ano 23/número 13 dezembro/2016
jornalismo universitário levado a sério
jornal laboratório do 4º ano de jornalismo
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Gu
Poder negro As reflexões de um movimento que confronta o racismo a todo momento
#hashtag
ano 23 |no 13 |dezembro/2016
#caro leitor,
Ah, essa tal de democracia racial...
#fração de segundo fotolegenda
Olá, caro leitor, chegamos ao derradeiro mês de 2016. O Expressão caminha para publicar as edições de encerramento de um ano letivo. Vamos terminar o ano e colocar o dedo na ferida, OK? Vamos falar sobre racismo. Sim!! Ou você acha que a propalada democracia racial brasileira é real, é verdadeira? Acha mesmo? Pense um pouco. Pense seriamente. Sugerimos que você abra as páginas principais desta edição do jornal e leia com atenção as reportagens do Especial – Poder negro. Abordamos o tema a partir de uma multiplicidade de perspectivas: cultural, política, econômica, comportamental. O jornal Expressão conversou com militantes do movimento negro - estudiosos e pesquisadores - para compreender as muitas dimensões do racismo estrutural nas quais o Brasil está inserido. Falamos sobre autoestima, sobre representatividade e proporcionalidade, sobre cotas raciais, sobre estética, sobre violência, sobre lideranças históricas do movimento negro. Além deste Especial super relevante, o nosso jornal tem outras diversas reportagens para instigar você, caro leitor. Em editoria Educação, divulgamos o projeto Leitura no Vagão, que promove o desenvolvimento do hábito de leitura em trens e metrôs em São Paulo e diversas cidades do mundo. Por meio de ações voluntárias, livros são deixados nos bancos de transportes públicos com o intuito de cativar leitores. Na editoria Vida Digital, falamos sobre um aplicativo, o Vigilante, que foi criado no Brasil para ajudar a conter o abuso da autoridade policial. Em Artes, destacamos o Cineclube Mascate, que divulga a sétima arte em comunidades da zona sul de São Paulo. Mais de 100 filmes diferentes foram exibidos gratuitamente em diversos bairros da região. E, encerramos a edição convidando você ao Escape Game. São jogos de fuga na vida real que provocam o raciocínio lógico e estão conquistando os brasileiros. Uma edição imperdível, não acha? Uma ótima leitura e reflexões, para todos vocês!
Barroco Mineiro
Entre montanhas, arte e história, Ouro Preto firma-se no coração de quem a conhece. Ana Rita Luz - aluna do 4o ano de Jornalismo - Campus Butantã
Profa Iêda Santos e Profa Jaqueline Lemos
#protagonista
#fica a dica
Renato,
O Caso do Hotel Bertram Nathália Braga
“Lá dentro, caso estejamos visitando o Bertram pela primeira vez, descobrimos, quase assustados, que reingressamos em um outro mundo”.
o homem dos cards
Comerciante ganha a vida vendendo materiais do jogo Yugioh Murilo Trivella
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Fotos: Murilo Trivella
É
uma ensolarada tarde de sábado. No ambiente, pessoas se sentam em mesas e se divertem com um jogo de cardgame, o Yugioh. Próximo dali, em um banco, está um homem, com cinco pastas lotadas de cards, uma máquina de cartão de crédito na mão e cercado por clientes, que clamam por descontos igual cachorros anseiam por um pedaço de carne. Este é Renato “Hiro” Rodrigues, que ganha a vida vendendo materiais desse jogo. “Fiz três faculdades até decidir o que eu queria da minha vida. Sempre quis trabalhar com jogos, que é uma coisa que gosto desde criança. Comecei importando cards baratos, até que vi o lucro que isso dava, então decidi investir. O que eu faço hoje me dá uma satisfação tremenda, não tem preço, nenhum outro trabalho que tive deu isso”. Fora do seu ambiente de trabalho, Renato é um mais um rosto na multidão. Com 25 anos, camisa colada, topetudo e com uma tatuagem tribal, olhando isso você jamais acertaria sua profissão. “ Atualmente moro com meus pais, mas pago diversas contas da casa, como meu celular, internet, etc. É um trabalho de vendas como qualquer outro e fico muito feliz de estar dando certo”. Para refrescar a sua memória... Yugioh era um desenho animado japonês, popular por volta dos anos 2000, O personagem principal, Yugi, era um especialista em cardgame que possui poderes vindos do Egito antigo. Com o “boom” da animação no Brasil, o jogo físico foi lançado e tem adeptos até nos dias atuais. Não se engane, essas “cartinhas” não se encontram na banca da esquina. Tudo que nosso comerciante vende é importado dos Estado Unidos, onde fica uma das sedes do fabricante. Também não ache que o preço varia só pelo tanto de brilho, igual as figurinhas da Copa do Mundo, a coisa é bem mais extensa. Tudo varia da qualidade que cada card tem dentro do jogo, já que o mesmo sofre alterações nas suas regras anualmente. Uma boa venda pode abrir um belo sorriso no rosto de Renato. Não precisa ser, necessariamente, um negócio que o cliente leva de 20 a 30 unidades, mas sim do material que a pes-
soa escolhe. No estoque, os preços por um único card variam entre R$0,50 até R$275, custo equivalente ao “Pot of Desires”, o mais caro em circulação no mercado regular atualmente. Achou R$275 algo fora de realidade? Bem, isso não é nem de longe o card mais caro do jogo atualmente. O cartão que possui o seu valor mais elevado é a versão japonesa da “Dark Magician Girl”, dada de maneira exclusiva para o campeão nacional japonês de 1999. No Ebay, foi anunciada pela bagatela de U$5.000, e acredite, foi arrematada por um sortudo comprador! Nessa altura do campeonato, é capaz que vocês esteja comparando Renato com vendedores de outros ramos, mas ele não faz uso de um meio considerado vital para a maioria: uma lista de clientes. “Eu não tenho uma. Quase todos sabem que a melhor coisa para quem joga no modelo competitivo é pesquisar em várias lojas e com vários comerciantes antes. Mas sempre tem aqueles que sempre conferem primeiro comigo e acabam
Diagramação: Profa Iêda Santos
levando”, explica. Só um segundo, me desculpem, mas precisamos falar do Facebook, que faz os olhos do nosso entusiasta brilhar só de pensar nos grupos especializados em que vende seus materiais. Renato faz anúncios ali frequentemente, com posts contendo promoções e as novidades em seu estoque. Graças a faculdade de Letras que cursou, sabe redigir um texto chamativo para seus futuros compradores. É tiro e queda! Mas nada, absolutamente nada, faz os lucros subirem tanto quanto os eventos que ele participa, já que a procura neles por materiais específicos aumenta muito. Poucos sabem, mas São Paulo é a sede do Campeonato Nacional de Yugioh anual, além de palco para encontros internacionais, que reúnem jogadores da América Latina inteira. É isso mesmo, você não leu errado, pessoas atravessam estados e até países por uma boa partida desse jogo. O site de Renato completa seus meios de venda. A plataforma possui uma fatia consi-
derável das vendas e entrega em todo o Brasil. Pelo que o comerciante se lembra, o lugar mais longe que já enviou um card foi para uma cidade do Acre, e sim, ele existe! “Meu objetivo a longo prazo é montar uma loja física, com mesas e tudo mais, ter um lugar meu em que as pessoas possam jogar. Algo assim atrai gente e faz elas abrirem mais o bolso” (risos).
Publicado em 1965, “O Caso do Hotel Bertram” é um dos famosos títulos de Agatha Christie, escritora inglesa conhecida como a dama do crime pelo talento em escrever livros do gênero romance policial. Agatha ainda é considerada a escritora com mais obras vendidas no mundo, com livros traduzidos em mais de 103 línguas. Em “O Caso do Hotel Bertram”, Agatha conta mais um dos casos que envolvem Miss Murple, umas das mais famosas personagens da escritora, uma velha senhora de uma pequena Saint Mary Mead que ganha do sobrinho uma viagem a Londres para uma temporada no Bertram (um dos poucos locais da capital inglesa que mantiveram a bela e antiga arquitetura inglesa), que não frequentava desde a infância. Entre os passeios, a estadia e o bom serviço oferecido pelo hotel, Miss Murple observa o vaivém de hospedes e estranhos na portaria do Bertram. Entre eles o porteiro, um velho vigário com problemas de memória que viaja a serviço do Vaticano, a jovem Elvira Blake que está sob a guarda de um “desconhecido” depois que seu pai morreu deixando uma grande fortuna que só seria sua após os 21 anos e a saudosa, bela e ousada Lady Bess Sedgwick, conhecida por suas histórias de romance proibidas. Personagens principais e figurantes se encontram em um caso que envolve desaparecimentos, roubos e trocas de placa da carros, romances proibidos (não o de Lay Sadwick), assas-
sinatos e segredos que são descobertos por uma única pessoa decorrer do livro. “O papel de Murple na obra parece ser o de uma velhinha fuxiqueira de cidade pequena que observa tudo para contar para a vizinha depois. Mas ao ler, descobrimos o quanto são valiosas cada observação que ela faz e que, na tentativa de resolver os casos, a própria polícia deixou escapar”, comenta Regiane Braga, designer de interiores. Agatha faz uma brincadeira de deixar vestígios de pistas que levam a lugar nenhum e, ao mesmo tempo, para a solução de tudo. O assassinato cria um suspense gigantesco ao colocar em xeque a conduta de personagens que estão longe de ser considerados suspeitos, incluindo Miss Murple. Mas, nesse jogo, só dá para descobrir o verdadeiro culpado se chegar à última do página do livro.
expediente Reitor José Reinaldo Altenfelder Silva Mesquita Vice-reitor Fabrício Ghinato Mainieri Pró-Reitor de Graduação Luís Antônio Baffile Leoni Diretor da Faculdade de LACCE Prof. Rosário Antonio D’Agostino Coordenador de Jornalismo Prof. Rodrigo Neiva Capa Foto: Isabela Guiaro | Maquiagem: Milena Winner | Modelo: Lys Ventura
Jornalistas Responsáveis Profª Iêda Santos (MTB 31.113) Profª Jaqueline Lemos (MTB 657/GO) Revisão Prof. César Zamberlam Projeto Gráfico e Supervisão Profª Iêda Santos Redação Alunos do JOR4AN-MCA 2 Impressão Folha Gráfica (11) 3224.7667 As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião da Universidade.
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Educação
ano 22 |no 13| dezembro/2016
Pratique #leituranovagão Projeto leva livros às pessoas dentro de estações do metrô e de trens em diversos países e cidades Larissa Bosco
Fazer com que os jovens de hoje gostem de leitura em um mundo onde tudo são imagens não é uma tarefa fácil. Mas existem pessoas que lutam por isso e que levam a vida baseada em fazer com que a sociedade adquira o hábito da leitura. O Projeto Leitura no Vagão traz à população um contato maior com os livros. O projeto criado por Fernando Tremonti tem por objetivo levar a leitura para a população que está em viagem nos trens e metrôs de São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Porto Alegre e ruas de Nova York Minas Gerais, Amapá, e Chile. Livros são deixados nos bancos dos vagões que acompanham um marca páginas onde é apresentado o projeto e incentiva a pessoa ler o livro no tempo que está no vagão. Além disso ela pode leva-lo para casa e, após o termino da leitura, deixar o livro em outro vagão para que quem encontre tenha a oportunidade de lê-lo também Jojo Moyes, autora do livro Como eu era antes de você, é o mais novo reforço da equipe Leitura no Vagão, um projeto sem parcerias que depende das doações de livros. “A leitura me tirou de um nível alto de ignorância. As pessoas que não acreditam no poder da leitura devem provar por elas mesmas”, diz o criador do projeto.
Terapia assistida por animais Instituto promove educação através do melhor amigo do homem
As doações podem ser feitas por qualquer pessoa, empresa ou instituição. Elas podem ser feitas de duas maneiras: combinando com o s colaboradores um local para eles serem entregues ou deixando nos vagões, para isso solicite o kit Leitura no Vagão, assim os livros já entraram em circulação e terão a marca do projeto. Esse kit é gratuito. “A primeira vez que vi os livros nos bancos do metrô na linha vermelha achei que fosse alguma ação de marketing, mas os me sentar e ver o marca páginas amei, minha viagem passou mais rápida e tive a oportunidade de ler um livro que nunca pegaria em uma livraria, algo diferente do que estou acostumada a ler. Essa é uma ótima forma de apresentar o mundo dos livros”, contou Julia Batista que teve contato com a leitura no vagão. Facebook: Leitura no Vagão Site: www.leituranovagao.com @leituranovagao
Kum
n: o ensino autodidático
Método japonês é alternativa para aprender matemática, português, inglês e japonês
Joyce Sales
Carol Lainara
Mais do que companheiros fiéis, eles têm uma sensibilidade e empatia que vão além do título de melhor amigo. O Instituto Brasileiro de Educação e Terapia Assistida por Animais, Ibetaa, realiza trabalhos psicopedagogos com os quais utilizam o cão para ajudar na educação de crianças, adolescentes e até mesmo, adultos e idosos que apresentam problemas de aprendizado. Luciana Issa, além de fundadora do Ibetaa é pedagoga especialista em psicopedagogia clínica e conversou com o Expressão para falar mais sobre o projeto e os seus benefícios.
Expressão: Como vocês fundaram o projeto? Luciana Issa: Desde pequena tive contato com animais de estimação e por experiência própria conheci os benefícios da interação pessoa-animal. Em 2004 iniciei atendimento de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem e percebi o quanto era necessário despertar o prazer pelo conhecimento e a melhora da autoestima. Busquei fundamentação cientifica para introduzir um animal de estimação no set clínico. Iniciei estudos na área de Terapia Assistida por Animais, participei de cursos e trouxe materiais do exterior. No ano seguinte comprei meu primeiro cão, o Kion, ele é um samoieda, selecionado e treinado para ser um cão de terapia e, em 2006, comecei os atendimentos psicopedagógicos. Depois disso idealizei o projeto “Anjos de Patas”, trabalho de caráter voluntário que assistiu a instituições como: APAE, Lar de idosos e Hospitais. A necessidade de ajudar mais crianças e adolescentes me levou a fundar o Ibetaa com o objetivo de formar centros de atendimento interdisciplinar utilizando cães terapeutas como instrumentos facilitadores em sessões de Educação e Terapia Assistida por Animais.
Expressão: Como funciona o IBETAA em relação a educação assistida por animais? Luciana: A educação e terapia assistida por animais envolvem a integração do animal às técnicas exercidas pelos profissionais das áreas da educação e saúde humana. Trata-se aqui de profissionais como pedagogos, psicopedagogos, médicos, fisioterapeutas, psicólogos, psiquiatras, que utilizam o animal como instrumento facilitador para suas intervenções no trabalho educacional ou terapêutico formal. Da mesma forma que se espera que um profissional da área da saúde e educação tenha as competências e habilidades necessárias para realizar seu trabalho, minimizando a existência de erros. É imprescindível que o animal que atua como “co-educador” ou de terapia, além de estar em boa saúde, atestada por um veterinário, também, tenha qualidades e habilidades exigidas para esse serviço. O animal previamente selecionado deve ser preparado e constantemente avaliado durante todo período pelo qual trabalhará. Expressão: Quais são os principais benefícios que o cão pode trazer para o aprendizado humano? Luciana: A presença de animal em sala de aula estimula
habilidades como linguagem, imaginação, criatividade, crianças com problemas de desenvolvimento mostram-se mais focadas, atentas e conscientes. É notável uma maior coesão social diminuindo comportamentos de agressividade e hiperatividade. Eles têm maior atenção nas tarefas, relação entre habilidades motoras e linguagem. O cão também influencia no relacionamento afetivo e melhora no condicionamento da memória. Expressão: Como os cães são escolhidos? Luciana: Todo cão antes de iniciar um trabalho de atividade ou terapia deve passar por uma avaliação, onde um especialista em comportamento animal verificará o temperamento e habilidades do cão, para que ele possa ser ou não utilizado neste tipo de trabalho. Passando no teste específico, aí se inicia o treinamento para que se possa manter a saúde e bem-estar no animal e sua capacidade útil de trabalho. Expressão: Onde acontecem às aulas com os cães? Luciana: O Instituto atua hoje dentro das instituições que ele atende. Os cães vão ao local onde o trabalho acontece. Os serviços de educação, de saúde ou de assistência social realizado pelo Ibetaa são promovidos gratuitamente para pessoas de baixa renda. Luciana Issa
Kion, o primeiro cão do Instituto, foi treinado para frequentar as salas de aula, fazendo o estudo ficar mais divertido desenvolvendo linguagem, imaginação e criatividade das crianças
O Kumon pode ser utilizado para aprender matemática, português, inglês e japonês O Kumon surgiu em 1954 com a preocupação de um pai quanto às dificuldades escolares de seu filho. A metodologia por ele criada deu tão certo, que mesmo meio século depois, a ideologia continua se propagando por gerações e desconhece fronteiras. Hoje, o ensino está presente em 49 países. O método trabalha o desenvolvimento da autonomia nos estudos e busca fortalecer o potencial de aprendizado de cada um, o que encoraja o aluno a enfrentar sozinho as dificuldades no processo de aprendizagem. “A eficácia do Kumon está no fato de ser um estudo individualizado. No ensino tradicional, o aluno precisa seguir o conteúdo dado para a sala como um todo. Já no Kumon, o conteúdo respeita o ritmo e capacidade do aluno, independendo do aprendizado dos outros”, explica Mario Hidani, coordenador de uma das instituições de ensino Kumon. Para respeitar essa velocidade de aprendizado de cada indivíduo, o primeiro passo adotado é o Teste de Diagnóstico, responsável por determinar qual o ponto fácil em que o aluno iniciará as aulas. Esse é mais um segredo deste método japonês: permitir que os alunos comecem o estudo a partir de um ponto que lhes permita acompanhar com facilidade com base na série escolar ou na idade - para que assim, experimentem o prazer do aprendiza-
Diagramação e Revisão da página: Caroline Lainara, Joyce Sales, Larissa Bosco, Tatiana Navarro, Nathalia Braga
do e progridam naturalmente, o que não aconteceria em aulas de reforço, por exemplo, nas quais o estudante já começa pelo ponto de dificuldade. “Nós possuímos um material didático próprio, desenvolvido para que o aluno consiga avançar os conteúdos de modo gradual, sem que haja dificuldades. Desta forma, desde o início ele é incentivado a ter independência e a buscar por si só a solução dos exercícios”, completa Hidani. O material didático Kumon capacita os alunos a aprender por meio da autoinstrução, evoluindo em pequenos passos a
cada questão, o que lhes dá confiança para passar para o próximo conteúdo por conta própria. “Para mim, o diferencial foi o comprometimento com o estudo até fora da instituição. Eles possuem apostilas com exercícios de lição de casa, de férias e o prazo de entrega de todas as atividades tem que ser cumprido. Essa disciplina faz com que você passe de fase, pois você se compromete com o estudo. E é a combinação dessa metodologia que faz com que o conteúdo seja realmente aprendido”, afirma o estudante Henrique Ricardo, que frequentou aulas Kumon por um ano. Fotos: reprodução
O Kumon trabalha o desenvolvimento da autonomia nos estudos e busca fortalecer o potencial de aprendizado de cada um
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especial
ano 23 |no 13 | dezembro/2016
PODER NEGRO
É só ‘a minha opinião’
Cuidado!! O racismo pode estar disfarçado de preferências pessoais
“
Ele seria mais bonito se não tivesse um nariz tão largo”; “Ela é bonita de rosto, mas tem um cabelo tão ‘ruim’”; “Não faz meu tipo, tem traços muito marcados”. Frases como essas, mascaradas de opinião, são ditas diariamente a pessoas negras. “E não é opinião?”, você pode perguntar. Não. Não é. Você já parou para pensar o motivo de as pessoas considerarem negros menos agradáveis visualmente quando se distanciam demais do padrão europeu? Nós te damos a resposta em duas palavras: racismo estrutural.
Ao analisar o histórico da população afrodescendente no Brasil e no mundo, é possível encontrar, em diversos períodos, a sua inferiorização. Isso naturalizou a ideia de que os brancos são superiores e referência, seja estética ou culturamente, de modo que o racismo deixa de ser um problema individual, pois está enraizado na sociedade. “O racismo não é um fato isolado, um azar que uma pessoa negra passa em algum momento da vida. Embora exista o mito da democracia racial, sabemos quem a polícia mata, quem é massacrado na escola, quem tem mais chances
Isabela Guiaro
de morrer no parto porque o médico trata com indiferença. Somos um país racista porque o racismo é um sistema. Ainda que o colonialismo tenha acabado, ostentamos no Brasil, em grande maioria, a colonialidade”, explica Patrícia Rodrigues, mestre em Relações Étnico-Raciais. Em 2014, a Organização das Nações Unidas (ONU) apresentou o relatório de um estudo, com a conclusão de que parte dos brasileiros ainda nega a existência do racismo e as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais. Os dados mostram
que os afro-brasileiros são de 54% da população, mas representam apenas 20% do PIB. Além disso, a expectativa de vida dos negros é de 66 anos, enquanto a de brancos é 72. As questões estruturais também geram um branqueamento dos padrões impostos pela sociedade. A mulher negra é considerada mais bonita quando tem nariz e lábios finos, alisa o cabelo ou tem cachos mais definidos, sem volume. Recentemente, uma revista adolescente, ao falar de “erros” estéticos que famosas cometem, apontou que a cantora Rihanna tinha um “probleminha” com as narinas largas.
“Nascemos aprendendo a odiar os nossos corpos, cabelos, traços. Quando falam em padrão, nossa beleza negra é avaliada a partir do olhar branco”, afirma Patrícia. No mercado de trabalho, o que acontece é a rejeição de candidatos devido à sua aparência. A estudante Dayane Rodrigues declarou no Facebook que não passou em entrevista pois perfil físico da empresa e que se quisesse trabalhar no local teria que fazer chapinha. Ainda ocorre a tentativa de inferiorizar os cargos da população negra, colocando-os sempre como prestadores de serviço. “No local onde eu faço curso de informática, geralmente os alunos são
indicados a vagas de emprego para que eles possam exercer a função enquanto estudam. Quando eu pedi uma indicação, me foi dito que eu deveria ‘limpar um chão’”, conta a estudante Flaviane Silva. A naturalização dos padrões brancos ainda vão além do estético. “Temos a normatização de comportamentos e da maneira de falar que valoriza brancos. Fora a parte de que usamos para dois pesos, duas medidas diferentes. E esses padrões adentram as instituições, escolares, de segurança, de saúde. E retornamos ao ciclo, tirando o direito ao desenvolvimento integral cognitivo, a liberdade e a própria vida”, diz Patrícia.
Empodere com os cabelos crespos Danielle Lobato
Em terra de chapinha quem tem cabelo crespo é rainha? Nos dias atuais, vários estilos de cabelos afros como o crespo, cacheado ou black power, têm significado empoderamento. Mas isto nem sempre foi assim. Afinal, falar de cabelo não é um assunto fútil, pois a forma como as pessoas se relacionam com os seus cabelos está fortemente marcada pela cultura na qual está inserida. É bastante comum ver as propagandas de
TV anunciando e, com isso, tornando os populares apenas os cabelos lisos e ondulados, demarcando os como belos e, por serem chamados de belos, acabam invariavelmente influenciando para serem considerados melhores também. Devido à falta de representatividade muitas mulheres negras (homens também) deixaram os seus crespos logo na infância, que é quando começam a serem alvejadas de comentários racis-
tas como ‘Cabelo ruim, “Cabelo de bombril’, “Cabelo de pixain”, “Cabelo duro”, “Cabelo de Xica da Silva” e por aí vai. A pedagoga Aline Amorim, 24 anos, relata a sua experiência da transição do efeito chapinha para os seus lindos cachos de infância que não eram aceitos por seus colegas e até mesmo familiares. “Eu comecei desde os 5 anos de idade a passar química nos meus cabelos. Como eu tenho sinusite e asma, isto
me fazia muito mal, conforme eu fui crescendo a química acabou sendo mais frequente na minha vida, mas hoje esse processo de transição ainda não é fácil, pois muitos familiares ainda comentam o seu desagrado com a minha atitude de abolição à química”, finaliza Aline. Sobre as técnicas utilizadas para manter o cabelo crespo sempre bonito e hidratado, a empoderada estudante de filosofia da Unesp Nandia Ro-
drigues, 23 anos, explica: “Os melhores produtos utilizados para mantê-los são azeite de oliva, abacate, banana, gelatina incolor, mel de abelha e babosa. Mas para manter os meus cabelos sempre para o alto e bem volumoso eu não abro mão do pente grafo”. Além disso, Nandia também ressaltou sobre o procedimento capilar mais famoso e considerado o mais eficaz na transição capilar, o Big Chop
(BC) que é um corte que retira toda a química de uma vez do cabelo, um ato radical, que não pode ser considerado a última etapa do processo de transição, afinal depois do BC, é comum ver os fios que nascem serem ressecados, seco e sedento de hidratações, uma fase conhecida por scab hair que necessita de um cronograma capilar de cuidado regularmente com diversos produtos, incluindo os caseiros.
Beatriz Lisboa
Além da representatividade Proporcionalidade é uma das lutas do movimento negro Talita Coutinho
“Ela é mulher, é preta, é o mundo
ela é eu e você”
A frase faz parte da letra da música Cypher, do grupo Rimas & Melodias Beatriz Lisboa Nós mulheres ouvimos desde muito pequenas frases como: “não faça isso, isso é coisa de menino”, “isso não são atitudes de mocinha”, “meninas não devem fazer isso”, e simplesmente crescemos achando que somos incapazes de realizar “tarefas masculinas” ou “agir como “meninos” “. O recorte da violência contra a mulher negra vai além do movimento pelo voto e supera a violência já brutal contra a mulher branca. Os números do estudo “Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil”, realizado pela Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais), a pedido da Organização das Nações Unidas via ONU Mulheres, são alarmantes. Segundo o estudo, em 2015 morreram assassinadas 66,7% mais meninas e mulheres negras do que brancas. A vitimização de mulheres negras cresceu 190,9% de 2003 a 2015. A vitimização desse grupo era de 22,9%, em 2003, e saltou 66,7% no ano passado. Se a luta das mulheres é árdua e esbarra em várias camadas de machismo, abuso, assédio e
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falta de direitos apenas por seu gênero, imagine incluir nesse cenário a raça/etnia e a história escravocrata do passado e muitos outros problemas históricos. Nessa conta, coloque também a exploração de um estereótipo sexual. A soma de tudo isso é ser mulher negra na sociedade hoje, ontem e sempre. Para muitas mulheres negras, o 8 de março tem o gosto amargo do racismo e machismo. Apesar de estarmos no Brasil, que é um país tão miscigenado, ainda prevalece o estereótipo de raça, que determina que a mulher negra tenha sempre lábios grandes, bumbum avantajado, corpo ‘atraente’ e além da acompanhante ideia maluca de que ela está disponível (por ser mulher), e de que é isso que ela quer (porque o fenótipo dela sugere que ela é safada). E mesmo que seja porque ela não pode ser? “Para nós mulheres negras existe um mito, como se só pudessemos trabalhar ou de professora ou de enfermeira. Hoje podemos nos ver para além dessas profissões. Sem falar da questão dos trabalhos braçais, considerados subalternos, onde ainda
nos vemos, mas hoje também nos vemos em outras posições, e isso é uma conquista”, comenta Romilda Pizani, militante do movimento negro.“Meu olhar diante desse processo de evolução é extremamente positivo, e uma dessas situações por exemplo é a mulher negra no processo questão eleitoral, é a mulher negra na política. Hoje podemos vê-la na política, fazendo o processo na disputa com o homem. Ainda é uma minoria, mas hoje já é possível”, enfatiza. Comentários que não apenas a insultam, mas a reduzem a um brinquedo sexual, feito para satisfazer os homens. A escritora Jarid Arraes define o feminismo negro como “a minoria dentro da minoria”. “Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limitava à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante a mulher branca”, explica.
Diagramação e Revisão da página: Beatriz Lisboa e Isabela Guiaro
Certa, vez a atriz Whoopi Goldberg disse a seguinte frase: “Eu tinha 9 anos quando Star Trek foi ao ar. Eu olhei para a tela e saí correndo pela casa, gritando. ‘Vem aqui, mãe, gente, depressa, vem logo! Tem uma moça negra na televisão e ela não é empregada!’. Naquele momento, eu soube que podia ser o que eu quisesse”. Star Trek foi o primeiro seriado a mostrar a diversidade, pois colocou uma mulher negra em uma posição social de destaque, muito diferente do que somos acostumados a ver em novelas, programas televisivos, desenhos e brinquedos. Para uma criança se ver nos brinquedos, nos desenhos animados, nos filmes infantis, não só é importante, como fundamental que ela possa se gostar e se ver positivamente como parte da sociedade a qual é inserida. A fase da infância é fundamental para a formação dos adultos. É nessa fase que nascem os primeiros complexos, inse-
guranças, baixa autoestima, etc. Tudo começa aí, e para desprender-se disso anos mais tarde é bem mais complicado. Para a ativista Mariana Batista a luta é muito grande. “Lutamos para existir super heroina preta, uma protagonista preta, bonecas pretas, pois todas as coisas consideradas boas que a mídia mostra é branca. Vivemos em uma sociedade onde mulheres negras são invisíveis, o estereótipo de beleza que a mídia reproduz não é real, os traços da cultura de origem são apagados e as mulheres que conseguem dobrar esta curva de preconceito têm pouco traços de sua descendência de origem. O que é mostrado é a mulher miscigenada, ou seja, com traços de branco, nariz afinado, rosto alongado, cabelo liso ou ondulado, corpo com poucas curvas. Precisamos de identidade fortalecida”, enfatiza. Ainda que essa realidade esteja mudando, como a série brasileira Mister Brau e as norte-americanas How To Get
Away With Murder e Scandal, que colocam negros em posições de status, é difícil encontrá-los, em geral, a não ser quando o tema abordado é a escravidão ou a pobreza. Nas telenovelas brasileiras, os encontramos em peso na parte do enredo relacionado às favelas, ou, quando muito, como domésticas de pessoas brancas e ricas. A arquiteta e ativista Joice Berth comenta sobre a falta de proporcionalidade. “Então, brigamos por representatividade. Só que a forma como a representatividade vem sendo exercida não muda. Se tornou uma espécie de “cala a boca”. Colocam um ou dois negros para se livrarem de denúncias de racismo. Em 1986, uma mulher negra venceu o Miss Brasil e era a única candidata representando toda uma raça. Isso não faz mais sentido, porque somos 54% da população segundo o IBGE, logo, a luta tem que ser para que a presença da pessoa negra seja proporcional em termos quantitativos, em todos os espaços. Isso é o ideal”. Talita Coutinho
ano 23 |no 13 | dezembro/2016
PODER NEGRO
C O T A S, SIM!
especial
Quero entender
O jornal Expressão separou um filme, um documenstário e um livro que podem te ajudar a compreender a dimensões do racismo. Confira a nossa seleção especial!
A desigualdade racial e social no Brasil motivou o Governo Federal a implantar a política de cotas nas universidades públicas e privadas, em 2012. Mesmo sendo uma política pública que divide opiniões na sociedade, as cotas têm efetivos resultados positivos. Um exemplo concreto é no ingresso da população negra no ensino superior. Segundo dados do Ministério da Educação, em 1997 o percentual de jovens negros, entre 18 e 24 anos, que cursavam ou haviam concluído o ensino superior era de 1,8% e o de pardos, 2,2%. Em 2013 esses percentuais já haviam subido para 8,8% e 11%, respectivamente. Ainda assim, o país está longe de romper com a lógica perversa do racismo estrutural. O jornal Expressão entrevistou Silvio de Almeida, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP e professor da Universidade São Judas, sobre o significado desta ação afirmativa - política de cotas. Talita Coutinho Expressão: Há relatos de cotistas que sofreram racismo dentro das universidades. As cotas reforçam o preconceito? Silvio: Só existem esses relatos porque os negros e negras estão lá. Não é a universidade que é racista apenas; a sociedade é racista, portanto é mais um lugar em que é preciso combater a discriminação. E o que reforça o racismo é a ausência de negros e não a presença.
Professor Silvio de Almeida, doutor em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP
Expressão: Você acha que o sistema de cotas no Brasil é preciso melhorar algo? O que? Silvio: Pode e tem que melhorar. É preciso, juntamente com o aumento no numero de vagas, que sejam ampliadas as políticas de ação afirmativa, e que estas prevejam auxílio a permanência dos estudantes. Seria importante que as universidades privadas adotassem ações afirmativas. E certamente o mercado de trabalho é um ponto crucial dessas políticas.
Expressão: Como funciona o privilégio branco no sistema de educação? Silvio: Imagine você, aluna de história, por exemplo. Você aprende que todas as pessoas que fizeram coisas importantes não se parecem com você. Não são como você. E que, salvo raras exceções, as que se parecem com você foram pessoas escravizadas, passivas e que nunca protagonizaram momentos importantes na história. Ademais,
Talita Coutinho
de história ou uma olhada ampla na realidade: nossa sociedade é injusta e cheia de privilégios.
Expressão: Considerando o histórico da população negra, é possível chegar às universidades com o próprio esforço? Silvio: Não. Meritocracia é discurso racista que pretende jogar na conta de pessoas violentadas a culpa pela violência que sofrem. Sim, o negro pode muito, e a prova disso é que suportamos 380 anos de escravidão e até hoje um país racista, cujo Estado é responsável pela morte de milhares de jovens negros todos os anos. As cotas - e eu iria mais longe - os direitos sociais, são o resultado da luta da população negra. Conseguir algo desse gênero num país que até hoje insiste em tratar empregadas domésticas (quase todas negras) como trabalhadores de segunda classe não é um mérito?
Expressão: No Brasil ainda há muita resistência em relação as cotas, já vi comentários inclusive de pessoas negras. A que o senhor atribui essa resistência? Silvio: A resistência deve-se à ideologia individualista, traduzida no discurso da meritocracia. É um discurso que até mesmo as minorias prejudicadas por essa ideia reproduzem. Nada mais natural, tendo em vista que ouvimos todos os dias e em todos os lugares que o “sucesso” é fruto do esforço individual, afirmação que não resiste a duas páginas de um bom livro
Líderes históricos Nicole Merighi
Zumbi dos Palmares Nascido em Alagoas, no ano de 1655, seu nome é derivado de uma língua nativa da Angola e tem como significado ‘Duende’, sendo aqui no Brasil interpretado como “Fantasma”. Aos sete anos, ele foi capturado por soldados e entregue ao Padre Antonio Melo, que fica responsável de forma direta por sua formação. Zumbi é batizado e passa a estudar Latim e Português. Na altura dos seus quinze anos de idade ele foge para Quilombo de Palmares, onde é reconhecido por suas habilidades na arte marcial. Aos vinte anos, já ganhara respeito por suas estratégias de guerrilha e luta contra os soldados do senhores de engenho. O primeiro momento em que se encontra relatos a seu respeito é em 1673, quando portugueses anunciam uma derrota por confronto com os quilombos, mas é em 1678 que sua história muda. Um dos líderes de Palmares vai ao encontro do governador português para que haja a libertação dos negros dos quilombos. O líder aceita essa negociação, porém Zumbi vai contra essa decisão. Ele alega que todos os negros precisam de liberdade. Os conflitos se acirram. Durante décadas cerca de trinta expedições dos portugueses foram derrotadas pelos quilombos coordenados por Zumbi. Contrata-se então o bandeirante Domingos Jorge Velho e em 1695 Palmares é destruída. Zumbi é ferido mas conseguiu fugir, um ano depois, por delação de um antigo companheiro, foi capturado, preso e degolado. Mas isso não difere da força que ele gerou e que ainda motiva anos depois a esperança dos negros em uma igualdade social.
Dandara Talvez a mulher que melhor represente a face feminina de Palmares. No período colonial, nasce uma guerreira, esposa de Zumbi., líder de um dos maiores Quilombos das Américas, mãe de três filhos: Aristogiton, Harmódio e Motumbo. Foi, uma das maiores lideranças negras que se encontra na história feminina negra. Assídua na luta contra o sistema escravocrata ela é parceira de Zumbi nas estratégias e planos de defesa do quilombo. Há relatos de que Dandara nasceu no Brasil, e foi para Palmares bem pequena. É a prova real de que a mulher não é o sexo frágil. Lutava capoeira, plantava, fazia serviços domésticos, trabalhava na produção da farinha de mandioca, caçava, além de liderar as falanges femininas do exército negro, dentre tantas outras funções que exercia. Em busca de uma liberdade de alma, ela não tinha limites quanto aos seus ideais, defendia suas terras, que era uma das maiores ambições do governo português para destruir de vez a República dos Palmares. Foi presa em 6 de fevereiro de 1694 e suicidou-se para não voltar às condições de escravizada.
Diagramação e Revisão da página: Beatriz Lisboa e Isabela Guiaro
seus professores são quase todos ou todos brancos. Você não tem referências. Não tem importância histórica. O que a levaria a pensar que você poderia ser diferente, que poderia ser professora, poderia ser uma liderança política? Esse é só um dos aspectos da “branquidade”.
Mulheres, Raça e Classe
O livro traz um panorama histórico e crítico da luta anticapitalista, feminista, antirracista e antiescravagista. Autora: Angela Davis Lançamento no Brasil: 2016
Expressão: Você acha que atualmente as pessoas refletem mais sobre o privilégio branco? Ou elas ainda acham que é mito? Silvio: Uma das características do privilégio é que aqueles que o tem não precisam pensar sobre ele. Ele simplesmente existe, pense-se ou não sobre . Expressão: O sistema de cotas para compensar a dívida histórica que o nosso país tem com os negros e índios. Você acha que é o suficiente? Silvio: Não é só dívida histórica. Trata-se de construir uma sociedade mais democrática e, portanto, diversa.
A Negação do Brasil
O documentário faz um histórico das telenovelas brasileiras, analisando os papeis atribuídos aos atores negros. Lançamento: 2000 Diretor: Joel Zito Araújo
Expressão: Você acha que as redes sociais aumentam a voz das pessoas que lutam pelo movimento negro no Brasil? Silvio: Sim. Mas também aumentam a voz dos racistas. Precisamos estudar com mais amplitude o significado das redes sociais para os movimentos sociais, até para que não subestimemos e nem supervalorizemos o seu significado. Expressão: O que você acha de pessoas brancas que se passam por negras para conseguirem ter o acesso as Universidades e Concursos Públicos? Silvio: São fraudadores. Devem ser eliminados do certame e responder civil e criminalmente por suas condutas.
A Cor Púrpura
Baseado no livro de Alice Walker, o filme trata de questões de discriminação racial e sexual nos Estados Unidos. Lançamento: 1986 Diretor: Steven Spielberg
É legal parecer, mas não ser negro
O mundo do entretenimento como excludente e, ao mesmo tempo, apropriador Isabela Guiaro No começo de 2016, uma grande mobilização tomou conta da internet por conta das nomeações ao prêmio Oscar. “Oscars so white, still” (Oscar tão branco, ainda) era o lema das redes sociais, já que houve um número irrisório de atores afrodescendentes indicados. A Academia responsável pela premiação tentou abafar a situação, chamando-os para apresentar as categorias durante a cerimônia, mas não adiantou. O povo negro está cansado de ter papel secundário, mas filmes exaltando sua própria cultura não caem no gosto popular. “Vejo com frequência histórias brancas com elenco branco, onde a branquitude é celebrada e recontada exaustivamente. A gente só se vê com presença forte em filmes, novelas e séries, quando estas são produzidas por eles mesmos”, afirma Stephanie Ribeiro, escritora e a ativista negra. A atriz Viola Davis apontou, durante a polêmica do Oscar, que o problema não é a premiação, e sim Hollywood que não oferece papéis a eles. O chamado whitewashing (lavagem branca) faz com que o público aceite a cor branca como “raça neutra”, sendo possível citar como exemplo as centenas de produções envolvendo o Egito Antigo com pessoas brancas. Há quem diga que não há diferença, mas choveram críticas quando a recriação teatral de Harry Potter anunciou uma negra como Hermione. Outra problemática do mundo do entretenimento é a racialização de pessoas não brancas. “Ser branco é não precisar ter sua raça sempre comentada, explorada, trabalhada ou questionada, fugindo de estereótipos e olhares curiosos. Sendo assim, as produções
artístico-culturais do negro são valorizadas e reproduzidas de maneira caricata para ridicularizar, criminalizar, sexualizar, explorar, inferiorizar”, explica a socióloga Katucha Bento. No mundo da música, a tentativa de embranquecer a história acontece da mesma forma. Gêneros como jazz, rap e rock foram criados dentro da comunidade negra e chegaram a ser marginalizados pela sociedade. Hoje, Frank
Sinatra, Eminem e Elvis Presley são considerados os reis destes estilos, respectivamente, ainda que sejam brancos. “A apropriação cultural é vista no figurino, na trilha sonora, coreografias, entre tantos outros elementos centrais das produções de entretenimento. Entretanto, as figuras centrais valorizadas intelectual, moral, social, cultural e politicamente nos roteiros não são os negros, mas o branco”, diz Katucha. Isabela Guiaro
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vida digital
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Projeto ajuda no combate ao abuso de autoridade policial Vigilante, app de uso nacional, foi criado para que qualquer pessoa que presencie uma ação policial violenta, possa denunciá-la de forma rápida Felipe Paciullo Felipe Paciullo
ideia criou vida após eles serem aprovados em um edital do Ministério da Justiça, em que a proposta apresentada deveria ser voltada a inovações em políticas públicas. “Queríamos criar alguma plataforma que ajudasse no combate de homicídios. Tivemos uma recepção boa e estamos trabalhando para que as pessoas tomem conhecimento do projeto e o usem”, afirmou o advogado. Desde seu início, o ProjetoVigilante já soma duas mil denúncias, e mais de cinco mil downApp é gratuito, ocupa pouca memória e pode ser baixado no Google Play loads no Google Play. O uso é prático e direto. Para Seja em manifestações ou Adib criou o Projeto Vigilante. O fazer a denúncia, o usuário nos bairros afastados dos gran- app gratuito lançado no começo precisa preencher alguns dades centros, a polícia faz seu do ano, pode ser usado em sis- dos como o endereço da ocorpatrulhamento. Muitas vezes as tema Android, por enquanto, e rência, dia e horário, e fazer abordagens são consideradas pe- conta com sistema de denúncia um breve descritivo do que foi visto ou vivido. A identificação los abordados, excessivas e des- anônima ou identificada. proporcionais para as situações. A iniciativa faz parte de da corporação (polícias Civil, Para conter o abuso de autorida- mais um dos projetos da ONG Militar, Federal ou Guarda de e tentar diminuir a onda de ho- EvoBra –inovação em políticas Metropolitana) também deve micídios e brutalidade causadas públicas, organização de Luccas ser selecionada. Após isso, a por policiais, o advogado Luccas e seus sócios. Ele explica que a pessoa pode anexar como pro-
Navegar com
apenas uma mão
va, fotos, vídeos ou até um áudio. Todo o material sustenta a denúncia, que é encaminhada a uma corregedoria ou ouvidoria e pode se tornar um processo contra os agentes abusivos. Como forma de trazer mais tranquilidade ao denunciante, a EvoBra implementou no app a opção Denúncia Anônima. A ONG fica responsável por encaminhar as denúncias à ouvidoria ou corregedoria, e a partir dessa fase os denunciantes podem acompanhar o processo conforme o regimento interno de cada órgão. Em São Paulo, por exemplo, o acompanhamento pode ser feito pelo site da ouvidoria. Para outros casos, o meio de saber se sua denúncia foi instaurada, é ter um advogado público ou privado. A EvoBra construiu esse modelo para ser uma plataforma facilmente replicável. Com um investimento baixo, Prefeituras, Estados e União podem ter e adaptar funcionalidades a essa tecnologia para coletar qualquer tipo de denúncia, seja por temas ou públicos segmentados. Luccas afirma que o Projeto “não é feito para proteger bandi-
do, e sim, para mostrar e identificar as ações violentas que acontecem, tanto em manifestações como nas periferias, que muitos não veem”. Ainda que tenham comentários negativos na página do app, há pessoas que reconhecem a utilidade do serviço mesmo sem usá-lo ainda. A jornalista Mayara Nunes diz que unir a ação da denúncia com o celular é uma ideia relevante. “É interessante o fato de aliar a tecnologia a um benefício mais efetivo como esse. Já tem Uber e pedimos comida pelo celular, por que não fazer uma denúncia?” Esse ano, a ONG pretende implementar mais ferramentas ao aplicativo, para trazer mais facilidades aos usuários. Já estão na mesa de novidades, uma apostila indicativa sobre como usar corretamente o app e como ele opera em paralelo às ouvidorias e corregedorias. A ONG EvoBra ainda promete trazer logo, mais recursos para a população. O app Nunca Mais será a nova plataforma que vai ajudar as vítimas de abusos e assédios sexuais, em parceria com a Prefeitura de São Paulo.
Reprodução
Os filtros do app são simples e facilitam o serviço gratuito
Aplicativo teve mais de cinco mil downloads
Atletas virtuais, carreira e comprometimento reais
Riot
Mobilidade: smartphones se tornam o principal meio para usar a web Guilherme Vieira
Nos últimos anos, o Brasil viu um aumento exponencial no número de usuários de internet. Do ano 2014 pra cá, o número de habitantes com acesso à web subiu de 55% para quase 60%. Além disso, mais da metade dos domicílios brasileiros possui acesso à internet, sendo 51% o percentual registrado no último ano. Isso se deve em muito à grande difusão e popularização dos smartphones, que facilitam muito o acesso das pessoas no dia a dia. As vendas desses aparelhos no Brasil já apresentam mudanças no comportamento dos brasileiros para acessar a internet. Para efeito de comparação, em 2010, o Brasil tinha 10 milhões de smartphones registrados. Esse número disparou para 93 milhões em 2015. Em 2016, pela primeira vez, o celular ultrapassou os computadores como dispositivo mais usado para acessar a web. De acordo com dados da pesquisa TIC Domicílios, 89% dos internautas brasileiros acessam a rede pelo celular, enquanto 65% ainda preferem utilizar computadores. Na edição anterior dessa pesquisa, os números apontavam um cenário bem diferente, com 80% dos internautas preferindo os computadores. O que mais se destaca, no entanto, é o número de pessoas que dependem exclusivamente do smartphone para tal finalidade, sendo de 35% no ano
Guilherme Vieira
Campeonato Brasileiro de League Of Legends, no estúdio onde acontecem as competições Giacomo Vicenzo
Praticidade: internauta acessa a web e emails pelo smartphone passado, aumento considerável em relação aos 19% constatados em 2014. Há diversos fatores que contribuem para essa prefeGuilherme Vieira
Placa na Praça da República sinaliza wifi grátis para pedestres
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rência cada vez maior pelos telefones celulares ao invés de computadores e notebooks, por exemplo, a expansão das possibilidades de uso de WiFi grátis. Nas grandes cidades são cada vez mais comuns os pontos de acesso de WiFi em lugares públicos. “Eu prefiro muito mais usar o WiFi disponível de algum lugar do que depender do uso de 3G, porque a conexão é melhor e contínua. Ficar dependendo do uso de dados celulares é ruim porque eles se esgotam rápido, e além disso nem sempre o 3G funciona”, afirma Thiago Ferraz, estudante de administração. Além da crescente disponibilidade do WiFi, o fator econômico também aparece como grande motivador para essa preferência pelos smartphones, como aponta Marcos Passos, especialista em WiFi: “O dinheiro é o principal motivo da escolha das pessoas para usar exclusivamente o celular para acesso à internet, porque nem todo brasileiro tem condições econômicas de pagar pela banda larga, que não é nada barata no nosso país”.
A cada dia que passa surgem mais atletas eletrônicos, mas não se trata de nenhum robô que pratica esporte ou algo do gênero, e sim de uma profissão que se resume basicamente em jogar. Conversamos com Marçal Binatto, um dos fundadores da Operation Kino, time brasileiro de atletas eletrônicos para descobrir como é o treinamento e entender um pouco mais sobre esse novo tipo de negócio. Expressão: Como e quando surgiu a ideia de montar uma empresa de e-games e recrutar atletas virtuais? Marçal Binatto: Todos os três sócios já tinham histórico com jogos e eSports no passado. Por exemplo, o diretor financeiro, Paulo Souto, já foi jogador profissional de Counter-Strike há alguns anos e sabe como o cenário funciona com a visão de jogador, o que ajuda na hora de tomar decisões. Eu e o outro sócio, Oliver Campos somos entusiastas de jogos e fãs dos esportes eletrônicos há algum tempo. No final de 2015 vimos uma oportunidade, e decidimos entrar de cabeça no negócio por conta do amor que temos por este mundo. Expressão: Como são os trâmites para manter esse tipo de negócio? Em qual catego-
Diagramação e Revisão da página: Felipe Paciullo, Giacomo Vicenzo, Guilherme Vieira, Murilo Trivella
ria a empresa está encaixada e como isso funciona? Marçal Binatto: Somos uma empresa de marketing, com CNPJ, conta no banco todos os trâmites de qualquer outra empresa comum. Porém, só trabalhamos com algo diferenciado. Por conta dos esportes
eletrônicos serem novidade aqui no Brasil, algumas pessoas estranham e encaram de uma forma não profissional. Expressão: Quantos atletas vocês têm hoje? E como funciona a seleção deles? Marçal Binatto: Atualmente temos 22 atletas, se consideramos os reservas. Além de diversos testes no jogo, os jogadores passam também por uma análise psi-
cológica por conta da convivência com outros jogadores. Ocorre também uma entrevista com os diretores do time e uma reunião interna. Expressão: Quantas horas os atletas treinam por dia? Quais jogos eles treinam? Marçal Binatto: Quando estamos em final de campeonato, eles podem chegar a treinar pouco mais de 10 horas por dia. Cada jogador é profissional em somente um jogo. Nossas modalidades são MOBA (Multiplayer Online Battle Arena), com League Of Legends, Smite e também Dota 2, além do FPS (First Person Shooter) com o time de Crossfire. Atualmente, os MOBAs são a modalidade mais popular do mundo. Expressão: Eles recebem algo para treinar? Como funciona, há uma espécie de registro profissional? Marçal Binatto: Os jogadores que ficam no centro de treinamento (gaming house) recebem um salário e são devidamente registrados como funcionários da OPK. Eles vivem na casa com direito a ter seus quartos e tudo pago pelo clube, como comida, luz, internet, além de deslocamento para os campeonatos presenciais que usualmente acontecem aos finais de semana.
artes
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Cinema na comunidade
O projeto Mascate Cineclube traz cultura por meio das telonas para as comunidades da zona sul de São Paulo Arquivo Pessoal
Amanda Nicácio Pode parecer fácil ir a um cinema próximo a sua casa e ver um filme, certo? Mas, esse acesso não é para todo mundo. O projeto Mascate Cineclube busca trazer a sétima arte para a periferia da Zona Sul de São Paulo. Com seu início em 2006, os fundadores Thais Scabio e Gilberto Caetano realizam exibições gratuitas de filmes em 2D e 3D para a comunidade. Desde então, já foram exibidos mais de 100 filmes gratuitos em bairros como, Vila Missionária, Jardim Dutra, Cidade Ademar, Eldorado e até no litoral de São Paulo, em Santos e Cubatão. “A ideia é promover a arte em áreas de vulnerabilidade social. Promovemos o acesso para pessoas que têm que sair do seu bairro e se deslocar até o centro para assistir um filme. O projeto faz o
contrário, nós levamos o cinema até os telespectadores”, explica Gustavo Moraes, fotógrafo e educador social que integra o projeto desde 2014. Antes de cada apresentação, o projeto faz uma análise de público para saber qual o melhor gênero a ser apresentados. “Nós realizamos uma conversa com a população da comunidade uma ou duas semanas antes da exibição do filme. Assim, traçamos o perfil do público e o gênero que mais se encaixa”, conta Moraes. E são diversos gêneros, filmes de ação, drama, infantis e até documentários de grafites já foram apresentados pelo Mascate Cineclube. E o público adora! “Assisti um filme chamado ‘Caixa d’água’ e foi muito divertido! Ele mostrou a realidade de uma família que precisa trabalhar e
deixar as crianças em casa sozinha. O filme todo é feito das imaginações das crianças no dia a dia”, conta Andréa de Jesus, auxiliar administrativa e moradora do Eldorado. Após cada apresentação, são realizados debates e discussões, para aguçar o olhar crítico e a difusão do audiovisual entre diferentes espectadores que acompanham o projeto. “Eu, como educador social, acredito que não basta você só apresentar o conteúdo para o aluno. Nós tentamos provocar reflexões. Nós queremos saber o que a comunidade captou do filme, o que eles acharam e aprendemos com isso”, conta Moraes. Além disso, o projeto procura aproximar a comunidade da magia das telonas antes das
apresentações. Desde 2015, são realizadas entrevistas, vídeos e curtas com algumas personalidades da comunidade para criar esse vínculo com o cinema. E, antes das apresentações dos filmes principais, são apresentados esses vídeos, assim, eles os telespectadores tem a oportunidade se ver no telão. Desde 2014, o projeto conta a ajuda do Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), que tem a finalidade de apoiar financeiramente, atividades artístico-culturais, principalmente de jovens de baixa renda. Todas as apresentações são gratuitas, não precisa se inscrever. Acompanhe a agenda do projeto: https://mascatecineclube.wordpress.com
No vão existe arte! Projeto é realizado no MASP para unir diferentes tipos de arte e dar visibilidade aos novos talentos Marina Nahas
O “Música no Vão” tem como objetivo unir vários tipos de arte: a música, a diversidade gastronômica e arquitetura. O projeto passa pela sua quarta edição e tem como tema central agora mostrar situações, explorar angústias pessoais, insatisfações e críticas sobre a sociedade e as relações interpessoais. O projeto busca aproveitar o vão do MASP. Conta com a mistura de foodbikes e pretende resgatar uma das propostas de Lina Bo Bardi, arquiteta que planejou o museu. A abertura do projeto foi realizada pela Nomade Orquestra, fundada no ABC, e composta por dez integrantes. Eles desenvolvem um trabalho autoral instrumental que transita entre os universos do funk, jazz, dub, rock, afro beat e hip-hop. “A experiência em participar do projeto foi importante ainda mais em sua estréia, é sempre muito gratificante também pelo fato da idealizadora de tudo Lina Bobardi que desde quando projetou o vão do MASP já imaginava que deveria ser um espaço ocupado de arte para todos.”, afirma Ruy Rascassi, contrabaixista da Nomade Orquestra. O programa quer dar visibilidade a variados ritmos e estilos musicais. No passado, foi no MASP, por exemplo, onde aconteceram lançamentos e con-
Arquivo Pessoal
solidação da carreira de importantes artistas, como Marisa Monte, em 1988, e Daniela Mercury, que lotou o vão livre em 1992.“Para a nossa Orquestra que ainda está iniciando um trabalho no meio artístico, esse tipo de evento é muito importante para divulgarmos a nossa música. Muitas coisas foram positivas como a organização em geral do evento, a localização e o público muito caloroso que estava presente em grande número”, completa Ruy. “Para nós organizadores do evento, é muito bacana organizar esse tipo de trabalho, pelo fato de ver a grande diversidade não só da arte em si, mas das pessoas que estão ali curtindo e se divertindo, com a música e também com os diferentes alimentos que são oferecidos. Nunca tivemos nenhum tipo de problema com o público, nem com a segurança e nem com a organização”, diz Brenda Frizzo, funcionária do MASP e organizadora do Projeto. O evento acontece no espaço térreo do local, além de se caracterizar por se ter uma grande diversidade cultural, tem também o objetivo de divulgar novas bandas e músicos brasileiros. A quarta edição se iniciou em junho de 2016 e acontece uma vez ao mês, sempre na última quinta-feira do mês, das 18h às 20h.
Catavento Cultural atrai crianças e adultos Com entrada franca aos sábados, museu de ciência é campeão de visitas em São Paulo Samara de Abreu Leite Catavento Cultural
O Museu Catavento Cultural e Educacional, na região central da capital paulistana, abriu suas portas em 2009. Desde sua inauguração, o local já recebeu mais de dois milhões e meio de frequentadores e tem sido o museu mais visitado de São Paulo por três anos consecutivos. O espaço possui mais de oito mil metros quadrados de área, nos quais estão espalhadas aproximadamente 250 atrações que prometem entreter os diferentes públicos. As exposições e os ambientes interativos visão, apresentar a ciência e a cultura de forma instigante e lúdica para as crianças, jovens e adultos, despertando a curiosidade e transmitindo conhecimentos básicos e também aguçando o interesse nas áreas cientificas. As instalações do Catavento Cultural estão divididas em quatro grandes seções. A primeira, intitulada Universo, fala sobre o espaço sideral e sobre os planetas de nosso sistema solar. A segunda é denominada Vida, e conta a história da evolução na Terra, desde os primeiros animais até o Homem. Engenho, a terceira seção, traça um panorama das criações humanas no âmbito da ciência, já Sociedade mostra os problemas de convivência enfrentados por diversos povos do mundo. “O Museu tem uma importância muito grande. Primeiro o fato do prédio ser um patrimônio cultural tombado, o que traz um caráter histórico para valorização da capital. Segundo, pelo seu conteúdo, que pode formar os jovens despertando a curiosidade na hora de aprender com uma forma lúdica de ensinar como é passado em cada monitoria”, explica Jennifer Braga, assessora de Imprensa do Catavento Cultural.
O espaço está aberto para o público de terça a domingo, inclusive aos feriados, as visitações em grupo ou escolares, contam com mais de 12 opções de roteiros temáticos e podem ser agendadas mediante o preenchimento do formulário disponível no site oficial, lembrando que não há idade mínima para entrada, desde que os menores estejam acompanhados pelos pais ou responsáveis. “Aqui é um espaço muito bom para as crianças, sempre trago meus filhos, porque além de conhecerem sobre um novo tema, que na escola não é tão aprofundado, eles acabam se divertindo com as outras crianças. E o mais interessante é que o passeio também alegra os pais, pois também aprendemos e brincamos junto com eles”, conta Angélica Cardoso, contadora.
Os ingressos custam de R$ 3 (meia) a R$ 6, aos sábados a entrada é franca. Horário: 09h às 16h. Av Mercúrio, s/n - Pq Dom Pedro II, Brás, São Paulo Fone: (11) 3315-0051 Galáxias: Descubra a localização da Terra na Via Láctea!
Diagramação e Revisão da página: Martina Ceci, Bianca Gonçalves, Amanda Nicácio, Marina Nahas, Samara de Abreu Leite
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