Expressao 11 novembro 2016

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jornal laboratório do 4º ano de jornalismo

usjt

Qual a sua luta? Reivindicar e se posicionar a respeito de diferentes realidades Juca Rodrigues

ano 23/número 11 novembro/2016

jornalismo universitário levado a sério


#hashtag

ano 23 |no 11 |novembro/2016

#caro leitor,

As faces do ativismo do século XXI

#fração de segundo fotolegenda

Você pode não ter participado de nenhuma mobilização nas ruas ao longo da sua vida, mas é improvável que nunca tenha expressado sua revolta ou indignação alguma vez. Certo? O ativismo do século XXI tem como principais canais de comunicação as redes sociais. É com o auxílio da internet que os mais diversos grupos ativistas buscam ganhar visibilidade e ampliar as vozes contestadoras. Outro aspecto que chama a atenção do ativismo do século XXI é a multiplicidade de pautas às quais os jovens se vinculam. Algumas lutas são estruturais e seculares, como o combate ao racismo e as pautas feministas. Ao mesmo tempo, surgem movimentos marcados pela urgência do factual, como a luta dos estudantes secundaristas. A reportagem especial do Expressão foi às ruas compreender um pouco mais o que significa ser ativista de alguma causa hoje no Brasil. Procuramos saber sobre os grupos de ONGs engajados pelos direitos dos animais. Procuramos conhecer aspectos do ativismo ambiental. Procuramos compreender o que é o hacker ativismo. Procuramos entender as demandas dos que atuam por formas mais humanas de mobilidade urbana. Observamos também como a repressão age para coibir os manifestantes. E, vamos adiante. Em Educação, mostramos a experiência de uma estudante que resolveu criar um laboratório de TCC, com dicas, orientações e oficinas para ajudar discentes que estão enfrentando o trabalho da reta final da graduação. Na editoria Vida Digital, apresentamos uma plataforma que reúne oportunidades de trabalho na periferia, o Guia de Empregos da Periferia. É uma experiência com menos de um ano de vida, mas com mais de 8 mil usuários cadastrados. Em Arte, trazemos o projeto do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo, com quase 70 painéis de grafites instalados a céu aberto ns pilares que sustentam o elevado da linha azul do metrô (entre as estações Santana e Portuguesa-Tietê), sobre a avenida Crizeiro do Sul. Na editoria Esporte&Lazer, mergulhamos na aventura e emoção do rapel e pendulo humano na cidade. Adrenalina pura, sem sair de Sampa! Reportagens super interessantes, não é? Então, desfrute todas as páginas do Expressão.

Crepúsculo Momento em que o sol encontrou o horizonte no parque Villa Lobos, zona oeste de São Paulo. Fernanda Pizato - aluna do 4o ano de Jornalismo - Campus Butantã

Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos

#protagonista

Vania, desbocada e

tranformadora

“Porque é possível trabalhar e ser feliz no mesmo lugar” Bianca Gonçalves Cheia de vontade e com muito conteúdo! Determinada a fazer a diferença e mostrar que a famosa frase de Confúcio: “Escolha um trabalho que você ama e nunca terá que trabalhar um dia sequer na vida”, não fica apenas na filosofia. Graduada em Marketing e com Pós-graduação em Gestão de Pessoas, Vania Ferrari desenvolveu uma carreira multidisciplinar com passagens em diversas áreas de grandes empresas. Palestrante há 10 anos, tem também em seu currículo dois livros: “Crônicas do Bizarro Mundinho Corporativo” e “Manual de um gerente à beira de um ataque de nervos”, que contam um pouco de suas experiências no mundo organizacional, que segundo ela “são tantas que nem caberiam em um jornal inteiro”. Há um ano, ela também criou o canal “Pensamentos Transformadores” no YouTube, trazendo uma forma diferenciada de abordar este tema, para mostrar que trabalho também pode ser diversão. Entusiasmo ao falar é sua marca registrada. Ao início de cada vídeo, ela já consegue ganhar um riso fácil de seus seguidores com o bordão: “Aqui é Vania Ferrari, desbocada como sempre e descabelada como nunca!” ou até mesmo em apenas ler o título “Como a filosofia pode te ajudar a deixar de ser um cuzão”, ela já consegue conquistar a sua atenção. O objetivo é o mesmo e a forma de chegar até ele é diversa. A cada vídeo uma surpresa, uma nova maneira de passar sua mensagem e isso é o que cativa. Começou a carreira como a de muitos brasileiros, trabalhando durante o dia, estudando a noite e morando em república, longe da família. Seu grande diferencial é a forma como sem-

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pre levou tudo na vida: sorriso no rosto e muito bom humor. Não diferente de outras pessoas, passou por muitos perrengues em sua vida corporativa, “Tive que fazer um livro sobre isso, e mesmo nele não couberam todas as histórias! Terei que fazer o Crônicas 2, acredita? Mas aconteceu de tudo: de assédio moral grave, a líderes que implicaram com o meu cabelo. Já tive um líder que dizia que eu sorria muito e que ele não gostava de me ver feliz. É ou não é bi-za-rro?”, conta Vania. Ela acredita que por trás de bons comediantes há sempre muita inteligência e sagacidade, então contratava pessoas mais relaxadas, felizes com a vida, “gente que ri de si mesmo”, como ela diz. E então veio a grande sacada de trabalhar esse ambiente de forma humorística. “Fui desenvolvendo o talento como palestrante ao mesmo tempo em que gerenciava grandes equipes em grandes empresas. Falar para o seu time é um exercício que ajuda a falar para altos executivos”, explica. Agora, seu próximo passo profissional é produzir seus vídeos com mais frequência e maior qualidade de produção. Ser fora da “caixinha” é uma competência individual e depende exclusivamente do indivíduo escolher qual caminho ele quer seguir, quem ele quer ser como pessoa e como profissional. Vania diz que os seres humanos são “multi-tudo” e que vocação, excelência e talento são desenvolvidos com a prática. Para nós, universitários, ela deixa o seu recado: “Mais trabalho sério e menos preguiça. Mais olho no olho e menos What’sApp. Mais originalidade! Mais amor e menos chatice. Menos blábláblá e mais ação. Menos mimimi e mais trabalho”.

Diagramação: Profa Iêda Santos

Arquivo pessoal

#fica a dica

Eu sou Malala Danielle Lobato “Não vi quando os dois rapazes com lenços amarrados no rosto saíram para a estrada e fizeram o ônibus parar de repente. Não tive chance de responder à pergunta deles: ‘Quem é Malala?’. Senão, eu lhes teria explicado por que eles deviam nos deixar ir à escola — nós, suas irmãs e suas filhas. A última coisa de que me lembro é pensar na revisão que precisava fazer para o exame do dia seguinte. O som na minha cabeça não foi o barulho dos três tiros, mas o corta, corta, corta, pinga, pinga, pinga do açougueiro decapitando as galinhas, e a imagem das pequenas poças de onde saíam pequenos filetes vermelhos”. Eu sou Malala, lançado em 2013, é uma biografia escrita por uma jovem paquistanesa em parceria com a jornalista e correspondente no Paquistão e Afeganistão Christina Lamb. A história narra a vida de uma família exilada pelo terrorismo global, da luta pelo direito à educação feminina e dos obstáculos a valorização da mulher em uma sociedade privilegiada pelos homens. “A história de Malala Yousafzai me encantou pelo seu posicionamento e determinação na busca pela valorização da mulher e o direito dela ao estudo, com tão pouca idade, mas com muita maturidade ela consegue levar o leitor habituado em um país democrático a um estado de reflexão”, afirma Suzana Pereira participa de diversos clubes de leitura de livrarias. Segundo ela, o livro mexe com leitor principalmente por ser contado sob os olhos de uma jovem que foi criada em uma região pacífica do Paquistão o vale Swat, até ser transformada totalmente pelo terrorismo quando

tudo mudou e ela teve que deixar de acompanhar os programas de TV prediletos, as brincadeiras com as suas amigas e irmãos e até deixar de ir à escola, o que ela não aceitaria fácil. Além disso, a trama torna-se ainda mais instigante, pois em diversos momentos Malala Yousafzai demonstra a inocência de uma criança que com apenas 10 anos de idade, viu tudo se transformar, e o amor a coragem herdada pelo seu maior incentivador o seu próprio pai dono da escola que permitia alunas em suas salas de aula que foi denominada pelo Talibã como um centro de vulgaridade e obscenidade. “A tentativa de ser silenciada pelo Talibã fez com que hoje o mundo todo conhecesse a história dessa menina, a qual me ensinou lições importantes, me impactou, se antes eu achava importante defender os direitos das mulheres, não posso nem se quer comparar com o que mulheres são submetidas o tempo todo a um radicalismo islâmico”, finaliza Suzana Pereira.

expediente Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Capa Foto: Juca Rodrigues

Seres humanos são “multi-tudo” e vocação, excelência e talento são desenvolvidos com a prática

Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667 As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.

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Educação

ano 23 |no 11| novembro/2016

Site ajuda estudantes a fazer bonito no TCC Conheça a ferramenta que está ajudando muitos estudantes

Beatriz Lisboa

Existe uma pequena sigla no universo acadêmico que é capaz de causar enxaqueca, arrepios e sudorese excessiva a qualquer um que ouse pronuncia-la: TCC. Mais conhecido como Trabalho de Conclusão de Curso. Alguns são Projetos Experimentais, Projeto Final de Curso e afins. Mas, não importa o nome, o conteúdo e a preocupação dos discentes, na maioria dos casos é motivo de desespero para muitos estudantes que já estão na reta final da busca pelo diploma. Mandar bem nesse trabalho, dá um trabalhão porque, afinal, é o resultado de uma longa jornada de esforço e aprendizado vividos durante os anos de estudo daquele curso. Felizmente, hoje existem ferramentas que podem auxiliar a vida desses serumaninhos tão sofridos. “Realmente esse ano, praticamente todas as coisas que eu fiz foram por causa do TCC. Eu já tinha ouvidos outras pessoas falarem a treta que era fazer isso, mas nem dava bola, agora que estou fazendo, estou sentindo na pele, tive até crise de ansiedade por causa dis-

so”, desabafa Rafaella Almendra, estudante de Arquitetura. O TCCLab é um exemplo, o site com conteúdo totalmente gratuitos e sem fins lucrativos tem o propósito de ser uma “oficina de TCC”, onde experiências e dicas são compartilhadas com estudantes que estão passando por esse momento. A ideia surgiu de uma ex-aluna que sobreviveu ao sufoco e tirou muitas boas lições desta etapa da faculdade. Mariana Gerent escreve sobre coisas que todos nós passamos enquanto fazemos esse trabalho, de forma prática e criativa. Mariana costuma compartilhar informações dos assuntos mais pedidos e que geram mais dificuldades nos alunos. Assuntos como como fazer uma fundamentação teórica, como apresentar melhor seu trabalho final, resumo das medonhas regras ABNT, erros mais comuns e muito mais. Dicas simples, mas que acabam ajudando a resolver o problema de muita gente. “Para mim o TCCLab não é um trabalho. Não ganho dinheiro com isso. É um prazer poder ajudar e conhecer tanta gente! Me divirto

escrevendo e fico feliz por saber que muita gente vai ser confortada com o que eu também já passei”, afirma ela. “Antes, quando se chamava TCCendo, tivemos quase 1 milhão de acessos no site e muita gente me escreveu dizendo que os textos mudaram suas vidas. Agora, apenas com outro nome, continuo recebendo um carinho impagável! Quero que as pessoas se sintam acolhidas enquanto se sentem sem rumo no meio de uma tempestade (o TCC)”, completa. Claro que essa plataforma é apenas um auxílio. A ajuda do seu orientador é muito importante durante esse processo, pois ele irá adequar às tarefas a serem realizadas de acordo com seu curso e tema. É preciso dar atenção a ele também, afinal, ele ou ela, está ali para encaminha-lo da melhor maneira. Então, respeite sempre os prazos que seu orientador estabeleceu. Tudo que foi combinado deve ser cumprido e avisado caso haja alguma mudança no percurso. Como a Mariana diz, assim “ele vai te amar um pouco mais”.

Vidas transformadas com o acesso à educação Isabela Guiaro

Mesmo com dificuldades, imigrantes encontram a ascensão social através dos estudos Isabela Guiaro O coletivo ‘Sí, Yo Puedo’ foi criado devido às dificuldades que jovens de comunidades estrangeiras encontram dentro das escolas brasileiras. Desde 2012, o grupo faz, voluntariamente, serviços de democratização do conhecimento e da informação e orientação com cursinhos preparatórios para provas de ETECs e ENEM, além de aulas de língua portuguesa e cultura brasileira. Durante conferência sobre o direito à cidade, inclusão social e cidadania de imigrantes, parte da programação do VII Fórum Social Mundial das Migrações, uma das fundadoras do projeto e advogada boliviana, Veronica Yujra, conta que já trabalhou em fábricas de costura com seus pais e sua vida, assim como a de diversos outros imigrantes, foi transformada através do acesso aos estudos. “Eu poderia estar trabalhando, dignamente, em alguma confecção, mas a educação me

abriu o olhar e as oportunidades”, diz. Um dos maiores desafios de famílias que mudam de país é a adaptação das crianças, que, mesmo não falando a língua local, precisam frequentar escolas. A Constituição Federal do Brasil garante que todos têm direito ao acesso à educação, sendo brasileiros ou não, e independentemente da situação legal. O Brasil entrou para o mapa de principais destinos migratórios no mundo contemporâneo a partir de meados dos anos 2000, quando o país apresentou um avanço econômico, enquanto outras nacionalidades entravam em recessão. Dados do IBGE confirmam que, entre 2003 e 2010, o número de migrantes aumentou 86,7%. Hoje, a população estrangeira já passou da marca de 1 milhão, segundo números da Polícia Federal. “Crianças imigrantes têm o dever de estarem nas escolas e as famílias devem seguir o

mesmo procedimento das brasileiras. O status migratório ou situação documental não deve ser um impedimento e a criança deve ser matriculada mesmo se a família estiver com documentação incompleta”, explica Fábio Ando Filho, assistente de gestão de projetos no Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI). As escolas, porém, quase não oferecem preparo aos professores. Por conta disso, esses ambientes acabam se tornando desagradáveis para os migrantes, uma vez que eles não conseguem aprender e sofrem discriminação por parte de outros estudantes. “Meus filhos não falavam português e quase todos os dias voltavam da aula reclamando da zoação por conta do sotaque deles. Também falavam mal da nossa cultura e do nosso povo. Os educadores não tinham capacidade de controlar a situação”, comenta Rosa Llanque, imigrante boliviana.

Matemática GO

a b c a² = b² + c²

Diagramação e Revisão da página: Beatriz Lisboa e Isabela Guiaro

Professor de escola técnica em Itapeva ensina trigonometria usando Pokémon Talita Coutinho Quando ele chegou ao Brasil, não se falava em outro assunto. Tudo era Pokémon Go. O jogo se tornou uma febre e conquistou milhares de pessoas, desde o público infantil até o adulto. Mas ele está dividindo opiniões, muitos só veem como uma forma de distração, mas por outro lado, pessoas criticam e frizam os males que a dependência no aplicativo pode causar na vida das pessoas. Pensando no lado positivo, o professor Eddy Antonini do Centro Paulo Souza da ETEC Dr. Demétrio Azevedo Jr. de Itapeva – interior de São Paulo utiliza o Pokémon Go para ensinar matemática aos seus alunos. Isso mesmo, o aplicativo ajuda até com os cálculos. O conceito passado em sala de aula para os alunos do curso técnico em eletroeletrônica e elétrica é a trigonometria – que é o estudo da Matemática responsável pela relação existente entre os lados e os ângulos de um triângulo. O professor Eddy ficou conhecido, depois que postou o vídeo em seu canal no Youtube, onde ele ensina como calcula a distância utilizando Teorema de Pitágoras, cateto, hipotenusa para o jogador conseguir “chocar um ovo”. “A ideia veio porque

eu sempre uso temas da atualidade para exemplificar minhas aulas. Pokémon Go tinha acabado de lançar, então foi uma decisão bem natural. Eu vi a oportunidade e agarrei. Os alunos entendem mais rápido porque conseguem relacionar com uma coisa do dia a dia deles”, comenta. Na técnica, Eddy explica que quando o jogador pega um ovo no Pokémon Go, precisa andar até ele chocar. Porém, se o usuário fecha o aplicativo enquanto caminha, o jogo capta apenas a quilometragem da caminhada através de GPS. Ele simula uma distância de 5km, porém se o jogador fizer esse trajeto dando uma volta no quarteirão por exemplo, o aplicativo soma a distância entre os dois pontos. Sendo assim compensa o jogador andar em linha reta. A explicação foi aprovada pelos alunos. “Eu acho uma ideia super legal, o fato do professor utilizar a tecnologia e os temas atuais junto com os conteúdos didáticos que as vezes são chatos. Eu sou jogador e me ajudou a perceber como a matemática é utilizada dentro do game, coisas que a gente falava "eu nunca vou usar" tem até no game do nosso celular”, comenta o aluno Lucas Santos.

Os alunos de Eddy, são maiores de idade, então, ele nunca, teve problemas em relação aos pais. Ele comenta que a direção da ETEC sempre incentiva os professores a inovarem em sala de aula para que facilite o entendimento e melhore o desempenho dos alunos. “Me senti feliz, porque consegui passar uma pequena parte de uma mensagem que falo desde sempre, que é que o professor e a escola devem ser colegas dos alunos e não o contrário. O conhecimento está aí para qualquer um se apropriar, e é a função do professor guiar o aluno nas fontes corretas de conhecimento”, destaca.

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especial Lutas contemporâneas Ativismo

ano 23 |no 11 | novembro/2016

Nunca se esqueça: Freepik

Victória Durães

a lata de lixo não é o fim

Questões ambientais e ativismo verde são preocupações da galera que quer salvar o planeta Murilo Trivella

Respostas contra as ações que mantêm a sociedade e suas estruturas de poder, o ativismo do século XXI ganha cada vez mais forças com o auxílio da internet Victória Durães Mexeu com uma, mexeu com todas. Meu corpo, minhas regras. É pela vida das mulheres. Geração tombamento. Black lives matter (vidas negras importam, em tradução livre). Nossa família existe. Se você é militante ou tem amigos online e offline que são, com certeza já ouviu algumas dessas frases. Por definição, ativismo – também conhecido como militância – é toda e qualquer movimentação que privilegie a prática efetiva de transformação da realidade em detrimento da atividade exclusivamente especulativa. Não há registros que datam a primeira articulação desta prática político-social, entretanto, para cada ação tomada pelos pequenos grupos de poderes de diferentes momentos históricos, há uma reação, massiva ou não, de pessoas que se rebelam contra o que foi imposto. A prática costuma ser associada a protestos, passeatas e greves, mas quem luta por mais representatividade na política, por democracia direta e participativa, ou por questões ligadas aos direitos humanos – movimentos negro, feminista,

LGBTs etc. - o faz em tempo integral nas ações cotidianas. O espírito revolucionário e contestador é intrínseco à juventude, e com a popularização da internet a prática ativista de lutar por seus ideais ganhou um espaço virtual nunca antes visto. Para Flavia Rios, socióloga e professora da Universidade Federal de Goiás, a internet tem se tornado uma ferramenta cada vez mais importante nas mãos dos movimentos e grupos sociais (progressistas e conservadores, de direita e de esquerda) por ampliar audiências, facilitar a comunicação e criar um ambiente efetivamente de trocas de informações. “Há que se ponderar também alguns pontos críticos, como a superficialidade de certas informações, a falta de cuidado com as fontes, a manipulação e, sobretudo, o maniqueísmo”. “Tudo que ocorre no ciberespaço é um reflexo da sociedade e das relações sociais fora da internet”, comenta Caroline Kraus Luvizotto, socióloga e docente da UNESP Bauru. A professora acredita que a falta de inclusão digital é um impasse para a participação

efetiva.“É preciso que a cultura da participação seja trabalhada em todos os contextos sociais e assim isso se refletirá na internet, mas é notável que os grupos que articulam bem suas ações online e offline é que tem alcançado mais sucesso nas suas pautas”. O feminismo, historicamente ativo nas ruas, é um dos movimentos mais pautados nas redes, chegando a centenas de adolescentes e mulheres que se declaram feministas após o contato com a causa promovido por campanhas de alcance nacional como #MeuPrimeiroAssédio, sobre assédio sexual e #MeuAmigoSecreto, que denunciou atitudes machistas presentes no cotidiano. Flavia enfatiza a importância da juventude não se limitar ao ativismo nas redes e buscar diversas formas de atuação.“A internet é meio, é instrumento, e não fim. Precisamos conhecer os grupos mobilizados e suas ações e objetivos dentro e fora do espaço virtual (…) a atuação virtual deve ser entendida como uma estratégia imprescindível nas lutas concretas dos nossos tempos”.

Todos sabemos a importância de reciclar nosso lixo, mas, muitas vezes nos esquecemos que da lata nada some magicamente. Ciente disso, existem pessoas que pregam e se manifestam pela preservação do nosso planeta. O ativismo relacionado à reciclagem busca conscientizar a população, para que a mesma contribua com o processo e tenha ideia do tamanho que despejar seus resíduos de maneira imprópria afeta o planeta. Em pesquisa divulgada pelo blog do jornalista Lauro Jardim, em novembro do ano passado, foi revelado que somente 17% dos municípios brasileiros possui coletiva seletiva de lixo, sendo que destes, 45% estão na região sudeste. Também é deixado claro que 31% do lixo urbano seco produzido no Brasil poderia ser reciclado, mas o país perde cerca de R$8 bilhões por ano com descarte desses materiais, que poderiam ser reaproveitados de maneira lucrativa para os empresários de vários setores. O descarte impróprio é o maior problema nesse tipo de ativismo. Graças a ele outras complicações ocorrem, como poluição de rios, lagos, esticão de animais e propagação de

doenças são agravados. Logo, quando o simples diálogo não funciona, é necessário causar impacto ou literalmente colocar a mão na massa para que o problema tenha uma solução. A limpeza de áreas afetadas pelo descarte indevido de objetos é uma das atividades promovidas pelos ativistas. Geralmente nesses locais são despejados resíduos sólidos, que prejudicam toda a vida presente naquele ambiente. Nos aterros sanitários essa situação se agrava, já que com o grande acúmulo de lixo, é produzida uma substância chamada chorume, que prejudica e infecta o solo e os lençóis freáticos. Também existe a incineração, quando se reduz o lixo até virar cinzas, o que cria gases nocivos à camada de ozônio e afeta a respiração das pessoas, causando doenças. Dentro do ativismo, existem artistas que utilizam os resíduos como matéria prima para seus trabalhos. “ É a maneira que eu e alguns colegas usamos para tratar do assunto. Acredito que choca e pode ajudar a população a entender a importância da causa”, afirma Claudia Sena, pintora e artista plástica que usa recicláveis.

Após anos de luta, foi instaurada em 2010 no Brasil a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Seu objetivo é permitir que o país avance no combate aos problemas decorrentes da não-reciclagem desses produtos. Entre as medidas que propõe, a eliminação dos lixões é uma das citadas, que deve ser adotada a longo prazo. Além disso, a PNRS divide a responsabilidade de como reaproveitar os resíduos entre todos os seus geradores, que incluem do fabricante ao usuário. “A cooperativa melhorou muito o nosso trabalho. Facilitou e deixou tudo mais ajeitado (risos). Espero que outros catadores de São Paulo tenham essa oportunidade”, afirma Arlindo Farias, que trabalha no ramo da reciclagem há mais de 15 anos. Entretanto, essa política possui uma diferença da regulamentada em outros países, já que no Brasil temos os catadores, responsáveis por recolher 90% de todo material reciclado na cidade e São Paulo. A inclusão social desses trabalhadores, com qualidades dignas de exercer suas atividades, é um dos pontos que os ativistas pregam em seu discurso.

Marcha pelo bichos A primavera dos secundaristas Não há borrachada, tampouco intimidação policial, que barre os estudantes. Tanto na briga pelo não fechamento das escolasem São Paulo, quanto na luta pela não aprovação da PEC 241/2016

Fabrício Alves Rodrigues

Grupos e organizações buscam uma sociedade na qual a vida dos animais seja valorizada e preservada Guilherme Vieira

Atos dos estudantes secundaristas provocam comoção de muitos brasileiros no centro de São Paulo Giacomo Vicenzo “SE A ESCOLA FECHAR A CIDADE VAI PARAR!” Assim entoava o coro dos estudantes que ganhavam os holofotes da mídia ao ocupar as escolas em oposição ao plano de reorganização do ensino público paulista proposto pelo governador Geraldo Alckmin, projeto que tinha como objetivo realocar cerca de 311 estudantes e indicava o fechamento de até 94 unidades de ensino médio. Então, em dezembro de 2015, a cidade teve que parar, e as linhas de frentes estudantis que gritavam pelo não sucateamento do ensino público pacificamente enfrentaram a feracidade da polícia militar que protagonizou cenas de violência divulgadas nos mais variados meios de comunicação. “Primeiro fizemos manifestações no bairro e depois começamos fazer regionais até que surgiu a ideia de tentar montar uma frente para falar, mas que não forçaria ou lideraria a todos. Cabia a cada escola reivindicar cada demanda e se posicionar como vai a sua realidade”, explica João Fernando da Silva, integrante do grêmio livre do JOAO XXIII, no bairro JD. Paulo VI, extremo oeste de São Paulo.

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As escolas ocupadas tinham autonomia entre si, cabendo a cada uma delas reivindicar suas pautas, e conciliar os atos no mesmo dia. Uma vez administrada pelos estudantes, as unidades adotaram rodízio e divisão de tarefas como limpar, cozinhar e aulas cedidas por professores e alunos que apoiam a causa. “Dentro de todas as escolas em que estivemos, os estudantes buscavam receber pessoas que doavam aulas sobre diversos temas que não estão presentes nos currículos escolares, apresentações teatrais, sarais e diversas oficinas”, diz Fabrício Alves Rodrigues, professor de história e um dos produtores do documentário Ocupe-se; a luta entre o lápis e a borracha. O documentário gravado e produzido por Fabrício e dois estudantes de publicidade: Willian Graniero e Gabriel da Costa, tem como proposta mostrar a luta secundarista da perspectiva dos próprios estudantes e os acompanhou nas ocupações das unidades: Alberto Conte Professor, Zulmira Cavalheiro Faustino Dona, Estadual Plinio Negrão, Antônio Manoel Alves de Lima e em alguns atos pela cidade.

As redes sociais também são de extrema importância para os atos estudantis, que através da página Caravana Secundarista no Facebook organizavam viagens custeadas de formas colaborativas para o Ceará e Rio de Janeiro. “Vários secundaristas de São Paulo planejaram uma primeira caravana para o Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul com objetivo de elaborar conjuntamente vídeos, fotos e relatos da onda de escolas ocupadas pelo pais dando caráter autônomo à nossa luta”, afirma Guilherme Augusto, estudante do nono ano da escola Professora Amélia Kerr Nogueira e um dos administradores da página Caravana Secundarista. A greve chegou ao fim em 9 de agosto. Em São Paulo, a reorganização foi adiada após as escolas e prédios públicos serem ocupados. Em outubro, os estudantes de todo país voltaram às ruas para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição 241/2016. A PEC prevê a limitação dos gastos públicos em diversas àreas, incluindo saúde e educação. Mais de mil escolas e universidades foram ocupadas.

Os movimentos ativistas defensores os direitos dos animais caminham lentamente na tentativa de tornar a sociedade mais consciente e responsável no que diz respeito à forma como tratamos os bichos. Parte de seus objetivos é denunciar a crueldade, o consumo excessivo e desrespeito à vida. Mas afinal, que movimentos são esses e de que forma eles agem? No Brasil há vários exemplos de grupos que buscam criar uma sociedade em que a vida dos animais seja valorizada, não apenas no que diz respeito aos ambientes domésticos, mas também fora dos grandes centros e metrópoles. De acordo com pesquisas da ARCA Brasil, ONG fundada em 1993, existem cerca de dois milhões de cães vivendo nas ruas da cidade de São Paulo. No Brasil todo, o dado é ainda mais alarmante, em torno de 41 milhões de animais abandonados pelas cidades. “Entre a vida e a tradição cultural não deveria restar qualquer

dúvida. Afinal, desde quando os animais começaram a ser mortos em nome do “pão e circo”, as luzes de muitos séculos inundaram o pensamento, a consciência. É no mínimo desconcertante que um lado do mundo assista ao esplendor da tecnologia, à luz do respeito aos direitos universais, enquanto o outro divirta-se vendo animais sangrando, numa luta absolutamente desigual pela vida”, afirma Luce Pereira, do portal ANDA (Agência de Notícias de Direitos Animais), em referência às touradas, tradição festejada da Espanha. O portal, criado pela jornalista e ativista Silvana Andrade, busca “informar para transformar”, difundindo na mídia valores mais éticos, mais justos e preocupados com a defesa e garantia dos direitos animais. A proposta da ANDA é, além de servir de referência para a sociedade, responder a questionamentos e incentivar novas atitudes mais responsáveis. Há também organizações feitas por membros da socie-

dade com interesse comum. É o caso da PEA (Projeto Esperança Animal). Entre os objetivos dela estão a mudança do cruel tratamento que os animais e o ambiente recebem nos dias de hoje, e a tentativa de propiciar uma harmonia entre os seres humanos e as diversas espécies do planeta. Eles combatem práticas como a eutanásia de animais sadios; abandono, maus-tratos e abusos; o uso de animais para entretenimento; e o comércio de animais, sendo que possuem um site próprio para adoção de animais. “Um estilo de vida que contemple essa atitude de respeito a outros seres afeta diretamente a sociedade humana, uma vez que o respeito pelos direitos dos animais não-humanos está intimamente relacionado ao respeito pelos direitos dos animais humanos”, declara Pedro Nunes, ativista e membro da Veddas (Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos dos Animais e Sociedade). Guilherme Vieira

Vários animais adotados por famílias paulistanas, após serem resgatados das ruas da metrópole

Diagramação e Revisão da página: Guilherme Viera, Giacomo Vicenzo, Murilo Trivella, Felipe Paciullo


ano 23 |no 11| novembro/2016

Eu,ativista? Felipe Paciullo

Domingo de manhã, 4 de setembro de 2016. Centro Cultural São Paulo, onde eu fazia pesquisa para o meu livro-reportagem sobre o mundo do vinil. O que eu esperava daquele dia? Estudar... e depois me encontrar com uma menina que tinha conhecido num site de relacionamentos. Sabia que ia ter manifestação “Fora Temer!” na Avenida Paulista, mas não era minha preocupação. Fiz meu trabalho, liguei para minha mãe: “Está tudo bem, vou chegar em casa no máximo umas oito, não vou demorar. Beijo e fica tranquila.” Que engano!! No meio da tarde, por volta das 15h30 fui usar a área Wi-Fi Livre SP, no portão do Centro Cultural. Várias pessoas estavam próximas. Tudo pacífico. De repente, quando eu olho para o meu lado direito, mais de 20 Policiais Militares muito armados, saíram por trás dos arbustos. “Vai pra grade!”, falou um dos PM’s. Medo, raiva. Todos na grade. E eu lá sem saber o que estava acontecendo. Era um enquadro. Mostrei meu RG, mochila e tudo o que eu tinha em mãos. Fui o “primeiro” na fila de revistados. Os outros diziam: “Esse cara não está com a gente, a gente nem conhece ele.” Eu ainda queria acreditar que aquilo não era verdade. Eles ficavam constantemente batendo o cassetete nas canelas, protegidas por “armaduras”. Do lado de fora da rampa, umas 15 viaturas da força tática, um ônibus da PM, um helicóptero sobrevoando e muito mais policiais. RG confiscado. Quase uma hora mais tarde, fomos levados para um ônibus. Iríamos para o DEIC. No busão, pânico e choro de algumas meninas e olhares confusos dos outros detidos. Não sabia o nome de ninguém, e nem mesmo se iam para a manifestação. Quase às 18h quando entramos no estacionamento dos fundos do DEIC, da zona norte, perto do Parque da Juventude. Enfileirados mais uma vez, com as mãos atrás do corpo e juntas. Levamos mais um chá de canseira ali. Peguei meu celular, que já estava com 8% de bateria carregada, e liguei para o meu pai. “Alô, pai? Fica tranquilo com o que eu vou te falar agora. Estou no DEIC. Mas eu estou bem.” Ainda consegui mandar uma mensagem para a menina com quem eu iria sair. Logo do meu lado direito, um outro grupo, com cinco meninos chegara com aspecto de quem tinha apanhado muito. Ouvi xingamentos de PM’s contra eles. Entramos no DEIC. O clima era horrível. Estava sem contato com mais ninguém. Já tinham confiscado os celulares de todos. Esperei ali por horas até que meu pai chegou com minha prima, que é da PM. Vi uma chance de sair, mas não adiantou nada. Os policiais diziam que aquilo iria demorar a madrugada toda. No final da noite os policiais resolveram comprar pizzas e refrigerantes. Muitos dos detidos aplaudiram. Observei e achei a cena toda ridícula. Fui chamado para uma sala. Novamente os dados pessoais. Dedos besuntados com tinta para “printar” minhas digitais. Um dos civis que estava nessa sala disse para o investigador apelidado de “Javali”: “Esse aí é o do vinil”. O “Javali” então falou: “Ah, você é do jornalismo, eu vou falar uma frase e quero ver se você vai saber de quem é.” E ele falou: “Vem comigo!”. Depois: “É do Goulart de Andrade”. Eram mais de 23 horas quando comecei a ouvir os policiais comentarem que o ex-senador Eduardo Suplicy e a imprensa estavam na porta do DEIC. Deixaram Suplicy, o vereador Nabil Bonduki e o deputado federal Paulo Teixeira, juntos com vários advogados, entrarem. Os advogados nos passaram algumas orientações. Já passava da uma da madrugada. Ficamos no corredor, em cadeiras ou no chão. Deitei no chão e dormi não sei por quanto tempo, até ouvir meu nome. Acordei com a garganta arranhando e rapidamente fui até uma sala onde um agente para confirmar informações. Um advogado estava lá para me orientar. Caminhei escoltado até uma sala para fazer o fichamento. Fotos do rosto, de frente e de lado, segurando a clássica plaquinha na frente. Mais confirmações de dados, e por fim, gravei minha voz. DET. 21_ “Bom dia, são sete horas e estou aqui na salinha do DEIC com meus parceiros de detenção...” CIVIL_ “Pronto, terminou.” Quase 8h30, a mãe de uma das meninas trouxe pães e café. Aproveitei e comi. Chegaram outros advogados, porque os que vieram de madrugada nos disseram que não poderiam ficar ali o tempo todo. Por volta das 14h, nos enfileiraram e conduziram para um ônibus. Estávamos indo para o IML. 18 pessoas maiores. As três meninas menores foram para a Vara da Infância no Brás Na hora da saída do DEIC, dois ou três cameramen nos filmando. Sirenes ligavam intermitentemente. Eu olhava e pensava: “Quem nos vê de fora, acha que somos bandidos.” Chegamos ao IML. Fomos examinados por uma médica. Fiquei pelado na frente dela e senti envergonhado e invadido. Saímos do IML e fomos ao Fórum Criminal da Barra Funda. Chegando lá, mais cameramen, e na entrada principal, muitas pessoas gritando e nos acenando com palavras de força e resistência. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Entramos no Fórum, fomos revistados e depois algemados em duplas. Nos avisaram que o defensor público viria. Ele chegou e se apresentou. Pela sua expressão, estava na cara que o juiz iria nos colocar em liberdade. E que tudo aquilo que estávamos vivendo não passava de ilegalidade e absurdo. Fomos conduzidos para a sala de audiência. Primeiro as mulheres. Fui parte dos últimos que entraram à sala. Respondi às perguntas do juiz. Foi muito rápido. Não falei nada além do que ele me questionou. O juiz deu sua sentença de que diante do que ele tinha em mão, não havia motivos para nos deixar presos, e apoiou o ato de se manifestar, mas alertou: “Vivemos tempos difíceis na política do país. O tempo em que se mantinham prisioneiros para averiguação já passou, ainda bem. Vocês podem se manifestar, mas tomem cuidado.” Os outros do grupo comemoraram. Fiquei feliz e agradeci o juiz, em minha cabeça, por ter tomado essa decisão. Fui solto das algemas e peguei minha identidade de volta. Passava das 18h de segunda-feira (05/09). Exausto e confuso, fui escoltado com mais alguns do grupo para fora do Fórum. De volta para a minha liberdade.

Ele, preso Felipe Paciullo

Rafael Braga Vieira é o único brasileiro condenado à prisão na onda de manifestações em junho de 2013. Ele é um jovem negro e ex-morador de rua no Rio de Janeiro que foi preso porque portava duas garrafas de plástico, uma com desinfetante Pinho Sol e outra com água sanitária. A acusação disse que as garrafas seriam usadas como coquetel molotov. A defesa de Rafael alegou que as provas foram manipuladas. Ele foi condenado em 2 de dezembro de 2013 à cinco anos de prisão por “porte ilegal de artefato incendiário”.

Dois anos mais tarde, Rafael estava cumprindo o resto de sua pena em liberdade, usando uma tornozeleira eletrônica. Uma nova prisão. Agora pela Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) enquanto ia à padaria, na Vila Cruzeiro, dentro do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Segundo o advogado de defesa, Lucas Sada, os agentes o conduziram a um beco, onde o agrediram para que ele fornecesse informações sobre o tráfico local. Rafael alegou repetidas vezes que nada sabia. Algemado e levado à UPP local, segundo seu advogado,

especial O hacker da política Ativismo

Como Pedro Markun usa a lógica do hackeamento para transformar o sistema político e compartilhar conhecimento Vinícius Cordeiro

Se você acredita que os hackers só estão atrás dos computadores invadindo sites e derrubando sistemas, você está enganado. O hacker é alguém curioso, que não está satisfeito em só consumir um objeto ou tecnologia. Ele quer entender profundamente um sistema a ponto de conseguir mudá-lo por dentro. E se a política é a maior tecnologia para transformar a sociedade, Pedro Markun, diretor presidente do Laboratório Brasileiro de Cultura Digital (Labhacker), decidiu unir essa prática ao ativismo político. Expressão Qual a relação entre a política e o mundo hacker? Pedro Markun - São três pilares: o processamento de grandes massas de dados, o compartilhamento e a decodificação dos sistemas e possibilidade de se conectar com milhões de pessoas. Boa parte do trabalho de fiscalização do poder por parte da imprensa fica potencializado quando você tem uma linguagem de programação ao seu dispor, para processar dados e identificar desvios de verba, por exemplo. Ao abrir um código, você permite que mais pessoas leiam, dominem esse código e alterem o programa. E a gente começou a fazer um paralelo entre um código de software e os códigos das leis, para que mais pessoas entendam e modifiquem os códigos da política.

de exemplos na política de um cara que entende profundamente o sistema, encontra as brechas, mas não compartilha e usa isso pra benefício próprio.

Expressão As definições de hacker e político são bem semelhantes: alguém que domina um sistema e consegue trabalhar em cima dele. Qual a diferença entre um e outro então? Pedro - Eu acho que não existe diferença nenhuma se o político compartilhar o que ele sabe da política. A gente tem um monte

Expressão Você participa de iniciativas como o Ônibus Hacker (um laboratório móvel que já visitou cerca de 50 cidades levando várias oficinas) e o Jogo da Política (uma metodologia para levar o ensino de política para escolas). Como esses projetos auxiliam no difusão de conhecimento hacker e político?

Expressão As linguagens política e tecnológica são complexas e podem ser excludentes por conta disso. Como tornar esse hackeamento da política mais acessível? Pedro - Por um lado, a gente tem que trabalhar para que o lado da difusão do conhecimento seja maior do que o lado de quem se acha inteligente e importante. Por outro, as pessoas precisam entender a completude desses códigos, tanto da tecnologia quanto da política. Todos precisam ser alfabetizados na linguagem digital assim como no português, para que tenham um domínio completo da cidadania no século XXI.

Vinícius Cordeiro

Markun: “... a gente tem que trabalhar para que a difusão do conhecimento seja maior do que o lado de quem se acha inteligente Pedro - O Ônibus Hacker mexe com o imaginário das pessoas e faz elas pensarem que política pode ser outra coisa. É uma viagem de compartilhamento de conhecimentos. E o Jogo da Política faz com que as pessoas entendam a complexidade que

é a política e as empodera, do tipo “eu vivi uma experiência de verdade de política”. A gente faz experimentações e provocações em que as pessoas vão sendo transformadas, são experiências intensas que geram processos catárticos.

“O Ônibus Hacker mexe com o imaginário das pessoas”

Novas formas de ir e vir Frentes de ativismo atuam pela mobilidade urbana, com projetos educativos, intervenções e políticas públicas Felipe Paciullo

Motos, ônibus e carros. Esses são transportes muito conhecidos no cenário paulistano, e, ao longo dos anos, moldaram a engenharia das ruas e avenidas das grandes cidades. Isso resultou, porém, num déficit de trajetos seguros para as bicicletas e até pelo espaço para um simples caminhar. Com o excesso de veículos nas metrópoles, grupos ativistas de pedestres e ciclistas se mobilizam para criarem juntos, novas vias. O Bike Anjo surgiu no final de 2010, com a ideia de trazer mais pessoas de bicicleta para as ruas. A história começou entre amigos que acompanhavam pessoas que não tinham segurança de sair às ruas sozinhas de bicicleta, até a Bicicletada, evento que acontece e une toda última sexta-feira do mês, à noite, na Praça do Ciclista, na Av. Paulista, ciclistas novatos ou não, em passeios urbanos e conversas. Devido à grande procura por

interessados em pedalar, esse grupo criou um sistema para fazer a conexão dessas pessoas. No bikeanjo.org é possível solicitar um bike anjo para acompanhamento no trânsito, elaboração de rota e também para ensinar a pedalar. Hoje, eles contam com 4.289 voluntários em 460 cidades em todos os Estados do Brasil, além de 14 países. O coordenador de projetos do Bike Anjo, Marcos Bueno de Oliveira, começou a se envolver com a iniciativa como voluntário em 2012. Hoje, ele participa de ciclos de debates e leva o conceito e ideais do BA, por todo o país com a equipe. Marcos explica que o perfil dos alunos que busca o serviço, varia de acordo com o tipo de atendimento. “Para aprender a pedalar, cerca de 80% geralmente é mulher acima de 40 anos. Algumas mulheres mais novas também nos procuram, e pouquíssimos homens e crianças. Muitas Instituto Tomie Ohtake

Atividade do projeto ‘Exploradores da Rua’, do apē, com alunos da EMEI Armando de Arruda, no centro de São Paulo

Bike Anjo

Marcos acompanha alunos durante as aulas até que se sintam confiantes não tiveram oportunidade de aprender a pedalar na infância, num tempo em que a cultura machista era muito maior. O baixo número de homens nas oficinas de aprendizagem é por vergonha de se expor. Para acompanhamento no trânsito ou rotas, esse número é equivalente.” Tirando o pé do pedal e focando nas mais diversas formas de mobilidade, o apē – Estudos em Mobilidade - é um grupo de livre extensão formado na USP, que reúne estudantes de cursos e instituições distintas. A organização que nasceu em 2012, trouxe novos olhares sob os terrenos. Projetos educativos, exposições artísticas, intervenções urbanas e atuação junto ao poder público sobre aspectos relacionados à mobilidade e demais questões relacionadas à cidade. Desde 2014 fora do campus da USP, o grupo atua de forma itinerante buscando atingir pessoas interessadas nesse tema a partir de

estudos e projetos. O grupo relata a importância de se discutir novas formas de ir e vir, a partir de dados de uma pesquisa do IBGE de 2010. “Em um país como o Brasil, onde 84% da população mora em cidades, sendo 47% nas regiões metropolitanas, e pensando na cidade de São Paulo que teve um crescimento acelerado sem um devido planejamento, é fundamental discutir os caminhos que as políticas públicas têm tomado nesta direção.” O apē tornou-se grupo de referência em estudos de mobilidade, principalmente no que se refere à temáticas de educação. Recebeu em 2015 o prêmio Walking Visionaries Award, em Viena, na Áustria, e constantemente recebe convites para fazer projetos em parceria com diversas organizações, dentre as quais destacam-se seis escolas públicas, o Instituto Tomie Ohtake e as prefeituras de São Paulo e Itararé, interior do Estado. Assessoria da Prefeitura de Itararé

Rafael sofreu novas agressões. Depois na 22ª Delegacia de Polícia, de acordo com o advogado, ele se deparou com 0,6 g de maconha, 9,3 g de cocaína e um rojão, cujo porte lhe foi falsamente atribuído pelos policiais que o prenderam. Uma testemunha da prisão, afirmou que no momento em que Rafael foi abordado não levava nada nas mãos. O Ministério Público declarou que o flagrante foi legal e que Rafael tinha de ser preso pela “necessidade de garantia da ordem pública”. A defesa contestou essa afirmação. O juiz ouviu a testemunha que dizia que Rafael não carregava nada na hora da abordagem e ignorou o fato de ele estar trabalhando e ter boa conduta. Não houve relaxamento da prisão. Audiência pública sobre mobilidade em Itararé (SP), na qual o grupo apē participou

Diagramação e Revisão da página: Guilherme Viera, Giacomo Vicenzo, Murilo Trivella, Felipe Paciullo

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vida digital

ano 23 |no 11 | novembro/2016

trabalho na periferia Site divulga vagas para quem mora longe dos grandes centros Martina Ceci Cinco da manhã, já é a hora de sair e casa. Ônibus, trem e metrô sempre cheios, e mais alguns minutos de caminhada. Essa é a realidade enfrentada pela maioria dos moradores da periferia de São Paulo, para chegar até seu local de trabalho que, geralmente, é longe de onde moram. Para tentar facilitar a vida dos trabalhadores que passam por isso todos os dias, foi criado o Guia de Empregos das Periferias (GEP), que tem como principais objetivos melhorar a qualidade de vida das pessoas, desenvolver a economia local, ajudar nas questões de mobilidade urbana e reduzir o tempo gasto no transporte público. O site mapeia as vagas de emprego ofertadas nas regiões mais afastadas do centro. O GEP é uma plataforma gratuita e foi desenvolvida a partir do trabalho feito pela Agência Mural, a primeira agência de jornalismo das periferias de São Paulo, com apoio do Vai-TEC, programa da Prefeitura que pretende dar visibilidade e suporte as iniciativas tecnológicas. Segundo o jornalista Lucas Veloso, desde fevereiro, o site já publicou mais de 800 vagas, nas mais diversas áreas como: educação, trabalhos sociais, saúde, esporte e serviços. E já possui mais de 8 mil usuários cadastrados “Acreditamos que a plataforma gratuita é a forma mais viável e democrática de levar a mais pessoas as vagas mapeadas. O GEP pode usar acessado desde o PC até ao smartphone. A ideia, agora, é contar com apoio de empresas e fundações para continuar viabilizando o projeto, afirma Vagner Alencar (foto à direita), idealizador do projeto.

Diariamente as vagas são mapeadas por muralistas da Agência Mural e cadastradas na plataforma, que também disponibiliza uma opção para que qualquer pessoa, inclusive os responsáveis por empresas, possa enviar uma vaga. As exigências da vaga ficam disponíveis no site junto com o contato do empregador, para o candidato esclarecer possíveis dúvidas. “Quando eu era funcionária, antes de ter meu próprio negócio, sempre quis trabalhar perto de casa, pela qualidade de vida. Então, depois de ter anunciado em outros sites e plataformas e só aparecerem profissionais que moravam longe, eu decidi anunciar no GEP para encontrar alguém que morasse razoavelmente próximo”, afirma Narayhana Pereira, jornalista e empresária. As ferramentas de pesquisa são variadas e o candidato pode selecionar a região, bairro, setor de atuação, escolaridade e os tipos de vagas, como: voluntaria e primeiro emprego. Além das oportunidades, o site também traz notícias e reportagens sobre empregabilidade e iniciativas locais. “Eu vi um amigo falando sobre a vaga no Facebook e resolvi conferir. O site é bem interessante, porque indica vagas bem próximas, o que facilita a vida do empregador e do empregado. Quando a Narahyana entrou em contato comigo, eu fiquei muito feliz, ela estava procurando um perfil específico e quando conheci o projeto fiquei cada vez mais impressionado. A ideia do site é muito boa e no final, todo mundo sai ganhando”, conta Raul Trindade, professor de inglês.

www.guiadeempregosdasperiferias.com.br

“Uber da Saúde”

leva o médico até sua casa

Easy School:

a agenda sem papel

App Docway recupera a praticidade da medicina à moda antiga Jéssica Venâncio

Aplicativo é lançado com o objetivo de buscar melhorias e monitoramento na educação infantil

Arquivo Pessoal

Marina Nahas Os aplicativos de diversas categorias estão se destacando cada vez mais no mundo digital. Quando são voltados para a educação, pode-se destacar o chamado Easy School. O aplicativo é uma espécie de agenda digital do aluno, através dele é possível saber a rotina daquela criança na escola, é possível ter acesso ao calendário escolar, existe a possibilidade de troca de mensagens entre pais e professores e é totalmente customizado, nele você pode incluir o logo da escola e a foto do aluno. Um aspecto que pode diferenciá-lo dos aplicativos comuns de mensagens é que ele funciona em um ambiente seguro, monitorado pela secretaria e direção da escola, onde apenas os responsáveis pelos alunos é que acessam as informações necessárias. “Eu uso o aplicativo diariamente. É uma ferramenta boa para os pais, recomendo para todos que querem estar mais presentes na vida do filho e terem o controle das atividades, dos compromissos, das faltas e tudo o que ele exerce na escola. Um aspecto positivo é que o aplicativo é bem simples de manusear, para os que não têm muita facilidade com smartphones não será um problema”, diz Maria Lucia Carvalho, mãe do aluno Gabriel de 8 anos. Como exemplo de funcionalidade do aplicativo é o momento que o professor registra no a participação individual de Reprodução

Logo do aplicativo

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Reprodução

Aplicativo em funcionamento cada aluno em atividades diárias.“Para cada série, a escola define as perguntas e as alternativas que serão marcadas pelo professor. Para a educação infantil, por exemplo, o professor pode dizer se o lanche da criança foi “Satisfatório, Metade, Menos da metade ou Não aceitou”, afirma Vera Rosa Mendes, psicóloga e pedagoga. “Como professora eu aprovo o uso do aplicativo. O avanço faz parte e acho muito válida essa tentativa de melhoria, a comunicação mais rápida com os pais e o diálogo que muitas vezes deixa de existir por falta de tempo deles, hoje se torna mais fácil e prática, visa o melhor para o aluno”, conta Cilene Gonçalves, professora. Apesar da ferramenta ser uma solução tecnológica muito positiva e que está disponível 24 horas por dia na mão dos pais e dos professores, a rotina escolar não deve ser muito modificada. Os professores têm um horário definido dentro do seu expediente para usar o celular em sala de aula para responder as mensagens dos pais e preencher os registros individuais dos alunos. A rotina do aluno só é liberada no aplicativo após o término da aula, o que faz com que as escolas se adequem conforme as regras estabelecidas pela coordenação e direção das instituições.

Fábio Tiepolo, diretor do aplicativo Docway Com o intuito de resgatar valores da medicina humanizada e trazer mais conforto às pessoas, o aplicativo Docway, criado no Brasil e lançado há pouco mais de um ano, permite que o médico, assim que acionado, vá até a residência dos pacientes. Através da tecnologia, o serviço está disponível em mais de 100 cidades brasileiras, com 1.700 profissionais da saúde cadastrados e aproximadamente 25 mil downloads realizados até o final de agosto. “O Docway é uma solução rápida de localizar um médico próximo e marcar uma consulta para quando desejar. Desta forma, as pessoas podem ter um atendimento mais pessoal, na segurança e conforto da própria casa, de forma exclusiva e particular”, explica Fábio Tiepolo, diretor do aplicativo. Para utilizar, basta baixar o aplicativo (disponível para Android e IOS), preencher os dados de cadastro e procurar o médi-

Diagramação e Revisão da página: Martina Ceci, Marina Nahas e Jessica Venância

co disponível mais próximo, de acordo com a especialidade desejada. As consultas têm um preço médio de R$ 200,00 (de segunda a sexta, em horário comercial) e R$ 300 (finais de semana, feriados e dias normais após as 18h), ambas com duração de 40 minutos a 1h de atendimento. O pagamento é feito ao final de cada consulta, pelo próprio aplicativo via cartão de crédito ou se o paciente tiver plano de saúde, pode pedir o reembolso. “Nossas maiores solicitações vêm de mães ligadas ao mundo digital, idosos com dificuldade de locomoção ou necessidades pontuais de atendimento, além de pessoas que precisam poupar tempo sem deixar de cuidar da saúde. Com isso, as especialidades mais procuradas tem sido Clinico Geral, Pediatras e Médicos de Família”, diz Tiepolo. A paciente Gisea Higa utilizou o serviço pela primeira

vez em um feriado. “Eu havia retornado de viagem e meu filho estava com muita dor de ouvido. A única alternativa era levá-lo ao hospital, liguei no local e a atendente me aconselhou levar ao 24h ou agendar uma consulta com o pediatra no dia seguinte. Então resolvi usar o Docway e em 3 horas meu filho estava sendo atendido em minha residência. A pediatra foi muito atenciosa, realizou o exame físico e receitou os medicamentos. No outro dia ele estava bem melhor. O aplicativo tornou a consulta médica, muito mais prática, eficiente e rápida por um preço justo”, relata. O Docway está disponível em quase todas as capitais brasileiras. “Possuímos maior atuação nas regiões Sul e Sudeste. Em breve, estaremos presentes em todo o território nacional e pretendemos até 2018 expandir para outros países”, conta Tiepolo.


artes

ano 23 |no 11 | novembro/2016

Mais

Flávio Alessandro

ARTE

EM

Sampa

Painéis de grafites formam museu aberto nas ruas da capital Matheus Oliveira A arte de rua já se tornou uma identidade cultural da cidade de São Paulo. Andar pelas ruas e avenidas da megalópole e não encontrar ao menos uma expressão artística é improvável. Por isso, um grupo de artistas criou o projeto do Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo, o primeiro no mundo. Sem portas, grades e horário. O museu constitui se como um conjunto de 66 painéis de grafite instalados nos pilares que sustentam o trecho elevado da Linha azul do metrô de São Paulo, localizados no canteiro central da Avenida Cruzeiro do Sul entre as estações Santana e Portuguesa-Tietê, no distrito de Santana, Zona Norte de São Paulo. A ideia do MAAU, surgiu de um acontecimento vivido pelos artistas Binho Ribeiro e Chivitz, que são os idealizadores do museu, enquanto grafitavam as mesmas pilastras do metrô, sem autorização foram denunciados, e acabaram sendo levados para a delegacia, a partir do acontecimento, tiveram a vontade de criar o museu.

Caracterizadas por não ter nome, as obras chamam a atenção de todos por suas cores intensas, e também por expressar de uma forma incomum o sentimento não só do artista, mas também do cidadão. Cada pilastra da linha azul do metrô, conta um universo diferente. O museu não segue um patrão artístico. Desde as obras críticas dos Artistas Binho e Chivitz, ao retrato imaginário de Akeni, Minhau e Ornesto. Além das obras, o lugar também passou por uma reforma, com grama nos espaços entre as vigas do metrô, surgiram ciclofaixas para as bicicletas e o espaço para a circulação de pedestres também foi ampliado. Até a criação do museu, a arte de rua na cidade era concentrada na região central da cidade, seja nas pontes ou muros. E também nos extremos das regiões periféricas. E como consequência outras regiões da cidade já buscam criar um projeto semelhante ao Museu de Arte Urbana. “Sou morador de Santana há 47 anos, nesse tempo em que

vivi aqui, nosso bairro nunca foi referência no meio artístico. Mas quando esse bonito museu, cheio de arte colorida surgiu por aqui, nos colocou no mapa, e deu uma aparência muito melhor a essa avenida. Pegar o metrô na estação Santana, agora é muito melhor”, afirma Mauro José Moreira, zelador. “A cultura do graffiti é muito rica com linguagem, regras, fenômenos próprios. A pichação provém do graffiti assim como outros meios de intervenção urbana. Mas varia, são diversos os pontos de vista. Ela agrega valor cultural a cidade, tem influência direta em nosso humor, deixa ela mais lúdica, mais alegre, mais colorida”, resume Diego Luis Garcia, artista de rua. Após o sucesso das obras no Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo, os artistas, juntos com a Prefeitura, planejam criar uma nova exposição, oferecendo assim, espaço para novos artistas de rua da cidade. Essa mudança deve ocorrer até o final desse ano, e já conta com diversas obras inscritas.

Samba :

um século de conquistas Thainá Palheta

O ritmo de tantos nomes, cores e rostos. E uma das principais marcas do Brasil e compasso de várias marchinhas. Tem seu marco através de Donga, compositor da música Pelo telefone de 1916, que é considerada a primeira música do estilo e marca do seu inicio oficial. Uma mistura de tons africanos, adaptados para a realidade dos escravos e que ao longo dos anos sofreu transformações de caráter social, econômico e musical. Para festejar esse marco conversamos com Arlindo Domingos da Cruz Filho, esse carioca que nos seus mais de 30 anos de carreira viu o samba se modificar além de ter escrito mais de 20 marchinhas de carnaval para sua escola de coração Império Serrano. E ter cantado ao lado de Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Beth Carvalho.

Binho Ribeiro

Expressão: O que Arlindo Cruz comemora no centenário do samba? Arlindo: Essa é uma data superimportante para a música mais popular do país, por que o samba é para todas as classes, todas as religiões. O samba é para o brasileiro. E ele constrói a cultura do nosso povo, espalha alegria e aprendizado para os jovens. Expressão: Quais suas maiores inspirações na música? Arlindo: Sem dúvida nenhuma, meu mestre foi Candeia eu aprendi muito tocando com ele, convivendo com ele. Mas amo também Ivone Lara, Cartola, Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Djavan, Ivan Lins e claro Chico Buarque. Expressão: O que você acha que a gente comemorará daqui a outros cem anos? Como você acha que será o futuro do samba?

Arlindo: A eu acho que cada vez mais ele está enraizado no solo brasileiro, na cabeça dos jovens, por que em cada esquina do país inteiro, em todos os lugares que eu vou tem sempre uma roda de samba alguém que toca um cavaquinho, um banjo, um instrumento de percussão, seja ele qual for. Cada vez mais as baterias de escolas de samba têm jovens tocando, comandando, com muito orgulho do que fazem e estão sempre tentando mudar seu futuro. E com o tempo o samba estará maior e mais forte. Expressão: Como foi sua construção dentro do samba, o que te levou a optar por esse gênero musical? Arlindo: Eu praticamente já nasci dentro do samba, minha família toda era formada de sambistas, tanto por parte de pai,

quanto por parte de mãe. Seresta, choro, samba isso nunca faltou em aniversários e comemorações dentro da minha casa. Expressão: Você tem 35 anos de carreira. O que você trouxe e guardou desse tempo e depois de tantos trabalhos e projetos? Arlindo: Eu guardo o fato de ter conseguido virar uma referência, para os jovens que me veem como um dos compositores que eles mais escutam e não somente os jovens que amam ou estão dentro do samba, mas muitos de outros estilos musicais. Eles cantam minhas músicas em outros estilos musicais, como sertanejo, rock ou pop e acho que este é o maior legado da minha vida pelo fato de eu ser um compositor e ser músico, porque eu deixo uma arte para o mundo, uma parte de mim.

Imagem do primeiro Museu de Arte Aberta Urbana do mundo localizado na Zona Norte da capital

Uma

vitrine no mund UNIVERSITÁRIO Maíra Lobo

A música embalava os convidados da plateia enquanto os votos eram contados. Os papeizinhos brancos de rascunho eram recolhidos um a um pelas mãos dos organizadores. Vários vídeos competindo e apenas um vencedor. E o melhor da noite receberia o prêmio pelo simples fato de ter...merecido. A música para. Chegou a hora! Dois professores sobem ao palco para anunciar quem conquistou o primeiro lugar no Festival 2 Minutos de Áudio e Vídeo da Universidade São Judas. Há 10 anos nasceu a ideia de implantar na Universidade São Judas um concurso que possibilitasse e desenvolvesse nos alunos da Faculdade de LACCE propostas criativas no universo sonoro e audiovisual, em dois minutos. O Festival 2 Minutos de Áudio e Vídeo, que acontece todos os anos no segundo semestre para encerrar o Ciclo de Estudos, abre um espaço ao universitá-

rio para que ele possa colocar em prática suas ideias adquiridas ao longo do curso, experimentando recursos e métodos dentro de um determinado tema. A ideia chegou à USJT com o professor de comunicação, Armando Sergio dos Prazeres que queria modificar as rotineiras palestras e discussões que a tempos obrigavam os alunos a participar no decorrer do semestre, e assim, adquirir horas complementares. O educador pediu ajuda de outros professores da universidade do curso de Rádio e TV, entre eles, Silvia Cavalli, Arlete Taboada e Carmen Lúcia, e juntos, buscaram inverter os papéis: tornar o pupilo um mestre e incentivar conteúdos autorais. “Antes eram sempre palestras de pessoas que sabiam de um determinado assunto, alguém

que tinha uma experiência diferente, que vinha aqui e contava sua história. O festival veio para inverter esse processo e ver o que o aluno era capaz de fazer”, disse Carmen Lúcia, jurada do concurso e uma das idealizadoras do projeto. A primeira edição do Festival 2 minutos aconteceu em 2007, com o tema “Se essa rua fosse minha” e ao todo foram apresentadas dez obras em vídeo, entre documentário e ficção. O título dado possibilitou aos estudantes formas distintas de abordar a palavra ‘rua’. Foram premiados pela comissão julgadora os três melhores conteúdos, e também, outros três trabalhos receberam o prêmio de menção honrosa. Cada ano, um tema diferente, inspirado em grandes canções da música popular brasileira.

“Participei de duas edições, em 2010 e 2012, e ganhei prêmio em ambas na categoria vídeo Essas conquistas entraram no meu portfólio e me fizeram despertar para a direção. Sempre que apresento meu currículo, os dois vídeos são citados e as pessoas se interessam pelo meu trabalho quando olham as premiações”, contou Carlos Eduardo Silva, ex-aluno de Rádio e TV, e hoje diretor da empresa Tangerina Entretenimento, produtora de curta e longa-metragem. Em 2016, a 10 ª edição do Concurso trouxe os 60 anos do Rock Nacional com o tema “Até mesmo nessa dança não parei”. Atualmente, os professores Iêda Lima Santos e Rogério dos Santos Ota coordenam os eventos com a participação de alunos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Rádio e TV. É uma tradição no calendário da Universidade São Judas e serve para fechar com chave de ouro o Ciclo de Estudos.

Imagens da 10 a edição do Festival 2 Minutos de Áudio e Vídeo

s Denise Morae

Diagramação e Revisão da página:

Maíra Lobo, Matheus Oliveira, Thainá Palheta, Claudia Capato, Daniella Cirera, Giovana Amalfi

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esporte & lazer Rapel urbano: emoção sem sair de SP

ano 23 |no11 | novembro/2016

Para participar é só comparecer com vontade de conhecer o esporte e se aventurar Larissa Bosco

Gosta de esportes radicais? Aventura? Adrenalina? Frio na barriga? Mas para praticar precisa sempre ir viajar, gastar dinheiro e perder, às vezes, um final de semana inteiro para chegar ao local? Não mais! Carioca Club, Caribbean, nomes muito conhecidos na noite paulistana, ao lado temos a Avenida Sumaré e nela o viaduto Doutor Arnaldo em meio a estações de metrô, trânsito e correria o viaduto serve também para a prática de Rapel e Pêndulo humano. O rapel, mais conhecido que o pêndulo, é um esporte de aventura onde os participantes usam cordas para descer pare-

dões, edifícios e outras construções. As descidas podem ser positivas ou negativas. Positiva seria quando a pessoa tem o auxilio de um apoio nos pés para facilitar a descida, já o negativo não tem esse tipo de apoio. No pêndulo humano, também conhecido no Brasil como Rope Jumpo, é semelhante ao Bungee Jump, a pessoa pula de uma ponte ou plataforma amarrado à corda e fica balançando de um lado para o outro parecido com o Skycoaster que o parque de diversões Hopi Hari tem. Qualquer pessoa pode participar do rapel, mas o pêndulo têm algumas restrições já que a pessoa precisa se jogar da ponte.

Grupo com 120 pessoas Larissa Boscorealizam o esporte nos Anéis Olímpicos com objetivo de entrar para o livros dos recordes

Como entrar em forma de uma maneira diferente: ritmo e movimento Carolina Lainara

Dançar nunca foi apenas uma questão de mexer o corpo, do contrário não existiriam tantas pessoas buscando por aulas em diferentes modalidades: zumba, ballet, street dance, dança de salão, sapateado, jazz, dança do ventre, dança contemporânea; estes são só alguns nomes para citar. O que está por trás da dança, e que muitas vezes passa despercebido, é que a prática também é uma atividade física, tanto quanto a musculação e qualquer outro esporte. Independente da modalidade, dançar exige preparo, esforço, coordenação motora e condicionamento aeróbico. Não somente relacionada a fatores físicos, mas também emocionais, a atividade melhora a ansiedade, depressão, autoestima, memória, além de diminuir o estresse e contribuir para a sociabilização do indivíduo. “A dança traz inúmeros benefícios para o desenvolvimento humano, atuando em aspectos psicomotores, afetivos e cognitivos. Mas é importante ressaltar que para alcançar um bom resultado, a preparação deve ser direcio-

Contar com a sorte é comum. Contar com a sorte em uma mão de cartas é poker

Nathalia Braga

Principais cartas da modalidade mais conhecida do famoso jogo dos cassinos e casas brasileiras de poker Nathalia Braga de cartas feita pelo diller, que é quem tem o botão (uma roda um pouco maior que as moedas do jogo) nas mãos. Em geral, essa escolha é feita por sorteio. Cada jogador recebe duas cartas e antes que a rodada seja iniciada, os dois jogadores à esquerda do diller fazer uma small blind e uma big blind, sequencialmente. Isso são apostas forçadas, que acontecem para que o jogo não se inicie sem nenhuma aposta. Se não fosse assim, cada participante esperaria uma boa mão (combinação de cartas) para apostar. Feito isso, o próximo jogador ao que fez a big blind vê as cartas que tem em mãos para tomar uma das cinco decisões: desistir, passar, apostar, pagar ou aumentar a aposta. No caso de desistência, as cartas dele voltam para o baralho. Em seguida, a rodada continua com os próximos jogadores (em sentido horário) fazendo também uma dessas escolhas. Essa etapa do texas hold’em é chamada de pré-flop. O próximo momento do jogo é chamado de flop. “Nele, são apresentadas na mesa três cartas viradas para cima e outra rodada de apostas acontece. Após essa etapa,

necessidade as descidas serão feitas com um profissional, e todo equipamento de segurança necessário será fornecido para a prática do esporte. “Qualquer pessoa que esteja disposta a curtir, se divertir e até mesmo superar seu medo em alturas”, conta Felipe que pratica Rapel desde 2013 quando estava nas forças armadas e faz parte da esquipe Primos do Rapel desde 2015. Antes do inicio das Olimpíadas as equipes se reuniram, totalizando 150 pessoas, e organizaram uma performance artística onde formaram os cinco anéis olímpicos no viaduto e eles esperam entrar no livro de recordes com a performance.

No ritmo da dança

Poker: uma mão de sorte

Todos de terno e muito bem vestidos. A última carta é posta à mesa e, agora, começam as grandes apostas: seis milhões, cinco milhões. Um blefe? Uma jogada esperta? Só no showdown é que a gente vai saber. As apostas continuam: vinte milhões. Agora, quarenta milhões, duas entreolhadas e um blefe. Um ótimo blefe que rende mais cem milhões da mesa e, enfim, o showdown. Um flush. Uma full house seguida de um sorriso disfarçado de quem acha que está por cima da jogada. O terceiro jogador mostra as cartas: uma mão de straight flush. Mais duas olhadas e, o quarto jogador (aquele do bom blefe) apresenta sua mão de duas cartas: uma royal straight flush. Jogo ganho e aquela cara se entrega e diz “I’am Bond. James Bond!”. A cena descrita é uma roda de jogatina do filme “Casino Royale” que acontece em uma mesa de poker. Em uma sequência de dois a dez seguida pelas letras J, Q, K e A que são usadas na modalidade mais conhecida do poker, o texas hold’em. O jogo começa com a distribuição

O viaduto Doutor Arnaldo é usado por várias equipes diferentes, sendo assim ele é dividido por dia e horários, mas todas estão lá para ajudar qualquer novato a praticar o esporte. “Algumas equipes cobram dos visitantes porque tem manutenção de equipamento, mas nós da Hunters Trips Adventures não cobramos, fazemos pelo prazer de ver os rostos de felicidade e de agradecimento das pessoas”, afirmou Renan que pratica Rapel a X anos. A equipe dele conta com seis colaboradores e três lideres de equipe, todos instrutores especialmente treinados para passar total segurança para o participante da modalidade. Se houver

acontece o turn: o diller joga uma quarta carta na mesa para que os participantes façam mais apostas. Por último vem o river, quando a quinta carta é apresentada na mesa. Depois vem o showdown, que é a abertura de cartas”, explica Matheus Bessa, jogador profissional da modalidade. No showdown, se ainda houver mais de um jogador na mesa, o último a fazer a aposta dá início à apresentação de cartas. O jogador que estiver com a melhor mão de cartas vence a rodada. A melhor mão é a que combinar mais com o jogo de cartas que foram colocadas na mesa durante o jogo. No texas hold’em, a carta mais alta do jogo é o A (Ás), seguida pelo, K, Q, J, 10, 9, 8 até o 2. Em São Paulo existem diversas casas de poker. “As pessoas se reúnem para fazer grandes apostas, mas principalmente para se divertir. Todo tipo de gente frequenta, o jogo é bem diverso, inclusive famílias vêm jogar juntas aqui. Vale muito a experiência para quem gosta de jogatinas”, finaliza Bruno Lima, gerente de uma casa de poker da capital paulista.

nada e adequada ao estilo de frequência e duração do treino, fatores externos, alimentação e idade do praticante”, conta a professora de Educação Física, Juliana Fernandes. Seja praticada como esporte ou como lazer, o segredo está na maneira de se preparar. Cada ritmo exige um esforço diferente, mas todos exigem muito. É necessário levar em consideração o tipo de dança e qual a região muscular mais trabalhada, assim a preparação física será focada para a exigência de cada estilo. Na prática do balé, por exemplo, a musculatura é trabalhada de maneira mais completa. Para isso, o bailarino precisa frequentar as aulas regularmente: o recomendado é uma vez por semana no mínimo, mas se for possível praticar duas ou três vezes melhor. “O ballet clássico é um dos mais complexos entre as demais modalidades. O fortalecimento muscular é o mais exigido nesse tipo de performance, precisando estar alinhado à uma alimentação rica em proteínas e carboidratos, para que assim, o corpo possa suportar a intensidade dos ensaios, processos coreográ-

ficos e espetáculos”, explica a professora e bailarina clássica Roberta Zanellato. Outro estilo que se destaca por exigir demais da musculatura, é o street dance, famoso por seus movimentos geométricos, bem marcados, e cheios de acrobacias. O seu preparo deve possuir séries de agachamentos, abdominais entre outros exercícios que trabalham força. “O street dá muita liberdade de movimento ao dançarino. Às vezes você está em uma coreografia complexa, outras está somente sentindo a música. Isso balanceia o esforço necessário em cada apresentação. O breaking, que é uma das modalidades do street, é o que mais exige em questão de resistência e força física”, conta o professor da modalidade Douglas Xavier. Apesar das diferenças acentuadas de cada ritmo, uma coisa eles possuem em comum: o dançarino precisa praticar movimentos específicos do estilo escolhido, pois apenas com a repetição desses movimentos e da técnica específica, é possível alcançar com eficiência uma melhor performance. Carolina Lainara

A dança é uma atividade física e exige esforço tanto quanto a musculação e qualquer outro esporte

Sem sedentarismo, cerveja também é esporte! Para quem quer beber e jogar, Beer Pong é a solução

Joyce Sales

Joyce Sales Quem disse que cerveja não combina com esporte? É isso mesmo, o Beer Pong é uma modalidade que penaliza o jogador que erra com cerveja. O Beer Pong se originou entre os anos de 1950 e 1960 em Dartmouth College (EUA), tornando-se parte da cultura social do campus. Eles evoluíram o ping-pong tradicional para o jogo com cerveja. E, se você está achando que isso é brincadeira, está enganado. Existem vários campeonatos de Beer Pong espalhados pelo mundo. Argentina, Irlanda, Escócia, Alemanha, Japão e várias cidades brasileiras participam de torneios e campeonatos dessa modalidade.

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O World Series of Beer Pong é o maior torneio do mundo nessa categoria. No Brasil, o primeiro desafio universitário de Beer Pong aconteceu em outubro de 2012, em São Paulo. Na cidade alguns bares também adotaram ao jogo, são exemplos o Vegas Mooca Bar e o Pé na Jaca Bar, localizado na Vila Madalena. O Bla’s Gastropub, localizado em Brasília, também resolveu desafiar seus clientes ao jogo, criaram torneios em que os ganhadores são premiados com o hambúrguer artesanal da casa, uma tulipa de chopp artesanal Embuarama e uma garrafa de 2 litros de chopp. “A ideia do Beer Pong deu muito certo, o

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público, principalmente na faixa de 18 a 30 anos, virou cativo no restaurante e ainda o jogo consegue atrair pessoas mais velhas”, comenta Willy Araújo, proprietário do Bla’s Gastropub. Se interessou? Então vamos às regras! Você vai precisar de uma mesa, uma bolinha de ping-pong, 20 copos e muita cerveja. O Beer Pong pode ser jogado em duplas ou individualmente. A brincadeira pode ser disputada em uma mesa comum. Nela são distribuídos 10 copos para cada lado em forma de triângulo. Cada dupla tem como objetivo acertar a bolinha dentro de um dos copos do adversário. Acertou? Você pode escolher um

da dupla concorrente para beber e ainda fazer um arremesso na sequência. Ganha quem eliminar todos os copos do adversário da mesa. Além disso, ao final da partida, o time que perder também deve beber todos os copos de cerveja do time que ganhou. Muitas pessoas, principalmente universitários disputam o Jogo da Cerveja, seja em casa, no bar ou em festas. “Comecei com o Beer Pong nos EUA e hoje, quando encontro meus amigos de lá, jogamos para relembrar os velhos tempos. O jogo é muito divertido. Quando você menos espera junta um monte de gente, formando uma grande torcida”, comenta Fernanda Castro, professora de inglês.

Joyce Sales, Nathalia Braga, Caroline Lainara, Larissa Bosco

Jogo da cerveja realizado pelo Bla’s Gastropub em Brasilia


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