ano 22/número 12 novembro/2015
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
usjt Gabriel Dal Mas
São Paulo nas nuvens A cidade além do concreto especial | pág. 4 e 5
#hashtag
ano 22 |no12 | novembro/2015
#Caro Leitor,
Sampa, além do concreto
#fração de segundo fotolegenda
Uau! Sacou a foto da capa desta edição do nosso jornal? Uma maravilha, não? São Paulo, “a selva de concreto” observada de um ângulo privilegiado: do alto, ali junto às nuvens. Nossos repórteres trouxeram como tema da editoria especial lugares em Sampa onde é possível vivenciar e curtir a cidade fora do rés do chão. Certamente você, caro leitor, tem cotidianamente o olhar direcionado para as ruas, os ambientes fechados, lugares lotados... Mas, e se você quiser adotar outras perspectivas para curtir a cidade? Onde ir? O que procurar? Já pensou que pode apreciar uma vista encantadora no metrô? É o caso da Estação Sumaré, na linha 2. Outra opção é ir ao encontro dos clássicos. O Edifício Martinelli, com seus 130m, nos permite compreender todo o gigantismo da cidade. Se você preferir aventuras ao ar livre, vale conhecer a Praça do Pôr do Sol, na zona Oeste; o Mirante de Santana, na zona Norte; ou o Pico do Jaraguá, na região Noroeste. As suas aventuras podem estar apenas começando, descobrimos baladas nas alturas e muito mais... Para continuar no clima de aventura, destacamos a reportagem de Educação que trata do desafio de muitos estudantes na capital: percorrer longas distâncias para chegar à escola. Muitos alunos fazem verdadeiras “viagens” em busca do conhecimento. Na editoria Vida Digital, temos como reportagem principal um tema que exige atenção e cuidado: a violência, o preconceito e o assédio sofrido por mulheres no mundo dos games. Em Artes, o assunto em destaque é uma batalha de pincéis, Art Battle Brasil, que conta com a participação de dezenas de artistas em competições de tirar o fôlego. Para fechar a edição 12 do Expressão, fomos investigar as razões do sucesso de uma dupla imbatível no mudo fitness, o frango com batata doce. Vamos lá? Transforme a leitura do jornal Expressão em uma aventura no seu cotidiano.
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
Céu cinzento
A seca que castigou São Paulo em 2015 finalmente deu uma trégua e o céu cinzento, que sempre foi ícone de dor de cabeça para muita gente, é comemorado e celebrado sempre que aparece. Foto por Roberto Sungi - 40ACSNJO - campus Mooca
Renatinho, #protagonista
o rei dos “reis” Karina Dias | kdkarina@hotmail.com
“Good Luck - para todos nessa mesa”. É assim que Renato Ferrari Antosian é recebido todas as vezes que entra para um torneio, dentro e fora do Brasil. Sim, dentro e fora do país. Porque de pequeno ele só tem a altura mesmo, o jogador amador faz grandes voos no poker. Toda essa paixão e dedicação pelo jogo começou em meados de 2008, quando os moradores de seu prédio começaram a lotar as mesas do salão de festas para colocar em prática aquilo que seria a sua paixão anos depois. Renato sempre foi arriscado e queria jogar com os homens mais velhos, os mais novos eram fáceis de ganhar. Aguçado pela curiosidade e a vontade de levar para casa alguns trocados, ele começou a estudar mais sobre o assunto, ler livros, conversar com mais pessoas que estavam no ramo há mais tempo e assistir vídeos e mais vídeos de torneios. Aprender nunca é demais, ainda mais com o que a gente gosta. Aqui no Brasil é muito comum a prática do “poker fechado”, modalidade que Renato começou a jogar. Nele você recebe cinco cartas e pode fazer apenas uma troca, e quem fizer o melhor jogo ganha. Quando as cartas são abertas na mesa o jogo começa a ficar com muito mais estratégias e leituras das jogadas dos adversários, o que o torna muito mais agradável para quem está jogando. O poker até pode parecer simplesmente um jogo de sorte para os leigos, mas não é. Tem muito mais coisas envolvidas entre as trocas de olhares, fichas perdidas e cartas viradas. Os jogadores têm que tomar muito cuidado para não vacilar e ficar no “hand for hand” no final do torneio. Ninguém quer perder um pote com muitos dólares por falta de atenção! Bom, Renatinho pelo menos não. Em 2010 ele entrou para o seu primeiro campeonato, e claro, não fez feio. Estava em um navio indo para Salvador e enquanto todo mundo curtia a piscina e o sol, ele estava trancado e concentrado no cassino. No final da viagem levou para casa cerca de 400 dólares nesta “brincadeira”, foi ai que a paixão aumentou mais e ele decidiu que estava pronto para jogar em alguns clubes espalhados por São Paulo. Carta desce, carta sobe e como um bom jogador, Renato só queria saber de ganhar. Em
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Arquivo pessoal
#fica a dica
Só por hoje e para sempre Diário do recomeço - Vamos ser felizes de novo! Fernanda Carvalho| fernandacarvalho@outlook.com.br “Perdi vinte em vinte e nove amizades/ por conta de uma pedra em minhas mãos”, rezam os versos iniciais do álbum O descobrimento do Brasil, lançado pela Legião Urbana em novembro de 1993. Menos de seis meses antes, em abril do mesmo ano, Renato Russo dava entrada na clínica de reabilitação Vila Serena, no Rio de Janeiro, não só para se desamarrar do álcool e das drogas, como também para imergir numa reflexão profunda sobre sua vida. Só por hoje e para sempre, de Renato Russo, é um diário intimo, no qual o artista escreve todo o seu processo de autoconhecimento. A professora de literatura e psicóloga Adelhaid Lingner, leu o livro e o recomenda. “o livro é totalmente inspirador para as pessoas que procuram forças para vencer as mais diversas barreiras”. O livro conta a experiência radical de reclusão durante os 29 dias que o músico passou internado. O texto da obra é exatamente tal qual Renato escreve no diário. “Uma das coisas que mais me chamaram atenção é a grandiosidade que o Renato tem de descrever todos os capítulos detalhados de sua excessividade”, diz Adelhaid. O relato oferece a seus fãs, além de um valioso documento histórico, um contato íntimo com o músico. A professora de literatura enfatiza essa conexão. “Assim como eu, acredito que todos que os jovens da década de 90, curtiram o som do Legião Urbana. Afinal, as músicas eram como bombas revolucionárias, que explodiam em palavras, fazendo todo o sentido para quem estava no fastígio da rebeldia e preparado para mudar completamente os antigos conceitos”.
O homem que esteve à frente da Legião Urbana - uma das bandas de maior sucesso na história da música brasileira começa seu livro com uma carta escrita por Renato Russo para ele mesmo, onde no final assina: Seu Medo. “Olá, Renato. Estou lhe escrevendo para me despedir. Sei que não sou mais bem-vindo e consigo ver por quê. No começo nos divertíamos muito e você até deixou que eu tomasse seu lugar, eu acreditei que seria para sempre. Tendo sua permissão, aproveitei para fazer tudo que eu mais queria: usar seu corpo, mente e espírito para viver, forçando-o a necessitar de mim, a querer cada vez mais se anular e deixar que eu o controlasse, o levando à dor, ao sofrimento, à solidão e à destruição total do seu espírito.” “Só depois de ler o livro, eu entendi que a cara feia do cantor servia como um escudo para protegê-lo do mundo exterior. Só depois de ler suas fadigas e angústias entendi que ele era apenas um cara sensível e cheio de complexos com sua vida interior. Assim como nós!”, diz Adelhaid.
expediente Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO)
2013 ele tinha um pouco mais de 50 dólares no banco do site do PokerStars e conseguiu entrar para um torneio importante e classificatório para o “Brazilian Series Of Poker”, famoso campeonato brasileiro, jogou e a maré na época não estava para peixe. Conseguiu experiência, o que para ele já valeu bastante! No ano seguinte o prodígio do poker entrou para um tor-
Diagramação: Profa Iêda Santos
neio paralelo ao campeonato brasileiro e conseguiu o 5º lugar entre 260 competidores, e 2.200 dólares foram separados para ele. Neste ano Renato alcançou voos internacionais e foi para Conrad, em Punta Del Leste, no Uruguai e através de seu patrocinador entrou em um torneio cuja apenas a inscrição valia 1.500 dólares. Arriscado? Sim, mas para ele não.
E para a alegria de sua noiva Carol que estava aguardando ansiosamente do lado de fora pelo resultado, o pequeno Renato ficou entre os cinco finalistas e faturou 30 mil dólares em sua viagem. O jogador amador, que não tem mais nada de amador, ainda quer conquistar um bracelete de campeonato mundial. O que nos resta é desejar boa sorte e boas partidas!
Coordenador de Jornalismo Prof. Anderson Fazoli (MTB 15.161) Redação Alunos do 4º ACSNJO - D2 Diagramação Capa Profª Iêda Santos
Revisão Prof. Juca Rodrigues Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos
Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667
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Educação
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O caminho da escola é uma aventura O desafio de muitos adolescentes é conciliar o tempo entre as atividades: entretenimento, cursos profissionalizantes e o mercado de trabalho e o trajeto até a escola Eva Lucena
Alexia Santos, na porta do metrô, no caminho da escola para casa. Linha 11 Coral da CPTM
Crowdfunding é alternativa em projetos educacionais Setor de educação aposta em “vaquinha online” para viabilizar novas propostas na área
Eva Lucena | lucena.eva@hotmail.com Para “ser” alguém na vida fido extremo leste, pertencem aos lho, você precisa estudar! Uma bairros de Itaquera, José Bonifáfrase bem comum no diálogo cio, Guaianases e Ferraz de Vasentre pais e filhos, mas a prática concelos”, explica Rodrigo Cárdesse verbo às vezes não é tão cere, Coordenador Pedagógico simples como a forma de conda escola. Segundo Rodrigo, os jugá-lo. Para alunos que estupais optam por matricularem dam em escolas públicas de São seus filhos lá por conta da vioPaulo, a tarefa de buscar conhelência recorrente nas regiões cimento e estar preparado para extremas e afirma que na escoum vestibular, é desafiadora. la em que atua, a disciplina é Cinco horas da manhã é o bem rígida, casos acontecem, horário que Marcelo Santos de mas é raro. 17 anos acorda todos os dias. As amigas Adriana JarA estação de trem José Bonifádim e Alexia Santos, ambas cio é o seu primeiro destino da de 17 anos, estudam na região rota, a partida é de lá mesmo, do central de São Paulo. Os pais bairro José Bonifácio, porém é acreditam que a estrutura ofepreciso pegar um ônibus que o recida nestas regiões é mais leve até lá. Depois do trem, a sefavorável para o conhecimento gunda parada é na estação Brás, das filhas. Além de acordarem local onde cursa o técnico em muito cedo, as meninas sofrem mecânica de usinagem. Marmuito com o desconforto no celo vai do curso direto para transporte público. trabalho. Uffa! Mas o dia ain“Preciso pegar o trem, deda não acabou, o ensino médio pendendo do horário, se eu sair ainda o espera. cedo, por voltas das 6h15, eu “Chego à escola por volconsigo entrar no trem, é mais ta das 19h, minha aula vai até tranqüilo, não há tantas pessoás 22h40. Chego em casa noras. Mas se passo disso, tenho a malmente à meia noite, todos sensação de estar vivendo um os dias e é bem cansativo. Saio inferno, é super apertado, pesda escola e sei que ainda precisoas reclamando, todo mundo so viajar para chegar em casa”, grudado um no outro, é difícil relata o estudante do 3° ano do de entrar e sair do trem, sem ensino médio. A decisão de escontar que já passei mal várias tudar longe foi para facilitar o vezes”, relata Alexia. acesso ao trabalho e ao curso. Além do desconforto após Muitos alunos que estuhoras de viagem todos os dias, dam nas regiões centrais de os alunos ainda sofrem com São Paulo chegam até o local a falta de tempo para estudar de trem e metrô. Apesar de não nos tempos livres. Segundo a haver dados estatísticos sobre professora Alessandra Venturi, os estudantes que praticameno ideal seria o estudante se orte “viajam” todos os dias até o ganizar para fazer uma leitura local, representantes de instânprévia da aula que ele terá no cias educacionais concordam dia seguinte, para se familiaque há um grande número de rizar com o material, e outra alunos que percorrem longas após a aula, para fixar conteúdistancias, todos os dias, para dos através da releitura do texpoder estudar. to e da resolução de exercícios. “Cerca de 95% dos alunos Neste caso, então, a alternativa matriculados na escola Profesé utilizar as horas no transporsor Loureiro Junior, Tatuapé, te público para praticar a suzona leste, moram em regiões gestão da professora.
Vamos falar de igual para igual?
O tema que virou discussão no Plano Municipal de Educação exige medidas para não gerar desigualdade Carolina Caprioli
Sandro Silva
Carolina Caprioli | carolina_caprioli@hotmail.com
Entidades Educacionais recorrem á “vaquinhas online” para viabilizar projetos
Sandro Silva | sandrojs20@live.com O crowdfunding (financiamento coletivo, em português) está se tornando uma prática bastante constante, não só no Brasil, como no mundo. Usada por diferentes pessoas e organizações, a ideia é viabilizar um projeto por meio de pequenas contribuições de outras pessoas. Em São Paulo, temos um exemplo de como esse tipo de financiamento passou a ser adotado no setor de educação. A Casa da Criança e do Adolescente de Santo Amaro Grossarl, que atende crianças e adolescentes em situação de risco e vulnerabilidade na região sul da cidade, em Santo Amaro, teve como meta arrecadar R$ 17 mil com o crowdfunding, para comprar mesas e cadeiras. A instituição
conseguiu atingir a meta estipulada em três meses, por meio do Kickante, uma plataforma de crowdfunding brasileira. “Nós atendemos crianças e adolescentes em situação de risco no contra turno escolar, no período da manhã e tarde. Oferecemos reforço escolar e outras atividades por aqui. Porém, faltam cadeiras na sala de aula, e as poucas que temos estão quebradas. Muitas vezes tivemos que pegar cadeiras no refeitório para que as crianças pudessem sentar. Fizemos a campanha para sensibilizar as pessoas e obtermos recursos para adquirir uma mobiliar escolar nova”, conta Valquíria Cruz, coordenadora da entidade. O Kickante, porém, não foi a primeira plataforma brasileira.
Diagramação e Revisão da página:
O site O Formigueiro, fundado há dois anos por três estudantes universitários, foi o pioneiro do segmento no país. O projeto de Renan Ferreirinha, Gabriel Richter e Pedro Thomas só possui projetos de escolas públicas e com baixo custo de execução, de até R$ 2 mil. Desde o seu lançamento, a plataforma já arrecadou cerca de R$25.000, de 300 doadores individuais, beneficiando mais de 650 crianças e jovens por todo o país. “Lançamos o site em agosto de 2013, e tínhamos dúvidas se iria funcionar, mas, no fim das contas, tem dado certo. Gostaria que cada escola pública brasileira tivesse ao menos um projeto financiado pelo O Formigueiro”, conta Renan, de 21 anos. O Economia sem Limites é um projeto da Universidade
Federal de Minas Gerais coordenado pelo professor Mário Marcos Rodarte Sampaio e pelos alunos de Relações Econômicas Internacionais Gabriel Sobral Escada e André Martins. A iniciativa, que começou em fevereiro de 2014, visa a divulgação da teoria econômica, além de estimular debates em torno de temas contemporâneos para alunos que ainda não ingressaram no ensino superior. O projeto contemplará escolas públicas e privadas de Belo Horizonte. “Conseguimos arrecadar R$ 1276,00. Essa quantia nos ajudará custear passagens aéreas, dois dias de hospedagem, alimentação e outras taxas. Espero que os alunos aproveitem essa oportunidade”, conta Mário Marcos.
Eva Lucena, Carolina Caprioli, Sandro Silva, Amanda Ataúide, João Neres
Na brinquedoca, as meninas ficam com as bonecas enquanto os meninos estão no chão brincando com os carrinhos. Na aula de educação física, elas têm ballet e eles jogam bola na quadra. A cor rosa predomina o material escolar delas, e os super-heróis são as capas preferidas deles. A pergunta é: por que será que cada vez mais o nosso cotidiano insiste em separar eles e elas? A questão da desigualdade de gênero ganhou grande repercussão por ser um dos pontos mais polêmicos do Plano Municipal de Educação (PNE), que define as diretrizes da educação para os próximos 10 anos. Após muitas discussões, os vereadores de São Paulo barraram a inclusão de metas de promoção e debate de igualdade de gêneros nas escolas da rede municipal. O ambiente escolar é o primeiro meio social da criança, por isso é fundamental fazer com que todos percebam, ali, as desigualdades presentes no nosso dia a dia. “A escola é onde surgem as primeiras descobertas sociais e sexuais. Nada pode passar despercebido. É importante orientar os professores e educadores para acrescentar discussões nas salas de aula so-
bre a igualdade”, comenta Paula Gutierrez, psicológa. Hoje, a grade escolar de algumas escolas particulares da cidade de São de Paulo conta com a temática. Antes a questão era biológica, mas agora com a internet os colégios passaram a adotar uma nova abordagem para o tema. As aulas estão mais focadas nos aspectos socias e comportamentais. “Eles veem de tudo na internet, né? Então é preciso ficar de olho para saber se estão usando o lado bom ou o ruim. Minha filha já foi motivo de piada entre os colegas por compartilhar conteúdo defendendo as mulheres”, revela Juliana Victorino, mãe de Constanza Victorino estudante de 15 anos. Entre as sugestões de Paula esta a criação de atividades com grupos “mistos” fazendo com que todos participem do mesmo exercício sem separar ninguém. “Dessa forma, os mundos são aproximados e as habilidades são descobertas. Claro que os ensinamentos devem continuar em casa também, os próprios pais devem educar os filhos sem diferença entre meninos e meninas”, alerta Paula.
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especial
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SP DO ALTO
Uma cidade acima de todos
Como a verticalização da maior cidade do brasileira contribui para sua expansão e desenvolvimento econômico Carla Sales | carla_brenna@hotmail.com
O
cenário é praticamente o mesmo todos os dias, pessoas apressadas, trânsito, lentidão, transporte público lotado, e se chove, aí é que a cidade para de vez. Essa é a perspectiva de grande parte dos habitantes da maior cidade brasileira, mas como será a visão de cima? Você já parou para olhar a vista da janela de um apartamento? A paisagem permite ver um panorama dos prédios, do trânsito, das pessoas. Todos esses itens juntos parecem reproduzir um formigueiro e com certeza não é a mesma sensação de estar lá no meio da movimentação das rotinas. A Avenida Paulista é o segundo ponto mais alto de São Paulo, ela está localizada a 840 metros de altitude em relação ao nível do mar. Tem como característica as antenas em cima dos prédios, a altura permite uma melhor transmissão de dados por meio das ondas eletromagnéticas. O local também é referência para os meios de comunicação mostrar imagens da cidade do alto. A professora de arquitetura, Rúbia Barreto, explica como surgiu a necessidade de verticalizar a cidade. “Foi para o melhor aproveitamento do espaço físico, para criar uma infraestrutura, o planejamento urbano foi trabalhado de acordo com o que se precisava no momento”, afirma. Segundo o diretor do Instituto Histórico e Geográfico
Marcos Borini
Mancha cinza sem fim! Gabriel Dal Mas
INOVAÇÃO na estrutura urbana favoreceu crescimento da metrópole de São Paulo, Jorge Cintra, “a verticalização só foi possível graças ao concreto. Antes já se pensava nisso, mas a tecnologia e os materiais não permitiam”. O início das construções dos edifícios aconteceu no centro histórico. O primeiro prédio foi o Guinle, construído em 1913, fica localizado na rua Direita, ele tem 36 metros de altura e 7 andares. Hoje no local funciona uma loja de calçados, mas a fachada permanece a mesma, preservando as características arquitetônicas da época. A modernização e o crescimento econômico da época foram favoráveis à novidade na infraestrutura urbana. “Uma vez iniciada a verticalização e havendo recursos advindos do café e engenheiros e arquitetos, muitas empresas,
escritórios, bancos, etc. viram a oportunidade de modernizar sua sede e aproveitaram a ocasião. A construção nessa região ficou facilitada e valorizada pela construção do Viaduto do Chá e já estava ficando elegante a partir da construção do Theatro Municipal”, explica Jorge. Com o enfraquecimento de possibilidades no centro velho, região central da cidade, houve uma expansão das áreas de construção. “A sede tinha que ser no centro, como em determinada época teve que ser na Paulista e hoje tem que ser na Berrini”, aponta Jorge. A verticalização nessas regiões possibilitou novos locais para observar a cidade criando pontos turísticos, como o edifício Martinelli e o Banespa. São Paulo também pode ser admirada
Andressa Alves | asa.andressa@gmail.com
EDIFÍCIO Guinle: 36 metros de lugares que preservam as características naturais do ambiente e permitem uma visão única da metrópole paulista, o Pico do Jaraguá e a Pedra Grande são alguns dos exemplos.
A história em 130 metros de altura
Edifício Martinelli preserva nos 30 andares os 86 anos de sua existência, é um dos principais pontos turísticos Andressa Sarati | andressa_saraty@hotmail.com Há 34 anos a produtora de eventos Florisa Azambuja vive em São Paulo, durante esse período já visitou museus, pontos turísticos, conheceu os prédios que fazem a antiga São Paulo permanecer viva até os dias de hoje. Mas mesmo conhecendo as principais obras arquitetônicas dessa grande metrópole, o convite surpreendeu, assim como muitos paulistas e paulistanos, ainda não havia conhecido o Edifício Martinelli. Debaixo de uma fina garoa, caminhamos pela estreita e charmosa Rua São Bento. Distante apenas cinco passos de nosso destino, foi impossível não reconhecer sua estrutura imponente e gigantesca, o prédio construído pelo imigrante italiano Giuseppe Martinelli. “É um prédio bem antigo. Ele chama a atenção da gente por sua arquitetura. Além da sua beleza eu fiquei muito surpresa, porque eu não tinha noção da sua dimensão, ele é uma pequena cidade na vertical”, comenta Florisa. Porta de entrada número 35. O público da visitação é recebido pelo guia Edison Cabral, que nos embarcou no elevador e apertou o botão do 26° andar. Em menos de um minuto, estávamos a 105 metros de altura, no terraço do primeiro arranha céu da América Latina. Florisa ficou impressionada.
Carla Sales
Antes mesmo de sua inauguração, em 1929, a obra idealizada por Giuseppe foi alvo de polêmica. Projetada para ter inicialmente 12 andars, a obra passou por tantas mudanças que ao ser finalizada tinha 25. Além de ter em seu terraço uma mansão de 4 andares e um mirante que permite olhar a capital em um panorama 360 graus. Uma vista que atrai e encanta pessoas de todo o mundo, como comenta Florisa “quando chegamos podemos ver estrangeiros, pessoas de outros estados, professores, estudantes, e eu mesma nunca havia ido”. E conclui “Foi uma sensação muito boa, me senti um ser gigante. Quando estamos lá em cima e olhamos para baixo nós enxergamos tudo tão pequeno. É engraçado, pois nós corremos para lá e pra cá e não temos tempo para observar, nos esquecemos de ver como nossa cidade é bonita”. Endereço: Rua São Bento, 405 - Entrada número 35. Informações: 11 3101-7397
EDIFÍCIO MARTINELLI, construído em 1929 , tem 105 metros
Horário para visitas: De segunda a sexta em duas sessões: das 09h30 às 11h30 e das 14h00 às 16h00. Sábados e domingos das 09h00 às 13h00. Obs.: para grupos acima de 15 pessoas é necessário agendamento.
Desça, respire e aprecie
Diariamente, cerca de 2200 aeronaves sobrevoam a capital paulista. Helicópteros, aviões comerciais e particulares dividem o céu de São Paulo, sob a vigilância do Departamento de Controle do Espaço Aéreo de São Paulo (DTCEA-SP), da Aeronáutica, que estabelece horários e rotas especificas para as aeronaves. A capital paulista é a que registra maior fluxo de helicópteros e aviões monomotor do mundo. É possível sobrevoar toda São Paulo numa linha de voo de 1 hora. Existem diversas empresas que prestam o serviço de transporte aéreo, seja para turismo ou como alternativa para fugir do trânsito. Os valores variam de R$ 700 a R$ 3200, dependendo do número de passageiros.
Visão panorâmica no Parque da Cantareira
Alan Oliveira
Alan Oliveira | alan.olisilva@gmail.com O Mirante da Pedra Grande conta com um total de 8 mil hectares. Fica a apenas 10km do centro da capital. Seguindo a trilha, em um trajeto de 9,6km, contando ida e volta, o visitante aproveita as belezas do local e uma ampla visão de São Paulo. Onde: Rua do Horto, 1799 – Horto Florestal – São Paulo/SP Quando: sábados, domingos e feriados, das 8h às 17h. Quanto: R$ 12,00. (Estudantes pagam meia-entrada). Menores de 12 anos, adultos com mais de 60 anos e pessoas com deficiência não pagam.
Victor Teixeira Gonçalves
Uma paradinha na Estação Sumaré do Metrô transforma o banal em extraordinário Victor Teixeira Gonçalves | victortulu@gmail.com Estação Sumaré do Metrô, 13h38 de um sábado bastante atípico. É óbvio que a rotina de passar todos os dias por lugares assim se tornou comum à vida do paulistano, porém, o momento era completamente diferente, dedicado à apreciação de algo que acaba passando batido na correria do dia a dia. Por se encontrar acima da Avenida Paulo VI, a construção foi agraciada com uma bela vista da cidade da garoa. Essa é a missão do dia: relaxar e apreciar. Carrego comigo minha avó, Dona Helena, que detesta esse tipo de transporte público. Sim, carrego, pois ela é pequena e frágil como um chaveiro. Foi difícil convencê-la a deixar o marido sozinho tomando conta do mercado que os dois administram. “Ele não sabe fazer contas, filho”, protestou a
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caminho da Linha 2 do Metrô. Ela ficou colada a mim durante toda a viagem no vagão. Morre de medo de trens, metrôs e afins. Não gosta de admitir, diz que se sente boba. Ao saltar na estação, que é a penúltima no sentido Vila Prudente – Vila Madalena, piscou para que seus olhos se acostumassem à luz solar. Comparada às estações históricas de São Paulo, como a Sé e a São Bento, ambas inauguradas em meados dos anos 1970, a Sumaré é relativamente nova, prestes a completar 17 anos, e tem um design quase futurista, com painéis de vidro rodeando as linhas férreas. Ao dar de cara com uma fotografia 3x4 gigante de uma mulher parda, os olhos da minha avó se apertaram para ver melhor. “Quem são essas pessoas?”,
perguntou. A mulher em questão faz parte da “decoração” local, criada pelo fotógrafo Alex Flemming em 1998. Os retratos, ampliados em alto contraste, estão ali principalmente para homenagear a diversidade cultural e étnica de São Paulo. “Parece a tia Naná quando era mais jovem”, comentou. “Como era bonita a tia Naná.” Olhando através das dezenas de faces desconhecidas de Flemming, a paisagem encanta. Ao norte, pode-se avistar um pedaço da imponente Serra da Cantareira. Já ao sul, o que se destaca é o grande centro comercial da Faria Lima. “Quando seu tio e sua mãe eram pequenos e eu precisava vir para esses lados do centro, eu carregava eles até aqueles lados, perto daqueles prédios bonitos”, disse Dona Helena
PAINEL decorativo com retratos feitos pelo fotógrafo Alex Flemming em homenagem a diversidade com o dedo apontado para o sul e um olhar cheios de lembranças. “Vamos voltar, filho? Não posso deixar seu avô sozinho”, pediu. E fomos...
Diagramação e Revisão da página: Carla Sales, Andressa Alves, Andressa Sarati, Alan Oliveira
Estação Sumaré do Metrô – Avenida Dr. Arnaldo, 1470 Horário de Funcionamento: De domingo a sexta, das 04h40 às 00h16 e aos sábados das 04h40 às 01h00. Taxa: R$ 3,50 (embarque no sistema metroviário)
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SP DO ALTO
Depois que o sol se põe Localizada num ponto privilegiado, praça oferece lazer e uma ótima vista
sa Light and Power Co. para alargar o rio Pinheiros. Renê Vignoli, de 24 anos, chegou por volta das 13h, acompanhado de uma amiga. “Vendo de baixo, parece um morro”, descreve. As escadas que dão acesso ao ponto mais alto possuem vários degraus. Para ele, uma subida de cinco minutos. Com um público pequeno durante o começo da tarde, contava cerca de 10 pessoas além deles. O rapaz ficou impressionado com a vista proporcionada, disse que nenhum outro lugar se comparava em questão de altura. “Mais 50
Fábio Rossini | fabiolira@outlook.com
O caminho para o alto é mais complicado. Principalmente quando você precisa subir no ponto mais alto da cidade de São Paulo, o Pico do Jaraguá: são 1.135 metros de altitude. A vista panorâmica alcança até 55 quilômetros, avistando Osasco, Guarulhos e até a Serra do Mar. No topo, duas antenas deixam o Pico do Jaraguá ainda maior. Onde: Rua Antônio Cardoso Nogueira, 539 – Jaraguá Quando: Todos dias, das 7h às 17h. Quanto: Entrada gratuita
José Florentino | joseluiz.florentino@gmail.com Da Vila Nhocune, zona leste de São Paulo, até o destino final, que fica no Alto de Pinheiros, zona oeste da capital, são mais de 36 quilômetros. De carro, o tempo de deslocamento foi de uma 1h10, devido ao trânsito razoável. A Coronel Custódio Fernandes, ou Praça do Pôr do Sol, como é conhecida, tem pistas para caminhada, playground e área gramada para curtir a vista. O espaço onde foi construída pertencia à Cia. City. A conclusão das obras se deu em 1967, após um atraso causado pelo projeto da empre-
1 - Pico do Jaraguá
especial
metros e a gente veria a curvatura do globo”, brinca. Surpreendentemente, a praça conta com Wi-Fi liberado e funcionado. O pouco policiamento não interfere no clima receptivo e caloroso, mas a ausência de limpeza diária acumula bitucas de cigarro na grama. A sujeira não incomoda Renê, que a classifica como “normal de praça”. Porém, ressalta que os usuários poderiam usar as lixeiras que estão dispostas pelo local – e que não são poucas. Com o passar das horas, pessoas começam a surgir em José Florentino
Na linha do horizonte, os edifícios são reduzidos à miniaturas
grupos, duplas e até alguns solitários que vêm para fotografar. Entende-se o porquê do local ser tão querido quando chega o fim do dia: com a aproximação do anoitecer, o sol desaparece aos poucos no horizonte e proporciona uma das visões mais incríveis da cidade.
O sol toca o topo dos prédios. O concreto frio e cinzento ganha cor vermelho poente. A harmonia do local para se autossutentar. Pessoas de lugares, gostos e vidas diferentes coexistem sobre o mesmo céu, tocando violão, conversando e aplaudindo o espetáculo natural.
2 - Basílica Nossa Senhora da Penha Camila Ferreira| camilafgp@hotmail.com É o local mais alto do bairro e também patrimônio histórico. La é preservado um ossário, que ainda está em atividade e alguns túmulos de padres e diáconos, abertos para visitação, além de proporcionar uma vista excepcional. A Basílica foi construída em 1682 por um católico francês devoto de Nossa Senhora. Onde: Rua Santo Afonso, 199, Penha de França Quando: 08h30 às 12h – 13h às 17h Quanto: Entrada gratuita
SOBRE A PRAÇA Onde: Praça Coronel Custódio Fernandes, s/n, Pinheiros Quando: Aberta 24 horas, todos os dias. Preço: Entrada gratuita
Noite nas nuvens Paulistanos podem curtir o alto da cidade em clube temático
Giulia Trecco | giuliatrecco@outlook.com Grupo Vegas
A Pan American World Airways, pode chamar de Pan Am, foi a principal companhia aérea estadunidense do século XX. Sua tradicional logomarca a transformou em um ícone cultural. Os cinéfilos devem se lembrar dela por causa do filme ‘Prenda-me se for capaz’, em que Leonardo Di Caprio interpretava o falsificador Frank Abagnale Jr., que se passou por piloto da empresa durante dois anos. E o que diabos uma companhia aérea tem a ver com a noite paulistana? Pois bem. Em São Paulo, PanAm é o nome de um clube criado em janeiro de 2015. A relação com a empresa norte-americana? Começa pelo lugar em que acontece. Nas alturas. Mais especificamente no topo do hotel Maksoud Plaza. Além disso, o espaço ainda traz o clima de um avião para a pista – os garçons usam uniformes de pilotos e há um corredor de embarque logo na entrada. Bastou isso para eu ter certeza que lá seria o próximo lugar que visitaria. O tatuador Bruno Mantelatto Delgado não hesitou ao aceitar cair na noite paulistana comigo. Só que nesse caso, cair significava subir. Subir até o 23º andar do hotel. Mesmo não sendo um grande frequentador de casas noturnas, ele não recusaria o meu convite. “Fica de boa, que com você eu topo qualquer rolê!”. What a boyfriend. What a lovely boyfriend! O sábado chega e começa a anoitecer. Perto das 18h o Bruno me pega em casa e apesar do horário atípico para uma festa – os adeptos da vida noturna sabem que sair à noite em São Paulo significa, com certeza, sair depois das 23h. Mas as festas começam cedo. Às 19h, a pista é aberta, isso por que à uma da madrugada as caixas de som são desligadas a fim de preservar o sono dos hóspedes menos baladeiros. Por isso, se quiser curtir a pista por mais tempo, chegue cedo. O PanAm recebe festas de música eletrônica e indie rock – elas são itinerantes e não há uma programação fixa, então vale a pena conferir antes. A ‘Festa CÜME’ foi a nossa escolhida. Organizada por DJs já conhecidos da casa Mandíbula, toca de soul à rock’n roll direto do vinil. “Eu não sei como chamam esse som antigo remixado, mas eu gosto”, me conta um Bruno dançante. Mentira. Ele não dança em público. Depois de dançar e apreciar a vista da pista – os vidros que substituem as paredes mostram a cidade e ao mesmo tempo os neons coloridos – vá ao fumódromo, no andar acima. É um show a parte. Ele fica num cercado no próprio heliponto do hotel. As antenas iluminadas da Avenida Paulista estão tão perto, que deixam a vista – em 360º – da cidade cinza, até mais colorida. SOBRE O CLUBE Onde: Hotel Maksoud Plaza - 23º andar - Al. Campinas, 150, Jardim Paulista. Quando: Aberto para locação de eventos e festas de segunda a segunda. Programação: facebook.com/PanamClub Preço: Varia de acordo com a festa; entre R$25 e R$100. Estacionamento: No local; preço único R$30.
A pista é iluminada por leds e neon que refletem pelas vidraças, criando um efeito descolado e moderno
Karina Dias
Daqui do morro dá pra ver tão legal Mirante de Santana une uma bela vista para o centro de São Paulo e boas histórias
Karina Dias | kdkarina@hotmail.com “Chega de ficar em casa no Domingo, Letícia. Vamos conhecer um lugar novo”. Foi assim que chamei a estudante Letícia Lima para visitar o Mirante de Santana. Mirante de Santana – São Paulo, 16h. Depois de um final de semana cheio de cerveija e uma balada animadíssima, retirar a Letícia de casa para conhecer uma bela vista, primeiramente, não foi uma das ideias mais fáceis. Ela só reclamava de dor de cabeça e de estômago. “Onde estão os meus óculos escuros?”, disse assim que saiu de casa.
Depois de uma boa subida em um sol estalado na tarde de um domingo, tudo o que ela mais queria era sentar em algum lugar e esquecer da ressaca e que no dia seguinte teria que acordar cedo. Sentamos. Olhamos para frente e só vimos cachorros e crianças gritando. “Deus, me tire daqui!”, falou Leticia com um leve toque de raiva. Resolvemos então sentar embaixo de uma árvore para relaxar. Leticia abriu um livro e tomou um gole de água. Pessoas e mais pessoas começaram a aparecer, ela me perguntou bem
Diagramação e Revisão da página: José Fiorentino
alto o que estava acontecendo. “O sol vai se pôr” – gritou um rapaz do outro lado da praça que nem me deixou pensar no que estava acontecendo. “Já que estou aqui, não vou perder a oportunidade!”, disse contrariada. Foi quando ela se tocou que estava tendo uma das melhores vistas da cidade de São Paulo. Via um trecho do bairro de Santana e mais que a metade da Avenida Paulista. Leticia comentou que imaginava que no réveillon essa praça deve ser o “point” para o pessoal ver os fogos.
Enquanto o sol baixava lentamente, ela pegou o meu celular e foi procurar um pouco sobre o local. Leu uma matéria dizendo que possivelmente a primeira transmissão de rádio foi feita de onde a gente estava para a Avenida Paulista, por nada menos que o padre Landell de Moura, lá para os anos de 1893. Uau, quanta história! E ela nem queria sair de casa. Então voltou a prestar atenção na paisagem e no sol. A praça estava bem cuidada, apesar da quantidade de namoradinhos fazendo piquenique,
outros levando os cães pra passear e famílias passeando. Ela agitada, olhou para o lado e viu uma placa da “INMET”. Pela cara não fazia ideia do que era aquilo. Até que expliquei que ali também tem uma estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia. “Será que eu posso entrar?”, perguntou ela para um rapaz. “Não, não pode”, respondeu ele. O homem explicou que só poderíamos entrar acompanhadas por um guia da empresa. “Se soubesse que tinham tantas coisas legais an-
tes, não teria saído no sábado e reservado com o guia um passeio para ver a cidade nos 360º que dentro da estação proporciona”, finalizou a estudante de recuperando da ressaca. SOBRE O MIRANTE Onde: Praça Vaz Guaçu, Santana Quando: Aberto 24 horas, todos os dias. Preço: Entrada gratuita
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vida digital Preconceito e ameaças no universo dos games ano 22 |no12 | novembro/2015
Mulheres relatam violência e assédio que sofrem por jogarem online. Esta é uma situação comum no mundo dos jogos e exige denúncia dos casos
Mulheres que gostam de jogar games online precisam estar atentas às ameaças sofridas no universo da internet e denunciar possíveis criminosos Aline C. Carrasco | aline.carrasco@hotmail.com Desde o início da criação dos games, o perfil desses consumidores é dominado pelo sexo masculino. Os próprios fabricantes destinavam seus produtos à jogadores homens. Prova disso estava nos próprios jogos, com grande parte de personagem exclusivamente masculinos. O posto de herói fica sempre com os homens e as figuras femininas estão sempre hipersexualizadas, com corpos exuberantes. Logo depois da década de 90, com o avanço da tecnologia, o aumento de público feminino como gamers cresceu signifi-
cantemente. Segundo a Entertainment Software Association (ESA), associação que representa a indústria de games americana e dados divulgados pelo site da Revista Época, até o ano de 2009, elas representavam 40% do mercado de jogos. Ainda assim, o ambiente de jogos online é considerado predominante por homens, já que seus criadores ainda não consideram o sexo feminino como grande consumidor desse meio de entretenimento. Mas, engana-se quem pensa que a invasão feminina nos games passou despercebido. “Eu jogo
online há 10 anos e já presenciei diversas reações por ser mulher. Algumas vezes, quando os jogadores descobrem que é mulher, alguns dão em cima de forma descarada e se você não corresponde acaba sendo xingada”, conta Siouxsie Rigueiras, 22 anos. A maioria dos jogos é online e é possível se comunicar com jogadores do mundo inteiro. É só ligar o microfone e interagir. Mas para as mulheres aparecerem “ao vivo” – a chamada live - pode ser perigoso. “Já rolou de eu estar jogando Left 4 Dead 2 e enviar mensagem de áudio e começarem a
mandar no chat: é mulher. É mulher. Em seguida me perguntaram: por que você está jogando? Era para estar na cozinha lavando louça”, comenta Siouxsie. Para Larissa Silva, estudante de 23 anos, o pesadelo foi pior. Depois de vencer um jogo, seu oponente surtou por ela ser mulher. “Ele não se conformava que tinha perdido por uma mulher. Disse que ia me achar e acabaria comigo. Falou coisas horríveis. Acabei ficando com medo e nunca mais mostrei que era mulher enquanto jogava”, relata. Os relatos sobre ameaças não param por aí. As duas já
presenciaram chantagem, ameaça de estupro, envio de fotos obscenas, entre outras situações que os jogadores criam para intimidar o público feminino no universo do vídeo game. Mesmo com os ultimatos online, uma pesquisa realizada pelo Game Brasil 2015 revelou que as mulheres representam quase metade dos jogadores do país, sendo 47,1%. Mas muitas ainda têm medo de relevar-se durante o jogo. As empresas de jogos recomendam que as mulheres denunciem o jogador para os desenvolvedores ou a empresa responsável pela operação do jogo.
“Eu jogo online há 10 anos e já presenciei diversas reações por ser mulher. Algumas vezes, quando os jogadores descobrem que é mulher, eles dão em cima de forma descarada e, se você não corresponde, acaba sendo xingada”
Saúde médica aliada à ‘CARTOLA FC’ é o novo tecnologia na era digital campeonato brasileiro virtual
Mais de dois milhões de times foram criados no aplicativo para competições online
Equipamentos e procedimentos podem ajudar no bem-estar do paciente Isabella Araújo | isabella_araujos@hotmail.com Ter hábitos saudáveis e cada vez mais regrados é uma maneira de manter o organismo em bom funcionamento, mas não garante que o corpo irá fazê-lo. Uma série de fatores pode levar o indivíduo à necessidade de auxilio assistencial ou de medicamentos por períodos determinados ou indeterminados. Já pensou, por exemplo, que ao estimular o cérebro pode evitar o surgimento do Alzheimer? Existem tecnologias que auxiliam na prevenção e no tratamento de doenças como o Parkinson, osteoartrose, tumor neuroendócrino e câncer de mama. Nos últimos tempos, os maiores avanços tecnológicos nesse setor se devem as células tronco, principalmente embrionárias. “A inovação tecnológica no setor de saúde, é importante e prioritária para a manutenção da vida humana. Sem as descobertas e o auxílio medicamentoso e de áreas como a engenharia clínica, a saúde do nosso século não existiria.”, informa Gabriela Santoro, enfermeira responsável por projetos de inovação, no maior hospital privado de São Paulo. A telemedicina, por exemplo, possibilita que os médicos conversem mesmo estando em outros locais, seja para investir na capacitação profissional ou debater a melhor escolha de tratamento para um paciente. É um avanço que está rompendo barreiras e levando serviços médicos a qualquer lugar, não apenas para hospitais e consultórios. “A telemedicina não vai substituir uma internação ou consulta ao médico. É indicada como instrumento complementar para as práticas médicas e, graças a toda a tecnologia envolvida, é um impulsionador para o futuro da medicina”, explica Sandra Oyafuso Kina,
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Reprodução Isabella Araújo
Leito de hospital com acesso à telemedicina
Desempenho de jogadores em campo interfere positivamente e negativamente no jogo virtual Cristian Zucatelli | cristian.zucateli@hotmail.com
Coordenadora do Centro de Informação e Comunicação do mesmo hospital. A neuroimagem, neuroncologia, neurologia experimental, neurologia clínica e neurofisio-
Diagramação e Revisão da página:
logia também são fortes álibis tecnológicos nos diagnósticos de equívocos cerebrais no paciente, eles devem ser realizados por uma equipe especializada em diagnósticos do cérebro.
Aline Carrasco, Isabella Araújo
A imprevisibilidade do futebol ganhou uma versão online para os fãs do esporte: o aplicativo Cartola FC foi inventado para que os internautas executem seus próprios clubes e campeonatos e hoje domina as discussões de futebol na internet junto com o Campeonato Brasileiro da série A. Além da interatividade entre jogadores, o Cartola FC estimula competições e apostas para liderança da rodada com horário, data e “cadeira marcada” para quem está acompanhando o placar. No total, o aplicativo conta com mais de dois milhões de times no Brasil. O aplicativo Cartola FC que está disponível para Android, iOS e Windows Phone, tem possibilidades reais de como criar o uniforme do time, escudo e inclusive escalar jogadores de todos os times que disputam o Campeonato Brasileiro que movimenta há tempos diversos campeonatos independentes
entre amigos e agora, a versão digital traz maior interatividade, regras e disputas. “Jogo há quatro anos com meus amigos e nosso campeonato foi batizado de 60TÃO. São 35 times que disputam a liderança em paralelo ao Campeonato Brasileiro. Cada participante aposta R$60,00 no início dos jogos e quem conquistarem a maior pontuação leva o prêmio em dezembro”, conta Davi Marques, 30 anos, corretor de seguros. A proposta do aplicativo é que cada time possa dividir suas performances entre amigos nas vias privadas ou em escala pública. Em paralelo é possível acompanhar as parciais durante a rodada e o desempenho dos jogadores. O fotógrafo Osmar Borges, de 60 anos, acompanha o Cartola FC pelos netos, que participam do aplicativo e o incentivam para jogar também. “Meu favorito é o futebol de botão e hoje poucas pessoas conhecem e jogam. Prefiro deixar a tecno-
logia para os meus netos, mas fico feliz que o futebol evoluiu para interagir com os fãs do esporte”, afirma Borges. Cada rodada merece uma estratégia diferente para seguir evoluindo com o time, na primeira rodada cada usuário recebe 100 cartoletas - que representa o dinheiro virtual do clube. A equipe do Cartola FC estipula o preço dos jogadores e a partir da segunda rodada os valores tendem a estabilizar, o que sinaliza o momento certo para comprar nomes que se destacaram na primeira. A partir da terceira em diante a estratégia ideal é atenção para outros fatores como quais são os próximos jogos considerados “pratas da casa” e os “craques”. Cartoletas bem usadas – e economizadas, rendem compras de jogadores em momentos decisivos do campeonato e até contratar um assessor de imprensa para manter os clubes informados sobre as ações do time.
artes
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Batalha de pincéis
About music
Competição reúne diversos artistas em Pinheiros e quem escolhe o melhor é o publico Lucas Donini | lucas_donini17@hotmail.com
stamos habituados em ver diversos tipos de arte: nos museus com suas exposições, nos muros da cidade os grafiteiros exibindo suas ideias, artistas de rua com seus talentos diferenciados. Mas, saiba que existe um galpão em Pinheiros, zona oeste de São Paulo onde rola uma competição artística totalmente diferente que você já viu. Se trata do Art Battle Brasil, evento que conta com 16 competidores que são divididos em 2 rounds e desafiados a pintar um quadro de 80x60 em vinte minutos. O mais interessante é que qualquer equipamento é valido para a realização do quadro, na edição passada um dos competidores utilizou um pedaço de alface em sua obra. “É algo totalmente interessante de assistir, vemos os competidores fazerem suas obras na nossa frente em ques-
tão de minutos, algo bastante dinâmico. É o mais legal é que podemos escolher quem se saiu melhor na apresentação”, afirma Raquel Rocha, visitante da Art Battle Brasil. O público participa votando no seu artista favorito e os dois mais votados de cada round vão para a final para disputar o prêmio de “campeão da noite”. A plateia também pode interagir com as obras e com os artistas, todas as pinturas criadas durante o espetáculo são disputadas em um leilão silencioso por aqueles que sonham em adquirir uma das obras. No final os dois competidores se enfrentam em uma “batalha” de 25 minutos, em uma tela de 100x80 e ambos os quadros serão sorteados para a plateia. Durante a noite são realizadas sessões de live paiting e também de exposições com vendas de quadros, e principal-
80 anos de som e cultura na Vergueiro O CCSP está em festa! E regado a muita música. de todos os gêneros e épocas Roberto Sungi | roberto_sungi@yahoo.com.br Roberto Sungi
mente todos os quadros da batalha são leiloados. O campeão ainda levava prêmio em dinheiro e recebe um troféu. É um evento ótimo, pois envolve arte, música e gastronomia, é algo muito importante para aqueles artistas que ainda não conseguem viver da arte, é um grande “palco” para alguém se interessar pelas obras e oferecer uma quantia elevada e possivelmente se tornar um grande nome da indústria da arte. “Participo do Art Battle Brasil há uns 4 anos, já fui vencedor em uma das edições, pude aperfeiçoar minha técnica ao longo desse tempo e também pude analisar as outras técnicas dos participantes. É uma competição que me ajudou muito na minha carreira artistíca”, afirma Cosme Santos, artista que participa da competição. Thiago Rodrigues
Os competidores podem utilizar qualquer instrumento artístico para a confecção de suas obras
O corpo em destaque Grupo paulistano se reúne para estudar a relações entre ser o humano e corpo
Beatriz Machado
O acervo da Discoteca tem milhares de discos de todos os estilos musicais, nacionais e internacionais Em 2015, a Discoteca Oneyda Alvarenga, uma das muitas coleções de arte permanentes no Centro Cultural São Paulo (CCSP), está comemorando oitenta anos de sons e folclore, com uma extensa programação que se extenderá até 2016. Apresentações musicais, encontros e exposições marcam alguns dos eventos programados pela coordenação do centro. Mas para quem gosta de garimpar pérolas sonoras, é no acervo da Discoteca que temos o grande espetáculo. Criada por Mario de Andrade em 1935 com a missão inicial de registrar e conservar a memória folclórica e cultural brasileira, a coleção cresceu e hoje abarca os mais diversos gêneros musicais. A coordenadora da discoteca, Jéssica Barreto conta que o acervo é composto por “cerca de 30 mil discos, só de 33 rotações, que é o mais comum”. Há também diversos compactos de
78 rotações, mais antigos e que estão quase todos digitalizados. “Estes não deixamos diretamente a disposição do usuário, mas ele pode solicitar a cópia em CD para ouvir ou emprestar”, diz. E para que o visitante possa usufruir tantos sons diferentes, a discoteca tem totens de audição onde o visitante pode apreciar qualquer umas das obras já digitalizadas ali mesmo, sentado em confortáveis poltronas estofadas. A qualidade do som é garantida pela equipe de técnicos responsável por converter e arquivar tantas pérolas da música, em um estúdio especializado, dentro da própria Discoteca. Outra opção bacana para quem curte vinis, são as pick-ups que a coleção mantém na sua recepção, onde o apreciador de música pode saborear a vibração dos discos de 78 ou 33 rotações. “Muitos álbuns não podem ser manuseados diretamente, pois ou são itens raros ou
cópias únicas dentro do nosso acervo. O visitante escolhe em um catálogo o disco que quer ouvir e um funcionário o pega e coloca em uma das vitrolas que temos. Dessa maneira quem vem aqui ouvir algo bom, pode apreciar a magia e do vinil”, revela a coordenadora. Além dos discos, também é possível consultar revistas com matérias musicais como exemplares da Rolling Stones, recortes de jornal com matérias sobre artistas de diversas publicações.“Temos muito material indexado. Quem quiser saber sobre uma banda pode pesquisar por data, publicação”, informa Jéssica. Existe algum item mais procurado? “Nenhum em particular, depende de época. Mas muitos músicos e estudantes vêm aqui para consultar as partituras assinadas por Villa Lobos” conta Jéssica, sem esconder uma certa satisfação na afirmação.
Quer ouvir o acervo você também? A discoteca fica aberta de terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. E para mais informações, mande um email para: discoteca@prefeitura.sp.gov.br.
Decoração
Arte em azulejo Karoline Costa| karoline-costa@hotmail.com
Fran Fernandes | fernaandes.f@gmail.com Os artistas encenando o número ‘Desracionalização’ no festival o Mundo de Oz em Cachoeira Grande Em meados de Junho de 2015 a Casa Moxei fechou suas portas e encerou um ciclo no cenário underground de São Paulo. Embora o espaço físico não exista mais, seus órfãos continuam a propagar suas ideologias e objetivos iniciais a partir de lacunas abertas para os artistas independentes. De seus quintais, propagação na internet e vontade de fazer diferente surgiu o Grupo de Estudos Nas Artes Do Corpo – o qual a redação do Expressão pode acompanhar um ensaio aberto. O grupo surgiu a partir da divulgação da performance do artista Luís Felipe Martins, o Padre. Ele, ao lado de Léo Ahau, protagonizou um lindo e profundo número nos quintais da Casa, na zona oeste de São Paulo, chamado “Desracionalização”. Ambos idealizaram uma apresentação que pudesse desconstruir o preconceito racial e representar a miscigenação tão presente na identidade brasileira. Atualmente, apesar de realizarem apresentações em festas e shows do cenário underground paulistano, estão sem ambiente
fixo para ensaio, realocando-se uma vez por mês. Com a divulgação desse vídeo na internet, que atingiu 6 mil visualizações em dois dias no Facebook, os convites para formar um grupo performático surgiram para os artistas. “Foi a partir desse número que nos chamaram para performar na Casa Amarela e aí pensei porque não poderíamos reunir mais pessoas. Decidimos criar o grupo de estudos, porque aqui ninguém tem uma formação específica ou sempre fez isso na vida, mas um traz sua vivência do teatro, o outro da dança, alguns da música e juntos exploramos como criar movimentos”, explica Padre, 28, idealizador do Grupo de Estudos Nas Artes do Corpo. O grupo conta hoje com 20 membros, que durante as reuniões semanais praticam e desenvolvem o que será apresentado durante as performances. A ideia é entender o corpo humano e suas relações sociais, como nos relacionamos com as nossas próprias características individuais e as dos outros. Nas palavras de Padre, “o corpo pode formar
Diagramação e Revisão da página: Fernanda Carvalho
uma pintura” a partir do ângulo e partes diferentes olhadas sob um ponto de vista específico, funcionando como uma desconstrução do corpo da forma convencional como o conhecemos. Nas reuniões pontos do corpo são estimulados para trocar energias em exercícios de contato. Embarcar em uma aventura com o Grupo de Estudo Nas Artes do Corpo é uma experiência única e reveladora, que vai além da performance artística. Se autodescobrir e ainda ajudar ao próximo a superar seus medos e receios faz parte, conscientemente ou não, da rotina do grupo. O que pode causar certo estranhamento à primeira vista, é exatamente o que irá conquistar a atenção posteriormente: a delicadeza dos movimentos e toques, que de tão sutis são quase imperceptíveis, mas ao mesmo tempo tão marcantes. Partindo do pensamento inicial de Padre, podemos constatar que os movimentos do grupo formam obras de arte que carecem de um olhar atento aos detalhes e livre de preconceitos.
Os azulejos costumam ser uma peça obrigatória no acabamento das casas, mas recentemente tornou-se um objeto relacionado à decoração. Desde 2010, Oswaldo Rodrigues, então jornalista desempregado, decidiu montar uma peça decorativa a base de azulejo e impressão de uma imagem para presentear sua cunhada. A parente encantou-se com o objeto e alertou o artista da possibilidade de abrir um negócio. Ainda descrente sobre a adesão dos clientes, Oswaldo participou da feira realizada aos sábados na Praça Benedito Calixto, Jardim Paulista, e conseguiu arrecadar em um só dia, uma quantia suficiente para pagar o aluguel mensal de um espaço para exposição na galeria “Como assim?”
Desde esse final de semana o ex-jornalista investiu no negócio. Para agregar lucratividade ao projeto, dedicou-se por semanas em pesquisas sobre confecção de azulejos, técnicas de impressão e colagem via sublimação. Durante este período encontrou uma fórmula rentável para abrir a loja atualmente chamada de “Azulejos Transados”. “Através dos pedidos dos clientes, eu seleciono as imagens que irão compor novos azulejos. Quando o cliente não envia a imagem, eu prefiro fazer as buscas em bancos de imagem e opto por reproduções internacionais a fim de evitar problemas de licença de imagem aqui no Brasil”, revela o artista. Aos 52 anos, Oswaldo declara que encontrou sua segunda
profissão. Atualmente, o artista produz cerca de 1000 azulejos por mês. O sucesso do objeto é tanto que frequentemente o artista é questionado sobre a abertura de franquias ou sobre a disponibilização de suas peças via e-commerce na internet. Conservador neste aspecto, Oswaldo prefere manter suas peças em apenas dois pontos de exposição e através das encomendas em sua página do facebook.
Dá um pulo lá na exposição
Karoline Costa
Feira Benedito Calixto Praça Benedito Calixtto Jardim Paulista, São Paulo - SP Sábado – Das 10h às 19h
Feira Shopping Center 3 Avenida Paulista, 2064 - Cerqueira César, São Paulo - SP Domingo – Das 13h às 21h Objetos personalizados chamam a atenção do consumidor
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esporte & lazer
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Frango com batata doce:
dupla faz sucesso no mundo fitness Combinação é o novo arroz com feijão de quem pratica atividades físicas regulares
Ingrid Alves
Ingrid Alves | ingridalvesdesouza@hotmail.com Os complementos em um cardápio fitness variam, mas a base é a mesma. A combinação “frango com batata doce” é a mais nova queridinha dos atletas e adeptos das dietas da moda. Quem frequenta academia diariamente, não abre mão desses alimentos para conseguir curvas definidas e corpos musculosos. O sucesso se deve à união da dupla. “A batata doce é um alimento rico em carboidrato, bem como tem um baixo índice glicêmico (IG), evitando assim picos de insulina no sangue e o acúmulo de gordura. Já o frango é um dos alimentos mais completos quando se fala em proteínas, além disso, ele possui aminoácidos essenciais para a recuperação muscular após um treinamento de alta ou baixa intensidade”, esclarece Rogério Guerrero, personal trainer. Para não cair na mesmice, a criatividade na hora de preparar as receitas é fundamental. A clara de ovo - rica fonte de proteínas - e o suplemento Whey Protein, geralmente, aparecem
como complementos no cardápio. Que tal um delicioso shake de batata doce com Whey? Não parece muito apetitoso, mas tem grande potencial se ingerido pré-treino. Mas não pense que é fácil fazer parte da geração “batata doce”. Afinal, para alcançar o corpo desejado é necessário dedicação. “A atividade física precisa estar aliada à boa alimentação. Faço academia de segunda à sexta-feira e a batata doce faz parte das minhas refeições diárias. Foi difícil me adaptar no início, mas fui persistente e hoje faço por prazer”, conta Juliana Costa, estudante de nutrição. Vale ressaltar que uma alimentação balanceada consiste em diversidade alimentar. “A dieta ‘frango com batata doce’ não oferece riscos à saúde, mas a falta de ingestão de verduras e legumes variados, sim, pode causar hipovitaminose - falta de vitamina no organismo. Para variar o cardápio, uma opção é substituir o frango por carnes magras, peixes e ovos, da
Flagbol
mesma maneira que a batata doce pode ser trocada por raízes como mandioca, mandioquinha, cará, inhame e abóbora”, enfatiza Marina Gorga, nutricionista. De olho nesse novo público, blogueiros estão investindo no tema ‘alimentação fit’. O blog frangocombatatadoce. com.br, criado em 2013, pela arquiteta Roberta Pacheco e o design Rodrigo Purchio, que fala sobre bem-estar, treino, alimentação, saúde e estética, ganhou grandes proporções e até o final de agosto contava com cerca de 313 mil seguidores na rede social Instagram e 68 mil no Facebook. No site, os adeptos dessa nova alimentação podem até comprar camisetas escrita “Frango com Batata Doce is the new arroz com feijão”, que faz referência ao “the new black”, ou seja, “o novo preto”, a nova tendência. Se essa dupla veio para ficar, só o tempo irá dizer. Mas uma coisa é certa: atualmente ela movimenta o mercado fitness e faz a cabeça de quem passa horas na academia.
um novo jeito de jogar futebol americano Conheça as principais semelhanças e diferenças entre as modalidades do esporte Roberta Rodrigues | roberta.rosilva@gmail.com Extremamente popular em seu país de origem, o futebol americano, ou football, como é conhecido nos EUA, tem conquistado cada vez mais adeptos. No Brasil, a prática do esporte ainda é amadora, mas já dá espaço para o crescimento de novos modelos. Em cada parte do país o esporte se desenvolveu de uma forma diferente. No Rio de Janeiro, ele se popularizou na areia, e em São Paulo, na modalidade do flag. De acordo com João Paulo Miguel, fundador do site www.10jardas.com, especializado em Futebol Americano, o contato físico é a principal diferença entre o flag e a modalidade tradicional. “No esporte clássico, a jogada quase sempre se interrompe com um tackle, técnica que o defensor usa para derrubar o atacante em posse da bola. Já no flag, o lance para quando o jogador de defesa puxa uma fita presa à cintura
do adversário. Por ter contato limitado, ele minimiza a possibilidade de lesões, e barateia a prática, em virtude do baixo custo dos equipamentos”. O flag, também conhecido como flagbol, começou a desenvolver-se como modalidade esportiva no início da década de 40, em bases militares americanas, de forma recreativa para os soldados. Durante os anos 50, já havia ligas amadoras em várias regiões dos EUA, e em 1960 surgiu a primeira liga nacional americana. A modalidade chegou ao Brasil em 1999, em escolas do ensino fundamental da cidade de São Paulo, coordenados pelos professores de educação física Cláudio Telesca e Paulo Arcuri. Atualmente, a Associação Pró-Futebol Americano (APFA) é responsável pela maior competição da modalidade no país, o Campeonato Paulista de Flag.
O presidente da associação, Eber Barros, conta como surgiu o campeonato. “Competições da modalidade acontecem desde 2006, porém, um dos grandes problemas enfrentados era com relação à organização. Em 2010, surgiu no interior de São Paulo, o Caipira Bowl, primeiro campeonato de Flag. Em 2011, a diretoria que esteve à frente dele, criou a APFA, e com ela, o Campeonato Paulista”. Desde então, a competição vem conquistando mais adeptos a cada nova edição. “O campeonato tem crescido a cada ano que passa, com novas equipes se interessando pela filosofia que a APFA adota em suas competições, prezando sempre a organização máxima. Hoje, a competição conta com 21 equipes disputando o título de Campeão Paulista: 13 pela Conferência Metropolitana e oito pela do interior”, completa Eber Barros. Roberta Rodrigues
A dupla fornece uma sensação de saciedade por longo tempo e é unanimidade no cardápio fitness
Roteiro para passear com a criançada em SP Programe-se com três opções de passeios para entreter os pequenos na cidade Tábata Bueno| tabatabueno93@hotmail.com Ana Desani
Chegou o final de semana e o seu irmão mais novo, seu sobrinho e seus primos estão quase derrubando a casa de tanto brincar. Você acha que vai enlouquecer a cada vez que escuta a bola de futebol bater na parede, mas se diverte quando percebe as gargalhadas da criançada. Já pensou em levá-las para passear por São Paulo no final de semana? Pensando nisso, pesquisamos três lugares incríveis que seguem uma escala de passeio econômico, moderado e caro. $ Entre os museus gerenciados pela Secretaria de Cultura do Estado, o Catavento Cultural e Educacional, no Brás, esta entre os mais visitados da capital. Com atrações que vão desde o gerador Van Der Graaf, conhecido por arrepiar os cabelos de quem toca, até uma parede de escalada com cinco metros de altura, que durante a subida, as crianças encontram quadros falantes de pintores famosos. O Catavento ainda possui um borboletário, com uma coleção de encher os olhos “Eu me senti uma princesa no mundo das borboletas”, diz a pequena Bruna Arcari de 6 anos.
Além de divertido, o Sabina Parque é uma opção educativa de lazer $$ O parque do conhecimento Sabina é um dos principais centros de ciência interativos de São Paulo. Com um Planetário e um Teatro Digital, ele conta com dois pavilhões que abrigam pinguins, peixes, cobras e diversos equipamentos que permitem às crianças experiências em áreas como a física, a química e a biologia. Entre as principais atrações, o que chama mais atenção é o esqueleto de um Tyrannosaurus rex, com 12,8 metros de altura. “Eu gostei do dinossauro Rex, parecia que o esqueleto ía sair correndo atrás de todo mundo!”, afirma João Pedro Peres, 11 anos.
$$$ O KidZania é uma opção para quem quer levar a criançada para se divertir sem se preocupar com quanto vai gastar. Localizado no Shopping Eldorado, em Pinheiros o parque permite a garotada, exercer diversas profissões como médico, delegado, chef de cozinha e bombeiro em uma cidade fictícia. O que desperta atenção é a moeda local, chamada de kidZo, que pode ser trocada por cédulas ou um cartão, para ingressar nos estabelecimentos da cidade. A pequena Clara Miranda, de 9 anos afirma: “Eu adorei brincar de gente grande! Fiz uma cirurgia de verdade num boneco e quero voltar de novo”.
Catavento Cultural: R$ 6,00 a inteira e R$ 3,00 a meia | www.cataventocultural.org.br Sabina Parque: R$15,00 inteira e R$7,50 a meia | www2.santoandre.sp.gov.br/sabina-e-planetario KidZania Parque: de R$50,00 à R$120,00 | www.kidzania.com.br/
Bocha adaptada traz alguns benefícios à saúde de deficientes Médicos e educadores físicos recomendam o esporte como forma de tratamento Yuri Cavalieri | yuricavalieri28@hotmail.com
O contato físico é a principal diferença entre o flag e a modalidade tradicional do futebol americano
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A bocha vem sendo muito mais que um esporte. A modalidade adaptada foi criada inicialmente para atender as pessoas com encefalopatia crônica, conhecido como paralisia cerebral severas com alto grau de comprometimento motor nos quatro membros e que se utilizava de cadeira de rodas. Atualmente, pessoas com outros tipos de deficiência também podem jogar em competições, desde que inseridas na mesma classe no grau da deficiência, como por exemplo: distrofia muscular progressiva, acidente vascular cerebral, disfunção motora progressiva, entre outras. O jogador, conforme descreve as
Diagramação e Revisão da página: Ingrid Alves, Giovanna Prado, Roberta Rodrigues, Yuri Cavalieri
regras previstas pela International Boccia Commission, é dividido por classes de acordo com o grau de comprometimento motor ou limitação, sendo que em cada divisão jogam praticantes de ambos os sexos. Introduzida nos Jogos Paralímpicos de Nova York e Stoke Mandeville, em 1984, a bocha é um esporte que requer concentração e muita precisão. “O objetivo do jogo é rolar bolas de duas cores, uma cor para cada concorrente, o mais próximo possível de uma bolinha branca chamada de “jack”, ou bolim como é conhecida no Brasil. O vencedor é o jogador que obtiver a maior pontuação”, explica
o professor de educação física Hélio Fontana. Os jogadores podem usar suas mãos, pés e cabeças como auxiliares, e até mesmo um assistente no caso daqueles com grave comprometimento dos membros superiores e inferiores. Partidas são divididas em rounds e seu número varia de acordo com os participantes na quadra. O esporte ajuda no tratamento e controle da deficiência.“Eles melhoraram o controle do tronco e a precisão nos movimentos feitos com as mãos. Além disso, tivemos evolução no convívio social e na parte psicológica”, comentou a fisioterapeuta Alice Campeão.