ano 23/número 10 novembro/2016
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt
Mexeu com uma,
mexeu com todas O que está por trás dos casos de estupro que acontecem a cada 11 minutos no Brasil?
Felipe Mascari
#hashtag
ano 23 |no 10 |novembro/2016
#caro leitor,
Não basta apenas a indignação!
#fração de segundo fotolegenda
É necessário rever comportamentos
Treze mulheres são assassinadas por dia no Brasil. A cada 11min acontece um caso de estupro no país. A taxa de homicídios de mulheres cresceu 11,6% entre 2004 e 2014. Dados variados, presentes em publicações como o Atlas da Violência (Ipea -Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e levantamentos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram a gravidade do tema. Por isso, a reportagem Especial do Expressão traz uma reflexão sobre a cultura do estupro, termo usado para explicitar uma série de normas, práticas e valores que legitimam a violência contra a mulher. Nossa equipe de repórteres se debruçou sobre a questão, Abordamos as relações entre a violência de gênero e a escola. Falamos sobre o que é a violência “corretiva” contra lésbicas. Apresentamos as falhas de acolhimento nas delegacias da mulher. Debatemos as conexões entre pornografia e violência. Apontamos os estereótipos presentes no mundo da publicidade. Dados, números, casos, problematizações para você, leitor, compreender como a cultura do estupro se manifesta cotidianamente. Ficar indignado com a violência não é o suficiente para romper com um ciclo complexo e estrutural. É necessário rever comportamentos. Além dessa reportagem Especial, temos outros temas instigantes para você. Na editoria Educação, por exemplo, falamos sobre uma novidade cada vez mais presente no mundo corporativo, a pedagogia empresarial, que busca desenvolver o capital humano das instituições. Em Vida Digital, mostramos uma novidade desenvolvida no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT): uma tatuagem temporária – a DuoSkin – com tecnologia NFC que permite transmissão de dados por proximidade, sem uso de cabo ou fios. Na página de Artes, o destaque é uma reportagem sobre a democratização dos ideais de beleza, com inclusão de biotipos mais realistas no mundo fashion e das passarelas. O texto mostra como a indústria da moda pode contribuir para romper com uma única noção de beleza. Na derradeira página do jornal, misturamos esporte, com lazer e turismo. Sim!! Venha conosco fazer o Bike Tour SP, uma iniciativa que propõe passeios gratuitos de bike pela cidade, fazendo circuitos turísticos de Sampa. Uma ótima alternativa para quem quer conhecer a cidade e ficar em forma!! Então, não está um jornal super empolgante? Venha conosco, caro leitor!! Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
#protagonista
Artista de rua é legal
3o lugar no 8o Concurso Fotográfico “Fração de Segundo” com o tema 60 anos de Rock Nacional - “Até mesmo nessa dança não parei”, frase da música Rock’n Roll em Copacana, de Cauby Peixoto, considerada o primeiro rock brasileiro. Elisandra Germano - aluna do 3o ano de Jornalismo - Campus Butantã Arquivo pessoal
#fica a dica
Hibisco roxo Monise Cardoso
Fábio, o homem do som O poder da música na vida de um cara que é produtor, faz discotecagem e se reinventou Amanda Avena Foi aos 11 anos que Fabio Smeili descobriu seu amor pela música. Era a época em que ocorria a transição de discos de vinil para CD. A primeira banda com a qual teve contato foi Iron Maiden, um rock britânico que a cada música conta uma história diferente sobre mitologia e seres fantásticos. Pirou naquilo, ultrapassou a barreira do metal, começou a pesquisar bandas e percebeu que música não tem fim. Com 15 anos decidiu que ia tocar bateria. Deu play nas aulas e entrou em várias bandinhas. No total foram cinco, isso tudo até completar 18 anos. Essa onda mudou quando ele começou a sair com uma menina. A mocinha o levou para uma festa eletrônica e, BUUM! A cabeça dele abriu de novo. Toda aquela batida, aquele ritmo pilhou seu interior. Ele levou seu brother, Mexicano, para uma festa do mesmo estilo e BUUM! Ele também pirou. Instantaneamente, decidiram tocar juntos. Um ano depois, os parças tocaram na Festa Crew, que transformou a dupla em profissional. Aaaaaah...como foi bom ganhar dinheiro através da música. Fabio aproveitou o momento e fez o que mais gosta: misturou diferentes estilos com a música eletrônica.
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E rolou! Rolou tão bem que ele passou a ser convidado para tocar em outros estados. De baixo para cima: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal, Bahia, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Pará. Seu recorde foi em 2010, quando ele viajou quatro vezes por mês. Aí está, a música proporcionando experiências únicas.Quando viaja, volta outra pessoa, se redescobre de outro jeito. “Um homem não pode entrar no mesmo rio duas vezes, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”, já dizia Heráclito. Apesar de parecer tudo bonitinho e maneiro, nada foi fácil. Começando pela família. Os pais sempre foram contra a sua escolha. Para eles, viver de música no Brasil é utopia. O sonho de seus pais era que o filho fosse trabalhar com eles e deixasse a música apenas como hobbie. Foi o que ele fez durante 12 longos anos. Fazer uma coisa que não gostava e que exigia muita energia prejudicou sua saúde. Cinco dias com dreno no pulmão, infecção hospitalar,
Diagramação: Profa Iêda Santos
reumatismo e paralisia facial foram os resultados do estresse que ele passava no trabalho. Depois de três meses hospitalizado, ficou seis meses com metade do rosto paralisado. Voltou a tocar. Seu terapeuta e psicólogo tiveram culpa nisso. Mandaram ele ir atrás de seus sonhos e fazer o que gosta, mesmo que paralelamente. Vai que virava o meio de vida dele... Assim, a música foi sua terapia. E ainda é, na real. Hoje, pelo menos duas vezes por semana ele toca batera. É um jeito de descarregar suas energias, já que é muito agitado. A música é o que o move, saca? Foram dois os momentos mais marcantes para a aceitação de seus pais sobre a sua escolha profissional. O primeiro quando ele tocou escondido no Festival Nokia Trends, em 2008. Seu pai abriu o jornal e tinha uma foto de página dupla do Fábia o do seu brother, Mexicano. Ver o filho no jornal o fez mudar um pouco de opinião. O segundo momento foi quando ele tocou no Big Brother Brasil, em 2010, durante uma festa patrocinada pela marca Chilli Beans. Colocaram 10 DJs numa gaiola e a coisa foi louca! Era para tocar durante uma hora, mas foram quatro!
Tocar é um jogo, você tem o poder na mão. A música é sensorial. Começou mixando as músicas no computador (digital), por isso sofria preconceito por parte dos DJs que usavam discos (analógicos). Depois aprendeu a usá-los e, por último, os CDs. Se tem uma coisa que tira o cara do sério, essa coisa se chama briga. Isso o deixa tão bolado que ele para o som. Treta é muito hard para ele. Música, viajar e jogar videogame são os maiores prazeres de Fábio. Não, não. Tem algo mais importante: Akin, seu fihote. Depois que o neném nasceu, Fabio começou a ficar cansado da night. Por mais que pirasse nela e na mistura de pessoas sem preconceito, ela consumia muita energia. Ele tocava de quatro a cinco vezes por semana. Ia dormir às 7 horas e acordava às 15 horas. Decidiu, então, trabalhar em uma produtora. Mas você não pode se esquecer de que é um trabalho como qualquer outro. É um compromisso sério. Mas tem dias que a única coisa que ele quer é ficar em casa assistindo filme e comendo pipoca com sua mulher e seu filho, e não ir para uma balada. É dessa forma que o cara de barba, tatuagens por todo o braço esquerdo, bermuda, tênis e camiseta pretos escreve sua vida.
“O silêncio era quebrado apenas pelo zumbido do ventilador de teto que cortava o ar parado. Embora nossa espaçosa sala de jantar desse numa sala de estar ainda maior, eu me senti sufocada.” A vida de uma adolescente nigeriana, Kambili, seus medos... suas indagações... suas descobertas. O livro Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adiche, é uma “obra de grande valia para quem busca conhecer um pouco da sociedade nigeriana pós-colonial”, como recomenda Cleude de Jesus, advogada e educadora. Narradora e protagonista, a menina Kambili nos conduz ao âmago de sua família, comandada por um homem bem sucedido, um grande empresário, que “oscila entre o altruísmo e a tirania religiosa e que rejeita as tradições de seu povo”, como está dito na apresentação do livro. Para Cleude, “a autora nos permite visualizar, de forma clara e inequívoca, o quanto a introdução do catolicismo, tema central do romance, provocou dor, sofrimento, segregação e trouxe inúmeros prejuízos para a sociedade nigeriana.” Kambili é tímida e, de certa forma, apática. Entretanto, ao longo do romance ela vai percebendo os significados das imposições paternas. Entre o silêncio e obediência do cotidiano familiar, compartilhado com a mãe e o irmão, Kambili experimenta rupturas quando convive com sua tia, primos e avô. Com eles, a adolescente vai se abrindo para a vida. O pai, Eugene, além de empresário, é dono de um jornal progressista. Entretanto, o que que se destaca de sua personalidade é o catolicismo vivido ao extremo. “O pai é um fanático religioso, que castiga os filhos fortemente, sempre em nome da religião, buscando reverencia, submissão e temor ao divino. Ao
expediente Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Capa Foto: Felipe Mascari
mesmo tempo é protetor, é generoso com os católicos, mas é implacável com aqueles que não aceitam o catolicismo”, esclarece Cleude. “O romance pode ser tratado como uma denúncia, como uma forma de mostrar para o mundo a situação pela qual passou a Nigéria e tantos outros países africanos no pós-colonialismo. Não se tratando apenas de mostrar a questão religiosa, mas também as questões sociais e políticas, como se dá a relação entre as pessoas e as relações institucionais”, diz Cleude. Cleude considera que Chimamanda narra as singularidades, as particularidades e as diversidades da sociedade nigeriana. A obra nos revela “a existência de uma sociedade participativa, diversificada na educação, no lazer, na cultura, nos hábitos e no modo de estar no mundo. Desvenda uma sociedade africana (nigeriana) extremamente rica em detalhes, em experiências e em ensinamentos”, esclarece a advogada. Chimamanda Ngozi Adiche é uma escritora nigeriana, nascida em 1977, e residente nos Estados Unidos desde seus 19 anos. Autora premiada internacionalmente, tem várias obras publicadas no Brasil, além de Hibisco Roxo, de 2011. São dela também: Meio sol amarelo (2008), Americanah (2014) e Sejamos todos feministas (2015).
Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 1 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.
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Educação
ano 23 |no 10| novembro/2016
Além dos muros dA escolA A pedagogia no mundo corporativo existe e está cada vez mais evidente
Diego Nascimento
UAH (universidade Assertividade Humana), exemplo de pedagogia empresarial na ClearSale
Diego NascimeNto
Diego Nascimento Segundo a palestrante de treinamento empresarial, Marlene Blanc, essa função ainda é uma profissão recente no Brasil e visa desenvolver o capital humano das instituições. “Pedagogia empresarial é o próprio pedagogo atuando no ramo empresarial, trabalhando na área de RH e desenvolvimento de pessoas. Ele entende que o desenvolvimento pessoal está totalmente ligado ao rendimento do profissional no ambiente de trabalho”, diz Marlene.
A Clearsale, líder no mercado antifraude no Brasil, é uma das empresas que investem no capital humano e na gestão educacional. Segundo Roberta Bezerra Lúcio, Coordenadora da área de pessoas da companhia, a gestão educacional se dá por três pilares: treinamento, desenvolvimento e educação. “Na Clearsale nós temos a UAH (Universidade Assertividade Humana), que é um instrumento de gestão educacional. Aqui, entendemos
que o profissional é uma pessoa e parte importante da pessoa é o profissional”, explica Roberta. O treinamento é apenas uma parte da educação na empresa, onde se aprende os procedimentos a serem adotados no dia a dia. Porém, com o desenvolvimento e a educação, reforçam o profissional aliado ao ser humano. “Com o que chamamos de desenvolvimento, o funcionário tem um conjunto de experiências e oportunidades de aprendizagem proporcionadas
pela Clearsale que apoiam o crescimento do funcionário como pessoa”, diz a coordenadora. Um dos exemplos de eventos que a empresa ministra para seus colaboradores é o chamado ‘Eu empresário da minha vida’. É uma atividade que apresenta pontos de vista, itens de reflexões e exercícios para que os profissionais tenham plena auto gestão em pontos triviais da vida, mas que nem todo mundo consegue dominar, como gestão do tempo, por exemplo.
VAI COPA
Segundo o mestre em Educação Edvaldo de Farias, a pedagogia empresarial trouxe um novo conceito chamado de ‘core competence’. “As empresas estão deixando de serem simples detentoras de recursos e se tornando detentoras de competências. As empresas estão deixando de ter apenas patrimônio tangível para dar mais valor ao patrimônio intangível”, afirma o professor Edvaldo.
TER
O ensino de tarefas e procedimentos nas empresas já foi da forma “olhe e aprenda”. O aprendizado era baseado exclusivamente na convivência com a função. No entanto, atualmente as corporações investem cada vez mais em treinamento e capacitação dos seus profissionais. É aqui que entra em ação o pedagogo. Sim, caro leitor. Saiba que em muitas companhias existe a figura do pedagogo empresarial.
Alunos da Mooca e do Butantã têm uma nova opção para se alimentar na faculdade Wellington Soares Quando lembramos de alimentação de estudantes, principalmente universitários, logo nos vem à mente referências como salgados, pizzas, ou algum outro produto de fácil aquisição como chocolate em barra e doces. Porém essa história parece estar mudando com a recém-inaugurada copa da Universidade São Judas. São quase seis horas da tarde, horário em que o fluxo de alunos para o período de aulas noturno começa a aumentar. É costumeiro reparar nas grandes filas que se formam ao redor das lanchonetes, onde são oferecidos os mais diversos tipos de refeições. Porém, há quem por diversos motivos opta por trazer a própria alimentação. Um dos entraves para quem costuma trazer a famosa “marmita” de casa era um espaço onde pudesse aquecer a comida, vai além de poder sentar-se tran-
quilamente e fazer a sua refeição. Estes problemas foram resolvidos. A copa dos alunos tem dois micro-ondas e as duas pias para que lavassem os utensílios que estão à disposição dos alunos na copa. Além das mesas e cadeiras. O perfil de quem costuma frequentar a copa, é bem variado. Existem de alunos que trabalham durante o dia, porém não possuem o benefício vale-refeição, e existe o público preocupado com uma alimentação mais regrada, devido à dieta que seguem. “Tenho uma dieta bem restrita, eu não posso consumir glúten e nem leite. Então prefiro trazer comida de casa. Uma vez que esse tipo de comida é muito mais caro do que as outras”, disse Tuira Maia, 27, estudante de ciências biológicas. A economia é um dado importante. Se o aluno gasta em média cerca de R$ 7,00 dia, durante 9 meses do ano letivo, o aluno tem
uma economia de até R$ 1.260,00 ao ano. Um valor considerável. Porém, uma dieta regrada não é uma unanimidade em termos gastronômicos, existe até quem traga macarrão instantâneo e pipocas de micro-ondas. Um ponto positivo é a humanização da instituição, que possibilita novas amizades devido ao uso do espaço cedido pela universidade. “Não tem como negar que a questão de eu trazer comida é econômica mesmo. Porque gastar aqui na faculdade é uma questão de valores. E também eu trago de casa, é uma alimentação saudável, tem essa questão também”, explica Daniel Davi, estudante de arquitetura. É mais uma opção para quem quer uma alimentação mais saudável, e também para quem quer economizar um pouco, afinal, vida de estudante normalmente é com o orçamento contado.
Primeira experiência
Com ajuda social jovens têm a chance de dar seus primeiros passo rumo ao mercado
Wellington Soares
Tainá Carvalho
Opção para os alunos
Diagramação e Revisão da página:
O primeiro emprego é uma experiência marcante. É na adolescência que geralmente se consegue a primeira experiência profissional. O mercado de trabalho, atualmente, busca por profissionais cada dia mais especializados e com familiaridade no que é proposto. Existem diversas instituições que atuam no sentido de promover essas qualificações, o CAAP’I é uma delas. A ONG fundada em outubro de 1980 com a união da Associação Comercial de São Paulo-Distrital Ipiranga e do Rotary Club de são Paulo Ipiranga. A entidade tem como objetivo prestar um serviço social e educativo e também tem caráter preventivo, que visa contribuir o desenvolvimento e a socialização de adolescente em condição social vulnerável. A instituição executa programas de aprendizagem profissional desde 2001 para jovens de 14 há 18 anos incompletos, com a intenção de preparar o aluno com diferencial pra concorrer no mercado, mas também projeto também surge efeito na relações sociais e familiar.
Taine Santos, Wellington Soares, Tainá Carvalho, Diego Nascimento
O centro tem dois programas de aprendizado. Nos primeiro seis meses acontece o que é chamado de Pré-Aprendizagem que eles chamam de “Primeiros Passos”. Essa fase conta com cerca de 300 jovens que assistem aulas como Matemática e Língua Portuguesa, e outras que tem como foco lapidar o lado social do aluno, como a Educação Ambiental e Práticas Motivacionais. Outras aulas também fazem parte do currículo desses aprendizes, essas com foco no mercado e suas necessidades. Keliane Carvalho, hoje com 22 anos, participou da primeira etapa do projeto e explica como foi trajetória na ONG. “Tenho muita saudade do CAAP, foi uma época maravilhosa onde conheci pessoas novas e vivência em organização, por exemplo, como me comportar em uma entrevista de emprego, ética no trabalho e educação ambiental. Graças ao CAAP entrei no mercado de trabalho rapidamente, e já estou há quatro anos trabalhando. Após se formarem, acontece a seleção dos jovens para ingressarem na segunda fase do projeto,
o “Programa de Aprendizagem Vida e Trabalho”. Essa etapa conta com reuniões semanais junto ao Serviço Social da entidade para verificar as propostas de aprendizagem e encaminhamento ao mercado. Nessa fase, o CAAP’I atende 150 aprendizes, com um plano de aula de aproximadamente 400 horas, e tem em seu currículo disciplinas como Filosofia do Trabalho, Informática, Administração de Pessoal, Ginástica Laboral e Orientação Profissional, algumas já existentes na primeira etapa. “Conheci o CAAP’I através do meu irmão e alguns primos que estudaram lá. Eu entrei quando tinha 15 anos. Acredito que com essa experiência tive facilidade em meu primeiro emprego, e em outras experiências profissionais. Assim que me formei fui chamado para uma entrevista de emprego e fui contratado. A experiência que tive com o CAAP’I foi ótima por muitos motivos, sou grato por ter participado dessa experiência” completa Fábio Castro, estudante de publicidade.
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especial
ano 23 |no 10 |novembro/2016
CULTURA DO ESTUPRO
Você contribui com a cultura do estupro? A violência no Brasil tem aumentado. Segundo estimativas do Ipea, Instituto de Pesquisa Economica Aplicada, os casos chegam a 500 mil por ano e apenas 10% são denunciados
Felipe Mascari
Victória Durães Quando uma pessoa é roubada, ninguém questiona o motivo da vítima estar na rua, a roupa que ela estava usando, tampouco se ela estava pedindo para ser roubada. Se não faz sentido neste tipo de crime, por que vítimas de violência sexual são tão desacreditadas? Precisamos falar sobre a cultura do estupro e as formas em que ela se manifesta. O termo “cultura do estupro” começou a ser usado pelo movimento feminista estadunidense dos anos 1970 para explicitar normas, valores e práticas sociais que legitimam a violência contra a mulher. A expressão evidencia que o estupro, apesar de ser repudiado pela maioria da população – inclusive homens – é a última consequência de uma série de violências, simbólicas ou não, que são permitidas, vistas como natural e passadas de geração a geração. Para Izabel Solyszko, professora e pesquisadora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidad Externado de Colombia, ainda que a violência
sexual seja um produto da sociedade, a tendência é buscar soluções e explicações imediatistas. “Não há um interesse em explicar e compreender o fenômeno senão apresentá-lo como algo lateral e isolado, preferencialmente como fruto de um comportamento pessoal do ‘doente’”. Uma sociedade desigual, que coloca determinados seres humanos em posição de privilégio, gera violência – e o Brasil tem uma herança bastante cruel nesse quesito. “Mais que miscigenação, também faz parte da história do Brasil a escravidão e o estupro, a exploração do corpo e da vida das mulheres negras e indígenas, o que legitima o uso da força e da barbárie contra o outro”, conta Izabel. “Reconhecer e enfrentar essa história recente nos ajuda a entender inclusive a atual objetificação e sexualização do corpo negro”. Conquistas da última década, como a Lei Maria da Penha – uma das três melhores leis mundiais de enfrentamento à
violência de gênero, segundo a ONU – e a internet como ferramenta de movimentos sociais, auxiliam no processo de resistência. “A partir do momento que falamos sobre o assunto, começa a se tornar real, se aproxima um pouco mais de nós, e pessoas que passaram por isso tomam consciência de que aquilo que viveu não era natural”, explica Rute Alonso, presidente da União de Mulheres de São Paulo e coordenadora do projeto Promotora Legais Populares, sobre as campanhas cada vez mais presentes na internet. Para Rute, a educação é uma das frentes de resistência contra essa cultura violenta, mas a responsabilização dos criminosos é fundamental. “Se eu retiro do agressor a responsabilidade da atitude dele, eu vou lançá-la sobre alguém, e é muito mais fácil lançar sobre a vítima (…) não é a castração química, esses homens precisam ser responsabilizados. É uma questão de respeito pelo espaço e pelo corpo do outro”.
Violências constantes e sistemicas: cada vez mais mulheres se organizam para combater a cultura do abuso sexual
Mas... e quando é uma questão estrutural? Educação desigual contribui para situações de desrespeito e violência Taimara Paschoaletti É de senso comum que a violência geralmente é praticada contra aquele que é considerado mais frágil. Física, psicológica, moral, verbal, sexual; ela costuma ser a expressão do “mais forte” sobre o “mais fraco”. Mas, sendo noções de “poder” e “força” construções culturais, a violência na verdade é um produto de certas estruturas... No Brasil, a estrutura é machista e gera a subordinação da mulher já desde a infância, por meio da educação. Há uma cobrança diferente quanto às qualidades das meninas e meninos, além da distribuição desigual de deveres, de “papeis”. “Percebi isso logo criança. A partir dos 10 anos eu já tinha responsabilidades, tarefas domésticas. E isso era só pra mim. Meu irmão, que era só 2 anos mais novo, não fazia nada”, conta Tamara Silva, editora. A educação desigual sobrecarrega as mulheres e contribui para situações extremas de desrespeito, como a violência doméstica e o estupro. “Ela reforça a ideia dos meninos como superiores, mais fortes e, se é assim, podem tudo. Dá-se quase um poder ilimitado a eles, o que é péssimo socialmente”, explica Andréa Luize, pedagoga e mestre em Educação e Linguagem. E se as escolas ainda não contribuem com uma formação para a igualdade, a coordenadora do Projeto Toda Criança Pode Aprender (blog
que promove reflexões sobre aprendizagem) destaca como as famílias podem ajudar. “Esta mudança se dá nas pequenas ações. Se a casa é de todos, todos contribuem para sua organização. Meninos e meninas choram, riem, podem se sujar, podem jogar bola e brincar de boneca. Deve ser dada voz a meninos e meninas, investir e acreditar no potencial de ambos em tudo. Ensinar a respeitar o outro igualmente, não se xinga nem se bate em menina ou menino”, diz Andréa. Foi o que aconteceu na casa da família Silva quando Tamara ganhou Helena e Estêvão. A partir do exemplo dos pais as crianças começaram, desde muito pequenas, a ter noções de igualdade de gênero – nas tarefas domésticas e outras situações cotidianas. “A Helena uma vez chegou da escola falando de ‘atividades para meninos e atividades para meninas’. Aquilo gerou uma conversa longa, porque ela não poderia crescer com essa mentalidade. Então eu mostrei vários vídeos de meninas fazendo esporte e meninos fazendo dança e ela ficou muito empolgada”, conta a editora. Quanto ao aprendizado de Estêvão, ela garante: “Logo vamos ter conversas muito sérias sobre respeitar e valorizar a mulher”, afirma Tamara Silva – que pretende dar aos filhos uma educação diferente daquela que recebeu na infância. Taimara Paschoaletti
Pintura em muro de escola infantil reforçando o conceito de papéis de genêro durante a infância
Violência “corretiva” Lésbicas são violentadas em nome de uma suposta cura para a homossexualidade Taís Cruz Raquel Pfutzenreuter
Cartaz em ato realizado na Av. Paulista pela visibilidade lésbica
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O estupro corretivo é um desmembramento da cultura do estupro direcionada às mulheres lésbicas. O ato sexual forçado é tido como uma forma de “cura” para que as lésbicas passem a desejar homens, como se a penetração fosse capaz de mudar a orientação sexual dessas mulheres. “Dentro da cultura do estupro em geral existe a ideia de que a sexualidade da mulher não é autônoma e está a serviço dos homens. O estupro corretivo é só mais uma perversidade dentro da sociedade patriarcal que usa a violência contra a mulher como forma de controle dos nossos corpos e das nossas vidas”, diz Camila Furchi, assistente de coordenação do Centro de Cidadania LGBT Vera Vermont. De acordo com a Liga Brasileira de Lésbicas, estima-se que cerca de 9% das vítimas de estupro que procuraram o Disque 100 do governo federal, entre 2012 e 2014, eram mulheres lés-
bicas. Só em São Paulo, o hospital Pérola Byington, especializado no atendimento a mulheres vítimas de violência, registrou, pelo menos, um caso de estupro corretivo por mês em 2015. É um tanto difícil mensurar e encontrar dados concretos sobre essa violência invisibilizada pela lesbofobia e por, muitas vezes, acontecer no ambiente familiar. “ Grande parte dos casos de violência acontecem na esfera privada, o que dificulta a denúncia e gera a subnotificação do número real de casos”, conta Camila. “De todas as formas de apagar a identidade lésbica, o estupro corretivo se mostra mais odioso, porque consiste em uma prática criminosa na qual o agressor acredita que poderá mudar a orientação sexual. Essa prática é a exteriorização da cultura do estupro voltada para as mulheres lésbicas”, afirma Ticiane Figueiredo, militante pelos direitos LGBTs.
#Denúncia
Ações divulgam casos de abusos. Através de hastags, mulheres se unem em relatos que nunca foram denunciados Ingrid Pap A internet se tornou um ponto a favor para as mulheres, principalmente para quem já sofreu algum abuso ou situações perigosas. Ações criadas em redes sociais estão ajudando a denunciar e dividir relatos com pessoas que já passaram por algo parecido. Assim foi criada a campanha #meuprimeiroassedio, desenvolvida pela Ong Think Olga, que alcançou 82 mil postagens. “Esse tipo de campanha ajuda mulheres a entenderem e identificarem o machismo que se manifesta no dia a dia, por
meio de ‘piadas’ de amigos e parentes, ou até em relacionamento abusivo, por exemplo. Dessa forma, vítimas encontram apoio e se fortalecem com ajuda de outras mulheres que também já sofreram esse tipo de violência”, esclarece a jornalista do Catraca Livre, Heloísa Aun. Após a ação do #meuprimeiroassedio houve aumento de 40% em registro de queixas nos casos de assédio, segundo a Polícia Militar. Com a divulgação de campanhas evidenciando que o abuso
Diagramação e Revisão da página: Kaique Santos, Victoria Durães, Marcos Pacanaro, Taís Cruz, Ingrid Pap, Eduardo Nemer
não é culpa da vítima o portal Catraca Livre teve aumento de conteúdos com denúncias e apoio à mulher. Entre elas, matérias como: especial feita com relatos de mulheres abusadas por ginecologistas e a musicoterapias auxiliam vitimas de abusos. “Na minha experiência profissional, nas reportagens que abordei esses temas há comentários de mulheres relatando situações similares e agradecendo por ter evidenciado determinados assuntos no texto”, comenta a jornalista, Heloísa Aun. Reprodução
especial As delegacias estão NÃO CONTRIBUA COM A VIOLÊNCIA! preparadas?
ano 23 |no 10 | novembro/2016
CULTURA DO ESTUPRO
Kaique Santos
O sistema ainda é falho no acolhimento das denúncias de abuso contra a mulher Leomar Duarte
O site Versa Maria é a mais nova ferramenta da jornalista Camila Caringe no combate aos abusos sofridos por mulheres. A jovem, de 29 anos, criou esta plataforma após romper um relacionamento e com o ciclo de agressões que deixaram marcas físicas e psicológicas. O objetivo do site é ajudar a construir uma rede de informação que ajude outras mulheres a identificar, denunciar e romper com relacionamentos abusivos. Entrevistas com especialistas, podcasts, matérias, relatos e ilustrações compõem a página na web. O episódio que a deixou machucada ocorreu em uma noite de domingo, por volta das 22h. Era 17 de agosto de 2014. “Eu me lembro dele apertando meu pescoço contra a parede, lembro de ter chorado e gritado por ajuda. Peguei o telefone e liguei
para o meu pai para pedir ajuda, foi quando recebi o chute. Gritei, o telefone caiu. Meu pai ouviu meu grito e depois não ouviu mais a minha voz. Foi correndo para o apartamento onde morávamos. Quando chegou, eu estava desesperada, chorando muito. Minha mão estava torta e eu não conseguia mexer. Fomos para o hospital”. Na primeira vez que procurou a delegacia da mulher, ela foi dissuadida a não fazer a denúncia, porque, segundo a escrivã, não havia marcas em seu corpo. Entretanto, a Lei Maria da Penha protege as mulheres que sofrem qualquer tipo de ameaça ou violência dentro do ambiente doméstico. Desmotivada, após outra agressão, ela resolve ligar para o 180, mas o disque-denúncia é uma
central que recolhe as informações para gerar dados e gráficos. A denúncia não teve consequências e as ameaças continuaram. Camila, então, resolveu pedir uma medida protetiva para manter o agressor longe dela. E a violência se repetiu na delegacia da mulher: – Ele te bateu, mas o que você fez para ele? Você provocou? Isso vai passar, insiste a escrivã. – Você não está entendendo! Eu não vou sair daqui sem o B.O, respondeu Camila, revoltada. Essas foram as dificuldades que ela encontrou no sistema: machismo, naturalização da violência e culpabilização da vítima. Conheça o trabalho da jornalista visitando o site http://www.versamaria.com
O estupro começa muito antes do ato no qual uma pessoa abusa sexualmente de outra, e isso acontece porque vivemos numa sociedade machista que, desde cedo, nos ensina que a desigualdade entre homens e mulheres é normal. “A cultura do estupro é toda uma cultura que culpabiliza a vítima de estupro e tenta normalizar um comportamento sexual e abusivo do homem” explica Carina Cristofoli, militante feminista. Acontece que nem todo mundo enxerga o estupro além do crime. “Acho que cultura do estupro não é uma coisa lógica, por que estupro não é cultura e, sim, um crime que infelizmente não é levado a sério no nosso país”, diz Victor Sardinha. Atitudes e comportamentos tidos como normais por muitas pessoas, mas que na verdade silenciam e relativizam a violência sexual contra as mulheres, fazem parte dessa cultura que inferioriza a mulher em relação homem. O fragmento retirado do texto “Como assim cultura do estupro?” do site Politize!, nos dá uma boa explicação sobre esses comportamentos: “A palavra ‘cultura’ no termo ‘cultura do estupro’ reforça a ideia de que esses comportamentos não podem ser interpretados como normais ou naturais. Se é cultural, nós criamos. Se nós criamos, nós podemos mudá-los”.
O que fazer para não contribuir com a cultura do estupro? Não relativize a violência contra a mulher! A vítima nunca é a culpada pela agressão! Não importa o tamanho da roupa que ela esteja usando, não importa os lugares que ela frequenta muito menos as pessoas com quem ela se relaciona. Ninguém tem o poder e direito de invadir o espaço físico do corpo de outra pessoa. Respeite o NÃO! Existe um pensamento popular na cabeça do homem de que o não, como resposta a um beijo ou qualquer outro tipo de relação, faz parte de um “jogo de sedução”. Isso acontece desde uma balada até em um casamento. Não! Respeite a decisão da mulher! Não faça piadas machistas! Justamente por parecer ser só humor, a piada é uma das melhores formas de reforçar uma ideia no pensamento de uma pessoa, então saiba o que realmente você quer dizer ao contar uma piada. E principalmente: não assedie! Diariamente mulheres são abordadas por homens. Isso acontece com o “fiu-fiu”, para a colega de trabalho que chega por trás fazendo massagem, com o abraço mais apertado do amigo, com as famosas “encoxadas” nos transportes públicos e em diversas outras ocasiões. Assédio sexual é crime!
Um sorriso forçado e uma imagem ferida Com estereótipos, mulher lida com minimização de sua figura através dos desejos masculinos Eduardo Nemer Famosos casos de machismo na publicidade circularam pelos meios de comunicação. Um exemplo aconteceu em 2015, em uma propaganda de uma marca de bebida alcoólica que mostra mulheres como operárias, caixa de supermercado, mecânica e motorista de ônibus de forma sensual e sexualizada. A campanha ocasionou a reclamação de muitos consumidores que consideraram a mensagem machista e sexista. Ela foi retirada do ar pela empresa após o grande número de críticas nas redes sociais. “Os estereótipos são maneiras econômicas de a cultura definir os tipos ‘normal’ e ‘diferente’. Se a essa receita se aliam estereótipos femininos (ou outros), o poder de persuasão aumenta, pois coloca ao destinatário a confirmação da-
quilo que sua cultura apregoa, ou o subverte, por exemplo, na forma de humor”, explica Elizabeth Karkot-de-La-Taile, doutora em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo (USP). Além desse tipo de caso, existe também a pink tax que consiste na criação de produtos específicos para mulheres, com cores, designs e preços elevados, mas que cumprem as mesmas funções de um “produto masculino”, como é o caso das canetas BIC Pens for Women (Canetas BIC para mulheres). A professora comenta que “as crenças sobre o que é masculino e o que é feminino refletem-se nos filmes, nas canções, nas novelas e na publicidade, frequentemente reforçando os valores vigentes,
mas, raramente, negando-os ou propondo novas maneiras de viver. O discurso publicitário, persuasivo por excelência, age na ‘fabricação da realidade’ de maneira incisiva”. “A publicidade, historicamente, explorou de forma contundente o corpo feminino associando diretamente ao consumo de produtos, nos objetificando, reproduzindo a ideia de que o corpo da mulher é público. A luta feminista tem sido fundamental para que, mesmo aos poucos, esses padrões de visibilidade estejam sendo alterados. A vigilância permanente das mulheres, denunciando, especialmente nas redes sociais, desnaturaliza a forma como a publicidade sempre nos representou“, comenta Rayza Sarmento, mestre em Ciência Política. Reprodução
Infográfico - Elaboração: Marcos Pacanaro | Fonte: mapa da violência IPEA, 2014
A influência
da pornografia
Especialistas falam sobre a relação entre conteúdos pornográficos e agressões Alline Carvalho Existe uma grande discussão em torno da afirmação de que a pornografia tem influência na cultura do estupro. Com a ascensão da indústria pornográfica por meio de conteúdos reproduzidos na web, e o aumento de casos de estupro, questão ganha ainda mais força. Culturalmente, grande parte dos homens tem seu primeiro contato sexual por meio de conteúdos pornográficos, que em sua maioria reproduz o ato de uma maneira violenta e que tem a mulher como submissa. Além disso, há o aumento de crenças errôneas sobre a sexualidade que alimentam a ignorância sobre como funciona o orgasmo feminino. A psicóloga Lylla D’ Abreu, que em sua tese de doutorado explorou o tema “Pornografia,
desigualdade de gênero e agressão sexual contra mulheres”, afirma que há relação direta entre a pornografia e a violência sexual. “É um fato. O consumo de pornografia é um fator de risco individual. A frequência com que um indivíduo consome pornografia, seja ela de qualquer veículo, é um fator claramente biográfico, que põe aquele indivíduo em maior risco para perpetrar violência sexual. No entanto, se muitos indivíduos numa sociedade são expostos repetidamente à pornografia, a aceitação e a banalização da pornografia tendem a aumentar a sociedade”, explica Lylla. Em contrapartida, há quem defenda que a pornografia não tem relação direta com o estupro. Erika Cardoso, Doutorada em História da Pornografia pela
UFF, acredita que a reprodução de atos obscenos não é causa, mas, sim, efeito. “Não acho que uma pornografia machista torne a sociedade machista, acho que uma sociedade machista demanda e consome uma pornografia machista. A gente não conversa sobre sexo, especialmente com os jovens, então se eles veem pornografia hardcore e acham que é assim que se deve transar, isso não é um problema da pornografia, exclusivamente, mas nosso, enquanto sociedade”, explica Erika. Ao falar sobre o fim da pornografia como solução para os problemas de violência contra a mulher, ambas concordam que a questão vai além de acabar com o consumo, e que realmente necessário é uma sociedade com uma visão mais crítica e consciente.
Propaganda de cuecas no início dos anos 80 com duplo sentido na mensagem publicitária
Diagramação e Revisão da página: Kaique Santos, Victoria Durães, Marcos Pacanaro, Taís Cruz, Ingrid Pap, Eduardo Nemer, Leomar Duarte
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vida digital
ano 23 |no10 | novembro/2016 Arquivo pessoal
Tatuagem
temporária
Idealizador do mapa disse que a iniciativa surgiu após se sentir isolado por ser gay em sua comunidade natal
permite controlar
Arthur Avila
dispositivos Desenvolvida pelo MIT, ela é criada com folha de ouro, funciona como um touchpad 2D e possui diversos designers
U
Denize Moraes
m grupo de pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em parceria com a Microsoft Research, desenvolveu uma tatuagem temporária capaz de controlar funções simples de dispositivos móveis, como smartphones e computadores. A invenção chamada de DuoSkin é desenvolvida em um software gráfico e depois desenhada em uma folha de ouro, onde pode ser aplicado outros componentes como um chip NFC que permite a transmissão de dados por proximidade. O NFC (Near Field Communication) é uma tecnologia que permite a transmissão de dados sem a necessidade de cabos ou fios, funcionan-
do apenas pela proximidade. Dispositivos com esta tecnologia podem funcionar como documentos, leitor de códigos de barra e até como meios de pagamentos. Pois, chips NFC já estão substituindo cartões de crédito. “Eu como estudante achei fantástico a criação da DuoSkin. É muito interessante a utilização de ouro industrial para a fabricação dos circuitos aderentes à pele e a partir disto ser possível captar o impulso e mapear para um programa que traduz o impulso em alguma ação no pc ou no smartphone”, diz Vinicius Ciappina, estudante de Tecnologia da Informação. Para a fabricação da tatuagem foram criadas interfaces que se assemelham a
botões e a um touchpad 2D. Na tecnologia 2D utiliza-se a construção de duas camadas que isola os traços horizontais de traços verticais, além da utilização de pigmentos termocrômicos que é o que faz a tatuagem mudar de cor. Já para a troca de informações foi utilizado o chip NFC que se conecta a uma bobina usando a folha de ouro que pode personalizada para várias formas e tamanhos. A tatuagem, além de acionar funções também, muda de cor de acordo com a temperatura corporal do usuário. A pesquisadora e responsável pelo projeto, Cindy HSIN-Liu Kao disse, em um vídeo publicado pelo MIT, que as tattoos não são apenas uma tendência
estética e que o processo de fabricação é barato já que não demanda equipamentos de alta tecnologia. O técnico em Sistemas da Informação Flávio Gomes diz que “para algumas pessoas a DuoSkin pode não parecer de grande utilidade, mas para a tecnologia é um grande avanço. Além de facilitar a utilização de dispositivos, no futuro esse tipo de tecnologia “impressa” na pele poderá ser usada para infinitas possibilidades”. A aplicação é simples. Basta colar o apetrecho na pele e colocar um pano úmido em cima e depois retirar o papel. O produto ainda não está a venda, mas a previsão é que em breve já esteja disponível no mercado.
O mundo visto pelo olhar dos A revolução dos jogos de tiro
DRONES Profissionais do ramo audiovisual explicam os benefícios dos robos
Arquivo pessoal
Foto da Avenida Paulista tirada por drone guiado por controle remoto Lucas Lucena Pela televisão, em cobertu- pântanos e oceanos. O aparas de grandes eventos, temos relho consegue operar a uma um “olhar” pouco usual, que distância de 150 metros de seu registra tudo de cima, trans- operador, podendo obter imamitindo-os com uma imersão gens de grandes paisagens. maior através da imagem. Com “É uma ferramenta com grancâmeras acopladas, um drone de potencial de mercado. Não há sobrevoa o local e captura di- mais a necessidade de estar tão versos ângulos, aumentando a próximo ao ocorrido para se ter experiência do telespectador. imagens. De certa forma, é uma Graças aos seus benefícios, segurança maior para o jornalismuitos estúdios fotográficos ta, como em casos de protestos e se apropriaram da ferramenta alguns casos que possam haver e começaram a utilizá-lo. hostilidades”, afirma Uriel Baesso, Apesar de máquinas con- fotojornalista independente. vencionais ainda terem grande Estúdios fotográficos adoprestígio entre os fotógrafos, taram a nova ferramenta para os novos instrumentos têm cobrir eventos casuais como tomado espaço até mesmo na casamentos e aniversários. preferência dos clientes e con- Dentro de salões, os robôs filtratantes, que buscam captar mam todos os convidados e o momento de maneira mais detalhes decorativos dos loampla, variada e completa, ex- cais, sem o problema das “treplorando todos os detalhes. medeiras”, que são comuns “Mesmo com uma carga de quando a foto é tirada com a bateria não muito grande, con- câmera em movimento. Uma sigo ter um aproveitamento de espécie de auxílio ao fotógrafo fotos muito superior. Serão fotos de chão, que ainda desempecom um ângulo diferenciado e de nha suas funções tradicionais. excelente qualidade, quase todas O drone é guiado por conpodem ser aproveitadas para di- trole remoto, nos mesmos vulgação. Isso eleva a qualidade padrões do aeromodelismo. de nosso trabalho”, declara Felipe Além disso, sua bateria não é Xavier, fotógrafo profissional. muito eficiente, com duração A possibilidade de alcan- de cerca de oito minutos, façar lugares que não podemos zendo com que o recurso seja atraiu a atenção de aventurei- apenas usado de maneira breros, que também usam des- ve e por pessoas que saibam sas ferramentas para captar manusear o equipamento. Por imagens e vídeos em grandes ser silencioso, não há interfesítios naturais, como vulcões, rência de som nas filmagens.
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Lugares de Orgulho
“Overwatch” é a mais nova sensação do estilo FPS Mauro Camargo Ao pensarmos em games de armas e ação, imaginamos quase que imediatamente cenários de guerra, explosões e soldados lutando com metralhadoras, lançadores de mísseis e granadas. O que importa nesse mundo é a potência de sua ferramenta: quanto mais potentes os tiros, maior a destruição e, consequentemente, a vitória. Entretanto, o mercado de jogos do tipo FPS (em inglês, First Person Shooter, ou Tiro em Primeira Pessoa) é extremamente maçante e repetitivo: todos envolvem um cenário de guerra, seja ele antigo, atual ou futurista, e os personagens são, praticamente, cópias uns dos outros, sendo diferenciados apenas pelas armas que carregam. A Blizzard, desenvolvedora americana de jogos para computador e consoles, decidiu explorar este nicho de maneira inovadora. Em maio deste ano, lançou o game Overwatch (O.W), que segue a linha dos jogos de tiro, mas com 22 personagens diferentes. Cada um deles tem sua história, arma, habilidades e funções; você nunca é só mais um. “O cenário do e-sport (esportes eletrônicos) nos jogos de tiro está aí desde o início dos anos 2000. Naquela época, tínhamos o clássico Counter Strike 1.6, febre nas lanhouses. Hoje, não queremos mais do mesmo, e é por isso que a Blizzard é minha produtora
favorita: eles sabem o que os jogadores querem, sabem que queremos inovação”, explica Valter Lorenzo, 23, jogador de Overwatch, Counter Strike: Global Offensive e ex-jogador profissional de Grand Chase. A grande sacada da desenvolvedora de O.W foi ter trazido elementos de outros tipos de jogo para um game de tiro. Personagens únicos e habilidades exclusivas são coisas presentes em RPGs (Role Playing Game, em inglês), estilo mais casual, que foge completamente da dinâmica de um FPS. Ou seja, Overwatch é uma fusão de dois mundos opostos, que conquista jogadores de ambos. O game promete revolucionar o cenário de esportes eletrônicos dos jogos de tiro em primeira pessoa. Entretanto, por ser uma novidade extremamente recente, visto que o jogo foi lançado oficialmente em maio deste ano, os campeonatos ainda são fracos e possuem pouco público participante. “A dublagem, gráficos, história e o estilo inovador do Overwatch conquistam qualquer um. Eu mesmo nunca fui fã de FPS, mas aprendi a gostar graçaas e esse jogo”, conta Felipe Belfort, jogador da fase BETA de O.W. E o apelo do jogo não é pouco: no mês de junho, já havia ultrapassado 10 milhões de jogadores mundiais. Reprodução
D.Va, personagem envolvente e divertida de estilo tanque do FPS Overwatch
Diagramação e Revisão da página: Artthur Avila e Lucas Lucena
Pensando na população LGBT, o Google criou um mapa colaborativo onde as pessoas podem lembrar e celebrar lugares onde tiveram experiências pessoais de momentos de orgulho. O mapa foi criado pelo australiano, Patrick Hofman, que faz parte do setor de mapas da Google em Sydnei (Austrália). Além de apontar estes marcos nas vidas de muitas pessoas, o mapa também tem função de mostrar os lugares que são mais seguros à população LGBT, onde quase não há relatos de preconceito e agressão verbal ou física. “Eu nunca sofri nenhum tipo de agressão na Avenida Paulista (que é um Lugar de Orgulho) ou em lugares que são voltados 100% para o público gay e eu sempre saio com umas roupas que são exóticas ao ver dos heteros. Uma vez na Estação Luz, eu estava com uma regada prateada, bem chamativa. Não chegaram a falar nada, mas os olhares me incomodaram muito”, disse Matheus Capanema, gay e estudante de Moda. Além da Avenida Paulista, a cidade e o estado de São Paulo são considerados Lugares de Orgulho. As justificativas são “diversidade” e “eu me assumi para minha família em São Paulo”. Dentro do território brasileiro entram no mapa:
Campo Bom (RS), Porto Alegre (RS), Betim (MG) e Salvador (BA). “Um homossexual é aceito pela sociedade se ele estiver dentro dos padrões. Tudo bem ser gay, contando que você seja afeminado, como eles dizem. Agora, se você colocar uma saia, passar um batom, pintar as unhas, é muito mais complicado. Eles não aceitam que a moda não tem gênero. Por isso que frequentamos mais esses lugares, porque podemos ser do jeito que somos e nos vestir do jeito que quisermos, sem sofrer muita repressão”, completa Matheus. Em 2015, foram mortas, no Brasil, 318 pessoas da comunidade LGBT. Segundo o Grupo Gay da Bahia (GGB), desse total 52% dos mortos são gays, 37% transexuais, 5% lésbicas, 3% bissexuais, 2% heteros simpatizantes e 2% pessoas que se envolvem com trans. “Ainda tem muito lugar pra colocar no mapa. Em São Paulo mesmo, temos o Largo do Arouche, que é todo enfeitado com bandeiras de arco-íris, a República, que é refúgio para os “ursos” (gays gordos e/ou peludos), e a Roosevelt e a Rua Augusta, que são para todos”, disse Alan Pontes, gay e estudante de arquitetura.
Leitura Digital Seus olhos estão preparados para isso? Reprodução
Livros clássicos e modernos convivem em dispositivos tecnológicos Tamiris Versannio Plataformas como Kindle e Kobo, pequenos eletrônicos que fazem download de títulos completos, estão cada vez mais presentes no cotidiano urbano, em trens e ônibus já não é de espantar ver jovens e adultos concentrados numa leitura iluminada, segundo o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), em 2012 tínhamos 30 mil leitores digitais no país. Cinthia Martins, 25, jornalista, confessa “é muito mais prático ler no Kobo, dá pra iluminar menos ou mais a tela, eu escolho o tamanho da fonte e se tem alguma palavra que eu não sei dá pra fazer pesquisa na hora, sem contar que é bem mais leve de carregar na bolsa”, afirma. No entanto, há quem, apesar de ter experimentado essas plataformas ainda recorra ao velho modelo encadernado, de papel e tinta. É o caso de Ana Cládia Ramos Dutra, 30, jornalista que não troca o livro físico “eu tenho o kobo, mas uso para umas leituras obrigatórias, coisa de faculdade, quando é uma história que eu tô esperando muito pra ler ou um autor de quem sou fã, não tem jeito, sempre escolho o livro em papel, é um pouco
romântico”. Enquanto conversa, Ana Cláudia leva nos braços o último volume das As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin, fenômeno atual da literatura de fantasia. O kobo teve algumas atualizações, no mercado podemos encontrar as versões Kobo Aura H2O, Kobo Glo HD e o original, nenhum tem preço abaixo de R$300,00, mas modelos usados e em bom estado podem ser encontrados na internet por um valor bem mais razoavel, entre R$87 e R$100. Para quem tem a habilidade de ler mais de um livro por vez, Milene Rolan destaca “o legal dessas plataformas é que você pode ler um capítulo de um livro por dia se quiser e tiver tempo para, eu não poderia andar com 4, 5,6 livros na bolsa, mas no dispositivo tenho 3 que estou alternando. Para os conectados ou não, a literatura está sempre presente, em bites ou à tinta, disponível para quem se propruser a aventurar-se em histórias emocionantes de amor ou terror onde quer que seja, metrô ou varanda de casa, entre as mãos num retângulo luminoso ou no papel.
artes
ano 23 |no 10 | novembro/2016
Democratização dos ideais de beleza chega às passarelas Tendência do momento para as grandes marcas é contar com ícones de estilo cada vez mais democráticos e apostar em biotipos mais realistas Milena Perilhão Quem é que não gosta de se sentir bem? Bonito? Confortável consigo mesmo? Há de se convir que sendo bombardeado o tempo todo por imagens e protótipos de “como-você-deve-ser”, estas não são tarefas fáceis. Mas, mesmo a altiva indústria da moda, às vezes, é capaz de cooperar com o seu viés mais revolucionário e transgressor em favor da quebra de alguns de seus próprios estereótipos. “Quando a indústria se alia à realidade e descarta um pouco o conceito, ela só tem a ganhar
credibilidade e mais consumidores para determinada marca ou produto. Existem diferentes tipos de corpos e, afinal, todas as pessoas possuem algum tipo de vaidade e querem adquirir os produtos que estão em alta”, argumenta Felipe Dias, blogueiro do segmento plus size. A noção de beleza enquanto padrão único, no mínimo, perde credibilidade quando se alçam ao estrelato indivíduos com características destoantes do ideal de perfeição, dando ao fashion ares de representatividade. “As pessoas
querem e precisam ver seus corpos sendo representados em grandes passarelas, desfiles, capas de revista ou qualquer tipo de mídia para que assim se sintam encaixadas neste contexto da sociedade”, destaca o blogueiro. Por outro lado, é válido ressaltar que esta não é uma promoção geral de liberdade, somente de outras visões de mundo. É incorreto pensar que de uma hora para outra todo esse universo vá se converter numa corrente de inclusão e, por isso, deve-se dar crédito à
efemeridade que é intrínseca ao que está em voga. “A indústria da moda historicamente sempre foi a pioneira em absorver as tendências mais controversas de expressão, empoderar nichos muitas vezes fora do mainstream, promover acessibilidade a minorias etc. Que esta é uma tendência crível e valiosa, não há dúvida. Contudo, a moda tenta representar o espírito do tempo e não cria-lo. Ela é consequência e não causa. É a arte e não o artista. Se isso irá perdurar não depende da própria moda. Tendências exis-
tem, são seguidas e destruídas”, esclarece Felipe Iacocca, Sócio-Diretor da IWM Agency, agência especializada em marketing de influência. A inclinação por mudanças nada mais é do que o reflexo do amor próprio e da autoaceitação que se emancipam nos dias de hoje, valores muito importantes quando se admite que esse segmento deixou de apenas vender roupas para vender lifestyle. Entretanto, mais do que se encaixar em um novo padrão, o importante é investir num auto(re)conhecimento.
“Diariamente somos bombardeados por informações, conselhos e must have e, na maioria das vezes, não analisamos se aquilo é o que eu quero, se faz meu estilo. E isso acontece por que verdadeiramente não nos conhecemos”, analisa Francini Galvão, consultora de imagem. “É muito interessante porque essa falta de conhecimento é evidente, mas tendo acesso às ferramentas corretas ele vem à tona rapidamente. Sem se conhecer é impossível dizer que se tem um estilo ou outro”.
Fotos reprodução
A modelo canadense Winnie Harlow se tornou conhecida através do reality show americano “America’s Next Top Model”. Com vitiligo, ela já estrelou campanhas de grifes famosas como Desigual e Diesel.
Shaun Ross é reconhecido como o primeiro modelo albino do sexo masculino, já tendo aparecido em editoriais nas principais publicações do segmento e modelo para marcas de luxo como Alexander McQueen e Givenchy.
Madeline Stuart é considerada a primeira modelo profissional com Síndrome de Down, sendo a segunda a participar da Semana de Moda de Nova Iorque. Seu principal contrato até então é com a marca Manifesta.
O mundo das
Andreja Pejic é uma modelo transgênero. Antes da cirurgia de redesignação sexual ela ficou conhecida como modelo andrógino, já tendo desfilado tanto roupas femininas quanto masculinas.
Como você descobriu sua paixão por quadrinhos e seu talento para o desenho?
Expressão -
HQs independentes
Desde pequeno gosto de desenhar. Meu primeiro contato com as HQ´s foi com uma revista do Tarzan em meados de 1976, que recebi de presente do meu pai, fiquei com aquela história fantástica na cabeça e iniciei minhas histórias com o meu personagem Meteoro. Comecei a fazer um curso de desenhos e em 1995, conheci por intermédio de uma amiga, o grande Artista e mestre Luciano Queiros, na ocasião estava no fim de uma edição de Gen 13, fazia Spiderman e desenhava New Gods. Fiz muitos treinamentos e aprendi demais fazendo desenhos baseados em Cyberforce e Wolverine com o traço de Marc Silvestri. Conheci grandes profissionais como Fabio Laguna, Hélcio de Carvalho, Manny Clarck, Roger Cruz e Alexandre Palomaro.
Luciano Pinheiro -
Caroline Beraldo Arquivo pessoal
Designer Gráfico e Técnico em Instrumentação Analítica Pleno, Luciano Pinheiro de Oliveira, é amante de quadrinhos e um profissional da área, desenhou a origem da Penitência, de Marcos Franco, desenhou e roteirizou Crânio, Cara de Gato e Max Power para o Francinildo, no Mundo HQB, desenhou e modernizou o Renegado 3000 do Leonardo Santana, para a Space Opera e desenvolveu visualmente os personagens Licantropia, Amanhecer, Arcádio e Heróis Babies. Também realizou dois trabalhos para a Prismarte nas HQ’s de heróis e um curta de drama do renascer de um herói. Hoje está concluindo duas HQ’s para o Projeto Leitor.
Simplesmente, Elas!
Museu em São Paulo abre espaço para importantes mulheres da arte brasileira Ana Carolina Basile
nal. Porém, isso não o faz rentável. O mercado pede algo profissional, ainda por conta do preço que se paga em gráficas e distribuidores do produto. Qual a importância dessa industria paralela para os quadrinhos?
Expressão -
É um mercado que é pouco explorado no Brasil e tem muita área de atuação, como designer, ilustrador, roteirista, colorista e letrista. É uma excelência para criação de material didático, contar sobre nossa cultura e desenvolver pensamento, já que os filósofos sempre são caçados por não estarem envolvidos nessa hipnose cultural imposta.
Luciano -
É um trabalho que rende lucro ou é somente por hobby?
Expressão -
Luciano - Creio que a falta profissionalismo. Alguns autores e editores tratam ainda o quadrinho como algo artesa-
Minha vida hoje é bancada pela minha arte. Antes era um hobby para divulgar apenas os meus personagens que aos poucos estão sendo conhecidos, como é Max Power (A Ordem) e Arcádio (Social Comics e Inquietos). Agora estou fechando o ciclo com “Noites de Fúria” e logo virá a número 6 do Benjamim Peppe, que é muito bom para todos.
José Luis Hernández Alfonso e Laura Rodríguez são os responsáveis pela exposição “Elas – Mulheres Artistas no Acervo do MAB”, que conta com 82 obras de 64 artistas mulheres da Arte Moderna nacional e internacional, dos séculos XIX e XX, entre as quais estão Anita Malfatti, Tarsila do Amaral e Zélia Salgado. “Quem introduziu a arte moderna, no Brasil, principalmente, mas não só nas artes plásticas, foi uma mulher. O primeiro nome que vem é o de quem reuniu, na casa dela, os pensadores do modernismo brasileiro: Dona Yolanda Guedes Penteado”, diz Warde Marx, professor de História e Estética da Arte, na Universidade São Judas.
Entre tantas obras, está um vídeo que não foi feito no início do modernismo, mas representa bem os ideais das precursoras: “Memória do afeto”, de Beth Moysés. Retrata imagens produzidas em 2000, no “Dia Internacional da Não Violência contra a Mulher”, no qual 150 mulheres vestidas de noiva andam em silêncio pela Avenida Paulista, despetalando rosas. Ao final, elas enterram os espinhos, em um buraco. “Acredito eu que isso seja uma representação do fim do abuso que sofreram nos relacionamentos. Ao caminharem e irem arrancando as pétalas, acaba representando o que o relacionamento abusivo foi fazen-
Expressão - Quais as dificuldades de um trabalho independente?
Desenho feito a lápis, por Luciano Oliveira
Ashley Graham é um dos nomes mais conhecidos entre as modelos plus size, com muitas campanhas e revistas de moda no currículo. Ela também é alvo de críticas sobre seu corpo destoar do padrão GG real.
Luciano -
Expressão - Quais as dicas para quem quer ingressar no mundo dos quadrinhos?
Beber da fonte, saber onde o seu artista favorito estará e conversar com ele (geralmente a gente não nega a troca de experiências). Se for escrever, consulte os editores, se for desenhar consulte Andrew Loomis, estudar muito, nunca achar que sabe tudo, humildade é um dos caminhos, procurar sempre estar atualizado com o que há de moderno para a evolução do seu trabalho, tanto hardware quanto software, gestão do seu tempo, ele é o bem mais finito que temos, então, disciplina e canja de galinha não faz mal pra ninguém, estruturação acima de tudo, caso contrário o primeiro passo será muito curto, não seja preguiçoso e tenha apego à leitura, pois no nosso ramo temos de ser autodidata e adquirir opinião, observar as críticas, colher o que de bom ela nos traz, fazer uma página por dia sempre e estudar um pouco mais, só pra não esquecer! Luciano -
Ana Carolina Basile
do com cada uma delas. A cada abuso, elas morreram um pouco por dentro”, opina Gabriela Carreira, auxiliar administrativa. Tomie Otake é outra figura histórica presente no acervo do MAB. Ainda que tenha começado a carreira num pós Semana de Arte Moderna, a japonesa realizou trabalhos significativos para a arte nipo-brasileira. “Ela merece um destaque, porque é um nome muito importante, de um tipo de arte difícil de chegar ao grande público, que é a abstração. E, ainda assim, ela chega, porque contrataram a Tomie Ohtake para pintar o mural de um metrô e o Monumento da Imigração”, comenta o professor.
Elas – Mulheres Artistas no Acervo do MAB Data: De 18/04 a 18/12/2016/ Horário: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h (última entrada, às 18h)/Aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (última entrada, às 17h)/ Observação: Fechado às terças-feiras, inclusive nos feriados/ Local: Museu de Arte Brasileira – FAAP/ Endereço: Rua Alagoas, 903 – Higienópolis Informações: (11) 3662-7198 Exposição “Elas – Mulheres artistas no acervo do MAB” é prorrogada até dezembro
Entrada gratuita
Diagramação e Revisão da página: Ana Carolina Basile, Caroline Beraldo, Milena Perilhão e Monise Cardoso
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esporte & lazer
ano 23 | no10 | novembro/2016
TOUR
em duas rodas O projeto é uma ótima alternativa para conhecer os diversos pontos turísticos da capital paulista
Bike tour SP é uma iniciativa gratuita de passeios de bicicleta aos finais de semana em pontos turísticos da cidade, realizadas todos os finais de semana em seis diferentes pontos. Guiados por dois monitores, os usuários são equipados com um sistema de áudio acoplado no capacete, chamados de Audiotour, uma ideia inovadora dos próprios criadores do projeto. Passando por monumentos, edifícios, parques, ruas e obras de arte, é só escolher o seu roteiro: Vila Madalena, Centro Velho, Centro Novo, Paulista, Faria Lima, Mooca ou Ibirapuera “Apesar de morar em São Paulo, eu não conhecia nenhum ponto pelo qual passamos, muito menos as origens dele. Além da prefeitura manter os edifícios em boa conservação, criam exposições dentro deles”, explica Amir Adnan, ciclista do percurso Centro Velho. Cada ponto de parada, os participantes têm informações, curiosidades e dicas sobre o atrativo através do equipamento sonoro. O incentivo ao uso da bicicleta é um dos principais objetivos, repassando a ideia de cultura e lazer. A quase totalidade das pessoas que passam pelo projeto são paulistas, e não existe restrição. De crianças aos idosos, as bicicletas são equipadas para ambas faixas de idade, oferecendo segurança do início ao fim. “Acho essa iniciativa muito interessante, pois nos permite conhecer sobre a história da nossa própria cidade, ao mesmo tempo que incentiva o uso das bicicletas, resultando em um passeio divertido, é uma forma diferente de lazer”, conta Rafael Tavares, auditor contábil. Mobilizando também a sociedade ao uso mais frequente das ciclo faixas implantadas nas regiões, os irmãos André e Daniel Moral criaram a atividade inspirados em uma viagem que realizaram na Espanha, onde os passeios eram realizados com o equipamento de som chamados de auditour durante as visitas aos monumentos. Dezesseis anos depois, colocaram a ideia em prática aqui no Brasil.
Mayumi Kavazuro O projeto conta com cerca de sessenta voluntários atualmente. “Sou Bióloga, e participo como monitora há cerca de dois anos, trabalho de semana no escritório, e aos fim de semana me entrego ao trabalho voluntário, faça chuva ou faça sol”, explica Marcela Váster, guia da rota. Em contrapartida, é solicitado uma colaboração de dois quilos de alimentos não perecíveis, revertidos ao
Nabem (Núcleo Assistencial Bezerra de Menezes), que somam em média uma tonelada mensal de arrecadação. Cada uma das rotas mencionadas duram em média uma hora, os interessados precisam realizar um rápido agendamento ao circuito desejado e chegar com meia hora de antecedência no local agendado. Informações e agendamento de roteiros: http:// www.biketoursp.com.br/ Mayumi Kavazuro
Tour aos domingos contempla todo o centro velho de São Paulo; na imagem, ciclistas param para fotos em frente à Catedral da Sé
Universidade São Judas
Esporte para todos Aperte o pl na universidade e comece o jogo
Aulas de natação na Universidade São Judas são abertas a todos os alunos interessados pelo esporte Luana Felix Para os alunos, ex-alunos e funcionários da Universidade São Judas que gostam de praticar esportes, a Instituição oferece aulas de natação gratuitas nos horários que antecedem a rotina de estudo do universitário, basta somente que o interessado apresente seu nome ao monitor responsável junto a um atestado médico. As aulas acontecem de segunda, quarta e sexta-feira dass 12h00 às 13h30 e 17h20 às 18h30. As vagas são limitadas e as inscrições acontecem no início de cada semestre. Uma das regras é a obrigatoriedade do uso de sunga, maiô e toca de banho. As pessoas que se inscreverem à atividade não poderão faltar mais de três vezes, nesse caso o professor abre a lista para um novo aluno ingressar no grupo e substituir o lugar de quem excedeu o limite de faltas. A Universidade dá oportunidade aos alunos do curso de educação física de exercerem suas funções dentro da instituição, e oferece bolsas de estudo
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mais horas complementares para quem se prontifica a ensinar os grupos. Um detalhe é que os benefícios só são dados a partir do segundo ano, os estudantes do primeiro precisam se voluntariar, caso queiram participar. “Sou monitor desde o primeiro ano na São Judas e é muito gratificante participar deste processo de aprendizagem tanto meu como dos alunos, porque sempre aprendo e ensino. Mas o tempo máximo como monitor é de 4 anos, o tempo da graduação”, relata Ismael Barbosa Monteiro, estudante do terceiro ano de educação física e atual monitor. Mas a escolha do monitor é feita através do tempo de experiência que o aluno possui dentro das modalidades do esporte, como por exemplo, ter atuado como salva-vidas. E é imprescindível que o aluno curse educação física. A prática do esporte é um incentivo e uma experiência no qual tem como objetivo não só permitir que os inte-
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ressados pratiquem alguma atividade, mas dar acesso a outras modalidades dentro da universidade. “As aulas de natação servem tanto para o lazer como para quer aprender a nadar e o mais legal é que não precisa pagar, basta querer”, diz Daniela Berklian, aluna do quarto ano de Rádio e TV da São Judas.
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Expansão de mídias digitais no mundo moderno cria espaço a quem sempre sonhou seguir carreira como um esportista dos games Yury Ferrero Projetado por Ralph Baer, em 1972, o primeiro console, chamado Odyssey, vinha ao entretenimento familiar pelo valor de US$100. Após 44 anos e inovações tecnológicas, o que era visto como diversão virou também uma opção de carreira aos que adoram jogos digitais no meio dos e-sports (eletronic sports). Dos aparelhos de computador aos dispositivos móveis, a evolução tem tornado o setor cada vez mais interessante ao investimento. Para se ter ideia, o mercado brasileiro, em 2015, ano de agravo da crise econômica, teve um aumento de exportação de 380%. Dentre todos os modos, desde a ligação do mundo com a internet, as partidas online são as mais populares entre os gamers. Alguns dos mais conhecidos títulos chegam a promover campeonatos às equipes profissionais que possuem desde acompanhamento psicológico a dieta apropriada ao preparo dos atletas.
César “jUc” Barbosa, um dos fundadores e membros da paiN Gaming, deixa claro sobre sua rotina. “Temos uma rotina de treino a cumprir, geralmente dividida em 2 seções. Uma das 13h às 16h, e outra das 17h às 20h. Durante temporada, aparece até uma terceira que vai das 21h à 0h. As Games Houses, na maior parte das vezes, ficam em São Paulo. Se você não for da cidade, lidar com a distância de familiares e amigos é algo a se acostumar”, disse César. Com tantas obrigações, estudos e investimentos, há quem defenda a ideia de que e-sports se trata de uma modalidade esportiva. A ideia pode parecer absurda a alguns. No entanto, segundo o Ministério do Esporte, o artigo 217 da Constituição Federal defende que a prática é um direito social, independente da modalidade, não cabendo aos mesmos reconhecer a existência, apenas fomentar o exercício.
Deste modo, pode-se dizer que se trata de uma prática esportiva do mundo moderno? Deveria ser regulado como tal? Rafael Alvarenga, advogado e ex-manager de League of Legends, maior jogo digital de equipes do mundo, defende que sim. Para justificar, ainda usa o xadrez, esporte da mente, incluso pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) nas competições, em 1999, e o automobilismo como exemplos. “Seria um ganho para os clubes em especial, pois existem diversos tipos de premiações e bonificações do governo. Incluindo, mas não se limitando, os patrocínios financeiros e descontos de impostos. Aos jogadores, a existência de um contrato, bem como cláusulas específicas de um desportista, (horários, folgas, 13o, transferências, condições de vivência), seriam de ótimo valor para eles. Ainda mais pelo tempo curto de carreira e condições prejudiciais a longo-prazo oferecidas por alguns times” explica Rafael. Mario Rodrigues
Como participar? Para a prática esportiva, compareça à universidade (campus Mooca) e apresente a carteira de estudante ao monitor da modalidade. As aulas acontecem segundas e sextas-feiras, das 17h20 às 18h50.
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Endereço: rua Taquari, 546 Mooca PaiN Gaming, uma das principais equipes brasileiras de League of Legends, é destaque no e-sport
Matheus Narcizo, Mayumi Kavazuro, Rebeca do Vale