no sangue do que os adultos, e os efeitos nelas são até dez vezes mais intensos”, ressalta Sônia Stertz, pesquisadora científica da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Por outro lado, os alimentos orgânicos apresentam vantagens tanto para a dieta quanto para a saúde do consumidor. “A forma de cultivo preserva os nutrientes. Um estudo realizado no Sul do Brasil, apontou maior quantidade de fibras, ferro e selênio em produtos orgânicos. Sabe-se que alimentos com maior teor de fibras aumentam a saciedade, reduzindo a sensação de fome e facilitando uma dieta saudável e além de melhorar a disponibilidade de nutrientes ao organismo diminui a incidência de deficiências”, afirma Cintya. E os benefícios não param por aí.De acordo com estudos produzidos pela Universidade de Newcastle, no Reino Unido, os antioxidantes, ativos que combatem os radicais livres do organismo, que provocam o envelhecimento precoce e o desenvolvimento de doenças degenerativas, como o câncer, são mais bem preservados nos alimentos orgânicos, que podendo conter até 69% a mais destes elementos do que os alimentos cultivados de forma tradicional. Quer mais? Quando o assunto é sabor, as frutas orgânicas ganham disparado.“Isso porque elas contêm mais frutose [açúcar natural da fruta], além de teor um pouco maior de vitaminas e minerais, como cálcio e potássio”, complementa Cintya. Ter alimentos orgânicos no prato significa não só ingerir nutrientes para o organismo como também garantir que substâncias que o prejudicam fiquem bem longe. Mas se você ainda não se convenceu, veja nesta reportagem especial outros fatores que envolvem a alimentação orgânica!

Agrotóxicos trazem pelo menos cinco problemas ao meio ambiente Poluição do solo, da água, erosão, perda da biodiversidade, desertificação e intoxicação são alguns dos impactos ecológicos causados pelo uso de produtos químicos Alex Alcantara | alex_alcantara2@hotmail.com tambémpodemseinfiltrarnosolo e contaminar os reservatórios de águas subterrâneas”, relata. Toda essa busca por alimentos visualmente bonitos leva a umencadeamentodeproblemas ecológicos: contamina o solo cultivado, que resulta em erosão e contaminação do lençol freático, e contamina a água, que percorre rios e mares, levando ao seu esgotamento. Também temos como consequência a poluição do ar, desertificação e geração de resíduos. Todos esses problemas são classificados como poluição química. A maioria dos agrotóxicos é bio-acumulativo. Fica no corpo dos seres,mesmo após a sua morte. Isso significa que se outro animal se alimentar deles ficará intoxicado e, assim, sucessivamente, completando a cadeia alimentar, que leva ao ser humano. “É questão de nossa própria sustentabilidade garantir uma vida saudável para nós e nossos descendentes. A redução da

fertilidadedosespermatozoides, as doenças degenerativas e a contaminação do leite materno são exemplos dos efeitos da variedade de produtos químicos na nossa alimentação”, explica NadiaCozzi, consultora, culinarista e blogueira (alimentopuro. blogspot.com.br e bioculinaria. blogspot.com.br). De acordo com Janine Schmitz, ambientalista e empreendedora social da empresa Caule Distribuidora – especializada em produtos corretamente ecológicos, o consumo de alimentos orgânicos é essencial para o homem viver em equilíbrio com a natureza. “De todos os benefícios do consumo de produtos orgânicos, destaco a preservação da saúde de quem escolhe esses alimentos, da água, do solo, do ar, dos alimentos, dos agricultores e dos animais. E ainda há relações mais justas de trabalho,poisaspropriedadesque produzem orgânicos são em geral de modelo familiar e pequena”, enfatiza Janine.

Alimentos mais contaminados

64%

BRASIL NO TOPO DO RANKING Gabriela Bueno | gabi.889@hotmail.com

58% 33%

MORANGO

PEPINO

Desde 2009, o Brasil ocupa um lugar de destaque na utilização de agrotóxicos. As quantidades jogadas nas plantações equivalem a cerca de 5,2 litros de veneno por habitante/ano. Até 1989, quando foi aprovada a lei 7.802, o país possuía um marco regulatório defasado, o que facilitou o registro de diversas substâncias tóxicas, muitas das quais já proibidas em outros países. Segundo dados do Ibama, os quatro princípios ativos mais usados são:Imidacloprido, Fipronil, Tiametoxan e Clotianidina. Eles correspondem a 10% do consumo brasileiro de veneno, ou seja, quase 7 mil toneladas de um total de 74 mil. Esses componentes foram proibidos de serem utilizados, porém, o governo cedeu frente às pressões exercidas pelo agronegócio e autorizou, em caráter temporário, o uso, obedecendo a períodos específicos de aplicação por região e por cultura.

ABACAXI

Aprenda a fazer uma pequena horta no seu lar

Interesse da população pela alimentação 100% natural aumenta em São Paulo

Melhore sua alimentação cultivando as próprias hortaliças em casa Camila Poklen | camilamcpoklen@gmail.com

Mais sabor e nutrientes: feiras orgânicas crescem em São Paulo Comércio é preferência da população que adere novos hábitos de alimentação Mariane Araújo | marianesaraujo@hotmail.com “Olha a alface fresquinha!”, exclamam alguns feirantes de produtos orgânicos em São Paulo. Só na capital, existem 23 feiras de alimentos sem agrotóxicos e aditivos químicos, segundo dados do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC). Um número significativamente pequeno, mas que vem ganhando visibilidade e adeptos aos poucos. Dentre cores vivas e alimentos frescos, as feiras orgânicas são como as tradicionais: barracas de madeira, plaquinhas com preços anotados a lápis ou acanetaevendedoresanunciando seus preços em voz alta. “De uns tempos pra cá, percebi que aumentou o interesse da população por esse tipo de produto. Em poucos meses, minhas vendas aumentaram 20%”, comemora José Rodrigues de Souza, que tem sua quitanda no Largo da Batata, em Pinheiros. Lojas especializadas e mercados também têm seu espaço. Entretanto, o preço alto desses estabelecimentos torna-se uma

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barreira para os paulistanos. “A diferença de valor dos produtos em feiras e supermercados é muito expressiva. Como eu moro perto, todos os finais de semana estou aqui para comprar minhas hortaliças por um preço que cabe no meu bolso”, conta Rose Freitas, que escolhia alguns tomates na barraca de José Rodrigues. “Olha como são vermelhinhos!”, completa. Os pratos do gastrólogo, Josemar Brytto, sempre recebem elogios por serem coloridos e saborosos. “Sempre opto pelos orgânicos. O sabor e a qualidade da comida aumentam muito. Compro tanto no mercado quanto em feiras, mas prefiro as feiras pela qualidade e frescor dos produtos”, diz. Uma das iniciativas mais antiga de venda de orgânicos em São Paulo fica no Parque da Água Branca. Criada pela Associação de Agricultura Orgânica (AAO) em 1991, a feira foi pioneira no segmento e deu o ponto de partida para que esse

mercado crescesse. A feira tinha 12 produtores credenciados, hoje a feira tem mais de 40 barracas, tornando-se a maior de São Paulo. E quanto maior o número dessas empreitadas, menor será o preço dos produtos. “As feiras especializada nos colocam em contato direto com os agricultores, diminuindo assim os custos envolvidos quando se tem toda a infraestrutura de um supermercado”, comenta Nadia Cozzi, consultora, culinarista e blogueira. Para facilitar os que procuram por esse tipo de negócio, o IDEC criou um mapa online de feiras orgânicas de todo o Brasil, no qual o visitante pode filtrar resultados por tipo, dia de funcionamento ou período. Além disso, qualquer pessoa pode adicionar novas feiras e avaliar vendedores. Do Oiapoque ao Chuí, você pode encontrar uma feira orgânica perto de sua casa. Confira o guia no site: feirasorganicas.idec.org.br.

Para o cultivo de uma horta caseira, não é preciso ter uma casa com quintal enorme. A falta de espaço não é um problema e também não é difícil de cuidar. Basta dedicar alguns minutos do seu dia. Mas, antes de começar a pequena plantação, é preciso verificar alguns aspectos importantes: verificar a parte da casa que pega sol, pois qualquer hortaliça ou tempero precisam de no mínimo 4 ou 5 horas de calor e luz; verificar se o vaso, jardineira ou recipiente possui furos no fundo para a drenagem da água, pois se não houver o escoamento dela, o excesso não sairá e a raiz apodrecerá; ao plantar, co-

loque um pouco de adubo na terra e faça a manutenção de 30 ou 40 dias. Em São Paulo, existem famílias que já cultivam hortas há bastante tempo. É o caso de Bento, de 65 anos. Em seu quintal, localizado na zona oeste da cidade, é possível encontrar alface, cenoura, tomate, rúcula, couve, hortelã, um pé de acerola, de mamão, de limão, uma parreira de uva e ainda uma pequena plantação de morangos. Ele explica que para ter uma horta é preciso dedicação. “Assim como cuidar de um animal de estimação precisa de cuidados, as plantas também precisam ser regadas todos os dias, podadas e

adubadassemprequenecessário”. Em Taboão da Serra, na grande São Paulo, Geraldo, 52 anos,temumapequenahortade temperos em uma jardineira. A casa não tem espaço para algo grande, mas pode-se encontrar salsinha, cebolinha e pimenta dedo de moça. Ele também cultiva, na horta, em um terreno ao lado de casa, um pé de abacate, cana de açúcar e mandioca. “Cada coisa tem um cuidado diferente, por isso tem que ficar atento na hora de escolher algo para plantar, mas eu recomendo a todos, pois além de fazer bem para saúde, ter contato com a terra, faz bem para a mente”, diz Geraldo.

CONFIRA ABAIXO O PASSO A PASSO Casa.com.br

Alex Alcantara

Segundo levantamento da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os alimentos convencionais mais contaminados por agrotóxicos são o pimentão (92%), o morango (64%), o pepino (58%), a alface (54%), o abacaxi (33%), a couve (32%), o mamão (30%) e o tomate (16%). E mesmo na lavagem com cloro ou vinagre para higienizar as verduras, frutas e legumes, o produto químico não sai. De acordo com o Center For Science And Enviroment (Cseindia), a lavagem remove 75-80% dos resíduos agrotóxicos. O uso de agrotóxicos e adubos sintéticos não só infectam os produtos que consumimos, como também o solo e mananciais, desencadeando todo um problema ambiental, de acordo com o biólogo Marco Berringer. “Quanto aos agrotóxicos, eles podemcontaminardiretamente lagos e rios, alterando o equilíbrio biológico desses sistemas aquáticos, promovendo contaminação e ou morte de peixes, e

1.Escolha um vaso com furos.

2. Encha um terço do vaso em brita ou pó de brita para a drenagem.

3. Coloque uma mistura de duas partes de terra, uma parte de composto orgânico e uma parte de húmus até a borda do vaso.

4. Plante as mudas.

Diagramação e Revisão da página: Mariane Araújo, Alex Alcântara, Camila Poklen, Lais Almeida


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ORGÂNICOS

Gastronomia alternativa é tendência entre brasileiros

Seguindo uma demanda do mercado, estabelecimentos promovem bons hábitos

mão de uma rotina saudável. Além disso, é possível encontrar uma grande variedade de pratos que são muito mais baratos e saborosos em comparação a outros restaurantes”, diz Roberta Rosa, assistente pessoal. A culinária ovo-lacto-vegetariana do Villa Natural, localizado em Santo André, ABC paulista, é um dos maiores sucessos da região. Além de não oferecer nenhum tipo de carne e optar pela utilização de produtos orgânicos, o local adota ainda outras medidas ecologica-

mente corretas em sua estrutura, projetada para aproveitar ao máximo a luz solar na iluminação do ambiente. Práticas relacionadas à sustentabilidade são, inclusive, um ponto em comum entre a maioriadessesestabelecimentos,que estão sempre preocupados em reduzir o consumo de água e energia elétrica e evitar o desperdício de alimentos, proporcionando não apenas boa comida e momentos agradáveis, mas tambémumaimportantemensagem de conscientização.

RESTAURANTES • Villa Natural

Cel. Ortiz, 726, Vila Assunção - Santo André/SP Horário de Funcionamento: Das 11h30 às 15h (segunda à sexta) Das 12h às 15h30 (sábados, domingos e feriados) Contato: (11) 2896-0065 villanatural@villanatural.com.br

• Maha Mantra

Fradique Coutinho, 766, Vila Madalena - São Paulo/SP Horário de Funcionamento Das 11h30 às 15h (segunda à sexta) Das 12h às 16h (sábados, domingos e feriados) Contato: (11) 3032 2560 reservas@mahamantra.com.br

Processos na agricultura evoluem e garantem benefícios para a saúde Alimentos passam por processos biológicos e se tornam sinônimo de confiança para o público Bruna Ribeiro | bru.ribeiro1@gmail.com Há 13 anos, a Associação da Agricultura Orgânica (AAO) recebeu novos produtores, entre eles, Júlio César Rodminski, que até então só havia trabalhado com a indústria convencional. Mais de uma década depois, toda a sua familia está na área, e ele afirma que a produção de orgânicos está evoluindo cada vez mais.

e a mão de obra é muito limitada, então os adubos são feitos com utensílios químicos. Tudo isso interfere na qualidade dos produtos. Nós substituímos esses produtos químicos por processos biológicos.

Expressão: O que falta para impulsionar a agricultura orgânica no Brasil? Júlio César Rodminski: O mercado está se expandindo cada vez mais, temos muitos projetos. O governo anda investindo e incentivando a produção de orgânicos. Existem muitos projetos na parte de desenvolvimento ambiental também e proteção do meio ambiente. A agricultura natural é uma maneira de preservar o ecossistema, por isso a preocupação dos órgãos públicos do Estado.

feiras são sempre muito agitadas, uma boa parte da população está tentando utilizar produtos naturais, por conta de serem mais saudáveis, livre de agrotóxicos.

Expressão: Quais os principais benefícios? Rodminski: Além de não ter nenhum agrotóxico, nem fertilizantes, trabalhamos com o melhoramento do solo. A produção convencional utiliza uma longa escala de produção

PARA O ESTUDANTE, QUE NÃO TEM MUITO TEMPO PARA CUIDAR DA ALIMENTAÇÃO, A MELHOR OPÇÃO É LEVAR Expressão: Como é a recepção O ALIMENTO QUE IRÁ SER do público nas feiras orgânicas? CONSUMIDO.” Rodminski: É muito boa. As

Expressão: Como é feita a divulgação desses eventos? Rodminski: Existem diversas feiras orgânicas no Estado de São Paulo, mas, muitas vezes, a população não fica sabendo sobre elas, seria muito bom se a mídia nos ajudasse nesse aspecto, pois muitos cidadãos têm interesse em adotar esse estilo de vida, mais natural, porém não sabem como, faltam referências. Expressão: Tem alguma época do ano mais favorável à agricultura orgânica? Rodminski: O clima favorece um pouco, pois as chuvas

Especialistas apostam em produtos biodegradáveis

Bons para o meio ambiente, materiais de limpeza se tornam referência para profissionais Marina Camargo | marinad.camargo@outlook.com

Vanderlei Vieira | vandvieira@gmail.com De acordo com uma pesquisa realizada pela Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador (Assert), é cada vez maior a procura por alimentos naturais entre as pessoas que comem fora de casa. O estudo, feito em 2014, revelou que o consumo de frutas, legumes e verduras e sucos naturais cresceu em 61%, 69% e 70%, respectivamente, apontando que a correria do dia a dia está deixando de ser uma justificativa para não se alimentar bem. No entanto, apesar do número de restaurantes orgânicos ter sido impulsionado pelo aumento dessa demanda, não é de hoje que alguns empreendedores investem nesse segmento. “Sempre gostei de gastronomia e, há 10 anos, quando assumi o restaurante, queria que ele oferecesse algo diferente”, declara Fernando Ramos, proprietário do Maha Mantra, localizado na Vila Madalena e especializado em gastronomia indiana vegetariana. Engana-se quem pensa que o único diferencial desses estabelecimentos é a qualidade de seus ingredientes e os benefícios que eles oferecem à saúde. “Sou vegetariana há mais ou menos quatro anos e os restaurantes orgânicos são ótimas opções para as pessoas que estão sempre de um lado para o outro, mas não abrem

especial

prejudicam o trabalho, mas o mais importante é encontrar um solo favorável à plantação e cultivo. Expressão: Como um universitário, que possui uma rotina agitada, pode aderir a esse tipo de alimentação? Rodminski: Em São Paulo o maior local é aqui, no Parque da Água Branca, mas existem projetos para inaugurar e ampliar as feiras em alguns lugares, como o Parque Vila Lobos e Ibirapuera. Acredito, que para o estudante que não tem muito tempo de cuidar da alimentação, a melhor opção é levar o alimento que irá ser consumido, pode não parecer, mas às vezes, é melhor voltar à infância e levar uma lancheira do que comer certas coisas que não sabemos a procedência. Bruna Ribeiro

Júlio César, Produtor Orgânico, em sua banca de verduras, localizado no Parque da Água Branca

A dermatologista Eliete de Fátima Silva diz que precaução e informação são essenciais, e que produtos orgânicos de limpeza são boa aposta, pois, assim, evitam riscos de acidentes. Os materiais orgânicos têm suas formulações de origem vegetal e fontes renováveis, são biodegradáveis e livres de petroquímica. Não são testados em animais, não causam alergias e são atóxicos. Eliete diz que “Tem que ter cuidado para que essesprodutos não caiam em mãos de crianças ou pessoas que não lidam com substâncias orgânicas. Antes do aparecimento dos sintéticos, produtos como detergente e sabão já apresentavam ocorrências relacionadas a problemas ambientais. Atualmente, os níveis de substâncias nocivas presentes nos detergentes de todo o país são controlados por lei. A poluição do ecossistema como um todo acontece não apenas pelo despejo de uma substância ou outra, mas pela reação química resultante dos materiais que usamos em nossas residências, como shampoos, água sanitária, entre outros. Maria Carolina Melo, engenheira agrônoma, em conversa com o Expressão, forneceu dicas do que se pode fazer para diminuir o impacto ambiental na hora da limpeza doméstica. Ela diz que não é bom usar produtos cuja fórmula possua componentes como cloro e solventes, e que fórmulas caseiras são igualmente eficientes. Maria acrescenta que Vinagre, por exemplo, tira manchas de tecidos e neutraliza odores, e que Bicarbonato de Sódio

serve para limpar pias, bidês e vasos sanitários. Ela conta que o acúmulo dessas substâncias dos materiais de limpeza em rios, lagos, mares e oceanos podem ser prejudiciais à vida de plantas e animais e ao ecossistema como um todo, prejudicando-nos. Maria relembra que, na década de 1960, leis, criadas

na Europa, limitaram a enorme quantidade de espuma que geravam tais materiais. Serviço: A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em parceria com a Abipla (Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Limpeza e Afins), possuem uma cartilha de Orientações para os consumidores de saneantes.

portal.anvisa.gov.br ou www.abipla.org.br

Moda ecológica estimula consumo consciente Roupas orgânicas são bonitas e ajudam a diminuir os danos ao meio ambiente. Débora Neves | deboranevess12@gmail.com O “ecologicamente correto” está em alta. O desenvolvimento sustentável e a preservação do meio ambiente têm se tornado preocupações recorrentes dos brasileiros. Preocupação que conquistou até mesmo o setor têxtil que com as roupas orgânicas ingressou nessa “onda verde”. Trata-se da moda ecológica roupas e acessórios orgânicos feitos com fibras, tintas e tecidos naturais, produzidos sem produtosquímicosouquaisquer outros produtos que possam prejudicar a natureza. Atualmente, o setor é responsável por movimentar entre R$ 270 e R$ 362 milhões por ano. As roupas orgânicas têm o intuito de gerar menos resíduos ao meio ambiente, seja com a produção, com o tingimento ou com descarte. De acordo com a representante do Projeto Estilo Verde, Carolina Senhorin, a modasustentável denomina-se hoje slow fashion. “Diferente do fast fashion praticado hoje em dia pelas grandes magazines, na qual as peças são facilmente descartadas, o slow fashion traz a ideia de roupas mais duráveis e atemporais, feitas sem pressa”, diz. Moderna e alternativa, a chamada “ecomoda” utiliza também material reciclado na fabricação de peças fashion não só para proteger o meio ambiente, mas visando também na economia na produção destes produtos. As tão conhecidas garrafas pet podem ser usadas na fabricação de camisetas e até de jeans. A combinação das fibras pet com algodão orgânico resulta em tecidos que não perdem nada para os tecidos

Diagramação e Revisão da página: Bruna Ribeiro, Marina Camargo, Debora Neves, Sheila Martins, Vanderlei Vieira

convencionais em conforto, caimento e beleza. E não pense que moda ecologicamente correta é sinônimo de roupas e acessórios sem graça. Muito pelo contrário, tem tudo a ver com as últimas tendências.”O conforto das peças é incomparável, ainda mais pelo uso de fibras naturais, mas as recicladas também são super confortáveis. Opto pela beleza das peças e pelo trabalho manual também, acho um produto muito mais humano e feito com carinho”, afirma Thainan Bornato, Gestora Am- biental. Pneus velhos po-

dem se tornar sandálias e chinelos; lonas de caminhão ou de banners são reaproveitadas na fabricação de bolsas ecológicas; bambu, sobras de matéria-prima

das indústrias também se transformam em roupas e acessórios. Reunir conceitos de moda e sustentabilidade traz grandes benefícios, pois além de contribuir com a própria saúde, diminuir danos ao meio ambiente e preservar os recursos naturais, ainda fornece peças fashions personalizadas. Vestir-se com roupas orgânicas demonstra um ato de consciência ecológica e cidadania, e o melhor: sem perder o estilo.

Ilustração: Débora Neves

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vida digital

ano 22 |no7 | agosto/2015

Bitcoin é a primeira moeda gerada por computadores Dinheiro virtual oferece benefícios, mas o uso não é aconselhado pelo Banco Central

forbes.com

Saulo Chaves | saulo.jornalismo@uol.com.br

I

nventado em 2009 por um programador misterioso, o Bitcoin, ou cripto-moeda, como é chamado por especialistas, não é emitido por governos, mas gerado diretamente por computadores. No Brasil, não há regulamentação sobre seu uso, mas algumas empresas já começaram a aceitá-lo como meio de pagamento. De acordo com o portal Mercadobitcoin, hoje, o valor de um só Bitcoin supera os R$ 700,00. O analista de TI, Ricardo Queiroz, explica que o processo de geração desse valor exige o uso de computadores com configuração específica. “A chamada ‘mineração’ de Bitcoins só pode ser feita com máquinas que tenham processadores de alto desempenho. Funciona como se você emprestasse seu computador para autenticar e concluir as transações feitas com Bitcoin na web, em troca, é remunerado com a moeda”. Por causa das limitações técnicas em gerar o Bitcoin, a maneira mais comum de obtê-lo é comprando com dinheiro oficial, o que pode ser feito em corretoras especializadas. No Brasil, o site Mercadobitcoin. com faz uma intermediação entre quem pretende comprar e vender. Além disso, outra maneira de por a mão no dinheiro criptografado é sendo pago com ele. De acordo com o site Coinmap.org, 34 empresas já aderiram à moeda virtual

em São Paulo. A construtora Tecnisa é uma dessas organizações. Em seu site, a companhia imobiliária oferece descontos para quem optar por esse tipo de pagamento. Por causa da pouca disponibilidade do recurso, seu uso hoje está muito associado à especulação. De acordo com a Bitcoin Fundation, responsável pela padronização e promoção do meio de pagamento, 21 milhões é o limite de bitcoins que poderá circular pelo mundo. Para o economista Danilo Pastorelli, o recurso ainda não é viável. “Os bancos centrais de todo o mundo têm procurado regular a quantidade de moeda real circulando na economia, mas com o Bitcoin isso não existe, não há garantias de que o teto estabelecido será respeitado”, explica. Mesmo com a necessidade de instalar aplicativos para fazer transações financeiras com a cripto-moeda, não é necessário que as partes se identifiquem, o que tem gerado preocupação com o comércio ilegal e com a lavagem de dinheiro. Em 2014, o Banco Central do Brasil emitiu comunicado em que desaconselha o uso das moedas virtuais. “Esses instrumentos podem ser utilizados em atividades ilícitas, o que pode dar ensejo a investigações conduzidas pelas autoridades públicas. Dessa forma, o usuário desses ativos virtuais, ainda que realize

|INOVAÇÃO| Moeda virtual oferece transferência fácil, imediata e sem taxas para qualquer lugar do mundo transações de boa-fé, pode se ver envolvido nas referidas investigações”, afirma a

instituição. Já a Bitcoin Fundation enfatiza que o sistema permite a transferência fácil,

imediata e sem taxas para qualquer lugar do mundo. “O Bitcoin oferece acesso a um

mercado global e está mudando as finanças assim como a WWW mudou a imprensa”.

Tecnologia vira arma em conflitos virtuais Jefferson Pereira

Guerra cibernética ganha visibilidade no cenário internacional Jefferson Pereira | jeffps89@hotmail.com

|INFORMÁTICA| Guerras virtuais marcam o novo cenário diplomático e bélico das nações

A chamada guerra cibernética ganhou destaque no noticiário político. Países passaram a investir em aparatos tecnológicos defendendo a segurança governamental e suas informações sigilosas. No Brasil, o tema é tratado com cautela devido ao grande número de crimes ocorridos na rede. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 320 mil delitos foram denunciados no ano de 2013. O Brasil foi apontado como um dos territórios mais suscetíveis à invasões, espionagens e violações pela internet, ainda conforme avaliação da ONU. Em outro estudo feito pelo centro de pesquisa belga Security Defense - Agenda (SDA) e pela McAfee, o sistema digital brasileiro está entre as 23 nações com menos preparo caso sofra ataques em sua área de operações.

O profissional de TI, tecnologia da informação, Mateus Ortiz explica que o uso do computador, pelos países, já tinha objetivos bélicos. Ele afirma que a evolução da ciência se dá em detrimento das disputas de poder. “Tudo tem o seu lado positivo e negativo em relação à tecnologia e à guerra. O que conhecemos hoje foi a princípio pensado, elaborado, para ser usado em algum conflito. Desde o primeiro computador criado até os drones, aparelhos que servem para realizar tarefas difíceis ao alcance de seres humanos, como aviões sem tripulação”, diz. O especialista em Relações Internacionais e professor Manuel Furriela avalia os fortes impactos das lutas virtuais no mundo. “A guerra cibernética muda o conflito entre os estados. Os embates não necessariamente precisarão ser através de tropas, ou seja, no físico,

para que consequências devastadoras possam ocorrer. Além dessa constatação, poderemos depreender diversas conclusões, uma delas é a de que mesmo àqueles que não tenham tropas numerosas e armamentos sofisticados poderão ter um grande poder militar desde que tenham tecnologia avançada para ser um forte player em uma guerra digital”, explica. Furriela destaca o papel dos drones no processo de combate, mas diz que ainda é prematuro afirmar que as ferramentas técnicas possam tomar o lugar dos homens nas guerras. “Ainda é cedo para saber se as máquinas e não somente os drones substituirão os seres humanos em campo de batalha. Mas o que podemos antecipar é que o uso desses equipamentos será cada vez mais amplo e que as decisões sobre estratégia militar dificilmente serão substituídas”, completa o pesquisador.

Impressão 3D revoluciona modo de fabricar objetos Apesar de ser inventada na década de 80, impressão 3D só agora começa a mostrar sua potencialidade Charles Eliseu

Charles Eliseu | charles.eliseu93@gmail.com

Quem poderia imaginar que a tecnologia teria tantos avanços a ponto de tornar possível usar uma impressora para fabricar roupas, fones, casas, carros e até pernas mecânicas? Pois é. Essa ferramenta é a impressora 3D, e existe desde 1984. Porém, foi após os anos 2000 que ela começou a ter sua tecnologia melhorada. Inventado pelo norte-americano Chuck Hull, esse modelo de impressora, ao contrário das convencionais, não utiliza tinta no papel, e constrói objetos camada a camada, tridimensionalmente. No entanto, a ferramenta revolucionária só começou a se popularizar na última década. Isso porque nos anos 90, quem desejasse adquirir um modelo teria de desembolsar um milhão de dólares. Hoje, com pelo menos mil dólares, uma pessoa comum pode comprar um exemplar

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com potencial de produzir artigos pequenos. Embora as impressoras mais simples tenham tido seus preços barateados, seu custo ainda é alto para elaboração de produtos maiores e mais elaborados de caráter industrial. Em Taboão da Serra, cidade daGrande São Paulo, existe uma única empresa que presta este tipo de serviço, que é a Fábrica de Protótipos (FP), onde são feitos produtos e moldes utilizando diversos tipos de materiais, como resina e titânio para indústria de embalagens, cosméticos, brinquedos, eletroeletrônicos, automotiva, entre outras. Para entender melhor o assunto, o jornal Expressão ouviu um especialista em impressão 3D desta fábrica, o diretor de desenvolvimento, Carlos Roberto Cordeiro. Segundo ele, a impressão tridimensional,também chamada de prototipagem rápida,

tem algumas vantagens quando comparada à convencional. “A impressão 3D, a princípio, tem o objetivo de diminuir o custo na confecção do molde ou objeto. Isso porque, a partir do momento que um cliente tem um produto pronto em mãos e pretende elaborar uma réplica dele, é muito fácil de ele ser digitalizado e copiado, e, por fim, fabricado por meio da impressão 3D com uma precisão muito próxima da peça original”, disse. A ressalva, no entanto, vem do aspecto jurídico, conforme diz o advogado Dr. Ibraim Mendes. “Para quem possui uma impressora 3D em casa e tem o intuito de fazer impressões de produtos para comercialização, há questões autorais a serem respeitadas. Além do mais, nesse caso, os órgãos competentes do município, do estado e da união devem ser consultados”, alertou.

QUALIDADE| A impressão 3D consegue imprimir objetos com alta precisão

Diagramação e Revisão da página: Charles Eliseu, Jefferson Pereira, Henrique Neto, Saulo Chaves, Eduardo Horta


artes

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Da garagem para o mundo: estúdios dão tom à música Bandas aprimoram a maneira de gravar em suas próprias residências, descobrem e exploram seus timbres, levando a uma qualidade sonora profissional Renan Testa re.nan@live.com Os Home Studios, estúdios caseiros, definem-se na formação de equipamentos e recursos necessários para gravar em casa, como um profissional. Grandes bandas e produtores ao redor do mundo elaboram os seus próprios estúdios com a intenção de personalizar o seu som, não satisfeitos com o timbre disponível no mercado. E o que você precisa para montar um Home Studio? Basicamente, um bom computador, um software específico (Digital Work Station, programa capaz de processar as diversas faixas e efeitos em uma gravação), uma placa de áudio compatível com a necessidade, além dos próprios instrumentos (Microfones, guitarras, baterias, amplificadores, etc). Vale lembrar que um ambiente tranquilo ou um isolamento de som colaboram, e muito, com a qualidade da gravação. “É muito bom para quem está começando a produzir. Tem um suporte, um equipamento legal que ajuda. Mas, a diferença para quem quer crescer no mercado, é que uma gravadora profissional te ajuda na divulgação, na

Renan Testa

ECONÔMICO Com baixo custo, músico consegue transformar seu quarto em gravadora particular e pode personalizar seu próprio som veiculação do seu trabalho na mídia”, afirmou o produtor musical, Matheus Oliveira. Outra pergunta fundamental é a respeito do preço a ser pago em um bom home

studio. Tudo isso é relativo a quanto se está disposto a gastar e a qualidade na gravação. Sem contabilizar o instrumento, com o computador, o software, placa de áudio e

Evelyn Oliveira

microfones, temos um custo, com materiais mais em conta, a partir de R$2600. Se a falta de amigos músicos não colabora, isso também já não é mais um impedimen-

to. No mais famoso site de vídeos da internet, encontramos as chamadas backing tracks. São músicas gravadas sem um determinado instrumento para que você possa gravar a sua

parte com o resto da música original. Algumas dessas backing tracks são as gravações utilizadas pelos jogos de videogames Guitar Hero. “Hoje a internet é fundamental para quem quer apenas se divertir ou levar a música como profissão. Os mais diferentes timbres de amplificadores, efeitos de guitarra, até a falta de um componente da banda é possível de ser compensada e reproduzida virtualmente˜, contou o músico de garagem, Pablo Alexandre. É possível também utilizar faixas de som criadas eletronicamente para simular o som de instrumentos, os chamados arquivos MIDI. Se você é um baterista e não tem amigos guitarristas ou baixistas, basta utilizar esse recurso para montar a sua música, por exemplo. Entretanto, o som desses arquivos não é perfeitamente idêntico aos reais. Um instrumento não é substituído sem perdas. A internet, portanto, além de trazer inúmeras possibilidades de divulgação e fazer sua banda “aparecer”, apresenta inúmeros recursos para quem gosta de música. Apesar de toda essa tecnologia, algo ainda é intocável nesse universo: a qualidade de um músico o torna grande.

Bares temáticos trazem arte para a noite de São Paulo Locais seguem exemplos de decorações com foco em pinturas, literatura e cinema Evelyn Oliveira | evelyndias_@hotmail.com

GARRAFAS BAR A cada 15 dias, uma nova exposição, e lá mesmo o artista pode vender suas obras

Acompanhando os drinks, a cerveja e as porções, uma dose artística também é oferecida aos clientes do Garrafas Bar. Isso porque, a cada duas semanas, uma nova exposição itinerante invade o cenário do estabelecimento, localizado na tradicional Vila Madalena. As exposições variam entre pinturas em tela, artes digitais, fotografias e outras temáticas. Um dos donos do local, Thiago Cebollini, explica a razão de ser desse projeto. “A ideia das exposições é dar oportunidade para pequenos expositores que nem sempre encontram espaço público para expor suas obras”. Além disso, o bar incentiva a troca gratuita de livros por meio do projeto “Tire seu Livro da Prateleira”, que ganhou um espaçodentrodoestabelecimento, e recebe doações de amigos e clientes. “Funciona superbem

e a galera realmente procura”, ressalta Cebollini. Iniciativas assim também fazem parte da rotina de outros bares paulistanos, que não se contentam em apenas servir bebidas e comidas aos seus clientes, mas se preocupam em preparar o ambiente para recebê-los, tornando a visão e a permanência no local mais aconchegantes. Outro exemplo é de um bar no Brooklin. O Veríssimo Bar, como o próprio nome sugere, homenageia o escritor Luis Fernando Veríssimo. A decoração é composta por caricaturas e ampliações de capas de livros do autor nas paredes. Os pratos da casa têm influência espanhola e são feitos pelo chef e proprietário do bar, Marcos Livi. Destacando o cinema, o Big Kahuna Burger, por sua vez, é uma opção para os fãs de Quentin Tarantino, já que a decora-

ção do local é toda inspirada no clássico Pulp Fiction (1994). Além das paredes pintadas, e uma televisão com um looping do filme, o cardápio também acompanha a cinefilia. O cliente pode encarar um “Ezequiel 25:17”, referência a uma das citações feitas por Jules Winnfield, vivido por Samuel L. Jackson, um lanche composto por 700 gramas de hambúrguer, dez fatias de bacon, e outros incrementos. Uma das opções de sobremesa é o famoso Five-dollar Shake de Mia Wallace, personagem de Uma Thurman. O publicitário Carlos Viana Albrecht já visitou o Big Kahuna, aprovou o cardápio e a temática da decoração. “Além de ser um clássico do cinema, o Pulp Fiction tem referências estéticas muito boas, como as cores, as formas e o figurino, e isso torna o lugar ainda mais interessante”.

Vila Itororó abre para o público como Centro Cultural Enquanto o complexo arquitetônico recebe obras de restauração de casas antigas, ruamento e palacete, visitantes acompanham de perto o projeto e desenvolvem atividades Mayara Almeida | mcga@globomail.com Localizada entre as Ruas Martiniano de Carvalho, Monsenhor Passalacqua, Maestro Cardim e Pedroso Rua no Bela Vista, a Vila Itororó foi construída entre 1922 e 1929 e é composta por um Palacete e mais 37 casas. O local foi construído em homenagem ao centenário da Independência do Brasil e seu nome é uma referência à fonte homônima que continua no local. Hoje, ele está praticamente todo destruído.

Serão restaurados as casas, a piscina, o ruamento e o palacete que compõem a vila. Após as obras, esses espaços poderão ser ocupados com atividades como residências artísticas, pesquisas e laboratórios de economia criativa.Enquanto ocorre o processo de restauração do espaço, há visitas guiadas que abordam a história do local, do bairro do Bixiga e da cidade de São Paulo. Além disso, no galpão cultural, são rea-

lizadas atividades com foco na educação patrimonial. O curador doCentro Cultural Vila Itororó, Benjamin Seroussi fala sobre a ideia de abrir o canteiro de obra para a participação da população. “Normalmente quando se renova um patrimônio, um bem tombado no caso, o projeto é um processo fechado, acontece dentro de quatro paredes e o público é convidado no dia da entrega para conhecer o resultado de anos de trabalho.

O que nós fizemos foi inverter esse processo. Resolvemos abrir o canteiro de obras no início da renovação para o visitante poder acompanhar, discutir, colaborar e participar do processo de reconstrução”, comenta. Itororó foi pensada pelo empreiteiro e comerciante português Francisco de Castro, com a proposta de ocupação do espaço público pela comunidade. A Vila ainda conta com a presençadaprimeirapiscinaparticular

construída na cidade, que inicialmente era alimentada pela antiga mina d’água existente no local. Vizinho da obra, o morador Marcelo Goes, da Rua Martiniano de Carvalho, fala da expectativa em relação ao projeto. “A comunidade ficou bem animada quando anunciaram a reforma da Vila, e mais ainda quando disseram que haveria um Centro Cultural. É um lugar com muita história, não pode ficar perdido e muito menos ser demolido para

Mayara Almeida

PATRIMÔNIO Palacete de 1922 tombado pelo Condephaat e Conpresp passará por total reforma Diagramação e Revisão da página:

dar lugar a novos prédios residenciais”, conta. O conjunto é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo). Os agendamentos e dúvidas podem ser enviados para o e-mail vila@infoitororo.org.br Mayara Almeida

CULTURA Galpão, que faz parte do complexo, abriga atividades artísticas como pintura e escultura

Vinícius Cordeiro, Evelyn Oliveira, Renan Testa, Mayara Almeida, Kelly Amorin

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esporte & lazer

ano 22 |no7 | agosto/2015

Capoeira:

Maria Serafim

força e flexibilidade Saiba mais sobre a prática cultural que venceu o preconceito e ganhou o mundo Maria Serafim | m2s.serafim@gmail.com “Eu conheci, eu vi. Nas bandas das docas... luta violenta, ninguém a pôde conter. Eu sei que tudo isso é mancha suja na história da Capoeira, mas um revólver tem culpa dos crimes que pratica? E a faca? E os canhões? E as bombas? Pratico a verdadeira Capoeira Angola e aqui os homens aprendem a ser leais e justos. A lei de Angola que herdei de meus avós é a lei da lealdade,” afirmou o fundador da primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, Mestre Pastinha. São dois tipos de capoeira, a de angola e a regional. A primeira é a mais tradicional e veio de dentro da senzala. Já a regional, foi adaptada no Brasil e é mais voltada para a luta. É a mais próxima dos outros esportes, nela há também a troca de cordões, que caracterizam o nível de conhecimento da capoeira.

Um dos grupos mais influentes no Brasil e que tem ganhado adeptos em outros lugares é o Grupo de “Capoeira Angola Irmãos Guerreiros”. Ele teve sua origem em 1983, no Rio Pequeno, zona oeste da capital paulista, da união de três irmãos capoeiras: o Mestre Baixinho, o Mestre Guerreiro e o Mestre Macete. O grupo surgiu em uma ocasião de transição e de busca pelo reconhecimento. “O nome ‘Irmãos Guerreiros’ marcou muito porque viemos de uma época em que a capoeira estava numa luta de reconhecimento e fundamentos, então realmente nos tornamos guerreiros para manter a tradição,” afirma o Mestre Marrom. Marrom é filho de Mestre Baixinho. Começou a praticar com apenas oito anos, seguindo os passos do pai e dos tios,

e fundou um espaço que tem o objetivo de incentivar a divulgação da capoeira Angola. A “senzalinha”, como o local é chamado pelos alunos, faz uma referência às origens do esporte. O “Grupo de Capoeira Angola” tem feito discípulos em outros continentes. Alguns seguem as tradições dos brasileiros na cidade de Bremen e em outras cidades da Alemanha, na Áustria, Portugal e também na Polônia. “Passou por aqui uma alemã que já tinha um grupo de capoeira na cidade de Bremen, ela se interessou pela arte e queria que eu fosse com ela, como não pude ir mandei um professor, que hoje é mestre,” fala Marrom. O intercâmbio dos grupos é frequente. “Nós queremos que os grupos de fora se pareçam muito com os daqui. Não basta só levar o nome é preciso levar também os

Capoeira Angola se reúne três vezes por semana em Taboão da Serra, que fica na Grande São Paulo nossos fundamentos,” declara Marrom. A capoeira é um esporte que une inúmeros tipos de exercícios físicos, habilidade, força e flexibilidade, que ajudam no desenvolvimento físico e psicológico dos praticantes. Alguns adeptos ao esporte atribuem um aspecto religioso

a ele. “Eu tive uma experiência muito forte com a capoeira. Eu precisei fazer uma cirurgia, e grande parte da minha recuperação se deu graças à energia que eu recebia dos mestres durante as visitas ao grupo”, declara o contramestre Chico. Chico tem 62 anos e ressalta o fato de que a disposi-

ção que ele tem para praticar a luta e trabalhar na construção civil todos os dias vem da energia do esporte. “Até mesmo nos cantos, quando o capoeira canta as ladainhas eu sinto uma vontade enorme de viver, uma força e aprender cada dia mais,” afirma Chico.

escritório para o Canoa Havaiana Do prática noturna é possível campo: funcionários A cidade de Santos possui condições oceânicas e climáticas ideais para a atividade Ariane Artioli

montam grupos para fazer esportes nas empresas Atividades esportivas em equipe geram engajamento entre diferentes departamentos Larissa Ribeiro | larissaribeiro815@gmail.com

Ariane Artioli | arianeartioli@gmail.com Originária da região da Polínésia Francesa, a modalidade existe há mais de três mil anos e era utilizada como meio de transporte para o povo caiçara se locomover entre as ilhas. Mesmo na cidade de Santos, consideradauma das pioneiras em trazer a prática em 2001, muitas pessoas ainda não conhecem o esporte. Devido à procura maior na parte da noite, clubes localizados à beira mar incluíram aulas nessa parte do dia. O proprietário e instrutor de uma das escolas, José Paulo Neto, 24 anos, ministra aulas há seis anos e comenta sobre a demanda “São horários com bastante procura, pois é quando a maioria das pessoas está saindo do trabalho e aproveita o final do dia para fazer suas atividades”. José Paulo também fala sobre a boa condição da região em oferecer aulas noturnas. “A cidade de Santos possui uma ótima geografia. Pelo fato de estarmos situados numa baía, temos condições oceânicas e climáticas favoráveis a canoagem na maior parte do ano. E durante as saídas noturnas, sempre levamos luzes de navegação (bombordo e boreste), essenciais para segurança”, completa.

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Existem diversos tipos de canoas que mudam de nome conforme o número de pessoas e objetivo da prática. Quando o grupo é maior, a canoa utilizada chama-se “catamarã” – comportam doze pessoas, sendo seis de cada lado unidas pelo “yaco”, uma base de madeira que interliga as duas canoas. A mais tradicional e utilizada nas aulas em grupo, comporta seis pessoas, porém não é unida a outra canoa e sim, a uma espécie de boia chamada “ama”, que mantém o seu equilíbrio. O uso de colete é obrigatório e os remos são amarrados com uma borracha de carro para evitar o perigo de perda em dia de mar revolto. São realizados treinamentos sobre como proceder se caso a canoa vire em alto mar. A conduta é feita através do “leme”, realizada pelo instrutor que fica na parte de trás da canoa, é ele quem dá toda a direção e comanda através da voz as remadas feitas de modo intercalado, com média de quinze remadas para cada lado. Os treinos variam entre resistência, força, velocidade e técnica. Os alunos remam em direção a variados destinos, como a Praia do Sangava, Saco

do Major e Ilha das Palmas. A média de duração do percurso é de 35 minutos para ir e mais 35 minutos para voltar, com pausa de dez minutos no mar ou nas praias para mergulho e descanso. Maíra Monteiro, 33, praticante do esporte há seis meses, comenta que o seu maior prazer é estar na água em contato com a natureza “enquanto estou remando esqueço completamente dos problemas da vida real”. Ela também diz que a prática trouxe diversos benefícios para sua saúde. A procura é de ambos os sexos e todas as faixas etárias, porém cada vez mais pessoas acima dos trinta e cinco anos tem procurado. “A canoa havaiana contempla muito mais do que a apenas a atividade física, o contato com o mar e a parte social, as amizades que se criam é o que motiva muitos”, comenta o instrutor José Paulo Neto. Canoa Caiçara: Rua Afonso Celso de Paula Lima, 06 – Ponta da Praia – Santos – SP Tel. (13) 3326-4925

Para entrosar funcionários dentro das empresas, muitos deles têm criado grupos de esporte em seus locais de trabalho. A mania conta com homens e mulheres de todas as idades praticando atividades físicas em grupo. A mais popular delas é o futebol. A coordenadora de marketing Luciana Tanaka pratica o esporte com outras funcionárias da firma onde trabalha. Ela conta que, a princípio, tinha um pouco de medo de se machucar, mas depois de jogar uma partida, gostou. “No nosso caso, que é um time só de mulheres, o legal é que, ao contrário dos homens, nós estamos jogando lá sem compromisso, apenas para nos divertirmos”, conta. Para montar os grupos, geralmente uma pessoa fica responsável pela organização, reservando a quadra e angariando os fundos para o pagamento do aluguel, que pode ser avulso, semanal, mensal ou até semestral. Dependo da localização e do período, os preços variam entre R$510,00 e R$1260,00 por mês. Além disso, materiais como bola e coletes podem ser alugados ou comprados pelo responsável do grupo. Criadora de um time de futebol onde trabalha, a analista de marketing Natalia Parodi conta que teve a ideia após começar a praticar por conta própria. “Conversando com outra colega, achamos que seria legal juntar um grupo de meninas para jogar depois do expediente, até porque os homens também têm seu grupo”, diz. Segundo ela, o legal é a interação entre diferentes departamentos: “tinha gente de marketing, comercial, importação e todo mundo acaba se conhecendo”. Ao entrar em campo, os times são separados dependendo da quantidade de participantes (um time oficial conta com sete jogadores de cada lado), e conforme a prática e habilidade de cada pessoa. No entanto, o ideal é sempre fazer rotação de posições de jogo, para que cada um tenha a oportunidade de

jogar em um lugar diferente, seja ele mais divertido, como o ataque, ou mais “entediante” como a defesa, ou até mesmo ficar no gol. Existem pessoas que levam a brincadeira mais a sério e participam de competições oficiais entre empresas. Um bom exemplo é a Mídia’s Cup,

Diagramação e Revisão da página: Larissa Ribeiro, Ariane Artioli, Adriele Araújo, Amanda Beatrice, Laio Rocha, Maria Serafim

maior torneio do gênero no Brasil. Ele ocorre anualmente, entre julho e novembro, e conta com a participação de 200 funcionários de 16 agências de publicidade da cidade de São Paulo. O evento ainda possui patrocínio da rede Globosat e apoio do jornal Folha de S.Paulo. Raphaella Quarterone


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